OILWATCH RESISTÊNCIA BOLETIM DA REDE OILWATCH

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OILWATCH RESISTÊNCIA BOLETIM DA REDE OILWATCH
OILWATCH
RESISTÊNCIA
BOLETIM DA REDE OILWATCH
EDITORIAL
Querid@s amig@s da Rede Oilwatch
A secretaria Internacional da rede quer iniciar este novo milênio, com a entrega
deste boletim, no qual tenta-se recolher as diferentes perspectivas de uma rede
do Sul, que enfrenta e resiste à indústria petrolífera nos trópicos.
Esta primeira entrega contém uma seção de campanhas, nas quais
destacamos o que está acontecendo com o heróico povo colombiano U’wa, a
sua luta contra a empresa petrolífera norte-americana Occidental e como
podemos apoiar as suas reivindicações. Nessa seção incluimos uma nota
adicional sobre o nosso país, Equador, que no momento enfrenta a pior crise
da sua história, a mesma que pretende ser superada através da sobreexploração dos campos petroleiros, enterrados no coração dos parques
nacionais.
A seção seguinte é uma porção dedicada ao crescimento da indústria nos
trópicos. Neste número, tomamos os casos da Indonésia - região de Riau - , a
zona de desenvolvimento conjunto em Tailândia e Malásia, a expansão da
insdústria no Suriname, Tanzânia e Sudão, e os impactos de um
derramamento de petróleo acontecido na Bolívia. Na sua maioria, estas são
notícias geradas pela própria indústria.
Em seguida, temos a seção denominada “Notícias da rede”, que nessa ocasião
recolhe uma nota escrita pelo coletivo Madre Selva da Guatemala, em relação
às atividades petrolíferas na Reserva da Biósfera Maya ; e outra notícia da
Nigéria sobre o povo Ogoni e a petrolífera Shell.
Logo, apresentamos uma seção que chamamos “Ecos da imprensa”, que
recolhe histórias de resistência, como é a dos estudantes indonésios, os quais
ocuparam os escritórios de Caltex em Riau.
“Histórias dos que resistem” está pensada como uma seção informal e vivencial
dos autores que resistem às petrolíferas nos seus próprios territórios. Aquí
apresentamos uma curta história do primeiro contato do povo U’wa com a
empresa Occidental.
Há uma seção de Resenhas de publicações recentes, que desta vez abarca
um estudo sobre as atividades petrolíferas no Parque Nacional Isoboro Secure,
na Bolívia de autoria do ecologista catalão, Marc Galvadá, atualmente
residente na Bolívia. Assim como também as últimas publicações feitas por
Acción Ecológica do Equador sobre o tema petroleiro.
Para terminar, trazemos até vocês uma poesia da poetiza e ecologista
equatoriana Maria Fernanda Espinosa, tomada do seu livro “Tatuagens de
Selva”.
A Secretaria tem muito interesse em conhecer a sua opinião sobre este
primeiro numero RESISTÊNCIA e, evidentemente, nunca é demais pedir a sua
colaboração para os futuros números.
Esperamos que esta primeira tentativa converta-se numa aventura coletiva e
duradoura.
OILWATCH
SECRETARIA INTERNACIONAL
EM CAMPANHA
COLÔMBIA : SOBRE O POVO U’WA
No dia 25 de janeiro de 2000, o exército colombiano, seguindo sua tradição de
defender os interesses das multinacionais (nesse caso os da petrolífera
Occidental), invadiu o “resguardo” (reserva indígena) U’wa e expulsou do seu
próprio território os indígenas que permaneciam em Gibraltar, lugar aonde a
empresa pensa abrir um poço petroleiro.
Posteriormente, no dia 11 de fevereiro, numa ação de expulsão realizada pela
polícia e o exército para reestabelecer a ordem teve-se como resultado a morte
de quatro crianças U’wa afogadas.
Diante desses acontecimentos, reproduzimos algumas declarações que foram
feitas sobre o tema, começando pela posição do próprio povo U’wa.
--------------------------------------------O povo indígena U’wa dos departamentos de Boyacá, Santander, Norte De
Santander, Arauca e Casanare, denunciamos à opinião pública nacional e
internacional, o seguinte :
1. Que as Forças Armadas Revolucionarias de Colômbia (FARC) pelas
diferentes ações que vem realizando contra o povo indígena U’wa, como
são : a indimidação armada realizada contra indígenas moradores de nossas
comunidades em meses anteriores, o ametralhamento da residência do
senhor Carlos Tegría Uncaria, a retenção, sequestro e posterior assassinato
dos três irmãos indigenistas norte-americanos Terence Freitas, Ingrid
Washinawatock e Larry Gay Lahenae, os quais defendiam a nossa causa.
2. Condenamos todo apoio de colombianos a favor dos interesses da empresa
multinacional do petróleo OXY. Assim como também rejeitamos
enérgicamente a confabulação do Estado Colombiano, através das suas
forças militares, a multinacional OXY e a empresa subcontratista Rocas del
Llano, para proteger e salvaguardar veículos, equipamentos e maquinaria da
transnacional OXY, do municipio de Pamplona até o Bloque Samoré, pois é
evidente a estrecha coordenação para cumprir tal propósito.
3. A forte militarização realizada no dia 19 de janeiro em Cedeño, Norte de
Santander, nas zonas que são nossas propriedades onde foram
encurralados os irmãos U’wa pelos soldados do exército e da policía anti-
motim, os quais maltrataram física e psicológicamente aos compañeros
indígenas que se encontravam allí, destruindo bens e movéis que eram
nossos.
4. A ameaça de morte e intimidação que estão sendo feitas contra funcionários
públicos para que atuem contra os nossos Direitos Constitucionais e legais,
como é o caso da juíza de Toledo, Dra. Yamile Vergel, que foi pressionada
para que decida por desalojar os nossos territórios à força.
5. Os estranhos fatos que marcaram o assassinato do Dr. Daniel Jordan
Peñaranda, funcionário público judicial em Pamplona, quem colaborou na
formalização da Escritura Pública de Propriedad Coletiva a favor do povo U’wa,
que são as áreas de Santa Rita e Bellavista localizadas na vereda Cedeño,
municipio de Toledo.
6. Reiteramos o nosso nobre propósito de seguir lutando pacíficamente pela
defesa dos nossos direitos territoriais ancestrais e tradicionais, e não
compartilhamos as ações realizadas pelo Exército de Liberação Nacional, ELN,
o qual destruiu a maquinaria e o equipamento da transnacional de petróleo
OXY, pois ações como estas só agudizam o conflito.
