Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo

Transcrição

Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinismo
Primeira Edição Fevereiro de 2012
Uma análise profunda do
pensamento adventista à luz
das doutrinas apelidadas de
“os cinco pontos do
calvinismo.” Mergulhe
profundamente no pensamento
soteriológico e antropológico
de Ellen Gould White, a
escritora cujas obras são hoje
consideradas parte do “Espírito
de Profecia” com autoridade
próxima a da Bíblia.
Capítulo I - Ellen White e os
Cinco Pontos do Calvinismo
Baruch Ben Avraham
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Edições Comunidade de Israel
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Índice
I - Apresentação – Arminius e o Arminianismo 5
II - Ellen White e a Doutrina da Depravação Total da Alma Humana 16
18. A origem metodista e a doutrina da Sra. White.
18. Sua defesa da libertação universal da vontade.
19. O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden.
20. A natureza completamente depravada do homem.
21. A Alma Humana Está Paralisada por Satanás:
21. Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de Satanás:
21. É Elohim quem infunde vida sobrenatural:
III - Ellen White Diante da Doutrina da Eleição Incondicional 23
24. Ellen White nega que a eleição seja incondicional:
24. A salvação depende de nossa própria conduta:
25. Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim:
25. Confundindo perdidos com eleitos:
28. Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua:
29. Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos:
30. Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele:
IV - Ellen White e a Expiação Limitada de Yeshua 32
36. O Messias não morreu para que Elohim nos amasse:
36. A expiação se completou no madeiro:
37 A expiação está sendo feita hoje diante do Pai:
38. O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados:
39. O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás:
40. Ninguém pode dizer que está salvo:
40. É preciso ter certeza da salvação:
41. Yeshua prometeu salvar a muitos:
42. O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue:
43. O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja):
44. Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe:
V - Ellen White e a Doutrina da Graça Irresistível 46
47. O homem pode resistir à graça:
47. Confundindo predestinação bíblica com antinomismo:
48. Elohim revela sua glória aos eleitos:
49. O Maschiach usou de poder irresistível para converter os corações:
49. Shaul foi salvo por irresistível evidência:
50. O espírito é concedido livremente a todos os homens:
51. Escravos perecem sem receber luz dos homens:
52. Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos:
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
53. Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito:
54. É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados:
VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança dos Santos 55
56. A Prova da doutrina da perseverança dos santos:
57. Nenhum homem se guarda a si mesmo:
58. Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre:
59. O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um eleito:
59. Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida do cordeiro:
60. Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida:
61. Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem:
61. A purificação do santuário já se completou:
63. Quem tem o nome escrito no livro da vida:
65. A literatura adventista e a perseverança dos santos:
65. O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora:
66. A justificação é um perdão absoluto:
66 Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu:
66. Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder
67. O mesmo Elohim que começa a obra a termina:
67. Estamos eternamente livres:
67. Elohim nunca mais se lembrará do pecado:
68. O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação:
68. Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da vida:
68. Precisamos crer que somos eleitos de Elohim:
68. A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança do crente:
70. Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem:
71. Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos:
VII - Apêndice - Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista
80. O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro da vida:
81. Todos os que entraram para o serviço têm seu nome escrito no livro da vida:
82. O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado fora:
83. Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da vida:
84. A dinâmica e o perigo da evangelização do medo:
85. Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes:
86. Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas:
88. Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo:
89. Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim:
90. O valor de ter o nome no livro da vida:
92. Do farolete para o farol:
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
I - Apresentação – Arminius e o
Arminianismo
Jacó Arminío, o teólogo holandês, autor de muitos livros e
nascido na era dos grandes debates teológicos e filosóficos veio ao
mundo em Oudewater, Utrecht como Hermanszoon Jakob, seu
nome em holandês. Jacó Armínio (1560-1609) foi educado na
teologia reformada aos pés de Theodore de Beza (1519-1605),
substituto de João Calvino (1509-1564). Sobreviveu a ambos não
como discípulo do calvinismo, que atribuía a salvação somente à
graça soberana que liberta o arbítrio de forma irresistível, mas como
fundador do arminianismo, que atribui a salvação ao livre arbítrio
que livremente responde e coopera com a graça.
Jacó Armínio (1560-1609) foi educado na teologia reformada aos
pés de Theodore de Beza (1519-1605), substituto de João Calvino
(1509-1564). Sobreviveu a ambos não como discípulo do calvinismo,
que atribuía a salvação somente à graça soberana que liberta o
arbítrio de forma irresistível, mas como fundador do arminianismo,
que atribui a salvação ao livre arbítrio que livremente responde e
coopera com a graça.
James Arminius (1560-1609),
Theodore de Beza (1519-1609)
Imagens de domínio público. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre
João Calvino (1519-1605)
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Órfão de pai ainda criança, aos 15 anos sua mãe morreu no
massacre espanhol de Oudewater. A morte da mãe em 1575 parecia
anunciar ao jovem Arminius que ele estaria no centro de
controvérsias religiosas que abalariam as estruturas da própria fé
reformada. Aprovado pelo pastor Theodorus Aemilius, como aluno
de Teologia, Arminío recebeu apoio de Rudolph Snellius (15461613), um professor que o levou à Universidade de Marburg na
Alemanha, de onde retornou em 1603 para lecionar na Universidade
de Leiden, fundada em 1575 por Willem van Oranje (1533-1584),
herói da independência holandesa frente aos espanhóis e da
transformação da Holanda numa potência militar e naval a serviço
da fé reformada que ajudou a mudar o mapa religioso da Europa.
Em 1582, como parte de seu aperfeiçoamento acadêmico
Armínio se mudou para Genebra na Suíça, então o foco do
protestantismo calvinista. Seu objetivo era ouvir a exposição de
Romanos ministrada pelo próprio Theodore de Beza (1519-1605).
Beza, francês como seu amigo pessoal João Calvino (1509-1564),
abraçou a teologia reformada em 1548, veio a ser o herdeiro natural
do grande mestre de Genebra e se tornou um peso pesado da
teologia reformada.
Voltando a Holanda Arminío recebeu o cargo de pastor, sendo
ordenado em 1588 na cidade de Amsterdã e a tarefa de enfrentar as
críticas de Dirk Volkertzoon Koornhert (1522-1590), à teologia
calvinista da predestinação presente no Catecismo de Heidelberg,
redigido por Zacharias Ursinus (1534-1583) e Caspar Olevianus
(1536-1587), obra encomendada pelo Eleitor Frederico III, soberano
do Palatinado para combater a influência católica no seu reino.
Dois pontos dessa obra podem ter sido fundamentais para
despertar Koornhert a se indignar contra a doutrina reformada, o
primeiro a resposta à pergunta 52 onde se afirmava que somente os
eleitos seriam levados à vida eterna e a 54 onde ensinava que a
verdadeira kehilah ou igreja estava amarrada pelo decreto da eleição
e destinada seguramente à vida eterna desde antes da fundação do
mundo até a consumação da história. Os pontos são como seguem:
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
52. Que consolo traz a você a volta de Cristo "para julgar
os vivos e os mortos"?
R. Que, em toda miséria e perseguição, espero, de cabeça
erguida, o Juiz que vem do céu, a saber: o Cristo que antes se
apresentou em meu lugar ao tribunal de Deus e tirou de mim toda
a maldição (1). Ele lançará, na condenação eterna, todos os seus e
meus inimigos (2) , mas Ele me levará para si mesmo, com todos os
eleitos na alegria e glória celestiais (3).
(1) Lc 21:28; Rm 8:23,24; Fp 3:20; 1Ts 4:16; Tt 2:13. (2) Mt
25:41-43; 2Ts 1:6,8,9. (3) Mt 25:34-36; 2Ts 1:7,10.
54. O que você crê sobre "a santa igreja universal de
Cristo"?
R. Creio que o Filho de Deus (1) reúne, protege e conserva (2)
, dentre todo o gênero humano (3) , sua comunidade (4) eleita para
a vida eterna (5). Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra (6) , na
unidade da verdadeira fe (7) , desde o princípio do mundo até o fim
(8). Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja, agora e para
semprel0).
(1) Jo 10:11; Ef 4:11-13; Ef 5:25,26. (2) Sl 129:4,5; Mt 16:18; Jo
10:16,28. (3) Gn 26:4; Is 49:6; Rm 10:12,13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At
20:28; Hb 12:22,23. (5) Rm 8:29,30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21;
Rm 1:16; Rm 10:14-17; Ef 5:26. (7) Jo 17:21; At 2:42; Ef 4:3-6; 1Tm
3:15. (8) Is 59:21; 1Cor 11:26 (9) Rm 8:10; 1Jo 3:14,19-21. (10) Sl 23:6;
Jo 10:28; Rm 8:35-39; 1Co 1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19. 1
Apesar de fortemente apoiado com diversos textos, a doutrina
da eleição exposta no Catecismo de Heidelberg não convenceu a
Koornhert e suas críticas causaram muito mal estar na Holanda.
Assim a Igreja Reformada confiava no gênio de Armínius para os
refutar. A surpresa é que o exame das teses de Koornhert acabou
por minar suas próprias convicções e arenunciar ao calvinismo. Ele
manteve a posição paulina de que a predestinação de Elohim foi
feita antes da fundação do mundo e que todos os predestinados
para a vida serão infalivelmente salvos, mas modificou
substancialmente a posição reformada.
Catecismo de Heidelberg (1563) por Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano. Fonte, página Monergismo.com visitada
em 6 de março de 20112. http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismo_heidelberg.htm
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Dirck
Volckertszoon
Coornhert foi o homem cujos
argumentos levaram, Armínio
um
pastor
reformado,
educado aos pés do sucessor
de Calvino a abraçar as teses
defendidas em parte por
Pelágio, o homem é livre para
aceitar a oferta de salvação ou
para a rejeitar. A graça é
soberana no sentido de ser
oferecida a todos e não no
sentido de determinar quem
se salva. Nascia assim em
1609 o arminianismo, a
doutrina
que
mais
influenciaria o protestantismo.
Dirck Volckertszoon Coornhert
foi o homem cujos argumentos
levaram, Armínio um pastor
reformado, educado aos pés do
sucessor de Calvino a abraçar
as teses defendidas em parte
por Pelágio: O homem é livre
para aceitar a oferta de
salvação ou para a rejeitar. A
graça é soberana no sentido de
ser oferecida a todos e não no
sentido de determinar quem se
salva. Nascia assim em 1609 o
arminianismo, a doutrina que
mais influenciaria o
protestantismo.
Arminius manteve ainda
a posição de que o homem
com a queda perdeu o livre
arbítrio, mas passou a ensinar
que auxiliado pela graça ele
pode
decidir
livremente
nascer
de
novo
ou
permanecer em seus pecados.
A predestinação eterna,
segundo ele foi o ato de
Elohim escolher para vida
aqueles que Ele sabia que
aceitariam o convite da graça
e decidiriam nascer de novo e
escolher para a morte aqueles
que viu que jamais aceitariam
esse chamado. O homem
voltava ao centro da teologia.
Portrait of Dirck Volckertsz. Coornhert (15221590). After Cornelis Cornelisz. van
Haarlem (1562–1638). Domínio Pùblico
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A diferença básica entre os dois sistemas, portanto não é a
crença de que todo o homem já vem a esse mundo predestinado
para a vida ou para a morte, mas a base ou causa dessa
predestinação. Enquanto os calvinistas creem numa predestinação
estabelecida com base na escolha do próprio Elohim, os arminianos
acreditam que a base única da predestinação é a graça
discriminadora e infalível de Elohim pela qual Ele livremente decidiu
o que faria de cada indivíduo particularmente pecador e merecedor
das chamas do fogo eterno. Esta é pois a controvérsia arminiocalvinista, não a predestinação em si, mas a causa da predestinação.
Após a morte de Arminius sua posição foi modificada pelos seus
discípulos e exposta na forma de um documento conhecido como
remonstratio. Os remonstrenses, como passaram a ser chamados
diziam que:
Todos os homens têm o poder natural de decisão quanto ao
chamado da graça.
O Maschiach não morreu para salvar efetivamente a ninguém
em particular, e logo não existem eleitos no sentido pleno da
Palavra, ele morreu para tornar possível a salvação de todos
os homens.
O homem pode resistir eficazmente e inclusive derrotar a
graça de Elohim se esforça em salvá-lo.
Elohim não predestina pessoas, mas grupo de pessoas e logo
a predestinação é completamente condicional.
Os santos podem cair da graça e se perder eternamente.
Esta visão teológica, que nem é calvinista porque nega a livre e
soberana escolha de Elohim e nem é arminiana porque nega que os
santos são perseverados até o fim e infalivelmente salvos tornou-se
a base teológica dos chamados novos protestantes como os
mórmons, as testemunhas de Jeová, os pentecostais e os
adventistas. Mas muito tempo antes, os cristãos reformados se
reuniram em Dortrecht na Holanda com o fim de tomar uma posição
acerca das revisões propostas tanto pelos arminianos como pelos
remonstrenses com relação à doutrina da predestinação tal como
defendida por Agostinho e pelos três grandes reformadores,
Calvino, Lutero e Zuinglio.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A doutrina da graça
soberana foi comparada
pelo Sínodo de Dort ao belo
e precioso símbolo do país
das flores. Cada letra da
Tulip se refere a um aspecto
da doutrina da salvação tal
como vista pelos teólogos
holandeses.
Tulip por Anna Cervova Public Domain Pictures.net
O Sínodo de Dort
se inspirou na palavra
Tulip que dá o nome à
mais famosa flor da
Holanda para criar um
acróstico por meio do
qual os cinco pontos
definidos como base na
exposição da salvação
pudessem
ser
conhecidos.
A doutrina da graça
soberana foi comparada
pelo Sínodo de Dort ao
belo e precioso símbolo
do país das flores. Cada
letra da Tulip se refere a
um aspecto da doutrina
da salvação tal como
vista
pelos
teólogos
holandeses.

O T se refere a TOTAL DEPRAVAÇÂO da alma humana e sua
incapacidade para fazer qualquer coisa por sua própria salvação.

O U se refere à ELEIÇÂO INCONDICIONAL e não dependente de
nada próprio do homem.

O L se refere à LIMITADA EXPIAÇÃO de Yeshua apenas e somente
por suas ovelhas.

O I se refere à IRRESISTÍVEL GRAÇA pela qual o Eterno ordena que
os mortos em delitos e pecados sejam trazidos à vida espiritual e salvos
sem que estes possam impedir a sua obra.

O P se refere à PERSEVERANÇA DOS SANTOS pela qual eles são
infalivelmente guardados até o fim, de todo o poder do maligno de de
qualquer apostasia irremediável. Uma vez salvos, para sempre salvos.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
TUPLIP
Uma Descrição dos Cinco Pontos do Calvinismo
Total Depravation – Depravação Total
 Todos os homens nascem em pecado1 estão mortos em seus delitos,2 totalmente
depravados3 e seus pensamentos são continuamente maus,4 por isso permanecem pecando
enquanto vivem.5 Em seu estado natural são incapazes de buscar a Elohim6 entender as
coisas espirituais7 ou amar a luz da verdade8 e não podem cooperar jamais com a graça a
menos que sejam a isso dispostos por Aba Yah..9 (1 Sl 51:5, 2 Ef 2:1-5,3 Jr 17:9, 4 Gn 6:4, 5 1Rs
8:46, 6Rm 3:9-23, 7 1 Co 2:14, 8 Jo 1:8-10 e
9
Jo 6:44.)
Unconditional Election – Eleição Incondicional
 A eleição é Incondicional1 e não se baseia na escolha do homem,2 mas na decisão de deus
de aproximar de si os que Ele quer que o adorem,3 não fomos escolhido porque seríamos
santos, mas para sermos santos.4 Fomos escolhidos pelo beneplácito exclusivo da vontade
divina para o louvor de sua glória. 5 Todos os que assim foram predestinados serão um a um
chamados, justificados e glorificados,6 já que isso depende somente da graça e determinação
de Elohim estabelecida antes dos tempos eternos.7 A estes Elohim dá a fé que não vem dos
homens.8 Assim ele se torna autor e também consumador 9 da fé que pertence aos eleitos e
somente a eles. 10 (1 Dt 7:6-7, 2 Jo 15:16, 3 Sl 65:4, 4 Ef 1:4, 5 1:5,11, 6 Rm 8:28-30, 7 2Tm 1:9, 8 Ef
2:8, 9 Hb 12:2, 10 Tt 1:1)
Limited Atonement – Expiação Limitada

A expiação é limitada unicamente às ovelhas de Deus1 e se destina a salvar apenas aos que
ouvem o evangelho2 um número fixo de homens de todas as nações.3 A expiação não pode
ser separada do propósito de salvar, e o Maschiach antes de morrer não orou pelo mundo,
mas apenas por aqueles que o Pai lhe deu.4 Seu sangue foi derramado pela igreja5 ele não
morreu para tornar possível a salvação de todos, mas para tornar real e infalível a salvação
daqueles em favor dos quais intercedeu.6 A morte do Maschiach é suficiente para todos, mas
eficiente somente para os eleitos,7 pois seu sangue foi derramado em favor de muitos. 8 (1 Jo
10:15, 2 Ap 22:17, 3 5:9, 4 Jo 17:9,20, 5 Ef 5:25, 6 Is 53:11-13, 7 Ro 8:33-34, 8 Mr 14:24).
Irresistible Grace – Graça Irresistível
 A graça opera o novo nascimento1 naqueles que nascem da vontade de Elohim2 de forma
soberana e sem consultar seus desejos naturalmente escravos do pecado 3 inclinados ao mal
e incapazes de entender ou buscar as coisas espirituais.4 Assim embora Elohim chame a
muitos com a chamada geral,5 só os eleitos são separados desde o ventre7 e chamados por
seu elo propósito.8 Todos aqueles em quem esse novo nascimento opera são
irresistivelmente levados à fé e ao arrependimento.9 Essa não é uma obra de Elohim e do
homem, mas uma obra do Pai, que leva ao Filho todos aqueles que lhe deu.10 ( 1 Jo3:8, 2 1:1213, 3 8:34, 4 Sl 14:2, 5 Mt 22:14, 6 Gl 1:15-16, 7 Ro 8:28, 8 At 13:48, 9 Jo 6:44.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Perseveraince of Saints – Perseverança dos Santos

Os que são assim gerados segundo a vontade divina1 são guardados em incorruptibilidade
pela palavra de de Elohim,2 são preservados até ao fim no estado de adoção de filhos 3 e
ainda que pequem e sejam severamente castigados4 jamais serão lançados fora,5 pelo
contrário tendo sido entregues pelo Pai nas mãos do Filho,6 eles serão infalivelmente
guardados de todo o mal7 até que a obra iniciada neles se consume gloriosamente no dia do
Maschiach 8 e recebam a coroa da justiça que lhes está guardada 9 já que são sustentados
pelas mãos onipotentes do Pai e do Filho e não podem perecer,10 porque de Elohim é
poderoso para lhes guardar de tropeço e os apresentar imaculados no dia de sua glória. 11 ( 1
Tg 1:18, 2 1Pd 1:23, 3 Ro 8:16, 4 2Sm 7:11-15, 5 Jo 6:37, 6 17:12, 7 2 Tm 4:18, 8 Fp 1:6, 9 2Tm 4:8, 10 Jo
10:27-29, 11 Jd 1:24.
É claro que além do arminianismo que ensina que Elohim
predestinou para a vida eterna aqueles que ele sabia que pela fé
abraçariam a graça e nela perseverariam até o fim, do calvinismo
que afirma que Elohim elegeu não conforme a presciência da fé
visto que ele mesmo é seu autor, mas de acordo com sua
presciência daqueles que ele mesmo criaria para a salvação e do
remonstrensismo, que ensina que Elohim não elege a ninguém em
particular, mas apenas o grupo dos salvos, existem outras visões.
O universalismo com sua visão de uma apokatastasis ou
reconciliação final de todas as criaturas com Deus, nega que o lago
de fogo seja de duração eterna e ensina que ele durará apenas o
tempo suficiente para que finalmente o próprio Satan venha a
converter-se e Elohim seja então tudo em todos. 2 Há ainda aqueles
que como o profeta americano William Marrion Branham (19091965) o fundador e pai do movimento Tabernáculo da Fé. Estes e
outros interpretam as Escrituras de forma alegórica e concluem que
Eva não comeu nenhum fruto proibido. Segundo eles Eva acasalou
literalmente com a serpente e desse contato sexual nasceu Caim.
Para uma descrição pormenorizada dessa doutrina e sua refutação
consulte nosso artigo Identidade Cristã x Israelismo Britânico.
Nem todos os universalistas concordam com essa visão inicialmente ensinada por Orígenes de Alexandria (185 254?). John Murray, (1741-1815), o pai do universalismo moderno ensinou que o Maschiach morreu por toda a
humanidade pagando os pecados de todos, e que por isso afinal todos serão infalivelmente salvos. Esta posição
parece deixar os diabos de fora do pacto salvífico. De igual posição foi o grande teólogo suíço Karl Barth (18861968), para quem o único homem predestinado para a morte foi Yeshua, que morto na carne ressuscitou em espírito
a fim de que toda a raça humana, originalmente predestinada para a vida seja infalivelmente salva.
