2005 SANTOS, Dorcas de Almeida

Transcrição

2005 SANTOS, Dorcas de Almeida
DORCAS DE ALMEIDA SANTOS
CARACTERIZAÇÃO E CONHECIMENTO DA EQUIPE DE
ENFERMAGEM DE NÍVEL MÉDIO DE DOIS HOSPITAIS DE
DEODÁPOLIS-MS SOBRE BIOSSEGURANÇA
CORHSí^^^^l^rECA
Monografia apresentado ao XIII curso
de especialização em saúde pública,
como requisito parcial para obtenção
de titulo de especialista em saúde
publica, sob a orientação da prof. Me.
Enfermeira Marisa Dias Rolan Loureiro.
Dourados
2005
í)r. Sérgio .Arouca
AGRADECIMENTO
A prof6ssora Mestre Enfermeira Marisa Dias Rolan Loureiro,
com que o destino marcou o reencontro sou-lhe grato, por ter
assumido a orientação deste trabalho, e por ter dado
incondicional apoio e a presença nas distintas etapas da
execução deste trabalho.
Professor metodologia Dr. Paulo Roberto H. de Oliveira Bastos,
pelos ensinamentos estímulos e orientação, permitindo que eu
pudesse realizar com liberdade este trabalho.
Diretor HMCR. Fábio Cezar Martins, pela disponibilidade
fundamental para o desenvolvimento do trabalho.
Diretor Clinico Hospital Bom Jesus Dr. José Raimundo
Castilho, pela disponibilidade fundamental para o
desenvolvimento do trabalho.
Equipe de Enfermagem das instituições pesquisada, pela ajuda
e compreensão.
A todos os professores pela dedicação.
Aos alunos do curso de Especialização em Saúde Pública, em
especial a Dra. Tânia e Kazume pela agradável convivência e
amizade.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram
para a realização deste trabalho, a minha gratidão.
DEDICATÓRIA
AgSço o dom e a graça da vida. e as oportunidades que tem
me oferecidos.
A meus pais
. . .
~
Nilo e Laurena, que mesmo na distancia sao exemplo
honradez, dignidade e amor aos filhos.
Ao meu marido José e meu filho Bruno.
A quem muito devo pelo incentivo ao longo da nossa convivência e
pela compreensão durante a realização deste trabalho, que muitas
vezes me afastou da sua carinhosa presença.
RESUMO
Caracterização e conhecimento da equipe de enfermagem de nível médio de
dois hospitais de Deodápolis-MS sobre biossegurança.
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem de análise quantitativa, cujo
objetivo foi caracterizar o conhecimento da equipe de enfermagem de nível médio de
dois hospitais de Deodápolis-MS sobre biossegurança,no período de 2005, visando
contribuir para criação de bases às implantação de políticas de prevenção de
acidentes ocupacionais entre os trabalhadores da saúde. Para coleta de dados,
aplicou-se um questionário contendo perguntas abertas e fechadas^ Este
instrumento foi aplicado aos participantes da pesquisa, após a observação dos
aspectos ético-legais. Participaram do estudo 17 profissionais de enfermagem, 12
(71%) auxiliares e 05 (29%) técnicos de enfarmagem, cujos resultados permitiram
concluir que a população estudada é heterogênea, com idade variando de 20 a 50
anos, com maior concentração dos pesquisados na faixa etária entre 30 à 39 anos
(58%). Quanto a escolaridade o nível médio teve maior proporção 14 (82,4 ^), e
destas 08(47%)são casadas. A ocorrência de acidentes com exposição a material
biológico foi mencionada pelos 17 técnicos e auxiliares de enfermagem, 08 destes
sofreram totalizando 15 acidentes, variando de 01 a 04 com a media de
aproximadamente 02 acidentes por trabalhador; sendo que a idade destes foram de
de atuação é de 10 anos. Após a ocorrência não houve nenhuma conduta
administrativa, quanto à conduta profilaxia da vacina hepatite B, apresenta se
27 a 55 anos. A faixa etária entre 31 a 39 anos ocorreu mais acidentes, e a me la
dentro das normas exigidas. A situação de ocorrência mais
principais objetos causadores destes acidentes, foram no cuidado
realização e preparo de medicamentos. Com relaçao ao
biossegurança percebe - se que entre estes profissionais, nao ha mforrnaçoes
suficientes de biossegurança no trabalho e principalmente
^
^
são transmitidas por meios de exposições percutanea e pelo contato
pele não íntegra. Concluiu-se que nem todos os participantes
tinham
~
conhecimento dos Equipamentos de Proteção Individual.
^t^ahaiho nas
levaram - a, concluir que os problemas relacionados aos acidentes
"as
instituições, resulta diretamente devido a inexistência de
^
sobre as normas de biossegurança, constituindo-se desta fp^m^ f^raténias nara
ocupacional desta população. Torna-se urgente a elaboraçao
9
P
resolução dos enormes problemas que envolvem a saúde ocupaciona .
Palavras chaves; Equipe de Enfermagem, Biossegurança, Hospital, Riscos
ocupacionais.
ABSTRACT
Characterization and knowledge of the team of nursing of médium levei of
two hospitdis of D©oclápolis-MS on bioss©9ur3nç3.
It is treated of a descriptive study with approach of quantitativa analysis, whose
objective was to characterize the knowledge of the team of nursing of m^um
levei of two hospitais of Deodápolis-MS on biossegurança.in period of 2005
seeking to contribute for creation of bases to them implantation of pohtics of
prevention of occupational accidents among the workers of the health For
collection of data, a questionnaire was applied containing open and clo^d
questions This instrument was applied the participante of the research afte
the observation of the ethical-legal aspeots. They Participated in the study 17
nursina^ofessionals, 12 (71%) auxiliary and 05 (29%) nursing technicians.
whose resuits allowed to conclude that the studied population is heterogeneous
with aoe varving from 20 to 50 years, with largar concentration of the
rZ.fíhedTnTe age group among 30 to
StelSe
médium levei had largar proportion 14(82,4^); and of these 08(47/o) they a
married. The ocourrence of accidents ^ith exhibrtion to biologia
mentioned bv the 17 technicians and auxiliary of nursing, 08 of these suffered
totaling Is aLidents, varytng from 01 to 04 with
píSynTnsiS
oMho
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The
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cara with patients, in the accomplishment an p P
these
relationship to the knowledge on biosseguran^ of íosseaurrniL in the
professionSis. thera are no.
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and mainly on the diseases that are transmitiea oy n
skin and for the contact with mucous
ended nor ail the participants used or they ha
,^^35
Eaulpments of
problems
Individual Protection. These verificat.ons took-the, to end that t^^^
related to the work accidents in the institutions, it resuits directiy oue
inexistence of information and trainings on
o7?his°poL
constituted this way, offence to the
He/she becomes urgent the elaboration of s r g
enormous problems that involve the occupationa ea
Key words: Team of Nursing, Biossegurança, Hospital, occupational Risks.
i
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição da equipe de enfermagem por faixa etária, condição civil,
escolaridade e categoria profissional, de dois hospitais do Município de
Deodápolis/MS-2005
44
Tabela 2 - Distribuição da ocorrência de acidentes com material biológico por idade,
categoria profissional, número de empregos na área de saúde, tempo de atuação na
área de saúde, dos profissionais de enfermagem de nível médio de dois hospitais
do Município de Deodápolis/MS/2005
Tabela 3 - Distribuição das respostas emitidas por auxiliares e técnicos de
enfermagem (n=17) quanto ao uso de EPI por instituição de dois hospitais do
Município de Deodápolis/MS -2005
^
Tabela 4 Conhecimento sobre as doenças as que estão expostos, segundo a equipe
de enfermagem de dois hospitais do Município de Deodápolis/MS- 2005.
75
LISTA DE FIGURA
FIGURA 1 - Distribuição por condição civil da equipe de enfermagem de nível médio
de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS,2005
46
Figura 2 - Distribuição por faixa etária e nível de escolaridade da equipe de
enfermagem de nível médio de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS,
2005
49
Figura 3 - Distribuição por tempo de atuação da equipe de enfermagem de nível
médio de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS. 2005
50
Figura 4 — Distribuição do conhecimento do EPI por categoria profissional auxiliar e
técnico de enfermagem de dois Hospitais do Município de Deodápolis/MS2005
Figura 5 - Distribuição da condição vacinai para a vacina da hepatite B dos auxiliares
e técnicos de enfermagem (n=17) de dois hospitais Deodápolis/MS -2005
73
Figura 6 - Distribuição de acidentes com material biológico versus número de
empregos da equipe de enfermagem de nível médio de dois hospitais do Município
de Deodápolis/MS. 2005
82
Figura 7 - Distribuição de acidentes com material biológico versus de atuação na
área de enfermagem entre os integrantes da equipe de enfermagem de nível médio
de dois hospitais do Município de Deodápolis/MS. 2005
LISTA DE SIGLAS
AIDS
Anti - HBV
síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Anticorpo contra o vírus da Hepatite B
Anti-HIV
Anticorpo contra o vírus da Hepatite C
Anticorpo contra ao vírus da Imunodeficiência
ARV
Anti - retrovirais
AZT
Zidovudina
AZT=3TC
Biovir
Anti-A
CDC
Comunicação de Acidente do Trabalho
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
Centers For Disease Control and Prevention
COFEN
Conselho Federal de Enfermagem
CAT
CCIH
EPi
Doença Sexualmente Transmissíveis
Equipamento de proteção individual
EUA
Estados Unidos da América
HBIG
Imunoglobulina humana contra Hepatite B
HMCR
Hospital Municipal Cristo Rei
AbsAg
Antígeno de superfície do vírus da Hepatite B
HBV
Vírus da Hepatite B
HCV
Vírus da Hepatite C
HIV
Vírus da Imunodeficiência Humana
NR
Normas Regulamentadoras
PP
Precauções Padrão
PU
Precauções Universais
SUS
Sistema Único de Saúde
USP
Universidade de São Paulo
DST
SUMARIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
11
2 REVISÃO DA LITERATURA
16
2.1 Exposição a Material Biológico no Trabalho Hospitalar..........
16
2.2 O ambiente hospitalar como fonte de risco para os profissionais de saúde....l6
2.3 O trabalho de enfermagem e o risco de exposição ocupacional
19
2.4 A enfermagem no contexto dos riscos biológicos......—
2.4.1
Hepatites Virais
2.4.2 Vírus da Imunodeficiência humana
2.4.3
23
29
Tuberculose
2.5 Biossegurança
2.5.1 Princípios básicos para o manuseio de materiais
perfurocortantes
35
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIAS
4.1 Tipo de estudo
4.2 Local de Estudo
4.3 População/Amostra
4.4 Critérios de inclusão
42
4.5 Critério de exclusão
4.6 Coleta de Dados
'.
4.7 Aprovação no Comitê de Ética
42
A
4.8 Análise e Interpretação de Dados
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6 CONCLUSÕES
7 REFERÊNCIA
APÊNDICE
"
1 - INTRODUÇÃO
O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre, por agrupar
pacientes portadores de diversas enfermidades infecto contagiosa, viabilizar muitos
procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da
saúde. Os profissionais de enfermagem representam 60% do pessoal da área de saúde
e realizam 80% de todo os trabalhos nestas instituições, atuam diretamente com o
paciente acompanhando-o a maior parte de sua estadia no hospital. E desta forma
deve certificar-se das alterações ocorridas num determinado período e, além disso, ser
responsável por ele, proporcionando segurança (BEZERRA, GUERRA, GUEDES,
1998).
Em resposta ás questões de saúde, no século XVI, predominou na sociedade a
visão que atribuía ás doenças e ira de Deus ou das formas de exposições dos pecados
dos enfermos. Essa abordagem não-cientifica dificultou o desenvolvimento de medidas
preventivas eficazes(MENDES, 1995).
Nos dias atuais, não se pode negar que a capacidade do homem de gerar
tecnologias de transformá-lo em seu próprio benefício, tem favorecido várias gerações
nos mais diversos domínios. Não obstante e estes avanços e aos inegáveis benefícios
deles obtidos, vários tem sido os debates em tomo dos diversos problemas de natureza
éticos e os riscos que muitas vezes tais tecnologias têm representado tanto para o
próprio homem, para os animais, assim como para o meio ambiente.
A relação entre doença e trabalho conheceu igualmente o grande marco
histórico e longas
trajetórias, no decorrer deste período com destaque para fato
ocorrido na Itália, em 1700, quando o médico Bemardo Ramazzini, publicou o livro
intitulado "De Morbis Diatriba", observando a relação das doenças com a ocupação ou
profissão, o que lhe deu o titulo de pai da medicina do trabalho. O autor descreveu com
detalhes doenças relacionadas a cinqüenta profissões diversas, salientando a
importância de pausas, exercícios e postura correta para a prevenção de fadiga. Além
disso, salientou os danos à saúde do trabalhador causado pela falta de verificação e
pelo desconforto térmico (GOMES, 1986; WAISMANN; CASTRO, 1996; BULHÕES.
1998).
Nesse sentido, como resposta às pressões dos operários, em 1830 surgiu na Inglaterra
uma indústria têxtil que implantou o primeiro serviço de medicina do trabalho, sendo
11
este utilizado mais como proteção do empregador frente às possíveis reivindicações
dos trabalhadores(MENDES; DIAS, 1991).
Conforme referem Waissmann e Castro (1996), com o advento das 11
Revoluções do Capitalismo Industrial e com as exigências de produção da pós segunda
Grande Guerra Mundial, os problemas de origem ocupacional, foram se potencializando
o que tomava a medicina do trabalho onerosa para o processo produtivo. Esse fato fez
com que os processos mercantil das relações entre saúde e trabalho, sofressem
modificações, migrando para uma concepção na qual o estudo das causas labora sobre
dano ao homem se voltasse prioritariamente para os ambientes de trabalho. Tal
diversidade retratava o reconhecimento implícito da relação existente entre os
determinantes físicos, químicos e mecânicos na geração de distúrbios no homem,
dando, até nossos dias a essa visão de cunho ambientalista a designação de saúde
ocupacional.
Tudo isso contribuiu para que, em meados do século XX, surgissem novos
modelos de avaliação Que retratassem uma progressiva modificação de concepção das
relações entre saúde e trabalho, deixando a visão rígida de riscos presa a máquinas e
agentes, passando os mesmos a serem entendidos como oriundos da organização
social(WAISSMANN; CASTRO 1996).
Diante destas descobertas e outras, rápidos avanços têm se registrado no
desenvolvimento científico e tecnológico em todas as áreas do conhecimento após a
segunda metade do século passado, sugerindo um repensar e uma profunda reflexão
quanto aos aspectos éticos e de biossegurança.
No campo da saúde é possível observar, no final da década de 1950, a
preocupação com o aumento de casos de infecção hospitalar, sob o reconhecimento
generalizado de suas novas formas de ocorrência, endógenas e multi-resistentes,
devidas em grande parte á própria evolução do modo clínico de assistência, marcado
pela alta invisibilidade dos recursos diagnósticos e terapêuticos e também pelo uso de
medicamentos imunossupressores (LACERDA, 2003). A estes fatos, se junta á
plasticidade genética dos agentes microbianos que lhes garante adaptabilidade a
situações que são adversas a uma velocidade que, muitas vezes, superam a
criatividade humana (SANTOS; TANURI, 1996). Essas doenças emergentes causadas
por agentes patogênicos com características peculiares constituem enormes desafios
ás mais recentes inovações tecnológicas.
12
Entende-se por doenças emergentes, "todas aquelas doenças causadas por
novos agentes patogênicos, ou ainda, por antigos agentes que ganharam novas
capacidades destrutivas, modificando assim seu quadro original", (SANTOS: TANURI,
1996).
Contrariamente ao que se pensava hoje se pode constatar que essas doenças
e outras afetam os profissionais de saúde na sua atuação profissional, sobretudo os da
área hospitalar. A esse respeito, Rapparini e Cardo (2004) consideram que as doenças
profissionais são problemas de saúde pública em todo o mundo, mas que,
historicamente, os profissionais de saúde não eram considerados como uma categoria
profissional de alto risco para acidentes de trabalho.
A preocupação com riscos biológicos surgiu no início dos anos 40, a partir da
constatação dos agravos à saúde dos profissionais que exerciam atividades em
laboratórios, onde estes manipulavam microrganismos e material clínico. Para
exemplificar, cita-se que, dentre os profissionais que atuam na área clínica, um dos
primeiros casos bem documentados de transmissão de Hepatite B ocorreu em 1949,
envolvendo um funcionário de banco de sangue, no entanto, a elaboração de um plano
sistemático para redução dos riscos de exposição só foi desenvolvida após o
surgimento da síndrome da imunodeficiència adequada (AIDS), na década de 80
(RAPARRINEI cardo. 2004).
A síndrome de imunodeficiència adquirida (AIDS) e as hepatites B e O
pertencem a esse grupo de doenças que preocupam os profissionais da área da saúde,
considerando as características do seu trabalho. Dados empíricos apontam que a atual
situação epidemiológica tem gerado ansiedade nos integrantes dos serviços de
enfermagem, no que se refere à atuação profissional e as razões talvez estejam
associadas ao desenvolvimento de processos patológicos os quais podem, muitas
vezes, ocasionar a morte do profissional, perde total ou parcial da sua capacidade para
exercer sua função ou mesmo prejudicar seu convívio no ambiente social e familiar.
O trabalho de enfermagem é caracterizado pela prestação de assistência ao
individuo sadio ou doente e à sua família ou comunidade, no desempenho de atividades
que visem promover, manter ou recuperara saúde(ALMEIDA; ROCHA, 1997).
Para Azambuja; Kerber; Vaz(2001), a enfermagem assume uma dupla condição
humana, pois ao mesmo tempo em que é agente de ação do cuidar assistido ao outro
13
(cliente), é agente da ação de sua própria saúde no ambiente de trabalho, local que
pode ser favorável ou desfavorável á sua saúde.
Os profissionais de saúde têm razões para se preocuparem com o risco de
contrair uma doença infecciosa no ambiente de trabalho. Embora o HIV e o vírus da
hepatite B tenham recebido maior publicidade, pelo menos 20 outros microorganismos
patogênicos podem ser transmitidos por feridas com perfuração, que costumam estar
associadas á picadas de agulhas e lesões por objetos perfurocortantes.
Inúmeros esforços têm sido defendidos a busca de meios para diminuir os
riscos ocupacionais através da transmissão de doenças não passiva de prevenção,
como hepatite B e o vírus da imunodeficiência humana (HIV), assim como para
proteção dos profissionais, visando minimizar os riscos contínuos de contaminação a
que estes estão expostos pelos diferentes modos de transmissão fato que evidencia
que no momento da assistência, qualquer pessoa deve ser observada, como
potencialmente contaminada, o que demanda adoção de medidas para a proteção
destes profissionais. Assim, a adoção de normas de Biossegurança no trabalho
hospitalar, e condição fundamental para a segurança dos trabalhadores.
Segundo SOUZA (2001), os trabalhadores que conseguem elaborar de forma
consciente um acidente e repensam suas vida sob o olhar desse acontecimentos,
normalmente apresentam respostas positivas da segurança profissional.
O fato de 47,1%, dos profissionais das instituições pesquisada já ter sofrido
acidente com material biológico, torna-se bastante significativo. Entretanto diante destes
números constatamos que é imprescindível a intervenção da equipe de enfermagem a
implementação de medidas que visem a promoção e proteção a saúde.
Segundo BRANDÃO JÚNIOR E STARLING (2000), existem a necessidade de
adoção das medidas de Biossegurança sendo que as mesmas assumem uma
importância vital para a melhoria da qualidade da assistência à saúde, criando um
ambiente seguro, tanto para o profissional, quanto para o usuário do serviço de saúde.
Destacamos entre as estratégias de prevenção e assistência dos acidentes com
material biológico a ação dos profissionais de enfermagem, organizados para que os
recursos disponíveis para o controle de acidentes sejam juntos e eletivamente
explorado. Acreditamos que um programa das normas de Biossegurança no hospital,
deve privilegiar a experiência subjetiva dos trabalhadores sobre o acidente de trabalho,
bem como o ambiente de trabalho em geral.
14
A verdadeira equipe é aquela onde todos os elementos atuam de maneira
sinérgica, em busca de um resultado que será sempre melhor que aquele obtido por um
único de seus componentes.
15
2 - REVISÕES DA LITERATURA
2.1 - Exposição a Material Biológico no Trabalho Hospitalar
O hospital é um estabelecimento que presta serviços específicos à população
em gerai e apresenta uma variedade de ações de saúde que expõe seus (suas)
trabalhadores (as) a uma ou mais cargas, dentre as quais se destaca a exposição à
doença infecto-contagiosas e aquelas em contato direto com pacientes e/ou com artigos
e equipamentos contaminados com material orgânico. A diversidade de serviços
existentes no âmbito hospital como: administrativos, lavanderia, refeitório, manutenção,
caldeiras, transporte, almoxarifado, laboratório, centro cirúrgico, raio X, isolamento, UTI,
etc.,impõe uma antecipada formada de posição face à possibilidade de ocorrência de
acidentes e doenças.
A instituição hospitalar é caracterizada como o lugar do exercício de um
conjunto de praticas em saúde, configurando uma tecnologia do processo de trabalho
que na sua singularidade exige do profissional de saúde resposta individuais e coletivas
ao lidar diariamente com a dor, doença e a morte (Pitta, 1989).
2.2 - O ambiente hospitalar como fonte de risco para os profissionais de
saúde
Para Bulhões (1998), o termo hospital etimologicamente lembra hospitalidade e
tem como um dos seus principais objetivos a recuperação da saúde. Entretanto, ele nos
faz refletir sobre os inúmeros problemas (riscos) existentes nesse meio ambiente para
aqueles que buscam ali a recuperação da sua saúde, mesmo que permanecendo
hospitalizado por alguns dias apenas e, sobretudo, para os profissionais da saúde que
expões ano após ano, atuando nesse ambiente nocivo. Ainda segundo esta mesma
autora, a exposição desses profissionais aos agentes nocivos é ampla, pelo fato de o
hospital ser seu local de trabalho. A respeito da exposição destes trabalhadores,
Robazzi e Marziale (1999) refere que muitas vezes, o trabalhador de enfermagem
enfrenta problemas, principalmente financeiros, o que o leva exercer múltiplos
empregos e a trabalhar em um ambiente inadequado, estes, quando associados ao
desgaste físico, potencializam o estresse, deixando-o mais suscetível às doenças
16
ocupacionais. Nesses locais, paradoxalmente, observa-se o menor grau de
preocupação com a segurança e saúde ocupacional do seu pessoa!(FUNDACENTRO,
1997).
