4a. Etapa do Brasileiro 2005
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4a. Etapa do Brasileiro 2005
4a. Etapa do PARNASO faz 66 anos Brasileiro 2005 contando história do Montanhismo NEUSA VEDOVATO | SP A 4a. e última etapa do Campeonato Brasileiro de Escalada Esportiva acontecerá no próximo dia 19 de novembro no Ginásio Casa de Pedra Perdizes, Rua Venâncio Ayres, 31 - São Paulo SP. As inscrições deverão ser feitas no site da APEE: www.apee.com.br até o dia 17 de novembro. Atenção para os horários: Eliminatória (para os atletas que não estão pré-classificados): isolamento: das 8:30 às 9:45 hs. Início às 10:00 hs. Semifinal: isolamento das 13:00 às 13:45 hs e início às 14:00 hs. De acordo com o regulamento: “1.3. Os 5 atletas da categoria Masculino e as 3 primeiras atletas da categoria Feminino ranqueados(as) em cada federação-membro da CBME no ano de 2004, estarão pré-classificados para o ano de 2005. Os 10 primeiros homens e as 6 primeiras mulheres do Ranking Brasileiro de 2004 também estarão pré classificados” (Veja o ranking 2004 no site da APEE)”. Haverá ainda durante o evento exposição de fotos dos melhores momentos do Ranking Paulista de 2005, da Copa do Mundo de Escalada Esportiva na Europa em 2005 que teve participação de brasileiros e fotos dos trabalhos realizados pela FEMESP nesse ano, apresentação circence feita em tecido do grupo Galpão do Circo e transmissão on line do evento através do site Escalada das Minas. se preocuparem com o patrão. Tocavam com o coração, improvisando cada nota. O “Bouldering Jam” tenta resgatar este estado de espírito onde nada mais importa. O que interessa é estar entre amigos, fazendo o que se gosta e mostrando para todos que escalar também pode ser visto como uma arte, a arte do improviso das sessões jamming de jazz, enquanto você é o route-setter, e a arte da dança, enquanto você tenta encadenar o boulder. Cronograma Local: Praça Garibaldi, centro Histórico de Antônio Prado/RS; Para o pessoal de fora, disponibilizamos um sótão maravilhoso em uma casa tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no centro da cidade, para pernoitar; Taxa de inscrição: R$20,00. Os 66 anos de aniversário do Parque Nacional da Serra dos Órgãos serão comemorados através da história do Montanhismo no Parque, com o aniversário de 40 anos da abertura do Caminho das Orquídeas, uma das mais belas trilhas do parque, que dá acesso à Agulha do Diabo, Morro São João e Chaminé Cassin; 30 anos da conquista da face Leste do Garrafão, primeiro big wall brasileiro; e 20 anos da conquista das vias Terra de Gigantes e Franco-brasileira na Pedra do Sino, uma das mais difíceis do país. Para tanta comemoração, será realizado um evento no dia 03 de dezembro, na sede do PARNASO em Teresópolis, com a seguinte programação: 19:00 - Inauguração da exposição histórica sobre montanhismo no Parnaso. 19:30 - Homenagens e apresentações dos montanhistas que fizeram história no Parque. 20:30 - Coquetel de confraternização. 21:00 - Mostra de filmes de montanha. Na manhã seguinte, dia 04 de dezembro, a festa continua com atividades para o público geral de recreação infantil à partir das 10:00hs e show musical à beira da piscina natural ao meio dia. Contamos com a participação da comunidade de montanhistas; será novamente um prazer recebê-los! Para maiores informações visite o site w w w. i b a m a . g o v. b r / parnaso As vagas são limitadas, portanto é preciso se inscrever para participar do evento no telefone: (21) 26444517. Sábado às 08:30h, abertura das inscrições que serão encerradas às 9:30. 10:00h, abertura oficial do evento. Não há horário pré-determinado para o encerramento do evento; Jantar de confraternização. 14 Atividades pós-evento Após o término do “Bouldering Jam”, no dia 19/ 11, e devidamente alimentados, será hora de relaxar e aproveitar para conhecer a vida noturna Pradense e sua população. Haverá show com bandas animando a noite no mesmo local do evento (sem esquecer que no dia seguinte haverá muito trabalho!). Betas: Cláudio Guedes Bochese (Cau) (54) 8119 8520 - [email protected] e Joel D. Marcon (54) 9138 6028 [email protected]. www.tosimatti.com.br www.mountainvoices.com.br www.mountainvoices.com.br ODILEI MEDEIRO | RS O evento “Bouldering Jam” parte do pressuposto de que qualquer escalador pode montar um boulder tão bem quanto escalá-lo. Assim como é necessário imaginação e criatividade para encadenar um boulder, também são necessários os mesmos pré-requisitos para ser um route-setter. E é isto que este evento único proporciona, ser o escalador e o route-setter. O conceito “Jam” como sendo improvisação nasce no Delta do Mississipi quando os músicos de jazz acabavam as suas obrigações com as atividades que lhes rendiam o dinheiro para sobreviver e se juntavam em algum bar para fazer o que mais gostavam, tocar jazz pelo simples prazer de estar tocando jazz, sem compromissos, sem partituras a serem seguidas, sem Domingo às 09:00h, saída para o “Festival de Conquistas” no Perau Vermelho e Perau Branco, situados nas Cascatas da Usina no vale do rio Inferno em Antônio Prado/RS. A locomoção até o local fica sob responsabilidade dos participantes. Como se trata de um mutirão com o intuito de conquistar vias no local determinado, os interessados deverão trazer os equipamentos necessários para tal atividade. Fotos do local:www.tosimatti.com.br Recomenda-se que os interessados estejam preparados para passar o dia nas atividades de conquista, munidos de água, comida, repelente, etc. 03 Internacional BloX 2005 Caldwel manda duas vias no El Cap em 1 dia, Davis libera a primeira feminina na Freerider, Action direct é encadenada 3 vezes em uma semana, Copa do Mundo... A quinta edição do Festival de Escalada teve diversas novidades, sendo a principal, a mudança da base para a cidade mineira de Paraisópolis, reafirmando o potencial das falésias do sul de Minas Gerais. Feira e mostra de equipamentos, Exposições de imagens, dezoito novas rotas esportivas e tradicionais, boulders e uma festa eletrônica no final fizeram a alegria dos quase 300 participantes do RJ, MG, ES, GO, PR, SC e SP. ELISEU FRECHOU | SP Escalada na China Rikar Ortegi Os montanhistas americanos Chad Kellogg, Joe Puryear e Stoney Richards estabeleceram duas novas rotas nas montanhas Siguniang na China em meio de outubro. O time tentou diversas paredes, mas teve sucesso em um pico ainda sem nome de 5.020m na qual estabeleceram uma rota de 10 enfiadas para o topo e que a chamaram de The angry wife. Depois o trio atacou a face sul do Monte Daugou, o mais alto desta região e estabeleceram uma rota de 17 enfiadas, com um crux de chaminé estreita bem abaixo do topo. Eles atingiram no final da tarde o cume do monte aparentemente não escalado até então, e rapelaram a noite. Após apenas cinco ascensões em 13 anos, a rota Action direct de Wolfgang Gullick em Frankenjura, Alemanha recebeu nada menos que 3 repetições em uma única semana. Action direct foi a primeira rota de 9a francês estabelecida no mundo e durante muito tempo virou lenda. No início de novembro, Rich Simpson da Inglaterra e Dai Koyamada do Japão repetiram a via em apenas dois dias de trabalho. Em seguida foi a vez do alemão Markus Bock repetir a via. Me- nos de uma semana após, Simpson fez a primeira repetição da nova rota de Bock, Unplugged cotada também em 9a. Achado Gunther Messner Testes de DNA feitos da Áustria confirmaram ser de Gunther Messner os restos encontrados no início deste verão no Nanga Parbat. Os irmãos foram os pioneiros na face Rupal da montanha em 1970. Durante a descida os dois Copa do Mundo O holandês Jorg Verhoevem de 20 anos é a mais nova estrela da Copa do Mundo de Escalada. Ele venceu a etapa de Valence na França, e está ranqueado em quarto na posição geral. Angela Eiter na Áustria ganhou no feminino. A classificação de etapa ficou: Masculino:Jorg Verhoeven (Hol), Mickaël Fuselier (Fra), Cédric Lachat (Sui) e Ramón Julián Puigblanque (Esp). Feminino: Angela Eiter (Aus), Caroline Ciavaldini (Fra), Sandrine Levet (Fra) e Maja Vidmar (Esl). Caldwell e Davis no El Cap www.mountainvoices.com.br Apenas duas semanas após ter escalado em livre o The Nose no El Capitan, Tommy Caldwell mandou em 23:23hs as vias The Nose e Freerider. Ele iniciou a escalada do Nose a 01:00h da manhã com a segurança de sua esposa Beth Rodden, após ter duas quedas na enfiada Changing corners (14a), ele desceu pelo East Ledges e chegou novamente a base as 13:00hs onde Chris McNamara o esperava para dar segurança no Freerider. As duas rotas somam 65 enfiadas, sendo uma de 5.14, uma de 5.13, nove de 5.12 e muitas de 5.11 e 5.10. Dia 