ROSA VIRGÍNIA W CONTRIBUIÇÃO DA ISO 14 UM NOVO PARADI
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ROSA VIRGÍNIA W CONTRIBUIÇÃO DA ISO 14 UM NOVO PARADI
Universidade Federal da Paraíba/Universidade Paraíba/Universidade Estadual da Paraíba Programa Regional de Pós-Graduação Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente ROSA VIRGÍNIA WANDERLEY DINIZ CONTRIBUIÇÃO DA ISO 14.001 PARA A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA NAS EMPRESAS: estudo de caso em uma empresa certificada da Paraíba João Pessoa 2009 ROSA VIRGÍNIA WANDERLEY DINIZ CONTRIBUIÇÃO DA ISO 14.001 PARA A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA NAS EMPRESAS: estudo de caso em uma empresa certificada da Paraíba Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba (PRODEMA/UFPB), na área de concentração de Gerenciamento Ambiental em cumprimento às exigências para obtenção de grau de Mestre. Profa. Dra. Maristela Oliveira de Andrade – orientadora João Pessoa/PB 2009 D585c Diniz, Rosa Virgínia Wanderley Contribuição da ISO 14.001 para a construção de um novo paradigma nas empresas: estudo de caso em uma empresa certificada da Paraíba/ Rosa Virgínia Wanderley Diniz. - - João Pessoa: UFPB, 2009. 163 f. : il. Orientadora: Maristela Oliveira de Andrade. Dissertação (Mestrado) – UFPB, CCEN, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. 1.Gestão ambiental. 2.Desenvolvimento sustentável. 3. ISO 14.001. UFPB/BC CDU: 504.06(043) ROSA VIRGÍNIA WANDERLEY DINIZ CONTRIBUIÇÃO DA ISO 14.001 PARA A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA NAS EMPRESAS: estudo de caso em uma empresa certificada da Paraíba Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba (PRODEMA/UFPB), na área de concentração de Gerenciamento Ambiental em cumprimento às exigências para obtenção de grau de Mestre. Aprovado em:____________________ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dra. Maristela Oliveira de Andrade - PRODEMA/UFPB Orientadora ___________________________________________ Prof. Dr. Gustavo Costa Lima - PRODEMA/UFPB Examinador ___________________________________________ Prof. Dra. Maria do Carmo Sobral - PRODEMA/UFPE Examinadora AGRADEÇO E DEDICO: Sofia – por me dar coragem e sentido de estar viva! Wagner – por compartilhar comigo forças e fraquezas! AGRADECIMENTOS: Realizar um mestrado é como lapidar uma pedra bruta sendo por ela igualmente lapidada. Dois sentimentos me tomam ao seu final dos estudos: primeiro a sensação de que o trabalho não acabou e não acabará nunca, pois meus olhos sempre estarão curiosos acerca do tema abordado. Segundo: a gratidão. Por todos aqueles que, tiveram diferentes e fundamentais papéis na execução desta pesquisa e que compartilharam comigo as desventuras do caminho. À Professora Dra. Maristela Oliveira de Andrade, pelas sugestões e críticas fundamentais à realização deste trabalho e por seu apoio e incentivo; além do acesso sempre fácil e atenção prestativa que acabaram gerando grande respeito e amizade. Ao Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB) pela oportunidade dada ao desenvolvimento deste trabalho e pelo auxílio sempre prestimoso de seus funcionários, em especial da Coordenadoria de Pós-Graduação. À CAPES, pelo reconhecimento do esforço e incentivo através do investimento na pesquisa. A todos os inesquecíveis companheiros de jornada e colegas de turma. Aos meus colegas, amigos e, por fim, família Mantovani Villas-Bôas, pelo afetuoso amparo nas “crises de paradigma”. Ao firme apoio da minha família, especialmente minhas irmãs e mãe. Todo meu respeito a meu pai que me ensinou a amar os livros, onde quer que ele esteja. Às futuras gerações, delicadamente representadas em minha vida por minha filha Sofia e sobrinhos. À minha torcida desorganizada, Guara e Jô Diniz, que embora não entendessem exatamente o que eu fazia, acreditaram em mim! À força revitalizadora dos amigos, especialmente, Beatriz Ribeiro, Dina Torti, Décio Lacerda, Érica, Eduardo e Caíque Duttweiler, Luiz Curia, Maria Alice e Martha Lins e Naninho Meller. Ao meu pai ambiental, Prof. Mestre José de Ávila Aguiar Coimbra, que com generosidade me guiou nos caminhos do saber ambiental. À inspiradora generosidade do professor e amigo Dr. Gustavo Lima. Às preciosas colaborações dos professores Dr. Wagner Costa Ribeiro e Dr. Dimas Floriani. Este trabalho não poderia ter sido realizado sem a colaboração indispensável dos Terminais de Armazenagens de Cabedelo Ltda. (TECAB) e todos os seus funcionários, especialmente, Milton Flávio de Freitas Melo. “Uma teoria não é conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não é uma solução é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre seu papel cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da atividade mental do sujeito.” (Edgar Morin) RESUMO: O objeto de estudo do trabalho foi a norma brasileira ABNT NBR ISO 14.001:2004, considerando aspectos teóricos e metodológicos, percepção ambiental de partes interessadas e a aplicação prática de seus requisitos por meio de estudo de caso. Pretendeu-se dar uma contribuição a partir da perspectiva interdisciplinar, com ênfase na dimensão ambiental, abordando natureza jurídica, modelo econômico e aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável, além da estrutura, criação e modo de operacionalização do sistema de gestão ambiental descrito pela norma. O estudo de caso, realizado na empresa Terminais de Armazenagem de Cabedelo - TECAB, localizado na Região Metropolitana de João Pessoa, relacionou as características e peculiaridades do empreendimento, suas interações, aspectos e impactos ambientais e uma breve avaliação do sistema de gestão ambiental implantado. Nas considerações finais foram apresentados os efeitos positivos e negativos de se implantar o sistema da ISO 14.001, apontando-se algumas proposições. PALAVRAS-CHAVE: ISO 14.001; gestão ambiental empresarial; análise de Sistemas de Gestão Ambiental. ABSTRACT: The object of the present study was the Brazilian normABNT NBR ISO 14.001:2004, considering theoretical and methodological aspects, the environmental perception of the involved parts, and the practical application of its requirements by means of a case study. Our contribution stems from an interdisciplinary perspective, with an emphasis on the environmental dimension which encompasses the juridical nature, economic model, and aspects related to the sustainable development, besides the structure, creation, and feasibility of the environmental management described by the norm. The case study, carried out at Terminais de Armazenagem de Cabedelo - TECAB, a company situated in the Metropolitan Area of João Pessoa, listed the characteristics and peculiarities of that enterprise, its interactions, environmental aspects and impacts, as well as a brief evaluation of the environmental management system implanted. In the conclusion we presented the pros and cons of implementing the ISO 14.001 system, and presented some proposals. KEYWORDS: ISO 14.001; entrepreneurial environmental management; analysis of environmental management systems. Abreviaturas e Siglas: ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CELPE – Companhia Energética de Pernambuco CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina CMMAD - Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento CPDS – Comissão de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável Dies – Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável INMETRO - Instituto de Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ISO - International Organization for Standardization ISO 9.000 – norma de padronização de gestão da qualidade ISO 14.000 – norma de padronização de gestão ambiental IUCN – World Conservation Union/Internacional Union Conservation Nature MSGI – Manual do Sistema de Gestão Integrado OECD – Organization for Economic Cooperation and Development ONG’s – Organizações não governamentais ONUDI – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial RAGAA – Revista Análise Gestão Ambiental Anuário Sage – Strategic Advisory Group on the Environment SC – subcomitês SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial SGA - Sistema de Gestão Ambiental SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade TC - comitês técnicos TECAB – Terminais de Armazenagens de Cabedelo Ltda. Lista de Quadros, Figuras e Tabelas: QUADROS: Quadro 1: Impactos da revolução industrial ao meio ambiente 20 Quadro 2: Selos ecológicos no mundo 25 Quadro 3: Acidentes ambientais 26 Quadro 4: Evolução da gestão ambiental empresarial 30 Quadro 5: Abordagens de gestão ambiental nas empresas 31 Quadro 6: Matriz de características de conduta ambiental 34 Quadro 7: Iniciativas voluntárias unilaterais coletivas 44 Quadro 8: Do PDCA 57 Quadro 9: Detalhamento do PDCA 58 Quadro 10: Plano de ação do sistema de gestão ambiental 59 Quadro 11: Quanto à organização da Gestão Ambiental 64 Quadro 12: Das empresas certificadas ISO 14.001:2004 no Estado da Paraíba 68 Quadro 13: Do perfil das empresas certificadas na Paraíba 69 Quadro 14: Características do município de Cabedelo/PB 76 Quadro 15: Dos principais aspectos e impactos ambientais 88 Quadro 16: Recomendações da ISO 14.004 para a política ambiental 96 Quadro 17: Tipos de auditorias ambientais 100 Quadro 18: Tipos de auditoria em sistemas de gestão ambiental 102 Quadro 19: Organismos envolvidos na certificação no Brasil 105 Quadro 20: Entidades certificadoras atuantes no Brasil 106 Quadro 21: Dados relativos ao SGA da empresa em estudo 107 Quadro 22: Vantagens da implantação da ISO 14.001 131 TABELAS: Tabela 1: Número de certificados ISO 14.000 emitidos por regiões do mundo 60 Tabela 2: Número de certificados ISO 14.000 por regiões do mundo 60 Tabela 3: Distribuição da certificação ISO 14.000 por países 61 Tabela 4: Das certificações ambientais por Estados do Brasil 63 Tabela 5: Amostra de dados coletados 92 Tabela 6: Exemplo de item não significativo 92 Tabela 7: Exemplo de item significativo 93 Tabela 8: Respostas para avaliação da percepção ambiental 112 Tabela 9: Da Escolaridade 116 Tabela 10: Tempo de serviço 117 Tabela 11: Cálculo da significância da circulação de caminhões próximos ao Forte de Santa Catarina 124 Tabela 12: Cálculo da significância de situação anormal relacionada aos produtos transportados e à proximidade com a via estuarina 125 Tabela 13: Cálculo da significância do potencial vazamento de combustível em função da corrosão das tubulações 126 GRÁFICOS Gráfico1: Do crescimento das certificações no mundo 61 Gráfico 2: Do crescimento das certificações ambientais por países 62 Gráfico 3: Das certificações ambientais por regiões do Brasil 63 Gráfico 4: Dos tipos de Gestão Ambiental no Brasil 65 Gráfico 5: Das empresas que possuem ou não a ISO 14.001 66 Gráfico 6: Das certificações ambientais por Estados do Brasil 68 Gráfico 7: Da movimentação média mensal do empreendimento 80 Gráfico 8: Dos aspectos e impactos ambientais apontados 89 Gráfico 9: Dos impactos ambientais mais freqüentes 90 Gráfico 10: Conhecimento da política ambiental pelas partes interessadas 113 Gráfico 11: Implantação de um sistema de gestão ambiental e poluição 114 Gráfico 12: Contribuição com atitudes e sugestões pelas partes interessadas 114 Gráfico 13: Escolaridade dos funcionários 116 Gráfico 14: Escolaridade dos Prestadores de Serviços 116 FIGURAS Figura 1: Selo ecológico alemão 24 Figura 2: Selo ecológico União Européia 24 Figura 3: Logo ISO 46 Figura 4: Localização do estudo de caso 74 Figura 5: Localização do estudo de caso (ângulo diverso) 75 Figura 6: Mapa do Estado da Paraíba 75 Figura 7: Mapa do município de Cabedelo 77 Figura 8: Da região onde se localiza o empreendimento estudado 78 Figura 9: Dos tanques de armazenamento 79 Figura 10: Da ilha de carregamento e enchimento com bico submerso 81 Figura 11: Do pré-determinador dos medidores 82 Figura 12: Tubulações 83 Figura 13: Política Ambiental TECAB 97 Figura 14: Da certificação obtida 105 Figura 15: Caminhão (branco) saindo do TECAB - caminhão (vermelho) em abastecimento de carga 122 Figura 16: Caminhões aguardam chamada para retirada da carga 122 Figura 17: Caminhões aguardam carregamento ao longo das imediações do Forte de Santa Catarina 123 Figura 18: Caminhão (branco) carregado deslocando-se do TECAB – caminhão (azul) apresentando-se para retirar sua carga 123 Figura 19: Circulação de caminhões em frente ao patrimônio histórico 124 Figura 20: Antes da implantação do SGI 160 Figura 21: Após implantação do SGI 160 Figura 22: Aditivos antes da implantação do SGI 161 Figura 23: Aditivos após implantação do SGI 161 Sumário 1. INTRODUÇÃO 17 2. ESTADO DA ARTE 2.1. Sociedade e Natureza: dos paradigmas entre empresas e meio ambiente 19 2.2. Meio Ambiente na Perspectiva da Produção: algum envolvimento ou mero desenvolvimento 22 2.3. Empresas e o Desenvolvimento Sustentável 36 2.4. Dos Sistemas de Gestão Ambiental 40 2.4.1 Da ISO 45 2.4.2 Da Série ISO 14.000 47 2.4.3 Da Norma ISO 14.001 49 2.4.3.1 Da Metodologia da Norma ISO 14.001 56 2.4.3.2 Da Análise das Certificações ISO 14.001 no mundo 59 2.4.3.3 Das Certificações ISO 14.001 no Brasil 62 2.4.3.4 Das Certificações ISO 14.001 no Estado da Paraíba 67 3. METODOLOGIA 70 4. ESTUDO DE CASO 4.1. Caracterização do Local do Empreendimento 74 4.2. Histórico e Ramo de Atividade 79 4.3. Do Sistema de Gestão Ambiental Implantado 83 4.3.1.Dos Dados Coletados 4.3.1.1. Dos Requisitos Legais e Outros 85 4.3.1.2. Dos Aspectos e Impactos Ambientais 88 4.3.1.3. Aspectos Ambientais 90 4.3.1.4. Impactos Ambientais 93 4.3.1.5. Da Política Ambiental 95 4.3.1.6. Dos Objetivos, Metas e Programas 98 4.3.1.7. Da Auditoria 99 4.3.1.8. Da Certificação 103 4.3.1.9. Do Replanejamento 106 4.4. Do Cruzamento entre Dados e Informações 107 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Análise da Percepção Ambiental das Partes Interessadas do Estudo de Caso 110 5.2. Análise e Diagnóstico dos Dados de Campo 118 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 131 REFERÊNCIAS 139 APÊNDICES 147 ANEXOS 149 SOBRE A AUTORA 163 1. INTRODUÇÃO O objeto de estudo deste trabalho é a norma brasileira ABNT NBR ISO 14.001:2004, considerando aspectos teóricos e metodológicos, percepção ambiental de ‘partes interessadas’, bem como, a aplicação prática de seus requisitos, numa breve análise do modo de aplicação da norma por meio de um estudo de caso. A razão da escolha do tema se deveu a um questionamento profissional quando da operacionalização de sistemas de gestão ambiental frente à realidade e os resultados alcançados. Conforme Andrade (2008), as exigências de novos paradigmas surgiram paralelamente à grave crise sócio-ambiental com que o mundo se depara hoje, que impõe ao conhecimento científico a necessidade de respostas para reverter o quadro de ameaça à sobrevivência da vida no planeta. Assim, a crescente tendência empresarial em buscar a certificação ambiental fomentou o questionamento do real potencial deste sistema. Distinta de outras propostas de dissertação que abordaram a norma ISO 14.001, e que enfocam o potencial da norma como ferramenta administrativa, este trabalho pretendeu dar uma contribuição da análise deste instrumento a partir da perspectiva interdisciplinar1. Nesta perspectiva, com ênfase na dimensão ambiental, realizou-se uma abordagem contemplando natureza jurídica, modelo econômico e aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável, além de abordar a estrutura, criação e modo de operacionalização do sistema de gestão ambiental descrito pela norma, sendo, portanto, uma avaliação inédita do tema. O trabalho foi organizado em três eixos principais, sendo: estado da arte, estudo de caso e considerações finais. No estado da arte a idéia foi apresentar as principais considerações teóricas referentes ao estudo abordando a evolução dos paradigmas ambientais que levaram às certificações verdes, conceitos atinentes a sistemas de gestão ambiental, bem como, características da norma em estudo, especialmente requisitos mais relevantes para a implantação do sistema, que serviram de subsídios para melhor compreensão do estudo de caso posteriormente apresentado. 1 A abordagem interdisciplinar surge onde duas ou mais disciplinas intencionalmente estabelecem nexos e vínculos entre si para alcançar um conhecimento mais abrangente, ao mesmo tempo diversificado e unificado. (COIMBRA, 2002) O estudo de caso realizado pretendeu, através de exemplo concreto, demonstrar como se dá a implantação do modelo de certificação ambiental ISO 14.001, bem como, os possíveis percalços, falhas de interpretação e resultados obtidos pelo empreendimento. Para tanto, e mediante seu aceite, a empresa, denominada Terminais de Armazenagens de Cabedelo - TECAB, localizada na região metropolitana da capital da Paraíba, se tornou campo de estudo. Relacionou-se suas características e peculiaridades, interações, aspectos e impactos ambientais e a partir de então foi feita uma breve avaliação do sistema de gestão ambiental implantado. Além disto, realizou-se a análise da percepção ambiental das partes interessadas no empreendimento objeto deste estudo, com o fito de averiguar os efeitos percebidos pelos stakeholders2 no que diz respeito à gestão ambiental do empreendimento e à aludida certificação. Em sede de considerações finais foram apresentados os efeitos, positivos e negativos, de se implantar o sistema da ISO 14.001, observados tanto o regramento quanto o estudo de caso, apontando-se algumas proposições. 2 Partes interessadas. 2. ESTADO DA ARTE 2.1 Sociedade e Natureza: dos paradigmas entre empresas e meio ambiente O desenvolvimento da humanidade e sua evolução mostraram-se intimamente ligados a parâmetros sociais, econômicos, políticos e ambientais, definindo-se modos de vida com base na organização hierárquica tanto familiar quanto de trabalho e instituindo-se padrões produtivos e de consumo de bens e serviços. Tudo isso tornou clara a relação exploratória dos recursos naturais disponíveis, necessários ou não à sobrevivência humana, além de explicitar os limites dessa relação (FREIRE, 2000). Herculano (2006), cita que na sociologia durkheimiana a sociedade é visualizada como algo que paira acima do indivíduo, o cria e o determina e que, nesta perspectiva, para se entender a sociedade humana dever-se-ia estudar hábitos coletivos já sedimentados e expressos e não considerar as correntes de transformação da vida social, pois, estas não seriam apreensíveis pelo olho humano. Marx e Engels (1984) complementam que “não vemos a realidade social tal como a vivenciamos, mas a definimos e sobre ela refletimos com a cabeça daqueles que nos dominam”.3 Estas concepções se aproximam no que diz respeito às teorias contemporâneas, à abordagem da construção social que, segundo Smith (1998), afirma que todas as explicações da natureza são um produto social e revelam mais acerca das culturas que as produzem do que acerca dos próprios processos naturais. Os inventos, a nova ordem social e a urbanização da era industrial deram formas a uma civilização que se caracterizou por ultrapassar os limites da dimensão humana, por criar o tempo abstrato e aglutinar uma massa de miseráveis urbanos em substituição à pobreza rural. A modernidade, que eclodiu a partir do século XVI, com as expansões ultramarinas e as revoluções científica e industrial, transformou a cultura em um processo civilizatório e assim 3 Embora os autores mencionados tenham uma visão oposta da sociedade, Durkheim a percebe como algo harmonioso enquanto Marx e Engels a tem como algo em constante conflito. passou a estabelecer uma relação de oposição entre cultura/civilização, cultura/civilização, de um lado, e natureza, do outro (HERCULANO,, 2006). 2006) Conforme Toffler (1980), háá 300 anos, com mais ou menos meio século de diferença, ouviu-se ouviu uma explosão que enviou ondas de concussão em cadeia através da Terra, demolindo sociedades antigas e criando criando uma civilização inteiramente nova. Essa explosão foi, naturalmente, a revolução industrial. E a força da maré gigante que ela desencadeou no mundo – a Segunda Onda – colidiu com todas as instituições do passado e modificou o modo de vida de milhões. Com m a Revolução Industrial houve densidade e generalização da degradação ambiental, facilitada pela fusão da ciência (especulativa) e tecnologia (empírica), pela mentalidade dominante do tipo de sociedade inaugurada com o capitalismo, e, de forma mais ampla, por determinada visão de progresso e natureza que vinha pouco a pouco se firmando na modernidade, ou seja, desde o Renascimento (ALMINO, 2003). Necessidade de Crescimento da Produção Expansão da População Tecnologia Brutal Dano Ambiental Grave Quadro 1: Impactos da revolução industrial ao meio ambiente Fonte: dados de Toffler, 1980. Observada a equação acima não se pode furtar à observação de que a mesma reflete a lógica capitalista, que trouxe mudanças qualitativas em relação ao feudalismo antecedente, introduzindo a produção para o mercado, a exploração da mais-valia, mais valia, o lucro e a separação do trabalhador rabalhador dos seus meios de produção. Toffler (1980) aponta ainda que o constructo social vigente com a Revolução Industrial tinha como um dos eixos basilares a crença de que a natureza era um objeto a ser explorado, além da divisão cartesiana do mundo a partir do “Discurso do Método” de Descartes4. Ou, no dizer de Almino (2003), da crença baconiana de que o conhecimento científico significa poder tecnológico sobre a natureza e da proposta cartesiana de que o homem atinge o conhecimento e a verdade para tornar-se mestre e possuidor da natureza. Ainda para Toffler (1980), não houve nenhuma causa única e dominante para a Revolução Industrial conforme esta se desenhou. A tecnologia, por si só, não é a força motriz da História. Tampouco por si mesmos o foram idéias ou valores. Não é a luta de classes, nem é a História apenas um registro de mudanças ecológicas, tendências demográficas ou invenções de comunicações. A economia somente não pode explicar isto ou qualquer outro evento histórico. Não há qualquer “variável independente” sobre a qual dependam todas as outras variáveis. Há apenas variáveis correlatas, ilimitadas em complexidade. O indivíduo, enquanto explorador da natureza, acreditando demasiado no progresso histórico, endeusando o novo e o moderno, favorecendo uma razão puramente instrumental e a crença na capacidade transformadora ilimitada da tecnologia, levou à destruição da natureza para atingir seus objetivos estreitos do presente, prejudiciais ao homem numa perspectiva longa de história (ALMINO, 2003). Para Smith (1998), existiu uma conscientização considerável da destruição ecológica antes e durante o processo de industrialização propriamente dito. O impacto dos vários processos que criaram o mundo moderno, desde o desenvolvimento da produção fabril e da urbanização em larga escala até a emergência de um sistema de mercado global, transformou completamente o ambiente natural. Nusdeo (2005) diz que a universalização do problema ambiental e a conseqüente conscientização se ligam intuitivamente ao enorme crescimento da atividade econômica, ocorrido a partir de fins do século XVIII, quando se deflagra a chamada Revolução Industrial, no fundo uma revolução tecnológica, a qual, muito embora tivesse atingindo primeiro o setor da economia (a indústria), claramente não se circunscreveu a ele, envolvendo também o setor primário (agricultura e extração) e o terciário (serviços de toda ordem). A ampla maioria dos estudiosos reconhece que foi apenas a partir da Revolução Industrial que a inquietação ganhou algum sentido prático, embora isso tenha levado alguns séculos para ser implementado em um sistema de leis que regule a ação humana, como acabou ocorrendo no século XX (RIBEIRO, 2003). 4 Construiu a analogia de que as coisas naturais se podiam considerar máquinas (Smith, 1998). Apesar disso, ao longo da história, o homem sempre utilizou os recursos naturais do planeta e gerou resíduos com baixíssimo nível de preocupação: os recursos eram abundantes e a natureza aceitava sem reclamar os despejos realizados, já que o enfoque sempre foi “diluir e dispersar” (MOURA, 1998; PEREIRA, 2002; BARBIERI, 2007). Ou seja, foram ultrapassados os limites de capacidade de carga do planeta a partir dos quais a natureza não consegue se regenerar e suplantar o ritmo de exploração de seus recursos. 2.2 Meio Ambiente na perspectiva da produção: algum envolvimento ou mero desenvolvimento. Neste ponto importante contextualizar a conflitante relação entre empresas e meio ambiente, com o fito de se vislumbrar quais foram as bases que formaram a atual situação e possibilitar uma reflexão acerca de que meios poderão realmente viabilizar uma transformação real. Ao estudar a história da indústria no século XX, é possível perceber uma evolução no trato da questão ambiental nas empresas. Até o fim da primeira metade desse século, as questões ambientais e a poluição causada pelas empresas e por suas atividades econômicas tinham pouco impacto nas decisões empresariais (PHILIPPI e AGUIAR, 2004). O espírito desenvolvimentista da década de 1950 enraizou-se no Brasil e as décadas de 1960 e de 1970 apresentaram um país com prioridade na industrialização. Desta forma, têm-se documentos que, baseados na premissa de que o principal impacto era a pobreza, estimulando, e muito, a geração de poluentes e o depauperamento dos recursos naturais. Nesse período, os governos brasileiros tiveram pouquíssima preocupação com o meio (SANTOS, 2004). Ou seja, a observação dos problemas sociais não se dava a partir das diversas interações possíveis, inclusive quanto à problemática ambiental, mas de modo estanque como se a dita pobreza fosse fruto de geração espontânea e não resultante de ausência de políticas públicas que privilegiassem a cidadania – fato este que, lamentavelmente persiste. Entretanto, ainda entre os anos 60 e começo dos anos 70 iniciou-se o processo de conscientização ambiental. Neste período foi publicada a obra de Rachel Carson, “Primavera Silenciosa”, que apontava as graves contaminações geradas pelo uso indiscriminado do DDT; bem como, o relatório do Clube de Roma (“Limites do Crescimento”5) , o “Manifesto pela Sobrevivência”6 originado de grupos de esquerda e publicado em Londres, todos com a característica de despertar um estado de alerta quanto às graves conseqüências do comportamento humano sobre o entorno (SMITH, 1998; PHILIPPI e RODRIGUES, 2005; LUZ et al., 2006; HERCULANO, 2006; RABELO, 2007). A importância destes documentos resulta do modo como reformaram o programa ambiental, fundamentando a crítica ecológica nos problemas da industrialização e nos valores da sociedade moderna. Isso permitiu realçar a forma como a política convencional quer de esquerda, quer de direita, se baseava no materialismo, no crescimento econômico em “benefício próprio” e na visão instrumental das coisas naturais (SMITH, 1998). Para Foladori (2001) o despertar da consciência ambiental a partir dos anos 70 se deu através da soma de impactos localizados e impactos mundiais (planetários) que geraram a crise ambiental. Barbieri (2004) aponta ainda que nesta década, em vários países, começou a surgir políticas ambientais que trataram as questões ambientais de modo integrado e introduziram abordagem preventiva. Ainda neste período foi realizada a primeira conferência das Nações Unidas relacionada ao tema ambiental (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, junho de 1972), ainda que houvesse posicionamentos discrepantes dos países subdesenvolvidos que defendiam seu desenvolvimento a qualquer custo, a mesma foi historicamente um marco para dimensionar a nova postura (MOURA, 1998; BARBIERI, 2007). O geógrafo brasileiro Wagner Ribeiro (2003) relata que o principal debate desta convenção envolveu os desenvolvimentistas, países que desejavam o padrão de desenvolvimento dos países ricos, e os zeristas, países ricos que tentaram impor o congelamento da atividade econômica aos países pobres. A posição desenvolvimentista saiu vitoriosa e os países pobres passaram a receber investimentos diretos em seu território, em especial para processarem etapas poluidoras do processo industrial, gerando aquilo que ficou conhecido como divisão internacional dos riscos técnicos do trabalho. Entretanto, uma das contribuições da Estocolmo 72 foi colocar em pauta a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de modo que, desde então não é mais possível falar 5 Realçou as formas como as atividades econômicas humanas, em relação ao esgotamento de recursos e à poluição, estavam a exceder a capacidade de carga da Terra e que a continuação destas práticas era insustentável a longo prazo (Smith, 1998). 6 Culpava o consumismo extremado, de interesse do industrialismo capitalista como sendo o responsável pela degradação ambiental (Herculano, 2006). seriamente em desenvolvimento sem considerar o meio ambiente e vice-versa (BARBIERI, 2007). Nesta época também começaram a surgir os primeiros selos ecológicos, na Holanda em 1972 e na Alemanha em 1978, destinados a rotular produtos ambientalmente corretos (MOURA, 1998). Esses programas de certificações e selos são denominados ecolabelling7 e no Brasil os produtos que mais sofrem com essas barreiras ambientais são os provenientes dos setores agrícola, têxtil e siderúrgico (ARAÚJO e MACHADO, 2007). Figura 1: Selo ecológico alemão Fonte: http://www.blauer-engel.de/en/index.php Figura 2: Selo ecológico União Européia Fonte: http://ec.europa.eu/environment/ecolabel/index_en.htm Com o objetivo de informar ao público o status do produto ou processo em relação ao meio ambiente, os selos ambientais – também chamados de selos verdes – constituem-se para a empresa um argumento de marketing tanto mais importante quanto maior for o nível de preocupação da sociedade com o meio ambiente (ARAÚJO e MACHADO, 2007). 7 Rotulagem ambiental Quadro 2: Selos ecológicos no mundo País Holanda Alemanha Suécia Canadá Japão Escandinávia França EUA Suécia EUA EUA Índia União Européia Selo Verde Blauer Engel Nordic Swan Environmental Choice Eco Mark Cisne Branco NF Environment Scientific Certification System Environmental Choice Energy Saver Green Seal Eco Mark Eco-label Data de Implantação 1972 1978 1986 1988 1989 1989 1989 1990 1990 1990 1991 1992 Fontes: Moura (1998) e Epelbaum (2004) No que se referia especificamente aos problemas de degradação ambiental, os representantes empresariais argumentavam que os custos adicionais para as empresas, resultantes dos gastos em controle de poluição, comprometeriam a lucratividade, a competitividade e a oferta de empregos, gerando, portanto, prejuízos às partes interessadas como trabalhadores, acionistas e consumidores. Nesse contexto, a estratégia das empresas era, segundo o jargão econômico, externalizar os custos ambientais, ou seja, transferi-los para a sociedade, poupando o verdadeiro causador de arcar com qualquer ônus para reverter o problema (DEMAJOROVIC, 2003). A década de 80 foi marcada pelo surgimento em grande parte dos países de leis regulamentando a atividade industrial em relação à poluição. Ao mesmo tempo em que a mobilização em torno da questão ambiental multiplicava os debates sobre esta temática em diversos países, o setor público, por meio de suas agências ambientais, aprimorava a regulação ambiental, fazendo com que os danos e ameaças ao meio ambiente se tornassem um custo direto para os negócios (MOURA, 1998; DEMAJOROVIC, 2003). Conforme Unger (2000) uma das grandes riquezas de toda a reflexão havida no pós-70 foi exatamente suscitar questões éticas. O movimento ecológico é um movimento que emerge deste questionamento, um movimento que emerge de experiências revolucionárias, menos no que elas tiveram de vitorioso, do que no que elas não conseguiram realizar. No Brasil, a nova ordem que se estabeleceu gerou a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981) que apresentou indiscutíveis avanços sendo, segundo Santos (2004), uma “carta de intenções” em relação à conservação do meio. Ribeiro (2003) cita a grande mobilização que culminou com o movimento pela Constituinte e, em 1988, na luta pela inclusão de temas ambientais na Constituição Federal, o que acabou ocorrendo. Além disso, com a retomada das liberdades democráticas se começou a abrir espaço para as comunidades expressarem suas reivindicações em favor da defesa do meio ambiente. Nesse período, difundiu-se na sociedade e no governo a consciência de que as questões ambientais deviam ser tratadas em conjunto com as populações afetadas (MILARÉ, 2007). Nesta época o discurso empresarial que enaltecia o papel exclusivo das empresas como fomentadores da riqueza encontraria cada vez menos respaldo na sociedade. Além disso, a exposição na mídia de tragédias ambientais provocadas por grandes empresas colocava o setor industrial como alvo prioritário dos protestos de grupos ambientalistas (DEMAJOROVIC, 2003). Cabe serem mencionados alguns dos graves acidentes ambientais provocados por empresas: Quadro 3: Acidentes ambientais Desastre Ambiental Acidente de Minamata Caso Exxon-Valdez Acidente de Bhopal Acidente de Tchernobyl Acidente de Love Canal Local Características Japão Contaminação de peixes de uma baía por despejos químicos da indústria Chisso Vazamento de óleo de um navio da empresa Exxon Alasca Índia Antiga União Soviética Estados Unidos Vazamento de resíduos tóxicos de uma fábrica da Union Carbide Explosão de reator em usina nuclear Contaminação por depósito de produtos químicos Fonte: Moura, 1998. Para Demajorovic (2003) nesse contexto, a variável socioambiental representa um novo condicionante interno ao processo decisório empresarial e não mais um fator exógeno e antagônico. Observa-se que, diante das transformações da economia mundial, cuja globalização alterou profundamente as características da demanda, o desempenho socioambiental passou a integrar as exigências de qualidade nos bens e serviços. Logo, as empresas bem sucedidas serão aquelas que conseguirem superar os desafios advindos da incorporação da variável ambiental e social em suas estratégias de longo prazo e que possam aproveitar as oportunidades que estão surgindo. A intensificação do processo de globalização financeira e produtiva da economia mundial, a partir da década de 1980, trouxe alterações nos mercados internacionais, aguçando a concorrência mundial e alterando os padrões de concorrência industrial. Surgiram, conseqüentemente, normas gerais de padronização, de processo, de qualidade e de gestão ambiental (LUSTOSA, 2003; PHILIPPI e AGUIAR, 2004; ARAÚJO e MACHADO, 2007). Na década de 90, houve grande evolução da consciência ambiental, o termo “qualidade de vida8” passou a fazer parte do cotidiano das pessoas e as empresas passaram a se preocupar com a racionalização do uso de energia e de matéria prima, além de maior empenho e estímulos à reciclagem e reutilização (MOURA, 1998). A ênfase na mentalidade voltada para o consumo provocava conseqüências graves, tais como poluição, desigualdade social, aumento da criminalidade e insatisfações da sociedade. Ganha destaque a idéia de não haver um modelo único de desenvolvimento, sendo o melhor aquele que a própria sociedade decide, com satisfação de suas necessidades segundo suas condições e sua representatividade social (SANTOS, 2004; BARBIERI, 2007). Realizou-se a segunda conferência ambiental (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, junho 1992), fruto das experiências já vivenciadas num período de 20 anos, onde se testemunharam os graves e emblemáticos acidentes ambientais além das observações registradas pelo Relatório Brundtland. Naquela reunião internacional percebeu-se que a pobreza, uma das fontes da degradação ambiental, deve ser combatida, pois muitas vezes a população de baixa renda, em especial nas grandes cidades de países pobres, é obrigada a viver em áreas de risco ou em áreas naturais protegidas. Nessa reunião também se verificou que o consumo exagerado promovido em países de renda elevada gera muitos impactos ambientais (RIBEIRO, 2003). As discussões da convenção culminaram com a elaboração da Agenda 21, Convenção do Clima, da Biodiversidade, a Declaração do Rio para Meio Ambiente e Desenvolvimento, Declaração de Princípios para Florestas e o fomento do “desenvolvimento sustentável”, tendo sido segundo as palavras de Santos (2004), a consolidação política e técnica desta expressão. Foi nesta conferência que passou a ser mais bem compreendida a mútua dependência entre o desenvolvimento e um meio ambiente ecologicamente equilibrado, com a conservação dos recursos para as gerações futuras e a necessidade do desenvolvimento de tecnologias limpas e combate à pobreza, causa e conseqüência de graves problemas ambientais (MOURA, 1998). 