Recursos Espirituais

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Recursos Espirituais
Recursos Espirituais
JULHO 2010
Í N D I C E
1. Os 10 Elementos Fundamentais em um Modelo de
Igreja Apostólica de Atos 19 ......................................................... 03
George O. Wood
A igreja de Éfeso, liderada pelo apóstolo Paulo, nos oferece
um checklist muito útil à medida que empregamos nossos
próprios esforços.
2. Caminhando para a Colheita ........................................................ 10
J. Don George
Como um pastor conduz sua igreja à colheita com um passo
de cada vez.
3. A Bíblia ensina sobre segurança eterna? .................................... 16
W.E. Nunnally
Se afastar-se de Deus não fosse uma possibilidade nítida, Jesus
não teria falado sobre o assunto.
4. Princípios de Liderança Espiritual das Saudações de Paulo ...... 25
James D. Hernando
Paulo não considerava seus subordinados como
subordinados, mas como colaboradores ou companheiros
servos do Senhor.
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5. O Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus ..... 28
Edgard R. Lee
O Espírito Santo desceu em Jesus no batismo expressamente
para conceder-Lhe poder para começar e completar Sua
missão na terra com êxito.
6. Jesus, o Ungido: Nosso Exemplo para um Ministério
Sobrenatural ................................................................................. 34
Tim Enloe
O ministério de pregação/ensino/profecia de Jesus
exemplifica para nós o discurso sobrenatural e com poder do
Espírito Santo.
www.enrichmentjournal.ag.org
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
•1
A VIDA NOS ENSINA LIÇÕES IMPOR
TANTES
IMPORT
Sempr
e se lembr
e daqueles que te serviram
Sempre
lembre
Numa época em que o sorvete custava bem menos do que hoje, um
menino de 10 anos entrou na lanchonete de um hotel e sentou-se à mesa.
Uma garçonete colocou um copo de água na frente dele.
– Quanto custa um sundae? – perguntou o garoto.
– 50 centavos. – respondeu a garçonete.
O menino puxou as moedinhas do bolso e começou a contá-las.
Bem, quanto custa um sorvete simples? – ele perguntou.
A essa altura, mais pessoas estavam esperando por uma mesa e a
garçonete, quase perdendo a paciência, disse de forma brusca:
– 35 centavos.
O menino, mais uma vez, contou as moedinhas e disse:
– eu vou querer, então, o sorvete simples.
A garçonete trouxe o sorvete simples e a conta, colocou em cima da
mesa e saiu. O menino acabou o sorvete, pagou a conta no caixa e foi
embora.
Quando a garçonete voltou, começou a chorar à medida que ia
limpando a mesa, pois, ali, ao lado do prato, havia 15 centavos em moedas, ou seja, o menino não pediu o sundae porque queria que sobrasse a
gorjeta da garçonete.
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Equipe Editorial / V
ersão em Português
Versão
Tradução: Nadja Matta e Bruno Ferrari
Revisão de textos: Martha Jalkauskas
Diagramação: ©MMDesign
Revisão geral: Neide Carvalho
Coordenação: Márcio Matta
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• enrichment | JULHO 2010
Os 10 elementos fundamentais em
um Modelo de Igreja Apostólica
de Atos 19
POR GEORGE O. WOOD
A igreja de Éfeso, liderada pelo apóstolo Paulo,
nos oferece um checklist muito útil à medida
que empregamos nossos próprios esforços.
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
•3
Os
10
elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 19
E
m Atos 19, Lucas narrou o
modelo de igreja de maior sucesso
na história do Cristianismo. Este
modelo de igreja iniciou-se com
12 discípulos espiritualmente
dormentes e dentro de 30 meses cresceu a tal
ponto que mais de 25.000 cidadãos se reuniram de forma tumultuosa em um teatro aberto
para protestar contra a igreja que acabara de
florescer porque a economia pagã estava entrando em colapso.
Se tivéssemos uma situação similar hoje,
toda a indústria do pecado – a indústria do
sexo e da pornografia, os shows imorais da TV,
o comércio do álcool e do tabaco (apenas para
nomear alguns) – reagiria de igual modo, veementemente, contra o crescimento do Evangelho dentro da nossa cultura secular.
O modelo de igreja de Éfeso, liderada pelo
apóstolo Paulo, oferece-nos um checklist muito
útil à medida que empregamos nossos próprios
esforços em levar o Evangelho para inúmeras
comunidades sem uma igreja evangélica.
Aqui estão 10 elementos fundamentais, de
Atos 19, para um modelo de igreja que sacode
toda uma cidade.
T
TEMPO
No início de sua segunda viagem missionária,
Paulo queria ir para a província romana da
Ásia, mas o Espírito Santo o impediu (At 16.6).
A importante cidade da Ásia era Éfeso. É compreensível porque Paulo queria ir lá. Sua estratégia repousava em alcançar e focar as áreas
urbanas e, a partir desses centros populacionais, ele iria então espalhar novas igrejas para
outras regiões. Ele parou por pouco tempo em
Éfeso quando estava perto do final da segunda
viagem missionária e perguntou: “... Querendo
Deus, outra vez voltarei a vós.” (At 18.21). Somente um retrospecto nos faz entender porque o Espírito impediu-o de ir mais cedo.
Na primeira viagem missionária, Paulo
fundou igrejas ao leste de Éfeso; e, na segunda
viagem, estabeleceu igrejas no lado oeste.
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Quando finalmente veio para Éfeso, na terceira viagem missionária, ele estava a uma distância igual das igrejas do leste e das do oeste.
Estava perfeitamente posicionado para enviar
cartas para ambas as direções, assim essas congregações recém-abertas poderiam ser fortalecidas e conservarem-se sãs na doutrina e na
prática.
Além disso, o Espírito Santo sabia que
Paulo necessitava construir os pilares de um
modelo de igreja antes que chegasse a Éfeso.
Ele escreveu tendo que lutar contra as bestas
em Éfeso (1Co 15.32), cidade que apresentava
o maior desafio de então. Era uma cidade onde
o Oriente encontrava o Ocidente, onde a adoração pagã cristalizava-se em uma das sete
maravilhas do mundo antigo – o Templo de
Diana. Conquistar essa cidade não era moleza
e o Espírito Santo sabia disso. Então, o Espírito Santo fez com que Paulo esperasse até o
momento oportuno.
Nós, da mesma forma, não devemos simplesmente mergulhar em um modelo de igreja
sem esperar pelo Espírito Santo e perguntar:
“É este o tempo certo? Será que temos uma
luz verde do Espírito Santo? É este o momento estratégico de oportunidade?”
g
gABARITO
Gabarito é um padrão ou um molde utilizado
como guia para formar uma peça ou produto.
Há certamente um gabarito no qual tudo se
moldou quando Paulo encontrou doze cristãos
nominais de Éfeso.
Aqui está o pano de fundo. O grande pregador/orador Apolo antecedeu Paulo em Éfeso;
era um judeu aprendiz alexandrino, profundo
conhecedor das Escrituras, cheio de grande
fervor, e ensinava muito sobre Jesus. Entretanto, ele sabia somente sobre o batismo de João,
tanto que Priscila e Áquila, de forma particular, ensinaram-no mais acuradamente. A deficiência de Apolo parece ter sido uma falta de
conhecimento concernente à pessoa e à obra
do Espírito Santo. Essa deficiência é refletida
nos 12 crentes que Paulo
– porque a comunidade de
encontra em Éfeso, procrentes na prolífica cidade de
vavelmente convertidos por
Éfeso tinha apenas 12 discíApolo, uma vez que eles
pulos improdutivos.
também somente conheciam
Paulo sabia que, se
o batismo de João.
estava para crescer e gerar um
Paulo perguntou-lhes:
poderoso impacto na cidade,
“... Recebestes vós já o Espírito
a igreja de Éfeso tinha que
Santo quando (ou depois que)
começar, como fez a cidade
crestes?” (At 19.2).
de Jerusalém, com o gabarito
A pergunta que Paulo fez é
de crentes batizados no EspíPlantar igrejas envolve
fundamental para a teologia
rito Santo. Ele precisava de
muito mais do que
pentecostal do batismo e do
um chumaço em chamas para
demografia
correta,
recebimento do poder do
começar.
liderança eficaz, conjunto
Espírito Santo. Sua pergunta
Embora não fosse
contém um particípio aorista
pentecostal, G. Campbell
de habilidades, diversida(tendo crido) e um verbo prinMorgan fez este comentário
de
de
dons,
finanças
e
cipal aorista (recebestes vós?).
acerca de Atos: “Apolo, um
planejamento.
judeu, alexandrino, aprendiz,
No grego, quando um particípoderoso nas Escrituras, fervoroso
pio aorista é apresentado com
Nós necessitamos
no Espírito, cuidadoso em seus
o verbo principal aorista, a
do
ensinamentos, firme em suas
ação descrita pode ser simuldeclarações, podia levar as
tânea ou subsequente.
pessoas somente até onde ele
Por exemplo, Judas disse:
chegou, nem um metro além disso, nem um centíme“... Pequei (verbo principal aorista) tendo traído
tro além disso... Paulo chegou, não porque ele fosse
(particípio aorista) sangue inocente.” (Mt 27.4).
um homem melhor que Apolo, mas porque ele tinha
Claramente, o pecar e o trair são eventos
um conhecimento mais completo, uma experiência
simultâneos.
mais completa, ele elevou estes mesmos doze hoEntretanto, olhe em Mateus 22.25: “... tendo
mens para um nível alto.”.
casado, (particípio aorista) morreu... (verbo principal aorista)”. Claramente o casar e o morrer
Precisamos reconhecer que plantar igrejas
são sequenciais e não simultâneos.
envolve muito mais do que demografia correta,
Em Atos, Lucas descreve o batismo do
liderança eficaz, conjunto de habilidades,
Espírito Santo como sequencial (At 2.4; 8.17;
diversidade de dons, finanças e planejamento.
9.17) à conversão e simultâneo à conversão
Nós necessitamos do Espírito Santo.
(At 10.44-48).
Que sejamos como o apóstolo Paulo, que
Claramente, os 12 crentes de Éfeso eram
não tinha medo de perguntar à sua recente
seguidores de Jesus na medida em que eram
congregação ou ao grupo inicial de sua igreja:
“tendo crido, vocês receberam o Espírito Santo?”.
chamados discípulos. Paulo não os trata como
pré-crentes e quer saber uma coisa: eles tamOs não pentecostais não fazem esta pergunta.
bém receberam o Espírito Santo quando creNós devemos fazer – se quisermos ver resultados apostólicos.
ram ou depois que creram? A resposta é clara:
“Não.” (At 19.2).
Que, ao iniciarmos novas congregações, posEm seu primeiro encontro com eles, Paulo
samos fazê-lo com o gabarito de crentes cheios
do Espírito Santo.
imediatamente soube onde residia o problema
Espírito Santo.
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Os
10
elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 19
E
ENSINO
O método de Paulo de ministrar aos efésios
consistia em uma apologética baseada em
conteúdo para a fé. Ele arguia persuasivamente
(At 19.8). Em resumo, ele conhecia as perguntas que precisavam ser respondidas e as respondia com conhecimento e paixão.
Em alguns círculos hoje não se faz quase
nada para alcançar as pessoas, exceto apresentar
respostas para perguntas importantes e fundamentais. Paulo aconselhou Timóteo, que mais
tarde segue-o como pastor em Éfeso: “Procure
(isto é, estude) apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra de verdade.” (2Tm 2.15).
Pedro acompanha Paulo: “... estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da esperança que
há em vós.” (1Pe 3.15).
Se intentamos estabelecer igrejas sólidas,
temos que ter conteúdo. Música, fenômenos
externos, amabilidade e publicidade podem
atrair, mas discipulado tem que estar no centro
de nossa abordagem. Temos que evitar o
perigo de ganharmos um público; buscamos
transformar aqueles que foram chamados para
formar a igreja verdadeira e viva de Jesus.
Em Éfeso, Paulo respondia a perguntas.
Sabemos que ele ensinou em 3 lugares: três
meses na sinagoga (At 19.8); dois anos na escola
de Tirano (At 19.10); e continuamente de casa
em casa (At 20.20).
Eu estou especialmente interessado na escola de Tirano porque creio que aquele detalhe
põe em questão algo que nós somos tentados a
negligenciar em nossas igrejas hoje – intensidade no processo de discipulado. Não conseguimos gerar profunda transformação na vida das
pessoas tendo-as somente durante uma ou duas
horas no sábado à noite ou no domingo à noite.
