Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
FORTISSIMO Nº 9 — 2015
NOVEMBRO
62
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
apresentam
SUMÁRIO
p. 8
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
05/11
06/11
Arvo Volmer, regente convidado
Elissa Lee Koljonen, violino
MESSIAEN
MENDELSSOHN
STRAVINSKY
Hymne
Concerto para violino em mi menor, op. 64
Petrushka
p. 22
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
12/11
13/11
Christopher Seaman, regente convidado
Daniel Müller-Schott, violoncelo
DVORÁK
HAYDN
Danças eslavas, op. 72, nos 7, 2 e 5
Concerto para violoncelo em Ré maior,
Hob. VIIb:2
SHOSTAKOVICH
Sinfonia nº 10 em mi menor, op. 93
p. 36
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
26/11
27/11
Carlos Kalmar, regente convidado
Ricardo Castro, piano
BRAHMS
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior,
op. 83
KERNIS
NIELSEN
Musica Celestis
Sinfonia nº 4, op. 29, “A inextinguível”
3
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Novembro será um mês de
imenso vigor na programação
da Filarmônica, com repertório
extremamente diversificado e
com a presença de regentes e
solistas convidados de grande
reputação internacional.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Primeiramente será a vez do
regente estoniano Arvo Volmer
e da violinista norte-americana
Elissa Lee Koljonen, que oferecem a
singela beleza do querido concerto
para violino de Mendelssohn,
assim como a fantasia contida em
um dos primeiros balés célebres
de Stravinsky. Em seguida, o
maestro inglês Christopher Seaman
apresenta a força dramática da
Décima Sinfonia de Shostakovich e
a energia contagiante de três danças
eslavas de Dvorák. Em seu retorno
a Belo Horizonte, receberemos
o violoncelista alemão Daniel
Müller-Schott interpretando um
dos mais apreciados concertos
de Haydn para o instrumento.
Finalizando as comemorações dos
150 anos do compositor dinamarquês
Carl Nielsen, a Filarmônica
apresentará sua Quarta Sinfonia,
inextinguível fonte de energia e
surpresas, liderada pelo regente
convidado uruguaio Carlos Kalmar.
Nesse mesmo programa recebemos
mais uma vez a visita de um dos
grandes nomes do pianismo brasileiro,
Ricardo Castro, fazendo uma
nova leitura do belíssimo Segundo
Concerto de Johannes Brahms.
Àqueles que já renovaram suas
assinaturas, os nossos sinceros
agradecimentos. Aos que frequentam
assiduamente nossas apresentações,
fazemos o convite para que
explorem as opções de concertos
para o ano que vem e se associem
mais firmemente à nossa família,
tornando-se mais um dos milhares
de assinantes que hoje fazem parte
desse importante projeto de sucesso.
Bom concerto a todos.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: EUGÊN IO SÁVIO
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regente brasileiro a ser titular de uma
orquestra asiática. Depois de catorze
anos à frente da Orquestra Sinfônica
de Jacksonville, Estados Unidos,
atualmente é seu Regente Titular
Emérito. Foi também Regente
Titular da Sinfônica de Syracuse
e da Sinfônica de Spokane. Desta
última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Nacional de Washington e com ela
dirigiu concertos no Kennedy Center
e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego,
foi Regente Residente.
Desde 2008, Fabio Mechetti é
Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas
Gerais, sendo responsável pela
implementação de um dos projetos
mais bem-sucedidos no cenário
musical brasileiro. Com seu trabalho,
Mechetti posicionou a orquestra
mineira nos cenários nacional e
internacional e conquistou vários
prêmios. Com ela, realizou turnês
pelo Uruguai e Argentina e realizou
FOTO: RAFAEL MOTTA
gravações para o selo Naxos.
FABIO
MECHETTI
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
serviu recentemente como Regente
Principal da Orquestra Filarmônica
da Malásia, tornando-se o primeiro
Fez sua estreia no Carnegie Hall de
Nova York conduzindo a Orquestra
Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido
inúmeras orquestras norte-americanas,
como as de Seattle, Buffalo, Utah,
Rochester, Phoenix, Columbus, entre
outras. É convidado frequente dos
festivais de verão nos Estados Unidos,
entre eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Vencedor do Concurso Internacional
de Regência Nicolai Malko, na
Dinamarca, Mechetti dirige
regularmente na Escandinávia,
particularmente a Orquestra
da Rádio Dinamarquesa e a de
Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia dirigindo
a Filarmônica de Tampere e na
Itália, dirigindo a Orquestra
Sinfônica de Roma. Em 2016 fará
sua estreia com a Filarmônica
de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot,
Carmen, Don Giovanni, Così fan Tutte,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
La Bohème, Madame Butterfly,
O Barbeiro de Sevilha, La Traviata
e Otello. Fabio Mechetti recebeu
títulos de Mestrado em Regência
e em Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
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ARVO VOLMER, regente convidado
ELISSA LEE KOLJONEN, violino
PROGRAMA
PRESTO
Quinta
Olivier MESSIAEN
05/11
Hymne
Felix MENDELSSOHN
VELOCE
Sexta
06/11
Concerto para violino em mi menor, op. 64
ELISSA LEE
KOLJONEN
violino
• Allegro molto appassionato
• Andante
• Allegretto non troppo – Allegro molto vivace
– I N T E RVA L O –
Igor STRAVINSKY
Petrushka
PARTE 1
• A Feira de Diversões
• Dança Russa
PARTE 2
• O quarto de Petrushka
PARTE 3
• O quarto do Mouro
• Valsa
PARTE 4
• O cair da noite na Feira de Diversões e a
Morte de Petrushka
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PRESTO E VELOCE
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da Música em Milão e Torino.
Ainda na última temporada o
maestro estreou com a Orquestra
Sinfônica da NHK e retornou às
orquestras Nacional da Bélgica e
Sinfônica do Estado de São Paulo.
F OTO: TO NY LEWIS
O maestro estoniano Arvo Volmer
é amplamente aclamado por suas
performances intensas tanto em
óperas como em concertos. Ele é
particularmente conhecido por
suas interpretações de Mahler
e Sibelius, assim como obras do
repertório alemão, nórdico, russo
e de música contemporânea.
ARVO
VOLMER
Volmer foi nomeado diretor
artístico da Orquestra Haydn de
Bolzano e Trento, Itália, a partir
da temporada 2014/2015. Com
o grupo fez um programa de
intercâmbio com a Orquestra
Sinfônica de Milão Giuseppe Verdi
e turnês para o Maggio Musicale
Fiorentino e o Festival Internacional
Ocupou os cargos de diretor
artístico e regente principal da
Ópera Nacional da Estônia e de
diretor artístico da Orquestra
Sinfônica de Adelaide, Austrália.
Conduziu a orquestra em turnês
nos Estados Unidos, incluindo o
Carnegie Hall de Nova York, e
em projetos como o seu aclamado
Ciclo Mahler, de cinco anos. Volmer
permanece ligado à orquestra
como seu regente convidado
principal e consultor artístico.
as sinfônicas da Rádio Finlandesa e
de Gothenburgo e as filarmônicas de
Helsinki e Real de Estocolmo. Como
regente de ópera, apresentou-se no
Teatro Bolshoi, Ópera Nacional
da Finlândia e Den Norske Opera;
realiza récitas regulares com a Ópera
Austrália em Sydney e Melbourne.
Ao longo de sua carreira, o maestro
gravou extensivamente, incluindo
as sinfonias completas de Sibelius
com a Orquestra Sinfônica de
Adelaide e as obras sinfônicas de
Eduard Tubin. Também gravou a
obra completa de Leevi Madetoja
e compositores contemporâneos
suecos e estonianos. Seu lançamento
mais recente apresenta os concertos
de sopro de Ross Edwards com
a Sinfônica de Melbourne.
O maestro já se apresentou em
muitas das principais salas de
concerto e teatros de ópera do
mundo, com orquestras como a
City of Birmingham, sinfônicas de
Cingapura e Taiwan, filarmônicas da
BBC e de Macau, Orquestra Nacional
da França e Filarmônica da Radio
France, bem como as principais
Arvo Volmer fez sua estreia
profissional com a Ópera Nacional
da Estônia aos 22 anos e permanece
associado ao grupo desde então.
Foi diretor artístico da Orquestra
Sinfônica Nacional da Estônia por
oito anos. Da Orquestra Sinfônica
de Oulu, Finlândia, foi regente
orquestras da Austrália. Conduziu
a Orquestra da Komische Oper
Berlin, Konzerthausorchester Berlim,
NDR Radiophilharmonie, Sinfônica
NDR de Hamburgo e a maioria dos
principais grupos nórdicos, incluindo
principal e diretor artístico durante
onze anos. Volmer é graduado pelo
renomado Conservatório de São
Petersburgo, Rússia, e foi vencedor
de um prêmio no Concurso Nikolai
Malko, na Dinamarca, em 1989.
FOTO: J HEN RY FAIR
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PRESTO E VELOCE
ELISSA LEE
KOLJONEN
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Já o Detroit News publicou “(...)
Koljonen reflete em sua performance
não apenas uma técnica apurada, mas
propósito inabalável e confiança”.
Concertgebouw, Barbican Centre
em Londres, Seoul Arts Center,
Symphony Hall de Boston e à
Academia de Música da Filadélfia.
Reconhecida como uma das violinistas
mais célebres de sua geração, Elissa Lee
Koljonen tem emocionado plateias e
críticos em mais de cem cidades em
todo o mundo. Inicialmente, Elissa
recebeu aclamação internacional
quando se tornou a primeira a receber
o prestigiado Prêmio Fundação
Henryk Szeryng e a medalha de
prata do Concurso Internacional de
Em seu retorno com a Orquestra
da Filadélfia, Elissa interpretou
o Concerto para violino nº 1 de
Shostakovich. Compromissos
recentes e futuros incluem a sua
estreia na Espanha com James Judd
e a Orquestra Sinfônica de Bilbao,
performances com José-Luis Novo
e orquestras em Annapolis e
Binghamton, a Sinfônica de
Delaware, Reading Symphony,
Kimmel Center’s Summer Solstice
e a estreia na Filadélfia do Concerto
para Violino de Behzad Ranjbaran,
com JoAnn Falletta. Sua agenda
ainda inclui a Orquestra Boston
Pops, Orquestra de Minnesota,
Royal Philharmonic e as sinfônicas
de Baltimore, Cincinnati, Dallas,
Detroit, Oregon, Pittsburgh, Helsinki
e Seul. Elissa já trabalhou com
maestros notáveis como Mattias
Bamert, James DePreist, Lawrence
Foster, Richard Hickox, Neeme
Como recitalista, Elissa já se
apresentou em muitas capitais
musicais, incluindo Londres,
Amsterdã, Salzburgo, Seul,
Washington, Filadélfia e Nova York.
