Educar para a informação ed rev
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Educar para a informação ed rev
CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. Educar para a informação: a necessidade de criar uma prática documentária a partir da escola* Paola Capitani Resumo: Após reforçar a noção de que é tarefa do knowledge manager desenvolver atividades relacionadas à gestão da informação, sendo que estas devem sempre ter como objetivo último a satisfação do usuário, a autora lista uma série de habilidades necessárias para que este objetivo seja alcançado. Entre as principais estão: formação adequada, metodologias padronizadas, terminologia comum, e cooperação entre equipes de trabalho. Fora isso, a autora sugere que deveriam ser criados métodos/ práticas de pesquisa informativa já nas escolas, permitindo aos jovens não só o desenvolvimento deste hábito enquanto usuários (e posteriormente, quem sabe, profissionais da informação) como também como maneira de praticar a pesquisa (permitindo que os gestores possam elaborar produtos cada vez mais eficientes), a interdisciplinaridade (a partir do diálogo entre as várias disciplinas, metodologias e visões de mundo que o confronto entre as áreas, durante a pesquisa, proporciona) e a conjugação de cultura e tecnologia, entendendo-os como elementos que se complementam. O artigo é finalizado com a sugestão de que não se pode perder de vista os pontos-chave de qualquer serviço de informação: quem, o quê, como, onde, quando e por quê, sendo que, aquele que considerar apenas um ou outro ponto, pode comprometer o serviço. Palavras-chave: Atuação profissional do bibliotecário; Competências profissionais do bibliotecário; Educação; Interdisciplinaridade. Para desenvolver qualquer atividade profissional e em particular aquela de “comunicador” ou formador – ou, melhor dizendo, de knowledge manager, como se lê hoje em dia na literatura especializada – é preciso possuir certas habilidades que constantemente devem ser renovadas e atualizadas. Com a expressão knowledge manager faz-se referência ao profissional encarregado de gerenciar o conhecimento, ou seja, selecionar as fontes de informação, utilizar-se das mais significativas para a indexação (segundo procedimentos convenientes), produzir a partir delas outras informações – recorrendo para tal à multiplicidade de meios (impressos e eletrônicos) e modalidades – gerenciar recursos humanos, conhecer o contexto ao qual estão inseridos os projetos elaborados etc. Em suma, gerenciar a informação através dos seus diversos canais e procedimentos. Para isso, no entanto, são necessários: competências1, métodos2 e, sobretudo, "trabalho em equipe"3. Em rede com a rede Esta palavra de ordem implica a definição de claros e unívocos objetivos, que possibilitem o trabalho sinérgico (cooperação, rede, sistema) com vistas à racionalização de recursos e experiências, utilizando-se para tal de instrumentos tecnológicos convenientes (como a internet) sem, no entanto, deixar de reconhecer outros igualmente válidos e eficazes – desde que usados com inteligência e métodos adequados. Assim, para que um determinado sistema informativo possa gerenciar a informação de maneira correta e em cooperação com outros, é necessário que sua atuação se dê a partir do estabelecimento de objetivos comuns, instrumentais comuns, 1 O termo italiano professionalità pode ser traduzido ao português por profissionalismo, mas também possui entre suas acepções o sentido de competência. (N. T.) 2 Metodo: critério sistemático e funcional de proceder a uma atividade. No Brasil, tal definição é por vezes representada pelo termo metodologia (doutrina, ciência, estudo dos métodos), cuja sinonímia, inclusive, é tida como possível por alguns dicionários. (N. T.) 3 Todos os grifos são da autora. (N. T.) 1 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. terminologia comum e, sobretudo, uma formação comum, capaz de privilegiar a satisfação do usuário. Há mais de 30 anos participo da vida escolar italiana e dos diversos serviços informativos dos setores público e privado, e infelizmente tenho percebido que, exceto a tecnologia, presente em muitas realidades (para não dizer todas), um dos problemas ainda não resolvidos de maneira efetiva é aquele relacionado à gestão dos recursos humanos. Sabemos perfeitamente que com muita freqüência as coisas se resolvem ou com boa vontade, ou com certa dose de acomodação4; o problema, porém, é que não se pode continuar assim para sempre. Isso porque a gestão dos recursos humanos é fundamental em setores