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Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR
http://revista.univar.edu.br
Ano de publicação: 2015
N°.:14 Vol.2 Págs.120 - 126
ISSN 1984-431X
PERCEPÇÃO DOS VISITANTES SOBRE A MAIOR FLORESTA URBANA DO MUNDO:
O PARQUE NACIONAL DA TIJUCA, RIO DE JANEIRO, BRASIL.
Felipe Menezes do Espirito Santos1 e Wellington Rodrigues de Matos2
RESUMO: O atual desenvolvimento econômico da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro faz crescer a
demanda pelos serviços ambientais fornecidos pelas áreas verdes e parques. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar a percepção ambiental e o perfil dos visitantes do Parque Nacional da Tijuca, RJ. Verificou-se que a maior parte
dos visitantes apresenta elevado grau de escolaridade. No que se refere a percepção de segurança, 70% dos
entrevistados classificaram como ótima. Apenas 35% acredita que a visitação representa um risco para a floresta, mas
60 % acredita que o parque possui espécies ameaçadas.
Palavras-chave: Turismo; Lazer; Mata Atlântica; Cidade.
ABSTRACT: The economic development of the metropolitan region on the city of Rio de Janeiro is growing the
demand for environmental services provided by green areas and parks. Even with the visitation risks, the use of these
spaces is important, as a form of environmental awareness of the population. This study was carried out to evaluate the
visitors’ profile of the Tijuca National Park, RJ and their environmental awareness. Most of the visitors had a high level
of education. Regarding the perception of safety, 70% of interviewees classified as excellent. Only 35% considered that
visitation is a risk to the forest, but 60% believed that the park has endangered species.
Key words: Tourism; Leisure; Rain foresty; City.
Graduado em Ciências Biológicas – Universidade do Grande Rio – UNIGRANRIO – Duque de Caxias – RJ.
Docente do Curso de Ciências Biológicas – Universidade do Grande Rio – UNIGRANRIO – Duque de Caxias – RJ; Mestre em Ciências Biológicas
(Botânica) Museu Nacional/ UFRJ – RJ. [email protected]
1
2
1. INTRODUÇÃO
A Floresta Atlântica do sudeste do Brasil é um
dos ecossistemas com maior biodiversidade do planeta.
Por apresentar um grande número de espécies e muitas
endêmicas ela é considerada um hot spot para a
preservação da biodiversidade (MYERS et al., 2000)
Originalmente essa floresta cobria cerca 15% do território
brasileiro, uma área superior a 1,3 milhões de km2,
ocupando 17 estados. Após diversos ciclos de exploração
econômica e ocupação do território essa área foi reduzida
a menos de 8%, ou seja, cerca de 100 mil km2. Estimase que ela cobria quase que integralmente o estado do Rio
de Janeiro, cerca de 44.541 km2, os quais se encontram,
atualmente, reduzidos a cerca de 21% da cobertura
original (SOS Mata Atlântica, 2013). Atualmente as
maiores cidades do Brasil e aproximadamente 61% da
população da população vive em seus domínios. Mesmo
após tantos anos de devastação, ainda ela ainda é
detentora do recorde mundial em diversidade (BRASIL,
2002).
Localizado na cidade do Rio de Janeiro, o
Parque Nacional da Tijuca (PNT) é formado pela maior
floresta tropical urbana do mundo, com 3.953 ha
(ICMBIO, 2014). Sua vegetação é do tipo floresta tropical
do tipo ombrófila densa. Ao seu redor vivem mais de seis
milhões de pessoas e esse número continua aumentando
(IBGE 2014). Esse grande número de pessoas representa
uma constante pressão sobre o parque. O PNT abriga
cerca de 1619 espécies de plantas. Destas
aproximadamente 433 estão ameaçadas. São cerca de 328
espécies animais, dentre anfíbios, aves e mamíferos.
Sendo que 16 destas estão ameaçadas de extinção
(ICMBIO2014).
A diversidade em áreas urbanas no Brasil tem
sido estudada por vários autores, como Akinnifesi et
al.,(2010) e Fontana et al.,(2011) que encontraram uma
grande diversidade de pássaros vivendo em áreas verdes
da cidade de porto alegre. A flora e a diversidade de
grandes áreas de florestas urbanas brasileiras tem sido
estudas tema de estudos (MACHADO, 1992;
MORELLATO; LEITÃO FILHO, 1995; MATOS et al.,
2002; REIS et at., (2006). Todos estes trabalhos
demonstram a importância ambiental dessas áreas, que
muitas vezes pouco estudas em detrimento de outras áreas
mais interioranas.