7. Convidamos os camponeses, trabalhadores, estudantes, docentes,
transportadores, comerciantes e indígenas da região a solidarizar-se com a
nossa luta, pois estamos convencidos que "A defesa dos nossos direitos
territoriais é a única garantía da nossa existencia". Hoje, pública e oficialmente
informamos para toda Colômbia e o mundo que a partir do dia 01 de fevereiro
declaramos uma greve cívica em defesa dos direitos sociais do povo U’wa e do
Sarare.
Cubará, janeiro 31 do 2000
Atentamente,
Povo Indígena U'wa e Guahibo dos Departamentos de Boyacá, Santander e
Norte de Santander, Arauca e Casanare
Roberto Perez Gutiérrez, Ismael Uncacia
APOIOS AO POVO U'WA
Diversas organizações colombianas manifestaram seu apoio ao povo U'wa,
entre elas, os organismos sociais e agrários colombianos, que enviaram uma
carta de protesto ao Presidente da Colômbia, Andrés Pastrana.
Nela os U’wa expõe que, frente à repressão cometida contra a comunidad U'wa
por centenas de soldados do exército colombiano no dia 25 de janeiro passado,
para facilitar o ingreso da multinacional OXY e iniciar a perfuração do poço
Gibraltar I, as organizações camponesas, indígenas, afro-colombianas e os
trabalhadores do INCORA, rejeitam enérgicamente este tipo de
comportamento.
Acrescentam que o "desenvolvimento petrolífero" não respeita a ecología, a
biodiversidade, a cultura, nem as pessoas na sua integridade e desconhece os
princípios
constitucionais
de
inembargabilidade,
inalienabilidade
e
imprescritibilidade das terras indígenas.
Exigen uma investigação profunda desses fatos de violência e da violação das
garantias constitucionais e sanção aos responsáveis.
Por outro lado, a Central Única de Trabalhadores e as organizações
representadas pelo Coordenador Nacional Agrário da Colômbia, também
denunciaram à opinião pública nacional e internacional, aos organismos de
direitos humanos, de proteção do meio ambiente e às comunidades indígenas,
que mediante a aliança entre a empresa petrolífera multinacional
OCCIDENTAL (OXY) e o governo de Andrés Pastrana, procura-se expulsar as
comunidades indígenas U'wa do seu território, a fim de explorar os recursos
petrolíferos ali existentes, em aberta violação aos direitos humanos.
Responsabilizaram o governo de Pastrana e a multinacional OXY, pela
violência que ameaça estes territórios e pela morte de qualquer indígena ou
habitante, que, em razão de sua justa luta, possa ocorrer, e exigiram do
governo nacional a desmilitarização dos territorios dos U'wa, freiar a superexploração dos recursos naturais e respeitar a vida das comunidades U'wa.
Finalmente, chamam todas as organizações sociais de Colômbia e a
comunidade internacional para que se manifestem contra estes atropelos,
enviando suas comunicações de rejeição a:
ANDRES PASTRANA ARANGO
Presidente da República de Colômbia
Palacio de Nariño
Carrera 8 7-26
Teléfono (571) 5629300 Fax (571) 2867434 - 2867937
Santafé de Bogotá, D.C.
OCCIDENTAL DE COLÔMBIA, INC
Calle 77A 11-32
Teléfonos (571) 3454155 - 6288011
Santafé de Bogotá, D.C.
Por outro lado, representantes de povos e organizações indígenas de
diferentes partes do mundo, reunidos na sede das Nações Unidas em
Genebra, Suiça, no Grupo de Trabalho para o estabelecimento de um Fórum
Permanente sobre os Povos Indígenas, protestaram frente o governo e o
exército de Colômbia, os quais foram condenados a nível internacional pela
cruel agressão e chacina do povo U'wa, fatos que aconteceram numa sextafeira, 11 de fevereiro de 2000, e especialmente pela morte de cuatro crianças,
atendendo as petições e exigências da transnacional petrolífera, Oxy
Petroleum.
Eles chamaram o Secretario General e a Alta Comissionada dos Direitos
Humanos, para que intervenham frente o governo colombiano e desta maneira,
evitar o genocídio de um povo indígena. Pediram também a todos os povos
indígenas do mundo e às organizações solidárias, que se mantenham em
estado de alerta.
Finalmente, alertaram os Estados e o Sistema das Nações Unidas para que
intervenha imediatamente com a finalidade de realizar as investigações
urgentes e um relatório para a próxima 56ª reunião da Comissão de Direitos
Humanos.
Um Futuro sem o povo U’wa é um futuro sem as pessoas, sem a gente.
Recomendo usar a camiseta dos U’wa:
Trópicoutopico
http:www.tropicoutopico.com/uwa/camisa.htm
PETRÓLEO NOS TRÓPICOS
INDONÉSIA
PT Caltex Pacific Indonésia comprou o campo petrolífero Bengkali em Riau, o
mesmo que tem um potencial inicial de 2.000 barris por dia.
Nesta mesma zona, Pertamina, Caltex, MCTN e o Governo de Indonésia,
construirão uma usina para geração de energia, que utilizará o gás natural
transportado do Bloco PSC em Sumatra do Sul. A construção custará US$190
milhões de dólares.
Caltex tem uma importante presença na província de Riau, na Sumatra, e é a
empresa petroleira com maior presença no país. Extrai um milhão e
quinhentos mil barris diários, o que representa 60% da produção nacional. No
momento atual, Caltex opera em quatro blocos em Riau, com dois contratos
que foram extendidos até os anos 2020 e 2013.
A presença desta empresa estadunidense (uma joint venture entre Texaco e
Chevron), na Provincia de Riau, gerou fortes conflitos ambientais dentro do
povo Sakai, que durante os anos de presença de Caltex no seu territorio,
sofreram violações dos seus direitos fundamentais. A presença de Caltex em
Riau, constituiu a porta de entrada para que empresas madeireiras se instalem
na zona, o que conduziu os processos de transmigração.
O povo Sakai levantou sua voz de protesto, demandando um maior
reconhecimento dos seus direitos. O Embaixador da Indonésia nos Estados
Unidos, prometeu o seu apoio aos sakai.