como o de serviços – e ainda mais naqueles de tipo cultural ou educativo dos quais nos ocupamos, locais estes em que a longo prazo não se pode permitir a acomodação e o voluntariado5 como forma de suprir carências. A informação é um recurso privilegiado, de tal modo que para ser trabalhada necessita de profissionais adequadamente preparados e capazes de desenvolver bem o papel de intermediário entre a unidade6 e a comunidade de usuários – entendendo “unidade” como qualquer realidade construída com o objetivo de fornecer serviços. Talvez para cobrir a lacuna que ainda nos separa de outros países da União Européia seria necessário iniciar a formar uma prática e/ ou método de pesquisa informativa já ao nível escolar7. Neste sentido, a pouco valorizada biblioteca escolar, que por muitos anos foi inutilmente desejada8 como “centro de documentação educativa”, poderia reivindicar o papel que lhe compete por direito e colocar-se de fato como espaço de confronto e de comparação entre disciplinas, atuando na tão proclamada interdisciplinaridade. Afinal, na escola estão presentes muitos documentos e fontes informativas heterogêneas, sendo que cada uma necessita de um tratamento apropriado e, como exemplo disso, posso citar, além das obras de referência tradicionais, como os registros bibliográficos e até mesmo os modernos arquivos eletrônicos, as cartilhas e jornais escolares9, os relatos de experiências, as pesquisas didáticas, os trabalhos em grupo, os questionários e demais produções (em papel ou não) que assumem interesse particular por parte da didática, de cujas análises podem surgir reflexões pedagógicas inovadoras e interessantes. Importante dizer também que a escola não opera somente ao nível local, mas faz parte de um sistema informativo mais amplo no qual entra, constantemente e cotidianamente, experiências de realidades didática/ educativa de outras regiões e países. É só pensar, por exemplo, na importância dos programas comunitários, nas trocas com outras instituições de países europeus e nos projetos que interessam a realidades geográficas e culturalmente distantes entre si. Neste sentido, é possível dizer que a intercultura10 – palavra-chave dos últimos anos – é um 4 Adaptação conformada. (N. T.) A expressão utilizada é figure di ripiego e volontariato. O di ripiego faz referência a pessoa ou coisa a que se recorre quando necessário, em função da falta ou da necessidade de algo apropriado – o que neste caso poderia ser entendido também tanto como acomodação, quanto como auxílio provisório. Juntando isso ao termo voluntariado, crê-se que a autora refere-se ao fato de que muito freqüentemente unidades que prestam serviços, como as bibliotecas, não dispõem de recursos adequados e necessários, sendo obrigados a recorrer à ajuda de emergência seja por parte de voluntários, seja por parte de profissionais menos qualificados. Isso a curto prazo pode resolver o problema, mas a longo prazo só cria outro. (N. T.) 6 Impresa: atividade de quem empreende um trabalho; sociedade; ente que desenvolve uma determinada atividade; ação, iniciativa. (N. T.) 7 Scuola dell’obbligo: pode ser compreendido no Brasil como o período escolar mínimo, composto atualmente pelos ensinos fundamental e médio. (N. T.) 8 No sentido de que o desejo não necessariamente materializou-se em prática. (N. T.) 9 Giornalini scolastici: pode-se referir tanto às cartilhas educativas, quanto às publicações de diretórios acadêmicos. (N. T.) 10 Para saber mais sobre intercultura: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a02.pdf. (N. T.) 5 2 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. fenômeno destinado a cada vez mais atrair para si a atenção por parte dos ambientes educacionais, desde que se queira efetivamente realizar a integração e a cooperação entre contextos marcados por grupos étnicos diversos e que ainda necessitam de forte atenção. A velocidade com que se evoluem as técnicas e as frenéticas interações entre agências informativas e formativas locais, nacionais e internacionais, não se conciliam com a lentidão e com a burocracia que ainda atormentam o dia-a-dia das escolas e que freqüentemente impedem experiências e inovações – mesmo as mais simples. No terceiro milênio, termos como internet, rede, multimídia e teletrabalho estão na boca de todos e, por isso mesmo, a escola deveria não só se adequar ao seu tempo, como também gerenciar teorias e práticas de maneira criteriosa e prudente, capazes de permitir a interação entre marketing11 e cultura. Em outras palavras, a escola, tradicionalmente depositária