23 de outubro foi a vez de Steph Davis passear pelo El Capitan mandando em livre a Salathé Wall via Freerider (5.13a). Steph trabalhou a via, fazendo muitas das enfiadas em top rope e após 11 dias de esforços, ela e a amiga Cybele Blood desceram da montanha com a primeira ascensão feminina em livre da rota. Greenspit O escalador suiço Didier Berthod encadenou Greenspit, uma fenda de dedos, mão e punho de grau 5.14a na Itália, colocando toda a proteção usada na escalada. Greenspit é uma fenda de 45 graus e mais de 15 de extensão e nunca havia sido escalada colocando as prote- 04 Josune mandando Fuente de energia. Monte Dangou Grandes Jorasses ções. Berthod é o responsável por uma das mais difíceis fendas do tradicional point americano Indian Creek, chamada From Switzerland with love (5.13+). Bereziartu manda 5.13d à vista A escaladora basca Josune Bereziartu mandou a vista Fuente de Energia, uma via de 8b/5.13d na falésia espanhola de Vadiello. Ela já havia mandado este grau a vista no início do ano no Japão, mas é sua primeira via à vista deste grau na Europa, confirmando sua impressionante forma física. Apenas duas outras mulheres haviam feito este grau na primeira tentativa: Katie Brown com Omaha beach (99) e a adolescente francesa Charlotte Durif, que mandou uma via deste grau no último mês de agosto na França. Nose alpino Os italianos Mauro “Bubu” Bole e Mario Cortese completaram uma nova via em livre nos Grandes Jorasses, impressionante montanha nos Alpes franceses. A nova via, Nez foi trabalhada por quase um mês em agosto último e culminou em 38 enfiadas livres com grau atingindo o oitavo brasileiro, e algumas também transcorreram por terreno misto de rocha podre e gelo. A maior parte das enfiadas recebeu algum tipo de proteção fixa mas a maioria é móvel. BETH FRECHOU | SP Como já está se tornando tradição na Serra da Mantiqueira, aconteceu em setembro na cidade de Paraisópolis (MG) a 5ª edição do Festival de Escalada BloX, evento que nasceu com a proposta de confraternizar e movimentar o meio excursionista através da inauguração de novos points de escalada, proporcionando durante sua realização, o encontro de escaladores e montanhistas de diversas partes do país em busca de informação e novas amizades. A cidade mineira possui excelentes áreas de boulder e falésias próximas à cidade, e foi na falésia do Machadão que a equipe preparou 18 vias e limpou cerca de 6 boulders para que os quase 300 escaladores participantes pudessem gastar seus dedos... Neste ano, a novidade da feira de equipamentos foi aprovada e agradou, oferecendo oportunidade de negócios à todos, sendo que no próximo ano esta parte do evento promete crescer. Assim como as exposições de fotos de Marcela Chaves e Márcio Bortolusso, que junto com André Ilha, Chiquinho Hartmann e outros fizeram uma festa para os olhos dos participantes e comunidade local, pois estavam instaladas na praça central da cidade e lá permaneceram durante todo o dia. Nos 3 meses anteriores ao evento contamos com o imprescindível apoio da Prefeitura Municipal de Paraisópolis, na pessoa do Sr. Wagner - Prefeito Municipal e do Sr. Valdir - Secretário de Turismo, que com muito empenho estiveram presentes desde a preparação do local, organização das exposições fotográficas e feira até a festa eletrônica à noite. Para encerrar, aconteceu no Clube Recreativo uma festa eletrônica com os djs Dio, Sonic, Beavis e Pitonhead. Agradecimentos a todos que ajudaram e tornaram possivel este dia de festa. Abriram as rotas: Rogério Santos,Paulo Menezes, Daniel Casas e Paula Costa Manso. Na organização: Camila Granito, Viviane Gagaus, Tati, Lequinho, Diogo, Felipe Guimarães, Dimi, Zezinho da Rosa e Daniel Stassi. Agradecemos aos patrocinadores: Snake, Curtlo, Equinox, Solo, Trilhas e Rumos, Gringa e Pé na Trilha. A área preparada para as escaladas poderá ser frequentada por escaladores, mas antes procure algum escalador local para obter mais informações e croquis. www.mountainvoices.com.br Action direct estavam bastante cansados e decidiram descer por outra face, a do Diamir. Os dois acabaram se separando e Gunther morreu durante a descida, supostamente por causa de uma avalanche. Messner teve diversos congelamentos e perdeu a maior parte de seus dedos e falanges. Messner foi acusado de ter deixado seu irmão descer sozinho para tentar fazer a primeira travessia do pico. O corpo foi encontrado por pessoas do vilarejo próximo e Messner viajou imediatamente para o local, confirmando que pelas roupas e demais evidências, o corpo é realmente de seu irmão. 05 internacional + ecos Maria Nem sempre um engano é uma coisa ruim. Às vezes os enganos nos proporcionam o inesperado, e nos abrem portas que nem sabíamos existir. ANDRÉ ILHA | RJ Pois foi exatamente assim, por engano, que eu e o Alexandrinho (Alexandre Portela) descobrimos em 2003 as duas Torres de Santa Maria, um belíssimo par de agulhas encravadas no nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha. Havíamos acabado de conquistar o espetacular Pontão da Pedra Parda ali perto, em Rubim, pela via Eminência Parda (6º VI A2+), e o tempo que nos sobrava era curto demais para tentarmos qualquer coisa mais séria. Antecipamos então o nosso retorno ao Rio, mas reservamos um par de dias para finalmente explorar as famosas montanhas de Jacinto e, de quebra, visitar as vizinhas Santa Maria do Salto e Santo Antônio do Jacinto, onde desconfiávamos que também poderiam existir montanhas interessantes. Embora tenhamos chegado muito próximos ao impressionante conjunto de pontões graníticos de Jacinto, no primeiro dia não conseguimos achar a estrada certa para o vale da Pedra Misteriosa, onde se encontra o filet mignon local. Por isso, seguimos para Santa Maria do Salto com a intenção de chegar a Santo Antônio e voltar pelo mesmo caminho ou, então, fazer um longo contorno passando novamente por Rubim. Santa Maria do Salto é uma cidade pequena, pobre e barulhenta, mas totalmente cercada por belíssimas paredes rochosas, algumas bem grandes, e após fotografá-las de todos os ângulos, perguntamos onde ficava a saída para Santo Antônio do Jacinto e nos disseram que era por uma estrada à direita de onde nós havíamos chegado. Não era. Era à esquerda. Embora a estrada que nos foi indicada até levasse também a Santo Antônio, ela era mais longa e estava arruinada, ao passo que a outra era razoavelmente boa. Mas 14 quilômetros depois de deixarmos a cidade, na localidade conhecida como Piauí, demos de cara com duas imponentes agulhas que não são visíveis de quase nenhum outro lugar, que nos deixaram boquiabertos e gratos pela informação errada! Como já estivesse tarde e a estrada se tornasse cada vez pior, seguimos nela por mais alguns quilômetros, fizemos um desvio para a direita, por Jaguarão, e retornamos a Jacinto já à noite, sem ter atingido Santo Antônio. Fotos: André Ilha www.mountainvoices.com.br No ano seguinte estabeleci como prioridade uma ida a Santa Maria para tentar subir aquelas agulhas, e como o Alexandrinho não pôde ir, pois estava construindo a sua casa nova em Teresópolis, fui em companhia do Miguel Freitas, do CEC. Chegando à cidade, após a longa viagem desde o Rio de Janeiro, paramos na sua única opção de hospedagem, o Dormitório do Tinhô, que também era um bar e ponto de venda de produtos veterinários! Torres de Santa Maria. Miguel na fissura de pés e mãos da Conexão Piauí. Santa Maria do Salto. 