Museu Municipal de Coruche

Transcrição

Museu Municipal de Coruche
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Boletim trimestral da Rede Portuguesa de Museus
> PAQM – Projectos apoiados
[ editorial ] Com o final do ano de 2003
em 2003
atinge-se a décima edição do Boletim da
> Visitas de trabalho a museus
RPM, aposta que começou por poder prefi-
da Direcção Regional da Cultura
gurar um risco no parco panorama edito-
dos Açores
rial da Museologia portuguesa e que nos
atrevemos a considerar como ganha ao cabo
> Acção de formação nos Açores
10
dezembro 2003
boletim rede 10
PAQM – Programa de
Apoio à Qualificação
de Museus
– Projectos apoiados em 2003
de duas mãos cheias de boletins editados.
> Seminário em Nápoles “Que
Nesta aventura embarcou a pequena equipa
A cerimónia de assinatura dos acordos de colaboração que
standards e modelos de gestão
da Estrutura de Projecto, a que progressi-
formalizaram a atribuição de apoios financeiros pela RPM no âmbito
vamente se juntaram numerosos colabora-
do Programa de Apoio à Qualificação de Museus (PAQM) de 2003
dores, quer os autores dos artigos, quer os
teve lugar no passado dia 3 de Novembro no Museu Nacional de
responsáveis e os técnicos dos museus da
Arte Antiga, contando com a presença do Ministro da Cultura, do
para os museus europeus?”
> Participação em Encontros
> Centro de Documentação –
Destaques
RPM, a quem se deve o regular envio de
notícias sobre a actividade dos museus e
> O Museu Calouste Gulbenkian,
sobre outros assuntos da actualidade museo-
por João Castel-Branco Pereira
lógica. Destas alargadas e dinâmicas colaborações resultou a evolução estrutural e
> Testemunhos sobre alguns museus
Director do Instituto Português de Museus e dos responsáveis,
dirigentes e técnicos dos museus abrangidos por estes apoios.
Foram noventa os projectos remetidos à RPM por parte de
quarenta e três museus, respectivamente trinta tutelados por Câmaras
temática do boletim: inserindo novas rubri-
Municipais, um por uma Junta de Freguesia, um por uma Empresa
cas e abrindo-se à divulgação de assuntos
Pública, dois por Fundações, cinco por Associações, três por
e de temas que reflectissem o pulsar dos
Instituições Católicas e um por uma Misericórdia.
museus. É altura de agradecer a todos os
Avaliadas as candidaturas de acordo com os critérios constantes
> A Declaração de Terrassa – O papel
contributos dados ao longo dos números
do Regulamento do PAQM, foram atribuídos apoios financeiros a
dos Museus face à imigração,
que nos permitiram chegar até aqui!
por José Gameiro
No Boletim n.º 10 é sobremaneira evidente
e museólogos locais, antes da Rede...,
por Hugues de Varine
> Notícias Museus RPM
> Comemoração do Dia Nacional
projectos, iniciativas, acções e perspectivas de
Geografia de Lisboa
que se faz o mundo dos museus e dos seus
> Encontros
correspondendo a oitenta e quatro projectos.
o resultado dos muitos e diversificados
do Mar de 2003 na Sociedade de
> Dissertações
quarenta e dois museus no valor global de 505.964,91 Euros,
Este ano, diferentemente dos anos anteriores, o programa mais concorrido foi o Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P. 4), sendo
profissionais. Desde logo, pela expressividade
de assinalar uma forte incidência em projectos de carácter educativo,
numérica e pela variedade temática dos
demonstrando da parte dos museus um esforço em melhorar, diversi-
oitenta e quatro projectos, provenientes de
ficar e dinamizar os respectivos serviços disponibilizados aos públicos.
(cont. na página 2)
(cont. na página 2)
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(continuação da página anterior)
de 2003, o Museu Calouste Gulbenkian veio juntar-se
quarenta e dois museus, apoiados pelo Programa de Apoio
ao pequeno, mas expressivo, grupo de museus tutelados
à Qualificação de Museus da RPM neste final de ano.
por fundações que voluntariamente se associou à RPM.
A análise que é feita e a própria listagem dos mesmos pro-
Deste museu, poderia dizer-se que não necessita de ser
jectos contribuem seguramente para a radiografia da situa-
apresentado, tal é a sua importância histórica no âmbito
ção museológica portuguesa, em especial para as tendên-
dos museus e da Museologia portuguesa. Mas precisa-
cias quanto ao modo como cada uma das funções é
mente porque nem sempre conhecemos com profundi-
prosseguida pelos diferentes museus. Espelho das iniciativas
dade aquilo que parece mais evidente ou que nos está
desenvolvidas pelos museus é também a secção de notícias
mais próximo, temos a oportunidade de seguir o seu
e a de agenda, rubricas que não param de se expandir de
director num percurso que começa no historial do museu
boletim para boletim, neste número sendo acolhidas com
e das suas colecções e finda numa visita à respectiva
agrado pela primeira vez notícias provenientes de museus
exposição permanente, recentemente renovada.
que aderiram à Rede em 2003, facto que saudamos.
É igualmente conhecida a relação de Hugues de Varine com
O confronto com experiências além-fronteiras e a divul-
os museus portugueses, ao longo de duas décadas, a que
gação de temas actuais estão patentes em outros dos
pretendemos prestar uma singela homenagem com a publi-
textos, quer na mais ampla abordagem da questão dos
cação do presente artigo. Há exactamente vinte anos Hugues
padrões de qualidade e da credenciação de museus
de Varine, antigo director do ICOM e então director do
europeus que constituiu o tema do Seminário de Nápoles,
Instituto Franco-Português em Lisboa, colaborou com o
quer na divulgação dos princípios de inclusão social da
Instituto Português do Património Cultural na organização
recente Declaração de Terrassa (Catalunha), quer final-
de uma Semana de Reflexão sobre Museus e Património
mente na comparação entre as redes de museus de Portugal
Regional no Palácio Nacional da Ajuda. Na caminhada
e da Andaluzia nas jornadas realizadas em Albufeira.
então iniciada, Varine manteve contactos sobretudo com
No coração do Boletim encontra-se o par de artigos que,
museus locais portugueses, sendo o testemunho dessas
percorrendo diferentes autores e tantas outras temáticas,
experiências, que se prolongam ainda no presente, que é
constitui uma das âncoras desta publicação trimestral.
aqui divulgado num texto inédito e numa perspectiva muito
No presente número é com dobrado prazer que trazemos
pessoal, que se enquadra nas linhas de pensamento que
até aos leitores João Castel-Branco e “O Museu Calouste
este autor tem vindo a afirmar e a desenvolver.
Gulbenkian” e Hugues de Varine e os seus “Testemunhos
sobre alguns museus e museólogos locais, antes da Rede...”
Clara Camacho
Tendo integrado a Rede Portuguesa de Museus em Maio
Coordenadora da EPRPM
(continuação da página anterior)
PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus
É igualmente de salientar o elevado número de projectos
Conservação Preventiva (P3.), domínios fundamentais da
no âmbito do Programa de Apoio à Investigação e ao
actividade museológica. Os valores globais atribuídos em
Estudo das Colecções (P2.) e do Programa de Apoio à
cada Programa foram os seguintes:
N.º de Projectos Apoiados
%
Total €
%
7
8%
39.678,39
8%
24
29%
104.228,45
21%
14
17%
130.093,40
26%
3.2. Equipamento para Reservas
7
8%
22.909,56
4%
3.3. Serviços Especializados
1
1%
4.500,00
1%
4.1. Acolhimento e Comunicação
12
14%
63.114,02
12%
4.2. Projectos Educativos
19
23%
141.441,09
28%
Total
84
100%
505.964,91
100%
Programas
1. Programação Museológica
2. Investigação/Estudo de Colecções
3. Conservação Preventiva
3.1. Equipamento
4. Acções de Comunicação
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Notícias RPM
– Projectos apoiados no âmbito do PAQM 2003
Programa de Apoio à Programação Museológica (P1.)
Museu Municipal de Moura: estudo da colecção de arqueo-
Ecomuseu Municipal do Seixal: estudo para avaliação do
logia
estado e dos meios de conservação e de manutenção do Alto
Museu Municipal de Penafiel: estudo sobre os sapateiros
Forno da Siderurgia Nacional
e outros fabricantes de calçado (soqueiros e tamanqueiros)
Museu Escolar de Marrazes: reprogramação museológica no
e respectiva publicação do catálogo
seguimento do trabalho de investigação iniciado no ano de
Museu Municipal de Santarém: estudo da colecção de relógios
2001
Museu Municipal de Santiago do Cacém: estudo do acervo
Museu do Papel Terras de Santa Maria: estudo de requali-
paleontológico e geológico; estudo da história da cadeia
ficação da exposição permanente sobre o fabrico do papel.
comarcã; estudo da colecção etnográfica
No âmbito deste Programa, foram ainda concedidos
Museu de Olaria: estudo da colecção de objectos da barrista
apoios a projectos apresentados por museus em fase
Rosa Ramalho e produção do respectivo catálogo
de instalação e que se encontram em processo de
Museu do Papel Terras de Santa Maria: estudo da colecção
Adesão à RPM:
de Marcas de Água do Museu
Museu da Ciência e Indústria: desenvolvimento da 2.ª fase
Museu de São Roque: estudo das colecções ligadas aos Jogos
do programa museológico
Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Museu Convento dos Lóios: estudo prévio à concepção da
No âmbito deste Programa, foram também concedi-
exposição permanente do Museu
dos apoios a projectos apresentados por museus em
Museu Municipal de Sesimbra: programação da Capela do
fase de instalação e que se encontram em processo
Espírito Santo e edição da respectiva monografia, estudo da
de Adesão à RPM:
colecção do Núcleo Marítimo, tradução e edição do folheto
Museu da Imagem em Movimento: estudo sobre brinquedos
de divulgação do Museu
ópticos e o seu potencial lúdico-pedagógico
Museu Pio XII: estudo da colecção de pintura do Museu com
Museu da Indústria da Chapelaria: disponibilização de infor-
vista a uma programação adequada às necessidades e aos
mação sobre as colecções do Museu via internet; carregamento
objectivos do Museu.
da base de dados do sistema de gestão e de inventário das
colecções
Programa de Apoio à Investigação e ao Estudo das
Museu Municipal de Sesimbra: tradução e edição do catálogo
Colecções (P2.)
geral do Núcleo da Capela do Espírito Santo; estudo das colec-
Casa-Museu Abel Salazar: edição de obras da autoria de Abel
ções de numismática e de arqueologia
Salazar: "O que é a Arte?" e "Empirismo Lógico"
Ecomuseu Municipal do Seixal: datação directa por radio-
Programa de Apoio à Conservação Preventiva (P3.)
carbono de enterramentos e de um ossário; estudo do espó-
Ecomuseu Municipal do Seixal: aquisição de equipamento
lio osteólogico humano da necrópole medieval-moderna da
de conservação preventiva para o Núcleo Naval de Arrentela
Quinta de S. Pedro; inventário e digitalização do acervo docu-
e o Núcleo do Moinho de Maré de Corroios; aquisição de
mental técnico e iconográfico das colecções da Mundet
mobiliário e de equipamento apropriado para o acondicio-
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: estudo
namento das colecções documentais do Núcleo da Mundet
de colecção de cartazes
Museu Arqueológico do Carmo: aquisição de equipamento
Museu de Arte Contemporânea de Serralves: estudo de
de conservação preventiva
algumas colecções do acervo da Fundação de Serralves
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: aqui-
Museu Escolar de Marrazes: estudo e investigação das
sição de equipamento de conservação preventiva; aquisição
colecções do Museu
de equipamento de segurança destinado aos laboratórios de
Museu Municipal de Coruche: estudo e tratamento do mate-
conservação e restauro
rial cerâmico e metálico resultante de escavações arqueológi-
Museu de Arte Contemporânea de Serralves: aquisição de
cas; estudo da epigrafia romana do concelho; primeira fase do
equipamento de conservação preventiva, designadamente de
inventário do património tauromáquico de Coruche; reedição
monitorização e de controlo das condições ambiente de áreas
do estudo monográfico "Estudo Histórico de Coruche"
de exposição e de reserva
Museu Municipal de Loures: publicação de um catálogo das
Museu de Arte Sacra do Funchal: adequação do sistema de
colecções de transporte, alfaias agrícolas, cestaria, latoaria e
iluminação do 1.º piso do Museu às condições de conservação
tanoaria
preventiva
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Museu de Arte Sacra e Etnologia: aquisição de equipamento
Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: desen-
de conservação preventiva
volvimento de uma oficina temática intitulada "Por esta terra
Museu Bernardino Machado: aquisição de equipamento de
andaram Romanos e Árabes..."
