Museu Municipal de Coruche
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Museu Municipal de Coruche
04/1/6 10:04 Página 29 Boletim trimestral da Rede Portuguesa de Museus > PAQM – Projectos apoiados [ editorial ] Com o final do ano de 2003 em 2003 atinge-se a décima edição do Boletim da > Visitas de trabalho a museus RPM, aposta que começou por poder prefi- da Direcção Regional da Cultura gurar um risco no parco panorama edito- dos Açores rial da Museologia portuguesa e que nos atrevemos a considerar como ganha ao cabo > Acção de formação nos Açores 10 dezembro 2003 boletim rede 10 PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus – Projectos apoiados em 2003 de duas mãos cheias de boletins editados. > Seminário em Nápoles “Que Nesta aventura embarcou a pequena equipa A cerimónia de assinatura dos acordos de colaboração que standards e modelos de gestão da Estrutura de Projecto, a que progressi- formalizaram a atribuição de apoios financeiros pela RPM no âmbito vamente se juntaram numerosos colabora- do Programa de Apoio à Qualificação de Museus (PAQM) de 2003 dores, quer os autores dos artigos, quer os teve lugar no passado dia 3 de Novembro no Museu Nacional de responsáveis e os técnicos dos museus da Arte Antiga, contando com a presença do Ministro da Cultura, do para os museus europeus?” > Participação em Encontros > Centro de Documentação – Destaques RPM, a quem se deve o regular envio de notícias sobre a actividade dos museus e > O Museu Calouste Gulbenkian, sobre outros assuntos da actualidade museo- por João Castel-Branco Pereira lógica. Destas alargadas e dinâmicas colaborações resultou a evolução estrutural e > Testemunhos sobre alguns museus Director do Instituto Português de Museus e dos responsáveis, dirigentes e técnicos dos museus abrangidos por estes apoios. Foram noventa os projectos remetidos à RPM por parte de quarenta e três museus, respectivamente trinta tutelados por Câmaras temática do boletim: inserindo novas rubri- Municipais, um por uma Junta de Freguesia, um por uma Empresa cas e abrindo-se à divulgação de assuntos Pública, dois por Fundações, cinco por Associações, três por e de temas que reflectissem o pulsar dos Instituições Católicas e um por uma Misericórdia. museus. É altura de agradecer a todos os Avaliadas as candidaturas de acordo com os critérios constantes > A Declaração de Terrassa – O papel contributos dados ao longo dos números do Regulamento do PAQM, foram atribuídos apoios financeiros a dos Museus face à imigração, que nos permitiram chegar até aqui! por José Gameiro No Boletim n.º 10 é sobremaneira evidente e museólogos locais, antes da Rede..., por Hugues de Varine > Notícias Museus RPM > Comemoração do Dia Nacional projectos, iniciativas, acções e perspectivas de Geografia de Lisboa que se faz o mundo dos museus e dos seus > Encontros correspondendo a oitenta e quatro projectos. o resultado dos muitos e diversificados do Mar de 2003 na Sociedade de > Dissertações quarenta e dois museus no valor global de 505.964,91 Euros, Este ano, diferentemente dos anos anteriores, o programa mais concorrido foi o Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P. 4), sendo profissionais. Desde logo, pela expressividade de assinalar uma forte incidência em projectos de carácter educativo, numérica e pela variedade temática dos demonstrando da parte dos museus um esforço em melhorar, diversi- oitenta e quatro projectos, provenientes de ficar e dinamizar os respectivos serviços disponibilizados aos públicos. (cont. na página 2) (cont. na página 2) boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 2 (continuação da página anterior) de 2003, o Museu Calouste Gulbenkian veio juntar-se quarenta e dois museus, apoiados pelo Programa de Apoio ao pequeno, mas expressivo, grupo de museus tutelados à Qualificação de Museus da RPM neste final de ano. por fundações que voluntariamente se associou à RPM. A análise que é feita e a própria listagem dos mesmos pro- Deste museu, poderia dizer-se que não necessita de ser jectos contribuem seguramente para a radiografia da situa- apresentado, tal é a sua importância histórica no âmbito ção museológica portuguesa, em especial para as tendên- dos museus e da Museologia portuguesa. Mas precisa- cias quanto ao modo como cada uma das funções é mente porque nem sempre conhecemos com profundi- prosseguida pelos diferentes museus. Espelho das iniciativas dade aquilo que parece mais evidente ou que nos está desenvolvidas pelos museus é também a secção de notícias mais próximo, temos a oportunidade de seguir o seu e a de agenda, rubricas que não param de se expandir de director num percurso que começa no historial do museu boletim para boletim, neste número sendo acolhidas com e das suas colecções e finda numa visita à respectiva agrado pela primeira vez notícias provenientes de museus exposição permanente, recentemente renovada. que aderiram à Rede em 2003, facto que saudamos. É igualmente conhecida a relação de Hugues de Varine com O confronto com experiências além-fronteiras e a divul- os museus portugueses, ao longo de duas décadas, a que gação de temas actuais estão patentes em outros dos pretendemos prestar uma singela homenagem com a publi- textos, quer na mais ampla abordagem da questão dos cação do presente artigo. Há exactamente vinte anos Hugues padrões de qualidade e da credenciação de museus de Varine, antigo director do ICOM e então director do europeus que constituiu o tema do Seminário de Nápoles, Instituto Franco-Português em Lisboa, colaborou com o quer na divulgação dos princípios de inclusão social da Instituto Português do Património Cultural na organização recente Declaração de Terrassa (Catalunha), quer final- de uma Semana de Reflexão sobre Museus e Património mente na comparação entre as redes de museus de Portugal Regional no Palácio Nacional da Ajuda. Na caminhada e da Andaluzia nas jornadas realizadas em Albufeira. então iniciada, Varine manteve contactos sobretudo com No coração do Boletim encontra-se o par de artigos que, museus locais portugueses, sendo o testemunho dessas percorrendo diferentes autores e tantas outras temáticas, experiências, que se prolongam ainda no presente, que é constitui uma das âncoras desta publicação trimestral. aqui divulgado num texto inédito e numa perspectiva muito No presente número é com dobrado prazer que trazemos pessoal, que se enquadra nas linhas de pensamento que até aos leitores João Castel-Branco e “O Museu Calouste este autor tem vindo a afirmar e a desenvolver. Gulbenkian” e Hugues de Varine e os seus “Testemunhos sobre alguns museus e museólogos locais, antes da Rede...” Clara Camacho Tendo integrado a Rede Portuguesa de Museus em Maio Coordenadora da EPRPM (continuação da página anterior) PAQM – Programa de Apoio à Qualificação de Museus É igualmente de salientar o elevado número de projectos Conservação Preventiva (P3.), domínios fundamentais da no âmbito do Programa de Apoio à Investigação e ao actividade museológica. Os valores globais atribuídos em Estudo das Colecções (P2.) e do Programa de Apoio à cada Programa foram os seguintes: N.º de Projectos Apoiados % Total € % 7 8% 39.678,39 8% 24 29% 104.228,45 21% 14 17% 130.093,40 26% 3.2. Equipamento para Reservas 7 8% 22.909,56 4% 3.3. Serviços Especializados 1 1% 4.500,00 1% 4.1. Acolhimento e Comunicação 12 14% 63.114,02 12% 4.2. Projectos Educativos 19 23% 141.441,09 28% Total 84 100% 505.964,91 100% Programas 1. Programação Museológica 2. Investigação/Estudo de Colecções 3. Conservação Preventiva 3.1. Equipamento 4. Acções de Comunicação 2 | Boletim Trimestral boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 3 Notícias RPM – Projectos apoiados no âmbito do PAQM 2003 Programa de Apoio à Programação Museológica (P1.) Museu Municipal de Moura: estudo da colecção de arqueo- Ecomuseu Municipal do Seixal: estudo para avaliação do logia estado e dos meios de conservação e de manutenção do Alto Museu Municipal de Penafiel: estudo sobre os sapateiros Forno da Siderurgia Nacional e outros fabricantes de calçado (soqueiros e tamanqueiros) Museu Escolar de Marrazes: reprogramação museológica no e respectiva publicação do catálogo seguimento do trabalho de investigação iniciado no ano de Museu Municipal de Santarém: estudo da colecção de relógios 2001 Museu Municipal de Santiago do Cacém: estudo do acervo Museu do Papel Terras de Santa Maria: estudo de requali- paleontológico e geológico; estudo da história da cadeia ficação da exposição permanente sobre o fabrico do papel. comarcã; estudo da colecção etnográfica No âmbito deste Programa, foram ainda concedidos Museu de Olaria: estudo da colecção de objectos da barrista apoios a projectos apresentados por museus em fase Rosa Ramalho e produção do respectivo catálogo de instalação e que se encontram em processo de Museu do Papel Terras de Santa Maria: estudo da colecção Adesão à RPM: de Marcas de Água do Museu Museu da Ciência e Indústria: desenvolvimento da 2.ª fase Museu de São Roque: estudo das colecções ligadas aos Jogos do programa museológico Sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Museu Convento dos Lóios: estudo prévio à concepção da No âmbito deste Programa, foram também concedi- exposição permanente do Museu dos apoios a projectos apresentados por museus em Museu Municipal de Sesimbra: programação da Capela do fase de instalação e que se encontram em processo Espírito Santo e edição da respectiva monografia, estudo da de Adesão à RPM: colecção do Núcleo Marítimo, tradução e edição do folheto Museu da Imagem em Movimento: estudo sobre brinquedos de divulgação do Museu ópticos e o seu potencial lúdico-pedagógico Museu Pio XII: estudo da colecção de pintura do Museu com Museu da Indústria da Chapelaria: disponibilização de infor- vista a uma programação adequada às necessidades e aos mação sobre as colecções do Museu via internet; carregamento objectivos do Museu. da base de dados do sistema de gestão e de inventário das colecções Programa de Apoio à Investigação e ao Estudo das Museu Municipal de Sesimbra: tradução e edição do catálogo Colecções (P2.) geral do Núcleo da Capela do Espírito Santo; estudo das colec- Casa-Museu Abel Salazar: edição de obras da autoria de Abel ções de numismática e de arqueologia Salazar: "O que é a Arte?" e "Empirismo Lógico" Ecomuseu Municipal do Seixal: datação directa por radio- Programa de Apoio à Conservação Preventiva (P3.) carbono de enterramentos e de um ossário; estudo do espó- Ecomuseu Municipal do Seixal: aquisição de equipamento lio osteólogico humano da necrópole medieval-moderna da de conservação preventiva para o Núcleo Naval de Arrentela Quinta de S. Pedro; inventário e digitalização do acervo docu- e o Núcleo do Moinho de Maré de Corroios; aquisição de mental técnico e iconográfico das colecções da Mundet mobiliário e de equipamento apropriado para o acondicio- Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: estudo namento das colecções documentais do Núcleo da Mundet de colecção de cartazes Museu Arqueológico do Carmo: aquisição de equipamento Museu de Arte Contemporânea de Serralves: estudo de de conservação preventiva algumas colecções do acervo da Fundação de Serralves Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: aqui- Museu Escolar de Marrazes: estudo e investigação das sição de equipamento de conservação preventiva; aquisição colecções do Museu de equipamento de segurança destinado aos laboratórios de Museu Municipal de Coruche: estudo e tratamento do mate- conservação e restauro rial cerâmico e metálico resultante de escavações arqueológi- Museu de Arte Contemporânea de Serralves: aquisição de cas; estudo da epigrafia romana do concelho; primeira fase do equipamento de conservação preventiva, designadamente de inventário do património tauromáquico de Coruche; reedição monitorização e de controlo das condições ambiente de áreas do estudo monográfico "Estudo Histórico de Coruche" de exposição e de reserva Museu Municipal de Loures: publicação de um catálogo das Museu de Arte Sacra do Funchal: adequação do sistema de colecções de transporte, alfaias agrícolas, cestaria, latoaria e iluminação do 1.