posturas de ensino

Transcrição

posturas de ensino
E - BOOK - 2
POSTURAS
DE
ENSINO
GRAZIELLA B. ZÓBOLI
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
Este E- Book foi elaborado pela profa. Mestre GRAZIELLA BERNARDI ZÓBOLI, para
ser distribuído gratuitamente aqueles que participaram ativamente do Curso Online –
PRÁTICAS DE ENSINO, no Instituto SOS Professor.
Normas de Utilização :
1 – Poderá ser feita a impressão para uso pessoal
2 – Ao ser utilizado a fonte deverá ser citada e registrada de acordo com as Normas da ABNT
3 - EM HIPÓTESE ALGUMA PODERÁ SER COMERCIALIZADO.
.
Profa. Graziella Bernardi Zóboli
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
SUMÁRIO
1 – Postura Tradicional de Ensino............................................................. 03
2 – Instrução Programada / Comportamentalismo....................................05
3 – Postura Humanista................................................................................08
4 – Postura Sócio-Cultural............................................................11
5 – Inteligências Múltiplas e Educação Emocional......................15
6 – Postura Interdisciplinar de Ensino..........................................18
Referências....................................................................................23
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
3
1 - POSTURA TRADICIONAL DE ENSINO
A abordagem tradicional de ensino serve como quadro de referência para todas demais abordagens.
Segundo Snyders, é o ensino verdadeiro, pois conduz o aluno ao contato com grandes feitos da
humanidade. A grande ênfase é dada aos modelos, em todos os campos do saber. Privilegia-se os
especialistas, os modelos e o professor, este como sendo elemento imprescindível na transmissão do
saber.
Para o educador Paulo Freire, este ensino leva à ¨ educação bancária ¨, na qual o aluno apenas
memoriza.
O adulto é visto como homem acabado, pronto, e o aluno é considerado um adulto em miniatura,
que necessita ser atualizado. O aluno é passivo, recebendo e armazenando conteúdos, como se fora
receptáculo.
O ensino está centrado no professor e voltado para o que é externo ao aluno. Este executa tarefas
prescritas e fixadas.
A aprendizagem sendo mecânica, leva à memorização, o que impede a reflexão e o produto acabado
impede a criatividade.
As aulas são sempre expositivas, nas quais o professor é o agente e o aluno é o ouvinte.
Todos os alunos recebem os mesmos tratamentos e seguem o mesmo rítmo de trabalho
independentemente de suas capacidades e interesses, não há respeito individuais.
A disciplina está baseada no autoritarismo, no qual impera a rigidez e o medo.
A avaliação é somente realizada pelo professor, e tem como finalidade constatar com exatidão a
quantidade de conteúdos que o aluno consegue reproduzir.
O diploma funciona como a consagração dos estudos. Sendo que as notas funcionam como
atestados de aquisição de conhecimentos.
Nesta abordagem de ensino se dá grande prioridade à disciplina intelectual, na qual os
conhecimento são abstratos. Os programas são rígidos e minuciosos; os exames são seletivos; o
método é o da recitação; os conteúdos são estáticos; a prática é transmitida de geração em geração;
o conhecimento provém do meio e a escola é considerada como local de apropriação do saber.
A escola não é estática e não é intocável, está sempre sujeita a transformações como toda as demais
instituições sociais. A escola tem seu papel como um possível agente de mudança nesta nossa
realidade, que, sem dúvida é essencialmente dinâmica.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
4
Outros movimentos começaram a surgir, sempre tomando como ponto de partida as lacunas que se
percebeu no ensino tradicional.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
5
2 - INSTRUÇÃO PROGRAMADA / COMPORTAMENTALISMO
B.F. Skiner, psicólogo norte-americano da universidade de Harvard, conhecido pôr seus que se
apoiavam na teoria do condicionamento e da aprendizagem. É autor de Walden Two e Tecnologia
de Ensino. Preocupa-se com estudo do comportamento humano, isto é, com as
Ações e reações, cientificamente observáveis. Seu principal objetivo é estabelecer meios de
controlar esses comportamentos, meios de torna-los previsíveis. A aprendizagem é produzida pôr
dois tipos fundamentais de condicionamento, o respondente e o operante.
Condicionamento respondente é aquele em que as respostas comportamentais são provocadas pôr
um estímulo.
Há relação entre estímulo e resposta : E===== R. Alguém bate com um martelo no seu joelho e
sua perna salta ( bater o martelo é o estímulo; perna saltar é a resposta ).
Condicionamento operante é aquele em que não se identifica exatamente de forma direta a
vinculação E ===== R. Exemplo: dirigir um automóvel, tocar piano, etc. Resposta
comportamental complexa que envolve uma enorme quantidade de estímulos prévios, dos quais
muitos são difíceis serem identificados. O fator mais importante são os estímulos posteriores que
reforçam as respostas. Exemplo: quando recebe um elogio após esforço.
Na instrução programada o controle do comportamento educacional ( do aluno ) será efetivado pôr
meio das contingências do esforço, a elaboração de um programa de ensino no qual o aluno recebe
recompensas imediatas a cada resposta desejada.
Os princípios básicos da instrução programada são :
1) Conteúdo em pequenas doses ou passos sequenciais : facilitam a assimilação retenção da
matéria, diminuem as possibilidades do aluno cometer erros durante o estudo.
2) Resposta ativa : o aluno sempre aprende melhor quando é solicitado a dar resposta imediata e
ativa acerca do conteúdo aprendido, e isto acontece quando conteúdo é exposto a pequenas
doses..
3) Avaliação imediata : o aluno avalia imediatamente o acerto ou o erro da resposta que fornece
sobre o conteúdo. Cada acerto reconhecido serve de estimulo-reforço para o aluno rumar para
tópicos subsequentes.
