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© UNHCR Colin Delfosse Capítulo 1 Integração do refugiado: aspectos culturais, sociais, religiosos e políticos 13 O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) busca dirigir e coordenar ações internacionais em busca da proteção e do auxílio às pessoas que se veem obrigadas a se deslocar de seu local de origem1. De acordo com o ACNUR2, o objetivo final seriam soluções duradouras, que permitiriam às pessoas a reconstrução de suas vidas. Sendo assim, as três soluções ofertadas são: repatriação voluntária, integração local e reassentamento em um terceiro país, nos casos de impossibilidade de retorno ao país de origem. Nas situações em que se mostra impossível a repatriação, ou seja, o retorno ao país de origem, independentemente do motivo, integrar-se na comunidade do país de refúgio pode se mostrar como uma solução duradoura. De acordo com o ACNUR, A integração local é um processo complexo e gradual que compreende dimensões jurídicas, econômi- cas, sociais e culturais distintas, mas relacionadas entre si, e que impõe demandas consideráveis tanto do indivíduo quanto da sociedade que o recebe. Em muitos casos, este processo termina com a naturalização do refugiado no país de asilo3. O debate sobre o conceito integração local é bastante amplo4, acompanhado de várias discussões teóricas e metodológicas entre pesquisadores envolvidos com o tema. O termo integração local se refere, de forma geral, ao processo que têm início quando o refugiado passa a interagir com a comunidade receptora. Assim, a integração não significa que haverá o abandono da própria cultura e a “adoção” da cultura local, mas, um processo de mão dupla, no qual nacionais e estrangeiros ajustem seus comportamentos e atitudes, fazendo com que os nacionais façam um esforço para compreender o diferente e o direito do outro em manter sua cultura5. © UNHCR Helene Caux 1. Metodologia Introdução Pesquisadores e pesquisadoras do Adus conduziram uma investigação com base em levantamento sobre as instituições que trabalham com refugiados, prestando algum tipo de auxílio, além de consultas a materiais disponíveis sobre o tema. Em São Paulo e Brasília, foram realizadas entrevistas com representantes de instituições públicas e da sociedade civil, que trabalham com o tema do refúgio no país. Refugiados da Síria e da Palestina também foram ouvidos nesta pesquisa. Eles foram selecionados a partir de organizações que trabalham com o tema, que intermediaram o contato, considerando aqueles que desejavam participar da pesquisa. Também foi feita entrevista coletiva com grupo de mulheres da Síria, que relataram as suas impressões e experiências sobre os aspectos cultural, social, religioso e político da integração do refugiado no Brasil. Essas etapas permitiram a familiarização com as dificuldades e questões envolvidas no processo de integração a partir da visão e interpretação dos próprios refugiados. ara mais informações sobre as diferenças entre migração “voluntária” e migração compulsória, bem como sobre os tipos de migração de migração compulsória P Cf. MOREIRA, Julia B. A questão dos refugiados no contexto internacional (de 1943 aos dias atuais) [Dissertação de metrado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Ciência Política, 2006. 2 Informações obtidas no site http://www.acnur.org/t3/portugues/quem-ajudamos/solucoes-duradouras/, última visita em 11/01/2015. 3 Retirado do site http://www.acnur.org/t3/portugues/quem-ajudamos/solucoes-duradouras/integracao-local/, última visita em 11/01/2015. 4 Para mais sobre o tema Cf. KUHLMAN, Tom. The Economic Integration of Regugees in Developing Countries: a research model.; CRISP, Jeff. The local integration and local settlement os refugees: a conceptual and historical analysis.; AGER, Alastair; STRANG, Alison. Understanding integration: a conceptual framework. 5 MOREIRA, 2014. 1 14 15 2. Aspectos da integração 2.2 Aspectos sociais 2.1 Aspecto cultural No Brasil, segundo estudiosos, o processo migratório foi marcado pela teoria eugênica, buscando-se o melhoramento da raça humana no país por meio do embranquecimento. Assim, toda população não-branca e miscigenada foi considerada como inferior e incapaz, o que resultaria num país degenerado e incapaz de alcançar o progresso6. O preconceito com pessoas não-brancas ainda é muito presente na sociedade brasileira, e também é sentido pelos refugiados. Em pesquisa realizada7 so- oportunidade de convivência com a comunidade local, ou seja, favorecer atividades de inserção e de intercâmbio de vivências e de saberes. A especialista afirma que são pouco frequentes os relatos sobre xenofobia relatados por refugiados ao Instituto de Migrações de Direitos Humanos, mas ressalta a preocupação com a questão. Quando ocorrem [relatos sobre xenofobia], acaba-se percebendo que outras circunstâncias semelhantes ou até mais graves já ocorreram, mas que, por medo de perder o emprego ou de outras consequências, os refugiados acabam por não revelar ou denunciar. Sem dúvida, este é um tema preocupante e não pode ser minimizado ou não levado