A LiAhonA Dezembro De 2009

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A LiAhonA Dezembro De 2009
A I g r e j a d e J e s u s C r i s t o d o s Sa n t o s d o s Ú l t i m o s Dia s • D e z e m b r o d e 2 0 0 9
Encontrar a Luz de
Cristo Durante o
Natal, pp. 2–17
Convite à Revelação por
Meio da Reverência, p. 26
Por Que Perguntar Por
Que Eu? p. 30
24 Tradições de Natal no
Mundo Inteiro, p. A8
Adultos
A Liahona, Dezembro de 2009
Mensagem da Primeira Presidência
2Voltar para Casa no Natal Presidente Henry B. Eyring
Mensagem das Professoras Visitantes
25Nutrir ao Prestar Serviço Caridoso
Artigos
Jovens
Artigos
16Com o Amor de Minhas Irmãs Marina Petrova
8Um Menino Nos Nasceu
18Os Dons Espirituais Concedidos ao Presidente
10Uma Dádiva de Amor Chastmier Okoro
Nossas professoras visitantes fizeram algo muito
significativo para nós no Natal.
da Estaca Élder Neil L. Andersen
Os presidentes de estaca são chamados pelo Senhor
e recebem chaves e poder espiritual para ministrar
nas áreas que presidem.
26Adorar por Meio da Reverência Élder Robert C. Oaks
Nossas atitudes e conduta demonstram nossa reverência — nosso respeito e amor pelo Senhor e nosso
desejo de honrá-Lo.
36A Bênção do Trabalho Bispo H. David Burton
O trabalho é uma bênção e um mandamento,
e o Senhor ajuda aqueles que procuram cumprir
esse mandamento.
Seções
41Vozes da Igreja
Moças levam a alegria do Natal para membro
acamado; crianças abrem mão de ganhar brin­
quedos no Natal; uma aluna presta testemunho a
seu professor; uma jovem ajuda o irmão que está
à beira da morte a cumprir uma promessa; as
ações de uma criança são a resposta para a oração
de um homem.
48Como Utilizar Esta Edição
Ideias e tópicos para a reunião familiar contidos
nesta edição.
Na capa
Capa: A Fuga, de Rose Datoc Dall, cortesia
do Museu de História da Igreja. Última Capa:
A Natividade, litogravura de Gustave Doré.
O que nos ensina a profecia de Isaías sobre
o Salvador.
Será que nossa vizinha vai aceitar o único presente
que podemos lhe dar?
12“Os Três Reis” Wendy Kenney
Quem foram os Magos que visitaram o
menino Jesus?
30Por Que Eu? Elizabeth Quigley
Tudo ia bem na minha vida, até eu saber que
tinha câncer.
Seções
24Pôster: Aleluia!
34Perguntas e Respostas
Meus pais não são membros da Igreja. Como posso
compartilhar o evangelho com eles sem ofendê-los?
Dezembro de 2009 Vol. 62 Nº 12
A Liahona 04292 059
Revista Oficial em Português de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson,
Henry B. Eyring e Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard,
Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland,
David A. Bednar, Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson
e Neil L. Andersen
Editor: Spencer J. Condie
Consultores: Keith K. Hilbig, Yoshihiko Kikuchi, Paul B. Pieper
Diretor Gerente: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
Gerentes Editoriais Assistentes: Jenifer L. Greenwood,
Adam C. Olson
Editor Associado: Ryan Carr
Editora Adjunta: Susan Barrett
Equipe Editorial: David A. Edwards, Matthew D. Flitton,
LaRene Porter Gaunt, Annie Jones, Carrie Kasten, Jennifer
Maddy, Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk,
Joshua J. Perkey, Chad E. Phares, Jan Pinborough, Richard M.
Romney, Don L. Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe,
Julie Wardell
Secretária Sênior: Laurel Teuscher
Diretor de Arte: Scott Van Kampen
Gerente de Produção: Jane Ann Peters
Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo,
Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett,
Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kim Fenstermaker,
Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Scott M.
Mooy, Ginny J. Nilson
Pré-impressão: Jeff L. Martin
Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick
Diretor de Distribuição: Randy J. Benson
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50 E. North Temple St., Salt Lake City, UT 84150-0024,
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December 2009 Vol. 62 No. 12. LIAHONA (USPS 311480) Portuguese (ISSN 1044-3347) is published monthly by
The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 50 E. North
Temple St., Salt Lake City, UT 84150. USA subscription
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Crianças
Mensagem de Natal da Primeira
Presidência para as Crianças do Mundo
O Amigo
A2Motivo de Assombro
Artigos
A4Boas Maneiras na Primária Jan Pinborough
A8O Natal no Mundo Inteiro Chad E. Phares e Shara Braithwaite
A10Natal na Praça do Templo
Capa de O Amigo
Ilustração: Jim Madsen.
Seções
A7Página para Colorir
A12Tempo de Compartilhar:
Vou-me Lembrar de
Jesus Cristo Cheryl Esplin
A14Da Vida do Profeta Joseph
Smith: Um Verdadeiro
Exemplo de Cristo
Veja se consegue
encontrar o anel
do CTR norueguês
oculto nesta
edição. Escolha a
página certa!
Comentários
O Fruto de Meus Labores
Fiquei extremamente feliz ao ver
um grupo de rapazes e moças em
frente ao Fórum Romano, na página
32 da edição de setembro de 2008
de A ­Liahona. Servi como missionário na Itália em 1971. Enquanto
fazia proselitismo em Roma, meu
companheiro e eu ensinamos dois
excelentes meninos, Alberto e Massimo De Feo, que mais tarde foram
batizados. Imaginem minha alegria ao ver Denise De Feo naquele
artigo e descobrir que ela é filha de
Massimo, que hoje é presidente da
Estaca Roma Itália. Também fiquei
sabendo que Alberto é presidente de
ramo no Canadá. Sinto-me grato ao
Senhor pelas experiências de minha
missão e por ver os frutos de Seu
evangelho.
Oscar Blanc, Argentina
Alegria para Minha Alma
Nos momentos de tristeza, costumo
abrir A L­ iahona e ler a mensagem do
profeta e dos apóstolos. Suas palavras
me proporcionam alegria e consolo
para a alma. Obrigada por esta revista!
Ela me ajuda a sentir o amor de meu
Pai Celestial e de meu Redentor Jesus
Cristo.
Maria Elsy Waltero Orjuela, Colômbia
Envie seus comentários e sugestões para
[email protected]. As cartas selecionadas
para publicação podem ser editadas por motivo
de espaço ou clareza.
M e n s a g e m
da
P r i m e i r a
P r e s i d ê n c i a
Ilustração fotográfica: Steve Bunderson; A Natividade, © Gemaldegalerie, Dresden, Alemanha/A.K.G. Berlim/Superstock; fotografia de azevinho: Lana Leishman
Voltar para
Casa no Natal
Presidente Henry B. Eyring
H
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
á uma música que aprendi quando
menino, que falava do Natal e do
lar. Estávamos em época de guerra,
e havia muitas pessoas longe de casa e da
família: um período sombrio para aqueles
que temiam não poder voltar a reunir-se
com seus entes queridos nesta vida.
Lembro-me dos sentimentos que
tive sobre o lar e a família, ao
passar por uma casa, a caminho da escola, na época do
Natal e ver uma pequena
bandeira com uma estrela
de ouro pendurada na
janela. Era a casa de uma
colega da escola. O irmão
dela, pouco mais velho
que eu, tinha sido morto
na guerra. Eu conhecia os
pais dele e senti parte do que
eles sentiram. Depois da aula,
ao voltar para minha casa, ansiei
com gratidão pela alegre recepção que
eu sabia me aguardar ali.
Ao ligar o rádio de nossa sala de estar, na
época do Natal, ouvi mensagens e músicas
que ainda ecoam em minha mente. Alguns
versos daquela música me encheram o
coração com um grande desejo de estar com
minha família. Eu morava com meus pais
e irmãos num lar feliz, por isso sabia que
aquele desejo se referia a algo mais do que
uma casa ou uma vida em família, dos quais
eu já desfrutava. Referia-se a um lugar e a
uma vida futura, ainda melhores do que os
que eu conhecia ou imaginara.
O verso da música de que mais
me lembro dizia: “Voltarei para
casa no Natal / Ainda que
só em meus sonhos”. 1 A
casa na qual eu enfeitava
a árvore de Natal com
minha mãe e meu pai
naqueles dias felizes da
minha infância ainda
existe, praticamente
inalterada. Há poucos
anos, voltei para lá e bati
na porta. Pessoas desconhecidas vieram atender. Permitiram que eu entrasse na sala
em que outrora havia um rádio e
onde nossa família se reunia ao redor da
árvore de Natal.
Dei-me conta de que o desejo de meu
coração não se referia a estar em uma casa,
mas sim, a estar com minha família. Era o
desejo de ser envolvido pelo amor e pela Luz
Graças ao Salvador,
temos a certeza de
que poderemos voltar
para casa — não
apenas no Natal,
mas também para
viver para sempre
com uma família
cujos membros amamos e que se amam
mutuamente.
A Liahona Dezembro de 2009
3
Mesmo nesta vida, podemos ter certeza de que esse
dia chegará e sentir parte da alegria que conheceremos
quando por fim chegarmos em casa. A comemoração do
nascimento do Salvador no Natal nos dá a oportunidade
especial de sentir essa alegria nesta vida.
de Cristo, ainda mais do que sentíamos em nossa pequena
família, no lar de minha infância.
Anseio pelo Amor Eterno
O anseio que todos temos no coração, na época do
Natal e em todas as ocasiões, é o de estarmos unidos
em amor com a serena garantia de que isso pode durar
para sempre. Essa é a promessa de vida eterna, que Deus
chamou de o maior de todos os Seus dons (ver D&C 14:7).
Isso se tornou possível graças à dádiva de Seu Amado
Filho e os consequentes dons do nascimento do Salvador,
de Sua Expiação e Ressurreição. Graças à vida e missão do
Salvador temos a certeza de que poderemos estar reunidos
em amor e viver para sempre com nossa família.
Esse sentimento de anseio pelo lar já nasce conosco.
Esse sonho maravilhoso não pode tornar-se real sem que
exerçamos muita fé, uma fé suficiente para que o Espírito
Santo nos conduza ao arrependimento, ao batismo e à realização e cumprimento de convênios sagrados com Deus.
Essa fé exige corajosa perseverança diante das provações
da vida mortal. Depois, na vida futura, seremos recebidos
com amor pelo Pai Celestial e Seu Amado Filho nesse lar
de nossos sonhos.
4
Muitos de nós perdemos entes queridos. Às vezes, estamos cercados por pessoas que desejam destruir nossa fé
no evangelho e nas promessas de vida eterna do Senhor.
Alguns sofrem devido a enfermidades e pobreza. Outros
têm contendas na família ou não têm família alguma. Mas
podemos convidar a Luz de Cristo para que brilhe sobre
nós e sentir parte das alegrias prometidas que nos estão
reservadas.
Quando nos reunirmos naquele lar celestial, estaremos cercados por pessoas que receberam o perdão
de todos os pecados e que se perdoaram umas às
outras. Podemos experimentar parte dessa alegria
agora, especialmente ao lembrar e celebrar as dádivas
que o Salvador nos concedeu. Ele veio ao mundo para
ser o Cordeiro de Deus e pagar por todos os pecados
que os filhos de Seu Pai cometeram na mortalidade,
para que sejam perdoados. No Natal, sentimos um
desejo maior de lembrar e ponderar as palavras do
Salvador. Ele nos advertiu dizendo que não podemos
ser perdoados a menos que perdoemos aos outros (ver
Mateus 6:14–15). Geralmente, isso é muito difícil; por
isso, precisamos orar e pedir ajuda. Esse auxílio para
que consigamos perdoar geralmente vem quando nos
é permitido ver que causamos tanto sofrimento quanto
recebemos, ou mais.
Quando agimos de acordo com a oração que fizemos, pedindo forças para perdoar, sentimos um fardo
ser retirado das costas. Os ressentimentos são um fardo
pesado de carregar. Ao perdoarmos, sentimos a alegria de ser perdoados. Neste Natal, vocês podem dar
e receber a dádiva do perdão. O sentimento de felicidade que teremos será um vislumbre do que vamos
sentir quando nos reunirmos no lar eterno pelo qual
ansiamos.
O Anúncio do Nascimento de Cristo aos Pastores, de Del Parson
Encontrar a Alegria Prometida
Sentir a Alegria de Doar
Há outro vislumbre desse futuro lar feliz
que ocorre mais facilmente na época do Natal.
É o sentimento de doar com um coração
generoso. Isso acontece quando nos preocupamos mais com as necessidades das pessoas do que com as nossas, e compreendemos
o quão generoso Deus tem sido conosco.
Isso nos ajuda a perceber, no Natal, a
bondade que há nas pessoas. Quantas vezes
já deixamos um presente junto a uma porta,
esperando não ser notados para, então,
descobrir que já havia mais de um presente
anônimo ali? Vocês já sentiram, como eu
senti, a inspiração de ajudar alguém para,
então, descobrir que foram inspirados a dar
justamente o que a pessoa mais precisava
naquele exato momento? Essa é uma confirmação maravilhosa de que Deus conhece
todas as nossas necessidades, e de que Ele
conta conosco para atender às necessidades
das pessoas ao nosso redor.
Deus nos envia essas mensagens com
mais confiança no Natal, sabendo que atenderemos ao Seu chamado, porque nosso
coração está mais sensível ao exemplo do
Salvador e às palavras de Seus servos. No
Natal, é mais provável que tenhamos lido
recentemente as palavras do rei Benjamim
e nos sintamos tocados por elas. Ele ensinou ao seu povo, e a nós também, que a
incomparável dádiva do perdão que recebemos deve levar-nos a sentir, em relação aos
outros, uma generosidade transbordante:
“E eis que, mesmo agora, haveis invocado seu nome e suplicado a remissão de
vossos pecados. E permitiu ele que pedísseis em vão? Não. Ele derramou sobre vós
o seu Espírito e fez com que se enchesse
de alegria o vosso coração e fez com que
se fechasse a vossa boca para que não vos
pudésseis exprimir, tão grande era a vossa
alegria.
Ora, se Deus, que vos criou, de quem
depende vossa vida e tudo o que tendes e
sois, concede-vos todas as coisas justas que
pedis com fé, acreditando que recebereis, oh!
então, quanto mais não deveríeis repartir os
vossos bens uns com os outros!
E se julgais o homem que pede de vossos
bens para não perecer e o condenais, quanto
mais justa será a vossa condenação por
reterdes vossos bens, que não pertencem a
vós, mas a Deus, a quem também vossa vida
pertence; e, contudo, nada pedis nem vos
arrependeis daquilo que haveis feito.
Digo-vos: Ai de tal homem, porque os
seus bens perecerão com ele! E agora digo
estas coisas aos que são ricos no que toca às
coisas deste mundo” (Mosias 4:20–23).
Vocês já sentiram a alegria de prestar
auxílio e de recebê-lo. Essa alegria nesta vida
é um vislumbre do que sentiremos na vida
futura, se formos generosos devido a nossa fé
em Deus. O Salvador é nosso grande exemplo. No Natal, vemos novamente quem Ele é,
e a generosidade que teve conosco ao vir a
este mundo para ser nosso Salvador.
Como Filho de Deus, nascido de Maria,
Ele tinha capacidade de resistir a todas as
tentações. Viveu uma vida perfeita para que
pudesse ser o sacrifício infinito, o Cordeiro
imaculado que havia sido prometido desde
a fundação do mundo (ver Apocalipse 13:8).
Sofreu a agonia da culpa dos nossos pecados
e dos de todos os filhos do Pai Celestial, para
que pudéssemos ser perdoados e voltar para
casa limpos.
Concedeu-nos essa dádiva a um
preço inimaginável. Era uma dádiva
da qual não necessitava para Si mesmo,
pois não precisava de perdão. A alegria e
O
Salvador é
nosso grande
exemplo. No
Natal, vemos novamente quem Ele é e
a generosidade que
teve conosco ao vir a
este mundo para ser
nosso Salvador.
gratidão que hoje sentimos por Sua dádiva
serão magnificadas e perdurarão para sempre, quando O honrarmos e adorarmos em
nosso lar celestial.
O Natal nos faz lembrar-nos Dele e de Sua
infinita generosidade. A lembrança de Sua
generosidade nos ajudará a sentir e a seguir
a inspiração de que há pessoas que precisam
de nossa ajuda, e fará com que vejamos a
mão de Deus estendida para nós quando Ele
enviar alguém para socorrer-nos, como Ele
frequentemente o faz. Há alegria em oferecer
e receber a generosidade inspirada por Deus,
especialmente no Natal.
Abençoados com Sua Luz
Há outro vislumbre do céu que se torna
mais fácil de ver no Natal. Trata-se da luz.
O Pai Celestial usou a luz para anunciar o
nascimento de Seu Filho, nosso Salvador
(ver Mateus 2; 3 Néfi 1). Uma nova estrela
se tornou visível tanto no hemisfério oriental quanto no ocidental. Ela guiou os Magos
até o menino em Belém. Mesmo o iníquo
rei Herodes reconheceu o sinal e o temeu,
porque era iníquo. Os Magos regozijaram-se
com o nascimento de Cristo, que é a Luz e a
Vida do Mundo. Três dias de luz sem trevas foi o sinal dado por Deus, anunciando
6
Ilustração: Paul Mann
L
embramos
no Natal não
apenas a luz
que anunciou o nascimento de Cristo
no mundo, mas
também a luz que
Dele emana. Muitas
testemunhas confirmam a existência
dessa luz.
o nascimento de Seu Filho aos
descendentes de Leí.
Lembramos no Natal não apenas a luz que anunciou o nascimento de Cristo no mundo, mas
também a luz que Dele emana.
Muitas testemunhas confirmam a
existência dessa luz. Paulo testificou que a viu no caminho para
Damasco.