º piso do Museu às condições de conservação tanoaria preventiva Rede Portuguesa de Museus | 3 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 4 Museu de Arte Sacra e Etnologia: aquisição de equipamento Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique: desen- de conservação preventiva volvimento de uma oficina temática intitulada "Por esta terra Museu Bernardino Machado: aquisição de equipamento de andaram Romanos e Árabes..." conservação preventiva Museu Ferreira de Castro: edição do catálogo do Museu Museu Municipal de Alcochete: adequação do sistema de Museu de Cerâmica de Sacavém: realização de uma oficina iluminação natural e artificial do Núcleo de Arte Sacra do de cerâmica intitulada "O Caminhar do Inventar" destinada Museu às condições de conservação preventiva a alunos do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico Museu Municipal de Coruche: implementação de um sistema Museu do Carro Eléctrico do Porto: edição do Livro "16 – de fibra óptica nas vitrines com objectivos de conservação pre- Massarelos – Histórias de Vida no Museu do Carro Eléctrico" ventiva; aquisição de equipamento para as reservas Museu da Fundação Cupertino de Miranda: elaboração de Museu Municipal de Santarém: aquisição de equipamento de um desdobrável de divulgação do Museu e das suas colecções conservação preventiva para as reservas, para a monitorização Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso: reedição do dos teores de luz, humidade relativa, temperatura e qualidade catálogo do Museu e de cadernos pedagógicos do ar; reestruturação do sistema de segurança das reservas Museu Municipal de Coruche: realização de três ateliers Museu Municipal de Penafiel: aquisição de equipamento de pedagógicos sobre Arte e História; realização de um atelier conservação preventiva; aquisição de um serviço especializado pedagógico intitulado "A Magia do Papel" em conservação preventiva Museu Municipal de Loures: concepção da Revista Museus Museu Municipal de Vila Franca de Xira: aquisição de equi- e edição do seu primeiro número; realização de uma activi- pamento de conservação preventiva, designadamente de moni- dade pedagógica intitulada "O Mercado Saloio"; edição de torização e de controle das condições ambiente materiais de divulgação de um encontro nacional sobre o Museu da Pedra: aquisição de equipamento de conservação papel dos centros de documentação na missão dos museus preventiva e de mobiliário e de equipamento apropriado para Museu Municipal de Moura: criação de plano de sinalética reservas do Museu; produção de duas maletas pedagógicas Museu de Setúbal – Convento de Jesus: aquisição de equi- Museu Municipal de Portimão: desenvolvimento do projecto pamento apropriado para reservas educativo "O Museu e a História em Movimento, Conhecer o Foral Museu de Vila do Conde: aquisição de equipamento de de Vila Nova de Portimão" no âmbito das comemorações dos 500 conservação preventiva anos da promulgação do Foral de Portimão a celebrar em 2004 Museu da Villa Romana do Rabaçal: aquisição de equipa- Museu Municipal de Vila Franca de Xira: execução de plano mento para a conservação preventiva do acervo; aquisição de de sinalética para o Núcleo-Sede do Museu; aquisição de mobiliário e de equipamento apropriado para reservas. materiais e equipamentos para a realização de actividades educativas no Núcleo-Sede do Museu Programa de Apoio a Acções de Comunicação (P.4) Museu Nacional da Imprensa: instalação de uma oficina de Casa-Museu Abel Salazar: tradução do novo desdobrável de reciclagem/produção manual de papel divulgação da Casa-Museu Abel Salazar; Programa de Animação Museu da Quinta de Santiago/Centro de Arte de Matosinhos: de 2003 do Museu implementação de suportes de divulgação do Museu; edição Casa-Museu Leal da Câmara: produção de um manual peda- de um desdobrável de apoio ao visitante estrangeiro; aquisição gógico; edição de quatro contos infantis ilustrados por Leal de expositores para textos de sala e para a produção de mate- da Câmara; realização de acções lúdico-didácticas riais de apoio ao visitante invisual Ecomuseu Municipal do Seixal: execução e implementação Museu de São Roque: estudo prévio à concepção de uma expo- de sinalética de exterior para o Núcleo Naval de Arrentela; sição temporária sobre a temática dos Jogos Sociais e publica- sonorização integrada na exposição Barcos, Memórias do Tejo ção do respectivo catálogo; reestruturação do serviço educativo (Núcleo Naval de Arrentela); produção de um vídeo sobre a do Museu com vista a contemplar actividades dirigidas a um construção naval e de um audiovisual para a mesma exposição segmento de público mais jovem (entre os 6 e os 10 anos) Museu Anjos Teixeira: edição de catálogo do Museu; Museu do Trabalho Michel Giacometti: projecto "Tardes produção de maleta pedagógica Interculturais no Museu do Trabalho" Museu Arqueológico do Carmo: produção de um plano de Museu dos Transportes e Comunicações: reformulação da sinalética interior; pré-impressão e impressão do catálogo do webpage do Museu; projecto de exposição itinerante, sob o Museu título Automuseu. 4 | Boletim Trimestral boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 5 Visitas de trabalho a museus da Direcção Regional da Cultura dos Açores Museu do Pico/Museu do Vinho, Madalena do Pico No âmbito da cooperação estabelecida por protocolo dos museus, o conhecimento das suas instalações, das entre o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa suas colecções, das suas actividades internas e das de Museus e a Direcção Regional de Cultura dos suas actividades dirigidas ao público, bem como das Açores, foram realizadas, entre os dias 1 e 4 de suas potencialidades, dos seus problemas e das suas Outubro, visitas de trabalho ao Museu de Ilha de São carências. As visitas propiciaram a reflexão conjunta Jorge, ao Museu Regional da Horta (e respectivo Núcleo sobre a sua situação e programação e despoletaram Museológico dos Capelinhos) e ao Museu Regional do a planificação de consultorias técnicas para o ano de Pico (e suas três extensões), museus integrantes da 2004 ao abrigo do Programa de Apoio Técnico a RPM. Estas visitas tiveram como principais objectivos: Museus promovido pela Estrutura de Projecto Rede o contacto com os responsáveis e com os técnicos Portuguesa de Museus. ❚ Acção de formação nos Açores Concretizando igualmente os objectivos estabelecidos no protocolo celebrado entre a Direcção Regional da Cultura e o Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus (RPM), em 24 de Fevereiro de 2002, designadamente a cooperação recíproca na área da formação do pessoal, foi organizada conjuntamente pelas duas entidades uma acção de formação subordinada ao tema Programação e Produção de Exposições. O referido curso realizou-se, de 6 a 10 de Outubro, nas instalações do Museu do Pico/Museu do Vinho, situado na vila da Madalena, sob a coordenação da Grupo de formadores e participantes nas visitas de dia 10 de Outubro, acompanhados de um velho baleeiro (Lajes do Pico, com o Museu dos Baleeiros ao fundo) Dr.ª María Jesús Ávila, Conservadora do Museu do Chiado. Neste curso participaram técnicos e respon- Em complemento à acção de formação, o Museu do sáveis de seis museus da rede regional, um técnico Pico organizou ainda um jantar seguido de duas pales- do Museu Militar dos Açores, responsáveis e técnicos tras subordinadas ao tema da Candidatura da Paisagem de alguns museus locais e um conservador do Museu da Vinha do Pico a Património da Humanidade. A pri- da Água (Lisboa). O workshop previsto para o dia 9 meira foi proferida pelo Dr. Paulino Costa e versou deu lugar a uma sessão prática, durante a qual os par- sobre a paisagem e o património natural. A segunda, ticipantes colocaram dúvidas relativas aos seus locais a cargo do Arq.º Nuno Lopes, Coordenador do de trabalho e projectos em curso. Gabinete da Paisagem Protegida de Interesse Regional da Vinha do Pico e, simultaneamente, responsável técnico pela candidatura junto da UNESCO, incidiu sobre o património cultural edificado e o enquadramento, problemática e necessidade de reformulação da dita candidatura. Cristina Gonçalves Sessão no Museu do Pico/Museu do Vinho Direcção Regional da Cultura dos Açores ❚ Rede Portuguesa de Museus | 5 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 6 Seminário em Nápoles “Que standards e modelos de gestão para os museus europeus?” Em 9 e 10 de Outubro de 2003 decorreu em Nápoles de trabalho: 1 – Regulamentos históricos e novos prin- um seminário dedicado aos padrões de qualidade em cípios de exposição; 2 – Esquema integrado de pre- museus europeus e aos sistemas de credenciação, servação, desenvolvimento e gestão de sítios arqueo- organizado pelo Ministério para os Bens e a Actividade lógicos; 3 – Empréstimos para exposições: aspectos Cultural de Itália, por ocasião da Presidência Italiana deontológicos e económicos; 4 – Profissionais de museu. do Conselho da União Europeia. Dos trabalhos de cada grupo emanou um documento Trata-se de um tema de grande actualidade, podendo que foi aprovado na sessão plenária final, destacando-se encontrar-se em diferentes Estados membros da UE entre os aspectos de maior relevância os relacionados programas de certificação da qualidade dos museus, com a circulação de bens e com o pessoal. tais como o “Registration Scheme for Museums and Assim, tomando em linha de conta o documento de Galleries” no Reino Unido (actualmente, coordenado referência estabelecido em 1995 e revisto em 2002, pelo Re:source) e outros, geralmente associados a Leis “Princípios gerais de gestão de empréstimos e circu- de Museus, como é o recente caso de França (Lei de lação de obras de arte entre instituições”, foi recor- Museus, de Janeiro de 2002), de Itália (“Atto dado que os empréstimos só devem ser acordados d’Indirizzo” sobre os critérios técnico-científicos e os para exposições de grande qualidade artística ou cien- “standards” de funcionamento e desenvolvimento dos tífica, nas quais seja indispensável a presença de deter- museus), da Finlândia (“Museums Act”), da Bélgica minados objectos. Os participantes consideraram que (Lei de 2001) e de Espanha (diferentes leis de museus a questão dos seguros, cujos custos subiram consi- em todas as Comunidades Autónomas). Também em deravelmente desde 11 de Setembro de 2001, deve muitos dos dez Estados que irão integrar a UE em ser estudada com particular atenção, desejando uma 2004 existem leis de museus e são aplicados os res- convergência de legislações nos Estados europeus e pectivos sistemas de certificação, como por exemplo a eventual criação de uma garantia pública da União na Polónia, na Hungria e na Lituânia. Europeia após a generalização e a harmonização dos Neste seminário estiveram presentes, com um número sistemas nacionais. Foi também sugerida a extensão variável de representantes institucionais, vinte e um do programa “Cultura 2000” a esta temática, sobre- países, dos quais doze Estados membros e nove dos tudo durante o período de adesão dos novos Estados que aderirão no próximo ano. A participação do nosso membros, para exposições de elevado interesse cien- País, através da representação do Instituto Português tífico, histórico e artístico. de Museus, assegurada pela Coordenadora da Estrutura A despeito das múltiplas diferenças nas experiências de Projecto Rede Portuguesa de Museus, foi de grande nacionais, foi sublinhada a necessidade de uma utilidade e de elevado interesse, tendo em conta a progressiva harmonização das políticas relativas ao coincidência entre os temas em análise e as acções pessoal dos museus quanto aos seguintes aspectos: e projectos actualmente em curso no seio do IPM, 1 – no reconhecimento dos perfis e das carreiras em especial a recente proposta de Ante-Projecto da profissionais específicas, designadamente a “direcção” Lei-Quadro de Museus, incluindo o respectivo sistema dos museus ser confiada a especialistas nas matérias de credenciação. que caracterizam estas instituições, parecendo de O seminário decorreu inicialmente em sessão plenária, definir e de aprofundar o perfil dos responsáveis pelas na qual foi feita a introdução aos principais temas em actividades educativas nos museus; 2 – na formação, análise pelos responsáveis do Ministério para os Bens e a o reconhecimento das diferenças nos sistemas de for- Actividade Cultural, e prosseguiu nos seguintes grupos mação nos diversos países, resultando como tendência 6 | Boletim Trimestral boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 7 comum as habilitações de segundo nível para acesso às No que respeita à continuidade dos trabalhos agora principais carreiras dos museus, sendo discutida ainda a iniciados foi generalizada a convicção por parte dos vantagem de criar uma estrutura europeia de formação, participantes e dos organizadores da pertinência da sob a forma de “Forum temático”; 3 – na mobilidade, realização deste tipo de reuniões, com vista à harmo- o objectivo de promover uma crescente mobilidade do nização e à convergência de critérios de qualidade nos pessoal dos museus no âmbito da União Europeia. museus europeus. ❚ Participação em Encontros – Jornadas de Património de Cascais A Câmara Municipal de Cascais associou-se às Jornadas perspectiva diacrónica e colocando em evidência as ten- Europeias do Património, através da realização de um dências contemporâneas de intervenção das instituições conjunto de iniciativas, entre as quais, a promoção museológicas nesta matéria. No mesmo painel Ana das Jornadas do Património de Cascais nos dias 19 e Duarte abordou a Relação Museu Comunidade: um pro- 20 de Setembro, em cuja abertura esteve presente o jecto educativo em parceria, apresentando e avaliando o Ministro da Cultura. projecto “Dos 8 aos 80 – À