aptidão culturism

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aptidão culturism
Recebido em: 12/03/2012
Emitido parece em: 09/04/2012
Artigo original
COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE IDOSOS PRATICANTES DE
MUSCULAÇÃO X SEDENTÁRIOS DA CIDADE DE NERÓPOLIS-GO
1
1,2,3
3,4
1
Lívia Luzia Pereira da Silva , Jairo Teixeira Júnior , William Alves Lima , Jéssica Souto Mendonça ,
1
Mariana Barbosa Fontes
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo comparar o nível de desenvolvimento motor de idosos
fisicamente ativos praticantes de musculação e sedentários, da cidade de Nerópolis–GO. Foram
comparados especificamente os aspectos relacionados à motricidade fina, motricidade global, equilíbrio,
esquema corporal, organização espacial e organização temporal em idosos de ambos os sexos entre 60
e 75 anos de idade. A escolha deste assunto foi em razão do crescimento exponencial da população de
idosos, visto que o envelhecimento traz consigo várias alterações fisiológicas com perdas e reduções
dos elementos motores, impossibilitando-os a realizar suas atividades da vida diária. Portanto, a
necessidade de diagnosticar como está o perfil motor desses, promovendo intervenções, reparações
para manutenção dos itens supracitados, permitindo um envelhecimento bem sucedido. Para tanto,
foram aplicados testes da Escala Motora para a Terceira Idade de Rosa Neto (2009) que avaliou os
elementos motores. A pesquisa contou com 159 indivíduos, sendo 78 fisicamente ativos que constituíram
um grupo denominado: musculação e 81 não fisicamente ativos cujo grupo recebeu a denominação de:
sedentários. Na análise estatística foi executado um teste t para amostras independentes com o intuito
de comparar dois grupos distintos de idosos (praticantes de musculação e sedentários). Ainda foi
procedido um teste de risco relativo para identificar a grandeza do risco de apresentar uma baixa aptidão
física em ambos os grupos. Para tanto, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) para Windows, versão 17.0. Foram obtidos os seguintes resultados: Motricidade fina –
musculação (114,33 ± 15,89), sedentários (90,22 ± 26,28). Motricidade global – musculação (88,46 ±
23,45), sedentários (72,59 ± 28,32). Equilíbrio – musculação (104,41 ± 20,70), sedentários (92,52 ±
27,52). Esquema corporal – musculação (96,00 ± 20,19), sedentários (68,89 ± 21,86). Organização
espacial – musculação (107,08 ± 17,91), sedentários (90,67 ± 17,69). Organização temporal –
musculação (100,31 ± 32,12), sedentários (170,52 ± 29,41). E Aptidão motora geral – musculação
(101,72 ± 12,38), sedentários (80,95 ± 14,96). Em todos os testes os idosos do grupo musculação
apresentaram resultados estatisticamente superiores aos idosos do grupo sedentários. Concluiu-se que
além dos idosos praticantes de musculação terem seu desenvolvimento motor superior aos sedentários,
a musculação ainda possibilita menores perdas da motricidade humana.
Palavras-chave: Envelhecimento, Idosos, desenvolvimento motor.