2
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Eles acreditam que uma parte da humanidade descende
diretamente da serpente através de Caim e está destinada à
perdição. A outra parte descende de Sete, sendo os legítimos
descendentes de Adão, e, portanto predestinados infalivelmente à
bem aventurança eterna. Naturalmente este sistema ignora a
revelação bíblica que mostra que Rebeca concebeu de um só, de
Ytzchak nosso pai, e apesar disso teve um filho eleito e outro
rejeitado.
Os adventistas optaram em sua maioria por uma
predestinação impessoal. Elohim não predestinou pessoas, mas
caracteres perfeitos dizem. A salvação é como uma disputa olímpica,
não se sabe que é o vencedor até o final da prova. Quem atinge esse
caráter perfeito até o dia em que seu nome for passado em revista
no juízo investigativo é configurado nessa predestinação e
destinado à glória. É claro que esse é um esquema legalista que
despreza o caráter substituto da vida do Maschiach. A maioria
esmagadora dos pastores e membros adventistas acredita numa
perfeição ontológica a ser alcançada ainda nesta vida. Deplorando
essa idéia, aqueles entre os adventistas que enfatizam a vida
substituta de Maschiach dizem que ao aceitar a Yeshua como
Salvador o crente adquire seu caráter por imputação e que com os
méritos do Filho de Elohim o crente é declarado mais do que
vitorioso e que isso em nada depende das obras ou do caráter do
próprio indivíduo.
É claro que o debate adventista está longe de se encerrar. De
modo geral a igreja professa uma fé remonstrense, mas é possível
também encontrar alguns membros e ministros arminianos dentro
do movimento e ocasionalmente algum calvinista não declarado, já
que o sistema é abertamente contra cada um dos cinco pontos do
calvinismo. Eles supõem que a principal formadora de opinião
dentro do adventismo, a Sra. Ellen Gould White (1834-1915),
reputada por muitos como profetiza era arminiana ou remonstrense.
No presente estudo demonstrarei que longe de ter uma posição
consensual a Sra. White, a julgar pelos livros e artigos publicados em
seu nome jamais se definiu.
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14
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
E um equívoco muito grande
invocar o testemunho da Sra,
White a favor ou contra a
doutrina da eleição, pois sua
posição vai desde o
calvinismo moderado até ao
arminianismo, passando
pelo remonstrensismo, o que
revela a ausência completa
de uma linha teológica
orientada em suas
declarações relativas a esse
assunto.
Ellen White, 1889,Wikipedia, Domínio Público
Com ampla pesquisa à
literatura adventista sobre o
tema da eleição este estudo
mostra como resultado que
é um equívoco muito
grande
invocar
o
testemunho de a Sra. White
a favor ou contra a doutrina
da eleição, pois sua posição
vai desde o calvinismo
moderado
até
ao
arminianismo,
passando
pelo remonstrensismo, o
que revela a ausência
completa de uma linha
teológica orientada em suas
declarações relativas a esse
assunto.
Apesar disso ele se
revelará muito útil em
demonstrar que adventistas
que conhecem a Bíblia e
creem sem reservas naquilo
que Elohim falou através
dos
Profetas,
de seu
Messias
e
dos
seus
Apóstolos, podem cimentar
sua exposição teológica
com citações da Sra. White
a fim de se defenderem.
Esse é um detalhe importante porque a maioria dos
adventistas conhece apenas a veia arminiana e remonstrense da Sra.
Ellen White, e a usa com muito mais frequência para alijar a doutrina
da eleição do debate tão logo ela surge, mas em contrapartida
desconhece quase completamente sua veia calvinista.
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15
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Embora eu esteja firmemente alinhado com a posição
reformada no que diz respeito à predestinação, a qual me parece ser
a única que se harmoniza com as Escrituras, procurei sem imparcial
no uso das fontes bibliográficas atribuídas à Sra. White. Fazendo
assim dou a oportunidade a todos de mergulharem num dos temas
mais controversos do mundo cristão e tirarem suas próprias
conclusões livres da pressão de textos que se comparados com
outros se revelam indefinidos e contraditórios.
Meu desejo sincero e minha oração é para que os filhos de
Yah que congregam no adventismo possam evoluir para uma
teologia bíblica e saudável como alternativa a uma teologia humana
e doentia. Que Elohim abençoe a todos, especialmente os sinceros, e
que aquilo que a Sra. White desejou em seus devaneios, o
surgimento de um povo que creia na Bíblia e na Bíblia só, se
concretize na alma de cada um deles.
“Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a
Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base
de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as
deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios
eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as
igrejas que representam, a voz da maioria - nenhuma destas
coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como
prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes
de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em
seu apoio um claro – „Assim diz o Senhor‟”. (Ellen White, O
Grande Conflito. 36ª ed. 1988. pp. 595.).
Com o anelo de que isso se cumpra, e que em breve nenhum
adventista sincero use Ellen White para apoiar ou denunciar
qualquer doutrina sem antes passar pela Bíblia e considerar que ela
se basta sozinha para definir a nossa fé.
Rosh Messiânico Baruch Ben Avraham
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16
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
II - Ellen White e a Doutrina da Depravação
Total da Alma Humana
A coluna básica de
toda
a
doutrina
da
predestinação
jaz
por
incrível que pareça na
própria natureza do homem.
Se for verdade que o
homem
não
está
espiritualmente morto, mas
apenas
atordoado
pelo
pecado, e que ele é uma
espécie de zumbi espiritual
capaz de sair de sua
necrópole por sua própria
decisão então tem de ser
verdade ele é capaz de
caminhar
para
Yeshua
impelido pela força de seu
livre
arbítrio
e
a
predestinação não existe.
Nesse caso se o
homem pode recriar seu
destino, determinar sua
própria
regeneração,
conversão e perseverança
até ao fim então a
predestinação mencionada
na Bíblia seria desnecessária
ou arbitrária.
Se for verdade que o homem
não está espiritualmente
morto, mas apenas atordoado
pelo pecado, e que ele é uma
espécie de zumbi espiritual
capaz de sair de sua necrópole
por sua própria decisão então
tem de ser verdade ele é capaz
de caminhar para Yeshua
impelido pela força de seu livre
arbítrio e a predestinação não
existe.
Cemitério por Anna Cervova, Domínio Público
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17
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Seria desnecessária porque Elohim estaria decretando aquilo
que a própria vontade do homem já tinha decidido ou arbitrária
porque Elohim escolheria o homem a despeito de sua decisão
desconsiderando a vontade de muitos que naturalmente se
inclinariam para a graça que lhes seria negada.
Por outro lado, se o
homem não pode dar
nenhum passo em direção à
luz, se ele não está meio
morto, mas completamente
morto, se ele não é um
zumbi espiritual, mas um
cadáver encerrando num
mausoléu
lacrado
de
maldade e incapacidade de
perceber as coisas do
espírito a tal ponto que não
pode nem mesmo desejar ou
decidir nascer de novo,
converter-se e permanecer
na graça, então só a
predestinação livre, soberana
e infalível pode garantir a sua
ressurreição espiritual e sua
salvação. Nisso reside toda a
questão e é sobre isso que
Ellen White será chamada a
opinar.
Contudo,
ao
analisarmos sua opinião será
difícil
não
admitir
pronunciadas ambigüidades
em suas posições. Assim,
antes de tudo é bom lembrar
o contexto religioso em que
Ellen se desenvolveu e as
influências que recebeu.
Por outro lado, se o homem
não pode dar nenhum passo
em direção à luz, se ele não
está meio morto, mas
completamente morto, se ele
não é um zumbi espiritual,
mas um cadáver encerrando
num mausoléu lacrado de
maldade e incapacidade de
perceber as coisas do espírito
a tal ponto que não pode
nem mesmo desejar ou
decidir nascer de novo,
converter-se e permanecer
na graça, então só a
predestinação livre,
soberana e infalível pode
garantir a sua ressurreição
espiritual e sua salvação.
Anjo por Francisco Farias Jr Domínio Público
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18
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A origem metodista e a doutrina da Sra. White: Ellen
Harmon, nasceu em 1827 em Gorham, Maine. Tendo crescido no
seio de uma devota família metodista, nenhum sistema teológico a
influenciou tanto como o arminianismo wesleyano. Admiradora de
Wesley, Ellen White elogia sua posição acerca da predestinação e
dos decretos divinos que dela procedem dizendo:
“A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o
caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de
Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores
antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo
é contrária às Escrituras.3”
O fato de Wesley se opor aos antinomistas não significa
necessariamente que a doutrina da predestinação conduza ao
antinomismo e nem mesmo que Wesley não defendesse a
predestinação, pois como arminiano ele cria numa predestinação
baseada na presciência das obras como se pode notar nessa
declaração citada por Severino Silva.
“As Escrituras dizem-nos claramente o que é predestinação – é Deus
designar de antemão para a salvação os crentes obedientes, não sem antes
conhecer antecipadamente todas as obras deles, mas segundo sua
presciência dessas obras, desde a fundação do mundo... De igual modo
predestina ou designa de antemão todos os incrédulos desobedientes para
a condenação, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles,
mas segundo sua presciência dessas obras desde a fundação do mundo.”4
Sua defesa da libertação universal da vontade: Inspirada em
João Wesley a Sra. White declarou que “com o próprio sangue
assinou Ele (Cristo) a carta de emancipação da raça humana. 5” Ela diz
ainda: “ A cada ser humano é dada a liberdade de escolha. A ele
compete decidir se quer permanecer sob o negro estandarte da
rebelião, ou sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel. 6”
Mas o adventismo não precisa encerrar-se dentro destes
parâmetros.
Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 252.
John Wesley, citado por Severino Pedro da Silva, em A Doutrina da Predestinação, CPAD, Rio de Janeiro, 1999, pág. 35.
5 Ellen White, Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 90
6 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicaodra Brasileira, pág. 361.
3
4
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Se estas declarações devem se harmonizar com outros de seus
escritos como deseja todo o bom adventista então nao resulta difícil
concluir que ela as expressões toda a raça e a cada ser humano
citadas acima nao se referem a todos e cada um dos homens, mas
somente aqueles que são efetivamente libertos pela graça, pois em
momentos de acentuado progresso teológico ela reconheceu como
o fazem os calvinistas que se a decisão acerca da salvação fosse
deixada na mão do homem este jamais a aceitaria.
“Não podemos dar um passo na vida espiritual, a não ser que Jesus
atraia e fortaleça a alma, e nos leve a experimentar aquele
arrependimento que jamais decepciona.” 7
O livre arbítrio do homem atual e o de Adão no Éden: Uma
pesquisa imparcial me leva a concluir que ninguém precisa presumir
que a Sra. White acreditava numa liberdade da vontade a
semelhança daquela que Adão possuía no Éden, pelo contrario há
indícios de que ela cria no livre arbítrio pleno de apenas dois
homens, Maschiach e Adão. “Em Sua humanidade, Ele (Cristo) tinha o
mesmo livre-arbítrio que tinha Adão no Éden.”8
Ao admitir que Maschiach veio com a mesma liberdade de
Adão antes da queda a autora lembra que essa liberdade não e
desfrutada pelo resto dos homens caídos, já que “era tão difícil para
Ele conservar-Se ao nível da humanidade como era para o homem
levantar-se acima do seu nível de natureza depravada, e ser
participante da natureza divina.”9
Por natureza depravada ela entendia aquilo que qualquer
calvinista entende, a capacidade nata de fazer qualquer coisa reta na
presença de Elohim. Lembre que a autora afirmava que antes da
queda os anjos entretinham conversações regulares com nossos
primeiros pais e os teriam ensinado que “se, porém, cedessem uma
vez à tentação, sua natureza se tornaria tão depravada que não
teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás. ” 10
Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 391.
Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, pág. 130.
9 Ellen White, No Deserto da Tentação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 103.
10 Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publcidora Brasileira, Tatuí, pág. 53
7
8
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A natureza completamente depravada do homem: Ainda
segundo a autora, consumada a queda, os anjos teriam se recusado
a aceitar a promessa de futura fidelidade de nossos primeiros pais
argumentando que sua natureza ficara depravada pelo pecado;
haviam diminuído sua força para resistir ao mal, e aberto o caminho
para Satanás ganhar mais fácil acesso a ele. Em sua inocência tinham
cedido à tentação; e agora, em estado de culpa consciente, teriam
menos poder para manter sua integridade.” 11 Ela admitia ainda que a
queda atingiu em cheio a toda a raça representada em Adão e que
“sua posteridade se tornou depravada.” 12 O que essa depravação
significa para o homem no que se relaciona a obediência a Lei de
Elohim, e o quanto o homem atual difere do primeiro homem pode
ser dado nestas palavras:
“Impossível é ao homem, de si mesmo, guardar essa lei; pois a
natureza do homem é depravada, deformada, e inteiramente diversa do
caráter de Deus. As obras do coração egoísta são como coisa imunda; e
"todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Isa. 64:6. ”13
“O caráter humano é depravado, deformado pelo pecado e muito
diferente do caráter do primeiro homem, quando acabou de ser formado
pelas mãos do Criador.“14
A autora entendia a depravação como uma incapacidade
natural de seguir numa direção reta.
“A fim de entender direito esta questão, cumpre-nos lembrar que
nosso coração é naturalmente depravado, e somos incapazes, por nós
mesmos, de seguir uma reta direção. “15
A Alma Humana Está Paralisada por Satanás: Mas em
nenhum outro lugar Ellen White foi tão calvinista e defendeu tão
enfaticamente a doutrina da depravação total da vontade e dos
sentidos e a completa incapacidade do homem de entender o plano
de Elohim o apreciar sua natureza do quando disse:
Ellen White, A Verdade Sobre os Anjos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 61.
Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 2002, pág. 245.
13 Ellen White, O Maior Discurso de Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 53.
14 Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 57.
15 Ellen White, O Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 179.
11
12
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21
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“O homem, pelo pecado, excluiu-se da vida de Deus. Sua alma é
tomada de paralisia, pelas armadilhas de Satanás, o autor do pecado. De si
mesmo é ele incapaz de sentir o pecado, incapaz de apreciar a natureza
divina e dela se apropriar. Fosse ela colocada ao seu alcance, não veria
nela coisa alguma que seu coração natural desejasse. Está sobre ele o
enfeitiçante poder de Satanás. Todos os engenhosos subterfúgios que o
diabo possa sugerir são-lhe apresentados ao espírito, para impedir todo
bom impulso. Toda faculdade e poder que lhe são dados por Deus foram
usados como arma contra o Benfeitor divino. Assim, embora Deus o ame,
não seria seguro comunicar-lhe os dons e bênçãos que bem lhe desejaria
conceder. ”16
Só uma ação sobrenatural torna o homem inimigo de
Satanás: Como pode se salvar o homem cuja natureza má e
perversa é descrita com cores tão vívidas pela autora? Esta questão
pode ser respondida pelos adventistas calvinistas com o texto que
aparece a seguir:
“Deus declara: "Porei inimizade." Esta inimizade não é entretida
naturalmente. Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se
tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo
com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem
pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela
apostasia. O apóstata nunca está em sossego, exceto quando obtém
simpatia e apoio, induzindo outros a lhe seguir o exemplo. Por este motivo
os anjos decaídos e os homens ímpios se unem em desesperada união. Se
Deus não Se houvesse interposto de maneira especial, Satanás e o homem
teriam entrado em aliança contra o Céu; e, ao invés de alimentar
inimizade contra Satanás, toda a família humana se teria unido em
oposição a Deus.17
É Elohim quem infunde vida sobrenatural: Resumidamente,
os textos atrás referidos nos apresentam uma Ellen White defensora
da doutrina da depravação total tal como ensinada pelos
reformadores e pelos calvinistas em geral, sejam eles presbiterianos,
metodistas ou batistas e sedimentam as bases para o surgimento de
um calvinismo adventista apesar de ser evidente que a literatura
adventista está repleta de ambigüidades e que por vezes o novo
nascimento deixa de se monergista e passa a ser sinergita,
16
17
Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1967, pág. 340.
Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág 505.
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22
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Nesse momento, o novo nascimento que nos textos anteriores
parece ser apenas monergista, isso é uma ação do Criador é
apresentado como uma obra realizada com a participação e
permissão do homem morto em delitos e pecados, como quando se
diz que “este novo nascimento é o resultado de receber Cristo como a
Palavra de Deus,” 18 os adventistas que acreditam na soberania da
graça e na completa incapacidade da natureza depravada podem
prevalecer sobre os arminianos com o texto a seguir que revela que
esse novo nascimento depende apenas e tão somente da ação
soberana do Espírito Santo sobre a alma morta em delitos e
pecados.
“Não é o instrumento humano que deve infundir vida. O Senhor,
Deus de Israel, fará essa parte, avivando a natureza espiritual sem vida e
pondo-a em atividade. O fôlego do Senhor dos Exércitos precisa penetrar
nos corpos inanimados. No juízo, quando forem revelados todos os
segredos, saber-se-á que a voz de Deus falou através do instrumento
humano, despertando a consciência entorpecida, avivando as faculdades
sem vida, e levando pecadores ao arrependimento e contrição, e ao
abandono de pecados. Então se verá claramente que através do
instrumento humano foi comunicada fé à alma, e infundida vida espiritual
procedente do Céu a quem estava morto em delitos e pecados, e ele foi
avivado espiritualmente.”19
O texto é por demais evidente e fala por si só que a obra da
regeneração é completamente monergista, isto é depende
exclusivamente de Elohim. Nem poderia ser diferente, pois criaturas
mortas em seus delitos e pecados não podem romper as barreiras
de seu túmulo e sair para fora, eles precisam de um poder de fora
que os insufla com a vida, antes de que o chamado para sair possa
ser sequer entendido. Agora bem, se é verdade que é o Senhor
Elohim de Israel que faz essa parte de insuflar vida na alma morta
em pecados, se isso é uma obra soberana realizada à parte do
querer do homem, então porque nem todos nascem de novo. Isso
nos leva ao segundo ponto da Tulip. A doutrina da eleição
incondicional que tal como a da depravação total pode ser
encontrada na literatura adventista.
18
19
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 520.
Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, pág. 45.
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23
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
III - Ellen White Diante da Doutrina da
Eleição Incondicional
Se for verdade que o
homem está totalmente
depravado. Se for verdade
que ele não pode dar um
passo sequer em direção a
Elohim. Se for verdade que
por natureza ele é incapaz
de entender a natureza de
seu Criador e que mesmo
que ela lhe seja oferecida ele
não a desejará como o
demonstrou a presença do
Messias entre seu povo
Israel. Então, nesse caso
deve ser verdade que a
escolha de Elohim tem de
ser incondicional e deve
repousar
única
e
exclusivamente no arbítrio e
na munificência de Elohim.
Segue-se então que Elohim
não tem candidatos à vida
eterna, mas eleitos, e que
sua eleição não se baseia em
nenhuma
condição
dos
eleitos, mas apenas na
condição da graça, é uma
eleição
incondicional.
Vejamos porém o que diz
Ellen White.
Se for verdade que o homem está
totalmente depravado, que ele
não pode dar um passo sequer em
direção a Elohim, que por
natureza ele é incapaz de
entender a sua natureza, e que
mesmo que ela lhe seja oferecida
ele não a desejará, então deve ser
verdade que a escolha divina tem
de ser completamente
incondicional e deve repousar
única e exclusivamente no
arbítrio e na munificência de
Elohim.
Mexican President Vicente Fox voting during the
2003 elections. Wikimedia, Domínio Público
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24
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ellen White nega que a eleição seja incondicional: Não é
surpresa que a maioria esmagadora dos teólogos adventistas utiliza
os escritos da Sra. White como elemento básico para combater a
doutrina da eleição incondicional. Os parágrafos a seguir onde ela
nega enfaticamente que a eleição seja incondicional, que Abel tenha
sido previamente escolhido por Elohim para ser salvo e que Caim
tenha sido escolhido para ser rejeitado e que Jacó tivesse sido
escolhido de forma soberana e finalmente que a salvação dependa
somente da vontade de Elohim são bastante conhecidos.
“ Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional uma vez na graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da
eleição, uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim
diz o Senhor."20
“Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar estas
verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora eleito
para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e
a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto consistia toda a
questão.”21
“Não houve uma preferência arbitrária da parte de Deus, pela qual
ficassem excluídas de Esaú as bênçãos da salvação. Os dons de Sua graça
por Cristo são gratuitos a todos. Não há eleição senão a própria, pela qual
alguém possa perecer. Deus estabeleceu em Sua Palavra as condições
pelas quais toda a alma será eleita para a vida eterna: obediência aos Seus
mandamentos, pela fé em Cristo. Deus elegeu um caráter de acordo com
Sua lei, e qualquer que atinja a norma que Ele exige, terá entrada no reino
de glória.”22
A salvação depende de nossa própria conduta: Alguns
arminianos adventistas acrescentam a esta lista ainda outro texto
onde a Sra. White apela à ação do homem, e pressupõem que o
texto em si está dizendo que o homem é deixado para operar a sua
própria salvação e que tudo o que se relaciona com ela depende
inteiramente deste.
Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157.
Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 72.
22 Idem, pág. 208.
20
21
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25
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Em certo sentido somos deixados na dependência de nossas
próprias energias; devemos procurar diligentemente ser zelosos e
arrepender-nos, limpar as mãos e purificar o coração de toda
contaminação; devemos alcançar a norma mais elevada, crendo que Deus
nos ajudará em nossos esforços. Precisamos buscar, se queremos achar, e
buscar com fé; temos de bater, para que nos seja aberta a porta. A Bíblia
ensina que tudo quanto se relaciona com nossa salvação depende de
nossa própria conduta. Se perecermos, a responsabilidade recairá
inteiramente sobre nós mesmos. Tendo sido feita a provisão e se
aceitarmos as condições de Deus, podemos tomar posse da vida eterna.
