integração das 4 destrezas lingüísticas através de letras de músicas

Transcrição

integração das 4 destrezas lingüísticas através de letras de músicas
III SIIMPOSIO DE FORMACIÓN DE PROFESORES DE ESPAÑOL
LENGUAJES Y NUEVAS TECNOLOGÍAS
I SEMANA DE LA HISPANIDAD UFPE
25 AÑOS SIN BORGES
INTEGRAÇÃO DAS 4 DESTREZAS LINGÜÍSTICAS ATRAVÉS DE LETRAS DE
MÚSICAS
Autor: PEREIRA, Livya Lea de O.¹ (UFC)
Orientador(a): PEREIRA, Germana da Cruz (UFC)
RESUMO:
Com o presente artigo objetivamos discorrer sobre a importância do trabalho com atividades que desenvolvam as 4
destrezas linguísticas para o ensino de espanhol como língua estrangeira no contexto do Ensino Médio. Para tanto,
propomos o uso de letras de músicas como recurso didático de modo a abranger as 4 habilidades linguísticas (expressão
oral, expressão escrita, compreensão auditiva e compreensão leitora) de forma integrada, contribuindo assim para um
melhor desempenho do aprendiz no uso da língua espanhola, pois como afirma Johnson (2008),“ é importante ter em
conta que também existem semelhanças e interconexões entre as destrezas’’. Exemplificamos nossa proposta através da
análise de uma atividade com integração de destrezas a partir da canção La historia de Juan, do cantor colombiano
Juanes, apresentando reflexões, ideias e propostas que contribuem para a prática de professores ou futuros professores
da língua espanhola, demonstrando-os a abrangência do trabalho com letras de músicas que, além de serem mostras
reais da língua, trazem consigo aspectos culturais interessantes para o trabalho em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: HABILIDADES LINGUÍSTICAS, MÚSICAS, ENSINO DE ESPANHOL.
INTRODUÇÃO
A língua espanhola possui uma relação próxima com o nosso país afinal, o Brasil está
literalmente cercado por países que falam essa língua. Atualmente, o ensino de dita língua tem
ganhado um enfoque maior, um fator resultante desse enfoque é a lei Nº 11.161, sancionada pelo
presidente Luís Inácio Lula da Silva no ano de 2005. A seguinte lei trata da obrigatoriedade do
ensino do espanhol como língua estrangeira em nosso país:
Art. 1o O ensino da língua espanhola, de oferta obrigatória pela escola e de matrícula
facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente, nos currículos plenos do ensino
médio.
Art. 6o A União, no âmbito da política nacional de educação, estimulará e apoiará os
sistemas estaduais e do Distrito Federal na execução desta Lei.
(Planalto do Governo Online- Lei 11.161, 5 de agosto de 2005)
¹ Monitora de Língua e Cultura Espanhola I e II. Graduanda do curso Letras Espanhol da Universidade Federal do
Ceará (UFC).
Com essa lei o ensino do espanhol ganhou uma relevância que até então não possuía. No
entanto, não sabemos ao certo quais serão as consequências da criação de dita lei e se o foco do
ensino está ou será voltado para o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno prévestibulando assim como determina as Orientações Curriculares do Ensino Médio (O.C.E.M.).
Pensando nessa questão, pretendemos discorrer sobre a importância do trabalho com
atividades que ativem e integrem as destrezas lingüísticas dos alunos do ensino médio em língua
espanhola. Propondo a elaboração de atividades com o uso de letras de músicas, na qual envolvam
as destrezas linguísticas de forma integrada, para que o aluno em uma única atividade possa ativar a
sua produção oral e escrita, e a sua compreensão leitora e auditiva, interagindo com a turma e o
professor. Visto que, são mostras autênticas da língua espanhola e ao mesmo tempo uma forma de
motivação para a aprendizagem, as músicas podem ser consideradas um importante e útil material
didático. Com o auxílio das O.C.E.M. (2008), mostraremos como a integração das destrezas
linguísticas podem ser trabalhadas em atividades com letras de músicas, exemplificando uma
atividade com a música Historia de Juan, do cantor colombiano Juanes.
