A nova missão dos super-heróis depois de virarem

Transcrição

A nova missão dos super-heróis depois de virarem
SEGUNDA-FEIRA, 23 DE JUNHO DE 2008 | C1
INFRA-ESTRUTURA
BASTIDORES
Consumo de asfalto subirá 10%, para
Lavagem de cabelo
1,85 milhão de toneladas
C10 improvisada na SPFW
FRANQUIAS
Brasil na mira das redes
norte-americanas
C9
A nova missão dos super-heróis
depois de virarem setentões
C12
SE É IMPORTANTE PARA VOCÊ
TER AS MAIS RENTÁVEIS OPÇÕES
DE MERCADO, É IMPORTANTE PARA
NÓS OFERECER OS MELHORES
PRODUTOS E SERVIÇOS.
INVISTA NO PANAMERICANO.
REPRODUÇÃO
Para festejar sete
décadas da DC Comics
no Brasil, Panini lança
edição especial
SHEILA HORVATH
SÃO PAULO
Os heróis também envelhecem, mas com estilo. Este ano
Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha — são convocados para a frente de batalha das
comemorações pelos 70 anos no
Brasil da DC Comics, empresa
norte-americana de quadrinhos.
Nada melhor que brindar os novos setentões com novidades
nas bancas e uma bela repaginada no visual. A Panini lança no
momento uma coleção especial
com as melhores histórias de cada herói. A coleção tem início
com Superman e traz histórias
selecionadas das fases mais marcantes do personagem. Batman,
Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde e a Liga da Justiça
são os próximos heróis DC da
Coleção 70 Anos.
Além dos seis volumes, a coleção ainda terá uma edição especial com outros personagens que
não tiveram espaço na fornada
atual. A Panini mantém um site
com informações atualizadas
mensalmente sobre as edições.
Nele, há uma linha de tempo
com a história da DC Comics e a
ficha completa do primeiro volume, a edição do Superman.
A publicação comemorativa
com o Super-Homen contém histórias de escritores e desenhistas
consagrados, que se revezam para
mostrar a bravura de um dos primeiros super-heróis do mundo
HQ. Jerry Siegel, Joe Shuster,
Murphy Anderson, Curt Swan,
John Byrne, Elliot S. Maggin, entre outros, apresentam suas visões sobre o Homem de Aço.
Os novos produtos surgem
num momento favorável para os
quadrinhos no Brasil, segundo a
Panini. Embora não revele dados
de faturamento ou verba investida — também não há dados oficiais sobre o desempenho do setor —, a empresa afirma que a
maré está para peixe. Além de
Marvel e DC, a Panini possui as
licenças da Virgin, Top Cow e Dynamite, o que representa uma
participação de 88% no segmento. Ao longo dos últimos cinco
anos, a Panini cresceu 240% em
vendas de quadrinhos. Passou de
uma tiragem de 2 milhões para 7
milhões de exemplares.
Para entender um pouco desse
mercado, é preciso compreender
alguns pontos importantes. São
duas empresas que detém o domínio dos universos dos heróis
em todo o mundo. Uma delas é a
DC Comics, que, além de SuperHomem, Batman e Mulher-Maravilha, é responsável por Lanterna Verde, Flash, Aquaman,
Ajax, Mulher Gavião e Arqueiro
Verde, entre outros. Já a Marvel
Comics detém Homem-Aranha,
PÁG. 1 CMYK
Editora brasileira comercializa a Coleção DC 70 anos
Além disso, o licenciamento de
produtos também movimenta bastante esse mercado. O filme Homem-Aranha 3, por exemplo, gerou mais de US$ 90 milhões de faturamento no varejo com produtos
licenciados. Isso só no Brasil.
O diretor de marketing da Panini, Marcio Borges, afirma que,
no País, a editora promove uma
mudança no mercado de HQs. A
companhia assumiu as publicações da Marvel Comics no Brasil
em 2001 e, em 2002, os direitos
para editar as revistas da DC Comics. “Iniciou-se então um crescimento num mercado que passava por um longo período de
estagnação. A chave do sucesso
foi investir em um plano editorial variado e consistente, tendo
o leitor como a maior prioridade. Também valorizamos a qualidade gráfica de cada produto,
fazendo uma criteriosa escolha
de cada título”, conta o executivo. “O lançamento de filmes como Homem-Aranha e X-Men e
mais recentemente Hulk e Homem de Ferro, estes produzidos
pela própria divisão de filmes da
Marvel Comics, ajudam a popu-
Ligue 0800 775 8585
www.panamericano.com.br
SE É IMPORTANTE PARA VOCÊ, É IMPORTANTE PARA NÓS.
Mesmo com a entrada no mercado de diferentes títulos de Mangás, os quadrinhos ainda manteriam um público cativo. “Acreditamos que o público leitor de
mangá é o mesmo que aprecia a
HQ. Ele tem mais uma opção de
linguagem do gênero nas bancas
e livrarias”, diz Borges. A Panini
edita 14 títulos de mangás.
Para Borges, a influência dos
quadrinhos aumentou sensivelmente da década de 1930 para
cá, com os personagens se tornando referências culturais. “A
maior diferença em relação às
HQs do passado é a sofisticação
das histórias e o alcance das publicações”, observa. “O que antes era restrito a alguns nichos
de colecionadores, hoje ganha
audiência global com o lançamento de filmes com milhões
de espectadores no mundo inteiro”, completa.
/ ouvidoria CAIXA 0800 725 7474 / caixa.gov.br /
CRÉDITO CAIXA PARA MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS.
Crédito CAIXA para micro e pequenas empresas.
O jeito fácil e rápido de investir.
O APOIO QUE SUA EMPRESA
Vá até uma agência CAIXA e faça o seu.
PRECISA PARA CRESCER.
CAIXA. O banco que acredita nas pessoas.
Incrível Hulk, Quarteto Fantástico, X-Men, Capitão América,
Thor, Homem de Ferro e outros.
Uma das diferenças entre os
dois mundos é que o Universo
DC reúne cidades fictícias como
Gotham City e Metrópolis. Já o
Universo Marvel reúne cidade
reais, como Nova York.
Nas telas
Muitos personagens, tanto da
Marvel quanto da DC Comics, foram adaptados para o cinema,
principalmente no final do anos
1990, e também para séries de TV.
No caso da Marvel, já ganharam
as telas Homem-Aranha, X-Men,
Quarteto Fantástico, Hulk, Demolidor, Justiceiro, Elektra, Motoqueiro Fantasma e Homem de
Ferro. No caso da DC Comics brilharam Superman, Batman,
Constantine e Mulher-Maravilha.
Uma outra mídia que utiliza muito
a imagem dos diferentes personagens e conquista cada vez mais as
novas gerações é o videogame.
larizar muito o universo dos super-heróis. Isso é importante para a revitalização do mercado de
quadrinhos”, afirma.
A DC Comics estreou no País
com história de Superman em dezembro de 1938, publicada na Gazetinha nº 445, e atingiu o auge
de vendas na década de oitenta.
“Hoje, apesar de o mercado ser diferente e competir com a internet, recuperamos os leitores que
têm prazer em ler quadrinhos de
qualidade”, diz Borges.
INTERNET
Yahoo tem
novos
domínios
CRAYTON HARRISON
BLOOMBERG NEWS
O Yahoo Inc., que opera o
programa de e-mail mais popular dos Estados Unidos, está lançando dois novos domínios. O
objetivo é proporcionar aos
usuários a possibilidade de usar
nomes que já estão sendo utilizados em seu site principal.
Os internautas poderão criar
contas de correio eletrônico no
endereço ymail.com e no rocketmail.com, em vez de apenas
usar o yahoo.com, disse recentemente por meio de comunicado
a empresa, sediada em Sunnyvale, Califórnia.
O site de e-mail do Yahoo
concorre com programas de outras companhias importantes
da rede mundial de computadores, como Microsoft Corp. e do
Google Inc. Os três travam uma
disputa acirrada pa atrair usuários e anunciantes para os espaços que aparecem ao lado das
mensagens. As empresas também concorrem no setor de
buscas na internet, que responde por mais da metade da publicidade na web, área dominada
pelo Google.
Este site é responsável por
quase dois terços das buscas na
internet nos EUA, seguido pelo
Yahoo e pela Microsoft. No ano
passado, a receita publicitária online do Google nos EUA foi quase
o dobro da que foi obtida do
Yahoo, segundo dados da empresa de pesquisa EMarketer Inc.
A Microsoft abandonou a tentativa de comprar o Yahoo no
mês passado, e se envolveu posteriormente em conversações sobre uma transação alternativa. Essas discussões entraram em colapso na semana passada, quase
ao mesmo tempo em que o
Yahoo anunciou uma parceria
para a área de anúncios para buscas com o Google.
)* +),-*
.
! "" ## ""$% &&$$
'''(
/*,-*
C2 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
TI & TELECOM
Prazos exíguos levaram Nokia-Siemens a importar equipamentos de coligadas
CACALOS GARRASTAZU/ERICSSON
TELEFONIA CELULAR
Somente Ericsson
produz 3G no Brasil
Nokia-Siemens e
Huawei ainda estão na
fase de estudos para
nacionalizar a produção
THAÍS COSTA
SÃO PAULO
O momento é de grande atividade na indústria da telefonia celular. A realização do leilão das freqüências de terceira geração (3G)
em dezembro, depois de muitos
meses de expectativa, funcionou
como uma abertura de comportas
e levou todas as operadoras móveis
brasileiras a chamar os fornecedores à mesa de compras.
Ericsson, Nokia-Siemens e
Huawei tornaram-se as grandes
parceiras da Vivo, Oi, TIM, Brasil
Telecom e Claro. Todas contrataram duas fornecedoras, com exceção da CTBC, que fechou com
apenas uma, a chinesa Huawei.
Nessa onda de novos contratos, a Ericsson aparece como a
maior usufrutuária, tendo conquistado a parte central da rede,
também chamada de comutação
por pacotes (core) e as estações radiobase de toda a indústria celular, com exceção da Oi.
Mas como essa operadora está
em vias de adquirir a BrT, a Ericsson terá o setor inteiro incluído
na sua carteira de clientes, afirma
o vice-presidente da Ericsson do
Brasil, Carlos Duprat.
Essa condição privilegiada é decorrência de a sueca ser a única fabricante de equipamentos de telecomunicações sediada no Brasil
que está produzindo localmente a
infra-estrutura de terceira geração.
“As operadoras ficam mais confiantes ao saber que temos uma
produção estabilizada em São Jo-
ALUÍZIO BYRRO
Chairman da Nokia-Siemens
sé dos Campos”, afirma Duprat.
Não que seja fácil nacionalizar
a fabricação de equipamentos
que ainda não são adquiridos em
grande escala, mas o esforço da
Ericsson está surtindo bons efeitos, diz Duprat referindo-se à
abrangência de suas encomendas.
Enquanto a Ericsson optou por
nacionalizar a produção, mediante a importação parcial de componentes específicos, as suas concorrentes Nokia-Siemens e
Huawei ainda importam a totalidade da infra-estrutura de 3G que
fornecem. As duas chegaram a
pensar em localizar a produção
no País, mas os planos ainda não
saíram do papel.
“Os prazos das encomendas
iniciais eram extremamente curtos”, afirmou o presidente do conselho da Nokia-Siemens, Aluízio
Byrro, para justificar o fato de a
empresa germano-finlandesa estar importando os equipamentos
de fábricas coligadas na Europa.
Produzir localmente também a
3G não está fora de cogitação.
“Continuamos a fazer planos, mas
não há prazo nem local definidos,
por enquanto”, acrescenta Byrro. A
Siemens mantém uma fábrica em
Curitiba que poderia abrigar a linha de produção de 3G. Tudo depende, porém, de estudos de viabi-
lidade econômica e ultimamente o
câmbio tem estado na contramão.
Na mesma situação está a chinesa Huawei, que chegou a fechar um acordo com o governo
do Estado do Espírito Santo em
dezembro do ano passado pelo
qual se comprometeu a construir
uma fábrica de equipamentos no
Estado, totalizando investimento
de R$ 10 milhões e abrindo 40
empregos diretos e 60 indiretos,
que seriam acrescidos aos 500
funcionários da empresa.
Um dos principais entraves à
nacionalização de uma fábrica no
País é a característica cíclica do
mercado local de telecomunicações. “Um ano tem muita encomenda e no ano seguinte não tem
nenhuma”, alegou Byrro, da Nokia-Siemens. Por isso, exportar a
partir do Brasil torna-se uma medida muito salutar para manter o
nível de produção local. A Ericsson exporta para América do Sul e
África. A Nokia-Siemens também
inclui nos projetos de fabricação a
venda para países da América Latina como suporte à estabilidade.
Ao produzir localmente, a empresa obtém redução de custos de
cerca de 15% em relação ao material importado, devido à isenção de impostos e benefícios do
Processo Produtivo Básico (PPB).
Embora haja incentivos fiscais
e acesso a financiamentos do BNDES, não é fácil obter vantagens
ao produzir pequenas quantidades de alguma linha de equipamentos. Por isso, a Ericsson considera sua escolha como investimento no futuro e espera multiplicar os resultados. “A primeira
encomenda costuma ser tímida,
mas depois as operadoras vão definindo expansões freqüentes pa-
Duprat, da Ericsson, diz que a estratégia de exportar à América do Sul e África apóia produção local
ra poder atender à demanda e ao
aumento do interesse pela nova
tecnologia”, disse Duprat.
No caso de 3G, há um inusitado
mercado sendo aberto, o do tráfego
de dados por celular, cujas expectativas são de grande disseminação.
É esperado, inclusive, que a universalização da banda larga seja possível através das redes sem fio.
A chinesa ZTE conquistou um
pequeno contrato na BrT e se in-
tegrou ao time das fornecedoras
de equipamentos de 3G. Segundo
especialista do setor, há um caminho árduo a ser percorrido pelas
empresas recém-chegadas. “Primeiro elas oferecem preço baixo
e conquistam clientes”, diz a fonte que pediu para não ser identificada. Depois elas têm de comprovar que a parte técnica tem
ompetência e atende aos requisitos de boa operacionalização,
continuou. “Por fim, é preciso
manter assistência técnica impecável para justificar o aumento
das encomendas, e isso é o mais
difícil para quem é novato no
mercado”, alegou o executivo.
A estatal chinesa ZTE está na
primeira fase e, segundo se comenta no mercado, pratica aqui preços
inferiores à China. A Huawei teria
passado à segunda etapa, depois de
oito anos de presença no País.
INTERNET
Yahoo perde executivos
REUTERS
NOVA YORK
As ações do Yahoo chegaram a
cair mais de 3% na última sextafeira depois que notícias sobre
um possível esvaziamento de cérebros da empresa ampliaram as
preocupações sobre o futuro da
companhia de internet, depois de
sua escolha por uma parceria
com o Google em vez de acertar a
sua venda para a Microsoft.
Blogs de tecnologia, como o
TechCrunch, informaram na
quinta-feira que três executivos
estão deixando o Yahoo, incluindo Brad Garlinghouse, que ficou
conhecido em 2006 pelo memorando “Peanut Butter Manifesto”
(Manifesto Pasta de Amendoim),
que pedia uma reviravolta radical
PÁG. 2 CMYK
na companhia. No documento, o
executivo comentou que o Yahoo
estava se espalhando levemente
sobre várias oportunidades, como
uma camada de pasta de amendoim. “Eu odeio pasta de amendoim”, escreveu ele.
