transporte atual transporte atual - Portal CNT

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transporte atual transporte atual - Portal CNT
EDIÇÃO
INFORMATIVA
DA CNT
CNT
ANO XXII
NÚMERO 248
MAIO 2016
T R A N S P O R T E
AT UA L
Presidente da CNT, Clésio Andrade, com Michel Temer,
durante a entrega do Plano CNT de Recuperação Econômica
Plano para o país
CNT entrega propostas para a retomada dos investimentos em
infraestrutura de transporte e maior presença da iniciativa privada
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
REPORTAGEM DE CAPA
Primeiras medidas anunciadas pelo governo interino
de Michel Temer sinalizam para maior participação do
capital privado nas obras de infraestrutura de transporte;
CNT entrega seu Plano de Recuperação Econômica
Página 20
CNT
TRANSPORTE ATUAL
ANO XXII | NÚMERO 248 | MAIO 2016
ENTREVISTA
Lane Kidd explica o
exame toxicológico
nos Estados Unidos
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8
LOGÍSTICA • E-commerce cresce 15,3% em
2015, mas transportadoras ainda enfrentam
desafios para a entrega de mercadorias
PÁGINA
CAPA FOTOS CNT E MARCOS CORRÊA/DIVULGAÇÃO
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CONSELHO EDITORIAL
Aloisio Carvalho
Americo Ventura
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EDITOR
ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
Americo Ventura
Mtb 5125
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[email protected]
Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do
1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.
Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
28
VAGÃO ROSA
AQUAVIÁRIO
Trens só para
mulheres ainda
geram polêmica
Definidas novas
regras para o uso
dos contêineres
PÁGINA
34
AVIAÇÃO
PÁGINA
44
LE MANS
Pinturas chamam A maior corrida
a atenção e
do planeta
reforçam marca ocorre em junho
PÁGINA
48
PÁGINA
54
www.
cnt.org.br
Mais carga e eficiência
CREDIBILIDADE • Pesquisa com egressos do
SEST SENAT aponta que 80% melhoraram o desempenho
profissional depois de fazer um curso na instituição
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60
CORRIDA DE RUA
Bento Gonçalves
e Blumenau dão a
largada no circuito
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62
COMANDOS DE SAÚDE
Seções
Duke
6
Opinião
7
Mais Transporte
12
Boas Práticas
18
Boletins
68
Tema do mês
78
Alexandre Garcia
81
Cartas
82
Segunda etapa foca
na exploração de
crianças em rodovias
PÁGINA
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Transportadores de cargas esperam que o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) autorize novos modelos de combinação de veículos de cargas. Um estudo foi enviado ao órgão pelo Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas
do Estado do Paraná). O objetivo é conseguir a liberação para
utilizar o cavalo mecânico de quatro eixos (chamado bitruck)
com a carreta de três eixos afastados, a chamada vanderleia,
conjunto que não está regulamentado, atualmente. Para isso, é
necessária uma mudança nos limites do peso bruto máximo das
composições, sem risco de danos ao asfalto. Para saber mais,
acesse: www.cnt.org.br ou http://bit.ly/agenciacnt-novacvc
6
CNT TRANSPORTE ATUAL
Duke
MAIO 2016
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
7
“Só poderemos garantir o crescimento econômico e sair dessa grave crise
com fortes investimentos em infraestrutura de transporte e logística”
OPINIÃO
CLÉSIO ANDRADE
E
Correção de rumos
stamos diante de um novo horizonte no
Brasil. O recente cenário político abre
oportunidades únicas para resgatarmos a
credibilidade do país e retomarmos o desenvolvimento econômico e social. Após
um período de incertezas tanto para a sociedade quanto para o mercado, é imprescindível demonstrar que existe segurança
jurídica e que os investimentos podem voltar a ser feitos. E o setor transportador é peça-chave dessa engrenagem. Só poderemos
garantir o crescimento econômico e sair
dessa grave crise com fortes investimentos
em infraestrutura de transporte e logística,
visando ao aprimoramento da eficiência em
todos os modais. Com isso, poderemos reduzir custos e burocracias às empresas e gerar empregos aos brasileiros.
O presidente interino Michel Temer tem
plena consciência disso. Em encontro recente com ele, entreguei o Plano CNT de Recuperação Econômica, composto por três
pilares os quais acredito serem fundamentais para que o Brasil recupere sua credibilidade e volte a ser alvo de potenciais investimentos nacionais e estrangeiros.
Defendemos propostas para a dinamização do setor de transporte e logística,
como a criação de um Conselho Gestor, já
instituído pelo governo Temer, e o estabelecimento de garantias de segurança jurídica. Nesse âmbito, também apresentamos o Plano CNT de Transporte e Logística, que estima a necessidade de investimentos de quase R$ 1 trilhão. Abordamos
ainda a urgência de discutir as reformas
trabalhista, tributária, previdenciária, po-
lítica e administrativa. E reivindicamos
melhores taxas de retorno nas concessões públicas, menos burocracia nos processos licitatórios e uma clara demonstração para o mundo de que, aqui, os futuros contratos serão respeitados.
Além disso, propomos também a criação de um programa de sustentabilidade
veicular, que visa instituir uma política de
caráter ambiental a fim de promover a
contínua renovação e reciclagem da frota
de veículos. Tal medida proporcionaria um
crescimento de 1,3% no PIB (Produto Interno Bruto), geraria 285 mil empregos e arrecadação de R$ 18 bilhões em tributos.
As primeiras medidas anunciadas pelo governo Temer já dialogam, em parte, com os
anseios do setor transportador. A primeira foi
a redução do número de órgãos que atuam
na área. Não se pode pensar o transporte e a
logística do país de forma isolada. Agora, será possível unificar agendas e promover uma
visão sistêmica. Também enche de expectativas a criação do PPI (Programa de Parcerias
de Investimentos), que prevê a ampliação, a
harmonização e o fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa privada.
Estamos em um processo de correção de
rumos e de resgate da identidade nacional.
As pessoas e as empresas tinham parado de
investir por falta de segurança. Isso está
mudando. O grau de confiança deve aumentar substancialmente. É tempo de nos unirmos para tirar o Brasil dessa crise e, se depender dos transportadores, haverá muito
empenho e bastante dedicação, desde que
os investimentos sejam retomados.
“Mais importante ainda é o fato de que o teste do cabelo
pode salvar vidas que poderiam se envolver em terríveis
acidentes causados pelo uso de substâncias ilícitas”
ENTREVISTA
LANE KIDD - DIRETOR-EXECUTIVO DA TRUCKING ALLIANCE
Exame toxicológico
nos Estados Unidos
POR
s motoristas profissionais brasileiros,
desde março deste
ano, estão obrigados
a realizar o exame toxicológico de larga janela (teste do cabelo) na renovação da CNH
(Carteira Nacional de Habilitação) nas categorias C, D ou E.
O procedimento também passou a ser obrigatório na adição de categoria, bem como
no processo de admissão e
desligamento das empresas.
Trata-se da primeira iniciativa
dessa natureza desde que o
Código de Trânsito Brasileiro
entrou em vigor, há 18 anos.
Nos Estados Unidos, os
exames toxicológicos para
O
DIEGO GOMES
motoristas profissionais são
impostos por lei desde 1988.
De início, foi instituído o teste
de urina, a princípio com data
agendada. Após sete anos, as
autoridades locais permitiram realizar o exame de maneira randômica (teste surpresa). Contudo, com o passar
dos anos, as transportadoras
norte-americanas descobriram que muitos profissionais
continuavam a usar substâncias ilícitas e conseguiam
burlar o exame de urina, que
identifica o uso de drogas
apenas entre dois e quatro
dias antes da coleta.
Foi, então, que uma transportadora implementou o tes-
te do cabelo, que detecta o
consumo dessas substâncias
por pelo menos 90 dias antes
da coleta. Em entrevista exclusiva à CNT Transporte Atual,
Lane Kidd, diretor-executivo
da Trucking Alliance, entidade
criada para defender políticas
de transporte seguro, que reúne empresas que contam com
48 mil motoristas, revela que,
com cerca de 170 mil exames
realizados, a empresa conseguiu zerar o número de acidentes de trânsito ocasionados por motoristas sob efeito
de substâncias ilícitas. Além
disso, a transportadora flagrou, aproximadamente, 4.000
motoristas que passaram no
teste de urina, mas foram pegos no teste do cabelo, o que
comprova a eficácia do exame.
A iniciativa motivou outras
transportadoras a investir
nessa estratégia e, atualmente, todas as empresas integrantes da Trucking Alliance
aderiram ao procedimento,
obtendo resultados bastante positivos na redução de
acidentes. Para Kidd, o desafio, agora, é que o governo
dos Estados Unidos reconheça o teste do cabelo tal qual
o de urina.
Como tem sido a experiência das transportadoras
norte-americanas, em espe-
ARQUIVO PESSOAL
me do cabelo é uma ferramenta muito mais precisa no controle do uso de drogas. Isso
garante que os caminhoneiros
não usem substâncias que
possam prejudicar a sua capacidade de operar com segurança grandes caminhões em
nossas rodovias. Tal medida
reduz os riscos e os custos de
responsabilidade para as empresas. Mais importante ainda
é o fato de que o teste do cabelo pode salvar vidas que poderiam se envolver em terríveis acidentes causados pelo
uso de substâncias ilícitas.
cial as pertencentes à Trucking Alliance, com o exame
toxicológico de larga janela
para motoristas?
A experiência proporcionou
um quadro de condutores de
caminhões praticamente livre
do uso de drogas. Esse fato
traz muitos benefícios para as
companhias, os funcionários e
o público em geral. O governo
dos Estados Unidos já exige
que, em todas as seleções para motoristas de caminhão, es-
ses profissionais sejam submetidos ao exame de urina.
Esse é o único teste reconhecido pelo governo norte-americano. Contudo, há uma série
de produtos disponíveis que
as pessoas podem comprar
para dissimular ou encobrir os
resultados. As transportadoras que passaram a utilizar o
teste do cabelo descobriram
que vários profissionais aprovados no de urina falharam no
de larga janela. Por isso, o exa-
Por que as transportadoras estão pressionando o
governo norte-americano
para regulamentar o teste
do cabelo, uma vez que o de
urina já era obrigatório desde 1988?
Há duas razões para que a
Trucking Alliance defenda que
o governo dos Estados Unidos
reconheça o teste do cabelo. A
primeira está relacionada à
gestão dos custos. Testes de
cabelo são duas vezes mais
caros que os de urina. Então,
as companhias que utilizam
essa ferramenta também têm
de fazer o de urina, já que esse é o único reconhecido pelo
governo. Se obtivermos sucesso na abordagem ao Congresso, as transportadoras terão
apenas que pagar por um teste. A segunda razão, e mais importante, é que tal medida pode salvar vidas, incentivando
mais empresas a utilizar o teste do cabelo em vez do de urina. Caminhoneiros de empresas comerciais se envolveram
em 333 mil acidentes no último ano, nos quais cerca de
4.000 motoristas perderam
suas vidas tragicamente e outros 100 mil ficaram feridos.
Nenhuma indústria ou setor
dos Estados Unidos deveria se
orgulhar desses números. A
Alliance apoia medidas regulamentares e legislativas mais
duras para reduzir os acidentes e melhorar a segurança
nas rodovias. Aproximadamente 2% dos acidentes no país
estão relacionados especificamente ao consumo de substâncias ilícitas. Contudo, isso
equivale a 80 mortes e 2.000
feridos que poderiam ser evitados se o teste do cabelo fos-
se reconhecido. Devemos nos
esforçar para garantir que os
caminhoneiros não consumam
essas substâncias. Se o teste
de cabelo pode ajudar a identificar esses usuários, logo, ele
deve contar com o apoio de todos. Ninguém pode afirmar
que é normal um caminhoneiro utilizar cocaína ou heroína –
ou até mesmo metanfetamina
– enquanto conduz caminhões.
Quais resultados vocês
obtiveram após implementar
o teste do cabelo?
A J.B. Hunt Transport é a
terceira maior transportadora
dos Estados Unidos, atrás apenas da UPS e da FedEx, e, há
cinco anos, utiliza o exame toxicológico de larga janela. Temos informações de que, desde que passou a utilizar o teste nos seus profissionais, o índice de motoristas com resultado positivo para o consumo
de substâncias ilícitas caiu para zero. Essa é uma boa razão
para adotar o exame.
Quais são as substâncias
verificadas no teste?
Os testes do cabelo são eficazes na identificação das seguintes drogas: cocaína, heroína, maconha, opiáceos, metanfetamina e PCP (fenilciclidina).
A que tipo de implicações
os condutores pegos no exame de larga janela são sub-
metidos? Existe algum programa de reabilitação?
Se um candidato à vaga de
motorista de caminhão falha
em um teste de drogas, ele
pode não receber uma oferta
de emprego. Se o caminhoneiro já empregado for flagrado em um teste randômico, há um processo de reabilitação ao qual o profissional
é submetido para manter seu
emprego.
No final de 2015, o Congresso norte-americano aprovou o “Fast act”, projeto que
prevê o teste do cabelo como
alternativa ao de urina. Qual a
importância dessa medida no
processo regulatório dos exames toxicológicos de larga janela? Quais são as próximas
etapas?
No “Fast act”, o Congresso
determinou que o Departamento de Saúde e de Serviços
Humanos crie padrões de teste do cabelo para todos os laboratórios que possam ser utilizados em uma legislação futura para os caminhoneiros.
No entanto, o Congresso não
exigiu que o Departamento de
Transporte dos Estados Unidos
reconheça o exame de larga
janela em vez do de urina para
os motoristas de caminhões.
Por isso, a Trucking Alliance
continuará a pressionar o parlamento para que haja esse reconhecimento.
Transportadora dos EUA JB Hunt zerou o número de acidentes
“O ato de
empregar
profissionais
que não usam
drogas pode se
tornar uma
propaganda
positiva para a
transportadora”
Em linhas gerais, como é
a rotina de trabalho dos caminhoneiros norte-americanos e como isso influencia
no consumo de substâncias
ilícitas?
Assim como no Brasil, trata-se de uma profissão difícil,
na qual os motoristas são obrigados a trabalhar por longas jornadas. De acordo com
a Secretaria de Estatísticas
Trabalhistas dos Estados Unidos, a profissão de caminhoneiro é a nona mais perigosa
do país. Mas isso não justifica
o uso de substâncias ilícitas.
Tal prática põe em risco a vida de outras pessoas – outros
motoristas e passageiros ou
até mesmo pedestres. Esses
profissionais têm a obrigação
de evitar drogas durante a
JB HUNT/DIVULGAÇÃO
causados pelo uso de drogas após a implantação do teste de cabelo
condução de seus veículos.
Eles precisam estar alertas e
com o organismo livre dessas
substâncias. Elas não farão os
caminhoneiros mais atentos,
mas sim mais distraídos. Como um motorista se sentiria
se um colega de profissão que
tenha feito uso dessas substâncias se envolvesse em um
acidente com algum membro
de sua família? Ele poderia
alegar que isso é normal em
função das condições de trabalho? Não, ele não poderia.
O que acha de outras categorias também terem de
fazer o exame toxicológico,
como taxistas e motoristas
de ônibus?
Para qualquer ocupação cuja função exija do profissional
compartilhar seu local de trabalho com o público em geral,
como caminhoneiros, taxistas,
motoristas de ônibus, policiais, pilotos de avião, entre
outros, deveria ser obrigatório
o exame para identificar o uso
de substâncias ilícitas.
O que as empresas integrantes da Trucking Alliance
têm feito para assegurar um
transporte mais seguro?
As companhias-membros
da Trucking Alliance devem
aderir a uma série de políticas
de segurança, como a instalação de dispositivos de registro
eletrônico em todos os caminhões, realização de testes do
cabelo, apoio a limitadores de
velocidade de caminhões, entre outras medidas.
“O Brasil será
reconhecido
como um líder
mundial ao ter
trabalhadores
do transporte
livres do uso
de substâncias
ilícitas”
Como avalia o fato de o
Brasil ter instituído a obrigatoriedade do exame toxicológico de larga janela até
mesmo antes dos Estados
Unidos?
O Brasil será reconhecido
como um líder mundial na promoção de todos os trabalhadores do transporte livres do
uso de substâncias ilícitas.
Trata-se de um contexto que o
país deve se orgulhar. Os Estados Unidos podem aprender
com essa experiência.
Qual conselho daria para
as transportadoras brasileiras que estão diante desse
novo desafio?
Ter uma força de trabalho
livre do uso de substâncias
ilícitas aumentará a confian-
ça dos setores produtivos e
contribuirá para a redução
do número de acidentes e
dos processos legais decorrentes dos acidentes causados por motoristas que tenham feito uso dessas substâncias. Esses benefícios podem ser uma fonte de orgulho para os caminhoneiros,
seus empregadores e familiares. O ato de empregar
profissionais que não usam
drogas pode se tornar uma
espécie de slogan, uma propaganda positiva, para promover a transportadora. Empresas que, conscientemente, contratam motoristas que
usam substâncias ilícitas podem ser responsabilizadas
penalmente e perder clientes.
E o que fazer em relação
aos caminhoneiros autônomos que têm de pagar pelos
próprios testes? Considera
que o recurso gasto com o
exame seja um investimento
para o profissional?
A condução do caminhão
pode ser um bom negócio se
bem gerido. Portanto, sem
entrar no mérito da questão,
se um caminhoneiro autônomo alega que não tem condições de realizar o teste do
cabelo – o que seria um bom
investimento em seu negócio –,
ele deveria reavaliar o mercado de trabalho no qual está inserido.
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
MAIS TRANSPORTE
SOLARIMPULSE.COM/DIVULGAÇÃO
Avião movido a energia solar
Solar Impulse 2, primeira
aeronave movida a
energia solar, completou
um voo de três dias sobre
o Oceano Pacífico. O avião
aterrissou em Mountain
View, no Vale do Silício,
sul de São Francisco,
após 62 horas voando
sem escalas. O projeto,
que começou em 2002 e
tem custo estimado de
mais de US$ 100 milhões,
destina-se a destacar
a importância da energia
renovável e o espírito
de inovação. Feita de
fibra de carbono, seu
peso é comparado ao
de um caminhão de
médio porte. As asas
do avião, que são ainda
maiores que as de um
Boeing 747, estão
equipadas com 17 mil
células solares que geram
energia para as hélices
e carregam as baterias.
A aeronave pesa apenas 2,3 toneladas, quase o mesmo que um carro
ELIO SALES/SAC/DIVULGAÇÃO
De TAM para Latam
Toda a frota de aeronaves passará por remodelagem com a nova marca
Após a fusão das
companhias aéreas
TAM e LAN, surge
a marca Latam. Com nova
identidade, o grupo está
presente em 13 aeroportos
de três continentes.
O novo design, nome e
cores do grupo já
podem ser vistos no
site oficial da empresa,
nos aplicativos de
telefonia móvel, nos
balcões de check-in
e principais terminais
do país, em alguns da
América Latina e da
Europa. A empresa
também iniciou, em
maio, a venda de bilhetes
para o voo de São Paulo
a Joanesburgo,
na África do Sul, sendo
a primeira companhia
latino-americana com
operação para a África.
BELL HELICOPTER/DIVULGAÇÃO
Helicóptero mais rápido
Em sua fase final de
produção, o primeiro
protótipo do V-280
Valor pretende ser o
helicóptero mais rápido
do mundo. A dona do
projeto é a fabricante
norte-americana Bell
Helicopter. O primeiro
voo está programado para
o final de 2017. Segundo
dados preliminares da Bell,
o V-280 pode alcançar
a velocidade máxima
de até 580 km/h e
transportar 14 soldados
ou levar até 4,5 mil kg de
cargas em suportes externos.
Projetado para alcançar 580 km/h, o primeiro voo está previsto para 2017
TECNOLOGIA
Motorista será gestor de transporte em caminhão do futuro
ara comemorar os 60
anos da Mercedes-Benz no
Brasil, a montadora apresentou, no fim de abril, em sua
fábrica em São Bernardo do
Campo (SP), o Future Truck 2025,
o caminhão do futuro. O novo
modelo, que tem previsão para
começar a circular em 2025, poderá ser conduzido em regime
autônomo por rodovias e vias expressas transformando os caminhoneiros em gestores de transporte, ou seja, eles serão responsáveis por guiar o veículo apenas
pelo computador de bordo.
O sistema de transporte do
caminhão do futuro foi desenvolvido a partir da iniciativa Shaping Future Transportation (Moldando o Transporte do Futuro) da
Daimler Trucks, que visa aumentar a eficiência do transporte,
P
preservando os recursos naturais, reduzindo as emissões de
CO2 no meio ambiente e garantindo, ao mesmo tempo, a máxima
segurança possível nas vias.
O sistema é equipado com um
sensor de radar na parte baixa
da extremidade dianteira, que
varre a rodovia à frente e é a base do sistema de segurança do
controle de aproximação e da
frenagem emergencial. Assim, a
condução autônoma é possível
em velocidades realistas e em situações de trânsito em rodovias
expressas.
No que diz respeito ao design, os engenheiros da Mercedes-Benz criaram dispositivos localizados dentro da cabine que substituem os espelhos externos, um para-brisa
estilo panorâmico, que lembra
um visor, e um teto solar com
tela de proteção.
Uma câmera estereoscópica colocada sobre o painel de
instrumentos logo atrás do
para-brisa mantém a área à
frente do veículo vigiada. O alcance é de 100 metros com capacidade de varredura de 45
graus na horizontal e de 27
graus na vertical. A câmera
identifica se as rodovias são
de faixa única ou dupla, monitora os pedestres e os objetos
em movimento ou parados,
além da superfície da via. O
equipamento também reconhece os marcos de sinalização das pistas, principal função de orientação para a condução autônoma.
Na Europa, foram necessárias
autorizações dos órgãos de trân-
sito para permitir a circulação segura do Future Truck 2025, mesmo ainda na fase de testes. Segundo a Mercedes-Benz, é provável que no Brasil também sejam
necessárias essas autorizações,
além de adaptações nas rodovias
para a circulação do veículo
Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da
América Latina, Philipp Schiemer,
com o Future Truck, a montadora
traz para o Brasil um novo conceito de tecnologia em caminhões. "Estamos orgulhosos em
oferecer os principais produtos,
tecnologias e serviços aos nossos clientes brasileiros e empenhados em tornar a condução
autônoma pronta para a produção em massa até o final da década", ressalta Schiemer.
