Palavra do Grão-Mestre

Transcrição

Palavra do Grão-Mestre
Expediente
Grande Oriente do Distrito Federal,
federado ao Grande Oriente do Brasil
Grão-Mestre
Jafé Torres
Grão-Mestre Adjunto
Lucas Francisco Galdeano
Grandes secretários
Alamir Soares Ferreira
Cristiano Lodder
Fernando Alberto Santoro Autran Junior
Fernando S. de Silva Britto
Flávio Amauri Fusco
Humberto Pereira de Abreu
João de Carvalho Santos
Laélio L. de Souza
Luiz Arino da Silva
Luiz Hamilton da Silva
Mauro Magalhães Aguiar
Sylvio Santinoni
Reginaldo Pereira de Araújo
Editor-chefe
Gilberto Simonassi Corbacho
Editor-executivo e jornalista responsável
Joaquim Nogales Vasconcelos
MTB – 897/05/141/DF
Conselho editorial
Félix Fischer
José de Jesus Filho
Lecio Resende da Silva
Lucas Galdeano
Projeto gráfico, diagramação e capa
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Revisão gramatical
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Colaboradores
Johaben Camargo
Lucas Galdeano
Laélio Ladeira
Walber Coutinho Pinheiro
William Almeida de Carvalho
Redação
GODF – Grande Oriente do Distrito Federal
SQN 415 – Área para templos
70878-000 Brasília/DF
Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664
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10.000 exemplares
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Palavra do
Grão-Mestre
A Maçonaria está em festa! O Grande Oriente do Distrito Federal chega aos 40 anos com as colunas reforçadas pela energia dos obreiros
e dos veneráveis Mestres de nossas Oficinas.
Vivemos um dos períodos mais prósperos de nossa história, como
diz o historiador e Irmão Adirson Vasconcelos, que abrilhanta as páginas desta edição com uma bela reportagem sobre a história da
Maçonaria na Capital Federal.
Essa prosperidade é fruto da harmonia e da união que sempre colocamos como as colunas de nosso grão-mestrado. A família maçônica soube reconhecer nosso trabalho, reconduzindo-nos para mais
quatro anos à frente do GODF, para mais um mandato, até 2015,
com 92,9% dos votos apurados nas eleições ocorridas no último dia
12 de março.
A explicação para toda essa aprovação está no compartilhamento
de nossa administração com os Irmãos, partindo do princípio de que
o Grande Oriente do Distrito Federal pertence verdadeiramente a
todos os maçons.
Assim foram organizados os festejos que marcaram o nosso aniversário de 40 anos. Uma comissão coordenada pelo Irmão Lucas
Galdeano cuidou de todos os eventos e provou, mais uma vez, que
unidos somos fortes.
O maior sucesso que alcançamos em nosso Grão-Mestrado foi a
conscientização dos nossos veneráveis para a necessidade de fazermos essa Maçonaria diferenciada e pujante, na qual todas as
diretrizes emanam das bases, que se encontram sólidas e robustas.
Esse é o principal motivo para a duplicação dos nossos quadros de
obreiros nos últimos quatro anos.
Nós não inventamos nem guardamos segredos em nossa gestão,
apenas administramos com serenidade, ética, moral e dignidade,
que é o verdadeiro papel do homem livre e de bons costumes.
Temos certeza de que, com a ajuda do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, viveremos mais quatro anos de pujança de paz, harmonia e concórdia com a família maçônica.
Avante, Irmãos de todo o Distrito Federal, independentemente da Potência a que pertence. Unidos sempre chegaremos onde queremos!
Jafé Torres
Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal
Sumário
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Cristianismo
João Paulo II
João Paulo II – o papa peregrino
o papa peregrino
Os conceitos de Deus na história ocidental
Manuscritos do Mar Morto
Hugo Studart*
Jubileu de Prata da Loja Aleijadinho
Comunicare
40 anos do Grande Oriente do Distrito Federal
40 anos – flashes
Entrevista com um ator maçônico
O eternamente jovem Zé de Melo
Maçonaria na Capital Federal
Brasil – País rico é país sem pobreza
+4 anos para os Irmãos Jafé e Lucas
Maçonaria diferenciada
Chamado contra o câncer
Maçonaria no mundo islâmico
Rito Schröder – Um caminho do ser Maçom
Os Supremos Conselhos no Brasil do Rito Escocês Antigo e Aceito
Uma estranha realidade
A Arte Real em 5 blogs
Maçonaria Operativa gênese da Arte Real
Anita Garibaldi
“Santo subito”
O sono da biblioteca
Circulando na web/Humor
Escreva para a
Ao Zenyte.
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— exigia a multidão durante os funerais de Karol Wojtyla, em abril de 2005. Vox
populi, vox Dei — responderam os prelados católicos. Preparem-se, prezados irmãos,
pois vem aí o Papa-Santo! João Paulo II, o papa mais popular da história, acaba de
ser oficialmente beatificado pelo Vaticano. É o último estágio para sua canonização oficial. É intrigante entender o que fez desse homem alguém tão encantador.
Seis anos após sua morte, como consegue continuar mobilizando multidões? Qual
o conteúdo mágico de suas mensagens? Talvez esse papa exprimisse a esperança de
um tempo. Já escreveram que ele seria o 13º apóstolo. O Apóstolo do Novo Mundo.
Foto: ecclesiadesign.blogspot.com/
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Na
hierarquia das nações, um papa é só
um sacerdote, o chefe dos católicos,
religião praticada por 17% da população mundial.
Manda, de fato, em poucos quarteirões da cidade
de Roma (o Vaticano) e em alguns milhares de sacerdotes. Contudo, talvez pelo que pregou ou por
sua conduta pessoal, a verdade é que não houve, na
tumultuada transição do século XX para o Terceiro
Milênio, nenhum outro líder político ou religioso de
quem emanasse tanta autoridade moral. Ele foi, decerto, um dos gigantes do cenário político mundial,
como Churchill e Adenauer, talvez o último apóstolo
com visões amplas e princípios universais a apontar
para um novo mundo — daquela estirpe que gerou
Gandhi e Martin Luther King.
Por onde passava, governantes paravam para recebê-lo e multidões corriam para aclamá-lo. Reunia
legiões que ultrapassavam, com frequência, 1 milhão de pessoas. Mais de 200 milhões foram às ruas
aplaudi-lo. Antes dele, somente três homens haviam
mobilizado multidões fora da terra natal — Alexandre, o Grande, Júlio César e Jonh Kennedy. Em seu
pontificado, pronunciou 2.357 discursos no exterior,
fez 102 viagens, levou sua pregação a 129 nações,
visitou 620 cidades. O recordista anterior era o papa
Paulo VI, com 12 viagens. Somente o apóstolo Paulo
de Tarso, no início do cristianismo, havia ousado
algo semelhante, ao peregrinar por todo o Império Romano, levando sua mensagem. João Paulo II
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percorreu quase 1,2 milhão de quilômetros em linha
reta, ou 30 voltas em torno da Terra, façanha capaz
de acanhar aventureiros do quilate de Marco Polo.
Apenas dois grandes países, China e Rússia, não foram visitados por ele. Ao não conseguir autorização
para entrar na China, pregou para poucos nas ilhas
Fiji e Seychelles. E, impedido de entrar na União
Soviética, foi ao Gabão, Mali, Burkina Fasso. Constatando a miséria no Quênia, afirmou que o país
precisava de desenvolvimento econômico. Quando
comprovou as injustiças sociais e a insolvência na
América Latina, disse que “a dívida externa de um
país não poderá nunca ser paga à custa da fome e da
miséria de seu povo”. Na prática, criou um impasse
moral que acabou levando os organismos multilaterais, como o FMI, a rever seus conceitos.
Qualquer que seja o prisma pelo qual se olhe Wojtyla,
ainda que se discorde de suas ideias, há que se admitir que ele foi um dos titãs da humanidade. Mas,
afinal, qual o conteúdo de suas mensagens? Coisas
simples, nada além da pregação normal do Evangelho. Geralmente falava de justiça social, com ênfase
na ideia de que a solidariedade entre os povos e a
fraternidade entre os homens seriam o único caminho para atingir a liberdade e a igualdade. As multidões costumavam ficar estupefatas quando esse
homem vestido de branco acenava para um mundo
melhor com a mais absoluta convicção.
De resto, este sempre foi um dos segredos dos santos: conseguir impressionar os homens não pelo
aparato de armas ou de riquezas, mas pelos predicados éticos. André Frossard, ex-dirigente do Partido Comunista Francês, certa vez observou que esse
papa, vindo de Cracóvia, passara diretamente para a
Palestina, pois dizia palavras que escaparam ao abismo do tempo, como se ele fosse o 13º apóstolo.
sistas, como a de São Paulo. Impôs rígida disciplina
nas hostes canônicas e ceifou a democracia interna.
Todo o poder ao Vaticano, tudo girando em torno do
papa. Por fim, reafirmou os valores mais conservadores, como o celibato sacerdotal e a família mononuclear. Condenou o aborto, a eutanásia, a pena de
morte, a clonagem humana, a união entre homossexuais e até os preservativos.
“Ele não apenas soube falar aos católicos, mas também
se dirigiu a todos os cristãos”, explica Georges Suffert,
autor de Tu és Pedro, livro sobre a história dos pontífices. Prossegue: “Sem abandonar uma única letra do
Evangelho, ele inventou uma linguagem acessível à
imensa maioria dos viventes. Como se a maioria das
autoridades políticas e religiosas tivesse aceito, tacitamente, que esse papa exprimia as esperanças comuns
dos homens de seu tempo”.
Quanto às ovelhas, mandou deixar ir as desgarradas.
Contudo, que os sacerdotes abrigassem os divorciados e os filhos das relações pós-modernas. O cardeal
Eugênio Sales, ex-arcebispo do Rio, acredita que esse
neofundamentalismo tenha dado certo. O rebanho
teria ficado com a sensação de vigor e retidão ética,
livrando os fiéis daquela sensação de fraqueza e de
declínio que antes minava a Igreja. João Paulo II deixou o cetro de uma Igreja ainda
em crise profunda — especialmente a crise moral —, mas, em
todo o mundo, os templos voltaram a ficar cheios. No Brasil, a
Igreja cresceu 150% no reinado
de João Paulo II, tanto em número de paróquias quanto em ordenações.
“Num palco mundial dominado
por profundas divisões econômicas, nacionais e religiosas, o papa
se destacou como o único portavoz universal dos valores universais”, escreve o vaticanista Marco
Politi. “Ele ofereceu um Evangelho
de salvação e de esperança diante dos novos ídolos — egoísmo
tribal, nacionalismo exacerbado,
fundamentalismo feroz, lucro
sem preocupação com a vida humana. Ele definiu o seu tempo como talvez nenhum
outro líder o tenha feito. (…) Quando erguia a mão
para abençoar os fiéis, ela apontava para um horizonte mais vasto.”
“Domine, non
sum dignus –
Senhor, eu não
sou digno.”
João Paulo II assumiu o Vaticano numa das piores crises da história, no ápice do desprestígio político. Havia um cisma branco quase consolidado: à esquerda,
a Teologia da Libertação na América Latina tentando
enxertar no Evangelho a revolução socialista; à direita, o clero tradicionalista, que se recusava a acatar
as reformas do Concílio Vaticano II. Seu antecessor,
Paulo VI, tentou se equilibrar entre os dois polos, mas
conseguiu tão somente assistir, atônito, à fuga, em
massa, do rebanho.
Qual foi a estratégia de João Paulo II? Primeiro, excomungou a direita. Depois, amordaçou a esquerda.
Aposentou bispos e esquartejou prelazias progres-
Um de seus traços marcantes é
que esse homem jamais foi um
eremita encastelado, frágil e ascético, mas forjou sua personalidade e posições políticas nas mais duras experiências da vida. Foi soldado da resistência ao nazismo e
ator na clandestinidade. Operário, quebrava pedras
para comer. Seus biógrafos o poupam da divulgação
de duas informações: se ceifou vidas ou se provou
da carne. Tudo indica, porém, que, até os 24 anos,
tenha sido um soldado, um ator e um operário como
qualquer outro de seu tempo. Depois virou sacerdote. Agora caminha para ser um santo popular, o Papa-Santo! O que diria João sobre essa beatificação?
“Domine, non sum dignus — Senhor, eu não sou digno”, costumava repetir. Avaliemos, homens livres e de
bons costumes, se, de fato, ele não é um dos personagens mais expressivos da nossa história.
* Hugo Studart é jornalista, escritor, historiador, membro da
Loja Honra e Tradição.
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Filosofia
Os conceitos
de Deus
na história ocidental
Os
vinte e cinco séculos do
pensamento ocidental repousam, inicialmente, sobre
um imenso pilar: Sócrates.
Em torno dele acham-se os dois mais importantes
grupos de pensadores da Antiguidade, os pré-socráticos Tales de Mileto (625-547 a.C.), Anaxímenes de
Mileto (585-528 a.C.), Xenofanes Colofão (570-528
a.C.), Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), Parmênides de
Eleia (530-460 a.C), Zenão de Eleia (504-?), Demócrito
de Abdera (460-370 a.C.) e Pitágoras de Samos (580497 a.C.), e os pós-socráticos Platão (428-348 a.C.) e
Aristóteles (348-322 a.C.).
Não levamos em consideração os pensadores da Idade Média: Santo Agostinho (354-430), Santo Anselmo
(1033-1109) e São Tomás de Aquino (1225-1274), por
subordinarem a Ciência à Teologia, sendo, por isso,
mais teólogos do que filósofos.
Os pensadores modernos correspondem a um
período que vai do Renascimento aos nossos dias.
Seus principais representantes são: Baruch de
Spinosa (1622-1677), René Descartes (1590-1650),
Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716), Sir
Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-1704),
George Berkeley (1685-1753), Emanuel Kant (17241804), Johann Gottlieb Fichte (1762-1814), George
* A. R. Schmidt-Patier é obreiro da Loja Miguel Arcanjo Tolosa n.
2131, Grande Benfeitora da Ordem, membro da Academia de
Artes, Ciências e Letras do GOB e fundador da revista Egregora.
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Wilhelm Friedrich Hegel (17701831), Artur Shopenhauer (17801860) e Friedrich Wilhelm Nietzshe
(1844-1900). De todos os filósofos
aqui citados, apenas três — Descartes,
Spinosa e Leibniz — debruçaram-se sobre
os mistérios de Deus e, na tentativa de explicálos, sentiram necessidade de demonstrar
sua existência mediante provas.
O sistema Leibniz é o de uma ciência universal. Como
filósofo, sua principal contribuição é a de uma monadologia: os átomos (mônadas) são centros de força
fechados e autônomos, que formam um sistema de
evolução universal e, em consequência da harmonia
preestabelecida, atuam em consonância com esse
fim. O ponto central da harmonia universal é Deus,
primeira mônada, criadora de todas as demais. Afirmava que, graças a uma harmonia preestabelecida,
Deus teria criado o mundo de tal maneira, que sempre houve e haverá
perfeita sincronização. Como se
vê, o Deus de
Leibniz é bem
comportado
e com pouca novidade.
Foi esse aspecto da filosofia de Leibniz
que levou Voltaire a
satirizá-lo em Cândido como o ridículo Dr. Pangloss.
Descartes foi, ao mesmo tempo,
racionalista e crente. Ele atribuía
as verdades relativas a Deus à
própria Filosofia, independentemente da Revelação. Ele pode
ser considerado o fundador da
moderna Filosofia. Até a publicação do Discurso do método, a
Filosofia não passava de um epifenômeno da Teologia. Tudo isso mudou
com a publicação daquele texto. A partir do
próprio título, Descartes afirma que o Discurso
do método se destina “a bem conduzir a Razão e
descobrir a Verdade dentro da Ciência”. Com isso,
sacudiu a tutela da Teologia, ao rejeitar sua autoridade, substituindo-a pela evidência científica. A
Igreja engoliu em seco, mas engoliu. Tornou-se evidente que o Deus de Descartes era uma divindade
dos filósofos, que não tomava conhecimento das
coisas terrenas. Uma divindade desse tipo não
podia ser confundida com o Todo-Poderoso, a
quem os bons cristãos pedem ajuda para resolver seus problemas.
A novidade que permanece novidade, mesmo em nossos dias, está
contida na obra de Baruch Spinosa.
Ele foi considerado ateu, quando, de
fato, não passava de um livre-pensador. Os filósofos,
no decurso dos séculos, têm apresentado o Panteísmo sob diversas modalidades, mas foi Spinosa, em
seu Tratado Teológico-Político, que conferiu a essa
ideologia status de filosófico. Para Spinosa, o mundo é governado por leis imutáveis. Deus seria simplesmente o princípio da Lei, a soma de todas as leis
eternas existentes. Como Deus é inerente e imanente em todas as coisas, pode ser definido
como a Lei que ordena a existência delas.
Falar em atividade de Deus no
mundo era simplesmente
um modo de descrever
os princípios matemáticos e causais
da existência.
