Atras_da_Palavra_Ed2 - Paróquias de Descalvado

Transcrição

Atras_da_Palavra_Ed2 - Paróquias de Descalvado
Atrás da
Palavra
Revista Católica
www.paroquiasdescalvado.com.br
Ano 1 | Nº 2 | Fevereiro/Março 2014
Questão de
conversão
A experiência do encontro
com o verdadeiro amor,
cuja fonte é Deus
Carnaval
e quaresma
Conheça os dois
períodos que marcam
a nossa vida cotidiana
e nossa vida de fé
É para a liberdade
que Cristo nos libertou. (Gl 5,1)
Tráfico
humano
Campanha da Fraternidade 2014
Formação Litúrgica
|
catequese
| Culto A Maria
|
PAPA FRANCISCO
|
Palavra do Bispo
Editorial
Atrás da
Palavra
Tocados pela
Queridos irmãos em Cristo,
É com grande alegria que apresentamos aos paroquianos de Descalvado mais uma edição
da nossa revista. Mais do que informar, esse novo canal de comunicação tem a importante
missão de levar um pouco da Palavra a toda a comunidade para, juntos, crescermos nessa
grande caminhada do povo de Deus.
Gostaria de chamar a atenção dos leitores para nossa reportagem de capa, que também
é tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Tráfico Humano”. Como
cristãos que somos, não podemos nos calar diante de injustiças como essas que, inacreditavelmente, ainda acontecem em nosso país. Como Igreja que somos, precisamos construir
um mundo melhor, sem espaço para a crueldade.
Em nome da comunidade católica de Descalvado quero acolher e dar as boas vindas ao
padre Alex Sander Turek Machado, novo pároco da Quase Paróquia São Judas Tadeu.
Informações sobre as atividades e os principais movimentos de nossas paróquias também
poderão ser conferidos na revista. Nossos pequenos cristãos também vão encontrar uma
página dedicada a eles. E para que esse seja um verdadeiro canal de evangelização, sugerimos aos pais que incentivem seus filhos a conhecer um pouco mais sobre os princípios
da vida cristã. Que nossos corações e mentes possam sempre ser tocados pela Palavra.
Boa leitura
Pe. Antonio Carlos de Almeida
Nesta Edição
Palavra do Bispo Alegria no coração e sorriso nos lábios | Irmãs Missionárias Exemplo
de doação | Formação Litúrgica O Carnaval e a Quaresma | Culinária Comemore a
Páscoa com uma deliciosa receita | A importância do dízimo Dízimo é compromisso |
Matéria de Capa Campanha da Fraternidade | Família e matrimônio Igualdade: não
os mesmos, mas iguais | Catequese Lições do tempo quaresmal | Papa francisco O
convite para a festa não tem preço | Vida de santidade São José | Pastorais O que é
a Pastoral Litúrgica? | religião O significado da Cerimônia de Cinzas | Descalvado pela
memória do seu povo Sociedade e Igreja no Brasil | Culto a Maria Imaculada Conceição
Sempre aqui
Agenda | Calendário | Notas | Curiosidades | Pastorais | Social | Espaço da criança
Palavra
A Revista Atrás da Palavra é uma
publicação da Pastoral da Comunicação
das Paróquias de Descalvado
www.paroquiasdescalvado.com.br
Coordenação geral
Pe. Antonio Carlos de Almeida
Conselho Editorial
Pe. Antonio Carlos de Almeida
Pe. Valdinei Antonio da Silva
Pe. Angelo Rossi
Direção Executiva e Editorial
Fernando Vicente Serpentino
Tiago Serpentino
Mauricio Mazola
Wanessa Garcia
Comercial
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Jornalista Responsável e Redação
Katia Carminatto – MTB 23.255/sp
Revisão
Renata Marcondes de Paula
Projeto Gráfico e Diagramação
Thatto Comunicação
Colaboradores
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Pe. Angelo Rossi
Pe. Antonio Carlos de Almeida
Pe. Valdinei Antonio da Silva
Pe. Robert Landgraf
Pe. Luis Fabiano
Antonio Carlos Feliciano
Camila Pedezzi
João Geraldo Martins Filho
José Francisco Barbalho
Lara Danaga
Luis Pedezzi
Marco A. Pratta
Tania Feliciano
Impressão
Quatrocor Gráfica e Editora
Tiragem
2.000 exemplares
Fale Conosco
Sugestões e comentários podem
ser enviados para o email:
[email protected]
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[email protected]
Palavra do Bispo
Religião
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC | Bispo Diocesano de Limeira
É importante estarmos
atentos aos acontecimentos
e transformações sociais.
Alegria no coração
e sorriso nos lábios
“Queridos jovens, Jesus dá-nos a vida, e vida em abundância.
Unidos a Ele, teremos a alegria no coração e um sorriso nos lábios”.
A
mados irmãos e irmãs, durante
o exercício de meu ministério
episcopal, nesta Igreja Particular de
Limeira, tenho acompanhado os desafios de nossas pastorais, movimentos e serviços espalhados em nossas
paróquias e comunidades. Importantes trabalhos são realizados com
nossas crianças e com nossos jovens,
adultos e idosos. Fiéis leigos que dão
um testemunho de fé diariamente
em seus grupos de trabalho.
os valores
Entretanto, é importante estarmos
atentos aos acontecimentos e transformações sociais que por muitas
vezes influenciam nossos comportamentos e ações, principalmente de
nossos jovens e de nossas famílias.
Recordo as palavras de nosso Papa
Emérito Bento XVI, para o dia mundial da Paz de 2013: “a sociedade atual
ameaça as famílias e destrói vidas. Por
isso, os filhos devem colocar sua Esperança em Deus, fonte da verdadeira
Justiça e Paz”.
único caminho
JOvens
A imprensa tem anunciado diariamente o envolvimento de jovens, e até
mesmo de crianças, com o tráfico de
drogas e atos de vandalismo. Jovens
que se infiltram em manifestações populares para depredarem bens públicos e particulares. Jovens que matam
seus pais, seus avós, seus irmãos, sem
a menor consciência do significado de
seus atos. A sociedade vive hoje com
uma verdadeira perda de valores, com
os jovens destruindo a si mesmos.
Em recente mensagem pelas redes sociais, papa Francisco falou aos jovens:
“Queridos jovens, Jesus dá-nos a vida,
e vida em abundância. Unidos a Ele,
teremos a alegria no coração e um
sorriso nos lábios”.
É importante que nossas famílias
e jovens estejam inseridos na caminhada evangelizadora de nossa
Igreja Diocesana. Deus está ao nosso
lado sempre, guiando-nos e orientando-nos em nossas ações. Esse é o
caminho que deve ser seguido.
Que Nossa Senhora do Belém, padroeira de Descalvado, interceda
por todas as nossas famílias e jovens,
inseridos em nossas paróquias e comunidades. Deus abençoe a todos
em seu amor de Pai. ■
“a sociedade atual ameaça as famílias
e destrói vidas. Por isso, os filhos devem
colocar sua Esperança em Deus, fonte da
verdadeira Justiça e Paz”.
Revista Católica
5
Agenda
Calendários e Contatos
Acompanhe o calendário de missas e eventos das nossas paróquias.
Paróquia Nossa Senhora do Belém
Missas Regulares
Eventos
Reza do Terço dos Homens
domingos
Horário
Local/Tema
7h00
Nossa Senhora do Belém
8h30
Ressurreição
10h00
Nossa Senhora do Belém
19h00
Nossa Senhora do Belém
Horário
Data/Local
20h00
Todas as segundas-feiras
Capela de São Benedito
Recitação das Mil Ave-Marias
Data
Horário
Local/Tema
1º domingo do mês
10h00
Missa – Batizado
Último domingo
do mês
10h00
Missa de apresentação das
crianças para o batizado
Nossa Senhora do Belém
Data
Horário
Local/Tema
Horário
Data/Local
19h00
última terça-feira do mês
Comunidade São Benedito
Encontro de Preparação para o Batismo
Horário
Data/Local
08h00
02/03 - Sede Paroquial
09/03 - Sede Paroquial
16/03 - Sede Paroquial
23/03 - Sede Paroquial
terça-feira
2ª terça-feira do mês
19h30
Santa Cruz das Almas
3ª terça-feira do mês
19h30
Santa Rita
4ª terça-feira do mês
19h30
São Francisco
Início da Campanha da Fratrenidade 2014
quarta-feira
Horário
Local/Tema
19h00
sexta-feira
Data
Horário
Data/Local
Durante o dia todo
05/03
Encontro de Preparação ao Matrimônio
Com a presença dos pais
Missa dos doentes
Nossa Senhora do Belém
Missa dos fiéis defuntos
Nossa Senhora do Belém
15h00
Horário
Horário
Data/Local
19h30
07/03 - Sede Paroquial
Encontro de Preparação ao Matrimônio
Local/Tema
1ª sexta-feira do mês
19h00
Sagrado Coração de Jesus
Nossa Senhora do Belém
3ª sexta-feira do mês
19h30
Asilo São Vicente de Paula
Horário
Data/Local
13h00
08/03 - Sede Paroquial
Reunião Do C.P.P. (Conselho Pastoral Paroquial)
Sábados
Horário
Local/Tema
Horário
Data/Local
18h30
Nossa Senhora do Belém
20h00
12/03 - Sede Paroquial
Missas especiais
MISSA E APRESENTAÇÃO DAS CRIANÇAS PARA O BATIZADO
6
Horário
Data/Local
10h00
23/03 - Igreja Matriz
Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
Agenda
Calendários
Paróquia São Sebastião
Quase Paróquia São Judas Tadeu
Missas Regulares
Missas Regulares
domingos
domingos
Horário
Local/Tema
Horário
Local/Tema
8h00
Santo Antônio
8h00
São Luiz Gonzaga
9h30
Data
São Judas Tadeu
Horário
18h00
Local/Tema
2º domingo do mês
19h00
São José
4º domingo do mês
19h00
São José
Data
Local/Tema