(Por Jane Rocha)
FOTOS MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO
Future Truck 2025 visa aumentar a eficiencia do transporte
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
MAIS TRANSPORTE
TT OPERADORA LUFTHANSA CITY CENTER/DIVULGAÇÃO
Volta ao mundo em um trem
Primeira viagem oferecida pela TT Operadora Lufthansa City Center pretende percorrer o mundo de trem. Para quem quer se aventurar, o embarque possui data marcada: 24 de agosto, partindo de Lisboa, por um custo de R$ 160 mil. Com cerca de 30 dias de duração, o roteiro passa por três continentes, 15 cidades e sete trens como TGV, em Paris; Sud Expresso, em Lisboa; Expresso Paris-Moscou;
Transiberiano; Rocky Mountaineer; entre outros. Serviços de hospedagem e entretenimento nos locais visitados também fazem parte
do passeio. O desembarque será em Nova York no dia 24 de setembro com um jantar que terá como cenário o Central Park. Para quem
desejar estar a bordo, acesse o site www.voltaaomundodetrem.com.br para mais informações.
SERGIO ALBERTO/CNT
Farol acesso também de dia
Motoristas que trafegam
nas rodovias do país
agora devem usar
os faróis acesos, na
luz baixa, também durante
o dia. A Lei nº 13.290/16,
que altera o CTB (Código de
Trânsito Brasileiro), pretende
aumentar a segurança
nas vias. O Contran (Conselho
Nacional de Trânsito) já
havia publicado, em 1998,
uma resolução na qual
recomendava o uso do farol
baixo, mesmo durante o dia.
No entanto, por não ter força
de lei, poucos motoristas
adotaram a medida.
Lei quer aumentar a segurança nas vias
QUALIFICAÇÃO
Curso financiado pelo SEST SENAT forma aquaviários
oi realizada, no último dia 5 de maio, a
solenidade de encerramento do primeiro
curso de formação de marinheiros fluviais custeado pelo
SEST SENAT. Ao todo, foram
capacitados 82 profissionais
que, agora, estão aptos a
atuar nas diversas vagas decorrentes da reabertura da
Hidrovia Tietê-Paraná. A via
navegável ficou paralisada
por quase dois anos e reto-
F
mou as atividades no início
de 2016. Por conta disso, houve uma debandada de empresários e de mão de obra qualificada na região.
A formação foi uma iniciativa do Sindasp (Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de
São Paulo) e da Fenavega
(Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), e ministrada pela Fatec-Jahu (Faculdade de Tec-
nologia), instituição credenciada pela Marinha do Brasil.
A carga horária foi de 400
horas/aula e o conteúdo abordou temas, como serviço de
apoio de navegação, manobra
da embarcação, manuseio e
estivagem de cargas, legislação marítima e ambiental,
conscientização sobre proteção de navios e conhecimentos de primeiros socorros, entre outros.
A formatura contou com
as presenças da coordenadora de projetos especiais do
SEST SENAT Nacional, Gabriela Rizza; do diretor da Unidade de Bauru do SEST SENAT,
Milton Yamada; do presidente
da Fenavega, Raimundo Holanda; do presidente do Sindasp, Edson Palmesan, entre
outras autoridades. A formação de marinheiros é uma
responsabilidade da Marinha
do Brasil e de instituições
credenciadas por ela.
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
Turma de marinheiros fluviais na solenidade de formatura realizada na Fatec-Jahu, em Jaú (SP)
SERGIO ALBERTO/CNT
Multas ficam mais caras
Os valores das multas
aplicadas por infrações nas
ruas aumentaram. Uma nova lei
(nº 13.281/16) modificou o CTB
(Código de Trânsito Brasileiro), e
as mudanças passam a valer no
início de novembro deste ano.
Multa relativas a infrações
leves passarão de R$ 53,20
para R$ 88,38; as médias, de
R$ 85,13 para R$ 130,16; graves,
de R$ 127,69 para R$ 195,23; e
as qualificadas na categoria
gravíssima, de R$ 191,54 para
R$ 293,47. A pontuação continua
a mesma. Com as mudanças,
quem estacionar de forma
irregular em vagas destinadas a
pessoas com deficiência terá o
veículo removido e cometerá
infração gravíssima, assim como
o uso, seja para falar ou
simplesmente manusear, de telefone
enquanto dirige. As novas regras
também tratam do excesso de
carga e da suspensão do direito
de dirigir, após atingir a pontuação
máxima de infrações por ano.
Mudanças começam a valer a partir de novembro
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
MAIS TRANSPORTE
SUSTENTABILIDADE
Caminhões movidos a etanol reduzem em 91% emissão de CO2
Clariant, fabricante de
produtos químicas, adquiriu, em meados de
2015, três caminhões da Scania (modelo P270 4X2) movidos a etanol, os primeiros comercializados pela montadora
na América Latina. Chamados
de Ecotrucks, os veículos rodam dentro da Clariant carregando tanques com 25 mil litros. Após um ano de utilização, os caminhões – apresentados a jornalistas em 12 de
maio, na cidade de Suzano
(SP) – confirmaram uma redução de 91% nas emissões de
CO2 (gás carbônico), na comparação com os motores a diesel utilizados anteriormente
pela Clariant.
Eles atendem aos requisitos
do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar Por Veículos Automotores) sem usar Arla 32 – reagente utilizado para
reduzir quimicamente as emissões de CO2 – e utilizam motor
diesel de 8,9 litros adaptado para rodar com 95% de etanol e
5% de Master Batch 95, um aditivo com propriedades antidetonantes e antioxidantes fabricado
no Brasil pela empresa química.
Os Ecotrucks passaram a utilizar
o etanol de segunda geração
produzido com a tecnologia sunliquid® da Clariant a partir de
A
processo biotecnológico inovador, utilizando resíduos agrícolas como palha de trigo e milho
ou bagaço da cana de açúcar.
“Adicionar valor com a sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da Clariant. A iniciativa
da empresa com o projeto Ecotruck apoia o cumprimento das
metas ambientais e reforça nossa abordagem ecologicamente
correta”, afirma Paulo Itapura,
gerente de sustentabilidade da
Clariant para a América Latina.
O exemplo da Clariant está
levando ao interesse de outras
empresas, que já consultam a
Scania sobrea solução, revela
Celso Mendonça, gerente de desenvolvimento de negócios da
montadora no Brasil. “Acredita-
mos em uma matriz energética
mista, com o uso de diversas
fontes que possibilitem economia de combustível e redução
de CO2. O caminhão a etanol é
uma solução para empresas
comprometidas em diminuir os
impactos ambientais de suas
operações de transporte. É uma
opção 100% viável.”
Já reconhecida como provedora de soluções a etanol na
Europa, a Scania anunciou em
2007 o início dos testes com
ônibus movidos com o combustível no Brasil. Após um período
de demonstrações em São Paulo, foram anunciadas as primeiras vendas de ônibus a etanol
da história do país.
A Viação Metropolitana, atual
MobiBrasil, comprou 50 unidades, e a Tupi Transportes adquiriu 10 veículos, para operação
pública urbana. Em outubro de
2011, durante a Fenatran (Salão
Internacional do Transporte Rodoviário de Carga), a Scania lançou o primeiro caminhão a etanol da América Latina. A montadora oferece produtos movidos
a combustíveis alternativos como biogás, gás natural, gás liquefeito, biodiesel, bioetanol, híbrido diesel e eletricidade, híbrido com ultracapacitor, híbrido
etanol com bateria e híbrido Euro 6 diesel e biodiesel. No Brasil,
além do etanol, a marca oferece
chassi para trólebus e ônibus
movido a biometano/GNV.
(Diego Gomes)
CLARIANT/DIVULGAÇÃO
Caminhão movido a etanol no complexo industrial da Clariant, em Suzano (SP)
18
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE - COMBATE AO USO DE DROGAS
Passageiros
seguros
Viação Águia Branca realiza testes do bafômetro e
exames toxicológicos em todos os seus motoristas;
iniciativa garante maior segurança às viagens
POR
estaque no ramo de
transporte de passageiros, a Viação Águia Branca é mais uma empresa
de grande atuação no combate ao
uso de álcool e drogas entre seus
profissionais. As ações preventivas vão desde a realização do teste do bafômetro antes da saída
dos motoristas para viagens, passando pela obrigatoriedade do
exame toxicológico em 100% dos
funcionários e pela realização de
palestras educacionais. “Segurança é um pilar estratégico operacional. Trata-se de uma máxima
inegociável na empresa”, afirma o
D
EVIE GONÇALVES
diretor de operações da Águia
Branca, Walace Serafim.
Desde 1997, a companhia adota
a obrigatoriedade do teste de bafômetro para motoristas que
saem para viagens. A tolerância
para a detecção de álcool no organismo é zero. Diante do mínimo
teor identificado, o profissional é
substituído e direcionado para receber orientações necessárias sobre a importância de não consumir substâncias que alterem a sua
capacidade psicomotora. Antes da
partida, ele também recebe atenção especial da equipe de tráfego,
que, no processo de liberação,
realiza entrevista e exame de vigília para atestar sua perfeita condição física e emocional para transportar pessoas.
As ações voltadas para o combate ao uso de drogas se intensificaram em 2014, quando foi estabelecido o Programa de Prevenção e Controle do Uso de Álcool e
Substâncias Psicoativas. Uma das
medidas é a realização de exame
toxicológico em 100% do quadro
de motoristas. O teste, que passou a ser exigido no Brasil somente neste ano, capta uma
amostra de cabelo dos profissionais e deve ter como janela de
detecção para consumo de substâncias psicoativas uma avaliação retrospectiva mínima de 90
dias. A análise é realizada apenas
por laboratórios autorizados.
Para os motoristas do quadro
funcional da empresa, os exames
ocorrem por convocação em
amostragem, ou ainda, por indicação de profissionais. “Quando
o uso de drogas é detectado, o
condutor é convidado a participar de tratamento em clínica especializada”, explica Serafim. Para
isso, é afastado das escalas de trabalho e inicia o procedimento de
desintoxicação totalmente cus-
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
19
ÁGUIA BRANCA/DIVULGAÇÃO
O instrutor Maxlon Pires faz teste de bafômetro antes da saída para viagens
teado pela viação, como parte das
ações de prevenção e recuperação. O exame também é exigido
na contratação de novos profissionais. Os candidatos em processo de seleção são encaminhados para a realização dos testes
após serem informados do programa e assinarem documento
de autorização.
O instrutor Maxlon Pires Almeida trabalha na empresa há 14
anos, tendo atuado inicialmente
como motorista. Ele já viajou pelos principais itinerários da empresa, tanto no transporte intermunicipal como no interesta-
dual. Entre eles, os principais foram Vitória-Porto Seguro, Vitória-Governador Valadares, Vitória-Manhuaçu e Vitória-Porto Velho. Para o profissional, essas iniciativas são positivas e fazem diferença, pois permitem um
acompanhamento seguro.
“Infelizmente, alguns motoristas, por falta de conhecimento ou
por imprudência, acabam comprometendo sua saúde e a segurança
no trânsito, quando, de forma irresponsável, fazem uso de entorpecentes ou de drogas que inibem
o sono. O uso dessas substâncias
interfere nas condições de dire-
ção e na realização de uma viagem segura”, afirma.
Além dos exames que identificam o uso de álcool e drogas, a
Viação Águia Branca também
oferece amparo aos motoristas a
fim de que eles estejam em boas
condições físicas e emocionais
durante o desempenho das atividades e prestem serviços de excelência aos clientes. As principais bases da empresa possuem
alojamentos com quartos climatizados e colchões escolhidos de
acordo com a preferência dos
motoristas. Em cidades onde não
há bases, a empresa firma parcerias com hotéis adequados aos
padrões exigidos e assume os
custos da hospedagem.
Isso porque a importância da
qualidade do sono também tem
destaque nas ações desenvolvidas pela empresa. Em 2000, foi
criado o programa Medicina do
Sono que, entre outras atividades,
estimula motoristas a desenvolverem hábitos saudáveis para que
tenham qualidade ao dormir e,
consequentemente, melhor vida
social e profissional.
O programa conta com laboratório do sono para realização de
exames, simuladores de teste de
vigília dinâmico, salas de estimulação localizadas em pontos estratégicos nos percursos das viagens com o objetivo de que o motorista revitalize o seu estado de
alerta, fazendo atividade de alongamento e lanche em um ambiente iluminado. Além da qualidade
do sono, o programa também realiza orientação e acompanhamento para hábitos de alimentação
saudável e prática regular de
exercícios físicos.
“A empresa busca ainda reconhecer o trabalho dos motoristas
que se destacam no desempenho
de suas atividades por meio da
premiação Motorista TOP Ouro e
do Programa de Condução Econômica, valorizando as boas práticas”, conta o diretor de operações, Walace Serafim.
Raio-X
A Viação Águia Branca atua
no transporte rodoviário há
mais de 70 anos e transporta 11
milhões de passageiros ao ano.
Presente em oito Estados, sendo
eles Bahia, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais,
Roraima, Sergipe e Alagoas, e
em cerca de 700 municípios brasileiros, a empresa realiza, em
média, 230 mil viagens ao ano.
São mais de 300 linhas, 800 ônibus na alta temporada, cerca de
3.700 empregados e uma frota
com idade média de 5,43 anos.
Além disso, segundo recente
pesquisa entre os usuários,
81,4% de seus passageiros reconheceram os serviços oferecidos como ótimo e bom.
l
MARCOS CORRÊA/DIVULGAÇÃO
REPORTAGEM DE CAPA
Presidente da CNT, Clésio Andrade, com Michel Temer,
durante a entrega do Plano CNT de Recuperação Econômica
CNT propõe ações
para um novo Brasil
Michel Temer sinaliza maior abertura do governo para os
investimentos privados; muitas medidas já anunciadas
constam no Plano CNT de Recuperação Econômica
POR
retomada do crescimento econômico
do Brasil passa, necessariamente, pela
maior atenção às necessidades do setor transportador,
com foco na melhoria da eficiência em todos os modais
(rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo) e na conse-
A
CYNTHIA CASTRO, EVIE GONÇALVES E LIVIA CEREZOLI
quente redução de custos, o
que gera benefícios para as
empresas, para o poder público e para a sociedade. Resgatar a credibilidade e garantir
segurança jurídica são medidas essenciais para que o país
possa atrair investimentos
privados, nacionais e estrangeiros, fundamentais para a
melhoria da infraestrutura.
Na avaliação da CNT, esse é
um dos caminhos para a saída
da grave crise econômica que
toma conta do país, o que gerará empregos e evitará desperdício de recursos nos deslocamentos de cargas e de
passageiros.
Nesse momento de instabi-
lidade política e econômica,
muitas medidas anunciadas
pelo presidente interino, Michel Temer, trouxeram um
alento ao setor transportador,
que aposta nesse novo governo para que a economia possa
voltar a crescer. No seu discurso de posse, no dia 12 de
maio, logo depois do afasta-
ARQUIVO/CNT
SERGIO ALBERTO/CNT
ARQUIVO CNT
mento oficial da presidente
Dilma Rousseff por até 180
dias, Temer reconheceu a necessidade da participação da
iniciativa privada para garantir a execução de projetos
fundamentais para o desenvolvimento do Brasil.
De acordo com Michel Temer, o incentivo às parcerias
público-privadas é essencial
para gerar empregos.
“Eu conservo a absoluta
convicção de que é preciso
resgatar a credibilidade do
Brasil, fator necessário para
que empresários dos setores
industriais, de serviços, do
agronegócio, os trabalhadores, enfim, de todas as áreas
produtivas, se entusiasmem e
retomem, em segurança, com
seus investimentos”, disse o
presidente interino. Para Temer, é imprescindível melhorar significativamente o ambiente de negócios para o setor privado “de forma que ele
possa retomar sua rotação
natural de investir, de produ-
zir e gerar emprego e renda”.
A CNT estima a necessidade de investimentos de quase
R$ 1 trilhão em 2.045 projetos
em todos os modais, que, se
implementados, oferecerão
ao país um sistema de transporte capaz de atender às necessidades da economia e da
população. Os números estão
22
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
PORTAL DA COPA/DIVULGAÇÃO
no último Plano CNT de Transporte e Logística e constam
também no Plano CNT de Recuperação Econômica, entregue no final de abril a Temer,
quando ele ainda ocupava o
cargo de vice-presidente da
República (confira as principais propostas na página 25).
Michel Temer reconheceu
que o Estado, sozinho, não
tem condições de fazer tudo
que o país precisa. Na avaliação dele, ao Estado compete
cuidar da segurança, da saúde e da educação. “O restante
terá que ser compartilhado
com a iniciativa privada, aqui
entendida como a conjugação
de ação entre trabalhadores e
empregadores.”
Setor aéreo passa a fazer parte da estrutura do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
Medidas provisórias
No primeiro dia de governo
provisório, Michel Temer editou duas medidas provisórias
(nº 726/16 e nº 727/16), que
atendem, em parte, aos anseios do setor transportador. A
primeira diminui o número de
órgãos intervenientes do setor
de transporte ao extinguir a
SEP (Secretaria de Portos) e a
SAC (Secretaria de Aviação Civil) e concentrar todas as
questões no Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação
Civil. Já a segunda cria o PPI
“A segurança
regulatória é
essencial para
recuperar
a confiança”
CLAUDIO FRISCHTAK, INTER.B CONSULTORIA
INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
(Programa de Parcerias de Investimentos), que prevê a ampliação e o fortalecimento da
interação do Estado e a iniciativa privada.
Esse fortalecimento será
posssível por meio de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura. Conforme a MP, “os empreendimentos do PPI serão tratados
como prioridade nacional”.
Alguns objetivos principais
são a ampliação das oportunidades de investimentos, a garantia da expansão com qualidade da infraestrutura pública, a promoção ampla e justa
da competição nas parcerias
e na prestação de serviços, a
estabilidade, a segurança jurídica e o fortalecimento do papel regulador do Estado.
Na avaliação do setor de
transporte, as primeiras medidas anunciadas trazem boas
expectativas. “O governo não
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
23
CORTE
Secretarias de Portos e de Aviação são extintas
❛
Os empresários
estão acreditando
mais e tudo
isso favorece
a economia
❛
Clésio Andrade
presidente da CNT
tem dinheiro para investir em
todos os projetos de transporte de que o país precisa
para se desenvolver. Isso só
será viável por meio da iniciativa privada, e é essa abertura que já está demonstrando
o governo Temer”, diz o presidente da CNT, Clésio Andrade.
Ele lembra ainda que há intenção por parte dos empresários estrangeiros em investir no Brasil. A CNT, em sua
atuação internacional, já pro-
Além da criação do PPI
(Programa de Parcerias de Investimentos) e de uma secretaria especial para tratar exclusivamente do tema, chefiada pelo secretário-executivo
Moreira Franco, o governo
anunciou ações para enxugar
a máquina pública. Entre vários ministérios extintos por
meio da Medida Provisória nº
726/16, estão a SEP (Secretaria
de Portos) e a SAC (Secretaria
de Aviação Civil).
Segundo o texto da MP, as
duas pastas se fundem à estrutura do Ministério dos
Transportes, que agora passa
a se chamar Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação
Civil e será chefiado pelo ministro Maurício Quintella Lessa. Ainda de acordo com a MP,
a estrutura organizacional
desses órgãos e as entidades
a eles vinculadas também
passam a integrar o ministério principal.
Ainda não se sabe, na prática, se essas medidas interfe-
moveu diversos encontros,
nos quais esse interesse foi
demonstrado. “No momento
em que o Brasil resgatar a credibilidade, desde que o governo tenha também agilidade na
apresentação dos projetos necessários, esse capital virá.
Mas já respiramos novos ares
com esse novo governo. Os
empresários estão acreditando mais e tudo isso favorece a
economia”, afirma.
Clésio Andrade considera
rirão no funcionamento dos
projetos das duas pastas, como o leilão dos portos e aeroportos. As concessões, porém,
ficarão sob o crivo de Moreira
Franco, que reitera a intenção
de reduzir a participação da
estatal Infraero nos leilões
dos próximos terminais aeroportuários a serem concedidos (Salvador, Porto Alegre,
Fortaleza e Florianópolis). Nos
últimos leilões, a empresa teve participação de 49% nos
consórcios privados para a
operação dos aeroportos.
As empresas que representam o setor transportador ainda consideram prematuro mensurar se a extinção das pastas impactará de
forma positiva ou negativa
os respectivos projetos. Em
uma análise preliminar, o
presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha, avalia
com bons olhos o enxugamento da máquina. “A redu-
que a retomada da confiança
ocorrerá, em primeiro lugar,
quando o governo demonstrar a capacidade de apresentar projetos. “É necessário
também garantir segurança
jurídica, demonstrar para o
mundo que os contratos serão respeitados e oferecer
boas taxas no retorno dos investimentos nas concessões
públicas. Os processos de licitação também precisam ser
simplificados.”
ção de ministérios é positiva para que os custos também sejam diminuídos. Também é possível que a medida reduza a burocracia.”
Para o professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura da FDC (Fundação
Dom Cabral), Paulo Resende,
quanto maior o Estado, mais
carimbo, mais burocracia. “É
o caminho perfeito para a
corrupção. Todo movimento
de enxugamento é bem-vindo, pois coloca luz numa
área que precisa de oxigenação para andar.”
A CNT reivindica há alguns
anos a redução do número de
órgãos que atuam no transporte. Apenas na esfera federal é possível verificar mais
de dez órgãos setoriais e reguladores. Na avaliação da
Confederação, esse fato dificulta um diálogo eficiente
entre as partes interessadas
e há também, muitas vezes,
sobreposição de competências entre elas.
Alguns pontos apresentados pelo Plano CNT de Recuperação Econômica foram
contemplados na MP que institui o PPI. Entre eles, está a
criação do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da
República, com autonomia para aprovar projetos de infraestrutura, composto por representantes das áreas técnica, ambiental e política. Porém, o Conselho só inclui ór-
EMPREGO
Setor fecha cerca de 27 mil postos de trabalho
gãos do governo e a CNT considera essencial a participação do setor produtivo nos
processos decisórios relacionados à infraestrutura de
transporte.
Na visão do professor e
coordenador do Núcleo de Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, a não participação do setor privado é um erro. “Espero que haja uma revisão desse
posicionamento, pois esse
Conselho significa o reconhecimento de que a inteligência
está somente no poder público. Os diversos setores da
economia, aqueles que realmente fazem o país andar, deveriam estar representados.
Que isso valha para todos os
outros conselhos”, defende.