Uma performance no Carnegie Hall
em 2004 foi saudada com excelente
crítica. Em intensa atividade com
música de câmara, ela se apresenta
regularmente em festivais em toda
a América do Norte, Europa e Ásia.
Foi aclamada pela crítica em sua
estreia no Queen Elisabeth Hall,
em Londres, e em suas performances
com o London Mozart Players
e a Orquestra Filarmônica de
Monte-Carlo, em um concerto
especial comemorando o 700º
aniversário da dinastia Grimaldi.
Violino Carl Flesch. Sua performance
foi elogiada pelo Helsingin Sanomat,
de Helsinki, como “brilhante, sensual
e pessoal”. Dan Tucker, do Chicago
Tribune, escreveu: “Ela mostrou
técnica e musicalidade sem limites”.
Järvi, Louis Lane, Andrew Litton,
Eiji Oue e Bryden Thompson. Seus
compromissos a têm levado a algumas
das salas mais importantes do mundo,
entre elas o Musikverein de Viena,
Salzburg Mozarteum, Amsterdam
e sua lendária escola de violino.
Elissa é pupila do grande Aaron
Rosand no Curtis Institute of Music.
Por sua influência, ela continua o
legado e a tradição de Leopold Auer
A violinista passa metade de
sua vida na Filadélfia mantendo
Roberto, Sofia, Niko e Sammy
longe de problemas.
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PRESTO E VELOCE
Olivier Messiaen |
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França, 1908 – 1992
HYMNE (1932, versão original – 1946, versão reconstruída)
INSTRUMENTAÇÃO 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes,
4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
14 min
Um compositor católico. Não no
sentido político ou religioso do
termo, mas no sentido radical:
“universal”. Se Messiaen define a sua
música como “teológica”, explica
ele que é porque ela estabelece uma
relação com Deus. Seu misticismo
provocou suspeitas, é certo, mas ele
mesmo nunca se arvorou em místico,
apesar de intensamente crente e
fervorosamente devoto. Na sua
música, a sua relação com Deus se dá
por uma relação sensual e sensorial
com o mundo... Desde o início.
Prisioneiro de guerra entre 1940 e
1942, compõe e executa, no campo
de concentração, sua obra mais
famosa: o Quarteto para o Fim do
Tempo. Professor do Conservatório
de Paris desde 1942, figuram
entre seus alunos nomes como
Boulez, Xenakis e Stockhausen.
Quando aluno do Conservatório de
Paris, onde ensinavam Dupré, Gallon
e Dukas, entre 1919 e 1930, estuda
paralelamente o cantochão, a rítmica
indiana, a música em quartos de tom,
o canto dos passarinhos, as Sagradas
Escrituras, a poesia surrealista.
Em 1931, é nomeado organista da
Igreja da Santíssima Trindade, em
Paris. Ali, suas improvisações e suas
primeiras composições para órgão
atraem a atenção do mundo musical.
Católico, pois, no sentido radical.
O ecletismo de sua cultura impede
esse professor exemplar de se
instalar no conforto de qualquer
academismo – Messiaen dizia que
se nutria de tudo: o folclore, o
cantochão, Bach, a música russa,
Debussy, Bartók, o canto dos
pássaros, os ruídos da natureza.
Tudo isso lhe proporciona material
que ele sintetiza em uma música
de efeito inaudito e de inesgotável
riqueza. Em um texto datado de
1944 (Técnicas da Minha Linguagem
Musical), Messiaen define essa síntese
como uma ampliação ou amplificação
de certas noções antigas e a adoção
de regras universais, princípios
Filho de um professor de Letras,
tradutor de Shakespeare, e de
uma poeta simbolista, Messiaen
cresce em um ambiente intelectual,
determinante de sua cultura eclética.
unificadores. O primeiro aspecto
garante o vínculo com a tradição.
O segundo, garante a possibilidade
de continuar lidando, no processo
de criação musical, com esquemas
melódicos, harmônicos e rítmicos.
Em 1932, Messiaen compõe uma
obra intitulada Hymne au SaintSacrement. A partitura dessa obra
perdeu-se durante a guerra, mas
Messiaen a reconstituiu em 1946,
encurtando-lhe o título: Hymne
(Hino). Segundo o autor, “essa obra
se caracteriza sobretudo por seus
efeitos de cor”. Cores de acordes,
cores de timbres, cores melódicas,
contrastes... A música de Messiaen
fala por ela só: universal e moderna.
Por isso mesmo, sólida. O Hymne
de Messiaen, estreado em Paris no
ano de 1933, pela Orcherstre des
Concerts Straram, sob a regência
de Walther Straram, já revela a
grande testemunha de nossa era
que formará toda uma geração de
compositores e que norteará toda
uma corrente de pensamento musical.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Messiaen – Des Canyons aux Étoiles;
Hymne au Saint-Sacrement; Les Offrandes
Oubliées – Ensemble Ars Nova; Orchestre
Philharmonique de l’ORTF – Marius Constant,
regente – Apex – 2006
Orquestra Real do Concertgebouw – Mariss
Jansons, regente | Acesse: fil.mg/mhymne
PARA LER
Peter Hill e Nigel Simeone – Messiaen – Yale
University Press – 2005
Roland de Candé – História Universal da Música –
Eduardo Brandão, tradução – vol. 2 –
Martins Fontes – 1994
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PRESTO E VELOCE
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Felix Mendelssohn |
Alemanha, 1809 – 1847
CONCERTO PARA VIOLINO EM MI MENOR, OP. 64 (1844)
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
28 min
Neto do filósofo Moses Mendelssohn,
importante figura do Iluminismo
alemão, Felix Mendelssohn recebeu
educação sofisticada e musicalmente
abrangente, obtendo grande sucesso
como regente, pianista e compositor.
Maestro audacioso, reapresentou
a Paixão segundo São Mateus de
Bach, exatamente um século após
sua primeira audição; executava
frequentemente os concertos para
piano de Mozart e Beethoven; revelou
ao público a Grande Sinfonia em
Dó maior de Schubert e divulgou
a música renovadora de seus
contemporâneos, com primeiras
audições de Schumann e Berlioz, entre
outros compositores de seu tempo.
Sua trajetória marcou-se pela
precocidade: antes dos dezenove
anos, Mendelssohn já compusera
muitas de suas mais importantes
obras, principalmente para a música
de câmara, e a célebre abertura de
Sonho de uma noite de verão. O talento
precoce sedimentou-se com inusitada
formação musical, viabilizada por
um privilegiado ambiente familiar
e por viagens de estudos. Aluno de
grandes mestres, amigo próximo
do velho Goethe, o jovem pianista
soube escolher seus modelos musicais,
principalmente o Beethoven da última
fase. Nasceram assim vários quartetos
de cordas e o admirável Octeto, escrito
aos dezesseis anos. Longe de mera
imitação, essas obras surpreendem
pela originalidade – quanto mais
se percebem as influências, maior
a qualidade do resultado.
bem-sucedida e de efeito irresistível, ao
deslocar a cadenza, do final do primeiro
movimento para a transição entre o
desenvolvimento e a reexposição dos
dois temas. Com esse procedimento
inovador, a cadenza transforma-se,
de simples exibição virtuosística em
elemento constituinte da forma.
Por outro lado, o apego ao melhor
cânone da música ocidental fez o
compositor menos ousado que o
regente. Mesmo em suas composições
mais originais e a despeito de um
agradável colorido romântico, ele se
manteve ortodoxamente apegado
a esse passado, ainda recente.
Entretanto, a clareza das formas,
a elegância da escrita, a suavidade
das melodias e a engenhosidade de
composição dessas muitas obrasprimas afastam-no da mediocridade
dos mendelssohnianos, que, no final
do século XIX, transformaram
o Conservatório de Leipzig –
instituição fundada pelo compositor –
em uma fortaleza do academismo.
O Andante tem a forma de um
lied ternário. Com caráter
sonhador e sentimental, fornece
ao instrumento solista belas frases
longas e de delicadas ondulações.
e a orquestra torna-se mais cerrado,
construindo um jogo virtuosístico
que, em sua espontaneidade,
jamais se mostra superficial.
Terminado aos 35 anos, este Concerto
foi dedicado ao violinista Ferdinand
David, que o estreou, sob a regência do
compositor dinamarquês Niels Gade,
em 1845. Mendelssohn, entretanto, só o
ouviria um mês antes de sua morte, em
1847, interpretado por Josef Joachim.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
O terceiro e último movimento,
Allegretto non tropo – Allegro molto
vivace, traz o espírito de um rondó, na
forma sonata. O diálogo entre o solista
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Mendelssohn – Concerto para violino em mi
menor, op. 64 – Gewandhaus Orchester Leipzig –
Kurt Mansur, regente – Anne-Sophie Mutter,
violino – Deutsche Grammophon, Alemanha – 2008
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt –
O Concerto para violino op. 64
tem três movimentos.
O Allegro molto appassionato inicial traz
uma novidade formal extremamente
Paavo Järvi, regente – Hilary Hahn, violino
Acesse: fil.mg/mviolino
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
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PRESTO E VELOCE
Igor Stravinsky |
19
Rússia, 1882 – Estados Unidos, 1971
PETRUSHKA (1910 / 1911, versão original – 1947, versão revisada)
33 min
Em Petrushka, desde os compassos
iniciais, Stravinsky conduz o ouvinte
através de um cenário multicolorido,
no qual a diversidade de atmosferas e
de timbres, a vivacidade da invenção
rítmica e a riqueza de contrastes
convidam à imersão em um mundo
singular. A história do fantoche, que
se emociona, cria alma e não passa
imune às vicissitudes da existência,
ecoa em cada um de nós, por sua
humanidade, conduzida pela magia
da invenção musical stravinskiana.
