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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
12º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
Santa Cruz do Sul – UNISC – Novembro de 2014
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Am I Evil? Mídia, estereótipo, pânico moral e heavy metal
Gustavo Dhein
Re sumo: O ensaio aborda a conformação e propagação de estereótipos e pânicos morais em
relação à subcultura heavy metal em textos jornalísticos. As narrativas de grandes veículos de
comunicação abordam o gênero musical em dois casos específicos: os de sucesso
(financeiro/vendas) e os do excesso (em que artistas e/ou fãs são vinculados a atos de
violência). Para análise foram selecionadas textos da Folha de S. Paulo veiculados entre 11 e
14 de maio de 1999 (que tiveram como tema principal a banda brasileira Sepultura) e uma
matéria televisiva do Jornal da Globo, em 9 dezembro de 2004 (sobre o assassinato do
guitarrista Dimebag Darrel).
Palavras-chave : mídia; heavy metal; estereótipo; pânico moral.
Introdução
“O Sabbath foi uma reação contra aquela merda toda de paz, amor e felicidade. Era
só olhar em volta e ver em que bosta de mundo a gente vivia", disse Ozzy Osbourne, quando
questionado sobre as origens do Black Sabbath e, consequentemente, do heavy metal. Desde
que nasceu na terra da rainha Elizabeth, há 40 anos, a “besta que se recusa a morrer”
disseminou-se como uma espécie de vírus. Contaminou jovens por todo o mundo e,
paralelamente, ganhou detratores e perseguidores em razão de sua essência primitiva,
agressividade e abordagem a temas nem sempre palatáveis. Hoje, de Botsuana à China,
milhões de pessoas – muitas já nem tão jovens assim – continuam aglomerando-se em nome
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da – e defendendo a – subcultura metálica. Na modernidade líquida, aparentemente o heavy
metal faz jus ao seu nome e permanece pouco maleável.
Ainda que muitas bandas que integram a subcultura heavy metal tenham sido
bem-sucedidas comercialmente, “também é verdade que o metal pesado é pouco presente na
mídia de massa estabelecida” (HEINISCH, 2011, p. 42, tradução nossa). Desde sua origem,
a subcultura mantém com os meios de comunicação uma relação conflituosa em razão da
consolidação de estereótipos em relação aos headbangers a partir das narrativas
jornalísticas.
É indiscutível em tempos hodiernos a maior parte do que sabemos sobre diversos
contextos possíveis de vida não resulta mais de nossas experiências diretas, mas daquilo que
contatamos por intermédio dos meios de comunicação (MININNI, 2008, p. 111),
responsáveis, portanto, pelos sentidos que circulam na sociedade (MORIGI, 2004, p. 3). Os
avanços tecnológicos incrementaram a potência, a diversidade e a abrangência da(s) mídia(s),
de maneira que elas configuram uma via eficaz para a difusão de valores e padrões. Os meios
de comunicação de massa constituem, portanto, uma arena em que estão em disputa
representações diversas da realidade social (BIROLI, 2011, p.95). A cultura da mídia, nos
indica Kellner (1995, p.59, tradução nossa), “bem como discursos políticos, ajuda a
estabelecer a hegemonia de grupos e projetos políticos específicos”. Assim, “Os discursos e
os sistemas de representação constroem os lugares a partir dos quais os indivíduos podem se
posicionar e a partir dos quais podem falar.” (WOODWARD, 2007, p. 17-18)
Quando referimo-nos aos discurso midiático, portanto, tratamos de relações de
poder. Afinal, a construção social da identidade sempre ocorre em um contexto marcado por
elas (CASTELLS, 1999, p. 24), “pois se uma identidade consegue se afirmar é apenas por
meio da repressão daquilo que a ameaça”. Não à toa, a mídia muitas vezes opera como um
prisma de valores que projeta imagens alteradas do que captura, no sentido de naturalizar e
legitimar identidades, cenários e normas (MININNI, 2008, p. 114). Ainda que o acesso aos
meios de comunicação tenha se ampliado é inegável que existem indivíduos e discursos que
desfrutam posições vantajosas em razão de seu alcance e legitimidade (BIROLI, 2010, p.