Uma determinada versão bíblica chamada
Versão Ocidental – para Atos 19.9 mostra que
Paulo ensinava na escola de Tirano das 11:00h
às 16:00h. Este período era utilizado como siesta
em Éfeso, mas Paulo usava essa folga cultural
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para treinar crentes.
Vamos fazer a conta. Cinco horas por dia
durante 2 anos. Suponhamos que isso ocorresse
5 dias por semana, com 4 semanas de férias por
ano. O total chega a 1.200 horas de treinamento/ensino por ano (5 horas diárias x 5 dias x 48
semanas = 1.200).
Não é de admirar que o Evangelho tenha se
disseminado a partir de Éfeso para toda a província romana da Ásia. Paulo ensinava intensivamente e treinava outros para pregar o Evangelho. Ele construiu uma igreja participativa,
não uma igreja que simplesmente assistia a
poucos fazerem o ministério acontecer.
Cada uma de nossas igrejas deveria considerar a si mesma uma escola bíblica que treina os
crentes leigos continuamente para a obra de
evangelismo. Cada membro aprendendo, crescendo, testemunhando e assumindo liderança
deve se tornar o nosso mantra.
E
EQUIPE
Toda a Ásia ouviu a santa Palavra do Senhor
(At 19.10). Como? Através dos discípulos.
Paulo tinha auxiliares, dois dos quais eram
Timóteo e Erasto (At 19.22). Seus mentoreados se tornaram anciãos (At 20.17). Seu trabalho vocacional deu suporte às suas próprias
necessidades e àqueles de sua companhia
(At 20.34). Escrevendo de Éfeso aos coríntios,
Paulo citou aqueles que ministravam com ele:
Sóstenes, Estéfanas, Fortunato, Acaico (1Co
1.1; 16.17), Apolo (1Co 16.12; 2Co 8.18,19),
Áquila e Priscila (1Co 16.19) e Tito (2Co 8.16,
17).
Em outras palavras, Paulo não plantava
igreja sozinho. Ele mentoreava futuros líderes.
Sequer tentava fazer algo sozinho.
Ninguém conquista uma cidade ou uma
comunidade sem uma equipe.
T
TRABALHO
Não permita que alguém brinque com você.
Plantar igreja (ou qualquer outro ministério) é
tarefa árdua.
Paulo, evidentemente, usava as tardes para
ensinar na escola de Tirano, e à noite ensinava
de casa em casa. Então, o que ele fazia de
manhã? Fazia tendas. Os “lenços e aventais”
que levavam do seu corpo (At 19.12) não eram
edredons ou lençóis de linho branco mas
panos de sentar e aventais de trabalho. Ele
repete seu trabalho em Éfeso, dizendo que
era um bem sucedido e árduo trabalhador
autônomo (At 20.34,35).
Mais tarde, em uma cidade onde o ganho
financeiro era a inspiração para todo serviço
religioso (relíquias de prata da deusa Diana
exportados para todo o mundo), Paulo recusou
a prata, o ouro ou qualquer acessório.
Adiante, quando descreve seu ministério
em Éfeso, Paulo não foca nos milagres (que
foram muitos), mas no mundano. Ele nunca
converteu dinheiro em milagres. Investia em
outros não em si mesmo.
Eu imagino um pastor cuja igreja engajou-se em um longo dia de distribuição de alimentos e evangelismo aos pobres. Quando perguntado se o faria novamente, ele respondeu:
“Não. Isso é um trabalho muito árduo”. Não é
de admirar porque sua igreja não cresce.
Plantar igreja (ou outro ministério) não é
para aqueles que querem estar “à vontade em
Sião”.
L
LÁGRIMAS
Você pode trabalhar de
forma tão
árdua no ministério a ponto de perder a sensibilidade para com as pessoas. Paulo trabalhou
e enfrentou grandes pressões e ainda assim
continuou “servindo ao Senhor com toda a
humildade e com muitas lágrimas...”. (At 20.19).
Não trabalhemos tão arduamente a ponto de
perdermos a ternura do coração.
Eu olho para trás no ministério pastoral e
vejo que a minha maior satisfação reside não
nas estruturas que construímos, nos membros
que ganhamos, no aumento das ofertas missionárias que experimentamos. Satisfação advém
das vidas que foram tocadas.
Ao fazer uma saudação final para a liderança
da igreja de Éfeso, Lucas registra que: “... levantou-se um grande pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam, entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto.” (At 20.37,
38). Você obtém aquele tipo de profundidade
em um relacionamento e
compromisso somente quando ama as
pessoas terna e
profundamente.
Eu lamento quando ministros ficam contentes ao deixar
uma igreja ou a igreja fica contente quando os ministros partem. Isso me
diz que algo de
vital
importância se
perdeu em uma
igreja que deveria
ser sadia e crescente.
Deixemo-nos
Plantar igreja (ou outro ministério) não é para aqueles
que querem estar
“à vontade em Sião”.
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Os
10
elementos fundamentais em um Modelo de Igreja Apostólica, de Atos 19
ser movidos com compaixão pelas pessoas ao
plantarmos novas igrejas.
M
MECHA
Mecha é um objeto inflamável adaptado para
uso como uma ignição. Seu propósito é atear
fogo ou inflamar.
Isso certamente acontecia em Éfeso. As pessoas pegavam panos e aventais suados da oficina de Paulo e colocavam sobre enfermos e
endemoninhados, e
eles eram curados.
Paulo estivera fazendo
todas as coisas certas,
trabalhando e evangelizando. Mas se a
igreja intenta ir além
do crescimento normal, então tem que
haver coisas de Deus.
Pastor Mung preRecai sobre
gou com meu pai
os líderes
muitos anos atrás no
noroeste da China.
piedosos a
Quando a perseguição
responsabilidade finalmente se levantou, ele recomeçou a
de cuidar do
igreja em 1983 com 30
pessoas idosas. À época em que morreu, em
2004, na idade de 96
anos, a igreja contava
com 15.000 membros.
da Igreja
Antes de morrer, eu
perguntei a ele “Como isso aconteceu?”.
Ele respondeu: “Bem, Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre... e nós oramos bastante” e então descreveu os milagres que o
Senhor fizera naquela cidade.
Que possamos similarmente descrever nosso
trabalho de plantar igreja e revitalizar o crescimento em termos não do que temos feito mas
do que o Senhor tem feito (At 14.27).
A partida final para a mecha em Éfeso veio
no momento crucial dos 7 ocultistas – filhos de
bemestar
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Cevas – que experimentaram o nome de Jesus
explodindo em suas mãos, como uma bomba
manuseada de forma errada (At 19.13-20).
Olhe para essa anomalia. Isso foi o milagre
mais eficaz nos quase 3 anos de Paulo em
Éfeso, e ele não tinha nada com o que fazê-lo.
Mas o efeito foi tremendo – tanto sobre o
público geral que foram “tomados com temor”
como sobre os crentes que queimaram a parafernália ocultista que tinham mantido depois
da conversão.
Quando o poder do Espírito Santo atinge
uma igreja, descobrimos que muitos crentes
têm retido em sua possessão as “obras das
trevas” do inimigo. Se as pessoas em nossas
igrejas trouxessem seus vídeos pecaminosos,
DVDs, revistas, livros, sites da internet, garrafas
e drogas ilegais, teríamos uma fogueira completa. Elas guardam isso porque não há nenhuma demonstração compelida do poder do
Espírito na igreja.
Crescimento exponencial na plantação de
igreja ocorre quando há mecha – um evento ou
uma série de eventos que somente o Espírito
Santo pode orquestrar, uma ocasião ou ocasiões que catapultam a igreja para um novo nível
de crescimento e influência.
E
ESPINHO
O espinho é a parte que gostaríamos de ficar
sem. Mas toda plantação de igreja o terá.
Escrevendo aos efésios, no final de sua 3ª
viagem missionária, Paulo contou à igreja de
Corinto sobre o espinho na sua vida e que,
mesmo com oração, não havia sido removido.
Paulo não diz o que o espinho era, e é bom
que nunca tenha dito, pois nenhum de nós
tem o mesmo espinho.
Eu não conheço nenhum ministério eficaz
ou igreja que esteja sendo plantada em que
não tenha havido sofrimento de algum modo
por parte de liderança.
Eu gostaria de poder aconselhar os plantadores de igreja que tudo seria um mar de rosas,
mas, na verdade, haverá fadiga e dificuldade,
independentemente das orações e dos melhores esforços. Não devemos deixar nosso espinho derrotar nossa missão.
Nós podemos ter o mesmo testemunho de
Paulo “... A minha graça te basta porque o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2Co 12.9).
T
TRANSPARÊNCIA
Paulo contou aos anciãos efésios ao se despedir: “Vocês sabem como eu vivi o tempo todo em que
estive com vocês, desde o primeiro dia que eu vim
para a província da Ásia.” (At 20.18).
Que declaração!
Nenhuma brecha na sua vida, nem tempo
livre para pecado, preguiça ou autoindulgência. Ele estava de plantão o tempo todo. Ele
nunca foi um plantador ou pastor de igreja
somente em tempos bons.
Escrevendo de Éfeso, contou aos coríntios
que ele nunca usara máscara (2Co 3.13-18).
Não havia diferença entre sua vida ministerial
e sua vida pessoal; ou, como ele diria, entre sua
conduta no púlpito e sua conduta particular.
Plantar igreja somente será eficaz à medida
que os plantadores forem autênticos. Nossa
tarefa é viver continuamente de modo tal que
possamos viver para os outros. Siga-me, assim
como eu sigo Cristo (ver 2Ts 3.7,9).
A
AMEAÇA
Os plantadores de igreja devem tomar cuidado
com o perigo. Paulo certamente tomava. Ele
advertiu os anciãos de Éfeso sobre duas ameaças ao bem-estar da igreja:
1. Lobos externos adentrando a igreja; e
2. A insurgência daqueles de dentro que
iriam distorcer a verdade para levar as pessoas
a segui-los (At 20.28-30).
Lobos trazem o caos. Dilaceram as pessoas.
A verdadeira natureza dos lobos e falsos mestres é de causar divisão devido à sua fome
insaciável de autopromoção. Estão mais interessados em construir sua própria igreja, seu
próprio ninho, do que em construir a Igreja de
Cristo.
Assim, recai sobre os líderes piedosos a
responsabilidade de cuidar do bem-estar da
Igreja que Cristo comprou com Seu próprio
sangue.
Antes de dizer para os líderes que cuidem
do rebanho, Paulo apela para que “Olhai, pois,
por vós...” (At 20.28). A vigilância é pessoal é
orientada para o ministério. Devemos cuidar
de nós mesmos antes de cuidarmos de outros.
Você é um supervisor, não um grande chefe.
Somos protetores e defensores do povo de
Deus, lembrando do alto custo da possessão
que nós agora guardamos.
Conclusão
Plantação dinâmica de uma igreja e crescimento ocorrem quando esses 10 elementos apostólicos estão presentes:
1. Tempo
2. Gabarito
3. Ensino
4. Equipe
5. Trabalho
6. Lágrimas
7. Mecha
8. Espinho
9. Transparência
10. Ameaça
Observe o resultado quando estes elementos estiverem presentes na plantação de igrejas. “Assim, a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.” (At 19.20).
Que o Senhor possa nos dar esse tipo de resultado nas comunidades ainda não alcançadas
do nosso país, à medida que nós possamos vigorosamente plantarmos novas igrejas e revitalizarmos aquelas já existentes.
GEORGE O. WOOD
Doutor em Teologia Prática
Presidente da Convenção Geral das
Assembleias de Deus dos EUA.
Springfield, Missouri (EUA)
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•9
Caminhando para
Como um pastor conduz sua igreja à colheita com um passo de cada vez.
POR J. DON GEORGE
Quando cheguei em Irving, Texas (EUA), em
1972, eu tinha 17 anos de experiência de ministério – 6 anos como evangelista e 11 anos
como pastor. Durante minhas viagens evangelísticas, minha esposa, Gwen, e eu vimos inúmeras igrejas que alcançavam sua comunidade
de diversas maneiras. Quando aceitei pastorear Irving, questionei a Deus: Como devo
alcançar essa cidade? Mais de 80 igrejas estão
localizadas aqui. Existem milhares de igrejas
em toda metrópole das cidades texanas de
Dallas/Fort Worth. Que estratégia de crescimento de igreja o Senhor quer que eu use?
