Dissertação Fernando André Enciso Valdivia arquivo PDF
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Pós-graduação em Engenharia Mecânica Dissertação de Mestrado F ERNANDO A NDRÉ E NCISO VALDIVIA F ERRAMENTA C OMPUTACIONAL PARA A NÁLISE DE R ISERS R ÍGIDOS EM C ATENÁRIA EM C ONTATO COM O S OLO M ARINHO Durante o desenvolvimento deste trabalho o autor recebeu auxílio financeiro da "CAPES" Santo André, 2015. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Pós-graduação em Engenharia Mecânica Dissertação de Mestrado F ERNANDO A NDRÉ E NCISO VALDIVIA F ERRAMENTA C OMPUTACIONAL PARA A NÁLISE DE R ISERS R ÍGIDOS EM C ATENÁRIA EM C ONTATO COM O S OLO M ARINHO Dissertação de mestrado acadêmico apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, sob orientação do Professor Doutor Juan Pablo Julca Avila. Santo André, 2015. Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do ABC Elaborada pelo Sistema de Geração de Ficha Catalográfica da UFABC com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Enciso Valdivia, Fernando André Ferramenta Computacional para Análise de Risers Rígidos em Catenária em Contato com o Solo Marinho / Fernando André Enciso Valdivia — Universidade Federal do ABC, 2015. 131 fls. Orientador: Juan Pablo Julca Avila Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal do ABC, Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica, Santo André, 2015. 1. Risers. 2. Formulação co-rotacional. 3. não linearidade geométrica. 4. Dinâmica não linear. 5. Interação solo-estrutura. I. Julca Avila, Juan Pablo. II. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, 2015. III. Título. Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, de acordo com as observações levantadas pela banca no dia da defesa, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. Santo André, ____de _______________ de 20___. Assinatura do autor: _____________________________________ Assinatura do orientador: _________________________________ Dedico este trabajo a mi adorada familia por el infinito apoyo y amor. Para minha Maitê, por ser linda e amorosa como só ela pode. AGRADECIMENTOS A mis padres Fernando Enciso e Carmela Valdivia por el constante apoyo e inagotable amor. A mis hermanas Isabela y Cinthia por los buenos consejos. À minha namorada Maitê pela ajuda com o português, pela compreensão no tempo da escrita desta dissertação e pelos muitos momentos inesquecíveis. Ao meu orientador Juan Julca Avila pela oportunidade de aprender novas ferramentas no campo da engenharia e pelos constantes conselhos e comentários no desenvolvimento deste trabalho. Aos professores Reyolando Brasil, João Batista e Wesley Góis por resolver as minhas dúvidas a respeito dos métodos matemáticos e numéricos aplicados nesta dissertação. A todos meus amigos brasileiros e estrangeiros da sala 307 pelos inumeráveis momentos gratos que tivemos nestes dois anos no Brasil. A mis amigos en Perú, en especial al profesor Rosendo Franco y a mi colega Antonio Conte por alentarme a hacer una maestría, sin ellos este trabajo no hubiera sido posíble. Aos funcionários da Secretaria da Pós-graduação pela ajuda nos trâmites administrativos. À CAPES pelo apoio financeiro dado nestes dois anos. v "A dúvida é um dos nomes da inteligência" (Jorge Luis Borges). RESUMO Atualmente, os risers rígidos em catenária ou SCRs (Steel Catenary Risers), que são tubos longos de aço, apresentam-se como a melhor solução técnico-econômica na transferência de petróleo e gás desde o solo marinho até uma plataforma flutuante. Os SCRs são de fácil fabricação, resistem altas pressões internas e hidrostáticas e também resistem altas temperaturas. Porém, cuidado especial deve-se tomar no cálculo dos momentos fletores e força axial interna no ponto de contato com o solo marinho, sendo estes parâmetros cruciais no projeto. Por outro lado, devido a que os SCRs interagem com o solo marinho, a plataforma à qual está conectada, correntezas e com o escoamento interno, a teoria de SCRs é complexa e não tem sido totalmente desenvolvida, requerendo para seu estudo a teoria de vigas curvas, tópicos de mecânica dos sólidos e dos fluidos, dinâmica não-linear, mecânica de ondas e mecânica dos solos. Este trabalho tem como principal objetivo o desenvolvimento e implementação de uma ferramenta computacional para análise estática e dinâmica bidimensional de risers rígidos e flexíveis dispostos em catenária em contato com o solo marinho. A discretização espacial do riser é feita usando elementos finitos não lineares tipo de viga, incluindo grandes deslocamentos e rotações. A formulação co-rotacional é utilizada para o tratamento da não linearidade geométrica. O método iterativo-incremental de Newton-Raphson é usado para resolver as equações de equilíbrio estático e dinâmico. A integração no tempo das equações dinâmicas é feita usando o esquema implícito de Newmark. A fim de garantir a estabilidade do esquema numérico implementado quando são impostos deslocamentos no topo do riser pelo método de penalização, é introduzido nas equações dinâmicas um termo de amortecimento estrutural para a filtragem das frequências espúrias induzidas por este tipo de excitação. O solo marinho é modelado como uma fundação elástica-linear do tipo Winkler e o método de penalização é usado para a imposição da condição de não penetração. Simulações estáticas e dinâmicas de problemas geometricamente não lineares foram conduzidas para a avaliação do elemento de viga plana implementado neste trabalho. Os resultados obtidos foram comparados com resultados da literatura para a validação do código. A ferramenta computacional foi aplicada satisfatoriamente para resolver problemas estáticos e dinâmicos de risers rígidos e flexíveis. vii viii Palavras chave: Dinâmica estrutural não linear, Contato, Risers rígidos em catenária, Formulação Co-rotacional, Elementos finitos, Não linearidade geométrica. ABSTRACT Steel catenary risers (SCR) are slender steel pipes that hang free in the ocean, this represents the best technical and economical solution for the oil and gas transfer from the seabed to the floating platform. SCRs are of easy manufacturing, high internal and external pressure resistance and also high temperature resistance. Special care should be taken in the calculation of the bending and tension stresses at the touch down point (TDP) as this parameters are of main importance in the calculation of fatigue resistance. On the other side, as the riser interacts with many other elements as seawater currents, internal flow, floating platform and seabed SCRs theory is complex and is not yet well developed, requiring for its study deep knowledge of curved beam theory, solid and fluid mechanics, non-linear dynamics, wave theory and soil mechanics. The main objective of this work is the development and implementation of a computational tool for the static and dynamic two-dimensional analysis of steel catenary and flexible risers, special attention is given to the seabed contact phenomena, to this end, numerical methods for the solution of dynamic equations were implemented into a MATLAB code. The spacial discretization of the riser geometric domain was made by finite element procedures, the large deflections and rotations, inherent to risers geometric non linearity, were treated by means of the co-rotational formulation. The incremental-iterative Newton-Raphson scheme is used to solve the equations of static and dynamic equilibrium. Time domain integration is made using Newmarks implicit method. To guarantee the numerical stability of the implemented code when imposed a time-varying nodal displacement by the penalty method an structural damping is introduced. This damping filters spurious frequencies induced by the penalty method. The seabed is modeled as an elastic foundation of Winkler type, once again the penalty method is used to enforce the non-penetration condition. Static and dynamic simulations of beams with geometrical non linearity were conducted in order to test the stability and accuracy of the implemented code. These results were compared with those available in specialized literature in order to validate the code. This computational tool was successfully applied to the static and dynamic analysis of steel catenary risers. Keywords: Dynamic of structures, non linear dynamics, contact, steel catenary risers, corotational formulation, finite elements, geometric non linearity. ix Lista de Figuras 1.1 Esquema da disposição das camadas do pré-sal do mar brasilero. . . . . . . . . 2 1.2 Localização das principais bacias do pré-sal no litoral brasileiro. . . . . . . . . 2 1.3 Plataforma fixa de concreto da STATOIL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.4 Plataforma FPSO P-58 da Petrobras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.5 Plataforma Auger do tipo TLP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.6 Plataforma Devils Tower de tipo SPAR no golfo de México. . . . . . . . . . . 5 1.7 Plataforma do tipo semisubmersivel da SAMSUNG. . . . . . . . . . . . . . . 5 1.8 Configurações de risers mais utilizados na indústria off-shore. . . . . . . . . . 6 1.9 Configuração híbrida para águas ultra-profundas. . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.10 Riser rígido em catenária ligado a uma plataforma flutuante. . . . . . . . . . . 8 1.11 Navios para a instalação de risers na indústria off-shore. . . . . . . . . . . . . . 9 1.12 Camadas que conformam o riser flexível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.13 Tubos de aço para a construção de um riser rígido. . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.14 Experimento em escala real para o estudo da formação da trincheira nos SCRs. 11 2.1 Corpo elástico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.2 Configurações de referência para as distintas formulações usadas na análise não linear geométrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 21 Sistema de coordenadas e configurações usadas na descrição cinemática corotacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.4 Coordenadas e deslocamentos nodais do elemento viga de Euler-Bernoulli. . . 26 2.5 Deformações rotacionais ,θ 1l e θ 2l , e de corpo rígido ,α, na formulação corotacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.6 27 Relação entre a variação dos virtual deslocamentos em coordenadas globais e coordenadas locais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.7 Análise estática para a determinação da tensão efetiva. . . . . . . . . . . . . . 33 2.8 Velocidade relativa usada para o cálculo da força de arrasto. . . . . . . . . . . . 34 2.9 Deslocamentos impostos ao topo do riser pela plataforma. . . . . . . . . . . . 35 2.10 Parâmetros para análise de ondas lineares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 x Lista de Figuras xi 2.11 Modelo de fundação de Winkler de um parâmetro. . . . . . . . . . . . . . . . 41 2.12 Molas nodais no modelo de Winkler. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 2.13 Imposição de deslocamentos pelo método de penalização. . . . . . . . . . . . . 43 2.14 Imposição da condição de impenetrabilidade no método de penalização. . . . . 45 3.1 Método de Newton-Raphson convencional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.2 Método de Newton-Raphson modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.3 Método de Newton-Raphson para forças seguidoras. . . . . . . . . . . . . . . 52 3.4 Diagrama do pré-processamento no Solver estático GenoES. . . . . . . . . . . 57 3.5 Diagrama do processamento no Solver estático GenoES. . . . . . . . . . . . . 58 3.6 Diagrama do processamento no Solver de contato estático GenoCES. . . . . . 59 3.7 Diagrama do pré-processamento no Solver dinâmico não linear GenoDIS. . . . 60 3.8 Diagrama do processamento no Solver dinâmico não linear GenoDIS. . . . . . 61 4.1 Viga engastada com força aplicada no extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . 63 4.2 Viga engastada com força vertical no extremo livre: configurações de equilíbrio intermediárias a cada incremento de carga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 64 Força transversal adimensional F ∗ versus deslocamentos adimensionais u∗ e v ∗ do extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.4 Viga engastada com momento aplicado no extremo livre. . . . . . . . . . . . . 66 4.5 Configurações de equilíbrio intermediarias a cada incremento de momento. . . 67 4.6 Momento adimensional concentrada M ∗ versus deslocamentos nodais adimensionais u∗ e v ∗ medidos desde o extremo livre da viga na configuração inicial. . 4.7 69 Viga discretizada com quatro elementos e submetida a um momento concentrado no extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 4.8 Estrutura anelar apoiada sobre um anteparo rígido. . . . . . . . . . . . . . . . 70 4.9 Posições de equilíbrio intermediárias da estrutura anelar para diferentes incrementos de carga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.10 Força adimensional aplicada no topo da estrutura anelar versus deslocamento vertical do nó 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 4.11 Viga engastada e suportes rígidos intermediários. . . . . . . . . . . . . . . . . 72 4.12 Configurações de equilíbrio intermediarias da viga para certos incrementos de carga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.13 Deflexão da viga versus força aplicada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.14 Viga sobre fundação elástica com força vertical no meio. . . . . . . . . . . . . 74 4.15 Viga sobre fundação elástica com força vertical e momento no meio. . . . . . . 75 4.16 Viga sobre fundação elástica submetida a carregamento distribuído e pontual. . 75 4.17 Deflexão da viga bi-engastada sobre fundação elástica de Winkler. . . . . . . . 76 Lista de Figuras xii 4.18 Erro de deflexão da viga da Figura 4.17. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 4.19 Viga engastada com força aplicada no ponto médio. . . . . . . . . . . . . . . . 78 4.20 Resposta da viga bi-engastada submetida a carga impulsiva. . . . . . . . . . . . 79 4.21 Viga engastada submetida a carga tipo rampa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 4.22 Resposta da viga engastada submetido a uma força vertical tipo rampa no extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 4.23 Resposta amortecida e não amortecida da viga da secção 4.3.3. . . . . . . . . . 82 4.24 Viga engastada submetida a um momento tipo rampa no extremo livre. . . . . . 82 4.25 Resposta da viga engastada submetida a um momento tipo rampa no extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.26 Resposta amortecida e não amortecida da viga da com momento no extremo livre, deflexão do extremo livre versus tempo t. . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.27 Viga com articulação no extremo esquerdo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 4.28 Historia de deformação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 4.29 História da deflexão do extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 5.1 Modelo usado nas simulações de risers. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 5.2 Configurações de equilíbrio intermediárias para o SCR. . . . . . . . . . . . . . 88 5.3 Configuração final de equilíbrio do SCR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 5.4 Força axial ao longo da coordenada curvilinea s para o SCR. . . . . . . . . . . 89 5.5 Momento fletor ao longo da coordenada curvilínea s para o SCR. . . . . . . . . 90 5.6 Esquema de um riser con flutuadores intermediários. . . . . . . . . . . . . . . 92 5.7 Configurações de equilíbrio intermediárias obtidas pelo FLEXOL. . . . . . . . . 92 5.8 Configuração final de equilíbrio do LWR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 5.9 Força axial ao longo da coordenada curvilinea s para o LWR. . . . . . . . . . . 93 5.10 Momento fletor ao longo da coordenada curvilínea s para o LWR. . . . . . . . 94 5.11 História de deformação do mangote flexível submetido ao seo próprio peso. . . 96 5.12 Tensões internas no mangote flexível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 5.13 Influência do passo de tempo na convergência da resposta dinâmica do mangote flexível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 5.14 História de deformação do mangote flexível submetido ao seu próprio peso e a deslocamentos impostos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 5.15 História de movimento para diferentes nós do mangote. . . . . . . . . . . . . . 101 Lista de Tabelas 2.1 funções cúbicas de interpolação de Hermite. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.1 Parâmetros da simulação estática da viga engastada Ex. 01. . . . . . . . . . . . 63 4.2 Comparação entre resultados analíticos e numéricos para o deslocamento do extremo livre da viga engastada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 65 Comparação entre resultados analíticos e numéricos para o deslocamento do extremo livre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 4.4 Parâmetros da simulação estática da estrutura anelar. . . . . . . . . . . . . . . 71 4.5 Parâmetros da simulação estática da viga bi-engastada sobre fundação elástica. 76 4.6 Parâmetros da simulação dinâmica da viga bi-engastada . . . . . . . . . . . . . 80 4.7 Parâmetros da simulação da viga articulada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 5.1 Parâmetros do riser rígido em catenária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 5.2 Parâmetros de simulação de comportamento estático do SCR. . . . . . . . . . . 88 5.3 Comparação de resultados obtidos por diferentes códigos computacionais. . . . 90 5.4 Parâmetros físicos do LWR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 5.5 Parâmetros de simulação do LWR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 5.6 Comparação de resultados obtidos por diferentes códigos computacionais. . . . 93 5.7 Parâmetros do mangote flexível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 5.8 Parâmetros físicos da simulação do mangote flexível com imposição de deslocamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.9 99 Parâmetros numéricos da simulação do mangote flexível com deslocamento imposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiii 99 CONTEÚDO 1 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix INTRODUÇÃO 1 1.1 Exploração e produção de petróleo em alto-mar . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 Unidades de produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 Risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1.2.1 Risers rígidos em catenária . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Materiais dos risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.1.3.1 Risers flexíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.1.3.2 Risers metálicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Justificativa e problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.1 Temas atuais de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.1.1 Interação riser-solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.1.2 Interação fluido-estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.1.3 Vibração induzida por vórtices . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.1.4 Acoplamento riser-plataforma . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Problema e proposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Revisão bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.3.1 Configuração de equilíbrio estático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.3.2 Análise dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.3.3 Interação riser-solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.5 Contribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.6 Estrutura do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.1.3 1.2 1.2.2 1.3 2 MODELAGEM MATEMÁTICA 19 2.1 Equações de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.2 Não linearidade geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.2.1 21 Abordagens na análise não linear geométrica . . . . . . . . . . . . . . xiv xv CONTEÚDO 2.2.2 2.3 Linearização das equações de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Análise estática de risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.3.1 Equação de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.3.2 Elemento de viga plana pela abordagem co-rotacional . . . . . . . . . 23 2.3.2.1 Descrição cinemática co-rotacional . . . . . . . . . . . . . . 24 2.3.2.2 Formulação co-rotacional para o elemento de viga . . . . . . 25 Carregamentos atuantes de natureza estática . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.3.3.1 Força peso-empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.3.3.2 Força axial efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.3.3.3 Correnteza em estado estacionário . . . . . . . . . . . . . . 34 2.3.3.4 Imposição de deslocamentos no topo do riser . . . . . . . . 35 Análise dinâmica de risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.4.1 Matriz de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.4.2 Matriz de amortecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.4.3 Carregamentos atuantes de natureza dinâmica . . . . . . . . . . . . . . 38 2.4.3.1 Ondas incidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.4.3.2 Interação com o plataforma . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Interação riser-solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.5.1 Modelos de fundação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 2.5.1.1 Modelo de Winkler de um parâmetro . . . . . . . . . . . . . 40 Modelagem do contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 2.5.2.1 Método de penalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 2.5.2.2 Condição de impenetrabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.5.2.3 Descolamento estrutura-solo . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.3.3 2.4 2.5 2.5.2 3 MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 46 3.1 Métodos numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.1.1 Método de Newmark . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.1.1.1 Algoritmo de solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Método de Newton-Raphson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 3.1.2.1 Algoritmo de solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Critérios de convergência e estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.1.3.1 Estabilidade numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.1.3.2 Critérios de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.1.3.3 Convergência da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Implementação da ferramenta computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.1 Módulo estático: GenoES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.2 Módulo de contato: GenoCES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.1.2 3.1.3 3.2 xvi CONTEÚDO 3.2.3 4 Módulo dinâmico: GenoDIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 62 4.1 Validação do módulo estático GenoES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 4.1.1 Viga engastada com carga vertical aplicada no extremo livre . . . . . . 62 4.1.2 Viga engastada com momento aplicado no extremo livre . . . . . . . . 65 Validação do módulo de contato GenoCES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 4.2.1 Estrutura anelar flexível contra anteparo rígido . . . . . . . . . . . . . 70 4.2.2 Viga engastada com suportes rígidos intermediários . . . . . . . . . . . 71 4.2.3 Viga apoiada em fundação elástica tipo Winkler . . . . . . . . . . . . 73 4.2.3.1 Viga sobre fundação elástica com força vertical . . . . . . . 74 4.2.3.2 Viga sobre fundação elástica com força vertical e momento . 74 4.2.3.3 Viga sobre fundação elástica com carga distribuída, carga 4.2 vertical e momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2.3.4 4.3 5 74 Viga bi-engastada sobre fundação elástica submetida a carga uniformemente distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Validação do módulo dinâmico GenoDIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 4.3.1 Viga bi-engastada com carga concentrada impulsiva . . . . . . . . . . 78 4.3.2 Viga engastada com força tipo rampa no extremo livre . . . . . . . . . 78 4.3.3 Viga engastada com momento tipo rampa no extremo livre . . . . . . . 80 4.3.4 Viga articulada com momento impulsivo na articulação . . . . . . . . . 84 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 86 5.1 Estratégia de solução do FLEXOL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 5.2 Análise estática de risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 5.2.1 Riser rígido em catenária (SCR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 5.2.2 Riser com flutuadores intermediarios (LWR) . . . . . . . . . . . . . . 91 Análise dinâmica de risers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 5.3.1 Mangote flexível sujeito à ação do peso próprio . . . . . . . . . . . . . 95 5.3.2 Mangote flexível sujeito a deslocamentos impostos . . . . . . . . . . . 99 5.3 6 56 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 102 6.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 6.2 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Referências Bibliográficas 106 Capítulo 1 INTRODUÇÃO 1.1 Exploração e produção de petróleo em alto-mar Com a crescente demanda mundial e o conseguinte aumento dos preços dos produtos derivados do petróleo, as indústrias de extração e produção de petróleo em alto-mar vem se expandindo e investindo na exploração em águas profundas. As maiores bacias petrolíferas no mar se encontram no Brasil, no Golfo de México e na África ocidental. No Brasil as maiores bacias de petróleo encontram-se no pré-sal. Estes campos vão desde o litoral de Santa Catarina até o litoral de Espírito Santo. Para alcançar estas bacias de petróleo é necessário atingir uma profundidade de 7 km com 2 km de lâmina de água. A Figura 1.1 mostra as camadas de diferentes formações que devem ser perfuradas para atingir a camada do pré-sal. A produção média do pré-sal correspondente ao mês do maio de 2014 representou 22% do total da produção de petróleo da Petrobras (informação do site da empresa). Segundo os relatórios da Petrobras, nos últimos quatro anos a produção de petróleo proveniente do pré-sal cresceu de 41 000 a 520 000 barris por dia. A Bacia de Santos responde pelo 53% da produção do pré-sal brasileiro com 10 poços, o restante, 47% da produção, vem da Bacia de Campos com 15 poços. Estes poços de petróleo se encontram nos litorais dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A Figura 1.2 apresenta a localização das bacias e dos campos de petróleo em fase de exploração e produção no litoral brasileiro. Para extrair e produzir petróleo em águas rasas foi necessário desenvolver tecnologia de ponta nas áreas de hidrodinâmica, mecânica estrutural, controle automático, ciência da computação, materiais, etc. Atualmente a exploração e produção de petróleo em água ultra-profundas gerou novos desafios tecnológicos os quais precisam ser investigados e resolvidos. 1 Capítulo 1. INTRODUÇÃO Figura 1.1: Esquema da disposição das camadas do pré-sal do mar brasilero. (Extraído de: < http://diariodopresal.files.wordpress.com/2010/01/ exploracao-do-petroleo-do-pré-sal-petrobras.jpg >) Figura 1.2: Localização das principais bacias do pré-sal no litoral brasileiro. (Extraído de: < http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/10/78596-pré-sal-de-libra.shtml >) 2 3 Capítulo 1. INTRODUÇÃO (a) (b) Figura 1.3: (a) Plataforma fixa de concreto TROLL A propriedade da STATOIL; (b) Esquema do ancoragem ao solo marino da plataforma. (Extraído de: < http://www.norskolje.museum.no/stream_file.asp?iEntityId=1918 >) 1.1.1 Unidades de produção Devido à distância entre os poços de petróleo e as zonas costeiras o uso de unidades de produção de petróleo se faz necessário, as quais podem ser fixas o flutuantes. As unidades fixas foram as primeiras a serem usadas, geralmente são feitas de concreto ou de aço e são fixadas por meio de estacas no fundo do mar, podendo ser usadas até 400 m de profundidade. A Figura 1.3 mostra a plataforma fixa Troll A, operada pela empresa norueguesa STATOIL no mar do norte na Noruega, trabalhando a uma profundidade de 360 m. Por outro lado as unidades flutuantes são estruturas apoiadas sobre flutuadores, as quais sofrem movimentações pela ação das ondas incidentes, no entanto, adicionam flexibilidade às operações de produção, podendo se deslocar entre poços afastados. As unidades flutuantes podem ter diferentes configurações, as mais comuns são as apresentadas a seguir. FPSO’s (Floating Production, Storage and Offloading). Estes navios-plataforma produzem, armazenam e fazem transbordo de hidrocarbonetos. São utilizados em profundidades de até 2000 m. No convés do navio há uma planta de separação dos fluidos extraídos dos poços. A Figura 1.4 mostra o navio-plataforma P-58 da Petrobras que tem uma capacidade de processamento de 180 000 barris por dia. 4 Capítulo 1. INTRODUÇÃO Figura 1.4: Plataforma FPSO P-58 da Petrobras. (Extraído de: < http://www.petrobras.com.br/ fatos-e-dados/plataforma-p-58-entra-em-operacao-no-parque-das-baleias.htm >) TLP’s (Tension Leg Platform). Estas plataformas são presas no fundo do mar através de tendões verticais. Este sistema de ancoragem limita o movimento vertical da plataforma. A plataforma é usada em lâminas de água de até 2000 m, vide Figura 1.5. (a) (b) Figura 1.5: (a) Plataforma Auger do tipo TLP no golfo de México; (b) Esquema da configuracao dos tendões de ancoragem. (Extraído de: < http://www.isiengenharia.com.br/ >, < http://gcaptain.com/wp-content/uploads/2011/08/Mars-TLP.jpg > ) SPAR’s. Estas plataformas são cilíndricas e a sua maior vantagem é a estabilidade e resis- tência aos efeitos do vento, ondas e correntezas, isto é devido a que o centro de gravidade se encontra abaixo do centro de flutuação. Além disso o cilindro imerso na água pode ser usado para armazenamento dos produtos, vide Figura 1.6. Semisubmersíveis. Estas plataformas são compostas de uma estrutura apoiada sobre flutua- dores submersos no mar. O posicionamento pode ser feito por cabos ou por propulsores dinâmicos. Estas plataformas são usadas até profundidades de 3000 metros, vide Figura 1.7. 5 Capítulo 1. INTRODUÇÃO (a) (b) Figura 1.6: (a) Plataforma Devils Tower de tipo SPAR no golfo de México; (b) Esquema da parte cilíndrica submersa do SPAR. (Extraído de: < http://www.uschinaogf.org/Forum6/6WilliamSoester_eng.pdf > ) (a) (b) Figura 1.7: (a) Plataforma do tipo semisubmersivel da SAMSUNG.; (b) Esquema do ancoragem mediante cabos. (Extraído de: < http://www.gazprominfo.com/articles/sea-production/ > ) 6 Capítulo 1. INTRODUÇÃO 1.1.2 Risers Segundo a norma industrial API (1998), os elementos que compõem um sistema de riser são: • Corpo do riser, conduto rígido ou flexível de aço; • Interfaces do sistema, interface superior e interface inferior. A norma define o sistema marinho de riser como um conjunto de elementos que vinculam a estrutura fixa localizada no fundo do mar, interface inferior, com a estrutura flutuante ou fixa, a interface superior. A norma DNV (2001) categoriza os risers de acordo com sua capacidade de resistir os movimentos da interface superior já que esta impõe cargas de natureza complexa. Os risers dividem-se em duas grandes categorias: • Risers tensionados no topo; • Risers adaptáveis. A Figura 1.8 mostra as configurações mais comuns para os risers. Outra configuração usada em operações ultra-profundas é a configuração híbrida, onde uma torre rígida e um mangote flexível são unidos mediante uma junta flexível, no topo da torre rígida é instalado um flutuador para diminuir os esforços de compressão na base, vide Figura 1.9. Figura 1.8: Tipos de configurações e componentes mais utilizados na indústria off-shore. (Extraído de: < http://oceantecllc.com/surf-engineering/>) A seguir será apresentado os risers dispostos em catenária que são objeto de estudo deste trabalho. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 7 Figura 1.9: Configuração híbrida para águas ultra-profundas. (Extraído de: < http://www.subsea7.com/content/dam/subsea7/documents/technologyandassets/4_Pg_Leaflet_ Riser_Technology__Reference.pdf>) 1.1.2.1 Risers rígidos em catenária Conforme as operações de extração de petróleo avançam para águas mais profundas o custo do sistema de riser, comparado com o custo global da operação, é muito alto. Os risers rígidos em catenária, feitos de aço, representam uma alternativa económica, além de oferecer maior resistência a altas temperaturas e pressões hidrostáticas. Os risers rígidos em catenária ou SCR do inglês Steel Catenary Riser podem ser manufaturados e instalados mais económica e rapidamente, além de não precisar de equipamentos especiais no leito marinho como juntas flexíveis ou de flutuadores intermediários (Halil , 2012). A Figura 1.10 mostra uma representação de um SCR e o nome dos trechos de interesse na análise. Devido à configuração dos SCR grandes tensões são impostas na zona de contato com o solo marinho ou no TDZ, do inglês de Touch Down Zone. Os níveis de tensões internas nesta zona estão dentro dos limites aceitáveis de resistência do material, sempre que não existam ações de natureza dinâmica, mas este não é o caso dos SCR, ligados a plataformas flutuantes (Mekha , 2001). Os movimentos da plataforma flutuante e a correnteza marinha impõem condições de carregamento críticas ao riser. Ao variar estas condições o ponto de contato do trecho suspenso 8 Capítulo 1. INTRODUÇÃO 160x90 Plataforma flutuante Topo do riser s Trecho suspenso do riser Ponto de contato TDP Flowline Solo marinho Figura 1.10: Riser rígido em catenária ligado a uma plataforma flutuante. (Elaboração própria.) do riser com o solo marinho, ou TDP (Touch Down Point) muda de posição fazendo com que o momento fletor máximo, localizado no ponto de contato, também varie devido a essas interações. Dependendo da dinâmica das ações externas o riser pode falhar por fadiga. Vale a pena lembrar que nesse ponto de contato ocorre a maior curvatura no SCR. No projeto de SCR diferentes análises são consideradas: análise estática, análise dinâmica e análise de resistência à fadiga. Neste trabalho serão abordados os dois primeiros desde um ponto de vista computacional. A teoria não linear de vigas planas é usado. O método de instalação dos SCR, também é de muita importância em projeto devido a que uma instalação incorreta pode adicionar esforços ao riser. Os métodos mais usados são: S-lay e J-lay, os nomes destes métodos têm a ver com a forma que o riser adota no momento do seu lançamento. A Figura 1.11 mostra as embarcações utilizadas na instalação de SCRs. 1.1.3 Materiais dos risers A seleção do material dos risers depende de muitos parâmetros, tais como: temperatura, vida útil, cargas, resistência química ao fluido externo e interno, resistência aos carregamentos, entre outros. Atualmente dois tipos de risers são usados frequentemente os quais são descritos a seguir. 9 Capítulo 1. INTRODUÇÃO (a) (b) Figura 1.11: Navios de instalação de risers na indústria off-shore (a) Navio de instalação pelo método J-lay; (b) Navio para a instalacao pelo método S-lay. (Extraído de: < http://www.huismanequipment.com/en/products/pipelay/jlay >) Figura 1.12: Camadas que conformam o riser flexível. (Extraído de: < http://fps.nov.com/subsea/flexibles/dynamic-flexible-risers >) 1.1.3.1 Risers flexíveis Os risers flexíveis são feitos por superposição de camadas, cada camada cumpre uma função estrutural diferente. A Figura 1.12 mostra as camadas que compõem um riser flexível convencional. A camada interna é uma carcaça de aço composta por anéis intertravados com deslocamento relativo, esta camada tem como função resistir a pressão interna. A segunda camada é feita de um material polimérico para vedação sobre a qual são encostados tendões helicoidais que adicionam rigidez axial ao conjunto. A camada exterior, em contato com o fluido marinho, é constituída por um polímero cuja função é impermeabilizar e proteger da corrosão e os impactos aos componentes estruturais de aço. A complexidade das camadas e seu número depende do serviço ao qual serão submetidos. Os risers flexíveis possuem maior custo de fabricação, porém os custos de instalação são menores comparados com os do riser rígido. Os risers flexíveis podem ser reutilizados em dife- Capítulo 1. INTRODUÇÃO 10 Figura 1.13: Tubos de aço para a construção do riser rígido. (Extraído de: < http: //www.pulse-monitoring.com/products-and-services-4/production-riser-monitoring-60/>) rentes poços, presentam boa resistência à fadiga e não necessitam de sistemas de compensação na plataforma. 1.1.3.2 Risers metálicos Normalmente são compostos de aço de gradação X60, X65 ou X70, mas também estão sendo utilizados outros metais como alumínio ou ligas de titânio. Os risers de aço são compostos por tubos de aproximadamente doze metros de comprimento acoplados nas juntas. A Figura 1.13 mostra os tubos revestidos antes da instalação. Estas estruturas possuem maior resistência às grandes pressões hidrostáticas e tem maior rigidez à flexão. Devido aos problemas de flambagem nos risers rígidos as plataformas às quais são ligados precisam de equipamentos hidráulicos ou pneumáticos para controlar a tensão no topo, chamados de top tensioners. 1.2 Justificativa e problema A maiores profundidades e condições de operação extremas busca-se projetar risers com boas características econômicas. Para garantir a integridade estrutural do riser e evitar catástrofes ambientais, é necessário conhecer o comportamento estrutural do riser e a natureza dos carregamentos que irá suportar, seja na fase de instalação ou de operação. No caso das operações em águas ultra-profundas ainda há desafios tecnológicos a serem resolvidos devido ao fato de que nessas profundidades alguns parâmetros de análise cobram maior importância. A continuação apresentam-se os temas atuais em análise de risers rígidos em catenária. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 11 Figura 1.14: Experimento em escala real para o estudo da formação da trincheira nos SCRs. (Extraído de: < http: //www.pulse-monitoring.com/products-and-services-4/production-riser-monitoring-60/>) 1.2.1 Temas atuais de pesquisa O estudo do comportamento estático e dinâmico dos risers é de natureza multidisciplinar envolvendo mecânica dos sólidos e dos fluidos, dinâmica não linear, vibrações, hidrodinâmica, teoria de ondas, simulação de sistemas acoplados e mecânica dos solos. Um tema crucial no projeto de SCR é a interação com o solo marinho, que requer para seu estudo um amplo conhecimento de mecânica de solos. A teoria dos SCRs é complexa e ainda não foi totalmente desenvolvida. A seguir apresentamse os temas atuais de pesquisa de SCRs os quais vêm sendo estudados intensivamente (Menglan et al. , 2011). 1.2.1.1 Interação riser-solo No caso dos SCRs a zona de contato do riser com o leito marinho é crítica onde se produz o dano por fadiga. Devido à natureza do solo marinho, a avaliação do mecanismo de dano difere dos mecanismos clássicos. Por outro lado, devido ao movimento oscilatório do conjunto riserplataforma a posição do ponto de contato entre o riser e o solo varia espacial-mente no tempo fazendo com que a resposta do solo a estes ciclos repetidos de carga e descarga seja altamente não linear. O modelo de solo deve incluir a formação de uma trincheira plástica e incorporar o contato lateral da trincheira com o riser (Elosta e Atilla , 2013). A degradação do solo, o mecanismo de formação da trincheira e o contato lateral com o riser são áreas abertas para pesquisa. O conhecimento desses fenômenos é importante para a correta determinação da vida à fadiga dos SCRs (Garcia Sanchez , 2013). A Figura 1.14 mostra um experimento feito pelas empresas dedicadas ao ramo dos risers para avaliar o efeito da formação da trincheira no comportamento global dos SCRs. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 1.2.1.2 12 Interação fluido-estrutura O efeito da ultra-passagem do fluido ao redor do riser é modelado comummente mediante a equação de Morison (1950), a qual foi desenvolvida para cilindros verticais fixos e não toma em conta a deformação do riser no tempo. Para o caso de risers flexíveis as forcas hidrodinâmicas devem ser consideradas como seguidoras, ou dependentes da deformação, por tanto estas forças devem ser tratadas como não conservativas (Yadzchi e Crisfield , 2002). A maior dificuldade na consideração de cargas não conservativas é a adição de uma matriz de correção de carga, esta matriz é não simétrica. Consequentemente a matriz de rigidez tangente global da estrutura não será mais simétrica comprometendo a eficiência dos algoritmos de solução. 1.2.1.3 Vibração induzida por vórtices Imersos em correntezas os risers vibram sob a ação de forças hidrodinâmicas cíclicas induzidas pelo desprendimento de vórtices. Este fenómeno é conhecido como vibração induzida por vórtices, VIV. Quando a frequência de emissão dos vórtices coincide com uma das frequências naturais do riser este entra em ressonância. Na condição de ressonância o riser vibra com grandes amplitudes e através do tempo este pode falhar por fadiga. A vibração induzida por vórtices do SCRs operando em águas ultra-profundas é de natureza multimodal e apresenta fenômenos de propagação de onda (Wu et al., 2012). Por outro lado a determinação de cargas hidrodinâmicas pode ser feita através de modelos experimentais ou por modelos computacionais de dinâmica de fluidos. A VIV de SCRs é um campo aberto para pesquisas e uma das razões é a complexidade do escoamento en torno deste tipo de estruturas vistas como cilindros com eixos curvos. 1.2.1.4 Acoplamento riser-plataforma Em águas ultra-profundas o acoplamento entre o riser e a plataforma à qual está ligado é importante no comportamento dinâmico global (Paulling e Webster , 1986) (Tahar e Kim , 2003). Frequentemente estes efeitos são considerados como desacoplados, e o efeito das ondas incidentes na plataforma como um deslocamento imposto no topo do riser que varia harmonicamente. Esta simplificação perde exatidão quando as profundidades são maiores, já que quanto maior profundidade, maior é a inércia do riser comparada com a inercia total do sistema riser-plataforma, tendo-se que avaliar o comportamento global do sistema marinho de riser. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 1.2.2 13 Problema e proposta Riser rígidos em catenária, ou SCR’s, são uma solução promissora desde um ponto de vista técnico e económico para a exploração de petróleo em águas ultra-profundas. Porém o comportamento dinâmico de SCR ainda não foi totalmente compreendido e não está bem documentado. A teoria de SCR é complexa e multidisciplinar, envolvendo tópicos de mecânica dos sólidos e dos fluidos, dinâmica não linear, mecânica dos solos e interação fluido-estrutura. Devido a teoria de SCR ainda estar sendo desenvolvida os fabricantes destas estruturas são obrigados a aumentar seus fatores de segurança de projeto, principalmente, por causa da falta de conhecimento dos danos por fadiga que podem ocorrer na zona de contato entre a estrutura e o leito marinho. Ferramentas computacionais para análise dinâmica do SCR são necessarias para o desenvolvimento de pesquisa em tópicos específicos tais como VIV, interação riser-solo, interação riser-plataforma e efeito do escoamento interno. Dentro deste contexto, o presente trabalho de mestrado teve como enfoque o desenvolvimento e implementação de uma ferramenta computacional para análise estática e dinâmica bidimensional de risers rígidos em catenária considerando o contato com o solo marinho. Este código computacional além de permitir o desenvolvimento de pesquisa em dinâmica plana de SCRs servirá como base para o desenvolvimento de um código de análise dinâmica tridimensional de SCRs. 1.3 Revisão bibliográfica A seguir são apresentadas as pesquisas e os resultados mais relevantes nos temas de maior interesse na análise de risers. 