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94). O jornalismo, por exemplo, galgou a uma posição de norteador de parâmetros sociais de
normalidade graças à sua onipresença na vida cotidiana no mundo ocidental, viabilizada pela
já referida expansão tecnológica, mas também, por meio de uma longa negociação com os
leitores – ainda em andamento e iniciada há mais de quatro séculos O fruto principal dessa
relação é um contrato de leitura não-dito, baseado na noção de que o discurso midiático
informativo é comprometido com a verdade. (BENETTI, 2007, p. 38).
Por gozar essa credibilidade e em razão de sua abrangência, não é exagero considerar
a mídia como potenciais “megafones de estereótipos” (MININNI, 2008, p. ). É preciso
reconhecer, ainda, que boa parte do discurso dos meios de comunicação é limitado por
fatores e interesses externos a ele, que, não raro, (re)produz um discurso competente,
definido por CHAUI (2007, p. 19) como o discurso instituído, aquele “no qual a linguagem
sofre uma restrição que poderia ser assim resumida: não é qualquer um que pode dizer a
qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância”. Daí pode-se
entender a quase invisibilidade de grupos sociais específicos em veículos de comunicação e o
quanto esse desequilíbrio contribuí para o surgimento de estereótipos. Afinal, “quanto mais
marginal for um grupo, mais a sua visibilidade será entregue a estereótipos da mídia”
(MININNI, 2008, p. 116).
Estereótipo
Desde os anos 1920 o termo estereótipo é empregado metaforicamente no
campo das Ciências Sociais (FREIRE FILHO, 2004, p. 46). Inicialmente, a palavra era
abordada a partir de duas diferentes noções. A primeira, de base psicológica, reconhecia o
estereótipo como mais um entre outros padrões de tipificação e representação social,
fundamental para o processo cognitivo e estruturação e interpretação de experiências. A
segunda – e essa nos é a mais cara – apresenta os estereótipos como “construções
simbólicas, enviesadas, infensas à ponderação racional e resistentes à mudança social”
(FREIRE FILHO, 2004, p. 47). “En suma, el estereotipo es lo que Foucault llamó una
especie de juego `saber/poder´. Clasifica a la gente según una norma y construye al excluido
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como “otro”. Interesantemente, es también lo que Gramsci habría llamado un aspecto de la
lucha por la hegemonía.” (HALL, 2010, p. 431).
Como práticas significantes, os estereótipos não se limitam, portanto, a
identificar categorias gerais de pessoas – contêm julgamento e pressupostos
tácitos ou explícitos a respeito de seu comportamento, sua visão de mundo ou
sua história. Embora possam variar em termos de virulência e apelo emocional,
geralmente representam, expressam tensões e conflitos sociais subjacentes –
o “português boçal”; “o irlandês rude”; “o oriental dissimulado”; “o
argentino esnobe”; “o imigrante arruaceiro”; “o roqueiro drogado”; “o
rebelde sem causa”; “o homossexual erotomaníaco”; “o intelectual
afeminado”; “o índio preguiçoso” etc (FREIRE FILHO, 2004, p. 47).
Há pelo menos quatro décadas, um dos alvos preferenciais da mídia para a
construção de estereótipos são as (sub)culturas juvenis: todas cujos ideais e/ou
comportamentos fogem às regras “normais” acaba(ra)m estereotipadas no discurso midiático.
Dessa forma, o jornalismo e suas narrativas as abordam como perigosas e, por isso,
precisariam ser ajustadas para
respeitar os paradigmas de normalidade e êxito que visam à regulação e à
capacitação das condutas [...] atrelados – de modo menos ou mais ostensivo
– a pressupostos, concepções e preconceitos acerca de questões como
sexualidade,
educação, disciplina, cidadania, prazer, risco, consumo,
liberdade, segurança pública, felicidade pessoal, eficácia social e
desenvolvimento nacional. (FREIRE FILHO, 2008, p.90)
Tratar os desvios como ameaçadores é uma via para a produção de “pânicos
morais”, termo primeiramente empregado na análise feita por Jock Young (1972) sobre a
reação exagerada do público em relação ao consumo de drogas em Londres durante os anos
1960, e, posteriormente, desenvolvido e popularizado por Cohen na sua pesquisa sobre os
conflitos entre as subculturas dos mods e dos rockers.