“Vi no caminho uma luz do
céu, que excedia o esplendor do
sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos
que iam comigo.
E, caindo nós todos por terra, ouvi uma
voz que me falava, e em língua hebraica
dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões.
E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues”
(Atos 26:13–15).
O menino Joseph Smith testificou que viu
uma luz maravilhosa num bosque em Palmyra, Nova York, no início da Restauração:
“Exatamente nesse momento de grande
alarme, vi um pilar de luz acima de minha
cabeça, mais brilhante que o sol, que descia
gradualmente sobre mim.
Assim que apareceu, senti-me livre do
inimigo que me sujeitava. Quando a luz
pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo
esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles
falou-me, chamando-me pelo nome, e disse,
apontando para o outro: Este é Meu Filho
Amado. Ouve-O!” ( Joseph Smith—História
1:16–17).
Essa luz será visível em nosso lar celestial.
Ela nos proporcionará alegria. Mas fomos
abençoados nesta vida com parte dessa
Ideias para Ensinar Usando
Essa Mensagem
maravilhosa experiência, por meio da Luz de Cristo. Toda
pessoa que nasce no mundo recebe essa luz como dádiva
(ver Morôni 7:16). Pensem nos momentos em que vocês
tiveram uma experiência que os tornou testemunhas de
que a Luz de Cristo é real e preciosa. Vocês reconhecerão
nesta escritura maravilhosamente confirmadora que foram
guiados por essa luz:
“E aquilo que não edifica não é de Deus e é trevas.
Aquilo que é de Deus é luz; e aquele que recebe luz
e persevera em Deus recebe mais luz; e essa luz se torna
mais e mais brilhante, até o dia perfeito.
E (…) digo para que conheçais a verdade, para que
afugenteis as trevas do meio de vós” (D&C 50:23–25).
Num mundo que se enche de trevas devido a imagens
malignas e mensagens enganadoras, vocês foram abençoados por reconhecer mais facilmente os lampejos de
luz e verdade. Vocês aprenderam por si mesmos que a
luz fica mais brilhante se vocês a receberem com alegria.
Ela se tornará ainda mais brilhante e radiante até o dia
perfeito em que estaremos na presença da Fonte da luz.
Essa luz é mais fácil de discernir no Natal, quando estamos mais propensos a orar para saber o que Deus deseja
que façamos, mais propensos a ler as escrituras e muito
mais aptos a trabalhar a serviço do Senhor. Quando perdoamos e somos perdoados, quando erguemos as mãos
que pendem (ver D&C 81:5), somos nós mesmos elevados, ao mover-nos em direção à Fonte da luz.
Lembrem-se de que o Livro de Mórmon descreve uma
época gloriosa em que os fiéis discípulos do Salvador
refletiram Sua luz para que outros a vissem (ver 3 Néfi
19:24–25). Usamos luzes para comemorar a época do
Natal. Nossa adoração ao Salvador e o serviço que prestamos a Ele trazem luz para nossa vida e para aqueles que
nos cercam.
Podemos seguramente estabelecer a meta de tornar este
Natal mais brilhante do que o do ano passado e de torná-lo
ainda mais brilhante a cada ano. As provações da mortalidade podem aumentar em intensidade, mas para nós as
trevas não devem aumentar se fixarmos o olhar com mais
intento na luz que flui para nós, ao seguirmos o Mestre.
Ele vai guiar-nos e ajudar-nos ao longo do caminho que
A
o preparar-se para ensinar usando essa mensagem,
não deixe de buscar a orientação do Espírito Santo a
fim de que Ele possa ajudá-lo a adaptar sua abordagem
às necessidades das pessoas que for ensinar. Você pode
usar as seguintes ideias:
1. Ao ler o segmento “Anseio pelo Amor Eterno”, você
sente dentro de si um anseio por seu lar eterno? Troque
ideias sobre as coisas que você está fazendo para preparar-se para voltar para aquele lar.
2. O segmento “Encontrar a Alegria Prometida” o
ajuda a saber como encontrar alegria nesta vida? Troque
ideias sobre o que podemos fazer para encontrar alegria
hoje, em nosso dia-a-dia.
3. No segmento “Sentir Alegria ao Doar” aprendemos
a respeito das dádivas incomparáveis do Salvador que
permitem que tenhamos vida eterna. Troque ideias sobre
o que podemos doar para ajudar as pessoas a também
receber essa dádiva.
4. Como a mensagem do Presidente Eyring nos
ajuda a ver o que podemos fazer para ser mais
receptivos à luz oferecida pelo
Salvador e compartilhá-la com
nossos familiares e
outras pessoas?
conduz para o alto, rumo ao lar pelo qual ansiamos.
Há momentos, geralmente no Natal, em que sentimos
parte do que sentiremos quando finalmente voltarmos
ao lar, para junto de nosso Pai que nos ama e responde
a nossas orações, e para junto do Salvador que iluminou
nossa vida e nos elevou.
Testifico-lhes que, graças a Ele, temos a certeza de que
poderemos voltar para casa — não apenas no Natal, mas
também para viver para sempre com uma família cujos
membros amamos e que se amam mutuamente. ◼
Nota
1. James “Kim” Gannon, “I’ll Be Home for Christmas” (1943).
A Liahona Dezembro de 2009
7
Um Menino
Nos
Nasceu
“Porque um menino nos nasceu,
ários séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, o profeta Isaías registrou as coisas que
lhe foram reveladas a respeito
da vinda de Cristo. Uma dessas
profecias, que se encontra em
Isaías 9:6, revela-nos em poucas
palavras um grande tesouro de
conhecimento sobre o Salvador
e o papel que Ele desempenha
em nossa vida e no plano do
Pai Celestial. Seguem-se algumas explicações dos conceitos
expressos nesse versículo.
Um Menino Nos Nasceu, um Filho
Se Nos Deu
O Salvador foi revelado a Adão, o
um filho se nos deu, e o
primeiro homem, como o Filho Unigênito
principado está sobre os seus
62). Desde aquela época, todos os santos
ombros, e se chamará o seu nome:
Maravilhoso, Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
O antigo profeta Isaías
previu a vinda do Messias e
revelou muito a respeito dos
papéis que Ele desempenharia.
8
V
de Deus (ver Moisés 5:7, 9; 6:52, 57, 59,
profetas testificaram a respeito da vinda
do Filho de Deus na carne para redimir
Seu povo (ver Atos 10:43; Jacó 4:4).
Qual o significado do nascimento de Cristo?
O anjo que anunciou aos pastores o nascimento do Salvador declarou “novas de
grande alegria, que será para todo o povo” (Lucas 2:10).
Quando Néfi teve a visão da virgem Maria segurando o bebê Jesus no colo, foi ins-
pirado a declarar “o amor de Deus, que se derrama no coração dos filhos dos homens”
(1 Néfi 11:22).
O próprio Salvador declarou: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu
o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16).
O Governo Está sobre Seus Ombros
A partir da esquerda: fundo de céu © Digital Vision; O Profeta Isaías Prediz o Nascimento de Cristo, de Harry
Anderson; Um Menino Nos Nasceu, de Simon Dewey, cortesia de Altus Fine Art; fundo de céu por Steve Tregeagle
Na antiga Israel, os sacerdotes e reis eram vestidos com um
Pai da Eternidade
“Jeová, que é Jesus Cristo, o Filho de Eloim, é chamado de ‘o
manto e exibiam a insígnia de seu cargo no ombro (ver Isaías
Pai’, e até de ‘o próprio Pai Eterno’ do céu e da Terra (ver Mosias
22:21–22). Jesus Cristo, o Filho de Deus, agia como “tendo autori-
16:15). Com significado análogo, Jesus Cristo é chamado de ‘Pai
dade” (Mateus 7:29). Ele vai reinar como Rei dos reis e Senhor dos
da Eternidade’ (Isaías 9:6; comparar com 2 Néfi 19:6). (…) Jesus
senhores, durante o Milênio, quando “[reinará] aquele cujo direito é
Cristo, sendo o Criador, é constantemente chamado de Pai do céu
reinar” (D&C 58:22; ver também Regras de Fé 1:10).
e da Terra (…); e como Suas criações têm qualidade eterna, Ele é
muito adequadamente chamado de Pai Eterno do
Maravilhoso Conselheiro
A palavra maravilhoso deriva de uma palavra hebraica que significa “milagre”, sugerindo tanto o milagroso nascimento do Messias
quanto os milagres que Ele realizaria durante Sua vida. A palavra
conselheiro tem a ver com os mandamentos e ensinamentos que o
Messias traria para guiar-nos de volta à presença do Pai Celestial.
Como disse o profeta Jacó, do Livro de Mórmon: “[O Senhor]
aconselha com sabedoria e justiça e grande misericórdia em todas
céu e da Terra.”
“The Father and the Son: A Doctrinal Exposition by the First
Presidency and the Quorum of the Twelve Apostles” [O Pai e
o Filho, Exposição Doutrinária pela Primeira Presidência e o
Quórum dos Doze Apóstolos], E
­ nsign, abril de 2002, p. 13;
extraído de Improvement Era, agosto de 1916, pp. 934–942.
Príncipe da Paz
“Talvez estejamos nos desviando do caminho que leva à paz e
as suas obras” (Jacó 4:10).
percebamos ser necessário parar, ponderar e refletir sobre os ensi-
Deus Forte
nossos pensamentos e ações, viver a lei maior, caminhar por uma
“Acreditem em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o maior personagem deste mundo e da eternidade. Acreditem que Sua vida incomparável remonta à época em que o mundo foi criado. Acreditem
que Ele foi o Criador da Terra em que vivemos. Acreditem que Ele
foi o Jeová do Velho Testamento, que Ele foi o Messias do Novo
Testamento, que Ele morreu e ressuscitou, (…) e que Ele vive, o
Filho vivo do Deus vivo, nosso Salvador e Redentor.”
namentos do Príncipe da Paz e tomar a decisão de incorporá-los a
estrada mais elevada e ser melhores discípulos de Cristo.”
Presidente Thomas S. Monson, “Encontrar a Paz”, A L­ iahona, março
de 2004, p. 3.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como
o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”
(João 14:27). ◼
“Não Sejais Incrédulos”, A Liahona, abril de 1990, p. 2.
A Liahona Dezembro de 2009
9
Ela não gostava de nos ouvir cantar. Então,
por que estávamos diante da porta da casa
dela na véspera de Natal, prontos para
oferecer-lhe um presente de música?
Chastmier Okoro
D
epois que a empresa de refeições de meu pai faliu,
minha família enfrentou graves dificuldades financeiras. Lembro-me de minha mãe voltar para casa com
lágrimas nos olhos, sem querer contar-nos o que havia de
errado, mesmo depois de eu ter-lhe perguntado qual era o
problema. Pouco depois, tivemos de nos mudar para um
apartamento de um quarto, porque era tudo o que podíamos pagar.
Antes disso, o Natal sempre tinha sido uma época
de muita comida, roupas novas, festas, visitas a lugares
interessantes e troca de presentes. Minha mãe tinha muita
habilidade em ser a “Mamãe Noel”, como costumávamos
chamá-la. Ela adorava dar presentes e, no Natal, presenteava com entusiasmo e amor as pessoas a seu redor. À
medida que fomos crescendo, passamos também a desenvolver a característica de pensar mais nos outros do que
em nós mesmos.
Mas naquele ano não sabíamos o que fazer. Minha mãe
ficou preocupada, pois aquele seria o primeiro Natal que
passaríamos numa casa que não era nossa. Preocupava-se
por não conseguir pensar em nada com que pudesse
presentear as pessoas. No entanto, nós a incentivamos,
porque sabíamos que poderíamos, a nosso modo, fazer
alguma coisa para espalhar o espírito do Natal.
Mesmo assim, mal conseguíamos nos sustentar e
também tínhamos dificuldade para manter a paz em
nossa nova vizinhança. Nossa senhoria não era cristã e
estava irritada conosco porque sempre a acordávamos
bem cedo pela manhã, quando fazíamos a oração familiar
10
e cantávamos hinos. Nosso canto sempre a despertava
porque o quarto dela era colado ao nosso. Ela sempre
reclamava, por isso procurávamos cantar bem baixinho,
para não incomodá-la. Quando viu que não iríamos parar
de fazer as orações familiares pela manhã, aos poucos foi
deixando de reclamar.
Então, meu pai teve uma ideia. Sentiu que deveríamos
cantar hinos de Natal para nossa senhoria, como nosso
presente para ela. Todos ficaram entusiasmados com a
ideia, menos eu. Eu me opus com veemência, lembrando
a todos as reclamações que ela fazia por causa das orações
de nossa família. Sugeri que cantássemos para alguém que
apreciasse nosso presente, e não para ela.
Mas meu pai insistiu, explicando que isso seria uma
forma de mostrarmos a ela que éramos amigos, apesar
de sermos de outra religião. Não tive escolha a não ser
unir-me à família na seleção e ensaio dos hinos que cantaríamos para ela.
Na véspera de Natal, fomos até o apartamento dela e
batemos na porta. Ela não abriu, e eu já estava prestes a
ficar com raiva e a dizer a meu pai que aquilo tinha sido
uma perda de tempo. Mas ao olhar em volta, vi que todos
da família estavam sorrindo. Todos estavam contentes com
o que estávamos fazendo. Tive o desejo de sentir o que
eles sentiam.
Por fim, a senhoria atendeu à porta e, por um momento,
ficou sem saber o que fazer. Meu pai explicou-lhe calmamente que gostaríamos muito de cantar para ela e, que se
ela permitisse, gostaríamos de entrar em seu apartamento.
Ela abriu a porta e nos convidou a entrar. Cantamos todos
os hinos de Natal que sabíamos, tanto os que havíamos
ensaiado quanto os que não havíamos ensaiado. Em pouco
tempo, um sentimento maravilhoso preencheu toda a sala.
Embora eu soubesse que ela talvez não compreendesse o
significado das palavras, ela ficou sorrindo enquanto cantávamos. Também nos disse que estava se sentindo solitária e
Ilustração: Dilleen Marsh
Uma Dádiva
de Amor
que ao ver-nos todos juntos ali sentiu saudades da
própria família. Antes de sair, desejamos a ela um
bom Natal e um feliz Ano Novo. Ela nos agradeceu, e
voltamos para nosso apartamento.
Quando eu estava tentando pegar no sono naquela
noite, pensei no que havia acontecido. Dei-me conta de
que um verdadeiro presente de Natal não precisa ser
comprado em uma loja ou mesmo feito em casa.
Na verdade, o importante é a atitude e o desejo que
temos de fazer o que pudermos para tornar nosso
semelhante feliz. Compreendi que o melhor presente que podemos dar no Natal não depende de
dinheiro, mas sim, deve ser uma dádiva de amor.
Naquela noite, minha família havia sentido o
espírito de Natal oferecendo um pequeno ato de
serviço para uma vizinha solitária. ◼
Os Magos são uma parte importante do
presépio tradicional, mas o que realmente
sabemos a respeito deles?
Wendy Kenney
J
á observaram de perto um presépio e se perguntaram quem seriam aqueles três homens bem vestidos
trazendo presentes ao menino Jesus? Sabemos, é
claro, que eles representam os três reis Magos, mas quem
exatamente foram eles? Por que estavam visitando Jesus e
por que Lhe traziam presentes tão incomuns?
O relato que as escrituras fazem do nascimento do
Salvador pouco revelam a respeito dos Magos (ver
Mateus 2). Mas como sua visita foi tão importante, os
estudiosos tentaram ao longo dos séculos descobrir
informações sobre sua origem e o propósito de sua visita
ao Cristo menino. Embora alguns detalhes tenham sido
revelados pela investigação de estudiosos, muito do que
o mundo cristão acredita tradicionalmente a respeito dos
magos se baseia mais em mitos e especulação do que em
fatos históricos.
É isto que sabemos:
12
Quantos Eram os Magos?
Reza a tradição que havia três homens que visitaram
o menino Jesus, crença decorrente do fato de ter havido
três presentes: ouro, incenso e mirra. Presume-se que cada
homem tenha levado um presente. Alguns estudiosos,
porém, acreditam que pode ter havido mais Magos, talvez
até doze. 1 O Bible Dictionary [Dicionário Bíblico] explica-nos que, como os Magos foram essencialmente testemunhas do nascimento do Salvador, deve ter havido pelo
menos dois ou três (ver Deuteronômio 19:15; II Coríntios
13:1; D&C 6:28). 2
A crença de que os Magos eram reis origina-se em passagens do Velho Testamento nas quais é predito que reis
visitariam o Senhor. Isaías 49:7 diz: “Os reis o verão, e se
levantarão” e Isaías 60:10 declara: “Os seus reis te servirão”
(ver também Salmos 72:10).
Os estudiosos encontraram outros registros que
chamam os Magos de reis. Os escritos de Marco Polo,
do século XIII, contêm um relato da Cidade de Sabá, na
Pérsia, a respeito de três reis que levaram ouro, incenso e
mirra com eles em uma viagem que empreenderam para
“Os
Três
”
Reis
visitar um profeta recém-nascido. De acordo com o registro de Marco Polo, eles se chamavam Gaspar, Melquior e
Baltazar, nomes que geralmente associamos aos Magos
hoje em dia. 3
Ilustrações: Paul Mann
Origem do Termo Magos
O termo Magos, conforme usado na versão do Rei
Jaime da Bíblia, foi traduzido da palavra grega magoi.
Magoi, que geralmente aparece como Magos em português, na verdade é uma palavra de origem persa que se
refere aos sacerdotes da antiga religião da Pérsia. Devido
ao uso da palavra Magos, alguns estudiosos acham que
os Magos provavelmente eram sacerdotes de uma seita
religiosa persa. No entanto, o Élder Bruce R. McConkie
(1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou o seguinte em sua obra Doctrinal New Testament
Commentary: “A suposição de que eles eram membros
do culto religioso apóstata dos Magos da antiga Média
e Pérsia é provavelmente falsa. Em vez disso, seria mais
provável tratar-se de profetas verdadeiros, pessoas justas
como Simeão, Ana e os pastores, a quem Deus revelou que o Messias prometido havia nascido entre os
homens”. 4
Do Oriente?