A presidente do Yahoo, Sue
Decker, avalia a possibilidade de
promover uma reorganização
que possa centralizar a oferta de
e-mails do Yahoo, assim como o
serviço de busca e a página principal de seu portal em um produto organizado de forma global, segundo informou o Wall Street
Journal, citando pessoas familiares ao assunto.
“Uma vez que o capital humano historicamente foi um dos
maiores ativos do Yahoo, vemos
esses movimentos como negativos”, escreveu o analista da Standard & Poor’s Scott Kessler, em
um relatório.
Os papéis do Yahoo perderam
15% do seu valor desde que a
companhia anunciou o acordo de
publicidade com o Google e informou ter encerrado as conversas com a Microsoft.
O Yahoo preferiu não comentar
as informações sobre a saída de
executivos e não deixou claro se
uma reorganização seria feita como resposta a esse movimento.
A empresa rejeitou uma oferta
de US$ 47,5 bilhões feita pela Microsoft, ou US$ 33 por ação, além
de ter recusado também um acordo alternativo para vender apenas a divisão de buscas.
GAZETA MERCANTIL | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | C3
TRANSPORTES
O projeto prevê a dragagem de quase 17 milhões de metros cúbicos
CARLOS RUGGI/DIVULGAÇÃO
PORTOS DO PARANÁ
Brito confirma
antecipação
de dragagem
Ministro diz que obra
com verba do PAC,
prevista para 2009, será
iniciada neste ano
NORBERTO STAVISKI
CURITIBA
O ministro-chefe da Secretaria
Especial de Portos, Pedro Brito,
confirmou a antecipação da dragagem de aprofundamento dos
portos do Paraná para 2008 que
será paga com recursos do PAC e
vai, além de aprofundar o Canal
da Galheta para 15 metros, corrigir a curvatura que o canal apresenta desde 1997.
Há quase cinco anos sem realizar
serviços de manutenção, o terminal de Paranaguá tem dificuldades com a navegação noturna e
teve reduzido seu calado para
pouco menos de 12 metros pela
Capitania dos Portos.
Os portos do Paraná estavam
incluídos no PAC para a campanha de dragagem de aprofundamento para 2009, mas como a
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) está
com o processo de licenciamento
ambiental adiantado, foi possível
antecipar o trabalho. Para a dragagem de aprofundamento o ministro estimou que serão retirados 9 milhões de metros cúbicos
de sedimentos, deixando o Canal
da Galheta com calado de 15 metros e ainda dragando os portos
de Paranaguá e Antonina.
“Com o licenciamento ambiental em mãos vamos licitar
imediatamente essa dragagem de
aprofundamento e, ao mesmo
tempo, a Appa vai lançar novo
edital para a dragagem de manutenção. Teremos uma harmonia
entre os dois editais de forma que
se possa aproveitar a mesma empresa para as duas campanhas”,
explicou Brito. Segundo o ministro, o processo de licitação deve
durar entre três e quatro meses e
as duas dragagens serão feitas de
forma simultânea.
Segundo o ministro “dentro
do mercado atual de escassez de
dragas no mundo inteiro vamos
otimizar os trabalhos e reduzir
custos nesse processo. E o principal é que o Porto de Paranaguá
vai ter uma profundidade perene de 15 metros porque essa dragagem envolve o conceito de se
ter uma campanha por resultado, de forma permanente, e uma
profundidade que vai dar aos
portos paranaenses condições
de competitividade igual a qualquer outro porto brasileiro e do
mundo”, avaliou.
Em nota divulgada pelo governo paranaense na sexta-feira, o
engenheiro Pedro Dias, presidente da Câmara Técnica de Dragagem do Instituto Ambiental do
Paraná (IAP), disse que na próxima semana já será emitida a licença prévia para a dragagem de
aprofundamento. “O processo da
Appa está protocolado há 45 dias
no IAP e está sendo analisado. Como a Appa já possui a licença para a dragagem de manutenção e
há todo um estudo feito no últimos três anos, o IAP tem suporte
para dar prosseguimento à licença para a dragagem aprofundamento”, explicou.
Há quase cinco anos sem realizar serviços de manutenção, o terminal de Paranaguá tem dificuldades com a navegação noturna
A licença prévia para a dragagem de aprofundamento já possibilita ao governo federal lançar o
edital para o trabalho. Em seguida,
o IAP vai realizar os estudos para a
emissão da licença operacional, necessária apenas quando a campanha e dragagem de aprofundamento for iniciada. Com esta modalidade de dragagem, ficam mantidas as
profundidades dos berços de atracação, que variam de 8 a 13 metros no
Porto de Paranaguá e de 6 metros
no Porto de Antonina. O projeto
prevê a dragagem de quase 17 milhões de metros cúbicos, numa área
de 2,2 milhões de metros quadrados. A dragagem de aprofundamento será realizada após a dragagem de manutenção. Nesta moda-
lidade de dragagem, o Canal da
Galheta terá entre 15 e 16 metros
de profundidade; a área interna
entre 14 e 15 metros e a área dos
berços alcançará 14,5 metros. As
novas profundidades atenderão
em especial às áreas externas, que
têm maior taxa de assoreamento.
A dragagem de aprofundamento será paga pelo Governo
Federal com recursos do PAC e
prevê não só o aumento no calado do Canal da Galheta, mas a
também a correção do traçado
do Canal, que desde 1997 apresenta uma curvatura provocada
pelo avanço do banco da galheta
sentido sul–norte, o que gerou
uma curvatura na geometria do
canal de acesso.
5 6 &
!"# $ % &" ' (#
)**+ , ' -. . / ' 01&# 2 34*
/ 5 6 . $ 5 6 ' &"
5 6 . '
PÁG. 3 CMYK
C4 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
TRANSPORTES
Empresa ferroviária inicia a estruturação do primeiro corredor florestal
DIVULGAÇÃO
VIDROS AUTOMOTIVOS
Saint-Gobain amplia capacidade
com nova linha de produção
A segunda linha, que
será inaugurada em
outubro, dará conta do
suprimento até 2011
SONIA MORAES
SÃO PAULO
A Sekurit, divisão brasileira de
vidros automotivos, pertencente
ao grupo francês Saint-Gobain,
inaugura hoje nova linha de produção na fábrica de Mauá, no
ABC paulista. Esta é a primeira fase do programa de ampliação de
capacidade definido pela empresa
no Brasil. “Em outubro vamos
inaugurar outra linha de montagem de conjuntos de vidros para
automóveis, que permitirá suprir
a demanda das montadoras até
2011”, disse à Gazeta Mercantil,
Manuel Corrêa, diretor-geral da
empresa no Brasil.
Para dar conta da alta produção, a
empresa prevê contratar neste
ano 120 pessoas, o que elevará para mais de mil o número de empregados no Brasil.
O setor de vidros é um dos 9
segmentos que participam da cadeia de produção de automóveis
que está trabalhando no limite,
utilizando 95% da capacidade, se-
gundo levantamento feito recentemente pelo Sindicato Nacional
da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). O estudo abrangeu 11 setores que abastecem a indústria
automobilística. “Os setores de
eletrônicos e de plásticos também
estão ‘estressados’ e utilizam
atualmente 91% da capacidade”,
informou Letícia Costa, vice-presidente da consultoria Booz &
Company do Brasil.
A Saint-Gobain Sekurit decidiu antecipar os investimentos
que estavam programados para
2009 por acreditar no forte crescimento da indústria automobilística. “Tomamos a decisão na
hora certa, pois as atividades estão muito elevadas e estamos trabalhando em três turnos desde
2007”, comentou Corrêa. O valor
do investimento o diretor da empresa não quis revelar.
Para elevar a produção de pára-brisa e vidros laterais, a SaintGobain Sekurit trouxe da Europa
o que existe de moderno em equipamentos para a produção de vidros. São equipamentos específico para a indústria do vidro fabricado pela divisão européia da
companhia.
Na indústria de vidro, o forno
— como é chamado o maquinário de produção — é o equipamento mais importante para a
produção final de conjuntos de
vidros para automóveis. É esta
máquina que faz a curvatura do
vidro, de acordo com a especificação do automóvel.
O Grupo Saint-Gobain está no
Brasil há 70
anos e tem
GRUPO ESTÁ
NO PAÍS HÁ
longa história
de sucesso no
País, segundo
Corrêa. A
anos e investe
companhia
10 milhões de
investe em
dólares por ano
média US$ 10
milhões por
ano na sua fábrica brasileira.
70
Capacidade do setor
Segundo fontes do setor, a indústria de vidros automotivos
tem condições de fornecer mais
de 4,5 milhões de conjuntos de vidros para veículos por ano, muito
acima da capacidade instalada
das montadoras. Só a Saint-Gobain Sekurit tem capacidade para
fabricar mais de 2 milhões de vidros automotivos por ano. Com o
investimento de ¥ 5 milhões feito
em 2004 a empresa elevou de 1,6
milhão de unidades para 2 milhões por ano a produção de vidros e modernizou os processos
produtivos.
No mercado de automóveis a
Saint-Gobain Sekurit divide a
participação com a sua principal
concorrente, a fabricante inglesa
Pilkington, sendo 50% de cada
empresa, com fornecimento direto para as montadoras.
Segundo a consultora da Booz
&Company, foram constatados
dois tipos de dificuldades nas empresas que abastecem a indústria
automobilística. “A primeira, destacada pelas entidades que representam os setores, é a dificuldade
da cadeia de atender as mudanças
de programas das montadoras. A
outra, são problemas pontuais. A
indústria de plástico, por exemplo, tem mais dificuldade para
atender máquinas grandes, pois
têm somente 20% de ociosidade”,
disse a consultora.
Letícia Costa afirmou que não
foi por falta de acreditar no setor
que a indústria de autopeças está
estressada. “Foi o incentivo ao
crédito que fez crescer surpreendentemente as vendas de automóveis no País”.
Manuel Corrêa: “A empresa tomou decisão na hora certa”
FERROVIAS
RITMO DE ATIVIDADE
Meta da ALL é quadruplicar
a movimentação de cargas
Ford reduz vendas
com alta da gasolina
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL (MARÇO/2008)
MARIA LUÍZA FILGUEIRAS*
MATA DE SÃO JOÃO (BA)
A América Latina Logística
(ALL) tem a meta de chegar a
2020 com produção de 150 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil), mantendo o investimento atual de R$ 700 milhões
por ano, um montante, em 12
anos, de R$ 8,4 bilhões. A capacidade seria mais que quadruplicada, já que a operadora logística
encerrou o ano passado com 35
bilhões de TKU. A estimativa para este ano, segundo Bernardo
Hees, presidente da operadora de
logística, é atingir um consolidado de 40 bilhões de TKU.
Trecho em negociação
“Ainda estamos sofrendo com
o ‘paro’ agrícola na Argentina,
com a rodovia sem operação, mas
a previsão é voltar à normalidade
esta semana”, conta Hees. Ele
acredita que não haverá impacto
no resultado do ano, já que a participação é pequena — 4% do Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização)
com 7 mil km de malha, do total
de 20 mil km — e a companhia
tem compensado o volume de negócios no Brasil. Este ano a operadora adicionou 50 locomotivas
e 1,5 mil vagões à capacidade de
distribuição.
Os planos de expansão da
companhia, que tem 80% do capital pulverizado e mantém entre
os principais acionistas GP Investments, Previ, Delara e BNDESPar, podem ganhar mais agilidade quando o Projeto Rondonópolis sair do papel. A ALL é
Bernardo Hees: objetivo é atingir em 2008 um volume consolidado de 40 bilhões de TKU
apenas operadora e não constrói
ferrovias, por isso busca parceiros
que o façam. No caso da linha
que vai do Alto Araguaia para
Rondonópolis, dois grupos de investidores,, cujos nomes são mantidos em sigilo, estão avaliando o
projeto, que demandará entre R$
700 milhões e R$ 800 milhões. A
América Latina Logística fica como espécie de locatária, pagando
por 25 anos sobre o número de
toneladas transportadas.
“A ferrovia é para 2011 a princípio e deve atender especialmente demanda de carga de soja, cana, combustível e frigorificados”, adianta Hees.
Em 2006, a companhia se
fundiu com a Brasil Ferrovias,
que tinha uma operação deficitária, mas agregou malha, tornando-se a maior operadora logística com base ferroviária da
América Latina.
“A jornalista viajou a convite do
Previ
BLOOMBERG NEWS
SOUTHFIELD, MICHIGAN (EUA)
A Ford Motor, segunda maior
montadora dos Estados Unidos,
informou que suas perdas vão se
ampliar este ano porque com o
preço do galão de gasolina a US$
4 as vendas americanas de grandes picapes estão diminuindo.
A Ford Motor Credit, a unidade que gera lucro com mais consistência, também terá prejuizo,
informou a Ford sexta-feira numa
nota. A montadora com sede em
Dearborn, Michigan, reduziu
mais sua estimativa de vendas no
setor e adiou a estréia deste ano
da nova versão da picape F-150
em dois meses, para poder se desembaraçar do estoque existente.
“Eles estão reagindo da única
maneira que podem”, disse Dennis Virag, presidente do Automotive Consulting Group, em Ann
Arbor, Michigan. “Numa situação
de desastre iminente, eles promovem cortes em todos os lugares
possíveis”, disse Virag.
A perspectiva para a Ford piora
a cada dia enquanto os aumentos
dos preços de combustível e a economia debilitada arrastam as vendas americanas de automóveis para seus níveis mais baixos em 15
anos. Depois de surpreender os
analistas com lucro no primeiro
trimestre em abril, a empresa abandonou, no mês passado, sua previsão de lucro para o ano todo em
2009. A Ford perdeu US$ 2,7 bilhões no ano passado e US$ 12,6
bilhões no ano anterior.
A empresa não tem sido capaz
de deter 12 anos consecutivos de
declínio na participação de mercado americana enquanto estudos
como o levantamento anual de
KIRK KERKORIAN
Dirigente da Tracinda
qualidade da J.D. Power & Associates mostram melhorias. O histórico
de lançamentos de novos veículos
é ambivalente. O crossover Edge
está registrando avanço nas vendas, e o sedã Taurus não vende o
suficiente para manter uma fábrica
de Chicago produzindo a metade
da capacidade.
Enquanto isso, o investidor bilionário Kirk Kerkorian continua
dando apoio ao plano de recuperação do presidente Alan Mulally. A
Tracinda, grupo de investimento
de Kerkorian, informou na quintafeira que ampliou sua participação
na Ford para 6,5% após ter divulgado a compra inicial de ações da
Ford em abril. A montadora detém
cerca de 25% das vendas americanas das picapes F-Series, incluindo
o modelo F-150.
As vendas da F-Series caíram
19% este ano, incluindo a queda de
31% no mês passado. As vendas da
picape superaram as vendas de cada carro no mercado mensalmente
desde 1992 até maio, quando foram ultrapassadas pelas vendas de
quatro carros produzidos pela
Honda Motor e Toyota Motor.
O mercado para picapes e utilitários-esportivos encontra-se “num
dos níveis mais baixos em décadas”,
disse Mulally na nota.