Petrushka é um dos três balés da
chamada fase russa de Stravinsky.
Estreada em 1911, ladeada por duas
outras obras marcantes – O Pássaro de
Fogo (1910) e A Sagração da Primavera
(1913) –, ocupa lugar importante
na multifacetada produção do
compositor. É quase mesmo uma
preparação oportuna e bem-vinda
para o cometimento da Sagração,
um meio caminho no qual traços
significativos da personalidade
stravinskiana já se impunham.
Segundo o próprio compositor,
Petrushka foi, de início, idealizada
como uma espécie de “peça de
concerto”, na qual o piano teria um
papel relevante. Stravinsky relatou a
visão de um “fantoche subitamente
furioso que, por suas cascatas de
arpejos diabólicos”, exasperava a
paciência da orquestra, que replicava
com suas “fanfarras ameaçadoras”.
Na sequência, uma “terrível luta”
levava à queda “dolorosa e lamentosa
do pobre fantoche”. Quando
trechos da nova composição
foram apresentados a Diaghilev, o
fundador e diretor dos Balés Russos
a princípio se mostrou surpreso com
a interrupção da composição de uma
obra encomendada após o sucesso de
O Pássaro de Fogo – precisamente
A Sagração da Primavera –, mas a
surpresa cedeu lugar ao entusiasmo,
pela qualidade do material
apresentado e pelo sucesso que o tino
comercial de Diaghilev antevia, caso o
compositor aquiescesse às necessárias
reformulações em Petrushka, no
sentido de transformá-la em balé.
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone,
2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, celesta, piano, harpa, cordas.
sucumbiu, mas agora vitimado
pelas emoções consequentes a um
amor não correspondido. Mesmo
na apresentação em concerto, sem
o recurso à cena coreográfica,
alguns dados do argumento podem
contribuir para a apreensão e fruição
da obra. “Burlesca em quatro cenas”,
tal como anotado na partitura,
Petrushka se inicia com um cenário
no qual uma multidão na praça do
Almirantado, em São Petersburgo,
festeja o Carnaval Ortodoxo.
O argumento da obra definitiva
ficou a cargo do compositor, com o
qual colaborou Alexander Benois,
O fervilhamento de timbres, de
melodias de inspiração folclórica,
a riqueza rítmica estão entre os
elementos que compõem o cenário
onde passa, dançando, um grupo de
bêbados, e aparecem, em delicado
contraste, um tocador de realejo,
uma dançarina que marca o compasso
com a ajuda de um triângulo... É
nesta cena de rua, caleidoscópica, que
surgem as personagens centrais da
história. Anunciado pelos tambores,
um teatro de marionetes atrai a
começam a dançar, para espanto
dos presentes. Essa Dança Russa,
trepidante, encerra a primeira cena.
A multidão só voltará na cena final,
após duas cenas relativamente breves,
mas capitais para o desenvolvimento
do drama. Na primeira delas,
Petrushka é brutalmente empurrado
porta adentro pelo charlatão e,
em seu quarto, se vê a sós com
sua triste sorte. Sua expressão de
dor é, por enquanto, apenas um
lamento, representado pelos arpejos
superpostos de dois clarinetes, em
tonalidades que distam um trítono
entre elas. A entrada em cena da
Bailarina que repudia o amor de
Petrushka só faz aumentar seu
desespero, que a orquestra ilustra
com a transformação do lamento,
agora um grito executado pelos
trompetes. A cena seguinte, nos
aposentos do Mouro, é marcada por
uma valsa, “à maneira de” Joseph
Lanner, compositor austríaco, em
contraponto com a melodia de uma
conhecida canção parisiense da
também responsável pela cenografia.
Vestígios da ideia original, da visão
que amalgamava elementos musicais
e dramáticos, marcaram a versão
da estreia: a parte pianística foi
tratada com destaque e o fantoche
atenção do público. Conduzido
por um velho, misto de mago e
de charlatão, o teatro abriga os
fantoches que ganham vida, tocados
pelos sortilégios de um solo de flauta:
Petrushka, a Bailarina e o Mouro
época. Esse divertido jogo musical é
o pano de fundo para a exasperação
de Petrushka. Uma briga com o
Mouro encerra a cena e, com a
volta da multidão, o cenário se
enche de situações e de atmosferas
PRESTO E VELOCE
contrastantes. Em meio à animação
geral, passam despercebidos os
gritos que partem do teatro de
marionetes, até que surge Petrushka,
perseguido pelo Mouro, que o atinge,
mortalmente, com um sabre. Diante
da multidão estupefata, o charlatão
segura o corpo do fantoche, tentando
convencer a todos de que, no final das
contas, trata-se apenas de um boneco.
A multidão se dispersa e, ao ver, sobre
o teatro de marionetes, a sombra
ameaçadora de Petrushka, também
21
o velho mago sai de cena. Stravinsky
nos reserva um final surpreendente,
um golpe de gênio ao envolver, em
uma orquestração de meias tintas, a
aparição fantasmagórica. E o último
grito de Petrushka, nos trompetes,
parece interrogar, a todos nós, sobre
a verdadeira natureza do fantoche.
OILLIAM LANNA Compositor e regente, Doutor
em Linguística (Análise do Discurso), professor
da Escola de Música da UFMG.
PARA OUVIR
CD Le Sacre du Printemps; Pétrouchka –
Boston Symphony Orchestra – Pierre Monteux,
regente – RCA Red Seal, 62314 – 2004
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão
Italiana – Aleksandr Vedernikov, regente
Acesse: fil.mg/spetrushka
PARA LER
Robert Siohan – Stravinsky – Éditions du Seuil – 1982
Robert Craft – Conversas com Igor Stravinski –
Editora Perspectiva – 1984
FOTO: RAFAEL MOTTA
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22
23
CHRISTOPHER SEAMAN, regente convidado
DANIEL MÜLLER-SCHOTT, violoncelo
PROGRAMA
ALLEGRO
Quinta
Antonín DVORÁK
12/11
Danças Eslavas, op. 72
• Dança nº 7 em Dó maior: Allegro vivace
V I VA C E
• Dança nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso
Sexta
• Dança nº 5 em si bemol menor: Poco adagio
13/11
Franz Joseph HAYDN
Concerto para violoncelo em Ré maior,
Hob. VIIb:2
DANIEL
MÜLLER-SCHOTT
violoncelo
• Allegro moderato
• Adagio
• Rondo: Allegro
– I N T E RVA L O –
Dmitri SHOSTAKOVICH
Sinfonia nº 10 em mi menor, op. 93
• Moderato
• Allegro
• Allegretto
PATROCÍNIO
• Andante
24
ALLEGRO E VIVACE
25
criou uma nova série de concertos,
contribuição reconhecida com um
prêmio da Sociedade Americana de
Compositores, Autores e Editores.
Christopher também foi diretor
musical da Filarmônica de Nápoles,
maestro residente na Sinfônica de
Baltimore, consultor artístico da
Sinfônica de San Antonio e, no
Reino Unido, maestro principal da
Sinfônica da BBC da Escócia e
da Northern Sinfonia.
F OTO: KURT BROWN ELL
O maestro britânico Christopher
Seaman é reconhecido
internacionalmente pelo seu modo
inspirador de fazer música. Em
seu vasto repertório, destacam-se
as interpretações de música
inglesa do início do século XX,
Bruckner, Brahms e Sibelius.
CHRISTOPHER
SEAMAN
Com uma longa e notável carreira
nos Estados Unidos, Christopher
foi diretor musical da Filarmônica
de Rochester por treze anos e,
depois, maestro laureado. Ele elevou
o nível artístico da orquestra,
ampliou sua base de audiência e
A temporada 2015/2016 inclui
compromissos com orquestras norteamericanas, tais como as sinfônicas
de Cincinnati, Baltimore, Vancouver,
Milwaukee e do Havaí. Christopher
abre a temporada da Filarmônica de
Auckland e estreia com a Sinfônica
de Kristiansand e com a Filarmônica
de Minas Gerais, no Brasil.
Como maestro convidado, é presença
frequente no Festival de Música de
Aspen e recentemente esteve com as
sinfônicas de Detroit, Houston,
St. Louis e Seattle; com a Filarmônica
de Varsóvia, Sinfônica do Porto
Casa da Música e a Orquestra da
Opera North. Apresenta-se sempre
na Austrália e na Ásia, onde conduziu
as filarmônicas de Hong Kong
e Nacional de Taiwan, além das
sinfônicas de Sydney, Melbourne,
Adelaide e Singapura, entre outras.
Em 2009, a Universidade de
Rochester fez de Christopher
Doutor Honorário em Música, em
reconhecimento à sua excepcional
liderança como maestro, seu trabalho
em gravações, como professor e como
parceiro da comunidade artística.
Seu primeiro livro, Inside Conducting,
publicado pela universidade, está
entre os favoritos de 2013 do Financial
Times e da revista Classical Music; o
livro “desmistifica a arte e a figura
do maestro”, escreveu The Spectator.
Envolvido com o incentivo a
jovens talentos, há muitos anos
Christopher é diretor de curso do
Programa de Aperfeiçoamento de
Maestros da Symphony Services
International, na Austrália. Com o
mesmo objetivo trabalhou com a
Tonhalle-Orchester Zürich, com a
Orquestra Nacional da Juventude
da Grã-Bretanha e a Guildhall
School of Music and Drama.
Em gravações, trabalhou com a Royal
Philharmonic e a Philharmonia,
entre outras. Seus álbums com a
Filarmônica de Rochester têm sido
aclamados pela crítica. Gravou
pelo selo Harmonia Mundi a obra
A London Symphony de Vaughan
Williams, descrita pelo The Sunday
Telegraph como uma “gravação
finíssima de um clássico inglês (...)
impressionante como jamais ouvi”.
26
ALLEGRO E VIVACE
27
Londres, Sinfônica da Cidade de
Birmingham, London Philharmonia,
Berliner Philharmoniker, Gewandhaus
de Leipzig, as orquestras das rádios
de Berlim, Munique, Frankfurt,
Stuttgart, Leipzig e Hamburgo; a
Orquestra Nacional da Radio France,
Filarmônica da Holanda e Orquestra
Nacional da Espanha. Na Ásia, com a
Sinfônica NHK de Tóquio, Sinfônica
Nacional de Taiwan e Filarmônica de
Seul. Esta é a segunda apresentação
de Daniel Müller-Schott com a
Filarmônica de Minas Gerais.