a sério em função da alta ou pouca frequência com que ocorre. Por trás de cada atitude desta natureza está um indivíduo que merece ser tratado com dignidade e respeito como ser humano e não em função de sua nacionalidade, etnia, cor, classe social ou qualquer outro argumento discriminatório. No caso dos refugiados oriundos de países do Oriente Médio e/ou islâmicos o preconceito também está ligado às associações com terrorismo e islamofobia. F., paquistanês solicitante de refúgio11, afirma receber várias perguntas que o associam aos homens-bomba, e diz não se incomodar com isso. Ele atribui esses comentários ao desconhecimento, pois os brasileiros não compreendem o terrorismo e não sabem como é conviver com isso. Ao mesmo tempo, ele relata sobre dois amigos refugiados paquistaneses que perderam familiares em explosões envolvendo homens-bomba e sentem-se extremamente incomodados com essa comparação. Silmara Schardong12, diretora social do Oasis Solidário – Assistência a Refugiados no Brasil, afirma que em relação às mulheres existe muito preconceito por causa do uso do véu. “Há relatos, principalmente das mulheres mais velhas, que precisam trabalhar bre os serviços prestados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), um refugiado afirmou que o serviço é “ruim, pois discrimina os refugiados africanos, tratando-os de forma diferenciada com relação aos refugiados de outras origens”8. Além do racismo, podemos citar a xenofobia como um elemento que dificulta o estabelecimento de relações sociais. Com relação à xenofobia, o principal temor é pela perda da homogeneidade cultural9, o que faz com o que o estrangeiro seja percebido como uma ameaça. Assim, para muitos, valorizar a própria cultura, por meio de apresentações de dança, culinária, venda de artesanato e outras manifestações, apresenta-se como uma possibilidade para vencer os obstáculos existentes no processo de integração social. A irmã Rosita Milesi10, diretora do Instituto de Migrações e Direitos Humanos, explica, que, embora muitas vezes a dimensão cultural seja deixada em último lugar, quando se fala em refúgio, essa “é uma lacuna que em alguns casos se constitui num vazio deprimente ou de isolamento, aspecto crucial na vida dos refugiados”. É interessante notar que boa parte dos refugiados, ao chegar ao Brasil, possui um sentimento inicial de inadaptação, natural em virtude da mudança drástica de contexto cultural. Por isso, a grande importância de promover ocasiões e iniciativas para que os recém-chegados possam se estabelecer e ter 16 fora para ajudar o marido e, no mercado de trabalho, sofrem preconceito por usar o hijab”. Ela acrescenta, ainda, que existe grande estranhamento dos sírios em relação aos hábitos culturais brasileiros. “Percebemos que há um choque cultural muito grande assim que eles chegam. Esse é um processo recíproco, de entendimento e aceitação dos brasileiros, da cultura deles e da nossa”. F.13, no mesmo sentido, afirmou estranhar O aprendizado do português, o acesso à documentação, moradia e trabalho foram questões recorrentes ao longo da pesquisa, por serem necessidades tidas como básicas, porém não atendidas ou atendidas de forma insuficiente. Responder tais demandas consome o tempo das organizações que atuam na área. Com equipes reduzidas e baixo orçamento, a assistência se torna possível por meio de parcerias entre organizações não-governamentais e empresas, governo, além de doações diversas. As demandas aqui citadas podem variar conforme a existência de uma comunidade nacional já estabelecida no Brasil, que consegue suprir as principais necessidades de seus membros. A irmã Rosita Milesi lembra que essa é uma das diversas situações que podem ocorrer no processo de integração. Isso os ajuda na integração, enquanto suaviza também as saudades da terra de origem. A comunidade preserva práticas culturais, e também com o passar do tempo, vai favorecendo a integração com a nova realidade da terra de acolhida. De acordo com Paulo Amâncio14, Coordenador do muitos hábitos culturais brasileiros, e considerando o período em que a entrevista foi realizada, ele comentou sobre o fato de haver recesso para o Natal e o Ano Novo, algo que o preocupava por causa de sua procura por emprego. Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) de São Paulo, as dificuldades sociais de refugiados de diferentes nacionalidades, como a busca por emprego, moradia e aprendizado do idioma, são semelhantes, mas o processo de adaptação se torna mais fácil quando já há nacionais no país. “A comunidade síria já está bem estabelecida no Brasil, é uma migração mais histórica que a dos congoleses, por exemplo. A adaptação dessas pessoas, por já terem certo vínculo e se ajudarem, é mais tranquila”. OIFMAN, 2012; SALES et al, 2013 K BAENINGER, MOREIRA, 2013. 8 BAENINGER E MOREIRA, 2013, p. 578 9 Alaminos, López, Santacreu, 2010. 10 MILESI [entrevista], 2016. 11 ANÔNIMO [entrevista], 2015. 12 SCHARDONG [entrevista], 2015. 13 ANÔNIMO 1 [entrevista], 2015. 14 AMÂNCIO [entrevista], 2015. 