TY WRIGHT/BLOOMBERG NEWS
Empresa estrutura malha da Brasil Ferrovias
ANA PAULA MACHADO
SÃO PAULO
Com o contrato de transporte
de cerca de 1,2 milhão de toneladas de celulose em fardo para a
Votorantim Celulose e Papel
(VCP), a América Latina Logística
(ALL) começa a estruturar o primeiro corredor florestal da empresa na malha da antiga Brasil
Ferrovias. O gerente de projetos
da ALL, Mauricio Trompowsky,
disse que com a escassez das áreas
de plantio florestal no estado de
São Paulo esse segmento migrou
para o Mato Grosso do Sul.
“Isso pode viabilizar o transporte, não só do produto acabado, no
caso a celulose, como também toras
de madeiras para as fábricas instaladas em São Paulo”, disse o executivo. Hoje, nessa rota são transportados açúcar, soja e combustível.
PÁG. 4 CMYK
O contrato com a VCP começa
a vigorar a partir do próximo ano
e para isso a ALL já investiu em
parceria com o cliente R$ 30 milhões na melhoria da via permanente. “É o primeiro passo para
estruturar este corredor”, ressaltou Trompowsky. A reforma na
malha viária contempla 414 Km
que compreende os trechos de
Bauru (SP) e Três Lagoas (MS). A
operação desse contrato será
100% ferroviária. O transporte de
cargas terá um trânsito de 84 horas e fluxo de 896 quilômetros e
acontecerá em tempo integral, 24
horas por dia, 365 dias por ano,
com um volume diário estimado
em 3,3 mil toneladas.
Investimentos
A reforma da malha envolveu
a colocação de 150 mil dormen-
tes, reforço estrutural da ponte do
rio Paraná (divisa dos estados de
São Paulo e Mato Grosso do Sul),
revisão e adequação de outras 50
pontes, correção geométrica da
via e recuperação de juntas. “Com
a reforma, poderemos operar a
maior locomotiva que temos hoje, a C30 com potência de 3 mil
hp”, ressaltou o executivo.
As reformas foram divididas
em três fases. A primeira parte a
ALL já foi iniciada. É o trecho
que compreende a cidade de Rubião Jr a Bauru, cerca de 115 km.
O término deve acontecer no final de 2008. A linha está liberada para circulação das locomotivas C30. Foram aplicados, até
agora, cerca de 20 mil dormentes. Já a fase 2 acontece em um
trecho de 237 km, entre Bauru e
Araçatuba (SP). Será iniciada
ainda neste mês e deve ser concluída em dezembro de 2008. A
fase 3 fica entre Araçatuba (SP) e
Três Lagoas (MS). São 177 km de
obras, com finalização prevista
para maio de 2009.
Além disso, o contrato prevê a
construção de um ramal ferroviário de 25 quilômetros que liga a
fábrica da VCP em Três Lagoas,
no Mato Grosso do Sul à linha
principal da América Latina Logística. “Teremos também 600 vagões especiais que trafegarão nessa rota. São equipamentos tipo sider que levarão os fardos de
celulose da fábrica ao Porto de
Santos. Cerca de 50% desses vagões serão reformados pela ALL e
os outros foram comprados pela
VCP para a operação. Todo o investimento é feito em parceira”,
afirmou Trompowsky.
Grandes picapes estão com as vendas em queda nos EUA
GAZETA MERCANTIL | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | C5
INDÚSTRIA
Vinhos estrangeiros responderam por 78% do mercado
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL
BEBIDAS
Salton enfrenta
invasão do
vinho importado
Empresa volta a
produzir a marca
Castell Chombert, mais
barata, após sete anos
WILSON GOTARDELLO FILHO
SÃO PAULO
Em dez anos, houve uma inversão no mercado brasileiro de vinhos
finos. Em 1997, 66,5% das vendas
eram da bebida nacional e 33,4% da
importada. No entanto, no ano passado, os importados representaram
73,4% do total comprado, ou 57,6
milhões de litros, e os nacionais ficaram com apenas 26,6%, 20,9 milhões de litros. De janeiro a abril
deste ano, a vantagem da importação se acentuou. Foram comercializados 11 milhões de litros de importados, 78,6% do mercado, ante 3
milhões de litros de vinhos nacionais, que representaram 21,4%.
Esta inversão ocorrida nos últimos anos está diretamente ligada a
valorização cambial, que possibilitou a entrada de vinhos mais baratos no Brasil, com destaque para os
chilenos e argentinos, que, isentos
de taxas de importação, ganham
um espaço cada vez maior nas mesas dos consumidores brasileiros.
Diante deste cenário, a Vinícola
Salton prepara uma ofensiva de
preços em relação aos concorrentes
estrangeiros. “Estamos indo para a
briga”, afirmou Angelo Salton, pre-
sidente da vinícola. A empresa retomou a produção dos vinhos da
marca Castell Chombert — suspensa há sete anos —, que devem chegar às gôndolas custando cerca de
R$ 8 — até agora, os vinhos mais
baratos da Salton eram os da linha
Classic, ao custo de R$ 12.
“Nós estamos trabalhando
com a metade da margem que
trabalhávamos há alguns anos.
São vinhos que eram para dar em
torno de 10% de lucro. Hoje, se
der 5% está bom demais.” Apesar
de já estar sacrificando a margem,
Salton afirmou que pode vir a sacrificar ainda mais os ganhos nessa briga com os importados. “Se
bobear o preço cai mais ainda.”
O executivo afirmou que a estratégia é sacrificar a margem e ganhar
em quantidade. Para conseguir isso,
a empresa está fechando parceria
com fornecedores de garrafas, rolhas, entre outras. “O fornecedor
tem que entender que no momento
atual é preciso que ele invista junto
com a empresa. Em vez de ganhar
R$ 2 em duas garrafas, ele pode ganhar os mesmos R$ 2 em quatro
garrafas. É preciso entender que
precisamos diminuir a margem
mas se o volume aumentar ele vai
ganhar do mesmo jeito.” Segundo
Salton, a empresa vai baixar o preço
o quanto for preciso para competir
com os importados.
Além dos vinhos Castell Chom-
Angelo Salton: margens reduzidas para garantir maiores volumes de venda e expectativa de faturamento 12% maior neste ano
bert, a empresa também vai colocar no mercado seu primeiro vinho frisante, o Lunae. A expectativa do executivo é vender 1
milhão de garrafas dos novos produtos em dois anos. O negócio de
vinhos tem crescido dentro da Sal-
Pernod Ricard quer impulsionar vendas no País
Além de fabricar Almadén no Brasil, a
francesa Pernod Ricard atua no País com diversas marcas de vinhos importados. De
acordo com Patrícia Cardoso, coordenadora
da área de vinhos da empresa, a bebida representou 16% do faturamento de R$ 650
milhões do grupo no País no último ano fiscal, encerrado em julho de 2007. Do total faturado com os vinhos, 40% resulta da venda
de Almadém e 60% da importação. A expectativa é que a divisão cresça 5% no País este
ano com os importados.
Como se trata de uma categoria ainda com forte sazonalidade, as vendas crescem até 50% no inverno, a empresa preparou ações para divulgar os
vinhos e ampliar o consumo nessa época do ano.
A Pernod Ricard gastará aproximadamente
R$ 500 mil no projeto Wine Experience que
de hoje até o próximo dia 23 de agosto será
realizado em 20 lojas de redes de supermercados e delicatessem, em vários estados do
País, para impulsionar vendas de três de seus
rótulos: Graffigna (Argentina), Jacob́s Creek
(Austrália) e Marques de Arienzo (Espanha).
O projeto inclui degustação, cenários especiais, descontos e ainda brindes.
A expectativa é ampliar em 20% as vendas desses vinhos durante a temporada de
maior consumo. De acordo com Patrícia, a
empresa também planeja trazer novos rótulos ao Brasil nos próximos anos.
W.G.F.
ton nos últimos anos, mesmo com
a invasão dos estrangeiros. Em
2007, a empresa comercializou
300 mil caixas de seis garrafas de
vinhos finos. Para este ano a expectativa é chegar a 450 mil caixas,
2,7 milhões de garrafas. De janeiro
a maio de 2007 foram 54,6 mil caixas. No mesmo período deste ano
já chegou a 76,4 mil caixas. “Nosso
negócio de vinhos finos tem crescido quase 50% a cada ano.”
Além de baixar os preços, o
executivo também pretende ampliar a distribuição dos vinhos no
Brasil. Atualmente, os produtos
da Salton chegam a 3 mil pontosde-venda do atacado e 2 mil em
restaurantes. “Queremos pelo menos mais mil restaurantes.”
A empresa fechou 2007 com faturamento de R$ 185 milhões. A
meta para este ano é crescer 12%.
Cerca de 35% da receita ainda resulta das vendas do conhaque Presidente, que possui 27% do mercado nacional — que movimenta 70
milhões de litros por ano. “Mas esse
IMPORTADOS EM ALTA
Participação de vinhos finos nacionais e importados no
mercado nacional (em %)
80
70
73,4
66,6
Nacionais
60
50
40
30
33,4
Importados
26,6
20
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fontes: Secretaria da Agricultura e Abastecimento e Decex/MDIC
mercado está estagnado. Cresce 2%
ao ano.” Ainda hoje, a sede da empresa, na zona norte de São Paulo, é
onde são produzidas as garrafas do
conhaque Presidente. Os vinhos e
os espumantes ficam com 30% do
faturamento cada e o suco de uva é
responsável por 5%. O executivo
contou que entre os planos de longo prazo está o lançamento de uma
nova categoria, que seria uma mistura de suco de uva com vinho.
QUÍMICA
ALIMENTAÇÃO
PETROQUÍMICA
Carbocloro prevê alta
de 15% no faturamento
Nestlé triplica
produção em
fábrica da BA
Siresp propõe revisão
do preço da nafta
LUCIANA COLLET
SÃO PAULO
JOSÉ PACHECO MAIA FILHO
SALVADOR
ANNA LÚCIA FRANÇA
SÃO PAULO
Às vésperas de iniciar a operação
da nova linha de produção, que ampliará em 40% a capacidade da empresa, a Carbocloro Indústrias Químicas está otimista quanto ao aumento das vendas. Não é para
menos. Com o bom desempenho
de setores como o da construção
civil, papel e celulose, saneamento básico e alumínio, o consumo
de soda cáustica, e de cloro, está
em alta em todo o mundo e particularmente no Brasil, que depende do exterior para atender a
totalidade de sua demanda.
A empresa, associação entre a
Unipar (50%) e a Occidental Quemical Corporation (50%) está ampliando a capacidade anual de cloro
em 100 mil toneladas, para 335 mil
toneladas por ano. Já a produção de
soda cáustica terá elevação de 112
mil toneladas de soda-cáustica, para
375 mil toneladas de soda . A ampliação da produção deve entrar em
operação em julho.
Segundo Mario Cilento, presidente da companhia, não há contratos firmes para a venda do adicional de cloro e soda cáustica que
serão produzidos, mas o executivo
acredita que não haverá problemas
na colocação dos novos volumes no
mercado. “O mercado existe”, disse.
“A indústria, em especial a que utiliza soda cáustica como insumo, como a de papel e celulose, a de alumínio, está muito aquecida e a demanda tem sido crescentemente
atendida por
importações.”
COMPANHIA
ELEVARÁ EM
Segundo a
Secretaria de
Comércio Exterior (Secex),
mil toneladas
entre janeiro e
a capacidade
maio deste
de produção
ano, as compras internacionais de soda cáustica atingiram
762,17 mil toneladas, volume
32,42% superior em relação aos
575,56 mil toneladas de igual período ao do ano passado. Em 2007,
o crescimento das importações foi
de 23,8% ante 2006, para 1,56 milhão de toneladas.
A companhia espera um aumento de 15% no faturamento deste ano, em relação aos R$ 772 milhões registrados no ano passado,
quando houve uma leve redução,
de 1,78% em relação aos R$786 milhões de 2006. A queda, segundo a
empresa, foi resultado da defasagem cambial. No entanto, foi um
movimento destoante em relação
ao mercado brasileiro, já que segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e
Derivados (Abiclor), da qual Cilento
foi presidente até o mês passado, a
indústria de cloro faturou cerca de
US$ 1,3 bilhão em 2007, alta de
18% ante 2006, quando o faturamento foi de US$ 1,1 bilhão.
O aumento do faturamento
tem como base não apenas a elevação das vendas em decorrência
da expansão como também o aumento dos preços da soda cáustica
e do cloro. Com base nos dados da
Secex — em que se observa alta de
66,9% das importações, em valores, que passou para US$ 124,1 milhões neste ano — o preço médio
da soda cáustica teve aumento
médio de 26%, entre as duas categorias de produtos: soda cáustica
sólida e soda cáustica em solução
aquosa. Para o cloro, Cilento estima elevação dos preços este ano,
de até 30%, dependendo da reação
do mercado internacional.
ções de venda realizadas em bolsa
de valores, tinha como objetivo
apenas giro de carteira e faz parte
da política de reciclagem da empresa de participações.
ra depois que a Vale negou que estivesse em negociações com bancos sobre recursos para uma aquisição. As ações caíram 2,4% e
fecharam a 3,435 libras esterlinas.
Desde o início do ano, os papéis
subiram 12% , impulsionando o valor de mercado para 45,4 bilhões de
libras esterlinas (US$ 89,7 bilhões).
100
REGISTRO
BNDESPAR NA CSN
A BNDESPAR alienou ações que representam 1,8% do capital da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Com isso, a participação acionária
da companhia no capital social da
siderúrgica passou a ser de 4,6%.
De acordo com a BNDSPAR, a transação, efetivada através de opera-
PÁG. 5 CMYK
AÇÕES DA ANGLO CAEM
As ações da Anglo American caíram
no pregão de Londres na sexta-fei-
O presidente da Nestlé Brasil,
Ivan Zurita, anunciou na última
sexta-feira que investirá cerca de
R$ 50 milhões em novas linhas de
produção — que abrangem cereais,
matinais, lácteos, bebidas achocolatadas e iogurtes —, na fábrica de
Feira de Santana. Com os novos
produtos, que se agregam ao atual
processamento de massas instantâneas, cereais e café solúvel, a capacidade produtiva da fábrica será triplicada. Passa de 40 mil para 120
mil toneladas por ano. A produção
de lácteos e iogurte em Feira de
Santana vai exigir o aumento de
25% na captação de leite, passando
de 80 milhões de litros para 100
milhões no ano que vem.
Com os novos investimentos, o
total de aplicações na unidade baiana, inaugurada há um ano e quatro
meses, chega a R$ 120 milhões. O
executivo não descarta futuras ampliações. Área não faltará. Além de
incentivos fiscais, na negociação
com o governo, foram cedidos cerca
de 200 mil metros quadrados.
Segundo Zurita, Feira de Santana situa-se em um importante
pólo industrial da região e está estrategicamente localizada, o que
contribui para reduzir custos —
sobretudo logísticos — e fazer
com que os produtos Nestlé tenham preços mais competitivos e
acessíveis à população da região.
A estratégia atende a necessidade de aumentar a competitividade
dos negócios e evitar o repasse do
aumento dos preços das commodities ao consumidor final. “Estamos
buscando eficiência para manter e
não majorar preços”, afirmou.
Até o final desta semana a Petrobras deve receber a proposta das
petroquímicas para um novo cálculo do preço da nafta. O documento, com o estudo completo para a precificação considerada mais
indicada para o Brasil pelas petroquímicas, está sendo finalizado
nos próximos dias, segundo Vítor
Mallmann, presidente do Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas
(Siresp) e da Quattor (empresa recém-formada pela associação da
Unipar com a Petrobras).