conservação preventiva
Museu Ferreira de Castro: edição do catálogo do Museu
Museu Municipal de Alcochete: adequação do sistema de
Museu de Cerâmica de Sacavém: realização de uma oficina
iluminação natural e artificial do Núcleo de Arte Sacra do
de cerâmica intitulada "O Caminhar do Inventar" destinada
Museu às condições de conservação preventiva
a alunos do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico
Museu Municipal de Coruche: implementação de um sistema
Museu do Carro Eléctrico do Porto: edição do Livro "16 –
de fibra óptica nas vitrines com objectivos de conservação pre-
Massarelos – Histórias de Vida no Museu do Carro Eléctrico"
ventiva; aquisição de equipamento para as reservas
Museu da Fundação Cupertino de Miranda: elaboração de
Museu Municipal de Santarém: aquisição de equipamento de
um desdobrável de divulgação do Museu e das suas colecções
conservação preventiva para as reservas, para a monitorização
Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso: reedição do
dos teores de luz, humidade relativa, temperatura e qualidade
catálogo do Museu e de cadernos pedagógicos
do ar; reestruturação do sistema de segurança das reservas
Museu Municipal de Coruche: realização de três ateliers
Museu Municipal de Penafiel: aquisição de equipamento de
pedagógicos sobre Arte e História; realização de um atelier
conservação preventiva; aquisição de um serviço especializado
pedagógico intitulado "A Magia do Papel"
em conservação preventiva
Museu Municipal de Loures: concepção da Revista Museus
Museu Municipal de Vila Franca de Xira: aquisição de equi-
e edição do seu primeiro número; realização de uma activi-
pamento de conservação preventiva, designadamente de moni-
dade pedagógica intitulada "O Mercado Saloio"; edição de
torização e de controle das condições ambiente
materiais de divulgação de um encontro nacional sobre o
Museu da Pedra: aquisição de equipamento de conservação
papel dos centros de documentação na missão dos museus
preventiva e de mobiliário e de equipamento apropriado para
Museu Municipal de Moura: criação de plano de sinalética
reservas
do Museu; produção de duas maletas pedagógicas
Museu de Setúbal – Convento de Jesus: aquisição de equi-
Museu Municipal de Portimão: desenvolvimento do projecto
pamento apropriado para reservas
educativo "O Museu e a História em Movimento, Conhecer o Foral
Museu de Vila do Conde: aquisição de equipamento de
de Vila Nova de Portimão" no âmbito das comemorações dos 500
conservação preventiva
anos da promulgação do Foral de Portimão a celebrar em 2004
Museu da Villa Romana do Rabaçal: aquisição de equipa-
Museu Municipal de Vila Franca de Xira: execução de plano
mento para a conservação preventiva do acervo; aquisição de
de sinalética para o Núcleo-Sede do Museu; aquisição de
mobiliário e de equipamento apropriado para reservas.
materiais e equipamentos para a realização de actividades
educativas no Núcleo-Sede do Museu
Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4)
Museu Nacional da Imprensa: instalação de uma oficina de
Casa-Museu Abel Salazar: tradução do novo desdobrável de
reciclagem/produção manual de papel
divulgação da Casa-Museu Abel Salazar; Programa de Animação
Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos:
de 2003 do Museu
implementação de suportes de divulgação do Museu; edição
Casa-Museu Leal da Câmara: produção de um manual peda-
de um desdobrável de apoio ao visitante estrangeiro; aquisição
gógico; edição de quatro contos infantis ilustrados por Leal
de expositores para textos de sala e para a produção de mate-
da Câmara; realização de acções lúdico-didácticas
riais de apoio ao visitante invisual
Ecomuseu Municipal do Seixal: execução e implementação
Museu de São Roque: estudo prévio à concepção de uma expo-
de sinalética de exterior para o Núcleo Naval de Arrentela;
sição temporária sobre a temática dos Jogos Sociais e publica-
sonorização integrada na exposição Barcos, Memórias do Tejo
ção do respectivo catálogo; reestruturação do serviço educativo
(Núcleo Naval de Arrentela); produção de um vídeo sobre a
do Museu com vista a contemplar actividades dirigidas a um
construção naval e de um audiovisual para a mesma exposição
segmento de público mais jovem (entre os 6 e os 10 anos)
Museu Anjos Teixeira: edição de catálogo do Museu;
Museu do Trabalho Michel Giacometti: projecto "Tardes
produção de maleta pedagógica
Interculturais no Museu do Trabalho"
Museu Arqueológico do Carmo: produção de um plano de
Museu dos Transportes e Comunicações: reformulação da
sinalética interior; pré-impressão e impressão do catálogo do
webpage do Museu; projecto de exposição itinerante, sob o
Museu
título Automuseu.
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Visitas de trabalho a museus da Direcção
Regional da Cultura dos Açores
Museu do Pico/Museu do Vinho,
Madalena do Pico
No âmbito da cooperação estabelecida por protocolo
dos museus, o conhecimento das suas instalações, das
entre o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa
suas colecções, das suas actividades internas e das
de Museus e a Direcção Regional de Cultura dos
suas actividades dirigidas ao público, bem como das
Açores, foram realizadas, entre os dias 1 e 4 de
suas potencialidades, dos seus problemas e das suas
Outubro, visitas de trabalho ao Museu de Ilha de São
carências. As visitas propiciaram a reflexão conjunta
Jorge, ao Museu Regional da Horta (e respectivo Núcleo
sobre a sua situação e programação e despoletaram
Museológico dos Capelinhos) e ao Museu Regional do
a planificação de consultorias técnicas para o ano de
Pico (e suas três extensões), museus integrantes da
2004 ao abrigo do Programa de Apoio Técnico a
RPM. Estas visitas tiveram como principais objectivos:
Museus promovido pela Estrutura de Projecto Rede
o contacto com os responsáveis e com os técnicos
Portuguesa de Museus. ❚
Acção de formação nos Açores
Concretizando igualmente os objectivos estabelecidos no
protocolo celebrado entre a Direcção Regional da Cultura
e o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa de
Museus (RPM), em 24 de Fevereiro de 2002, designadamente a cooperação recíproca na área da formação
do pessoal, foi organizada conjuntamente pelas duas entidades uma acção de formação subordinada ao tema
Programação e Produção de Exposições.
O referido curso realizou-se, de 6 a 10 de Outubro,
nas instalações do Museu do Pico/Museu do Vinho,
situado na vila da Madalena, sob a coordenação da
Grupo de formadores e participantes nas visitas de dia 10 de Outubro,
acompanhados de um velho baleeiro (Lajes do Pico, com o Museu dos
Baleeiros ao fundo)
Dr.ª María Jesús Ávila, Conservadora do Museu do
Chiado. Neste curso participaram técnicos e respon-
Em complemento à acção de formação, o Museu do
sáveis de seis museus da rede regional, um técnico
Pico organizou ainda um jantar seguido de duas pales-
do Museu Militar dos Açores, responsáveis e técnicos
tras subordinadas ao tema da Candidatura da Paisagem
de alguns museus locais e um conservador do Museu
da Vinha do Pico a Património da Humanidade. A pri-
da Água (Lisboa). O workshop previsto para o dia 9
meira foi proferida pelo Dr. Paulino Costa e versou
deu lugar a uma sessão prática, durante a qual os par-
sobre a paisagem e o património natural. A segunda,
ticipantes colocaram dúvidas relativas aos seus locais
a cargo do Arq.º Nuno Lopes, Coordenador do
de trabalho e projectos em curso.
Gabinete da Paisagem Protegida de Interesse Regional
da Vinha do Pico e, simultaneamente, responsável técnico pela candidatura junto da UNESCO, incidiu sobre
o património cultural edificado e o enquadramento,
problemática e necessidade de reformulação da dita
candidatura.
Cristina Gonçalves
Sessão no Museu do Pico/Museu do
Vinho
Direcção Regional da Cultura dos Açores ❚
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Seminário em Nápoles “Que standards
e modelos de gestão para os museus
europeus?”
Em 9 e 10 de Outubro de 2003 decorreu em Nápoles
de trabalho: 1 – Regulamentos históricos e novos prin-
um seminário dedicado aos padrões de qualidade em
cípios de exposição; 2 – Esquema integrado de pre-
museus europeus e aos sistemas de credenciação,
servação, desenvolvimento e gestão de sítios arqueo-
organizado pelo Ministério para os Bens e a Actividade
lógicos; 3 – Empréstimos para exposições: aspectos
Cultural de Itália, por ocasião da Presidência Italiana
deontológicos e económicos; 4 – Profissionais de museu.
do Conselho da União Europeia.
Dos trabalhos de cada grupo emanou um documento
Trata-se de um tema de grande actualidade, podendo
que foi aprovado na sessão plenária final, destacando-se
encontrar-se em diferentes Estados membros da UE
entre os aspectos de maior relevância os relacionados
programas de certificação da qualidade dos museus,
com a circulação de bens e com o pessoal.
tais como o “Registration Scheme for Museums and
Assim, tomando em linha de conta o documento de
Galleries” no Reino Unido (actualmente, coordenado
referência estabelecido em 1995 e revisto em 2002,
pelo Re:source) e outros, geralmente associados a Leis
“Princípios gerais de gestão de empréstimos e circu-
de Museus, como é o recente caso de França (Lei de
lação de obras de arte entre instituições”, foi recor-
Museus, de Janeiro de 2002), de Itália (“Atto
dado que os empréstimos só devem ser acordados
d’Indirizzo” sobre os critérios técnico-científicos e os
para exposições de grande qualidade artística ou cien-
“standards” de funcionamento e desenvolvimento dos
tífica, nas quais seja indispensável a presença de deter-
museus), da Finlândia (“Museums Act”), da Bélgica
minados objectos. Os participantes consideraram que
(Lei de 2001) e de Espanha (diferentes leis de museus
a questão dos seguros, cujos custos subiram consi-
em todas as Comunidades Autónomas). Também em
deravelmente desde 11 de Setembro de 2001, deve
muitos dos dez Estados que irão integrar a UE em
ser estudada com particular atenção, desejando uma
2004 existem leis de museus e são aplicados os res-
convergência de legislações nos Estados europeus e
pectivos sistemas de certificação, como por exemplo
a eventual criação de uma garantia pública da União
na Polónia, na Hungria e na Lituânia.
Europeia após a generalização e a harmonização dos
Neste seminário estiveram presentes, com um número
sistemas nacionais. Foi também sugerida a extensão
variável de representantes institucionais, vinte e um
do programa “Cultura 2000” a esta temática, sobre-
países, dos quais doze Estados membros e nove dos
tudo durante o período de adesão dos novos Estados
que aderirão no próximo ano. A participação do nosso
membros, para exposições de elevado interesse cien-
País, através da representação do Instituto Português
tífico, histórico e artístico.
de Museus, assegurada pela Coordenadora da Estrutura
A despeito das múltiplas diferenças nas experiências
de Projecto Rede Portuguesa de Museus, foi de grande
nacionais, foi sublinhada a necessidade de uma
utilidade e de elevado interesse, tendo em conta a
progressiva harmonização das políticas relativas ao
coincidência entre os temas em análise e as acções
pessoal dos museus quanto aos seguintes aspectos:
e projectos actualmente em curso no seio do IPM,
1 – no reconhecimento dos perfis e das carreiras
em especial a recente proposta de Ante-Projecto da
profissionais específicas, designadamente a “direcção”
Lei-Quadro de Museus, incluindo o respectivo sistema
dos museus ser confiada a especialistas nas matérias
de credenciação.
que caracterizam estas instituições, parecendo de
O seminário decorreu inicialmente em sessão plenária,
definir e de aprofundar o perfil dos responsáveis pelas
na qual foi feita a introdução aos principais temas em
actividades educativas nos museus; 2 – na formação,
análise pelos responsáveis do Ministério para os Bens e a
o reconhecimento das diferenças nos sistemas de for-
Actividade Cultural, e prosseguiu nos seguintes grupos
mação nos diversos países, resultando como tendência
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comum as habilitações de segundo nível para acesso às
No que respeita à continuidade dos trabalhos agora
principais carreiras dos museus, sendo discutida ainda a
iniciados foi generalizada a convicção por parte dos
vantagem de criar uma estrutura europeia de formação,
participantes e dos organizadores da pertinência da
sob a forma de “Forum temático”; 3 – na mobilidade,
realização deste tipo de reuniões, com vista à harmo-
o objectivo de promover uma crescente mobilidade do
nização e à convergência de critérios de qualidade nos
pessoal dos museus no âmbito da União Europeia.
museus europeus. ❚
Participação em Encontros
– Jornadas de Património de Cascais
A Câmara Municipal de Cascais associou-se às Jornadas
perspectiva diacrónica e colocando em evidência as ten-
Europeias do Património, através da realização de um
dências contemporâneas de intervenção das instituições
conjunto de iniciativas, entre as quais, a promoção
museológicas nesta matéria. No mesmo painel Ana
das Jornadas do Património de Cascais nos dias 19 e
Duarte abordou a Relação Museu Comunidade: um pro-
20 de Setembro, em cuja abertura esteve presente o
jecto educativo em parceria, apresentando e avaliando o
Ministro da Cultura.
projecto “Dos 8 aos 80 – À procura de lugares com his-
A estruturação em painéis temáticos, organizados de
tória”, recentemente desenvolvido pelo município de
acordo com tipologias disciplinares de abordagem da
Cascais.
questão patrimonial – património arqueológico, patri-
Devem ainda salientar-se as excelentes conferências de
mónio etnológico, património edificado –, incluiu um pai-
abertura dos restantes painéis, respectivamente a cargo
nel dedicado à educação patrimonial. A conferência de
de Vítor Gonçalves, Micaela Soares e Raquel Henriques
abertura deste último painel coube à Coordenadora da
da Silva, que contribuíram para a construção de pers-
EPRPM que introduziu o tema da Educação patrimonial
pectivas pluridisciplinares de abordagem do patrimó-
e museus – conceitos e perspectivas de intervenção, numa
nio, aspectos que as Actas irão seguramente reflectir. ❚
– VII Jornadas de Património do Algarve
Tratando-se de uma abordagem comparativa original, as Jornadas receberam o contributo de responsáveis e técnicos portugueses e espanhóis, que colocaram em confronto, designadamente a RPM e a Rede
de Museus Andaluzes, os serviços educativos do Museu
de Serralves e a intervenção educativa no Centro de
Arte Contemporânea de Huelva, o Centro Cultural de
Também com a designação de “Jornadas do Patri-
Belém e o Centro Andaluz de Arte Contemporânea.
mónio” a Câmara Municipal de Albufeira organizou
A análise destas e de outras experiências colocaram
em cooperação com a Universidade do Algarve, nos
em evidência muitas similitudes no trabalho desen-
dias 23 e 24 de Outubro, um encontro dedicado à
volvido, quer nos organismos de coordenação, quer
Museologia, que teve como objectivo principal o
nos museus, portugueses e andaluzes, e deixaram
melhor conhecimento do universo museológico da
também importantes pistas de reflexão relativamente
região e a sua comparação com a região andaluza
às diferenças metodológicas ou programáticas encon-
que lhe é vizinha.
tradas nas mesmas instituições. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 7
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Centro de Documentação
As obras do Centro de Documentação da RPM que se apresentam
sobre aspectos relacionados com a Museografia, mas também
em seguida inserem-se numa vertente fundamental do trabalho
sobre questões ligadas à programação, gestão e avaliação de expo-
museológico – as exposições. Tratam-se de edições recentes que
sições. De cada uma das obras destaca-se a respectiva referência
espelham reflexões actualizadas neste domínio, incidindo não só
bibliográfica e um resumo sumário.