4) Velocidade própria : cada aluno tem seu rítmo próprio de aprendizagem, tem suas diferenças
individuais.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
6
São feitas algumas críticas a Skinner
a) sua tem caráter mecanicista, pois reduz a educação à mera aquisição de ensinamentos
preestabelecidos.
b) Despreza a capacidade crítica.
c) crença positivista de ( verdades sagradas da ciência ).
d) completo descaso pelas relações afetivas pessoais entre professor-aluno no processo educacional
e ) ensino individualizado.
O ponto fundamental como já foi dito é o reforço, motor da aprendizagem .
Segundo o qual um indivíduo aprende, isto, é modifica sua conduta, observando as conseqüências
de seus atos.
Então, os reforços são conseqüências de que aumentam a probabilidade de reforço de repetição de
um ato, e quanto mais rápido e com maior freqüência ele vier, provável será que o indivíduo repita
o ato que lhe deu origem. A ausência do reforço ou o seu atraso diminui a probabilidade de
repetição do ato
A instrução programada é um material tipo auto-instrucional .
Pode ser apresentada sob a forma de material ou aparatos mecânicos, ou eletrônicos.
Os tipos de programas ou programação podem ser do tipo ¨ Linear ¨ mais comum desenvolvido pôr
Skinner e o ¨ ramificado ¨ criado pôr Crowder.
O programa linear, é o tipo de estrutura mais comum, como já foi dito, e teve sua origem com sua
Skinner. Ele apresenta uma seqüência individual de pequenos elementos sucessivos ou quadros que
apresentam uma informação terminando com uma pergunta. O aluno responde, dá uma pequena
informação a esta pequena dose.
Logo a seguir ele tem oportunidade de comparar sua resposta com a oferecida pelo programa. O
método é o modo sistemático e organizado pelo qual o professor desenvolve suas atividades
visando a aprendizagem do aluno. O professor, então, deve desenvolver seu trabalho
sistematicamente .
O programa Ramificado foi realizado pôr Crowder. Começa apresentando uma dose mais pesada de
informações em cada etapa. Após a apresentação Crowder coloca diversas opções ao aluno , para
que escolha a correta. Conforme a resposta escolhida pelo aluno, ele é remetido para outra página
onde é há justificativa do erro ou do acerto. Na mesma página onde há justificativa do erro ou do
acerto, o aluno encontra o número da página à qual deverá reportar-se. Um livro que utiliza o
programa ramificado não é lido seguindo uma seqüência de páginas, mas saltando em conformidade
com as instruções dadas.
As máquinas de Ensinar são suportes para programas impressos, aparatos mecânicos ou
eletrônicos.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
7
Elas também são chamadas dispositivos auto-instrutivo e para muitos especialistas são suportes
ideais para o ensino programado.
Foram criadas em 1924/6 pôr Sidney L. Pressey , professor de Psicologia da Universidade de Ohio.
As mais modernas Máquinas de Ensinar são os computadores, que armazenam uma quantidade
enorme programas, podendo ser operados a distância, inclusive através do telefone, televisão ou
terminais de computadores.
As máquinas de ensinar, do inglês ¨ teaching machines ¨, são os suportes ideais de ensino
programado, ¨ na medida em que implicam num apelo constante à atividade individual, numa
associação estreita com elemento do programa ou programação, não permite trapaça ou fraudes.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
8
3 - POSTURA HUMANISTA
Carl Rogers ( 1902-1985 ), psicólogo norte americano foi o principal inspirador da pedagogia
não-diretiva.
Para ele a educação deverá estar centrada na pessoa do aluno, permitindo ao educando ser o que
realmente é vivenciando uma vida plena.
Em sala de aula ou em atividades extraclasse o clima deverá ser de autêntico relacionamento
interpessoal entre professor e aluno. O professor deverá saber ausentar-se espaço ao livre
crescimento do aluno.
É necessário que a escola promova o auto-desenvolvimento do educando é o processo de vida
plena, que implica na expansão e maturação de todas as possibilidades da pessoa.
A linha humanista é uma tendência natural, na qual a aprendizagem é facilitada ao aluno através de
uma independência, auto-crítica e criatividade.
Para Rogers a realidade do mundo é algo que será transmitido o ao homem através da educação
formal e informal. O mundo é externo ao homem e este irá apropriando-se gradativamente da sua
compreensão na medida em que ele se confronta com os modelos, ideais, conhecimentos
científicos, etc. Cada ¨eu ¨ percebe diferentemente o mundo, onde o ambiente influi muito, pois é
através de experiências que cada indivíduo adquiri um significado para o seu ¨ eu ¨.
Rogers preocupa-se com o homem dentro da sociedade, pois ele precisa libertar-se
psicologicamente e ser auto-responsável para conseguir tomar decisões e solucionar problemas. Não
aceitando que o indivíduo seja manipulada e controlado dentro do social.
A experiência pessoal e subjetiva é o fundamental sobre o qual o conhecimento é construído no
decorrer do processo de vir-a-ser do indivíduo. O próprio sujeito é peça central na elaboração do
conhecimento.
Quando o homem experiência, ele está adquirindo conhecimento. A experiência é então, o conjunto
das realidades vividas pelo individuo.
O único homem que é aquele que aprendeu como aprender; que aprendeu como se adaptar e mudar;
que se capacitou de quem nenhum conhecimento oferece uma base de segurança ( Rogers, 1972,
p.104-5).
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
9
O ser humano tem naturalmente curiosidade para o conhecimento. O ensino deverá estar centrado
no aluno. A educação tem pôr fim a criação de condições que facilitam sempre a aprendizagem do
educando. Deverá favorecer no aluno a iniciativa, a responsabilidade, sempre a serviço do
crescimento pessoal, interpessoal e do grupo. Os motivos da aprendizagem deverão ser os motivos
do educando. ¨(...) o processo da educação centrada no sujeito leva à valorização da busca
progressiva de autonomia ( dar-se regras a si mesmo ), ( assumir na sua existência as regras que
propõe ao grupo e a si mesmo ), em oposição à anomia ( ausência de regras ) e à
heteronomia
No ensino não diretivo o professor limita-se a ser um facilitador de aprendizagem. Rogers considera
a aprendizagem significativa como sendo aquela que envolve toda pessoa.