1º domingo do mês
10h00
Missa com as crianças
São Sebastião
Data
Horário
1ª terça-feira do mês
19h30
terça-feira
terça-feira
Data
Horário
Local/Tema
1ª terça-feira do mês
19h30
Santa Rita
quinta-feira
Data
Horário
Local/Tema
3ª quinta-feira do mês
19h30
Nossa Senhora da Saúde
São Sebastião
Horário
3ª terça-feira dos
meses pares
3ª terça-feira dos
meses ímpares
Horário
1ª sexta-feira do mês
19h00
19h30
sexta-feira
Local/Tema
Missa do Sagrado Coração de
Jesus - São Judas Tadeu
Horário
Local/Tema
19h30
Missa da Esperança (falecidos)
São Sebastião
Data
Sábados
Horário
Local/Tema
18h00
São Judas Tadeu
19h30
Santa Terezinha
(Butiá)
Nossa Senhora de Lourdes
(Fazenda Botaro)
Nossa Senhora das Graças
(Fazenda Palmeiras)
19h30
sexta-feira
Data
Local/Tema
Horário
Local/Tema
19h30
Missa com adoração
ao Santíssimo
São Sebastião
1ª sexta-feira do mês
Sábados
Nossa Senhora Aparecida
Dia 28 de cada mês
Horário
Local/Tema
Horário
Local/Tema
17h30
Santa Cruz
19h00
São Judas Tadeu
19h30
Cristo Rei
Conheça nossas pastorais e contatos:
Paróquia Nossa Senhora do Belém
Pastorais
Apostolado da Oração
Comissão de Festas
Conferências Vicentinas
Irmãos do Santíssimo
Sacramento
Ministros Leigos
Movimento Familiar Cristão
Movimento Mãe Peregrina
Pastoral da Comunicação
Pastoral Catequética da Crisma
Pastoral Catequética da Eucaristia
Pastoral da Criança
Pastoral da Juventude
Pastoral da Liturgia
Pastoral da Saúde
Pastoral da Saúde Bioenergética
Pastoral do Batismo
Pastoral do Dízimo
Pastoral do Matrimônio
Pastoral dos Coroinhas
Pastoral Vocacional
Pequeninos do Senhor
Renovação Carismática
Secretaria do Conselho Pastoral
Paroquial
Paróquia São Sebastião
Coordenadores
Cátia Bet
Maria Ap. Sassi Fuzaro
Pedro Carlos Cazarim
Contatos
(19)99201-6713
(19)3583-1667
(19)3583-4243
José Antonio Marini
(19)3583-1383
Vera Bonani Costa
Luizinho e Joyce Pedezzi
Ricardo e Sônia Mazaro
Anésia da Silva Colombo
Regina Bonani Moralles
Fábia Cirelli Ruiz
Solange da Silva
Juliana Anália da Silva
João Geraldo Martins Filho
Valquiria Vigato
Maria Chiaratti
Arlete Feliciano
Maria C. Scalla Chiaratti
José Geraldo Mazola
Tânia Feliciano
Wesley da Silva Redocino
Ana Paula B. Brassalotto
Daniela Cristina Moraes
Valdir Peres
(19)3583-3206
(19)3583-2327
(19)3583-1828
(19)3583-8678
(19)3583-3113
(19)3583-3940
(19)3583-5382
(19)3583-4123
(19)3583-2188
(19)3583-2603
(19)3583-1771
(19)3583-1046
(19)3583-1771
(19)3583-1495
(19)3583-1539
(19)99380-4408
(19)99286-5326
(19)3583-2688
(19)99434-0756
Secretaria da Paróquia
(19)3583-1282
Pastorais
Movimento Mãe Peregrina
Pastoral da Catequese
Pastoral da Crisma
Pastoral da Eucaristia
Pastoral da Liturgia
Pastoral do Batismo
Pastoral do Dízimo
Coordenadores
Pedro Geraldo Tessarin
Secretaria da Paróquia
Ana Claudia do Nascimento
Carmem Silvia Palomar Milian
Magda Cuel
Ana Venâncio
Secretaria da Paróquia
Contatos
(19) 3583-7983
(19) 3583-5038
(19) 3593-1023
(19) 3583-7600
(19) 3583-6977
(19) 3583-3811
(19) 3583-5038
Quase Paróquia São Judas Tadeu
Pastorais
Apostolado da Oração
Catequese Batismal
Catequese da Eucaristia
Catequese da Crisma
Pastoral da Saúde
Pastoral do Dízimo
Pastoral da Liturgia
Pastoral do Canto
Pastoral dos Coroinhas
Ministros Leigos
Movimento Familiar Cristão
Movimento Mãe Peregrina
Movimento da Renovação
Carismática
Grupo de Setores e Novenas
Coordenadores
Terezinha A. M. Machado
José Armando Belli
Maria C. C. Comin
Paulo Roberto Barbalho
Derli A. X. Mazari
Jorge Luiz Perna
Aparecida E. P. Ignácio
Angela M. Galetti
Mery E. C. Bueno
Joyce M. C. Pedezzi
Wagner Machado
Maria H. C. I. Colonhezi
Contatos
(19) 3583-1422
(19) 3583-2314
(19) 3583-1211
(19) 3583-3843
(19) 3583-2912
(19) 3583-3045
(19) 3583-5722
(19) 3583-2254
(19) 3583-7467
(19) 3593-1365
(19) 3583-6329
(19) 3583-4148
Fabiana Idem
(19) 99481-5981
Daisy C. Mazine
(19) 3583-6809
Missões
Lar Escola
O Centro Sócio Educacional
Franciscano Imaculada
Conceição, instituição que
já faz parte da história
de Descalvado, completou
110 anos e já atendeu
3.838 menores.
Exemplo de
doação
E
m fevereiro deste ano, o Centro
Sócio Educacional Franciscano
Imaculada Conceição completou 110
anos. A instituição centenária, que já
faz parte da história de Descalvado,
desenvolve uma série de projetos
educacionais, que incluem formação
e aperfeiçoamento, e sociais, como o
acolhimento transitório a crianças e
adolescentes.
Nesta edição, a irmã Zenilda das Neves Lopes, responsável pelo Centro
explica o trabalho realizado pela
entidade num exemplo vivo de doação e amor ao próximo.
Quais as principais atribuições e
tarefas das irmãs?
As irmãs estão presentes em todos
os trabalhos da obra. Periodicamente nos organizamos para dividir as
atribuições e tarefas relacionadas
à administração dos serviços e da
fraternidade, ambas com atividades
bem distintas.
8
Atrás da Palavra
Quantas irmãs já passaram pelo Centro?
A partir dos dados do ano de 1969 até os dias atuais, passaram por aqui mais
ou menos 102 irmãs. Além de mim, atualmente a Fraternidade Imaculada
Conceição é composta por outras duas religiosas: Irene da Silva e Maria José
de Melo Maria.
Quantas crianças já foram atendidas pelo
Centro desde a sua fundação?
Considerando dados coletados a partir de 1989 até os dias atuais, o Centro
já atendeu 3.838 menores. Atualmente temos cinco crianças acolhidas,
Fevereiro/Março 2014
que são as que permanecem no Centro, e 110 crianças e adolescentes que
participam diariamente dos projetos
educacionais.
De que forma as pessoas podem
ajudar o Centro?
Doações em dinheiro, alimentos,
roupas contribuem bastante para o
desenvolvimento de ações que contemplem a melhoria da qualidade
de vida das crianças e famílias menos favorecidas e em vulnerabilidade que aqui frequentam.
O que o Centro oferece a essas crianças?
Além das atividades básicas do dia
a dia, contribuímos para o desenvolvimento de habilidades, potencialidades, autonomia e fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários através de atividades
lúdicas e pedagógicas, de manifestações artísticas, culturais e de lazer.
Oferecemos também atividades de
socialização, partilha, solidariedade, cooperação, participação coletiva, interação e na formação de
atitudes que fomentam o exercício
da cidadania para o amor, a justiça,
a paz e gestos de perdão, de reconciliação e de humanização.
Precisamos de pessoas que colaborem com
ideias, propostas criativas, que participem
da organização de eventos, de passeios,
de atividades extras, e que possam
contribuir para o desenvolvimento dos
atendidos e no levantamento de fundos.
Como é realizado o custeio dessas
atividades?
Recebemos subvenção municipal, estadual e o convênio do FUNDEB em
parceria com a prefeitura de Descalvado. Também temos iniciativas como
coleta de alimentos duas vezes ao ano,
chá beneficente, tarde da pizza, tarde
do pastel, festa do sorvete, festa junina
e show de prêmios, todas com o intuito
de arrecadar recursos. Mas, infelizmente, mesmo com tudo isso a obra não
consegue se manter. Por isso, buscamos recurso da Província - principal entidade mantenedora do Centro e que
nos auxilia para continuarmos mantendo o atendimento. No entanto a
própria Província fica sempre no limite,
pois é mantenedora de todas as nossas
casas de missão que se encontram nos
Estados de São Paulo, Goiás e Piauí.
Como ajudar?
É só procurar quem está na responsabilidade atual pelo serviço, que
geralmente é uma das irmãs, mas
nosso convite é para que as pessoas
venham conhecer o trabalho desenvolvido e se encantem, assim como
nós, por esta ação missionária que
virou um século e perpetua até os
nossos dias atuais graças à benevolência e generosidade do povo Descalvadense. ■
Como ajudar
Para fazer parte do voluntariado
do Lar Escola, basta mandar e-mail
para [email protected] ou ligar
para (19) 3583-1302.
A participação dos voluntários
é suficiente?
A adesão de voluntários é uma das
fragilidades e um dos nossos focos
de atenção, mas ainda é muito difícil criar um corpo de pessoas que
de fato abracem nossa causa e que
construam conosco melhores formas de atendimento às crianças e
adolescentes.
Há muitas pessoas que nos ajudam,
não posso negar. Mas precisamos
de pessoas que colaborem com
ideias, propostas criativas, que participem da organização de eventos,
de passeios, de atividades extras, e
que possam contribuir para o desenvolvimento dos atendidos e no
levantamento de fundos. Assim poderemos, cada vez mais, prestar um
serviço de qualidade.
Revista Católica
9
Religião
Formação Litúrgica
O Carnaval e
a Quaresma
Dois períodos que marcam a nossa
vida cotidiana e nossa vida de fé.