06 on the rocks Tinhô é um sujeito super-simpático, que tudo fez para agradar os exóticos hóspedes que vieram de tão longe apenas para subir aquelas duas pedras lá na roça. Infelizmente, porém, ele não tinha poderes para decretar um armistício na guerra sonora que era travada diariamente nas ruas cidade: diversos carros de som com propaganda política (era época de eleições...) no mais alto volume circulando ininterruptamente; queimas de fogos a qualquer hora do dia ou da noite; motos com o cano de descarga furado de propósito; bares com sua própria e respeitável aparelhagem de som, cada qual tocando uma música diferente e todos ao mesmo tempo; cachorros latindo compulsivamente dia e noite... Mas o pior mesmo eram os “agro-boys”, garotões fazendeiros circulando com suas caminhonetes com a traseira tomada por potentes caixas de som, sempre usadas no limite máximo, provavelmente para impressionar as menininhas da cidade, que àquela altura já deviam apresentar problemas auditivos... Solidário ao nosso desespero, Tinhô nos arrumou As Torres de Santa Maria (nós as chamamos assim, pois no local não se deram ao trabalho de lhes dar um nome) ficam na Fazenda Santa Lúcia, onde fomos recebidos com a costumeira cordialidade do povo daquela região, logo recebendo permissão para tentar as escaladas. Enquanto tomávamos o café protocolar com o Maurício, o morador da fazenda que nos recepcionou, ficávamos de olho nas pedras. Na frente da Torre Maior há um belíssimo sistema de fendas, que obviamente proporcionará uma boa via, mas a Torre Menor parecia inexpugnável, exceto por um entediante artificial de cliffs ou parafusos. Ele nos disse então que se subíssemos o vale entre as duas ganharíamos muita altura e que, por trás, as torres eram menos inclinadas. Seguimos a sua sugestão e subimos até o colo entre as duas torres, onde fomos premiados com um curto e bonito sistema de fendas da base ao cume da Torre Menor, que obviamente sairia em livre. E a Torre Maior, além de ser realmente mais deitada daquele lado, também oferecia boas opções para vias mistas, com um claro predomínio de lances de parede, mas com óbvias fendas aqui e ali. Ou seja, ali seria a nossa base de operações. A conquista da Torre Menor Voltamos ao carro e em seguida fizemos um penoso carreto de equipamentos até o colo novamente. Como ainda estivesse cedo, bati os dois primeiros grampos da via num trecho de agarras que seria o seu crux (Vsup) e demos por encerrado o dia. Na manhã seguinte, guiando, o Miguel encadeou a seqüência e, após dar uma passada em um tufo de mato instável (onde eu bati mais um grampo na descida), subiu uma bonita fissura de entalamento de mãos e pés (IVsup/V) com ótima proteção em friends médios e grandes. Dentro dela havia uma raiz que ora ajudava, ora atrapalhava, mas ele chegou, assim, a um ótimo platô com uma árvore, onde parou. Eu segui este platô para a esquerda até subir um pequeno degrau em agarras (com bromélias espinhentas) e fazer outra parada em uma sólida árvore. Dali ele venceu, sem costuras, a fácil fenda final, chegando rapidamente ao lindo cume rochoso da Torre Menor de Santa Maria, para onde me levou. Que cume! Que vista! E que vontade de chegar também ao topo da Torre Maior, ali ao lado e ali em cima... Chamamos nossa via de Conexão Piauí (4º Vsup, 55 m). Deixamos no cume, como de hábito, uma marmita de alumínio com um livro, uma caneta, um lápis e um apontador para registro de futuros visitantes, mas quando fomos soltar os dois morteiros que havíamos levado conosco, cadê o isqueiro? Estava na base... Eu então desci na frente e o mandei pela retinida para que o Miguel honrasse a tradição, sendo que os estampidos foram depois motivo de muita conversa entre os escassos habitantes daqueles cafundós. Quando ele desceu, nós ainda abrimos a trilha até à base da Torre Maior, e depois retornamos a Santa Maria para celebrar a via com uma cervejinha gelada no Tinhô e para sermos submetidos a mais uma rodada de tormentos sonoros. A conquista da Torre Maior Descansamos um dia e no outro seguimos cedo para a Torre Maior. Começamos a nova via por um bonito e longo diedro voltado para a esquerda, quase todo em fácil oposição (III/IIIsup em média, com uma passada um pouco mais técnica). A proteção, em friends de tamanhos diversos, era ótima, e no final do diedro batemos um grampo de 1/2". Ali começou uma seqüência de agarras e aderência, protegida por mais dois grampos, que veio a ser o crux da via (VIsup), depois de limpos os liquens que recobriam algumas agarras minúsculas. nome, e o vulto sombrio da Pedra Redonda mais ao longe. Deixamos o livro de cume e soltamos os rojões, que desta vez foram respondidos por mais gente. Batizamos a via de Homens de Pouca Fé (6º VIsup A2, 160 m) e descemos desencordando a parede, felizes com a qualidade das escaladas que havíamos aberto. Santa Maria do Salto, assim, passou a integrar um seleto circuito de municípios no Vale do Jequitinhonha (Jequitinhonha, Medina, Pedra Azul, Rubim e Jacinto) com ótimas vias estabelecidas, muitas delas, como no caso da Torres de Santa Maria, chegando a cumes até então virgens. Mas o potencial para novas escaladas nas montanhas já conquistadas, ou nas incontáveis paredes que brotam por todos os lados naquela região, parece inesgotável. A coisa está só começando... Do grampo batido no final do crux o Miguel conquistou uma enfiada quase toda em móvel e bastante variada, com direito a um lance difícil (VI) na saída de uma chaminezinha, chegando assim a um bom platô onde fez a parada. Dali nós descemos, deixando a parede encordada. No dia seguinte, guiando, eu encadeei a seqüência do crux antes de seguir até o final da corda fixa. Depois fiz dois lances de agarras com grampos e cheguei a uma passarela quase horizontal, de onde, para nós, era impossível continuar em livre. Eu então bati dois parafusos e mais um grampo, de onde o Miguel saiu em livre, fazendo dois lances bem verticais com boas agarras e parando na base de outro trecho íngreme e quase liso. Subi um novo trecho em artificial, maior do que o primeiro, alternando passadas em cliff-hangers de agarras com outras em parafusos, e fiz uma parada dupla no ponto onde a inclinação da parede diminuía. A partir dali voltaríamos a escalar em livre, numa diagonal para a esquerda que era bem mais longa e difícil do que havíamos previsto. O Miguel ainda fez o primeiro lance dela - um dos mais difíceis (V) - e nós descemos em seguida, deixando encordada também esta enfiada. Depois de descansar mais um dia, até porque nele caiu um pouco da chuva prometida, voltamos para a investida final, que consistiu numa sucessão de lances de agarras e aderência para a esquerda e para cima, sempre com grampos, mas nem sempre com boas paradas. Para nossa tristeza, a vegetação do cume havia sido torrada em um incêndio recente, mas a vista, obviamente ainda mais deslumbrante do que a da Torre Menor, permanecia a mesma! Os destaques eram a grande parede do outro lado da estrada, num morro grande e sem www.mountainvoices.com.br As Torres de Santa um quarto amplo nos fundos do estabelecimento, o qual, por estar num nível mais baixo, nos deixava parcialmente a salvo de uma boa parte dos problemas. Isso não nos livrou, no entanto, dos carros com propaganda política, que passavam na ruazinha dos fundos, nem dos cânticos da igreja evangélica e de suas movimentadas sessões de exorcismo - mas estas, pelo menos, eram só de vez em quando... Pior, ali, eram os gemidos de uma velha doente que há anos jazia na cama de uma casa vizinha: além de gemidos de todos os tipos e alturas, de vez em quando ela começava a gritar por água cada vez mais alto e, de repente, dava um grito e parava, como se tivesse morrido. Na primeira vez em que isso aconteceu, nós fomos falar com o Tinhô, mas ele disse que nós não precisávamos ficar preocupados porque era assim mesmo... Isso, e os ratos transitando pelas traves de escoramento do telhado, que cruzavam rapidamente o nosso quarto atrás de algo muito mais interessante para eles mais adiante, davam um ar meio surrealista àquilo tudo. Mas, mesmo assim, devo confessar que sinto saudades dos dias que lá passamos, por causa da excelência das escaladas! 07 BRUNO MELLO DA MATA | SP www.mountainvoices.com.br A minha história e a do Rafael com esta via iniciou-se há uns dois anos e meio atrás, quando muito motivados, porém inexperientes entramos com a cara e a coragem nesta linda linha. Após algumas roubadas e muita adrena achamos melhor abandonar a via deixando para trás alguns equipamentos que, estranhamente, nenhuma outra repetição encontrou. Bruno, Rafael e Beto. Rafael iniciando a quarta enfiada. 