COMPARISON OF MOTOR DEVELOPMENT OF ELDERLY BODYBUILDERS X
SEDENTARY OF THE CITY OF NERÓPOLIS-GO
ABSTRACT
This study aimed to compare the level of motor development of active elderly persons,
practitioners of bodybuilding, and of sedentary ones, nor practitioners of bodybuilding, of the city of
Nerópolis-GO, especially to investigate the aspects related to fine motricity, global motricity, equilibrium,
body scheme, spatial organization and temporal organization. The choosing of this subject was due to the
exponential growth of the elderly, as aging brings with it various physiological changes with losses and
reductions of the motor elements, making it impossible for them to perform the activities of their daily life
(AVDs). Therefore, the need for diagnosing how the motor profile of these is, promoting interventions,
repairs for the maintenance of the above mentioned items, allowing for a successful aging. For this
purpose, tests of the Motor Scale for the Third Age (EMTI) of Rosa Neto (2009) were applied, assessing
the motor elements. The research included 159 individuals, 78 active and 81 sedentary. The statistical
analysis was descriptive, in the average mode, standard deviation (DP). We obtained the following
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results: Fine motricity – bodybuilding (average: 114.33 and DP 15.89) sedentary – (average: 90.22 and
DP 26.28). Global motricity – bodybuilding (average: 88.46 and DP: 23.45) sedentary - (average: 72.59
and DP: 28.32). Equilibrium – bodybuilding (average: 104.41 and DP: 20.70). sedentary – (average:
92.52 and DP: 27.52). Body scheme– bodybuilding – (average: 96.00 and DP: 20.19). sedentary –
(average: 68.89 and DP: 21.86). Spatial organization – bodybuilding (average: 107.08 and DP: 17.91).
sedentary – (average: 90.67 and DP: 17.69). Temporal organization –bodybuilding (average: 100.31 and
DP: 32.12) sedentary – (average:170.52 e DP: 29.41). And general motor fitness – bodybuilding
(average: 101.72 and DP: 12.38) sedentary – (average: 80.95 and DP: 14.96). It was concluded that
elderly practitioners of bodybuilding have their motor development higher than the sedentary, ie,
bodybuilding makes smaller losses of human motricity possible.
Keywords: Aging, elderly, motor development.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento da população está crescendo de forma mais acelerado do que o de
nascimento, um fato singular na história da humanidade. (IBGE, 2008). Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2008), em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos
existiam 24,7 idosos. Já em 2050 esse número inverte, sendo para cada criança de 0 a 14 anos existirão
172,7 idosos. Esse número em porcentagem nos mostra que a pirâmide inverte, apontando em 2008 a
população de crianças de 0 a 14 anos correspondendo a 26,47% enquanto de idosos correspondiam a
6,53%. Porém, em 2050 as crianças representará 13,15% enquanto que os idosos ultrapassarão os
22,71%. A esse fenômeno podem ser creditados como principais fatores os avanços da medicina e as
melhorias nas condições gerais de vida da população que repercutem no sentido de elevar a média de
vida do brasileiro, juntamente com os métodos contraceptivos, cada vez mais utilizados (IBGE, 2008).
Todavia, apesar da maioria dos avanços tecnológicos beneficiarem os seres humanos por um lado, por
outro lado os tornam sedentários, proporcionando uma diminuição da sua aptidão motora (ROSA NETO
et al., 2006).
Na perspectiva de Netto (2007), o declínio tem início na segunda década de vida, perdurado por
longo tempo, de forma pouco notável, até o início da terceira década de vida. A partir deste período, as
primeiras alterações funcionais e/ou estruturais atribuídas ao envelhecimento surgem. Geis (2003)
demonstra que o idoso tem a velhice como mais uma etapa do ciclo de vida, sendo este o momento mais
alto da maturidade. Nesta fase da vida um conjunto expressivo de características sofrem mudanças, que
podem ser reduzidas ou perdidas no decorrer da vida. Reduções estas, que podem ser tanto na forma
física, psicológica como social (NETTO, 2007). Ou seja, o envelhecimento é um processo de mudanças
em todas as células, e consequentemente em tecidos e órgãos (RODRIGUES e DIOGO, 1996). Sendo
estes processos, que o indivíduo experimenta uma perda de suas funções intelectuais e motoras,
tornando-se dependentes de outras pessoas para sobreviver (SILVA et at, 2010).
Freitas et al.(2006) descreve essa fase sendo frequentemente mudanças morfofuncionais que
ocorrem ao longo da vida, após a maturação sexual, que progressivamente, compromete a capacidade
funcional de resposta ao estresse e á manutenção da homeostasia.