Destaques
TÍTULO: The manual of museum exhibitions
Resumo: Este manual reúne o contributo de especialistas nas diversas áreas
EDITORES: Gail Dexter Lord e Barry Lord
inerentes ao processo de produção e desenvolvimento de exposições em
PUBLICAÇÃO: Walnut Creek [etc.]: Altamira Press, 2002
museus. A avaliação de exposições, a concepção de espaços, a selecção
DESC. FÍSICA: 544 p.: il.
de equipamentos, o planeamento e a gestão do programa expositivo são
ISBN: 0-7591-0234-1
alguns dos aspectos analisados. Cada tema é ilustrado por estudos de
caso.
TÍTULO: Montaje de exposiciones: museos,
arquitectura, arte
AUTOR: Juan Carlos Rico
Resumo: Uma reflexão sociológica sobre o universo expositivo e sobre o diálogo que a obra de arte estabelece com o espaço que a envolve é o ponto de
partida para um trabalho de investigação sobre montagem de exposições. São
PUBLICAÇÃO: Madrid: Sílex, 2001
ainda abordados aspectos como os procedimentos de trabalho a aplicar de
DESC. FÍSICA: 394 p.
acordo com os diferentes tipos de instalação, a relação da exposição com a
ISBN: 84-7737-061-3
arquitectura que a vai integrar, assim como as metodologias a desenvolver no
processo de montagem de exposições.
TÍTULO: Museum exhibition: theory and practice
Resumo: Estudo teórico-prático sobre as exposições em museus, onde se
AUTOR: David Dean
desenvolvem questões como o planeamento e a concepção de exposições,
PUBLICAÇÃO: London; New York: Routledge, 1994
(imp. 2001)
a conservação das colecções, a avaliação e a gestão de exposições, a concepção dos textos e o papel dos computadores no ambiente expositivo.
DESC. FÍSICA: 177 p.
COLECÇÃO: Heritage: care-preservation-management
ISBN: 0-415-08017-7
TÍTULO: Planning for people in museum exhibitions
Resumo: As exposições devem ser planeadas de acordo com os inte-
AUTORES: Kathleen McLean
resses e as necessidades do público. Esta é a ideia que se destaca numa
PUBLICAÇÃO: Washington: Association of ScienceTechnology Centers, 1993 (imp. 1996)
obra que descreve o processo de concepção de exposições partindo
DESC. FÍSICA: 196 p.
ISBN: 94-4040-32-2
da questão da avaliação e dos estudos de públicos e onde encontramos igualmente abordados os aspectos mais práticos deste processo,
como a organização do espaço, a iluminação, a informação gráfica ou
as condições ambientais.
8 | Boletim Trimestral
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Artigo
O Museu Calouste Gulbenkian1
* Director do Museu Calouste
João Castel-Branco Pereira*
Gulbenkian
1
Estas notas retomam assuntos
abordados pelo autor em outros textos.
É do conhecimento geral que o Museu Calouste
das suas obras de arte, primeiro para Inglaterra –
Gulbenkian surgiu da vontade de um colecciona-
onde terá pensado que estariam ao abrigo do con-
dor – Calouste Sarkis Gulbenkian – que, ao longo
flito – mais tarde, por razões de vária ordem, para
da sua vida reuniu uma portentosa colecção de
os Estados Unidos.
obras de arte e, preocupado com o destino que
Em 1942, é o próprio Calouste Gulbenkian que
teriam após a sua morte, decidiu confiá-las a uma
opta por viver em Portugal, onde acabaria por ter-
Fundação, para que as reunisse num Museu expres-
minar os seus dias. Não deixou porém nunca de
samente concebido para esse fim, onde pudessem
coleccionar obras de arte, tendo sido já durante a
permanecer “sob o mesmo tecto” para usufruto de
sua estada em Lisboa que adquiriu algumas das
todos, devidamente salvaguardadas na sua integri-
obras primas que hoje podemos apreciar no Museu
dade física e respeitadas no seu aspecto estético.
Calouste Gulbenkian. Foi também aqui em Lisboa,
Foi esse o desafio posto à Fundação Calouste
no Hotel Aviz, que adoptara como sua residência,
Gulbenkian desde que, em 1956, entrou na posse
que tomou a decisão de instituir uma Fundação à
definitiva da colecção e deu início aos trabalhos
qual, entre outras missões, confiou a responsabilidade
conducentes ao projecto do edifício e aos estudos
da criação de um museu especialmente dedicado à
museológicos necessários a fim de que, do diálogo
apresentação da sua colecção de obras de arte.
entre arquitectos, engenheiros e museólogos, sur-
Catorze anos mediaram entre a morte de Calouste
gisse o Museu que teria o nome do Homem que
Gulbenkian e a inauguração das instalações defi-
esteve na sua origem.
nitivas da Fundação. Durante esse lapso de tempo
Calouste Gulbenkian começou a coleccionar muito
– indispensável à aquisição dos espaços, concepção
cedo. Guiado sempre pelo seu gosto pessoal – sim-
e aprovação de projectos e, por fim, à realização
biose de uma sensibilidade oriental e de uma edu-
das obras necessárias - procedeu-se à transferência
cação europeia – foi, como se sabe, extremamente
da totalidade da colecção para Portugal. Foram cha-
rigoroso no respeito pela qualidade e estado de con-
mados consultores e realizados estudos, no campo
servação das obras que ia adquirindo, mas também
da museologia e História da Arte, com vista à ela-
quanto ao seu carácter estético. Dedicou às suas
boração do programa do novo museu. Diversas
obras de arte um amor exigente. Tratou-as, e quis
exposições parcelares foram igualmente levadas a
que fossem tratadas “como suas filhas”. Confiou-as,
cabo, aqui e no estrangeiro, exposições essas em
por fim, a quem considerou capaz de realizar a obra
que se ensaiaram soluções expositivas que muito
que sonhara.
contribuíram para as decisões que vieram a ser
Dispersas, de início, entre as várias residências do
tomadas em matéria de apresentação museológica.
coleccionador, as obras de arte foram, a partir do
Em 1965, por decisão da Administração da Fundação,
final dos anos 20, reunidas em Paris, no palacete
abriu ao público, em Oeiras, nas salas do Palácio que
que Calouste Gulbenkian adquirira na Avenida de
pertencera ao Marquês de Pombal, uma exposição
Iéna, e adaptara em função da colecção que, já
“de transição”, onde ficou patente grande parte da
nessa altura, atingira uma dimensão e qualidade
colecção, numa antevisão do que viria a ser o futuro
notáveis. Mais peças se lhe foram juntando, desde
Museu. Este veio finalmente a abrir as suas portas a
então. Perante a ameaça de guerra que, em mea-
2 de Outubro de 1969, tendo sido considerado, na
dos dos anos 30 se começou a fazer sentir na Europa,
altura, não só pioneiro nas soluções museológicas
o coleccionador tomou a decisão de enviar parte
encontradas, como um dos mais importantes museus,
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a nível nacional e internacional, não tanto pela
desníveis existentes, agora anulados, e introduzir
extensão das suas colecções, como pela extraordi-
pontos informáticos de consulta para o público.
nária qualidade e diversidade do seu acervo.
A museografia foi revista e simplificada pela supres-
Trinta anos passados voltaram a encerrar-se as por-
são de alguns suportes de pintura e maior despoja-
tas do Museu Calouste Gulbenkian, para as obras
mento das paredes, vitrinas e estrados de apoio ao
de remodelação a que a inexorável passagem do
mobiliário, abrindo amplas perspectivas que permi-
tempo e a manutenção do seu estatuto de pioneiro
tem outra leitura das peças, tendo sido redesenhada
o obrigaram.
a informação gráfica.
A decisão do encerramento temporário foi proposta
De um modo geral permanece em exposição o mesmo
pela Direcção do Museu e reiterada pelo Conselho
elenco de peças, mas mostram-se agora algumas obras
de Administração da Fundação, perante a necessi-
de grande qualidade mantidas em reserva, obras
dade de se tornarem imperativos os trabalhos de
reavaliadas pela Historiografia de Arte actual.
substituição dos equipamentos técnicos existentes
O visitante passou a dispor de mais informação
e a criação de outros, indispensáveis a qualquer
através de pontos de consulta informática onde
museu de hoje.
poderá colher dados sobre as obras em Exposição
A mesma equipa realizou em simultâneo, e mantendo
Permanente, o Coleccionador, a Colecção, o edifício
o alto nível de qualidade e exigência, os trabalhos
do Museu, seus serviços e actividades.
necessários para a reabertura do Museu, reelaborando
Para a reabertura do Museu executaram-se também
a exposição permanente e preparando novas publi-
os projectos de renovação da Recepção e da Sala de
cações e actividades.
Exposições Temporárias bem como da Loja do
É natural que o público em geral, desconhecedor dos
Museu, obra inicialmente projectada pelo Designer
problemas específicos da Museologia, se perguntasse
Daciano da Costa que a redesenhou em função das
sobre o tempo de encerramento do Museu, sentindo-o
necessidades actuais.
compreensivelmente como longo.
Teria sido interessante, mesmo didáctico, para o visi-
Esta espera foi melhor entendida sabendo-se que
tante conhecer o museu em “estaleiro”, de modo a
equipamentos técnicos fundamentais para a cor-
perceber a complexidade dos trabalhos realizados.
recta instalação da exposição permanente como o
De facto, é raro que o público, mesmo aquele que
ar condicionado, necessário às boas condições de
visita com assiduidade os Museus, se aperceba dos
conservação das obras expostas, e a iluminação,
complexos e difíceis desempenhos necessários para
essencial à visibilidade das peças e à intencionali-
expor com qualidade as colecções num edifício que
dade do percurso, obsoletos após três décadas de
é referência internacional na arquitectura de museus.
uso, seriam totalmente substituídos.
Este conhecimento específico e directo das áreas da
O edifício foi melhorado com outros equipamentos,
Museologia iria, com certeza, tornar mais compre-
hoje obrigatórios por lei, como os acessos para defi-
ensível o encerramento durante menos de dois anos
cientes motores, instalando-se um elevador entre
do Museu Calouste Gulbenkian, tempo justo para
o piso da Exposição Permanente e o piso inferior,
a correcta execução dos trabalhos de renovação dos
o da Sala das Exposições Temporárias, Biblioteca de
seus equipamentos e museografia.
Arte, Loja e Restaurante, decisão ponderada favo-
Acreditamos que a duração deste trabalho e que a
ravelmente pelo Conselho de Administração.
expectativa dos visitantes serão recompensados com
O projecto de renovação do espaço da exposição
a reabertura da Exposição Permanente.
permanente do Museu, pedido ao arquitecto Paul
Conhecedores da responsabilidade que é tutelar
Vandebotermet, respeitou a articulação original, por
uma colecção de tão grande valor patrimonial e
se reconhecer a sua excepcional qualidade e eficácia
um edifício já de referência histórica, esta unidade
museológica, sendo possível corrigir pormenores como
foi tratada com o máximo respeito, honrando deste
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modo a tradição de alta qualidade que é e deverá
Já na exposição permanente, detenha-se no núcleo
manter-se como marca da Fundação Calouste
de Arte Egípcia e contemple depois, na luminosa
Gulbenkian.
sala da Antiguidade Clássica, o belo conjunto de
Como notícia da história do Museu Calouste
numismática grega.
