REVISTA DA FUNDAÇÃO A LORD | 2014 ANO 16 N.º23
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REVISTA DA FUNDAÇÃO A LORD | 2014 ANO 16 N.º23
REVISTA DA FUNDAÇÃO A LORD | 2014 ANO 16 N.º 23 2 PRESENÇA | 2014 PRESENÇA | 2014 FUNDAÇÃO A LORD EDITORIAL Todos os anos a revista Presença faz uma compilação das principais atividades desenvolvidas pela Fundação A LORD. Desta forma, damos a conhecer o nosso trabalho e damos, também, a possibilidade de analisar o nosso desempenho aos que nos acompanharam ao longo do ano de 2014. Sabemos que a perfeição se vai conquistando no dia a dia, por isso nos empenhámos para que as nossas atividades decorressem de uma forma responsável, disponibilizando aos participantes as melhores condições. Estamos conscientes de que podemos e devemos fazer mais. Num ano, marcado pelo agravamento das conjunturas económica e financeira do país, são inúmeros os pedidos de ajuda que nos chegam. Além de satisfazer as necessidades básicas da nossa população, a Fundação A LORD tem feito um enorme esforço para conjugar a sua vertente social com o desenvolvimento de projetos de índole cultural e educacional. Com o contributo dos que ajudaram a concretizar os diversos programas da Fundação, foi possível garantir a qualidade das nossas atividades. A todos expressamos a nossa gratidão pela disponibilidade demonstrada, bem como pelo empenho com que conduziram todos os projetos. Neste contexto, justifica-se anunciar que, no ano de 2014, a Cooperativa de Electrificação A LORD adquiriu o antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Lordelo, doado a esta Instituição pela Cooperativa nos anos setenta, onde até então funcionou a sua primeira sede. Votado ao abandono, a aquisição deste edifício é o resgatar da história da Cooperativa e da própria cidade de Lordelo. Com a recuperação deste espaço, a A LORD passará a dispor de mais um equipamento para desenvolver as suas atividades culturais, educacionais e sociais, mas também de um Museu Interativo que permitirá dar a conhecer a sua história e a evolução da energia elétrica. Este é o nosso novo desafio. Contamos com os lordelenses para o superar! Participe na vida da Fundação A LORD! O seu apoio é imprescindível para o melhoramento dos nossos projetos! Francisco Leal Presidente da Fundação A LORD Ficha Técnica Presença Revista da Fundação A LORD Ano 16, n.º 23, 2014 diretor Francisco Manuel Moreira Leal Presidente do Conselho de Administração da Fundação A LORD coordenação Ana Maria Martins Lasalete Silva colaboração Álvaro Pacheco Ana Ferreira Ana Jorge Ana Maria Martins António Pedro Mieiro António Rodrigues Pimentel Trigo Beatriz Ester Moura de Castro Carla Cunha Célia Sousa Donzília Martins Elisângela Costa Eugénia Gonçalves Fátima Carneiro Henrique Manuel Pereira Isabel Leal Barbosa Lasalete Silva Levi Guerra Manuel Monteiro Manuela Pinto da Costa Maria da Graça Mourão Maria Florinda Almeida Marília Almeida Marta Santos Odete Mendes Rosário Barbosa Rosário Correia Machado Sara Lamas Sérgio Veludo Coelho Sílvia Rebanda edição e propriedade Fundação A LORD Rua da Cooperativa, 27 4580-809 Lordelo PRD Tel.: 224 447 357 [email protected] www.fundacaoalord.pt periodicidade Anual tiragem 500 exemplares depósito legal design gráfico João Oliveira impressão - índice ACADEMIA Clube de Teatro da Fundação A LORD Orfeão da Fundação A LORD Orquestra da Fundação A LORD Escola de Música da Fundação A LORD 6 8 9 10 AUDITÓRIO Brinquedos Antigos – Exposição de brinquedos Uma Missa para a Paz – Concerto de Reis Versões de um Amor de Perdição – Exposição de fotografia O Intervalo da Vida II – Teatro Danças Clássicas e Latino-Americanas Música Tradicional Portuguesa O Ator no Pan-Ótico – Exposição de pintura A Torre dos Alcoforados – Teatro Autismo e Atraso de Desenvolvimento – Lançamento de livro 81.º Aniversário da Cooperativa de Electrificação A LORD Banda Portuense “Mesa” – Concerto Percursos – Exposição de escultura XV OrffLORD – Encontro de orfeões Gandarela – Teatro Lordelo Aberto ao Mundo, O Artesanato dos Yanomami – Exposição de artesanato Encontros Musicais – Concertos Clarinet & Electronics Project – Frederic Cardoso Big Band Pedaços de Nós Doenças Malignas do Sangue – Conferência Tradições à Letra – Uma viagem pelo Portugal tradicional XVIII Aniversário da Fundação A LORD / XIV Aniversário da Biblioteca A LORD Património da Paróquia de São Salvador de Lordelo Arte Sacra – Exposição Concerto de Natal Excertos do Bailado “O Quebra-Nozes”, Jazz e Contemporâneo 12 12 13 13 13 14 15 15 15 16 17 17 18 18 19 19 20 20 21 21 22 22 23 23 24 BIBLIOTECA Histórias de Encantar e Teatro de Fantoches 27 Escritor do Mês 28 O Leituras Sugere… 28 Dia Mundial do Livro 29 Feira do Livro 29 Sábados D´Encantar / Sábados na Biblioteca 30 Iniciativas Culturais 30 Visitas Culturais 31 XIV Ateliê de Olaria 32 XVIII Aniversário da Fndação A LORD / XIV Aniversário da Biblioteca 33 Exposições34 O nosso Blog 34 COOPERAÇÃO Colónia de Férias 36 Gabinete de Apoio ao Doente 36 Lordelo Solidário 36 É Tempo de Natal, Tempo de Ofertas 37 Visitas Culturais 37 Ateliês37 Atividades de Férias 38 Dia Mundial dos Avós 38 Sessões de Cinema 38 Serviços de Mediateca 38 FORMAÇÃO Cursos na Área de Informática Design de Joias Brigadas de Primeira Intervenção OPINIÃO Bastava que… – Álvaro Pacheco Lordelo: Cidade que tem História, um Presente Condigno e um Amanhã Prometedor – António Rodrigues Pimentel Trigo Um Sentido para a Escola – Beatriz Ester Moura de Castro Prevenir os Acidentes Domésticos Infantis – Carla Cunha Sublime Quarteto – Henrique Manuel Pereira As Associações de Apoio a Doentes em Portugal – Isabel Leal Barbosa Da Vida Médica – Levi Guerra Ternura Escondida – Texto de Maria Florinda Almeida; ilustrações de Marília Almeida O Valor do Património Religioso – Manuela Pinto da Costa Rota do Românico, Palcos do Românico – Rosário Correia Machado O Advogado, Pedra Angular na Administração da Justiça – Sílvia Rebanda POESIA Daqui para o céu; Um poema para ti; Uma balada de amor – Donzília Martins Sobre o mar…; Médico, ainda…; O tempo – Levi Guerra Seguindo Torga; Pombo Real; Viagem – Odete Mendes 40 42 42 44 45 47 49 52 55 56 58 63 64 66 68 69 70 Academia 6 PRESENÇA | 2014 ACADEMIA A Academia é um espaço de aprendizagem de artes — musicais e teatrais; um espaço de crescimento e valorização. CLUBE DE TEATRO DA FUNDAÇÃO A LORD Eugénia Gonçalves Descobrir o prazer da representação tem sido uma preocupação constante deste Clube de Teatro, quer com as crianças, quer com os jovens. LORDATOR O intervalo da vida II No mês de fevereiro, para concretizar os objetivos deste Clube de Teatro da Fundação A LORD, foi possível levar ao público mais uma peça original: O intervalo da vida II. Crime, drama e muita comédia não faltaram neste espetáculo, levando o público à interação com os atores e ao divertimento. Um homicídio ou suicídio por resolver deixa em aberto a possibilidade da continuação desta peça, visto que, no final todos são suspeitos. Um ambiente agradável e boa disposição marcaram o espetáculo. 7 FUNDAÇÃO A LORD LORDATOR JUVENIL Mostra de teatro na comemoração do Dia Mundial do Livro No mês de abril, na comemoração do Dia mundial do livro, o grupo de teatro LORDator Juvenil apresentou a peça Vem aí o Zé das Moscas de António Torrado. Foi um espetáculo de artes performativas, dança e música, em que este grupo mostrou o seu crescimento. A peça relata a história de Zé das Moscas que, perseguido pelos seus zumbidos e por incómodos, vai de doutor em doutor até ao senhor juiz, que o cura das suas maleitas. Mais uma experiência gratificante no percurso do LORDator Juvenil. Teatro na comemoração do XVIII Aniversário da Fundação A LORD e XIV Aniversário da Biblioteca A LORD No dia 6 de dezembro, a Fundação e a Biblioteca A LORD comemoraram os seus aniversários. O grupo de teatro LORDator Juvenil participou com a apresentação da peça A Verdadeira História da Batalha de S. Mamede, de Inácio Nuno Pigna- telli. De forma divertida, este relembrou aos presentes um pouco da história do nosso país e de importantes figuras, nomeadamente, Egas Moniz, D. Urraca, D. Teresa e D. Afonso. De um modo humorístico, retrata as discórdias entre D. Afonso Henriques, mais conhecido por Afonsinho, que se recusa a comer a sopa. A sua mãe D. Teresa, zangada, decide resolver o assunto numa batalha. Esta foi ganha por D. Afonso Henriques que, mais tarde, veio a proclamar a independência. 8 PRESENÇA | 2014 ORFEÃO DA FUNDAÇÃO A LORD Manuel Monteiro No ano de 2014, assistimos a uma consolidação da qualidade das apresentações efetuadas pelo Orfeão da Fundação A LORD. Esta foi conseguida, quer através da entrada de novos elementos, quer através da introdução de novas músicas. Os novos elementos, com boas vozes, em conjunto com os elementos mais antigos completaram a sonoridade do Orfeão. Em termos de atuações, é de referir: · Concerto de Reis, realizado no Seminário Padre Dehon, em Fânzeres (Gondomar), com a participação de outros coros e agrupamentos musicais, no dia 4 de janeiro. · Concerto de Reis, realizado na Capela de N.ª S.ª da Ponte, em Rio Tinto (Gondomar), com a participação de outros coros e agrupamentos musicais, no dia 12 de janeiro. · Concerto de Páscoa, realizado no Salão Paroquial de Lordelo, com a colaboração de um Quarteto de Cordas, no dia 18 de abril. · Participação na missa de aniversário da Cooperativa A LORD, na Igreja Paroquial de Lordelo (Paredes), no dia 10 de maio. · Realização do XV OrffLORD, no Auditório da Fundação, com a colaboração do Grupo Ensemble Vocal de Freamunde, do Coro do Porto de Leixões, além da participação do Orfeão da Fundação A LORD, no dia 28 de junho. · Realização do espetáculo “À Descoberta de Novas Sonoridades”, no Auditório da Fundação, com a colaboração de vários instrumentistas, alunos do Conservatório de Música do Porto, no dia 4 de outubro. · Concerto de Natal, realizado no Auditório da Fundação, com a colaboração da Orquestra da Fundação A LORD, no dia 13 de dezembro. · Concerto de Natal, realizado na Casa da Cultura, em Seroa (Paços de Ferreira), no dia 28 de dezembro. Para além das atuações em 2014, o Orfeão da Fundação A LORD manteve como objetivos: · Abordar novos temas musicais cantados a 4 vozes e à capela. · Dar a conhecer à população de Lordelo o género de música coral. · Procurar o aprimoramento na qualidade das suas apresentações musicais. · Divulgar a função cultural da Instituição, Fundação A LORD, pelo país. · Abrir o Orfeão a todos aqueles que a ele se queiram juntar. Em 2015, o Orfeão pretende melhorar os objetivos alcançados em 2014, incluindo também uma nova deslocação a Espanha. 9 FUNDAÇÃO A LORD ORQUESTRA DA FUNDAÇÃO A LORD Rui Leal A música é uma expressão humana, artística e cultural que a todos enriquece. Nestes quase dois anos de existência, a Orquestra da Fundação A LORD tem promovido um meritório trabalho a nível musical e social. Durante este tempo, foram desenvolvidas atividades musicais que criam o gosto pela música a quem assiste aos concertos da Orquestra. No ano de 2014, este agrupamento teve o prazer de poder acompanhar um solista de renome, o saxofonista Fernando Ferreira, professor de saxofone na Escola Profissional e Artística do Vale do Ave (ARTAVE), que integrou o programa comemorativo do Dia Mundial da Música da Fundação A LORD. Este programa proporcionou cinco concertos durante o mês de outubro, contando com a participação de cinco grupos distintos: Concentus Trumpet Ensemble, Orfeão da Fundação A LORD, Frederic Cardoso & Electronic Project (Clarinete), Big Band Pedaços de Nós e, por fim, a Orquestra da Fundação A LORD e o solista Fernando Ferreira. Pudemos, assim, assistir a alguns concertos de diferentes estilos musicais. De salientar a participação da Orquestra da Fundação A LORD no 1.° Concurso Internacional de Bandas Filarmonia D’Ouro, onde obteve o 2.° prémio na categoria Académica. 10 PRESENÇA | 2014 ESCOLA DE MÚSICA DA FUNDAÇÃO A LORD Rui Leal A Escola de Música da Fundação A LORD depois de ter interrompido a sua atividade durante alguns anos reiniciou-a em outubro de 2013 com 9 alunos, com idades compreendidas entre os 4 e os 13 anos, distribuídos pelas classes de Flauta, Piano, Guitarra e Saxofone. No ano letivo de 2014 frequentaram a escola 26 alunos dos 5 aos 65 anos, distribuídos pelas classes de flauta, piano, guitarra, saxofone, cavaquinho, percussão e violino. Estes usufruíram, também, das disciplinas de Formação Musical, Iniciação Musical e Orquestra. De salientar que alguns alunos da Escola de Música integram o Orfeão da Fundação A LORD. Deste modo, pretende-se contribuir para a formação musical de pessoas de todas as idades com sensibilidade para esta área artística. Auditório 12 PRESENÇA | 2014 AUDITÓRIO O Auditório da Fundação A LORD apresenta-se como um ponto de encontro, onde se reavivam memórias e se criam referências, onde se cruzam gerações e se revelam talentos – na música, na fotografia, na dança, no teatro… Um espaço onde se partilham saberes – em conferências, palestras, etc.. Os eventos realizados no Auditório reforçam os “alicerces” já criados pela Fundação A LORD, só possíveis numa relação com todos aqueles que tornam exequível uma programação cultural em favor da comunidade: atores, conferencistas, artistas plásticos, escritores e espectadores. Uma razão para que se continue a incentivar acontecimentos que criem na coletividade o prazer de frequentar um espaço de cultura. Ana Maria Martins BRINQUEDOS ANTIGOS EXPOSIÇÃO DE BRINQUEDOS Ana Maria Martins às crianças de observar os brinquedos utilizados pelas gerações anteriores para despertar nelas o gosto pelos usos do passado. UMA MISSA PARA A PAZ CONCERTO DE REIS Odete Mendes As quadras festivas de Natal e de Ano Novo impulsionaram algumas iniciativas, entre elas, a exposição Brinquedos Antigos, cedida pela Companhia de Teatro Pé de Vento. Numa época em que as tecnologias ocupam os tempos livres das crianças e dos jovens, torna-se educativo e estimulante mostrar uma coleção de pequenos brinquedos que caracterizam um período anterior ao brinquedo de plástico e, mais recentemente, ao brinquedo eletrónico. Pensamos que a colaboração da Companhia de Teatro Pé de Vento com a Fundação A LORD deixou no ar a importância que se deve dar à recuperação e conservação do que é antigo. Aprendemos, através desta exposição, que é necessário dar oportunidade «Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor. Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for. Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for. Quando for grande, quero ser um brincador. Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor. Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador… A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar. A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras». O Brincador, Álvaro Magalhães O que significa coro? Pode ser o presente do indicativo do verbo corar (eu coro, tu coras ele cora….) e aqui o o é aberto, pode indicar uma parte da igreja destinada ao canto ou pode ser um grupo de cantores, entre outras coisas menos usadas mas possíveis na língua portuguesa. Esta introdução, que pode parecer estranha, tem duas razões de ser. A primeira é que acabo de ler um texto contra o novo acordo ortográfico em que se critica o desaparecimento de alguns acentos (entre outras coisas) – mas, vejam lá! – nunca ninguém se lembrou de protestar contra o facto de eu coro e o coro se dizerem de maneira diferente e se escreveram de igual forma, sem acento, já antes do acordo… A segunda razão é mais agradável e menos polé- 13 FUNDAÇÃO A LORD despertar nos visitantes o interesse em conhecer melhor a obra do escritor. O INTERVALO DA VIDA II TEATRO Sara Lamas mica: a A LORD proporcionou-nos, no dia 18 de janeiro de 2014, um ótimo espetáculo do Coro de S. Tarcísio. Todos sabemos que os meios de comunicação social costumam festejar o Ano Novo e o dia de Reis com um concerto por orquestras famosas. Não saindo da música clássica, a importante Instituição de Lordelo trouxe-nos, este ano, uma obra que eu desconhecia – Uma missa para a paz – de Karl Jenkins. Com a curiosidade de ser apresentada por um coro do Porto, a exibição foi, também, acompanhada com a passagem de filmes quase sempre relacionados com a guerra, o que aumentou a tragicidade do espetáculo. Ainda bem que assim foi, porque o texto da obra é em alemão, língua que desconheço assim como, provavelmente, a maior parte do público presente. Mas, sobre este Concerto de Reis há muito a dizer. Como solistas destacaram-se a mezzo-soprano Patrícia Quinta e o barítono Pedro Telles. Este, assim como Jairo Grossi que acompanhou o espetáculo ao piano, são os atuais maestros do grupo. Acerca do coro propriamente dito quero salientar a qualidade dos cantores, principalmente das sopranos e dos baixos que apresentaram uma amplitude pouco habitual em coros amadores. Estas vozes bem colocadas são tanto mais de realçar quanto a maior parte dos coristas já não são muito jovens. Um dos elementos do grupo confessou- -nos mesmo que têm muita dificuldade em atrair gente nova porque, agora, há muitas distrações. Da apresentação em geral destaco um momento em que o grupo canta só com sons reproduzindo (a meu ver) o desespero de uma fuga atabalhoada à guerra. De arrepiar… O Coro de S. Tarcísio, que nasceu em 1956 na igreja da Lapa, e se encontra, atualmente, sediado na igreja da Trindade, está, sem dúvida, de parabéns. Obrigada! No dia 1 de fevereiro, o Clube de Teatro da Fundação A LORD — LORDator — interpretou uma peça intitulada O intervalo da vida II, perante o Auditório da Fundação repleto de espectadores, ansiosos por mais peripécias e diabruras de duas personagens inesquecíveis, D. Micas e D. Carlota. Esta representação, fruto da dedicação e do esforço de todos os envolvidos, foi apreciada pelo público, provocando inúmeras gargalhadas. DANÇAS CLÁSSICAS E LATINO-AMERICANAS Donzília Martins VERSÕES DE UM AMOR DE PERDIÇÃO EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA Ana Maria Martins Durante os meses de fevereiro e março, no Auditório da Fundação A LORD, esteve patente ao público a exposição Versões de um Amor de Perdição, composta por um conjunto de fotografias de três adaptações cinematográficas de Camilo Castelo Branco, dos realizadores Georges Pallu, António Lopes Ribeiro e Manoel d`Oliveira, de 1921, 1943 e 1979, respetivamente. Espera-se que esta exposição, organizada pela Casa de Camilo, Museu-Centro de Estudos, tenha permitido “Dia 22 de fevereiro, pelas 21h30, no Auditório da Fundação A LORD, Danças Clássicas e Latino-Americanas, pelo Clube de Dança de Salão do Porto.” Apesar dos três dias anteriores, 20, 21 e 22, terem sido completamente cheios e desgastantes nas Correntes D’Escrita da Póvoa de Varzim e ser ainda um sábado à noite anunciando frio e chuva, não podia perder este magnífico espetáculo que se adivinhava. Em A LORD, sempre tudo vale a pena! Sempre nos brinda com variadas e apelativas obras de arte e cultura, nos acena com os mais belos espetáculos de excelente organização, com um leque de profissionais que não deixam os créditos por mãos alheias. Assim, acabada de chegar da Póvoa de Var- 14 PRESENÇA | 2014 executavam os passos de dança! Apeteceu-me ir para a pista deslizar com elas, rodopiar ao som dos meus tempos de menina… Prouvera Deus que estas crianças sejam felizes como eu fui, ontem e hoje, a revivê-las. Porque afinal é o sonho que comanda a vida e “a saudade é o amor que fica”. MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA Ana Jorge zim, só tive tempo de pegar no carro e deslocar-me até Lordelo, ao Auditório da Fundação. Eram 21h30. Muita gente! Olhares curiosos e expectantes! Grupos de amigas dialogando! No meio do público variado, avistei uma colega do Porto! Que sim. Já costumava vir e, desde que soube destes maravilhosos acontecimentos culturais, verdadeiras celebrações de arte, tão escassos num país de obscurantismo, não os queria perder. Anunciei que, em breve, no mesmo Auditório, seria também exibido não um, mas dois acontecimentos artísticos, numa mistura de duas expressões de arte: a música de cavaquinhos e a apresentação do meu livro, O Ratinho, o Milho e a Flor do Vento. Entrámos. E logo