Como refere Bulhões (1998) ; o ambiente hospitalar extrapola os riscos
biológicos, ou seja, é caracterizado como instituição de riscos de naturezas diversas,
tais como; físico, químico e ergonômico que, igualmente, acometem todas categorias
de profissionais, em maior ou menor escala de possibilidades.
Como define Ferreira (1986), risco significa perigo ou possibilidade de perigo,
possibilidade de perda ou de responsabilidade pelo dano. Igualmente Silva et al. (1976),
definem risco como algo incerto, mas possível, que ameaça perigo incerto ao exercício
de certas profissões, o qual é compensado pela taxa adicional de periculosidade.
Para Bulhões (1998), no ambiente de trabalho o risco ocupacional pode ser ou
estar:
Oculto: por ignorância, por falta de conhecimento ou de informação. Nestes
casos o trabalhador sequer suspeita de sua existência, irresponsabilidade,
incompetência e lucro a qualquer preço contribuem para que muitos dos riscos
ocupacionais continuem escondidos;
Latente: nesta modalidade, o risco só se manifesta e causa danos em
condições de estresse. O trabalhador sabe que está "correndo riscos", mas as
condições de trabalho forçam a isto;
Real: conhecido de todos, mas sem possibilidade de controle, quer por
inexistência de soluções para tal, quer pelos altos custos exigidos, ou ainda por falta de
vontade política.
O Ministério do Trabalho do Brasil, em sua Portaria n°. 3214, de 8/6/78,
classifica da seguinte forma os riscos presentes nas instituições hospitalares: riscos
acidentais, ergonômicos, físicos, químicos e riscos biológicos.
Riscos Acidentais: colocam o trabalhador em situação de perigo, podendo
afetar a sua integridade, bem-estar físico e moral. Estes riscos incluem, incêndios e
explosões.
Riscos Ergonômicos: refere-se a todos os fatores que possam interferir nas
características psicofisiologicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando a
sua saúde. Observados com freqüência entre o pessoal de enfermagem, provocam
traumatismo e lesões pela manipulação de pacientes acamados durante a execução de
17
suas técnicas de trabalho, sendo comum em profissionais que trabalham na ortopedia e
centros de tratamento intensivos, pela dependência destes doentes.
Riscos físicos: são as diferentes formas de energia a que os trabalhadores
possam estar expostos. Fazem parte destes fatores de risco: o claro o frio, o ruído, as
radiações ionizastes.
Riscos químicos: referem-se a sustâncias que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeira, nevoa, fumos, neblinas, gases ou vapores,
ou que, pela natureza da atividade possa ter contato ou serem absorvidas pelo
organismo através da pele ou ingestão.
Riscos biológicos: compreendem as exposições ocupacionais aos agentes
biológicos, como bactérias, parasitas, fungos, vírus, protozoáríos e insetos, entre outros.
Estes riscos conferem ao hospital o caráter insalubre (BRASIL, 2003).
A insalubridade de o ambiente hospitalar é caracterizada pela presença dos
fatores de riscos mencionados; pela densa população microbiana geradora de
infecções, que afetam tanto os pacientes quanto a equipe de atendimento; pelo contato
com sangue e outros fluidos corporais; manipulação de amostras patológicas,
deficiência de higiene e limpeza; pelo inadequado tratamento e eliminação de lixo e
pela falta de sinalização de material infectado, dentre outros. As falhas nos processos
de desinfecção, esterilização e assepsia, insuficiência ou falta de material para se
trabalhar com segurança, são igualmente mencionadas como contnbuintes desta
insalubridade(MONTAGNIER, 1995; BULHÕES, 1998).
Sem duvida as estruturas dos hospitais na maior parte dos casos representam
grandes desafios ou mesmo problemas no que tange à manutenção de um ambiente
biologicamente seguro, pois são muitos os fatores que concorrem pra torná Io um local
de muitos riscos, conforme mencionado anteriormente. A esse respeito. Bulhões (1998)
refere que os hospitais são lugares preferidos pela infestação de ratos, baratas,
formigas, moscas, pombos e até gatos que se hospedam e transportam germes
doenças. Também os aspiradores, nebulizadores. pias, bicas das torneiras limpezas
malfeitas, vasos de plantas e flores contribuem pra agravar esse risco. Put et al. (1993),
a respeito dos ricos de transmissão do HIV no meio hospitalar, mencionou não ser
possível eliminá-los completamente e que os acidentes continuarão a ocorrer, mas que
se pode reduzir ao mínimo a sua transmissão.
18
Rabelo et ai. (2002), consideram os riscos biológicos presente no ambiente
hospitalar como os responsáveis pelos inúmeros acidentes e doenças profissionais ou
do trabalhador, atingidos os grau de insalubridade e periculosidade. Para este autor tais
acontecimentos estão relacionados muitas vezes às situações econômico-financeiras,
administrativas, políticas e até mesmo aos profissionais de saúde, que não
desenvolvem programas de segurança no trabalho e, consequentemente, ficam
expostos ao perigo.
Barroso et al. (1996), em sue estudo sobre prevenção de risco, evidenciam que
a infecção pelo HIV é uma das maiores preocupações em matéria de risco infeccioso no
ambiente hospitalar, citando o desconhecimento do diagnostico como maior fator de
risco.
2.3- O trabalho de Enfermagem e o risco de exposição ocupacional
Em nosso país, o trabalho de enfermagem é realizado por uma equipe composta por
trabalhadores de deferentes categorias que de acordo com a Lei n . 7.498, referente ao
exercício Profissional de enfermagem (Cofen, 2004)são os enfermeiros, técnicos de
enfermagem, auxiliares de enfermagem e padeiras. Algumas instituições de saúde
apresentam em seus quadros funcionais os atendentes de enfermagem, porém desde
1996, estão proibidos legalmente de efetuar novas contratações dessa categona.
De acordo com dados do Conselho Federal de Enfermagem (BRASIL, 1996)
98,3% do pessoal de enfermagem trabalhava em estabelecimento de saúde e destes,
70,4% atuavam em hospitais.
Marziale (1995), estudando as condições de trabalho de enfermagem em
hospitais, ressalta que elas vêm atraindo a atenção de muitos pesquisadores nas
ultimas décadas, devido ao risco que o ambiente oferece e ás peculiaridades das
atividades pela equipe de enfermagem, destacando, principalmente, o desrespeito aos
ritmos biológicos e aos horários destinados a alimentação, falta de programa de
trabalho, dimensão inadequada de mobiliários e espaços. Menciona, ainda que. dentre
as peculiaridades do trabalho de enfermagem, os tumos. principalmente aqueles cujos
esquemas de horários que se alteram, pode trazer prejuízos á alimentação, sono.
repouso e convívio familiar do trabalhador. O resultado disso leva á fadiga mental que.
19
conseqüentemente interferirá na produtividade e na qualidade da assistência e de vida
do trabalhador.
O trabalhador no hospital, no desempenho de suas funções submete-se a
determinadas condições laborai relacionadas a agentes físicos, biológicos, químicos,
além de vivenciar situações, tais como: divisão e organização do trabalho, sistema
hierárquico, relações de poder, conteúdos das tarefas, supervisão, jomada de trabalho,
esquemas de horários, salários, entre outros (SILVA; RIBGASGOMES; ANSELMI,
1993).
Marziale; Rodrigues (2002) acrescentam que, além dos riscos físicos, químicos
e biológicos, os trabalhadores de enfermagem durante a assistência ao paciente
encontram-se expostos a riscos no ambiente, causado por fatores ergonômicos e
psicossociais, que também podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de
trabalho.
A esse respeito, o Ministério da Saúde (BRASIL, 1995), define risco como uma
ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar lesões a
pessoa, danos a equipamentos e instalações ao meio ambiente, perda de material em
processo ou redução da capacidade de produção.
A palavra risco é proveniente do latim risius ou riscus, do verbo resecare
(cortar) e para Bulhões (1998), ela significa perigo, inconveniente, dano ou fatalidade
eventual, provável e ás vezes até previsível.
A legislação brasileira, mais especificamente o Ministério do Trabalho (Portaria
3214 de 08/06/1978), estabelece por meio deNormas Regulamentadoras - NRs - as
condições de salubridade e segurança no trabalho que as empresas devem cumprir. À
referida legislação regulamenta a obrigatoriedade e a composição do Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SESMT
(normalizada pela NR-5), cujas competências estão voltadas á identificação dos riscos,
visando á redução, eliminação e análise dos acidentes ocorridos na empresa, para
prevenir a repetição de eventos semelhantes(BINDER et al., 1997).
A NR-9 da portaria n® 3214n8, atualizada pela portaria n° 25, de 29/12/1994,
traz definições legais a respeito dos agentes potenciais de danos á saúde do
trabalhador (riscos) e dentre estes agentes estão: físicos. Químicos, biológicos,
mecânicos, ergonômicos e psicossociais(MEIRELLES, 1997). O significado etimológico
do termo acidente está relacionado á idéia de evento fortuito, de acaso, de imprevisto e
20
de fatalidade. Estes significados pertencem ao senso comum e referem-se aos eventos
de natureza geral que se caracterizam pela impossibilidade de controle dos fatores
causadores dos acidentes (BRAGA. 2000). No entanto, o acidente do trabalho é
legalmente definido em termos da Consolidação das Leis Trabalhistas como "aquele
que ocorreu pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão
corporal de perturbação funcional que causa a morte ou a perda ou redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho" e ainda como "acidente
sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho em conseqüência de: a) ato de
agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de trabalho
e em b) ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiros ou companheiro de
trabalho". Acrescenta-se ainda a "doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de suas atividades"(CAMPANHOLE, 1991).
A respeito de acidentes do trabalho, a legislação brasileira sofreu importantes
modificações desde a primeira lei datada de 1919, que conceituava risco ocupacional
como sendo natural á atividade profissional exercida (risco biológico, 2004).
.Para Brevidelli; Assayag; Turcato (1996) a inoculação parenteral foi
responsável pela maioria dos acidentes ocupacionais, geralmente ocasionados por
perfuração de agulha contaminada com sangue durante o reencape ou descarte da
mesma, como também por punção venosa. Corroborando com este achado verificou-se
que, no Estado de São Paulo, de acordo com o Boletim Epidemiológico (São Paulo,
SES, 2004), a grande maioria dos acidentes notificados foi causada por perfurações
com agulha oca (85,40%); contato de material biológico em mucosa ocular (5,76%),
pele não - íntegra (4,10%), mucosa oral(1,22%)e outros (3,52%). A agulha foi tanto por
estudos nacionais como intemacionais(DECKER, 1992; SARQUIS, 1999; OSHA,2001.
BÁLSAMO,2002; MARZIALE; RODRIGUES,2002; MARZJALE, 2003).
Diante do grande número de acidentes com material perfuro-cortante, entre
trabalhadores de saúde nos Estados Unidos, ações govemamentais daquele país
estabeleceram uma legislação específica para a prevenção de tais acidentes dentre as
estratégias utilizadas está a proibição do uso de agulhas sem mecanismo de
segurança. Desde então, tem sido dada atenção especial ao descarte do referido
material(REPAI, 2004).
As estratégias básicas utilizadas para a prevenção dos Acidentes em muitos
países estão centradas ainda nas Precauções Padrão (PP) estabelecido há mais de
21
uma década nos Estados Unidos da América. Neste pais, com o surgimento da AIDS,
as ações governamentais reformulam as questões referentes à prevenção e às
Precauções Padrão (PP). caracterizadas como barreiras físicas que evitavam contato
do profissional com material biológico, bem como técnicas decorrentes de manipulação
de descarte de agulhas e objetos cortantes. Apesar da importância das Precauções
Padrão, ainda existe resistência por parte dos profissionais no que tange a adoção
destas medidas.
Em estudo sobre a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) na
manipulação de material biológico humano, Bálsamo (2002) constatou que 66,67o/odos
trabalhadores usavam EPI no momento do acidente e que os demais justificaram a nãoutilização porque acreditavam que o procedimento não os expunha a nsco.
Estudo realizado por Sarquis (1999),
identificou que 84%
dos trabalhadores de
^ ,,co de EPI
Dor desacreditarem na
enfermagem julgaram desnecessário
octflvam maniDulando.
Para a referida autora o
contaminação do matenal que estavam
manipuidi
irabalhador nâo conaague ter uma vleío ampliada do pracesao de trabalbo,
reetrlnoindo.s. apenas à .««idade teonica do procedimento, fatores, que interferem no
uso de EPI.
.
Nishide et al (2004), pesquisando a adesão dos profissionais ao uso de EPI
constataram que apenas 40% dos trabalhadores faziam uso dos Equipamentos de
Proteção individual, evidenciando que estes avaliavam de formas equivocadas a
utilização dos mesmos durante os procedimentos a serem realizados, por nao
valorizarem a real importância do seu uso para a prevenção dos acidentes
ocupacionais.
•
rvox
Dentre os EPIS utilizados estão as luvas. A esse respeito, Brevidelli (20 ),
constatou um elevado índice de adesão ao uso desse equipamento de proteção, em
relação aos demais tipos de EPIS, no entanto, considerou que os profissionais
r.c riem nnt(»nciais de contato extra manual com fluidos
continuavam subastimando os risco potenciaií»
orgânicos.
Além dos problemas relacionados à utilização de EPI, às condições inseguras
do material disponível, bem como às condições inadequadas do ambiente de trabalho
em muitos hospitais, há ainda os problemas relacionados à proteção vacinai dos
trabalhadores de saúde contra doença como a Hepatite B, por exemplo.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2001) mostram
11
que o numero de profissionais da saúde não-vacinados contra a Hepatite B é muito
alto nas varias categorias profissionais. Estudo realizado no periodo de 1997 a 2001,
por este órgão, identificou que 47,6% dos trabalhadores do setor da limpeza, 34% dos
laboratoristas, 31%dos trabalhadores de enfermagem de nível médio, 21% dos
enfermeiros. 17,6 dos médicos e 9,9% de dentistas da amostra investigada não eram
vacinados contra a Hepatite B.
Para Brevidelli; Assayag; Turcato (1995) é difícil explicar a despreocupação
dos profissionais de saúde com as exposições ocupacionais a material biológico e
outros fluidos orgânicos antes do surgimento da AIDS. Embora o risco de aquisiçao de
hepatite já existisse, foi o surgimento da AIDS, talvez por ser esta uma doença fatal,
que fez com que o profissional da saúde repensasse em sua vida com mais segurança.
2,4.A enfermagem no contexto dos riscos biológicos
Os riscos biológicos que acometem esta categoria de trabalhadores são
representados, principalmente, pelas infecções causadas por bactérias, vírus e fungos
e em menor grau pelos protozoários, helmintos e artrópodes. Porém, hoje as principais
infecções/doenças, que mundialmente são apontadas como os principais riscos
biológicos são: a tuberculose pulmonar, a citomegaloviros, as hepatite virais, o vírus da
imunodeficiéncia humana (HIV), e não raro essa população de trabalhadores pode ser
acometida por varias outras doenças infecciosas,(BULHÕES, 1998).
2.4.1 — Hepatites Virais
Hepatite é o termo genérico para inflamação do fígado que, convencionalmente,
designa alterações degenerativas ou neuróticas dos hepatócitos, podendo ser aguda ou
crônica, tendo como causas uma variedade de agentes(BRASIL, 2001).
Hepatite B
É definida como inflamação causada pelo vírus da hepatite B (VHB), agente
infeccioso da família Hepadnaviridae, cujo material genético e constituído por DNA. O
seu período de incubação varia entre 45 e 180 dias, podendo a transmissão ocorrer por
via sexual e, muito freqüentemente, por exposição percutâneo (intravenosa,
23
intramuscular, subcutânea ou intradérmica) ou ainda por meio de exposição de mucosas
aos fluidos corporais infectados, tais como: o sangue, saliva, sêmen, secreções vaginais;
no caso da mulher grávida há a possibilidade de transmissão vertical (matemo-fetal)
(BRASIL, 1999).
As estimativas indicam que 90% das crianças contaminadas verticalmente
podem tornar-se portadores crônicos vírus, sendo nestes casos, elevada a evolução
para cirrose e hapatomegalia. Nos pacientes sintomáticos, a hepatite B, freqüentemente
evolui para as seguintes fases:
Fase prodrômica: sintomas inespecíficos de anorexia, náuseas e vômitos,
alterações do olfato e paladar, cansaço, mal-estar, artralgia, mialgias, cefaléia e febre
baixa;
Fase ictérica; inicio após 5 a 10 dias da fase prodrômica, caracterizada pela
redução da intensidade dos sintomas e a da ocorrência de icterícia.
Fase de convalescença: desaparecimento gradativo dos sintomas,
geralmente 2 a 12 semanas (BRASIL, 1999).
A hepatite B pode evoluir sem manifestações agudas em mais da metade dos
indivíduos que a contraem. De 90 a 95 por cento das pessoas que adquirem a doença
evoluem espontaneamente para a cura, enquanto de 5 a 10 por cento tomam se
portadores crônicos do vírus, podendo transmiti-lo para outros indivíduos por vários
anos ou pelo resto da vida. A forma crônica é caracterizada por um processo
inflamatório contínuo no fígado com duração superior a seis meses. Como
conseqüência, os portadores crônicos de hepatite B podem evoluir para a cirrose
hepática, carcinoma hepatocelular e hipertensão do sistema porta, com episodios de
hemorragias digestivas que gera\mente causam óbitos.
Em 1999, a CDC estimou que, no mundo inteiro existem milhões de portadores
crônicos do vírus da hepatite B, geralmente com infecções de curso prolongados, sem
qualquer sintomatologia. O risco de um profissional de saúde se contaminar com o vírus
da hepatite B é de aproximadamente 100 vezes mais do que o risco de soroconversão
pelo HIV e 10 vezes mais do que o risco para o vírus da hepatite C{CDC, 2001).
Segundo Basso (1999), é reconhecido o risco de transmissão do HBV para
profissionais da área da saúde. A transmissão normalmente ocorre por exposição per
cutânea, contato com a pele não-íntegra ou por membrana ou por mucosa. O ministeno
da Saúde do Brasil reconhece ainda que a soroprevalencia do HBV nos trabalhadores
24
da saúde é elevado, em tomo de duas a quatro vezes maiores que na população geral
(BRASIL, 2001).
O risco de contrair o HBV por meio de acidente perfura cortante com sangue
sabidamente contaminado varia de 6 a 30 porcento. Uma quantidade ínfima de sangue
contaminado (O, 0001 ml) é suficiente para a transmissão do vírus (BRAS)L, 2000).
Comparado com outras doenças, o risco de adquirir hepatite B é cerca de 100 vezes
maior que o risco de soro conversão pelo HWI e 10 vezes maior que o risco para o vírus
da hepatite O(CDC. 2001 ).
Desde a sua descoberta por Baruch , Blumberg e Coll, nos anos 60, muito se
aprendeu a seu respeito, porem, até aos dias atuais, muitos estudos apontam a
elevada prevalência da doença em vários segmentos da população em geral,
especialmente entre os profissionais expostos a acidentes perfurocortantes,
envolvendo material biológico, como é o caso dos profissionais da saúde(COELHO et
al, 1990; BULHÕES, 1998; BALSANO et al..,200ü).
Estudo realizado em um grande hospital de São Paulo-SP, cujo objetivo era
estimar o risco de infecção nosocomial pelo VHB e os fatores interferentes, mostrou que
"em algumas áreas hospitalares a prevalência de infecção (atual ou pregressa) chega a
alcançar índices superiores a 30%, correspondendo a uma freqüência de cerca de 10
vezes superior ás encontradas nas comunidades onde se localizam os hospitais"
(FOCCACIA et al, 1996).
Igualmente, o Ministério da Saúde do Brasil reconhece que a soroprevalencia do
VHB nos trabalhadores da saúde é elevado, em tomo de 2 a 4 vezes maior que na
população em geral, com incidência também de 6 a 10 vezes mais(BRASIL, 2001).
Dado este quadro, as principais medidas de prevenção e controle do vírus da
hepatite B, com impacto em saúde pública são as referentes á profilaxia pré e pósexposição, a tomada de precauções em relação a pacientes internados, ao controle do
sangue e seus derivados alem da vigilância epidemiológica da doença. Desse modo, a
vacina pré-exposição a pessoas susceptíveis constituiu-se no meio mais efetivo para
impedir a sua progressão e quebrar a cadeia de transmissão da infecção (SÃO
PAULO, 2002).
Sendo assim, faz-se necessária adoção de medidas preventivas para evitar a
transmissão da hepatite B para os trabalhadores da área da saúde. A imunização é
uma delas, fortemente recomendada. São três doses de vacina que devem ser
25
administradas com esquema de O, 1 e 6 meses (COC, 1998). No Brasil, a vacina é
gratuita para profissionais da área da saúde, estando disponível nas Unidades Básicas
de Saúde (BRASIL, 2000).
Após exposição ocupacional ao material biológico, existe comprovação de que o
risco de infecção pode ser reduzido, mesmo em profissionais não imunizados, com o uso
de vacina associada ou não a gamaglobulina hiperimune para hepatite B (BRASIL,
1999).
Em pessoa vacinada sem resposta adequada, isto é, com anti-Hbsag no soro
menor do que 10 U/ml, considerando o paciente-fonte HBSAG positivo ou desconhecido
com risco (poli transfundido, com cirrose, em hemodiálise, HIV positivo e usuário de
drogas ilícitas por via endovenosa que compartilham seringas e agulhas), aplicar uma
dose de HBIG e revacinar (administrando-se novamente três doses de vacina contra
hepatite 0,1 e 6 meses, sendo a chance de resposta de 60%), mas caso continue sem
resposta adequada, a situação deve ser discutida individualmente ou aplicar 02 doses de
HBIG com intervalo de um mês entre elas. Para pessoa vacinada com resposta não
conhecida, na mesma situação do paciente-fonte descrita (ant i- HbsAg > ou = 10 Ul/ml)
não imunizar, e naquele sem resposta adequada aplicar 02 doses de HBIG, com
intervalo de 01 mês entre elas. Sendo o paciente - fonte Hbsag desconhecido e sem
risco, pra a pessoa vacinada sem resposta adequada (anti-Hbsag < lOUl/ml) vacinar
como referido na orientação anterior; com resposta desconhecida á vacina, fazer antiHBsAg, e se for maior ou igual a 10 Ul/ml não imunizar, se revacinar, e não ocorrer
resposta adequada, isto é, anti-HbsAg < lOUl/ml, revacinar como orientado acima(SÃO
PAULO. 2002).
A adoção de medidas de biossegurança, como a utilização dos Equipamentos
de Proteção Individual (EPI) e cuidados redobrados ao manipular equipamentos
pontiagudos e/ou perfurocortantes que tenham contato com material biológico, também
são formas de prevenir a infecção cruzada e diminuir os riscos de acidentes com
exposição a material biológico. Como o vírus da hepatite B é bastante estável em
superfícies ambientais, podendo apresentar infectividade por pelo menos uma semana
(SANTOS, 2000), outra medida eficaz é a adoção de rotinas de desinfecção e/ou
esterilização de materiais, equipamentos e desinfecção de superfícies.
