do arquivo - Programas de Pós
Transcrição
do arquivo - Programas de Pós
1 Dissertação EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Graciele Sbruzzi 2 INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Área de Concentração: Cardiologia EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Autora: Graciele Sbruzzi Orientadores: Profa Dra. Beatriz D`Agord Schaan Prof Dr. Rodrigo Della Méa Plentz Dissertação submetida como requisito para a obtenção do grau de Mestre ao Programa de PósGraduação em Ciências da Saúde: Cardiologia do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Cardiologia. Porto Alegre 2010 Universitária de 3 S276e Sbruzzi, Graciele. Efeitos da estimulação elétrica funcional em indivíduos com insuficiência cardíaca / Graciele Sbruzzi; orientação [por] Beatriz D´Agord Schaan; Rodrigo Della Méa Plentz – Porto Alegre, 2010. 159f ; tab. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. 1.Estimulação elétrica.2.Insuficiência cardíaca. 3.Força muscular.I.Beatriz D´Agord Schaan.II.Rodrigo Della Méa Plentz.III.Título. CDU: 616.12-008.315:615.841 Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva CRB 10/1850 4 Dedico esta dissertação aos meus pais, Juarez e Leda, que sempre foram meu porto seguro e nunca me faltaram, me apoiando sempre com estímulo e compreensão para que eu trilhasse mais este caminho. 5 AGRADECIMENTOS À minha família, meus pais, Juarez Paulo Sbruzzi e Leda Garbin Sbruzzi, pelo estímulo e compreensão. Sem vocês, não teria forças para lutar e alcançar mais esta conquista. Muito obrigada!!! Ao meu grande mestre, Prof Dr. Rodrigo Della Méa Plentz, exemplo de profissional, professor e pesquisador, que acreditou no meu trabalho e potencial e que despertou minha paixão pela pesquisa. Pessoa fundamental na realização deste trabalho e um exemplo a ser seguido. Obrigada por todos os ensinamentos e pela paciência e amizade ao longo destes anos. À Profa Dra. Beatriz D`Agord Schaan, líder e incentivadora da pesquisa, pelos incentivos e oportunidades fornecidas, pelos grandes ensinamentos, pela confiança e pelas ótimas recomendações e sugestões durante meu período de mestrado. Aos amigos e mestres Dr. Luiz Ulisses Signori e Dr. Antônio Marcos Vargas da Silva pelos ensinamentos e incentivos no caminho da pesquisa e pela amizade conquistada. Ao meu grande amigo e colega de laboratório, Thiago Dipp, pelo apoio sempre constante e ajuda em todos os momentos, e que me acompanhou nas angústias e alegrias do mestrado. À Profa Dra. Maria Claudia Irigoyen pelos grandes ensinamentos e confiança e pelo acolhimento no meu período de treinamento em São Paulo. Ao Msc. Rodrigo Antonini Ribeiro, pela grande ajuda durante a construção da revisão sistemática, ajuda esta fundamental para o término deste trabalho. Ao Milton Seigui Oshiro pelos ensinamentos e treinamento com estimulação elétrica funcional em São Paulo. 6 Aos amigos e pesquisadores do LIC (Laboratório de Investigação Clínica), LCMC (Laboratório de Cardiologia Molecular e Celular) e LEA (Laboratório de Experimentação Animal): Silvia Goldmeier, Dra. Melissa Markoski, Daniela Ribeiro, José Eduardo Vargas, Lucinara Dadda Dias, Andréia E. Vargas, Karina Rabelo Casalli, Bruna Eibel, Cinara Stein, Janaína Barcellos Ferreira, Bruna Pontin, Sandra Whittaker, Isabel Lameirinhas, pela amizade, carinho e incentivo depositados. Ao Programa de Pós Graduação do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, em especial a Profa Dra. Lucia Campos Pellanda (coordenadora), a secretária do PPG - Fernanda Poester, aos colegas e aos professores do PPG, meus sinceros agradecimentos e gratidão por toda a ajuda e aprendizado. À Unidade de Pesquisa - Maria Del Carmem S. de Stefani, Stephanie Schlatter Pilotti Martins, Maurício Mesquita Reche, Maurício da Silva Hoffmann, Ângelo Souza, Sérgio Kakuta Kato, Maria Lucia Guedes, e à biblioteca - Lílian Flores e Marlene Tavares, pelo apoio, atenção e ajuda em todos os momentos. À Universidade de Passo Fundo (UPF) pela disponibilidade dos laboratórios para a realização deste trabalho, pelo acolhimento e por toda a ajuda fornecida. Ao Gilnei Lopes Pimentel pela ajuda no desenvolvimento deste trabalho e por todo carinho, apoio e paciência. Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio e concessão da bolsa de mestrado. A Deus, pelo apoio e fortaleza em todos os momentos da minha jornada em Porto Alegre e em minha vida. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS • IC – Insuficiência cardíaca; • EEF – Estimulação elétrica funcional; • CVM – Contração voluntária máxima; • Hz – Hertz; • NYHA – New York Heart Association; • PTMI – Pico de torque muscular isométrico; • PAS – Pressão arterial sistólica; • PAD – Pressão arterial diastólica; • TON – Tempo de contração; • TOFF – Tempo de repouso; • mA – Miliampere; • ms – Milisegundo; • Nm – Newton-metro; • VO2 max – Consumo máximo de oxigênio; • IMC – Índice de massa corporal; • DPOC – Doença pulmonar obstrutiva crônica; • HF – Heart failure; • FES – Functional electrical stimulation; • MVC – Maximum voluntary contraction; • IMPT – Isometric muscle peak torque; • SBP – Systolic blood pressure; • DBP – Diastolic blood pressure; • Nm – Newton-meter; • C – control; 8 • BMI – Body mass index; • ICC – Insuficiência cardíaca crônica; • TC6min – Teste de caminhada de seis minutos; • AC – Exercício físico aeróbio convencional; • PEDro - Physiotherapy Evidence Database; • ECR – Ensaio controlado randomizado; • m – Metro; • NS – Não-significativo; • CHF – Chronic heart failure; • 6MWT – Six-min walk test; • Peak VO2 – Peak oxygen consumption; • CA – Conventional aerobic exercise training; • RCT – Randomized controlled trial. 9 SUMÁRIO 1 BASE TEÓRICA..................................................................................................... 01 1.1 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.......................................................................... 01 1.1.1 Classificação da Insuficiência Cardíaca.................................................. 02 1.1.2 Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca................................................ 03 1.1.3 Disfunção Muscular na Insuficiência Cardíaca..................................... 06 1.1.4 Insuficiência Cardíaca e Exercício Físico............................................... 09 1.2 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA............................................................................. 14 1.2.1 Breve Histórico da Eletroterapia............................................................. 14 1.2.2 Conceitos e indicações............................................................................... 16 1.2.3 Definições dos parâmetros em estimulação elétrica.............................. 17 1.2.4 Mecanismos da Contração Muscular Induzida Eletricamente............ 19 1.2.5 Estimulação Elétrica Funcional de Baixa Frequência........................... 21 1.3 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL DE BAIXA FREQUÊNCIA 22 NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.......................................................................... 1.4 REVISÃO SISTEMÁTICA................................................................................. 27 2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 32 3 OBJETIVOS............................................................................................................ 34 3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 34 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 34 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA BASE TEÓRICA............................ 35 5 ARTIGO 1 – VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA...................................... 50 RESUMO................................................................................................................... 51 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 53 MÉTODOS................................................................................................................ 54 10 Participantes............................................................................................................. 54 Desenho do Estudo................................................................................................... 55 Avaliação do Pico de Torque Muscular Isométrico.............................................. 56 Estimulação Elétrica Funcional.............................................................................. 57 Análise Estatística.................................................................................................... 59 RESULTADOS......................................................................................................... 59 DISCUSSÃO............................................................................................................. 61 CONCLUSÃO........................................................................................................... 65 AGRADECIMENTOS.............................................................................................. 66 DECLARAÇÃO DE INTERESSE............................................................................ 66 6 TABELAS................................................................................................................. 67 LEGENDAS DAS FIGURAS................................................................................... 69 FIGURAS.................................................................................................................. 70 ARTIGO 1 – VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA................................................ 71 ABSTRACT.............................................................................................................. 72 INTRODUCTION..................................................................................................... 73 METHODS................................................................................................................ 74 Participants.............................................................................................................. 74 Research design........................................................................................................ 75 Evaluation of the isometric muscle peak torque................................................... 76 Functional electrical stimulation............................................................................ 77 Statistical analysis.................................................................................................... 78 RESULTS.................................................................................................................. 79 DISCUSSION............................................................................................................ 80 CONCLUSION.......................................................................................................... 85 11 ACKNOWLEDGEMENTS…………………………………................................... 85 DECLARATION OF INTEREST............................................................................. 85 TABLES.................................................................................................................... 86 FIGURE CAPTIONS……….................................................................................... 88 FIGURES................................................................................................................... 89 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO ARTIGO 1....................................... 90 8 ARTIGO 2 – VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA...................................... 95 RESUMO.................................................................................................................. 97 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 99 MÉTODOS................................................................................................................ 100 Estratégia de busca.................................................................................................. 100 Elegibilidade dos estudos........................................................................................ 101 Seleção dos estudos e extração de dados........................……………………….... 101 Avaliação da qualidade………………………..……………………………….… 102 Análises..................................................................................................................... 102 RESULTADOS......................................................................................................... 103 Descrição dos estudos selecionados........................................................................ 103 Estimulação elétrica funcional versus exercício físico aeróbio 104 convencional............................................................................................................. Estimulação elétrica funcional versus grupo controle.......................................... 104 9 DISCUSSÃO............................................................................................................. 105 LEGENDAS.............................................................................................................. 109 TABELAS................................................................................................................. 110 FIGURAS.................................................................................................................. 115 ARTIGO 2 – VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA............................................... 117 12 ABSTRACT............................................................................................................... 119 INTRODUCTION..................................................................................................... 121 METHODS................................................................................................................ 122 Search strategy......................................................................................................... 122 Study eligibility………............................................................................................ 122 Study selection and data extraction...………………………………………….... 123 Quality Assessment ……………….……………………………………………… 123 Analysis..................................................................................................................... 124 RESULTS.................................................................................................................. 124 Description of selected studies……........................................................................ 124 Functional electrical stimulation versus conventional aerobic exercise 125 training……..………...……..................................................................................... Functional electrical stimulation versus control group........................................ 126 DISCUSSION............................................................................................................ 127 LEGENDS................................................................................................................. 130 TABLES.................................................................................................................... 131 FIGURES.................................................................................................................. 135 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO ARTIGO 2....................................... 137 11 ANEXOS.................................................................................................................. 141 13 1 BASE TEÓRICA 1.1 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A insuficiência cardíaca (IC) representa, atualmente, uma das mais prevalentes doenças do sistema cardiovascular, acarretando elevados custos sociais e econômicos. Estima-se que 80.000.000 de adultos (aproximadamente 1 em cada 3) tenham um ou mais tipos de doença cardiovascular. Destes, estima-se que 38.100.000 tenham 60 anos ou mais de idade. Dentre as doenças cardiovasculares, grande parcela da população possui hipertensão arterial sistêmica (73.600.000) 1, enquanto 5.700.000 apresentam diagnóstico de IC 2. A taxa anual de novos casos de IC por 1000 habitantes é de 15,2% para homens e 8,2% para mulheres entre 65 e 74 anos de idade, 31,7% e 19,8% para aqueles entre 75 e 84 anos e 65,2% e 45,6%, respectivamente, para idade superior a 85 anos. Os custos estimados diretos e indiretos para esta doença nos Estados Unidos para 2009 foram de U$ 37,2 bilhões 1. No Brasil, em 2009, a IC foi a quarta causa clínica responsável pelo maior número de hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS) 3. Como se pode observar, o envelhecimento da população e o prolongamento da vida dos pacientes através de inovações terapêuticas têm levado ao aumento da incidência de IC 4. Dessa forma, a IC se constitui um problema grave e atual nos âmbitos da cardiologia e da saúde pública. Apesar dos progressos ocorridos nas últimas duas décadas no entendimento dos mecanismos mais íntimos da falência ventricular como uma síndrome endócrino-metabólica, a IC continua sendo responsável por elevada morbidade e mortalidade em todo o mundo 5, sendo que a taxa de mortalidade tende a aumentar com os anos a partir do início dos sintomas 6. 14 1.1.1 Classificação da Insuficiência Cardíaca A IC classifica-se, em termos clínicos, em congestiva/retrógrada ou anterógrada; em termos anatômicos, em direita ou esquerda; em termos temporais, em aguda ou crônica ou conforme a etapa do ciclo cardíaco predominantemente atingido (sistólica ou diastólica) 7. A escala proposta pela New York Heart Association é um sistema de classificação funcional comum para a IC, como podemos observar abaixo: • CLASSE I – 4,0 - 6,0 cal/min. Pacientes cardíacos, mas sem limitações à atividade física. A atividade física normal não provoca cansaço indevido, palpitação, dispnéia ou dor anginosa. • CLASSE II – 3,0 - 4,0 cal/min. Pacientes com doença cardíaca que provoca ligeira limitação da atividade física. Ficam confortáveis em repouso. A atividade física normal causa cansaço, palpitação, dispnéia ou dor anginosa. • CLASSE III – 2,0 - 3,0 cal/min. Pacientes com doença cardíaca que provoca acentuada limitação na atividade física. Ficam confortáveis em repouso. A atividade física de intensidade inferior à normal provoca cansaço, palpitação, dispnéia ou dor anginosa. • CLASSE IV – 1,0 - 2,0 cal/min. Pacientes com doença cardíaca que provoca incapacidade de realizar qualquer tipo de atividade física sem desconforto. Os sintomas de IC podem estar presentes até mesmo em repouso. A partir das diretrizes de 2009 do American College of Cardiology Foundation/American Heart Association 8 foi sugerida uma nova classificação para a IC, que enfatiza o desenvolvimento e a progressão da doença. De acordo com esta classificação, a IC é identificada dentro de quatro estágios: os dois primeiros estágios (A – alto risco para IC, mas sem doença cardíaca estrutural ou sintomas de IC e B – doença cardíaca estrutural, mas sem sinais ou sintomas de IC) não compreendem 15 pacientes com a doença claramente definida, mas são indivíduos que apresentam risco de desenvolver esta síndrome, como por exemplo, pacientes com doença arterial coronariana, hipertensão arterial sistêmica ou diabetes mellitus. O estágio C denota pacientes com sintomas atuais ou passados de IC associados à doença cardíaca estrutural subjacente, e o estágio D designa pacientes com verdadeira insuficiência cardíaca refratária que requer intervenções especializadas. Esta classificação reconhece que existem fatores de risco estabelecidos e pré-requisitos estruturais para o desenvolvimento da IC. Porém, esta classificação não vem de nenhuma maneira substituir a classificação da New York Heart Association, mas sim complementá-la. 1.1.2 Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca A IC é uma síndrome clínica complexa que pode resultar a partir de qualquer distúrbio cardíaco estrutural ou funcional que compromete a capacidade do ventrículo esquerdo de encher ou ejetar sangue. As manifestações da IC caracterizam-se por dispnéia e fadiga, que podem limitar a tolerância ao exercício, e retenção de líquidos, que pode levar a congestão pulmonar e edema periférico. Ambas as anormalidades podem prejudicar a capacidade funcional e a qualidade de vida dos indivíduos acometidos por essa patologia 8. A doença arterial coronariana, hipertensão arterial sistêmica e cardiomiopatia dilatada são as causas principais de IC. De fato, quase qualquer forma de doença cardíaca pode levar a IC 8, 9. O padrão da insuficiência dependerá do local da doença. A insuficiência ventricular esquerda ocorre quando o ventrículo não consegue efetivamente esvaziar, e a consequente hipertensão venosa pulmonar levaria ao edema pulmonar. Ao contrário, a insuficiência relativa do ventrículo direito leva ao ingurgitamento do sistema venoso sistêmico, resultando em edema periférico, ascite e proeminência das 16 veias do pescoço 10-12 . Além disso, pacientes com insuficiência do ventrículo direito podem apresentar uma fração de ejeção ventricular esquerda preservada 9. Na IC, o grau de disfunção ventricular esquerda vem sendo relacionado como o principal determinante do prognóstico da doença 13, 14. Em resposta à diminuição da funcionalidade do ventrículo esquerdo, ocorrem uma série de episódios compensatórios, na tentativa de manter um débito cardíaco adequado: 1) hipertrofia e dilatação ventricular: provê mais massa e superfície para que as cargas sejam distribuídas, permitindo ao ventrículo suportar a sobrecarga; porém contribui para o esgotamento da reserva contrátil cardíaca; 2) estimulação do sistema nervoso simpático: provoca taquicardia, vasoconstrição periférica, aumento das catecolaminas e redistribuição do fluxo sanguíneo; porém aumenta o consumo de oxigênio miocárdico e pode comprometer o fluxo coronariano pelo encurtamento da diástole; 3) mecanismo de Frank-Starling: o ventrículo responde a um aumento na pré-carga com um aumento na força de contração; 4) ativação do sistema renina-angiotensinaaldosterona: ocasiona vasoconstrição e aumento no volume sanguíneo através da retenção de sal e água 10, 11, 15. Além da disfunção cardíaca, a IC também é caracterizada por anormalidades na musculatura esquelética e na função renal, além de estimulação do sistema nervoso simpático e um complexo padrão de alterações neuro-hormonais que afetam o aparelho cardiovascular 11. Essas alterações, que se destinam a restaurar o volume sanguíneo e o débito cardíaco, provocam vasoconstrição e retenção de sódio e água (ativação do sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, assim como liberação de arginina-vasopressina); e causam também vasodilatação e natriurese (liberação do fator natriurético atrial, certas prostaglandinas e dopamina) 10-12. Porém, 17 apesar de haver um benefício hemodinâmico inicial, a prolongada ativação neurohormonal está associada a um pior prognóstico da IC 12, 16. Outra alteração que ocorre na IC está relacionada ao sistema nervoso autônomo, em que ocorre anormalidade nos mecanismos reflexos, tais como reflexo cardiopulmonar, barorreflexo e quimioreflexo 17, 18. Os receptores cardiopulmonares e os barorreceptores arteriais sino-aórticos, que são responsáveis por uma ação inibitória tônica sobre a atividade simpática, encontram-se deprimidos na IC e podem contribuir para o aumento do tônus simpático já descrito nessa síndrome estudo realizado 21 19, 20 . Em , foi observado que as alterações barorreflexas arteriais que controlam a frequência cardíaca e a atividade nervosa simpática eram diretamente proporcionais à severidade da IC. Além disso, a ativação simpática crônica e a maior exposição dos miócitos cardíacos a altos níveis de catecolaminas, provoca efeitos deletérios na função cardíaca, causando uma maior deterioração funcional, estando associada com apoptose de miócitos e necrose do miocárdio 22 , além de ser preditor de mortalidade em pacientes com IC 23. Associado à hiperatividade simpática, pacientes acometidos por esta síndrome apresentam redução na variabilidade da frequência cardíaca como resultado da predominância simpática e redução da modulação vagal no nodo sinusal, podendo ser um marcador prognóstico em pacientes com IC 24. Outro aspecto importante presente na fisiopatologia da IC é a disfunção endotelial. Esta disfunção é caracterizada por aumento de endotelinas, do estresse oxidativo e diminuição na produção de óxido nítrico pelo endotélio 25, e pode ocorrer tanto no leito arterial 26 quanto no leito venoso 27 . As endotelinas, além de potentes vasoconstritores, promovem proliferação de músculo liso, miócitos e fibroblastos, 18 aumentam a retenção de sódio e água, e ativam o sistema nervoso simpático e o sistema renina-angiotensina-aldosterona 28 . Essas alterações explicam em parte a deficiente vasodilatação periférica e coronariana em pacientes com IC 29. Além disso, evidências científicas sugerem que a disfunção endotelial representada pela menor vasodilatação endotélio-dependente representa um preditor independente de morte e hospitalização em pacientes com IC, corroborando com a idéia de que o óxido nítrico derivado do endotélio pode ser um fator protetor na IC 30. 