procura de lugares com his- A estruturação em painéis temáticos, organizados de tória”, recentemente desenvolvido pelo município de acordo com tipologias disciplinares de abordagem da Cascais. questão patrimonial – património arqueológico, patri- Devem ainda salientar-se as excelentes conferências de mónio etnológico, património edificado –, incluiu um pai- abertura dos restantes painéis, respectivamente a cargo nel dedicado à educação patrimonial. A conferência de de Vítor Gonçalves, Micaela Soares e Raquel Henriques abertura deste último painel coube à Coordenadora da da Silva, que contribuíram para a construção de pers- EPRPM que introduziu o tema da Educação patrimonial pectivas pluridisciplinares de abordagem do patrimó- e museus – conceitos e perspectivas de intervenção, numa nio, aspectos que as Actas irão seguramente reflectir. ❚ – VII Jornadas de Património do Algarve Tratando-se de uma abordagem comparativa original, as Jornadas receberam o contributo de responsáveis e técnicos portugueses e espanhóis, que colocaram em confronto, designadamente a RPM e a Rede de Museus Andaluzes, os serviços educativos do Museu de Serralves e a intervenção educativa no Centro de Arte Contemporânea de Huelva, o Centro Cultural de Também com a designação de “Jornadas do Patri- Belém e o Centro Andaluz de Arte Contemporânea. mónio” a Câmara Municipal de Albufeira organizou A análise destas e de outras experiências colocaram em cooperação com a Universidade do Algarve, nos em evidência muitas similitudes no trabalho desen- dias 23 e 24 de Outubro, um encontro dedicado à volvido, quer nos organismos de coordenação, quer Museologia, que teve como objectivo principal o nos museus, portugueses e andaluzes, e deixaram melhor conhecimento do universo museológico da também importantes pistas de reflexão relativamente região e a sua comparação com a região andaluza às diferenças metodológicas ou programáticas encon- que lhe é vizinha. tradas nas mesmas instituições. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 7 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 8 Centro de Documentação As obras do Centro de Documentação da RPM que se apresentam sobre aspectos relacionados com a Museografia, mas também em seguida inserem-se numa vertente fundamental do trabalho sobre questões ligadas à programação, gestão e avaliação de expo- museológico – as exposições. Tratam-se de edições recentes que sições. De cada uma das obras destaca-se a respectiva referência espelham reflexões actualizadas neste domínio, incidindo não só bibliográfica e um resumo sumário. Destaques TÍTULO: The manual of museum exhibitions Resumo: Este manual reúne o contributo de especialistas nas diversas áreas EDITORES: Gail Dexter Lord e Barry Lord inerentes ao processo de produção e desenvolvimento de exposições em PUBLICAÇÃO: Walnut Creek [etc.]: Altamira Press, 2002 museus. A avaliação de exposições, a concepção de espaços, a selecção DESC. FÍSICA: 544 p.: il. de equipamentos, o planeamento e a gestão do programa expositivo são ISBN: 0-7591-0234-1 alguns dos aspectos analisados. Cada tema é ilustrado por estudos de caso. TÍTULO: Montaje de exposiciones: museos, arquitectura, arte AUTOR: Juan Carlos Rico Resumo: Uma reflexão sociológica sobre o universo expositivo e sobre o diálogo que a obra de arte estabelece com o espaço que a envolve é o ponto de partida para um trabalho de investigação sobre montagem de exposições. São PUBLICAÇÃO: Madrid: Sílex, 2001 ainda abordados aspectos como os procedimentos de trabalho a aplicar de DESC. FÍSICA: 394 p. acordo com os diferentes tipos de instalação, a relação da exposição com a ISBN: 84-7737-061-3 arquitectura que a vai integrar, assim como as metodologias a desenvolver no processo de montagem de exposições. TÍTULO: Museum exhibition: theory and practice Resumo: Estudo teórico-prático sobre as exposições em museus, onde se AUTOR: David Dean desenvolvem questões como o planeamento e a concepção de exposições, PUBLICAÇÃO: London; New York: Routledge, 1994 (imp. 2001) a conservação das colecções, a avaliação e a gestão de exposições, a concepção dos textos e o papel dos computadores no ambiente expositivo. DESC. FÍSICA: 177 p. COLECÇÃO: Heritage: care-preservation-management ISBN: 0-415-08017-7 TÍTULO: Planning for people in museum exhibitions Resumo: As exposições devem ser planeadas de acordo com os inte- AUTORES: Kathleen McLean resses e as necessidades do público. Esta é a ideia que se destaca numa PUBLICAÇÃO: Washington: Association of ScienceTechnology Centers, 1993 (imp. 1996) obra que descreve o processo de concepção de exposições partindo DESC. FÍSICA: 196 p. ISBN: 94-4040-32-2 da questão da avaliação e dos estudos de públicos e onde encontramos igualmente abordados os aspectos mais práticos deste processo, como a organização do espaço, a iluminação, a informação gráfica ou as condições ambientais. 8 | Boletim Trimestral boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 9 Artigo O Museu Calouste Gulbenkian1 * Director do Museu Calouste João Castel-Branco Pereira* Gulbenkian 1 Estas notas retomam assuntos abordados pelo autor em outros textos. É do conhecimento geral que o Museu Calouste das suas obras de arte, primeiro para Inglaterra – Gulbenkian surgiu da vontade de um colecciona- onde terá pensado que estariam ao abrigo do con- dor – Calouste Sarkis Gulbenkian – que, ao longo flito – mais tarde, por razões de vária ordem, para da sua vida reuniu uma portentosa colecção de os Estados Unidos. obras de arte e, preocupado com o destino que Em 1942, é o próprio Calouste Gulbenkian que teriam após a sua morte, decidiu confiá-las a uma opta por viver em Portugal, onde acabaria por ter- Fundação, para que as reunisse num Museu expres- minar os seus dias. Não deixou porém nunca de samente concebido para esse fim, onde pudessem coleccionar obras de arte, tendo sido já durante a permanecer “sob o mesmo tecto” para usufruto de sua estada em Lisboa que adquiriu algumas das todos, devidamente salvaguardadas na sua integri- obras primas que hoje podemos apreciar no Museu dade física e respeitadas no seu aspecto estético. Calouste Gulbenkian. Foi também aqui em Lisboa, Foi esse o desafio posto à Fundação Calouste no Hotel Aviz, que adoptara como sua residência, Gulbenkian desde que, em 1956, entrou na posse que tomou a decisão de instituir uma Fundação à definitiva da colecção e deu início aos trabalhos qual, entre outras missões, confiou a responsabilidade conducentes ao projecto do edifício e aos estudos da criação de um museu especialmente dedicado à museológicos necessários a fim de que, do diálogo apresentação da sua colecção de obras de arte. entre arquitectos, engenheiros e museólogos, sur- Catorze anos mediaram entre a morte de Calouste gisse o Museu que teria o nome do Homem que Gulbenkian e a inauguração das instalações defi- esteve na sua origem. nitivas da Fundação. Durante esse lapso de tempo Calouste Gulbenkian começou a coleccionar muito – indispensável à aquisição dos espaços, concepção cedo. Guiado sempre pelo seu gosto pessoal – sim- e aprovação de projectos e, por fim, à realização biose de uma sensibilidade oriental e de uma edu- das obras necessárias - procedeu-se à transferência cação europeia – foi, como se sabe, extremamente da totalidade da colecção para Portugal. Foram cha- rigoroso no respeito pela qualidade e estado de con- mados consultores e realizados estudos, no campo servação das obras que ia adquirindo, mas também da museologia e História da Arte, com vista à ela- quanto ao seu carácter estético. Dedicou às suas boração do programa do novo museu. Diversas obras de arte um amor exigente. Tratou-as, e quis exposições parcelares foram igualmente levadas a que fossem tratadas “como suas filhas”. Confiou-as, cabo, aqui e no estrangeiro, exposições essas em por fim, a quem considerou capaz de realizar a obra que se ensaiaram soluções expositivas que muito que sonhara. contribuíram para as decisões que vieram a ser Dispersas, de início, entre as várias residências do tomadas em matéria de apresentação museológica. coleccionador, as obras de arte foram, a partir do Em 1965, por decisão da Administração da Fundação, final dos anos 20, reunidas em Paris, no palacete abriu ao público, em Oeiras, nas salas do Palácio que que Calouste Gulbenkian adquirira na Avenida de pertencera ao Marquês de Pombal, uma exposição Iéna, e adaptara em função da colecção que, já “de transição”, onde ficou patente grande parte da nessa altura, atingira uma dimensão e qualidade colecção, numa antevisão do que viria a ser o futuro notáveis. Mais peças se lhe foram juntando, desde Museu. Este veio finalmente a abrir as suas portas a então. Perante a ameaça de guerra que, em mea- 2 de Outubro de 1969, tendo sido considerado, na dos dos anos 30 se começou a fazer sentir na Europa, altura, não só pioneiro nas soluções museológicas o coleccionador tomou a decisão de enviar parte encontradas, como um dos mais importantes museus, Rede Portuguesa de Museus | 9 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 10 a nível nacional e internacional, não tanto pela desníveis existentes, agora anulados, e introduzir extensão das suas colecções, como pela extraordi- pontos informáticos de consulta para o público. nária qualidade e diversidade do seu acervo. A museografia foi revista e simplificada pela supres- Trinta anos passados voltaram a encerrar-se as por- são de alguns suportes de pintura e maior despoja- tas do Museu Calouste Gulbenkian, para as obras mento das paredes, vitrinas e estrados de apoio ao de remodelação a que a inexorável passagem do mobiliário, abrindo amplas perspectivas que permi- tempo e a manutenção do seu estatuto de pioneiro tem outra leitura das peças, tendo sido redesenhada o obrigaram. a informação gráfica. A decisão do encerramento temporário foi proposta De um modo geral permanece em exposição o mesmo pela Direcção do Museu e reiterada pelo Conselho elenco de peças, mas mostram-se agora algumas obras de Administração da Fundação, perante a necessi- de grande qualidade mantidas em reserva, obras dade de se tornarem imperativos os trabalhos de reavaliadas pela Historiografia de Arte actual. substituição dos equipamentos técnicos existentes O visitante passou a dispor de mais informação e a criação de outros, indispensáveis a qualquer através de pontos de consulta informática onde museu de hoje. poderá colher dados sobre as obras em Exposição A mesma equipa realizou em simultâneo, e mantendo Permanente, o Coleccionador, a Colecção, o edifício o alto nível de qualidade e exigência, os trabalhos do Museu, seus serviços e actividades. necessários para a reabertura do Museu, reelaborando Para a reabertura do Museu executaram-se também a exposição permanente e preparando novas publi- os projectos de renovação da Recepção e da Sala de cações e actividades. Exposições Temporárias bem como da Loja do É natural que o público em geral, desconhecedor dos Museu, obra inicialmente projectada pelo Designer problemas específicos da Museologia, se perguntasse Daciano da Costa que a redesenhou em função das sobre o tempo de encerramento do Museu, sentindo-o necessidades actuais. compreensivelmente como longo. Teria sido interessante, mesmo didáctico, para o visi- Esta espera foi melhor entendida sabendo-se que tante conhecer o museu em “estaleiro”, de modo a equipamentos técnicos fundamentais para a cor- perceber a complexidade dos trabalhos realizados. recta instalação da exposição permanente como o De facto, é raro que o público, mesmo aquele que ar condicionado, necessário às boas condições de visita com assiduidade os Museus, se aperceba dos conservação das obras expostas, e a iluminação, complexos e difíceis desempenhos necessários para essencial à visibilidade das peças e à intencionali- expor com qualidade as colecções num edifício que dade do percurso, obsoletos após três décadas de é referência internacional na arquitectura de museus. uso, seriam totalmente substituídos. Este conhecimento específico e directo das áreas da O edifício foi melhorado com outros equipamentos, Museologia iria, com certeza, tornar mais compre- hoje obrigatórios por lei, como os acessos para defi- ensível o encerramento durante menos de dois anos cientes motores, instalando-se um elevador entre do Museu Calouste Gulbenkian, tempo justo para o piso da Exposição Permanente e o piso inferior, a correcta execução dos trabalhos de renovação dos o da Sala das Exposições Temporárias, Biblioteca de seus equipamentos e museografia. Arte, Loja e Restaurante, decisão ponderada favo- Acreditamos que a duração deste trabalho e que a ravelmente pelo Conselho de Administração. expectativa dos visitantes serão recompensados com O projecto de renovação do espaço da exposição a reabertura da Exposição Permanente. permanente do Museu, pedido ao arquitecto Paul Conhecedores da responsabilidade que é tutelar Vandebotermet, respeitou a articulação original, por uma