Ouro - Strategic

Transcrição

Ouro - Strategic
Quais as formas de se investir em
ouro no Brasil?
Por Gabriel Casonato,
Caro Leitor,
Que o Brasil sofre atualmente de uma crise econômica e política não é mais novidade para
ninguém.
Ao contrário do que diz a presidente da república, os problemas que enfrentamos atualmente não é
fruto de uma crise global. Como podemos ver abaixo nas projeções do Fundo Monetário
Internacional (FMI) para o crescimento das economias mundiais, divulgada ontem, aparecemos
como a pior economia da lista em 2015, 2016 e 2017. Enquanto isso, as economias dos países da
zona do Euro e Estados Unidos, por exemplo, estão crescendo.
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE Por isso vimos o dólar se valorizar bastante frente ao real nos últimos anos e ultrapassar R$ 4,00.
Ainda sugerimos ter uma exposição mesmo que pequena na moeda norte-americana como
diversificação da carteira e também proteção para o caso de uma maior deterioração da economia
brasileira.
Mas será que as grandes economias deverão continuar crescendo? Há risco de uma crise mundial?
Alguns analistas já alertam que, embora necessário, o excesso de intervencionismo dos Bancos
Centrais (e dos governos em geral) adotado desde a crise de 2008 para salvar a economia mundial
do colapso do sistema financeiro, praticamente zerando seus juros, levará a uma grande armadilha.
Mas é impossível saber se esta "bolha" irá estourar e quando.
Neste começo de ano já se nota desconfiança do mercado, com bolsas ao redor do mundo sofrendo
grandes desvalorizações, permeada principalmente pelo medo da desacelaração da economia na
China e pela crise no preço do petróleo. Abaixo incluo um comentário recente do Felipe Miranda,
estrategista da Empiricus, em nossa newsletter Daily PRO:
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE “Se o momento interno é complicado, o exterior não oferece trégua. A quarta-feira marca mais um
dia de vendas generalizadas de ativos de risco. Bolsas europeias caem cerca de 3% e futuros dos
EUA recuam 2%.
China voltou a espraiar aversão a risco ao permitir novas ofertas de ações, o que levanta o temor
de incapacidade de absorção líquida.
Petróleo desaba mais uma vez, após relatório da AIE alertar para o risco de a commodity se afogar
no excesso de oferta. Petrolíferas e mineradoras são destaque de baixa no exterior.”
Para o investidor que deseja se proteger de um cenário de crise global, o ativo mais adequado para
se ter em carteira é o ouro.
São características canônicas do ouro a escassez (diferentemente das moedas, não há como se
imprimir uma maior quantidade), a fácil divisão e a perenidade associada à não corrosão ou
deterioração, fazendo dele reserva de valor clássica.
Recebemos diversos e-mails de nossos leitores solicitando maiores informações sobre como investir
nesse metal precioso.
Já alerto que existem riscos na compra ou aplicação em ativos atrelados ao ouro, pois há grande
volatilidade (flutuação) no seu preço, influenciada pelo cenário macroeconômico, bem como pela
cotação externa do metal e do dólar. Além do risco do transporte e da guarda das barras de ouro pelo
titular (caso opte pela modalidade de compra do ouro físico). Por isso, não recomendo para
investidores iniciantes.
Mesmo para investidores mais arrojados e experientes não indico grande alocação em ouro no
momento, pois há um grande custo de oportunidade no Brasil com o juro a 14,25% ao ano, o que
torna possível obter ótimos retornos em aplicações conservadoras de renda fixa. Lembrando que
existe a possibilidade de aumento de estímulos por parte dos Bancos Centrais e governos em prol de
maior crescimento econômico, o que poderia prolongar o possível estouro dessa bolha.
Abaixo mostro o comportamento da cotação do ouro (em USD/oz) nos últimos 10 anos, no gráfico
do contrato futuro de ouro negociado na bolsa de commodities de Nova York (COMEX), que é
referência mundial para negociação do metal.
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE Cotacão em USD/oz = dólar/onça troy
1 onça troy = 31,10 gramas (aproximadamente)
E abaixo, para efeito de comparação, mostro o gráfico do contrato de ouro (OZ1D), nos últimos 10
anos, negociado na bolsa brasileira (BM&FBovespa). Cotação em R$/g.
Como podemos perceber nos gráficos, o efeito dólar contribuiu para a elevação do preço do ouro no
Brasil nos últimos anos, uma vez que lá fora o preço do ouro diminuiu.