1. A LÍNGUA ESPANHOLA NO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO
Há toda uma problemática referente ao ensino da língua estrangeira no Ensino Médio.
Muitas escolas disponibilizam apenas 50 minutos de aula, algumas vezes a quantidade de alunos
ultrapassa o número ideal (25-30), e o professor nem sempre possui os recursos didáticos
necessários e em número suficiente para sua aula. Esses fatores dificultam o desenvolvimento da
competência comunicativa do aprendiz, já que são o contrario do ideal para a realização de
atividades comunicativas.
A lei 11. 161 trata também da implantação do ensino da língua espanhola no Ensino
Fundamental, e este fato é um ponto positivo para o aprendizado do idioma, já que é mais tempo de
exposição á língua. Porém de nada adiantará o aluno estudar essa língua desde a infância se esse
ensino for incapaz de cumprir os objetivos básicos ao aprendizado desse aluno que, de acordo com
os PCN’s, é a comunicação eficiente ou a fluência na língua. Sobre as dificuldades do ensino de
espanhol nas escolas brasileiras Ayala (2004) comenta:
...em função destes fatores (carga horária insuficiente, número excessivo de alunos em sala,
falta de recursos e de materiais didáticos) os professores da língua espanhola demonstram
uma impossibilidade de alcançar o objetivo para sua disciplina dentro do método
comunicativo, ou seja, o de desenvolver uma competência comunicativa com o equilíbrio
das 4 destrezas lingüísticas, apresentando, assim, uma dissonância em relação as
recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
(AYALA, 2004)
Os fatores descritos pela autora não ocorrem em todas as escolas brasileiras, mas retratam
a realidade que muitos professores enfrentam. Para o professor da língua espanhola, que esteja
inserido no contexto citado, uma reflexão crítica sobre seu contexto de ensino é algo positivo, pois
assim poderá encontrar soluções práticas que minimizem seus problemas, no entanto não cabe
somente ao educador encontrar tais respostas, pois vivenciamos uma situação resultante de uma
política educativa maior. É necessário que a escola trabalhe juntamente com o professor para
facilitar o aprendizado do aluno da língua estrangeira, exigindo e providenciando materiais básicos
a profissão docente.
As Orientações Curriculares para o Ensino Médio, no que se refere ao ensino de línguas
estrangeiras, afirma:
Na nossa sociedade, o conhecimento de Línguas Estrangeiras é muito valorado no âmbito
profissional, porém, no caso do ensino médio, mais do que encarar o novo idioma apenas
como uma simples ferramenta, um instrumento que pode levar à ascensão, é preciso
entendê-lo como um meio de integrar-se e agir como cidadão. Nesse sentido, o foco do
ensino, não pode estar, ao menos de modo exclusivo e predominante, na preparação para o
trabalho ou para a superação de provas seletivas, como o vestibular.
(O.C.E.M., 2008: 147)
Os fatores citados acima - o êxito nas provas seletivas e o sucesso profissional – são
alguns dos principais motivos que levam o aluno do Ensino Médio a estudar uma língua estrangeira.
Mas a língua espanhola não pode ser vista apenas como uma ferramenta para se chegar a um fim
específico, a língua deve ser entendida como um complexo conjunto de valores e crenças presentes
em determinados grupos sociais, pois ela é cultura. É fundamental que o professor de idiomas tenha
um pensamento crítico sobre suas práticas, para não privilegiar fins específicos no ensino da língua,
mas a capacidade comunicativa do aluno; realizando atividades que desenvolvam suas habilidades
linguísticas e proporcione uma visão sobre a diversidade lingüística e cultural da língua estudada.
Uma forma de cumprir com esse objetivo é formular atividades que ativem conhecimentos prévios e
o uso da língua, para isso, a utilização de letras de músicas se mostra um proveitoso material
didático, como veremos mais adiante.