1.1.3 Disfunção Muscular na Insuficiência Cardíaca Evidências defendem a hipótese de que a intolerância ao exercício em pacientes com falência cardíaca crônica não é somente uma consequência da função cardíaca reduzida, mas é também um resultado de alterações no metabolismo 31, 32 oxidativo do músculo esquelético , já que estudos têm demonstrado que existe uma pobre relação entre medidas de desempenho cardíaco e os sintomas produzidos pela doença 33 . Estudos em que foram administradas drogas inotrópicas vasoativas que aumentam o débito cardíaco e/ou reduzem a pressão pulmonar capilar, verificaram que estas não resultaram em aumento imediato da capacidade física ou da tolerância ao esforço 34, 35. Desse modo, alterações secundárias periféricas, como a disfunção endotelial, estresse oxidativo, anormalidades no metabolismo do tecido muscular e atividade ergorreflexa aumentada, despertam cada vez mais os interesses de pesquisadores já que as alterações centrais hemodinâmicas, por si só, não são capazes de explicar a intolerância ao esforço na IC 36, 37 função do músculo esquelético 39 . Deficiências no fluxo sanguíneo periférico 38 , na e na sensibilidade aos sinais metabólicos oriundos da musculatura esquelética durante o exercício parecem ser os candidatos mais 19 prováveis para também explicar a fadiga precoce e a dispnéia no paciente com IC 40. Dessa forma, a função cardíaca comprometida levaria a alterações periféricas secundárias, que limitam ainda mais o desempenho físico do indivíduo 8, 11. A atrofia muscular esquelética é outro fator comum em pacientes com IC, podendo contribuir para a intolerância ao exercício, levando frequentemente, ao estado de caquexia musculares 43 41, 42 e também contribuindo para anormalidades metabólicas . As causas prováveis para esse estado estão relacionadas à inatividade física progressiva e ao aumento dos níveis plasmáticos de citocinas, ocorrendo diminuição da massa muscular esquelética, principalmente com diminuição das fibras musculares oxidativas (tipo I) e aumento das fibras glicolíticas (tipo II) 44. Entre as mudanças encontradas no músculo esquelético, pode-se observar também decréscimo da atividade enzimática oxidativa com redução do volume e/ou da função mitocondrial, diminuição da densidade capilar, expressão gênica reduzida de proteínas contráteis e apoptose das células musculares 45 . Além disso, a força do músculo esquelético está reduzida em pacientes com falência cardíaca crônica em comparação com indivíduos normais e o treinamento físico pode ser benéfico nesses pacientes 31, 38, 46. Estudos têm utilizado o dinamômetro computadorizado como método para avaliar a força do músculo esquelético prejudicada em indivíduos com IC, sendo esta uma forma segura e confiável de avaliação 13, 47, 48. Em um estudo realizado por Minotti et al. 38, com objetivo de avaliar a força e a resistência dos músculos extensores da perna durante exercícios estáticos e dinâmicos em 16 pacientes com IC classes I-IV, comparando com um grupo controle (8 indivíduos sedentários com idades semelhantes), os autores utilizaram um dinamômetro computadorizado (Cybex) para avaliar a força e a resistência destes 20 músculos. Neste estudo, os autores puderam mensurar o pico de torque desses pacientes em duas velocidades angulares pré-determinadas (90º e 180º). O protocolo de exercícios consistia em 15 extensões rápidas da perna sucessivamente em cada velocidade. Durante todo o procedimento, os pacientes foram encorajados verbalmente. Observou-se que a força não teve diferença significativa nos dois grupos. A resistência dinâmica apresentou-se reduzida nos pacientes com IC comparando ao grupo controle (pico de torque 65 vs 86% a 90º/s e 60 vs 85% a 180º/s) e a resistência estática também se apresentou reduzida nos pacientes com IC comparando ao grupo controle (40 ± 14 vs 77 ± 29 s). Esse estudo concluiu que a resistência da musculatura esquelética está prejudicada em pacientes com IC. Em outro estudo realizado por Opasich et al. 31, englobando 91 pacientes com IC, os autores também utilizaram o dinamômetro computadorizado (Cybex) para avaliar a força isocinética do quadríceps e dos isquiotibiais da coxa desses pacientes. Os testes foram realizados em uma velocidade angular de 120º/s. Os pacientes realizaram 12 movimentos de extensão da perna e também foram encorajados verbalmente. Observou-se que a força muscular não foi relacionada aos índices de severidade clínica, status metabólico, neurohormônios ou grau de função cardíaca sistólica ou diastólica, mas relacionada ao peso e à idade. Ainda, análise multivariável do VO2 pico com indicadores clínicos, hemodinâmicos e periféricos mostraram o peso, a força muscular e a classe funcional segundo a New York Heart Association como os únicos preditores independentes do VO2 pico. Foi concluído então que, a disfunção muscular é parte da síndrome da falência crônica e que junto com a percepção dos sintomas, prediz aproximadamente metade da variação na tolerância ao exercício. 21 Também Gosker et al.13, utilizaram um dinamômetro computadorizado (Biodex ou Cybex) para avaliar a força muscular esquelética do quadríceps femoral e do bíceps braquial em 25 pacientes com IC, 25 pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 36 indivíduos saudáveis (controle). O protocolo consistia de 15 contrações voluntárias máximas sequenciais, em uma velocidade angular de 90º. A força muscular máxima foi definida pelo pico de torque nestas séries. Neste estudo, também foi definida a fadiga como uma diminuição proporcional no pico de torque durante as 14 sucessivas repetições. A primeira contração foi excluída da análise. Observou-se que a massa livre de gordura dos pacientes foi mais baixa que a dos indivíduos controles e que esta foi correlacionada com a força do quadríceps e bíceps nos 3 grupos. O tipo e a severidade da disfunção muscular foram similares em cada grupo de pacientes (IC e DPOC). Não houve correlação significativa entre os índices de função cardiopulmonar e função muscular ou performance de exercícios em pacientes com falência cardíaca crônica ou DPOC. Concluiu-se então que a disfunção muscular não é limitada aos membros inferiores, mas generalizada, e que a massa livre de gordura é um forte indicador de força muscular periférica. 1.1.4 Insuficiência Cardíaca e Exercício Físico No passado, pacientes com IC eram aconselhados a evitar o esforço físico com o objetivo de que o repouso no leito poderia minimizar os sintomas 49 e acreditava-se que a atividade física poderia acelerar a progressão da disfunção ventricular esquerda 50 . Entretanto, compreende-se agora que a redução na atividade física pode levar a um estado de descondicionamento físico que contribui aos sintomas e a intolerância ao exercício em pacientes com IC 51. 22 Numerosos estudos envolvendo pacientes com IC e exercício, mostraram que exercício físico regular, ao contrário do que se imaginava, pode ser um eficiente agente terapêutico de auxílio ao tratamento da IC 52 , pois aumenta a tolerância à atividade, melhora o estado clínico do paciente e melhora sua capacidade física 53 32, 44, . Segundo a III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica 54 e as Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca em Adultos do American College of Cardiology Foundation/American Heart Association 55 , programas de treinamento físico em associação com o tratamento farmacológico otimizado são recomendados para melhorar a condição clínica e a capacidade funcional de pacientes com IC estável, sendo considerado um tratamento custo efetivo 54 . Assim, o exercício físico faz parte integrante do tratamento da IC, tendo recomendação grau A e nível de evidência 1 56. Evidências demonstram que o treinamento físico, praticado regularmente, pode reverter várias alterações fisiopatológicas provocadas pela IC como: melhora do controle autonômico através do aumento do tônus vagal e redução da ativação simpática 60 57, 58 , melhora da disfunção endotelial , redução da resistência vascular sistêmica aumento do fluxo sanguíneo periférico 44 59 , diminuição do estresse oxidativo 61 , aumento da massa muscular 62 , , provoca alterações do metabolismo incluindo aumento da capacidade oxidativa dos músculos esqueléticos, melhorando a eficiência do metabolismo aeróbio 32, 53 e mudanças na estrutura do músculo esquelético através do aumento das fibras do tipo I e diminuição das fibras do tipo II 44, 63 . Além disso, podemos observar através de algumas revisões sistemáticas que o condicionamento físico alcançado pelo treinamento reduz mortalidade e 23 hospitalizações, e melhora a tolerância ao exercício e a qualidade de vida dos pacientes com IC 64-66. Em uma metanálise publicada em 2004 65 , que reuniu os dados de nove ensaios clínicos randomizados, totalizando 801 indivíduos, e que teve como objetivo analisar os efeitos do treinamento físico na sobrevida de pacientes com insuficiência cardíaca, sendo estes submetidos ao treinamento durante oito semanas e acompanhados por 705 dias em média, os autores concluíram que o treinamento físico supervisionado é seguro e que reduz tanto a mortalidade bem como o número de internações por descompensação da IC. Porém, o estresse cardiovascular induzido pelo exercício físico depende do modo do exercício escolhido (caminhada, ciclismo, natação), do método (contínuo vs intervalar, rítmico vs estático, isométrico vs isotônico), do tamanho da massa muscular envolvida, da duração e da intensidade 67, 68. Em um estudo realizado por Roveda et al. 58 , pacientes com IC foram submetidos a quatro meses de treinamento físico aeróbio, compreendendo três sessões por semana, cada uma com duração de 60 minutos e com intensidade entre o limiar anaeróbio até 10% abaixo do ponto de compensação respiratória. Foi observado que o treinamento aeróbio melhorou a capacidade física destes pacientes, reduziu a atividade nervosa simpática muscular e aumentou proporcionalmente o fluxo sanguíneo muscular 58. Em outro estudo realizado em ratos com IC, que teve como objetivo avaliar os efeitos do treinamento físico (natação) realizado 60 minutos por dia, cinco dias por semana, durante oito semanas, foram analisados marcadores hemodinâmicos, peroxidação lípica muscular e níveis plasmáticos de interleucina-10. Os autores puderam concluir que oito semanas de treinamento físico promoveram melhoras na 24 função cardíaca e nas respostas antiinflamatórias, além de redução no dano celular muscular 69. Outro estudo também realizado em ratos com IC, foi observado que após oito semanas de treinamento (corrida) realizado cinco dias por semana durante 60 minutos cada sessão, foi observado redução nos níveis de angiotensina II e redução da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona, demonstrando mais uma vez os efeitos benéficos do treinamento físico na função cardíaca 70. A reabilitação cardíaca tem enfatizado atividades rítmicas, contínuas e aeróbias para aumentar a resistência cardiorespiratória. Entretanto, treinamentos de resistência quando prescritos e supervisionados adequadamente, também têm mostrado efeitos benéficos na força, resistência cardiovascular, capacidade funcional, além de apresentar impacto positivo sobre fatores de risco cardiovascular 71. Ainda, resultados de estudos demonstraram que exercício dinâmico resistido é bem tolerado em pacientes com IC estável, sendo um modo de exercício seguro e efetivo, quando a intensidade de contração inicial é baixa (em torno de 50-60% de uma repetição máxima), pequenos grupos musculares são envolvidos, fases de trabalho são curtas (igual ou inferior a 60 segundos), um número pequeno de repetições por série é realizado e a proporção trabalho/descanso é maior ou igual que 1 para 2 72, 73. Porém, exercícios resistidos executados em alta intensidade, apresentam componente isométrico bastante elevado, ocasionando aumento da frequência cardíaca e aumento exacerbado da pressão arterial, principalmente na pressão arterial diastólica 74. Além disso, pode-se observar um comprometimento do fluxo sangüíneo e da demanda de oxigênio por causa do aumento da pressão intramuscular, aumento da pressão arterial sistêmica para manter o fluxo sanguíneo e, quando a intensidade do 25 exercício é maior que 70% da contração voluntária máxima, há completa obstrução do fluxo aeróbio, passando a utilizar fonte anaeróbia 72. Assim, as atuais evidências sugerem que exercícios de resistência dinâmicos apropriados, de baixa ou moderada intensidade, devem ser recomendados como um modo de treinamento seguro e efetivo (complementar ao treinamento aeróbio convencional 75) para melhorar as alterações provocadas pela IC 72, e devem ser parte das intervenções não farmacológicas na reabilitação cardíaca 76, 77. Segundo um consenso da American Heart Association e da American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation 78 , os programas de reabilitação cardíaca devem oferecer uma abordagem multidisciplinar para a redução do risco cardiovascular global, incluindo avaliação inicial do paciente, aconselhamento nutricional, manejo dos fatores de risco (lipídios, pressão arterial, peso, diabetes mellitus, tabagismo), intervenções psicosociais e aconselhamento para atividade física e exercício físico. Em relação ao exercício físico, este consenso preconiza que deve ser prescrito treinamento aeróbio e de resistência de forma individualizada. Para o exercício aeróbio é indicado que seja prescrito: 3-5 dias por semana, com intensidade referente a 50-80% da capacidade de exercício, devem ser realizados 20-60 minutos diariamente, e a modalidade de treinamento deve ser contínua ou intervalar como caminhada, esteira, ciclismo, remo, subir escadas e ergometria de braços ou pernas. Para o exercício de resistência é indicado que seja realizado 2-3 dias por semana, com intensidade de 10-15 repetições, definido como fadiga moderada, duração de 1-3 séries, cada uma composta por 8-10 exercícios diferentes de membros superiores e inferiores, e as modalidades de treinamento pode ser ginástica, elásticos, halteres, pesos livres, polias. Além disso, em cada sessão de treinamento devem ser incluídos 26 períodos de aquecimento, desaquecimento e alongamento. A escala de Borg também pode ser utilizada na prescrição da intensidade do exercício, especialmente em pacientes beta-bloqueados. O limiar anaeróbio geralmente ocorre com uma percepção de esforço entre 13 e 15 17. Desta forma, podemos observar que a IC é uma síndrome clínica complexa caracterizada por anormalidades cardiovasculares, músculo-esqueléticas, neurohormonais, respiratórias e metabólicas e que o treinamento físico em pacientes com IC resulta na reversão dessas diversas alterações fisiopatológicas que limitam a capacidade funcional destes indivíduos. Portanto, pacientes com IC estável devem praticar exercício físico regularmente 79. 1.2 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA 1.2.1 Breve Histórico da Eletroterapia A aplicação terapêutica da corrente elétrica teve início na antiguidade com o emprego da eletricidade animal. Nessa época, os médicos utilizavam o peixe-torpedo ou enguias para transmitir corrente elétrica aos pacientes com propósitos terapêuticos, que variavam do controle da dor até o ressuscitamento 80 . Desta forma empírica, o emprego da eletroterapia manteve-se até o século XVI80. Na metade do século XVII, Francesco Redi realizou pesquisas com o peixe elétrico e concluiu que a energia era originada de músculos altamente especializados 81 . Em 1780 surgiu a corrente galvânica. As experiências de Luigi Galvani demonstraram que o músculo pode manifestar qualidades contráteis quando submetido a um estímulo elétrico eficaz. Foi Alessandro Volta, o descobridor da pilha 27 elétrica (pilha voltaica), quem deduziu que a eletricidade originada do contato de dois metais diferentes era capaz de provocar contrações musculares. Mais tarde Galvani foi capaz de demonstrar que o disparo do músculo ocorria tanto pelo contato com o nervo quanto com o metal e foi consagrado como o descobridor do fenômeno da contração muscular sob o efeito da corrente elétrica 81. Em 1831, Michael Faraday descobriu a corrente farádica, surgindo a possibilidade de estimular músculos com correntes elétricas alternadas sob controle 81. O primeiro pesquisador a introduzir o uso da estimulação elétrica para excitar nervos em humanos foi Duchenne de Boulogne, em 1876. Ele colocou eletrodos sobre nervos e pontos motores musculares e verificou a presença de excitabilidade nos músculos, sendo o precursor do eletrodiagnóstico moderno 81. A partir da primeira e segunda guerra mundial, com o desenvolvimento dos transitores, um grande número de aparelhos foi surgindo, tornado possível o emprego da estimulação elétrica em várias finalidades, tanto no diagnóstico como no tratamento das doenças. Assim, em 1921, Bernard instituiu a corrente diadinâmica e em 1950, Nemec, a corrente interferencial 81. O primeiro aparelho portátil de estimulação elétrica funcional foi desenvolvido em 1960 por Wladimir Liberson para servir como órtese funcional em pacientes hemiplégicos 82. No final dos anos 70, após a rápida proliferação de unidades de TENS (Trasncutaneous Electrical Nerve Stimulation) para o controle da dor, o interesse em eletroterapia aumentou devido a pesquisas do médico da delegação de atletas da União Soviética, Yakov Kots, que afirmava que a ativação elétrica regular do músculo era mais efetiva que o exercício no fortalecimento do músculo esquelético 83. 28 1.2.2 Conceitos e Indicações É possível excitar um músculo passando uma corrente elétrica através dele ou do seu nervo periférico; a esta geração de potenciais de ação em células estimuláveis com impulsos elétricos chamamos de estimulação elétrica 84. Profissionais da saúde em geral têm expressado seu interesse na utilização da corrente elétrica como coadjuvante do exercício físico, especialmente na melhora do condicionamento físico humano 85 . Uma variedade de ganhos terapêuticos pode ser obtida ao se estimular eletricamente uma contração muscular, como podemos observar abaixo: A estimulação elétrica pode apresentar efeitos positivos no tratamento de pacientes hemiplégicos. Em uma revisão sistemática de ensaios clínicos sobre os efeitos da estimulação elétrica em pacientes hemiplégicos após o acidente vascular cerebral, a síntese das evidências demonstrou efeitos positivos da estimulação elétrica aplicada nos músculos do punho e dedos destes pacientes. Entre estes efeitos pode-se observar redução do tônus, aumento da força isométrica de extensores do punho, aumento da função motora, aumento da coordenação motora e ganhos funcionais na rotina diária após aplicação de estimulação elétrica. Desta forma, pode-se observar que a estimulação elétrica é eficaz para a promoção de função do membro afetado de indivíduos hemiplégicos 86 . Também foi observado que em pacientes com AVC que apresentavam déficits na marcha, a estimulação elétrica no músculo fibular mostrou efeitos positivos, como aumento na velocidade da marcha 87. Ainda, a estimulação elétrica também apresenta efeitos benéficos em pacientes cardiopatas. Isto pode ser observado em uma revisão sistemática que buscou avaliar os efeitos da estimulação elétrica neuromuscular aplicada nos músculos da deambulação em pacientes com IC ou DPOC. Através deste estudo, foi observado que 29 a estimulação elétrica promove melhoras na força muscular, na capacidade de exercício e no estado de saúde destes pacientes, sugerindo que esta técnica pode ser um meio promissor de reabilitação para esses indivíduos 88. Além disso, a estimulação elétrica também é uma modalidade efetiva para o aumento de força muscular, principalmente do músculo quadríceps femoral. Esta pode ser mais efetiva que o exercício voluntário para minimizar a perda de força após períodos de imobilização e ainda pode ser um adjuvante ao exercício voluntário para o fortalecimento muscular 89 . Por exemplo, em um estudo realizado com mulheres idosas comparando a estimulação elétrica e o fortalecimento muscular localizado, foi observado que ambas as modalidades de treinamento aumentaram a força muscular isotônica do quadríceps femoral 90. 1.2.3 Definições dos parâmetros em estimulação elétrica O entendimento dos parâmetros ajustáveis dos aparelhos de estimulação elétrica é fundamental para uma aplicação clínica otimizada desta técnica nos pacientes. Abaixo são descritos os principais parâmetros em estimulação elétrica: CORRENTES Existem três tipos de correntes elétricas: corrente direta na qual o fluxo de elétrons segue em apenas uma direção, também conhecida como corrente “galvânica”; corrente alternada na qual a corrente flui primeiro em uma direção e depois em outra; e corrente pulsada ou interrompida definida como o fluxo uni ou bidirecional de partículas carregadas que periodicamente param por um período de tempo finito 91. 30 FREQUÊNCIA A frequência do trem de estímulos é o tempo entre o início de um pulso e o início do pulso seguinte. É geralmente dada em Hertz (Hz) 82 . Também é definida como o número de ciclos de corrente alternada por segundo 91. As correntes elétricas podem ser classificadas quanto as frequências de estimulação 91: - Baixa frequência: 1 a 1000 Hz – exemplos: estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e estimulação elétrica funcional (EEF). A estimulação elétrica empregada no ser humano apresenta uma faixa de frequência comumente situada abaixo dos 100 Hz. Dentro desta faixa, ocorrem subdivisões de acordo com o recrutamento das fibras nervosas e musculares, em que frequências até 20-30 Hz recrutam as fibras oxidativas tipo I; e frequências acima de 30 Hz recrutam as fibras glicolíticas tipo II 92. - Média frequência: 1000 a 100.000 Hz – exemplos: estimulação elétrica nervosa neuromuscular (EENM) e corrente interferencial; - Alta frequência: acima de 100.000 Hz – exemplos: ondas curtas e micro-ondas. A definição da frequência de estímulo que será adotada na utilização da estimulação elétrica é um fator fundamental na reabilitação, visto que a frequência necessária para estimular determinado tipo de fibra é variado, como mencionado anteriormente. Além disso, a força muscular é proporcional a frequência de estimulação; assim, quanto maior a frequência, maior a força gerada. Porém, frequências mais altas (acima de 50 Hz) estimulam principalmente as fibras tipo II que geram maior nível de força, entretanto, possuem baixa resistência a fadiga 48. 31 LARGURA DE PULSO Também conhecida como duração do pulso, é definida como o tempo que leva para o valor instantâneo de um pulso subir e descer até uma fração especificada do valor de pico. É expressa em microssegundos (µs) 82 . Também definida como a duração da forma da onda de cada pulso de estímulo. AMPLITUDE A amplitude pode ser indicada pela distância pico-a-pico de um ciclo. Pode ser expressa em Volts ou miliampéres. A amplitude deve ser ajustada com o auxílio do paciente, de acordo com a sensibilidade de cada um. A corrente não deve provocar dor, podendo causar um leve desconforto inicial, devido à sensação de formigamento 82 . MODULAÇÃO DO TEMPO TEMPO ON: tempo em que um trem de pulso (definido como uma série contínua e repetitiva de pulsos ou um segmento de corrente alternada) é fornecido em uma aplicação terapêutica. TEMPO OFF: tempo entre trens de pulso 91. 1.2.4 Mecanismos da Contração Muscular Induzida Eletricamente Os eletrodos de um estimulador são colocados na pele próximo de um ramo de um nervo periférico. Quando a estimulação é iniciada, um dos eletrodos contém um excesso de cargas negativas, enquanto que o outro é deficitário neste tipo de cargas; os íons na região vão migrar de um eletrodo para o outro de acordo com as suas cargas. Alguns movimentos iônicos passam através da membrana do nervo e 32 provocam a sua despolarização. Se a corrente aplicada for suficientemente grande, um potencial de ação será produzido e se propagará ao longo da membrana, sendo este potencial de ação idêntico aquele produzido em resposta de uma ativação fisiológica, promovendo a contração muscular 93. A contração muscular induzida por ativação elétrica dá-se de modo diferente daquela que ocorre durante a contração voluntária. Na contração voluntária, as unidades motoras são ativadas de acordo com o Princípio de Henneman’s, em que as unidades mais lentas são recrutadas primeiramente, sendo gradualmente recrutadas as mais rápidas. Durante a eletroestimulação, o recrutamento ocorre de forma inversa. Devido aos seus axônios com grandes diâmetros e baixo limiar de ativação, as unidades motoras maiores (fibras do tipo II) são recrutadas em primeiro lugar. Estas unidades de rápida contração, que geram alta tensão e são facilmente fatigáveis, são frequentemente encontradas nas camadas superficiais de um músculo, e mais próximas aos eletrodos estimulantes 84, 94. Entretanto, as unidades motoras podem ser selecionadas dependendo da frequência de estimulação de acordo com o recrutamento das fibras nervosas e musculares 95 . Com uma frequência inferior a 20 Hz, o trabalho é mais direcionado para a endurance muscular (fibras do tipo I), diminuindo a fadiga muscular 94 . A estimulação nesta faixa de frequência promove um aumento da capacidade aeróbia oxidativa das fibras tipo I (majoritárias nos músculos extensores), levando a um aumento da vascularização 48 . Se o objetivo for trabalhar as fibras rápidas, é necessário aumentar a frequência de estimulação para valores entre 35 e 70 Hz 92. Isso oferece ao fisioterapeuta a possibilidade de estimulação muscular seletiva, o que pode ser vantajoso quando se pretende trabalhar fibras musculares específicas, como as aeróbias 96, 97, que estão diminuídas em pacientes com IC 44. 33 1.2.5 Estimulação Elétrica Funcional de Baixa Frequência A estimulação elétrica funcional (EEF) é uma forma de eletroterapia capaz de produzir contrações musculares com objetivos funcionais. Pode ser definida também como uma ativação nervosa controlada, por meio da aplicação de uma corrente de baixa frequência (corrente alternada retificada) para restabelecer a função neuromuscular prejudicada ou perdida. Entende-se por estimulação elétrica funcional de baixa frequência quando os impulsos são inferiores que 1000 Hz e geralmente, em humanos, são mais baixos que 100 Hz 82. A estimulação elétrica de baixa frequência tem sido tradicionalmente utilizada para facilitar ou simular as contrações voluntárias do músculo esquelético, e também como complemento de procedimentos de treinamento normais. Alguns estudos demonstraram a possibilidade da indução de ganhos de força, tanto em músculos sadios 98 como enfermos 96, 99 , utilizando esta estimulação. A conclusão geral que emerge é que os ganhos de força são similares (mas não maiores) em relação aos que podem ser obtidos com o treinamento voluntário normal 95, 100, 101. Laughman et al. 98 , ao contrário dos outros autores, demonstraram que a estimulação elétrica isolada é mais efetiva no fortalecimento muscular que o exercício isométrico voluntário. Em um estudo realizado por Brasileiro & Villar 85 , em indivíduos saudáveis, com objetivo de avaliar a influência da EEF na produção de força muscular, foi avaliado o torque extensor do joelho em três situações: na contração voluntária máxima (CVM), na contração provocada pelo uso exclusivo de um eletroestimulador e, quando a aplicação da corrente elétrica foi superposta à CVM. Foi observado que o torque gerado a partir da contração induzida pela EEF foi menor que o torque gerado pela CVM, e que a associação da EEF com a CVM não 34 demonstrou aumento significativo do torque gerado pelo quadríceps femoral em indivíduos saudáveis. Outro fator importante na aplicação da EEF é a fadiga muscular gerada. Observa-se nos experimentos que envolvem o uso da EEF que o grau de fadiga muscular é maior em relação a apenas o exercício físico. Isso pode ser observado em um estudo em que os indivíduos foram separados em três grupos e foram treinados durante cinco semanas, sendo que o primeiro grupo usou contrações voluntárias máximas, o segundo utilizou apenas a EEF e o terceiro associou a EEF à contração voluntária. Observou-se aumento do torque nos três grupos, não ocorrendo diferenças entre eles, sendo que os indivíduos do primeiro grupo apresentaram o menor grau de fadiga muscular 102. Entretanto, a utilização da eletroestimulação em relação ao comportamento cardiovascular ainda é pouco estudada. Alguns estudos mencionam que esta melhora o consumo máximo de oxigênio 103 . Um estudo realizado por Maior et al. 104 , com objetivo de verificar as respostas cardiovasculares agudas após a utilização da eletroestimulação prévia aos exercícios de força, em indivíduos com experiência em exercícios de força, mostrou que a utilização da estimulação prévia aos exercícios de força determina uma preservação cardiovascular em relação ao grupo que não recebeu aplicação prévia da corrente elétrica, já que este teve um menor aumento na frequência cardíaca e no duplo produto após os exercícios de força. 