“Devemos concluir esta semana
a proposta para apresentá-la à Petrobras e dar início às negociações”,
afirma. De acordo com Mallmann,
o cálculo do preço da nafta hoje se
baseia no mercado europeu, onde a
referência é o petróleo Brent, no
contrato futuro para 30 ou 60 dias,
mais um spread e os ajustes logísticos. O que as petroquímicas pedem, basicamente, é a redução proporcional ao petróleo bruto que o
Brasil exporta, cuja a diferença chega a US$ 16 por barril, em média,
nos últimos 18 meses.
Segundo Mallmann há um
consenso no setor de que a evolução dos preços do petróleo no mercado internacional, aliada às expectativas criadas pelas notícias de
descobertas de novas jazidas pela
Petrobras, levam a acreditar que
este seja um bom momento para
se estabelecer uma nova fórmula
de preços para a nafta. “Com a mudança do cenário, a forma de fazer
o cálculo deve ser alterada”, diz.
A redução do preço da nafta é
fundamental para a indústria, uma
vez que o insumo é essencial na
VÍTOR MALLMANN
presidente do Siresp
produção de resinas plásticas, mercado muito promissor no qual há
segmentos como o de polipropileno, por exemplo, que cresce o dobro
das taxas de alta do PIB.
Mais resinas
A produção brasileira de resinas
voltou a subir em maio, totalizando
356,6 mil toneladas, depois da queda de 12,8% registrada em abril. O
volume maior, 8% acima do registrado no mês anterior, ocorreu em
função da retomada da operação da
central petroquímica da Braskem
localizada em Triunfo, no Rio Grande do Sul, que havia realizado parada de manutenção em abril. De
janeiro a maio, a produção, de 1,8
milhão de toneladas, caiu 6,7% em
relação a igual período de 2007, segundo a Abiquim. As importações
somaram 85,3 mil toneladas no
mês, recuando 6,6% em relação a
abril, e as vendas externas, que chegaram a 50 mil toneladas, declinaram 9,5%. No ano, as importações
somaram 435,8 mil toneladas, com
alta de 58% ante igual período de
2007. O consumo aparente de resinas (soma da produção com importações, menos as exportações) cresceu 12,6% de janeiro a maio, chegando a 1,9 milhão de toneladas.
C6 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
AGRONEGÓCIO
Para os gringos, a cachaça brasileira é sinônimo de caipirinha
DIVULGAÇÃO
PECUÁRIA
Ciclo de alta de preços para o
boi gordo pode durar até 2011
Custo elevado diminui
capacidade de
investimento na
reposição de plantel
NEILA BALDI
SÃO PAULO
Com a arroba do boi sinalizando R$ 100 no mercado futuro e
batendo os R$ 95 no físico em São
Paulo, o que corresponde a uma
valorização de 55% desde o começo do ciclo de alta dos preços em
meados de 2006, analistas acreditam que os valores médios do animal continuem elevados até 2011.
Anteriormente, acreditava-se que
acabaria no ano que vem — mas
os custos de produção também
elevados, podem retardar esta
mudança. Apesar de algumas discordâncias em relação ao período,
o certo, de acordo com especialistas, é que a oferta só será regularizada por esta data.
O analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, diz que
os ciclos não têm duração definida, variando de seis a 10 anos
o período todo — incluindo a fase de baixa e de alta. Considerando esse período, a atual fase
iria até 2009 ou 2011. “Eu acredito que seja longo porque o
abate de matrizes foi muito intenso e, no mesmo período, houve expansão da capacidade industrial”, afirma. De acordo com
ele, no ciclo de baixa — entre
2001 e 2006 — o abate de fêmeas aumentou 169%, enquanto o de machos, 39%. Rosa acrescenta que, naqueles cinco anos,
em alguns estados, o abate de fêmeas superou o de machos, como no Rio Grande do Sul, Tocantins e Rondônia.
Teoricamente, pelos dados da
Scot Consultoria, o período de alta
pode ser maior que o estimado anteriormente, até 2009. Isto porque,
na comparação com os ciclos anteriores, desde 1970, houve valorização de até 145% na época do
preço em alta. Até o momento são
55% e, no anterior, foram 34%.
Mas Rosa diz que naquela época
havia forte inflação. “Por isso eu
não acredito em uma valorização
tão alta, mas será superior ao passado”, avalia. Ele acrescenta também que há um limite de repasse
de preços aos consumidores.
O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, diz que é difícil prever quando o ciclo vai acabar. “O
principal fator para o fim do ciclo
é o produtor voltar a investir e reter matrizes”, afirma. Segundo
ele, atualmente é complicado
avaliar, pois aliada à alta na cotação do boi gordo houve também
Produto caro vende mais
NEILA BALDI
SÃO PAULO
Os preços mais altos do boi estão impulsionando as vendas da
Merial Saúde Animal de produtos
de maior valor agregado. Alguns
estão com procura 20% maior mês
a mês. Os chamados produtos diferenciados vão representar, em
2008, 20% do faturamento da empresa entre os ruminantes.
“Os pecuaristas estão buscando
os produtos em que o ganho de peso é maior. Diferentemente do ciclo de baixa, quando a compra se
faz pelo preço”, afirma Amauri Cavalheiro, diretor da Unidade de Negócios Ruminantes da Merial. Segundo ele, exatamente por causa
do aumento das vendas de produtos mais caros é que a empresa
conseguiu, no ano passado, crescer
acima da taxa de mercado: 7% ante
a 3,8%. “Até 2011 esperamos continuar neste ritmo”, diz. Isso porque, segundo ele, a tendência é que
o ciclo de alta de preço do boi mantenha-se até lá (ver texto acima).
O bom momento da pecuária
de leite também está provocando o
mesmo fenômeno neste segmento.
“Além do preço mais alto, há uma
pressão da indústria por qualidade
e por redução dos resíduos”, afirma. Ele diz que, por isso, a empresa
deve lançar, até 2009,um “endoctocida limpo” (sem resíduos). Este
ano, a empresa lançou, por exemplo, a vacina de febre aftosa limpa
— que não dá falso positivo em
testes. E, espera que, por conta disso, aumente sua participação neste
mercado — que em 2007 foi de
20%. Em dois a três anos, a empresa deve lançar também um ectoparasita sem resíduo.
aumento nos custos de produção,
diminuindo a rentabilidade. “Há
uma discussão se o produtor chegou a este ponto ou não, há quem
diga que ele ainda está se capitalizando, pagando dívidas”, diz. Segundo ele, se isto estiver ocorrendo, “teoricamente” o pecuarista
não estaria ainda reinvestindo.
Apesar desta incógnita, Ferraz
avalia que já existe retenção de
matrizes, uma vez que os abates,
no ano passado já foram inferiores a 2006. De acordo com dados
da Scot, o volume caiu 9% em
2007. O diretor da AgraFNP acredita que os preços continuem altos até pelo menos 2010.
Custos
“A forte alta do custo de produção faz com que a retomada
dos investimentos sejam mais
lentos”, afirma Rosa. Por isso, ele
acredita que a retração das matri-
zes será de forma mais lenta e, assim, o ciclo mais longo. Em 2006,
as fêmeas representaram 44%
dos abates e, no ano seguinte,
40% — indicando queda no descarte das vacas. O abate de fêmeas
foi 16,6% menor que o registrado
em 2006 e o de machos, 3,16%.
Segundo dados da Scot Consultoria, entre junho de 2006 e
maio de 2008, portanto, período
de alta de preços do boi gordo, os
custos de produção subiram em
média, 59% para a pecuária de alta tecnologia e 15% para a pecuária de baixa tecnologia. No mesmo período, o boi gordo em São
Paulo, valorizou-se 62%, enquanto o bezerro, 68%.
Rosa diz ainda que algumas
vezes, o ciclo é afetado por outros motivos e cita o caso da febre aftosa, em 2005 — ocasião
em que se sinalizava uma alta
dos preços e houve reversão por
causa da doença.
“Se eu soubesse até quando
vai este ciclo, ganhava muito dinheiro”, diz o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa.
Ele acredita que, pelo descarte
de matrizes, seja necessário pelo
menos mais um ano para o repovoamento do plantel.
O analista Paulo Molinari, da
Safras & Mercado, diz que o ciclo de baixa oferta vai até 2011,
mas de preço alto deve ir, somente, até o ano que vem. “Já estamos na fase do repique, onde a
alta é maior”, afirma. Segundo
ele, o que pode acontecer, entre
2009 e 2011, é o preço da arroba
do boi encontrar um novo patamar e não mais subir, pois há o
problema da demanda mundial
maior que a oferta.
Cotação dispara nos EUA
BLOOMBERG NEWS
CHICAGO (EUA)
O boi gordo subiu para sua cotação mais elevada desde pelo menos 1986 nos Estados Unidos, num
momento em que os preços da carne bovina disparam naquele país e
os altos custos com milho prolongam os prejuízos das fazendas de
engorda, estimulando alguns pecuaristas a reduzir seus rebanhos.
O contrato futuro de boi gordo
para entrega em agosto, subiu
1,4% para US$ 1,0485 a libra-peso
na Bolsa Mercantil de Chicago,
depois de chegar a alcançar US$
1,0615, a cotação mais elevada para o contrato mais negociado desde pelo menos abril de 1986.
“Quando os preços dos grãos
estão tão altos, o gado deveria ficar fora, no pasto”, disse Mark
Schultz, vice-presidente da Nor-
thstar Commodity Investments
LLC, de Minneapolis, no Estado
norte-americano de Minnesota.Segundo ele, os pecuaristas vão
tentar mantê-lo por mais tempo
no pasto, para reduzir o volume
de milho em sua alimentação.
O preço do gado subiu 19% desde o final de março, com a disparada do milho para uma cotação
recorde. A redução, pelas fazendas
de engorda, do tamanho de seus rebanhos, é para diminuir as perdas.
Os contratos futuros de milho negociados na Bolsa de Mercados Futuros de Chicago subiram 86% em
12 meses. As fazendas compram
animais de 1 ano, de 500 a 800 libras-peso, e os engordam com milho por cerca de quatro a seis meses, até eles pesarem cerca de 1.200
libras-peso (544 quilos), quando
são vendidos para os abatedouros.
Lavouras de soja chegaram a render 103,2 sacas por hectare
BIOTECNOLOGIA
Campeões da soja
têm colheita dobrada
NORBERTO STAVISKI
CURITIBA
A Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), com
sede em Cascavel (PR) divulgou
os resultados do seu Concurso de
Produtividade que reuniu a elite
da sojicultura brasileira. Os resultados demonstram que, apesar da
produtividade brasileira ser considerada boa e equivalente à de
grandes produtores internacionais, ela ainda está muito longe
de ter sido esgotada.
Os dois vencedores, que testaram a campo o desempenho das
novas cultivares CD 225RR e
CD226RR, lançadas na safra 20072008, conseguiram mais do que o
dobro da média nacional de produção de soja na última safra.
O concurso contou com a participação de 326 produtores do
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendo que cada produtor concorreu com área mínima
de um hectare de sua propriedade, auditada pela assistência técnica e com fiscalização recíproca,
dos próprios concorrentes.
Os resultados finais apontaram Antônio Cláudio Felix Cavalheiro, de Caçapava do Sul (RS)
como o campeão da cultivar CD
226RR. Ele colheu 103,2 sacas por
hectare — equivalente a 249,8 sacas por alqueire. O campeão da
cultivar CD 225RR foi o catarinense de Campos Novos, Sady
Dutra, que alcançou 88,9 sacas
por hectare — 215,2 sacas por alqueire. Para se ter uma idéia, produtividade média da soja no Brasil, segundo a Conab, alcançou na
última safra, 46,9 sacas por hectare, ou 113,6 sacas por alqueire.
Segundo o presidente da central de pesquisa, Irineo da Costa
Rodrigues, a cultura da soja no
Brasil ainda tem um longo caminho até esgotar todo o potencial
genético das cultivares.
Marcelo Cavalheiro, que representou o pai, Antônio, na premia-
ção, informou que plantaram a
CD 226RR dia 3 de novembro do
ano passado, com dez quilos de
sementes e aplicaram 300 quilos
de adubo (2-28-20) na base e outros 200 quilos por hectare, em
cobertura. Nada de diferente, portanto, além da forte adubação e
dos tratos culturais de costume.
“Era terra fértil, de baixada e o
tempo correu bem, com chuva na
hora certa”, resumiu.
Já o catarinense Juvenil Dutra,
que representou o pai Sady, plantou a CC225RR no dia 26 de outubro. Também não economizou
em adubo, aplicando 400 quilos
por hectare (0-20-20), mais 100
quilos de cloreto de potássio.
Chuvas pesadas, logo após o plantio, segundo ele, atrapalharam a
germinação. Mesmo assim, os resultados superaram suas expectativas, rendendo-lhe o título.
Segundo a Coodetec, as cultivares CD 225RR e CD226RR,
aliam os benefícios da transgenia
e de elevados níveis de produtividade à precocidade, fator de vital
importância para quem pretende
na seqüência da leguminosa,
plantar a segunda safra ou chamada safrinha de milho. Seu
plantio é recomendado nas regiões Sul do Mato Grosso do Sul,
Oeste e Sul de São Paulo e em todas as regiões dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Indicadas para solos de alta fertilidade, moderadamente tolerantes à acidez do solo, são cultivares que aliam potencial genético excepcional, mas exigem a
contrapartida do agricultor, que
deve seguir à risca a recomendação técnica, especialmente quanto à época de semeadura, fertilidade do solo, densidade de plantio e tratos culturais, segundo o
diretor-executivo da Coodetec,
Ivo Marcos Carraro.
A Coodetec é formada por 36
cooperativas, de seis estados brasileiros, às quais estão associados
175 mil agricultores.
LEONARDO SOARES/GAZETA MERCANTIL
CANA-DE-AÇÚCAR
Cachaça quer dividir a mesa
com os melhores destilados
FABIANA BATISTA
SÃO PAULO
As más línguas dizem que cada
brasileiro bebe 11 litros de cachaça
por ano. São 2 bilhões de litros da
“marvada”. É quase 12% do que esse mesmo brasileiro usa de álcool
combustível no carro. Para o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o
número oficial é de 1 bilhão de litros. Mas sabe-se que há muita informalidade. São 40 mil produtores
no País e apenas 4 mil marcas registradas. Nos bastidores, sabe-se
que destilado da cana entra no
mercado com vários disfarces, entre eles, os de alguns runs e vodkas.
No final das contas, o que o brasileiro mais bebe é cachaça.
No meio de tanta informalidade, o setor tenta, há alguns anos,
ganhar reconhecimento nos mercados interno e externo. A cachaça
brasileira, que para os gringos, é
praticamente sinônimo de capirinha, quer também se sentar à mesa
com os melhores uísques e vodkas
e ser degustada. Esse é o mundo
das cachaças premium, das garrafas cujos preços chegam a R$ 300.
Aos 56 anos, Vicente Bastos Ribeiro, integra esse grupo. Ele con-
PÁG. 6 CMYK
fessa que já teve romances com tequilas, paixões por runs e que gosta
muitíssimo de vinhos. Mas que seu
coração, é da cachaça. “Foi um
amor construído dentro de mim”,
suspira. O jovem senhor se dedicase há 18 anos ao preparo da bebida,
parte desse tempo junto do pai, Vicente Bello Ribeiro, criador da cachaça Nega Fulô, marca desde 1997
pertencente à multinacional Diageo, uma das maiores empresas de
bebidas do mundo.
