programa - Palácio Nacional da Ajuda
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PROGRAMA ROMANCE DE D.INÊS DE CASTRO (Paris) SEÑORA AUNQ NO ES MIRO (Elvas) IA NAO PODEIS CÕTENTES (Elvas) PUES QUEXAR SÉ (Elvas) QUE HE O QUE VEJO (Elvas) PERDI A ESPERÃÇA (Elvas) QUEDO TRISTE RECELOSO (Elvas) BENDITO SEA AQUEL DIA (Elvas) PORQ ME NAÕ VES IOÃNA (Elvas) DESPOSOSSE TU AMIGA (Elvas) QUIERESE MORIR ANTON (Elvas) MIL VEZES LLAMO LA MUERTE (Elvas) LEVAYME AMOR DAQUESTA TERRA (Milán) CON PAVOR RECORDO EL MORO (Milán) SENHORA DEL MUNDO (Paris) MIS OIOS TRISTES (Lisboa) LAS TRISTES LAGRIMAS MIAS (Elvas) TU GITANA QUE ADEVINAS (Elvas) TODA A NOITE E TODO O DIA (Elvas) SI TANTOS MONTEROS (Lisboa) NO ANDES TAN ABORRIDO (Elvas) A LA VILLA VOY (Elvas) No val das mais belas Romances e villancicos quinhentistas de Portugal Ana Sousa – Viola da Gamba Joana Ferreira Guiné – Flauta de Bisel Ricardo Leitão Pedro – Alaúde Os cancioneiros do século XVI português constituem um pequeno tesouro da nossa Renascença musical, inseridos no contexto da canção profana ibérica e do entretenimento dramático-musical na vida cortesã europeia. Os dois géneros que propomos neste programa são os mais representativos nos cancioneiros portugueses e transportam uma herança de tradição medieval a nível formal e temático. Apesar da denominação alusiva a um contexto rústico (diminutivo de villano: camponês), os villancicos foram escritos e apreciados no contexto de salões corteses para entretenimento nobre e real. Vários invocam a paisagem rural e a vida do simples agricultor de forma mais ou menos satírico-humorística, enquanto a maioria declama sobre as eternas virtudes e maldições do Amor. Já o romance é “um breve poema épico destinado ao canto e transmitido e reelaborado pela tradição oral” (Diego Catalán). Narra episódios medievais da história peninsular, continuando uma prática que remonta entre nós pelo menos ao século XI. Para este programa escolhemos peças tiradas das páginas manuscritas dos Cancioneiros de Elvas, Lisboa e Paris, assim como do livro impresso do vihuelista espanhol Luys de Milán dedicado ao rei português D. João III e incluindo villancicos e romances em português. Os três instrumentos (cópias modernas de modelos históricos) juntam-se aos três cantores (nas mãos dos mesmos) para a textura delicada deste repertório, a uma, duas e três vozes. Ricardo Leitão Pedro Basel, Junho 2014 Fontes: Cancioneiro de Elvas (P-Em 11793, Biblioteca Municipal Públia Hortênsia) Cancioneiro de Lisboa (CIC 60, Biblioteca Nacional) Cancioneiro de Paris (Masson 56, Bibliothèque de l'École Nationale Supérieure des BeauxArts) Edição moderna: Manuel Joaquim – Instituto para a Alta Cultura, Ricardo Leitão Pedro, Joana Ferreira Guiné, Ana Sousa Adaptações, ornamentações, improvisações escritas, edições para performance: Ricardo Leitão Pedro, Joana Ferreira Guiné, Ana Sousa Joana Ferreira Guiné Voz e flautas Iniciou os seus estudos musicais em 2006, na Escola de Música Luís António Maldonado Rodrigues, na classe de clarinete. Paralelamente inicia os seus estudos em flauta de bisel, frequentando aulas particulares na área da música antiga. Ingressa em 2011 na Escola de Música do Conservatório Nacional no Curso de Canto Lírico, na classe na professora Manuela de Sá, frequentando também a classe de flauta de bisel e a classe de música antiga. É licenciada em Ciência Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. o Pedro Voz e alaúde Nasceu no Porto, no norte de Portugal, no Inverno de 1990. A música e a guitarra clássica comecaram na Escola