Hepatite C
26
o HCV pode ser transmitido por via parenteral, sexual e perinatal. Embora o
vírus seja encontrado na saliva de pelo menos metade dos portadores, a taxa de
transmissão pela saliva é baixa. A exposição a sangue ou plasma contaminado é a
forma mais importante de transmissão da HCV, associada principalmente á transfusão
de sangue e derivados e aos usuários de Drogas injetáveis(TENGAN, 1997).
Segundo o COC (1998) e WHO (2000), a hepatite O já atinge 200 milhões de
pessoas, um a cada 30 habitantes do planeta. O mais alarmante é que se trata de uma
doença que raramente produz sintoma e seu diagnóstico geralmente é tardio, numa
fase em que o fígado já esta comprometida.
Segundo o CDC (1998), o período de incubação para hepatite C é de seis a
sete semanas. Grande parte das pessoas com infecção aguda desenvolve infecção
crônica pelo HCV com viremia persistente e tem potencial para transmitir a infecção
para outras pessoas. Muitos dos que têm infecção aguda de HCV (60 a 70 por cento)
não apresentam manifestação clínica da doença. Destes, de 10 a 20 por cento podem
apresentar sintomas inespecíficos, como falta de apetite, fadiga e dor Abdominal
(CLEVELAND et al, 1999).
Segundo Gilicrist (1999), a hepatite C pode ser considerada a infecção viral
mais séria da hepatite devido à sua alta capacidade de cronicidade. Somente 15%
daqueles com infecção aguda recuperam-se, enquanto 85% dos acometidos têm uma
infecção crônica com possibilidades de desenvolver cirrose, carcinoma hepatocelular
em um terço dos casos e até falência hepática.
A hepatite C é, geralmente, assintomática na fase aguda com apenas 20 a 30%
dos pacientes desenvolvendo sintomas leves. No entanto, o alto nível de cronificação
(85%) leva ao aparecimento de seqüelas, como a cirrose e tumor primário de fígado.
Esta evolução é provavelmente influenciada pela via de infecção, volume do Inócuo,
idade do hospedeiro, imuno - competência e o perfil genético do paciente (BULHÕES
1998).
Dados estatísticos mostram que 1 a 2,4% dos doadores de sangue, na América
Latina é positiva quanto ao anticorpo para o vírus da hepatite C (anti-VHC). A França,
com cerca de 60 mil pessoas infectadas pelo VHC, estima em 80% a proporção de
virêmicos, sendo que apenas poucos conhecem sua condição em relação ao VHC;
enquanto no Canadá as conseqüências hepáticas, da doença representam o principal
27
motivo de indicação para o transplante do fígado. Até 90% das pessoas infectadas
tomam-se portadoras durante um período indeterminado, para as quais as taxas de
ocorrências de seqüelas são: 50% apresentam em 10 anos a fadiga intensa; 25%, em
20 anos a cirrose hepática a 5%, após 30 anos, o câncer do fígado(BULHÕES, 1998).
Até 1999 a literatura intemacional registrou cerca de 60 casos confirmados
decorrentes da exposição ocupacional em trabalhadores da saúde, em decorrência de
acidentes com material perfuro cortante, (agulhas ou material cirúrgico) contaminado,
manipulação, acondicionamento, ou emprego de sangue ou seus derivados e pelo
contato com material proveniente de pacientes infectados (BRASIL, 2001).
O risco de transmissão do HCV após acidentes profissionais está estimado em
tomo 1 .8% podendo variar de O a 7%, sendo os procedimentos invasivos os maiores
responsáveis por esse índice (GILLCRIST, 1999).
Para os profissionais da saúde tais dados representam uma preocupação, uma
vez que a sua principal forma de transmissão é pela exposição parenteral envolvendo
sangue ou derivados de sangue de pessoas infectadas. Os fatores de risco para a
aquisição do vírus incluem a transfusão de sangue, uso de drogas injetáveis, parceiro
sexual VHC positivo, prática sexual com múltiplos parceiros sem o uso de preservativo,
contato domiciliar com pessoa VHC positiva (Brasil, 2002). Portanto, as exposições que
envolvem sangue ou qualquer material biológico, para efeitos de seguimento, devem
ser consideradas de risco (RAPPARINI; CARDO 2004).
Para Basso (1999), os trabalhadores da área da saúde devem adotar medidas
preventivas para o controle da hepatite C, tais como educação continuada, uso de EPI
e dispositivos que minimizem o risco de acidente de trabalho com sangue e outros
fluídos corpóreos. Não existe nenhuma medida específica eficaz para redução cfo risco
de transmissão após exposição ocupacional ao vírus da hepatite O {R\SCO
B\OLOG\CO, 2004}.
Quanto á vacina contra o HCV, além de não existir, no momento é remota a
chance de que venha a ser desenvolvida, devido à diversidade e habilidade de
mutação do vírus. E estudos não comprovaram nenhum benefício no uso profilático de
gamaglobulina ou do interteron em indivíduos que sofreram exposição acidental ao
HCV (CARDO, 2(J(]3J.
Portanto, a única medida eficaz para eliminação do risco de infecção pelo vírus
da hepatite C é a prevenção da ocorrência do acidente.
28
2.4.2 - Síndrome da Imunodeficíência Adquirida
O agente etiológico da AIDS é um retrovirus humano atualmente denominado
HIV (Humann Immunodeficency Vírus). Os retrovirus contêm RNA e usam a enzima
transcriptase reversa para fazer uma cópia de seu genoma, que vai interferir no
comando da célula(GUANDALINE et al., 1999).
O HIV já foi isolado no sangue, linfônodos, cérebro, sêmen, leite materno,
secreção vaginal, líquido cefalorraquidiano, saliva, lágrimas, líquido pericárdíco, líquido
pleural, líquido sinovial e líquido amniótico de pacientes. No entanto, sua transmissão
somente ficou comprovada no caso do sangue, do sêmen, das secreções vaginais e do
leite materno (Brasil, 1994; AM ATO NETO, 1996).
Como a exposição parenteral é uma séria via de transmissão do HIV, os
profissionais da saúde estão expostos ao contágio no exercício de sua profissão. A
transmissão ocupacional da AIDS tomou-se uma ameaça concreta para os profissionais
da área da saúde a partir do primeiro caso comprovado de contaminação, ocorrido num
hospital da Inglaterra em 1984(ODA, 1196). Femandes (2000b) relata que, ao longo de
quase 10 anos, foram documentados entre os profissionais da área da saúde 79 casos
de aquisição de HIV pós-exposição a material biológico em todo o mundo, e existe mais
de 145 suspeitos. O CDC (2003) estima que a taxa de soroconversão pós-exposição
ocupacional por ferimento percutâneo com sangue infectado pelo HIV é de 0,3% e para
exposição de membrana mucosa, de O, 1%.
A maior preocupação em relação á transmissão do HIV entre os profissionais
da saúde reside no fato de que a forma mais freqüente de transmissão do vírus ocorre
em exposições per cutânea, resultantes de acidentes com materiais perfurocortantes, e
as recomendações atuais, para esse fim, ainda não são capazes de prevenir tais
acidentes (LACERDA,2003).
Os riscos de um profissional de saúde infectado pelo HIV/AIDS transmitir o vírus
para os pacientes, durante a realização de algum procedimento, é extremamente baixo.
Desde o inicio da epidemia foram publicadas apenas três circunstancias referindo-se a
tal contaminação. No primeiro caso descrito na Flórida, seis pacientes foram
contaminados por um dentista e após extensa investigação não se identificou nenhum
procedimento especifico responsável pela transmissão do vírus no consultório dentário.
29
o segundo caso de transmissão ocorreu na França, em 1992, com a contaminação de
uma paciente por um cirurgião infectado pelo HiV, durante a realização de uma cirurgiSa
ortopédica. O terceiro também na França envolveu uma enfermeira infectada, tendo sido
descrito no ando de 2000(HIV/AIDS RISCO DE TRANSMISSÃO..., 2003).
Inúmeros desafios terão ainda de ser enfrentados em relação a transmissão do
HIV tanto na população em geral como entre os profissionais que lidam
permanentemente com material biológico de risco, porém, muitas conquistas já foram
obtidas, podendo ser encontradas nas Diretrizes do Ministério da Saúde . Elas indicam,
cuidados locais, na área exposta, medidas especificas de quimioprofilaxia,
acompanhamento sorológico para detectar a possibilidade de soroconversão no período
de até seis meses, pelo menos, após o acidente, além do aconselhamento para não
fazer doação de sangue, órgãos, tecidos, sêmen, não engravidar, não amamentar, não
compartilhar seringas e agulhas e usar ou solicitar a emprego de preservativos em
qualquer tipo de relacionamento sexual, durante o período de observação; comunicar a
acidente de trabalha e solicitar o teste para a HIV do paciente-fonte, com o
aconselhamento pré e pós-teste, com informações sobre a natureza do teste, a
Significado dos seus resultados e as implicações para a profissional de saúde envolvido
no acidente (BRASIL, 1999).
No entanto, sendo o acidente percutâneo o maior responsável por estas
transmissões, á probabilidade de os profissionais se infectarem com o HIV está
relacionada a vários fatores, entre eles o volume de sangue, a carga viral e a
profundidade da lesão(SANTOS,2002).
Quanto aos procedimentos no caso de exposição a material biológico,
recomenda-se realizar cuidados imediatos com a área exposta e, se o paciente-fonte for
conhecido, levantar informações sobre doença prévia ou situaçao sorologica para HIV,
HBV, HCV e orientá-lo sobre a importância da realização dos testes sorológicos para o
profissional de saúde acidentado, medidas específicos de quimioprofilaxia devem ser
adotadas independente dos resultados dos testes do paciente-fonte ou após minuciosa
avaliação da exposição (prevalência da infecção naquela localização, origem do
material e gravidade do acidente). No caso de fonte desconhecida, deve-se fazer
acompanhamento sorológico para detectar a possibilidade de soroconversão no período
de até seis meses pelo menos e aconselhar para não fazer doação de sangue, órgãos,
tecidos, sêmen, não engravidar, não amamentar, não compartilhar seringas ou agulhas
30
e usar ou solicitar ouso de preservativos em qualquer tipo de relacionamento sexual,
além de comunicar o acidente de trabalho(BRASIL, 2000).
2.4.3 - Tuberculose
O agente etiológico da tuberculose é o bacilo Mycobscteríum tuberculosis,
também chamado bacilo de Koch. A fonte mais comum e freqüente de infecçâo são os
seres humanos, que podem eliminar grande quantidade desse bacilo principalmente
através do trato respiratório.
Em relação á sua transmissão, Fernandes (2000b) diz que se dá principalmente
pelas partículas em suspensão aérea, de 1 a 5 p, originárias de pacientes com a forma
pulmonar ou laríngea. E um doente bacífero pode gerar durante a tosse cerca de 3.000
partículas infectantes, número igual ao obtido durante cinco minutos de conversação.
Em relação á tuberculose, o debate sobre a sua transmissão nosocomial não é
recente, vai desde a demonstração de seu caráter transmissível, até os dias atuais. No
entanto, o debate em torno do assunto ressurgiu nos anos 90, motivado pelo aumento
da prevalência nos paises desenvolvidos, instrumentalizado pelas técnicas de biologia
molecular e associado à epidemia da AIDS, mesmo tendo a transmissão hospitalar, o
risco de infecção tuberculosa e a doença ativa no profissional da área de saúde sido
evidenciados desde o inicio do século, a adoção de programas de avaliação e
seguimento dos trabalhadores não se tem efetivado, sobretudo nos paises de alta
prevalência nos quais o risco comunitário é elevado(RESENDE,2003).
O risco de transmissão entre os profissionais da saúde esta relacionado a
fatores como prevalência da doença, perfil dos casos atendidos, área de trabalho, grupo
ocupacional, tempo de trabalho na área e medidas de controle(RESENDE, 2004b).
Resende (2004b) acrescenta que em diversos estudos feitos no Brasil foi
constatada uma elevada prevalência de infecção tuberculose entre os profissionais da
saúde, superior á população geral.
A avaliação da resposta de hipersensibilidade tardia ao bacilo da tuberculose
geralmente é feita através de um teste intradérmica realizado com PPD (Derivado
Protéico Purificado). Obtido do filtrado de culturas do bacilo de Koch.
No estudo de Miller e Moriarty (1993) já citado, observa-se que houve um
aumento na conversão de PPD entre os estudantes de Odontologia, o que faz supor
31
que no período em que estiveram na faculdade, àqueles alunos tiveram contato com o
bacilo da tuberculose, não tendo obrigatoriamente desenvolvido a doença..
Para Santos (2002), a tuberculose e deve ser tratada como uma doença de
risco ocupacional importante, necessitando de intervenção efetiva no sentido de
prevenir ou controlar sua transmissão. Deve-se saber também que, além da tuberculose
pulmonar o bacilo de Koch pode provocar a meningite tuberculosa, a tuberculose óssea
ou Mal de Pott, a tuberculose renal e a tuberculose gânglionar, entre outras doenças
(BRASIL, 2000).
Em 1992, OMS estimava estar ocorrendo no mundo de 8 a 10 milhões de casos
novos e três milhões de óbitos e ainda que, na região Subsaariana, de 20 a 60% dos
pacientes com tuberculose já se encontravam infectados pelo HIV (CROFTON et al.,
1992).
Este quadro é particularmente preocupante para os paises africano, sobretudo
na região Subsasriana, na qual se observa grande progressão do HIV, que conforme
referido se encontra freqüentemente associado á tuberculose. Conforme refere à
Organização Mundial de saúde, em relação ao HIV.
Os países mais severamente afetados pelo MIV/S/DA são os paises de baixo
rendimento, onde tem havido ate agora pouco progresso emir ao encontro das
necessidades básica sem saúde da população em gerai, e em particular das
pessoas infectadas pelo HIV(OMS, 2002, p.8).
O risco de infecção apresentado pela bactéria Mycobacterium tuberculosis entre
os profissionais de saúde está relacionado a fatores como: prevalência da doença; perfil
dos casos atendidos; área de trabalho, grupo ocupacional; tempo de trabalho na área de
saúde e medidas de controle adotadas pela instituição (RESENDE, 2003).
Ainda segundo o mesmo autor, em meados da década de 80 nos EUA, após
mais de 30 anos de declínio da TB (tuberculose), houve uma reversão, observando-se
surtos intra-hospitalares, o que direcionarem profissionais e administradores para
renovados esforços de controle da doença.
Como se pode constatar são inúmeros os fatores que potencializam a
gravidade dessa enfermidade, sendo que a sua combinação com o HIV transforma-o em
uma doença que pesa de maneira desproporcional sobre as pessoas socialmente
desfavorecidas (Senghor. 1987).
32
2.5 - Biossegurança
No Brasil, a legislaçào de biossegurança está formatada legalmente apenas para
os processos envolvendo organismo geneticamente modificado, através da Lei de
Biossegurança, n°. 8.974, deõ de janeiro de 1995.
Isto se deve ao fato de que, inicialmente, esse tema era abordado por
profissionais ligados a laboratórios que faziam a manipulação de microrganismos
geneticamente modificados (NHAMBA, 2004). Hoje, porém, percebe-se que vem se
ampliando a discussão sobre o tema e a abordagem está tomando novas dimensões,
estando a biossegurança relacionada á proteção da vida.
Para Teixeira e Valle (1996), Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para
prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes ás atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviço, visando a
saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos
resultados.
Segundo HoefeI e Scheneider (1997), Biossegurança pode ser definida como o
conjunto de normas e procedimentos elaborados com o objetivo de proteger a saúde e
evitar a aquisição de doenças e/ou agravos durante atividades profissionais de risco.
Bottosso (2004) considera o significado da Biossegurança para área de saúde,
ou seja, diz que se trata de um conjunto de ações interdisciplinares, educativas e
administrativas, que, somadas aos componentes e atitudes éticas dos profissionais no
contexto da prática assistencial, vão efetivar as medidas adotadas pela equipe para a
prevenção, minimização ou eliminação do risco físico, químico, biológico, ergonômico e
do risco de acidente a que ficam expostos não só o profissional como o usuário do
serviço, promovendo a qualidade de vida.
Independente de existirem várias definições para biossegurança, o que se nota
é que essa palavra tem sido muito usada quando se fala da saúde do trabalhador e da
prevenção de acidentes, ou seja, quando se trata da segurança frente aos riscos
tradicionais, e não apenas aos que envolvem tecnologia de DNA recombinante, para os
quais a Lei n°. 8.974/95 foi formatada(COSTA, 2004).
Considerando que os profissionais da área da saúde estão expostos a sangue
e demais fluidos corpóreos em sua atividade, e que por isso podem contrair patógenos,
em 1985, o CDC introduziu a adoção de medidas de proteção, conhecidas como
33
Precauções Universais (PU), depois reformuladas pelo Guideline for Isolation in
Hospital para Precauções-Padrão (PP).
Tais medidas constituem uma tentativa para reduzir os riscos de transmissão
de microrganismos de fontes conhecidas e não conhecidas, sendo designadas para o
atendimento de todos os pacientes, ou seja, deve ser aplicado sempre existir o risco de
contato com sangue e todos os fluidos corporais do paciente(GARNER, 1996).
A adoção das medidas dificultaria que os microrganismos de que o paciente
possa ser portador, como os da gripe, pneumonia, tuberculose, herpes simples,
hepatite e AIDS, acometam o profissional e/ou outros pacientes; vale ressaltar que os
microrganismos podem existir em um individuo sem lhe causar doença, mas podem ser
prejudiciais se transferidos para outra pessoa.
Essa conduta se justifica pela possibilidade de se prestar assistência a clientes
portadores de infecções que não tenham sido identificados pela historia clinica e exame
físico. Assim, todo cliente passou a ser considerado como fonte de risco potencial de
transmissão de infecção, independente da existência de suspeita ou confirmação de
que ele tenha uma doença infecciosa (GRAZIANO, et al., 2000).
É necessário, porem, destacar que as precauções-padrões podem ajudar a
reduzir, mas não eliminam o risco de exposição ocupacional (SHIMIZU; RIBEIRO,
2002).
Para Gaivão (1999), o não cumprimento das regras de biossegurança, além de
produzir um risco alto mais evitável de contaminação e conseqüente repercussões
éticas, administrativas, legais e civis amplamente debatidos, traz outro problema ainda
não valorizado, que é o terreno fértil para a litigància de má-fé.
Selei (2003) diz que a maioria dos profissionais não segue essas normas em
suas atividades diárias resultando em constantes acidentes, os quais podem colocar a
saúde dos profissionais em risco.
Prova disso são os estudos realizados por Sarquis e Felli (2000) num hospital.;
eles observaram que a categoria auxiliar de enfermagem é a que mais sofre
acidentes,e 70% dos acidentes são com materiais perfurantes, mais freqüentemente
com a agulha de injeção. Outro dado relevante é que, dos profissionais que se
acidentaram, somente 50% estavam utilizando equipamento de proteção; mas 79,62%
dos trabalhadores tinham equipamentos de proteção á disposição no local de trabalho.
Embora tanto a aderência às precauções padrão quanto uso de rotinas
34
apropriadas sirvam de barreiras contra microrganismos, amenizando os riscos, muitos
profissionais continuam expostos.
Para Teixeira e Santos (1999), adotar medidas de biossegurança a fim de
realizar o controle de infecção é uma necessidade moral e legal que toma a razão do
trabalho verdadeira e valoriza o profissional de saúde e a profissão diante do paciente e
da sociedade. Sabe-se que a mudança de comportamento não ocorre repentinamente, é
preciso um trabalho continuo para conscientização e conseqüente transformação (Prado
et al.. 1999).
Para Azambuja et al. (2001), o processo educativo e um importante caminho a
ser percorrido, no sentido de transformar o cotidiano, visando através da a adoção de
medidas de proteção no ambiente de trabalho, uma qualidade de vida alicerçada no
desenvolvimento de uma pratica segura, digna de humanos que trabalham com
humanos.
Para o alcance efetivo dos princípios preconizadas, com vistas à redução de
riscos entre profissionais da saúde. Bulhões (1998) refere que as medidas de prevenção
devem na prática, contemplar a adoção de comportamento de segurança mediante a
formação, educação continuada, supervisão qualificada, organização do trabalho,
provisão de recursos materiais, inclusive com a utilização de equipamentos de proteção
individual (EPI). para que os procedimentos indicados no cuidado aos doentes sejam
cumpridos rigorosamente.
2.6.1 - Princípios Básicos para o Manuseio de Materiais Perfurocortantes
Esses princípios incluem vários aspectos que podem diminuir os riscos do
profissional de saúde se acidentar com esses materiais, os quais serão descritos em
seguida;
- Máxima atenção durante a realização dos procedimentos;
- Não utilizar os dedos como anteparo;
- Não reencapar, entortar, quebrar ou retira-las das seringas com as mãos;
- Mesmo que estéril todo material perfurocortantes (agulhas, scalpe, lâminas de
bisturi, vidraria entre outros) deve ser desprezado em recipientes resistentes à
perfuração e com tampa.
- Os recipientes específicos para descarte de material não devem ser
35
preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total, e devem permanecer
próximos aos locais onde são realizados os procedimentos(MACHADO et ai. 2003).
Quando o acidente não puder ser evitado, além das medidas de quimioprofilaxia
descritas anteriormente tanto para a hepatite B como para o HIV. algumas medidas
gerais devem ser tomadas imediatamente após o acidente em relação à região do corpo
afetado, podendo deste modo diminuir-se o risco de infecção.
Os cuidados locais em relação à região do corpo exposto ao material biológico
incluem, lavagem exaustiva com água e sabão em caso de exposição percutâneo.
podendo também ser recomendado o uso de soluções anti-sépticas degermantes(PVP iodo ou clorexidina). Em casos de exposição de mucosas é recomendada a lavagem
exaustiva com água ou solução fisiológica, são. no entanto contra indicados
procedimentos que possam aumentar a área exposta como. por exemplo, cortes,
injeções locais e a utilização de soluções irritantes como eter. hipoclonto ou
glutaraldeido( MACHADO et ai. 2003 ).
Todos esses recursos se utilizados de forma eficaz e oportuna associados a
outras estratégias como refere Bulhões (1998). tais como: a comunicação do acidente
de trabalho, registro competente o tratamento precoce de qualquer lesão, a
disponibilidade de serviços de atendimento aos trabaihadores para que em casos de
dijvida estes possam ter onde recorrer para informar-se. é igualmente da mator
importância na definição de estratégias para redução do impacto que os mesmos têm
provocado entre os trabalhadores.