As florestas urbanas estão submetidas a um
grande número de ameaças devido a sua proximidade com
as grandes cidades. A introdução de espécies de outros
ambientes é uma delas, visto que muitas podem invadir o
ambiente. Essas espécies invasoras são consideradas um
das maiores causas de extinção no planeta (VITOUSEK et
al.,1997; WILCOVE et al.,1998). Santos et al.,(2010) lista
um grande número de espécies exóticas nas áreas urbanas
do Rio de Janeiro. Muitas delas vivem perto das florestas
nativas e sua dispersão pode representar uma grande
ameaça a diversidade dessas áreas (PIVELLO et al.,1999;
ABREU;RODRIGUES 2010; FABRICANTE et al.,
2012). O homem é um dos maiores dispersores dessas
espécies por meio de suas atividades. Para Hobbs (1988) a
exploração sem planejamento adequado podem afetar o
ambiente e assim reduzir o número de espécies nos
ecossistemas urbanos.
As áreas de florestas urbanas fornecem vários
serviços ambientais as cidades a quais pertencem. AbreuHarbich et al.,(2014) analisaram o clima da cidade de
Campinas e demonstram como espaços verdes pode o
propiciar um melhor conforto térmico. Atualmente o
Parque Nacional da Tijuca representa um dos principais
atrativos turísticos da cidade do Rio de Janeiro. Ele recebe
diariamente um grande número de turistas. Considerados
os aspectos relacionados à importância não só biológica
como também social e econômica destacam-se os estudos
de Araújo et al.,(1997), Brack (2002), McPherson et
al.,(1997) e Tyrväinen (2001). Particularmente os serviços
do PNT estendem-se a regulação do equilíbrio hídrico,
contenção das encostas, na preservação dos cursos d'água,
qualidade do clima dentre outros (ICMBIO, 2014).
Mesmo com os riscos da visitação,
como lixo, abertura de atalho nas trilhas e atropelamento
de animais, fazer uso desses espaços é importante, não só
para justificar sua criação e manutenção, mas também
para conscientização ambiental da população. Melo e
Dias, (2014) destacaram a importância dos parques
urbanos como espaço de lazer e socialização e bem estar
coletivo. Eles podem contribuir para a conscientização
das pessoas que os visitam. Ainda segundo os autores a
cidade precisa ser integrada a natureza e não vista como
seu oponente. Pellin et al., (2014) analisou a perfil e
utilização do Parque Estadual da Pedra Branca, no estado
do Rio de Janeiro e destaca sua importância para os
moradores dos bairros vizinhos, bem como para
preservação da biodiversidade.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar
percepção ambiental e o perfil dos visitantes do Parque
Nacional da Tijuca, RJ.
(ICMBIO, 2014). Os três primeiros são os mais visitados.
O setor Floresta da Tijuca (Figura 2) destaca-se pelo
grande número de trilhas e caminhos. Pode ser acessado
de carro em diversos pontos atrai interessados em
caminhadas, ciclismo e possui vários mirantes. O Setor
Serra da Carioca, também possui vários acessos de carro,
e esta conectado por estes a bairros como Cosme Velho,
Alto da Boa Vista e Jardim Botânico. Esse setor destacase por atrativos como a Vista Chinesa, Mesa do
Imperador e principalmente o Cristo Redentor. Este é o
setor mais com maior número de visitantes, inclusive
turistas estrangeiros. O setor Pedra Bonita/Pedra da Gávea
é utilizado principalmente por praticantes de voo livre e
montanhismo em geral. Sua maior atração é a formação
que lhe dá nome, a Pedra da Gávea. O setor Pretos
Forros/Covanca não possui estrutura e assim não está
aberto para visitação (ICMBIO, 2014).
Neste levantamento foram entrevistados 200
visitantes adultos nos períodos de Março a Junho no ano
de 2011. A pesquisa foi realizada nos setores da Floresta
da Tijuca, Paineiras/Corcovado e Pedra Bonita/Pedra da
Gávea, estes foram escolhidos por serem de visitação
gratuita. O setor Serra Carioca recebe um grande número
de turistas de outros estados, principalmente na sua
atração principal, o Cristo Redentor. O portal do parque
não infoma o número oficial de visitantes, mas segundo o
Instituto Chico Mendes (ICMBio) em 2011 ele recebeu
mais de dois milhões de visitantes. A grande parte no
Cristo Redentor, localizado no Setor Serra Carioca. O
setor D – Pretos Forros/Covanca não é aberto a visitação.