Sociedades parecem ser suscetíveis, de tempos em tempos, a períodos de
pânico moral. Uma condição, episódio, pessoa ou grupo de pessoas emerge
para se tornar definido como uma ameaça aos valores e interesses da
sociedade; sua natureza é apresentada de uma forma estilizada e estereotipada
pelos meios de comunicação; as barricadas morais são tripuladas por editores,
bispos e outras pessoas de "pensamento correto"; especialistas credenciados
socialmente pronunciam seus diagnósticos e soluções [...] Às vezes, o objeto
do pânico é uma novidade e em outras vezes é algo que já existe há tempo,
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mas de repente aparece no centro das atenções. Às vezes, o pânico passa e é
esquecido, exceto no folclore e na memória coletiva; em outros momentos ele
tem repercussões mais graves e de longa duração e pode produzir tais
mudanças como as da política jurídica e social, ou mesmo a forma como a
sociedade concebe a si mesmo. (COHEN apud. FLINDERS, 2012, p. 4,
tradução nossa)
O ponto central da teoria do pânico moral é a criação dos folk devils,
“indicadores visíveis daquilo que não devemos ser” (COHEN, p. 2 apud FLINDERS, 2012,
p. 4, tradução nossa). Trata-se de indicar pessoas ou grupos que corporificam “o mal” e, ao
mesmo tempo, despi-los de qualquer característica positiva.
A mensagem do pânico moral é clara: esse é um comportamento que nós não
toleraremos. Mesmo pânicos aparentemente transitórios não são "perdidos":
eles desenham limites morais mais ou menos precisos. Panicos enfatizam o
contraste entre a condição ou comportamento que é denunciado e a correção
do comportamento ou da posição dos virtuosos envolvidos na denúncia.
(BEN-YEHUDA; GOODE, 1994, p. 169).
Assim, consideramos que, regularmente, veículos de comunicação produzem
pânicos morais em torno do heavy metal, ao converterem os headbangers em folk devils.
Ben-Yehuda; Goode (1994, p. 157-158) indicam cinco características que, se presentes nos
eventos, sinalizam a produção dos pânicos morais:
Preocupação - há um significativo nível de preocupação em relação ao comportamento (ou
suposto) comportamento do grupo desviante que, levado adiante, teria o potencial de colocar
em risco (ou trazer prejuízos para) a sociedade. (BEN –YEHUDA;GOODE, 1994, 157).
Hostilidade – cria-se um crescente nível de hostilidade do público em relação aos folk
devils, afinal, entre suas características está o desrespeito às normas. Nesse ponto é comum
uma dicotomia entre “nós” e “eles”, e isso inclui o apelo aos estereótipos. (BEN
–YEHUDA;GOODE, 1994, 157).
Consenso – existe um mínimo grau de consenso entre segmentos da sociedade sobre o
perigo real que representam os “estranhos”. (BEN-YEHUDA; GOODE, 1994, p. 157)
Desproporcionalidade – a ameaça é tratada de uma forma desproporcional ao perigo que
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realmente representa. (BEN –YEHUDA; GOODE, 1994, p.158 ).
Volatilidade – pânicos morais caracterizam-se pela volatilidade e/ou recorrência. Alguns
pânicos morais acabam rotinizados e institucionalizados, enquanto outros simplesmente
somem sem deixar rastros. (BEN –YEHUDA; GOODE, 1994, p.158 ).
Identificamos nas narrativas que serão analisadas a seguir, no ensaio, elementos que
contribuem para a existência dessas cinco características em relação ao heavy metal.