Sendo um processo contínuo devido a redução das capacidades de performance com alterações
biopsicossociais, decorrentes do tempo e da sua idade de desempenho máximo (MOREIRA, 2001).
Assim, exige do indivíduo novas adaptações psicofisiológicas. Nos aspectos biológicos Moreira (2001)
diz ser caracterizado por perdas das reservas funcionais. Como também perdas progressivas e
irreversíveis, onde o catabolismo é maior que o anabolismo como: Aumento do tecido conjuntivo no
organismo; perda gradual das propriedades elásticas dos tecidos conjuntivos; desaparecimento de
elementos celulares do sistema nervoso; redução da quantidade de células de funcionamento normal
entre outros (MEIRELLES, 1999); psicológico, um aspecto muito complexo, que inicia de forma lenta e
depois tem declínios acentuados, verificando traços negativos como: aceitação ou recusa pelo velho,
atitude hostil ante o novo, enfraquecimento da consciência, desconfiança, entre outros
(MEIRELLES,1999) e o social, a perda do espaço social é fator comum para os idosos inativos, que após
a aposentadoria se sentem inúteis para a sociedade, onde perdem o lugar no próprio lar, tem
dificuldades de relacionamento, perdas nas relações e intenções sociais, onde o sentimento de
inutilidade muitas vezes podem levar estes indivíduos a depressão (RODRIGUES e DIOGO, 1996).
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Segundo Gallahue e Ozmun (2001), são os vários fatores fisiológicos e psicológicos que afetam
as tarefas motoras dos idosos. Com o avançar da idade o seu desempenho motor tem um declínio,
podendo ser o estilo de vida, o declínio dos diversos órgãos, doenças degenerativas ou a junção desses
fatores.
Coquerel e Rosa Neto (2005); Rosa Neto et al.(2005) aborda que o processo de envelhecimento
passa pelos aspectos biopsicossocial, sendo aspectos naturais, inevitáveis e irreversíveis. Esses
aspectos, muitas vezes crônicos e incapacitantes, podem ser prevenidos ou retardados seja por
intervenções médicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Desenvolvimento e envelhecimento são processos contendoras e ambos são afetados por uma
complexa combinação de variáveis que atuam ao longo da vida. Características como a possibilidade de
mudar para adaptar-se ao meio (novas aprendizagens) e a capacidade de reagir e recuperar-se dos
efeitos explosivos dos eventos como: doenças, traumas físicos e psicológicos, são abolidas com a
diminuição da plasticidade comportamental e da resistência, tais características, decorrentes do
envelhecimento, podem ser minimizadas pela reserva do organismo, dependendo do grau de
plasticidade individual prevista na influência conjunta de variáveis como: genéticas, biológicas,
psicológicas e socioeconômicas (NERI, 2001; POETA, 2002).
Comportamento esse que com o aumento da expectativa de vida da população e mudanças
biopsicossociais, acarretam distúrbios motores no idoso, dificultando sua independência e sua
autonomia. Tal comportamento motor que é de suma importância no desenvolvimento global do ser
humano (ROSA NETO, 2009).
O desenvolvimento motor são os movimentos, o processo de alterações, mudanças no
comportamento motor do indivíduo, que esses movimentos são adquiridos ao longo da vida. Esta
contínua alteração no comportamento acontece pela interação entre as necessidades da tarefa, a
biologia do indivíduo (hereditariedade, natureza e fatores intrínsecos) e o ambiente (experiência,
aprendizado, encorajamento e fatores extrínsecos), caracterizando como um processo dinâmico, no qual
o comportamento motor surge de várias restrições que circulam o comportamento (GALLAHUE e
OZMUN, 2001; BARELA, 2001; BARELA, 1997; CLARK, 1994; MANOEL, 2000; NEWELL,1986).
Alterações essas que ocorrem nos músculos, sistema nervoso, capacitando o indivíduo usar seu corpo
para movimentar-se no mundo (BEE, 2003).