8 Segundo Coimbra (2002) o termo qualidade de vida vem se tornando tema de inquietação para todos os segmentos da comunidade. Ainda, nesta conferência, em função das pressões sociais, comerciais e lições aprendidas na década de 80, a International Organization for Standartization (ISO) anunciou a decisão de desenvolver uma série de normas sobre gestão ambiental (PHILIPPI e AGUIAR, 2004)9. Nesta perspectiva surgiram certificações de padrões de qualidade10 e posteriormente a de padrões ambientais internacionais, sendo a primeira a BS 775011, em 1992, seguida pela ISO série 14.000, que teve sua primeira edição em 199412 (FREIRE, 2000; D’ISEP, 2004; BISPO e CAZARINI, 2006, BARBIERI, 2007). O surgimento dessas normas se deveu aos seguintes fatores: crescimento da influência das ONGs que atuam nas áreas do meio ambiente e correlatas; aumento do contingente de consumidores responsáveis, ou consumidores verdes, que procuram cada vez mais utilizar produtos ambientalmente saudáveis; intensificação dos processos de abertura comercial, expondo produtores com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competição mais acirrada e internacional; e restrições à criação de barreiras técnicas para proteger o mercado dentro da lógica da globalização (LA ROVERE, 2001; BARBIERI, 2007). Nesta fase a estratégia mais comum adotada pelas empresas que incorporaram a gestão ambiental continuou a ser o investimento em tecnologias para controle de poluição. Não há dúvida de que essa alternativa resultou em ganhos para a qualidade ambiental em vários setores industriais. Diversos estudos, publicados em revistas especializadas, mostram como um número significativo de empresas tem reduzido a emissão de poluentes perigosos e melhorado seu tratamento secundário em decorrência da modernização tecnológica e da racionalização dos processos produtivos (DEMAJOROVIC, 2003). Para o mesmo autor, o emprego de tecnologias de “fim-de-tubo”, que leva as empresas a investir em filtros ou centrais de tratamento de efluentes líquidos para garantir o cumprimento dos padrões ambientais, representa apenas uma correção da rota, depois de consumada a tomada de decisão. Moura (1998) complementa que essa alternativa embora seja eficaz para fazer com que muitas organizações operem dentro de padrões estabelecidos pela legislação, de outro, suas preocupações sociais e ambientais correm sempre atrás do avanço dos processos de produção, responsáveis pelos danos ecológicos. 9 Pereira (2002) aponta como um dos pontos centrais desta convenção foi a promoção dos acordos e protocolos internacionais, bem como, das normas internacionais (ISO série 14.000) facilitando o acesso às micros, pequenas e médias empresas. 10 ISO 9.000, cuja semelhança metodológica com a ISO 14.000 é inquestionável. Britsh Standard 7750, norma britânica de caráter voluntário publicada pelo Instituto de Normas Britânicas com a finalidade de sistematizar princípios de gestão ambiental hoje não mais vigente. 12 Em março/92 foi feita a publicação oficial, corrigidas as imperfeições a norma foi reemitida em 1994 (Moura, 1998). 11 Vale as observações de Lustosa (2003) de que a mudança do padrão tecnológico é uma condição necessária para que o crescimento econômico possa ser contínuo e que juntamente com uma distribuição mais igualitária dos benefícios desse crescimento caminhe na direção do desenvolvimento sustentável. Soluções meramente tecnicistas sem pensamento ambiental complexo devem ser analisadas cuidadosamente uma vez que tendem a ser paliativas não gerando sustentabilidade. Ou, no dizer de Barbieri (2007), do ponto de vista ambiental as soluções voltadas exclusivamente para o controle da poluição são fundamentais, mas insuficientes - uma empresa sustentável seria aquela que cria valor de longo prazo aos acionistas ou proprietários e contribui para a solução dos problemas ambientais e sociais. Neste ponto vale refletir o surgimento, em 1998, da Lei de Crimes Ambientais (Lei no. 9.605/98) que contemplou o meio ambiente com novos instrumentos de proteção legal. Ressalte-se que quanto mais se aprimoram os padrões de qualidade ambiental resultantes da maior pressão dos governos e cidadãos, maiores são os custos para as empresas em investimentos no controle da poluição e segurança nos processos (DEMAJOROVIC, 2003). Ou seja, ao se manter essa postura tradicional, no entanto, não se vislumbra nenhuma perspectiva de redução dos custos para as empresas. De fato, a tendência para a desregulamentação e diminuição da intervenção estatal na economia observada na maior parte dos países industrializados não tem seguido o mesmo padrão no campo ambiental. Tanto o escopo como a intensidade das regulamentações destinadas a garantir a qualidade ambiental estão crescendo (DEMAJOROVIC, 2003). Segundo Abreu et al. (2004), nas últimas décadas, as empresas têm assistido a transformações muito amplas em seu ambiente competitivo, calcadas na valorização das preocupações de caráter ambiental e social, além das econômicas. As empresas estão, portanto, sujeitas às mudanças nos valores e ideologias da sociedade e às pressões do ambiente externo à organização, que acabam por influenciar seu desempenho no mercado. Conforme Milaré (2007), o processo de desenvolvimento dos países se realiza, basicamente, à custa dos recursos naturais vitais, provocando a deterioração das condições ambientais em ritmo e escala até ontem ainda desconhecidos. Sob o ponto de vista da qualidade de vida e da própria sobrevivência das espécies sobre o planeta, a relação homem-natureza está sendo reavaliada. A natureza não pode mais ser vista como uma simples fonte de matéria-prima ou um local de despejo de sucata industrial. Esta mentalidade, largamente empregada em tempos passados, resultou em formas de desequilíbrio ambiental, que atualmente manifestam-se de diversas formas: poluição hídrica, poluição atmosférica, chuva ácida, destruição da camada de ozônio (BASTOS e FREITAS, 1999). Como já apontado observa-se transformação, ainda que lenta e por vezes tardia, da relação entre empresas e meio ambiente por uma série de fatores. Esta mudança de paradigmas ambientais se reflete de diversas formas que vão desde a reavaliação de padrões tecnológicos às ações proativas que buscam não tão-somente mitigar um mal causado, mas evitá-lo. Quadro 4: Evolução da gestão ambiental empresarial Fonte: Demajorovic (2003), citando Johnson, 1998. Período Abordagem Valor Concepção Atitude Até 1970 Sem controle de poluição Lucro Indiferença aos problemas socioambientais Poluir e degradar. (externalizar custos) Até 1985 Controle da Poluição Lucro e respeito à regulação O controle da poluição diminui os lucros Poluir no limite que a regulação permite Atual Prevenção da Poluição Lucro, respeito à regulação e Eficiência Aumento dos lucros Reduzir resíduos no processo produtivo e desenvolver maior política de segurança Análise do ciclo de vida (Product Stewardship) 13 Lucro, eficiência e qualidade ambiental Aumento dos lucros e de vantagens competitivas no longo prazo Gerenciar o produto da produção à sua disposição final Lucro e preservação da qualidade ambiental no longo prazo Aumento da produção e de vantagens competitivas no longo prazo Produzir produtos que não agridam o meio ambiente ? ? Desenvolvimento Sustentável Entretanto, é válido observar que embora a questão ambiental haja se expandido a mesma parece ter se esvaziado do seu caráter transformador embora os objetivos do discurso continuem a diferir de acordo com o interlocutor social que o reverbera. Conforme Maimon (1996) as novas regras ambientais que tem imperado no mercado internacional, alteram a conquistada competitividade de alguns setores exportadores e pressionam para uma mudança no respectivo comportamento ambiental. A consciência ecológica e a responsabilidade socioambiental, infelizmente, estão bem longe de alcançar o estágio mínimo ideal. No caso de muitos empreendimentos, uma vez obtida a licença de operação, é comum verificar-se que as empresas limitam-se ao estritamente necessário sob o ponto de vista de exigências legais, exigências estas nem sempre cumpridas e, também, nem sempre suficientes para a salvaguarda da qualidade ambiental. Por outro lado, 13 Supervisão de produtos. a legislação sem o necessário complemento das exigências éticas é um instrumento prejudicado (MILARÉ, 2007). Assim, ainda observa-se a reatividade e o mero cumprimento da legislação no que concerne à postura ambiental, em detrimento dos recursos naturais e de uma prática sustentável de desenvolvimento, sendo, entretanto, uma postura que tende a modificar-se. Quadro 5: Abordagens de gestão ambiental nas empresas Características Preocupação Básica Postura Típica Ações Típicas Percepção dos Empresários e Administrativos Envolvimento a Alta Administração Áreas Envolvidas Abordagens Controle da Poluição Prevenção da Poluição Estratégica Cumprimento da legislação e Uso eficiente dos insumos. Competitividade respostas às pressões da comunidade. Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa Corretivas, preventivas e Corretivas; uso de tecnologias Corretivas e preventivas. antecipatórias. de remedição e de controle no Conservação e Antecipação de problemas final do processo substituição de insumos. e captura de oportunidades (end-of–pipe). Uso de tecnologias limpas. utilizando soluções de Aplicação de normas de médio e longo prazos. Uso segurança. de tecnologias limpas. Custo adicional. Redução de custo e Vantagens competitivas. aumento da produtividade. Esporádico. Periódico. Ações ambientais confinadas nas áreas geradoras de poluição. Crescente envolvimento de outras áreas como produção, compras, desenvolvimento de produto e marketing. Permanente e sistemático. Atividades ambientais disseminadas pela organização. Ampliação das ações ambientais para toda a cadeia produtiva. Fonte: Barbieri, 2007 Rattner (2005) justifica que os porta-vozes do mercado ou as empresas insistem em afirmar que as condições econômicas e sociais precárias seriam inevitáveis para manter a lucratividade dos negócios, apesar de danos ao meio ambiente e às populações carentes e indefesas. Entretanto para Lima-e-Silva et al. (2002) a relação dos seres humanos - ambiente, sem dúvida profundamente preocupante e central, não é feita somente de desastres. Há atividades produtivas de impactos relativamente positivos, sendo, entre outros citados, a gestão responsável do problema ambiental dentro das empresas.O objetivo final é evitar o esgotamento dos estoques naturais, mitigar a geração de rejeitos pelas empresas, e assim responder as necessidades de sustentabilidade do desenvolvimento Os riscos socioambientais inerentes ao desenvolvimento industrial ou mesmo sua incalculabilidade continuam a realimentar um processo autocrítico dentro da sociedade, sustentando a preocupação socioambientalista (DEMAJOROVIC, 2003). Não se pode olvidar que a globalização da bio-ética está conduzindo a um novo paradigma empresarial e que, assim como as empresas estão revendo velhos hábitos, os polices makers14 devem também reformular e repensar as políticas ambientais (MAIMON, 1996). Paralelamente, as instituições governamentais e não-governamentais, a mídia, a sociedade civil e as instituições financeiras têm exposto os problemas ambientais da atividade produtiva e forçado as organizações a adotarem sistemas de gestão e controle da variável ambiental. Esses investimentos na área ambiental, antes simplesmente considerados como necessários, hoje devem ser vistos como estratégicos à atuação das empresas, gerando benefícios sociais, ecológicos e econômicos (ABREU et al., 2004). Para Barbieri (2007) as preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado. Se não houvesse pressões da sociedade e medidas governamentais, não se observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental. Para Lustosa (2003) seriam quatro fatores: pressões das regulamentações ambientais, as pressões dos consumidores finais e intermediários, a pressão dos stakeholders15 e a pressão dos investidores. A regulamentação ambiental é um dos principais fatores que induzem as empresas a adotar uma postura menos agressiva ao meio ambiente. A preservação do meio ambiente não é objetivo principal da empresa, sendo necessária alguma pressão para que mude seu comportamento em relação ao meio ambiente (LUSTOSA, 2003). Vale salientar, entretanto, que a evolução das normas ambientais que teve por fatores determinantes as pressões sociais (ocorrência de acidentes de grande impacto), pressões políticas (realização de convenções internacionais e tratados) e pressões econômicas (diferencial no mercado, formação da cidadania ambiental) refletiram-se dentro das empresas em seu comportamento ambiental. Mas não é só do lado governamental que surgem motivos para a inclusão das preocupações ambientais nas empresas. Muitas empresas que atuam no mercado exterior, ou que pretendem atuar, estão cada vez mais atentas às questões ambientais, pois estas são usadas freqüentemente como barreiras técnicas ao comércio internacional. 14 Decisores políticos. Significa “partes interessadas”, esta expressão, conforme o item 3.13 da norma ISO 14.001, é o indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização. 15 Dentre as dez exceções gerais permitidas pelo Gatt (General agreement on tariffs and trade)para estabelecer restrições ao comércio estão: (1) as medidas para proteger a saúde e a vida das pessoas e dos animais e para preservar os vegetais; e (2) as medidas relativas à conservação dos recursos naturais esgotáveis, desde que sejam aplicadas juntamente com as restrições à produção ou ao consumo nacionais. O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, outro acordo multilateral de comércio administrado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), permite que os governos estabeleçam restrições às importações de produtos que possam causar danos à saúde ou ao meio ambiente, desde que não se trate de uma prática discriminatória (BARBIERI, 2007). Vários autores apontam que a pressão dos consumidores, as demandas de clientes e da sociedade relacionadas aos cuidados com o meio ambiente têm feito com que as organizações industriais direcionem esforços para adequar seus processos no sentido de diminuir ou eliminar impactos ambientais negativos (FREIRE, 2000; LA ROVERE, 2001; GAVRONSKI, 2003; ÁVILA e PAIVA, 2006). Entretanto, Barbieri (2007) alerta que o entendimento da preocupação ambiental como custo adicional para a empresa e consumidor ainda seja um arraigado paradigma que dificulta o envolvimento mais ativo. Lustosa (2003) aponta diferenças de comportamento entre os consumidores dos países de renda alta – desenvolvidos – e os consumidores dos países de renda média – em desenvolvimento; sem, entretanto, esclarecer o nível de interferência de tais diferenças. Apesar de esta nova postura ter sido, inicialmente, imposta por elementos externos à empresa, a noção de desenvolvimento sustentável passou a ser vista com maior importância por um número grande de empresas, por iniciativa de seu corpo executivo, temendo a desvalorização das ações em decorrência de escândalos corporativos (ARAÚJO e MACHADO, 2007). Se no início dos anos 90 se falava em ISO 14.000, a certificação concedida às empresas que respeitam a natureza, hoje o que se vê é um desdobramento de certificações nas mais diversas reas, com extensão da responsabilidade sócio-ambiental (LUSTOSA, 2003; ROQUE, 2007)16. Ademais, vale pontuar que a exigência de selos verdes tem aumentado significativamente por parte dos bancos que condicionam crédito à exploração responsável, especialmente a negócios que contemplam diretamente o manejo de recursos naturais (PHILIPPI e AGUIAR, 2004; ARAÚJO e MACHADO, 2007; WIZIACK, 2007). 16 Exemplo disto, citado por Souza (2004), é que atualmente, as empresas do ramo de petróleo têm voltado suas preocupações para as perdas de combustíveis e derivados de petróleo por evaporação, que representam não só prejuízo econômico, mas também impacto negativo sobre o meio ambiente, uma vez que toneladas de produtos são lançadas na atmosfera. Neste ponto vale observar que, atualmente, a proteção ambiental deixou de ser uma função exclusiva da produção para tornar-se também uma função da administração passando a ser contemplada na estrutura organizacional interferindo no planejamento estratégico e tornandose uma atividade importante na organização da empresa, gerando políticas, metas e planos de ação (ARAÚJO e MACHADO, 2007). O quadro a seguir ilustra as inter-relações entre a conduta ambiental e funções gerenciais demonstrando a importância do padrão sistêmico no trato com a questão ambiental. Quadro 6: Matriz de características de conduta ambiental Matriz de características de conduta ambiental Conduta ambiental Fraca Intermediária Forte Não existe gerência ou departamento ambiental na estrutura organizacional com as atribuições definidas. O nível gerencial é o mais alto para o trato das questões ambientais. Não assume compromissos formais em uma política ambiental. A importância da questão ambiental está limitada ao atendimento dos condicionantes da licença de operação. Existe um responsável dentro da estrutura organizacional. A diretoria é o nível mais alto para o trato das questões ambientais. Existem compromissos formais estabelecidos na política ambiental. A importância da questão não está limitada ao atendimento à legislação ambiental. Preocupadas com a imagem e em alcançar novos mercados. Existe uma gerência ou departamento de meio ambiente na estrutura organizacional. As questões ambientais são tratadas em nível de presidência. Existem compromissos formais em atender à legislação, melhoria contínua dos processos e prevenção da poluição. A importância da questão está vinculada ao compromisso com o DS. Preocupados com a imagem da empresa. Administração Jurídico Não conhece a legislação ambiental e não possui instrumentos para acompanhá-la. Conhece parcialmente a legislação ambiental. O acompanhamento do atendimento à legislação é realizado de forma não sistematizada pelo responsável pela área de meio ambiente. Administração Financeiro Os investimentos ambientais representam de 0 a 1% dos investimentos totais. Definidos para atender à legislação ambiental. Os ganhos financeiros estão atrelados às vendas de resíduos e subprodutos sem alteração do processo produtivo. Não consegue dimensionar esses ganhos. Administração Recursos Humanos Não existe um programa de educação ambiental. Os investimentos representam entre 1 a 2% dos investimentos totais. Definidos com base nos projetos gerados internamente de forma espontânea. Os ganhos financeiros estão atrelados a redução do desperdício, relacionada aos insumos água e energia elétrica, e a comercialização dos resíduos. Possui um programa de educação ambiental voltado para ações básicas Conhece integralmente a legislação. Contrata consultoria externa para a sua atualização. O acompanhamento do atendimento à legislação é realizado pela gerência de meio ambiente e o jurídico. Os investimentos representam mais de 2% dos investimentos totais da empresa. Definidos com base nos objetivos e metas ambientais. Os ganhos financeiros estão atrelados à redução das perdas de processo. Podem existir invéstimentos ambientais sem retorno financeiro. Funções Gerenciais Administração Geral Possui um programa de educação ambiental voltado para os funcionários e para como a coleta seletiva de lixo, e desenvolvido informalmente através de palestras. Freqüência anual. Produção e Manutenção Desenvolvimento de produtos e processo Marketing Não possui um sistema de gestão ambiental. Não avalia os impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Não realiza auditorias ambientais. Os controles operacionais atrelados aos insumos da produção. Não adota uma sistemática de melhoria contínua para os indicadores de performance. Não adota tecnologias para minimizar o impacto ambiental. Não possui uma sistemática para tratar as reclamações ambientais das partes interessadas. Compras Não adota padrões ambientais aos fornecedores de bens e serviços. Distribuição Não identifica os riscos ambientais na distribuição de seus produtos. Fonte: Abreu et al., 2004 Está em processo de implementação de um sistema de gestão ambiental. Avalia os impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Processo imaturo de auditorias ambientais semestrais. Controles operacionais atrelados aos insumos de processo e o atendimento da legislação ambiental. Os indicadores ambientais foram estabelecidos através dos padrões legais. Não existe uma sistemática de melhoria contínua dos indicadores de performance, apenas conformidade legal. Investe na aquisição de equipamentos com um menor consumo de insumos. Utiliza a sistemática de atendimento ao cliente para tratamento das reclamações das partes interessadas. Não produz relatórios de performance ambiental. Percebe a preocupação ambiental de seus concorrentes. Está começando a identificar algumas vantagens competitivas com a questão ambiental. Adota parcialmente padrões ambientais aos seus fornecedores de serviços. Identifica riscos de acidentes na distribuição de seus produtos. Adota alguns critérios para a distribuição de produtos. a comunidade. Diariamente são realizados diálogos envolvendo aspectos ambientais nas atividades de produção. Realiza eventos anualmente como a semana de meio ambiente e treinamento de integração para os novos funcionários. Possui um sistema de gestão ambiental certificado pela ISO 14.001. Faz o levantamento e avaliação dos aspectos e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Realiza auditorias ambientais internas. Os indicadores ambientais foram estabelecidos com base nos padrões legais e em comparação com outras unidades da empresa ou histórico de desempenho. Adota uma sistemática de melhoria contínua dos indicadores ambientais. Desenvolve tecnologias para minimizar o impacto ambiental de seus processos produtivos. Produtos certificados com o selo verde. Desenvolveu uma sistemática para atendimento, acompanhamento e registro das reclamações ambientais das partes interessadas. Desenvolve relatórios ambientais disponíveis ao público. Antecipa as preocupações ambientais de seus clientes. Alcança uma vantagem competitiva através de uma atuação ambientalmente consciente e pró-ativa. Adota padrões ambientais para a qualificação de todos os seus fornecedores de bens e serviços. Adota critérios rigorosos de prevenção da poluição para distribuição dos seus produtos. Adota medidas preventivas para evitar acidentes. Muitas empresas, ao notarem as oportunidades inovativas e de lucro na gestão do meio ambiente, extrapolaram a questão dos padrões e entraram em outras searas como o reaproveitamento de resíduos, a reformulação de produtos e a utilização de tecnologias menos onerosas em matérias-primas, entre outras ações que fomentam a criação de uma cultura ambiental na empresa ao longo do tempo (AZEVEDO et al., 2005). Segundo Freire (2000), inicialmente nas empresas controlava-se apenas as saídas dos processos inserindo-se posteriormente em seus projetos a prevenção da poluição. Atualmente, inserem-se o controle ambiental e a prevenção ambiental em sua gestão administrativa, buscando satisfazer um novo consumidor, ciente de suas necessidades e direitos, além de acionistas, cientes das oportunidades que a excelência ambiental poderá trazer. Conforme Toffler (1980), referindo-se à era da informação (Terceira Onda), a maior disseminação de informações e um maior conhecimento dos riscos à saúde e sobrevivência da humanidade farão com que as pessoas e sociedades pressionem empresas e governos em busca de uma maior qualidade ambiental. Ou seja, as grandes mudanças em andamento na sociedade originaram crescentes pressões das várias partes interessadas, propiciando novos riscos e oportunidades competitivas, e levando ao questionamento da razão de ser da empresa (EPELBAUM, 2004). 2.3 Empresas e o Desenvolvimento Sustentável É fato que as questões ambientais, pelas razões já expostas tornaram-se um assunto de grande importância nos diversos meios, inclusive empresarial. Para Freire (2000) enquanto a sociedade começa a repensar seus modos e qualidade de vida, impulsionada pelos princípios de desenvolvimento sustentável, as empresas vêem-se induzidas a adotar medidas que gerenciem suas atividades em busca de um melhor desempenho ambiental e econômico em resposta a desafios impostos pelo mercado. Assim, o desenvolvimento sustentável entrou para a agenda das empresas como mandamento irrenunciável no que concerne a boas práticas na produção, colorindo de slogans verdes diversos setores atuantes na economia, sem, no entanto, traduzir claramente a expressão. Diversas publicações voltadas para o setor produtivo tem hoje em sua pauta questões relacionadas ao tema do desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade, haja vista a direta relação entre “desenvolvimento sustentável” e “sustentabilidade ambiental” sendo utilizadas, por vezes, como expressões sinônimas denunciando, desta forma, a imprecisão própria de verbetes tão abrangentes. Acselrad (2004) afirma a idéia de sustentabilidade constitui uma destas categorias que introduz fatores de perturbação/diferenciação das bases de legitimidade (a eficiência técnica convencional) do conjunto de atividades. Em torno dela, abre-se, por certo, a luta entre os que pretendem alterar ou reforçar a distribuição de legitimidade e, portanto, de poder tanto sobre mercados como sobre mecanismos de acesso a recursos do meio material, apresentando-se como portadores da nova eficiência ampliada – a da utilização “sustentável” dos recursos. Para citar exemplos: • revista ‘Meio Ambiente Industrial’, edição 73 (maio/junho de 2008), fez homenagem às empresas brasileiras ditas sustentáveis, categorizadas a partir de uma série de questionamentos – entretanto, a dita publicação não divulgou claramente sua metodologia de avaliação, nem, tampouco, o que entende por desenvolvimento sustentável. • revista ‘Química e Derivados’, edição 475 (julho de 2008), traz extensa reportagem abordando a atuação responsável e sustentabilidade; também sem maiores esclarecimentos conceituais. Estas ilustrações, apenas para corroborar a agenda ambiental empresarial, denunciam, indiretamente, algumas fragilidades de utilizar em suas pautas ambientais a idéia do desenvolvimento sustentável17. Composto por verbetes que tem sua origem na economia e na biologia18, apresentando, portanto, um perfil interdisciplinar na sua origem, o desenvolvimento sustentável tem, conforme apontado por Ribeiro (2003), um paradoxo - como manter a sustentabilidade, uma noção das ciências da natureza, como o permanente avanço na produção exigida pelo desenvolvimento, cuja matriz está na sociedade? 17 Saliente-se ainda a existência do conceito do “Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável” (Dies), formulado pela ONUDI, reflexo do Relatório Brundtland, como sendo “modalidades de industrialização que promovem as vantagens econômicas e sociais das gerações presentes e futuras sem comprometer os processos ecológicos básicos” (BARBIERI, 2007). 18 DESENVOLVIMENTO (desenvolver + mento): 1. Ato ou efeito de desenvolver. 2. Crescimento ou expansão gradual, aumento. 3. Passagem gradual de um estágio inferior a um estágio mais aperfeiçoado. 4. Adiantamento, progresso. 5. (sociol) Estágio econômico – social de uma comunidade caracterizado por altos índices de rendimento dos recursos naturais, do trabalho etc. (MICHAELIS, 2002). SUSTENTÁVEL, segundo Leff (2001), integra dois significados: um, que se traduz em castelhano como sustentable, que implica a internalização das condições ecológicas de suporte do processo econômico; outro, que aduz a durabilidade do próprio processo econômico. Neste sentido, a sustentabilidade ecológica constitui uma condição de sustentabilidade do processo econômico. Conceitualmente, o desenvolvimento sustentável, enquanto ideologia oficial surgiu na oportunidade do Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), e seria: “[...] aquele capaz de atender às necessidades das atuais gerações sem comprometer os direitos das futuras gerações.” Entretanto, vale comentar a respeito do “ecodesenvolvimento”, do economista Ignacy Sachs, teoria surgida antes da formulação do “desenvolvimento sustentável”, enquanto ideologia, e de onde este tem inegáveis raízes. Embora Lima (2003) aponte que a Comissão Brundtland tenha chegado a um resultado qualitativamente diferente, ao esvaziar o conteúdo emancipador do ecodesenvolvimento19, que representava, talvez, sua marca mais inovadora. Ainda para Lima (2003), a definição de desenvolvimento sustentável veiculada pelo Relatório permite uma pluralidade de leituras que oscilam, desde um sentido avançado de desenvolvimento, associado à justiça socioambiental e renovação ética, até uma perspectiva conservadora de crescimento econômico ao qual se acrescentou uma variável ecológica. Esta polissemia revela o curioso paradoxo de reunir, ao mesmo tempo, a força e a fraqueza do discurso, a depender do olhar e dos interesses de quem observa. Ribeiro (2001) aponta o seu uso indiscriminado (por políticos, ambientalistas, empresários, entre outros) e a manipulação da definição do termo de acordo com seus interesses. Para Almino (2003) a concepção de desenvolvimento sustentável dada pelo relatório contém dois conceitos chave; o conceito de ‘necessidades’, em particular as necessidades essenciais dos pobres do mundo, aos quais deve ser dada prioridade absoluta; e a idéia de limitações impostas pelo estado de tecnologia e organização social sobre a capacidade para o meio ambiente de atender as necessidades do presente e do futuro. Para Smith (1998), as gerações atuais devem deixar para usufruto das gerações futuras uma parte dos recursos naturais finitos e um meio ambiente que não esteja, na sua maioria, deteriorado. Contudo, é difícil decidir, com exatidão, qual a quota de recursos finitos que se pode explorar para as necessidades atuais e qual é a que depende da quantidade de gerações que se pretende considerar neste cálculo. 19 Ao se formular a noção de Ecodesenvolvimento, propõe-se uma estratégia multidimensional e alternativa de desenvolvimento que articulava promoção econômica, preservação ambiental e participação social. Perseguem-se, com especial atenção, meios de superar a marginalização e a dependência política, cultural e tecnológica das populações envolvidas nos processos de mudança social (LIMA, 2003). O ecodesenvolvimento valeu-se de uma sociologia do desenvolvimento para mostrar que as desigualdades sociais implicam formas diferenciadas de exploração da natureza por parte de ricos e pobres, em razão do tipo de tecnologia de que fazem uso, sendo cada uma dessas classes sociais, a seu modo, destrutiva da natureza. A dimensão ecológica traria uma ampliação do campo de visão do planejamento (ALMINO, 2003). Fica aqui a questão – quais serão as reais necessidades das futuras gerações? De fato, o que se observa é que sem que haja aprofundamento teórico da questão ou que se esclareçam as lacunas da expressão o campo empresarial tem feito uso da mesma como se para expurgar-se dos males ambientais bastasse revestir-se da nova ideologia dominante. Vale comentar, que a norma ISO 14.001, não tem em seu cerne o desenvolvimento sustentável como foco, contrariamente a outros padrões de certificação existentes que tem os princípios da sustentabilidade como pontos centrais e indicadores próprios para tal avaliação. Cabe-nos apenas, por ora, ressaltar que o desenvolvimento sustentável não escapa a uma cosmovisão antropocêntrica, apesar da proposta positiva que traz no bojo. A Terra não seria mais do que um celeiro de recursos à disposição pura e simples das necessidades humanas [...] Em todo caso o foco do desenvolvimento sustentável representa já um enorme salto de qualidade porquanto se submete as ações antrópicas – em especial àquelas voltadas para exploração e uso dos recursos naturais – a uma condição primordial, que é o respeito à capacidade do ecossistema planetário de atender a tantas e tão crescentes demandas por parte da espécie dominante, a saber, da sociedade humana (MILARÉ e COIMBRA, 2004). No Brasil a legislação apresenta nuances de desenvolvimento sustentável em diversos ordenamentos. A Constituição Federal, no capítulo denominado “DO MEIO AMBIENTE”, artigo 225, caput, lê-se: ‘Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações.’ Executando-se um “recorte” do caput do mencionado artigo 225, CF; tem-se: “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” e “o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações”, assim se depara, pois, sem grande esforço de raciocínio, com a idéia do desenvolvimento sustentável. Além disto, o inciso V, do mesmo artigo, prevê que o Poder Público, para assegurar o direito a um meio ambiente equilibrado ecologicamente deverá controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Ademais, se pode encontrar ainda, no artigo 170, que apresenta os princípios gerais da atividade econômica, a “defesa do meio ambiente” elencada entre os princípios que devem reger a economia, ou seja, relaciona economia e meio ambiente, de forma similar à prescrita na expressão desenvolvimento sustentável. Já a lei federal 6.938/81, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 2º, declara: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...] E em seu artigo 4º, I, visará: “I – à compatibilização do desenvolvimento econômico – social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;”. A existência de ordenamentos de ordem pública que determinem, ainda que de forma principiológica, o ideário comentado gera, de forma indireta obrigação de sua observância. Entretanto, novamente está presente a perigosa teia da evasividade do conceito. A hipótese é de que não há verdadeiro desenvolvimento se os impactos ambientais dos projetos de desenvolvimento não são totalmente levados em conta, pois o apoio que se ganha momentaneamente com o uso de alguns recursos pode ser perdido a longo prazo, quando os efeitos negativos deste uso se fizerem sentir. A natureza apresentará a conta no futuro ao próprio desenvolvimento econômico pela destruição do meio ambiente no presente (ALMINO, 2003). 2.4 Dos Sistemas de Gestão Ambiental Conforme Herrero (1989), el concepto de gestión ambiental trata de compatibilizar la satisfacción de necesidades humanas a corto plazo con el equilibrio ecológico a largo plazo.20 Entretanto, necessário esclarecer que a gestão ambiental é algo que pode ser utilizado de maneira ampla e indistinta, seja no setor público seja no setor privado nas mais diversas proporções e escalas. 20 O conceito de gestão ambiental trata de compatibilizar a satisfação das necessidades humanas a curto prazo com o equilíbrio ecológico a longo prazo. A gestão ambiental começou efetivamente pelos governos dos Estados nacionais e desenvolveu-se à medida que os problemas foram surgindo. As primeiras manifestações de gestão ambiental procuram solucionar problemas de escassez de recursos, mas só após a Revolução Industrial os problemas que concernem à poluição começaram a ser tratados de modo sistemático (Barbieri, 2004). Santos (2004) propõe que a gestão ambiental seja interpretada como a integração do planejamento, o gerenciamento e a política ambiental e não como mero planejamento, gerenciamento ou a soma de ambos como sói acontecer. Além disto, para o desenvolvimento de um plano de gestão ambiental não é imprescindível se eleger um modelo, ou seja, nem toda “gestão ambiental” é um “sistema de gestão ambiental” com estrutura predeterminada. O presente trabalho optou por delimitar o seu foco à gestão ambiental empresarial, especificamente a norma ambiental ABNT NBR ISO 14.001:2004, consignando neste ponto que a mesma pode ser aplicada nos mais diversos ramos, não estando adstrita ao setor produtivo, bem como, aos mais diversos portes de atividade. Gestão ambiental pode ser entendida como a parte da gestão empresarial, uma vez que está se compõe também por outros elementos; que cuida da identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução de impactos ambientais a níveis pré-definidos (EPELBAUM, 2004; BARBIERI, 2007). Ou, no dizer de Freire (2000), a maneira mais indicada para se alcançar a melhor performance ambiental é através da adoção de regras e procedimentos a serem seguidos por todos os integrantes da empresa. Para Barbieri (2007) são as diferentes atividades administrativas e operacionais realizadas pela empresa para abordar problemas ambientais decorrentes da sua atuação ou para evitar que eles ocorram no futuro. Conforme Cajazeira (1998), o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento ambiental, de maneira normatizada, deve-se sobretudo a uma resposta com relação às crescentes dúvidas sobre a proteção do meio ambiente. Vale consignar a definição de sistema de gestão ambiental dada pela norma ABNT NBR ISO 14.001:2004 como sendo aquele utilizado para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais (item 3.8). Barbieri (2007), apresentando entendimento da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), afirma que um sistema de gestão ambiental é um tipo de serviço ambiental que se refere à atividade humana voltada para resolver problemas ambientais ou impedir que eles aconteçam. Conforme Philippi e Bruna (2004), a maneira de gerir a utilização desses recursos é o fator que pode acentuar ou minimizar os impactos. Esse processo de gestão fundamenta-se em três variáveis: diversidade de recursos extraídos; velocidade de extração x possibilidade de auto – reposição, e disposição e tratamento de resíduos e efluentes. Não sendo um sistema de gestão ambiental uma ação meramente antropocêntrica, mas uma ação planejada que visa unir preservação21 e desenvolvimento. Entretanto, Freire (2000) apresentando um enfoque economisista, defende que gestão ambiental seria a principal maneira de conciliar a busca pela prudência ecológica, mantendo a eficiência econômica, ou seja, sem inviabilizar a lucratividade dos empreendimento – opinião esta que demonstra de forma pontual as distorções possíveis no trato com as questões ambientais. Para a Revista Análise de Gestão Ambiental, em seu anuário de 2007, que diz apresentar um diagnóstico empresarial ambiental, a gestão ambiental no mundo dos negócios é entendida como um conjunto de práticas adotadas pelo setor produtivo no Brasil para consumir menos recursos naturais como insumo e produzir menos resíduos. A decisão sobre a necessidade ou não de implantação de um sistema de gerenciamento ambiental deve ser feita analisando-se se isto vai atender a uma “necessidade dos seus clientes” e se esse sistema irá colaborar de modo importante para o cumprimento da legislação. Se a resposta a um desses questionamentos for positiva, a implantação deverá ser feita, cumprindo-se, basicamente, três grandes conjuntos de atividades: a) análise da situação atual da empresa; b) estabelecimento de metas; c) estabelecimento de métodos (MOURA, 1998). Observe-se que o autor acima não menciona entre os fatores de decisão o ‘bem ambiental’ demonstrando que na lógica de marcado ainda impera a perspectiva de “marketing ecológico”. 21 O termo “preservação” utilizado por Herculano (2006) deve ser interpretado no sentido de “conservação”, stricto sensu, no entendimento da autora desta dissertação. Estas atividades são desenvolvidas de forma sistêmica de modo a abordar questões ambientais seja no que concerne à solução de problemas existentes, seja na prevenção de eventos danosos, mas sempre tendo em vista a melhoria do padrão ambiental. A necessidade de parâmetros, que regulam diversos fatores desde qualidade à responsabilidade social, para o desenvolvimento das atividades econômicas tornou-se imprescindível para atender ao mercado do mundo globalizado como meio de viabilizar minimamente as transações comerciais internacionais e remediar diferenças sócio-éticoculturais. Os sistemas de gestão ambiental, usualmente utilizados, tendem a ser um conjunto de determinações que objetivam uma padronização passível de avaliação através de critérios homogêneos que geram, ou pretendem gerar, uma certificação ambiental. A realização de ações ambientais pontuais, episódicas ou isoladas não configura um sistema de gestão ambiental propriamente dito, mesmo quando elas exigem recursos vultosos, por exemplo, a instalação e manutenção de equipamentos para controlar emissões hídricas e atmosféricas. Um sistema de gestão ambiental requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação de resultados. Também é necessário o envolvimento de diferentes segmentos da empresa para tratar das questões ambientais de modo integrado com as demais atividades empresariais (BARBIERI, 2007). Para Grüninger e Oliveira (2002) a importância de normas e padrões está principalmente na definição e concordância de termos e procedimentos, o que permite uma certa comparabilidade da empresas com o restante do mercado. Entretanto vale a observação de Abreu et al. (2004), de que os modelos ambientais não permitem um ordenamento contínuo da performance ambiental entre diferentes empresas dentro da mesma estrutura da indústria. Portanto, não possibilitam inferir, sistematicamente, comportamentos ou condutas ambientais mais efetivas em relação a outras empresas. Normas de certificação em geral podem ser consideradas práticas iniciais de contabilização e internalização de diferentes custos dos impactos não-econômicos. Tais custos são cobertos tanto por consumidores e compradores, quanto por produtores. Os consumidores e compradores por pagarem mais por produtos certificados como sustentáveis. Os produtores, por assumirem os custos adicionais tanto da própria certificação quanto das mudanças necessárias para cumprirem com os requisitos impostos (OLIVEIRA e WEHRMANN, 2008). Existem modelos propostos de cunho geral, onde se estabelecem princípios a serem alcançados pelas entidades privadas subscritoras e, com este perfil, temos: Responsable Care (Atuação Responsável), criado pela Canadian Chemical Producers Association; Total Quality Environmental Management (Administração da Qualidade Ambiental Total), criado pela Global Environental Management; Cleaner Production (Produção Mais Limpa), desenvolvido pelo PNUMA; Ecoeficiência, introduzido pelo World Business Council for Sustainable, Ecolabel, desenvolvido pela Comunidade Européia, entre outros. E existem modelos propostos com diretrizes mais específicas e operacionalização sistematizada, tais como, modelo da International Chamber of Commerce (ICC), modelo Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS) e o modelo da série ISO 14.000, objeto deste trabalho. Quadro 7: Iniciativas Voluntárias Unilaterais Coletivas ENTIDADE SEDE PRÁTICAS RECOMENDADAS Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) SP Programa de Atuação Responsável Associação Japonesa da Indústria Química (JCIA) Tóquio Plano de Ação Ambiental Voluntário Câmara de Comércio Internacional (ICC) Paris Carta de Princípios, Auditoria Ambiental e Código de Publicidade Ambiental Coalition for Environmentally Responsible Economies (Ceres) Boston Princípios Ceres (ex Princípios Valdez) Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE) SP Apoio a programa de coleta seletiva, reciclagem e valorização de material reciclado e avaliação do ciclo de vida. Conselho Europeu da Indústria Química (Cefic) Bruxelas Programa Voluntário de Eficiência Energética International Organization for Standardization (ISO) Genebra Normas da Série ISO 14.000 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) Nairobi International Hotels Environmental Initiative; Insurance Industry Initiative for the Environment, Global Compact, etc. The Global Environmental Management Initiative (Gemi) Washington Total Quality Environmental Management (TQEM) The Natural Step Foundation Estocolmo Sistemas de condições para a sustentabilidade. World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) Genebra Promoção da Ecoeficiência Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável RJ Produção Mais Limpa Society of Environmental Toxicology and Chemistry (Setac) Bruxelas Análise do ciclo de vida Zero Emissions Research and Iniciative (Zeri) Genebra Emissões Zero Fonte: Barbieri, 2004. 2.4.1 Da ISO A International Organization for Standardization (ISO)22 é uma organização nãogovernamental, fundada em 194623, sem fins lucrativos, de caráter privado, sediada em Genebra (Suíça) com a missão de promover o desenvolvimento mundial da normalização e atividades relacionadas, de forma a facilitar a troca internacional de bens e serviços e desenvolver a cooperação nas áreas intelectual, científica, tecnológica e econômica (PEREIRA, 2002). Todas as suas normas, aprovadas por consenso, são voluntárias, ou seja, a sua adesão não acontece por força de lei e sim por pressões comerciais, sociais ou por mero ato de vontade (FREIRE, 2000; D’ISEP, 2004; BARBIERI, 2007). Antecipando os problemas decorrentes da proliferação de normas sobre sistema de gestão ambiental, que poderiam funcionar como obstáculos ao comércio internacional, a ISO criou em 1991 um grupo de assessoria denominado Strategic Advisory Group on the Environment24 (Sage), para estudar os impactos dessas normas ambientais sobre o comércio internacional. Ao final de 1992, o Sage recomendou a criação de um comitê específico para a elaboração de normas sobre gestão ambiental (BARBIERI, 2007). Da dimensão de desenvolvimento sustentável e do indiscutível fato de se viver num mundo comercialmente globalizado surgiu a padronização de regras e sistemas, nas mais variadas vertentes, como meio de viabilizar minimamente as transações comerciais internacionais, conforme se havia divulgado na oportunidade da Rio/92 no que concerne à ISO Ambiental. Cada país filiado, sendo atualmente 170 países25, estabelece um grupo de assessoramento sendo, no Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade sem fins 22 Segundo Pereira (2002) e D’isep (2004) o termo ISO não se trata de acróstico e teria sua origem na palavra grega ISOS que significa igual. Alguns autores defendem a data a partir de 1947. 24 Conselho estratégico de Meio Ambiente da ISO 25 Dados de 2007. 23 lucrativos, mantida por um grupo de empresas e pelos recursos obtidos com a venda das normas produzidas, a representante da entidade ISO (MOURA, 1998). O desenvolvimento de uma norma internacional pela ISO é feito mediante estágios sucessivos, começando por um item de trabalho preliminar e terminando com a publicação. Cada avanço de estágio representa uma evolução na busca de consenso sobre o tema tratado (BARBIERI, 2007). As normas ISO são desenvolvidas por comitês técnicos (TC), que se dividem em subcomitês (SC) e estes, por sua vez, em grupos de trabalho (WG) que elaboram as normas de acordo com um procedimento (proposta/preparação/aprovação/publicação). No caso da série ISO 14.000 sua elaboração foi resultado dos trabalhos desenvolvidos pelo TC20726 e versou sobre instrumentos para os diversos aspectos de gestão ambiental a fim de viabilizar a certificação das empresas feita por entidades credenciadas (D’ISEP, 2004, BARBIRI, 2007). O TC 207 tinha por principal meta a elaboração de normas de gestão ambiental, além de promover um enfoque comum ao gerenciamento ambiental, aprimorar os métodos de avaliações ambientais de desempenho e facilitar o comércio (FREIRE, 2000). Figura 3: Logo ISO Fonte: http://www.iso.org/iso/home.htm 26 Foram excluídos do escopo do TC 207: métodos para teste de poluentes, qualidade do ar e do solo, acústica, limites de poluentes e efluentes, níveis de desempenho ambiental e normalização de produtos. 2.4.2 Da Série ISO 14.000 A ISO 14.000 tem por objetivo regulamentar um sistema de gestão ambiental. Trata-se de um conjunto de normas técnicas, procedimentos e medidas que devem ser adotados para reduzir ao máximo os danos ao meio ambiente. Tudo deve ser controlado, do início ao fim da produção industrial, por exemplo, a redução de riscos de danos ambientais, o aproveitamento do lixo reciclável, a gestão da qualidade da água, o controle da qualidade do ar, o atendimento da legislação ambiental, o uso correto dos materiais. Tal projeto deve envolver todos, da diretoria aos empregados (FREITAS, 2002). Conforme já mencionado, a criação da série de normas ISO 14.000 adveio de um anseio demonstrado na oportunidade da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente (Rio-92), possuindo padrões internacionalmente reconhecidos para estruturar todo o Sistema de Gestão Ambiental – SGA27 de uma organização e o gerenciamento do desempenho ambiental (BISPO e CAZARINI, 2006). Fazem parte dessa série as seguintes normas: • 14001 – especificações para o SGA; • 14004 – diretrizes gerais; • 1901128 – auditoria sobre SGQ e SGA; • 14020, 14021, 14024 e 14025 – rotulagem; • 14031 e 14032 – avaliação de desempenho ambiental; • 14040 a 14043 e 14047 a 14049 – análise de ciclo de vida; • 14050 – termos e definições; • 14062 – projetos ambientais; e • 14063 – comunicação ambiental. Dentre as normas acima expostas, conforme Barbieri (2007), a NBR ISO 14.001 é a que contém os requisitos que podem ser objetivamente auditados para fins de certificação, registro ou autodeclaração e a NBR ISO 14.004 fornece diretrizes, recomendações e exemplos para a empresa criar e aperfeiçoar o seu sistema de gestão ambiental. 27 28 Ou, EMS – Environment Management System. Substituiu as normas sobre auditoria de SGA. Ou seja, as demais normas da série ISO 14.000 não são passíveis de certificação ou auditoria, a falta de uma avaliação traz óbices para a aplicabilidade destas normas, por esta razão o presente trabalho optou por abordar especificamente a ISO 14.001, ainda que utilize subsidiariamente a ISO 14.004 uma vez que, por suas características torna-se complementar àquela. Vale esclarecer, conforme Pereira (2002), que enquanto o EIA29 é uma exigência legal para a instalação de uma série de atividades consideradas poluidoras e degradantes do meio ambiente, a adesão pelo SGA é optativa. Para participar as empresas devem atender toda legislação ambiental em vigor e estabelecer um programa com objetivos e metas; realizar medições e monitorações; instituir planos de ação corretiva e preventiva visando a minimização ou a prevenção dos impactos e análise periódica do sistema para buscar aprimoramento e melhoria contínua. Segundo Milaré (2007), a norma ISO 14.000, é um grande passo no caminho da produção sustentável. Há, porém, uma limitação, que não parece insuperável. Como organização técnico-científica não-governamental, a ISO não pode, evidentemente, legislar. Suas normas são de caráter voluntário, sem força jurídica, a menos que o Poder Público lhes confira tal virtude, adotando-as no bojo de instrumentos legais. Contudo, a seriedade das normas ISO, elaboradas com critérios insuspeitos de valor técnico e científico reconhecidos universalmente, confere a elas uma autoridade incontestável. Embora não sejam, na teoria, obrigatórias, acabam por se impor, na prática, tornando-se referência necessária. Até porque, como se diz popularmente, “as leis do mercado são mais eficazes do que as leis do Diário Oficial”. 29 Refere-se aos Estudos de Impacto Ambiental, conforme disposto na Resolução CONAMA 01/86. 2.4.3 Da Norma ISO 14.001 É uma norma expedida pela International Organization for Standardization, sendo regulamento de adesão voluntária que descreve padrões de sistema de gestão ambiental a serem implantados pelas organizações empresariais ou não. A norma ABNT NBR ISO 14.001:2004 propõe um sistema de gestão ambiental, com o intento, segundo o próprio regulamento, de auxiliar as corporações “a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos”. Conforme Pereira (2002) a norma ambiental trata essencialmente a questão ambiental, não incluindo qualquer aspecto social ou humano. Além disso, não define diretrizes ou políticas ambientais, apenas diz como chegar lá. A norma ISO 14.001 prevê a implantação de 17 elementos para a gestão ambiental eficaz, baseados em uma série de boas práticas e ferramentas ambientais (p.ex. avaliação de impactos ambientais, conscientização, monitoramento, preparação para emergência, auditoria), da qualidade (baseado na norma ISO 9.000) e empresariais (p. ex. gerenciamento por objetivos, análise da visão das partes interessadas) da época (EPELBAUM, 2004). Freire (2000) aponta que estas normas surgiram para homogeneizar os sistemas, conduzindo as empresas ao alcance de suas metas e objetivos estabelecidos. Por sua vez, o estabelecimento dos objetivos e metas ambientais das empresas dependerá de um processo de identificação dos impactos e aspectos ambientais das atividades produtivas, assim como da avaliação da sua significância. Para Abreu et al. (2004) empresas que possuem ISO 14.001 fazem uma avaliação continuada dos seus aspectos e impactos ambientais e, periodicamente, passam por auditorias ambientais. A norma ISO 14.001 aplica-se a qualquer organização que deseje: (a) estabelecer, implementar, manter e aprimorar um SGA; (b) assegurar-se da conformidade com sua política ambiental definida; e (c) demonstrar conformidade com esta norma por meio de uma: autoavaliação ou autodeclaração; confirmação por partes interessadas na organização, como clientes; confirmação de sua autodeclaração por meio de uma organização externa; ou certificação ou registro do seu SGA por uma organização externa (BARBIERI, 2007). Presume-se que a empresa que possua um Sistema de Gestão Ambiental de acordo com os requisitos dessa norma e certificado por um Organismo de Certificação Credenciado seja ambientalmente correta em âmbito nacional e internacional. Vale lembrar que as normas internacionais produzidas com elevado consenso, como são as normas ISO, não são consideradas barreiras ao comércio30 (Viana et al., 2003; Barbieri, 2007). Essas normas, internacionalmente aceitas, serão utilizadas para qualificar processos e serviços, dando um caráter mais objetivo, imparcial e quantificável às questões, retirando ou minimizando o lado emocional. Por outro lado, as empresas que não se adaptarem a essas novas regras poderão ter sérias dificuldades com relação à sua sobrevivência nesse ambiente altamente competitivo (MOURA, 1998). Entretanto, para Viana et al. (2003) quando um empreendedor procura se certificar, busca um instrumento que ateste adequação do empreendimento aos parâmetros ambientais mais aceitos, o que será um diferencial no âmbito do mercado que beneficia tão somente o empresário, sem qualquer interesse público direto, embora se reconheça existirem benefícios indiretos para toda sociedade. Para Epelbaum (2004), os setores nos quais a gestão ambiental pode representar uma maior vantagem competitiva são: ⇒ Setores com processo de alto potencial poluidor, como químico, mineração, energia, petróleo, florestal, celulose e papel, têxtil; ⇒ Setores com produtos e cadeias sensíveis do ponto de vista ambiental, como químico, alimentos, cosméticos, produtos de higiene pessoal, eletrodomésticos, automóveis, computadores; ⇒ Setores exportadores para países de população com maior consciência ambiental; ⇒ Setores situados no final da cadeia produtiva; ⇒ Empresas com capital financiado junto ao mercado; ⇒ Empresas com operações globais; ⇒ Setores mais dinâmicos da economia. Ou seja, a força da influência da gestão ambiental na competitividade e sucesso empresarial depende de fatores ligados ao segmento de negócios (tipos de processos/produtos, posição da empresa na cadeia de fornecimentos, sua escala de atuação, mercados de destino de seus produtos e dinâmicas do setor); preocupação das partes interessadas e conscientização dos clientes/consumidores sobre impactos ambientais; e fontes de financiamento utilizadas pela empresa (EPELBAUM 2004). 30 Há autores como Araújo e Machado (2007) que consideram tênue o limite entre serem as certificações medidas de proteção ambiental ou de restrição comercial. A versão brasileira desta norma é a norma ABNT NBR ISO 14.001:2004 ambas tiveram sua primeira edição em 1996, atualizadas em 2001, sendo expedida nova versão em 2004, em vigor até o momento31 (D’ISEP, 2004; BISPO e CAZARINI, 2006, BARBIERI, 2007). A norma brasileira é idêntica à norma proposta pela ISO, e tem um efeito sistêmico interessante: ao enfocar a necessidade de adotar fornecedores certificados, cria-se um enlace de reforço positivo. Quanto mais empresas estiverem certificadas, mais empresas se verão obrigadas a se certificar, pois a exigência se replica a montante na rede de valor (GAVRONSKI, 2003). Quanto à natureza jurídica a norma em estudo tem algumas peculiaridades. De pronto apresenta natureza de contrato oneroso, instrumento de Direito Privado, considerando a dicotomia clássica entre direito público e privado, sendo, portanto, não-cogente. Neste ponto, vale consignar observação de Viana et al. (2003) de que a certificação é um instrumento privado, envolvendo interesses também privados daqueles que a buscam. De fato, ligá-la a um imperativo público seria um equívoco, pois estaria assumindo papel que não lhe é próprio. Além disto, é estabelecido a partir de uma organização não - governamental internacional, apresentando ônus de contrato, ou seja, pacta sunt servanda.32 A mesma não se enquadra na concepção formalista do direito, elaborada por Kelsen, para quem o Direito é norma e se harmoniza com a compreensão da regra jurídica como simples enlace lógico que, hipoteticamente, correlaciona, através do dever ser, uma conseqüência a um fato (REALE, 2002). Além disto, tampouco, se enquadra na concepção de Reale (2002) no que concerne à definição de norma, uma vez que, para este autor, o que caracterizaria uma norma jurídica seria, além da estrutura enunciativa de uma forma de conduta, sua objetividade e obrigatoriedade. Desta forma, sendo a ISO Ambiental uma norma enunciativa e descritiva, vez que conceitual, objetiva, entretanto, voluntária, não se caracterizaria, para Reale (2002), norma jurídica, visto que depende de ato de vontade (voluntariedade) para que seus itens possam ser exigidos e gerem certificação. 31 32 Biênio 2007/2008. Pactos devem ser respeitados- os contratos fazem lei entre as partes. Vale consignar que a voluntariedade característica da norma ambiental em comento está adstrita à escolha de submeter ao sistema proposto. Feita esta escolha no sentido de submissão às regras por ela descritas, seu cumprimento passa a ser obrigatório e sua possível certificação é condicionada aos critérios de aceitabilidade e conformidade a serem avaliados em auditorias. Como instrumento de adesão voluntária, uma vez estabelecido, seus requisitos devem ser cumpridos para que se possa gerar a certificação do sistema. Entretanto, tal norma não estabelece penalidade em caso de descumprimento, sendo apenas interrompido seu ciclo metodológico com a perda da certificação. Curioso observar que, ainda Reale (2002), embora não reconheça o caráter jurídico normativo de normas voluntárias, elenca “regras negociais” em seu rol de classificação, sendo estas produzidas por autonomia de vontade, logo não-cogentes. Estando, portanto, aqui a ISO Ambiental perfeitamente classificada. Barbieri (2004) classifica a norma em estudo como sendo acordo voluntário, privado, de iniciativa unilateral coletiva promovida por entidades independentes. Resta esclarecer, que, sendo uma norma de caráter privado, negocial, não-cogente, mercadológica, muito mais com características de manual do que de ordenamento torna-se incabível avaliação quanto a critério espacial – posto que na atualidade é regra de mercado internacional, constructo da sociedade globalizada, não sendo necessária qualquer absorção pelo direito interno para sua eficácia, ademais, vez que, não é um instituto contra legem33. Vale neste ponto citar a observação feita por Diniz e Andrade (2008), que defendem que a utilização do Sistema de Gestão Ambiental da ISO 14.001, instrumentaliza a aplicação das convenções internacionais. Sendo esta a partir de sua prescrição de atendimento aos mandamentos legais e a busca de melhoria ambiental contínua fomenta o cumprimento das convenções internacionais, sejam elas internalizadas ou não pelo direito do local do empreendimento (DINIZ e ANDRADE, 2008). Quanto ao bem protegido por este instituto, por óbvio protege-se um direito difuso, dando-se um regramento mínimo ao mercado, aparentemente tentando equilibrar uma tendência neoliberal imperativa da globalização. 33 Contra a lei. De outro lado, pode-se avaliar o instituto como sendo de terceira geração, que conforme Herculano (2006), necessita de um sentimento de identidade, de união, de partilhamento de coisas em comum, de fraternidade, para que exista cooperação – ainda que se parta da idéia de meio ambiente como recurso e de preservação34 como item de sustentabilidade de produção. Analisando numa perspectiva a partir das escolas econômicas, necessário se fazer algumas considerações quanto aos conceitos básicos da própria economia. Herculano (2006) define economia como uma ciência social que estuda tudo o que diz respeito à produção, circulação e distribuição das riquezas produzidas. Produção35 que, devese sublinhar, é sempre coletiva, donde social. Para Nusdeo (2005), o conceito de economia decorre de duas observações cruciais sobre a vida social. Em primeiro lugar, as necessidades humanas, mas, sobretudo, dos homens enquanto membros de sociedades, tendem a se multiplicar indefinidamente ou infinitamente. Em outras palavras, não se vislumbra, cientificamente, um limite ou um paradeiro para esse processo de expansão das necessidades expressas no âmbito de cada sociedade, processo esse exacerbado e levado ao paroxismo pelos meios de comunicação em massa ao gerarem o chamado consumismo. O objetivo por excelência da economia é administrar a escassez. E os bens ambientais, que não tinham maior interesse econômico, exatamente por parecerem infindáveis, agora que se tornam realmente escassos, passam a ser objeto de análise da economia como ciência. Pois, se eles não forem minimamente preservados, como pretende a ecologia, tornar-se-ão extintos e com eles a atividade econômica, impedida de explorar os bens ambientais que não existirão mais (PHILIPPI e RODRIGUES, 2005). Nusdeo (2005) alerta que os recursos com que conta a humanidade para o atendimento de suas expansivas necessidades são inexoravelmente limitados, finitos, escassos. Por mais que a produção universal de bens e serviços tenha se multiplicado enormemente desde, pelo menos, a revolução industrial, inclusive por pressão do crescimento demográfico, ela não é e não se pode imaginar que venha a ser um dia suficiente para o atendimento de todas as necessidades humanas e sociais. 34 O termo “preservação” utilizado por Herculano (2006) deve ser interpretado no sentido de “conservação”, stricto sensu, no entendimento da autora desta dissertação. 