6 7 17 © ACNUR 2.2.1 Documentação protocolo é um problema para eles, pois é um peO daço de papel que não dá credibilidade nenhuma. Fazemos sensibilização nas empresas para explicar que é um documento válido, mas se a pessoa chega diretamente, a empresa não aceita. O grande empoderamento deles ocorre quando conseguem o RNE provisório ou definitivo. Para a irmã Rosita Milesi, o protocolo “é um documento que não assegura o acesso fácil e direto a todos os direitos e às práticas da vida civil”. Este documento, ressalta, deveria ter curta duração até o titular receber, com brevidade, a decisão do pedido de refúgio. O que ainda ocorre é que o volume de processos e alguns percalços administrativos acabam por retardar a decisão dos processos e o uso por longos períodos do protocolo é um problema para seus titulares. Auspiciamos por superar lacunas ou entraves – por exemplo, uma lei de migrações atualizada, que corresponda às demandas migratórias da realidade que vive nosso país – a fim de que o processo de refúgio seja uma oportunidade para aqueles e aquelas que realmente necessitam desta alternativa de proteção e que, assim, reduzam-se as demandas e se possa decidir com rapidez as solicitações de refúgio. O Conare possui uma estrutura tripartite, que busca reunir os principais atores em relação ao tema do refúgio: organização não-governamental22; represen- No que se refere ao processo para obter o status de refugiado e o Registro Nacional do Estrangeiro (RNE), as instituições da sociedade civil fornecem as informações necessárias sobre a tramitação do pedido. De forma geral, os refugiados conseguem encontrar essas instituições, seja por meio de pessoas que já conhecem os serviços, outros refugiados e/ou imigrantes, ou da própria Polícia Federal. A partir da Resolução 18 do Conare, de maio de 2015, as oitivas realizadas pelo órgão deixaram de ser obrigatórias, o que deu agilidade ao processo de solicitação de refúgio. C., palestino solicitante de refúgio20, afirma que “nunca estive na Para todos os refugiados, um dos primeiros desafios a serem vencidos para a integração é o aprendizado do português. Cunha define a língua como um sistema simbólico que organiza a percepção do mundo e, ainda, atua como um diferenciador do outro. Em São Paulo existe a oferta de cursos gratuitos de português e cultura brasileira16, seja pelo governo, algo que é mais recente, ou por organizações civis. No entanto, a simples oferta do curso não é suficiente para que os alunos possam frequentar as aulas e, de fato, aprender aquilo que foi planejado. Questões como falta de possibilidade de alimentação, necessidade de uma pessoa para cuidar das crianças no período de aulas e preço do transporte foram alguns dos motivos citados para o abandono das aulas. As dificuldades enfrentadas para a frequência nas aulas parecem mais urgentes, com a consciência do fato de que não conseguir se comunicar em português torna mais difícil obter um trabalho e/ou emprego. Entre as mulheres mais velhas, por exemplo, é pos- sível encontrar aquelas que acreditam que aprender o português é importante, mas outros fatores se mostram mais urgentes, como ter moradia, estabilidade econômica para a família e informações sobre parentes que estão fora do Brasil. S., refugiada síria ouvida em grupo de conversa da ONG Oasis17, afirma “Eu quero aprender [o português], mas estou muito cansada. Cabeça e coração, com tudo. Eu não consigo entender como falar”. Para as mulheres que foram obrigadas a se separar dos filhos, esse é outro fator de preocupação e que também pesa no processo de integração social. Sobre isso, a advogada Gabriela Cunha Ferraz, coordenadora do CLADEM18/Brasil e Assessora Técnica da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça19, afirma que “uma mulher que migra nunca consegue ser inteira e encontrar um eixo de equilíbrio se não tiver certeza de onde estão os filhos e como trazê-los para perto. Esse é um outro ponto que diferencia a migração masculina da feminina”. UNHA, 2009. C De acordo com o mapeamento realizado pela prefeitura de São Paulo dos cursos de português existentes na cidade, existem 14 cursos de português ofertados espalhados entre região central (9 dos cursos), zona leste (1 curso), zona norte (1 curso) e zona oeste (3 cursos), sendo 13 gratuitos e 1 pago. 17 ANÔNIMO 2 [entrevista], 2015. 18 Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher. 19 Depoimento feito durante o evento “Diálogos Feministas: mulheres imigrantes e tráfico de pessoas”, realizado em 04 de dezembro de 2015 pela Defensoria Pública de São Paulo. 