do saber e responsável pela educação, deve rapidamente adequar-se à nova realidade e habituar-se a conjugar cultura e tecnologia, associando as tendências de mercado com valores culturais e profissionais. Sem dúvida é um trabalho árduo que requer empenho e convicção – isso sem contar as dificuldades impostas pelos muitas vezes resistentes “conselhos de classe12”; porém, creio que uma política educacional sensata deveria não só dotar as instituições escolares com instrumentos tecnológicos capazes de permitir e incentivar ações de pesquisa e navegação pela internet, mas também contribuir para formar uma prática documentária, ou melhor, informativa, através de técnicas de pesquisa e organização das fontes, segundo qualidades didático-metodológicas adequadas. Por exemplo, poderiam ser propostos módulos de formação para serem realizados na biblioteca, em classes devidamente equipadas para tal ou ainda em espaços interdisciplinares que pressuponham o trabalho coordenado entre docentes o responsável pela biblioteca. Este último deveria ter, obviamente, reconhecida capacidade de comunicação e de interação e estar presente nas diversas esferas da educação, isto é, da escola elementar às escolas secundária inferior e superior13. Poderia ser útil também a criação de módulos de orientação ao nível universitário – nem que fosse aplicado somente durante o primeiro ano de estudos, de modo a preencher eventuais lacunas e, sobretudo, fornecer informações inerentes ao curso de estudo empreendido. Provavelmente isso significaria não só um crescimento cultural e um aumento do uso das fontes informativas (seja qual o for o suporte e/ ou formato), como também um passo à frente na aquisição de critérios convenientes à informação e sua funcional utilização. Novamente, a biblioteca escolar é a unidade onde deveria ser possível encontrar não só livros e revistas, mas tudo o que é produzido na escola, em qualquer formato e em qualquer versão (e são vários os tipos de documentos, como se viu). Ou seja, trata-se 11 Conjunto de atividades empresariais desenvolvidas com o intuito de melhorar os bens e serviços oferecidos por determinada empresa; neste sentido, o termo aqui refere-se não só à propaganda de tal produto informacional, mas a relação dialética entre sua adequação aos novos tempos e a sua possibilidade de abrir novos horizontes através da inovação. (N. T.) 12 Órgão colegiado das escolas italianas, composto pelo diretor da escola, pelos professores da escola e pelos representantes dos pais dos alunos. Aqui talvez se fez referência a muitas vezes rígida instituição/ órgão escolar, pouco afeito às novidades tecnológicas que possam contribuir para o ensino. (N. T.) 13 Apenas para fins de compreensão do texto, a escola elementar italiana corresponderia (em anos cursados) à metade do ensino fundamental brasileiro; já o termo escola secundária inferior foi substituído, pela reforma educacional de 2003, pelo ciclo denominado escola secundária de primeiro grau, e tem por equivalência (grosso modo, em anos cursados) a segunda metade do ensino fundamental brasileiro; por fim, a educação superior, atualmente chamada de escola secundária de segundo grau (ou somente escola superior) aproximar-se-ia do ensino médio brasileiro. (N. T.) 3 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. de permitir o fácil acesso a documentos e informações originalmente de interesse particular, mas que, por geralmente reportarem a dados, estatísticas, pesquisas, estudos e avaliações, significativas e confiáveis, podem ser de interesse à determinado projeto/ objetivo documentário/ informativo. Fora isso, como se fala cada vez mais de economia global e, portanto, de informação global, para que esta última seja gerida e difusa adequadamente são necessárias algumas competências profissionais. O problema é que, freqüentemente, isso tudo fica na mais pura teoria; infelizmente, a prática nos permite ver computadores inutilizados, livros desatualizados, carência de estrutura e, pior ainda, falta de bibliotecários “formados14”. É por esta razão que muitas vezes o que se faz são apenas simulações virtuais de situações como: "imaginamos que aqui esteja uma estante com livros atualizados, com um computador ligado em rede, com profissionais especializados que trabalham conjuntamente com os colegas...". Ou seja, parece que estamos em um país imaginário! Organização e gestão dos serviços Neste sentido, é necessário refletir atentamente sobre quais são as competências necessárias, os recursos indispensáveis e as metodologias que serão utilizadas. Em