Por Pe. Luis Fabiano
A
mados irmãos e irmãs, estamos
nos aproximando do período
da Quaresma. No entanto, não há
como falarmos em Quaresma sem
que antes, reflitamos sobre o Carnaval,
esta festa popular cuja origem poucos
conhecem. Assim sendo, este artigo
tem por objetivo refletir sobre estes
dois períodos que marcam a nossa
vida cotidiana e nossa vida de fé.
Segundo a diretora de documentação da Fundação Joaquim Nabu-
co, Rita de Cássia Araújo, o Carnaval
teria surgido antes do cristianismo.
Ela revela que existem pelo menos
duas correntes entre os pesquisadores para explicar a criação da festa. A
primeira afirma que o Carnaval tem
como origem as festas populares que
ocorriam na era pré-cristã no Hemisfério Norte, principalmente no Egito,
em Roma e na Grécia, para celebrar o
fim do inverno e a chegada da época
das colheitas. Não havia referências
Não havia
referências
religiosas, mas
já havia as
brincadeiras e
as máscaras.
10 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
religiosas, mas já havia as brincadeiras e as máscaras (fonte: Portal Terra).
De celebração agrária a festa ganhou contornos religiosos quando
o cristianismo atribuiu significado à
festa, que passou a ser vinculada à
Páscoa – a ‘Terça-Feira gorda’ acontece 47 dias antes Domingo de Páscoa. A festa, então, ganhou o sentido de tempo de diversão e exagero
de comida e bebida, que antecede a
entrada em um período de reflexão
e jejum dos cristãos antes da Páscoa,
quando os fiéis teriam de se recolher
e buscar pela mudança de vida.
Ainda segundo Rita, a segunda corrente de pesquisadores diverge da
ideia de festa surgida há tanto tempo, sustentando que o Carnaval tem
múltiplas origens, com diferentes
significados e contextos causando
seu surgimento em cada região.
A chegada no Brasil
No Brasil, o Carnaval chegou com
os portugueses com o nome de
“intrudo”, baseado principalmente
em brincadeiras em que pessoas
sujavam umas às outras como o
mela-mela. “Havia uma distinção social nessa festa. As famílias brancas
brincavam nas casas e os escravos
brincavam nas ruas”, diz Rita.
Depois de compreendermos o significado do Carnaval, voltemos nossa atenção para a Quaresma. É o período do ano litúrgico que antecede
a Páscoa cristã, sendo celebrado por
algumas igrejas cristãs, dentre as
quais a Católica, a Ortodoxa, a Anglicana, a Luterana.
A expressão Quaresma é originária do
latim, quadragesima dies (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este
período é dito quaresmal ou, mais raro,
quadragesimal (fonte: Wikipédia).
Em diversas denominações cristãs, o
Ciclo Pascal compreende três tempos:
preparação
celebração
prolongamento
A Quaresma insere-se no período
de preparação.
preparação para a
celebração da Páscoa
Os serviços religiosos desse tempo
intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração
da festa pascal, que comemora a
ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte,
conforme narrados nos Evangelhos.
A Quaresma, que
começa na Quarta-Feira
de Cinzas e termina na
quarta-feira da Semana
Santa é um período
reservado para a
reflexão e a conversão
espiritual.
Esta preparação é feita através de
jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações.
A Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na
quarta-feira da Semana Santa é um
período reservado para a reflexão
e a conversão espiritual. Ou seja, o
católico deve se aproximar de Deus
visando o crescimento espiritual.
Nesse tempo santo, a igreja católica propõe, por meio do Evangelho
proclamado na Quarta-Feira de Cinzas, três grandes linhas de ação: a
oração, a penitência e a caridade.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, quando os cristãos se recolhem em oração
e penitência para preparar o espírito
para a acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa.
A cor do
período
O roxo é a cor litúrgica que
caracteriza este período. Nesta época do ano, os campos
se enfeitam de flores roxas e
róseas das quaresmeiras. Em
muitas regiões havia o costume de cobrir também de
roxo as imagens nas igrejas, e
em muitos lugares ainda hoje
se mantêm essa tradição. Na
nossa cultura, o roxo lembra
tristeza e dor. Isto ocorre porque na Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na
Via-Sacra contemplamos Jesus a caminho do Calvário. ■
Detalhe de flores de
quaresmeira roxa
De celebração agrária
a festa ganhou
contornos religiosos
quando o cristianismo
atribuiu significado à
festa, que passou a ser
vinculada à Páscoa.
Revista Católica 11
Culinária
paladar
Renove o
P
áscoa é tempo de renovação,
ocasião para refletir, modificar
velhos hábitos e ressurgir. É o momento
de relembrar a salvação em Cristo, por
meio da morte e ressurreição de Jesus.
Aproveite esse momento com a família
para experimentar uma deliciosa receita
de brandade de bacalhau com tapena-
de de azeitonas e crisp de couve manteiga e, como sobremesa, um flan de cacau com calda toffee de laranja. Receitas
sugeridas pelo coordenador e professor
do Centro Especializado em Gastronomia (CEG), consultor e apresentador do
programa Na Medida Certa, do canal
Chef TV, chef Fernando Corsi Eiger.
Comemore a Páscoa com
uma deliciosa receita de
bacalhau e um flan de cacau
saboroso para sobremesa.
Imagem ilustrativa
Saúde
Flan de Cacau e Calda
Toffee de Laranja
Imagem ilustrativa
Ingredientes
• 250 ml de leite integral
• 50 ml de leite de coco
• 100 g de leite condensado
• 25 g de amido de milho
• 10 g de cacau em pó
Brandade de bacalhau com tapenade
de azeitonas e crisp de couve manteiga
Ingredientes
• 300 g de bacalhau dessalgado
• 200 g de batatas
• 60 g de manteiga sem sal
• 40 g de creme de leite fresco
• 20 ml de azeite de oliva
• 01 dente de alho
• 90 g de azeitonas pretas
• ¼ maço de couve manteiga picada bem fininha
• À gosto: salsinha fresca bem picada
• 06 tomates cerejas
• À gosto: sal e pimenta do reino
Modo de preparo
Brandade
Desfie ou retire as lascas do bacalhau.
Reserve.
12 Atrás da Palavra
Faça um purê com as batatas, o creme
de leite, a salsinha e o alho.
Leve os tomatinhos para assar
levemente a 160ºC com azeite, sal e pimenta.
Misture delicadamente o bacalhau com
o purê e, se necessário, ajuste o sal e a
pimenta do reino.
Tapenade
Retire o caroço das azeitonas, se houver,
e bata-as no mixer até formar um purê.
Leve ao fogo baixo e ajuste os temperos.
Crisp
Frite a couve no óleo quente em
imersão rapidamente e deixe secar
sob papel toalha. Sirva uma porção de
brandade sobre uma fina camada de
tapenade e o crisp por cima.
Fevereiro/Março 2014
Modo de preparo
Leve ao fogo metade do leite, o leite de coco, o leite
condensado, o cacau e a baunilha.
Em um bowl (tigela redonda) adicione o restante do
leite e o amido e mexa.
Acrescente o leite quente na mistura do amido e
volte para o fogo. Mexendo sempre. Aqueça até
engrossar. Espere amornar e verta dentro de uma
taça ou ramequins.
CALDA
• 01 laranja (sumo e raspas)
• ½ laranja supreme (corte feito em que é tirada
toda a casca, ficando apenas o gominho)
• 80 g de açúcar refinado
• 80 g de creme de leite fresco
Modo de preparo
Misture o creme de leite com a laranja e reserve.
Leve ao fogo o açúcar e quando atingir o ponto
de caramelo adicione a mistura de creme com
laranjas e, misturando sempre, deixe apurar e
engrossar levemente.
Leve à geladeira para esfriar. Sirva o flan com a calda
por cima e as raspas salpicadas.
Bom apetite!
Fernando Corsi Eiger
é coordenador e professor
do Centro Especializado em
Gastronomia (CEG), consultor e apresentador do programa Na Medida Certa, do
canal Chef TV.
A importância do dízimo
Dízimo
DÍZIMO
É COMPROMISSO
Por Pe. Angelo Rossi
M
uitos se dizem cristãos e católicos só porque frequentam a
missa aos domingos ou em algumas
ocasiões, alimentam algumas devoções,
participam de alguns eventos promovidos pela paróquia e vez ou outra colaboram com uma atividade da comunidade. Tudo isso é bom, mas só isto é
pouco para justificar o nome de cristão,
membro da Igreja de Jesus Cristo.
É preciso comprometer-se com a Igreja, com a paróquia ou a comunidade
da qual participa. É preciso sentir-se
responsável por ela e sentir como próprias as necessidades da Igreja.
por que “dízimo”?
Pouco importa o nome que damos.
Em lugar de “dízimo” poderíamos usar
centésimo ou outro nome, outra expressão de linguagem. O importante
é o cristão se comprometer com a sua
Igreja, para que a sua fé não permaneça vazia, abstrata.
A Igreja prefere usar a palavra “dízimo”
porque é uma palavra consagrada
pela Bíblia, pela experiência do povo
de Deus. Mas poderíamos também
chamar de partilha, caridade ou até
tributo sagrado. O que importa é que
o cristão seja comprometido.
É isto que o dízimo faz. Por isso é uma
pastoral: pastoral que leva o cristão a
comprometer-se com a Igreja.
DÍZIMO É ABRIR O
CORAÇÃO AO SENHOR
Lembremos uma palavra do Papa João
Paulo II, na sua primeira carta dirigida
a toda a humanidade, bem no começo do seu ministério: “Abri as Portas ao
Salvador”. São palavras sempre atuais.
Precisamos abrir as portas do coração
para acolher Jesus, que quer entrar e
estar em nós, que quer nos transformar com a força da Sua Palavra e a
ação do Espírito Santo.
Dízimo não é questão de dinheiro, de
medir quanto devemos dar, perguntar qual a finalidade do dinheiro arrecadado pela Igreja. Dízimo é questão
de conversão, é mudança de coração,
é deixar-se penetrar pelo Espírito de
Deus, para podermos entender o que
é ser cristão, o que significa ser Igreja e
qual o compromisso com a comunida-
de a que pertenço, qual a minha vocação e a minha missão dentro da Igreja.
Abrir a porta do coração para Jesus
Cristo significa entender a ordem do
Senhor, quando diz: “Buscai primeiro
o reino de Deus e sua justiça, e tudo
o mais vos será dado, por acréscimo”.