Concessões
Sobre o chamamento à iniciativa privada, Resende considera um ponto forte da nova
administração. Segundo ele, o
governo anterior já sinalizava, por meio do PIL, a importância dessa participação. Entretanto, o investidor não ti-
Embora esteja otimista
com a mudança de governo,
o setor de transporte ainda
sofre com os altos impactos
da crise econômica. A retração na demanda de serviços
afetou diretamente a geração de empregos. Somente
entre janeiro e abril deste
ano, cerca de 27 mil postos
de trabalho foram fechados
na área. O número equivale a
mais de um terço da redução
de vagas em todo o ano de
2015 (76,5 mil). Os dados são
do Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
O transporte terrestre é o
que mais vem sentindo a crise. A demanda pelos serviços do segmento caiu 7,4%
em 2016, de acordo o PIB do
primeiro trimestre, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado de 12 meses, a queda foi de 7,3%. So-
mente nos quatro primeiros
meses deste ano, o número
de demissões no setor foi de
14,8 mil. Em todo o ano de
2015, foram 53,4 mil. Os resultados confirmam o que
revelou a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador - 2015, realizada
pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) no segundo semestre do ano passado, sobre as perspectivas
para 2016. De acordo com o
levantamento, quase 80%
dos empresários tiveram
que reduzir o quadro de funcionários em 2015 e 30%
afirmaram que diminuíram a
expectativa de contratações
formais para este ano.
Em Minas Gerais, por exemplo, a situação tem sido bastante crítica. Levantamento
das empresas de transporte
aponta para uma média de 130
demissões por dia. “Infelizmente, essa não é uma vontade do empresário, mas uma
necessidade do momento.
Diante da situação de crise
que estamos vivendo, o primeiro passo foi cortar gastos
com insumos, antes de atingir
a mão de obra. Mas só isso
não foi suficiente, e as demissões estão ocorrendo”, afirma
Vander Costa, presidente da
Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais).
José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística),
ressalta que, a longo prazo, as
demissões vão gerar um custo
maior para as empresas. Isso
porque, quando a economia
retomar a estabilidade, as empresas terão gastos para recontratar e treinar novamente
os profissionais perdidos nesse momento. “Dessa vez, a crise chegou de forma rápida. É
como se tivéssemos que trocar o pneu com o caminhão
andando”, conclui.
VALEC/DIVULGAÇÃO
nha clara posição em relação
aos sócios operadores, o que
deixava o mercado instável.
“Não se sabia, por exemplo,
qual seria o papel da Infraero
nas novas concessões de
aeroportos. O mesmo aconteceu com a Valec no caso das
ferrovias. Com esse novo documento, o governo sinaliza,
de forma clara, que vai jogar
o jogo do mercado”, diz.
O professor acredita que
as taxas de retorno serão
mais atrativas a partir de
agora. Além disso, avalia que,
quando não houver demanda
para as concessões, uma al-
Investimento em infraestrutura de transporte
é o caminho para o país sair da crise
CNT TRANSPORTE ATUAL
❛
MAIO 2016
25
PARA RETOMAR A ECONOMIA
Diante da crise,
o primeiro passo
foi cortar gastos
com insumos,
antes de atingir
a mão de obra
❛
Vander Costa
presidente da Fetcemg
Propostas apresentadas pela CNT
PRINCIPAIS PONTOS DO PLANO CNT DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA
• Criação de um conselho gestor com autonomia para aprovar
projetos de infraestrutura
• Facilitação e apoio aos investimentos privados, nacional e
estrangeiro
• Garantia de segurança jurídica dos contratos
• Implantação do projeto de renovação e sucateamento de frota
❛
• Desenvolvimento de um Plano Nacional de Transporte Integrado
Os desafios
são muitos, mas
acreditamos que
nos próximos meses
a atividade retome
o crescimento
• Maior participação do setor produtivo nos processos decisórios
relacionados à infraestrutura de transporte
• Utilização da MIP (Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada)
❛
na estruturação de obras, projetos, estudos e levantamentos
voltados à concessão de infraestrutura de transporte
• Definição das competências de cada instituição envolvida no
Pedro Lopes
presidente da Fetrancesc
processo decisório do transporte
• Desembaraço do processo de financiamento para o setor produtivo
❛
A crise chegou
de forma rápida.
É como se
tivéssemos que
trocar o pneu
com o caminhão
andando
❛
José Hélio Fernandes
presidente da NTC&Logística
❛
• Padronização de editais e contratos de concessão
• Simplificação da legislação tributária com a redução da burocracia
O QUE JÁ FOI VIABILIZADO PELA MP Nº 727/2016
• Criação de um conselho gestor com autonomia para aprovar
projetos de infraestrutura. Entretanto, é necessária a participação
da iniciativa privada, que não está prevista na MP
• Facilitação e apoio aos investimentos privados, nacional e
estrangeiro, em obras de infraestrutura de transporte
• Segurança jurídica
O maior desafio
do novo governo é
apresentar um
plano consistente
para reativar a
economia
❛
Irani Bertolini
diretor-presidente da
Transportes Bertolini
• Garantia e estabilidade jurídica dos contratos vigentes e dos
futuros com a manutenção dos termos acordados
• Ampliação das modalidades de licitação para todos os tipos de
infraestrutura de transporte
• Redução do número de órgãos do setor de transporte (atendida em
parte com a incorporação da SEP e da SAC ao Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil)
Fontes: Plano CNT de Recuperação Econômica, MP nº 727/2016
26
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
REPERCUSSÃO
Transportadores estão otimistas
❛
Vivemos um
período com
queda de 10% na
atividade, mas
vamos conseguir
recuperar
❛
Eurico Galhardi
presidente do Conselho Diretor da NTU
❛
Além de recuperar
o investimento, o
governo tem o
desafio de rever
as legislações
tributária
e trabalhista
❛
Paulo Porto Lima
presidente da Abrati
❛
A redução de
ministérios é
positiva para
que os custos
também sejam
diminuídos
O chamado do governo Temer à participação do empresariado deixou o setor transportador otimista. O diretorpresidente da Braspress, Urubatan Helou, acredita que não
exista alternativa a não ser a
participação de investimentos
privados nos grandes projetos
de infraestrutura. “Em todos os
países desenvolvidos, isso é
uma realidade. Se quisermos
crescer, é isso que precisa ser
feito. O novo programa do governo quebra o preconceito
que o Estado brasileiro tinha
com a maior participação da
iniciativa privada.”
Para Irani Bertolini, diretorpresidente da Transportes Bertolini, o maior desafio do novo
governo é apresentar um plano
consistente para reativar a economia. “Só assim o setor de
transportes voltará a ter a importância que sempre teve dentro do panorama brasileiro.”
Na opinião do presidente
do Conselho Diretor da NTU
(Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Eurico Galhardi, em breve, será possível reverter o
quadro econômico brasileiro.
“Ainda vivemos um período
de instabilidade, com queda
de 10% na atividade. Mas vamos conseguir recuperar.”
Para o presidente da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga
e Logística no Estado de Santa
Catarina), Pedro Lopes, os anseios do setor transportador
estão sendo contemplados na
nova política. “É claro que os
desafios ainda são muitos. Precisamos melhorar a infraestrutura de transporte e discutir as
reformas tributária e trabalhista. Acreditamos que, já nos
próximos meses, a atividade
transportadora retomará seu
crescimento.”
Paulo Porto Lima, presidente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), estima que o novo governo tem dois grandes desafios,
além de investir em infraestrutura para recuperar a economia: simplificar a legislação tributária e flexibilizar a legislação trabalhista. Com isso, o setor poderá voltar a crescer.
❛
Waldemar Rocha
presidente da Fenamar
❛
O novo programa
quebra o
preconceito
com a participação
da iniciativa
privada
❛
Urubatan Helou
diretor-presidente da Braspress
ternativa serão as PPPs (Parcerias Público-privadas). “Isso
é importante no caso de rodovias que não possuem grande
volume de tráfego, mas que
precisam ser melhoradas. Trata-se de uma sinalização clara
de que o governo quer transformar o Brasil rapidamente
numa fronteira interessante
para o investidor.”
A participação do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
Brasil
precisa
de quase
R$ 1 trilhão
para todos
os modais
de transporte
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
27
PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2015
ALTERAÇÕES
O que muda no governo interino de Michel Temer em relação ao transporte
ESTRUTURA
• Extinção da SEP e da SAC
• As secretarias foram incorporadas ao Ministério dos Transportes,
que passa a se chamar Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil
• Criação da Secretaria Executiva do Programa de Parcerias de
Investimentos, subordinada à Presidência da República, com a
finalidade de coordenar, monitorar, avaliar e supervisionar as
ações do PPI. A pasta está sob o comando do secretário
Moreira Franco
NOVO MINISTRO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL
Maurício Quintella Lessa
• Formado em Direito
• Deputado federal por quatro vezes por Alagoas, foi líder do PR
na Câmara dos Deputados
• Ocupou o cargo de secretário de Educação de Maceió por
duas vezes
Fontes: DOU, Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
Concessão é fundamental para oferecer qualidade às rodovias
nos projetos também é outro
ponto de destaque, para Paulo
Resende. Ele defende que o
banco não seja mais protagonista nos empréstimos de recursos para todos os projetos
de infraestrutura. “O banco
tem que financiar projetos menores, em que a demanda não
é garantida, como rodovias pequenas ou ferrovias com menor capacidade de transporte.
Os grandes projetos podem
ser financiados pelos bancos
internacionais e pelos fundos
de investimento. O BNDES é um
banco de desenvolvimento e
não de financiamento de grandes empresas que possuem todas as condições de pegarem
empréstimos internacionais”,
pondera.
O consultor financeiro
Claudio Frischtak, da Inter.B
Consultoria Internacional de
Negócios, acredita que oferecer “segurança regulatória é
essencial para recuperar a
“O governo
quer
transformar o
país numa
fronteira
interessante
para investidor”
PAULO RESENDE
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
confiança dos investidores”.
Além disso, segundo ele, será
visto como positivo o fato de
o secretário executivo do PPI,
Moreira Franco, passar a centralizar o processo. “Ele fará
interlocução direta com o
presidente, o que refletirá
positivamente no mercado.”
Ele também considera favorável o fato de que o novo governo terá amplo apoio do
Congresso Nacional para votações estratégicas.
l
LOGÍSTICA
POR JANE
ROCHA
E CECÍLIA MELO
á tempos, ir às compras não significa,
necessariamente,
sair de casa, enfrentar filas e shoppings lotados.
Todos os dias milhões de pessoas pelo mundo consomem
os mais variados tipos de
mercadorias adquiridas pela
internet. O hábito começou com os fanáticos por tecnologia, mas hoje em dia o comércio eletrônico cresceu e já se
tornou um ramo bilionário da
economia. E o segmento também tem se mostrado atrativo
para a atuação das transportadoras, apesar dos entraves
existentes.
Do primeiro computador,
criado em 1946, à primeira
venda on-line, em 1994, a sociedade perpassa uma onda
de transformação tecnológica,
cultural e social. Ao contrário
dos demais setores do varejo
convencional, o comércio eletrônico está em constante ascensão. Em 2015, a atividade
H
Do computador
E-commerce registra crescimento de 15,3% em 2015, mas
apresentou um faturamento
15,3% maior do que no ano anterior. Foram R$ 41,3 bilhões
contra os R$ 35,8 bilhões de
2014. Os dados são da E-bit,
empresa especializada em informações do comércio ele-
trônico. Segundo a instituição,
para este ano, o cenário continua positivo. A previsão de faturamento é de R$ 44,6 bilhões, o que representa um
acréscimo de 8% em relação
ao período anterior. Em 2015,
o setor registrou 39,1 milhões
de consumidores.
Os clientes virtuais são
atraídos por diversos motivos. De acordo com a E-bit, a
maioria (58%) afirma que os
preços encontrados nos sites
MERCEDES BENZ/DIVULGAÇÃO
às mãos do cliente
transportadoras ainda enfrentam desafios para a entrega de mercadorias
são mais vantajosos. A praticidade também conta para
comprar pela internet. É o caso da publicitária Tatiana
Mendes. Consumidora assídua
de sites de compras, a moradora de Brasília (DF) relata
que é adepta da prática há
três anos. “Além dos preços
serem mais baixos, a variedade e a exclusividade das peças também conta bastante.
Roupas infantis e eletrônicos
são os meus favoritos.”
Há alguns anos, a maior
parte da entrega das mercadorias era realizada pelos
Correios. Atualmente, diversas transportadoras têm
atuado no setor. Para o diretor-executivo da E-bit e vice-
presidente de Relações Institucionais da Buscapé Company, Pedro Guasti, este é o melhor momento para as empresas de transporte investirem
nas alternativas de frete diferenciado e na inovação do
30
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
SERGIO ALBERTO/CNT
serviço. “Dentro do cenário
de crise econômica, o e-commerce se mostrou uma excelente alternativa na busca de
bons negócios, apresentando
faturamento acima do registrado no varejo tradicional. E
as transportadoras perceberam isso”, explica Guasti, que
também atua como presidente do Conselho do Comércio
Eletrônico da Fecomercio-SP
(Federação do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo).
Marcos Okumura, dono da
transportadora Carriers, investiu em inovação. Desde fevereiro deste ano, o empresário aposta em um produto novo. “Aproveitamos os nossos
entregadores nas ruas para
retirar a encomenda de ecommerce no mesmo dia para
entregar em São Paulo no dia
seguinte e, no interior, em até
três dias com um valor inferior ao cobrado no mercado.”
Cesar Tejon, da Squid Fácil,
foi além. O empresário criou
um sistema de gestão que
permite a pequenos lojistas se
conectarem aos fornecedores
e fazerem as vendas sem a necessidade de estoque físico. A
ideia surgiu após a tentativa
Em 2015, o e-commerce apresentou faturamento 15,3% maior que no ano anterior
“Além dos
preços baixos,
a variedade
também conta
bastante”
TATIANA MENDES
CLIENTE
fracassada de administrar o
próprio e-commerce. “Eu tive
uma loja virtual em 2012 e percebi essa demanda. A logística
é uma parte cara e difícil dentro do negócio que precisa de
solução”, defende.
E não são apenas as transportadoras que perceberam a
carência do mercado. O segmento de tecnologia também
demonstra estar atento às de-
mandas. A Axado, empresa de
Florianópolis (SC), agrega diversas transportadoras no
mesmo sistema. A empresa
calcula em pouco tempo quais
as melhores rotas e preços entre as opções contratadas.
“Conseguimos redução de até
13% nos custos utilizando apenas transportadoras”, comemora o sócio, Guilherme Reitz.
Para ele, é importante que as
CNT TRANSPORTE ATUAL
31
MAIO 2016
MANDAÊ/DIVULGAÇÃO
EMPREENDEDORISMO
Pequenos negócios avançam
Não são apenas transportadoras de grande porte que
investem no mercado. Pensando em tornar a etapa do
transporte menos traumática, o empreendedor libanês
Karim Hardane e o brasileiro
Marcelo Fujimoto resolveram
criar a Mandaê, startup que
coleta, empacota e distribui
as mercadorias vendidas online. Por meio do aplicativo
(disponível para Android, iOS
e desktop), os clientes podem especificar os itens que
querem enviar, deixando a
Mandaê responsável pela retirada, pelo empacotamento
e pela seleção das transportadoras que farão as entregas dentro e fora do Brasil.
A ideia surgiu depois de
enfrentar problemas com
logística ao administrar um
e-commerce de roupas infantis. Como a quantidade é
grande, os empresários conseguem negociar o valor do
frete com os Correios e com
as transportadoras. A empresa já chegou a enviar
1.500 pacotes em apenas
um dia. “O processo era tão
dispendioso que, além de
consumir boa parte do tempo dos lojistas, acabava afetando diretamente a produtividade e impedindo o bom
andamento do site. Percebemos essa carência no mercado e investimos”, explica
o CEO da Mandaê, Marcelo
Fujimoto.
Em 2015, a Mandaê faturou R$ 3 milhões e espera
chegar a R$ 33 milhões este
ano. No período, a empresa
aumentou o volume de entrega em dez vezes, alcançando 25 mil retiradas e 160
mil encomendas. Hoje, a
startup atende a mais de
2.500 clientes. No mês passado, a empresa recebeu investimentos de R$ 10 milhões da Qualcomm Incorporated. O novo aporte será
aplicado no aumento das
operações da startup e expansão de sua equipe. A
Mandaê prepara expansão
também na sua área de atuação. Atualmente, atende apenas a Região Metropolitana
de São Paulo (SP). A meta é
alcançar Rio de Janeiro (RJ)
e Belo Horizonte (MG) até o
fim do ano.
Startup Mandaê espera faturar R$ 33 milhões este ano
O setor
registrou
39,1 milhões
clientes
em 2015
lojas virtuais mantenham métodos alternativos de entrega. “O
varejista precisa estar preparado
para contornar obstáculos com
soluções rápidas para não atrasar a entrega. Momentos de instabilidade são ótimas oportunidades para os empreendedores.
Essa é a chance de crescimento
para quem estiver preparado para acompanhar a evolução do ecommerce brasileiro“, explica.
32
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
PERSPECTIVA
Novas opções de entregas
A grande pergunta
quando se fala no futuro
do comércio eletrônico foi
debatida por dezenas de
empresas de consultoria,
marketing, vendas, softwares e plataformas da área
reunidas na Conferência ECommerce Brasil 2016, realizada em abril, em Brasília
(DF). A forma como os consumidores querem comprar é a questão central
nas projeções do setor. A
influência das redes sociais, youtubers e blogueiros é opinião unânime entre os especialistas no comércio eletrônico. “As empresas precisam se adequar a essa nova realidade. O comércio eletrônico
também mudou. Não é
mais o e-commerce de
anos atrás”, afirma o presidente da Livraria Cultura, Sergio Herz.
Além disso, a reorganização da malha de transporte e de distribuição, a
possibilidade do uso de
drones para as entregas e
a evolução ainda maior da
tecnologia móvel foram algumas das soluções apresentadas no encontro. Novas opções de entregas de
encomenda – retirada em
local alternativo ou com
hora marcada – com categorias e preços fixos diferenciados podem ser uma
saída para os gastos excessivos com o frete.
Conhecida há mais de 15
anos na cidade de Ceres,
interior de Goiás, a Farmácia São José realizou sua
primeira venda on-line em
abril. Com a família, os irmãos Rafaella e Vinicius
Borges Canedo administram o negócio. Ambos participaram da conferência
para se atualizarem sobre
novidades do comércio eletrônico e saberem a melhor
forma de explorar o serviço. “A demanda por vendas
on-line foi muito bem recebida. Já estamos fazendo
entregas em alguns Estados do Brasil. Estamos no
início, mas já vemos a adesão a esse tipo de serviço
no interior do país”.
Transportadoras ainda estão se
O criador da Axado afirma
que as transportadoras ainda
estão se adaptando ao mercado e que um cuidado extra na
entrega dos produtos serve
como diferencial. “Hoje, os
clientes esperam serviços diferenciados de entrega. Oferecer prazos e preços faz toda
a diferença na hora de optar
pelo transporte”, conclui.
Porém, mesmo com o crescimento comprovado, o mercado
O preço dos
sites são
mais
vantajosos
para
58%
dos clientes
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
33
AXADO/DIVULGAÇÃO
CAMINHOS DO E-COMMERCE
2
Loja virtual
1
Consumidor
3
8
Escolha dos
produtos
Entrega
Rastreamento
4
Pagamento
7
6
5
Transporte
Pedido aprovado,
expedição
Ícones projetados por Freepik
adaptando ao mercado dos e-commerces
do e-commerce brasileiro ainda
sofre com empecilhos em infraestrutura e segurança que afetam diretamente a entrega das
mercadorias. As condições das
rodovias do país, onde somente
12,4% são pavimentadas segundo a Pesquisa CNT de Rodovias
2015, a falta de acesso a algumas localidades do interior e os
constantes assaltos a motoristas são os principais desafios.
“Hoje, 90% das encomendas
de e-commerce dependem do
modal rodoviário. Uma entrega
que levaria um ou dois dias para
chegar demora entre quatro e
cinco por conta da má conservação e má qualidade das vias. Isso
sem falar no tempo para acesso
ao interior do país. Às vezes, o
prazo triplica e não é cumprido”,
ressalta o presidente da Total Express, Vitor Chiarella. Além disso,
só em 2015, cerca de 1 bilhão de
mercadorias foram roubadas, se-
“O
e-commerce se
mostrou uma
alternativa na
busca de bons
negócios”
PEDRO GUASTI
DIRETOR-EXECUTIVO DA E-BIT
gundo dados da Total Express,
transportadora que atua no mercado desde 1993.
Segundo o diretor de e-commerce da Sephora, marca francesa
de maquiagem, Fabio Pereira, a burocratização das entregas de cargas também é um entrave. “Regras
e horários de descarga e troca de
ponto, carga alta de impostos, tudo isso prejudica o tempo da entrega e o preço da mercadoria. E é
o consumidor o mais afetado.” l
34
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
FERROVIÁRIO
Segregadas ou
protegidas?
Brasília e Rio de Janeiro têm vagões exclusivos
para mulheres em metrô; medida gera polêmica
sobre a eficácia para coibir o assédio
POR CECÍLIA
e seis a oito vagões,
um trem de passageiros costuma ter em
média. Um deles, geralmente o primeiro, tem se caracterizado por ser exclusivo
para mulheres e para pessoas
com deficiência. A exigência,
aprovada pelo Legislativo de
São Paulo, Brasília e no Rio de
D
MELO
Janeiro, começou a valer nas
duas últimas cidades. Veio para
tentar coibir os casos de assédio moral e sexual aos quais
muitas mulheres são submetidas no transporte público, com
mais frequência nos metrôs
devido à superlotação. Mas a
decisão é polêmica e gera contestações sobre a eficácia.
No Rio, são cerca de 1,3 milhão de usuários do sistema
metroviário por dia. Em Brasília, 160 mil. Pelo menos a metade dos passageiros é composta pelo público feminino.
São Paulo, que tem a maior
extensão de metrô do país
com 78,4 km e 67 estações,
vetou a medida de vagões ex-
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
35
SERGIO ALBERTO/CNT
36
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT
clusivos. Na capital paulista,
mais de 4,7 milhões de passageiros circulam por dia nesse
tipo de transporte. Cerca de
58% são mulheres.
“Se a iniciativa é boa? Para mim, que ando de metrô todo dia, é. Mas nem de longe é
suficiente para resolver o
problema. Homens continuam
desrespeitando as regras e
entram nos carros exclusivos,
que não comportam um terço
de todo o público feminino
que precisa diariamente do
transporte. Se a sociedade tivesse respeito e educação,
não precisaríamos de uma separação como essa”, avalia
Lindete Gomes da Silva, 44,
usuária do metrô de Brasília,
que faz o trajeto Plano Piloto
– Samambaia todos os dias.
Em Brasília, desde julho de
2013, em cumprimento à Lei Distrital nº 4.848/2012, o uso do primeiro vagão de cada trem disponível aos usuários é exclusivo
para mulheres, em sua maioria,
e para pessoas com deficiência.
Desde setembro de 2015, funcio-
Mulheres aguardam entrada em vagão exclusivo no Metrô DF, em Brasília
Em 2015,
1.835
casos de
homens
dentro do
vagão rosa
no Metrô DF
na em período integral. No Rio
de Janeiro, a medida, que já dura sete anos, só é implementada
nos horários de pico, das 6h às
9h e das 17h às 20h. “Há uma fiscalização constante pelo Corpo
de Segurança Operacional. Temos banners e informativos em
todos os vagões falando sobre o
uso do carro exclusivo e do assédio dentro dos trens”, afirma
o diretor de operações do Metrô
DF, Victor Mafra.