A doutrina de
Spinosa é, assim, uma nega-
A. R. Schmidt Patier*
ção absoluta da transcendência divina e da Doutrina
revelada. Spinosa era o que, na História da Arte, chamaríamos de maldito, um indivíduo que descobre as
coisas com décadas e até séculos de antecedência
e paga por isso. Com efeito, nós, hoje, concordamos
tranquilamente com o que Spinosa, há 300 anos,
afirmava contra a opinião do mundo inteiro.
A compreensão da figura de Deus foi lenta até para
os pensadores. A época de Kant coincidiu com o Iluminismo, um movimento filosófico que se caracterizava pela defesa da Ciência e da racionalidade crítica. A verdade passou a coincidir com a finitude da
Ciência. A fé ficou por conta de cada um. Prescindiu
das fontes da Revelação, utilizando somente a Razão.
São posturas que encontramos em muitos pensadores da época.
Como exemplo, pode ser citado o caso de PierreSimon de Laplace (1749-1827). Ao apresentar a Napoleão Bonaparte sua obra Mecânica celeste, o imperador comentou: “Escreves este enorme livro sobre
o sistema do Mundo, sem mencionar uma só vez
o nome do Autor do Universo”. Laplace respondeu
com uma frase que ficou famosa: “Senhor, não senti
a necessidade dessa hipótese”. Esse episódio ilustra
bem a grande mudança que ocorreu na passagem
do século XVIII para o século XIX. A Ciência proclamava, sem meias palavras, que Deus já não era mais
necessário.
Por Kant, Deus era simplesmente uma conveniência que podia ser mal usada. A ideia de um criador
sábio e onipotente poderia solapar a pesquisa científica e conduzir a uma indolente dependência de
um Deus que preenche todas as lacunas de nosso
conhecimento. Para ele, o Iluminismo representava
a libertação de sua minoridade intelectual. Deus não
seria, afinal, mais do que uma simples reprodução de
nosso pensamento. Não apenas Kant, mas todos os
seus discípulos, eram necessariamente agnósticos.
Nietzsche considerou necessário decretar a morte de Deus em alto e bom som: “Gott ist tot” (Deus
está morto). O mundo intelectual meneou a cabeça,
achando que era isso mesmo. O processo de expulsão de Deus havia começado, e cada filósofo queria
dar sua opinião sobre como isso deveria ser feito.
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Religião
Com algum atraso, estava se entrando no outono
da Modernidade. Já não se tratava de separar o
joio do trigo, porque isso já fora feito. Doravante,
qualquer coisa que desejasse ser levada em consideração teria de passar pelos laboratórios. Ideias
como a origem divina do Universo ou a vida depois
da morte foram rebaixadas à categoria de lendas,
graças ao monumental trabalho dos cientistas. Enquanto isso, mais de um bilhão de muçulmanos
vive ainda em uma espécie de Idade Média. Cinco
vezes por dia, prosternam em direção a Meca, em
sinal de respeito a “Alá clemente e misericordioso”.
Se, diante disso, os europeus sorriem, são compelidos a refletir sobre o quanto lhes custou essa
superioridade sobre os orientais. Depois de uma
Guerra de 30 anos e uma enorme proliferação de
seitas protestantes, a ideia de um Deus pessoal e
transcendente havia se tornado cada vez mais inaceitável e acabou surgindo em seu lugar a Deusa
Razão.
Manuscritos do Mar Morto
Palavras que mudaram o mundo
Laélio Ladeira*
A
maior e mais importante descoberta arqueológica do século XX, a coletânea dos
Manuscritos do Mar Morto, encontrada em
Qumran, no final de 1946 e início de 1947,
trouxe uma grande revelação e subsídio à exegese
cristã, explicando e esclarecendo vários pontos relativos à Sagrada Escritura e confirmando a veracidade
dos textos bíblicos que circulam hoje.
O achado ocorreu quando um jovem pastor beduíno
da tribo dos Tamirés, chamado Mohammed Ahmed
el-Hamed, alcunhado de ed-Dib — o Lobo, acompanhado de dois outros pastores, Khalil Musa e Juma
Mahoma Khalil, encontrou uma caverna e, nela, jarros cerâmicos de argila com rolos de manuscritos, ao
longo da falésia que margeia o mar Morto, a cerca de
doze quilômetros da bíblica cidade de Jericó e a 22
quilômetros a leste de Jerusalém.
Darwin deu também sua contribuição. Em sua obra
A decadência do homem e a Seleção sexual inclui
também o homem na evolução. O homem perdeu,
assim, sua posição privilegiada no nexo dos seres
vivos. Já não aparecia como criado diretamente
por Deus, mas como um produto da descendência
biológica universal, ficando reduzido a uma espécie de animal ao lado de muitas outras.
O jovem pastor e seus dois amigos, não sabendo do
que se tratava, levaram os rolos para o antiquário
Abraham Lylia de Belém, para ser examinado. O antiquário, temendo que os documentos fossem roubados de alguma sinagoga, devolveu-os em seguida.
Se diante de tudo isso devemos continuar considerando como muito importantes sistemas tradicionais como a Maçonaria, devemos considerar como
tão ou mais importante do que ela um sistema
de leis naturais e autonecessárias propostas por
Baruch Spinosa e que corresponde a uma postura
agnóstica. É um modo de pensar que acolhe todas
as respostas verificáveis pela Ciência, sem recusar
a possibilidade da existência de uma Razão Suprema, que organiza todas as relações existentes no
Universo.
No início de 1947, os três pastores encontraram mais
quatro rolos de pergaminhos na mesma caverna e
venderam três deles ao reitor da Universidade Hebraica de Jerusalém, doutor E. L. Sukenik.
Ainda em 1947, o Mosteiro sírio-ortodoxo de São
Marcos adquiriu outros quatro manuscritos dos beduínos. Os monges tentaram, sem sucesso, com vários estudiosos, identificar os manuscritos. Entraram
Nota do autor
A. P. Sinnett, em Budismo esotérico, inclui o homem na
descendência biológica universal. Ele não teria sido criado por Deus, mas surgiu entre os demais animais, com a
Razão despertada. O autor é adepto da Teosofia.
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Manuscrito do livro de Levítico em hebraico
encontrado em Qumran, datado entre 30 a.C. e 68
d.C.
* Laélio Ladeira, ex-professor da Universidade de Brasília, do
Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha do Rio de
Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro
é o atual Sumo Sacerdote (High Priest) do Tabernáculo Brasília
236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira.
em contato com John C. Trevor, da entidade americana American School of Oriental Research. Os pergaminhos, foram analisados e comparados ao papiro
Nash, encontrado em 1920 por W.L. Nash, no Egito,
nos arredores de Fayum. Verificou-se que os manuscritos eram extremamente parecidos com o texto do
século II a.C.
Em 1948, os Manuscritos do Mar Morto foram detalhadamente analisados e sua autenticidade atestada.
Verificou-se que são de um período que se estende
do século III a.C. ao primeiro século da era cristã. Os
manuscritos são em hebraico, aramaico e grego.
A Bíblia, o livro mais divulgado, traduzido e difundido no mundo, é considerado sagrado e de grande
importância para a humanidade. Os idiomas grego,
hebraico e aramaico foram utilizados nos seus escritos e ensinamentos, entretanto, não existe nenhuma
versão original do manuscrito da Bíblia, só cópias de
cópias. Os livros originais se perderam no tempo. As
traduções fidedignas da Bíblia baseiam-se nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram
encontradas graças às descobertas arqueológicas.
Presume-se que a primeira tradução do Antigo Testamento foi elaborada entre 200 e 300 anos antes de
Cristo. Foi traduzido para o grego, que era a língua
mais usada na época. Os manuscritos atestam a admirável exatidão nas traduções dos textos bíblicos
para o grego, latim e hebraico.
A partir da primeira descoberta, foram encontrados
mais de 900 textos. A maior parte em pergaminhos,
alguns em papiros e um gravado em cobre. O precioso material estava oculto em onze cavernas nas
redondezas de Wadi Qumran. Livros bíblicos, entre
eles Salmos, Deuteronômio, Isaías e Gênesis, foram
achados em grande número.
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Loja em foco
Especialistas acrescentam: “Trata-se de documentos
escritos há mais de dois mil anos, quando Jesus e o
cristianismo nasceram. Eles incluem textos bíblicos,
apócrifos e comentários sobre a Bíblia. Dizem da origem comum dos judeus e dos cristãos. É verdade que
não existem entre eles cópias no Novo Testamento,
simplesmente porque o Novo Testamento foi compilado depois que os manuscritos foram escondidos
nas cavernas”.
Determinar em que época foram redigidos os Manuscritos do Mar Morto não é tão difícil quanto estabelecer, com segurança, quais foram os autores.
A chamada tese essênia é a mais amplamente aceita
no mundo acadêmico. Segundo seus defensores, os
Manuscritos do Mar Morto foram enterrados quando, no ano de 68 d.C., o monastério de Qumran foi
totalmente destruído em uma devastadora investida
do exército romano, que arrasou a Judeia e destruiu
Jerusalém em 70 d.C.
O ataque era dirigido aos judeus zelotes, membros
de antiga seita religiosa judia de caráter radical, mais
rígidos que os fariseus, que se sublevaram contra o
domínio romano. Qumran não era uma fortaleza e
foi presa fácil para as legiões de César. Muitos essênios fugiram para a fortaleza de Massada, localizada
no alto de uma colina, onde foram massacrados, em
73, pelos soldados romanos.
Os documentos foram originalmente identificados como provindos dos essênios pelo professor
Sukenik, depois que leu a primeira cópia das Regras
da Comunidade. Ele notou a clara semelhança com
os essênios mencionados por Flávio Josefo em sua
obra A guerra dos judeus.
Nesse livro, Josefo descreve os três rumos principais
do judaísmo no fim do primeiro século. Menciona os
fariseus, os saduceus e os essênios. A descrição que
Josefo faz dos essênios é muito parecida com o que
esse grupo narra sobre si mesmo.
Nos manuscritos, todavia, não há nenhuma referência específica aos essênios. O grupo que escreveu os
manuscritos chama a si mesmo de yahad, que, em
hebraico, significa “o conjunto, a comunidade”. Quando falam de si mesmos, eles sempre descrevem seu
modo de viver e suas crenças. Constituem um grupo
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muito piedoso, que decidiu sair da vida de Jerusalém, porque Jerusalém se tinha corrompido.
Contudo, não é certo que os membros desse grupo
tenham sido os autores de todos os documentos. Os
textos bíblicos e os apócrifos podem ter sido compilados ou escritos por outros. Esse grupo ou qualquer
outro pode ter recolhido todos esses manuscritos
e tê-los escondido nas cavernas. Há outras teorias
defendendo que os manuscritos seriam parte da biblioteca do Templo. Outros afirmam que se trata de
escritos oriundos de diversos grupos de fiéis.
Os manuscritos encontrados englobam mais do que
os livros canônicos. Há grande variedade de escritos
desconhecidos. Isso desperta o interesse dos pesquisadores e estudiosos da matéria.
Como exemplo desses textos não canônicos é citado
o chamado Barkhi Napshi, um salmo apócrifo que
está em sintonia com as escrituras canônicas, mas
que não era conhecido anteriormente.
Seja qual for a origem dos Manuscritos do Mar Morto, não cabe duvidar de seu imenso valor e da urgente necessidade de sua preservação e restauração. Por
causa do clima, da temperatura e da falta de luz, eles
se conservaram e atravessaram os séculos. Quando
foram retirados das cavernas, a deterioração natural
começou ou continuou, e eles se fragmentaram em
uma enorme quantidade de pedaços. São 900 documentos divididos em milhares e milhares de fragmentos.
É fundamental que toda a matéria seja publicada e
também é indispensável preservar os manuscritos
para a posteridade. Essa é a tarefa do Departamento de Antiguidade de Israel. É um processo que vem
sendo tratado e estudado por mais de 20 anos. Para
os leitores que queiram se aprofundar no assunto, indicamos os textos oficiais publicados na série
Discoveries in the Judean Desert (DJD) pela Universidade de Oxford , em 39 volumes.
As palavras escritas pela Bíblia são comuns a todos
nós. São pronunciamentos nos quais milhões de
pessoas no mundo creem, sejam judeus, cristãos ou
muçulmanos; portanto, são verdadeiramente palavras que mudaram o mundo.
Mesa da Sessäo Magna comemorativa dos 25 anos de
fundação da Loja Aleijadinho: Grão-Mestre-Geral do GOB,
soberano Marcos José da Silva; venerável Mestre da Oficina,
Reginaldo Gusmão de Albuquerque; Grão-Mestre do GODF,
eminente Jafé Torres, e Grão-Mestre da GLMDF, sereníssimo
Juvenal Amaral. Na extrema esquerda, Irmão Lázaro Inácio
Ferreira. Brasília, 8 de dezembro de 2010.
Jubileu de Prata da Loja Aleijadinho
Reginaldo Gusmão de Albuquerque*
Em
2006, após 21 anos sob os auspícios
da Muito Respeitável Grande Loja
Maçônica de Brasília, a Augusta e
Respeitável Loja Simbólica Antônio Francisco Lisboa,
conhecida como Loja Aleijadinho, foi regularizada no
Grande Oriente do Distrito Federal – GODF, federado
ao Grande Oriente do Brasil – GOB.
Fundada em 21 de julho de 1985, a Loja Aleijadinho
decidiu, no dia 12 de agosto de 2006, desligar-se da
Grande Loja. Na mesma ocasião, a Loja deliberou solicitar sua incorporação ao GODF.
Em 16 de agosto, o Grão-Mestre da Grande Loja reconheceu a legalidade do desligamento com a expedição do Ato 027/2005-2008, por meio do qual
considerou cumpridas as exigências constitucionais.
O citado Ato foi publicado no Boletim Informativo
116 daquela Potência.
* Reginaldo Gusmão de Albuquerque foi venerável Mestre da Loja
Aleijadinho por três mandatos consecutivos, de 20/05/2006 a
02/06/2011, sendo sucedido no cargo por José Ricardo Filho.
O pedido de incorporação ao GODF/GOB foi formulado em 21 de agosto de 2006 por meio da Prancha
06/2006-2007, enviada ao eminente Grão-Mestre do
GODF, respeitável Ir. Hélio Pereira Leite.
No dia 31 de agosto de 2006, o Grão-Mestre-Geral
do GOB, soberano Ir. Laelso Rodrigues, expediu o
Ato 6.325 deferindo o pedido de Regularização da
Loja, sendo registrada no Cadastro Geral de Lojas
com o título distintivo de Augusta e Respeitável Loja
Simbólica Antônio Francisco Lisboa n. 3.793, sendo
também expedida sua Carta Constitutiva.
A Sessão Magna de Regularização da Loja teve lugar
no Templo do GODF, no dia 23 de setembro de 2006,
local onde a Loja se reúne até hoje.
Em 2010, a Loja Aleijadinho completou 25 anos de
existência. O Jubileu de Prata da Loja foi marcado por
Sessão Magna Festiva, em dezembro daquele ano.
Previamente, a assembleia da Loja instituiu, com a
aprovação do soberano Grão-Mestre-Geral do GOB,
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2º Vigilante: José Ricardo Filho;
a Medalha do Mérito Aleijadinho, para homenagear
personalidade que contribuíram com o desenvolvimento da Oficina desde sua fundação. Foi aprovado o Regulamento para Concessão da Medalha
do Mérito “Aleijadinho” e, na mesma Sessão — em
27/10/2010 —, foram aprovados os nomes dos homenageados.
hh
Orador: Herbert Drummond;
hh
Secretário: João Felipe du Pin Calmon;
hh
Tesoureiro: Áureo Francisco da Silva;
hh
Chanceler: Divino Valério Martins.
No último ano, o engajamento da Loja nos projetos do GODF possibilitou o aumento do número de
obreiros e o crescimento da qualidade das ações desenvolvidas interna e externamente.
A referida Sessão Magna Festiva traduziu-se em um
evento significativo, oportunidade em que a Loja
Aleijadinho contribuiu para o congraçamento conjunto de membros e dirigentes do GOB, do GODF e
da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. Além
disso, contou com a participação de familiares e convidados não maçons.
As ações sociais e paramaçônicas trouxeram a oportunidade de levar obreiros da Aleijadinho a participarem, com destaque, em setores diversos, cada um
dentro de sua vocação.
Atualmente, a Loja conta com o efetivo de 41 obreiros, sendo sua diretoria integrada pelos Irmãos a seguir nomeados:
hh
Venerável Mestre: Reginaldo Gusmão de
Albuquerque;
hh
1º Vigilante: Mário do Nascimento Gomes;
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2
3
O resultado geral das atividades desenvolvidas pela
Loja Aleijadinho, onde se insere a efeméride de seus
25 anos de existência, proporcionou uma evolução
no contexto da jurisdição do GODF, que resultou em
perfeita integração desta Oficina com as diretrizes
emanadas do GODF/GOB.