1.3 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL DE BAIXA FREQUÊNCIA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Como já foi mencionado anteriormente, a IC é acompanhada de mudanças na estrutura e na capacidade oxidativa do músculo esquelético, bem como por redução da 35 massa e da força muscular. Uma alteração importante observada na estrutura do músculo esquelético é a transformação das fibras lentas do tipo I para fibras rápidas do tipo II 63, 105 . Assim, a diminuição na área de secção transversal do músculo esquelético e na força muscular são preditores independentes da intolerância ao exercício e prognóstico na IC 106. Dessa forma, o treinamento da força muscular deve ser considerado como parte integrante da terapia nesses pacientes 56. Tem sido demonstrado na literatura que em pacientes com IC que não podem realizar formas de exercício convencional a EEF proporciona efeitos benéficos semelhantes ao exercício ativo, tais como aumento da massa muscular (fibras tipo I), da atividade das enzimas oxidativas 48 e do consumo máximo de oxigênio 107, melhora na função endotelial 108 , no desempenho em testes funcionais 96, 109 e na qualidade de vida 97 e prevenção de atrofias 107. Durante os últimos anos a EEF tem sido utilizada como ferramenta terapêutica em indivíduos saudáveis e com patologias, principalmente em situações em que as pessoas apresentam alguma limitação à realização de exercício voluntário 89, 103 . Somente nas últimas décadas, a EEF começou a ser aplicada e estudada no tratamento de pacientes com IC. O primeiro artigo publicado realizado nesse grupo de pacientes ocorreu em 1998 110 , e demonstrou um aumento na capacidade de exercício nestes indivíduos. Em outro estudo realizado no ano seguinte 111 , foi avaliado o efeito da EEF sobre a força e a resistência muscular através de medidas isocinéticas, em sete pacientes com IC (classe II e III), utilizando uma frequência de estimulação de 50Hz. O protocolo iniciou com 30 min de estímulo durante as primeiras semanas e teve incremento de tempo de estímulo até chegar a 60 min. O treino foi realizado durante oito semanas e demonstrou aumento tanto na força, como na resistência muscular de 36 membros inferiores. Em outro estudo dos mesmos autores 97 com os mesmos parâmetros de estimulação, porém com grupo controle (grupo EEF = 17 e grupo controle = 16), foi verificado que o grupo treinado com EEF aumentou a força máxima da musculatura da extensora da perna (quadríceps) em 27% e, da musculatura flexora (isquiotíbiais) em 35%, houve também um aumento da área de secção transversa da região da coxa em 15% no grupo EEF e de 1,5% no grupo controle. Esses dados demonstraram que a EEF proporciona adaptações importantes para manutenção e melhora da qualidade de vida do paciente com IC. O primeiro ensaio clínico randomizado sobre a utilização da EEF no tratamento da IC ocorreu em 2003 96, e estudou 46 pacientes em classe funcional II e III (New York Heart Association). Neste estudo, os autores compararam o efeito da EEF com o treino aeróbio em bicicleta ergométrica por seis semanas, também observando ganhos significativos nas mesmas variáveis. Esses estudos demonstraram que a EEF pode ser considerada uma alternativa valiosa para o treinamento convencional em pacientes com IC, melhorando a capacidade de exercício. Em um outro estudo interessante, Nuhr et. al. 48 avaliaram o efeito protetor que a EEF pode exercer sobre a musculatura periférica de pacientes com IC nas classes funcionais II-IV. Utilizaram para treinamento dos pacientes uma frequência de estímulo de 15 Hz, durante 4 horas (h) ao dia, intercalada em 2h de manhã e 2h à tarde, a uma intensidade de 20 a 30% da força máxima, no período de 10 semanas. Observaram o aumento da massa muscular de membros inferiores, principalmente das fibras do tipo I (+20%), e redução nas fibras do tipo II (-20%). Houve também melhora no VO2 máximo (+21%) e no desempenho do teste de caminhada de seis minutos (+31%), já o grupo controle, que recebeu aplicação placebo de EEF (isto é, recebeu a aplicação da EEF somente no limiar sensorial, sem a produção de 37 contrações musculares) apresentou diminuição em algumas dessas variáveis, tais como: fibras do tipo I (-5%) e o VO2 máximo (-11%), demonstrando que além de prevenir a atrofia muscular, a EEF melhora o desempenho físico dos pacientes com IC, e promove aumento das fibras do tipo I, aumentando também a atividade das enzimas oxidativas. De forma semelhante, em um estudo realizado por Dobsák et al. 107 , foi comparado o efeito de um programa de EEF com o treino em bicicleta em pacientes com IC classe funcional II e III (New York Heart Association). Um grupo composto por 15 pacientes foi submetido ao treinamento com EEF e o outro grupo também composto por 15 indivíduos ao treino com bicicleta ergométrica. No grupo EEF, foi empregada uma frequência de estimulação de 10 Hz, tempo de estímulo de 60 min durante sete dias, ao longo de oito semanas. No grupo que recebeu o treino de bicicleta foram realizados exercícios durante 40 min em bicicleta, na intensidade do limiar aeróbio, ao longo de oito semanas. Ao final do estudo os grupos obtiveram ganhos semelhantes e significativos no VO2 pico, na distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos e na duração do exercício. Em outro estudo realizado, foi observado que além da melhora na força muscular, na atividade das enzimas oxidativas, no consumo de oxigênio, na qualidade de vida e no desempenho em testes funcionais, o tratamento com EEF também pode promover melhora na função endotelial de pacientes com IC. Neste estudo 108 , foi demonstrado que a aplicação de uma corrente elétrica de 25 Hz (durante 30 min, 5 dias por semana, em 6 semanas) na musculatura do quadríceps de ambas as coxas, provoca melhora da resposta de vasodilatação mediada pelo fluxo (pré 5,73 vs pós 7,64%; p=0,01) e também demonstrou que após o tratamento com EEF ocorre um efeito anti-inflamatório com redução do fator de necrose tumoral (TNF) (pré 7,75 vs 38 pós 6,39 pg/ml; p= 0,007) e também de moléculas de adesão ICAM-1 (pré 316,6 vs 267,2 ng/ml; p=0,02) e VCAM-1 (pré 751,6 vs 653,5 ng/ml; p=0,01), demonstrando um efeito benéfico dessa modalidade de tratamento. É interessante observar que a maioria dos estudos que treinaram pacientes com IC através da EEF utilizou uma frequência de estimulação baixa (menor que 25 Hz), priorizando o aumento das fibras do tipo I e da capacidade oxidativa dos músculos treinados, além de investigarem se esta forma de reabilitação pode ser uma alternativa ao treinamento convencional aeróbio 96, 99, 107-109, 112. Isso pode ser observado e confirmado em um estudo realizado recentemente 109 , que teve como objetivo confirmar se a EEF de baixa frequência (10 Hz) é uma boa alternativa ao treinamento convencional aeróbio em pacientes com IC com diferentes capacidades de exercício. Quarenta e quatro pacientes com IC foram treinados durante cinco semanas com EEF ou com treinamento convencional aeróbio. Os autores puderam concluir que tanto o treinamento com EEF quanto o treinamento aeróbio produziram ganhos semelhantes na capacidade de exercício em pacientes com IC. Além disso, foi observado que a EEF parece ser mais efetiva em pacientes com uma baixa capacidade de exercício do que aqueles com uma melhor capacidade de exercício. Os resultados deste estudo confirmam que a EEF não é somente uma boa alternativa ao treinamento convencional, mas também promove melhoras periféricas e é um interessante método de reabilitação para os pacientes mais acometidos pela patologia. Apesar de existirem estudos mostrando que a EEF promove melhora da força muscular, ainda não existem estudos que avaliaram a força máxima gerada por diferentes frequências de EEF em pacientes com IC. Isto se torna uma questão fundamental já que a intensidade do treinamento é um fator importante na prescrição 39 de exercícios em pacientes com IC, visto que baixas intensidades priorizam o recrutamento das fibras do tipo I, que estão reduzidas nestes pacientes. Desta forma, avaliar a quantidade de força gerada por diferentes frequências de estimulação poderia otimizar a prescrição do treinamento nestes pacientes, otimizando também os resultados obtidos. Além disso, como demonstrado acima, ensaios clínicos randomizados têm mostrado efeitos benéficos do tratamento com EEF comparado ao exercício físico aeróbio convencional em pacientes com IC. Porém, a maioria dos estudos possui um número amostral pequeno, e uma revisão sistemática das evidências disponíveis pode contribuir para melhor avaliar sua eficácia, além de revisar quais os parâmetros que estão sendo utilizados no tratamento dos pacientes acometidos por esta patologia e, se seus benefícios forem comprovados, ajudar a divulgação de seu uso em nosso meio. 1.4 REVISÃO SISTEMÁTICA Revisão sistemática é um tipo de estudo secundário que reúne de forma organizada, grande resultados de pesquisas clínicas, auxiliando na explicação de diferenças encontradas entre estudos primários que investigam a mesma questão. Utiliza métodos sistemáticos para identificar, selecionar, e avaliar criticamente pesquisas relevantes para então, responder a uma pergunta claramente formulada. O objetivo de uma revisão sistemática é reduzir possíveis vieses através do uso explicito de métodos sistemáticos 113. Além disso, a revisão sistemática caracteriza-se por gerar o melhor nível de evidência para tomada de decisões sobre questões terapêuticas 114. Uma revisão sistemática pode conter ou não metanálise. Quando os resultados de estudos primários são sumarizados, mas não estatisticamente combinados, a revisão pode ser chamada de revisão sistemática qualitativa; porém quando uma 40 revisão utiliza métodos estatísticos para combinar os resultados de dois ou mais estudos primários, ela passa a se chamar revisão sistemática quantitativa ou metanálise 114. Pela combinação de informações dos estudos relevantes, a metanálise pode prover estimativas mais precisas dos efeitos de intervenções em cuidados da saúde do que aquelas derivadas dos estudos individuais incluídos dentro de uma revisão. A metanálise também facilita a investigação da consistência das evidências entre os estudos, e a exploração das diferenças entre os estudos 113 . Além disso, ao combinar amostras de vários estudos, aumenta-se a amostra total, melhorando o poder estatístico da análise, assim como a precisão da estimativa do efeito de tratamento 115. A utilização de uma metodologia claramente definida na revisão sistemática permite minimizar os erros nas conclusões. Portanto, as estratégias de identificação dos estudos, os critérios de inclusão e exclusão e as variáveis a serem consideradas, devem ser descritas em detalhe na metodologia da revisão 116. A seguir é sumarizado um tutorial para a realização, passo a passo, de uma revisão sistemática, com ou sem metanálise, de ensaios clínicos randomizados: 1 – Definir claramente a questão a ser formulada: a questão de pesquisa deve ser formulada claramente desde o início e deve conter a população ou grupo de pacientes que serão estudados (tipo de participante), a intervenção de interesse e qualquer comparação (tipo de intervenção), os desfechos de interesse e o tipo de desenho de estudo que será incluído na revisão 115; 2 – Buscar amplamente na literatura todos os estudos que poderão ser incluídos na revisão: é recomendado ampliar ao máximo as fontes de busca. A busca deve ser feita em bases eletrônicas (MEDLINE, Cochrane Library, Lilacs, Embase...), artigos 41 publicados e não publicados, resumos de anais de congresso, teses, contato com autores, busca manual, referências bibliográficas de outros artigos. Para a busca é importante especificar claramente o procedimento adotado juntamente com os termos de busca usados, e com os critérios de inclusão e exclusão explicitados. É importante buscar termos descritores MeSH (Medical Subject Headings, vocabulário em língua inglesa usado para indexar artigos) para auxiliar na pesquisa, já que a melhor estratégia de busca geralmente é obtida pela combinação dos termos MeSH 117 . A questão de pesquisa formulada primeiramente irá auxiliar no processo da busca. Outro fato importante é que não deve haver restrição de linguagem na busca. Todas as estratégias de busca da literatura devem ser utilizadas para evitar o viés de publicação; 3 – Selecionar os estudos, a partir de critérios claros de inclusão e exclusão: Os critérios de inclusão e exclusão devem ser definidos de acordo com a questão de pesquisa formulada. A primeira etapa de seleção dos estudos encontrados na busca na literatura implica a avaliação detalhada dos títulos e resumos, para determinar sua inclusão ou não. Na segunda etapa, artigos duvidosos devem ser lidos na íntegra para determinar sua inclusão ou exclusão definitiva. Idealmente, dois revisores devem buscar e avaliar os estudos de forma independente e cegada 118 . Deve ser explicado também como será resolvida as discordâncias entre esses dois revisores, o que geralmente é feita através de um consenso entre ambos 117; 4 – Avaliar a qualidade metodológica dos estudos incluídos: a utilidade clínica de uma revisão sistemática depende muito da qualidade dos estudos incluídos nela. Existem métodos para avaliar a qualidade dos estudos incluídos. Um dos métodos é assinalar valores como sim, não, não específico, aos critérios metodológicos que estão sendo avaliados 113 . Escalas e listagens de checklist também podem ser utilizadas, como a escala de Jadad, PEDro, lista de Delphi, entre outras. Dentre os critérios 42 metodológicos que são avaliados podemos citar: alocação aleatória, sigilo da alocação, cegamento, cegamento dos avaliadores dos desfechos, descrição das perdas e exclusões, análise da intenção de tratar e descrição do cálculo do tamanho da amostra 118 . Esta avaliação também deve ser realizada por dois investigadores de forma independente; 5 – Coletar os dados de cada estudo e apresentá-los de forma clara: os artigos incluídos na revisão sistemática podem ser apresentados em uma tabela que destaca suas características principais como: autores, ano de publicação, desenho metodológico, número de sujeitos, grupos de comparação, protocolo de intervenção, variáveis analisadas e resultados dos desfechos 118 . Os autores dos estudos incluídos podem ser contatados caso haja alguma dúvida quanto a um dado apresentado 116; 6 – Analisar qualitativamente os resultados ou quando possível quantitativamente através de metanálises: se os resultados forem combinados em uma metanálise, é importante determinar se isso foi razoável. Um julgamento clínico deve ser feito se os estudos primários apresentam diferenças nas características da população estudada, intervenções e comparações e desfechos avaliados. A validade estatística da combinação dos resultados dos estudos incluídos deve ser avaliada pela homogeneidade dos desfechos dos artigos 115 . Caso os resultados dos estudos primários diferirem em um ou mais aspectos, será apropriado realizar uma análise qualitativa dos dados; 7 – Avaliar a heterogeneidade entre os estudos: quando há heterogeneidade, isto é, quando os estudos primários apresentam variância entre si, os autores devem tentar explicar as possíveis fontes de heterogeneidade 115, 116; 8 – Interpretar os resultados, avaliando o quanto se pode generalizar da revisão e/ou metanálise: profissionais da saúde sempre devem fazer um julgamento sobre se os 43 resultados encontrados em um estudo são válidos para a nossa população em questão 115 . Isto é, os resultados devem ser interpretados dentro do contexto da questão de saúde atual. Além disso, devem ser consideradas as limitações metodológicas dos estudos incluídos na revisão e da própria revisão sistemática 116. Para ajudar a melhorar a qualidade e a apresentação de uma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados, foi publicado em 2009, o PRISMA statement 119, que é uma atualização do QUORUM statement 120, onde pode ser encontrado um checklist dos itens que devem estar especificados em uma revisão sistemática e metanálise, tudo isso para produzir evidência de boa qualidade que irá auxiliar na tomada prática de decisões clínicas. 44 2 JUSTIFICATIVA O presente trabalho tem como objetivo geral verificar quais os efeitos da estimulação elétrica funcional (EEF) em indivíduos com insuficiência cardíaca (IC), assim dividido: 1- avaliar o efeito agudo da aplicação de diferentes frequências de EEF sobre a força muscular em indivíduos com IC comparado a indivíduos saudáveis; 2 - revisar sistematicamente o efeito do treinamento com EEF comparado ao exercício físico aeróbio convencional ou grupo controle em pacientes com IC. A IC é uma síndrome clínica complexa que ocasiona além de alterações centrais, alterações periféricas, como mudanças na estrutura e na capacidade oxidativa do músculo esquelético (caracterizada por diminuição das fibras tipo I – oxidativas e aumento das fibras do tipo II – glicolíticas) bem como redução da massa e da força muscular. A diminuição na área de secção transversal do músculo esquelético e na força muscular são preditores independentes da intolerância ao exercício e prognóstico na IC. Dessa forma, o treinamento da força muscular deve ser considerado como parte integrante da terapia nesses pacientes. Tem sido demonstrado na literatura que em pacientes com IC que não podem realizar formas de exercício convencional, a EEF poderia ser uma alternativa ao treinamento aeróbio, já que proporciona efeitos benéficos semelhantes ao exercício ativo. Apesar de existirem estudos mostrando que a EEF promove melhora funcionais, ainda não existem estudos que avaliaram a força máxima gerada por diferentes frequências de EEF em pacientes com IC. Isto se torna uma questão fundamental já que a intensidade do treinamento é um fator importante na prescrição de exercícios em pacientes com IC, visto que baixas intensidades priorizam o recrutamento das fibras do tipo I, que estão reduzidas nestes pacientes. Desta forma, 45 avaliar a quantidade de força gerada por diferentes frequências de estimulação poderia otimizar a prescrição do treinamento nestes pacientes, otimizando também os resultados obtidos. Além disso, ensaios clínicos randomizados têm mostrado efeitos benéficos do tratamento com EEF comparado ao exercício físico aeróbio convencional em pacientes com IC. Porém, a maioria dos estudos possui um número amostral pequeno, e uma revisão sistemática das evidências disponíveis pode contribuir para melhor avaliar sua eficácia no tratamento dos pacientes acometidos por esta patologia e, se seus benefícios forem comprovados, ajudar a divulgação de seu uso em nosso meio. 46 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Verificar os efeitos da estimulação elétrica funcional em indivíduos com insuficiência cardíaca. 3.2 OBJETIVO ESPECIFICOS Verificar os efeitos agudos da aplicação de estimulação elétrica funcional com frequências de 15 e 50 Hertz sobre a força muscular em pacientes com insuficiência cardíaca comparando a indivíduos saudáveis. Revisar sistematicamente o efeito do tratamento com estimulação elétrica funcional em pacientes com insuficiência cardíaca crônica. 47 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA BASE TEÓRICA 1. Lloyd-Jones D, Adams R, Carnethon M, De Simone G, Ferguson TB, Flegal K, et al. Heart disease and stroke statistics--2009 update: a report from the American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Circulation 2009;119(3):480-6. 2. World Health Organization. The Global Burden of Disease: 2004 Update. In: http://www.who.int/; 2008. 3. DataSus. In: www.datasus.gov.br, editor.; 2009. 4. Bonow RO, Bennett S, Casey DE, Jr., Ganiats TG, Hlatky MA, Konstam MA, et al. ACC/AHA Clinical Performance Measures for Adults with Chronic Heart Failure: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Performance Measures (Writing Committee to Develop Heart Failure Clinical Performance Measures): endorsed by the Heart Failure Society of America. Circulation 2005;112(12):1853-87. 5. American Heart Association. Heart Disease and Stroke Statistical update. In: http://www.americanheart.org/statistics.; 2005. 6. Rassi S, Barretto AC, Porto CC, Pereira CR, Calaca BW, Rassi DC. Survival and prognostic factors in systolic heart failure with recent symptom onset. Arq Bras Cardiol 2005;84(4):309-13. 7. Castro I, Sturmer M, Gallio V. Insuficiência Cardíaca - Investigação e Tratamento. In: Castro I, Batlouni M, Cantarelli E, Ramires JAF, Luna RL, Feitosa GS, editors. Cardiologia: Princípios e Prática. Porto Alegre: Artmed; 1999. p. 496501. 8. Hunt SA, Abraham WT, Chin MH, Feldman AM, Francis GS, Ganiats TG, et al. 2009 focused update incorporated into the ACC/AHA 2005 Guidelines for the 48 Diagnosis and Management of Heart Failure in Adults: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines: developed in collaboration with the International Society for Heart and Lung Transplantation. Circulation 2009;119(14):e391-479. 9. Dickstein K, Cohen-Solal A, Filippatos G, McMurray JJ, Ponikowski P, Poole-Wilson PA, et al. ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure 2008: the Task Force for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure 2008 of the European Society of Cardiology. Developed in collaboration with the Heart Failure Association of the ESC (HFA) and endorsed by the European Society of Intensive Care Medicine (ESICM). Eur J Heart Fail 2008;10(10):933-89. 10. Francis GS, Tang WH. Pathophysiology of congestive heart failure. Rev Cardiovasc Med 2003;4 Suppl 2:S14-20. 11. Jackson G, Gibbs CR, Davies MK, Lip GY. ABC of heart failure. Pathophysiology. Bmj 2000;320(7228):167-70. 12. Katz AM. Heart failure: a hemodynamic disorder complicated by maladaptive proliferative responses. J Cell Mol Med 2003;7(1):1-10. 13. Gosker HR, Lencer NH, Franssen FM, van der Vusse GJ, Wouters EF, Schols AM. Striking similarities in systemic factors contributing to decreased exercise capacity in patients with severe chronic heart failure or COPD. Chest 2003;123(5):1416-24. 14. Rubim VS, Drumond Neto C, Romeo JL, Montera MW. Prognostic value of the Six-Minute Walk Test in heart failure. Arq Bras Cardiol 2006;86(2):120-5. 15. Jessup M, Brozena S. Heart failure. N Engl J Med 2003;348(20):2007-18. 49 16. Cohn JN. Is neurohormonal activation deleterious to the long-term outcome of patients with congestive heart failure? III. Antagonist's viewpoint. J Am Coll Cardiol 1988;12(2):554-8. 17. Pina IL, Apstein CS, Balady GJ, Belardinelli R, Chaitman BR, Duscha BD, et al. Exercise and heart failure: A statement from the American Heart Association Committee on exercise, rehabilitation, and prevention. Circulation 2003;107(8):121025. 18. Narkiewicz K, Pesek CA, van de Borne PJ, Kato M, Somers VK. Enhanced sympathetic and ventilatory responses to central chemoreflex activation in heart failure. Circulation 1999;100(3):262-7. 19. Marin-Neto JA, Pintya AO, Gallo Junior L, Maciel BC. Abnormal baroreflex control of heart rate in decompensated congestive heart failure and reversal after compensation. Am J Cardiol 1991;67(7):604-10. 20. Wang W, Chen JS, Zucker IH. Carotid sinus baroreceptor reflex in dogs with experimental heart failure. Circ Res 1991;68(5):1294-301. 21. Grassi G, Seravalle G, Bertinieri G, Turri C, Stella ML, Scopelliti F, et al. Sympathetic and reflex abnormalities in heart failure secondary to ischaemic or idiopathic dilated cardiomyopathy. Clin Sci (Lond) 2001;101(2):141-6. 22. Communal C, Singh K, Pimentel DR, Colucci WS. Norepinephrine stimulates apoptosis in adult rat ventricular myocytes by activation of the beta-adrenergic pathway. Circulation 1998;98(13):1329-34. 23. Barretto AC, Santos AC, Munhoz R, Rondon MU, Franco FG, Trombetta IC, et al. Increased muscle sympathetic nerve activity predicts mortality in heart failure patients. Int J Cardiol 2009;135(3):302-7. 50 24. Bonaduce D, Petretta M, Marciano F, Vicario ML, Apicella C, Rao MA, et al. Independent and incremental prognostic value of heart rate variability in patients with chronic heart failure. Am Heart J 1999;138(2 Pt 1):273-84. 25. Landmesser U, Spiekermann S, Dikalov S, Tatge H, Wilke R, Kohler C, et al. Vascular oxidative stress and endothelial dysfunction in patients with chronic heart failure: role of xanthine-oxidase and extracellular superoxide dismutase. Circulation 2002;106(24):3073-8. 26. Katz SD, Biasucci L, Sabba C, Strom JA, Jondeau G, Galvao M, et al. Impaired endothelium-mediated vasodilation in the peripheral vasculature of patients with congestive heart failure. J Am Coll Cardiol 1992;19(5):918-25. 27. Rabelo ER, Ruschel K, Moreno H, Jr., Rubira M, Consolim-Colombo FM, Irigoyen MC, et al. Venous endothelial function in heart failure: comparison with healthy controls and effect of clinical compensation. Eur J Heart Fail 2008;10(8):75864. 28. Penna C, Rastaldo R, Mancardi D, Cappello S, Pagliaro P, Westerhof N, et al. Effect of endothelins on the cardiovascular system. J Cardiovasc Med (Hagerstown) 2006;7(9):645-52. 29. Katz SD. Mechanisms and implications of endothelial dysfunction in congestive heart failure. Curr Opin Cardiol 1997;12(3):259-64. 30. Fischer D, Rossa S, Landmesser U, Spiekermann S, Engberding N, Hornig B, et al. Endothelial dysfunction in patients with chronic heart failure is independently associated with increased incidence of hospitalization, cardiac transplantation, or death. Eur Heart J 2005;26(1):65-9. 51 31. Opasich C, Ambrosino N, Felicetti G, Aquilani R, Pasini E, Bergitto D, et al. Heart failure-related myopathy. Clinical and pathophysiological insights. Eur Heart J 1999;20(16):1191-200. 32. Hambrecht R, Niebauer J, Fiehn E, Kalberer B, Offner B, Hauer K, et al. Physical training in patients with stable chronic heart failure: effects on cardiorespiratory fitness and ultrastructural abnormalities of leg muscles. J Am Coll Cardiol 1995;25(6):1239-49. 33. Franciosa JA, Ziesche S, Wilen M. Functional capacity of patients with chronic left ventricular failure. Relationship of bicycle exercise performance to clinical and hemodynamic characterization. Am J Med 1979;67(3):460-6. 34. Maskin CS, Forman R, Sonnenblick EH, Frishman WH, LeJemtel TH. Failure of dobutamine to increase exercise capacity despite hemodynamic improvement in severe chronic heart failure. Am J Cardiol 1983;51(1):177-82. 35. Wilson JR, Martin JL, Ferraro N. Impaired skeletal muscle nutritive flow during exercise in patients with congestive heart failure: role of cardiac pump dysfunction as determined by the effect of dobutamine. Am J Cardiol 1984;53(9):1308-15. 36. Skaluba SJ, Litwin SE. Mechanisms of exercise intolerance: insights from tissue Doppler imaging. Circulation 2004;109(8):972-7. 37. Sullivan MJ, Hawthorne MH. Exercise intolerance in patients with chronic heart failure. Prog Cardiovasc Dis 1995;38(1):1-22. 38. Minotti JR, Christoph I, Oka R, Weiner MW, Wells L, Massie BM. Impaired skeletal muscle function in patients with congestive heart failure. Relationship to systemic exercise performance. J Clin Invest 1991;88(6):2077-82. 52 39. Harrington D, Anker SD, Chua TP, Webb-Peploe KM, Ponikowski PP, Poole- Wilson PA, et al. Skeletal muscle function and its relation to exercise tolerance in chronic heart failure. J Am Coll Cardiol 1997;30(7):1758-64. 40. Massie BM, Simonini A, Sahgal P, Wells L, Dudley GA. Relation of systemic and local muscle exercise capacity to skeletal muscle characteristics in men with congestive heart failure. J Am Coll Cardiol 1996;27(1):140-5. 