Gulbenkian, ultima-se um livro que percorre a sua
A Arte Islâmica, um dos núcleos centrais do Museu,
existência, desde a génese, entre as colecções na
propicia o contacto com as grandes expressões desta
residência do Fundador em Paris, passando pela
Cultura – tapetes, tecidos, cerâmicas, vidros, ilu-
sua vinda para Portugal, os ensaios museográficos
minuras e encadernações – obras cuja origem se
executados em apresentações no Museu Nacional
define entre a Turquia e a Índia Mogol.
de Arte Antiga, em Lisboa, e no Museu Nacional
Um núcleo de Arte Oriental, com porcelanas da
Soares dos Reis, no Porto, a sua instalação provi-
China e lacas do Japão, antecede um espaço onde
sória no Palácio Pombal em Oeiras e a definitiva
serão apresentadas peças “em foco” que, em geral
em edifício próprio, desde 2001 renovado forne-
por razões de conservação, não podem ser mostra-
cendo elementos para a construção recente da
das em permanência e outro de passagem e repouso
História da Museologia.
onde o visitante pode agora aceder a informação
Desde então, quem é visitante assíduo do Museu
sobre o Coleccionador, o Museu e as Colecções, em
notará que houve mudanças em relação à montagem
quiosques informáticos.
anterior, que era mais fechada no próprio edifício,
A Arte Europeia inicia-se com excelentes marfins e
pontuadas as peças com luzes individuais numa atmos-
manuscritos iluminados da Idade Média, sucedendo-
fera luminosa geral mais escura, reforçando-se quando
se a Pintura dos séculos XV a XVII, onde propo-
os cortinados se cobriam pelo excesso de entrada de
nho se detenha na Anunciação de Dierick Bouts, no
luz natural.
Retrato de uma Jovem de Ghirlandaio, no Retrato de
Nesta remontagem tomou-se a decisão de desafogar
Velho de Rembrandt ou no de Helena Fourment de
as grandes vidraças que permitem uma relação cons-
Rubens.
tante com os jardins interiores do edifício e com o
Na sala seguinte, animada por revestimentos de seda
parque envolvente, com telas que, resguardando as
com cores criteriosamente escolhidas, o nível de luz
obras de arte do excesso de luz, permitem sempre
é mais baixo para garantir as condições necessárias
a contemplação do exterior, dando-se maior visi-
para a conservação das peças expostas, conjunto
bilidade a uma das grandes qualidades do Museu,
de Artes Decorativas – mobiliário, têxteis e livros –
a sua excelente e exemplar arquitectura.
italianas algumas, mas essencialmente do luxuoso
Do mesmo modo, à teoria de espaços fragmentados
século XVIII francês exposto a par do núcleo de
por numerosas paredes divisórias optou-se por uma
Pintura francesa do período e concluído, em tom
abertura de perspectivas amplas que, desimpedindo
apoteótico, pelo sumptuoso conjunto de pratas da
as salas, dão maior leitura aos espaços arquitectó-
autoria dos maiores ourives em Paris.
nicos e às peças, permitindo ao espectador maior
A célebre estátua de Diana, pelo escultor Houdon,
liberdade de estabelecer novas associações entre elas.
encerra este núcleo e um conjunto de vistas de
O Museu Calouste Gulbenkian possui uma excep-
Veneza de Guardi antecipa as preocupações de cap-
cional colecção de Arte internacional entre o Egipto
tação da luz e da cor naturais, centrais na Pintura
Antigo e a Europa de 1900, com obras de referência
inglesa e francesa do século XIX, exposta nas salas
da História de Arte, reflectindo o gosto exigente do
seguintes.
Coleccionador que desejava sempre “só o melhor”.
Não deixe de reparar nas pinturas Naufrágio de um
Proponho uma breve visita ao Museu. Logo no átrio,
barco de Turner, na Vista da ponte de Mantes de
agora mais desimpedido, admire a estátua em bronze
Corot, na Leitura de Fantin-Latour, no Rapaz das
de Apolo do grande escultor Houdon.
cerejas de Manet, no Retrato da Madame Monet,
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de Renoir, no Degelo de Monet ou no Les Bretonnes
óptimas sugestões. Organizado em 1970, continua
au Pardon de Dagnan-Bouveret.
a renovar-se, servindo-se da longa prática adquirida
Repare ainda nas esculturas Flora de Carpeaux e As
e adaptando-a à natural evolução das necessidades
Bênçãos de Rodin e contemple com a necessária minú-
do público, desenvolvendo hoje cursos e ateliês
cia, em final de visita, a inexcedível sofisticação do
para várias idades.
conjunto único de jóias e vidros de René Lalique.
Recordo a imagem recente que tive de pais e filhos,
De regresso ao átrio, não deixe de se informar se
com o mesmo entusiasmo e partilha de experiências,
está patente alguma exposição temporária do Museu.
dedicando-se à prática da aguarela, no âmbito das
Poderá consultar as publicações – trabalhos de inves-
actividades em redor da exposição recente (2003)
tigação por ele produzidos ou promovidos – na sua
“O Mar e a Luz. Aguarelas de Turner na Colecção
livraria/loja.
da Tate”.
Quem entender organizar uma visita em grupo,
Com a experiência se aprende, para ainda melhor
poderá contactar o Serviço Educativo, que lhe fará
fazer no futuro. ❚
Te s t e m u n h o s d e a l g u n s m u s e u s e
museólogos locais, antes da Rede...
Hugues de Varine*
* Consultor de desenvolvimento local.
Antigo Director do ICOM.
Há vinte anos que tenho contactos bastante nume-
primeiro e depois o IPM, a APOM ou a Comissão
rosos, mas episódicos, com museus e pessoas ligadas
Nacional Portuguesa do ICOM. As minhas estadas
aos museus em Portugal, contactos a maior parte
em Portugal foram quase sempre no terreno, no
das vezes pessoais, ocasionalmente profissionais.
interior, e raramente em ligação com os meios uni-
A princípio, beneficiava do meu passado de director
versitários, culturais ou turísticos.
do ICOM, a que acresciam as funções de director do
Os meus pontos de vista são, portanto, francamente
Institut Franco-Portugais de Lisboa. Depois fui arras-
“distorcidos”, subjectivos, poderia mesmo dizer-se
tado pelo movimento da “nova museologia”, com
parciais.
a criação do MINOM. Mais recentemente, no meu
Se tentar fazer uma classificação dos museus que
trabalho de consultor do desenvolvimento local,
mais observei, e até por vezes segui à distância
vi-me obrigado a considerar o museu como uma
durante longos períodos, vejo três categorias:
ferramenta de acção patrimonial e comunitária.
– museus de iniciativa autárquica, a nível de Concelho
E foi nessa qualidade que pude participar em diversos
ou Freguesia, dos quais o mais interessante, para
projectos em Portugal. Convém sublinhar que, em
mim, é o do Seixal, talvez por ter desempenhado
tudo isto, não sou e nunca fui museólogo, e ainda
em Portugal um papel influente análogo ao do
menos museógrafo. Sou um observador, às vezes
ecomuseu da comunidade de Le Creusot-Montceau
um parceiro, frequentemente um militante de certo
em França;
tipo de museus, sejam eles chamados novos museus,
– pequenos museus resultantes da iniciativa de
ecomuseus, museus comunitários, museus de
pessoas ou de grupos locais, como o de Monte
em Lisboa. Nesta qualidade colaborou
território, etc.
Redondo (Leiria) ou o Ecomuseu Rural das Serras
com o IPPC na organização da
Devo igualmente confessar que conheço muito pouco
do Algarve (associação In Loco);
os museus tradicionais portugueses, nacionais ou
– finalmente, museus ou projectos de museus, igual-
regionais e que, exceptuando o período de 1983-841,
mente de iniciativa local pública ou privada, ligados
Nacional da Ajuda de 12 a 16 de
praticamente não frequentei as instituições, o IPPC
à economia agrícola, mineira, industrial e às técnicas,
Dezembro de 1983 (N. E.)
1
Nestes anos Hugues de Varine foi
director do Institut Franco-Portugais
«Semana de Reflexão» sobre
«Museus e Património Cultural
12 | Boletim Trimestral
Regional» realizada no Palácio
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Animar – Associação Portuguesa para
o Desenvolvimento Local (N. E.).
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como o Museu Agrícola de Fermentões (Guimarães),
aproxima-se por vezes do dos agentes de desen-
o de Riachos (Torres Novas), o projecto não con-
volvimento local da rede “Animar”2. Pessoalmente,
cluído de São Pedro da Cova (Gondomar) ou ainda
aprendi muito no contacto com eles, reflecti muito
o projecto actual da Panasqueira (Fundão).
e utilizei os seus exemplos em numerosos contac-
Muitos destes museus são frágeis e assentam em
tos fora de Portugal.
energias e meios que podem fraquejar ou desapa-
A minha experiência pessoal como profissional
recer, por motivos de idade (dos fundadores) ou de
é muito restrita: limita-se a dois tipos de interven-
conjuntura (eleitoral, por exemplo). Mas o impor-
ções:
tante é que existam, ainda que somente em estado
– a participação em encontros de museólogos e de
de projecto, pelo que revelam o dinamismo das
promotores de projectos de museus, nos quais em
comunidades que os criam.
geral me solicitam que fale do meu assunto prefe-
A museologia inovadora actualmente em Portugal,
rido, “o museu (ou o património) e o desenvolvi-
parece-me, são também pessoas, nomeadamente
mento local”. O facto de eu ser uma das raras
os responsáveis pelos museus acima citados, mas
pessoas que, simultaneamente, se interessa por
também os membros do MINOM Portugal, os docen-
museus, é especialista em desenvolvimento local e
tes e os estudantes dos cursos de museologia que
além disso “arranha” o português, é seguramente
floresceram em diversas universidades de há alguns
uma das razões dessa escolha, mas quero crer que
anos para cá, em geral pessoas bastante jovens, que
haja mais: os meus amigos portugueses do mundo
pensam de maneira diferente da geração anterior
dos museus não se interessam verdadeiramente pela
dos “grandes museus”.
promoção do museu em si, mas sim pelo papel que
Encontram-se aí:
ele pode ou deve desempenhar na sociedade actual
– jovens contestatários, nem sempre museólogos
e futura. Os debates a que assisti nessas alturas são
activos, que recusam a lógica colecção-edifício-
muito interessantes pelo que mostram das preocu-
público e que desejam essencialmente servir a sua
pações dos actores da cultura e da educação, hoje
comunidade, a sua identidade, o seu património,
em dia, em Portugal;
o seu território, em resumo, o seu desenvolvimento
– projectos de estruturas (aliás, nem sempre museus
sustentável;
propriamente ditos) que utilizam o património
– numerosos professores, principalmente do ensino
como recurso para o desenvolvimento de um
secundário, o que é um fenómeno tipicamente por-
território. Em São Pedro da Cova, tratava-se de
tuguês, a ponto de por vezes se poder perguntar se
valorizar um passado mineiro aos olhos dos anti-
o museu não é uma válvula de escape para docen-
gos mineiros a fim de preparar uma reconversão
tes cansados da pedagogia “bancária”, para usar a
económica e social do sítio. Para o ecomuseu de
palavra de Paulo Freire;
Barroso (Montalegre), é preciso pôr a funcionar um
– alguns autarcas, que pretendem para os seus muni-
programa de mobilização dos recursos humanos
cípios equipamentos adaptados às necessidades do
e patrimoniais de um vasto território desertificado,
mundo moderno e do desenvolvimento, na sua
a fim de desencadear a criatividade, o empenho,
dimensão patrimonial e cultural;
a capacidade de iniciativa da população e tornar
– por fim, alguns estudantes provenientes de várias
a região atraente para os jovens, os investidores e
disciplinas científicas, que se interessam por um
os turistas. Na Panasqueira, é preciso conciliar a
modo de expressão e de comunicação original e
manutenção de uma actividade mineira, a valori-
adequado à realidade do terreno.
zação de edifícios e do sítio, a recuperação de uma
Todas essas pessoas me transmitem a impressão
paisagem alterada e poluída, o respeito pela memó-
muito nítida de se sentirem actores, tanto nas suas
ria de uma população mineira que tem de se recon-
profissões como na sociedade civil. O seu discurso
verter, e finalmente a necessária rentabilidade
Rede Portuguesa de Museus | 13
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económica do projecto, sem a qual nada poderá
conjunta entre estes dois países do equivalente lusó-
durar.
fono de “Vagues”, a antologia da nova museologia
Aqui, como em qualquer outra parte do Mundo, é
em língua francesa?
preciso debater a complexidade e a humanidade
Uma outra tendência diz respeito, como em qual-
dos problemas. É tudo isso que está em jogo no
quer outra parte da Europa, ao reconhecimento do
museu.
património económico e industrial como domínio
Face a esta amostra muito limitada, pude fazer algu-
importante do sector dos museus. Começa apenas
mas constatações que tentarei ordenar e resumir.
a existir e é frequentemente refreado, como em qual-
Mas antes, não quero deixar de prestar homena-
quer outra parte, pela falta de meios financeiros e
gem ao trabalho realizado, após o 25 de Abril, por
pela enormidade dos problemas de conservação, de
um grupo de museólogos “oficiais” com o apoio
transformação e de “musealização” de edifícios e
exterior do meu amigo Per-Uno Agren, da Univer-
de sítios inteiros, até mesmo de regiões (o “Couto
sidade de Umea, Suécia, antigo director do Museu
Mineiro” da Panasqueira ocupa milhares de hectares
Regional de Västerbotten nessa cidade e encarregado
que devem ser tidos em conta numa planificação
de Missão da Unesco a pedido de Portugal. Esse
global).
grupo reflectiu longa e profundamente sobre o papel
A cooperação além fronteiras é um fenómeno mais
do museu na sociedade e a necessidade de trabalhar
recente, mas muito interessante e pressagiador de
em rede. Um pequeno jornal interno, cujo nome
sucessos futuros. O colóquio luso-espanhol de 20024
3
O jornal resultante da Missão UNESCO
intitulou-se «Novo Seringador».
esqueci , servia de elo de ligação. A nova museo-
abriu caminho, mas as relações bilaterais, entre
logia não existia então, mas Per-Uno representava
museus e entre sítios, multiplicam-se. As pessoas
a escola de museologia resultante da conferência
do Fundão fizeram recentemente uma visita ao
do ICOM de 1971, e a sua experiência sueca de
museu da mina de Rio Tinto, na Andaluzia; a
de todo o País e a realização de três
acção comunitária permitiu-lhe adaptar-se rapida-
Universidade de Trás-os-Montes mantém contactos
seminários, que envolveram mais de
mente às condições locais em Portugal, nessa época.
com a Galiza a respeito do património, o que irá
uma centena de pessoas (N. E.).