O importante é o
cristão se comprometer
com a sua Igreja,
para que a sua fé
não permaneça
vazia, abstrata.
O meu dízimo é colocar minha vida,
meus talentos, meu tempo e meus
bens a serviço de Deus em primeiro
lugar. Dentro desta visão evangélica
seremos capazes de compreender a
dimensão religiosa, social e missionária
da Igreja, e do vosso dízimo também.
DÍZIMO NA BÍBLIA
Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mandou trazer pão
e vinho e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que
criou o céu e terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em
tuas mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14, 18-20).
Vocês se afastam dos meus estatutos e não guardam os meus decretos. Voltem para
mim, que eu também voltarei para vocês! – diz Javé dos exércitos. “Pode um homem
enganar a Deus?” Pois vocês me enganaram! Vocês perguntam: “Em que te enganamos?” No dízimo e nas ofertas. Tragam o meu dízimo completo para o templo para
que não haja alimento em meu templo. Façam essa experiência comigo – diz o
Senhor dos Exércitos. Vocês hão de ver, então, se não abro as comportas do Céu, se
não derramo sobre vocês as minhas bênçãos de fartura (Ml 3, 7-8-10).
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre
eles. Ninguém passava necessidades, pois aqueles que possuíam terras ou casas as
vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era
distribuído a cada um conforme a sua necessidade (At 4, 32.34-35). ■
Revista Católica 13
Matéria de capa
Campanha da Fraternidade
“Foi para a liberdade que Cristo
nos libertou” Gálatas 5:1
Onde está o
?
teu irmão
D
esde a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, adotada pelos
países que integram a Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1948, a liberdade passou a ser reconhecida como
um patrimônio universal, expressão
da consciência coletiva da humanidade. “Todos os homens nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”, estabelece o primeiro artigo do documento. Esse seria
o melhor dos mundos, não fosse o fato
de que, ainda nos dias de hoje, a escravidão é uma realidade.
De acordo com o movimento mundial
Walk Free, cerca de 30 milhões de pes-
soas no mundo todo vivem na escravidão em um negócio que movimenta US$ 32 milhões.
“Portanto, permaneçam
firmes e não se deixem
submeter novamente a
um jugo de escravidão.”
Gálatas 5:1
Homens, mulheres e crianças em
situação de vulnerabilidade são aliciados com propostas que podem
levá-los à exploração sexual ou de
trabalho, ao tráfico para extração de
órgãos ou adoção, no caso de crianças. Essas pessoas são submetidas a
ameaças físicas e psicológicas, agres-
IMPORTANTE LEMBRAR
Quase todos os países do mundo se comprometeram a prevenir e erradicar
as formas modernas de escravidão – seja por meio de suas políticas e leis nacionais, ou o seu acordo com as convenções internacionais. “O papel dos governos no combate a esta violação dos direitos humanos é fundamental. A ele
cabe promulgar e aplicar leis criminais, garantir que as vítimas sejam tratadas
como tal e não como criminosos, e alocar os orçamentos nacionais para financiar o combate a essa prática. Também os indivíduos, as organizações da
sociedade civil, os sindicatos e as empresas têm um papel a desempenhar”,
observa Gina Dafalia, gerente de Pesquisa da Walk Free.
14 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
sões e humilhação. Em alguns casos,
contraem dívidas impagáveis por causa dos preços abusivos praticados pelos próprios exploradores, e chegam a
ter seus documentos retidos.
Ainda assim, 200 mil brasileiros estão
sujeitos à escravidão moderna no país,
a maioria exercendo atividades ligadas
à pecuária, exploração madeireira,
mineração e agricultura nas áreas rurais.
Escravidão global
Para acompanhar de perto a extensão do problema, a organização
criou o Índice de Escravidão Global
que identifica a incidência de trabalho escravo em 162 países e analisa
a força das respostas dos governos
na abordagem do tema. Nesse
ranking, o Brasil ocupa a 94ª posição
e chegou a receber elogios da Walk
Free pela sensibilidade no combate
ao problema com a criação de mecanismos de combate ao trabalho
escravo. Um deles é a “Lista Suja” de
pessoas físicas ou jurídicas que submeteram trabalhadores a condições
análogas à de escravo.
Ainda assim, 200 mil brasileiros estão
sujeitos à escravidão moderna no país,
a maioria exercendo atividades ligadas
à pecuária, exploração madeireira, mineração e agricultura nas áreas rurais.
Há também relatos de trabalhos em
condições sub-humanas na construção civil e em fabricação de vestuário
em regiões urbanas. Recentemente o
Brasil foi cenário de denúncias de uma
rede de turismo e exploração sexual de
crianças e adolescentes no Amazonas,
liderada por autoridades locais. Essa é,
na verdade, mais uma nuance desse
crime invisível em que vítima e explorador dificilmente são descobertos.
“A escravidão moderna é difícil
de identificar porque a exploração e o abuso não acontecem
apenas em locais públicos, mas
mais frequentemente em locais
disfarçados como residências
particulares ou em fábricas”, adverte Gina. “É importante que
as pessoas compreendam o alcance da escravidão moderna
e procurem encaminhar as vítimas para os serviços de apoio
em suas cidades”, conclui.
Campanha da
Fraternidade
Não por acaso, o tema da Campanha
da Fraternidade 2014 é “Fraternidade e
Tráfico Humano”. “Essa escolha mostra
o comprometimento da igreja com a
defesa da dignidade humana, dos direitos fundamentais e da erradicação
do crime”, diz padre Antônio Carlos
de Almeida, pároco da Paróquia São
Sebastião, em Descalvado. Trazer o
assunto à tona, segundo ele, é uma
forma de conscientizar a sociedade
para fomentar discussões em favor
da prevenção, denúncia, reinserção
social e ações políticas voltadas para o
enfrentamento do problema. O tema
não é exatamente novo no catolicismo. A preocupação com a questão
do trabalho escravo no Brasil e a mobilização das pastorais atuando em
diferentes vertentes é antiga.
Os primeiros registros datam da década de 70, com relatos de trabalho
forçado em fazendas na Amazônia.
Em 1975, a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) criou a Comissão Pastoral da Terra (CPT), hoje uma
entidade ecumênica, que acolhia trabalhadores fugitivos das fazendas.
Revista Católica 15
Campanha da Fraternidade
A escravidão é uma
ofensa ao projeto de Deus
para a humanidade.
A igreja católica também integra grupos como a “Rede Internacional da
Vida Consagrada contra o Tráfico de
Pessoas” e “Um Grito pela Vida”, e participa de campanhas como a “Olho
aberto para não virar escravo”, voltado para a conscientização dos trabalhadores sobre as armadilhas do tráfico humano. As inúmeras iniciativas
envolvem pastorais, unidades diocesanas e grupos de trabalho da CNBB.
Apesar da contemporaneidade do
tema, subjugar semelhantes é uma
das práticas mais antigas da humanidade. O livro de Êxodo narra a his-
tória da escravidão do povo de Israel
no Egito no ano de 1250 a.C. e da
grande misericórdia do Senhor em
libertá-lo por intermédio de Moisés.
Já no Novo Testamento, os gestos de
Jesus Cristo em favor da dignidade
humana são os maiores exemplos
da ação libertadora de Deus. “A escravidão é uma ofensa ao projeto
de Deus para a humanidade. Todas
as pessoas, em especial nossos irmãos que vivem em situação desumana, precisam fazer a experiência
do amor verdadeiro que só o Senhor
pode nos dar”, destaca o padre.
mão escravo? Onde está o irmão que
estás matando cada dia na pequena
fábrica clandestina, na rede da prostituição, nas crianças usadas para a
mendicidade, naquele que tem de
trabalhar às escondidas porque não
foi regularizado? Não nos façamos de
distraídos! Há muita cumplicidade...
A pergunta é para todos! Nas nossas
cidades, está instalado este crime
mafioso e aberrante, e muitos têm as
mãos cheias de sangue devido a uma
cômoda e muda cumplicidade.”
Sim, o problema é nosso. Porque muitas vezes somos cúmplices na omissão,
porque muitas vezes nos favorecemos
das pequenas explorações que testemunhamos no dia a dia, mas principalmente porque deixamos de ver que o
subjugado é, na verdade, nosso irmão.
“Como cristãos somos desafiados a
nos comprometer com o processo
de erradicação do tráfico humano em
suas várias expressões. Esse é o chamado de reflexão da Quaresma”, finaliza padre Antônio. ■
O que fazer
O pronunciamento do Papa Francisco
sobre o trabalho escravo em sua primeira Exortação Apostólica chama a
atenção para a responsabilidade de
cada um de nós, cristãos, que acredita
na liberdade como o caminho para a
justiça social e a evangelização:
“Sempre me angustiou a situação das
pessoas que são objeto das diferentes formas de tráfico. Quem dera que
se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: ‘Onde está o teu
irmão?’ (Gn 4, 9). Onde está o teu ir-
ORAÇÃO DA CAMPANHA
DA FRATERNIDADE
Ó Deus,
Sempre ouvis o clamor do vosso povo. E vos compadeceis
dos oprimidos e escravizados. Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus. Nós vos pedimos
pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano. Convertei-nos
pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores
destes nossos irmãos. Comprometidos na superação deste
mal,vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
16 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
Matrimônio
Família
Igualdade:
não os mesmos, mas iguais
“Concedendo um ao outro tal igualdade, a mulher e o homem,
no casamento, se tornam realmente iguais.”
Por Tania Feliciano e
Antonio Carlos Feliciano
[email protected]
[email protected]
A
intenção de se ter direitos iguais
entre mulheres e homens, tanto
dentro como fora do casamento, é um
tema central da vida contemporânea.
É uma luta, porque existem aqueles
que negam tal igualdade, consciente
ou inconscientemente.
Aqueles que argumentam explicitamente contra isso levantam a objeção
de que a unicidade de cada indivíduo
torna a igualdade entre seres humanos diferentes impossível. Essa afirmação é, sem dúvida, perfeitamente
verdadeira, mas não é uma objeção
válida na busca pela igualdade, porque interpreta erradamente a natureza e o significado do objetivo.
Quando somos
verdadeiramente iguais,
podemos nos relacionar
com o outro como
pessoa integral e não
como personificação de
mulher e homem.