Parecia que as igrejas já estabelecidas com
seus grandes corais, lindos prédios e elaborados programas tinham vantagem em alcançar
essa região com o Evangelho. O que eu deveria fazer?
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| JULHO
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• enrichment
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Deus claramente falou ao meu espírito. Revelou-me que as igrejas já existentes tinham lugar
em Seu plano, mas que havia brechas em suas
ações sociais. Disse-me para estender a mão para
pessoas que ninguém estava alcançando. Desafiou meu coração e eu aceitei o desafio pela fé.
Fiz o compromisso de visitar pessoalmente
500 lares toda semana. Toda segunda-feira de
manhã, eu preparava 500 folhetos e separava-os
em montes de 100. Cumpri fielmente meu
compromisso de visitar 100 lares por dia.
Durante essas visitas, eu conversava de uma
maneira bem pessoal, fazendo com que as pessoas entendessem que eu me importava com elas.
Então, de maneira discreta e descomprometida,
eu lhes indicava nossa igreja como um lugar
onde poderiam encontrar esperança através de
um encontro com Jesus Cristo.
a Colheita
Caminhadas Diárias
As caminhadas diárias pela vizinhança de Irving
me colocaram em contato com pessoas que
estavam no meio de sua rotina. Dependendo de
quantas pessoas se comprometiam em conversar
comigo, essas caminhadas consumiam uma grande parte do meu dia. Às vezes, levava o dia todo
para visitar 100 casas.
Ao contrário do que muitas pessoas teriam
levado você a pensar, o evangelismo pessoal não
é um foguete de ciências. Não requer Ph.D. em
psicologia, ou faculdade de sociologia ou comunicação interpessoal. A maior parte do evangelismo pessoal consiste em conversar com as pessoas. Se conversar com várias, alguma você alcançará. Geralmente eu digo: “Sou um pastor novo na
cidade. Existe uma igreja nessa cidade que você
pode não conhecer. Quero te falar sobre essa
igreja. Estamos aqui para ajudá-lo. Receba um
folheto. Adoraríamos vê-lo em nosso culto.”
Às vezes, as pessoas se empenham em conversar comigo. Quando não há ninguém em
casa, deixo um folheto na porta. Às vezes, a
resposta é educada – “Obrigado”. Às vezes,
nem tanto – “Não estou interessado”. Mas se
conversar com bastante gente, você encontrará
a colheita.
Minhas caminhadas se estenderam por
semanas e meses. Os meses se estenderam por
3 anos. Nossa igreja viu o fruto dessas caminhadas. As pessoas começaram a visitar nossos
cultos de domingo. Na semana seguinte eu
procuraria mais 500 novos lares para visitar.
Nos sábados eu fazia contato com as pessoas
que tinham ido à igreja no domingo anterior.
Meu propósito em visitar a vizinhança de
Espirituais
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Espirituais
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© 2007 Jonny Hawkins
Irving não era o de impressionar
as pessoas com nossa igreja ou
comunidade. Enquanto eu
queria maximizar o ministério
da nossa igreja, não fazia 500
visitas semanais apenas para
colocar nossa igreja num caminho artificial de expansão, mas
porque era minha maneira
pessoal de alcançar a cidade
para Deus. Sabia que não poderia depender de ninguém para
fazê-lo. Era um mandamento
de Deus para mim.
Com essa filosofia em mente, também comecei o ministério em casas de repouso. Descobri duas em nossa cidade que
me permitiram ir todas as quartas-feiras de manhã, onde ia e
cantava músicas evangélicas,
fazia o devocional e mostrava o
amor de Cristo pelas pessoas.
Essas visitas raramente as
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colocavam nos bancos da igreja.
Os idosos não davam nenhuma
oferta. Mas minhas visitas ainda
cumpriam a lei da colheita: se
semear a semente, você colherá
os frutos; se semear a semente,
a colheita crescerá. Muitas
vezes Deus faz com que plantemos a semente em uma área e
colhamos os frutos em outra. O
ponto de partida é cumprir a
Grande Missão através do envolvimento com a comunidade.
Caminhando como Exemplo
Um pastor não pode levar ninguém para onde ele mesmo
ainda não tenha ido. Uma outra
pessoa pode tentar, mas o chamado do pastor não é conduzir
pessoas. Pastores são chamados
para liderar o rebanho de Deus.
Devemos andar por onde esperamos que as pessoas nos sigam.
O pastor
que não está
disposto a se
comprometer com o
evangelismo
será incapaz
de levar
outros para a
verdade. Se
quisermos
pessoas envolvidas em
evangelismo
pessoal,
então nós,
como líderes, devemos tam-
bém nos envolver. Se esperamos pessoas comprometidas
com uma causa – evangelismo,
ações sociais amplamente
voltadas para a comunidade, ou
um ministério dentro da igreja –
então devemos estar comprometidos primeiro. Devemos dar
o exemplo de envolvimento
que as pessoas possam seguir.
O exemplo do pastor não
deve evaporar quando a igreja
começa a crescer. Alguns pastores descem para as trincheiras
na dianteira do desenvolvimento de suas igrejas. Então, quando levantam uma congregação
de 1.000 membros e deram vida
a uma dúzia de ministérios,
perdem o desejo pelo envolvimento de base com as pessoas.
Alguns se imaginam executivos
e trocam de cargo, ficando apenas no administrativo.
Quando minhas responsabilidades evoluíram ao longo dos
anos, determinei não perder
minha conexão com os ministérios dentro de nossa igreja.
Viajava-se para pregar em uma
conferência numa quinta ou
sexta-feira, voava de volta para
casa na sexta à noite para poder
comparecer ao café do discipulado nos sábados de manhã. Eu
queria estar presente todo final
de semana para nossas ações
sociais feitas pelo ministério de
ônibus aos sábados porque esta
é linha de contato de nossa
igreja com a comunidade. Acredito em estar envolvido com a
igreja no nível da fundação.
Não se consegue liderar
pessoas até que se ganhe seu
coração. As pessoas não seguirão um pastor pela força de seu
curriculum. Você deve ganhar o
coração das pessoas antes que
venham a seguir você e ajudar a
ganhar a cidade para Deus.
Ganhar o amor e a fidelidade
das pessoas requer tempo e
ação. A fidelidade é intransferível. Não importa quão amado e
respeitado seja um pastor em
uma cidade; quando ele muda
para uma igreja ou um cidade
diferente, o processo deve
começar de novo.
As pessoas observam o pastor
e o que ele faz. Quando ele diz
“Faremos isso”, as pessoas avaliam seu envolvimento. Se for
comprometido com o ministério
que está pedindo que sejam,
uma ligação espiritual acontece.
As pessoas desenvolvem complacência para seguí-lo. Um
grupo de crentes é moldado e o
Evangelho chacoalha a comunidade.
Caminhando com o Espírito
Se a vida e o ministério do pastor devem ser inspiração para a
congregação e para a comunidade, então sua caminhada com o
Espírito deve ser próxima e
consistente. O Espírito caminha
conosco na rotina mundana da
vida e então, repentinamente,
apresenta-nos oportunidades
que surgem para que Deus trabalhe em proporções miraculosas.
Pense no tempo em que
Pedro e João caminharam até o
templo de Jerusalém. Eles eram
homens cheios do Espírito, alimentados fielmente pelos ensinamentos de Cristo e moldados
continuamente pela confiança
em Deus. Isso era um processo.
Jesus sabia do futuro ministério de Pedro e trabalhou com
ele para ajudá-lo a crescer além
de sua natureza impulsiva e
impetuosa, de sua pressa em
criticar, de sua relutância em se
arrepender e de suas explosões
de raiva. Embora não seja classificado da mesma maneira que
Pedro, João estava entre os discípulos o tempo todo argumentando sobre quem era o melhor
e tentava se posicionar como o
favorito de Jesus. João precisava
de maturidade também.
Após o Espírito Santo ter
transformado dramaticamente
Pedro e João no Cenáculo e tê-los revestido com o poder do
alto, Pedro se tornou o portavoz da Igreja nas ruas de Jerusalém. João ministrou à Igreja
Primitiva através de suas epístolas e do Livro de Apocalipse.
Pedro e João caminharam
para o templo muitas vezes
durante todo processo de transformação. Passavam por um
homem coxo todos os dias
quando iam para o templo orar.
Nunca tinham parado para curá-lo até o dia em que receberam
o revestimento – o poder de
Deus – durante o derramamento no Cenáculo. Foram transfor-
mados naquele dia. Mais adiante, quando visitavam o templo,
encontraram o coxo, pegaram-no pela mão, ministraram a
cura, levantaram-no e o libertaram (Atos 3.1-10).
O poder do Pentecostes
equipa os cristãos para o evangelismo, concede paixão aos
crentes e dá ordens para marchar à igreja. É tolice pensar
que um crente possa ser eficaz
no evangelismo sem que o poder do Espírito de Deus habite
em todas as áreas de sua vida.
Caminhar com o Espírito faz
a diferença entre apenas outro
dia no gabinete escrevendo um
sermão e um encontro pessoal e
poderoso com Deus que vivifique sua mensagem. Caminhar
com o Espírito faz a diferença
entre trabalhar sobre uma lista
de visitações e um encontro
pessoal com Deus que confere
energia divina para alcançar as
pessoas em suas casas, nos
hospitais e nos supermercados.
O pastor que caminha com o
Espírito não precisa correr ou
pular obstáculos. Não precisa
programas grandiosos ou orçamentos de 6 dígitos. Apenas
precisa ouvir a calma voz de
Deus que o guia.
Caminhando com o Mentor
O pastor que estiver caminhando para uma grande colheita
andará com pessoas que estão
na jornada há mais tempo –
pessoas cuja sabedoria divina
ele acalenta. Muitos homens de
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Deus têm beneficiado minha
vida e meu ministério.
Aprendi uma grande coisa
com meu pai. Quando me
aconselhava, eu sentia como se
estivesse numa escola bíblica.
Servia na igreja de meu pai
porque ele era um pastor maravilhoso. Por 6 anos servi como
evangelista e aprendi grandes
coisas com os pastores de onde
eu pregava. Sempre tentei
aprender com os pastores mais
bem sucedidos.
Enquanto observava, eu
aprendia a fazer várias coisas.
Também aprendi a não fazer
muitas. Muitas igrejas que
permanecem estagnadas não
crescem porque o pastor está
fazendo as coisas erradas, como
dirigindo mal as pessoas.
O pastor pode ser voltado para o
conflito, com um espírito de
pugilista, ao invés de mostrar
amor, perdão e aceitação. Com
muita frequência, a ideia do
© 2010 Dik LaPine
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pastor é: É do meu jeito ou rua; se
você não aguenta, pegue sua mala e
suma; ou ainda, É do meu jeito ou
a porta da rua é a serventia da
casa.
Se o pastores pelo menos
confiassem no poder do Evangelho e parassem de contar com
a iniciativa dos homens... O
Evangelho produz resultados. A
lei da colheita é: quando semeia
a semente, você sega a colheita.
Fiz algumas coisas em meu
primeiro pastorado que não deveria. Usei a motivação errada
em um ano, enquanto encorajava as pessoas a pagarem os
dízimos. Dificultei a situação
para aqueles que não estavam
pagando. O resultado foi que
algumas pessoas deixaram a
igreja. Aprendi logo a não fazer
isso novamente. Aprendi a
dizer, como Tommy Barnett:
“Você tem que ampliar seu círculo de
amor”. Precisa continuar alcan-
çando pessoas em amor e aceitação.
Durante 10 anos de
pastorado em Plainview,
nossa média anual de
comparecimento não foi
superior a 150 pessoas.
Entendi o que os pastores passam quando
pastoreiam em cidades
pequenas. Entendi a
dificuldade de ter visitantes em sua porta e a
dureza de ter que corrigir suposições impróprias em relação à igreja
em uma comunidade.
Existem várias razões porque
igrejas não crescem. Muitos são
os pastores que trabalham em
campos difíceis. Contudo,
aprendi muito através dessas
experiências.
Por mais que eu tenha valorizado tudo que aprendi com
meus mentores, nunca imitei o
ministério deles. É um erro copiar outro pastor, ou mesmo duplicar a metodologia de alguém.