depois um florilégio de sons de músicas latino-americanas nos invadiu os sentidos, transportando-nos a uma juventude dos anos sessenta, em que, bailando, amando, sonhando, nos perdíamos nos sons românticos, nos sonhos por abrir, no sono desperto sem cansaço, em que sempre e em tudo a vida florescia. Enquanto as melodias de sempre se expandiam no ar, perfumando a plateia, deslizavam pelo palco as doces e sorridentes bailarinas, crianças e adolescentes, em ritmos de som e cor como por magia, como se fossem anjos e tivessem asas nos pés. Foi lindo! Muito belo! Uma a uma ou aos pares, as danças sucediam-se num ritmo brilhante e colorido, como se vividas e enamoradas pelos pequenos-grandes bailarinos que as executavam. A cor, o som, a melodia, o brilho, a luz extasiavam os espectadores que freneticamente aplaudiam sem cessar. Descrever mais é impossível, porque as palavras nem sempre são capazes de ter força bastante para descrever estes verdadeiros momentos de magia e encantamento. Ficamos pelos silêncios, pelas reticências, pelo deslumbramento, a aplaudir, a cantar baixinho com o coração a pedir que venham mais coisas belas que sejam bálsamos e tenham o condão de fazer os homens felizes. Obrigada à Fundação A LORD. Parabéns à programação, organização e escolha dos eventos, atraindo assim todos os grupos etários, proporcionando momentos de rara beleza. A vida é isto, feita de pequenas belezas que sabe bem saborear. Parabéns ao Clube de Dança de Salão do Porto pela escolha dos temas e pela coreografia. Continuem! A magia de distribuir arte, som, dança, ritmo, música, poesia e encantamento aqueceu a noite com a luz e a cintilação de dez estrelas maiores. Algumas vezes, quase deixei cair duas lágrimas de saudade. As amigas, atrás, comentavam alegremente o espetáculo. Ninguém ficou indiferente ao belo, ao calor humano, à graciosidade dos olhares, dos gestos, dos rodopios ritmados de sons e cores; nem à magia das crianças que tão bem No dia 15 de março, no Auditório da Fundação A LORD, tive oportunidade de assistir a um dos programas culturais que têm vindo a realizar-se nesta Instituição. O programa iniciou-se com a apresentação do livro O Ratinho, o Milho e a Flor do Vento. Uma história que apela ao contacto com a natureza, onde todos os dias a vida é uma festa e que termina mencionando o significado dos livros. A autora, Donzília Martins, referiu-se ao papel da leitura como suporte da valorização pessoal desde a infância até à idade adulta. A propósito, apontou a função cultural da Biblioteca da Fundação A LORD, realçando o seu espólio, em parte, lamentavelmente destruído aquando do passado incêndio. Ainda na primeira parte, assistiu-se a uma atuação do Grupo de Cavaquinhos Vira`agora, de Lordelo (Paredes). Os dez elementos do grupo mostraram em palco que, apesar das suas diversas idades e atividades profissionais, é 15 FUNDAÇÃO A LORD possível, com esforço e motivação, trilharem um percurso comum tendo em vista uma aprendizagem musical. O concerto apresentado foi muito apreciado, atendendo à marca tradicional do repertório. Na segunda parte, o Conjunto de Cavaquinhos Dr. Gonçalo Sampaio, de Braga, exibiu-se de forma exemplar. O grupo revelou uma competência musical que lhe vem da sua história já antiga e que tem sido adaptada e valorizada através da seleção de um vasto repertório, abrangendo composições musicais de todo o país. Durante o espetáculo, notou-se a interação entre o público, que preenchia completamente a capacidade do Auditório, e os executantes, criando-se uma atmosfera alegre, em que a rotina do dia a dia deu lugar a uma vivência saudável. O ATOR NO PAN-ÓTICO EXPOSIÇÃO DE PINTURA Ana Maria Martins De abril a junho, a Fundação A LORD foi “palco” de uma exposição de pintura sobre o ator nas suas diversas figurações. Tal como Domingos Loureiro refere na apresentação do catálogo da exposição: “O diálogo estabelecido entre pintor e objeto assemelha-se ao diálogo entre ator e personagem e emerge não apenas naquilo que se observa no palco ou na tela (se se tratar de pintu- ra sobre tela, claro), mas especialmente no próprio autor, no ser.”. Domingos Loureiro fala, ainda, das “personagens sem rosto, desprovidas de território… mas que são de todos os lugares e que têm o tormento na alma…”. As pessoas que tiveram oportunidade de visitar a exposição e confrontar as obras expostas entre si, também manifestaram inquietação, reconhecendo as diversas representações associadas à experiência do pintor e ator. Podemos sublinhar nesta exposição que, enquanto a produção artística do pintor é um ato solitário, a produção artística de um ator de teatro exige sempre um diálogo com o público. Ao dar acolhimento a esta exposição, a Fundação A LORD materializou, de algum modo, o diálogo do pintor com o público. A TORRE DOS ALCOFORADOS TEATRO Marta Santos A peça de teatro A Torre dos Alcoforados, de Fernando Moreira, foi apresentada nos dias 4, 5, 11 e 12 de abril, pelo grupo Astro Fingido e elementos amadores de Lordelo (Paredes), no Auditório da Fundação A LORD. A obra retrata a existência da Torre dos Alcoforados ou Torre dos Mouros ao longo do tempo. Apresenta um misto de lendário e histórico que evoca um passado longínquo ligado à nossa terra. O elenco contribuiu para realçar o valor da existência da Torre, prendendo a atenção do público. É de salientar o enquadramento desta peça de teatro nas atividades promovidas pela Rota do Românico e a parceria da Fundação A LORD com esta Instituição, permitindo fazer renascer a Torre como monumento. AUTISMO E ATRASO DE DESENVOLVIMENTO UM ESTUDO DE CASO LANÇAMENTO DE LIVRO Carla Maia No passado dia 26 de abril, o Auditório da Fundação A LORD encheu para a apresentação do livro Autismo e Atraso de Desenvolvimento – Um Estudo de Caso, da autoria do professor lordelense Miguel Correia, licenciado em Filosofia e pós-graduado em Educação Especial. O prefácio do livro é da autoria da Prof.ª Doutora Preciosa Fernandes, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Na mesa do evento, estiveram presentes o presidente da Fundação A LORD, Dr. Francisco Leal, a orientadora do trabalho, Prof.ª Doutora Isabel Cunha, da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (ESEPF), o autor da obra, Dr. Miguel Correia, e o coordenador do Departamento de Educação Especial e de Psicologia da ESEPF, Prof. Doutor Carlos Afonso. O Dr. Francisco Leal e a Prof.ª Doutora Isabel Cunha elogiaram a qualidade e pertinência da obra, realçando que é um contributo para alertar a sociedade para a necessidade da inclusão das pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo. O Prof. Doutor Carlos Afonso referiu que a obra é “de alguém do terreno prático que, perante uma inquietação pessoal e profissional, veste a pele de investigador, vai à procura, encontra algumas respostas e, certamente, novas perguntas, devolvendo esse conhecimento e essa reflexão a outros, não fechando o círculo, mas abrindo-o a novos caminhos”. A obra, na parte teórica, apresenta várias perspetivas sobre as causas do autismo, as diversas definições, as ca- 16 PRESENÇA | 2014 precoces, do trabalho multidisciplinar e do papel fundamental dos pais e das organizações. Alguns professores, terapeutas, estudantes e pais de crianças com espectro do autismo, presentes na sessão, colocaram questões sobre esta problemática. O autor respondeu a todas as questões, lembrando que, para além das técnicas e terapias existentes, é preciso tratar o problema com muita “compreensão, amor e carinho”. O evento foi muito participado e permitiu a reflexão sobre um tema complexo e apaixonante fora do formalismo dos meios académicos. A sessão foi abrilhantada pela pianista Suzanna Lidegran e pela violinista Isolda Lidegran Correia, que interpretaram, no início do programa, Sonata em Mi, 1.º andamento, de W. A. Mozart, e Valsa Cinderela, de S. Prokofiev e, no final, Romance do 2.º concerto, de H. Wieniawski, e Dança de fogo, de W. Peterson-Berger. O programa encerrou com uma concorrida sessão de autógrafos e um Porto de honra. 81.º ANIVERSÁRIO DA COOPERATIVA DE ELECTRIFICAÇÃO A LORD Lasalete Silva e Sara Lamas racterísticas associadas à perturbação e os diferentes modelos de intervenção. Ainda na parte teórica, aborda as reações da família e da escola face ao autismo e “interpela-nos quanto ao que seria desejável a nível de intervenção precoce e a nível da intervenção especializada em contexto escolar, de modo a que família e a escola contribuam, coletiva e articuladamente, para a evolução da criança”. Sobre a parte prática, o Prof. Doutor Carlos Afonso destacou o teor marcadamente qualitativo e biográfico e a inquietação pelo facto das respostas de intervenção serem encontradas essencialmente fora do contexto escolar, o que “nos remete para um questionamento mais vasto a nível legislativo e prático”. De seguida, o autor da obra, na sua intervenção, começou por agradecer a presença das diversas personalidades e instituições, afirmando que as motivações que nortearam o seu estudo foram de índole pessoal, profissional e social, e que este constitui uma ferramenta útil para estudantes, professores e público em geral. Apresentou algumas inquietações que decorreram da sua investigação tais como: o fraco investimento de recursos humanos e físicos por parte das entidades governativas e os obstáculos que existem para materializar o princípio da inclusão, patente nos textos legislativos, e que deve estar subjacente às práticas pedagógicas. Para fazer face a estas dificuldades, o docente realçou a necessidade do diagnóstico e intervenção A Cooperativa de Electrificação A LORD festejou mais um aniversário no passado dia 10 de maio, realizando uma missa na Igreja de Lordelo e um concerto de música, no Auditório da Fundação A LORD. A cerimónia religiosa teve a participação do Orfeão da Fundação A LORD, encerrando com a oferta de uma imagem de Nossa Senhora em prata ao pároco da freguesia, Senhor Padre Rui Pinheiro. Terminada a cerimónia religiosa, as pessoas foram convidadas para um lanche convívio. À noite, realizou-se um concerto de música, executado pela Orquestra da Fundação A LORD que apresentou um repertório composto por músicas conhecidas, nomeadamente, Robin Hood, Suite Alentejana, entre outras, finalizando a sua atuação com um hino inédito, criado como símbolo d`A LORD – o Hino A LORD. 17 FUNDAÇÃO A LORD Durante o concerto, os aplausos do público demonstraram o sucesso do trabalho desenvolvido pelo maestro Rui Leal e pelos músicos que compõem a Orquestra da Fundação. tu nunca vais saber. Porque não ouves a rádio que eu oiço. É um pouco marginal...”. PERCURSOS BANDA PORTUENSE MESA CONCERTO Ana Jorge Em família, semanas antes do concerto, comprou-se o último CD deste grupo pop e eletrónico, Pés que sonham ser cabeças. No carro, ouvi o CD sem parar. Acompanhei vezes sem conta a música Senti. Uma, duas, três vezes... Conheci os Mesa com a voz de Mónica Ferraz. Atualmente, com Rita Reis, as músicas ganham outra tonalidade e as letras de João Pedro Coimbra são como que “segredadas ao ouvido”. A atuação dos Mesa no Auditório da Fundação A LORD não nos desapontou. Gostei da limpidez da voz da vocalista e da delicadeza dos seus movimentos corporais. Em músicas como Cedo o meu lugar, apercebemo-nos de que a vida de uma canção para além do tom que lhe dá quem a interpreta, também está na construção, muitas vezes poética, da sua letra, na melodia e ritmo que estão registados na sua pauta musical. Claro que um espetáculo também vive do ambiente que se instala para além do palco. Durante o concerto, o público, heterogéneo, acolheu com grande entusiasmo esta atuação musical. Partimos com vontade de continuar a cantar em voz alta… “Se eu amo e não posso dizer. E sei que com esta canção EXPOSIÇÃO DE ESCULTURA Susana Namura E foi assim! Fechei com chave d’ouro aquele mês de junho. Mês de festas e arraiais, santos populares e cascatas, perfumes de manjerico e cidreira, sardinha assada e maresias e noites de orvalho saudosas… Recebi o convite da Fundação A LORD, uma produção gráfica de qualidade na conceção e no design – registo a que a A LORD já nos habituou, de resto – e ato imediato, marquei na agenda. Não é que tenha assim tantos eventos sociais na minha pacata existência que me pudessem causar alguma responsabilidade, mas antes e acima de tudo, porque a Maria José me merecia a presença e a nossa amizade exigia que assim fosse. E assim foi! Rodeada de amigos (muitos) e amantes da arte, semeando sorrisos e olhares plenos de gratidão e com a sua voz doce e afável, de todos captou a atenção, levando-nos pelo seu percurso de vida, das vidas ali presentes e expostas, existências de seres e fruto de experimentações interiores e íntimas, fruto de mãos delicadas e laboriosas, mãos que sentem e perscrutam a essência dos materiais que transforma e anima em formas claras e nítidas de espírito: “E cravam-se no tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas.” (Manuel Alegre) Não faltaram os discursos e os agradecimentos inerentes à ocasião. A A LORD teve mais uma noite de glória em prol do desenvolvimento cultural do concelho. Parabéns! Já com alguma distância temporal do momento em que escrevo este modesto registo, e perdoem-me os leitores por alguma afetação inusitada, recordo sobretudo a profusão de imagens suscitadas por aquela existência real. Corpos femininos, pensantes, insinuantes, prenhes de força e de vida promissora, belos, leves e, simultaneamente, vigorosos e robustos. Árvores e corpos, corpos e troncos, troncos e torsos: seres que se projetam na alma de cada um, ganham vida e nos lançam na inequívoca e impositiva catarse aristotélica. Afinal, a vida é um teatro sem palco definido e os papéis nem sempre são os nossos! Seres que povoam as paisagens e as casas que habitam em nós! Seres que ficam para além do tempo circular, impiedoso e inexorável! À minha Amiga, Maria José, permito-me desejar, ou exigir, não sei bem: “Nem um momento só podes perder A linha musical do encantamento Que é teu sol tua luz teu alimento” (Sophia de Mello Breyner Andresen) Ouviu-se música e o velho Porto brindou à vida! E foi assim, no dia 28 de junho de 2014. 18 PRESENÇA | 2014 XV ORFFLORD ENCONTRO DE ORFEÕES Ana Maria Martins No mês de junho, para dar cumprimento a um dos objetivos da Fundação A LORD, promoveu-se um encontro de coros. Participaram neste evento o Orfeão da Fundação A LORD, o Orfeão Famalicense e o Orfeão Leonés. O encontro decorreu num ambiente de participação e camaradagem intergeracional, o que revelou a importância do intercâmbio entre grupos corais que desenvolvem a sua atividade com grande empenho. A surpreendente coordenação de vozes deixou o público entusiasmado já GANDARELA TEATRO Ana Maria Martins A peça de teatro “Gandarela”, 1.ª obra do Grupo Teatral Freamundense (GTF), foi apresentada no Auditório da Fundação A LORD, no dia 27 de setembro, dando cumprimento a um programa cultural diversificado. A peça, de costumes populares, documenta episódios da vida de outrora em Freamunde que merecem ser lembrados como espelho de uma micro sociedade, onde um desfile de personagens mostra duas zonas diferenciadas: a dos ricos, “Leigal”, e a dos pobres, “Gandarela”. Os costumes duma época anterior ao 25 de abril são recreados com sentido de hu- que, apesar de não existirem instrumentos musicais, as vozes dos participantes deram expressão melódica aos diversos repertórios. É de relevar o papel dos maestros Manuel Luís Bovião Monteiro, Fernando Dantas Moreira e Maria Jose Flecha Perez na direção dos respetivos grupos corais. mor, quase caricatural. A competição entre a Banda da Pocariça e a Banda Cómico-Musical de Figueiró, o pregão do cauteleiro, o fotógrafo à la minute, entre outros intervenientes, imprimiram à peça os ingredientes necessários para ser apreciada pelo público, nomeadamente, pelas pessoas mais idosas que identificaram o retrato da época. 19 FUNDAÇÃO A LORD LORDELO ABERTO AO MUNDO O ARTESANATO DOS YANOMAMI EXPOSIÇÃO DE ARTESANATO Ana Maria Martins A reposição da exposição Lordelo aberto ao mundo – o artesanato dos Yanomami partiu da iniciativa da Fundação A LORD, aproveitando a documentação e objetos recolhidos pelo Senhor Padre Fernando Rocha, Missionário da Consolata, que amavelmente os cedeu a esta Instituição. Esta mostra deu a conhecer um povo índio que vive no extremo norte do Brasil, numa região que faz fronteira com a Venezuela, pertencendo à floresta amazónica, onde existe uma grande variedade de animais selvagens, rios… Todos os objetos expostos – utensílios domésticos, adornos, instrumentos bélicos e de pesca – têm a particularidade de terem sido fabricados pelos índios Yanomami. Através dos objetos expostos, foi possível compreender o sistema económico e a organização social deste povo, bem como a funcionalidade e utilidade das suas manifestações artísticas – tecelagem, cestaria, pintura, adornos… O conhecimento desta realidade longínqua deu oportunidade de desvendar um universo que nos transporta para o período da emigração de muitos lordelenses para o Brasil. Por isso, entende-se que esta iniciativa foi oportuna para abrir Lordelo ao Mundo. EXPOSIÇÃO LORDELO ABERTO AO MUNDO O artesanato dos ORGANIZAÇÃO - FUNDAÇÃO A LORD 2 de outubro a 29 novembro 2014 Segunda a sexta-feira 10h00 > 12h30 14h00 > 18h00 MEC ENAS ENCONTROS MUSICAIS CONCERTOS Ana Maria Martins Durante o mês de outubro, teve lugar, no Auditório da Fundação, um ciclo de música – Encontros Musicais – que contou com a participação de diversos executantes, entre eles os elementos do Orfeão da Fundação A LORD, o clarinetista Frederic Cardoso, os intérpretes da Big Band Pedaços de Nós e, ainda, a Orquestra da Fundação A LORD e o solista Fernando Ferreira. Esta iniciativa deu continuidade à divulgação de vários estilos musicais. Todos os concertos mereceram o interesse da população, jovem e adulta, que habitualmente frequenta este Auditório. Salienta-se o programa À descoberta de novas sonoridades, da iniciativa do maestro Manuel Luís Bovião Monteiro, que iniciou o ciclo musical concretizando um repertório variado com momentos vocais e momentos instrumentais de qualidade. A boa execução dos participantes justifica o registo, já que serve de motivação para todos aqueles que queiram prosseguir uma aprendizagem na área da música. Como exemplo, aponta-se a atuação de quatro jovens músicos: a flautista Maria Carolina Monteiro de 9 anos, a pianista Joana Raquel Monteiro de 15 anos, o violinista Tomás Cardoso Pinto de 15 anos, bem como o flautista Cristiano Marques de 14 anos. Estes jovens surpreenderam pela sua apresentação em público de forma natural, revelando o seu talento musical. A finalizar o ciclo musical, é de referir o concerto de encerramento, com a atuação da Orquestra da Fundação e a participação do destacado saxofonista Fernando Ferreira, convidado pelo maestro Rui Leal, que confirmou a sua excelente qualidade de execução. A atmosfera criada durante o concerto refletiu-se na atenção e interesse do público perante o trabalho apresentado. 20 PRESENÇA | 2014 CLARINET & ELECTRONICS PROJECT FREDERIC CARDOSO Rui Leal No dia 11 de outubro de 2014, a Fundação A LORD presenteou-nos, no seu Auditório, com um recital de Clarinete e Música Eletrónica, executado pelo clarinetista Frederic Cardoso. Este programa faz parte do seu novo trabalho – Clarinet & Electronics Pro- ject –, um projeto muito recente, mas muito promissor, que segue a tendência da evolução do meio musical, mostrando assim a grande transformação da música ao longo dos tempos. Frederic Cardoso selecionou obras de vários compositores (alguns de- les têm-se revelado jovens promessas portuguesas) tais como: Ruah para clarinete e Tape de André Rodrigues; Shovelhead para clarinete baixo e eletrónica de Steven Snowden; Reflex para clarinete baixo e eletrónica de Ângela da Ponte e, por fim, Frames#87 para clarinete baixo, vídeo e eletrónica em tempo real de Igor C. Silva. De início, o público mostrou alguma curiosidade e algum desconhecimento sobre a música eletrónica, sendo este colmatado, por parte do solista, com informação sobre cada música e cada compositor e sua obra. A música eletrónica foi, assim, uma boa surpresa para o público em geral. O concerto mostrou também que a Fundação A LORD tem uma identidade muito própria, surpreendendo sempre o público com diferentes espetáculos. BIG BAND PEDAÇOS DE NÓS DE FREAMUNDE CONCERTO Filipa Tojal Saí há pouco tempo do encontro musical da Fundação A LORD, protagonizado pela BIG BAND da Associação Cultural e Recreativa Pedaços de Nós de Freamunde. Foram 120 minutos que passaram demasiado rápido, por muito que os músicos tivessem sido “forçados” a fazer bis umas quantas vezes. Foi um serão marcado não só de música do mais alto nível mas também pela notável atitude dos músicos, traduzida pela boa disposição, união e espontaneidade. Os executantes fizeram-nos revisitar algumas das melhores músicas de blues e jazz, assim como o tão “nosso” Rui Veloso. Se não houve dança por parte do público, certamente foi por “vergonha”! Valeu a pena estar ali, conviver e apreciar momentos tão simples que valem tanto! Apelo a todos os que não estiveram presentes a não faltar em próximos concertos. Para a Fundação A LORD um bem-haja pelo trabalho cultural e social que tem realizado. 