A ausência de estruturas para atendimento e notificação, em muitas instituições
prejudica as estatísticas reais sobre a incidência de acidentes de trabalho envolvendo
material biológico e a monitorizarão de suas tendências, outro problema é que, onde o
sistema de vigilância está implantado este, na maioria das vezes não cobre os acidentes
ocorridos no setor informal, que representa uma parcela importante dos mesmos, e
quando estes são cobertos, muitos trabalhadores minimizam esse risco, ou receiam a
sua relação com a falta de habilidades, elevando ainda mais os índices de sub
notificação, como apontam alguns autores(MENDES, 1988; BRANDI, et a!., 1998).
As normas e procedimentos padronizados com o fim de auxiliar os profissionais
de saúde a diminuírem as grandes conseqüências que as exposições a material
biológico podem causar na atuação profissional.
Segundo Shimuzu e Ribeiro (2002, p. 368)...
36
o uso de tais medidas pressupõe que todos os profissionais podem
ser potencialmente infectados por patógenos, Consequentemente, esses devem
se prevenir com mediadas de barreira, sempre que houver possibilidade de
contato com sangue e fluidos corporais. "Faz necessárío, porém, destacar que
essas medidas podem ajudar a reduzir, mas não eliminam o risco de exposição
ocupacional".
Nos EUA, conforme refere Gamer (1996). em 1982. CDC recomendava a
prevenção do contato direto da pele ou das membranas mucosas com sangue,
secreções, excreções e tecidos de pacientes com suspeita ou diagnóstico de AIDS, com
base nas observações iniciais de que a doença era causada por um agente
transmissível com efeito, as recomendações enfatizavam as mesmas precauções antes
indicadas a pacientes sabidamente infectados pelo vírus da hepatite B, estas
recomendações, denominadas "Precauções contra sangue e fluidos corporais .
incluíam:
• A manipulação cuidadosa de instrumentos perfurocortantes contaminados
com material biológico, devendo para o efeito ser utilizado coletor resistente
para descarte desses materiais, e evitar reencapar agulhas e a desconexão
da agulha da seringa;
•Uso de luvas e de capotes (aventais) quando existir a possibilidade de
contato com sangue,fluidos corporais, excreções, secreções;
•Lavagem das mãos após a retirada das luvas antes da saída do quarto dos
pacientes, e também sempre que houver exposição a sangue;
• Utilização de desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, na limpeza de
áreas com respingos de sangue ou outros materiais biológicos;
• Cuidados específicos, no laboratório, na manipulação das amostras, como
a necessidade de se utilizar somente pipetas mecânicas;
•Transporte de materiais contaminados em embalagens impermeáveis e
resistentes; proceder a marcação, com rótulos e etiquetas, dos artigos médico
hospitalares e de exames colhidos identificando-os como material proveniente
de pacientes com AIDS .
São normas para a utilização de luvas de procedimento:
37
®
Colocar as luvas para tocar, ou quando tocar, sangue, fluidos corpóreos,
secreções, excreções, objetos contaminados, mucosa e pele não intacta.
• Nunca tocar em superfície qualquer usando luvas contaminadas.
• Retirá-las imediatamente após o uso, e lavar as mãos.
• Trocar as luvas após cada contato com cada paciente, mesmo que sem sujeira
visível e antes de tocar itens não contaminados e superfícies ambientais.
• Na utilização de luvas em um mesmo paciente, mantê-las livre de contaminações
aparentes.
• Em situações de risco iminente de contaminação, utilize duas luvas ( por
exemplo: remoção de fecaloma ).
• Na impossibilidade de realizar a troca de luva entre cada assistência a pacientes
diferentes, realizara lavagem das mãos enluvadas.
• Se não for disponível luvas, friccionar álcool 70° nas mãos enluvadas
• Para retirar as luvas evite tocar a parte contaminada com as mãos.
São indicações para o uso de avental:
• A equipe que fica muito tempo em contato direto com o paciente.
• Quando existe o risco de contaminação (precauções padrão, entéricas e de
contato, devem ser utilizadas um avental de manga longa e individualizado por
paciente);
• Nos procedimentos evasivos cirúrgicos, este deverá ser estéril e imediatamente
descartado após o uso;
• Em mães que irão amamentar seus filhos
Em 1985, foram publicadas recomendações mais detalhadas sobre a
prevenção da transmissão do HIV nos serviços de saúde pelo CDC, tendo as mesmas
sidas atualizadas em 1987, após conhecimento da possibilidade de transmissão do vírus
por contato muco cutâneo com sangue e de que a infecção pelo HIV poderia ser
desconhecida na maioria dos pacientes, causando risco de exposição aos profissionais
de saúde. Com base nestas conclusões, o CDC preconizou o conceito de 'Precauções
Universal'. As Precauções Universais são um conjunto de medidas nas quais estão
englobados alguns conceitos das recomendações prévias para prevenção da
transmissão do HIV no ambiente de trabalho, tais como: o uso rotineiro de barreiras de
proteção (luvas, capotes, óculos de proteção ou protetores faciais), precauções
38
necessárias na manipulação de agulhas ou materiais cortantes para prevenir exposições
percutâneos, de desinfecção e esterilização de instrumentos a serem utilizados em
procedimentos invasivos(GARNER, 1996).
Em 1996, o CDC atualizou as práticas de controle de infecções hospitalares,
incluindo a categoria de isolamento de substâncias corporais e as Precauções
Universais no conceito de 'Precauções Básicas ou Precauções Padrão". Associou-se a
esse novo conceito a prevenção do contato com todos os fluidos corporais, como
secreções, excreções com pele não-integra e membranas mucosas, proveniente de
qualquer paciente, portanto, mais abrangentes do que as Precauções Universais, que
eram associadas somente a fluidos corporais que pudessem transmitir o HIV e outros
patógenos de transmissão sangüínea(GARNER. 1996).
39
3.OBJETIVOS:
Objetivo Gerai:
Caracterizar e avaliar o conhecimento da equipe de enfermagem de nível médio
sobre biossegurança de dois hospitais de Deodápolis - MS.
Objetivos Específicos:
> Demonstrar a incidência e o tipo de acidentes ocupacionais relacionados à
exposição a material biológico pela equipe de enfermagem das instituições
estudadas.
> Avaliar o conhecimento e a utilização dos equipamentos de proteção individual
e da lavagem das mãos pela equipe de enfermagem estudada.
> Propor medidas com vistas á prevenção e redução dos nscos biologicos
ocupacionais entre os profissionais de enfermagem.
> Elaborar uma cartilha relativa às normas de biossegurança a serem aplicadas
dentro das instituições pesquisadas.
40
4 - METODOLOGIA
4.1 - Tipo de Estudo
Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, prospectiva no pressuposto
analítico de natureza descritiva que para Gil (1999, p. 49) "tem como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou
estabelecimento de relações entre variáveis", epidemiológico e quantitativo".
O método quantitativo é um processo formal, objetivo e sistemático, onde se
utilizam dados numéricos para obtenção de informação acerca do mundo, pois é
usado para descrever, testar relações e determinar causas(KOIZUMI, 1992).
4.2 - Local de Estudo
Para realização do estudo selecionamos os dois Hospitais do Município de
Deodápolis, Mato Grosso do Sul; Hospital Municipal Cristo Rei(HMCR)e Hospital Bom
Jesus, Pelo fato de a autora deste estudo se integrante da equipe de Enfermagem do
HMCR, e vivenciar as mais diversas reações dos trabalhadores de enfermagem frente
aos acidentes com material biológico e caracterizar o conhecimento da equipe de
enfermagem de nível médio sobre biossegurança.
São objetos de estudo neste trabalho a equipe de enfermagem lotada em 02
hospitais da cidade de Deodápolis:
1 - HMCR, vinculado ao SUS, sob administração municipal, com 42 leitos, que
é referencia para o município oferecendo assistência nas áreas de clinica geral,
cirurgia, ginecologia, obstetrícia e pediatra, ainda oferece atendimento ambulatorial e
diagnostico, com serviços de radiologia. A equipe de enfermagem é composta de 07
técnicos de enfermagem e 05 auxiliares de enfermagem.
2 - Hospital Bom Jesus, instituição de atendimento privado, conveniado o
SUS, de pequeno porte (19 leitos), presta assistência nas áreas de clinica geral,
cirurgia, ginecologia, obstetrícia e pediatria e atendimento ambulatorial. A equipe de
enfermagem é composta de 05 auxiliares de enfermagem.
4.3 - População/Amostra
Os 17 trabalhadores de enfermagem, lotados nos dois Hospitais selecionados
para estudo, sendo 05 técnicos de enfermagem e 12 auxiliares de enfermagem.
41
4.4 - Critérios de inclusão:
Todos integrantes da equipe de enfermagem de nível médio das instituições
participantes da pesquisa que se encontravam trabalhando regularmente conforme a
legislação do exercício profissional (COFEN. 1986); durante o periodo da coleta de
dados e que concordassem em participar do estudo assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),(Apêndice I).
4.5 - Critérios de exclusão:
Integrantes da equipe de enfermagem que não estivessem enquadrados na lei
do exercício profissional (COFEN, 1986); não se encontrassem no dia programado
para coleta de dado e que se encontrarem de férias.
Todos os participantes deste estudo receberam e assinaram um Termo de
Consentimento Livre e esclarecido (TCLE). a fim de esclarecer os objetivos da mesma
6 foi garantido o sigilo d© sua idBntificação
4.6 - Coleta de Dados
Os dados foram coletados pela própria autora desta pesquisa, no período de
julho/agosto de 2005.
Para coleta de dados utilizou-se um formulário desenvolvido especificamente
para este estudo. Esse instrumento foi desenvolvido, tendo como suporte teórico,
bibliografia sobre o tema, constituído de perguntas abertas e fechadas.
Cabe destacar que visando avaliar o conteúdo, projeto foi submetido a
apreciação de quatro docentes do curso de especialização de Saúde Pública Dr. José
David Nasser"; para melhor definição do conteúdo, clareza, e objetividade e
adequacidade. Após as avaliações, realizamos os ajustes propostos, nas questões
norteadoras do formulário (Apêndice II).
Posteriormente realizamos um pré-teste do instrumento no mês de julho do
qual participaram quatro trabalhadores da equipe de enfermagem, dois de cada
instituição para eliminar possíveis viés do questionário.
Após esses procedimentos os instrumentos foram considerados adequados ao
estudo e a coleta de dados foi realizada em agosto/2005 no próprio local de trabalho,
conforme agenda feita junto aos pesquisados.
4.7 - Aprovação no Comitê de Ética
42
o estudo obteve a aprovação em 06 de setembro de 2005 do Comitê de
Éticas em Pesquisa em seres humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul.
4.8 - Analise e Interpretação de Dados
Efetuamos a análise dos dados quantitativo, por meio de estatística descritiva,
com objetivo de caracterizar a população do estudo, através de dados obtidos no
formulário, identificamos as unidades temáticas relevantes para os profissionais de
enfermagem
nível médio quanto sua caracterização e conhecimento sobre
biossegurança.
Sendo apresentados em forma de tabelas e figuras receberão tratamento
estatístico simples (percentuais e médias) e a análise dos resultados com referencial
bibliográfico nacional e intemacional.
43
5 - RESULTADOS/DISCUSSÃO
Participaram do presente estudo. 17 Integrantes da equipe de enfermagem de
dois Hospitais de Deodápolls. que corresponde a IOO0/0 dos profissionais de
enfermagem das Instituições, sendo 12 (71%) auxillares e 05 (29%) técnicos de
enfermagem.
Todas participantes deste estudo pertencem ao sexo feminino, a feminlllzação
da profissão enfermagem tem Inicio da história da enfermagem Florence Nightingale
(precursora da enfermagem) teve a Intenção de desenvolver uma possibilidade de
trabalho para as mulheres condizentes com as "qualidades femininas» ditadas pela
sociedade da época (século XIX). revelando desde então uma particularidade da
profissão de enfermagem "a feminlllzação"(LOPES. 1992).
Para essa mesma autora o campo do trabalho de Enfermagem pode ser
caracterizado como um verdadeiro gueto ocupaclonal feminino, no qual se enumera
uma força de trabalho que alcança mais de 90% de mulheres e representam um
percentual superior a 70% dos trabalhadores hospitalares. Falar do trabalho de
enfermeira é falar, portanto, de trabalho de mulheres.
Sarquis e Felll. (2002). diz que o maior risco de acidentes entre mulheres
parece estar relacionado ao papel que a mulher assume na sociedade, onde também
cuida da casa. dos filhos e. multas vezes, também tem mais de um emprego.
Estas mesmas autoras Inferem que as mulheres por terem outras atividades
laborais ficam mais cansadas e esse desgaste pode ocasionar acidentes, citam que
em um estudo que caracterizava o pessoal da enfermagem na América Latina também
foi encontrada a predominância do gênero feminino, assim como maior numero de
ocorrência de acidentes entre estas trabalhadoras.
Tabela 1-Distribuição da equipe de enfemnagem por faixa etária, condição civil,
escolaridade e categoria profissional, de dois hospitais do Município de
Deodápoüs/MS-2005.
44
Categorias/variáveis
N
%
Faixa etária
20-29
2
12
30-39
10
58
40-49
3
18
50-59
2
12
Casado
08
47
Divorciado
06
35
Solteiro
02
01
05
Ensino Fundamental
Ensino Médio
01
06
14
82
Superior Incompleto
02
12
Condição civil
Viúvo
12
Escolaridade
Categoria profissional
Auxiliar de Enfermagem
Técnico de Enfermagem
12
71
05
29
Em relação às demais características gerais da população estudada,(Tabela 1)
observou-se que quanto à distribuição dos participantes do estudo, segundo a faixa
etária, observa-se que varia entre 20 e acima de 50 anos de idade, onde a maior
proporção de profissionais 10(58,0%) concentra-se na faixa etária, entre 30 a 39 anos,
seguido de 40 a 49 anos 03 (18,0%), com igual distribuição (12,0%) aparece a faixa
etária mais jovem 20 a 29 anos e acima de 50 anos
Na faixa etária de 30 a 39 anos mostra que a população estudada é
constituída por pessoas que estão em plena fase de produção, de construção
familiar, com expectativas de progiessão intelectual, social e ascensão flmcional.
Também na assistência ao paciente os profissionais mais maduros transmitem
confiança e habilidade,já os mais jovens são mais motivados para o trabalho.
Se considerarmos a idade relacionando com a experiência de vida do
profissional, podemos inferir que os profissionais de enfermagem que atuam nos
Hospitais de Deodápolis possuem maturidade e poderão assimilar e colocar em
prática as recomendações a serem padronizadas sobre biossegurança.
45
Os dados referentes a condição civil estão apresentados na Figura 1.
FIGURA 01 Distribuição por condição civil da equipe de enfermagem de nível médio
de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS, 2005
N:17
6%
12%
47%
a Casada s Divorciada □ Solteira □ Viúva
A
condição civil de maior predominância no estudo foi casada, cuja
representatividade percentual perfaz 08 (47%), enquanto o divorciadas 06 (35%).
solteiras 02 (12%), viúva 01 (6%).
Ser casada é uma característica que pode ser Justificada pelo fator faixa etária,
que possui maior proporção 58% entre 30 a 39 anos e pela feminilização das
entrevistadas, nesta idade as mulheres Já possuem sua família estabelecida ou
encontram-se fase de reprodução, aumentando assim as possíveis repercussões dos
acidentes com material biológico na vida amorosa destes profissionais,
Ainda a respeito ao estado civil o estudo de Nishide et. al. (2004) sobre acidente
ocupacional em uma unidade de terapia intensiva demonstrou que 50% dos
trabalhadores pesquisados eram casados, valor próximo encontrado neste estudo
(47%).
Ao associarmos a ocorrência e o risco de acidente ocupacional com material
biológico e a condição civil, não podemos deixar de citar que muitas doenças infectocontagiosas como AIDS, Hepatite B. Sífilis tem como via de transmissão a via sexual e
sangüínea, aumentando assim a susceptibilidade dos profissionais de enfermagem,
que ao se acidentarem e não tomarem as medidas de profiláticas e/ou tratamento
podem transmitir infecção para seu cônjuge e/ou companheiro e até mesmo em caso
de gestação pelo risco de transmissão vertical.
4ó
o fato de se encontrar atualmente na condição de casada (47,0%), pressupõe
a monogamia, já as entrevistadas que encontram-se na condição civil de divorciadas
06 , solteiras 02 , viúva 01 (6%), totalizando 48%, pressupõe uma probabilidade maior
de número de parceiros sexuais, situação que pode aumentar o risco de transmissão
de DSTs, caso uma das entrevistas venham a se contaminar depois de um acidente
com material biológico, assim como o risco para os pacientes por ela assistido, nos
casos de transmissão profissional paciente.
Em relação ao número de profissionais por categoria da área de enfermagem,
resultados que se equiparam com outros trabalhos realizados na mesma área onde a
categoria auxiliar de enfermagem foi a mais expressiva quanto ao número de
trabalhadores em todo país, dado e evidenciado por pesquisa realizada pelo Conselho
Federal de Enfermagem - COFEn,(BRASIL, 1996, BULHÕES, 1998; CANINI 2000;
BALSAMO,2002).
Lopes (1992) ao pesquisar a distribuição da equipe de enfermagem por
categoria no Brasil, encontrou que, entre as enfermeiras universitárias, 94/o são
mulheres, sendo 89,5% técnicas de enfermagem, e 91,5% auxiliares de enfermagem.
Como citamos anteriormente constatamos que em primeiro lugar, com o maior
número de profissionais 12 encontra-se o auxiliar de enfermagem, seguido do técnico
de enfermagem com 05.
Conforme determinação do Ministério da Educação e Cultura para a formação
do profissional auxiliar de enfermagem, é necessário que se tenha concluído o en
fundamental e curso de Auxiliar de Enfermagem com 1.100 horas, já para o téc
enfermagem deverá ter cursado o ensino médio e o técnico de enfermagem com 1
horas. Já a Lei de n° 7.498/86 que regulamenta o exercício profissional institui a
necessidade do registro no Conselho Regional de Enfermagem (COREN)(BR
1986).
Pela lei do exercício profissional cabe ao técnico de enfermagem a execução de
atividades de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de
enfermagem em grau auxiliar e execução de ações assistenciais de enferm g
sempre com supervisão do enfermeiro.
Araújo (2000 p.113) verificou em seu estudo que existem mais auxiliares do que
técnicos, e que todas as funções são desempenhadas igualmente entre as duas
categorias profissionais, este fato inviabiliza a discriminação de funções de acordo com
47
a qualificação, não havendo, portanto viabilização da assistência, em função da
pequena quantidade ou inexistência dos técnicos de enfermagem.
Ao discutirmos equipe de enfermagem, ressaltamos que apenas o HMCR,
possui o profissional enfermeiro em seu quadro de pessoal, que é este pesquisador.
Referenciando Waldow (1996) e Araújo, (2000) que ao discutirem composição
da equipe de enfermagem citam que carência de pessoal principalmente de
enfermeiro, tem ocasionado uma inadequada divisão de trabalho entre os exercentes
da enfermagem, ou seja, auxiliares executando atividades do técnico de enfermagem e
do enfermeiro, assim como os técnicos desempenhando também atividades
assistenciais de enfermeiros, situação esta encontrada nas instituições pesquisadas.
Destacamos que. nos últimos cinco anos houve um crescimento na oferta dos
cursos de auxiliares e técnicos de enfermagem em todo estado, pnncipalmente
oferecidos pela rede privada. Sendo que a partir do ano de 2001 deu-se início pelo
Programa do Ministério da Saúde o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores
de Enfermagem - PROFAE incentivando a capacitação da equipe de enfermagem de
nível médio visando à melhora e a qualidade dos serviços prestados pela rede de
atendimento médico-hospitalar instalada em todo país e também valonzaçao dos
profissionais.
.os técnicos de enfermagem que Integram esta pesquisa foram qualificados
pelo PROFAE.
Queiroz-Andrade e Tavares Neto (2002)ao pesquisarem acidentes com risco de
infecção em um Hospital Universitário da Bahia, encontraram a freqüência da variávelresposta (acidente nos últimos 30 anos) foi referida por 13 (17,1%) dos auxiliares e
técnicos de enfermagem, sendo que nove referiram apenas um acidente, dois citaram
02 acidentes e outros dois registraram a ocorrência de três acidentes, ou seja, 19
(25%)dos acidentes ocorreram entre os auxiliares/técnicos de enfermagem.
Na Figura 2 demonstramos os números correspondente a faixa etária e
escolaridade.
Figura 2 - Distribuição por faixa etária e nível de escolaridade da equipe de
enfermagem de nível médio de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS,2005
48
12%
12%
18%
40%
E]20 -| 29 Médio Completo
□ 30 -| 39 Superior incompleto
B 30 -| 39 Fundamental Completo n 30 -| 39 Médio Completo
h40-| 49 Médio Completo
□50^ 59 Médio Completo
Como já citamos pela Lei do Exercício Profissional das categorias estudadas,
para exercer a função de auxiliar de enfermagem é necessário o ensino fundamental
completo e para o técnico de enfermagem o requisito é o ensino médio completo,
todas as pesquisadas cumprem as exigências da legislação, onde 14 (82,4%)
possuem o ensino médio completo, 02 (12,0%) freqüentam cursos de graduação fora
da área de enfermagem e apenas um (6.0%) concluiu apenas o ensino fundamentai,
este fato caracteriza-se como fato dificultado para a progressão deste profissional para
a categoria de técnico de enfermagem, por não terem a escolaridade exigida.
Relacionando faixa etária e escolaridade, a maior parte dos profissionais
estudados, encontram-se na faixa etária de 30 a 39 anos e destes 40% possuem o
ensino médio completo e 02 (12%), cursam o ensino superior.
A escolaridade e a qualificação profissional é um fator importante quando discutimos
biossegurança, pois a priori deveria haver o conhecimento correto sob as vias de
transmissão de agentes infecciosos, os riscos que eles representam para os
profissionais de saúde aos pacientes assistidos. Pois na formação do auxiliar e do
técnico existem disciplinas que abordam a temática de precauções/isolamento e risco
ocupacional.
Para o alcance efetivo dos princípios da biossegurança, com vistas à redução
de riscos entre profissionais da saúde. Bulhões (1998), refere que as medidas de
prevenção devem na prática, contemplar a adoção de comportamento de segurança
mediante a formação, educação continuada e supervisão qualificada.
49
Figura 3 - Distribuição por tempo de atuação da equipe de enfermagem de nível médio
de dois Hospitais do Município de Deodápolis. MS. 2005
N=17
18%
34%
18%
6%
24%
laOOHOS ■ 12H 15 □ 16-1 19 □04H 07 ■08-j 11
Ao analisarmos os dados referentes à experiência profissional na área de
enfermagem ( Figura 3) encontramos um tempo de serviço entre 02 e 19 anos, onde
a maior parte da equipe de enfermagem 07 (40%) trabalha na área de 2 a 5 anos, este
fato é justificado pelo PROFAE que possibilitou o ingresso de novos profissionais no
mercado de trabalho.