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2
1
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ao
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Nas fotos 1, 2 e 3, o venerável Mestre da Loja Antônio
Franciso Lisboa, Reginaldo Gusmão de Albuquerque,
agraciando com a Medalha do Mérito Aleijadinho os
Irmãos Jafé Torres, eminente Grão-Mestre do GODF;
Luiz Gonzaga da Rocha, fundador e ex-venerável da
Loja Aleijadinho e padrinho na Maçonaria do venerável
Mestre Reginaldo; e o sereníssimo Grão-Mestre da
GLMDF, Juvenal Amaral. No total, 25 personalidades
foram homenageadas com a Medalha do Mérito
Aleijadinho. Na foto 4, momento solene da Sessão
Magna em Homenagem ao Jubileu de Prata da Loja
Aleijadinho, realizada em 8 de dezembro de 2010.
3
6
7
1. A presidente da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, Maria do Carmo Sales, agradece a Medalha do Mérito Aleijadinho,
recebida em reconhecimento pelos valorosos serviços prestados à entidade; 2. Mário do Nascimento Gomes, Reginaldo
Gusmão de Albuquerque e José Ricardo Filho; 3. Marcos Aurélio de Abreu, Rodrigo Linhares Drummond e Sebastião Marcelo
Chaves de Cequeira Cavalcante; 4. José David de Oliveira e esposa, Max de Almeida Nóbrega e esposa, Reginaldo Gusmão de
Albuquerque e esposa, Décio Bottechia Júnior e esposa; 5. Luiz Arino, secretário de educação e cultura do GODF, e esposa,
Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto do GODF, e esposa, e Juscelino Cunha e esposa; 6. Jairo Torquato de Oliveira e esposa, o
sobrinho Luiz Carlos Ferreira Júnior e a noiva, Luiz Carlos Inácio Ferreira e a esposa, Luiz Gonzaga da Rocha (de pé), a sobrinha
Jéssica Ferreira e o noivo e José Ricardo Filho e esposa; 7. Osvaldo Joaquim de Souza, Herbert Drummond, Reginaldo Gusmão
de Albuquerque, Dalvo Werner Friedrich e Aloísio Bastos Sales.
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13
Força jovem
O Irmão Vítor Andrade é o novo coordenador de projetos da Secretaria da Juventude do Governo do Distrito
Federal. Como delegado da Federação Brasileira dos Trabalhadores em Instituições de Ensino Particular do Brasil,
Vítor integrou a chapa vencedora, que disputou as eleições do Sindicato dos Professores de Escolas Particulares
do DF (Simproep-DF) em abril.
Joaquim Nogales
A favor da modernidade
O senador Ir. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) ocupou a tribuna do Senado para parabenizar
o GODF pelo seu 40º aniversário. Frisou que "A Maçonaria
vive um momento em que
precisa, de fato, sintonizar-se
com o século XXI, modernizarse e mostrar para a sociedade
o que faz. E só faz o bem”.
Carta de Manaus
O VIII Encontro dos Grão-Mestres do Norte/Nordeste, realizado
em Manaus, 21 de abril, divulgou documento com uma série de
reivindicações que prometem abalar as estruturas do Grande
Oriente do Brasil, caso venham a ser implantadas. A mais polêmica é a instalação de “um Quarto Poder — o Poder Iniciático
da Ordem, com o objetivo de instalar uma Teocracia Democrática”. O documento só não explicou o que vem a ser isso.
Bem-vindo
O embaixador do Congo no Brasil,
Aimé Clovis Guillond, é obreiro
da Loja Luzes da Ribalta, que se
regularizou junto ao GODF em
maio. Guillond também é Grande
Mestre de Relações Exteriores do
Grand Orient ec Loges Associeés
du Congo.
Autor e obra
O artista Ir. José Luiz Pereira, especialista em Heráldica, é o autor do selo
e da medalha comemorativa dos 40
anos do GODF e também de muitas
logomarcas maçônicas.
Templo novo
Taxa chinesa
A Loja Gonçalves Lêdo promoveu, no
dia 5 de maio, bela cerimônia de sagração de seu novo templo, localizado
na EPTG. A revista Ao Zenyte parabeniza o venerável Edno Luiz Talamonte e
todos os obreiros da Oficina.
A exaltação de nada menos que 11 Irmãos no dia 25
de abril, na Loja Areópago de Brasília, é mais uma prova de que a Maçonaria brasileira, especialmente no
Oriente do DF, cresce as taxas chinesas, como afirmou
o pesquisador William Carvalho, em artigo publicado
na edição 9 da revista Ao Zenyte.
Estado X Religião
A palestra Estado laico brasileiro
e o Tratado com o Vaticano, da
professora Debora Diniz, da UnB,
realizada na Academia Maçônica de Letras do DF, no início de
abril, foi uma das mais polêmicas
já promovidas pela instituição.
A professora demoliu o acordo
entre o Brasil e o Vaticano para
permitir o ensino confessional nas escolas públicas brasileiras. Segundo ela, a União aprovou o
tratado, mas delegou aos estados autoridade para estabelecer o conteúdo da disciplina. Além
disso, para Débora, ensinar religião em escola pública fere o princípio laico do Estado e, por essa
razão, o acordo é inconstitucional.
Sem pobreza
Entrevista
O autor desta coluna entrevistou o ator maçom John Vaz,
autor e protagonista da peça
“Dom Pedro I”. O local escolhido foi o delicioso ristorante
Buongustaio, no Lago Norte. A
entrevista está na página 22.
Templo de estudos
O ex-Grão-Mestre do GODF,
Hélio Pereira Leite, lançou,
no dia 5 de maio, o livro/
compêndio intitulado 100
Peças de Arquitetura.
As causas da miséria e sua superação é o mais novo livro do Mestre Ulisses Riedel, lançado em
março, na biblioteca do Senado
Federal. Ao mesmo tempo, Riedel iniciou o Movimento Brasil
sem Pobreza (página 30) com a
participação da CNBB, OAB, entidades empresariais, sindicatos
de trabalhadores e Maçonaria,
entre outras instituições.
Bônus construção criado pelo GOB
em 1981, para erguer o Palácio Maçônico do Poder Central em Brasília.
Comemoração
Carros antigos e motocicletas
Na ensolarada manhã do dia 17, realizou-se memorável exposição de carros antigos e motocicletas no
estacionamento da sede do GODF, na SQN 415, em
Brasília, com a participação do Clube do Fusca e Carros Antigos de Brasília e do Moto-Clube dos Bodes
do Asfalto. Destaque para a iniciativa de organização
do Ir. José Marlinoélio de Aguiar Pontes, venerável
Mestre da Loja Acácia da Montanha 3249. A exposição representou ainda a abertura dos templos do
GODF à comunidade em geral.
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Luiz Arino e William Almeida de Carvalho*
comemorações alusivas ao 40º
ano de fundação do Grande Oriente do Distrito Federal – GODF, de
16 a 21 de abril, contaram com a
expressiva participação da família maçônica e convidados da sociedade em geral.
A palestra sobre os 40 Anos do GODF, proferida pelo
Ir. Adirson Vasconcelos na Sessão Magna da Loja de
Pesquisas Maçônicas do GODF, dia 16, deu partida
aos festejos comemorativos. O conferencista, privilegiada testemunha ocular da história, discorreu
com brilhantismo sobre os 40 anos de GODF e sobre
* Luiz Arino é secretário de Educação e Cultura do GODF.
William Almeida de Carvalho é presidente da Academia Maçônica de Letras do DF e venerável Mestre da Loja de Pesquisa do GODF.
16
ao
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seu relacionamento com o ex-presidente Juscelino
Kubitschek. Personalidades do mundo maçônico
presentes foram relembradas dos fatos históricos na
palestra magistral. As perguntas demonstraram o interesse que envolve o tema.
No dia 17 de abril, o Grande Oriente do Distrito Federal promoveu uma exposição de automóveis antigos como
parte dos festejos comemorativos de seus 40 anos, com o apoio do Clube do Fusca e Carros Antigos de Brasília e
do Moto Clube Bodes do Asfalto. 1. O Ford de 1928 é inegavelmente maçônico; 2. O Grão-Mestre Adjunto, Lucas
Galdeano, experimenta uma Romizeta; 3. Três Irmãos pioneiros na Capital Federal: Renes Mauro e seu pai José
Carlos de Souza e Adirson Vasconcelos; 4 e 5. Os Bodes do Asfalto, que, na hora do click, entoaram o mantra da
confraria: Bééééééééeé!.
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Sessão Magna pública
O ponto culminante das comemorações ocorreu em 19 de abril, na Sessão Magna realizada
no Templo Nobre do GOB. Entre os convidados
especiais, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro César Peluso, e o vice-governador
do Distrito Federal, Irmão Tadeu Filippelli.
Após palestra proferida pelo jornalista Adirson
Vasconcelos sobre a história do Grande Oriente
do Distrito Federal, deu-se o ato solene de entrega de comendas comemorativas dos 40 anos
para 40 agraciados, entre eles, o presidente do
STF, o vice-governador, os ex-Grão-Mestres do
GODF, autoridades maçônicas e Lojas Fundadoras do GODF e do Museu “Ariovaldo Vulcano”. Em
seguida, discursaram o Grão-Mestre Jafé Torres,
o presidente do STF e o vice-governador.
A parte artístico-musical ficou a cargo do maestro Ir. Marden Maluf, que regeu a banda da Aeronáutica no Hino Nacional e no Hino do GODF,
de sua autoria, tanto música quanto letra, executada pela primeira vez em audição mundial.
Outros números também encantaram a plateia,
como as gaitas de fole escocesas dos gaiteiros
do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), que
entoaram músicas populares brasileiras, como
“Muié rendera”.
Peça teatral
A apresentação da peça de teatro do artista e Ir. John Vaz sobre o
papel de D. Pedro I na Maçonaria, no Teatro dos Bancários, dia 20,
permitiu o reconhecimento de importantes fatos históricos que
cercam o protagonista da nossa Independência. No final, a plateia
ovacionou de pé o renomado artista, jornalista e historiador. Trabalhando há 23 anos como ator, é especialista em fazer peças sobre
personalidades históricas, como o seringueiro Chico Mendes, o presidente Bossa Nova JK e o guerrilheiro Che Guevara. Carioca nascido
em Botafogo, começou sua carreira após assistir a uma peça sobre
o poeta e ator francês Antonin Artaud. Nessa peça, quem estava em
cena era o ator sul-mato-grossense Rubens Corrêa. Seus primeiros
personagens no teatro foram pessoas que tinham problemas psiquiátricos (Van Gogh, Nietzsche, Althusser e Artaud). Entre os anos
de 1999 e 2007, foi o coordenador do Teatro Museu da República.
John Vaz tem viajado por todo o Brasil, Portugal e diversos países da América Latina, apresentando suas peças sobre D. Pedro I e
Jacques Demolay. Foi o evento artístico-teatral da comemoração.
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Criado em 1993, o grupo "Bula do riso" é formado por voluntários maiores de 18 anos. No início, o grupo atuava somente no Hospital
Universitário de Brasília (HUB), hoje, o grupo atua em outros hospitais do DF e do entorno, deixando por onde passa um rastro de
alegria e esperança. O lema do Bula: “Sorrir pode ser o melhor remédio”.
Ação social
No dia 21 pela manhã, o GODF realizou ação social
no Hospital Regional da Asa Norte – HRAN. Coordenada pelo Grão-Mestre Adjunto, Ir. Lucas Galdeano,
e pela presidente da Fraternidade Feminina Cruzeiro
do Sul do DF, cunhada Maria do Carmo de Oliveira
Sales, a ação compreendeu visitas à enfermaria e à
ala de pacientes em observação da pediatria, com a
participação de palhaços, que animaram as crianças
em espetáculo quase circense.
Na ocasião, jovens estudantes voluntários do ensino
superior formaram o “Bula do riso”, trazendo entretenimento às crianças internadas e acompanhantes.
As mães e os pais que acompanhavam as crianças,
com lágrimas nos olhos, agradeceram, por diversas
vezes, a grandeza do gesto solidário.
O GODF distribuiu brinquedos e ovos de Páscoa. Foi
muito emocionante perceber a alegria e o sorriso estampados na face daquelas crianças. Extremamente
gratificante para todos que lá compareceram. Louvase o trabalho dos médicos, paramédicos, funcionários da administração, seguranças e o pessoal da limpeza daquela unidade hospitalar da rede pública de
saúde, também presenteados com chocolates.
Este evento encerrou com “chave de ouro” os festejos
comemorativos dos 40 anos do GODF.
Preserve a segurança no que se constrói ao longo do tempo!
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alerta.
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Homenagem
Entrevista com um
ator maçônico
J
ohn Vaz é um ator experiente. Em 23
anos de carreira, especializou-se em interpretar personagens históricos. Sobre
Dom Pedro I diz ter orgulho de mostrar
que o Imperador foi, antes de tudo, um carioca.
Ao Zenyte – Qual a diferença entre ser somente um
ator e um ator maçom?
John Vaz – Ser maçom é fácil, se tiver amor à pátria, se for justo e presente na família, se praticar
ações nas áreas sociais e tremer de indignação
com a miséria. Já ser ator não é nada fácil. Vivemos
em um país capitalista e isso basta para você ser
massacrado por um sistema que privilegia os que
são indicados ou apadrinhados para fazer um trabalho ou conseguir um patrocínio na área privada
ou do governo. Ser ator e maçom é uma forma que
tenho de estar dentro de um processo de mudança da Ordem. É preciso que sejamos mais iguais e
menos pomposos, afinal não falamos sempre em
liberdade, fraternidade e igualdade?
Ao Zenyte – Em que a Maçonaria influenciou sua carreia artística?
John Vaz – Eu já era ator quando entrei para a maçonaria em 97 e não houve influência alguma antes
nem depois. Ultimamente tenho feito trabalhos que
têm como pano de fundo a história da Maçonaria.
Deu certo com o sucesso de “Dom Pedro I” e agora,
Joaquim Nogales*
no mesmo caminho, estou com novo espetáculo sobre os Templários, no qual interpreto Jacques de Molay, em montagem sobre o fim dessa Ordem.
Ao Zenyte – Como a classe artística vê a Maçonaria
e por quê, em sua opinião, temos poucos atores maçons?
John Vaz – A classe artística, em linhas gerais, se
preocupa mais com seus próprios problemas. Não
observa, questiona ou se manifesta sobre assuntos
além de seu meio. O pensamento e a atitude burgueses predominam na classe, e a vaidade está bem
presente no dia a dia. Óbvio que há exceções, como
em tudo. Mas isso vai mudar, nem que demore 4 mil
anos, mas muda, sim.
Ao Zenyte – O que o levou a escrever a peça “Dom
Pedro I” e qual a mensagem que deseja transmitir
com ela?
John Vaz – A prefeitura do Rio patrocinou eventos
sobre os 200 anos da chegada ao Brasil da Familia
Real, e eu trouxe algo inédito sobre a vida maçônica
de Dom Pedro I. Tudo que se fez na mídia e nos palcos sobre ele foi com o caráter de deboche, escracho
e piada. Essa montagem teve o objetivo de mostrar,
por onde passei (40 cidades em 9 estados brasileiros), algo histórico, biográfico, inédito sobre Dom
Pedro I e toda a história de sua família.
Atuação nas áreas:
tributária, bancária e empresarial
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ao
enyte
SRTV qd. 701, bl. A, sala 330
Fone: (61) 3321-2535
Brasília – DF
E-mail: [email protected]
Melo
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Z
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j
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O eternament
C
onheci o nosso preclaro Irmão José de
Melo e Silva em meados de 1995, quando do nascimento das Classes Musicais
do Grande Oriente do Brasil, em 17 de
junho, circunstância em que a majestosa 5ª Sinfonia
de Beethoven ressoou integral no Oriente do Grande Templo do GOB, na festa dos seus 173 anos.
As características de Zé de Melo eram de imediato
singulares. Pessoa magra, espigada, ágil e de olhos
muito vivos e — em que pesem os seus mais de 70
anos de idade quando o conhecemos — manifestava em todos os gestos muita perspicácia e precisão,
tudo aureolado por um sincero, luminoso e constante sorriso.
À sua maneira e conforme as circunstâncias permitiam, Zé de Melo era o exemplo acabado da vocação política, naquilo que uma vocação tem de mais
puro. Vivia sempre interessadíssimo em tudo o que
estava acontecendo e, no exercício de sua vocação,
sempre envolvido, de alguma forma, em tudo que
poderia acontecer. Daí ser eternamente deputado
em assembleias distritais e federais; ser venerável
* Marden Maluf é maestro, fundador e diretor artístico das Classes Musicais do Grande Oriente do Brasil e membro da Loja
Aurora de Brasília.
Marden Maluf *
como condutor do destino de Lojas; ser Grão-Mestre
do GODF, possivelmente como o grande responsável
pela reunificação histórica da Maçonaria no Distrito
Federal e ser fundador de Oficinas, por acreditar que
cada Loja criada poderia aumentar a percepção geral quanto à atuação da Maçonaria. Sempre em ação,
sempre em atividade, fosse qual fosse o momento e
a circunstância.