As entrevistas foram realizadas por meio de um
questionário formado por dez perguntas. Estas tinham
como objetivo avaliar o perfil dos visitantes e seu
conhecimento sobre o parque. Apenas visitantes
residentes no Estado do Rio de Janeiro foram
entrevistados. Os visitantes foram questionados quanto:
sua escolaridade, quantidades de vezes de visitas no
parque por mês, seu grau de conhecimento sobre a flora e
fauna, quanto a ameaçadas de extinção. Também foram
registrados os relatos dos visitantes sobre o parque e sua
percepção sobre o ambiente.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O Parque Nacional da Tijuca esta localizado
entre os paralelos de 22°,55' Sul e 23°,00' Sul e os
meridianos 43°, 12' Oeste e 43°, 19' Oeste. Situado na
região centro-sul do Estado do Rio de Janeiro (ICMBIO,
2014). O PNT foi criado em 1961 com o nome de Parque
Nacional do Rio de Janeiro. Somente em 1967 um decreto
federal (Decreto Federal N. º 60.183) alterou seus limites
e nome, e então o parque passou a ser chamado de Parque
Nacional da Tijuca (IBDF, 1981).
O PNT está dividido em quatro setores, sendo
eles: Floresta da Tijuca, Serra da Carioca, Pedra Bonita/
Pedra da Gávea e Pretos Forros/ Covanca (Figura 1).
Figura 1: Mapa do Parque Nacional da Tijuca dividido
em setores. A - Floresta da Tijuca; B - Serra da Carioca;
C - Pedra Bonita/Pedra da Gávea e D – Pretos
Forros/Covanca. Fonte Google Earth – Adaptado pelo
autor.
121
Figura 2: Parque Nacional da Tijuca, setor Floresta da
Tijuca. A – Cascata Taunay. B - Pico da Tijuca, ponto
final de uma das principais trilhas do parque. Fonte:
Arquivo pessoal.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Verificou-se que 60% dos entrevistados possuem
graduação, 30% ensino médio e 10% ensino fundamental
(Figura 3). Esse número é semelhante ao encontrado por
Dutra et al., (2008) para os visitantes do Parque Estadual
do Jalapão no Tocantins. O número de visitantes com
nível superior ainda esta acima dos valores encontrados
para um parque municipal em Valença (30%) no Estado
do Rio de Janeiro (VAZ, 2010) e também para o planalto
de Itatiaia também no Rio de Janeiro, onde Barros (2003)
encontrou um valor de 39% de visitantes com curso
superior. Notadamente o PNT destaca-se com um elevado
número de visitantes com nível superior de formação,
corroborando os dados de Freitas et al., (2002). A
escolaridade é um fator importante, pois facilita o
desenvolvimento de atividade de conscientização
ecológica com os visitantes, uma vez que cidadãos
escolarizados são mais críticos do seu meio. A
proximidade do PNT com os bairros da zona sul e Barra
da Tijuca justificam esses números. Esses bairros
apresentam os maiores valores tanto de Desenvolvimento
Humano quando de escolaridade do município do Rio de
Janeiro (Rio de Janeiro, 2014)
possível acessar o parque apenas de ônibus, contudo o
metrô esta disponível no bairro vizinho, a Tijuca. Todos
os entrevistados são residentes do estado do Rio de
Janeiro. Este dado corrobora com Vaz (2010)
demonstrando que o Parque atende em grande parte aos
moradores da região, ou municípios vizinho. Uma
exceção é o setor da Serra Carioca, onde o Cristo
Redentor se destaca como atração para os turistas, muito
de outros países. Esse também é o único atrativo do
parque que não é gratuito. Além dele a vista Chinesa é
uma atração muito conhecida, sendo de acesso livre.
Atender aos habitantes próximos é uma característica
comum aos grandes parques. Esse perfil já foi retratado
por trabalhos de diversos autores (HILDEBRAND et. al.,
2001; TAKAHASHI; MARTINS, 1990; CAMPUS et al.,
2011). As visitas ocorrem em maior número nos finais de
semana, assim como em outros parques pesquisados.
Campus et al., (2011) verifica que a maior parte dos
visitantes (86%) do Parque da Serra do Cipó reside em
Belo Horizonte e Região Metropolitana. Assim como no
PNT a proximidade e facilidade de acesso determinam
diretamente a origem dos visitantes desses parques.
Figura 4: Tempo de deslocamento do visitantes até do
Parque Nacional da Tijuca, RJ.
A maioria dos entrevistados fazem visitas
regulares. Sendo, 55% visitantes semanais e 35% mensais
(Figura 5). Essa frequência esta em grande parte
relacionada as atividades realizadas por estes. Muitos
praticam caminhadas e outras atividades de habito
regular, como ciclismo, trilhas e escalada. Uma pequena
parte dos visitantes (10%) faz visitas eventuais,
geralmente são os que veem de lugares mais distantes.