Fontes:
Petroleum Review. Noviembre 1999
Antara Wide News. Agosto 1999, janeiro 2000
ANTARA. JANEIRO 2000
Indonesian Observer
ZONA DE DESENVOLVIMENTO CONJUNTO TAILÂNDIA-MALÁSIA
Na zona de desenvolvimento conjunto (JDA) entre Malásia e Tailândia, decidiuse construir um oleoduto de 220 milhas e que custará um bilhão de dólares. A
construção poderia começar no próximo ano.
Este gasoduto unirá a área de desenvolvimento conjunto no Golfo de Tailândia,
com a infraestrutura localizada na Província de Songkhla, no sul da Tailândia.
A zona de desenvolvimento conjunto entre Malásia e Tailândia, foi estabelecida
para a exploração de todos os recursos naturais não renováveis na zona
fronteiriça, onde existe uma sobreposição dos direitos patrimoniais dos dois
países. A área comprende uma zona de 7.250 Km na plataforma continental
da parte baixa do Golfo da Tailândia.
Os campos descobertos até o momento são: Cakerawala, Suirjaya, Bulan,
Bumi e Bumi Este. As reservas estimadas são: Cakerawala 390 milhões de
pés cúbicos de gás /dia (mncp/d), Muda 250 mncp/d.
As empresas que têm intereses nesta zona são:
Petronas Carigali (Malásia) e Triton (Estados Unidos - operador) e PTTEP
International Limited (Tailândia)
A construção deste gasoduto, assim como também de toda a infraestrutura do
projeto, despertou a desaprovação das poblações locais na zona, formada
principalmente por comunidades de pescadores.
Fontes:
Petroleum Review, Noviembre 1999
Offshore Magazine
Malásia-Tailândia Joint Authority
CAIN: [email protected]
SURINAME
A nova gigante petrolífera Total/Fina, adquiriu 15% de uma concessão de
exploração nas águas profundas de Suriname, como parte do "Suriname Deep
Water Consortium".
Os outros membros do consórcio são Burlington
Resources (35%), Shell (35%) e Korean National Oil Corporation (15%). O
consórcio tem uma licença de exploração de 6.500 kilômetros de linhas
sísmicas marinhas.
O petróleo foi descoberto pela primeira vez no Suriname em 1981, no distrito
de Saramaca, pela empresa Gulf Oil Corporation, cujas atividades foram logo
continuadas pela empresa estatal do país, Suriname Oil Company, a misma
que foi formada para explorar estas reservas. O primeiro campo desenvolvido
foi o Tambaredjo, do qual extraiu-se, no princípio, 2.000 barris diários. A
extração subiu com o tempo para 12.000 barris diários.
O país logo exportou pequenas quantidades de petróleo e importava produtos
refinados, uma vez que não possuiam uma refinaria instalada.
Em 1997, a empresa Surinam Oil Company produziu 10.000 barris de petróleo
por dia, o que significou um ingresso de 26 milhões de dólares para o país. O
petróleo é exportado principalmente para Trinidad e Tobago para ser refinado,
e logo é devolvido ao país para uso industrial.
O Estado pensa que a região petroleira de Saramaca, perto da fronteira com a
Guyana, pode ajudar a ativar a economia do país.
Adicionalmente, as empresa Shell e Burlington, continuam realizando estudos
sísmicos no litoral norte do país.
Preparando-se para um descobrimento importante no país, as autoridades
estão construindo uma refinaria petrolífera na região oeste, a fim de eliminar a
dependência que têm com Trinidad.
Como muitos outros países da região, Suriname enfrenta problemas macroeconômicos muito graves, como a desvalorização da sua moneda, que pensase superar com o investimento estrangeiro no campo petroleiro.
Fontes:
Petroleum Review, noviembre 1999.
IPS. World News
Home page. Staatsolie.
BOLÍVIA
DERRAMAMENTO NO “DESAGUADERO”: SOMAM-SE E CRESCEM OS
DESASTRES PETROLÍFEROS
Os impactos econômicos, sociais, ambientais e culturais das atividades
petrolíferas na Bolívia são cada vez mais negativos e crescentes.
Esta situação se origina, em primeiro lugar, do fato de que o controle e
fiscalização ambiental às atividades petrolíferas por parte das instâncias
governamentais responsáveis, em particular o Vice-Ministério de
Hidrocarburantes, são práticamente inexistentes. Em segundo lugar, deve-se
ao fato de que as empresas petrolíferas se movem exclusivamente pelo
interesse do lucro imediato, utilizando todo o seu poder econômico para driblar
fácilmente as normas legais e técnicas que garantem a proteção ambiental.
Nos últimos meses, somaram-se os accidentes e denúncias, como o caso do
poço Madrejones que queimou por mais de três meses, sem que a empresa
Pluspetrol fizesse maiores esforços para apagar o incêndio. Este poço continua
expulsando águas altamente contaminantes, gases e petróleo num raio de 6
Km, diante do olhar passivo do Vice-ministério de Hidrocarburantes, o mesmo
que ofereceu resistência para aplicar medidas reguladoras e utilizar a
tecnologia necessária para controlar o acidente. Até agora não se realiza uma
avaliação dos danos, e não se impõem sanções concretas.
Por outro lado, a construção do gasoduto até Cuiabá, é um processo que não
teve outro seguimento que as visitas organizadas e pagas pelo consórcio Shell,
Enrol e Transredes, cujo estudo de avaliação de impacto ambiental foi rejeitado
pela organização financiera, deixando no ridículo as instâncias governamentais
que aprovaram previamente o estudo.
As denúncias dos moradores de Ipa-Villamontes, sobre a contaminação das
cabeceiras do río Ipa na Serranía do Aguarague, proposta como Parque
Nacional, não conseguiram garantir a presença dos funcionários de
Hidrocarburantes na zona. Soma-se uma série de denúncias provenientes da
região amazônica e do Trópico Cochabambino que não tiveram resposta e
cujos impactos, sem maior avaliação, foram qualificados como passivos
ambientais que o Estado deve assumir.
O desastre ecológico causado pela ruptura do duto Sica Sica-Arica, no rio
Desaguadero, pertencente à bacia do Titicaca-Poopó-Coipasa, no Altiplano
Boliviano, é a demonstração da inexistencia de fiscalização e monitoreamento
socio-ambiental. O antigo duto operava sob condições de alto risco bem
conhecidas por Transredes (ENRON/SHELL), sem maior controle técnicoambiental. Diante do desastre, a empresa dirigiu suas ações com a finalidade
de limpar sua imagen, uma vez que está empenhada em conseguir um
empréstimo do B.I.D. para a construção de um novo duto até a cidade de
Yacuiba, para transportar petróleo argentino até Cuiabá.