A premissa básica dos vínculos amorosos abertos (em situação de igualdade) é a ideia de você escrever seu
próprio contrato de modo que leve
em consideração as diferenças individuais entre os dois e a unicidade de
cada um deles. A igualdade, é claro,
não significa mesmice. Leva em conta que nenhuma pessoa pode jamais
ser exatamente igual à outra no que
diz respeito à capacidade, habilidades,
aptidões, necessidades ou desejos.
Igualdade no casamento
Mas se os cônjuges não devem ser
considerados iguais em termos de
semelhança ou mesmice, o que então
significa a igualdade no casamento?
Ora, simplesmente pode ser respondido que ela significa a igualdade da
pessoalidade tanto para a mulher
como para o homem, a igualdade
de responsabilidade para o outro, a
igualdade de consideração, interesse
e cuidado para com o outro.
A pessoalidade, em questões de amor,
deve significar integridade, a totalidade integrada do indivíduo. Essa igualdade de pessoalidade significa que
cada cônjuge tem direito a sua própria
individualidade e às diferenças que o
fazem único.
A igualdade de responsabilidade para
o indivíduo significa que cada um tem
o igual direito de buscar essas metas,
de atender às necessidades e desejos
pessoais que resultarão em satisfação
e crescimento. E a igualdade de interesse pelo outro significa que os dois
se esforçarão igualmente para dar um
ao outro a liberdade e respeito necessários para a manutenção da pessoalidade e a busca de satisfação.
Nenhuma pessoa pode
jamais ser exatamente
igual à outra no que diz
respeito à capacidade,
habilidades, aptidões,
necessidades ou desejos.
Concedendo um ao outro tal igualdade, a mulher e o homem, no casamento, se tornam realmente iguais.
Quando somos verdadeiramente
iguais, podemos nos relacionar com
o outro como pessoa integral e não
como personificação de mulher e homem. A criação da igualdade no casamento vem a ser, então, a criação de
um sentimento entre cônjuges, e não
o estabelecimento de regras específicas que servem apenas para forçar
uma aparência falsa de “mesma coisa”
a dois seres humanos únicos. ■
QUESTIONAMENTOS:
É possível no casamento viver a igualdade sem oprimir o outro? Cite exemplos.
Em relação a este tema, aponte quais as preocupações que o casal deve ter para orientar suas famílias.
Revista Católica 17
Religião
Catequese
Lições do
T
empo
quaresmal
Por José Francisco Barbalho
D
as lições de catequese que recebi na minha infância e adolescência, lembro, especialmente as da
Quaresma. Todos nós em casa sabíamos bem que estávamos na Quaresma.
Havia práticas inconfundíveis: jejuns,
abstinência de carne, silêncios. Bailes,
televisão e músicas eram proibidas.
A lição era simples, mas transmitida
com convicção e testemunho.
Dizia meu pai que naquele período do
ano, como ensinava a Igreja, celebrávamos o mistério da Paixão de Jesus
Cristo. E que esta Paixão significava que
o amor que Deus tinha por nós era tão
grande que não poupou nem o próprio
Filho do sofrimento e morte na cruz.
E dizia, se Jesus padeceu por nós, para
nos salvar, não podíamos nós, ao menos nesta época do ano, manifestar um
pouco da nossa gratidão a Ele, fazendo
um pouco de sacrifício e renúncias?
E nos aconselhava a renunciar algo nestes “quarenta dias” como um sinal, um
gesto concreto de louvor a este Jesus
que nos amou até a morte.
A partir desta catequese, passei a resistir ao consumo de algo do que gostava.
20 Atrás da Palavra
No começo, por respeito a meu pai. Depois, por obediência a minha fé.
Evidentemente que Jesus não vai deixar de amar ou amar menos quem na
Quaresma deixar de louvá-lo com algum gesto de renúncia, abstinência ou
sacrifício pessoal.
Se Jesus padeceu por
nós, para nos salvar,
não podíamos nós, ao
menos nesta época do
ano, manifestar um pouco
da nossa gratidão a Ele,
fazendo um pouco de
sacrifício e renúncias?
Mas um filho que ama sua mãe, sabe o
quanto ela fica orgulhosa e feliz quando dele recebe flores, beijo ou qualquer outro gesto de afeição e carinho.
Neste tempo de Quaresma, se você se
acostumou a fazer uma “alavanca”, deixando de consumir doce, refrigerante,
cerveja ou outra coisa de que gosta
muito, oferecendo este gesto como
louvor e gratidão a Jesus, pela salvação
que operou na cruz é muito bom e demonstra a maturidade da sua fé. Caso
ainda não tenha se sentido persuadido
a assim agir, faça essa experiência.
Se mortificar, um pouco que seja, por
alguém que o ama, ajuda você a entender melhor o sentido da vida.
O Livro do Eclesiastes (Cap. 3, vers. 2 e
7) nos diz que há tempo para tudo: pra
plantar e pra colher, pra falar e pra calar.
Nossa vida pode e deve ser vivida in-
Fevereiro/Março 2014
tensamente. O cristão deve ser alegre
como nos ensina o Papa Francisco. Os
tempos litúrgicos, entretanto, nos permitem vivenciar a graça de Deus com
motivações diferenciadas. Não podemos ser desinformados e indiferentes na nossa fé, ignorando a riqueza
de experiências tão distintas que tais
tempos proporcionam.
No tempo da Quaresma, a Igreja nos
pede que subamos o Calvário com Jesus para vivenciarmos a graça salvífica,
especialmente no recolhimento, na
contemplação, na caridade, na oração
e no jejum, preparando-nos para o
apogeu de nossa fé que é a Páscoa do
Senhor, a nossa Páscoa.
A cruz Ele já carregou, a salvação Ele já
operou, mas como a mãe, vai ficar feliz
em saber que não esquecemos o indelével bem que fez a cada um de nós.
O calor está forte, mas renunciar à cerveja, ao refrigerante, ao doce, para doar
esta economia a alguém, nos torna
mais santos e mais humanos. ■
E que esta Paixão
significava que o amor
que Deus tinha por nós
era tão grande que não
poupou nem o próprio
Filho do sofrimento e
morte na cruz.
Curiosidades
Notas
Fonte: Guia de curiosidades católicas
Autor: Evaristo Eduardo de Miranda | Editora: Vozes
Qual o significado da palavra Carnaval?
Para alguns, o nome da expressão latina carne vale! (adeus, carne!), anunciaria entrada
na abstinência quaresmal. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, na qual um carro
no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. A origem da palavra carnaval seria carrum navalis
(carro naval), uma interpretação contestada.
Atualmente, a etimologia mais aceita liga a palavra carnaval à expressão carne levare,
ou seja, afastar a carne, do latim levare, “tirar, sustar, afastar”. A manifestação de sobrevivência ao inverno através de comilanças pantagruélicas era um último momento de
consumo de carne e festejos profanos antes do período de abstinência e conversão da
Quaresma, na versão católica da etimologia da palavra.
Por que uma
Quarta-feira de Cinzas?
A quarta-feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma no
calendário cristão ocidental. Ela acontece sempre quarenta e seis dia antes da Páscoa. Essa data pode ocorrer
desde o começo de fevereiro até a segunda semana de
março, pois a data da Páscoa é móvel. Esse primeiro dia
do período de preparação pascal inicia-se com o rito da
imposição das cinzas sobre a cabeça dos fiéis nas igrejas
como uma marca indicativa de um tempo de penitência
e conversão. Os católicos são convidados a reconhecer
com humanidade seu estado de mortalidade a revisar
sua vida perante os valores perenes do Reino de Deus.
A palavra de ordem dessas manifestações é: convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15).
O que significa a palavra Quaresma?
O nome Quaresma vem da contração da palavra latina quadragésima, referente ao quarentésimo dia que encerrava esse período. O número quarenta tem
um símbolo próprio na tradição bíblica e, resumidamente, evoca um grande
período de tempo. A duração de quarenta dias rememora os “quarenta anos”
de peregrinação dos hebreus no deserto após sua saída do Egito. A palavra
evoca também os “quarenta dias” de jejum passados no deserto por Jesus, entre o seu batismo e o começo de sua vida pública. E a métrica simbólica do quarenta marca o calendário católico, seus dias santos e de tabela os feriados do
ano civil. Os domingos não fazem parte da Quaresma e não são contados. Na
prática, a Quaresma não dura quarenta dias e estende-se sobre quarenta e seis.
Qual a origem do
carnaval?
Passado o tempo do natal, o
Carnaval é uma das primeiras
datas marcadas pelo calendário
religioso católico. Na Europa,
o Carnaval era um período de
festas profanas, invernais, regidas pelo ano lunar. Elas eram
caracterizadas pela liberdade
de expressão, pelas fantasias e
máscaras, pela subversão temporária de papeis sociais e até
naturais, e pelo movimento das
pessoas. O Carnaval tem suas
origens na Antiguidade pré-cristã e foi incorporado, delimitado e datado pelo calendário
do cristianismo.
Revista Católica 21
Religião
Papa Francisco
Festa
não tem preço
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O convite
para a
Meditações matutinas na santa
missa celebrada na capela da
Domus Sanctae Marthae
Publicado no L’Osservatore Romano, ed. em português, n. 45 de 7 de Novembro de 2013
A
existência cristã é um convite” gratuito para a festa; um
convite que não se pode comprar
porque vem de Deus, e ao qual é
preciso responder com a participação e a partilha.
Foi a reflexão sugerida pelo Papa Francisco na missa celebrada na manhã de
terça-feira, 5 de Novembro, em Santa
Marta, inspirada nas leituras litúrgicas
(Rm 12, 5-16a; Lc 14, 15-24). Nas leituras explicou que “nos mostram como
é o bilhete de identidade do cristão;
como é o cristão”. E das quais se compreende “antes de tudo” que “a existência cristã é um convite: só nos tornamos cristãos se formos convidados”.
22 Atrás da Palavra
O Papa Francisco esclareceu o que
significa concretamente o convite
do Senhor para cada cristão: não
é um convite “para dar um passeio”
mas “para uma festa; para a alegria:
a alegria de ser salvo, a alegria de
ser redimido”, a alegria de partilhar a
vida com Jesus.
O Senhor é muito generoso
e abre todas as portas.