relação à profissão, vivemos em plena era da life long learning education, com a conseqüente atualização e adaptação às novas tecnologias e às diversas exigências que comportam não só certa elasticidade mental, como também uma forte disponibilidade às mudanças. Assim, entre as skills15 de um profissional capacitado a trabalhar com sistemas informativos modernamente estabelecidos estão obviamente o conhecimento e a competência comunicativa, a criatividade, a adaptabilidade, a capacidade de trabalhar em grupo, a tendência à monitoração e à disponibilidade de aceitar as inovações e as mutações que destas decorrem. Tudo isso, claro, sem se esquecer de elaborar uma metodologia unívoca, monitorada e padronizada, a partir de contextos já sedimentados e testados. Obviamente que os modelos sempre variam dependendo do contexto no qual se opera (situação esta que sempre exige ajustes), porém será satisfatório o modelo que colocar como objetivo último a satisfação do usuário em relação às suas necessidades de informação. Portanto, é o usuário que deve estar no centro e no fim do serviço, e é a partir dele que as escolhas, soluções e alternativas devem ser conduzidas pelo gestor. É o usuário (e suas necessidades), por conseguinte, a quem se deve contemplar desde o início da cadeia, para o qual devem ser definidas escolhas, objetivos programáticos, tutoriais16 de utilização, a concepção de sites e demais páginas eletrônicas e a elaboração de produtos informativos. Quanto à rede, esta é o método através do qual é possível alcançar tais objetivos; em outras palavras, trata-se de um sistema integrado, onde cada nó intervém como elemento articulado e complexo, sendo que é graças às suas especificidades e competências, aos seus recursos diversificados e especializados, por um lado, e a interação entre todos estes elementos, interação esta que ocorre entre sistemas de redes operantes e ativas no cenário nacional e internacional, por outro, que a rede funciona e atende a interesses diversos. A propósito, sempre se ouve falar sobre a necessidade de 14 O “formados” aqui se refere à formação adequada ao trabalho, em termos de competências e habilidades. (N. T.) 15 Habilidades. (N. T.) 16 A palavra usada em italiano foi manualistica, ramo das editoras responsável pela produção de manuais. Aqui, considerou-se o termo tutorial como próximo ao contexto de partida, uma vez possui como acepção o sentido de documento que fornece instruções práticas sobre um determinado assunto. (N. T.) 4 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. convergência entre recursos e unidades, objetivos e projetos, para evitar desperdícios e, sobretudo, para fazer com que o usuário consiga se orientar com facilidade pelos meandros da informação sem que por esta seja engolido, problema este que a internet atualmente pode ajudar a resolver. Cito como exemplo um caso do setor da educação que indica o grau de desordem e de duplicação de financiamentos e recursos – que muitas vezes, inclusive, provêem das mesmas fontes. Na Toscana (mas infelizmente não creio que se trate somente de um hábito local e pontual), dentro do setor de documentação educativa multiplicam-se projetos sem que para tal haja uma política informativa planificada, capaz de evitar o notável dispêndio de recursos e energias. Há mais de 3 anos funciona a rede de centros de documentação educativa, pensada e financiada pela Região Toscana, responsável por chefiar o Centro di documentazione della Biblioteca comunale di Bagno a Ripoli17, que, depois de várias reuniões e diversas experiências, definiu uma base de dados – gerida com o software Access – cujo modelo foi examinado pelo grupo de trabalho do qual fazem parte os centros de documentação da região – além também de elaborar um tesauro da área de educação, a partir da coleta de termos presentes nos materiais analisados e da consulta aos tesauros já existentes da área em questão. Cabe dizer que esta base de dados será logo disponibilizada18 online através do servidor da Região Toscana e, sobre o mesmo assunto, a Biblioteca di documentazione pedagógica (BDP)19 enviou recentemente às escolas italianas um CD-ROM contendo a atualização do software Winride20 e o software Gold21 com o objetivo de fornecer instrumentos, métodos e técnicas para a documentação educativa na escola. Por sua vez, a estas experiências somam-se aquelas do Ministero della pubblica istruzione22, com o incentivo a projetos-piloto que não são coordenados entre si – além de projetos eventuais derivados da autonomia escolar, dos quais decorre o risco