O tempo e as vicissitudes não conseguiram esmaecer o deslumbre juvenil de Zé de Melo perante a vida
e as possibilidades auroreantes e heroicas de seus
horizontes. Não por acaso, foi o grande idealizador e
fundador de uma Loja que traz o nome de Aurora de
Brasília, cuja conhecida pujança é resultante legítima
daquele DNA espiritual radiante de Zé de Melo, propício a gerar sóis metafísicos que iluminam pedaços
do universo onde quer que se estabeleçam.
Zé de Melo era um jovem. Viveu jovem e morreu
jovem. Nós, as Classes Musicais do Grande Oriente
do Brasil, jamais esqueceremos o momento em que
Zé de Melo, há poucas semanas de seu falecimento,
entusiasmado por nossa atuação musical no mundo
maçônico, telefonou-nos de Goiânia, onde morava,
no horário comercial de um dia útil, para simplesmente nos dizer: “Muito bem, Maluf! Siga em frente!
A Maçonaria precisa das Classes Musicais!”.
ao
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23
Reportagem
cheguei em 2 de maio de 1957, para cobrir jornalisticamente o início das obras de Brasília.
Poderíamos também evocar a interação da Maçonaria com Brasília e o movimento de interiorização da Capital
nas ações dos maçons Joaquim
José da Silva Xavier, o Tiradentes (1889-1891); Hipólito José da
Costa (1888-1822); José Bonifácio
(1823); Rui Barbosa; Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto (18891891); Lauro Müller (1889-1891) e
outros.
Mas o que importa, no momento, é destacar o episódio de 1971,
quando foi oficialmente criado o
Grande Oriente do Distrito Federal, para congregar as lojas maçônicas existentes no DF, em número de 13.
Maçonaria na Capital Federal
Adirson Vasconcelos *
21
de abril lembra-nos Tiradentes, Tancredo
Neves e Brasília, que foi inaugurada no
dia 21 de abril de 1960. E nos lembra também a criação do Grande Oriente do Distrito Federal, no dia 21 de abril de 1971,
portanto, há 40 anos, como nos recorda, neste abril
de 2011, a família maçônica brasiliense. Um marco
histórico nos propósitos de servir e de evolução humana, que a Maçonaria tem consubstanciado através dos ideais de igualdade de direitos, liberdade de
pensamento e fraternidade universal, fundamentos
basilares dos objetivos maçônicos desde priscas
* Adirson Vasconcelos é autor do livro A História da Maçonaria
em Brasília e membro das Lojas Aurora de Brasília e Renascença Maranhense.
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eras. No meu livro A História da Maçonaria em Brasília (2007), focalizo detalhadamente esses e outros
assuntos.
Vale trazer à memória que a caminhada dos maçons
em prol de Brasília vem de tempos bem mais remotos que 1971.
Quando as obras de construção da nova Capital se
iniciavam no Planalto goiano, em 1957, os maçons
fincaram suas bandeiras na primeira hora. Em 14
de maio de 1957, fundaram a Loja Maçônica Estrela
de Brasília, o primeiro templo brasiliense de culto a
Deus, que os maçons denominam de Grande Arquiteto do Universo. Os nomes de Dirceu Torres e Joffre
Mozart Parada tiveram destaque na construção desse momento marcante. Vivi esse tempo, pois aqui
zart Parada, Edístio Carlos Fernandes, Nelson Trancoso Meireles, Elico Gomes de Oliveira Filho, João
Pelles, Aloysio Araruna de Almeida, Geraldo Rodrigues dos Santos.
A semente fora plantada. E um
marco também fincado com a
criação do Conselho de Veneráveis do Distrito Federal para a
formação do Grande Oriente do
Distrito Federal, composto pelos
presidentes das oito Lojas existentes: Estrela de Brasília (1957),
União e Silêncio (1962), Fraternidade e Justiça (1962), Atalaia de
Brasília (1963), Acácia do Planalto (1965), Obreiros do Planalto
(1965), Aurora de Brasília (1965) e
Luz e Fraternidade (1965).
Joffre Mozart
Todavia, convém advertir que
para chegar a essa decisão de
1971, alguns passos anteriores tiveram de ser dados para a criação
do GODF.
O mais significativo ocorreu em
1966. Visitava Brasília o soberano
Grão-Mestre Álvaro Palmeira, a
convite da Universidade de Brasília (UnB), para proferir palestra
sobre a educação no Brasil.
Em encontro com os maçons
brasilienses, Álvaro Palmeira enfatizou a importância e a necessidade de Brasília ter seu Oriente
Maçônico, para melhor administrar os trabalhos das Lojas e dos
obreiros.
Passados alguns anos, finalmente, em 1971, Brasília possuía treze
Lojas maçônicas instaladas. O dia
21 de abril é significativo para a
Maçonaria por lembrar Tiradentes, seu obreiro e mártir da Independência pátria e o primeiro a
propor a interiorização da Capital
do Brasil (1789).
As Lojas, em número de treze, firmam um documento conjunto,
criam seu Grande Oriente e assumem o compromisso de mantêlo como organismo administrativo e incentivador de toda a ação
dos obreiros da Arte Real no território do DF.
O templo da Aurora de Brasília foi
escolhido para sede do GODF. Em
21 de junho, o Conselho Federal
Dirceu Torres
reconheceu a criação do GODF.
O soberano Grão-Mestre Moacyr
Nessas tratativas com o soberano Grão-Mestre Ál- Dinamarco autorizou, em 26 de abril de 1972, a insvaro Palmeira, destaca-se a participação de uma talação do Grande Oriente brasiliense.
plêiade de maçons atuantes e dedicados, notadamente José de Melo e Silva, Dirceu Torres, Joffre Mo-
Foi eleito o primeiro Grão-Mestre do Distrito Federal,
o maçom Celso Clarimundo da Fonseca, tendo como
ao
enyte
25
seu Adjunto o maçom Francisco Pinheiro Brandes,
ambos empossados em 18 de novembro de 1972.
Galeria dos Grão-Mestres do Grande Oriente do Distrito Federal
Os Grão-Mestres do DF
Ao longo do tempo, de 1972 aos nossos dias, o Grande Oriente do Distrito Federal tem sido dirigido pelos seguintes Grão-Mestres e seus Adjuntos:
hh
Celso Clarimundo da Fonseca (1) e seu Adjunto
Francisco Pinheiro Brandes (1972-1975);
hh
José de Melo e Silva (2) e seu Adjunto Benjamim
Goldenberg (1975-1978);
hh
Lourival Abadia Juvenal de Almeida (3) e seu
Adjunto Nelson Rabelo Júnior (1978-1981);
1
2
3
4
hh
Benjamin Goldenberg (4) e seu Adjunto Erasmo
da Silveira (1981-1984);
hh
Ildacy Silvério Borges (5) e seu Adjunto Albertino
José Ribeiro (1984-1987);
hh
Vanderlan Moreira Santos (6) e seu Adjunto
Orlandino Alves de Araújo (de 1987 a 1991);
hh
Marcos José Muniz (7) e seu Adjunto João Correia
Silva Filho (de 1991-1995);
hh
João Correia Silva Filho (8) e seu Adjunto Manoel
Tavares da Silva Neto (1995-1998);
hh
Manoel Tavares da Silva Neto (9) (de 1998-1999);
5
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7
8
hh
João Correia Silva Filho (8) e seu Adjunto Joseli
Dato (1999-2003);
hh
Hélio Pereira Leite (10) e seu Adjunto Jair Felix da
Silva (2003-2006);
hh
Jafé Torres (11) e seu Adjunto Lucas Galdeano
(2007-2011), reeleito em 2011.
Um momento difícil, de cisão
De 1973 a 1985, o Grande Oriente do Distrito Federal
viveu uma fase muito difícil.
Nesses 12 anos, esteve desfiliado do poder central
maçônico, isto é, do Grande Oriente do Brasil-GOB,
a quem fora federado. Isso se deu por causa da cisão político-administrativa ocorrida em consequência de discordâncias com os resultados das eleições
para o Grão-Mestrado nacional, ao qual concorreram
os maçons Osmane Vieira Resende e Athos Vieira de
Andrade.
26
ao
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9
10
Outros Orientes estaduais também contestaram a
proclamação do resultado, com os quais constituíram
os maçons brasilienses uma nova obediência maçônica nacional com a denominação de Colégio dos
Grão-Mestres da Maçonaria do Brasil. Uma cisão
político-administrativa de cúpula. Os obreiros, de
um modo geral, mantiveram-se unidos. Uma cisão
11
desconfortável e comprometedora da tradição, dos
ideais e das filosofias pregadas pela Sublime Ordem.
Felizmente, o maçom goiano Jair Assis Ribeiro, ao ser
eleito soberano Grão-Mestre em 1984, tomou a iniciativa de chamar a todos para um amplo entendimento,
o que se efetivou através das gestões do seu Adjunto,
Moacyr Salles, que pregou e articulou um Tratado de
Unificação, o qual teve a valiosa e abnegada participação de todos os veneráveis Mestres das Lojas maçônicas do DF.
Como fator favorável à unificação, é importante destacar a transferência da administração do Grande
Oriente do Brasil, o GOB, do Rio de Janeiro para Brasília, no ano de 1978, que fortaleceu muito as colunas
dos maçons brasilienses e o prestígio da Ordem no
Distrito Federal. O autor da façanha foi outro maçom
goiano, o soberano Grão-Mestre Osíris Teixeira. O
GOB se instalou no mesmo terreno da Loja Estrela de
Brasília, em pleno Plano Piloto de Brasília, na Avenida
W5, quadra 913 Sul.
Na década de 1980, duas entidades paramaçônicas
foram fundadas no DF e, pelo trabalho que desenvolveram, deram grande projeção às ações da Ordem
na Capital Federal: a Ação Paramaçônica Juvenil-APJ,
fundada em 1983, e a Academia Maçônica de Letras
do DF, em 1985.
A Ação Paramaçônica Juvenil foi regulamentada
e passou a funcionar a partir de 1985, quando o
soberano Grão-Mestre Jair Assis Ribeiro a instalou
e lhe deu condições de funcionamento, designando para dirigi-la o maçom e escritor Adison do
Amaral.
A Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal
— AMLDF nasceu em 1985, com o propósito de
congregar maçons dedicados ao saber intelectual
membros das duas obediências: Grande Oriente do
Brasil – GOB e Sereníssimas Grandes Lojas Maçônicas – GLMs, com o intuito de promover a integração
maçônica pelos seus pensadores mais destacados.
Hoje, nos 40 anos do GODF, a Academia é dirigida
pelo maçom William Carvalho, tendo como antecessores José Carlos Gentili (fundador), José Adirson de
Vasconcelos, Jayme Soares Albuquerque, Adison do
Amaral, Elano Ribeiro Freire, Guilherme Fagundes de
Oliveira, Leon Frejda Sklarowsky, Júlio Capilé, Luiz
Gonzaga da Rocha e Hélio Pereira Leite.
No ano de 1989, a AMLDF promoveu o congresso
maçônico intitulado A Maçonaria de ontem e do amanhã, reunindo obreiros de todo o país em Brasília,
durante três dias. Presentes à instalação os três dirigentes das três potências nacionais — o soberano
Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil – GOB, o
ao
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27
presidente da Confederação Nacional da Maçonaria Simbólica do Brasil e o presidente do Colégio do
Grão-Mestrado da Maçonaria Brasileira — e os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do jornal Correio Braziliense.
Vivendo os 40 anos
Hoje, em 2011, a Maçonaria brasiliense vive um momento feliz! É Grão-Mestre o maçom Jafé Torres, tendo como seu Adjunto Lucas Francisco Galdeano, recentemente reeleitos para novo mandato até 2015.
Um amplo programa de trabalho antecedeu o horizonte hoje vivido. A partir de junho de 2007, quando
assumiram, Jafé Torres e Lucas Galdeano traçaram
um plano de metas, com o apoio dos veneráveis
Mestres, que pode ser
medido nas realizações
alcançadas, como a reestruturação administrativa
do GODF e a informatização de todos os procedimentos, com a implantação da computação
em todas as 73 lojas da
jurisdição e ingresso na
internet.
base, a presença da Maçonaria em eventos da sociedade, a realização anual do Festival de massas a
partir de 2008 e as promoções sociais que ajudam
na maior interação e convívio da família maçônica,
pois são eventos que têm contado com a participação de mais de mil maçons e familiares.
Não se pode esquecer tampouco os atos públicos de
grande repercussão, como a Homenagem às Forças
Armadas, no Auditório Pedro Calmon, o Abraço ao
Supremo Tribunal Federal, juntamente com a OAB/
DF (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção DF) e
outras entidades, em defesa de Brasília e contra a intervenção federal, a Campanha da ficha limpa e do
Natal da fraternidade, através da Fundação Gonçalves Ledo, que envolveu também outras entidades
sociofilantrópicas.
No âmbito das entidades
paramaçônicas, salientase o apoio às Associações
Paramaçônicas Juvenis –
APJs, o fortalecimento da
Fraternidade Feminina e
o incentivo à Academia
Maçônica de Letras do
DF, marco de integração
e unificação da Maçonaria
brasiliense, que proporEntre outras metas que
cionou mais entrosamenmerecem destaque, a
to do GODF com a Serecriação da revista triníssima Grande Loja Mamestral Ao Zenyte, com
tiragem de 10 mil exem- Adirson Vasconcelos iniciou os festejos dos 40 anos de criação çônica do Distrito Federal.
do GODF com palestra na Loja de Pesquisa.
Por todos esses esforços,
plares; a reforma geral
o quadro de Mestres mada fachada do edifício
çons subiu de 935, em 2007, para 2.016, em 2011.
sede; a implantação do templo nobre e a reforma
dos três templos instalados no edifício sede para
Daí a propriedade do pensamento do Grão-Mestre
abrigar 22 oficinas maçônicas; a criação da Loja
Jafé Torres: “O êxito de nossa administração está
Maçônica Francisco Murilo Pinto, em homenagem
no fortalecimento das bases, das nossas Lojas, pois
ao soberano Grão-Mestre, autor do Compasso para
sem elas não chegaríamos a lugar nenhum. Além
o futuro e de tantos outros méritos; a revitalização
disso, está também o bom entendimento com os
do Baile do maçom e a promoção do Natal da famíPoderes Legislativo e Judiciário, somando-se a molia maçônica.
tivação ao bom relacionamento dos Irmãos, cunhadas e sobrinhos”.
Há também que se ressaltarem as comemorações
anuais e homenagens ao Dia do Maçom em casas
do Congresso Nacional e na Câmara Legislativa do
Distrito Federal, a preocupação com o ensino de
28
ao
enyte
Álbum de família
Vive a Maçonaria brasiliense um momento feliz no
40º aniversário de criação do Grande Oriente do DF,
o GODF.
Barracão onde funcionou a primeira Loja do DF, Estrela de
Brasília, fundada em 14/05/1957, com os IIr. Dolisor Faria França,
Fernando Sabino Júnior, José Paulo Sarkis, Otacílio Álvaro Pinto,
José Carlos Souza, Olívio Rosa (proprietário do barracão), Dirceu
Torres (sentado) e seu filho Luiz.
A mesa diretora do congresso A Maçonaria de Ontem
e do Amanhã era formada por altas autoridades da
República. No detalhe ao lado, o presidente do Senado,
senador Nelson Carneiro, o presidente do evento,
Ir. Adirson Vasconcelos, e o presidente da Câmara,
deputado Paes de Andrade.
O historiador Adirson Vasconcelos e o eternamente jovem José
de Melo.
Início da construção do palácio do Poder Central, na 913 Sul. À
direita, o engenheiro Geraldo Rodrigues dos Santos, delegado
do soberano Grão-Mestre do GOB em Brasília.
ao
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PA Í S R I CO É PA Í S S E M P O B R E Z A
Uma organização social justa e perfeita não pode
permitir a existência de pobreza, que se expressa,
ainda mais tristemente, nos extremos representados
pela pobreza absoluta. As causas desse infortúnio
não estão distantes de cada um de nós: originam-se
no egoísmo humano, no individualismo sem limites,
no salve-se quem puder, no patrimonialismo, no
consumismo exacerbado prevalentes na sociedade.
É necessário reconhecer que a riqueza material existente no mundo é mais do que suficiente para que
todos os habitantes do planeta dela se alimentem
em harmonia. A felicidade, o bem-estar do homem,
não reside na posse de bens além do necessário para
sua sobrevivência digna.
Há um provérbio que diz: “Quem quer dispor de
segurança deve cuidar para que seus vizinhos não
* Ulisses Riedel é fundador do Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar – DIAP, presidente da ONG União Planetária e MM das Lojas Areópago, Honra e Tradição e Loja de
Pesquisas.
anos pa
ra os
Ulisses Riedel*
morram de fome”. Mesmo examinando a questão de
um ponto de vista pessoal, sem humanismo, há alta
impropriedade naquele que pensa que seu bem-estar se restringe ao atendimento dos seus interesses
materiais, sem preocupação com seus “vizinhos”. O
grau de insegurança em que vivemos, especialmente nas grandes cidades, é fruto do não atendimento
das necessidades básicas de muitos de nós, homens,
mulheres e crianças.