1.3.1 Configuração de equilíbrio estático Usando métodos analíticos Seyed e Patel (1992) fizeram uma análise bidimensional de risers considerando os efeitos da pressão externa e de um escoamento interno. Para o calculo do empuxo os autores integraram a pressão sobre a superfície de um elemento de riser curvo fornecendo expressões matemáticas exatas, mediante algumas hipóteses conseguiram simplificar ainda mais estas expressões. Como um elemento de riser não tem tampas nos extremo não é possivel usar diretamente a lei de Arquimedes para a determinação do empuxo. Os extremos do elemento de riser não são submetidos a pressões externas nem a pressões internas como este não tem tampas. Frente a este problema Sparks (1984), Sparks (2007) introduz os conceitos de tensão efetiva e peso Capítulo 1. INTRODUÇÃO 14 aparente muito usados em análise de riser por sua simplicidade matemática. Um dos métodos numéricos mais usados pelos pesquisadores em risers para os temas de análise estática geometricamente não linear e contato com o solo marinho é o método dos elementos finitos. Os trabalhos publicados no assunto, que serão apresentados a seguir, se diferenciam na formulação utilizada para o tratamento das não linearidades geométricas e na modelagem das cargas atuantes. Felippa e Chung (1981) utilizaram um elemento de viga tridimensional considerando as deformações axiais, de flexão e torcionais. As forças hidrodinâmicas são calculadas mediante a equação de Morison. O método de Newton-Raphson foi implementado para a solução das equações de equilíbrio. O tratamento da não linearidade geométrica é feito mediante transformação de coordenadas convectivas locais a coordenadas globais a cada deslocamento incremental. Irani (1989) emprega ângulos de euler e a analogia cinemática de Kirchhoff para a determinação das expressões da curvatura. A analogia cinemática de Kirchhoff estabelece que os componentes da velocidade angular instantânea de um ponto que se move ao longo do eixo do riser correspondem aos componentes de curvatura nesse ponto do riser. Usando esta abordagem conjuntamente com o princípio de Hamilton o autor deduz as equações de movimento do riser. O método dos elementos finitos foi usado para a discretização espacial e a resposta dinâmica foi calculada no domínio da frequência. Bernitsas et al. (1985) também tratou o equilíbrio estático tridimensional de risers, mas usando as equações vetoriais do equilíbrio, podendo assim acoplar os efeitos de torção e flexão. As equações resultantes foram resolvidas usando um algoritmo preditor-corretor e um esquema incremental. Um resultado importante do trabalho de Bernitsas et al. (1985) é que ao não considerar as forcas de interação com o fluido como dependentes dos deslocamentos, não conservativas, sobrestima os deslocamentos e reações obtidas em um valor de 10%. Para obter a configuração de equilíbrio estático de um riser Mathisen e Bergan (1986) usaram diferentes configurações iniciais. A técnica de pré-tensão da estrutura no início da análise para evitar problemas numéricos foi de muita utilidade nas simulações feitas por esses autores. No trabalho destes autores também e demonstrada a importância da configuração inicial no tempo total de simulação. O’Brien e McNamara (1989) cientes da importância da suposição de uma boa configuração inicial de equilíbrio no tempo total da simulação, eles usaram a configuração de equilíbrio de um cabo calculada sem os efeitos de flexão e torção, assim eles conseguiram reduzir o tempo total de simulação. McNamara et al. (1986) calcularam a configuração estática de um riser partindo de configurações iniciais verticais e horizontais, impondo logo deslocamentos e forças. Teoricamente, devido à linearidade do material, a ordem na aplicação das forças e deslocamentos para achar a configuração do equilíbrio não é importante, mas numericamente, a ordem de aplicação toma importância. Isto é devido a que em cada incremento de forca ou deslocamento um erro é acu- Capítulo 1. INTRODUÇÃO 15 mulado, este erro depende da ordem de aplicação das cargas, tal como foi comfirmado pela ferramenta implementada neste trabalho. Os trabalhos mencionados anteriormente usam a abordagem Lagrangiana na obtenção das equações dos elementos finitos. Devido a que o riser sofre grandes deslocamentos porém pequenas deformações Yadzchi e Crisfield (2002) usou a formulação co-rotacional para os elementos finitos baseado nos trabalhos de Wempner (1969), Belytschko e Hsieh (1973), Belytschko e Hsieh (1979). 1.3.2 Análise dinâmica Takafuji (2010) realizou uma análise dinâmica tridimensional no domínio da frequência de um riser. Ela linearizou o arrasto hidrodinâmico que é proporcional ao quadrado da velocidade na equação de Morison. Esta técnica de linearização é uma extensão do método proposto por Martins (2000). O método de integração no tempo mais usado na análise dinâmica de estruturas oceânicas é o método de Newmark de aceleração média constante. Este método é incondicionalmente estável para o caso de problemas lineares, porém quando é usado para tratar estruturas não lineares a estabilidade do algoritmo é comprometida (Bathe , 1982). Por outro lado, a imposição de deslocamentos para simular o acoplamento risers-plataforma introduz um efeito desestabilizador no algoritmo de integração temporal quando o método de penalização é utilizado. Para tratar esta dificuldade outros pesquisadores propuseram o uso de esquemas de integração com amortecimento numérico como o algoritmo HHT, desenvolvido por Hilber et al. (1977), em vez do algoritmo de Newmark. Hansen (1988) propôs modificar os parâmetros de controle γ e β para introduzir um amortecimento numérico artificial no algoritmo de Newmark. Miranda et al. (1989) propus a utilização de um esquema híbrido baseado em esquemas de integração explícitos e implícitos aplicados ao mesmo tempo a integração das equações de movimento. Garcia Sanchez (2013) propõe o uso de uma técnica de suavização, baseado no trabalho de Teixeira (2001), Nesta técnica o deslocamento é aplicado suavemente através de toda a estrutura e não somente num nó, distribuindo assim a energia de perturbação da imposição do deslocamento. No trabalho de Mourelle (1993) é proposto um método para o ajuste automático do passo de tempo usado na análise dinâmica, baseando-se no trabalho de Mollestad (1983) o autor propõe um parâmetro para a determinação da frequência de vibração concorrente, este parâmetro resulta da divisão da matriz de rigidez tangente no tempo t + ∆t entre a matriz de massa no tempo t, estas matrizes são pré o pós-multiplicadas pelos vetores de deslocamento no tempo t. O uso deste parâmetro e a determinação analítica das frequências de um modelo simplificado de riser, fornecem resultados muito precisos para a determinação do passo de tempo mais Capítulo 1. INTRODUÇÃO 16 eficiente, otimizando a ferramenta computacional desenvolvida por Mourelle. 1.3.3 Interação riser-solo As mais recentes pesquisas em SCR vêm se centrando na análise desta interação. Como foi dito anteriormente, a zona de contato com o solo marinho ou TDZ é o trecho do riser que apresenta os maiores esforços na operação do riser, tem-se observado que o leito marinho em contato com o riser vai-se degradando e depois de alguns ciclos de contato e re-contato vai se criando uma trincheira, Shiri (2014), esta trincheira modifica o estado de deformações e tensão no TDZ, é importante, portanto, conhecer a natureza da formação desta trincheira para determinar corretamente o estado de tensão na TDZ. Neste trabalho de mestrado o tema de formação de trincheira não é tratado e adequadamente será estudado em um futuro trabalho de doutorado. Em algumas pesquisas da interação riser-solo, o solo é considerado como totalmente rígido. Esta suposição fornece resultados conservadores para o momento fletor no TDP. Outras pesquisas feitas na análise da interação riser-solo, Silveira & Martins (2004) e Martins (2000) consideram o solo marinho como elástico-linear. O solo é modelado por um conjunto de molas verticais com rigidez equivalente à rigidez do solo multiplicada pela área de contato. Modelos mais refinados desta interação foram estudados por You et al. (2008), Randolph & Quiggin (2009) e Aubeny et al. (2008). Os autores fazem uso das curvas P−y, muito utilizadas em engenharia civil para modelar a interação de colunas enterradas no solo. As curvas P − y representam a relação entre a penetração y e a pressão P que oferece o solo. Nestes trabalhos é tomado em conta o caráter plástico do solo marinho na formação de uma trincheira. As curvas P − y modelam a resistência oferecida pelo solo marinho no caso do primeiro contato, re-contato, sucção e descolamentos parciais que estão presentes na operação dos SCR. Os modelos fornecidos por estes autores foram validados nos experimentos a grande escala estudados em Bridge et al. (2004). Para o caso tridimensional outros consideram o efeito do contato/impacto lateral entre o riser e as paredes formadas pela trincheira. Shiri (2014) realiza análise de fadiga considerando a formação da trincheira. Em Bay et al. (2015) aplicaram-se as curvas P − y à análise dinâmica. 1.4 Objetivos O principal objetivo do presente trabalho de mestrado é o desenvolvimento e implementação de uma ferramenta computacional para análise estática e dinâmica bidimensional de risers rígidos em catenária considerando o contato com o solo marinho. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 17 Os objetivos específicos deste trabalho são dados a seguir. • Revisar os métodos numéricos utilizados na solução de problemas não lineares, como são: método de Newmark para a análise dinâmica, método de Newton-Raphson para a solução de sistemas de equações não lineares e o método de penalização para a imposição de deslocamentos. • Implementar um elemento de viga plana geometricamente não linear mediante a formulação co-rotacional e conduzir um estudo de validação usando resultados da literatura. • Realizar simulações de equilíbrio estático de risers flexíveis e rígidos submetidos a seu próprio peso, forças hidrostáticas e arrasto da correnteza, além de conduzir simulações de equilíbrio estático com imposição de deslocamentos no topo do riser. • Realizar simulações dinâmicas de movimento para diferentes entradas de excitação e condições de operação, impondo forças e deslocamentos. • Elaborar um código de análise dinâmica que permita incluir o efeito da pré-tensão da estrutura. • Desenvolver um código computacional robusto para a simulação do contato unidirecional entre o riser e uma fundação tipo Winkler, que inclua o efeito de descolamento. A ferramenta computacional foi desenvolvida no programa MATLAB 2012 e é chamado de FLEXOL. 1.5 Contribuição A ferramenta computacional desenvolvida neste trabalho servirá como plataforma para o desenvolvimento de pesquisa em estática e dinâmica bidimensional de risers flexíveis e rígidos. Com a adição de novos blocos de código à plataforma desenvolvida, temas cruciais da dinâmica de risers poderão ser tratados tais como o contato com o solo marinho, o efeito na dinâmica do escoamento interno, o efeito da correnteza com movimento acelerado, vibração induzida por vórtices e o acoplamento riser-plataforma. 1.6 Estrutura do texto A dissertação é composta de seis capítulos os quais são apresentados resumidamente a seguir. No primeiro capítulo o problema é caraterizado e colocado dentro da área do conhecimento à qual se insere. Também são expostos os temas atuais de pesquisa na área de dinâmica de risers. Capítulo 1. INTRODUÇÃO 18 Já no segundo capítulo são deduzidas as equações de movimento usando o Princípio dos Trabalhos Virtuais e as mesmas são formuladas incrementalmente assim como também discretizadas usando o método dos elementos finitos. A não linearidade geométrica do riser devido a seus grandes deslocamentos é abordada mediante a formulação co-rotacional para um elemento de viga plana não linear de Euler-Bernoulli. O vetor de forças externas é apresentado incluindo as forças hidrostáticas e de arrasto. Tendo-se todas as matrizes definidas e o vetor de cargas externas procede-se as simulações numéricas. No terceiro capitulo são apresentados os métodos numéricos usados na solução das equações deduzidas no capítulo anterior. Para a discretização temporal é usado o método de Newmark. O método de Newton-Raphson é usado para a solução do sistema de equações não lineares provenientes da aplicação do método de Newmark a cada passo de tempo. Também é apresentado o método de penalização utilizado na solução do problema de contato e na modelagem da imposição de deslocamentos ao riser por parte a plataforma. As caraterísticas dos módulos computacionais para análise estática, dinâmica e de contato que compõem o programa desenvolvido FLEXOL são também apresentados neste capítulo. O quarto capítulo é destinado à validação do código desenvolvido usando resultados da literatura. Nos exemplos desenvolvidos resolvem-se problemas de estática e dinâmica considerando a não linearidade geométrica. A simulação do contato também é avaliada. Exemplos de aplicação são resolvidos no quinto capítulo usando o FLEXOL e são comparados também com os resultados obtidos por outros pesquisadores e com resultados analíticos. O último capítulo apresenta as conclusões deste trabalho. Recomendações para trabalhos também são discutidas tendo em conta o nível de desenvolvimento da ferramenta computacional FLEXOL. Capítulo 2 MODELAGEM MATEMÁTICA 2.1 Equações de equilíbrio A Figura 2.1 representa um corpo elástico cuja superfície é a união das superfícies S1 e S2 . Em S1 são prescritas as condições de contorno geométricas (ou essenciais) e em S2 as condições de contorno naturais. Em S2 é aplicada uma tração de superfície t em unidades de força por unidade de área e através do volume V do corpo é aplicada uma força de corpo b, em unidades de força por unidade de volume. Tendo-se as propriedades mecânicas do material que constitui o corpo e as condições de contorno procede-se a obter as equações de equilíbrio estático do corpo. w u Y v u t n dA S1 dV Z b S2 X Figura 2.1: Corpo elástico. As equações de equilíbrio estático são deduzidas usando o Princípio dos Trabalhos Virtuais. O campo de deslocamentos do corpo elástico da Figura 2.1 é definido pelo vetor u: ( )T u= u v w (2.1) onde u, v e w são os componentes de deslocamento nas direções dos eixos cartesianos X, Y e Z, respetivamente. Define-se o campo de deslocamentos virtuais a partir da configuração de 19 20 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA equilíbrio, δu, como ( )T δu = δu δv δw . (2.2) O princípio dos trabalhos virtuais declara que um sistema deformável está em equilíbrio se e somente se o trabalho virtual total realizado pelas cargas externas, δWext , é igual ao trabalho virtual total realizado pelas cargas internas, δWint , para todos os deslocamentos virtuais consistentes com as restrições cinemáticas impostas ao corpo. Matematicamente, este princípio é declarado como: δWext = δWint . (2.3) O trabalho virtual das forças internas é determinado como a primeira variação da energia de deformação U do corpo deformado, ou seja δWint = δU. (2.4) O trabalho virtual externo é a soma dos trabalhos virtuais individuais das forças de tração e de corpo: δWext = Z b · δudV + Z t · δudA (2.5) A V O trabalho virtual total das tensões internas σ através do campo de deformação virtual δ é: δU = σ : δ (2.6) onde o símbolo : é o operador de contração dupla entre tensores. Agora definindo-se o trabalho virtual das forças residuais como R V r · δudV a expressão dos trabalhos virtuais para obter as equações de equilíbrio é dada por (NAFEMS , 1992): Z r · δudV = V 2.2 Z σ : δdV − V Z b · δudV − V Z t · δudA = 0. (2.7) A Não linearidade geométrica Um riser disposto em catenária pode ser visto como uma estrututra cilíndrica longa com alta razão de aspeto (razão entre o comprimento e o diâmetro). Esta estrutura pode ser modelada como uma viga curva com rigidez à tração, flexão e torção. Devido a que o riser durante operação sofre pequenas deformações, o material desta estrutura pode ser modelado como tendo um comportamento elástico-linear. Por outro lado, devido a que o riser na fase de instalação é submetido a grandes deslocamentos e rotações assim como também na fase de operação a estrutura sofre os efeitos da correnteza e dos movimentos da plataforma o comportamento desta estrutura deve ser modelado como sendo geometricamente não linear. 21 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Ao determinar a configuração de equilíbrio estático de um riser disposto em catenária devese ter em conta a dependência da rigidez com a deflexão estrutural. Uma análise estática geometricamente não linear deve ser conduzida para determinar a configuração de equilíbrio de um riser em catenária. Se a análise estática é baseada no método dos elementos finitos, então um elemento finito de Euler-Bernoulli pode ser desenvolvido usando a teoria clássica de vigas. O elemento finito sofrerá pequenas deformações porém é submetido a grandes deslocamentos. 2.2.1 Abordagens na análise não linear geométrica É importante ressaltar que na Equação 2.7 σ é o segundo tensor de Piola-Kirchhoff e é o tensor de deformação de Green. Estes dois tensores são usados neste trabalho para considerar a não linearidade geométrica do corpo. Devido à não linearidade geométrica a área e volume de integração usados na Equação 2.7 são variáveis, por tanto, é necessário usar medidas de tensão e deformação baseadas no gradiente de deformação. As formulações disponíveis expressam o volume e área de integração como transformações do volume e área conhecida. As formulações são: Lagrangiana Total (Total Lagrangian) e Lagrangiana Atualizada (Updated Lagrangian). Na primeira os volumes e áreas na posição atual, At+∆t e Vt+∆t , são calculados usando os volumes e áreas inicias, A0 e V0 , e na segunda, os volumes e áreas são calculados usando as áreas e volumes da última posição de equilíbrio, At e Vt . 160x60 anterior: Vt , At Lagrangiana Atualizada (U.L.) tempo t atual: Y V inicial: Lagrangiana Total (T.L.) V0, A0 Z X ,A tempo t+ tempo t=t 0 Figura 2.2: Configurações de referência para as distintas formulações usadas na análise não linear geométrica. A formulação Lagrangiana Total da equação 2.7 é dada por (NAFEMS , 1992): Z r0 · δudV = V0 Z σ : δdV0 − V0 Z b0 · δudV0 − V0 Z t0 · δudA0 = 0 A0 (2.8) 22 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA e a formulação Lagrangiana Atualizada da mesma equação é: Z rt · δudV = Z Vt σ : δdVt − Z Vt bt · δudVt − Z Vt tt · δudAt = 0 (2.9) At Existe outra formulação para resolver problemas com não linearidades geométricas e pequenas deformações que não usam as medidas de deformação mencionadas anteriormente, é a Formulação Co-rotacional. Esta formulação será apresentada na secção 2.3.2. 2.2.2 Linearização das equações de equilíbrio Para atingir o equilíbrio é necessário que o trabalho virtual da força residual δW , definida pela Equação 2.7, seja igual a zero, porém como as equações resultantes são não lineares deve-se implementar um método para resolve-las. Uma solução é trabalhar em um esquema incremental, usando o parâmetro t como referência para medir os incrementos. Assume-se que em t o vetor de deslocamentos é conhecido e satisfaz as condições de equilíbrio, deseja-se obter a posição de equilíbrio em t + ∆t, isto é após um incremento ∆t. Para isto é necessário aproximar o trabalho das forças residuais em t + ∆t por uma expansão de Taylor truncada, assim tem-se: ! Z r0 · δudV0 V0 = t+∆t ! Z r0 · δudV0 V0 t d + dt ! Z r0 · δudV0 ∆t. V0 (2.10) t A Equação 2.10 é linear respeito do incremento ∆t e os termos à direita são conhecidos. A R maior dificuldade na análise é a determinação da derivada do termo V r0 · δudV . Adotam-se 0 as seguintes premissas para simplificar a análise: • o carregamento não depende das deformações (forças conservativas), • o material é elástico linear, • as condições de contorno não dependem dos deslocamentos (sem contato). Considerando as três premissas acima apresentadas e colocando em evidência o termo da derivada da Equação 2.10, a seguinte expressão é obtida (NAFEMS , 1992): d δẆ = dt 2.3 ! Z r0 · δudV V0 = t Z σ̇ : δdV0 + V0 Z ˙ 0− σ : δdV V0 Z ḃ0 · δudV0 − V0 Z ṫ0 · δudA0 . A0 (2.11) Análise estática de risers O riser objeto de estudo neste trabalho é modelado como uma viga plana com grandes deslocamentos e pequenas deformações. A seguir serão determinadas as expressões necessárias para a análise estática de risers. 23 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA 2.3.1 Equação de equilíbrio Uma vez feita a discretização por elementos finitos do riser, onde o vetor de deslocamento u do elemento finito é interpolado a partir dos deslocamentos nodais globais U, as equações de equilíbrio global são escritas como (Bathe , 1982): Q=P (2.12) onde Q é o vetor de forças internas nodais devidas à deformação e P é o vetor de forças externas nodais. O vetor de forças internas é uma função não linear dos deslocamentos nodais U. O vetor P, em geral, depende também do vetor de deslocamentos U. As cargas hidrodinâmicas de correnteza são de natureza não conservativa, isto é dependem da deformação da estrutura, estas forças são classificadas como forças seguidoras. A Equação 2.12 pode ser desenvolvida como uma expansão de Taylor: Q(U) = P(U) Q(U t+∆t ∂Q(U t ) 1 ∂ 2 Q(U t ) 2 ) = Q(U ) + t ∆U + 2! t t ∆U + ∂U ∂U ∂U t P(U t+∆t ) = P(U t ) + 1 ∂ 2 P(U t ) ∂P(U t ) ∆U + ∆U2 + 2! ∂U t ∂U t ∂U t (2.13) ... ... (2.14) (2.15) onde o vetor ∆U representa o vetor de deslocamentos incrementais entre os tempos t e t + ∆t. Considerando somente os dois primeiros termos do lado direito das equações 2.14 e 2.15, a Equação 2.13 pode ser linearizada ao redor da configuração de equilíbrio em t como: Q(U t ) + K T ∆U = P(U t ) + K NC ∆U (2.16) [KT − K NC ] ∆U = P(U t ) − Q(U t ) (2.17) ∆U = [K T − K NC ]−1 R(U t ) (2.18) O termo K NC é conhecido como matriz de correção de carga, o termo KT é a matriz de rigidez tangente, ambas as matrizes são avaliadas no tempo t. O vetor R(U t ) é o residual entre a força interna e força externa na deformação U t . Esta Equação 2.18 será resolvida através do esquema incremental-iterativo de Newton-Raphson. A seguir serão determinados cada um dos vetores e matrizes da Equação 2.18. 2.3.2 Elemento de viga plana pela abordagem co-rotacional Três formulações podem ser usadas para a análise por elementos finitos de estruturas com não linearidades geométricas: Lagrangiano Total, Lagrangiano Atualizado e Co-rotacional. A formulação co-rotacional é a mais recente e válida para pequenas deformações, sem importar 24 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA quão grande sejam os deslocamentos e rotações. As primeiras aplicações da formulação co-rotacional conjuntamente com o método dos elementos finitos foram feitas por Wempner (1969), Belytschko e Hsieh (1973). Argyris (1982) criou a formulação natural para o tratamento de problemas elásticos não lineares. Crisfield (1990) forneceram as bases matemáticas para a formulação Co-rotacional trabalhando com elementos de viga e casca. Esta formulação foi refinada nos trabalhos de Haugen (1994) e Battini (2002), o último autor aplicou este método a problemas de instabilidade estrutural em cascas. A seguir apresenta-se a descrição cinemática co-rotacional de um elemento de viga plana a qual é baseada nos trabalhos de Crisfield (1997) e Yaw (2009). 