Já 60% das trabalhadoras possuem um período relativamente longo de
permanência na profissão, também com maior probabilidade de exposição a acidentes
ocupacionais. Estes profissionais mais experientes também foram beneficiados pela
capacitação oferecida pelo PROFAE, e mudaram de categoria profissional de auxiliar
para técnicos de enfermagem, este fato "experiência profissional mais qualificação"
contribui para a melhoria do serviço oferecido e pode ser um fator facilitador para a
implantação das medidas de biossegurança para risco biológico, pois são recentes os
conhecimentos adquiridos na qualificação profissional e poderão ser resgatados.
Pois, segundo Souza (2001), os profissionais de enfermagem recebem em sua
formação profissional informações sobre biossegurança, como uso adequado dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), esquema vacinai para proteção de
algumas patologias como Hepatite B e cuidados na assistência direta ao paciente.
Dos participantes deste estudo, 10 (59%) não possuem outro vínculo
empregatício e 07(41%) têm outro emprego.
50
Neste sentido o estudo de Marziale (1995), revela que a sobrecarga de horas
trabalhadas pode interferir na concentração da atenção e devido a fadiga física e
mental fatores que aumentam a probabilidade da ocorrência de acidentes do trabalho.
Quanto ao tumo de trabalho constatamos que 09 (53,0%) trabalhadores
exerciam suas atividades no período diurno e os outros 08(47,0%) no período notumo.
Os trabalhadores que exercem suas atividades no período diurno estão mais
propensos a sofrer acidentes, devido ao maior número de procedimentos realizados
neste período (BRANDI-, BENATTI. e ALEXANDRE,1998)
Bálsamo (2002), em seu estudo sobre acidentes com exposição material
biológico, identificou que os acidentes ocorreram predominantemente no período da
manhã (43,75%), possivelmente pelo alto número de procedimentos realizamos nesse
período. Lacerda (2000), pesquisando trabalhadores do centro cirúrgico, também
constatou predomínio de acidentes com material biológico no período da manhã.
Tabela 2 Distribuição da ocorrência de acidentes com material biológico por Idade,
categoria profissional, número de empregos na área de saúde, tempo de atuação na
área de saúde, dos profissionais de enfermagem de nível médio de dois hospitais do
Município de Deodápolis/MS/2005.
Idade (em anos)
Categoria
Profissional
empregos na
área de saúde
Tempo de atuação
na área de saúde
de acidente
Ocorridos
27
Aux*
01
02
02
31
Aux
01
16
01
32
Aux
01
02
04
33
Aux
02
13
02
38
Aux
01
19
01
39
Aux
01
08
02
47
Tec**
01
16
02
55
Tec
02
15
02
Aux.; auxiliar de enfermagem
Tec.; técnico de enfermagem
51
Conforme demonstra a Tabela 2, neste trabalho 08 (47%) dos profissionais
registraram que já foram expostos acidentalmente a material biológico, destes 06
(75%)são auxilieres de enfermagem.
Acredita que o grau de qualificação do profissional tem influenciado na
ocorrência de acidentes de trabalho. Para ela, quanto menor o grau de qualificação,
maior será o risco de sofrer acidente de trabalho. Destacamos que o auxiliar de
enfermagem tem menos qualificação que o técnico de enfermagem.
Evidencias cientificas revelaram que a qualificação profissional não se mostrou
uma variável relevante na acidentalidade dos trabalhadores de enfermagem, estando
mais relacionado á proporção dos trabalhadores(SANTOS e PELA, 1989, SANTOS et
al., 1989, MACHADO et al. 1992, BENATTI, 1997, NISHIDE et al., 2004)
Machado et. al. (1992), estudando os acidentes de trabalhos ocorridos em
ambiente hospitalar, que envolviam exposição a material potencialmente infectado com
HIV, constataram que o maior percentual de acidentados referia-se aos profissionais
de enfermagem, responsáveis por 88,8% dos acidentados investigados
Sarquis e Felli (2002) citam que na categoria de auxiliar de enfermagem o
coeficiente de risco de acidentes de trabalho foi o dobro das demais categorias da
enfermagem, explica-se isso pelas atividades que desempenham junto aos pacientes,
administrando medicações e assistindo diretamente, estas atividades colocam o
auxiliar de enfermagem em exposição contínua ao risco de acidente.
Mas, como já citamos anteriormente nas instituições pesquisadas os
profissionais de nível médio que compõe o serviço de enfermagem desempenham as
mesmas atribuições, portanto auxiliares e técnicos de enfermagem estão em
exposição contínua, ressalta-se também que o auxiliar de enfermagem é predominante
nesta pesquisa representando 71% dos entrevistados por isso ele aparece como o
profissional mais acidentado.
Estudo desenvolvido por Canini (2000), identificou que a maioria dos acidentes
do trabalho aconteceu devido à exposição a material biológico, e que os trabalhadores
de enfermagem estudados atuavam há menos de um ano. A autora ressalta que o
tempo de atuação profissional pode estar relacionado à adoção ou não de medidas de
prevenção e que mudanças nem sempre são aceitas pelo trabalhador, pois a adoção
de medidas preventivas exige, além da informação, atitudes.
52
Quanto à ocorrência de acidentes com exposição a material biológico nesta
pesquisa, variou de 01 a 04, com uma média de aproximadamente 02 acidentes por
trabalhador. A Idade dos acidentados variou de 27 a 55 anos, sendo que a faixa etária
em que mais ocorreram os acidentes foi dos 31 a 39 anos. O tempo médio de atuação
na profissão foi de 11 anos e 04 meses, onde o menor tempo de atuação é de 2 anos
e o maior de 19 anos, na faixa etária que mais acidentes foram registrados (31 a 39
anos) a média do tempo de atuação é de 10 anos.
Ao correlacionarmos faixa etária dos acidentados, categoria profissional com o
tempo de atuação na enfermagem e os números de acidentes sofridos encontram que
o profissional com menor Idade de 27 anos é auxiliar de enfermagem e possui pouco
tempo de serviço na área, 02 anos, este fato para Queiroz-Andrade e Tavares Neto
(2002), quanto mais jovem e com menor tempo de serviço, maior é chance que o
profissional terá de vir sofrer um acidente.
Chan (1998), analisando 113 casos de acidentes do trabalho com material
perfuro-cortante constatou que a falta de experiência profissional foi responsável por
57% dos acidentes ocorridos.
Os achados de Valenzuela-Suazo (1999), demonstraram que a maioria dos
trabalhadores de enfermagem que notificou os acidentes ocupaclonals nos hospitais
Chilenos exercia sua função entre 01 e 05 anos. Em contrapartida, resultados
apresentados por Machado et al. (1992), ao estudarem trabalhadores de um hospital
universitário que sofreram acidentes no trabalho, pois a maioria dos trabalhadores que
se acidentaram eram funcionários antigos da Instituição. O estudo não Informou o
tempo de atuação dos mesmos.
Sarquis e Felli (2002) citam que quanto maior a faixa etária, menor e o
coeficiente de risco de acidentes, o que reforça o argumento que o desenvolvimento
da habilidade é proporcionado pelo exercício do trabalho. Neste estudo o profissional
acidentado de maior idade 55 anos é técnico de enfermagem, relatou dois acidentes e
já atua na área por 15 anos.
Canini (2000), investigando acidentes do trabalho com material biológico entre
os trabalhadores de enfermagem de um hospital-escola, encontrou que 36,56% da
população de trabalhadores acidentados possuíam idade entre 31 e 40 anos.
Seguindo a mesma linha de investigação, Almeida (2003), ao estudar a adesão á
quimioprofilaxia dos trabalhadores da saúde pós-exposição a material biológico, no
Grupo de Vigilância Epidemiológica do Departamento Regional de São João da Vista
53
nos anos 2000 e 2001, encontrou que o maior índice de acidente do trabalho na
população estudada foi registrado na faixa etária entre 30 e 39 anos, perfazendo
36.6%. no ano de 2000, e 35,8% no ano de 2001.
Sarquis (1999) identificou que os trabalhadores que sofreram acidente com
material perfuro-cortante atuavam entre 10 e 15 anos (36,17%) na profissão de
enfermagem, o que demonstra que a habilidade profissional dos trabalhadores não os
exclui da exposição a acidente ocupacional.
A ocorrência de acidentes reforça a necessidade de medidas preventivas, que
são extremamente necessárias, uma vez que os riscos á saúde são mais eminentes
pela possibilidade de contágio por agentes infecciosos e ao se considerar as
modalidades de serviços que são desenvolvidas pelas instituições hospitalares.
Concordamos com Sarquis (1999), quando a autora afirma que, ao longo da
carreira profissional, os trabalhadores tomam se mais seguros e com maior domínio
das habilidades técnicas, desse modo, assumem comportamentos amscados na
realização das suas atividades, pois acreditam que sabem todas as regras e normas
de proteção e prevenção de acidentes. Assim, por se sentirem familiarizados com as
técnicas, banalizam os riscos eminentes na execução das suas tarefas.
Concordando com esses autores Sarquis e Felli (2002, p.225). A prevenção de
acidentes de trabalho é medida que pode mais significamente, diminuir essa exposição
ocupacional aos riscos biológicos. "Os trabalhadores de enfermagem ficam mais
expostos a esses riscos por trabalharem com objetos perfurocortantes, que permitem
maior exposição a sangue e fluídos orgânicos".
Ao cruzarmos dados de ocorrência de acidentes citada por 08 integrantes da
equipe de enfermagem de nível médio com número de empregos na área de saúde,
encontramos que 06 enumeram um acidente enquanto dois profissionais citam a dois
acidentes
Ao analisarmos a quantidade de acidente com exposição a material biológico
ocorrido entre os trabalhadores de enfermagem das instituições encontramos que os
resultados mostraram o quanto é preocupante a questão da recidiva dos acidentes de
trabalho. Assim, percebemos que as medidas de prevenção são discutidas, mas
parece que estão dissociadas da prática.
Souza (2001) descreveu que muitos trabalhadores de saúde não assumiam
condutas de segurança, devido à desatenção, morosidade pra mudanças de hábitos e
54
descrédito quanto ao risco de acidente, que é encarado, muitas vezes, como
fatalidade.
O fato de 47% dos trabalhadores de enfermagem já ter sofrido acidente do
trabalho torna-se bastante significativo, segundo dados de nossa pesquisa. Diante
destes números, constatamos que é imprescindível à intervenção da equipe de
enfermagem Implementado medidas que visem a promoção e a proteção do
trabalhador; podendo, em casos mais drásticos, transferi-lo para outro setor do
hospital, objetivando sua própria segurança.
Dentre os fatores predisponentes á ocorrência de acidentes do trabalho com
material perfuro-cortante, evidenciados na literatura e descritos por Marziale e
Rodrigues (2002), estão às condições em que o trabalho é executado, tais como.
situações de urgência, sobrecarga de trabalho, não disponibilizarão do material de
segurança ao trabalhador, entre outros. Há ainda, outros fatores como comportamento
individual dos trabalhadores, que incluem desconsideração ás precauções padrão,
desatençâo. cansaço, fadiga, encape ativo de agulhas, falta de percepção individual
sobre os riscos de infecção e fatalidade.
Outros fatores que podem interferir na ocorrência de acidentes ocupacionais
são citados em estudos de Valenzuela-Suazo (1999), que salienta a importância na
relação da idade na ocorrência dos acidentes do trabalho. A autora ressalta que as
pessoas com idade mais avançada podem sofrer alterações na concentração/atenção,
ter maior predisposição á fadiga, tanto física como mental, favorecendo a ocorrência
de acidente de trabalho.
Sarquis (1999), ao analisar a ocorrência dos acidentes do trabalho com material
perfuro-cortante, encontrou que 82,97% dos trabalhadores sofreram um acidente no
período de um ano; quase todos relataram ter sofrido outros acidentes desta natureza.
em período maiores que um ano, alegando como causas; sobrecarga de serviço,
grande numero de medicações injetáveis, que tomam o acidente imperceptível. A
autora, nesse ponto, ressalta a ausência das notificações, que ocorre devido ao fato de
os trabalhadores, terem dificuldades para se lembrarem o numero de vezes em que
foram vitimados por acidentes ocupacionais desta natureza, durante sua vida
profissional.
Segundo Bulhões (1998), a idade pode interferir no desenvolvimento do
trabalho, uma vez que após os 35 anos de idade, as funções cardiovasculares,
55
ül!0fl£Â aiNCIAS DA SAÚDE
Sérgio JAroiica
pulmonares musculares e biomecânicas diminuem, assim como há menor
predisposição ao esforço físico, estando os profissionais mais sujeitos às agressões e
ao estresse.
Machado et aí. (1992), Brevidelli, Assayag e Turcato (1995); Sarquis; Feili
(2000), Marziale (2004) e Nishide, Benatti e Alexandre, (2004). apontaram em seus
estudos um maior percentual de acidentes com material perfuro-cortante e os
relacionam à manipulação de objetos, tais como: agulhas, bisturis e dispositivos
intravenosos, pelos profissionais de enfermagem.
Em relação à ocorrência de acidentes do trabalho com exposição a material
biológico entre os profissionais da equipe de enfermagem. Marziale e Robazzi (2004)
chamam a atenção para a não-notificação dos referidos acidentes, fator que tem
prejudicado a adoção de medidas preventivas.
Figura 4 — Distribuição do conhecimento do EPI por categoria profissional auxiliar e
técnico de enfermagem de dois Hospitais do Município de Deodápolis/MS- 2005.
I
Auxiliar de Enfermagem ■ Técnico de Enfermagem
Para analisarmos o conhecimento dos pesquisados sobre os equipamentos de
proteção individual — EPI foi elaborada uma questão fechada onde foram elencados os
10 EPIS principais, utilizados pela equipe de enfermagem na prevenção de acidentes
com material biológico que são: luva estéril, luva de procedimento, luva de borracha,
máscara, respirador N95. avental descartável/tecido, avental impermeável, gorro,
56
óculos e bota de borracha. Estes EPPs são recomendados de acordo com as
atividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde. (LIMA, 1996; BRASIL, 1999;
Queiroz. 2000; CDC. 2001; LACERDA. 2001; MARZIALE e FERREIRA, 2004).
Conforme Figura 4 a discussão dos dados será realizada com base no
conhecimento do EPI por categoria profissional (auxiliar/técnico de enfermagem).
As luvas promovem uma barreira protetora e previnem a contaminação das
mãos quando tocam em fluídos corpóreos como sangue, líquido amniótico e
secreções, membranas mucosas ou pele não íntegra de todos os pacientes, para
procedimentos em equipamentos ou superfícies contaminadas por sangue ou outros
fluídos, para venopunção e outros procedimentos invasivos. Alem de diminuírem a
transmissão de germes existentes nas mãos da equipe de saúde quando da realização
de procedimentos invasivos. Impedem também, a contaminação de fômites que podem
ser responsáveis pela transferência de microrganismos patogênicos a outros locais do
hospital e finalmente protegem o profissional de saúde da contaminação com
microrganismos do paciente. (STIER et.al 1995; AYUB (1), AYUB (2) e RIBEIRO
FILHO, 2000).
A respeito do uso de luvas, Braga (2000), Canini, (2000); Brevidelli (2003),
constatou um elevado índice de adesão ao uso desse equipamento de proteção, em
relação aos demais tipos de EPIs, no entanto, considerou que os profissionais
continuavam subestimando os risco potenciais de contato extra manual com fluidos
orgânicos.
O uso de luvas é importante para reduzir a incidência de contaminação das
mãos por material contaminado, diminuir a possibilidade de contaminação das pessoas
por microrganismos e minimizar o risco dos profissionais transmitirem sua microbiota
para os pacientes.
Dentre as medidas que visam ao controle biológico no exercício de atividades
em instituições hospitalares, o uso de irrestrito de luvas de procedimento merece
considerações, pois o uso de luvas é necessário, mas essa prática tem levado a
diminuição da lavagem das mãos, tomando os microrganismos mais aderentes à pele
e de difícil remoção.(AYUB (1), AYUB (2)e RIBEIRO FILHO, 2000).
Estes mesmos autores citam que as luvas de procedimento são mais baratas e
de matéria prima inferior que os luvas cirúrgicas, na maioria das vezes não oferece ao
usuário segurança quanto ao controle de qualidade no que se refere a resistência.
57
impermeabilidade, hipoalergenicidade e grau de contaminação presentes antes do
uso urna vez gue nao sao esterilizadas.
Thopson et aí. apud Ayub (1), Ayub (2) e Ribeiro Filho (2000), analisando a
adesão de uma equipe ás precauções padrão, observaram que a principal falha esteve
relacionada a á má utilização de luvas, que eram mantidas após a realização do
procedimento em 82% das vezes e adequadamente retiradas em apenas 16% das
situações. Para efeito de comparação, a lavagem das mãos era realizada em 27% e
após os procedimentos, em 63% .
É importante para a segurança do profissional que as luvas cirúrgicas ou de
procedimento sejam de tamanho adequado, com punho, concordando com essa
informação Shimizu e Ribeiro (2002, p.372): "A falta ou do uso de do tamanho
incorreto das luvas, além de ferir as medidas contidas nas precauções padrão,
contribui para o aumento do número de acidentes causados por agulhas".
O tamanho inadequado das luvas e a ausência de punhos facilitam também a
entrada de material biológico por dentro da luva, dificulta a realização com segurança
técnica e, muitas vezes como "atrapalha" a realização de procedimentos nas primeiras
dificuldades a luva e removida e o profissional realiza o procedimento fora das normas
de biossegurança, este fato é por nós observados em nossa rotina de trabalho em
instituições hospitalares principalmente na técnica de punção venosa em veia de difícil
visualização.
Em um estudo realizado Souza (1999), em cinco hospitais, ao analisar o uso de
luvas no momento do acidente com agulha, mostrou que, em apenas dois deles, este
era superior a 80%. sendo inferior a 50% nos demais. Além disso, verificou-se a
utilização de tamanho de luvas incorreto por diversos trabalhadores.
Nishide e Benatti (2004), cita que entre as causas de não utilização de luvas
pelos trabalhadores da enfermagem estão o esquecimento e a inadequação do EPI.
Lembramos que a utilização de uma única luva poder reduzir até seis vezes o volume
de sangue, contido na agulha, mas a luva só remove o sangue na superfície externa
da agulha e que o uso de duas luvas reduz ainda mais a quantidade de sangue
transferida pelos dois tipos de agulhas (oca e maciça).
Neste trabalho apenas um auxiliar de enfermagem não considera a luva
estéril como uma medida de biossegurança, todos os 17(100%) dos profissionais
pesquisados citaram com acerto que a luva de procedimento é um EPI importante
dentro das normas de biossegurança.
58
Quanto às luvas de borracha nenhum dos integrantes da equipe pesquisada
referiu conhecimento sobre as mesmas, inferimos que este EPl não é utilizado nas
instituições estudadas, apesar de na sua rotina diária a equipe de enfermagem
executa tarefas como: limpeza terminal na unidade do paciente e em mesas cirúrgicas,
manuseio de produtos químicos de desinfecção e esterilização, que requer a
segurança proporcionada por este equipamento.
Ao discutir a utilização de máscara e respiradores N95, autores como
Armond, (1998), Ayub (1), Ayub (2) e Ribeiro Filho (2000) Souza, Arantes e Abreu
(2000) discutem que os dispositivos de proteção respiratórios sãos ousados para
proteger o trabalhador da inalação de agentes transmitidos pelo ar, que podem ser
nocivo. Existe à disposição vária dispositivos de proteção respiratória cada tipo de dispositivo
tem sua utilidade protetora especifica, significando que o profissional de saúde não
c)0V0 saber apenas quando precisará usar proteção respiratória, mas também como
escolher o respirador especifica para cada situação. Por exemplo, um dispositivo de
proteção respiratória (respirador N95)capaz de filtrar o Mycobacteríum tuberculosis não
oferece proteção suficiente contra vapores orgânicos.
As máscaras são indicadas como uma barreira de proteção em situações em
que existe risco de respingo de sangue ou secreções em mucosas e quando a
assistência ao paciente em utilização de precauções por gotículas; Também podem
ser usadas quando no cuidado direto com pacientes que exalam odores desagradáveis
e pelos profissionais de saúde quando estes apresentarem doenças infeccionas de
transmissão por via respiratória., como por exemplo: herpes labial, resfriados,
parotidite entre outras.(AYUB (1), AYUB (2) e RIBEIRO FILHO (2000)).
É importante lembrar que não há necessidade do uso da máscara pelo paciente
como forma de proteção própria ou dos profissionais de saúde. A exceção ocorre nos
casos de transporte de pacientes portadores de doenças transmissíveis por via área,
quando eles deverão utilizar máscara, evitando a disseminação de aerossóis (Armond,
(1998); Queiroz,(1998)).
As máscaras podem ser descartáveis (ideal) também são denominadas de máscara
cirúrgica, protege contra a inalação de grandes partículas lançadas até a distancia de
um metro, devem ser trifásicas e com clipe para modelar a pirâmide nasal e de
^ Segundo Armond (1998). A lavagem das mãos enluvada é insuficiente para
remover determinados microrganismos
59
tamanho suficiente para encobrir o nariz e a boca. Quando elas forem de tecido
(algodão ou brim), devem ser bifásicas.
Os profissionais que compõe a equipe de enfermagem neste trabalho, 100%
conhecimento sobre a importância da máscara na prevenção de Infecções cruzadas.
Em 1990, o CDC indicou o uso de dispositivos respiratórios especiais, uma vez
que as máscaras cirúrgicas tradicionais nâo preveniam a inalação de pequenas
partículas em suspensão, como ocorre com a tuberculose, esta indicação foi reforçada
em 1995, demonstrando a eficácia de respiradores tipo N95 (Ayub (1), Ayub (2) e
Ribeiro Filho (2000)).
Doenças como a tuberculose, varicela, sarampo, são transmitidas por
aerossóis (partículas de tamanho cinco micras) que permanecem no ar e podem ser
dispersas a longas distancias, para estes casos deve-se utilizar de respiradores
(máscaras) N95, que significa proteção em 95%. (SILVA, ABREU e ARRUDA et al,
2000)
Para a prevenção da tuberculose em serviços de saúde, o Ministério da Saúde
do Brasil atualmente recomenda-se a utilização deste equipamento o respirador N95.