41. Anker SD, Coats AJ. Cardiac cachexia: a syndrome with impaired survival and immune and neuroendocrine activation. Chest 1999;115(3):836-47. 42. Harrington D, Coats AJ. Skeletal muscle abnormalities and evidence for their role in symptom generation in chronic heart failure. Eur Heart J 1997;18(12):1865-72. 43. Mancini DM, Walter G, Reichek N, Lenkinski R, McCully KK, Mullen JL, et al. Contribution of skeletal muscle atrophy to exercise intolerance and altered muscle metabolism in heart failure. Circulation 1992;85(4):1364-73. 44. Larsen AI, Lindal S, Aukrust P, Toft I, Aarsland T, Dickstein K. Effect of exercise training on skeletal muscle fibre characteristics in men with chronic heart failure. Correlation between skeletal muscle alterations, cytokines and exercise capacity. Int J Cardiol 2002;83(1):25-32. 45. Ventura-Clapier R, De Sousa E, Veksler V. Metabolic myopathy in heart failure. News Physiol Sci 2002;17:191-6. 46. Haccoun C, Smountas AA, Gibbons WJ, Bourbeau J, Lands LC. Isokinetic muscle function in COPD. Chest 2002;121(4):1079-84. 47. Delagardelle C, Feiereisen P, Autier P, Shita R, Krecke R, Beissel J. Strength/endurance training versus endurance training in congestive heart failure. Med Sci Sports Exerc 2002;34(12):1868-72. 53 48. Nuhr MJ, Pette D, Berger R, Quittan M, Crevenna R, Huelsman M, et al. Beneficial effects of chronic low-frequency stimulation of thigh muscles in patients with advanced chronic heart failure. Eur Heart J 2004;25(2):136-43. 49. McDonald CD, Burch GE, Walsh JJ. Prolonged bed rest in the treatment of idiopathic cardiomyopathy. Am J Med 1972;52(1):41-50. 50. Hochman JS, Healy B. Effect of exercise on acute myocardial infarction in rats. J Am Coll Cardiol 1986;7(1):126-32. 51. McKelvie RS, Teo KK, McCartney N, Humen D, Montague T, Yusuf S. Effects of exercise training in patients with congestive heart failure: a critical review. J Am Coll Cardiol 1995;25(3):789-96. 52. Nunes R, Dall'Ago P. The functional response and the anti-inflammatory effect of the physical exercise in the cardiac insufficiency. ConScientiae Saúde 2008;7(1):15-22. 53. Belardinelli R, Georgiou D, Scocco V, Barstow TJ, Purcaro A. Low intensity exercise training in patients with chronic heart failure. J Am Coll Cardiol 1995;26(4):975-82. 54. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2009;93(1 supl 1):1-71. 55. Hunt SA, Abraham WT, Chin MH, Feldman AM, Francis GS, Ganiats TG, et al. 2009 Focused update incorporated into the ACC/AHA 2005 Guidelines for the Diagnosis and Management of Heart Failure in Adults A Report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines Developed in Collaboration With the International Society for Heart and Lung Transplantation. J Am Coll Cardiol 2009;53(15):e1-e90. 54 56. Guideline for cardiopulmonary and metabolic rehabilitation: practical aspects. Arq Bras Cardiol 2006;86(1):74-82. 57. Antunes-Correa LM, Melo RC, Nobre TS, Ueno LM, Franco FG, Braga AM, et al. Impact of gender on benefits of exercise training on sympathetic nerve activity and muscle blood flow in heart failure. Eur J Heart Fail 2010;12(1):58-65. 58. Roveda F, Middlekauff HR, Rondon MU, Reis SF, Souza M, Nastari L, et al. The effects of exercise training on sympathetic neural activation in advanced heart failure: a randomized controlled trial. J Am Coll Cardiol 2003;42(5):854-60. 59. Gielen S, Erbs S, Schuler G, Hambrecht R. Exercise training and endothelial dysfunction in coronary artery disease and chronic heart failure. From molecular biology to clinical benefits. Minerva Cardioangiol 2002;50(2):95-106. 60. Ennezat PV, Malendowicz SL, Testa M, Colombo PC, Cohen-Solal A, Evans T, et al. Physical training in patients with chronic heart failure enhances the expression of genes encoding antioxidative enzymes. J Am Coll Cardiol 2001;38(1):194-8. 61. Coats AJ, Adamopoulos S, Radaelli A, McCance A, Meyer TE, Bernardi L, et al. Controlled trial of physical training in chronic heart failure. Exercise performance, hemodynamics, ventilation, and autonomic function. Circulation 1992;85(6):2119-31. 62. Hare DL, Ryan TM, Selig SE, Pellizzer AM, Wrigley TV, Krum H. Resistance exercise training increases muscle strength, endurance, and blood flow in patients with chronic heart failure. Am J Cardiol 1999;83(12):1674-7, A7. 63. Hambrecht R, Fiehn E, Yu J, Niebauer J, Weigl C, Hilbrich L, et al. Effects of endurance training on mitochondrial ultrastructure and fiber type distribution in skeletal muscle of patients with stable chronic heart failure. J Am Coll Cardiol 1997;29(5):1067-73. 55 64. Smart N, Marwick TH. Exercise training for patients with heart failure: a systematic review of factors that improve mortality and morbidity. Am J Med 2004;116(10):693-706. 65. of Piepoli MF, Davos C, Francis DP, Coats AJ. Exercise training meta-analysis trials in patients with chronic heart failure (ExTraMATCH). Bmj 2004;328(7433):189. 66. Rees K, Taylor RS, Singh S, Coats AJ, Ebrahim S. Exercise based rehabilitation for heart failure. Cochrane Database Syst Rev 2004(3):CD003331. 67. Meyer K. Exercise training in heart failure: recommendations based on current research. Med Sci Sports Exerc 2001;33(4):525-31. 68. Brum PC, Forjaz CLM, Tinucci T, Negrão CE. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev Paul Educ Fís 2004;18:21-31. 69. Nunes RB, Tonetto M, Machado N, Chazan M, Heck TG, Veiga AB, et al. Physical exercise improves plasmatic levels of IL-10, left ventricular end-diastolic pressure, and muscle lipid peroxidation in chronic heart failure rats. J Appl Physiol 2008;104(6):1641-7. 70. Pereira MG, Ferreira JC, Bueno CR, Jr., Mattos KC, Rosa KT, Irigoyen MC, et al. Exercise training reduces cardiac angiotensin II levels and prevents cardiac dysfunction in a genetic model of sympathetic hyperactivity-induced heart failure in mice. Eur J Appl Physiol 2009;105(6):843-50. 71. Umpierre D, Stein R. Hemodynamic and vascular effects of resistance training: implications for cardiovascular disease. Arq Bras Cardiol 2007;89(4):25662. 72. Volaklis KA, Tokmakidis SP. Resistance exercise training in patients with heart failure. Sports Med 2005;35(12):1085-103. 56 73. Recommendations for exercise training in chronic heart failure patients. Eur Heart J 2001;22(2):125-35. 74. Forjaz CLM, Rezk CC, Melo CM, Santos DA, Teixeira L, Nery SS, et al. Exercício resistido para o paciente hipertenso: indicação ou contra-indicação. Revista Brasileira de Hipertensão 2003;10(2):119-24. 75. Guidelines for cardiac rehabilitation. Arq Bras Cardiol 2005;84(5):431-40. 76. Verrill DE, Ribisl PM. Resistive exercise training in cardiac rehabilitation. An update. Sports Med 1996;21(5):347-83. 77. Cornelissen VA, Fagard RH. Effect of resistance training on resting blood pressure: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Hypertens 2005;23(2):251-9. 78. Balady GJ, Williams MA, Ades PA, Bittner V, Comoss P, Foody JM, et al. Core components of cardiac rehabilitation/secondary prevention programs: 2007 update: a scientific statement from the American Heart Association Exercise, Cardiac Rehabilitation, and Prevention Committee, the Council on Clinical Cardiology; the Councils on Cardiovascular Nursing, Epidemiology and Prevention, and Nutrition, Physical Activity, and Metabolism; and the American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation. Circulation 2007;115(20):2675-82. 79. Dall'Ago P, Stein R, Ribeiro JP. Exercício em pacientes com insuficiência cardíaca: do dogma às evidências. Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul 2005(4):1-6. 80. 38. Kane K, Taub A. A history of local electrical analgesia. Pain 1975;1(2):125- 57 81. Basmajian JV, DeLuca CJ. Control properties of motor units. In: Basmajian JV, DeLuca CJ, editors. Muscles Alive: their functions revealed by electromyography. Baltimore: Williams & Wilkins; 1985. 82. Kitchen S. Eletroterapia: prática baseada em evidências. São Paulo: Manole; 2003. 83. Dellito A, L. S-M, AJ. R. Estimulação elétrica do músculo: técnicas e aplicações. In: AJ. R, L. S-M, editors. Eletrofisiologia Clínica. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 119. 84. Enoka RM. Muscle strength and its development. New perspectives. Sports Med 1988;6(3):146-68. 85. Brasileiro JS, Villar AFS. Comparação dos torques gerados por estimulação elétrica e contração muscular voluntária no músculo quadríceps femoral. . Rev Bras Fisioter 2000;4(2):75-81. 86. Arantes N, Vaz D, Mancini M, Pereira M, Pinto F, Pinto T. Efeitos da estimulação elétrica funcional nos músculos do punho e dedos em indivíduos hemiparéticos: uma revisão sistemática da literatura. Rev Bras Fisioter 2007;11(6):419-27. 87. Kottink AI, Oostendorp LJ, Buurke JH, Nene AV, Hermens HJ, MJ IJ. The orthotic effect of functional electrical stimulation on the improvement of walking in stroke patients with a dropped foot: a systematic review. Artif Organs 2004;28(6):577-86. 88. Sillen MJ, Speksnijder CM, Eterman RM, Janssen PP, Wagers SS, Wouters EF, et al. Effects of neuromuscular electrical stimulation of muscles of ambulation in patients with chronic heart failure or COPD: a systematic review of the Englishlanguage literature. Chest 2009;136(1):44-61. 58 89. Bax L, Staes F, Verhagen A. Does neuromuscular electrical stimulation strengthen the quadriceps femoris? A systematic review of randomised controlled trials. Sports Med 2005;35(3):191-212. 90. Silva A, Signori L, Torres G, Steffens D, Plentz R. Estimulação elétrica neuromuscular versus treinamento de força em mulheres idosas. Geriatria & Gerontologia 2008;2(1):9-13. 91. Robinson A, Snyder-Mackler L. Eletrofisiologia clínica: Eletroterapia e teste eletrofisiológico. Porto Alegre: Artmed; 2001. 92. Celichowski J. Mechanisms underlying the regulation of motor unit contraction in the skeletal muscle. J Physiol Pharmacol 2000;51(1):17-33. 93. Robinson AJ. Fisiologia do músculo e do nervo. In: Robinson AJ, Snyder- Mackler L, editors. Eletrofisiologia clínica: eletroterapia e teste eletrofisiológico. 2 ed. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 85-118. 94. Hannerz J. Discharge properties of motor units in relation to recruitment order in voluntary contraction. Acta Physiol Scand 1974;91(3):374-85. 95. Kramer JF. Effect of electrical stimulation current frequencies on isometric knee extension torque. Phys Ther 1987;67(1):31-8. 96. Harris S, LeMaitre JP, Mackenzie G, Fox KA, Denvir MA. A randomised study of home-based electrical stimulation of the legs and conventional bicycle exercise training for patients with chronic heart failure. Eur Heart J 2003;24(9):871-8. 97. Quittan M, Wiesinger GF, Sturm B, Puig S, Mayr W, Sochor A, et al. Improvement of thigh muscles by neuromuscular electrical stimulation in patients with refractory heart failure: a single-blind, randomized, controlled trial. Am J Phys Med Rehabil 2001;80(3):206-14; quiz 215-6, 224. 59 98. Laughman RK, Youdas JW, Garrett TR, Chao EY. Strength changes in the normal quadriceps femoris muscle as a result of electrical stimulation. Phys Ther 1983;63(4):494-9. 99. Deley G, Kervio G, Verges B, Hannequin A, Petitdant MF, Salmi-Belmihoub S, et al. Comparison of low-frequency electrical myostimulation and conventional aerobic exercise training in patients with chronic heart failure. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2005;12(3):226-33. 100. Kramer JF, Lindsay DM, Magee D, Wall T, Mendryk SW. Comparison of voluntary and electrical stimulation contraction torques*. J Orthop Sports Phys Ther 1984;5(6):324-31. 101. using Lieber RL, Kelly MJ. Factors influencing quadriceps femoris muscle torque transcutaneous neuromuscular electrical stimulation. Phys Ther 1991;71(10):715-21; discussion 722-3. 102. Currier DP, Mann R. Muscular strength development by electrical stimulation in healthy individuals. Phys Ther 1983;63(6):915-21. 103. Banerjee P, Caulfield B, Crowe L, Clark A. Prolonged electrical muscle stimulation exercise improves strength and aerobic capacity in healthy sedentary adults. J Appl Physiol 2005;99(6):2307-11. 104. Maior AS, Gonçalves R, Marocolo M. Resposta aguda da pressão arterial, da freqüência cardíaca e do duplo-produto após uma sessão de estimulação elétrica em exercício de força. Revista da SOCERJ 2007;20(1):28-34. 105. Drexler H, Hayoz D, Munzel T, Hornig B, Just H, Brunner HR, et al. Endothelial function in chronic congestive heart failure. Am 1992;69(19):1596-601. J Cardiol 60 106. Meyer K. Resistance exercise in chronic heart failure--landmark studies and implications for practice. Clin Invest Med 2006;29(3):166-9. 107. Dobsak P, Novakova M, Fiser B, Siegelova J, Balcarkova P, Spinarova L, et al. Electrical stimulation of skeletal muscles. An alternative to aerobic exercise training in patients with chronic heart failure? Int Heart J 2006;47(3):441-53. 108. Karavidas AI, Raisakis KG, Parissis JT, Tsekoura DK, Adamopoulos S, Korres DA, et al. Functional electrical stimulation improves endothelial function and reduces peripheral immune responses in patients with chronic heart failure. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2006;13(4):592-7. 109. Deley G, Eicher JC, Verges B, Wolf JE, Casillas JM. Do low-frequency electrical myostimulation and aerobic training similarly improve performance in chronic heart failure patients with different exercise capacities? J Rehabil Med 2008;40(3):219-24. 110. Maillefert JF, Eicher JC, Walker P, Dulieu V, Rouhier-Marcer I, Branly F, et al. Effects of low-frequency electrical stimulation of quadriceps and calf muscles in patients with chronic heart failure. J Cardiopulm Rehabil 1998;18(4):277-82. 111. Quittan M, Sochor A, Wiesinger GF, Kollmitzer J, Sturm B, Pacher R, et al. Strength improvement of knee extensor muscles in patients with chronic heart failure by neuromuscular electrical stimulation. Artif Organs 1999;23(5):432-5. 112. Eicher JC, Dobsak P, Berteau O, Walker P, Vergès B, Maillefert JF, et al. Rehabilitation in chronic congestive heart failure: comparison of bicycle training and muscle electrical stimulation. Scripta Medica 2004;77(5-6):261-70. 113. Higgins J, Green S. Cochrane Handbook for Systematic Review of Interventions; 2008. 61 114. Cook DJ, Mulrow CD, Haynes RB. Systematic reviews: synthesis of best evidence for clinical decisions. Ann Intern Med 1997;126(5):376-80. 115. Akobeng AK. Understanding systematic reviews and meta-analysis. Arch Dis Child 2005;90(8):845-8. 116. Cook DJ, Sackett DL, Spitzer WO. Methodologic guidelines for systematic reviews of randomized control trials in health care from the Potsdam Consultation on Meta-Analysis. J Clin Epidemiol 1995;48(1):167-71. 117. Sousa MR, Ribeiro AL. Systematic review and meta-analysis of diagnostic and prognostic studies: a tutorial. Arq Bras Cardiol 2009;92(3):229-38, 235-45. 118. Sampaio R, Mancini M. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Rev Bras Fisioter 2007;11(1):83-89. 119. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Bmj 2009;339:b2535. 120. Moher D, Cook DJ, Eastwood S, Olkin I, Rennie D, Stroup DF. Improving the quality of reports of meta-analyses of randomised controlled trials: the QUOROM statement. Quality of Reporting of Meta-analyses. Lancet 1999;354(9193):1896-900. 62 5 ARTIGO 1 – VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA Este artigo foi aceito para publicação na Revista Disability and Rehabilitation, Junho de 2010. EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL DE BAIXA FREQUÊNCIA COM 15 E 50 HERTZ NA FORÇA MUSCULAR EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Graciele Sbruzzi1, Beatriz D’Agord Schaan1,2, Gilnei Lopes Pimentel3, Luis Ulisses Signori4, Antônio Marcos Vargas da Silva5, Milton Seigui Oshiro1, Rodrigo Della Méa Plentz1,6. Autor para correspondência: Unidade de Pesquisa do IC/FUC – Dr. Rodrigo Della Méa Plentz Av. Princesa Isabel, 370, Santana, Porto Alegre – RS, Brasil, 90.620-000 Telefone/Fax: 51-32192802 Ramais:23,24. e-mail: [email protected], [email protected] 1 Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia (IC/FUC). Porto Alegre. RS, Brasil; 2 Divisão de Endocrinologia/ Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre. RS, Brasil; 3 Universidade de Passo Fundo (UPF). Passo Fundo. RS, Brasil; 4 Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Rio Grande. RS, Brasil; 5 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria. RS, Brasil; 6 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Porto Alegre. RS, Brasil. 63 Resumo Objetivo: Comparar os efeitos agudos da estimulação elétrica funcional (EEF) com frequências de 15 e 50 Hertz na força muscular em pacientes com insuficiência cardíaca com indivíduos saudáveis. Métodos: Vinte e dois voluntários do gênero masculino, 61.6 ± 1.0 anos de idade, foram estudados: 10 pacientes com insuficiência cardíaca (classes funcionais II-III) e 12 controles saudáveis. O pico de torque muscular isométrico (PTMI) do músculo quadríceps femoral foi mensurado através de um dinamômetro Biodex na contração voluntária máxima (CVM), e na EEF de 50 Hertz e 15 Hertz, aplicada com uma largura de pulso de 0.4 ms, tempo de contração de 10 segundos, tempo de repouso de 5 segundos e intensidade máxima tolerável. Resultados: O PTMI diferiu na CVM, na EEF com 50 Hertz e 15 Hertz tanto nos pacientes (201.9 ±14, 55.6 ±13 e 42.1 ±12 Newton-metro, respectivamente; p<0.001) como nos controles (179.3 ±9, 62.4 ±8 e 52.3 ±7 Newton-metro, respectivamente; p<0.001). Não houve diferenças entre os grupos. Nos pacientes e controles, respectivamente, a EEF com 50 Hertz correspondeu a 27% versus 35% e a EEF com 15 Hertz a 21% versus 29% do PTMI gerado na CVM (p<0.001). Discussão: Esses resultados podem ser atribuídos ao fato que a força muscular é proporcional a frequência de estimulação e ao número de unidades motoras recrutadas. Assim, quanto mais alta a frequência, maior é o recrutamento motor, produzindo maior força muscular. Conclusão: O PTMI gerado pela aplicação aguda da EEF com 50 Hertz é maior que o gerado por 15 Hertz, mas é menor que a CVM nos controles e nos pacientes com insuficiência cardíaca. 64 Palavras-chaves: Funcional; estimulação elétrica; insuficiência cardíaca; força muscular. 65 Introdução O aumento na prevalência da insuficiência cardíaca tem acarretado elevados custos sociais e econômicos além de alta morbi-mortalidade para os pacientes com essa doença [1]. A limitação da capacidade funcional, comumente associada à reduzida qualidade de vida e ao mau prognóstico, é um marcador dessa síndrome [2]. A disfunção muscular é parte da síndrome da falência cardíaca [3], sendo que a força do músculo esquelético está reduzida nesses pacientes em comparação com indivíduos saudáveis [4]. É bem conhecido que a limitação da capacidade funcional na insuficiência cardíaca não é somente uma consequência da reduzida contratilidade miocárdica, mas também um resultado de alterações musculares periféricas que incluem diminuição da perfusão [5], reduzida capilarização [6, 7], atrofia das fibras [8], transformação de fibras-lentas tipo I para fibras-rápidas tipo II [6, 9] e mudanças no estado metabólico e nutricional [10]. Em pacientes com insuficiência cardíaca, reduções na área de secção transversal das fibras musculares esqueléticas e na força muscular são preditores da intolerância ao exercício e do prognóstico desses pacientes [7, 11]. O treinamento físico, induzindo maior força muscular, pode ser uma parte integrante da terapia nestes pacientes [12]. Entretanto, alguns pacientes não se adaptam ao treinamento físico convencional, ou porque eles desistem facilmente ou porque possuem algum tipo de incapacidade e podem não tolerar até mesmo baixos níveis de esforço físico. Assim, a estimulação elétrica funcional (EEF) poderia representar uma alternativa ao treinamento muscular para estes pacientes devido aos seus potenciais efeitos benéficos [13], como o aumento do consumo máximo de oxigênio [14], da massa muscular (fibras tipo I), da atividade das enzimas oxidativas [15], melhora na função endotelial [16] e melhor desempenho em testes funcionais [17,18]. 66 Estudos prévios têm mostrado que a força muscular e a resistência aumentaram nos músculos dos membros inferiores após um programa de EEF, em indivíduos saudáveis [19] e com patologias [20,21]. A frequência de estimulação necessária para estimular determinados tipos de fibras promovendo contração muscular foi variável. Em indivíduos com lesão medular, frequências entre 10 e 20 Hertz (Hz) foram mostradas para estimular fibras lentas do tipo I, enquanto frequências entre 30 e 60 Hz estimularam fibras rápidas do tipo II [20]. Em indivíduos saudáveis, frequências entre 7 e 25 Hz estimularam fibras do tipo I e frequências entre 35 e 65 Hz estimularam fibras do tipo II [19]. Além disso, sabe-se também que fibras do tipo II são aquelas que produzem uma maior força muscular, mas geram um alto nível de fadiga muscular [15]. Nós decidimos analisar os efeitos das frequências de 15 Hz e 50 Hz na contratilidade muscular uma vez que não existem estudos avaliando o efeito agudo da aplicação da estimulação elétrica funcional comparando essas duas frequências e nenhum estudo avaliou o quanto de força máxima é produzida com essas duas frequências de estimulação em pacientes com insuficiência cardíaca, porque essas duas frequências estimulam diferentes tipos de fibras musculares. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar os efeitos agudos da EEF com frequências de 15 e 50 Hz sobre a força muscular em pacientes com insuficiência cardíaca e indivíduos saudáveis. Métodos Participantes Dez pacientes com insuficiência cardíaca, idade de 61.4 ± 1.8 anos (IC) e 12 voluntários saudáveis, idade de 61.8 ±1.1 anos (C), pareados por idade, foram avaliados. O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do 67 Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul – Fundação Universitária de Cardiologia (n° 4035/07) e da Universidade de Passo Fundo (n° 210/2007), estando de acordo com as atribuições definidas nas resoluções 196/96 e complementares do Conselho Nacional de Ética em Saúde. Após aprovação do protocolo, um termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado por todos os voluntários. Os critérios de inclusão no grupo IC foram: ter um diagnóstico clínico de insuficiência cardíaca classes II ou III de acordo com a New York Heart Association (NYHA), fração de ejeção menor que 40% determinada por ecocardiografia e nenhuma alteração na terapia medicamentosa por pelo menos um mês antes de ser incluído no estudo. Os indivíduos do grupo controle não tinham qualquer patologia neurológica ou ortopédica e não praticavam qualquer atividade física regular por pelo menos 6 meses antes da inclusão no estudo. Os critérios de exclusão foram infarto agudo do miocárdio ocorrido até três meses antes da inclusão no estudo, presença de doenças infecciosas agudas, doença vascular periférica, doença neurológica, angina instável, diabetes mellitus, doença renal crônica, patologia músculoesquelética, possuir marcapasso cardíaco implantado ou ser tabagista ativo. Desenho do estudo O estudo foi realizado no Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. O avaliador responsável permaneceu “cego” em relação ao diagnóstico clínico dos sujeitos. Os pacientes com insuficiência cardíaca foram selecionados no Hospital São Vicente de Paulo e no Hospital da Cidade de Passo Fundo, no período de dezembro de 2007 a fevereiro de 2008, baseado nos resultados dos exames de 68 ecocardiografia e nas informações de seus prontuários médicos. Os indivíduos saudáveis foram selecionados por convite oral no mesmo período, e foram pareados de acordo com a idade, peso e altura. Os participantes receberam a aplicação de EEF e foram avaliados quanto ao pico de torque muscular isométrico (PTMI) em três situações: na contração voluntária máxima (CVM), na contração provocada pelo uso exclusivo de EEF com frequência de 50 Hz e na contração provocada pelo uso exclusivo de EEF com frequência de 15 Hz. A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) foram mensuradas no repouso (pre) e logo após (post) cada situação [22], usando o Aparelho de Pressão Missouri – fecho metal / adulto e o estetoscópio BD – Duosonic / Adulto, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. A perimetria da coxa dominante foi mensurada a cada 5 cm a partir da borda superior da patela em direção proximal. Avaliação do Pico de Torque Muscular Isométrico Cada participante realizou 5 minutos de aquecimento (alongamento ativo da musculatura extensora e flexora do joelho) previamente à realização do teste. O PTMI do quadríceps femoral do membro dominante foi analisado através da dinamometria computadorizada, equipamento Multi Joint System3 Pro, marca Biodex, Shirley, New York. A inclinação do encosto da cadeira do aparelho foi de 85º e o eixo de rotação do dinamômetro foi alinhado com o epicôndilo femoral lateral do membro testado, sendo este estendido de 90˚ para 0˚ para assegurar que o eixo de rotação da perna fosse alinhado com o eixo de rotação do dinamômetro. Com objetivo de limitar o movimento do joelho, evitando que outras partes do corpo pudessem ser usadas como 69 compensação, o teste foi desempenhado com o participante sentado, com os cintos posicionados no tronco superior, na região da pelve cruzando nas espinhas ilíacas ântero-superiores, em volta da coxa do membro inferior contra lateral e no tornozelo da perna dominante 2 cm acima do maléolo medial. A posição de 60º de flexão de joelho foi escolhida porque, de acordo com a literatura, este é o ângulo em que o músculo quadríceps femoral desenvolve maior força muscular [23]. O torque produzido a partir do peso da perna foi registrado no programa do computador com o membro testado em repouso e em movimento, para correção da gravidade, antes do início das avaliações. Para cada teste, uma calibração prévia foi realizada [24, 25]. Após o posicionamento correto do participante, foi determinada a amplitude de estímulo máximo (intensidade) que poderia ser suportada durante a aplicação da EEF. Esta foi ajustada individualmente e previamente à avaliação, levando em consideração a capacidade do participante em promover o movimento completo de extensão do joelho e sua sensação de conforto. Esta medida foi realizada com o indivíduo sentado na cadeira do dinamômetro, posicionado como descrito anteriormente. Eletrodos auto-adesivos (Spes – 50 x 90 mm, Itália) foram colocados na coxa aproximadamente 5 cm abaixo da dobra inguinal, 5 cm acima da borda suprapatelar e no músculo vasto medial, na altura do côndilo femoral medial. Antes da aplicação dos eletrodos, foi realizado um processo de limpeza cutânea com algodão embebido em álcool 70% no local de seu acoplamento. Estimulação Elétrica Funcional A EEF foi aplicada utilizando equipamento cedido pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Eletro Estimulador Fisiológico – LYNX – FMUSP, São Paulo, Brasil). 