35 Toda produção é sempre social, construída coletivamente, embora suas benesses sejam usufruídas individualmente e quase sempre distribuídas com desigualdade (Herculano, 2006). Segundo Freire (2000) a adequação da economia ao meio ambiente torna-se desta forma, um grande desafio, pois o capital natural ao mesmo tempo em que é imprescindível é fator limitante das ações econômicas. Não se pode negligenciar a observação de que a percepção ambiental da economia baseada no entendimento do meio ambiente como recurso a serviço da humanidade, apresentando, pois uma visão antropocêntrica, foco este que tende a ser regulado pelas vertentes de economia ecológica. Quanto ao pensamento econômico, se considera para este estudo, de um lado a economia neoclássica, de outro a economia ecológica. Para a economia neoclássica, modelo econômico predominante no discurso do desenvolvimento, os recursos do ecossistema não são contemplados. Basta ver, por exemplo, aquilo que os economistas adotam em seu raciocínio com o nome de “função de produção”. Nela se omite completamente o insumo natureza (ou recursos naturais). Cria-se uma situação em que o sistema econômico é um sistema isolado – ou seja, sem um entorno com o qual se relacione (CAVALCANTI, 2008). Para a percepção da economia ecológica se reverte a situação: passa-se a encarar o processo econômico enquadrado dentro do sistema – a natureza – que o envolve. Sendo assim, o ecossistema deixa de ser uma externalidade, para se constituir o todo maior a que a economia deve inexoravelmente submeter-se (CAVALCANTI, 2008). Ora, considerando os conceitos acima expostos, observa-se que o sistema proposto pela ISO Ambiental se encontra numa transição de paradigmas do pensamento econômico. De um lado, admite soluções tecnicistas sem pensamento complexo ou visão sistêmica das relações ambiente – sociedade, como sói acontecer com tecnologias de fim de tubo, que, como já comentado, corrigem a rota, sem dar-se conta de que um planejamento no início do processo poderia gerar resultados mais exitosos na perspectiva ambiental, além de diminuírem custos ao longo da cadeia produtiva. De outro lado, não considera a questão ambiental como mera externalidade, mas busca envolver a produção numa relação de mitigação de impactos com o seu entorno, diminuindo resíduos e avaliando seu sistema de produção numa dimensão “verde”. Ou seja, ainda que o meio ambiente não passe a ser “o todo maior” como na definição de economia ecológica dada por Cavalcanti (2008) tampouco está relegado ao âmbito de simples externalidade da economia neoclássica caracterizando, portanto, a aludida transição. Convergindo com Capra (1996) que afirma que um dos principais desacordos entre economia e ecologia deriva do fato de ser a natureza cíclica, enquanto nossos sistemas industriais são lineares. Nossas atividades comerciais extraem recursos, transformam-nos em produtos e em resíduos, e vendem os produtos a consumidores, que descartam ainda mais resíduos depois de ter consumido os produtos. Os padrões sustentáveis de produção e de consumo precisam ser cíclicos, imitando os processos cíclicos da natureza. Para conseguir esses padrões cíclicos, se precisa replanejar num nível fundamental as atividades comerciais e econômicas. Por ser uma norma horizontal, não há requisitos absolutos para o desempenho ambiental, com exceção: (1) do comprometimento, expresso na política ambiental, de estar em conformidade com os requisitos ambientais legais e outros por ela subscritos; (2) prevenção da poluição; e (3) com a melhoria contínua. Por isso, organizações com atividades similares e desempenho ambiental diferente podem atender aos requisitos dessa norma. Espera-se que um sistema de gestão ambiental criado e mantido conforme esta norma promova o aperfeiçoamento contínuo do desempenho ambiental global da organização (BARBIERI, 2007). Assim, a norma não garante resultados ambientais ótimos, mas obriga o estabelecimento de metas de melhoria ambiental contínua que devem ser averiguados e reavaliados a cada ano, quando da recertificação. Vale salientar que a implantação do sistema de gestão ambiental é totalmente independente de uma futura certificação. As etapas necessárias para sua implantação são maiores que os da certificação, porém, em todas essas etapas tem-se como meta aquela certificação. Essas etapas são: • o comprometimento e colaboração de todos na empresa, desde a alta direção até os empregados mais simples; • avaliação das práticas e procedimentos ambientais já existentes; • planejamento para a migração para o novo sistema; e• implementação (BISPO e CAZARINI, 2006). Isto significa, portanto, que uma empresa que não esteja apta para certificar-se por portar alguma não-conformidade grave em seu sistema pode fazer uso da metodologia da norma para adequar-se paulatinamente. Pode-se considerar que os ditames da norma ISO 14.001 caracterizam um plano de monitoramento ambiental, vez que usa protocolos predeterminados, visando à detecção de alterações ambientais que possam causar efeitos deletérios sobre recursos econômicos, processos ecológicos, ou a própria saúde humana (ALMEIDA e TERTULIANO, 1999). Vale ressaltar a observação feita por Barbieri (2007) que diz que a empresa tem liberdade e flexibilidade para implementar o sistema de gestão ambiental para toda a organização ou para unidades operacionais ou atividades específicas. 2.4.3.1 Da Metodologia da Norma ISO 14.001 A metodologia escolhida pela norma em comento é chamada de Plan-Do-Check-Act (planejar-executar-verificar-agir/PDCA)36 visando à melhoria contínua e deve ser precedida pela elaboração da política ambiental do empreendimento (MOURA, 1998). Segundo Barbieri (2007), o ciclo PDCA permite elaborar planos de trabalhos para qualquer área-problema de modo contínuo, tornando-se desse modo uma metodologia básica para se alcançar permanentemente novos padrões de desempenho. Além disto, tem como ponto de partida o comprometimento da alta administração e a formulação de uma política ambiental. Bispo e Cazarini (2003) apontam que a aplicação do ordenamento é feita por etapas, sendo que estas se enquadram nas partes previstas pela metodologia dando mobilidade ao sistema em busca de seus objetivos e metas. Assim observe-se: P – Plan (planejar): • • • O comprometimento e colaboração de todos na empresa, desde a alta direção até os empregados mais simples – aqui estaria inserta a fase de elaboração da Política Ambiental do empreendimento, bem como, a fase de replanejamento após cada período de um ano. Diagnóstico de aspectos e impactos ambientais da atividade e avaliação das práticas e procedimentos ambientais já existentes. Planejamento para a migração para o novo sistema, através de elaboração de objetivos a serem atingidos por meio de metas. D – Do (executar): • • 36 Execução e operacionalização do plano de ação elaborado. Busca se atingir as metas estipuladas. Também conhecido como Ciclo Deming. C – Check (verificar): • • Observância e análise dos resultados obtidos na fase de execução. Registro dos dados obtidos. A – Act (agir): • • Correção de ações com base nos dados obtidos na fase de checagem para se garantir o atingimento dos objetivos e metas estipulados. Ação em prol de evitar-se evitar “não-conformidades” conformidades” na auditoria de (re) certificação que possam prejudicar ou inviabilizar o sistema. Quadro 8: Do PDCA Fonte:Moura, 1998 Detalhando melhor as atividades de cada uma dessas etapas, tem-se: tem - Revisão e análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental - Avaliação Periódica +Monitoramento +Ações Corretivas e Preventivas +Registros +Auditorias do Sistema de Gestão Ambiental A P C D - Comprometimento com a Política Ambiental - Verificação do Desempenho Ambiental (diagnóstico ambiental) - Elaboração do Plano de Implementação do Sistema de Gestão Ambiental: +Aspectos e Impactos Ambientais +Requisitos Legais e Corporativos +Objetivos e Metas + Plano de Ação e Programa de Gestão Ambiental - Implementação e Operacionalização +Alocação de Recursos +Estrutura e Responsabilidades +Conscientização e Treinamento +Comunicações +Documentação do Sistema de Gestão Ambiental +Controle Operacional e Programas de Gestão Específicos +Resposta às emergências Quadro 9: Detalhamento do PDCA Fonte:Moura, 1998 Em linhas gerais os empreendimentos que pretendem obter a certificação ambiental buscam para a viabilização do projeto consultores independentes para avaliar seus aspectos e impactos ambientais e quais as não-conformidades a serem corrigidas, bem como, fazem um levantamento da legislação ambiental aplicável à atividade e orientam o empreendedor na elaboração da Política Ambiental da empresa que será norteadora de todo o Sistema de Gestão Ambiental, ou seja, um diagnóstico ambiental. Vale salientar que para se obter a qualidade ambiental do processo produtivo não é necessário que haja uma revolução nos procedimentos e processos na empresa. Esta é resultado de um processo evolutivo que passa pela inspeção, implementação, controle e revisão. Política Ambiental da Empresa Planejamento Estratégico Ambiental Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais Diagnóstico Ambiental Objetivo Ambiental Meta Ambiental Meta Ambiental Objetivo Ambiental Meta Ambiental Meta Ambiental Objetivo Ambiental Meta Ambiental Meta Ambiental Quadro 10: Plano de ação do sistema de gestão ambiental Fonte: Moura, 1998 Ou seja, pode-se vislumbrar que o estabelecimento de uma cultura de mudanças pró meio ambiente, estabelecida por metas tangíveis, que sejam passos para a construção de uma transformação verde que podem ser, ou não, viabilizadas pela padronização da ISO 14.001 conforme o modo de sua aplicação. 2.4.3.2 Análise das Certificações ISO 14.001 no mundo Segundo dados coletados se observa uma desigual distribuição das certificações ambientais ISO 14.000 nos diversos continentes conforme se pode observar na tabela a seguir: Tabela 1: Número de certificados ISO 14.000 emitidos por continentes CONTINENTE América Central TOTAL DE CERTIFICADOS 130 África 309 Oceania 1.422 América do Sul 3.699 América do Norte 7.119 Ásia 13.410 Europa 21.929 Total 48.018 Fonte: Site oficial ISO (www.iso.org) Essas discrepâncias podem refletir a própria evolução histórica no que concerne os países da Europa onde a Revolução Industrial se deu inicialmente. Além disso, também naquele continente deu-se o início das práticas de certificação, tais como o selo alemão Blauer Angel, e os padrões de sistema de gestão como BS 7750, de origem inglesa. Ademais, se pode apontar as limitações de disponibilidade de recursos naturais dos países desenvolvidos e a decorrente construção cultural baseada na escassez que se reflete em diversos campos criando outro perfil de cidadão, com maior nível de exigência. Inegável, pois, que os impactos ambientais pelas ações antrópicas industriais sentiram-se primeiro nos países economicamente privilegiados uma vez que seu crescimento se deu a custa da exploração de seus recursos naturais. Percentualmente, considerando os dados de 2002, 47% das certificações no mundo se deram no continente europeu como se pode verificar na tabela a seguir: Tabela 2: Número de certificados ISO 14.000 por regiões do mundo Regiões África/Ásia Ocidental América do Sul e Central América do Norte Europa Extremo Oriente Austrália/ Nova Zelândia Total Dez/97 73 98 117 2.626 1.356 163 Dez/98 138 144 434 4.254 2.532 385 Períodos Dez/99 Dez/00 337 651 309 556 975 1.676 7.365 11.021 4.350 7.881 770 1.112 Dez/01 923 681 2.700 18.243 12.796 1.422 Dez/02 1.355 1.418 4.053 23.316 17.757 1.563 4.433 7.887 14.106 36.765 49.462 22.897 Fonte: De Montis e De Montis, 2004 Entretanto, através do gráfico abaixo se pode vislumbrar que o crescimento das certificações não se deu apenas no continente europeu, mas sim houve uma tendência crescente à aplicação do referido instrumento. 60000 Austrália/Nova Zelândia 50000 Extremo Oriente 40000 Europa 30000 América do Norte 20000 América do Sul e Central 10000 0 África/Ásia Ocidental 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Gráfico 1: Do Crescimento das certificações no mundo Quanto à distribuição por países, segundo Epelbaum (2004), os países com maior número de certificações são Japão, Alemanha, Espanha, Reino Unido, China, Suécia, EUA, Itália, Austrália e França. Vale observar que todos os países mencionados tem alta inserção no mercado global e grande fluxo de trocas com o exterior – ocorrendo, inclusive, dependência de importação no que tange alguns bens. Com a seguinte distribuição registrada: Tabela 3: Distribuição da certificação ISO 14.000 por países Países Japão Alemanha Espanha Reino Unido China Suécia USA Itália Dez/97 713 352 92 644 22 194 79 103 Dez/98 1.542 651 164 921 94 304 291 123 Dez/99 3.015 962 573 1.492 222 851 636 243 Período Dez/00 5.556 1.260 600 2.534 510 1.370 1.042 521 Dez/01 8.123 3.380 2.064 2.722 1.085 2.070 1.645 1.295 Dez/02 10.620 3.700 3.228 2.917 2.803 2.730 2.620 2.153 Fonte: De Montis e De Montis, 2004 Observa-se, por meio do gráfico abaixo, nos países relacionados pela pesquisa consultada, a busca crescente da certificação nos países atualmente mais industrializados. 4000 3500 Alemanha 3000 Espanha 2500 R.Unido 2000 China 1500 Suécia 1000 USA 500 Itália 0 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 Gráfico 2: Do crescimento das certificações ambientais por países 2.4.3.3 Das Certificações ISO 14.001 no Brasil Com a publicação das normas ambientais da série ABNT NBR ISO 14.000 em 1996, as empresas brasileiras passaram a contar com uma ferramenta de apoio a gestão ambiental, mas ao mesmo tempo, sem um modelo teórico que explicasse quais tecnologias ambientais seriam mais adequadas a cada situação e quais capacitações deviam ser desenvolvidas, e a partir de quais recursos. Ou seja, havia se criado um sistema de gestão ambiental, mas não havia uma estratégia ambiental de operações que o suportasse. Os efeitos desse descompasso ainda são desconhecidos (GAVRONSKI, 2003). Talvez este descompasso esteja refletido numericamente na quantidade de empresas brasileiras que adotaram a padronização ambiental, que passada uma década não atingiu sequer a cifra de mil empresas certificadas, sendo, segundo dados do INMETRO pouco mais de 800 empresas certificadas ambientalmente no Brasil. (dados de julho de 2007) No Brasil, segundo Epelbaum (2004), os setores com maior número de certificações são: • químico/petroquímico/farmacêutico (21,8%); • automotivos (17,3%); • eletroeletrônico/eletromecânico/eletrônico (7,8%); • metalurgia/siderurgia (6,8%); • alimentício/bebidas (4,2%). Vale ainda comentar o efeito dominó que se estabelece quanto às empresas certificadas que passam a exigir de seus fornecedores práticas comerciais também foi ilustrado pela pesquisa do Anuário de Gestão Ambiental (2007), sendo o setor atacadista o mais exigente em termos de exigência de certificação ambiental (100%). Segundo os dados do INMETRO relativos aos números de empresas certificadas ISO 14.001 no Brasil se tem a seguinte distribuição por regiões: Certificações N S Se Ne Gráfico 3: Das certificações ambientais por regiões do Brasil Em números são aproximadamente 734 certificados ISO Ambiental emitidos para empresas localizadas no Brasil distribuídos do seguinte modo: Tabela 4: Das certificações ambientais por Estados do Brasil Estado No. Estado No. Estado No. Estado No. Estado No. MT GO DF Centro Oeste 5 7 5 18 AL BA CE PB PE PI RN Nordeste 6 46 7 5 11 1 2 78 AM AP PA Norte 28 1 8 37 MG SP RJ ES Sudeste 68 324 73 11 476 PR SC RS Sul 48 32 45 Fonte: http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/ 125 Vale consignar que analisando os números apresentados observa-se que o número de certificações ambientais ISO 14.001 no Brasil corresponde a 1,52% das certificações emitidas no mundo. Entretanto, segundo Moura (1998), observa-se, no Brasil, que uma quantidade grande de empresas está no momento demonstrando preocupações e investindo em seu desempenho ambiental. Muitas dessas empresas são filiais de multinacionais e estão seguindo diretrizes vindas do exterior para que elas se adéqüem a padrões corporativos, sobretudo com interesse em preservar37 o nome da companhia e resguardá-la de problemas. Outras empresas estão procurando atingir melhor desempenho por uma necessidade expressa pelos seus clientes, sobretudo de produtos de exportação (caso do papel e celulose, minério, etc.). Opinião compartilhada por representantes de órgãos certificadores entrevistados pela Revista Meio Ambiente Industrial (maio/junho 2008). Além disto, de acordo com levantamento realizado entre 2006 e 2007 e publicado na Revista Análise Gestão Ambiental (Anuário 2007), com 412 das maiores empresas atuantes no Brasil, pode-se vislumbrar um despertar para a necessidade de inserção do viés ambiental dentro da agenda coorporativa destes empreendimentos. Tem-se, desta forma, os seguintes resultados: PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS Têm ou não política ambiental e de que forma a organizam. Em % de empresas por alternativa. Resposta Estimulada. % Sim, integrada com as demais políticas da organização. 59 Sim, específica para o meio ambiente. 29 Não, mas adotam práticas não-sistematizadas de cuidado 12 com o meio ambiente. Quadro 11: Quanto à organização da Gestão Ambiental Fonte: Revista Análise Gestão Ambiental, 2007 37 No entendimento da autora desta dissertação a expressão “preservar” aqui colocada tem o sentido de conservar. Gestão Integrada Gestão Ambiental Práticas não sistematizadas Não possuem Gráfico 4: Dos Tipos de Gestão Ambiental no Brasil Fonte: dados da Revista Análise Gestão Ambiental, 2007 Os dados acima demonstram que há diversos perfis de gestão ambiental implantados no Brasil. A gestão integrada (correspondendo a 59%), ou seja, aquele em que há implantação de dois ou mais tipos de sistema de gestão, montando-se um leque de monitoramento para questões cruciais para a indústria. Valendo esclarecer que nos dados acima relacionados à gestão integrada, um dos sistemas contemplados é o sistema de gestão ambiental. Além disto, há o perfil que prefere implantar apenas o sistema de gestão ambiental (29%), apresentando a indiscutível vantagem de priorizar a questão ambiental e se dar a ela atenção pormenorizada. Ademais há, também, o perfil de empresas que faz gestão ambiental de modo não sistematizado, ou seja, sem obedecer a um padrão estabelecido, sendo que, esta escolha, tem contra si o ônus de não ser reconhecida internacionalmente, podendo, entretanto, ser um caminho inicial para futura implantação de sistemas. Por setor econômico observa-se que investe mais em pesquisa e em gestão ambiental quem tem mais a perder, dentre áreas especificas dos ramos de atividade os dados coletados pelo anuário surpreendem no que concerne especificamente quanto à mineração e o setor plástico que apresentam 100% dos respondentes afirmando possuir um sistema de gestão integrada. No que concerne especificamente a padronização ambiental nos moldes da ISO Ambiental, segundo Gavronski (2003), o desconhecimento de nossa situação gerencial na questão ambiental e de possíveis alternativas pode ser um freio ao crescimento econômico nacional. Como cada vez mais empresas estão buscando suas certificações ISO 14.001 no mundo e as normas da série ISO 14.000 enfatizam a relação ao longo de toda a rede de valor, é de se esperar que ser certificado na norma NBR ISO 14.001 seja cada vez mais um atributo qualificador e menos um diferencial competitivo. É provável, portanto, que a inserção internacional das empresas brasileiras dependa cada vez mais de seu desempenho ambiental. Quanto aos dados se tem: % Possuem Há até 2 anos. 16 De 2 a 5 anos. 41 De 5 a 9 anos. 32 Mais de 9 anos. 11 Planejam Cumprem Etapa Não vêem necessidade Em % de empresas por alternativa. Resposta Estimulada. Gráfico 5: Das Empresas que possuem ou não a ISO 14.001 Fonte: Revista Análise Gestão Ambiental, 2007 Se pode verificar que das empresas consultadas pouco mais da metade possui certificação ISO 14.001, sendo, entretanto, uma cultura recente se considerarmos que 41% das empresas implantou o aludido sistema a menos de 5 (cinco) anos. Assim, as certificações internacionais se tornaram o passaporte de acesso das empresas brasileiras ao mercado internacional. As certificações advindas das normas ISO 9.000, ISO 14.000 agregam valor ao produto, pois representam um selo de confiança no sistema de gestão implementado pelas empresas (ARAÚJO e MACHADO, 2007). A intensificação da abertura comercial brasileira durante a década de 90 pode ter levado a uma maior especialização em atividades poluidoras, mas por outro lado expôs as empresas brasileiras à concorrência internacional, mais acirrada que a interna. A questão ambiental começou, portanto, a fazer parte da gestão empresarial, principalmente das empresas de inserção internacional – seja por meio de exportações, de participação acionária estrangeira, de filiais de multinacionais ou da dependência de financiamentos de bancos internacionais, que condicionam os empréstimos a relatórios de impacto ambiental (RIMA) (YOUNG e LUSTOSA, 2008). E como barreiras tarifárias são proibidas pelos acordos, sempre haverá o risco de que “problemas ambientais” sejam o motivo real ou fictício para a imposição de barreiras (não tarifárias) aos produtos brasileiros (MOURA,1998). O surgimento destas barreiras, conforme Araújo e Machado (2007), como forma de compelir as empresas a adotarem arquétipos e certificações internacionais, demonstra o tênue limite existente entre medidas de proteção ambiental e medidas de restrição ao comércio (protecionismo). Os países desenvolvidos passam a impor barreiras não-tarifárias ambientais – “barreiras verdes” –, alegando que os países em desenvolvimento possuem leis ambientais menos rigorosas que as suas, o que resultaria em custos mais baixos – também chamado de dumping38 ecológico – e, conseqüentemente, menores preços praticados no mercado internacional (YOUNG e LUSTOSA, 2008). Ainda segundo estes autores, a certificação voluntária das empresas brasileiras, através das normas da série ISO 14.000, é outro indicador de que elas estão mais atentas para as questões ambientais, seja por pressões do mercado externo ou pela legislação ambiental, apesar da quantidade de empresas certificadas ser muito menor que nos países desenvolvidos. 2.4.3.4 Das Certificações ISO 14.001 no Estado da Paraíba O Estado da Paraíba está contemplado neste tópico por ser o local do empreendimento onde se realizou o estudo de campo desta pesquisa e, portanto, relacionado à análise que se pretende apresentar. Durante o período em que se levantaram os dados de campo deste trabalho, entre março de 2007 à abril de 2008, observaram no Estado da Paraíba as seguintes condições no que diz respeito a certificações ISO Ambiental. 38 Se refere a uma baixa intencional ou estratégica de preços que resulta em ganhos em relação à concorrência com outras empresas ou produtos. No que concerne ao panorama brasileiro do número de certificações o Estado da Paraíba corresponde a 0,68% das certificações ambientais, conforme ilustra o gráfico. 350 MT GO 300 DF AL 250 BA CE 200 PB PE 150 PI RN 100 AM AM2 50 PA MG 0 SP Estados Gráfico 6: Das Certificações ambientais por Estados do Brasil Estas certificações encontram-se distribuídas em cinco cidades, conforme se pode observar na tabela abaixo. Quadro 12: Das empresas certificadas ISO 14.001:2004 no Estado da Paraíba Nome da Empresa Agro Industrial Tabu S/A. Bentonisa - Bentonita do Nordeste S/A CCB - CIMPOR Cimentos do Brasil LTDA Millennium Inorganic Chemicals do Brasil S.A. Millennium Inorganic Chemicals Mineração Ltda TECAB – Terminais de Armazenagens de Cabedelo LTDA. Unidade de Negócio Caaporã Boa Vista João Pessoa Mataraca Mataraca Cabedelo UF ISO PB PB PB PB PB PB 14001:2004 14001:2004 14001:2004 14001:2004 14001:2004 14001:2004 Fonte:http://www.inmetro.gov.br/ (dados de julho de 2007) A partir dos dados coletados através do Instituto de Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) relacionados a estas empresas se tem o perfil das mesmas, qual seja: Quadro 13: Do perfil das empresas certificadas na Paraíba Empresa Agro Industrial Tabu S.A. Escopo da Certificação Plantio, colheita e processamento da canade-açúcar. Industrialização e comercialização de álcool. Data da Emissão Certificadora Produtos químicos 12/02/2006 DQS do Brasil Ltda. Bentonisa - Bentonita do Nordeste S/A Produtos químicos Produção de bentonita ativada e natural. Mineração e extração de matérias-primas; fabricação, comercialização e distribuição de clínquer, cimento; coprocessamento de resíduos 11/10/2006 BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda. CCB - Cimpor Cimentos do Brasil Ltda. Cimento 17/01/2007 FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini Extração, produção e venda de ilmenita, zirconita, rutilo e cianita. TECAB - Terminais de Intermediação no Comercialização, Armazenagens de comércio atacadista de armazenamento e Cabedelo Ltda. combustíveis, minérios, distribuição de metais e produtos combustíveis derivados químicos industriais. de petróleo e álcool. Fonte: dados em http://www.inmetro.gov.br/ (dados de junho de 2008) 15/08/2007 BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda. 10/11/2005 FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini Millennium Inorganic Chemicals Mineração Ltda. Área de Atuação Indústrias extrativas. Observe-se que os dados coletados em junho de 2008, apresentam uma lista de apenas cinco empresas como sendo certificadas ISO 14.001 na Paraíba e a supressão de uma das subsidiárias da Millenium, bem como, a inclusão da mesma como sendo certificada apenas a partir de 15/08/2007, dando a entender que houve uma reconfiguração das certificações deste empreendimento, fato este que não pode ser confirmado uma vez que a empresa não autorizou a pesquisa. Conforme demonstrado neste capítulo se observa que desde a Revolução Industrial até a atualidade (2007/2009) houve alteração significativa no que concerne à cultura empresarial em relação às questões ambientais, seja por pressões políticas, sociais ou econômicas, culminando com a elaboração de sistemas de padronização ambiental que delimitam modelos para mitigar impactos e minimizar diferenças ético-sócio-ambientais. Como já mencionado, este trabalho elegeu como foco o modelo ISO 14.001 tendo descrito sua metodologia e peculiaridades ademais de avaliar sua distribuição nos continentes, observado que o Brasil contribui com apenas 1,52% das certificações ambientais neste padrão e o Estado da Paraíba é um dos estados onde esta sistematização encontra-se mais incipiente. 3. METODOLOGIA O trabalho realizado pretendeu analisar o padrão de sistema de gestão ambiental apresentado pela norma ISO 14.001 tanto do ponto de vista teórico interdisciplinar quanto aspecto prático. Para a análise teórica se utilizou de revisão de literatura com o fito de demonstrar diversos aspectos da norma, sendo consultadas bibliografias concernentes às áreas de administração de negócios, gestão ambiental, economia, direito, ecologismo e bancos de dados relativos ao padrão normativo em estudo. Quanto à análise empírica optou-se por realizar um estudo de caso para, a partir dele, fazer observações referentes à aplicação do instrumento, suas falhas e acerto sendo realizada abordagem qualitativa a partir dos dados coletados. A observação de caso se deu numa empresa de tancagem de combustível localizada no Estado da Paraíba, certificada ambientalmente desde 2005. A escolha desta empresa39 para abordagem empírica do trabalho decorreu de uma conjunção de fatores. Em princípio foi feito um levantamento das empresas certificadas ambientalmente, através da norma ISO 14.001:2004, localizadas no Estado da Paraíba, com marca de credenciamento do Instituto de Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que tivessem mais de um ano de certificação e revalidação de seu selo verde, e, portanto, possuíssem documentação relacionada aos resultados obtidos após a implantação do sistema. (conforme tabela 11) Para se ter acesso a estes empreendimentos realizou-se pesquisa prévia ao site do INMETRO (http://www.inmetro.gov.br/, consultado em 02 de julho de 2007) onde se constatou existirem na Paraíba 06 (seis) empresas certificadas com selo ISO 14.001, válidas com marca de credenciamento INMETRO, sendo que apenas 04 (quatro) delas possuíam a certificação há mais de um ano. Estas empresas foram convidadas a participar do estudo, inicialmente através de correio eletrônico, sendo que, das empresas acima mencionadas, apenas 03 (três) responderam à mensagem. Destas, após lhes ser apresentado o projeto mais detalhadamente, bem como, esclarecidas possíveis dúvidas do empreendedor-convidado, apenas uma demonstrou plena concordância 39 Terminais de Armazenagens de Cabedelo Ltda. - TECAB com a execução do projeto dentro do seu sítio e permitiu total acesso à sua documentação ambiental. Após o aceite foram iniciados os trabalhos de reconhecimento da unidade. Neste momento a pesquisa passou a se desenvolver em duas etapas: a primeira concernente à análise documental, a partir dos documentos cedidos pela empresa; a segunda etapa, pesquisa empírica na empresa onde foram levantados os dados através da observação direta e do uso de questionários e entrevistas. A análise documental partiu da avaliação de aspectos e impactos ambientais, anterior e posterior à implantação do sistema de gestão e demais registros, obrigatoriamente arquivados pela empresa certificada uma vez que exigência da norma ambiental em comento. A visita à unidade fabril, constituindo estudo de campo, realizou-se para que se pudesse fazer uma descrição mais completa possível das características da atividade e informações complementares de diagnóstico ambiental. Além disto, foram coletados dados por meio de análise de documentos, entrevistas semiestruturadas e observação não participante. Realizou-se pesquisa de campo, do tipo questionário pré-estruturado (apêndice), para se avaliar a compreensão e relevância do fator ambiental na empresa após a certificação ambiental do empreendimento pelas partes interessadas, após iniciados os trabalhos de pesquisa. Segundo relatos colhidos, a atividade de tancagem de combustível é desenvolvida, na empresa objeto deste estudo, por um pequeno grupo de funcionários, totalizando 20 (vinte) pessoas que a operacionalizam com a participação de motoristas de caminhões tanque, contratados por terceiros (clientes), para a coleta e distribuição do combustível, fóssil ou não fóssil, a partir da empresa. Estes motoristas totalizam aproximadamente um grupo de 60 (sessenta) pessoas que circula no pátio da empresa em dias aleatórios, não havendo registros específicos para identificação dos motoristas, mas, tão-somente identificação do veículo e da empresa-cliente que este representa. Os clientes somam 06 (seis) empresas de distribuição de combustível, sendo proprietárias da quase totalidade de combustível armazenado, todas localizadas no Estado da Paraíba. Assim, conforme acima esboçado, no empreendimento objeto de estudo as partes interessadas dividem-se em 03 (três) grupos distintos. Sendo: Grupo 1 (funcionários do empreendimento), Grupo 2 (terceirizados: motoristas, prestadores de serviço que retiram o combustível do local da empresa e o transportam para as distribuidoras estando, portanto, diretamente envolvidos com o processo da empresa) e Grupo 3 (clientes-distribuidoras de combustível). Adotaram-se procedimentos diferenciados na aplicação dos questionários em função do perfil de cada grupo de entrevistados para a maior eficácia do questionário na obtenção dos resultados, assim temos: 1. Quanto aos funcionários do empreendimento: foram entrevistados todos os funcionários da empresa, totalizando 20 (vinte) pessoas, tendo sido divididos em 2 (dois) grupos da seguinte forma: 1.1. Grupo Gerencial – foi apresentado o questionário para que os funcionários preenchessem, com explicação prévia. 1.2. Grupo Operacional – organizou-se grupos, de 03 (três) entrevistados cada, apresentando o questionário com explicação prévia, leitura das questões e, raros casos, preenchimento do questionário pela pesquisadora com as alternativas escolhidas pelo entrevistado; pela falta de familiaridade com a leitura por parte do entrevistado. 2. Quanto aos prestadores de serviço: foram entrevistados 20 motoristas prestadores de serviço de transporte em caminhões tanque durante o processo de abastecimento do veículo, tendo sido chamados todos aqueles que se apresentaram para a retirada do combustível, num dia da semana aleatoriamente escolhido, em ambos os turnos. 3. Quanto aos clientes: foram enviados os questionários por correio eletrônico, havendo o mesmo partido da caixa postal do empreendimento, para legitimar a pesquisa, a todos os revendedores/distribuidores, clientes do empreendimento. Retornaram todos os questionários respondidos pelas 06 (seis) distribuidoras de combustível, clientes da prestadora de serviço. É necessário esclarecer que a dinâmica de coleta de dados não foi previamente divulgada, além disto, no caso dos funcionários e terceirizados não houve presença de qualquer supervisor ou gerente durante as entrevistas, tendo o anonimato sido garantido. Os questionários aplicados apresentavam perguntas que visavam observar o nível de percepção ambiental, memória, atitude e envolvimento das partes interessadas em relação ao sistema de gestão ambiental implantado (apêndice). Os demais documentos analisados relacionavam-se à implantação e mantença do SGA, assim como, os dados de campo coletados. Ambos tiveram tratamento qualitativo para análises com o objetivo de se buscar subsídios para melhor compreensão da norma em avaliação sob uma perspectiva prática. 4. DO ESTUDO DE CASO 4.11 Caracterização do Local do Empreendimento A empresa objeto do estudo de caso, conforme documentos empresarias consultados, denomina-se Terminais de Armazenagens de Cabedelo Ltda., TECAB, sendo uma empresa privada, parte do grupo Tavares de Melo, que é constituído, ainda, pela Destilaria J.B. Ltda., Destilaria Giasa S/A e a Portus Por Serviços e Consultoria Ltda. Possui atualmente uma área de 24.790 m2., estando sua área circunvizinha delimitada, atualmente, da seguinte forma: parte posterior, margem direita do estuário do rio Paraíba (meio ambiente natural); lado direito do sítio sítio empresarial Forte de Santa Catarina, monumento histórico do século XVI (meio ambiente cultural); lado esquerdo limita com terreno não construído pertencente ao porto, esquerdo-perpendicular perpendicular limita com a empresa Moinho Tambaú; parte anterior limita com via pública de acesso, não pavimentada. Oceano Atlântico Estudo de Caso: empresa de tancagem Estuário do Rio Paraíba Fortaleza de Santa Catarina Figura 4: Localização do estudo de caso Porto de Cabedelo Fonte: TECAB Conforme se pode observar (figura 4 e 5) o empreendimento localiza-se localiza próximo à área portuária, na cidade ade de Cabedelo, que compõe região metropolitana da capital da Paraíba, num litoral itoral denominado Ponta do Mato40, no eixo cênico-histórico. Porto de Cabedelo Fortaleza de Santa Catarina Estuário do Rio Paraíba Estudo de Caso: empresa de tancagem de combustível Figura 5: Localização do estudo de caso (ângulo diverso) Figura 6: Mapa do Estado da Paraíba Fonte: www.mapaspb.com.br 40 Badiru (1999) denomina Ponte do Molhe Fonte: TECAB Este município se situa na planície litorânea do Estado da Paraíba, instalado entre o Oceano Atlântico e o estuário do rio Paraíba41, numa área geográfica de clima quente e úmido (BADIRU, 1999). Segundo dados do IBGE (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acessado em 09 de julho de 2008) a população do município em 2007 contava com 49.728 habitantes. Sendo, conforme a tabela a seguir, características do aludido município: Quadro 14 : Características do município de Cabedelo/PB CABEDELO Grande Região Ano de Instalação Grande Bacia Hidrográfica Município é Costeiro Município é de Fronteira Mesorregião Microrregião NE 1957 7 Sim Não Mata Paraibana João Pessoa Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - http://www.ibge.gov.br/munic_meio_ambiente_2002/index.htm Badiru (1999) expõe mapas de expansão urbana, datados desde 1900, que comprovam que a região da cidade onde se localiza o empreendimento já apresentava urbanização, justificando isso em função da existência da própria Fortaleza de Santa Catarina como mote da antropização. Urbanização esta que provavelmente foi fomentada com a abertura do Porto de Cabedelo, em 1935. A área de influência do empreendimento que sofre significativos impactos em função da atividade da empresa é variável. Numa situação de atividade normal pode ser considerada pequena a área de influência de impacto significativo. Entretanto, numa situação excepcional, em caso de acidente, por exemplo, em função da atividade se desenvolver com material combustível, portanto inflamável, a área de influência poderia tomar dimensões incalculáveis. 