Talvez uma testemunha dessa época pudesse narrar
sem dúvida ajudar o ecomuseu do Barroso a transpor
a aventura?
a sua fronteira a Norte.
A característica mais nítida, repito, da jovem museo-
Finalmente, a ligação museu-universidade é cada
Transfronteiriço de Museologia – Alto
logia portuguesa actual é a noção ideológica da
vez mais estreita. Até agora, creio, como no resto
Alentejo/Extremadura/Castilla» em
função social do museu. É, que eu tenha conheci-
da Europa e pelo menos no meu país, os museólo-
mento, o único país europeu onde esta expressão,
gos “clássicos” recebiam formação nas disciplinas
que muitos considerariam instrumentalizante, até
ditas “de base”, antropologia, história da arte,
mesmo revolucionária, se impôs. As reuniões
arqueologia, etc. Actualmente, os responsáveis pelos
anuais do MINOM português continuam a reflexão
museus locais possuem muitas vezes uma cultura
sobre este tema. Seria, aliás, importante tornar
geral proveniente da sua prática de ensino e uma
conhecidos no estrangeiro e noutras línguas alguns
formação especificamente museológica. Graças a
dos textos redigidos nessas ocasiões.
esta última e às dissertações preparadas por todos
Tal orientação aproximou muito os museus portu-
esses estudantes, frequentemente já muito experi-
gueses dos museus brasileiros, ou, pelo menos, da
entes, disporemos dentro de poucos anos de uma
fracção vanguardista destes. As trocas entre os dois
vasta literatura e de um novo domínio de investi-
países, facilitadas pela língua comum, são agora
gação, como acontece no Rio de Janeiro, São Paulo
frequentes e, creio, absolutamente equilibradas,
ou São Salvador da Baía... Mais uma razão para
cada um deles a aprender com o outro, apesar das
divulgar esse trabalho no estrangeiro: um amigo da
diferenças culturais e geográficas. Não seria possível
Universidade de Baroda, Índia, queixa-se de não
conceber, se não está já prevista, a publicação
ter acesso aos trabalhos em línguas latinas sobre a
3
A Missão decorreu entre 1976 e 1979,
teve por base o Museu Nacional de
Arte Antiga e incluiu visitas a museus
4
14 | Boletim Trimestral
Encontro promovido pela APOM
com a denominação de «I Encontro
Maio de 2002 (N. E.).
boletim rede 10
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nova museologia quando tenta promover esta abor-
grande parte na boa vontade das pessoas, têm muito
dagem ao museu no seu imenso país, onde o inglês
a dizer à população, e pouco a turistas urbanos
é a única língua internacional.
habituados a instituições ricas e a colecções espec-
É bom que esta evolução de mais de vinte anos
taculares. Não é Guggenheim quem quer!
tenha encontrado a sua consagração oficial na Rede
Outra advertência: atenção à explosão de museus
Portuguesa de Museus. Senti-lhe pessoalmente
que está a dar-se, tal como nos outros países
a utilidade durante a minha Missão para o eco-
europeus. O museu não é necessariamente uma
museu do Barroso: as pessoas que se encontram
instituição pesada e dispendiosa, pode estender-se
actualmente à frente deste projecto estão muito
pelo território, ser substituído por itinerários e prin-
isoladas nas suas montanhas e têm necessidade
cipalmente por programas de exposições temporá-
absoluta de um apoio não apenas técnico, mas
rias, ou mesmo itinerantes, apoiadas no patrimó-
também “confraternal”, para poderem resistir às
nio da região ou de outras regiões, sem necessitar
pressões (do turismo, dos autarcas e das personali-
de investimentos pesados. Uma acção pedagógica
dades locais) ou às tentações (da concentração no
da Rede dirigida aos autarcas locais poderia ajudar
folclore), e também ao desencorajamento provo-
a que tal fosse compreendido. Um município
cado pela lentidão dos processos de criação da estru-
moderno deve, sem dúvida, ocupar-se do seu patri-
tura do ecomuseu.
mónio, mas não necessariamente criar um museu
Para terminar, gostaria de fazer alguns comentários
para aí o encerrar.
pessoais, muito subjectivos e às vezes um pouco
A palavra “ecomuseu” começa a transformar-se
críticos.
numa armadilha linguística: está na moda, quando
Tive frequentemente a impressão de que havia, no
se não quer utilizar a palavra “museu” por parecer
mundo dos museus locais portugueses como em
ultrapassada e poeirenta, substituí-la por ecomu-
outros domínios, uma certa distância entre o norte
seu, que soa a jovem e moderno. Na realidade,
do país e o resto (centro, Lisboa e sul). Oxalá a
o que conta não é a palavra mas sim o conteúdo,
Rede possa remediar esta situação, se tal não está
os objectivos, a acção. Talvez fosse necessário no
já em curso.
plano nacional, se não regulamentar, pelo menos
Um dos pontos fortes de numerosos museus locais
“moralizar” o uso deste termo, depois de lhe ter
é a sua ancoragem na comunidade humana que
sido dada uma definição clara, portuguesa, exigente,
os rodeia e lhes confere a sua veracidade e a sua
compreensível por todos. É matéria em que não há
justificação. A relação com a educação é simulta-
um modelo.
neamente reflexo e garantia disso. Mas será preciso
Por último, e não é apenas o caso de Portugal, creio
zelar para que uma derivação turística não venha
que o museu, seja tradicional ou revolucionário,
afastar o museu da sua população, privilegiando
deve, para ser credível, estar aberto ao futuro,
“públicos”. Ora, muito naturalmente, os autarcas
apoiando-se evidentemente no passado e no
locais vêem no turismo uma fonte de riqueza, de
património, mas com o fim de contribuir para a
emprego, de actividade, de abertura ao exterior, e o
edificação de uma nova sociedade. É talvez neste
museu surge-lhes como uma ferramenta entre outras
aspecto que a ligação íntima entre a nova museo-
para os atrair. Pessoalmente, penso que os pequenos
logia e os docentes, em Portugal, é um factor muito
museus locais, pouco financiados, que assentam em
positivo. ❚
Rede Portuguesa de Museus | 15
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Notícias Museus RPM*
* Notícias exclusivamente
baseadas em informações enviadas
Ecomuseu Municipal do Seixal
– Catálogo da Colecção Eugénio Lapa Carneiro do Ecomuseu
Municipal do Seixal: A Cerâmica no Postal Ilustrado
Teve lançamento público no passado dia 15 de
Novembro, no Núcleo da Mundet do Ecomuseu
Municipal do Seixal, a edição, da Câmara Municipal
do Seixal/Ecomuseu comparticipada pelo IPM/RPM, do
Catálogo da Colecção Eugénio Lapa Carneiro. A Cerâmica
no Postal Ilustrado, constituído por dois volumes.
Em finais de 1998, a Câmara Municipal do Seixal aceitou
a doação de uma colecção iconográfica recolhida por
Eugénio Lapa Carneiro, comprometendo-se a preservar a
sua integridade pela incorporação nas colecções do
S.d
Guarda (?): Foto Hermínios (?)
[postal: p&b; 13,5 cm x 8,5 cm]
Ecomuseu Municipal do Seixal e a promover, através dos
respectivos serviços, o seu inventário e documentação e
O catálogo que agora se edita respeita a um total de
a sua divulgação.
1505 postais ilustrados, omitidas que foram as situações
O conjunto integra 2164 espéci-
de exemplares repetidos, devidamente assinaladas.
mes iconográficos, tematicamente
A informação textual relativa a cada postal inclui refe-
centrados em representações de
rência bibliográfica completa (título, data e local de
etnocerâmica, entre os quais se
edição, editor, tipo de espécime, aspectos cromáticos
incluem gravuras, estampas, lito-
e dimensões), seguida da reprodução das inscrições
grafias, xilogravuras, desdobrá-
impressas na frente e no verso, do ano de circulação (quan-
veis, fotografias, fotocópias,
do existe), da localização e descrição da imagem utilizada,
cartazes, desenhos, rótulos, cai-
da classificação temática (distinguindo quando esta foi
xas de fósforos, sacos de papel
realizada pelo coleccionador ou pelo Ecomuseu), do estado
e de plástico, recortes de
de conservação e da referência de inventário atribuída
imprensa, calendários de bolso,
pela instituição de acolhimento. Recorre-se ainda a um
bilhetes de lotaria, etc. Destaca-
campo de notas complementares sempre que necessário.
se, contudo, o acervo de pos-
Para reprodução visual dos postais, utiliza-se uma
tais (1648 exemplares) que ilus-
maqueta gráfica que faz acompanhar três imagens
tram as várias fases de fabrico, comercialização e
reduzidas de uma em escala natural. A selecção
utilização de materiais cerâmicos, um pouco de todo
destas últimas obedeceu a critérios de diversidade
o mundo, predominando, contudo, os referentes ao
geográfica e temática, aproveitando igualmente para
território português.
particularizar e ilustrar modos de fabrico e artefactos
A presente obra tem por objectivo divulgar este abran-
produzidos, fontes, locais, indumentárias, etc.
gente e diversificado repertório das técnicas, dos pro-
O catálogo segue a sequência da tabela de Eugénio
dutos, das representações e das atitudes sociais ligadas
Lapa Carneiro, embora a colecção não disponha de
à olaria tradicional, através de imagens que remontam,
espécimes representativos de todas as categorias clas-
nalguns casos, aos finais do século XIX.
sificatórias aí previstas. ❚
1993
Zaire: National Museum of
African Art
[postal: color.; 10 cm x 15 cm]
16 | Boletim Trimestral
pelos Museus integrados na RPM
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Museu Arqueológico e Lapidar
Infante D. Henrique/Museu Municipal
de Faro
– Formas com Memória...! (RE)INVENTEM-SE
O Museu desenvolveu uma actividade/colóquio no dia
Projectos Artísticos – tendo como base as peças selec-
6 de Outubro de 2003 (Dia Nacional da Arquitectura)
cionadas os alunos desenvolvem segundo uma
dedicada ao tema Adaptação de Edifícios Históricos a
Metodologia Projectual um projecto de expressão artís-
Museus. Na parte da manhã decorreu uma acção prá-
tica numa das suas áreas de eleição: pintura, design
tica sobre percursos museológicos e concepção de
de moda, vídeo, etc.
exposições, que teve como público-alvo as turmas de
Concepção/Montagem da exposição (Maio, Junho
Artes do 12.º ano das escolas secundárias da cidade.
2004) – em colaboração com a designer do museu,
Houve desde cedo uma relação de afectividade
os alunos vão conceber a “sua” exposição no Museu,
e de interesse muito grande, demonstrada pelos docen-
permitindo fazer uma interacção entre as colecções
tes e pelos alunos em desenvolver um intercâmbio
que serviram de inspiração e as novas criações artís-
escola/museu, a qual se traduziu no projecto Formas
ticas dos alunos.
com Memória...! (RE)INVENTEM-SE, que decorre ao
Este projecto tem como objectivo o estabelecimento
longo do ano lectivo 2003/04 em três fases distintas:
de uma relação efectiva e/ou afectiva com as colec-
Percursos Museológicos – visitas guiadas às várias
ções do museu – objectos com memória – criando
colecções, selecção de uma ou duas peças para inves-
uma interacção entre o passado e o presente. ❚
tigação em sala de aula;
Museu de Arte Sacra e Etnologia
– Ta r d e s d e P o e s i a N a t a l í c i a
O Museu de Arte Sacra
sentido de comporem poemas com elas relacionadas.
e Etnologia, em Fátima,
Nesta edição e nas anteriores, a adesão foi francamente
apresentou a 3.ª edição das
positiva, tendo os participantes declamado os seus poe-
Tardes de Poesia Natalícia.
mas junto das peças que os inspiraram. Alguns destes
Este projecto de animação
tendo alertado para o verdadeiro significado do Natal.
surgiu em 2001 com o
Igualmente associada à poesia esteve a música nata-
objectivo de valorizar parte
lícia que intercalou alguns dos poemas declamados,
do acervo existente na sala
funcionando como factor cultural de divulgação de
da Natividade de Cristo, composta por vários Presépios
temas que fazem parte das nossas memórias.
e Meninos Jesus, pretendendo ainda a aproximação
Esta 3.ª edição teve um primeiro momento de ani-
dos públicos/visitantes a uma realidade museológica
mação de expressão dramática a cargo do curso de
que abrange um aspecto histórico-cultural da Arte
Animadores Socioculturais da Escola Profissional de
Sacra em simultâneo com uma mensagem humanis-
Ourém. Tornou-se um momento de reflexão, de uma
ticamente determinante.
paragem em toda a azáfama existente no Natal.
