1 CIÊNCIAS CONTABÉIS: NASCEU COM UM ÊRRO E CONTINUA ERRADA ATÉ
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1 CIÊNCIAS CONTABÉIS: NASCEU COM UM ÊRRO E CONTINUA ERRADA ATÉ
1 CIÊNCIAS CONTABÉIS: NASCEU COM UM ÊRRO E CONTINUA ERRADA ATÉ HOJE. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 23/08/2016. PARTE I Em 1494, portanto há 522 anos, o frei Lucca Pacciolo escreveu um livro sobre Geometria e Aritmética e nele apresentou, pela primeira vez, a Teoria da Partida Dobrada: Todo débito corresponde a um crédito de igual valor. De acordo com esta teoria o valor de cada operação registrável, na contabilidade das empresas, deveria ser registrado duas vezes (daí partida dobrada), uma dizendo onde o recurso foi aplicado e a outra a origem do recurso. Por exemplo: abertura de uma empresa com dinheiro – 100.000 – deveria ser contabilizada da seguinte maneira: Débito de Caixa 100.000 Crédito de Capital 100.000 Ou simplesmente: D – Caixa C – Capital 100.000 2 Ou seja, o dinheiro foi aplicado no Caixa da empresa e a sua origem foi relativa ao seu Capital inicial. Após esta teoria a contabilidade passou a ser considerada como uma ciência – Ciências Contábeis - e, com ela, as empresas começaram a surgir velozmente e o desenvolvimento econômico começou a acelerar de forma notável. Sem a contabilidade dificilmente existiriam empresas médias e grandes e o desenvolvimento não teria alcançado o nível que alcançou. No bojo deste desenvolvimento surgiu, naturalmente, a necessidade de se medir o crescimento das empresas e de acompanhar a sua evolução econômica e financeira pari-passu. Observando o desenvolvimento delas o frei percebeu que tinham patrimônio que era constituído de Bens (Dinheiro, Mercadorias para Revender, Terrenos, Casas, etc) Direitos (Valores a Receber de Clientes, Adiantamento a Terceiros, Títulos (Empréstimos e Valores, Bancários, Pagar, Contas a Pagar, etc). etc) e Fornecedores, Obrigações Impostos a 3 Analisando este patrimônio das empresas, o frei Lucca Pacciolo notou que os Bens e Direitos eram valores positivos e que representavam o total da riqueza delas, enquanto que as Obrigações representavam valores negativos que, evidentemente, reduziam este total. Ele, como bom matemático que era, concluiu, acertadamente, que através de uma simples equação – que mais tarde se tornou conhecida como a Equação Fundamental da Contabilidade (EFC) – poderia medir o valor da empresa a qualquer momento, e assim a formulou: EFC = B + D – O Mais que de repente notou que o resultado, desta equação, era nada mais nada menos do que o valor contábil da empresa. E com isso chegou ao principal conceito da contabilidade: Patrimônio Líquido. Ou seja: B + D – O = Patrimônio Líquido (PL) ou B + D = O + PL (A equação do Balanço) Através de um exemplo elucidativo vamos entender, clara e praticamente, o conceito que acabamos de apresentar. Imaginemos que a empresa AGO tenha o seguinte patrimônio: 4 Bens : Caixa 50.000 Estoques 100.000 Casa Direitos: 80.000 Clientes a Receber Títulos e Valores Obrigações: Empréstimos 230.000 250.000 20.000 270.000 70.000 Fornecedores Contas a Pagar 120.000 10.000 200.000 Aplicando a EFC poderemos conhecer o valor contábil da empresa ou o seu patrimônio líquido: PL = 230.000 + 270.000 – 200.000 PL = 300.000 ou 230.000 + 270.000 = 200.000 + 300.000 Esta última equação ficou conhecida como a Equação do Balanço e é, tradicionalmente, apresentada da seguinte maneira: Ativo Caixa Clientes a Rec. Estoques Títulos e Valores Casa Passivo 50.000 Empréstimos 70.000 250.000 Fornecedores 120.000 100.000 Contas a Pagar 20.000 Pat. Líquido 10.000 300.000 80.000 500.000 500.000 5 Observemos que todas as contas do Ativo registram saldos devedores e as do Passivo, saldos credores. O ativo representa o lado do balanço que apresenta todas as contas representativas de bens e direitos usados, pela empresa, nas suas atividades econômicas e empresariais. Na realidade o ativo é a própria empresa. É através do ativo que a empresa é dirigida. O passivo registra apenas os credores da empresa. Tem lógica, sentido ou bom senso que as contas do ativo sejam devedoras? Como pode o caixa de uma empresa ser devedor? Não faz o menor sentido e, além disso, é impossível. A empresa põe o dinheiro dela no Caixa 1.000, por exemplo. Para que ele se torne devedor é preciso que se tire mais do que foi colocado. É possível? Não, não é. No Estoque a mesma coisa. Se a empresa colocar no estoque 10 cadeiras no valor 1.000, esta conta só se tornaria negativa se fossem vendidas mais de 10 cadeiras. Isto é impossível. 