70 Cada contração estimulada eletricamente teve a duração de 10 segundos (TON: 10s), intervalados por um período de 50 segundos de repouso (TOFF: 50s), o que resultava em uma contração a cada minuto. O tempo de estimulação foi de 6 minutos, resultando em um total de 6 contrações a cada aplicação de EEF. A largura de pulso utilizada foi de 0.4 milisegundos (ms), a intensidade da corrente (mA) foi ajustada individualmente até o limiar doloroso dos indivíduos avaliados. Entre cada aplicação de EEF, os participantes permaneceram na mesma posição como descrito acima, obedecendo a seguinte a ordem: 1°) aplicação de EEF com frequência de 15 Hz; 2°) aplicação de EEF com frequência de 50 Hz; durante cada tempo de contração (TON: 10s) das aplicações descritas, os participantes foram orientados a relaxar e deixar que o estimulador fizesse sozinho a contração muscular; 3°) realização de CVM em que cada contração teve a duração de 10s intercaladas por um período de 50s de repouso, totalizando 6 contrações. Durante cada tempo de contração, o participante recebia feedback verbal do avaliador que consistia em comandos verbais para encorajar o participante a estender (extensão do joelho) durante a contração muscular. A força muscular isométrica máxima foi definida como o pico de torque mais elevado (em newton-metro [Nm]) em cada aplicação. Esta variável foi usada para determinar se houve diferença entre as aplicações e qual destas foi responsável por produzir o maior pico de torque. A amostra foi calculada baseada na taxa de erro alfa de 5% e erro beta de 80%, assumindo uma diferença na força máxima de 25 Nm entre os grupos com desvio padrão de 20 Nm [11], resultando em uma amostra de 10 indivíduos para cada grupo. 71 Análise estatística A distribuição das variáveis foi testada através dos testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk). Variáveis contínuas com distribuição simétrica foram apresentadas como média ± erro padrão. O teste t de Student foi usado para comparar 2 grupos com dados simétricos. Para variáveis com mais de duas medidas, a Análise de Variância para medidas repetidas foi usada, seguida pelo teste de Bonferroni. Para as possíveis correlações entre as variáveis estudadas, foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson. Foi considerado estatisticamente significante um p<0.05. Para as análises estatísticas foi empregado o software SPSS versão 15.0. Resultados Os indivíduos de ambos os grupos apresentavam características antropométricas e hemodinâmicas semelhantes (Tabela I). No grupo IC, 60% dos pacientes apresentavam classe funcional NYHA II e 40% classe funcional NYHA III. A fração de ejeção média foi 31.9 ± 1.9%. Não houve mudança na medicação dos pacientes durante o período da avaliação. Além disso, 68% dos pacientes com insuficiência cardíaca apresentavam etiologia isquêmica, e 32% etiologia nãoisquêmica. [Inserir Tabela I aqui] Figura 1 mostra os dados da avaliação do PTMI, que mostrou uma diferença entre CVM, EEF de 50 Hz e de 15 Hz tanto no grupo IC (p<0.001) quanto nos controles (p<0.001). Entretanto, nenhuma diferença foi observada nos grupos (CVM: p = 0.204, EEF 50 Hz: p = 0.665 e EEF 15 Hz: p = 0.471). A EEF 50 Hz correspondeu a 27% e a 15 Hz a 21% do PTMI gerado na CVM, respectivamente (p<0.001). A EEF 50 Hz determinou PTMI 24% maior do que aquele obtido com 15 72 Hz (p = 0.026) no grupo IC. No grupo C, a EEF 50 Hz correspondeu a 35% e 15 Hz a 29% do PTMI gerado na CVM, respectivamente (p<0.001). A EEF 50 Hz determinou PTMI 16% maior do que aquele obtido com EEF 15 Hz (p = 0.049). [Inserir Figura 1 aqui] A intensidade suportada durante a aplicação da EEF com frequência de 15 Hz foi aproximadamente 10% maior do que aquela suportada durante a aplicação com 50 Hz em ambos os grupos (p = 0.015 para o grupo IC e p = 0.011 para o grupo C). No entanto, não houve diferença desta variável entre os grupos IC e C (EEF 50 Hz: p = 0.946 e EEF 15 Hz: p = 0.789) (Figura 2). Não foi observada correlação entre o PTMI gerado pela aplicação de EEF 15 Hz e 50 Hz e as respectivas intensidades (mA) suportadas pelos indivíduos em ambos os grupos (PTMI e EEF (mA) 15 Hz: r = 0.40 p = 0.07; PTMI e EEF (mA) 50 Hz: r = 0.28 p = 0.20). [Inserir Figura 2 aqui] A pressão arterial sistólica e a diastólica não foram diferentes antes e após a realização da CVM e da aplicação da EEF com 15 e 50 Hz nos grupos estudados. Houve uma correlação positiva entre PTMI e peso (r = 0.76, p = 0.01), PTMI e índice de massa corporal (r = 0.80, p = 0.005) e PTMI e perimetria suprapatelar a 5 cm (r = 0.68, p = 0.03) e a 10 cm (r = 0.74, p = 0.01) no grupo IC (Tabela II). Não houve correlação entre PTMI e pressão arterial sistólica e diastólica neste grupo. As mesmas correlações não foram significantes quando realizadas para os sujeitos no grupo C. [Inserir Tabela II aqui] 73 Discussão Comparando o efeito agudo de diferentes frequências de eletroestimulação em pacientes com insuficiência cardíaca, concluimos que a demonstração do PTMI gerado pela aplicação de EEF com frequência de 50 Hz é maior que o produzido pela EEF com 15 Hz e que ambos são inferiores ao PTMI produzido na CVM. Resultados semelhantes foram obtidos nos indivíduos controles. Neste estudo, escolhemos estudar as frequências de 15 Hz e 50 Hz em pacientes com insuficiência cardíaca, porque estudos em outras populações mostraram que baixas frequências (abaixo de 25 Hz) estimulam principalmente as fibras do tipo I oxidativas e que frequências acima de 30 Hz estimulam predominantemente as fibras do tipo II glicolíticas [19,26]. Além disso, sabe-se também que as fibras do tipo II são aquelas que produzem um maior nível de força muscular, mas geram um maior nível de fadiga muscular [15]. Decidimos, então, analisar os efeitos dessas duas frequências na contratilidade muscular uma vez que não existem estudos sobre o efeito agudo da aplicação da EEF quando comparado a pacientes com insuficiência cardíaca. A EEF com 50 Hz determina maior PTMI que EEF com 15 Hz. Este resultado é atribuível ao fato de que a força muscular é proporcional à frequência de estimulação e ao número de unidades motoras recrutadas. Assim, quanto maior a frequência, maior é o recrutamento motor, produzindo maior força muscular [27]. Em estudo realizado em indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica, foi observado que após 6 semanas de treinamento utilizando EEF com frequência de 50 Hz houve aumento das fibras do tipo II e diminuição das fibras do tipo I [28]. Cabe ressaltar que as fibras do tipo II são classificadas como fibras de contração rápida e que possuem menor limiar de excitabilidade [15], sendo as primeiras a serem ativadas com a utilização de estimulação elétrica [29], oferecendo mais eficiente ganho de 74 força muscular [15]. Pacientes com insuficiência cardíaca apresentam aumento no número de fibras tipo II e diminuição nas fibras tipo I [7], o que pode ter contribuído para os resultados encontrados neste presente estudo. É possível que os efeitos da EEF sobre as unidades motoras selecionadas dependem da frequência de estimulação [30]. Com uma frequência inferior a 20 Hz, o trabalho é direcionado para as fibras do tipo I [15], que apresentam contrações musculares muito efetivas, sendo executadas a um baixo custo metabólico, diminuindo a fadiga muscular [31]. Com frequências de estimulação entre 35 e 70 Hz, é possível trabalhar as fibras rápidas – tipo II [31]. Isso oferece a possibilidade de trabalhar ganho de força utilizando estimulação seletiva muscular [32], o que pode ser vantajoso quando o objetivo é trabalhar fibras musculares específicas, como as aeróbias que estão diminuídas em pacientes com insuficiência cardíaca [7, 18]. Quittan et al. [33] avaliaram o efeito da EEF sobre a força e a resistência muscular em 7 pacientes com insuficiência cardíaca (classes II e III) usando frequência de 50 Hz por 8 semanas, demonstrando aumento tanto na força como na resistência muscular nos membros inferiores dos indivíduos tratados [33]. Esses resultados foram confirmados em um estudo subsequente [32], que também analisou um grupo controle com insuficiência cardíaca, que recebeu eletroestimulação, mas sem produzir contração muscular. Nesse estudo, os autores observaram também um aumento da área de secção transversa da região da coxa em 15% no grupo EEF e de 1.5% no grupo controle. Essas adaptações podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes com insuficiência cardíaca. O uso de EEF com frequência de 15 Hz, 4 horas/dia, 20 a 30% da força máxima/10 semanas foi avaliado por outros autores [15] também em pacientes com insuficiência cardíaca, mostrando aumento da massa muscular nos membros inferiores, principalmente das fibras do tipo I (20%), com 75 redução nas fibras do tipo II (-20%). Houve também melhora no consumo máximo de oxigênio (VO2 max) (+21%) e no desempenho no teste de caminhada de 6 minutos (+31%), que foi diferente do grupo controle que recebeu eletroestimulação mas sem produzir contração muscular, apresentando este uma diminuição nas fibras do tipo I (5%) e no VO2 máximo (-11%), demonstrando que além de prevenir a atrofia muscular, a EEF melhora o desempenho físico em pacientes com insuficiência cardíaca. A diferença entre o PTMI gerado pela aplicação de EEF com 15 e 50 Hz e o produzido pela CVM como observado neste estudo foi o mesmo observado em indivíduos saudáveis submetidos à aplicação de EEF com frequências de 20, 50 e 100 Hz. Os percentuais de torque da CVM foram de 63%, 84% e 88%, respectivamente [30]. Os resultados indicam que uma rápida subida no torque muscular ocorre com pequenas mudanças na frequência, e que, após um platô de recrutamento é atingido, as variações no torque são mínimas, embora a elevação da frequência seja mantida [30]. Em outros estudos que compararam estimulação elétrica com CVM isométrica em indivíduos saudáveis foi demonstrado que a contração obtida pelo uso da eletroestimulação isolada, aplicada na musculatura de quadríceps, não consegue exceder a produzida pela CVM isométrica nos mesmos indivíduos. Os valores percentuais desses torques variam de 20%, 25% [34] até 90% da CVM [34], e pode variar em função da frequência de estimulação. De acordo com Kramer et al. [36], indivíduos que foram submetidos à estimulação elétrica obtiveram uma contração muscular em torno de 53% quando comparada à contração máxima realizada, e aqueles que realizaram uma contração isométrica do mesmo grupo muscular obtiveram uma contração de aproximadamente 93% quando comparada a contração máxima. Outro estudo não mostrou qualquer diferença significativa quanto ao ganho 76 na força muscular, que foi de 22-18%, respectivamente [37], quando comparado a eficácia da EEF versus exercício isométrico no fortalecimento do quadríceps femoral por um período de 5 semanas de treinamento. A intensidade da corrente suportada pelos indivíduos com a aplicação de EEF foi semelhante entre os grupos e não houve correlação entre esta variável e o PTMI gerado, o que também foi observado por outros autores [37]. É possível que certos indivíduos sejam mais aptos que outros para receber estimulação elétrica efetiva, provavelmente por causa de diferenças anatômicas e fatores relacionados à impedância tecidual [34]. Tais fatores, como diferença no percentual de gordura corporal, podem contribuir para uma falta de correlação entre a intensidade e o torque muscular, pois a gordura atua como um material isolante, aumentando a impedância à passagem da corrente elétrica através dos tecidos. Uma correlação positiva observada entre o PTMI gerado na CVM com variáveis antropométricas como peso, índice de massa corporal (IMC) e perimetria supra-patelar a 5 e 10 cm em pacientes com insuficiência cardíaca também foi demonstrado, embora nenhuma correlação pôde ser encontrada com variáveis hemodinâmicas. Resultados semelhantes foram observados por Opasich et al. [3] em pacientes com insuficiência cardíaca: força muscular não foi relacionada aos índices de severidade clínica, estado metabólico, neurohormonal ou disfunção cardíaca sistólica ou diastólica, mas sim ao peso, idade, força muscular e classe funcional NYHA. Outros autores [4], utilizando um dinamômetro isocinético para avaliar a força muscular esquelética do quadríceps femoral e do bíceps braquial em pacientes com insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica e indivíduos saudáveis observaram que a massa livre de gordura dos pacientes foi menor do que em indivíduos controles saudáveis, sendo correlacionada com a força do quadríceps e 77 bíceps nos 3 grupos estudados, concluindo que a massa livre de gordura é um forte indicador de força muscular periférica. Outro estudo também demonstrou uma positiva correlação entre a área de secção transversal e a força muscular isométrica dos músculos extensores da perna em pacientes com insuficiência cardíaca [32]. Existem algumas limitações relacionadas a este estudo. Primeiro, a metodologia usada foi limitada porque não houve parâmetros biológicos incluídos no desenho do estudo capazes de esclarecer alguns mecanismos a cerca do papel da EEF na geração do PTMI. Além disso, o número de pacientes estudados foi baixo (22 pacientes), indicando, portanto, a necessidade de uma análise cuidados dos resultados. Novas investigações devem produzir dados mais detalhados, incluindo informações sobre as possíveis interações entre os mecanismos cardiovasculares centrais e periféricos durante a estimulação muscular. Ensaios clínicos em grupos maiores de pacientes serão necessários antes de utilizar plenamente EEF na reabilitação cardiovascular. Conclusão Este estudo mostrou que o PTMI gerado pela aplicação aguda de EEF 50 Hz é maior em relação a EEF 15 Hz, mas inferior em relação a CVM em pacientes com insuficiência cardíaca. A EEF é capaz de produzir contrações musculares uniformes e pode ser uma técnica adequada para o tratamento de pacientes incapacitados para realizar contrações voluntárias, permitindo também o recrutamento seletivo de fibras musculares, otimizando assim o tratamento desses pacientes. 78 Agradecimentos Apoio financeiro foi fornecido em parte pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Declaração de interesse Os autores relatam nenhum conflito de interesse. Os autores são responsáveis pelo conteúdo e pela escrita do artigo. 79 Tabelas Tabela I: Características dos sujeitos estudados Grupo IC Grupo C Valor p (n=10) (n=12) Idade (anos)1 61.4 ± 1.8 61.8 ± 1.1 0.84 Altura (m)1 1.7 ± 0.0 1.7 ± 0.0 0.94 Peso (kg)1 90.4 ± 4.0 84.6 ± 4.1 0.32 IMC (kg/m2)1 29.9 ± 0.9 28.1 ± 1.1 0.22 PAS CVM (mmHg)1 127.4 ± 10.1 136.7 ± 8.0 0.48 PAD CVM (mmHg)1 79.2 ± 3.9 84.2 ± 4.0 0.39 PAS EEF 50 Hz (mmHg)1 129.8 ± 7.9 136.7 ± 7.8 0.54 PAD EEF 50 Hz (mmHg)1 77.7 ± 3.9 84.2 ± 4.0 0.26 PAS EEF 15 Hz (mmHg)1 135.8 ± 9.3 142.5 ± 6.5 0.56 PAD EEF 15 Hz (mmHg)1 80.8 ± 3.9 85.8 ± 4.4 0.40 Valores são expressos como média ± erro padrão. IC = Insuficiência Cardíaca, C = Controle, IMC= Índice de Massa Corporal, PAS = Pressão arterial sistólica, PAD = Pressão arterial diastólica, CVM = Contração voluntária máxima, EEF = Estimulação elétrica funcional, 1 Teste t de Student. 80 Tabela II: Correlações entre contração voluntária máxima e variáveis antropométricas no grupo IC. Variáveis r Valor p CVM x Peso (kg) 0.7643 0.010* CVM x IMC (kg/m2) 0.8084 0.005* CVM x Perimetria 5 (cm) 0.6835 0.029* CVM x Perimetria 10 (cm) 0.7422 0.014* CVM x Perimetria 15 (cm) 0.5943 0.070 CVM x Circunferência abdominal 0.6053 0.064 r = Coeficiente de Correlação de Pearson, * p< 0.05, IC = Insuficiência Cardíaca, CVM = Contração voluntária máxima, IMC = Índice de massa corporal. 81 Legendas das figuras Figura 1: Pico de torque muscular isométrico (PTMI) no grupo IC e no grupo C. CVM: contração voluntária máxima, EEF 50 Hz = estimulação elétrica funcional com frequência de 50 Hertz; EEF 15 Hz = estimulação elétrica funcional com frequência de 15 Hertz. Análise de Variância seguido pelo teste de Bonferroni. NS: nãosignificativo; * p<0.01 CVM vs EEF 50 Hz e EEF 15 Hz; # p<0.05 EEF 50 Hz vs EEF 15 Hz. Figura 2: Intensidades suportadas nos grupos estudados, grupo IC e grupo C. EEF 50 Hz = estimulação elétrica funcional com frequência de 50 Hertz; EEF 15 Hz = estimulação elétrica funcional com frequência de 15 Hertz. Análise de Variância seguido pelo teste de Bonferroni. NS: não-significativo; *p<0.01 vs EEF 15 Hz. 82 Figuras Figura 1. Figura 2. 83 6 ARTIGO 1 – VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA This article has accepted for publication in Disability and Rehabilitation, June 2010. EFFECTS OF LOW FREQUENCY FUNCTIONAL ELECTRICAL STIMULATION WITH 15 AND 50 HERTZ ON MUSCLE STRENGTH IN HEART FAILURE PATIENTS Graciele Sbruzzi1, Pt, Beatriz D’Agord Schaan1,2, MD, PhD, Gilnei Lopes Pimentel3, Ms, Luis Ulisses Signori4, PhD, Antônio Marcos Vargas da Silva5, PhD, Milton Seigui Oshiro1, E.E., Rodrigo Della Méa Plentz1,6, PhD. Corresponding author: Unidade de Pesquisa do IC/FUC – Dr. Rodrigo Della Méa Plentz Av. Princesa Isabel, 370, Santana, Porto Alegre – RS, Brasil, 90.620-000 Phone/Fax: 55-51-32192802 Ext.:23,24 e-mail: [email protected], [email protected] 1 Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia (IC/FUC). Porto Alegre. RS, Brasil; 2 Divisão de Endocrinologia/ Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre. RS, Brasil; 3 Universidade de Passo Fundo (UPF). Passo Fundo. RS, Brasil; 4 Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Rio Grande. RS, Brasil; 5 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria. RS, Brasil; 6 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Porto Alegre. RS, Brasil. 84 Abstract Purpose: To compare the acute effects of functional electrical stimulation (FES) with 15 and 50 Hertz frequencies on muscle strength in heart failure patients with healthy individuals. Methods: Twenty-two 61.6±1.0 y-old male volunteers were studied: 10 patients with heart failure (functional class II-III) and 12 healthy controls. The isometric muscle peak torque (IMPT) of the quadriceps femoral muscle was measured through a Biodex dynamometer in maximum voluntary contraction (MVC), and under FES of 50 Hertz and 15 Hertz, which was applied with a 0.4 millisecond pulse width, 10second contraction time, 50- second resting time and maximum tolerable intensity. Results: The IMPT differed in MVC, 50 Hertz and 15 Hertz FES both in patients (201.9±14, 55.6±13 and 42.1±12 Newton-meter, respectively; p<0.001) and in controls (179.3±9, 62.4±8 and 52.3±7 Newton-meter, respectively; p<0.001). There were no differences between the groups. In patients and controls, respectively, the 50 Hz FES corresponded to 27% versus 35% and the 15 Hz to 21% versus 29% of the IMPT generated at the MVC (p<0.001). Discussion: This result can be attributed to the fact that muscle strength is proportional to the stimulation frequency and to the number of recruited motor units. Thus, the higher the frequency, the greater the motor recruiting, producing increased muscle strength. Conclusion: The IMPT generated by acute 50 Hertz application of FES is higher than the one generated by 15 Hertz, but it is lower than MVC in controls and patients with heart failure. Keywords: Functional; electrical stimulation; heart failure; muscle strength. 85 Introduction The increase in heart failure prevalence has brought about high social and economic costs besides high morbid-mortality for patients with this disease [1]. Functional capacity limitation, commonly associated with reduced quality of life and poor prognosis, is a hallmark of the syndrome [2]. Muscle dysfunction is part of the heart failure syndrome [3], the strength of the skeletal muscle being reduced in these patients as compared to healthy subjects [4]. It is well-known that the functional capacity limitation in heart failure is not solely a consequence of reduced myocardial contractility, but also a result of peripheral muscle changes that include decreased perfusion [5], reduced capillarity [6, 7], fiber atrophy [8], transformation of slow-twitch type I to fast-twitch type II fibers [6, 9] and changes in metabolic and nutritional status [10]. In patients with heart failure, reductions in the cross-sectional area of skeletal muscle fibers and in muscle strength are predictors of both exercise intolerance and patient’s prognosis [7, 11]. Physical training, inducing higher muscle strength, can be an integral part of the therapy in these patients [12]. However, some patients do not adapt themselves to conventional physical training, either because they give it up easily or because they have some kind of disability and can not tolerate even low levels of physical efforts. Thus, functional electrical stimulation (FES) can represent a muscle training alternative for these patients because of its potential beneficial effects [13], such as the increase of maximum oxygen consumption [14], muscle mass (type I fibers), oxidative enzyme levels [15], endothelial function improvement [16] and better performance in functional tests [17, 18]. Previous studies have shown that muscle strength and resistance will increase in the lower muscle limbs after a FES program, both in healthy [19] and sick 86 individuals [20, 21]. The stimulation frequency needed to stimulate some types of fibers promoting muscle contraction was variable. In individuals with medullar lesions, frequencies between 10 and 20 Hertz (Hz) were shown to stimulate slow type I fibers, while frequencies between 30 and 60 Hz stimulated fast type II fibers [20]. In healthy individuals, frequencies between 7 and 25 Hz stimulate type I fibers and frequencies between 35 and 65 Hz stimulate type II fibers [19]. Besides, it is also known that type II fibers are those that produce a higher level of muscle strength, but generate a higher level of muscle fatigue [15]. We decided to analyze the effect of the 15 Hz and 50 Hz frequencies on muscle contractility since there are no studies on the acute effect of applying functional electrical stimulation comparing these two frequencies and no study evaluated how much maximum strength is produced with these two stimulation frequencies in patients with heart failure, because these frequencies stimulate different types of muscle fibers. Thus, the aim of this study was to compare the acute effects of FES with frequencies of 15 and 50 Hz upon muscle strength in patients with heart failure and healthy individuals. Methods Participants Ten patients with heart failure, aged 61.4 ± 1.8 (HF) and 12 healthy volunteers aged 61.8 ± 1.1 (C), paired by age, were evaluated. The study was previously approved by the Ethical Research Committee of the Institute of Cardiology of Rio Grande do Sul – University Foundation of Cardiology (no. 4035/07) and of the University of Passo Fundo (no. 210/2007), in agreement with the attributions defined in resolutions 196/96 and complementary ones of the National Council of Ethics in 87 Health. After the protocol approval, a written informed consent was signed by all volunteers. The inclusion criteria in the HF group were: to have a clinical diagnosis of class II or III heart failure according to the New York Heart Association (NYHA), ejection fraction less than 40% determined by echocardiography and no change in the medication therapy for at least one month before being included in the study. Subjects of the control group did not have any neurological or orthopaedic disease and had not practiced any regular physical activity for at least 6 months before being included in the study. The exclusion criteria were acute myocardial infarction three months before the inclusion in the study, presence of acute inflammatory diseases, peripheral vascular disease, neurologic disease, unstable angina, diabetes mellitus, chronic renal failure, musculoskeletal pathologies, an implanted cardiac pacemaker or being an active smoker. Research design The study was carried out in the Biomechanics Laboratory of the College of Physiotherapy and Physical Education of the University of Passo Fundo, Rio Grande do Sul State, Brazil. The responsible evaluator remained masked in relation to the clinical diagnosis of the subjects. Patients with heart failure were selected at São Vicente de Paulo Hospital and at The Passo Fundo City Hospital, from December 2007 to February 2008, based on the results of the echocardiography exams and on the information of their medical records. Healthy subjects were selected by oral invitation in the same period, and were paired according to age, weight and height. 