Página 5 - Sul Rural
Transcrição
Página 5 - Sul Rural
Página 5 Adiadas mudanças na Expointer Associações de criadores se reuniram na Farsul para debater propostas de modificações nas regras da Expointer e da administração do Parque Assis Brasil. A decisão foi por solicitar o adiamento da discussão. A proposta - aceita pelo coordenador da feira e diretor do parque Telmo Motta Jr. e pelo secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi - é não haver mudanças para este ano, dada a proximidade da feira, que ocorre de 27 de agosto a 4 de setembro. As associações não negaram a necessidade de regularização dos espaços ocupados atualmente com sedes dentro do Parque Assis Brasil, em Esteio. “Os contratos estão vencidos e precisam ser renovados”, explicou o coordenador da Comissão de Feiras da Farsul, Francisco Schardong. Tropeando Fernando Adauto Associações alinharam posição conjunta em reunião na Farsul Uma das ideias aventadas prevê uma maior participação das associações com sede no parque no pagamento dos custos da estrutura. Os debates sobre essa e outras questões devem tomar fôlego após a Expointer 2011. De acordo com a presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Raças (Febrac), Elizabeth Cirne Lima, “as Associações querem ser parceiras da Secretaria da Agricultura. O sucesso da feira é interesse de todos expositores. Muitos de nós conhecemos grandes feiras mundo afora, temos experiências em organização de eventos em nossos municípios e podemos colaborar bastante”. Uma das maiores dificuldades em se formalizar as parcerias com a iniciativa privada é a legislação. Procurador-geral de Justiça visita Farsul O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Eduardo de Lima Veiga, visitou a Farsul em junho. Foi recebido pelo presidente da entidade, Carlos Sperotto. O procurador disse que o objetivo da visita era renovar o compromisso com a área produtiva gaúcha. Acompanharam-no os subprocuradores para assuntos institucionais, Marcelo Dornelles, e para assuntos jurídicos, Ivory Coelho Neto. Também participaram do encontro o diretor financeiro da Farsul, Jorge Rodri- Quem administra nossa propriedade é meu filho Adauto. Apesar disso, vou quase todos os fins de semana e feriados para a Estância. Faço um tipo de consultoria, olho tudo e converso com meu filho, embora ela faça o que quiser. Neste feriadão de Corpus Christi, revisei todos os potreiros. Para domingo de manhã restaram dois potreiros distantes mais de légua e me topei com uma madrugada fria e nublada, açoitada por um vento minuano tenebroso. Estava com o cavalo encilhado quando o pessoal me sugeriu trocar o cavalo pela camioneta. Era o que faltava para me decidir. A cavalo, emponchado, enfrentei o rigor. Dei sorte, o gado para se proteger do vento estava nas canhadas e na costa do mato do Arroio da Nazária. Revisei tudo, valorizando a riqueza dos campos. Aguadas naturais, mata ciliar, coxilhas e canhadas atendem a todas as necessidades de uma criação de gado sustentável. Retornei satisfeito com o que vi. O temporal sempre é mais feio através da vidraça. Num trote chasqueiro, com os pés frios e o nariz molhado, sem me dar conta, vinha assobiando o Peleador. Contente com o cavalo gordo e delgado, campereei a manhã inteira sem arrumar os arreios. Bom trote, boas pilchas e me sentindo bem comecei a pensar na letra da música. Do que mais precisa um gaúcho? Ouvi o velho Dô, meu pai, cantar e tocar esta música em toda minha infância. Composição que o Tio Cheri (Arthur Oscar Loureiro de Souza), o mais poeta dos meus tios, fez, para, como paródia, ser cantada na música do tango “Donde Estás Corazón.” PELEADOR Nasci solito, sou índio vago, não me governa nenhum senhor, minha riqueza é não ter nem pago e meu orgulho é ser domador. Ninguém no mundo me bota as garras pois nesta vida, floreio igual tanto nas cordas de uma guitarra como nas rédeas de algum bagual. Sperotto recebeu representantes da Procuradoria na Farsul gues, o coordenador da Comissão de Assuntos Jurídicos, Nestor Hein, a coordenadora da Comissão de Produtoras Rurais, Zênia Aranha da Silveira, e o presidente do Sindicato Rural de Santa Vitória do Palmar, Fábio Rodrigues. Sou gaúcho sem lei, gosto de andar ao rigor, de outro cuera não sei que seja mais peleador. Meu prazer é pelear por um motivo qualquer: por um trago de canha, no mais, ou por uma mulher. Se monto um potro, a chilena e o mango são os regalos de um domador. Minha querência é onde tem fandango, taba, chinedo, cachaça e amor. O meu destino o minuano ensina: é pela estrada em que ele soprar. Ainda está por nascer a china que um dia possa me embuçalar. Sou gaúcho sem lei... Fernando O. Assunção, em sua qualificada obra sócio-cultural “El Gaucho”, inicia o capítulo sobre a introdução do gado com a declaração de um soldado português da Colônia do Sacramento, feita em 1762, em pleno ciclo do couro e era do gauchismo: “A liberdade do País e abundância de carne é atrativo para quem dos vícios se lembra e do Rei da Pátria e parentes se esquece.” Em poucas palavras, o soldado expressa o sentimento da cultura guasca, justifica o changueador nômade, o gaudério, e define o gaúcho em seu nascedouro. Com o Peleador, o Tio Cheri corrobora com esta figura primitiva do gaúcho. Todo o gaúcho, especialmente os a cavalo, mantém um sentimento atávico, de uma liberdade irreverente, às vezes irracional, em que a vida é feita de desafios e todos têm o dever de se experimentar. Como dizia nosso saudoso vizinho Dudunha, com quase um século de experiência campeira: “podemos envelhecer mas temos que manter um arzinho de potro.”
Documentos relacionados
Página 5 - Sul Rural
para o lado do vento “pra não melar”. Algum animal extraviado da tropa tem que vir com uma ponta de gado, “solito”, ou no laço se “acalambra”. O arreador poupa a boca do cavalo e um fiador alivia a...
Leia mais