2. DESTREZAS LINGISTICAS - DEFINIÇÃO.
Entende-se por destrezas linguísticas o termo utilizado para o conjunto das habilidades
que ativam o uso da língua. A saber: a fala, a leitura, a audição e a escrita. Alguns autores dividem
essas habilidades segundo o meio falado (escutar e falar) e o meio escrito (ler e escrever). Outros,
como Johnson 2008, as divide de acordo com a recepção (escutar e ler) e a produção (falar e
escrever). No entanto, essa segunda divisão é problemática, pois levando em conta a integração das
destrezas, todas estão interligadas e possuem tanto caráter receptivo como produtivo.
De acordo com o Diccionário de términos claves de ELE do Centro virtual Cervantes:
Com a expressão destrezas lingüísticas se faz referencia às formas de ativação do uso da
língua. Tradicionalmente a didática as classificou atendendo ao modo de transmissão (oral
y escrita) e ao papel que desempenham na comunicação (produtivas y receptivas). Assim,
as estabeleceu em número de quatro² : expressão oral, expressão escrita,compreensão
auditiva e a compreensão leitora (para estas duas últimas utiliza-se ás vezes também os
términos de compreensão oral y escrita).³
(CVC, 03.04.11)
Essas formas de ativar o uso da língua podem ser trabalhadas separadas ou integradas,
dependendo do enfoque de ensino escolhido. Sabemos que das duas formas há vantagens e
desvantagens, pois se trabalhamos as destrezas separadamente teremos a vantagem de abordá-las
individualmente e atender as diferentes necessidades dos alunos, mas se temos a intenção de
prepará-los para uma comunicação real é necessário trabalhar as destrezas lingüísticas de forma
integrada, já que em uma comunicação as destrezas estão interligadas. Com o intento de
aproximação da realidade comunicativa e a consciência de que as destrezas estão interligadas na
comunicação levaram a inclusão de atividades que trabalham as destrezas linguísticas integradas
nos programas de LE com orientações comunicativas, por exemplo, o enfoque por tarefas e o
enfoque comunicativo. Sobre as técnicas de ensino e integração das destrezas lingüísticas, Keith
Johnson (2008) afirma que:
Ao examinar as técnicas de ensino com frequência encontraremos que os exercícios de
escuta podem ser utilizados também, com algumas modificações, para ensinar a leitura y
2
Recentemente , em conseqüência dos estudos de análise do discurso y da lingüística textual, tende a considerar como uma
destreza distinta a da interação oral ou conversação.
3
(CVC, 03.04.11) Con la expresión destrezas lingüísticas se hace referencia a las formas en que se activa el uso de la lengua.
Tradicionalmente la didáctica las ha clasificado atendiendo al modo de transmisión (orales y escritas) y al papel que desempeñan en
la comunicación (productivas y receptivas). Así, las ha establecido en número de cuatro¹: expresión oral, expresión
escrita,comprensión auditiva y comprensión lectora (para estas dos últimas se usan a veces también los términos de comprensión oral
y escrita).²
vice-versa. Além disso, existem processos comuns às destrezas produtivas, de modo que as
técnicas para ensinar o idioma falado podem ser utilizadas, às vezes, para a escrita, com
algumas modificações. Mas, há uma série de interconexões que devemos ter consciência. 4
(JOHNSON, 2008 : 416)
Partindo dessa afirmação, por que não elaborar atividades que envolvam as 4 habilidades?
Se o objetivo é o desenvolvimento da capacidade comunicativa essas atividades ajudariam ao
aprendiz a desenvolver as habilidades integradas e proporcionaria ao aluno um equilíbrio entre o
aprendizado das destrezas. Mostraremos no seguinte tópico que as letras de músicas podem ser um
rico material didático para realizar atividades desse estilo.
3. O uso de letras de músicas como material didático na aula de E\LE
Gargallo (1999) define o termo material didático da seguinte forma: “Todos aqueles
materiais que – em suporte impresso, sonoro, visual ou informativo – empregamos no ensino de
uma língua estrangeira aparecem sobre o termo de materiais didáticos.”(GARGALHO, 1999: 49). 5 De
acordo com essa definição as letras de músicas podem ser consideradas materiais didáticos.