Temos de ir a Cristo com fé, temos de ser diligentes e confirmar a nossa
vocação e eleição.”23
Contudo, esse último texto não é claro por si só, e não chega a
defini-la nem como arminiana nem como calvinista. É claro que ao
dizer que “a Bíblia ensina que tudo quanto se relaciona com nossa
salvação depende de nossa própria conduta,” a autora parece ter
resvalado perigosamente para um sinergismo onde a glória pela
salvação do homem deve ser atribuída parcialmente a Elohim e
parcialmente ao homem.
Apesar disso, um exame desapaixonado dessa declaração
permite supor que ela está apelando aos eleitos para que aceitem as
condições impostas pela graça, a saber, a fé, a fim de que confirmem
sua vocação e eleição.
Toda a obra é de Adonay do princípio ao fim: É bom
recordar, que mesmo a sra. White, por vezes admite que é Elohim
quem circuncida o coração do homem e que toda a obra relativa À
salvação pertence só a ele, do princípio ao fim. Quando faz isso em
insinua que o homem só pode operar onde Elohim opera e que a
forte e viva fé dos que seguem ao Maschiach é o resultado da
influencia de Elohim resultante da ação de sua graça eletiva,
soberana e infalível.
“É Deus quem circuncida o coração. Toda a obra é do Senhor, de
princípio ao fim.”24
23
24
Ellen White, Fé e Obras, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 48.
Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 1, Tatuí, pág. 392.
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26
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“As faculdades com que Deus dotou o homem devem ser ampliadas.
"Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo
como a ti mesmo." Luc. 10:27. O homem não tem possibilidade de fazer
isto por si mesmo; ele precisa do auxílio divino. Que parte deve o
instrumento humano desempenhar? "Operai a vossa salvação com temor e
tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,
segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13.”25
“"Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13. Neste versículo são
reveladas os dois instrumentos na salvação do homem: a influência divina
e a forte e viva fé dos que seguem a Cristo.”26
Confundindo
perdidos
com
eleitos:
Assim,
independentemente do fato de a Sra. White não ter sido
suficientemente clara nessa questão, deve-se compreender que o
arminianismo do adventismo é uma questão de opção consciente.
Teólogos adventistas preferem ignorar os textos onde a doutrina da
eleição é ensinada, enquanto garimpam em busca daquelas
declarações obscuras onde a eleição incondicional é negada.
“Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional uma vez na graça, sempre na graça. No segundo capítulo da segunda
epístola de Pedro o assunto é tornado claro e distinto. Depois de se referir a
alguns que seguiram um caminho mau, a explicação é dada: "os quais,
deixando o caminho direito, ... seguindo o caminho de Balaão, filho de
Bosor, que amou o prêmio da injustiça." II Ped. 2:15. ... Esta é uma classe de
pessoas das quais nos adverte o apóstolo: "Porque melhor lhes fora não
conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem; se do
santo mandamento que lhes fora dado." II Ped. 2:21.”27
É claro que essa declaração ignora completamente o sentido
das Escrituras. O segundo capítulo de Pedro começa falando não de
verdadeiros seguidores de Maschiach, mas de falsos profetas, não
de pessoas salvas pelo Senhor (gr.
kurios), mas de pessoas
simplesmente resgatadas ou compradas pelo Soberano (gr.
Despotes).
Ellen White, Conselhos Sobre Educação, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 232.
Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 189.
27 Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157.
25
26
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27
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ellen admite que Yeshua não teria morrido apenas para salvar,
mas também “para garantir o direito de destruir aquele que tinha o
império da morte, isto é, o diabo.”28 Nesse caso, os que negam a
Adonay que os resgatou não são pessoas salvas pelo sangue de
Yeshua, mas pessoas que negam sua soberania e seu reinado. Kefa
alude que se trata de pessoas dissolutas e de “palavras fingidas;”
para as quais “o juízo lavrado a longo tempo não tarda, e a sua
destruição não dorme.”(v. 2,3) Não se trata aqui de pessoas piedosas,
as quais “Adonay sabe livrar da tentação,” mas de injustos
reservados para o dia do juízo, “que andam em imundas paixões, e
menosprezam qualquer governo,”(v.9,10) e que são como “brutos
irracionais naturalmente feitos para presa e destruição,” (v. 12) que
abandonando o reto caminho se extraviaram pelo caminho de
Balaão, “os quais são como fontes sem água” (v.15-17).
Estas pessoas conheceram sim o caminho da justiça, e
temporariamente se apartaram das contaminações do mundo, mas
não passaram de porcas lavadas por fora, que voltaram par ao
lamaçal, porcos que voltam ao vômito. (v. 20-23) Nada há aqui que
nos permita falar de eleitos sendo perdidos. Dizer que não há
eleição incondicional porque falsos profetas sobre os quais a
sentença de destruição já foi anteriormente lavrada e porque com
eles se cumpre o provérbio que fala da porca lavada voltando ao
espojadouro da lama é uma contradição de termos, pois se tais
pessoas foram escolhidas com certeza não foi para a salvação, pois
são como bestas feitas para ser destruídas. Eis o exemplo do uso de
um texto que não honra a perspicácia de ninguém e que deveria ser
abandonado em favor de outros onde há mais coerência com as
Escrituras. Investiguei melhor esse texto porque é raro um estudo
sobre eleição entre adventistas que ele não seja citado. Mas os
teólogos adventistas precisam saber que ao lado dessa Ellen White
remonstrense que confunde falsos profetas antecipadamente
sentenciados para a destruição com eleitos para a vida eterna e
emprega esse equivoco para negar a eleição incondicional, existe
uma Ellen White arminiana e também para surpresa, uma Ellen
White calvinista, uma Ellen de três faces, as vezes de mais.
28
Ellen White, Testemunhos Para Ministros, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 134.
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28
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Elohim escolhe a Saulo inimigo de Yeshua: Outros textos
dela apresentam a eleição incondicional de forma tão clara como o
fizeram os calvinistas. Um exemplo disso é quando ela narra a
conversão de Saulo, o homem que odiava o nome de Yeshua acima
de qualquer coisa.
“Na maravilhosa conversão de Paulo, vemos o miraculoso poder de
Deus. ... Jesus, cujo nome ele aborrecia e desprezava acima de todos os
outros, revelou-Se a Paulo a fim de deter-lhe a louca, se bem que sincera
direção, de modo que pudesse tornar esse instrumento nada promissor em
um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios.” 29
“”Depois da morte de Estêvão, Saulo foi eleito membro do conselho
do Sinédrio, em consideração à parte que desempenhara naquela ocasião.
Durante algum tempo foi um instrumento poderoso nas mãos de Satanás
para promover sua rebelião contra o Filho de Deus. Logo, porém, este
implacável perseguidor deveria ser empregado em edificar a igreja que
agora estava a derribar. Alguém, mais poderoso que Satanás, escolhera
Saulo para tomar o lugar do martirizado Estêvão, a fim de pregar e sofrer
pelo Seu nome e propagar extensamente as novas da salvação por meio de
Seu sangue.”30
Tente harmonizar estes dois textos com alguns dos textos
precedentes e você terá grandes dificuldades. É evidente que Saulo
havia sido escolhido de antemão. Isso não só não pode ser negado à
luz da Bíblia como é admitido pela autora. Também é claro que isso
não dependia do desejo de Shaul, que aborrecia a Yeshua e à Sua
Palavra e povo, mas somente do desejo de Elohim.
“Saulo foi levado diretamente à presença de Cristo. Foi uma pessoa
designada por Cristo para uma importantíssima obra, alguém que devia
ser "um vaso escolhido" (Atos 9:15), para Ele; no entanto o Senhor não lhe
disse imediatamente qual a obra para ele designada. Embargou-lhe o
caminho e convenceu-o do pecado...”31
“Quando os irmãos souberam da visão de Paulo, e o cuidado que Deus
teve com ele, sua ansiedade em seu favor aumentou; compreenderam que ele era
sem dúvida um vaso escolhido do Senhor para levar a verdade aos gentios.”32
Ellen White, Vidas que Falam, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1971, pág. 339.
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 102.
31 Idem, pág. 120.
32 Ellen White, História da Redenção, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 279.
29
30
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29
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Quem ousaria dizer que Shaul não fora escolhido muito antes
de seu nascimento para aquela obra e que mercê dessa escolha
incondicional que não consultara os gostos pervertidos de Shaul,
mas o desígnio divino de colocá-lo diante de uma obra muito mais
gloriosa do que a que ele e satanás imaginaram para si mesmo. Foi
ele mesmo quem disse: “Mas quando aprouve a Elohim, que desde o
ventre de minha mãe me chamou e me separou para a sua graça,
revelar seu Filho em mim, não consultei carne nem sangue.” (Gl 1:16).
Elohim nos escolheu na eternidade para sermos santos:
Contudo, as declarações de Ellen White acerca da eleição
incondicional não se restringem a Shaul de maneira alguma.
Ela admite que “se Deus nos escolheu desde a eternidade, é
para que fôssemos santos, tendo a consciência purificada de obras
mortas para servirmos ao Deus vivo,” 33 que “ o Senhor nos salvará
das corrupções do mundo porque Ele nos escolheu em Cristo antes da
fundação do mundo para que fossemos santos e sem mancha diante
dele em amor,”34 e que “desde a eternidade, Deus escolheu homens
para serem santos”35
Estas declarações são típicas do calvinismo clássico. Revelam
primeiro que Elohim não escolheu ninguém porque seria santo, mas
para que seja santo. Mostram que não venceremos as corrupções do
mundo para que nos tornemos escolhidos, mas que nossa vitória é o
resultado seguro da eleição acontecida desde a eternidade. Ainda
mais claros são os três textos relacionados a seguir.
“Deus escolheu homens para a santidade “Nossa santificação é o
objetivo de Deus em toda a Sua conduta conosco. Ele nos escolheu desde a
eternidade, para que sejamos santos.”36
“Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor
que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos
concede direito à vida eterna.”37
Ellen White, Mensagens Escolhidas 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág. 200-201 (ano 1898)
Ellen White, (Signes of The Times 2 de Maio de 1892)
35 Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1999, E Recebereis Poder, pág. 96. (ano 1902).
36 Ellen White, O cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 320. (ano 1904).
37 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7 A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág. 955. (ano 1904)
33
34
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“ Em todo o Seu trato com o Seu povo, o objetivo de Deus é a
santificação da igreja. Ele os escolheu desde a eternidade para que fossem
santos. Deu-lhes Seu Filho para morrer por eles, a fim de que pudessem ser
santificados pela obediência à verdade,...”38
Ora, o princípio básico da doutrina da eleição condicional
defendida pelos arminianos é que Elohim nos escolheu porque sabia
que seriamos santos mediante a ação consentida de sua graça em
nossa alma. Não negamos que Elohim sabia que a graça santificaria
aqueles que foram eleitos justamente para isso, para sejam santos,
mas sabemos que não é por causa da santidade prevista neles que
eles foram escolhidos, mas por causa de seu plano. Observe que os
textos mencionados falam de escolha para a santidade, não por
causa dela.
Foi Maschiach que nos escolheu e não nós a Ele: Ainda mais
enfática são as seguintes declarações onde a autora expõe a
doutrina da eleição incondicional de forma inconfundível ao dizer
que não fomos nós que escolhemos a Yeshua.
“Cremos em Jesus Cristo. Unimos nossa vida a Cristo. Ele diz: "Não
Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para
que vades e deis fruto. ... Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros".
João 15:16 e 17.”39
“Homens e mulheres de espírito nobre hão de ser ainda
acrescentados ao número dos de quem está escrito: "Não Me escolhestes
vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, ... para que vades e deis fruto." João
15:16.”40
Portanto, qualquer adventista que creia na soberania e
liberdade da graça e que prefira utilizar Ellen White como fonte para
expor a sua convicção pode dizer: “Conheço os textos onde a autora
defende a eleição condiciona a previsão de fé e obediência, mas
prefiro aqueles em que ela se apresenta como uma mulher madura
e coloca a eleição em seu devido lugar, como ato soberano de Elohim.
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 559, (ano 1911).
Ellen White, Casa Publicadora Brasileira, Para Conhecê-l o, 173, (ano 1893).
40 Ellen White, Testemunhos Seletos 3, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 199. (ano 1998).
1998).
38
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Uma evidência disso é quando ela diz: “Cristo pousa para ser
retratado em cada discípulo. A todos predestinou Deus para serem
"conformes à imagem de Seu Filho". Rom. 8:29.” 41 Aqui fica evidente
que a predestinação de Elohim contempla somente a seus
discípulos. E se a predestinação é somente pelos seus, segue-se que
a expiação também o é como veremos a seguir.
41
Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 872.
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32
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
IV - Ellen White e a Expiação Limitada de
Yeshua
Um dos dilemas mais
cruciais
do
arminianismo
remonstrense,
o
sistema
religioso predominante entre os
cristãos
protestantes
da
atualdiade, é definir qual o
verdadeiro objetivo da morte de
Yeshua. Ora o principal alicerce
da confiança do crente de que
virá a se salvar deriva da
doutrina da morte de Yeshua
como garantia, substituto, e
pagamento da dívida do
homem diante da justiça do
Criador.
Logo a primeira pergunta
que todo o crente precisa fazer
com relação a expiação de
Yeshua é se ele morreu para
salvar as suas ovelhas ou para
tornar possível a salvação dos
bodes e das ovelhas? A resposta
a essa pergunta define se a sua
expiação é limitada como
afirmava o Sínodo de Dort ou é
universal como acreditam os
remonstrenses em geral e
adventistas em particular.
a primeira pergunta que todo
o crente precisa fazer com
relação a expiação de Yeshua
é se ele morreu para salvar as
suas ovelhas ou para tornar
possível a salvação dos bodes
e das ovelhas? A resposta a
essa pergunta define se a sua
expiação é limitada como
afirmava o Sínodo de Dort ou
é universal como acreditam os
remonstrenses em geral e
adventistas em particular.
Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET,
http://www.flickr.com/photos/arran_edmonston
e_photography/4995279544/
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33
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Antes de mergulhar de
novo na literatura adventista
deixem-me
apresentar
o
argumento de John Owen
(1616-1683), um dos mais
influentes pregadores puritanos
de toda a história. O pastor que
por sua eloquencia e profundo
conhecimento da graça chegou
a ser capelão de Oliver
Cromwell durante a curta
república inglesa escreveu um
livro publicado em 1648 que
lida especificamente com o
debate em torno da morte do
Maschiach.
A obra, A Morte da Morte
na Morte de Cristo, 42 é uma
resposta eficiente a proposta
remonstrense que seduziu o
mundo protestante com a ideia
de que a expiação de Yeshua é
universal, e de destina a todos
mas ainda assim não garante a
salvação de ninguém em
particular a menos que esse
alguém
a
aceite.
Num
argumento
poderoso
ele
dispara:
“De fato, dizer que Cristo
morreu por todos os
homens é a maneira mais
rápida de provar que Ele
não morreu por ninguém.
Porque se Ele morreu em
lugar de todos, e,
contudo, nem todos são
salvos, então Ele falhou
em Seu propósito.”
John Owen (1616-1683) em a
“Morte da Morte na Morte de
Cristo.”
John Owen, by John Greenhill (died
1676). Wikipedia Domínio Público.
Pygora Goat, Oregon Zoo, ArranET,
http://www.flickr.com/photos/arran_edmonston
e_photography/4995279544/
“De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens é a
maneira mais rápida de provar que Ele não morreu por ninguém. Porque
se Ele morreu em lugar de todos, e, contudo, nem todos são salvos,
então Ele falhou em Seu propósito.”43
42
No Brasil a obra foi publicada pela PES – Publicações Evangélicas Selecionadas, uma livrara dedicada
à literatura reformada, só que saiu com o título Por quem Cristo Morreu?
43
John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 32.
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34
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Antes disso ele já havia dito:
“Não devemos descrever a salvação de nenhuma maneira
diferente daquela que a Bíblia a descreve. E a Bíblia não diz, em lugar
algum, que Cristo morreu "por todos os homens", ou por cada homem
em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida "em resgate de todos";
entretanto, isso não pode provar que signifique mais que "todas as Suas
ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente
qualquer versículo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em
seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as
Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção
de nenhum.”44
John Owen entedia apropriadamente que Yeshua não pode ter
redimido a todos a menos que todos sejam de fato salvos.
“Uma outra palavra que a Bíblia usa para descrever aquilo que Cristo
obteve mediante Sua morte, é a palavra reconciliação: "... inimigos ... vos
reconciliou." (Colossenses 1 :21). Reconciliação quer dizer restaurar as
relações de amizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Na
salvação, da qual a Bíblia nos fala, Deus é reconciliado conosco e nós somos
reconciliados com Deus. Estas duas coisas têm que ser verdadeiras; a
reconciliação de uma parte e da outra são dois atos separados, mas ambos
são necessários para tornar uma reconciliação completa. É uma tolice sugerir
que Deus, por intermédio da morte de Cristo, agora está reconciliado com
todos os homens, mas que somente alguns homens estão reconciliados com
Ele. Espero que ninguém sugira que Deus e todos os homens estão
reconciliados desta maneira. Isso seria uma reconciliação capenga! Não há
verdadeira reconciliação a menos que ambas as partes estejam reconciliadas
uma com a outra. O efeito da morte de Cristo foi a reconciliação tanto de Deus
com os homens como os homens com Deus; "fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho" (Romanos 5: 10) e "nosso Senhor Jesus Cristo, pelo
qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5: 11). Ambas as
reconciliações são, também, mencionadas em II Coríntios 5: 19-20 - "Deus ...
reconciliando consigo", e "vos reconcilieis com Deus". Ora, como esta dupla
reconciliação pode ser "reconciliada" com a noção de que a morte de Cristo é
para todos os homens, eu não posso entender! Porque, se todos os homens
são, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como pode
acontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (João 3:36). Sem dúvida
alguma, Cristo somente pode ter morrido por aqueles que estão realmente
reconciliados.”45
44
45
John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 27.
John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Outra grave implicação da doutrina da expiação universal dos
remonstrenses é a doutrina da propicioação. Uma Yeshua fez
propiciação pelos nossos pecados, ou seja, pagou a nossa dívida
deve ser certo que Adonay não pode mais cobrar essa dívida.
Contudo, no esquema remonstrense Elohim é apresentado
como se fosse um comerciante que cobra a mesma dívida duas
vezes. Primeiro ele a demanda do Fiador, que vai à loja e quita a
dívida do comprador inadimplente e depois que a dívida está paga
ele torna a cobrar mesma dívida de novo sob a alegação de que o
devedor tinha de ter se reconciliado com o Fiador primeiro. Ora, isso
não faz o menor sentido, ou Elohim cobra a dívida de Yeshua e
estamos livres da condenação ou cobra de nós. É evidente que o
Sínodo de Dort admite que o devedor se reconciliará com o Fiador,
porém ele se reconcilia justamente por que já está reconciliado
mediante a morte de Yeshua. Owen trabalha bem esse argumento.
“A satisfação requerida para pagar nosso pecado é a morte - "o
salário do pecado é a morte'(Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam,
expressando a justiça e a verdade de Deus. Perante elas estamos
convictos de que somos seus transgressores, merecendo, portanto,
morrer. A salvação só é possível se Cristo pagar nosso débito e, assim,
satisfazer a justiça de Deus. Sua morte é chamada de uma "oferta"
(Efésios 5:2) e de "propiciação" (l João 2:2). A palavra oferta significa um
sacrifício de expiação ou um sacrifício para fazer reparação devido o
pecado. Propiciação significa uma oferta para satisfazer a justiça
ofendida.
Dessa forma, podemos usar corretamente a palavra satisfação para
abranger todo o ensino bíblico quanto ao significado da morte de Cristo.
Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfação por alguns,
então Deus precisa agora estar completamente satisfeito com eles. Deus
não pode requerer licitamente um segundo pagamento de qualquer
espécie. Então, como pode ser que Cristo tenha morrido por todos os
homens e ainda muitos vivam e morram como pecadores sob a
condenação da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que
podem! Afirmo que somente os que estão realmente livres do débito
nesta vida podem ser aqueles pelos quais Cristo pagou a satisfação.” 46
46
John Owen, Por quem Cristo Morreu? Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, pág. 31,32.
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36
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Os universalistas gostam muito de citar essa passagem:
“Porque o amor de Maschiach nos constrange, julgando nós assim:
que, se um morreu por todos, logo todos morreram?” (2 Coríntios
2:14) Mas ninguém precisa confundir-se quanto a isso, pois Shaul
está falando da kehilah e relembrando que o amor de Maschiach a
constrange a pensar que se Maschiach morreu por todos, todos
estão mortos para si mesmos. O “todos” mencionado aqui se
restringe à kehilah que deve viver “para aquele que por eles morreu
e ressuscitou.” (2 Coríntios 2:15).
Dito isso, estamos prontos para mergulhar profundamente na
doutrina da expiação de Maschiach pelos diversos caminhos
propostos por Ellen White, caminhos nem sempre convergentes,
mas ainda assim, por vezes fascinante. Não raro, um crente
adventista consegue encontrar joias do pensamento de Ellen sobre a
grandeza do amor pelo qual Elohim expiou as culpas de seu povo.