de confundir sempre mais o pobre usuário, que poderá preferir permanecer na mais perfeita, segura e tranqüila ignorância da “mãe das redes”. Em outras palavras, a confusão proposta por projetos autônomos que não conversam entre si leva o usuário a não saber quem é o ente competente, quais são os procedimentos necessários para utilizar-se dos serviços e se as informações dispostas são completas, pertinentes e exaustivas – isso sem contar o hábito tipicamente italiano de mudar constantemente as siglas das instituições sem, entretanto, modificar substancialmente os objetos. Exemplo disso é a BDP, que recentemente tornou-se INDIRE (Istituto nazionale documentazione informazione ricerca educativa), enquanto que o IRRSAE23, que não chegou nem a ser completamente conhecido pela massa dos usuários, agora se tornou IRRE24 (Istituti regionali per la ricerca educativa). 17 http://www.cde-bagnoaripoli.it/cde/index.html. (N. T.) Infelizmente a base não foi localizada. (N. T.) 19 Via Buonarroti 10, 50122 Florença. Para informações recorrer à seção Documentação, tel. 055/23801 ou consultar o site www.bdp.it. (N. A.). Tal página remete a esta: http://www.indire.it/index.php. (N. T.) 20 Programa desenvolvido pela Agenzia Nazionale per lo Sviluppo dell’Autonomia Scolastica (exINDIRE) com o objetivo de informatizar bibliotecas e centros de documentação das escolas. Para mais informações, ver: http://www.winiride.it/. (N. T.) 21 Global on line documentation, software destinado a documentar experiências educativas e a formar práticas documentárias na escola. Fornece fichas e instruções para a compilação de experimentações e projetos inerentes a atividade educativa. (N. A.) Para mais informações, ver: http://www.irresicilia.it/goldsicilia.htm. (N. T.) 22 Equivalente ao Ministério da Educação do Brasil (MEC). (N. T.) 23 Istituto Regionale di ricerca, sperimentazione e aggiornamento educativi. (N. T.) 24 Este foi incorporado pela Agenzia Nazionale per lo Sviluppo dell’Autonomia Scolastica , cujo endereço eletrônico é: http://www.indire.it/. (N. T.) 18 5 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. Organização das informações Com a base no que foi dito, conclui-se que entre as bases de dados de qualquer sistema informativo devem ser criadas relações de modo a ligar as informações entre si – ainda que a base de referência contenha informações divergentes. Isto é, trata-se de bases que devem poder interagir entre si e que freqüentemente encontram na descrição semântica, ou seja, no campo “descritores”, a maneira de identificar os termos e de conectá-los de forma a serem acessados. Ao se realizar uma pesquisa sobre “educação ambiental”, por exemplo, se tal termo é a palavra-chave de mais de uma base, será possível ao usuário encontrar outros materiais que foram representados por tal descritor. É preciso considerar, inclusive, neste sentido, a vantagem proposta pelo uso de programas maleáveis e flexíveis, no sentido de permitir o acréscimo de campos não previstos anteriormente – pois, ainda que se faça um atento exame preliminar dos documentos, isso não exclui a possibilidade de que no futuro um dado até então considerado como insignificante passe a ser significativo. Os campos devem ser munidos de todos os recursos online (help) possíveis, além de ser providos por tutoriais sintéticos e atualizados, capazes de impedir erros e ambigüidades. Fora que, muitas vezes, uma informação insuficiente assim o é devido à falta de regras precisas de gerenciamento da base de dados, motivo pelo qual é necessário munir-se de suportes técnicos úteis – especialmente se aqueles que a implementaram não podem dedicar-se exclusivamente a elas. Para tal, o estabelecimento de diretrizes (destinada a uma comunidade interna e externa) fornece indicações necessárias para fazer compreender escolhas, métodos e objetivos e cabe dizer que na elaboração destas o estilo deve ser simples e sintético, uma vez que tais características serão ainda mais necessárias quanto maior for o número de colaboradores externos ao serviço (ou quanto maior for a rede à qual se opera). Elas poderão auxiliar no momento de divisão dos objetivos, técnicas e procedimentos, visando com isso à obtenção de um produto de qualidade e que exprima exatamente os princípios do sistema informativo como um todo. Não é demais dizer, neste sentido, que a presença de menus, janelas etc facilitam o profissional nas fases de inclusão de dados, de criação de índices, e de recuperação da informação, sendo importante dizer também que a possibilidade de utilizar diretamente os