de Música Pedro Fesch, uma pe uena instituicao com um número crescente de alunos hoje estabelecidos como músicos profissionais. Algures no caminho foi tomando forma uma curiosidade irrequieta pelos estranhos instrumentos de corda dedilhada de tempos antigos e a sua música própria. Descoberto o facto de que a guitarra partilhava ascendência (entre vários outros) com a larga família dos alaúdes, o encontro não tardou a acontecer, e a ligação já lá se encontrava para ficar. Irremediavelmente fascinado pela música antiga e o vasto repertório alaudístico, Ricardo estudou inicialmente na cidade natal no seio da Escola Superior de Música e rtes do spectaculo (com Ronaldo Lopes e Hugo Sanches), posteriormente foi-lhe atribuída uma bolsa Erasmus para ingressar no Conservatoire National de Musique et Danse de Lyon (com Eugène Ferré) e finalmente muda-se para Basileia em Setembro de 2013 onde estuda na célebre Schola Cantorum Basiliensis na classe de alaúdes medievais e renascentistas com Crawford Young e canto com Kathleen Dineen. Frequentou cursos especializados em Franca e span a com duardo guez e ugene erre e deu recitais no Porto e em Lisboa. Esteve envolvido em projectos como a orquestra barroca Concerto Ibérico (Portugal), os ensembles Pérola Imperfeita (Portugal), Amato Lusitano (Portugal) e Capella Sanctæ Crucis (Franca/Portugal) (ensemble seleccionados para a residência 2013 em Ambronay), e o duo Ex Corda com o alaúdista Guilherme Barroso, vencedores do 2o premio (1o prémio não atribuído) de música de camara no concurso de música antiga JIMA (Oeiras, Portugal). Ana Sousa Voz e viola da gamba Nascida em Lisboa em 1987, encontra-se presentemente no Porto a estudar Viola da Gamba no curso de Música Antiga da ESMAE com o professor Xurxo Varela, com quem iniciou os seus estudos no Outono de 2012. Começou por estudar piano no Conservatório de Almada e mais tarde ingressa no Conservatório Nacional onde inicia também o curso de canto lírico com a professora Rute Dutra. É membro do grupo de música folk B’rbicacho. Las tristes lagrimas mias Las tristes lagrimas mias, En piedras hazen señal, Y en vos nüca por mi mal. Lagrimas hi empleadas, De mis entranhas salidas, Aaun mal agradecidas No sin causa derramadas Llorando penas passadas En piedras haz señal Y en vos nüca por mi mal. No andes tan aborrido No andes tan aborrido, Regozijate Zagal, Q ’ b vernã tras el mal. Que si te dás a la pena, Seg la razõ tienes, Pagarás la culpa agena, Cone l mayor de tus bienes. No põgas esto en oluido, Ni dês plazer con tu mal, A ’h p o . Me digas pues no lo sé Ó si en ella moriré. No mi niegues cosa alguna De quãtas me ande venir Que no temo sino vna Y desta no puedo huir. Y pues sé que he de morir Dime el quãdo por tu fé, Que salir desta ventura, Ya y sé que no saldré. Si tantos mõteros Si tantos mõteros La caça combatem Por dios la mat Estava la caça em la cova encovada Passiones com guerra La tenem çercada. A la villa voy A la villa voy, o Si no son amores, No o. Tengo mi cuidado Com dolor crecido, Y es aborrecido De mi el ganado. Llena de Dolores La vida sostengo, Si no son amores, No o. TEXTOS Romance de D. Inês de Castro Io mestando em Coimbra Aprazer i a bel folgar, Por los campos de Mondego Cavalheros vi asomar. Desque io los vi mesqina Luego vi malo senhal, Quel coraçon me dezia Lo que trai am em volumtad. Serqeme de mis hijuelos Pera les ir a buscar, Porque la inoçemçia delhos Los moviense a piadad. Puseme delamte del rey Com mui gramde humildad, Tristes palavras diziemdo No secamdo delhorar. “ o Duelate la tierna edad, Destos