Faremos preceder cada declaração de um subtítulo para tornar mais
fácil a formulação do debate.
O Messias não morreu para que Elohim nos amasse: E essa
Kehilah pela qual Maschiach morreu que é amada, amada não em
virtude da expiação, mas amada antes dela. Aliás sobre isso há um
pensamento maravilhoso nos livros atribuídos à Sra. White.
“Não devemos abrigar a ideia de que Deus nos ama porque Cristo
morreu por nós, antes que ele nos amou de tal maneira que deu Seu Filho
Unigênito para que morresse por nós.”47
A expiação se completou no madeiro: Um outro fator quase
desconhecido pelos adventistas é que a Sra. White, se bem que
nunca tenha se retratado de sua posição de que a expiação ainda se
realizava no lugar santíssimo em seus dias, a partir do momento em
que enveredou por uma linha mais evangélica passou a falar muito
mais de uma expiação completa, consumada e passada do que de
uma hipotética expiação continuada. Estes fatos são muito evidentes
a partir dessas declarações.
47
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 470
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“A vida está na viva e vital corrente de sangue, o qual foi dado pela
vida do mundo. Cristo efetuou uma expiação completa, dando Sua vida
como resgate por nós.”48
“Quando Ele Se ofereceu na cruz, foi feita uma expiação perfeita
pelos pecados das pessoas.”49
É verdade que Ellen White fez do tema da expiação no
santuário um cavalo de batalha muito grande, mas é a existência
destes textos que salvou a imagem da Igreja Adventista desgastada
pela manutenção de uma doutrina que anula virtualmente o poder
do madeiro, a de que a expiação ainda continua. Ela admite
entretanto que a expiação deveria ser feita na terra ao dizer que “o
Filho de Deus entrou no plano conhecendo todos os passos de Sua
humilhação, para que descesse a fazer uma expiação pelos pecados
de um mundo condenado, em sofrimento,”50 e que ele deixou “as
cortes celestiais e veio a este mundo para fazer uma expiação por
nós.”51
A expiação está sendo feita hoje diante do Pai: Apesar de
ter dito que “agora esse Salvador é nosso intercessor, fazendo
expiação por nós diante do Pai,” 52 que ele está “fazendo por nós o
sacrifício da expiação,” 53 que agora está “fazendo Sua intercessão
final,” e que “esta expiação é feita tanto pelos justos mortos como
pelos justos vivos.,”54
Não há como negar que isso são reminiscências de uma
pessoa cujas posições teológicas estavam num processo de
metamorfose em direção à ideia universalmente aceita de que a
obra da expiação se completou por ocasião da morte de Maschiach
e imediatamente depois quando ele entrou no lugar santíssimo.
Pode-se ver isso nessa declaração aparecida na Review de 24 de
setembro de 1901.
Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 1992, pág. 346.
Idem, pág.320.
50 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 68.
51 Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 147.
52 Ellen White, Cristo Triunfante, Casa Publicadora Brasileira, Tatui, 2002, pág. 287.
53 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 370.
54 Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 256.
48
49
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Ele (Cristo) plantou a cruz entre o Céu e a terra, e quando o Pai
considerou o sacrifício de seu Filho, se inclinou em reconhecimento de sua
perfeição. “Basta – disse – a expiação está completa. “55
“Ele morreu morte vergonhosa, e fez pleno e completo sacrifício,
para que ninguém perecesse, mas todos viessem ao arrependimento. Fez
expiação para toda pessoa contrita e crente, de maneira que todos
pudessem nEle encontrar um portador de pecados.56
O Messias morreu por seu povo e expiou seus pecados: A
indefinição da Sra. White não se efetiva somente na questão de
quando e onde o Senhor fez a sua expiação, mas também acerca de
quem é beneficiado por ela, em outras palavras: por quem
Maschiach morreu. Ela fala de Maschiach fazendo expiação pelo
mundo, o que sugere todos os habitantes do mundo, mas também
fala de uma expiação pelo povo, o que sugere apenas os seus filhos,
e finalmente declara positivamente que essa expiação se limita aos
remidos, que são os pecados destes que ele leva.
“Reuni as mais vigorosas declarações afirmativas atinentes à
expiação que Cristo fez pelos pecados do mundo. Mostrai a necessidade
dessa expiação, e dizei aos homens e mulheres que se se arrependerem e
se tornarem leais à lei de Deus, podem ser salvos. Carta 65, 1905.”57
“Nosso grande Sumo Sacerdote completou a oferta sacrifical de Si
mesmo quando sofreu fora da porta. Foi feita então uma expiação perfeita
pelos pecados do povo. Jesus é nosso Advogado, nosso Sumo Sacerdote,
nosso Intercessor.”58
“Somente alguém que fosse perfeito poderia ser ao mesmo tempo o
portador e o perdoador do pecado. Se põe de pé diante da congregação
dos remidos como sua garantia oprimida pelo pecado e manchada pelo
pecado, mas os pecados que leva são os pecados deles.”59
É claro que esse debate exige que se explique a declaração de
Shaul de que Maschiac “se deu a si mesmo em preço de redenção por
todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (2 Timóteo 2:6).
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 457.
Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 100.
57 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 187.
58 Ellen White, Para Conhecê-lo, Casa Publicadroa Brasileira, Santo André, 1965, pág. 73.
59 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459.
55
56
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39
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ao contrário dos universalistas que vêem aqui a exposição de
uma redenção universal, os calvinistas explicam esse texto de duas
maneiras que conservam a redenção limitada: 1) A expiação de
Maschiach é suficiente para todos, mas eficiente somente para os
eleitos, e 2) tem o objetivo de redimir não só os judeus, mas a todos
os tipos de homens que há no mundo.
O Messias levou a culpa de todos, até de Caifás: Como já
vimos a Sra. White expõe esse tema de forma que as duas correntes,
a da expiação universal e a da expiação limitada podem se valer dela
ao mesmo tempo.
Mas atualmente entre os adventistas prevalece a impressão de
que “ninguém tem por que perder-se, todos foram redimidos,”60 e que
a “expiação de Cristo inclui a toda a família humana.” 61 Se estes
textos se referem a todos e a cada um dos homens e não a todos os
homens eleitos, Maschiach “levou inclusive a culpa de Caifás, ainda
que conhecia a hipocrisia que havia em sua alma enquanto rasgava
seu manto em um alarde externo.”62
Ora, se é verdade que a dívida de Caifás foi cobrada de
Maschiach, deveria ser igualmente verdade que Caifás não deve
mais nada e que sua culpa foi cancelada. Neste caso ele foi
declarado justo e sem pecado e estará entre os salvos. Esta é
conclusão lógica dos unitarianos e universalistas: Maschiach morreu
por todos, logo todos viverão. Já o univeralismo hipotético admite
que Maschiach expiou os pecados de Caim e Caifás, os perdoou e os
declarou justos e sem pecado, e apesar disso os condenará no dia
da Sua vinda.
É essa forma de universalismo que a Sra. White expõe acima.
Naturalmente isso trará profundos desdobramentos quando ela tem
de definir se um crente deve ou não se considerar salvo. Neste tema
o pêndulo de seus escritos balançará entre o legalismo e a graça,
entre a certeza e desconfiança, entre a fé e a incredulidade.
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 385)
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 462.
62 Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 224.
60
61
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40
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ninguém pode dizer que está salvo: O que muitos ignoram
é que o universalismo hipotético tem enormes implicações. Se
“Cristo morreu por todos os homens,” e “resgatou todos os homens,
dando a vida na cruz.,”63 então não resulta difícil concluir que Ele
“deu Sua vida a fim de tornar possível que eles tenham a vida eterna.”
64
Sendo assim Maschiach não morreu para tornar a salvação um
fato, mas uma possibilidade, já que nem todos se salvam. Essa
posição conduz naturalmente à conclusão de que ninguém pode ter
certeza da salvação antes que a graça se perca na glória, e foi isso o
que a Sra. White declarou na última década do século XIX.
“Jamais devemos repousar num estado de satisfação, e deixar de
fazer progresso, dizendo: "Estou salvo." Se é entretida esta idéia, deixam de
existir os motivos para a vigilância, a oração, o esforço sincero em seguir
para a frente, rumo de realizações mais elevadas. Nenhuma língua
santificada será encontrada pronunciando essas palavras antes que venha
Cristo, e entremos pelas portas da cidade de Deus.” 65
É preciso ter certeza da salvação: Mas apesar de os
adventistas preferirem declarações como estas, os adventistas
evangélicos não estão sem amparo dentro da literatura
denominacional. Uma Ellen White mais madura e coerente com a
doutrina apostólica declara:
“Oh! que certeza esta de que o amor de Deus pode habitar no
coração de todos os que nEle crêem! Oh! que salvação é provida; pois Ele
pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus.”66
“Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação,
manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus
Cristo.”67
Estes textos se harmonizam perfeitamente com a revelação de
Adon Yeshua que deixou claro que sua vida foi entregue em favor
de seu povo quando disse: “Este cálice é o novo testamento no meu
sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22:20).
Idem, pág. 345.
Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 143 e 144.
65 Ellen White, Maranata, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234.
66 Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 178.
67 Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 630.
63
64
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41
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ele veio “para servir e dar a sua vida em resgate de muitos,” (Mc
10:45) e todos aqueles em favor dos quais morreu hão de ser salvos
seguramente. “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará
satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a
muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei
a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo;
porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os
transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e
intercedeu pelos transgressores.” (Is 53:11-12).
Yeshua prometeu salvar a muitos: A especificidade e
limitação da obra redentora foi ainda confirmada por ocasião da
ceia quando Maschiach disse: “Isto é o meu sangue, o sangue do
novo testamento, que por muitos é derramado.” (Marcos 14:24). Mas
embora muitos ignorem, o princípio da expiação limitada de
Maschiach é amplamente exposto na literatura denominacional
adventista. Assim, numa exposição calvinista a Sra. White afirma que
quando o homem caiu os anjos “ofereceram a vida deles,” mas que
Yeshua, “lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos.” 68
Ligando sua morte destinada a salvar a muitos à obra da
intercessão ela diz que o Messias só agüentou a sua traição e
julgamento porque Deu lhe mostrou todos os resultados de sua
obra salvadora, e viu que valia à pena tomar sobre si o pecado dos
remidos. Trata-se de uma paráfrase de Yeshaiah/Is 53, capítulo da
Bíblia que prova que Maschiach não morreu por todos os homens
do mundo, mas por homens de todo o mundo.
“Viu o resultado do trabalho de sua alma e ficou satisfeito.
Teve uma visão da expansão da eternidade, e viu a felicidade dos que
receberiam perdão e vida eterna por meio de sua humilhação. Ferido
foi por seus pecados; foi golpeado pro suas iniqüidades. O castigo de
sua paz foi posto sobre ele, e por seus acoites eles foram sarados. Seu
ouvido captou o clamor dos remidos. Ouviu os redimidos enquanto
cantavam o cântico de Moises .”69
68
69
Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, págs. 149 e 150..
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 459.
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42
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
O Maschiach guarda aqueles que comprou por seu sangue:
Finalmente ela admite que essa intercessão e proteção de
Maschiach é especifica em favor daqueles pelos quais Ele morreu.
“Se Ele (Cristo) deixa de sustentar-nos por um momento Satanás
está preparado para destruir-nos. Aos que foram comprados por Seu
sangue os guarda agora mediante sua intercessão.”70
Curiosamente os adventistas tão dispostos a sedimentarem
sua doutrina em base do que a Sra. White diz tendem a rejeitar
essas preposições o que torna de manifesto que seu problema não
jaz exclusivamente nos escritos da autora, mas na própria tendência
doutrinária que desejam esposar. Muito há em sua literatura para
que se inclinem para direita do arminianismo ou para a esquerda do
calvinismo, mas eles preferem a direita.
Dizem que a morte de Maschiach manifesta a intenção divina
de salvar a todos com a condição de que creiam, e gostam de citar
as palavras de Maschiach: “Porque Elohim amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Yochana/Jo 3:16) Mas esse
texto mostra que a morte de Maschiach não tem o objetivo de salvar
os que não crêem nem de impedir a sua perdição. Portanto, há um
pecado que a entrega do Filho de Elohim não pode redimir, a
incredulidade. É por isso que sua intercessão deixou de fora o
mundo incrédulo. “Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me
deste, porque são teus,” (Yochana/Jo 17:9) foram suas palavras. Se
aquele que “blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão,
mas será réu do eterno juízo,” (Marcos 3:28-29) é evidente que nem
todos os pecados foram expiados. É verdade que ao derramar seu
sangue pelas ovelhas o Senhor decidiu que seu Espírito continue a
operar nos bodes impedindo que eles desenvolvam toda a sua
maldade e destruam a seu povo, e que nesse sentido o sangue de
Maschiach também os santifica, isso é os torna mais dóceis, mas
apesar disso, eles considerarão de pouco valor o sangue do sacrifício
e finalmente o desprezarão.
70
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 300.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor
aquele que pisar o Filho de Elohim, e tiver por profano o sangue da
aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”
(Hebreus 10:29)
Se o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado, e
se existem pessoas que pecam contra o Espírito Santo, é evidente
que Maschiach não expiou ou perdoou a todos os pecados de todos
os homens. Ninguém pode ser perdoado e condenado ao mesmo
tempo. Uma decisão exclui a outra. Assim, mesmo que não se
apercebam, quando os editores adventistas afirmam que Yeshua
“em seus sofrimentos e morte, fez expiação para todos os pecados de
ignorância; mas não foi preparado remédio para a cegueira
voluntária,”71estão manifestando, contraditoriamente que Maschiach
não pode ter morrido por Caim ou Caifás, homens que
voluntariamente decidiram permanecer em sua cegueira.
Mas a teologia arminiana, da qual o adventismo mais se
alimenta é cercada de dificuldades por todos os lados. Raras vezes
os arminianos se dão por conta que quando afirmam que Maschiach
morreu para tornar possível a salvação de todos os que crêem, estão
admitindo que Maschiach não morreu para tornar possível a
salvação dos incrédulos, e, portanto não morreu por todos
indistintamente, mas por todos os membros de um grupo, o dos
crentes. Ao afazer isso admitem que há uma categoria de pecadores
que foi deixada fora do pacto da graça, a dos incrédulos. Não se
trata de uma posição definida, mas não deixa de ter seu valor.
O Maschiach intercedeu somente pela kehilah (Igreja): Não
há dúvidas de que a Sra. White terminou esposando, a doutrina da
expiação limitada ainda que ambiguamente. Ela deixa claro que a
intercessão de Maschiach em Yochana/Jo 17 é exclusiva em favor da
kehilah. E que ele desejava tê-la consigo. Ellen admite ainda que
ninguém além daqueles que crêem no nome do Filho de Elohim lhe
foi dado pelo Pai, e que foi por estes que o Pai lhe deu que Ele
intercedeu.
71
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1994, pág., 262.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Oh!, como anelava Cristo ter a sua igreja consigo! Participaram
com ele em seu sofrimento e humilhação e o gozo máximo de Cristo é têlos consigo para que sejam participantes de Sua glória. Cristo demanda o
privilégio de ter a sua igreja consigo. “Aqueles que me deste quero que
onde estou, também eles estejam comigo.” Tê-los está de acordo com a
promessa do pacto e o contrato que fez com Seu Pai.”72
“ Nesta oração prossegue declarando o que está abarcado pela obra
que fez, e que lhe foram dados todos os que crêem em Seu nome.”73
Ela terminou assumindo a posição calvinista de que a morte de
Maschiach tem por objetivo único o resgate de seu povo, ou seja
dos eleitos quando fala de sua intercessão assim que termina sua
obra no Calvário.
“Faz retirar a hoste Angélica até que esteja na presença de Jeová, e
então apresenta seu pedido em favor de Seus eleitos.”74
“Jesus não quis receber a homenagem dos seus até que soube que
seu sacrifício havia sido aceito pode seu Pai, e até que recebeu segurança
de Deus mesmo de que sua expiação pelos pecados de Seu povo havia sido
ampla e completa, e que mediante seu sangue poderiam ganhar vida
eterna... Cristo suplicou de forma sumamente explícita por Sua igreja.”75
Maschiach salva aqueles que Elohim escolhe: A obra
redentora é exposta em linhas claras como se destinando a salvar
apenas e tão somente aqueles que foram escolhidos por Elohim.
“Cristo salva aqueles a quem Deus elege. ... Recebemos do Redentor
que nos elegeu desde a fundação do mundo a apólice de seguro que nos
concede direito à vida eterna.”76
É verdade que noutros escritos a Sra. White fala de uma
expiação universal nos moldes do arminianismo, mas não se pode
ignorar que quando ela descreve uma visão panorâmica do discurso
de Maschiach no juízo final ela admite que a expiação de Maschiach
foi especifica em favor de Seu povo.
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7A, Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres, 1995, pág. 1122 (ano 1893).
Idem, pág. 1119. (ano 1899)
74 Idem, pág. 1120. (ano 1899)
75 Idem, pág. 1125.
76 Idem, pág. 955. (ano 1904).
72
73
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Ele olha para os remidos, renovados em Sua própria imagem,
trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto
a semelhança de seu Rei. Contempla neles o resultado das fadigas de Sua
alma, e fica satisfeito. Então, com voz que atinge as multidões congregadas
dos justos e ímpios, declara: "Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri,
por estes morri, a fim de que pudessem morar em Minha presença pelas
eras eternas."77
Mas se Maschiach morreu para salvar a seus eleitos, à sua
kehilah, os que foram dados pelo Pai, os que hão de crer em seu
nome, então para quem é enviada a graça e porque nem todos são
salvos. Este tema tem a ver com outro ponto polêmico, a graça de
Elohim pode ser resistida, ou é invencível como o declaram os
calvinistas.
Também aqui temos aporte farto na literatura adventista,
apesar desse material ser virtualmente desconhecido. Nosso
objetivo através da presente obra é eliminar essa falta de dados
dando a nossos irmãos adventistas bem como aos investigadores do
tema aporte suficiente para um debate amplo, aberto e bem
sustentado.
77
Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 671.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
V - Ellen White e a Doutrina da Graça
Irresistível
A compreensão de que a
graça é soberana levou Shaul a
proclamar
a
doutrina
da
predestinação segundo a qual
Elohim
pera
de
maneira
irresistível sobre seus eleitos que
não podem nunca obstaculizar
sua obra ou impedir sues
propósitos sendo por isso
mesmo resgatados.
A figura mais apropriada
para descrever o método
como Elohim salva seus
eleitos é a do pastor que
apanha sua ovelha perdida
no campo, a põe sobre seus
ombros e retorna com ela
para o redil segurando-a
firmemente em seus braços.
A figura mais apropriada
para descrever o método como
Elohim salva seus eleitos é a do
pastor que resgata sua ovelha
perdida
no
campo,
Isso
foi
claramente
ensinado por Yeshua em sua
monumental parábola da ovelha
perdida. Nela o pastor procura a
extraviada até encontrá-la e
quando a encontra não se limita
a chamá-la, mas vai até ela, a
toma em seus braços, coloca-a
sobre
seus
ombros,
e
segurando-a firmemente retorna
alegremente com ela para a
segurança do redil enquanto
prepara a festa pelo achado.
Le bon Pasteur, James Joseph Jacques
Tissot (1836–1902, Wikipedia, Domínio
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Infelizmente a força dos ensinos da parábola da ovelha
raramente é entendida pelo adventismo. De forma quase geral os
adventistas negam que Elohim exerça seu poder onipotente para
salvar o homem. Dizem que isso seria incompatível com a liberdade
de seu reino já que desta forma não estaria salvando agentes morais
livres, mas autômatos. Esta é também a posição predominante nos
escritos da Sra. White ou a ela atribuídos pelos seus editores.
O homem pode resistir à graça: Durante a maior
sua vida Ellen White assumiu a posição arminiana de que a
Elohim é dispensada a todos os homens para que creiam,
podem resistir a esta graça e se perderem ou aceitá-la
salvos. Isso ocorre por exemplo no texto a seguir:
parte de
graça de
que eles
e serem
“Poderá o pecador resistir a esse amor; poderá recusar-se a ser
atraído para Maschiach. Se, porém, não se opuser, será levado para Ele. O
conhecimento do plano da salvação levá-lo-á ao pé da cruz, arrependido
de seus pecados, que causarbam os sofrimentos do amado Filho de
Deus.”78
Confundindo predestinação bíblica com antinomismo:
Outro texto largamente empregado pelos adventistas arminianos é a
descrição que Ellen White faz de algumas posições extremadas do
calvinismo e que mereceram segundo ela a crítica de Wesley. Para
efeito de consideração esse texto é incluído aqui.
“O declínio espiritual ocorrido na Inglaterra precisamente antes do
tempo de Wesley, foi em grande parte o resultado do ensino antinômico.
Muitos afirmavam que Cristo abolira a lei moral, e que, portanto, os
cristãos não estão na obrigação de a observar; que o crente está livre da
"servidão das boas obras". Outros, admitindo embora a perpetuidade da
lei, declaravam não ser ela necessária aos ministros a fim de exortarem o
povo à obediência de seus preceitos, desde que aqueles a quem Deus
elegera para a salvação "seriam, pelo impulso irresistível da graça divina,
levados à prática da piedade e virtude", ao passo que os que estavam
destinados à condenação eterna "não tinham força para obedecer à lei
divina".79
78
79
Ellen White, Cuidado de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1995, pág. 110.