41 Segundo Badiru (1999) o rio Paraíba é o mais importante do estado, e percorre uma distância de 360 km da sua nascente a foz, desembocando no oceano Atlântico. Localização aproximada TECAB Figura 7: Mapa município de Cabedelo (2003) Fonte: Falcão et al., 2004 Vale observar que a empresa objeto deste deste estudo, em função das características de sua atividade utiliza-se se de serviços ambientais e não de recursos ambientais. ambientais Ou seja, não há consumo de recursos naturais, mas uso de suas propriedades, como exemplo, a evaporação. Naa utilização de serviços ambientais ambientais embora não haja inicialmente comprometimento da regeneração está embutido o risco de dano ambiental por episódio acidental. Considerando risco, conforme a definição do Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais (2002), como a probabilidade ou freqüência freqüência dos danos decorrentes da exposição a condições adversas ou a um evento indesejado. Isto se agrava se se considerar que a área onde se situa o empreendimento abriga, ainda, outras empresas que também desenvolvem a atividade de tancagem de combustível, tais como Texim, Esso e Petrobrás; entre outras que desenvolvem outras atividades de armazenamento, em função da zona portuária. Há diminuta quantidade de residências imediatamente próximas ao terminal, devendo-se devendo consignar, entretanto, que toda esta região região descrita está situada à pouca distância distâ da parte central da cidade, conforme se pode observar na figura abaixo: B C A D A – Empresa em estudo B – demais empresas de armazenagem C – zona residencial D – Porto de Cabedelo Fonte: TECAB (com layout digital) Figura 8: Da região onde se localiza o empreendimento estudado Distâncias aproximadas em relação ao TECAB: • • • • 300m para área residencial mais próxima. 500m para o centro da cidade. 40m para o rio. 150m para a Fortaleza de Santa Catarina. 4.2 Histórico e Ramo de Atividade Fundada em 1994, contando, atualmente, com 20 (vinte) funcionários, a empresa funciona como terminal de tancagem (armazenamento) de combustíveis fósseis e não-fósseis, viabilizando a logística de importação, exportação e distribuição dos combustíveis operados por terceiros (http://www.tavaresdemelo.com.br/nossos_negocios/tecab.php - consultado em 02/01/2008). Conforme Odum e Sarmiento (1997), as indústrias fazem parte de ecossistemas específicos denominados tecnoecossistemas urbano-industriais, que se caracterizam por serem parasitas dos ambientes naturais e domesticados, pois não produzem os alimentos de que sua população necessita, não limpam o ar e reciclam muito pouco as águas que utilizam. Deste modo, conforme a descrição acima mencionada caracteriza-se o empreendimento em estudo como parte de um tecnoecossistema urbano-industrial por não possuir capacidade de auto-regeneração. Figura 9: Dos tanques de armazenamento Conforme o Manual de Sistema de Gestão Integrado da empresa e relatos de campo, o TECAB foi construído com o objetivo inicial de atender as necessidades de armazenagem de combustível relacionadas às operações de importações e exportações de álcool das destilarias da região. O serviço de armazenagem de combustível é uma atividade de caráter contínuo e prolongada no tempo que engloba a guarda do produto em condições de uso e o gerenciamento de sua carga e descarga, sendo esta realizada pelo cliente proprietário. Nos primeiros 02 (dois) anos de operação, o TECAB movimentou 02 bilhões de litros de álcool, considerando-se os volumes exportados e importados. A partir de 1997, além das operações com álcool, o Terminal passou a armazenar derivados de petróleo (Gasolina e Óleo Diesel) para várias distribuidoras da região. Atualmente a empresa possui sete tanques com a capacidade total de tancagem de 31.405.000 (trinta e um milhões e quatrocentos e cinco mil) litros de combustível com projeto de ampliação para passar a armazenar, ao todo, 45.000.000 (quarenta e cinco milhões) de litros de combustível e terá mais 05 tanques. Dentro do terminal são movimentados, em média, 26.000 m3/mês (dados de novembro de 2007) de combustível fóssil e não fóssil, sendo relatado crescimento na demanda da tancagem no período entre 2001 e 2006, conforme se pode observar abaixo: Movimentação Média Mensal Gasolina - A Óleo Diesel Álcool Hidratado TOTAL Álcool Anidro 25.000 Volume (m³) 20.000 15.000 10.000 5.000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Gráfico 7: Da movimentação média mensal do empreendimento Fonte: TECAB A operacionalização da atividade é realizada com auxílio de navios e caminhões tanque os quais são pontos nevrágilcos do sistema de armazenagem. Vale citar, para melhor compreensão da atividade, que existem basicamente três técnicas téc de carregamento dos caminhões-tanque: caminhões tanque: por cima com o bico de enchimento não submerso, por cima com o bico de enchimento submerso e por p baixo (bottom loading)) (SOUZA, (SOUZA 2004). Na empresa em estudo a plataforma de carregamento de caminhões-tanque caminhões tanque é constituída const por 01 ilha de carregamento. O tipo de enchimento é por cima com bico de enchimento submerso e não existe sistema de balanço de vapor, ou seja, não há recuperação dos vapores emitidos no carregamento egamento para o tanque de carga (figura 10). Entretanto, segundo egundo Souza (2004), a emissão de gases no abastecimento é baixa, baixa uma vez que os tanques estão equipados com válvulas de pressão e vácuo cuja função é liberar gases apenas quando determinada pressão é atingida com o fito de evitar a emissão contínua. Vale esclarecer que não há instalado sistema de medição de emissões no empreendimento em comento. Figura 10: Da ilha de carregamento e enchimento com bico submerso Fonte: TECAB Além disso, conforme Souza (2004), nesta forma de carregamento, o bico de enchimento é inserido até quase o fundo do tanque de carga e fica mergulhado ao longo do processo de carregamento, reduzindo a turbulência e, assim, gerando uma quantidade bem menor de vapores e, conseqüentemente, de perdas por emissões. Os tanques dos caminhões inhões podem ser inteiriços ou divididos em compartimentos, sendo esta divisão em compartimentos para permitir o carregamento de diferentes tipos de combustível em um só caminhão para o mesmo destino. O volume a ser carregado é digitado manualmente no pré-determinador pré determinador dos medidores (Figura 11).. Durante o carregamento dos caminhões, a pessoa responsável pelo carregamento, carregamento fazendo uso de equipamentos de proteção individual, segura a válvula de fechamento rápido do braço de carregamento para garantir que não ocorra ocorra nenhum transbordamento de produto, no caso de falha no medidor, medidor conforme relatos de campo. Figura 11: Do pré-determinador pré determinador dos medidores Fonte: TECAB Segundo relatos de campo, o tempo de carregamento varia conforme o volume a ser carregado c e o nível do tanque de origem do produto, uma vez que o carregamento é realizado por gravidade. Em média, carrega-se carrega 1.000 litros de produto por minuto. O carregamento/descarregamento por meio de navios-tanque navios tanque é efetuado através de tubulações externas nas que comunicam o porto ao terminal, as quais estão visivelmente suscetíveis aos efeitos da corrosão, por sua localização próxima às margens do estuário (Figura 12). Figura 12: Tubulações Fonte: TECAB 4.3 Do Sistema istema de Gestão Ambiental Implantado A ISO Ambiental se estrutura rutura a partir de requisitos basilares, quais sejam: política ambiental, planejamento, implementação e operação, verificação e análise pela administração. Estes requisitos compõem as diversas fases descritas pela metodologia da norma norm (PDCA)42, não necessariamente na seqüência que são explicitadas no manual ISO. É importante ressaltar que o sistema proposto pela ISO Ambiental gira em torno de proposições declaradas através da Política Ambiental que deve ser elaborada pela alta administração ração da organização que visa implantar o sistema, sistema, delineando o sistema ao perfil de cada organização. Considerando que a norma determina de que esta política deve ser apropriada à natureza, escala e aos impactos ambientais do empreendimento torna-se torna imprescindível ndível o conhecimento destas características para, a posteriori, posteriori elaborar-se o tal documento. Ou seja, dá-se se a fase de planejamento conforme determina a metodologia. Assim, considerando a implantação inicial do sistema, para para a estruturação da gestão ambiental de um empreendimento, é necessário o completo conhecimento do modo de operação da atividade, a coleta de dados concernentes a aspectos e impactos ambientais, bem como, levantamento de normas e regulamentos aplicáveis. 42 Item 2.4.3.1 desta dissertação. No caso do empreendimento em estudo a opção pela implantação de sistemas de gestão partiu da alta administração como resposta reativa à autuação ambiental recebida (SUDEMA)43, bem como, de exigência contratual de cliente (Petrobrás) e um esboço de competitividade. Conforme comenta Epelbaum (2004), na cadeia da Petrobrás, as empresas são cobradas e avaliadas por seus sistemas de gestão de saúde, segurança e meio ambiente, de acordo com as normas ISO 14.001 e BS 8.800. Ilustrando, portanto, perfeitamente o paradigma ambiental empresarial da atualidade conforme já descrito no item 2.2 deste trabalho. Vale esclarecer que a relação entre o TECAB e a Petrobrás se dá de maneira indireta uma vez que esta fornece combustível aos distribuidores (clientes do empreendimento) sendo esse armazenado pelo TECAB. Entretanto, ainda que indireta a relação, a empresa em estudo é submetida anualmente a uma auditoria de terceira parte, pela Petrobrás, em nome dos clientes do empreendimento. Para a implantação dos sistemas de gestão, foi contratada consultoria externa que acompanhou toda a implantação do sistema, desde a fase do levantamento de dados até a certificação e que permanece assessorando o empreendimento. A documentação do Sistema de Gestão Integrado do TECAB inclui: a) Declaração documentada da política de gestão; b) Declaração dos objetivos do sistema de gestão; c) Manual de Gestão Integrada; d) Procedimentos documentados e documentos requeridos pelos padrões de referência utilizados. e) Documentos necessários para o planejamento, operação e controle dos processos; f) Registros da qualidade e meio ambiente requeridos pelos padrões de referência utilizados e registros definidos como importantes para a comprovação e gerenciamento das atividades. O sistema implantado abrangeu toda a instalação do TECAB. Tendo sido a implantação da ISO 14.001 concomitante à implantação a ISO 9.001, apresentando-se a política da empresa como “integrada”. 43 A mencionada infração relacionava-se a falta de relatório de auditoria ambiental e plano de ação para emergências ambientais e resultou ao tempo, 2004, multa no valor de R$500.000,00 (quinhentos mil reais). Em função de nossa proposta de trabalho a análise dos documentos restringiu-se àqueles que abordam a dimensão ambiental, não sendo considerados os exclusivamente relacionados à gestão da qualidade para não comprometer o foco da pesquisa. 4.3.1. Dos Dados Coletados 4.3.1.1. Dos Requisitos Legais e Outros O TECAB optou por realizar o levantamento de legislação aplicável a sua atividade por meio de assinatura de sistema informatizado para pesquisa da legislação aplicada junto à esfera Municipal, Estadual e Federal.44 O levantamento legislativo, ou seja, a coleta das leis, em sentido amplo, aplicáveis à atividade, região e perfil do empreendimento é realizada com o fito de cumprir-se o requisito 4.3.2 da norma, e se justifica em razão das constantes mudanças na estrutura legal, especialmente resoluções CONAMA, bem como, assinaturas de contratos ou acordos que tenham em seu conteúdo requisitos ambientais. Conforme relatos de campo, a atualização da legislação ambiental é realizada mensalmente através de recebimento de CD devendo o check list de atendimento à legislação aplicável ser preenchido a cada 06 meses. Observa-se ainda a menção, ainda que tímida, de alguns itens da legislação, na planilha de levantamento de aspectos e impactos ambientais (anexo A). Além disso, o Manual de Gestão Integrada TECAB aponta a opção de se pesquisar diretamente a legislação associada às suas atividades junto às fontes que detêm informações sobre a legislação aplicada. Conforme a norma em análise a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para tanto identificar e ter acesso a requisitos legais aplicáveis, de qualquer natureza, relacionados aos seus aspectos ambientais, quanto determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais (item 4.3.2). 44 Sistema Legis Ambiental Além disso, a alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema de gestão ambiental, a política inclua compromisso em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se relacionam a seus aspectos ambientais (ABNT NBR ISO 14.001:2004, item 4.2. c). Segundo Macedo (1995) um SGA, conforme os requisitos da ISO 14.001, facilita o acompanhamento da legislação e a busca de conformidade legal, mas um SGA não gira apenas em torno da legislação. Para a implantação e mantença do sistema de gestão ambiental é necessário que o empreendimento identifique as normas legais aplicáveis aos seus aspectos ambientais, conforme já mencionado, observando, para tanto, o ordenamento internacional e nacional (expedido pelas três esferas da Federação), além de acordos públicos (como Termos de Ajuste de Conduta) e privados, princípios voluntários e códigos de prática, entre outros. A análise de conformidade legal da proposta de ordenamento envolve a verificação sistemática de sua pertinência e compatibilidade com o texto legal, sobretudo nos tópicos referentes à ocupação e uso do solo, código florestal, código de águas, padrão de qualidade ambiental, unidades de preservação ambiental e licenciamento ambiental. Esta análise habita a avaliação da proposta de ordenamento em relação à legislação ambiental, bem como possibilita a ampliação de seus resultados ambientais. Por outro lado, oferece meios para que seus gestores e executores atuem compativelmente, tanto em relação à legislação existente quanto à futura. Por fim, proporciona meios para que seja efetuada a gestão a curto, médio e longo prazo de seus impactos ambientais (benéficos e adversos), com a escolha de caminhos e linhas de conduta futuras de suas ações (MACEDO, 1995). Para Azevedo et al. (2005), a despeito dos estritos padrões ambientais a que empresas são submetidas e da alegada ineficiência das políticas regulatórias de meio ambiente, os instrumentos de comando e controle ainda dominam o cenário das políticas públicas de gestão de meio ambiente. Vale observar, conforme alerta de Barbieri (2007) que o atendimento às normas legais aplicáveis à organização e aos demais requisitos subscritos por ela constituem o patamar mínimo que se espera em termos de desempenho ambiental. Ou seja, pela observação da amplitude do elenco acima ilustrado conclui-se que qualquer compromisso firmado pela organização, ainda que voluntário, deve ser identificado como aplicável. Conforme Epelbaum (2004), o cumprimento da legislação ambiental, começando pela obtenção da licença ambiental governamental para operar, é um resultado essencial para a operação de uma empresa. Apesar dos valores de multas ainda serem baixos em muitos casos, uma empresa pode ter sua operação paralisada por questões ambientais, representando custos altíssimos. Companhias com má reputação por destruir o meio ambiente, ou tipos de processos poluidores podem ter pouca popularidade e chances de não ganhar a licença para operar. Por oportuno, vale mencionar que as licenças do empreendimento ao tempo da coleta de dados estavam em plena vigência, sendo elas: a) Autorização de funcionamento do DNC: Of. n.º 544/DNC/CGAB/DIVIN b) Autorização da Distribuidora TECAB: Autorização n.º 173 de 02/10/2001. Registro n.º 0358 c) Licença de Operação da SUDEMA: 0302/2006 d) Certificado de Aprovação do Corpo de Bombeiros: N.º 018/VF2006 e) Alvará da Prefeitura: Inscrição Municipal n.º 0831-1 f) IBAMA – Cadastro Técnico Federal – Certificado de Registro-57124 g) ANP – 268, 01/09/2006 (Autorização dos Tanques 008 e 009). Cabe lembrar que as normas estabelecem formas de administrar o plano, porém não fixam parâmetros numéricos de desempenho, definem a necessidade do cumprimento da legislação, porém não ampliam nem alteram nenhuma exigência fixada nas legislações (MOURA, 1998). Sem dúvida é um instrumento que garante o cumprimento das normas através de um sistema próprio de auto-fiscalização, onde uma vez não obedecido este requisito há comprometimento da recertificação, em sede de auditoria, realizada uma vez por ano, ameaçando o selo ambiental. 4.3.1.2 Dos Aspectos e Impactos Ambientais45 No que concerne à empresa objeto do estudo, inicialmente, na fase de pré-certificação, realizada no segundo semestre de 2005, foi elaborado pelo consultor externo levantamento de aspectos e impactos ambientais, em anexo (anexo B), com o intuito de, a partir destes dados, se elaborarem o plano de ação. Constatou-se que, a partir desta matriz inicial de aspectos e impactos ambientais o sistema passou a circular não sendo elaborado novo levantamento nas fases de checagem ou recertificação (realizados no segundo semestre de 2006 e 2007), mas, tão-somente, completadas as tabelas caso fossem apontados novos aspectos. Quadro 15: Dos principais aspectos e impactos ambientais Tema Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Poluição do ar Contribuição à chuva ácida Ar Emissão atmosférica Redução da camada de ozônio Contribuição ao efeito estufa Formação de ‘smog’ fotoquímico Solo Ruído Incomodo à comunidade Radiação Contaminação radioativa Movimentação de terra Erosão Resíduos sólidos Poluição do solo Poluição da água Água Efluentes líquidos Acidificação Eutrofização Flora Fauna Desmatamento Supressão da vegetação Movimentação de equipamentos Perturbação/evasão de fauna Efluente líquido Ecotoxidade Geração de empregos Atividades do Empreendimento Sociedade Geração de tributos Dinamização da economia regional Uso do solo Recursos Naturais Extração dos recursos naturais Fonte: Epelbaum, 2004. 45 O aspecto ambiental é a causa e o impacto ambiental, o efeito. Exaustão dos recursos naturais Vale esclarecer ainda, que para a compreensão dos impactos significativos foi utilizado pela consultoria contratada a metodologia e índices da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), conforme anexo C. Dos itens existentes na aludida planilha observaram-se 152 impactos ambientais listados, destes 9846 sendo considerados significativos, sendo apenas 6 considerados impactos ambientais significativos positivos. Cruzando a tabela retro com os dados da planilha TECAB de aspectos e impactos ambientais as seguintes observações são possíveis. Temas Ar Solo Água Sociedade 16% Recursos Naturais 26% 11% 24% 23% Gráfico 8: Dos aspectos e impactos ambientais apontados Fonte: Dados planilha de aspectos ambientais TECAB (anexo B) A maior parte dos impactos está relacionada com o ar, água e solo, sendo bem reduzida a observação relacionada a aspectos da sociedade47 e recursos naturais. Além disso, não foram observados na planilha TECAB aspectos especificamente relacionados à fauna e flora. Apresentando os impactos listados que tem maior freqüência na planilha48, tem-se: 46 Índices maiores que 27 – conforme metodologia Anexo C. Considerando que o impacto “perda da propriedade” descrito na planilha do TECAB (anexo B) seja um fator de conseqüências sociais – em que pese a autora deste trabalho considerar com viés preponderantemente econômico e não ambiental – e considerando ainda que o mesmo descreve dano ao meio ambiente construído. 48 Considerando a partir de 10 (dez) ocorrências. 47 Impactos Listados 28 Esgotamento das fontes Poluição sonora Contaminação água Contaminação solo 10 42 43 18 Aquecimento global Poluição atmosférica Perda da propriedade 22 19 0 10 20 30 40 50 Impactos Listados Gráfico 9: Dos impactos ambientais mais freqüentes Fonte: Dados da planilha de aspectos ambientais TECAB (anexo B) 4.3.1.3 Aspectos Ambientais Aspecto specto ambiental é o elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente (ABNT NBR ISO 14.001:2004, item 3.6). 3.6) Os aspectos ambientais decorrem do uso de água, matérias-primas, matérias primas, energia, espaço e outros recursos produtivos e do uso do meio ambiente como receptáculo de resíduos dos processos proc de produção e consumo (BARBIERI, (BARBIERI 2007). A norma alerta, no item A.3.1, que não há abordagem única para identificar aspectos ambientais e exemplifica aqueles que poderiam ser considerados, quais sejam: emissões atmosféricas; lançamentos em corpos d’água; lançamentos no solo; uso de matérias primas e recursos naturais; uso de energia; energia emitida; resíduos e subprodutos e atributos físicos. Vale esclarecer que a norma em estudo não determina avaliação de aspectos e impactos ambientais relacionados ao entorno do empreendimento, sejam comunidades humanas ou não, o que não impede uma avaliação mais completa ou uma ação ambiental mais complexa contemplando esses aspectos, especialmente como objetivo de melhoria melhoria contínua. Segundo a norma ambiental, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, dentro do escopo de seu sistema de gestão ambiental, para que ela possa controlá-los ou influenciá-los e determinar os aspectos significativos, isto é, os que tenham ou possam ter impactos ambientais significativos, assegurando que eles serão considerados no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão ambiental (item 4.3.1). Identificados os aspectos ambientais, o processo de implantação do SGA prossegue com uma avaliação dos impactos ambientais associados a cada aspecto, destacando-se aqueles significativos através de metodologia específica a ser determinada pelos responsáveis49 (Freire, 2000). Entretanto, como alerta Freire (2000), a discussão sobre os impactos críticos é básica para a priorização dos aspectos ambientais sendo ressaltado pela norma a importância do levantamento dos aspectos e impactos ambientais das atividades da empresa, tendo em vista o estabelecimento de um plano de ação futuro. Para determinar a significância dos fatores ambientais se utiliza uma metodologia que soma indicadores50. Esses indicadores são geralmente: severidade, ocorrência, tempo de duração, abrangência, intensidade, probabilidade, etc.. Sendo os mesmos variáveis, podendo-se eleger critérios próprios de acordo com o perfil da atividade - no estudo de caso o consultor optou pelos indicadores da Celpe. A cada indicador são estabelecido níveis, sendo estes valorados. As escalas de mensuração podem ser qualitativas, por exemplo: baixa, média ou alta freqüência de ocorrência do aspecto ou de um dos seus impactos, ou escalas quantitativas com pontuações associadas a sua gradação, por exemplo, valores de 1 a 5, nas quais nos extremos, o valor 1 indique uma freqüência muito baixa e 5, muito alta. Em geral, os seguintes critérios devem ser considerados na avaliação do aspecto ou do impacto: (1) abrangência, isto é se eles geram conseqüências nacionais ou globais; (2) severidade, que indica o grau de intensidade dos danos ao meio ambiente; (3) freqüência de ocorrência; e (4) probabilidade de escapar do controle. A avaliação deve ser feita de modo combinado, por exemplo, um impacto de elevada severidade com freqüência de ocorrência 49 Anexo C De acordo Barbieri (2007) isto impede que a organização selecione aspectos associados com impactos insignificantes só para mostrar que está fazendo alguma coisa, o que caracteriza uma prática de lavagem verde. 50 desprezível é menos significativo que outro de severidade média e elevada freqüência (Barbieri, 2007). O grau de significância se dá pela soma de cada valor atribuído e por um índice determinado, ou seja, a partir de atingido certo valor, entende-se por significativo, ou não, cada fator - no estudo de caso determinou-se que valores maiores que 27(vinte e sete) seriam significativos (anexo C). Vale frisar, como já comentado, que a norma não especifica padrão ou metodologia para a avaliação de significância de impactos ambientais, sendo de eleição do implantador. Outro ponto diz respeito à subjetividade permitida enquanto critério de avaliação. Freire (2000), por exemplo, apresenta três métodos de avaliação possíveis com resultados diversos quanto à significância, demonstrando que a ausência de padrão para este critério torna o sistema excessivamente flexível. Apenas para ilustrar, considerando os dados da planilha do TECAB (anexo B) e a metodologia utilizada (anexo C), tem-se51: Probabilidade Significância 1 1 41 9 9 3 9 Imagem da Organização 0 9 Legislação Poluição atmosférica Tempo de Duração Incêndio Ocorrência 20 Severidade 1 Ambiental (Efeito) 1 Impacto 6 (Causa) GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (Gerador) Perda de Propriedade 9 1 1 1 0 Ambientais Incêndio Aspectos Intensidade Abrangência Tabela 5: Amostra de dados coletados Fonte: dados retirados do anexo B Demonstrando os cálculos (com base no anexo C): Tabela 6: Exemplo de item não significativo Incêndio/perda da propriedade Indicador Severidade Ocorrência Tempo de Duração Abrangência 51 Grau atribuído Dano imediato à biota. Potencial Reversível Restrito ao local da atividade Critérios e valoração da consultoria contratada, não expressando a opinião da autora deste trabalho. Valor 9 1 1 1 Legislação Imagem da organização Intensidade Probabilidade Total Não há exigência legal Dano sem exposição na mídia Baixa Esporádico (não significativo) 0 6 1 1 20 Tabela 7: Exemplo de item significativo Incêndio/poluição atmosférica Indicador Severidade Ocorrência Tempo de Duração Abrangência Legislação Imagem da organização Intensidade Probabilidade Total Grau atribuído Dano imediato à biota. Real Irreversível Limitado à organização Há exigência legal Não causa dano Baixa Esporádico (significativo) Valor 9 9 9 3 9 0 1 1 41 Resta salientar a necessidade de uma visão interdisciplinar das questões, uma vez que improvável que um único profissional terá capacidade de avaliar toda a complexidade considerando as diversas interações possíveis no que tange a problemática ambiental. Assim, há necessidade de se fomentar a participação de equipes interdisciplinares para se suprirem as carências que naturalmente um único consultor é incapaz de suplantar. Por outro lado, um consultor com formação interdisciplinar também seria aconselhável, em função da amplitude do foco desejada na aplicação de um sistema pretensamente complexo. 4.3.1.4 Impactos Ambientais É qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização (ABNT NBR ISO 14.001:2004, item 3.7). Para a resolução CONAMA 001/86, artigo primeiro, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. Canter (1977, citado por Santos, 2004) inclui ainda impactos ambientais com perspectiva cultural à lista que possam ser atribuídos às atividades humanas, relativas às alternativas em estudo para satisfazer às necessidades de um projeto. Para Barbieri (2007), quando se fala em impactos ambientais decorrentes de ações humanas, há uma tendência em associá-los apenas aos efeitos negativos sobre os elementos do ambiente natural e social, pois a degradação ambiental que nos rodeia é basicamente um resultado indesejável dessas ações. Porém, não se devem esquecer os impactos positivos52, que em última instância são os que conferem sustentabilidade econômica, social e ambiental ao empreendimento ou atividade. A menção dos possíveis impactos positivos de uma atividade é importante e deve ser claramente considerada, conforme orienta a norma, especialmente porque a legislação brasileira, especialmente a resolução CONAMA 01/86, apenas considera impactos fatores negativos decorrentes da ação antrópica que causem degradação, podendo, portanto gerar um erro de avaliação na coleta de dados omitindo fatores que se traduziriam em cumprimento de metas, por exemplo. Observa-se, portanto, que a abrangência da definição apresentada na ISO Ambiental, citando as modificações tanto adversas quanto benéficas e utilizando-se do verbete “qualquer” para caracterizar a modificação evitando possíveis limitações que pudessem ser geradas por caracterização mais restritiva. Qualquer abordagem de gestão ambiental de uma organização, seja ela corretiva, preventiva ou estratégica, requer a identificação e análise de impactos ambientais para estabelecer medidas para agir em conformidade com a legislação ou com a sua política ambiental (BARBIERI, 2007). Nas palavras de Macedo (1995), a melhor forma de identificar uma ameaça ambiental consiste em verificar se um determinado processo ou ocorrência tem capacidade para interferir negativamente em qualquer uma das quatro propriedades da sustentabilidade ambiental (suporte de energia ambiental, suporte às relações ambientais, suporte ao desempenho ambiental e suporte à evolução no ambiente). Vale observar que a capacidade de auto-superação é mais provável e freqüente nos espaços antrópico e biológico do que no espaço físico, por motivos mais ou menos evidentes; o 52 Exemplo de impactos ambientais positivos que podiam ser hipoteticamente contemplados no estudo de caso seria a recomposição da mata ciliar. atributo da vida biológica envolvendo instinto e sensações, assim como a sua escala temporal, proporciona ao homem, à fauna e à flora (nesta ordem) mais elasticidade de resposta diante de novos e desconhecidos estímulos. O ar, a água e o solo, aparentemente tem limites de funcionalidade mais definidos no âmbito de um sistema ecológico e uma escala de existência muito maior (MACEDO, 1995). 4.3.1.5 Da Política Ambiental A política ambiental é a força motriz para a implementação e aprimoramento do sistema de gestão ambiental de uma organização, permitindo que seu desempenho ambiental seja mantido e potencialmente aperfeiçoado (ABNT NBR ISO 14.001:2004, item A.2). É o conjunto de intenções da empresa sobre um determinado assunto, estabelecidas por seus níveis mais elevados de administração, da qual irá decorrer uma série de medidas e procedimentos que orientam as condutas gerenciais (MOURA, 1998; BARBIERI, 2007). A ISO 14.001 (item 4.2) comenta as características básicas que devem estar insertas na política da empresa que pretenda certificação, quais sejam, que seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços; inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição; inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis, lato sensu, que forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais; que seja documentada, implementada e mantida; comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome e disponível para o público. Os debates sobre a definição da política devem ser antecedidos por uma avaliação ambiental inicial, para assegurar que ela seja estabelecida com base no reconhecimento dos impactos ambientais que a empresa produz (BARBIERI, 2007). A política ambiental da empresa deve se apresentar na forma de uma declaração não muito longa, para facilitar a sua divulgação em diferentes meios de comunicação, pois ela deve se tornar conhecida, compreendida e lembrada pelos membros da organização e de grupos interessados, como clientes, fornecedores, agentes financeiros, autoridades locais e comunidades vizinhas (BARBIERI, 2007). Para Freire (2000), a política ambiental é um termo de compromisso condicionado às metas globais da empresa, de acordo com o porte e natureza de suas atividades, tendências do mercado e características da região onde atua. A sua formalização evidencia a linha de conduta, o compromisso e a visão da empresa com relação ao meio ambiente. Devem ser realizadas atividades de sensibilização ambiental para os funcionários e largamente difundida a política ambiental, bem como, efetuado treinamento de auditores internos que farão simulações da auditoria principal. Deve-se também evitar o uso de palavras que podem ser interpretadas como evasivas ou que indiquem um comprometimento pro forma, apenas para dar uma satisfação aos possíveis interessados. A organização que concebe uma política desse modo está, na verdade, praticando maquiagem verde (BARBIERI, 2007). Como exemplo de comprometimento evasivo pode-se incluir o jargão do “desenvolvimento sustentável” (HERCULANO, 1992; COIMBRA, 2004). Mas, a própria norma em comento observa em seu item 4.1 (Política Ambiental), subitem A, que a política “deverá ser apropriada à natureza, escala e aos impactos ambientais da organização”, ou seja, deixa margem ao empreendedor estipular metas modestas, ainda que atingíveis, ou de utilizar-se de conceitos subjetivos sem que se comprove sua efetividade (CAJAZEIRA, 1998). Quadro 16: Recomendações da ISO 14.004 para a política ambiental (a) missão, visão, valores essenciais e crenças da organização; (b) coordenação com outras políticas da organização, por exemplo, política de qualidade; (c) requisitos das partes interessadas e comunicação com elas; (d) princípios orientadores; (e) condições locais ou regionais específicas; (f) compromissos com a prevenção da poluição e melhoria contínua; (g) compromissos com o atendimento aos requisitos legais e outros subscritos pela organização. Fonte: Barbieri, 2007. O TECAB, empresa em estudo, formalizou sua política de maneira integrada contemplando aspectos ambientais e de qualidade uma vez que foram implantados ambos os sistemas concomitantemente. Foi relatado em estudo de campo que para a elaboração da mesma houve houv participação efetiva da alta direção que procurou refletir às intenções da empresa quanto às aspectos da qualidade e ambiental. Conforme pode se observar abaixo a política firmada foi apresentada forma de declaração curta para facilitar a divulgação e conhecimento co das partes interessadas. Figura 13: Política Ambiental TECAB Fonte: TECAB Observe-se que a política ambiental do empreendimento descreve seu ramo de atividade procurando dimensionar, ainda que de maneira imprecisa sua natureza, escala e impactos ambientais, conforme determina o item 4.2 da norma de gestão ambiental. Contempla ainda a melhoria contínua e a prevenção da poluição; bem como, inclui comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis. Além disso, contemplou requisitos próprios da ISO da Qualidade, tais como, satisfação dos clientes. Observou-se ainda, em estudo de campo, que a mesma está documentada e mantida em local disponível para o público. Não se observou a utilização de expressões evasivas na formulação da política, como o jargão do “desenvolvimento sustentável”. Entretanto, vale observar certa artificialidade, inerente às políticas ambientais elaboradas como cumprimento de requisitos da ISO Ambiental, o mesmo ocorrendo com a política ambiental do empreendimento. Observando-se o quadro 16 (retro) relativo a itens para a política ambiental se observa: • Menção da missão e valores éticos de atuação responsável; • Coordenação com a política da qualidade, através da menção de gestão integrada; • Menção às partes interessadas; • Compromissos com a prevenção da poluição e melhoria contínua e com o atendimento aos requisitos legais e outros subscritos pela organização. 