É um erro porque Deus não
concede os mesmos talentos a
todas as pessoas. Na verdade,
Deus nos criou diferentemente.
Ele tem um plano único para
cada pastor, cada pregador e
cada homem. Copiar algo que
alguém tem feito pode ser um
fracasso.
Quando você considera o
fato de que toda igreja, cidade e
cultura é diferente, percebe
que seu ministério deve ser
diferente para que se cumpra a
Grande Comissão em seu campo de colheita.
O pastor precisa observar o
que pastores bem sucedidos
fazem e então utilizar os princípios que eles usam, ao invés de
utilizarem exatamente os mesmos métodos. Os bem sucedidos utilizam princípios. Por
exemplo, o princípio de um
pastor é andar onde ele espera
que as pessoas andem. Outro
princípio é de que o preenchimento do Espírito Santo provê
poder para o ministério. Revestimento de poder capacita os
crentes a um evangelismo
eficiente. Pastores precisam
aplicar os princípios, mas precisam também orar e escolher
cuidadosamente seus métodos.
Caminhando com os
Discípulos
Um grande princípio que tem
modelado meu ministério é
este: o pastor deve desenvolver
os discípulos através da associação com eles. Foi o que Jesus
fez. Este princípio é o inverso
do princípio de mentoreamento
que segui. Porque Deus tem
trazido pessoas para minha vida
para que compartilhem sua
sabedoria e experiência, e
também abençoem minha
jornada no ministério. Devo isto
a outros para oferecer o mesmo
encorajamento e orientação sob
a liderança de Deus.
A maior parte de minha responsabilidade espiritual é a de
discipular jovens para saírem de
nossa igreja e fazerem uma
grande obra para o Reino.
Um de meus objetivos é
discipular pelo menos 10 indivíduos que levantarão igrejas
maiores e farão uma obra ainda
maior do que a que estamos
fazendo para Deus aqui e agora.
Deus já estendeu esse crescimento para mais de 10 pessoas
que eu tinha vislumbrado.
Existe talvez uma dúzia de
jovens no ministério agora em
crescimento que eu acredito
que expandirão além das dimensões do meu ministério.
Não posso apontar exata-
mente quando o discipulado
começou a impactar meu ministério. Estava em minha Calvary
Church há mais ou menos 10
anos quando nasceu em mim
que aquele discipulado era o
que eu precisava estar fazendo.
Desde que empreguei esse
princípio, ele tem tocado tudo o
que faço. Investi em mim para
treinar jovens, mandando-os ao
campo e motivando-os a terem
visão e paixão. Enquanto os
ajudei a entenderem como fazemos o ministério na Calvary,
também forcei-os a descobrir o
plano de ação social que Deus
tem para cada um deles no
campo da colheita.
Caminhando sem Cansar
Compartilho minha história
com pastores que procuram
maneiras de maximizar a ação
social de sua igreja – de acordo
com o tamanho de cada uma.
Diversos pastores das
Assembleias de Deus servem
em igrejas pequenas. Eles se
perguntam: Como posso fazer
isso? Como nossa igreja pode,
com recursos limitados, ter um
impacto mensurável em nossa
comunidade? Nunca esquecerei
que perguntei a Deus as mesmas coisas quando cheguei na
cidade texana de Irving.
A lei da colheita afirma que
se você plantar o que tem,
colherá de acordo com a generosidade de Deus.
Hoje, nossa igreja se associa
com ministérios como Convoy
of Hope. Nossos ônibus trazem
jovens e crianças do outro lado
da cidade. Nossos grupos de
evangelismo levam o Evangelho à comunidade. Estamos animados com projetos que nos
permitem doar bicicletas, bonecas e bolas enquanto impactamos milhares de jovens e crianças com o Evangelho.
Embora não estivéssemos
fazendo nada disso em 1972,
Deus já tinha tudo em foco. Ele
tem grandes planos para cada
igreja que levanta. Um pastor
pode dizer, “Não podemos
fazer o ministério ‘A’ porque
não temos dinheiro o suficiente”. Tudo bem. Descubra o
ministério ‘B’ ou o ‘C’. Encontre a ação social que Deus tem
para sua comunidade. Sempre
existe uma maneira de alcançar
pessoas com o amor de Deus
mesmo quando os recursos são
limitados. Toda igreja grande
começou como igreja pequena.
Deus está abençoando a Calvary Church, mas Sua benção
veio quando encontramos uma
maneira de alcançar a cidade
através do compromisso pessoal. Caminhamos para nossa
colheita um passo de cada vez.
Continuamos a caminhar firmemente comprometidos em ouvir
a voz do Espírito. E você? Está
preparado para sua jornada?
J. DON GEORGE
Doutor em Divindade
Pastor-Presidente da
Calvary Church, em
Irving, Texas (EUA)
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Enriquecimento Teológico / W.E. NUNNALLY
A Bíblia Ensina
sobre Segurança
Eterna?
Podem os
cristãos
perderem sua
salvação ao
recusarem o
senhorio de
Cristo?
Introdução
Em um artigo anterior, eu discuti
brevemente a posição doutrinária da
perseverança dos santos, segurança
eterna, ou, uma vez salvo, salvo para
sempre. Aqui, porém, discutirei de
forma mais completa.
A doutrina da segurança eterna
ensina que uma vez que a pessoa
experimenta a salvação, nada pode
fazê-la perder esse status. Millard J.
Erickson afirma: “A posição Calvinista é
clara e decisiva neste assunto: ‘Eles, a
quem Deus tem aceitado, que foram chamados, e santificados pelo Seu Espírito,
não podem perder nem totalmente nem
definitivamente o estado da graça, mas
deve perseverar até o fim, e serem eternamente salvos’”. (WESTMINTER CONFES-
FAITH, 17.1).
Henry C. Thiessen adiante afirma:
SION OF
“De acordo com a afirmação de que eles
‘não podem perder nem totalmente nem
definitivamente o estado da graça’. Isso não
é equivalente a dizer que eles nunca poderão ter uma recaída, nunca pecarão, ou
W.E. NUNNALLY, Ph.D.
Professor de Judaísmo Primitivo e Origens Cristãs na
Universidade Evangel
Springfield, Missouri (EUA)
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nunca deixarão de louvar a Aquele que os
chamou das trevas para Sua maravilhosa
luz. Apenas significa que eles nunca perderão totalmente o estado da graça e retornarão ao lugar de onde eles foram tirados.”
Assim como a expiação limitada,
Agostinho popularizou no século V
a.C. a doutrina da perseverança dos
santos. A Igreja Católica Romana
finalmente adotou seus ensinos sobre
esse assunto como doutrina oficial.
Foi a posição comumente aceita no
tempo da Reforma Protestante. Líderes da Reforma, como João Calvino,
também a aceitou e promoveu juntamente com uma série de outras doutrinas e práticas católico-romanas préreforma. Dessa maneira, a segurança
eterna adentrou nos sistemas doutrinários de diversas denominações
protestantes modernas de hoje.
A tradição arminiana-wesleyana de
santidade e as Assembleias de Deus
que cresceram fora disso têm historicamente rejeitado a crença da segurança eterna. O website oficial das AD
afirma: “As Assembleias de Deus tomaram
uma posição contrária ao ensinamento de
que a soberania de Deus substituirá completamente o livre arbítrio do homem para
que este O aceite e O sirva. Em virtude
disto nós acreditamos que é possível que
uma pessoa uma vez salva se afaste de
Deus e esteja perdida novamente”.
Muito embora as Assembleias de
Deus tenham tomado uma posição
forte e inequívoca, as pessoas a quem
ministramos podem não entender
essa doutrina ou nossa posição em
relação a este assunto.
As pessoas em nossas congregações geralmente trabalham com
outras que acreditam em segurança
eterna. Elas precisam saber como
refutar as crenças de seus colegas de
trabalho. Por isso, é importante que
os pastores ensinem os argumentos
usados pelos proponentes da perse-
verança dos santos/segurança eterna,
as respostas apropriadas para suas
afirmações e a base bíblica da nossa
posição: crentes podem voluntariamente perder sua salvação se se afastarem do senhorio de Cristo.
Há, com certeza, crenças diversas
com relação à segurança eterna dentro do Calvinismo. Por exemplo, uma
visão extrema argumenta que Deus
levará um crente para casa porque ele
não endireita sua vida e tornou-se um
estorvo para Ele. Outros que acreditam em segurança eterna, mas não
acreditam que esta dê licença para
pecar: “Por outro lado, porém, nosso
entendimento da doutrina da perseverança
não permite a indolência nem a negligência.
É questionável se uma pessoa que racionaliza, ‘Agora que eu sou um cristão, posso
viver como eu quiser’, foi realmente convertida e regenerada. A fé genuína surge, ao
contrário, no fruto do Espírito.”
Textos usados para sustentar Seg.
Eterna e suas próprias interpretações
Aqueles que apoiam a visão da salvação de Segurança Eterna (SE) geralmente se referem a João 5,24 para
sustentar sua posição, “Na verdade, na
verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou tem
a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.”
Proponentes acreditam que este
versículo signifique que, uma vez
que passou da morte para a vida, você
eternamente terá vida. O contexto
gramatical desse versículo, porém,
esclarece que a palavra eterna não é
um advérbio que modifica o verbo,
como quando se diz eternamente terá
vida. Ao contrário, é parte do substantivo composto. Assim, a vida é eterna,
não a posse dela. Também, as palavras ouvindo e crendo estão no gerúndio, o que significa ação contínua.
Proponentes também argumentam
Crentes podem
voluntariamente
perder sua
salvação se
se afastarem
do senhorio de
Cristo.
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
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A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 17)
Se afastar-se
de Deus não
fosse uma
possibilidade
nítida, Jesus
não teria
falado sobre
o assunto.
18
que, uma vez que a pessoa e Deus se
unem, esse laço nunca pode ser desfeito; apelam para João 6.37, “Tudo o
que o Pai me dá virá a mim; e o que vem
a mim de maneira nenhuma o lançarei
fora.” Não podemos dizer, porém,
que este texto exclua a possibilidade
de que alguém possa escolher ir embora (compare com João 17.12).
João 10.27,28 também é usado para
sustentar a doutrina da SE: “As minhas
ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheçoas, e elas me seguem; e dou-lhes a vida
eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém
as arrebatará das minhas mãos.”
A estes versículos podemos também acrescentar Romanos 8.35,39:
“Quem nos separará do amor de Cristo?
... Nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor!”
Deve-se observar também que o
tempo presente no grego denota ação
contínua. Esse versículo é traduzido
literalmente como “As minhas ovelhas
continuam ouvindo a minha voz, e eu
continuo conhecendo-as, e elas continuam
me seguindo; e continuo dando-lhes a vida eterna.” Significa que o fato de não
perecermos depende da nossa ação
contínua de ouvir e de seguir a Jesus,
tema que ecoa em toda a Bíblia. Ao
contrário de sustentar a SE, este texto
sustenta a possibilidade de um crente
se afastar de Deus se rejeitar a continuar a obediência a Cristo.
Usando João 15.1-11, proponentes
afirmam “Se os crentes se fizeram um em
Cristo e Sua vida flui neles (Jo 15.1-11),
nada pode anular essa conexão.” Mas o
capítulo 15 inteiro mostra a possibilidade de essa conexão ser quebrada.
A palavra traduzida como permanecer em todo o capítulo 15 é meno,
que significa ficar, continuar. Portanto,
Jesus diz, “Toda vara em mim que não
dá fruto, a tira...Se alguém não permane-
• enrichment | JULHO 2010
ce [fica, continua] em mim, será lançado
fora, como a vara, e secará; e os colhem e
lançam no fogo, e ardem.” (Jo 15.2,6).
A próxima seção começa com Jesus
declarando, “Tenho-vos dito essas coisas para que vos não escandalizeis.”
(Jo 16.1). Se afastar-se de Deus não
fosse uma possibilidade nítida, Jesus
não teria falado sobre o assunto.
Alguns adeptos da SE apontam
para as palavras de Paulo em Filipenses 1.6 para apoio, “Tendo por certo isto
mesmo: que aquele que em vós começou a
boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de
Jesus Cristo.”