Mestre cachaceiro, como é chamado os que preparam e degustam
cachaça, Vicente é um homem dos
números, economista, ex-professor
da PUC e ex-funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU).
A profissão o levou por seis anos
para longe da fazenda da família
Soledade, em Nova Friburgo (RJ).
Foi para Nova York e Genebra.
A distância, no entanto, lhe aguçou ainda mais curiosidade por
aromas e sabores. Desenvolveu seu
olfato e paladar em vinícolas e
alambiques do Mundo Velho, habilidade que o trouxe de volta à Soledade, em 1990, com a missão de
tornar a cachaça brasileira um dos
melhores destilados do mundo.
A dura rotina do mestre inclui
beber cachaça três vezes ao dia, por
três dias na semana. “Tomo uma
dose por volta das 7 da manhã, outra antes do almoço e outra no final da tarde”, confessa. Jura que são
ossos do ofício. “É importante a ingestão da bebida para avaliação dos
lotes e para garantir uma cachaça
equilibrada”, justifica-se acrescentando que tem um motorista sempre à sua disposição. Com traquejo
raro para harmonizar cachaça com
comidas, cafés e sobremesas, o
mestre tem uma ambição, semeada por um conhecido, que avalia
bebidas somente com o olfato. “Minha meta daqui a cinco anos é parar de beber e só cheirar”, brinca o
especialista que aperfeiçoou sua
habilidade em cursos de Análise
Sensorial, um deles no Instituto de
Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas.
Ele ensina como reconhecer
uma boa cachaça, antes mesmo de
ela ser preparada. “Você precisa entrar numa sala de fermentação do
caldo de cana e sentir cheiro de frutas”. Depois de pronta, continua
Vicente, você tem que colocá-la em
um copo transparente e ver um lí-
Apaixonado por cachaça, Vicente cheira damasco na bebida envelhecida em tonéis de jequitibá
quido límpido e brilhante, para então ao levá-la ao nariz. O cheiro
tem de ser aromático. “E no paladar, macia”. Vicente sente mais de
duas, três notas (aromas) em uma
só cachaça. “Na jequitibá, por
exemplo, eu sinto de três a quatro
notas, dependendo de como está a
minha sensibilidade olfativa no
dia. O damasco é o dominante.
Mas também estão presentes castanha de caju, terra e tabaco”.
A jequitibá, a qual Vicente se re-
fere, é a cachaça Nega Fulô envelhecida em tonéis dessa madeira.
Assim como a Nega Fulô Pau Brasil, a Jequitibá foi lançada no início
do ano passado pela Diageo. Eduardo Blohm Bendzius, diretor de
Marketing da empresa, diz que, por
enquanto, o foco é o mercado interno, onde a Diageo pretende dobrar vendas. “As ações de marketing são voltadas para a classe A”,
diz o executivo, que não divulga
valores relativos a investimento, fa-
turamento. Bendzius estima que o
mercado de cachaça premium é de
6% a 7% do consumo total. “Se tivermos 1% desse mercado, estamos satisfeitos”, afirma o executivo
que não abre vendas da família de
cachaças Nega Fulô. Apesar de
mais 90% da cachaça produzida
no País ser de coluna (fermentação
acelerada), Cesar Rosa, presidente
do Ibrac, acredita que o segmento
de premium é que tem maior potencial para crescer.
GAZETA MERCANTIL | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | C7
AGRONEGÓCIO
Objetivo é criar instrumento para que etanol seja negociado como commodity
MERCADO
SUCROALCOOLEIRO
Açúcar tem nova alta
puxada pelo petróleo
EUA, Brasil e UE aceleram
especificação única para etanol
FABIANA BATISTA
SÃO PAULO
O movimento do petróleo puxou na sexta-feira fortemente as
cotações do açúcar na ICE Futures, antiga Bolsa de Nova York
(Nybot). O contrato de outubro
encerrou o último dia da semana
cotado em 13,08 centavos de dólar por libra-peso, alta de 2,9% no
dia. Na semana, a commodity
acumula valorização de 9,6%.
Carlos Costa, consultor de gerenciamento de risco da FCStone,
diz que também pode ter contribuído para a alta do açúcar algumas compras especulativas.
Neste momento, os fundamentos do açúcar (oferta e demanda)
estão refletindo nos spreads (diferença) entre os contratos. “A diferença entre os valores dos contratos de outubro e março ficou em
118 pontos ontem, número que,
nos últimos 15 anos, é de, em média, 70 pontos para essa época do
ano”, explica Costa.
Notícias sobre perspectiva de
boas condições climáticas para replantio com soja nas áreas prejudicadas do milho fizeram as cotações
de soja caírem pelo terceiro dia
consecutivo na Bolsa de Chicago
(CBOT). O contrato agosto encerrou o pregão de sexta-feira em US$
15,35 o bushel, recuo de 0,83% no
dia e de 1,5% na semana. Os papéis
de miho com vencimento em setembro fecharam em US$ 8,8425 o
bushel, queda de 1,61% no dia e, de
1,14% na semana. O milho teve
sua segunda queda consecutiva e
fechou o pregão de sexta-feira cotado em US$ 7,2125 em Chicago,
recuo de 0,89% no dia e de 1,43%
na semana.
SAFRA 2008/09
CNA pede R$ 100 bi
para crédito agrícola
FABIANA BATISTA
SÃO PAULO
A Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA) recebeu
com frustração o anúncio antecipado do Plano Agrícola e Pecuário
da safra 2008/09. De acordo com
Carlos Sperotto, presidente da Comissão Nacional de Crédito Rural
da Confederação da Agricultura e
Pecuária da entidade, o pedido enviado ao governo apresentava a necessidade de recursos da ordem de
R$ 100 milhões para o próximo ciclo. O governo informou que vai
aumentar em 12% o crédito oficial
aos produtores rurais, saindo dos
R$ 58 bilhões da safra 2007/08 para
R$ 65 milhões neste ciclo.
PÁG. 7 CMYK
“Só se for em duas parcelas de
R$ 65”, ironiza Sperotto. “Como o
governo não divulgou oficialmente, espero que na data oficial
ele contemple o campo com o dobro disso. Com os nossos atuais
custos de produção, não cabe um
anúncio como esse”, indigna-se.
Para a Sociedade Rural Brasileira (SRB) o governo acertou ao
incentivar o aumento da produção rural como um dos instrumentos para combater a inflação.
“É com recursos para a agricultura que o Brasil aumentará sua
produção para atender o mercado
interno e aumentar suas exportações”, diz o presidente da entidade Cesário Ramalho da Silva.
A meta é definir
padrões até o final
deste ano, quatro anos
antes do previsto
BLOOMBERG NEWS
SÃO PAULO
Estados Unidos, Brasil e União
Européia (UE) estão acelerando
medidas para criar padrões mundiais para o etanol e para tornar o
combustível alternativo uma commodity negociada internacionalmente. “Isso ampliará seu uso”, diz
Gregory Manuel, do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Os métodos de estandardização —
análise das propriedades do etanol,
como teor de água e de energia, —
devem ser finalizados até dezembro, quatro anos antes do programado, disse Manuel. Em seguida o
grupo começará a fixar os padrões
referentes a esses teores.
“Estados Unidos, Brasil e UE
concordaram em agilizar o processo”, disse Manuel, assessor especial
da secretária de Estado, Condoleezza Rice, em entrevista concedida
na quinta-feira, em São Paulo. “O
que alcançamos até agora poderia
ter levado vários anos, e fizemos
em vários meses”. Os padrões vão
permitir que compradores e vendedores do mundo inteiro negociem
etanol nos moldes das transações
de gasolina, petróleo, cobre, açúcar
e outras commodities, impulsionando o emprego do combustível,
disse Manuel. Atualmente, um
comprador da Suécia tem de mandar engenheiros para as usinas do
Brasil para testar o combustível,
antes de comprá-lo para revendê-lo
aos motoristas dos Saabs e Volvos
flex do país escandinavo, disse ele.
“Poderemos
vislumEUA VÃO
CONSUMIR
brar um mundo em que começaremos
realmente a
bilhões de
substituir a
galões de
gasolina por
etanol até 2022
etanol”, disse
Manuel.
Os padrões a serem fixados
também vão contribuir para os
esforços realizados pelos Estados
Unidos de aumentar a porcentagem de etanol empregada nos
motores movidos a gasolina comum, disse Douglas Faulkner, vice-subsecretário de desenvolvimento rural do Departamento de
Agricultura (USDA). O Departamento de Proteção Ambiental
(EPA, pelas iniciais em inglês) está estudando os efeitos de aumentar o atual limite de 10% para a
mistura do etanol na gasolina
vendida nos Estados Unidos.
O esforço para fixar padrões
mundiais para o etanol envolve
cerca de 600 laboratórios nos Estados Unidos, Brasil e Europa,
bem como funcionários dos respectivos governos, fabricantes de
etanol e fabricantes de motores
veiculares. Segundo Manoel, depois de aprovar os padrões, cada
governo terá de codificá-los nas
regulamentações.
Existem 147 destilarias de etanol nos Estados Unidos, o maior
produtor, consumidor e importador do combustível, segundo a
Associação de Combustíveis Renováveis de Washington. As usinas, que empregam principalmente o milho, têm capacidade
para produzir mais de 8,5 bilhões
de galões (32,2 bilhões de litros)
do combustível ao ano. Outras 55
unidades de produção estão sendo construídas e seis vêm sendo
ampliadas, para incorporar 5 bilhões de galões de capacidade.
As remessas de etanol do Brasil, o maior exportador mundial,
deverão crescer para até 4,5 bi-
rantes brasileiros. Só no ano passado foram compradas 170 toneladas de carne bovina nos restaurantes da rede no Brasil.
da Fazenda Santa Elisa” e de tecnologias desenvolvidas pelo IAC.
36
lhões de litros este ano, comparativamente aos 3,2 bilhões de
2007, impulsionadas pela demanda de parte dos Estados Unidos e
Europa, disse Marcos Jank, presidente da União da Indústria da
Cana-de-Açúcar (Unica), no mês
passado. O Brasil é o segundo
maior produtor e consumidor
mundial do combustível.
A UE importou um volume recorde de 1 bilhão de litros de etanol em 2007, quase todo do Brasil,
disse a Associação Européia de
bioetanol a 7 de abril.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, fixou a meta de aumentar a utilização de combustíveis
renováveis nos EUA para 36 bilhões de galões até 2022, a partir
dos 9 bilhões de galões definidos
para este ano.
Álcool mercado interno
A forte demanda no mercado
externo pelo álcool brasileiro, causou internamente uma elevação
dos preços, mesmo em plena safra.
O álcool hidratado subiu 5,99% na
semana, fechando em R$ R$ 0,6773
o litro na usina, segundo o Centro
de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O
preço do anidro subiu 0,43%.
REGISTRO
PRÊMIO AO MARFRIG
O Outback Steakhouse elegeu o
Grupo Marfrig como um dos melhores fornecedores internacionais da rede. A escolha aconteceu na convenção anual da empresa realizada em Orlando, na
Flórida. O frigorífico é parceiro
do Outback há nove anos e responsável pelo fornecimento de
cortes especiais para os restau-
ANIVERSÁRIO DO IAC
As comemorações do aniversário
de 121 anos do Instituto Agronômico (IAC) hoje e seguem até sexta, data da fundação. Haverá
duas exposições: de fotos “Aves
VETADA CASTANHA
A unidade do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) no Porto de Pecém, em
Fortaleza (CE), vetou 18 contêineres com castanha de caju da Nigéria e da Costa do Marfim. Além de
terra, a mercadoria continha pra-
gas de armazenagem, apesar dos
certificados emitidos pelos dois
países atestarem que o carregamento passou por fumigação (processo pelo qual a mercadoria passa por uma câmara de gás para
eliminar eventuais insetos e pragas). As importações podem ser
suspensas caso as medidas fitossanitárias não sejam corretamente
adotadas pelos dois países.
C8 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
ADMINISTRAÇÃO & SERVIÇOS
Empresário ficou seqüestrado durante 14 dias na década de 1990
MEMÓRIA
Girsz Aronson, o alegre rei do varejo, se foi
Empresário ficou
conhecido como “O
inimigo número 1 dos
preços altos”
REDAÇÃO
O empresário Girsz Aronson
foi sepultado na sexta-feira, no
Cemitério Israelita do Butantã,
em São Paulo. Aronson estava
com 91 anos. Morreu de câncer
linfático no hospital Sírio-Libanês, na quinta-feira. Imigrante
russo, alegre e comunicativo, foi
uma grande fonte de informação
do varejo para jornalistas que co-
briam economia para os grandes
veículos de comunicação, durante três décadas: 1970, 1980 e 1990.
O comerciante era uma espécie
de “termômetro de vendas” do varejo, sempre para o lado bom. Em
suas avaliações, o varejo nunca tinha problemas. Tratava os carinhosamente os repórteres de “seu
menino”, os homens, e “minha filha”, as mulheres: “As coisas vão
muito bem, nunca vendi tanto”,
costuma repetir, quando indagado a respeito do nível de atividade de seu setor. Mas, quando o varejo tinha problemas, por causa
dos diversos planos econômicos,
o empresário sempre amenizava,
com as vendas caindo um pouquinho.
Aronson abriu sua primeira
loja, especializada na venda de casacos de pele e bolsas de couro de
crocodilo, em 1945. Sete anos depois, partiu para o ramo de artigos infantis, com a loja Gurilândia. Seu interesse pelo setor de
eletrodomésticos começou em
1962. Uma loja ao lado da sua fechou e o gerente pediu que ele ficasse com o negócio. Enquanto
pensava no que faria com o novo
ponto, Aronson leu nos jornais da
época vários anúncios de fogões e
geladeiras. E tomou a decisão de
vender eletrodomésticos. Nascia
GIRSZ ARONSON
Empresário
assim a G. Aronson, que propagou o slogan “A inimiga número
1 dos preços altos”.
Chegou a ter uma rede de 43
lojas, todas em São Paulo, quando
os concorrentes ainda não eram
tão gigantes, como Casas Bahia,
Ponto Frio e Magazine Luiza. Isso
sem falar nas principais cadeias
varejistas de supermercados Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar,
que passaram a vender eletrodomésticos, competindo com as redes especializadas. “Eles vendem
com prejuízo para atrair freguesia
para outros itens das lojas”, afirmou o empresário em 1998,
quando pediu sua segunda concordata — a primeira foi em
1991. Os bancos também não foram poupados. Aronson os criticava por não o terem socorrido
no momento em que mais precisou: “Os juros deles são escor-
MOSTRE
PARA TODO MUNDO
O QUE SUA EMPRESA FAZ
POR TODO MUNDO.
O prêmio que reconhece as iniciativas que mais se destacaram no País em conciliar as atividades produtivas
com a preservação do meio ambiente e comunidades. Inscreva-se. De cara você já está ganhando um mundo melhor.
INFORMAÇÕES E REGULAMENTO NO SITE :
www.jb.com.br/premiobrasil2008
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Patrocínio:
Apoio:
Estruturação Técnica:
Realização:
Co-realização:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
chantes”. Em 1997, sua rede faturava R$ 250 milhões por ano.