21 FUNDAÇÃO A LORD DOENÇAS MALIGNAS DO SANGUE CONFERÊNCIA Elisângela Costa Foi a 15 de novembro de 2014 que a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL) organizou, em parceria com a Fundação A LORD, a conferência «Doenças malignas do sangue». A iniciativa decorreu no Auditório da Fundação, em Lordelo, Paredes. Tratou-se de uma sessão de esclarecimentos moderada pelo Doutor Joaquim Andrade, Chefe de Serviço de Hematologia do Hospital de S. João, e contou com as intervenções do Doutor Herlander Marques, Oncologista do Hospital de Braga, e da Doutora Isabel Leal Barbosa, Presidente da APLL. A sessão foi iniciada com uma exposição do Doutor Herlander Marques sobre as doenças malignas do sangue e os tratamentos existentes. O interveniente salientou que a colaboração de vários agentes da sociedade é fundamental para incentivar a contínua melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A intervenção que se seguiu pertenceu à Doutora Isabel Barbosa que dissertou sobre a APLL, referindo que se trata de uma Associação sem fins lucrativos, constituída por doentes e familiares, profissionais de saúde e voluntários. A missão da APLL é transversal, pois procura apoiar os doentes e os seus familiares a nível informativo, financeiro e psicológico. Divulga saberes junto da sociedade civil e colabora com instituições afins. Tem, ainda, participado em reuniões e congressos, sempre com o objetivo de difundir e partilhar conhecimentos. Reforçou que há a plena consciência da insensibilidade social perante os mais frágeis, razão pela qual há necessidade de unir esforços, uma vez que existem milhares de doentes que estão neste momento sem recursos económicos para se tratarem. A conferência contou com a apresentação dos testemunhos de duas ex-doentes que deram a conhecer à vasta plateia as suas experiências e as suas dificuldades. As intervenções, na primeira voz, foram demonstrativas de que não se pode baixar os braços a constrangimentos e indefinições. É preciso ter a capacidade de iniciativa e de resiliência. O encerramento esteve a cargo do Presidente da Fundação A LORD, Dr. Francisco Leal, que frisou que sessões como estas são uma forte aposta para que as pessoas tomem consciência de que as doenças malignas de sangue existem e que é imperativo apostar na prevenção e na inovação. Salientou que no atual contexto de recessão interna e externa é necessário trabalhar em conjunto, apostando na qualidade de vida de todos os portugueses, neste caso em concreto, na área da saúde. TRADIÇÕES À LETRA UMA VIAGEM PELO PORTUGAL TRADICIONAL Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto Ana Jorge Ao longo dos últimos anos, a Fundação A LORD tem vindo a organizar iniciativas culturais diversificadas. Neste âmbito, no dia 29 de novembro, assistiu-se a um espetáculo de música, dança, cantares e outras manifestações tradicionais portuguesas que se inserem no repertório do Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP). Ao presenciar o espetáculo, reconhece-se o trabalho de investigação desta Associação no que diz respeito às temáticas da cultura etnográfica, bem como à abrangência e diferenciação de cada uma das regiões de Portugal. Foi possível apreender, ao longo de um “itinerário visual e auditivo”, as características de cada região, expressas através das cores, dos movimentos, das falas e dos cantares. Quadros vivos que nos transportaram para tempos idos, mas que ainda permanecem em algumas comunidades. Assim, identificaram-se: Trás-os-Montes, o Minho, o Douro, o litoral, o interior montanhoso, o Ribatejo, o Alentejo, o Algarve e, atravessando o Atlântico, os Açores e a Madeira. Apreciou-se o espetáculo pela sua dimensão cultural e recreativa, sendo manifesta a interação entre o público e o NEFUP. Notou-se a simbiose da assistência com os intervenientes em diversos momentos do espetáculo: os momentos da entrada e da saída, através dos acessos laterais da plateia, e os momentos da distribuição de pão e de flores… A musicalidade do espetáculo, marcada pelos vários instrumentos – adufe, acordeão, viola –, ajudou à conjugação da proximidade entre o grupo artístico e o público. Pode dizer-se que o espetáculo foi um sucesso, quer pelo clima que criou, quer pela mensagem cultural que transmitiu. 22 PRESENÇA | 2014 XVIII ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO A LORD XIV ANIVERSÁRIO DA BIBLIOTECA A LORD Lasalete Silva No dia 6 de dezembro, comemorou-se, mais uma vez, os aniversários da Fundação e da Biblioteca A LORD. Para celebrar a data, a A LORD promoveu a entrega de certificados de formação profissional nas áreas de informática e do artesanato e, ainda, a peça de teatro A Verdadeira História da Batalha de S. Mamede, de Inácio Nuno Pignatelli, contracenada pelo grupo de teatro LORDator Juvenil. Propiciou, assim, mais um momento lúdico, criativo e divertido, numa tarde de dezembro, com a “prata da casa”. Nos dezoito anos da sua existência, esta Instituição pautou a sua ação pela interatividade constante entre a comunidade em geral e a comunidade escolar. PATRIMÓNIO DA PARÓQUIA DE SÃO SALVADOR DE LORDELO EXPOSIÇÃO DE ARTE SACRA Reverendo Padre Rui Pinheiro Vítor Moreira EXPOSIÇÃO DE ARTE SACRA ORGANIZADA PELA FUNDAÇÃO A LORD COM O APOIO DA PARÓQUIA DE SÃO SALVADOR DE LORDELO - PAREDES MECEN AS ARTE SACRA A arte sacra pode ser o caminho que nos conduz ao reencontro com Deus, através da beleza intrínseca das suas peças. A exposição de Arte Sacra, patente ao público no Auditório da Fundação A LORD, faz parte da Paróquia de São Salvador de Lordelo – Paredes. Em cada ato da liturgia da Igreja Católica podemos contemplar parte das peças aqui expostas. O acervo da nossa Paróquia contém peças de arte sacra de grande valor histórico, algumas com séculos de existência. Não confundamos a arte religiosa com a arte sacra. Elas têm destinos diferentes: a religiosa pertence apenas ao artista, tem conteúdo humano e terreno; a sacra existe no culto divino, está na liturgia, é transcendente. A arte sacra não é apenas a expressão material do artista, mas representa toda a comunidade e manifesta a existência de Deus, transformando o visível em invisível, conduzindo o fiel à oração. Toda a arte sacra é arte religiosa mas nem toda a arte religiosa é arte sacra. 23 FUNDAÇÃO A LORD ARTE SACRA EXPOSIÇÃO Ana Maria Martins Na Fundação A LORD, esteve aberta ao público uma exposição de Arte Sacra que teve em vista dar continuidade a uma dinâmica cultural assinalável na cidade de Lordelo. Terminada a exposição, é importante tecer algumas considerações sobre a mesma. Esta exigiu uma organização que impôs a deslocação de peças que fazem parte do património religioso da Paróquia de Lordelo, bem como a limpeza e a consolidação de algumas dessas peças. Pretendeu-se que o visitante se visse confrontado com obras deslocadas do seu contexto para uma melhor apreciação artística, tal como numa galeria. Algumas dessas peças, dos séculos XV, XVII e XVIII, fizeram reviver artes antiquíssimas como a estatuária, a cinzelagem, o bordado, a pintura, realçando um universo de artífices de outrora, que continuam a ser valorizados hoje. Para se criar uma atmosfera religiosa e mística, fez-se ouvir uma seleção de música barroca que ajudou à contemplação e apreciação das obras. Prova disso, foi o testemunho dos inúmeros visitantes que manifestaram o seu apreço e a sua surpresa pelo que viram. Pensa-se que esta prática contribuirá para valorizar o que de melhor existe na comunidade de Lordelo. CONCERTO DE NATAL Lasalete Silva O Auditório, no dia 13 de dezembro, encheu-se de alegria com cânticos natalícios entoados pelo Orfeão e pela Orquestra da Fundação A LORD. O concerto teve três momentos musicais. Em primeiro lugar, o Orfeão da Fundação A LORD apresentou canções em diversas línguas. É de realçar o conhecido cântico Adeste Fideles. De seguida, a Orquestra da Fundação A LORD executou com rigor as obras: Fate of the Gods de Steven Reineke, Of sailors and whales de W. Francis Mcbeth, Amazing grace de Frank Ticheli e The spirit of Christmas de Jacob de Haan. Para além da execução instrumental, os elementos da orquestra mostraram a sua aptidão vocal na composição Of sailors and whales. O evento finalizou com a apresentação do tema Então é Natal, no qual intervieram todos os músicos. 24 PRESENÇA | 2014 EXCERTOS DO BAILADO “O QUEBRA-NOZES”, JAZZ E CONTEMPORÂNEO Sérgio Veludo Coelho No dia 20 de dezembro de 2014, teve lugar no Auditório da Fundação A LORD, em Lordelo, Paredes, o espetáculo de Natal apresentado pela Associação de Bailado das Antas. Este evento de dança, com excertos do bailado O Quebra-nozes, de Tchaikovsky, um dos mais conhecidos compositores russos do século XIX, e vários números de dança Jazz e Contemporâneo, trouxe ao público momentos que assinalam as mais recentes produções daquela Associação. Os jovens bailarinos mostraram instantes de beleza de “O Quebra-nozes”, em perfeita sintonia com a época natalícia. Saltaram, depois, para a época contemporânea com os ritmos quentes do jazz coreografado e da música da atualidade, em execuções entusiasmantes. O brilho do evento faz-nos ansiar por mais espetáculos da Associação de Dança das Antas, que nos garante sempre a conjunção da qualidade com o rigor que a dança, nas suas diversas vertentes, exige. Bem hajam! Biblioteca 26 PRESENÇA | 2014 Biblioteca Maria da Graça Mourão Fátima Carneiro Sem livros, dificilmente se aprende a gostar de ler Ruth Rocha Estudos de todo o mundo mostram que a criança que lê e tem contacto com a literatura desde cedo, principalmente se for com o acompanhamento dos pais, aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e comunica melhor de forma geral. A leitura desenvolve a criatividade, a imaginação — por meio dos livros, criamos lugares, personagens, histórias. Ler favorece a aquisição da cultura, dos conhecimentos e dos valores. Ler é fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso às informações. Ler é um hábito que se reflete no domínio da escrita. Ou seja, quem lê mais, escreve melhor. Ler é contagiante. Se os pais se sentam, mergulhados num bom livro, a criança com certeza receberá a mensagem: ler dá prazer. Muitos daqueles que não leem nunca viram os pais a ler ou nunca receberam livros na infância. Partilhar uma história já é uma forma de leitura. O facto de a criança ainda não saber ler convencionalmente não significa que não possa vivenciar as mais variadas situações de leitura. Assim, o adulto é um mediador entre a criança e o livro, ou seja, é ele quem lê para ela, de preferência com entoação e emoção. Daí, a importância do papel desempenhado pelos pais e pelas bibliotecas. Este é o sentido maior do nosso trabalho. “ Sem livros, dificilmente se aprende a gostar de ler ” Para quem não compra livros porque são caros, está na hora de abandonar a desculpa: visite a Biblioteca! Habitue-se a frequentá-la com o seu filho e mostre-lhe as coisas interessantes que ele pode descobrir com os livros. O nosso objetivo é o de sermos uma estrutura de apoio à leitura, oferecendo livros e suportes para ler diversificados, uma sala atraente e confortável e um conjunto de atividades interessantes ligadas ao livro. Maria da Graça Mourão 27 FUNDAÇÃO A LORD HISTÓRIAS DE ENCANTAR E TEATRO DE FANTOCHES É sempre gratificante o trabalho desenvolvido com as crianças que nos visitam. Ao longo deste ano, cerca de 1750 meninos de infantários e escolas básicas dos concelhos de Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel vieram à Biblioteca, aprenderam a estar neste espaço e a saber usá-lo. Depois, experimentaram a magia das Histórias de Encantar e interagiram com variados fantoches, personagens das histórias apresentadas no Teatro de Fantoches. Antes do regresso às suas escolas, tempo ainda para uma atividade plástica, em alegre convívio. 28 PRESENÇA | 2014 Divulgar escritores e a sua obra bem como as novidades mensais disponibilizadas pela Biblioteca a leitores de todas as faixas etárias, no sentido da promoção da leitura e do alargamento cultural, constitui, sempre, um dos nossos principais objetivos. ESCRITOR DO MÊS Janeiro: Ernest Hemingway Fevereiro: Alice Munro Março: Sebastião da Gama Abril: Fernando Namora Maio: António Ramos Rosa Junho: António Lobo Antunes Julho: Natália Correia Agosto: Mário Cláudio Setembro: Gabriel Garcia Márquez Outubro: Vasco Graça Moura Novembro: Richard Zimler Dezembro: José Rodrigues dos Santos O LEITURAS SUGERE... O LEITURAS SUGERE… Janeiro: Trocado por Miúdos | Alexandra Sá Pinto e outros Fevereiro: Granadas Castanhas no jardim dos cãezinhos | Manuela Mota Ribeiro Março: Poesia para todo o ano | seleção de Luísa Ducla Soares Abril: Astérix entre os Pictos | Jean-Yves Ferri – Didier Maio: A fábrica do tempo | Sílvia Alves Junho: Sobrei da história dos meus pais? | Graça Gonçalves Julho: O dia em que o mar desapareceu | José Fanha Agosto: Big Nate numa classe à parte | Lincoln Peirce Setembro: O livro das receitas malucas | José Jorge Letria Outubro: Comprar, Comprar, Comprar | Luísa Ducla Soares Novembro: Félix o pé de vento | Joachim Masannek Dezembro: A noite de Natal | Sophia de Mello Breyner Andresen 29 FUNDAÇÃO A LORD DIA MUNDIAL DO LIVRO FEIRA DO LIVRO A Biblioteca da Fundação A LORD assinalou esta efeméride, no dia 26 de abril, no Auditório. A iniciar a sessão, reencontrámos o grupo LORDator Juvenil que apresentou o texto dramático Vem ai o Zé das Moscas, de António Torrado, atuação muito aplaudida pelo público presente. Seguidamente, o Presidente da Fundação A LORD, Dr. Francisco Leal, saudou os presentes e anunciou a entrega dos Prémios de Mérito Escolar que a Fundação A LORD atribui, anualmente, a alunos do Agrupamento de Escolas de Lordelo, no âmbito da promoção do desenvolvimento cultural da cidade. Os prémios foram entregues aos melhores alunos do ano letivo 2012/2013. Alunos premiados: Cumprindo a tradição, a Biblioteca da Fundação A LORD realizou a Feira do Livro, de 26 de maio a 7 de junho, na Alameda de S. Salvador. No cenário colorido e apelativo dos livros, organizou um conjunto de atividades dirigidas aos mais pequenos, contando com a colaboração de convidados. As Histórias de Encantar animaram todas as manhãs, com ouvintes muito curiosos e atentos. Nomes Ano André Filipe Vilela e Abreu 4.º Ano Maria Esperança da Silva Lopes 4.º Ano Marta Manuel Ladeira Martins 4.º Ano Vitória Gonçalves Ribeiro 4.º Ano Bárbara Maria Torres Pinho 5.º Ano Helena Isabel Coelho Martins 5.º Ano Joana da Costa Fonseca 5.º Ano Raquel Alves Pacheco 5.º Ano Beatriz Nogueira Barbosa 6.º Ano Sara Cruz Neto 7.º Ano Ana Margarida Ladeira Martins 8.º Ano Ângela Sofia Moreira Marques 9.º Ano Catarina Andreia de Sousa Ribeiro Silva 10.º Ano Ana Isabel de Sousa Pimenta 11.º Ano Joana Catarina Cunha da Silva 12.º Ano No dia 2 de junho, a contadora de histórias Sónia Aguiar conduziu as crianças ao mundo da fantasia e da imaginação, num ambiente de festa que a todos encantou e divertiu. Todos receberam um diploma e um cheque prenda. No final da sessão, os presentes puderam folhear e comprar livros, na mostra patente no átrio do Auditório. Mas, porque uma história não se conta apenas por palavras mas também pela força sugestiva das imagens, foi nossa convidada a ilustradora Carla Anjos que explicou as várias etapas do seu trabalho, as técnicas utilizadas na criação das ilustrações e a sua importância na narração de uma história. 30 O escritor João Manuel Ribeiro trouxe alegria e boa disposição aos meninos que o aguardavam na nossa Biblioteca, já que a chuva teimara em aparecer e nos impedira de usufruir do espaço agradável da Feira. As lengalengas, os poemas cantados e as adivinhas andaram no ar, num jogo interativo de sentidos e de sonoridades. Todos queriam mais... Para as escolas participantes, a visita à Feira foi, também, a oportunidade de receberem livros autografados pelos convidados e oferecidos pela Biblioteca. SÁBADOS D’ENCANTAR SÁBADOS NA BIBLIOTECA Uma vez por mês, a Biblioteca continua a disponibilizar os seus serviços ao sábado, no horário habitual. Relaxar na leitura de um jornal, de uma revista ou de um livro, fazer uma pesquisa, navegar na internet, preparar um trabalho escolar ou requisitar um livro para ler em casa, é o convite que endereçamos a todos os que queiram visitar-nos. À tarde, o projeto SÁBADOS DE ENCANTAR proporcionou aos mais novos a leitura de contos complementada com atividades plásticas. PRESENÇA | 2014 INICIATIVAS CULTURAIS ENCONTRO COM A ESCRITORA MANUELA MOTA RIBEIRO Foi com muito prazer que, em fevereiro, recebemos a visita da Dr.ª Manuela Mota Ribeiro. O encontro estava marcado e a magia das histórias, que apelam à imaginação e à criatividade mas que também educam, aconteceu. Os 100 meninos participantes, curiosos e atentos, seguiram as personagens das histórias, apresentadas de forma dinâmica e cativante pela escritora e que, construídas em diferentes materiais, foram saindo de dentro de sacos coloridos. Manuela Mota Ribeiro, médica de formação e escritora por paixão, faz, também, das suas apresentações sessões educativas, sensibilizando para temas tão importantes como a higiene oral, a alimentação saudável, o “bullying” e a prevenção rodoviária, entre outros. As despedidas foram feitas ao som da canção “Kiko, o dentinho de leite”, entoada por todos, num ambiente de alegria. Os meninos levaram consigo as histórias da escritora, nos livros oferecidos pela Biblioteca às escolas participantes. Para continuarem a sonhar e a aprender. VAMOS AO TEATRO Em março, o TEATRO ARAMÁ - grupo nascido no Porto em 1995 - trouxe até ao Auditório o seu espetáculo TÃO ESTRANHAMENTE EU, com textos da obra ortónima e heterónima de Fernando Pessoa. Esta iniciativa, direcionada para os alunos do ensino secundário do Agrupamento de Escolas de Lordelo, inseriu-se no programa de apoio e complemento curricular dinamizado pela Biblioteca. “Não sei quantas almas tenho” – Fernando Pessoa. É sob este mote que o espetáculo se desenvolve. As características de cada heterónimo, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, assim como do criador, o ortónimo, compõem um conjunto de quadros onde o universo pessoano vai desfilando na sua diversidade e complexidade. FUNDAÇÃO A LORD “Tão Estranhamente Eu” mergulha o espectador num mundo onde sensações, sentimentos e construções labirínticas do pensamento se entrecruzam num espetáculo onde o trabalho dos atores e a encenação ganham relevo. 