A contaminação do “Desaguadero” é mais uma consequência das políticas de
exploração de recursos naturais que não consideram as variáveis sócioambientais e mostra o fracasso do processo de capitalização dirigido a atrair
investimentos com tecnologia de ponta e adequado manejo ambiental. Por este
motivo, a proposta do FOBOMADE se orienta a potenciar as capacidades de
monitoreamento e fiscalização das comunidades locais.
No Seminario organizado por Caritas-Oruro em 16 de fevereiro, o Fórum
Orureño questionou a empresa Transredes e as organizações que trabalham
para ela e que pretendem que o derramamento de petróleo seja um acidente
ou fato fortuito. Um acidente implica atualização dos riscos presentes,
portanto, é previsível e supõe responsabilidades: a falta de previsão da
empresa para evitar o acidente.
Disseram que os impactos causados estão definidos pela magnitud do
derramamento, o qual está definido pelo volume da substância derramada e a
composição do petróleo.
Sobre o volumen:
No início falou-se de 10.000 barris, posteriormente de 5.000. Atualmente a
empresa argumenta que foram menos de 2.000 barris. O governo não sabe.
Se consideramos o tiempo do derramamento que foi entre 22 e 32 horas,
considerando a capacidade total de bombeio (10000 barris/dia) e o pormeio de
bombeio (5000 barriles/dia), o resultado é uma quantidad entre 6.600 e 10.000
barris derramados. Menos que este rango significaria que o duto está sendo
subutilizado, o qual não seria econômico. Além disso, para que haja dano no
duto é preciso que exista alta pressão.
Sobre a composição do petróleo:
É um dado essencial para determinar quão agressivo e danino é o petróleo. No
momento atual, mantém-se o maior silêncio. O único dado proporcionado é o
que se refere que 60% do material derramado corresponde a petróleo reduzido
e cerca de 40% a gasolina.
O petróleo reduzido é o residuo da primeira destilação numa refinaria. Os
elementos mais pesados são as olefinas e os compostos aromáticos, que têm
uma alta agressividad e alto índice de solubilidade. Os compostos aromáticos
são derivados do benzeno que é cancerígeno.
Surgiu a pergunta: por quê não foram proporcionados dados sobre a
composição do petróleo se a análise pode ser realizada nos laboratórios
locais? Por quê esperar que as mostras sejam enviadas aos Estados Unidos?
A toxicidade de muitos elementos num meio como o de Oruro, é muito maior
que naquelas regiões localizadas ao nivel do mar. Além disso, existen efeitos
sinergéticos que reagem com a salinidade e fazem que estes efeitos continuem
durante um espaço de tempo maior. As baixas temperaturas também jogam um
papel no processo degradativo, tornando-o muito mais lento.
Os efeitos visuais de curto prazo, possivelmente estão sendo reduzidos, mas
os de longo prazo vão se manifestar durante muito tiempo. Os principais
afetados são os habitantes das comunidades Aymaras que habitam as
márgens do principal afluente do Lago Titicaca.
A empresa, advertida desde novembro de 1999 pela Super Intendência, sobre
o risco de operaração do duto, deixou que o derramamento se produza durante
32 horas e só 8 dias depois começou a adotar medidas de fato.
Há pouco tempo, na Bahía de Guanabara, Rio de Janeiro/Brasil, houve um
derramamento de 1.200.000 litros de petróleo da empresa Petrobrás. A
empresa pagou US$ 48/dia por pescador contratado para os trabalhos de
limpeza, cubriu todos os custos da mesma e recebeu uma multa pelo dano
ecológico de 20 milhões de dólares. Transredes derramó entre um milhão e um
milhão e meio de litros de petróleo, quer dizer, um derramamento semelhante
ao ocorrido no Brasil, mas que não foi nem pode ser sancionado.
Limpam a contaminação ou limpam a sua imagen?
A empresa trabalha em dois níveis:
- Manejo de meios
- Compensação e divisão
Transredes argumenta que trouxe 200 especialistas da América do Norte, para
aplicar tecnologia de ponta. Na prática foi feita uma “limpeza à mão”, com
cedazo e bolsas, empregando “comuneros” (moradores locais) e soldados
vestidos de branco. Para isso se necessitam 200 especialistas americanos?
No braço direito do río Desaguadero, nas áreas inundáveis e inacesiveis, a
limpeza ainda não começou.
Não existe fiscalização por parte do governo, portanto as organizações da
sociedad civil junto com os “comuneros” afetados, se organizaram para realizar
ações de monitoreamento independente e enfrentar a estratégia de divisão da
comunidade que utiliza a empresa. Para esta estratégia a empresa sim
contratou uma equipe de antropólogos que trabalham para reduzir o conflito,
enquanto o petróleo penetra nos solos e acabou com o ano agrícola de
milhares de familias do Altiplano boliviano.
Fonte:
NOTICIAS FOBOMADE
16-fevereiro-2000
[email protected]
TANZÂNIA
O governo de Tanzânia aprovou o desenvolvimento do seu campo de gás
Songo-Songo, localizado no litoral sul da Tanzânia, na Bahía de Mnazi.
Este é um projeto de gás e de geração de energía. O projeto foi concebido há
5 anos. O gás será enviado por um gasoduto extendido do litoral sul da ilha
Songo-Songo até a usina de energia de 112-MW cerca de Dar-es-Salaam. A
usina será operada pelas empresas canadenses Ocelot Energy e TransCanada
Pipelines. O financiamento virá do Banco Mundial e EIB, assim como também
do International Finantial Corporation e Commonwealth Development
Corporation.
O projeto de gás para a geração de eletricidade tem um mercado de 17
indústrias potenciais na zona de Dar es Salaam.
O campo Songo Songo é o primeiro grande campo de gás no país, com uma
capacidade de 23 milhões de pés cúbicos por dia, e quantidades menores de
petróleo de alto grau API.
Fonte: Petroleum Review. Fevereiro, 2000.
Tanzânia Oil and Gas Industry. Upstream Profile. Oct. 1999
SUDÃO
Em setembro de 1999, o Sudão se converteu no novo exportador de petróleo
da África, depois da Nigéria, Argelia, Líbia, Egito e Gabão. O petróleo
produzido no Sudão é de 34 grados API e com um bajo conteúdo de sulfuros.