Já na capital paulista, o
projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa foi vetado pelo governo do Estado. A
direção do Metrô de São Paulo também não é adepta à medida. Além disso, em uma pesquisa feita entre 2014 e 2015
pelas operadoras, 57% das
usuárias rejeitaram a adoção
do vagão exclusivo para coibir abuso sexual. “Mais de 4
milhões de pessoas passam
CNT TRANSPORTE ATUAL
37
MAIO 2016
OPINIÃO
Feministas divergem sobre tema
DEPOIMENTOS
❛
É uma conquista para
as mulheres. Me sinto
mais segura e não
me sinto segregada.
É uma forma
de proteção
Caroline Vieira, 20 anos
❛
A falta de educação dos homens levou a uma medida
tão imediatista. Precisou separar as mulheres para
que elas se sentissem seguras. Eu nunca utilizo
indevidamente o metrô e já presenciei casos de abuso
nos coletivos, o que me deixou bastante constrangido
❛
Gosto do vagão exclusivo, mas acho pouco. O certo
seria não precisar disso. Quando alertamos homens a não
entrarem no vagão, muitas vezes, ouvimos grosserias
Silvia Barbosa, 42 anos
sim”, defende o chefe do Departamento de Segurança do
Metrô de São Paulo, Rubens
Menezes.
Para a superintendente da
ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de
Passageiros sobre Trilhos),
Roberta Marchesi, a proposta
de destinar vagões exclusivos
para as mulheres busca maquiar um problema cultural
sério, que envolve a falta de
❛
A iniciativa é muito boa
para nós, mulheres. Só nós
sabemos como a falta
de respeito está em todos
os meios de transporte
coletivo. Mas um só
vagão não resolve
❛
pelo metrô por dia. Esse dado
já demonstra a ineficiência da
medida. Essa espécie de
apartheid nunca foi uma solução eficiente. Vivemos em
constante convívio social.
Além disso, há uma tendência
de o transporte ser cada vez
mais integrado. A linha 15 do
monotrilho possui acesso livre do primeiro ao último carro. As linhas 4-Amarela e 15Prata também funcionam as-
❛
Gibran Calil, 18 anos
❛
espaços públicos. “É necessário disciplinar a sociedade,
coibir comportamentos que
ferem a pessoa em sua individualidade e no coletivo.
Tornando o ambiente seguro,
você reduz o problema”.
Há quem considere a medida imediatista, mas válida.
Integrante do Movimento
Mulheres em Luta, Camila
Lisboa não concorda com o
termo segregação. “Quem
segrega é o machismo, com
a humilhação a que submete
as mulheres. Antes da segregação, há a violência sexual
sofrida todos os dias”. Mesmo a favor dos vagões exclusivos, a feminista reitera que
são três pilares que devem
funcionar em conjunto para
que a medida tenha sentido.
“Ações de conscientização,
incentivo às mulheres a denunciar e proteção. Com a
determinação do vagão exclusivo, cumprimos apenas o
último quesito, a proteção”,
considera.
❛
Contrário à medida, o Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) considera
que a colocação de vagões exclusivos para mulheres tratase de uma política finalística
de segurança pública, que
precariza o debate e enfraquece as questões reais da
violência contra as mulheres –
sexismo, machismo e patriarcado. “Por essa lógica, um vagão só para mulheres se protegerem dos homens é tão ínfimo diante de tantos assédios cotidianos que as mulheres sofrem. É uma medida fraca, mas posta como forte”, defende Masra de Abreu, assessora técnica do Cfemea.
Para a socióloga Marília
Moschkovich, os vagões exclusivos ou preferenciais para mulheres não podem ser
vistos como uma necessidade ou urgência social. Segundo ela, a medida é apenas
uma entre as várias estratégias possíveis para lidar com
o problema do assédio em
Leonor Germano, 47 anos
38
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
INTERNET
Grupos combinam assédios pelas redes sociais
Grupos de redes sociais,
sites e blogs - formados, em
sua maioria, por homens chegaram a defender as “encoxadas” em transporte público. Os participantes marcavam o que chamavam de “rolezinho”. As páginas no Facebook “Encoxadores e Encoxatrizes de Plantão”, que tinha
191 membros, e “Encoxa em
São Paulo Linha Vermelha”,
com 346 membros, já foram
projetos efetivos para o combate ao machismo e à violência sexual. “Você não garante
segurança separando o indivíduo. Que proteção é essa que
segrega? Para proteger, é preciso garantir a liberdade. A
mulher e qualquer cidadão
precisam se sentir seguros
em todas as escolhas que fazem e em todos os lugares
que permeam”, diz Roberta.
Segundo ela, mais de 50%
dos usuários dos metrôs brasileiros são do sexo feminino.
“Um só vagão não comporta
esse contingente”, considera.
Roberta complementa que
as ações para tratar o assé-
bloqueadas e investigadas
pelo Ministério Público Federal. Sem constrangimento, os
“encoxadores”, como se autodenominavam, compartilhavam experiências e trocavam imagens das vítimas e
relatos do que muitas vezes
chamavam de brincadeira.
Tamanha a repercussão
desses episódios de assédio,
o Movimento Mulheres em
Luta chegou a distribuir, no
“Que proteção
é essa que
segrega? Para
sentir-se
seguro, é
preciso garantir
a liberdade”
ROBERTA MARCHESI, ANPTRILHOS
final de 2015, como uma forma do que chamam de “defesa”, alfinetes que vinham
em um saco plástico com a
seguinte frase “não me encoxe que eu não te furo”. Segundo uma das integrantes
da organização feminista,
Camila Lisboa, a mulher tem
o direito de autodefesa.
Pesquisa
Um dos resultados da
dio devem coibir o comportamento do agressor. “Acreditamos que tratar o problema
com a seriedade que ele requer seria a melhor estratégia para o Estado enfrentar
de fato a questão da violência contra as mulheres. Medidas paliativas para momentos específicos só potencializam o problema.”
Campanhas e fiscalização
Com ou sem carro exclusivo, a opinião é unânime: campanhas de conscientização
são o foco dos operadores
dos sistemas de transporte
sobre trilhos no Brasil e de
campanha “Chega de Fiu
Fiu”, iniciada em 2013 por
um projeto feminista chamado Think Olga, é que
85% das mulheres pesquisadas, em todo o Brasil, já
tiveram o corpo tocado
sem permissão em espaços
públicos. Quando perguntadas sobre os locais do assédio, 64% relataram sofrer
os constrangimentos em
ônibus ou metrôs.
outros meios de locomoção,
como os ônibus. “Abuso sexual é crime”, “Você não está
sozinha”, “Se você foi vítima
de assédio, rompa o silêncio”
e “Mulher, você não é objeto”
são alguns dos slogans que
estampam as ações sobre a
importância de denunciar os
assédios. De cartazes e panfletos a avisos sonoros nas
estações e dentro dos trens,
as campanhas tentam trabalhar com algo maior do que
um simples ato de segregar
ou não: o comportamento, a
educação e a cultura.
Reforço na fiscalização e
acolhimento adequado para fa-
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
39
CPTM SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO
SUPER VIA RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO
TRENSURB PORTO ALEGRE/DIVULGAÇÃO
TRENSURB PORTO ALEGRE/DIVULGAÇÃO
Campanhas tentam reforçar a conscientização dos passageiros em metrôs do país
cilitar denúncias, com o treinamento dos agentes de segurança, são outras apostas das empresas que administram os sistemas de metrô do país. “A
abordagem da mulher vítima
de assédio deve fazer com que
ela se sinta o mais segura e
confortável possível. Já houve
aumento significativo no número de casos denunciados e
punidos”, relata o chefe da segurança do metrô paulista. No
ano passado, foram registradas
143 ocorrências, com 126 encaminhamentos de agressores às
autoridades ou a prisões. Neste
ano, em janeiro e fevereiro, foram 19 ocorrências.
Hoje, a depender do tipo de
assédio sofrido pelas mulheres em locais públicos, muitos
não são considerados crimes.
Segundo Jorge Lordello, especialista em segurança pública e privada e pesquisador
criminal, 90% dos casos se
tornam contravenção penal, o
que os juristas chamam de
crime menor, resultante em
multa. “Prisão mesmo somente em casos de estupro com
flagrante ou com provas cabais para acusar o agressor.
Quando se trata de assédio
sexual, a legislação está muito voltada para os casos com
vínculo empregatício. A puni-
Dos
4,7 milhões
de
passageiros
que circulam
por dia no
metrô
paulista,
58%
são
mulheres
ção para os assédios em
transportes públicos não tem
aspecto intimativo e acaba
caindo em crimes de menor
potencial ofensivo com aplicação de multa. Isso precisa
mudar”, analisa.
O Projeto de Lei nº 64/2015,
de autoria do senador Romário Faria (PSB-RJ), em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania,
quer tornar crime qualquer tipo de assédio contra mulheres em lugares públicos. A pena prevista é prisão de três
meses a um ano e multa para
o agressor.
No Rio, uma lei, sancionada
em 5 de abril deste ano pelo
governo do Estado, prevê multas a homens que insistirem
em utilizar o vagão exclusivo
para as mulheres e pessoas
com deficiência nos horários
de pico. As penalidades variam
de R$ 173 a R$ 1.090. O homem
que for acusado de cometer
assédio é encaminhado para a
delegacia. O MetrôRio possui
cerca de 800 câmeras de vigilância que cobrem todas as estações e geram imagens em
tempo real para o Centro de
Controle Operacional.
RISCO
Os metrôs mais perigosos do mundo para as mulheres
• Levantamento de 2014 da Fundação Thomson Reuters, criada no Reino Unido, apontou os países com os piores transportes
públicos para mulheres
• A pesquisa foi realizada em 15 grandes capitais, em colaboração com a empresa britânica de pesquisa YouGov. No total,
6.555 mulheres e especialistas no tema Gênero foram entrevistadas
• A Fundação alerta que algumas grandes capitais não foram abordadas, ou por falta de dados
confiáveis, como São Paulo, ou devido a conflitos civis, como Cairo, Daca (Bangladesh) e Kinshasa
(República Democrática do Congo)
“90% dos
casos de
assédios em
transporte
público
resultam em
apenas multas
ao agressor”
OS 5 MAIS PERIGOSOS
1º lugar – Bogotá, Colômbia
Boa parte das mulheres tem medo de viajar após o entardecer, com receio de serem abusadas
2º lugar – Cidade do México, México
Cerca de 60% das mulheres que utilizam o metrô na região já sofreram assédio
3º lugar – Lima, Peru
Mesmo com as notificações de casos de abuso, nada foi feito ainda para garantir a segurança das
mulheres peruanas no transporte público
4º lugar – Nova Déli, Índia
Considerada uma das mais perigosas do mundo para mulheres viajarem à noite e sozinhas, a cidade adotou o vagão
exclusivo para mulheres. No entanto, as usuárias continuam a relatar casos de assédio e falta de respeito no
uso do carro privativo
5º lugar – Jacarta, Indonésia
As mulheres de Jacarta são uma das principais defensoras mundiais de carros exclusivos para proteger as mulheres
de abusos sexuais
JORGE LORDELLO, JURISTA CRIMINAL
Para o monitoramento de
estações e trens no sistema
paulista, são 3.500 câmeras,
mais de 3.000 agentes de segurança e de operação do sexo feminino e masculino treinados para receber a vítima
no ato da denúncia. Segundo
a CPTM/SP (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e
Companhia do Metropolitano
de São Paulo), mais de 80%
dos casos de assédio, denunciados pelas mulheres, foram
identificados pelos agentes
de segurança do metrô e os
infratores foram encaminhados à delegacia. Conforme
Menezes, o aumento do número de punições se deve ao novo canal de comunicação dos
passageiros com o Centro de
4º lugar
Índia
1º lugar
Bogotá
3º lugar
Peru
5º lugar
Indonésia
OS 2 MAIS SEGUROS
1º lugar – Nova York, EUA
Equipada com um vasto sistema de rede de câmeras nos ônibus, metrôs e trens, é considerada a cidade mais segura para
mulheres no transporte coletivo
2º lugar – Tóquio, Japão
Uma das primeiras cidades a implementar vagões exclusivos para mulheres, em 2000. Medida veio por lotação
extrema do metrô e excesso de casos de abuso
Fonte: Fundação Thomson Reuters
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
41
OMS
Brasil ocupa o 5º lugar em homicídios de mulheres
O Mapa da Violência 2015
mostra que o Brasil - com
sua taxa de 4,8 homicídios
por 100 mil mulheres - ocupa
a 5ª posição num grupo de
83 países com dados homogêneos, fornecidos pela OMS
(Organização Mundial da
Saúde). Apenas El Salvador,
Colômbia, Guatemala (três
países latino-americanos) e
a Rússia registraram taxas
superiores às do Brasil.
Em 2014, foram atendidas
223.796 vítimas de diversos
tipos de violência. Duas a cada três dessas vítimas de
violência (147.691) foram mulheres que precisaram de
atenção médica por violências domésticas, sexuais
e/ou outras. Isso é: a cada dia
de 2014, 405 mulheres demandaram atendimento em
uma unidade de saúde por
alguma violência sofrida.
A violência física é a
mais frequente. Está presente em 48,7% dos atendimentos, com especial inci-
INFRAÇÕES PENAIS
Os atos de assédio contra mulheres configuram três tipos de
infrações penais:
IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR
Art. 61 da Lei das Contravenções Penais: “importunar alguém, em
lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor”
Pena: multa (valor é definido pela Justiça)
POSSE SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
Art. 215: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a
livre manifestação de vontade da vítima”
Pena: reclusão de 2 a 6 anos
ESTUPRO
Art. 213: “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso”
Pena: reclusão de 6 a 10 anos
Fonte: especialista em segurança pública e privada e pesquisador criminal, Jorge Lordello
dência nas etapas jovem e
adulta da vida da mulher,
quando chega a representar
cerca de 60% do total de
atendimentos. Entre 2003 e
2013, o número de vítimas
do sexo feminino passou de
3.937 para 4.762, incremento de 21% na década. Essas
4.762 mortes em 2013 representam 13 homicídios
femininos diários. Cerca de
31% dos casos aconteceram na rua e 27,1% na residência da vítima.
Controle de Segurança: o SMS
Denúncia (11) 97333-2252.
Por meio desse número,
qualquer passageiro que se
sentir agredido ou lesado pode enviar uma mensagem, e a
central aciona a equipe de segurança mais próxima. Em sete minutos, no máximo, segundo levantamento da CPTMSP, as ocorrências acionadas
por esse serviço são atendidas. A mulher é orientada a
dar detalhes das características do agressor, caso o segurança não chegue a tempo. As
câmeras também auxiliam
nesse processo. “Toda história tem uma voz. Você deve
fortalecer as mulheres, dar a
elas ferramentas que a façam
sentir segura. Isso também
“Quem
segrega é o
machismo,
com a
humilhação a
que submete
as mulheres
todos os dias”
CAMILA LISBOA
MOVIMENTO MULHERES NA LUTA
inibe a atitude do agressor e
tira do imaginário que a
agressão será impune”. Adirma o chefe do Departamento
de Segurança do Metrô de São
Paulo, Rubens Menezes.
O Metrô DF também disponibiliza um canal de comunicação,
via WhatsApp, no número (61)
9220-0176, com o Centro de Segurança. Só em 2015, 1.835 casos
foram informados sobre homens
que usaram o vagão exclusivo –
uma média de 145 casos por
mês. Neste ano, nos três primeiros meses, foram comunicados
225 casos, sendo 75 por mês. Para Victor Mafra, diretor de operações, a medida foi bem aceita
no metrô da capital do país, mas
as mulheres ainda questionam a
iniciativa.
l
44
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
AQUAVIÁRIO
Novas regras
para contêineres
Embarcadores terão que declarar peso preciso da
carga transportada em navios; aferição já é feita
no Brasil e tem objetivo de prevenir acidentes
POR
partir de 1º de julho, o
setor aquaviário passará a conviver com
nova regra para a pesagem dos contêineres embarcados em todo mundo. O dono
da carga, ou embarcador, terá
que providenciar um certificado de massa bruta de cada
contêiner antes da partida dos
navios. Caso não informe o pe-
A
EVIE GONÇALVES
so, o transporte não será feito.
Os armadores (donos das embarcações) só poderão realizar
o deslocamento se receberem
a informação. A medida foi
adotada por uma convenção de
segurança da IMO (International Maritime Organization, na
sigla em inglês) e é válida internacionalmente.
No Brasil, a DPC (Diretoria de
Portos e Costas) regulamentou a
pesagem obrigatória de contêineres embarcados por meio da
portaria n°164/DPC, assinada no
dia 25 de maio. A portaria estabelece as normas sobre a determinação da massa bruta dos
contêineres embarcados no território nacional e diz que “é do
embarcador a responsabilidade
sobre a obtenção, documenta-
ção, registro e informação da
massa bruta verificada”. Ele deve assegurar-se de que esses
dados sejam informados ao armador e ao terminal com antecedência suficiente em relação
ao carregamento do navio.
O modo pelo qual o embarcador fornecerá esse dado ao
navio, ao armador e ao terminal deverá ser acordado entre
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MAIO 2016
45
ARQUIVO CNT
as partes. A portaria diz ainda
que a maneira de informar esse
dado deverá ser, preferencialmente, por meio eletrônico. Independentemente da forma, a
declaração da massa bruta verificada deverá ser assinada
por uma pessoa autorizada pelo embarcador. Veja mais detalhes na página 46.
Nos últimos meses, havia
muitas dúvidas sobre como a
determinação valeria na prática
e se isso acarretaria novos custos, caso as cargas tivessem
que ser pesadas nos terminais.
Atualmente, a pesagem já é feita antes da chegada ao porto.
Entretanto, a IMO concluiu que
parte dos contêineres não é embarcada com as informações
corretas de peso, o que causa
diversos acidentes, inclusive fatais, em todas as etapas da cadeia logística. E por isso optou
por não mais tolerar informações imprecisas.
Uma das técnicas adotadas
pelos embarcadores é a verificação do peso dos contêineres e
das mercadorias separadamente e a soma ao final do processo.
Outra possibilidade é a pesagem
do contêiner com a mercadoria
dentro dele. Independentemente do método, os armadores
apenas recebem a informação e
dispõem as cargas no navio de
acordo com o peso declarado.
Para o presidente da Fenamar (Federação Nacional das
Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha, a nova
regra terá maior eficácia em
outros países. “Quando se fala
no mundo, existem locais onde
a pesagem não é realizada e,
nesse caso, a medida é muito
importante por questões de segurança. Por aqui, a Receita Federal já obriga essa verificação”, explica.
Outros questionamentos do
setor dizem respeito à fiscalização da exigência do documento,
às penalidades em caso da não
apresentação, à possibilidade de
sobrestadia e ao aumento da taxa cobrada pela permanência
nos portos até que a pendência
se regularize e aos responsáveis
pela emissão do certificado.
“Pelo que consta, o exportador é
responsável por declarar o peso
46
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
NORMAS PARA PESAGEM
Regras da portaria nº 164
PRINCIPAIS PONTOS
• A pesagem poderá ser realizada pelo embarcador ou por um
terceiro, contratado por ele
• Somente deverão ser utilizados instrumentos de pesagem de
modelo aprovado em conformidade com as disposições da
Portaria nº 236/94 do Inmetro, ou outro documento que venha
substituí-la, e verificados pela referida autarquia
• É do embarcador a responsabilidade sobre a obtenção,
documentação, registro e informação da massa bruta verificada
• O embarcador deve assegurar-se de que a massa bruta verificada
seja informada ao armador e ao terminal com antecedência
suficiente em relação ao carregamento do navio
• A maneira de informar esse dado deverá ser, preferencialmente,
através de meio eletrônico
• A declaração deverá ser assinada por pessoa devidamente
autorizada pelo embarcador, com a identificação do seu CNPJ,
CPF ou o número do Passaporte
• Nenhum contêiner objeto da presente norma poderá ser
embarcado sem que a massa bruta verificada tenha sido
devidamente determinada, declarada e informada
MÉTODOS DE PESAGEM
1 Contêiner cheio e lacrado
2 Pesagem separada das embalagens e itens de carga, incluindo
a massa dos páletes, madeiras de estiva e outros itens de
embalagens e materiais utilizados para fixação da carga,
somados à tara do contêiner
EXCEÇÕES
• O uso do Método 2 fica proibido para certos tipos de carga em
que o mesmo seja inadequado e impraticável, tais como grãos
a granel, sucata de metais e outras cargas a granel
• Embalagens individuais seladas na origem, cujas massas das
embalagens e dos itens de carga no seu interior tenham sido
determinadas e estejam claras e permanentemente marcadas na
sua superfície, não necessitam ser pesadas novamente quando
forem carregadas no contêiner
• Quando o contêiner cheio for pesado em conjunto com um veículo
rodoviário, a tara do veículo e o combustível existente no tanque
devem ser subtraídos da massa total do conjunto
• Quando dois contêineres cheios forem pesados em conjunto com
um único veículo, suas massas brutas deverão ser determinadas
através da pesagem de cada contêiner separadamente. Após a
subtração da tara do veículo, a divisão da massa bruta total dos
contêineres não é um procedimento permitido
Fonte: Diretoria de Portos e Costas - Marinha do Brasil
Contêineres carregados acima da capacidade de peso
bruto do seu contêiner. A dúvida
que fica é: a mesma pessoa que
teoricamente poderia estar extrapolando o peso vai emitir um
certificado dizendo que está
dentro do limite permitido?”,
questiona o assessor do Sinditabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco),
Carlos Alberto Sehn.
A DPC informou que a fiscalização das regras será feita pelos
inspetores navais lotados nas
capitanias, delegacias e agências da Marinha e se dará por
meio de inspeções não programadas a bordo das embarcações. A portaria não deixa claro,
entretanto, qual a punição caso
os contêineres sejam embarcados com peso divergente do declarado.
Prevenção
A regra foi criada pela IMO,
em 2014, para promover
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
47
ED FERREIRA SEP/DIVULGAÇÃO
TRANSPORTE
Movimentação em 2015
podem quebrar guindastes nos portos
maior segurança ao transporte marítimo e prevenir
acidentes, uma vez que, sem
a obrigatoriedade da informação, navios são frequentemente carregados com sobrepeso. A organização avalia que, com determinações
mais rígidas, esses imprevistos serão reduzidos.