Ellen White, Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 264,265.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Esse texto, embora seja usado com frequência não tem o peso
que os arminianos lhe querem dar. O texto em si, portanto, não é
um ataque nem mesmo à doutrina da graça irresistível, mas ao mau
uso dessa doutrina por parte de algumas pessoas. Contudo, é
preciso admitir que a doutrina dos decretos divinos é revista por
Ellen White de forma a dar sustentação aos ensinos de Wesley
contrários à doutrina da graça irresistível, pois ela diz:
“A doutrina dos decretos divinos, que inalteravelmente fixam o
caráter dos homens, havia conduzido muitos à rejeição virtual da lei de
Deus. Wesley perseverantemente se opôs aos erros dos ensinadores
antinomistas, demonstrando que esta doutrina que levava ao antinomismo
é contrária às Escrituras. "A graça de Deus se há manifestado, trazendo
salvação a todos os homens." "Isto é bom e agradável diante de Deus
nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao
conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo homem, o qual Se deu a Si mesmo em
preço de redenção por todos." Tito 2:11; I Tim. 2:3-6. O Espírito de Deus é
concedido livremente, para habilitar todos os homens a apoderar-se dos
meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira Luz", "ilumina a todo o
homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens não conseguem a
salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.” 80
Elohim revela sua glória aos eleitos: Amparados nesses
textos a maioria dos adventistas recusa a doutrina da graça
irresistível, o que eles não sabem é que, essa doutrina que faz parte
dos pilares do calvinismo é noutro lugar defendida efusivamente
pela Sra. White. Ela diz, por exemplo, que a glória de Elohim só é
revelada aos eleitos.
“Emanuel está entre Deus e o crente, revelando a glória de Deus a
Seus eleitos e cobrindo seus defeitos e transgressões com as vestes de sua
própria justiça imaculada.”81
“O Pai dedica Seu amor aos Seus eleitos que vivem entre os homens.
Eles são o povo que Cristo redimiu com o preço de seu próprio sangue, e
como correspondem a atração de Cristo mediante a soberana misericórdia
de Deus são eleitos para ser salvos como seus filhos obedientes.” 82
Idem, pág. 262.
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Septimo Dia, Vol 7ª Casa Editora Sudamericana, pág. 1115. (ano 1897)
82 Idem, Vol. 7ª pág. 1114 (ano 1893)
80
81
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
O Maschiach usou de poder irresistível para converter os
corações: Pode-se afirmar que ao se aproximar do fim de seu
ministério o pensamento de Ellen White experimentou uma forte
inclinação pelas grandes verdades calvinistas. Em 1905, quando
contava com 77 anos de idade, a Sra. White escreveu:
“Havia ocasiões em que Cristo falava com uma autoridade que
fazia com que Suas palavras penetrassem com irresistível força, com um
senso avassalador da grandeza dAquele que falava, e os instrumentos
humanos recuavam até à insignificância em comparação com Aquele que
estava diante deles. ... Ao Ele convidar as pessoas para ouvir, sentiam-se
fascinadas, arrebatadas, e sobrevinha-lhes a convicção. Cada palavra
encontrava lugar, e os ouvintes criam e recebiam as palavras a que não
tinham poder de resistir.” (Manuscrito 118, 1905).”83
Shaul foi salvo por irresistível evidência: Impossível não
detectar o marcado contraste deste texto com outros de seus
primeiros escritos onde ela afirma que os homens têm poder para
resistir vitoriosamente ao Espírito Santo. Mais tarde, em 1911,
quando ela completou seus 82 anos, ela admitiu o ensino Paulino de
que a mudança de sua vida fora obra da graça irresistível.
“ Paulo declarava que sua mudança de fé não tinha sido gerada por
impulso ou fanatismo, mas fora resultado de irresistível evidência.”84
É claro que isso traz à lume uma questão séria. Se houve
momentos em que Maschiach fazia com que suas palavras
penetrassem o ouvido de seu auditório com irresistível força, e que
quando isso acontecia, os homens eram infalivelmente levados à
conversão, então porque Maschiach não fazia isso sempre? Esta
questão é respondida pelo próprio Salvador em sua oração
sacerdotal. “Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que
dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.” (Yochanan/Jo 17:2). O
Messias jamais desejou acrescentar uma única pessoa à lista
daqueles que o Pai lhe havia entregado. Ele agradeceu ao pai não só
pelo fato de que os pequeninos foram iluminados, mas também
porque os grandes foram deixados em trevas.
83
84
Ellen White, Filhos e Filhas de Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1956, pág. 303,
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Santo André, 1968, pág. 125.
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50
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e
entendidos, e as revelaste aos pequeninos” . (Matytyahu/Mt 11:25).
O espírito é concedido livremente a todos os homens: Duas
palavras são aqui empregadas, revelar; que é o mesmo que trazer à
luz, e ocultar; que é o mesmo que esconder ou manter em trevas.
Foi exatamente isso que o Salvador fez. Houve pessoas às quais Ele
mostrou a luz e houve outras às quais a luz foi ocultada. Diante
disso adventistas arminianos têm apelado para as palavras da Sra.
White que dizem que
“O Espírito de Deus é concedido livremente, para habilitar todos os
homens a apoderar-se dos meios de salvação. Assim Cristo, "a verdadeira
Luz", "ilumina a todo o homem que vem ao mundo". João 1:9. Os homens
não conseguem a salvação, pela recusa voluntária da luz da vida.”85
É claro que ao dizer que Maschiach é a luz que ilumina a todo
o homem que vem a este mundo, Yochana/Jo não se refere à
proclamação do evangelho, e pode nem estar se referindo ao
presente século, mas ao juízo, pois é sabido que o evangelho nem
chega a todos os homens indistintamente e que aqueles a quem é
pregado não conseguem vê-lo na mesma luz. Ninguém pode negar
que existem pessoas a quem Elohim ilumina e pessoas que são
conservadas em trevas. Este fato está explicito na oração de Yeshua.
“Naquele tempo, respondendo Yeshua, disse: Graças te dou, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e
entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te
aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e
ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.”
(Matytyahu/Mt 11:25-27) Ninguém pode negar que existem pessoas
para as quais o evangelho permanece encoberto porque as tais
foram cegadas por Satan a fim de que não lhes resplandeça a luz da
glória do Messias.
85
Idem, pág. 262.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Isso é ensinado por Shaul. “ Mas, se ainda o nosso evangelho
está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o
Elohim deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que
lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Maschiach, que
é a imagem de Elohim.” (2 Coríntios 2:4-3).
Escravos perecem sem receber luz dos homens: Insistir em
que João esteja se referindo a iluminação da alma para a salvação é
o resultado de uma exegese fraca e defeituosa que desconsidera o
conjunto das Escrituras. Adventistas que acreditam na inspiração dos
escritos da Sra. White e em suas alegadas visões são por seus
próprios escritos levados a um ponto em que tem que aceitar uma
declaração em detrimento da outra. Se admitirem que é verdade
que Elohim ilumina a todos os homens dando-lhes igual
oportunidade de se apoderar da salvação, os exegetas adventistas
têm que negar a inspiração da declaraçãod a Sra. White quanto ao
destino dos afrodescendentes norte-americanos então guardados
sob o infame regime de escravidão. É que ela acreditava,
alegadamente com base numa revelação, que existem homens que
perecem em completa ignorância acerca de Elohim ou de Sua
Palavra, os quais não se salvarão, mas serão considerados
inexistentes.
“Vi que o senhor de escravos terá de responder pela salvação de
seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos
escravos serão visitados sobre o senhor. Deus não pode levar para o Céu o
escravo que tem sido conservado em ignorância e degradação, nada
sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor,
e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais. ... Permite-lhe
ser como se nunca tivesse existido.”86
Se esta visão deve ser admitida como certa, então não há
como os adventistas negarem que existem homens que são
deixados fora do pacto da graça. Este é um texto chave no debate
sobre a predestinação entre os adventistas. Ele anula virtualmente a
tese de que Elohim dá as mesmas oportunidades a todos os
homens, que alguns ficam se essas oportunidades e perecem.
86
Ellen White, Primeiros Escritos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 276.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Bem ele fala de escravos morrendo sem oportunidade alguma
e tratados por Elohim como animais destituídos de razão, enquanto
os severos juízos são vertidos sobre seus senhores que desprezaram
as oportunidades. Insisto diante deste texto o pilar básico do
arminianismo adventista, que é de Elohim para ser justo tem de se
empenhar no sentido de que todos os homens sejam chamados e
tenham idênticas oportunidades é esmiuçado e desfeito em mil
pedaços. Claro que esse não é um problema bíblico, não são as
Escrituras que dizem que o gentio que não foi evangelizado
perecerá, mas Ellen White que afirma que Adonay faz por eles o
melhor que pode, sendo ele um Elohim justo e bom, nem os salva
por graça e nem os condena por justiça, apenas os considera como
inexistentes. Por um momento parece que a salvação depende
inteiramente dos instrumentos humanos, seja do pregador que
anuncia ou do ouvinte que corresponde. Mas bem, também nisso a
Sra. White não definiu exatamente o papel. Ela também fala dos
bons gentios que nunca ouviram mensagem e ainda se salvarão.
Pagãos salvos sem receber luz de instrumentos humanos:
Mas há outro problema o texto. Ele limita a ação da graça
exclusivamente àqueles a quem os instrumentos humanos levam o
conhecimento da salvação, posição posta de lado pela própria
autora em artigo publicado quarenta anos mais tarde quando disse:
“Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a
quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não
perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a
falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas
obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são
reconhecidos como filhos de Deus.”87
“Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram
conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo,
têm sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria
vida. Seus atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo
implantou a graça de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a
simpatia contrária à sua natureza e à sua educação. ...”88
87
88
Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 638.
Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 237.
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53
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Estes dois textos são paradoxais. Escravos ignorantes se
perdem porque a luz nunca lhes foi levada por instrumentos
humanos enquanto selvagens nas mesmas condições são salvos. É
evidente que o choque irreconciliável entre os dois textos só poderia
ser eliminado através da mesma doutrina que os adventistas
decidiram abominar a da eleição livre de Elohim.
Nenhum poder finito pode restringir a ação do Espírito:
Mas nenhuma declaração dos livros adventistas evidencia tão
claramente a natureza irresistível da graça como quando dizem que
o Espírito Santo atua como o vento sobre as árvores e que ninguém
pode impedir a sua obra.
“Conquanto não possamos ver o Espírito de Deus, sabemos que os
homens que estão mortos em ofensas e pecados ficam convencidos e
convertidos sob Sua atuação. O irrefletido e desgarrado torna-se sério. O
empedernido arrepende-se de seus pecados, e o incrédulo crê. O jogador, o
bêbado, o licencioso, tornam-se ajuizados, sóbrios e puros. O rebelde e
obstinado torna-se manso e semelhante a Cristo. Ao vermos essas
modificações no caráter, podemos ter a certeza de que o poder divino de
conversão transformou o homem todo. Não vimos o Espírito Santo, mas
vimos a evidência de Sua obra no caráter transformado dos que haviam
sido pecadores endurecidos e obstinados. Assim como o vento move com
sua força as árvores altaneiras e derruba-as, também o Espírito Santo pode
atuar nos corações humanos, e nenhum homem finito pode restringir a
obra de Deus.”89
Por vezes os adventistas estiveram a um passo de assumir a
posição da fé reformada de que o processo de criar vida onde havia
morte é semelhante ao poder empregado para ressuscitar os mortos
ou para restituir o movimento aos paralíticos.
“Nada menos que poder criador exigia o restituir à saúde aquele
decadente corpo. A mesma voz que comunicou vida ao homem criado do
pó da terra infundira vida ao paralítico moribundo. E o mesmo poder que
dera vida ao corpo renovara o coração. Aquele que, na criação, "falou, e
tudo se fez", que "mandou, e logo tudo apareceu" (Sal. 33:9), comunicara
vida à alma morta em ofensas e pecados.”90
89
90
Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 288.
Ellen White, A Ciência do Bom Viver, Casa Publicadora Brasileira, Santo ndré, pág. 77.
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54
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
É o poder divino que traz vida à alma morta em pecados:
Sinceramente falando, não vejo dificuldade alguma para que os
adventistas abracem as chamadas doutrinas calvinistas entre as
quais se encontra a da graça irresistível, pois apesar das
discrepâncias vistas aqui ou ali, os adventistas verdadeiramente
evangélicos podem se servir de uma bateria inumerável de textos
amplamente favoráveis a estas verdades como o que menciono a
seguir:
“Não é o agente humano que inspira vida. O Senhor Deus de Israel
fará essa parte avivando a atividade na natureza espiritualmente morta. O
alento do Senhor dos Exércitos deve entrar nos corpos mortos. No juízo,
quando se descubram os segredos todos os segredos, se saberá que a voz
de Deus falou mediante o agente humano, despertou a consciência
letárgica, comoveu as faculdades mortas e impulsionou os pecadores ao
arrependimento. Então se verá claramente que, mediante o agente
humano se comunicou fé em Cristo à alma humana, e que desde o Céu foi
comunicada vida espiritual ao que estava morto em delitos e pecados e foi
vivificado com vida espiritual.”91
Toda a obra é do Senhor e em nada depende do homem. Lá
está Lázaro, já se passaram quatro dias desde a sua morte, ali na
tumba não há desejo nem poder que o faça levantar-se dos mortos,
mas um poder renovador se apoderou daquela massa de corrupção
e a fez voltar à vida outra vez. É exatamente isso o que acontece
com os homens, e é isso o que todo o crente adventista precisa
entender. “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Maschiach (pela graça sois salvos.” (Efésios 2:5).
Amém.
91
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Vol. 7ª, Casa Editora Sudamericana, Buesnos Ayres, 1995, pág. 175.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
VI - Ellen White e a Doutrina da Perseverança
dos Santos
A
doutrina
da
perseverança dos santos é a
culminação lógica da doutrina
da predestinação que afirma que
todas as ovelhas de Elohim
entrarão seguramente no reposo
eterno sob a condução de
Yeshua, o Maschiach a quem
Aodnay ergueu como sumo
pastor de Israel.
Yeshua
declarou:
“As
minhas ovelhas ouvem a minha
voz e me seguem e eu dou-lhes
a vida eterna e jamais perecerão.
Meu Pai que mas deu é maior
que todos e da mão de meu pai
ninguém pode arrebatá-las.”
Yochanan/Jo 10:29-30. O que
Yeshua ensina não dá espaço
para a conclusão de que as
ovelhas podem perseverar pela
fé
ou
se
desviar
pela
incredulidade sendo arrebatadas
pelo lobo para se perderem
eternamente. Em tal caso, o
fracasso não seria delas, mas do
pastor que falhou em protegêlas de todo mal.
O que Yeshua ensina não dá
espaço para a conclusão de
que as ovelhas podem
perseverar pela fé ou se
desviar pela incredulidade
sendo arrebatadas pelo
lobo para se perderem
eternamente. Em tal caso, o
fracasso não seria delas,
mas do pastor que falhou
em protegê-las de todo mal.
Pastor de ovelhas, USDA Agricultural ,
Stephen Ausmus Research Service,
Domínio Pùblico, Wikipedia
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Se o homem está tão depravado que é incapaz de buscar a
Elohim (Romanos 3:11) se ele é escolhido de forma incondicional
(Yochanan/Jo 6:37; 15:16), se os benefícios da morte do Messias são
limitados apenas a seu povo (Yeshayahú/Is 53:11; Matytyahú/MT
1:21) e se o homem é levado ao Salvador por uma graça invencível
(Yochanan/Jo 6:44 Romanos 9:16) então é claro que os santos
devem perseverar até o fim. Estes fatos são confirmados por
inúmeras e irrefutáveis provas das Escrituras e conhecessem os
crentes à Bíblia e suas maravilhosas promessas jamais se
escandalizariam com a mais doce de todas as garantias da Bíblia, a
de que os crentes, estão, uma vez salvos, salvos para sempre.
A Prova da doutrina da perseverança dos santos: Ao lado
da verdade de que a salvação é somente por graça e que a
justificação e somente por fé, as Bíblia nos mostram que os santos,
uma vez salvos são eternamente salvos e perseveram até o fim, ou
antes são preservados pelo Salvador como o provam estes textos:
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de
maneira nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37)
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas
me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e
ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior
do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.”
(Yochanan/Jo 10:27-29)
“ Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome.
Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu,
senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.”
(Yochanan/Jo 17:12)
“ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura
nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua
Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39)
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“ Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou
a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Maschiach.”
(Filipenses 1:6)
“E o SENHOR me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á
para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre.
Amém.” (1 Timóteo 4:18)
“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá,
porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão
com ele, chamados, e eleitos, e fiéis.” (Apocalipse 17:14)
Nenhum homem se guarda a si mesmo: O grande pregador
metodista Charles Finney, reputado como o mais famoso e bem
sucedido herdeiro de João Wesley, apesar de arminiano convicto diz:
“Nenhum santo então guarda-se a si mesmo, exceto por ser
guardado pela graça, pelo Espírito Santo e pelo poder de Deus. Não há,
portanto, nenhuma esperança para qualquer santo e nenhuma razão para
fazer cálculos sobre a salvação de qualquer pessoa, a menos que Deus
evite que essa pessoa caia ou pereça. Todos aqueles que foram salvos
ainda o serão, são, por este motivo, salvos por meio e através da graça que
é dada gratuitamente, e que prevalece acima do livre-arbítrio, isto é
através da graça que é dada gratuitamente e assegura a conformidade do
livre-arbítrio. ... Os eleitos são, ou serão, cada um deles convertidos e
salvos.”92
A sra. White que parece ter nutrido uma admiração por esse
professor metodista do Oberlin Colegge, 93 infelizmente não se
deixou influenciar pelo conjunto de seu pensamento como prova
essa declaração, mas ignorando a própria Bíblia ela diz: “Na Palavra
de Deus não há essa coisa de eleição incondicional - uma vez na
graça, sempre na graça.... Aqueles que mantêm a doutrina da eleição,
uma vez salvo, salvo para sempre, estão contra o claro: " Assim diz o
Senhor."”94
Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 669, 670.
Veja Conflito dos Séculos, pág. 377.
94 Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 157.
92
93
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Se Maschiach é meu Salvador tenho vida para sempre:
Apesar dessa declaração infeliz seria injusto não registrar sua
afirmação de que “se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha
expiação, então jamais perecerei, crendo nEle, tenho vida para
sempre. ”95 Contudo isso demanda uma pergunta: O que levou a
mulher que escreveu que o Messias ensinou que “todo aquele que O
recebesse com fé, ... havia de ter a vida eterna,” e que “nenhum se
podia perder,” a contradizer esse mesmo postulado e declarar que o
pecador não “ não deve nunca atrever-se a dizer: "Estou salvo?"96 A
meu ver a causa principal dessa indefinição teológica foi a crença
num juízo investigativo capaz de expedir um decreto condenatório
contra os mesmos que foram justificados e salvos e receberam vida
para sempre.
Essa doutrina, mantida pelos adventistas desde o começo de
sua existência atua como uma barreira à compreensão do evangelho
e deveria ser reordenada pela sua própria inconsistência já que o
próprio Yeshua declarou: “Na verdade, na verdade vos digo que
quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida
eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a
vida.” (Yochanan/Jo 5:24)
Aqui está a raiz da questão. O tribunal de Maschiach se destina
a justificar os eleitos e não a condená-los. “E Elohim não fará justiça
aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que
tardio para com ele? (Lucas 18:7)
É verdade que “todos devemos comparecer ante o tribunal de
Maschiach, para que cada um receba segundo o que tiver feito por
meio do corpo, ou bem, ou mal,” (2 Coríntios 5:10) mas isso não
significa que algum dos eleitos de Elohim possa perder mais do que
uma parte de seu galardão em virtude do que fez ou deixou de
fazer. A justificação e conseqüentemente a salvação não estão em
jogo. Os eleitos são defendidos pelo Salvador e justificados pelo
próprio Elohim.
95
96
Ellen White, Mensagens Escolhidas Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, pág. 381.
Ellen White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Elohim? É
Elohim quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Maschiach
quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual
está à direita de Elohim, e também intercede por nós.” (Romanos
8:33-34).
O homem precisa cumprir condições antes de se tornar um
eleito: Contudo, ignorando muitas vezes que a eleição ocorreu
antes da fundação do mundo, a Sra. White diz que nesse tempo
“foram tomadas medidas, no concílio do Céu, para que os homens,
embora transgressores, não houvessem de perecer em sua
desobediência, mas, mediante a fé em Cristo como seu substituto e
fiador, se pudessem tornar eleitos de Deus” 97 Se Elohim em vez de
escolher seu povo, apenas tomou providências para que os homens
se tornassem seus filhos, então há algo que o homem precisa fazer
antes de se tornar eleito? Sim, era isso o que a Sra. White pensava a
maior parte do tempo, tanto que escreveu:
“Certas condições precisam ser aceitas por parte do homem, e se ele
recusar aceitá-las, não poderá tornar-se o eleito de Deus.”98
Nossa obediência inscreve nossos nomes no livro da vida
do cordeiro: Dominada por esse raciocínio a Sra. White foi incapaz
de compreender que o nome dos santos foi escrito no livro da vida
antes da fundação do mundo, apesar de as Escrituras tornarem isso
muito claro: “A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo,
e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão
escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão,
vendo a besta que era e já não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8).