Teriam os Magos vindo do Oriente, como afirma o
hino de Natal “We Three Kings of Orient Are” [Somos
Três Reis do Oriente]? 5 O termo Oriente, usado em
Mateus, provavelmente se referia ao termo mais comum
Leste. Tudo o que ficava a leste da Palestina era exoticamente chamado de Oriente. A utilização de Mateus de
uma localização genérica “oriente” pode simplesmente
indicar que ninguém sabia ao certo de onde teriam
vindo os Magos. 6
Alguns estudiosos citam Salmos 72:10 como prova de
que esses homens vinham de regiões que hoje correspondem à Espanha, Etiópia e Arábia Saudita: “Os reis de
A Liahona Dezembro de 2009 13
Társis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sabá e de
Seba oferecerão dons”. Outros acreditam que os Magos
eram da Pérsia (atual Irã) e podem ter sido judeus, já
que muitas pessoas de origem judaica moravam naquela
região, na época. 7
o menino Jesus e Sua mãe, Maria. “E, entrando na casa,
acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se,
o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe
dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
Quando os Magos Visitaram Jesus?
Por que os Magos deram a Jesus presentes tão
incomuns? A maioria dos estudiosos concorda que os
presentes eram simbólicos. O ouro significava a realeza de Jesus; o incenso, Sua divindade; a mirra, Seu
sofrimento e morte, já que a mirra era uma substância
utilizada para perfumar o corpo da pessoa falecida antes
do sepultamento. 8
As pinturas da Natividade [presépio] tradicionalmente
mostram os Magos adorando um recém-nascido, como se
a visita tivesse acontecido logo depois do nascimento do
Salvador. As escrituras, porém, revelam que os Magos não
estavam presentes no nascimento de Jesus no estábulo
ou quando Ele era bebê. Na verdade, os Magos visitaram
14
Os Presentes dos Magos
Avisados por Deus
Quando Herodes encaminhou os Magos para Belém,
ele lhes disse: “Quando o achardes, participai-mo, para
que também eu vá e o adore” (Mateus 2:8). No entanto,
de acordo com o relato de Mateus, os Magos foram
“por divina revelação avisados em sonhos para que não
voltassem para junto de Herodes, [e] partiram para a
sua terra por outro caminho” (Mateus 2:12). Herodes
ficou furioso, não apenas porque os Magos ignoraram
sua ordem, mas também porque aparentemente havia,
então, uma criança em Belém que um dia governaria a
nação.
Notas
1. Ver John A. Tvedtnes, “What Do We Know about the Wise Men?”
[O Que Sabemos sobre os Magos do Oriente?] Insights: An Ancient
Window (boletim informativo da Foundation for Ancient Research
and Mormon Studies/FARMS), dezembro de 1998.
2. Ver Bible Dictionary, “Magi”, p. 728.
3. Ver John A. Tvedtnes, “I Have a Question” [Posso Fazer uma
Pergunta?], ­Ensign, outubro de 1981, pp. 25–26.
4. Bruce R. McConkie, Doctrinal New Testament Commentary, 3 vols.
(1966–1973), vol. 1, p. 103.
5. John Henry Hopkins Jr., “We Three Kings of Orient Are” [Somos Três
Reis do Oriente] (1857).
6. Ver Raymond E. Brown, The Birth of the Messiah [O Nascimento do
Messias], 1977, p. 168.
7. Ver John A. Tvedtnes, E
­ nsign, outubro de 1981, p. 25.
8. Ver John A. Tvedtnes, E
­ nsign, outubro de 1981, p. 25.
9. Bible Dictionary, “Magi”, pp. 727–728.
A Serviço do Senhor
O Bible Dictionary resume
eficazmente nossas crenças
a respeito dos Magos: “Eram
homens justos enviados com a
tarefa de servir de testemunhas
da presença do Filho de Deus
na Terra. (…) Parece provável
que fossem representantes de
um ramo do povo do Senhor
em algum lugar a leste da Palestina, que vieram, guiados pelo
Espírito, ver o Filho de Deus
e que voltaram para seu povo
para prestar testemunho de que
o Rei Emanuel havia realmente
nascido na carne”. 9 ◼
Dádivas do Coração
que doemos do tesouro de nosso coração : ‘Eis que
“Quando O encontrarmos, estaremos preparados
como estavam os Magos da antiguidade, para dar- o Senhor requer o coração e uma mente solícita’
Lhe presentes tirados de nossos muitos tesouros? Eles (D&C 64:34)”.
O presentearam com ouro, incenso e mirra. Não são
Presidente Thomas S. Monson, “The Search for Jesus”,
Tambuli, junho de 1991, pp. 5–6.
esses os presentes que Jesus pede de nós. Jesus pede
A Liahona Dezembro de 2009 15
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16
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M a r i n a P e t r o va
uanto mais o Natal se aproximava, mais triste
ficava meu coração. Em novembro, nem meu
marido nem eu tínhamos um emprego regular.
Eu pagava o aluguel, a luz e o telefone com minha
minguada renda, e meu marido pagava as prestações
do carro com seu salário cada vez menor. O restante
do dinheiro mal dava para nos sustentar. Com a chegada de dezembro, surgiu mais trabalho e voltamos
à rotina normal, mas só receberíamos em janeiro.
Nessa situação, até um jantar de Natal estava fora
de questão.
“Tudo vai dar certo”, disse para mim mesma.
Em junho, meu marido havia apanhado
muitas framboesas e tínhamos feito geleia.
Teríamos panquecas e geleia e faríamos
nossos próprios presentes. Mas quando
nossas três filhas (6, 8 e 14 anos)
começaram alegremente a decorar a
casa com as guirlandas que
tinham feito e passaram a
comentar sobre os presentes
que ganhariam dos pais no
Natal, meu coração se encheu
de tristeza.
Certa noite, minhas professoras
visitantes apareceram para uma
visita inesperada. Não tenho irmãos
nem irmãs, por isso minhas irmãs
da Sociedade de Socorro do
ramo, especialmente minhas professoras visitantes, tornaram-se verdadeiramente minhas irmãs. Naquela noite, elas
ensinaram uma lição interessante e depois começamos a
conversar sobre o feriado que se aproximava. Garanti-lhes
que tudo estava bem, mas disse que teríamos um Natal
bem “econômico”. Elas me asseguraram que orariam por
nossa família.
Certo dia, quando meu marido foi me buscar no
trabalho, ele me disse que todos em casa me esperavam
impacientemente. Uma irmã de nosso ramo havia deixado algumas caixas. Quando as abrimos, vimos que elas
continham todas as coisas gostosas típicas do Natal: frutas,
biscoitos, doces, outros alimentos, decorações e presentes
carinhosamente embrulhados. Meus olhos se encheram de
lágrimas de gratidão. Mas isso não era tudo. A família de
uma de minhas professoras visitantes surpreendeu-nos na
manhã de Natal com uma caixa cheia de presentes.
No final, nosso Natal “econômico” foi especialmente
repleto de alegria. Nossa casa se encheu não apenas com
o espírito de Natal, mas também com o calor humano e
amor de minhas professoras visitantes e de outros membros de nosso ramo. Compreendi que o Senhor realmente
atende a nossas necessidades, quase sempre por intermédio de outras pessoas, especialmente as que Ele chamou e
inspirou para zelar por nós e cuidar de nós. ◼
“Deus
realme
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79, p
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buli,
Ilustração: Gregg Thorkelson
“Estamos bem”, assegurei a minhas
professoras visitantes. Ainda assim, o
serviço que elas prestaram no Natal foi
extremamente útil.
A Liahona Dezembro de 2009 17
Élder Neil L. Andersen
Do Quórum dos Doze Apóstolos
O
chamado do presidente da estaca é
uma experiência sagrada e espiritual.
Sob a direção da Primeira Presidência,
são as Autoridades Gerais e os Setentas de
Área que têm o encargo de cumprir a responsabilidade de fazer o chamado. Nos 16 anos
que servi como Autoridade Geral, fiz esse
chamado em muitas culturas e continentes:
da América do Norte à América
do Sul, da Europa à Ásia.
Em cada experiência,
valorizei imensamente dois ensinamentos que recebi em minhas primeiras
semanas como Autoridade Geral. Um
do Presidente Thomas S. Monson: “Quando
estiver a serviço do Senhor, você terá o direito
de receber ajuda Dele”. E outro do Presidente
Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos
Doze Apóstolos: “Haverá ocasiões, em seu
ministério, em que você fará uma pergunta ao
Senhor através do véu e receberá uma resposta
Os Dons Espirituais
Conheci centenas
de presidentes de
estaca. São homens
bem-sucedidos e
íntegros. São cheios
de fé, com o desejo
inabalável de agradar ao Senhor.
18
imediata”. Em todas as ocasiões, essas duas
promessas foram cumpridas.
A experiência de chamar um presidente
de estaca é sempre a mesma e, no entanto, é
sempre diferente. É a mesma no sentido de
que as duas Autoridades Gerais ou os dois
Setentas de Área que são enviados sentem
que dependem imensamente do Senhor,
e que cada um precisa receber a mesma
inspiração antes de fazer o chamado. O
Espírito do Senhor sempre acompanha
vigorosamente e confirma o processo de
seleção. E é diferente porque o homem chamado varia muito de uma estaca para outra.
Às vezes, o novo presidente de estaca é um
homem muito experiente, com muitos anos
de serviço. Às vezes, ele
é mais jovem e cheio de
fé. As profissões que eles
têm não seguem nenhum
padrão definido.
servindo em um cargo de liderança. Ao
conversarmos com um professor do curso
de Doutrina do Evangelho, às 10 horas da
noite, o Senhor vigorosamente confirmou
que era a pessoa que Ele havia escolhido.
Somente depois de fazer o chamado foi que
ficamos sabendo que ele estivera em sua
A Concessão de Chaves
casa, aguardando o telefonema. Vários meses
atrás, antes de qualquer anúncio de mudança
na presidência da estaca ter sido feito, ele e a
esposa foram despertados no meio da noite,
sabendo que ele seria chamado.
Aqueles que servem como presidente de
estaca não buscam o cargo que possuem.
Quando são chamados, todos se sentem
humildes e alguns sentem-se levando um
fardo maior que sua capacidade. Quando
chamei um presidente de estaca na Europa,
N
ós, que somos
enviados,
impomos as
mãos sobre a cabeça
do novo presidente
e lhe concedemos as
chaves do sacerdócio
necessárias para
presidir e dirigir os
assuntos da estaca.
Ilustrações fotográficas: John Luke e Christina Smith
Concedidos ao
Presidente da Estaca
Embora o presidente da estaca seja
normalmente encontrado em meio à liderança atual da estaca, há exceções. Em certa
ocasião, entrevistamos irmãos até tarde da
noite, sem conseguir sentir a confirmação
do Espírito em meio aos excelentes homens
que estávamos entrevistando. Por fim, depois
de esgotar a lista preparada de pessoas que
seriam entrevistadas, recorremos aos homens
de respeito que não estavam atualmente
A Liahona Dezembro de 2009 19
que era membro da Igreja havia apenas 10 anos, ele
gaguejou: “Oh não, não, eu não. Não vou conseguir”.
Felizmente, sua maravilhosa esposa, que estava ao seu
lado, colocou os braços em seus ombros e disse: “Querido, você consegue, sim. Sei que consegue”. Ela estava
certa, e ele serviu muito bem.
Nas Filipinas, um homem que havia visto a Igreja crescer rapidamente sob uma liderança muito jovem, reagiu
ao chamado dizendo: “Oh não, eu não. Sou muito velho”.
Quando lhe foi explicado que alguns dos membros dos
Doze eram três décadas mais velhos que ele, aceitou o
chamado e serviu muito bem.
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a
vós, e vos nomeei” ( João 15:16), disse o Salvador. Não
buscamos nem recusamos o chamado que recebemos.
Às vezes, antes, durante ou depois do chamado, o
Senhor confirma ao homem que foi chamado que esse
chamado veio de Deus. Um jovem presidente de estaca
relatou essa confirmação, dizendo:
“Quando fui entrevistado, eu tinha 32 anos e havia
servido por quatro anos como bispo. Um dos irmãos
que realizava as entrevistas fez duas perguntas pungentes:
(1) Como você adquiriu seu testemunho? e (2) Poderia compartilhar conosco seu testemunho do Salvador?
Compartilhei o que senti quando era adolescente, pouco
depois do falecimento da minha mãe, quando descobri
por mim mesmo a veracidade do evangelho restaurado,
especialmente em relação ao Livro de Mórmon.
Ao prestar meu testemunho do Salvador, recebi um
testemunho de que seria chamado como o novo presidente de estaca. Voltei de carro para casa e contei a minha
esposa o que havia sentido. Quando eu lhe disse que
achava que seria chamado como o próximo presidente de
estaca, ela disse: ‘Você é bom, mas não é tão bom assim’.
O telefone tocou duas horas depois, e fui convidado a
voltar com minha esposa, e o chamado foi feito.”
Depois do voto de apoio numa sessão geral de conferência de estaca, nós, que somos enviados, impomos as
mãos sobre a cabeça do novo presidente e lhe concedemos as chaves do sacerdócio necessárias para presidir e
dirigir os assuntos da estaca. Essas chaves para presidir a
estaca vêm por delegação do Presidente da Igreja e dos
outros 14 Apóstolos que possuem todas as chaves na
20
Terra. Nessas chaves encontram-se autoridade e poder
espirituais.
O Senhor sempre concedeu chaves a Seus Apóstolos
escolhidos. Para Pedro, Ele declarou: “E eu te darei as
chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares
na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus”
(Mateus 16:19). Algumas dessas chaves são,
então, compartilhadas com líderes locais. Em
Zaraenla, Alma “ordenou sacerdotes e élderes pela
imposição de mãos, segundo a ordem de Deus, para
presidirem a igreja e cuidarem dela” (Alma 6:1).
Manifestações Externas das Chaves
É interessante observar que houve época em que, para
receber uma recomendação do templo, era preciso a assinatura do Presidente da Igreja. Agora, essa autoridade está
nas chaves delegadas ao presidente da estaca. Com seus
conselheiros, ele também recomenda os bispos para a
apreciação da Primeira Presidência e os ordena, depois de
terem sido aprovados. Ele aprova aqueles que são ordenados ao Sacerdócio de Melquisedeque. Ele recomenda e
designa missionários de tempo integral. E serve como juiz
em Israel para ajudar os que cometeram pecados graves a
receber o perdão pleno. Ele guia as ações e decisões dos
bispos e presidentes de ramo da estaca.
Nesses encargos, o Senhor concede muitas revelações a
Seus presidentes de estaca. Um presidente de estaca que
mora no sul dos Estados Unidos contou-me a seguinte
experiência:
“Em outubro de 2007, uma irmã foi falar comigo para
receber sua recomendação para o templo. Durante a
entrevista, perguntei-lhe se seu marido viria falar comigo
para receber sua recomendação depois de terminar a
entrevista dela. Ela me disse que o marido não entrava no
templo havia mais de 20 anos e que eles não haviam sido
selados em seus 40 anos de casamento. Senti uma forte
inspiração de ir falar com aquele irmão imediatamente.
Tão forte foi a impressão, que saí da minha sala, encontrei-o no outro lado do prédio e levei-o de volta a minha
sala para uma entrevista. Depois da entrevista, que incluiu
a presença de seu bispo, ele recebeu uma recomendação
para o templo. Foi uma experiência muito emocionante
O
presidente
de estaca
aprova os
que são ordenados ao Sacerdócio
de Melquisedeque,
entrevista membros
para receberem uma
recomendação para
o templo e serve como
juiz em Israel.
para todos nós, especialmente para a esposa.
Recebi um convite, naquela semana, para
assistir ao selamento deles no templo.
No início de 2008, uns quatro meses
depois de o casal ter sido selado, aquele
irmão se levantou pela manhã para ir trabalhar, desfaleceu e morreu em sua casa.
Sinto-me eternamente grato por ter dado
ouvidos aos sussurros do Espírito e incentivado aquele irmão a fazer o que ele precisava fazer nesta vida.”
Dons e Promessas Espirituais
O Senhor declarou que uma estaca deve
ser “uma defesa e um refúgio contra a tempestade” (D&C 115:6). O presidente da estaca
é o pastor do Senhor que precisa garantir que
haja um sentimento de segurança espiritual
entre os membros da Igreja. Ele precisa certificar-se cuidadosamente de que a doutrina
ensinada seja verdadeira e pura. O Presidente
Gordon B. Hinckley (1910–2008) disse:
“Os deveres de um mestre no Sacerdócio
Aarônico podem ser aplicados ao presidente
da estaca. Ele deve ‘zelar [por toda a estaca] e
estar com os membros e fortalecê-los,
E certificar-se que não haja iniquidade na
igreja nem aspereza entre uns e outros nem
A Liahona Dezembro de 2009 21
O
presidente
da estaca é
o pastor do
Senhor que precisa
garantir que haja
um sentimento de
segurança espiritual
entre os membros da
Igreja.
mentiras, maledicências ou
calúnias;
E certificar-se que a igreja
se reúna amiúde e também
certificar-se que todos os
membros cumpram seus
deveres’ (D&C 20:53–55).” 1
O trabalho dele inclui inspiração para saber de que maneira
vai fortalecer as famílias, a nova
geração, convidar mais filhos do Pai
Celestial para as águas purificadoras
do batismo, estender a mão para os que
se afastaram da Igreja e levar as ordenanças do templo para os membros vivos
e para os que nos antecederam.