Portanto, estar exposto em ouro no Brasil é também uma forma de estar exposto ao dólar.
O investidor brasileiro que acredita em uma deterioração da economia do país frente às grandes
economias mundiais pode tentar se proteger comprando dólar.
E este mesmo investidor que também espera uma deterioração geral da economia mundial pode
tentar se proteger comprando ouro.
E quais as formas de comprar ouro?
Seguem abaixo:
- Contratos na BM&F Bovespa
- Fundos de Investimento
- Ouro físico
Contrato negociado na BM&F Bovespa
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE A forma mais comum (não a mais fácil) de investir em ouro é via contratos negociados na bolsa.
Para negociá-los, é necessário que o investidor tenha conta em uma corretora de valores. A operação
é semelhante à compra e venda de ações.
Tipos de contrato disponíveis:
- OZ1D (lote-padrão / maior liquidez)
Tamanho do contrato: 250g de ouro fino
Exemplo do valor por contrato: 250g x 145,00 (cotação de hoje) = R$ 36.250,00
- OZ2D (lote fracionário / pouca liquidez)
Tamanho do contrato: 10g
Valor por contrato: 10g x 146,00 (cotação de hoje) = R$ 1.460,00
Cotação: R$/g
O investidor pode optar pela liquidação financeira, que ocorre em D+1 (um dia útil), ou pela
liquidação física (retirando o metal).
Nesse último caso, o investidor, por meio da corretora, indica à Bolsa o quanto quer retirar e o
custodiante.
A taxa de corretagem pode variar entre corretoras. Geralmente custa em torno de 0,2% e 0,4% do
volume financeiro, por ordem executada.
A taxa de custódia, da bolsa, é apurada diariamente e cobrada mensalmente. Calculada a partir do
preço máximo do dia x 0,07% x quantidade de gramas / 30. Conforme o exemplo: R$ 145 x 0,07%
x 250 / 30 = R$ 0,84 por dia.
A tributação é semelhante à aplicada ao mercado de ações: alíquota de imposto de renda de 15%
sobre os ganhos auferidos em operações normais, mas com isenção para vendas de até R$ 20 mil no
mês.
Fundos de Investimento
Não há tantos fundos de ouro disponíveis, principalmente quando se compara com outras categorias
de investimento.
Ainda assim, existe uma gama suficiente, capaz de dar acesso ao investidor de forma relativamente
fácil, sem se preocupar em realizar operações em bolsa, precisar arcar com particularidades de
corretagem e custódia ou dificuldades de armazenamento.
A contrapartida de delegar a um terceiro a gestão e se livrar das demais questões supracitadas é o
pagamento de taxas de administração, que variam, grosso modo, de 0,6% a 1,5% ao ano.
Os grandes bancos já oferecem fundos atrelados a ouro desde 2011, mas, inicialmente, o produto
era restrito a clientes de alta renda, ainda que a aplicação mínima fosse baixa, da ordem de R$ 5
mil. Mais recentemente, houve maior popularização e outras instituições, para além dos bancos.
Abaixo cito três fundos:
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE - Caixa FI Ouro Multimercado Longo Prazo
Aplicação inicial: R$ 5.000,00
Taxa de administração: 1,50% ao ano
- Órama Ouro Fundo de Investimento Multimercado
Aplicação inicial: R$ 1.000,00
Taxa de administração: 0,60% ao ano, mas pode chegar a 1,10% a.a.
- XP Gold Fundo de Investimento Multimercado
Aplicação inicial: R$ 10.000,00
Taxa de administração: 1,00% ao ano
A tributação segue as regras estabelecidas para fundos multimercado:
Até 180 dias: 22,5% de IR
De 181 a 360 dias: 20,0% de IR
De 361 a 720 dias: 17,5% de IR
Acima de 720 dias: 15,0% de IR
Ouro Físico
É relativamente fácil comprar ouro físico, do ponto de vista operacional. Para atuar no mercado de
balcão, a compra e venda pode ser feita por meio de instituições financeiras especializadas (bancos,
corretoras e distribuidoras), nas mineradoras ou mesmo nas fundidoras.
Há a possibilidade de compra em pequenas quantidades, a partir de 1g, e as instituições financeiras
podem cobrar taxas de corretagem e custódia, caso opte por deixar o metal custodiado na instituição
- as taxas variam entre 0,07% e 0,15%.