F OTO: MAIWOLF
Daniel Müller-Schott está entre
os melhores violoncelistas do
mundo de sua geração e pode ser
ouvido nos mais importantes
palcos internacionais. Segundo
The New York Times, ele é “um
artista destemido com técnica de
sobra”. Graças às suas interpretações
intensas e uma personalidade
vencedora, suas apresentações
são experiências memoráveis.
DANIEL
MÜLLER-SCHOTT
Daniel trabalha com orquestras
pioneiras. Nos Estados Unidos, com
as orquestras de Nova York, Boston,
Cleveland, Chicago e Filadélfia;
na Europa, com a Filarmônica de
Daniel Müller-Schott tem se
apresentado sob a batuta de maestros
de renome como Marc Albrecht,
Thomas Dausgaard, Charles Dutoit,
Christoph Eschenbach, Iván Fischer,
Alan Gilbert, Gustavo Gimeno,
Bernard Haitink, Jakub Hrůša,
Pietari Inkinen, Neeme Järvi,
Dmitrij Kitajenko, Lorin Maazel,
Jun Märkl, Kurt Masur, Andris
Nelsons, Gianandrea Noseda, Sakari
Oramo, Andrés Orozco-Estrada,
Vasily Petrenko, Sir André Previn,
Michael Sanderling, Jukka-Pekka
Saraste, Dima Slobodeniouk
e Krzysztof Urbański.
Além dos grandes concertos para
violoncelo, Daniel se interessa em
descobrir novas obras e expandir o
repertório do instrumento com suas
próprias adaptações e em cooperação
com os compositores. Sir André
Previn e Peter Ruzicka dedicaram a
ele um concerto, estreado por Daniel
sob regência dos compositores.
Em festivais internacionais, é
convidado frequente. Entre eles os
Proms em Londres, o Schubertiade,
Schleswig-Holstein, Rheingau,
Schwetzingen, MecklenburgVorpommern e Heidelberger Frühling;
Festival Vancouver; Tanglewood,
Ravinia e Hollywood Bowl em Los
Angeles. Em sua intensa atividade
como músico de câmara, Daniel
colaborou com Nicolas Angelich,
Renaud Capuçon, Julia Fischer, Igor
Levit, Anne-Sophie Mutter, Francesco
Piemontesi, Lauma Skride, Baiba
Skride, Christian Tetzlaff, Jean-Yves
Thibaudet, Simon Trpčeski, Lars
Vogt e os quartetos Ebène e Vogler.
O músico construiu uma respeitável
discografia com álbuns premiados.
Daniel recebeu o Prêmio Aida Stucki
2013, conferido pela Fundação
Anne-Sophie Mutter, instituição
que o apoiou desde cedo. Estudou
com Walter Nothas, Heinrich Schiff,
Steven Isserlis e com Mstislav
Rostropovich. Aos quinze anos,
recebeu o primeiro prêmio no
Concurso Internacional Tchaikovsky
para Jovens Músicos, em Moscou.
Daniel Müller-Schott se apresenta
com o violoncelo Ex Shapiro feito por
Matteo Goffriller em Veneza, 1727.
28
ALLEGRO E VIVACE
Antonín Dvorák |
29
Boêmia, atual República Tcheca, 1841 – 1904
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
DANÇAS ESLAVAS, OP. 72 (1886 / 1887)
Nº 7 em Dó maior: Allegro vivace (3 min)
Nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso (6 min)
Nº 5 em si bemol menor: Poco adagio (3 min)
É interessante que as ditas escolas
nacionais encontrem, nas danças
tradicionais, arcabouço para expressões
regionais, a partir da segunda metade
do século XIX. Mais interessante ainda
é notar que essas escolas nacionais
extravasam a linguagem romântica e
entram século XX adentro, abrindo
caminhos originais, à margem das
grandes correntes europeias.
Já não se digam das polonaises
e mazurcas de Chopin, ou das
rapsódias húngaras de Liszt, cujo
“nacionalismo” é discutível, mas
que trabalham, com estilização
exponencial, certos materiais
regionais. Digam-se, antes, das obras
de Albéniz e Granados (e, mais
tarde, Manuel de Falla), na Espanha,
das danças e coros nas obras do
Grupo dos Cinco, na Rússia e, mais
adentrados no século XX, parte das
obras de Bartók e Kodály, na Hungria,
e de Ginastera, na Argentina.
Na escola tcheca, Smetana, nome
frequente e injustamente olvidado,
explora as danças típicas do folclore
eslavo principalmente em sua obra
para piano e para conjuntos de
câmara. Foi ele um dos principais
modelos para seu compatriota
mais famoso: Antonín Dvorák.
As duas coleções de danças eslavas de
Dvorák, porém, têm uma fonte curiosa,
e mais imediata: as Danças Húngaras
de Brahms. Ora, Brahms, que não
tinha nada de húngaro, explora, com
visão estereotipada, mas ainda assim
muito atraente e cheia de brilho, o
folclore alheio. Essas pequenas obras
compostas para piano a quatro mãos
exerceram tamanho fascínio em um
Dvorák que via efervescer em sua
terra o sentimento nacionalista, que
ele mesmo orquestrou algumas delas.
Da mesma forma que as Danças Húngaras
de Brahms, os dois cadernos das Danças
Eslavas de Dvorák foram compostos
originalmente para piano a quatro mãos.
Nelas, ele tem plena liberdade de explorar
os ritmos e gêneros de seu próprio
folclore, sem mascará-los em formas
supostamente universais. Com isso,
Dvorák traz ao mundo danças até então
pouco ou nada conhecidas pelo Ocidente:
a Sousedská, o Kolo, a Dumka, a Furiant.
O primeiro caderno, op. 46, foi
composto em 1878. Seu editor ficou tão
impressionado com o brilho e encanto
dessas pequenas obras que solicitou ao
compositor que delas fizesse também
uma versão orquestral. Ambas as
versões foram publicadas no mesmo
ano. Diante do sucesso que tiveram,
seu editor lhe encomendou mais uma
coleção de danças, publicada como
op. 72, também em duas versões: para
orquestra e para piano a quatro mãos.
Kolo, Starodávny e Spacirka são,
respectivamente, as danças números
7, 2 e 5 do op. 72. A primeira é comum
a diversos povos eslavos e se trata de
uma dança circular. A segunda, por
sua vez, é uma dança típica da Silésia.
O título, de difícil tradução, segundo
os estudiosos, evoca uma lembrança
cara, como a de um primeiro amor.
A última se trata de uma dança não
muito rápida e o nome em tcheco
deriva do alemão spazieren (passear).
As Danças Eslavas op. 46, estreadas
em Dresden em 1878, foram decisivas
para projetar Dvorák para além de suas
fronteiras. As do op. 72 foram estreadas
em 1887, no Teatro Nacional de Praga,
sob a batuta do próprio compositor.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Dvorák – Slavonic Dances, op. 46 & op. 72 –
Minneapolis Symphony Orchestra – Antal Dorati,
regente – Phillips – 1997
Filarmônica Tcheca - Václav Talich, regente
Acesse: fil.mg/deslavas72
PARA LER
Michael Beckerman – Dvorák and his world –
Princeton University Press – 1993
30
ALLEGRO E VIVACE
31
Franz Joseph Haydn |
Áustria, 1732 – 1809
INSTRUMENTAÇÃO 2 oboés, fagote, 2 trompas, cordas.
CONCERTO PARA VIOLONCELO EM RÉ MAIOR, HOB. VIIB:2 (1783)
25 min
Por quarenta anos, Haydn trabalhou
para a poderosa família Esterházy,
combinando as funções de regente
e compositor. O ritmo de trabalho
era alucinante, envolvendo música
de câmara, concertos sinfônicos,
óperas, música religiosa e para
o teatro. Felizmente, Haydn
dispunha de excelente orquestra,
disponível para testar e ensaiar
suas obras, privilégio que ele soube
aproveitar com sabedoria. Optando
pelo experimentalismo, Haydn
desenvolveu uma linguagem musical
própria, detalhista, intelectual e
espirituosa. Sua obra foi decisiva
para a fixação e a plena maturidade
dos vários gêneros ligados à forma
sonata clássica (sobretudo a
sinfonia e o quarteto de cordas).
Entre as músicas sinfônicas exigidas de
um compositor de corte, os concertos
para instrumentos solistas possuiam
características fundamentalmente
diferenciais. Compostos para ocasiões
e solistas específicos, consideravam os
recursos individuais do instrumentista
e o gosto particular de quem fizera a
encomenda. Na corte de Esterházy
havia brilhantes solistas e, para
eles, o compositor escreveu muitos
concertos, cuja maioria se perdeu.
Algumas dessas partituras, pelo
caráter utilitário e imediatista de
sua gênese, permaneceram apenas
esboçadas; outras foram destruídas no
incêndio da Casa de Ópera de Esterháza
(1779) e muitas se extraviaram.
De 1778 a 1790, o principal violoncelista
da orquestra Esterházy foi Anton Kraft,
para quem Haydn compôs o célebre
Concerto em Ré maior. Durante muito
tempo duvidou-se da autenticidade dessa
peça que, até uma data relativamente
recente, julgava-se escrita pelo próprio
Anton Kraft (ele, efetivamente, deixou
alguns concertos para seu instrumento).
Sintomaticamente, o criador dessa
polêmica foi Nikolaus Kraft, filho
de Anton e também violoncelista.
O descobrimento da partitura
autógrafa de Haydn, em 1953, dissipou
finalmente as dúvidas e restituiu a obra
ao verdadeiro autor; como, aliás, suas
características e a excelência musicais
indicavam. Trata-se de um concerto
da plena maturidade do compositor,
notável por explorar sabiamente as
possibilidades técnicas do instrumento
(por exemplo, seus efeitos de cordas
duplas e triplas) e pela beleza melódica.
tema predominará ao longo de todo
o andamento que, unificado por
esse motivo inicial, apresenta uma
infinidade de episódios contrastantes.
Terminada a introdução, o solista
reexpõe os temas e os desenvolve.