Na democracia que conhecemos, predomina a liberdade de competir, não de cooperar. No corpo humano, todos os órgãos se completam, se integram, se
apoiam mutuamente e, assim também, na sociedade
humana, é imprescindível a cooperação e a solidariedade entre os homens. Recorrendo às lições da mãe
natureza, vemos pássaros, insetos, árvores, plantas,
flores, que se integram em uma rede invisível de cooperação, que resulta no equilíbrio harmonioso da
natureza.
A prática de uma democracia cooperativa e solidária requer que todos sejam responsáveis pela globalidade, em que mulheres e homens adultos sintam
todas as crianças como seus filhos e filhas e todas
as idosas e idosos como suas mães e pais. Precisamos nos tratar como iguais e com a noção plena e
o entendimento profundo de que, para alcançarmos
tal ideal, é preciso criar uma consciência coletiva e,
como decorrência, compreender que um país rico
verdadeiramente é um país sem pobreza.
Irmãos Jafé e Lucas
A chapa formada pelos Irmãos Jafé Torres, Grão-Mestre, e Lucas Francisco Galdeano, Grão-Mestre Adjunto, conquistou 92,9% dos votos válidos nas eleições,
para dirigentes do Grande Oriente do Distrito Federal, realizadas no dia 12 de março, por mais 4 anos,
até 2015.
O resultado confirmou o favoritismo da dupla, que já
vem administrando o GODF desde 2007. Nesse período, os Irmãos Jafé e Lucas implantaram uma política enérgica de renovação dos quadros da Ordem,
com a dispensa de taxas para iniciações, filiações e
regularizações de maçons.
“Inicialmente, o GODF perde essas receitas, que serão
recompensadas pelo regular pagamento das mensalidades da taxa anual de obreiros devida”, assinalam
os relatórios anuais endereçados pelo Executivo do
GODF à Poderosa Assembleia Distrital Legislativa –
PADL, com solicitações para a renovação da Lei que
criou as isenções, aprovada, primeiramente, em 2008.
Outra política implantada pela administração Jafé/
Lucas que agradou profundamente a família maçônica foi a de ouvir periodicamente os veneráveis
Mestres das Lojas do GODF. Todos os eventos promovidos pelo Grande Oriente do DF são debatidos
em reuniões prévias com os veneráveis.
Essa participação dos veneráveis foi fundamental
para o GODF realizar, em 2010, a campanha NATAL
DA FRATERNIDADE, em parceria com a Fundação
Gonçalves Ledo e o Correio Braziliense, além de três
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ao
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Foto: Jo
A
escolha do lema “País rico é país sem pobreza”, em substituição ao anterior “Brasil para todos”, denota a prioridade em
que o novo governo balizará suas ações
para extirpar a injustiça, a desigualdade
social e a miséria ainda presentes, infelizmente, entre os brasileiros.
+4
Eleições
aquim N
ogales
Social
festivais de massa em homenagem aos Dias das
Mães e os já tradicionais bailes anuais dos maçons.
No XVIII Baile do maçom, em 2010, mais de duas mil
pessoas lotaram o salão de festas do Grande Oriente
do Brasil.
Com o apoio dos veneráveis, Jafé e Lucas conseguiram reformar os templos do edifício sede do
GODF, na SQN 415. Para isso, as Lojas Fraternidade
Brasiliense 2.300, Cavaleiros da Fraternidade 2.315
e Obreiros do Planalto 2.323, que eram possuidoras
de 60% da sede do GODF, após a aprovação das respectivas Assembléias Gerais, doaram suas cotas ao
Grão-Mestrado.
Na administração Jafé/Lucas, o GODF também implantou o Curso de Pós-Graduação de História da
Maçonaria em parceria com a Centro Universitário do
Distrito Federal – UDF e apoiou os eventos da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal – AMLDF.
O resultado do Grão-Mestrado pode ser medido
em números. Em 31/12/2007, o quadro de Obreiros
do GODF registrava o total de 1.906 maçons regulares em atividade. Esse número saltou para 2.227
em 31/12/2008; 2.304 em 31/12/2009; e 2.422 em
31/12/2010.
Com esses números, nada mais natural que a dupla
Jafé/Lucas tenha conquistado novo mandato, afinal,
maçom ou não maçom, ninguém gosta de mexer em
time que está ganhando.
J.N.
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31
Diplomação
Maçonaria diferenciada
Uma Sessão de diplomação de um Grão-Mestrado geralmente é uma sessão com poucos convidados, na qual os integrantes do Tribunal Eleitoral
oficializam a vitória da chapa vencedora no sufrágio realizado.
A sessão magna para a diplomação dos Irmãos Jafé Torres e Lucas
Galdeano como dirigentes eleitos do Grande Oriente do Distrito Federal
para o período 2011/2015, realizada no dia 30 de maio, porém, contou
com a participação de mais de 400 pessoas, entre Irmãos e convidados.
Faltou espaço no Templo Nobre do GODF.
A cerimônia teve a presença de 69 veneráveis Mestres da Jurisdição do
GODF. Na oportunidade, eles receberam os diplomas "Honra Quem Honra", uma homenagem da diretoria do GODF aos dirigentes das Oficinas
sob sua jurisdição. Presentes, também, representantes do Ministério Público e da Assembleia Distrital Legislativa Macônica, entre eles o presidente da ADLM, Irmão Manoel Tavares.
A coordenação musical da sessão ficou a cargo do Irmão maestro Mardem Maluf, que regeu o Hino Nacional Brasileiro e o Hino do GODF, cuja
letra e melodia são de sua autoria.
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ao
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Terceiro setor
Chamado contra o cân
ÄÄ detecção precoce dos tumores malignos mais
cer
comuns, para se identificar e acompanhar clinicamente indivíduos integrantes de grupos de risco,
propensos ao desenvolvimento de câncer;
ÄÄ maior acessibilidade aos programas de prevenção,
ao diagnóstico precoce e ao tratamento do câncer;
ÄÄ apoio biopsicossocial aos pacientes de câncer
por voluntários dispostos a atuar decisivamente na recuperação dos doentes, provendo apoio
psicológico, emocional e material aos pacientes
e familiares.
Esses cinco pontos cardeais constituem a base da filosofia de trabalho do Hospital Amaral Carvalho, instituição de referência oncológica que mais realizou
intervenções cirúrgicas pelo SUS no estado de São
Paulo, para extirpação de tumores em 2010, precisamente 18.713 cirurgias. Também foi o hospital que
realizou o maior número de transplantes alogênicos
(de maior complexidade) de medula óssea no ano
passado, respondendo por 25% do total dos procedimentos desse tipo realizados no Brasil.
Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro*
A
maioria das doenças degenerativas sistêmicas chamadas de câncer pode ter cura
ou transformar-se em doenças crônicas,
com prolongamento da vida com qualidade ao alcance dos pacientes. Apenas alguns tumores
malignos extremamente agressivos são letais. Eles
formam o segundo grupo de doenças mais mortíferas conhecidas pelo homem. Estima-se que, a cada
ano, 12 milhões de pessoas sejam diagnosticadas
com algum tipo de câncer no mundo e, no mesmo
período, mais de 7 milhões morram em consequência dessas doenças.
óbitos registrados no país. Algo em torno de 130 mil
mortes por ano, ou seja, quase quatro vezes mais do
que as mortes provocadas por acidentes de trânsito. E a tendência, infelizmente, é que esse quadro
se agrave com o envelhecimento da população e as
dificuldades de acesso ao diagnóstico precoce e ao
tratamento do câncer, o que eleva a mortalidade em
decorrência de tumores.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer – INCA calcula a ocorrência de cerca de 490 mil novos diagnósticos de câncer por ano. O grupo constituído por
neoplasias responde por aproximadamente 15% dos
ÄÄ campanhas educacionais estimulando hábitos e
* Antonio Luís Cesarino de Moraes Navarro é Diretor Superintendente da Fundação Amaral Carvalho e presidente da Federação Brasileira das Entidades de Combate ao Câncer – FEBEC.
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Fundado em Jaú, no interior paulista, em 1915, o
Hospital Amaral Carvalho conta hoje com 376 leitos
(12 UTIs) e cerca de 1.900 funcionários. Com larga experiência no combate ao câncer, o Amaral Carvalho
desenvolveu centenas de procedimentos clínicos
para o tratamento de diversos tumores. Em todos
eles, dois são comprovadamente essenciais: a garantia de acesso ao tratamento médico e o apoio biopsicossocial ao paciente.
O sucesso do tratamento contra o câncer está umbilicalmente ligado à assistência social. De pouco vale
o diagnóstico da doença se o paciente não obtiver
meios de acesso ao tratamento adequado. Também
surtirá muito pouco efeito se se tratar um paciente
no hospital e ele, ao retornar à sua casa, não tiver
condições de manter uma alimentação saudável,
não dispuser de recursos para adquirir os remédios
necessários ou, ainda, se não contar com cuidados
especiais que a recuperação reclama.
Dos 75 mil pacientes anuais do Amaral Carvalho, 95%
são atendidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS e
muitos não têm condições de se alimentar adequadamente ou são originários de cidades distantes,
não tendo condições de pagar transporte ou hotel
na cidade de Jaú. (O hospital atende a pacientes de
aproximadamente 900 cidades, sendo metade deles paulistas e a outra metade dos quatro cantos do
país.)
A boa notícia é que é possível, sim, reduzir esses
números se adotarmos uma política de combate ao
câncer lastreada em cinco pontos fundamentais:
Para contornar essas dificuldades, em meados dos
anos 90, a direção do hospital criou, com a colaboração de voluntários, casas de apoio para hospedar, na
cidade de Jaú, pacientes visitantes em tratamento
e seus familiares. Atualmente, essas casas de apoio
oferecem, de graça, em média, 65 mil diárias de hotelaria por ano. Em 2010, elas forneceram cerca de
325 mil refeições, também gratuitamente.
alimentação mais saudáveis, com a consequente
redução do consumo de produtos potencialmente cancerígenos;
ÄÄ campanhas de prevenção voltadas à população
em geral sobre a necessidade de exames periódicos
para detecção de potenciais tumores malignos;
Um dos vários laboratórios de pesquisa do HAC.
A pediatria oncológica do HAC é referência nacional e conta
com amplo espaço lúdico para as crianças.
Esses expressivos números de atenção à saúde foram
alcançados graças à atuação dos núcleos de voluntáao
enyte
35
rios no combate ao câncer, cuja organização a direção
do Amaral Carvalho apoiou em meados dos anos 90.
Hoje existem 97 desses grupos, que congregam aproximadamente 4 mil voluntários, que atendem a 350
municípios. Outros mil voluntários não estão ainda
organizados em núcleos, mas sua atuação tem contribuído para salvar vidas.
A equipe do Hospital Amaral Carvalho constatou que
a assistência prestada por esses voluntários resulta
em sobrevida de 12,4% para os pacientes de câncer.
Em outras palavras, nos grupos de pacientes assistidos por voluntários, há 12,4% de casos de cura ou
sobrevida acima de 5 anos a mais do que em grupos
não assistidos. São os voluntários que oferecem apoio
psicológico e emocional, que garantem os remédios
nas horas certas, a alimentação balanceada, enfim,
que dão esperança de vida e suporte material aos pacientes assistidos e às suas famílias.
Para difundir essas e outras experiências de sucesso
comprovado no tratamento oncológico aos agentes
de saúde de todo o país, a Fundação Amaral Carvalho
– FAC, provedora do hospital, apoiou decisivamente
a criação da Federação Brasileira das Entidades de
Combate ao Câncer – Febec em 2008.
No ano passado, a Febec deu um grande passo na
educação e na prevenção contra o câncer, ao firmar
parceira com a Editora Andreato, que publica, com
sucesso, o Almanaque Brasil de cultura popular desde
1999, para elaboração de revista voltada exclusivamente à promoção de saúde: o Almanaque de cultura e saúde. Pelo acordo, a Editora Andreato elabora o
conteúdo da revista, e os recursos provenientes de
assinaturas são revertidos à Febec para campanhas
contra o câncer.
Após décadas de estudo e pesquisa, pode-se dizer,
cientificamente, que o tratamento de câncer é mais
eficaz com a devida assistência social ao paciente
e que a solidariedade humana é, de fato, poderoso
agente contra as neoplasias mais temerosas que conhecemos. Com essa constatação, rogamos ao leitor
que fique atento a futuras campanhas de combate
ao câncer, pois será chamado a demonstrar solidariedade, a qual será decisiva para a preservação da
vida de milhares de pacientes que enfrentam nosso
arqui-inimigo: o câncer.
Hospital Amaral
Carvalho
Domingos Pereira de
Carvalho
Anna Marcelina Pereira
de Carvalho
De maternidade a referência nacional no tratamento oncológico
O Hospital Amaral Carvalho foi inaugurado em Jaú, a 296 km da capital,
São Paulo, no dia de Natal, 25 de dezembro de 1915. Preocupados com
o alto índice de mortalidade infantil
e das parturientes na época, Domingos e Anna Marcelina Pereira de
Carvalho, casal que, além de dono
de cafezais era proprietário do Banco Paulista e acionista da Estrada de
Ferro Paulista, doaram a maternidade para gestantes carentes e apoio
às crianças.
Quase 45 anos se passaram e a então
Maternidade de Jahu (antiga ortografia do nome da cidade) eleva sua
categoria para hospital geral, na époVista aérea da cidade de Jaú com o Hospital Amaral Carvalho em destaque.
ca, de grande importância para a região, com outra denominação: Hospital Amaral Carvalho. Em 1960, a primeira clínica de tumores do estado de São Paulo, vinculada ao Hospital
AC Camargo de São Paulo, o então Hospital Amaral Carvalho transformou-se em hospital de especialidade
oncológica e, hoje, é referência no país em tratamento e pesquisa do câncer.
O Departamento de Medicina Nuclear do Hospital Amaral
Carvalho dispõe do moderno equipamento PET-CT, que une a
imagem de tomografia por emissão de pósitrons com a imagem
obtida por meio da tomografia computadorizada convencional
36
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de alta definição. Essa fusão de imagens possibilita a detecção
e localização precisa de lesões em todo o corpo do paciente,
permitindo o diagnóstico precoce de tumores de pequenas
proporções ou de novos focos da doença.
Em função das características socioeconômicas do paciente do HAC, foram criadas, na década de 90, casas
de apoio gratuitas para hospedagem e alimentação de pacientes visitantes em Jaú, além do Espaço Cultural
Amaral Carvalho, para apoio psicosociocultural.
ao
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37
Internacional
Líbano
Síria
Tunísia
Iraque
Israel
Jordânia
Kuwait
Egito
William Almeida de Carvalho*
ela é vista e praticada no mundo árabemuçulmano. Para tanto, vamos
nos ater aos especialistas da área,
principalmente aos IIr. Kent Henderson,
da Austrália, e Celil Layiktez, da Turquia, ambos
publicados no maior portal maçônico do mundo:
http://www.free-masons-freemasonry.com/ e no
portal islâmico-maçom: http:// www.grandorientarabe.org/.
Um dos maiores orientalistas ocidentais — professor
Bernard Lewis, inventor do conceito do “choque de
civilizações” e defensor da invasão norte-americana
no Iraque — acreditava que havia um defeito irremediável na cultura árabe-muçulmana: a resistência
visceral à mudança, que condenaria este mundo à
exclusão da modernidade. “A doutrina ocidental do
direito de resistir a um mau governo é estranha ao
pensamento islâmico”.
Existe certa má vontade em relação à Maçonaria nos
países islâmicos. Razões históricas e correntes estão
na raiz desse descontentamento.
Como a existência da Maçonaria está vinculada a
um processo de modernização no Ocidente e a um
prenúncio de Iluminismo, já é hora de se ver como
* William Almeida de Carvalho é economista, cientista político, historiador, presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito
Federal e venerável Mestre da Loja de Pesquisa do GODF.
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U.A.E
Líbia
recentes acontecimentos de
mobilização política no norte
da África e no Oriente Médio,
que culminaram nas quedas dos
presidentes Zine el-Abidine Ben Ali, da Tunísia, e
Hosni Mubarak, do Egito, em março, e no início de
uma guerra civil na Líbia do coronel Muamar Kadafi,
trouxeram para a agenda mundial os dilemas e as
contradições da cultura política do mundo árabemuçulmano.
Com os acontecimentos em janeiro e fevereiro deste
ano, este mundo começa a ser inserido no processo
político de modernização e de mudança. Culturas
que não vivenciaram o processo iluminista — que
separou os poderes do Estado das religiões — começam a exigir liberdade, democracia, direitos e respeito à coisa pública.
Arábia Saudita
Quatar
Um pouco de História
Os maçons escoceses estabeleceram a primeira loja
no Oriente Médio em Aden, em 1850, seguida de
uma loja na Palestina, em 1873. O grande avanço,
todavia, surgiu no começo do século XX, com lojas
no Iraque, logo após a 1ª Guerra Mundial, mas com
percalços. Somente em Israel a Maçonaria desabrochou com ênfase e, em menor extensão, no Líbano.