Ele compreende também
quem diz: não, Senhor,
não quero vir contigo.
Compreende e espera,
porque é misericordioso.
Fevereiro/Março 2014
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Festa
E sugeriu também o que devemos entender
com o termo “festa”: “uma reunião de pessoas
que falam, riem, festejam, são felizes”, disse. Mas
o elemento principal é exatamente a “reunião” de
muitos indivíduos. “Entre as pessoas mentalmente normais nunca vi alguém que festeja sozinho:
seria um pouco tedioso!”, explicou, evocando
a triste imagem de quem “abre uma garrafa de
vinho” para brindar em solidão. Portanto, a festa exige que se esteja em companhia, “com os
outros, em família, com os amigos”. Resumindo,
a festa “partilha-se”. Por isso, ser cristão implica
em “pertença. Pertencemos a este corpo”, feito
de “pessoas que foram convidadas para a festa”;
uma festa que “nos une a todos”, uma “festa de
unidade”. Portanto a festa exige estar em companhia, “com os outros, em família, com os amigos”.
Em síntese, a festa “partilha-se”.
Um ulterior aspecto analisado pelo
Pontífice refere-se à misericórdia de
Deus, que alcança até os que declinam o convite ou fingem que o aceitam, mas não participam plenamente
na festa. O trecho de Lucas enumera as
desculpas dadas por alguns convidados muito ocupados, os quais “participam na festa só de nome: não aceitam
o convite, dizem sim”, mas na verdade
é um não. Para o Papa Francisco são
os precursores daqueles “cristãos que
se limitam a estar na lista dos convidados. Cristãos ‘na lista’”. Contudo, infelizmente ser “classificado como cristão”
não “é suficiente. Se não entrarmos na
festa, não somos cristãos; estamos na
lista, mas isto não serve para a nossa
salvação”, advertiu o Papa.
Resumindo a sua reflexão, o
Pontífice citou cinco significados ligados à imagem do “entrar
na igreja” e, consequentemente,
do “entrar na Igreja”. Antes de
mais, trata-se de “uma graça, um
convite; não se pode comprar
este direito”.
Em segundo lugar, inclui o “criar comunidade, partilhar tudo o que temos – as
virtudes, as qualidades que o Senhor
nos doou – no serviço de uns aos outros”. Além disso, requer que “estejamos
disponíveis para o que o Senhor nos
pede”. E quer dizer também “não pedir
estradas ou portas especiais”.
Não é um convite para
dar um passeio mas para
uma festa; para a alegria:
a alegria de ser salvo, a
alegria de ser redimido,
a alegria de partilhar a
vida com Jesus.
E por último, significa “entrar no povo
de Deus que caminha rumo à eternidade” e no qual “ninguém é protagonista”,
porque “temos Alguém que fez tudo”
e só Ele pode ser o protagonista”. Eis a
exortação do Papa Francisco para nos
colocarmos “todos atrás Dele; e quem
não está atrás Dele, é alguém que inventa desculpas”. Como aquele que,
parafraseando o Evangelho, diz: “Comprei o campo, casei, comprei o gado,
mas não posso ir atrás Dele”.
festa: uma reunião de
pessoas que falam, riem,
festejam, são felizes.
Certamente, advertiu o Santo Padre, “o
Senhor é muito generoso” e “abre todas
as portas”. Ele “compreende também
quem diz: “não, Senhor, não quero vir
contigo”. Compreende e espera, porque é misericordioso”. Mas não aceita
mentiras: “O Senhor – frisou – não
aprecia o homem que promete e
não cumpre. Quem finge que agradece por muitas coisas boas, mas na
realidade continua pela sua estrada;
quem tem boas maneiras, mas só faz
a própria vontade, não a do Senhor”.
Eis então o convite conclusivo do Papa,
que exortou a pedir a Deus a graça de
compreender “como é bom ser convidado para a festa, partilhar com todos
as próprias qualidades, estar com Ele”; e,
ao contrário, como é “triste brincar com
o sim e o não; dizer sim mas satisfazer-se só com estar na lista dos cristãos”. ■
Revista Católica 23
Vida de Santidade
Espiritualidade
São
José
O depositário dos
mistérios de Deus
D
e acordo com a Bíblia, José de
Nazaré ou simplesmente José,
o Carpinteiro, é o esposo de Maria e
o pai de Jesus na terra. Descendente
da casa real de Davi, quando ainda era
o noivo de Maria ele foi visitado por
um anjo que anunciou a gestação de
sua futura esposa: “José, filho de Davi,
não temas receber contigo Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é
obra do Espírito Santo. Ela dará à luz
um filho, a quem porás o nome de
Jesus, porque ele salvará o seu povo
dos seus pecados” (Mt 1, 20-21).
Obediente e fiel à promessa do Senhor, José casou-se com Maria e
acolheu o Menino Jesus como filho. Ainda no caminho para Belém,
quando Jesus nasceu, José recebeu
novamente a visita de um anjo que
recomendou que fugisse com sua
família: “Levanta-te, pega o menino e
a sua mãe e foge para o Egito, e fica
lá até que não te aviso quando voltar, porque Herodes está procurando
o menino para matá-lo. (Mt 2,13). A
pequena família só voltou a Nazaré
quando outro anjo avisou José sobre
a morte do rei Herodes.
24 Atrás da Palavra
José devotou sua vida a criar Jesus e
cuidar de sua família. A última menção feita a ele nas Sagradas Escrituras
é a passagem em que procura por
Jesus no Templo de Jerusalém. Os estudiosos das escrituras acreditam que
“José, filho de Davi, não
temas receber contigo
Maria, tua esposa, pois
o que nela se gerou é
obra do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho,
a quem porás o nome
de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos
seus pecados”.
ele morreu antes da Paixão de Cristo.
A devoção a São José começou na
Igreja moderna, onde escritos apócrifos passaram a relatar a sua história.
Em 1479 ele foi colocado no calendário romano e sua festa passou a ser
celebrada em 19 de março. São Francisco de Assis e Santa Teresa D’Ávila
foram porta-vozes da devoção pelo
esposo de Maria que, em 1870, foi
declarado patrono universal da Igreja pelo Papa Pio IX. Em 1889, o Papa
Leão XIII, elevou São José em suas virtudes na dedicação ao seu filho Jesus
e à Virgem Maria e, posteriormente o
Papa Benedito XV o declarou patrono
da justiça social. ■
padroeiro dos pais, das famílias,
dos carpinteiros e da Igreja.
São José é considerado pelos devotos como padroeiro dos pais, das famílias,
dos carpinteiros e da Igreja. É invocado em casos de doenças, dificuldades
financeiras e para interceder pelas famílias. Na arte litúrgica da Igreja ele é
retratado como um homem idoso com um lírio e, algumas vezes, ensinando a
Jesus o ofício de carpinteiro.
Fevereiro/Março 2014
Pastoral Litúrgica
Pastorais
O que é a
Pastoral
Litúrgica
Por João Geraldo Martins Filho
A
palavra “liturgia” tem origem grega e é formada pelas
raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía (trabalho, ofício),
significando serviço ou trabalho público.
Para nós, católicos romanos, a Liturgia, é, pois, a atualização
da entrega e sacrifício de Cristo para a salvação dos homens.
Cristo sacrificou-se de uma vez por todas, na Cruz. O que a
Liturgia faz é o memorial de Cristo e da salvação, ou seja, torna presente, através da Celebração Eucarística, o acontecimento definitivo do Mistério Pascal. Através da Celebração
Litúrgica, o crente é inserido nas realidades da sua salvação.
Então, podemos afirmar que Liturgia é a ação do povo de
Deus, reunido em Jesus Cristo, na comunhão do Espírito
Santo. É o ponto alto e central da vida da comunidade onde
se expressa a mesma fé e ouve-se o mesmo Senhor, Salvador e Libertador. A Pastoral Litúrgica é o modo de organizar a
comunidade, visando a formação litúrgica, a preparação e a
realização de celebrações.
primeira função
Podemos dizer que a primeira função da Pastoral Litúrgica é
organizar a Liturgia que acontece em uma comunidade. Daí
surgem 3 dimensões da Pastoral da Liturgia: equipe litúrgica, equipe de celebração e equipe do ministério da música.
equipe
litúrgica
tem como finalidade organizar todo o
trabalho litúrgico da comunidade: missas,
celebrações, horas santas, procissões, etc.
equipes de
celebração
são encarregadas de fazer acontecer a
celebração. Trabalham sempre em sintonia com o pároco e com o pessoal do
canto. Tais equipes, contudo, devem ser
constituídas com antecedência. Não devemos improvisar em liturgia.
equipe do
ministério
da música
como o termo já diz, é a responsável pela
música nas celebrações. Deve conhecer
bem e ensaiar os cânticos periodicamente com a comunidade, “cantar a liturgia”
e assim ajudar a celebrar bem.
segunda função
A segunda função da Pastoral Litúrgica é a formação. Esta
deve ser vista em dois níveis: a daqueles que fazem parte da
Pastoral Litúrgica e a de toda a comunidade.
Quem trabalha com Liturgia
precisa ter boa formação:
todos os que fazem parte da Pastoral Litúrgica devem encontrar um tempo para estudar, refletir e rezar. Estudar o que
é Liturgia, o que é útil fazer ou omitir, o que a Igreja entende
com cada uma das celebrações. Junte-se a isso a reflexão e a
oração, o crescimento espiritual necessário para quem trabalha na Pastoral Litúrgica. Não basta ler bem ou cantar bonito,
é necessário ter espiritualidade para ajudar a comunidade a
viver a experiência de Deus por meio da celebração.
Também é preciso comunicar bem durante a celebração;
para isso há cursos que ensinam técnicas para leitores, cantores, instrumentistas, que se fazem necessários periodicamente. Noções básicas de postura, tais como o modo de usar o
microfone, de andar, de vestir-se e de animar uma comunidade celebrante, são imprescindíveis na formação litúrgica.
A formação litúrgica da comunidade:
a formação de toda a comunidade também é necessária. Esta
deve acontecer tanto na Catequese, como na Celebração.
Uma das principais tarefas da Pastoral Litúrgica é a preparação das celebrações. A improvisação não deveria ter
espaço em nenhuma celebração da comunidade, nem
por parte do padre, nem por parte das equipes.