Para Rogers a aprendizagem deve ter envolvimento pessoal, o indivíduo como um todo é autoiniciada , sempre o captar e o compreender vem de dentro; é penetrante, suscita modificações no
comportamento ; deve ser avaliada pelo educando, pois este sabe se está indo de suas necessidades;
o local da avaliação é o próprio educando.
O professor precisa aceitar o sentimentos de aluno, aceitando-o e compreendendo-o em situação
empática, favorecendo assim o clima de aprendizagem, que torna-se mais favorável.
Rogers, diz que ¨ (...) a facilitação da aprendizagem significativa baseia-se em certas qualidades de
comportamento que ocorrem no relacionamento pessoal entre o facilitador e o aprendiz ( Rogers,
1978, p.111).
Essas qualidades serão explicadas a seguir :
A primeira qualidade do facilitador da aprendizagem é a autenticidade, ser real, não ostentar, não
aparentar, mas ir ao encontro do aluno como uma pessoa inteira, com sentimentos defeitos e
emoções.
A segunda qualidade é apreciar o aluno, com seus sentimentos, opiniões, limitações, aceitar o aluno
pelo seu próprio valor, merecedor de crédito como sendo um ¨ ser inacabado ¨como nós todos
somos, mas com inúmeras potencialidades vir a ser.
A terceira qualidade é a empatia, o professor habilmente se coloca no lugar do aluno, sem julgar,
procurando compreender as reações pessoais do aluno. Acreditando nas tendências construtores do
indivíduo e do grupo.
As estratégias de ensino para Rogers estão num plano secundário. Os conteúdos não são
supervalorizados, porém não se devem desvalorizar o fornecimento de informações e estas devem
ser significativas para os alunos.
Os conteúdos devem ser pesquisados pelos alunos, e estes precisam critica-los, aperfeiçoa-los e até
substituí-los pôr outros que lhes sejam mais significativos.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
10
Rogers defende a auto-avaliação, pois acha que dentro do organismo do indivíduo há uma
capacidade de reorganizar-se constantemente e gradualmente, sempre a partir do ¨feedback¨
O indivíduo pode realizar seu auto-crescimento, sempre que ele tem essa experiência interior. A
auto-avaliação leva o indivíduo ao desenvolvimento da criatividade, da autoconfiança e da
independência.
Para Carl Rogers, o ensino e a aprendizagem tem algumas implicações:
1) as pessoas deveriam reunir-se quando quisessem aprender;
2) renunciar aos exames, pois eles medem um ensino inconseqüente;
3) acabar com graus e avaliações acadêmica;
4) abandonar diplomas como títulos de competência. Um diploma em geral marca o fim ou
conclusão de alguma coisa, mas aquele que aprende está só interessado em continuar a
aprender.
5) abolir conclusões, pois ninguém aprende a partir delas.
A abordagem humanista da ênfase ao sujeito, não há o controle do comportamento humano, onde as
relações entre professor-aluno são horizontais.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
11
4 - POSTURA SÓCIO-CULTURAL
Paulo Freire nasceu em 19/09/1921 em Recife.Com sua mãe aprendeu o diálogo, que procurou
manter com mundo.
Em 1931 perdeu o pai e aprendeu o que é ter fome.
Aos 10 anos começou a perguntar-se o que poderia fazer para ajudar aos homens.
Aos 15 anos com enormes dificuldades fez o ¨exame de admissão ao ginásio ¨
Aos 20 anos iniciou seus estudos sobre Rui Barbosa, Filosofia e Psicologia da linguagem.
Trabalhou como professor do curso ginasial, como professor de Português, para ajudar a criar seus
irmãos mais novos.
Com 23 anos casou-se com Elsa Maria Costa Oliveira - Elsa Freire – com quem teve 5 filhos e
ampliou seu diálogo. Elsa, era professora primária e depois passou a ser diretora de escola pública.
Foi com ela que começou a preocupar-se com os problemas educacionais.
Licenciou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, mas abandonou a primeira
causa assim como o direito.
Trabalhou no SESI e repetiu seu dialogo com o povo Foi diretor Depto. De Educação e Cultura do
SESI de Pernambuco depois Superintendente de 1946 até 1954. Iniciou seu método de ensino em
1961 com o Movimento de Cultura Popular do Recife, sendo seu primeiro diretor.
Em 1964 com o Golpe de Estado, foi preso pôr 70 dias, ficou 4 dias sendo interrogado e depois
mandado para o Rio de Janeiro. Refugiou-se na Embaixada da Bolívia em setembro de 1964.
Queriam provar o perigo que ele representava, foi considerado um ¨subversivo internacional ¨.
Retornou em 1979 com a anistia. Sua esposa faleceu em 1986.
Maior sonho que norteou toda sua vida : o sonho da liberdade.
Suas obras: Pedagogia do Oprimido, Educação e Mudança; Conscientização; A importância do ato
de ler ;
Educação como prática da liberdade; Dialogo e conflito ; entre outras tantas.
Todo homem é um ser inacabado e pôr saber-se inacabado ele se educa.
O homem ¨( ... ) é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão,
pode descobrir-se como um ser inacabado que esta em constante busca ¨ ( Freire, 1984 p.27 )
Para Freire a educação é uma busca realizada pôr um sujeito , ser capaz de agir e refletir , sujeito e
não objeto da educação ( 1984 ).
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
12
Qualquer ação educacional deve refletir o meio em que o homem vive. Os conteúdos e os métodos
de ensino devem permitir que o homem se torne uma pessoa, que possa transformar a sociedade e
estabeleça comunicação entre os outros homens, fazendo cultura ( Freire).