Para o ensino de uma língua estrangeira há uma diversidade de materiais que o professor
pode utilizar em sala de aula. Por exemplo, gramáticas, dicionários, filmes, livros paradidáticos,
anúncios publicitários em língua espanhola, fotos, logotipos de marcas, letras de músicas, entre
outros. Esses materiais refletem o modo como o professor entende a natureza da língua e o processo
de ensino-aprendizagem de um idioma estrangeiro, ou seja, é a exteriorização do método
empregado pelo professor. Como seria muito extenso e enfadonho discorrer sobre cada material
didático aqui mencionado, discorreremos apenas sobre o potencial didático das letras de músicas.
Por que utilizar letras de músicas na aula de espanhol como língua estrangeira? Por
inúmeros motivos. As aulas de línguas objetivam que os alunos possam usar a língua que está
aprendendo em situações significativas e relevantes e o uso da música em sala de aula pode
proporcionar não somente a análise crítica do conteúdo da canção, mas também a interpretação e
reflexão do seu aspecto linguístico, sendo usada, assim, não só para aquisição de vocabulário, como
para um conhecimento de teor cultural.
4
(JOHNSON, 2008, p. 416) Al examinar las técnicas de enseñanza con frecuencia encontraremos que los ejercícios de escucha
pueden utilizarse también, con ligeros cambios, para enseñar la lectura y virceversa. Además, existen procesos comunes a las
destrezas productivas, de modo que las técnicas para enseñar el idioma hablado pueden utilizarse a veces para la escritura, con
algunas modificaciones. Pero hay otra serie de interconexiones que devemos tomar en cuenta.
5
(Gargallo, 1999, p. 49) “Todos aquellos recursos que – en soporte impreso, sonoro, visual o informático – empleamos en la
enseñanza de una lengua extrangera aparecen aglutinados bajo el término de materiales didácticos.”
De acordo com Santos Asensi (1996), Cestreros (2006) e Gil Toresano (2000) há muitas
vantagens na utilização de músicas no ensino de espanhol, e essas podem ser:
•
Despertam um interesse positivo entre os estudantes, já que trazem uma carga emocional, com
referencias a protagonistas, tempo ou lugar, que podem provocar a identificação da pessoa que
ouve com o conteúdo da música;
•
Serem mostras autênticas da língua, que podem ser exploradas em diferentes níveis
lingüísticos: fonético, morfológico, semântico, léxico, etc.;
•
Podem servir de estímulo para situações de comunicação real;
•
Podem ser utilizadas para desenvolverem as habilidades lingüísticas, como a compreensão
auditiva e leitora e a produção oral e escrita;
•
Oferecem diversas possibilidades de integração de temas da atualidade cultural, como a
discriminação, o consumismo ou a marginalidade;
•
Possibilitam a integração do ensino da língua com outras áreas de conhecimento, por exemplo,
a Música e a Literatura, as Ciências Sociais, História e Geografia, etc.,
•
Promove a possibilidade de comparação de aspectos comuns e diferentes entre as culturas, ou
seja, trabalhar aspectos interculturais.
•
Serem de fácil memorização, por causa da melodia e\ou a identificação com determinado tema;
•
Serem de fácil acesso, já que a indústria musical produz uma diversidade de materiais
(impresso, áudio-visual e multimídia) que são acessíveis através da internet, e isso facilita a
exploração didática pelo professor.
Apesar de todas essas vantagens o professor precisa ter cuidado ao utilizar a letra de
música como recurso didático, pois existem diversas maneiras de utilizá-la em sala de aula. É
importante diversificar as sequências didáticas e não se deixar cair na velha atividade de preencher
lacunas com vocábulos. Além disso, o professor ao querer trabalhar músicas na sala de aula
necessita esclarecer aos seus alunos alguns aspectos lingüísticos próprios das letras de músicas,
como as repetições, as metáforas, personificações, linguagem próxima a linguagem informal e
conversacional, presença de gírias, etc. Convém também analisar o objetivo que se pretende chegar
com a música em cada atividade elaborada.