08 enfiada, uma seqüência de 3 fendas sólidas e trabalhosas que chegaram a consumir um certo tempo e após quase 50 m, fixo a corda para o Rafael limpar a enfiada. Aproveitando o restante do dia, ele começou a guiar a 4° enfiada, até uma chapeleta no meio da enfiada. No sábado, para a nossa surpresa o Beto sabendo que estávamos na parede e na fissura de escalar aparece no bivaque disposto a ajudar a gente. Nossa intenção era dormir nessa noite no platô da base da 7° enfiada e no domingo fazer um ataque ao cume. Após muitos parafusos e cliffs o Rafael terminou a 4°enfiada, subo rapidamente limpando a enfiada e já saio guiando a 5°enfiada, tranqüila e curta, fenda com boas colocações e que leva a um bom platô. Logo que a galera subiu, já saio guiando a 6°enfiada, um pseudo-esportivo, intercalados com cliffs de buracos e agarras, com um domínio sujo de platô o qual nos abrigaria nesta noite. Domingo cedo, o Rafael ficou encarregado da 7° enfiada, a mais exposta e na nossa opinião o crux da via. Entre muitos cliffs de agarras, parafusos, heads e pitons, ele bate na parada, esgotado, após quase 7hs de escalada. Subo limpando a enfiada e vejo que o bicho é feio mesmo, entendendo o porquê da demora, um A3 forte e moderno. Percebemos que não conseguiríamos bater no cume neste dia, mas a fissura para mandar a via era tanta que o Rafael resolveu dar o cano no trampo em no máximo um dia, ou seja, mandando ou não a via, tínhamos que descer para a cidade até segunda à noite. O Beto havia chegado com a notícia de que o tempo mudaria da noite do domingo para a segunda, dito e feito, a nossa 2° noite no platô ventou bastante, trazendo muitas nuvens para o nosso redor. Com o tempo nublado ameaçando chover, água e comida extremamente racionadas; o Beto guiou a 8° enfiada que apesar de curta é muito estranha e perigosa, já que no final da enfiada para dominar o platô, deve-se apoiar em uma árvore muito podre que segura um bloco enorme e que está bem na linha do segurança. Chegamos todos neste grande platô a uma enfiada do cume, agilizamos rápidos as coisas e mesmo com a garoa indo e vindo, guio a enfiada repleta de parafusos, com uma travessia exposta e esquisita em livre no meio da enfiada, terminando em uma fenda de pitons. Bato no grampo final da leste, a alguns metros da escadinha e fixo a corda para o Rafael e o Beto subirem rapidamente. A alegria era imensa, após uma curta estada e comemoração no cume, começamos a rapelar a via, havíamos deixado a 3° e 7° enfiadas com corda fixa, sob uma constante garoa e quando chegamos na base da via, a chuva chegou de vez, junto com a escuridão. Agora só faltava descer aquele rio na chuva e no breu da noite, optamos por deixar parte do peso na base para não descermos muito carregados sob estas condições e chegamos na rodoviária de Teresópolis 8:00hs depois de estarmos no cume do Dedo. O Rafael pegou o ônibus para SP e eu e o Beto subimos, novamente, na terça até o bivaque, embaixo de muita chuva para pegar o que ficou faltando. Só após termos descido com todo equipo é que enfim pudemos relaxar e curtir tudo o que esta escalada nos proporcionou. Agradecemos a todos os nossos incentivadores, aos amigos e a família pela força e o suporte que recebemos quando precisávamos. Recomendo para futuras repetições, levar uma chave para apertar as porcas de algumas chapeletas que estão bem soltas. www.mountainvoices.com.br Os Impermeáveis Agora em julho de 2005, mais confiantes e experientes, sentimos que era o nosso momento de encarar aquela parede novamente. Logo que conseguimos juntar todo o equipamento necessário para esta escalada, contando com ajuda de alguns brothers, saímos de SP com um único pensamento: chegar no cume do Dedo de Deus, pelo caminho mais difícil. Chegamos em Teresópolis numa sexta à noite, após um descanso na cidade, começamos a caminhada no sábado cedo. Eu e o Rafael estávamos, realmente, muito pesados com pelo menos uns 40 kg nas costas, ou seja, qualquer caminhada é muito desgastante e qualquer caminhada inútil é muito mais estressante. A caminhada começa na confluência de três rios, perto da santa e o caminho correto é subir pelo rio mais à esquerda, por vacilo nosso cometemos o mesmo erro de dois anos atrás. Erramos o caminho logo no começo e após termos subido umas 5 hrs pelo vale e rio errados, percebemos que estávamos muito errados e que o nosso dia tinha sido inútil. Domingo cedo, com a intenção de errar o mínimo possível e já desgastados pelo dia anterior, diminuímos o passo e achamos finalmente o local do bivaque, arrumamos todo o equipo para começar a escalada na manhã seguinte, à noite fomos presenteados por uma noite estrelada. No entanto, segunda cedo, acordamos com chuva nos sacos de dormir, como o tempo muda rápido naquele lugar! Improvisamos um abrigo com uma lona velha e furada e decidimos esperar. Um dia e meio depois de chuva e muito molhados, achamos melhor abandonar os equipos no bivaque e esperar a chuva melhorar em algum local seco. Após inúmeras consultas a sites de previsão do tempo, intercaladas por partidas de xadrez, resolvemos subir para o bivaque na quinta cedo, acreditando nos metereologistas. Para o nosso alívio, os caras acertaram em cheio na previsão, foi um lindo dia de sol. Como o tempo para mandar a via estava curto, o Rafael tinha que estar em SP para trampar na segunda cedo, utilizamos uma corda fixa que estava na 1° e 2° enfiadas, já escaladas por nós na nossa 1° tentativa, para agilizar e ganhar tempo. Com isso guio a 3° 09 on the rocks Cho Oyo O primeiro cume feminino brasileiro de 8.000 metros A descida é um misto de euforia, orgulho, sofrimento, saudades... Muitas sensações se misturam! Olhar as pessoas subindo com um semblante sofrido, mostrando um esforço sobrenatural, me emocionou muito, pois eu também havia passado por aquilo!! Descemos e dormimos novamente a 7.000 para, no dia seguinte, seguirmos para o ABC, a 5.600. A descida foi me deixando com saudades dos momentos em que me pareceram eternos enquanto brigava com o ar rarefeito! ANA ELISA BOSCARIOLI | SP Mudanças Climáticas Proteja-se das intempéries e curta sua aventura com mais conforto estando acompanhado dos equipamentos e vestuário correto. MÔNICA FILIPINI E DIOGO MARASI | SP Roupas confortáveis nem sempre são a melhor escolha para quem quer se aventurar pelas montanhas e tem uma série de variáveis de micro-clima a atividades para se adaptar no mesmo dia, mesmo quando a temperatura permanece estável. Nem sempre aquele dia de sol vai ser realmente quente. Uma brisa por mais fraca que seja, pegando você na sombra, pode fazê-lo rapidamente estar batendo os dentes de tanto frio. Vestimentas... No verão, roupas leves e um anorak para os contratempos. Durante o inverno os cuidados são maiores quando falamos em vestimentas apropriadas para o montanhismo. Primeiro de tudo é importante ficar claro que mesmo no inverno, a maioria das montanhas brasileiras (salvo algumas exceções que você deve sempre consultar ao planejar a sua viagem) é de clima úmido, ou seja, o frio versus a umidade natural de algumas regiões podem ser letais. Primeiramente as roupas de algodão, como camisetas, moleton, etc, não são apropriadas para atividades onde a transpiração e também a umidade local irão manter suas roupas sempre molhadas ou úmidas. O algodão é difícil de secar. Dê preferência aos tecidos inteligentes, hoje, em abundância no mercado. Como primeira camada use uma primeira pele ou camisetas manga longa de tecido sintético. Esta camada é responsável por deixar a pele “ respirar”, jogando a transpiração para longe do seu corpo. Estas roupas também secam com muito mais eficiência que o algodão. A segunda camada é a camada de aquecimento. É indicado também o uso de tecidos inteligentes como os fleeces e/ Olhei várias vezes ao redor nos útimos dois dias no BC, tentando adivinhar se estarei ali novamente... Quem sabe um dia para tentar sem o uso de oxigênio? A partir destas conquistas pensei muito (durante dois anos) no Cho Oyu. Todo investimento em treinamento, participando de maratonas, corridas de aventura, e com o apoio da Try On consegui realizar meu sonho e, no dia 25 de setembro, cheguei ao cume da Deusa Turquesa, a 8.201 metros! Escolha Optei por fazer parte de uma expedição internacional organizada pela Adventure Consultants, da Nova Zelândia, pois além de ser a minha primeira vez numa montanha de 8.000 metros, Francesca, minha filha de cinco anos estaria aqui no Brasil, à minha espera... Éramos seis integrantes: um inglês, um sueco, dois americanos, um australiano e eu. Tínhamos dois guias neozelandeses e sete sherpas. 