31 Após uma pausa para almoço e um retemperador passeio à beira mar, na Foz do Douro, seguiu-se a visita a um dos espaços que integram o património museológico da Câmara Municipal do Porto. A Casa Museu Marta Ortigão Sampaio apresenta as coleções herdadas e reunidas por Marta Ortigão Sampaio ao longo do século XX e legadas à Câmara Municipal do Porto em 1978. Evoca os ambientes da grande burguesia portuense de meados do século XX, destacando-se os espólios das pintoras Aurélia de Sousa e Sofia de Sousa e a coleção de joias da doadora. O regresso a Lordelo fez-se num fim de tarde verdadeiramente primaveril. BAÚS BIBLIOTECA Porque os Centros Escolares possuem já as suas próprias bibliotecas, os nossos baús têm feito menos viagens. Este ano, partiram cheiinhos de livros, jogos didáticos e filmes para a Creche ADR – Rebordosa, para a Escola EB1 de Parteira e para JI de Corregais, em Lordelo. VISITAS CULTURAIS Jardim Botânico do Porto Casa Museu Marta Ortigão Sampaio Sob o lema Conhecer melhor o Porto, realizou-se mais uma visita cultural, tendo como destino o Jardim Botânico e a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio. Numa manhã de junho que se anunciava chuvosa mas que não quis desiludir os participantes nesta visita, o sol iluminou o Jardim Botânico. Este jardim oferece aos visitantes um conjunto de espécies raras, nomeadamente espécies exóticas. É ainda representativo das quintas de recreio do Porto oitocentista e é também um espaço literário. Ele é um lugar de referência na vida e na obra dos escritores Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruben A.. Museu Romântico da Quinta da Macieirinha Museu Nacional de Soares dos Reis Em setembro, prosseguindo o objetivo de dar a conhecer os espaços culturais do Porto, a Biblioteca organizou uma visita ao Museu Romântico da Quinta da Macieirinha e ao Museu Nacional de Soares dos Reis. Numa manhã de outono com sabor a verão, a Rua de Entrequintas conduziu o grupo de visitantes ao Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, situado no centro de Massarelos e rodeado pela verdura dos jardins do Palácio de Cristal, o bosque e os antigos terrenos agrícolas que lhe conferem um ambiente romântico. Este museu da vida romântica está instalado numa casa de campo dos finais do séc. XVIII que pertenceu à família Pinto Basto e onde viveu durante dois meses o Rei Carlos Alberto do Piemonte, tendo nela morrido a 28 de julho de 1849. 32 No final da visita, tempo ainda para um breve passeio nos jardins do Palácio de Cristal, antes de uma pausa para almoço. PRESENÇA | 2014 XIV ATELIÊ DE OLARIA Cumprindo a tradição, o Ateliê de Olaria voltou a animar a Biblioteca, no mês de fevereiro. As oito sessões dinamizadas pela Maria Fernanda Braga, prestigiada ceramista e nossa colaboradora de longa data, foram direcionadas para dois públicos distintos: de manhã, para 200 crianças dos jardins de infância de Soutelo – Lordelo, de Monte – Mouriz, de Pulgada – Aguiar de Sousa, de Trás-de-Várzea e do Centro Escolar de Mouriz e, à tarde, para um grupo de 13 senhoras frequentadoras de ateliês anteriores e que continuam a evidenciar interesse e gosto por esta arte. Para descrever, resumidamente, estas sessões, registamos o testemunho da mestre ceramista: “Utilizando a matéria com que Deus criou o primeiro Homem, os nossos jovens aprendizes de oleiro puderam explorar este material com muito entusiasmo. Amassar, esticar, rolar, colar e finalmente modelar, foram novas experiências vividas com o barro. O desafio lançado foi o de modelar uma andorinha, inspiração para que a Primavera nos venha visitar com a brevidade possível!” O Palácio dos Carrancas foi construído nos finais do séc. XVIII, a partir de 1795, para habitação e fábrica dos Moraes e Castro, tornando-se, mais tarde, Paço Real, adquirido por D. Pedro V para servir de alojamento aos soberanos em visita ao norte do país. Em 1942 torna-se sede do Museu Nacional de Soares dos Reis. Guiados pelas Dr.as Paula Santos e Maria Palmira, inexcedíveis em informações sobre o espólio, os visitantes puderam apreciar coleções de pintura e de escultura portuguesa dos séculos XIX-XX e, também, coleções de artes decorativas. A despedida do Porto fez-se na Ribeira, junto ao Douro, em fim de tarde luminoso e em ambiente fervilhante de turistas e de passeantes, naturais da cidade. Mas, se para os mais pequenos a proposta foi mais simples, às senhoras pediu-se mais criatividade: “Trabalhar com o barro é a única Arte em que os 4 elementos da natureza estão presentes: o Ar, a Terra, a Água e o Fogo. Só em harmonia com os 4 elementos, podemos chegar a um resultado positivo: modelar peças lindas! Este grupo de 12 senhoras explorou o barro sem receios e com muita inspiração. FUNDAÇÃO A LORD Tendo como base os instrumentos musicais, podemos modelar muitas peças, desde as tradicionais flautas aos apitos, com formas muito divertidas. Depois de cozidas, novo desafio: pintar para depois as experimentar, tentando produzir 33 sons divertidos.” As fotos ajudam a compreender o entusiasmo, o empenhamento e a satisfação de todos ao olharem as peças saídas das suas mãos. XVIII ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO A LORD XIV ANIVERSÁRIO DA BIBLIOTECA A Fundação A LORD e a Biblioteca celebraram mais um aniversário com uma sessão comemorativa, no Auditório da Fundação. No momento inicial, o Presidente da Fundação A LORD saudou os presentes e procedeu à entrega de certificados atribuídos no âmbito da Formação Profissional, aos participantes dos cursos de: Design de Joias Noções Básicas de Informática Informática na Ótica do Utilizador Informática-Internet Seguiu-se a atuação do jovem grupo de atores LORDator Juvenil, com a peça A verdadeira história da Batalha de S. Mamede de Inácio Pignatelli. A boa prestação dos intervenientes mereceu os aplausos da assistência. A terminar, o público presente foi convidado a cantar os parabéns às aniversariantes e a saborear o bolo festivo. Para assinalar a data, todos receberam uma lembrança. 34 PRESENÇA | 2014 EXPOSIÇÕES Ao longo deste ano, a Biblioteca selecionou um conjunto de grandes temas sobre os quais trabalhou e cujo resultado foi tornado público nas exposições realizadas na BIBLIOTECA e na COOPERATIVA DE ELECTRIFICAÇÃO A LORD. EXPOSIÇÕES PATENTES NA COOPERATIVA DE ELECTRIFICAÇÃO A LORD EXPOSIÇÕES PATENTES NA BIBLIOTECA DA FUNDAÇÃO A LORD Janeiro: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Minho e Douro Litoral Fevereiro: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Douro e Trás-os-Montes Março: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Beira Litoral e Beira Interior Abril: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Estremadura e Ribatejo Junho: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Alentejo e Algarve Julho: Retrato de Portugal: Palavras e Imagens – Madeira e Açores Agosto: Os Nossos Escritores (os destaques de 2013 da Biblioteca da Fundação A LORD) Setembro: Os Nossos Escritores (os destaques de 2013 da Biblioteca da Fundação A LORD) Outubro: A ver Lordelo Novembro: A ver Lordelo Janeiro: Sob Céus Estranhos – Ilse Losa Fevereiro: Sob Céus Estranhos – Ilse Losa Março: A Primavera nos jardins de Lordelo Abril: A Primavera nos jardins de Lordelo Maio: Portuguesas Ilustres Junho: Portuguesas Ilustres Julho: Inspirar, Expirar Vamos conhecer o ar! Agosto: Inspirar, Expirar Vamos conhecer o ar! Setembro: Vultos da Cultura Portuguesa – Rafael Bordalo Pinheiro Outubro: Vultos da Cultura Portuguesa – Vitorino Nemésio Novembro: Vultos da Cultura Portuguesa – Vieira da Silva Dezembro: Vultos da Cultura Portuguesa – Machado de Castro O NOSSO BLOG O Blog da Biblioteca da FUNDAÇÃO A LORD (http://bibliotecadafundacaoalord.blogspot.pt/) abre para a divulgação cultural, desde as notícias sobre as atividades dinamizadas pela Biblioteca até à informação sobre efemérides e acontecimentos relevantes de caráter nacional e internacional, proporcionando, ainda, o acesso a serviços como a consulta de um dicionário ou de um jornal, uma lista de sítios com interesse, as sugestões de leitura e as aquisições mais recentes. Cooperação 36 PRESENÇA | 2014 COOPERAÇÃO FILANTROPIA Este conceito, de origem grega, significa “amor à humanidade”. Ser filantrópico é ter uma atitude altruísta, é ajudar o próximo sem esperar contrapartidas. COLÓNIA DE FÉRIAS PRAIA DA APÚLIA - ESPOSENDE Ana Ferreira A Fundação A LORD pretende dar resposta a algumas necessidades da população de Lordelo, entre as quais a ocupação dos tempos livres das crianças, concretizando o seu objetivo através de diversas iniciativas, das quais a Colónia de Férias é um exemplo que permite a diversão em contacto com a natureza. Neste sentido, de 14 a 18 julho, proporcionou uma semana de praia a 47 crianças, na Apúlia (Esposende), para que pudessem usufruir de banhos de sol e muito divertimento. Houve tempo para jogos de futebol (com outras colónias), jogo do limbo, vários jogos pedagógicos e construções na areia. No final da semana, o benefício de se viver ao ar livre estava estampado no rosto das crianças. Ficou o desejo de se repetir a experiência no próximo ano. GABINETE DE APOIO AO DOENTE ARTIGOS ORTOPÉDICOS Lasalete Silva A Fundação A LORD promoveu o bem-estar à população com carências de saúde e financeiras, emprestando artigos ortopédicos. Neste âmbito, ajudou alguns lordelenses, cedendo-lhes camas articuladas, canadianas e cadeiras de rodas. LORDELO SOLIDÁRIO Célia Sousa Lasalete Silva Por forma a colmatar a sobreposição de ajudas com géneros alimentares de diversas instituições às mesmas famílias, a Fundação A LORD estabeleceu um protocolo com todas as que tinham projetos similares. O protocolo foi celebrado, no dia 18 de abril de 2014, e 37 FUNDAÇÃO A LORD englobou as seguintes instituições: Fundação A LORD, Cooperativa de Electrificação A LORD, CRL, Associação para o Desenvolvimento Integral de Lordelo (ADIL), Agrupamento de Escolas de Lordelo, Centro Sócio-Educativo e Profissional de Parteira, Câmara Municipal de Paredes, Junta de Freguesia de Lordelo, Paróquia de São Salvador de Lordelo e Conferência de São Vicente de Paulo. Devido ao número elevado de famílias referenciadas, reforçou-se a atribuição do apoio, entre os meses de abril e junho. Em termos médios, Lordelo Solidário auxiliou, mensalmente, 128 agregados familiares, num total de 410 pessoas por mês. Comparando com o período homólogo do ano anterior, os agregados familiares apoiados aumentaram substancialmente, contabilizando-se um acréscimo de 3 259 beneficiários. Esta cooperação entre as várias instituições da cidade ajuda a aliviar as carências sociais existentes em algumas franjas da comunidade. Deseja-se que, no futuro, a criação de emprego seja uma aliada neste gesto solidário. TABELA N.º 1 INSCRIÇÕES N.º DE FAMÍLIAS N.º DE BENEFICIÁROS Janeiro 133 434 Fevereiro 133 434 Março 133 434 Abril 136 447 Maio 136 447 Junho 140 460 Julho 116 374 Agosto 115 355 Setembro 120 367 Outubro 125 381 Novembro 129 396 Dezembro 124 395 1540 4924 TOTAL VALORES ACUMULADOS Fonte: A LORD É TEMPO DE NATAL, TEMPO DE OFERTAS Ana Ferreira A Fundação A LORD, mais uma vez, presenteou crianças, professores e auxiliares dos centros escolares e dos jardins-de-infância de Lordelo e, ainda, as escolas que participaram nas atividades da Biblioteca, durante o mês de dezembro. Um lápis com a figura de joaninha ou de abelha foi o pequeno presente que deixou miúdos e graúdos felizes. Nada é mais valioso do que um sorriso estampado no rosto das crianças! ATELIÊS Rosário Barbosa ARTES MANUAIS Durante este ano, um dos temas predominantes dos ateliês de Artes Manuais foi a reciclagem. Foram transformados CD´s estragados em porta velas, garrafas de água em belas e coloridas flores, garrafas de vidro em jarrinhas forradas com tecido para colocar flores, jornais enrolados em bases para tachos e revistas velhas em cestinhas. Com o material EVA, foram elaborados os seguintes trabalhos: mascarilhas de carnaval brilhantes e umas vistosas bonecas. Este ateliê, muito esperado, realizou-se a seguir às férias de verão. Pelo Natal, todas as participantes fizeram uma coroa com flores de papel. Também foram comemorados o Dia do Pai, com a montagem e decoração de umas caixinhas em cartolina, e o Dia da Mãe, com um ateliê de pintura de lenços de seda. VISITAS CULTURAIS Ana Ferreira Ao longo do ano 2014, foram realizadas várias visitas culturais pelo país, nomeadamente, ao Reservatório Mãe D´Água (Lisboa), Museu do Mel e Apicultura (Macedo de Cavaleiros), Museu Militar (Lisboa), Jardim Botânico e Casa Museu Marta Ortigão Sampaio (Porto), Casa do Careto (Macedo de Cavaleiros), Museu Romântico da Quinta da Macieirinha e Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto). Participaram nestas iniciativas 339 pessoas. Com estas visitas, pretendeu-se enriquecer os conhecimentos dos participantes, através do contacto com manifestações culturais do passado que continuam presentes nos locais visitados. CULINÁRIA NO MICRO-ONDAS Para dar continuidade ao uso do nosso “eletrodoméstico maravilha”, em maio, todas as participantes puderam 38 saborear uma gostosa bola de carne feita muito rapidamente. Em novembro, para comemorar o S. Martinho, este ateliê transformou-se num lanche convívio, com sumos e vinho do Porto e, claro, com a elaboração de um bolo de castanhas que fez as delícias de todos os participantes. ATIVIDADES DE FÉRIAS Eugénia Gonçalves PÁSCOA Como em anos anteriores, durante as férias escolares da Páscoa, realizou-se, de 7 a 17 de abril, um conjunto de atividades para crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 14 anos. Foram executados trabalhos muito diversificados, com materiais e técnicas do agrado das crianças e dos respetivos pais: postais com meninos em EVA; sabonetes com a técnica découpage; alfinetes em feltro e caixas para amêndoas. Houve também sessões de cinema em 3D, entre outras atividades. No final, viram-se crianças divertidas, cheias de ânimo e com vontade de continuar. PRESENÇA | 2014 VERÃO A Fundação A LORD, ano após ano, vem repetindo as atividades de Férias de Verão. Este ano, devido à elevada procura, realizou-as durante um período mais alargado: no mês de junho, julho e agosto, sem interrupções. Estas atividades proporcionaram às crianças, a ocupação dos tempos livres, e aos pais, um local seguro onde deixar os filhos. Desenvolveram-se atividades muito variadas, com materiais e técnicas para despertar o interesse nas crianças. A Fundação e o Parque do rio Ferreira foram os espaços onde se realizaram estas atividades que proporcionaram tardes de convívio, alegres e divertidas. DIA MUNDIAL DOS AVÓS Rosário Barbosa No dia 25 de julho, foi comemorado o Dia Mundial dos Avós, com muita animação, filmes, música, dança, cânticos, assim como entoação de orações. A avó com menos idade e a avó com mais idade receberam ramos de flores. No final, houve um grande lanche convívio. As presenças do Sr. Presidente da Fundação A LORD, Dr. Francisco Leal, assim como do Reverendo Padre Rui Pinheiro surpreenderam todos os participantes, tendo contribuído para animar o lanche. NATAL A época natalícia é uma das preferidas das crianças e, na altura de férias, a Fundação A LORD promove atividades diversificadas, entre elas, sessões de leitura, enquadradas em diversos ateliês, com o objetivo de as incentivar e desenvolver. Estas tardes foram muito produtivas. SESSÕES DE CINEMA Rosário Barbosa A Fundação A LORD presenteou as crianças de várias escolas do concelho com sessões de cinema 3D, assegurando-lhes também o transporte. Promoveu, deste modo, o gosto dos mais jovens pelo cinema. Às terças-feiras de cada mês, foi ainda exibido um filme para adultos pertencentes à comunidade em geral. SERVIÇOS DE MEDIATECA Rosário Barbosa Este serviço é um dos mais requisitados, já que dá a possibilidade aos utilizadores de poderem usufruir dos computadores e da rede wireless, para realizarem trabalhos escolares ou ocuparem os tempos livres. Formação 40 PRESENÇA | 2014 FORMAÇÃO Formar não é uma tarefa fácil, no sentido em que exige ao formador a capacidade de descer ao nível do conhecimento do formando para transmitir os conhecimentos de uma forma simples e prática, permitindo-lhe o entendimento dos conteúdos. Ser formador não é saber muito sobre uma determinada área, é, sobretudo, ser um bom comunicador. Este é o grande desafio. Considerando que a formação é um processo global e contínuo, em 2014, a Fundação A LORD desenvolveu as seguintes ações de formação, destinadas a adultos e trabalhadores: Noções Básicas de Informática, Informática na Ótica do Utilizador e Informática-Internet, na área da Informática; Design de Joias, na área do Artesanato, e Brigadas de Primeira Intervenção, na área de Proteção de Pessoas e Bens. Lasalete Silva CURSOS NA ÁREA DE INFORMÁTICA O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã. Leonardo da Vinci Sara Lamas A formação profissional tem vindo a ser um marco importante na Fundação A LORD. É de salientar que existe uma grande preocupação por parte desta Instituição em fornecer conhecimentos à população de Lordelo que pretenda enriquecer-se. Neste âmbito, no ano de 2014, criou três cursos de informática: Noções Básicas de Informática, Informática na Ótica do Utilizador e Informática-Internet. Nestes cursos, inscreveram-se 23 pessoas com a idade média de 60 anos e, por isso, não houve apenas transmissão de conhecimentos, mas também partilha de experiências e vivências. O quadro apresentado pretende mostrar algumas componentes dos cursos desenvolvidos. 41 FUNDAÇÃO A LORD Curso Objetivos Atividades Noções Básicas de Informática · Conhecer os conceitos básicos relacionados com as tecnologias da informação e da comunicação. · Definir conceitos de hardware e software. · Reconhecer os vários periféricos de entrada e de saída. · Trabalhar com várias janelas. · Executar programas e ficheiros. · Reconhecer e trabalhar com os acessórios. · Trabalhar corretamente com o programa de gestão de ficheiros, pastas e atalhos. · Compreender a perigosidade do vírus informático. Ficha de diagnóstico · Conhecer os conceitos básicos relacionados com as tecnologias da informação e da comunicação. · Executar programas e ficheiros. · Compreender a perigosidade do vírus informático. · Trabalhar corretamente com o programa de gestão de ficheiros, pastas e atalhos. · Especificar as principais características do processador de texto. · Criar e editar documentos. · Formatar documentos. · Utilizar ferramentas de correção de texto. · Aferir sobre a finalidade da internet. · Conhecer a terminologia World Wide Web. Ficha de diagnóstico · Conhecer os conceitos básicos relacionados com as tecnologias da informação e da comunicação. · Executar programas e ficheiros. · Compreender a perigosidade do vírus informático. · Trabalhar corretamente com o programa de gestão de ficheiros, pastas e atalhos. · Aferir sobre a finalidade da internet. · Conhecer a terminologia World Wide Web. · Enunciar conceitos básicos de navegação. · Utilizar motores de pesquisa. · Obter documentos e programas gratuitos da internet. · Enviar e receber mensagens do correio eletrónico. · Conhecer as redes sociais e comunicar em tempo real. Ficha de diagnóstico Informática na Ótica do Utilizador Informática-Internet Número de Participantes Duração do curso 8 20h00 8 20h00 6 20h00 Fichas de trabalho Fichas de trabalho Fichas de trabalho No final do curso, foi manifesta a evolução dos formandos, cujas competências lhes permitiram executar as atividades propostas. Segue-se um depoimento que dá testemunho dos resultados do programa desenvolvido. 