Neste trabalho focamos especificamente o uso das letras de música para a integração das
destrezas linguíscas, desta forma, seguiremos com a definição particular de cada destreza, como
devem ser entendida no contexto do Ensino Médio de acordo com as O.C.E.M.e como a integração
das destrezas podem se apresentar em uma atividade com música.
4. Atividades com letras de músicas e a abordagem das destrezas lingüísticas
Assim como foi mencionado no ponto anterior, há muitas vantagens em trabalhar letras de
músicas em sala de aula, mas cabe ao professor utilizar essas vantagens na elaboração de sua
atividade. Elaboração esta que deve está em consonância com o projeto político-pedagógico ou a
própria programação da aula. Esse é um tema que gera discussões no âmbito docente, pois os
diferentes programas e diretrizes curriculares influenciam de forma direta no tipo de atividade que o
professor elabora com a música. De acordo com Santos Asensi (1996), mesmo que a elaboração da
atividade com música tenha que está de acordo com as orientações curriculares o professor tem um
leque de possibilidades, pois: “A música e as canções podem ser empregadas, bem como peças
centrais da comunicação em sala, bem como um meio para enfatizar ou reforçar diferentes aspectos
do processo de aquisição linguística ou cultural.” (ASENSI,1996 : 137)6.
Santos Asensi (1996) categoriza as atividades com músicas em duas. As quais são: as atividades
centrais , que são atividades e tarefas com enfoque comunicativo e que desenvolve as 4 destrezas
favorecendo a prática comunicativa, e as atividades como meio para enfatizar que são os exercícios
tradicionais complementares ou de apoio, por exemplo: completar espaços da canção, ordenar
segmentos, e outros mais. No contexto do Ensino Médio o professor da língua espanhola pode usar
a letra de música de ambas as formas, porém se o objetivo é desenvolver as habilidades lingüísticas
dos seus alunos, o uso de letras de músicas como atividades centrais é o ideal. Dependendo da
turma uma atividade desse tipo pode levar uma aula inteira (50 min.) para ser realizada ou não. As
destrezas linguísticas podem vir abordadas de diversas formas em uma atividade desse tipo. Neste
artigo trazemos anexo, um exemplo de atividade com a música La historia de Juan, na qual
utilizaremos de modelo para explanar a definição de cada destreza, os objetivos almejados pelas
O.C.E.M.(2008) e algumas dicas para integrar as destrezas em uma atividade com música.
4.1 Expressão oral
A expressão oral é a destreza linguística referente ao discurso oral. Para o desenvolvimento
dessa habilidade não basta ter uma boa pronuncia, é preciso também conhecimentos sobre o léxico e
a gramática da língua e noções socioculturais e pragmáticas da língua meta.
De acordo com as O.C.E.M. (2008) a expressão oral do aluno do ensino médio deve seguir os
seguintes requisitos:
6
(ASENSI, 1996, p. 137), “La música y las canciones pueden emplearse, bien como piezas centrales de la comunicación en el aula,
bien como medio para enfatizar o reforzar distintos aspectos del proceso de adquisición lingüística o cultural.”
O desenvolvimento da produção oral, também de forma a permitir que o aprendiz se situe
no discurso do outro, assuma o turno e se posicione como falante da nova língua,
considerando, igualmente, as condições de produção e as situações de enunciação do seu
discurso.
(O.C.M.E., 2008: 151)
Para o desenvolvimento dessa destreza em atividades com letras de música, podemos
elaborar perguntas relativas à temática da música para que o aluno expresse sua opinião a partir de
sua experiência de vida, ou seu conhecimento prévio, formular debates, utilizar fotos ou vídeos
sobre o tema para que o aluno fale as relações existentes entre ambos, entre outros. Podemos
também abordar como uma problematização a temática da música. No exemplo de atividade que
trazemos com a música La historia de Juan, selecionamos algumas fotos de crianças e iniciamos as
perguntas relativas ao tema - meninos abandonados – relacionando o conhecimento prévio dos
alunos com a realidade descrita na canção.