Uma das raras exceções de ajuda ao empresário, que também à
época não foram tornadas públicas, veio exatamente do concorrente Samuel Klein, dono das Casas Bahia, que se tornou o novo
rei da varejo nos anos 1990. Do
episódio da concordata, e mais
tarde a falência, sobrou uma ponta de dignidade num mundo tão
duvidoso em relação à honestidade.Girsz Aronson. Ao vender algumas lojas de shopping, retirou
o dinheiro para o pagamento das
indenizações de seus quase mil
funcionários. E ele se orgulhava
muito disso, principalmente depois de ter recomeçado a vida de
comerciante aos 85 anos com a
pequena rede de quatro lojas GA,
aberta em nome das filhas. “Quero morrer fazendo isso, menino”,
costumava contar a jornalistas
que o procuravam. “Vou fazer o
quê? Viajar para o exterior?”
É preciso lembrar que, com o
avanço das grandes redes de eletrodomésticos e varejistas, a G.
Aronson não foi a única a quebrar na década de 1990. Também
fecharam as portas ou reduziram
seu tamanho a Arapuã, Casa Centro e Casas Pernambucanas, no
Rio de Janeiro.
Aronson faz parte de um pequeno grupo de comerciantes
que atendia pessoalmente clientes, fornecedores e jornalistas. Algumas das tiradas do empresário
viraram folclore no mercado.
Uma bastante lembrada por
aqueles que o conheceram foi o
caso da consumidora que, muito
brava, foi à loja na Rua Conselheiro Crispiniano, no centro velho
da capital paulista onde funcionava a matriz da G. Aronson, para
reclamar do atraso da entrega da
mercadoria: “Acho que esta loja é
uma bagunça e o serviço de entrega, uma porcaria”. A consumidora dirigiu-se a Aronson, que estava debruçado sobre uma lavaroupa na frente da loja, negociando com um fornecedor.
— O senhor não é o dono desta espelunca? — perguntou a
consumidora.
Aronson não perdeu a compostura e saiu-se com esta:
— A senhora acha mesmo
que, se eu fosse o dono, estaria
aqui neste momento? Eu ia estar
descansando em Santos — respondeu, referindo-se à cidade
paulista que, antigamente, era
empregada como sinônimo de férias no litoral.
Aronson era assim, rápido no
gatilho. E nunca perdia a paciência. Nem mesmo num dos piores
episódios de sua vida, quando foi
seqüestrado, aos 81 anos, em
1998. A família pagou o resgate
de R$ 117 mil. Ele lembrou que,
no dia do seqüestro, foi agarrado
e colocaram-lhe um capuz. “Resisti, gritei, pedi socorro. Viajei
umas duas horas de carro, abaixado, e fiquei com as costas doendo”, relembrou depois de libertado. Segundo Aronson, à época,
quando chegou ao cativeiro,
montou uma barraca dentro do
quarto. Ficou sedado e sentiu falta da família.
Sete horas depois de ter sido
solto, Girsz Aronson, de jaqueta
esportiva, boné, tênis e calça
jeans, foi até o prédio da matriz e
reencontrou velhos amigos, foi
saudado pelos funcionários e, ali,
lembrou todos os momentos que
viveu com apreensão e temor.
Com hematomas sob os olhos e
um curativo encobrindo o nariz,
revelou que, nos 14 dias que passou no cativeiro, teve muito medo do escuro, dormiu sob o efeito
de sedativos e fez orações pedindo a proteção de Deus.
REGISTRO
TURISMO FOLCLÓRICO
O Ministério do Turismo vai investir R$ 50,6 milhões nas festas
juninas do Nordeste, que possuem grande potencial turístico e
atraem visitantes de todo o país.
A festa de Caruaru (PE) deve receber 2 milhões de visitantes, movimentando R$ 10 milhões e gerando 3 mil postos de trabalho. O
São João da Bahia conta com a
participação dos 417 municípios
baianos, e recebeu investimentos
de R$ 2 milhões do MTur.
PÁG. 8 CMYK
GAZETA MERCANTIL | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | C9
ADMINISTRAÇÃO & SERVIÇOS
Rede de fast food pretende abrir 45 lojas no Sul do Brasil
DIVULGAÇÃO
FRANQUIAS
Redes americanas
disputam lugar ao sol
Crise nos EUA aumenta
número de empresas
interessadas em
ingressar no País
REGIANE DE OLIVEIRA E
VALÉRIA SERPA LEITE
SÃO PAULO
Há pouco mais de duas semanas, a Wendy’s, terceira maior rede de restaurantes norte-americana, publicou anúncios em jornais
de grande circulação convidando
empreendedores, especialmente
de Curitiba, a investirem na master franquia (contrato de comercialização exclusivo) da marca na
região Sul do Brasil. A rede é exigente: procura um parceiro com
capital disponível de R$ 10 milhões para investir na construção
de restaurantes no Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Em
contrapartida, garante ter um plano agressivo de crescimento para
o Brasil, com base em um modelo
de negócio bem sucedido em 22
países, com movimento de mais
de US$ 8 bilhões.
A rede de fast-food não é a única que vem se interessando pelo
mercado nacional de franquias.
Além de grandes marcas, como
McDonald’s, Burger King e Starbucks, empresas ainda desconhecidas no Brasil também querem
conquistar seu lugar ao sol, agora
no quarto maior mercado do
mundo em número de marcas.
Nesta edição da ABF Franchising
Expo, maior feira de franchising
da América Latina, que será realizada entre os dias 25 e 28 de junho, outras oito redes de franquias vão expor seus negócios
para os empreendedores brasileiros. Trata-se das redes CKE Restaurants, empresa listada na bolsa de Nova York que opera com
duas marcas de restaurantes,
Carl’s Jr. e Hardee’s; a rede de sobremesas Cold Stone Creamery;
a Signs Now, que atua no segmento de sinalização visual; a
Mr. Handyman, franquia de serviços e reparos de manutenção
residencial e comercial; a rede de
spas urbanos Planet Beach; a
agência de profissionais de saúde
que prestam serviço a domicílio,
Righ at Home; a Crestom, franquia especializada na área de
treinamentos profissionais; e a
La Salsa Fresh Mexican Grill, rede de restaurantes mexicanos.
O objetivo comum dos franqueadores é fugir da crise e forte
concorrência do mercado norteamericano. Segundo Jorge Wesby,
diretor de desenvolvimento da
Wendy’s, seu primeiro estudo
identificou o potencial para 45 unidades na região Sul do País, no prazo de seis ou sete anos. A rede já
tem experiência em expansão internacional, com restaurantes na
América Central, Nicarágua e Venezuela, além de algumas ilhas do
Caribe, que somadas as unidades
norte-americanas dão um total de
6,5 mil restaurantes. Wesby garante que já recebeu vários contatos de
brasileiros interessados no negócio,
no entanto, descarta a possibilidade de abrir a primeira unidade ain-
da este ano. “Vou ao Brasil em
agosto para conversar com os interessados e montar o plano de expansão. O primeiro restaurante só
será aberto em 2009.”
Já a rede Right at Home quer
começar sua expansão internacional pelo Brasil. A franquia de home care aposta no crescimento
econômico do País e no envelhecimento da população. Segundo o
presidente da rede Allen Hager, a
estratégia de expansão é levar o
negócio para, inicialmente, quatro
países. No Brasil, ele acredita que o
potencial é a abertura de 250 unidades, número que ainda deve ser
reavaliado tão logo a rede feche
acordo com seu master franqueado. O interessado terá que investir
na abertura da primeira unidade,
cerca de US$ 1 milhão.
Outra empresa que quer concorrer no mercado nacional, a
Planet Beach, de spas urbanos,
aposta no estilo de vida do brasileiro para conquistar investidores. Para David Mesa, vice-presidente de franquias internacionais, há um potencial de abertura
de pelo menos 300 unidades no
País. Atualmente, a rede conta
com 380 spas e 1,9 milhão de associados nos
Estados UniO MERCADO
NACIONAL TEM dos, Canadá,
Irlanda e Austrália.
Apesar do
mil marcas, a
interesse, não
maioria
é fácil começar
brasileiras
um negócio
na área de
franquias no Brasil. No ano passado, durante a última edição da
ABF, redes como Aussie Pet Mobile (pet shop móvel), Batteries Plus
(especializada em baterias), Builda-Bear (bichos de pelúcia) , HomeWatch International (home care) e Office Cleaning (serviços de
limpeza) também tentaram atrair
a atenção dos investidores brasileiros, ainda sem sucesso.
O índice de nacionalização do
mercado brasileiro de franquias é
considerado um dos maiores do
mundo. Do total de 1,013 mil marcas existentes no País, 89% são nacionais. As estrangeiras querem
mudar essa composição, embora
tenham mantido nos últimos anos
a participação por volta dos 10%.
1,013
Tamanho do mercado
O setor de franquias faturou
R$ 46 bilhões no ano passado, um
crescimento de 15,6% em relação
a 2006. Para este ano, a expectativa é chegar a um faturamento
de R$ 53 bilhões.
Economia em expansão, inflação controlada — apesar das dúvidas levantadas na última semana — e a busca voraz de bancos
de investimentos de todo o mundo por novos negócios são algumas das razões que despertam o
interesse no mercado nacional.
“Mas primordialmente, o que
motiva a vinda das redes internacionais é o crescimento do mercado consumidor”, diz o diretor executivo da Associação Brasileira de
Franchising (ABF), Ricardo Camargo. “Temos visto um aumento
da renda da classe C e o crescimento do emprego formal nos últimos tempos.”
O crescimento do interesse, pelo
menos em conhecer o mercado local, pode ser observado pela participação dos estrangeiros na ABF
Franchising Expo. A feira vai receber neste ano 18 delegações internacionais, contra 14 de 2007.
A vinda das marcas internacionais é resultado do convênio firmado entre a ABF e da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil). São franquias da África do Sul,
Argentina, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Espanha, Grécia,
Guatemala, México, Peru, Portugal, Austrália, China, França, Itália, Rússia, Uruguai e Venezuela.
Espanha e Estados Unidos, que
estiveram presentes nas duas últimas edições da feira, este ano,
participarão com pavilhões próprios com o objetivo de identificar master franqueado no Brasil.
Na avaliação de Camargo, o
que ainda pode assustar as marcas internacionais no momento
da decisão de entrar ou não em
terras brasileiras são fatores como
a complexidade dos sistema fiscal
do País, a quantidade de impostos
e a infra-estrutura.
O movimento contrário, de
franquias nacionais que estão cruzando as fronteiras do Brasil , também é forte. Depois de prosperarem no País, 52 marcas brasileiras
já estão presentes em 39 países diferentes. O movimento, que começou há cerca de cinco anos, está se
intensificando. Até o final deste
ano, devem ser 60 marcas nacionais com unidades fora do Brasil,
segundo projeção da ABF.
Marcas que prosperaram
Fora do circuito de grandes
marcas, empresas como Mail Boxes Etc, do segmento de business
center, também estão prosperando
no País. A empresa espera abrir, até
o final de 2009, de 25 a 30 lojas. A
franquia se diz satisfeita com dois
aspectos do desenvolvimento da
rede no Brasil. Foi a primeira vez,
nos 15 anos de operação na América Latina, que fechou contratos
com multi-franqueados dentro do
primeiro ano do processo de expansão em um novo mercado.
Mas nem tudo são flores. Cassiano Ximenes, master franqueada
da rede de academias para mulheres Contours, afirma que o mercado nacional tem muitas peculiaridades em relação ao norte-americano e, na maioria das vezes, é
necessário tropicalizar o negócio.
O empresário teve que negociar a
adaptação do circuito de aparelhos, mais voltado para o trabalho
da musculatura dos membros superiores. “No Brasil, as mulheres
preferem trabalhar os membros
inferiores”, afirma.
“Eles também eram mais otimistas quanto ao período de lucratividade, que só veio após três anos
de trabalho”, afirma. Passado o período de adaptação, a rede que entrou no mercado há quatro anos,
conta hoje com 75 unidades e planos de abrir mais 15 neste ano.
DIVULGAÇÃO
Rede de restaurantes americana busca master franqueado com capital de R$ 10 milhões
Investidores processam Wendy’s
BLOOMBERG NEWS
NOVA YORK
A Wendy’s International, terceira maior rede de lanchonetes de
hamburgueres dos Estados Unidos,
foi processada pelos investidores
sob a alegação de que a rede fechou
acordo por um preço baixo demais
quando aceitou ser adquirida pela
Triarc por US$ 2,4 bilhões.
A transação, anunciada em 24
de abril, valoriza cada ação da
Wendy’s a US$ 26,78, 5,7% acima
do preço de fechamento do dia anterior. O preço é “injusto e inadequado”, disseram os acionistas Peter e Dorothea Ravanis na ação a
que deram entrada em 13 de junho
no tribunal estadual de Nova York.
“O acordo não oferece para os acionistas da Wendy’s prêmio suficiente acima do mercado e não reflete
o valor justo das ações”, segundo a
ação. A Triarc, o presidente da
Wendy’s, Kerrii Anderson, e 12 outros diretores da rede são réus junto com a Wendy’s.
A rede, com sede em Dublin,
Ohio, tem mais de 6.645 lanchonetes, sendo 5.231 delas operados pelo sistema de franquia, segundo
seu website. A rede será combinada com as lanchonetes de sanduíches roast-beef Arby’s, da Triarc.
Segundo o casal Ravanis, o
chairman da Triarc, Nelson Peltz,
ofereceu até US$ 41 por ação em
julho do ano passado, e os diretores da Wendy’s faltaram com
suas obrigações para com os acionistas ao não venderem a rede
por esse preço.
O casal Ravanis busca status
de ação coletiva para o processo
em nome de todos os acionistas
da Wendy’s. O casal também requisitou ordem judicial para bloquear a conclusão da venda.
McDonald’s e Burger King
Holdings são as duas maiores redes de hamburgueres dos EUA.
Primeira loja de rua da Bon Grillê
BON GRILLÊ/DIVULGAÇÃO
AMARILIS BERTACHINI
SÃO PAULO
No final de julho próximo a rede de franquias da área de alimentação Bon Grillê vai inaugurar sua primeira loja de rua como
parte de um projeto de expansão.
O ponto será aberto na região da
Berrini, uma zona da capital paulista com grande concentração de
prédios comerciais e sedes de
grandes empresas.
“A loja é de um franqueado
que já tinha duas lojas nossas
em shopping centers e acreditou no potencial desse novo
segmento“, afirma Nilson Marques Júnior, diretor superintendente da Bon Grillê. Ele estima que deverão entrar cerca
de 300 clientes por dia no novo
ponto de rua, com um gasto
médio de R$ 16,00, enquanto
nos restaurantes dos shoppings o ticket médio é de R$
20,00. A vantagem da loja de
rua, segundo ele, será a venda
em escala com um custo de fator de ocupação bem menor
porque a loja de rua não tem
condomínio e o valor do aluguel é mais baixo. Enquanto
nos shoppings o custo de ocupação fica entre 15% e 18% do
faturamento, nos pontos de
rua esse percentual cai para entre 6% e 8%, informa o diretor.
O investimento inicial é o mesmo de toda a franquia, entre R$
200 e 250 mil.
Segundo Marques Júnior, o
grupo está negociando a abertura de mais duas lojas de rua
até o final deste ano, uma no
centro de São Paulo e outra no
centro do Rio de Janeiro. O objetivo é sempre procurar locais
com grande fluxo de pessoas
na hora do almoço. “Percebemos que nos centros comerciais havia um público carente
Marques Júnior: pontos em zona de grande circulação no almoço
de um almoço com o padrão de
qualidade e a preços acessíveis“, explica.