Headbangers
O heavy metal tem logrado significativo êxito no que se refere à sua permanência no
underground e é pouco provável que exista outra subcultura que continue sendo tantas
vezes abordada de forma negativa pelos grandes veículos de comunicação. O disco de estreia
do grupo Black Sabbath (Black Sabbath, 1970) – considerado o pai do gênero musical que
originou a subcultura – já causou furor em razão de letras com menções a satã e por trazer,
em seu encarte, a imagem de uma cruz invertida. Isso, combinado ao visual dos headbangers
– com cabelos compridos, calças e jaquetas jeans ou de couro, spikes e camisetas cujas
estampas remetem às bandas prediletas – e à sua inclinação à contestação da autoridade
foram elementos utilizados pela mídia construir o perfil dos adeptos do heavy metal.
Histórias na mídia imbuem a música (heavy metal), seus criadores e os
ouvintes com qualidades que os marcam como de cidadãos fora de controle a
satanistas que sacrificam crianças. Essas histórias fundiram-se ao
desenvolvimento dentro da cultura, criando um espaço onde significados
contestados e identidades indiretamente batalham com a cultura mais ampla.
(SMITH, 2009, p. 1)
No Brasil, a subcultura ganhou evidência na mídia mainstream a partir de 1984, com
o anúncio da realização do Rock in Rio. O HM era um elemento estranho aos brasileiros e a
mídia tratou de apresentá-lo;
Um fantasma volta a assolar o mundo. Não, não é o comunismo. É o heavy
metal. [...] Você duvida? Então passe hoje na Woodstock Discos, uma salinha
com sobreloja da Rua José Bonifácio, 176, no centrão. Lá você vai encontrar
centenas de garotos em estado de transe. Jeans engordurados, camisetas
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negras puídas, tênis e blusões de couro. Em profundo transe. Por quê?
Porque a loja terá acabado de receber sua encomenda antecipada de mil
cópias de Powerslave, sexto LP do Iron Maiden. [...] Os músicos da primeira
fase heavy tiraram as guitarras da tumba, beberam um pouquinho de sangue e
voltaram ao ringue. Uma nova geração de delinquentes atacou o mercado.
Viva-se com um barulho desses (FOLHA DES. PAULO, 21/09/1984,
Ilustrada, p. 10)
A música desses grupos é sempre altíssima e simplificada ao máximo: as
guitarras devem estar no último volume, a bateria deve demolir as caixas de
som e a voz do cantor deve soar como um urro alucinante. Nesse território
não há espaço para solos enfeitados ou sutilezas harmônicas [...] Os adeptos
do heavy metal têm, por tradição, uma gangue rival: os adeptos do new wave.
[...]. (VEJA, 24/10/1984, p. 93)
As expressões destacadas nos trechos acima são recorrentes na descrição dos
headbangers até hoje e sinalizam aspectos negativos: a)“profundo transe” remete à ideia de
entorpecimento e descontrole; b) “geração de delinquentes” criminaliza os integrantes da
subcultura, posto que delinque quem contraria a lei ou a moral, e o termo “gangue” é
associado, nos próprios veículos de comunicação, a casos de violência; c) o uso de
“barulho” e “urro”
para referir-se ao heavy metal
desqualifica a música e,
consequentemente, seus ouvintes.
Rita Lee canta que “roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido”. O que dizer
então dos headbangers? Quando o heavy metal despontou pior aqui, o País vivia o início do
fim do período ditatorial.
As cruzes invertidas, as alusões satânicas e a obsessão escatológica
negavam aquilo que a música de Milton (Nascimento) ficou famosa por
expressar: a esperança de que por trás do universo religioso, tradicional e
conservador do catolicismo mineiro residisse um núcleo emancipatório e
fraternal de compaixão politicamente disponível. O metal em Minas emerge
não como cópia do satanismo de bandas europeias e americanas, mas como
negação dessa disponibilidade [...] A MPB se consolidou ao longo dos anos
70 não só pela sofisticação melódica, harmônica e poética, e não só pelas
condições de censura em que vivia a música popular. Sua canonização
também foi expressão de uma relação com o nacional já purgada do sectarismo
exclusivista que foi parte da sigla em seu período de emergência, nos festivais
dos anos 60. Já nos 70 tratava-se de um ideal de sofisticação que operava
como medida de distinção no sentido dado ao termo por Bourdieu: um
produto cultural projetava a fábula de excepcionalidade de uma classe social e
construía o cânone da música popular nacional. A facilidade com que, nos
anos 80, punks, metaleiros, góticos e outras tribos viriam a dialogar e
colaborar entre si tem algo que ver com a rejeição dessa distinção simbólica
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da MPB e com a percepção comum de que as formas canônicas de música
acústica no Brasil haviam sido cooptadas pela indústria do entretenimento.