2.3.2.1 Descrição cinemática co-rotacional Na formulação co-rotacional definem-se dois sistemas de coordenadas: o sistema global XY e o sistema local xy, vide Figura 2.3. O sistema local de coordenadas é fixo ao elemento e tem um movimento de corpo rígido, o eixo x é definido pela linha que une os nós 1 e 2. As seguintes configurações são definidas: configuração inicial C0 , configuração co-rotacionada Cc e a configuração atual Cd . A configuração co-rotacionada Cc representa o movimento de corpo rígido de translação e rotação do elemento desde a configuração C0 . A configuração deformada Cd é a deformação sofrida pelo elemento devida às forças internas medidas desde a configuração Cc . As deformações em Cd são pequenas e obedecem a teoria linear de vigas de Euler-Bernoulli. 160x60 2 co-rotacionada Cc y x 1 Y 2 y 1 atual (deformada) Cd x X inicial C0 Figura 2.3: Sistema de coordenadas e configurações usadas na descrição cinemática co-rotacional. Conforme o elemento se move como corpo rígido este se deforma devido às tensões internas para adotar a configuração atual com deformação. A formulação co-rotacional considera como referência a configuração inicial para a determinação do vetor de forças internas, ao igual que na formulação Lagrangiana Total. A aplicação da formulação co-rotacional para estruturas planas é diferente da aplicação a 25 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA estruturas espaciais, devido a que no plano as rotações podem ser adicionadas, não sendo assim no espaço. Além disso, o tratamento da torção no espaço requer um estudo prévio das grandes rotações. A seguir será deduzida a matriz de rigidez tangente e o vetor de forças internas para um elemento de viga plana usando o abordagem co-rotacional. 2.3.2.2 Formulação co-rotacional para o elemento de viga A formulação é baseada na teoria de viga clássica de Euler-Bernoulli. Assume-se que durante a deformação a viga tem um comportamento elástico-linear e a lei de Hooke é usada. As deduções matemáticas são baseadas no livro de Crisfield (1991) e o trabalho de Yaw (2009). O primeiro passo na formulação co-rotacional é a decomposição do deslocamento total expresso em coordenadas globais em dois movimentos: um de corpo rígido e outro deformacional. A extração das deformações pode ser feito mediante operações geométricas. O segundo passo é a obtenção de uma matriz de transformação, que relacione as variações dos deslocamentos em coordenadas locais e globais. O terceiro passo consiste na obtenção da matriz de rigidez tangente a partir da formulação dos trabalhos virtuais das forças internas em coordenadas locais e globais. A seguir apresentam-se as deduções matemáticas. O alongamento do elemento de viga é calculado como a diferença entre o comprimento atual L e o comprimento inicial L 0 , vide Figura 2.4. As coordenadas X e Y dos nós 1 e 2 do elemento de viga na configuração inicial são conhecidas. O comprimento inicial do elemento de viga é L0 = q (X2 − X1 ) 2 + (Y2 − Y1 ) 2 (2.19) onde (X1, Y1 ) e (X2, Y2 ) são as coordenadas dos nós 1 e 2 do elemento de viga na configuração inicial. O comprimento final do elemento após da aplicação dos deslocamentos nodais em coordenadas globais, u1 e v1 para o nó 1 e u2 e v2 para o nó 2, é dado por L= q ((X2 + u2 ) − (X1 + u1 )) 2 + ((Y2 + v2 ) − (Y1 + v1 )) 2 . (2.20) Normalmente o alongamento axial é determinado por ul = L − L 0 mas, segundo Crisfield (1990), esta definição não é apropriada para ser implementada em programas de computador devido a que não está bem condicionada, por isso é recomendável usar ul = L 2 − L 20 L + L0 (2.21) esta Equação relaciona os deslocamentos em coordenadas globais u1 , v1 , u2 e v2 com o deslocamento relativo axial ul , este último medido em coordenadas locais. 26 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA A força axial interna é determinada pela seguinte expressão (usando a Equação 2.21) N= E Aul L0 (2.22) onde A é a área da secção transversal do elemento de viga e E é o módulo de elasticidade. De acordo com a Figura 2.4 o ângulo de rotação β do sistema local de coordenadas em relação ao sistema global de coordenadas globais é determinado por qualquer uma das expressões a seguir: cos β = (X2 + u2 ) − (X1 + u1 ) , L sin β = (Y2 + v2 ) − (Y1 + v1 ) L (2.23) 160x90 2 Li y atual x v2 1 v1 L0 Y 2 u2 y Y1 Y2 1 X1 x 0 inicial u1 X2 X Figura 2.4: Coordenadas e deslocamentos nodais do elemento viga de Euler-Bernoulli. Extração das rotações deformacionais. A seguir serão extraídas as rotações nodais devidas à deformação do elemento de viga. θ 1 e θ 2 são as rotações nodais do elemento de viga devidas à rotação de corpo rígido e à rotação deformacional do elemento, vide Figura 2.5. θ 1l e θ 2l são as rotações deformacionais do elemento de viga medidas em coordenadas locais as quais são expressas por: θ 1l = θ 1 + β0 − β, onde β é igual a θ 2l = θ 2 + β0 − β Y2 + v2 − Y1 − v1 β = arctan X 2 + u2 − X 1 − u1 (2.24) ! (2.25) e β0 é a inclinação do elemento de viga na configuração inicial sem deformação. As equações 2.24 e 2.25 presentam problemas numéricos quando o ângulo de rotação β é maior do que π/2. 27 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Devido a isto Souza (2000) propõe alternativamente usar as seguintes expressões para eliminar este problema. Aplicando a função seno a θ 1l (pode ser tambem θ 2l ) da Equação 2.24 tem-se que sin(θ 1l ) = sin(θ 1 + β0 − β) = sin( β1 − β) = cos β sin β1 − sin β cos β1 (2.26) e depois aplicando a função cosseno à mesma expressão usada anteriormente tem-se cos(θ 1l ) = cos(θ 1 + β0 − β) = cos( β1 − β) = cos β cos β1 − sin β sin β1 (2.27) As equações 2.26 e 2.27 são relacionadas pela função arco tangente como cos β sin β1 − sin β cos β1 θ 1l = arctan cos β cos β1 + sin β sin β1 ! cos β sin β2 − sin β cos β2 θ 2l = arctan cos β cos β2 + sin β sin β2 ! (2.28) (2.29) onde os valores de β1 e β2 são dados por β1 = θ 1 + β0, β2 = θ 2 + β0 (2.30) 160x70 2 atual 1l y 1 x 1 Y 2 y 1 x 0 inicial X Figura 2.5: Deformações rotacionais ,θ 1l e θ 2l , e de corpo rígido ,α, na formulação co-rotacional. Os elementos de viga plana comummente usados em análises por elementos finitos incluindo problemas com não linearidades geométricas relacionam os momentos nodais com as rotações nodais em coordenadas locais por meio da seguinte relação 2EI M̄1 M̄ = L 0 2 2 1 θ 1l 1 2 θ 2l (2.31) 28 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA onde M̄1 e M̄2 são os momentos aplicados aos nós 1 e 2 respetivamente. Variação dos deslocamentos nodais em coordenadas locais e coordenadas globais. O ve- tor de deslocamentos nodais para o elemento de viga em coordenadas globais, p, e sua variação, δp, são dados por: f gT p = u1 v1 θ 1 u2 v2 θ 2 (2.32) f gT δp = δu1 δv1 δθ 1 δu2 δv2 δθ 2 (2.33) e o vetor de deslocamentos em coordenadas locais, pl , e sua variação, δpl , são: f gT pl = ul θ 1l θ 2l (2.34) f gT δpl = δul δθ 1l δθ 2l (2.35) O elemento sofre uma rotação de corpo rígido total α, vide Figura 2.5 . A partir dessa configuração o elemento de viga é levado para uma nova configuração através de uma variação infinitesimal do vetor de deslocamentos nodais. O nó 1 da viga na configuração variada faz com que coincida-se coincidir com o nó 1 da viga na configuração atual para um estudo de deslocamentos relativos. δα é a variação infinitesimal da rotação de corpo rígido definida pelo ângulo α como mostra a Figura 2.6. δd21 é o deslocamento do nó 2 relativo ao nó 1 produzido pela variação da configuração atual. δul é o alongamento axial do nó 20 em relação ao nó 1 produzido pela configuração variada. Na Figura 2.6 as seguintes relações são válidas: 160x60 2' variada d12 Y 2 e2 l 1 L e1 X atual Figura 2.6: Relação entre a variação virtual dos deslocamentos em coordenadas globais e coordenadas locais. ( ) ( ) δu2 − δu1 δul = eT1 d21 = cos β sin β d21 = cos β sin β δv − δv 1 2 (2.36) 29 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA δα = 1 T e δd21 = {− sin β L 2 cos β}d21 = {− sin β δu2 − δu1 cos β} δv − δv 2 1 (2.37) onde e1 e e2 são os vetores unitários que definem a orientação do sistema local de coordenadas local (e1 e e2 definem os eixos x e y, respetivamente). As equações 2.36 e 2.37 também podem ser expressas como δul = [− cos β δα = 1 [sin β L − sin β − cos β 0 0 cos β sin β 0]δp = rT δp − sin β cos β 0]δp = 1 T z δp L (2.38) (2.39) Agora é necessário expressar a variação das rotações deformacionais em termos da variação dos deslocamentos nodais globais, isto é em função do vetor δp. Ao aplicar o operador variação a Equação 2.24, obtém-se θ 1 + β0 − β = δθ 1 − δα δθl = δ θ + β − β δθ − δα 2 2 0 (2.40) As simplificações feitas na Equação 2.40 são possíveis devido a que δ β0 = 0, isto é porque β0 é uma constante, e δα = δ β0 , como α e β medem a rotação do mesmo corpo rígido. A Equação 2.40 pode ser expressa em função do vetor δp assim [0 0 1 0 0 0]δp − (1/L)zT δp δθl = [0 0 0 0 0 1]δp − (1/L)zT δp (2.41) 0 0 1 0 0 0 T − 1 z δp = AT δp. δθl = 0 0 0 0 0 1 L zT (2.42) ou como A Equação 2.38 relaciona a variação dos deslocamentos globais com a variação do alongamento relativo axial do elemento. Por outro lado a Equação 2.42 relaciona também a variação dos deslocamentos globais com a variação das rotações locais. Por tanto, é possível obter uma matriz B de transformação de deslocamentos entre os dois sistemas de coordenadas local e global, assim δul rT δp = Bδp δpl = = δθ 1l T δθ A 2l (2.43) − cos β − sin β 0 cos β − sin β 0 B = − sin β/L cos β/L 1 sin β/L − cos β/L 0 . − sin β/L cos β/L 0 sin β/L − cos β/L 1 (2.44) onde B é 30 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Vetor de forças internas. Estando o elemento de viga na configuração de equilíbrio estático o trabalho virtual realizado pelas cargas nodais através de deslocamentos virtuais que seguem a direção dos eixos globais deve ser igual ao trabalho virtual realizado pelas tensões internas desenvolvidas no elemento. O último trabalho virtual é convenientemente determinado em coordenadas locais. Isto é porque um observador fixo ao sistema local de coordenadas verá o elemento sofrer pequenas deformações e o cálculo da energia de deformação é relativamente simples. Matematicamente, a declaração acima dada dos trabalhos virtuais é dada por δpTv q = δpTlv q l (2.45) onde o subscrito l indica que a quantidade é medida no sistema local de coordenadas, e o subscrito v indica que a quantidade é virtual. A Equação 2.45 pode ser escrita como, usando a matriz de transformação B δpTv q = (Bδpv )T q l = δpTv BT q l (2.46) devido a que o deslocamento virtual δpTv é uma quantidade arbitrária, a 2.46 pode ser simplificada ao cancelar δpTv para obter q = BT q l (2.47) ( ) qTl = N M̄1 M̄2 (2.48) com Matriz de rigidez tangente. Como explicado na secção 2.3.1, a matriz de rigidez tangente é obtida ao linearizar o vetor de forças internas aproximadas mediante uma expansão em serie de Taylor. Equivalentemente, a matriz de rigidez tangente também pode ser obtida ao aplicar o operador variação à Equação 2.47, assim tem-se que δq = BT δq l + δBT q l = BT δq l + N δB1 + M̄1 δB2 + M̄2 δB3 (2.49) onde δB1 , δB2 e δB3 são as variações das três filas da matriz B. O termo BT δq l representa a matriz de rigidez linear, k tl , do elemento de viga de Euler-Bernoulli. Os três últimos termos compõem a matriz de rigidez geométrica da viga em estudo, k tσ . Agrupando os termos tem-se δq = k tl δp + k tσ δp (2.50) O termo linear da matriz de rigidez tangente k tl é ktl = BT Cl B (2.51) 31 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA 1 0 0 EA 0 4r 2 2r 2 Cl = L0 0 2r 2 4r 2 onde r = √ (2.52) I/A, Cl é a matriz constitutiva linear do elemento de viga, esta matriz é 3 × 3 devido a que o elemento co-rotacionado tem três graus de liberdade: o deslocamento axial e as duas rotações nodais. A matriz de rigidez geométrica k tσ que provem da variação da matriz de transformação B se calcula usando k tσ = N T M1 + M2 T (rz + zrT ) zz + 2 L L (2.53) onde os vetores r e z foram determinados nas equações 2.38 e 2.39. Explicitamente, a matriz de rigidez geométrica é dada por: 2 − cos β sin β sin β − cos β sin β cos2 β 0 0 N = 2 L − sin β cos β sin β cos β sin β − cos2 β 0 0 0 − cos2 β − cos β sin β − sin2 β cos β sin β 0 0 M̄1 + M̄2 + 2 L − cos2 β cos β sin β sin2 β − cos β sin β 0 0 0 − sin2 β − cos β sin β cos2 β cos β sin β 0 0 M̄1 + M̄2 + 2 L sin2 β cos β sin β − cos2 β − cos β sin β 0 0 0 k tσ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 − sin2 β cos β sin β cos β sin β − cos2 β cos β sin β sin2 β 0 cos β sin β − cos2 β 0 0 0 0 sin2 β − cos β sin β 0 − cos β sin β cos2 β 0 0 0 0 0 sin2 β − cos β sin β 0 0 0 0 − cos β sin β − cos2 β 0 − sin2 β cos β sin β 0 0 0 0 0 − cos2 β − cos β sin β 0 0 0 0 − cos β sin β − sin2 β 0 cos2 β cos β sin β 0 0 0 0 Finalmente foram obtidas a matriz de rigidez tangente do elemento de viga plano e o vetor de forças internas. 32 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA 2.3.3 Carregamentos atuantes de natureza estática As cargas atuantes nos risers vêm de diferentes fontes como são: a interação com o campo gravitacional, a interação com o fluido, a interação com o navio, a interação com o solo, entre outras. Esta secção apresenta os modelos de cargas atuantes em risers consideradas neste trabalho. 2.3.3.1 Força peso-empuxo É considerado o peso do fluido interno por unidade de comprimento do fluido interno, wi , o peso do material do riser por unidade de comprimento do material, wr , e o peso do volume de fluido deslocado pelo riser por unidade de comprimento, wa . Estas distribuições de carga são determinadas pelas seguintes equações: wi = 1 ρi gπDi2 4 1 ρr gπ(De2 − Di2 ) 4 1 wa = ρa gπ(De2 ) 4 wr = (2.54) onde ρi é a densidade do fluido interno, ρr é a densidade do riser, ρa a densidade da água do mar e g é a aceleração da gravidade. Define-se a força de peso-empuxo usando o principio de Arquimedes: bw = wi + wr − wa (2.55) Na Equação 2.55 bw representa um carregamento distribuído por unidade de comprimento na direção vertical. Para transformar esta carga distribuída em cargas nodais usam-se as funções de interpolação cúbicas de Hermite, e isto é feito através da Equação 2.56. As funções de interpolação hermitianas são definidas na tabela 2.1 bw = Z bw hdΩ (2.56) Ω Na Equação 2.56 h é a matriz que contém as funções de interpolação. A força devida ao próprio peso é constante e sempre aponta na direção global Y negativa, esta carga é considerada conservativa devido a que se deriva do potencial gravitacional. O vetor de carga nodal externa em coordenadas globais Pep nodal para o elemento de viga é " bw = 0 bw L e 2 bw L 2e bw L e 0 12 2 bw L 2e 12 #T . (2.57) 33 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Tabela 2.1: funções cúbicas de interpolação de Hermite. 2.3.3.2 h função h1 2 3 1 − 3x2 + 2x3 Le Le h2 2 3 x − 2x2 + x 2 Le Le h3 3x 2 − 2x 3 L 2e L 3e h4 x2 + x3 −L e L 2e Força axial efetiva Para tomar em conta o efeito da pressão interna e externa sobre as tampas é usado o conceito de tensão efetiva. Como se mostra na Figura 2.7 ao decompor o sistema mecânico em suas partes se tem: O riser submetido as pressões internas e externas e a força de tração, o fluido interno submetido à reação com as paredes internas do riser e as tampas, e o fluido externo submetido às reações com o fluido externo. 160x120 Te + Te Te pi Ai pe Ae + - pi Ai pe Ae Coluna de fluido interno Parede do riser Coluna de fluido deslocado Te + Te = Te Figura 2.7: Análise estática para a determinação da tensão efetiva. 34 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Ao integrar o sistema num só as reações opostas se cancelam e a tensão efetiva no riser Te fica como t e = (t p − pi Ai + pe Ae ) t̂ (2.58) onde t p e a tensão nominal na parede do riser, Ai e Ae representam as áreas internas e externas definidas pelos diâmetros Di e De respetivamente, pi e pe representam as pressões internas e externas dos fluidos e t̂ é o vetor tangente em coordenadas globais XY . 2.3.3.3 Correnteza em estado estacionário As correntezas marinhas são geradas por diferentes fontes: a ação dos ventos, as marés, as mudanças na salinidade do mar, as mudanças na temperatura, etc. Todos estes fatores definem o padrão de movimento da correnteza. Para modelar o efeito da correnteza ultrapassando o riser é usada a Equação de Morison.A equação de Morison é composta de duas parcelas: a força de arrasto e a força de inércia do fluido (Patel et al. , 1984). Neste trabalho considera-se uma correnteza com perfil de velocidade uniforme. Por tanto, o arrasto somente é considerado. A Equação de Morison trabalha com a velocidade relativa entre o riser e o fluido. A Figura 2.8 mostra a velocidade do riser Vr e a velocidade da correnteza em estado estacionário Vc , ambas as medidas em relação a sistema inercial de coordenadas XY . Estas velocidades dependem da profundidade z e são conhecidas ou calculadas. O vetor Ve é a velocidade relativa entre esses vetores de velocidade. A velocidade relativa é decomposta em uma componente tangencial, Vet , e em uma componente normal ao riser, Ven . Cada componente de velocidade induz diferentes forças de arrasto como são (Faltinsen , 1990): 160x60 Ve Ve Vr Vc Vet Ven Y X Figura 2.8: Velocidade relativa usada para o cálculo da força de arrasto. f dn = 1 ρe DCen kVen k 2 n̂ 2 (2.59) 35 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA f dt = 1 ρe DCet kVet k 2 t̂. 2 (2.60) onde Cen e Cet são os coeficientes de arrasto obtidos experimentalmente. Imposição de deslocamentos no topo do riser 2.3.3.4 Deslocamentos são impostos no topo do riser durante sua instalação. A Figura 2.9 mostra esquematicamente a disposição de um riser rígido em catenária onde o ponto de contato com o solo marinho, ou TDP, e a distancia de separação da plataforma são indicados. A distância entre o TDP e a plataforma, chamada de offset, é ajustada para controlar o momento fletor mãximo no TDP. A imposição de deslocamentos será feita usando o Método de Penalização que será apresentado no seguinte capítulo. 160x90 vertical (m) Amplitude Profundidade (m) Offset (m) TDP Topo do riser Solo marinho Figura 2.9: Deslocamentos impostos ao topo do riser pela plataforma. 2.4 Análise dinâmica de risers Para a análise dinâmica as forças inerciais e dissipativas devem ser consideradas. Em análise dinâmica por elementos finitos, a força de inércia de corpo rígido é vista como uma força de corpo distribuída através do volume. A força de inércia é concentrada nos nós do elemento usando as funções de interpolação. O vetor de forças de corpo nodais b é determinado pela 36 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA seguinte expressão (Bathe , 1982): b= Z hT [f b − ρ hÜt ]dV (2.61) dV onde h é a matriz que contem as funções de interpolação, f b é a força de corpo, ρ a densidade do corpo elástico e Üt é o vetor de aceleração nodal. A matriz h é função das coordenadas de posição e não depende do tempo. A equação de equilíbrio dinâmico global é escrita como: Q= XZ T b h f dV − dV XZ ρ hT hÜt dV dV Q = Pt − MÜt Na Equação 2.62 o operador P (2.62) (2.63) representa o resultados da montagem dos vetores e matrizes dos elementos finitos. O vetor nodal de forças internas Q já foi apresentado na seção 2.3.2. A Equação de equilíbrio dinâmico é dada por: MÜt + Q(Ut ) = Pt (2.64) onde o subscrito t tem sido adicionado para fixar o incremento qual está-se trabalhando. Como foi discutido na secção 2.3.2 o vetor de forças internas depende do vetor de deslocamentos nodais Ut . Se na Equação 2.65 é adicionada a força de amortecimento dependente da velocidade, obtém-se: b= Z hT [f b − ρ hÜt − κhU̇t ]dV (2.65) dV onde κ representa uma função de amortecimento. Finalmente, a Equação de equilíbrio dinâmico não linear é dado por: MÜt + CU̇t + K(Ut )Ut = Pt 2.4.1 (2.66) Matriz de massa A matriz de massa representa a distribuição nodal da massa do corpo elástico. Para um elemento de viga de comprimento l e , de secção transversal constante Ae , momento de inércia de área I e densidade constante ρ, a matriz de massa é calculada em coordenadas locais usando 37 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA as funções de interpolação de Hermite definidas na tabela 2.1 140 0 ρl e Ae 0 ml = 420 70 0 0 0 0 ρI 0 + 30l e 0 0 0 0 0 70 0 156 22l e 0 54 22l e 4l e2 0 13l e 0 0 140 0 54 13l e 0 156 −13l e −3l e2 0 −22l e 0 0 36 3l e 3l e 4l e2 0 0 −36 −3l e 3l e −l e2 0 0 −13l e −3l e2 0 −22l e 4l e2 (2.67) 0 0 0 −36 3l e 0 −3l e −l e2 0 0 0 0 36 −3l e 0 −3l e 4l e2 . A matriz ml representa a distribuição nodal da inercia de um elemento de viga expresso no sistema local de coordenadas. Usando a matriz de transformação T, a matriz de massa em coordenadas globais fica como: m = TT ml T (2.68) 0 0 0 cos β sin β 0 − sin β cos β 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 . T = 0 0 cos β sin β 0 0 0 0 0 − sin β cos β 0 0 0 0 0 0 1 (2.69) onde β é o ângulo de rotação do corpo rígido do elemento de viga. 2.4.2 Matriz de amortecimento A matriz de amortecimento global não pode ser determinada mediante a montagem das matrizes de amortecimento dos elementos, diferente que as matrizes globais de massa e de rigidez que sim podem ser montadas a partir das matrizes dos elementos. O fenómeno do amortecimento estrutural é de caráter global, Bathe (1982). O método mais usado para caracterizar a matriz de amortecimento C foi proposto por Rayleigh baseando-se em um esquema proporcional, assim C = αM + βK (2.70) 38 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA onde α e β são os coeficientes de proporcionalidade e as matrizes M e K representam a massa e a rigidez globais. Cada termo desta Equação amortece frequências diferentes, o termo proporcional à matriz de massa amortece as vibrações de baixa frequência e o termo proporcional à matriz de rigidez amortece as vibrações de alta frequência. Na análise dinâmica não linear, como é o caso dos risers rígidos em catenária, é importante amortecer as altas frequências devido a que a cada iteração feita na integração das equações dinâmicas um erro vai-se acumulando podendo desestabilizar o esquema de solução. O uso deste modelo de amortecimento é ainda mais importante quando é usado o método de penalização para a imposição de deslocamentos, como é o caso deste trabalho. 2.4.3 Carregamentos atuantes de natureza dinâmica Em condições de operação diferentes cargas variáveis no tempo atuam no riser, as cargas de maior importância são as produzidas pela movimentação da plataforma marinha e o campo de velocidades variável induzido pelo passo de uma onda gravitacional, a seguir descrevem-se os modelos matemáticos utilizados na modelagem do vetor de forças associado a estas cargas. 