15 Cáritas, fui diretamente à Polícia Federal e lá recebi o Protocolo de Solicitação de Refúgio no mesmo dia”. Entretanto, ao final de 2015, surgiu uma barreira burocrática ao processo, com a exigência de preenchimento de um extenso formulário pelos imigrantes que desejam solicitar refúgio na cidade de São Paulo. A Polícia Federal deixou de fornecer o documento, que deve ser providenciado pelo próprio solicitante de refúgio, que acaba por recorrer às instituições da sociedade civil em busca de auxílio. Após o pedido, o solicitante recebe um Protocolo de Permanência Provisória no Brasil, válido por um ano. Com esse documento, o solicitante de refúgio pode emitir o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e também a Carteira de Trabalho. Porém, o formato do Protocolo, uma filipeta de papel sulfite impressa em preto e branco com um carimbo, gera desconfiança, fazendo com que, em alguns momentos, esse documento não seja aceito como válido. Paulo Amâncio21, Coordenador do Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) de São Paulo, ilustra isso em relação à busca por emprego e desinformação das empresas. tante da Polícia Federal; Acnur; e governo brasileiro – representado pelos ministérios da Justiça; das Relações Exteriores; do Trabalho, da Saúde; e da Educação. No entanto, essa divisão não é igualitária, já que os órgãos governamentais representam cinco votos, enquanto a sociedade civil possui apenas um voto e o Acnur não possui voto algum, tendo seu papel limi- 16 18 NÔNIMO 3 [entrevista], 2015. A AMÂNCIO [entrevista], 2015. 22 Neste caso, historicamente, o posto é ocupado por dirigentes de instituições religiosas que atuam no acolhimento aos refugiados desde o período da ditadura militar. 20 21 19 2.2.2 Moradia tado a orientar e fiscalizar governo e sociedade civil em relação aos refugiados. Nessa estrutura pode-se perceber que os refugiados não são tidos como atores, apenas como pessoas passivas que necessitam da tutela do governo e de outras instituições, não havendo espaço para participação no processo. Isso resulta na falta de influência dos refugiados sobre as políticas que devem seguir23. A cidade de São Paulo conta com quatro abrigos públicos específicos para a população migrante, três de gestão de instituições ligadas à temática migratória, conveniadas com a prefeitura e um de gestão estadual. Ao todo, tais abrigos oferecem 350 vagas para acolhimento nos primeiros meses de permanência no país. Há também mais 120 vagas na Casa do Migrante, serviço da Igreja Católica gerido pela ordem dos Scalabrinianos, Missão Paz, totalizando 470 vagas para migrantes na cidade. A estrutura pública de abrigamento começou a ser criada em 2014 e ainda não é suficiente para suprir a demanda. Em seminário sobre a moradia e migração24, a assistente social da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, Maria do Céu, relatou que a instituição recebe semanalmente de 20 a 25 novas solicitações de refúgio na capital paulista. Em uma pesquisa sobre as condições de vida dos refugiados no Brasil25, foi constatado que, ao chegar, 37% dos refugiados entrevistados foram morar na rua, 29,7% em hotel ou pensão, 28,8% em casa de amigos e 15,5% em casa de parentes. Esses dados se relacionam diretamente ao fato de que 49,2% não conheciam ninguém antes de chegar ao país, enquanto 25,1% tinham algum familiar e 23,3% algum amigo, o que demonstra a existência de algum tipo de rede social, ainda que não atinja a todos. Quando não há vagas nos abrigos existentes, as instituições fazem o encaminhamento dos recém-chegados para centros de acolhida26, que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade. Entretanto, como nesses locais não há especificidade no atendimento, um número significativo de pessoas se nega a ir para os albergues. As críticas feitas por refugiados são referentes às regras dos abrigos especializados. Há exigência para deixar o local após o café da manhã e retornar no final da tarde. Aqueles que não têm dinheiro passam o 20 dia sem se alimentar e, quando não têm emprego e/ou não falam o português, ficam sem saber o que fazer na rua até que possam retornar ao abrigo. Outro ponto é que existe um período pré-determinado de permanência, que varia de acordo com a instituição, e esse pode ser estendido em casos especiais, como pessoas doentes. No momento de deixar o abrigo, os solicitantes de refúgio se deparam com a barreira do aluguel. Aqueles que não têm emprego nem dinheiro ficam sem condições de arcar com as despesas de uma moradia. Além disso, somam-se dificuldades contratuais, como a exigência de fiador ou seguro fiança. Sendo assim, alugueis informais se tornam uma opção em zonas periféricas da cidade e mesmo dividindo o espaço com outros. Diante desse cenário, a busca por locais ocupados na cidade de São Paulo também se apresenta como opção de moradia27. Alguns desses espaços são gerenciados por movimentos sociais de luta pelo direito à moradia, formados por brasileiros que também sofrem com dificuldades similares. Não há números sobre quantas pessoas estão nessa situação, mas as instituições que trabalham com o tema buscam orientar os solicitantes de refúgio sobre os riscos decorrentes de viver em uma ocupação e os cuidados que precisam ser tomados. Entre as reivindicações para sanar o problema, estão o acesso ao bolsa aluguel e políticas para inserção nos programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida. A prefeitura de São Paulo analisa a questão do auxílio moradia para refugiados, sendo que o CRAI já realiza cadastramento dos refugiados no Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada para os programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. AENINGER; MOREIRA, 2013. B VI Seminário A cor da Rua: Imigrantes e Refugiados em Situação de Rua. Universidade Federal de São Paulo, 25 de novembro de 2015. 