ijos de tu ijo Que avram de mi soledad. no os miro o no os miro Sabe dios, Q quãtas vezes suspiro, Son por vos A o po o Ya no oso de os mirar, Por no dar que sospechar A lo dessea saber. o o o o Y sabe dios, Que quãtas vezes suspiro Son por vos. Ia naõ podeis ser cõtentes Ia naõ podeis ser cõtentes, b p Pois vossas glorias passadas, o p . Q o Está todo em lhe lembrardes. Fazeiuos de todo ausentes, Lembrãças desesperadas, o p Mouraõ de males presentes. Pues quexar sé Pues quexar sé oá ’ p o h A mi torm.to Lo si to, Es sufrir y callar, Cõuiene a mi p sami to. En p sallo De tristeza en que me hallo Desespero Pues no espero Galardon en publicallo Ni en dezir el bien os quiero. Si tu viesses, Y de mi dolor supiesses El concierto Yo soy cierto Que de veras no quisieras o ’ o. Q h o vejo, o o , Q me faz morrer Damor e desejo. Minhas esperãças, Todas se ausentam, Assi m’ o tam Vossas esquiuanças. Que vendouos vejo Mil magoas crecer E se vos naõ vejo Naõ posso viuer. Quedo triste receloso Quedo triste receloso, te apartes de me ver, Aun la triste y a mi de tener plazer Bendito sea aquel dia Bendito sea aquel dia, Q o p o o o o to, Mis enojos. Benditos sean mis ojos, tan alto miraron, o o o Mi desseo. me naõ ves Ioãna o o o o b o Crece quãdo naõ te vejo. C ’ o E naõ me deixa no mato, Naõ sei donde me resguarde, E de tudo me recato. Naõ me custa tam barato o o Que naõ morra de desejo. Despososse tu amiga Despososse tu amiga Gil pastor, Mi fé si por mi dolor. Que sentiste quãdo viste Al villano dar la mano? Vn mal triste me viste Me trae vano y no sano. Muy t prano Gil Hermano Burla Amor: Mi fé si, por mi dolor. Quierese morir Anton Quierese morir Anton, Por amores de Mirabella, Diz es mal del coraçon, Mas enfin el mal es della. po haze mudanças, A o ca ninguna, Mas segun es la fortuna Ansi son las esperãças. Q le mata y con razon Bien se ve qu’ b Quiere encubrir su mal, Mas enfin el mal es della. Mil vezes llamo la muerte Mil vezes llamo la muerte, No me responde ni viene, o p . No sê donde está escõdida, No me quiere responder, Por no darme aquel plazer, Que supo de su venida. Mucho tarda la partida, Largo tiempo se detiene, o p . Levayme amor daquesta terra Levayme amor daquesta terra Que nõ fare mas vida en ella Levayme amor al ysla perdida Levayme amor cõ vos poys soys miñya vida Quel corpo sin alma nan vive en la terra Que nõ fare mas vida en ella Con pavor recordo el moro Com pavor recordo el moro ’ p o o Mis arreos son las armas Mi descanso espelear Mi cama las duras penas Mi dormir sempre es velar Mis vestidos son pesares Q no se pueden rasgar Ho dexãdo cosa’ De quãto puedo matar Hasta halle la muerte Q o o ere dar Senhora del mundo ho o Seáis de tal hijo, en buena ora parida Aquel soberano, supremo Senhor o bo o ’ o De vós tomo el trage, de mãso pastor o del no huya, la oreja perdida ho o Seáis de tal hijo, en buena ora parida Del huerto cerrado, de vuestra tranhas, Aquel hazedor , de santas hazanhas Salió disfarçado, cõ ropas estranhas, Del a lo o o plida ho o Seáis de tal hijo, en buena ora parida Por vos virgen santa, podemos dezir El hõbre com ça, de nuevo a bivir Q antes su vida, qui siempe morir, Com grãdes sospiros, por ver nueva vida ho o Seáis de tal hijo, en buena ora parida o o po o p p p p ob o b La hãbre en hartura, la muerte en la vida Mis oios tristes lhorando Mis oios tristes lhorando Quãdo nõ podem calhar Descansam pera lhorar Cuidados mil enoios Quãtos males causa el ver Tantos tiene mi querer Com que vive com ontoios Por isso lhoram mis oios Por mas pena me dar Descansam pera lhorar