Por cultura se entende ¨(...) todo resultado da atividade humana, do esforço criador e do com outros
homens ¨( Freire, 1980,p.38 ).
Tal visão implica que os indivíduos atuem, transformando e criando, isto é, realmente participando
da sociedade. Essa nova percepção do mundo conduz o indivíduo à vida política, não com
propósitos partidários, mas como um ser da ¨polis ¨ para participar do processo decisório da
sociedade.
Para essa participação requer-se uma educação permanente que não é só complemento ou
prolongamento de ensino, mas uma nova perspectivas para os educadores redefinirem a educação e
o sistema de ensino. Segundo Furter, a educação permanente é uma maneira radical de responder
pedagogicamente às mudanças profundas que ocorrem no seu mundo.
Entender que o homem é um ser inacabado significa aceitar que seu desenvolvimento e
aperfeiçoamento não são apenas necessários mas possíveis. É isso possível com a condição de que o
homem aceite o risco de olhar para frente, procurando se ¨ultrapassar ¨, competir consigo mesmo,
superar-se
A grande preocupação de Paulo Freire é com a cultura popular. Com os homens Concretos situados
no tempo e no espaço dentro de um contexto histórico ( sócio, econômico, político e cultural ). O
homem chega a ser sujeito da educação quando ele elabora e cria o conhecimento. O homem
situado no e com o mundo, é um ser da ¨ práxis ¨, ação e reflexão dos homens sobre o mundo, com
o objetivo de transforma-lo. Homem e mundo devem interagir.
A aquisição de cultura precisa ser uma aquisição sistemática, que deverá ser crítica e criadora e não
armazenada.
A História para Paulo Freire são as respostas pelos homens à Natureza aos outros Homens às
estruturas sociais, sendo cada vez mais o sujeito da ¨práxis ¨ também é uma cadeia contínua de
épocas e valores, aspirações, necessidades e motivos.
Para Freire a humanização é a vocação do Homem, é a possibilidade dos Homens como seres
conscientes. O conhecimento está ligado ao processo de conscientização, que é algo contínuo e
progressivo, é um des-velamento da realidade. E a nova realidade acaba tornando-se um objeto de
outra reflexão.
Álvaro V. Pinto, em sua obra Consciência e realidade Social, apresenta três tipos de consciência
intransitiva, a consciência transitiva ingênua transitiva.
A consciência intransitiva é aquela onde os interesses do Homem estão centralizados nas formas de
vida vegetativa, biológica, a qual dá explicações mágicas para os fenômenos. Falta historicidade de
regiões pouco desenvolvidas.
A consciência transitiva ingênua tem forte características ligadas ao gregarismo, ¨massificação do
indivíduo. O indivíduo se até ao passado, há um certo saudosismo, no qual ele acaba não prestando
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
13
atenção ao presente, pois o considera medíocre . É pessimista e tem atitudes de muita resistência, é
reacionário, não aceitando mudanças.
Consciência transitiva é uma forma crítica de pensar. É uma consciência dirigida para a
objetividade e voltada para a convivência com outros homens.
Nela há noção de liberdade individual. É sensível ás transformações do mundo.
É uma consciência anti-reacionária.
Para Freire, o Homem é o sujeito da educação, esta deve permitir que ele tome consciência passe de
primitiva para crítica. Educar é enfocar anunciar – denunciar que constituem a ação cultural.
A pedagogia do Oprimido deverá ser forjada com ele para sua humanização.
A verdadeira educação é problematizadora, não a educação bancária, mas uma educação crítica, na
qual consciência crítica ea liberdade são os meios de superação.
Educando e Educador precisam estar em situação de permanente diálogo para ambos crescerem
juntos , ¨“(...).ninguém educa ninguém, ninguém se educa ; os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo ¨ , diz Freire em sua obra Pedagogia do Oprimido, 1975.
O verdadeiro diálogo une os homens na cognição de um objeto cognoscível que se antepõe entre
eles.
A Educação é a pedagogia do conhecimento e o diálogo é a garantia desse conhecimento.
A relação professor – aluno se estabelece em uma relação horizontal, procurando levar os alunos a
superar a consciência ingênua.
Sua Metodologia utiliza figuras representativas de situações reais ou construídas pelos próprios
alunos. A reflexão é um exercício constante. A busca do tema gerador baseia-se no pensamento do
Homem, sua realidade e sua ação ( ¨praxis ¨). Os debates são realizados nos grupos, nos quais o
diálogo é uma constante. Portanto, a
Educação é praticada como um processo contínuo de tomada de consciência de si no mundo.
A avaliação é vista como um processo de auto-avaliação mútua e permanente. Sendo assim, o
sistema de notas e exames fica sem muito sentido.
A avaliação deverá ser encarada como prática educativa e não como um pedaço dela.
Para Paulo Freire conscientização do homem é um processo continuo e inacabado. Esse processo e
dialético, que passa pelas fases da tese ou argumentação, da antítese, discussão na qual o
conhecimento é modificado e ampliado e a síntese, que é a conclusão da tese e da antítese. O
processo inacabado do homem é um processo dialético.
Paulo Freire criou um método de alfabetização de adultos, cujas fases, resumidamente, apresentarei
a seguir.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
14
Levantamento do universo vocabular dos grupos nos Círculos de Cultura, que se encontram
informalmente. Há sempre um universo de fala da cultura da gente de cada lugar e esse universo
deve ser investigado, pesquisado, levantado e descoberto. Essa pesquisa é simplesmente para
obtenção dos vocábulos mais usados pela população que se irá alfabetizar. O vivido e o pensado
que existem vivos na fala de todos: palavras, frases, provérbios, modos peculiares de dizer, cantar o
mundo e traduzir a vida diz Freire.
Esta pesquisa pode ser provocada em reuniões, rezas, festas, discussões nos sindicatos, etc.