Lendo os versículos 1-11, porém,
torna-se claro que o que Paulo estava
seguro era o fato do desejo dos
filipenses de forçarem a maturidade –
a única segurança real do crente. Isto
é sustentado pela advertência aos
filipenses para “operar a vossa salvação com temor e tremor.” (2.12). Além
disso, após notar que mesmo seu
próprio destino eterno ainda não
estava escrito nas pedras (3.12,13), e
para ter certeza de sua vida eterna,
Paulo se esforçou para uma maior
maturidade e obediência (3.14). Ele
exortou os filipenses a seguirem seu
exemplo e evitarem seguir o exemplo
daqueles cujo fim é a destruição
(3.17-19).
As pessoas, às vezes, apelam para
Hebreus 7.25, “Portanto, pode também
salvar perfeitamente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles.” Defensores entendem que a palavra sempre se refira
àqueles que se aproximam de Deus
para salvação. O contexto imediato,
porém, e a mensagem do livro de
Hebreus requerem a frase para se
referir a Jesus e a duração de tempo
em que Ele, como Sumo Sacerdote, é
capaz de prover a expiação a qual faz
com que a salvação seja possível não
para a segurança eterna do crente
(compare também os vv. 3,17,21,25;
5.6; 6.20).
Mas o texto favorito daqueles que
adotam a SE é 1 João 2.19, “Saíram
de nós, mas não eram de nós; porque, se
fossem de nós, ficariam conosco; mas isto
é para que se manifestasse que não são
todos de nós.” Adeptos usam essa
passagem para afirmar que aqueles
que pararam de seguir a Cristo nunca
tinham experimentado a salvação.
Existem várias coisas que devemos
examinar neste versículo.
Primeiro, o texto não afirma explicitamente o que os proponentes de
SE asseveram que afirme (que separação significa que a salvação deles
não era real). João estava escrevendo
depois de sua deserção e observando
que o abandono era prova de que eles
não pertenciam mais à comunidade
dos remidos. João os estava comparando àqueles que tinham resistido
aos falsos ensinamentos, continuado a
adotar a verdade e persistido em
permanecer em Cristo (v. 24).
Segundo, o contraste entre as respostas de ir embora e permanecer/ficar
relembram os próprios ensinamentos
de Jesus em João 15, onde Ele descreveu membros do corpo de Cristo
que falham em permanecer, não continuam a produzir frutos, secam e são
finalmente lançados fora.
Terceiro, ambos os AT/NT estão
repletos de exemplos de pessoas e
grupos que estavam, em algum ponto, claramente ao lado de Deus mas
que depois repudiaram Seu senhorio
(Gn 4.3-16 [comp. Jd v. 11]; Êx 32.32,
33; Nm 3.2-4; 4.15-20; 16.1-33; 22.8,
12,19,20,32-35; 24.1,2,13; 31.7,8; 1Sm
10.1-7,9-11; 13.8-15; 16.14,31; Jo 6.66
[comp. v. 67]; 1Co 5.1-13; 1Tm 1.19,
20; 2Tm 1.15; 2.17,18; 4.10; Tt 1.1216; Hb 12.15-17; 2Pe 2.1; Ap 2.6,15
[comp. At 6.5; HISTÓRIA ECLESIÁSTICA
– Eusébio 3.29, 20]).
Passos que Levam à Apostasia
1. O crente, por sua falta de fé, deixa de levar
plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de
Deus (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).
2. Quando as realidades do mundo chegam a
ser maiores do que as do Reino celestial de Deus,
o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de
Deus através de Cristo (4.16; 7.19,25; 11.6).
3. Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante ao
pecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5;
Hb 3.13). Já não ama a retidão nem odeia a
iniquidade.
4. Por causa da dureza do seu coração (3.8,13)
e da sua rejeição dos caminhos de Deus (3.10),
não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22).
5. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30, cf.
Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seu
templo é profanado (1Co 3.16). Finalmente, Ele
afasta-se daquele que antes era crente (Jz 16.20;
Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14).
Donald Stamps, Editor Geral da Bíblia de Estudo
Pentecostal (CPAD).
Argumentos que Advertem os
Crentes sobre a Possibilidade da
Apostasia
Às vezes, os adeptos do Arminianismo não têm articulado claramente sua
posição doutrinária. Temos usado a
expressão perder sua salvação, como se
esse ato pudesse ser acidental, não
intencional e o resultado de um deslize momentâneo. Os detratores têm
justamente atacado essa frase como
uma reflexão imprecisa das Escrituras. Por isso, devemos nos refamiliarizar com passagens que sustentem
nossa doutrina e então articularmos
de uma maneira que reflita apropriadamente o ensinamento da Palavra de
Deus.
Os ensinamentos arminianoswesleyanos sobre santidade e Pentecostes sustentam que os crentes man-
Devemos nos
refamiliarizar
com passagens
que sustentem
nossa doutrina.
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
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A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 19)
Deus não
invadirá ou
violará o livre
arbítrio que Ele
propositalmente
criou no homem.
têm seu livre arbítrio mesmo após a
salvação. As Escrituras ensinam que
aqueles que confiam e obedecem a
Jesus são ainda mais livres após a
salvação do que antes (Jo 8.36;
Gl 5.1,13), não menos. Nossa doutrina pode ser descrita pelas frases
bíblicas “da graça tendes caído”
(Gl 5.4), “apartar do Deus vivo”
(Hb 3.12) e “recaíram.” (Hb 6.6).
J. Rodman Williams afirma: “Mas,
por causa do fato de que a salvação de
Deus opera através da fé – a fé viva – o
abandono dessa fé pode levar à apostasia.
Ao falhar em permanecer em Cristo, em
continuar nEle e em Sua palavra, perseverar em meio a julgamentos mundanos e
tentação, fazer com que a fé se firme e
fortaleça – desse modo permitindo que a
incredulidade entre – os crentes podem se
afastar de Deus. Assim poderão tragicamente perder sua salvação . (Ver quadro,
Passos que Levam à Apostasia).
A palavra apostasia é a transliteração da palavra grega apostasia do NT.
Referências observam que essa
palavra e sua forma verbal incluem
essas nuanças: tomar uma posição,
cometer deserção ou traição política,
separar de, afastar-se de , induzir a
revolta, retirar, desviar, desaparecer,
cessar toda interação com, desertar, pôr
de lado (como em divórcio). Nenhum
desses itens sugere uma perda de
pacto como resultado de uma brecha
acidental ou temporária de padrões
estabelecidos de santidade. Ao contrário, todos eles implicam a previsão,
intenção e estado persistente de
rebelião contra a autoridade de Jesus
sobre a vida de alguém (ver quadro
Apostasia).
Livre Arbítrio
Apostasia
A
postatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou
apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé nEle. Sendo
assim, apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação do Espírito Santo
(cf. Lc 8.13; Hb 6.4,5); não é simples negação das doutrinas do NT pelos
inconversos dentro da igreja visível. A apostasia pode envolver dois
aspectos distintos, embora relacionados entre si: (a) a apostasia teológica, i.e., a rejeição de todos os ensinos orginais de Cristo e dos apóstolos
(1Tm 4.1; 2Tm 4.3); e (b) apostasia moral, i.e., aquele que era crente
deixa de permanecer em Cristo e volta a ser escravo do pecado e da
imoralidade (Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13).
20
• enrichment | JULHO 2010
Deus criou o homem à Sua imagem e
semelhança (Gn 1.26). Em parte, isto
significa que da mesma forma que
Deus pensa, planeja, raciocina e
decide, o homem também o faz.
Embora a queda tenha parcialmente apagado a imagem de Deus
estampada sobre a humanidade na
criação, esses outros atributos certamente não o foram. Além disso, Deus
não invadirá ou violará o livre arbítrio
que Ele propositalmente criou no
homem de aceitar ou não a Cristo.
No AT, Deus tratou com os
israelitas quase que exclusivamente
através de pactos condicionais. Deus
continuou a adverti-los para que
cumprissem suas obrigações no pacto
ou o relacionamento com Ele poderia
ser anulado (compare Êx 32.33; Lv
22.3; Nm 15.27-31; Dt 29.18-21; 1Re
9.6,7; 2Re 17.22, 23; 24.20; 1Cr 28.9;
2Cr 7.19-22; 15.2; 24.20; Sl 69.28;
Is 1.2-4; 59.2; Jr 2.19; 5.3,6,7; 8.5,12;
15.1,6,7; 16.5; Ez 3.20; 18.12,13;
33.12). A graça estava disponível no
AT (Êx 34.6, Nm 6.25; Jr 3.12), mas
como no NT, a graça nunca foi uma
desculpa para se continuar em pecado e nunca diminui as exigências de
um pacto (compare Jo 1.16,17; Rm
6.1,2; 8.7-11; Lc 12.48; compare também Rm 1.31, “incrédulos” ou “pérfidos”).
Os Evangelhos
João, o Batista, audaciosamente proclamou, “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore,
pois, que não dá bom fruto é cortada e
lançada ao fogo.” (Mt 3.10; Lc 3.9).
De fato, Jesus começou Seu ministério reiterando esta mesma mensagem
(Mt 7.19).
Jesus também ensinou que se não
estivermos predispostos a perdoar,
removemos a possibilidade de recebermos o perdão de Deus (Mt 6.15).
No contexto histórico original de
Jesus e no contexto canônico de
Mateus, a nova comunidade em
aliança – composta por crentes –
Jesus disse que apenas aqueles
que resistirem até o fim serão salvos
(Mt 10.22; 24.13), e que se O negar-mos diante dos homens, Ele nos
negará diante do Seu Pai (Mt 10.33).
Quando disse, “todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a
blasfêmia contra o Espírito Santo não
será perdoada aos homens.” (Mateus
12.31), Ele não fez distinção entre
os salvos e os não salvos.
Na parábola do Semeador, a semente caía na terra e começava a
produzir frutos, mas várias circunstâncias finalmente a destruíram (Mt
13.3-23). Em Mateus 18.15-17, Jesus
ordenou que os membros da comunidade da aliança que persistiam em
falta de não se arrepender fossem
colocados para fora da igreja e tratados como excluídos da aliança. Jesus
também advertiu que, nos últimos
dias, falsos messias “enganarão muitos” (Mt 24.5) e, durante a perseguição, “muitos seriam escandalizados”
(Mt 24.10). O versículo 24 recorda os
ensinamentos de Jesus em que falsos
messias e falsos profetas “desviariam,
se possível, até os escolhidos.”
Defensores da SE acham que a
frase “se possível” aponta para uma
situação hipotética e mostra que não
é possível que alguém perca a fé.
Este argumento, porém, não considera o contexto maior (Mt 24.5,10) ou
outros textos (1Ts 4.1,2) que claramente afirmam que alguns crentes
nos últimos dias se desviariam da fé
por diversas razões.
Lucas relatou que Jesus ensinava
que “Ninguém que lança mão do arado e
olha [continuamente] para trás é apto
para o Reino de Deus” (Lc 9.62).
O contexto esclarece o significado da
metáfora. O mesmo pode ser dito
acerca de Lucas 14.34,35, “Bom é o
sal, mas se ele degenerar, com que se adubará? Nem presta para a terra, nem
para o monturo; lança-os fora. Quem tem
ouvidos, que ouça” (sobre os ensinamentos de Jesus, ver mais em Mt
7.16,17,21,24,26; 10.38; 18.23-35;
Lc 9.23ss; 14.25-33).
Jesus ordenou
que os membros
da comunidade
da aliança que
persistiam na
falta de não se
arrepender
fossem
colocados para
fora da igreja e
tratados como
excluídos da
aliança.
Ensinamento Paulino
No campo missionário, após terem
“feito muitos discípulos”, Paulo e
Barnabé retornaram às igrejas que
haviam levantado anteriormente,
fortaleceram os discípulos e os encorajaram a continuarem na fé (At 14.
21,22). Poderia ter sido um desperdício de tempo e energia se apostasia
não fosse uma opção. Mais tarde,
Paulo advertiu os líderes da igreja em
Éfeso que “...entrarão no meio de vós
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
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A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 21)
Paulo advertiu
os coríntios que
acreditar em
uma versão
errada das
boas-novas
poderia pôr em
perigo sua
salvação
22
lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre de vós mesmos, se
levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos
após si.” (At 20.29,30.)
Nas cartas de Paulo, seu ensinamento não era diferente de suas
pregações em Atos. Ele advertiu as
igrejas em Roma, “Porque, se Deus não
poupou os ramos naturais, [Israel], que
te não poupe a ti também [cristãos em
Roma]. Considera, pois, a bondade e a
severidade de Deus: para com os que
caíram, severidade; mas, para contigo, a
benignidade de Deus, se permaneceres na
sua benignidade; de outra maneira,
também tu serás cortado.” (11.21,22).