Grandes partes das pessoas também disseram frequentar o
PNT pelo menos três vezes ao mês.
Figura 3: Grau de escolaridade dos visitantes
pesquisados do Parque Nacional da Tijuca, RJ.
No que se refere ao tempo de deslocamento até o
parque, 30% leva até meia hora para chegar, 50% até uma
hora e 20% até duas horas ou mais (Figura 4). Mesmo os
que levam mais tempo classificaram o parque como sendo
de fácil acesso. Com relação ao transporte público é
122
Figura 5: Distribuição da frequência de visitação do
Parque Nacional da Tijuca, RJ.
As atividades preferidas dos visitantes são caminhadas
longas (50%), atividades de curta duração (30%) e
atividades diversas (20%). Freitas et al., (2002) aponta
para um grande interesse dos visitantes do parque por
atividade esportivas. Parque de Tomiazzi e Villarinho
(2005) verificaram em seu estudo no Parque Natural
Municipal do Mendanha que 55% da preferem
caminhadas. Esse valor deve em parte pela facilidade
desta prática em comparação com outros esportes e
atividades.
No que se refere a percepção de segurança, 70%
dos entrevistados classificaram como ótima, 20% boa e
10% regular (Figura 6). O maior nível de insatisfação é
foi encontrado no setor da Pedra Bonita. Possivelmente
isso se deve ausência aparente de guardas e também pelas
notícias vinculadas na mídia sobre assaltos nas trilhas.
Pellin et al., (2014) citam a segurança como um ponto
importante para os visitantes do Parque Estadual do Pedra
Branca, também situado no município do Rio de Janeiro.
Santos e Carvalho (2012) também aponta preocupação
dos visitantes com a segurança. Este tema esta
relacionado à percepção dos visitantes e não reflete
necessariamente uma experiência vivida no parque.
Muitas vezes essa percepção pode vir da não observação
de vigias, relato de amigos ou mesmo de notícias que
aparecem em jornais. No entanto, a presença do poder
público deve se fazer notada, a fim de garantir a
tranquilidade dos visitantes e também o patrimônio
público.
Com relação aos impactos causados pela
visitação, apenas 35% acreditam ser este um risco para a
floresta. Este número mostra a falta de conhecimento
sobre os impactos da visitação, sobretudo o lixo e abertura
de atalho nas vias. Cole et a., 1997 chamam a atenção
para os riscos que as atividade turísticas podem trazer
para as áreas naturais. Conhecer os riscos é fundamental
para que os visitantes possam colaborar com a
preservação ambiental e garantir que sua visita não
coloque em risco a diversidade. Sabino et al., (2005)
mostram como visitantes “mal-comportandos” podem
ameaçar o ambiente visitado. Os autores verificaram que
o habito de alimentar as piraputangas estava levando esses
peixes a obesidade no balneário Municipal de Bonito,
Mato Grosso do Sul,. Durante as visitas no PNT também
foi possível observar alguns visitantes alimentando
animais como o Mico-estrela (Callithrix jacchus) e o
Quati (Nasua nasua). Esse hábito que para muitos parece
normal põem em risco os animais e os próprios visitantes,
visto que os animais podem ser portadores de doenças
graves como a raiva.
Com relação a diversidade do parque, 60%
acredita que ele abriga espécies importantes da fauna ou
flora (Figura 7) Essa afirmação é principalmente devida
ao conhecimento do Parque como unidade de
conservação. Apenas 10% acham que ele não abriga
nenhuma espécie importante e 30% não souberam
responder. Isso torna então imprescindível que no
presente momento sejam concentrados esforços para
estudos e projetos multidisciplinares que visem estudar,
administrar e preservar essas áreas naturais. Konijnendijk
(2000) discute a demanda por florestas urbanas, ou seja,
pelos seus benefícios para a sociedade na Europa. No
Brasil onde o processo de urbanização não para de crescer
essa demanda também deve continuar aumentando.
Contudo também cresce no número de espécies
ameaçadas. O estabelecimento de convívio harmônico
entre visitantes e essas espécies depende de informação e
manejo adequado.
Figura 6: Classificação de segurança pelos visitantes do
Parque Nacional da Tijuca, RJ.
Mesmo grande parte dos visitantes sendo
moradores de regiões próximas, muitos desconhecem a
administração do parque. Com relação à gestão do parque,
70% acredita que o parque é uma unidade com
administração do governo federal, ou seja, estão corretos.