A extensa parte central permite-lhe
rasgos virtuosísticos e, na conclusão,
ele alcança as notas mais agudas
do instrumento.
principal do primeiro movimento.
Desenvolve-se calmamente, numa
atmosfera admiravelmente lírica.
O Adagio em Lá maior, com a
orquestração reduzida, constrói-se
como um solo para violoncelo.
No motivo rítmico inicial (de três
notas) ecoa a conclusão do tema
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
O Finale é um Allegro – o violoncelo
introduz o tema que serve de refrão
para os diferentes episódios, criando
um rondó com forte sabor popular
e de grande vivacidade melódica.
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Haydn Cello Concertos – Cologne Chamber
Orchestra – Helmut Muller-Bruhl, regente – Maria
Kliegel, violoncelo – Naxos, Alemanha – 2001
PARA ASSISTIR
DVD Mischa Maisky – Cello Concertos – Haydn;
Schumann – Wiener Symphoniker; Wiener
Philharmoniker – Leonard Bernstein, regente –
Deutsche Grammophon GmbH, Alemanha – 2007
Grupo de Câmara da Academia Estatal
Shostakovich da Filarmônica de São
Petersburgo – Vladimir Altschuler, regente –
Leonard Elschenbroich, violoncelo
No primeiro movimento, Allegro
moderato, os dois temas principais são
apresentados em longa introdução
orquestral. A bela melodia do primeiro
Acesse: hvioloncelo2
PARA LER
H. C. Robbins Landon – Haydn, sinfonias –
Guias Musicais BBC – Zahar Editores – 1984
32
ALLEGRO E VIVACE
33
Dmitri Shostakovich |
Rússia, 1906 – 1975
SINFONIA Nº 10 EM MI MENOR, OP. 93 (1953)
53 min
Na esteira do neoclassicismo
inaugurado por Prokofiev, diversos
compositores da então União
Soviética despontam com maior
ou menor brilho, como é o caso,
por exemplo, de Katchaturian ou
de Kabalevsky. No entanto, quase
toda essa geração de compositores
acaba frequentemente sucumbindo
a uma espécie de folclorismo, em
parte imposto pelas exigências
do Partido Comunista, alheio às
conquistas surpreendentes que
lograram atingir, em outras regiões,
um Bartók, um Manuel de Falla, um
Janacek, ou mesmo, na Rússia, um
Stravinsky como o de Les Noces.
Prokofiev não formou escola,
mas tornou-se um modelo para
os compositores soviéticos da
geração que o sucedeu: foi o
desbravador de um caminho de
criação, sob as imposições do
regime comunista, ao reabilitar
a melodia e o contraponto, ao
ampliar, em certo sentido, o próprio
sistema tonal, e ao recuperar
formas e procedimentos clássicos,
sem abrir mão da modernidade.
É abraçando abertamente esse
modelo que emerge, do cenário
soviético, Dmitri Shostakovich.
À música de Shostakovich foi
injustamente atribuído um
neorromantismo grandiloquente.
Que se dirá, então, da música
de Rachmaninoff?! Na verdade,
Shostakovich raramente escapa às
formas, estruturas e procedimentos
da tradição, nem a um sistema
tonal já expandido e entremeado
das subversões que Debussy, Ravel,
Stravinsky e mesmo a Segunda
Escola de Viena conseguiram
elaborar. A Shostakovich não são
estranhos a fuga, o prelúdio, a
sinfonia, o quarteto de cordas, a
forma sonata, as funcionalidades
tonais, os acordes perfeitos. Mas
sua música denota uma espécie de
expressionismo até então raramente
explorado, cuja dramaticidade
surpreendente faz transcender
quaisquer neoclassicismos e atingir
essencialmente as elaborações
artísticas e criativas mais legítimas.
INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes,
3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, cordas.
Desse movimento surgem páginas
impressionantes: os vinte e quatro
prelúdios e fugas (em referência
óbvia ao Cravo Bem Temperado de
J. S. Bach) para piano, op. 87, a ópera
Katerina Ismailova, a impressionante
cantata A morte de Stenka Razin, o
oitavo e décimo segundo quartetos
de cordas (de um total de quinze) e
a décima de suas quinze sinfonias.
Por isso mesmo é que ele optou
pela reelaboração (em parte, bem
No entanto, foi justamente por
causa da escolha desse caminho
conciliatório que ele foi denunciado
duas vezes ao Partido Comunista
(a primeira, em 1936, após a estreia
da ópera Lady Macbeth, à qual estava
presente Stalin, e a segunda em 1948),
por compor uma música demasiado
formalista e ocidentalizante, de
base nitidamente não russa, que não
atingia as massas proletárias. As
consequências da segunda denúncia,
para o compositor, foram funestas: a
maior parte de suas obras foi banida,
ele foi demitido de seu cargo no
Conservatório de Leningrado e a
pessoal) da tradição musical, não
por comodismo, mas por encontrar
nisso um meio conciliatório
entre suas próprias necessidades
criativas e as demandas do regime
político a que estava submetido.
maior parte dos privilégios de sua
família foi cancelada. Somente em
1949, quando Stalin decidiu mandar
representantes soviéticos para o
Congresso para a Paz Mundial, em
Nova York, é que essas medidas
foram atenuadas e Shostakovich
enviado entre os representantes.
A Décima Sinfonia é a primeira
grande obra sinfônica do compositor
criada após a segunda denúncia. Dela,
encontram-se esboços que datam
ainda de 1946, embora, de acordo
com cartas do compositor, o ano de
sua composição tenha sido 1953. Foi
estreada em dezembro do mesmo
ano, pela Orquestra Filarmônica de
Leningrado, sob a batuta de ninguém
menos que Yevgeny Mravinsky.
1953 também foi o ano da morte
de Stalin. Por isso, alguns críticos
consideram essa sinfonia um
manifesto contrário ao regime
stalinista. Isso é contestável. Até
mesmo a fonte de onde se origina
tal especulação é discutível: o
Testemunho, obra publicada em 1979
e atribuída a Shostakovich, tem
sua autoria largamente estudada
e discutida. Daí a atribuição, por
alguns, de um programa velado
para a construção dessa obra. Isso,
no entanto, se mostra irrelevante
diante do resultado musical.
Mais interessante é notar que, na
Décima Sinfonia, o compositor faz
ALLEGRO E VIVACE
uso, como em outras obras suas,
de um motivo melódico recorrente,
alusivo de seu próprio nome: a
sequência das notas ré, mi bemol,
dó e si (que, na notação teutônica,
tomariam as siglas DSCH). Esse
motivo aparece, como elemento
de unidade, transmutado ou
explícito, no primeiro, terceiro
e quarto movimentos.
Chame-se a atenção, ainda, para
certas reminiscências mahlerianas
do terceiro movimento, cujo aspecto
dançante contrasta vivamente
com o furioso e sincopado scherzo
do movimento anterior.
35
O primeiro movimento dessa obra
recupera o tema de uma de suas obras
incidentais: o segundo de seus Quatro
Monólogos de Pushkin, intitulado “que nome
é o meu?”. Esse mesmo tema é retomado
no terceiro e quarto movimentos.
Se alguns críticos posicionam, com
certa razão, Shostakovich aquém das
conquistas do século XX, ignoram
seu gênio criativo. Sua Décima
Sinfonia é testemunho dele.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Shostakovich – Symphony nº 10 – Leningrad
Philharmonic Orchestra – Yevgeny Mravinsky,
regente – Erato – 1992
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt –
Stanisław Skrowaczewski, regente
Acesse: fil.mg/ssinf10
PARA LER
Solomon Volkov – Testimony: the memoirs of
Dimitri Shostakovich – Limelight Editions – 2004
FOTO: ALEXANDRE REZEN DE
34
36
37
CARLOS KALMAR, regente convidado
RICARDO CASTRO, piano
PROGRAMA
PRESTO
Quinta
Johannes BRAHMS
26/11
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior,
op. 83
VELOCE
• Allegro non troppo
Sexta
• Allegro appassionato
27/11
RICARDO CASTRO
piano
• Andante
• Allegretto grazioso
– I N T E RVA L O –
Aaron KERNIS
Musica Celestis
Carl NIELSEN
Sinfonia nº 4, op. 29, “A Inextinguível”
• Allegro
• Poco allegretto
• Poco adagio quase andante
• Allegro
38
39
Para a New Yorker, o desempenho da
Sinfônica do Oregon sob a batuta
Kalmar foi “o destaque do festival
e um dos eventos mais emocionantes
da temporada atual”. Musical America
descreveu a interpretação da Quarta
Sinfonia de Vaughan Williams como
“positivamente ardente (...) com
tempos ousados que nos deixam
entusiasmados (...) unanimemente
estonteante”. A Sinfônica do
Oregon voltou a vencer um
cobiçado concerto Spring for
Music no Carnegie Hall em 2013.
F OTO: MICHAEL JON ES
Carlos Kalmar está em sua décima
terceira temporada como diretor
musical da Sinfônica do Oregon.
Também é regente titular e diretor
artístico da Orquestra RTVE,
em Madrid, diretor artístico e
maestro principal do Festival de
Música Grant Park, em Chicago.
CARLOS
KALMAR
Sua estreia no Carnegie Hall de
Nova York com a Sinfônica do
Oregon, como parte da inauguração
do festival Spring for Music,
recebeu elogiosas críticas do jornal
The New York Times e de revistas.
A apresentação, com o criativo
programa Music for a Time of War,
foi gravada pelo selo Pentatone e
nomeada para um Grammy.
Como maestro convidado,
apresenta-se frequentemente com
grandes orquestras do mundo,
como as sinfônicas de Chicago,
Boston, São Francisco, Los Angeles,
Cincinnati, Dallas, Houston,
Minnesota, NACO, Vancouver, Lahti,
Rádio Berlim, Rádio de Frankfurt,
Mozarteumorchester Salzburgo,
Rádio de Viena, Rotterdam, Helsinki,
Filarmônica Tcheca, Seattle,
Detroit e Cidade de Birmingham.
O maestro retorna em breve para
St. Louis, Baltimore e Milwaukee.