A expressão oral em uma conversação - como é o caso desse tipo de atividade – está
interligada com a compreensão auditiva, já que é necessário entender o que é dito, considerar a
informação, para então formular uma opinião seguindo os padrões gramaticais e utilizando o léxico
da língua espanhola. Essa habilidade também pode integrar-se com a compreensão leitora,
contestando oralmente as perguntas sobre a leitura da música, ou integrar-se com a produção
escrita, escrevendo a opinião de um amigo.
4.2 Compreensão auditiva
A compreensão oral ou auditiva é a destreza referente à audição, compreensão e
interpretação do discurso oral. Nela interligam-se fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e
sociológicos. É um processo que o indivíduo age ativamente desde a decodificação e compreensão
lingüística até a interpretação do discurso oral. De acordo com as O.C.E.M. (2008) a compreensão
auditiva no Ensino Médio segue os seguintes requisitos:
O desenvolvimento da compreensão oral como uma forma de aproximação ao outro, que
permita ir além do acústico e do superficial e leve a interpretação tanto daquilo que é dito
(frases, textos ) quanto daquilo que é omitido ( pausas, silêncios, interrupções) ou do que é
insinuado (entonação, ritmo, ironia...) e de como, quando, por quê, para quê, por quem e
para quem é dito.
(O.C.E.M., 2008 :151)
A compreensão auditiva em atividades desse estilo pode modificar-se de acordo com o
objetivo que se pretende chegar. Segundo Gil Toresano (2000) as atividades auditivas com letras de
músicas podem se classificar como: 1.Tareas de escucha global de uma pieza musical: a
compreensão lingüística possui caráter secundário e o elemento sonoro e musical são os
protagonistas, são exemplos desse tipo de atividade, relacionar músicas com pessoas ou associar
música com cenas e ações; 2 Tareas de escucha orientadas a la compreensión del mensaje
lingüístico (la letra de las canciones): são as atividades que a letra de música é escolhida
observando o conteúdo lingüístico e\ou sociolinguístico. No exemplo de atividade com a música La
história de Juan, trazemos a compreensão auditiva de acordo com o segundo caso. Centramos a
atividade auditiva na compreensão de algumas frases que faltam na letra da canção, com o objetivo
de fazer com que o aluno escute e compreenda as frases ausentes. No entanto, a compreensão
auditiva pode relacionar-se com as destrezas de produção oral (escutar a música para expressar sua
opinião ou fazer o resumo da ideia central da música), produção escrita (escutar a canção e criar
uma história a partir do que foi ouvido ou simplesmente escrever uma opinião sobre a temática da
canção) e a compreensão leitora (predizer palavras que faltam na letra da música ou ordenar os
versos da canção antes de escutá-la).
4.3
Compreensão leitora
Esta é a destreza responsável pela interpretação do discurso escrito. Nela relacionam-se
fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e sociológicos. A compreensão leitora desenvolve-se
desde a mera decodificação e compreensão linguística até a interpretação e valoração pessoal.
Apesar de ser uma destreza de compreensão – e por isso considerada uma destreza de recepção - o
indivíduo age ativamente, pois ele utiliza sua experiência de vida e conhecimentos prévios para a
interpretação de um texto escrito.
De acordo com as O.C.E.M. (2008), o desenvolvimento da compreensão escrita no Ensino
Médio visa os seguintes objetivos:
O desenvolvimento da compreensão leitora, com o propósito de levar à reflexão efetiva
sobre o texto lido: mais além da decodificação do signo lingüístico, o propósito é atingir a
compreensão profunda e interagir com o texto, com o autor e com o contexto, lembrando
que o sentido de um texto nunca está dado, mas é preciso construí-lo a partir das
experiências pessoais, do conhecimento prévio e das relações inter-pessoais que o leitor
estabelece com ele.
(OCEM, 2008: 152 )
Existem diversos tipos de leituras, como: leitura globalizada (skimming), focalizada
(scaning), crítica, extensiva, intensiva, entre outras. No exemplo de atividade que trazemos
utilizamos tanto a leitura global como a intensiva, pois na questão 1 é necessário a compreensão da
ideia ou essência da canção para respondê-la, e nas demais questões - como a 2, 3 e 4 - utilizamos a
leitura intensiva, já que busca informações específicas presentes na letra da canção. No entanto, é
possível elaborar outros tipos de questões para o desenvolvimento da compreensão leitora, por
exemplo, relacionar a letra da música com outros textos (fotos, desenhos, reportagens de jornais ou
revistas) ou até mesmo ordenar os versos da canção de acordo com a leitura global.