Ele também os desafiou, “Mas, se por
causa da comida se contrista teu irmão,
já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele
por quem Cristo morreu.” (14.15; compare também 1Co 8.11, onde os
mesmos termos aparecem).
Em 1 Coríntios 5. 1-13 (compare
também 2Ts 3.6,14). Paulo desafiou
os coríntios a excomungarem as pessoas que vivessem em pecado (compare Mt 18.15-17). Ele repreendeu
os libertinos na igreja de Corinto por
deixarem com que sua liberdade
causasse destruição do “irmão fraco,
pelo qual Cristo morreu” (1Co 8.11).
“Irmão” indica que todos envolvidos
são membros de uma mesma comunidade de aliança. Acreditava que existia a possibilidade de que mesmo ele
pudesse ser um náufrago na fé (1Co
9.27).
Paulo, mais adiante, advertiu os
cristãos em Corinto de que este poderia ser o destino deles também e
que poderiam acabar como os israelitas que morreram no deserto (1Co
10.1-13). “Aquele, pois, que cuida estar
em pé, olhe que não caia.” (v. 12).
Paulo também advertiu os coríntios que acreditar em uma versão
• enrichment | JULHO 2010
errada das boas-novas poderia pôr em
perigo sua salvação: “Também vos
notifico, irmãos, o evangelho que já vos
tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo
qual também sois salvos, se o retiverdes
tal como vo-lo tenho anunciado, se não é
que crestes em vão.” (1Co 15.1,2).
Mais adiante, desafiou-os novamente, “Examinai-vos a vós mesmos se
permaneceis na fé; provai-vos a vós
mesmos. Ou não sabeis, quanto a vós
mesmo, que Jesus Cristo está em vós?
Se não é que já estais reprovados.”
(2Co 13.5). Este desafio é similar
àquele que fez à igreja dos colossenses: Jesus os apresentaria inculpáveis perante Deus, mas apenas se
[eles] “permanecerdes fundados e firmes
na fé.” (Cl 1.21-23).
Às igrejas de Gálatas Paulo exclamou: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça de Cristo para outro evangelho.”
(Gl 1.6). Em Gálatas 4.1-11, ele descreveu a progressão em que os cristãos gálatas passaram de escravos para
filhos e então para escravos novamente. Na conclusão dessa seção, Paulo
disse, “Eu temo por vocês, que talvez, eu
tenha trabalhado com vocês em vão.”
Àqueles que haviam sido salvos
pelo sangue de Jesus mas aceitado o
Evangelho “plus” dos judaizantes
que acrescentaram circuncisão aos
Ordo Salutis (caminho da salvação),
Paulo proclamou, “Separados estais
[kataergo: rompido, esvaziado, anulado
de, cancelado de, trazido ao fim, destruído, aniquilado] de Cristo, vós os que vos
justificais pela lei; da graça tendes caído
[ekpipto: cair de, confiscar, perder, causar o fim] .” (Gl 5.4).
À igreja dos filipenses, Paulo afirmou ter sofrido a perda de todas as
coisas “para conhecê-lo, e a virtude da
sua ressurreição, e a comunicação de suas
aflições, sendo feito conforme a sua morte;
para ver se, de alguma maneira, eu possa
chegar à ressurreição dos mortos.” (Fp
3.10,11). Se a salvação de Paulo fosse
decisiva e nada pudesse mudar seu
status com Deus, ele não estaria ciente disso. Paulo levou a sério a ruína
espiritual na vida de alguns de seus
companheiros mais próximos porque,
no mesmo contexto, ele falou à igreja
de Filipos sobre as pessoas que haviam sido crentes muito conhecidas,
mas que lamentava agora por “serem
inimigos da cruz de Cristo.” (Fp 3.18).
Quando Paulo instruiu pastores, a
mensagem foi a mesma: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos
tempos, apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” (1Tm 4.1; compare 2Tm 4.3,4).
As Epístolas Gerais e o Apocalipse
A advertência do NT também é clara
sobre o fato de o crente poder voluntariamente perder sua salvação. O Livro de Hebreus contém algumas das
advertências mais claras contra a
apostasia e também exortações urgentes para se permanecer firme até o
fim – todas direcionadas a cristãos.
Por causa da revelação maior que
veio com a encarnação de Cristo, o
autor de Hebreus disse aos cristãos,
“Portanto, convém-nos atentar, com mais
diligência, para as coisas que já temos
ouvido, para que, em tempo algum, nos
desviemos delas” (2.1). Neste texto, o
escritor incluiu a si próprio em uma
advertência contra se deixar o caminho da salvação. No mesmo contexto,
levantou uma questão retórica, “Como
escaparemos nós [julgamento, compare
v. 2), se descuidarmos de uma tão grande
salvação?” (v. 3). Novamente, o autor
se incluiu em seu público cristão.
Devemos notar que o verbo é
descuidar, não rejeitar. Seus leitores
eram cristãos descuidados, e não des-
crentes rejeitadores. Em 3.6, ele lançou o mesmo desafio feito por Jesus e
Paulo: E nós somos Sua “própria
casa... se tão somente conservarmos firme
a confiança e a glória da esperança até o
fim.” Ele reiterou além disso, “Porque
nos tornamos participantes de Cristo, se
retivermos firmemente o princípio da
nossa confiança até o fim.” (v. 14).
Advertiu aos crentes, “Vede, irmãos,
que nunca haja em qualquer de vós um
coração mau e infiel, para se apartar
[apostaenai, apostasia] do Deus vivo.”
(3.12, ênfase adicionada).
Os crentes precisam “temer, pois,
que, porventura, deixada a promessa de
entrar no seu repouso, pareça que algum
de vós fique para trás” (4.1), porque
até crentes podem “cair no mesmo
exemplo de desobediência [que os da
aliança de Israel demonstravam]”
(4.11).
Em 6.4-6, o autor declara: “Porque
é impossível que os que uma vez foram
iluminados, e provaram o dom celestial,
e se fizeram participantes do Espírito
Santo, e provaram a boa palavra de
Deus e as virtudes do século futuro e
recaíram sejam outra vez renovados
para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o
Filho de Deus e o expõe ao vitupério.”.
Reminiscente de Números
15.30,31, Hebreus afirma: “Porque, se
pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade,
já não resta mais sacrifício pelos pecados,
mas uma certa expectação horrível de
juízo” (10.26,27, ênfase adicionada).
E continua, “Quebrantando alguém a
lei de Moisés, morre sem misericórdia, só
pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais
vós será julgado merecedor aquele que
pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da
graça?” (10.28,29, ênfase adicionada).
O Livro de
Hebreus
contém
algumas das
advertências
mais claras
contra a
apostasia e
também
exortações
urgentes para
se permanecer
firme até o fim.
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 23
A Bíblia ensina sobre Segurança Eterna? (Cont. da p. 23)
A única
segurança do
crente está
atrelada à firme
obediência à
vontade do
Mestre.
24
A parte em negrito desses versículos
fornece uma evidência incontestável
de que o público é cristão. Esses
crentes são advertidos a não “rejeitarem” (em oposição a “perder acidentalmente”) sua salvação (10.35).
O escritor de Hebreus deixou ao
seu público cristão esta exortação:
“Tendo cuidado de que ninguém se prive
da graça de Deus, e de que nenhuma raiz
de amargura [compare com Dt 29.1821], brotando, vos perturbe, e por ela
muitos se contaminem. E ninguém seja
fornicador ou profano, como Esaú, que,
por um manjar, vendeu seu direito de
primogenitura. Porque bem sabeis que,
querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar
de arrependimento, ainda que, com
lágrima, o buscou.” (Hb 12.15-17).
Tiago nos diz: “se algum de entre
vós se tem desviado da verdade, e alguém
o converter, saiba que aquele que fizer
converter do erro do seu caminho um
pecador salvará da morte uma alma.”
(Tg 5.19,20).
Pedro escreve: “E também houve
entre o povo falsos profetas, como entre
vós haverá também falsos doutores, que
introduzirão encobertamente heresias de
perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
perdição.” (2Pe 2.1). No mesmo contexto, continua: “Portanto se, depois de
terem escapado das corrupções do mundo
pelo conhecimento do Senhor e Salvador
Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos
nelas e vencidos, tornou-se lhes o último
estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho
da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes
fora dado. O cão voltou ao seu próprio
vômito; a porca lavada, ao espojadouro
de lama.” (2Pe 2.20-22, ênfase acrescentada para demonstrar o fato de
que o autor está descrevendo pessoas
que haviam sido contadas entre os
• enrichment | JULHO 2010
redimidos).
João descreveu um pecado que é
“para a morte” e não pode ser perdoado (1Jo 5.16).
O contexto na primeira metade do
versículo, assim como o uso da mesma terminologia em outros lugares
nessa carta (1Jo 3.13,14) deixa claro o
fato de que se trata de morte espiritual e não física. Essa mensagem não
é diferente da de Apocalipse. Lá, ele
prometeu vida eterna apenas àqueles
que vencerem e perseverarem fiéis
até o fim (Ap 2.10,25, 26). Por outro
lado, ele garantiu rejeição e perda da
vida para aqueles que não o fizerem
(Ap 2.5; 3.11,16). Até o final do livro
(e, portanto, o NT), ele continuou a
alertar sobre a possibilidade de se
perder a salvação (Ap 22.19).
Conclusão
É evidente que a Bíblia alerta contra
a possibilidade de perda do status
com Deus. As Escrituras são claras no
que diz respeito a que a única segurança do crente está atrelada à firme
obediência à vontade do Mestre.
Essa realidade se encaixa perfeitamente na definição bíblica de salvação, que não é um evento único que
sela um crente por toda a eternidade,
mas um processo que tem estágio
passado (Rm 10.9,10; 2Co 5.17),
presente (Lc 9.23; 1Co 1.18; 2Co
2.15; 3.18; Fp 2.12; 3.8-16) e futuro
(Rm 8.19-24; 1Co 15.24-28; 1Pe 1.37; Ap 12.10; 20.1-10; 21.1 – 22.14).
Os crentes detêm a opção de
escolher uma vida de obediência e
submissão à vontade de Deus ou de
se desviar do relacionamento com
Deus e sofrer a separação eterna de
Deus como resultado.
Ao ensinar esta verdade às pessoas, você pode encorajá-las a uma vida
divina e a responderem aqueles que
creem na segurança eterna.
< Enriquecimento Teológico <
Tratamento aos membros subordinados da equipe:
Princípios de Liderança Espiritual
das Saudações de Paulo
POR
JAMES D. HERNANDO
S
am1 sentou-se para tomar sua xícara de café. A expressão em seu rosto me dizia que sua experiência
ministerial tinha se mostrado dolorosa. Sua dor fora causada por um promissor pastorado de jovens que havia se tornado amargo. No início, nem suas 60 ou 70 horas de trabalho
por semana eram suficientes para refrear seu entusiasmo. Ele
mal podia acreditar que estava fazendo o trabalho do ministério e sendo pago para isso. Embora sua responsabilidade
inicial fosse com o ministério de jovens, o pastor sênior gradualmente foi colocando mais e mais responsabilidades sobre seus ombros. Ele mergulhou de cabeça em cada uma
das tarefas com alegre diligência.
Paulo... sai do seu caminho para afirmar as
louváveis contribuições e reconhecimento de
seus subordinados.
Sam especialmente gostava das poucas vezes em que pregava aos domingos à noite quando o pastor estava em compromissos ministeriais fora da igreja. As pessoas pareciam
gostar de sua pregação e eram na maioria positivas.
Depois de um ano, Sam sentia frieza e rigidez em suas
conversas com o pastor sênior, que havia se tornado crítico
com relação aos menores detalhes no desempenho do ministério de Sam. Este intensificou seus esforços para agradar
o pastor, mas sem resultado.
Menos de 2 anos depois, o pastor informou a Sam que,
devido a uma reestruturação na equipe e
a restrições orçamentárias, ele estava sendo dispensado. A entonação de suas palavras deixou dúvidas a respeito de suas
verdadeiras razões. Com os olhos rasos
d'água Sam deixou o gabinete do pastor.
