O cartão-postal no Brasil e no mundo

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O cartão-postal no Brasil e no mundo
O cartão-postal no Brasil e no mundo
* José Carlos Daltozo
O cartão-postal só começou a ser utilizado no Brasil depois de onze anos de sua criação na Áustria e
cinco anos depois de aprovado pela União Postal Universal. O Governo Imperial editou o Decreto-Lei
7695, em 28.04.1880, instituindo o que foi chamado, inicialmente, de "bilhete postal". Era uma cartolina
tamanho 9 X 12 cm, contendo como única ilustração, na frente, as armas da República e o valor da tarifa
impressa. Algum tempo depois começou a ganhar desenhos, fotografias e sua popularidade disparou. No
início só o Correio podia imprimi-los, poucos anos depois firmas particulares passaram a também editálos, com isso ele se popularizou mais ainda, numa época que não existia o telefone, o rádio, as revistas e
jornais quase não traziam ilustrações. As famílias gostavam de enviar postais e guardar os que recebiam,
pois era uma fonte de belas imagens que eles não conseguiriam obter de outra maneira.
O postal surgiu na Áustria, em 1869, numa época em que os serviços postais eram muito caros. O
austríaco Emmanuel Hermann propôs ao governo a criação de um meio de comunicação mais simples e
barato, que pudesse ser enviado em aberto, sem envelope, para mensagens curtas. Nos seus primórdios
era uma simples cartolina sem desenhos ou fotos, apenas local para a mensagem de um lado e o
endereço do destinatário do outro, pré-tarifado e com o brasão do Império Austro-Húngaro no canto
superior direito. A tarifa era a metade da carta comum. Logo a idéia se espalhou pelos países da Europa,
sendo adotado em 1875 pela União Postal Universal, com fixação de tarifa única para todos os países
que o adotassem.
De 1900 a 1930, época de sua maior popularização, os postais reproduziam tudo que acontecia no
mundo. São comuns os postais daquela época mostrando enchentes, acidentes de trânsito, costumes de
povos e países, lugares exóticos, terremotos, pessoas no trabalho, guerras, revoluções, visitas de reis,
rainhas e presidentes etc. Com o avanço das comunicações, do cinema, das revistas e jornais ilustrados,
eles foram relegados a segundo plano em termos de divulgação de eventos. Mas continuaram até os dias
atuais, agora sendo preferencialmente turísticos, ou seja, só mostram belas vistas de cidades e
paisagens. Dessa forma, os lugares mais comuns em postais são aqueles mais visitados por turistas. Por
exemplo, a cidade de Paris, capital da França, é a mais fotografada e reproduzida em postais, pois recebe
milhões de turistas anualmente. O mesmo acontece com Roma, Londres, Lisboa, Madri e a maioria das
capitais européias, além de cidades ou lugares especiais, como o Vaticano, Veneza, Florença, Zurique.
No Brasil, a cidade mais fotografada é o Rio de Janeiro, notadamente Copacabana, Cristo Redentor e
Pão de Açúcar. Também São Paulo, com seu poderio econômico, tem muitos postais mostrando a
Avenida Paulista, Anhangabaú, Teatro Municipal, Museu do Ipiranga etc. Foz do Iguaçu, que recebe um
bom número de turistas, também possui muitos postais à venda. O mesmo acontece com as capitais
nordestinas e suas praias maravilhosas, além das cidades históricas mineiras, com suas igrejas barrocas.
A febre dos postais de mídia
Uma nova modalidade de postal começou a ser usada, principalmente nas capitais e grandes cidades,
com anúncios os mais variados possíveis. São os chamados de "midia card". Uma moda que era rotineira
no exterior e que finalmente chegou ao Brasil, de uns dez anos para cá. Eles ficam em displays à
disposição do público, divulgando produtos, carros, shows, peças teatrais, filmes, restaurantes, bares e
uma infinidade de atividades econômicas. É uma maneira de divulgação de forte apelo popular, há
centenas de novos colecionadores especializados só nesses postais. Mas a maioria dos colecionadores
de postais tem acervo de tema geral, ou seja, coleciona postais de todo tipo, turísticos ou publicitários,
novos ou escritos no verso, antigos ou atuais. Há uma pequena parte dos colecionadores de temas
específicos, entre eles os mais procurados são postais de trens, bondes, aviões, navios, estádios de
futebol, fauna e flora etc.
O que é ser colecionador
O colecionador, não só de cartões-postais, mas de qualquer outro tipo de objeto como selos, moedas,
cédulas, marcas de cigarro, cartões telefônicos, uísques, conchas marinhas, isqueiros, chaveiros, lápis,
canetas, carros antigos, livros raros, discos, mapas etc, deve estar sempre alerta visando incrementar seu
acervo. Tem que tentar conseguir as peças que faltam para seu acervo com tranquilidade, sem estresse,
se possível pagando um preço justo. O postal antigo (até 1950) está tendo cada vez mais aceitação no
mercado editorial, os autores estão utilizando-os para ilustrar livros sobre arquitetura, história das cidades,
desenvolvimento de determinada região ou registro de época de um determinado personagem. Isso faz
com que seus preços atinjam nível elevado, fora da realidade. Não há um catálogo específico para
postais antigos ou modernos, diferente do que ocorre com selos e moedas, que tem emissão controlada.
A confecção de postais é livre, qualquer gráfica de qualquer cidade pode produzi-los.
Coleciono cartões-postais há 22 anos, motivado por gostar de fotografia. Cada cidade que eu visitava
tirava fotos e comprava alguns postais de vistas que não conseguia obter com minha máquina, devido
vários fatores. Por exemplo, uma vista aérea, um belo por do sol, uma vista noturna, o interior de uma
igreja ou museu, entre outros. Conheci outros colecionadores, comecei a fazer trocas de postais, adquiri
várias coleções de desistentes, também adquiri muitos diretamente em editoras, além das cidades que
visito como turista. E ganhei muitas doações, porque muitas pessoas viajam, compram postais, mostram
aos parentes e amigos e num dia de limpeza de gavetas, jogam tudo no lixo. Se doados a um
colecionador, esses postais estarão preservados para futuras pesquisas de arquitetura, urbanismo,
fotografia, modo de vida de povos e países, meios de transporte, sociologia, história e geografia.
* José Carlos Daltozo é historiador, com 7 livros publicados. Também é colecionador de cartões-postais, tem mais de
163.000 exemplares no acervo, do mundo inteiro. Aceita doações e trocas - Caixa Postal 117 - 19500-000 Martinópolis
SP
E-mail:
[email protected]
Blog:
http://jcdaltozo.blog.uol.com.br
Daltozo e sua coleção de postais.

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