Em todas essas importantes responsabilidades, o Senhor abençoa o presidente da
estaca ampliando seus dons espirituais. Na
seção 46 de Doutrina e Convênios, o Senhor
fala dos muitos dons espirituais e declara:
“Pois a todos não são dados todos os
dons; pois há muitos dons e a cada homem é
dado um dom pelo Espírito de Deus.
A alguns é dado um, a outros é dado
outro, para que desse modo todos sejam
beneficiados” (D&C 46:11–12).
Então, Ele acrescenta: “Àqueles designados
e ordenados por Deus para zelarem pela
igreja (…) será dado discernir todos esses
dons (…) para que haja uma cabeça, a fim
de que todo membro se beneficie com isso”
(D&C 46:27, 29).
Às vezes, esses dons estão associados a
promessas espirituais que o Senhor vai cumprir. Um antigo presidente de estaca do Brasil
contou-me a seguinte experiência:
“Uma mãe fiel que criava sozinha quatro
filhos adolescentes passava por dificuldades financeiras. Perguntei-lhe: ‘Irmã, seus
filhos estão frequentando regularmente o
seminário?’ Ela respondeu: ‘Tenho muitos
problemas para resolver e moro longe da
capela. É perigoso’. Naquele momento, senti
forte inspiração de dar-lhe um conselho e
fazer-lhe uma promessa. Eu disse: ‘Se você
não tiver dinheiro, terá de caminhar vários
quilômetros com eles. Acompanhe-os. Assista
às aulas com eles. Se fizer isso, vai salvar seus
filhos e todos vão-se casar no templo’. Fiquei
espantado com o que acabara de dizer, mas não pude
negar a força da inspiração.
Ela aceitou o conselho e, por muitos anos, caminhou
com seus filhos até o seminário. A promessa foi cumprida.
Todos estão casados no templo e o filho dela serve hoje
como bispo de sua ala”.
Talvez um dos maiores dons dado ao presidente da
estaca é um amor maior e mais profundo pelas pessoas
a quem ele foi chamado a servir. Quando fui chamado
como presidente de estaca, senti-me impressionado com a
vigorosa preocupação e amor que senti pelos membros da
estaca. Mesmo por aqueles que haviam cometido pecados graves, senti grande empatia e desejo de ajudar. Esse
sentimento de amor sempre vinha acompanhado de um
desejo de ajudar os membros a converter-se verdadeiramente ao Salvador e Seu evangelho restaurado. Eu havia
servido muitos anos como conselheiro, mas quando recebi
as chaves da presidência, esse sentimento foi muito mais
potente e motivador. Senti, talvez, que recebia parte do
dom da caridade mencionado por Mórmon, quando ele
admoestou: “Rogai ao Pai, com toda a energia de vosso
coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu
a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho,
Jesus Cristo” (Morôni 7:48).
Esse sentimento faz com que o presidente da estaca
estenda a mão e milagres aconteçam. Um presidente de
estaca da América do Sul citou um exemplo de como esse
amor o motivou a buscar alguém que se havia perdido:
“Senti a forte inspiração de que precisava tentar encontrar um irmão que servira muitos anos antes como meu
companheiro de missão. Ele estava casado e era menos
ativo na Igreja. O registro de membro dele estava em uma
pequena unidade que ficava a 150 quilômetros da sede
da estaca. Viajei até lá e falei com o presidente do ramo,
que me disse que meu antigo companheiro de missão
morava em um lugar bem distante, na zona rural. O
presidente deu-me instruções sobre como chegar àquele
vilarejo. Depois de viajar por algum tempo, a estrada de
asfalto foi substituída por uma de terra. Vários quilômetros depois, percebi que estava perdido. Parei o carro e
estava prestes a desistir. Era um dia muito quente, e o
carro não tinha ar condicionado. Minha mulher e meus
filhos tinham muita dificuldade para suportar a poeira da
estrada. Ajoelhei-me na estrada e pedi ajuda ao Senhor.
“Algumas horas depois, chegamos à pequena vila e
encontrei meu companheiro de missão. Convidei-o a
voltar. Ele tornou-se ativo na Igreja e serviu em muitos
cargos de liderança. Seu filho serviu honrosamente como
missionário, e hoje meu amigo e antigo companheiro é
conselheiro no bispado.”
Há poder no ofício. O Senhor está ao lado de Seus presidentes de estaca. Um presidente de estaca do Equador
disse: “Vi um homem na estaca que parecia estar sempre
infeliz. Certo dia, tive a forte inspiração de que precisava
visitar aquele homem. Fui imediatamente de carro até a
casa dele. Ele me disse que estava muito triste porque
havia muitos anos não trocava uma única palavra com
o pai. Explicou que o pai era um homem rígido e havia
cortado relações com ele. Perguntei se ele gostaria que eu
intermediasse a situação. Depois de ir até a casa do pai
dele, parei o carro em frente da casa. Bati na porta e ouvi
uma voz perguntar: ‘Quem é?’ Reconheci a voz do pai dele
e respondi: ‘Seu presidente de estaca, irmão’. Ele abriu a
porta e me viu ao lado de seu filho. Sem proferirem uma
única palavra, os dois se abraçaram e começaram a chorar.
A situação estava resolvida”.
Há mais de 2.800 presidentes de estaca no mundo. Em
muitos aspectos, eles são pessoas comuns, como eu e
você. Esforçam-se para alcançar a salvação, tal como nós
fazemos. Mas eles receberam um chamado extraordinário.
Receberam as chaves do sacerdócio, e isso foi feito por
imposição de mãos.
Conheci centenas de presidentes de estaca. São homens
bem-sucedidos e íntegros em sua vida pessoal e profissional. São cheios de fé, com o inabalável desejo de agradar
ao Senhor.
Já me hospedei na casa deles, ajoelhei-me com eles em
oração e ouvi suas sinceras súplicas ao Pai Celestial. Senti
o poder do Senhor sobre eles. O Senhor os ama e lhes
concede dons espirituais.
Vamos todos orar por nosso presidente de estaca.
Vamos apoiá-lo e ajudá-lo. Vamos ouvi-lo e confiar nele.
“E Israel será salvo (…); e pelas chaves que dei será
guiado e não mais será confundido” (D&C 35:25). ◼
Nota
1. Gordon B. Hinckley, “O Presidente da Estaca”, A ­Liahona, julho de
2000, p. 61.
A Liahona Dezembro de 2009 23
Nasce pra que ressurjamos
(Ver Hinos, nº 132).
24
A Luz do Mundo de Jay Bryant Ward
A le lu ia!
M e n s a g e m
da s
P r o f e s s o r a s
V i s i t a n t e s
Nutrir ao Prestar Serviço
Caridoso
Ensine as escrituras
e citações a seguir
ou, se necessário,
outro princípio que
abençoe as irmãs que você visita.
Preste testemunho da doutrina. Peça
à pessoa a quem você ensina que
compartilhe o que sentiu e aprendeu.
às orações silenciosas dos que nos
cercam, que sejamos instrumentos
nas mãos do Senhor para atender a
essas orações” (“A Felicidade É Sua
Herança”, A ­Liahona, novembro de
2008, pp. 119, 120).
Como Posso Desenvolver e Aumentar
‘[ressaltar] o que há de melhor em
[nós]’ para que, como filhas de Deus,
façamos nossa parte na construção
do reino de Deus. Receberemos ajuda
para fazer isso. Como Joseph Smith
declarou: ‘Se (…) viverem de modo a
estar à altura de seus privilégios, não
se poderá impedir que os anjos lhes
façam companhia’.
Que carreguemos os fardos
uns dos outros, choremos com os
que choram, confortemos os que
necessitam de conforto e, assim,
cumpramos os convênios que fizemos [ver Mosias 18:8–10]” (“Alegres
Cantemos”, A ­Liahona, novembro
de 2008, p. 116).
Minha Caridade?
Morôni 7:48: “Rogai ao Pai, com
toda a energia de vosso coração, que
sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros
seguidores de seu Filho, Jesus Cristo”.
Presidente Dieter F. Uchtdorf,
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência: “Os
Ilustração fotográfica: Matthew Reier; fundo © Artbeats
discípulos de Cristo, em
todas as épocas, distinguiram-se pela
compaixão. (…) No final, o número
de orações que proferirmos pode
contribuir para nossa felicidade,
mas o número de orações respondidas por nosso intermédio pode ter
importância ainda maior. Que nossos
olhos se abram para os corações
pesarosos, percebam a solidão e o
desespero; que sejamos a resposta
Barbara Thompson, segunda
conselheira na presidência geral da
Sociedade de Socorro: “Precisamos
Como Posso Nutrir ao Prestar Serviço
Caridoso?
D&C 81:5: “Socorre os fracos,
ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos”.
Élder Russell M. Nelson, do Quó-
rum dos Doze Apóstolos: “O Bom
Pastor disse: ‘Apascenta os meus
cordeiros’ ( João 21:15). Portanto,
uma mulher apascenta seus entes
queridos, provendo-lhes socorro e
sustento, tal como o Salvador faria.
Seu dom divino é o de nutrir, ajudar
os jovens, cuidar dos pobres e elevar o quebrantado de coração.
O Senhor disse: ‘Minha obra e
minha glória [é] levar a efeito a imortalidade e a vida eterna do homem.’
(Moisés 1:39). Portanto, Sua dedicada
filha discípula pode realmente dizer:
‘A minha obra e a minha glória é
ajudar meus entes queridos a alcançar
essa meta celestial’.
Ajudar outro ser humano a atingir
seu potencial celeste faz parte da
missão divina da mulher. Como mãe,
professora e membro da Igreja que
nutre seu semelhante, ela molda
a argila viva para dar forma a suas
esperanças. Em parceria com Deus,
sua missão divina é ajudar espíritos
a viver e almas a ser elevadas. Essa
é a medida de sua criação. É uma
tarefa que enobrece, edifica e exalta”
(“Woman—Of Infinite Worth,” ­Ensign,
novembro de 1989, p. 22).
Silvia H. Allred, primeira con-
selheira na presidência geral da
Sociedade de Socorro: “O Senhor
abençoou as mulheres com os atributos divinos do amor, da compaixão,
da bondade e da caridade. Por meio
das visitas mensais que fazemos
como professoras visitantes, temos o
poder de abençoar cada irmã ao lhe
abrirmos nossos braços com amor e
bondade e ao lhe ofertarmos os dons
da compaixão e da caridade. (…) É
minha oração que nos comprometamos solenemente a empenhar-nos
ainda mais em, cheias de amor e
compaixão, estender a mão para
abençoar, ajudar e fortalecer umas às
outras, fazendo nossas visitas com o
coração pleno de boa vontade e de
alegria” (“Apascenta as Minhas Ovelhas”, A ­Liahona, novembro de 2007,
pp. 113, 115). ◼
A Liahona Dezembro de 2009 25
26
Adorar por Meio da
Reverência
É l d e r R o b e r t C . Oa k s
Serviu no Quórum dos Setenta de 2000 a 2009
O
conselho do Presidente David O.
McKay (1873–1970) dá uma visão
bem clara do tema da reverência:
“Reverência é profundo respeito mesclado
com amor”. 1 Essa visão é ainda mais enriquecida pela letra de um hino contido em
Músicas para Crianças:
Ilustrações fotográficas: Cary Henrie
Reverência é mais que sentar bem
quietinho.
É pensar com profundo fervor
Nas bênçãos que vêm do meu bom
Pai Celeste,
Porque reverência é amor. 2
As palavras básicas mais frequentemente encontradas nas escrituras que se
associam à reverência são respeito, amor
e honra. Usando esses padrões, podemos
ver que a reverência demonstra a atividade do coração, e não apenas a inatividade da boca.
A reverência é uma parte importante da
adoração. O Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, instruiu-nos:
“A adoração frequentemente inclui ações,
mas a verdadeira adoração sempre envolve
uma determinada atitude mental.
A atitude de adoração evoca os mais
profundos sentimentos de lealdade, adoração
e respeito. A adoração combina o amor e a
reverência num estado de devoção que conduz nosso espírito para mais perto de Deus.” 3
Sem dúvida, o principal propósito de
entrar num lugar de adoração é aproximarnos de Deus.
Ao estudarmos a vida e os ensinamentos
de Jesus Cristo e adquirirmos mais gratidão
pela extraordinária influência de Sua Expiação em nossa vida — tanto mortal quanto
eterna — é natural que nossa resposta emocional seja de respeito, amor e honra. A partir
daí, a obediência ao evangelho e o serviço
cristão fluem como expressões adequadas
dessas emoções. Mas, sem reverência, as
expressões de respeito, de amor e de honra
ficam incompletas.
Ao desenvolvermos reverência por Jesus
Cristo, somos mais capazes de moldar nossa
vida de acordo com Seu exemplo perfeito.
Há muitas facetas dessa reverência: fé em
Sua existência, confiança em Suas bênçãos
A reverência inclui
muito mais do que
a ausência de barulho. A sincera reverência inclui ouvir,
pensar nas coisas
de Deus, sentir respeito e amor pelo
Pai Celestial e Seu
Filho Jesus Cristo
e sentir o desejo de
honrá-Los.
A Liahona Dezembro de 2009 27
prometidas e obediência aos
padrões do evangelho. Mas
uma das mais importantes é
o sentimento que temos no
coração — o respeito e o
amor que sentimos por Deus
e o desejo de honrá-Lo. Nós,
que respeitamos, amamos
e honramos a Deus, jamais
tomaremos Seu nome em
U
ma importante faceta da
reverência é o sentimento
que temos no coração: o
respeito e amor que sentimos por
Deus e nosso desejo de honrá-Lo.
vão e nos sentiremos mal
em relação a piadas que O
menosprezem ou banalizem. Em vez disso, louvamos e
reverenciamos nosso Pai Celestial e Aquele a quem adoramos como nosso Senhor e Salvador.
O Senhor instruiu-nos claramente quanto a Suas
expectativas em relação à reverência em Levítico 19:30, ao
declarar: “Guardareis os meus sábados, e o meu santuário
reverenciareis. Eu sou o Senhor”. O respeito que demonstramos por Seus templos e capelas é reflexo da reverência
que sentimos por Ele em nosso coração. O respeito, o
amor e a honra que sentimos pelo Senhor refletem-se
diretamente em nossa reverência e são demonstrados
por nossa atitude e compostura.
As Bênçãos da Reverência
O Profeta Joseph Smith expressou um interessante
ponto de vista em relação à reverência, na oração que
proferiu na dedicação do Templo de Kirtland, em 1836.
Joseph orou para que os arrependidos retornassem e lhes
“[fossem] restituídas as bênçãos que tu ordenaste que
fossem derramadas sobre os que te reverenciassem em tua
casa” (D&C 109:21). A oração do Profeta salientou quais
poderiam ser essas bênçãos da reverência: palavras de
28
sabedoria, uma plenitude do
Espírito Santo, favor aos olhos
de Deus, o poder de Deus, e
perdão (ver versículos 14, 15,
21, 22, 34). Sem dúvida, quão
grandiosas são as recompensas da reverência!
Muito do que se diz na
Igreja sobre reverência
geralmente enfoca o silêncio
nos lugares de adoração,
com ênfase especial em relação às crianças. Sem dúvida,
o silêncio faz parte da reverência; mas o pleno e rico
significado do conceito da
reverência inclui muito mais
do que a ausência de barulho e agitação. Ficar quieto
não é obrigatoriamente a
mesma coisa que ser reverente.
Nossas capelas são as principais casas de adoração em que devemos ficar quietos durante o prelúdio
musical e meditar na beleza do evangelho restaurado,
preparar o coração e a mente para o sacramento e ponderar a respeito da majestade de nosso Pai Celestial e
do esplendor da Expiação do Salvador. Que lugar seria
melhor para ponderar esses assuntos sagrados e importantes? Tais manifestações de nossa adoração serão
naturalmente acompanhadas de uma atitude reverente.
Essas oportunidades de adoração são essenciais
para o fortalecimento de nossa fé e podem ser um
canal pelo qual o espírito de testemunho e revelação
flui para dentro de nossa alma. Essa realidade me foi
drasticamente demonstrada num domingo, durante o
prelúdio musical de uma reunião sacramental. Minha
esposa e eu buscávamos instrução espiritual sobre
determinado assunto em nossa vida. Ficamos muito
agradecidos quando a resposta veio por intermédio
do hino escolhido como prelúdio. Em resposta àquela
melodia, o Espírito indicou-nos claramente qual era
o curso a ser seguido. Infelizmente, antes do término
do hino, alguém sentado ao
meu lado começou a conversar comigo, e imediatamente
o Espírito Se retirou. Um
tesouro de preciosa revelação foi interrompido pela
falta de reverência.
Graças àquela experiência,
adquiri um apreço especial
pela santidade do silêncio
durante o prelúdio. O Presidente Boyd K. Packer, Presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos, salientou essa
verdade ao declarar: “A irreverência serve aos propósitos
do adversário, por atrapalhar
os delicados canais da revelação tanto na mente quanto no
espírito”. 4
Medidas de Reverência
As medidas de reverência não são complicadas. Em
vez de deixar que nossa mente se desvie para coisas
mundanas, devemos disciplinar nossos pensamentos nos
locais e momentos de reverência para pensar nas coisas
de Deus: a majestade da Expiação, a família eterna e a
Restauração do evangelho em sua plenitude. Essas medidas de reverência devem incluir o esforço para disciplinar nosso comportamento, de modo que expresse uma
atitude de respeito, amor e honra. Devem incluir recato
ao vestir nossas melhores roupas, evitando a moda
extremamente informal de nossos dias e abstendo-nos
de falar alto ou de comportar-nos de modo perturbador
no edifício da Igreja. E, quando estivermos no salão
sacramental, devemos ser ainda mais reverentes, especialmente durante a administração do sacramento.