Parece certo que ela jamais admitiu que isso fosse apenas um
ato da graça soberana de Elohim. Havia sempre algo de graça infusa
envolvida em sua visão sobre o tema. Ela fala que precisamos
purificar a nossa alma de toda a injustiça antes que isso aconteça e
que é a obediência às ordens de Maschiach que inscreverá nossos
nomes no livro da vida do cordeiro.
97
98
Ellen White, Nossa Alta Vocação, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1962, pág. 76.
Ellen White, Mensagens escolhidas Vol. 3, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 315.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Devemos estar com Ele nessa obra, purificando o santuário de
nossa alma de toda a injustiça, para que os nossos nomes sejam escritos no
livro da vida do Cordeiro.”99
“A obediência às ordens de Deus inscreverá nossos nomes no livro
da vida do Cordeiro, "porque nos temos tornado participantes de Cristo".
Heb. 3:14. Manuscrito 28, 1899.”100
Mas o homem precisa purificar o santuário da alma e viver em
obediência aos mandamentos antes que seu nome seja escrito no
livro da vida do Cordeiro, então a permanência de seu nome nos
livros de registros divinos é algo inteiramente condicional.
Ela não somente ensinava que nosso nome só é colocado no
livro da vida quando “nos tornamos filhos de Deus” como também
dizia que esse nome “ali permanece até ao tempo do juízo
investigativo,” e que havendo pecados dos quais não houve
arrependimento “nosso nome será apagado do livro da vida, e nossos
pecados permanecerão contra nós.”
“Quando nos tornamos filhos de Deus, nosso nome é inscrito no
livro de vida do Cordeiro, e ali permanece até ao tempo do juízo
investigativo. Então se fará chamada do nome de cada indivíduo e será
examinado o seu registro. ... Se naquele dia se verificar que não houve
arrependimento completo de todas as nossas más ações, nosso nome será
apagado do livro da vida, e nossos pecados permanecerão contra nós. SDA
Bible Commentary, vol. 7, pág. 987.”101
Impeçam que seu nome seja riscado do livro da vida: A
ideia de um Mediador capaz de abandonar os seus filhos no meio
do caminho e riscar seu nome do livro da vida, a qualquer momento
no julgamento se certas condições não fossem cumpridas foi
sempre empregada pela Sra. White e os editores de suas obras
como instrumento de estímulo à piedade cristã. Era o momento em
que o medo passava a ser coadjuvante da piedade. Ainda em 1911,
aos 82 anos de idade ela mantinha essa posição.
Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 217.
Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1980, pág. 85.
101 Ellen White, Maravilhosa Graça, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1974, pág. 109.
99
100
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Suplico-vos, em nome de Cristo, que confesseis vossos pecados e
reformeis vossos caminhos, a fim de que vosso nome não seja riscado do
livro da vida, mas seja confessado diante do Pai e de Seus anjos.”102
Nada há aqui sobre a perseverança do Salvador. Tudo
depende do homem. Para que seu nome permaneça nos livros do
céu ele deve suar a camiseta, lutar e batalhar, caso contrário seu
nome é riscado.
“Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no livro da
vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do Senhor. 103
Se vosso nome está no livro da vida tudo estará bem: Os
editores adventistas e a Sra. White bem que se esforçam por tornar
a sua visão do juízo mais consoladora para os crentes como pode se
ver nas duas declarações que se seguem:
“Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro,
então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar
vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam
ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”104
“"Naquele tempo, Se levantará Miguel, o grande Príncipe, que Se
levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual
nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele
tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro."
Dan. 12:1. Por aí vemos a importância de ter nosso nome inscrito no livro
da vida. Todos aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do
poder de Satanás, e Cristo ordenará que suas vestes de trapos de imundícia
sejam removidas, e sejam revestidos de Sua justiça. "E eles serão Meus, diz
o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular
tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve."
Mal. 3:17.”105
A purificação do santuário já se completou: Procurando
uma harmonia com esta declaração parece que a Sra. White ou
algum de seus redatores, atando em seu nome decidiu em 1905 que
era hora de varrer para trás do tapete a visão sobre a expiação.
Ellen White, Refletindo a Cristo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1982, pág. 49.
Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1989, pág. 321.
104 Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523.
105 Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344.
102
103
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A doutrina adventista de que Maschiach entrou no santíssimo
do santuário do céu apenas no dia 22 de outubro de 1844 é uma
das doutrinas mais confusas,controversas e fantasiosas da história
do cristianismo. Assim, em 1905, por primeira vez alguém da mais
alta cúpula admitia por primeira vez que Maschiach não efetuou
purificação nenhuma do santuário no longínquo ano de 1844 mas
exatamente quando ascendeu ao céu, e ainda antes de retornar aos
discípulos.
Se o texto foi simplesmente adaptado ou mesmo plagiado de
autores não adventista, um recurso comum duarante todo o período
da farta produção literária de Ellen White isso não vem ao caso, e se
constitui num dos maiores desafios à ortodoxia adventista. Que o
santuário tenha recebido Yeshua antes mesmo dele retornar à terra,
e exatamente a seguir a sua ressurreição e a fé comum de toda a
igreja cristã, uma fé considerada insuficiente e veja. Mas era
exatamente isso que Ellen White diria, ou alguém em seu nome. Não
há dúvidas de que era isso que queriam dizer, pois lembram que
essa purificação do santuário se deu antes dele retornar para
abençoar a seu povo.
“ Mantendo ainda a humanidade Cristo subiu ao céu, triunfante e
vitorioso. Levou o sangue da expiação para o santíssimo, aspergiu-o sobre
o propiciatório e sobre os seus próprios vestidos, e abençoou o povo.” 106
Este texto deveria ter provocado uma verdadeira revolução
teológica dentro da Igreja Adventista. Doutrinas peculiares mantidas
à muito e contrárias ao testemunho das Escrituras deveriam ter sido
renunciadas, mas isso exigia coragem por parte dos dirigentes.
Coragem para mudar, para admitir que essas mudanças eram
necessárias justamente num ponto que havia sido elevado à
condição de pilar inamovível. Como admitir publicamente que
Elohim não os guiara de maneira tão direta como até então
afirmavam? Mas era tarde! Passados 60 anos de ministério a Sra.
White estava demasiado envelhecida para encetar uma reforma e os
dirigentes demasiado acomodados para se arriscar.
106
Ellen White, Signes of The Times, 15 de Abril de 1905.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Mas a revolução que deveria acontecer com a publicação
desse texto tarda em vir. E porque? Por que a liderança adventista
está muito mais ocupada em fazer o navio de sua organização
avançar a todo o vapor do que em examinar o combustível que
sustenta esse avanço. Dessa forma uma doutrina peculiar permanece
como uma pedra no meio do caminho impedindo o avanço do povo
em direção à verdade de que Elohim jamais gastaria tempo em
escrever o nome de alguém no livro da vida do Cordeiro antes da
fundação do mundo para depois se dar ao luxo de apagar o que ele
mesmo fez.
Quem tem o nome escrito no livro da vida: Indispostos a
ceder num ponto a que os pioneiros decidiram consagrar como
inamovível, a liderança adventista prefere ignorar que a Sra. White
mesma voltou atrás na posição clássica quanto à expiação de
Maschiach no santuário e à sua purificação desvinculando-a dos
supostos 2300 dias anos e deu essa obra por encerrada após a
ressurreição. Apesar disso o adventismo ainda hoje mantém a
posição clássica de que o nome dos crentes pode ser riscado do
livro da vida e que efetivamente isso acontecerá no caso daqueles
que serão enganados por Satanás. Essa inflexibilidade coloca os
dirigentes adventistas diante de um dilema difícil de responder:
Quem afinal tem o seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro,
quando ele é escrito ?
Em resposta a isso os escritos atribuídos à Sra. White, ainda
hoje publicados como oráculo divino sem que ao menos tenham
sido revisados e submetidos à prova escriturística simplesmente
deixam o leitor mais confuso do que qualquer coisa.
Numa posição próxima à do calvinismo tradicional ou do
arminianismo evangélico de Charles Finney a Sra. White declara que
pessoas que queriam “realizar alguma grande obra, para que fossem
admirados e lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram
inscritos no livro da vida, do Cordeiro.” 107
107
Ellen White, Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
É uma pena que essa declaração não é única e que Ellen
declare que “o livro da vida contém os nomes de todos os que já
entraram ao serviço de Deus.”108
Os editores adventistas nem sequer se dão ao trabalho de
revisar estas posições contraditórias e decidir qual delas será
tornada pública. Estão cientes de o povo não se aperceberá dessas
contradições e continuará a encher de dinheiro as burras das
editoras que se espalham ao redor do mundo.
Não seria mais sensato simplesmente dizer; nos equivocamos,
o nome dos infiéis não será riscado do livro da vida porque afinal
nunca estiveram lá do que induzir o povo ao erro de pensar que um
ímpio tem seu nome escrito no livro da vida simplesmente porque
entrou na kehilah ou que mesmo o nome de um santo pode ser
riscado por causa de seus pecados?
Outro grande dilema para os teólogos adventistas é explicar a
“importância de ter nosso nome inscrito no livro da vida,” porque
todos “aqueles cujo nome ali se achar registrado, serão livrados do
poder de Satanás,”109 se ao mesmo tempo sugerir que “Satanás se
alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias errôneas, até
que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre os
nomes dos injustos.”110
Tais declarações revelam para o adventista sincero e criterioso
aquilo que já é evidente para o mundo evangélico em geral, ou seja,
que os livros editados em nome da Sra. White não refletem a luz
pretendida, mas que pelo contrário são ao mesmo tempo fontes de
águas doces como o mel e amargas como o fel. Não seria mais
sensato dizer que o diabo não tem poder para levar Elohim a riscar o
nome de um salvo do livro da vida simplesmente porque todos os
que são escritos são eleitos de Elohim? Este tema é tão importante e
suas implicações tão tremendas que dedicaremos um apêndice
apenas para tratar do mesmo.
Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, pág. 326.
Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1968, pág. 344.
110 Ellen White, Este Dia com Deus, Santo André, 1980, pág. 320.
108
109
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65
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Antes, porém lembramos que a literatura adventista ainda
possuí alguns textos que são uma jóia preciosa nas mãos daqueles
que entendem o evangelho. Gostaríamos que aqueles que se
identificam com o adventismo evangélico conhecesse o melhor que
já foi publicado em nome da Sra. White, assim eles podem se
defender diante daquilo que é improcedente e que em parte já foi
citado aqui.
A literatura adventista e a perseverança dos santos: Não se
pode ignorar que há alguns bons evangélicos entre os adventistas e
que eles têm sabido usar o melhor que há em seus livros. Mas é
preciso ter olhos de lince e muita unção do Espírito par fazer isso,
caso contrário o gozo da salvação é ofuscado por conselhos como
esse: “nunca se deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto
sincera sua conversão, que digam ou sintam que estão salvos,”
porque “isto é enganoso.”111
Utilizando estes olhos de lince selecionei algumas notas em
defesa da doutrina da perseverança do crente que parecem jamais
ter sido escritas pela mulher que dedicou a maior parte de sua vida
a promover a doutrina de um juízo investigativo do qual pode
resultar exclusão do nome de um salvo do livro da vida. Estas notas
brilham como joias preciosas em meio à conclusões aterrorizadoras
e atentatórias à glória do evangelho. Tomara que cada adventista se
utilize dessas notas para ir à sua Bíblia e construir a partir daí uma
soteriologia livre de conceito humanos certamente não inspirada e
de valor apologético duvidoso.
O pecador pode dizer: Elohim me salvará agora:
“Pode dizer o pecador, a perecer: "Sou um pecador perdido; mas
Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Diz Ele: 'Eu não vim
chamar os justos, mas sim os pecadores.' Mar. 2:17. Sou pecador, e Ele
morreu na cruz do Calvário para me salvar. Nem um momento mais
preciso ficar sem me salvar. Ele morreu e ressurgiu para minha justificação,
e me salvará agora. Aceito o perdão que prometeu."112
111
112
Ellen White, Maranata o Senhor Vem, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1977, pág. 234.
Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André. 1959, pág. 112.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A justificação é um perdão absoluto:
“A justificação é pleno e completo perdão do pecado. No momento
em que o pecador aceita a Cristo pela fé é perdoado. A justiça de Cristo lhe
é atribuída, e não mais deve duvidar da graça perdoadora de Deus.”113
Maschiach nunca abandonará aquele por quem morreu:
“Quando assaltados pelo inimigo, quando opressos pela tentação,
cumpre-nos apoiar em Deus a nossa fé; pois temos o penhor de Sua
palavra de que nunca seremos deixados a batalhar sozinhos. Toda pessoa
cujos pecados foram perdoados, é preciosa aos Seus olhos - mais preciosa
do que o mundo inteiro. Foi comprada a infinito custo, e Cristo nunca
abandonará a pessoa por quem Ele morreu. The Youth's Instructor, 13 de
dezembro de 1894.”114
Nenhum dos que recebem a Maschiach pode se perder:
“Novamente apelou Cristo para aqueles corações obstinados. "O que vem a
Mim de maneira nenhuma o lançarei fora." Todo aquele que O recebesse com fé,
disse Ele, havia de ter a vida eterna. Nenhum se podia perder. Não havia
necessidade de os fariseus e os saduceus discutirem quanto à vida futura. Não
mais precisariam os homens prantear, em desesperado desgosto, a morte dos
queridos. "E a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que vê o
Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia."115
Mesmo quando
abandonados:
vencidos
pelo
inimigo
não
somos
“Cristo jamais abandonará a alma por quem morreu. A alma
poderá deixá-Lo, e ser vencida pela tentação; Cristo, porém, não pode
nunca Se desviar daquele por quem pagou o resgate com a própria vida.
Fosse nossa visão espiritual vivificada, e veríamos almas vergadas sob a
opressão e carregadas de desgosto, oprimidas como o carro sob os molhos,
e prestes a morrer em desalento. Veríamos anjos voando rapidamente em
auxílio desses tentados, os quais se encontram como às margens de um
precipício.”116
Ellen White, A Fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 107.
White, Casa Publicadora Brasileira, A Fé Pela Qual Vivo, Santo André, 1959, pág. 57.
Ellen White, Desejado de Todas as Nações, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1993, pág. 387.
116 Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1953, pág. 94.
113
114 Ellen
115
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67
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
O mesmo Elohim que começa a obra a termina:
“Nem sequer podemos produzir fé por nós mesmos. "É dom de
Deus." Toda a nossa salvação advém do dom de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Como me sinto contente! Ela provém de tal fonte que não
podemos ter dúvidas a seu respeito. E Ele é "o Autor" - será que termina aí?
Será que termina aí? "O Autor e Consumador da fé." Heb. 12:2. Graças a
Deus! Ele nos assiste em todo passo do caminho até o fim, se estamos
dispostos a ser salvos da maneira designada por Cristo, mediante a
obediência a Seus requisitos. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;
e isto não vem de vós; é dom de Deus." Efés. 2:8. "Desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor." Que significa isso? É uma contradição?
Vejamos o que diz a parte final. "Desenvolvei a vossa salvação com temor
e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a Sua boa vontade." Filip. 2:12 e 13. Louvado seja Deus!
Agora quem ficará desalentado? Quem irá desfalecer? Não compete a nós,
fracos e débeis mortais, efetuar nossa própria salvação à nossa maneira. É
Cristo quem opera em vós. E este é o privilégio de todo filho e filha de
Adão. Mas temos de trabalhar. Não devemos ficar ociosos. Somos
colocados aqui neste mundo para trabalhar. Não somos colocados aqui
para cruzar os braços. Manuscrito 18, 1894.”117
Estamos eternamente livres:
“Na cruz Jesus comprou para nós uma salvação que é total e
completa. Comprou para nós a salvação dos pecados do passado e do
presente. Graças a Deus comprou para nós uma vitória decisiva contra o
pecado... Somos livres, realmente livres, e estamos eternamente livres se
tão somente o crermos.”118
Elohim nunca mais se lembrará do pecado:
“Não há insulto, não há acusações ao pródigo, por motivo de seu
mau procedimento. O filho sente que o passado lhe foi perdoado e
esquecido, apagado para sempre. E assim Deus diz ao pecador: "Desfaço as
tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem." Isa.
44:22. "... perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus
pecados." Jer. 31:34.”119
117
118
119
Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, 1980, pág. 70.
Ellen White, Review and Herald, 20 de Abril de 1911.
Ellen White, Nos Lugares Celestiais, Casa Publicadora Brasileira, santo André, 1968, pág. 10.
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68
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
O seguidor de Maschiach tem certeza clara da salvação:
“Quando possuirmos certeza clara e evidente de nossa salvação,
manifestaremos a satisfação e alegria, próprias de todo seguidor de Jesus
Cristo.”120
Devemos estar felizes porque nosso nome está no livro da
vida:
“[Deus] deseja que apreciemos o grande plano da redenção, ... Ele
anseia ver gratidão brotando em nossos corações porque temos acesso ao
propiciatório, o trono de graça, porque nossos nomes estão escritos no livro
da vida do Cordeiro, porque podemos lançar todo o nosso cuidado sobre
Aquele que cuida de nós. 121
Precisamos crer que somos eleitos de Elohim:
“Temos de crer que somos escolhidos de Deus, ser salvos pelo
exercício da fé mediante a graça de Cristo e a operação do Espírito Santo; e
cumpre-nos louvar e glorificar a Deus por tão maravilhosa manifestação
de Seu imerecido favor.”122
A Sra. White permanece indefinida quanto à perseverança
do crente: Um fato marcante na obra de pregadores reformados
como Jonathan Eduardo (1703-1758) e Charles Spurgeon (18341892) e mesmo de arminianos como Charles Finney (1792-1875)
aquele amado arminiano declarou ao finalizar sua memorável obra:
“Vimos que ninguém vai a Cristo, exceto quando é levado pelo Pai,
e que o Pai leva a Cristo somente aqueles que deu ao Filho. Vimos
também, que é desígnio do Pai que aqueles aos quais deu a Cristo, Ele não
perca nenhum, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a única
esperança de que alguém será salvo. Destrua este fundamento e o que o
fará justo? Retire da Bíblia a doutrina da fidelidade determinada de Deus a
Cristo – a verdade que o Pai de a Ele certo número cuja salvação prevê que
pode e deve garantir – e eu me desespero de mim e de todas as outras
pessoas. Onde há outra base de esperança? Não sei.”123
120
Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 630.
Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 55.
122
Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, Vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 536.
123
Charles Finney, Teologia Sistemática, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 2001, pág. 736.
121
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Finney sabia o que estava dizendo. Destrua-se a verdade de
que é Elohim quem conserva seus eleitos no pacto da graça até o
final e desaparecerá toda a base para a segurança do crente. Esta
verdade jamais foi captada em sua plenitude pela Sra. White. Seu
esquema de salvação é uma mistura de poderosa consolação das
Escrituras com a perplexidade inerente à obra dos homens como se
pode notar na declaração que se segue:
“Nos tribunais do Céu, Cristo está a interceder por Sua igreja advogando a causa daqueles cujo preço de redenção Ele pagou com o Seu
próprio sangue. Séculos e eras nunca poderão diminuir a eficácia de Seu
sacrifício expiatório. Nem a morte, nem a vida, altura ou profundidade,
nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus; não
porque a Ele nos apeguemos com firmeza, mas porque Ele nos segura com
Sua forte mão. Se nossa salvação dependesse de nossos próprios esforços
não nos poderíamos salvar; mas ela depende de Alguém que está por trás
de todas as promessas.”124
É uma pena que a autora adventista não tenha parado ai e
tenha dito afinal que “enquanto nos mantivermos em união com Ele,
ninguém nos pode arrancar de Sua mão.”125 O que ela quer dizer
aqui? Que se nos desviarmos voluntariamente das mãos do Senhor
Ele não poderá nos guardar? Que se sairmos de seu aprisco por
nossos próprios meios seremos destruídos pelo devorador? Oh, a
Bíblia não permite tais conclusões.
Ela mostra que todos os filhos pródigos voltam a casa, todas
as ovelhas extraviadas são trazidas ao redil e todas as dracmas
perdidas são recuperadas. Shaul não estava simplesmente supondo
que os santos seriam salvos, ele não estava simplesmente
esperançoso de que isso viesse a acontecer e que Elohim poderia
consumar a obra iniciada em suas vidas. Ele disse: “Estou
plenamente certo disto mesmo, que aquele que em vós começou a
boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Yeshua Há Maschiach.”
Filipenses 1:6. Aqui não há o se ocorrer isso ou se não ocorrer
aquilo. Cada um dos eleitos de Elohim será infalivelmente salvo, a
despeito de sua queda e apesar de sua liberdade de escolha.
124
125
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553.
Ellen White, Atos dos Apóstolos, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, págs. 552 e 553.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Aqueles que o Maschiach salva são verdadeiramente livres, e
embora possam cair em graves pecados jamais desejarão a
escravidão e a morte, e isso porque Elohim os guarda. Fazendo
retornar a salvação às débeis mãos do homem a Sra. White esbarra
no fato de que o pacto da graça é o pacto de Elohim e será
cumprido em todas as suas partes. Oh se ela entendesse aquilo que
escrevia na ânsia de produzir material para os prelos, como quando
disse que a salvação era certa unicamente por causa da eleição
eterna.