colecção de tão grande valor patrimonial e se reconhecer a sua excepcional qualidade e eficácia um edifício já de referência histórica, esta unidade museológica, sendo possível corrigir pormenores como foi tratada com o máximo respeito, honrando deste 10 | Boletim Trimestral boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 11 modo a tradição de alta qualidade que é e deverá Já na exposição permanente, detenha-se no núcleo manter-se como marca da Fundação Calouste de Arte Egípcia e contemple depois, na luminosa Gulbenkian. sala da Antiguidade Clássica, o belo conjunto de Como notícia da história do Museu Calouste numismática grega. Gulbenkian, ultima-se um livro que percorre a sua A Arte Islâmica, um dos núcleos centrais do Museu, existência, desde a génese, entre as colecções na propicia o contacto com as grandes expressões desta residência do Fundador em Paris, passando pela Cultura – tapetes, tecidos, cerâmicas, vidros, ilu- sua vinda para Portugal, os ensaios museográficos minuras e encadernações – obras cuja origem se executados em apresentações no Museu Nacional define entre a Turquia e a Índia Mogol. de Arte Antiga, em Lisboa, e no Museu Nacional Um núcleo de Arte Oriental, com porcelanas da Soares dos Reis, no Porto, a sua instalação provi- China e lacas do Japão, antecede um espaço onde sória no Palácio Pombal em Oeiras e a definitiva serão apresentadas peças “em foco” que, em geral em edifício próprio, desde 2001 renovado forne- por razões de conservação, não podem ser mostra- cendo elementos para a construção recente da das em permanência e outro de passagem e repouso História da Museologia. onde o visitante pode agora aceder a informação Desde então, quem é visitante assíduo do Museu sobre o Coleccionador, o Museu e as Colecções, em notará que houve mudanças em relação à montagem quiosques informáticos. anterior, que era mais fechada no próprio edifício, A Arte Europeia inicia-se com excelentes marfins e pontuadas as peças com luzes individuais numa atmos- manuscritos iluminados da Idade Média, sucedendo- fera luminosa geral mais escura, reforçando-se quando se a Pintura dos séculos XV a XVII, onde propo- os cortinados se cobriam pelo excesso de entrada de nho se detenha na Anunciação de Dierick Bouts, no luz natural. Retrato de uma Jovem de Ghirlandaio, no Retrato de Nesta remontagem tomou-se a decisão de desafogar Velho de Rembrandt ou no de Helena Fourment de as grandes vidraças que permitem uma relação cons- Rubens. tante com os jardins interiores do edifício e com o Na sala seguinte, animada por revestimentos de seda parque envolvente, com telas que, resguardando as com cores criteriosamente escolhidas, o nível de luz obras de arte do excesso de luz, permitem sempre é mais baixo para garantir as condições necessárias a contemplação do exterior, dando-se maior visi- para a conservação das peças expostas, conjunto bilidade a uma das grandes qualidades do Museu, de Artes Decorativas – mobiliário, têxteis e livros – a sua excelente e exemplar arquitectura. italianas algumas, mas essencialmente do luxuoso Do mesmo modo, à teoria de espaços fragmentados século XVIII francês exposto a par do núcleo de por numerosas paredes divisórias optou-se por uma Pintura francesa do período e concluído, em tom abertura de perspectivas amplas que, desimpedindo apoteótico, pelo sumptuoso conjunto de pratas da as salas, dão maior leitura aos espaços arquitectó- autoria dos maiores ourives em Paris. nicos e às peças, permitindo ao espectador maior A célebre estátua de Diana, pelo escultor Houdon, liberdade de estabelecer novas associações entre elas. encerra este núcleo e um conjunto de vistas de O Museu Calouste Gulbenkian possui uma excep- Veneza de Guardi antecipa as preocupações de cap- cional colecção de Arte internacional entre o Egipto tação da luz e da cor naturais, centrais na Pintura Antigo e a Europa de 1900, com obras de referência inglesa e francesa do século XIX, exposta nas salas da História de Arte, reflectindo o gosto exigente do seguintes. Coleccionador que desejava sempre “só o melhor”. Não deixe de reparar nas pinturas Naufrágio de um Proponho uma breve visita ao Museu. Logo no átrio, barco de Turner, na Vista da ponte de Mantes de agora mais desimpedido, admire a estátua em bronze Corot, na Leitura de Fantin-Latour, no Rapaz das de Apolo do grande escultor Houdon. cerejas de Manet, no Retrato da Madame Monet, Rede Portuguesa de Museus | 11 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 12 de Renoir, no Degelo de Monet ou no Les Bretonnes óptimas sugestões. Organizado em 1970, continua au Pardon de Dagnan-Bouveret. a renovar-se, servindo-se da longa prática adquirida Repare ainda nas esculturas Flora de Carpeaux e As e adaptando-a à natural evolução das necessidades Bênçãos de Rodin e contemple com a necessária minú- do público, desenvolvendo hoje cursos e ateliês cia, em final de visita, a inexcedível sofisticação do para várias idades. conjunto único de jóias e vidros de René Lalique. Recordo a imagem recente que tive de pais e filhos, De regresso ao átrio, não deixe de se informar se com o mesmo entusiasmo e partilha de experiências, está patente alguma exposição temporária do Museu. dedicando-se à prática da aguarela, no âmbito das Poderá consultar as publicações – trabalhos de inves- actividades em redor da exposição recente (2003) tigação por ele produzidos ou promovidos – na sua “O Mar e a Luz. Aguarelas de Turner na Colecção livraria/loja. da Tate”. Quem entender organizar uma visita em grupo, Com a experiência se aprende, para ainda melhor poderá contactar o Serviço Educativo, que lhe fará fazer no futuro. ❚ Te s t e m u n h o s d e a l g u n s m u s e u s e museólogos locais, antes da Rede... Hugues de Varine* * Consultor de desenvolvimento local. Antigo Director do ICOM. Há vinte anos que tenho contactos bastante nume- primeiro e depois o IPM, a APOM ou a Comissão rosos, mas episódicos, com museus e pessoas ligadas Nacional Portuguesa do ICOM. As minhas estadas aos museus em Portugal, contactos a maior parte em Portugal foram quase sempre no terreno, no das vezes pessoais, ocasionalmente profissionais. interior, e raramente em ligação com os meios uni- A princípio, beneficiava do meu passado de director versitários, culturais ou turísticos. do ICOM, a que acresciam as funções de director do Os meus pontos de vista são, portanto, francamente Institut Franco-Portugais de Lisboa. Depois fui arras- “distorcidos”, subjectivos, poderia mesmo dizer-se tado pelo movimento da “nova museologia”, com parciais. a criação do MINOM. Mais recentemente, no meu Se tentar fazer uma classificação dos museus que trabalho de consultor do desenvolvimento local, mais observei, e até por vezes segui à distância vi-me obrigado a considerar o museu como uma durante longos períodos, vejo três categorias: ferramenta de acção patrimonial e comunitária. – museus de iniciativa autárquica, a nível de Concelho E foi nessa qualidade que pude participar em diversos ou Freguesia, dos quais o mais interessante, para projectos em Portugal. Convém sublinhar que, em mim, é o do Seixal, talvez por ter desempenhado tudo isto, não sou e nunca fui museólogo, e ainda em Portugal um papel influente análogo ao do menos museógrafo. Sou um observador, às vezes ecomuseu da comunidade de Le Creusot-Montceau um parceiro, frequentemente um militante de certo em França; tipo de museus, sejam eles chamados novos museus, – pequenos museus resultantes da iniciativa de ecomuseus, museus comunitários, museus de pessoas ou de grupos locais, como o de Monte em Lisboa. Nesta qualidade colaborou território, etc. Redondo (Leiria) ou o Ecomuseu Rural das Serras com o IPPC na organização da Devo igualmente confessar que conheço muito pouco do Algarve (associação In Loco); os museus tradicionais portugueses, nacionais ou – finalmente, museus ou projectos de museus, igual- regionais e que, exceptuando o período de 1983-841, mente de iniciativa local pública ou privada, ligados Nacional da Ajuda de 12 a 16 de praticamente não frequentei as instituições, o IPPC à economia agrícola, mineira, industrial e às técnicas, Dezembro de 1983 (N. E.) 1 Nestes anos Hugues de Varine foi director do Institut Franco-Portugais «Semana de Reflexão» sobre «Museus e Património Cultural 12 | Boletim Trimestral Regional» realizada no Palácio boletim rede 10 2 04/1/6 10:03 Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (N. E.). Página 13 como o Museu Agrícola de Fermentões (Guimarães), aproxima-se por vezes do dos agentes de desen- o de Riachos (Torres Novas), o projecto não con- volvimento local da rede “Animar”2. Pessoalmente, cluído de São Pedro da Cova (Gondomar) ou ainda aprendi muito no contacto com eles, reflecti muito o projecto actual da Panasqueira (Fundão). e utilizei os seus exemplos em numerosos contac- Muitos destes museus são frágeis e assentam em tos fora de Portugal. energias e meios que podem fraquejar ou desapa- A minha experiência pessoal como profissional recer, por motivos de idade (dos fundadores) ou de é muito restrita: limita-se a dois tipos de interven- conjuntura (eleitoral, por exemplo). Mas o impor- ções: tante é que existam, ainda que somente em estado – a participação em encontros de museólogos e de de projecto, pelo que revelam o dinamismo das promotores de projectos de museus, nos quais em comunidades que os criam. geral me solicitam que fale do meu assunto prefe- A museologia inovadora actualmente em Portugal, rido, “o museu (ou o património) e o desenvolvi- parece-me, são também pessoas, nomeadamente mento local”. O facto de eu ser uma das raras os responsáveis pelos museus acima citados, mas pessoas que, simultaneamente, se interessa por também os membros do MINOM Portugal, os docen- museus, é especialista em desenvolvimento local e tes e os estudantes dos cursos de museologia que além disso “arranha” o português, é seguramente floresceram em diversas universidades de há alguns uma das razões dessa escolha, mas quero crer que anos para cá, em geral pessoas bastante jovens, que haja mais: os meus amigos portugueses do mundo pensam de maneira diferente da geração anterior dos museus não se interessam verdadeiramente pela dos “grandes museus”. promoção do museu em si, mas sim pelo papel que Encontram-se aí: ele pode ou deve desempenhar na sociedade actual – jovens contestatários, nem sempre museólogos e futura. Os debates a que assisti nessas alturas são activos, que recusam a lógica colecção-edifício- muito interessantes pelo que mostram das preocu- público e que desejam essencialmente servir a sua pações dos actores da cultura e da educação, hoje comunidade, a sua identidade, o seu património, em dia, em Portugal; o seu território, em resumo, o seu desenvolvimento – projectos de estruturas (aliás, nem sempre museus sustentável; propriamente ditos) que utilizam o património – numerosos professores, principalmente do ensino como recurso para o desenvolvimento de um secundário, o que é um fenómeno tipicamente por- território. Em São Pedro da Cova, tratava-se de tuguês, a ponto de por vezes se poder perguntar se valorizar um passado mineiro aos olhos dos anti- o museu não é uma válvula de escape para docen- gos mineiros a fim de preparar uma reconversão tes cansados da pedagogia “bancária”, para usar a económica e social do sítio. Para o ecomuseu de palavra de Paulo Freire; Barroso (Montalegre), é preciso pôr a funcionar um – alguns autarcas, que pretendem para os seus muni- programa de mobilização dos recursos humanos cípios equipamentos adaptados às necessidades do e patrimoniais de um vasto território desertificado, mundo moderno e do desenvolvimento, na sua a fim de desencadear a criatividade, o empenho, dimensão patrimonial e cultural; a capacidade de iniciativa da população e tornar – por fim, alguns estudantes provenientes de várias a região atraente para os jovens, os investidores e disciplinas científicas, que se interessam por um os turistas. Na Panasqueira, é preciso conciliar a modo de expressão e de comunicação original e manutenção de uma actividade mineira, a valori- adequado à realidade do terreno. zação de edifícios e do sítio, a recuperação de uma Todas essas pessoas me transmitem a impressão paisagem alterada e poluída, o respeito pela memó- muito nítida de se sentirem actores, tanto nas suas ria de uma população mineira que tem de se recon- profissões como na sociedade civil. O seu discurso verter, e finalmente a necessária rentabilidade Rede Portuguesa de Museus | 13 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 14 económica do projecto, sem a qual nada poderá conjunta entre estes dois países do equivalente lusó- durar. fono de “Vagues”, a antologia da nova museologia Aqui, como em qualquer outra parte do Mundo, é em língua francesa? preciso debater a complexidade e a humanidade Uma outra tendência diz respeito, como em qual- dos problemas. É tudo isso que está em jogo no quer outra parte da Europa, ao reconhecimento