2.4.3.1 Ondas incidentes As ondas oceânicas na superfície do mar são geradas principalmente por correntes de ar e movimentos sísmicos. Estas ondas, chamadas de ondas gravitacionais, induzem cargas hidrodinâmicas nos risers e nas plataformas de produção de petróleo. As ondas geram campos de velocidade e aceleração que são função do espaço e do tempo. Existem muitas teorias para a lei de variação destes campos, as teorias mais conhecidas são: Teoria linear de ondas de Airy e a Teoria de Stokes de terceiro e quinto ordem Sparks (2007). A Figura 2.10 mostra os parâmetros necessários para a caraterização das ondas, os quais são: comprimento de onda λ, altura da onda H e amplitude de onda r. r H 160x45 Y Perfil da onda riser X Figura 2.10: Parâmetros para análise de ondas lineares. Segundo a teoria linear de ondas uma partícula de fluido que se encontra no passo de uma onda descreverá um movimento circular. A teoria linear de ondas fornece expressões para os 39 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA campos de velocidade, aceleração e pressão baseando se nas seguintes simplificações: densidade constante da água do mar, altura pequena das ondas, efeitos de tensão superficial e viscosidade desprezíveis e movimento irrotacional do fluido. As seguintes variáveis são definidas para uma partícula de fluido Faltinsen (1990): φ = −ac exp(k y) cos(k x − ωt) u̇ X = kca exp(k y) sin(k x − ωt) u̇ Y = −k 2 c2 a exp(k y) cos(k x − ωt) (2.71) ü X = −kca exp(k y) cos(k x − ωt) ü Y = −k 2 c2 a exp(k y) sin(k x − ωt) c = λ f, k= 2π , λ ω = 2π f . (2.72) Os valores de u̇ X,Y e ü X,Y representam as velocidades e acelerações da partícula em coordenadas globais respetivamente. A partir das equações 2.71 pode-se mostrar que a magnitude do raio que descreve uma partícula de fluido ao ultra-passar uma onde gravitacional decresce exponencialmente, chegando a ser desprezível um comprimento de onda abaixo da superfície livre Sparks (1984). Dado o campo de velocidade das partículas de fluido procede-se a usar a Equação de Morison para relacionar a velocidade com as forcas incidentes no riser. 2.4.3.2 Interação com o plataforma O conjunto plataforma-riser está sujeito aos efeitos das ondas de superfície, como mostra a Figura 2.9. Devido à incidência de ondas a plataforma oscila, impondo ao topo do riser um movimento oscilatório. Neste trabalho é considerado um perfil sinusoidal para o deslocamento vertical ou horizontal do topo do riser u X = A X cos(ωt + φ) v Y = A Y sin(ωt + φ) (2.73) onde u X e v Y são as componentes horizontais e verticais do movimento da plataforma em função do tempo, A X e A Y representam a amplitude de oscilação do movimento nas direções horizontal e vertical respetivamente, ω é a frequência de oscilação e φ o desfase entre a onda e o movimento da plataforma. O simulador desenvolvido também pode simular a resposta do riser à imposição de deslocamentos em base a data experimental ou aleatória. 40 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA 2.5 Interação riser-solo Em algumas configurações de riser se deixa uma parte do mesmo repousar sobre o leito marinho e a outra parte é pendurada da plataforma. O ponto na qual a parte suspensa do riser tem seu primeiro contato com o solo é conhecido como TDP (Touch Down Point). É no TDP onde ocorre auma mudança brusca de curvatura e também o maior esforço de flexão. O TDP varia de posição dinamicamente em função dos deslocamentos do topo e da intensidade das correntezas marinhas. A determinação dos esforços internos do riser na região do contato com o solo marinho é crucial para o projeto. O fenómeno de interação riser-solo envolve o estudo de contato de um sólido deformável com uma fundação usada para definir o comportamento mecânico do solo. A seguir será feita uma revisão deste tópico. 2.5.1 Modelos de fundação Os modelos de fundação fornecem a resposta do solo às cargas aplicadas. A primeira aproximação na modelagem de fundações elásticas foi feita nos trabalhos de Winkler que idealizou a fundação como um sistema de molas lineares independentes infinitezimalmente próximas umas das outras. A resposta da fundação pelo tanto é determinada pelas características das molas usadas na modelagem. Existem modelos mais refinados que introduzem outros fenómenos, como é o caso dos modelo de Filonenko-Borodich ou o modelo de Pasternak que tomam em conta a interação entre molas adjacentes. Em trabalhos recentes na análise de risers em catenária o comportamento plástico do solo está sendo estudado. A plasticidade do solo marinho conduz a formação de uma trincheira que pode chegar a ter uma profundidade de até quatro vezes o diâmetro do riser. A profundidade desta trincheira varia desde o TDP até a conexão com o equipamento, o perfil desta trincheira muda o estado de deformações do riser e segundo (Aubeny et al. , 2008), (Randolph & Quiggin , 2009) e (You et al. , 2008), reduz o esforço de flexão máxima no TDP. 2.5.1.1 Modelo de Winkler de um parâmetro Este modelo é chamado de um parâmetro devido a que um só parâmetro, a rigidez das molas, é necessário para caracterizar a resposta do solo. As molas são elásticas lineares onde a pressão de reação entre o solo é a estrutura é proporcional à penetração. A Equação do comportamento das molas é ps (x) = k s v(x) (2.74) onde k s é a rigidez do solo, v(x) a deflexão vertical ao longo do eixo x e ps (x) a resistência que oferece a fundação elástica. 41 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA A Equação diferencial que modela a configuração de equilíbrio de uma viga apoiada sobre uma fundação de Winkler é dada por: d4 v(x) = q(x) − ps (x) dx 4 (2.75) d4 v(x) + k s v(x) = q(x) dx 4 (2.76) EI EI 160x45 q(x) ks Y X Figura 2.11: Modelo de fundação de Winkler de um parâmetro. Modelo de Winkler como molas nodais. Neste modelo as molas verticais são adicionadas diretamente sobre os nós extremos dos elementos de viga que compõem a discretização do riser, vide Figura 2.12. É importante destacar que neste modelo só os graus de liberdade verticais dos nós que entram em contato com o solo são afetados pela contato com a fundação. A matriz de rigidez ks de um elemento de mola é k −k s s ks = −k s k s (2.77) e o vetor de forças internas qs é dado por k −k s s v1 qs = ks v = −k s k s v 2 (2.78) onde v1 e v2 são os deslocamentos na direção vertical dos nós 1 e 2 respetivamente. 160x30 v1 Y E, I, A ks v2 ks X Figura 2.12: Molas nodais no modelo de Winkler. 42 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA Modelo de Winkler como leito. Neste modelo assume-se uma variação linear para deflexão do elemento de viga, v(x) assim: ! ! x x v(x) = 1 − v1 + v2 le le (2.79) onde v1 e v2 são os deslocamentos nodais na direção vertical do elemento de viga e a coordenada local, x, do elemento é medida a partir do nó 1. A matriz de rigidez da fundação ks e o vetor de forças internas q s são 2.5.2 ks = ksle 6 2 1 1 2 (2.80) qs = ks v = ksle 6 2 1 v 1 1 2 v 2 (2.81) Modelagem do contato A maioria de problemas de estruturas elásticas sobre fundações elásticas pressupõe que a estrutura está colada à fundação. Diferentemente no caso da análise de risers é importante simular o problema de contato seja no caso estático ou dinâmico, devido a que, dependendo das excitações impostas ao riser, os pontos que inicialmente estavam suspensos no mar podem passar a tocar o solo marinho e vice-versa. Este fenómeno de contato e descolamento se da na fase de instalação como na fase de operação do riser. No contexto dos elementos finitos aplicado à solução de problemas de contato dois métodos são disponíveis: O método no qual a condição de contato é imposta diretamente mediante os multiplicadores de Lagrange e o método que impõe a condição de contato aproximadamente, chamado de método de penalização. Cada um destes métodos possue vantagens e desvantagens, o uso dos multiplicadores de Lagrange adiciona mais variáveis ao sistema e o uso do método de penalização faz muito sensível o sistema à escolha do parâmetro de penalização. Neste trabalho adotou-se o método de penalização pela sua praticidade na implementação. A continuação será descrito o método para o caso de contato unidirecional na direção vertical. 2.5.2.1 Método de penalização O método de penalização é um dos métodos mais utilizados para o tratamento numérico dos problemas de variáveis restritas, como é o caso do contato e a imposição de deslocamentos estáticos ou dinâmicos, solicitações presentes na nossa análise. Num sentido físico o método de penalização impõe restrições aos graus de liberdade mediante a adição de elementos de grande rigidez wpen associados aos graus de liberdade aos que querem-se impor as restrições. Ao adicionar estes elementos dentro da diagional principal da 43 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA matriz de rigidez global K da estrutura consegue-se um desacoplamento artificial devido a que os termos de rigidez da estrutura perdem importância relativa. A força necessária para deslocar o nó na direção de interesse f pen é igual à rigidez da mola adicionada multiplicada pelo deslocamento imposto u p . f pen = wpenu p (2.82) no caso estático. No caso dinâmico o deslocamento é função do tempo t, assim, analogamente, f pen (t) = wpenu p (t). (2.83) A Equação de rigidez global da estrutura toma a seguinte forma quando um deslocamento é imposto ao grau de liberdade global j, assim tem-se: f1 u1 k1 j . . . k1n k 11 . . . . . . . . .. . . .. .. . . k 11 k j j + wpen k 1n u j = wpenu p (t) . .. .. .. .. . . . . . . k f u . . . k . . . k n n 11 n j nn (2.84) A Figura 2.13 mostra a interpretação física do método de penalização. O nó m da estrutura tem dois graus de liberdade translacionais um e vm , o primeiro na direção horizontal e o segundo na direção vertical. Duas molas de rigidez elevada wpen são vinculadas ao nó. Observe-se que um dos extremos de ambas-as molas é fixo. Um deslocamento é imposto ao nó de interesse com n componentes um p e u p como na Figura 2.13. 160x45 unp wpen um p Y m wpen X Figura 2.13: Imposição de deslocamentos pelo método de penalização. Seleção do número de penalização A principal desvantagem do método de penalização é a alta sensibilidade à escolha do valor de penalização wpen . Quando o valor da penalização tende ao infinito o valor de deslocamento obtido ao resolver as equações de equilíbrio coincide 44 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA com o deslocamento imposto u p , porém ao aumentar o valor da penalização a matriz de rigidez torna-se mal condicionada, dificultando a sua inversão. Por outro lado, um valor pequeno de penalização não oferece resultados precisos. Existe uma regra para a determinação do valor de penalização, se o maior valor dos elementos que compõem a matriz de rigidez global é da ordem de 10n e o número de dígitos decimais manipulados pelo computador é k, então o valor de penalização deve ser da seguinte ordem, Felippa (2014) wpen ≈ 10(n+k/2) Método de penalização em análise dinâmica (2.85) Fisicamente ao adicionar uma mola de grande rigidez e liga-la a um nó que concentra uma quantidade pequena de massa a frequência natural associada a qualquer grau de liberdade de movimento teria um valor muito alto, introduzindo um efeito desestabilizador na solução das equações dinâmicas não lineares. Para garantir a estabilidade numérica dos esquemas de integração implícitos um amortecimento numérico ou um amortecimento estrutural proporcional à matriz de rigidez deve ser considerado, Mourelle (1993). 2.5.2.2 Condição de impenetrabilidade Para a modelagem do contato unidirecional a cota do solo marinho é conhecida, além disso, a cada incremento de força seja no caso estático ou dinâmico a posição dos nós é conhecida. Deve-se pelo tanto calcular a distância do nó até o solo durante toda a análise. Quando a variável g, que mede a diferença entre a altura do nó e a cota vertical do solo, toma um valor negativo o nó penetrou no solo marinho. Uma vez que houve penetração deve-se ativar a restrição de contato. Esta restrição impede que o nó penetre no solo adicionando uma mola de rigidez k s e uma força de reação qs igual a qs = u p k s n̂ (2.86) onde u p é a distância de penetração do nó. Quando se trabalha com um solo rígido o valor de k s deve ser muito alto. A Figura 2.14 mostra um nó da viga que penetrou dentro do solo marinho, a continuação uma mola de rigidez k s é adicionada ao sistema e uma força qs é aplicada para conseguir deslocar o nó que penetrou até a superfície do solo marinho. No caso de trabalhar com solos elásticos a rigidez das molas adicionadas equivale à rigidez da fundação. 45 Capítulo 2. MODELAGEM MATEMÁTICA g>0 g<0 160x60 ks Y X ps Figura 2.14: Imposição da condição de impenetrabilidade no método de penalização. 2.5.2.3 Descolamento estrutura-solo Se não houver colamento entre a estrutura e a fundação é importante simular o fenómeno de separação entre a estrutura e o solo. Sabe-se que o solo não oferece força de tração à estrutura quando a separação ocorre. Para isso, além de monitorar se houve ou não penetração do nó na fundação, deve-se também supervisionar se algumas molas estão sendo esticadas. Quando uma mola estiver trabalhando a tração esta deve-se desativar. Capítulo 3 MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL Após a discretização por elementos finitos das equações que governam a resposta dinâmica do riser, a equação de equilíbrio estático 2.18 e dinâmico 2.66, e tendo disponíveis as matrizes de massa, amortecimento, rigidez e o vetor de cargas nodais externas, a equação 2.66 é integrada diretamente através do tempo. Duas abordagens de integração direta são disponíveis: explicita e implícita. Os algoritmos explícitos de integração direta calculam a resposta no tempo t + ∆t usando a história de resposta até o tempo t. Os vetores de deslocamento, velocidade e aceleração nodal no tempo t + ∆t são calculados usando a resposta passada da estrutura. Diferente que os algoritmos explícitos, os algoritmos implícitos calculam a resposta no tempo t + ∆t usando a história de resposta até o próprio nível de tempo t + ∆t. A cada passo de tempo ∆t um sistema de equações algébricas é resolvido para a obtenção da resposta, devido a isto, os métodos implícitos são computacionalmente mais custosos que os métodos explícitos que não requerem usualmente a inversão de matrizes. Os métodos explícitos são apropriados para problemas classificados como sendo de propagação de ondas onde muitas frequências são excitadas simultaneamente. Os métodos implícitos são recomendados para problemas onde a frequência de aplicação de carga é da mesma ordem de grandeza que a frequência natural mais baixa da estrutura, problemas classificados como sendo de dinâmica estrutural (Cook et al. , 2002). Como a frequência de excitação das forças de interação fluido-estrutura é bem próxima das frequências naturais mais baixas do riser, neste trabalho decidiu-se por usar um algoritmo de integração implícita, especificamente o método de Newmark. 46 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 3.1 47 Métodos numéricos A análise estática de risers dispostos em catenária usando o método dos elementos finitos fornece um sistema de equações algébricas não lineares. O método escolhido para resolver este tipo de problema é o método de Newton-Raphson. Para resolver o problema de dinâmica de risers o método de Newmark foi usado por razões de estabilidade numérica. 3.1.1 Método de Newmark Newmark desenvolveu uma família de operadores de integração implícita no tempo para a solução de problemas de dinâmica estrutural. Nestes operadores a lei de variação da aceleração entre os tempos t e t + ∆t é controlada pelos parâmetros β e γ como será visto a seguir. Expressando os vetores de deslocamento e velocidade mediante a expansão de Taylor multivariável tem-se ∆t 2 ∆t 3 ... Üt + Ut + . . . 2 6 ∆t 2 ... = U̇t + ∆t Üt + Ut + . . . . 2 Ut+∆t = Ut + ∆t U̇t + U̇t+∆t (3.1) onde Ut , U̇t e Üt são o deslocamento, velocidade e aceleração, respetivamente, e o subscrito t indica o instante de tempo onde os vetores são medidos. ... ∆t 2 Üt + β∆t 3 Ut 2 ... = U̇t + ∆t Üt + γ∆t 2 Ut . Ut+∆t = Ut + ∆t U̇t + U̇t+∆t (3.2) ... A terceira derivada Ut representa a taxa de variação temporal da aceleração dentro do intervalo ∆t. Assumindo que entre os tempos t e t + ∆t a terceira derivada é constante e igual a ... Üt+∆t − Üt U= , ∆t (3.3) e ao introduzir a equação 3.3 nas equações 3.2 obtém-se a forma padrão da equação de Newmark: Ut+∆t ! 1 = Ut + ∆t U̇t + − β ∆t 2 Üt + β∆t 2 Üt+∆t 2 (3.4) U̇t+∆t = U̇t + (1 − γ)∆t Üt + γ∆t Üt+∆t . As equações 3.4 podem ser escritas como: Üt+∆t = b1 (Ut+∆t − Ut ) + b2 U̇t + b3 Üt U̇t+∆t = b4 (Ut+∆t − Ut ) + b5 U̇t + b6 Üt, (3.5) Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 48 onde as constantes b1 a b6 são definidas por b1 = b4 = γ∆tb1 1 β∆t 2 b2 = 1 β∆t b5 = 1 + γ∆tb2 b3 = β − 1 2 (3.6) b6 = ∆t(1 + γb3 − γ). Introduzindo as equações 3.5 em 2.66 obtém-se a equação de equilíbrio dinâmico no tempo t + ∆t, assim: (b1 M + b4 C + K(Ut ))Ut+∆t = Pt+∆t + M(b1 Ut − b2 U̇t − b3 Üt ) + C(b4 Ut − b5 U̇t − b6 Üt ), (3.7) A última equação pode ser escrita de forma mais compacta definindo a matriz de rigidez tangente efetiva K(U) como K(Ut ) = b1 M + b4 C + K(Ut ), (3.8) e o vetor de forças externas efetivas P̄ à direita da equação 3.7 Pt+∆t = Pt+∆t + M(b1 Ut − b2 U̇t − b3 Üt ) + C(b4 Ut − b5 U̇t − b6 Üt ). (3.9) Assim tem-se um problema dinâmico não linear definido pelas seguintes equações: K(Ut )Ut+∆t = Pt+∆t (3.10) Ut+∆t = K(Ut ) −1 Pt+∆t . (3.11) É importante ressaltar que a matriz de rigidez efetiva contém a matriz de rigidez tangente da viga, a última adiciona a não linearidade geométrica ao problema. Para resolver este problema de dinâmica não linear deve-se calcular a cada passo de tempo a configuração de equilíbrio dinâmico. 3.1.1.1 Algoritmo de solução A seguir apresenta-se o esquema usado para a integração no tempo das equações dinâmicas. 1. Cálculos iniciais 1.1. Inicializar os parâmetros, vetores e matrizes: γ, β, U0 , U̇0 , Ü0 , P0 , M, C e K(U0 ) 1.2. Obter o vetor de aceleração nodal inicial Ü0 utilizando Ü0 = M−1 [P0 − CU̇0 − K(U0 )U0 ]. (3.12) Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 49 1.3. Escolher o passo de tempo ∆t, este pode ser constante ou variável. Neste trabalho o passo de tempo foi considerado a ser uma constante. 1.4. Calcular as matrizes A e B γ 1 M + C; A= β∆t β ! 1 γ B= M + ∆t − 1 C. 2 β∆t 2β (3.13) 2. Cálculos a cada passo de tempo i = 0, 1, 2 . . . n onde n é o número total de passos de tempo usado para discretizar o tempo total de analise Ttot de simulação com n = Ttot /∆t 2.1. Calcular o vetor incremental de forcas efetivas ∆Pi usando a equação 3.9: ∆P̄i = (Pi+1 − Pi ) + AU̇i + BÜi . (3.14) 2.2. Calcular a matriz de rigidez tangente K(Ui ) baseando-se em Ui 2.3. Montar a matriz de rigidez efetiva baseando-se na equação 3.8: K(Ui ) = γ γ M+ C + K(Ui ). β∆t β(∆t) 2 (3.15) 2.4. Resolver o sistema de equações não lineares usando o método de Newton-Raphson que será apresentado na próxima secção K(Ui )∆Ui = ∆Pi (3.16) ∆Ui = K(Ui ) −1 ∆Pi . 2.5. Cálculo das velocidades e acelerações incrementais ! γ γ γ ∆U̇i = ∆Ui − U̇i + ∆t 1 − Üi, β∆t β 2β γ 1 1 ∆Üi = ∆Ui − U̇i + Üi . 2 γβ 2β β(∆t) (3.17) 2.6. Cálculo das velocidades e acelerações no tempo i + 1 Ui+1 = Ui + ∆Ui ; U̇i+1 = U̇i + ∆U̇i ; Üi+1 = Üi + ∆Üi . (3.18) 2.7. Substituir os vetores com subscrito i por i + 1 e repetir desde o passo 2.1. 3.1.2 Método de Newton-Raphson Na análise de estruturas com comportamento linear a matriz de rigidez tangente é calculada e fatorizada uma única vez devido a que esta é independente do vetor de deslocamentos. Em 50 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL análise estrutural não linear a matriz de rigidez tangente depende dos deslocamentos e para resolver este tipo de problema uma linearização baseada na expansão de Taylor deve ser realizada, equação 2.18. Para um incremento de força ∆P a força interna Q apresenta um erro respeito da força externa P quando deveria ser igual a força externa P e o equilíbrio não é satisfeito. Para atingir a configuração de equilíbrio é necessário usar um método incremental-iterativo. O método implementado neste trabalho é o de Newton-Raphson. Existem duas versões do método de Newton-Raphson: a convencional, ver Figura 3.1, e a modificada, ver Figura 3.2. No esquema modificado a matriz de rigidez tangente é calculada e fatorizada uma única vez, ao começo de cada incremento de carga, diferente que o método convencional que atualiza a matriz de rigidez tangente a cada iteração. Na análise dinâmica a não linearidade da matriz de rigidez efetiva, equação 3.8, é reduzida em virtude dos termos de massa e amortecimento. Pode-se observar que a matriz de massa dividida pelo quadrado do passo de tempo é muitas ordens de magnitude maior do que a matriz de rigidez tangente a qual introduz a não linearidade na equação de equilíbrio, ver equação 3.19, Chopra (1995). M 1 K(U) β(∆t) 2 (3.19) Dito isto o método de Newton-Raphson modificado foi escolhido para sua aplicação neste trabalho. Este esquema não afeta a acurácia da solução pois apesar de requer um número maior de iterações por incremento de carga a não linearidade é reduzida pelo passo de tempo ∆t. 3.1.2.1 Algoritmo de solução No esquema incremental usado para a solução das equações dinâmicas busca-se, a cada incremento de forca efetiva ∆P, obter o incremento dos deslocamentos globais ∆U. O vetor de deslocamentos globais é obtido somando-se progressivamente os incrementos de deslocamentos obtidos a cada incremento de carga. Entre os tempos t e t +∆t um número de iterações são feitas para atingir o equilíbrio dinâmico e os incrementos no vetor de deslocamentos obtidos em cada iteração são então δU. O somatório destes incrementos de deslocamento obtidos nas iterações da como resultado o incremento total de deslocamento para um incremento de força efetiva. No algoritmo o contador para as iterações é j = 0, 1, 2, . . . m cujo domínio está entre i e i +1, correspondente aos tempos t e t + ∆t. O número de iterações necessárias depende do grau de precisão com o que se trabalha, este conceito será comentado a seguir. O contador j é indicado como um sobrescrito nos vetores, por exemplo U21 significa que se está operando no segundo intervalo de tempo e executando-se a primeira iteração. O algoritmo se explica a seguir: 1. Inicialização das variáveis, contador j = 0 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 51 j 1.1. Inicializar o vetor de deslocamentos usado nas iterações Ui+1 0 Ui+1 = Ui (3.20) 1.2. Inicializar o vetor de forças internas usado nas iterações Q j Q0 = Qi (3.21) 1.3. Inicializar o vetor de carga residual ∆R j ∆R j = ∆P̄i (3.22) 1.4. Calcular a matriz de rigidez efetiva K T no inicio das iterações, esta matriz é calculada uma única vez ao principio de cada incremento de carga i KT = Ki (3.23) 2. Cálculos para cada iteração j = 1, 2, 3, . . . m 2.1. Resolver o sistema linearizado, equação 3.16 −1 ∆U j = K T ∆R j (3.24) 2.2. Somar os incrementos de deslocamento ∆U j para obter o vetor de deslocamentos atual j j−1 Ui+1 = Ui+1 + ∆U j (3.25) 2.3. Calcular o vetor de forças internas efetivo ∆Q j ∆Q j = Q j − Q j−1 + (K T − K i )∆U j (3.26) 2.4. Recalcular o vetor de forças residuais efetivas ∆R j+1 ∆R j+1 = ∆R j − ∆Q j (3.27) 3. Substituir o sobrescrito j por j + 1 e repetir os passos desde 2.1 até atingir o grau de precisão prescrito, ver secção 3.1.3.2. Para o caso das forças dependentes das deformações, forças não conservativas, o método de Newton-Raphson também pode ser utilizado. Neste caso o vetor incremental de forças Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 160x70 P 1 (2) (3) (1) (2) (3) 1 (1) (2) (1) U Figura 3.1: Método de Newton-Raphson convencional. 