10 avalanche + iniciante Antes dos 7.000 m o australiano e o inglês sentiram-se mal e desistiram. Nosso ponto de encontro foi Katmandu, dali seguimos para Lhasa, a 3.700 metros para iniciar a aclimatação. Seguimos para o Base Camp de carro pelo Norte de Lhasa, viajando pela famosa rodovia “Friendship Highway”. Ficamos ali por dois dias e prosseguimos a pé para o Advanced Base Camp a 5.600 metros onde estabelecemos nossa base. O ABC é como se fosse uma pequena cidade, com vida própria, pessoas cozinhando, descansando, lavando roupas, montando e desmontando barracas, além de pessoas indo e vindo dos acampamentos superiores. Este ano o número de expedições foi um recorde. Dali tínhamos uma visão maravilhosa do Cho Oyu! Fizemos três ciclos de aclimatação subindo, descendo e chegando a 7.000 metros antes do ataque final ao cume. O Acampamento 1, a 6.400 metros, fica numa aresta com várias gretas ao lado das barracas e de onde se podia avistar a trilha que nos levaria à base do “Ice Cliff” (parede de gelo vertical que se interpõe entre os Acampamentos 1 e 2). É a passagem mais técnica da via. No campo 1 tomávamos muito cuidado para circular em volta das barracas pela proximidade das gretas. A ascensão entre o Acampamento 1 e o 2 é também o trecho mais longo e cansativo. O Acampamento 2 fica sobre um platô de gelo, a 7.000 metros de onde se tem uma linda vista da cordilheira com a maioria das montanhas abaixo desta altitude. Neste lugar presenciei um por de sol que talvez tenha sido o mais bonito que já vi. Porém, assim que ele se põe é preciso ir bem rápido para dentro do saco de dormir, pois a temperatura cai abruptamente. De lá podemos ver o Acampamento 3, a 7.400 metros seguindo numa linha reta, na rampa de gelo que se encontra à frente. Parece perto, mas temos a barreira do ar rarefeito... Antes do ataque final ao cume, dormi uma noite no Acampamento 2 e foi uma das piores noites da minha vida, com muita dor de cabeça e náuseas. Tive medo de ter que descer e abandonar meu sonho. Já tinha feito o cume do Aconcágua mas era a primeira vez dormindo nesta altitude.Como por um milagre amanheci bem, meu organismo tinha se aclimatado,e consegui chegar ao Acampamento 3 sem oxigênio, como programado. No Acampamento 3 as barracas ficam instaladas em um terreno bem vertical onde improvisamos pequenos platôs. Chegamos a este Acampamento por volta das três horas da tarde (horário local). A partir das quatro o frio torna-se insuportável quando estamos parados. Optei por colocar logo o macacão de pena e já ficar preparada para a saída. Mesmo assim foi necessário ficar dentro do sleeping! Às 11h30 da noite iniciamos a preparação: fazer água, alimentar-se, preparar mochila, oxigênio. A saída estava programada para as duas da manhã. Na hora em que comecei a caminhar, senti a diferença em se utilizar oxigênio! A passada melhora muito, não deixa de ser bem lenta e com o detalhe dos cinco quilos a mais da garrafa! O trajeto do Acampamento 3 ao cume é uma rampa de gelo bem inclinada, cuja maior dificuldade é a passagem pela “Yellow Band”, uma faixa mais vertical que circunda o cume, semelhante à que dizem existir no Everest. Quando desmontávamos acampamento, tive uma bela surpresa! Antes do cume, ao chegar na montanha, um tibetano, condutor de iaques, procurava por um médico. Ele estava com o polegar direito enrolado num silver tape, dizendo que este havia sido esmagado por uma rocha há 13 dias. Ao ver a ferida, tive quase certeza que iria terminar em amputação pois o ferimento estava sujo sem sinais de cicatrização e, provavelmente, infectado. Fiz um curativo oclusivo, dei antibiótico e pedi que procurasse algum vilarejo qualquer, (ele é nômade) para fazer a limpeza ao menos de cinco em cinco dias. Pensei que nunca mais iria vêlo, quando este apareceu todo sorridente mostrando o dedo que já não corria o risco de ser amputado e mostrava grandes sinais de melhora. Fiquei muito feliz! A volta foi de veículo 4x4 pela “Friendship Highway”, que chega a uma passagem de 5.000 metros, passa pela fronteira com o Nepal, pelos maoístas que, a princípio seriam amigáveis com os turistas e segue descendo até o vale de Katmandu a 700 metros, quando sai da montanha. Eu achava que não corria mais perigo, que estava voltando a salvo para casa. Mas a estrada estreita, desce ao lado de abismos intermináveis e o motorista bocejava! Mas a paisagem compensou o stress, pois vinha dos 5.000 áridos, passava por regiões rochosas, depois a vegetação se torna densa com cachoeiras muito longas (passamos por dentro de uma delas) e, enfim, o vale de Katmandu, retornando à civilização. Para quem gosta de montanhas o Himalaia é o paraíso..E difícil resistir ao sonho de voltar e tentar algo ainda mais alto..quem sabe...pensando bem alto...o Everest! Bivaques na chuva... Se você realmente decidiu bivacar na parede, assuma que isso significa caso de vida-ou-morte. Olhe a chuva. Ficar seco fica sempre em primeiro lugar dentre todas as outras considerações, uma vez molhado você esfriará rapidamente, seu corpo perderá calor facilmente. Busque as maiores inclinações negativas, headwalls que te protegerão da chuva, até mesmo que isso signifique passar a noite pendurado em seu baudrier. É importante lembrar que aqueles riscos mais escuros na parede logo se tornarão imensos rios verticais. Igualmente, evite regiões na pedra que estejam extraordinariamente polidas isso pode indicar uma zona de impacto de cachoeira. Fendas também encanam água, isso sem mencionar a chuva de pedras solEliseu Frechou www.mountainvoices.com.br Desde que estive no Nepal, em 1999, para fazer o trekking de 180 quilômetros ao Campo Base do Everest e consegui chegar a quase 6.000 metros nos picos do Kalapatar e Gokio, interessei-me por alta montanha e escalada em gelo. Como sou médica, comecei a estudar a fisiologia da aclimatação para tentar entender o que acontece em nosso corpo no ar rarefeito e assim passei a sonhar em voltar e fazer um 8.000 ou, quem sabe, algo ainda mais distante: o Everest. Nos últimos seis anos fiz cursos de escalada em gelo, em cascata de gelo, escalei montanhas na Bolívia, Chile e Argentina. Participei da primeira expedição brasileira ao Aconcágua invernal (Try On Expedition I junto com Vitor Negrete, Rodrigo Raineri, Roman Romancini e AC Soares). Fui a primeira brasileira a alcançar o cume do Aconcágua pela Rota Direta do Glaciar dos Polacos com Vitor Negrete. ou as fibras polares que variam de gramatura 100 a 300, sendo que você terá de avaliar qual a intensidade do frio que você vai passar. E por último a camada de proteção ao tempo, seja um anorak mais reforçado, uma parka ou uma jaqueta. Ela deve ser transpirável o suficiente para não encharcar as roupas de baixo com a transpiração, porém devem proteger da chuva e da umidade do ar as outras camadas. Vale a pena lembrar que ao sair da barraca em locais com muita névoa ou umidade , saia sempre com um anorak ou similar, pois mesmo a umidade pode molhar a sua roupa. As roupas úmidas de tecido inteligente secam rapidamente, mas também “usam” o calor do corpo para ajudar na secagem do tecido, assim o melhor é sempre evitar se molhar. Se você estiver molhado, evite ao máximo ficar exposto ao vento, pois este, aliado a umidade, roubam descaradamente seu calor. Existe hoje no mercado um tipo de tecido que tem se mostrado muito eficiente em ambientes de montanha, as lycras, que secam muito rápido, mantem-se quente no frio quando estamos em movimento e no calor não são quentes demais. São versáteis e muitos montanhistas tem lançado mão desta peça em suas viagens juntamente às calças de suplex. Somente uma observação, para a escalada em rocha este tipo de vestimenta as vezes é pouco resistente a abrasão da rocha. Wagner Pahl limpando a fissura Carnaval em meio a neblina . Pico das Prateleiras, Itatiaia, RJ. tas que sempre acompanham os temporais em parede, assim como eventuais descargas elétricas causadas por raios e conduzidas pela água. Essenciais Se você estiver no mato, procure fazer uma “cama” com sua mochila, folhas e galhos secos para proteger-se da umidade vinda do solo. Nunca esqueça de carregar na mochila lanterna, agasalho, anorak e em lugares remotos, uma manta isolante de resgate também é necessária. O ideal é que você tenha este kit sempre colocado no fundo da mochila, evitando o esquecimento de algum ítem. Boas viagens a todos..... E estejam sempre preparados para alterações climáticas bruscas, segundo o código de ética que rege nosso esporte: o planejamento evita improviso que muitas vezes causam danos a nós e ao ambiente que freqüentamos. www.mountainvoices.com.br Neste trecho o uso de luvas espessas, crampons, máscara de oxigênio e os pesos da mochila e da garrafa dificultam muito. A rocha se encontra parcialmente coberta de gelo vítreo, isso a torna mais escorregadia! Ao finalizarmos a grande rampa a inclinação diminui e estamos próximos ao cume, mas ainda leva-se algum tempo até lá. O cume do Cho Oyu é bem amplo com mais ou menos 150 metros de diâmetro. O que mais chama a atenção ao chegarmos é a visão do Everest bem próximo, imponente, reinvindicando ainda mais espaço no céu. Abaixo, toda a cordilheira, parcialmente coberta pelas nuvens. Foi um dia de cume perfeito, com pouco vento e céu azul. Permanecemos cerca de 15 a 20 minutos no cume...dois anos de preparo, um mês na montanha para tão pouco tempo no objetivo! É uma sensação de dever cumprido! Estes minutos são o prêmio por toda paciência, perseverança e determinação. Estes poucos minutos é que permanecem para sempre em nossas memórias! 