O especialista em regras da
IMO, Nilton Marroig, ressalta que
a medida é acertada. “Já soube
Embora represente parcela pequena do total da
movimentação do setor
aquaviário, os contêineres
têm papel importante no
transporte de mercadorias
específicas, como cargas
frigoríficas e soja. Em 2015,
foram cerca de 100 milhões
de toneladas transportadas, 10% do total movimentado. Os principais
destinos foram Estados
Unidos, China e Singapura.
Segundo dados da Antaq
(Agência Nacional de
Transportes Aquaviários),
granéis sólidos e líquidos
aparecem em primeiro e
segundo lugares.
A navegação de longo
curso é o principal destino
da movimentação por contêineres, sendo grande parte escoada pelos portos públicos e uma parcela infe-
de casos de contêineres que arrebentaram porque o peso era
maior do que resistia. Também
já houve casos de guindastes
quebrados pelo mesmo motivo”,
explica. Pessoas ligadas ao setor também relataram que já
houve casos em que um navio
com capacidade para 8.000 toneladas foi carregado com
2.500 toneladas de peso adicionais a bordo. O sobrepeso não
causou acidentes, mas gerou
rior pelos TUPs (Terminais
de Uso Privado). Entre os
principais portos responsáveis por esse tipo de transporte, estão Santos (SP),
Paranaguá (PR), Rio Grande
(RS), Manaus (AM) e Suape
(PE). Os TUPs, entretanto,
têm aumentado esse tipo
de transporte. Enquanto,
em 2010, 15% das cargas
eram conteinerizadas, em
2015, a movimentação cresceu para 26%.
Segundo a CBC (Câmara
Brasileira de Contêineres,
Transporte Ferroviário e
Multimodal), os principais
contêineres transportados
no país são de 20 pés e 40
pés. O primeiro pesa 2,3 toneladas e tem capacidade
para armazenar 26 toneladas. Já o segundo pesa 3,5
toneladas e pode transportar até 34 toneladas.
“A medida
é muito
importante por
questões de
segurança”
WALDEMAR ROCHA
PRESIDENTE DA FENAMAR
aumento desnecessário no
consumo de combustível. Motoristas de caminhão também
disseram ter transportado um
contêiner com carga declarada
de 30 toneladas, mas que quando foi pesado, possuía quase
100 toneladas.
Waldemar Rocha, da Fenamar, avalia que a medida vai
orientar armadores a disponibilizarem corretamente os contêineres nos navios. “Um exportador que declara peso menor coloca em risco a segurança da embarcação. Muitos contêineres são disponibilizados
no convés. Se a informação repassada estiver errada, a estabilidade do navio fica ameaçada e ele pode tombar.”
O vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), Carlos Portella,
acredita que, apesar dos riscos, o processo é seguro no
Brasil. Ele ressalta que, além
da pesagem, as cargas também são escaneadas. “No Rio
de Janeiro, por exemplo, 100%
da exportação passa por um
scanner. Não é necessário mais
um documento para uma prática já confiável”, conclui.
l
JT OCCHIALINI/FLICKR/DIVULGAÇÃO
BRIYYZ/FLICKR/DIVULGAÇÃO
Arte lá em
Seja para homenagear figuras públicas ou para campanhas
aéreas usam pinturas especiais para chamar a atenção do viajante
BRIYYZ/FLICKR/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
AÉREO
ALL NIPON AIRWAYS/AFP/DIVULGAÇÃO
POR
cima
institucionais, companhias
e reforçar as suas marcas
CECÍLIA MELO
prática existe há mais de 100 anos.
Em 1913, italianos e alemães já decoravam suas aeronaves militares.
Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos usavam as pinturas em aviões
com o intuito de amenizar o clima da época
com a figura das famosas pin-ups. Em 1988,
um avião norte-americano foi lançado com
uma pintura em homenagem à Shamu, a orca que se tornou símbolo do parque aquático americano Sea World.
Desde então, as companhias aéreas vêm
buscando oportunidades de retratar situações e
momentos importantes que tenham relação direta com a identidade e os objetivos de cada
companhia para gerar engajamento e despertar
a curiosidade dos viajantes.
No Brasil, as empresas passaram a usar o espaço externo de suas aeronaves para divulgar
destinos turísticos, homenagear ícones da cultura
nacional, artistas, personagens infantis e até em
campanhas institucionais e de conscientização.
Os 450 anos do Rio de Janeiro com as ondas do
famoso calçadão de Copacabana, os 20 anos da
morte do piloto Ayrton Senna e a comemoração
dos 80 anos de Maurício de Sousa, cartunista responsável pelos gibis da Turma da Mônica, são alguns exemplos de pinturas já utilizadas.
Em todo o mundo, a inspiração vai além.
Personagens infantis e filmes, como Pokémon,
Mickey, Hobbit, o robô R2-D2 da saga Star Wars,
a arara-azul Blu do filme brasileiro Rio e imagens que retratam a diversidade da fauna e da
flora de cada país e continente também estampam as aeronaves. A Alaska Airlines, por exemplo, pintou um de seus aviões com figuras típi-
A
49
50
CNT TRANSPORTE ATUAL
cas que remetiam à neve e aos
animais da região.
Com um grafite emblemático
dos artistas plásticos Otávio e
Gustavo Pandolfo, OSGEMEOS, a
Gol deu uma nova cara para seu
Boeing 737, usado durante a Copa
do Mundo de 2014 para transportar a seleção brasileira. A obra recriou o objetivo da companhia:
uma estampa exclusiva que retratasse a torcida brasileira em sua
diversidade. Segundo a Gol, “mais
do que pintar uma aeronave, a
ideia foi presentear os clientes
com uma obra de arte”. Cerca de
1.200 latas de spray de tinta própria para aeronaves, trazidas da
Espanha especialmente para o
grafite, foram usadas. Foram cem
horas de trabalho. A aeronave grafitada ainda continua voando.
O primeiro avião da Gol foi pintado em 2011, para comemorar os
10 anos da empresa. No lugar do
branco tradicional, a aeronave recebeu um banho de tinta laranja
com a mensagem “GOL 10 anos”. A
segunda aeronave pintada foi em
homenagem ao voo com destino a
Miami para os clientes do programa de fidelidade Smiles, que recebeu uma pintura laranja e a logomarca do programa.
Nos últimos dois anos, durante o mês de outubro, algumas
MAIO 2016
As primeiras pinturas em aviões começaram a surgir nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Cerca de
1.200 latas
de spray de
tinta foram
usadas pela
Gol em
grafite dos
OSGEMEOS
aeronaves da Gol foram estampadas com a fita rosa, símbolo da
causa que incentiva a prevenção
do câncer de mama. Outras iniciativas também já foram feitas
pela companhia, como a mensagem “#éTóiss”, em homenagem
ao jogador Neymar, após o incidente na partida do Brasil contra
a Colômbia na Copa do Mundo de
2014, e o concurso cultural “Pintou um Gol”, no qual os participantes tinham a oportunidade de
ter seu desenho estampado no
Boeing 737/800 da empresa. “Ca-
da ação tem um objetivo específico, mas o principal deles é impactar as pessoas de forma positiva, levando sempre uma mensagem que possa incentivar uma
causa”, informa a companhia.
Desde 2010, a Azul Linhas Aéreas, famosa por aeronaves com
cores e imagens que reforçam a
identidade e a bandeira do Brasil,
já pintou mais de 12 aviões de sua
frota. Sua primeira ação foi uma
aeronave personalizada, a Rosa e
Azul, fruto de uma parceria com a
Femama (Federação Brasileira de
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
51
LISTA CURIOSA/DIVULGAÇÃO
REGRAS
Regulamentação e segurança
Inspiração vinha das famosas pin-ups
Instituições Filantrópicas de Apoio
à Saúde da Mama) e a Fundação
Laço Rosa para conscientizar sobre o combate ao câncer de mama. Batizado de Espírito de União,
outro avião da empresa que simboliza a fusão da companhia com
a Trip, ocorrida em 2012, o avião
Azul e Verde destaca a importância da sustentabilidade.
Para o reforço da marca nacional em terras estrangeiras,
a Azul criou os aviões Big Blue
Bus e Nação Azul, que realizam
apenas rotas internacionais. A
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Cicvil) não restringe
mudanças de cores e padrões
nos aviões. Mas há uma regulamentação que dá diretrizes referentes à identificação da aeronave. Nela, há a forma correta
de se identificar a matrícula do
avião e a responsabilidade do
explorador de deixá-la sempre
visível, como também deixar
claro o fim a que ela se destina.
As tintas aeronáuticas e
adesivos utilizados para esse
personalização mais recente
celebra a parceria entre a
companhia e a SKY, fornecedora do entretenimento de bordo
nos voos domésticos da companhia. “As pinturas representam o DNA de inovação e paixão presentes em nossa marca. Cada pintura tem uma finalidade, promover a marca, as
nossas unidades de negócio,
as causas apoiadas e os parceiros.”, destaca Claudia Fernandes, diretora de Marketing
e Comunicação da Azul.
fim devem ter excelente acabamento, custo-benefício e
durabilidade. Mas elas também devem cumprir várias
exigências para manter a segurança do voo. Além do
vento, as pinturas devem suportar as variações das intempéries: temperaturas de
até - 50° graus em grandes
altitudes e até 40° graus na
superfície, umidade e chuva,
além de poeira ou mesmo
pequenas partículas de pe-
“As pinturas
representam
o DNA de
inovação e
paixão
presentes em
nossa marca”
CLAUDIA FERNANDES
DIRETORA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO DA AZUL
dras que são lançadas na fuselagem e nas hélices.
Para a Líder Aviação, empresa especializada em pinturas de aeronaves, e para
as companhias aéreas, a
pintura do avião não é apenas uma questão estética;
envolve também segurança.
Um desafio é proteger as
partes da aeronave que não
devem ser pintadas, como
antenas, sondas e elementos de detecção.
A decoração das aeronaves
pode ser feita por meio de pintura com tinta ou aplicação de adesivo e é realizada pelas fabricantes ou pelas próprias companhias
aéreas. No caso da Gol, o processo é feito no Centro de Manutenção da companhia, localizado em
Confins (MG). Há um hangar específico, com sistema de exaustão,
de modo que nenhum resíduo seja disperso na atmosfera, sem o
devido tratamento. Já na Azul, é a
empresa brasileira TAP M&E Brasil
(TAP Manutenção e Engenharia
52
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
ALTERAÇÃO
Quando uma companhia
aérea decide recriar sua
marca, ela precisa trocar a
identidade visual de toda
sua frota de aeronaves. Isso
requer novos processos de
pintura. Em 2015, a Gol lançou seu novo logotipo, após
14 anos com a mesma marca. Na época, a empresa
passou por uma remodelagem de toda a sua identidade visual e ainda continua
nesse processo, que é complexo e mais demorado. O
mesmo acontece agora com
a TAM. Após a fusão com a
LAN, empresa aérea do Chile, ambas se tornaram o
grupo Latam Airlines.
A primeira aeronave com
a nova logomarca da companhia aérea entrou em
Brasil) quem faz as pinturas nas
aeronaves.
Quase todas as partes externas
do avião podem ser pintadas para
proteção, principalmente as que
possuem alumínio. As exceções
são isolamentos e partes em aço
inoxidável, partes dos motores e
estabilizadores, bordas de janelas
e portas, pois são áreas suscetíveis à formação de gelo. O ideal é
que a pintura básica do avião seja
removida antes de aplicar a nova.
A tinta utilizada é à base de
uretano, capaz de proteger a
operação para buscar a Tocha Olímpica, em Genebra,
na Suíça. A Latam espera finalizar a pintura exterior de
mais de 50 aeronaves ainda
este ano e concluir a alteração de toda a frota até
2018. A pintura das aeronaves leva, em média, de 6 a
12 dias para ser aplicada e é
realizada durante a manutenção de rotina dos aparelhos. Para essa mudança, a
empresa utiliza uma nova
tecnologia 25% mais leve
do que a convencional. Com
ela, a empresa deve obter
uma redução de 20 kg, em
média, em todas as aeronaves da companhia que mudarem a imagem.
Em sua história, a TAM Linhas Aéreas contabiliza mais
de 30 aeronaves adesivadas
ou pintadas em ocasiões corporativas, campanhas publicitárias e homenagens. Em
fevereiro deste ano, a companhia e o Walt Disney World
lançaram o Avião dos Sonhos,
com imagens dos personagens Mickey, Minnie, Donald e
Pateta. Para relembrar os
principais momentos que
marcaram a história da TAM
nas décadas de 1970 e 1990, a
empresa criou a campanha
Vintage. O projeto repaginou
duas aeronaves tanto na pintura externa quanto no interior dos aviões com carpetes,
cortinas e poltronas idênticos aos da época, além da
adequação dos uniformes da
tripulação com o estilo usado
nessas décadas.
As pinturas
devem
suportar
– 50° graus
em grandes
altitudes e
até 40°
graus na
superfície
fuselagem da aeronave e dar
brilho, sem precisar de verniz,
como é feito na indústria automotiva. No caso do adesivo, o
produto já vem com uma cola
especial, e adicionalmente é
colocado um verniz para proteção nas bordas. O tamanho do
adesivo a ser utilizado depende do tipo de arte. Na Gol, todo
o cálculo é feito baseado nos
aviões Boeing 737/700 ou
737/800, respectivamente para
177 e 138 passageiros. Na companhia, o tamanho pode ser de
JETPHOTOS/DIVULGAÇÃO
Identidade visual nova; pintura nova
cerca de 470 m2 e o peso aproximado é de 500 gramas.
As companhias aéreas não possuem uma verba específica destinada a essas ações com pinturas e
adesivos, nem informam o valor investido, devido ao ineditismo das
mesmas. A maioria delas fazem
parte do planejamento estratégico
e institucional da própria empresa
e/ou está dentro da área de marketing. São focadas em valorizar a
marca, além das causas nas quais
as companhias apoiam e acreditam, em consonância com as dire-
CNT TRANSPORTE ATUAL
Companhias aéreas colorem suas aeronaves. Prática se torna cada vez mais explorada
trizes da instituição. Mas há espaço para propagandas de empresas,
parceiras ou não. A pintura na parte externa das aeronaves também
é tratada como mídia. No caso da
Azul, empresas como a Coca-Cola,
por exemplo, já usaram essa estratégia para divulgar uma ação específica e, ao mesmo tempo, fortalecer a marca. No entanto, o custo
para este tipo de mídia espontânea é muito alto.
Para o coordenador de Marketing e Franquia da Fundação Getúlio Vargas, Daniel de Plá, a ini-
53
TAM/DIVULGAÇÃO
AVIANCA/DICULGAÇÃO
AZUL/DIVULGAÇÃO
MAIO 2016
ciativa é uma estratégia eficiente,
pois chama a atenção do usuário,
ao mesmo tempo que valoriza a
identidade da empresa. “O simples fato de expor a marca de forma inovadora gera uma sensação
de maior vínculo do consumidor,
faz com que ele acredite no que a
empresa faz. Isso é o ponto crucial para qualquer instituição,
porque dessa forma o usuário vai
atrás da marca, nem que pague
mais por isso. É o que chamamos
de “Mere-exposure effect”, uma
teoria do Marketing”.
“É uma
verdadeira
obra de arte
e beleza aos
olhos dos
viajantes”
DANIEL DE PLÁ
COORDENADOR DE MARKETING DA FGV
Em quase três horas aguardando uma conexão no aeroporto, enquanto concedia a entrevista à CNT Transporte Atual
por telefone, o especialista em
marketing viu passar no pátio
uma aeronave da Gol com a pintura que remete à seleção brasileira nas cores da bandeira do
país. “É uma verdadeira obra de
arte e beleza aos olhos dos viajantes. Deixa o ambiente dos
aeroportos, sempre muito parecidos, menos monótonos. Não há
como passar despercebido por
uma pintura em um avião.”
No entanto, o especialista alerta: tem que ser algo pontual. As
companhias precisam reservar, no
máximo, até 10% da frota de
aviões para essa ação. E ela precisa ser renovada a cada dois ou
três meses para surtir o efeito esperado no viajante: o ineditismo, a
curiosidade pelo novo. “O retorno
pode até ser imediato, em alguns
casos, mas o que mais se busca é
a valorização da marca e dos objetivos da instituição. Mostrar que
ela preza pela cultura, arte e história do país e do mundo. Por isso
não pode ser frequente.”
l
PORSCHE/DIVULGAÇÃO
AUTOMOBILISMO
A maior corrida
Históricas e essenciais ao automobilismo, as 24 Horas de Le Mans preservam
POR
DIEGO GOMES
história do automobilismo se confunde com as
24 Horas de Le Mans. A
mais antiga corrida de
endurance (resistência) do mundo
foi criada em 1923, em meio aos
primórdios da indústria automobilística, como uma contribuição para o progresso técnico e com o
propósito de favorecer o desenvolvimento dos automóveis. Apontada como a maior corrida do
mundo, a tradicional prova é disputada anualmente nos arredores
da pequena cidade de Le Mans
(150 mil habitantes), na França,
nas acentuadas retas do Circuit de
A
la Sarthe, palco das mais de 80
edições do evento. Com o passar
das décadas, o fim da era romântica dos carros e a sucessão de
eventos históricos, as 24 Horas de
Le Mans ganharam notoriedade,
sobreviveram à Segunda Guerra
Mundial – mesmo tendo sido suspensas entre 1940 e 1949 –, contornaram uma tragédia que reescreveu os rumos da categoria e se
tornaram referência.
Sua importância pode ser mensurada a partir do envolvimento
das fabricantes e do status que
conquistou. Não à toa, Le Mans
compõe, ao lado do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 e das
500 Milhas de Indianápolis, a “Trí-
plice Coroa” do automobilismo. O
único piloto a vencer essas três
míticas corridas foi o inglês Graham Hill, que conquistou Le Mans
em 1972, ao lado de outra lenda da
prova, o francês Henri Pescarolo.
Na edição inaugural, largaram
33 duplas. A vitória foi de dois
franceses, René Leonard e André
Lagache, num carro chamado Chenard & Walcker, cujo exemplar é
exibido no Museu de Le Mans,
atração situada nas imediações
do circuito. Cenário para históricos embates, a corrida vive hoje –
a despeito da crise econômica que
afeta o mundo – um pródigo período. Depois dos 56 carros alinhados
em 2015, as 24 Horas de Le Mans
de 2016 terão, entre 18 e 19 de junho, contornos épicos com o número recorde de 60 carros, em
quatro categorias. O aumento foi
consequência do nível técnico dos
competidores, considerado muito
alto pela organização, e graças às
novas garagens construídas no final do pit-lane (faixa de circulação
delimitada por um muro, que a separa da pista, na qual equipes e pilotos se preparam e arrumam os
seus carros durante o fim de semana de competição). Com isso, a
84ª edição da prova iguala o número de participantes da edição
de 1955. "É realmente uma boa notícia. Decidimos abrir as quatro
garagens em vez das duas que es-
AUDI/DIVULGAÇÃO
FIA/DIVULGAÇÃO
do planeta
aura romântica e se preparam para bater recordes em 2016
tavam previstas, por isso vamos
ter um grid incrível de 60 carros",
disse o presidente do Automóvel
Clube de l'Ouest (organizadora da
prova), Pierre Fillon, em comunicado oficial à imprensa.
Rodrigo Mattar, comentarista
de automobilismo dos canais Fox
Sports e especialista em provas
de endurance, destaca a importância da corrida para o aprimoramento da indústria. “Le Mans sobreviveu à crise do petróleo e ao
fim do World Sportscar Championship, antigo circuito de endurance. Como efeito, a edição da
corrida em 1993 apresentou o pior
grid: só 29 carros competiram.
Mas Le Mans é Le Mans. Sem fazer
parte de nenhum campeonato, sobreviveu e voltou à pujança de outros tempos”, acrescenta.
Ao longo dos anos, o traçado
de Sarthe passou por diversas alterações e adaptações de extensão, de estrutura e de segurança.
Hoje, são 13.629 metros formados
por trechos permanentes e estradas locais. Independentemente
disso, foi palco de grandes duelos.
“A batalha Ferrari versus Ford nos
anos 1960 foi uma delas. Os norteamericanos passaram como trator
sobre os italianos e depois veio
um longo período de dominação
da Porsche, quebrado aqui e ali
por vitórias pontuais de construtores franceses, como a Renault, a
Rondeau e a Peugeot”, recorda
Mattar. De acordo com ele, Le
Mans assiste, hoje, ao domínio impressionante da Audi, que, desde
2000, emplacou 13 conquistas,
perdendo apenas duas para a Bentley (que corria com motor Audi)
em 2003 e para a Peugeot em
2009. “Os ‘Senhores dos Anéis’ (a
Audi) são uma séria ameaça ao recorde da Porsche, de 16 triunfos.”
As 24 Horas de Le Mans fazem
parte, hoje, do WEC (World Endurance Championship), campeonato disputado por quatro categorias: LMP1, com protótipos fechados de equipes oficiais de fábrica
e/ou particulares, admitindo motores com sistemas híbridos;
LMP2, com protótipos abertos ou
fechados de equipes particulares,
com motores de blocos de série
ou de competição, misturando pilotos profissionais e amadores;
LMGTE-PRO, para modelos grã-turismo de competição construídos
em 2015 com pilotos profissionais;
e LMGTE-AM, para modelos grã-turismo de competição com um ano
de uso e mesclando profissionais
e amadores.
A FIA implantou um sistema de
graduação de acordo com o currículo, experiência e idade dos pilotos: Platina, Ouro, Prata e Bronze.
“Pela duração da corrida, a mais
longa de um campeonato em que
as demais provas têm até seis horas de duração, a pontuação é dobrada. Ou seja, a vitória em cada
categoria vale 50 pontos. Por esse
motivo, todo mundo sonha em ganhar a prova. Mas não é qualquer
um que a vence”, diz Mattar. O
maior vencedor entre todos foi o
dinamarquês Tom Kristensen, recém-aposentado. O piloto ganhou
a prova nada menos que nove ve-
BRASIL
Expectativas e história no circuito francês
São seis os brasileiros confirmados, até o momento, para
a edição de 2016 das 24 Horas
de Le Mans – Nelsinho Piquet,
Lucas di Grassi, Pipo Derani,
Bruno Senna, Oswaldo Negri Jr.
e Fernando Rees. Nelsinho retorna às 24 Horas após dez
anos. Em 2006, o piloto disputou a prova na classe LMGT1 e
terminou em quarto lugar.
Agora, o atual campeão mundial da Fórmula E assinou com
a equipe Rebellion Racing para
competir no protótipo #12 da
classe LMP1, categoria principal, ao lado do francês Nicolas
Prost e do alemão Nick Heidfeld. “Estou muito motivado
em competir pela Rebellion em
diversas provas, principalmente em Le Mans. Já corri muitas
provas grandes em várias categorias ao longo de mais de
20 anos de carreira, mas essa
é uma das principais. É um
evento único e tenho muita
vontade em acelerar novamente em Le Mans. Não poderia ter companheiros mais
competentes que Nico e Nick
para essa missão”, diz Piquet.