25 BAENINGER; MOREIRA, 2013. 26 Em São Paulo, o encaminhamento para os Centros é feito por intermédio dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento social. A lista de centros está disponível em: http:// www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/menu/index.php?p=17317 27 Como exemplos disso temos a ocupação Leila Khaled, na Liberdade, de famílias sem-teto do movimento Terra Livre, possui 100 pessoas, sendo 60 delas refugiados sírios. Na região central da cidade de São Paulo, nas ocupações do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), braço da Frente da Luta pela Moradia (FLM), existem 40 estrangeiros, sendo 23 refugiados ou solicitantes de refúgio e 17 são haitianos. Dados obtidos em http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2015/10/ocupacao-de-sem-teto-em-sao-paulo-recebe-refugiados-sirios-8351.html e http://caminhosdorefugio.com.br/moradia-e-documentacao-desafios-diarios-enfrentados-por-refugiados-e-imigrantes-em-busca-de-uma-vida-digna/, última visita em 12/01/2016 23 24 21 2.3 Aspecto religioso 2.2.3 Trabalho e emprego Ao mesmo tempo em que a questão do trabalho e emprego – associada ao aprendizado do português – tem sido apontada pelos refugiados entrevistados para esse estudo como o fator mais importante para sua integração no país, é considerado, também, o fator mais difícil desse processo. Os refugiados em idade laboral encontram grande dificuldade de inserção no mercado formal de emprego, principalmente, na mesma área que atuavam no seu país de origem. Geralmente trabalham em atividades consideradas de baixa qualificação, independentemente do grau de escolaridade. De acordo com a lei, o processo de revalidação de diplomas emitidos por outros países deve ser facilitado, sendo concluído em, no máximo, 180 dias. Para isso é necessário apresentar o diploma válido no país de origem, histórico escolar e alguns outros documentos. Esse processo não é barato: alguns entrevistados28 afirmam que, ao longo de todo o processo, gastaram cerca de três mil reais, somando todos os encargos necessários do começo ao fim. Além disso, mostra-se necessário encontrar qual universidade aceitará reconhecer tal diploma, o que exige diversas tentativas por parte do interessado. O Parecer 56, do Ministério da Educação, aprovado em fevereiro de 2015, permite que esse trâmite citado seja substituído por uma prova de conhecimentos nos casos em que o estrangeiro não tenha seus documentos, como forma de avaliação e revalidação de diploma. Como a lei foi aprovada apenas em 2015, é ainda difícil diagnosticar a efetividade dela. Antes de sua existência, muitos refugiados queixavam-se da dificuldade de conseguir o reconhecimento de sua formação, considerando que é comum que eles cheguem ao Brasil sem nenhum tipo de documento. A dificuldade de acesso adequado ao treinamento técnico, à educação e aprendizagem de português por questões logísticas29 e por desgaste físico e emocio- nal30 reduz as possibilidades de participação no mercado formal. Existe grande resistência por parte das empresas para contratar imigrantes em situação de refúgio, em razão da falta de compreensão ou compreensão errônea sobre migrações forçadas, por preconceito, ou porque o refugiado é temporário e haver a possibilidade destes trabalhadores serem substituídos por causa de uma futura saída do país. Aqueles que recorrem ao empreendedorismo social têm dificuldade em preencher todos os requisitos para ter uma proposta de crédito aceita pelos bancos, por não terem tempo mínimo de permanência no país determinado pela instituição; por enfrentarem períodos de grande mobilidade de acomodação, entre outros. Há muitos relatos de discriminação, direta e indireta, e xenofobia no mercado de trabalho. Os refugiados não são tratados da mesma maneira que os outros trabalhadores do local na prática. A principal barreira para as mães realizarem atividades econômicas é a responsabilidade que assumem em relação às crianças em razão da dificuldade de acesso às creches e da falta de divisão do trabalho doméstico. Isto dificulta, também, a frequência em cursos e aulas, seja o de português ou de qualificação para o mercado de trabalho. Os refugiados mais idosos, por sua vez, expressam preocupação em relação à dificuldade existente no Brasil para que pessoas com idade elevada consigam emprego, uma vez que, de forma geral, o mercado de trabalho não absorve adequadamente essa população e, ao mesmo tempo, não existem investimentos por parte dos empregadores. ses comentários geralmente demonstram o preconceito existente no país, além do desconhecimento das práticas religiosas dos mesmos. Apesar disso, essas manifestações são descritas pelos entrevistados como pontuais e relevadas por demonstrarem, em sua visão, principalmente do desconhecimento das pessoas. Assim, isso nos permite concluir que apesar dos preconceitos e suas possíveis consequências contra pessoas associadas a uma religião, nota-se que a não