do museu. património económico e industrial como domínio Face a esta amostra muito limitada, pude fazer algu- importante do sector dos museus. Começa apenas mas constatações que tentarei ordenar e resumir. a existir e é frequentemente refreado, como em qual- Mas antes, não quero deixar de prestar homena- quer outra parte, pela falta de meios financeiros e gem ao trabalho realizado, após o 25 de Abril, por pela enormidade dos problemas de conservação, de um grupo de museólogos “oficiais” com o apoio transformação e de “musealização” de edifícios e exterior do meu amigo Per-Uno Agren, da Univer- de sítios inteiros, até mesmo de regiões (o “Couto sidade de Umea, Suécia, antigo director do Museu Mineiro” da Panasqueira ocupa milhares de hectares Regional de Västerbotten nessa cidade e encarregado que devem ser tidos em conta numa planificação de Missão da Unesco a pedido de Portugal. Esse global). grupo reflectiu longa e profundamente sobre o papel A cooperação além fronteiras é um fenómeno mais do museu na sociedade e a necessidade de trabalhar recente, mas muito interessante e pressagiador de em rede. Um pequeno jornal interno, cujo nome sucessos futuros. O colóquio luso-espanhol de 20024 3 O jornal resultante da Missão UNESCO intitulou-se «Novo Seringador». esqueci , servia de elo de ligação. A nova museo- abriu caminho, mas as relações bilaterais, entre logia não existia então, mas Per-Uno representava museus e entre sítios, multiplicam-se. As pessoas a escola de museologia resultante da conferência do Fundão fizeram recentemente uma visita ao do ICOM de 1971, e a sua experiência sueca de museu da mina de Rio Tinto, na Andaluzia; a de todo o País e a realização de três acção comunitária permitiu-lhe adaptar-se rapida- Universidade de Trás-os-Montes mantém contactos seminários, que envolveram mais de mente às condições locais em Portugal, nessa época. com a Galiza a respeito do património, o que irá uma centena de pessoas (N. E.). Talvez uma testemunha dessa época pudesse narrar sem dúvida ajudar o ecomuseu do Barroso a transpor a aventura? a sua fronteira a Norte. A característica mais nítida, repito, da jovem museo- Finalmente, a ligação museu-universidade é cada Transfronteiriço de Museologia – Alto logia portuguesa actual é a noção ideológica da vez mais estreita. Até agora, creio, como no resto Alentejo/Extremadura/Castilla» em função social do museu. É, que eu tenha conheci- da Europa e pelo menos no meu país, os museólo- mento, o único país europeu onde esta expressão, gos “clássicos” recebiam formação nas disciplinas que muitos considerariam instrumentalizante, até ditas “de base”, antropologia, história da arte, mesmo revolucionária, se impôs. As reuniões arqueologia, etc. Actualmente, os responsáveis pelos anuais do MINOM português continuam a reflexão museus locais possuem muitas vezes uma cultura sobre este tema. Seria, aliás, importante tornar geral proveniente da sua prática de ensino e uma conhecidos no estrangeiro e noutras línguas alguns formação especificamente museológica. Graças a dos textos redigidos nessas ocasiões. esta última e às dissertações preparadas por todos Tal orientação aproximou muito os museus portu- esses estudantes, frequentemente já muito experi- gueses dos museus brasileiros, ou, pelo menos, da entes, disporemos dentro de poucos anos de uma fracção vanguardista destes. As trocas entre os dois vasta literatura e de um novo domínio de investi- países, facilitadas pela língua comum, são agora gação, como acontece no Rio de Janeiro, São Paulo frequentes e, creio, absolutamente equilibradas, ou São Salvador da Baía... Mais uma razão para cada um deles a aprender com o outro, apesar das divulgar esse trabalho no estrangeiro: um amigo da diferenças culturais e geográficas. Não seria possível Universidade de Baroda, Índia, queixa-se de não conceber, se não está já prevista, a publicação ter acesso aos trabalhos em línguas latinas sobre a 3 A Missão decorreu entre 1976 e 1979, teve por base o Museu Nacional de Arte Antiga e incluiu visitas a museus 4 14 | Boletim Trimestral Encontro promovido pela APOM com a denominação de «I Encontro Maio de 2002 (N. E.). boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 15 nova museologia quando tenta promover esta abor- grande parte na boa vontade das pessoas, têm muito dagem ao museu no seu imenso país, onde o inglês a dizer à população, e pouco a turistas urbanos é a única língua internacional. habituados a instituições ricas e a colecções espec- É bom que esta evolução de mais de vinte anos taculares. Não é Guggenheim quem quer! tenha encontrado a sua consagração oficial na Rede Outra advertência: atenção à explosão de museus Portuguesa de Museus. Senti-lhe pessoalmente que está a dar-se, tal como nos outros países a utilidade durante a minha Missão para o eco- europeus. O museu não é necessariamente uma museu do Barroso: as pessoas que se encontram instituição pesada e dispendiosa, pode estender-se actualmente à frente deste projecto estão muito pelo território, ser substituído por itinerários e prin- isoladas nas suas montanhas e têm necessidade cipalmente por programas de exposições temporá- absoluta de um apoio não apenas técnico, mas rias, ou mesmo itinerantes, apoiadas no patrimó- também “confraternal”, para poderem resistir às nio da região ou de outras regiões, sem necessitar pressões (do turismo, dos autarcas e das personali- de investimentos pesados. Uma acção pedagógica dades locais) ou às tentações (da concentração no da Rede dirigida aos autarcas locais poderia ajudar folclore), e também ao desencorajamento provo- a que tal fosse compreendido. Um município cado pela lentidão dos processos de criação da estru- moderno deve, sem dúvida, ocupar-se do seu patri- tura do ecomuseu. mónio, mas não necessariamente criar um museu Para terminar, gostaria de fazer alguns comentários para aí o encerrar. pessoais, muito subjectivos e às vezes um pouco A palavra “ecomuseu” começa a transformar-se críticos. numa armadilha linguística: está na moda, quando Tive frequentemente a impressão de que havia, no se não quer utilizar a palavra “museu” por parecer mundo dos museus locais portugueses como em ultrapassada e poeirenta, substituí-la por ecomu- outros domínios, uma certa distância entre o norte seu, que soa a jovem e moderno. Na realidade, do país e o resto (centro, Lisboa e sul). Oxalá a o que conta não é a palavra mas sim o conteúdo, Rede possa remediar esta situação, se tal não está os objectivos, a acção. Talvez fosse necessário no já em curso. plano nacional, se não regulamentar, pelo menos Um dos pontos fortes de numerosos museus locais “moralizar” o uso deste termo, depois de lhe ter é a sua ancoragem na comunidade humana que sido dada uma definição clara, portuguesa, exigente, os rodeia e lhes confere a sua veracidade e a sua compreensível por todos. É matéria em que não há justificação. A relação com a educação é simulta- um modelo. neamente reflexo e garantia disso. Mas será preciso Por último, e não é apenas o caso de Portugal, creio zelar para que uma derivação turística não venha que o museu, seja tradicional ou revolucionário, afastar o museu da sua população, privilegiando deve, para ser credível, estar aberto ao futuro, “públicos”. Ora, muito naturalmente, os autarcas apoiando-se evidentemente no passado e no locais vêem no turismo uma fonte de riqueza, de património, mas com o fim de contribuir para a emprego, de actividade, de abertura ao exterior, e o edificação de uma nova sociedade. É talvez neste museu surge-lhes como uma ferramenta entre outras aspecto que a ligação íntima entre a nova museo- para os atrair. Pessoalmente, penso que os pequenos logia e os docentes, em Portugal, é um factor muito museus locais, pouco financiados, que assentam em positivo. ❚ Rede Portuguesa de Museus | 15 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 16 Notícias Museus RPM* * Notícias exclusivamente baseadas em informações enviadas Ecomuseu Municipal do Seixal – Catálogo da Colecção Eugénio Lapa Carneiro do Ecomuseu Municipal do Seixal: A Cerâmica no Postal Ilustrado Teve lançamento público no passado dia 15 de Novembro, no Núcleo da Mundet do Ecomuseu Municipal do Seixal, a edição, da Câmara Municipal do Seixal/Ecomuseu comparticipada pelo IPM/RPM, do Catálogo da Colecção Eugénio Lapa Carneiro. A Cerâmica no Postal Ilustrado, constituído por dois volumes. Em finais de 1998, a Câmara Municipal do Seixal aceitou a doação de uma colecção iconográfica recolhida por Eugénio Lapa Carneiro, comprometendo-se a preservar a sua integridade pela incorporação nas colecções do S.d Guarda (?): Foto Hermínios (?) [postal: p&b; 13,5 cm x 8,5 cm] Ecomuseu Municipal do Seixal e a promover, através dos respectivos serviços, o seu inventário e documentação e O catálogo que agora se edita respeita a um total de a sua divulgação. 1505 postais ilustrados, omitidas que foram as situações O conjunto integra 2164 espéci- de exemplares repetidos, devidamente assinaladas. mes iconográficos, tematicamente A informação textual relativa a cada postal inclui refe- centrados em representações de rência bibliográfica completa (título, data e local de etnocerâmica, entre os quais se edição, editor, tipo de espécime, aspectos cromáticos incluem gravuras, estampas, lito- e dimensões), seguida da reprodução das inscrições grafias, xilogravuras, desdobrá- impressas na frente e no verso, do ano de circulação (quan- veis, fotografias, fotocópias, do existe), da localização e descrição da imagem utilizada, cartazes, desenhos, rótulos, cai- da classificação temática (distinguindo quando esta foi xas de fósforos, sacos de papel realizada pelo coleccionador ou pelo Ecomuseu), do estado e de plástico, recortes de de conservação e da referência de inventário atribuída imprensa, calendários de bolso, pela instituição de acolhimento. Recorre-se ainda a um bilhetes de lotaria, etc. Destaca- campo de notas complementares sempre que necessário. se, contudo, o acervo de pos- Para reprodução visual dos postais, utiliza-se uma tais (1648 exemplares) que ilus- maqueta gráfica que faz acompanhar três imagens tram as várias fases de fabrico, comercialização e reduzidas de uma em escala natural. A selecção utilização de materiais cerâmicos, um pouco de todo destas últimas obedeceu a critérios de diversidade o mundo, predominando, contudo, os referentes ao geográfica e temática, aproveitando igualmente para território português. particularizar e ilustrar modos de fabrico e artefactos A presente obra tem por objectivo divulgar este abran- produzidos, fontes, locais, indumentárias, etc. gente e diversificado repertório das técnicas, dos pro- O catálogo segue a sequência da tabela de Eugénio dutos, das representações e das atitudes sociais ligadas Lapa Carneiro, embora a colecção não disponha de à olaria tradicional, através de imagens que remontam, espécimes representativos de todas as categorias clas- nalguns casos, aos finais do século XIX. sificatórias aí previstas. ❚ 1993 Zaire: National Museum of African Art [postal: color.; 10 cm x 15 cm] 16 | Boletim Trimestral pelos Museus integrados na RPM boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 17 Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique/Museu Municipal de Faro – Formas com Memória...! (RE)INVENTEM-SE O Museu desenvolveu uma actividade/colóquio no dia Projectos Artísticos – tendo como base as peças selec- 6 de Outubro de 2003 (Dia Nacional da Arquitectura) cionadas os alunos desenvolvem segundo uma dedicada ao tema Adaptação de Edifícios Históricos a Metodologia Projectual um projecto de expressão artís- Museus. Na parte da manhã decorreu uma acção prá- tica numa das suas áreas de eleição: pintura, design tica sobre percursos museológicos e concepção de de moda, vídeo, etc. exposições, que teve como público-alvo as turmas de Concepção/Montagem da exposição (Maio, Junho Artes do 12.º ano das escolas secundárias da cidade. 2004) – em colaboração com a designer do museu, Houve desde cedo uma relação de afectividade os alunos vão conceber a “sua” exposição no Museu, e de interesse muito grande, demonstrada pelos docen- permitindo fazer uma interacção entre as colecções tes e pelos alunos em desenvolver um intercâmbio que serviram de inspiração e as novas criações artís- escola/museu, a qual se traduziu no projecto Formas ticas dos alunos. com Memória...! (RE)INVENTEM-SE, que decorre ao Este projecto tem como objectivo o estabelecimento longo do ano lectivo 2003/04 em três fases distintas: de uma relação efectiva e/ou afectiva com as colec- Percursos Museológicos – visitas guiadas às várias ções do museu – objectos com memória – criando colecções, selecção de uma ou duas peças para inves- uma interacção entre o passado e o presente. ❚ tigação em sala de aula; Museu de Arte Sacra e Etnologia – Ta r d e s d e P o e s i a N a t a l í c i a O Museu de Arte Sacra sentido de comporem poemas com elas relacionadas. e Etnologia, em Fátima, Nesta edição e nas anteriores, a adesão foi francamente apresentou a 3.