1) Escolha das palavras geradoras;
2) Criação de situações existências típicas do grupo com que se vai trabalhar.
São os desafios, os debates para que os grupos ao se conscientizarem, se alfabetizem
3) Elaboração de fichas – roteiro que auxiliam os coordenadores de debate no seu trabalho.
4) Feitura de fichas com a decomposição das famílias fonéticas, correspondente aos vocábulos
geradores.
A atitude dos coordenadores deverá ser sempre dialogal. O EU e o TU, dois sujeitos.
O material é confeccionado em ¨slides ¨ ou em filmes ou ainda cartazes pelas equipes
coordenadoras e supervisores.
A execução prática processa-se da seguinte forma:
1) Projeta-se a situação com a primeira palavra geradora, inicia-se o debate com o grupo nos
círculos de cultura até esgotar-se a análise da situação com a palavra;
2) Visualização da palavra Ex. Tijolo;
3) Apresenta-se outro slide ou cartaz com a palavra sem o objeto que o nomeia;
4) Depois a mesma palavra é apresentada separada em sílabas Ex. Ti-jo-lo, que o analfabeto
identifica como ¨ pedaços ¨. Reconhecidos os ¨ pedaços ¨, etapa da análise, passa –se a
visualização das famílias fonêmicas que compõem a palavra em estudo
Ex. ta-te-ti-to-tu / ja-je-ji-jo-ju / la-le-li-lo-lu ;
5) As famílias isoladas são apresentadas em conjunto, o que leva ao reconhecimento das vogais (
pedacinhos diferentes ) .Através delas, fazem a síntese descobre o mecanismo de formação
vocabular numa língua silábica, como é a nossa língua, que se faz pôr meio de combinações
fonêmicas;
6) Começa a criação( sinais gráficos ) de palavra com as combinações fonêmicas que tem a sua
disposição; este momento é feito oralmente;
7) Após o conhecimento e reconhecimento ele começa e escrever;
8) Faz em casa escrita de vocábulos que são testados pelo grupo. Não importa que o indivíduo
crie vocábulos que não sejam termos conhecidos, o que importa é a descoberta do mecanismo
das combinações fonêmicas.
Concluindo, a educação é vista como ato político, no qual professor e alunos visam ampliar seu
grau de consciência crítica do mundo, dentro do processo histórico, visando construir uma
sociedade aberta, mais justa, mais livre e democrática.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
15
5 -AS INTELIGÊNCIAS
EMOCIONAL
MÚLTIPLAS
E
A
EDUCAÇÃO
A necessidade do indivíduo relaciona-se com seu ¨ eu ¨ sem deixar de remeter-se ao coletivo, nos
reporta ao fato de que cada ser humano deve perceber-se como um indivíduo isto é, um ser único,
com suas características próprias que diferem dos demais em relação com o outro que também
possui características próprias diferentes e que pela diferença nos reunimos na semelhança, no
coletivo. Faço essa afirmação baseado na colocação de Ortega y Gasset, quando diz, ¨o homem é
ele e suas circunstância ¨ ou seja, a família, a escola, o mercado de trabalho e o mundo.
As relações sociais tem sido muito enfatizadas, porém o individualismo pelas próprias
circunstâncias do mundo atual vem tomando grande proporções.
Constatamos que, no mundo atual preconiza-se o aprender a aprender onde o ser humano, às portas
do século XXI , precisa ser um ¨ ser ¨ total que busque o conhecimento com suas próprias
capacidades e que além de um saber racional também possua grande capacidade de saber
emocional.
Há duas abordagens emergentes, apresentadas pelos psicólogos Howard Gardner e Daniel Goleman,
a primeira voltada para ¨ a teoria das inteligências múltiplas ¨ e a Segunda para ¨ inteligência
emocional ¨
Gardner afirma que inteligência é a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos
valorizados em um ambiente cultural ou comunitário.
Tanto Gardner como Goleman afirmam que é necessário um equilíbrio entre o ¨ eu racional ¨ e o ¨
eu emocional ¨ para que haja o despertar dos talentos nos seres humanos, sendo portanto
fundamental trabalharmos tanto na escola na vida profissional com esses dois ¨ eus ¨.
Howard Gardner identifica que temos sete tipos de inteligência que são as seguintes :
LINGUISTICA, que é a habilidade de lidar de forma criativa com a linguagem . É encontrada nos
poetas, escritores, oradores, jornalistas e vendedores, etc.
LOGICO – MATEMATICA, que determina a habilidade para lidar com o raciocínio dedutivo,
capacidade de resolver problemas que envolvam números ou expressões matemáticas. É encontrada
nos matemática, cientista, engenheiros, físicos, arquitetos.
MUSICAL, é a inteligência que permite ao indivíduo lidar com os sons de forma criativa, está
presente nos músicos.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
16
ESPACIAL, que é a habilidade de formar modelo mental do mundo espacial e utilizar essa
capacidade para trabalhar com objetos ou situações de espaço. Está presente no trabalho dos
arquitetos, escultores, navegadores, engenheiros.
CORPORAL – CINESTÉSICA é a habilidade para se utilizar o corpo de inúmeras ,maneiras, ela
está presente bailarinos, mímicos, ginastas.
INTERPESSOAL que é a habilidade de entender as pessoas em suas motivações em seu trabalho,
de forma empática, é encontrada nos vendedores, políticos, líderes religiosos, professores.
INTRAPESSOAL que é a habilidade de conhecer-se e estar bem consigo para administrar bem sua
vida. Esta capacidade é encontrada nos indivíduos bem resolvidos.
]É preciso ressaltar que uma habilidade sempre ajuda a outra, pois para a resolução de um problema
sempre envolvemos mais de uma habilidade embora existam predominâncias. Essa relação
complementar é chamada de rota secundária que pode ser assim exemplificada : Uma pessoa que
tem dificuldade para memorizar números, mas tem habilidade musical, pode-se usar a música como
rota secundária para ajudar a memorização dos fatos da matemática.