O profissional de saúde precisa saber como escolher o respirador do tamanho
apropriado, como adapta-lo corretamente e como usá-lo. O teste de adaptação
assegura que o empregado tenha um dispositivo bem—adaptado e obtenha proteção
respiratória máxima. Reichmann & Affonso (2000)
Estes mesmos autores continuam citando que os respiradores podem ser
descartáveis ou reutilizáveis. Os dispositivos descartáveis podem ser usados mais de
uma vez pela mesma pessoa, desde que siga as recomendações do fabricante e
realize uma verificação da adaptação adequada. Os profissionais de saúde devem
conhecer as recomendações relativas á reutilização dos respiradores descartáveis e
também como guarda-los corretamente entre o período de utilização e quando deve
descartá-los e obtiver ouros novos.
Os respiradores reutilizáveis tipo meia-máscara com respirador com filtro de
alta eficiência (HEPA) ou com sistema mecânico de adução do ar (PAPR) e ainda o
tipo PARPR alimentação a bateria, com cobertura para a cabeça, não estão
disponíveis nas instituições hospitalares para serem utilizados pela enfermagem.
Neste
trabalho
encontramos
que
apenas
três
dos
entrevistados
conhecem/reconhecem o respirador N95 como equipamento de biossegurança,
principalmente na prevenção da tuberculose e 14 o desconhecem. Este dado é
60
preocupante, pois o desconhecimento deste equipamento pode estar relacionado a
sua inexistência nas instituições de saúde estudadas, a falta de atualização/supervisão
das normas de biossegurança empregadas, já que os hospitais em estudo sâo
classificados como geral portanto devem estar prestando atendimento a pessoas
infectadas pelo bacilo da tuberculose e essa doença deveria ser motivo de grande
preocupação entre os trabalhadores de enfermagem expostos a infecções e doenças
de diagnóstico não confirmado.
A respeito da transmissibilidade de doenças, Rapparini e Cardo (2004), refere
que, entre as infecções ocupacionais de transmissão área, a tuberculose deve merecer
especial atenção. Do mesmo modo, Nhamba (2004), cita que a Organização Mundial
da Saúde reconhece que o escalonamento sem precedentes da epidemia da
tuberculose relacionada ao HIV.
Concordando com essas autoras Resende, (2003), refere que o risco de
infecçâo apresentado pela bactéria Mycobacterium tuberculosis entre os profissionais de
saúde está relacionado a fatores como: prevalência da doença; perfil dos casos
atendidos; área de trabalho, grupo ocupacional; tempo de trabalho na área de saúde e
medidas de controle adotadas pela instituição.
No Brasil, estudos conduzidos por Takeda, Robazzi e Lavrador (2001), com
trabalhadores de enfermagem, mostraram igualmente a possibilidade da transmissão
nosocomial da tuberculose, bem como a presença de maior risco para estes, em
relação a população em geral.
As roupas de proteção tipo avental impedem a absorção pela pele, nas
situações em que houver possibilidade de esguicho ou borrifo de sangue, liquido
corporal ou outros materiais potencialmente contagiosos ou sempre que houver
possibilidade de ocorrer contaminação por material biológico.
Ele também assegura que as roupas pessoais não entrem em contato com
superfícies ambientais potencialmente contaminadas para evitar a transferência de
microrganismos para outros pacientes e ambientes (STIER et. al. 1995; ARMOND
1998;QUEIR0Z, 1998 e SILVA, ABREU, ARRUDA et. al., 2000)
Estes mesmos autores afirmam que existe relativa fala de evidencia de
disseminação de infecçâo por roupas, o que indica o baixo risco de infecção por esse
meio, entretanto as roupas podem transferir microrganismos de pacientes
maciçamente contaminados e que o uso rotineiro do avental não tem demonstrado a
redução das taxas de infecção hospitalar nem a transmissão bacteriana.
61
Para STIER et. al. (1995) a transmissão de mlcrorganismos da rotina da
equipe de saúde é possível, mas não é um problema maior, contudo é importante
proteger os uniformes quando se esta manuseando material infeccioso.
Por isso deve ser utilizado em precauções padrão, de contato e entéricas e em
isolamento respiratório onde existe o risco de contato com secreções e gotículas, e
devem ser removidos o mais rápido possível.
Na escolha do avental apropriado deve-se considerar o tipo de atividade e a
quantidade de fluido ou sangue encontrado, mas eles devem ser longos e de mangas
compridas.
A situação que envolve a possibilidade de exposição a grandes quantidades
de líquidos, ou exposição por períodos longos aos líquidos contagiosos, pode exigir
EPI impermeáveis. O grau de cobertura pelas roupas protetoras (por exemplo, braços,
tórax, parte da frente ou todo o corpo) deve ser proporcional à área ou quantidade
esperada de respingo ou borrífo.
Um avental plástico impermeável oferece maior proteção do que um avental de
Qlgodâo ou de falso tecido.
O avental impermeável pode ser descartável ou ser confeccionados com
material que suportem processo de esterilização como a napa ou alguns tipos de
plástico, assim eles são reutilizados.
È importante reforçar que o avental utilizado em áreas críticas e semi-críticas
não deve ser levado para outras áreas hospitalares e que os visitantes em geral, não
necessitam de avental, desde que orientados sobre a lavagem das mãos e não
tenham contato direto com sangue e secreções dos pacientes.
Entre os auxiliares (75%) e técnicos (100%) que participam desta pesquisa,
citaram o avental descartável ou de tecido com barreira de proteção, já os aventais
impermeáveis 12(70,6%)conhecem este EPI, podemos inferir que o desconhecimento
pode estar relacionado a unidade hospitalar onde o profissional atua Já que este EPI é
mais utilizado no centro cirúrgico, centro obstétrico e área contaminada de higienização
de materiais da central de esterilização.
O gorro é um EPI que deve ser utilizado quando houver o risco de exposição
dos cabelos a material infectante ou na presença de infestação por pedículos em
pacientes que requerem contato próximo e também para evitar a queda de fios de
cabelo em campos cirúrgicos, 100% dos profissionais da enfermagem que compõe
este estudo o referenciaram.
62
Neste estudo os gorros foram citados por dez dos auxiliares de enfermagem e
por 100% dos técnicos de enfermagem.
Os óculos são EPIs que devem ser utilizados quando houver risco de
contaminação dos olhos, eles podem ser descartáveis ou reutilizados, o importante é
que possuam um anteparo nas laterais, dificultando assim a exposição dos olhos a
material biológico.
Nishide e Benatti (2004) recomendam para os profissionais de saúde que
usam óculos com lentes corretivas devem colocar protetores laterais para evitar
respingos quando a cabeça estiver virada. Lembre-se de que existe a possibilidade de
borrifo por cima das lentes, se as armações forem grandes e não se adaptarem bem à
face. "Os protetores oculares ou os óculos protetores usados sobre os óculos com
lentes corretivas oferecem mais proteção do que os óculos comuns com protetores
laterais".
No ambiente hospitalar é recomendado que os profissionais utilizem sapatos
impermeáveis, fechados, antiderapantes e com salto baixo estes itens servem de
barreira de proteção para os pés e podem garantir a redução de contaminação e
assegurar riscos físicos como quedas.
Os sapatos, botas e pemeiras impermeáveis podem ser convenientes nas
situações em que houver a possibilidade de exposição dos pés e das pernas ao
sangue ou outros líquidos potencialmente contagiosos, como nos procedimentos de
desinfecção terminal da unidade do paciente, limpeza da sala cirúrgica e mesmo na
higiene do paciente, fora a possibilidade de contaminação dos pés pode ocorrer
quedas em decorrência de superfícies molhadas, as botas de borracha reduzem
significativamente este risco, pois também sâo-antiderapantes. Cabe a instituição
providenciar este EPI para os funcionários.
Ao questionamento sobre o conhecimento do uso de botas de borracha como
EPI nesta pesquisa dos 17 pesquisados apenas um auxiliar de enfermagem registrou
seu conhecimento.
Por este
motivo questionamos também os auxiliares e técnicos de
enfermagem participantes deste estudo, quanto a utilização de EPI durante a
assistência de enfermagem conforme demonstrado na Tabela 3.
Mi;
63
i ':
Tabela 3 - Distribuição das respostas emitidas por auxiliares e técnicos de
©pf0p]-p3g0nrí (n—17) puanto ao uso de EPI por instituição de dois hospitais do
Município de Deodápolis/MS -2005
Categoria profissional/Instituição
Auxiliar de
Enfermagem
Hosp. Bom Jesus
(N= 5)
Auxiliar de
Técnico de
Enfermagem
Enfermagem
Total
HMCR
HMCR
(N=17)
(N=12)
(N=05)
EPI
N
N
N
Luva
de
Procediment
05
07
05
17
02
06
03
11
06
03
10
58.8
05
02
07
41,2
03
01
05
29,4
11,8
N
%*
100,0
o
Avental
Máscara
01
Óculos
Gorro
01
Luva estéril
02
02
Avental
01
01
64.7
5,9
Impermeável
Total
de
09
30
14
53
citações
Média de citações de EPI por instituição: Hospital Bom Jesus
1,8
Média de citações de EPI por instituição: HMCR
3,7
Média de citações de EPI por funcionário
3.1
* valores maiores que 100% devido a mais de uma citação.
A luva de procedimento foi o EPI mais citado 17 durante a assistência de
enfermagem, seguido pelo avental 10 , óculos de proteção 07 , gorro com 05(29,4%),
luva estéril 02 (11,8%), seguida pelo avental impermeável com apenas uma 5,9%
citação. A média de citações foi relativamente baixa 3,1 e por nenhuma vez foi
referenciado as luvas de borracha, o respirador N95 e as botas de borracha.
Na
instituição HMCR houve o maior número de citações sobre a utilização de EPI, com
uma média de 3, 7, contra apenas 1,8 do Hospital Bom Jesus, lembramos que essa
64
instituição tem sua equipe de enfermagem composta somente por auxiliares de
enfermagem, categoria essa que possui menor qualificação pois sua formação tem
menor tempo de duração.
Os trabalhadores de enfermagem suprem a maior porção do cuidado direto ao
paciente 24 horas por dia nos hospitais e, consequentemente, possuem constante
risco para ferimentos ocupacionais, assim poderão ser os trabalhadores mais afetados
pelos vírus HBV, HCV e HIV.
Para TRIPLE et. al (2003). o emprego de normas de biossegurança envolve
condições de recursos humanos nas instituições de saúde, seu preparo e sua
conscientização e freqüentemente estudo vem demonstrando a baixa adesão dos
profissionais da área de saúde "as medidas preventivas". Sabemos por exemplo, que
quanto maior a manipulação de objetos perfurocortantes e de sangue ou de outros
fluidos orgânicos, maior será a exposição e o risco de doenças como a AIDS e as
hepatite B e C, Entretanto, a pratica profissional demonstra uma baixa percepção
desse risco, revelada pela não adesão as médias profiláticas básicas.
Rabelo et al. (2002), consideram os riscos biológicos presentes no ambiente
hospitalar como os responsáveis pelos inúmeros acidentes e doenças profissionais ou
do trabalhador, atingido os grau de insalubridade e periculosidade. Para este autor tais
acontecimentos estão relacionados muitas vezes às situações econômico-financeiras,
administrativas, políticas e até mesmo aos profissionais de saúde, que não
desenvolvem programas de segurança no trabalho e, consequentemente, ficam
expostos ao perigo.
A baixa adesão ao uso de EPI também foi objeto de estudo de Sarquis (1999),
quando identificou que 84% dos trabalhadores de enfermagem julgaram desnecessário
o uso de EPI, por desacreditarem na contaminação do material que estavam
manipulando. Para a referida autora o trabalhador não consegue ter uma visão
ampliada do processo de trabalho, restringidos se apenas á atividade técnica do
procedimento, fatores, que interferem no uso de EPI.
Nishide et al. (2004), pesquisando também a adesão dos profissionais ao uso
de EPI constataram que apenas 40% dos trabalhadores faziam uso dos mesmos,
©videnciando que estes avaliavam de formas equivocadas a utilização dos mesmos
durante os procedimentos a serem realizados, por não valorizarem a real importância
do seu uso para a prevenção dos acidentes ocupacionais.
65
Para Shimizu e Ribeiro (2002) a utilização de EPI deve partir da premissa que
todos os profissionais podem ser potencialmente contaminados com patógenos,
consequentemente devem se prevenir com medidas de barreiras sempre que houver
possibilidade de contato com sangue e fluídos corporais, ressaltam que as medidas de
proteção podem reduzir, mas não eliminam o risco de exposição ocupacional.
Nishide e Benatti (2004)ao discutirem o uso de EPI, constatou-se que as luvas
são sempre utilizadas pelos trabalhadores durante os procedimentos e que as
máscaras e os aventais também, entretanto os óculos de proteção nem sempre são
utilizados.
Nishide e Benatti (2004) Comparando o motivo dos trabalhadores nem sempre
utilizarem ou não equipamento de proteção individual com o uso de EPI. Observou-se
quanto o uso das luvas, que o motivo de os trabalhadores nem sempre utilizadas
esteve relacionada, principalmente, aos esquecimentos e a inadequação do EPI.
Ao ser analisado o motivo do não uso do equipamento individual entre os
trabalhadores de enfermagem, pode-se observar que o motivo mais significativo foi à
falta de habito e/ou disciplina.
Neste estudo os 100% entrevistados citam que aderem o uso de luvas de
procedimentos, dados estes compatíveis com outros estudos onde as luvas de
procedimentos é o EPI mais utilizado e também o mais divulgado.
As luvas de procedimento conferem segurança na manipulação de artigos
críticos instalados nos pacientes e que oferecem o risco de contato com material
biológico, como por exemplo; porções das conexões de acesso vascular e do sistema
de sondagens vesicais. também são utilizadas nos cuidados de higiene, limpeza e
desinfecção da unidade do paciente e manipulação de roupas contaminadas.
Já as luvas estéreis só foram citadas por 02 auxiliares de enfermagem da
Instituição HMCR, o número reduzido de profissionais que utilizam este EPI pode ser
devido a divulgação deste EPI ser mais relacionado a técnica asséptica.
O uso de avental e máscaras na instituição HMCR foi significativo, pois 09/12
profissionais a referenciaram o uso no mesmo percentual avental 85,7% para os
auxiliares de enfermagem e 60% para os técnicos de enfermagem, contrariando a
informação que quanto maior a qualificação maior é a utilização de EPI e maior é a
conscientização.
No hospital Bom Jesus, os auxiliares participantes deste estudo, informou o uso
de ao avental 40,0% e máscara 20,0%, percentuais esse reduzido e preocupantes.
66
onde fica a dúvida se eles possuem conhecimento e reconhecem a importância destes
EPls.
Gir et ai. (2004) cita que o tempo prolongado do uso de máscara é um fator
dificultado e restritivo a sua utilização.
O emprego dos óculos de proteção não foi referido por nenhum auxiliar de
enfermagem do Hospital Bom Jesus, e novamente esta mesma categoria lotada no
HMCR foi a que mais citou a utilização 71,4% deste EPI seguido dos técnicos de
enfermagem com 40,0%.
Segundo Nishide e Benatti (2004) o uso de óculos de proteção é uma prática
pouco adotada entre os trabalhadores de enfermagem e os principais fatores para
justificar a não utilização é á falta de hábito/disciplina e fazer uso de óculos de grau e
também a quantidade de óculos insuficiente nos setores.
Os gorros foram elencados por um auxiliar de enfermagem na instituição
Hospital Bom Jesus e um técnico do HMCR e por 3 auxiliares de enfermagem da do
HMCR.
Entre os pesquisados um auxiliar de enfermagem do HMCR citou a utilização
de avental impermeável.
Ao analisarmos a utilização de EPI, neste estudo se sobressaem os auxiliares
de enfermagem do HMCR, quando 07 profissionais fizeram 30 citações, (média de 4,3
por funcionário).
Concordamos com Gir et. al. (2004), cita que a credibilidade á eficácia das
medidas de proteção, inclusive com relação aos EPls, associada ás dificuldades de
capacitação de pessoal, ao desrespeito ás normas pré-estabelecidas e ao
desinteresse do trabalhador são situações freqüentemente enfrentadas, associadas a
mudança de práticas arraigadas é um objetivo difícil de ser atingido.
Um dos objetivos deste trabalho foi avaliar o conhecimento dos entrevistados
sobre "Biossegurança", para analisarmos as respostas, realizamos um levantamento
sobre suas definições, para diferentes autores.
Para Bulhões (1998), o termo hospital etimologicamente lembra hospitalidade
© tem como um dos seus principais objetivos a recuperação da saúde. Entretanto, ele
nos faz refletir sobre os inúmeros problemas (riscos) existentes nesse meio ambiente
para aqueles que buscam ali a recuperação da sua saúde, e, sobretudo, para os
profissionais da saúde que expões ano após ano, atuando nesse ambiente nocivo.
67
Ainda segundo esta mesmo autora, a exposição desses profissionais aos agentes
nocivos é ampla, pelo fato de o hospital ser seu local de trabalho.
Entre estes profissionais esta categoria de enfermagem, de acordo com dados
do COREN (BRASIL, 1996) 98,3% do pessoal de enfermagem trabalhava em
estabelecimento de saúde e destes, 70,4% atuavam em hospitais.
Marziale (1995), estudando as condições de trabalho de enfermagem em
hospitais, ressalta que elas vem atraindo a atenção de muitos pesquisadores nas
ultimas décadas, devido ao risco que o ambiente oferece e ás peculiaridades das
atividades pela equipe de enfermagem, destacando, principalmente, o desrespeito aos
ritmos biológicos e aos horários destinados a alimentação, falta de programa de
trabalho, dimensão inadequada de mobiliários e espaços. Menciona, ainda que, dentre
as peculiaridades do trabalho de enfermagem, o turnos, principalmente aqueles cujos
esquemas de horários que se alteram, pode trazer prejuízos á alimentação, sono,
repouso e convívio familiar do trabalhador. O resultado disso leva á fadiga mental que,
conseqüentemente interferirá na produtividade e na qualidade da assistência e de vida
do trabalhador.
Diferentes estudiosos definiram biossegurança, como Teixeira e Valle (1996,
p. 239): """ Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização
ou eliminação de riscos inerentes ás atividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviço, visando a saúde do homem, dos
animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados".
Segundo HoefeI e Scheneider; Ribeiro (1997, p.41) "biossegurança pode ser
definida como um conjunto de normas e procedimentos elaborados com o objetivo de
proteger a saúde e evitar a aquisição de doenças e/ou agravos durante atividade
profissionais de risco".
Para Queiroz, (1998, p.148): "Biossegurança corresponde ao conjunto de
normas e procedimentos considerados seguros e adequados á manutenção da saúde
em atividades de risco de aquisição de doenças profissionais".
Ao estudarmos neste trabalho o conhecimento da equipe de enfermagem de
dois hospitais de Deodápolls/MS, solicitamos que os auxillares e técnicos de
enfermagem, construíssem uma definição do biossegurança. Dos 17 entrevistados 16
redigiram sua definição, sendo que um auxiliar de enfermagem absteve-se de
responder.
As respostas foram categorizadas, para serem analisadas, os entrevistados
68
T r
definiram "Biossagurança como.
• Categoria: normas que orientam os profissionais de saúde a se protegerem dos
acidentes de trabalho, 08.
• Categoria, equipamentos usados para a proteção individual, 03.
• Categoria: noimas de prevenção contra doenças contagiosas, 02,
• Categoria: proteção contra contaminações usando adequadamente
os EPIs, 02;
• Categoria: normas de proteção e prevenção para a segurança do profissional
como também do paciente, 01).
Oito citaram que biossegurança "são normas que orientam os profissionais de
saúde a se protegerem dos acidentes de trabalho", esta distinção compatível com as
afirmações de Sarquis e Felli (2002, P.225):"A prevenção de acidentes de trabalho é a
medida que pode, mais significativamente, diminuir essa exposição ocupacional aos
riscos biológicos e mecânicos inerentes ao trabalho. Os trabalhadores de enfermagem
ficam mais expostos a esses riscos por trabalharem com objetos perfurocortantes, que
permitem maior exposição a sangue e fluídos corpóreos".
Biossegurança é a palavra que tem sido muito usada quando se fala da saúde
do trabalhador e da prevenção de acidentes, ou seja, quando se trata da segurança
frente aos riscos tradicionais.
Essa definição não contempla o risco dos pacientes, que são assistidos pela
equipe de saúde.
Outra definição de biossegurança citada por 03 é "equipamentos usados para
â proteção individual" essa definição esta incorreta, pois o uso de EPIs faz parte da
normalização de biossegurança e em seu conceito é muito mais abrangente.
Pois para Nhanba (2004 51) A diversidade de fatores que envolvem as
exposições ocupacionais sugere que as várias medidas de biossegurança a serem
utilizadas na atuação profissional, capazes de assegurar certo grau de eficácia, devem
ser empregues de forma combinada, para que esses efeitos sejam potencializados,
como o uso correto dos EPI, imunização, redução de procedimentos invasivos
prescindíveis, associados às medidas de controle de engenharia, configuram-se como
estratégias que reduzem ao mínimo o risco de infecção em profissionais expostos.
Dois profissionais, também ao definirem biossegurança citaram "normas de
prevenção contra doenças contagiosas" esta resposta é incorreta, pois a medida de
prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, como
69
recomenda as PP e nâo apenas doenças contagiosas.
Para 02 dos entravistados ao definiram blossagurança como prot&ção contrs
contaminações usando adequadamente os EPIs" aproximaram-se da definição de
Precauções Padrão (PP) que são medidas de prevenção que devem ser utilizadas na
assistência a todos os pacientes na manipulação de sangue, secreções e excreções e
contato com mucosas e pele nâo integra. Essas medidas incluem a utilização de
equipamentos de proteção individual (EPI luvas, máscaras, gorros, óculos de
proteção, aventais e botas de borracha)e os cuidados específicos recomendados para
manipulação e descarte de matérias perfuro-cortante contaminados por material
orgânico.
Apenas uma que é auxiliar de enfermagem do HMCR e possui 03 anos de
atuação na profissão e que a resposta foi a mesma completa, pois contemplou quando
cita que biossegurança são: "normas de proteção e prevenção para a segurança do
profissional como também do paciente" multo semelhante a afirmação de essa
afirmação de HoefeI e Schneider (1997). ".biossegurança pode ser definida como o
conjunto de normas e procedimentos elaborados com o objetivo de proteger a saúde e
evitar a aquisição de doenças e/ou agravos durante atividade profissionais de risco .
Brandão Júnior. (2000) em seu trabalho sobre biossegurança e AIDS
encontrou que, para os profissionais de saúde entrevistados, não há informações
suficientes sobre a Biossegurança no trabalho e reivindicam a aproximação por meio
de rotinas impressas e distribuição de prospectos e cartilhas e ações de educação
continuada.
Nesta pesquisa 50,0% dos profissionais de enfermagem entrevistados, tem na
definição de biossegurança a relação direta com os cuidados de prevenção com os
profissionais esquecendo-se dos pacientes e do ambiente de trabalho.