Para essas tribos, “música brasileira” designava um mundo de estrelas
dublando em algum programa da Rede Globo. (AVELAR, 2005, p.3).
Os adeptos da subcultura metálica compartilham uma simbologia frequentemente
confrontadora ao discurso hegemônico, mas compreendida dentro do campo constituído
pelos headbangers. Assim, por exemplo, o uso de um pentagrama ou de uma cruz invertida
normalmentre não representa vinculação ao satanismo ou uma apologia ao mal, mas o
desprezo por tudo o que é violento e opressivo. O problema, reiteramos, é que os
estereótipos estimulam apenas a leitura superficial, reforçam o discurso institucionalizado e o
legitimam. Assim,
as imagens tipificadas dos grupos sociais permitem mobilizar, mais do que
referências comuns, julgamentos que, compartilhados, dão sentido aos
acontecimentos. Os enquadramentos e os estereótipos que lhes dão
sustentação se exprimem por meio de códigos morais relativamente estáveis.
Ao colocá-los mais uma vez em circulação, o jornalismo contribui para essa
estabilidade. (BONINI, 2009, p. 90)
A construção de representações estão em constante mutação, de forma a incorporar,
manter ou expulsar novos elementos. Isso explica variações de humor no discurso da mídia
em relação ao heavy metal: há fragmentos da identidade metálica que se alinham perfeitamente
ao discurso hegemônico. Exemplo: os adeptos da subcultura são conhecidos por sua
dedicação para consumir itens relacionados às bandas. No discurso hegemônico, o papel de
consumidor é o mais relevante de todos e consumir é o principal fator de
aceitação/diferenciação social. No entanto, essa narrativa favorável em relação à subcultura é
parca e negligenciada ou substituída quando há o interesse (ou necessidade) de produzir
pânicos morais para explicar ou justificar eventos que fogem a uma aparente normalidade. Um
exemplo claro disso foi a produção de conteúdo da Folha de S. Paulo sobre a banda
brasileira Sepultura, em maio de 1991.
Sepultura
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O ano de 1991 foi marcante na carreira do Sepultura. O sucesso do disco Beneath
the Remains abriu espaço para a banda na grande mídia brasileira. Em maio daquele ano, o
grupo anunciou um show gratuito na Praça Charles Miller, em São Paulo, no dia 11 de maio.
A Folha de S. Paulo dedicou a capa do caderno Ilustrada daquela data ao grupo. A
manchete destacava: Sepultura vai tocar nos EUA e Europa, mas sobrevive da venda de
camisetas. No texto, o grupo é apresentado como um fenômeno, com direito a ter fã-clube
na Inglaterra e gravar um videoclipe nos Estados Unidos.
No dia seguinte, Vânia, genitora de Max e Igor, então vocalista e baterista do
Sepultura, respectivamente, foi destaque no Caderno D, do mesmo jornal. A matéria ocupou
cinco páginas numa homenagem ao Dia das Mães, deu destaque a características “exóticas”
de Vânia (como sua vinculação ao candomblé e a adoração por cristais), a como “é ser mãe
de um Sepultura” (tratado como um caso “pitoresco”) e colocou em evidência a trajetória
relativamente árdua de uma família que permaneceu unida e agora estava sendo
recompensada (uma das histórias mais valoradas pelo discurso hegemônico).
Porém, os textos começaram a mudar de tom em razão da morte de um jovem
durante o show gratuito da banda em São Paulo. Ainda no domingo, dia 12, a Folha
anunciava em sua capa: Show do Sepultura causa uma morte e prisões. Na segunda-feira,
dia 13, uma foto, novamente na capa, mostrava a multidão amontoada para ver a banda,
acompanhada da seguinte legenda: 30 mil pessoas participaram no sábado do show de
thrash e violência do grupo Sepultura (FOLHA DE. S.PAULO, 13/05/1991, capa). A
manchete induz ao entendimento de que a violência é uma coisa natural ao grupo musical e às
suas apresentações.