88 Patients underwent the FES application and were evaluated referring to the isometric muscle peak torque (IMPT) in three situations: maximum voluntary contraction (MVC), in the contraction provoked by the exclusive use of FES with 50 Hz frequency and in the contraction provoked by the exclusive use of FES with 15 Hz frequency. Systolic blood pressure and diastolic blood pressure were measured while resting (pre) and soon after (post) each situation [22], using the Missouri Blood Pressure Equipment – metal zipper / adult and the BD stethoscope – Duosonic / adult, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil. The perimeter of the dominant thigh was measured every 5cm from the upper patella border in the proximal direction. Evaluation of the isometric muscle peak torque Each participant was provided a 5-minute warm-up (active stretching of the extensor and flexor musculature of the knee) prior to performing the test. The IMPT of the femoral quadriceps of the dominant limb was analyzed by computerized dynamometry, Multi Joint System3 Pro equipment, Biodex trend mark, Shirley, New York. The inclination of the chair of the equipment was 85o and the axis of rotation of the dynamometer was aligned to the lateral femoral epicondyle of the tested limb, and this was extended from 90 to 0 degrees to ensure that the axis of the knee rotation was aligned to the axis of the dynamometer rotation. In order to limit the knee movement, preventing other parts of the body from being used as compensation, the test was performed with the subject sitting, with belts positioned on the main body, in the pelvic region, crossing at the iliac antero-superior spine, around the thigh of the lower contralateral limb and at the ankle of the dominant leg 2cm above the medial 89 malleolus. The 60o position of knee flexion was chosen because, according to the literature, it is at this angle that maximum strength is produced by the femoral quadriceps muscles [23]. The torque produced by the weight of the limb was recorded in the computer program with the tested limb in the resting position and in movement to correct gravity, before the beginning of the evaluations. For each test, a prior calibration was performed [24, 25]. After positioning the individual appropriately, the amplitude of the maximum stimulus (intensity) that could be tolerated during FES application was determined. The subject position was individually adjusted prior to evaluation, taking into account the participants’ capability to promote a complete knee extension movement and their sensation of comfort. This measure was taken with the patient sitting on the dynamometer chair, positioned as previously described. Auto-adhesive electrodes (Spes – 50 x 90 mm, Italy) were placed on the thigh approximately 5cm below the inguinal fold, 5cm above the upper patella border and in the vastus medial muscle, at the position of the medial femoral condyle. Before the electrodes were applied, the skin was properly cleaned by using cotton soaked in 70% alcohol in the coupling region. Functional Electrical Stimulation The FES was applied using equipment granted by the Orthopedics and Traumatology Institute of the Medical School of the University of São Paulo (Electrical Physiological Stimulator – LYNX – FMUSP, São Paulo, Brazil). Each electrically stimulated contraction lasted 10 seconds (TON: 10 s), with 50 seconds resting intervals (TOFF: 50 s), which resulted in one contraction per minute. The stimulation time was 6 minutes, resulting in a total of 6 contractions at 90 each FES application. Pulse width used was 0.4 milliseconds (ms), the current intensity (mA) was individually adjusted until the pain threshold of the evaluated patients. Between each FES application, patients remained in the same position as described above, and obeyed the following order: 1st) application of FES with 15 Hz frequency; 2nd) application of FES with 50 Hz frequency; during each contraction time (TON: 10 s) of the described applications, participants were advised to relax and let the stimulator perform the muscle contraction by itself; 3rd) MVC realization in each contraction had a 10s-duration followed by a 50 s intercalated resting period, totalizing 6 contractions. During each contraction time, the participant received verbal feedback from the evaluator consisting of the researcher giving verbal commands encouraging the subject to push (knee extension) throughout the muscle contraction. Maximum isometric muscle strength was defined as the peak of the highest torque (in Newton-meter [Nm]) by each application. This variable was used to determine if there were differences between applications and which of them was responsible for producing the highest torque peak. The sample was calculated based on the alpha error rates of 5% and the beta error of 80%, assuming a difference in the maximum strength of 25 Nm among the groups with a standard deviation of 20 Nm [11], resulting in a sample of 10 individuals for each group. Statistical analysis Distribution of variables was tested through tests of normality (KolmogorovSmirnov and Shapiro-Wilk). Continuous variables with symmetrical distribution were expressed as mean ± standard error. Student’s t test was used to compare 2 groups for the symmetrical data. For the variables measured more than two times, the Analysis of 91 Variance repeated measures was used, followed by the Bonferroni test. For possible correlations between the studied variables, the Pearson Correlation Coefficient was used. A p<0.05 was considered statistically significant. The SPSS version 15.0 software was used for the statistical analysis. Results Individuals of both groups presented similar anthropometric and hemodynamic characteristics (Table I). In the HF group, 60% of the patients presented functional NYHA class II and 40% functional NYHA class III. Their mean ejection fraction was 31.9 ± 1.9 %. There was no change in the medication of patients during the evaluation period. Therefore, 68% of the heart failure patients presented an ischemic etiology, and 32% a non-ischemic one. [Insert Table I about here] Figure 1 shows the data of the IMPT evaluation, which showed a difference between MVC, FES of 50 Hz and of 15 Hz both in the HF group (p<0.001), and in the C group (p<0.001). However, no difference was seen in the groups (MVC: p=0.204, FES 50 Hz: p=0.665 and FES 15 Hz: p=0.471). The 50 Hz FES corresponded to 27% and the 15 Hz to 21% of the IMPT generated at the MVC, respectively (p<0.001). The 50 Hz FES determined an IMPT 24% higher than that obtained with 15 Hz (p=0.026) in the HF group. In the C group, the 50 Hz FES corresponded to 35% and 15 Hz to 29% of the IMPT generated at the MVC, respectively (p<0.001). The 50 Hz FES determined an IMPT 16% higher than that obtained with 15 Hz FES (p=0.049). [Insert Figure 1 about here] The intensity tolerated during the FES application with 15 Hz frequency was approximately 10% higher than that tolerated during the 50 Hz application in both 92 groups (p=0.015 for HF group and p=0.011 for C group). However, there was no difference in this variable between HF and C groups (FES 50 Hz: p=0.946 and FES 15 HZ: p=0.789) (Figure 2). There was no correlation between the IMPT generated by 15 Hz and 50 Hz FES application and the respective intensities (mA) tolerated by the subjects in both groups (IMPT and FES (mA) 15 Hz: r=0.40 p=0.07; IMPT and FES (mA) 50 Hz: r=0.28 p=0.20). [Insert Figure 2 about here] Systolic and diastolic blood pressures were not different before and after performing MVC and FES application with 15 and 50 Hz in both groups studied. There was a positive correlation between IMPT and weight (r=0.76, p=0.01), IMPT and body mass index (r=0.80, p=0.005) and IMPT and upper patellar perimeter of 5 cm (r=0.68, p=0.03) and 10 cm (r=0.74, p=0.01) in the HF group (Table II). There was no correlation between IMPT and systolic or diastolic blood pressure in this group. The same correlations were non-significant when performed for the subjects in the C group. [Insert Table II about here] Discussion In this study comparing the acute effect of different electro stimulation frequencies in patients with heart failure, the main findings were the demonstration that IMPT generated by FES application with 50 Hz frequency is greater than the one produced by 15 Hz FES and that both are inferior to the IMPT produced by MVC. Similar results were obtained in control subjects. In this work we chose to study the frequencies of 15 Hz and 50 Hz in heart failure patients, because studies in other populations showed that low frequencies (up 93 to 25 Hz) stimulate mainly the oxidative type I fibers and that frequencies above 30 Hz stimulate predominantly the glycolytic type II fibers [19, 26]. Besides, it is also known that type II fibers are those that produce a higher level of muscle strength, but generate a higher level of muscle fatigue [15]. We decided to analyze the effect of these two stimulation frequencies on muscle contractility since there are no studies on the acute effect of applying functional electrical stimulation comparing these two frequencies in patients with heart failure. A 50 Hz FES determines a greater IMPT than a 15 Hz FES. This result is attributable to the fact that muscle strength is proportional to the stimulation frequency and to the number of recruited motor units. Thus, the higher the frequency, the greater the motor recruiting, producing increased muscle strength [27]. In a study carried out in individuals with chronic obstructive pulmonary disease it was observed that after a 6-week training using a 50 Hz FES frequency, there was an increase in type II fiber and a decrease in type I fibers [28]. It is important to mention that type II fibers are classified as fast contraction fibers and have a lower excitability threshold [15], being activated by the use of electrical stimulation [29], offering a more efficient gain in muscle strength [15]. Patients with heart failure present an increase in type II fibers and a decrease in type I fibers [7], and this may have contributed to the results found in the present study. It is possible that FES effects upon motor units selected depend on the electro stimulation frequency [30]. With a frequency of less than 20 Hz the work is directed toward type I fibers [15], which present very effective muscle contractions, being executed at a low metabolic cost, decreasing muscle fatigue [31]. With electro stimulation between 35 and 70 Hz it is possible to work on the fast fibers – type II [31]. This offers the possibility to work strength gain using selective muscle 94 stimulation [32] that may be advantageous when the objective is to work specific muscle fibers, like the aerobic ones, which are decreased in patients with heart failure [7, 18]. Quittan et al. [33] evaluated the effect of FES on muscle strength and resistance in 7 patients with heart failure (class II and III) using 50 Hz frequency for 8 weeks, demonstrating an increase in both muscle strength and resistance of the lower limbs of treated individuals [33]. These results were confirmed in a subsequent study [32] that also analyzed a heart failure control group receiving electro stimulation that did not produce muscle contraction. In this study, the authors have also observed a 15% increase of the transverse region of the thigh in the FES group, and 15% in the control group. These adaptations may improve the heart failure patients’ quality of life. The use of FES with a 15 Hz frequency, 4 hours/day, 20 to 30% of the maximum force/10 weeks was evaluated by other authors [15], also in patients with heart failure, showing an increased muscle mass of the lower limbs, mainly type I fibers (20%), with reduction of type II fibers (-20%). There was also an improvement in the maximum oxygen consumption (V02 max) (+21%) and in the 6-minute walking test performance (31%), which was different from the control group that received electro stimulation but without producing muscle contraction, presenting a decrease in type I fibers (-5%) and V02 max (-11%), demonstrating that besides preventing muscle atrophy, FES improves physical performance in patients with heart failure. The difference between the IMPT generated by 15 and 50 Hz frequency application and the one produced by MVC as observed in this study was the same observed in healthy subjects undergone 20, 50 and 100 Hz FES frequencies. The MVC torque percentages were 63%, 84% and 88%, respectively [30]. The results indicate that a fast increase in muscle torque occurs even with small frequency 95 changes and that, after a recruiting plateau is reached, torque variations are minimal, even if the frequency remains high [30]. Other studies that compared electrical stimulation with MVC in healthy subjects have demonstrated that the contraction obtained by isolated electro stimulation use applied to the quadriceps musculature does not exceed the maximum voluntary isometric contraction in the same individuals. The percentage values of these torques vary from 20% , 25% [34] to 90% of the MVC [35], and may vary due to the stimulation frequency. According to Kramer et al. [36], individuals who underwent electrical stimulation obtained a muscle contraction around 53% when compared to the maximum performed contraction, and those who performed an isometric contraction of the same muscle group obtained a contraction of approximately 93% when compared to the maximum contraction. Another study did not show any significant differences regarding muscle strength gain, which was 22-18%, respectively [37], when compared with the FES efficacy versus isometric exercise in the strengthening of the femoral quadriceps for a 5-week training period. The intensity of the current tolerated by the subjects with FES application was similar between groups and there was no correlation between this variable and the generated IMPT, which was also observed by other authors [37]. It is possible that certain individuals are more apt than others to receive effective electrical stimulation, probably because of anatomical differences and factors related to tissue impedance [34]. Such factors, like the differences in body fat, may contribute to the lack of correlation between the intensity and the muscle torque, since fat acts as an insulating material, increasing impedance to an electrical current passage through the tissues. A positive correlation observed between IMPT generated in MVC with anthropometric variables such as weight, body mass index (BMI) and upper patellar 96 perimeter of 5 to 10cm in patients with heart failure has also been demonstrated, although no correlation could be found with hemodynamic variables. Similar results were observed by Opasich et al. [3] in patients with heart failure: muscle strength was not related to the clinical severity indexes, metabolic status, neural-hormones or systolic or diastolic cardiac dysfunction, but rather to weight, age, muscle strength and NYHA functional class. Other authors [4], using an isokinetic dynamometer to evaluate the skeletal muscle strength of the femoral quadriceps and the brachial biceps in patients with heart failure, obstructive chronic pulmonary disease and healthy individuals observed that the free fat mass of the patients was smaller than that in control healthy subjects , being correlated with the force of the quadriceps and biceps in the three studied groups, concluding that the free fat mass is a strong indicator of muscle peripheral strength. Another study also demonstrated a positive correlation between the cross-sectional area and the isometric muscle strength of the leg extensor muscles in patients with heart failure [32]. There are some limitations related to this study. First, the methodology used was limited because there were no biological parameters included in the design of the study able to clarify some mechanisms concerning the role of FES in generating IMPT. In addition, the number of patients studied was low (22 patients), so caution should be applied when considering the results. Further investigations should yield more detailed data, including information about possible interactions between central and peripheral cardiovascular mechanisms during muscle stimulation. Clinical trials in larger groups of patients will be needed before fully utilizing FES in cardiovascular rehabilitation. 97 Conclusion This study has shown that the IMPT generated by the acute application of 50 Hz FES is greater in relation to a 15 Hz FES, but inferior in relation to MVC in patients with heart failure. The FES is capable of producing uniform muscle contractions and may be an adequate technique for the treatment of patients unable to perform voluntary contractions, also allowing the selective recruitment of muscle fibers, thus optimizing the treatment of these patients. Acknowledgements Financial support was provided in part by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Declaration of interest The authors report no conflicts of interest. The authors alone are responsible for the content and writing of the paper. 98 Tables Table I: Baseline data of the studied subjects HF group C group p-value (n=10) (n=12) Age (years)1 61.4 ± 1.8 61.8 ± 1.1 0.84 Length (m)1 1.7 ± 0.0 1.7 ± 0.0 0.94 Weight (kg)1 90.4 ± 4.0 84.6 ± 4.1 0.32 BMI (kg/m2)1 29.9 ± 0.9 28.1 ± 1.1 0.22 SBP MVC (mmHg)1 127.4 ± 10.1 136.7 ± 8.0 0.48 DBP MVC (mmHg)1 79.2 ± 3.9 84.2 ± 4.0 0.39 SBP FES 50 Hz (mmHg)1 129.8 ± 7.9 136.7 ± 7.8 0.54 DBP FES 50 Hz (mmHg)1 77.7 ± 3.9 84.2 ± 4.0 0.26 SBP FES 15 Hz (mmHg)1 135.8 ± 9.3 142.5 ± 6.5 0.56 DBP FES 15 Hz (mmHg)1 80.8 ± 3.9 85.8 ± 4.4 0.40 Values are presented as mean ± standard error. HF = Heart Failure, C = Control, BMI= Body mass index, SBP = systolic blood pressure, DBP = diastolic blood pressure, MVC = maximum voluntary contraction, FES = functional electrical stimulation, 1 Student’s t-test. 99 Table II: Correlations between maximum voluntary contraction and anthropometric variables in the HF group. Variables r p-value MVC x Weight (kg) 0.7643 0.010* MVC x BMI (kg/m2) 0.8084 0.005* MVC x Perimeter 5 (cm) 0.6835 0.029* MVC x Perimeter 10 (cm) 0.7422 0.014* MVC x Perimeter 15 (cm) 0.5943 0.070 MVC x Abdominal circumference 0.6053 0.064 r = Pearson Correlation, * p< 0.05, HF = Heart Failure, MVC = maximum voluntary contraction, BMI = Body mass index. 100 Figure captions Figure 1: Isometric muscle peak torque (IMPT) in the HF group and C group. MVC: maximum voluntary contraction, FES 50 Hz = functional electrical stimulation with 50 Hertz frequency; FES 15 Hz = functional electrical stimulation with 15 Hertz frequency. Analysis of Variance followed by the Bonferroni test. NS: non-significant; * p<0.01 MCV vs FES 50 Hz and FES 15 Hz; # p<0.05 FES 50 Hz vs FES 15 Hz. Figure 2: Supported intensities in the studied groups, HF group and C group. FES 50 Hz = functional electrical stimulation with 50 Hertz frequency; FES 15 Hz = functional electrical stimulation with 15 Hertz frequency. Analysis of Variance followed by the Bonferroni test. NS: non-significant; *p<0.01 vs FES 15 Hz. 101 Figures Figure 1. Figure 2. 102 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO ARTIGO 1 1. Albanesi F. What is the current scenario for heart failure in Brazil? . Arq Bras Cardiol 2005;85(3):155-156. 2. Jessup M, Brozena S. Heart failure. N Engl J Med 2003;348(20):2007-18. 3. Opasich C, Ambrosino N, Felicetti G, Aquilani R, Pasini E, Bergitto D, et al. Heart failure-related myopathy. Clinical and pathophysiological insights. Eur Heart J 1999;20(16):1191-200. 4. Gosker HR, Lencer NH, Franssen FM, van der Vusse GJ, Wouters EF, Schols AM. Striking similarities in systemic factors contributing to decreased exercise capacity in patients with severe chronic heart failure or COPD. Chest 2003;123(5):1416-24. 5. Sullivan MJ, Knight JD, Higginbotham MB, Cobb FR. Relation between central and peripheral hemodynamics during exercise in patients with chronic heart failure. Muscle blood flow is reduced with maintenance of arterial perfusion pressure. Circulation 1989;80(4):769-81. 6. Drexler H, Riede U, Munzel T, Konig H, Funke E, Just H. Alterations of skeletal muscle in chronic heart failure. Circulation 1992;85(5):1751-9. 7. Larsen AI, Lindal S, Aukrust P, Toft I, Aarsland T, Dickstein K. Effect of exercise training on skeletal muscle fibre characteristics in men with chronic heart failure. Correlation between skeletal muscle alterations, cytokines and exercise capacity. Int J Cardiol 2002;83(1):25-32. 8. Hambrecht R, Niebauer J, Fiehn E, Kalberer B, Offner B, Hauer K, et al. Physical training in patients with stable chronic heart failure: effects on cardiorespiratory fitness and ultrastructural abnormalities of leg muscles. J Am Coll Cardiol 1995;25(6):1239-49. 103 9. Hambrecht R, Fiehn E, Yu J, Niebauer J, Weigl C, Hilbrich L, et al. Effects of endurance training on mitochondrial ultrastructure and fiber type distribution in skeletal muscle of patients with stable chronic heart failure. J Am Coll Cardiol 1997;29(5):1067-73. 10. Ashrafian H, Frenneaux MP, Opie LH. Metabolic mechanisms in heart failure. Circulation 2007;116(4):434-48. 11. Minotti JR, Christoph I, Oka R, Weiner MW, Wells L, Massie BM. Impaired skeletal muscle function in patients with congestive heart failure. Relationship to systemic exercise performance. J Clin Invest 1991;88(6):2077-82. 12. Delagardelle C, Feiereisen P, Krecke R, Essamri B, Beissel J. Objective effects of a 6 months' endurance and strength training program in outpatients with congestive heart failure. Med Sci Sports Exerc 1999;31(8):1102-7. 13. Sbruzzi G, Ribeiro RA, Schaan BD, Signori LU, Silva AMV, Irigoyen MC, et al. Functional electrical stimulation in the treatment of patients with chronic heart failure: a meta-analysis of randomized controlled trials. European Journal of Cardiovascular Prevention and Rehabilitation 2010. DOI: 10.1097/HJR.0b013e328339b5a2. Access date: April 28, 2010 14. Dobsak P, Novakova M, Fiser B, Siegelova J, Balcarkova P, Spinarova L, et al. Electrical stimulation of skeletal muscles. An alternative to aerobic exercise training in patients with chronic heart failure? Int Heart J 2006;47(3):441-53. 15. Nuhr MJ, Pette D, Berger R, Quittan M, Crevenna R, Huelsman M, et al. Beneficial effects of chronic low-frequency stimulation of thigh muscles in patients with advanced chronic heart failure. Eur Heart J 2004;25(2):136-43. 16. Karavidas AI, Raisakis KG, Parissis JT, Tsekoura DK, Adamopoulos S, Korres DA, et al. Functional electrical stimulation improves endothelial function and 104 reduces peripheral immune responses in patients with chronic heart failure. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2006;13(4):592-7. 17. Deley G, Eicher JC, Verges B, Wolf JE, Casillas JM. Do low-frequency electrical myostimulation and aerobic training similarly improve performance in chronic heart failure patients with different exercise capacities? J Rehabil Med 2008;40(3):219-24. 18. Harris S, LeMaitre JP, Mackenzie G, Fox KA, Denvir MA. A randomised study of home-based electrical stimulation of the legs and conventional bicycle exercise training for patients with chronic heart failure. Eur Heart J 2003;24(9):871-8. 19. Hannerz J. Discharge properties of motor units in relation to recruitment order in voluntary contraction. Acta Physiol Scand 1974;91(3):374-85. 20. Bajd T, Kralj A, Stefancic M, Lavrac N. Use of functional electrical stimulation in the lower extremities of incomplete spinal cord injured patients. Artif Organs 1999;23(5):403-9. 21. Brosseau LU, Pelland LU, Casimiro LY, Robinson VI, Tugwell PE, Wells GE. Electrical stimulation for the treatment of rheumatoid arthritis. Cochrane Database Syst Rev 2002(2):CD003687. 22. 2007 Guidelines for the management of arterial hypertension the task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). . J Hypertens 2007;25:11051187. 23. Hoy MG, Zajac FE, Gordon ME. A musculoskeletal model of the human lower extremity: the effect of muscle, tendon, and moment arm on the moment-angle relationship of musculotendon actuators at the hip, knee, and ankle. J Biomech 1990;23(2):157-69. 105 24. Biodex Multi Joint System 3 Pro – Manual Aplications/Operations. New York. 2002. 25. Lyons CL, Robb JB, Irrgang JJ, Fitzgerald GK. Differences in quadriceps femoris muscle torque when using a clinical electrical stimulator versus a portable electrical stimulator. Phys Ther 2005;85(1):44-51. 26. Heyters M, Carpentier A, Duchateau J, Hainaut K. Twitch analysis as an approach to motor unit activation during electrical stimulation. Can J Appl Physiol 1994;19(4):451-61. 27. Edwards RH, Young A, Hosking GP, Jones DA. Human skeletal muscle function: description of tests and normal values. Clin Sci Mol Med 1977;52(3):28390. 28. Corso S, Nápolis L, Malaguti C, Gimenes AC, Albuquerque A, Nogueira CR, et al. Skeletal muscle structure and function in response to electrical stimulation in moderately impaired COPD patients. . Respir Med 2007;101:1236-1243. 29. Delitto A, Snyder-Mackler L. Two theories of muscle strength augmentation using percutaneous electrical stimulation. Phys Ther 1990;70(3):158-64. 30. Kramer JF. Effect of electrical stimulation current frequencies on isometric knee extension torque. Phys Ther 1987;67(1):31-8. 31. Celichowski J. Mechanisms underlying the regulation of motor unit contraction in the skeletal muscle. J Physiol Pharmacol 2000;51(1):17-33. 32. Quittan M, Wiesinger GF, Sturm B, Puig S, Mayr W, Sochor A, et al. Improvement of thigh muscles by neuromuscular electrical stimulation in patients with refractory heart failure: a single-blind, randomized, controlled trial. Am J Phys Med Rehabil 2001;80(3):206-14; quiz 215-6, 224. 106 33. Quittan M, Sochor A, Wiesinger GF, Kollmitzer J, Sturm B, Pacher R, et al. Strength improvement of knee extensor muscles in patients with chronic heart failure by neuromuscular electrical stimulation. Artif Organs 1999;23(5):432-5. 34. using Lieber RL, Kelly MJ. Factors influencing quadriceps femoris muscle torque transcutaneous neuromuscular electrical stimulation. Phys Ther 1991;71(10):715-21; discussion 722-3. 35. Westing SH, Seger JY, Thorstensson A. Effects of electrical stimulation on eccentric and concentric torque-velocity relationships during knee extension in man. Acta Physiol Scand 1990;140(1):17-22. 36. Kramer JF, Lindsay DM, Magee D, Wall T, Mendryk SW. Comparison of voluntary and electrical stimulation contraction torques*. J Orthop Sports Phys Ther 1984;5(6):324-31. 37. Laughman RK, Youdas JW, Garrett TR, Chao EY. Strength changes in the normal quadriceps femoris muscle as a result of electrical stimulation. Phys Ther 1983;63(4):494-9. 107 8 ARTIGO 2 – VERSÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA Este artigo foi aceito para publicação na Revista European Journal of Cardiovascular Prevention and Rehabilitation, Março 2010. Estimulação elétrica funcional no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca crônica: uma metanálise de ensaios controlados e randomizados Título resumido: Estimulação elétrica funcional na insuficiência cardíaca Graciele Sbruzzia, Rodrigo A. Ribeiroa, Beatriz D. Schaana,b, Luis U. Signoria, Antônio M. V. Silvaa, Rodrigo Della Méa Plentza,c. a Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, RS, Brasil; bUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; cUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil. Financiamento: Este trabalho foi financiado parcialmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conflito de interesse: Nenhum declarado. Autor para correspondência: Dr. Rodrigo D. M. Plentz Av. Princesa Isabel, 370, Santana, Porto Alegre – RS, Brazil, 90.620-000 Telephone/Fax: 55-51-32192802 E-mail address: [email protected], [email protected] Contagem de palavras: 3500 palavras. 108 Resumo Introdução: A estimulação elétrica funcional (EEF) produz efeitos benéficos no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca crônica (ICC), mas estudos nestes pacientes têm apresentado pequeno tamanho amostral e resultados conflitantes. O objetivo desta metanálise foi revisar sistematicamente o efeito do tratamento com EEF comparado ao exercício físico aeróbio convencional (EAC) ou grupo controle em pacientes com ICC. Métodos: A estratégia de busca incluiu o MEDLINE, LILACS, Physiotherapy Evidence Database e Biblioteca Cochrane. Ensaios randomizados comparando EEF versus EAC ou grupo controle no tratamento de pacientes com ICC foram incluídos. Dois revisores independentemente extraíram os dados. Análises principais utilizaram um modelo de efeitos-fixos. Resultados: A busca retornou 794 artigos, a partir dos quais 7 estudos foram incluídos. Tratamento com EEF produziu um menor ganho no VO2 pico comparado ao EAC [-0.74 ml/kg/min-1 (IC 95%: -1.38 a -0.10)]. Não houve diferença na força muscular [-0.33 Nm (IC 95%: -4.56 a 3.90)] e na distância no teste de caminhada de seis minutos [2.73 m (IC 95%: -15.39 a 20.85)] comparando EEF e EAC. Um aumento no VO2 pico de 2.78 ml/kg/min-1 (IC 95%: 1.44 a 4.13) foi observado para EEF vs controle. Conclusão: O tratamento com EEF promoveu um ganho semelhante na distância no teste de caminhada de seis minutos e na força muscular quando comparado ao EAC, mas um ganho menor no VO2 pico. Um aumento no VO2 pico pôde ser obtido com EEF quando comparado ao grupo controle. Assim, EEF pode ser uma alternativa em relação ao EAC em pacientes com ICC que não podem realizar esse tipo de exercício. Contagem das palavras: 250 palavras. 109 Palavras-chaves: Insuficiência cardíaca; estimulação elétrica; ensaio controlado randomizado; revisão. 