Com pretensões ambiciosas,
Bruno Senna demonstra confiança no desempenho da sua equipe,
a recém-formada RGR. A ideia é
buscar tanto a vitória em Le Mans
quanto o título do mundial de resistência. “Desde o início do projeto da equipe no fim de 2015, a
intenção era entrar em Le Mans e
no WEC para vencer. A LMP2 ficou
mais e mais competitiva durante
os meses que antecederam a
temporada, com mais equipes e
pilotos de alto nível. Com certeza,
Le Mans representa um dos maiores desafios no automobilismo,
mas com um grid competitivo de
60 carros, essas 24 Horas vão ser
históricas e extremamente disputadas em todas as categorias”,
comenta Senna, que revela que
um dos seus maiores sonhos é
ganhar nas ruas de Sarthe.
O circuito é francês, mas a
bandeira verde e amarela já tremulou muitas vezes por lá. Pilotos brasileiros como Raul Boesel,
Nelson Piquet, Christian Fittipaldi,
Ricardo Zonta e outros menos
conhecidos – como Fritz d’Orey e
Bernardo Souza Dantas – também fizeram história. O primeiro
capítulo brasileiro na competição
foi escrito em 1935, com Bernardo
Souza Dantas, que disputou a
prova a bordo de um Bugatti Type 6, ao lado de Roger Teillac.
Eles abandonaram a disputa e ficaram em 33º lugar. De lá para
cá, dezenas de pilotos brasileiros
já se aventuraram nos 13.650 metros do circuito de Sarthe. O mais
conhecido é Nelson Piquet. O tricampeão da Fórmula 1 correu em
Le Mans em 2006 e 2007 - pilotou
um McLaren F1 GTR BMW e seu
melhor resultado foi um oitavo
lugar em 2006.
Em 1978, um trio brasileiro
conseguiu o melhor resultado do
país nas 24 Horas de Le Mans.
Paulo Gomes, Marinho Amaral e
Alfredo Guaraná Menezes terminaram em sétimo lugar geral e
em segundo no grupo 5. Com a infraestrutura de uma equipe francesa, os três aceleraram a bordo
de um Porsche Turbo.
O Circuit de la Sarthe é um dos
MOTORSPORT/DIVULGAÇÃO
Lucas Di Grassi é o brasileiro
com mais chances de vitória
O dia que está marcado
zes, superando de longe o antigo
recorde, que pertencia ao belga
Jacky Ickx, com seis triunfos.
Tecnologia
Tanto Le Mans quanto o WEC
concentram supercarros com tecnologias que chegarão aos modelos de rua muito antes das aplicadas na Fórmula 1. Le Mans é conhecida por sua linha "desenvolvi-
mentista", uma vez que, recorrentemente, é laboratório para testar
resistência e eficiência de itens
usados em veículos de produção.
Exemplo disso é que cada vez
mais fabricantes apostam nas corridas de resistência e replicam
técnicas na produção em escala.
Toyota e Audi participam do circuito desde a primeira etapa –
com essa nomenclatura – em 2012.
Em 2014, a Porsche retornou à disputa. No ano passado, foi a vez da
Nissan e, neste ano, da Ford.
Os carros que passam por Sarthe e por outros circuitos consagrados do torneio de resistência antecipam uma série de tecnologias
que estarão nas ruas a posteriori.
A Nissan, por exemplo, em 2015,
utilizou um conjunto incomum na
categoria, com motor e tração
dianteiros, ao passo que a maior
parte dos competidores apostou
em carros com motor e tração nas
rodas de trás. O GT-R LM Nismo, como o protótipo foi nomeado, contou com um motor V6 3.0 biturbo
de 550 cavalos (o mesmo propulsor do GT-R), aliado a um conjunto
de motores elétricos, que somados, podem ultrapassar os 1.600 cv
(cavalo-vapor, equivalente a
MOTO JP/DIVULGAÇÃO
LE MANS
Números e curiosidades
19 minutos e 74 segundos: recorde da volta mais rápida em prova, do
francês Loïc Duval, na edição de 2010
Thomas Erdos é o brasileiro que mais vezes disputou Le Mans: no
total, foram 13
24 brasileiros já disputaram a prova
Recorde de vitórias de um fabricante de pneus em Le Mans, no caso
a Dunlop: 34
Ao longo da história, 57 mulheres competiram em Sarthe pelo menos
uma vez. A francesa Anne-Charlotte Verney foi a mais presente, em 10
oportunidades
mais dos longos do mundo com 13.629km
LE MANS ARQUIVO/DIVULGAÇÃO
O sul-africano Mark Patterson, radicado nos EUA, foi o mais velho piloto
da lista de inscritos, com 63 anos
Média horária recorde, registrada em 2010 por Romain Dumas/Timo
Bernhard/Mike Rockenfeller: 225 minutos e 228 segundos
Média horária recorde registrada em qualificação no ano de 1985, pelo
alemão Hans-Joachim Stuck, a bordo de um Porsche 962C: 251 minutos
e 815 segundos
Total de voltas percorridas por Romain Dumas/Timo Bernhard/Mike
Rockenfeller em 2010, o maior da história: 397
Velocidade alcançada por Roger Dorchy a bordo de um WM Secateva na
edição de 1988 das 24 Horas de Le Mans: 405 km/h
Potência do Toyota TS040 Hybrid com o uso de um motor V8 aspirado de
520 HP e um Supercapacitor de 480 HP extras: 1000 HP
Público que passou pelas bilheterias de Sarthe em 2014, número recorde:
263.300 pessoas
Fonte: Grande Prêmio
Ícones: freepik.com
na história do automobilismo mundial
0,98629 hp – sigla de horsepower,
unidade de potência do sistema inglês). Para a corrida, entretanto, o
número ficou na casa dos 1.200 cv.
O câmbio foi sequencial de cinco marchas. Entre os carros que
disputam Le Mans, o GT-R LM Nismo é o mais próximo do que se
pode ter de um veículo de rua. Já
a Audi utilizou o campeonato para
aprimorar suas tecnologias híbri-
das, chamadas de e-tron, e de redução de peso, batizada de Ultra.
Há cinco anos, a marca adotou as
tecnologias, misturando motores
e diesel e elétrico, e usando de
forma abundante a fibra de carbono na construção dos carros.
Detalhes
A preparação para o WEC – e,
especialmente, para as 24 Horas de
Le Mans – envolve cifras milionárias. Além disso, a logística das
equipes é um diferencial para garantir bons resultados. Para uma
equipe competir no WEC com um
carro, os custos por temporada variam entre 2,5 e 3 milhões de euros, segundo o site endurance.info.
Como Le Mans é a principal atração do campeonato, muitas equipes montam seus orçamentos ba-
seados na corrida. Os custos com a
corrida, entre treinos, pneus, combustível e alojamentos, variam de
700 a 800 mil euros (30% do orçamento para correr em todas as
etapas do WEC).
Não há limites de custos para
os protótipos da classe LMP1. Porsche, Audi e Toyota, por exemplo,
testam de acordo com seus interesses, com orçamentos similares
aos praticados na Fórmula 1. Na
classe LMP2, os custos são fixos
em 370 mil euros, sem motor – e
um kit Le Mans por mais 10 mil Euros. A parte de desenvolvimento
não pode exceder os 35 mil Euros
com testes. A Porsche vende o seu
911 RSR por 750 mil Euros. Cada piloto ganha de 200 mil a 600 mil
euros, a depender da sua experiência. Por esse motivo, diversos
pilotos amadores e/ou com elevado poder aquisitivo acabam “alugando” um dos assentos para ajudar nos custos da equipe. Segundo especialistas, tal prática, apesar de ter vantagens, aumenta os
riscos de acidentes.
Em relação à logística da prova, em si, cada protótipo conta
com três pilotos, que, ao longo das
24 horas, revezam-se. Um pit-stop
de 1 min de duração, em Le Mans,
é um tempo razoável. Na ocasião,
há troca de pneus, reabastecimen-
CINEMA
No mesmo ano de 1970, quando da vitória histórica de Graham Hill – que venceu nas ruas
de Sarthe, de Mônaco e de Indianápolis, além de ter faturado o
título da Fórmula 1 –, Le Mans virou filme. O ator e entusiasta do
automobilismo Steve McQueen,
já falecido, produziu e estrelou a
película dirigida por Lee H. Katzin. Para as filmagens, foi aproveitada a realização da corrida,
com cenas extras produzidas na
própria pista. Isso motivou a
contratação de um excedente de
pessoas que, posteriormente, faliu a produtora Solar, responsável pelo longa.
Também foi necessária a ajuda de dezenas de pilotos. Um deles, o britânico David Piper sacrificou-se de tal forma que parte
de uma perna foi amputada depois de uma batida durante as
NATIONAL GENERAL PICTURES/DIVULGAÇÃO
Porsche
Audi
Grid de
O astro Steve McQueen nos bastidores do longa Le Mans
filmagens. Na trama, Michael Delaney (Steve McQueen) é um piloto norte-americano que retorna
ao circuito de Le Mans, determinado a vencer depois de ter quase morrido em um acidente no
ano anterior. Durante a corrida,
sente-se atraído por Lisa Belgetti, que é a viúva do piloto que
morreu no mesmo acidente —
possivelmente causado pelo
próprio Delaney.
MERDEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO
Icônico modelo Mercedes-Benz 300 SLR (1955)
to, ajustes necessários no carro e,
obviamente, mudanças de piloto.
Para o processo de abastecimento, o carro tem que ser desligado e
não pode ser realizado serviço de
troca de pneus ou quaisquer outros até que a mangueira seja desconectada. Os carros que tomam
as retas de Sarthe são máquinas
surpreendentes –principalmente
os da LMP1–, pois foram feitos com
Audi
Porsche
Le Mans na sétima arte
Ele “pilota” o Porsche 917K
número 20, com a pintura clássica da Gulf Oil, que foi pilotado na corrida real por Jo Siffert e Brian Redman. As demais
cenas de corrida foram filmadas com carros verdadeiros,
caracterizados como os competidores, e encenaram a rivalidade principal do filme, entre
o Porsche de Delaney e a Ferrari de Erich Stahler.
A edição de 2016 terá no
CHEVROLET/DIVULGAÇÃO
Chevrolet Corvette C7-R e equipe para 2016
o propósito de sobreviver andando 24 horas a uma média de
220km/h com o acelerador no máximo em 85% do tempo.
A cidadela de Le Mans também
se transforma para sediar o evento, uma vez que a população fixa é
mais que dobrada com os fãs que
visitam o autódromo ao longo do
fim de semana (cerca de 250 mil
pessoas). Muitos habitantes apro-
veitam a época para gerar receitas. Há quem venda produtos relacionados à corrida nas dependências da pista, e outros 1.700 são
contratados pela organização para
trabalhar como fiscais extrapista.
Tragédia
Nenhum dia foi tão macabro na
história do automobilismo mundial quanto o 11 de junho de 1955.
O circuito registra velocidades
Um grave acidente durante a 23ª
edição das 24 Horas de Le Mans
matou, de acordo com números
oficiais, 83 espectadores e o piloto
francês Pierre Levegh. Outras 120
pessoas ficaram feridas. Um episódio que jamais será esquecido e
que até hoje tem desdobramentos. À época, os carros já atingiam
300 km/h. “Qualquer acidente,
portanto, teria proporções enor-
FOTOS ASSOCIATED PRESS/DIVULGAÇÃO
THE MOTOR SPORTS DIARIES/DIVULGAÇÃO
Toyota
ENDURANCE
As 24 Horas de Interlagos
Toyota
Nissan
largada da edição de 2015 de Le Mans
RACESHOTS/DIVULGAÇÃO
grid um número recorde de 60 pilotos
WIKIPEDIA/DIVULGAÇÃO
O Brasil também já figurou no mundo das corridas
de endurance. Criadas por
Eloi Gogliano e Wilson Fittipaldi, pelo Centauro Motor
Clube, em 1960, e destinadas
a carros nacionais de qualquer marca nos parâmetros
de nacionalização do Grupo
Executivo da Indústria Automobilística, as 24 Horas de
Interlagos tiveram apenas
quatro edições.
A primeira teve como
vencedores os irmãos Álvaro e Ailton Varanda, que
guiaram um modelo JK, em
299 voltas pelo antigo tra-
çado do Autódromo de Interlagos, em São Paulo. No
ano seguinte, o modelo JK
voltou a vencer, dessa vez
sob o comando de Chico
Landi e Christian Heins, que
completaram 308 voltas.
Seguiu-se, então, um intervalo de cinco anos, e a
terceira edição foi disputada
em 1966, consagrando Emilio
Zambello e Ubaldo Cesar
Lolli, com o Alfa Giulia. A última etapa aconteceria em
1970, quando, com Chevrolet
Opala 4100, os irmãos Bird e
Nilson Clemente foram os
vencedores.
JOSÉ OTÁVIO/PRODUTO BRASIL/DIVULGAÇÃO
Vista do grid do antigo circuito de Interlagos
médias superiores a 230 km/h
mes. Infelizmente, foi exatamente
isso que aconteceu.”
Na pista, estavam dois campeões mundiais da Fórmula 1. De
um lado, o britânico Mike Hawthorn, pela Jaguar; do outro, o argentino Juan Manuel Fangio, da
Mercedes. O contexto do duelo, pelas marcas que eles representavam, ainda carregava componentes históricos que permeavam o
imaginário dos europeus. Havia
pouco mais de dez anos desde o
fim da Segunda Guerra Mundial, e a
animosidade entre ingleses e germânicos ainda era algo latente. A
partir da largada, eles assumiram a
ponta e encararam aquele momento tal qual um grande prêmio ou
uma corrida 'sprint' (de curta duração). Foi assim que eles chegaram
à 35ª volta, na terceira hora da cor-
rida. Hawthorn era o líder, e recebeu da Jaguar, na reta que antecedia a dos boxes, um sinal para parar e reabastecer. Sem querer dar
mais uma volta, ele cortou para a
direita logo após ultrapassar o retardatário Lance Macklin e brecou.
O carro britânico já detinha a
tecnologia de freio a disco, muito
mais adequada às altas velocidades de Le Mans. Os demais, no en-
Imagens do acidente em 1955
tanto, ainda usavam freios a tambor, incluindo a Mercedes. Isso significava que não conseguiam desacelerar com a mesma rapidez da
Jaguar. Uma vez que Hawthorn pisou no freio, Macklin desviou para
a esquerda e se colocou à frente
de outro retardatário, Pierre Levegh, que guiava a outra Mercedes
de fábrica. O francês, de 49 anos,
não foi capaz de desviar, acertou a
traseira do Austin-Healey de Macklin e decolou. O pior aconteceu.
Trezentas mil pessoas estavam em
Le Mans. Segundo a versão oficial,
a corrida não foi interrompida porque os organizadores não queriam
que as estradas ficassem congestionadas, de modo a atrapalhar o
resgate das vítimas. Segundo o
historiador da Universidade de
Brasília, aficionado por automobilismo, Gerson Marlon de Lima Alencar, o acontecimento teve consequências dentro e fora das pistas,
como o afastamento da Mercedes
do esporte e até mesmo a proibição da realização de corridas em
alguns países. “Internacionalmente, o desastre causou um levante.
Na realidade, a tragédia fez com
que uma onda em prol da segurança no esporte começasse.”
l
60
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
CREDIBILIDADE
Qualidade
comprovada
Pesquisa com egressos do SEST SENAT aponta
que 80% melhoraram o desempenho profissional
depois de fazer um curso na instituição
POR NATÁLIA
excelência do trabalho do SEST SENAT
na formação e capacitação de profissionais para o transporte é reconhecida por alunos que já
passaram pela instituição. Em
um levantamento feito com
egressos de diferentes cursos
presenciais oferecidos pela
entidade, 82% afirmaram que
a qualificação representa
uma grande oportunidade pa-
A
PIANEGONDA
ra entrar no mercado de trabalho. Do total de entrevistados, 62% também disseram
que o SEST SENAT abre perspectivas para outras formações profissionais e para 35%
os cursos garantem melhorias
no salário.
Para seis em cada dez exalunos da instituição a formação efetivamente contribuiu
para que conseguissem um
emprego e oito em cada dez
entrevistados relataram que o
desempenho profissional melhorou depois das aulas no
SEST SENAT. Exemplo disso foi
o motorista Francisco Amaral
Carvalho Braga, aluno da capacitação para Condutores de
Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros em Fortaleza (CE). “O curso mudou meu
modo de agir no trânsito, tornando-me mais paciente e
atencioso”, explicou.
As experiências são relatadas de Norte a Sul do país. Em
Concórdia (SC), a empresa Laticínio Boa Vista procurou o SEST
SENAT para qualificar seus 90
motoristas em Direção Defensiva. “Os profissionais precisam
conhecer bem o veículo e o tipo
de carga, saber usar a frenagem, ficar atentos aos demais
veículos, cuidar da velocidade,
do tipo de rodovia, se chove ou
se faz sol, se a viagem é à noite
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
61
SERGIO ALBERTO/CNT
ou durante o dia. Itens que influenciam muito”, diz o gerente
de transportes da empresa,
Rayllan Correa Milssei, que
aprovou o treinamento dado
pela instituição.
Outros dados demonstram a
qualidade das formações: 71%
dos alunos classificaram os cursos como ótimos e outros 27%
como bons. Para 85% o corpo
docente possui bom nível de conhecimento e 77% consideram
que os conteúdos e programas
das disciplinas foram adequadamente desenvolvidos. Questionados sobre se recomendariam
o SEST SENAT para outras pessoas, 99% afirmaram que sim.
“Isso indica a relevância e a
qualidade do trabalho do SEST
SENAT para a formação profissional no setor de transporte e reforça o compromisso da instituição. Por isso, o SEST SENAT está
permanentemente atento às exi-
gências do mercado de trabalho,
para manter um rol de opções
que ofereçam capacitações atualizadas e com excelência”, afirma
a diretora-executiva nacional da
instituição, Nicole Goulart. Ela
destaca, também, a preocupação
em capacitar profissionais para
todos os modais: rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo.
A instituição oferece cursos
regulamentados (que obedecem
a regulamentações dos órgãos
de trânsito), livres (que aprimoram os conhecimentos dos profissionais em diferentes segmentos) em 148 Unidades Operacionais. Além disso, há opções
de capacitações realizadas a
distância, gratuitamente.
O levantamento foi realizado
com egressos de cursos presenciais do primeiro semestre de
2015 das cinco regiões brasileiras, no período de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2016.
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
ESPORTE
Dada a
largada
As duas primeiras etapas do Circuito SEST SENAT de
Caminhada e Corrida de Rua 2016 foram realizadas
em Bento Gonçalves (RS) e Blumenau (SC)
POR PRISCILA
ais de 2.000 pessoas
participaram das primeiras etapas do Circuito SEST SENAT de
Caminhada e Corrida de Rua
2016 realizadas, em maio, em
Bento Gonçalves (RS) e Blumenau (SC). A competição é a prova de que o esporte une pessoas
que buscam combater o sedentarismo e melhorar a saúde e
qualidade de vida.
O Circuito reúne tanto trabalhadores do setor de transporte
como motoristas, cobradores, caminhonheiros, taxistas, que pro-
M
MENDES
curam na atividade física uma
maneira de aliviar o estresse do
dia a dia, quanto corredores profissionais e amadores que podem
participar das provas de 5 km, 10
km e da caminhada de 2 km.
Até o fim deste ano, outras 12
cidades receberão o Circuito: Vila Velha (ES), Poços de Caldas
(MG), Brasília (DF), Manaus (AM),
São Vicente (SP), Barra Mansa
(RJ), Campo Grande (MS), Crato
(CE), Aracaju (SE), Natal (RN), Recife (PE) e Curitiba (PR). Em três
anos de projeto, o Circuito SEST
SENAT de Caminhada e Corrida
de Rua – lançado em 2014 – contou com mais de 50 mil participantes em 21 cidades.
Correr no frio
Na serra gaúcha, a baixa
temperatura na marca dos 4ºC
não serviu de desculpa para
não se exercitar. Trabalhadores
do transporte e comunidade
compareceram à etapa de Bento Gonçalves (RS) que contou
com uma novidade. Pela primeira vez, uma estrutura indoor foi montada dentro do ginásio da unidade do SEST SE-
NAT para melhor receber os
participantes.
O destaque ficou com o jovem
aprendiz Felipe Pereira da Motta,
16 anos, vencedor da categoria 5
km – trabalhador do transporte,
que terminou a prova com o
tempo de pouco mais de 19 minutos. “Em três anos, já tenho dez
troféus e outras 30 medalhas de
provas de corrida na minha coleção. A etapa foi muito legal, com
grau de dificuldade elevado. Estou muito feliz por ter levado
mais esse prêmio para casa”, comemorou Felipe Motta.
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
63
FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT
Para o diretor da unidade do
SEST SENAT de Bento Gonçalves,
Eduardo Caleffi, foi uma honra
receber um evento desse porte
na cidade. “Toda a equipe está
de parabéns. Foi importante observar, principalmente, a integração entre as empresas de
transporte, os funcionários e familiares. O objetivo do evento foi
cumprido”, ressaltou.
Faça chuva ou faça sol
Em Blumenau (SC), os participantes mostraram que não
abrem mão de correr mesmo de-
baixo de chuva, ainda mais
quando o percurso contempla as
ruas encantadoras da cidade catarinense.
“É a primeira vez que a cidade recebe o Circuito e ficamos
muito felizes com a adesão. Foram mais de 1.700 inscritos, o
que se deve à divulgação do
trabalho da instituição que fizemos nos últimos 90 dias, principalmente, nas empresas de
transporte da região. Isso fez
com que nos aproximássemos
ainda mais do nosso público”,
disse o diretor da Unidade do
SEST SENAT de Blumenau, Maurício Dalpiaz.
Adailton Pereira Marques,
auxiliar administrativo na empresa Reunidas Transportadora Rodoviária, fez questão de
participar da corrida e faturou
mais uma medalha em corridas de rua. Ele conquistou o 1º
lugar na categoria 5 km - trabalhador do transporte. “É
muito importante o SEST SENAT incentivar a prática de esportes que ajuda o trabalhador do transporte a ganhar
qualidade de vida e ainda me-
lhorar o desempenho profissional”, destacou.
Desde que o hábito de correr
tornou-se um estilo de vida, o
motorista de ônibus Gilson Alves
dos Santos já perdeu 40 quilos.