Em 1925, foi criada a Loja Jordan #1339 na Jordânia
pelos escoceses, e as Lojas Militares James R. Jones
#172 e Pernell Cooper #177, ambas sob jurisdição
da Grande Loja Prince Hall de Oklahoma, que se
reuniam na base militar norte-americana no Golfo
Pérsico.
As lojas — com cartas patentes inglesas — no Iraque, Yemen (Aden) e outras na península Arábica
foram extintas como resultado de fortes pressões
políticas e religiosas.
Oman
Lojas com cartas patentes alemãs foram
criadas na Arábia Saudita,
mas não se reuniam e tiveram futuro incerto. No Irã, que
chegou a possuir uma Grande
Loja, a instituição foi destruída,
gerando uma das grandes tragédias maçônicas.
Yemen
No norte da África, as criações e
percalços foram semelhantes. A Maçonaria chegou ao Marrocos na década dos 60 e lá ficou até o século XIX. Existem registros de uma loja
escocesa em 1902 e de uma inglesa em 1927. Posteriormente, ambas
se mudaram para Gibraltar.
Em 1967, constitui-se uma Grande Loja no Marrocos, desaparecida alguns anos depois. A Grande Loja Nacional Francesa (GLNF) expediu
cartas patentes para três lojas no Marrocos em 30 de junho de 1997:
Casablanca, Rabat e Marrakesh. A GLNF conseguiu permissão do governo do Marrocos para erigir lojas, visto que proibia terminantemente discussões políticas e religiosas em suas lojas.
Argélia, Líbia e Tunísia tiveram lojas durante seu período colonial.
O caso do Egito é emblemático. Suas primeiras lojas datam do início
do século XIX, com as primeiras cartas patentes vindas da França e
da Alemanha. Ainda na década de 60, começaram a aparecer as cartas patentes inglesas, escocesas e italianas. No período posterior à II
Guerra Mundial, os escoceses tinham três lojas sob sua jurisdição, e
os ingleses 14, sendo que a mais velha, a Loja Bulwer do Cairo #1068,
havia sido iniciada em 1865, sob a jurisdição da Grande Loja Distrital,
formada em 1899.
Sultão (maçom) Otomano
Mehmed V (1917)
ao
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Uma Grande Loja Nacional no Egito era a Obediência
Predominante e costumava ter problemas de relacionamento com a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Suas lojas trabalhavam em diversas línguas: árabe,
grego, francês, italiano, hebraico e alemão.
A ascensão do Movimento Nacionalista no Egito,
com chegada ao poder do presidente, levou a Maçonaria a ser proibida em meados da década de 1950.
A Maçonaria e o Islã
A pergunta central se impõe: Por que existe uma relação conflituosa entre os países islâmicos em geral
e os árabes em particular?
Nos países ocidentais, o movimento iluminista serviu
também para cortar os caninos das grandes religiões
monoteístas, domesticando-as e separando-as do
Estado, que se tornou mais laico, e a religião transformou-se em assunto privado, garantido pelo Estado.
No Islã, que ainda está em fase pré-iluminista, a religião domina quase integralmente todas as esferas do
poder. O movimento de mobilização política a que se
assiste atualmente, centrado nas redes sociais, começa a desmontar a reserva de mercado religioso.
No Ocidente, a Igreja Católica foi a mais tenaz opositora das ideias iluministas em seu início, principalmente nos países de monopólio católico, como as
bulas papais condenatórias sempre demonstraram
nos séculos XVIII e XIX, mas hoje ela já começa a conviver em paz com esses princípios.
Os países do Islã não possuem um Vaticano, ou seja,
uma estrutura centralizada, mas, desde meados do
século XIX, proliferam os artigos, atos e decretos
condenatórios à Maçonaria.
Um dos mais influentes corpos consultivos para promulgar e interpretar a Lei Islâmica é o Colégio Jurisdicional Islâmico (CJI), da Universidade El-Azhar no
Cairo. O CJI, em 15 de julho de 1978, exarou uma
“bula” condenatória sobre a “Organização Maçônica”.
Sinteticamente, o Supremo Conselho do CJI dizia o
seguinte:
Após uma exaustiva pesquisa concernente à esta
organização, baseado em textos escritos de diversas fontes, nós determinamos:
A Maçonaria é uma organização clandestina, que
esconde ou revela seu sistema, dependendo das
40
ao
enyte
circunstâncias. Seus atuais princípios são escondidos de seus membros, exceto para aqueles escolhidos de seus graus superiores.
Os membros da organização, mundialmente são
recrutados entre homens, sem preferência por religião, fé ou seita.
A organização atrai membros no intuito de providenciar benefícios pessoais. Arranja para que sejam politicamente ativos e seus fins são injustos.
Novos membros participam de cerimônias com diferentes nomes e símbolos, temerosos de desobedecer a seus regulamentos e ordens.
Normalmente os membros são livres de praticar
sua religião, mas somente aqueles que são ateus
são promovidos aos mais altos graus, baseados no
afã de quererem servir aos seus perigosos princípios e planos.
É uma organização essencialmente política. Serviu
a todas as revoluções, às transformações militares
e políticas e em todas as perigosas mudanças uma
relação desta organização aparece, ora explícita, ora
velada.
É uma organização judaica em suas raízes. Seu alto
corpo diretivo secreto internacional é judeu e promove atividades sionistas.
Entre os seus objetivos primordiais está o de desviar e confundir o espírito de todas as religiões, inclusive separando os muçulmanos do Islã.
Tenta recrutar pessoas influentes no mundo financeiro, político, social e científico para utilizá-los.
Não considera candidatos aqueles que não possa
utilizar. Recruta reis, primeiros-ministros, altos funcionários públicos e
indivíduos similares.
Tem fachadas sob diferentes nomes
como camuflagem para que o povo
não possa rastrear suas atividades, especialmente se o nome
“Maçonaria” possui oposição.
Essas fachadas escondidas são
conhecidas como Lions, Rotary
e outros. Perseguem perversos
princípios,
completamente
opostos às regras do Islã. Existe clara relação entre a MaçoJuiz Ragheb Idris Bey,
ex-governador de Kalioubieh,
Grão-Mestre e Soberano
Comendador do Egito.
naria, o Judaísmo e o Sionismo Internacional. Tem
controlado as atividades dos altos funcionários árabes, no tocante ao problema palestino. Tem limitado seus deveres, obrigações e atividades, em benefício do Judaísmo e do Sionismo Internacional.
Assim, dado que a Maçonaria traz em si perigosas
atividades, ela é um grande perigo, com princípios
iníquos, que o Sínodo Jurisdicional determina que
a Maçonaria é uma perigosa e destrutiva organização. Qualquer muçulmano que se afilie, sabendo a
verdade de seus objetivos, é um infiel do Islã.
Conclusão
Esses 10 pontos, apesar de seus absurdos e inverdades,
representam para o Islã mais fundamentalista as principais causas da antipatia em relação à Maçonaria.
O Islã mais exposto aos valores da modernidade despreza tais “bulas” condenatórias. Acredita-se que, na
medida em que o Islã se modernize econômica e politicamente, a Maçonaria, assim como outras instituições não islâmicas, possam conviver em paz em um
mundo mais tolerante.
Evidente que as cargas históricas não são fáceis de ser
removidas. Colonialismo, conflito com Israel, aversão
aos imperialismos, atraso econômico e tecnológico
etc. são sérios óbices a uma cultura mais tolerante.
A política dos EUA em relação aos países islâmicos
tem também boa chance de mudar, pois a lição da
história de 1848 até 1989 é que levantes tornam-se
virais e ricocheteiam de país a país. A mensagem
transmitida pela Praça Tahir é a seguinte: os egípcios
experimentaram o nasserismo, o islamismo e agora querem experimentar o sistema representativo
aberto, sem copiar os países do Atlântico norte, pois
isso deve ecoar entre os árabes e também no Irã.
Querem sair do dilema mortal das últimas décadas:
uma “estabilidade” envolvendo o “ancien régime” de
Mubarak ou uma “instabilidade” que deve ser evitada a qualquer custo.
O recentíssimo fenômeno social das redes sociais
— Facebook, Twitter etc. — pode lubrificar os mecanismos de revolta em países esclerosados pelas ditaduras de uma Era dos extremos, de Hobsbawn, que,
parece, está sendo erodida. Tudo leva a crer que os
ditadores analógicos, aqueles que faziam discursos
absurdamente longos no rádio e na TV, começam a
Loja Maçônica no Cairo, em 1940,
sob o retrato do Rei Farouk.
minguar. Na geração dos autocratas 2.0, os pronunciamentos cabem em 140 caracteres, porque todo
ditador que se preze tem hoje um perfil no Twitter.
O Egito tem atualmente dois rumos a seguir e ambos
são instáveis. Em um deles, o movimento pelo sistema representativo sucumbe, e o Egito se transforma
em um imenso Paquistão; no outro, também há, necessariamente, instabilidade, com as dores de parto
da modernidade política e institucional em um sistema aberto, como na Indonésia e na África do Sul.
A comunidade internacional, apesar da constatação
de muitos países terem sido colonizadores e outros estarem de olho no petróleo do Oriente Médio,
pode ajudar, e muito, o mundo islâmico a recuperar
sua autoestima e sepultar, de uma vez por todas, seu
complexo de vitimização.
Os novos ventos soprados no Magreb — liberdade, igualdade e fraternidade — são indicadores de
novos tempos esperançosos pós-Al Qaeda, pois a
liberdade não é um valor que só os países cultos e
evoluídos prezam. Como bem frisou o mestre Mário
Vargas Llosa: “Massas desinformadas, discriminadas
e exploradas também podem, às vezes por caminhos
tortuosos, descobrir que a liberdade não é um ente
retórico desprovido de substância, mas uma chave
mestra para sair do horror, um instrumento para
construir uma sociedade onde homens e mulheres
possam viver sem medo, dentro da legalidade e com
oportunidades de progresso”.
Quem viver verá... Inshallah.
ao
enyte
41
Fraternidade
Rito Schröder
Um caminho do ser Maçom
“Quem considera seu Rito, sua Grande Loja, Grande Oriente, ou sua Loja superior aos demais,
ainda não compreendeu o verdadeiro significado de ser maçom” (Rui Jung Neto – GLMERGS).
Ari de Sousa Lima*
O
criador do Rito, Friedrich Ulrich Ludwig Schröder
(1744-1816), foi ator, teatrólogo, produtor, dono
de teatro em Hamburgo e um dos reformadores
da Maçonaria na Alemanha.
As Lojas realizam, no mínimo, uma Sessão Ritualística mensal e se utilizam regularmente das Sessões
“a campo” (fora do Templo ou não), dedicadas a assuntos administrativos, para ensaios ritualísticos ou
apresentação de trabalhos ou instrução.
A Maçonaria Moderna nasceu no século XVIII, auge do Iluminismo, quando pensadores como Schröder, Goethe, Herder,
Schiller, Voltaire e o Imperador Frederico II semearam os conceitos de Igualdade e Fraternidade entre todos os homens, independentemente de nacionalidade, raça, credo ou posição
social.
Schröder adaptou peças de teatro dos originais franceses e
ingleses, bem como traduziu para o alemão, dirigiu e interpretou as principais obras de Shakespeare. Aos 35 anos, era
considerado o maior ator da Alemanha. Respeitado por sua
conduta ilibada, desde tenra idade relacionou-se com a nobreza germânica e com os mais proeminentes homens do seu
tempo: Herder, Lessing, Goethe, Fessler, Schiller.
Iniciado na Ordem em 1774, por proposição do Ir. Bode (membro da Loja Absalom), na Loja Emanuel à Flor de Maio, entendia que a “caridade, no sentido mais amplo, é a característica e
o espírito da Franco-Maçonaria”.
Em 1787, foi eleito venerável Mestre da Loja Emanuel, quando
então encaminhou reformas e leis da Loja, incluindo o retorno
ao sistema de 3 graus, nova constituição e ritual para a Grande
Loja Provincial de Hamburgo e da Baixa Saxônia.
42
O templo Schröder e sua decoração
O templo do maçom é uma sala retangular decorada
com as três grandes Luzes, as três pequenas Luzes e o
Tapete (a planta do Templo de Salomão). Esses são os
elementos necessários ao trabalho maçônico. O ritual
Schröder, em 1960, procurou dar maior amplitude à
simplicidade aplicada aos rituais brasileiros. Qualquer
sala, de preferência retangular, pode constituir-se um
templo, de preferência em um piso único.
Friedrich Ulrich Ludwig Schröder
Em 1809, Schröder foi eleito Grão-Mestre
da Grande Loja de Hamburgo, vindo a falecer em 1816.
Conhecendo o Rito
Anos mais tarde, em 1801, quando eleito Grão-Mestre Adjunto,
presidiu a assembléia geral dos maçons da Loja Provincial da
Baixa Saxônia e Hamburgo, filiada à Grande Loja de Londres,
na qual se aprovou a adoção do ritual que viria a ser denominado, em 1814, Rito Schröder, e seria adotado pela Grande
Loja de Hamburgo, por Lojas de toda a Alemanha e também
de todos os continentes.
O Rito Schröder é composto de cinco
rituais: o da Loja de Aprendiz, de Companheiro, de Mestre, de Lojas de Mesa e de
Funeral. Adota a corrente dos Modernos,
que defendem o desenvolvimento maçônico baseado nos princípios da Grande
Loja de Londres, também conhecida como
a Grande Loja dos Modernos, a quem esteve filiada de 1740 a 1811, quando se transformou na Grande Loja de Hamburgo.
* Ari de Sousa Lima é Grande Secretário-Geral de Orientação Ritualística Adjunto para o Rito Schröder/Grande Oriente do Brasil, membro do Colégio
de Estudos do Rito Schröder e das Lojas Jeremias Pinheiro Moreira n. 2099
– REAA e Lázaro Luís Zamenhof n. 3600 – Rito Schröder (fundador).
“É um rito simplificado, próprio para os
dias modernos. Ele exige apenas atitudes
simples, para que possamos viver em fraternidade. E é a isso que a Maçonaria se pro-
ao
enyte
põe. Ela não é um estado social como muitos pensam
ser. Ela é um estado de espírito, uma união de pessoas
que se consideram irmanadas na busca de um pensamento humanitário para o mundo. Isso está espelhado nos rituais dos graus de Aprendiz, Companheiro e
Mestre. É muito importante a leitura constante desses
rituais, pois só assim poderemos entender a mensagem do Irmão Friedrich Ludwig Schröder”, escreveu o
Irmão Antônio Gouveia Medeiros — Secretário-Geral
de Orientação Ritualística do GOB.
O Templo (um dos) da Loja Absalom zu den drei Nesseln n. 1.
O Rito Schröder no Brasil apresentou expressivo crescimento a partir de 1995. De 14 lojas então existentes, expandiram-se para as 102 atuais, das quais 32
pertencentes ao Grande Oriente do Brasil. Uma das
causas da expansão ocorrida foi a fundação do Colégio de Estudos do Rito Schröder de Florianópolis
(SC), em 1997, que mantém estreito contato com to-
das as Lojas Schröder do Brasil, visando manter sintonia com os ideais de Schröder, com as tradições ritualísticas de Hamburgo, bem como com a uniformidade de pensamento entre todas as lojas. O Colégio
é integrado exclusivamente por Mestres Maçons.
O Colégio conta com a participação de membros da
Maçonaria Alemã, possuindo inscritas em seu quadro as 102 Lojas Schröder de 17 Potências Regulares Brasileiras (GOB, CMSB e COMAB) e mais de 300
Irmãos Mestres (dos diversos ritos), que recebem, a
cada dois meses, por meio eletrônico, boletim sobre
assuntos relacionados com o rito, denominado As
Notícias do Rito.
No Rito Schröder, o orientador, o conselheiro ou instrutor do Aprendiz e do Companheiro fora da Loja
é o Mestre Maçom, chamado de Garante, conhecido
como Padrinho. Daí o Colégio enfatizar a preparação
do Mestre Maçom para o exercício dessa nobre missão. O Garante é a tradução literal da palavra “Burge” em alemão. O Padrinho, no sistema maçônico
brasileiro, é aquele que propõe, o que nem sempre
acontece com o Garante. Tanto na Iniciação como na
Promoção e Elevação, ele terá de se manifestar sobre sua responsabilidade em relação ao Candidato,
ao Aprendiz e ao Companheiro. O Ritual, os usos e
costumes Schröder estabelecem que, em Loja, a instrução é de responsabilidade do venerável Mestre e,
fora, do Garante.
Sintetizo o pensamento de um grande Irmão do
Rito como sendo meu entendimento do sistema de
ensino maçônico: apesar de amar o Rito Schröder e
trabalhar pela sua consolidação e crescimento em
todas as Potências Regulares do Brasil (no meu caso
em particular, Grande Oriente do Brasil), devo enfatizar minha convicção de que não há, e nem poderia
haver, supremacia de um Rito sobre os demais. Os
Ritos maçônicos Regulares devem ser venerados e
estudados por todos os maçons, pois têm suas próprias origens históricas e filosóficas e são métodos
de ensino que retratam uma época e uma ideologia.