4.3.1.6 Dos Objetivos, metas e programas A norma define objetivo ambiental como o propósito ambiental geral, decorrente da política ambiental, que uma organização se propõe a atingir (item 3.9), e meta ambiental requisito de desempenho detalhado, aplicável à organização ou parte dela, resultante dos objetivos ambientais, que precisa ser estabelecido e atendido para que tais objetivos sejam atingidos (item 3.12). Essa é a distinção convencional entre objetivos e metas, sendo que um objetivo pode se desdobrar em várias metas estas podem ser etapas a serem cumpridas para alcançar um certo objetivo (MACEDO, 1995; BARBIERI, 2007). (vide quadro 9) De acordo com Macedo (1995) a fase seguinte da elaboração do plano consiste no estabelecimento dos alvos a serem perseguidos, ou seja, objetivos e metas ambientais. Os alvos consistem em desejos e necessidades passíveis de serem realizados, claramente definidos, cujo atingimento estará determinado para ocorrer em um intervalo de tempo explícito no enunciado objetivo/meta (no caso da ISO 14.001, o prazo é anual). Para atingir os objetivos e as metas definidas, a organização deve estabelecer, implementar e manter programas, incluindo: (a) a atribuição de responsabilidade em cada função e nível pertinente e (b) os meios e o prazo dentro do qual eles devem ser atingidos (ABNT NBR ISO 14.001:2004, item 4.3.3). No estabelecimento de metas, segundo Macedo (1995), três aspectos precisam ser considerados: - as metas devem refletir, no mínimo, os padrões de desempenho ambiental legalmente estabelecidos; - a otimização proposta em cada meta estará sempre limitada, no caso dos impactos negativos, à capacidade de reabilitação do fator ambiental afetado; e - as instituições, direta e indiretamente, envolvidas na consecução de cada meta estabelecida devem ser inventariadas, e ter suas possíveis contribuições avaliadas a priori, de modo a garantir os apoios necessários e impedir qualquer tipo de ameaça à consecução de cada meta. Barbieri (2007) recomenda, ainda, que as metas sejam mensuráveis por níveis de desempenho que devem ser atingidos para cumprir os objetivos relacionados. 4.3.1.7 Da Auditoria Auditoria ambiental é o processo de verificação, de natureza voluntária ou compulsória, que visa avaliar a gestão ambiental de uma atividade econômica, analisando seu desempenho ambiental, e verificando, entre outros fatores, o grau de conformidade com a legislação ambiental vigente e com a própria política ambiental da instituição. A prática de auditoria ambiental pode ser de natureza interna (como instrumento de gestão ambiental da empresa) ou externa (como meio de se obter uma certificação ambiental para a empresa) (LIMA-E-SILVA et al., 2002; MACEDO, 1995; BARBIERI, 2007). Conforme Epelbaum (2004), nos últimos dez anos surgiram diversos instrumentos legais no Brasil, visando à implementação de auditorias ambientais, seja associado aos processos de licenciamento ambiental seja como instrumento de fiscalização. Conforme se verifica na tabela abaixo existem diversos tipos de auditoria com objetivos específicos de averiguação: Quadro 17: Tipos de auditorias ambientais TIPO Conformidade Legal OBJETIVO Verificação do cumprimento de requisitos legais. “Due Diligence53” Verificação das possíveis responsabilidades e custos ambientais envolvidos, normalmente dentro de um processo de aquisição/fusão. Verificação da potencialidade da existência de passivos ambientais. Caracterização ou mapeamento da situação quanto aos aspectos e controles ambientais, incluindo o gerenciamento de resíduos, visando subsidiar um futuro programa de melhoria. Programa regular de auditorias efetuadas por auditores especialistas, baseadas em manuais corporativos. Passivos Ambientais Controle Ambiental Auditoria Ambiental Corporativa SGA Certificação Sustentabilidade Seguro Verificação interna da adequação e conformidade dos elementos do SGA. Verificação externa da adequação e conformidade dos elementos do SGA, seguindo os critérios de credenciamento dos governos. Verificação do cumprimento de critérios de sustentabilidade Verificação do grau de risco da empresa para fins de definição do prêmio do seguro. REFERÊNCIA Legislação específica a ser atendida. ISO 14.015 CETESB/ ISO 14.015 ISO 14.015 Protocolos específicos de cada empresa, ISO 14.015, GEMI ISO19.011 ISO 19.011 DJSI, FTSE Critérios das seguradoras Fonte: Epelbaum (2004) A auditoria ambiental tratada pelas normas ISO 14.000 é uma avaliação periódica para verificar o funcionamento do sistema de gestão ambiental, ou seja, é um processo permanente de coleta e análise de dados e informações para verificar a situação atual das questões ambientais pertinentes à organização para prever as tendências futuras com base em indicadores previamente estabelecidos (itens 3.14 e 4.5.5 da norma). Vale esclarecer que a periodicidade determinada pela norma é fixa, não havendo qualquer variável que possa alterar o seu prazo, de um ano, para reavaliação. Elas são instrumentos de gestão ambiental que podem ser utilizados tanto para iniciar a implantação de um SGA, quanto para verificar como ela está funcionando e se as práticas da 53 Diligência devida. empresa estão coerentes com as políticas, os objetivos e as metas estabelecidas (BARBIERI, 2007). Conforme Macedo (1995), as auditorias podem ser realizadas através de equipes próprias e de empresas contratadas especificamente para essa finalidade, entretanto, não podem os mesmos ter qualquer tipo de interesse nos resultados da auditoria, caracterizando-se como um tipo exógeno de controle. A necessidade de imparcialidade na execução da auditoria se justifica para garantir a mantença do padrão de exigência para observação do atendimento das metas e objetivos determinados e da melhoria contínua do sistema. Saliente-se, todavia, que a aludida imparcialidade é necessária não havendo mecanismos de garantia da mesma. Valendo comentar, entretanto, que no que concerne às auditorias externas, os organismos certificadores tem seus honorários de auditoria de certificação pagos pelos empreendimentos, sendo, pois ponto frágil no tocante à mencionada imparcialidade. Quanto aos indicadores previamente estabelecidos são captados das fases de avaliação de aspectos e impactos ambientais e servirão para averiguação constante, elaboração de objetivos e observância das metas para atingir-se a melhoria contínua, mola propulsora do sistema proposto pela ISO Ambiental. Das Auditorias Internas: Conforme já mencionado as auditorias iniciais para implantação do SGA, no TECAB, foram conduzidas por consultoria particular que deu diretrizes norteadoras para a implantação e certificação do sistema. O Sistema de Gestão Integrado do TECAB possui procedimentos para o planejamento e implementação de auditorias internas independentes para verificar se as atividades do sistema e respectivos resultados estão em conformidade com as disposições planejadas, adequados à norma de referência e para determinar a eficácia do sistema. Conforme o Manual de Gestão Integrada TECAB, as auditorias internas são programadas com base na situação atual da empresa e devem executadas por pessoal qualificado e independente daquele que tem responsabilidade direta pela atividade auditada. No aludido manual cada um dos processos deve ser auditado pelo menos uma vez ao ano; tendo sido este fato confirmado pelos estudos de campo e registros da empresa; uma vez que a recertificação é anual e antecedida pelas mencionadas auditorias. Das Auditorias Externas: As auditorias externas as quais o empreendimento foi submetido foram realizadas por terceira parte, qual seja, Fundação Vanzolini (FCAV), com fito de averiguação do Sistema de Gestão Integrada implantado e sua adequação às normas ISO 9.001 e ISO 14.001 para obtenção de certificação inicial e recertificações dos sistemas, tendo as mesmas sido obtidas. 1. Internas: também chamadas de auditorias de primeira parte, as conduzidas pela própria organização, ou em seu nome, para propósitos internos e podem formar a base para a autodeclaração de conformidade com os requisitos do sistema. Auditorias do SGA (Fonte: Barbieri, 2007) • 2.1. auditorias de segunda parte: conduzidas pelas partes que tem interesse pela organização, tais como clientes ou por outras pessoas em seu nome. • 2.2. auditorias de terceira parte: conduzidas por organizações externas independentes. Tais organizações fornecem certificados ou registros de conformidade com requisitos constantes em documentos normativos, como os da normas NBR ISO 14.001. 2. Externas Quadro 18: Tipos de auditoria 4.3.1.8. Da Certificação Para Oliveira e Wehrmann (2008), a organização ou produtor que busca a obtenção de selos para diferenciação de seus produtos, serviços e processos submete-se a uma certificação de conformidade, atendendo aos requisitos pré-estabelecidos por um conjunto de normas ou referencial técnico, e passando por um mecanismo de controle reconhecido. Sendo constatado o atendimento aos requisitos, há a emissão de um documento de certificação. Assim, como bem observado por Moura (1998), a certificação do Sistema de Gestão Ambiental é um procedimento para ter um reconhecimento público do seu sistema. Cajazeira (1998) justifica que o conceito de certificação surgiu em função da descrença dos consumidores quanto às declarações de desempenho ambiental advindas da classe empresarial. Neste conceito, uma empresa idônea e independente (certificadora), através de uma auditoria onde são constatadas evidências objetivas de conformidade, atesta que uma organização é capaz de atender a uma série de requisitos descritos em um padrão normativo. Neste procedimento uma terceira parte dá garantia escrita de que um produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados (MOURA, 1998; BARBIERI, 2007). Para efeito de certificação, registro ou autodeclaração, a organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar um sistema de gestão ambiental em conformidade com os requisitos descritos na norma. (BISPO e CAZARINI, 2006; BARBIERI, 2007). A despeito de ser voluntária, a certificação por meio destas normas torna-se importante para aquelas empresas que desejem manter sua parcela de mercado. De maneira diversa das leis e regulamentos técnicos ambientais, que são compulsórios e seu não-cumprimento passível de penalidade, estas normas são voluntárias e sua inobservância não acarreta sanções legais. No caso da norma ambiental voluntária, portanto, é o mercado que ditas as regras, muitas vezes fechando as portas para regiões de grande interesse econômico (LA ROVERE, 2001). A certificação ambiental como um mecanismo inerente às práticas comerciais, ainda de maior importância no âmbito internacional, pode ser vista como uma resposta do próprio mercado à incapacidade institucional (VIANA et al., 2003). Segundo Bispo e Cazarini (2006) a certificação pela ISO 14.001:2004 é alcançada por um processo de cinco etapas: 1) solicitação do registro; 2) revisão da documentação do SGA; 3) revisão preliminar no local; 4) auditoria de certificação; e 5) determinação da certificação. No Brasil, conforme Barbieri (2007) os critérios a serem atendidos pelos órgãos que desejam ser certificador são estabelecidos pelo Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO), conforme estabelecido pela lei federal 5.966/73. Sendo posteriormente o organismo de certificação, credenciado, registrado pelo INMETRO, que é órgão executivo do SINMETRO (BARBIERI, 2007). A certificação, inserida no corpo conceitual da avaliação da conformidade, é o conjunto de procedimentos (observações, registros, análises e pareceres) desenvolvido a fim de garantir que certo produto, processo ou serviço possui algum diferencial caracterizado através de normas ou padrões pré-estabelecidos. Esta diferenciação muitas vezes é referida como qualidade (OLIVEIRA e WEHRMANN, 2008). O empreendimento em estudo recebeu certificação ISO 9.001 e ISO 14.001, concomitantes, através da entidade certificadora FCAV, na data de 09 de novembro de 2005, conforme figura 14. Após esta foi observado que o empreendimento obteve todas as demais recertificações a partir da observância plena da metodologia da norma, tendo sido mantidos os padrões de consultoria externa e auditorias, bem como órgão certificador. Entidade certificadora Certificados obtidos Órgãos ratificadores Figura 14: Da Certificação Obtida Validade da certificação Fonte: TECAB Quadro 19: Organismos envolvidos na certificação no Brasil Organismo Nomenclatura Instituto Nacional de Credenciador Metrologia, Normalização e Qualidade (INMETRO) Normalizador Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Certificadores (diversos – conforme tabela a seguir) 54 Atribuições Responsável pela habilitação dos organismos certificadores, estabelecendo critérios e verificando o desempenho desses organismos. Publica as normas técnicas, sendo mantida pelas empresas associadas e pela venda das normas. São organismos sem fins lucrativos que realizam as auditorias nas empresas54. Baseados em critérios do INMETRO e nas normas da ABNT, verificam a conformidade das políticas, sistemas e ações das empresas às normas, sendo autorizadas a emitir um certificado de conformidade às normas. Os organismos certificadores são pagos pelas empresas interessadas em obter a certificação. Quadro 20: Entidades certificadoras atuantes no Brasil Fonte: INMETRO (http://www.inmetro.gov.br/organismos/ consultado em 16/10/07) Entidade Credenciadora TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas Bureau Acta de Certificação – QL BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda. Lloyd`s Register do Brasil Ltda. ABS – Quality Evaluations Inc. BRTÜV Avaliações da Qualidade Ltda. BSI BRASIL CERTA - Certificadores Associados Ltda. Det Norske Veritas Ltda. DQS do Brasil Ltda. FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini GLC - Germanischer Lloyd Certification South America Ltda. Instituto Falcão Bauer da Qualidade – IFBQ RINA – Societá per Azioni SGS ICS Certificadora Ltda TÜV Rheinland Brasil UCIEE – União Certificadora Para Controle de Conformidade de Produtos, Processos e Serviços. UL Underwriters Laboratories Inc IRAM - Instituto Argentino do Normalización Perry Johnson Registrars, Inc. LATU Sistemas S/A. Local de Origem Paraná Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo Argentina Estados Unidos Uruguai 4.3.1.9 Do Replanejamento O objetivo desta etapa é verificar como está implementada a gestão ambiental da empresa, o controle operacional e a conformidade com as metas e objetivos estabelecidos. A fase que consagra a gestão da qualidade ambiental refere-se ao replanejamento. Em síntese, significa tomar os instrumentos da gestão mais aderentes e sensíveis à realidade ambiental ocorrente, demonstrada através das monitorações, inspeções e auditorias realizadas (MACEDO, 1995). O replanejamento é resultante da execução de controle operacional que, nas palavras de Moura (1998), são concebidos para assegurar que o nível de desempenho ambiental esteja de acordo com a política, objetivos e metas, ou seja, devem permitir uma verificação constante dos requisitos e metas estabelecidos. Assim, o monitoramento do sistema, ou controle operacional, constante é imprescindível para o funcionamento do sistema de gestão ambiental e garantia do cumprimento dos compromissos. Na falta de controles, poderiam ocorrer desvios em relação aos objetivos e metas ambientais, ou da própria política ambiental (MOURA, 1998). Tal revisão direciona mudanças na política, objetivos e demais elementos do sistema, de acordo com os resultados de auditorias, controles, monitoramento, mudanças estruturais e organizacionais, compromissos com a melhoria contínua, avaliação do comprometimento com o SGA e verificação do desempenho ambiental. Além disso, podem ser incluídas ações de política ambiental mais ambiciosas que as do ciclo anterior (FREIRE, 2000). Vale observar que os resultados das auditorias são registrados e fazem parte da checagem descrita pela metodologia da norma, a qual possibilita o andamento do sistema.Os registros de auditoria incluem: atividades, área e processos auditados; não-conformidades encontradas; estado das ações pendentes da última auditoria e recomendações para melhoria. Os procedimentos de ação corretiva e preventiva são usados para acompanhar a implantação e eficácia das ações tomadas a partir dos relatórios de auditoria interna. Assim o replanejamento do sistema tem como bases os dados obtidos através das auditorias e demais controles operacionais relacionados às metas ambientais. 4.4 Do Cruzamento entre Dados e Informações A partir dos itens comentados sentiu-se a necessidade premente de se fazer um cruzamento dos dados obtidos no estudo de caso com as informações e comentários arrolados em sede de revisão bibliográfica. Assim, temos a tabela abaixo: Quadro 21: Dados relativos ao SGA da empresa em estudo Critério Abordagem Valor Concepção Atitude Perfil do TECAB Referência Controle e prevenção da poluição. Quadro 4 Lucro, eficiência e qualidade ambiental. Quadro 4 Aumento dos lucros e de vantagens competitivas no longo prazo. Reduzir resíduos no processo produtivo e Quadro 4 Quadro 4 Preocupação Básica desenvolver maior política de segurança. Competitividade. Quadro 5 Postura Típica Reativa. Quadro 5 Ações Típicas Corretivas e preventivas. Conservação e substituição de insumos. Uso de tecnologias limpas. Vantagens competitivas. Quadro 5 Periódico. Quadro 5 Percepção dos Empresários e Administrativos Envolvimento a Alta Administração Áreas Envolvidas Funções Gerenciais/ Administração Geral Administração Jurídico Administração Financeira Administração Recursos Humanos Produção e Manutenção Desenvolvimento de produtos e processo Marketing Compras Distribuição Crescente envolvimento de outras áreas. Existe um responsável dentro da estrutura organizacional. A diretoria é o nível mais alto para o trato das questões ambientais. Existem compromissos formais estabelecidos na política ambiental. A importância da questão não está limitada ao atendimento à legislação ambiental. Preocupadas com a imagem e em alcançar novos mercados. Conhece integralmente a legislação. Contrata consultoria externa para a sua atualização. Os investimentos representam entre 1 a 2% dos investimentos totais. Definidos com base nos projetos gerados internamente de forma espontânea. Os ganhos financeiros estão atrelados a redução do desperdício, relacionada aos insumos água e energia elétrica, e a comercialização dos resíduos. Possui um programa de educação ambiental voltado para ações básicas como a coleta seletiva de lixo, e desenvolvido informalmente através de palestras. Freqüência anual – dia do meio ambiente. Possui um sistema de gestão ambiental certificado pela ISO 14.001. Faz o levantamento e avaliação dos aspectos e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Realiza auditorias ambientais internas. Os indicadores ambientais foram estabelecidos com base nos padrões legais. Adota uma sistemática de melhoria contínua dos indicadores ambientais. Desenvolve tecnologias para minimizar o impacto ambiental de seus processos produtivos. Produtos certificados com o selo verde. Utiliza a sistemática de atendimento ao cliente para tratamento das reclamações das partes interessadas. Não produz relatórios de performance ambiental. Percebe a preocupação ambiental de seus concorrentes. Está começando a identificar algumas vantagens competitivas com a questão ambiental. (Conduta Intermediária) Adota parcialmente padrões ambientais aos seus fornecedores de serviços. Adota critérios rigorosos de prevenção da poluição Quadro 5 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Quadro 6 Área de Abrangência para distribuição dos seus produtos. Adota medidas preventivas para evitar acidentes Todo o sítio empresarial. Dados de campo (Manual de Implantação do Sistema de Gestão Integrada do TECAB) Decisão pela implantação Alta administração. Dados de campo (Manual de Implantação do Sistema de Gestão Integrada do TECAB) Tipo de Sistema de Gestão Elaboração da Política Ambiental Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais Acompanhamento da Legislação Certificação Replanejamentos Gestão Integrada ISO 14.000/9.000 (meio ambiente e qualidade). Dados de campo (Manual de Implantação do Sistema de Gestão Integrada do TECAB) Alta Administração. Dados de campo Por consultoria externa Dados de campo Por assinatura (Legis Ambiental) Fundação Vanzolini Consultoria externa e funcionários da direção Dados de campo Dados de campo Dados de campo 5. RESULTADO E DISCUSSÃO 5.1. Análise da Percepção Ambiental das Partes Interessadas a partir do Estudo de Caso Este item teve por objetivo realizar uma análise da percepção ambiental das partes interessadas do empreendimento objeto do estudo de caso em função da importância dos mesmos para o êxito do SGA. Entendendo-se a expressão “parte interessada”, conforme o item 3.13 da norma ambiental, o indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização. Para tanto, foi avaliado o nível de compreensão e relevância quanto ao fator ambiental na empresa após a certificação ambiental servindo, portanto, como termômetro do sistema implantado para futuras correções na fase de revalidação da certificação. Neste contexto, valorizaram-se aspectos subjetivos tais como: memória, percepção e atitude relacionadas ao empreendimento e ao sistema de gestão ambiental, bem como aspectos objetivos ligados à Política Ambiental formulada pela empresa. Conforme já comentado, num sistema de gestão ambiental, no modelo da ISO 14.001, a política ambiental tem grande relevância uma vez que a partir da elaboração desta estabelecerse-ão metas e objetivos que farão parte de toda a metodologia operacional do sistema. Segundo o item 3.11 da norma ABNT NBR ISO 14.001:2004, política ambiental são as intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho ambiental conforme formalmente expresso pela alta administração. Como já dito em item pertinente, a elaboração da política ambiental é a base para o estabelecimento das metas de melhoria ambiental contínua a serem atingidas pelo sistema, sendo um dos momentos iniciais da implantação. A norma recomenda ainda que a política ambiental seja comunicada a todas as pessoas que trabalham para a organização ou que atuem em seu nome, incluindo os prestadores de serviço que trabalham na instalação da organização (itens A.2 e 4.2, f). Assim política ambiental da empresa deve ser de pleno conhecimento e entendimento dos segmentos envolvidos com o empreendimento, quais sejam: funcionários, fornecedores, terceirizados e clientes - setores estes descritos como “partes interessadas” - para o bom funcionamento do sistema. Para dar-se este conhecimento devem ser realizadas atividades de sensibilização ambiental para a larga difusão da Política Ambiental, bem como, efetuados treinamentos de diversos tipos, inclusive a capacitação de auditores internos. A razão que fomenta a importância do conhecimento da política ambiental do empreendimento, bem como do sistema de gestão ambiental implantado, está intimamente relacionada com a consciência, pelas partes interessadas, dos impactos ambientais que podem ser gerados pela atividade desenvolvida, com a finalidade de minimizá-los. Vale, ainda, ressaltar que o conhecimento da política ambiental pelas partes interessadas é um dos fatores avaliados nas fases de auditoria de certificação e recertificação, sendo, portanto, ponto de extrema importância para aquisição e mantença do selo ambiental. Saliente-se que o item conhecimento da política ambiental é basilar no sistema de gestão ambiental proposto pela NBR ISO 14.001:2004, valendo o alerta feito por Gavronski (2003) que argumenta que pode-se estar fazendo com que empresas busquem a certificação sem maior conscientização interna, e isto é um fator importante a ser corrigido se se busca utilizar a gestão ambiental como instrumento eficaz. A partir desta observação, restou clara a importância de se averiguar a percepção das partes interessadas como meio de se avaliar a compreensão da importância da gestão ambiental implantada, bem como, sua visibilidade. Segundo Coimbra (2004), percepção é um substantivo que se aplica ao ato, ao processo de perceber, assim como ao resultado dessas ações. Perceber, por seu turno, vem da língua latina: percípere (per = bem, como intensidade + cápere = apanhar, pegar, captar). Neste sentido, "perceber" um fato, um fenômeno ou uma realidade, significa "captá-los bem", dar-se conta deles com alguma profundidade, não apenas superficialmente. Conforme Pinheiro (1997), a percepção ambiental pode, ainda, ser definida como um fenômeno psico-social em que os processos cognitivos e afetivos estão implicados na representação do ambiente, tanto na esfera individual como na coletiva. A percepção é o primeiro passo no processo de conhecimento. Dela dependem aspectos teóricos e aplicações práticas. Se esse primeiro passo falseia, o conhecimento não atingirá seu objetivo; e a inteligência (ou entendimento) pode seguir numa direção errada. Se a percepção é falha, os juízos e raciocínios chegarão a conclusões falsas ou equivocadas. [...] O mesmo sucede quanto a análises e práticas relacionadas com o meio ambiente (COIMBRA, 2004). Este é o esforço consciente que nos incumbe: passar da obscuridade à claridade, do subjetivismo à objetividade, da dúvida à certeza. Por isso, a percepção ambiental deverá ser trabalhada nas esferas específicas do indivíduo, da comunidade, da profissão e da cidadania (COIMBRA, 2004). Para Demajorovic (2003) é possível também modificar a percepção da organização com relação à variável socioambiental. Ao invés de ser entendida como uma necessidade para cumprir a regulação, passa a ser um componente da melhoria de qualidade. A reciclagem é entendida como um imperativo de que os resíduos, antes entendidos como subprodutos não desejáveis do processo de produção, sejam reutilizados como novos insumos para o mesmo processo ou para outros, e a visão da prevenção afirma-se diante da visão tradicional do controle. Os dados colhidos, conforme descrição feita no capítulo atinente à metodologia (item 3 desta dissertação) apresentaram as seguintes contestações: Tabela 8: Respostas para avaliação da percepção ambiental QUESTÕES FUNCIONÁRIOS SIM NÃO PRESTADORES DE SERVIÇO CLIENTES SIM NÃO SIM TOTAL NÃO Política Ambiental 19 1 2 18 5 1 46 Diminuição da 19 1 17 3 6 0 46 Melhoria no serviço 19 1 17 3 6 0 46 Diminuição do 19 1 20 0 5 1 46 Atitudes 19 1 8 12 1 5 46 Sugestões 15 5 5 15 5 1 46 Influência na 18 2 15 5 4 2 46 19 1 12 8 5 1 46 poluição desperdício aquisição de produtos Mudança pós – certificação A tabela acima demonstra incongruências importantes. Em princípio, no que se refere ao conhecimento da política ambiental do empreendimento temos, noo grupo dos funcionários e clientes, quase sua totalidade afirmou conhecer a política, política sendo 95% dos funcionários e 83,3% dos clientes afirma ter conhecimento, em oposição aos 10% dos motoristas prestadores de serviço que alegam conhecer a política ambiental. Esse resultado implica numa possível conclusão conclusão quanto à falta de suficiente sensibilização e envolvimento no que concerne a este grupo de partes interessadas no programa de gestão ambiental do empreendimento. empreendimento Funcionários Clientes Prestadores de Serviços 0% 20% 40% 60% 80% 100% Gráfico 10: Conhecimento da política ambiental pelas partes interessadas No que se refere à relação entre diminuição da poluição e implantação do sistema de gestão ambiental os resultados se apresentaram mais equilibrados: 100% dos clientes, 95% dos funcionários do empreendimento e 85% dos prestadores de serviço acreditam que a implantação ção de um sistema de gestão ambiental contribui para a diminuição da poluição. Funcionários Clientes Prestadores de Serviços 70% 80% 90% 100% Gráfico 11: Implantação de um sistema de gestão ambiental e poluição O mesmo ocorre com a percepção entre sistema de gestão ambiental e melhoria do serviço e sistema de gestão ambiental e diminuição do desperdício, favorecendo a conclusão de que estas partes interessadas tem uma avaliação positiva da gestão ambiental implantada. Quanto aos itens relacionados ao nível de envolvimento das partes interessadas em relação ao sistema istema de gestão ambiental temos; quanto às atitudes 95% dos funcionários do empreendimento diz contribuir com atitudes para o bom funcionamento da gestão ambiental em contraponto dos 40% de prestadores de serviço e 17% dos clientes que alegam contribuir com ações. Quanto às sugestões o quadro se modifica sensivelmente, apresentando índices de 83% de clientes, 75% dos funcionários e 25% de prestadores de serviço afirmam contribuir com algum tipo de sugestão. 100% 80% 60% Funcionários Clientes P. Serviço 40% 20% 0% Atitudes Sugestões Gráfico 12: Contribuição com atitudes e sugestões pelas partes interessadas Em relação aos funcionários e prestadores de serviço houve ainda uma terceira questão aplicada para avaliar-se o nível de envolvimento, essa questão abordou se a política ambiental da empresa influenciou em suas atitudes fora da empresa. Os resultados demonstraram que 90% dos funcionários e 55% dos prestadores de serviços responderam positivamente. Quanto à percepção relacionada à própria certificação ambiental em relação à aquisição de produtos e serviços os dados obtidos demonstraram que 90% dos funcionários, 75% dos prestadores de serviço e 67% dos clientes afirmaram a influência da certificação na decisão de aquisição do produto/serviço, demonstrando um certo equilíbrio entre as partes. O mesmo ocorreu quanto à percepção de mudança significativa do empreendimento após a implantação do sistema de gestão ambiental com resultados de 95% quanto aos funcionários, 83% quanto aos clientes e 60% quanto aos prestadores de serviço haverem observado mudanças. Dos dados acima apresentados cabe destacar a acentuada discrepância relacionada ao conhecimento da política ambiental, especialmente ao baixo índice (10%) de respondentes do grupo dos prestadores de serviço que afirmaram conhecer a política ambiental do empreendimento, apontando problemas na implantação do sistema de gestão ambiental. Esse fator demonstra, e confirma o acima comentado, quanto à existência de falhas no que se refere ao processo de sensibilização do grupo de prestadores de serviço e sugere a necessidade de se implantar medidas de conscientização e divulgação da política ambiental do empreendimento mais efetivas para este grupo. A partir deste ponto tornou-se necessário enumerar os fatores que poderiam gerar tal discrepância. Como não há registros no empreendimento que comprovem a presença ou metodologia utilizada na fase de conscientização e havendo grande contraste entre os níveis de conhecimento da política afirmados por funcionários (95%) e prestadores de serviço (10%), é de se supor que foram efetuadas de maneiras diferentes. Por esta razão, a escolaridade e o tempo de serviço passaram a ser analisados para avaliar se eles interferem na capacidade de compreensão da importância do sistema de gestão ambiental implantado, bem como, de entendimento da política ambiental, considerando-se que quanto maior a escolaridade do indivíduo maior a capacidade de discernimento da importância da gestão ambiental. O levantamento de dados apresentou os seguintes resultados: Tabela 9: Da escolaridade Nível de Escolaridade Funcionários Prestadores de Serviço Fundamental Incompleto 20% 60% Fundamental Completo 5% 15% Médio Completo 70% 25% Superior 5% 0% Escolaridade Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Completo Superior 5% 20% 5% 70% Gráfico 13: Escolaridade dos funcionários Escolaridade Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Completo Superior 0% 25% 15% 60% Gráfico 14: Escolaridade dos Prestadores de Serviços Foi observado que os entrevistados funcionários da empresa têm em sua maioria ensino médio (70%), enquanto os prestadores de serviço na maioria possuem o nível fundamental incompleto (60%), razão que pode justificar a melhor compreensão por parte dos funcionários quanto à política ambiental. Quanto ao tempo de serviço considera-se que a participação, ainda que indireta, na fase de implantação do sistema de gestão ambiental e sua decorrente fase de sensibilização influenciariam diretamente na percepção da importância do fator ambiental. Na empresa em comento houve dois momentos de divulgação da política ambiental e sensibilização quanto ao sistema de gestão: o primeiro quando da pré-certificação (em 2005, ou seja, há 02 anos); e o segundo na 1ª. revalidação, ocorrida um ano após a certificação (em 2006, ou seja, há um ano). Para melhor compreensão deste quadro, a análise dos dados dividiu os indivíduos em 03 grupos sendo: conjunto A (tempo de serviço de 02 anos ou mais), conjunto B (tempo de serviço de 01 ano ou mais) e conjunto C (tempo de serviço inferior a 01 ano). Tabela 10: Tempo de serviço Tempo de Serviço Funcionários Prestadores de Serviço Conjunto A 70% 50% 10% 5% 20% 45% (≥ 2 anos) Conjunto B (≥ 1 ano < 2 anos) Conjunto C ( < 1 ano) Assim, em relação ao tempo de serviço os dados apresentados demonstram que em ambos os grupos a maioria participou da divulgação do sistema de gestão ambiental e conseqüente informação sobre a política ambiental do empreendimento em dois momentos, seja na fase pré-certificação (em 2005) ou na fase pré-revalidação (em 2006). Fazendo-se relação com demais dados do questionário temos que, dos 70%, empregados mais antigos do empreendimento, todos relatam conhecer a política ambiental do empreendimento e percebem mudança significativa no empreendimento após a implantação do Sistema de Gestão Ambiental. Quanto aos prestadores de serviço que exercem atividades na empresa a mais tempo (50%), apenas 17% afirmam conhecer a política ambiental do empreendimento e 67% percebem mudança significativa no empreendimento após a implantação do Sistema de Gestão Ambiental. Isto demonstra que, em que pese o maior tempo de atividades no pátio do TECAB, o grupo dos prestadores de serviço permanece com baixos níveis de compreensão e conhecimento da política ambiental da empresa onde atuam. 