O desejo de comportar-nos de modo reverente nos leva
a planejar com antecedência, caso estejamos prevendo
a necessidade de sair da reunião por qualquer motivo, e
sentar-nos no fundo, perto da saída, para que possamos
sair sem fazer barulho. Sair no meio de uma reunião,
N
especialmente durante um
discurso ou outra apresen-
os locais e momentos de
reverência, devemos disciplinar nossos pensamentos
para pensar nas coisas de Deus.
tação, distrai o orador e as
pessoas ao seu redor. Por respeito às pessoas e ao Senhor,
devemos abster-nos dessa
atitude inconveniente.
Normalmente, medimos a
reverência de uma congregação pelo comportamento
das crianças presentes. É
verdade que as crianças
pequenas são um desafio especial à reverência. Mas a
primeira regra em relação às crianças é trazê-las para a
reunião! Elas podem ser ensinadas, podem ser levadas
para fora e depois trazidas de volta para a reunião. E, ao
ensinar reverência, é melhor reduzir ao máximo os objetos levados para a capela, como brinquedos ou alimentos. As congregações SUD geralmente são abençoadas
com grande número de crianças e jovens, e devemos ser
gratos por isso. Eles são o futuro da Igreja.
A reverência sincera é uma parte importante da
adoração ao nosso Pai Celestial e ao nosso Senhor. Em
todas as atividades e pensamentos de nossa vida diária,
evitemos as coisas que demonstrem falta de reverência
por Eles. Em todas as nossas atividades de adoração,
procuremos aumentar e enriquecer os sentimentos de
respeito, amor e honra por nosso Pai Celestial e Seu
Filho Jesus Cristo. Esses sentimentos são símbolos do
verdadeiro caráter cristão. ◼
Notas
1. David O. McKay, Conference Report, outubro de 1967, p. 86.
2. “Reverência É Amor”, Músicas para Crianças, p. 12.
3. Dallin H. Oaks, Pure in Heart, 1988, p. 125.
4. Boyd K. Packer, “A Reverência Convida à Revelação”, A ­Liahona,
janeiro de 1992, p. 23.
A Liahona Dezembro de 2009 29
P
Elizabeth Quigley
or que eu? Por que agora? Eu tinha acabado de voltar
de uma importante competição de equitação realizada na Califórnia e estava em minha melhor forma
nesse esporte. Estava muito atarefada com a escola, as
aulas de piano e as atividades das Abelhinhas. Fazia tudo
que fora ensinada a fazer e achava que minha vida era a
mais perfeita possível. Então, tudo mudou.
A Provação
Fui parar no hospital, tão fraca que mal conseguia abrir
os olhos. Meu diagnóstico foi de leucemia linfoblástica
aguda. Minha doença surgiu quatro anos depois de minha
mãe ter morrido de um tipo semelhante de câncer. Fui
submetida a forte quimioterapia para livrar-me do câncer,
e os médicos disseram que eu teria de me submeter a esse
tratamento por dois anos e meio para garantir que todo o
câncer fosse eliminado. Não conseguia entender por que
eu, e por que naquele momento.
Pouco depois, descobri que o diagnóstico de câncer
não seria a única dificuldade que eu teria de enfrentar.
Um dos medicamentos usados para tratar a leucemia era
um esteroide ministrado em doses extremamente altas.
Era muito eficaz na eliminação das células leucêmicas,
mas havia um pequeno risco de que causasse osteonecrose (uma doença que faz o tecido ósseo morrer nas
proximidades das articulações), principalmente em moças
adolescentes. Meus médicos acharam que, como eu tinha
12 anos, era muito jovem para que isso acontecesse. No
entanto, um mês depois de começar a quimioterapia, os
esteroides acabaram destruindo a maioria das grandes
articulações e parte da coluna vertebral do meu corpo. Eu
30
sentia dores constantes. Quatro meses depois do diagnóstico de leucemia, fiz minha primeira cirurgia do quadril,
numa tentativa de reparar o dano causado pelos esteroides e diminuir a dor que eu sentia. A cirurgia não teve os
resultados esperados, e meu ortopedista disse que provavelmente eu jamais voltaria a cavalgar. De repente, todo
o futuro que eu havia planejado se desfez.
Era boa aluna e gostava muito de estudar, mas não
podia ir para a escola ou mesmo sair em público, porque
a quimioterapia havia destruído meu sistema imunológico. Em vez disso, ficava em casa com minha madrasta. A
essa altura, achei que as coisas estavam muito ruins, mas
ficaram piores.
Seis meses depois da cirurgia do quadril, tive de submeter-me a outra cirurgia, porque a primeira não havia
dado certo. Andava de cadeira de rodas, porque era muito
doloroso caminhar. Estava absolutamente convencida de
que jamais voltaria a cavalgar; então, comecei a preocupar-me se conseguiria andar novamente. Viver enferma,
com dores constantes, confinada a uma cadeira de rodas
não me parecia nada divertido.
As Orações
Eu orava ao Pai Celestial e sei que muitas outras pessoas faziam o mesmo por mim. Durante todas as minhas
provações, orei para que me curasse, que minhas articulações se recuperassem e que não precisasse ser submetida
a todo aquele tratamento de quimioterapia. Senti que
minhas orações não estavam sendo respondidas, já que
tinha de ir todas as semanas até o Centro Médico das
Crianças da Primária, em Salt Lake City, para mais sessões
Fotografias: cortesia da família Quigley, exceto quando indicado; à direita: fotografia de Matthew Reier
Por Que Eu?
A adversidade
me ensinou
a não me
preocupar com
essa pergunta
— nem com
qualquer coisa
que realmente
não importa.
de quimioterapia. Ainda sentia muitas dores. Ainda estava
presa a uma cadeira de rodas. A certa altura, comecei a
pensar que meus pais eram malucos por acreditar num
Deus que nem sequer atendia às orações de uma pobre
menina doente.
Alguns anos antes, eu havia passado por um teste de
fé semelhante, quando orei para que minha mãe sarasse.
Ela ficava o tempo todo no oxigênio, fraca demais para
sequer caminhar pela casa. Orei e tive esperanças, e
orei mais um pouco para que ela fosse milagrosamente
curada. Mas não foi. Depois que ela morreu, aprendi
que podemos orar o quanto quisermos pelo que desejamos, mas precisamos orar pela coisa certa — para que
a vontade do Senhor seja feita — para Ele atender a
nossas orações.
Lembrando-me dessa lição, mudei minhas orações de
“Por favor, cura-me” para “Pai Celestial, eu gostaria muito
de livrar-me desta provação, mas aceitarei Tua vontade”.
Assim que mudei minhas orações, descobri que conseguia
suportar com mais facilidade as sessões de quimioterapia,
e minha atitude melhorou. Esse foi apenas o início das
bênçãos e das respostas a minhas orações e dúvidas.
Meu pai e meu
avô deram-me
muitas bênçãos
do sacerdócio.
Sempre que ia
ser submetida a
uma cirurgia, eu
32
pedia uma bênção. As bênçãos ajudaram a fazer com que
eu e minha família nos sentíssemos tranquilos em relação
a cada procedimento realizado. Certa vez, tive febre muito
alta e precisei ser levada ao hospital. Recebi uma bênção
de meu pai e de um vizinho antes de sair de casa. Na
hora que chegamos ao pronto socorro, minha febre havia
sumido, e não precisei passar a noite no hospital. Sei que
o poder do sacerdócio é uma dádiva de um Pai Celestial
amoroso.
As Lições
A ocasião de que sempre me lembrarei foi o dia em
que voltei para casa do hospital, depois de saber que tinha
leucemia. As moças e as irmãs da Sociedade de Socorro
tinham mudado minhas coisas do porão para um quarto
no andar térreo de nossa casa, para que eu ficasse mais
perto de meus pais e não precisasse usar as escadas. Elas
tinham limpado e decorado o quarto para que se tornasse
um ótimo lugar para eu ficar, enquanto estivesse doente.
Minha família foi ajudada com muitos outros projetos
de serviço. A princípio, para mim, foi difícil aceitar isso.
Quando as pessoas faziam algo por mim, sentia-me como
se não conseguisse fazer nada sozinha. No entanto, em
pouco tempo
aprendi que não
havia problema
em pedir ajuda.
Quando comecei
a me sentir melhor,
Elizabeth tocou oboé em março deste ano, durante a reunião geral das Moças
No alto, à direita: fotografia de Craig Dimond
(que pode ser vista em www.generalconference.lds.org).
Guiados
da quimioterapia. Acheguei-me
procurei mais oportunidades para
Durante as
mais ao Pai Celestial. Meu testemuservir às pessoas. Agora, procuro
Tempestades
nho se fortaleceu. Aprendi o que
servir o máximo que posso. Sinda Vida
é realmente importante. Aprendi
to-me bem quando sirvo às pessoas.
“Às vezes, o Senhor
a ser grata por todas as pequenas
Dei-me conta de que, ao deixar as
permite que tenhamos
coisas que as pessoas fazem por
pessoas me servirem, isso permite
provações, a fim de
mim. Estou em convalescência
que elas tenham esse mesmo bom
nos moldar como seragora, com menos dor, e gradualsentimento.
vos produtivos. (…) Seu olhar que tudo
mente recuperando parte das
Aprendi a pensar mais sobre o
vê está sobre nós e sempre nos obserfunções nas juntas. À medida que
futuro e sobre minhas decisões, por
vando como nosso Progenitor Celestial
vou sarando, continuo recebendo
ter estado tão perto da morte. Na
Eterno. Quando nos vierem provações,
bênçãos e tendo experiências de
escola, ouvi algumas moças reclacomo certamente virão a todos nós
aprendizado.
marem que estavam tendo um “dia
durante a mortalidade, não vamos
Então, por que eu? Por que agora?
ruim” porque não conseguiam assenmergulhar no abismo da autopiedade,
Não
faço mais essas perguntas, portar o cabelo direito. Sentada ali na
mas sim, lembrar Quem está ao leme, e
que
cresci
espiritualmente durante
minha cadeira de rodas cor-de-rosa,
que Ele está ali para nos guiar através
minhas provações. Descobri quem
usando uma peruca, eu pensava:
das tempestades da vida.”
realmente sou, porque o Senhor
“Pelo menos vocês têm cabelo”! As
Presidente James E. Faust (1920–2007),
Segundo Conselheiro na Primeira Presidênme amou o suficiente para permitir
moças também reclamavam que os
cia, “Não Temais”, A ­Liahona, outubro de
que eu passasse por adversidades e
pés doíam por andarem de salto
2002, p. 5.
recebesse as bênçãos que as acomalto. Eu pensava: “Pelo menos vocês
panham. ◼
podem andar”. Agora procuro concentrar-me nas coisas mais importanNota: Elizabeth está livre da doença e já se passaram três anos desde
tes e não nas pequenas coisas com as quais costumava me
que ela parou de fazer quimioterapia. Suas articulações estão sarando,
e ela já não precisa da cadeira de rodas. Embora ainda haja risco de
preocupar.
recaída, Elizabeth não pensa nisso. Prefere pensar que está no primeiro
Nos últimos anos, aprendi muitas outras coisas, graano da faculdade, concentra-se em estudar para as provas e estuda oboé
e corne-inglês.
ças às bênçãos de ter tido leucemia e as complicações
A Liahona Dezembro de 2009 33
Perguntas e Respostas
a
d
s
o
r
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e
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o
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ã
n
s
i
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“Meus p
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Igreja. Co
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o
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o evangelho
”
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s
o
l
ê
d
n
e
f
o
Use os Pôsteres de A L­ iahona.
L
Antes de eu ser batizado, em 2006, eu
frequentava outra igreja da qual meus pais
eram membros. A princípio, eu tinha medo
de falar da Igreja para minha família, porque
temia ser rejeitado. Mas quando comecei a
pregar os pôsteres de A ­Liahona em vários lugares de nossa
casa, meus familiares começaram a perguntar: “O que quer
dizer essa gravura? O que significa?” Essas perguntas fizeram
com que se tornasse mais fácil conversar sobre o que a
Igreja oferece às famílias. Graças a isso, minha irmã caçula
foi batizada e, agora, enquanto estou na missão, meu pai e
minha mãe me escrevem dizendo que estão gostando muito
de ir à Igreja.
embre-se do mandamento: “Honra a teu pai e a tua
mãe” (Êxodo 20:12). Respeitando a vontade deles,
procure levar o evangelho para dentro de seu
lar. Você pode, por exemplo, pedir a seus pais que o
ajudem com seu Progresso Pessoal ou Dever para com
Deus, para que eles vejam que bons programas a Igreja
tem. Você pode convidar amigos da Igreja para sua casa
e conversar sobre o evangelho com eles. Isso pode ajudar seus pais a fazerem perguntas a respeito das coisas
nas quais você acredita. Mais importante que tudo, diga
a seus pais o quanto você se sente grato por eles e
Élder Almeida, 20 anos, Missão Brasil São Paulo Leste
pelo evangelho.
Viva o Evangelho
Quando sentir que é o momento certo, convide
Por seu modo de viver, faça com que seus pais saibam como
seus pais, em espírito de oração — sem pressioná-los
a Igreja é importante para você e a maravilhosa diferença que
— a orarem com você, a assistirem a uma reunião, a
ela fez em sua vida. Para tanto, você deve seguir o conselho
participarem de uma atividade da Igreja ou a realidas Autoridades Gerais, colocando o evangelho em prática. Seja
zarem a reunião de noite familiar, por exemplo. Se
constante em suas orações, no estudo das escrituras, na frequêneles não quiserem, respeite a vontade deles. Se não
cia às reuniões da Igreja, no cumprimento dos mandamentos e
estiverem prontos para o evangelho ainda, pode ser
na aplicação prática dos padrões de Para o Vigor da Juventude,
que venham a estar no futuro. Ore e espere esse dia.
esforçando-se para atingir suas metas e seguir o Espírito Santo.
Procure sempre enxergar as coisas boas que há
Você
também pode orar e jejuar por seus pais e pedir que o
em seus pais. Se você os amar, as portas da oporEspírito o oriente. Além disso, creio que você deve expressar
tunidade serão abertas. Procure viver o evangelho
seu
amor por seus pais.
da melhor maneira possível. Seus pais podem ficar
mais interessados, se virem seu bom exemplo e per- Andrew B., 14 anos, Nevada, EUA
ceberem como o evangelho abençoa sua vida.
34
As respostas são auxílios e pontos de vista, não pronunciamentos de doutrina da Igreja.
Difícil, Mas Não Impossível
Eu oraria e pediria a
Deus que, quando eu
fosse conversar com
meus pais, Ele me
ajudasse a usar as
palavras certas para que eu não os
ofendesse. Também pediria que Seu
Espírito estivesse comigo para que
eles sentissem minha sinceridade e
amor. Mostraria a eles uma escritura
da Bíblia que apoiasse o Livro de
Mórmon. Compartilharia com eles
minhas experiências e sentimentos
também. Eu lhes diria que o evangelho, o amor de Deus e a oração
nos fazem chegar mais perto da paz
espiritual que todos desejamos. Para
Deus, nada é impossível. Confie no
Espírito.
Uma Mudança de Coração
Você pode provar para seus pais
que é um bom exemplo seguindo os
padrões da Igreja e cumprindo todos
os mandamentos, especialmente a
Palavra de Sabedoria, e demonstrando amor e obediência por meio
de suas ações. Isso pode chamar a
atenção deles para seu comportamento e ajudá-los a se achegarem à
Igreja do Senhor. Eu acredito firmemente que, por intermédio de suas
orações, você pode pedir ao Pai
Celestial que enterneça o coração
deles.
Sharmila S., 18 anos, Karnataka, Índia
Ser um Exemplo
Madison N., 14 anos, Illinois, EUA
Paulo nos ensinou em I
Timóteo 4:12: “Ninguém
despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo
dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na
pureza”. Se você mostrar para seus
pais que é um bom exemplo, isso vai
abrir a porta da conversão para eles.
Também vai criar o ambiente ideal e a
oportunidade perfeita para que você
preste testemunho do evangelho.
Com fé, sem medo, e por meio de um
bom exemplo, você pode ajudar a
abrandar-lhes o coração e abençoar
tanto a vida deles quanto a sua.
Fale com Amor
Élder Tonumaipea, 20 anos, Missão
Filipinas Cauayan
Jonathan E., 19 anos, Veracruz, México
Explique Como Se Sente
Se estiver com medo de
compartilhar o evangelho, comece dizendo a
eles como você se sente
quando ora e quando lê
as escrituras. Explique-lhes que você
tem um testemunho, e explique por
que você gosta do evangelho. Depois
que você explicar isso, eles vão
entender e não ficarão ofendidos.
Meu pai não é membro, e isso às
vezes é difícil, mas há algumas coisas
que aprendi. Primeiro, quando converso com ele com amor e não como
se eu estivesse num nível acima dele,
fica difícil ele rejeitar o que estou
dizendo. Meu pai sente esse amor,
embora nem sempre concordemos.
Segundo, o evangelho é simples. Não
precisamos embelezá-lo ou mudá-lo.
Declare verdades simples. Por fim,
lembre-se de que fomos chamados
para ser testemunhas de Cristo.
Paige I., 19 anos, Utah, EUA
P r ó x i ma P e r g u n t a
“Tenho muita dificuldade em motivar-me para estudar as escrituras.
Como posso encontrar motivação?”
Envie sua resposta até 15 de
janeiro de 2010 para:
­Liahona, Questions & Answers
1/10
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Salt Lake City, UT 84150-0024,
USA
Ou envie um e-mail para:
[email protected]
As respostas podem ser editadas
por motivo de espaço ou clareza.
Inclua os seguintes dados e a permissão a seguir em sua carta ou
seu e-mail:
Nome completo
Data de nascimento
Ala (ou ramo)
Estaca (ou distrito)
Dou permissão para a publicação
da resposta e da fotografia:
Assinatura
Assinatura dos pais (para menores de 18 anos)
À Maneira do Senhor e a Seu
Próprio Tempo
“Nossas ações precisam ser dirigidas pelo Senhor. Esta é a Sua
obra, não a nossa, e precisa ser feita a Sua maneira e a Seu próprio tempo e não do nosso modo, caso contrário, nossos esforços
estarão fadados à frustração e ao fracasso.