“Quem considera seu Rito, sua Grande Loja, Grande
Oriente, ou sua Loja superior aos demais, ainda não
compreendeu o verdadeiro significado de ser maçom” — Irmão do Rito Schröder.
ao
enyte
43
Loja emde
Tempo
foco
estudo
Os Supremos Conselhos no Brasil
A
história do Supremo Conselho do Grau 33,
fundado no Brasil em 1832 por Francisco Gê
Acayaba de Montezuma, confunde-se com
a do Grande Oriente do Brasil, pois as duas
instituições fundiram-se em 1854. O Grão-Mestre do
Grande Oriente do Brasil era, então, simultaneamente, o Soberano Grande Comendador do Supremo
Conselho.
O cisma ocorrido na Maçonaria brasileira em 1927
constituiu-se o divisor de águas entre ambas. As divergências que originaram a cisão ocorreram no Supremo Conselho, com repercussão direta no Simbolismo, com a criação das Grandes Lojas nos estados,
autônomas.
No Supremo Conselho, a defecção não foi unânime,
permitindo ao Grande Oriente do Brasil (GOB) sua
recomposição. Os dois Supremos Conselhos, que
então passaram a coexistir no Brasil, deram início ao
processo de disputa de reconhecimento e regularidade diante das demais Oficinas Chefes em outros
países, principalmente da Loja Mãe (Inglaterra).
O Supremo Conselho do Grau 33 do REAA para a
República Federativa do Brasil, em face das circunstâncias diversas e de sua atuação na Convenção de
Supremos Conselhos ocorrida em Paris, em 1929,
fez com que o Supremo Conselho, então ligado ao
GOB, fosse impedido de participar do conclave. Já
a facção dissidente, de acordo com os historiadores
maçônicos, por discordar da orientação existente
até 1927, contou com as graças do organizador, recebendo, naquela ocasião, os foros de legitimidade
e regularidade, sem que fosse dada a oportunidade
ao Supremo Conselho ligado ao GOB de apresentar
sua versão dos fatos.
* Marcos A. P. Noronha é Grande Inspetor-Geral do REAA nos Altos Corpos e atual Presidente (Comandante em Chefe) do Mui
Poderoso Consistório dos Príncipes do Real Segredo n. 16.
44
ao
enyte
do Rito Escocês Antigo e Aceito
Marcos A. P. Noronha*
Em 1951, o Supremo
Conselho remanescente, ligado ao
GOB,
tornou-se
autônomo, separando sua administração da Obediência Simbólica. Desde
então, registramos a
independência de atuação do hoje denominado Supremo Conselho do
Brasil do Grau 33 para o
Rito Escocês Antigo e Aceito. Em que pese tal divisão,
há cooperação mútua entre esse
Supremo Conselho e o GOB, com
quem mantém tratado de amizade e mútuo
reconhecimento. Tanto é assim, que é exigido, ou
pelo menos deveria ser, ao maçom,
para frequentar e galgar Graus no
Supremo Conselho, pertencer e estar regular
em uma Loja Simbólica federada ao GOB.
O Supremo Conselho possui como
órgãos subordinados as Delegacias Litúrgicas e o Colégio
dos Grandes Inspetores Gerais
e como Corpos subordinados as Augustas Lojas de
Perfeição, os Sublimes Capítulos Rosa-Cruzes, os
Ilustres Conselhos Filosóficos de Kadosh e os Mui Poderosos Consistórios de Príncipes do Real Segredo.
Os graus superiores do Rito Escocês Antigo e
Aceito no Brasil
É comum, ao ser iniciada a escalada maçônica no
escocesismo a partir das Lojas de Perfeição, ser expresso: “Ah! Agora você está frequentando os graus
filosóficos!” ou ainda: “Você está no filosofismo!”.
Levado ao pé da
letra, filosofismo
significa, segundo
Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira em seu Novo
Dicionário da Língua
Portuguesa: “Filosofismo. S. m. 1. Mania filosófica. 2. Falsa filosofia”.
A se considerar tal definição, a utilização do termo
filosofismo é imprópria, até
porque a Maçonaria objetiva
a evolução; para tanto, há que
se filosofar, pois quando o homem em geral e o maçom em particular
se dedicam a decifrar os enigmas da vida, estarão,
inquestionavelmente, filosofando.
A Maçonaria é eclética, como convém
ao equilíbrio da mente,
afastada do sectarismo,
do fanatismo e do proselitismo e, portanto,
abrange a filosofia, a história, a
mítica, a mística etc.
Para alguns pensadores maçônicos, a Maçonaria dividese em Maçonaria Simbólica e Maçonaria
Filosófica. No entanto, para outros, os Maçons não
deveriam utilizar essa conceituação, pois, mesmo
nos Graus Simbólicos, a filosofia se diz presente e,
ainda, porque, utilizando o rigor maçônico no que
concerne ao Rito Escocês Antigo e Aceito, o estudo
filosófico propriamente dito é iniciado no Conselho
Filosófico de Kadosh.
O Rito Escocês Antigo e Aceito é composto de 33
Graus, com duas subdivisões: Graus Simbólicos —
Aprendiz, Companheiro e Mestre — e os Graus Supe-
riores, constituídos de quatro séries, a saber: I – Graus
Inefáveis: do 4° ao 14°; II – Graus Capitulares: do 15°
ao 18°; III – Graus Filosóficos: do 19° ao 30° e IV –
Graus Administrativos: do 31° ao 33°. Portanto, o estudo filosófico da Maçonaria, na acepção do termo,
ocorre quando do ingresso no Conselho Filosófico
de Kadosh.
Dessa forma, um verdadeiro maçom, principalmente
aquele que chega a “cursar” os chamados Graus Superiores, que no caso do REAA significa passar por
cada um dos Corpos citados nos parágrafos precedentes, só o é se for cumpridor de seus deveres com
a Ordem e com os Irmãos, procurando exercitar, na
plenitude, apesar das limitações inerentes ao homem, a trilogia Maçônica: Fraternidade, Liberdade
e Igualdade — alterada a ordem —, uma vez que
somente sendo verdadeiramente fraterno, buscador
da liberdade é que poderemos chegar a uma relativa
igualdade.
Conclusão
Os trabalhos nos Corpos dos Graus Superiores exigem esforço, dedicação e estudo aprofundado da
mensagem iniciática de cada Grau. A contrapartida
ao obreiro dessa caminhada é o seu crescimento espiritual.
A Maçonaria, como sociedade iniciática, adota para o
ensino de suas doutrinas método diverso do de outras ordens iniciáticas, ou seja, avança na interpretação esotérica dos símbolos oferecidos ao estudo de
seus adeptos. É o denominado método iniciático eminentemente autodidático, que dispensa magistérios.
O maçom que não adentra na escalada maçônica nos
Graus Superiores, em regra, deixa de estudar e compreender novos horizontes, o que o leva ao esquecimento dos principais objetivos e princípios da Ordem,
circunscrevendo-se à compreensão das matérias contidas nos Rituais, Constituições, Regulamentos e outras publicações oficiais de fundo administrativo.
ao
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45
Obra em destaque
As palavras do grande Nicola Aslan na obra Instruções
para Lojas de Perfeição para o 4º Grau reforçam “que
as atividades sociais, filantrópicas, administrativas,
litúrgicas, ritualísticas e outras não passam de meros
instrumentos utilizados pela Maçonaria para motivar
e vitalizar as Lojas, mas, de modo algum, porém, representam os objetivos da instituição maçônica”.
Uma estranha
realidade
za, estará cumprindo seus deveres consigo mesmo e
com a Maçonaria.
Não é demais relembrar que o dever do maçom envolve seu crescimento moral e elevação espiritual
em busca da possível perfeição, que, no plano em que vivemos, constitui-se ideal difícil
de ser alcançado. Porém, como
seres perfectíveis que somos,
temos de buscá-la permanentemente, irradiando seus reflexos salutares aos planos materiais e mentais. Assim agindo,
edificamos joias de valor incalculável e nos aproximamos
dos princípios da Fraternidade
Universal, requeridos de todos
nós, para descortinarmos os
elevados planos do Grande
Arquiteto do Universo.
“Na vida do iniciado não há espaço para a dúvida,
que leva à estagnação. Ele é sempre o veloz, o caminhante, que carrega na testa a ligação com o Mundo
Superior, o Tau invertido: o Horizonte e Deus, acima
dele. Ele fica no mundo relativo, da Ilusão, mas vive
e edifica sua realidade, no mundo Absoluto, no Macrocosmo. Toda a sua postura ante os acontecimentos
será diferente. Terá a solução.
O sorriso brincará em seus lábios numa permanente declaração de gratidão ao GADU e
às hierarquias que nele apostaram e ofereceram a oportunidade de ser o veloz dos pés,
de caminhar numa velocidade
inimaginável para a humanidade profana. Por isso, envolto
na Luz Divina, emite ondas da
mais elevada vibração, para
amainar o sofrimento do outro.” (Instrução dada pelo autor
na ARLS Universitária Ordem,
Lua e Amor – 2008).
Deve-se, ainda, salientar a necessidade de o maçom
dedicar-se ao estudo da doutrina, não somente da
letra de seu Estatuto, mas, sobretudo, do sentido
oculto e elevado dos ensinamentos contidos na Ordem. O maçom que assim proceder, mesmo com as
limitações e falhas que ainda possuímos, com certe-
O iniciado não é aquele que tem plena consciência
do Ser que É. Projeta, idealiza, transforma e realiza.
Conquista a plenitude do Eu Sou. Torna-se a fusão
dos dois Taus. Vive no Micro e edifica no Macro, pois,
sendo alma, é luz divina, é amor, é vontade, é o plano
de Deus estabelecido.
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Conciência e Cosmos, de Menos Kafatos e Thalita Kafatou, Tradução
de Marly Winckler. Brasília: Teosófica, 1994, 264 p. R$ 34,00.
Em
Rubi Rodrigues*
essência, a obra questiona se o
modo científico de pensar que
vigora em nosso tempo pode
nos conceder efetiva compreensão da realidade e da natureza
que nos circunda.
Kafatos é um físico que leciona na Califórnia e Thalia
é PhD em ciência da computação. Ambos possuem
interesse por ciências alternativas e oferecem uma
critica à ciência contemporânea.
O ponto forte da obra é a exposição acessível e detalhada do percurso cumprido pela Física, partindo da
Física Clássica de Newton, passando pela Relatividade Especial de Einstein e chegando à Física Quântica
atual.
Os autores cumprem esse percurso destacando os
pressupostos usados em cada uma dessas abordagens, ressaltam seus resultados mais consistentes,
mas também revelam seus pontos fracos, com especial ênfase nos paradoxos identificados na Mecânica
Quântica, que, tendo sido testados e confirmados,
* Rubi Rodrigues é escritor, membro da Academia Maçônica de
Letras do DF e MM da Loja Três Poderes 2308.
colocam em cheque parte do edifício de conhecimentos físicos até aqui desenvolvido, pois indicam
que algo está decididamente equivocado.
Os autores destacam que a Física acalenta como
principal sonho produzir uma unificação definitiva
da gravidade de Einstein com a teoria do campo
quântico. Dado que eles também não possuem solução para tal problema, chegam a declarar que pode
ser mera presunção “supor que a mente humana
possa reduzir todas as complexidades do Cosmo a
uma única teoria matemática produzida pela própria
mente”.
Em contraponto a essa abordagem científica, destacam saberes contidos na tradição oriental, em particular do Shaivinismo e do Cachemira, que já contemplam muitas das percepções despertadas pela
Física Quântica e encerram o trabalho apontando os
princípios universais sugeridos pela Filosofia Perene
(Huxley/Blavatsky) como alternativa para se enfrentar a questão da totalidade cósmica e da necessária
inclusão da consciência no equacionamento das
coisas. Enfim, um texto imperdível para aqueles que
pressentem que algo de fundamental está por acontecer no campo da cultura.
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Internet
A Arte Real em
Q
ual maçom nunca escutou que a internet
é a decadência da Maçonaria? Os defensores dessa teoria baseiam-se no
conteúdo quase infinito disponível na
internet, incluindo manuais com toques, sinais, palavras de passe, além de toda espécie de rituais, de
todos os ritos e de todos os graus. Para os mais curiosos, é possível até iniciar-se pela internet, através de
“Obediências Maçônicas”, 100% virtuais.
Mas vejamos: Qual maçom também nunca ouviu
falar de Samuel Prichard e seu famoso livro A Maçonaria Dissecada? Ou Léo Taxil? William Wilmont?
Abade Perau? Augutinho Barruel? Esses e muitos outros “anônimos” publicaram livros divulgando rituais,
modos de reconhecimento e combatendo a Maçonaria por meio da ignorância e da difamação, sem
sonhar que, um dia, a internet iria existir.
A internet surgiu na década de 90, e a Maçonaria vem
enfrentando ataques há, pelo menos, três séculos. A
internet é apenas um meio de comunicação e, assim
como todos os outros, pode ser usada para construir
templos ou para cavar masmorras. Não será a internet que fará mais ou menos mal à Maçonaria, senão
a própria ignorância do homem.
A verdade é que a Internet tem servido de ferramenta útil para os
maçons e a Maçonaria Universal. Aliás, pode-se dizer que a “universalização” da Maçonaria tem ocorrido graças à internet: as Obediências têm se comunicado entre si e com seus membros de forma
mais espontânea e natural por meios de seus sites, fóruns, listas de
discussão e e-mails; os laços de amizade entre os Irmãos têm se estreitado nas redes sociais; o alcance de conhecimentos deixou de
estar isolado nas prateleiras e restrito a poucos, para compor a catequese de todo maçom interessado; os e-books reduziram os preços
da literatura, isso quando não são gratuitos.
* Kennyo Ismail é autor do blog “No Esquadro”: www.noesquadro.com.br.
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ao
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Kennyo Ismail*
5 blogs
Além do site tradicional, um modelo que vem se
destacando no universo maçônico virtual, tanto
pela objetividade quanto pela atualização mais frequente, é o blog. Conheça alguns blogs maçônicos
que merecem atenção pela qualidade e seriedade:
www.noesquadro.com.br — dedicado a “derrubar
mitos na Maçonaria”, procura combater os “achismos”, que, de tão repetidos e publicados, acabam se
tornando verdade até para os Mestres mais respeitados.
www.deldebbio.com.br — o blog “Teoria da Conspiração”, do Irmão Marcelo Del Debbio, pode ser
considerado a maior miscelânea esotérica do país.
Seus textos abordam assuntos de diferentes vertentes, doutrinas e tradições, incluindo a Maçonaria.
www.blog.madras.com.br — chamado “O Editor”
e assinado por Wagner Veneziani Costa, é ligado à
Editora Madras. Não é restrito à Maçonaria, sendo
voltado também a diversos temas esotéricos.
www.blog.msmacom.com.br — blog do site homônimo tem recebido atualização constante e publicado artigos respeitáveis, servindo não somente
de fonte maçônica como também de fonte cultural
aos seus leitores.
www.a-partir-pedra.blogspot.com — assinado por
quatro irmãos da Loja Mestre Affonso Domingues,
de Lisboa, Portugal. Com mais de duzentos seguidores e atualização semanal, o blog possui interessante conteúdo, com foco principal no REAA.
Muitos blogs não foram listados, por não serem
atualizados com frequência ou por não produzirem conteúdo, apenas copiando de outras fontes.
Outros bons blogs podem ter ficado de fora, por
esquecimento ou simples desconhecimento do
autor. Mas o importante é que você, caro Irmão,
compreenda que a Dualidade, tão comentada na
Maçonaria, também está presente na internet. E
assim como nela há lixo, há também belos diamantes lapidados. Basta procurar. E se você é um
daqueles que critica a internet, lembre-se daquele
ditado popular: “Se não pode vencê-los, junte-se a
eles!”, e comece a pesquisar.
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História
cumento mais antigo entre as Old charges. Porém, a
maioria dos pesquisadores afirma ser o Manuscrito
regius, ou Manuscrito Halliwell, grafado em inglês arcaico, com letras góticas sobre pele de carneiro, verdadeiramente o mais antigo.
O conhecimento das Antigas obrigações traz ao maçom melhor visão de conjunto da instituição e das
suas origens, revelando o que até então parecia obscuro sobre questões referentes à Ordem Maçônica.
Os Antigos deveres compreendem a regulamentação
da conduta moral dos maçons, os juramentos e compromissos, o amparo para casos de doença ou desemprego, os recursos à instância superior, o devotamento exigido para a obra a ser edificada, as bases
do Conselho de Família e a transformação das Lojas
em grupos familiares maçônicos como instrumento
racional de solução de problemas.
Tratam também da necessidade de uma saudável
organização familiar como elemento básico para
a aquisição de um bom e futuro obreiro, da prática
do Tronco de Beneficência ou de Solidariedade, do
socorro aos maçons nas suas intempéries, inclusive
com a Justiça, da polêmica questão sobre o Livro da
Lei, não aceito à época como um livro sagrado, mas
tão somente como o Livro da Corporação, ou seja, o
Regimento da Oficina.