Assim, inspirando-se nalgumas peças expostas,
tem-se lançado o repto para as escolas do 1.º ciclo
Gonçalo Cardoso
da freguesia de Fátima e aos poetas locais no
Museu de Arte Sacra e Etnologia ❚
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Museu de Ciência da Universidade
de Lisboa
– Dia Nacional da Cultura Científica
No dia 24 de Novembro, o Museu de Ciência da
objectos científicos do acervo do Museu. E ainda, com
Universidade de Lisboa (MCUL) comemorou o Dia
a colaboração do Prof. Jorge Buescu, explorar os
Nacional da Cultura Científica com uma programa-
Códigos: do Mistério do BI ao Bug do Euro, bem como
ção especial.
observar os truques com cartas e matemática dos
Procurando alargar a todos os públicos a divulgação
Matemágicos Silva.
de várias áreas científicas, pelo desafio à participação
A comemoração deste dia terminou com o lança-
de um modo interdisciplinar, o MCUL propôs para
mento do livro do Prof. Doutor Fernando Bragança Gil,
este dia: resolver problemas na oficina de Matemática,
intitulado Museu de Ciência da Universidade de Lisboa.
interpretar a poesia de António Gedeão num encon-
Das Origens ao Pleno Reconhecimento Oficial, que revela
tro entre a poesia e a ciência, apresentar o projecto
a narrativa e as reflexões do fundador do MCUL, no
de recuperação do Laboratorio Chimico da Escola
dia em que também foram celebrados os dez anos
Politécnica, acompanhar os visitantes numa viagem
da inauguração da exposição participativa de longa
aos espaços da memória do lugar, contar histórias de
duração no Museu de Ciência. ❚
Museu de Francisco Tavares Proença Júnior
– “O linho é um sonho” e “A seda é um mistério”
O acervo documental do Museu de Francisco Tavares
transformação do linho: de semente em planta (semen-
Proença Júnior está mais rico com a edição dos docu-
teira e rega); de planta em fibra têxtil (arrinca, enla-
mentários “O linho é um sonho” e “A seda é um
gamento na ribeira, maçagem e gramagem, espade-
mistério”, realizados por Catarina Alves Costa sob a
lagem e assedagem, fiação, branqueamento das
orientação científica de Benjamim Enes Pereira.
meadas e dobagem); e finalmente a transformação
Apresentados publicamente no passado dia 15 de
do fio em tecido (urdidura, montagem no tear e tece-
Novembro no Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco,
lagem).
os dois documentários retratam o ciclo de produção
Um forte laço afectivo liga Teresa Frade aos seus bichos
do linho e da seda na região de Castelo Branco e
da seda. A busca de alimento para as larvas leva Teresa
inserem-se no projecto de requalificação do núcleo
Frade a subir à única amoreira na Rua da Amoreirinha,
dedicado às tecnologias têxteis que integra a exposição
em pleno centro urbano albicastrense, é assim que inicia
permanente deste Museu.
o filme “A seda é um mistério”, que nos apresenta a meta-
No circuito expositivo o visitante encontra o processo
morfose das lagartas que se envolvem em fios de seda.
artesanal de produção e de transformação do linho,
É de assinalar o interesse destes documentários para
e brevemente também o da seda, matérias primas das
os museus com colecções etnográficas, pois resultam
colchas de bordado de Castelo Branco. É também
de uma metodologia de investigação que visou asso-
possível ao visitante no seu percurso assistir ao filme
ciar contextos e sentidos aos testemunhos materiais
síntese dos documentários agora editados.
que integram as colecções, contribuindo desse modo
Museu de Francisco Tavares Proença Júnior
Para Teresa Frade, personagem central dos dois fil-
para compreender e para dar a ver os ciclos de pro-
Largo da Misericórdia
mes, o linho é “um sonho, uma erva do campo”, que
dução do linho e da seda.
6000-462 Castelo Branco
dá origem “ao tecido mais rico de todos”. É através
Os documentários em vídeo (VHS), acompanhados de
desta personagem, que no filme “O linho é um sonho”
uma brochura da autoria de Benjamim Enes Pereira,
se fica a conhecer todo o processo de produção e de
podem ser adquiridos nas lojas dos museus do IPM. ❚
Informações e contactos
Tel.: 272 344 277
Fax: 272 347 880
18 | Boletim Trimestral
E-mail: [email protected]
www.ipmuseus.pt/cgi-bin/ipmuseus/fs_museus.html
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Museu Municipal de Vila Franca de Xira
– Inauguração do Núcleo-Sede
O Museu Municipal de Vila
Franca de Xira procedeu no
passado dia 27 de Setembro à
inauguração do seu NúcleoSede, na Rua Serpa Pinto, em
Vila Franca de Xira. Este foi
instalado num edifício setecentista, no qual a autarquia promoveu profundas obras de adaptação, de
forma a poder acolher os serviços do Museu Municipal.
Esta obra foi financiada pelo Plano Operacional da Cultura
vestígios e objectos histórico-patrimoniais detectados
e vai permitir ao Museu Municipal adquirir melhores
e coexistentes num espaço em permanente transfor-
condições para o desenvolvimento do trabalho nas áreas
mação socioeconómica e cultural, tendo por base um
do estudo e da investigação da história e do patrimó-
percurso reconstituidor da memória colectiva e iden-
nio local, da conservação e da documentação do patri-
titária das populações concelhias.
mónio arqueológico, edificado e paisagístico do
Este novo espaço museológico é ainda constituído por
Concelho, assim como delinear programas de educa-
uma recepção com bengaleiro e loja, um Centro de
ção patrimonial, no sentido de dinamizar e envolver as
Documentação, uma Oficina Educativa, um espaço
populações locais na história da sua terra.
polivalente, um gabinete de conservação e gabinetes
técnicos. O edifício tem no seu interior um elevador
para permitir o acesso de deficientes ao piso superior
e sanitários adaptados para deficientes.
Neste novo espaço museológico podem encontrar-se
Informações e contactos
duas salas de exposições temporárias, onde está patente
Núcleo-Sede do Museu Municipal
a exposição A Cidade no Imaginário do Postal até ao
de Vila Franca de Xira
dia 26 de Setembro de 2004. Esta exposição apre-
Foi ainda elaborado um projecto educativo que con-
senta, através de um conjunto de postais antigos, Vila
sistirá na realização de visitas guiadas às exposições,
Franca de Xira, as suas vivências diárias e aspectos
suportadas por um conjunto de fichas educativas,
Fax : 263 280 358
urbanos, de 1910 a 1970. No primeiro piso, a expo-
em ateliês lúdico-pedagógicos (pintura de azulejo,
E-mails: [email protected] e
sição permanente Vila Franca de Xira – Tempos do Rio,
trabalhos em barro, jogos didácticos, dramatização e
Ecos da Terra procura transmitir, através de uma viagem
actividades de restauro) e colóquios.
Rua Serpa Pinto, n.º 65
2600 Vila Franca de Xira
Tel.: 263 280 350
[email protected]
Horário
De 3ª feira a Domingo, das 9.30h às
no tempo (desde as primeiras comunidades pré-his-
12.30h e das 14h às 17.30h.
tóricas até ao séc. XX) e no espaço, a evolução dia
Paulo Silva
Encerramento às 2as feiras e feriados
crónica e sincrónica da paisagem pontuada pelos
Museu Municipal de Vila Franca de Xira ❚
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Em Agenda
Museu de Arte Sacra do Funchal
– Exposições
No dia 6 de Dezembro de 2003, o Museu de Arte
Sacra do Funchal inaugurou uma exposição da artista
Adriana Molder, apresentando trabalhos sobre papel
de grandes dimensões, especialmente realizados para
o Museu e expostos nas salas de arte flamenga.
No mesmo dia inaugurou ainda, na sua sala de exposições temporárias, a exposição O Futuro do Passado.
Informações e contactos
Esta mostra pretende ser uma sensibilização à con-
Museu de Arte Sacra
servação preventiva das obras de arte postas à guarda
Rua do Bispo, 21
9000-073 Funchal
do Museu e da necessidade da conservação preven-
Tel.: 291 228 900
tiva e da conservação e restauro como trabalho con-
Fax: 291 231 341
tinuado dos Museus. ❚
E-mail: [email protected]
Ecomuseu Municipal do Seixal
– Exposições
Sugere-se que este olhar pela fábrica e pela paisagem
Horários de Inverno (Outubro-Maio):
Núcleo da Mundet – Edifícios das Caldeiras Babcock
urbana sirva também para reflectir sobre as formas
De 3ª a 6ª feira, das 9 às 12h
e das Caldeiras de Cozer Cortiça:
de valorizar o património industrial, desde logo
Com os Homens do Aço – Jornada Memória no Alto
enquanto elemento dinâmico da memória colectiva
Forno da Siderurgia Nacional
e recurso de desenvolvimento.
Segundas-feiras, feriados nacionais
Até Maio de 2004
– Serviço Educativo
e municipais
Olhar a Fábrica
No primeiro trimestre de 2004, o Serviço Educativo
De 31 de Janeiro a Março de 2004
promove várias iniciativas especialmente dirigidas para
Uma nova proposta e um pretexto para o visitante
o público escolar do concelho. Assim, às 3as feiras,
olhar (ou voltar a olhar) os espaços industriais e os
decorrem as visitas temáticas Os Romanos entre Nós
ambientes singulares da Mundet, interpretar e conhecer
no Núcleo da Quinta da Trindade e às 4as feiras, no
o equipamento gerador de vapor, acessível ao público.
Núcleo da Mundet, os ateliês Quatro estações labora-
Trata-se de uma exibição temática, de fotografias e
toriais e as visitas temáticas Somos Homens do Aço.
de pintura, a par de um núcleo interpretativo das cal-
A partir de Fevereiro, e no âmbito da nova exposição
deiras de vapor Babcock & Wilcox.
Olhar a Fábrica, a inaugurar em 31 de Janeiro no
As fotografias, fazendo parte do acervo do Ecomuseu,
Edifício das Caldeiras Babcock do Núcleo da Mundet,
já integraram duas exposições anteriores, de Rosa Reis
estão calendarizados, também às 4as feiras, os ateliês
e de Júlio Pereira Dinis. De Luis Badosa, selecciona-
Olhares sobre a Mundet e Descobertas matemáticas na
ram-se as obras que o pintor criou e dedicou à Mundet
Mundet.
para a exposição (também de 1998) Iconografia
Para público juvenil e adulto, e muito especialmente
Industrial – duas dessas obras fazendo parte da colecção
para famílias, o Serviço Educativo promove, aos fins
municipal de arte.
de semana, um conjunto de actividades explorando
e das 14 às 17h
Sábados e Domingos, das 14h às 17h
20 | Boletim Trimestral
Encerramento
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as exposições patentes no Núcleo da Mundet (dias
Desde Novembro de 2003 e até Maio de 2004, e na
Ecomuseu Municipal do
18 de Janeiro e 15 de Fevereiro, às 15h). No dia 21
sequência da parceria estabelecida entre a CMS/
Seixal/Serviço Educativo
de Março, às 15h, propõe-se a visita Celebrar a
Ecomuseu e os Centros de Formação de Associação
Primavera na Quinta da Trindade, (re)descobrindo os
de Escolas do concelho, decorre a 2ª edição da ofi-
espaços interiores e exteriores deste Núcleo do
cina de formação para professores subordinada ao
E-mail: [email protected]
Ecomuseu através de motivos habitualmente associa-
tema Produção de materiais didácticos no âmbito da
www.cm-seixal.pt/ecomuseu
dos a esta estação do ano.
educação patrimonial. ❚
Informações e inscrições
Praceta Francisco Adolfo Coelho
Torre da Marinha, 2840-490 Seixal
Tel.: 21 227 62 90; Fax: 21 227 63 40
Museu Arqueológico e Lapidar Infante
D. Henrique/Museu Municipal de Faro
– Serviço Educativo
tendo em atenção a textura e a cor dos mesmos, que
Lendas em Fantoches
encaixam numa reprodução das telas, terminando a
Acção a ser desenvolvida no âmbito da exposição
acção com a realização de um desenho em banda
O Algarve Encantado na Obra de Carlos Porfírio.
desenhada sobre a estória do quadro. A acção é acom-
As lendas escolhidas para serem dramatizadas através
panhada por música da época em que o quadro foi
de fantoches são: A Cobrinha do Barranco (1.º Período)
realizado, desta forma, a criança consegue relacionar
A Moura de Olhão (2.º Período) e A Lenda das
duas formas de expressão artística de uma mesma
Amendoeiras em Flor (3.º Período).
época.
Após a representação realiza-se uma visita à sala de
Destinatários: ensino pré-escolar, 1.º e 2.º ciclo.
exposição, onde as crianças são convidadas a obser-
Horário: sexta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h
var os quadros e onde se faz uma breve referencia às
às 16.30h
lendas e à sua relação com os quadros. A acção fina-
Por Estas Terras Andaram
liza com um desenho livre sobre a lenda.
Romanos e Árabes
Destinatários: ensino pré-escolar e 1.º ciclo.
Acção a ser desenvolvida no
Horário: quarta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h às
âmbito das salas de exposição Mosaico Romano e Casa
16.30h
Islâmica.
Histórias Cores e Sensações
Nesta acção pretende-se transmitir de forma lúdica
parte da História local sobre a permanência romana
e árabe na região do Algarve, sobretudo em Faro,
utilizando para o efeito alguns artefactos representativos de objectos destes dois povos que a criança vai
poder manusear. Os principais pontos a focar são as
habitações, os utensílios domésticos, os utensílios de
Acção a ser desenvolvida no âmbito da exposição de
trabalho (pesca e agricultura), o lazer, o vestuário,
“Pintura Antiga”.
a religião, a cultura.