42 PRESENÇA | 2014 NOÇÕES BÁSICAS DE INFORMÁTICA António Mieiro Quando acabar este curso Vou ficar com muita saudade Pelos dias que aqui passei E muitas horas durante a tarde E para a doutora Que faz a coordenação De toda atividade Que se faz aqui na Fundação A Cooperativa A LORD Através da sua Fundação Tudo faz para trazer cultura Para a nossa população Para a nossa formadora O meu e o vosso agradecimento Por aquilo que nos ensinou Pelo seu enorme talento Esta atividade sénior Que estamos a disfrutar E uma forma de passar o tempo E de nos dar algum bem-estar Ao terminar estas quadras Que as escrevi com muita amizade Deixo um abraço para todos E despeço-me com muita saudade Lordelo, 25 junho 2014 DESIGN DE JOIAS Lasalete Silva No ano de 2014, ao impulsionar o curso de Design de Joias, a Fundação A LORD ofereceu uma experiência formativa enriquecedora, na sua sede, para todos os que manifestaram interesse por esta área. Dada a afluência de pessoas interessadas, e atendendo à situação laboral de algumas, a ação dividiu-se em dois grupos, funcionando um, em regime laboral, e outro, em regime pós-laboral. O curso teve a duração de 40 horas, distribuídas entre os meses de março e maio, e foi frequentado por formandas com idades compreendidas entre os 23 e os 72 anos. Com o decorrer das sessões, vinte e sete formandas deram azo à criatividade e executaram interessantes trabalhos, nomeadamente, colares, pulseiras, brincos, anéis, alfinetes e diversos acessórios para o cabelo. Todas as formandas obtiveram aproveitamento. Os trabalhos realizados estiveram expostos no átrio da Fundação A LORD de 20 de junho a 31 de agosto. BRIGADAS DE PRIMEIRA INTERVENÇÃO Lasalete Silva A ação Brigadas de Primeira Intervenção destinou-se a dezoito trabalhadores d´A LORD e teve a duração de trinta e cinco horas, distribuídas entre os dias 29 de setembro e 17 de dezembro. Para a realização deste curso, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lordelo disponibilizou um formador. As sessões de formação decorreram na sede da Cooperativa e Fundação A LORD e noutros espaços, nomeadamente na Biblioteca, armazém e Auditório e, ainda, nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Lordelo. A formação visou a sensibilização para a segurança contra os incêndios. Abordaram-se os seguintes conteúdos programáticos: fenomenologia da combustão, equipamentos de proteção individual (EPI´s), agentes extintores, ventilação tática e hidráulica, busca e salvamento, sistemas de proteção contra incêndios, procedimentos de segurança e práticas simuladas. Todos os formandos concluíram o curso com aproveitamento, manifestando vontade de continuar a atualizar os seus conhecimentos nesta área. Opinião 43 44 PRESENÇA | 2014 BASTAVA QUE… Álvaro Pacheco Sacerdote do Instituto dos Missionários da Consolata - IMC Vivemos num mundo muito conturbado, com tantas situações de dor e injustiças, de corrupção e miséria, de desrespeito pelos direitos básicos de cada ser humano, de tal forma que muitas pessoas dizem já nem ver os noticiários porque, precisamente, estes só falam de desgraças. Mas mesmo assim, não deixo de os ver, até porque relatam o que o ser humano vai fazendo neste belo mundo que é o nosso. Certo, as desgraças são imensas e todos os dias se juntam muitas novas às que já conhecemos. Outras só são notícia quando atingem proporções terríveis e preocupantes, como o drama de milhares e milhares de pobres e refugiados que atravessam diariamente o Mar Mediterrâneo em busca de uma vida digna, escapando da miséria e da morte. Este é só um de muitos exemplos que podemos citar, porque há imensos casos de abusos e formas de opressão que fazem parte do quotidiano de muita gente em muitos países desde sempre: tráfico humano, tráfico de armas e drogas, racismo e ataques desnecessários ao ecossistema, só para mencionar alguns. Outras só são notícia quando se revelam como tragédia verdadeiramente dramática, como os tsunamis ou terramotos (Haiti, Tailândia e mais recentemente Nepal, só para mencionar alguns) … mas passadas umas semanas caem no esquecimento de todos, exceto na preocupação dos que continuam a sofrer os efeitos dessa mesma tragédia. Quando são feitas análises e comentários a estes e outros problemas, os especialistas reúnem-se todos à volta de um mesmo objetivo: analisar as causas desses mesmos problemas. E não só: apresentam também soluções para a sua resolução. Infelizmente, a maior parte destes especialistas ou comentadores pouco ou nada podem fazer para solucionar os problemas. Sabemos a quem toca esta tarefa, mas é aqui que surge outro problema: nem todos analisam as coisas da mesma maneira, ou seja, os problemas são vistos, interpretados e sentidos de forma diferente, muitas vezes de forma radicalmente oposta. Esta atitude é mais facilmente detetada quando se trata de problemas ou tragédias causadas por intervenção humana. Na minha modesta opinião, uma das soluções para estes problemas é bastante fácil: bastava que cada um fizesse bem o que tem de fazer, sobretudo os que se encontram em posição de poder de decisão e com o controle sobre os meios necessários para a resolução dos problemas… e não só: também cada um de nós, a todos os níveis, não só o profissional. Ou seja, se sou padre, devo fazer os possíveis por ser bom no que faço, tendo em conta uma máxima muito importante que se encontra em muitas culturas e que mesmo Jesus mencionou nos seus ensinamentos: faz aos outros o que queres que te façam a ti. Ser bom no que fazemos significa assumirmos a responsabilidade dos nossos compromissos para com o nosso próximo: isto vale para todos, desde reis a presidentes, desde primeiros-ministros a pais de família, de médicos a professores e advogados, e assim por diante. Fazer bem o que temos de fazer significa fazê-lo com retidão, com seriedade e empenho, com sentido de justiça e pelo bem comum. No meu ver, 90 por cento dos males que há no mundo seriam facilmente evitáveis ou reduzidos se cada um fizesse bem o que deve fazer. Porque o que fazemos tem impacto na vida dos outros, seja de forma direta ou indireta. Costumamos dizer que as crianças são fruto da educação que recebem; mas os pais também são condicionados por muitos fatores – situação familiar, económica, social e até mesmo religiosa – que são, por seu lado, condicionados por quem está em posição de autoridade e decisão sobre esses mesmos fatores. Como tal, estamos todos interligados e cada vez mais, porque “cada vez mais o mundo é pequeno”. Somos todos membros desta aldeia global, por isso, as decisões que hoje são feitas na China ou Estados Unidos têm impacto em cada um de nós, mesmo que indiretamente. Ora, se todos fizermos e dermos o melhor de nós, com responsabilidade e sentido de justiça, haverá menos corrupção, menos abusos e discriminações, menos violações dos direitos humanos, menos dor e sofrimento, menos lágrimas e morte. E Deus semeou em cada ser humano as sementes do amor, da paz, da justiça, do perdão e da solidariedade. Toca a cada um de nós fazê-las crescer e dar fruto. Sim, porque um outro mundo é possível… 45 FUNDAÇÃO A LORD LORDELO: CIDADE QUE TEM HISTÓRIA, UM PRESENTE CONDIGNO E UM AMANHÃ PROMETEDOR António Rodrigues Pimentel Trigo Professor do Ensino Secundário Paredes foi durante o século XVIII um modesto lugar pertencente à freguesia de Castelões de Cepeda. Elevada a concelho em 1836, após a entrada em vigor da constituição de 1820, integrou vinte e três localidades. Algumas destas, do extinto município de Aguiar de Sousa, passaram a fazer parte da nova circunscrição administrativa, sendo Lordelo uma delas. Antes de 28 de junho de 1984, esta freguesia considerava-se a mais progressiva das terras paredenses e, nessa data, teve a honra de ser promovida a vila; a 26 de agosto de 2003 adquiriu o título, com justeza, de cidade. Situa-se numa ampla área da região do Vale do Sousa estendendo-se por 9,2km2 e, consoante o censo de 2011, segundo rezam as estatísticas, ali vivem 10 025 habitantes. Há documentos relacionados com a situação socioeconómica desta terra, quando ainda a marcenaria não era a principal atividade laboral. Relativamente a essa época, dos pilares fundamentais da sua economia, interessa sublinhar o cultivo de cereais – milho e centeio –, vinho e a criação de gado bovino. Grande parte da população masculina dedicava-se ao amanho do solo agrícola exercendo uns o ofício de jornaleiros e outros, os caseiros, trabalhavam nas quintas, onde exploravam a lavoura e a pecuária. A produção dividida a meias ou ao terço, conforme o contrato estabelecido com os senhorios, não era mais do que uma ocupação de sobrevivência, ocorrendo condições similares por todo o país rural. Nesse tempo já o adensamento populacional em Lordelo era notável. Este facto e a proximidade com o centro urbano – a cidade do Porto – originaram a formação de uma nova estrutura social, exercendo influência no comportamento mais citadino dos moradores. Tanto assim que a localidade predominantemente rústica se transformou, paulatinamente, num agregado humano industrializado e marcadamente comercial, cujas causas se deveram à expansão do fabrico de mobiliário e do comércio daí decorrente. A procedência desta indústria tem uma narrativa digna de ser contada e, com esse propósito, apesentamos uma hipótese proposta pelo falecido professor, Dr. Hermano Saraiva, historiador de grande gabarito. Alegava este erudito que no século XIX existia no Porto uma numerosa comunidade constituída por cidadãos britânicos; estes exerciam o seu trabalho por vários ramos comerciais, mormente pelos negócios dos vinhos do Alto Douro. O contacto frequente com a capital do Norte criou oportunidades que permitiram a muitos lordelenses a aquisição de conhecimentos sobre diversos estilos de mobílias usadas pelas famílias oriundas do Reino Unido que, nessa altura, habitavam a urbe portuense. A observação dos móveis ingleses seria o ponto de partida para o início da sua fabricação intensiva. Sendo assim, em concordância com o entendimento do Dr. Hermano Saraiva, podemos admitir ser Lordelo o berço da indústria em causa. Novos caminhos se abriram graças a esta recente dinâmica laboral, induzindo muitas oficinas a iniciarem o funcionamento. Estas circunstâncias incentivaram a compra de madeira, tendo como efeito a proliferação de fábricas de serrar essa matéria-prima; estas empresas, designadas serrações, contribuíram sobremaneira para uma maior empregabilidade, nesse setor, de uma boa parte da população. Assim, a desventurada situação da classe trabalhadora viu diminuída a gravidade da privação ou da pouca abundância de nutrientes básicos, necessários à manutenção da saúde ou mesmo da vida. Ansiosas por uma existência mais confortável, desejosas de ocuparem uma posição que lhes permitisse maior dignidade na sociedade, as classes populares, menos favorecidas em termos pecuniários, libertaram-se gradualmente do servilismo. O incremento do labor fabril proporcionou o soerguimento financeiro das famílias e a transformação dos seus costumes. O resultado traduziu-se no fim de uma forma particular de viver, na qual a humildade era o emblema da indigência existente na comunidade. Para trás ficou a freguesia de Lordelo de ontem, cheia de potencialidades tão 46 variadas mas parca nas suas infraestruturas; para a frente caminhou garbosa, até atingir os estatutos, respetivamente, de vila e de cidade. Esta evolução resultou da audácia e energia dos lordelenses, detentores de aptidões e talento para conduzirem, lado a lado com a educação e promoção social, a elevação do seu cantinho natal à altura que lhe competia. Estes procedimentos determinaram o aparecimento de profundas mudanças, umas de ordem material, outras em conformidade com os direitos dos cidadãos. Deste modo a industrialização ativou o comércio, aumentando a riqueza; uma maior equidade monetária aproximou todos aqueles que estavam na posse dos requisitos exigidos pela cidadania. Estes atos originaram uma justiça social mais eficaz. Muitos melhoramentos indispensáveis permitiram a valorização cultural do povo, tornando bem evidentes os seus efeitos benéficos. Por isso, ao percorrermos a cidade, sentimos o entusiasmo de vermos bem desperta a consciência das pessoas por terem atingido o grau de prosperidade a que tinham direito. Vejamos que assim é: os lordelenses regozijam-se com o fomento da disseminação dos ensinos pré-escolar, básico e secundário. Há outros pontos que é justo focar: o alargamento do abastecimento de água, a generalização do saneamento, a construção de novas ruas e vias rodoviárias, a abertura de estabelecimentos comerciais bem integrados no ambiente dos novos tempos. Marcadas pelo conceito da modernidade, estas realizações levaram uma salutar polí- PRESENÇA | 2014 tica de conforto à população. É também uma evidência a existência de uma proteção materno-infantil e o alargamento da medicina voltada para o social, por intermédio do SNS. Estas ações não exigem que o Estado faça grande esforço financeiro, visto que na medida em que defende a saúde pública acautela o património humano da nação e, portanto, aperfeiçoa a base do desenvolvimento económico. Também os valores patrimoniais de feição histórica e locais de lazer merecem ser referidos: a Ponte Romana, memória que deve ser preservada; a Torre dos Mouros ou Torre dos Alcoforados, datada como sendo dos séculos XIV e XV. Os peritos em arqueologia descrevem-na como um monumento de planta quadrangular com rés do chão e dois andares. Nota-se que a sua estrutura de quatro paredes graníticas se encontra muito degradada, mas em recuperação. Foi classificada como imóvel de interesse público e, outrora, foi utilizada como residência militar; o Parque do Rio Ferreira localizado num sítio paradisíaco; os Moinhos de Água, recordação da moagem do milho e do centeio em épocas passadas; a Igreja Matriz, local de oração para os crentes, merecedora de ser visitada pelos apreciadores de arte sacra. Em Lordelo, terra ciosa de predicados, fica bem indicar à posteridade alguns dos seus ilustres filhos que se distinguiram na área desportiva e não seria elegante omitir os seus nomes: Ribeiro da Silva, meu companheiro na escola primária, cuja estátua glorifica e perpetua a sua fama de ciclista de renome internacional; mais recentemente Jaime Pacheco e Rui Barros futebolistas de elite do Futebol Clube do Porto; Jorge Sousa participante na equipa de arbitragem da final da liga dos campeões, o que deixou orgulhosos os conterrâneos. Seria falta de cortesia olvidar eventos culturais desportivos e sociais, visando com especial interesse, o registo de alguns desses casos: no Auditório da Fundação A LORD tem-se recitado poesia; no âmbito do desporto lê-se num blog: “Jaime Pacheco o melhor treinador do futebol chinês.”. É, também, uma realidade a solidariedade entre a população: organizam-se caminhadas e cito como referência o percurso pedestre efetuado com o objetivo da obtenção de fundos para aquisição de viaturas de combate aos incêndios, oferecidas depois aos bombeiros voluntários; realizam-se visitas culturais e, para exemplificar, menciono a levada a efeito ao museu da RTP, em Lisboa. Os casos abordados mostram à mocidade, à gente moça, dinâmica e academicamente qualificada, que pode e deve iniciar uma nova sementeira da qual os progénitos obterão safras abundantes de boa qualidade. A marcha no sentido de um devir cada vez mais esperançoso tem de continuar, ir mais além, sem delongas, para que a próxima geração não acuse os ascendentes de ociosidade e de inépcia. Indicou-se o caminho certo que se tem seguido e, certamente, os descendentes percorrê-lo-ão de igual maneira, porque acreditam no provérbio “querer é poder”. Quando se possui esta convicção íntima colabora-se animosamente na efetuação de fins comuns. 47 FUNDAÇÃO A LORD UM SENTIDO PARA A ESCOLA Beatriz Ester Moura de Castro Diretora do Agrupamento de Escolas de Lordelo A Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, alterada pelas Leis n.os 115/97, de 19 de setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de agosto, consagra o direito à educação pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade. Por sua vez, e de acordo com a Lei n.º 85/2009, a escolaridade mínima obrigatória vai dos 6 aos 18 anos (artigo 2.º, n.os 1 e 4, alínea b)). Assim sendo, da escola esperam-se projetos atrativos (Conselho Nacional da Educação, 1998), que conduzam o aluno à participação e à vivência de uma realidade que adote como sua. Para que tal aconteça, terão que existir compromissos concretos e duradouros entre os vários atores internos (alunos, professores, pessoal docente e não docente, pais e encarregados de educação) e externos à instituição escolar (autarquia, empresas, instituições culturais, desportivas e recreativas). De acordo com Guerra (2000), a escola tem a missão de ensinar cada cidadão, formando-o em todas as dimensões da pessoa humana e incorporando-o criticamente na sua cultura. A escola tem como objetivo ensinar, objetivo este que se torna complexo e problemático uma vez que exige respostas e questões específicas e únicas: O que se deve ensinar aos alunos? Como ensinar a quem não quer aprender? Como saber que aprenderam? Como é que a escola se deve adaptar a cada um? Como educar para uma cidadania responsável?. A escola não pode ficar à margem do contexto social que a envolve. A 48 escola deve assumir as suas responsabilidades perante cada um dos alunos, dos pais e encarregados de educação e perante a sociedade, porque faz parte integrante da sua missão social e, deve atuar num quadro de liberdade e de respeito pela diversidade. A escola tem de fazer com que cada aluno aprenda, progrida constantemente e que se desenvolva com equilíbrio, sendo uma instituição que recebe alunos provenientes de agregados familiares e meios sociais diversos. A escola pública portuguesa está estruturalmente dependente das orientações e normas emanadas do Ministério da Educação e Ciência. A administração central, é regra geral, muito centralista e burocrática não concedendo às escolas uma autonomia real, formatada quer no que respeita à sua missão, aos seus objetivos, à sua configuração institucional, quer no que respeita aos atores educativos que nela intervêm e ao seu papel dentro da organização. Com efeito, compete à escola adaptar o curriculum básico comum de acordo com as características, exigências e necessidades específicas dos alunos, definir conteúdos, metodologias, medidas de PRESENÇA | 2014 promoção do sucesso, realizar avaliações, estabelecer normas de funcionamento, em prol das aprendizagens bem-sucedidas dos alunos, para que todos aprendam e progridam. A escola é capaz de capitalizar o conhecimento sobre o contexto social que a envolve, as suas diversas culturas, as expectativas das famílias face à escola e aos seus filhos, os principais atores locais, as suas disponibilidades e os seus recursos, de forma a conduzir as suas ações em busca de uma melhoria contínua do seu desempenho. Cidadãos mais instruídos não só se tornam mais conscientes dos seus direitos e deveres, como pode significar uma vantagem competitiva nos planos de desenvolvimento local, regional e nacional. Segundo Fernando Savater (2010), o objetivo explícito da escola é conseguir indivíduos livres. Ser livre é libertar-se da ignorância primeira, do determinismo genético, de apetites e impulsos que a convivência ensina a controlar. Antigamente, o pedagogo educava e o mestre instruía. A educação estava orientada para a formação da alma e transmissão dos valores morais, enquanto a instrução destinava-se a dar a conhecer competências técnicas e científicas. Neste sentido, não se deve separar educação de instrução. Mais do que nunca, com a flexibilização e constante inovação do mercado de trabalho, é necessário uma educação sólida, tanto ou mais que uma instrução especializada, para que cada cidadão possa vingar pessoal e profissionalmente. Interessa que a escola atual seja uma instituição que ajude a desenvolver a personalidade dos alunos tornando-os cidadãos responsáveis, autónomos, solidários, detentores de valores cívicos, capazes de construir os seus projetos de vida, de julgar com espírito crítico o meio social em que se integram e de responder aos desafios do mercado de trabalho. Referências Bibliográficas - AZEVEDO, J. (2003). Cartas aos diretores de escolas. Porto: Edições Asa. - CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO (1998). Abandono precoce da escolaridade obrigatória e ingresso na vida ativa. Recomendação n.º 1/98. - GUERRA, M. A. S. (2000). A escola que aprende. Porto: Edições Asa. - SAVATER, F. (2010). O valor de educar, o valor de instruir. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. FUNDAÇÃO A LORD 49 PREVENIR OS ACIDENTES DOMÉSTICOS INFANTIS Carla Cunha Enfermeira Os acidentes infantis constituem um grave problema de saúde pública, uma vez que são a primeira causa de morte em crianças de um aos 14 anos. Nestas idades, há mais mortes por lesões que pela soma de todas as doenças infantis. No entanto, segundo a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), 80% dos acidentes com crianças podem ser evitados se se adotarem medidas preventivas adequadas. A ignorância do perigo, a curiosidade, o grande impulso de autonomia e o alto grau de atividade são fatores que explicam o grande número de acidentes com crianças. Se tivermos em conta o sexo, os acidentes ocorrem 2,5 vezes mais nos meninos do que nas meninas. O tipo de acidentes muda conforme a idade: · Em menores de um ano, os acidentes mais frequentes são as quedas, as queimaduras e os estrangulamentos. · Em maiores de um ano, são os traumatismos e as intoxicações. Nesta idade, as crianças são muito curiosas, querem investigar e explorar, tudo o que pegam levam à boca. São atraídas pelos objetos que sobressaem. Iniciam a deambulação: gatinham, caminham e trepam. São ainda atraídas por fios elétricos e tomadas de corrente e, por isso, exploram-nas. · Aos 3 anos, a criança já é muito autónoma e os adultos acreditam que podem dar-lhe responsabilidades que não está em condições de cumprir. Esta confusão é um fator de risco, já que as crianças não sabem reconhecer os perigos. Os acidentes mais frequentes nesta idade são as quedas, as intoxicações, as mordidelas e os afogamentos. · Aos 4 e 5 anos de idade, as crianças têm uma grande curiosidade por máquinas e aparelhos que as atraem e entretêm. Podem mudar subitamente a atenção de um jogo seguro para outro perigoso ou esquecer as habilidades adquiridas de controlo e autocuidado. Desenvolvem grande confiança em si mesmas, o que as impulsa até situações perigosas pela sua inexperiência; não sa- 50 bem reagir perante o perigo ou podem fazer o contrário ao conveniente; entusiasmam-se com as brincadeiras e descuidam-se. Quando uma criança começa a gatinhar e, mais tarde, a andar, está na altura de tornar a casa mais segura. Algumas sugestões podem parecer evidentes e de senso comum, mas há muitas questões que os pais não consideram, especialmente quando são pais de primeira viagem. Os adultos estão habituados a ver o mundo através dos seus olhos e podem desvalorizar alguns pequenos perigos escondidos. A criança é uma exploradora nata. Depois de tantos meses sem se conseguir movimentar sozinha, começar a gatinhar é um momento revolucionário e o início de uma longa viagem a caminho da independência. Quando se começa a deslocar sozinha, os espaços que lhe estavam vedados passam a ser acessíveis. A partir desse momento, não há escada, janela ou cadeira que não consiga subir ou buraquinho que não se torne numa verdadeira tentação para meter os dedos. As crianças pequenas não têm capacidade para avaliar o perigo, pelo que, qualq uer objeto que encontram em casa pode transformar-se num brinquedo muito interessante. As medidas de prevenção não são custosas. Requerem, sim, educação, constância, responsabilidade, participação e compromisso dos pais e de toda a comunidade. Saiba como protegê-las dos perigos presentes em todas as casas! Atitudes que podem salvar Não se limite a proibir as crianças de fazerem isto ou aquilo, deve procurar ensiná-las e alertá-las para os riscos que certos atos envolvem, para que elas possam desenvolver a noção do que é o perigo e do que são comportamentos perigosos, mesmo quando as crianças são pequenas e a explicação requer muita paciência. E, sobretudo, dê o exemplo. As crianças imitam os adultos. Sempre que necessário, explique à criança porque é que as suas ações lhe são permitidas a si, e a ela não, apontando razões de idade, capacidade, responsabilidade, segurança, etc.. Cuidados com medicamentos · Todos os medicamentos devem ser guardados fora do alcance das crianças, em lugares altos e, de preferência, em armários ou caixas bem fechadas. · Não tome, nem dê medicamentos sem prescrição ou orientação médica. · Não tome medicamentos à frente das crianças, pois tendem a imitá-lo. · Não use remédios cujo prazo de validade já expirou ou cujas embalagens estão deterioradas. Junte-os e entregue-os na farmácia mais próxima. Cuidados com escadas · As escadas devem ter um corrimão de apoio e o piso não deve ser escorregadio ou ter tapetes. · Se tem crianças pequenas, principalmente se estão na fase PRESENÇA | 2014 de gatinhar ou a começar a andar, coloque proteções e barreiras em todos os acessos da casa às escadas. · Não se esqueça de fechar as proteções e barreiras dos acessos às escadas, depois de passar por elas. Um portão mal fechado é como se não existisse. Cuidados com janelas e varandas · Verifique os fechos de segurança das janelas e portas. · Não deixe cadeiras, camas e bancos perto de janelas, pois as crianças podem escalá-las e debruçar-se sobre elas. O mesmo vale para móveis baixos perto de estantes e armários altos. · Coloque grades ou redes de proteção em todas as janelas e varandas. É a única forma de evitar acidentes graves em apartamentos. Cuidados com piscinas, lagos, lagoas e praia · Nunca deixe a criança sozinha perto de uma piscina, mesmo que esta seja própria para ela. · Nunca deixe uma criança sozinha na piscina, seja em que circunstância for. Muitos afogamentos de crianças até aos 4 anos ocorrem porque os adultos se ausentam por “um minuto”, para atender o telefone, ir buscar o lanche, etc.. · Esteja atento às brincadeiras das crianças na água. · Coloque braçadeiras ou coletes às crianças que não sabem nadar, mesmo quando elas estão a brincar ao pé da piscina. Se escorregarem e caírem para dentro da água estarão mais protegidas. · Se tem piscina em casa, coloque uma vedação ou tela de proteção à volta, de forma a impedir que a criança tenha acesso à água. Cuidados na cozinha · Não deixe crianças sozinhas na cozinha. · Guarde facas, objetos cortantes e eletrodomésticos de pequeno porte, em locais pouco acessíveis. · Não deixe tachos e panelas ao lume sem ninguém na cozinha e tenha especial cuidado com líquidos quentes, como sopa ou água a ferver, já que, queimaduras com líquidos quentes são frequentes em crianças. · Não deixe os bicos do fogão ligados quando acaba de cozinhar. · Vire os cabos das frigideiras para o interior do fogão, o que evita que as crianças tentem pegar-lhes. · Cumpra sempre as indicações de segurança ao utilizar panelas de pressão. · Tenha cuidado na utilização do gás no fogão. Acenda o fósforo antes de abrir o gás. Se o seu fogão tiver acendedor elétrico, acenda primeiro o gás, no mínimo, e só então acione o acendedor. · Quando acender o forno, coloque-se de lado e não em frente do fogão. · Evite usar roupa de tecidos sintéticos e aventais de plástico quando está a cozinhar. Use apenas toalhas, aventais e panos de tecidos naturais. · Ao usar o micro-ondas, não cubra os alimentos com papéis metalizados nem coloque, no seu interior, louças com decoração prateada ou dourados. FUNDAÇÃO A LORD Cuidados com produtos de limpeza e outros produtos tóxicos · Há produtos tóxicos, muitas vezes inflamáveis, e a sua ingestão ou inalação pode ter consequências graves ou até fatais. Há fechos e protetores que impedem a abertura de armários e gavetas onde se encontram estes produtos. · Seja na cozinha, despensa ou em qualquer outra divisão da casa ou no jardim, guarde estes produtos em locais inacessíveis a crianças. · Nunca coloque detergentes, lixívia, inseticidas ou pesticidas em garrafas de água ou de refrigerantes já usadas, porque as crianças podem ingerir o produto pensando ser água ou sumo, resultando num acidente com grande gravidade. Cuidados com eletricidade e tomadas · Monte, se possível, todas as tomadas com ligação terra. · Instale protetores adequados em todas as tomadas da casa, para evitar choques elétricos. · Esteja sempre alerta, pois uma tomada tem uma atração especial para as crianças que estão na fase de gatinhar ou até um pouco mais crescidas, parecendo os locais ideais para tentarem enfiar os dedos e os mais variados objetos. · Nunca deixe o ferro ligado com o fio desenrolado e ao alcance das crianças. Além da ligação à eletricidade, é perigoso pelo seu peso e pela alta temperatura. Cuidados com armas · Não tenha armas em casa. Se tiver, arrume-as ou guarde-as longe do alcance das crianças. · Nunca tenha as armas carregadas em casa. · Nunca deixe as munições junto à arma. Guarde-as em local seguro e inacessível às crianças. Cuidados com as fontes de calor · Ponha um muro de proteção diante da sua lareira. Mantenha estufas, fornos, braseiros fora do alcance das crianças. · Impeça que as crianças brinquem com fósforos, isqueiros ou líquidos inflamáveis. · Aumente o cuidado na presença de sprays, cheios ou vazios, porque são altamente inflamáveis. · Se fumar, não se esqueça de apagar bem os cigarros. · Tome precauções com a exposição solar das crianças, evite as queimaduras solares. Outros riscos · Nunca deixe bebidas alcoólicas ao alcance de crianças. · Procure ajuda médica se o seu filho engolir uma substância não alimentar. · Anote os números dos telefones do seu pediatra, do hospital, dos centros de envenenamento e de outros centros de ajuda em local bem visível. · Leia atentamente os rótulos das embalagens antes de usar qualquer produto. · Ensine as crianças a não aceitarem bebidas, comida, doces que lhes sejam oferecidos por adultos que não conhecem. 51 · Ajuste os brinquedos à idade das crianças. · Transporte sempre as crianças numa cadeira de segurança quando sair de automóvel. · Não deixe que crianças com idade inferior a 10 anos andem sozinhas de elevador. “O seguro morreu de velho” e, por isso, nunca é demais reforçar a segurança do ambiente que a criança frequenta, renovar os materiais sempre que estejam desgastados ou inutilizados e garantir que potenciais riscos fiquem fora do seu alcance. Se seguir estes conselhos, é provável que consiga criar em sua casa um ambiente mais seguro. Fora de casa, o ambiente pode ser mais perigoso e difícil de controlar: são os produtos de limpeza na cozinha da avó, os medicamentos do avô, o poço sem tampa no quintal do vizinho, os baloiços em movimento no parque infantil, a piscina dos tios ou as tomadas desprotegidas em casa dos amigos. Mas não se esqueça: quem tem a maior responsabilidade de vigiar o ambiente onde a criança está são os pais e os educadores. Faça sempre uma inspeção visual rápida quando chegar a qualquer sítio e não espere que os outros tenham a mesma preocupação com os aspetos da segurança. Em caso de acidente, esteja preparado para agir. Tenha sempre junto do telefone e no telemóvel ou agenda os números de emergência e aprenda o básico em primeiros socorros. São gestos que podem salvar uma vida. Criar um ambiente seguro não é “fechar a criança a sete chaves” ou mantê-la “numa redoma”. Ela tem que se desenvolver e explorar o mundo. Portanto, se houver mais do que uma forma de aumentar a segurança, opte por aquela que permita oferecer maior liberdade de movimentos. E, lembre-se sempre que, para as crianças, todas as coisas são brinquedos e tudo é brincadeira e não são elas que estão erradas mas sim o ambiente mal adaptado que construímos à sua volta. 52 PRESENÇA | 2014 SUBLIME QUARTETO Variações sobre um mesmo tema Henrique Manuel Pereira Professor da Escola das Artes – Universidade Católica do Porto Também ao grande texto da história importa o cisco, o fragmento, os sinais dos pequenos instantes. São eles, com frequência, que tornam o tempo legível e permitem ver sentidos no que parece não ter sentido. Não será o caso da matéria destas linhas. Contudo, e seja qual seja a importância que o leitor lhes atribua, não deixam de ser raiz ou fio do tempo na teia inacabada da História. 1 Vínhamos falando de Alda Lara (1930-1962). Não há muito quem hoje recorde o seu funeral e saiba que o Padre Telmo Ferraz foi quem, em Angola, lhe celebrou as exéquias fúnebres em Cambambe, e depois no cemitério do Dondo, no remoto Janeiro de 1962. “Era um mar de gente. Comovi-me”. Também eu, ao ouvi-lo recordar na conversa que serviu de base ao filme Telmo Ferraz: Mibangas e frutos. Telmo Ferraz é autor desse belíssimo livro que tem por título “O Lodo e as Estrelas”. Sendo Padre da diocese de Bragança, é Padre da Obra da Rua, e sob o influxo inspirador do Padre Américo, deu vida e corpo à Casa do Gaiato de Malanje, Angola, que recentemente celebrou 50 anos de vida fecunda e fecundante. Será difícil entender Alda Lara dissociada de Orlando de Albuquerque (1925-1997), seu marido, seja pelo que com fa- cilidade se entrevê, seja sobretudo no que respeita à própria formação poética de Alda Lara. Médico como ela, ambos formados em Coimbra, com relevante ação na Casa dos Estudantes do Império, Orlando de Albuquerque foi também um notável escritor com obra extensa e de qualidade, repartida pela Poesia, Conto, Romance, Teatro, Crónica e Ensaio. Nasceu em Lourenço Marques, a 16 de agosto de 1925, vindo a falecer em Braga, a 6 de outubro de 1997. Aguarda por quem lhe estude a obra e a ação, prestando-lhe justo reconhecimento e homenagem. Em julho de 1956, próximo, portanto, do impacto da morte, também Orlando de Albuquerque escreveu sobre o “Santo Padre Américo”, no Jornal de Benguela, nesta crónica até hoje nunca recolhida: 53 FUNDAÇÃO A LORD “Morreu o Padre Américo!... Não me envergonho de dizer que as lágrimas me vieram aos olhos quando tive conhecimento da notícia. Sabia-o doente. Bastante mal. Lera a notícia do desastre nos jornais. Mas nunca acreditei que o fim estivesse tão próximo. Ninguém acreditava que Pai Américo nos ia deixar. Talvez só ele, homem marcado por Deus, estivesse preparado para a sua morte. Morreu serenamente num leito de Hospital, com a mesma simplicidade com que construiu a sua grandiosa Obra. Extraordinária figura a deste Padre Américo, que toda a gente conhecia como o Pai dos Pobres e dos garotos da Rua. Da estirpe de um São João de Deus ou dum São Vicente de Paula, Padre Américo marcou a siglas de fogo no coração dos portugueses a sua passagem pela Terra. Católicos e não católicos, crentes e não crentes prestam-lhe justiça perante a grandeza da Obra que este modesto “padre da rua” construiu em pouco mais de uma dúzia de anos. Embora cedo para se ajuizar da sua justa grandeza e projeção, ela impôs-se já como uma força criadora no campo humano e social. Fogo que queimando faz nascer na mensagem do Evangelho, eis a síntese da obra do Padre Américo. Nos tempos de egoísmo e de ódios, que vão correndo, custa a crer como tenha sido possível seguir uma figura moral e espiritual tão gigantesca como a do fundador da “Obra da Rua”. Incompreendido, como acontece sempre com os grandes Homens, ele teve que lutar com a indiferença e o egoísmo, senão com a ironia dos que o rodeavam. Mas lutou sempre, sem um desfalecimento. Se os teve, soube tirar deles maior força criadora para conseguir. Padre Américo era uma figura curiosa. Vi-o umas três vezes quando eu era ainda estudante. Grandalhão, não muito bem-parecido, com uma voz desagradável. Mas não sei que fluido misterioso emanava desse Padre, sem qualquer aspecto de santo ou de apóstolo, que nos conquistava e dominava. A sua palavra, quer escrita quer falada, parecia fogo candente. Ia direita ao coração dos que o ouviam. É que ele falava por Cristo e pela Justiça. Não a Justiça dos Homens, sempre falível, mas a Justiça de Deus, que não se engana. Padre Américo exigia em nome de Deus e em nome da Justiça. Dizem que era muito caridoso. É mentira! Padre Américo não fazia caridade. Fazia Justiça – a Justiça do Evangelho, a Justiça do Cruxificado. *** Padre Américo foi rico. Trabalhou em África numa importante Empresa, onde desfrutou posição de relevo. Um dia ouviu a Voz que lhe dizia: – Deixa tudo e segue-me!... E soube segui-La, apesar de todas as oposições. A Empresa onde trabalhava exigiu-lhe cem contos pela rescisão do contrato. Mas o dinheiro não contava para o Homem que sentia em si apelos para destinos mais grandiosos. Entrou num convento em Tuy. As paredes do convento e o espírito da Ordem eram demasiado acanhados para a grandeza daquela alma de eleição. E foi o próprio Superior que lhe pediu que os deixasse, pois não sentia que ele fosse homem para se amarrar à prisão da ordem conventual. Não tinha vocação religiosa. Que fosse! Ele era um ser destinado a criar servindo e não a servir morrendo. Tentou ordenar-se padre. O então Bispo do Porto abanou a cabeça e negou-lhe entrada no Seminário. – Era demasiado velho!... Foi para Coimbra. Aí conseguiu ordenar-se. E começou então a luminosa trajetória duma vida de eleição. Tinha 50 anos. Morreu com 69. Dezanove anos (tão pouco!). Foi de quanto tempo dispôs para a organização da gigantesca Obra que nos deixou!... Dezanove anos a arder de paixão por amor do próximo e dos desgraçados… Dezanove anos de coração sangrando pelos outros…” 1 1. Orlando de Albuquerque, “Santo Padre Américo”. Jornal de Benguela (26 jul. 1956) pp. 1, 6. 54 PRESENÇA | 2014 2 Não há notícia de que Alda Lara tenha escrito sobre o Padre Telmo Ferraz. Já Orlando de Albuquerque sim. A nosso conhecimento, fê-lo por três vezes, sempre sob a forma de crónica que publicou com o título genérico de “A Casa do Tempo”, no Jornal de Benguela (Angola). Das três, apenas duas conseguiu retomar em livro 2, encontrando-se esta, com o título “Outra vez o Padre Telmo”, até agora, dispersa: “Padre Telmo anda embrulhado. São as vacas, as estufas, os telheiros, as escolas, um ror de obras que é preciso fazer andar sem ter quem as toque, a não ser a Fé na ajuda do Senhor. A parábola dos lírios do campo traduzida em contas do dia a dia, das necessidades de cada momento. Não que ele se queixe. Padre Telmo jamais se queixa. Tão pouco se lamenta. Escolheu deliberadamente a sua cruz e carregar com ela é a sua realização consciente. Mas isto, pelos vistos, não impede que as vacas fiquem ao relento e que as escolas não tenham telhado. E Padre Telmo embrulha-se em cálculos, revira os bolsos vazios e caminha em frente. Cristo disse um dia aos seus discípulos: Ide e pregai! Se alguns se perderam pelo caminho, outros continuaram espalhando a semente, apesar das intempéries e da aridez dos solos. Nem só de palavras são as pregações. Cada vez o são menos, pois orelhas moucas cada vez o são mais. Prega melhor quem arregaça as mangas e lança mãos à rabiça dum arado com o nome de Deus no coração, que aqueles que o têm constantemente na boca e lhe fecham o próprio coração. Padre Telmo é homem para esquecer o nome de Deus nas palavras, mas tê-lo sempre presente nos atos. Até mesmo no prato cogulado de arroz. Aquele arroz que se espera cada dia e não se sabe se haverá amanhã, a não ser na confiança em Deus, que não esquece os seus filhos. Padre Telmo preocupa-se com as vacas, que andam no capim, como que a monte. A casa de Deus que tem que estar pronta. Os telheiros que falta cobrir. Um sem número de coisas que falta fazer, que é preciso fazer. Preocupa-se, mas as preocupações não são angústia e sim incentivo para buscar novas preocupações. É preciso andar. Cristo disse um dia aos seus discípulos: – Ide e pregai! E em nome de Cristo, Padre Telmo caminha sempre confiante. Mas é preciso que haja quem o ajude. É preciso que o óbolo da viúva (sobretudo esse) não falte. Para que Padre Telmo e outros poucos (infelizmente tão poucos), que há por aí, possam continuar a caminhar, já que nós, perdidos na voragem do dia a dia, estamos imobilizados pelo materialismo da vida, de ouvidos moucos à Palavra. À Palavra que esses poucos empunham como um facho e como um facho conduzem na escuridão dos nossos dias.” 3 O Padre Telmo Ferraz cumpre em novembro próximo 90 anos de idade. Se a vida de cada um tem muitas vidas, a vida de alguns parece carregar no peito o incansável coração do mundo. Assim, a meus olhos, a do Padre Telmo Ferraz. Para trás, deixou o tempo da acção – do lodo e das estrelas de Picote e Dange-ia-Menha, do levantar casas e vidas no Culamuxito, do auxílio na guerra, da reconstrução… –; agora, livre de amarras secundárias, será talvez mais ainda o tempo da contemplação e da ação de graças, porventura o tempo da sabedoria, que é o outro nome do tempo de Deus. 2 São elas “O Lodo e as Estrelas” e “Padre Telmo”, respetivamente publicadas em Orlando de Albuquerque, A Casa do Tempo. Sá da Bandeira: Publicações Imbondeiro, 1964, pp. 95-97 [recentemente retomada por Maria Luísa Albuquerque, “Memórias”. In Henrique Manuel Pereira [Org.], Telmo Ferraz: Uma vida, tantas vidas! Bragança: Diocese de Bragança-Miranda – Casa do Gaiato, 2013, pp. 140-142]; e em Idem, As Borboletas também Voam. Braga: APPACDM, 1996, pp. 19-20. 3 Orlando de Albuquerque, “A Casa do Tempo: Outra vez o Padre Telmo”. Jornal de Benguela (29 set. 1966), pp. 8, 6. 