A compreensão leitora pode relacionar-se tanto com a produção oral (dar uma opinião ou
resumo do que foi lido), como com a compreensão auditiva (completar estruturas da canção ou
palavras que faltam na música) e produção escrita (escrever sua opinião, fazer um resumo da idéia
geral da música, criar uma poesia ou história).
4.4
Expressão escrita
A expressão ou produção escrita é a destreza referente ao discurso escrito. Nela utilizamos
conhecimentos, como: léxico, gramática, ortografia,
e estruturas textuais. De acordo com as
O.C.E.M. (2008) o desenvolvimento da destreza escrita deve ter os seguintes objetivos:
O desenvolvimento da produção escrita, de forma a que o estudante possa expressar suas
ideias e sua identidade no idioma do outro, devendo, para tanto, não ser um mero
reprodutor da palavra alheia, mas antes situar-se como um indivíduo que tem algo a dizer,
em outra língua, a partir do conhecimento da sua realidade e do lugar que ocupa na
sociedade.
(OCEM, 2008 : 151-152)
A expressão escrita segundo Lourdes Díaz e Marta Aymerich (2003) conforme sua
finalidade e objetivo podem apresentar-se em atividades em geral de duas maneiras: 1. Atividades
que tem objetivo na escrita; 2. Atividades em que a escrita é um meio para outro fim. Em
atividades com letras de música que possuem integração de destrezas a produção escrita pode ser
abordada de ambas as formas, como na atividade com a música La história de Juan, que a
expressão escrita está relacionada com a compreensão leitora, e assim é apenas um meio de
exteriorizar a compreensão leitora por meio da escrita, e é abordada na questão 5 com o único
objetivo de praticar a comunicação escrita. A produção escrita assemelha-se muito à produção oral,
no entanto, essas duas habilidades são tão diferentes quanto a língua e a fala, uma das dicotomias
de Saussure. Por essa semelhança as atividades de produção oral, com algumas modificações, se
convertem em atividades de produção escrita. A destreza escrita pode relacionar-se também com a
compreensão leitora ou auditiva, servindo como meio para exteriorizar as respostas do aluno.
CONCLUSÃO
É fato que as quatro destrezas estão interligadas em uma comunicação e por esse motivo a
elaboração de exercícios que as abordem integradas são importantes para o alcance da competência
comunicativa dos aprendizes. As canções possuem uma série de características (fácil memorização,
mostra autentica da língua, caráter cultural, fácil disponibilidade, etc.) que podem ser utilizadas
favoravelmente na elaboração de exercícios que proporcionem o uso da língua. O professor, no
entanto, observará o gosto musical de sua turma, o objetivo que se almeja, para então elaborar sua
atividade. Com este artigo podemos perceber que o uso de canções na aula de E\LE no contexto do
Ensino Médio brasileiro pode ser uma eficaz ferramenta de trabalho para o professor que objetiva
desenvolver tarefas de caráter comunicativo com seus alunos.
REFERÊNCIAS
ASENSI SANTOS, Javier. “Música, maestro... Trabajando con música y canciones en el aula de español.” Actas del
VI Congreso Internacional de ASELE: Actuales tendencias en la enseñanza del español como lengua extranjera II,
Rueda , M. y otros (Eds.) León, Universidad de León, 1996, p. 367-378.
AYALA, Berenice Férez de. “Um estudo sobre a prática pedagógica do professor de língua espanhola.” Dissertação de
Mestrado. Itajaí: UNIVALI, 2004.
DÍAZ BRAVO, Rocío. “La música española en la clase de E\LE”. In: Interlinguística, 2006: 1-12.