O plano de expansão do grupo prevê abrir 150 franquias em
cinco anos.
Atualmente a
REDE QUER
ABRIR
Bon Grillê
tem 52 lojas
(7 próprias e
45 franqueaunidades nos
das), sendo a
próximos cinco
maioria em
anos
shoppings e
uma dentro
do Projac da Rede Globo, no Rio
de Janeiro. Os investimentos para este ano estão estimados em
R$ 1,5 milhão, um aumento de
150% em relação ao aplicado no
ano passado. “O ano de 2007 foi
de consolidação para deixar a es-
trutura pronta para crescer em
2008 e 2009“, justifica o diretor.
Nos últimos12 meses, conta
Marques Júnior, o grupo fez
uma depuração de suas lojas trocando os franqueados de três e
fechando duas que, segundo ele,
estavam com baixa rentabilidade. A previsão de faturamento
para este ano é de R$ 45 milhões, um crescimento próximo
a 10% sobre o ano passado.
Segundo Marques Júnior, a internacionalização da Bon Grillê
deverá ficar para 2009. Ele disse
que já existem conversações com
grupos estrangeiros para levar a
marca para outros países e que estão em estudo os mercados de
Miami, Chile e Angola, mas que a
empresa ainda está preparando
sua estrutura para isso.
RECORDE DA LOPES
VENDAS DIRETAS EM ALTA
A imobiliária Lopes atingiu 4,5
mil unidades vendidas somente
no mês de maio. O número corresponde à metade das vendas
de todo o primeiro trimestre deste ano da companhia. Para 2008,
a empresa espera vender R$ 10
bilhões em imóveis novos.
O ano começou bem para o segmento de vendas diretas no Brasil. No primeiro trimestre de
2008, o mercado movimentou R$
3,7 bilhões, representando um
crescimento nominal de 15,2%
em relação ao mesmo período de
2007, segundo a Associação Brasi-
leira de Empresas de Venda Direta (ABEVD). No mesmo período
do ano passado, o crescimento
foi de 9,94%. O ritmo mais forte é
explicado pela recuperação do
segmento de cosméticos e higiene pessoal. Atualmente, o setor
gera renda para cerca de 1,8 milhão de revendedores no País
150
REGISTRO
Academia para mulheres Contours: necessidade de tropicalizar o negócio para o perfil das clientes
PÁG. 9 CMYK
C10 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
INFRA-ESTRUTURA
Consumo em 2008 será em torno de 1,85 milhão de toneladas
RODOVIAS
Demanda por asfalto crescerá 10%
este ano, prevêem distribuidores
DIVULGAÇÃO
PAC e ano eleitoral
alavancam o setor, diz
associação das
empresas do setor
ROBERTA SCRIVANO
SÃO PAULO
As distribuidoras de asfalto, que
em 2007 movimentou cerca de R$
2,5 bilhões com o consumo de 1,7
milhão de toneladas, se preparam
para uma ampliação de cerca de
10% na demanda até o final deste
ano. Em valores, a expectativa também é de crescimento de 10% no
período, para R$ 2,8 bilhões.
“O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está implementando o uso de asfalto em
seus projetos. Além disso, estamos
em ano de eleições municipais, o
que também estimula o uso do insumo para a melhoria da infra-estrutura das cidades”, afirma Éder
Vianna, presidente da Associação
Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (Abeda).
A expectativa da Abeda é chegar
até o final deste ano com 1,85 milhão de toneladas consumidas.
“Com esse incremento, chegaremos
aos R$ 2,8 bilhões de faturamento
no setor”, salienta Vianna. As maiores empresas de distribuição de asfalto são BR Distribuidora, Ipiranga
Asfaltos, Grecca e Betunel e os principais clientes atendidos pelas companhias são as empreiteiras de
obras federais, seguidas por prefeituras e concessionárias.
“Apesar do crescimento no setor, os investimentos nos três segmentos da infra-estrutura — rodoviário, ferroviário e hidroviário —
deveriam ser muito mais expressivos”, diz Vianna. O executivo ressalta que o setor de infra-estrutura
é um dos principais propulsores do
Produto Interno Bruto (PIB). “O
País poderia crescer muito mais se
houvessem os devidos investimentos no setor”, defende Vianna.
O asfalto é produzido a partir
da destilação de tipos específicos
de petróleo e as frações leves como a gasolina, diesel e querosene
são retiradas no refino. Questionado sobre se a alta no barril pode acarretar em um aumento no
preço do asfalto, o presidente da
Abeda diz que, até o final do ano,
provavelmente não haverá alteração nas cotações. “Em janeiro, a
Petrobras reajustou o preço do insumo para as refinarias em cerca
de 10%, mas como a empresa
produz asfalto a partir do petróleo nacional, acreditamos que
não haverá novo reajuste neste
ano, mesmo com a alta do barril”,
afirma o presidente da Abeda.
Vianna, lembra a forte queda
na produção de asfalto em 2003.
“Naquele ano, a Petrobras reajustou o preço em 125%, o que levou as obras a tornarem-se inviá-
WTI* E BRENT
Cotações do petróleo no mercado futuro** (em US$/barril)
139,00
134,86
134,70
130,40
136,10
134,62
128,41
WTI
Brent
127,76
121,80
2
3
4
5
6
9
10 11 12 13 16 17 18 19
Janeiro
Fontes: DowJones Newswires e Centro de Informações da Gazeta Mercantil *West Texas
Intermediate **Contrato jul/08
PETRÓLEO
Em alta, barril fecha
semana a US$ 134,62
REUTERS
NOVA YORK
Vianna não crê em reajuste de preço do asfalto até o fim do ano
veis”. Na época, a produção foi de
1,15 milhão de toneladas.
Porém, depois da baixa registrada em 2003, a indústria de asfalto recuperou o fôlego, impulsionada pela retomada de investimentos em infra-estrutura.
“Sabemos que o PAC não se esgotará este ano, principalmente
pelo fato de os projetos terem
começado em atraso. Portanto,
em 2009, estimamos um crescimento de 5% em relação a
2008”, explica o presidente da
Abeda. O executivo ressalta que
não se trata de um crescimento
baixo, pois, devido a base comparativa, que é o incremento de
10% em 2008, a taxa de aumento em 2009 ficará menor.
O último crescimento expressivo na indústria de asfalto brasileira foi em 1998, quando o setor
somou 1,96 milhão de toneladas
consumidas. “Aquele foi o ano de
reeleição do presidente Fernando
Henrique Cardoso. Houve um
plano rodoviário maior e por conta dos investimentos nas estradas,
o segmentou demostrou destaque”, lembra o presidente da associação dos distribuidores.
Os preços do petróleo fecharam o pregão de sexta-feira da
bolsa de Nova York em alta com
as tensões do Oriente Médio sendo o centro das atenções e o dólar
se enfraquecendo, disseram operadores. Mas os ganhos foram
contidos após o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali alNaimi, confirmar que disse ao secretário-geral da ONU, Ban KiMoon, que o país irá elevar a produção para 9,7 milhões de barris
por dia em julho.
Na bolsa nova-iorquina, o contrato do WTI para julho, que venceu no fechamento de sexta-feira,
subiu US$ 2,69, ou 2,04%, para
US$ 134,62 por barril, após ser negociado entre US$ 131,19 e US$
136,80. Em Londres, o petróleo tipo Brent avançou US$ 2,86, ou
3,17%, para US$ 134,86 por barril, sendo negociado entre US$
131,48 e US$ 136,80.
Na sexta-feira, as ansiedades do
mercado foram alimentadas por
uma notícia do “New York Times”
de que Israel realizou um grande
exercício militar neste mês que
aparentava, segundo autoridades
norte-americanas entrevistadas pelo jornal, serem preparações para
um possível bombardeio às instalações nucleares do Irã.
Ainda impulsionando os preços, a Royal Dutch Shell declarou
força maior nas exportações de
petróleo para junho e julho de
seu campo Bonga na Nigéria,
após ataques por militantes feitos
na última quinta-feira.
REGISTRO
EXPLORAÇÃO COM A MITSUI
CAI PRODUÇÃO DA PEMEX
A Mitsui disse que acertou com a
Petrobras o início de um projeto de
perfuração de US$ 750 milhões voltado à exploração de petróleo. A
parceria dividida em partes iguais
terá navio de perfuração em águas
ultra-profundas e o custo do projeto será bancado, e parte, por um
grupo de instituições financeiras.
A produção da petrolífera estatal
Pemex, do México, e suas vendas
para o exterior recuaram 9,3% e
17,3%, respectivamente, entre janeiro e maio deste ano, em comparação com os resultados obtidos no mesmo período do ano
anterior de 2007, informou na
sexta-feira a empresa.
InvestSetorial
O InvestNews, em parceria com a All Consulting, empresa especializada na elaboração de relatórios setoriais, lança o
24 setores da economia, com tendências, pontos
positivos e negativos, investimentos e perspectivas para os próximos 3 anos. Afinal, num cenário tão competitivo,
Invest Setorial. Uma análise profunda e detalhada de
monitorar o mercado torna-se mais do que importante na condução dos negócios de uma empresa. Torna-se essencial.
Ligue agora para
acesse www.investnews.com.br/loja
R$ 700,00/ano,
as análises setoriais já disponíveis em PDF.
PÁG. 10 CMYK
Açúcar e Álcool
71 páginas em pdf
Construção Civil e Pesada
74 páginas em pdf
Editorial e Gráfico
50 páginas em pdf
Ensino Superior
48 páginas em pdf
Planos de Assistência Médica
41 páginas em pdf
Planos de Assistência Odontológica
29 páginas em pdf
Papel e Celulose
42 páginas em pdf
Plásticos
66 páginas em pdf
(11) 3508-9600 ou
e adquira, por apenas
20
GAZETA MERCANTIL | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | C11
VIDA EXECUTIVA
A idéia é descobrir o perfil de cada um, suas funções, habilidades e limitações
GESTÃO
SUPERAÇÃO
João Carlos Martins*
A lição do técnico de
futebol para o maestro
Sempre digo que a música é a
régua do mundo, pois quando um
governo, uma federação, um sindicato e outros segmentos da sociedade vão bem, costumamos dizer
que estão afinados como uma orquestra. Por outro lado, quando
uma seleção de futebol joga excepcionalmente bem, dizemos que joga por música. Já que o tema é
futebol e música, digo mais: quantas e quantas vezes vejo edições de
pequenos roteiros futebolísticos na
TV ou no cinema ao som de música (geralmente música clássica).
Todavia, no artigo de hoje é o
maestro que imita o técnico de futebol. Nos anos 1960, quando realizava turnês internacionais como
pianista, encontrei por acaso o time da Portuguesa de Desportos,
meu time, em Nova York, participando de um torneio. Como adoro
futebol, acabei treinando com os
jogadores. Foi então, numa queda
durante um treino, que uma grave lesão no nervo ulnar iniciou a
minha saga que, talvez por uma
força superior e muita determinação, está tendo um final feliz.
Acompanhava a delegação para os jogos e, nos vestiários, prestava atenção na preleção de Aymoré
Moreira, técnico da Lusa. Durante
seu pequeno discurso, afirmava
que todos os craques do time tinham totais condições de ganhar
os jogos, pois o simples fato de serem titulares já era uma referência para carreira de cada um.
Suas palavras eram fortes e determinadas, incentivando o grupo.
No entanto, insistia, e muito,
para tirar a tensão que precedia
os jogos, relaxando o máximo
aqueles jogadores. Várias vezes
Aymoré me disse que este foi o seu
segredo quando trouxe a Copa do
Mundo para o Brasil, em 1962.
Jamais pensei que iria precisar desses conselhos, mas eis que,
aos 64 anos, iniciei uma nova vida como maestro e participei do
processo de formação da Bachiana Filarmônica e Bachiana Jovem como regente. Ambas fazendo um extraordinário trabalho,
não só na música, mas também
no aspecto socioambiental.
Dia 6 de janeiro de 2007 eu
voltava ao Carnegie Hall, teatro
que por tantas vezes me recebeu
como pianista, desta vez para
dirigir a Bachiana, na sua estréia nos palcos americanos. Na
platéia, 2.800 pessoas aguardavam a nossa entrada em palco.
Desci ao camarim dos músi-
cos e lembrei-me de Aymoré Moreira nos anos 60. Incentivei-os dizendo que, pela qualidade de cada
um, tínhamos tudo para fazer um
grande concerto.
Ao mesmo tempo lembrei-me que
o técnico procurava tirar a tensão dos
jogadores e este foi o diálogo préapresentação: “Queridos músicos, chegou a hora da verdade e tenho que
confessar um segredo para vocês. Em
primeiro lugar preciso dizer que,
após dois anos e meio de convivência,
posso afirmar hoje que vocês não sabem muita coisa de música.” Todos
olharam para mim de uma forma
desalentadora, foi quando continuei
dizendo que eu tinha um “segundo
segredo, saibam que eu também não
sei muita coisa de música.” Nesse
momento, eles todos sorriram para
mim. Dirigindo-me a uma pequena
janela pela qual se pode avistar o público, sem que eles nos vissem, e continuei dizendo: “Mas saibam de uma
outra coisa: eles sabem muito menos
que nós!” Nessa altura, todos gargalharam, e a tensão de cada um saiu
por aquela janelinha.
Neste ano, dia 23 de maio, voltamos ao mesmo teatro e, para não ser
repetitivo, mudei o meu discurso, também para tirar a tensão. Desci ao camarim dos músicos, incentivei-os e
disse: “É mil vezes mais fácil tocar no
Carnegie Hall do que na Sala São
Paulo. Quando entramos no palco e
olhamos para platéia podemos nos
surpreender ao vislumbrar um desafeto que certamente está torcendo contra o nosso trabalho. Aqui em Nova
York, as 2.800 pessoas presentes primeiro vieram para ouvir música e,
segundo, porque realmente gostam
muito da nossa orquestra”. E mais
uma vez a tensão saiu pela janelinha.
Todos tocaram nessa noite com
uma garra e uma musicalidade
poucas vezes observadas por mim
em qualquer orquestra de qualquer
lugar do planeta. Ao final, com tantas idas e voltas para agradecer a
uma platéia entusiasmada, eu observava vários de nossos músicos
com lágrimas nos olhos, após a execução como primeiro bis de uma
fantástica versão do nosso Hino
Nacional. Constrói-se um ideal com
humildade e com todas as lembranças dos ensinamentos que uma pessoa possa ter durante sua trajetória,
e os desse artigo eu devo a Aymoré
Moreira, campeão do mundo de
1962. Obrigado, mestre Aymoré!
* Regente titular da Bachiana
Filarmônica e diretor da
Faculdade de Música da FMU
PLANO PESSOAL
As competências necessárias
para o trabalho em equipe
LEONARDO SOARES/GAZETA MERCANTIL
A consultoria Thomas
International criou um
sistema para avaliar as
habilidades do grupo
MÁRCIA MARIA DA SILVA
SÃO PAULO
O que seria de uma empresa
sem o trabalho em grupo? Algumas
consultorias especializadas em treinamento de equipe estão se especializando em programas específicos
para identificar as competências vitais para o sucesso do trabalho em
grupo. A idéia é descobrir o perfil de
cada um, suas funções, habilidades
e limitações. Munidos destas informações é possível identificar quem
apresenta dificuldades, e talentos às
vezes ocultos. A grande “sacada” é
verificar se cada um está preparado
para desempenhar as tarefas para as
quais foi contratado. Vale lembrar
que processos seletivos levam tempo e geram altos custos para as organizações. Mesmo com esse cuidado, ainda é comum falhas em algumas contratações.