Pretende-se levar as crianças a “olhar para uma obra
Após terminar esta fase da acção, os participantes
de arte com outros olhos”, ou seja, que através da
serão conduzidos a uma visita às salas de exposição
observação de um quadro consigam identificar: dife-
das épocas romana e árabe. Para finalizar, será entre-
Informações e contactos
rentes texturas, a importância da cor e a estória que
gue a cada participante uma ficha sobre a temática
Museu Municipal de Faro
a obra representa. Para o efeito, desenvolvem-se várias
abordada.
actividades como: construção de um puzzle gigante
Destinatários: 1.º, 2.º e 3.º ciclo.
(financiado pelo Programa de Apoio à Qualificação
Horário: quinta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h às
de Museus em 2002), a escolha de vários tecidos,
16.30h ❚
Serviço Educativo
Telf.: 289 897 400
Fax: 289 897 419
E-mail: [email protected]
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Museu dos Biscaínhos
– Actividades educativas em destaque
Sons do Palácio
Era uma vez
Público-alvo: alunos dos 3º, 4º, 5º e 6º anos do Ensino
Público-alvo: crianças dos 3 aos 5 anos de idade inte-
Básico
gradas em estabelecimentos de educação.
Acção desenvolvida como um jogo exploratório. A
Exploração do conteúdo temático do Museu pelo
partir da audição de diferentes sonoridades que expres-
convite ao imaginário infantil pela presença de
sam o conteúdo original dos diferentes espaços do
“Um Príncipe e uma Princesa”, dois agentes do museu
Palácio, os alunos são solicitados à respectiva identi-
que, trajando como Nobres do séc. XVIII, conduzem
ficação na sequência do percurso de visita.
as crianças através do Museu.
Projecto Sentindo
Uma Visita ao Mundo as Fadas
Público-alvo: população invisual
Público-alvo: crianças dos
No enquadramento do Ano Europeu da Pessoa com
3 aos 5 anos de idade
Deficiência, um projecto de sensibilização da comu-
integradas em estabeleci-
nidade para a problemática dos cidadãos invisuais, e
mentos
também de acessibilização global dos conteúdos
de
educação.
Exploração da relação da
museológicos da instituição.
criança com a Natureza,
Colaborações: ACAPO – Delegação de Braga;
através do convite ao
Dr. Leonardo Silva.
imaginário infantil pela
Projecto Sentir
presença física da Fada
Público-alvo: crianças portadoras de deficiência mental
Estrelinha, vinda do Mundo
Actividades que integram o projecto que decorre nos
da Luz, para revelar a sua dimensão às crianças, com
Jardins do Museu: oficina do sumo de laranja; explo-
as quais comunica permanentemente. Uma realidade
ração de sons; jogos; sentir a água; pinturas na
Informações e contactos
de fadas, duendes, animais fantásticos e reais, plantas
Natureza; à descoberta da Natureza; modelação de
Rua dos Biscaínhos
(árvores, arbustos, flores) e de fenómenos naturais (arco-
farinha.
-íris, chuva, nuvens, raios solares) é dada a conhecer
Colaboração técnica das instituições de acolhimento
e a vivenciar, sob um espírito mágico e lúdico, nos
das crianças. ❚
4700-416 Braga
Tel.: 253 204 650
Jardins do Museu.
Fax: 253 204 658
E-mail: [email protected]
www.ipmuseus.pt/cgi-bin/ipmuseus/fs_museus.html
Museu da Casa Grande de Freixo de Numão
– Exposição
de alunos terão uma aula, onde não faltarão activi-
A Escolinha do avô
dades utilizando o velho tinteiro, a caneta de aparo,
Até 31 de Janeiro de 2004
a pedra de lousa e o ponteiro.
O Museu da Casa Grande de Freixo de Numão orga-
Cada sessão (aula) apenas comporta 12 alunos
nizou uma exposição temporária intitulada A Escolinha
(6 carteiras duplas). No entanto, caso as turmas
do Avô no espaço da Biblioteca do Museu, instalada
sejam maiores, haverá actividades paralelas, como visi-
no Salão do edifício da Junta de Freguesia de Freixo
tas guiadas ao Museu da Casa Grande, ao Centro
de Numão.
Histórico, às ruínas arqueológicas do Prazo ou a
Esta exposição, onde é reconstituída uma sala de aula
outras.
de Escola Primária do tempo dos avós das actuais
É possível programar actividades para todo o dia,
crianças, destina-se essencialmente a alunos dos 1º
sendo necessário trazer merendas ou encomendar os
Fax: 279 789 573
e 2º ciclos. Além da visita à exposição, os grupos
almoços no Centro de Juventude da ACDR. ❚
E-mail: [email protected]
Informações e contactos
ACDR de Freixo de Numão
22 | Boletim Trimestral
Tel.: 279 789 573/279 789 584
boletim rede 10
04/1/6 10:03
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Museu de Cerâmica de Sacavém
– Exposições
de sensibilização para professores e educadores – como
A Fábrica de Sacavém Pelos Olhos de Eduardo Gageiro
e quando utilizar os museus.
Até Março de 2004
• Visitas orientadas nos Museus de Loures e ao
Armando Mesquita, o Escultor e Ceramista
Património Edificado do Concelho
De Março a Dezembro de 2004
• Itinerários Culturais Temáticos – Navegar o Rio...
entre montes sensações (terças-feiras); Um percurso pela
Informações e contactos
– Reservas
azulejaria... em tons de azul (quartas-feiras); Uma Rota
Museu de Cerâmica de Sacavém
Visitas de um número limitado a cinco visitantes, com
hilariante... por tascas e muito mais (quintas-feiras)
marcação prévia, nas primeiras terças-feiras do mês,
• Oficinas Temáticas (quintas-feiras das 10h às 12h e
das 10h às 12h30 e das 14h30 às 17h.
sextas-feiras das 14h30 às 16h30)
Urbanização Real Forte, 2685 Sacavém
Tel.: 21 940 98 00
Fax: 21 949 98 98
• Apoio a Projectos Escolares na Área do Património
E-mail: [email protected]
www.cm-loures.pt/aa_patrimoniorede-
– Actividades de Extensão Cultural
Cultural (apoio logístico, financeiro, outros)
• Sessões de trabalho com professores e educadores
Destinatários
para discussão e planeamento de visitas e/ou projectos
Instituições Escolares, Grupos de Deficientes, de
Tel.: 21 983 96 00
específicos que as instituições pretendam apresentar
Amigos, Associações, Centros de Dia, Juntas de
E-mail: [email protected]
• “Aprender a utilizar os Museus de Loures”, acções
Freguesia, Empresas etc.. ❚
museussacvema.asp
Extensão Cultural
Dr.ª Isabel Gomes
Museu de Ciência da Universidade
de Lisboa
– Serviço Educativo
meiras e terceiras quartas-feiras de cada mês (às 10h
Com uma nova programação desde Novembro, o
e às 11h); Eureka! - Vamos Falar de Ciência, na última
Serviço Educativo do MCUL promove, às terças e quin-
segunda-feira de cada mês (das 11.30h às 13h) e
tas-feiras, oficinas pedagógicas nas áreas da Física, do
Sábados de Ciência para Crianças, Pais e Avós, no último
Museu de Ciência da Universidade
Ambiente, da Química e da Matemática, especial-
Sábado de cada mês (das 16h às 18h).
de Lisboa/Serviço Educativo
mente dedicadas aos vários níveis escolares, mantendo
A exposição de carácter histórico na Sala da Memória
às quartas e quintas-feiras as sessões habituais no
da Politécnica será também objecto de visitas acom-
Planetário.
panhadas revelando a memória das instituições que
E-mail: [email protected]
Tiveram início também novas actividades dirigidas a
ocuparam, ao longo de três séculos, o sítio onde hoje
www.museu-de-ciencia.ul.pt
públicos específicos: Ciência para Crianças, nas pri-
se encontra o Museu (quartas-feiras, às 11h). ❚
Informações e inscrições
Rua da Escola Politécnica, 58
1250-102 Lisboa
Tel.: 21 392 18 08 Fax: 21 392 18 08
Museu Municipal de Coruche
– Ateliers de Origami
O Origami é uma das actividades a privilegiar na edu-
Até Março de 2004, às quartas e sextas-feiras, o Museu
cação das crianças e dos jovens, pois consiste em exer-
Municipal de Coruche vai organizar ateliers de Origami
cícios de dobragem de papel, que exigem movimentos
Tel.: 243 610 823
sob a orientação da Prof.ª Eulália Faustino destinados
suaves de extensão e contracção dos dedos, grande
E-mail: [email protected]
em particular a alunos do 1º ciclo do Ensino Básico.
auxiliar nas actividades de grafismo. ❚
Informações e contactos
Sector Educativo: 9.30h-16.30h
Rede Portuguesa de Museus | 23
boletim rede 10
04/1/6 10:03
Página 24
Museu Municipal de Loures
– Actividades de Extensão Cultural
• Visitas orientadas nos Museus de Loures e ao
Património Edificado do Concelho
• Itinerários Culturais Temáticos: Azulejaria, Vinícola,
Água
• Horta pedagógica – A Horta é um projecto de sensibilização que tem como objectivo recuperar trabalhos, gestos e vivências do mundo rural. Os utilizadores do Museu podem aprender e acompanhar o
crescimento e a colheita dos produtos hortícolas.
Informações e contactos
– Exposições
• Oficinas Temáticas (terças-feiras das 10h às 12h e
Trabalhos Arqueológicos em Curso
quintas-feiras das 14h30 às 16h30)
De Fevereiro a Julho de 2004
• Apoio a Projectos Escolares na Área do Património
Tel.: 21 983 96 00/05; Fax: 21 983 96 06
Os Comércios de Antigamente, Vivências e Memórias
Cultural (apoio logístico, financeiro, outros)
E-mail: [email protected]
Até Março de 2004
Destinatários
– Reservas Visitáveis
Instituições Escolares, Grupos de Deficientes, de
Colecções de Transportes, Utensílios e Alfaias Agrícolas
Amigos, Associações, Centros de Dia, Juntas de Freguesia,
Tel.: 21 983 96 00
e de Mobiliário
Empresas. ❚
E-mail: [email protected]
Museu Municipal de Loures
Quinta do Conventinho, 2670 Loures
www.cm-loures.pt/aa_patrimonioredemuseuslouresa.asp
Extensão Cultural – Dr.ª Isabel Gomes
Museu Municipal de Penafiel
– Exposição
tância do desenho na formação artística ministrada
Desenhos do Séc. XIX
durante o século XIX pela Academia Portuense de
Até 7 de Fevereiro de 2004
Belas Artes/Escola de Belas Artes do Porto.
Organizada pelo Museu Municipal de Penafiel e pela
Desenhos de anatomia, desenhos de estátua, dese-
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto,
nhos de modelo vivo e estudos de composição são
a exposição Desenhos do Séc. XIX abriu ao público
as grandes áreas a explorar nesta exposição, apoiada
nas instalações provisórias do Museu no dia 8 de
por actividades diversas que irão desde palestras
Novembro.
proferidas por investigadores e artistas plásticos, aos
Na sequência de anteriores acções, com esta mostra
ateliers para iniciados e acções do serviço educativo
voltam a estar disponíveis para o público, penafide-
direccionadas para os vários níveis de escolaridade,
lense em particular, obras de autores consagrados
com disponibilização de material de apoio e convite
pertencentes à colecção da Faculdade de Belas Artes
à experimentação do exercício da cópia (marcação
do Porto. Desenhos de Henrique Pousão, António
necessária para grupos).
Tel.: 255 712 760 Fax: 255 711 066
Carneiro, Augusto Roquemont, João Marques da Silva
A primeira palestra foi proferida pelo professor dou-
E-mail: [email protected]
Oliveira, Tadeu Almeida Furtado, Custódio Rocha, José
tor António Cardoso (FLUP-Museu Municipal Amadeu
de Almeida e Silva, João Carlos Vieira Soares, Joaquim
de Sousa Cardoso), no próprio dia da inauguração, e
Rodrigues Braga e Joaquim Marques Guimarães e dois
teve por temática: O desenho na Academia Portuense
das 9.30h às 12.30h
gessos permitirão traçar uma panorâmica da impor-
de Belas Artes. ❚
Gratuito
Informações e contactos
Museu Municipal de Penafiel
Rua Conde de Ferreira, s/n
4560-483 Penafiel
Horário
De Segunda a Sexta-feira, das 9.30h às
24 | Boletim Trimestral
12h e das 14h às 17.30 h e ao Sábado,
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Museu Municipal de Portimão/Museu
Nacional de Arqueologia
– Exposição
orientadas e actividades sobre temas da história local:
Um Mergulho na História – Arqueologia Subaquática
• À Descoberta da Pré-história em Portimão – aborda-
no Arade
gem sobre vida das populações pré-históricas do IV
Até 11 de Fevereiro de 2004 no Museu Nacional
e III milénios a.C.;
de Arqueologia, Lisboa.