interferência, isto é, a liberdade do culto permite também, de alguma maneira, aproximar-se de sua cultura, de seus conterrâneos e, mais importante, mostra-se como um facilitador à integração local, obtenção de moradia e trabalho, adaptação à cultura do país receptor e de doações diversas. As tradições religiosas constituem também um importante caminho de integração dos migrantes. Elas assumem frequentemente o papel de favorecer a gradativa socialização dos recém-chegados com as cosmovisões culturais e religiosas dos autóctones. Em outros termos, a participação ativa em lugares de culto, ainda que da mesma tradição religiosa da terra de origem, implica sempre a incorporação de traços culturais típicos da nova sociedade. Nesse sentido, as religiões se tornam pontes entre o passado da terra de origem e o presente da terra de chegada, espaços sociais de familiaridade e, ao mesmo tempo, de encontro com a alteridade32. O livre direito ao culto religioso é apontado por refugiados e solicitantes de refúgio como um dos pontos favoráveis do Brasil. No país eles se sentem confortáveis para vivenciar as próprias crenças ou mesmo dizer que não têm religião. Em São Paulo, muitos abrigos, programas de ajuda aos estrangeiros e refugiados, além de ajudas diversas ofertadas a esse grupo, são mantidos por igrejas e instituições religiosas, em sua maioria católicas. Apesar disso, todas as instituições mantêm um espaço de acolhimento e auxílio livre, onde os refugiados encontram respeito a quaisquer práticas religiosas que desejem manter. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística31, os católicos ainda são os mais os mais numerosos, mas existe grande diversidade religiosa no país. Ao praticar uma religião é possível ao refugiado encontrar uma comunidade e rede de solidariedade, sendo que algumas delas já preveem formas de auxílio aos seus membros. F., refugiado paquistanês muçulmano, passou a frequentar a mesquita da cidade onde mora, e rapidamente as pessoas da mesma religião lhe deram trabalho. Apesar de não ter continuado no emprego, ele afirma que continua mantendo boas relações com essas pessoas e que sempre que necessário recebe ajuda. Entre os muçulmanos não são incomuns os relatos da associação de seus membros com o terrorismo. Es- ntrevistas realizadas com 4 pessoas que obtiveram correspondência para o diploma em diversas áreas de Engenharia entre Agosto e Novembro de 2015. E Como já citado, dinheiro para transporte, longos horários de trabalho, choque com horários dedicados a procurar emprego, entre outros. 30 Como já citado, a falta de paciência para frequentar as aulas após o dia de trabalho ou de procura por trabalho, preocupações com moradia, alimentação, dinheiro, reunião familiar, entre outros. 31 Relatório do Censo Demográfico 2010: Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. 32 MARINUCCI, 2013. 28 29 22 23 © UNHCR Frederic Noy 2.4 Aspecto político No Brasil, o artigo 14, § 2° da Constituição Federal, determina que “Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros”. Isso faz com que nenhuma pessoa oriunda de outro país possa escolher seus representantes no Legislativo e Executivo. Atualmente, está em tramitação na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição 347/2013, que se aprovada permitirá que os estrangeiros residentes em território brasileiro por mais de quatro anos possam votar. A luta pelo direito ao voto não é uma reinvindicação nova entre os imigrantes, apesar de secundária entre aqueles que ainda buscam moradia e trabalho. O direito a votar e ser votado apareceu como uma das demandas da 1ª Conferência Nacional de Migração e Refúgio, realizada em 2014. No mesmo ano foi lançada a campanha permanente “Aqui vivo, aqui voto!” pelo Fórum Social pelos Direitos Humanos e Integração dos Migrantes no Brasil, que tem realizado coleta de assinaturas, atividades de conscientização e mobi- lização em prol da aprovação da PEC 347/2013. Em São Paulo, a Coordenação de Políticas para Migrantes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos tem trabalhado para fomentar a participação de imigrantes e refugiados na cidade. O Decreto n° 54.645, de 29 de Novembro de 2013, criou no Conselho Participativo Municipal da Cidade de São Paulo a cadeira de Conselheiro Extraordinário do Conselho Participativo Municipal, para que os imigrantes e refugiados possam ser incluídos no espaço de tomada de decisão. De acordo com esse decreto, todas subprefeituras cuja presença de imigrantes corresponda a pelo menos 0,5% da população local, de acordo com o censo, terão um represente oriundo de outro país. O decreto não especifica a eleição de pessoas com o status de refugiado, nem salientando sua participação e nem a vetando, o que permite que essas possam se inscrever como candidatos e eleitores. Camila Baraldi33, coordenadora-adjunta da coorde- e afasta. Nos casos de refúgio, muitas vezes o motivo da perseguição foi política. Há pessoas que gostariam de ter uma participação mais ativa, encontrar mais espaço e às vezes têm mais dificuldade para se manifestar, colocar a opinião e dizer o que desejam. Tentando