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ESCOL@: UM CENÁRIO DA ERA JURÁSSICA Carlos Alexandre Rodrigues de Oliveira Professor Titular da Faculdade Novo Rumo - Belo Horizonte/MG Coordenador do Núcleo de Ensino à Distância da Faculdade Novo Rumo - NEaD / NOVO RUMO E-mail: [email protected] Aline Fernanda Firmino Duarte Professora Titular da Faculdade Novo Rumo - Belo Horizonte/MG E-mail: [email protected] Resumo: Este estudo tem como objetivo retomar uma discussão já apresentada em um dos nossos trabalhos publicados nessa mesma revista, em sua 8ª edição, para propor uma possível discussão a respeito da situação de nossa escola no cenário de inclusão das novas tecnologias para o processo de ensino e aprendizagem de nossos alunos considerados, hoje, nativos digitais. Além disso, propomos indagar os nossos leitores sobre tal situação fazendo com que estes reflitam sobre o papel da educação no Brasil e o uso das tecnologias digitais na sala de aula. Para tanto, não pretendemos analisar dados e muito menos fazer algum tipo de generalização em relação ao tema, e, sim, aguçar nos leitores a vontade de poder contribuir para a construção de uma escola mediada pelas novas tecnologias. Palavras-chave: Escola Tradicional. Escola Moderna. Formação de Professores. Desde o surgimento do planeta, os seres vivos que o habitam tiveram que aprender a conviver, a dividir o espaço uns com os outros. Por afinidades ou necessidades os seres foram se agrupando e formando clãs, que povoam o planeta. Existem duas principais teorias para o surgimento do planeta, uma chamada teoria criacionista onde um Deus fez o planeta, todos os seres vivos e é o responsável pela origem da vida. E a teoria evolutiva, que explica o surgimento do planeta a partir de uma potente explosão de corpos celestes, seguida de várias etapas de evolução. Essa teoria evolucionista diz que a explosão teria dado origem à matéria de todo o universo. A Terra teria sido formada a, aproximadamente, 4,6 bilhões de anos, resultante de uma poeira e gases espaciais que sobraram da formação do Sol. Tendo seu início em estado de fusão, o tempo, e outros fatores, fizeram com que uma parte ficasse seca, separando essa porção da água. Essa porção seca da terra estava agrupada numa espécie de supercontinente, que mais tarde foi chamado de “Rodínia”. Depois, com separações e reagrupamentos de terra, foram formados outros “supercontinentes” chamados de Panótia e depois a Pangea. A partir da solidificação da Terra em torno das águas e da formação dos “supercontinentes”, foram divididas Eras para organizar os períodos de grandes mudanças na terra. As eras geológicas são divisões da escala de tempo geológico que podem ser subdivididos em períodos a fim de se conhecer a longa vida do planeta. As Eras são caracterizadas pelas formas em que os continentes e os oceanos se distribuíam e os seres viventes que neles se encontravam. A primeira, Era Arqueozóica, ocorreu a formação da crosta terrestre, dos escudos cristalinos e de rochas magmáticas. A Era Proterozóica foi o primeiro período em que se teve evidências de oxigênio na atmosfera. A Era Paleozóica, que durou entre 542 e 251 milhões de anos atrás, foi a era em que houve os dois extremos do desenvolvimento da vida no planeta: em seu início houve a chamada explosão Cambriana, que foi o crescimento e a diversificação de várias espécies de animais. Já no final houve uma severa extinção da vida animal, sendo a causa dessa extinção ainda desconhecida. Já a Era Mesozóica, foi a época do surgimento dos dinossauros e também da divisão da Pangea em dois continentes: a Laurásia e a Gondwana. Outros pequenos animais e também mamíferos nasceram nessa época, assim como as árvores mais altas. Porém, na mesma Era Mesozóica, os dinossauros, que tinham domínio da Terra, foram extintos por uma causa ainda desconhecida. Entre as teorias mais aceitas está a de que a colisão de um cometa com a Terra tenha sido a causadora desse evento. Com isso, os mamíferos “herdaram” as condições de dominantes da terra. Por fim, a Era Cenozóica pode ser considerada um período marcado pelas mudanças na crosta terrestre. Houve a formação dos continentes como estão divididos hoje, as divisões de oceanos e o surgimento da espécie humana. Diante disso, à medida que o planeta se modifica, os seres que o habitam também sofrem alterações e necessitam se adaptar ao meio para continuarem existindo. Seguindo esta mesma regra de sobrevivência no planeta, em nossos clãs sociais, temos que nos adaptar às regras e estruturas configuradas por nossos grupos para que não sejamos exclusos deles. Mas será que as instituições sociais, assim como o planeta, estão evoluindo? E a nossa escola também está evoluindo? 