No Ilustrada do mesmo dia, a manchete reforçava o apelo sensacionalista: Show do
Sepultura consagra thrash e violência (FOLHA DE S. PAULO, 13/05/1991, Ilustrada, p.
3). A matéria mencionou a decisão da banda dec não interromper o show. Deu destaque
também a uma fala de Max Cavalera que descreveu o show do grupo como uma “facada” conferindo à metáfora uma característica de realidade. O relato sobre a performance musical
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resumiu-se a 20 linhas em uma coluna de página. Espaço bem menor do que o dedicado a um
texto do escritor Marcelo Rubens Paiva sobre o evento:
Hora de Sepultar o normal
Os beats americanos bebiam para ouvir Charles Parker. Se existem ritmos que
podem ser incorporados, o que dizer da música do Sepultura, um infarto?
É a estética do arroto em nome da rebeldia. A plateia fecha os olhos e
acompanha a banda em um inglês que só ela entende. Eles chacoalham tanto a
cabeça que parece que ela vai se soltar. Por quê vão aos shows se o que tem
pela frente são fios do próprio cabelo? Vão para beber e berrar como se o
mundo estivesse para acabar em minutos e estivessem predestinados ao lixo.
Por vezes voa um sujeito pelo ar, tentando fugir do caso, mas rodopia e cai, se
esborrachando em outros sujeitos; os que ficam ao redor não correm
assustados; olham entediados para mais um ritual da tribo.
Mas o público não se restringe á tribo. O Sepultura está conquistando
espaço. É o novo RPM, idolatria confundindo-se com histeria. Entre mortos e
feridos existem aqueles que forma pela música. “Não quero levar porrada”,
me disse uma “mina” de 15 anos, apaixonada por Igor. E já existe o thrash de
butique. O que os leva à catarse? Basta olhar para o lado para entendê-los. Se
o sonho acabou, decidiram começar o pesadelo.
Na terça-feira, dia 14, o assunto voltou a ser abordado. Um pequeno editorial da
Folha de S. Paulo (14/05/1991, Primeiro Caderno, p. 2), com o título Decadência, fez
críticas à violência entre os roqueiros (segundo o texto, “uma verdadeira praxe”), ao mau
policiamento e ao Sepultura que optou por não parar o show. Ainda, a capa do caderno
Cotidiano destacou as quatro mortes em shows de rock em São Paulo naquele ano. De
acordo com a matéria, “as mortes dos espectadores e a chegada do thrash, punk e heavy
metal à classe média” reabriram as discussões sobre música e violência e levaram
empresários a adotar novas medidas de segurança. A menção à classe média evidencia para
quem a matéria era destinada. Em outras palavras, se o metal permanecesse apenas na
periferia, ou circulando nas classes menos abastadas, ele aparentemente não se seria um
problema.
Ainda, o jornal colhe a opinião de especialistas sobre headbangers e punks:
O psiquiatra Mauro Moore Madureira, 52, acha que os heavies, thrashers e
punks agem com violência nos shows por uma devoção ao grupo a que fazem
parte. “No grupo a pessoa age de forma mais imatura que se estivesse
sozinho” [...] “O líder da banda acha que não incita a violência, mas se o líder
realiza o gesto, o fã pratica o gesto” disse o psiquiatra. A psicóloga Maria
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Helena Figueiredo Steiner acha que os headbangers podem ser “pessoas
desajustadas”. [...] Na opinião da psicóloga os seguidores do heavy metal
têm “baixo nível de socialização e são agressivos, explosivos e imaturos”.