160x70 P 1 (3) (3) (2) (2) (3) (2) (1) 1 (1) (1) U Figura 3.2: Método de Newton-Raphson modificado. 160x70 P (2) (3) (3) (1) (2) 1 (1) 1 (2) 1 (3) (1) (2) (1) U Figura 3.3: Método de Newton-Raphson para forças seguidoras. 52 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 53 externas ∆P é função dos deslocamentos U, pelo tanto a cada incremento de deslocamento deve se recalcular o vetor de forças externas até atingir o equilíbrio como se mostra na Figura 3.3. No caso de forças dependentes da deformação usualmente a magnitude se mantém constante e só varia o ângulo de inclinação. 3.1.3 Critérios de convergência e estabilidade Na solução computacional de problemas estruturais utilizando métodos numéricos é necessário definir tolerâncias ao erro numérico que será obtido. A convergência da solução obtida por técnicas incrementais ou iterativas deve ser declarada após a verificação de se o erro é menor do que a tolerância prescrita. O erro pode ser medido de diferentes formas como será visto a seguir, antes será discutida a estabilidade numérica. 3.1.3.1 Estabilidade numérica Como foi comentado na secção 3.1.1 o esquema de integração de Newmark com valores de parâmetros γ = 1/2 e β = 1/4 é incondicionalmente estável para o caso de estruturas lineares. Para a análise dinâmica não linear, no entanto, este esquema sofre instabilidades numéricas, Chopra (1995). A discrepância entre a resposta obtida pelo método de Newmark e a resposta obtida analiticamente pode ser quantificada ao medir a amplitude para qualquer tempo t e ao periodo para um mesmo ciclo de resposta. Na análise dinâmica não linear, ao escolher um grande passo de tempo ∆t o erro de discrepância vai se somando a cada incremento de carga até que o erro acumulado cresça indefinidamente . Por isto é necessário escolher um passo de tempo suficientemente pequeno para garantir a estabilidade do algoritmo e suficientemente grande para poupar tempo computacional. A escolha do passo de tempo deve considerar os seguintes parâmetros: • tipo do carregamento; • propriedades estruturais; • densidade de malha; • esquema de solução empregado; • frequências de interesse. Como o método de Newmark não considera amortecimento numérico, neste trabalho foi considerado a introdução de amortecimento estrutural para fins de estabilidade numérica. É importante ressaltar que os risers são submetidos a dois tipos de amortecimento: um devido à 54 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL interação com o fluido e o outro devido às forças intermoleculares da estrutura, sendo que o primeiro é mais significativo. 3.1.3.2 Critérios de convergência A aplicação do método de Newton-Raphson requer a especificação de uma tolerância ao erro numérico dentro da qual a convergência é declarada. No caso de uma análise dinâmica não linear é importante definir uma tolerância adequada já que a resposta da estrutura no tempo t + ∆t é altamente dependente da história de resposta nos tempos passados, Bathe (1982). Na Figura 3.1 uma vez garantida a convergência, os valores de incrementos de deslocamentos e forças residuais em cada iteração se fazem cada vez mais pequenos, podendo ser usados para estabelecer o critério de detenção do algoritmo. Os dois critérios de convergência mais utilizados são apresentados a seguir. Convergência por deslocamentos Este critério é baseado na definição de um parâmetro e é declarado como k∆Ua k < P k aj=1 Uk (3.28) onde: • k∆Ua k é a norma euclidiana dos incrementos de deslocamentos na iteração atual a; • k Pa j=1 Uk é a norma euclidiana do somatório dos incrementos de deslocamento até a iteração atual a; • representa o valor da tolerância a ser especificada para a análise, e. g. = 0, 001. Este critério de convergência pode não ser satisfatório quando as unidades dos graus de liberdade são diferentes, como é o caso neste trabalho onde graus de liberdade translacionais e rotacionais são considerados. A convergência não poderia-se atingir devido a que os valores das translações são de uma ordem de grandeza maior do que as rotações. A norma pode convergir mas ainda pode ter erro nos graus de liberdade rotacionais, Chopra (1995). 3.1.3.3 Convergência da energia Para garantir que os graus de liberdade rotacionais e translacionais convergiam ao mesmo tempo a convergência da energia e usada k(∆Ra )T ∆Ua k < P a k(∆F̄ )T aj=1 Uk onde: (3.29) Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 55 • k(∆Ra )T ∆Ua k é a norma euclidiana do produto do vetor residual ∆Ra com o vetor ∆Ua na iteração atual a, a a • k(∆F )T ∆Uk é a norma euclidiana do produto do vetor de força incremental efetiva, ∆F , P com o somatório dos deslocamentos incrementais, aj=1 U, obtidos até a iteração atual a. Neste trabalho o critério de convergência da energia foi considerada, normalmente declaradase após 2 o 3 iterações. 3.2 Implementação da ferramenta computacional A análise por elementos finitos de risers é composta de três fases: pré-processamento, processamento e pós-processamento. No pré-processamento são definidos os parâmetros de discretização do contínuo e os parâmetros estruturais, também são inicializados e criados os vetores e as matrizes para armazenamento da informação dos elementos finitos. No processamento são feitas as iterações e as inversões de matrizes necessárias na análise. Já na fase de pósprocessamento se calculam diversas grandezas tais como: reações, forças internas, tensões, deformações, etc. A ferramenta computacional desenvolvida neste trabalho para análise estática e dinâmica bidimensional de risers dispostos em catenária, é chamada de FLEXOL. Esta ferramenta é composta basicamente de três módulos os quais são apresentados a seguir. 3.2.1 Módulo estático: GenoES O módulo estático determina a configuração estática de vigas com não linearidades geométricas sujeitas às cargas descritas no Capítulo 2 e condições de contorno fixas. O esquema de determinação da configuração de equilíbrio estático é apresentada nas Figuras 3.4 e 3.5. O módulo estático do FLEXOL, chamado de GenoES, é baseado no método de NewtonRaphson aplicado à solução de sistemas não lineares com múltiplos graus de liberdade. Como mostra a Figura 3.5 neste módulo são controlados os incrementos de carga ∆P. Para cada um destes incrementos de carga o equilíbrio é atingido através de iterações. O equilíbrio pode ser atingido usando o método convencional ou modificado de Newton-Raphson. A fase incremental do módulo estático é chamada de NLSS01 e a fase iterativa é chamada de NLSS02. Estes blocos de código também são usados nos módulos de simulação de contato e análise dinâmica. O módulo GenoES pode ser utilizado para impor forças e deslocamentos em qualquer nó da estrutura, os deslocamentos são impostos mediante o método de penalização. Neste módulo não é considerado o caso das cargas seguidoras nem o contato. Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL 3.2.2 56 Módulo de contato: GenoCES O módulo GenoCES resolve problemas estáticos de contato unidirecional entre uma viga geometricamente não linear e uma fundação horizontal do tipo Winkler. GenoCES está baseado no módulo GenoES. O módulo de contato comparte o mesmo pré-processador com o módulo GenoES, tendo que se adicionar a informação sobre a rigidez do solo e a profundidade deste. Como se observa na Figura 3.6 a cada incremento de carga é verificado se há nós que estão penetrando o solo ou se há molas que estão sendo esticadas. Quando alguma destas situações ocorre as condições de contorno mudam e os vetores de força incremental e de força externa global são modificados. No caso da modelagem do solo como um corpo rígido deverá-se adicionar valores de penalização muito altos. Para o caso da modelagem de solos elásticos lineares a força interna das molas e a rigidez destas deverá ser adicionado também. Já no caso geral do uso de molas cujo comportamento é definido por curvas P-y (pressão vs. penetração) devem se adicionar as funções da força interna e as derivadas destas que representam a rigidez tangente das molas. O módulo pode resolver estas dois não linearidades: a não linearidade da mola e o contato fazendo uso do GenoES. 3.2.3 Módulo dinâmico: GenoDIS O módulo GenoDIS faz uma análise dinâmica de risers dispostos em catenária com comportamento gometricamente não linear usando o esquema de integração de Newmark. Este módulo usa o modelo de amortecimento proporcional proposto por Rayleigh. Os parâmetros de proporcionalidade são inseridos na fase de pré-processamento como mostra a Figura 3.7. GenoDIS resolve problemas com condições de contorno lineares e forças conservativas. A imposição de forças e deslocamentos variantes no tempo pode ser feita por meio de dados tabulares ou funções continuas. 57 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL PreNLSS: -Comprimento do riser L GenoES Vetores de armazenamento: - -E, I, A -Densidade do riser e os fluidos -Perfil de velocidade da correnteza Vetores de armazenamento: no sistema global -Xnod, Ynod Vetores de armazenamento: -Graus de liberdade a serem eliminados -Zdof Vetores de armazenamento: externa P -Vetor de deslocamentos U -P, U deslocamentos: -Graus de liberdade carregados -Tolerancia ao erro (Tol) - incremental Pinc ProNLSS: PROCESSAMENTO GenoES (Xnod, Ynod, U, E, I, A, P, Pinc, Zdof, Tol, MaxIter,wpen) Vetor de deslocamentos atual U, P i=i+1 PosNLSS: Xnod, Ynod e imprimir Figura 3.4: Diagrama do pré-processamento no Solver estático GenoES. GenoES 58 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ProNLSS: Dados: Xnod, Ynod, U, E, I, A, P, Pinc, Zdof, Tol, MaxIter w=0 Dados dos elementos: PROCESSAMENTO GenoES Rnorm > Tol w < MaxIter 0 L0 sim do elemento: L, Calcular matriz de rigidez tangente: K l Calcular vetor de Q Zdof de contorno: Kbc Calcular matriz de rigidez tangente: K de contorno: Kbc Calcular: Zdof Calcular: Ubc=Ubc+ Zdof U Atualizar P: P=P+Pinc elemento: L, l Calcular vetor de Qiter Calcular: Ubc=Ubc+ U Zdof Calcular vetor de residual: Riter=Qiter-P elemento: L, l Rnorm= norma(Riterbc) Zdof Calcular vetor de Q w=w+1 Calcular vetor de residual: R=Q-P Calcular Rnorm= norma(Rbc) Zdof SOLVER FASE INCREMENTAL U, P SOLVER FASE ITERATIVA Figura 3.5: Diagrama do processamento no Solver estático GenoES. 59 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ProNLSSC: PROCESSAMENTO GenoCES PreNLSS (Xnod, Ynod, U, E, I, A, P, Pinc, Zdof, Tol, MaxIter,wpen) Vetor de deslocamentos atual: U, i=i+1 molas ativas (Qmolas >0) sim sim Armazenar os GDL que penetraram a cota do solo marinho e a Armazenar os graus de liberdade das molas a desativar p Desativar as molas adicionadas Adicionar molas de rigidez wpen atualizar Pinc =0 atualizar Pinc =upwpen Ninc=1 NLSS02 (Xnod, Ynod, U, E, I, A, P, Pinc, Zdof, Tol, MaxIter,wpen) U, P Figura 3.6: Diagrama do processamento no Solver de contato estático GenoCES. 60 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL PreNLDS: GenoDIS -Comprimento do riser L -Densidade do riser e os fluidos -Perfil de velocidade da correnteza Vetores de armazenamento: -E, I, A Vetores de armazenamento: no sistema global -Xnod, Ynod Vetores de armazenamento: -Graus de liberdade a serem eliminados -Zdof (t) externa inicial P0 Inicializar os vetores: deslocamento U0 velocidade dU0 U(t) - span) Calcular matriz de massa: M Calcular matriz de amortecimento: C Calcular matriz de rigidez: K(U0) Tolerancia da energia: Calcular matriz A Calcular matriz B Processamento do Figura 3.7: Diagrama do pré-processamento no Solver dinâmico não linear GenoDIS. 61 Capítulo 3. MÉTODOS NUMÉRICOS E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ProNLDS: PROCESSAMENTO GenoDIS para t=t0 span Calcular vetor de (t) Incremento atual do vetor t Calcular vetor de Incremento atual do vetor (t) t Calcular vetor de eff(t) elemento: L, Vetor atual de deslocamentos: U l Vetor atual de velocidades: dU Calcular vetor de Vetor atual de Calcular matriz de rigidez tangente: K de contorno: Kbc Zdof Calcular matriz de rigidez tangente effetiva: Keff Incremento atual do vetor t taxa de energia: sim o SOLVER FASE ITERATIVA Figura 3.8: Diagrama do processamento no Solver dinâmico não linear GenoDIS. Capítulo 4 VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Os resultados fornecidos pelos distintos módulos de análise que compõem FLEXOL serão validados por comparação com resultados analíticos e numéricos disponíveis na literatura. Neste capítulo os módulos: GenoES, para simulação estática; GenoCES, para simulação do contato e GenoDIN, para simulação dinâmica não linear, serão avaliados. Busca-se avaliar o desempenho numérico do elemento de viga plano geometricamente não linear obtido usando a formulação co-rotacional. 4.1 Validação do módulo estático GenoES A validação do módulo GenoES foi feita ao simular os seguintes problemas: • Viga engastada com carga vertical aplicada no extremo livre; • viga engastada com momento aplicado no extremo livre. 4.1.1 Viga engastada com carga vertical aplicada no extremo livre O problema de grandes deslocamentos de uma viga engastada submetida a uma carga transversal no extremo livre tem sido estudado por diferentes autores, entre eles Bisshopp & Drucker (1945) e Mattiasson (1981). Este problema é um dos testes mais usados na avaliação de programas de análise de vigas com não linearidades geométricas. A Figura 4.1 mostra a viga a ser analisada e a Tabela 4.1 apresenta os parâmetros de simulação. As configurações intermediárias correspondentes a cada incremento de força se mostram na Figura 4.2. Os resultados analíticos fornecidos em Mattiasson (1981) são comparados com os resultados da simulação na Tabela 4.2. A comparação foi feita a força adimensional F ∗ e os 62 63 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL deslocamentos do extremo livre u∗ e v ∗ adimensionais, as quais são definidas como: F∗ = F L2 EI (4.1) u L v v∗ = L u∗ = (4.2) (4.3) onde os valores dos parâmetros E, I e L são dados na Tabela 4.1. As variáveis u e v são as projeções horizontal e vertical do vetor de deslocamento do nó no extremo livre. A configuração inicial da viga é uma linha horizontal e está livre de deformações. 160x45 F E, I, A L Figura 4.1: Viga engastada com força aplicada no extremo livre. Tabela 4.1: Parâmetros da simulação estática da viga engastada Ex. 01. Parâmetros geométricos Parâmetros de discretização Parâmetro Valor Comprimento (in) 100 Área (in2 ) 1 Inercia (in4 ) Módulo de elasticidade (psi) Número de nós Número de elementos Tipo de elementos 8, 3333 × 10−2 30 33 32 Euler-Bernoulli Tolerância Parâmetros do Número de incrementos esquema numérico Máximo número de iterações 1 × 10−4 26 100 As Figuras 4.3a e 4.3b apresentam a relação entre a carga adimensional F ∗ aplicada incrementalmente e os deslocamentos adimensionais u∗ e v ∗ variando incrementalmente. A Figura 4.3b mostra que nos primeiros incrementos de carga a curva de força vs. deflexão é aproximadamente linear e com o aumento da força o comportamento deixa de ser linear, fato 64 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 0 −10 −20 X [in] −30 −40 −50 −60 −70 Configuração final −80 0 20 40 60 80 100 Y [in] Figura 4.2: Viga engastada com força vertical no extremo livre: configurações de equilíbrio intermediárias a cada incremento de carga. FLEXOL Mattiasson (1981) 8 8 7 7 6 6 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 0 0.2 0.4 u* (a) F ∗ vs. u∗ FLEXOL Mattiasson (1981) 9 F* F* 9 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 u* (b) F ∗ vs. v ∗ Figura 4.3: Força transversal adimensional F ∗ versus deslocamentos adimensionais u∗ e v ∗ do extremo livre. 65 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL que coincide com a teoria linear de flexão de vigas. A rigidez da viga aumenta com o incremento da carga em uma análise geometricamente não linear. Tabela 4.2: Comparação entre resultados analíticos e numéricos para o deslocamento do extremo livre da viga engastada. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Mattiasson (1981) FLEXOL Passo de carga i F∗ u∗ v∗ F∗ u∗ v∗ 0 0.3846 0.7692 1.1538 1.5385 1.9231 2.3077 2.6923 3.0769 3.4615 3.8462 4.2308 4.6154 5.0000 5.3846 5.7692 6.1538 6.5385 6.9231 7.3077 7.6923 8.0769 8.4615 8.8462 9.2308 9.6154 10.000 0 0.0096 0.0356 0.0717 0.1120 0.1527 0.1948 0.2276 0.2633 0.2910 0.3204 0.3437 0.3679 0.3876 0.4077 0.4260 0.4410 0.4566 0.4710 0.4842 0.4964 0.5070 0.5180 0.5282 0.5377 0.5467 0.5552 0 0.12610 0.24098 0.33855 0.41822 0.48228 0.53759 0.57550 0.61190 0.63791 0.66295 0.68173 0.69978 0.71390 0.72744 0.73922 0.74864 0.75801 0.76634 0.77378 0.78050 0.78633 0.79208 0.79735 0.80218 0.80667 0.81085 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 0 0.00265 0.01035 0.02249 0.03817 0.05643 0.07640 0.09732 0.11860 0.13981 0.16064 0.20996 0.25442 0.29394 0.32894 0.35999 0.38763 0.41236 0.43459 0.45468 0.47293 0.48957 0.50483 0.51886 0.53182 0.54383 0.55500 0 0.06636 0.13098 0.19235 0.24945 0.30172 0.34901 0.39147 0.42941 0.46326 0.49346 0.55566 0.60325 0.64039 0.66996 0.69397 0.71379 0.73042 0.74457 0.75676 0.76737 0.77670 0.78498 0.79239 0.79906 0.80510 0.81061 Na tabela 4.2 os valores incrementais fornecidos em Mattiasson (1981) no coincidem com os calculados pelo FLEXOL devido o autor usa passos de carga diferentes. 4.1.2 Viga engastada com momento aplicado no extremo livre Um momento concentrado é aplicado no extremo livre da viga engastada apresentada na Figura 4.4 Os parâmetros E, I e A são dados na Tabela 4.1. 66 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 160x45 E, I, A M L Figura 4.4: Viga engastada com momento aplicado no extremo livre. O momento ao longo do comprimento da viga é constante. De acordo com a teoria de vigas de Euler-Bernoulli o momento fletor e o raio de curvatura ρ se relacionam por 1 M = ρ EI (4.4) O raio de curvatura de uma viga que flexiona formando um circulo completo é ρ= L 2π (4.5) e o momento necessário para que a viga com grandes deslocamentos feche um circulo completo é M= 2πEI . L (4.6) A expressão adimensional para o momento aplicado é M∗ = n ML 2πEI (4.7) onde n é o número de voltas a serem impostas na viga não linear. Os deslocamentos são também adimensionalizados através das equações 4.2 e 4.3. A Figura 4.5 mostra as configurações de equilíbrio intermediárias correspondentes aos incrementos de carga. Foram impostas três voltas da viga com os mesmos parâmetros de simulação do caso anterior. As curvas de momento adimensional versus deslocamentos horizontal e vertical se mostram nas Figuras 4.6a e 4.6b. Os deslocamentos do extremo livre da viga em análise obtidos analiticamente são dados a seguir: sin θ(x) u(x) = x −1 θ(x) ! cos θ(x) v(x) = x 1 − θ(x) ! (4.8) (4.9) 67 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 0 −10 −20 X [in] −30 −40 −50 −60 −70 Configuração final −80 −20 0 20 40 60 80 Y [in] Figura 4.5: Configurações de equilíbrio intermediarias a cada incremento de momento. θ(x) = Mx EI (4.10) onde θ(x) é o ângulo de rotação da secção transversal da viga. A comparação entre resultados numéricos e analíticos é dada na Tabela 4.3. Este experimento numérico serviu para avaliar a robustez do código frente à imposição de forças que produzem grandes deslocamentos.O código é robusto ainda quando quatro elementos de discretização são usados para fazer uma volta completa tal como mostra a Figura 4.7. O código é estável na presença de grandes rotações. 68 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Tabela 4.3: Comparação entre resultados analíticos e numéricos para o deslocamento do extremo livre. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Analítico (eq. 4.8-4.10) FLEXOL Passo de carga i M∗ ku∗ k v∗ M∗ ku∗ k v∗ 0 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 0.90 0.95 1 0 0.1415 0.4953 0.8906 1.1560 1.2124 1.1041 0.9531 0.8736 0.9043 1 1.0784 1.0845 1.0254 0.9551 0.9287 0.9607 1.0195 1.0567 1.0458 1 0 0.4373 0.6945 0.6903 0.4802 0.2124 0.0338 0.0074 0.0918 0.1877 0.2130 0.1538 0.0614 0.0040 0.0146 0.0713 0.1211 0.1231 0.0781 0.0233 0 0 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55 0.60 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 0.90 0.95 1 0 0.1416 0.4954 0.8907 1.1559 1.2122 1.1039 0.9532 0.8739 0.9046 1 1.0780 1.0841 1.0252 0.9555 0.9293 0.9610 1.0193 1.0561 1.0452 1 0 0.4374 0.6945 0.6900 0.4799 0.2122 0.0338 0.0074 0.0916 0.1872 0.2122 0.1532 0.0611 0.0040 0.0145 0.0707 0.1200 0.1218 0.0772 0.0230 0 69 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 1 1 FLEXOL Mattiasson (1981) 0.8 0.8 0.7 0.7 0.6 0.6 0.5 0.4 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0 0.5 Mattiasson (1981) 0.5 0.4 0 FLEXOL 0.9 M* M* 0.9 0 1 0 0.2 |u*| 0.4 0.6 v* (a) M ∗ vs. ku∗ k (b) M ∗ vs. : v ∗ Figura 4.6: Momento adimensional concentrada M ∗ versus deslocamentos nodais adimensionais ku∗ k e v ∗ medidos desde o extremo livre da viga na configuração inicial. 0 −10 −20 X [in] −30 −40 −50 −60 −70 Configuração final −80 −20 0 20 40 60 80 Y [in] Figura 4.7: Viga discretizada com quatro elementos e submetida a um momento concentrado no extremo livre. 70 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4.2 Validação do módulo de contato GenoCES O algoritmo implementado resolve problemas de contato unidirecional utilizando o método de penalização. O algoritmo de contato implementado foi avaliado com a solução dos quatro problemas a seguir. • Estrutura anelar flexível em contato com anteparo rígido; • viga engastada em contato com suportes no meio e no extremo livre; • viga apoiada em fundação elástica tipo Winkler com carga concentrada; • viga apoiada em fundação elástica tipo Winkler com carga distribuída. 