Eu não consigo contar quantas vezes
eu ouvi histórias similares a essa durante
os meus 20 anos de ensino na faculdade
e no seminário. A história de Sam obviamente apresenta apenas um lado. No
entanto, ela levanta o sério problema das
relações da equipe do pastor e sua dinâmica incrivelmente complexa.
Há poucos anos atrás eu comecei a estudar os princípios da liderança espiritual no NT e fui levado ao exemplo e aos
escritos de Paulo. Em particular, meu interesse primeiro pairou sobre o tratamento dispensado por Paulo a seus companheiros de trabalho. O impulso para esse
meu estudo surgiu de um trecho muito
improvável das Escrituras – as saudações
de encerramento em Romanos.
Estranhamente, no livro de Romanos,
Paulo está escrevendo para uma igreja
que ele não havia fundado, tampouco viJULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 25
sitado. Em Romanos 16.1-16, no entanto, ele saúda ou menciona 27 indivíduos pelo nome. É provável que Paulo
tivesse encontrado essas pessoas em
suas viagens missionárias, e depois elas
tivessem se mudado para Roma.
Algumas provavelmente eram convertidas por aqueles a quem Paulo havia discipulado e treinado para o ministério. Como apóstolo, Paulo era um
líder espiritual para as igrejas que ele
fundava e para as pessoas a quem treinava. Após o mais fino escrutínio, a passagem nos dá um insight acerca do tratamento e do relacionamento de Paulo
com seus subordinados – crentes que
não eram seus companheiros apostólicos.
O USO QUE PAULO FAZ DO ENALTECIMENTO E
DO RECONHECIMENTO
Paulo era rápido em elogiar e livre em
seus enaltecimentos. Veja a frequência
disso neste caso. Febe havia sido uma
ajudante ou “serva”2 não somente para
Paulo, mas também para muitos na
igreja (Rm 16.2)3. Priscila e Áquila “arriscaram suas próprias vidas” por Paulo
(Rm 16.3,4). Trifena e Trifosa foram
chamadas de “trabalhadoras do Senhor”
(Rm 16.12). Maria e Pérside foram singularizadas como trabalhadoras árduas
(Rm 16.6,12). Paulo, ao que parece, sai
do seu caminho para afirmar as louváveis contribuições e reconhecimento
de seus subordinados4.
PAULO COLOCA ÊNFASE NA
IGUALDADE
Paulo com frequência considerava seus
subordinados como sendo iguais. Ele
fez isso ao anexar a preposição grega
sun (junto com) a um substantivo. Eles
eram cooperadores em Cristo (Rm
16.3,9; compare com o v. 21).
Andrônico e Júnia eram para Paulo
“companheiros de prisão” por causa do
Evangelho (Rm 16.7). O que nós observamos aqui é a perspectiva que Paulo conservou ao longo de seus escritos.
Tito é companheiro de Paulo (koinonos,
26 • enrichment | JULHO 2010
significando parceiro ou participante) no trabalho do Evangelho
(2Co 8.23). Epafrodito não era somente “irmão” de Paulo, mas
“cooperador e companheiro de lutas” (Fp 2.25). Ao mesmo tempo
em que Timóteo era um “filho [espiritual] na fé” (1Tm 1.2) e
“filho amado” (2Tm 1.2) de Paulo, o apóstolo o considerava
contudo igual e um “irmão e cooperador no evangelho de Cristo”
(1Ts 3.2).
Paulo não considerava seus subordinados como
subordinados, mas como colaboradores...
Analisando cuidadosamente, as epístolas paulinas rendem
uma memorável descoberta. Paulo não considerava seus subordinados como subordinados. Eles eram colaboradores ou
companheiros servos do Senhor. Paulo não enfatizava seu chamado apostólico, posição ou autoridade ao se relacionar com
aqueles a quem servia como apóstolo5. Paulo entendia sua autoridade como um apóstolo, mas ele não o mencionava a não
ser quando tratava com igrejas ou grupos que estavam se opondo ou ameaçando a obra do Senhor6. Paulo estava ainda relutante em usar sua autoridade apostólica para propósitos de disciplina. Mesmo quando repreendia os problemáticos coríntios7,
Paulo os lembrava: “... estando presente eu não use de rigor, segundo a autoridade me dada pelo Senhor para edificação e não destruição.” (2Co 13.10).
PAULO CONHECIA OS SEUS SUBORDINADOS
As saudações de Romanos 16 indicam claramente que Paulo
conhecia essas pessoas pessoalmente. Como diz o antigo ditado: “Não há nada que soe mais doce aos ouvidos de alguém do
que o som de seu próprio nome”. Paulo não somente os chamava pelo nome, mas muitos eram também conhecidos íntimos. Paulo podia chamar Epêneto, Ampliato e Pérside de “meus
amados”8 (Rm 16.5,8,12). Ele também os conhecia a ponto de
enaltecê-los individualmente.
Em nenhum outro lugar Paulo podia dizer que alguém mantivesse o mesmo espírito de preocupação com os filipenses como
Timóteo (Fp 2.20). Tíquico foi chamado de “irmão amado e fiel
ministro no Senhor” (Ef 6.21). Ele notou a constante vida de
oração de Epafras (Cl 4.12) e que Tito fora “dedicado” (2Co
8.17) , “provado” e “achado diligente em muitas coisas” (2Co 8.22).
Paulo havia testemunhado a fidelidade deles na obra e capaz
de tecer seus elogios para destacar suas forças e contribuições
para a obra do Senhor.
PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA ESPIRITUAL
A análise acima não nos revela uma teologia inovadora, somente alguns conselhos práticos relacionados ao tratamento dos
membros de uma equipe de subordinados a partir dos princípios paulinos de liderança espiritual – princípios normalmente
perdidos e que necessitam ser trazidos à lembrança.
O líder espiritual sábio nutre seus subordinados e traba- trução de uma equipe ministerial de
lha para construir com eles um relacionamento próximo iguais, de colaboradores em Cristo.
A liderança é mais eficaz quando feita em um relacionamento
de amor e confiança. Quando reconheceu o direito de usar sua
autoridade apostólica para exortar os Tessalonicenses, Paulo
preferiu lembrá-los de seu amor e preocupação paternais para
com eles como crianças espirituais (1Ts 2.7,8 conf. 1Co 4.15).
O pastor sênior é chamado para liderar, mas se ele não conhecer individualmente as pessoas, sua liderança estará prejudicada. A liderança paulina exige um comprometimento profundo com construir relacionamentos e mentoreamento pessoal.
O líder espiritual sábio afirma e publicamente enaltece
seus subordinados.
Enaltecimento público e afirmação pessoal feitos com sinceridade9 promovem boa vontade, edificação e motivação dos membros da equipe de subordinados. Não só edifica a confiança
dos subordinados, mas também os ajuda a construir
credibilidade junto à congregação.
Além disso, o enaltecimento público comunica um valor importante para a igreja – que os membros do Corpo são necessários e apreciados dentro do Corpo por seus dons para o Corpo.
Aqueles que herdaram essa estruturas
podem querer considerar alterá-la ou
mudá-la através da implementação de
políticas, procedimentos e práticas que
mitiguem as tensões hierárquicas e promovam um espírito de equipe cooperativo e colegiado.
Esses são princípios de liderança espiritual dignos de nota extraídos do
apóstolo Paulo. Como exatamente devem ser implementados é melhor deixar para os praticantes pastorais decidirem. Contudo, para aqueles que buscam responder à instrução das Escrituras, são princípios que não devem ser
ignorados.
JAMES D. HERNANDO,
Ph.D.
Professor de NT no
Seminário Teológico das
Assembleias de Deus - AGTS
Springfield, Missouri (EUA)
O líder espiritual sábio promove um conceito de liderança que enfatiza a igualdade entre os membros da equipe.
A perspectiva de Paulo de autoridade espiritual e da igreja como
o corpo de Cristo formou seu entendimento acerca de liderança espiritual. A percepção de Paulo de autoridade espiritual
remete a um dos ensinamentos de Jesus de que autoridade no
Reino era concedida com o propósito de servir aos outros (Mc
10.42-45). Grande responsabilidade requer maior autoridade.
Autoridade não provém do gabinete, mas da responsabilidade
funcional entregue aos cuidados do gabinete.
A perspectiva de Paulo sobre a igreja como o corpo de Cristo foi desenvolvida a partir de seus próprios ensinamentos sobre a unidade e interdependência de membros dentro do corpo de Cristo (1Co 12.12-27). O projeto de Deus faz cada membro no Corpo importante e necessário para o propósito e a função geral do Corpo. Assim, não há lugar para atitudes de inferioridade ou superioridade (1Co 12.15-25). Isto explica porque
Paulo discorda da exaltação dos coríntios aos líderes apostólicos, tais como ele próprio, Apolo e Cefas (1Co 1.12; 3.4-6,22.
4.6). Tais distinções e tentativas de elevar uma pessoa sobre
uma outra não levam em conta o fato de que os membros podem exercer diferentes funções, mas cada pessoa tem um propósito singular e é cooperador de Deus àquele fim (1Co 3.8,9).
Uma dialética inerente existe entre estruturas autoritárias e
o projeto igualitário do Corpo que Paulo ensina. Hierarquia
deixada ao léu diminui o colegiado.
A estrutura ou regime eclesiástico que comunica uma hierarquia de status, posição e autoridade trabalha contra a cons-
NOTAS
1. Esta situação ministerial baseia-se em uma história verídica. Nomes e detalhes foram mudados para proteger as pessoas envolvidas.
2. A palavra grega usada é diakonon. Significa servo ou ministro, também pode se referir ao diácono na igreja. Paulo a usa
neste sentido por 5 vezes (Fp 1.1; 1Tm 3.8,10,12,13).
3. Na tradução da New American Standard Version.
4. Esta é uma prática comum de Paulo, como suas epístolas
amplamente atestam (e.g.: 2Co 8.16-23: Tito; Fp 2.19-21: Timóteo; Fp 2.25: Epafrodito; Ef 6.21: Tíquico; Cl 4.9: Onésimo; Cl
4.10: Aristarco; Cl 4.12: Epafras; e Cl 4.14: Lucas).
5. Paulo absorveu a grandeza do espírito do Reino ensinada
pelo próprio Senhor: “Então Jesus, chamando-os para junto de
si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes
dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles.
Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós
fazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós
quiser ser o primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho do
homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a
sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.25-28).
6. Veja 1 Coríntios 4.15; 2 Coríntios 10.8; 1 Tessalonicenses
2.6; 4.1; Tito 2.15.
7. Veja 2 Coríntios 2.3,4,9; 7.12. Esta tão conhecida carta
"escrita entre muitas lágrimas" não é 1 Coríntios, mas uma das
cartas "ausentes" de Paulo escrita aos Coríntios. Veja também
1 Coríntios 5.9. Paulo apelaria muito mais para eles como uma
ama ou pai espiritual (1Co 4.15; 1Ts 2.7,8).
8. Uma outra tradução poderia ser "amado de (ou ‘por’) mim”.
9. Alguns pastores sentimentalmente enaltecem a equipe e
os membros da igreja de uma forma que é fora de proporção
quanto à realidade. Quando isso ocorre, o enaltecimento parece insincero e perde credibilidade e seu efeito positivo. Observe
que Paulo em suas saudações menciona diversas pessoas sem
comentário ou elogio (Rm 16.15,16; compare Demas em Cl 4.17).
Paulo não se sente compelido a enaltecer todo mundo, apenas
aqueles que ele conhece bem o suficiente para verdadeiramente elogiar ou enaltecer.
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 27
Enriquecimento Teológico
O Batismo no Espírito Santo:
A Vida e o
Ministério
de Jesus
POR EDGARD R. LEE
N
ossa intenção nestes artigos é mostrar que recebemos a doutrina pentecostal do batismo no Espírito
Santo de todas as Escrituras canônicas, não apenas
de algumas passagens do Livro de Atos. O AT relata o ministério do Espírito em Seu trabalho carismático de conceder poder a líderes escolhidos para funções específicas.
Ele frequentemente mostra que os fenômenos sobrenaturais são a evidência da vinda do Espírito. Mas o AT
também promete que o Espírito trará vida espiritual e
transformação moral. Podemos dizer que o Espírito, no
AT, tem um ministério duplo: carismático e conversivo.
Esses dois aspectos do ministério do Espírito vividamente profetizados no AT correspondem ao cumprimento único na vida e no ministério de Jesus, que é ministro
cheio do Espírito por excelência e que, desde o início dos
Evangelhos, é o ungido batizador no Espírito.