Um conceituado regente de ópera,
Kalmar foi convidado pela Ópera
do Estado Hamburgo, Ópera Estatal
de Viena (Die Zauberflöte, Così
fan tutte), Zurich Opera House
(Figaro, Die Entführung), Ópera
Nacional de Bruxelas (Il Barbiere
di Siviglia), Volksoper de Viena
(Contes d’Horffmann), Frankfurt
(Die Fledermaus), Weimar (Rigoletto)
e os festivais de verão Aix en
Provence e Carinthischer.
Registrou obras de Lalo com a
Orquestra RTVE de Madrid (Warner
Classics). Além do CD Music for a
Time of War, gravou mais dois álbuns
com a Sinfônica do Oregon. Pelo
selo Cedille gravou compositores
norte-americanos, Szymanowski,
Martinu e Bartók. Gravou Joachim
e Brahms com a Sinfônica de
Chicago e também Dohnanyi,
Enescu e D’Albert com a Sinfônica
da BBC da Escócia e o violoncelista
Alban Gerhardt (Hyperion).
Carlos Kalmar nasceu no Uruguai,
filho de pais austríacos. Começou
seus estudos de violino aos seis
anos de idade e, aos quinze, voltou
com a família para a Áustria,
a fim de estudar regência com
Karl Osterreicher na Academia
de Música de Viena. Atuou como
diretor musical da Sinfônica de
Hamburgo, da Filarmônica de
Stuttgart, da Tonnkunsterorchester
de Viena e do Teatro Anhaltisches
em Dessau, Alemanha.
40
41
Tóquio e Mozarteum de Salzburg.
Tocou sob regência de Sir Simon
Rattle, Yakov Kreizberg, Alexander
Lazarev, John Neschling, Kazimierz
Kord e Michioshi Inoue. Este é o
quinto encontro de Ricardo Castro
com a Filarmônica de Minas Gerais.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Em duo com a pianista Maria João
Pires apresentou-se no Concertgebouw
de Amsterdã, Tonhalle de Zurique,
Palau de La Musica em Barcelona,
Auditório Nacional de Madri,
entre outras. O primeiro álbum do
duo, pela Deutsche Grammophon,
contém obras de Schubert. Pela
BMG eles gravaram cinco CDs com
obras de Chopin e outros dedicados
a Mozart, De Falla e Liszt.
RICARDO
CASTRO
Ricardo Castro é pianista,
regente de orquestra, educador e
administrador cultural. Vencedor
dos concursos Internacional da ARD
de Munique, Rahn de Zurique e
Pembaur de Berna, foi o primeiro
latino-americano a vencer o
Concurso Internacional de Piano
de Leeds, um dos mais importantes
do mundo, o que impulsionou
sua carreira internacional.
Ricardo é fundador e diretor artístico
do Neojiba, Núcleo Estadual de
Orquestras Juvenis e Infantis da
Bahia. Com a Orquestra Jovem
da Bahia tem se apresentado em
importantes salas do mundo, como o
Queen Elizabeth Hall e Royal Festival
Hall de Londres, Victoria Hall de
Genebra, Konzerthaus de Berlim,
Centro Cultural Belém e Sala São
Paulo, além de concertos regulares
no Teatro Castro Alves, em Salvador,
Atuou como solista da BBC
Philharmonic de Londres, Orquestra
da Suisse Romande, English
Chamber Orchestra, Academy of
St. Martin in the Fields, Sinfônica
de Birmingham, Filarmônica de
e outros teatros na América do Sul.
Ricardo Castro recebeu, em 2011, o
Prêmio Bravo como Personalidade
Cultural do Ano. Em 2013 foi o
primeiro brasileiro a receber o título
de Membro Honorário da Royal
Philharmonic Society de Londres.
Além de seu trabalho artístico e
educativo com o Neojiba, Ricardo
leciona Piano na Haute École de
Musique de Lausanne, Suíça.
Ricardo começou seus estudos
musicais aos cinco anos, na Escola
de Música e Artes Cênicas da
Universidade Federal da Bahia,
então liderada por Hans Joachim
Koellreuter e Ernest Widmer. Três
anos depois estreou em recital
solo. Aos dez anos foi solista com a
Orquestra Sinfônica da Universidade
Federal da Bahia e aos dezesseis
apresentou-se com a Orquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo
regida por Eleazar de Carvalho.
Até os dezoito anos estudou sob
orientação de Esther Cardoso,
aprimorando-se com Madalena
Tagliaferro. Em 1984 Ricardo
ingressou no Conservatório Superior
de Música de Genebra, na classe de
virtuosidade de Maria Tipo e na
classe de regência de Arpad Gerecz.
Diplomou-se com o Premier Prix
de Virtuosité avec Distinction et
Felicitacions du Jury e completou
seus estudos de piano em Paris com
Dominique Merlet. Encontros com
Friedrich Gulda, Alicia de La Rocha,
Martha Argerich e Maria João
Pires foram determinantes para a
construção de sua estética musical.
42
PRESTO E VELOCE
43
Johannes Brahms |
Alemanha, 1833 – Áustria, 1897
CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR, OP. 83 (1878 / 1881)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, tímpanos, cordas.
47 min
Brahms compôs dois concertos para
piano, separados por um intervalo de
mais de vinte anos. O Concerto nº 2
foi planejado como uma grande
sinfonia com piano, em quatro
movimentos – à tradicional forma
tripartida, Brahms acrescentou
um Scherzo (Allegro appassionato),
antes do Andante. O concerto tem
proporções inéditas, e os pianistas o
consideram um dos mais difíceis do
repertório, devido à profundidade
de sua expressão e à complexidade
da escrita. Entretanto, as enormes
dificuldades técnicas exigidas do
solista nunca se rendem ao simples
virtuosismo e são determinadas pelo
desenvolvimento lógico do discurso
sonoro. Em alguns momentos o
pianista deve imperar com o máximo
de sua potência, em outros atua
com extrema delicadeza, limpidez
de toque e a discrição de um
acompanhador ideal. As exigências
feitas a toda a orquestra se equiparam
às do piano, formando, assim, um
universo instrumental de máxima
coesão. Sobretudo – e apesar de suas
O primeiro movimento, Allegro
non troppo, marca-se por grandes
contrastes emocionais e sutis
combinações instrumentais.
Escrito em forma sonata, inicia-se,
entretanto, com longa introdução
em que os temas principais são
antecipados. A entrada do solista
acontece logo no segundo compasso
do primeiro tema, anunciado por
duas trompas. Ecoado nas madeiras
e cordas, esse tema é retomado pelo
piano, que o desenvolve explorando a
oposição de registros no instrumento.
Só então a orquestra, em tutti, volta
ao tema inicial. Seguem-se outros
dois temas, nas cordas: um melódico
e apaixonado; o outro iniciado por
rápida escala, de caráter rítmico
e marcial. Chega-se à verdadeira
exposição formal, com o primeiro
tema ampliado habilmente pelo
piano. O segundo motivo, que
aparece nas cordas, é retomado
pelo solista e, depois, trabalhado
em conjunto com a orquestra.
A terceira ideia também reaparece,
antes que o piano, em passagens
fortíssimo ao quase inaudível,
efeito impressionista que conduz à
reexposição, com as trompas evocando
o primeiro tema. A longa Coda
inicia-se com esse mesmo tema
ressoando nas trompas, no oboé e na
flauta, sobre trinados do piano. O
movimento termina depois de impor
ao solista momentos de bravura,
criados pelo forte antagonismo
entre o piano e a orquestra.
O segundo movimento, Allegro
appassionato, é um scherzo de
caráter fantástico, com acentos
tumultuosos e ritmo vigoroso,
facilmente caracterizado como
uma dança macabra. Em cartas a
amigos, Brahms ironicamente se
referia a ele como um “pequeno
movimento inocente, inofensivo ou
ingênuo”. Na verdade, o scherzo tem
papel fundamental na estrutura da
obra. Sem ele, o lirismo do próximo
movimento teria um efeito menor.
O Trio central (Largamente), com
o tema nos violinos em staccato,
sobre figurações de trompas,
dimensões –, o concerto consegue
o milagre de revelar, dentro do
aparato orquestral, a intimidade
do discurso da música de câmara,
sugerindo uma ampliação das obras
de Brahms para cordas e piano.
brilhantes, conduza ao desenvolvimento.
Este – inteiramente baseado em
transformações dos três motivos
iniciais, submetidos a fascinantes
mudanças de tonalidade – termina
quando o piano passa de um
violas e violoncelos, lembra uma
dança camponesa e, antes do
retorno ao scherzo, apresenta
uma cantilena de surpreendente
lirismo. A Coda sintetiza todos
os motivos anteriores.
O terceiro movimento, Andante,
apresenta um segundo solista,
o violoncelo, confiando-lhe a
emocionante melodia do tema
principal. O piano nunca toma essa
melodia; transfigura-a e parece
meditar sobre ela, em divagações
que soam como um improviso
introspectivo. Com a mudança do
andamento para più adagio, em fá
sustenido maior, o piano e dois
clarinetes apresentam um episódio
de extraordinária ternura, sobre um
fundo quase inaudível das cordas.
Quando o violoncelo retoma seu
tema, o piano o comenta com trilos
e arpejos, até cobrir com trinados as
últimas notas desse segundo solista.
A serenidade de todo o movimento
produz um efeito maravilhoso.
O último movimento, Allegretto
grazioso, é um rondó-sonata. À
forma sonata pertence sua tendência
ao desenvolvimento; ao rondó, a
apresentação de numerosos temas
episódicos de caráter dançante.
Esse caráter, ora lembrando a leveza
da música vienense, ora de sabor
húngaro (ou cigano), faz diferir
esse movimento dos anteriores e
conclui o concerto em clima de
muita luminosidade instrumental,
entusiasmo e otimismo.
PRESTO E VELOCE
O Concerto em Si bemol maior foi
apresentado pela primeira vez em
Budapeste, a 9 de novembro de 1881,
com o autor ao piano. Brahms dedicou-o
a seu velho professor Marxsen.