MAGILL (2000) propõe que o idoso deve ser avaliado através da: 1 - coordenação global ou
habilidade motora grossa que são atividades que envolvem musculaturas grandes, para produzir ações
com menor precisão de movimentos, denominadas também como habilidades motoras fundamentais
como o ato de caminhar, pular, arremessar, saltar, etc. 2 - Motricidade fina ou habilidades motoras finas,
são movimentos que requerem maior controle dos músculos pequenos, com alto grau de precisão, com
movimentos mais específicos envolvendo a coordenação de mãos-olhos exemplo: pintar, digitar,
costurar, abotoar, entre outros. 3 - Equilíbrio, capacidade de manter o equilíbrio em relação à força da
gravidade. Ou seja, é a capacidade do organismo em manter posturas, posições e atitudes,
compensando e anulando todas as forças que agem sobre o corpo. O equilíbrio pode ser estático,
dinâmico ou rotacional. E o Esquema corporal que é a capacidade desenvolvida de diferenciar
precisamente as partes do corpo e ter um grande entendimento da natureza do corpo e seu movimento
no espaço (GALLAHUE e OZMUN, 2001). Este estudo teve como proposta avaliar e comparar o
desenvolvimento motor de idosos fisicamente ativos praticantes de musculação e inativo (sedentários)
da Cidade de Nerópolis – GO. Os objetivos específicos foram avaliar e comparar a motricidade fina,
motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização temporal e organização espacial, em
idosos de ambos os sexos entre 60 e 75 anos de idade.
METODOLOGIA
Foi uma pesquisa de caráter positivista com abordagem quantitativa, de natureza descritiva, com
propósito de descrever e registrar a realidade observada e analisada, a fim de correlacionar os fatos sem
manipulá-los (TRIVIÑOS, 1992).
A coleta de dados foi composta por um número de 159 idosos, de ambos os sexos. Com idade
entre 60 e 75 anos, divididos em dois grupos, sendo um grupo com número de 78 indivíduos fisicamente
ativos, praticantes de musculação que constituíram um grupo denominado “musculação”, e o outro
composto com 81 idosos fisicamente inativos no que se refere a prática sistematizada de atividades
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físicas, receberam a denominação de “sedentários”. Como critério de inclusão os ativos deveriam ser
praticantes de musculação há pelo menos um ano de forma assíduo, com uma frequência de três
sessões de treino por semana, não apresentar patologias nas articulações que comprometessem a
realização dos testes, mal de Parkinson, Alzheimer ou que apresentassem qualquer limitação física ou
mental que impedissem a concretização dos procedimentos do estudo. Já para os sedentários os
critérios foram: não serem praticantes de exercícios físicos sistematizados e não apresentarem qualquer
patologia nas articulações, que comprometessem a execução dos testes. Igualmente todos assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido, que lhes informavam todo o procedimento a ser realizando,
inclusive, permitindo que os mesmos pudessem desistir dos testes em qualquer momento da coleta.
O protocolo utilizado foi a Escala Motora para a Terceira Idade (EMTI) de Rosa Neto (2009). Que
consistiu em testes motores das seguintes escalas motoras: Motricidade fina – que uma coordenação
visuomanual, conjunto de coordenação de mãos/visão/objeto, que atuam músculos pequenos na
execução, sendo atividades mais complexa. A Motricidade global – que analisa o movimento motor
coordenados de grandes grupos musculares, menos complexos e movimentos dinâmicos corporais.
Equilíbrio – que possibilita verificação da capacidade do corpo manter posturas, posições, compensam
e anulam-se mutuamente todas as forças distintas que atuam sobre o corpo. Esquema corporal –
informa a consciência que o indivíduo tem do corpo, o conhecimento do seu próprio corpo e a habilidade
de organizar partes do corpo na execução de tarefas. Organização temporal – refere-se à percepção
do tempo a partir do conhecimento da ordem e duração dos acontecimentos. E a Organização espacial
– que testa a percepção do espaço do corpo como o que o cerca, sendo uma orientação entre o
indivíduo e o ambiente.