5.2 Análise e Diagnóstico dos Dados de Campo Das análises efetuadas por meio dos documentos do sistema de gestão ambiental e estudos de campo observou-se: A implantação da gestão integrada gerou algumas distorções no que concerne à avaliação da variável ambiental, uma vez que a instrumentalização análoga à ISO 9.000 desconsiderou as peculiaridades atinentes à questão e as responsabilidades decorrentes55, inclusive na ocorrência de evento danoso. Ademais o Manual de Implantação do Sistema de Gestão Integrada56, qualidade e meio ambiente, proposto pelo TECAB como instrumento norteador, apresenta notadamente um viés na qualidade, considerando de modo secundário a variável ambiental. Exemplarmente: “O TECAB define e gerencia os processos necessários para assegurar que os serviços atendam às necessidades dos clientes, por meio de um Sistema de Gestão Integrado estabelecido.” (item 4.1. – requisitos gerais – MSGI) “O nível de detalhamento e a extensão do sistema documentado são em função da complexidade dos serviços realizados, impactos frente à qualidade, além do nível de qualificação desejado para cada atividade.” (item 4.1. – requisitos gerais – MSGI) “[...] Nas análises críticas são levados em contas os fatores financeiros, de mercado e clientes, operacionais, tecnológicos e de 55 Responsabilidades penal, civil e administrativa. Documento que traça as principais diretrizes da empresa com relação à sua estruturação e estratégia, fazendo referência genérica aos procedimentos. 56 pessoal para a revisão e estabelecimento de novos objetivos.” (item 5.4.1 – objetivos do SGI: qualidade e meio ambiente) “A Presidência do TECAB garante que os processos são definidos, projetados, controlados e gerenciados tendo como base o foco no cliente, como também se responsabiliza por assegurar que as necessidades e expectativas dos clientes são determinadas e traduzidas em adequados requisitos internos de atendimento ao cliente.” (item 5.1 – comprometimento da administração) Essa informação é corroborada pelo enfoque dado à satisfação ao cliente, ao longo de todo documento, não mencionando a conservação ambiental. Entretanto, Barbieri (2007) aponta vantagens na implantação integrada de ambos os sistemas, como planejamento e coordenação unificados e o uso de procedimentos comuns para certas questões, como os controles operacionais e a gestão da documentação pertinente, afirmando a sinergia entre os sistemas como resultado esperado. O mesmo autor aponta, ainda, uma tendência para juntar as questões relativas à qualidade, ao meio ambiente, à segurança e à saúde, formando sistemas de gestão complexos pelo fato de tratarem de questões diferentes, mas bem menos do que criar e gerir sistemas separados para cada uma dessas questões. Pereira (2002) comenta que a adoção pela empresa da ISO 14.000 não exige uma certificação prévia pelas normas ISO 9.000, entretanto, a mesma autora, defende a conveniência de se obter ambas as certificações. Quanto aos requisitos legais, não há menção aos termos de contratos, conforme determina a norma, especialmente o contrato firmado com a Petrobrás, que expressamente determinou a certificação ambiental como exigência. Todos os contratos, que constituem compromissos ambientais, devem estar elencados, uma vez que fazem lei entre as partes e são de cumprimento obrigatório. A menção da norma ABNT 10.004:2004 deveria ser registrada no levantamento normativo, uma vez que a mesma estabelece as classes de resíduos, sendo caracterizado o resíduo do empreendimento por resíduos de combustíveis, classe I de resíduos perigosos, devendo sua destinação obedecer a rigorosos padrões. Por outro lado a planilha de aspectos e impactos quando dedica uma coluna à legislação com o fito de se relacionar diretamente aos impactos (anexo D), apresenta-se incompleta e pouco informativa. Quanto aos aspectos e impactos ambientais a opção por preencher ou suprimir itens impede a planilha de se tornar comparativa ano a ano, dificultando uma visão pormenorizada e sistêmica da evolução da gestão; ademais torna alguns itens pétreos, diminuindo a possibilidade de se superar um aspecto ambiental pela ausência da análise crítica, avaliandose planilha a planilha. A avaliação da melhoria contínua fica adstrita, portanto, à conferência do cumprimento das metas anteriormente estabelecidas. Considerando que aspecto ambiental é o elemento das atividades que pode interagir com o meio ambiente (item 3.6 da norma) e que decorrem dos recursos naturais, qualquer diminuição ou aumento de resíduos deve ser cuidadosamente analisada, não se podendo considerar qualquer indicador de modo definitivo, sendo que, conforme seja maturado o sistema os mesmos devem ser constantemente revistos. Após implantado o sistema e devidamente elaborado o Manual, este determinou a realização de “procedimentos documentados para identificar os aspectos ambientais das suas atividades e determinar aqueles que tenham impactos reais ou potencial sobre o Meio Ambiente”, assim a mera repetição dos dados compromete a otimização do sistema e vai de encontro com seus próprios ditames. Ademais, o Manual ainda consigna que: “Existe correlação entre os aspectos ambientais levantados e os objetivos ambientais definidos, e todas estas informações são constantemente atualizadas conforme procedimentos documentados e/ ou cumprimentos das metas.” Restando claro que a má elaboração de dados de diagnóstico compromete a avaliação de objetivos e metas atingidos e a serem buscados, e, por óbvio o funcionamento de todo o sistema que passa a ser subutilizado. Ademais, vale comentar, que a ausência destas documentações comparativas impediu a idéia inicial do trabalho de fazer-se uma avaliação da evolução do sistema por período. Por outro lado, observou-se, na planilha de aspectos e impactos ambientais do empreendimento objeto deste estudo, que os fatores ambientais contemplados restringiram-se a fatores do meio físico basicamente (água, ar e solo), omitindo-se, ou tratando-se superficialmente, aspectos biológicos (flora e fauna), ou mesmo fatores antrópicos57. Além disso, não foram consideradas as possíveis interações entre aspectos ambientais, que podem levar a outro conjunto de impactos ambientais não relacionados. Observou-se ainda que a avaliação feita considerou apenas condições normais de operação, não sendo computados dados relativos a situações anormais ou situações de risco ambiental. Contradizendo a recomendação de Cajazeira (1998) para quem o levantamento dos aspectos/impactos ambientais deve contemplar as atividades normais de operação, atividades anormais (paradas gerais de manutenção e repartidas operacionais, por exemplo) e atividades de risco ambiental. Conforme Lima-e-Silva et al. (2002), os danos ambientais causados por um empreendimento podem ser classificados em dois tipos de fenômenos muito diversos: os impactos advindos da operação normal de uma atividade e os impactos advindos de eventos acidentais, tendo ambos intensidades, durações e freqüências muito diferentes. Ainda segundo os mesmos autores, acidentes são os eventos que não estão programados para ocorrer dentro do processo normal de produção, e que caracterizam-se por uma seqüência de eventos inicialmente descontrolados, provocados por uma falha qualquer, de equipamento, humana ou externa, e que podem ocasionar danos inesperados, expressados tanto como prejuízos financeiros diretos, quanto ambientais, incluído-se as vidas humanas. Resta claro que a maior parte da destruição ambiental é causada pelas atividades antrópicas cotidianas, entretanto, não se pode olvidar que eventos acidentais podem apresentar características catastróficas. Outra questão, diz respeito aos pontos não contemplados pela avaliação. Tais como: Inobservância da alta rotatividade de caminhões pesados como aspecto ambiental e seus decorrentes impactos ambientais. Ora, a atividade do empreendimento em estudo, baseia-se no carregamento e descarregamento dos combustíveis armazenados. 57 A planilha apresenta itens denominados “perda da propriedade”, pode ser considerado como impacto antrópico, a partir da classificação jurídica de meio ambiente construído. A circulação deste combustível é feita em grande parte através dos caminhões que circulam tanto no pátio do TECAB quanto nas imediações, conforme se pode observar através do conjunto de imagens abaixo: Figura 15: Caminhão (branco) saindo do TECAB - caminhão (vermelho) em abastecimento de carga Figura 16: Caminhões aguardam chamada para retirada da carga Forte de Santa Catarina TECAB Figura 17: Caminhões aguardam carregamento ao longo das imediações do Forte de Santa Catarina Caminhão azul Caminhão branco Figura 18: Caminhão (branco) carregado deslocando-se do TECAB – caminhão (azul) apresentando-se para retirar sua carga Figura 19: Circulação de caminhões em frente ao patrimônio histórico Considerando uma situação de atividade normal e o fato do empreendimento estar imediatamente vizinho a um patrimônio histórico, a alta circulação de caminhões pode gerar, entre outros, impacto ambiental no monumento a partir tanto da trepidação decorrente da movimentação dos aludidos veículos, como das emissões gasosas decorrentes da queima de combustíveis próximos ao local. Utilizando-se dos critérios de avaliação aplicados pela consultoria contratada pelo empreendimento (indicadores Celpe – anexo E) temos, nesta hipótese, denominada A: Tabela 11: Cálculo da significância da circulação de caminhões próximos ao Forte de Santa Catarina Classificação Quanto à severidade Quanto à ocorrência Quanto ao tempo de duração Quanto à abrangência Quanto à legislação Quanto à imagem da organização Quanto à intensidade Quanto à probabilidade RESULTADO Critério Causa dano imediato à biota Real Irreversível Regional Há exigência legal Causa dano à imagem sem exposição na mídia Intensidade média Freqüente Impacto Significativo (>27) Pontuação 9 9 9 5 9 6 3 9 59 Ademais, considerando uma situação anormal de atividade, acidental ou incidental, somadas à periculosidade dos produtos transportados (todos eles catalogados pela Convenção da Basiléia de Produtos Perigosos) e à proximidade com a via estuarina, tal aspecto ambiental, pelo nível de significância não poderia haver sido omitido. Utilizando-se dos critérios de avaliação aplicados pela consultoria contratada pelo empreendimento (indicadores Celpe – anexo E) temos, nesta hipótese, denominada B: Tabela 12: Cálculo da significância de situação anormal relacionada aos produtos transportados e à proximidade com a via estuarina Classificação Quanto à severidade Quanto à ocorrência Quanto ao tempo de duração Quanto à abrangência Quanto à legislação Quanto à imagem da organização Quanto à intensidade Quanto à probabilidade RESULTADO Critério Causa dano imediato à biota Potencial Reversível Regional Há exigência legal Causa dano à imagem sem exposição na mídia Intensidade média Esporádico Impacto Significativo (>27) Pontuação 9 1 1 5 9 6 3 1 35 Além disso, apontamos a inobservância dos potenciais impactos ambientais da utilização de tubulação externa próximo ao corpo de água, conforme acima mencionado a circulação de combustíveis é realizada, também em grande parte, por meio de transporte aquaviário, através de navios-tanque. Sendo o combustível retirado dos mesmos e armazenado no TECAB por meio de tubulações externas que seguem do Porto de Cabedelo aos tanques, passando por entre o monumento histórico e margeando o estuário do rio Paraíba. Considerando tal proximidade com o rio e o mar, e a possibilidade de agentes naturais de corrosão (por meio da maresia), a que se considerar a possibilidade de vazamento de combustível como impacto e a necessidade de monitoramento constante desta tubulação com plano de ação. Utilizando-se dos critérios de avaliação aplicados pela consultoria contratada pelo empreendimento (indicadores Celpe – anexo E) temos, nesta hipótese, denominada C, temos: Tabela 13: Cálculo da significância do potencial vazamento de combustível em função da corrosão das tubulações Classificação Quanto à severidade Quanto à ocorrência Quanto ao tempo de duração Quanto à abrangência Quanto à legislação Quanto à imagem da organização Quanto à intensidade Quanto à probabilidade RESULTADO Critério Causa dano imediato à biota Potencial Reversível Regional Há exigência legal Causa dano à imagem sem exposição na mídia Intensidade baixa Freqüente Impacto Significativo (>27) Pontuação 9 1 5 5 9 6 1 9 45 Notadamente a proximidade do empreendimento com o estuário do Rio Paraíba dá a este elemento natural um caráter de fragilidade vez que exposto a possíveis danos e acidentes previsíveis ou não, fator este agravado pelas características do bem que se armazena, especialmente no que concerne aos combustíveis fósseis. Ademais, pelo Código Florestal Brasileiro (lei 4.771/65) caracteriza-se área de preservação permanente onde dever-se-ia manter ou recompor mata ciliar de corpo d’água, com o fito de proteção ao recurso hídrico. Entretanto, necessário observar a inexistência de qualquer componente vegetal ao longo de toda extensão da região estuarina demonstrando, assim, que a depredação da aludida área ciliar pode não estar relacionada diretamente com a atividade do empreendimento em estudo, mas, tão-somente, que o mesmo não envidou esforços para recomposição da área. Quanto à Política Ambiental, observa-se ausência de princípios orientadores, bem como de condições locais ou regionais específicas. Ademais, necessário se faz um trabalho mais acurado no que concerne o conhecimento da mesma pelos stakeholders deste empreendimento (item 6 desta dissertação). Quanto aos objetivos e metas, conforme anteriormente mencionado, segundo a norma em comento, para atingir os objetivos e as metas definidas, a organização deve estabelecer, implementar e manter programas, incluindo a atribuição de responsabilidade em cada função e nível pertinente e os meios e o prazo dentro do qual eles devem ser atingidos. Na empresa objeto do estudo este programa que contemplou objetivos e metas foi denominado “plano de ação”, em anexo, no qual observaram-se alguns erros metodológicos, quais sejam: 1- Considerou como “não-conformidades”, ações de implantação do sistema que apenas são observadas após a tomada de decisão pela aplicação da gestão, exemplarmente, não é exigível a um empreendimento a existência de política ambiental antes que o mesmo opte por um sistema de gestão ambiental com esta característica, portanto, não se pode considerar “não-conforme”, sendo, sim, uma medida de implantação do sistema a elaboração de uma política. 2- Tratamento do campus empresarial de forma indivisa dificultando a análise da fragilidade de cada setor. 3- Gradação das metas em percentagens iguais, todas em 100% (cem por cento), o que dificulta a percepção das prioridades. 4- Ausência de datação e indicação de responsável técnico pela avaliação. 5- Todos os itens apresentavam como ação a contratação de consultoria externa, sem que se cogitasse a possibilidade da capacitação de um gestor interno para implantar o sistema. 6- Distribuição de responsabilidades e atribuições feita a um número exíguo de pessoas favorecendo a sobrecarga de atividades e podendo comprometer a execução do sistema. Vale ressaltar, que o planejamento ambiental, como um processo de auxílio à tomada de decisão, requer o conhecimento da realidade para que se possa decidir pelas melhores alternativas e definir políticas adequadas. Nesse contexto, é fundamental obter informações de boa qualidade, bem formuladas e representativas dessa realidade (FIDALGO, 2003). Ademais, não foi considerada a capacidade de reabilitação do fator ambiental afetado por impactos negativos, nem foram inventariadas as instituições, direta e indiretamente, envolvidas na consecução de cada meta estabelecida. Quanto às auditorias, como supra citado, as auditorias iniciais para implantação do SGA foram conduzidas por consultoria particular que fez levantamentos de aspectos e impactos ambientais e deu diretrizes norteadoras para a implantação e certificação do sistema. Observaram-se, na condução do processo, destaque nos aspectos da qualidade e inobservâncias no que concerne às peculiaridades próprias da questão ambiental, que podem causar implicações tanto na esfera de autuações ou crimes ambientais quanto danos ambientais irreversíveis. No que concerne à percepção ambiental dos stakeholders foram observadas algumas diferenças importantes entre as partes interessadas no que concerne à percepção ambiental. No que se refere ao grupo dos funcionários constatamos alto índice de respostas afirmativas ao questionário. Das oito questões apresentadas seis obtiveram 95% de respostas positivas. Tal valor pode tanto refletir um bom nível de conscientização por parte dos envolvidos, ademais considerando seu nível de escolaridade (70% com ensino médio completo) e tempo de serviço (70% com dois anos ou mais de serviço), que são fatores que contribuem para uma melhor percepção. Entretanto, não podemos nos furtar de alertar que a exorbitância destes indicadores pode sugerir uma anomalia, talvez por temor servil, ainda que não tenha sido confirmada. Essa suposição pode ser reforçada, ainda, pelo fato de que o único item que apresentou menor incidência de respostas positivas foi aquele que diz respeito às sugestões para a melhoria do sistema de gestão ambiental (75%). Quanto ao grupo composto por prestadores de serviços observam-se algumas características interessantes. Em primeiro lugar os dados demonstram que a maioria deste grupo de partes interessadas acredita que um sistema de gestão ambiental contribui para a diminuição da poluição e do desperdício, bem como, melhora a qualidade do serviço prestado. Além disto, afirma que observou mudança significativa dentro da empresa após a implantação do sistema e que uma certificação ambiental o influenciaria na aquisição de um produto/serviço. Entretanto, apresenta pouca participação com ações e sugestões, bem como, pouco conhecimento da política ambiental do empreendimento o que pode se refletir num baixo compromisso e envolvimento com o sistema de gestão ambiental implantado. Em função da relevância da política ambiental para o sistema de gestão ambiental entende-se importante a grande incidência de respostas negativas quanto ao conhecimento da mesma. Enquanto os demais grupos (funcionários e clientes) apresentaram índices de conhecimento da política ambiental do empreendimento entre 95% e 83%, o grupo dos prestadores de serviços apresentou índice de apenas 10% dos respondentes afirmando conhecer a política ambiental da empresa onde exercem atividades. Estes dados foram cruzados com fatores como escolaridade e tempo de serviço e restou claro que a menor escolaridade do grupo de prestadores de serviço tem reflexo direto na sua capacidade de compreensão do sistema de gestão ambiental e da política ambiental. Entretanto, não foi confirmada a relação entre maior tempo de serviço e conhecimento da política ambiental do grupo de prestadores de serviço, mantendo-se índices de conhecimento da política ambiental pouco expressivos. Isso traduz um importante fator de fragilidade do sistema pois, uma vez não compreendida a política ambiental do empreendimento por pessoas que estão em atividade dentro do site empresarial, esse fator poderá comprometer todo o sistema seja por causar danos ou impactos ambientais em contra-senso com o ideário do sistema de gestão ambiental implantado, seja por ir de encontro aos altos investimentos na proposta ambiental. Quanto ao grupo dos clientes, a maior parte dos questionamentos feitos apresentou índices entre 100 e 67% de respostas afirmativas, refletindo um bom nível de percepção ambiental quanto ao sistema de gestão ambiental implantado. Ressalte-se, entretanto, que embora compreendam a importância da gestão ambiental a maioria não procura colaborar com atitudes para a melhoria do sistema e apenas 67% afirma que a certificação ambiental o influencia na aquisição de produtos e serviços, quiçá por não se vislumbrarem como partes integrantes do sistema em curso. Vale por fim citar que, tanto a rotatividade quanto a falta de envolvimento dos funcionários, bem como a falta de capacitação dos mesmos, são fatores apontados por Lustosa (2003) como barreiras observadas na implantação de um sistema de gestão ambiental. Não se pode olvidar, que um bom sistema de gestão ambiental é aquele que consegue integrar o maior número de partes interessadas (BARBIERI, 2007). Além disto, treinamento, conscientização e competência são de suma importância no processo de implantação ou adequação à ISO 14.001, podendo implicar em mudanças significativas na gestão e na cultura da empresa. Caso o treinamento não seja efetivo o bastante para quebrar a resistência à mudança, todas as demais etapas estarão comprometidas (FREIRE, 2000). Para Abreu et al.(2004) quando as exigências ambientais das partes interessadas são efetivas, elas interferem nas decisões estratégicas das empresas e podem ser considerados elementos essenciais na busca da sustentabilidade. O meio ambiente não deve ser encarado em suas dimensões ecológicas e econômicas apenas. As percepções humanas e as formas de utilização do meio ambiente e seus recursos são socialmente construídos e essas construções envolvem interesses, valores, expectativas e instituições que influenciam as interações humanas com o ambiente biofísico e social (RATTNER, 2005). No dizer de Moura (1998), é fundamental que exista na empresa uma conscientização adequada quanto à importância da questão ambiental, para o sucesso dos negócios da empresa e, às vezes, de sua própria sobrevivência. Conforme relato de Azevedo et al.(2005), empresas que adotam a educação ambiental de seus empregados como estratégia administrativa imprimem uma nova dinâmica em seu funcionamento, são em geral menos multadas e possuem um bom relacionamento com fornecedores e outros stakeholders que influem na órbita de relações da empresa. 6. Considerações Finais As análises feitas por este estudo, distantes de esgotar as possibilidades de reflexão sobre o tema, trouxeram as seguintes contribuições: Nos últimos anos, em todo mundo, as empresas, governo, empregados, ONG´s, associações e sindicatos ampliaram a discussão sobre o papel e a responsabilidade social das empresas, apoiados no consenso de que as empresas são parte da sociedade e, portanto, tem responsabilidade sobre ela. É indiscutível que as ações de uma empresa interferem na vida da comunidade (PEREIRA, 2002) e a sociedade impulsionada por mudanças culturais e de postura em relação ao meio ambiente, começa a cobrar adequação a novos princípios (FREIRE, 2000). A partir desta reflexão que resume a relação necessária entre meio ambiente e processo produtivo podemos observar a validade da norma ABNT NBR ISO 14.001:2004 como instrumento para se buscar um equilíbrio entre sociedade e natureza, não sendo, ressalte-se, solução miraculosa a resolver todos os impactos advindos do capitalismo, mas estratégia de enfrentamento e conscientização. A acurada observação feita acerca desta certificação trouxe algumas reflexões, quais sejam: Empresas que buscam padrões de sistemas de gestão e certificações pretendem no mínimo demonstrar preocupações ambientais nos seus processos ou serviços com o fito de se adequar a tendência global do desenvolvimento sustentável como bandeira política, ainda que instrumento de duvidosa ação. Para Grüninger e Oliveira (2002), entre outras, são vantagens trazidas pela padronização: ⇒ Consistência de procedimentos; ⇒ Desenvolvimento de sistemas de gerenciamento para garantir cumprimento e auditoria; ⇒ Claras definições para divulgação de informações auditadas; ⇒ Mecanismos de melhoria contínua; ⇒ Incentivo ao mercado para o “jogo limpo” A certificação exige uma postura e investimento que vão além do discurso – são métodos práticos que apresentam resultados ainda que estes possam ser modestos seja por aplicação incorreta seja por subutilização do sistema. Para o enfoque e a postura de sua política de meio ambiente quando acompanhados de SGA eficiente, tornam-se um verdadeiro diferencial entre as empresas que realmente buscam o seu aprimoramento e aquelas que apenas visam um certificado. (FREIRE, 2000) Segundo Viana et. al.(2003) seria conclusão incorreta de que as empresas preocupam-se somente com sua imagem perante o mercado, atuando em prol do meio ambiente só para efeito da melhoria desta. Se para muitas empresas, em princípio, a certificação possuía tão somente os aludidos objetivos, atualmente, com a institucionalização das preocupações ecológicas e ambientais, passa a existir o maior comprometimento das organizações diante das exigências sociais contemporâneas. Para Freire (2000) se, por um lado, as empresas visam adotar medidas que protejam o meio ambiente e proporcionem a elas alcançar um nível de desempenho ambiental cada vez melhor, por outro, o seu objetivo principal é manter seus mercados e garantir a continuação das atividades produtivas. Não podemos olvidar, como bem dito por Ribeiro (2003), que mesmo reduzindo parcialmente impactos ambientais – graças a leis relativas ao tratamento dos rejeitos industriais -, a produção econômica capitalista ainda é responsável pela segregação social, econômica e, é preciso ressaltar, ambiental da população da Terra. Corroborando este entendimento algumas das características da norma apresentadas neste trabalho apontam para a transição entre paradigmas, por exemplo, se refletindo em sua flexibilidade em aceitar soluções tecnicistas sem pensamento ambiental complexo, admitindo a mera mitigação. Além disto, observou-se que a norma não tem o condão de tornar exeqüível o desenvolvimento sustentável mas busca apenas compatibilizar a produção com a mitigação de impactos, ou seja, não garante a sustentabilidade ambiental mas é instrumento que permite a diminuição de resíduos e a reflexão no trato com os recursos ambientais58. Assim, conforme seus próprios preceitos, não se trata de modelo de excelência ambiental, mas, sim, de melhoria contínua baseada em metas, objetivos e planos de ação e partindo da metodologia do Ciclo Deming (PDCA) que proporciona a capacidade de auto-avaliação e 58 Ao contrário de alguns modelos de certificação, especialmente da cafeicultura, os padrões da norma ISO 14.001 não se declara promotor da sustentabilidade ou do desenvolvimento sustentável. observação constante do sistema visando problemas e oportunidades que devam surgir no seu próprio andamento. Conforme já comentado, o conceito de sustentabilidade exige uma análise complexa de fatores para além da matriz meramente ambiental. E, ainda que se restrinja o foco para o meio ambiente seria necessário avaliar suas interações, item este não exigido pelo regulamento em estudo, entretanto, tampouco por este proibido, devendo, sim ser estimulado em sede de plano de ação. Assim, esclareça-se, a norma ambiental trata essencialmente a questão ambiental, não incluindo qualquer aspecto social ou humano. Além disso, não define diretrizes ou políticas ambientais, apenas diz como chegar lá. (PEREIRA, 2002) A análise da natureza jurídica da norma ISO 14.001 apresentou sua classificação, qual seja, regra negocial, sendo contrato oneroso, de Direito Privado, de caráter voluntário, adstrita esta à eleição de implantação do sistema, tornando obrigatório o cumprimento de seus requisitos após a adesão, sob pena de comprometer a possível certificação. Quanto às escolas econômicas observa-se que a ISO Ambiental não considera a questão ambiental como mera externalidade, ou seja, embora não seja instrumento típico da economia ecológica tampouco está adstrito a visão de economia neo-clássica. Para Epelbaum (2004), a implantação do SGA 14.001 ajuda a empresa a se estruturar e visualizar oportunidades de melhoria. Este autor aponta diversos benefícios empresariais atingidos através da implantação do sistema. Destes benefícios restou observado que os mesmos poderiam ser divididos em duas vertentes, quais sejam, vantagem econômica e vantagem ambiental, e para melhor observação se construiu a tabela abaixo: Quadro 22: Vantagens da implantação da ISO 14.001 Vantagem Econômica Atender critérios de certificação para venda. Satisfazer critérios de investidores para aumentar o acesso ao capital. Melhorar a organização interna e a gestão global. Reduzir custos. Fonte: Dados de Epelbaum, 2004. Vantagem Ambiental Redução da poluição. Conservação de materiais e energia. Aumento da conscientização do pessoal. Aumento do desempenho ambiental dos fornecedores. Vale esclarecer que todas estas vantagens apontadas, na pesquisa realizada pelo autor em comento foram classificadas como plenamente atingidos, junto à melhoria do clima organizacional e da comunicação interna. Entretanto, a aplicação do sistema de gestão proposto pela ISO Ambiental não pode ser tomado como medida suficiente para o compromisso da indústria para com a conservação, e, sim, requisito mínimo exigível, como passo inicial para formulação de projetos cada vez mais elaborados de planejamento. Assim, embora muitas das vezes a gestão ambiental proposta pela ISO Ambiental seja apontada como medida reformista, considerando como tal aquela que apenas mitiga os danos sem resolver em profundidade os problemas ambientais gerados, com tendências de ecologismo de mercado; a mesma em nenhum momento se propõe a algo diverso desta concepção. Portanto, não se pode dar à normatização em estudo um poder que não lhe pertence, pois, assim como não há um monismo causal no que concerne a depredação ambiental advinda da Segunda Onda, sendo na verdade uma construção histórica que apenas recentemente passou a ser abordada convergindo uma conjunção de fatores; tampouco se pode crer num elixir a resolver a grave e complexa relação entre produção e meio ambiente a partir de um único meio. A ISO 14.000 não faz mediação ou remedição de conflitos de qualquer natureza, antes os mascara, diminuindo impactos da produção e desacelerando a bomba relógio dos impactos industriais. Sendo, saliente-se, estratégia que deve ser utilizada num plano mais abrangente, por exemplo, o Poder Público poderia se valer da certificação ambiental como forma de se evitar novos problemas; assim, em sede de proposição, tanto poderia ser exigida a certificação ambiental de empresas participantes de licitações públicas, como instrumento de política pública ambiental do tipo comando/controle59, tal como se faz com a comprovação negativa de débitos fiscais ou quiçá poder-se-ia propor a certificação ambiental de órgãos públicos de forma exemplar. Partindo-se do ponto que seu objetivo é a melhoria do padrão de qualidade ambiental na operacionalização da produção ou serviços e não a excelência ambiental, a norma torna-se 59 Objetivam alcançar as ações que degradam o meio ambiente, limitando ou condicionando o uso de bens, a realização de atividades e o exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade. (Barbieri, 2007) flexível ao ponto da mera mitigação, além de, por sua ausência de indicadores guia para sua implementação permitir gerar distorções na avaliação dos impactos, por exemplo. Ademais, observa-se que a norma, em função do mercado estar exigindo cada vez mais padronização em diversas esferas, tende a ser aplicada de maneira integrada com outros sistemas de gestão, como sói acontecer com a norma ISO 9.000; sem que se tenham as devidas cautelas com o trato com os impactos ambientais cujas conseqüências negativas podem ser bastante graves. Outrossim, a recomendação quanto à análise interdisciplinar deve ser fomentada, para tentar se diminuir as fragilidades inerentes ao próprio ordenamento em conjunto, uma avaliação mais acurada advinda de equipe de profissionais com formações diversas no trato ambiental seria imprescindível para a obtenção de avaliação mais precisa e resultados mais concretos. O estudo de caso avaliado foi emblemático para caracterizar o nível de gestão ambiental desenvolvida através dos instrumentos desenhados pela norma ISO 14.001, e, especialmente, no que concerne à pouca tradição para