Queiroz (1998) cita que a saúde ocupacional é a ciência que trata do
reconhecimento, da avaliação e do controle dos riscos operacionais, com o objetivo de
prevenir doenças e acidentes do trabalho, de promover condições de saúde, de
produtividade e de ajustamento social. Para essa mesma autora os indivíduos que
trabalham em hospitais estão potencialmente expostos a uma diversidade de doenças
infecto-contagiosa, podendo, por sua vez, ser fonte de transmissão de microrganismos
para pacientes e outros profissionais.
Quando perguntados se o hospital oferecia "condições de trabalho dentro das
normas de biossegurança" a maioria 94,0% responderam afirmativamente. Segundo
70
Brandão Júnior (2000), a essa pergunta a resposta pode ter sido prejudicada pelo
receio de estar prejudicando a instituição, que é seu ganha pão.
Este mesmo autor afirma que a satisfação do trabalhador com "as condições de
trabalho" é por que o mesmo não reconhece que o seu trabalho traz algum risco e a
utilização dos equipamentos de proteção representaria a aceitaçao de que o que
fazem é perigoso. Então, a negação do risco toma-se uma das grandes causas de
acidentes.
Continuando sua análise ele justifica que a não utilização de EPI S é uma
questão de cultura mesmo e não ocorre somente no Brasil, mas no mundo inteiro.
Referência uma fala da Coordenadora da Comissão de Saúde do Trabalhador do Rio
de Janeiro em 1997, onde diz que os profissionais de saúde não vêem que os EPI's
podem lhe trazer algum tipo de benefício ou evitar malefícios mais adiante e que a
disponibilidade destes representa melhora condições de trabalho.
Um auxiliar de enfermagem disse "não, por que não oferece todos EPIs
necessários". As condições precárias podem ser responsáveis pela insegurança no
trabalho e no risco de um acidente. Essas circunstâncias levam ao aumento do
estresse no ambiente hospitalar.
Em um estudo de Brandão Júnior (2000) sobre o risco de acidente no
trabalho, encontrou-se que dez profissionais consideraram que a falta de material
disponível de proteção faz com que ocorram acidentes no trabalho. Contudo, oito
profissionais afirmam que a maioria dos colegas preocupa-se com os acidentes, mas
poucos se protegem.
De acordo com a experiência desta pesquisadora e de sua orientadora, a falta
e a inadequabilidade dos EPTs e a precariedade das informações sobre a
biossegurança contribuem para a exposição constante ao risco de acidente no local de
trabalho, uma das situações de risco mais freqüente é a punção venosa realizada sem
luvas de procedimento e as aspirações traqueais sem óculos de proteção.
Ao cruzarmos as respostas fomecidas sobre condições de trabalho e
conhecimento sobre EPI, verificamos que nem todos participantes tinham
conhecimento sobre os diferentes tipos de EPIs utilizados em ambiente hospitalar,
como por exemplo o uso de luvas de borracha que não houve referência, botas de
borracha com apenas uma citação e com três pesquisados disseram conhecer
respirador N95. E se a maioria não tinha conhecimento sobres estes EPIs podemos
71
I
pressupor que eles não estão disponibilizados nas instituições e também que não esta
ocorrendo atualizações sobre o tema biossegurança.
Ao questionarmos sobre a lavagem das mãos 100% dos pesquisados
reconhecem como um requisito muito importante, na prevenção da exposição a
material biológico e também na redução do risco de infecções hospitalares caizadas.
No mínimo as precauções padronizadas preconizam a lavagem das mãos
antes e depois de entrar em contato com cada paciente, bem como após manusear
equipamentos, a lavagem das mãos deve ser efetuada antes e após cada contato com
o paciente ou cada procedimento como manusear curativos, secreções, coletores de
escarros excreções, drenagem ou sangue. Reichamann & Affonso (2000).
um outro risco ocupacional para os trabalhadores da área de saúde é a
hepatite B de acordo com De Luane apud Sarquis e Felli (2002) em estudo de 12
meses encontrou 18.000 novos casos desta doença entre estes profissionais,
confirmando o alto risco biológico a que os trabalhadores estão expostos e refere que
a enfermagem representa 58% destes, principalmente após exposição com material
perfurocortantes.
A infecção pelo vírus da hepatite B, ©m 10% dos casos pode evoluir para uma
forma fulminante da hepatite ou para uma forma crônica, como o carcinoma de fígado
e cirrose hepática. O risco de transmissão ocupacional da hepatite B após o acidente
percutâneo é de 30%(BULHÕES. 1994)
O Ministério da Saúde do Brasil reconhece que a soroprevalencia do VHB nos
trabalhadores da saúde é elevado, em torno de 2 a 4 vezes maior que na população em
geral, com incidência também de 5 a 10 vezes mais(BRASIL, 2001).
Sendo assim, faz-se necessária adoção de medidas preventivas para evitar a
transmissão da hepatite B para os trabalhadores da área da saúde. A imunização é
uma delas, fortemente recomendada. São três doses de vacina que devem ser
administradas com esquema de O, 1 e 6 meses (CDC.2001).
Essa vacina é extremamente eficaz e segura com 90 a 95% de resposta
vacinai em adultos imunocompetentes.. Não existe contra-indicação da utilização da
vacina na gravidez e lactação. Sua eficácia é longa, podendo ultrapassar os 10 anos,
não necessitando reforço, exceto em casos especiais pós-exposição e em
profissionais de saúde que façam diálise.(BRASIL 1999).
Dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro em 2001 mostram
que o número de profissionais da saúde não-vacinados contra a Hepatite B é muito
72
alto nas várias categorias profissionais. Estudo realizado no período de 1997 a 2001,
por este órgão, identificou que 47.6% dos trabalhadores do setor da limpeza, 34% dos
iaboratohstas. 31%dos trabalhadores de enfermagem de nível médio, 21% dos
enfermeiros. 17.6 dos médicos e 9,9% de dentistas da amostra investigada não eram
vacinados contra a Hepatite B, para Brevidelli; Assayag; Turcato,(1995)
Concordando com Ribeiro (2004) cita que além dos problemas relacionados á
utilização de EPI. às condições inseguras do material disponível, bem como às
condições inadequadas do ambiente de trabalho em muitos hospitais, há ainda os
problemas relacionados à proteção vacinai dos trabalhadores de saúde contra doença
como a Hepatite B. por exemplo.
Figura 5 - Distribuição da condição vacinai para a vacina da hepatite B dos auxiliares
E técnicos de enfermagem (n=17)de dois hospitais de Deodápolis/MS -2005
6%
88%
E] 1 dose BB 2 doses □ 3 doses □
Conforme demonstra a Figura 5, todos os participantes desta pesquisa foram
vacinados contra a Hepatite B.
como dissemos acima para estar imunizado ,
conforme o esquema padronizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, cumprirão essa
recomendação 14
dos integrantes da equipe de enfermagem de dois hospitais de
Deodápolis/MS. outros dois que são auxiliares de enfermagem e pertencem a
instituição HMCR estão com esquema vacinai incompleto um com uma dose outro
com duas doses.
Existe a necessidade de conscientização urgente sobre a vacina para Hepatite
B, para estes dois auxiliares de enfermagem já que no Brasil, a vacina é gratuita para
profissionais da área da saúde, estando disponível nas Unidades Básicas de Saúde
(BRASIL, 2000).
73
Ao investigarmos se participantes deste estudo com esquema vacinai
incompleto citou que conhecia doenças a que estão expostos os profissionais da área
de enfermagem os dois citaram a patologia Hepatite B.
As instituições de saúde que pagam o adicional de insalubridade por risco
biológico, deveriam oferecer acompanhar e exigir, que todos os profissionais da área
de saúde estejam não só imunizados, mas também que realizem a sorología
comprovando a eficácia da vacina.
No HMCR já existe implantado um sistema de acompanhamento sobre a
eficácia da vacina contra a hepatite B, tem sido realizado a sorologia para avaliar a
soroconversão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde — OMS (2001) Como cita no texto
o autor(Nhanda 2003, p. 23):
"A transmissão de agentes infecciosos no ambiente hospitalar sempre constituiu um
desafio para os seus profissionais e gestores, por representar risco tanto para os
pacientes, como pra eles próprios. Além de outros agentes patogênicos veiculados de
diversas formas, na atualidade, as maiores preocupações recaem sobre aqueles
transmitidos pelo sangue, dentre eles o HIV, e os agentes da hepatite virais. As
doenças que contaminariam através do sangue podem ser transmitidas de um
paciente para o profissional,de um paciente para outro, assim como de um profissional
para o paciente".
74
Tabela 4 Conhecimento sobre as doenças as que estão expostas, segundo a equipe
de enfermagem de dois hospitais do Município de Deodápolis/MS- 2005,
Variáveis
N
%*
Hepatites virais
15
100,0
Aids
12
80,0
12
80,0
Meningites em geral
05
33,3
Sifilis
03
20,0
Hanseniase
02
13,3
Raiva humana
01
6,70
Não responderam
02
13,3
Citações com acerto
15
100,0
Média de citações
3.3
Doenças
Tuberculose
*somatória maior que 100% devido a cada participante citar mais de uma
resposta
Foi perguntada a equipe de enfermagem das duas instituições pesquisadas se
conheciam as doenças a que eles poderiam estar expostos, 16 disseram que sim e um
não respondeu a questão. E quando foi solicitado que relacionassem as doenças que
tinham conhecimento, um também não respondeu, portanto o número de pesquisados
que responderam esta questão é de 15, houve uma média de 3,3 citações por
funcionário e todas as citações foram com acerto.
Os participantes deste estudo que responderam 15 ter conhecimento que as
hepatites virais representam risco á saúde do trabalhador da área de saúde, não
75
especificaram o tipo de hepatite. Ao correlacionarmos este conhecimento, lembramos
que 17 dos entrevistados afirmaram terem recebido a vacina da hepatite B, mas
apenas 14 têm o esquema completo. O fato de estarem vacinados pode justificar o
conhecimento sobre a hepatite B, mas não podemos afirmar que todos conhecem a
hepatite C e seu potencial de transmissibilidade aos profissionais de saúde.
Hepatite
é
o
termo
genérico
para
inflamação
do
fígado
que,
convencionalmente, designa alterações degenerativas ou necróticas dos hepatócitos,
podendo ser aguada ou crônica, tendo como causas uma variedade de agentes
(BRASIL. 1999).
As hepatites de causa viral que representam maior risco para contaminarem os
profissionais de saúde são atualmente a hepatite B(VHB)e hepatite C(VHC).
Conforme cita Brevidelli, Assayag, e Turcato (1995) embora o risco de
aquisição de hepatite já existisse, foi o surgimento da AIDS, talvez por ser esta uma
doença fatal, que fez com que o profissional da saúde repensasse em sua profissão
com mais segurança.
Igualmente, o Ministério da Saúde do Brasil reconhece que a soroprevalencia
do VHB nos trabalhadores da saúde é elevado, em tomo de 2 a 4 vezes maior que na
população em geral, com incidência também de 5 a 10 vezes mais(BRASIL, 2001; SÃO
PAULO, 2002)
Sendo assim, faz-se necessária adoção de medidas preventivas para evitar a
transmissão da hepatite B para os trabalhadores da área da saúde. A imunização é
uma delas, fortemente recomendada.
Após exposição ocupacional ao material biológico, existe comprovação de que
o risco de infecção pode ser reduzido, mesmo em profissionais não imunizados, com o
uso de vacina associada ou não a gamaglobulina hiperimune para hepatite B (BRASIL,
1999. BRASIL. 2001; SÃO PAULO, 2002).
Também neste Guia de Orientações Técnicas; hepatites B e C de São Paulo,
(2002) em relação a adoção de medidas de biossegurança, como a utilização EPI e
cuidados redobrados ao manipular equipamentos pontiagudos e/ou perfurocortantes
que tenham contato com material biológico, também são formas de prevenir a infecção
cruzada e diminuir os riscos de acidentes com exposição a material biológico. Como o
vírus da hepatite B é bastante estável em superfícies ambientais, podendo apresentar
infectividade por pelo menos uma semana, outra medida eficaz é a adoção de rotinas
de desinfecção e/ou esterilização de materiais, equipamentos e superfícies.
76
Com relação à hepatite O, o Ministério da Saúde do Brasil, alega não haver
diferença da prevalência para os profissionais da saúde, considerando similar aquela
encontrada na população geral, entretanto, entende que a soroconversão dos
trabalhadores que se acidentam com material contaminado pode ocorrer em 1,2 a 10%
dos casos, e que 2% das ocorrências de hepatite 0 devem-se à exposição ocupacional
(BRASIL, 2001).
Segundo o CDC (2001), a hepatite 0 já atinge 200 milhões de pessoas, um a
cada 30 habitantes do planeta. O mais alarmante é que se trata de uma doença que
raramente produz sintoma e seu diagnóstico geralmente é tardio, numa fase em que o
fígado já esta comprometida.
Para os profissionais da saúde tais dados representam uma preocupação, uma
vez que a sua principal forma de transmissão é pela exposição parenteral envolvendo
sangue ou derivados de sangue de pessoas infectadas. Os fatores de risco para a
oquisição do vírus incluem a transfusão de sangue, uso de drogas injetáveis, parceiro
sexual VHC positivo, prática sexual com múltiplos parceiros sem o uso de preservativo,
contato domiciliar com pessoa VHC positiva (Brasil, 2001). Portanto, as exposições
que envolvem sangue ou qualquer material biológico, para efeitos de seguimento,
devem ser consideradas de risco(RAPPARINI; CARDO 2004).
Até 1999 a literatura intemacional registrou cerca de 55 casos confirmados
decorrentes da exposição ocupacional em trabalhadores da saúde, em decorrência de
acidentes com material perfurocortantes, (agulhas ou material cirúrgico) contaminado,
manipulação, acondicionamento, ou emprego de sangue ou seus derivados e pelo
contato com material proveniente de pacientes infectados(BRASIL, 2001).
Os trabalhadores da área da saúde devem adotar medidas preventivas para o
controle da hepatite C, tais como educação continuada, uso de EPI e dispositivos que
minimizem o risco de acidente de trabalho com sangue e outros fluídos corpóreos. Não
existe nenhuma medida específica eficaz para redução do risco de transmissão após
exposição ocupacional ao vírus da hepatite C{RISCO BIOLOGICO, 2004}.
Quanto à vacina contra o HCV, além de não existir, no momento é remota a
chance de que venha a ser desenvolvida, devido á diversidade e habilidade de
mutação do vírus. E estudos não comprovaram nenhum benefício no uso profilático de
gamaglobulina ou do interferem em indivíduos que sofreram exposição acidental ao
HCV(CARDO et al. 1994)
Portanto, a única medida eficaz para eliminação do risco de infecção pelo vírus
77
da hepatite C é a prevenção da ocorrência do acidente, que consiste na utilização dos
seguintes EPIs. luvas ao entrar em contato com material biológico principalmente
sangue, óculos quando houver o risco de expirar secreções na mucosa ocular.
Já a doença AIDS causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
citada por 12 dos integrantes da equipe de enfermagem, este número apesar de
elevado nos é preocupante, pois o risco de contaminação dos profissionais de saúde é
bastante difundido e por mais tempo. A não citação por quatro mais os dois elevando
para 35,3% o percentual de integrantes da equipe de enfermagem que podem não
conhecer o risco potencial de contaminação após um acidente ocupacional (BRASIL,
1999, CANINI, 2000, BRASIL, 2001).
Este mesmo site informa que, ao longo de quase 10 anos, foram
documentados entre os profissionais da área da saúde 79 casos de aquisição de HIV
pós-exposição a material biológico em todo o mundo, e existe mais de 145 suspeitos,
estima que a taxa de soroconversão pós-exposição ocupacional por ferimento
percutâneo com sangue infectado pelo HIV é de 0,3% e para exposição de membrana
mucosa, de O, 1%.
.Quanto aos procedimentos no caso de exposição a material biológico,
recomenda-se realizar cuidados imediatos com a área exposta e, se o paciente-fonte
for conhecido, levantar informações sobre doença prévia ou situação sorológica para
HIV, HBV, GCV, e orientá-lo sobre a importância da realização dos testes sorológicos
para o profissional de saúde acidentado (BRASIL, 1999, 2001).
Quando acorre a indicação de anti-retrovirais, o mesmo deve iniciar
idealmente dentro de duas horas após o acidente, pois estudos em animais sugerem
que a quimioprofilaxia não seja eficaz quando iniciada de 24 a 36 horas após o
acidente. O início tardio da quimioprofilaxia após longo intervalo de tempo, uma a duas
semanas, pode ser considerado somente para exposição com elevado risco de
transmissão do HIV (BRASIL, 1999).
No caso de fonte desconhecida, deve-se fazer acompanhamento sorológico
para detectar a possibilidade de soroconversão no período de até seis meses pelo
menos e aconselhar para não fazer doação de sangue, órgãos, tecidos, sêmen, não
engravidar, não amamentar, não compartilhar seringas ou agulhas e usar ou solicitar
ouso de preservativos em qualquer tipo de relacionamento sexual, além de comunicar
o acidente de trabalho (BRASIL, 2001).
78
Com o advento da AIDS, houve um aumento expressivo no número de pessoas
com tuberculose, ressurgindo o debate em tomo desta doença (SILVA et. al.(2000);
RESENDE, 2004 ).
Segundo Resende (2003), a transmissão nosocomial da tuberculose não é
recente, vai desde a demonstração de seu caráter transmissível, até os dias atuais. No
entanto, o debate em tomo do assunto ressurgiu nos anos 90, motivado pelo aumento
da prevalência nos países desenvolvidos, instmmentalizado pelas técnicas de biologia
molecular e associado á epidemia, da AIDS. Mesmo tendo á transmissão hospitalar, o
risco de infecção tuberculosa, a doença é ativa no profissional da saúde sendo
evidenciados desde o inicio do século; a adoção de programas, avaliação e seguimento
dos trabalhadores não se tem efetivado, sobretudo nos países de alta prevalência o
risco comunitário é elevado.
Este mesmo autor refere também que a via inalatoria é o principal meio de
infecção pela bactéria Mycobacteríuin tuberculosis, demonstrando assim a importância do
tamanho das partículas inaladas.
Por isso é importante que as instituições de saúde padronizem e disponibilizem
a respirador N95, que é o EPI indicado para a prevenção da tuberculose, e como já
citamos anteriormente dos participantes deste estudo apenas 03 conhecem a indicação
de uso deste equipamento.
Dos 15 pesquisados 03, citaram a sífilis como doenças que representa risco de
transmissão por acidente ocupacional, esta citação pode ter ocorrido, pois as
instituições em estudo são hospitais gerais, que prestam atendimento na área de
obstetrícia e o Ministério da Saúde do Brasil tem intensificado sua divulgação de ações
de prevenção a sífilis congênita pelo Programa de Proteção a Gestante, onde é
realizado no momento de admissão da parturiente e logo após o nascimento a
testagem sorológica da mão e do recém-nascido
Esta doença representa um sério problema de saúde pública em vários países,
pois por se tratar de uma doença antiga e com um tratamento medicamentoso
(penicilina benzatina) de fácil acesso, ocorre a sub-notificação dos casos, pois muitos
tratamentos são realizados por auto-medicaçâo e por indicação de balconistas de
farmácia.
Por possuir sua via de transmissão sangüínea ela é um risco potencial de
contaminação entre os profissionais de saúde, principalmente a enfermagem que
79
manipula de material perfurocortantes e manipula diariamente a material biológico
potencialmente contaminado.
As referencias consultadas não referiu nenhum estudo de contaminação de
profissionais de saúde, mas a probabilidade existe, pois ela possui as mesmas vias de
contaminação da AIDS e das hepatites B e C.
.Cinco, dos 15 que integraram este estudo, referenciaram a meningite como
doença contagiosa que predispõe a equipe de enfermagem a exposição ocupacional,
assim como nas hepatite também não especificaram o tipo de meningite bem como seu
agente etiológico
A meningite doença infecciosa causada por vários tipos de microrganismos
como: vírus, bactérias, fungos que acometem as membranas do sistema nervoso
central, chamadas de meninges. As meningites bacterianas têm como via de
transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias por gotículas e
secreções do nariz e da garganta e há necessidade de contato intimo (residente da
mesma casa, colega de alojamento, namorado)ou contato direto com as secreções do
paciente. O portador assintomático pode ser uma importante fonte de transmissão
(STIER, et. al. 1995, BRASIL,2000).
O agente deixa de ser transmitido após o período de 24 horas do início de
tratamento eficaz com antibióticos. A prevenção dessa doença para alguns tipos de
microrganismos pode ser feita por vacinação, como Haemophilus e Meningococo tipo A
e C, doenças como a caxumba, o sarampo, e a rubéola, entre outras, são doenças que
podem causar meningite e também são prevenidas com vacinação. (STIER, et.al.
1995, BRASIL, 2000 (b).
No ambiente hospitalar quando for diagnosticada meningite por agente
infeccioso com alto grau de transmissibilidade é indicado que o paciente permaneça
em isolamento respiratório até 24 horas após a instituição da antibioticoterapia, sendo
altamente recomendado o uso de máscaras a todos que adentrem o quarto durante o
período de transmissibilidade da doença.
Dois, das entrevistas mencionaram a hanseníase, como doença passível de
transmissão por exposição ocupacional.
A hanseníase é uma moléstia sintomatizada pela presença de pústulas e
escamas que cobrem o corpo do enfermo. A transmissão da doença acontece por
contato direto com os bacilos de Hansen que se encontram na saliva, nas secreções
nasais ou nas feridas dos infectados, ou pelas vias respiratórias superiores, através do
80
contato íntimo e prolongado com o portador da doença. A partir da primeira dose do
tratamento, que reduz 90% dos bacilos a doença deixa de ser transmitida (SOUNIS,
1985; BRASIL, 2000 ).
Para um auxiliar de enfermagem a raiva é uma doença que requer proteção por
meio de EPI pelo risco de transmissão da doença pelos profissionais de saúde,
durante a assistência direta ao paciente portador de raiva humana, que em sua
evolução clínica pode apresentar alterações do nível de consciência com agitação e
agressividade, colocando em risco os profissionais que o assistem
A raiva é uma doença provocada por víms, caracterizada por sintomatologia
nervosa que acomete animais e seres humanos. Transmitida por cão, gato, rato,
bovino, eqüino, suíno, macaco, morcego e animais silvestres, através da mordedura ou
lambedura da mucosa ou pele lesionada por animais raivosos. O homem recebe o
vírus da raiva através do contato com a saliva do animal enfermo. Isto quer dizer que,
para ser inoculado, não precisa necessariamente ser mordido - basta que um corte,
ferida, arranhão profundo ou queimadura em sua pele entrem em contato com a saliva
do raivoso. Independente da fornia de penetração, o vírus se dirige sempre para o
sistema nervoso central(SOUNS.1985; BRASIL, 2000 ).