Para analise dos dados foi realizada uma estatística descritiva na forma de média, desvio
padrão, frequência absoluta e relativa. Também foi executado um teste t para amostras independentes
com o intuito de comparar dois grupos distintos de idosos (praticantes de musculação e sedentários).
Ainda foi procedido um teste de risco relativo para identificar a grandeza do risco de apresentar uma
baixa aptidão física em ambos os grupos. A significância adotada foi p<0,05. Para tanto, foi utilizado o
programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, versão 17.0.
RESULTADOS
Na Tabela 1 é possível observar que somente a idade não diferiu estatisticamente entre os
grupos, o que é de suma importância para ressaltar a homogeneidade dos grupos quanto a esta
característica, uma vez que com o avançar da idade a uma tendência a perda da capacidade motora,
como afirma NETTO (2007). Em todas as demais variáveis motoras avaliadas, os idosos praticantes de
musculação se mostraram significativamente superiores aos sedentários e como a idade não foi um fator
discrepante entre os grupos, ressalta assim o real mérito da prática sistematizada de musculação.
Para a classificação da pontuação da escala de aptidão motora geral de Rosa Neto (2009), que
segue abaixo foi considerado: que 69 pontos ou menos classifica como “muito inferior”; 70-79 “inferior”;
80-89 “normal baixo”; 90-109 “normal médio”; 110-119 “normal alto”; 120-129 “superior” e acima de 130
“muito superior”.
Como se observa houve diferença entre grupos em sua aptidão motora geral (Tabela 1), sendo
os que praticam musculação foram classificados em média como “normal médio” e os sedentários como
“normal baixo”. Mostrando a diferença que uma intervenção proporciona na vida dos idosos. O presente
estudo é corroborado por (DI DOMENICO e SCHÜTZ, 2009; MAZO et al., 2001) que verificaram
semelhantes resultados. Igualmente Lauenstein (2006) esclarece que a prática da musculação tem por
finalidade aumentar a massa muscular, a densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho motor do
indivíduo, em consequência disso melhora as atividades da vida diária dos idosos, fazendo com que eles
realizem seus esforços com mais segurança e independência. O que se constatou neste trabalho, bem
como Matsudo (2002) em seu trabalho deixa em evidencia exercício físico sistematizado, como forma de
prevenir e controlar as doenças crônicas não-transmissíveis que aparecem nos idosos e como forma de
manter a independência funcional.
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Tabela 1. Comparação entre a idade e as características motoras da amostra de idosos sedentários e
praticantes de musculação.
Variáveis
Idade
Motricidade fina
Motricidade global
Equilíbrio
Esquema corporal
Organização espacial
Organização temporal
Aptidão motora geral
Modalidade
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
Musculação
Sedentários
n
Média
± DP
78
81
78
81
78
81
78
81
78
81
78
81
78
81
78
81
67,60
67,74
114,33
90,22
88,46
72,59
104,41
92,52
96,00
68,89
107,08
90,67
100,31
70,52
101,72
80,95
4,29
5,44
15,89
26,28
23,45
28,32
20,70
27,52
20,19
21,86
17,91
17,69
32,12
29,41
12,38
14,96
P
0,86
0,001
0,001
0,003
0,001
0,001
0,001
0,001
Onde: n = número de indivíduos na amostra; DP = desvio padrão da média;
p = probabilidade de se aceitar a hipótese nula.
Na Tabela 2 está apresentada a distribuição dos indivíduos quanto à classificação da aptidão
motora geral em separado por grupo (praticantes de musculação e sedentários). Pode-se observar que
nas piores classificações motoras há uma predominância de indivíduos sedentários e, à medida que a
classificação migra do muito inferior para o superior, encontra-se um número cada vez maior de
indivíduos praticantes de musculação.
Tabela 2. Distribuição dos indivíduos de acordo com a classificação da aptidão motora geral em
separado por grupos: praticantes de musculação e sedentários.