“Eu só consegui isso graças à
mudança na alimentação e à
prática de atividades físicas, especialmente, a da corrida. Por isso, fico muito feliz em participar
de eventos de qualidade e extremamente organizados como esse que incentivam outras pessoas”, ressaltou.
l
(Com Jonathan Zanotto)
64
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
SEST SENAT
Proteção
social
Caminhoneiros participam de ação contra à
exploração sexual de crianças e adolescentes
do Comandos de Saúde nas Rodovias
POR
á 18 anos transportando material de
construção pelas rodovias brasileiras, o
caminhoneiro Vonaldo Conceição de Jesus, 39, relata que,
infelizmente, já percebeu situações de exploração sexual
de crianças e adolescentes.
H
JANE ROCHA
“Sabemos que esse é um crime mais comum em cidades
com menos condições financeiras. O importante é fazer a
denúncia para garantir os direitos das vítimas”, alerta.
Em todo o Brasil, segundo
levantamento elaborado pela
PRF (Polícia Rodoviária Fede-
ral), existem 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual
de crianças e adolescentes
nas rodovias federais. Esses
estabelecimentos estão em
470 municípios, dos quais
90,4% têm o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) entre muito baixo e médio. Os
Estados com maior número de
pontos críticos são Minas Gerais, Pará e Bahia, e entre as
rodovias, a BR-116 é a com
mais locais propícios à exploração: 243.
Para despertar uma visão
crítica dos caminhoneiros do
país sobre o tema e incentiválos a se tornarem agentes de
proteção social no combate a
esse tipo de crime, o SEST SENAT está intensificando a
atuação do projeto Proteger. A
primeira ação de 2016 foi realizada durante a segunda etapa do Comandos de Saúde nas
Rodovias, desenvolvido em
parceria com a PRF (Polícia
Rodoviária Federal), que aconteceu em 18 de maio em 24 Estados e no Distrito Federal. No
Espírito Santo e em Sergipe, o
evento foi realizado no dia 25.
Cerca de 2.000 motoristas
participaram do evento
Psicólogos das unidades do
SEST SENAT orientaram os motoristas sobre os danos que
essa prática criminosa traz
para toda a sociedade. Foram
distribuídos kits com material
CNT TRANSPORTE ATUAL
65
MAIO 2016
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
Motoristas participam de palestra sobre o enfrentamento à exploração sexual
informativo no qual foram
apresentados os canais de denúncia, como o Disque 100.
Além dessas orientações,
os motoristas também realizaram exames rápidos, como
aferimento de pressão, verificação de peso, altura, massa
corpórea, circunferência cer-
vical e abdominal, acuidade
visual e auditiva, frequência
cardíaca, glicemia, entre outras ações. Desde o lançamento do Comandos, em 2006,
mais de 95 mil motoristas participaram da ação que visa reduzir o número de acidentes
nas rodovias.
O dia 18 de maio é considerado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em memória à menina Araceli Crespo, uma das mais emblemáticas vítimas de violência contra a criança no país.
Em 1973, quando tinha 8 anos,
Araceli foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada em Serra (ES).
Caminhoneiro há dez anos,
Francisco Camilo de Pinho, 40,
participou da ação na BR-040,
no Distrito Federal, e também
afirma já ter presenciado casos
de exploração durante as via-
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CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
SERGIO ALBERTO/CNT
PESQUISA
Percepção dos caminhoneiros
A pesquisa “O Perfil do
Caminhoneiro no Brasil”,
realizada pela Childhood
Brasil, mostra a percepção que esses profissionais têm sobre o assunto.
O levantamento foi realizado entre 2005 e 2015 e
contou com a participação de 680 motoristas, todos homens, entrevistados em Sergipe, Rio Grande do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo. De acordo
com os dados de 2015,
79,1% dos motoristas entrevistados afirmaram ser
comum ver meninos e meninas menores de 18 anos
sendo explorados. Em
gens que realiza entre Goiânia e
Brasília. Para ele, iniciativas desse tipo incentivam os motoristas
a denunciarem esse crime. “Receber informações sobre o tema
que possam ser transmitidas para os colegas de profissão são
muito bem-vindas.”
De acordo com a diretoraexecutiva nacional do SEST
SENAT, Nicole Goulart, o trabalhador do setor de transporte
é um agente fundamental no
2010, esse número era de
89,6% e, em 2005, 93,7%,
respectivamente.
Quando questionados
sobre a proteção às crianças e adolescentes, 82,5%
dos caminhoneiros entrevistados afirmaram que conhecem o Conselho Tutelar;
66,2% conhecem o Disque
100; 58% conhecem o Juizado de Menores; 55,8%, o
Estatuto da Criança e do
Adolescente; 21,98%, os
CRAS (Centro de Referência
de Assistência Social) e os
CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social); e 21%, a Delegacia da Criança e do
Adolescente.
desenvolvimento de ações para o enfrentamento desse tipo
de crime por estar presente
nas rodovias de todo o país.
“Caminhoneiros são potenciais agentes de proteção da
infância e da adolescência e,
por isso, devem ser sensibilizados. Eles são os olhos que
podem ajudar a colocar fim ao
abuso e à exploração sexual
de crianças e adolescentes em
todo o Brasil”, reforça.
Caminhoneiros aproveitam o evento para realizar exame de acuidade visual
Desde 2004, o SEST SENAT
desenvolve ações contra à exploração sexual de crianças e
adolescentes com a realização
de diversas iniciativas. Mais
de 150 mil pessoas já foram
sensibilizadas. Em abril deste
ano, a instituição assinou um
acordo de cooperação técnica
com a Childhood Brasil para
intensificar as ações do projeto Proteger. O acordo prevê a
troca de conhecimentos técni-
cos sobre o tema, a produção
de conteúdos didáticos, a formação de profissionais e a
realização de pesquisas.
Inicialmente, 30 unidades
do SEST SENAT disponibilizarão um formulário para o cadastramento de trabalhadores
do setor de transporte que
queiram participar de ações
voltadas ao tema. Os APSs
(Agentes de Proteção Social)
participarão de palestras sis-
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
67
COMO DENUNCIAR?
INICIATIVA
Ação no Porto de Santos
Trabalhadores portuários e
caminhoneiros que atuam no
Porto de Santos também participaram das ações do Proteger realizada durante o projeto Saúde nos Portos nos dias
17 e 18 de maio. Mais de 900
profissionais estiveram presentes nas rodas de conversa
com psicólogos e receberam
material educativo com informações sobre os riscos e as
formas de denúncia dos casos
de exploração sexual de crianças e adolescentes.
Os trabalhadores ainda
tiveram a oportunidade de
cuidar da saúde gratuitamente. No evento, realizado
em parceria com a Codesp
(Companhia Docas do Esta-
temáticas sobre o assunto e
disseminarão as informações
entre os seus colegas de profissão. A expectativa é formar
360 agentes e sensibilizar 75
mil pessoas.
Também serão realizadas
ações como rodas de bate-papo, exibição de filmes sobre a
temática, distribuição de material informativo durante os
eventos e programas nacionais
já desenvolvidos pelo SEST SE-
do de São Paulo), foram
oferecidos serviços, como
vacinação (tétano, difteria,
hepatite B, febre amarela),
testes rápidos para HIV e
hepatite C, avaliação postural, nutricional e bucal, aferição de pressão e medição
de glicemia capilar. Além
disso, os profissionais receberam orientações para
prevenção da leptospirose,
leishmaniose, zika vírus,
dengue e outras zoonoses e
participaram de verificação
veicular ambiental do projeto Despoluir – Programa
Ambiental do Transporte,
desenvolvido e executado
pelo SEST SENAT, com o
apoio da CNT.
NAT. Além disso, haverá oferta
de cursos on-line sobre o assunto, abordando a legislação
vigente, os problemas causados, orientações sobre a denúncia e a abordagem de pessoas envolvidas no problema.
Para divulgar os resultados,
também está em desenvolvimento um hotsite onde serão
apresentadas as ações desenvolvidas pelas unidades operacionais do SEST SENAT. No es-
O Disque 100 funciona diariamente, das 8h às 22h, inclusive aos finais de
semana e feriados.
As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de
proteção, defesa e responsabilização, de acordo com as competências e
as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de
entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas,
mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. Esse serviço de
utilidade pública pode ser acessado por meio dos seguintes canais:
• discagem direta e gratuita do número 100
• envio de mensagem para o e-mail [email protected]
• denúncia da presença na internet de pornografia de crianças
e adolescentes através do portal www.disque100.gov.br
• ligação internacional através do número +55 (61) 3212-8400
*Fonte: Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania
paço estará disponível todo o
material informativo relacionado ao tema.
Para a psicóloga do SEST
SENAT Brasília, Laila Goes, trabalhar com os caminhoneiros
é importante porque eles são
agentes disseminadores de
conhecimento. De acordo com
ela, por circularem por diversas rodovias do país, esses
podem auxiliar no combate à
exploração sexual. “Eles são
os nossos olhos no momento
e lugar certos. Esses motoristas podem fazer um trabalho
de prevenção, alertando aqueles que estão em situação de
vulnerabilidade”, explica.
O inspetor da PRF, José
Teógenes Abreu, explica que
esse tipo de crime envolve
questões socioeconômicas e
o histórico familiar das vítimas. “O caminhoneiro está
presente em postos de gasolina e outros locais onde o crime costuma acontecer. A polícia não está em todas as rodovias. É muito importante a
participação desses profissionais para denunciar e combater a prática da exploração
sexual de crianças e adolescentes”, alerta.
Casos registrados
Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos do
Ministério da Justiça e Cidadania, apenas em 2015, foram registradas 80.437 ocorrências
de exploração sexual de crianças e adolescentes no Disque
Denúncia (Disque 100). O Estado que mais contabilizou denúncias foi São Paulo, com
16.009 casos, seguido pelo Rio
de Janeiro, com 9.368 casos, e
Minas Gerais, com 6.296. Em
2014, foram contabilizadas
80.437 denúncias provenientes de todo o país. O ano de
2012 foi o que mais registrou
casos de exploração sexual de
crianças e adolescentes, totalizando 130.490 casos. Desde
2003, 88% dos municípios brasileiros já foram atendidos pelo Disque 100.
l
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional
Total Concedida
Concessionárias
Malhas concedidas
30.576
29.165
11
12
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM
ALL do Brasil S.A.
FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A.
MRS Logística S.A.
Outras
Total
12.018
7.215
1.799
8.133
29.165
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO
PAVIMENTADA
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
64.596
119.747
26.827
211.170
11.511
105.601
1.234.918
1.352.030
7 6.107
225.348
1.261.745
157.534
1.720.734
Federal
Estadual
Municipal
Rede Planejada
Total
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM
Adminstrada por concessionárias privadas
Administrada por operadoras estaduais
FROTA DE VEÍCULOS
Caminhão
Cavalo mecânico
Reboque
Semi-reboque
Ônibus interestaduais
Ônibus intermunicipais
Ônibus fretamento
Ônibus urbanos
Nº de Terminais Rodoviários
19.463
1.195
2.641.816
592.410
1.286.732
870.605
19.923
57.000
25.834
107.000
173
AQUAVIÁRIO
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto
Portos
35
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES
Total
Críticas
12.289
2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL
Brasil
EUA
25 km/h
80 km/h
AEROVIÁRIO
AERÓDROMOS - UNIDADES
Aeroportos Internacionais
Aeroportos Domésticos
Outros aeródromos - públicos e privados
34
29
2.519
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES
Transporte regular, doméstico ou internacional
Transporte não regular: táxi aéreo
Privado
Outros
Total
1.141
1.766
10.916
10.635
24.458
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL
177
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Vias Navegáveis
Vias economicamente navegadas
Embarcações próprias
99.515
3.424
122
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso
MATERIAL RODANTE - UNIDADES
Vagões
Locomotivas
41.635
22.037
2.038
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
70
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE*
Investimentos em transporte da União por Modal
(Total Pago acumulado até abril/2016 - R$ 4,26 bilhões)
Investimentos em Transporte da União
(Orçamento Fiscal)
(dados acumulados até abril/2016)
0,41
(9,7%)
25
3,40
(79,7%)
R$ bilhões
20
0,06
(1,4%)
15
0,39
(9,2%)
10,81
10
4,26
4,08
5
0,18
0
Autorizado
Valores Pagos do Exercício
Rodoviário
Restos a Pagar Pagos
Aquaviário
Ferroviário
Aéreo
Total Pago
Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - ABRIL/2016
RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL
ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(R$ milhões correntes - acumulados até abril de 2016)
Recursos Disponíveis
Autorizado União
Autorizado das Estatais (Infraero e Cia Docas)
Total de Recursos Disponíveis
Investimento Realizado
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário (União + Cia Docas)
Aéreo (União + Infraero)
Investimento Total (Total Pago)
10.814,11
1.275,03
12.089,14
3.398,09
413,60
122,48
558,95
4.493,11
Acumulado Expectativa Expectativa
em 2016 para 2016 para 2017
2015
PIB (% cresc a.a.)1
Selic (% a.a.)2
IPCA (%)3
Balança Comercial6
Reservas
Internacionais4
Câmbio (R$/US$)5
-3,85
14,25
10,67
19,67
14,25
3,25
13,26
356,46
362,20
3,90
3,45
-3,89
13,25
6,94
48,00
0,40
11,75
5,72
50,00
-
-
3,72
3,91
Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 29/04/16),
Banco Central do Brasil.
Observações:
(1) Expectativa de crescimento do PIB.
(2) Taxa Selic conforme Copom 27/04/2016 e Boletim Focus.
Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais
(SIGA BRASIL - Senado Federal).
(3) Inflação acumulada no ano e expectativas segundo o Boletim Focus.
Notas: (A) Atualizado em 02.05.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 29.04.2016.
(5) Câmbio de fim de período, média entre compra e venda.
(4) Posição dezembro/2015 e abril/2016 em US$ bilhões.
(B) Para fins de cálculos do investimento realizado, utilizou-se o filtro GND = 4 (investimento).
(6) Saldo da balança comercial até abril/2016.
(C) Os investimentos em transporte aéreo passaram a incorporar os desembolsos realizados para melhoria e
* A taxa de crescimento do PIB para 2015 diz respeito ao desempenho econômico entre janeiro e dezembro de 2015 a
adequação dos sistemas de controle de tráfego aéreo e de navegação, descrito nas ações 20XV, 118T,3133, e 2923.
preços de mercado, os valores de 2016 ainda não foram divulgados.
EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0
2011
Investimento Total
ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO
DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(valores em R$ bilhões correntes)
2011 2012 2013 2014
11,2
9,4
8,4
9,1
Rodoviário
1,6
1,1
2,3
2,7
Ferroviário
1,0
0,8
0,6
0,8
Aquaviário (União+Cia Docas)
1,8
2,4
2,9
3,3
Aéreo (União+Infraero)
15,6
13,7
14,2
15,8
Investimento Total
2012
2013
Rodoviário
Ferroviário
2014
Aquaviário
2015
Aéreo
2015
6,0
1,6
0,5
3,0
11,0
Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais
(SIGA BRASIL - Senado Federal)
8
R$ bilhões correntes
Orçamento Fiscal da União e
Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
REGIÕES3
Estados
INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES
(valores em R$ milhões correntes)1
Orçamento Fiscal (Total Pago2 por modal de transporte)
Acre
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Piauí
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
Rondônia
Roraima
Santa Catarina
São Paulo
Sergipe
Tocantins
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Nacional
Não informado
Total
Rodoviário
50,06
74,58
39,65
0,00
202,78
32,15
0,00
17,16
8,47
11,44
106,71
97,00
339,67
146,86
1,63
19,20
132,25
0,49
8,91
11,36
201,47
19,83
15,18
220,57
4,09
26,62
51,65
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
1.558,22
0,09
3.398,09
Ferroviário
0,00
0,00
0,00
0,00
57,71
0,00
0,00
0,00
17,88
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
19,18
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
318,82
0,00
413,60
Aquaviário
0,00
0,00
0,00
1,28
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
2,60
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
19,88
0,00
0,00
10,95
2,30
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
22,02
0,00
59,03
Aéreo
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,01
0,00
0,14
0,00
1,59
0,00
0,01
4,78
0,01
0,00
0,00
0,00
1,61
0,01
0,00
0,00
0,00
0,00
0,01
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
384,54
0,00
392,69
Total
50,06
74,58
39,65
1,28
260,49
32,15
0,00
17,16
26,36
11,44
106,86
97,00
341,26
149,46
1,64
23,98
132,26
0,49
8,91
11,36
222,96
19,84
15,18
231,52
25,58
26,62
51,66
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
2.283,59
0,09
4.263,40
Maiores Desembolsos4 (Total Pago acumulado até abril de 2016)5
Ranking
Ações orçamentárias7
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Norte
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Nordeste
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sul
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Centro-Oeste
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sudeste
Recomposição do Equilibrio Econômico - Financeiro do Contrato de Concessão da BR-290/RS 6º
Osório - Porto Alegre Entrocamento BR- 116/RS (Entrada p/Guaiba)
Construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Ilhéus/BA - Caetite/BA - EF 334
7º
Adequação de Trecho Rodoviário - Entrocamento BR - 116/259/451 (Governador Valadadres) - Entrocamento MG-020 - Na BR-381/MG
8º
Construção de Trecho Rodoviário - Divisa MT/PA - Santarém - Na BR-163/PA
9º
Estudos, Projetos e Planejamento da Infraestrutura de Transporte (PAC)
10º
Total
Part. (%) no Total Pago do Orçamento Fiscal da União até abril - 2016
Elaboração: Confederação Nacional do Transporte
*Orçamento Fiscal da União, atualizado em 02.05.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 29.04.2016.
Ordem
1º
2º
3º
4º
5º
R$ milhões6
569,57
447,68
438,25
287,52
266,21
241,69
163,89
137,04
115,48
106,58
2.773,91
65,1%
Notas:
(1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo),
não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União).
(2) O Total Pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de Restos a Pagar Pagos.
(3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um
estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.
(4) As obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (Valor Pago + Restos a Pagar Pagos) em 2016.
(5) Ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do Orçamento Fiscal da União no acumulado até abril 2016.
(6) Os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao Total Pago pela União no período em análise. Não foram incluídos os desembolsos realizados pelas Empresas Estatais.
(7) As ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender o objetivo de um programa segundo o
Manual de Técnico de Orçamento 2016.
Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx
72
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
BOLETIM DO DESPOLUIR
DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat
lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de
caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento
verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos
• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador
• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e
terminais de transporte
• Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS *
ESTRUTURA
RESULTADOS
Federações participantes
27
Avaliações ambientais (até abril/2016) 1.609.657
AVALIAÇÕES AMBIENTAIS - Acumulado 2007-2016 (até abril)
Aprovação no período
85,44%
Unidades de atendimento Empresas atendidas
98
Caminhoneiros autônomos atendidos
* Dados preliminares, sujeitos a alterações.
14.247
17.090
1.600.000
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
4.734
0 2007
1.507.447 1.609.657
1.235.589
1.033.455
820.587
590.470
392.524
100.839
2008
228.860
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu estado.
SETOR FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS
COORDENAÇÃO
FETRAMAZ
AC, AM, AP, PA, RO e RR Raimundo Augusto de Araújo
FETRACAN
AL, CE, MA, PB, PE, PI, e RN Jorge do Carmo Ramos
Patrícia Dante
FENATAC
DF, GO, MS, MT e TO
Marta Gusmão Morais
FETCEMG
MG
Carga
Solange Caumo
FETRANSPAR
PR
(empresas)
Renato Nery
FETRANSCARGA
RJ
Carlos Becker
FETRANSUL
RS
Rodrigo Oda
FETRANCESC
SC
Sandra Caravieri
FETCESP
SP
Claudinei Natal Pelegrini
FECAM-SP
SP
Jean Biazotto
FECAM-SC
SC
Carga
Danna Campos Vieira
FECAM-RS
RS
(autônomos) FECAM-RJ
Thompson Bahiense
RJ
Felipe Cuchaba
FETAC-PR
PR
Regiane Reis
FETAC-MG
MG
Rafhael Pina
FETRANORTE
AC, AM, AP, PA e RR
Adriana Fernandes Dias
FETRONOR
AL, PB, PE e RN
Marcelo Brasil
FETRANS*
CE, PI e MA
Vilma Silva de Oliveira
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
Geraldo Marques
FETRAM
MG
Passageiros
Carlos Alberto da Silva Corso
FETRAMAR
MS, MT e RO
Roberto Luiz Harth T. de Freitas
FEPASC
PR e SC
Guilherme Wilson
FETRANSPOR
RJ
Aloisio Bremm
FETERGS
RS
João Carlos Thomaz
FETPESP
SP
João Paulo da F. Lamas
ES
Carga e FETRANSPORTES
Passageiros FETRABASE
Cleide da Silva Cerqueira
BA e SE
* A FETRANS corresponde à antiga CEPIMAR, conforme atualização em julho de 2015.
TELEFONE
(92) 3658-6080
(81) 3441-3614
(61) 3361-5295
(31) 3490-0330
(41) 3333-2900
(21) 3869-8073
(51) 3374-8080
(48) 3248-1104
(11) 2632-1010
(19) 3585-3345
(49) 3222-4681
(51) 3232-3407
(21) 3495-2726
(42) 3027-1314
(31) 3531-1730
(92) 3584-6504
(84) 3234-2493
(85) 3261-7066
(62) 3233-0977
(31) 3274-2727
(65) 3027-2978
(41) 3244-6844
(21) 3221-6300
(51) 3228-0622
(11) 3179-1077
(27) 2125-7643
(71) 3341-6238
E-MAIL
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
2016
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
Conheça as diversas publicações ambientais disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Materiais institucionais do Despoluir
folder e portfólio
Série educativa de cartilhas com temas ambientais
• Os impactos da má qualidade do óleo diesel brasileiro
• Meio Ambiente: responsabilidade de cada um
• Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente
• Queimadas: o que fazer?
• Lixo: faça a sua parte!
• Aquecimento Global
• Plante Árvores
Sondagem Ambiental
do Transporte
Demonstra as ações ambientais
desenvolvidas pelas empresas
de transporte rodoviário.
Caderno Oficina Nacional Transporte
e Mudanças Climáticas
Exibe o resultado dos trabalhos de 89
representantes de 56 organizações,
com recomendações referentes à
mitigação das emissões, mobilidade
urbana, transferência modal e
tecnologias veiculares.
A mudança Climática e o
Transporte Rumo à COP 15
Apresenta a sua contribuição
para a atuação da delegação
brasileira na Conferência
das Partes das Nacões
Unidas para Mudança do Clima.
A Adição do Biodiesel e a
Qualidade do Diesel no Brasil
Descreve as implicações da
adição de biodiesel ao
diesel fóssil e a avaliação
quanto ao consumo
e manutenção dos veículos.
Sondagem CNT de Eficiência
Energética no Transporte
Rodoviário de Cargas
Identifica as perspectivas dos
transportadores sobre o assunto
e as medidas que podem ser
implementadas para a redução
do consumo de combustível,
para a conservação dos recursos
naturais e para a diminuição
das emissões e dos custos
das empresas.