ª edição das positiva, tendo os participantes declamado os seus poe- Tardes de Poesia Natalícia. mas junto das peças que os inspiraram. Alguns destes Este projecto de animação tendo alertado para o verdadeiro significado do Natal. surgiu em 2001 com o Igualmente associada à poesia esteve a música nata- objectivo de valorizar parte lícia que intercalou alguns dos poemas declamados, do acervo existente na sala funcionando como factor cultural de divulgação de da Natividade de Cristo, composta por vários Presépios temas que fazem parte das nossas memórias. e Meninos Jesus, pretendendo ainda a aproximação Esta 3.ª edição teve um primeiro momento de ani- dos públicos/visitantes a uma realidade museológica mação de expressão dramática a cargo do curso de que abrange um aspecto histórico-cultural da Arte Animadores Socioculturais da Escola Profissional de Sacra em simultâneo com uma mensagem humanis- Ourém. Tornou-se um momento de reflexão, de uma ticamente determinante. paragem em toda a azáfama existente no Natal. Assim, inspirando-se nalgumas peças expostas, tem-se lançado o repto para as escolas do 1.º ciclo Gonçalo Cardoso da freguesia de Fátima e aos poetas locais no Museu de Arte Sacra e Etnologia ❚ Rede Portuguesa de Museus | 17 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 18 Museu de Ciência da Universidade de Lisboa – Dia Nacional da Cultura Científica No dia 24 de Novembro, o Museu de Ciência da objectos científicos do acervo do Museu. E ainda, com Universidade de Lisboa (MCUL) comemorou o Dia a colaboração do Prof. Jorge Buescu, explorar os Nacional da Cultura Científica com uma programa- Códigos: do Mistério do BI ao Bug do Euro, bem como ção especial. observar os truques com cartas e matemática dos Procurando alargar a todos os públicos a divulgação Matemágicos Silva. de várias áreas científicas, pelo desafio à participação A comemoração deste dia terminou com o lança- de um modo interdisciplinar, o MCUL propôs para mento do livro do Prof. Doutor Fernando Bragança Gil, este dia: resolver problemas na oficina de Matemática, intitulado Museu de Ciência da Universidade de Lisboa. interpretar a poesia de António Gedeão num encon- Das Origens ao Pleno Reconhecimento Oficial, que revela tro entre a poesia e a ciência, apresentar o projecto a narrativa e as reflexões do fundador do MCUL, no de recuperação do Laboratorio Chimico da Escola dia em que também foram celebrados os dez anos Politécnica, acompanhar os visitantes numa viagem da inauguração da exposição participativa de longa aos espaços da memória do lugar, contar histórias de duração no Museu de Ciência. ❚ Museu de Francisco Tavares Proença Júnior – “O linho é um sonho” e “A seda é um mistério” O acervo documental do Museu de Francisco Tavares transformação do linho: de semente em planta (semen- Proença Júnior está mais rico com a edição dos docu- teira e rega); de planta em fibra têxtil (arrinca, enla- mentários “O linho é um sonho” e “A seda é um gamento na ribeira, maçagem e gramagem, espade- mistério”, realizados por Catarina Alves Costa sob a lagem e assedagem, fiação, branqueamento das orientação científica de Benjamim Enes Pereira. meadas e dobagem); e finalmente a transformação Apresentados publicamente no passado dia 15 de do fio em tecido (urdidura, montagem no tear e tece- Novembro no Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco, lagem). os dois documentários retratam o ciclo de produção Um forte laço afectivo liga Teresa Frade aos seus bichos do linho e da seda na região de Castelo Branco e da seda. A busca de alimento para as larvas leva Teresa inserem-se no projecto de requalificação do núcleo Frade a subir à única amoreira na Rua da Amoreirinha, dedicado às tecnologias têxteis que integra a exposição em pleno centro urbano albicastrense, é assim que inicia permanente deste Museu. o filme “A seda é um mistério”, que nos apresenta a meta- No circuito expositivo o visitante encontra o processo morfose das lagartas que se envolvem em fios de seda. artesanal de produção e de transformação do linho, É de assinalar o interesse destes documentários para e brevemente também o da seda, matérias primas das os museus com colecções etnográficas, pois resultam colchas de bordado de Castelo Branco. É também de uma metodologia de investigação que visou asso- possível ao visitante no seu percurso assistir ao filme ciar contextos e sentidos aos testemunhos materiais síntese dos documentários agora editados. que integram as colecções, contribuindo desse modo Museu de Francisco Tavares Proença Júnior Para Teresa Frade, personagem central dos dois fil- para compreender e para dar a ver os ciclos de pro- Largo da Misericórdia mes, o linho é “um sonho, uma erva do campo”, que dução do linho e da seda. 6000-462 Castelo Branco dá origem “ao tecido mais rico de todos”. É através Os documentários em vídeo (VHS), acompanhados de desta personagem, que no filme “O linho é um sonho” uma brochura da autoria de Benjamim Enes Pereira, se fica a conhecer todo o processo de produção e de podem ser adquiridos nas lojas dos museus do IPM. ❚ Informações e contactos Tel.: 272 344 277 Fax: 272 347 880 18 | Boletim Trimestral E-mail: [email protected] www.ipmuseus.pt/cgi-bin/ipmuseus/fs_museus.html boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 19 Museu Municipal de Vila Franca de Xira – Inauguração do Núcleo-Sede O Museu Municipal de Vila Franca de Xira procedeu no passado dia 27 de Setembro à inauguração do seu NúcleoSede, na Rua Serpa Pinto, em Vila Franca de Xira. Este foi instalado num edifício setecentista, no qual a autarquia promoveu profundas obras de adaptação, de forma a poder acolher os serviços do Museu Municipal. Esta obra foi financiada pelo Plano Operacional da Cultura vestígios e objectos histórico-patrimoniais detectados e vai permitir ao Museu Municipal adquirir melhores e coexistentes num espaço em permanente transfor- condições para o desenvolvimento do trabalho nas áreas mação socioeconómica e cultural, tendo por base um do estudo e da investigação da história e do patrimó- percurso reconstituidor da memória colectiva e iden- nio local, da conservação e da documentação do patri- titária das populações concelhias. mónio arqueológico, edificado e paisagístico do Este novo espaço museológico é ainda constituído por Concelho, assim como delinear programas de educa- uma recepção com bengaleiro e loja, um Centro de ção patrimonial, no sentido de dinamizar e envolver as Documentação, uma Oficina Educativa, um espaço populações locais na história da sua terra. polivalente, um gabinete de conservação e gabinetes técnicos. O edifício tem no seu interior um elevador para permitir o acesso de deficientes ao piso superior e sanitários adaptados para deficientes. Neste novo espaço museológico podem encontrar-se Informações e contactos duas salas de exposições temporárias, onde está patente Núcleo-Sede do Museu Municipal a exposição A Cidade no Imaginário do Postal até ao de Vila Franca de Xira dia 26 de Setembro de 2004. Esta exposição apre- Foi ainda elaborado um projecto educativo que con- senta, através de um conjunto de postais antigos, Vila sistirá na realização de visitas guiadas às exposições, Franca de Xira, as suas vivências diárias e aspectos suportadas por um conjunto de fichas educativas, Fax : 263 280 358 urbanos, de 1910 a 1970. No primeiro piso, a expo- em ateliês lúdico-pedagógicos (pintura de azulejo, E-mails: [email protected] e sição permanente Vila Franca de Xira – Tempos do Rio, trabalhos em barro, jogos didácticos, dramatização e Ecos da Terra procura transmitir, através de uma viagem actividades de restauro) e colóquios. Rua Serpa Pinto, n.º 65 2600 Vila Franca de Xira Tel.: 263 280 350 [email protected] Horário De 3ª feira a Domingo, das 9.30h às no tempo (desde as primeiras comunidades pré-his- 12.30h e das 14h às 17.30h. tóricas até ao séc. XX) e no espaço, a evolução dia Paulo Silva Encerramento às 2as feiras e feriados crónica e sincrónica da paisagem pontuada pelos Museu Municipal de Vila Franca de Xira ❚ Rede Portuguesa de Museus | 19 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 20 Em Agenda Museu de Arte Sacra do Funchal – Exposições No dia 6 de Dezembro de 2003, o Museu de Arte Sacra do Funchal inaugurou uma exposição da artista Adriana Molder, apresentando trabalhos sobre papel de grandes dimensões, especialmente realizados para o Museu e expostos nas salas de arte flamenga. No mesmo dia inaugurou ainda, na sua sala de exposições temporárias, a exposição O Futuro do Passado. Informações e contactos Esta mostra pretende ser uma sensibilização à con- Museu de Arte Sacra servação preventiva das obras de arte postas à guarda Rua do Bispo, 21 9000-073 Funchal do Museu e da necessidade da conservação preven- Tel.: 291 228 900 tiva e da conservação e restauro como trabalho con- Fax: 291 231 341 tinuado dos Museus. ❚ E-mail: [email protected] Ecomuseu Municipal do Seixal – Exposições Sugere-se que este olhar pela fábrica e pela paisagem Horários de Inverno (Outubro-Maio): Núcleo da Mundet – Edifícios das Caldeiras Babcock urbana sirva também para reflectir sobre as formas De 3ª a 6ª feira, das 9 às 12h e das Caldeiras de Cozer Cortiça: de valorizar o património industrial, desde logo Com os Homens do Aço – Jornada Memória no Alto enquanto elemento dinâmico da memória colectiva Forno da Siderurgia Nacional e recurso de desenvolvimento. Segundas-feiras, feriados nacionais Até Maio de 2004 – Serviço Educativo e municipais Olhar a Fábrica No primeiro trimestre de 2004, o Serviço Educativo De 31 de Janeiro a Março de 2004 promove várias iniciativas especialmente dirigidas para Uma nova proposta e um pretexto para o visitante o público escolar do concelho. Assim, às 3as feiras, olhar (ou voltar a olhar) os espaços industriais e os decorrem as visitas temáticas Os Romanos entre Nós ambientes singulares da Mundet, interpretar e conhecer no Núcleo da Quinta da Trindade e às 4as feiras, no o equipamento gerador de vapor, acessível ao público. Núcleo da Mundet, os ateliês Quatro estações labora- Trata-se de uma exibição temática, de fotografias e toriais e as visitas temáticas Somos Homens do Aço. de pintura, a par de um núcleo interpretativo das cal- A partir de Fevereiro, e no âmbito da nova exposição deiras de vapor Babcock & Wilcox. Olhar a Fábrica, a inaugurar em 31 de Janeiro no As fotografias, fazendo parte do acervo do Ecomuseu, Edifício das Caldeiras Babcock do Núcleo da Mundet, já integraram duas exposições anteriores, de Rosa Reis estão calendarizados, também às 4as feiras, os ateliês e de Júlio Pereira Dinis. De Luis Badosa, selecciona- Olhares sobre a Mundet e Descobertas matemáticas na ram-se as obras que o pintor criou e dedicou à Mundet Mundet. para a exposição (também de 1998) Iconografia Para público juvenil e adulto, e muito especialmente Industrial – duas dessas obras fazendo parte da colecção para famílias, o Serviço Educativo promove, aos fins municipal de arte. de semana, um conjunto de actividades explorando e das 14 às 17h Sábados e Domingos, das 14h às 17h 20 | Boletim Trimestral Encerramento boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 21 as exposições patentes no Núcleo da Mundet (dias Desde Novembro de 2003 e até Maio de 2004, e na Ecomuseu Municipal do 18 de Janeiro e 15 de Fevereiro, às 15h). No dia 21 sequência da parceria estabelecida entre a CMS/ Seixal/Serviço Educativo de Março, às 15h, propõe-se a visita Celebrar a Ecomuseu e os Centros de Formação de Associação Primavera na Quinta da Trindade, (re)descobrindo os de Escolas do concelho, decorre a 2ª edição da ofi- espaços interiores e exteriores deste Núcleo do cina de formação para professores subordinada ao E-mail: [email protected] Ecomuseu através de motivos habitualmente associa- tema Produção de materiais didácticos no âmbito da www.cm-seixal.pt/ecomuseu dos a esta estação do ano. educação patrimonial. ❚ Informações e inscrições Praceta Francisco Adolfo Coelho Torre da Marinha, 2840-490 Seixal Tel.: 21 227 62 90; Fax: 21 227 63 40 Museu Arqueológico e Lapidar Infante D. Henrique/Museu Municipal de Faro – Serviço Educativo tendo em atenção a textura e a cor dos mesmos, que Lendas em Fantoches encaixam numa reprodução das telas, terminando a Acção a ser desenvolvida no âmbito da exposição acção com a realização de um desenho em banda O Algarve Encantado na Obra de Carlos Porfírio. desenhada sobre a estória do quadro. A acção é acom- As lendas escolhidas para serem dramatizadas através panhada por música da época em que o quadro foi de fantoches são: A Cobrinha do Barranco (1.º Período) realizado, desta forma, a criança consegue relacionar A Moura de Olhão (2.º Período) e A Lenda das duas formas de expressão artística de uma mesma Amendoeiras em Flor (3.º Período). época. Após a representação realiza-se uma visita à sala de Destinatários: ensino pré-escolar, 1.