LUNA, José MARCELO FREITAS DE; SEHNEM , Paulo ROBERTO. “A língua espanhola em escolas do Brasil:
ensino como disciplina e como atividade.”Revista InterMeio, Campo Grande, MS, v.15, n.29, p.120-132, jan./jun. 2009
TORESANO, Manuela Gil. “El uso de las canciones y la música en el desarrollo de la destreza de comprensión auditiva
em el aula de E\LE.” Sociedad General Española de Librería, S.A.. Madrid: 2000.
CESTEROS, Susana P., 2006, “Aprendizaje de segundas lenguas: Linguistica Aplicada a la enseñanza de idiomas”.
MG Monografías, Universidad de Alicante.
DÍAZ, Lourdes; AYMERICH, Marta. . 2003, “La destreza escrita. Programa de autoformación y perfeccionamiento del
professorado”.Madrid. Edelsa Grupo Didascalia, S.A.
GARGALLO, Isabel Jautro.1999, Linguistica Aplicada a la enseñanza del español como lengua extranjera. Madrid:
Arco libros S.L.,
JOHNSON, Keith. 2008, “Aprender y enseñar lenguas extranjeras una introducción”. Tradução de Beatriz Alvares
Klein. México: FCE.
Orientações Curriculares para o ensino médio: Linguagens, Código e suas tecnologias. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008, volume 1.
Centro Virtual Cervantes. Diccionário de ELE. Fortaleza, 21 de abril de 2001. Disponível em:
http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/diccio_ele/indice.htm>
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005.
Fortaleza,
21
de
abril
de
2011.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2005/Lei/L11161.htm>
MURRIE, Zuleica F. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Parte II– Linguagens,
Códigos
e
suas
Tecnologias,
2000,
p.
24-25.
Disponível
em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>
Anexo I – Atividade com integração destrezas na língua espanhola
Tema: Meninos abandonados (Pre- calentamiento) (Expresión oral) ( 10 min.)
• ¿ Ustedes se identifican con algún dibujo de estos ? ¿ Cuál(es) y por qué?
•
•
•
¿La existencia de niños callejeros es comun a nuestra sociedad?
¿Cuáles los motivos que llevan los padres a abandonar sus hijos?
¿Cuál la perspectiva de futuro para un niño abandonado?
**Escucha la música y completa los huecos con las frases que faltan . (Comprensión auditiva)(15 min.)
La Historia De Juan - Juanes
Esta es la historia de Juan
____________________________
____________________________
Buscando el amor, bajo el sol
__________________________
___________________________
Su casa fue un callejón
Su cama un cartón su amigo Dios
Juan preguntó por amor
Y el mundo se lo negó
Juan preguntó por honor
____________________________
Juan preguntó por perdón
Y el mundo lo lastimó
Juan preguntó y preguntó
Y el mundo jamás lo escuchó
Él sólo quizo jugar
_______________________
Él sólo quizo amar
Pero el mundo lo olvidó
Él sólo quizo volar
Él sólo quizo cantar
Él sólo quizo amar
Pero el mundo lo olvidó
Tan fuerte fue su dolor
_________________________
Tan fuerte fue su dolor
_________________________
Tan fuerte fue su temor
_________________________
Tan fuerte fue su temor
_________________________
Él sólo quizo jugar
________________________
Él sólo quizo amar
Pero el mundo lo olvidó
Él sólo quiso volar
Él sólo quizo cantar
Él sólo quizo amar
Pero el mundo lo olvidó
* ¿Notaron algún rasgo fonético distinto en la pronuncia del cantor ?
Compreensión lectora (10 min.)
1) ¿Cuál de las imágenes del inicio representan mejor la realidad de Juan?
2) De acuerdo con la música, ¿Juan salió de casa por que quiso ? Justifique.
3) Según la lectura de la música,¿ Juan anelaba una vida mejor?
4) ¿ Qué creen que ocurrirá a Juan?
Expresión escrita ( 15 min.)
5) Si caminamos por el centro de la ciudad nos deparamos con varios niños callejeros. Escriba un pequeño texto
sobre la triste realidad de estos chicos y las dificuldades y motivos que tienen para estar allí.(5-10 lineas)