“ O Senhor nos salvará das corrupções do mundo porque Ele nos
escolheu em Cristo antes da fundação do mundo para que possamos ser
santos e sem mancha diante dele em amor.”126
Oferecendo tributo a um o poder que o diabo não tem:
Mas infelizmente não é isso o que ocorre. Amiúdo ela atribuí a
Satanás o poder de se alegrar até que homens sejam afastados do
caminho e tenham seus nomes riscados do livro da vida.
“Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a
seguir idéias errôneas, até que seus nomes são riscados do livro
da vida e inscritos entre os nomes dos injustos.”127
Que tributo à majestade satânica! Ele que ouviu o próprio
Messias dizer que ninguém arrebataria jamais uma única ovelha de
suas mãos escutando seguidores apaixonados do Messias de Israel
empenhados em dizer justamente aquilo que ele deseja, que ele tem
poder de frustrar os planos de Elohim e levar suas ovelhas à ruína
eterna. Quão distinta é essa nota do juramento do Eterno:
“Porque assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu, eu mesmo,
procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. Como o pastor busca o
seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas,
assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares
por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão.”
Ychezkiel/Ez 34:11-12.
126
127
Ellen White, Signes of The Times, 2 de Maio de 1892.
Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
É claro que existem ovelhas de Adonay que por serem fortes,
ousadas e gordas, por se aventurarem em terrenos perigosos, e
serem impacientes com os débeis, precisam ser fisicamente
eliminadas em vez de morrerem de morte natural. Olhe para Sansão
que em sua teimosia buscou no amor de uma inimiga de Israel a
felicidade apenas para morrer ainda jovem em meio aos
incircuncisos. Mas significa isso que ele se perdeu? Oh, não, ovelhas
de Maschiach não se perdem, nem mesmo quando se sentem
obrigadas a por termo às suas vidas em busca da glória de Elohim. É
isso o que o Eterno diz:
“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei
repousar, diz o Senhor Elohim. A perdida buscarei, e a desgarrada
tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a
gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com juízo. E quanto a vós,
ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Elohim: Eis que eu julgarei entre
ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.” Ychezkiel/Ez 34:15-17.
Assim, enquanto o Messias contou na parábola que aquela
ovelha obstinada foi buscada pelo pastor até ser achada, e que
sendo achada foi posta sob os ombros e trazida para a casa com
festa, Ellen White declara que alguns “por uma obstinada persistência
no pecado se tornam finalmente endurecidos à influencia do Espírito
Santo, seus nomes serão no juízo apagados do livro da vida, e eles
serão votados à destruição.” 128
Conclusão: Elohim não retira a misericórdia de seus filhos:
Que os adventistas legalistas se agarrem a estas asperezas da
literatura denominacional enquanto eu, de minha parte, recomendo
aos que amam o evangelho, e ainda se encontram na posição de
dependência de fontes extra bíblicas para confirmar ou defender sua
fé, que prestem toda a atenção a esta Ellen White madura e senhora
de uma fé saudável que por vezes emerge do precipício das páginas
amareladas de seus muitos manuscritos para declarar para consolo
dos crentes que no Maschiach, crendo nele, temos vida, e vida para
sempre:
128
Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Se Cristo é meu Salvador, meu sacrifício, minha expiação, então
jamais perecerei. Crendo nEle, tenho vida para sempre. Oh! se todos
quantos crêem na verdade cressem em Jesus como seu próprio
Salvador!”129
Nossa confiança está unicamente assentada na Palavra de
Elohim. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão
abalados; porém a minha benignidade não se apartará de ti, e a
aliança da minha paz não mudará, diz Yah que se compadece de ti.”
Yeshayahú/Is 54:10. Portanto não há nada que aqueles a quem
Elohim adota como filhos façam que o leve a revogar sua
determinação.
Um bom filho e um mau filho procedem ambos do mesmo pai
e um filho bom pode ser recompensado enquanto um filho mau
pode ser severamente punido, mas não pode ser renegado. É isso o
que Elohim garantiu a David com relação a Shlomo, (Shmuel
Beit/2Sm 7:12-15) é isso o que garante em relação àqueles que ama.
Ele pode corrigir e castigar, mas não pode abandonar. (Ivrim/Hb
12:6-8). Nada, absolutamente nada é capaz de nos separar do amor
de Elohim. (Romanos 8:38-39)
“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus
pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o
qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este
edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino
para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a
transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos
de homens. Mas a minha benignidade não se apartará dele; como a
tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.” Shmuel Beit/2Sm 7:12-15
“Porque Yah corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe
por filho. Se suportais a correção, Elohim vos trata como filhos;
porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem
disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos,
e não filhos.” Ivrim/Hb 12:6-8.
129
Ellen White, Mensagens Escolhidas 2, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1967, pág 381.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“ Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura
nos poderá separar do amor de Elohim, que está em Yeshua
Maschiach nosso Senhor.” (Romanos:8:38-39)
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
VII - Apêndice
Juízo Investigativo uma Doutrina Adventista
Por que Nenhum Nome Será Riscado do Livro da Vida do Cordeiro
Os primeiros pregadores
adventistas jamais sonharam
que aquele despertar emotivo
resultante da investigação das
profecias e do santuário sem
considerar a história sagrada de
Israel termianria em decepção e
logo
numa
defesa
que
sustentaria o movimento, o faria
crescer e perpetuaia o medo
através da doutrina do juízo
investigativo.
William
Miller
(1782-1849)
nunca
fora
partidário de marcar a data
exata da volta de Yeshua, mas se
inclinava, por seus estudos
proféticos a pensar que ele
retornaria dentro do ano judaico
que ia de 1843 a 1844. Assim ele
escreveria: "Meus princípios são
de que em breve, Jesus Cristo
voltará a esta terra para a limpar,
purificar, e tomar posse da
mesma, com todos os santos,
em algum momento entre 21 de
março de 1843 e 21 de março de
1844 ".130
Os primeiros pregadores
adventistas jamais sonharam
que aquele despertar emotivo
resultante da investigação das
profecias e do santuário sem
considerar a história sagrada
de Israel termianria em
decepção e logo numa defesa
que sustentaria o movimento,
o faria crescer e perpetuaria o
medo através da doutrina do
juízo investigativo.
Sumo sacerdote judeu.
A HISTÓRIA DO COSTUME por Braun &
Schneider - Domínio Público
Wikipedia
130
Dick, Everett N. (1994). William Miller and the Advent Crisis. Berrien Springs: Andrews University
Press. pp. 96–97. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012.
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75
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Mas o dia 21 de março de 1844 passou, e os crentes buscaram
mais uma vez nos estudos onde poderia estar a falha, marcando
então uma seguda data, o dia 18 de abril de 1844. O arranjo tinha
sido feito baseando-se num calendário caraíta, que faria do ano
judaico correspondente um ano bissesto, com a adição de um mês a
mais,131 fazendo-o terminar portanto em 18 de abril. Esse aranjo,
apesar de ser um factóide alimentou as esperanças do grupo por
mais umas semanas. Mas no dia 19 de abril ficara óbvio que o
movimento fracassara pela segunda vez. Miller escreveu então: "Eu
confesso o meu erro, e reconheço a minha decepção,. Mas eu ainda
acredito que o dia do Senhor está perto, mesmo à porta" 132
Meio aturditos, os adventistas continuaram acreditando que a
data tão almejada estava às portas. E isso recebeu novo impulco
quando numa reunião em Exceter New Hampshire, Samuel Snow
(1806-1870) expôs seu estudo sobre Daniel 8. Ignorando o fato de
que os judeus celebram até os dias de hoje a festa de Chanukah
para comemorar a purificação do santuário depois de contaminado
por Antioco, Snow insistia que o santuário ali mencionado era a
terra, que as 2300 tardes e manhãs não eram 2300 sacrifícios diários
que resultam em 1150 dias, mas 2300 anos, e que ao fim desses
2300 anos, mas no mesmo dia em que os sacerdotes purificavam o
santuário a terra seria varrida pelas chamas purificadoras e o povo
levado com Yeshua, não para Yerushalaim como se promete nas
Escrituras, mas para o céu. Miller titubeou, mas ao fim se encantou
como nunca pela nova mensagem. Do acampamento os crentes do
advento partiram para suas cidades com mias uma novidade. Dessa
vez não haveria erro, Yeshua retornaria em 22 de outubro de 1844.
131
De acordo com a Torah, o primeiro mês do calendário judaico começa logo depois do equinócio vernal
que assinala o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hesmisfério sul. Na data do
equinócio (21 de março) o dia se iguala à noite em duração. A forte presença de raios solares incide
diretamente sobre os pequenos pés de cevada, uma gramínea que cresce espontaneamente na região de
Israel. Assim, a primeira lua nova depois do equinócio é marcada com a presença da cevada nos campos.
Se ela estiver em estado de abibe, isto é de cavada madura o mês de Abibe é proclamado e se inicia o
novo ano judaico. Se as condições atmosféricas não tiverem sido as ideais por que houve muita seca e a
cevada não estiver madura a proclamação do mês da cevada, (o marcador biológico de tempo de acordo
com a Torah), é adiada. Então, nesse caso se adiciona mais um mês ao ano que teoricamente deveria ter
findado com o surgimento da lua nova. Têm-se nesse caso um ano bissexto. Quando isso acontece as
festas se retrasam e o que poderia se iniciar em fins de março vai se iniciar em abril.
132
Bliss 1853 , p. 79.
Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em 7 de março de 20012.
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76
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
O fanatismo tomara conta do grupo. Quem não acreditava na
mensagem era denunciado como herege que não desejava a volta
do Messias. As igrejas foram taxadas de corruptas, e os pastores que
não apoiaram a pregaçaõ da novdiade em seus púlpitos foram
denunciados O despertar foi chamado de o movimento do sétimo
mês, por que previa que Yeshua retornaria no 10º dia do 7º mês
judaico. Ao estudar a parábola das dez virgens ficaram convencidos
de que essa tardança era profética, mas que agora chegara a hora.
Até hoje os adventistas chamam aquele conturbado e excitado
momento de sua história como o clamor da meia noite.
O movimento haveria de fracassar em tudo, a começar pelas
suas bases de cálculo. O ano judaico terminado em 29 de Adar (20
de março) não era um ano bissexto, a cevada já estava madura em
Israel, e caraítas e rabínicos celebraram o início do novo ano no
mesmo mês, entre os dias 21 e 22 de março de 1844. Naquele ano
não houve o acrescimo de um mês extra e por isso o Yom Kippur de
judaus caraítas e judeus rabínicos foi realizado a 23 de semtembro
de 1844.
O Próprio Yom Kippur, de 1844 ocorreu a 23 de setembro, e
eles marcaram a data para 22 de outubro. A desvantagem é que
viveram a fantasia por mais um mês. No dia 23 de outubro de 1844
milhares de adventistas estavam de rastro e desconsolados. Tinham
apostado todas as cartas na interpretação profética de um homem
que se proclamara o próprio profeta Eliahú, e que de tão fanático foi
abandonado pela maior parte do povo, que infelizmente se afastou
dele, mas não de suas interpretações mirabolantes. Apostaram tudo
e perderam. William Miller se recluiu, nunca foi capaz de explicar por
que errara, embora morresse 5 anos mais tarde crendo que a hora
da vinda de Yeshua estava muito próxima. Havia sinceridade em seu
coração, sinceridade suficiente para não tentar justificar o erro mais
uma vez. Um grupo adventista tradicional, que mantém o
pensamento milerita existe até hoje, a Igreja Cristã do Advento com
61 mil membros no mundo. O grupo evita qualquer revisão do
desapontamento, apenas o empurrou para baixo do tapete, foi um
erro e nada mais.
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77
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Mas uma das mais poderosas organizações cristãs da América
começaria a partir de seu moviomento, os adventistas do Sétimo Dia
que graças a interpretação de Hiran Edson (1806-1882). Segundo
ele, os adventistas havia acertado na data, mas haviam errado no
evento, era uma espécie de tiro da providência conduzindo o povo a
atirar no que viu e a acertar no que não viu. Edson levou seus
companheiros a concluir que o santuário na verdade não era a terra,
mas ficava no céu. Segundo ele, uma espécie de visão do Messias
indo para o lugar santíssimo do santuário do céu lhe havia sido
mostrada em visão.
"Nós começamos a sair, e ao passar por um campo grande eu
estava parado no meio do caminho do campo. O Céu parecia aberto, e eu
vi claramente claramente que, em vez de nosso Sumo Sacerdote sair do
Santíssimo do santuário celestial para vir a esta terra, no décimo dia do
sétimo mês, no final dos 2300 dias, Ele, pela primeira vez entrou nesse dia
no segundo compartimento no santuário, e que Ele tinha uma obra para
realizar no Santíssimo Lugar antes de vir para a terra "133
Bem, apesar de que “a visão” da passagem de Yeshua para o
lugar santíssimo, em vez de à terra, foi dada a Hiran Edson, ele
nunca foi tratado como profeta pela igreja. Esse título coube
exclusivamente a Ellen White, que com base em visões ensinou o
povo que a entrada de Yeshua no lugar santísimo fechara a porta da
graça para os não adventistas. O fato dos pioneiros terem
acreditado nos sete primeiros anos que a porta da graça tinha se
fechado para o mundo não adventista é normalmente ignorado. A
Sra. White, chamada a explicar-se disse mais de vinte anos depois:
"Durante algum tempo após o desapontamento de 1844 eu de fato
mantive, em comum com o corpo de adventistas, que a porta da
misericórdia fora então para sempre fechada para o mundo. Esta posição
foi assumida antes de minha primeira visão ter-me sido dada. Foi a luz
concedida a mim por Deus que havia corrigido o nosso erro, e nos
capacitou a ver a verdadeira posição."134
133
FD Nichol . O grito da meia-noite. p. 458. Fonte Wikipedia, a Enciclopédia Livre, página visitada em
7 de março de 20012.
134
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 63.
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78
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Ora, os adventistas dizem que a Sra. White teve a primeira de
suas 2000 visões em dezembro de 1844, mas sem precisar a data.
Logo a janela para que Ellen pudesse ter ensinado a doutrina da
porta fechada era de fato muito estreira. Uma vez que o
desapontamento se deu a 22 de outubro e a primeira visão em
deezembro, supondo no dia 31 de dezembro, o que se espera é que
de acordo com a declaração acima a Sra. White haja crido na
doutrina da porta fechada por períoco nunca maior que 80 dias. E
que desde o fim de dezembro de 1844 ela tivesse corrrigido seu
pensamento com a luz do céu. Os fatos porém são perturbadores e
revelam outra realidade. Neste testemunho da Sra; White datado de
1846 ve-se claramente a Sra, White em desmente isso. A Sra. White
ensinara que a porta da graça tinha se fechado não por falta de
visões, mas com base em visões.
"Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon,
Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu
sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado.
Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. ...Ela
havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia
surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande
misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada
soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar.
Sentia-me muito, muito triste.
Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela
falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de
Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar
Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam
profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo
inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder
estabelecendo a verdade em seus corações.
A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois havia-o
sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e
caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando
eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da
irmã Durben em alta voz.
A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à
porta fechada."135
135
Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97
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79
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Outras duas declarações muito fortes são essas:
"Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho
pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vêlo, porque o tempo da salvação deles havia passado." 136
"Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre
mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto,
bem acima do escuro mundo. . . . Ergui os olhos, e vi um caminho reto e
estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo
do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua
extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz
brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz
brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de
modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus,
que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros.
Mas logo alguns . . . negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram
que não fora Deus quem os conduzira até tão distante.
A luz por detrás desses extinguiu-se deixando-lhes os pés em total
escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram
para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em
baixo. [Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e
seguir para a cidade, como também para todos o mundo ímpio que Deus
havia rejeitado]. Logo ouvimos a voz de Deus como muitas águas. . .”137
As implicações do último parágrafo foram tão fortes que nas
esdições posteriores de Experience and Views (Experiências e Visões)
publicado por primeira vez em 1851 o texto foi retirado, e de lá para
cá nunca mais publicado pela denominação. Deveria pois, ser claro
que a doutrina do santuário tal como desenvolvida pela organização
com base nos escritos da Sra. White se submete desde o princípio a
mudanças e alterações, ainda que até hoje não esteja corretamente
apresentada. Talvez o maior erro seja justamente o fato de que a
doutrina do santuário, sacramentada pela organização como
verdade inamovivel tenha se transformado numa fonte de
preocupações e de angústia por parte dos crentes temerosos de que
nesse “julgamento” Elohim os coinsidere em falta, os retire do livro
da vida, os vote com os pecadores e os destine à perdição.
136
137
Ellen White, Present Truth, ago., 1849.
Ellen White, Primeiros Escritos, 14.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A felicidade do crente longe de se estabelecer com base em
sua experiência e até mesmo em seu poder deve ser a certeza de
que seu nome está escrito no livro da vida. “Mas, não vos alegreis
porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os
vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20). A fonte de nossa paz é
a obra que Elohim faz por nós no Céu, a qual é confirmada pela
ruach ha kodesh (Espírito Santo) produzindo fé em todos os
regenerados levando-os a olhar para fora de si mesmos e não para a
obra ele realiza em nós aqui na Terra. Houvesse esse conselho de
Maschiach sido seguido e não haveria tanto desvio acerca do que é
o evangelho. Infelizmete porém, a doutrina adventista do santuário,
primeiro usada para consolar os adventistas acerca da porta fechada
aos crentes das outras denominações, uma vez mudada, se tornou
na causa de conflitos espirituais graves já que transmite mesmo aos
crentes adventistas a incerteza sobre sua vitória.
O crente precisa ter certeza de que seu nome está no livro
da vida: A Bíblia mostra que a certeza de termos nosso nome
escrito no livro da vida não deve ser tratado como um mistério
impenetrável. Shaul mostra claramente que os que amam o
evangelho e cooperam com aqueles que o proclamam, têm seu
nome escrito no livro da vida. Ele desejava ardentemente que a
kehilah de Filipos estivesse consciente desse privilégio, a através de
seu mensageiro disse: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro
companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no
evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos
nomes estão no livro da vida.” (Filipenses 4:3) É bom recordar que
este não é o livro da vida dos pecadores, mas o livro da vida do
Cordeiro, e que nele estão narrados todos os atos de vitória do
Cordeiro, Daniel afirma que os que têm seu nome escrito nesse livro
serão vitoriosos. Infelizmente poucos cristãos chegaram a um
denominador comum sobre esse assunto. Isso acontece
particularmente entre os adventistas que afirmam que é importante
“ter os nossos nomes escritos no livro da vida” porque “todos aqueles
cujos nomes estão registrados ali serão livrados do poder de
Satanás.”138
138
Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1991, pág. 348.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Mas ao mesmo tempo que Ellen White declarava que todos os
que tiverem seu nome no livro da vida seriam livrados do poder de
Satán ela retira todo o motivo de gozo presente do crente ao
subordinar tanto a inscrição de seu nome no livro da vida como sua
permanência ali ao esforço humano.
Todos os que entraram para o serviço têm seu nome
escrito no livro da vida: Há de se reconhecer que em seus
primórdios o adventismo era um movimento destituído da
preciosidade do evangelho e que supunha que a salvação resultava
dos esforços humanos. Ora se o homem se salva por obras, é lógico
pensar que o seu nome é escrito no livro da vida quando começa a
trabalhar para o Senhor e é riscado quando esse trabalho cessa.
“Quando nos convertemos em filhos de Deus, nossos nomes são
escritos no livro da vida do Cordeiro, e ali permanecem até o tempo do
juízo investigativo.... Se naquele dia aparece que não nos arrependemos
plenamente de todas as nossas más ações, nossos nomes serão riscados do
livro da vida.”139
Esta visão legalista é enfatizada na declaração seguinte: “O
livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para o
serviço de Deus.”140 “Quando alguém tem pecados que permaneçam
nos livros de registro, para os quais não houve arrependimento nem
perdão seu nome será omitido do livro da vida.” 141 Dificilmente
alguém poderá calcular o dano que tais declarações produzem no
coração dos amados de Elohim sugestionados a pensar que tanto a
sua entrada no reino de Elohim como a sua permanência depende
de suas boas obras. Quantos temores, quantas incertezas e quantas
dúvidas acerca da salvação semeadas por uma visão distorcida do
caráter imutável de Elohim e da sublimidade da graça. Tudo isso
porque a promessa de Maschiach: o que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro
da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos
seus anjos,” (Apocalipse 3:5) foi desatendida.
139
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista 7 A Asociación Casa Editora Sudamericana,Buenos Ayres, 1994, pág. 428.
Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484.
141
Ellen White, Idem, 486.
140
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Um crente não pode desprezar o fato de que foi feito mais que
vencedor através de Yeshua. Ele deve lembrar que não é possível
passar outra vez ao estado de morte, já que é o beneficiário dessa
promessa: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou
tem a vida eterna e não entra em condenação, mas passou da morte
para a vida.” (Yochanan/Jo 5:24).