Para a extração do petróleo, do coração da África, se necessitava construir um
gigantesco oleoduto de 1.540 Km, com uma capacidade de transporte de
250.000 barriles diários, que pode aumentar se se instalan mais estações de
bombeio. O oleoduto une os seis campos no sul do Sudão e conduz o petróleo
até um terminal no mar Vermelho, de onde é enviado a Cingapura.
As empresas que operan este projeto estão associadas no seio do Great Nile
Petroleum Operating Company Talisman do Canadá (25%), China National
Petroleum Corporation (40%), Petronas (30%), e a empresa estatal Sudapet
(5%).
O oleoduto foi sabotado por forças que se opõem ao governo, pois a zona de
desenvolvimento petrolífero está localizada numa área de conflitos. O grupo
dominante no país são os muçulmanos assentados na zona norte do país, que
vêm o sul como a fonte de abastecimento daqueles produtos e bens que eles
não podem produzir, o que conduziu à desconformidade dos grupos étnicos do
Sul, na sua maioria cristãos, e à guerra civil mais longa da história da África
moderna. Estes conflitos foram agudizados pela intervenção de países
imperialistas europeos.
Fonte: Petroleum Review. Fevereiro, 2000.
NOTICIAS DA RED
GUATEMALA
Resolução do Procurador dos Direitos Humanos da Guatemala. Com a sua
valente resolução sobre a actividad petrolífera em Laguna del Tigre,
demonstrou que existem funcionários guatemaltecos que compreenden a
verdadera importância de proteger nosso patrimônio natural, como uma medida
de segurança ambiental e alimentária, como um novo estilo de administrar o
nosso futuro democráticamente, e onde os direitos e intereses da sociedad, na
sua totalidad, são atendidos.
Madre Selva põe a consideração os pontos mais relevantes da Resolução do
Procurador dos Direitos Humanos:
CONSIDERANDOS:
Guatemala possui a Reserva da Biosfera Maya, a qual é rica em biodiversidade
de espécies de flora e fauna, e recursos hídricos. Dentro dessa área, encontrase como zona núcleo Biotopo e o Parque Nacional Laguna do Tigre, localizado
na selva petenera, no qual existen vinte e sete poços de extração petrolífera. A
actividad extrativa contribui com a deterioração do ambiente e dos nossos
ecossistemas por ser realizada numa área protegida, sem as medidas de
monitoreamento preventivas e de mitigação apropiadas, pela negligência e
irresponsabilidade das entidades estatais encarregadas por mandado legal.
Que a missão do Conselho Nacional de Áreas Protegidas (CONAP) é a de
conservar e proteger a biodiversidade e patrimônio natural da nação, o qual
na nossa Constituição Política se declara de interesse nacional; e em vista dos
informes prestados por CONAP e demás instituições envolvidas, conclui-se que
esta entidade tem sido negligente, pasiva e contrária ao seu mandado legal,
em virtude de não exercer em forma estrita as iniciativas e facultades que a sua
própria lei lhe asigna.
Que o artigo 15 e 23 do Decreto 4-89 Lei de Áreas Protegidas declara de
Urgência e Necessidade Nacional, a recuperação das áreas protegidas
existentes declaradas legalmente. Nesse sentido existe um total atraso quanto
ao cumprimento destas normas por parte do CONAP, o que evidencia o
desinteresse em recuperar as áreas protegidas sujeitas à actividad extrativa de
petróleo.
Que CONAP violou gravemente sua propia lei, em virtude de que propiciou e
avalizou, através de Acordos de Boa Intenção e Relocalização, a permanência
de mais de dois mil e seicentas famílias na Reserva da Biosfera Maya e Áreas
Protegidas, o qual põe em risco o nosso patrimônio natural.
Que CONAP devia e deve velar para que as empresas já estabelecidas, como
Basic Resources, reformulem suas actividades à normativa legal, e ao seu
próprio mandado, e não aderir únicamente aos intereses econômicos
envolvidos, ou permanecer em uma total letargia e indiferença, como é o
presente caso. Aliás, avalizou contratos posteriores à vigencia da sua propia
lei, como o 1-92, que contravem a propia Lei de Áreas Protegidas.
Que o Centro de Estudos Conservacionistas (CECON), sua actividade passiva
o coloca num estado de negligência derivado da sua omissão, ao não
denunciar e acionar públicamente e legalmente tal questão, CECON devia ser
mais rigoroso quanto à consecução dos seuss próprios objetivos.
Que a Comissão Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), não teve presença
física permanente nos projetos industriais, que representan impactos sérios
para o ambiente, como a actividad petrolífera no biotopo e no Parque Nacional
Laguna del Tigre; sua falta de monitoreamento sistemático impediu um
diagnóstico certeiro do impacto dessa atividade extractiva. CONAMA não pode
nem tem a qualidade para recomendar e solicitar as medidas corretivas, de
controle, ou preventivas da deterioração ambiental, porque aprovar um estudo
de impacto ambiental não é suficiente nem os exime de responsabilidade.
Que o Ministério de Energia e Minas, MEM, concessionou áreas, dentro de
áreas protegidas, sem que sejam observados rigorosamente os aspectos de
reparação e restauração dos impactos ambientais, sem vincular-se ao Conap ni
à Conama.
Que o Sistema Guatemalteco de Áreas Protegidas (SIGAP), presidido pelo
CONAP e integrado por: CONAMA, INGUAT, IDAEH, CECON-USAC, INTA,
OCREN, ANAM, Amigos do Bosque, Conselho Técnico de Educação,
Asociação dos Defensores da Natureza, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Urbano e Rural, um delegado do Cacif, um delegado de
Asorema; entidades que no seu conjunto aprovaram os Planos-mestres e
operativos das Áreas Protegidas, têm responsabilidade compartilhada, pois
avalizaram, aprovaram e subscreveram os contratos petrolíferos, omitindo e
transgredindo as principais normas da Lei de Áreas Protegidas, Decreto 4-89,
e que são directamente responsáveis pela deterioração ambiental das Áreas
Protegidas em questão.