Influentes músicos contemporâneos
de Brahms consagraram-no como
figura emblemática da tradição
musical alemã, em oposição à
novidade então representada pelo
wagnerismo. Ainda nas primeiras
décadas do século XX, a recepção
da obra de Brahms ressentia-se
45
do incômodo rótulo de música
conservadora e reacionária. Coube
às vanguardas do século passado,
notadamente a Schoenberg e
Webern, o mérito de desfazer esse
preconceito, ao ressaltar aspectos
inovadores da obra de Brahms.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD J. Brahms – Concertos pour piano 1 et 2 –
Philharmonia Orchestra – Carlo Maria Giulini,
regente – Claudio Arrau, piano – EMI Records Ltd.,
France – 2002
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Munique – Sergiu
Celibidache, regente – Daniel Barenboim, piano
Acesse: fil.mg/bpiano2
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
FOTO: RAFAEL MOTTA
44
46
PRESTO E VELOCE
Aaron Kernis |
47
Estados Unidos, 1960
INSTRUMENTAÇÃO cordas.
MUSICA CELESTIS (1990, versão original – 1991, versão para orquestra de cordas)
11 min
“O ofício do canto agrada a Deus
quando diligentemente realizado. Se
a mente e o espírito forem atentos,
juntar-nos-emos aos coros dos anjos
que, incessantemente, louvam ao
Senhor”, assim descreve o monge
Aureliano de Réome, autor do livro
Musicae disciplinae, o primeiro
tratado do canto gregoriano e
o mais antigo existente sobre a
música. Musica celestis, em sua
concepção medieval, define-se como
a arte laudatória dos anjos no céu.
A imersão em obras medievais,
especialmente no misticismo musical
da monja beneditina Santa Hildegard
de Bingen, reforçada pela imagem
celestial do canto dos anjos em
louvor a Deus, foram as principais
influências para o compositor norteamericano Aaron Jay Kernis produzir,
em 1990, seu Quarteto de Cordas nº 1,
do qual faz parte o Adagio – Musica
Celestis, como segundo movimento.
É importante e esclarecedor salientar
que o Quarteto de Cordas nº 2,
chamado Musica Instrumentalis
e, por sua vez, inspirado em
danças barrocas e renascentistas,
valeu a Kernis o Prêmio Pulitzer
para Música em 1998.
Vislumbrando a potencialidade
sinfônica do Adagio, Kernis, em 1991,
arranjou-o para orquestra de cordas,
adicionando divisi nos instrumentos
existentes e a voz do contrabaixo.
Desde a estreia da versão orquestral,
realizada em 1992 por Ransom Wilson
à frente da Orquestra Sinfônica de
San Francisco, Musica Celestis tem
sido a obra mais executada de Kernis.
É comum associá-la ao Adagietto de
Gustav Mahler ou ao famoso Adagio
de Samuel Barber, outro compositor
norte-americano que transcreveu
para orquestra o movimento lento
de seu primeiro quarteto para
cordas. Porém, a tradição do hino
de louvor instrumental remete ao
Quarteto opus 132 de Beethoven, cujo
Adagio, um coral no modo lídio,
intitula-se “canção em ação de graças
a Deus por um convalescente”.
Segundo a sucinta descrição de
Kernis, Musica Celestis baseia-se
em uma melodia simples,
desenvolvida em amplo padrão
harmônico, através de uma série de
variações e modulações emolduradas
por uma introdução e uma coda.
Estruturada como uma passacaglia
barroco-minimalista, a obra possui
variações que se adensam a cada
seção e extinguem-se celestialmente,
com sons em surdina, sem vibrato
e em harmônicos.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Aaron Jay Kernis – Second Symphony;
Musica Celestis; Invisible Mosaic III – City of
Birmingham Symphony Orchestra – Hugh Wolff,
regente – Argo/Decca – 1997
PARA ASSISTIR
Grupo Sinfônico de Neuchâtel – Alexander
Mayer, regente | Acesse: fil.mg/kcelestis
PARA LER
Leta E. Mille – Aaron Jay Kernis – Série
American Composers – 1ª ed. – Editora da
University of Illinois – 2014
48
PRESTO E VELOCE
Carl Nielsen |
49
Dinamarca, 1865 – 1931
SINFONIA Nº 4, OP. 29, “A INEXTINGUÍVEL” (1914 / 1916)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote,
4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
36 min
O próprio compositor dinamarquês
Carl Nielsen batizou de “A
Inextinguível” sua quarta obra do
gênero sinfônico. Não por sugerir
a representação objetiva de uma
sinfonia sem fim, mas pela expressão
musical de algo que não pode ser
dominado: a continuidade da vida.
Ao iniciar a obra, em 1914, escreveu a
um amigo: “posso lhe dizer que estou
bem iniciado em um novo grande
trabalho orquestral, uma espécie
de sinfonia em um só movimento,
para evocar tudo o que sentimos e
pensamos sobre o conceito de vida
em seu significado mais profundo”.
Nielsen compôs um conjunto de seis
sinfonias, as quais compreendem
o melhor de sua produção, além
das obras de câmara, concertos e
óperas. Nas suas sinfonias, não raro
nos deparamos com movimentos
batizados pitorescamente: allegro
orgulhoso, allegro colérico, allegro
fleumático, allegro sanguíneo, allegro
expansivo, andante melancólico e o
curiosíssimo proposta seria –
exclusivamente à composição: em
1914 ele deixara o cargo de regente
assistente do Teatro Real de
Copenhagen e somente em 1916
tornar-se-ia professor da Academia
Real de Música da Dinamarca.
Nielsen valia-se da maturidade de
sua carreira como compositor e criou
o seu “melhor trabalho dos últimos
anos”, em sua própria opinião.
A despeito do longo prazo para
compor a obra, o autor só finalizou a
Sinfonia cinco dias antes da primeira
apresentação, ocorrida em janeiro
de 1916. Para a ocasião, foi impressa
uma nota de programa baseada nos
pensamentos de Nielsen acerca do
conteúdo conceitual da sinfonia:
“Música é vida. Logo, um único som
no ar ou através do espaço é resultado
da vida em circulação; é por isso que
a música e a dança são as expressões
mais imediatas da vontade para a
vida. A sinfonia evoca as fontes mais
primitivas da vida e do sentimento
de viver. (...) Mais uma vez: música
é vida, e como ela, inextinguível”.
assim mesmo, em italiano.
Os anos que abarcam a elaboração
da Sinfonia Inextinguível – 1914 a
1916 – foram os únicos nos quais
Nielsen pôde se dedicar quase que
A dramática interação narrativa
dos temas e motivos melódicos em
A Inextinguível deve-se, em grande
parte, à eclosão da Primeira Guerra
Mundial. Mesmo não envolvendo
diretamente Nielsen e seu país, a
guerra afetou-os profundamente.
Nielsen, indignadamente, criticou
a desfiguração do movimento
nacionalista causada pela guerra:
“o sentimento pátrio, que até aqui
tinha sido considerado como algo de
nobre e belo, transformou-se numa
espécie de doença espiritual que
devora tudo com ódio enlouquecido”.
Certa vez denominada “apoteose
do ritmo”, a Sinfonia Inextinguível
tem na utilização dos tímpanos uma
de suas características sonoras – e
visuais – mais importantes. Nielsen
solicitou que fosse impressa na
partitura uma disposição pouco usual
para os dois conjuntos de tímpanos,
os quais deveriam ser postos à frente
da orquestra em oposição diametral:
“tenho uma ideia para um duelo
entre dois conjuntos de tímpanos”,
escreveu a um amigo, “isso tem a ver
com a guerra”. Os tímpanos, quando
não interrompem brutalmente a
continuidade das frases melódicas,
fornecem caráter marcial à obra e,
musical. Uma formação rústica,
realizada no meio rural pobre,
como músico de banda, tocando
diversos instrumentos de metal e
iniciando os estudos de piano e
violino com o pai, músico amador e
pintor de paredes. Outra, no então
recém-fundado Conservatório Real
de Copenhagen, onde, com ajuda
financeira local, teve uma apropriada
formação, alicerçada em autores
alemães, como Bach, Schumann,
Beethoven, Wagner e Brahms.
segundo o autor, devem “manter
certo caráter ameaçador, até o final,
mesmo quando tocam em piano”.
sobreposições melódicas. Podemos
afirmar que a técnica composicional
de Nielsen evoluiu na medida
em que se tornou mais livre e
contrapontística. Uma qualidade
desse desprendimento é o uso da
As composições de Carl Nielsen
refletem uma dualística formação
Nielsen repudiava o sentimento
romântico em suas obras e
considerava desnecessários certos
refinamentos da escrita orquestral. Ele
optou por uma estética composicional
desafetada, “que seja como uma
espada tão pesada quanto cortante e
fácil de compreender”, tomando suas
palavras. Para isso, tratou a orquestra
como uma reunião de grupos em
contraponto, técnica conhecida
como polifonia de grupo, que propicia
uma melhor inteligibilidade das
50
PRESTO E VELOCE
tonalidade progressiva, que permite a
conclusão de uma obra em tonalidade
diferente da de seu início. Sob esse
aspecto não é acertado delimitar o tom
da Sinfonia Inextinguível, uma vez
que ela se inicia em ré menor e avança
para uma conclusão em Mi maior.
A obra do compositor Carl Nielsen
vem sendo descoberta recentemente,
revelando a força indomável e fecunda
de um artista progressivo que uniu
51
técnica e natureza. Não há uma
composição sua que não revele algo
novo e criativo. Considerado pai
da música moderna da Dinamarca,
Nielsen é uma personalidade
absolutamente original, e sua
música se perpetuará, fazendo jus
à sinceridade de seu espírito.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Carl Nielsen – Complete Symphonies –
San Francisco Symphony – Herbert Blomstedt,
regente – Collectors Edition – Decca, Londres –
2014 (Box com 3 CDs)
PARA ASSISTIR
Orquestra Real Dinamarquesa – Simon Rattle,
regente | Acesse: fil.mg/ninextinguivel
PARA LER
Robert Simpson – Carl Nielsen: Symphonist –
Taplinger Publishing Co. – 1986
52
PRESTO E VELOCE
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54
55
ACOMPANHE A FILARMÔNICA
EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO
PRÓXIMOS
CONCERTOS
Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir
do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo
começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do
mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.