Maria Helena acredita que esse tipo de comportamento aumenta “porque a
sociedade hoje dá margem a isso, por causa de uma crise de valores sociais e
morais”. (FOLHA DE S. PAULO, 14/05/1991, Cotidiano, p. 1)
Os termos destacados reforçam o heavy metal (e dos headbangers) como:
nocivo; pobre artisticamente e de mau gosto; incompreensível; ocasionador de desvios de
comportamento e niilista; doutrinador; mercadoria passageira e sem valor ou sentido; e
destrutivo. Além disso, há uma vinculação dos headbangers a comportamentos violentos e
imaturos, que o padrão “normal” de sociedade não considera positivos. A generalização
coloca todos headbangers nessa moldura, como influenciáveis e agressivos.
Trouxinha de maconha
Em 8 de dezembro de 2004, o guitarrista Darrell "Dimebag" Abbott foi assassinado
por um headbanger durante um show da banda Damageplan nos Estados Unidos. No dia
seguinte, o fato repercutiu no Brasil, noticiado no Jornal da Globo. A então âncora do
programa, Ana Paula Padrão, anunciou que o ocorrido “seria um filme ultraviolento se não
fosse real”. Na sequência, o jornalista William Waack entrou ao vivo, do estúdio da Rede
Globo, em Nova York:
A posse de armas de fogo, inclusive fuzis de assalto, é considerada aqui
sinônimo de liberdade individual. Algumas bandas de heavy metal ficavam
famosas pela agressividade que demonstram e provocam, mas o fato é que
aqui nos Estados Unidos se assiste à banalização da violência e do uso das
armas de fogo. […] Pelo menos cinco disparos foram feitos contra o
guitarrista Darrel Abbot, mais conhecido pelo nome artístico como Dimebag,
traduzindo, “trouxinha de maconha”.[...] O provável motivo do crime,
segundo as autoridades: o assassino acusava o guitarrosta de ter provocado
o rompimento de outro conjunto popular de heavy metal: o Pantera. É a
violência abatendo a quem prega a violência: muitas bandas de heavy metal
fazem a apologia da brutalidade […] (JORNAL DA GLOBO, 09/12/2004).
Finda amatéria, Arnaldo Jabor teceu o seu comentário a respeito da morte do guitarrista:
O rock começou como canto à alegria e à liberdade, música de esperança
numa era de utopias e flores. Aos poucos, a ilusão foi passando. Em 68, a
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esperança jovem foi sendo detida pela reação da caretice mundial. Os ídolos
começaram a morrer: Janis Joplin, Jimmy Hendrix sumiram juntos. Na década
de 70, o que era novo e belo se transforma nos embalos de sábado à noite e
começa o tempo da brilhantina. Junto com a caretice dos Beegees, o que era
liberdade cai na violência. Em Altamont, no show dos Stones, a morte
aparece. Charles Manson é o hippie assassino e o heavy metal o punk vão
glorificar o barulho e o ódio. Com a pressão do mercado mais sólida e
invencível, a falsa violência comercial, sem meta, nem ideologia, fica mais
louca e ridícula. Os shows de rock viram missas negras que lembram
comícios fascistas. É musica péssima, sem rumo e sem ideal. A revolta se
dissolve e só fica o ódio e o ritual vazio. Hoje, chegamos a isso, a essas
mortes gratuitas. A cultura e a arte foram embora e só ficou a porrada.
(JORNAL DA GLOBO, 09/12/2004).
Os textos trazem novamente julgamentos morais e estereótipos já evidenciados na
análise das matérias relativas ao Sepultura. A tradução do apelido do guitarrista assassinado,
por exemplo, surge como um elemento sensacionalista, vinculando-o às drogas, assim como
a adjetivo “ultraviolento” ganha destaque apesar de ser pouco significativo diferenciar esse
homicídio de qualquer outro. O trecho em que se afirma que o caso trata-se da “violência
abatendo quem prega a violência” atribui ao próprio artista a responsabilidade pela sua morte,
ou ainda, denota que ela justifica-se por si só e pela subcultura. A associação aos fascistas
reativa outro medo permanente na sociedade e atribui ao heavy metal (e afins) um potencial
destruidor a ser combatido.