“A celebração é o espelho da comunidade” e significa
uma comunidade organizada, funcional e acolhedora,
que é refletida nas celebrações litúrgicas. Quando, durante as celebrações, ninguém sabe ao certo o que deve
fazer e como deve fazer, mostra confusão e que alguma
coisa não está bem na comunidade. ■
Revista Católica 25
Social
Eventos
Fique por dentro das festas e eventos que aconteceram em nossas Paróquias.
aniversÁRIO PE. ÂNGELO E Pe. VALDINEI
FESTA DE SÃO SEBASTIÃO • Paróquia São Sebastião
PRIMEIRA CELEBRAÇÃO PE. FERNANDO
26 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
MISSA de NATAL • Paróquia Nossa Senhora do Belém
NOSSA SENHORA DESATADORA DE NÓS
Revista Católica 27
Religião
O significado da Cerimônia de Cinzas
Cerimônia de
Cinzas
A Quarta-feira de Cinzas representa o primeiro dia da Quaresma
no calendário gregoriano. É uma data com especial significado
para a comunidade cristã. A data é um chamado à conversão e à
mudança de vida centrada na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por Pe. Robert Landgraf
A
Igreja nos indica, nas orações
recitadas por seus ministros, o
significado da cerimônia das Cinzas:
“Ó Deus, que não quereis a morte do
pecador, mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e
dignai-vos abençoar estas cinzas que
vamos colocar sobre nossas cabeças.
E assim reconhecendo que somos pó
e que ao pó voltaremos, consigamos,
pela observância da Quaresma, obter
o perdão dos pecados e a viver uma
vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado”. É, pois, a penitência que a
Igreja nos quer ensinar pela cerimônia
deste dia.
Símbolo de
arrependimento
O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas
simbolizam dor, morte e penitência.
Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se vestiu de saco e se cobriu
de cinzas quando soube do decreto
do rei Assuero da Pérsia que condenou à morte todos os judeus de seu
império (Est 4,1). Jó mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco
e cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6).
Estes exemplos retirados do Antigo
Testamento demonstram a prática
estabelecida de utilizar cinzas como
símbolo de arrependimento.
“Recorda-te
que és pó e ao
pó voltarás.”
28 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
O próprio Jesus fez referência ao
uso das cinzas. A respeito daqueles
povos que recusam-se a arrepender de seus pecados, apesar de
terem visto os milagres e escutado
a Boa Nova, Nosso Senhor proferiu:
“Ai de ti Corazin! Ai de ti, Betsaida!
Por que se tivessem sido feitos em
Tiro e em Sidônia os milagres que
foram feitos em vosso meio, há
muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e as cinzas”.
A Igreja, desde os primeiros tempos, continuou a prática do uso
das cinzas como mesmo sentido.
Na liturgia atual da Quarta-feira
de Cinzas utilizamos as cinzas
feitas com os ramos de palmas
distribuídos no ano anterior, no
Domingo de Ramos. O presbítero
abençoa as cinzas e as impõe na
fronte de cada fiel traçando com
essas o Sinal da Cruz. Logo em seguida diz: “Recorda-te que és pó e
ao pó voltarás” ou então “ Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Coração em Deus
Compreendido o sentido das cinzas em nossa liturgia, somos chamados neste tempo da quaresma
a assumir o empenho e converter
nosso coração em direção aos horizontes da graça que vem de Deus
e a celebrar com mais alegria a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Que Maria, nossa mãe, nos guie
neste itinerário quaresmal, nos
conduza a um conhecimento sempre mais profundo do morto e ressuscitado, nos ajude na árdua tarefa de lutar contra o pecado e nos
fortaleça cada vez mais a clamar
com nossa voz: “Eis me aqui ó Deus,
para fazer a tua vontade”. ■
Descalvado pela memória do seu povo
História
Igreja
Brasil
Sociedade e
no
Por Marco Antônio Pratta
A
Igreja Católica, entre o final do século XIX e o início do XX, passava
por um momento particularmente delicado. Na Europa, vários governos limitavam a ação religiosa, principalmente
nas atividades educacionais, além do
confisco de bens e propriedades. No
Brasil, o governo de D. Pedro II (18401889) impôs várias restrições, como
a proibição da entrada de jovens, em
1855, que desejavam seguir a vida religiosa ou sacerdotal. Em 1870 foi proibido o ingresso no país de noviços brasileiros que estudavam no exterior. Assim
sendo, várias comunidades foram se
despovoando e, aos poucos, fechando.
Ao mesmo tempo, contraditoriamente, o imperador permitia e até estimulava a entrada de religiosos estrangeiros, padres, irmãos e irmãs que iriam
trabalhar em escolas e nos cuidados
com doentes, uma vez que era comum
a mentalidade que a cultura e a formação dessas pessoas contribuiriam para
o progresso geral do país, que era considerado muito atrasado. O governo
central atuava de uma maneira dupla,
dúbia. Os vigários, em especial, eram
considerados representantes dos poderes governamentais em seus locais
de atuação, particularmente em áreas
muito retiradas e de difícil acesso.
“Em 1827 a ordem dos beneditinos
possuía, no Brasil, sete abadias e quatro
priorados, com mais de duzentos
religiosos; em 1894 restava apenas uma
dúzia de monges, todos idosos, em todo
o país” (Romano, 1979, 92). *
“Em cumprimento ao que ordenoume em termos de offícios que me fes
a honra de dirigir-me, contratei a
Manoel Joaquim de Souza, professor
particular de primeiras lettras deste
districto, para ensinar primeiras
lettras aos meninos pobres desta
freguezia (...)” (Pe. Jeremias José
Nogueira, Belém do Descalvado, ao
governo da Província de São Paulo,
em 17 de Abril de 1863). *
A situação aqui no interior, em especial, era calamitosa.
“Quando em 1869 cheguei a esta igreja
do Senhor Bom Jesus da Cana Verde
na qualidade de Vigário, encontrei
a Matris em deplorável estado, sem
proporções para conter os fiéis, com a
frente e as paredes laterais arruinadas,
as da sachristia, uma pensa, e
escorada, outra tão arruinada que veio
a cahir em pouco tempo. Era o templo
um edifício indecente. (...)” (Pe. Ângelo
Alves de Assumpção, Pirassununga, 28
de janeiro de 1880, a V. Excia. Rev. D.
Lino Deodato Rodrigues de Carvalho,
Bispo de São Paulo). *
Com o fim do Império e a proclamação
da República, em 1889, o contexto ficou
mais favorável, tendo em vista a separação legal entre o Estado e a Igreja, já
na primeira constituição republicana,
em 1891, e a maior liberdade das instituições religiosas, inclusive a autonomia
financeira e a questão da admissão de
novos membros. Em Belém do Descalvado, o vigário padre Manoel Francisco
Rosa, por exemplo, aproveitando-se da
presença das irmãs franciscanas do Co-
* Nos textos antigos está mantida a ortografia original da época.
ração de Maria na Santa Casa local, estimulou as religiosas a abrirem também
um lar para meninas órfãs e, em seguida,
uma escola, o Externato da Imaculada.
“A 8 de Dezembro também
se realizará a bençam solemne
da primeira pedra do Asylo
de Órphams da Immaculada
Conceição”
(Correio do Descalvado, 25/08/1907, 1).
As obras de caridade e as despesas gerais eram mantidas com doações dos
fiéis e, principalmente, com as grandes
festas nas fazendas e na zona urbana.
“Capella de São Benedicto.
Grande festividade nos dias 11,
12 e 13 de Maio p. vindouro”
(Correio do Descalvado, 05/04/1907, 4).
“Realisaram-se no dia 15 do
corrente as festividades em
honra á padroeira da Irmandade
da Misericórdia desta cidade”
(Correio do Descalvado, 18/08/1907, 2).
A dinâmica paroquial orientava o calendário da comunidade. O trabalho
nas lavouras, particularmente com o
café, e o pequeno comércio eram as
atividades da maioria da população,
como pode ser observado pelas propagandas do jornal O Descalvadense,
em 1916: “Alfândega Descalvadense
– Oliveira & Salles”, “A Cura da Syphilis
– Luetyl”, “Loja de Fazendas - Antonio
de Falco - Rua José Bonifácio, nº 42” e
“Emulsão de Scott – cura a Phthysica”. ■
Revista Católica 29
Com a palavra
Paróquia São Sebastião
As realidades terrenas
e as ações humanas
devem ser iluminadas
pela luz da Palavra de Deus.
Por Pe. Antonio Carlos de Almeida
N
o início de seu ministério público,
logo após a prisão de João Batista,
Jesus faz um convite ao público que o escutava: “Arrependei-vos, pois está próximo o
reinado de Deus” (Mt 4, 17; Mc 1, 15). Jesus
está atualizando o convite que a maioria dos
profetas fez a Israel, desde Samuel até João
Batista, e que, por ser um ‘povo da cerviz
dura’ e insensível aos apelos de Deus, continuava distante dos planos do Senhor. Arrepender-se não é simplesmente reconhecer
o erro ou o pecado, mas entrar na dinâmica
da misericórdia de Deus, tal como aponta a
parábola da misericórdia (Lc 15, 11-32). Esse
processo, na linguagem bíblica, chamamos
de conversão. A conversão era um voltar-se
para Deus, depois de deixar que a Sua Palavra iluminasse a realidade humana que o
crente estava vivendo e que estava em desacordo com a vontade divina, como bem
descreve o livro do profeta Oséias.
Trata-se de perceber que as realidades terrenas e as ações humanas devem ser ilumina30 Atrás da Palavra
A conversão era um
voltar-se para Deus,
depois de deixar que a
Sua Palavra iluminasse
a realidade humana
que o crente estava
vivendo.
das pela luz da Palavra de Deus, como nos
ensina o salmista ao dizer que “Tua palavra
é lâmpada para os meus pés e luz para o
meu caminho” (Sl ). Isso significa que temos que ter uma consciência bem clara
a respeito da vontade do Senhor sobre a
nossa história de vida. Somos convidados
a ser ‘administradores’ do que Ele nos confiou, pois quem é o Senhor, é Deus.