O que vai a Maschiach de maneira nenhuma será lançado
fora: A idéia de que um salvo pode ser finalmente rejeitado porque
não se arrependeu de seus pecados contraria frontalmente as
promessas incondicionais do Senhor: “o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora.” (Yochanan/Jo 6:37) Trata-se de um tributo
prestado ao diabo. A razão é que o próprio arrependimento é dom
de Elohim. O plano divino exposto nas Escrituras nega qualquer
possibilidade de que um justo venha a cair tão completamente que
já não possa ser levantado pela onipotente e amorosa mão de
Elohim. Davi declara: “Os passos de um homem bom são confirmados
por Yah, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará
prostrado, pois Yah o sustém com a sua mão. “ (Tehilim/Sl 37:23-24)
Como isso difere da declaração abaixo:
“Satanás se alegra quando pode induzir as pessoas a seguir idéias
errôneas, até que seus nomes são riscados do livro da vida e inscritos entre
os nomes dos injustos.”142
Este é um texto perturbador para os adventistas que acreditam
na firme eleição e perseverança dos santos. Essa perspectiva é o
resultado da doutrina adventista do juízo investigativo que afirma
que a salvação de uma pessoa só é definitivamente confirmada
quando seu nome passa em revista no tribunal do Céu. Trata-se de
uma declaração que nega enfaticamente a promessa de Maschiach e
apresenta a Satanás com um ser onipotente e capaz de prevalecer
sobre as ovelhas de seu pasto, quando o próprio Senhor declarou
acerca de suas ovelhas: “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos;
e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.” (Yochanan/Jo
10:29).
142
Ellen White, Este Dia com Deus, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, São Paulo, pág. 320.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Trabalharam para Elohim e não foram escritos no livro da
vida: Mas não se pode ignorar a providência de Elohim dispôs as
coisas de tal maneira que os crentes adventistas cujos olhos foram
ungidos pelo colírio celestial podem encontrar importantes
mananciais de água doce. Estes crentes valem-se da seguinte
declaração certamente inspirada no mesmo espírito dos profetas
bíblicos:
“Muitos que na Terra ocuparam altos cargos como cristãos,...
Desejavam realizar alguma grande obra, para que fossem admirados e
lisonjeados pelos homens, mas seus nomes não foram inscritos no livro da
vida, do Cordeiro. "Não vos conheço", são as tristes palavras que Cristo
dirige aos tais. Mas aqueles cuja vida foi aformoseada por pequenos atos
de bondade, por ternas palavras de afeição e simpatia, cujo coração fugia
das lutas e contendas, que nunca fizeram uma grande obra com o fim de
ser louvados pelos homens, esses se acham inscritos no livro da vida do
Cordeiro. Embora o mundo os considerasse insignificantes, são aprovados
por Deus perante o Universo reunido. Ficam surpresos ao ouvir dos lábios
do divino Mestre: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino
que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Signs of
the Times, 24 de fevereiro de 1890.”143
Ainda na mesma linha de pensamento a literatura adventista
admite que ter o nome escrito no livro da igreja não significa que
ele esteja escrito no livro da vida, pois “muitos que se acham
destituídos de vida espiritual têm os seus nomes nos registros da
igreja, mas não estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.”144
Em vez de arengar contra a segurança da salvação e militarem
no campo oposto os adventistas deveriam lembrar que se é
verdade que existem “nomes são registrados nos livros da igreja, mas
não no livro da vida,” 145 e que “muitos há cujos nomes estão
registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida do
Cordeiro,”146 então também deve ser verdade as pessoas não são
rejeitadas porque pecaram e não se arrependeram, mas por que
“seus nomes não foram inscritos no livro da vida, do Cordeiro.” 147
143
Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370.
Ellen White, E Recebereis Poder, Casa Publicadora Brasileira,Tatuí, pág. 45.
145
Ellen White, Mensagens aos Jovens, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 384.
146
Ellen White, Para Conhece-lo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1965, pág. 113.
147
Ellen White, A fé Pela Qual Vivo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1959, pág. 370.
144
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Estes textos produzidos dentro do mais puro espírito da
Reforma e escritos em harmonia com aquilo que o Espírito Santo
ditou aos profetas seriam suficientes para estabelecer uma teologia
sólida e consistente com a Bíblia. Eles colocam de manifesto que o
nome dos que se perdem não pode ter sido riscado do livro da vida
por uma razão muito simples, porque eles nunca estiveram lá.
Infelizmente a literatura adventista está longe de prover subsídios a
uma teologia equilibrada se alguém deseja manter a máxima de que
tudo ali é inspirado por Elohim. Os textos seguintes não se
harmonizam nem mesmo com o pensamento anteriormente
expresso, pois declara algo diametralmente oposto:
“O livro da vida contém os nomes de todos os que já entraram para
o serviço de Deus.”148
“Quando alguém tem pecados que permaneçam nos livros de
registro, para os quais não houve arependimento nem perdão seu nome
será omitido do livro da vida,”149
A dinâmica e o perigo da evangelização do medo: Com
certeza existe um momento em que as severas ameaças de Elohim
devem ser desembainhadas diante do pecador. É o momento em
que o pecador ainda não foi convertido. Mas essa não deve ser a
tônica diante de pecadores remidos por Maschiach. A meu ver esse
é o principal pecado do método evangelizador da Sra. White.
Fascinada com o poder que o medo exerce sobre as pessoas, ela
declarou que a menos que uma pessoa exerça constante vigilância e
cuidado seu nome poderá ser apagado do livro da vida com a
mesma facilidade com que foi escrito.
“Os nomes de todos os que uma vez se entregaram a Deus são
escritos no livro da vida, e seu caráter está agora sendo examinado diante
dEle. Anjos de Deus estão avaliando o valor moral. Eles observam o
desenvolvimento do caráter nos que vivem agora, para ver se os seus
nomes podem ser retidos no livro da vida. ... Os nomes de quem não serão
apagados do livro da vida? Só os nomes dos que amaram a Deus com
todas as faculdades do seu ser, e o próximo como a si mesmos.”150
148
149
150
Ellen White, O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1980, pág. 484.
Ellen White, Idem, 486.
Ellen White, Exaltai-O, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 327.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Que se pode ganhar com isso? Uma kehilah insegura e repleta
de crentes débeis que não conhecem a seu Elohim e que vivem
atormentados pelo medo da morte repentina, da condenação no
juízo e da destruição final junto com todos os diabos. Felizmente
para os adventistas evangélicos, esta nota inspiradora de terror para
os que não conhecem a graça não é a única. Noutro lugar a Sra.
White nutre os crentes com o consolo de que se o nome deles se
encontra no livro da vida eles não tem motivo algum para temer, já
que seus pecados serão seguramente apagados.
“Se vosso nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro,
então tudo está bem convosco. Estejais prontos e ansiosos para confessar
vossas faltas e abandoná-las, a fim de que vossos erros e pecados possam
ir antecipadamente a juízo, e ser apagados.”151
Confundindo o livro da vida com o livro dos viventes: Não
se pode ignorar que os arminianos em geral e os adventistas em
particular parecem ter encontrado um gancho para dependurar as
suas incertezas, o pedido de Moises ao Senhor: “Agora, pois, perdoa
o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.”
A resposta de Elohim: “Aquele que pecar contra mim, a este riscarei
do meu livro,” (Shemot/Ex 32:32) tem sido erroneamente empregada
como uma indicação de que o nome de uma pessoa pode ser tirado
do livro da vida do Cordeiro e ela ser levada da vida para a morte.
Mas esse é o resultado de se ignorar o fato de que uma pessoa
pode estar inscrita entre os vivos e ainda assim não estar salva.
Maschiach disse ao homem que queria tornar-se Seu discípulo:
“deixa aos mortos o enterrar os seus mortos,” (Lucas 9:60) e falou ao
ministro da kehilah de Sardes: “tens nome de que vives, mas estás
morto.” (Apocalipse 3:1) Como ignorar aqui que o Salvador fala de
pessoas iníquas, que não obstante estarem inscritos nos livros do
Céu entre os que ainda vivem, existem somente para pecar e por
isso são entregues a iniqüidades ainda maiores? A oração de Davi,
que se tornou também a de Maschiach é: “Acrescenta iniqüidade à
iniqüidade deles, e não entrem na tua justiça. Sejam riscados do livro
dos vivos, e não sejam inscritos com os justos.” (Tehilim/Sl 69:27 – 28).
151
Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, pág. 523.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Uma hermenêutica saudável nos força a admitir que existe o
livro dos vivos, cuja página inicial se abre por ocasião do nascimento
e cujo relatório final se encerra com a morte. Diferentemente do
livro da vida dos justos onde é narrada a vida do Salvador e do qual
ninguém jamais foi riscado, o nome do homem pode ser omitido a
qualquer momento do livro dos vivos e ele é então entregue à
conseqüência natural do pecado que é a destruição física.
Jamais deveríamos confundir um livro com o outro. Aquele
que crê na eficácia substituta dessa vida pode dizer: “Porque se nós,
sendo inimigos, fomos reconciliados com Elohim pela morte de seu
Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua
vida.” (Romanos 5:10).
Quanto lucrariam os adventistas se eles se apercebessem que
o livro dos vivos nada tem a ver com o livro da vida do cordeiro e que
no mesmo dia em que Elohim disse: “aquele que pecar contra mim, a
este riscarei do meu livro,” (Shemot/Ex 32:33), três mil pessoas foram
mortas e eliminadas da estatísticas dos filhos de Israel e do próprio
livro dos vivos no Céu. Este pensamento pode ser apontado na
literatura adventista sob a seguinte declaração:
“ O livro a que se faz referencia aqui é o livro de registro do céu, no
qual está inscrito cada nome es estão registrado fielmente os atos de todos,
seus pecados e sua obediência.”152
Pessoas escritas no livro da vida não serão destruídas: É
ponto comum da fé messiânica que aqueles cujos nomes estão
escritos no livro da vida devem ser salvos. Esta porém não é a
posição única no adventismo. Como já vimos, sobre esse tema reina
a mais absoluta das confusões naqueles arraiais.
Assim, e lamentavelmente, depois de dizer que o livro referido
por Elohim a Moshe é o livro da vida dos pecadores, subitamente os
editores adventistas, deixam passar uma declaração atribuída à Sra.
White que aquele é o livro da vida eterna.
152
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Vol. 7ª, Asociación Casa Editora Sudamericana, Buenos Ayres,
1994, pág. 428.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
“Por uma obstinada persistência no pecado se tornam finalmente
endurecidos à influencia do Espírito Santo, seus nomes serão no juízo
apagados do livro da vida, e eles serão votados à destruição.”153
Estamos diante de um fato que nos obriga a aceitar um texto e
rejeitar o outro. Se é verdade que o livro referido por Moshe é o
livro onde se registra os pecados de todos os homens, então não
pode ser verdade que esse livro é o livro da vida do Cordeiro, já que
o livro da vida do Cordeiro é isento do relato de pecados já que
Cordeiro de Elohim nunca pecou.
Aqueles que insistem em não desconfiar da fidelidade dos
depositários da Sra. White são obrigados a admitir que o espírito da
coesão esteve longe da pena da escritora e que nada há em sua
obra que seja digno da veneração que os adventistas insistem em
atribuir-lhe. Esse é um difícil dilema, pois se você não pode confiar
nos deposítários precisa checar cada nota atribuída à Sra. White a
fim de ilibá-la de rspisanbilidade por suas contradições e por outro
lado provar que ela escreveu aqui e não escreveu ali. Por outro lado,
se confia nos depositários está obrigado a resolver estas
dificuldades.
Não é difícil concluir isso quando nos lembramos que em seu
nome se declara que “os nomes de todos os Seus estão escritos em
Seu livro da vida,” 154 e que todos estes “serão livrados do poder de
Satanás,”155 o que concorda completamente com o que Maschiach
diz acerca da alegria que o crente deve sentir: “ Mas, não vos alegreis
porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os
vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20)
Por outro lado a autora adventista declara que o nome do
crente só é realmente configurado no livro da vida depois que ele
vence. “Todos quantos haverão de ter por fim os nomes escritos no
livro da vida do Cordeiro, lutarão varonilmente as batalhas do
Senhor.”156
153
Ellen White, Patriarcas e Profetas, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1976, pág. 335.
Ellen White, Olhando Para o Alto, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1983, pág. 68.
155
Ellen White, Exaita-io, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1992, pág. 348.
156
Ellen White, Minha Consagração Hoje, Casa Publicadora Brasileira, Sano André, 321.
154
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Incoerências da doutrina adventista do juízo investigativo:
Estes fatos nos forçam a declarar que dificilmente se encontrará no
chamado mundo cristão doutrina mais confusa e carente de coesão
lógica do que a chamada doutrina do juízo investigativo exposta
pela Sra. White ou a ela atribuída.
Abaixo listamos algumas das contradições adventistas mais
visíveis acerca da doutrina do juízo investigativo:
Ela afirma que todos os que tem seu nome no livro da vida serão
vitoriosos, mas também diz que muitos serão riscados desse livro
e votados à destruição.
Diz que todos os que entram para o serviço de Elohim têm seu
nome escrito no livro da vida, mas diz também que muitos dos
que trabalham para Elohim nunca tiveram seu nome escrito no
livro da vida.
Diz que o nome de uma pessoa é posto no livro da vida quando
ele crê, mas diz também que isso só acontece quando uma pessoa
se torna vencedora.
Isso nos força a concluir que a doutrina do juízo investigativo
adventista se presta praticamente a qualquer tendência religiosa do
cristianismo. A razão disso é que ela não é uma doutrina, é um
amontoado de posições controversas e indefinidas, é uma mistura
de fé e obras, de graça e mérito, de dom e empréstimo, enfim uma
verdadeira colcha de retalhos tão confusa em seus padrões que
adquire uma cor para cada olho que a contempla.
Calvinistas adventistas encontrarão base para a posição de que
aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida nunca serão
rejeitados e serão infalivelmente salvos.
Já os remonstrenses poderão afirmar que ter o nome escrito
no livro da vida do Cordeiro não dá garantia de vida eterna a
ninguém a menos que essa pessoa permaneça assim até o fim, e
sempre haverá dúvida sobre a salvação já que alguém pode não ter
tido tempo ou ter sido seduzido por Satanás a não confessar seus
últimos pecados e nesse caso ficará sem perdão e será destruído.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Uma doutrina que anula cada atributo de Elohim:
Diferentemente destas teses confusas e desconexas produzidas por
autores sem a direção do Espírito e sem compromisso algum com a
coerência, Yeshua produziu uma bela doutrina de perseverança dos
santos que se choca frontalmente com a idéia de um Elohim confuso
que parece não saber o que está fazendo. De fato a conclusão de
que o Senhor escreve no livro da vida o nome daqueles que
finalmente serão votados à morte, simplesmente para apagá-los
depois depõe contra cada atributo de Elohim.
A onisciência – Se Elohim sabe todas as coisas não há
motivo para que Ele salve, justifique e escreva no livro
da vida o nome daqueles que ele sabe que não se
salvarão.
A Onipotência – Se Elohim é onipotente e tem poder
para guardar seu povo de tropeços, não faz sentido
que ele permita que Satanás seduza e arraste alguns
deles para a perdição.
A imutabilidade – Se Elohim é imutável não faz sentido
que ele justifique e salve alguém hoje e o condene e
destrua amanhã.
A justiça: Se Elohim é justo e condenou pecado do
crente na pessoa de Yeshua, não faz sentido que ele
decida condenar aqueles sobre os quais decidiu não
imputar pecado.
A graça – Se Elohim salva somente pela graça não faz
sentido riscar do livro da vida alguém que morreu
antes de poder pedir perdão.
A longanimidade – Se Elohim é longânimo para com
seu povo, então não faz sentido que ele permita que
alguém que eles já justificou morra a morte do ímpio.
A misericórdia – Se as misericórdias de Elohim são a
causa de não sermos consumidos, não faz sentido que
essa misericórdia nos falte porque nos esquecemos de
confesar um pecado quando no Gólgota o Filho disse:
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.”
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90
Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
A doutrina da perseverança dos santos faz parte da mensagem
de nosso Adon Yeshua. Ele mesmo diz: “O que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da
vida.” (Apocalipse 3:5) A ruach ha kodesh falou a Seu povo:
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em
Yeshua Ha Maschiach.” (Romanos 8:1). Rejeitamos qualquer espírito
que proclame a possibilidade, ainda que mais remota de um salvo
vir a perder-se ou de um justificado vir a ser condenado. “Porque
todo o que é nascido de Elohim vence o mundo; e esta é a vitória que
vence o mundo, a nossa fé.” (1 Yochana/Jo 5:4). Não existe hipótese
de que os que nasceram de Elohim sejam derrotados. É certo que,
enquanto nesse mundo, teremos lutas para travar, mas “em todas
estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos
amou.” (Romanos 8:37).
O valor de ter o nome no livro da vida: A compreensão
acerca da importância de nosso nome estar no livro da vida se
estabelece por contraste. Se por um lado devemos alegrar-nos não
por que os demônios nos obedecem, mas porque nosso nome
esteja no livro da vida, pois isso é nossa única garantia de vitória,
por outro lado a submissão à besta por parte daqueles cujos nomes
não estão no livro da vida do Cordeiro é certa. O vidente de Patmos
fala do poder da besta e diz que “adoraram-na todos os que habitam
sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Apocalipse
13:8). É lamentável que os editores adventistas não manifestem a
mínima preocupação em filtrar de seus livros as contradições que
expõem a falta de harmonia nos escritos atribuídos a sua principal
fonte literária, a Sra. White, o que certamente não contribui para que
sua obra seja vista como coerente. Eles tanto deixam passar uma
frase que diz que “ninguém tem por que perder-se,” porque “todos
foram redimidos,” 157 como uma que declara algo totalmente oposto,
a saber, que os que se perderão são justamente aqueles que não
foram determinados para a vida: “A grande questão que está tão
próxima eliminará aqueles a quem Deus não designou....” 158
157
158
Ellen White, Comentário Bíblico Adventista Del Séptimo Dia, Buenos Ayres, 1994, Tom 7ª pág. 385
Ellen White, Eventos Finais, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, 1994, pág. 155,
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
As Escrituras declaram que quando a besta se levantar “os que
habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida,
desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já
não é, mas que virá.” (Apocalipse 17:8). As decisões de Elohim com
relação a salvação dos homens foram tomadas na eternidade, são
fixas e inalteráveis. No final o Rei dirá “aos que estiverem à sua
direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que
vos está preparado desde a fundação do mundo.” (Matytyahú/MT
25:34).
Aqueles dentre o adventismo que professam uma fé calvinista
lembram que sua escritora não só falou que Elohim eliminaria
aqueles que Ele não designou como também que acrescentaria à
kehilah aqueles judeus que foram antecipadamente designados para
a salvação.
“Haverá muitos conversos entre os judeus, e esses conversos
ajudarão a preparar o caminho do Senhor, e fazer no deserto caminho
direito para o nosso Deus... Nascerá uma nação em um dia. Como? Por
homens que Deus designou se converterem à verdade.” 159
Trata-se de uma nota claramente harmoniosa com a Palavra,
pois mostra que Elohim não vai simplesmente encher o vagão da
salvação destinado aos judeus com qualquer israelita, mas com uma
nação de homens designados para abraçarem a verdade.
Shaul fez questão de informar a kehilah que ela precisava ter
em mente um fato, o endurecimento de Israel contra Elohim tinha
um propósito definido, a salvação dos gentios e era limitada até ao
tempo da restauração de todas as coisas.
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que
não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte
sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim
todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E
desviará de Jacó as impiedades.” (Romanos 11:25-26)
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Ellen White, Evangelismo, Casa Publicadora Brasileira, Santo André, 1978, pág. 579.
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Capítulo I - Ellen White e os Cinco Pontos do Calvinis mo
Descrevendo as cenas do juízo final, quando a vasta multidão
de justos e ímpios se congregarem diante de Elohim e de seu trono,
o apóstolo Yochana/Jo viu que “aquele que não foi achado escrito no
livro da vida foi lançado no lago de fogo.” (Apocalipse 20:15). O reino
de Elohim foi preparado para os herdeiros da vida eterna. Na cidade
santa “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa
abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida
do Cordeiro.” (Apocalipse 21:27).
Do farolete para o farol: Que pode fazer o adventista amante
da verdade e da coerência? Voltar-se para a doutrina do Salvador
abandonando faroletes cuja luz difusa em todas as direções mais
atrapalham do que ajudam a caminhada cristã. É fato corrente entre
os adventistas que a Sra. White declarou sua obra, pomposamente
chamava de Testemunhos do Espírito de Profecia, uma luz menor
para guiar a Bíblia como a luz maior. Se entendo bem a ilustração
posso comparar a necessidade de seus livros à necessidade de uma
lanterna de pilhas na mão de um homem que se encontra do lado
oposto de uma montanha onde está localizado um farol. Enquanto
ele está subindo a montanha sua lanterna pode ser útil para evitar
um desastre na noite escura como breu, mas uma vez descendo o
outro lado, quando os raios brilhantes de um holofote já incidem
sobre seu caminho o manter a lanterna acesa seria um capricho
desnecessário.
É isso o que os adventistas deveriam entender. Jamais uma
lanterna pode iluminar um farol, e uma pessoa sensata apagará a
lanterna diante do brilho do mesmo. O problema da maioria deles,
especialmente os da plebe, já que os clérigos à muito decidiram
estabelecer sua própria teologia desvinculada das proibições e
permissões simultâneas e das afirmações e negações dos mesmos
fatos.
FIM
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