2. O cenário educacional no Brasil: o que mudou? A História da Educação Brasileira não é uma história difícil de ser estudada e compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. A primeira grande ruptura travou-se com a chegada dos portugueses ao território do Novo Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam características próprias de se fazer educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu. Em contrapartida, até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é a de manter o status quo, ou seja, no mesmo estado que antes para aqueles que frequentam os bancos escolares. A educação brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas direções. Pode-se dizer que a História da Educação Brasileira tem períodos com um princípio, meio e fim bem demarcados e facilmente observáveis. Ela é feita em rupturas marcantes, onde em cada período determinado teve características próprias. Portanto, apesar de toda essa evolução e rupturas inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios. E a nossa escola, evoluiu? 3. A reconstituição de uma 'Era' quase em transformação A escola é, talvez, a instituição mais jurássica de todos os tempos (ANTONIO, 2012). Embora ela tenha o compromisso de educar a geração atual para um mundo futurista que nem nasceu ainda, e nem sabemos como será, ela ainda vive na pré-história em diversos sentidos e não tem o menor desejo de “evoluir”, pelo menos o suficiente para chegar perto dos tempos atuais. Mas, segundo Antonio (2012), antes de concordar com isso, pense bem: a escola não se encerra nos limites de seus próprios muros, ela se estende por toda a sociedade, e você, caríssimo leitor, também é responsável por essa escola jurássica e suas idiossincrasias. A partir de então, precisamos refletir que a instituição escola ainda está fechada para várias mudanças, segue um padrão tradicional que já está ultrapassado e os nossos alunos já nascem mediados pelas novas tecnologias. Precisamos ainda pensar em métodos didáticos que farão uma revolução na educação, ou seja, construir uma nova pedagogia de ensino e aprendizagem, de interação com o outro, de formação e capacitação docente com o uso das tecnologias convencionais contrapondo às tecnologias digitais modernas, além de despertar em toda a comunidade escolar, o interesse de desenvolver novos métodos de ensino e novos modelos de aula. Com isso, a vontade do professor de aprender e mudar os paradigmas tradicionais já construídos, além de despertar a necessidade de aprender a ensinar o outro a aprender a aprender, mesmo que tudo isso exija desse docente a coragem de ser autônomo, não pode esperar passivamente por ajuda e nem desistir sem antes tentar! Para tanto, qualquer coisa que se faça na vida, é necessário primeiro a vontade de realizá-la, senão nada acontece. Isso também ocorre na educação. Educação requer AÇÃO e como resultado dessa ação, há o APRENDIZADO. Mas para que se realize a ação e esta resulte no aprendizado é necessário, inicialmente, que haja a VONTADE, nesse caso, a vontade de aprender. O professor deve descobrir estratégias, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, em outras palavras, deve fornecer estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender, conforme ressalta a professora Cássia Medel (2013)1. Diante disso, podemos encerrar essa discussão com as palavras da professora Ivone Boechat2: O professor, como agente de comunicação, transformou-se num dos mais pobres recursos e dos mais ricos. Quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, resplandece e brilha! 