público - ModaLisboa

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público - ModaLisboa
14-03-2016
No último dia, a ModaLisboa mostrou
mulheres sem idade e encestou
A 46.ª edição fechou com Filipe Faísca, Dino Alves e Luís Carvalho. Uns Invernos “sem tempo”, outros com
tecidos texturados e mangas volumosas. Começaram os festejos do 25.º aniversário. Para durar o ano inteiro
DR
Moda
Inês Garcia
Um jogo de basquetebol, múltiplas
mãos para uma colecção e uma nova
era que alia a tradição à tecnologia
com sensibilidade feminina e masculina — a 46.ª edição da ModaLisboa
terminou domingo à noite no Pátio da
Galé com planos para comemorar os
seus 25 anos ao longo de 2016.
Do alto dos saltos Christian Louboutin, modelos caminham sob o
olhar atento de Filipe Faísca. Faltam
algumas horas para o desfile e o criador fala-nos de uma “não idade”. A
sua colecção para o Inverno não quer
estabelecer “um tempo”, é “uma referência a Portugal” que recupera “a
manufactura portuguesa” e a traz para os nossos dias.
A colecção New Age mostra “como
podemos trabalhar com novas tecnologias e, ao mesmo tempo, com as
nossas tradições”. Há vestidos curtos
com transparências ou longos em camadas e padrões florais, golas de pêlo
aconchegantes e colares brilhantes.
Preto, branco e muitos pormenores
em renda. Roupa para uma mulher
que o designer define, na folha de sala que apresenta a colecção, como
“multifacetada, determinada, que
por vezes também é homem, sem
censura e sem idade”.
No Inverno 2017, Filipe Faísca trabalha, então, “o homem, a mulher e
o homem-mulher/ mulher-homem”.
“É muito importante que o homem
perceba a sua sensibilidade feminina e que a mulher entenda e aceite
a sua sensibilidade masculina”, diz
ao PÚBLICO.
Ainda ao início da tarde, no último
dia da ModaLisboa, Lidija Kolovrat
pediu para se calçar ténis e levou uma
equipa de seis jogadores de basquetebol e árbitro para o ginásio da Marinha Portuguesa. Com macacões de
uma só cor e vestes largas, encestaram e mostraram o movimento das
roupas até o árbitro apitar, tocar outra música e se iniciar o desfile. Misturas de lã-caxemira, seda e burel
envolveram homens e mulheres, e o
macramé preto, em t-shirts e saias,
acentuou os movimentos.
Na plataforma de micromarcas
Lab, os AwayToMars mostraram a
nova etapa do seu projecto que quer
democratizar a autoria num site colaborativo. Foram enviados mais de
riscas, culotes, vestidos camiseiros,
macacões em tecidos texturados e
casacos com mangas volumosas.
A Voz de Angola fez-se ouvir no
Pátio da Galé com a designer Nadir
Tati, que pensou na “situação actual da mulher angolana no mundo” e
mostrou vestidos de noite dourados
e vermelhos, enquanto o polaco Piotr
Drzal apresentou propostas em preto,
cinza e dourado. E ao cair da noite,
já depois do fecho desta edição, foi
a vez de Os Novos Reis de Dino Alves
e do gelo de Luís Carvalho.
Acompanhar a mudança
Nos bastidores do desfile de Filipe Faísca e, em baixo, o desfile de Lidija Kolovrat
DR
400 designs por pessoas de 67 países
diferentes e a terceira colecção é o resultado das contribuições de 12 pessoas. Regressam os básicos sem género
e os cortes geométricos em tecidos
impermeáveis transparentes, atilhos
em saias, camisas e sobretudos. As
cores são as de elementos como a pedra e o metal, “que são conhecidos
em todo o mundo mas interpretados
de maneira diferente em cada cultura”, explicam na folha de sala.
Saymyname trouxe Electriccable
para a passerelle, os azuis do céu em
contraste com vermelhos e pinças
em várias peças a evocar a forma
dos relâmpagos numa noite de tempestade. Um Inverno de camisas de
Em ano de celebração, a ModaLisboa
quer cantar o parabéns em livro, organizar mais eventos, aprofundar
relações com estruturas industriais.
“Queremos muito fazê-lo porque
são 25 anos de ModaLisboa” que se
traduzem em “25 anos de moda portuguesa”, diz ao PÚBLICO Eduarda
Abbondanza, presidente da Associação ModaLisboa. Mas condensar imagens de 25 anos é uma “tarefa árdua”.
“Um dos fenómenos da ModaLisboa
é ter tantos intervenientes e o facto
de se ter tornado uma casa para os
criadores e para as pessoas que cá
trabalham.”
Outro dos planos, que só se concretizará em 2017, é a mudança de
espaço “pelo menos uma vez por
ano”. “O evento precisa de crescer
e este espaço [Pátio da Galé], neste
momento, tem algumas limitações. E
a cidade está a transformar-se e a evoluir de tal maneira que sendo a ModaLisboa um evento de Portugal mas
especialmente da cidade de Lisboa,
relaciona-se com estas mudanças”,
acrescenta Abbondanza.
O balanço da 46.ª edição é positivo. Ao final da tarde, ainda sem uma
estimativa do número de pessoas
que passaram pelo Pátio da Galé,
Abbondanza identifica a mudança
da loja temporária Wonder Room,
com marcas portuguesas, do espaço BPI para uma tenda transparente no meio da Praça do Município,
como responsável pelo maior fluxo
de público. “Tornou-se um meeting
point”, realça, com mais destaque,
mais marcas e mais curiosos.
A Associação ModaLisboa voltará a
contar com o apoio da Câmara de Lisboa para os próximos três anos (duas
edições em 2016, duas em 2017 e duas
em 2018). Esta edição teve um financiamento de 317.500 euros.

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