º e 2.º ciclo. exposição, onde as crianças são convidadas a obser- Horário: sexta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h var os quadros e onde se faz uma breve referencia às às 16.30h lendas e à sua relação com os quadros. A acção fina- Por Estas Terras Andaram liza com um desenho livre sobre a lenda. Romanos e Árabes Destinatários: ensino pré-escolar e 1.º ciclo. Acção a ser desenvolvida no Horário: quarta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h às âmbito das salas de exposição Mosaico Romano e Casa 16.30h Islâmica. Histórias Cores e Sensações Nesta acção pretende-se transmitir de forma lúdica parte da História local sobre a permanência romana e árabe na região do Algarve, sobretudo em Faro, utilizando para o efeito alguns artefactos representativos de objectos destes dois povos que a criança vai poder manusear. Os principais pontos a focar são as habitações, os utensílios domésticos, os utensílios de Acção a ser desenvolvida no âmbito da exposição de trabalho (pesca e agricultura), o lazer, o vestuário, “Pintura Antiga”. a religião, a cultura. Pretende-se levar as crianças a “olhar para uma obra Após terminar esta fase da acção, os participantes de arte com outros olhos”, ou seja, que através da serão conduzidos a uma visita às salas de exposição observação de um quadro consigam identificar: dife- das épocas romana e árabe. Para finalizar, será entre- Informações e contactos rentes texturas, a importância da cor e a estória que gue a cada participante uma ficha sobre a temática Museu Municipal de Faro a obra representa. Para o efeito, desenvolvem-se várias abordada. actividades como: construção de um puzzle gigante Destinatários: 1.º, 2.º e 3.º ciclo. (financiado pelo Programa de Apoio à Qualificação Horário: quinta-feira, das 10h às 12h e das 14.30h às de Museus em 2002), a escolha de vários tecidos, 16.30h ❚ Serviço Educativo Telf.: 289 897 400 Fax: 289 897 419 E-mail: [email protected] Rede Portuguesa de Museus | 21 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 22 Museu dos Biscaínhos – Actividades educativas em destaque Sons do Palácio Era uma vez Público-alvo: alunos dos 3º, 4º, 5º e 6º anos do Ensino Público-alvo: crianças dos 3 aos 5 anos de idade inte- Básico gradas em estabelecimentos de educação. Acção desenvolvida como um jogo exploratório. A Exploração do conteúdo temático do Museu pelo partir da audição de diferentes sonoridades que expres- convite ao imaginário infantil pela presença de sam o conteúdo original dos diferentes espaços do “Um Príncipe e uma Princesa”, dois agentes do museu Palácio, os alunos são solicitados à respectiva identi- que, trajando como Nobres do séc. XVIII, conduzem ficação na sequência do percurso de visita. as crianças através do Museu. Projecto Sentindo Uma Visita ao Mundo as Fadas Público-alvo: população invisual Público-alvo: crianças dos No enquadramento do Ano Europeu da Pessoa com 3 aos 5 anos de idade Deficiência, um projecto de sensibilização da comu- integradas em estabeleci- nidade para a problemática dos cidadãos invisuais, e mentos também de acessibilização global dos conteúdos de educação. Exploração da relação da museológicos da instituição. criança com a Natureza, Colaborações: ACAPO – Delegação de Braga; através do convite ao Dr. Leonardo Silva. imaginário infantil pela Projecto Sentir presença física da Fada Público-alvo: crianças portadoras de deficiência mental Estrelinha, vinda do Mundo Actividades que integram o projecto que decorre nos da Luz, para revelar a sua dimensão às crianças, com Jardins do Museu: oficina do sumo de laranja; explo- as quais comunica permanentemente. Uma realidade ração de sons; jogos; sentir a água; pinturas na Informações e contactos de fadas, duendes, animais fantásticos e reais, plantas Natureza; à descoberta da Natureza; modelação de Rua dos Biscaínhos (árvores, arbustos, flores) e de fenómenos naturais (arco- farinha. -íris, chuva, nuvens, raios solares) é dada a conhecer Colaboração técnica das instituições de acolhimento e a vivenciar, sob um espírito mágico e lúdico, nos das crianças. ❚ 4700-416 Braga Tel.: 253 204 650 Jardins do Museu. Fax: 253 204 658 E-mail: [email protected] www.ipmuseus.pt/cgi-bin/ipmuseus/fs_museus.html Museu da Casa Grande de Freixo de Numão – Exposição de alunos terão uma aula, onde não faltarão activi- A Escolinha do avô dades utilizando o velho tinteiro, a caneta de aparo, Até 31 de Janeiro de 2004 a pedra de lousa e o ponteiro. O Museu da Casa Grande de Freixo de Numão orga- Cada sessão (aula) apenas comporta 12 alunos nizou uma exposição temporária intitulada A Escolinha (6 carteiras duplas). No entanto, caso as turmas do Avô no espaço da Biblioteca do Museu, instalada sejam maiores, haverá actividades paralelas, como visi- no Salão do edifício da Junta de Freguesia de Freixo tas guiadas ao Museu da Casa Grande, ao Centro de Numão. Histórico, às ruínas arqueológicas do Prazo ou a Esta exposição, onde é reconstituída uma sala de aula outras. de Escola Primária do tempo dos avós das actuais É possível programar actividades para todo o dia, crianças, destina-se essencialmente a alunos dos 1º sendo necessário trazer merendas ou encomendar os Fax: 279 789 573 e 2º ciclos. Além da visita à exposição, os grupos almoços no Centro de Juventude da ACDR. ❚ E-mail: [email protected] Informações e contactos ACDR de Freixo de Numão 22 | Boletim Trimestral Tel.: 279 789 573/279 789 584 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 23 Museu de Cerâmica de Sacavém – Exposições de sensibilização para professores e educadores – como A Fábrica de Sacavém Pelos Olhos de Eduardo Gageiro e quando utilizar os museus. Até Março de 2004 • Visitas orientadas nos Museus de Loures e ao Armando Mesquita, o Escultor e Ceramista Património Edificado do Concelho De Março a Dezembro de 2004 • Itinerários Culturais Temáticos – Navegar o Rio... entre montes sensações (terças-feiras); Um percurso pela Informações e contactos – Reservas azulejaria... em tons de azul (quartas-feiras); Uma Rota Museu de Cerâmica de Sacavém Visitas de um número limitado a cinco visitantes, com hilariante... por tascas e muito mais (quintas-feiras) marcação prévia, nas primeiras terças-feiras do mês, • Oficinas Temáticas (quintas-feiras das 10h às 12h e das 10h às 12h30 e das 14h30 às 17h. sextas-feiras das 14h30 às 16h30) Urbanização Real Forte, 2685 Sacavém Tel.: 21 940 98 00 Fax: 21 949 98 98 • Apoio a Projectos Escolares na Área do Património E-mail: [email protected] www.cm-loures.pt/aa_patrimoniorede- – Actividades de Extensão Cultural Cultural (apoio logístico, financeiro, outros) • Sessões de trabalho com professores e educadores Destinatários para discussão e planeamento de visitas e/ou projectos Instituições Escolares, Grupos de Deficientes, de Tel.: 21 983 96 00 específicos que as instituições pretendam apresentar Amigos, Associações, Centros de Dia, Juntas de E-mail: [email protected] • “Aprender a utilizar os Museus de Loures”, acções Freguesia, Empresas etc.. ❚ museussacvema.asp Extensão Cultural Dr.ª Isabel Gomes Museu de Ciência da Universidade de Lisboa – Serviço Educativo meiras e terceiras quartas-feiras de cada mês (às 10h Com uma nova programação desde Novembro, o e às 11h); Eureka! - Vamos Falar de Ciência, na última Serviço Educativo do MCUL promove, às terças e quin- segunda-feira de cada mês (das 11.30h às 13h) e tas-feiras, oficinas pedagógicas nas áreas da Física, do Sábados de Ciência para Crianças, Pais e Avós, no último Museu de Ciência da Universidade Ambiente, da Química e da Matemática, especial- Sábado de cada mês (das 16h às 18h). de Lisboa/Serviço Educativo mente dedicadas aos vários níveis escolares, mantendo A exposição de carácter histórico na Sala da Memória às quartas e quintas-feiras as sessões habituais no da Politécnica será também objecto de visitas acom- Planetário. panhadas revelando a memória das instituições que E-mail: [email protected] Tiveram início também novas actividades dirigidas a ocuparam, ao longo de três séculos, o sítio onde hoje www.museu-de-ciencia.ul.pt públicos específicos: Ciência para Crianças, nas pri- se encontra o Museu (quartas-feiras, às 11h). ❚ Informações e inscrições Rua da Escola Politécnica, 58 1250-102 Lisboa Tel.: 21 392 18 08 Fax: 21 392 18 08 Museu Municipal de Coruche – Ateliers de Origami O Origami é uma das actividades a privilegiar na edu- Até Março de 2004, às quartas e sextas-feiras, o Museu cação das crianças e dos jovens, pois consiste em exer- Municipal de Coruche vai organizar ateliers de Origami cícios de dobragem de papel, que exigem movimentos Tel.: 243 610 823 sob a orientação da Prof.ª Eulália Faustino destinados suaves de extensão e contracção dos dedos, grande E-mail: [email protected] em particular a alunos do 1º ciclo do Ensino Básico. auxiliar nas actividades de grafismo. ❚ Informações e contactos Sector Educativo: 9.30h-16.30h Rede Portuguesa de Museus | 23 boletim rede 10 04/1/6 10:03 Página 24 Museu Municipal de Loures – Actividades de Extensão Cultural • Visitas orientadas nos Museus de Loures e ao Património Edificado do Concelho • Itinerários Culturais Temáticos: Azulejaria, Vinícola, Água • Horta pedagógica – A Horta é um projecto de sensibilização que tem como objectivo recuperar trabalhos, gestos e vivências do mundo rural. Os utilizadores do Museu podem aprender e acompanhar o crescimento e a colheita dos produtos hortícolas. Informações e contactos – Exposições • Oficinas Temáticas (terças-feiras das 10h às 12h e Trabalhos Arqueológicos em Curso quintas-feiras das 14h30 às 16h30) De Fevereiro a Julho de 2004 • Apoio a Projectos Escolares na Área do Património Tel.: 21 983 96 00/05; Fax: 21 983 96 06 Os Comércios de Antigamente, Vivências e Memórias Cultural (apoio logístico, financeiro, outros) E-mail: [email protected] Até Março de 2004 Destinatários – Reservas Visitáveis Instituições Escolares, Grupos de Deficientes, de Colecções de Transportes, Utensílios e Alfaias Agrícolas Amigos, Associações, Centros de Dia, Juntas de Freguesia, Tel.: 21 983 96 00 e de Mobiliário Empresas. ❚ E-mail: [email protected] Museu Municipal de Loures Quinta do Conventinho, 2670 Loures www.cm-loures.pt/aa_patrimonioredemuseuslouresa.asp Extensão Cultural – Dr.ª Isabel Gomes Museu Municipal de Penafiel – Exposição tância do desenho na formação artística ministrada Desenhos do Séc. XIX durante o século XIX pela Academia Portuense de Até 7 de Fevereiro de 2004 Belas Artes/Escola de Belas Artes do Porto. Organizada pelo Museu Municipal de Penafiel e pela Desenhos de anatomia, desenhos de estátua, dese- Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, nhos de modelo vivo e estudos de composição são a exposição Desenhos do Séc. XIX abriu ao público as grandes áreas a explorar nesta exposição, apoiada nas instalações provisórias do Museu no dia 8 de por actividades diversas que irão desde palestras Novembro. proferidas por investigadores e artistas plásticos, aos Na sequência de anteriores acções, com esta mostra ateliers para iniciados e acções do serviço educativo voltam a estar disponíveis para o público, penafide- direccionadas para os vários níveis de escolaridade, lense em particular, obras de autores consagrados com disponibilização de material de apoio e convite pertencentes à colecção da Faculdade de Belas Artes à experimentação do exercício da cópia (marcação do Porto. Desenhos de Henrique Pousão, António necessária para grupos). Tel.: 255 712 760 Fax: 255 711 066 Carneiro, Augusto Roquemont, João Marques da Silva A primeira palestra foi proferida pelo professor dou- E-mail: [email protected] Oliveira, Tadeu Almeida Furtado, Custódio Rocha, José tor António Cardoso (FLUP-Museu Municipal Amadeu de Almeida e Silva, João Carlos Vieira Soares, Joaquim de Sousa Cardoso), no próprio dia da inauguração, e Rodrigues Braga e Joaquim Marques Guimarães e dois teve por temática: O desenho na Academia Portuense das 9.30h às 12.30h gessos permitirão traçar uma panorâmica da impor- de Belas Artes. ❚ Gratuito Informações e contactos Museu Municipal de Penafiel Rua Conde de Ferreira, s/n 4560-483 Penafiel Horário De Segunda a Sexta-feira, das 9.30h às 24 | Boletim Trimestral 12h e das 14h às 17.30 h e ao Sábado, boletim rede 10 04/1/6 10:04 Página 25 Museu Municipal de Portimão/Museu Nacional de Arqueologia – Exposição orientadas e actividades sobre temas da história local: Um Mergulho na História – Arqueologia Subaquática • À Descoberta da Pré-história em Portimão – aborda- no Arade gem sobre vida das populações pré-históricas do IV Até 11 de Fevereiro de 2004 no Museu Nacional e III milénios a.C.; de Arqueologia, Lisboa. • A Rota Ribeirinha-Pelas Margens da História – Produção: Museu Municipal de Portimão percurso orientado para a redescoberta da evolução Resultante das pesquisas arqueológicas subaquáticas histórica, paisagística e urbana que a margem direita feitas ao longo dos últimos 30 anos no rio Arade, esta do rio Arade sofreu; exposição reúne materiais de grande diversidade cro- • O Jogo da Sardinha – filme-documentário sobre a nológica e tipológica, organizados em seis núcleos actividade piscatória e conserveira em Portimão, na temáticos que permitem, partindo da sua contextua- 1.