55 FUNDAÇÃO A LORD AS ASSOCIAÇÕES DE APOIO A DOENTES EM PORTUGAL Professora Doutora Isabel Leal Barbosa Presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas As Associações de Apoio a Doentes são organizações sem fins lucrativos, formadas por pessoas, que têm em comum uma doença, e por sobreviventes, familiares, voluntários e profissionais de saúde. Os membros destes grupos partilham as suas experiências pessoais e oferecem uns aos outros conforto emocional e apoio moral. Aos doentes podem dar conselhos práticos e pistas para os ajudar a lidar com as novas situações de saúde e familiares. Uma investigação elaborada pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, publicada em 2007, revelou que as Associações de Doentes possuem já uma expressão “bastante significativa” em Portugal, mas ainda não suscitaram uma atenção correspondente da sociedade. A maioria destas organizações foi criada após a Revolução de 25 de abril de 1974 e, à data deste estudo, foram identificadas cerca de 100 que “desempenham um papel fundamental de apoio e complementaridade aos cuidados de saúde em Portugal”. Estas organizações têm recursos limitados e apoiam-se no trabalho do voluntariado, sendo umas mais assistenciais, outras de promoção da investigação e outras ainda, atuando como fomentadoras de políticas de saúde. A localização destas Associações centra-se em Lisboa e no Porto. Menos de 15% situam-se noutros pontos do país e são caracterizadas pela sua pequena dimensão: 50% tem menos de 300 associados. Do estudo do CES, de 2007, “… estas Associações assumem muitas vezes a representação pública das pessoas doentes e das pessoas portadoras de deficiências no domínio do espaço público, tornando-se porta-vozes das suas reivindicações e causas.”. Apesar de todo o trabalho de divulgação efetuado pelas Associações, de 2007 até 2014, um novo inquérito telefónico, dirigido ao público em geral, revelou que a informação global sobre os objetivos e atividades destas instituições continua a ser desconhecida. Algumas das perguntas colocadas foram: Qual a visão e trabalho das Associações? Que papel devem desempenhar? Que tipo de atividades devem desenvolver? O que acha do comportamento atual das Associações? Concluiu-se que a maioria dos inquiridos sabe da existência das Associações – sendo a mais conhecida a Liga Portuguesa Contra o Cancro –, tem conhecimento das atividades desenvolvidas, sendo a prevenção a mais conhecida. As ações mencionadas foram: divulgação, rastreio e apoio psicológico e social aos doentes, entre outras. Neste último inquérito, a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas é uma das organizações menos conhecida. Justifica-se, por isso, dar a conhecer esta Associação sem fins lucrativos, constituída, em 2001, por doentes com leucemias, linfomas, mielomas e outras doenças oncológicas do sangue, seus familiares, profissionais de saúde e voluntários e que é atualmente uma IPSS. Graças à solidez de um projeto que se fortaleceu desde a sua fundação, ao dinamismo do grupo e à eficácia das ações desenvolvidas, a APLL tem dado um apoio incondicional aos doentes e familiares, tendo escrito e reescrito a palavra esperança, enfrentando, muitas vezes, lutas desiguais sem esmorecer. Persistência e esperança são dois dos princípios que caracterizam uma ação multifacetada perseguindo os grandes objetivos: · Apoiar doentes e familiares. · Promover eventos (cumprindo o duplo objetivo de esclarecer e sensibilizar). · Envolver instituições afins numa política de parcerias, criando um maior impacto na sociedade civil. Ao longo destes anos, as várias campanhas para a sociedade civil têm unido a sociedade aos doentes. Dentre estas iniciativas, destaca-se, como evento promocional com grande impacto, o “Pedalar contra o Linfoma”, associado às comemorações do Dia Mundial Contra o Linfoma, cuja data é assinalada em setembro de cada ano. A APLL tem, também, estabelecido cooperação com Associações congéneres internacionais, de cuja interação tem resultado mais informação, inovação, intercâmbio e discussão sobre novos tratamentos, participação e alertas para os direitos dos doentes. Aproveitando o sucesso da internet e das redes sociais, a APLL tem ainda alargado o âmbito da sua ação informativa junto da população. Espera-se que alguns doentes sintam ânimo ou vontade para partilhar as suas experiências de vida e se inscrevam na base de doentes da Associação. Deseja-se, ainda, que a população em geral se sinta motivada para fazer parte desta grande família. Lá diz o velho adágio “ a união faz a força” e é nesse entrelaçar de esforços que a APLL persegue o grande objetivo de congregar um maior número de doentes e mobilizar todos aqueles que acreditam que podem fazer a diferença. 56 PRESENÇA | 2014 DA VIDA MÉDICA Levi Guerra Médico Internista e Nefrologista, Professor Catedrático Jubilado de Medicina, Prémio Nacional de Saúde 2013 Ser médico é uma profissão exigente. A preparação médica é longa e trabalhosa. A Medicina é uma profissão que tem algo de específico, quanto às condições pessoais exigidas para a exercer. Aceita-se que deve ser uma vocação, ou seja, que deverá crescer na pessoa, em geral no jovem ou na jovem, o fascínio por ir salvar vidas, aliviar sofrimentos, curar doenças, ao mesmo tempo que uma vontade indómita de o conseguir que é a condição para se vencer o longo e laborioso percurso que terá de se enfrentar. Está implícito no que digo que tem de se ter classificações no Secundário que deem acesso ao Curso Médico. A Medicina é uma Ciência, e como tal tem um património vastíssimo de saberes que estão sempre em progresso dado que, como em qualquer ciência, o que se sabe num dia prepara o que se vai saber no dia a seguir, pois todo o conhecimento científico nunca chega ao fim. Por isso é que o médico é eternamente estudante. O Curso Médico é laborioso, não só por ser extensa a quantidade das matérias e a sua diversidade, como pela natureza dos atos médicos, do sangue frio a ter perante situações de urgência, por vezes, até à condução eficaz e segura das decisões a tomar e à forma como se informa o doente ou/e os seus familiares. Durante o Curso Médico, há as chamadas disciplinas básicas, como a Anatomia e a Fisiologia, entre outras. Depois há a fase das Clí- nicas, em programações progressivas de abordagem a doentes. Hoje, e bem, o estudante de Medicina entra cedo, ainda antes de chegar às Clínicas, em contacto com doentes e com pessoas a viverem em contextos sociais variados e difíceis, de pobreza e/ou de doença, não sempre em ambiente hospitalar. É um exercício valioso de natureza psicológica para o estudante. O estudante de Medicina gosta logo de se ver envolvido a poder prestar algum auxílio a pessoas, e isso faz-lhe bem. E porquê? Exercita-o a perceber, nessa realidade social em que entra, o mistério da dor de pessoas, a tragédia de existências incuráveis e penosas, o enfrentar da morte. Também entra em contacto com as medidas e soluções possíveis e tem um papel importante nesse socorro, quando tem uma adequada abordagem relacional com as pessoas doentes, carentes, desesperadas, solitárias, viciadas, que sei? Leva isso a quê, no jovem estudante de Medicina? Leva-o a preparar uma virtude que tem de estar sempre presente na atuação do médico que é ter compaixão. Uma consulta médica é um ato nobre e exigente. A nobreza está no médico ter diante de si alguém doente, uma pessoa queixosa, mais ou menos ansiosa. Essa pessoa tem de ser acolhida com uma afabilidade digna e educada, convidada a sentar-se, inquirida em termos respeitosos sobre as suas queixas e deve ser escutada atentamente, sempre a olhá-la, sem deixar de tomar notas. Ao mesmo tempo, o médico, ao longo desse tempo, desenvolve um forte esforço intelectual para perceber o que se passa. Depois de a ouvir na inquirição apropriada dos sintomas gerais aos específicos, consoante o aparelho ou o órgão doente, vem o tempo da observação clínica, a ser feita com delicadeza e 57 FUNDAÇÃO A LORD respeito. Percorrerá, então, o corpo do paciente segundo uma sistematização adequada de processos: observação, auscultação, palpação, percussão, manobras, colheita de valores, uso de meios instrumentais, etc., etc., etc.. Naturalmente, depois, vêm os exames subsidiários e complementares a levar em conta, se eventualmente já feitos. No fim, o médico tem de desenvolver um juízo diagnóstico e atuar em conformidade. Ora, por isto, uma consulta médica é a realização duma ação de investigação de índole científica. É investigação enquanto procura esclarecer de que doença se trata, qual a causa, qual a sua extensão ou gravidade, e que prescrever ou que fazer. Assim, do diagnóstico ao tratamento, quantos conhecimentos jogados em confronto, quantas dúvidas percorridas, quanta sensatez a presidir nas atitudes a tomar ou na medicação a prescrever. E é óbvio que tudo isso se movimenta na base de conhecimentos científicos adquiridos. Na prática médica tem-se consciência de que cada doente, face a qualquer doença, tem muito de peculiar e próprio, dependendo de muitos fatores, quer da sua constituição genética quer das morbilidades associadas que possui. Daí o dizer-se que há doentes, não doenças, o que é um aforismo que o médico sempre deve manter vivo no seu espírito. Aqui cabe dizer ainda que no exercício da Medicina é muito importante a prática, Medecin is case related, dizem os anglo-saxões. Ver muitos doentes, praticar muitos atos médicos de consulta, de seguimento de doentes, de intervenções cirúrgicas – cada cirurgião tem de ter realizado um número mínimo de operações antes de possuir a especialidade –, também a prática intensa de observações instrumentais, as mais diversas. Há especialidades que são tecnicamente mais exigentes que outras. Porém, a formação clínica de base deve ser uma exigência de todas elas. E isso compreende-se, pois que o nosso organismo está todo interligado e há uma permanente comunicação entre todos os órgãos. Todo o especialista tem de ser médico, no sentido de saber perceber o que se possa estar a passar no resto do organismo ante qualquer alteração evidente do órgão ou sistema de que a sua especialidade cuide. Depois, com o avançar da idade, o médico vai-se sentindo mais realizado na medida em que vê a sua ação alargar-se a cada vez mais doentes. E tem prazer em partilhar o seu saber com os mais novos. Também reconhece como na memória do tempo se registam esquecidos êxitos e insucessos, vitórias e derrotas… que a morte é sempre a última vencedora! Ah! Mas acompanhar alguém nos seus últimos momentos é sempre um ato de transcendente humanidade de que o médico nunca se devia alhear. Nesse momento supremo do passamento, a presença do médico cria no moribundo uma enorme e preciosa paz! E se a morte ocorre em presença de familiares, essa presença é um conforto insubstituível e valioso. Aliás, como dizia um grande Mestre da Medicina, o ato médico é de tal especificidade ao cuidar da vida humana que não é pagável. Ao traduzi-lo em valor monetário, justo e nunca exorbitante, ou se realizado em instituições de saúde onde o médico recebe um salário, o que o médico recebe deve ser sempre olhado como um estipêndio simbólico. Dar vida… não tem preço! E depois ainda, virá o tempo para além da reforma do médico… Esse facto arrasta esquecimentos inevitáveis e para os quais o médico com o avançar da idade se deve preparar. Por fim, dirá o médico, no encerramento da sua atividade: vivi para dar vida ao meu semelhante. Agradeço a Deus a vida que tive como médico. Cumpri a vida! Como a flor do estio… no deambular do outono! 58 PRESENÇA | 2014 TERNURA ESCONDIDA Texto de Maria Florinda Almeida Médica Oftalmologista Ilustrações de Marília Almeida Professora do Ensino Básico O clã familiar era grande. Naquele tempo, primeiras décadas do século XX ainda não se colocava a precaução nem, tão pouco, a preocupação do número de filhos que viriam alegrar e realizar a vida de um casal. Cada criança gerada era sempre uma bênção Divina, mesmo em famílias pouco abastadas ou até bem desfavorecidas socialmente. Uma vida que acordava para o mundo era uma riqueza, uma felicidade! Deus, no céu, sempre cuidaria do novo ser, ainda que aos progenitores, por vezes, a coragem estremecesse e os assustasse enfrentar mais responsabilidade e trabalhos acrescidos. Recorde-se, por exemplo, do Salmo 37 (36), 5, “… Confia ao Senhor o teu destino, espera n’Ele que Ele atuará…” ou do Salmo 23 (22), 1 e 6, “O Senhor é meu pastor, nada me falta...”, “A Sua graça e a bondade hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida...” . Versículos como estes rumavam a sua vida. Deus era a sua força e o seu descanso. Cada gravidez era acolhida como decreto divino emoldurado de júbilo e amor. O casal, dois jovens deliciosamente enamorados, contraíram matrimónio e, muito felizes, deram início a um futuro comum com a doce e ardente paixão que lhes enchia os corações. Cada bebé que o céu lhes concedia era um acréscimo a uma riqueza imaterial que aumentava a sua felicidade conjugal. Juntos, com o decorrer dos anos, tiveram sete filhos que encheram a sua casa com risos, traquinices e também com lágrimas. Por duas vezes, a vontade Divina determinou o fim precoce a dois filhinhos. Só o tempo foi apagando a dor, deixando uma doce saudade. A vida, contudo, avançou, a Fé era forte suporte à convicção de que, se a perda era dura, o Paraíso conceder-lhes-ia, mais tarde, a suprema felicidade e esta seria eterna. Apesar dos desaires sofridos, cinco lindas crianças desabrocharam felizes, brincando livres, descontraídas, confiantes e, para animar ainda mais, a eles se juntavam nas brincadeiras crianças da vizinhança avivando, se tal era possível, a alegria daquele lar. O tempo, porém, não era só para folias, pois os estudos eram fundamentais na preparação para a vida. O Pai, rigoroso, além de disciplina e responsabilidade na formação do caráter dos seus filhos, dava o relevo indispensável ao desenvolvimento intelectual e, de entre as atividades escolares, incluía a arte musical. Empenhou-se, assim, em incutir-lhes o gosto pela música e a todos ensinou, com denodo e orgulho, a linguagem das pautas com as suas claves de sol e de fá, tempos, bemóis e sustenidos. Enfim, tudo o que lhes permitisse, através da música, elevar o seu espírito e dominar o instrumento musical que cada um mais apreciasse. A Mãe, felicíssima com a sua prole, até esquecia os momentos conturbados da época, politicamente tão agitada, que então se vivia – da monarquia à república, uma primeira guerra mundial a que se seguiu uma segunda. Os tempos eram difíceis, o futuro imprevisível. Porém, sempre de Fé inabalável porque o Senhor conforme os males assim daria o remédio, de quando em quando, olhando embevecida para os cinco filhos que, de sete Deus lhe deixara, uma delicada imagem se desenhava na sua mente. Cinco filhos, cinco graças, um lindo ramo de quatro Amores-perfeitos (seus filhos homens), e uma bela Margarida (sua única filha). Que bela fantasia!... Até parecia desprender um suave perfume que a deixava inebriada. Rodopiando como o vento, o tem- po, numa mudança constante, deixou intacto aquele ramo tão colorido por longos e longos anos. À medida que os cabelos daqueles pais se salpicavam de fios prateados e nas suas faces pequenas rugas se iam vincando, os Amores-perfeitos e a Margarida cresciam, individualizando as suas personalidades como se a uniformidade da sua cor original, a pouco e pouco, do arco-íris buscasse um colorido diferente para cada Amor-perfeito. Apenas a Margarida, flor singela, manteve a sua brancura com um pequeno coração dourado, muito embora de menina a mulher também a sua personalidade se tivesse modificado. Tornou-se uma Margarida afirmativa, um pouco suscetível e um tanto autoritária. Esta última característica, oscilando entre autoridade e teimosia, era comum a todos os elementos florais daquele ramo maternal. Estranhamente ou não, a Mãe, de temperamento forte, escrupuloso, capaz de impor respeito sempre que necessário fosse e a quem quer que fosse, sem dúvida de coração amoroso para com todos os seus filhos, amolecia facilmente perante as desobediências e, mais tarde, estroinices dos seus quatro Amores-perfeitos, mas não da sua Margarida. Margarida deveria ser como um prolongamento da Mãe, sua continuação, e agir maternal e complacentemente em relação aos Amores-perfeitos. Era uma exigência incontornável, inteiramente compreensível para a senhora e dona daquele ramalhete de flores de vivas cores. A Mãe apoiava-se na sua única Margarida a quem atribuía o dever de agir, como ela, na sua função maternal para com os mimados Amores-perfeitos. Margarida reagia, ora procurando fugir àquela obrigação, para ela injusta, FUNDAÇÃO A LORD 59 60 PRESENÇA | 2014 porque também queria ser mimada, ora enchendo-se de mágoa. Contrariada, contudo, acabava por satisfazer o firme querer de sua Mãe. Nas manifestações de carinho, também existiam diferenças. A Mãe preferia receber a dar e era bem parcimoniosa nas demonstrações do amor que guardava ciosamente no seu coração. Os filhos, espertos, sabiam contornar a situação. Por um lado, com beijos e abraços, que sentidos ou não, conseguiam perdão para as suas irreverências, por outro lado, com estratagemas bem concebidos, alcançavam o que queriam, fosse dinheiro, saídas noturnas, usando atrevidamente o carro sem o Pai ter conhecimento. A Mãe lá os encobria. Depois, nervosa, ficava acordada, rezando aos santos e anjos para que trouxessem de volta, sãos e salvos, os seus Amores-perfeitos antes que o Pai desse conta e estoirasse uma trovoada caseira. O Pai não autorizava à toa o uso do carro e muito menos para saídas noturnas. Sabe-se lá para que farras e com que consequências! Mas a tentação do fruto proibido era forte de mais para os jovens cheios de vigor e para quem a vida ainda não mostrara a sua dureza. Então, às escondidas, na calada da noite, os Amores mais imperfeitos do que perfeitos, silenciosamente, empurravam o carro com o motor desligado, luzes apagadas e já fora dos portões, em cumplicidade com amigos, partiam para a paródia até se fartarem, com um sentimento de vitória, como se desobedecer ao Pai e afligir a Mãe fosse uma conquista de invictos guerreiros. A Mãe, como sempre, permanecia acordada, girando de um lado para o outro, misturando orações e resmungos, até os filhos pisarem de novo a soleira da porta. A filha, por sua vez, irritada com o atrevimento dos irmãos e o consentimento, embora contrariado, da Mãe, situações que se repetiam amiúde e que também lhe estragavam o sono, maquinou uma forma de impedir aquele abuso, resultado de um mimo excessivo de que ela 61 FUNDAÇÃO A LORD tão pouco usufruía. Certa vez, a linda Margarida, que até sabia conduzir o carro e tinha aprendido alguma coisa sobre as entranhas do automóvel, resolveu fazer uma partidinha aos manos e seus amigalhaços. Uma noite, de mansinho, já com a casa adormecida, por porta ou janela, os Amores-perfeitos chegaram ao carro, destravaram-no e no escuro da noite empurraram-no para longe da casa, o suficiente para o motor não acordar ninguém. Impantes saltaram para o seu interior, rodaram a ignição, mas… emudeceram de espanto... o motor do carro não tugiu nem mugiu. Que deceção! Tanto esforço e tanta esperteza para nada! A farra dessa noite foi empurrar de novo o carro de volta a casa, em silêncio forçado, com os jovens de queixo caído pelo imprevisto e pelo receio de terem avariado alguma coisa. O que diria e faria o Pai? Em casa, Margarida ria por dentro, enquanto dizia à Mãe, mal os irmãos se esgueiraram de casa: “Hoje pode ir dormir descansada. Os seus ricos filhinhos, não tarda muito, estão em casa” “Que estás para aí a dizer? Como sabes?” (Com um sorriso maroto, Margarida agitou nas mãos uma peça que ela mesma tinha retirado do carro.) Mais tarde, os irmãos deram conta do sucedido, não gostaram nada da partida e, por isso, não foi fácil repetir a dose. As farras dos Amores-perfeitos, os medos e rezas da Mãe e o aborrecimento da única Margarida daquele “bouquet” tão amoroso e colorido continuaram até que a responsabilidade trazida pelos anos acalmou o ardor da juventude. O tempo, sem parança, foi correndo e cada flor daquele ramalhete, Amor-perfeito ou Margarida, seguiu o seu caminho construindo cada um a sua novela pessoal. Para uns, a vida foi mais fácil, materialmente mais proveitosa, para outros, não. Uns foram presenteados com