4.2.1 Estrutura anelar flexível contra anteparo rígido Este problema, também estudado por Simo et al. (1986), consiste em uma estrutura anelar elástica de secção transversal quadrada que está sendo comprimida contra um anteparo rígido, tal como mostra a Figura 4.8a. Devido à simetria estrutural trabalhou-se com uma metade, variando as condições de contorno e a magnitude da carga, vide modelo na Figura 4.8b. O algoritmo de contato na direção vertical foi testado. Os parâmetros da simulação são apresentados na Tabela 4.4, a força vertical aplicada no nó 1 é igual a 10000 N, equivalente a uma força adimensional de 4. As configurações intermediárias obtidas na análise são mostradas na Figura 4.9, As configurações em linha tracejada indicam que um nó penetrou no anteparo rígido e que o algoritmo corrigiu esta posição pelo método de penalização. O diagrama de força adimensional F ∗ versus o deslocamento vertical do nó 1 se mostra na Figura 4.10. Os resultados obtidos com o módulo GenoCES aproximam-se muito bem aos resultados publicados em Simo et al. (1986). 80x60 80x60 F/2 F 1 .1m R0 Y R0 .1m Y 37 X X (a) (b) Figura 4.8: Estrutura anelar apoiada sobre um anteparo rígido. 71 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Tabela 4.4: Parâmetros da simulação estática da estrutura anelar. Parâmetros geométricos Parâmetros de discretização Parâmetros do esquema numérico Parâmetro Valor Raio (m) 0,1 Área (m2 ) 3 × 10−4 Inércia (m4 ) 2, 5 × 10−9 Módulo de elasticidade (Pa) Número de nós Número de elementos Tipo de elemento 1 × 1010 37 36 Euler-Bernoulli Tolerância Número de incrementos Máximo número de iterações 1 × 10−4 20 100 Configuração final 0.2 Y [m] 0.15 0.1 0.05 0 −0.1 −0.05 0 0.05 0.1 X [m] Figura 4.9: Posições de equilíbrio intermediárias da estrutura anelar para diferentes incrementos de carga. 4.2.2 Viga engastada com suportes rígidos intermediários No seguinte exemplo é avaliado o módulo GenoCES na simulação do descolamento entre uma estrutura flexível e um anteparo rígido. A viga tem módulo de elasticidade E = 2, 5 × 1010 Pa, momento de inércia I = 2, 5 × 10−9 m4 , área A = 3 × 10−4 m2 e comprimento L = 2m. Tem-se uma viga engastada e dois suportes rígidos embaixo dela, os suportes se encontram na metade e no extremo livre da viga, tal como mostra a Figura 4.11. Ao aplicar incremental- 72 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4 F* 3 2 FLEXOL Simo et al. (1986) 1 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 v [m] Figura 4.10: Força adimensional aplicada no topo da estrutura anelar versus deslocamento vertical do nó 1. mente a carga F = 700 N o extremo livre da viga entra em contato com o suporte da direita e após novos incrementos de carga a viga entra em contato com o suporte do meio e, finalmente, com novos incrementos de carga, há descolamento entre a viga e o suporte direito, vide Figura 4.12 para a historia da deformação da viga. As linhas tracejadas mostram as configurações onde teve penetração e separação de nós desde os suportes rígidos, que foram corrigidas pelo GenoCES. 160x60 2m 1m 0.4m E, I, A 0.1m F Figura 4.11: Viga engastada e suportes rígidos intermediários. Os deslocamentos do ponto meio da viga e do extremo livre em função do incremento de carga F são mostrados na Figura 4.13. A linha tracejada mostra o deslocamento do ponto meio da viga composto por três segmentos de linhas retas, descritos a seguir: o primeiro segmento, corresponde à variação linear enquanto a viga trabalha como simplesmente engastada; o segundo segmento se dá após a viga entrar em contato com o suporte da direita, a viga trabalha com um engaste e um apoio simples; o terceiro segmento representa o estado no qual a viga entra em contato com o suporte do meio que funciona como um suporte pivotante, até a viga se descolar do suporte direito. 73 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Com o extremo direito da viga ocorre o mesmo, a relação força-deslocamento é linear até entrar em contato com o suporte rígido da direita, logo permanece fixo até aparecer o descolamento. Através da historia de deformação as relações força-deslocamentos são quase lineares. 0.02 Configuração final 0 −0.02 Y [m] −0.04 −0.06 −0.08 −0.1 −0.12 −0.14 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 X [m] Figura 4.12: Configurações de equilíbrio intermediarias da viga para diferentes incrementos de carga. 0.05 Contato com o suporte da direita v [m] 0 v(L/2) Ponto meio v(L) Extremo livre Contato com o suporte do meio −0.05 −0.1 −0.15 Descolamento do suporte da direita 0 100 200 300 400 500 600 700 F [N] Figura 4.13: Deflexão da viga versus força aplicada. 4.2.3 Viga apoiada em fundação elástica tipo Winkler O modelo mais usado para a interação de uma viga apoiada sobre uma fundação elástica é o modelo de Winkler. A fundação consiste essencialmente em um arranjo de molas independentes afastadas por uma distancia infinitesimal. A rigidez do solo se expressa em termos de N/m por unidade de comprimento, a rigidez das molas é, pelo tanto, a rigidez do solo multiplicada pela separação das molas. Nos exemplos a seguir busca-se avaliar o desempenho do módulo GenoCES para a solução de fundações tipo Winkler. 74 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL A validação dos resultados obtidos é feita baseando-se no trabalho de Kaschiev & Mikhajlov (1995). 4.2.3.1 Viga sobre fundação elástica com força vertical Neste exemplo tem-se uma viga de comprimento L = 10m, área transversal A = 0, 0104m2 , módulo de elasticidade 2, 1×1011 Pa e inercia I = 0, 8817×10−4 m4 na qual é aplicada uma força no meio do seu comprimento. O módulo de rigidez do solo é igual a k s = 2, 5×105 (N/m)(1/m). A Figura 4.14a mostra a deformação da viga após a aplicação da carga e a Figura 4.14b mostra a variação do momento fletor através da viga. 4 0.4 10 0.3 8 M [N m] Y [m] x 10 0.2 0.1 6 4 2 0 0 20 40 60 80 100 0 0 X [m] (a) configurações final e intermediárias. 50 100 s [m] (b) Momento fletor ao longo do comprimento da viga. Figura 4.14: Viga sobre fundação elástica com força vertical no meio. 4.2.3.2 Viga sobre fundação elástica com força vertical e momento Neste exemplo tem-se uma viga de comprimento L = 10 m com as mesmas propriedades mecânicas do exemplo anterior. A viga é submetida a uma carga vertical no meio de valor igual a 20 KN e a um momento de 220 KNm aplicado no mesmo ponto. As Figuras 4.15a e 4.15b mostram a história de deformação da viga. 4.2.3.3 Viga sobre fundação elástica com carga distribuída, carga vertical e momento Neste exemplo tem-se uma viga de comprimento L = 30 m com as mesmas propriedades mecânicas do exemplo anterior e rigidez do solo igual a k s = 1, 5 × 106 (N/m)(1/m). A viga é submetida as seguintes solicitações: força concentrada de 20 KNe momento concentrado de 200 KNm ambos aplicados a 24 m do extremo esquerdo e uma carga distribuída de variação linear entre 5 KN e 10 KN, aplicada no trecho 7m e 12m. As Figuras 4.16a e 4.16b mostram a historia de deformação da viga. 75 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 5 x 10 0.02 1.5 M [N m] 2 Y [m] 0.04 0 −0.02 1 0.5 −0.04 0 2 4 6 8 0 10 0 2 X [m] 4 6 8 s [m] (a) configurações final e intermediárias. (b) Momento fletor ao longo do comprimento da viga. Figura 4.15: Viga sobre fundação elástica com força vertical e momento no meio. 4 −3 x 10 x 10 5 M [N m] Y [m] 4 2 0 0 −5 −2 −10 −4 0 2 4 6 8 X [m] (a) configurações final e intermediárias. 10 0 2 4 6 8 s [m] (b) Momento fletor ao longo do comprimento da viga. Figura 4.16: Viga sobre fundação elástica submetida a carregamento distribuído e pontual. Os resultados obtidos são coerentes qualitativamente com esses publicados por Kaschiev & Mikhajlov (1995). O módulo GenoCES simula corretamente os fenómenos de contato unilateral e descolamento. 4.2.3.4 Viga bi-engastada sobre fundação elástica submetida a carga uniformemente distribuída Este problema foi resolvido analiticamente por ?, a expressão analítica para a deflexão vertical v(x) da viga bi-apoiada é v(x) = exp k x (C1 cos k x + C2 sin k x) + exp−k x (C3 cos k x + C4 sin k x) + q ks (4.11) 76 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL −6 0 x 10 −0.5 −1 −1.5 Y [m] −2 −2.5 −3 −3.5 −4 −4.5 analìtico FLEXOL −5 0 1 2 3 4 5 X [m] Figura 4.17: Deflexão da viga bi-engastada sobre fundação elástica de Winkler. onde os parâmetros de C1 até C4 dependem das condições de contorno. O valor de k é definido por: r k= 4 ks . 4EI (4.12) A simulação numérica foi conduzida usando os parâmetros da Tabela 4.5. A viga foi discretizada em 100 elementos tipo Euler-Bernoulli e a Figura 4.17 mostra a deformação da viga. O erro percentual entre os resultados analíticos, usando a equação 4.11, e os resultados da simulação, é apresentado na Figura 4.18. Observa-se um erro menor que 0,04%, validando o código implementado. Tabela 4.5: Parâmetros da simulação estática da viga bi-engastada sobre fundação elástica. Parâmetro Comprimento (m) Módulo da seção (Nm2 ) Rigidez do solo (N/m/m) Magnitude do carregamento (N/m) Variável Valor L 5 EI 1, 75 × 106 ks q 2 × 107 100 77 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 0.02 Erro [%] 0.01 0 −0.01 −0.02 −0.03 1 2 3 4 X [m] Figura 4.18: Erro de deflexão da viga da Figura 4.17. 5 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4.3 78 Validação do módulo dinâmico GenoDIS O módulo GenoDIN baseado no esquema de integração direta implícita de Newmark é validado através de estudos comparativos com dados da literatura. Os exemplos de validação são os seguintes: • viga bi-engastada com carga impulsiva no ponto médio; • viga engastada com carga no extremo livre tipo rampa; • viga engastada com momento no extremo livre tipo rampa. 4.3.1 Viga bi-engastada com carga concentrada impulsiva Este problema foi estudado por Rice & Ting (1993). A geometria da viga a ser analisada se mostra na Figura 4.19. A Tabela 4.6 contem os parâmetros da simulação feita com FLEXOL. Nas simulações o amortecimento não foi considerado. F(t) E, I, A L Figura 4.19: Viga engastada com força aplicada no ponto médio. O perfil da carga aplicada F (t) no ponto médio da viga se mostra na Figura 4.20b. Um pulso de carga com intensidade F = 2×104 lbf é aplicado no intervalo de tempo de t = 0s a t = 0, 02s. A Figura 4.20a mostra as deformações que sofre a viga para diferentes tempos intermediários t. A história de deslocamento do ponto médio da viga é mostrado na Figura 4.20c. Pode-se observar que os resultados fornecidos por FLEXOL coincidem com os publicados por Rice & Ting (1993). Na comparação só foram utilizados alguns pontos publicados por Rice & Ting (1993) para não sobrecarregar a Figura. 4.3.2 Viga engastada com força tipo rampa no extremo livre Este exemplo considera uma viga engastada sem amortecimento submetida a uma carga do tipo rampa no extremo livre como mostra a Figura 4.21. Neste exemplo o comprimento da viga muda para L = 120 in e os valores de E, I e A são iguais aos do exemplo anterior. A viga é discretizada com 4 elementos e o passo de tempo utilizado foi de ∆t = 0, 001. A Figura 4.22b mostra o perfil da carga em forma de rampa. 79 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 0.8 Configuração final 0.6 0.4 Y [in] 0.2 0 −0.2 −0.4 −0.6 −0.8 0 50 100 150 200 X [in] (a) Historia de deformação. 4 2.5 x 10 2 F [lbf] 1.5 1 0.5 0 −0.5 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 t [s] (b) Historia da força impulsiva no ponto médio. 0.6 FLEXOL Rice & Ting (1993) 0.4 v [in] 0.2 0 −0.2 −0.4 −0.6 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 t [s] (c) Historia da deflexão do ponto médio. Figura 4.20: Resposta da viga bi-engastada submetida a carga impulsiva. 0.1 80 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Tabela 4.6: Parâmetros da simulação dinâmica da viga bi-engastada Parâmetros geométricos Parâmetro Valor Comprimento L (in) 240 Área A (in2 ) 21,9 Inércia I (in4 ) 100 Módulo de elasticidade E (psi) 30 × 106 2 2 Parâmetros do esquema numérico Parâmetros de simulação Densidade ρ ( lbfin4s ) 4, 567 × 10−3 Número de nós Número de elementos Tipo de elemento finito Máximo número de iterações Tempo total de simulação t total (s) 9 8 Elemento de Euler-Bernoulli 100 0,1 s Passo de tempo ∆t (s) 1 × 10−3 Tolerância 1 × 10−4 160x45 F(t) E, I, A L Figura 4.21: Viga engastada submetida a carga tipo rampa. A Figura 4.22c mostra a história da deformação do extremo livre da viga obtida usando FLEXOL. A Figura 4.22a mostra algumas configurações da viga para diferentes intervalos de tempo. Os resultados obtidos com o código implementado são comparados satisfatoriamente com os resultados fornecidos por Rice & Ting (1993), Antonio (2011) e Behdinan et al. (1998). A consideração do amortecimento na análise se mostra na Figura 4.23. O amortecimento imposto é proporcional a rigidez com um fator de α = 0, 002. 4.3.3 Viga engastada com momento tipo rampa no extremo livre Neste exemplo à mesma viga do exemplo anterior foi submetida a um momento no extremo livre como mostra a Figura 4.24. O perfil do momento aplicado é em forma de rampa até atingir o valor de momento que faz a viga completar uma volta, o qual é calculado como: 81 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 25 Configuração final Y [in] 20 15 10 5 0 0 20 40 60 80 100 120 X [in] (a) Historia de deformação. 4 x 10 10 F [lbf] 8 6 4 2 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 t [s] (b) Força tipo rampa no extremo livre. 25 v [in] 20 15 10 FLEXOL Rice & Ting (1993) 5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 t [s] (c) História da deflexão do extremo livre. Figura 4.22: Resposta da viga engastada submetido a uma força vertical tipo rampa no extremo livre. 82 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 25 v(L,t) [in] 20 15 10 5 Com amortecimento Sem amortecimento 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 t [s] Figura 4.23: Resposta amortecida e não amortecida da viga da secção 4.3.3. M= 2πEI L (4.13) O momento aplicado em função do tempo é definido por: M (t) = 2πEI t L (4.14) como mostra a Figura 4.25b. Os resultados da simulação são mostrados na Figura 4.25. Nesta simulação foram usados 33 nós e 32 elementos finitos tipo viga de Euler-Bernoulli e um passo de tempo ∆t = 0, 0005 s. A consideração do amortecimento estrutural na resposta da estrutura é mostrada na Figura 4.26. 160x45 E, I, A M(t) L Figura 4.24: Viga engastada submetida a um momento tipo rampa no extremo livre. 83 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 80 70 Y [in] 60 50 40 30 20 10 0 −20 0 20 40 60 80 100 120 X [in] (a) Deformação a diferentes intervalos de tempo. 7 x 10 M(L,t) [lbf−in] 15 10 5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0.6 0.7 0.8 0.9 1 t [s] (b) M vs. t 100 v(L,t) [in] 80 60 40 20 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 t [s] (c) v(L) vs. t Figura 4.25: Resposta da viga engastada submetida a um momento tipo rampa no extremo livre. 84 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 90 80 70 v(L/2,t) [in] 60 50 40 30 20 10 Com amortecimento Sem amortecimento 0 −10 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 t [s] Figura 4.26: Resposta amortecida e não amortecida da viga da com momento no extremo livre, deflexão do extremo livre versus tempo t. 4.3.4 Viga articulada com momento impulsivo na articulação Esta simulação considera uma viga sem amortecimento articulada no extremo esquerdo, como se ve na Figura 4.27. Um momento de M = 70 Nm na forma de um pulso é aplicado entre os tempos t = 0 s e t = 5 s na articulação, após este intervalo de tempo o momento desaparece e a viga mantém-se girando a velocidade angular constante. Na Tabela 4.7 se mostram os parâmetros de simulação da viga. Tabela 4.7: Parâmetros da simulação da viga articulada. Parâmetro Comprimento (m) EI (Nm2 ) EA (N/m/m) A (kg/m) ρ (kg/m3 ) Valor 10 1000 10000 0, 1 10 A viga foi divida em 4 elementos, e os resultados da simulação para diferentes intervalos de tempo são mostrados na Figura 4.28. Estos resultados coincidem com os resultados publicados em Simo & Vu-Quoc (1986). A deflexão do extremo livre da viga é mostrada na Figura 4.29. 85 Capítulo 4. VALIDAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL M(t) E, I, A L Figura 4.27: Viga com articulação no extremo esquerdo. 10 8 6 4 Y [m] 2 0 −2 −4 −6 −8 −10 −10 −5 0 5 10 X [m] Figura 4.28: Historia de deformação. 15 v [m] 10 5 0 −5 −10 −15 0 10 20 30 40 50 t [s] Figura 4.29: História da deflexão do extremo livre. 60 Capítulo 5 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Este capítulo apresenta os resultados obtidos com a ferramenta computacional FLEXOL ao simular a resposta estática e dinâmica de risers rígidos em catenária em contato com o solo marinho. Diversos exemplos são resolvidos a fim de avaliar a configuração deformada, os momentos fletores e as tensões internas. Os efeitos dos parâmetros da simulação tal como o número de elementos e a influencia das propriedades do solo serão analisados. Os resultados obtidos com o FLEXOL serão comparados com os dados publicados por Leira (2010), Antonio (2011). 5.1 Estratégia de solução do FLEXOL Para obter a configuração de equilíbrio estático do riser adotaram-se as seguintes suposições, as quais são esquematizadas na Figura 5.1: • o riser encontra-se apoiado sobre o leito marinho horizontal; • o extremo esquerdo está vinculado ao equipamento submarino, considera-se esta condição como um engastamento; • são consideradas somente as forças de peso próprio e flutuação; • as coordenadas do hang-off são conhecidas. A Figura 5.1 se mostra a configuração inicial adotada nas simulações. Inicialmente são impostas as forças de peso próprio e flutuação, em seguida são impostos deslocamentos verticais e horizontais no extremo direito até atingir a posição final do topo do riser ou hang-off. Estes deslocamentos são prescritos usando o método de penalização apresentado no capítulo 3. 86 87 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Linha do solo marinho Equipamento submarino Y Topo do riser v Riser X u Figura 5.1: Modelo usado nas simulações de risers. 5.2 Análise estática de risers Nesta secção serão simuladas duas configurações de risers muito utilizadas na indústria de produção de petroleo em alto mar: riser rígido em catenária ou SCR (Steel Catenary Riser) e riser com flutuadores intermédios ou LWR (Lazy Wave Riser). 5.2.1 Riser rígido em catenária (SCR) Nesta configuração podem se diferenciar dois trechos, o trecho suspenso e o trecho em contato com o solo marinho, chamamos ao trecho suspenso de riser em catenária propriamente dito e o trecho em contato com o solo marinho é conhecido como flowline. Existem soluções analíticas aproximadas para a determinação da configuração estática do trecho suspenso, em Faltinsen (1990) se encontram as expressões algébricas usadas na teoria clássica de catenárias. Nestas expressões os efeitos da rigidez à flexão e o alongamento do riser não são consideradas, mesmo assim estas expressões são úteis nas comparações. A Tabela 5.2 mostra os parâmetros utilizados na simulação. A origem do sistema global de coordenadas é fixo ao equipamento submarino, vide Figura 5.1. Os parâmetros ingressados ao FLEXOL para a simulação estática do SCR são dados na Tabela 5.2, a malha foi refinada na zona do TDP, o elemento de menor comprimento tem 10 m. A Figura 5.2 mostra as configurações intermediárias produto da análise. Observa-se que o código para os primeiros incrementos de carga fornece soluções sem sentido físico, porém no percurso da análise esse erro vai diminuindo. A Figura 5.3 compara a configuração de equilíbrio estático obtido com o FLEXOL e a mesma obtida analiticamente ao resolver a equação da catenária considerando o peso aparente. Observa-se uma boa coerência entre os resultados. As figuras 5.4 e 5.5 mostram respetivamente 88 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Tabela 5.1: Parâmetros do riser rígido em catenária. Parâmetro Valor Diâmetro externo De (mm) Espessura da parede t e (mm) Comprimento total L (m) Peso linear do riser (Kg/m) 273 12,7 2240 125 Densidade do fluido interno ρi (kg/m3 ) 700 Densidade do fluido externo ρe (kg/m3 ) 1025 Módulo de elasticidade do riser E (Pa) 2, 1 × 1011 Rigidez do solo marinho k s (N/m/m) Coordenadas do topo do riser (m) 2, 1 × 107 (1500, 995,5) Tabela 5.2: Parâmetros de simulação de comportamento estático do SCR. Parâmetro Valor Número de nós Número de elementos Número de incrementos de carga 53 52 100 Tolerância Máximo número de iterações 10−4 100 Fator de penalização 1015 1000 Conf. final Y [m] 800 600 400 200 0 0 500 1000 1500 2000 X [m] Figura 5.2: Configurações de equilíbrio intermediárias para o SCR. a força axial efetiva e o momento ao longo da coordenada curvilínea s. A coordenada s tem sua origem no equipamento submarino e se estende ao longo do riser deformado. As quantidades de maior importância no projeto de risers rígidos em catenária são os mo- 89 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL FLEXOL Leira (2010) 900 800 700 Y [m] 600 500 400 300 200 100 0 0 500 1000 1500 X [m] Figura 5.3: Configuração final de equilíbrio do SCR. mento fletores máximos e a força axial máxima. A Tabela 5.3 mostra os valores dessas quantidades obtidos utilizando diferentes códigos computacionais. É importante indicar que RIFLEX é um programa comercial de análise de risers muito utilizado na industria petrolífera. Esses valores foram tomados de Leira (2010). Observa-se uma boa coerência entre as soluções. 5 x 10 FLEXOL Leira (2010) Força axial [N] 10 8 6 4 2 0 500 1000 1500 2000 s [m] Figura 5.4: Força axial ao longo da coordenada curvilinea s para o SCR. 90 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4 x 10 FLEXOL Leira (2010) Momento fletor [Nm] 12 10 8 6 4 2 0 −2 0 500 1000 1500 2000 s [m] Figura 5.5: Momento fletor ao longo da coordenada curvilínea s para o SCR. Tabela 5.3: Comparação de resultados obtidos por diferentes códigos computacionais. Método de solução Catenária MATLAB® RIFLEX® FLEXOL Força no topo (KN) Momento fletor máximo.