A Thomas International Brasil
criou um sistema onde algumas
competências de uma equipe são
avaliadas. O método foi batizado de
Team Analysis 2 e permite avaliar
nove competências do trabalho em
grupo: âncora, pioneiro, especialista, motivador, analista, inovador,
conclusivo, apoiador e interagente.
O programa estabelece quais
das nove competências são realmente vitais para o sucesso de uma
determinada tarefa. E, a partir daí, é
possível saber quais pontos devem
ser treinados. Além disso, permite
identificar como esses nove itens
se apresentam em cada um dos integrantes da pesquisa. Somente então é feito um diagnóstico do grupo e de cada participante. Os consultores indicam os pontos que
devem ser melhorados.
Victor Martinez vice-presidente de operações da Thomas International diz acreditar que as empresas devem avaliar o perfil de
cada profissional. “As corporações
estão cada vez mais cientes de como é importante ter as pessoas
certas no lugar certo.”
O programa determina quais os
tópicos que devem ser desenvolvidos no grupo. O diagnóstico dos
participantes fica disponível no site da consultoria. O método inclui
a formação de equipes virtuais,
onde é possível descobrir como ficará o grupo depois de considerar
quais os conflitos e problemas que
podem ser evitados. Às vezes, o indivíduo está sendo mal aproveitado e por isso não se adaptou às ta-
“É importante ter as pessoas certas no lugar certo”, diz Martinez
ROGÉRIO MONTENEGRO/GAZETA MERCANTIL
Para Renata, os gestores precisam aceitar as diferenças no grupo
refas e ao grupo. Pode-se descobrir
grandes “pérolas”, que com uma
boa orientação podem se transformar em profissionais bem mais
produtivos.
A equipe ideal deverá ser composta por um especialista, o analista, o conclusivo e o líder. O especialista é o profissional que confia
nos próprios conhecimentos técnicos e possui experiência para criar
e gerar soluções. Em seguida vem o
analista, experiente em aperfeiçoar
produtos e processos e garante a
manutenção dos padrões de qualidade. O conclusivo tem como característica assegurar que procedimentos e sistemas sejam aplicados
e transformar planos e idéias em
soluções práticas. E finalmente, o
líder para administrar esta equipe
ideal. Ele deve ter competência para modificar o próprio comportamento para assim poder se adequar ao novo formato do grupo.
Em alguns casos, transferências
de profissionais para outra área são
sugeridas pela equipe de consultores. Já para se montar uma equipe
de sucesso é preciso “garimpar”. A
consultoria Michael Page International tem programas para montar
equipes do “zero”, ou buscar apenas
o líder para uma equipe já pronta.
A consultoria desenvolve uma estratégia dentro do perfil e dos objetivos da empresa, e a partir daí a
estrutura é moldada. O número de
funcionários, habilidades individuais, características profissionais e
acadêmicas, etc. Com a “máscara”
da equipe pronta, é necessário contratar, em primeiro lugar, o gestor
da área. E somente depois buscar os
outros integrantes do grupo.
A consultora Renata Wright,
gerente da divisão de Recursos Humanos da Michael Page é especialista no programa de criação de
equipes e diz acreditar que para
um bom líder é imprescindível estar preparado para mudanças e a lidar com diferenças. “O quadro de
profissionais de uma empresa é
formado por pessoas heterogêneas.
Os gestores precisam enfrentar as
constantes mudanças, e ter habilidades para administrar e aceitar as
diferenças dentro do grupo.”
A empresa precisa ser parceira
na elaboração do programa, assim
não haverá falhas durante o processo seletivo e na contratação do
profissional. Um dado importante
é que os custos de recrutamento,
ações de incentivo e treinamento
serão recompensados. As organizações precisam entender que com o
profissional alocado na área certa,
o retorno do investimento virá em
poucos meses.
Gripe sazonal mata 36 mil pessoas por ano nos Estados Unidos
SAÚDE
PLACAR GZM
Descoberta pode mudar Festival de Golf Novo Frade
uso de vacina antigripal
Aplicação na camada
subcutânea tem melhor
efeito imunológico em
idosos, aponta pesquisa
BLOOMBERG NEWS
KUALA LUMPUR
As pessoas idosas que recebem vacinas antigripais na epiderme em vez de no músculo estão melhor protegidas contra os
vírus gripais, conforme um estudo que pode ajudar a prevenir
a doença e a morte em um dos
grupos mais vulneráveis.
Os pesquisadores da Sanofi
Pasteur, a unidade de vacinas da
Sanofi-Aventis, concluíram que
as pessoas com idade entre 60 e
94 anos, vacinadas na pele com
uma agulha curta e fina, estavam cerca de 7% melhor protegidas contra a gripe do que
aquelas que receberam a vacina
Vaxigrip, da Sanofi, no músculo,
com uma agulha convencional.
As conclusões foram apresentadas na última sexta-feira, durante o Congresso Internacional
PÁG. 11 CMYK
para Doenças Infecciosas, em
Kuala Lumpur, na Malásia.
O estudo pode produzir mudanças no modo como os médicos vacinam os idosos, cujos sistemas imunológicos são mais
suscetíveis a infecções do que os
sistemas dos adultos mais jovens, disse Melanie Saville, que
coordenou o estudo. Pesquisas
anteriores mostraram que as vacinas antigripais protegem até
60% dos idosos, comparando
com 90% dos adultos mais jovens, segundo ela. “O que há de
novidade nessa vacina é o sistema”, disse Saville, na quinta-feira, durante entrevista. “A proposta é ter algo que qualquer
médico pode usar”, disse.
A gripe sazonal mata perto
de 36 mil pessoas nos Estados
Unidos a cada ano, e leva à internação de mais 200 mil, conforme os dados fornecidos pelos
Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em
inglês). Cerca de 90% das mortes e metade das internações são
de idosos, informa a CDC.
Saville e seus colegas usaram
um aparelho de microinjeção,
com uma agulha de 1,5 milimetro, para vacinar 2.612 pessoas.
A vacina, que continha três diferentes vírus da gripe, foi aplicada na camada inferior da epiderme. Outras 1.089 pessoas receberam injeção convencional
no músculo do braço.
Cerca de 7% mais dessas que
receberam a injeção em camadas mais superficiais tiveram aumento de quatro vezes no número de anticorpos que combatem
a infecção, comparando com
aquelas que receberam a vacina
convencional, sinalizando que
estavam protegidas contra a gripe. Os efeitos colaterais foram similares nos dois grupos.
O método pode funcionar
melhor do que as tradicionais
vacinas intramusculares porque
as extremidades dos nervos que
transportam o antígeno estimulante de anticorpos para o sistema imunológico prevalecem
mais na epiderme do que nos
músculos, disse Saville.
O Hotel Novo Frade, em Angra dos Reis (RJ), vai sediar entre os dias 27 e 29 deste mês a
segunda edição do Festival de
Golf Novo Frade, reunindo em
um só evento três torneios como no primeiro campeonato
realizado em 2007.
A primeira competição que
abrirá o festival às 8h30 do sábado, é a Copa Interclubes, um
torneio que reúne equipes de
vários clubes de todo o Brasil
na modalidade stableford, categorias de handicap masculino: 0 a 9, 10 a 15, 16 a 20, 21 a
25, 26 a 30 e 31-36 e feminino:
0 a 10, 11 a 20 e 21 a 36. No ano
passado, entre os 21 clubes
participantes (como o Gávea
Golf & Country Club, Damha
,Itanhangá e São Paulo Golf
Club), o time do Guarapiranga
Golf & Country Club foi o vencedor desta modalidade e como prêmio defenderá o título
este ano sem gastos.
A segunda competição do
evento é o Torneio AGBS (Associação Brasileira de Golf Sênior),
disputado por golfistas a partir
de 60 anos. Os jogadores senio-
res seguem as mesmas categorias
do interclubes, já os pré-seniores
disputam o handicap de 0 a 18 e
19 a 36. O terceiro campeonato é o
Torneio Aruba 2008, também na
modalidade stableford masculina
e feminina de handicap 0 a 13 e 14
a 25. Os campeões serão premiados com a possibilidade de representar o Brasil em agosto no Aruba Pro-Am Internacional Golf
Tournament, que acontecerá na
cidade de Aruba, Caribe.
A primeira edição do Festival
de Golf, também no Hotel Novo
Frade, teve como novidade a re-
forma do campo de golfe, com
6.260 jardas, 18 buracos e seis
lagos (ver quadro). Neste ano,
além do campeonato, os jogadores desfrutam da nova estrutura de apartamentos e restaurantes do resort, podendo também praticar outros esportes
como o tênis, vôlei, windsurf,
caiaque, hobbie-cat e trekking.
Organizado pela Golf&Cia,
o evento tem apoio da AGBS e
patrocínio da Puma e Dior,
que apresentaram seus produtos para os jogadores e acompanhantes.
C12 | Segunda-feira, 23 de junho de 2008 | GAZETA MERCANTIL
AGRONEGÓCIO
Produtividade da soja pode dobrar
BEBIDAS
Salton relança marca Castell Chombert
C6
C5
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL
FOTÓGRAFOS NÃO ESPERAM — No camarim da Osklen, modelo é maquiada antes mesmo de colocar a roupa de sua primeira entrada na passarela
MODA
Por dentro de uma fábrica de sonhos
LEONARDO SOARES/GAZETA MERCANTIL
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL
Os bastidores da São
Paulo Fashion Week
também merecem um
olhar especial
ALEXANDRE STAUT
SÃO PAULO
Vanessa Rozan, maquiadora da
marca canadense Mac embeleza
centenas de modelos, os do sexo
masculino inclusive, que desfilam
nesta edição do SPFW, que termina
hoje. Mal um desfile acaba, sai correndo do backstage — com uma
bolsa que pesa 23 quilos — e recomeça seu trabalho em outro canto do Pavilhão da Bienal.
No desfile de Reinaldo Lourenço, o primeiro da maratona de sexta, na Faap, tinha como desafio deixar 35 meninas com carinhas de
boneca de porcelana. Para isso, trabalhou com a foto de uma bonequinha colada no espelho. “É um
trabalho prazeroso, mas duro”, dizia, cansada, debaixo de uma mesa,
arrumando seu material de trabalho para correr para o próximo desfile, nos domínios da Bienal. “Estamos fazendo 19 dos 49 desfiles.”
Além de seu trabalho, ela acaba
sendo “babá” das belas garotas que
desfilam. Enquanto relata sua saga
durante a semana de moda, uma
modelo com carinha de anjo, pega
um recipiente na mesa em que estão dispostas as maquiagens de Vanessa. Ensaia passar no rosto, e recebe uma bronca da maquiadora:
“Você está louca, isso é álcool.”
No mesmo camarim de Lourenço, patrocinado pela Parmalat, as
modelos foram convidadas a beber
um copo de leite com colágeno
com a promessa de entrarem coradinhas na passarela. “Pois não são
muito de comer antes dos desfiles,
todo mundo sabe disso”, dizia uma
das seis camareiras que trabalharam apenas nesta produção.
No backstage dos 49 desfiles da
SPFW, um mundo pitoresco a cada
edição do evento. Esta movimentação antes das luzes se acenderem
envolve centenas de pessoas. Além
de estilistas e modelos, claro, as pequenas salas — de mais ou menos
LANCHINHO APRESSADO — Alimentação corrida antes de pisar na passarela de Reinaldo Lourenço
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL
A BELEZA DÓI — Procedimento de retirada de buço, para a Triton
50 m2 — são tomadas por cabelereiros, maquiadores, garçons, costureiros, assessores de imprensa,
massagistas e... muitos curiosos.
Consomem, em média, um sexto
(mais de R$ 900 mil ) dos R$ 5,5
milhões captados para a realização do evento, o que inclui o salário de mais de mil prestadores
de serviços para estas áreas.
Os bastidores são verdadeiras
festas. Há muita gente dando “chilique” por nada, mas o que mais se
LEONARDO SOARES/GAZETA MERCANTIL
ESTILISTA RELAX— Reinaldo Lourenço, depois do desfile
PÁG. 12 CMYK
vê são pessoas se divertindo. No backstage da marca V. Rom, por
exemplo, houve um fuzuê quando
o maquiador Robert Estevão intimou mais de 30 meninos a entrarem na tesoura ali mesmo, minutos antes de o desfile acontecer.
Profissionais, nenhum deles reclamou. Eles até se divertiram.
Com a correria entre um desfile
e outro, muitos modelos chegam
tensos e com dor de cabeça. “Tensão cervical na certa”, dava o vere-
dicto o massagista Marcelo Muniz,
contratado pela Natura para mimar a meninada antes de os desfiles começarem. “Massageio a coluna, as mãos e os pés de cada modelo calmamente. Elas adoram.
Aqui todo mundo se diverte, não
podemos nos esquecer de que são
meninas. Nos bastidores, a festa é
generalizada. Cara amarrada mesmo só nas passarelas”, dizia ele, um
dos 13 massagistas contratados
pela marca de beleza que, a cada
edição, presenteia não só modelos,
mas imprensa e vips com massagens nos lounges do evento — até
sexta-feira já haviam sido feitas
mais de mil massagens.
Cada profissional envolvido nos
desfiles, que duram não mais do
que 10 minutos , chega aos bastidores com quatro horas de antecedência , para que o show saia
perfeito. Há pessoas contratadas
exclusivamente para colocar água
na geladeira... e estima-se que foram consumidos 5 mil litros nos
bastidores de todos os desfiles.
Apesar de muitas modelos se
alimentarem de vento, alguns backstages capricham no bufê. O de
RODRIGO CAPOTE/GAZETA MERCANTIL
O QUINTETO AGUARDA— Antes de colocar as roupas da Osklen
CONTEMPLAÇÃO — No camarim da Triton, antes do desfile
Fause Haten tinha comidinhas brasileiras... paçoca, bolo de rolo, sucos
de frutas. Alguns fizeram cardápio
de cozinha japonesa, e outros, já sabendo que as meninas não vão
mesmo comer, principalmente
quando o desfile é de biquíni, oferecem maçã e uma saladinha.
Os assessores de imprensa costumam barrar a entrada de curiosos, mas quando se vê, estas zonas
estão tomadas de estranhos. E o
caos aumenta quando há uma modelo famosa no pedaço. Fotógrafos,
pelo menos 30, acotovelam-se uns
aos outros. Os estilistas ficam escondidos para não serem questionados sobre a coleção, não estragando, assim, a surpresa.
Em desfiles concorridos, como o
de Haten, que anunciaria seu desligamento do grupo I’M, pelo menos 250 jornalistas se digladiavam para entrar no backstage. Haten recebeu grupos de não mais de
20 pessoas, “para falar da coleção e
nada mais.” Enquanto mostrava
calmamente a coleção, os olhos da
imprensa se voltavam para as modelos, que, ali mesmo, se trocavam,
para deleite da platéia. A top Gisele
Bündchen, esperada ontem à noite
para o desfile da Colcci, tem um camarim só para ela. Ninguém a vê.
Pouco se sabe o que faz esta moça
em seu backtage, antes de colocar
seus pezinhos na passarela para
mostrar seu catwalk.
LEONARDO SOARES/GAZETA MERCANTIL
DESMANCHE — Cinco minutos depois do desfile de Lourenço

Documentos relacionados