Todos temos parentes ou amigos que precisam do evangelho,
mas não estão interessados no momento. Para sermos eficazes,
nosso empenho em relação a eles precisa ser dirigido pelo Senhor, para que ajamos da
maneira e no momento em que estejam mais receptivos.”
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Compartilhar o Evangelho”, A L­ iahona,
janeiro de 2002, p. 8.
A Liahona Dezembro de 2009 35
Ninguém precisa navegar sozinho
nas águas turbulentas do mercado
de trabalho atual. Além dos líderes locais da Igreja, especialistas
como estes do Centro de Recursos
de Empregos da Cidade do México
podem oferecer valiosa orientação.
36
A Bênção do Trabalho
Bi s p o H . Da v i d B u r t o n
A
Fundo e ilustrações: Doug Fakkel; ilustrações fotográficas: Welden C. Andersen, exceto quando indicado
Bispo Presidente
s pessoas que já passaram algum
tempo no mar ou perto dele sabem
como ele está sempre mudando. As
ondas, as marés, as correntes e os ventos
estão sempre mudando ou interagindo entre
si. Os bons marinheiros e pescadores aproveitam as ondas e as marés e usam os ventos
e as correntes para chegar em segurança
aonde precisam ir.
O mundo também muda, e a velocidade
das mudanças parece estar aumentando.
Parte da grande maré que varre o nosso
mundo inconstante ocorre no mercado
de trabalho. Felizmente, assim como os
marinheiros usam as habilidades que
adquiriram, mapas e outras ferramentas
que os auxiliam a navegar bem, há recursos e habilidades que podem ser aprendidos para ajudar-nos a navegar em meio
às mudanças no mercado de trabalho.
Aqueles que estão aptos não apenas para
o trabalho, mas também para encontrar
emprego, são os que melhor navegam nestes tempos conturbados.
Um Mandamento e uma Bênção
Hoje em dia, muitos se esqueceram do
valor do trabalho. Alguns acreditam erroneamente que a maior meta na vida é alcançar
uma situação em que não é mais necessário
trabalhar. O Presidente David O. McKay
(1873–1970) gostava de dizer: “Temos que
nos dar conta de que o privilégio de trabalhar é uma dádiva, que o poder do trabalho
é uma bênção e que o amor ao trabalho é
sucesso”. 1
Trabalhar não é apenas uma questão
financeira, é uma necessidade espiritual.
Nosso Pai Celestial trabalha para levar a
efeito nossa salvação e exaltação (ver Moisés
1:39). E no princípio, com Adão, Ele nos
ordenou a trabalhar. Mesmo no Jardim do
Éden, Adão foi instruído a “lavrar e o guardar” (Gênesis 2:15). Depois da Queda, foi
dito a Adão: “No suor do teu rosto comerás o
teu pão” (Gênesis 3:19). Como acontece com
qualquer mandamento, temos alegria quando
o cumprimos. O trabalho honesto e produtivo promove satisfação e eleva a autoestima.
Depois de fazermos todo o possível para
ser autossuficientes e prover nossas próprias
necessidades e as de nossa família, podemos
voltar-nos ao Senhor com confiança para
pedir o que nos falta.
Dons, Talentos, Interesses
O Pai Celestial deu talentos e dons a todos
para ajudar-nos a prover o nosso sustento e
o de nossa família. É importante que aprendamos a reconhecer nossos talentos, dons e
interesses como primeiro passo na preparação para uma carreira profissional. O Presidente Henry B. Eyring, Primeiro Conselheiro
na Primeira Presidência, aprendeu com o pai,
Henry Eyring, a escolher uma carreira que
complementasse seus interesses.
Devido a seu amor pela ciência, o professor Henry Eyring incentivou os filhos a
estudar física, em preparação para uma carreira científica. Enquanto o Presidente Eyring
Trabalhar não é
apenas uma questão
financeira, é uma
necessidade espiritual. Nesta época de
turbulência econômica, sem dúvida,
o mandamento de
trabalhar foi um dos
que o Senhor preparou para ajudar a
nos suster.
A Liahona Dezembro de 2009 37
estudava física na Universidade de Utah, uma conversa
que teve com o pai mudou o rumo de sua carreira. Ele
pediu ajuda ao pai para resolver um complexo problema
matemático. “Meu pai estava escrevendo num quadronegro que tínhamos no porão”, relembra o Presidente
Eyring. “De repente, ele parou. ‘Hal’, disse ele, ‘já estudamos esse mesmo tipo de problema há uma semana. Você
não parece compreendê-lo melhor agora do que naquela
ocasião. Você tem estudado isso?’
Um pouco envergonhado, o Presidente Eyring admitiu
que não havia estudado”. Ele relembra a resposta do pai:
“Quando respondi que não, meu pai fez uma pausa. Foi
realmente um momento de ternura e emoção, pois eu
sabia o quanto ele me amava e o quanto ele desejava que
me tornasse cientista. Então, ele disse: ‘Hal, acho melhor
você deixar de estudar física. Escolha uma área que o
atraia a tal ponto que, quando não tiver nada para pensar,
seja ela que lhe venha à mente.’” 2
Instrução e Estudos
Depois de avaliar nossos próprios interesses e capacidades e pedir conselho para as pessoas que nos conhecem e
amam — especialmente o Senhor — precisamos procurar
adquirir instrução e experiência no campo de trabalho
que escolhemos. A instrução e os estudos são alguns dos
melhores investimentos que alguém pode fazer.
Aprenda a amar os estudos. Assim como é importante
continuar a fazer depósitos em sua conta de poupança,
é importante continuar a estudar em sua profissão ou
carreira, para que suas habilidades sempre sejam competitivas no mercado de trabalho. Assim como o marinheiro
sempre mantém o olho no horizonte para ver se o tempo
vai mudar, manter-se atualizado em sua carreira vai ajudá-lo a identificar mudanças no seu campo de trabalho
para que faça as devidas correções de curso.
Ajudar e Aceitar Ajuda
Nenhum de nós navega sozinho: todos fazemos parte
de uma grande frota. Assim como uma frota naval tem
vários navios de apoio, a Igreja tem bispos e presidentes
de ramo, presidentes da Sociedades de Socorro, presidentes de quórum, especialistas de empregos e outras pessoas
que estão prontas para ajudar-nos a iniciar nossa carreira
profissional. Essa ajuda geralmente inclui o encaminhamento para recursos e cursos adequados a nossa situação
específica, como: preparar um currículo, procurar eficazmente um emprego e aprender a conduzir-nos numa
entrevista.
Muito antes do termo networking começar a ser usado,
os marinheiros trocavam informações sobre coisas como
recifes perigosos, novas rotas e fontes de suprimentos. Um marinheiro que está prestes a entrar em águas
desconhecidas conversa com todos que podem dispor
de informações úteis e experiências para compartilhar.
No mercado de trabalho atual, é igualmente vital estabelecer e manter contato com pessoas que disponham de
informações úteis ou experiência. Os líderes locais da ala
ou do ramo e os parentes e familiares são um bom ponto
de partida.
Ensinar os Filhos a Trabalhar
Uma das responsabilidades mais importantes dos pais
é ensinar os filhos a trabalhar. Até as crianças pequenas
podem começar a sentir os benefícios do trabalho quando
são envolvidas nas tarefas domésticas e no serviço ao
próximo. Os pais sábios trabalham com os filhos, elogiamnos frequentemente e cuidam para que as tarefas não lhes
sejam demasiadamente pesadas.
Quando o Presidente Thomas S. Monson era jovem,
seus pais lhe ensinaram o princípio do trabalho pelo
exemplo. O pai, gerente de tipografia, trabalhou muito,
A
Ilustração fotográfica: Matthew Reier
ssim como o
marinheiro
sempre
mantém o olho no
horizonte para ver se
o tempo vai mudar,
manter-se atualizado
em sua carreira vai
ajudá-lo a identificar
mudanças no seu
campo de trabalho
para que faça as
devidas correções
de curso.
praticamente todos os dias de sua vida.
Quando estava em casa, não parava de
trabalhar para desfrutar de um merecido
descanso. Continuava a trabalhar prestando
serviço tanto à família quanto aos vizinhos. 3
Sua mãe estava sempre trabalhando para
prestar serviço a um membro da família ou
amigos. Os pais do Presidente Monson sempre pediam que ele os acompanhasse ou que
fizesse algum serviço para eles, permitindo
que ele aprendesse, por experiência própria,
a trabalhar para servir seus semelhantes.
O Presidente Monson aprendeu a trabalhar com o pai e conseguiu seu primeiro
emprego de meio-período aos 14 anos,
na tipografia em que o pai era gerente. O
Presidente Monson conta que, depois dos 14
anos, poucos foram os dias, com exceção dos
domingos, em que ele não trabalhou. “Quem
aprende a trabalhar na juventude, não perde
esse hábito”, diz ele. 4
As Bênçãos da Persistência
Em questões de trabalho, como em quase
tudo o mais que formos chamados a fazer
na vida, é fundamental seguir em frente.
Se fizermos o melhor possível, buscando
orientação tanto humana quanto divina e
confiando em nosso amoroso Pai Celestial,
Ele vai abençoar os resultados.
Quando jovem, o Presidente Dieter F.
Uchtdorf, Segundo Conselheiro na Primeira
Presidência, queria trabalhar com outra coisa,
em vez de ser entregador da lavanderia da
família. Não gostava muito do carrinho, da
bicicleta pesada ou do serviço que fazia,
mesmo assim, trabalhou arduamente para
ajudar a família.
Como os marinheiros
que estão prestes
a entrar em águas
desconhecidas, é sensato que aqueles que
entram no mercado
de trabalho busquem
conselhos dos que
já cruzaram essas
águas.
A Liahona Dezembro de 2009 39
o S RE C U RS o S d e EmPRE g o
da Igreja
• Converse com o especialista de empregos de sua ala ou seu
ramo, que pode encaminhá-lo para ofertas de emprego, instruí-lo nas
técnicas de busca de emprego, prover-lhe orientação vocacional
ou recomendar-lhe alguns recursos comunitários.
• A Igreja tem Centros de Recursos de Emprego no mundo inteiro. Para
encontrar um perto de você, converse com seus líderes do sacerdócio
ou visite o site www.providentliving.org.
• Visite o site www.providentliving.org para encontrar dicas de busca de
emprego e orientação sobre como comportar-se numa entrevista,
montar um currículo e utilizar redes de contatos (somente em inglês).
Ele conta o seguinte a respeito da bênção que recebeu
graças àquela difícil experiência de trabalho:
“Muitos anos depois, quando estava para ser convocado
para o serviço militar, decidi apresentar-me na força aérea
para tornar-me piloto. Adorava voar e achava que me
daria muito bem como piloto.
Para ser aceito no programa, eu precisava passar em
vários testes, que incluíam um rigoroso exame de saúde.
Os médicos ficaram um pouco preocupados com os
resultados e fizeram mais alguns exames. Depois, vieram
me dizer: ‘Você tem marcas no pulmão que indicam que
teve uma doença pulmonar na adolescência, mas evidentemente está saudável agora’. Os médicos quiseram saber
a que tratamento eu havia sido submetido para curar-me
da doença. Até o dia do exame, eu não fazia ideia de que
tivera qualquer tipo de doença pulmonar. Então, ficou
claro para mim que o exercício regular que fizera ao ar
livre, como entregador da lavanderia, tinha sido um fatorchave na cura da minha doença. Sem o esforço extra de
pedalar a pesada bicicleta todos os dias, empurrando o
carrinho da lavanderia para cima e para baixo pelas ruas
da cidade, eu jamais teria me tornado piloto de caça e,
mais tarde, piloto comercial de jato 747.(…)
Se naquela época eu soubesse o que aprendi muitos
anos depois, se eu pudesse ter visto o fim desde o princípio, teria valorizado mais aquelas experiências, e meu
trabalho teria sido muito mais fácil.” 5
40
Içar Velas
Nesta época financeiramente instável, quando a maré
das oportunidades parece estar retraindo, quando os
ventos e correntes parecem se opor ao nosso progresso,
é fundamental lembrarmos que o Senhor não dá mandamentos aos filhos dos homens “sem antes preparar
um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas” (1 Néfi 3:7). Sem dúvida, trabalhar para prover
nosso sustento e o de nossa família é um dos mandamentos que o Senhor está preparado para ajudar-nos a
cumprir.
Para alguns, o desafio pode parecer assustador, como
sem dúvida aconteceu com Néfi, quando olhou para o
oceano que se estendia além do horizonte. Um jovem do
deserto teria que se tornar construtor de navios e marinheiro. Essa foi uma mudança de carreira. Néfi procurou
receber instruções e foi trabalhar (ver 1 Néfi 17:8–11).
O mesmo acontece hoje em dia: o Senhor vai abençoarnos, se continuarmos a sacrificar-nos e a servir no reino
e se embarcarmos com fé, sabendo que não navegamos
sozinhos. ◼
Notas
1. David O. McKay, Pathways to Happiness, 1957, p. 381.
2. Ver Gerald N. Lund, “Elder Henry B. Eyring: Moldado por ‘Influências
Determinantes’”, A ­Liahona, abril de 1996, p. 28.
3. Ver Thomas S. Monson, “Garantias de um Lar Feliz”, A L­ iahona,
outubro de 2001, p. 7.
4. Thomas S. Monson, “Friend to Friend”, Friend, outubro de 1981, p. 7.
5. Dieter F. Uchtdorf, “Ver o Fim desde o Princípio”, A L­ iahona, maio
de 2006, p. 43.
V o z e s
da
I g r e ja
Quando Te Vimos Enfermo?
Ilustrações: Antonio Didonato
D
e 2003 a 2005, servi como
presidente das Moças da
Ala Gutiérrez Zamora, em
Veracruz, México. No Natal, as moças
e suas líderes preparavam guloseimas
para levar aos membros idosos da ala.
Quando se aproximava o Natal
de 2005, ensaiamos hinos de Natal e
vestimos chales e chapéus vermelhos.
No inverno, chove muito em nossa
vila e o vento frio do norte sopra com
muita força. Mas isso não impediu
que um grupo de rapazes e moças
saísse levando tortas de abacaxi.
Quando chegamos à casa de nossos irmãos e irmãs idosos, cantamos
com muita alegria. Ao sair de cada
casa, sentimo-nos muito felizes,
porque mesmo por apenas
um momento, tínhamos
levado alegria para eles,
com nossos hinos e tortas.
A última irmã que
visitamos estava menos
ativa havia muitos
anos. Embora nenhum
dos jovens conhecesse
Juanita, meu marido e
eu a conhecíamos desde
muito tempo. Ela estava
acamada, com uma doença
terminal e era muito pobre.
Poucos dias antes, o quórum de élderes esteve na
casa dela para fazer alguns
consertos.
Quando chegamos,
chamamos o nome dela.
Ninguém respondeu, por
isso continuamos chamando. Pouco depois, ouvimos
lembrava dela e que a amava.
Depois que saímos da humilde
residência, os jovens expressaram
gratidão por terem ido cantar para
uma voz dizer com dificuldade:
ela. Não se importavam de terem
“Pode entrar, irmã Araceli”. Entraficado molhados e com frio: tinham o
mos e cantamos com muita alegria
coração cheio de alegria por come entusiasmo, embora a situação em
partilhar uma pequena
que ela se encontrava nos
parte da felicidade que
entristecesse. Não fazia
ão fazia
sentiam. Foi então que
muito tempo, Juanita fora
muito
compreendi mais plenacheia de vida. Mas naquela
tempo,
mente estes versículos:
ocasião, quando ela se
Juanita fora cheia
“Adoeci, e
sentou na cama, os jovens de vida. Mas
visitastes-me. (…)
não puderam conter as
naquela ocasião,
(…) Quando te vimos
lágrimas. Ela ficou emoquando ela se senenfermo (…) e fomos
cionada e agradeceu-nos
tou na cama, os
ver-te?
por termos ido visitá-la,
jovens não pudeE, respondendo o Rei,
fazendo com que sentisse, ram conter
lhes dirá: Em verdade
com nossos hinos, que o
as lágrimas.
vos digo que quando o
Pai Celestial Se
N
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus
25:36, 39–40).
Fiquei triste quando Juanita
faleceu, dias depois, mas sei, sem
dúvida alguma, que o Pai Celestial
ama Seus filhos. Também sei que,
se seguirmos o Espírito, podemos
ser instrumentos em Suas mãos para
abençoar uns aos outros. ◼
Araceli López Reséndiz, Veracruz, México
Vestido de
Amor
E
ra dezembro, época em que as
pessoas sentem ternura ao lembrar-se do nascimento de Jesus
N
“
ão será
preciso
comprar
presentes neste
Natal”, disseram
meus filhos.
Cristo e o que Ele fez por nós por
meio de Sua infinita Expiação.
Quando voltei do trabalho para
casa, meus três filhos e minha bela
esposa compartilharam comigo uma
decisão que haviam tomado para
o Natal: “Não será preciso comprar
presentes neste Natal”, disseram eles.
Surpreso, perguntei: “E o que foi
que os levou a decidir isso?” Afinal,
meus filhos estariam sacrificando algo
pelo qual ansiaram o ano inteiro.
Imediatamente foram buscar meus
dois ternos surrados. “Pai”, disseram
eles, “com o dinheiro que iríamos
usar para os presentes de Natal, queremos que você troque estes dois ternos velhos por um novo. Queremos
vê-lo sair para o trabalho vestindo
um terno novo!”
Dei-me conta de que aquele era o
verdadeiro espírito do Natal. Quando
sacrificamos algo por outra pessoa,
compreendemos o significado da
Expiação de Jesus Cristo.