Classificação
Modalidade
Total geral
Musculação
Sedentários
muito inferior
1 (1,3%)
15 (18,5%)
16 (10,1%)
Inferior
3 (3,8%)
24 (29,6%)
27 (17,0%)
normal baixo
11 (14,1%)
18 (22,2%)
29 (18,2%)
normal médio
41 (52,6%)
23 (28,4%)
64 (40,3%)
normal alto
15 (19,2%)
1 (1,2%)
16 (10,1%)
7 (9,0%)
0 (0%)
7 (4,4%)
78 (100,0%)
81 (100,0%)
159 (100,0%)
Superior
Total por grupo
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Ao executar o teste de risco relativo (RR) na distribuição amostral da Tabela 2, foi encontrado
que indivíduos sedentários têm estatisticamente, de forma significativa (p<0,05), 64 vezes mais chances
de apresentarem um pior escore na classificação da avaliação da aptidão motora geral.
Pode-se verificar que com o passar dos anos a fraqueza dos músculos pode avançar até que
uma pessoa idosa tenha dificuldades ou não possa mais realizar as atividades comuns da vida diária,
tais como as tarefas domésticas, levantar da cama, varrer o chão, jogar o lixo fora, levantar objetos, subir
escadas ou até mesmo caminhar (MACÊDO et al., s/d). No estudo realizado por Pedro e Amorin (2008)
onde o objetivo foi comparar massa e força muscular e entre idosos praticantes e não praticantes de
musculação, constatou-se que os praticantes de musculação tinham mais equilíbrio e força para
execução de suas atividades diárias. Dias et al. (2006) fizeram uma revisão, nas bases PUBMED e
LILACS sobre benefícios do treinamento com pesos (musculação) nos componentes da aptidão motora
física e concluíram que a musculação consiste numa importante ferramenta para a melhoria da aptidão
física de idosos, haja vista que promove adaptações na força muscular e consequentemente evita a
decadência da aptidão física ao longo da vida. Com isso, cabe a ressalva de que todos estes estudos
citados vêm ao encontro dos resultados apresentados na Tabelas 1 e 2.
CONCLUSÕES
Concluiu-se que a maioria dos idosos fisicamente ativos possui seu desenvolvimento motor
superior aos sedentários, ou seja, os sedentários obtiveram um comprometimento motor maior que os
ativos, podendo ser prejudicial em suas atividades diárias de acordo com os parâmetros avaliados.
Com o passar dos anos há uma regressão dos elementos motores na vida dos idosos como um
todo, mas os praticantes de musculação tendem a conservar e aprimorar seu desenvolvimento motor.
Desta forma, indivíduo que não se exercitar tenderá a ter maior comprometimento nas suas ações
diárias. A musculação de forma sistematizada proporciona melhores condições para realização de
tarefas básicas como: subir e descer uma escada, desviar de um obstáculo, saltar, sentar e levantar,
equilibrar-se, pegar e agarrar. Promovendo assim uma melhor qualidade de vida.
Contudo, a partir desde trabalho é possível verificar a importância que a musculação faz na vida
dos idosos. População esta, que está aumentando de forma acentuada, no qual podemos observar nos
dados do IBGE (2002, 2008). Pois é devido a esse aumento que devemos nós da Educação Física como
da área da saúde em geral a preocupar, dando a eles suporte com intervenções para lhes proporcionar
um envelhecimento com menos perdas e reduções dos elementos motores, permitindo um
envelhecimento bem sucedido, capazes de realizar suas atividades da vida diária.
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Secretaria Municipal de Educação – SEMED – Anápolis – GO.
UniEVANGÉLICA – Centro Universitário de Anápolis – GO.
FESGO – Faculdade Estácio de Sá de Goiás. Goiânia - GO
Rua Presidente Getúlio Vargas, Qd D Lt. 23.
Setor Parque das Américas.
Nerópolis – GO
75460-000
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