Mudança de comportamento
Nos dias atuais, na ânsia de serem livres,
os seres humanos, favorecidos pelo avanço da ciência e do conhecimento, estão
Fevereiro/Março 2014
cada vez mais distantes de Deus e, mesmo
entre aqueles que se dizem fiéis e tementes
a Deus, percebe-se o distanciamento Daquele que é o nosso Senhor e que só quer o
bem. Talvez por uma errônea interpretação
religiosa, muitos veem a relação com Deus
como algo imposto, um fardo pesado, um
código de normas e condutas a serem seguidos a risca, sob pena de uma condenação perpétua no inferno. Mas será que ainda
creem no fogo do inferno?
Ao falar de conversão enquanto processo de
mudança de mentalidade e de comportamento, deveríamos levar em conta que, em
primeiro lugar, Jesus não veio para condenar
ninguém, mas para salvar e resgatar os que
estavam (e ainda estão) distantes do amor misericordioso que o Abbá tem para oferecer ao
mais caro fruto de sua criação: o ser humano.
Outra premissa é que a conversão implica em
recriar o nosso relacionamento com Deus,
pois muitas vezes o que temos são concepções ultrapassadas, ideias abstratas, que não
levam a estabelecer um profundo e íntimo
relacionamento pessoal, tal como descrevem
os Evangelhos quando narram a experiência
de Jesus com o Pai. Se não há essa profunda
intimidade com Deus, o crente não se sentirá amado e querido por Ele, tal como o Filho
Amado se sentia: “Este é o meu Filho Amado,
em quem Eu pus todo o meu amor”.
Conversão é uma profunda busca
pela felicidade plena e por aquela
liberdade que o coração humano
tanto anseia. E que só é possível ao
fazer a experiência do encontro com
o verdadeiro amor, cuja fonte é Deus.
O que é conversão?
Muitas vezes, quando falamos ou pensamos
sobre o que é conversão, olhamos apenas a
perspectiva do pecado, de uma vida errada,
daqueles que não participam da vida eclesial
e comunitária. Mas nota-se que, nos discursos dos dois últimos papas, frisou-se muito
a importância de descobrir a experiência do
amor gratuito que Deus tem por cada um de
nós e que, continuamente, está a oferecer:
basta dirigir-se ao seu manancial e saciar a
sede de vida que há em nosso coração.
Recentemente, tive conhecimento de um
texto do bispo Dom Gil Antônio Moreira,
em que ele cita o grande padre Vieira quando pregava um sermão na abertura da
Quaresma de 1672, fazendo um trocadilho
com uma frase bíblica presente em Gn 3, 19:
“Lembre-te pó, que tu és homem e que em
homem te tornarás”. Segundo Dom Gil, a expressão vieiriana é uma eloquente profissão
de fé na vida, de que sempre há esperança
na vida. Aliás, um cristão sem esperança não
é digno de ser chamado de cristão.
Percebe-se assim, que conversão é uma
profunda busca pela felicidade plena e por
aquela liberdade que o coração humano
tanto anseia. E que só é possível ao fazer a
experiência do encontro com o verdadeiro
amor, cuja fonte é Deus, pois como diz o texto joanino “o amor vem de Deus. [...] no amor
não há lugar para o temor; ao contrário, o
amor desaloja o temor” (1 Jo 4, 1b.18).
“Tua palavra é lâmpada
para os meus pés e luz
para o meu caminho”
O amor que liberta
A Igreja, através do mandato de Jesus,
oferece um momento de graça para experimentar esse amor que nos liberta de
toda opressão, causada fundamentalmente pelo pecado, através do Sacramento da
Reconciliação, pois o Bom Pastor ensinou
aos seus discípulos e aos ministros ordenados (presbíteros e bispos): “Àqueles a
quem perdoardes os pecados, lhes serão
perdoados” (Jo 20, 23). Dentro do processo
de conversão, oferecido pela Igreja através
do Sacramento da Reconciliação, devemos
ter bem claro: ninguém pode purificar a
si mesmo, pois depende da graça divina
(Jó 9, 29-30; Sl 48, 8, Jr 2, 22; Sl 50, 9.12;
Is 1, 18), graça que Jesus estendeu aos
apóstolos e seus sucessores (Mt 18, 18).
Dentro de alguns dias a Igreja estará celebrando a Quarta-feira de Cinzas, dando
abertura, mais uma vez, ao período quaresmal, tempo de forte penitência e conversão. Na celebração da Quarta-feira de
Cinzas, o fiel católico receberá a imposição
das cinzas em sua fronte, onde o ministro
ordinário ou leigo traçará o sinal de cruz
dizendo as palavras: “Convertei-vos e crede
no Evangelho” (Mc 1, 15). Também nessa
noite se dará a abertura da Campanha da
Fraternidade, cujo tema será “Fraternidade
e tráfico humano” e o lema será “É para a
liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1).
Esse lema veio ao encontro àquilo que
deve ser de fato o processo de conversão
ao qual o cristão é convidado a aderir, deixando-se guiar pelo espírito de Jesus.
Segui-lo é tornar-se verdadeiramente livre,
rompendo com todo processo de idolatria
e outros mecanismos que exploram e escravizam o ser humano. E quanto mais tomar
consciência da verdadeira liberdade, que é
a liberdade cristã, o cristão há de se tornar
um promotor dessa liberdade e da dignidade humana, seguindo os passos daquele
que foi o homem mais livre que caminhou
sobre a face da Terra, Jesus de Nazaré.
Amparados pelos pilares da oração, do jejum e caridade (esmola), buscando a experiência da misericórdia divina pelo Sacramento da Reconciliação, nos preparemos
para viver um profundo retiro espiritual
na Quaresma que se aproxima, iluminado
pelo Espírito vivificante e vivificador. Ele
que é capaz de renovar nosso ser, para
adentrarmos de fato num processo de
conversão e descobrirmos que “o Senhor
faz por nós maravilhas”, sendo capaz de recriar-nos como homens e mulheres novos,
segundo o seu coração apaixonado.
Unamo-nos todos para vivermos verdadeiramente a conversão proposta
pelo Bom Deus, que nos espera de
braços abertos para nos conduzir pelos verdes prados onde reina a liberdade, a alegria e o amor que tanto
sonhamos. Vamos descobrir o quanto podemos ser bem-aventurados já
aqui na Terra, vislumbrando a tão sonhada eternidade. ■
Revista Católica 31
Espaço Criança
Falando de Jesus
Encontre o tesouro
Uma das grandes lições que Jesus deixou está na frase “Onde
está o teu tesouro, lá também
está teu coração” (Mt 6, 21).
Com isso, ele quis dizer que
o amor é o sentimento mais
importante que podemos ter.
Então ajude a Aninha a achar o
tesouro da vida dela e escreva
o que encontrou.
Você já ouviu
falar dos
anjos?
Os anjos são criaturas do céu que
trabalham como mensageiros de
Deus. Cada um de nós tem um
anjo – o anjo da guarda – que fica
o tempo todo nos protegendo do
mal e nos levando para o caminho
do bem. Existem também os arcanjos, que são anjos de uma ordem superior com missões muito
especiais, como Miguel, Rafael e
Gabriel, os três arcanjos que aparecem na Bíblia muitas vezes e que
hoje são reconhecidos por seus
dons extraordinários.
• São Miguel Arcanjo é invocado
como guarda e protetor da Igreja
e como guardião dos agonizantes;
• São Rafael Arcanjo é o guia
dos viajantes e também é invocado
para auxiliar na cura dos doentes;
• São Gabriel Arcanjo foi enviado por Deus à casa de Maria para
dizer-lhe que ela daria à luz o Menino Jesus.
FAMÍLIA E AMIGOS
Agora que você já conhece um pouco mais
sobre os anjos, que tal
aprender sua oração?
Quem sou eu?
resposta
Eu trago paz,
Eu trago amor.
Sou a presença viva
De Nosso Senhor
32 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
FAMÍLIA E AMIGOS
Ligue os pontos
Santo Anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Se a Ti me confiou
A piedade divina,
Sempre me rege, guarda,
Governa e ilumina. Amém.
Maria
Culto a Maria
Imaculada
Conceição
Por Pe. Angelo Rossi
P
ara ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por
Deus com dons dignos para tamanha função. No momento da Anunciação, o Anjo Gabriel a saúda como ‘cheia
de Graça’”. Efetivamente, para poder o assentimento livre
de sua fé ao anúncio de sua “vocação”, era preciso que ela
estivesse totalmente sob a moção da Graça de Deus.
“nada é impossível para Deus”.
“Eu sou a serva do senhor,
faça-se em mim segundo Tua
palavra” (Lc 1, 37-38).
Ao anúncio de que, sem conhecer homem algum, ela conceberia o Filho do Altíssimo pela virtude do Espírito Santo,
Maria respondeu com a “obediência da fé”, certa de que
“nada é impossível para Deus”. “Eu sou a serva do senhor,
faça-se em mim segundo Tua palavra” (Lc 1, 37-38). Assim,
dando à Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de Jesus e, abraçando de todo o coração sem que
nenhum pecado a revestisse, à vontade divina da salvação,
entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra de
seu Filho, para servir, na dependência Dele e com Ele, pela
graça de Deus, ao Mistério da Redenção. ■
34 Atrás da Palavra
Fevereiro/Março 2014
A Maternidade
Divina de Maria
Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus”
(Jo 2, 1; 19-25), Maria é aclamada, sob o impulso do
Espírito Santo, desde antes do nascimento do seu
Filho, como “a Mãe de Meu Senhor” (Lc 1, 43).
Com efeito, Aquele que ela concebeu do
Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne não é outro que o Filho
eterno do Pai, a segunda pessoa
da Santíssima Trindade. A igreja
confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Jesus (Theotókos).
Imagens • Renata Sedmakova / Shutterstock.com
Cheia de Graça
Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que
Maria, “cumulada de graças” por Deus, foi redimida desde
a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada
Conceição, proclamado em 1854, pelo Papa Pio IX.
A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua
conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do
gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do
pecado original.
Esta “Santidade resplandecente, absolutamente única” da
qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de sua
conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: “em virtude dos
méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime”. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o pai a
“abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos
céus, em Cristo” (Ef 1, 3). Ele a escolheu nele (Cristo), desde
antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada
em sua presença, no amor (Ef 1, 4).
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(19) 3583-5038
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