11 Caminhadas nos Andes peruanos Caminhando pela mais imponente cordilheira americana. ALBERTO ORTENBLAD | SP Cordilheira A Cordilheira Branca é o centro do montanhismo de neve do Peru e uma das mais belas formações montanhosas dos Andes. Você encontrará uma longa sucessão de montanhas nevadas, com diferentes aspectos e dificuldades, acessíveis a partir de vales estreitos de rica vegetação. Embora já seja hoje bem conhecida dos brasileiros, achei que seria interessante resumir neste artigo as principais informações sobre esta região tão especial. Acesso A Cordilheira pertence ao Departamento de Ancash, que fica no centro-oeste do Peru, a 400 km de Lima por asfalto. As empresas aéreas são a Varig e a Taca, esta sendo mais barata. O transporte por ônibus a partir da capital é freqüente, com algumas saídas diárias, e razoavelmente confortável, em especial se você escolher o ônibus leito. A capital é Huaraz, uma cidade relativamente simpática, mas pouco pitoresca e nada histórica. Com cerca de 100 mil habitantes e voltada para o turismo, ela funcionará como base para suas incursões. Lá você poderá alojar-se com algum conforto e a preços medianos. Se chegar durante o dia, poderá descortinar de qualquer lugar elevado os esplêndidos picos nevados da Cordilheira, com desenhos tão emocionantes. Tome cuidado com sua primeira aclimatação, pois em Huaraz você estará a 3.100 m. As razões desta surpreendente visão são a proximidade das montanhas em relação ao vale e a inexistência de serras intermediárias – situação por exemplo inversa à do Aconcágua em relação a Mendoza. A maior das montanhas, o Huascarán, é também a mais próxima do vale, parecendo ameaçadoramente desproporcional a todas as demais. www.mountainvoices.com.br Huaraz foi devastada pelo terremoto de 1970, um dos quase vinte ocorridos ao longo do século XX. Esta catástrofe, junto com a reforma agrária daquela época, causou o repovoamento da cidade com gente de mais baixo nível social, dado que a população de classe média relocou-se, principalmente para Lima. Infelizmente, a cidade foi reconstruída com um discutível estilo arquitetônico, que você poderá verificar na feiosa Plaza Mayor. A proximidade do Huscarán em relação ao vale teve o trágico efeito de sepultar Yungay, a cidadezinha que lhe era mais próxima, durante o terremoto de 1970. Existe hoje neste pueblo um monumento aos mortos daquela catástrofe, você poderá vê-lo quando estiver indo para as montanhas. As fotos sobre aquele deslizamento são impressionantes e me fizeram sentir pequeno diante desse poder que irrompe do interior da natureza. A população tem forte influência indígena, sendo morena, pobre e retraída. A influência étnica Moraina do Alpamayo se faz sentir na língua quéchua falada por todos, nas vestimentas espessas e coloridas, na alimentação á base de tubérculos e milhos, na medicina popular e nas festas cívicas. Apesar de pitoresca, às vezes me pergunto se a herança inca sobrevive de forma vantajosa, pois parece ter forjado um povo alienado e triste. Parque Ao longo dos seus 160 km, a Cordilheira Branca (Yurak Janca na língua quéchua) está contida no Parque Nacional Huascarán, criado em 1975. É um Parque longo e estreito, correndo no sentido noroeste, naturalmente no curso da Cordilheira. É bem grande, com 340 mil hectares, sendo seu ponto culminante o Huascarán, maior montanha peruana. O Peru dispõe de vários Parques, não sendo este o maior deles.Existem quatro outras cordilheiras nas vizinhanças – a maior delas é Cordilheira Negra, pois corre sempre frontal à Branca, separada desta pelo vale do Rio Santa. As outras três estão do mesmo lado, a sul: Raura, Huallanca e Huayhash. Exceto esta última, essas formações abrigam montanhas mais baixas, que chegam entretanto a ultrapassar os 5.000 m. As duas primeiras são pequenas, mas Huayhash tem talvez 30 km em linha reta. Esta Cordilheira tem um formato em tê, com uma crista central muito elevada. Seu ponto culminante é o Yerupajá, com 6.634 m, depois dos dois Huascaráns (Norte e Sul) o ponto mais elevado do Peru. É certamente uma escalada difícil, devido à sua localização interna na Cordilheira. Huayhash é um antigo projeto meu, que penso em conhecer a muito tempo. Cinco anos atrás, optei ao invés por percorrer a Cordilheira de Apolobamba na Bolívia e até hoje espero pela possibilidade de visitar Huayhash. A característica do PNH é a topografia acidentada, com vertentes abruptas, vales estreitos e picos nevados. Os vales dos lados oeste e leste da Cordilheira estão a 2.400 e 3.400 m e os principais cumes variam de 5.000 a 6.700 m. A hidrografia compreende rios, lagoas e glaciares. Os principais rios são o Santa e o Marañon, formador do Amazonas, cada qual de um lado da Cordilheira. Há cerca de 300 lagoas, das quais as mais interessantes são as mais antigas, nos fundos dos vales, com suas incríveis colorações azuladas, como as de Llanganuco. Existem mais de 600 glaciares, que estão infelizmente retrocedendo. Você poderá notar faixas acinzentadas no dorso alto das montanhas da região, logo abaixo das linhas da neve. São um triste testemunho das encostas anteriormente nevadas. Há evidências de que os glaciares diminuíram 15% no último quarto de século e muitos dizem que não haverá mais cumes nevados após mais outro quarto. Assim, a Cordilheira talvez se transforme de Branca em Cinza, perdendo aquela beleza etérea que a brancura lhe confere. Você encontrará formações ígneas com dioritos, bem como sedimentares, com arenitos e quartzitos. Ao longo dos vales estreitos, poderá inclusive distinguir visualmente estas duas rochas, devido ao corpo homogêneo das primeiras e às camadas inclinadas das segundas. O clima é temperado, com a estação seca estendendo-se de maio a setembro. Evite o período especialmente chuvoso de janeiro a março. A vegetação é surpreendentemente rica e variada nos vales, com bosques, arbustos, urzes e gramíneas. A principal árvore é a quenua, mas não deixe de reparar na diversidade de flores, como as retamas amarelas, as margaridas brancas e os chochos azuis. A fauna é também interessante, incluindo desde ursos, pumas e vicunhas a condores, patos e gaivotas. Montanhas Se você observar algum mapa da Cordilheira Branca, irá notar que ela compõe-se de cerca de dez grandes maciços nevados, separados por passos, como se fossem uma sucessão de dentes. Alguns dos passos são locais de passagem de estradas que a atravessam. São quatro as estradas, sendo as principais as de Llanganuco, com notáveis vistas das lagoas e montanhas, e de Chavín, acesso a um importante sítio arqueológico da região. A Cordilheira tem cerca de 85 montanhas escaláveis, que começaram a ser conquistadas pelas expedições austríacas da década de 30. Por exemplo, o Chopicalqui, o Artesonraju e o Copa tiveram suas primeiras ascensões em 1932. O Huascarán foi conquistado em 1908, e por uma mulher! Curiosamente, só a partir das décadas de 70-80 novas rotas passaram a ser praticadas, já então por escaladores americanos e europeus. As principais montanhas são o Huscarán, com seus cumes Sul e Norte (este com 6.768, o ponto culminante do País), os quatro picos Huandoy de magnífico desenho agitado, os perigosos Santa Cruz, Chacraraju, Huantsán e Artesonraju, o Copa com sua extensa crista horizontal e os belos Assim, você pode escolher as ascensões conforme sua perícia e seu preparo. O clima é razoavelmente estável, apesar do ditado que diz: “cielo serrano, cogera de perro, lagrimas de cocodrilo y llanto de mujer, no es de confiar” (céu serrano, cão manco, lágrimas de crocodilo e choro de mulher não se pode confiar). A neve é firme, embora em alguns picos existam gretas e avalanchas. As ascensões normalmente Maciço dos não tomam mais de três dias, para os bem Huandoys aclimatados. Mas lembre-se de que a ação do Huascarán norte. degelo, ao expor as encostas altas das montanhas, tornou as escaladas algo mistas e mais difíceis. E que algumas morainas são especialmente trabalhosas, com seu solo movediço e ir- das simpáticas vilas espalhadas pelas encostas agrí- gar um guia, e muito menos de comprar um pacoregular. te, se tiver uma experiência razoável em montacolas. nhas nevadas. Mas, se não tiver, procure evitar as O montanhismo peruano teve um forte desen- Mais do que as montanhas, as quebradas concen- ofertas da Plaza Mayor, pois alguns personagens volvimento a partir do Programa Alpes-Andes, tram o maior número de ecoturistas. A mais conhe- do local são francamente sinistros. Em todo o caso, implantado por vinte anos com apoio de instru- cida é a Quebrada Santa Cruz, que sai de visite a Escola de Guias. tores suíços. Até 1999, estes visitaram o Peru a Cashapampa, sobe ao passo Punta Unión e chega cada dois anos, formando quase uma centena na outra vertente na Quebrada Huaripampa, numa Época de guias locais. Existe hoje em Huaraz a Casa de extensão de talvez 35 km. As