Segundo Gardner todos nascemos com potencial de várias inteligências exceto se houver uma lesão
cerebral.
Em nossas relações com o ambiente aprimoramos algumas e deixamos outras.
A nova teoria da inteligência não privilegia a medida da inteligência, testes de QI
( quociente de inteligência) que mediam apenas as manifestações lingüística e lógico –
matemáticas dos indivíduos não levando em consideração o espectro da inteligência. Gardner em
seu livro ¨ Mentes que criam ¨ , nos coloca que, a pessoa criativa é aquela que soluciona problemas
com regularidade, pode criar num determinado domínio e não em outro. da humanidade , sempre
preocupada em explicar os fatos da natureza e os comportamentos dos seres humanos. Goleman,
afirma que Gardner em que sua teoria apresenta a dimensão da inteligência pessoal / emocional,
mas não a explora, pois nos aos anos sessenta os psicólogas se preocupam em estudar
principalmente como ser humano fazia o registro e o processamento das informações adquirida.
Sem dúvida a inteligência emocional é importante nas situações profissionais que o indivíduo
enfrenta e sabemos que hoje em dia, os profissionais precisam muito mais da habilidade emocional
do que somente das habilidades cognitivas para desempenharem bem suas funções. Sem dúvida,
uma habilidade complementa e deve harmonizar-se com outra.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
17
Goleman também nos alerta para o fato de que a inteligência cognitiva e a inteligência emocional se
fundem.
O autoconhecimento possibilita que a empatia esteja presente em nossos relacionamentos, pois
quanto mais nos conhecemos, melhor poderemos conhecer os outros.
Outro ponto fundamental é a questão da auto-eficácia onde a inteligência emocional e cognitiva,
mesclando-se com mais probabilidade o indivíduo sentir-se-á propenso a aceitar situações novas
que testem seu poder e quando for bem sucedido certamente terá sua
Auto-confiança reforçada e isto levará a assumir mais riscos.
A sua inteligência interpessoal é a capacidade de comunicar-se.
Sabemos que a comunicação é responsável pelas coisas acontecerem e sem ela o conhecimento
humano é um bem que não possui nenhum valor.
As emoções tem um papel importante em seu local de trabalho. Em alguns momento você sente
raiva, no outro sente euforia, depois frustração e um outro momento contentamento, isto é, todos os
dias você se confronta emoções.
O segredo é usar as emoções de forma inteligente, quer dizer, fazer de forma intencional com que as
emoções possam trabalhar em seu benefício ajudando a orientar o comportamento e raciocínio para
chegar a resultados favoráveis.
A inteligência emocional pode ser desenvolvida e ampliada basta que cada um aprenda a praticar as
técnicas que a compõem, dentre elas destacamos, a autoconsciência, o controle emocional e a
motivação.
A autoconsciência refere-se a consciência de seus sentimentos ou intuições, pois são eles que
ajudam a tomar as melhores decisões. Ela engloba a autoconfiança e o autoconhecimento.
O controle emocional ou a capacidade de gerenciar sentimentos nos leva a obter mais sucesso na
vida. Aquele que controla sua raiva, sua inveja, sua alegria e sua tristeza, por exemplo, tem muito
mais chances de se relacionar melhor com pessoas e fatos. A motivação é traduzida pelo entusiasmo
que ajuda a procurar as saídas para as dificuldades da vida pessoal e profissional. Os fracassos são
atribuídos às circunstâncias externas e podem ser contornados.
A inteligência racional e a emocional são parceiras na vida mental do ser humano.
Quando se integram bem, ambas se beneficiam aumentando suas capacidades, pois o equilíbrio
entre elas é mais importante.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
18
6 - POSTURA INTERDISCIPLINAR NO ENSINO
O procura saber, pois esta á uma disposição natural do homem.
A postura interdisciplinar é uma atitude frente ao mundo. É preciso muda mudarmos nossas atitudes
para podermos externar a nossa postura interdisciplinar.
É uma atitude frente ao conhecimento de abertura, ousadia e de compromisso com a nossa
competência.
É um diálogo entre interessados, é uma Pedagogia da Comunicação.
Não se aprende, vive-se, concorre para a melhoria da formação profissional e supõe conhecimentos
fundamentais em relação ao ser humano, ao seu aprendizado, as sua relações interpessoais, sempre
pautado pelo diálogo, pela ação, pela reflexão, pelas trocas de experiências.
A interdisciplinaridade incentiva a formação de professores pesquisadores, pois é uma diálogo entre
várias aula do conhecimento, utilizando -se as parcerias e as trocas entre as área.
Pressupostos básicos da interdisciplinaridade:
1 - DIÁLOGO
- Precisa ter significado;
- Intenção;
- A fala passa para o outro e por esse é interpretada;
- Nova leitura do conhecimento;
- Não é moda;
- Permite / pressupõe educação permanente
- Não se desliga do ser humano;
- Exige trabalho cooperativo;
- Exige intenção e interiorização;
- Requer mentes abertas para mudança / Co-propriedade;
- Trabalha com problemas da realidade;
- Confronto consigo mesmo;
- Abertura da Fala;
- Opinião do grupo === opinião individual.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
19
2 - COMPROMIISSO
E COMPETÊNCIA
SIGNIFICA :
desvelamento
Aprender o saber sistematizado / transmitir caminhos para o
COMPREENDE : domínio teórico e prático / afetividade / cultura geral /
personalidade
3 - INTEGRAÇÃO E INTERAÇÃO
Integração:
- disciplinas precisam integrar-se para sua efetivação;
- Não no nível de conteúdos mas no nível de conhecimentos específicos
para que haja uma comprometimento global.
Interação:
- Ação entre pessoas:
- Condição fundamental.