conservação ambiental por parte das indústrias brasileiras, conforme demonstrado, e, mais enfaticamente, no que concerne a incipiência da gestão ambiental padronizada na pauta das empresas do estado da Paraíba. A preocupação ambiental ainda é percebida por muitos, produtores e consumidores, como um custo adicional, sendo esta, quiçá uma possível explicação para a baixa expansão das certificações ambientais nos países de terceiro mundo. Aliado ao fato de que a entrada por parte destes países no mercado de exportações, de cuja exigência dos selos ambientais sói partir, se dá de forma lenta e tardia. Exemplarmente, observe-se que, sendo o Brasil um país amplamente reconhecido por seu patrimônio de recursos naturais e, estando, portanto, visado quanto a sua responsabilidade no que concerne a este bem, as empresas aqui localizadas necessitariam, em tese, de forma ainda mais contundente oferecer produtos e serviços que tenham monitoramento ambiental internacionalmente reconhecido. Todavia, o que ficou demonstrado é que, no que concerne a ISO Ambiental, uma cifra inexpressiva de certificações, qual seja, 1,68% das certificações do mundo foram validadas para empresas aqui localizadas. Ademais, no estudo de caso, restou claro que, embora tenha a empresa obtido a certificação, nitidamente o instrumento de gestão ambiental foi subutilizado, uma vez que o levantamento de dados inicial apresentou-se sobremaneira superficial e bastante distante dos impactos realmente significativos dentro da atividade do empreendimento. Vale ressaltar que um erro na fase de implantação compromete, por óbvio, todo o andamento posterior. A partir da avaliação da percepção ambiental dos stakeholders, observou-se, que aos funcionários necessário se faz estimular a curiosidade e instigar a criatividade para que possam se sentir partes atuantes e firmem verdadeiro compromisso com a política ambiental do empreendimento; nos estudos de campo foi constatado que o estimulo à educação ambiental estava restrito às datas comemorativas, não formulando um compromisso ambiental mais profundo. Quanto aos prestadores de serviços urge que se faça uma divulgação e esclarecimento da política ambiental e do sistema de gestão ambiental de forma mais ampla, utilizando-se estratégias que facilitem a compreensão dos mesmos no que concerne à sua importância para o bom funcionamento da gestão ambiental e na diminuição de acidentes, ambientais ou não. No que diz respeito ao grupo dos clientes é importante que os mesmos sejam estimulados a agir em prol do sistema de gestão ambiental implantado, entendendo-se como partes integrantes e observando que o sucesso do sistema de gestão ambiental tem reflexos positivos em seu próprio negócio. Tudo isso, com o intento de se instrumentalizar melhor o sistema de gestão ambiental implantado, se atingir as metas propostas pela política ambiental e ainda cumprir adequadamente os itens da norma relacionados à divulgação e conhecimento da política ambiental. Deve-se ressaltar ainda, conforme alerta de Azevedo et.al. (2005), que é difícil imaginar a educação dentro da empresa com uma abordagem emancipatória e que, quando se utiliza a educação ambiental para conseguir uma certificação (o que poderia ser mais apropriadamente chamado de treinamento para esta situação), o processo tende a ser curto e muito pontual, cessando tão logo se consigam os objetivos. Esses programas para implantação de ISO 14.001, com raras exceções, se resumem na identificação de aspectos e impactos ambientais além da aprendizagem dos procedimentos necessários para lidar com os riscos ambientais inerentes aos postos de trabalho. Normalmente, os encontros acontecem mais amiúde na época da implantação do sistema. Depois de implantado, os encontros acontecem com uma freqüência bastante baixa, quando acontecem. (AZEVEDO et.al., 2005) Diante disto, observadas características pontuais, propomos um trabalho de divulgação e esclarecimento da política ambiental e do sistema de gestão ambiental implantado, bem como, de educação ambiental periódico utilizando-se de metodologias que possam atingir as metas de sensibilização para cada perfil das partes interessadas. Essa educação ambiental para gestão, que aparece com uma “nova roupagem” neste cenário empresarial, é procurada justamente como um instrumento de maximização de resultados positivos dentro do sistema de gestão ambiental (Azevedo et al., 2005). Neste ponto vale lembrar acerca da responsabilidade ambiental, segundo Waldman (2003) a esta, como conceito social e não jurídico, é indispensável da noção de cidadania, devendo-se esta responsabilidade ser compartilhada e participativa nos mais diversos recortes sociais, políticos e econômicos, gerando parcerias necessárias à sua existência. Ainda para este autor, dentro desta concepção participativa teríamos a esfera da administração pública, a esfera social (donde estariam aqui elencadas as empresas) e a esfera individual através do cidadão. Por esta leitura pode-se observar que a ISO 14.001 seria um instrumento de responsabilidade socioambiental empresarial, nunca o único, e tampouco estratégia a ser utilizada isoladamente no amplo contexto de conservação ambiental – não como solução, mas como um dos meios. Vale ressaltar que esta norma visa, sem dúvida, resguardar a qualidade ambiental repensando seu processo produtivo em busca da alardeada produção sustentável. Entre outras observações, além da necessária educação ambiental de qualidade para aqueles que vivem a rotina da gestão ambiental empresarial, fica consignada aqui a idéia de se tornar a certificação ambiental item de exigência para contratos públicos, convergindo para a nova postura do ambientalismo a partir de um planejamento de metas exeqüíveis passo a passo e não de receitas miraculosas. Ademais, é importante atentar para o mau uso dos selos ambientais que por vezes aproveitando-se do desconhecimento das pessoas faz pensar que seus portadores são isentos de poluição. Fica aqui registrado que propagandas como “carvão ambientalmente correto certificado ISO 14.001[...]” depõem contra a própria certificação devendo ser, pois, proibidos pelos órgãos certificadores60, sendo esta mais uma proposição deste estudo. 60 Tal ação constituí inequivocadamente propaganda enganosa, sendo, portanto, contra a legislação em vigor. Enfim, como dito por Pereira (2002), o capitalismo egoísta precisa ceder lugar a novos paradigmas de gestão. Significa compreender que todas as coisas vivas estão interconectadas, sem nenhuma exceção. Significa aceitar que a velha forma de olhar o mundo já não serve, e que novas formas de administrar, liderar e conduzir os negócios podem ser encontradas através do entendimento de que o conhecimento interior de cada ser humano é o que está por trás de toda manifestação. Finalmente, significa gerir o conhecimento em prol da Natureza, lembrando sempre que o ser humano faz parte dela. REFERÊNCIAS ABREU, Mônica C. S. de. RADOS, Gregório J. Varvakis. FIGUEIREDO JR, Hugo S. de. As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE-eletrônica, v. 3, n. 2, Art. 17, jul./dez. 2004. Disponível em: <http://www.rae.com.br/eletronica> Acesso em 28 de abril de 2008. ACSELRAD, Henri. As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: Conflitos Ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 2004. ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. TERTULIANO, Marcos Faria. Diagnose dos sistemas ambientais: métodos e indicadores. In: Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. 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Pedimos sua participação respondendo às questões da seguinte forma: - não se identifique; - responda de maneira mais honesta possível marcando a alternativa que mais se aproxima de sua opinião. - não copie as respostas de seus colegas, esclareça suas dúvidas com a pesquisadora. 01. Cargo Ocupado:________________________ 02. Tempo de Serviço na Empresa:____________ 03. Sexo: ( ) masculino 04. ( ) feminino Nível de Escolaridade ( ) fundamental completo ( ) médio completo 05. Você é funcionário: ( ) da Empresa ( ) superior completo ( ) externo 06. Você conhece bem a Política Ambiental da Empresa? ( ) sim ( ) não 07. Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para diminuir a poluição? ( ) sim ( ) não 08. Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para melhorar a qualidade do serviço oferecido? ( ) sim ( ) não 09.Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para a diminuição do desperdício? ( ) sim ( ) não 10. Você contribui com atitudes para o bom funcionamento da gestão ambiental da Empresa? ( ) sim ( ) não 11. Você costuma fornecer sugestões para a melhoria da gestão ambiental da empresa? ( ) sim ( ) não 12. A política ambiental da empresa mudou suas atitudes ambientais fora da empresa? ( ) sim ( ) não 13. A certificação ambiental (ISO 14.001) influenciaria você na aquisição de um produto ou serviço? ( ) sim ( ) não 14. Você percebeu mudança significativa na Empresa após a implantação da gestão ambiental? ( ) sim ( ) não APÊNDICE B - Questionário aplicado aos clientes do empreendimento: QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS Este questionário visa colher dados para utilização na pesquisa “GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO: Estudos de casos em empresas certificadas ISO 14.001 no estado da Paraíba”, desenvolvida pela mestranda do PRODEMA/UFPB Rosa Virgínia Wanderley Diniz. Pedimos sua participação respondendo às questões da seguinte forma: - não se identifique; - responda de maneira mais honesta possível marcando a alternativa que mais se aproxima de sua opinião. 01. Você conhece bem a Política Ambiental da Empresa? ( ) sim ( ) não 02. Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para diminuir a poluição? ( ) sim ( ) não 03. Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para melhorar a qualidade do serviço oferecido? ( ) sim ( ) não 04.Você acredita que a gestão ambiental da empresa contribua para a diminuição do desperdício? ( ) sim ( ) não 05. Você contribui com atitudes para o bom funcionamento da gestão ambiental da Empresa? ( ) sim ( ) não 06. Você costuma fornecer sugestões para a melhoria da gestão ambiental da empresa? ( ) sim ( ) não 07. A certificação ambiental (ISO 14.001) influencia você na aquisição de um produto ou serviço? ( ) sim ( ) não 08. Você percebeu mudança significativa na Empresa após a implantação da gestão ambiental? ( ) sim ( ) não ANEXOS Anexo A – Do Plano de Ação Fonte: TECAB ASSUNTO: RELATÓRIO AMBIENTAL NÃO CONFORMIDADE Não evidenciado um planejamento ambiental para o novo empreendimento que se encontra em fase de construção. Como exemplo: foi evidenciado fio elétrico passando por cima das tubulações e bacias de contenções. Não evidenciado treinamento recente para atender situação de emergência. META 100 % 100 % AÇÃO / MEIO • • • Implementar; Treinar os envolvidos; Efetuar correção das operações incorretas • Efetuar novos treinamentos Fazer registro dos treinamentos Criar cronograma de treinamento Instruir colaboradores quanto à utilização da sirene Treinar colaboradores quanto ao uso da sirene e sua finalidade. Criar procedimentos para orientar visitantes, terceiros e novos colaboradores. Criar procedimentos para utilização de arma de fogo no interior das instalações Treinar colaboradores. Criar procedimentos Treinar colaboradores Efetuar registro Criar cronograma de treinamento Criar procedimentos Treinar funcionários de terceiros trabalhando no interior das instalações Orientar funcionários quanto ao significado e utilização da biruta • • Alguns colaboradores desconheciam o que fazer em caso da sirene ser acionada. • 100 % • Não evidenciado sistemática para orientar visitante, terceirizados, novos 100 % colaboradores quanto ao comportamento ambiental dentro do terminal. Não evidenciada orientação adequada para o pessoal de segurança, quanto à utilização de arma de fogo em parque de tancagens com produtos perigosos e 100 % inflamáveis. • Não havia evidencias de treinamento para funcionários e terceirizados em casos de emergência, como incêndio, 100% vazamentos, explosões, (último foi realizado - 30/01/03) Não havia evidencia de treinamento para os funcionários que estão trabalhando no canteiro de obra ou 100% terceiros quanto a rota de fuga nem ao uso de equiptos/EPIs. Todos os funcionários desconheciam o significado da Biruta (orientação como 100% rota de fuga) em caso de emergência Não evidenciado controle de versão das plantas (responsável técnico da planta: Antonio Manuel Baptista, CREA - SP 5061146718). Algumas se encontram desatualizadas. 1) Planta de tubulação da bacia de contenção (mudança de produto nos tanques 01 de álcool anidro para 100% gasolina e no tanque 02 de álcool anidro pra álcool hidratado) 2)Não possui mais na prática, as caixas de águas oleosas, no entanto encontra-se identificada como se existisse. 3)A posição da guarita mudou do centro para junto da edificação (prédio do escritório). • • • • • • • • • • Proceder a atualização das plantas conforme itens 1, 2 e 3. RESPONSÁVEL PRAZO Milton 31/03/2005 Milton 31/03/2005 Milton 28/02/2005 Milton 28/02/2005 Milton 28/02/2005 Milton 28/02/2005 Milton 28/02/2005 Milton 28/02/2005 Milton 31/03/2005 O manual de operação não estar aprovado, controlado quanto a sua versão e distribuição. • 100 % • • Na bancada de análise de combustível, poderia ser considerada utilização de 100 % uma bandeja de contenção para a coleta de amostras. Não evidenciada sistemática para identificação e implementação de planos de inspeções técnicas para avaliação das condições de operação e manutenção 100 % das instalações e equipamentos relacionados com os aspectos ambientais e de segurança significativos. Foi detectada fiação (gambiarra) energizada passando por dentro da bacia 100 % de contenção de combustíveis. Foram encontrados operadores utilizando radio de comunicação na área de carga/descarga, contrariando 100% procedimentos internos de segurança. (área classificada) O plano de ação para caso de situação de emergência, o kit praia e o kit 100 % emergência médica não estavam completos. Alguns telefones se encontravam desatualizados. 100 % Na bancada de análise de combustível, poderia ser considerada utilização de 100 % uma bandeja de contenção para a coleta de amostras. Não evidenciada sistemática para identificação e implementação de planos de inspeções técnicas para avaliação das condições de operação e manutenção 100 % das instalações e equipamentos relacionados com os aspectos ambientais e de segurança significativos. Foi detectada fiação (gambiarra) energizada passando por dentro da bacia 100 % de contenção de combustíveis. Foram encontrados operadores utilizando radio de comunicação na área de carga/descarga, contrariando 100% procedimentos internos de segurança. (área classificada) O plano de ação para caso de situação de emergência, o kit praia e o kit 100 % emergência médica não estavam completos. Revisar manual de operação Obter aprovação da administração Efetuar a distribuição -------------------- • Milton 30/04/2005 Milton Criar cronograma de inspeção das instalações e equipamentos Efetuar registro através de check list Botelho 31/03/2005 • Efetuar correção Milton Imediato • Verificar se rádios utilização na plataforma de carregamentos são a prova de explosão Completar kit praia Completar kit de emergência médica. • • • • Atualizar lista de telefones importantes (emergência) --------- • Milton Imediato Milton 28/02/2005 Milton Imediato Milton Criar cronograma de inspeção das instalações e equipamentos Efetuar registro através de check list Botelho 31/03/2005 • Efetuar correção Milton Imediato • Verificar se rádios utilização na plataforma de carregamentos são a prova de explosão Milton Completar kit praia Completar kit de emergência médica. Milton • • • Imediato 28/02/2005 Alguns telefones se encontravam desatualizados. • 100 % Atualizar lista de telefones importantes (emergência) Milton Imediato Anexo B: Planilha de Aspectos e Impactos Ambientais TECAB Fonte: TECAB Local / Regional Exigência legal 9 9 1 9 1 9 1 3 0 9 Incêndio Consumo de óleo diesel Aquecimento Global Esgotamento de Fontes 9 9 9 9 1 9 9 1 0 9 Vazamento de óleo Diesel Vazamento em baterias Contaminação do solo e corpos d’água 9 1 1 1 9 Contaminação do solo e corpos d’água 9 1 1 1 9 Emissão calor por combustão Purga do gerador Aquecimento Global 9 9 1 1 0 Contaminação do solo e corpos d’água 9 1 1 1 9 Explosão do transformador Explosão das baterias Ruído Perdas de propriedades 9 1 1 1 0 Perdas de propriedades Poluição Sonora 9 9 1 9 1 1 1 1 Degradação do solo 9 1 1 Perda de Propriedade Poluição atmosférica 9 9 1 9 Incêndio Aquecimento Global 9 Geração de resíduos de mangotes Contaminação do solo e corpos d’ água Geração de sucata de baterias e pilhas Geração de estopa contaminada 1. GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (Gerador) Incêndio Incêndio 2.UTILIZAÇÃO DE PARA RAIOS Escoamento de corrente elétrica para solo 3.MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DO TERMINAL Incêndio Incêndio Geração de sucata de metal, plástico e vidro 6 0 1 1 1 1 20 41 (-) (-) 0 0 1 1 1 1 30 23 (-) (-) 6 1 1 29 (-) 6 1 1 29 (-) 0 1 5 26 (-) CONAMA 357/05 - 0 1 1 23 (-) 6 1 1 20 (-) 0 9 CONAMA 01/90, NR 15 0 0 1 3 1 5 14 37 (-) (-) 1 0 - 0 1 1 14 (-) 5 9 3 3 0 9 6 0 1 1 1 1 26 41 (-) (-) 9 1 9 0 CONAMA 03/90 - 0 1 1 30 9 1 1 1 9 6 1 1 29 (-) (-) Contaminação do solo e corpos d’ água 9 1 1 1 9 6 1 1 29 (-) Contaminação do solo e corpos d’ água 9 9 5 1 9 CONAMA 357/05; NBR 10004 CONAMA 257/99; 357/05, 275/01 e NBR 10004 CONAMA 275/01; 357/05 e NBR 10004 CONAMA 275/01; 357/05 e NBR 6 1 1 41 Contaminação do solo e corpos d’ água 9 1 1 3 9 Legislação Positivo (+) Negativo (-) CONAMA 03/90 Resol. ANP 12/05 CONAMA 357/05 CONAMA 357/05 - Impacto Ambiental (Efeito) Ponto de Significância Probabilidade Reversível/Irreversível Perda de Propriedade Poluição atmosférica Elementos das Atividades/ Aspectos Ambientais (Causa) Imagem da Empresa Intensidade Real / Potencial D.GI.09 Edição: 25/04/2005 Prazo de Validade: 25/04/2006 Dano/Benefício Imediato à BIOTA AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS / IMPACTOS AMBIENTAIS Responsável: Milton (-) 6 1 1 31 (-) Lama de coque Contaminação do solo e corpos d’ água Geração de sucata de lâmpada fluorescente. Geração de sucata de peças e equipamentos inservíveis Ruído Contaminação do solo/atmosfera com mercúrio Contaminação do solo e corpos d’ água Esgotamento de Fontes Consumo de tintas Vazamento de tinta Consumo de ar comprimido Explosão do cilindro de armazenamento do compressor 4 OFICINA DE MANUTENÇÃO Incêndio Incêndio Alteração do ecossistema Contaminação do solo e corpos d’ água Alteração do ecossistema Incêndio Consumo de energia elétrica Aquecimento Global Esgotamento de Fontes Ruído Poluição sonora 1 3 9 9 1 1 3 0 9 1 5 3 0 9 1 1 1 9 9 1 1 5 9 9 9 1 1 1 1 3 1 0 0 9 9 1 1 9 1 1 3 10004 CONAMA 357/05 NBR 10004 6 1 1 39 (-) 6 1 1 22 (-) 6 1 1 26 (-) 0 1 1 23 (-) 0 1 1 27 (-) - 0 6 1 1 1 1 16 20 (-) (-) 0 - 0 1 1 22 (-) 0 - 6 1 1 22 (-) CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 01/90, NR 15 6 1 1 20 (-) 0 1 1 41 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 27 (-) 0 1 1 23 (-) NBR 10004 CONAMA 01/90, NR 15 Resol. ANEEL 456 (11/2000) Perda de propriedade Perda de Propriedade Poluição atmosférica Contaminação do solo e corpos d'água 9 1 1 1 0 9 9 9 3 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 1 1 1 9 9 1 1 1 0 - 6 1 1 20 (-) CONAMA 275/01 Resol. CONAMA 357/05 6 1 1 41 (-) 6 1 1 29 (-) 0 1 5 35 (-) 6 1 1 20 (-) 0 1 1 27 (-) 9 3 1 27 (-) Contaminação do solo e corpos d'água Geração de sucata de metal, vidro, plástico e papel Contaminação do solo e corpos d'água Emissão de gases por soldagem Poluição atmosférica Geração de resíduos por peças de reposição 5.MANUTENÇÃO PREDIAL Consumo de energia elétrica Contaminação do solo e corpos d'água Incêndio Incêndio Perda de Propriedade Poluição atmosférica Incêndio Consumo de tintas Aquecimento Global Alteração do Ecossistema Vazamento de tinta Contaminação do solo e corpos d'água Ruído Poluição sonora Geração de resíduo de vidro, metal, plástico e papel 9 Poluição sonora Consumo de energia elétrica Geração de sucata de borracha Geração de estopa contaminada 9 9 9 5 1 9 9 1 1 1 9 9 1 9 1 9 9 1 1 1 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 0 9 9 9 1 9 9 9 1 9 0 9 1 1 1 0 9 1 1 1 0 9 1 1 1 9 9 1 1 1 9 Esgotamento de fontes Contaminação do solo e corpos d'água CONAMA 275/01, 357/05 Resol. CONAMA 03 (06/1990) - Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 03/90 CONAMA 307/02 CONAMA 307/02 CONAMA 01/90, NR 15 CONAMA 275/01, 357/05, 307/02 0 1 1 39 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 14 (-) 6 1 1 20 (-) 0 1 1 23 (-) 6 1 1 29 (-) Geração de estopa contaminada Contaminação do solo e corpos d'água Geração de resíduo de fiação Contaminação do solo e corpos d'água Geração de resíduo de material de construção Contaminação do solo e corpos d'água 6 CONSUMO DE ÁGUA NO TERMINAL Consumo de energia elétrica Consumo de água Consumo de água 7. Armazenamento de óleo diesel/álcool/gasolina/ aditivos Consumo de energia elétrica Vazamento de produtos em tubulações Vazamento em tanques de armazenamento e caixa separadora de água e óleo Ruído Esgotamento de fontes Desperdício de Recursos Hídricos 9 9 1 1 1 9 9 1 1 3 9 CONAMA 275/01, 357/05 CONAMA 275/01, 357/05, 307/02 CONAMA 357/05, 307/02 Resol. ANEEL 456 (11/2000) Lei 9.433 (01/1997) 6 1 1 41 (-) 6 1 1 29 (-) 6 1 1 31 (-) 0 1 1 27 (-) 0 1 1 18 (-) 0 1 1 25 (-) 9 1 1 5 9 9 1 1 5 0 9 1 1 3 9 9 1 1 5 9 Resol. ANEEL 456 (11/2000) 0 1 1 27 (-) 9 1 1 1 9 CONAMA 357/05 6 1 1 29 (-) 9 1 5 1 9 6 3 1 35 (-) 9 1 1 1 9 0 1 1 23 (-) 9 9 1 3 9 0 1 1 33 (-) 9 1 5 3 0 9 9 1 37 (-) 9 9 9 5 9 9 9 1 60 (-) 9 9 1 9 0 6 9 1 44 (-) 9 9 9 5 9 9 9 9 1 1 5 9 3 0 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 0 Contaminação do solo e corpos d'água CONAMA 357/05 Poluição sonora Perda de Propriedade Poluição atmosférica Incêndio 1 Contaminação do solo e corpos d'água Explosão Explosão Consumo de papel e plástico Consumo de papel Consumo de material de informática Geração de sucata de plástico, papel, metal e vidro. Geração de sucata de toner, cartucho de impressora, material de informática. Incêndio Incêndio 5 Esgotamento de fontes Poluição atmosférica Incêndio Incêndio 8 ATIVIDADES DE ESCRITÓRIO Consumo de energia elétrica 9 Esgotamento de fontes Evaporação de produto Explosão Incêndio 9 Aquecimento Global Poluição atmosférica Aquecimento Global Perda de Propriedade Esgotamento de fontes Esgotamento de fontes Uso para rascunho Esgotamento de fontes 9 9 1 60 (-) 6 9 9 9 1 1 44 37 (-) (-) Resol. ANEEL 456 (11/2000) 0 1 1 27 (-) - 0 1 1 16 (-) 9 9 9 3 0 - 9 9 9 57 (-) 1 1 3 0 - 0 1 1 16 (-) 9 1 1 3 9 6 1 1 31 (-) 9 1 1 3 9 6 1 1 31 (-) 9 1 1 1 0 6 1 1 20 (-) 9 9 9 3 9 0 1 1 41 (-) 9 9 1 9 0 0 1 1 30 (-) Contaminação do solo e corpos d'água Aquecimento global CONAMA 03/90 CONAMA 03/90 - 9 Contaminação do solo e corpos d'água Perda de Propriedade Poluição atmosférica CONAMA 01/90, NR 15 CONAMA 03/90 - CONAMA 275/01, 357/05 Resol. CONAMA 357 (03/2005) Resol. CONAMA 03 (06/1990) - 9. SERVIÇO DE COPA Consumo de energia elétrica Consumo de papel e copos de plástico Consumo de papel e copos de plástico Geração de sucata de plástico, papel, metal, vidro e resíduos de comida Incêndio Incêndio Incêndio 10 SERVIÇOS DE JARDINAGEM Consumo de energia elétrica 11 CLIMATIZAÇÃO ARTIFICIAL (AR CONDICIONADO) Consumo de energia Esgotamento de fontes Esgotamento de fontes Alteração do ecossistema Perda de Propriedade Poluição atmosférica Aquecimento global 5 9 9 1 1 1 0 - 0 1 1 14 (-) 9 1 1 1 0 - 0 1 1 14 (-) 9 1 1 1 9 CONAMA 275/01, 357/05 6 1 1 29 (-) 0 1 1 14 (-) 0 1 1 41 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 27 (-) 0 1 1 27 (-) 0 0 1 1 1 1 30 14 (-) (-) 0 1 1 41 (-) 0 1 1 23 (-) 0 1 1 39 (-) 9 1 1 1 0 9 9 9 3 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 Esgotamento de fontes Ruído Poluição Sonora Destruição da camada de ozônio CONAMA 03/90 - Resol. ANEEL 456 (11/2000) Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 03/90 CONAMA 01/90, NR 15 CONAMA 267/00 0 1 1 27 (-) 9 1 1 5 9 9 9 9 1 1 1 9 1 0 0 9 9 9 3 9 9 1 1 1 9 9 1 9 9 9 9 1 1 9 0 - 0 1 1 22 (-) 9 1 1 1 9 Resol. ANVS/RE 09 (01/2003) 0 1 1 23 (-) 6 3 1 26 (-) 6 1 1 47 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 27 (-) 6 1 5 35 (-) Aquecimento Global Poluição atmosférica Perda de Propriedade Poluição atmosférica Incêndio Consumo de energia elétrica Aquecimento Global Esgotamento de Fontes Vazamento de produtos em tubulações, equipamentos, válvulas e CT's Vazamento de aditivos Contaminação do solo e corpos d’água Geração de odores Geração de vapores Danos à saúde Poluição atmosférica Ruído Poluição sonora 13 LAVAGEM DOS TANQUES Consumo de energia elétrica 1 Esgotamento de fontes Aquecimento Global Perda de propriedade Poluição atmosférica 12 RECEBIMENTO DE PRODUTOS Incêndio Incêndio 1 Contaminação do solo e corpos d'água Incêndio Incêndio Incêndio Vazamento de gases HCFC Uso das máquinas sob o aspecto de aquecimento Falta de limpeza de filtros 9 Resol. ANEEL 456 (11/2000) Contaminação do solo e corpos d’água Esgotamento de Fontes 9 1 5 1 0 9 9 9 3 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 9 9 1 1 1 9 9 1 9 3 0 9 9 1 3 9 9 1 1 3 9 9 1 1 5 9 CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 357/05 CONAMA 357/05 CONAMA 03/90 CONAMA 01/90), NR 15 Resol. ANEEL 6 1 1 29 (-) 0 1 1 24 (-) 6 1 1 39 (-) 0 1 1 25 (-) 0 1 1 27 (-) Geração de resíduos de produtos Geração de odores 14 CARREGAMENTO DE CAMINHÕES Incêndio Incêndio Contaminação do solo e corpos d’água Incêndio Consumo de energia elétrica Aquecimento Global Esgotamento de Fontes Vazamento de produtos em mangotes, tubulações, equipamentos, válvulas e CT's Vazamento de aditivos Contaminação do solo e corpos d’água Ruído Danos à saúde Perda de Propriedade Poluição atmosférica 1 3 9 1 9 3 0 9 1 5 1 0 9 9 9 3 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 9 9 1 1 1 9 9 1 1 3 9 9 1 1 3 9 9 9 1 3 9 9 1 1 5 9 9 1 1 3 9 9 1 1 1 9 9 1 1 1 9 9 9 9 7 9 9 9 9 7 9 9 9 9 7 9 9 1 1 1 0 Poluição sonora Contaminação do solo e corpos d’água Geração de vapores Poluição atmosférica Consumo de combustível 1 9 Contaminação do solo e corpos d'água Descarte de embalagens de aditivos 15 ANÁLISE ENSAIOS QUÍMICOS (plataforma e Laboratório) Consumo de energia elétrica 9 Esgotamento de Fontes Esgotamento de fontes Geração de resíduos de combustíveis Geração de sucata de vidro, papel, plástico, metal e estopa contaminada 16 .CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO Palestras sobre a preservação do meio ambiente Contaminação do solo e corpos d'água Doação de mudas e sementes Preservação da natureza Distribuição de panfletos sobre a preservação do meio ambiente 17 ALMOXARIFADO / DEPÓSITO Incêndio Preservação da natureza Contaminação do solo e corpos d'água Preservação da natureza Perda de Propriedade 456 (11/2000) CONAMA 357/05 - CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 357/05 Resol. CONAMA 357 (03/2005) CONAMA 01/90, NR 15 CONAMA 275/01, 357/05 CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) Portaria ANP 02 (01/2002) Portaria ANP 309 (12/2001) Resol. ANP 12 (03/2005) CONAMA 357/05 CONAMA 275/01, 357/05 Lei nº 6.938/81, Lei 9.795/99 Lei nº 6.938/81, Lei 9.795/99 Lei nº 6.938/81, Lei 9.795/99 - 6 1 1 31 (-) 6 9 1 38 (-) 6 3 1 26 (-) 6 1 1 47 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 27 (-) 6 1 5 35 (-) 6 1 1 29 (-) 0 1 1 25 (-) 0 1 1 25 (-) 6 1 1 39 (-) 0 1 1 27 (-) 0 1 1 25 (-) 6 1 1 29 (-) 6 1 1 29 (-) 9 9 1 62 (-) 9 9 1 62 (-) 9 9 1 62 (-) 6 1 1 20 (-) Incêndio Poluição atmosférica Incêndio Consumo de energia elétrica Aquecimento Global Esgotamento de Fontes Destinação adequada de produtos, peças ou equipamentos danificados Armazenamento de amostra de produtos Geração de sucata de pilhas e baterias Preservação da natureza Geração de sucata de metal, plástico, vidro e papel 18 NOVOS PROJETOS Desenvolver projetos ambientalmente corretos 19REFORMAS E AMPLIAÇÕES (Utilização de caminhões, guindastes, soldas, serras, areia, tintas, andaimes, madeira, jateamento) Incêndio Incêndio Incêndio Ruído Contaminação do solo e corpos d’água 9 9 5 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 9 9 5 0 9 1 1 1 9 9 1 1 1 9 9 1 1 1 9 9 9 9 9 9 9 1 5 3 0 9 9 9 5 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 9 5 3 9 9 1 1 3 9 9 1 1 3 9 9 1 1 3 9 9 1 1 3 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 0 9 1 9 3 9 9 1 1 3 9 9 1 5 3 0 9 9 9 5 9 9 9 9 1 1 1 9 3 0 9 Contaminação do solo e corpos d’ água Contaminação do solo e corpos d’ água Preservação da natureza Perda de Propriedade Poluição atmosférica Aquecimento Global Poluição sonora Geração de estopa contaminada Contaminação do solo e corpos d’ água Geração de sucata de metal, plástico, vidro e papel Contaminação do solo e corpos d’ água Geração de resíduo de fiação Contaminação do solo e corpos d'água Geração de resíduo de madeira Contaminação do solo e corpos d'água Consumo de material de construção Consumo de energia elétrica Alteração do ecossistema Vazamento de tinta Contaminação do solo e corpos d'água Emissão de gases por soldagem Vazamento proveniente de automóveis 20 USO DE ARMAMENTO DE FOGO Explosão Explosão Poluição atmosférica Explosão Ruído 9 Esgotamento de Fontes Contaminação do solo e corpos d'água Perda de Propriedade Poluição Atmosférica Aquecimento Global Poluição sonora CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 357/05 CONAMA 275/01, 357/05 CONAMA 275/01, 357/05 Legis Ambiental CONAMA 03/90 CONAMA 01/90, NR 15 CONAMA 275/01, 357/05 CONAMA 275/01, 357/05, 307/02 CONAMA 357/05, 307/02 CONAMA 357/05, 307/02 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 307/02 CONAMA 03/90 CONAMA 357/05 Resol. CONAMA 03 (06/1990) NR 15 0 1 1 43 (-) 0 1 1 30 (-) 0 1 1 27 (-) 9 9 9 59 (+) 6 1 1 29 (-) 6 1 1 29 (-) 6 1 1 29 (-) 9 9 1 64 (+) 6 1 1 26 (-) 6 1 1 49 (-) 6 1 1 36 (-) 0 1 1 27 (-) 6 1 1 43 (-) 6 1 1 31 (-) 6 1 1 31 (-) 6 1 1 31 (-) 0 1 1 16 (-) 0 1 1 27 (-) 6 1 1 22 (-) 0 1 1 33 (-) 0 1 1 25 (-) 9 3 1 31 (-) 9 3 1 54 (-) 6 0 3 1 1 1 38 25 (-) (-) 21 EXPORTAÇÃO DE PRODUTO Incêndio Incêndio Perda de Propriedade Poluição atmosférica Incêndio Explosão Explosão Aquecimento Global Perda de Propriedade Poluição atmosférica Explosão Consumo de energia elétrica Aquecimento Global Esgotamento de Fontes Vazamento de produtos em tubulações,mangotes, equipamentos, válvulas, tanques de armazenamento e caixa separadora de água e óleo Geração de odores Geração de vapores Contaminação do solo,corpos d’água(rio) Ruído Poluição sonora Danos à saúde Poluição atmosférica 9 1 5 1 0 9 9 9 3 9 9 9 9 1 1 5 9 3 0 0 9 9 9 5 9 9 9 1 9 0 9 1 1 5 9 9 1 1 3 9 9 1 9 3 0 9 9 1 3 9 9 1 1 3 9 CONAMA 03/90 CONAMA 03/90 Resol. ANEEL 456 (11/2000) CONAMA 357/05 CONAMA 03/90 CONAMA 01/90, NR 15 6 3 1 26 (-) 6 1 1 47 (-) 0 9 1 9 1 1 30 37 (-) (-) 9 9 1 60 (-) 6 9 1 44 (-) 0 1 1 27 (-) 6 1 5 35 (-) 0 1 1 24 (-) 6 1 1 39 (-) 0 1 1 25 (-) Anexo C: Da Metodologia de avaliação dos aspectos e impactos ambientais utilizada. CLASSIFICAÇÃO 1 Severidade 2 Ocorrência 3 Tempo de duração 4 Abrangência 5 Legislação 6 Imagem da organização 7 Intensidade 8 Probabilidade CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO CAUSA DANO/BENEFÍCIO IMEDIATO À BIOTA 9 NÃO CAUSA DANO/BENEFÍCIO IMEDIATO À BIOTA 0 REAL 9 POTENCIAL 1 REVERSÍVEL (Curto prazo – até 1 mês) 1 REVERSÍVEL (Médio prazo – de 1 mês até 1 ano) 5 REVERSÍVEL (Longo Prazo > 1 ano) 7 IRREVERSÍVEL 9 RESTRITO AO LOCAL DA ATIVIDADE 1 LIMITADO À ORGANIZAÇÃO 3 REGIONAL (EXCEDE OS LIMITES DA ORGANIZAÇÃO) 5 NACIONAL 7 INTERNACIONAL (GLOBAL) 9 HÁ EXIGÊNCIA LEGAL 9 NÃO HÁ EXIGÊNCIA LEGAL 0 CAUSA DANO OU BENEFÍCIO À IMAGEM DA EMPRESA (COM EXPOSIÇÃO A MIDIA) 9 CAUSA DANO OU BENEFÍCIO À IMAGEM DA EMPRESA (SEM EXPOSIÇÃO A MIDIA) 6 NÃO CAUSA DANO OU BENEFÍCIO À IMAGEM DA EMPRESA 0 INTENSIDADE ALTA (VOLUME GRANDE) 9 INTENSIDADE MÉDIA (VOLUME MÉDIO) 3 INTENSIDADE BAIXA (VOLUME BAIXO) 1 ESPORÁDICO (ATÉ 1 VEZ AO ANO) 1 OCASIONAL (ATÉ 12 VEZES AO ANO) 5 FREQUËNTE (> 12 VEZES AO ANO) 9 Fonte: Celpe A PONTUAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA É A SOMA DOS PONTOS ATRIBUÍDOS A CADA IMPACTO, SEGUNDO OS CRITÉRIOS ACIMA. SÃO CONSIDERADOS SIGNIFICATIVOS OS IMPACTOS COM PONTUAÇÃO ( > 27 ) Anexo D: Algumas melhorias observadas no TECAB após implantação do SGI. Impermeabilização da Bacia de Tanques Figura 20: Antes da implantação do SGI Figura 21: Após implantação do SGI Da disposição dos aditivos Figura 22: Aditivos antes da implantação do SGI Figura 23: Aditivos depois da implantação do SGI Anexo E: Algumas publicações a partir deste trabalho “Do desafio de se implantar o ideário do desenvolvimento sustentável” 5º. Congresso Braileiro do Magistério Superior de Direito Ambiental. Nova Friburgo: Setembro/2007. Disponível em www.ibap.org/noticias/nacional/040907. “Percepção Ambiental de um Sistema de Gestão Ambiental Implantado” VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. Fortaleza: Novembro/2007. Anais do VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, 2007. “Da Norma de Padronização Ambiental ISO 14.000 como Meio de Instrumentalização das Convenções Internacionais” IV Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade. Brasília: Junho/2008. Anais do IV Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade. “Meio Ambiente na perspectiva da produção: algum envolvimento ou mero desenvolvimento?” XV Ciclo de Estudos sobre o Imaginário Congresso Internacional Recife: Outubro/2008 Anais do Congresso Internacional do XV Ciclo de Estudos sobre o Imaginário SOBRE A AUTORA: Rosa Virgínia Wanderley Diniz é formada em Direito (1995), tendo se especializado em Direito Ambiental (2004) e exercido desde então a função de consultora jurídico-ambiental para diversas empresas no Estado de São Paulo, especialmente relacionadas à certificação ambiental. [email protected]