4. O professor de ontem e o de hoje: quem são esses mediadores? Será que existe alguma diferença? Há 20 anos atrás a escola era essencialmente conteudista, propedêutica, excludente, hierárquica e mecanicista. O professor era uma figura adaptada há seu tempo, porque a escola de então tinha as mesmas características fundamentais da escola de quando ele, professor, esteve sentado em seus bancos, e de quando seus professores a frequentaram. Na verdade, a escola como instituição formal de ensino, e o professor, como figura central no processo de ensino e aprendizagem, tem mantida suas características principais desde que foi trazida da Europa pelos jesuítas, ainda no século XVI. É certo que com o passar de muitos anos o professor vai adquirindo sua própria identidade pedagógica, da mesma forma que adquire sua identidade individual, em uma eterna luta para superar aquilo que ele mesmo julgava falho nos modelos de professores que ele teve quando era aluno. Mas, se por um lado essa é uma atitude consciente do professor que busca sua identidade própria, por outro, há milhares de comportamentos inconscientes que apenas reproduzem os modelos que ele teve durante sua própria formação. O professor que não toma consciência da necessidade de mudar sempre acaba não mudando quase nunca. Assim, precisamos pensar no que estamos fazendo de diferente do que nossos professores fizeram a seu tempo. E o que podemos julgar precisamente quanto às inovações, modernizações, ajustamentos ao século XXI, e aos nossos alunos que hoje são adeptos ao novo e as relações socioculturais e dialógicas entre o conhecido e o estranho e o que está do outro lado. Segundo Antonio (2010), o professor que atua hoje como atuava há 20 anos atrás já perdeu a batalha contra as “modernizações” e já pode ser considerado um dinossauro pedagógico em extinção. A causa primeira que levou esse professor ultrapassado a perder essa batalha que todos pensávamos ser imperdível, a ponto de poder pensar em ser substituído por máquinas que não 1 Trecho extraído de: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/art_motivacao.htm. 01/10/2013. 2 Trecho extraído de: http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/biblioteca/artigos/ensinar-e-aprender-nao-e-transmitirconhecimentos. 01/10/2013. pensam, não foi apenas o descaso para com as novas tecnologias digitais, a preguiça que o impediu de continuar aprendendo sempre, ou toda a lista de dificuldades que esse mesmo professor aponta como razões para seu fracasso. O que tornou esse professor ultrapassado foi a falta da modernização, de querer aprender o novo, de achar que não havia mais a necessidade de reconstruir a educação para o novo mundo. Considerações finais Se pararmos para refletir sobre a introdução desse estudo e a (re) construção de nossa escola, observamos que não há muita diferença, isto é, o universo escolar passa o tempo todo por transformações em função de uma adaptação ao sistema educacional que o século XXI tem tentado agregar o que nele é visto como novo. Mesmo que isso seja um ponto positivo ainda há falhas no que diz respeito às Eras que a instituição escola vem escalando nos processos de mudança e de tentativas de adaptações à prática escolar de ontem e de hoje. No que diz respeito à inserção das novas tecnologias no cenário escolar, observamos que a escola, principalmente a da rede pública de ensino, ainda pertence a “Era Mesozóica”, não marcada pelo domínio dos dinossauros sobre a terra, mas pela extinção dos recursos tecnológicos inseridos nesse cenário sem ao menos terem sido utilizados em prol da formação educacional de nossos alunos, ou seja, o laboratório de informática da escola é um exemplo disso. Com isso, esperamos que a escola possa ser vista como um período marcado por mudanças em torno da educação e do processo de ensino e aprendizagem que os nossos alunos estão inseridos, inclusive no uso das tecnologias na sala de aula. Assim, a escola também poderá pertencer a “Era Cenozóica”. Referências ANTONIO, José Carlos. TICs, telefones celulares e a escolassaura, Professor Digital, SBO, 30 jan. 2012. Disponível em: <http://professordigital.wordpress.com/2012/01/30/tics-telefones-celulareseaescolassaura/>. 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