Quebradas Cedros, Procure escolher o período seco e, se puder, escaGuias, onde são ministrados cursos de três anos. Ulta, Uquián e Raria são razoavelmente longas e par da alta estação de agosto. Programe duas De fato, encontrei uma sensível melhora no ní- atingem passos que atravessam a cordilheira. Há semanas e talvez mais, se tiver a ambição de vel dos guias em relação à minha visita anterior, outras que apenas chegam às paredes rochosas ou escalar montanhas maiores e desconhecer seu cerca de 15 anos antes. às lagoas glaciais, sem transpô-las, como Parón, padrão de aclimatação à altitude. Faça alguma caminhada ou trekking de aclimatação antes de Cojup e Quillcahuanca. Entretanto, o alpinismo na Cordilheira pareceuencarar uma escalada. Viaje com um amigo de me relativamente conservador, com um número São trilhas fáceis, bem marcadas e sinalizadas. desempenho semelhante e gênio compatível. E ainda limitado de vias nas principais montanhas. Partem de altitudes medianas, da ordem de 3.000 boa sorte! Isto significa que existem ainda importantes pa- m e sobem a passos, normalmente acima de 4.500 redes virgens na Cordilheira. O Peru não dispõe m. As distâncias entre paradas são medianas, talde escaladores com grande experiência interna- vez inferiores a 10 km. Assim, você poderá optar por cional. Os mais conhecidos são Maximo travessias mais ou menos rápidas, conforme seu Henostroza e Augusto Ortega. A pobreza do País preparo físico. torna difíceis as viagens distantes e os equipamentos sofisticados. Os acampamentos são excelentes, dos melhores que já encontrei: amplos, planos, com terreno fofo, água abundante e insolação fácil. Os turistas das Vales quebradas me pareceram mais jovens e grupais, Os peruanos usam três nomes para indicar um alguns sendo latinos. Os das montanhas costumam vale: valle, quando é plano e amplo; callejón, ser europeus e americanos de meia idade. quando encaixado entre serras elevadas; quebrada, quando estreito. O vale do Rio Santa é Estive em seis quebradas, cada qual com uma disconhecido como Callejón de Huaylas, pois é uma tinta beleza natural. Algumas vezes serão as pastadepressão entre as Cordilheiras Branca e Negra. gens planas habitadas por cavalos e ovelhas. Outras serão os vales agrícolas de variados verdes e os É uma bela região fértil, com lavouras surpreen- bosques de encosta coloridos pelas árvores. Outras dentemente pequenas (algumas com apenas mil ainda, as paredes nevadas, com cristas distantes m2), ao pé de imponentes maciços nevados. As que ligam picos de aspecto arrogante. Ou então os culturas são muito diversificadas, com grande va- rios turbulentos e pedregosos e as lagoas azuis varriedade de milhos e tubérculos, legumes, horta- ridas pelo vento. liças e frutas. As propriedades são individuais, mas o trabalho pode ser comunitário, ao longo Despesas Indico a seguir alguns preços, todos eles em dólares. Você deve usar soles para as despesas miúdas, mas leve dólares, aceitos para os gastos maiores. E negocie, em especial se não tiver que competir com os gringos na alta estação. Passagem aérea: US$ 620 Hotel em Huaraz: US$ 25/dia Acompanhante hotel: US$ 5-10/dia Refeição: US$ 5 Passagem ônibus leito: US$ 15 Ingresso Parque: US$ 20 Guia excursão: US$ 50-100/dia Arrieiro com mula: US$ 15/dia Se vocês forem dois e passarem quinze dias, provavelmente gastarão ao menos US$ 250 cada um com as despesas terrestres. Esta estimativa não leva em conta o aluguel de equipamentos de neve e a estadia em Lima, que vale a pena, mas é bem mais cara. Os preços para os serviços pessoais são muito variáveis, de forma que os valores acima são apenas indicativos. Naturalmente, você não precisará pa- www.mountainvoices.com.br Cordilheira Blanca Alpamayo e Garcilaso de formatos piramidais – estes sendo os únicos abaixo de 6.000 m. A maior parte destes são classificados como extremamente ou muito difíceis (ED e TD, na classificação francesa), outros porém são considerados fáceis, como o Ishinca e o Pisco. 13 12 trekking Mountain Voices é um informativo bimestral de circulação dirigida ao excursionismo brasileiro e patrocinado pelos anunciantes. Seu objetivo é fomentar a pratica deste esporte no Brasil, em suas várias modalidades: montanhismo, escalada e espeleologia. Reprodução somente com autorização dos autores, e desde que citada a fonte. Não temos matérias pagas. Frizamos que o excursionismo expõe o praticante a riscos, inclusive de morte, que este assume deliberadamente. O uso de equipamento de segurança, bem como o acompanhamento de guia especializado, se faz necessário, porém não elimina totalmente o risco de acidentes. Editores: Eliseu Frechou, Elizabeth B. Frechou, Vítor B. Frechou e Artur B. Frechou. Contatos pela Cx.Postal 28, São Bento do Sapucaí, SP, cep 12490-000. E-mail: [email protected]. Web site: www.mountainvoices.com.br. Agradecemos a todos os colaboradores deste número: patrocinadores, assinantes, e todas as pessoas que nos escreveram enviando artigos, criticas e apoio. Assine Mountain Voices e ajude na divulgação consciente de seu esporte 1 ano (6 edições) - R$ 25,00 - 2 anos (12 edições) - R$ 40,00 Para fazer sua assinatura, renovação ou compra, envie este formulário junto com cheque no valor da compra, cruzado e nominal à Eliseu Frechou, Cx. Postal 28 CEP 12490-000 - São Bento do Sapucaí - SP. Preços válidos até 30/2/2006. Nome..................................................................................................................... Endereço............................................................................................................... Cidade..........................................................................................Estado............. CEP..........................-...............Telefone.(............)................................................ Lançamento! Manual de Escaladas da Pedra do Baú e Sul de Minas A quinta edição do Manual de Escaladas da Pedra do Baú e Região foi totalmente reformulada, com novos gráficos, 96 páginas e mais de 200 rotas de escalada . Vias selecionadas e os melhores points de boulder da região da Pedra do Baú e Sul de Minas. Impresso em papel couchê para maior durabilidade no manuseio, tem o formato de bolso (10,5x14cm), para você tê-lo sempre à mão e não se perder pelas pedras. Capa: Rafael Specian na Os Impermeáveis VI 7° A3, dedo de Deus. Foto: Bruno M. da Mata. E-mail.................................................................................................................... Idade ...................................... Profissão............................................................ Como conheceu Mountain Voices?.................................................................. Já participou de: ( ) Campeonato ( ) Encontro ( ) Palestra Que modalidade pratica com mais assiduidade: ( ) Caminhada ( ) Escalada tradicional ( ) Escalada esportiva ( ) Boulder ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) Assinatura Mountain Voices - R$ 25,00 87 Renovação Assinatura - R$ 20,00 Assinatura 2 anos - R$ 40,00 Número Atrasado do Mountain Voices - R$ 5,00 / exemplar Manual de Escaladas da Pedra do Baú, SP - R$ 20,00 Total .....................,00 Índice dos Números Anteriores 1. Será que o alpinismo já atingiu o seu cume?, O guia de montanha e a experiência européia, Cuidado com a hipotermia, O que é mesmo espeleologia? 2. Conjunto Pedra do Baú, Expedição Brasil-Everest 91, Pitons, Alimentação natural, Meditação na escalada, Cordas e camelos, Apuane. 3. Urca, Quedas e ejaculação precoce, Solo e sonho, Montanhismo apolítico, Caparaó, II Sul-americano de escalada, Asas de nylon. 4. Anhangava, Montanhismo e neurolinguística, Escaladores x meio-ambiente, Lesões nos dedos, Cerro Tolosa, Publicações da SBE, Caraça. 5. Prateleiras, Porque o montanhismo ainda não se organizou?, Expresso Paraná, E o vento levou, Ética, Travessia GarrafãoPapagaio. 6. Conjunto Marumbi, Quanto vale o Pão de Açúcar?, Excursionismo consciente, Bóia-cross, Troglobionts?!, Half Dome clean, Ecologia e política, Cho-Oyo, Canastra. 7. Serra do Lenheiro, Atalhos, Táticas esportivas, Crianças na trilha, Peruaçu, Dicas para dias frios, Canoagem, Sua própria aventura. 8. Pico do Jaraguá, O caminho não percorrido, Ecoturismo, Caminhos da mantiqueira, Agudo do Cotia, Pão de Açúcar face norte, Mergulho na Santana, Kilimanjaro. 9. Brasília, Guia Ecológico, Ancoragens, Gruta do Janelão, Congelamento, Caatinga. 10. Rio Grande do Sul, Segurança americana, Vale do Peruaçú, Branco total, Petrópolis-Teresópolis. 11. Chapada Diamantina, Manual do Montanhista, El Capitan, A escalada do Lanin, Topografia em cavernas I, Minas Gerais. 