POR TANTO:
O Procurador dos Direitos Humanos, ao resolver em consciência :
DECLARA:
I. Que o desinteresse e irresponsabilidade das autoridades encarregadas de
velar pela Política Ambiental Nacional, na Zona Núcleo da Reserva da Biosfera
Maya, Biotopo Laguna del Tigre, Río Escondido e o Parque Nacional Laguna
del Tigre, ante os impactos da atividade extrativa de petróleo por parte da
empresa Basic Resources International Bahamas, é constitutivo de violação
dos direitos humanos, toda vez que dificulta o direito a um ambiente são, à
dignidade, à preservação do patrimônio cultural e natural, e ao
desenvolvimento econômico social; a violação da lei de áreas protegidas e seu
regulamento.
II. Responsabilidade atribuível a:
O Presidente da República, secretário executivo de CONAP, ao coordenador
da CONAMA, ao director de CECON-USAC, ao Ministro de Energia e Minas,
ao prefeito do município de San Andrés Petén, da época em que se deram as
diferentes concessões, assim como as autoridades competentes atuais, e de
manera especial se responsabiliza os representantes legais da empresa Basic
Resources International Bahamas.
III. RECOMENDA:
Às autoridades competentes, que no futuro no se outorguem mais concessões,
especialmente industriais, sejam petrolíferas ou não, dentro das Áreas
Protegidas e Reserva da Biosfera Maya. Que se limitem as atividades ao
contemplado estritamente no Contrato 2-85, e uma vez finalizado, não se
concessionem, nem comprometam mais áreas da Reserva da Biosfera Maya e
Areas Protegidas.
Ao Cecon, que cumpra rigorosamente com a administração do seu cargo e que
denunciem públicamente os fatos que por razón de oficio chegam ao seu
conocimento. Ao Conap, se exige que deixe de violar o mandado legal
encomendado e que promova sua vigência, que adote as medidas urgentes
que promovam a recuperação das áreas.
A todas as instituições envolvidas, especialmente o Presidente da República, o
Conap, a Conama, o Ministério de Energia e Minas, o Cecon, Municipalidade
de San Andrés Petén, e demais entes competentes, para que com urgência se
detenha o uso não controlado e não planificado dos recursos naturais,
especialmente das Áreas Protegidas do país.
Ao Congresso da República de Guatemala, derivado da urgência de preservar
o ambiente, a saúde e a vida, e pela necesidade de castigar os infratores, que
mediante decreto, se crie a figura penal do Ecocidio.
Que se informe em trinta dias ao Procurador dos Direitos Humanos, das ações
imediatas que se adotem a respeito.
Fonte: Madre Selva. Boletim Dos. Fevereiro. 2000
[email protected]
NIGÉRIA
SHELL AINDA NÃO É BENVINDA NA TERRA OGONI
O Movimento para a Sobrevivência da População Ogoni (MOSOP) estabelece
categóricamente que os Ogoni não autorizaram nem mantiveram reuniões com
executivos de Shell nem em Nigéria nem em qualquer outra parte do mundo.
O Movimento não pode advogar pelas ações de um grupo de indivíduos
corruptos, ambiciosos e egoístas que reclamam a liderança dos Ogoni, e que
ainda continuam traindo sua própria gente. Porém, nós estabelecemos
claramente que nenhuma negociação secreta entre essas pessoas (ou grupos)
e a empresa Shell não prendem o povo Ogoni. MOSOP mantém sua postura
contra o tratamento inhumano imposto ao povo Ogoni e seu meio ambiente,
pela Shell e outras companhias petroleiras. Estas companhias destruiram
cerca de $60 bilhões da terra Ogoni, deixaram o meio ambiente numa
deplorável situação e com necesidades urgentes de reparação e as pessoas
numa pobreza denigrante. Enquanto Shell mantém o recorde como a maior
produtora de petróleo em Nigéria, também é responsável pelos maiores
desastres acontecidos no delta do Níger, na Nigéria.
Seu relatório no Finantial Times de 17 de janeiro de 2000, titulado "Shell perto
de curar as fissuras com Nigéria" é um verdadeiro engano e não é capaz de
revelar discrepâncias recentes. Isso se deve ao fato de que os Ogoni não
puderam ainda recuperar-se do trauma recente. Não obstante, este relatório
apresenta Shell como o bom inversionista.
Omite-se o fato de que Shell não respondeu as várias perguntas que foram
colocadas tanto pela MOSOP como pelo resto do mundo. MOSOP mantém
que, primeiro, a Shell deve resolver os problemas que criou na terra dos Ogoni
e do Delta do Níger na Nigéria, ao invés de distorcer a verdade.
Pela presente MOSOP lembra Shell que suas demandas que ainda se
encontram pendentes:
Financiar uma avaliação independente do impacto meio-ambiental e social das
suas actividades desde 1958.
Compensar à população Ogoni pelo transtorno da nossa vida económica desde
1958 até a presente data.
Restaurar o nosso destruido meio ambiente, a saber: enterrar todos os tubos
de superfície que zigzaguearam a paisagem Ogoni; parar a combustão de gás
que estiveram queimando durante as 24 horas do dia desde 1958; limpar o
desastre que as empresas causaram na nossa terra.
Organizar uma avaliação de saúde do povo Ogoni, particularmente aqueles
que viveram perto das usinas de combustão de gás desde 1958. Fundar e
prover hospitais especializados, que atendam os casos especiais.
Pagar compensação a todas as vítimas de explosões e derramamentos de
petróleo e explosões de petróleo em Bomu, Ebubu, Afam, Biara, Botem, Yorla,
etc.
Pagar todo o endividado por rendas e regalías devido às excavações de
petróleo em terra Ogoni desde 1958.
Contribuir ao reestabelecimento de todas as vítimas das guerras de genocidio
auspiciadas pela associação Governo Nigeriano/Shell entre 1993 e 1996.
Desculpar-se com a população Ogoni por organizar essas guerras que afetou
pessoas inocentes e por ajudar e instigar o enforcamento de Ken Saro Wiwa e
de outros oito irmãos Ogoni.
Apelamos ao povo do Delta Níger, Nigerianos em general e a todos os ativistas
do mundo para que apoiem nossas justas demandas e que se aplique a devida
pressão sobre a Shell para que esta empresa respeite os desejos do povo
Ogoni.
Sra. Gbenewa Phido
Presidente de MOSOP-UK
Contatos:
Sr. Harrison Neenwi 44-181 678 9605 Secretario General MOSOP UK
Sra. Genewa Phido 44-171 737 1550
Em memória dos nossos queridos irmãos e heróis que entregaram as sus vidas
para que possamos viver.