Considerações finais
Casos em que o heavy metal é vinculado a atos de violência na mídia são frequentes
em todo o mundo. Mais dois rápidos exemplos, tirados de veículos nacionais: em setembro
de 1995, Eric Borel matou mais de uma dezena de pessoas em uma pequena cidade no
interior da França. Em sua matéria, Veja citou que o atirador tinha como “único divertimento
a música” e que “adorava as bandas de heavy metal, especialmente o Nirvana” (VEJA,
04/10/1995, p. 46, grifo nosso). Em 24 de setembro de 2008, na matéria Estudante mata
10 em escola na Finlândia, a narrativa da Folha de S. Paulo afirma que o criminoso Matti
Saari era considerado normal pelos amigos e colegas, mas menciona que “a exemplo do
atirador do massacre de Jokela, outra cidade do interior finlandês, a menos de um ano, Saari
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era um admirador da banda de rock industrial KMFDM, além de heavy metal”. (FOLHA
DE S. PAULO, Mundo, p. A12, grifo nosso)
A menção ao heavy metal nesses textos, ainda que a subcultura não apareça como
protagonista neles, simplesmente reforça a tendência de referências a ela em tom pejorativo e
sensacionalista: de alguma forma, a preferência musical dos assassinos aparece como uma
possível explicação para os seus atos. Há o ressuscitar do folk devil metálico.
Alsina (2004, p. 249-250), numa discussão sobre a possibilidade de evitar os
etnocentrismos no jornalismo, resgata o manual de estilo proposto pelo Colégio de Jornalistas
da Catalunha, em 1998, em que há orientações no sentido de qualificar a informação e evitar
o uso ou reforço de estereótipos. Entre elas estão as de: a) não mencionar características
como grupo étnico, cor da pele, país de origem, religião ou aspectos culturais que não sejam
estritamente fundamentais à compreensão da matéria; b) evitar maniqueísmos e simplificações
e não tratar grupos como se fossem homogêneos ou autóctones; c) não potencializar notícias
negativas ou sensacionalistas relativas aos grupos minoritários, mas, pelo contrário, privilegiar
as positivas. Ainda que o autor estivesse referindo-se ao tratamento dispensado a grupos
étnicos, os textos analisados em nosso ensaio sinalizam pouca atenção a essas premissas – a
nosso ver, saudáveis ao jornalismo – quando o heavy metal figura nas narrativas e é utilizado
como um bode expiatório. A subcultura é mencionada para (re)produzir pânicos morais e, de
alguma forma, justificar e/ou explicar eventos cuja compreensão depende de muito mais
informações e fatores do que aqueles presentes nas narrativas midiáticas. Os textos analisados
privilegiam o uso de estereótipos e o consequente apelo muito mais aos sentidos
(sensacionalismo) do que à razão. Isso reforça a nossa percepção de convivermos, hoje, com
uma situação paradoxal: ao mesmo tempo em que o mundo se torna cada vez mais complexo
em virtude da revolução tecnológica e da globalização econômica e cultural, os grandes meios
de comunicação parecem ter optado por andar na contramão e privilegiar notícias cujas
principais qualidades são as de serem “fáceis, rápidas e divertidas” (RAMONET, 2010, p.
137).
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O heavy metal, ao privilegiar costumeiramente temas desconfortáveis e combiná-los a
ritmos e sonoridades muitas vezes extremos, continua a ser tratado, prioritariamente, como
nocivo e indesejável. Como afirmam (WALLACH; BERGER; GREEN, 2012, p.27,
tradução nossa)
O cânone metálico [...] é mais do que um grupo de obras mestras: para os seus
fãs ele representa um conjunto diferenciado de valores que não os do
consumo mainstream, do paroquialismo nacionalista e do fundamentalismo
religioso encontrados na maior parte das sociedades contemporâneas
globalizadas. A cultura metal oferece um individualismo heroico, uma
solidariedade grupal, a não conformidade à cultura dominante e a apreciação
de uma “grande arte” para os fãs que, comumente, recebem pouca atenção
positiva das sociedades em que vivem.
Por fim, se como escreveu George Orwell, a liberdade significa o direito de dizer às
pessoas o que elas não querem ouvir, os headbangers aparentemente não estão dispostos a
abrir mão dela.
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