Novembro
Dezembro
laboratório é uma oportunidade
DIAS 12 E 13, ALLEGRO 11, VIVACE 11
DIAS 3 E 4, ALLEGRO 12, VIVACE 12
e às famílias, buscando ampliar
para que jovens regentes brasileiros
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
e formar público para a música
possam praticar com uma orquestra
Christopher Seaman, regente convidado
Fabio Mechetti, regente
clássica. As apresentações têm
profissional. A cada ano, quinze
Daniel Müller-Schott, violoncelo
Fabio Martino, piano
ingressos a preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
DVORÁK / HAYDN / SHOSTAKOVICH
GUARNIERI / BARTÓK / KATCHATURIAN /
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens
PROKOFIEV
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
DIA 21, FORA DE SÉRIE 8
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
DIAS 10 E 11, PRESTO 12, VELOCE 12
Marcos Arakaki, regente
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
Trio Ceresio
Fabio Mechetti, regente
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
Anthony Flint, violino
Antonio Meneses, violoncelo
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
Johann Sebastian Paetsch, violoncelo
MEHMARI / SHOSTAKOVICH / MAHLER
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
Sylviane Deferne, piano
dentro do circuito nacional e
CONCERTOS DIDÁTICOS
BEETHOVEN
DIA 14, CONCERTOS DE CÂMARA
QUINTETO DE METAIS
internacional da música clássica.
DIA 23, CONCERTOS DE CÂMARA
segunda, 17h, Aeroporto de Confins
crianças e jovens da rede escolar
TURNÊS ESTADUAIS
GRUPO DE PERCUSSÃO
MICHEL / GABRIELI / RIMSKY-KORSAKOV /
e a instituições sociais, mediante
As turnês estaduais levam a música de
segunda, 17h, Aeroporto de Confins
DEBUSSY / DVORÁK / KREISLER / BERNSTEIN
inscrição prévia. Seu formato busca
concerto a diferentes cidades e regiões de
REICH / GOROSITO E ALBERTO / IAZZETTA /
apoiar o público em seus primeiros
Minas Gerais, possibilitando que o público
BACH / FRIEDMAN / ALUOTTO / PASCOAL
passos na música clássica.
do interior do Estado tenha contato direto
Concertos destinados a grupos de
com música sinfônica de excelência.
FESTIVAL TINTA FRESCA
DIA 19, FORA DE SÉRIE 9
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
DIAS 26 E 27, PRESTO 11, VELOCE 11
Fabio Mechetti, regente
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
Pablo Rossi, piano
Com o objetivo de fomentar a criação
CONCERTOS DE CÂMARA
Carlos Kalmar, regente convidado
Mariana Ortiz, soprano
musical entre compositores brasileiros e
Realizados para estimular músicos
Ricardo Castro, piano
Denise de Freitas, mezzo-soprano
gerar oportunidade para que suas obras
e público na apreciação da música
BRAHMS / KERNIS / NIELSEN
Fernando Portari, tenor
sejam apresentadas em concerto, este
erudita para pequenos grupos. A
Stephen Bronk, baixo barítono
Festival é sempre uma aventura musical
Filarmônica conta com grupos de
Coral Lírico de Minas Gerais
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
BEETHOVEN
a encomenda de outra obra sinfônica
a ser estreada pela Filarmônica no
DIA 20, FORA DE SÉRIE 9
ano seguinte, realimentando o ciclo da
APRESENTAÇÃO EXTRA
produção musical nos dias de hoje.
domingo, 17h, Sala Minas Gerais
56
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
57
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE
MINAS GERAIS
MINAS GERAIS
Antônio Andrade
Bernardo Mata Machado
Instituto Cultural Filarmônica
Marcos Arakaki
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan – Spalla
Assistente
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Hyu-Kyung Jung
Joanna Bello
Marcio Cecconello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro
Rodrigo de Oliveira
Philip Hansen *
Robson Fonseca ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
Jussan Fernandes
CONTRABAIXOS
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Marcelo Cunha
Marcos Lemes
Pablo Guiñez
Wallace Mariano
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura Pacífico
Mateus Freire
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Eliseu Barros *****
Thiago Mello *****
VIOLAS
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
FLAUTAS
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
TROMPETES
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Jorge Scheffer *****
Bruno Lourensetto *****
TROMBONES
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
ASSISTENTE
Débora Vieira
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
ASSISTENTES
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Rodrigo Castro
TUBA
MONTADORES
Eleilton Cruz *
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
TÍMPANOS
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
Patricio Hernández
Pradenas *
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
Karolina Lima
ADMINISTRATIVA
OBOÉS
CLARINETES
INSPETORA
PERCUSSÃO
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
HARPA
Giselle Boeters *
FAGOTES
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Wellington
da Silva
TECLADOS
Ayumi Shigeta *
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES
DIRETOR DE
ASSISTENTE DE
AUXILIARES DE
PRODUÇÃO MUSICAL
MARKETING DE
SERVIÇOS GERAIS
Kiko Ferreira
RELACIONAMENTO
Eularino Pereira
Ailda Conceição
Márcia Barbosa
Equipe Técnica
ASSISTENTE DE
MENSAGEIROS
GERENTE DE
PRODUÇÃO
COMUNICAÇÃO
Rildo Lopez
Lucas Lima
Serlon Souza
Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE
MENOR APRENDIZ
GERENTE
Sala Minas
Gerais
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Guimarães
ADMINISTRATIVO-
Diego Soares
FINANCEIRA
ASSESSORA DE
Ana Lúcia Carvalho
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Carolina Debrot
GERENTE DE
INFRAESTRUTURA
GERENTE DE
Renato Bretas
RECURSOS HUMANOS
PRODUTORES
Quézia Macedo Silva
Geisa Andrade
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
ANALISTAS
GERENTE DE OPERAÇÕES
Jorge Correia
ADMINISTRATIVOS
TÉCNICO DE
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Andréa Mendes
(Imprensa)
Marciana Toledo
(Publicidade)
Mariana Garcia
(Multimídia)
Renata Gibson
Renata Romeiro
(Design gráfico)
ANALISTA CONTÁBIL
ASSISTENTE
Graziela Coelho
OPERACIONAL
ANALISTA DE
ASSISTENTE DE
MARKETING DE
RECURSOS HUMANOS
RELACIONAMENTO
Vivian Figueiredo
ANALISTAS DE
Rafael Franca
COMUNICAÇÃO
Rodrigo Brandão
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Flaviana Mendes
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
Mônica Moreira
RECEPCIONISTA
ANALISTAS DE
MARKETING E
Lizonete Prates
Siqueira
PROJETOS
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
Ivar Siewers
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Equipe
Administrativa
FOTO DA CAPA: MARIANA GARCIA
FORTISSIMO
novembro
nº 9 / 2015
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
AUXILIAR
ADMINISTRATIVO
EDIÇÃO DE TEXTO
Pedro Almeida
Berenice Menegale
ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
58
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
movimentação perturba a execução
da obra. Seja pontual e respeite o
fechamento das portas após o terceiro
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
sair antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
CUIDE DO SEU
PROGRAMA DE
CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa mensal
de concertos, é uma publicação indexada
aos sistemas nacionais e internacionais de
catalogação. Elaborado com a participação
de especialistas, ele oferece uma oportunidade
a mais para se conhecer música. Desfrute
da leitura e estudo. Para evitar o desperdício,
pegue apenas um exemplar ao mês.
Caso não precise dele após o concerto,
devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também
disponível em nosso site, na agenda
de concertos. www.filarmonica.art.br
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras.
Veja no programa o número de
movimentos de cada uma e fique de
olho na atitude e gestos do regente.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o encontro
com outras pessoas. Aproveite essa troca
antes da apresentação e no seu intervalo,
mas nunca converse ou faça comentários
durante a execução das obras. Lembre-se
de que o silêncio é o espaço da música.
OLÁ, ASSINANTE
No dia 12 de novembro abrimos a venda para novas assinaturas.
Você, que já é um grande incentivador da Filarmônica, pode
contar sobre sua experiência para um amigo e nos ajudar a
trazer novos ouvintes e assinantes para a nossa Orquestra.
PERÍODO DE NOVAS ASSINATURAS
de 12 nov 2015 a 30 jan 2016
COMO ASSINAR
www.filarmonica.art.br/assinaturas ou
Bilheteria da Sala Minas Gerais
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA BILHETERIA
De segunda a sexta – 12h a 21h
FOTO : BRUNA BRANDÃO
PARA APRECIAR
UM CONCERTO
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Sábados – 12h a 18h
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por
favor, de desligar o seu celular ou
qualquer outro aparelho sonoro.
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por criança,
escolha assentos próximos aos corredores.
Assim, você consegue sair rapidamente
se ela se sentir desconfortável.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas na sala de concertos.
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no
interior da sala de concertos.
CUMPRIMENTOS
Após a apresentação, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados,
dirija-se à Sala de Recepções, à
esquerda do foyer principal.
ESTACIONAMENTO
Para seu conforto e segurança, a Sala
Minas Gerais possui estacionamento, e
seu ingresso dá direito ao preço especial
de R$ 15 para o período do concerto.
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
[email protected]
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)
www.filarmonica.art.br
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SALA MINAS GERAIS
Salas de naipes
A preparação do repertório de um
desenvolvidas para os ensaios dos
Todas as salas receberam um elaborado
Com essas características, além de
concerto muitas vezes exige que a
naipes das Cordas, Madeiras e Metais,
projeto de isolamento e tratamento
possibilitar a preparação individual e
orquestra realize ensaios de naipes
e uma sala de grande porte para a
acústico. Elas contam com sistema de
por grupo de instrumentos, as salas
separadamente, para depois voltar
Percussão, com pé direito de nove
ar condicionado com controle individual,
de naipes podem ser utilizadas como
a reuni-los nos ensaios gerais. Para
metros e cem metros quadrados de área.
o que possibilita a climatização do
estúdio de gravações camerísticas, pois
atender a essa demanda, a Sala
Essas dimensões permitem percutir
ambiente, sem ruído e movimentação
também estão interligadas à Cabine
Minas Gerais possui três espaços
os instrumentos, desde uma dinâmica
do ar em excesso e de acordo com o
de controle de áudio e vídeo de todo o
especiais: duas salas de porte médio,
suave até os fortíssimos, sem agredir a
naipe em ensaio. A iluminação, ainda em
complexo Sala Minas Gerais.
com oitenta metros quadrados,
integridade física dos instrumentistas.
desenvolvimento, contará com um sistema
F OTOS: MARI ANA GARCIA
de dimerização e de cenários de luz.
MANTENEDORA
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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