Parte do pressuposto da INTEGRAÇÃO dos conhecimentos e busca novos questionamentos para
auxiliar a transformação da realidade
4 - IDENTIDADE
-As Relações são pessoais === conhecimento pessoal em relação ao
respeito pelo conhecimento do outro.
- Não percebemos como seres únicos
ETAPAS DO TRABALHO
1 - Formação da equipe
2 - Linguagem comum ==== conceitos chaves ==== porém há
autonomia entre as disciplinas;
3 - Problema de pesquisa para buscar a integração disciplinar;
4 - Divisão de tarefas dentro de uma visão de democracia;
5 - Análise dos dados ou resultados colocados em comum pelos diferentes
especialistas, partilhando o conhecimento e suas trocas entre os pares.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
20
Hilton Japiassu em seu livro – Psicopatologia do Saber apresenta um gráfico que
explica de
forma muito clara as comparações entre a postura ou abordagem Tradicional de ensino e a
abordagem Interdisciplinar.
ESCOLA TRADICIONAL
ESCOLA INTERDISCIPLINAR
- ensino abstrato
- ensino vivo e concreto
- transmissão do saber antigo
- transmissão do saber fazer
- privilegia a repetição
- privilegia a descoberta
- aceitação passiva
- reflexão constante
- isolamento
- saber
- saber é morte da vida
- realidade
- impõe sistema hierárquico
- escola + sociedade
- esclerosante
- atitude de abertura
- favorece o isolamento
- atividade de pesquisa coletiva
Muitos educadores sentem-se perplexos na tentativa da construção de novos projetos para o
ensino.
Percebe-se em todos esses projetos a marca da insegurança ,primeiramente, sem dúvida essa
insegurança se reflete em relação a esse novo paradigma emergente do conhecimento no século
XIX.
Essa insegurança deverá ser assumida, pois, a ciência pós-moderna exige que ela seja assumida ao
invés de postergada, porque a responsabilidade do educador diante das novas exigências é uma
realidade.
Muitos estudiosos têm tomado para si a tarefa de definir a interdisciplinaridade e na maioria das
vezes se perdem na diferenciação do que é plúri e transdisciplinaridade, sendo que, outros
estudiosos estão preocupados com a evolução da interdisciplinaridade e procuram fazer a
retrospectiva histórica da evolução do conhecimento dos pensadores através dos séculos.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
21
Acredito ser
necessário tomarmos conhecimento desses estudos antes de empreendermos o
caminho da ação interdisciplinar, pois uma reflexão cuidadosa da evolução do conhecimento
possibilita muitos avanços, e tais avanços poderão permitir visualização de projetos concretos de
investigação que possam corresponder ao novo paradigma emergente de conhecimento.
É fundamental que saibamos que em relação ao conhecimento nós estamos em uma fase de
transição. .
Estamos bastante divididos entre o passado que queremos negar, a um futuro que não esta perto de
nós, ainda não o visualizamos, pois ele pertence à prospecção da realidade, e a um presente que
está muito concreto e enraizado em nós.
Sabemos por exemplo, em termos de ensino, que os currículos organizados pelas disciplinas
tradicionais conduzem o aluno apenas a um acúmulo de informações e que pouco significado terão
em sua vida profissional. Sabemos que o desenvolvimento tecnológico atual é muito variado e
rápido, ficando impossível processar-se as ações desejadas para sistematização que a escola
necessita.
.
Por outro lado a inclusão de novas disciplinas ao currículo tradicional, só provoca avolumarem-se
as informações e pulverizar mais conhecimento.
O currículo tradicional, que já traduzia um conhecimento disciplinar, com esse acréscimo de
disciplinas tende a um conhecimento cada vez mais disciplinado, onde a regra principal seria
somente um policiamento maior às fronteiras que existem entre as disciplinas curriculares..
O efeito nada mais representa do que uma punição aos que quiserem transpor essas barreiras.Em
alguns casos isolados, educadores de certas escolas tem deixado de lado os conhecimentos
tradicionalmente sistematizados e organizados.
É importante saber que: o pensar interdisciplinar parte do princípio de que nenhuma forma de
conhecimento é em si mesma, racional. Tenta pois, o diálogo com outras formas de conhecimento
deixando-se interpretar por elas. Assim, por exemplo, aceita o conhecimento do senso comum como
válido, através do cotidiano que damos sentido às nossas vidas. Ampliando através do diálogo com
conhecimento científico tende a uma dimensão utópica e libertadora, pois permite enriquecer nossa
relação com o mundo.Um pensar nesta direção exige um projeto em que causa e intenção coincidam
, como nos ensina Ivani Fazenda em uma aula de 2010 na PUC.
Um projeto interdisciplinar de trabalho ou de ensino consegue captar a profundidade das relações
consciente entre pessoas e entre pessoas e coisas. Neste sentido precisa ser um projeto que não se
oriente apenas para produzir, mas que surja espontaneamente, no suceder diário da vida, de um ato
de vontade.Neste sentido, ele nunca poderá ser imposto, mas deverá surgir de uma preposição, de
um ato de vontade frente a um projeto que procura conhecer melhor.No projeto interdisciplinar não
se ensina, nem se aprende: vivi-se, exerce-se. A responsabilidade individual é a marca do projeto
interdisciplinar, mas essa responsabilidade está imbuída do envolvimento – envolvimento esse que
diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
22
O projeto interdisciplinar surge às vezes de um (aquele que já possuía em si a atitude
interdisciplinar) e se contamina para os outros para o grupo.Num projeto interdisciplinar,
comumente, encontramo-nos com múltiplas barreiras: de ordem material, pessoal, institucional e
gnoseológica. Entretanto, tais barreiras poderão ser transpostas pelo desejo de criar, de inovar, de ir
além.O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a
transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir.A solidão dessa insegurança
individual que caracteriza o pensar interdisciplinar pode diluir-se na troca, no diálogo, no aceitar o
pensar do outro. Exige a passagem da subjetividade para a inter-subjetividade.Uma das
possibilidade de execução de um projeto interdisciplinar na universidade é a pesquisa coletiva onde
existia uma pesquisa-mãe, que catalisaria as preocupações dos diferentes pesquisadores, e
pesquisas-filhas, onde cada um pudesse ter seu pensar individual e solitário.