Mais tarde, quando usei o terno
novo que ganhei de Natal, senti que
estava vestido de amor. ◼
Walter Ciro Calderón R., Bogotá, Colômbia
Ensinar Meu
Professor
N
o início do ano letivo, há
muitos anos, eu era caloura
na Universidade Colúmbia,
na Cidade de Nova York. Numa
grande sala de aula cheia de alunos,
nosso professor estava discutindo as
imitações modernas de textos antigos. Citou uma lista de falsificações, e
fiquei espantada ao ouvi-lo acrescentar o Livro de Mórmon à lista.
Imediatamente, soube que não
podia sair da sala sem fazer algo.
Não podia desapontar meus antepassados, cujo testemunho do Livro
de Mórmon fez com que sacrificassem tudo.
Depois da aula, fui falar com o
professor, que ocupava a cadeira
de Charles Anthon, na Universidade
Colúmbia. Mais de 100 anos antes,
Martin Harris fez uma visita ao Professor Anthon na Universidade Colúmbia.
Martin levava consigo uma folha de
papel com uma cópia das gravações
das placas da quais o Livro de Mórmon foi traduzido.
Lembrei-me de quando meu
pai me mostrou uma carta que o
pai dele havia escrito sobre Martin
Harris. Meu avô contou que havia
conhecido Martin, pouco antes
do falecimento do irmão Harris.
Quando meu avô lhe perguntou a
respeito do Livro de Mórmon, Martin
ergueu o corpo do leito e prestou
um forte testemunho. Ele tinha realmente visto um anjo, tinha realmente
ouvido sua voz e tinha realmente
visto as placas de ouro.
“Meu nome é Diana e sou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias”, disse eu,
trêmula, ao professor. “O Livro de
Mórmon, para mim, é um livro de
escrituras. Gostaria de saber que
motivos o senhor tem para considerá-lo falso.”
Ao caminharmos pelo campus, o
professor, que havia lido o Livro de
O
“
Mórmon, relacionou várias objeções a sua autenticidade. Anotei-as rapidamente e, quando
ele terminou, perguntei: “Posso
fazer um trabalho sobre o que eu
descobrir em fontes a respeito desses
assuntos em resposta a essas objeções?” Ele concordou.
Voltei para o dormitório, fechei
a porta do quarto, ajoelhei-me em
oração e comecei a chorar. Senti-me
fraca e incapaz. Felizmente, naquela
noite tivemos uma atividade na Igreja.
Depois de um debate que me elevou
o espírito, pedi ajuda aos missionários de tempo integral que foram à
atividade. Eles me indicaram algumas
fontes de informações que cobriam
a maior parte dos pontos levantados
por meu professor. Depois, fui pesquisar na imensa biblioteca da Universidade. Em meu trabalho, respondi
às dúvidas do professor e prestei meu
testemunho da veracidade do Livro
de Mórmon. Depois, entreguei o
trabalho ao professor.
Esperei várias semanas pela resposta. Por fim, fui perguntar se ele o
havia lido.
“Li sim, e dei-o para minha mulher
para que ela o lesse. Ela me disse:
Livro
de
Mórmon, para mim,
é um livro de
escrituras”,
afirmei a meu
professor.
“Gostaria de
saber que
motivos o
senhor tem
para considerá-lo falso.”
‘Faça o que fizer, não
destrua a fé da sua aluna’”. Então, ele
se virou e foi embora.
À medida que o Natal foi-se
aproximando, tive uma forte inspiração de que devia dar-lhe um
exemplar do Livro de Mórmon.
Peguei um exemplar, escrevi meu
testemunho e agradeci por ele ter
lido meu trabalho. Depois, embrulhei o livro em papel de presente
e o entreguei a ele. Pouco tempo
depois, recebi um bilhete dele
expressando sua gratidão por ter
recebido um exemplar “desse livro
extraordinário”.
Quando li o que ele escreveu,
meus olhos se encheram de lágrimas. O Espírito sussurrou que aquele
professor nunca mais ridicularizaria
o Livro de Mórmon. Sinto-me grata
pelo Espírito ter abrandado corações
e por ter-me ajudado a saber como
ensinar meu professor. ◼
Diana Summerhays Graham, Utah, EUA
A Liahona Dezembro de 2009 43
O Maior
Presente
C
erta manhã, ao terminar de
ler e ponderar sobre o Livro
de Mórmon, dei-me conta
de que estávamos novamente no
fim do ano. Isso me levou a pensar
no meu irmão, de quem cuidei em
minha casa nas suas últimas semanas, quando ele estava com câncer
terminal, em 2005.
Oliver estava decidido a cumprir
a promessa que fizera a si mesmo
de seguir o conselho do Presidente
Gordon B. Hinckley (1910–2008) de
ler o Livro de Mórmon até o final do
ano.1 Mas em setembro, ainda faltavam muitas páginas para Oliver ler.
Por fim, ele ficou tão fraco que já não
conseguia ler sozinho.
Decidido a cumprir
sua promessa,
ecidido a
cumprir sua Oliver pediu-me
que lesse o Livro
promessa,
D
Oliver pediu-me
que lesse o Livro
de Mórmon
para ele.
de Mórmon para ele. Eu estava bem
mais adiantada em minha leitura, mas
fiquei feliz em começar de onde ele
havia parado.
Ao ler para Oliver todos os dias,
pude ajudá-lo a atingir sua meta de
terminar o livro até o final do ano,
poucos dias antes de morrer. Nessa
época, ele mal conseguia falar audivelmente, mas sua mente estava clara
e lúcida. Com grande esforço, ele
sempre expressava sua gratidão pelo
presente que eu lhe dera, dizendo
que podia morrer em paz porque
havia cumprido sua promessa.
Eu já tinha lido o Livro de Mórmon muitas vezes, mas nunca senti
o espírito tão forte nem compreendi
seus preceitos tão claramente quanto
naqueles últimos meses de vida
do meu irmão. Sem dúvida, Oliver
havia-me dado o presente maior. ◼
Lois N. Pope, Utah, EUA
Nota
1. Ver Gordon B. Hinckley, “Um Testemunho
Vibrante e Verdadeiro”, A ­Liahona, agosto
de 2005, p. 6.
Por Que
Preciso
Estar Aqui?
U
ma semana antes do Natal
de 2007, dois de meus filhos
tiveram laringite e infecção
de ouvido. Jacob, de 5 anos, gemia
quando fomos até a farmácia para
tomar uma injeção, e Beth, de 19
meses, estava muito manhosa em
meu colo.
Quando chegamos, encontramos
uma grande fila no balcão de atendimento. Enquanto Jacob se agarrava a
minha perna e reclamava do ouvido,
Beth soltou-se dos meus braços.
Achei que ela ia ficar ao meu lado,
mas assim que se soltou, correu para
um senhor idoso que estava sentado
num banco, perto da fila.
O homem estava olhando para o
chão, com o rosto apoiado nas mãos.
Chamei Beth, não querendo sair da
fila, mas ela se aproximou do homem
e se inclinou para olhar o rosto dele,
então sorriu e deu uma risadinha.
Mandei que Jacob fosse buscá-la.
C
hamei Beth,
mas ela
se aproximou do homem e
se inclinou para
olhar o rosto dele,
então sorriu e deu
uma risadinha.
Ele a agarrou pela mão e
tentou puxá-la para longe
do homem, mas ela se
recusou a sair dali. Então,
ela começou a empurrar a
testa do homem para que
ele erguesse a cabeça. Fui
ficando ansiosa, então vi
Beth tirar os sapatos, que
estavam desamarrados,
e colocá-los no colo do
homem. Ele ergueu o
rosto e sorriu.
“Beth!” chamei.
“Está tudo bem”, disse o
homem, com uma voz cansada. “Vou
amarrar os sapatos para ela.”
Fiquei um pouco nervosa, quando
ele começou a calçar os sapatos na
Beth. Quando terminou, ele a abraçou e deu-lhe um beijo na testa. Ele
demorou para largá-la, por isso saí
rapidamente da fila para tirar minha
filha dos braços daquele estranho.
Quando me aproximei, vi que ele
tinha lágrimas nos olhos. Preocupada,
sentei-me ao lado dele.
“Tenho que lhe dizer algo”, disse
ele, fitando o vazio a sua frente.
“Há pouco mais de um mês, minha
esposa morreu e, há uma hora,
fiquei sabendo que estou com
câncer terminal. Vim aqui para
comprar remédios e fiquei pensando na vida, achando que deveria
adiantar o inevitável. Achei que não
conseguiria suportar o Natal e as
dores do câncer sem minha querida
esposa ao meu lado.”
Ele disse que estivera orando e
pedindo a Deus: “Se eu preciso ficar
aqui por algum motivo, é melhor
que me mostre agora, senão vou
para casa dar um fim em tudo”. Antes
mesmo de
terminar a
frase, Beth
começou
a incomodá-lo e a chamá-lo de “vovô”.
“Agora eu sei por que preciso
continuar aqui por mais algum
tempo”, disse ele. “Preciso ficar aqui
por causa dos meus netos. Eles precisam de mim.”
Eu o abracei e não pude conter as
lágrimas. Depois, fui comprar nossos
remédios. Beth, que estivera tão
abatida havia apenas alguns
instantes, beijou o homem
no rosto e se afastou comigo
e com Jacob, acenando e
dizendo: “Tchau, vovô”.
Não perguntei o seu nome, mas
nunca me esquecerei de que até
uma menina que incomoda um
homem idoso pode ser a resposta a
uma oração. ◼
Megan Robinson, Utah, EUA
A Liahona Dezembro de 2009 45
Segredo Revelado
Para os
Adultos
• Análise profunda de temas
do evangelho.
• Mensagens dos líderes
da Igreja.
• Notícias sobre os membros
do lugar em que você vive.
• Conselhos para os casais.
Para os Jovens
Adultos Solteiros
• Como aplicar o evangelho em sua vida.
• O que os líderes da Igreja querem que
você saiba.
Para os Jovens
• Como adquirir e fortalecer seu testemunho.
• Respostas a dúvidas sobre o evangelho.
• Experiências pessoais de outros adolescentes.
Há Algo para
Todos na Nova
A ­Liahona.
Não é segredo que, onde quer que
você esteja na vida, queremos estar
com você. Com mais artigos para
membros que se encontram em diferentes situações, esperamos ajudá-lo a
encontrar os princípios do evangelho
que você pode aplicar para resolver
os problemas que enfrenta na vida.
Não perca o que a nova A L­ iahona
pode fazer por você e pelas pessoas ao
para os Líderes e
Professores
• Auxílios para magnificar seu chamado,
melhorar seu ensino e aconselhar os
membros.
para os Membros
Novos
• Explicações simples sobre as crenças dos santos dos
últimos dias.
• Histórias de conversão de outros membros novos.
Para as
Crianças
Para as Famílias
• Desenhos, gravuras e histórias
de crianças do mundo inteiro.
• Atividades divertidas que
ajudam a ensinar o evangelho.
• Ideias sobre como usar os artigos de A ­Liahona para
ensinar seus filhos.
• Auxílios para a noite familiar.
• Histórias de famílias que aplicaram o evangelho no lar.
• Conselhos para os pais.
T h e C h u r C h o f J e s u s C h r i s T o f L a T T e r - d ay s a i n T s • J a n u a r y 2 0 1 0
W
02092 81000
ENGLISH
8
elcome to the new Liahona!
All of its pages were created
with you—members of the
Church of all ages—in mind. Certain
sections, however, have special appeal
for certain readers.
• Youngadultsmaywanttogoto
page 42.
• Youthmaywanttoturntopage46.
• Childrencouldstartwithpage58.
• Parentsofyoungchildrenmay
want to help them find page 70.
But don’t stop there; there’s a lot more
to discover as you come to know and
use your new Liahona.
4
seu redor. Queremos
convidá-lo a manter
sua assinatura atualizada e a presentear um
ente querido com uma
assinatura. Esse é um segredo
que não queremos guardar.
Find in Your
New Liahona
a Compass for
Our Day
Na edição de janeiro de 2010.
C o m o
U t i l i z a r
E s ta
Ed i ç ã o
Ideias para a Noite Familiar
Estas aplicações didáticas são
dadas como sugestão. Você
pode adaptá-las a sua
família.
“Os Três Reis”, p. 12: “A
maioria das pessoas aprende e
lembra melhor se apresentamos as ideias usando
gravuras, mapas, listas de
palavras ou outros auxílios visuais”. 1
Você pode mostrar as gravuras do
próprio artigo ou outros objetos ao
ensinar usando este artigo. Faça uma
dramatização de modo a usar pessoas
como auxílios visuais. 2 Você pode
dramatizar a visita dos Reis Magos ao
menino Jesus, ao ensinar essa história
para sua família.
“Adorar por Meio da Reverência”,
p. 26: É mais provável que sua família
compreenda e aplique as doutrinas
se tiver oportunidade de ensinar
essas doutrinas para outras pessoas. 3
Você pode fazer com que os membros da família ensinem os princípios
desse artigo uns aos outros. Vários
dias antes da noite familiar, separe
o artigo em três seções e peça a três
membros da família que, na noite
familiar, contem o que aprenderam em sua respectiva seção.
“A Bênção do Trabalho”,
p. 36: Histórias podem
despertar o interesse
do aluno e geralmente
são um modo eficaz de ensino. 4
Para ilustrar a doutrina do trabalho ensinada pelo Bispo H. David
Burton, você pode contar as experiências dos Presidentes Thomas S.
Monson, Henry B. Eyring e Dieter F.
Uchtdorf, extraídas do artigo. Você
pode concluir sua aula convidando
os membros da família a contar uma
história sobre o trabalho que tenha
abençoado a vida deles.
Notas
1. Ensino, Não Há Maior Chamado, 1999,
p. 182.
2. Ver Ensino, Não Há Maior Chamado,
p. 178.
3. Ver Ensino, Não Há Maior Chamado,
p. 161.
4. Ver Ensino, Não Há Maior Chamado,
pp. 93, 179–182.
Responsabilidade do Pai
“Leve a sério sua responsabilidade de ensinar o evangelho
a sua família por meio de noite familiar, oração familiar,
horário do devocional, do estudo regular das escrituras e de
outros momentos de ensino. Dê especial ênfase à preparação
para o trabalho missionário e o casamento no templo. (…)
Depois de sua própria salvação, irmãos, não há nada mais importante para
vocês do que a salvação de sua esposa e filhos.”
Presidente Howard W. Hunter (1907–1995), “Sede Pais e Maridos Justos”, A Liahona,
janeiro de 1995, p. 53.
48
T ó p i c o s d e s t a Ed i ç ã o
Os números representam a primeira página de
cada artigo.
A = O Amigo
Adoração, 26
Adversidade, 30
Amor, 2, 10, 16, 34, 41,
42, A14
Ativação, 18
Cantar, 10
Livro de Mórmon,
43, 44
Natal, 2, 8, 10, 12, 16,
24, 41, 42, A2, A8,
A10
Obra missionária,
34, 36
Caridade, 25
Oração, 30, 45
Chaves do sacerdócio, 18
Presidentes de estaca,
Dons espirituais, 18
18
Educação, 36
Primária, A4
Emprego, 36
Professoras visitantes,
Expiação, 2, 24
16, 25
Famílias, 2, 34, A7
Revelação, 18
Fé, 12, 26, 30, A2, A10,
Reverência, 26, A4
A12
Jesus Cristo, 2, 8, 24,
A2, A12
Joseph Smith, A14
Sacramento, A12
Sacrifício, 42
Serviço, 2, 10, 16, 25,
41, 44
Trabalho, 36
O Amigo
P a r a a s C r ia n ç a s • A I g r e j a d e J e s u s C r i s t o d o s Sa n t o s d o s Ú l t i m o s Dia s • D e z e m b r o d e 2 0 0 9
M e n s a g e m
da
pa r a
P r i m e i r a
a s
d e
Na t al
P r e s i d ê n c i a
C r i a n ç a s
d o
Mu n d o
Motivo de
Assombro
A
época de Natal é uma das mais maravilhosas do
ano. No entanto, não são os presentes, a árvore,
a decoração ou a comida que tornam essa
época cheia de encanto.
Quando nos lembramos do nascimento de nosso
Salvador Jesus Cristo é que o Natal se torna uma época
realmente especial.
Se nos esforçarmos para lembrar do Salvador, nosso
desejo de tornar-nos semelhantes a Ele vai crescer. Não
é por coincidência que o Natal é a época do ano em
que as pessoas se sentem mais amorosas, caridosas,
bondosas e gratas.
Em nosso empenho de seguir o exemplo de Cristo
nesta época e esforçar-nos ao máximo para viver como
Ele viveu, procuremos maneiras de elevar as pessoas a
nosso redor. Comemoremos o nascimento de nosso Salvador sendo seguidores de Cristo em palavras e ações.
Testificamos que, se fizermos isso, o desejo de
segui-Lo que cresce dentro de nós no Natal vai continuar a desenvolver-se durante todo o ano que está
por vir. ●
Presidente Henry B. Eyring
Presidente Dieter F. Uchtdorf
A2
A Natividade, de Nathan Pinnock
Presidente Thomas S. Monson
Ja n P i n b o r o u g h
Inspirado numa história verídica
“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (D&C 101:16).
N
atanael segurou a mão da mãe com força a
caminho da sala da Primária. Era a segunda
semana do Natanael na classe de Raios de Sol.
Ele estava com medo e, a cada passo, caminhava
mais devagar.
Na semana anterior, a Primária tinha sido um pouco
bagunçada. Na hora dos hinos, Mia ficou de pé e
começou a rodar em círculos. Natanael cansou-se de
ficar sentado e ficou de pé também. Mas quando a
professora pediu, ele voltou a sentar-se. No tempo de
compartilhar, algumas crianças mais velhas ficaram
conversando e rindo. Às vezes, havia tanto barulho
que não dava para ouvir o que a irmã Miranda, a
presidente da Primária, dizia. Quando sua amiguinha
Cara começou a chorar, Natanael ficou com vontade
de chorar também.