Às 11:30, hora de Nigéria, 10/11/95, Ken Saro Wiwa, Dr. Arinem Kiobel,
Saturday Doree, Paul Levura, Nordu Eawo, Feliz Nuate, Daniel Gboko, John
Kpuinen e Baribor Bera foram enforcados pela ditadura nigeriana coligada com
Shell.
Esta chacina de almas inocentes foi perpetrada porque eles lutaram pela
justiça do povo Ogoni. Que as suas queridas almas descansem em paz. "A
luta continua".
MOSOP-UK
Os povos de Khana, Gokana e Eleme, apelam a você para demonstrar mais
disposição para enfrentar os tempos futuros. O mundo está observando agora.
Os homens que morreram durante a crise estão observando.
Devemos assegurar que as suas mortes não foram em vão. O futuro é nosso.
Vamos triunfar.
BBEE OONI NAA LEE PE!
Ken Saro-Wiwa (A Nação Ogoni Hoje e Amanhã)
ECOS DA PRENSA
INDONÉSIA
ESTUDANTES TENTAM SUBMETER O Q.G. DE CALTEX EM RIAU
Quinta-feira, 27 de janeiro de 2000 / 13:57:44
Pekanbaru, Riau, janeiro 27 (ANTARA) Cerca de 500 estudantes tentaram
nessa quinta-feira, submeter o escritório da companhia petrolífera PT Caltex
Pacific Indonesia (CPI), em Rumbai, localizada seis kilômetros ao norte de
Pekanbaru.
ANTARA observou que os estudantes tentaram usar a repressão como uma
reflexão sobre a sua frustração depois do tratamento dado pelo governo central
à questão em Riau.
Os estudantes iniciaram o movimento às 10 da manhã. Na tarde de quintafeira, eles triunfaram quando liberaram barricada de arames farpados.
As forças de segurança, porém, persuadiram os estudantes para que estes
abandonassem o plano de ocupar os escritórios da Caltex. Enquanto isso,
outros estudantes destruiram as janelas do escritório da empresa.
Entre os oficiais que vieram pessoalmente ajudar a superar a desordem,
estavam o chefe da polícia, Brig Gen Arifin Rachim, o chefe do diretório de
assuntos sociais e políticos, Agus Ramadhan, e o diretor assistente da
Universidade de Riau, Arifiin Mansyur.
O Q.G. DE CALTEX EM PEKANBARU, EM ALERTA SUPREMA
Sexta-feira, Janeiro 28, 2000/3:46:55 PM
Pekanbaru, Riau, - Todas as portas que levam à área da companhia petrolífera
PT Caltex Pacific Indonesia (CPI) em Rumbai, seis kilômetros ao norte de
Pekanaru, adotaram extremas medidas de segurança até sexta-feira.
As estritas medidas de segurança foram tomadas depois de uma demostração
de cerca de 500 estudantes na quinta-feira, todas as estradas que levam à
área foram fechadas, exceto aquelas áreas de acesso direto, que foi
obstaculizada por barricadas e cerca de arames farpados.
Enquanto isso, um considerável número de homens de segurança "em
uniforme de civis" estavam de guarda ao longo da estrada principal de
ingresso. As fontes de segurança admitiram que a estreita medida foi tomada
a fim de antecipar a ação dos estudantes, que foi frustrada à força na quintafeira (27 de Janeiro).
Os estudantes disseram que cinco dos seus colegas foram levados a um
hospital, apresentando serias condições de saúde.
Os estudantes foram consolidando sua posição durante a sexta-feira, mas não
houve informação de quando iam continuar com a sua marcha para controlar a
área da Caltex.
Toda a situação, porém, permanece sob controle.
Fonte: Riza Tjahjadi - [email protected]
EQUADOR: DOLARIZAÇÃO E PETRÓLEO
No dia 10 de janeiro de 2000, o Governo do Equador decretou a dolarização da
economia. Ainda que este governo foi derrubado pela vontade popular, o novo
Governo continua com o mesmo plano econômico.
A fim de financiar a chamada "dolarização da economia equatoriana", o
governo tem a intenção de fazer um empréstimo ao Governo de Estados
Unidos entre 2.500 a 3.000 milhões de dólares, colocando em troca as
reservas petrolíferas provadas do país.
Para isso, o Governo comprometeu-se em ampliar a fronteira petroleira
extendendo-a a todo o território amazônico, onde existem importantes reservas
de petróleo pesado. O governo publicou o mapa da 10ª ronda de licitações
petroleiras.
Com o fim de facilitar a extraçãó e transporte do petróleo, o Governo propôs a
construção de um novo oleoduto de petróleo pesado, o qual produzirá sérios
impactos ambientais e sociais.
Para enfrentar estas leis, as organizações sociais e ecologistas levaram
adiante uma série de ações, entre as quais se inclui uma consulta popular,
proposta que requer a recoleção de um milhão de assinaturas. Um dos atos
pouco comuns e irreverentes foi a introdução de 10 camundongos no salão do
plenário do Congresso. A sessão foi suspensa entre gritos e risos dos
parlamentares.
Se você deseja ter mais informação e apoiar a campanha de Acción Ecológica,
por favor escreva para Ivonne Ramos: [email protected].
HISTÓRIAS DOS QUE RESISTEN
DO “MARRANITO” AO GARROTE (VIL)... O DA INGENUIDADE AO
RECONHECIMENTO MUNDIAL.
Faz algunos anos, numa tarde chuvosa no Chuscal (territorio U’wa), uma
mulher U'wa da familia dos Tegría, nos contou como foi o primeiro contato com
a multinacional petrolífera Oxy.
“Chegaram umas pessoas no escritório de Assuntos Indígenas do Ministério de
Governo, para dizer que havia umas pessoas da capital que queriam falar com
a gente e que nos convidavam a Saravena.
Puseram uns onibus a disposição de todos os “paisanitos” que queriam ir, não
me lembro bem se foram três ou quatro onibus, mas todos iam cheios. Se eles
tivessem levado a gente de um em um, não tínhamos ido, mas já estando
assim as coisas, nós fomos com muita curiosidade para ver o que ia ser
tratado.
Estivemos três dias ai. O primeiro dia nunca vou esquecer na minha vida.