(KNm) 1099,575 1090.478 1084,943 133,2 124,4 126,3 91 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 5.2.2 Riser com flutuadores intermediarios (LWR) Nesta configuração são adicionados flutuadores em algumas partes do riser a fim de cancelar o efeito do movimento da plataforma na posição do ponto de contato do riser com o solo marinho, como mostra a Figura 5.6. As características mecânicas do riser em análise são mostradas na Tabela 5.4, a Tabela 5.5 mostra os parâmetros usados na simulação. As forças de flutuação extras produto da adição dos flutuadores e os deslocamentos do extremo direito foram aplicadas após as forças de peso aparente. Os flutuadores são instalados em um trecho de 800 m, entre os 400 m e 1200 m desde o equipamento submarino (origem do sistema de coordenadas). Considera-se que os flutuadores instalados não adicionam rigidez à flexão ao riser. A Figura 5.7 mostra as posições de equilíbrio intermediárias fornecidas pelo FLEXOL correspondentes a cada incremento de carga. Tabela 5.4: Parâmetros físicos do LWR. Parâmetro Valor Diâmetro externo De (mm) Espessura da parede t e (mm) Comprimento total L (m) Peso linear do riser (kg/m) Peso linear do flutuador (kg/m) Diâmetro externo do flutuador (mm) 273 12,7 2100 125 40 50 Densidade do fluido interno ρi (kg/m3 ) 700 Densidade do fluido externo ρe (kg/m3 ) 1025 Módulo de elasticidade do riser E (Pa) 2, 1 × 1011 Rigidez do solo marinho k s (N/m/m) Coordenadas do topo do riser (m) 2, 1 × 107 (1500, 995,5) Tabela 5.5: Parâmetros de simulação do LWR. Parâmetro Valor Número de nós Número de elementos Número de incrementos de carga 141 140 100 Tolerância Máximo número de iterações 10−4 100 Fator de penalização 1015 As figuras 5.10 e 5.9 mostram as distribuições do momento fletor e da força axial ao longo da coordenada curvilínea s obtidas do trabalho de Leira (2010) e o FLEXOL. Pode-se observar 92 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 160x90 Plataforma flutuante Topo do riser Trecho de flutuadores Ponto de contato TDP s Figura 5.6: Esquema de um riser con flutuadores intermediários. que os resultados são muito coerentes. Usando os dados publicados por Leira (2010) a Tabela 5.6 mostra uma comparação de resultados para o máximo valor do momento fletor e a força axial efetiva. Nota-se que com poucos elementos o FLEXOL já aproxima da maneira muito acertada os valores de momento máximo e força axial máxima, esta caraterística da ferramenta a faz muito útil na fase do projeto já que permite obter rapidamente valores aceitáveis, estes valores devem ser refinados para garantir a qualidade dos resultados. 1000 Conf. final Y [m] 800 600 400 200 0 0 500 1000 1500 2000 X [m] Figura 5.7: Configurações de equilíbrio intermediárias para o LWR. 93 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL FLEXOL Leira (2010) 900 800 700 Y [m] 600 500 400 300 200 100 0 0 500 1000 1500 X [m] Figura 5.8: Configuração final de equilíbrio do LWR. 5 x 10 FLEXOL Leira (2010) Força axial [N] 7 6 5 4 3 2 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 s [m] Figura 5.9: Força axial ao longo da coordenada curvilinea s para o LWR. Tabela 5.6: Comparação de resultados obtidos por diferentes códigos computacionais. Método de solução Catenária MATLAB® RIFLEX® FEM Força axial no topo (KN) Momento fletor máx.(KNm) 782,553 785,332 783,230 108,79 107,60 107,63 94 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4 x 10 Momento fletor [Nm] 10 FLEXOL Leira (2010) 8 6 4 2 0 −2 −4 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 s [m] Figura 5.10: Momento fletor ao longo da coordenada curvilínea s para o LWR. 95 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 5.3 Análise dinâmica de risers Esta secção mostra os resultados da aplicação do módulo dinâmico GenoDIN da ferramenta computacional FLEXOL para a análise dinâmica de um riser flexível submetido a forças e deslocamentos variantes no tempo. Este módulo já foi validado no capítulo anterior. Além de calcular a história da deformação busca-se determinar a variação no tempo das distribuições de força axial e de momento fletor, parâmetros importantes para o projeto destas estruturas. Os exemplos de aplicação são anunciados a seguir • mangote flexível sujeito à ação do seu próprio peso; • mangote flexível sujeito a seu peso com imposição de deslocamentos. Os mangotes flexíveis são tubulações que servem para transportar fluidos entre navios afastados, os mangotes podem estar submersos na água ou em contato com a atmosfera. As caraterísticas geométricas e mecânicas do mangote objeto deste estudo são apresentadas na Tabela 5.7. Tabela 5.7: Parâmetros do mangote flexível. Parâmetro Valor Diâmetro externo De (mm) Espessura da parede t w (mm) Comprimento total L (m) 273 12,7 400 Densidade do material ρr (kg/m3 ) 7850 Módulo de elasticidade do material E (Pa) 5.3.1 2, 08 × 1011 Mangote flexível sujeito à ação do peso próprio Neste exemplo não é considerado o efeito do contato/impacto entre o mangote e o solo. O módulo GenoDIN ainda não contem as linhas de código necessárias para a simulação deste fenómeno. Considera-se a posição inicial do mangote como horizontal livre de tensões. A força de peso próprio é aplicada como uma rampa. Além do peso do mangote que é de aço, considera-se também o peso do fluido interno com densidade igual a ρ = 700 Kg/m3 . Considera-se que os extremos esquerdo e direito do mangote podem-se deslocar livremente na direção X e rotacionar ao redor de um eixo normal ao plano de flexão. O deslocamento na direção do eixo global Y é restringido. O mangote foi discretizado utilizando 100 elementos de Euler-Bernoulli. O tempo de simulação foi de t = 17, 5 s, nos primeiros 10 s a carga de peso próprio foi aplicada como uma 96 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL rampa, após deste intervalo de tempo a carga permaneceu constante. O passo de tempo utilizado foi de ∆t = 0, 01 s, isto é foram considerados 1750 incrementos de carga. Este exemplo também foi testado no trabalho de Antonio (2011), ele compara os resultados obtidos com o código MARINE, desenvolvido pelo mesmo autor, com os do ANFLEX, ferramenta desenvolvida pela Petrobras. A Figura 5.11 mostra as deformações intermediárias a cada segundo de tempo e a configuração final. 0 Y [m] −50 −100 −150 FLEXOL ANFLEX −200 50 100 150 200 250 300 350 X [m] Figura 5.11: História de deformação do mangote flexível submetido ao seo próprio peso. Número de elementos 100, tempo de análise 17,5 s e passo de tempo ∆t = 0, 01s Observa-se que os resultados fornecidos pelo FLEXOL são quase coincidentes com os resultados obtidos usando o ANFLEX obtidos por meio do trabalho de Antonio (2011). As figuras 5.12a e 5.12b mostram, respetivamente, as distribuições de força axial e de momento fletor ao longo da coordenda curvilínea s através do tempo, especificamente, a cada 0,5 s. Os valores máximos encontrados na análise para a força axial e o momento fletor são de 184 KN e de 1142, 1 KNm, respetivamente. Estes valores não puderam ser comparados com os fornecidos por Antonio (2011) devido a que no trabalho desse autor os valores obtidos não coincidem com os do ANFLEX. A fim de analisar o efeito da variação do passo de tempo na resposta simulou-se o mesmo exemplo com um tempo total de simulação igual a t = 25 s para capturar melhor a evolução dos resultados. A Figura 5.13 mostra as configurações finais obtidas usando diferentes passos de tempo. Nas figuras 5.13a e 5.13b onde o passo de tempo é maior, nota-se que o mangote flexível se deforma para depois retornar à posição inicial e continuar oscilando respeito da 97 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 4 x 10 12 Tensão [N] 10 8 6 4 2 0 50 100 150 200 250 300 350 250 300 350 s [m] (a) 5 x 10 Momento fletor [Nm] 10 8 6 4 2 0 0 50 100 150 200 400 s [m] (b) Figura 5.12: (a) Distribuição da força axial ao longo da coordenada curvilínea s a cada 2 s; (b) Distribuição de momento fletor ao longo da coordenada curvilínea s a cada 2 s configuração horizontal. Nas soluções obtidas com passos de tempo menores, figuras5.13c e 5.13d, é importante ressaltar que o mangote se deforma de tal maneira que os trechos verticais, que se tinham no tempo t = 17, 5 s, se cruzam até a parte inferior para formar um laço. Devido a que o algoritmo de contato não é considerado neste módulo o mangote não impacta consigo mesmo. Ao reduzir o passo de tempo obtem-se a mesma resposta final verificando assim a convergência da soluação com o tamanho de passo de tempo. A curvatura do laço inferior formado é muito alta, mesmo assim o código mostrou sua estabilidade e acurácia. 98 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 0 0 −20 −20 −40 −40 Y [m] Y [m] −60 −60 −80 −80 −100 −120 −100 −140 −120 −160 −140 100 200 300 100 X [m] (a) ∆t = 0, 075 s 300 (b) ∆t = 0, 05 s 0 0 −20 −20 −40 −40 −60 −60 −80 −80 Y [m] Y [m] 200 X [m] −100 −100 −120 −120 −140 −140 −160 −160 −180 −180 100 200 X [m] (c) ∆t = 0, 005 s 300 100 200 300 X [m] (d) ∆t = 0, 0025 s Figura 5.13: Influência do passo de tempo na convergência da resposta dinâmica do mangote flexível. Número de elementos: 100, tempo de simulação: 25 s 99 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 5.3.2 Mangote flexível sujeito a deslocamentos impostos Nesta simulação o mangote utilizado no exemplo anterior inicialmente é submetido a seu próprio peso fazendo uso do módulo GenoES. A configuração de equilíbrio obtido pelo módulo servirá como base para a análise dinâmica. Após ter atingido o equilíbrio estático uma carga harmónica no extremo direito é aplicada mediante o módulo GenoDIN. A Tabela 5.8 mostra os parâmetros da simulação. Tabela 5.8: Parâmetros físicos da simulação do mangote flexível com imposição de deslocamentos. Parâmetro Valor Diâmetro externo De (mm) Espessura da parede t w (mm) Comprimento total L (m) 273 12,7 150 Densidade do material ρr (kg/m3 ) 7850 Módulo de elasticidade do material E (Pa) Amplitude da força harmónica AY (mm) Frequência da força harmónica f (Hz) 2, 08 × 1011 8 1 Os parâmetros da simulação para a análise estática e dinâmica mostram-se na Tabela 5.9. O mangote foi discretizado com 100 elementos de viga. O fenómeno de amortecimento não foi tomado em conta para este exemplo. Tabela 5.9: Parâmetros numéricos da simulação do mangote flexível com deslocamento imposto. Tipo de análise Parâmetro Número de incrementos Valor 5 Tolerância ao erro 10−4 Número máximo de iterações 100 Passo de tempo (s) 0,005 Dinâmico, GenoDIN Tempo total de simulação (s) 10 Estático, GenoES Valor de penalização 1015 A Figura 5.14 mostra a história de deformação a cada 0, 5 s. É importante conhecer o deslocamento de alguns nós como função do tempo, a Figura 5.15 mostra estes ressultados. A Figura 5.15a mostra o deslocamento vertical do extremo direito, que como era de se supor coincide com a função harmónica ingressada no GenoDIN; a Figura 5.15b mostra o movimento horizontal do extremo direito, toma-se como referência a posição nodal deformada fornecida pelo módulo estático; as figuras 5.15c e 5.15d representam, respetivamente, os movimentos vertical e horizontal do ponto meio do mangote; por último, o ângulo de rotação da articulação do extremo esquerdo em função do tempo é mostrado na Figura 5.15e. 100 Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL Neste exemplo conseguiu-se acoplar as análises estática e dinâmica. A análise dinâmica foi conduzida a partir de uma configuração de equilíbrio pré-tensionada, validando o funcionamento do código dinâmico nessa condição inicial. 0 −10 Y [m] −20 −30 −40 −50 −60 −70 0 20 40 60 80 100 120 X [m] Figura 5.14: História de deformação do mangote flexível submetido ao seu próprio peso e a deslocamentos impostos. 101 Deslocamento [m] Capítulo 5. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL 5 0 −5 0 1 2 3 4 5 tiempo [s] 6 7 8 9 10 9 10 Deslocamento [m] (a) Deslocamento vertical do extremo direito em função do tempo. −92 −93 −94 0 1 2 3 4 5 tiempo [s] 6 7 8 Deslocamento [m] (b) Deslocamento horizontal do extremo direito em função do tempo. −60 −65 −70 0 1 2 3 4 5 tiempo [s] 6 7 8 9 10 9 10 9 10 Deslocamento [m] (c) Deslocamento vertical do ponto meio em função do tempo. −44 −46 −48 −50 0 1 2 3 4 5 tiempo [s] 6 7 8 Rotação [rad] (d) Deslocamento horizontal do ponto meio em função do tempo. −1.6 −1.8 −2 0 1 2 3 4 5 tiempo [s] 6 7 8 (e) Deslocamento angular da articulação à esquerda função do tempo. Figura 5.15: História de movimento para diferentes nós do mangote. Capítulo 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Este capítulo apresenta as principais conclusões obtidas a partir do desenvolvimento deste trabalho. Sugestões de trabalhos futuros também são apresentadas. 6.1 Conclusões Conforme as indústrias de exploração de petróleo em alto mar avançam para águas mais profundas surge a necessidade de usar novas tecnologias de escoamento de petróleo e gás com melhores características técnico-econômicas que as tecnologias atuais. Nesse cenário os risers rígidos em catenária ou SCRs apresentam-se como a melhor solução técnico-econômica para a transferência de petróleo em águas profundas. Porém, a teoria deste tipo de estruturas ainda não foi totalmente desenvolvida exigindo para seu estudo um conhecimento multidisciplinar em mecânica dos sólidos e dos fluidos, dinâmica não linear, mecânica dos solos e mecânica de ondas. O presente trabalho de mestrado abordou numericamente a estática e a dinâmica no plano de mangotes flexíveis e risers rígidos em catenária interatuando com o solo marinho. Neste trabalho foi desenvolvido e implementado um código computacional para análise estática e dinâmica geometricamente não-linear de risers no plano levando em conta o contato com o solo marinho. O método dos elementos finitos foi usado na solução das equações que governam a resposta estática e dinâmica dos risers rígidos em catenária, SCR. Devido aos grandes deslocamentos e pequenas deformações que experimenta um SCR se fez necessário trabalhar com formulações de mecânica não linear. A formulação não linear dos elementos finitos foi feita via a abordagem co-rotacional a qual separa o movimento total do elemento em uma parcela de corpo rígido e em outra de deformação. Durante o movimento de corpo rígido, um sistema local de coordenadas fixo ao elemento se movimenta junto com este. As 102 Capítulo 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 103 deformações são medidas em relação ao sistema local de coordenadas. Foi implementado um elemento de viga de Euler-Bernoulli conjuntamente com o esquema incremental-iterativo de Newton-Raphson. Os resultados obtidos com os exemplos simulados são coerentes com os resultados da literatura como foi mostrado no Capítulo 4. Para o caso da imposição de deslocamentos, seja na análise estática ou dinâmica, o método de penalização implementado resultou ser eficiente e exato dentro da tolerância especificada para a análise, em virtude da menor quantidade de variáveis requeridas na solução do problema e sua facilidade de implementação. Em particular, na análise dinâmica, a imposição de deslocamentos mediante o método da penalização introduz um efeito desestabilizador na resposta do riser. Isto acontece devido à adição de uma mola de grande rigidez a uma massa concentrada pequena, pois a frequência associada a este grau de liberdade é muito alta, introduzindo frequências espúrias na análise que comprometem a convergência do esquema numérico. Um método útil para o filtragem destas frequências espúrias é o uso da matriz de amortecimento proporcional à rigidez. Este método de filtragem foi implementado satisfatoriamente no FLEXOL. Como foi mostrado no exemplo do mangote flexível submetido a seu próprio peso aplicado dinamicamente, a resposta fornecida pelo método de Newmark implementado no GenoDIS sempre é estável porém é altamente dependente do tamanho do passo de tempo. No segundo exemplo do mangote flexível demostrou-se que os módulos GenoES e GenoDIS podem trabalhar em conjunto. Neste problema foi resolvido com sucesso um problema de dinâmica levando em consideração os efeitos de pré-tensão. O método de penalização também foi utilizado na implementação do módulo de contato unidirecional GenoCES para a análise de fundações elásticas tipo Winkler. Como foi mostrado no Capítulo 4, o algoritmo de contato forneceu resultados coerentes com dados da literatura e mostrou-se estável na ocorrência de descolamento entre o riser e o solo. O código implementado neste trabalho para a determinação da configuração de equilíbrio de um SCR mostrou-se estável, porém a configuração final depende do número de incrementos de deslocamentos utilizado. O extremo direito é levantado até atingir a posição da plataforma flutuante e simultaneamente o ponto de contato vai se deslocando desde o extremo livre até sua posição final na zona de contato. O número de incrementos nos quais é dividido o deslocamento prescrito total é importante também para a obtenção de resultados confiáveis, se recomenda usar un número alto de incrementos de deslocamento, pelo ordem de 200 incrementos. De acordo com as simulações feitas neste trabalho e nos trabalhos de Schweizerhof e Ramm (1984), Yadzchi e Crisfield (2002) e Garcia Sanchez (2013) conclui-se que o efeito da modelagem das forças de interação com o fluido, e. g. o empuxo hidrostático e o arrasto hidrodinâmico, como forças não conservativas, fornecem praticamente os mesmos resultados que se estas forças fossem modeladas como conservativas, quer dizer, independentes das deformações do riser. Capítulo 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 104 Isto devido a que nas condições de contorno presentes na maioria de configurações de risers utilizadas na industria, como a LWR ou SCR, o efeito de cargas seguidoras pode ser desprezado. O uso da formula de Arquímedes para as cargas de flutuação fornece resultados aceitáveis com menores esforços na solução e na implementação. Conclui-se também que a ordem de aplicação das cargas na determinação da configuração de equilíbrio estático de risers influi no tempo de simulação. Ao aplicar simultaneamente o peso próprio, empuxo, arrasto hidrodinâmico e os deslocamentos prescritos o algoritmo de solução consome um tempo maior que ao aplicar as cargas na seguinte ordem: peso próprio e empuxo, em seguida os deslocamentos prescritos e, finalmente, as cargas produto da correnteza. Com esta ordem de aplicação dos carregamentos obtém-se maior eficiência computacional. O deslocamento imposto no extremo livre do riser tem uma componente horizontal em direção ao engastamento, este deslocamento gera uma instabilidade axial. O método de NewtonRaphson com controle de carga implementado neste trabalho não é útil para analisar este tipo de resposta podendo apresentar problemas numéricos. Para evitar este problema, neste trabalho foram usados passos de carga suficientemente pequenos. A maioria dos códigos comerciais de análise de risers possuem um pré-processador que calcula uma configuração inicial do riser baseando-se na equação da catenária, ou seja, desconsiderando a rigidez à flexão e a extensibilidade do riser. Este pré-processador acelera o processo de cálculo. Este trabalho não considerou um pré-processador, porém a equação da catenária foi utilizada como base da comparação. Neste trabalho foi implementado no pré-processador um algoritmo que permite fazer o refinamento de malha na zona de contato corretamente a fim de evitar o erro que pode produzir uma discretização com tamanhos de elementos muito diferentes. Recomenda-se variar o comprimento dos elementos de maneira suave para obter tensões e momentos fletores realísticos. 6.2 Trabalhos futuros Segue a continuação uma lista de trabalhos futuros recomendados pelo autor deste trabalho: • Implementação de um elemento de viga com não linearidade geométrica para conduzir análises tridimensionais. • Formulação de um novo elemento de viga considerando uma linha reta com nós intermediários ou um elemento curvo para melhor aproximação da geometria do riser na zona de contato. • Comparação do desempenho do elemento de viga de Euler-Bernoulli com os elementos propostos no item anterior. Capítulo 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 105 • Como foi dito anteriormente o parâmetro de maior importância no projeto de SCRs é o máximo momento fletor na zona de contato, este momento depende do comportamento mecânico do solo. Modelos não lineares que tomem em conta o comportamento plástico do solo marinho forneceriam resultados mais precisos. Sugere-se tomar como referência os trabalhos de Randolph & Quiggin (2009) e You et al. (2008) que usando curvas P-y, pressão vs. penetração, oferecem modelos não lineares histeréticos para as molas utilizadas na fundação tipo Winkler. • O algoritmo de solução de equações não lineares baseado no método de Newton-Raphson possui desvantagens na análise de instabilidade axial, sugere-se implementar outro algoritmo de solução deste tipo de equações, como por exemplo o algoritmo arc length ou line search, para poder resolver o problema da instabilidade axial na TDZ. • Para a análise dinâmica, sugere-se implementar um algoritmo de integração direta implícita com amortecimento numérico como é o caso do algoritmo HHT para a filtragem das frequências espúrias adicionadas pelo método de penalização implementado. Sugere-se também implementar um algoritmo de integração com passo de tempo variável, com o intuito de aumentar a eficiência do módulo GenoDIS. • Na análise de risers em águas ultra profundas o deslocamento fora do plano criado pela catenária é importante, pelo tanto é recomendável implementar um simulador de risers tridimensional. • Já na análise tridimensional é desejável simular o efeito da fricção com o solo na direção transversal ao plano de curvatura. Deveria-se simular também o efeito do contato/impacto com as paredes laterais da trincheira na resposta dinâmica global do riser. • Neste trabalho o movimento da plataforma à qual o riser está ligado é desacoplado do movimento do riser. Ao analisar risers de maior comprimento a inércia deste em relação à inércia da plataforma cobra importância, não podendo assim fazer um estudo desacoplado. Simulações dinâmicas acopladas do sistema global riser-plataforma devem ser conduzidas. • A implementação de um pré-processador é desejável para melhorar a eficiência computacional. O pré-processador trabalha com as equações de um cabo inextensível para fazer uma primeira aproximação da configuração estática e assim reduzir o número de iterações necessárias até atingir o equilíbrio do riser. O pré-processador também pode servir para criar uma malha refinada nas zonas de maior momento fletor, podendo-se automatizar o processo de discretização. Referências Bibliográficas ANTONIO, L. M. Análise da interação solo-estrutura aplicada a riser rígido em catenária através da formulação co-rotacional. Tese de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2011. API, Recommended Practise 2RD First Edition (1998): Design of Risers for Floating Production Systems (FPSs) and Tension-Leg Platforms (TLPs), American Petroleum Institute, June, USA, 1998. ARGYRIS, J. 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