• A Rota Ribeirinha-Pelas Margens da História –
Produção: Museu Municipal de Portimão
percurso orientado para a redescoberta da evolução
Resultante das pesquisas arqueológicas subaquáticas
histórica, paisagística e urbana que a margem direita
feitas ao longo dos últimos 30 anos no rio Arade, esta
do rio Arade sofreu;
exposição reúne materiais de grande diversidade cro-
• O Jogo da Sardinha – filme-documentário sobre a
nológica e tipológica, organizados em seis núcleos
actividade piscatória e conserveira em Portimão, na
temáticos que permitem, partindo da sua contextua-
1.ª metade do Séc. XX;
lização histórico-geográfica, um olhar sobre a ocu-
• Portimão: Histórias com Rio ao fundo – projecção de
pação humana das margens do rio Arade e a sua
uma unidade audiovisual sobre a relação histórica
intensa utilização enquanto estrada flúvio-marítima.
entre a cidade, o rio e o mar;
O Jornal da Exposição, publicação que acompanha a
• Bairros com História e Estórias de Trabalho – percurso
exposição, documenta e aprofunda os seus conteú-
a iniciar em Janeiro de 2004, através dos primeiros
dos temáticos.
bairros industriais e sociais de Portimão (Operário,
Fax.: 282 417 979
– Serviço Educativo e outras actividades
Pontal e dos Pescadores), para a descoberta das suas
E-mail: [email protected]
O Museu disponibiliza um conjunto de visitas
origens, evolução e quotidianos. ❚
Informações e contactos
Museu Municipal de Portimão
Tel.: 282 412 238/282 470 733
M u s e u M u n i c i p a l d a P ó v o a d e Va r z i m
– Exposição
exposição alguns dos trabalhos resultantes da Missão
A Arte da Pintura. Uma mostra da colecção de pin-
Internacional de Arte promovida pela Câmara Municipal
tura do museu
da Póvoa de Varzim em 1955.
No dia 3 de Dezembro, a exposição A Arte da Pintura.
Na cerimónia de inauguração esteve presente o
Uma mostra da colecção de pintura do museu foi inau-
Professor Doutor António Cardoso, o qual fez uma
gurada no Museu Municipal da Póvoa de Varzim. Esta
palestra subordinada ao tema: “A Missão Internacional
Tel./Fax: 252 616 200
exposição apresenta uma selecção de obras da colec-
de Arte da Póvoa de Varzim e a sua inserção na arte
E-mail: [email protected]
ção de pintura do Museu Municipal, muitas das quais
contemporânea”. ❚
Informações e contactos
Rua do Visconde de Azevedo
4490-589 Póvoa de Varzim
desconhecidas do público. Fazem ainda parte desta
Museu de Setúbal/Convento de Jesus
Informações e contactos:
– Exposições
Exposição colectiva do Grupo Via
Casa de Bocage/Galeria Municipal de Artes Visuais:
Intervenção plástica e escrita utilizando várias ver-
Paisagens e Figuras – Pintura de Laurinda Silvério e
tentes artísticas: pintura, escultura, escrita, instala-
Tel.: 265 524772/265 537 890
Escultura de Jorge Silveira
ção, teatro e design
Fax: 265 537 893
Até 24 de Janeiro de 2004
De 31 de Janeiro a 28 de Fevereiro de 2004 ❚
Museu de Setúbal/Convento de Jesus
Rua do Balneário Dr. Paulo Borba
2900-261 Setúbal
Rede Portuguesa de Museus | 25
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Outras Notícias
A D e c l a r a ç ã o d e Te r r a s s a
O papel dos Museus face à imigração
(o cobrir da cabeça), imagens, textos e terminais mul-
Realizou-se no Museu Nacional da Ciência e da Técnica
timédia, completam a museografia da exposição.
da Catalunha – MNACTEC, em Terrassa, entre 1 e
Estamos, assim, perante uma atitude museológica que
5 de Outubro, de 2003, o Congresso Migrações,
claramente entende a função do Museu, como par-
Trabalho e Identidade, para apresentação do resultado
ceiro atento ao evoluir das interacções e das proble-
final do Projecto “Migration, Work and Identity”,
máticas sociais do presente, com reflexos no discurso
desenvolvido durante três anos por
museográfico, o qual se afasta de uma concepção
sete museus europeus1, no âmbito
“coleccionista” de exposição, para se centrar num
do Programa Cultura 2000.
conceito “temático”, neste caso, a imigração e o seu
Um dos objectivos deste Projecto,
reflexo nas sociedades de acolhimento ou de passagem.
1
Copenhagen Arbejdermuseet (Worker’s
Museum), Manchester People’s History
Museum,Steyer Museum Arbeitswelt
(Museum of the World of WorK),
decorrente desde logo da sua própria designação,
A Declaração de Terrassa
residia precisamente no contributo para o debate e
Os delegados dos Museus reunidos no Congresso
of Work), Hamburg Museum der Arbeit
a reflexão ao nível europeu, sobre a diversidade cul-
“Migrações, Trabalho e Identidade”, em Terrassa,
(Museum of Work), Museu Nacional da
tural e um melhor e mais efectivo conhecimento das
apelam a todos os Profissionais dos Museus da Europa
diferentes comunidades imigrantes, de modo a incor-
para que:
porar a realidade dos movimentos e fluxos migrató-
• Trabalhem a favor da inclusão social de todos os
Museum), Museumspädgogischer Dienst
rios no discurso dos museus, enquanto lugares de
grupos e comunidades, independentemente do seu
Berlin, Deutsches Technikmuseum
inclusão e espaços de representação da heterogenei-
género, origem, cultura ou religião;
(German Museum of Technology)
dade social e cultural.
• Procurem representar e interpretar de uma forma
Para além do conjunto das comunicações e debates,
equilibrada, todos os grupos sociais, através das suas
no qual, enquanto convidado do MNACTEC, tive oca-
colecções, exposições e actividades;
2
sião de participar , duas outras iniciativas relaciona-
• Apoiem as comunidades na reflexão e interpreta-
paisagem”, José Gameiro, Congresso
das com este Congresso, merecem especial destaque
ção da sua própria história;
“Migration, Work and Identity”,
pela sua importância:
• Promovam uma efectiva igualdade de oportunida-
• A Exposição “Cruzando Fronteiras”
des na diversidade étnica e cultural das populações;
• A Declaração de Terrassa.
• Estimulem o diálogo entre as comunidades e os
Exposição “Cruzando Fronteiras”
representantes políticos para a promoção de plata-
A exposição itinerante “Cruzando Fronteiras”, organi-
formas de debate político e cultural.
Norrköping Arbetets Museum (Museum
Ciência e da Técnica da Catalunha
e o grupo de Museus de Berlim:
Nachbarschaftsmuseum(Neighbourhood
e Museum Europäischer Kulturen
(Museum of European Cultures).
2
zada pelo Museu do Trabalho de Styer (Áustria), con-
Terrassa, Outubro 2003
juntamente com os outros parceiros, estrutura-se a partir do fim da II Guerra Mundial e dos movimentos
A actualidade desta posição, e a oportunidade das
migratórios desde então ocorridos até aos finais do
questões que ela levanta, não pode deixar de mere-
Séc. XX. Tendo por base os países e as cidades dos
cer, por parte de todos os que trabalham nos museus
museus participantes, nela são representadas as múlti-
e no domínio da museologia, uma atenção particu-
plas experiências de acolhimento, integração, do impacte
lar, uma vez que se trata de um fenómeno transver-
positivo da imigração no desenvolvimento local e na
sal a todas as sociedades, do qual os museus não se
diversidade cultural, mas igualmente as referências a
podem alhear, considerando o papel insubstituível
situações de rejeição e os desafios para a sua superação.
que desempenham, enquanto instâncias mediadoras
Um pórtico de controle de detecção de metais de
do encontro plural e tolerante de olhares diferentes,
uma qualquer fronteira, o som de um comboio como
do aproximar do outro e das suas “distâncias” e do
ambiente sonoro, uma simbólica diversidade de cha-
convite à lucidez da diversidade, que nos devolve a
péus, véus, lenços e formas que imigrantes e cida-
substância cultural e a humanidade racional.
dãos europeus utilizam perante uma mesma atitude
26 | Boletim Trimestral
José Gameiro – Museu Municipal de Portimão ❚
“Migrações e transformação da
Terrassa, Outubro 2003.
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Comemoração do Dia Nacional do Mar de
2003 na Sociedade de Geografia de Lisboa
O Dia do Mar, dedicado este ano às comunidades
piscatórias, juntou na Sociedade de Geografia de
Lisboa, a 13 de Novembro, associações de defesa do
património marítimo e ribeirinho, investigadores,
museus, bibliotecas e outros organismos públicos, e
representantes de entidades que trabalham no sector
– ADEPE (Associação para o Desenvolvimento de
Peniche), ANOPCERCO (Associação Nacional de
Organizações de Produtores de Pesca de Cerco), APOS-
Coser a malha
TOLADO do Mar, Associação Marítima Açoreana, FOR-
património e da identidade das comunidades pisca-
PESCAS (Centro de Formação Profissional para o Sector
tórias, por não se ter em atenção que estas comuni-
das Pescas), MÚTUA dos Pescadores, Associações de
dades vivem em contacto diário com estes ecossiste-
Armadores, Organizações de Produtores, Sindicatos
mas podendo ser os seus melhores defensores. Um
de Pescadores. A evocação em sessão solene esteve
exemplo extremo é a abertura da nossa Zona
a cargo do Professor Doutor Carlos Diogo Moreira,
Económica Exclusiva às frotas dos restantes países da
Presidente do Conselho Científico do Instituto Superior
União Europeia, à revelia das preocupações no domí-
de Ciências Sociais e Políticas.
nio da preservação e da variedade das espécies (pen-
Falou-se sobretudo de projectos a decorrer, organi-
samos nos Açores, onde 8% dos activos vive do patri-
zados em parcerias integrando instituições locais
mónio marítimo do arquipélago, mas também em
e regionais: recuperação de paisagens degradadas;
portos com menor expressão económica nas pescas).
motivação dos jovens para ingressarem nas pescas;
Um exemplo de género oposto, mas com conse-
formação nas áreas da segurança, ensino e higiene
quências iguais, tem a ver com a impressionante
no trabalho; desenvolvimento de museus ligados aos
proporção de práticas prejudiciais aos ecossistemas
patrimónios marítimos e das comunidades piscatórias.
litorâneo e marinho, a exemplo do que vem ocor-
No geral sobressaiu um mesmo pressuposto: ser pes-
rendo no estuário do Tejo, tornadas a melhor demons-
cador profissional, membro de uma comunidade pis-
tração de como acabar com o pescador e com as suas
catória, envolve um modo de vida: uma estrutura fami-
raízes culturais.
liar de traços singulares, solidariedades, formas de
No final dos trabalhos ficou a ideia de que a defesa
estar na cultura urbana – bairros, portos de pesca,
e a salvaguarda efectiva dos patrimónios das comu-
armazéns –, perceptíveis em cores, trajes, falares
nidades piscatórias devem ser uma atitude quotidiana,
típicos, horários próprios, cultos e rituais únicos.
assente em investigação/estudos sobre estas popula-
Singularidade que muito depende de uma ponde-
ções, em programas de levantamento e valorização
ração e da sabedoria no acto de legislar, determi-
do património e em programas de constituição de
nando este a possibilidade das leis se tornarem, com
colecções, iniciativas que devem ser profundamente
o tempo, elementos que contribuam para a salva-
partilhadas entre os museus e as comunidades de
guarda, valorização e difusão da riqueza patrimonial
pesca da zona em que se inserem.
das sociedades.
Perfiar a sacocha
Luís Martins
Neste contexto foi discutida a formulação e a aplicação
Membro da organização da Evocação
de leis, transformadas em factores de corrosão do
do Dia do Mar 2003 ❚
Rede Portuguesa de Museus | 27
boletim rede 10
04/1/6 10:04
Página 28
Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus
Calçada da Memória, 14 • 1300-396 Lisboa
Tel: 351. 21 361 74 90
Fax: 351. 21 361 74 99
Email: [email protected]
Web Site: www.rpmuseus-pt.org
DESIGN Artlandia
IMPRESSÃO Facsimile
3000 Exemplares
DEPÓSITO LEGAL
ISSN 1645-2186
Dissertações
• Na Universidade Lusófona de Humanidades e
Conferência Os museus são plenamente
Tecnologias, a 25 de Fevereiro de 2003, Maria Leonor
acessíveis?
Domingues Antunes F. de Carvalho obteve o grau de
– A legislação sobre discriminação e
Mestre em Museologia mediante a apresentação da
deficiência no Reino Unido e as suas
dissertação A Central Eléctrica da Companhia de Fiação
implicações nos museus
e Tecidos de Alcobaça: Um testemunho ímpar da
23 de Fevereiro de 2004
Industrialização e Urbanização da Vila e da Região.
Church House Conference Centre, Londres
Organização
• Na Universidade Nova de Lisboa, em 2003, Élvio
Resource: The Council for Museums, Archives and
João Melim de Sousa, obteve o grau de Mestre em
Libraries
Museologia e Património mediante a apresentação
Informações e Contactos
da dissertação A Casa Museu Leal da Câmara (Rinchôa,
Marcus Weisen
Sintra): Percurso e função.
Disability Development Officer
Resource: The Council for Museums, Archives and
Encontros
Libraries
16 Queen Anne's Gate
Londres, SW1H 9AA
Workshop Internacional
Tel.: 020 72731408 Fax: 020 72731404
– Novas Abordagens de Marketing em
E-mail: [email protected]
Museus, Património e Artes Performativas
22 a 24 de Janeiro de 2004
20.ª Conferência Geral do ICOM
Fondazione Fitzcarraldo, Turim – Itália
Tema
Organização
Museus e Património Cultural Imaterial
Fondazione Fitzcarraldo
2 a 8 de Outubro de 2004
Informações e contactos
Organização
Fondazione Fitzcarraldo
ICOM
Corso Mediterraneo, 94
Informações e contactos
10129 Turim – Itália
Secretariado do ICOM; Maison de l’UNESCO 1
Tel.: +39 011 5683365 Fax: +39 011 503361
Rue Miollis, 75732 Paris Cedex 15, França
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
Website: www.fitzcarraldo.it
Website: www.icom.museum

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