ª metade do Séc. XX; lização histórico-geográfica, um olhar sobre a ocu- • Portimão: Histórias com Rio ao fundo – projecção de pação humana das margens do rio Arade e a sua uma unidade audiovisual sobre a relação histórica intensa utilização enquanto estrada flúvio-marítima. entre a cidade, o rio e o mar; O Jornal da Exposição, publicação que acompanha a • Bairros com História e Estórias de Trabalho – percurso exposição, documenta e aprofunda os seus conteú- a iniciar em Janeiro de 2004, através dos primeiros dos temáticos. bairros industriais e sociais de Portimão (Operário, Fax.: 282 417 979 – Serviço Educativo e outras actividades Pontal e dos Pescadores), para a descoberta das suas E-mail: [email protected] O Museu disponibiliza um conjunto de visitas origens, evolução e quotidianos. ❚ Informações e contactos Museu Municipal de Portimão Tel.: 282 412 238/282 470 733 M u s e u M u n i c i p a l d a P ó v o a d e Va r z i m – Exposição exposição alguns dos trabalhos resultantes da Missão A Arte da Pintura. Uma mostra da colecção de pin- Internacional de Arte promovida pela Câmara Municipal tura do museu da Póvoa de Varzim em 1955. No dia 3 de Dezembro, a exposição A Arte da Pintura. Na cerimónia de inauguração esteve presente o Uma mostra da colecção de pintura do museu foi inau- Professor Doutor António Cardoso, o qual fez uma gurada no Museu Municipal da Póvoa de Varzim. Esta palestra subordinada ao tema: “A Missão Internacional Tel./Fax: 252 616 200 exposição apresenta uma selecção de obras da colec- de Arte da Póvoa de Varzim e a sua inserção na arte E-mail: [email protected] ção de pintura do Museu Municipal, muitas das quais contemporânea”. ❚ Informações e contactos Rua do Visconde de Azevedo 4490-589 Póvoa de Varzim desconhecidas do público. Fazem ainda parte desta Museu de Setúbal/Convento de Jesus Informações e contactos: – Exposições Exposição colectiva do Grupo Via Casa de Bocage/Galeria Municipal de Artes Visuais: Intervenção plástica e escrita utilizando várias ver- Paisagens e Figuras – Pintura de Laurinda Silvério e tentes artísticas: pintura, escultura, escrita, instala- Tel.: 265 524772/265 537 890 Escultura de Jorge Silveira ção, teatro e design Fax: 265 537 893 Até 24 de Janeiro de 2004 De 31 de Janeiro a 28 de Fevereiro de 2004 ❚ Museu de Setúbal/Convento de Jesus Rua do Balneário Dr. Paulo Borba 2900-261 Setúbal Rede Portuguesa de Museus | 25 boletim rede 10 04/1/6 10:04 Página 26 Outras Notícias A D e c l a r a ç ã o d e Te r r a s s a O papel dos Museus face à imigração (o cobrir da cabeça), imagens, textos e terminais mul- Realizou-se no Museu Nacional da Ciência e da Técnica timédia, completam a museografia da exposição. da Catalunha – MNACTEC, em Terrassa, entre 1 e Estamos, assim, perante uma atitude museológica que 5 de Outubro, de 2003, o Congresso Migrações, claramente entende a função do Museu, como par- Trabalho e Identidade, para apresentação do resultado ceiro atento ao evoluir das interacções e das proble- final do Projecto “Migration, Work and Identity”, máticas sociais do presente, com reflexos no discurso desenvolvido durante três anos por museográfico, o qual se afasta de uma concepção sete museus europeus1, no âmbito “coleccionista” de exposição, para se centrar num do Programa Cultura 2000. conceito “temático”, neste caso, a imigração e o seu Um dos objectivos deste Projecto, reflexo nas sociedades de acolhimento ou de passagem. 1 Copenhagen Arbejdermuseet (Worker’s Museum), Manchester People’s History Museum,Steyer Museum Arbeitswelt (Museum of the World of WorK), decorrente desde logo da sua própria designação, A Declaração de Terrassa residia precisamente no contributo para o debate e Os delegados dos Museus reunidos no Congresso of Work), Hamburg Museum der Arbeit a reflexão ao nível europeu, sobre a diversidade cul- “Migrações, Trabalho e Identidade”, em Terrassa, (Museum of Work), Museu Nacional da tural e um melhor e mais efectivo conhecimento das apelam a todos os Profissionais dos Museus da Europa diferentes comunidades imigrantes, de modo a incor- para que: porar a realidade dos movimentos e fluxos migrató- • Trabalhem a favor da inclusão social de todos os Museum), Museumspädgogischer Dienst rios no discurso dos museus, enquanto lugares de grupos e comunidades, independentemente do seu Berlin, Deutsches Technikmuseum inclusão e espaços de representação da heterogenei- género, origem, cultura ou religião; (German Museum of Technology) dade social e cultural. • Procurem representar e interpretar de uma forma Para além do conjunto das comunicações e debates, equilibrada, todos os grupos sociais, através das suas no qual, enquanto convidado do MNACTEC, tive oca- colecções, exposições e actividades; 2 sião de participar , duas outras iniciativas relaciona- • Apoiem as comunidades na reflexão e interpreta- paisagem”, José Gameiro, Congresso das com este Congresso, merecem especial destaque ção da sua própria história; “Migration, Work and Identity”, pela sua importância: • Promovam uma efectiva igualdade de oportunida- • A Exposição “Cruzando Fronteiras” des na diversidade étnica e cultural das populações; • A Declaração de Terrassa. • Estimulem o diálogo entre as comunidades e os Exposição “Cruzando Fronteiras” representantes políticos para a promoção de plata- A exposição itinerante “Cruzando Fronteiras”, organi- formas de debate político e cultural. Norrköping Arbetets Museum (Museum Ciência e da Técnica da Catalunha e o grupo de Museus de Berlim: Nachbarschaftsmuseum(Neighbourhood e Museum Europäischer Kulturen (Museum of European Cultures). 2 zada pelo Museu do Trabalho de Styer (Áustria), con- Terrassa, Outubro 2003 juntamente com os outros parceiros, estrutura-se a partir do fim da II Guerra Mundial e dos movimentos A actualidade desta posição, e a oportunidade das migratórios desde então ocorridos até aos finais do questões que ela levanta, não pode deixar de mere- Séc. XX. Tendo por base os países e as cidades dos cer, por parte de todos os que trabalham nos museus museus participantes, nela são representadas as múlti- e no domínio da museologia, uma atenção particu- plas experiências de acolhimento, integração, do impacte lar, uma vez que se trata de um fenómeno transver- positivo da imigração no desenvolvimento local e na sal a todas as sociedades, do qual os museus não se diversidade cultural, mas igualmente as referências a podem alhear, considerando o papel insubstituível situações de rejeição e os desafios para a sua superação. que desempenham, enquanto instâncias mediadoras Um pórtico de controle de detecção de metais de do encontro plural e tolerante de olhares diferentes, uma qualquer fronteira, o som de um comboio como do aproximar do outro e das suas “distâncias” e do ambiente sonoro, uma simbólica diversidade de cha- convite à lucidez da diversidade, que nos devolve a péus, véus, lenços e formas que imigrantes e cida- substância cultural e a humanidade racional. dãos europeus utilizam perante uma mesma atitude 26 | Boletim Trimestral José Gameiro – Museu Municipal de Portimão ❚ “Migrações e transformação da Terrassa, Outubro 2003. boletim rede 10 04/1/6 10:04 Página 27 Comemoração do Dia Nacional do Mar de 2003 na Sociedade de Geografia de Lisboa O Dia do Mar, dedicado este ano às comunidades piscatórias, juntou na Sociedade de Geografia de Lisboa, a 13 de Novembro, associações de defesa do património marítimo e ribeirinho, investigadores, museus, bibliotecas e outros organismos públicos, e representantes de entidades que trabalham no sector – ADEPE (Associação para o Desenvolvimento de Peniche), ANOPCERCO (Associação Nacional de Organizações de Produtores de Pesca de Cerco), APOS- Coser a malha TOLADO do Mar, Associação Marítima Açoreana, FOR- património e da identidade das comunidades pisca- PESCAS (Centro de Formação Profissional para o Sector tórias, por não se ter em atenção que estas comuni- das Pescas), MÚTUA dos Pescadores, Associações de dades vivem em contacto diário com estes ecossiste- Armadores, Organizações de Produtores, Sindicatos mas podendo ser os seus melhores defensores. Um de Pescadores. A evocação em sessão solene esteve exemplo extremo é a abertura da nossa Zona a cargo do Professor Doutor Carlos Diogo Moreira, Económica Exclusiva às frotas dos restantes países da Presidente do Conselho Científico do Instituto Superior União Europeia, à revelia das preocupações no domí- de Ciências Sociais e Políticas. nio da preservação e da variedade das espécies (pen- Falou-se sobretudo de projectos a decorrer, organi- samos nos Açores, onde 8% dos activos vive do patri- zados em parcerias integrando instituições locais mónio marítimo do arquipélago, mas também em e regionais: recuperação de paisagens degradadas; portos com menor expressão económica nas pescas). motivação dos jovens para ingressarem nas pescas; Um exemplo de género oposto, mas com conse- formação nas áreas da segurança, ensino e higiene quências iguais, tem a ver com a impressionante no trabalho; desenvolvimento de museus ligados aos proporção de práticas prejudiciais aos ecossistemas patrimónios marítimos e das comunidades piscatórias. litorâneo e marinho, a exemplo do que vem ocor- No geral sobressaiu um mesmo pressuposto: ser pes- rendo no estuário do Tejo, tornadas a melhor demons- cador profissional, membro de uma comunidade pis- tração de como acabar com o pescador e com as suas catória, envolve um modo de vida: uma estrutura fami- raízes culturais. liar de traços singulares, solidariedades, formas de No final dos trabalhos ficou a ideia de que a defesa estar na cultura urbana – bairros, portos de pesca, e a salvaguarda efectiva dos patrimónios das comu- armazéns –, perceptíveis em cores, trajes, falares nidades piscatórias devem ser uma atitude quotidiana, típicos, horários próprios, cultos e rituais únicos. assente em investigação/estudos sobre estas popula- Singularidade que muito depende de uma ponde- ções, em programas de levantamento e valorização ração e da sabedoria no acto de legislar, determi- do património e em programas de constituição de nando este a possibilidade das leis se tornarem, com colecções, iniciativas que devem ser profundamente o tempo, elementos que contribuam para a salva- partilhadas entre os museus e as comunidades de guarda, valorização e difusão da riqueza patrimonial pesca da zona em que se inserem. das sociedades. Perfiar a sacocha Luís Martins Neste contexto foi discutida a formulação e a aplicação Membro da organização da Evocação de leis, transformadas em factores de corrosão do do Dia do Mar 2003 ❚ Rede Portuguesa de Museus | 27 boletim rede 10 04/1/6 10:04 Página 28 Estrutura de Projecto Rede Portuguesa de Museus Calçada da Memória, 14 • 1300-396 Lisboa Tel: 351. 21 361 74 90 Fax: 351. 21 361 74 99 Email: [email protected] Web Site: www.rpmuseus-pt.org DESIGN Artlandia IMPRESSÃO Facsimile 3000 Exemplares DEPÓSITO LEGAL ISSN 1645-2186 Dissertações • Na Universidade Lusófona de Humanidades e Conferência Os museus são plenamente Tecnologias, a 25 de Fevereiro de 2003, Maria Leonor acessíveis? Domingues Antunes F. de Carvalho obteve o grau de – A legislação sobre discriminação e Mestre em Museologia mediante a apresentação da deficiência no Reino Unido e as suas dissertação A Central Eléctrica da Companhia de Fiação implicações nos museus e Tecidos de Alcobaça: Um testemunho ímpar da 23 de Fevereiro de 2004 Industrialização e Urbanização da Vila e da Região. Church House Conference Centre, Londres Organização • Na Universidade Nova de Lisboa, em 2003, Élvio Resource: The Council for Museums, Archives and João Melim de Sousa, obteve o grau de Mestre em Libraries Museologia e Património mediante a apresentação Informações e Contactos da dissertação A Casa Museu Leal da Câmara (Rinchôa, Marcus Weisen Sintra): Percurso e função. Disability Development Officer Resource: The Council for Museums, Archives and Encontros Libraries 16 Queen Anne's Gate Londres, SW1H 9AA Workshop Internacional Tel.: 020 72731408 Fax: 020 72731404 – Novas Abordagens de Marketing em E-mail: [email protected] Museus, Património e Artes Performativas 22 a 24 de Janeiro de 2004 20.ª Conferência Geral do ICOM Fondazione Fitzcarraldo, Turim – Itália Tema Organização Museus e Património Cultural Imaterial Fondazione Fitzcarraldo 2 a 8 de Outubro de 2004 Informações e contactos Organização Fondazione Fitzcarraldo ICOM Corso Mediterraneo, 94 Informações e contactos 10129 Turim – Itália Secretariado do ICOM; Maison de l’UNESCO 1 Tel.: +39 011 5683365 Fax: +39 011 503361 Rue Miollis, 75732 Paris Cedex 15, França E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Website: www.fitzcarraldo.it Website: www.icom.museum