authority file (listas controladas de termos) diminui a possibilidade de erros e agiliza o tempo de trabalho, melhorando a qualidade da informação introduzida. Mas nem tudo é perfeito; um dos pontos negativos da informatização, por exemplo, reside na imprecisão da inclusão de dados na base. Isso porque um erro cometido nesta etapa impede a posterior recuperação de determinado conteúdo. Novamente, é mais do que indispensável o gerenciamento de tarefas de análise e correção, tentando com isso reduzir o número de operações25, o tempo gasto e os custos envolvidos, além de melhorar a qualidade do produto final. Outro ponto fundamental é a escolha do software, sendo mais oportuno adotar o que for mais adequado aos determinados contexto, comunidade, gênero de informação e recursos disponíveis junto ao serviço que será oferecido. Atualmente, tirando o software Winride, particularmente difuso nas escolas italianas, muitos serviços utilizam o software Access, banco de dados relacional que permite a elaboração e recuperação de dados graças ao esquema de tabelas. Nestas, que permitem a dupla entrada, são registradas informações que podem ser facilmente recuperadas pela presença de um código comum. Como exemplo, o campo “Editora” pode ser presente na tabela “Título”, na tabela “Autor”, na tabela “Empréstimo” etc. 25 Isto é, o retrabalho. (N. T.) 6 CAPITANI, Paola. Educar para a informação. RABCI, out. 2011. Disponível em: http://rabci.org/rabci/. Trad. por Renato Railo de: Educare all’informazione. Biblioteche Oggi, Milão, n. 1, jan./ fev. 2001, p. 24-29. Disponível em: http://www.bibliotecheoggi.it/. Acesso em 21.08.2011. E sendo necessário adequar-se, estar aberto a mudanças, e utilizar softwares ágeis e facilmente administráveis pelos profissionais e pelos usuários, em caso de igualdade de rendimento é bom escolher aquele mais econômico e/ ou mais adaptável às exigências individuais. Um dos softwares atualmente no mercado que apresentam todas essas características de agilidade, adaptabilidade e facilidade de uso é o Alexandrie26, programa francês que além das opções de gestão de documentos e de informações fornece também a possibilidade de uso de tesauros e a visualização de informações em formato diverso daquele do texto. As etapas de averiguação podem fornecer sugestões interessantes para uma proposta precisa e adequada àquele particular serviço, podendo carregar consigo correções e melhorias consideradas fundamentais, que serão registradas durante a fase de definição da base de dados. Antes de passar à fase em questão, porém, os dados, resultados de recuperação das informações, demandas da comunidade e os produtos oferecidos deverão ser atentamente estudados e somente após isso é que decisões deverão ser tomadas com a finalidade de implantar o sistema, que por sua vez deverá ser novamente avaliado. Será bom submeter o arquivo a avaliações efetuadas tanto por especialistas, quanto por usuários não especialistas, de modo a colher uma gama de problemas. As informações, de fato, são destinadas a uma comunidade em potencial que freqüentemente, no momento da projeção do serviço, não conhece sua efetiva demanda e suas reais exigências. O software deve, sobretudo, ser dividido entre aqueles serviços com os quais se pretende interagir em uma ótica de rede e de sistema, basilar para o nascimento do projeto. Recordamos sempre que é preciso caminhar a passos curtos, tendo sempre claro o objetivo final, que, ao contrário dos passo, deve ser ambicioso e factível ao mesmo tempo. È preciso sempre relembrar os pontos fundamentais: quem, o quê, como, onde, quando e por quê. São perguntas simples e banais, mas que freqüentemente são ignoradas na idealização e na implantação de projetos e que por isso não são nunca concluídos, tornando-se apenas nomes inseridos no nada. Referências BALDAZZI, A.; CAROSELLA, M. P.; MARQUARDT, L.; PAGANI, C. Il progetto ARDID e l’educazione alla documentazione nella scuola. IN: Le nuove frontiere della biblioteca: cambiamenti, professionalità, servizi. Roma: AIB, 1994. (Atti del 39° Congresso nazionale AIB) BASILI, C.; PETTENATI, C. La biblioteca virtuale. Milano: Editrice Bibliografica, 1994, p. 149. BEOPP, R. E.; SMITH, L. C. (edit.). Reference and information services: an introduction. Englewood: Libraries unlimited, 1991. Biblioteconomia giovanile: storia e prospettive. Roma: CEDE, 1992, p. 152. BISOGNO, P. Il futuro della memoria: elementi peruna teoria della documentazione. Milano: Franco Angeli, 1995, p. 110. ____________. 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