110 Introdução O aumento na prevalência da insuficiência cardíaca tem acarretado elevados custos sociais, econômicos bem como alta morbidade e mortalidade para esses pacientes. A limitação da capacidade funcional, comumente associada a reduzida qualidade de vida e mau prognóstico, é um marcador desta síndrome [1]. Vários parâmetros usuais podem estimar a capacidade funcional e prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca na prática clínica. O consumo máximo de oxigênio (VO2 max) é também um preditor independente de sobrevida em pacientes com insuficiência cardíaca [2,3]. A distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos é também um preditor independente de sobrevida para estes pacientes [4,5]. Finalmente, redução na área de secção transversal das fibras musculares esqueléticas e na força muscular são preditores da intolerância ao exercício em pacientes com insuficiência cardíaca [6,7]. Existe evidência que treinamento aeróbio e de resistência são benéficos para pacientes com insuficiência cardíaca crônica (ICC). Assim, o treinamento físico tem sido recomendado como parte da terapia destes pacientes [8]. Entretanto, alguns pacientes não se adaptam ou desistem do treinamento físico convencional, e outros são incapazes de tolerar até mesmo baixos níveis de esforço físico. A estimulação elétrica funcional (EEF) tem sido usada em pacientes com ICC e tem mostrado potenciais efeitos benéficos, tais como aumento da massa muscular (fibras tipo I), atividade de enzimas oxidativas [9] e VO2 pico [10], prevenção de atrofia muscular [9], melhora da função endotelial [11], melhor performance em testes funcionais [12] e melhora da qualidade de vida [13]. Esta terapia parece ser um tratamento alternativo para pacientes que não podem participar de programas de exercício físico usuais. 111 Ensaios randomizados anteriores mostraram os efeitos benéficos da EEF no tratamento de pacientes com ICC quando comparado ao exercício físico aeróbio convencional (EAC) [9-15]. Entretanto, estudos comparando estes benefícios àqueles obtidos com EAC ou placebo nestes pacientes tiveram pequenos tamanhos amostrais e resultados conflitantes. Uma revisão sistemática das evidências pode ajudar a realizar uma melhor avaliação da sua efetividade, e, se seus benefícios forem comprovados, ajudar na disseminação do uso da EEF. Assim, o objetivo do nosso estudo foi revisar sistematicamente o efeito do tratamento com EEF no VO2 max, distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos e força muscular comparado ao EAC ou grupo controle em pacientes com ICC. Métodos Estratégia de busca Foram pesquisadas as seguintes bases de dados (do início até Janeiro de 2009): MEDLINE (acessado pelo PubMed), LILACS, Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Biblioteca Cochrane. Os termos de busca utilizados foram ‘electric stimulation therapy’, ‘electric stimulation’, ‘electrical stimulation’, ‘neuromuscular electrical stimulation’, ‘electrostimulation’, ‘heart failure’, e uma lista de palavras proposta por Robinson and Dickersin [16] que produz uma alta sensibilidade na busca de ensaios controlados randomizados. Não foram incluídas palavras relacionadas aos desfechos de interesse para aumentar a sensibilidade da nossa pesquisa. Não houve restrição de linguagem. 112 Elegibilidade dos estudos Foi incluído qualquer ensaio randomizado avaliando a EEF no tratamento de pacientes com ICC com classe funcional II, III ou IV segundo a New York Heart Association (NYHA). Foram incluídos estudos que compararam EEF e EAC ou controle (o mesmo regime do grupo EEF, exceto que a intensidade da estimulação não provocou contrações visíveis ou palpáveis), em que o objetivo foi a avaliação do VO2 max, distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos e/ou força muscular. Os critérios de exclusão foram resumidos da seguinte forma: (1) inclusão de indivíduos que não sejam pacientes com ICC, (2) os autores não descrevem uma definição confiável do que foi considerado ICC, (3) não houve aplicação de EEF no músculo quadríceps femoral e (4) o seguimento foi menor do que 5 semanas. Seleção dos estudos e extração dos dados Títulos e resumos de todos os artigos identificados pela estratégia de busca foram avaliados pelos investigadores. Todos os resumos que não forneceram informações suficientes em relação aos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados para avaliação do texto integral. No estágio do texto integral, dois revisores independentemente avaliaram os artigos completos e realizaram suas seleções de acordo com os critérios de elegibilidade. Discordâncias entre os revisores foram resolvidas por consenso. O desfecho principal coletado foi capacidade funcional, mensurada pelo VO2 pico em ml/kg/min-1. Outros desfechos de interesse foram distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos [em metros (m)] e força muscular [em Newtonmetro (Nm)]. 113 Avaliação da qualidade As maiores questões de qualidade avaliadas foram as seguintes: sigilo da lista de alocação, análise por intenção de tratar, comparabilidade basal, cegamento da avaliação dos desfechos e descrição das perdas e exclusões. Estudos sem uma descrição clara do uso de uma análise por intenção de tratar foram considerados como não preenchendo este critério. A falta de uma descrição de como a lista de alocação foi gerada foi considerado como ausência do sigilo de alocação. A única possibilidade de cegamento neste tipo de estudo é na avaliação dos desfechos; falta da descrição deste tipo de cegamento foi considerado como um estudo aberto. A qualidade foi também avaliada globalmente através do uso de duas escalas comumente utilizadas (PEDro [17] e Jadad [18]). Esta avaliação foi realizada independentemente por dois revisores. Análises As estimativas de efeito agregado foram obtidas comparando a mudança média percentual do basal para o final do estudo para cada grupo por técnica de quadrados mínimos, e foram expressas como a diferença média ponderada entre grupos. Os cálculos foram realizados utilizando um modelo de efeitos-fixos. Duas comparações foram realizadas: EEF versus EAC e EEF versus grupo controle. Um valor α = 0.05 foi considerado estatisticamente significante. Heterogeneidade estatística do efeito do tratamento entre os estudos foi avaliada usando o teste Q de Cochran e o teste de inconsistência I2, em que valores acima de 25% e 50% foram considerados indicativo de moderada e alta heterogeneidade, respectivamente [19]. Todas as análises foram conduzidas usando o programa Review Manager versão 5.0 (Colaboração Cochrane) [20]. 114 Análises de sensibilidade foram realizadas considerando as características metodológicas dos estudos (cegamento, intenção de tratar e sigilo da alocação), em que os cálculos da metanálise foram feitos incluindo somente estudos que preenchessem os critérios de qualidade. Cálculos separados foram realizados considerando cada característica. Finalmente, uma análise de sensibilidade com todos os estudos usando um modelo de efeitos-randômicos foi também realizada. Resultados Descrição dos estudos selecionados Como resultado de uma busca inicial, pudemos identificar 794 resumos, a partir dos quais 56 estudos foram considerados como potencialmente relevantes e foram obtidos para análise detalhada. Somente sete artigos preencheram os critérios de elegibilidade. A Fig. 1 mostra o fluxograma dos estudos nesta revisão. Os sete estudos incluídos tinham um total de 224 pacientes. A Tabela 1 resume as características destes estudos. Cinco ensaios [10,12,14,15,21] comparando EEF com EAC (n total = 168, dos quais 83 foram no EEF) e dois [9,11] comparando EEF com grupo controle (n total = 56, n no grupo EEF = 31). Todos os pacientes estavam em terapia medicamentosa otimizada para insuficiência cardíaca antes da inclusão, que incluía betabloqueadores, inibidores da angiotensina e uso de diuréticos. A qualidade da maioria dos estudos incluídos foi baixa. De acordo com a escala de Jadad, todos os artigos (100%) apresentaram um escore menor ou igual a 3 (de 5) pontos; na escala de PEDro, 5 estudos (71%) apresentaram escores menor ou igual a 5 (de 10) pontos. 115 Estimulação elétrica funcional versus exercício físico aeróbio convencional Os cinco artigos que compararam EEF e EAC avaliaram VO2 pico e distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos. Dois destes artigos também avaliaram força muscular isométrica do quadríceps femoral direito. Metanálises separadas foram realizadas para cada desfecho. A Fig. 2 mostra a comparação entre EEF e EAC em relação ao VO2 pico. Observou-se que tratamento com EEF promove menor ganho no VO2 pico quando comparado ao EAC [-0.74 ml/kg/min-1 (IC 95%: -1.38 a -0.10, I2 = 0%)]. Não houve diferença na força muscular [-0.33 Nm (IC 95%: -4.56 a 3.90, I2 = 0%)] quando o tratamento com EEF foi comparado ao EAC (Fig. 3). Com relação à distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos, pode-se observar que o tratamento com EEF causou um aumento não-significativo de 2.73 m (IC 95%: -15.39 a 20.85, I2 = 41.5%) quando comparado ao EAC (Fig. 4). Estimulação elétrica funcional versus grupo controle Dois artigos compararam EEF com grupo controle. O tratamento com EEF aumentou significativamente o VO2 pico (2.78 ml/kg/min-1, IC 95%: 1.44 a 4.13, I2 = 52.3%) quando comparado ao controle (Fig. 5). Em relação ao teste de caminhada de seis minutos, um aumento na distância caminhada comparando as medidas antes e após o tratamento ocorreu no grupo EEF (227 ± 138 para 299 ± 137 m, P <0.001), mas não no grupo controle (237 ± 132 para 243 ± 145 m, P = NS) no estudo de Nuhr et al. [9]. Karavidas et al. [11] observaram resultados semelhantes: 454 ± 85 para 487 ± 91 m, (P = 0.003) no grupo EEF e 452 ± 71 para 454 ± 79 m, (P = 0.621) no grupo controle. Não foi possível realizar metanálise destes valores, visto que os artigos não forneciam dados suficientes para o 116 cálculo (não forneciam valores de P exatos ou desvios padrões para as mudanças do basal em cada grupo avaliado). A possibilidade de meta-analisar os dados utilizando o valor final de distância percorrida não foi considerada, uma vez que havia um desbalanço na distância caminhada na linha de base no estudo de Nuhr et al. [9], o que enviesaria uma análise usando valor final ao invés do delta. Os autores dos estudos originais foram contactados a fim de se obter os dados que faltavam, mas não houve qualquer resposta. Nenhum desses artigos avaliou a força muscular. As análises de sensibilidade pré-especificadas foram prejudicadas pela baixa qualidade apresentada pelos estudos. Não foi possível realizar análises excluindo estudos sem um sigilo de alocação claramente determinado, porque somente um estudo [9] preencheu este critério. Nenhum dos estudos relatou cegamento da avaliação dos desfechos ou análise por intenção de tratar. Com respeito à análise de sensibilidade usando o modelo de efeitosrandômicos, os resultados mostraram-se inalterados, com uma pequena diferença nos valores de P estimados, mas foram semelhantes àqueles observados no modelo de efeitos-fixos. Discussão Nesta revisão sistemática de ensaios controlados randomizados, buscou-se avaliar o desempenho da EEF quando comparada ao EAC e grupo controle em pacientes com ICC. Diretrizes têm recomendado um programa de treinamento físico como parte integrante do tratamento e manejo neste grupo de pacientes [22,23], mas nem todos os indivíduos aderem aos programas de EAC. O tratamento de pacientes com ICC através de treinamento com EEF tem sido proposto como uma interessante 117 alternativa ao EAC. Os mecanismos propostos por que a EEF promove esses benefícios envolvem melhoras nos fatores periféricos, incluindo modificações da tipologia muscular bem como na capacidade oxidativa da musculatura esquelética [14]. O primeiro estudo relevante neste campo foi conduzido por Harris et al. [12] que comparou treinamento convencional com EEF. Nesse estudo, o desempenho da EEF teve efeitos semelhantes na capacidade funcional quando comparada ao treinamento convencional. Outros estudos foram publicados nos anos seguintes, mas eram geralmente desprovidos de poder para fornecer uma resposta conclusiva [10,14,15,21]. Adicionalmente, duas outras pesquisas mostraram os efeitos benéficos da EEF quando comparada a nenhuma intervenção, mas o número de sujeitos do estudo foi pequeno [9,11]. Esta metanálise foi realizada com objetivo de avaliar se existem evidências suficientes a fim de fornecer uma avaliação definitiva da EEF. Nesta metanálise, foi observado que o tratamento com EEF causa um aumento no VO2 max e na distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos nestes pacientes quando comparado ao grupo controle sem intervenção. Além disso, o tratamento com EEF promove ganhos semelhantes na distância caminhada no teste de caminhada de 6-min e ganhos semelhantes na força muscular quando comparado ao EAC, e uma pequena melhora no VO2 que teve pouco significado clínico. Uma limitação dos estudos incluídos nesta metanálise é que a maioria deles apresentou baixa qualidade metodológica, somente um estudo teve descrição do cálculo amostral [9] e descrição do sigilo da lista de alocação [9], e nenhum estudo descreveu o cegamento. Portanto, foi impossível realizar análises de sensibilidade estratificadas pela qualidade metodológica. Apesar da impossibilidade de cegamento dos pacientes e terapeutas nos estudos com EEF, é possível cegar o avaliador dos desfechos, o que ocorreu em somente três estudos [11,14,15]. Outra razão para a baixa 118 qualidade metodológica foi que os autores não descreveram como o sigilo da lista de alocação foi mantido, e, lendo os artigos, foi impossível concluir se este item metodológico foi obedecido. Somente o estudo realizado por Nuhr et al. [9] descreveu a randomização como baseada em uma lista de randomização com envelope selado. Além disso, dois estudos [10,21] também não descreveram as perdas e exclusões que ocorreram durante o período de tratamento [18,24]. Outro fato importante observado foi o curto tempo de seguimento dos pacientes incluídos nos estudos, o que levou a documentar apenas desfechos substitutos. Além disso, os estudos incluídos não têm poder suficiente, visto que mesmo realizando a metanálise, o intervalo de confiança de 95% permaneceu amplo, sugerindo que novos estudos devem ser realizados com um maior número de pacientes. A metanálise comparando a distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos entre grupo EEF e EAC mostrou uma heterogeneidade de 41.5% no teste de I2, o que pode ser particularmente justificado pelo estudo de Eicher et al. [21] que apresentou a menor qualidade metodológica quando comparado aos outros estudos incluídos. Na metanálise comparando VO2 max entre grupo EEF e grupo controle, uma heterogeneidade significativa foi também observada (teste Chi2 = 52.3%), o que pode ser explicado em parte em função do estudo realizado por Nuhr et al. [9] que realizou um tempo de estimulação mais longo por dia (240 min/dia). Além disso, Nuhr et al. [9] teve um tempo maior de treinamento dos pacientes (7 dias por semana por 10 semanas), comparando a duração de 5 dias por semana por 6 semanas realizado por Karavidas et al. [11]; esses fatos podem justificar os melhores resultados mostrados por Nuhr et al. [9]. 119 Em conclusão, esta revisão sistemática sugere que tratamento com EEF aumenta VO2 max e distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos quando comparado ao grupo controle. Além disso, o tratamento com EEF promove ganhos semelhantes na distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos e na força muscular quando comparado ao EAC, e um menor ganho no VO2 max com pequeno significado clínico. Nossos resultados mostram que EEF pode ser uma alternativa ao EAC em pacientes com ICC que não podem realizar esse tipo de treinamento. Porém, a baixa qualidade metodológica dos estudos incluídos nesta revisão sistemática e o número amostral pequeno sugerem que novos ensaios clínicos randomizados nestes indivíduos são necessários, e devem ser planejados com maior rigor metodológico, com maior número de pacientes e com maiores períodos de seguimento dos desfechos clínicos. 120 Legendas das figuras 1 Fluxograma dos estudos incluídos nesta revisão. 2 Diferença entre as médias e intervalo de confiança (IC) 95% no VO2 pico para tratamento com estimulação elétrica funcional (EEF) versus treinamento físico aeróbio convencional (EAC). 3 Diferença entre as médias e intervalo de confiança (IC) 95% na força muscular para tratamento com estimulação elétrica funcional (EEF) versus treinamento físico aeróbio convencional (EAC). 4 Diferença entre as médias e intervalo de confiança (IC) 95% na distância caminhada no teste de caminhada de seis minutos para tratamento com estimulação elétrica funcional (EEF) versus treinamento físico aeróbio convencional (EAC). 5 Diferença entre as médias e intervalo de confiança (IC) 95% no VO2 pico para tratamento com estimulação elétrica funcional (EEF) versus grupo controle. 110 Tabela 1 Características dos estudos incluídos nesta revisão Estudo, ano Pacientes Idade Gênero NYHA II – (n) (média ± masculino III - IV (n) DP) (n) 63 ± 10 / 17 / 21 Features PEDro Jadad score score 4 2 2 1 EEF versus Treinamento convencional Harris et al., 2003 22 / 24 62 ± 11 17 - 5 – 0 / 18 - 6 - 0 FES = Quadriceps and gastrocnemius muscles of both legs; F = 25Hz; TON = 5s; TOFF = 5s; 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; Bicycle = 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; 70% of the HR max. Eicher et al., 2004 12 / 12 54 ± 9* 19* 4 - 20 - 0* FES = Quadriceps and calf muscles of both legs; F = 10Hz; TON = 20s; TOFF = 20s; 25 daily sessions of 60 min; 111 Bicycle = 20 min daily, 25 daily sessions; 60-80% of the HR max. Deley et al., 2005 12 / 12 56 ± 8 / 9 / 11 57 ± 6 9-3–0/ 9-3-0 FES = Quadriceps and calf 5 2 4 1 muscles of both legs; F = 10Hz; pulse = 200µs; TON = 12s; TOFF = 8s; 60 min/day; 5 days per week for 5 weeks; Bicycle = 60 min sessions, 5 days a week for 5 weeks; 60-70% of the HR max. Dobsak et al., 2006 15 / 15 56 ± 6* 23* 22 - 8 - 0* FES = Quadriceps and calf muscles of both legs; F = 10Hz; pulse = 200µs; TON = 20s; TOFF = 20s; 60 min daily for 7 days per week for 8 weeks; Bicycle = 40 min daily, 3 days a week for workload 8 weeks; was exercise adjusted individually at the level of the 112 anaerobic threshold determined by spiroergometry. Deley et al., 2008 22 / 22 55 ± 10 / 16 / 19 56 ± 7 9 - 12 – 1 / FES = Quadriceps and calf 11 - 11 - 0 muscles; F = 10Hz; pulse = 0,2 5 2 6 3 msec; TON = 12s; TOFF = 8s; 60 min per day, 5 days per week, 5 weeks; Bicycle = 60 min sessions, 5 days a week for 5 weeks; exercise workload was individually at adjusted the HR at ventilatory threshold determined by spiroergometry. \ FES versus Control Nuhr et al., 2004 15 \ 17 53 ± 7 \ 53 ± 13 14 \ 14 5-8–2\ FES = Knee extensor and 2 - 13 - 2 hamstring muscles of both legs; F = 15Hz; pulse = 0,5msec; TON = 2s; TOFF = 4s; intensity = 25-30% of the MVC; 240 min/day, for 10 113 weeks (7 days/week); Control = same regimen of the FES group, except that the intensity of stimulation did not lead to visible or palpable contractions. Karavidas et al., 2006 16 \ 8 57 ± 15 \ 14 \ 7 64 ± 8 12 - 4 – 0 \ 6-2-0 FES = Quadriceps and 6 2 gastrocnemius muscles of both legs; F = 25Hz; TON = 5s; TOFF = 5s; 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; Control = same regimen of the FES group, except that the intensity of stimulation did not lead to visible or palpable contractions. * Estudos não registraram separadamente média ± DP idade, número de sujeitos do gênero masculino ou classe funcional para EEF versus treinamento convencional; / EEF versus treinamento convencional; \ EEF versus controle; 114 EEF = estimulação elétrica funcional; NYHA = New York Heart Association; CVM = contração voluntária máxima; 6MWT = distância caminhada no teste de caminhada de 6-min; F = frequência; TON = tempo de contração; TOFF = tempo de repouso; FC max = frequência cardíaca máxima. 115 Figuras 794 Citações potencialmente relevantes identificadas de todas as bases de dados 738 Estudos excluídos baseado nos títulos e/ou resumos 56 Estudos recuperados para revisão detalhada 9 Estudos elegíveis 30 Estudos excluídos baseado nos critérios de elegibilidade (nenhum paciente com insuficiência cardíaca, nenhum ensaio controlado randomizado, nenhuma intervenção com EEF) 17 Estudos duplicados 2 Estudos não documentaram os desfechos de interesse 7 Estudos incluídos Figura 1 Figura 2 116 Figura 3 Figura 4 Figura 5 117 9 ARTIGO 2 – VERSÃO EM LÍNGUA INGLESA This article was accepted for publication in European Journal of Cardiovascular Prevention and Rehabilitation, March 2010. Functional electrical stimulation in the treatment of patients with chronic heart failure: a meta-analysis of randomized controlled trials Short title: Functional electrical stimulation in heart failure Graciele Sbruzzia, Rodrigo A. Ribeiroa, Beatriz D. Schaana,b, Luis U. Signoria, Antônio M. V. Silvaa, Rodrigo D. M. Plentza,c a Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, RS, Brazil; bUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil; cUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brazil. Funding: This work was supported in part by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conflict of interest: None declared. Corresponding author: Dr. Rodrigo D. M. Plentz Av. Princesa Isabel, 370, Santana, Porto Alegre – RS, Brazil, 90.620-000 118 Telephone/Fax: 55-51-32192802 E-mail address: [email protected], [email protected] Wordcount: 3500 words 119 Abstract Background: Functional electrical stimulation (FES) produces beneficial effects in the treatment of patients with chronic heart failure (CHF), but studies in these patients have had small sample sizes and conflicting results. The aim of this meta-analysis was to systematically review the effect of treatment with FES compared to conventional aerobic exercise training (CA) or control group in patients with CHF. Methods: The search strategy included MEDLINE, LILACS, Physiotherapy Evidence Database and Cochrane Library. Randomized controlled trials comparing FES versus CA or control group in the treatment of patients with CHF were included. Two reviewers independently extracted the data. Main analysis used a fixed-effects model. Results: The search retrieved 794 articles, from which 7 studies were included. Treatment with FES provided a smaller gain in peak VO2 compared to CA [-0.74 ml/kg/min-1 (95% CI: -1.38 to -0.10)]. There was no difference in muscle strength [0.33 Nm (95% CI: -4.56 to 3.90)] and distance on the six-minute walk test [2.73 m (95% CI: -15.39 to 20.85)] comparing FES to CA. An increase in peak VO2 of 2.78 ml/kg/min-1 (95% CI: 1.44 to 4.13) was observed in FES versus control. Conclusion: Treatment with FES provides a similar gain in distance on the sixminute walk test and muscle strength when compared to CA, but a small gain in peak VO2. An increase in peak VO2 can be obtained with FES as compared to control group. Thus, FES may be an alternative in relation to CA in patients with CHF unable to perform this kind of exercise. Wordcount: 250 words. 120 Keywords: Heart failure; electric stimulation; randomized controlled trial; review. 121 Introduction The increase in heart failure prevalence has brought about high social and economic costs and high morbidity and mortality for the patients. Functional capacity limitation, commonly associated with reduced quality of life and poor prognosis, is a hallmark of this syndrome [1]. Several useful parameters can estimate functional capacity and prognosis of patients with heart failure in clinical practice. Peak oxygen consumption (peak VO2), is also an independent predictor of survival in patients with heart failure [2, 3]. The distance on the six-minute walk test is also an independent predictor of survival for these patients [4, 5]. Finally, reduction in the cross-sectional area of skeletal muscular fibres and in muscular strength are predictors of exercise intolerance in heart failure patients [6, 7]. There is evidence that aerobic and resistance training are beneficial for patients with chronic heart failure (CHF). Thus, physical training has been recommended as part of the therapy for these patients [8]. However, some patients do not adapt or drop out of conventional physical training, and others are unable to support even low levels of physical effort. Functional electrical stimulation (FES) has been used in CHF patients and has shown potential beneficial effects, such as increases in muscular mass (type I fibres), oxidative enzyme levels [9] and peak VO2 [10], muscular atrophy prevention [9], endothelial function improvement [11], better performance in functional tests [12], and improvement in quality of life [13]. This therapy seems to be an alternative treatment for patients who can not engage in conventional exercise training programs. Previous randomized trials have shown the beneficial effects of FES in the treatment of patients with CHF as compared to conventional aerobic exercise training (CA) [9-15]. However, studies comparing these benefits to those obtained with CA or 122 placebo in these patients have had small sample sizes and conflicting results. A systematic review of the evidence would allow a more precise evaluation of its effectiveness, and, if the benefits are proven, aid in the dissemination of FES use. Therefore, the aim of our study was to systematically review the effect of treatment with FES on peak VO2, distance on the six-minute walk test and muscle strength compared to CA or control group in patients with CHF. Methods Search strategy We searched the following electronic databases (from inception to January 2009): MEDLINE (accessed by PubMed), LILACS, Physiotherapy Evidence Database (PEDro) and Cochrane Library. Search terms used included ‘electric stimulation therapy’, ‘electric stimulation’, ‘electrical stimulation’, ‘neuromuscular electrical stimulation’, ‘electrostimulation’, ‘heart failure’ and a string of words proposed by Robinson and Dickersin [16] which yields a high sensitivity in the search for randomized controlled trials. We did not include words related to the outcomes of interest to enhance the sensitivity of our search. There were no language restrictions. Study eligibility We included any randomized trials evaluating FES in the treatment of CHF patients with New York Heart Association (NYHA) functional class II, III or IV. We included studies that compared FES to CA or control (the same regimen as the FES group, except that the intensity of stimulation did not lead to visible or palpable contractions), where the objective was the assessment of peak VO2, distance on the six-minute walk test and/or muscle strength. Exclusion criteria were summarized as 123 follows: (1) inclusion of subjects other than CHF patients, (2) failure, on the part of the authors, to provide a reliable definition of what was considered CHF; (3) nonapplication of FES in the quadriceps femoral muscle and (4) the follow-up was shorter than 5 weeks. Study selection and data extraction Titles and abstracts of all articles identified by the search strategy were evaluated by the investigators. All abstracts that did not provide enough information regarding the inclusion and exclusion criteria were selected for full-text evaluation. In the full-text stage, two reviewers independently evaluated the complete articles and performed their selection in accordance with the eligibility criteria. Disagreements between reviewers were solved by consensus. The main outcome extracted was functional capacity, measured by peak VO2 in ml/kg/min-1. Other outcomes of interest were distance on the six-minute walk test [in meters (m)] and muscle strength [in Newton-meter (Nm)]. Quality assessment The major quality issues assessed were the following: concealment of the allocation list, intention to treat analysis, baseline comparability, outcomes assessment blinding and description of losses and exclusions. Studies without a clear description of the use of an intention to treat analysis were considered as not filling this criterion. The lack of a description of how the allocation list was concealed was judged as absence of allocation concealment. The only possible blinding in this type of study is that of the outcomes assessment; lack of description of this kind of blinding was judged as an open study. The quality was also evaluated globally through the use of 124 two commonly used scales (PEDro [17] and Jadad [18]). This appraisal was independently performed by two reviewers. Analyses Pooled-effect estimates were obtained by comparing the least squares mean percentage change from baseline to study end for each group, and were expressed as the weighted mean difference between groups. Calculations were performed using a fixed-effects model. Two comparisons were made: FES versus CA and FES versus control. An α value = 0.05 was considered statistically significant. Statistical heterogeneity of the treatment effect among studies was assessed using Cochran’s Q test and the inconsistency I2 test, in which values above 25% and 50% were considered indicative of moderate and high heterogeneity, respectively [19]. All analyses were conducted using Review Manager Version 5.0 (Cochrane Collaboration) [20]. Sensitivity analyses were carried out considering methodological characteristics of the studies (blinding, intention to treat and allocation concealment), where meta-analysis calculations were remade including only studies meeting the quality criteria. Separate calculations were made considering each characteristic. Finally, a sensitivity analysis with all studies using a random-effects model was also performed. Results Description of selected studies The initial search led to the identification of 794 abstracts, from which 56 studies were considered as potentially relevant and were retrieved for detailed 125 analysis. Only seven articles met eligibility criteria. Fig. 1 shows the flow diagram of studies in this review. The seven studies included had a total of 224 patients. Table 1 summarizes the characteristics of these studies. Five trials [10, 12, 14, 15, 21] compared FES with CA (total n = 168, of which 83 were on FES) and two [9, 11] compared FES with a control group (total n = 56, n in FES group = 31). All patients were on optimal medical therapy for heart failure before enrolment, which included beta-blockade, angiotensin inhibition and use of diuretics. The quality of most of the included studies was poor. Observing the Jadad scale, all articles (100%) presented a score lower than or equal to 3 (out of 5) points; in the PEDro scale, 5 studies (71%) scored less than or equal to 5 (out of 10) points. Functional electrical stimulation versus conventional aerobic exercise training The five articles that compared FES to CA evaluated peak VO2 and distance on the six-minute walk test. Two of these articles also evaluated isometric muscle strength of the right femoral quadriceps. Separate meta-analyses were performed for each outcome. Fig. 2 shows the comparison between FES and CA effects on peak VO2. We observed that FES treatment provides smaller gain in peak VO2 as compared to CA [0.74 ml/kg/min-1 (95% CI: -1.38 to -0.10, I2 = 0%)]. There was no difference in muscle strength [-0.33 Nm (95% CI: -4.56 to 3.90, I2 = 0%)] when FES treatment was compared to CA (Fig. 3). Concerning the distance on the six-minute walk test, we could observe that treatment with FES caused a non-significant increase of 2.73 m (95% CI: -15.39 to 20.85, I2 = 41%) as compared to CA (Fig. 4). 