Chegamos ao hotel e quando entramos havia uma mesa de mais ou menos
100 metros, toda branca e que estava cheia de comida, eu nunca vi tanta
comida junta e tão gostosa. Ficamos paralizados e sem saber se era de
verdade o que estávamos vendo... De repente, nos disseram : coman, coman o
que vocês quiserem, todos ali nos olhamos sem entender e sin mover um fio
de cabelo, até que pouco a pouco, nos animamos e fomos comendo. Alguns
devagarzinho, com medo de que em qualquer momento gritassem e
tivéssemos que sair correndo, enquanto isso outros “paisanitos” enchiam a
boca e as mochilas ... prevenindo qualquer coisa.
Mas não aconteceu nada. Nos deixaram comer de tudo e logo nos levaram
para o pátio traseiro do hotel, onde tinham uns “marranitos” (animais, porcos,
galhinhas, etc) e disseram outra vez : “peguem o vocês quiserem, se não sobre
nada nós trazemos mais”. Ai sim .... todos os “paisanitos” pularam para pegar
os “marranitos”, e ficamos todos muito contentes, porque com um “marranito” o
uma “marranita”, a gente pode criar e quando sejam grandes a gente pode
vender e comprar outros “marranitos” para poder criar também.
No outro dia, a senhora de Asuntos Indígenas nos reuniu num salão e nos
apresentou uns senhores que nos deram tudo no dia anterior e que queriam
falar com a gente. Nos disseram que queriam ajudar a gente, para que
siempre tivéssemos comida, mas que tínhamos que convir para deixar que eles
extraiam o petróleo. Nos explicaram que a terra ficava igualzinha que antes e
que dava para continuar cultivando e que a gente podia ter vacas. A única
coisa que eles necessitavam era que gente desse licença para que eles
trabalhem.
Ninguém entre nós falou, nos olhávamos e finalmente começamos a falar entre
nós mesmos na língua U'wa. Quando dissemos para eles que não queríamos
que extraissem o petróleo, porque é o sangue da mãe terra e eles disseram:
“pensem bem, dizer um não como resposta é muita pressa, amanhã
conversamos de novo...”
Nessa noite a comida foi pouca.
Nessas alturas, todos tivemos medo de que nos tirassem os “marranitos” e
cada quem, como pôde, conseguiu cordas para amarrá-los bem.
No terceiro dia, fomos embora e eles disseram que a gente pensasse bem e
que comunicassemos a nossa decisão à senhora de Asuntos Indígenas e o
que era que a gente pediria em troca para deixá-los extrair o petróleo. Eles
diziam que queriam ajudar e para que a gente acreditasse nos deixavam os
“marranitos”. Para nós este territorio é sagrado e não vamos deixar que
derramem o sangue da mãe terra, queremos que nos respeitem".
Luis Ortiz
Trópico Utópico
RESENHAS
BOLÍVIA
Resenha do livro: AS MANCHAS DO PETRÓLEO BOLIVIANO
Em um esforço conjunto, o FOBOMADE, o Observatório Latinoamericano de
Conflitos Ambientais e o Centro de Informação Bolivia, no marco da Rede de
Alerta Petroleira, conseguiram publicar o livro de Marc Gavaldá: "As manchas
do Petróleo Boliviano. Atrás dos passos de REPSOL no Território Indígena
Parque Nacional Isiboro Secure".
Marc Gavaldá, licenciado em Ciências Ambientais pela Universidade
Autônoma de Barcelona foi enviado pela Revista Ecologia Política para
escrever um breve artigo sobre os impactos petrolíferos no Trópico Boliviano.
Motivado pela magnitude da problemática e a desinformação existente sobre o
tema, começou a anotar tudo o que se referia à temática e em particular dentro
do Territorio Indígena Parque Nacional Isiboro Secure, onde REPSOL está
operando desde 1995.
Na primeira parte, o autor contextualiza os conflitos do petróleo, para analisar
como as imposições dos consórcios petrolíferos poden desmembrar a
estructura estatal de um país como Bolívia e preparar o campo para uma
exploração irracional que tão graves impactos ecológicos e sociais está
causando.
As leis impostas pela banca multilateral de desenvolvimento, permitem a
parcelação de mais da metade da Bolívia e a penetração em Parques
Nacionais e Territorios Indígenas sem um controle eficaz, como demonstram os
numerosos conflitos que estão aparecendo à medida que a intrusão petrolífera
avança.
Na segunda parte, o autor apresenta a empresa REPSOL e o entorno físico,
ecológico e social onde realiza suas operações e através do Estudo de
Monitoreamento Independente, pretende apresentar uma ferramenta para a
sociedade civil ante os manipulados procedimentos de controle ambiental que
oferece a administração estatal.
O Estudo de Monitoreamento Independente empreendido por Marc Gavaldá
reflete o encontro entre o investigador ecologista e a organização sócioambiental boliviana, na qual ele encontra os elementos aglutinadores que
permiten ser parte de um movimento crescente contra os desastres da
actividade petrolífera na Bolívia.
Maior informação FOBOMADE.
Direção electrónica: [email protected]
EQUADOR
NOVAS PUBLICAÇÕES DE ACCIÓN ECOLÓGICA
O Boletim informativo de Acción Ecológica, dedicou 4 números ao tema
petroleiro. Os temas tratados são:
“O Factoring Petroleiro, uma equação com duas incógnitas”. Neste documento
nossa organização denuncia as intensões do Governo nacional de fazer um
empréstimo ao Governo de Estados Unidos por 2.500 milhões de dólares, a fim
de financiar a chamada "dolarização da economia equatoriana", pondo em
troca as reservas provadas do país. Para isso, o Governo se compromete em
ampliar a fronteira petrolífera em prácticamente todo o território amazônico, e
propõe construir um novo oleoduto de petróleos pesados. Se você quer ter
mais informações e quer apoiar a campanha de Acción Ecológica, por favor
escreva para Ivonne Ramos: [email protected]
“Declaram Intangibilidade”, expressa o sentimento dos povos indígenas
amazônicos do Equador sobre a intangibilidade dos seus territórios na sua
relação com as atividades extrativas e as bases jurídicas que sustentam a
declaração.
“Petróleo x Biodiversidade” analisa os impactos das distintas fases da
actividade petrolífera na conservação e uso sustentável da biodiversidade.
“Tod@s som@s afetados pela Texaco” faz uma resenha histórica sobre o
pedido de julgamento da Texaco apresentado por um grupo de habitantes da
Amazônia ecuatoriana, e as demandas mínimas de restauração ambiental que
se esperan.
Maior informação : [email protected]

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