Tanto no homem como nos animais, quando os sintomas da moléstia se
manifestam, não há mais cura possível - a morte é certa. Assim, todo tratamento tem
que ser feito durante o período de incubação, quando o paciente não apresenta
sintomas e não manifesta queixas.
Mato Grosso do Sul, há muitos anos não é notificado casos de raiva humana,
mas o Estado é área endêmica para a raiva bovina, isso é um fato preocupante, pois
ele detem a marca de maior rebanho bovino do Brasil, portanto, ainda existe a
possibilidade de casos de raiva humana.
Segundo Marziali, Nishimura e Ferreira (2004, p.37);
"Os acidentes de trabalho por material perfuro-cortante entre trabalhadores de
enfermagem são freqüentes, devido ao número elevado de manipulação,
principalmente de agulhas, e representam prejuízos aos trabalhadores e às
instituições. Tais acidentes podem oferecer riscos à saúde física e mental dos
trabalhadores".
Na Figura 6, encontramos o cruzamento dos dados ocorrência de acidentes
com material biológico versus número de empregos.
81
Figura 6 Distribuição de acidentes com material biológico versus número de
empregos da equipe de enfermagem de nível médio de dois hospitais do Município
de Deodápolis/MS. 2005.
N=08
60.00%,
iNftO
Número de empregos
Percebemos na figura acima que 60% dos acidentados trabalhavam em um
emprego e 40% em dois empregos, portanto o número de número empregos não foi
fator determinante de acidentes.
Neste trabalho constatou-se que os acidentes com material biológico ocorridos
nos 8 integrantes da equipe de enfermagem de nível médio de Deodápolis nos
últimos 03 anos são todos relacionados ao material perfurocortantes.
Dos 08 profissionais da enfermagem que citaram acidentes, foram vitimados
por 15 acidentes com material perfurocortantes, com uma média de 02 acidentes por
funcionário sendo a ocorrência de 03/15 acidentes com cateter de curta duração
(escalpe) contaminados, citaram o acidente durante a remoção dos mesmos, e 10/15
acidentes aconteceram por meio de perfuração com agulha recém removida do
paciente e 02/08 referiu duas exposições, por agulha durante o preparo de medicação,
número menor que o encontrado por Nishide, Benatti e Alexandre (2004, p.208); essas
autoras em seu trabalho sobre a ocorrência de acidentes de trabalho em unidades de
terapia intensiva de um hospital universitário encontraram que o procedimento que
envolveu o
maior número de acidentes foi pela manipulação de material
82
perfurocortantes durante o preparo de medicação 23,0 % estes acidentes pela picada
de agulha estéreis.
Mesmo a agulha sendo estéril o acidente é preocupante, pois ele provoca uma
solução de continuidade que serve como porta de entrada para microrganismos
patogênicos.
Sarquis e Felli (2000), num hospital observaram que a categoria dos auxiliares
de enfermagem é a que mais sofre acidentes. São 70% dos acidentes são com
materiais perfurantes, mais freqüentemente com a agulha de injeção. Estes dados são
similares aos por nós encontrados quando os auxiliares de enfermagem aparecem em
primeiro lugar entre os acidentados com 7/8 (87,5%) e as perfurações com agulha
estas ocorreram 12/15 (80%). Estes dados se justificam por se tratar de duas
instituições de saúde (hospitais de pequeno porte), onde os pacientes com maior
complexidade (que utilizam medicação intravenosa com diluição em soro) são
transferidos um hospital de referência localizado há 93 km ou para as instituições
hospitalares da capital Campo Grande, distante a 280 km, ficando os casos de menor
complexidade e ambulatoriais atendidos nas instituições, estes utilizam com maior
freqüência a terapia intramuscular e endovenosa realizada com seringa e agulha.
As exposições ao material biológico encontrada neste estudo são compatíveis
com os dados encontrados em diferentes bibliografias, conforme citaremos a seguir.
Para Brevidelli; Assayag; Turcato (1996) a inoculação parenteral foi
responsável pela maioria dos acidentes ocupacionais, geralmente ocasionados por
perfuração de agulha contaminada com sangue durante o reencape ou descarte da
mesma, como também por punção venosa. Corroborando com este achado verificouse que, no Estado de São Paulo, de acordo com o Boletim Epidemiológico (São Paulo,
2004), a grande maioria dos acidentes notificados foi causada por perfurações com
agulha oca (85,40%); contato de material biológico em mucosa ocular (5,76%), pele
não - íntegra (4,10%), mucosa oral (1,22%)e outros (3,52%). A agulha foi responsável
pela maioria dos acidentes com material biológico, resultados evidenciados tanto por
estudo nacionais como internacionais (SARQUIS, 1999; OSHA, 2001; BÁLSAMO,
2002; MARZIALE; RODRIGUES. 2002; MARZIALE, 2003).
Também para Marziali, Nishimura e Ferreira (2004), os acidentes ocasionados
por picada de agulha são responsáveis por 80 a 90% das transmissões de doença
infecciosas entre trabalhadores de saúde.
83
Essas autoras referem que quando o acidente ocorre com materiais
contaminados pode acarretar doenças como Hepatite B, Hepatite C e AIDS.
O
acidente pode ter repercussões psicossociais, levando as mudanças nas relações
sociais, familiares e de trabalho. As reações psicossomáticas pós-profllaxia, utilizada
devido á exposição ocupacional e ao impacto emocional, também são aspectos
preocupantes.
Conforme cita Santos, (2002), o acidente percutâneo o maior responsável por
estas transmissões, a probabilidade de os profissionais se infectarem com o HIV está
relacionada a vários fatores, entre eles o volume de sangue, a carga vira! e a
profundidade da lesão.
que
Também encontramos relatos na bibliografia de acidentes com trabalhadores
indicaram estar expostos aos objetos/materiais perfurocortantes, foram
mencionados os descartes uns locais inadequados e as exposições ocorrem
principalmente nas atividades de manejo do material após o procedimento e ao
encaminhamento dos materiais.
Figura 7 Distribuição de acidentes com material biológico versus de atuação na área
de enfermagem entre os integrantes da equipe de enfermagem de nível médio de dois
hospitais do Município de Deodápolis/MS. 2005.
N=08
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
mo
60,00%
y
50.00%
40,00%
y
y^
y
30,00%
y
f
20,00%
10,00%
NAO
0,00%
0-5
15 MO
Tempo de atuação na enfermagem (anos)
84
Já na Figura 7, correlacionamos o número de acidentes ocupacionais com o
tempo de atuação na área de enfermagem e encontramos que das acidentadas
28,57%, possuíam de O [- 5 anos de experiência na área, 33,33% exerce funções na
enfermagem de 05|-10 anos mesmo valor encontrado na faixa de 151- 20, sendo que a
faixa de 10 (-15 anos 100% das trabalhadoras sofreram acidentes.
Brandão Júnior (2000) cita que os profissionais acidentados (as) geralmente
pensam primeiro no atendimento dos pacientes, como no caso das parturientes, do
que em se proteger. Em outras situações, os profissionais acham que já são muito
experientes, então não usam luvas, pois consideram que estão protegidos por
"Antigüidade". O tempo de trabalho se tomaria um fator de proteção para estes (as)
trabalhadores (as) e por este motivo eles (as) não utilizariam equipamentos de
biossegurança, ou ao saberem o diagnóstico do paciente, principalmente de doenças
infecto-contagiosas, aderem mais ao uso de EPIs.
Sobre a vulnerabilidade do (a) profissional após o acidente, é muito comum
passarem a ficar com receio de realizarem suas atividades com medo da
contaminação.
Reafirmando as citações de Brandão Júnior (2000); Marziali, Nishimura e
Ferreira (2004), citam que a conseqüência da exposição ocupacional aos patogênicos
transmitidos pelo sangue não esta somente relacionada á infecção. A cada ano
milhares de trabalhadores de saúde são afetados por trauma psicológico que
perduram durante os meses de espera dos resultados dos exames sorológicos. Dentre
outras conseqüências, estão ainda as alterações das práticas sexuais, os efeitos
colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego.
As estratégias básicas utilizadas para a prevenção dos Acidentes em muitos
países estão centradas ainda nas Precauções Padrão (PP) estabelecido há mais de
uma década nos Estados Unidos da América, Com o surgimento da AIDS, as ações
governamentais reformulam as questões referentes á prevenção e ás PP,
caracterizadas como barreira físicas que evitavam contato do profissional com material
biológico, bem como técnicas decorrentes de manipulação de descarte de agulhas e
objetos cortantes. Apesar da importância das Precauções Padrão, ainda existe
resistência por parte dos profissionais no que tange a adoção destas medidas.
Para os profissionais da saúde tais dados representam uma preocupação, uma
vez que a sua principal forma de transmissão é pela exposição parenteral envolvendo
sangue ou derivados de sangue de pessoas infectadas. Os fatores de risco para a
85
aquisição do vírus incluem a transfusão de sangue, uso de drogas injetáveis, parceiro
sexual VHC positivo, prática sexual com múltiplos parceiros sem o uso de presen/ativo.
contato domiciliar com pessoa VHC positiva (Brasil. 2002).
O Ministério da Saúde propôs diretrizes que indicam; cuidados locais, na área
exposta medidas especificas de quimioprofilaxia (indicação de quimioprof.laxia);
acompanhamento sorológico para detectar a possibilidade de soroconversâo no período
de até seis meses, pelo menos, após o acidente, além do aconselhamento para não
fazer doação de sangue, órgãos, tecidos, sêmen, não engravidar, não amamentar. não
compartilhar seringas e agulhas e usar ou solicrtar a emprego de preservativos em
qualquer tipo de relacionamento sexual, durante o periodo de observação; comunicar a
acidente de trabalha e solicitar o teste para a HIV do paciente-fonte. com o
aconselhamento pré e pós-teste. com informações sobre a natureza da teste, a
significado dos seus resultados e as implicações para a profissional de saúde envolvido
no acidente (BRASIL, 1999).
Dos trabalhadores que indicaram estar expostos a materiais perfurocortantes,
foram mencionados os descartes em locais Inadequados, as exposições estão
relacionadas principalmente as atividades de manejo do ambiente após o
procedimento e ao encaminhamento dos materiais.
Para Queiroz,(1998) o meio mais eficiente de reduzir-se tanto a transmissão
profissional-paciente quanto a paciente-profissional, baseia-se na utilização
sistemática das normas de biossegurança, determinação dos fatores de risco
associados e na sua eliminação, bem como na implantação de novas tecnologias da
instrumentação usadas na rotina de procedimentos evasivos. Portanto a enfermagem
ao assistir todo e qualquer paciente independente de sua patologia, deve seguir
rigorosamente as normas de biossegurança.
Diferentes sistemas de vigilância sobre acidentes ocupacionais com material
biológico foram iniciados em vários paises, principalmente após a década de 80,
devido á epidemia da AIDS. No Brasil há somente um sistema de vigilância sobre
acidentes com materiais biológicos, implantado em São Paulo, que é o SINABIO (SÃO
PAULO. 2002). A maioria dos estudos refere-se exclusivamente a programas de
desenvolvidos de forma individualizada em hospitais universitários e a outros serviços
de saúde (RISCO BIOLÓGICO, 2004).
Na tentativa de sistematizar o registro dos acidentes do trabalho com
exposição a material biológico bem como as estratégias adotadas pra preveni-los, em
86
hospitais de diferentes regiões dos pais, criou-se a Rede Eletrônica de Prevenção de
Acidentes do Trabalho com Exposição a Material Biológico (REPAT), base de dados
que disponibiliza informações sobre pesquisas relacionadas a esta temática, servindo
também de intercâmbio de informações interativas on-line(REPAT,2004).
No Brasil, não existe uma legislação especifica a esse respeito, como a Lei
Federal Americana "Neediestick Safety na Prevention Act", assinada em 06 de
novembro de 2000, que se destina a proteger oito milhões de profissionais da saúde
norte-americanos das lesões causadas por agulhas e outros dispositivos perfurocortante. Esta lei exige que as instituições norte-americanas de saúde subordinadas à
Occupational Safety and Health Administration (OSHA) utilizem instrumentos mais
seguros, como os equipamentos perfuro-cortante com dispositivos de proteção contra
ferimentos e os sistemas sem agulhas pra prevenção de acidentes (SÃO PAULO,
2000).
87
6- CONCLUSÃO
O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo e caracterizar o
conhecimento da equipe de enfermagem de nível médio de dois Hospitais de
Deodápolis-MS sobre biossegurança.
A principal motivação para o desenvolvimento deste estudo decorreu do
histórico do não relato de ocorrências de acidentes ocupacionais entre profissionais de
enfermagem das duas instituições estudadas. Igualmente constituiu motivação para a
criação de bases à implementação de programas de prevenção.
Participaram do presente estudo, 17 integrantes da equipe de enfermagem de
dois Hospitais de Deodápolis, o que corresponde a 100% dos profissionais de
enfermagem das instituições, sendo 12 (71%) auxiliares e 05 (29%) técnicos de
enfermagem.
Observou-se que quanto à distribuição dos participantes do estudo, segundo a
faixa etária, observa-se que varia entre 20 e acima de 50 anos de idade, onde a maior
proporção de profissionais 10(58,0%)concentra-se na faixa etária, entre 30 a 39 anos,
seguido de 40 a 49 anos 03(18,0%), com igual distribuição (12,0%) aparece a faixa
etária mais jovem 20 a 29 anos e acima de 50 anos
Relacionando faixa etária e escolaridade, a maior parte dos os profissionais
estudados 58%, encontram-se na faixa etária de 30 a 39 anos e destes 40% possuem
o ensino fundamental completo e 02(12%), cursam o ensino superior.
. Neste trabalho 08(47%)dos profissionais registraram que já foram expostos
acidentalmente a material biológico, destes 06(75%)são auxiliares de enfermagem.
Quanto á ocorrência de acidentes com exposição a material biológico nesta
pesquisa, variou de 01 a 04, com uma média de aproximadamente 02 acidentes por
trabalhador.
Dos 08 profissionais de enfermagem que citaram acidentes,foram vitimados por
15 acidentes com material perfurocortantes, com uma média de 02 acidentes por
funcionário e estes registram a ocorrência de acidentes por cateter de curta duração
(escalpe) contaminada e por meio de perfuração com agulha recém removida do
paciente e por agulha durante o preparo de medicação.
88
Os trabalhadores de enfermagem suprem a maior porção do cuidado direto ao
paciente 24 horas por dia nos hospitais e, consequentemente, possuem constante
risco para ferimentos ocupacionais.
Nesta pesquisa 50,0% dos profissionais de enfermagem entrevistados, tem na
definição de biossegurança a relação direta com os cuidados de prevenção com os
profissionais esquecendo se dos pacientes e do ambiente de trabalho.
Nas respostas fomecidas sobre condições de trabalho e conhecimento sobre
EPI, verificamos que nem todos participantes tinham conhecimento sobre os
diferentes tipos de EPIs utilizados em ambiente hospitalar, podemos pressupor que
eles não estão disponibilizados nas instituições e também que não esta ocorrendo
atualizações sobre o tema biossegurança
O vasto reconhecimento de literatura sobre a ocorrência de acidentes
ocupacionais envolvendo material biológico associado a atual situação de emergência
dos vários agentes patogênicos e dos diferentes perfis epidemiológícos apresentados,
nomeadamente o bacilo da tuberculose na sua forma multirresistente, o HIV, os das
hepatites virais, entre outras, devem exigir medidas eficazes no tocante ao momento
para o uso adequado das medidas de biossegurança, durante a assistência.
No presente estudo chega-se a conclusão que os acidentes podem ser
evitados ou minimizados com a utilização de equipamento de proteção individual e
com os cuidados com o manuseio de materiais perfurocortantes, sangue, fluidos
corpóreos e excretas.
A diversidade de fatores que envolvem as exposições ocupacionais sugere
que as várias medidas de biossegurança a serem utilizadas na atuação profissional,
capazes de assegurar certo grau de eficácia, devem ser utilizadas de forma
combinada, para que esses efeitos sejam potencializados.
Deve haver concentração de esforços e recursos no ambiente de trabalho,
implementação de programas de prevenção e conscientização de práticas seguras e o
fornecimento, de forma contínua e uniforme dos dispositivos de segurança para todos
os trabalhadores.
O uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), imunização,
redução de procedimentos invasivos prescindíveis, associados às medidas de controle
de engenharia, configuram-se como estratégias que reduzem ao mínimo o risco de
infecção em profissionais expostos.
89
BIBUQTECAClÊmS DA SAÚDE
a>r. séYQío ^ouca
As medidas de controle de engenharia visam à prevenção de exposições do
profissional através do desenvolvimento de métodos altemativos e do uso da
tecnologia, sendo particularmente relevante na prevenção de acidentes com materiais
perfurantes e cortantes, Ex.: a realização de procedimentos sem agulhas ou com
agulhas contendo dispositivos de segurança, a substituição de bisturis por eletro
cautérios e a utilização de agulhas de suturas de ponta romba. No entanto, tais
dispositivos devem permitir: segurança tanto para o profissional como para o paciente,
facilidade no uso dos mesmos, baixo custo de aquisição, além de o mecanismo de
segurança favorecer ativação automática (CARACTERÍSTICAS DAS EXPOSIÇÕES...,
2003).
Destacamos dentre as estratégias de prevenção e assistência aos acidentes
com material biológico a ação dos trabalhadores de saúde organizados para que os
recursos disponíveis para registro e controle do acidente sejam justos e efetivamente
explorados. E distribuição de cartilhas contendo normas e rotinas para segurança do
profissional no cuidado na manipulação de material perfurocortante e uso correto dos
Equipamentos de Proteção Individual, como também conhecimento das doenças
transmitidas por contatos direto com sangue e fluidos corpóreos e excretas.
Acredita — se que o Programa de Biossegurança no hospital deva privilegiar a
experiência subjetiva dos trabalhadores sobre acidente de trabalho.
Não há ainda uma preocupação e investimento das chefias e sindicatos em
aprofundarem sobre este tema, as reações ainda são muitos individualizadoras. Um
dos grandes problemas é que há uma grande distancia entre o conhecimento gerado
e o conhecimento incorporado entre os trabalhadores.
90
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abordagem multidisciplinar. Hepatite B como doença ocupacional. Rio de Janeiro;
Fiocruz. 1996
YOSHIDA. C. F. T.Hepatite B como doença ocupacional. 10; TEIXEIRA, P.; VALLE, S.
Biossegurança. uma abordagem multidisciplinar, Hepatite B como doença
Ocupacional. Rio de Janeiro; Fiocruz, 1996. p. 257-272.
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APÊNDICE
Apêndice I
Termo de Consentimento livre e Esclarecido(TCLE)
Meu nome é Dorcas de Almeida Santos, sou enfermeira e trabalho no Hospital.
Municipal Cristo Rei (HMCR) de Deodápolis — MS, atualmente está matriculada e
cursando o Curso de Especialização de Saúde Publica pela Escola Dr. Jorge David Nasser da
Secretaria de Estado de Saúde/MS.
Para a conclusão do curso é necessário um trabalho cientifico, e pretendo realizar um
estudo denominado de ^^Caracterizaçào e Conhecimento da Equipe da Enfermagem de
Nível Médio de dois Hospitais de Deodápolis-AfS sobre Biossegurança."Com os resultados
deste estudo, estaremos elaborando protocolos para o emprego de normas de biossegurança,
conforme recomenda o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar.
Este trabalho é aprovado neste hospital e nas instâncias legais da Escola de Saúde
Publica Dr. Jorge David Nasser, da Secretaria de Estado de Saúde, será orientada pela
professora Enfermeira Mestre Marisa Dias Rolan Loureiro, da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul.
Por este motivo, solicito sua colaboração em participar deste estudo, respondendo a
um formulário, garanto sigilo e anonimato (ninguém poderá identificá-lo como participante
deste estudo), deixe o numero de meu telefone; O 067 44821 27 residencial, para que você
possa esclarecer qualquer duvida.
Esclareço que, caso você não concorde em participar do estudo, ou desistir durante
pesquisa, este fato não vai acarretar nenhum prejuízo para você.
Consentimento
Documento de identificação
( )Auxiliar de Enfermagem
( )Técnico de Enfermagem
Lotado no( )Hospital Municipal Cristo Rei ( )Hospital e Maternidade Bom Jesus estou
ciente dos objetivos e forma de realização do estudo"Perfil da equipe de enfermagem dos
dois Hospitais de Deodápolis - IVIS"e concordo e autorizo a participação voluntana neste
estudo
Data
/
Assinatura:
/2005
Apêndice II
Pesquisa: Caracterização e Conhecimento da Equipe de Enfermagem de
nível médio de dois hospitais de Deodápolis Mato Grosso do Sul, sobre
Biossegurança.
I) Dados de identificação:
Idade
sexo
Condição civil
Escolaridade
(II) Dados profissionais:
1 - Categoria:( )Auxiliar de Enfermagem
2 - Tempo de atuação a profissão:
(
)Técnico de Enfermagem
em anos
3 - Número de empregos na área de saúde:( )um ( )dois ( )três
III) Dados de conhecimento sobre Biossegurança:
01- Assinale os equipamentos de proteção individual (EPIs) que podem ser
utilizados pelos trabalhadores da área de enfermagem:
(
(
)luva estéril
( )avental descartável/tecido
( )avental impermeável
)luva procedimento
( )luva de borracha (tipo de limpeza)
( )gorro
( )máscara
( )óculos
( )respirador N95
( )botas de borracha
02 - Quais são os EPIs que você utiliza com maior freqüência em sua rotina
diária de trabalho.
03- Para você a lavagem das mãos é;
( )muito importante
(
)importante
( )pouco importante
04 - Escreva uma definição para biossegurança?
05) - Na instituição em que você trabalha, oferece condições de trabalho
dentro das normas de biossegurança.
(
) sim
(
)
não
Se NÃO por que:
04) Você já tomou vacina contra hepatite B?
( )aim ( )não Se SIM quantas doses;
05) Cite algumas doenças que você conhece
e que
à equipe de
enfermagem por pode adquirir em exposição no trabalho?
( )sim ( )não
Quais;
06) Você faz uso de equipamentos de EPI ao contato com sangue e fluídos.
( )sim ( )não
Se Sim qual (is) é (são) o(os)equipamento (s) de proteção que mais utiliza:
07) Você já sofreu algum tipo de acidente com material biológico, nos
últimos 03 anos?
( )sim ( )não
Se SIM quantas vezes:( )uma vez ( )duas vezes ( )três vezes ( )
mais de três vezes
08) Descreva o tipo de acidente.

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