filhos, arranjando, assim, um charmoso conjunto de netos a seus Pais, mas não a Mar- garida. A sua saúde, continuamente, se foi ressentindo com o correr dos anos. Interessante, porém, foi ter-se mantido o sentimento de sua Mãe, sempre complacente para com os filhos homens e exigente com a filha, apesar da sua fragilidade de mulher e da sua pouca saúde. Em qualquer ocasião a Margarida deveria apoiar qualquer dos Amores-perfeitos com obrigação de mãe. Os temperamentos também diferiam muito entre Mãe e filha, tal como o preto do branco ou o dia da noite. As manifestações de carinho maternas mantiveram-se escassas, era difícil deixá-las transparecer. A vida continuou modificando-se quase sem se dar conta. Tudo e todos foram amadurecendo, envelhecen- 62 do. O Pai, o chefe do clã familiar, foi o primeiro a despedir-se deste mundo, atravessando a estrada da margem de cá para a outra margem ao encontro de Deus. Um dia, aproximou-se a altura da Mãe, já bem velhinha, cansada das lutas e labutas desta vida, dizer adeus ao seu maravilhoso e amado ramo de quatro Amores-perfeitos e, a contrastar entre eles, uma Margarida de pétalas branquinhas e macias que nem veludo, com um botão dourado no centro. No seu leito, emagrecida e débil, respirando lentamente, lá estava aquela Mãe, outrora saudável, vigorosa, cheia de autoridade, em que a PRESENÇA | 2014 meiguice mais se escondia do que se mostrava, rodeada pela família, onde se destacavam os filhos (seus Amores-perfeitos), a filha, sua única Margarida, e uma nora muito amiga. Pesavam pouco, naquela altura, as diferenças marcantes entre todos ao longo da vida. Amar nem sempre é sinónimo de dar a conhecer o amor com abraços e beijos. O sentimento existe e sem se fazer ver é sentido, é compreendido. Tal foi o jeito daquela Mãe no lidar com todos os que pôs no mundo. Todos a entenderam. Por isso, era por todos amada. Naquele ambiente onde a alegria não tinha espaço, a dado momento, com as forças fugindo, aquela Mãe, com voz sumida mas clara, pediu: “Ajeitem-me as almofadas”. Todos acorreram pressurosamente a fim de satisfazer o pedido de ajuda, especialmente a filha, um pouco mais próxima. A Mãe, porém, com um pequeno gesto imperioso, fê-la parar e olhando-a com doçura, disse: “Tu, não. Tu não podes”. Apontou para a nora amiga dizendo: “... ela ajuda-me”. “Claro, Mãe” (tratava assim a sogra). Sentou-se a seu lado, colocou as almofadas a preceito, puxou o corpo da sogra, leve como uma pena, dizendo: “Encoste-se ao meu peito e descanse. Fica mais confortável”. A Mãe assim fez. Repousou o magro corpo nos braços da nora, esboçou um sorriso, olhou todos com saudade antecipada, fixando, então, a sua única filha, a sua Margarida e exalou o último sopro de vida, numa eterna despedida. Tantos anos passados, tantos acontecimentos vividos, mas no último minuto da sua longa vivência, aquela Mãe foi capaz, talvez num esforço supremo, de abrir o seu coração e deixar que a ternura tão teimosamente escondida se manifestasse, mostrando a sua preocupação pela pouca saúde da sua filha e, assim, a sua querida e única Margarida recebeu um belo e inesquecível presente de amor. FUNDAÇÃO A LORD 63 O VALOR DO PATRIMÓNIO RELIGIOSO Manuela Pinto da Costa Museóloga / Conservadora PATRIMÓNIO. Herança. Bens não adquiridos por compra ou negócio direto, mas recebido dos ancestrais que, por sua vez, também os obtiveram de alguém. Foram mantidos nas famílias, nas instituições por motivos de acumulações de riqueza, mas muito principalmente, como forma de promover uma identidade cultural. Por vezes, até o seu valor intrínseco ou monetário é insignificante; contém aquilo que, frequentemente, ouvimos designar como valor “afetivo”. Isto, mais não representa do que a tradição familiar, local, regional ou nacional, a qual nos permite sentir uma união, como “qualquer coisa” capaz de nos identificar culturalmente. Ao longo de milénios, a religiosidade dos povos permitiu, pela sua preservação acidental ou não, que as tradições, costumes, artes fossem atravessando civilizações e territórios, até chegarem aos nossos tempos. E, com isso, nos admira e deslumbra! Na grande maioria das vezes, foram os testemunhos religiosos – artefactos, textos, músicas – que chegaram até ao século XXI. Quase por milagre! Nenhum ser humano cria arte para guardar para o futuro. A sua permanência no tempo resulta das circunstâncias proporcionadas. É neste capítulo que surge a preservação e com ela a transmissão cultural e de identidade. Contudo, verifica-se que o avanço milenar, civilizacional dos povos parece não existir, pois a destruição de patrimónios da humanidade, por razões fúteis e incompreensíveis, empobrece mais em cada dia a Humanidade, detentora e fruídora dele. Muito se vem falando de Património. “É uma palavra que está na moda dos profissionais e dos aficionados da Cultura, dos empresários que funcionam e lucram em seu nome, dos técnicos de Planeamento e até dos políticos. E com outro sotaque, ela está também presente e, certamente, cada vez mais, nos intentos e nas intervenções das associações que se interessam pela sua defesa e pela salvaguarda de valores com assinalável significado estético ou cultural de uma sociedade ou preservação da qualidade de vida.” 1 A religiosidade dos povos e culto das divindades foram sempre geradoras de arte em todas as vertentes, pois “para Deus sempre é melhor”, e de um modo muito particular e bem próximo de nós, o Cristianismo não fugiu a esta regra. Com exceção dos três primeiros séculos, em que a Igreja na sua criptomilitância procurava passar despercebida, após o Édito de Milão (313 d. C.), explodiu em manifestações artísticas, rivalizando e ultrapassando as do próprio poder real. Os melhores artistas de todos os tempos criaram Arte, enobreceram espaços de culto, dando a Deus o que tinham de melhor e de mais belo. Durante séculos, foi-se mantendo e preservando, como por acaso, um património rico em arquitetura, imaginária, pintura e joalharia. A paramentaria, devido à sua natural fragilidade, ao esquecimento e aos maus tratos, foi menos conservada. Apesar disso, alguma teimou em sobreviver, para dar, em nossos dias, testemunho de resistência, de identidade e valor patrimonial. Portugal, talvez devido à sua crónica falta de recursos monetários, conjugada com uma certa indiferença ou ignorância cultural, com exceção de algum património edificado, pouca atenção dedicou à preservação da sua herança cultural e patrimonial. E se alguma coisa ainda tem sido efetuada nesse sentido, deve-se, sobretudo, à ação da Igreja Católica e a muitas das suas instituições, que, nos últimos tempos, lhe têm dedicado a atenção possível, através da promoção dos inventários diocesanos. É igualmente de louvar e referenciar a atitude de algumas instituições laicas ou religiosas que, compreendendo o valor da identidade cultural para uma comunidade ou sociedade, desenvolvem ações demonstrativas desse valor, através de patrocínios, financiamentos para estudo, divulgação e exposição desse Património. Dentro desse âmbito, há que salientar as atividades da Fundação A LORD, a qual, durante cerca de dois meses, permitiu e apoiou, no seu espaço físico, a exposição de um espólio religioso existente na Paróquia de Lordelo. O Património Religioso exposto abrangeu diversas áreas, desde a Imaginária, passando pela Joalharia / Prataria, Documentação e Paramentaria. Tendo sido uma experiência modelar e pioneira, desejamos que esta iniciativa se volte a repetir de maneira a divulgar a beleza das peças culturais para melhor compreender o seu valor para a identidade de uma comunidade. 1 ALMEIDA, Carlos Alberto FERREIRA de — Património: Riegl e hoje. Revista da Faculdade Letras da Universidade do Porto. História, série II, vol. 10, 1993, pgs. 407-416. 64 PRESENÇA | 2014 ROTA DO ROMÂNICO PALCOS DO ROMÂNICO Rosário Correia Machado Diretora da Rota do Românico A Rota do Românico, que agrega 12 municípios – Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende –, tem representado, para o território dos vales do Sousa, do Douro e do Tâmega um grande desafio, enquanto projeto de desenvolvimento regional, aproveitando um importante património constituído por 58 monumentos românicos. Este projeto visa, assim, constituir-se como uma estratégia dinamizadora para uma nova economia social regional, designadamente nas áreas do turismo, da conservação e salvaguarda do património, da produção de conhecimento científico, da educação patrimonial e da cultura. Implementar um programa cultural que contribuísse para o desenvolvimento do território da Rota do Românico, potencializando os objetivos gerais e a missão deste projeto, assumiu-se como propósito último do programa a que demos o nome de “Palcos do Românico” e que desenvolvemos ao longo de 2014. Os monumentos da Rota do Românico foram o palco principal destes eventos, sem esquecer os excelentes equipamentos culturais do território. Com o “Palcos do Românico” pretendemos valorizar, de forma sustentada, o nosso património imaterial – contos, lendas, músicas, danças –, dando-lhe uma nova vitalidade e significado. Este extraordinário recurso, memória e identidade mais profunda da nossa comunidade, constituiu a matéria-prima sobre a qual pretendíamos intervir e a partir da qual produzimos novos bens culturais e criativos, com relevante valor social, cultural e económico. Por outro lado, a utilização do património edificado, transformando-o em “palco” de criações artísticas, permitiu uma valorização do mesmo, aumentando a sua visibilidade e o conhecimento das comunidades e visitantes. A comunidade do território da Rota do Românico foi, também, um elemento fulcral deste processo, “Palcos do Românico”. Num programa que assentou, fundamentalmente, em novas criações artísticas, ligámos profissionais a amadores, residentes a não residentes, nacionais a locais. Pelo seu envolvimento intrínseco e pela sua participação ativa nesta construção coletiva, a comunidade local mereceu e merece um lugar de destaque neste “palco”. FUNDAÇÃO A LORD O “Palcos do Românico” pôs, assim, em evidência o papel deste território na nova produção cultural e exprimiu um modelo que se diferencia da abordagem convencional, pela utilização de valores e tradições locais ao serviço da criatividade contemporânea. As expectativas espelharam-se nos resultados. Percorremos os 12 municípios da Rota do Românico com mais de 200 eventos, entre teatro, música, dança, exposições, oficinas, etc.. Envolvemos cerca de 2 000 pessoas da comunidade no trabalho com os profissionais, naquilo que era um dos principais objetivos do projeto. Contámos com a participação de mais de 50 agentes culturais profissionais nacionais e 12 da região. E os 20 000 espectadores que nos confiaram a sua presença nas diferentes atividades da programação são um motivo de orgulho para nós. A Torre dos Alcoforados, a comunidade e a Fundação A LORD no “Palcos do Românico” A Torre dos Alcoforados, monumento da Rota do Românico situado em Lordelo, em Paredes, foi o elemento inspirador da peça de teatro A Torre dos Alcoforados. 65 Concebida pela Astro Fingido – companhia com ampla experiência no desenvolvimento de parcerias criativas com a comunidade lordelense –, esta peça, baseada em histórias regionais e contos da tradição oral, foi um exemplo paradigmático do envolvimento dos agentes locais num projeto artístico desenvolvido por profissionais, e para o qual contámos com o apoio da Fundação A LORD que nos cedeu a sua “casa”, convertendo-a no palco privilegiado deste espetáculo durante quatro dias. Cumprindo os objetivos a que nos propúnhamos, em palco juntámos cerca de duas dezenas de atores amadores do concelho de Paredes, numa produção que contou, ainda, com a participação especial da Orquestra da Fundação A LORD. Na plateia, uma “casa cheia” orgulhosa dos seus artistas. 66 PRESENÇA | 2014 O ADVOGADO PEDRA ANGULAR NA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Sílvia Rebanda Advogada “… demasiadamente orgulhoso para ter protetores, demasiadamente obscuro para ter protegidos, sem escravo e sem dono…” Henrion de Pensey A sociedade humana é tocada e por isso caracterizada pela inquietude das relações, pelo conflito sempre latente, pelo perfilhar de posições e opiniões. Desde as primeiras cosmogonias, desde que o logos conquistou os meandros incontornáveis do Mito, que as palavras mudança e devir se encontram, inventando soluções, criando conflitos e acordos; assim, o plasma o pensamento de Heráclito: “… a vida é um rio que vai correndo, sempre diferente, sempre igual …”. Vemo-nos e revemo-nos num mundo de diferenças que nos afastam, mas que nos identificam, unem e tornam iguais. A sociedade é na sua génese conflitual, mas é nos arquétipos, qual Teoria da Caverna, que todos, neste mundo de paixões, nos referenciamos. Por isso, antes de subsumirmos os factos da vida ao Direito, vamos antes subsumi-los à Justiça. Não à nossa, ainda com as impurezas da falaciosa existência, mas sim à Justiça enquanto primado do Direito Natural. É que a verdadeira fonte encontra-se no a priori jurídico, que é a Lei Moral Natural. Aqui, realmente, residem os princípios: “dar a cada um o que é seu”, “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, entre muitos outros. É aqui que vai beber o Direito Natural e é neste que sempre se inspirou qualquer ordem jurídica, por mais incipiente que seja, ou até por mais injusta que seja a sociedade à qual se refere. É, pois, neste universo de razões contraditórias que aparece, desde que o mundo assim o é pois houve alguém para assim o chamar, uma vocação de defesa, de auxílio, de ajuda, uma missão de socorro. “… o primeiro homem a defender o seu semelhante contra a injustiça, a violência e a fraude, com as armas da razão e da palavra, terá sido também o primeiro Advogado.” (Anselme Desmarest) O Ad vocatus é aquele que é chamado a ajudar sem mais, sem reservas. É este o carácter nobre da missão do advogado. Olhando a Justiça com a Verdade no horizonte e no coração, desfralda a razão, a ciência e a palavra e mergulha no mar de paixões e de conflitos; é o paladino de todo aquele a que um qualquer direito assista. O Advogado é diante dos demais jurídicos mesteres “… o representante e interveniente qualificado nesses conflitos de direitos e interesses, é o busílis da boa administração da Justiça.”. Poesia 68 PRESENÇA | 2014 Poesia Poemas… Conhecimento do outro… Pedaços de afeto e imaginação… Frações da realidade… Donzília Martins Professora do Ensino Básico Daqui para o céu Lá em casa, nesta Páscoa, mais uma vez ouvi o teu cantar. Era tal a melodia, a serenidade e paz Que duas lágrimas furtivas caíram do meu olhar! E nem sequer de mais palavras fui capaz. Ergui o teu castelo, não o deixei ruir, Areei as paredes, limpei-lhes o pó, Por todo o lugar do lar voou o meu sentir, Colhendo em cada canto, teu sorriso, avó. Na casa, agora, não há fumo nem fogueira Tudo se extinguiu e virou saudade Apenas deixei branca a pedra da lareira Para, sentada no escano, seres, outra vez verdade. Aquele teu condado é agora o meu, O teu sonho em mim também se cumpriu Minha prece envio, daqui para o céu, Meu colo e lágrimas todas para ti. Caía a noite e sob a luz da lua Contavas histórias. Eu era a princesa! O silêncio e a sombra dormiam na rua, Cintilavam estrelas em cima da mesa. Teus olhos cansados de tanta fadiga Cerziam rendados p`ra noiva de véu. Eu, adolescente! Tu, a voz! A mão amiga Te aperto ao meu peito, daqui para o céu. Um poema para ti Grande e culta Fundação! Contigo, muitos valores já vivi Nas artes, literatura, poesia e até no coração. Vives Lordelo, teu chão de luz cristalina Cantas a vida com saberes de muita cor Do teu ventre de energia és sempre menina Sarça-ardente, toque quente e doce amor. Quisera como tu ser mar, ser céu, Ter sempre azul no mais puro horizonte Mas, para te cantar, poema fosse eu Pois tu és caminho, “Presença” e fonte. Uma balada de amor Um dia caminhando no passado Passei pelo amor. Peguei-o em minhas mãos Embalei-o no meu colo de criança E fui sonho e mar e lua cheia de esperança. Cantei as pedras, acordei as fragas das altas montanhas, Subi ao monte mais alto e, de mão na testa, olhei o horizonte! Via-se o mar! Um mundo fervilhante onde o sol tremia, Muita gente com dor e lágrimas que para o sonho corria Sem tempo de olhar as flores à beira do caminho. Os pássaros que viviam junto a mim cantavam noite e dia. Os mais tristes e sem penas emigravam perdendo asas na tropelia Com que todos corriam apressados. – Mas é esse o teu caminho – disse o amor. Desci então ao vale e, entre fraguedos Comecei a pensar se o meu sonho teria assim tanto valor Para deixar os pássaros, o lar, as histórias e os segredos Ou se naquele chão de água num lago doce eu iria estagnar. Não. Disse eu ao amor. A vida é luta. Deixa-me sonhar E, peguei o sonho, o sono, os cansaços e fiz meu caminhar. 69 FUNDAÇÃO A LORD Levi Guerra Médico Internista e Nefrologista, Professor Catedrático Jubilado de Medicina, Prémio Nacional de Saúde 2013 Sobre o mar… O tempo Navego ainda, depois de muito navegar… Sigo no balanço das ondas que me embalam E acaricio a espuma que o vento me traz ao rosto, Branqueando-o, humedecendo-o, refrescando-o… Que és tempo? O permanente existir… Que é, mas sempre deixa de ser… No teu rasto fica a história… Ante ti, o nada… És o ilusionista do viver Que enganas e entreténs, Sem mesmo tal parecer… Ah! Não me canso de abrir meus braços, Todas as manhãs, à alba que carmina o horizonte, Nem dispenso meu despertar aos fulvos crepúsculos, Visões de luz e cor que me dão esperança de vida. Navego ainda, depois de muito navegar… Mas não desejo ao porto de abrigo chegar… Ah! Tu, Mar… depois de tantas tempestades e acalmias, Guardas para mim um talismã que quero encontrar. Brincas com a inteligência, Que desnorteias com engodos… Também com vãs promessas… Com a ilusão de muitos sonhos… Não te quero no que me lembras, Mas agradeço-te o que me fazes esquecer… Médico, ainda… Médico ainda… veja-se lá! Atrás de mim, no tempo, A multidão dos que consultei… Os quantos tratei e curei, Os muitos que já morreram… Hoje, continuo a consultar, Porque sei que o faço bem, Que ouço queixas atentamente, Que com cuidado observo, Que diagnostico e medico, Apenas no que é ao meu alcance… Ah! E o que não está?... Naturalmente pró hospital Os dirijo, recomendados… Sabe-se porque assim faço? Porque continuar a fazer O que sempre na vida fiz, É forma recomendada De prolongar a própria Vida, Não de querer mais ter… Antes de levar mais longe o viver… Agora! Sê meu amigo… deixa-me viver! 70 PRESENÇA | 2014 Odete Mendes Professora do Ensino Secundário Bucólica Pombo Real A vida é feita de nadas De grandes serras paradas À espera de movimento; De searas onduladas Pelo vento; Pombo Real Onde vais? Leva-me contigo Ajuda-me a fugir da minha gaiola dourada Que perdeu o brilho Que perdeu a cor. Ajuda-me a voar Em direção ao sol Em direção ao azul. De casas de moradia Caídas e com sinais De ninhos que outrora havia Nos beirais; De poeira; De sombra de uma figueira; De ver esta maravilha: Meu Pai erguer uma videira Como uma mãe que faz a trança à filha. Miguel Torga, S. Martinho de Anta, 30 de abril de 1937 Seguindo Torga A vida é feita de nadas Pequenas coisas olhadas Dentro e fora de nós. A vida é momento a sós Voando ao sabor do vento E vive do pensamento De simples coisas sentidas Profundamente vividas Que vão nas asas do tempo Mas que nos fazem ser nós. Viagem Tinha cara de menino E diziam que era jovem. Fidalgo desconhecido, Em momento de perigo Foi lanterna intermitente Vinda a avivar a gente, O grupo, o homem. Com a gadanha da morte Convocou forças esquecidas, Varapaus, foices, mãos nuas, Porque só vontade é vitória, Naquele planalto distante De sorte longínqua e só. Depois, De todo desapareceu Mas ficou no coração De uns, nunca de todos. E quem detém a razão? O que vale a guerra? O que vale uma nação? O que vale a morte? E o triunfo? Hoje veneram-no, Vestem-lhe roupas delicadas Mudadas segundo a estação. Quem se lembra da nação? Da honra? Do sacrifício? Dos valores, o que nos fica? Hoje resta a tradição, Folclore da vida. Rua da Cooperativa, 27 4580-809 Lordelo Paredes TEL.: 224 447 357 [email protected] www.fundacaoalord.pt