Seminário Internacional
sobre Reciclagem de Veículos
e Renovação de Frota
Apresenta as diretrizes
levantadas sobre o assunto no
evento realizado pela CNT com a
participação de especialistas da
Espanha, Argentina e México.
A Fase P7 do Proconve
e o impacto no Setor
de Transporte
Apresenta as novas
tecnologias e as
implicações da fase P7
para os veículos,
combustíveis e para
o meio ambiente.
Procedimentos para
preservação da qualidade
do Óleo Diesel B
Elaborada para auxiliar
a rotina operacional dos
transportadores, apresentando
subsídios a adoção de
procedimentos para garantir a
qualidade do óleo diesel B.
8
Caminhoneiros no Brasil: Relatório
Síntese de Informações Ambientais –
autônomos e empregados de frota
Presta informações econômicas,
sociais, financeiras e ambientais
dos profissionais deste setor
de transporte.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*
TIPO
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Diesel
49,23
52,26
55,90
58,57
60,03
57,21
Gasolina
29,84
35,49
39,69
41,42
44,36
41,14
Etanol
15,07
10,89
9,85
11,75
12,99
17,86
CONSUMO PARCIAL - ATÉ MAR/2016 **
Etanol
12,9%
Diesel
48,1%
Gasolina
39,0%
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc).
** Dados atualizados em 25 de abril de 2016.
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2010 A 2015
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2010
Rodoviário
2011
2012
Ferroviário
2013
2014
2015
MODAL
2010
2011
2012
2013
2014
Rodoviário
34,46
36,38
38,60
40,68
41,40
40,20
Ferroviário
1,08
1,18
1,21
1,20
1,18
1,14
Hidroviário
0,13
0,14
0,16
0,18
0,18
0,18
35,67
37,70
39,97
42,06
Total
Hidroviário
2015
42,76 41,52
MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)*
BIODIESEL
• Biodiesel é um combustível biodegradável
derivado de fontes renováveis como óleos
vegetais e gorduras animais
• No Brasil, as principais matérias-primas são a
soja (77,4%), o sebo bovino (18,5%) e óleo de
algodão (2,0%) .
• Atualmente, o diesel comercializado no Brasil é o
B7, isto é, composto por 7% de biodiesel e 93% de
diesel fóssil. A Lei federal nº 13.263/2016 dispõe
sobre os novos percentuais de adição de biodiesel
ao óleo diesel fóssil. Confira o infográfico.
2017
março
2016
2018
março
Após 2019
março
2019
março
8%
7%
9%
* Conforme Lei Federal nº 13.263/2016.
** Após a validação por testes e ensaios em motores.
10%
Até 15%**
PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m3) *
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0
2,39
2,67
3,42
2,92
2,72
3,94
0,89
2010
2011
2012
2013
2014
2015
PARTICIPAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
Industrial
8,9%
Mudança no
uso da terra
76,3%
Geração de energia
3,1%
2016
(até março)
* Dados atualizados em 29 de abril de 2016.
Outros setores
3,0%
Rodoviário
7,8%
Aéreo
0,5%
Outros meios de transporte
0,4%
Transporte 8,7%
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
MAIO 2016
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL
TEOR DE ENXOFRE NO DIESEL - BRASIL E MUNDO
FASES
PAÍSES
P1
P2
P3
-
0
I
Brasil*
Japão
União Europeia
Austrália
EUA
Rússia
P5
P6
P7
II
III
PROCONVE
IV
V
P4
• Proconve - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores. Criado
pelo CONAMA, tem o objetivo de reduzir e
controlar a contaminação atmosférica gerada pelos veículos automotores. O programa tem como base a regulamentação praticada na União Europeia (EURO) para veículos pesados.
S (ppm)
10
15
EURO
50
China
México
Índia
África do Sul
500 - 2000
* De acordo com o artigo 5º da Resolução ANP nº 50 de 23.12.2013, o diesel S500 é comercializado obrigatoriamente em todo território nacional, salvo em determinados
municípios e regiões metropolitanas. No entanto, constata-se que o S10 já é comercializado em todos os estados brasileiros.
NÚMERO DE POSTOS QUE COMERCIALIZAM DIESEL S10 POR ESTADO - DEZEMBRO 2015*
5.500
5.159
5.000
4.500
4.000
3.500
3.000
2.355
2.500
2.049
2.000
1.500
0
936 791
1.037
1.000
500
1.714
1.429
336 258
194
103
47
AC AL AM AP BA CE DF
438
448 719
ES GO MA MG MS MT
412
PA PB PE
1.447
1.126
1.086
756
503
321 346
PI
59
PR RJ RN RO RR RS
268
220
SC
SE SP TO
* Aumento do número de postos em aproximadamente 13% em relação ao total contabilizado na última atualização (março/2015).
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL - MARÇO 2016
Outros
(massa específica, destilação)
3,2%
Ponto de Fulgor
19,4%
Teor de Biodiesel; 77,4%
Ponto de Fulgor; 19,4%
Outros (massa específica, destilação); 3,2%
Teor de Biodiesel
77,4%
Corante; 0,0%
Enxofre; 0,0%
Aspecto*; 0,0%
8
(*) Percentual de reprovação em 'Aspecto' por região: 0,3% (Sudeste) e 0,1% (Centro-oeste). Nas demais Regiões não constam reprovações em Aspecto.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE CADA CATEGORIA DE VEÍCULOS NA EMISSÃO DE POLUENTES - BRASIL
100%
90%
Comerciais leves
Caminhões semileves
Caminhões leves
Caminhões médios
Caminhões semipesados
Caminhões pesados
Ônibus urbanos
Micro-ônibus
Motocicletas
Ônibus rodoviários
Automóveis
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CO
NMHC
NOX
MP
CH4
RCHO
CO - monóxido de carbono; MP - material particulado incluindo o MP proveniente da combustão e do desgaste do veículo; NMHC - hidrocarbonetos não-metano;
CH4 - metano; NOx – óxidos de nitrogênio; RCHO - aldeídos.
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE
Poluentes
Monóxido de
carbono
(CO)
Dióxido de
Carbono
(CO2)
Principais fontes
Resultado da queima de
combustíveis e de
processos industriais1.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Efeitos
Saúde humana
Provoca confusão mental, prejuízo
dos reflexos, inconsciência,
parada das funções cerebrais.
Resultado da queima de
combustíveis, além de atividades Gás tóxico, incolor, inodoro.
agrícolas, pecuária, aterros
Explosivo ao adicionar a água.
sanitários e processos industriais1.
Causa asfixia se inalado, além de parada
cardíaca, inconsciência e até mesmo
danos no sistema nervoso central.
Aldeídos
(RCHO)
Resultado da queima
de combustíveis e de
processos industriais1.
Composto por aldeídos,
cetonas e outros
hidrocarbonetos leves.
Causa irritação das mucosas, vômitos
e perda de consciência. Aumenta a
sensibilidade da pele. Causa lesões no
esôfago, traqueia e trato gastro-intestinal.
Formado pela reação do óxido de
nitrogênio e do oxigênio reativo
presentes na atmosfera e por
meio da queima de biomassa e
combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel em
água; O NO2 é um gás de cor
castanho-avermelhada, tóxico e
irritante;O N2O é um gás incolor,
conhecido popularmente como
gás do riso.
O NO2 provoca irritação nos pulmões.
É capaz de provocar infecções
respiratórias quando em
contato constante.
Resultado da queima de
combustíveis e de
processos industriais1.
Provoca irritação e aumento na produção
Gás denso, incolor, não-inflamável de muco, desconforto na respiração
e agravamento de problemas
e altamente tóxico.
respiratórios e cardiovasculares.
Dióxido de enxofre
(SO2)
Ozônio
(O3)
Poluente secundário, resultado de
Gás azulado à temperatura
reações químicas em presença da
radiação solar. Os hidrocarbonetos ambiente, instável, altamente
não-metano (NMHC) são precursores reativo e oxidante.
do ozônio troposférico.
Resultado da queima incompleta
Material particulado de combustíveis e de seus
aditivos, de processos industriais
(MP)
e do desgaste de pneus e freios.
Material escuro, composto de
partículas de diferentes dimensões.
Sua ocorrência está relacionada
a queima do diesel.
Meio ambiente
Diminui a capacidade do sangue em
transportar oxigênio. Em grandes
quantidades pode levar à morte.
Metano
(CH4)
Óxidos de
nitrogênio
(NOx)
Provoca problemas respiratórios,
irritação aos olhos, nariz e garganta.
Causa o aquecimento global,
por ser um gás de efeito estufa.
Gases de efeito estufa que
causam o aquecimento global.
Estes óxidos, em contato com a
umidade do ar, formam ácidos
causadores da chuva ácida.
Causa destruição de bioma e
afeta o desenvolvimento de
plantas e animais, devido a sua
natureza corrosiva.
Causa irritação no nariz e garganta.
Altera o pH, os níveis de
Está relacionado a doenças respiratórias e
pigmentação e a fotossíntese
nos casos mais graves, ao câncer de pulmão. das plantas.
Processos industriais: processos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.
8
1
Características
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“Da mesma forma que todas as melhorias necessitam de atualização, quem
está na direção da boleia precisa estar de mãos dadas com a sala de aula”
TEMA DO MÊS
A importância de preparar os motoristas profissionais
Motorista treinado é vital para
manter a competitividade
CELSO MENDONÇA
indústria automobilística brasileira nasceu
com o caminhão. A informação histórica da
Anfavea (Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores) ajuda a entender a
importância de um produto que
transporta, verdadeiramente,
um país nas costas. Os caminhões novos nunca estiveram
tão próximos dos europeus e
são cada vez mais globais, eficientes e tecnológicos. Mas de
nada adianta tanto investimento em engenharia se o motorista do transportador ou o autônomo não se atualizar com treinamentos constantes. A conta a
ser feita é bem realista: quem
não investir em formação do
condutor está fadado a não ser
mais competitivo no mercado.
Nas últimas décadas, a visão de negócio de uma parte
dos transportadores e autônomos não mudou, apesar da
evolução da capacidade de desenvolvimento de produtos da
indústria e das alterações das
matrizes logísticas, que foram
modificando o jeito de transportar. Para eles, o que vale
ainda é um modelo antigo que
não coloca o treinamento na
A
CELSO MENDONÇA
Gerente de Desenvolvimento de
Negócios da Scania no Brasil
planilha de custos. Mas o veículo não parou no tempo. Chegaram novas configurações de
tração, a caixa automatizada,
os motores eletrônicos (agora
ainda mais econômicos), cabines supertecnológicas e centenas de dispositivos que tornam
o caminhão atual uma caixa
forte de segurança. Sem esquecer de que cada ano a conectividade aumentará sua importância no transporte, e as
novas gerações de produtos
serão mais tecnológicas. Virá
outro padrão de trabalho.
Da mesma forma que todas
essas melhorias necessitam de
atualização, quem está na direção da boleia precisa estar de
mãos dadas com a sala de aula.
Nunca é tarde para aprender. As
opções de cursos e instituições
são diversas. As mais procuradas são as escolas de formação
e os cursos oferecidos pelas
concessionárias das montadoras, que renovam o portfólio
quando necessário.
Fica clara a importância do
treinamento quando números
práticos são apresentados. De
acordo com a Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, um motorista capacitado
pode reduzir em até 15% o consumo de combustível, diminuir
em 40% as trocas de marchas e
em 50% o número de frenagens, além de chegar ao patamar de 10% de economia dos
pneus e do tempo das viagens.
No entanto, a formação ultrapassa o lado técnico do veículo,
pois há também o trabalho com
o psicológico do condutor e a
conscientização para um trânsito mais seguro, capaz de minimizar em até 47% o índice de
acidentes nas rodovias.
Tudo se encaixa e cria uma
cadeia logística virtuosa. Altamente qualificados, esses motoristas constantemente retirarão
o melhor do veículo, além de receberem a missão de ajudar os
demais a alcançar uma operação
ainda mais eficiente e sustentável. Podem se tornar instrutores
para fazer o equilíbrio entre a
teoria e a prática. Os jovens precisam ser conquistados para ter
uma vontade inesgotável pelo
conhecimento.
O empresário precisa entender que esse tipo de investimento registrará benefícios, e nunca
prejuízos. Seja novo, seja mais
experiente na profissão, uma sala de aula não faz mal a ninguém.
“Os caminhões estão cada vez mais seguros, com melhor dirigibilidade,
mais ergonomia, grande espaço interno e inúmeros atributos de segurança”
para os veículos cada vez mais tecnológicos
Treinamento: pilar mais
importante à valorização
ALVARO MENONCIN
treinamento é o pilar
mais importante para a
valorização profissional do motorista de caminhão. Na Volvo, temos uma obsessão por treinamento e capacitação. É comum ouvirmos no
mercado que se um motorista dirige um caminhão Volvo, ele é um
motorista capacitado.
Oferecer qualidade de vida a
motoristas de caminhão. Esse é
um dos objetivos da Volvo quando desenvolve seus caminhões,
ao lado da eficiência de transporte e da rentabilidade aos negócios dos transportadores. Todo
profissional quer ter qualidade
de vida e segurança no ambiente
de trabalho. Com o motorista de
caminhão, isso não é diferente.
A Volvo sempre esteve na
vanguarda em tecnologias e inovações que aumentam a eficiência do transporte de cargas, e o
conforto e a segurança do motorista. Foi a primeira montadora a
trazer para o Brasil os caminhões
eletrônicos em 1994. No início
dos anos 2000, trouxe sua caixa
de câmbio eletrônica I-Shift, hoje
consagrada no mercado pela redução do consumo de combustível e presente em quase 100%
dos caminhões FH. O principal be-
O
neficiado com o conforto e a segurança é o motorista, que não
precisa fazer cerca de 500 trocas
de marchas por dia. Mas a operação de transporte como um todo
também ganha, pois a I-Shift proporciona ainda reduzido custo de
manutenção e menos desgaste
de componentes.
Recentemente, a marca lançou sua nova linha F, com caminhões equipados com o que há
de mais avançado em tecnologia
e conectividade, melhorando a
performance do motorista tanto
na condução quanto na gestão
dos custos da frota. Hoje, ao
apertar um simples botão no caminhão, o motorista fala diretamente com uma equipe da fábrica altamente especializada, 24
horas por dia. Já o Dynafleet, outro sistema de conectividade do
caminhão, permite melhor gestão da frota pelo transportador.
Além disso, caminhões estão cada vez mais seguros, com melhor
dirigibilidade, mais ergonomia,
grande espaço interno e inúmeros atributos de segurança, que
fazem do Volvo o veículo mais
confiável, rentável e seguro do
mercado.
A tecnologia embarcada nos
caminhões Volvo oferece mais
conforto e facilidade de direção e
auxilia o motorista tanto para
uma condução econômica quanto segura. E para que o motorista
possa usufruir de todos os benefícios que a tecnologia oferece, é
importante que ele saiba como
utilizá-la. O treinamento é fundamental para que ele utilize a tecnologia a seu favor. Torna o motorista tão eficiente quanto os
caminhões Volvo.
Em conjunto com a nossa rede de concessionários, temos
mais de 50 instrutores na América Latina. São profissionais que
atuam diretamente no treinamento de motoristas, mas também como formadores para instrutores de motoristas dos clientes, bem como de instituições
que representam o transporte de
cargas, como o SEST SENAT e demais entidades
A Volvo não treina o motorista apenas com foco na tecnologia, mas também no seu comportamento, para que ele se torne um profissional e um cidadão
melhor. É o caso do TransFormar,
programa focado no desenvolvimento comportamental e na valorização do motorista, habili- ALVARO MENONCIN
tando-o a atuar como um geren- Gerente da engenharia
de vendas da Volvo no Brasil
ciador da frota.
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
81
“Aproveitar mais o transporte aquaviário e investir em ferrovias,
rodovias e portos é essencial para juntar a produção e o consumo”
ALEXANDRE GARCIA
Os abacaxis de Temer
novo governo chega com desafios gigantescos. O Estado, aparelhado por um dogma ideológico reprovado na prática mundial, está destroçado. Como se não bastassem erros administrativos, gerência
incompetente, falta de planejamento,
gastos errados, bondades demagógicas e
sem resultado sequer para os beneficiários, o
governo institucionalizou a corrupção, que se
generalizou, para indivíduos e partidos. Um desastre. Muita gente já diz que essa foi a pior administração que estas terras já tiveram, desde
Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do
Brasil. E agora chega uma nova administração,
com uma tarefa imensa. É como se tivesse que
escoar uma carga de soja dos confins do CentroOeste até chegar ao porto e exportá-la.
E, além de tudo, tem o mais importante, o mais
sensível: milhões de brasileiros que acreditaram
na mágica das promessas do governo populista,
de não haver mais pobres. A dura realidade mostra mais de 11 milhões de desempregados com carteira assinada, fora os que não conseguem sequer
o primeiro emprego e os informais que já não têm
atividade. Lojas e fábricas que se fecharam, aos
milhares; investidores nacionais e estrangeiros
perplexos, sem confiança para arriscar; indivíduos
e empresas e entes públicos nunca tanto endividados; contas públicas nunca antes tão arrombadas
- e tudo desperdício, sem resultados na saúde,
educação, segurança, infraestrutura. Um desastre,
repito. E agora, senhor presidente Temer?
Como fazer as necessárias reformas na Previdência e na legislação trabalhista, sem ter a
reação dos oportunistas do populismo? Como
cortar o desperdício do dinheiro do público,
O
tão irresponsavelmente distribuído? Equilibrar
contas públicas vai exigir sacrifícios. Será que
o país está suficientemente politizado para entender? É possível que a capacidade de negociação e diálogo com o Congresso seja mais fácil que demonstrar a necessidade de remédios
amargos para a população. Enfim, o importante foi eliminar a fonte da sangria.
Temos perdido boas oportunidades de diminuir
o tamanho do Estado, para que governantes desastrosos não afundem o país. Temos uma estrutura estatal que influencia a vida de todos. Se o Estado vai mal, todos vão mal. Isso está errado. O
país deveria poder caminhar sozinho, sem estar
acorrentado ao setor público que precisa, sim,
prestar serviços básicos, exercer um papel social e
não atrapalhar quem quer crescer e enriquecer. A
esperteza teria que ceder lugar ao mérito. E que
melhor justiça social que um sistema de ensino
que iguale pobres e ricos, sem olhar a cor?
Nenhum plano de retomada da atividade
econômica pode deixar de considerar que é
preciso gerar confiança e entusiasmo para produzir e vender. E aí entra a circulação da riqueza, cara e emperrada no país. Aproveitar mais
o transporte aquaviário, investir em ferrovias,
rodovias e portos é essencial para juntar a produção e o consumo, onde quer que estejam no país ou no planeta. E aí vem outro desafio:
como uma administração que recebe um Estado quebrado conseguirá fazer uma reforma tributária que arrecade mais cobrando menos do
contribuinte? Sabe aqueles abacaxis que foram
pano de fundo da última pedalada de Dilma em
Porto Alegre? Agora estão todos nas mãos de
Temer. Terá que ser um malabarista.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
MAIO 2016
CNT
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE
Clésio Soares de Andrade
PRESIDENTE DE HONRA
José Fioravanti
VICE-PRESIDENTES DA CNT
TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Victorino Aldo Saccol
Eudo Laranjeiras Costa
Antônio Carlos Melgaço Knittel
José Luís Santolin
Francisco Saldanha Bezerra
João Rezende Filho
Dante José Gulin
Mário Martins
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Paulo Sergio Ribeiro da Silva
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emilio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Vianna
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
Jacob Barata Filho
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes
PRESIDENTES DE SEÇÃO
E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Eurico Divon Galhardi
Paulo Alencar Porto Lima
TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti
Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de Sousa
Norival de Almeida Silva
TRANSPORTE MARÍTIMO, DE CARGAS E PASSAGEIROS
Edson Palmesan
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Joubert Fortes Flores Filho
TRANSPORTE AÉREO
Eduardo Sanovicz
Wolner José Pereira de Aguiar
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Moacir da Silva
Sergio Antonio Oliveira
José Alexandrino Ferreira Neto
José Percides Rodrigues
Sandoval Geraldino dos Santos
Renato Ramos Pereira
Nilton Noel da Rocha
Neirman Moreira da Silva
Glen Gordon Findlay
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
Jerson Antonio Pícoli
Eduardo Ferreira Rebuzzi
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
André Luis Costa
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL
As mensagens devem conter nome completo,
endereço e telefone dos remetentes
Marcos Machado Soares
Claudomiro Picanço Carvalho Filho
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Aloísio Sobreira
José Rebello III
José Roque
Fernando Ferreira Becker
Raimundo Holanda Cavalcante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
DOS LEITORES
RODOVIÁRIO
AQUAVIÁRIO
Inteligente a ideia das
transportadoras brasileiras que
se uniram contra a queda da
rentabilidade. O transporte
colaborativo promove melhorias
nos processos de busca e
de oferta de carga. O custo
é reduzido e o meio
ambiente agradece.
Pensar em embarcações
mais eficientes demonstra
que há interesse do país
em diminuir os gases do
efeito estufa no planeta.
É preciso que as medidas
debatidas no seminário
realizado no Rio de
Janeiro se tornem ações
concretas e possam gerar
benefícios ao meio ambiente.
Luciana Vaz
São Paulo (SP)
MAIS TRANSPORTE
Londrina (PR) mostrou
avanço ao implantar
serviço de internet gratuito
para os passageiros no
sistema de transporte
coletivo. A ideia poderia
ser implantada em todas
as capitais brasileiras
visto que hoje em dia a
maioria dos cidadãos
utilizam internet fora
de casa. O mais bacana
é que o Wi-Fi Free, com
internet 4G, será gratuito
e disponibilizado em
280 carros em mais
de 60 linhas. Além disso,
um aplicativo será
lançado ainda esse ano
com informações em
tempo real para os
usuários. Parabéns
aos que criaram e aos
que implantaram a ideia.
Eclésio da Silva
André Luiz Macena de Lima
Luiza Maria Cunha
Patos de Minas (MG)
Rafaela Caxias
Uberlândia (MG)
BOAS PRÁTICAS NO
TRANSPORTE
Interessante a iniciativa
das empresas de transporte
em adotar medidas que
orientam os caminhoneiros
sobre os riscos do consumo
de álcool e drogas nas
rodovias brasileiras.
A Braspress mostrou
que se preocupa tanto
com a segurança dos
profissionais do transporte
quanto com a das
pessoas que utilizam as
rodovias do país.
Parabéns!
Renata Almeida
Salvador (BA)
Cartas:
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar
70070-010 - Brasília (DF)
E-mail: [email protected]
Por motivo de espaço, as mensagens serão
selecionadas e poderão sofrer cortes