12. Dedo de Deus, Associação Carioca de Escaladores, Topografia II, Duas antenas e uma parede, Europa, Conquista do Annapurna, Itaimbezinho, Raio na Montanha. 13. Serra da Capivara, Acima da neve, Face norte da Pedra do Baú, Toca da Boa Vista, Serra Fina. 14. Pico das Agulhas Negras, Carrapato, Alpes, Grampear ou não grampear, Monte Roraima. 15. Morro de Pedreira, Ibitirati em solo, Pelo mundo afora, Fotografia, Canoagem, Espectro de Brocken. 16. Bragança Paulista, Cachoeira da Fumaça, Canoagem, Orientação. 17. Florianópolis, Itararé, Paraglider, Aventura nas veias, Nepal, Curso UIAA. 18. Pico Paraná, Curso UIAA, I Congresso Brasileiro de Montanhismo, Nepal. 19. Pão de Açúcar, Alain Renaud, Trango Tower, Treinamento esportivo I, Serra do Cipó. 20. Visual das Águas, Nas encostas não tão solitárias do Everest, Treinamento esportivo II, GPS, Proibir ou pagar? 21. Lapinha, Bernd Arnold e Kurt Albert no Brasil, Retrospectiva 93, Marins-Itaguaré, Dinossauros no Anhangava, Bolívia. 22. Buraco do Padre, Canyoning no Cipó, Bito solitário no Baú, Para que morrer?, Aventuras no Garrafão, Crazy Muzungus, Pedra Branca de Pocinhos. 23. Sertão de Pernambuco, Os Descaminhos da escalada no Brasil, Cipó x 5.13, Salathé free, Pedra Selada de Mauá. 24. Ana Chata, K2, Quedas de guia, Ibitirati, Serra da Bocaina. 25. Bahia, Bolívia, Half Dome, Gullich, Morro da Meia-Lua. 26. Pedralva, El Capitan, Los Gigantes, Criar e reciclar, Itajubá. 27. Pedra do Segredo, Guarujá, Serra da Guarita, Canyoning, Bolts from the blue, A maior rota de Minas. 28. Itacoatiara, Patagônia, Cerro Torre, Meteorologia, Medo de cair, Morro do Tira-Chapéu. 29. Pico do Papagaio, Everest pirata, Mal de altitude, Acidentes em campeonatos, Serra do Caraça. 30. Espirito Santo, Graduação artificial, Normas para equipamentos, Santa Rita do Jacutinga, Trilha Inca. 31. Guaraiúva, Na linha de fogo, Pequenas notáveis I, Illimani, 6000 metros na Bolívia, Itambé. 32. Arenito gaúcho, Montanhismo e Internet, Estilo alpino no Himalaia, Pequenas notáveis II. 33. Nova rota no Marumbi, Solução Suicída, Huayna Potosi, Morro da Formiga, Trekking na Canastra, Monte Verde. 34. Morro do Cuscuzeiro, Torres del Paine, Face sul do Corcovado, As maiores montanhas do Brasil, Perú. 35. Salinas, Escalando nas cavernas, Solitárias na Pedra do Baú, Sites de montanhismo na WEB, Tour na Europa, Serra da Cangalha. 36. Santa Catarina, Reformas no Anhangava, Monte Vinson, Campeonato Panamericano, Guaraú, Carta aos Montanhistas. 37. As agulhas do Espírito Santo, Conquista dos Cinco Pontões, Fator de Queda, Aventuras no Equador, Agarras e Ética, Rapel - um grande equívoco. 38. Jardim botânico do Rio, Projeto Sete Cumes, Serra Fina, Bragança Paulista, Jordânia, Corpo de Socorro em Montanha 39. Pedreira do Dib, Eiger, Ilha Bela, Pedra do Moitão, Guaraiúva, Campo-escola 2000. 40. Pedra da Divisa, Monte Elbrus, Fator humano, Escaladas em rocha no Chile, Trekking do Everest, Convite à Aventura. 41. São Luís do Purunã, Bolívia, Sintonizando a cordada, Nosso futuro comum, Federações? 42. Vista Aérea, Travessia Marins/Itaguaré, Dedo de Deus, Face Sul do Aconcágua. 43. Pedra do Índio, Trekking no Kilimanjaro, Apagando uma luz falsa, Realidade Vertical, Espanha, Acidente no Aconcágua. 44. Big Wall na Serra dos Órgãos, Torres del Paine, Rocha e gelo nos Andes, Pico do Baiano -nova rota de 1000m, Trekking ao Focinho D’Anta. 45. Calcário em Minas Gerais, Projetos de escalada, Perigos do Gelo, Terra de Gigantes, Patagônia, Pedralva, Pedra do André, Corcovado de Ubatuba. 46. Torres de Bonsucesso, Elbsandstein, Illimani, repetição da Ecoxiitas, novos clubes de montanhismo. 47. Falésias do Quilombo, El Capitan, Pico do Cuscuzeiro, Terra Brasileira (Pedra do Sino), Resgate na Ouro Grosso, Como são as competições esportivas. 48. Conquista no Corcovado, Cerro Plata, Dedo de Deus, Treinamento Esportivo, Montanha e mau tempo, As Pedras esquecidas do Rio de Janeiro, Castleton Tower, Morro do Carmo. 49. Camboriú, Conquistas Brasileiras em Cochamo,Garrafão, Aconcágua, Pico do Trabijú. 50. Morro do Camelo, Tipos de Mosquetão, Imprudência Rapeleira, Pico do Baiano, Patagônia, Superagüi. 51. Falésias do Serrano, Avaliação Física, Europa, Íbis em Solitário, Mont Blanc, Rapel, Chapadão da Babilônia. 52. Anhangava, The Diamond, Blocantes, Guia de Montanha, Caraça, Marins-Itaguaré. 53. Guaratiba, Mulheres no Marumbí, Nordeste do Itabira, Costa Rica, Caderno Indoor 54. Rotas Piratas, Pedra da Boca, Baudrier e Loop, Patagônia, Bagé, Caderno Indoor. 55. Salinas, Big Wall no Garrafão, Monte Roraima, Shipton, Pico União, Entalando-se Fácil, Caderno Indoor. 56. Serra do Cipó, Conquista do Castelão-PNSO, Trekking no Vale do Paraíba, Gruta dos Três Lagos, Caderno Indoor. 57. Pão de Açúcar, Trekking na Serra da Bocaina, Pedra do Sino, Caderno Indoor. 58. Florianópolis, Big Wall no Ibitirati, Trekking na Bolívia, Caderno Indoor. 59. Morro do Cuscuzeiro, Creatina e potência, novos points no Rio Grande do Sul, Anti-inflamatórios, Travessia da Serra Fina, Internacional, Indoor. 60. São Luis do Purunã, Serra da Capivara - PI, Maria Comprida, Dor na Escalada, Trekking ao Pico da Neblina - I, Internacional, Indoor. 61. Escalada Tradicional, Os Segundos Sete Cumes, Slack Line, El Chorro - Espanha, Eclipse Oculto - Pedra do Sino, Trekking ao Pico da Neblina - II, Internacional, Indoor. 62. Salto Ventoso, Novas rotas na Paraíba, Copa do Mundo de Escalada, Campos Gerais - PR, Crazy Muzungus, Trekking à Pedra do Sino, Internacional, Indoor. 63. Falésia dos Olhos, Festivais de Escalada, Espírito Santo, Conquistas na Bahia, Travessia da Serra Fina, Internacional, Indoor. 64. Cachoeira do Tabuleiro, Quixadá - CE, Boulders em Sorocaba, Grand Teton, Internacional, Indoor. 65. Blocos dos Serranos, Diogo Ratacheski x Mr. Bill, vias do Dedo de Deus, Calcário do PR, Corda Dupla I, Internacional, Indoor. 66. Pedra do Segredo, Seminário de Impacto, Patagônia - Saint Exupéry, Graduação Brasileira, Corda Dupla II, Internacional, Indoor. 67. Campo-Escola 2000, Serra do Lenheiro, Workshop de resgate no Baú, Projeto Paredes de Minas, Técnica e Ética de Mínimo Impacto I, Internacional, Indoor. 68. Pedra do Sino, Bouldering no Sul do Brasil, André Ilha e Antônio C. Magalhães, Novas rotas: Nefelibatas e Taxi Lunar Pedra do Sino, Técnica e Ética de Mínimo Impacto II, Internacional, Indoor. 69. Morro dos Cabritos - RJ, Maria Comprida, Points Secretos, O Caminho do Sol, Forum Pró Serra Fina, Internacional. 70. Edgar Kittelmann, Sulamericano de Boulder, Do kichute à sapatilha, Pedra do Itamaraem, Como ajudar os seguranças, Info Femerj, Internacional 71. Paraíba, Pedra Riscada-MG, Resmont, Paradas, Minas do Camaquã, To bolt or not to be, Info Femerj, Internacional. 72. As super vias de Escalada, Tadeusz Hollup, Tempestades, Montanha de valores, Paulista 2003, Adote uma montanha, Info Femerj, Internacional. 73. Araçatuba-PR, Cerro Branco-RS, Bivaque forçado, Amazônia, Leaning Tower-EUA, Cordilheira Huayhuash, Info Femerj, Internacional. 74. Prateleiras, Los Encardidos, Erwin Gröger, Trekking no Caraça, Padrão brasileiro de classificação de escaladas, Info Femerj, Internacional. 75. Perigo na Escalada, Southern Comfort, Pico dos Marins, Terra de Gigantes, Caminhadas em Campos do Jordão, via Abuso - Escalavrado, Ética, Internacional. 76. Novas vias na Pedra do Baú, Roberta Nunes na Groenlândia, Atibaia, Pedra Baiana-ES, Escalada Solo, Controle mental, Pico da Bandeira-ES, Internacional. 77. Falésia do Lagarto, Ancoragens, Conquistar ou equipar?, Ceará, Cachoeira do Tabuleiro-MG, Pico das Almas, Internacional. 78. Chapada Diamantina-BA, Preservando nossa memória, Dicas sobre a Escalada Tradicional, Pedra do Elefante-MG, Exercícios Pliométricos para melhorar a potência, Trekking ao Pico do Barbado, Itacolomi protegido, Internacional. 79. Itajubá-MG, Paulista 2004, Equipar ou pré-equipar?, Segurança em Top Rope, Tipos de agarras de plástico, Serra Fina ganha ONG, Info FEMERJ, Internacional. 80. Etzel Stockert, Pedra Baiana-ES, Plastic Man, Classificação Brasileira, Internacional 81. Tradicional em Jacinto-MG, Baturité-CE, Chapada Diamantina-BA, Aconcágua Invernal, Cantagalo-RJ Comunicação Silenciosa, Internacional. 82. Quixadá-CE, Nick em Yosemite, Brasileiro 2004, Potrero Chico-México, Escale rápido, Federações, Internacional. 83. Pico do Itapeva, Cerro Torre, Dicas de aquecimento, Controlando as quedas de guia, A casa do pânico. 84. São Chico, Controle seu medo de cair, Manutenção de Equipamentos, Falésia do Zé Vermelho, Pedra do Picu.
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