A alternativa seria justamente levar o metal consigo - caso você tenha um lugar seguro e de fácil
acesso, inclusive preferimos essa opção. Ela não envolve taxas adicionais e lhe dá garantia de
acesso ao metal - em situações de crises extremas, justamente quando o ouro provar-se mais
rentável, o acesso ao patrimônio custodiado no banco (dinheiro e/ou ouro) pode ser restringido.
Obviamente, estamos considerando aqui situações extremas, mas é exatamente quando você mais
estaria precisando e mais valorizado estaria o metal.
Como exemplo, citamos aqui o caso de investimento em ouro via Banco do Brasil. Que fique claro:
não há nenhuma predileção ou recomendação por se fazer o investimento pelo BB. Aqui ele é
tomado como exemplo pela popularidade da instituição financeira.
Este texto é constante no site do banco sobre compra de ouro - replicamos aqui para dar ideia
precisa do operacional envolvido:
“O BB coloca à sua disposição a possibilidade de investir em Ouro, por meio de duas
modalidades: Ouro Lingote e Ouro Escritural. O Ouro Lingote é a modalidade de comercialização
em barras de Ouro de 250 gramas, padrão de negociação da BM&FBovespa. Já o Ouro Escritural
é a modalidade criada pelo BB, especialmente para os seus correntistas que desejam investir em
Ouro em quantidades múltiplas de 25g, isto é, 1/10 do volume mínimo de negociação exigido na
modalidade lingote, permitindo assim que os investidores diversifiquem seus investimentos sem que
seja necessário alocar volume de recursos no padrão de negociação de 250g.
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE Para realizar o investimento em Ouro, em quaisquer das modalidades disponíveis, é necessário ser
correntista do Banco. As operações podem ser realizadas em qualquer agência do país. Um
diferencial que o BB oferece é a garantia de recompra do Ouro vendido aos seus clientes
oferecendo liquidez diária, com liquidação no mesmo dia (D+0), bastando que o Ouro adquirido
pelo cliente esteja custodiado no Banco. Para se comercializar Ouro na BM&FBovespa, por
exemplo, faz-se necessário contratar uma corretora credenciada para intermediar a operação, pois
a Bolsa não acata ordens diretamente dos investidores, além de oferecer liquidação somente no dia
seguinte (D+1).
A custódia é um serviço de guarda e proteção do Ouro disponibilizado pelo Banco aos seus
clientes. Além da segurança oferecida aos investidores, a custódia é a forma mais barata de manter
um investimento em Ouro. Atualmente, na modalidade Lingote o custo é de 0,10% e na modalidade
Escritural 0,07%, sobre o montante custodiado, cobrados mensalmente. O valor da tarifa de
custódia é apurado com base no saldo de posição médio mantido no mês, de forma proporcional à
quantidade de dias em que o ativo esteve depositado em custódia, multiplicado pela cotação média
do metal neste mesmo mês. Nas operações de compra e venda, não há cobrança de tarifas de
corretagem ou taxas de emolumentos.”
Em se decidindo pela aquisição do ouro, basta ao cliente procurar uma agência do banco. Os
procedimentos são semelhantes para as demais grandes instituições.
Ainda dentro da categoria de ouro físico, para além do lingote, existe a possibilidade de exposição
ao metal através das moedas de ouro antigas.
Essa é uma opção muito mais associada a especialistas e colecionadores desse nicho em particular,
de tal sorte que não recomendamos esse tipo de exposição.
A tributação é semelhante a aplicada ao mercado de ações. É cobrada a alíquota de imposto de
renda de 15% sobre os ganhos auferidos em operações normais, mas há isenção para vendas de até
R$ 20 mil no mês, assim como no caso dos contratos negociados pela BM&FBovespa.
Um forte abraço,
Editor do Strategic Intelligence para o Brasil
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RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE Disclosure
Elaborado por analistas independentes da Empiricus, este relatório é de uso exclusivo de seu
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estimativas, estão sujeitas a mudanças.
Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos
financeiros.
As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o
debate entre os analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto,
desenvolver suas próprias análises e estratégias.
Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos
financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação.
Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17º da
Instrução CVM nº 483/10, que as recomendações do relatório de análise refletem única e
exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente.
O analista Felipe Miranda é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo
cumprimento do disposto no Art. 16, parágrafo único da Instrução ICVM 483/10.
* (*) A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele
sujeitará o infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias
ilegais, à responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos
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