criar formas de dar voz às próprias demandas, os refugiados começam a se organizar dentro de grupos e associações. A Associação dos Senegaleses, União Malinesa, Association des Ressortissant du Burkina Faso são alguns exemplos existentes em São Paulo, listados no mapeamento de instituições feito pela prefeitura35. A Coordenação de Políticas para Migrantes orienta os imigrantes sobre os requisitos necessários para constituir as associações. Posteriormente, trabalham de forma conjunta na divulgação de serviços voltados para a população imigrante, facilitando o diálogo com o poder público. nação de políticas para migrantes da Secretaria de Direitos Humanos de São Paulo, afirma que: Trabalhamos na perspectiva de que se eles vivem aqui, são cidadãos paulistanos e, em decorrência, teriam direito à participação política. A eleição de conselheiros também caminha nessa lógica. É muito importante que se fortaleça a formação política dessa população, porque a compreensão ampla desses processos é o que move a migração. Segundo Paulo Amâncio34, Coordenador do Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) de São Paulo, o não direito ao voto segrega e invisibiliza os imigrantes que estão no país. Para eles é muito frustrante quando percebem que a participação política será quase nula, tirando alguns pontos específicos, como nos Conselhos Participativos. Não só os que chegam, mas os que vivem aqui há mais tempo, pois percebem que isso os limita ARALDI [entrevista], 2015. B AMÂNCIO [entrevista], 2015. 35 O Mapeamento dos Grupos de Imigrantes ou ligados à Temática Migratória da Coordenação de Políticas para Migrantes, finalizado no primeiro semestre de 2015, está disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/direitos_humanos/gruposimigrantes.pdf 33 34 24 25 3. Recomendações 3.1 Aspecto cultural O reconhecimento da cidadania de pessoas sob a proteção do refúgio, ou seja, de que os refugiados são sujeitos de direitos, é o primeiro passo em todos os aspectos aqui considerados. Para tanto, algumas ações podem ser tomadas para avançar as práticas tornando-as mais efetivas para a integração das pessoas em situação de refúgio no país Refugiados não constituem um grupo homogêneo, por isso é necessário um cuidado apropriado para o respeito à diversidade cultural e garantia total de isonomia, tanto nas instituições públicas, quanto na sociedade civil, para todos os grupos de refugiados que chegam ao país. gio prevê e a quem ela se destina seriam também uma forma de mitigar obstáculos à integração nos diversos âmbitos, de trabalho, escolar, serviços oferecidos, etc.; • Maior incentivo, inclusive por financiamentos a pessoas físicas imigrantes, considerando as limitações à liberdade de associação de estrangeiros e refugiados, para promover a expressão cultural diversa, permitindo, assim, a troca cultural entre refugiados e brasileiros, a livre expressão cultural por parte dos refugiados e a maior inserção na sociedade local por meio, também, destas mesmas atividades. • Seriam bastante bem-vindas iniciativas de formação de profissionais responsáveis por atendimento em serviços públicos, bem como a inserção da temática do refúgio no currículo escolar; © UNHCR Frederic Noy • Campanhas para melhor informar e conscientizar a população brasileira sobre a proteção que o refú- 26 27 3.2 Aspecto social 3.3 Aspecto político • Documentação: Ao Conare, espera-se que possa dar maior transparência e celeridade ao processo de tramitação do processo de solicitação de refúgio, além de promover mudanças no Protocolo de Permanência Provisório, para que esse documento tenha formato oficial e mais convincente. À Polícia Federal, cabe fornecer os formulários necessários para a solicitação de refúgio, reconhecendo inclusive o contexto e situação de pessoas que precisam de tal proteção. dos compromissos que os governos municipais, estaduais e federal, em coordenação pelo Conare, deveriam dedicar para endereçar o problema da moradia para refugiados. • Trabalho / emprego: Além dos esforços que devem ser empreendidos pelas respectivas secretarias de trabalho e emprego na intermediação entre empregadores e candidatos refugiados buscando emprego, seria louvável a promoção de incentivos a empresas para a contratação de refugiados. As ONGs, lideranças de comunidades de refugiados, outros atores em prol dos refugiados a nível local, nacional e internacional devem estreitar as relações formalizando a rede de apoio ao refugiado, criando estratégias e parcerias para garantir que o direito ao trabalho seja realizado. • Superar a barreira linguística no acesso a serviços é imprescindível, bem como acessar as informações disponibilizadas em cartilhas elaboradas por órgão públicos. Para tanto, a disponibilização e uso de intérpretes e tradutores é de notável valor e importância. • Garantir que os serviços de ensino de português para estrangeiros satisfaçam as necessidades dos refugiados, em termos de equipe especializada no ensino do idioma para estrangeiros; oferta de horários alternativos ao período trabalho e/ou procura de trabalho; classes avançadas específicas