Maçonaria Operativa gênese da Arte Real
Lucas Francisco Galdeano*
A
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Maçonaria Operativa surgiu em um
período em que a Ordem Maçônica
esteve diretamente ligada à arte da
construção, cujo apogeu se deu no
século XIII. Também conhecida por
Maçonaria de Ofício, resplandeceu na Idade Média
sob a influência espiritual da Igreja.
A Europa viveu, no período, efervescente demanda
por construções de catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, conventos, palácios, basílicas, torres, casas
nobres, mercados e paços municipais. O continente
possuía grande abundância de monumentos e construções arquitetadas e executadas por maçons operativos.
* Lucas Francisco Galdeano é o Grão-Mestre Distrital Adjunto do
Grande Oriente do Distrito Federal e pós-graduando do Curso
de História da Maçonaria no Centro Universitário do Distrito
Federal – UDF.
Os primeiros documentos de grande importância
para a Maçonaria — não por coincidência — surgiram nessa época. As Old charges ou Antigas obrigações ou, ainda, Antigos deveres são escritos que se
referem às Lojas e aos Regulamentos Gerais. Alguns
estudiosos apontam a Carta de Bolonha como o do-
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Tais documentos antigos refletem religiosidade.
Temia-se o inferno e essa é a razão de a Maçonaria
ter tido vários padroeiros — Severo, Severiano, Carpóforo, Vitorino (os Quatro Coroados), São Thomaz,
São Luís, São Braz, Santa Bárbara e São João — que
permanecem em alguns Ritos Maçônicos até os dias
de hoje. É importante salientar que ainda não havia
citações sobre as antigas civilizações, como a egípcia
e a grega. Essa influência mística só viria incorporarse à Maçonaria no Renascimento.
No início do século XVII, elementos estranhos às
profissões manuais começaram a ser admitidos nas
Corporações. Um dos primeiros “Maçom Aceito” foi
John Boswell, Lord de Auschileck, que ingressou na
Loja da Capela de Santa Maria, em Edimburgo, no
ano de 1600. Evidentemente, as Corporações tiveram de modificar seus estatutos e objetivos para que
pudessem conviver, lado a lado, maçons “Antigos”
(construtores) e maçons “Aceitos” (nobres, professores, naturalistas, eclesiásticos etc).
A Maçonaria Operativa contribuiu com a Maçonaria
Especulativa, principalmente quanto:
hh
à prendizagem por meio de símbolos, lendas, mitos e alegorias;
hh
ao reconhecimento interpessoal com uso de sinais, toques e palavras;
hh
à reunião dos maçons em “Lojas” — no período
operativo, a Loja era uma construção precária
anexa à edificação, na qual o maçom trabalhava
ao abrigo do tempo e onde eram guardadas as
ferramentas. Algumas lojas acabavam se transformando em alojamento de operários;
hh
à utilização simbólica dos instrumentos de trabalho dos maçons Operativos, como o Esquadro, o
Compasso, o Nível, o Prumo, a Alavanca, a Régua,
o Cinzel, o Martelo e a Trolha;
hh
ao uso do Livro da Lei;
hh
ao emprego do Tronco de Beneficência ou de Solidariedade;
hh
à Cadeia de União;
hh
à regulamentação da conduta moral dos maçons;
hh
ao Conselho de Família;
hh
ao auxílio entre os membros da Ordem;
hh
ao reconhecimento da existência de Deus;
hh
às Batidas ou Baterias;
hh
à Expressão “Tudo está Justo e Perfeito”.
A opinião de que a origem da Maçonaria “se perde na
noite do tempo” é destituída de senso e não encontra respaldo em estudos históricos cientificamente
comprovados.
Ao tomarem o exemplo dos maçons operativos, que
construíram as grandes catedrais fisicamente, os
maçons atuais devem seguir construindo grandes
catedrais internamente, para o seu próprio benefício
e glória ao Grande Arquiteto do Universo. Enquanto o maçom operativo ergueu templos na dimensão
espaço, o maçom atual deve construir na dimensão
tempo, por meio da simbologia e dos conceitos herdados, o Grande Templo Ideal, que é o homem integrado e em harmonia com a sociedade.
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Personagem
Anita Garibaldi
heroína ou uma grande mulher?
Francisco Roni da Rosa*
Na região de Laguna, Santa Catarina, em 1821,
Anita Garibaldi nasceu de uma família de origem humilde, que, no entanto, lhe proporcionou estudos elevados para o padrão da época.
Assimilou os ideais da revolução e lutou ao lado de
seu companheiro pela independência da região sul
do Brasil na Revolução Farroupilha, bem como em
lutas no Uruguai e na Itália.
Anita foi uma mulher além do seu tempo, pois, no
século XVIII, já demonstrava a força da mulher, tendo
sido amante, esposa, dona de casa, mãe, revolucionária e, acima de tudo, uma
mulher de fibra e cheia de
ideais.
Não faltam histórias da coragem de Anita nas memórias
de seu apaixonado Garibaldi,
que procura descrever a intrepidez de Anita em cruzar o
fogo inimigo dentro de uma
embarcação, para transportar as armas dos farrapos até
a praia. O corsário italiano
assevera que ela fez o trajeto em pé, na barca, “ereta,
calma e altaneira como uma
estátua de Palas”. Ele afirma a
coragem e a valentia de sua
companheira, colocando-a
no mesmo patamar dos deuses gregos imortais.
Aos 14 anos, em cumprimento aos costumes
locais, casou-se com Manuel Duarte de Aguiar,
um pacato sapateiro.
Com o inicio da revolução, seu marido foi lutar nas fileiras do Exército imperial, deixando-a
em casa de amigos.
Com a chegada de Giuseppe Garibaldi em sua
cidade, teve seu coração sufocado por ardente
paixão, tornando-se amante dele.
Em suas memórias, Giuseppe descreve assim
seu primeiro momento com a então Aninha:
“Do meu bordo, eu descobria as belas jovens
ocupadas nos seus diversos afazeres domésticos. Uma delas atraía-me mais especialmente
que as outras... Dada a ordem de desembarque,
tomei o caminho da casa sobre a qual havia já
algum tempo fixara-se toda a minha atenção
[...]. ‘Virgem criatura, tu serás minha!’ foi o que
disse ao ter a jovem diante de mim”.
Anita poderia ter se contentado em apenas ter o sobre-
nome Garibaldi, poderia ter vivido na sombra do General Giuseppe, mas optou por escrever seu nome
na história deixando sua marca, a marca da mulher
brasileira, que, apesar de sofrida e discriminada, não
desistiu nunca.
Não há dúvida de que, em um primeiro momento,
houve resistência da tropa em ter em suas fileiras
uma mulher, mas Anita provou que tinha todas as condições de ser uma guerreira,
tendo seu papel reconhecido por seus companheiros.
Após uma vida de lutas e paixão, Anita teve seu estado de
saúde sensivelmente agravado pela febre tifoide durante
os combates em Roma, vindo
a falecer antes de completar
trinta anos de idade.
Giuseppe Garibaldi
Monumentos foram erguidos
em sua homenagem, considerando-a uma heroína, mas o
maior de todos eles foi elevar,
em sua época e até os dias de
hoje, a importância feminina
em todos os seus aspectos,
deixando um exemplo para a
emancipação e a valorização
da mulher.
A partir daquele momento, Aninha passou a
ser Anita Garibaldi, em um primeiro momento,
dona de casa e mãe do primeiro filho do casal.
Em decorrência do grande amor que tinha por
Garibaldi, procurou demonstrar que tinha condições de acompanhar o revolucionário em
suas batalhas, tendo se aperfeiçoado no uso
da espada e de armas de fogo.
Anita Garibaldi
* Francisco Roni da Rosa é venerável Mestre da Loja Bento Gonçalves.
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Crônica
O sono
da biblioteca
Innocêncio Viégas*
M
eia-noite completa. Aqui no Rancho, todos dormem. Preparo-me
também para dormir. Lembro-me
de que terei de fazer uma pesquisa e, para ganhar tempo, decido separar os livros que
usarei no trabalho.
Sigo devagar em direção à biblioteca, a minha “cela”
de reflexão e, em determinados momentos, minha
clausura. Abro a porta vagarosamente, para que os
gonzos não despertem as inteligências maiores, que,
emparelhadas nas estantes, parecem adormecidas
permanentemente.
Não ligo a luz para não despertar os mais velhos. Risco um palito de fósforo e acendo a vela perfumada
do castiçal que ali também dormita, embelezando o
ambiente.
Ouço vozes. Parece que estão num gostoso sarau.
Assento-me sobre a velha cadeira de palhinha e
fico escutando o burburinho. Só aí me dou conta
de que a biblioteca não dorme. Aos ouvidos dos pobres mortais, ela parece dormitar, mas para os que
aprenderam naqueles compêndios a arte da fuga à
realidade material e se transportam para além das
fronteiras da alma ela está desperta.
A chama da vela crepita tênue e parece crescer
quando um deles altera a voz. É Castro Alves gritando: “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?”;
*Innocêncio Viégas é teólogo, escritor, membro da Academia
de Letras de Brasília, Academia Maçônica de Letras do DF, Academia Maçônica de Letras Paranaense, Academia Maçônica
de Letras e Artes do Brasil – GOB e Confraria dos Amigos da
Boa Mesa – COMES.
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sua viola, exalta, em versos, as gostosuras da Feira de
Caruaru, onde, segundo Luiz Gonzaga, “tem tudo o
que a gente quer”.
Drummond se pergunta: “E agora, José?”. Jean Genet
conta suas aventuras na prisão e recomenda o seu
Diário de um ladrão, que, no dizer de Sartre, devia ser
lido como um livro poético, que, não sendo arte literária, é um meio de salvação. Xico Trolha e Catellani
lembram Murilo Pinto e seus tangos em Buenos
Aires. Shakespeare lamenta a interpretação dada ao
seu drama Romeu e Julieta. Fernando Sabino sorri e o
chama de O grande mentecapto.
Jorge Amado fala da sua Gabriela, das noitadas no
Bataclam e lembra os bolinhos do bar Vesúvio do
seu Nacibe, lembra do vinho em sua casa, em companhia da Zélia e do Neruda. Julio Ribeiro, que fora
esquecido até por seus irmãos da Sublime Ordem,
recomenda a leitura de sua obra-prima, A carne.
Hermann Hesse diz que esse conto era Para ler e
guardar. Cervantes, na pessoa de Dom Quixote, chora a sua saudosa Dulcineia. James Joyce recomenda
o seu Ulisses, o que desagrada a Fernando Pessoa,
que diz ser muito volumoso e difícil de alguém o ler.
Camões, ofendido, reclama de Pessoa e lhe fala do
seu Os Lusíadas e de suas longas estâncias. Patativa
do Assaré ri de todos e pede permissão para relatar o
encontro nos seus rimados cordéis.
Thomas Mann tenta levar todos para a verdadeira
iniciação em sua A montanha mágica. Josué Montello
cantarola uma toada do “Bumba meu Boi da Madre
Deus”, de Zé Garapé, ao mesmo tempo em que recorda os bons tempos estampados em Os tambores
de São Luis.
Dostoievski fala dos Irmãos Karamázovi; Hemingway,
com saudades de Cuba, de La Bodeguita e do seu
eterno daiquiri, diz que Paris é uma festa. Boccaccio
relê o seu Decamerom; Júlio Dantas sorri admirado,
comparando aquele momento com sua A ceia dos
cardeais.
Humberto de Campos, ah! Humberto de Campos diz
ter ainda na boca o gosto do doce de caju, dos cajus
do seu saudoso cajueiro.
Raquel de Queiroz lidera as meninas ao lado de Clarice, Guiomar Chianca, Dolores Duram, Cora Coralina
e Florbela Espanca, que suspira e diz: “Ai as almas dos
poetas, não as entende ninguém; são almas de violetas que são poetas também”.
Pablo Neruda recorda a sua vidinha lá na Isla Negra e
recita os seus poemas que inebriam o mundo.
Domingos Souza, o querido “Chatô”, diz querer “um
mundo sem fronteiras, um mundo de todo mundo
com uma só bandeira”. Ele nem imagina que, um dia,
apareceria a internet, abrindo todas as fronteiras do
mundo. Gonçalves Dias, do exílio, recorda as palmeiras e seus sabiás. Relata sua última viagem no navio
Ville de Boulogne. Lopes Bogéa canta Os pregões de
São Luis, adoçando a boca de todos com o sorvete
de taperebá.
Enquanto muitos se esbaldam como se estivessem
em um animado lupanar, um violão cadenciado
transforma aquela nostalgia em festa. São Vinícius e
Tom Jobim cantando e a todos prometendo “um dia
pra vadiar”, com água de coco e cachaça de rolha, na
areia de Itapoã. Zé Limeira, o poeta do absurdo, com
José de Alencar chora a sua Iracema e diz guardar
ainda o gosto de mel dos seus lábios. Gregório de
Matos continua sendo “O boca do inferno”. Machado de Assis — o bruxo do Cosme Velho — lembra
a Missa do galo e suas aventuras amorosas. Marcel
Proust continua Em busca do tempo perdido. Robert
Louis Stevenson não sai da sua A ilha do tesouro. Jorge Luis Borges, sem a bengala, não dava sinais de ser
cego, lia trechos do seu livro Atlas, escrito com Maria
Kodama.
Saramago, recém-chegado, traz nas mãos o seu livro Caim, perseguido pela Igreja Católica. Herman
Melvile lembra da sua baleia Moby Dick. Daniel Defoe
grita por Robinson Crusoé. Rui Barbosa, imponente, lê
o seu Discurso aos moços, o que ele não fez em vida.
J. D. Salinger, preocupado por não entenderem o seu
livro, O apanhador no campo de centeio, por ser uma
narrativa de um jovem de 17 anos. Peter Kelder ensina a todos os exercícios da sua A fonte da juventude.
Franz Kafka teima com a sua Metamorfose.
Jack London briga com o comandante da escuna
Ghost — Lobo Larsen —, que ele chama de O lobo
do mar e o convida para um trago de rum em seu
barco fantasma. Alex Munthe recomenda a leitura
de O livro de San Michele, escrito em 1928. Sempre
sorridente, chega Armando Nogueira, feliz com seu
livro O canto dos meus amores, elogiando Garrincha,
a quem chama O poeta do drible.
No intervalo das libações, João Ferreira de Almeida
aconselha aos ateus a leitura da Bíblia Sagrada na
sua versão. Vinícius, provocando-o, canta... “eu que
não creio, peço a Deus por minha gente”. Maomé,
balançando a cabeça, lê o Alcorão, pregando a adoração ao Deus único. Allan Kardec diz: Este livro — o
dos espíritos, é de todos nós.
Vitor Hugo fala do seu Os miseráveis. Goethe recorda
o diálogo de Deus com Mefistófeles. Balzac continua
com suas Ilusões perdidas e Dante tenta organizar a
sua Divina comédia.
Centenas deles, ainda por marcar presença, contentam-se em ouvir os mais afoitos.
Lá no fundo deste Templo aos livros, quase esquecido, José Middlin, com os originais de Vidas secas nas
mãos, diz aos escritores: “Vocês são todos meus”.
O meu galo — o Cigano — amiúda o canto aqui no
Rancho, nas montanhas do Velho Duca, anunciando
um novo dia. O meu velho carrilhão, guardião constante da biblioteca, faz soar três compassadas badaladas.
Acordei. A vela do castiçal da biblioteca, igual à vela
de Saramago, “lança uma chama mais forte antes de
se extinguir”.
Levanto a cabeça ainda sonolento e passo a constatar
que a biblioteca, com todo o seu encanto, está adormecendo. O deus dos livros recolheu-se para o Olimpo e entregou-se também aos braços de Morfeu.
A biblioteca dorme.
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Circulando na web
Dialogo
satanico
da economia
O
s gregos acreditavam que a história se repete. Para aqueles que ainda têm duvidas
ou não, leiam o diálogo entre Jean-Baptiste Colbert e Jules Mazarin, respectivamente ministro da economia e primeiro-ministro de
Luís XIV, o Rei Sol, na França do século XVII. Confiram
se a conversa não poderia estar ocorrendo neste
exato momento, em algum lugar do mundo, especialmente no Brasil.
mos de obtê-lo se já criamos todos os impostos imagináveis?
Colbert – Para encontrar dinheiro, há um momento
em que enganar [o contribuinte] já não é possível.
Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar,
quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarin – Os ricos também não. Eles não gastariam
mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Mazarin – Se se é um simples mortal, claro está,
quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não
se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele
continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert – Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que have-
Humor
Evolução
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Mazarin – Criam-se outros.
Colbert – Mas já não podemos lançar mais impostos
sobre os pobres.
Mazarin – Sim, é impossível.
Colbert – E então os ricos?
Colbert – Então como havemos de fazer?
Mazarin – Colbert! Tu pensas como um queijo, como
um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os
que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficar pobres. É a esses que devemos lançar
mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses,
quanto mais lhes tirarmos, mais eles trabalharão
para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável!

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