Ao chegar à primeira fileira, Natanael não quis
largar a mão da mãe. Estava preocupado, achando
que a Primária seria bagunçada de novo nesta semana.
Então, viu sua professora.
“Oi, Natanael,” disse a irmã Tejada. “Que bom que
você veio.” A irmã Tejada mostrou a cadeira ao lado da
dela.
Natanael gostou do sorriso bondoso da professora.
Largou a mão da mãe e foi sentar-se ao lado da irmã
Tejada.
“Volto para buscá-lo depois da aula”, disse a mãe.
“Lembre-se de ser reverente.”
Natanael não sabia bem como fazer isso.
Depois da primeira oração, a irmã Miranda se
levantou. “Hoje temos um visitante especial”, disse ela.
De repente, um fantoche apareceu por trás da
mesa, ao lado da irmã Miranda. O fantoche se contorceu, acenou os braços e disse: “Já está na hora
A4
de ir embora? Estou com sede!”
Algumas crianças riram.
“É a primeira vez que Arlo vem para a Primária”, disse
a irmã Miranda, “e ele não sabe ser reverente. Mas antes
de ser reverente, ele precisa aprender a ter boas maneiras na Primária.”
Natanael ficou surpreso. No jantar, a mãe às vezes o
lembrava de colocar o guardanapo no colo. Isso era ter
boas maneiras. E o pai sempre pedia que todos agradecessem à mãe pela boa refeição antes de começarem a
tirar a mesa. Isso também era ter boas maneiras. Mas o
que era ter boas maneiras na Primária?
Arlo inclinou-se de cabeça para baixo na frente da
mesa. “Ei, todo mundo fica engraçado de cabeça para
baixo!” disse ele.
“Boas maneiras são regras que mostram respeito pelas
outras pessoas”, explicou a irmã Miranda. “Arlo não
conhece as regras de boas maneiras na Primária. Vocês
poderiam ensinar para ele?” pediu ela.
A irmã Miranda foi até o quadro-negro e desenhou
um braço. “O que Arlo deve fazer com os braços?” perguntou ela.
“Cruzá-los!” respondeu Mia.
“Está certo”, exclamou a irmã Miranda.
Arlo sentou-se. Cruzou os braços e ergueu-os sobre a
cabeça. “Oh, quer dizer, assim?” perguntou ele.
Natanael sabia que aquilo não estava certo.
A irmã Miranda pediu que todas as crianças da Primária mostrassem ao Arlo como cruzar os braços.
Natanael rapidamente cruzou os braços. Arlo cruzou
os braços também.
No quadro-negro, ao lado do braço, a irmã Miranda
escreveu: “Cruzar os braços”.
À medida que a irmã Miranda foi fazendo outros
desenhos, as crianças ensinaram ao Arlo as regras de
boas maneiras na Primária. Natanael ficou contente por
já conhecer a maioria delas.
Arlo não estava mais se contorcendo nem acenando
os braços. Mantinha as pernas quietinhas e os braços
cruzados. As crianças também estavam ouvindo em silêncio. A Primária já não parecia bagunçada ou barulhenta.
Natanael sentiu-se calmo e feliz. Não era difícil ser reverente na Primária. Ele já sabia como fazê-lo. ●
Ilustração: Jennifer Tolman
Boas Maneiras na
Primária
Cruzar os braços.
Andar sem fazer
barulho.
Erguer a mão para
pedir para falar.
Falar baixinho.
Prestar
atenção à .
professora
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os para apre
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Revelaçã
E s ta É a C a s a d e D e u s
Q
uais são algumas maneiras pelas quais
podemos mostrar respeito pela casa do
Pai Celestial?
1.Andar sem fazer barulho pelo corredor.
Só correr na quadra durante as atividades especiais que não são realizadas no
domingo.
2.Falar baixinho.
3.Cuidar bem dos hinários. Guardá-los
direitinho depois de usá-los.
A
s crianças da Ala Kahului, Estaca Kahului Havaí, trabalharam arduamente para ajudar a cuidar da casa do Pai Celestial. Num projeto
de serviço, limparam as cadeiras que elas usam todas as semanas na
Primária.
As crianças mais velhas lavaram as cadeiras com água e bicarbonato
de sódio, e as crianças menores as enxugaram. Até as crianças pequenas
4.Jogar no cesto todo lixo que encontrar.
trabalharam com entusiasmo e alegria. Depois, todas se sentiram bem por
5.Não pôr os pés em cima dos bancos ou
manterem a casa do Pai Celestial limpa.
cadeiras.
6.Quando lhe pedirem, ajudar a guardar as
Fotografias: cortesia da Estaca Kahului Havaí
cadeiras depois da reunião.
A6
P á g i n a pa r a
C o l o r i r
Minha família é abençoada quando nos lembramos de Jesus Cristo.
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” ( Jó 19:25).
Ilustração: Apryl Stott
Ilustrações: Scott Greer
Revistas da Igreja
C ha d E . P ha r e s e Sha r a B r ai t h w ai t e
O Natal no
Mundo Inteiro
As crianças alemãs
deixam os sapatos ou as
No Japão, as crianças
adoram comer bolo de
Natal com morangos e
chantilly.
Na Finlândia, as famílias visitam o cemitério na véspera
de Natal e colocam velas nos
túmulos dos entes queridos.
As famílias na Argentina
Na Índia, as pessoas colocam
pequenas lanternas de barro
no telhado da casa para
mostrar que Jesus é a Luz do
Mundo.
Na Irlanda, as famílias
colocam velas nas janelas
das casas para mostrar que
teriam acolhido Maria e
José.
1 2 3 4
s crianças do mundo inteiro comemoram o Natal de diversas maneiras. Este
calendário descreve algumas delas. Recorte as gravuras da página A16. Pendure
este calendário numa parede da sua casa. A partir de 1º de dezembro, encontre a
gravura que descreve as palavras do dia. Depois, cole a gravura no quadrinho daquele dia.
A
25
Embora o comemoremos de diferentes
modos, o Natal nos dá
a oportunidade de lembrar-nos do nascimento
de Jesus Cristo.
5 6 7 8
9 10 11 12
13 14 15 16
17 18 19 20
21 22 23 24
Uma semana antes do
Natal, as crianças italianas
se vestem de pastores e vão
de porta em porta cantando
hinos e recitando poemas.
As crianças na Espanha
ganham brinquedos, doces
e pequenos instrumentos
musicais indo de casa em
casa, recitando versos ou
cantando hinos.
No Paraguai, as pessoas
decoram as casas com flores
de coqueiro.
As crianças na Inglaterra
recebem tubos cobertos de
papel, chamados estalos de
Natal, no jantar de Natal. O
tubo estala ruidosamente
quando aberto. Dentro dele
há um chapéu de papel, um
poema ou um brinquedo.
Na Suécia, no dia 13 de
dezembro, uma garotinha usa um vestido
branco com uma faixa
vermelha e distribui
pães e biscoitos.
No Líbano, grão de bico,
trigo, feijão e lentilhas são
plantadas duas semanas
antes do Natal. Os brotos
são usados para decorar o
presépio nas casas.
Na Nova Zelândia, muitas
cidades têm comemorações nos parques. As
pessoas ouvem cantores
conhecidos cantarem
músicas de Natal.
Na Noruega, as crianças
comem pudim de arroz.
A criança que encontrar a
noz escondida ganha um
doce ou um pedaço de
chocolate.
Na Holanda, as famílias
comemoram o Natal
tomando chocolate quente e
comendo o banketletter, que
é um bolo com o formato da
primeira letra do sobrenome
da família.
Nos Estados Unidos,
as pessoas decoram
pinheiros com luzinhas,
bolas e enfeites.
As famílias de Tonga acordam cedo para preparar e
levar o desjejum para os
vizinhos. As crianças ficam
muito entusiasmadas ao
levarem esse desjejum e
verem o que os vizinhos
trouxeram.
As famílias mexicanas
recortam desenhos em
sacos de papel para fazer
lanternas ou farolitos.
Colocam-se velas dentro
dos farolitos, que decoram
calçadas, janelas e telhados.
Na Libéria, as famílias jantam fora de casa, sentadas
em círculo. Um jantar tradicional de Natal na Libéria
inclui biscoitos, arroz e
bife.
As famílias nas Filipinas
fazem a decoração com
parols, que são estrelas feitas
de bambu e papel de seda,
iluminadas com lampadinhas.
Em Gana, as famílias ficam
acordadas a noite inteira
realizando jogos e brincadeiras. Pouco antes da
meia-noite, a família faz a
contagem regressiva dos
segundos para o início do
dia de Natal.
Na Bulgária, todos à
mesa se levantam ao
mesmo tempo no fim do
jantar.
Na Venezuela, as crianças
andam de patins pelas
ruas na manhã de Natal.
acendem balões de papel
chamados globos na véspera de Natal e os soltam
à noite.
Na Austrália, muitas pessoas
vão à praia e cantam hinos
de Natal.
botas junto à lareira ou
do lado de fora da porta.
Na manhã seguinte, os
sapatos estão cheios de
doces.
Um Natal na
Praça do Templo
M
uitas pessoas adoram visitar a
Praça do Templo na época do
Natal. Liza, 11 anos, e Hiram, 10
anos, são primos e vieram de Kaysville,
Utah, para ver bela iluminação e decoração
da Praça do Templo.
É difícil decidir para onde olhar. Em
toda parte, as árvores estão cobertas de
luzes pisca-pisca cor-de-rosa, amarelas,
A10
azuis e verdes. Acima de tudo, o Templo
de Salt Lake está todo iluminado de branco
com a estátua dourada de Morôni a brilhar
no alto.
Liza e Hiram gostaram muito do presépio com figuras da altura de uma criança,
feito especialmente para as crianças que
foram assistir às Olimpíadas de Inverno de
2002, em Salt Lake City.
Acima: Liza e Hiram param
Artistas de vários países criaram o presépio, para dar boas-vindas às crianças do
mundo inteiro e ajudá-las a pensar no Salvador. Esses presépios ainda são exibidos
no Natal, na Praça do Templo. Há presépios do Japão, México, da Nova Zelândia
e Polônia. Olhando de perto, vemos que
há alguns presentes bem incomuns para o
menino Jesus! ●
para ver o presépio em
tamanho natural, perto do
Tabernáculo e para ouvir a
história de Natal contada
num alto-falante.
Fotografia: Craig Dimond
Curiosidades
Acima: Em frente do templo há um presépio
todo branco. Um espelho d’água reflete o templo, Maria, José e Jesus. É uma visão de tirar o
fôlego.
• Aproximadamente um milhão de pessoas visita a
Praça do Templo na época do Natal.
• Há dezenas de árvores iluminadas na Praça do Templo.
Em apenas uma das árvores, há 75.000 luzinhas.
Quantas lâmpadas você acha que há em toda a Praça
do Templo? Atualmente são usadas lâmpadas dicroicas para economizar eletricidade.
• Os trabalhadores começam a instalar as luzes de Natal
no dia 1º de agosto e terminam de retirá-las em 31 de
março.
• As crianças ajudaram a confeccionar as luminárias (à
direita) da praça do Edifício Administrativo da Igreja.
Em algumas delas, foram escritas mensagens de Natal
em diversos idiomas.
• Atualmente as luzes são acesas por meio de um computador. Mas, há vários anos, as crianças ajudavam
a acender as luzes à noite, quando elas eram acesas
na época do Natal. Certa vez, quando uma menina
conectou seu cordão de lampadinhas e toda a Praça
do Templo se iluminou ao mesmo tempo, ela achou
que havia acendido todas as luzes sozinha.
O Amigo Dezembro de 2009
A11
Vou-Me
Lembrar de
Jesus Cristo
T e m p o
d e
C o m pa r t i l h a r
Vou-me Lembrar de Jesus Cristo
“Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se
levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
Cheryl Esplin
Quando Jesus viveu na Terra, Ele fez o bem.
Jesus não tinha pecados, mas sofreu e
morreu pelos pecados de toda a humanidade. Após três dias, Ele ressuscitou. Jesus levou a
efeito a Expiação por meio de Seu sofrimento, morte e
Ressurreição.
Todos os domingos, ao tomar o sacramento, você
deve lembrar-se da Expiação de Jesus Cristo e das
promessas que fez para o Pai Celestial quando você foi
batizado. O sacramento é uma ocasião em que devemos pensar no quanto Jesus Cristo e o Pai Celestial nos
amam. É a hora de arrepender-nos e pensar no que
podemos fazer para tornar-nos mais semelhantes a Eles.
Ao cantar o hino sacramental, preste atenção na letra.
Ouça com atenção as orações sacramentais. Pense no
que aprendeu e no que sente.
Atividade
Remova a página A12 da revista e cole-a em cartolina. Dobre o livreto do sacramento nas linhas pontilhadas. Quando cantar o hino sacramental na Igreja, ouça
o que a letra diz a respeito de Jesus Cristo. Quando
voltar para casa toda semana, escreva em seu livreto
uma coisa que aprendeu sobre Jesus no hino.
Ideias para o Tempo de Compartilhar
1. Lembro-me de Jesus quando tomo o sacramento. Conte a
Ilustrações: Paul Mann
história da Última Ceia, que se encontra em Mateus 26:17–30.
Observação: Essa atividade pode ser copiada ou impressa a partir da
Internet, no site www.lds.org. As gravuras do evangelho podem ser
impressas a partir da Internet, no endereço http://gospelart.lds.org.
Leiam juntos Lucas 22:19 e peça que as crianças repitam as
palavras “fazei isto em memória de mim”. Explique-lhes que o
sacramento nos dá a oportunidade de lembrar-nos do Salvador
e de Sua Expiação. Mostre as bandejas do sacramento. Ajude
as crianças a compreender que o pão lembra o corpo de Cristo
e a água lembra Seu sangue. Escreva no quadro-negro: “O que
podemos fazer para lembrar-nos de Jesus ao tomar o sacramento?” Escreva as respostas no quadro-negro. (Exemplos: ler
uma escritura a respeito de Jesus, ouvir as orações do sacramento, pensar na Expiação de Jesus.) Incentive as crianças a
tentar aplicar uma dessas sugestões na próxima vez em que
assistirem a uma reunião sacramental.
2. Lembrar-me de Jesus me ajuda a escolher o que é certo.
Antes da aula, embrulhe a gravura 240 do Pacote de Gravuras do Evangelho ( Jesus, o Cristo) para que pareça um
presente de Natal. Diga às crianças que dentro dele há algo
que representa o maior de todos os presentes. Peça às crianças que façam perguntas que possam ser respondidas com
sim ou não para adivinhar o que é. Deixe que a criança
que acertar a resposta desembrulhe o presente. Coloque a
gravura de Jesus no quadro. Com antecedência, espalhe
as seguintes fitas de papel com palavras pela sala de aula:
“Jesus foi batizado”, “Jesus serviu às pessoas”, “Jesus orou
ao Pai”, “Jesus fez o bem”, “Jesus nos ama”, “Jesus aprendeu
a trabalhar” e “Jesus honrou Sua mãe”. Divida o quadronegro em duas colunas. No alto de uma coluna, escreva
“Lembrar-me de Jesus”. No alto da segunda, escreva “Ajuda-me a escolher o certo”. Entregue a cada classe uma referência das escrituras ou gravura que conte parte da vida de
Jesus. Exemplos: Mateus 3:13–17 — Jesus foi batizado; João
13:4–15 — Jesus serviu às pessoas; 3 Néfi 17:15 — Jesus orou
ao Pai; João 15:12 — Jesus nos amou; Pacote de Gravuras
do Evangelho 206 (Infância de Jesus Cristo) — Jesus aprendeu a trabalhar; 242 ( Jesus e Sua Mãe) — Jesus honrou Sua
mãe. Peça às crianças que leiam a escritura ou analisem
a gravura e descubram a fita com palavras que a descreve.
Quando cada classe escolher corretamente, coloque a fita
com palavras na primeira coluna. Ajude as crianças a pensar em uma escolha semelhante que possam fazer, como “Eu
vou ser batizado”. Escreva-a na segunda coluna, na frente
da fita correspondente. ●
O Amigo Dezembro de 2009 A13
D a V ida do P ro f e t a J o s eph Smi t h
Um Verdadeiro Exemplo
de Cristo
O Profeta foi visitar seu tio e sua
tia. O tio e os primos estavam
enfermos, com febre e malária.
Mas, Joseph, o que
você vai calçar?
Joseph foi para casa a
cavalo, descalço.
Ilustrações: Sal Velluto e Eugenio Mattozzi
Tome, tio, fique com
minhas botas.
Joseph, seu tio está pior que
todos. Temo pela vida dele.
A14
Mandou buscar o tio e levou-o
para sua casa.
Também enviou muitos suprimentos para ajudar o restante da família
a se recuperar.
Ele vai sarar mais rápido em
minha casa. Emma vai cuidar
muito bem dele.
Obrigada, Joseph.
Obrigada.
O genuíno amor do Profeta pelos seus
semelhantes salvou a vida de seu tio e aliviou
o fardo de sua tia.
Adaptado de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 430.
O Amigo Dezembro de 2009 A15
A16
Ilustrações: Scott Greer
Para atividade e instruções, ver páginas A8–A9.
Maria Guardava Todas Estas Coisas, Conferindo-as em Seu Coração, de Lonni Clarke
“Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus.
Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo” (Lucas 1:30–32).
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PORTUGUESE
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“O anseio que todos temos no coração, na época
do Natal e em todas as ocasiões, é o de estar
unidos em amor com a serena garantia de
que isso pode durar para sempre”, diz o
Presidente Henry B. Eyring. “Essa é a promessa
de vida eterna, que Deus chamou de o maior
de todos os Seus dons (ver D&C 14:7). Isso se
tornou possível graças à dádiva de Seu Amado
Filho e os consequentes dons do nascimento do
Salvador, de Sua Expiação e Ressurreição.”
Ver “Voltar para Casa no Natal”, p. 2.

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