para a área de atuação no mercado de trabalho; disponibilidade de aulas de português com serviço de creche para as famílias que necessitam deste suporte são outras possíveis respostas às questões apresentadas quanto a barreiras comunicacionais. • Os refugiados devem ter sua participação política garantida por meio da inclusão na gestão e controle e execução de todos os níveis e instâncias possíveis de participação social, em especial naqueles que dizem respeito a questões migratórias37. Lideranças e organizações de refugiados devem ter garantido acesso à informação e aos instrumentos que os permita conhecer e avaliar os direitos dos refugiados, as ações e o suporte que estão sendo implementados. • Faz-se importante, também, disponibilizar informações sobre o funcionamento dos processos políticos no país e, sobre as obrigações e direitos dos refugiados, no que se refere à vida pública e participação sociale e política no Brasil. • Em que se pese os casos de sucesso, os respectivos órgãos dedicados a questões de trabalho e emprego devem ter em suas agendas a preocupação com as vulneralibidades a exploração de pessoas na condição de refugiado, bem como devem também assegurar que os empregadores dediquem acesso igualitário aos refugiados, contemplando sempre a diversidade de nacionalidades.36 • Deve-se também buscar formas de eliminar ou criar alternativas aos impedimentos burocráticos ao exercício de profissões, tais como as altas taxas para revalidação do diploma e qualificações obtidas no exterior e a demora neste processo, entre outras, para aqueles em busca de trabalho. • Moradia: Inserir os refugiados nos cadastros para programas de moradia existentes; criar auxílio para pagamento de aluguel nos primeiros meses de permanência no país, tal como é feito no programa de Reassentamento das Nações Unidas, são algumas s artigos 5° e 7° da Constituição Federal garantem a igualdade entre brasileiros e estrangeiros residentes no país perante a lei, e que não deve haver difeO renciação de salários independente de sexo, cor ou estado civil. Além disso, o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho garante que não deve haver de salário para um mesmo cargo independente de sexo idade ou nacionalidade. O refugiado que passar por algum tipo de preconceito em seu trabalho com relação a salário pode abrir um processo no Tribunal do Trabalho exigindo seus direito e, ainda, danos morais pelo preconceito. 37 Aqui compreendemos advocacy como um conjunto de ações políticas que visam influenciar a formulação, aprovação e execução de políticas públicas junto aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e à sociedade, por meio do trabalho em redes e a mobilização da mídia. 36 28 29 KOIFMAN, Fábio. O imigrante ideal: O Ministério da Justiça e a entrada de estrangeiros no Brasil (1941-1945). ALAMINOS, Antonio; LOPEZ, Cristina; SANTACREU, Oscar. Etnocentrismo, xenofobia y migraciones internacionales en una perspectiva comparada. Convergência, Toluca, v. 17, n. 53, p. 91-124, agosto/2010. ANÔNIMO 1: entrevista [09 dez. 2015]. Entrevistadora: Roberta de Morais Mazer. São Bernardo do Campo. 2015. MARINUCCI, Roberto. A religião como meio de assistência, integração e emancipação dos migrantes. Resenhas digitais. Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios – CSEM. Disponível em: http://csem.org.br/images/downloads/ resenhas/A_religi%C3%A3o_como_meio_de_assist%C3%AAncia_integra%C3%A7ao_e_emancipa%C3%A7%C3%A3o_ dos_migrantes.pdf ANÔNIMO 2: entrevista [06 nov. 2015]. Entrevistadora: Géssica Brandino e Joana Miranda. São Paulo. 2015 MILESI, Rosita: entrevista [13 fev. 2016]. Entrevistadora: Joana Miranda. Realizada por e-mail, 2016. ANÔNIMO 3: entrevista [28 nov. 2015]. Entrevistadora: Géssica Brandino. São Paulo, 2015. MOREIRA, Júlia B. Refugiados no Brasil: Reflexões acerca do processo de integração local. REMHU – Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, Brasília, Ano XXII, n. 43, p. 85-98, jul/dez. 2014. AMÂNCIO, Paulo: entrevista [04 nov. 2015]. Entrevistadora: Géssica Brandino. São Paulo. 2015. BAENINGER, Rosana; MOREIRA, Julia B. Refugiados no Brasil: visões sobre o apoio prestado por instituições no Brasil. © UNHCR Olivier Laban-Mattei Lista de referências SALLES, Maria do R. R; BASTOS, Sênia; PAIVA, Odair da C. Imigração e política imigratória no pós-Segunda Guerra Mundial: perfil das entradas e trajetórias. In: SALLES, Maria do R. R.; BASTOS, Sênia; PAIVA, Odair da C; PERES, Roberta G.; BAENINGER, Rosana (orgs.). Imigrantes internacionais no Pós-Segunda Guerra Mundial. Campinas: Núcleo de Estudos de População – Nepo/Universidade Estadual de Campinas, Faculdade Anhembi Morumbi, Universidade Federal de São Paulo, 2013. In: BAENINGER, Rosana; DEDECCA, Claudio (orgs). Processos Migratórios no Estado de São Paulo. Coleção Por Dentro do Estado de São Paulo – Volume 10. Campinas: Núcleo de Estudos de População – Nepo/Unicamp, 2013. BARALDI, Camila: entrevista [19 nov. 2015]. Entrevistadora: Joana Miranda. São Paulo, 2015. CUNHA, M. C. da. Cultura com aspas. 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