6 E assim por diante, as contas do Ativo da empresa são representativas de bens e direitos e, portanto, deverão ser sempre credoras, positivas. Quais as razões que levaram as contas do ativo a serem consideradas devedoras? Na minha opinião chegou-se à conclusão, evidente, de que uma Pessoa Jurídica (PJ) só pode ser criada, e continuar existindo, se alguém colocar recursos nela. Concluiu-se, daí, que a característica básica, de uma empresa, é a existência de uma dualidade contábil – portanto, débito e crédito - ou seja, tudo que tem ela deve e, ao mesmo tempo, todo crédito dela representa uma dívida. É como se existissem, ao mesmo tempo, dentro de uma pessoa jurídica, uma pessoa física. O controle do patrimônio da PF seria feito através da aritmética – mais e menos - e o da PJ o controle patrimonial seria feita através da contabilidade, isto é, débito e crédito. Então, sem nenhuma razão lógica, perceptível, adotou-se na PJ o conceito de débito e crédito para expressar esta dualidade contábil, ou seja, contas do ativo devedoras representam o que a empresa tem e o que deve, ao 7 mesmo tempo. E as contas do passivo credoras representam os créditos e dívidas da empresa. Esta interpretação e solução contábil foram muito infelizes porque a contabilidade se tornou, a partir daí, de difícil compreensão, difícil de ser ensinada, aprendida e interpretada, particularmente para os usuários da contabilidade que não são experts neste assunto. CONFUSÃO TOTAL Passou a existir uma confusão e incompreensão em relação ao conceito de débito, que é somente contábil e, portanto, uma maneira de controlar o patrimônio empresarial e não o patrimônio individual. Quando se fala em débito, imediatamente pensamos em menos, negativo. Por exemplo, quando sabemos que o banco debitou alguma coisa na nossa conta, significa que o nosso saldo disponível está menor do que antes. A confusão é geral, mundial, porque débito é sinônimo de menos e negativo. Quando devemos algum valor a alguém isto significa que a nossa riqueza total será reduzida quando pagarmos tal valor. 8 É difícil, portanto, imaginar ou raciocinar com saldos devedores contábeis de ativos, como positivos. DEMONSTRAÇÃO DA CONFUSÃO Vamos usar o conceito de patrimônio líquido para demonstrar esta confusão geral: PL = B + D – O E utilizando os valores do nosso exercício, acima, temos: PL = 230.000 + 270.000 – 200.000 PL = 300.000 Analisando esta equação, acima, podemos concluir que nela foi usada a teoria natural de que tudo que a empresa tem 500.000 – 200.000 = 300.000 (PL positivo) foi financiado pelos seus acionistas ou terceiros. Neste caso, no Balanço ou Posição Financeira da empresa, este valor positivo deverá ser registrado no Passivo, onde todas as dívidas da empresa são registradas. Desta maneira: 9 Ativo Caixa 50.000 Clientes a Rec. Estoques Passivo 250.000 Fornecedores 100.000 Contas a Pagar Titulos e Valores 20.000 Casa Empréstimos Pat. Líquido 70.000 120.000 10.000 300.000 80.000 500.000 Devemos observar que 500.000 na coluna do passivo, da demonstração acima, os saldos das contas representam dívidas da empresa. Por outro lado, se a outra parte da dualidade contábil (contas do ativo devedoras) for usada teremos: PL = - B – D + O PL = -(230.000)-(270.000)+200.000 PL = - 300.000 Analisando esta equação, acima, podemos afirmar que nela foi usada a teoria de que tudo que a empresa tem (500.000) + 200.000 = (300.000) foi obtido através de créditos. Neste caso, no seu balanço, este valor negativo, com o sinal trocado, deve aparecer ao lado dos outros créditos registrados no passivo. Desta maneira teremos: 10 Ativo Caixa Passivo (50.000) Empréstimos Clientes a Rec (250.000) Fornecedores Estoques Contas a Pagar (100.000) Titulos e Val. (20.000) Casa 70.000 120.000 Pat. Líquido 10.000 300.000 (80.000) (500.000) Devemos observar que 500.000 na coluna do passivo, da demonstração acima, os saldos das contas representam créditos obtidos pela empresa. Considerar as contas registradas no Ativo como devedoras foi o erro capital de Lucca Pacciolo. Esta consideração tumultuou o aprendizado e ensinamento da contabilidade. A dificuldade para entender o significado de débito e crédito levou, e ainda leva muita gente a desistir de aprender contabilidade e, também, criou uma espécie de ojeriza por esta disciplina. Um dos sinais desta confusão conceitual é que ouvimos e lemos, constantemente, sobre o “patrimônio líquido negativo” de empresas e, na realidade, é impossível. Este conceito não existe para empresa. 11 A pessoa física pode sim apresentar patrimônio líquido negativo ou positivo, mas a jurídica só pode apresentar patrimônio liquido devedor ou credor. Duas são as razões para esta impossibilidade: 1) Como o patrimônio da PJ é controlado pela contabilidade – débito e crédito – os seus saldos só podem ser devedores ou credores, evidentemente. 2) O patrimônio líquido da PJ será “negativo” quando o total do seu Ativo for menor do que o total das suas dívidas com terceiros. Neste caso o Patrimônio Líquido da PJ será devedor e, portanto, registrado no seu Ativo, semelhante a um valor a receber dos seus acionistas. É impossível uma pessoa jurídica apresentar um saldo de débito líquido, já que tudo que tem ela deve. Da mesma forma, nunca apresentará um saldo credor líquido. O saldo geral total da PJ será sempre zero (total do ativototal do passivo). 12 Nossos Endereços: www.forumdecontabilidade.com.br www.idago.com.br Canais no Google+: Revolucionando a Contabilidade Instituto Digital AGO No YouTube: alvaro oliveira No Facebook: Alvaro Guimarães de Oliveira Casa da Contabilidade e Fórum de Contabilidade Fones: (21) 99998-8672 e 2249-4437 Número do Skype: Agoliveira 1000 Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Av. Borges de Medeiros, 239/1102. Leblon – CEP -22430-041 Rio de Janeiro – RJ.