Outra questão que se coloca à universidade é a superação da dicotomia ensino/pesquisa. A
necessidade de transformar desde a sala de aula dos cursos de graduação em locais de pesquisa, e
que não fique reservada apenas ao pós-graduação.Fazer pesquisa significa, numa perspectiva
interdisciplinar, a busca da construção coletiva de um novo conhecimento, onde este não é, em
nenhuma hipótese, privilégio de alguns, ou seja apenas dos doutores ou livre-docentes.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
23
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M.E.B. de. Tecnologia na escola: criação de redes de conhecimento. In: Brasil,
Ministério da Educação, Secretaria de Educação à Distância. Integração das Tecnologias na
Educação. Brasília: MEC/SEED,2005.
ANTUNES, Celso. As inteligências Múltiplas e seus estímulos. 6.ed. Campinas: Papirus, 1998.
-----------------------Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8.ed.. Petrópolis: Vozes,
1998.
-----------------------Alfabetização Emocional. Petrópolis : Vozes, 1999.
-----------------------.Relações interpessoais e auto-estima : a sala de aula como um espaço de
crescimento integral.Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes 2003.
------------------------.Trabalhando Habilidades : construindo idéias.São Paulo : Scipione, 2001.
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas em sala de aula. 2.ed.Porto Alegre: Artmed, 2001.
BOSSA, Nádia A. Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico. Porto Alegre : Artmed, 2002.
BRANDÃO, Carlos R. O que é educação ?. São Paulo : Brasiliense, 1981.
BRANDÂO. Heliana. Fantástica fábrica de brinquedos com sucata. Belo Horizonte : O Sol, 2002
CARNEIRO, Raquel. Informática na Educação: representações sociais do cotidiano.São
Paulo:Cortez, 2002.
CARVALHO, Irene Mello. O processo didático. Rio de Janeiro : FGV, 1973.
CARVALHO, Maria Cecília M. de ( org. ). Construindo o saber: Técnicas de metodologia
científica. Campinas, São Paulo: Papirus, 1988
CHATEAU, J. O jogo e a criança. São Paulo : Summus, 1987.
COELHO, BETY.Contar histórias uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986.
CORDEIRO, Jaime. Didática. São Paulo: Contexto, 2007.
FAZENDA, Ivani .C.A. integração e interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro, Efetividade ou
Ideologia. São Paulo, Loyola, 1979
_______________ .A Questão da Interdisciplinaridade no Ensino. Educação e Sociedade, N.27 de
São Paulo, Cortez/Cedes, 1988
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
24
________________ .Interdisciplinaridade e Filosofia. Revista de Ciências Sociais, Universidade
Federal da Paraíba, 1981.
FERREIRO, Emília.O mundo digital e o anúncio do fim do espaço institucional escolar.In: PátioRevista Pedagógica.. Porto Alegre: Artmed, ano IV, Fev/Abr, 2001
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade.6.ed. Rio de Janeiro : Paz e terra, 1982.
_____________. Educação como prática e liberdade.23.ed. São Paulo : Paz e Terra.1999.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.
__________________. Mentes que criam. Porto Alegre: Artmed, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Didática. 1.ed. 2.reimpr.São Paulo : Atlas 2007
GUILLON, Antonio B. Bueno e MIRSHAWKA, Victor. Reeducação: qualidade, produtividade e
criatividade – caminho para a escola excelente do século XXI. São Paulo: Makron Books, 1994
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. São Paulo : Objetiva, 1996.
GOLEMAN, Daniel; KAUFMAN, Paul & RAY, Michael. O espírito Criativo. São Paulo:
Cultrix,1998.
GUSDORF, Georges. Professores – para quê ? Lisboa : Moraes, 1970.
HAYDAT, Regina Célia C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 1995.
______________________ Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem.6.ed. São Paulo : Ática,
2008.
LEITE, Ligia Silva (coord..). Tecnologia educacional : descubra suas possibilidades em sala de
aula. 4.ed. Petrópolis : Vozes, 2004
.MASETTO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo:
Summus, 2003
MIZUKAMI, M.N. Ensino : abordagens do processo. São Paulo :: EPU, 1998.
NÉRICI, I.G. Introdução à Didática Geral . 10.ed. Guanabara: Fundo de Cultura,1971.
___________
Metodologia do ensino : uma introdução.2.ed .São Paulo : Atlas 1981
PARRA, N. Ensine melhor com modelos. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1967
PARRA, N. e PARRA I.C. Da C. Técnicas Audiovisuais de educação. 5.ed. São Paulo : Pioneira,
1985.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli
25
PERRENOUD, P. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIAGET, J. Para onde vai a educação ? Rio de Janeiro, José Olympio/Unesco,1973.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 2004.
PONTE, J.P.As novas tecnologias e a educação. Lisboa: Texto,1997.
RONCA, A.C. Caruso; ESCOBAR, Virginia F. Técnicas pedagógicas: domesticação ou desafio à
participação. 3.ed. Petrópolis : Vozes,1984..
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.).Técnicas de Ensino: Por que não ?.2.ed. Campinas, São
Paulo: Papirus, 1993.
VIDAL, E. M. e outros. Educação, informática e professores. Fortaleza:.Demócrito Rocha, 2002.
ZÓBOLI, Graziella. Práticas de Ensino - subsídios para a atividade docente. 11.ed. Ática, São
Paulo :2009.
@ Profa. Graziella Bernardi Zóboli