Entretanto, 30% responderam que ele era de
administração municipal. Dutra et. al., (2008) apontam
em seu trabalho que a maioria dos visitantes entrevistados
sabia que estavam em uma unidade de conservação. A
dificuldade de alguns visitantes do PNT em reconhecerem
a administração pode estar relacionada com a parceria do
PNT com a prefeitura do Rio de Janeiro.
Figura 7: Conhecimento dos visitantes sobre a presença
de espécies ameaçadas. (Fauna e Flora) no Parque
Nacional da Tijuca, RJ.
Serviços de limpeza e segurança são realizados pela
prefeitura dentro do parque. Isso provavelmente faz como
que símbolos notadamente relacionados a prefeitura sejam
vistos. Neste caso em especial a Guarda Municipal e a
Comlurb. Loureiro e Cunha, (2008) defendem uma gestão
participativa nas unidades de conservação, a fim de
123
aprimorar as práticas de educação ambiental e aproximar
a população. Para Melo e Dias, (2014) a as atividades
turísticas devem ser usadas como forma de incentivo a
preservação dos bens naturais. Informar bem os visitantes
sobre todos os aspectos do parque pode ajudar a tirar
dúvidas e conscientizá-los do seu papel na preservação
ambiental.
Todos os entrevistados acreditam que o parque é
importante para a cidade pois representa uma alternativa
de lazer e destacam o fato de ser gratuito. Pellin et al.,
(2014) verificaram que os visitantes do Parque Estadual
da Pedra Branca também destacaram a gratuidade como
ponto importante. Tyrväinen (2001) estudou os benefícios
das florestas urbanas em duas cidades da Finlândia.
Pesquisando áreas diferentes de florestas por meio de
questionários aos moradores. Em todas elas os habitantes
indicaram os benefícios que essas florestas proviam. Eles
apontaram os benefícios naturais como os principais, em
seguida os sociais e depois os climáticos. Os visitantes do
PNT não apontaram nenhuma questão ambiental quando
questionados sobre a importância do parque. Mesmo
sendo o parque um importante espaço para preservação da
Mata Atlântica na cidade do Rio de Janeiro e também
destacando-se pela presença de espécies ameaçadas e
endêmicas. Isso demonstra como os visitantes
desconhecem a relevância da floresta para questões
conservação, qualidade da água e mitigação da poluição
do ar.
Grande parte dos visitantes se mostrou satisfeitos
com o parque de maneira geral. Relatam que suas visitas
sempre trazem a sensação de bem estar e ajudam a aliviar
o estresse. Outros parques como o da Serra do Cipó em
Minas Gerais também apresentaram resultados
semelhantes (94%) sobre seus frequentadores (CAMPUS,
2011). Esses resultados demonstram que mesmo sem
grandes investimentos em atividades de educação
ambiental e lazer estas áreas promovem o bem-estar dos
visitantes. Estudos sobre o uso das florestas urbanas na
Europa retratam que a população possui uma longa
tradição de interação com as florestas, sendo estas
altamente valorizadas e apreciadas por seu potencial de
lazer. Estes espaços são vistos como muito importantes
para a coletividade e para a qualidade de vida das
populações. Com uma maior visão crítica a população
cobra mais do poder público que administra este espaços
(KONIJNENDIJK, 2001). Dessa forma o potencial dos
parques são mais aproveitados, não se restringindo apenas
a contemplação de aspectos naturais. Outros trabalhos
mostraram que 80% das pessoas se sentem mais
“relaxados e felizes” estando perto da natureza (COLES;
BUSSEY,1999). Esses resultados demonstram como
essas áreas verdes podem contribuir para a melhoria da
qualidade de vida nas grandes cidades. Nesse contexto o
Parque Nacional da Tijuca destaca-se na cidade do Rio de
Janeiro por suas belezas naturais e potencial para
atividade multiculturais.
4. CONCLUSÕES
O Parque Nacional da Tijuca, nos setores
estudados atende principalmente a população da cidade
do Rio de Janeiro e seus arredores. A maioria dos
visitantes possui ensino superior completo e utilizam o
parque principalmente para lazer. A atividade mais
procurada é a caminha aos finais de semana.
Embora reconheçam a importância do PNT,
muitos ainda desconsideram seu valor para a preservação
de espécies ameaças.
Ações de divulgação e educação ambiental são
importantes para conscientizar e informar os visitantes.
Elas podem sensibiliza-los sobre a importância e
vulnerabilidade deste ambiente. Com isso espera-se que
possa ser feito o uso sustentável dessa floresta urbana tão
importante para a cidade do Rio de Janeiro.
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