126 Functional electrical stimulation versus control group Two articles compared FES with a control group. FES treatment significantly enhanced peak VO2 (2.78 ml/kg/min-1, 95% CI: 1.44 to 4.13, I2 = 52%) when compared to the control (Fig. 5). Regarding the six-minute walk test, an increase in distance comparing before and after treatment measurements occurred in the FES group (227 ± 138 to 299 ± 137 m, P <0.001), but not in the control group (237 ± 132 to 243 ± 145 m, P = NS) in the study by Nuhr et al. [9]. Karavidas et al. [11] observed similar results: 454 ± 85 to 487 ± 91 m, (P = 0.003) in the FES group and 452 ± 71 to 454 ± 79 m, (P = 0.621) in the control. We were unable to perform meta-analysis of these values, since the articles did not provide sufficient data for calculation (no exact P values or standard deviations for change from baseline in each group were available). We did not consider the option of meta-analyzing the ending walked distance found in each group, since a baseline imbalance of distance walked was significant in the Nuhr et al. [9] study. We contacted original study authors in order to obtain missing data, but we did not receive any feedback. None of these articles assessed muscle strength. The pre-specified sensitivity analyses were impaired by the low quality presented by the studies. It was not possible to conduct analyses excluding studies without a clearly stated allocation concealment, because only one study met this criterion [9]. None of the studies reported outcomes assessment blinding or intention to treat analysis. Regarding the sensitivity analysis using the random-effects model, results were mostly unchanged, with little difference in the estimates but p-values similar to those seen in the fixed-effects models. 127 Discussion In this systematic review of randomized controlled trials, we sought to evaluate the performance of FES when compared to both CA and control group in patients with CHF. Guidelines have recommended an exercise training program as a part of the treatment in this patients [22, 23], but not all subjects adhere to CA programs. Treatment of patients with CHF through FES training has been proposed as an interesting alternative to CA. The proposed mechanisms by which FES provides its benefits involve improvements in peripheral factors, including modifications of myotypology as well as in skeletal muscle oxidative capacity [14]. The first relevant study in the field was conducted by Harris et al. [12], who compared conventional training with FES. In this study, the performance of FES had similar effects on functional capacity when compared to conventional training. Other studies were published in the following years, but generally lacked sufficient power to provide a conclusive answer [10, 14, 15, 21]. Additionally, two other research studies showed beneficial effects of FES when compared to no intervention, but the number of studied subjects was small [9, 11]. This meta-analysis was carried out to evaluate if enough evidence was available in order to provide a definite appraisal of FES. In this meta-analysis, we observed that treatment with FES causes an increase in peak VO2 and in the distance on the six-minute walk test in CHF patients as compared to control groups without intervention. Furthermore, FES treatment provides similar gains in distance on the six-minute walk test and a similar gain in muscle strength when compared to CA, and a small improvement in peak VO2 which has little clinical significance. A limitation of the studies included in this meta-analysis is that most of them presented low methodological quality, only one of them being a study with a 128 description of the sample calculation [9] and description of the confidentiality of the allocation list [9], and no study describing blinding. Therefore, it was impossible to perform sensitivity analyses stratified by methodological quality. Despite the impossibility of blinding patients and therapists in FES studies, it is possible to blind the evaluation of outcome, which occurred in only three studies [11, 14, 15]. Another reason for the low methodological quality was that the authors did not describe how confidentiality of the allocation list was maintained, and, reading the articles, it was impossible to conclude whether this methodological item was obeyed. Only the study performed by Nuhr et al. [9] described the randomization as based on a sealed envelope randomization list. Moreover, two studies [10, 21] also failed to describe the losses and exclusions that occurred during the treatment period [18, 24]. Another important fact observed was the short follow-up time of the patients included in the studies, which leads to the report of only substitute outcomes. Besides, the studies included do not have sufficient power, since even performing metaanalysis, the 95% confidence intervals remained broad, suggesting that new studies should be performed with a larger number of patients. Meta-analysis comparing the distance on the six-minute walk test between the FES and CA groups showed a heterogeneity of 41% in the I2 test, which may be partly justified by the study of Eicher et al. [21] which presented a lower methodological quality when compared to the other included studies. In the meta-analysis comparing peak VO2 between the FES group and control group, significant heterogeneity was also observed (I2 test = 52%), which can be accounted for in part as a function of the study performed by Nuhr et al. [9] which presented the longest time of stimulation per day (240 min/day). Besides this, Nuhr et al. [9] had a longer duration of patient training (7 days per week for 10 weeks), as 129 compared with the duration of 5 days per week for 6 weeks performed by Karavidas et al. [11]; these facts may justify the better results shown by Nuhr et al. [9]. In summary, this systematic review suggests that treatment with FES increases peak VO2 and distance on the six-minute walk test as compared to control group. Furthermore, the treatment with FES provides similar gains in distance on the sixminute walk test and muscle strength when compared to CA, and a small gain in peak VO2, of little clinical significance. Our results show that FES may be an alternative to CA in patients with CHF unable to perform this kind of exercise. However, the low methodological quality of the studies included in this systematic review and the small number of samples suggest that new randomized clinical trials on this subject are needed, and must be planned with greater methodological strictness, a larger number of patients and with longer periods of intervention and follow up of the hard outcomes. 130 Legends for figures 1 Flow diagram of studies included in the review. 2 Mean weighted difference and 95% confidence interval (CI) in peak VO2 for treatment with functional electrical stimulation (FES) versus conventional aerobic exercise training (CA). 3 Mean weighted difference and 95% confidence interval (CI) in muscle strength for treatment with functional electrical stimulation (FES) versus conventional aerobic exercise training (CA). 4 Mean weighted difference and 95% confidence interval (CI) in distance on the sixminute walk test for treatment with functional electrical stimulation (FES) versus conventional aerobic exercise training (CA). 5 Mean weighted difference and 95% confidence interval (CI) in peak VO2 for treatment with functional electrical stimulation (FES) versus control group. 131 Table 1 Characteristics of included studies in this review Study, year Patients Age Male gender NYHA II – Features PEDro score Jadad score (n) (mean ± SD) (n) III - IV (n) 22 / 24 63 ± 10 / 17 / 21 17 - 5 – 0 / FES = Quadriceps and gastrocnemius 4 2 18 - 6 - 0 muscles of both legs; F = 25Hz; TON = 2 1 5 2 FES versus Conventional training Harris et al., 2003 62 ± 11 5s; TOFF = 5s; 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; Bicycle = 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; 70% of the HR max. Eicher et al., 2004 12 / 12 54 ± 9* 19* 4 - 20 - 0* FES = Quadriceps and calf muscles of both legs; F = 10Hz; TON = 20s; TOFF = 20s; 25 daily sessions of 60 min; Bicycle = 20 min daily, 25 daily sessions; 60-80% of the HR max. Deley et al., 2005 12 / 12 56 ± 8 / 57 ± 6 9 / 11 9-3–0/ FES = Quadriceps and calf muscles of 9-3-0 both legs; F = 10Hz; pulse = 200µs; TON = 12s; TOFF = 8s; 60 min/day; 5 132 days per week for 5 weeks; Bicycle = 60 min sessions, 5 days a week for 5 weeks; 60-70% of the HR max. Dobsak et al., 2006 15 / 15 56 ± 6* 23* 22 - 8 - 0* FES = Quadriceps and calf muscles of 4 1 5 2 both legs; F = 10Hz; pulse = 200µs; TON = 20s; TOFF = 20s; 60 min daily for 7 days per week for 8 weeks; Bicycle = 40 min daily, 3 days a week for 8 weeks; exercise workload was adjusted individually at the level of the anaerobic threshold determined by spiroergometry. Deley et al., 2008 22 / 22 55 ± 10 / 56 ± 7 16 / 19 9 - 12 – 1 / FES = Quadriceps and calf muscles; F 11 - 11 - 0 = 10Hz; pulse = 0,2 msec; TON = 12s; TOFF = 8s; 60 min per day, 5 days per week, 5 weeks; Bicycle = 60 min sessions, 5 days a week for 5 weeks; exercise workload was adjusted individually at the HR at 133 ventilatory threshold determined by spiroergometry. FES versus Control Nuhr et al., 2004 15 \ 17 53 ± 7 \ 14 \ 14 53 ± 13 5-8–2\ FES = Knee extensor and hamstring 2 - 13 - 2 muscles of both legs; F = 15Hz; pulse = 6 3 6 2 0,5msec; TON = 2s; TOFF = 4s; intensity = 25-30% of the MVC; 240 min/day, for 10 weeks (7 days/week); Control = same regimen of the FES group, except that the intensity of stimulation did not lead to visible or palpable contractions. Karavidas et al., 2006 16 \ 8 57 ± 15 \ 64 ± 8 14 \ 7 12 - 4 – 0 \ FES = Quadriceps and gastrocnemius 6-2-0 muscles of both legs; F = 25Hz; TON = 5s; TOFF = 5s; 30 min daily, 5 days per week for 6 weeks; Control = same regimen of the FES group, except that the intensity of stimulation did not lead to visible or palpable contractions. 134 * Trials did not report separate mean ± SD age, number of male subjects or functional class for FES versus conventional training; / FES versus conventional training; \ FES versus control; FES = functional electrical stimulation; NYHA = New York Heart Association; MVC = maximal voluntary contraction; 6MWT = 6-min walking distance; F = frequency; TON = time of followed; TOFF = time of rest; HR max = maximum heart rate. 135 Figures Figure 1 Figure 2 136 Figure 3 Figure 4 Figure 5 137 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTIGO 2 1. Jessup M, Brozena S. Heart failure. N Engl J Med 2003;348(20):2007-18. 2. Green P, Lund LH, Mancini D. Comparison of peak exercise oxygen consumption and the Heart Failure Survival Score for predicting prognosis in women versus men. Am J Cardiol 2007;99(3):399-403. 3. Gitt AK, Wasserman K, Kilkowski C, Kleemann T, Kilkowski A, Bangert M, et al. Exercise anaerobic threshold and ventilatory efficiency identify heart failure patients for high risk of early death. Circulation 2002;106(24):3079-84. 4. Shah MR, Hasselblad V, Gheorghiade M, Adams KF, Jr., Swedberg K, Califf RM, et al. Prognostic usefulness of the six-minute walk in patients with advanced congestive heart failure secondary to ischemic or nonischemic cardiomyopathy. Am J Cardiol 2001;88(9):987-93. 5. Curtis JP, Rathore SS, Wang Y, Krumholz HM. The association of 6-minute walk performance and outcomes in stable outpatients with heart failure. J Card Fail 2004;10(1):9-14. 6. Minotti JR, Christoph I, Oka R, Weiner MW, Wells L, Massie BM. Impaired skeletal muscle function in patients with congestive heart failure. Relationship to systemic exercise performance. J Clin Invest 1991;88(6):2077-82. 7. Larsen AI, Lindal S, Aukrust P, Toft I, Aarsland T, Dickstein K. Effect of exercise training on skeletal muscle fibre characteristics in men with chronic heart failure. Correlation between skeletal muscle alterations, cytokines and exercise capacity. Int J Cardiol 2002;83(1):25-32. 8. Recommendations for exercise training in chronic heart failure patients. Eur Heart J 2001;22(2):125-35. 138 9. Nuhr MJ, Pette D, Berger R, Quittan M, Crevenna R, Huelsman M, et al. Beneficial effects of chronic low-frequency stimulation of thigh muscles in patients with advanced chronic heart failure. Eur Heart J 2004;25(2):136-43. 10. Dobsak P, Novakova M, Fiser B, Siegelova J, Balcarkova P, Spinarova L, et al. Electrical stimulation of skeletal muscles. An alternative to aerobic exercise training in patients with chronic heart failure? Int Heart J 2006;47(3):441-53. 11. Karavidas AI, Raisakis KG, Parissis JT, Tsekoura DK, Adamopoulos S, Korres DA, et al. Functional electrical stimulation improves endothelial function and reduces peripheral immune responses in patients with chronic heart failure. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2006;13(4):592-7. 12. Harris S, LeMaitre JP, Mackenzie G, Fox KA, Denvir MA. A randomised study of home-based electrical stimulation of the legs and conventional bicycle exercise training for patients with chronic heart failure. Eur Heart J 2003;24(9):871-8. 13. Quittan M, Wiesinger GF, Sturm B, Puig S, Mayr W, Sochor A, et al. Improvement of thigh muscles by neuromuscular electrical stimulation in patients with refractory heart failure: a single-blind, randomized, controlled trial. Am J Phys Med Rehabil 2001;80(3):206-14; quiz 215-6, 224. 14. Deley G, Kervio G, Verges B, Hannequin A, Petitdant MF, Salmi-Belmihoub S, et al. Comparison of low-frequency electrical myostimulation and conventional aerobic exercise training in patients with chronic heart failure. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil 2005;12(3):226-33. 15. Deley G, Eicher JC, Verges B, Wolf JE, Casillas JM. Do low-frequency electrical myostimulation and aerobic training similarly improve performance 139 in chronic heart failure patients with different exercise capacities? J Rehabil Med 2008;40(3):219-24. 16. Robinson KA, Dickersin K. Development of a highly sensitive search strategy for the retrieval of reports of controlled trials using PubMed. Int J Epidemiol 2002;31(1):150-3. 17. PEDro. In: Acessed in [2008 jan 24]. Available in: http://www.pedro.fhs.usyd.edu.au. 18. Jadad AR, Moore RA, Carroll D, Jenkinson C, Reynolds DJ, Gavaghan DJ, et al. Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is blinding necessary? Control Clin Trials 1996;17(1):1-12. 19. Higgins JP, Thompson SG, Deeks JJ, Altman DG. Measuring inconsistency in meta-analyses. BMJ 2003;327(7414):557-60. 20. 21. Collaboration TC. Available at: www.cochrane.org. Accessed Feb 03, 2008. Eicher JC, Dobsak P, Berteau O, Walker P, Vergès B, Maillefert JF, et al. Rehabilitation in chronic congestive heart failure: comparison of bicycle training and muscle electrical stimulation. Scripta Medica 2004;77(5-6):26170. 22. Remme WJ, Swedberg K. Guidelines for the diagnosis and treatment of chronic heart failure. Eur Heart J 2001;22(17):1527-60. 23. Hunt SA, Baker DW, Chin MH, Cinquegrani MP, Feldman AM, Francis GS, et al. ACC/AHA Guidelines for the Evaluation and Management of Chronic Heart Failure in the Adult: Executive Summary A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Committee to Revise the 1995 Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure): Developed in Collaboration With the 140 International Society for Heart and Lung Transplantation; Endorsed by the Heart Failure Society of America. Circulation 2001;104(24):2996-3007. 24. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Bmj 2009;339:b2535. 141 11 ANEXOS PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL 142 PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO 143 TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO 144 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL/ FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Consentimento Livre e Esclarecido EFEITO AGUDO DA ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL SOBRE A CONTRATILIDADE MUSCULAR EM INDIVÍDUOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (Nome completo do paciente - preencher em letra de forma) Idade Gênero Dr. Rodrigo Della Méa Plentz, Dra. Beatriz D’Agorn Schaan e colaboradores, através desta pesquisa, que tem por objetivo verificar o efeito agudo da eletroestimulação funcional sobre a contratilidade muscular em indivíduos com Insuficiência Cardíaca, comparando-o aos obtidos em indivíduos saudáveis, viemos esclarecer e pedir seu consentimento para a realização deste estudo. Primeiramente explicaremos os benefícios e riscos previstos do nosso trabalho. Os riscos que você ficará exposto serão mínimos incluindo a dor na coxa estimulada semelhante quando se realiza exercícios físicos. Os benefícios residem na possibilidade de adquirir valores capazes de mensurar seu pico de torque muscular isocinético e sua taxa de fadiga muscular, através da avaliação isocinética realizada por um dinamômetro isocinético, podendo assim saber qual o efeito agudo provocado pela eletroestimulação funcional sobre sua contratilidade muscular. Agora iremos explicar como se procede a avaliação. Você realizará a avaliação em um dia apenas que será pré-determinado, e esta será realizada no Laboratório de Biomecânica da Universidade de Passo Fundo (UPF). Primeiramente você irá responder uma ficha de avaliação (Apêndice C e D) sobre seus dados de identificação e algumas alterações clínicas que possa ter. Após o preenchimento desta ficha, você realizará um alongamento prévio ao teste, da musculatura extensora e flexora do seu joelho, e da musculatura flexora, extensora, abdutora e adutora do seu quadril, com duração de 5 minutos. Depois, será posicionado (a) no dinamômetro isocinético e realizará 5 movimentos de extensão do joelho para adaptação ao aparelho. A partir disso, você receberá aplicação de eletroestimulação funcional e terão o pico de torque muscular isocinético avaliado nas seguintes situações: na contração voluntária máxima (CVM), em que você realiza o movimento de extensão do joelho ativamente; na contração provocada pelo uso exclusivo de eletroestimulação funcional (EEF), em que o movimento de extensão do joelho será realizado pela estimulação elétrica que produzirá uma contração muscular; e na contração quando a aplicação da eletroestimulação for superposta à contração voluntária máxima, em que você produzirá o movimento de extensão do joelho junto com a estimulação elétrica. Você realizará 6 repetições do movimento de extensão do joelho do seu membro inferior 145 dominante em cada uma das situações, com velocidade angular de 90º/s, sendo que receberá feedback visual e verbal consistentemente. Você realizará o movimento na seguinte ordem: movimento ativo de contração máxima (CVM), repouso de 15 minutos, movimento provocado pela EEF com 15 Hz, repouso de 15 minutos, movimento provocado pela EEF com 50 Hz, repouso de 15 minutos, e sobreposição de EEF com 50 Hz a contração voluntária máxima (CVM). Durante todo o tempo da avaliação o Sr. (a) será acompanhado pela SAMUR (Serviço de Atendimento Médico de Urgência ou Emergência) que, por ser uma unidade móvel de socorro, prestará atendimento, caso necessário. O Sr. (a) receberá a aplicação de estimulação elétrica em sua coxa do membro inferior dominante através de um aparelho que causa contração muscular. O Sr. (a) vai sentir um leve formigamento e depois sua musculatura irá contrair, nós iremos aumentando a intensidade do aparelho até o Sr. (a) suportar uma ótima contração muscular. O Sr. (a) poderá desistir de fazer a avaliação a qualquer momento, mesmo após o início desta, e isso não irá lhe trazer nenhum prejuízo. Todas as informações e os resultados desta avaliação serão guardados sob nosso sigilo, resguardando seu anonimato, assim como nossa ética profissional exige. Não haverá despesas pessoais para o Sr. (a) nesta pesquisa. Também não haverá compensações financeiras relacionadas a sua participação. Os dados e o material coletado serão utilizados somente para fins científicos. Caso ocorram dúvidas sobre a pesquisa, poderá falar diretamente conosco pelos telefones (54) 33123878 e (55) 33225623. Este termo será assinado em duas vias, ficando uma em nossa posse e outra com você. Eu__________________________________________________________ acredito ter sido suficientemente informado a respeito da pesquisa. Eu discuti com o Dr. Rodrigo Della Méa Plentz e a equipe o qual o assessora nesta pesquisa sobre a minha decisão de participar desta pesquisa. Ficam claros para mim, quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos, riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimento permanente. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e de remuneração, e que a qualquer momento posso desistir do exame sem prejuízo. Declaro que este formulário foi lido para _________________________________________________________(nome do paciente) em _____/_____/_____ (data) pelo _______________________________ (nome do pesquisador) enquanto eu estava presente_____________________________________________________ ___________________________________ Assinatura da Testemunha 146 FICHA DE AVALIAÇÃO Nome:_______________________________________________________________ Data de nascimento:_______________ Idade:_________ Sexo:__________________ Altura:_________________ Peso:_________________ IMC:___________________ Endereço:_____________________________________________________________ Telefone:_____________________________________________________________ Profissão:_____________________________________________________________ Data da avaliação:______________________________________________________ Responsável pela avaliação:______________________________________________ Médico responsável:____________________________________________________ Diagnóstico clínico:_____________________________________________________ Medicações:___________________________________________________________ Fração de Ejeção:____________________ Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Grau (segundo NYHA):_____________ ( ) sim ( ) não Há quanto tempo:________________________________________________ Mudança na terapia medicamentosa há pelo menos 1 mês ( ) sim ( ) não Doença respiratória aguda ( ) sim ( ) não Doença vascular periférica ( ) sim ( ) não Doença neurológica associada ( ) sim ( ) não Doença infecciosa ou estado febril ( ) sim ( ) não Marcapasso cardíaco ( ) sim ( ) não Arritmia ventricular instável ( ) sim ( ) não Angina instável ( ) sim ( ) não Tabagista ativo ( ) sim ( ) não Obesidade ( ) sim ( ) não Atividade física regular ( ) sim ( ) não Doença músculo esquelética em membros inferiores ( ) sim ( ) não 147 Avaliação do Pico de Torque Muscular (Nm) na Contração Voluntária Máxima (CVM) DIREITO ESQUERDO Resultado Resultado Grupo Resultado inicial Final Muscular inicial Resultado final Extensores de Joelho Avaliação do Pico de Torque Muscular (Nm) na contração evocada pelo uso exclusivo da EEF - Freqüência 15 Hz DIREITO ESQUERDO Resultado Resultado Grupo Resultado inicial Final Muscular inicial Resultado final Extensores de Joelho Avaliação do Pico de Torque Muscular (Nm) na contração evocada pelo uso exclusivo da EEF - Freqüência 50 Hz DIREITO ESQUERDO Resultado Resultado Grupo Resultado inicial Final Muscular inicial Resultado final Extensores de Joelho Avaliação do Pico de Torque Muscular (Nm) na contração quando a aplicação da EEF for superposta à CVM – Freqüência 50 Hz DIREITO ESQUERDO Resultado Resultado Grupo Resultado inicial Final Muscular inicial Extensores de Joelho Resultado final 148 REGISTRO DE CALIBRAÇÃO DO DINAMÔMETRO COMPUTADORIZADO – BIODEX