O Espírito no Nascimento e na Infância de Jesus
A jovem Maria, surpreendida pelo anjo Gabriel com o
anúncio de que daria luz ao Messias, respondeu com
consternação: “Como se fará isso, visto que não conheço varão?” Gabriel respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você,
e o poder do Altíssimo irá ofuscá-la. Então o santo que vai
nascer será chamado de Filho de Deus.” (Lc 1.34,35). Então
seguiu-se a concepção virginal miraculosa, sem o auxílio
de paternidade humana, realizado pelo Espírit o de Deus,
que fora ativo na criação do mundo (Gn 1.1). Aquele
assim concebido só pode ser “o santo”, “o Filho de Deus”.
28 • enrichment | JULHO 2010
Apesar do nascimento miraculoso, em sua infância Jesus fez
pouco para demonstrar Sua origem incomum. Mas daí então,
um breve rasgo das profecias
inspiradas pelo Espírito apontaram para Sua verdadeira identidade. O Espírito que capacitara
Maria a milagrosamente conceber é também o Espírito de
profecia que preencheu alguns
poucos pios profetas para proclamar a vinda de Jesus, a começar
por Isabel (Lc 1.42-45). Simão,
“movido pelo espírito”, encontrou
o pequeno Messias com Seus
pais no templo e o identificou
como “salvação” de Deus (Lc
2.25-32). Então veio a profetisa
Ana, presumivelmente também
movida pelo Espírito, que reconheceu a criança (Lc 2.36-38).
Além dos breves relatos de
Mateus e Lucas, conhecemos
pouco sobre a infância de Jesus.
Lucas descreve por alto seus
primeiros 12 anos dizendo apenas: “a criança cresceu e se fortificou; ele foi cheio de sabedoria e a
graça de Deus estava sobre ele.”
(Lc 2.40). Certamente não o milagreiro que alguns dos Evangelhos apócrifos retratam que a
sabedoria precoce e consciência
divina do jovem Jesus o distinguiam de outras crianças. O primeiro sinal da autoconsciência de
Jesus advém quando Seus pais,
encontraram-nO com os ensinadores no templo. “Não sabeis que
me convém tratar dos negócios de
meu pai?”, Ele perguntou (Lc
2.49). Então Jesus retornou à Sua
identidade de criança obediente
e Lucas descreve rapidamente e
por alto Sua natureza humana,
“E crescia Jesus em sabedoria, e em
estatura, e em graça para com Deus
e os homens.” (Lc 2.52).
Concebido e habitado pelo
Espírito Santo, Jesus, desde o
começo, era uma criança extraordinariamente devota, que aparentemente avançava de forma
normal para um jovem extraordinariamente devoto. João Batista
reconheceu a natureza e o caráter
extraordinário de Jesus ao hesitar
em batizá-lO (Mt 3.14). A Igreja
Primitiva iria mais tarde dar testemunho de que Ele não possuía
pecado (2Co 5.21; Hb 4.15; 1Pe
2.22).
O Espírito na Unção e no
Batismo de Jesus
O batismo de Jesus avulta nos
Evangelhos, particularmente na
luz que acompanhava a descida
do Espírito. Como descrevem os
Evangelhos, repentinamente, aos
30 anos de idade, Jesus emergiu
da obscuridade de Seu trabalho
manual em Nazaré e apareceu no
Jordão pedindo ao seu primo
João que O batizasse. Constrangido com o pedido e, sem dúvida, iluminado pelo Espírito de
profecia, João recusou. “Eu careço
de ser batizado por Ti e vens Tu a
mim.” (Mt 3.14). Somente quando Jesus reafirmou que o Seu
batismo era para “cumprir toda a
justiça” (3.15) foi que João de
fato cedeu.
Mas, particularmente significativo na descrição batismal é o
que aconteceu após o batismo,
quando Jesus estava orando: “o
Espírito Santo de Deus descendo
como uma pomba e vindo sobre Ele.
E eis que uma voz do céu dizia: Este
é o meu Filho Amado em quem me
comprazo.” (Mt 3.17), “...o qual eu
amo e me comprazo.” (Lc 3.22). Os
Evangelhos nos contam que
Jesus viu o céu abrindo e uma
pomba descendo. João Batista
disse: “Eu vi o Espírito descer do
céu como uma pomba e repousar
sobre Ele.” (Jo 1.32). Pode ser,
baseado no uso da terceira pessoa
por Mateus, que alguns da multidão tenham visto esses fenômenos também.
A peça central do evento do
batismo é sem dúvida a descida
do Espírito Santo sobre Jesus
para qual Ele mesmo logo forneceu explicação. Na sinagoga de
Nazaré, Jesus leu as palavras do
profeta Isaías, “O Espírito do
Senhor é sobre mim, pois que me
ungiu para evangelizar os pobres,
enviou-me a curar os quebrantados
de coração, a apregoar a liberdade
aos cativos, a dar vista aos cegos, a
por em liberdade os oprimidos, a
anunciar o ano aceitável do
Senhor.” (Lc 4.18-19).
O Espírito Santo desceu
em Jesus no batismo
expressamente para
conceder-Lhe poder para
começar e completar Sua
missão na terra com
êxito.
Depois de volver o rolo ao
assistente da sinagoga, Jesus
disse “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” (Lc 4.21).
Lucas cuidadosamente colocou
essa cena no início do ministério
de Jesus na Galileia para mostrar
que o Espírito, conforme o AT
promete, tinha agora ungido
Jesus para Sua missão. E “o Ungido” é por definição o Messias,
o Cristo.
Pedro bem mais tarde repercutiria esse entendimento da
unção de Jesus. Pregando na casa
de Cornélio, disse, “Deus ungiu
Jesus de Nazaré com o Espírito
Santo e poder o qual andou fazendo
o bem e curando a todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus era com
ele.” (At 10.38). O Espírito Santo
não veio para regenerar ou purificar Jesus. Como o sem pecado,
filho de Deus encarnado, Ele não
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 29
Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus (Cont. da p. 29)
precisou nascer de novo ou ser
espiritualmente purificado. Também não veio o Espírito meramente para habitação ou cooperação com Deus, com a qual Jesus
já havia Se deleitado. O Espírito
Santo desceu em Jesus no batismo expressamente para conceder-Lhe poder para começar e
completar Sua missão na terra
com êxito.
Imediatamente após Seu batismo e unção, no entanto, Jesus
enfrentou um desafio. Marcos
escreve, “E logo o espírito o impeliu para o deserto. E ali esteve no
deserto quarenta dias, tentado por
Satanás.” (Mc 1.12,13). Marcos
usou um verbo forte, ekballo,
(atirar ou jogar) para retratar o
novo e repentino ímpeto do
Espírito em Jesus.
Nós frequentemente observamos que durante seus 40 dias de
permanência no deserto, Jesus
superou o Diabo pela Palavra de
Deus. Mas nós também precisamos lembrar que agora é Jesus
ungido pelo Espírito que maneja
tão habilmente a Palavra contra
Seu poderoso adversário.
Jesus – O Batizador
no Espírito
Enquanto Jesus
ainda trabalhava
como carpinteiro
em Nazaré,
João Batista
surgia do
deserto e
começava
30
• enrichment | JULHO 2010
a pregar e a batizar junto ao Rio
Jordão. Fundamental ao chamado
de João Batista ao arrependimento era o anúncio de que alguém
mais poderoso do que ele estava
a caminho. Como o Senhor havia
falado através de Malaquias muitas centenas de anos antes, “Eis
que eu envio o meu Anjo, que preparará o caminho diante de mim; e de
repente, virá ao seu templo o Senhor,
a quem vos buscais.” (Mq 3.1).
Cumprindo as profecias do
AT, João Batista proclamou a
vinda do Messias: “E eu em verdade, vos batizo com água para o
arrependimento; mas aquele que vem
após mim é mais poderoso do que eu;
Ele vos batizará com o Espírito
Santo e com fogo.” (Mt 3.11).
A profecia do batismo do
Messias no Espírito é tão importante que os quatro evangelistas
a colocam no princípio de seu
Evangelho, dando “primazia à
lição sobre pneumatologia”.
O palavreado dos Sinóticos é
quase idêntico (Mt 3.11; Mc 1.8;
Lc 3.16). No Evangelho que
escreveu, João Batista relembra
refletidamente e testifica, “aquele
que me enviou para batizar com
água me disse, O homem a quem
você ver o Espírito descer e repousar
é aquele que irá vos batizar com o
Espírito Santo.” (Jo 1.32).
É importante perceber que a
prática do batismo em água empregada por João em seus companheiros judeus era radical e ultrajante. Embora tivessem muitos
cerimoniais de purificação, os judeus não eram batizados. Somente os gentios que se convertiam à
fé judaica eram batizados e mesmo assim não totalmente nesse
padrão. Profeticamente, os líderes judeus recusaram o batismo
de João. Mas tão radical quanto o
batismo de João Batista, a atividade de Jesus de batizar no
Espírito é para ser ainda mais
radical e significativa.
O poder da metáfora batismal
é convincente. O verbo batizar é
baptizo, derivado do verbo bapto,
que denota uma imersão completa como de um pedaço de pano
em um tanque de tinta ou de
uma pessoa em água. O batismo
de João indicava uma total reorientação de vida, em que a pessoa
confessava e abandonava seus
pecados na expectativa do Messias vindouro. Mas rispidamente
contrastado com o batismo em
água de João, o batismo do Messias no Espírito era para ser ainda
mais definitivo e transformador.
Com essa introdução de tal
maneira forçada do batismo no
Espírito prometido em Jesus,
especialmente dentro do contexto mais amplo da profecia do AT
e cumprimento do NT, parece
que a teologia cristã histórica fez
pouco caso disso e emula a linguagem para fazer o batismo no
Espírito Santo falar somente da
conversão ou, em alguns casos,
da experiência de santificação
dos crentes.
O Espírito no Ministério de Jesus
A vinda do espírito provocou
uma diferença dramática na vida
de Jesus. Lucas vividamente salientou a mudança. “Jesus voltou
a Galileia no poder do Espírito, e as
notícias sobre Ele se espalhavam por
todo o campo.” (Lc 4.14). Em consequência disso, Jesus começou
um estarrecedor ministério de
ensino, pregação, cura e expulsão
de demônios. Seus antigos vizinhos em Nazaré ficaram aturdidos com a mudança em seu “faztudo” de antes. As pessoas estavam tão maravilhadas que perguntavam, “O que é isso?” Um
novo ensinamento – e com autoridade! Ele ordena e os espíritos
malignos os obedecem (Mc 1.27).
Incidentalmente, com relação aos
exorcismos, não há indícios de
que espíritos malignos reconhecessem Jesus antes da Sua Unção
no Espírito ou de que Ele os
expulsasse. Depois disso, tornouse uma ocorrência comum.
Às vezes é erroneamente assumido que Jesus desempenhou
Seu ministério no poder de Sua
divindade. Para sermos exatos,
nós não podemos esquadrinhar a
interação entre a natureza humana e a divina de Jesus. Sua divindade parece de fato resplandecer
na Transfiguração, por exemplo,
e está certamente envolvida em
Sua remissão dos pecados.
Alguns veriam sua divindade
em operação também em seus
milagres na natureza, como o
acalmar o mar. Mas ao longo dos
Evangelhos, nós também temos
o testemunho de Paulo, “sendo
em forma de Deus , não teve [Jesus]
por usurpação ser igual a Deus, mas
a si mesmo se [kenoo] esvaziou
[tornando-Se nada], tomando
forma de servo... fazendo-se semelhante aos homens.” (Fp 2.6,7).
“Esvaziou-se” é a tradução literal
do verbo grego kenoo. Mas não
devemos assumir que o Filho de
Deus ao encanar, “esvaziou-se” de
Sua divindade, como alguns antigos eruditos erroneamente ensinavam. Deus não pode deixar
de ser Deus. O que Paulo parece
querer dizer é que o Filho de
Deus, ao assumir a carne humana, voluntária e propositadamente limitou o uso de Seus atributos
divinos para viver e servir como
um ser humano.
A estrutura narrativa dos
Evangelhos, assim como as próprias palavras de Jesus, atesta Sua
dependência do poder do Espírito. Lembremos que não há ministério messiânico da parte de
Jesus antes da vinda do Espírito
em Seu batismo.
Em meio aos conflitos de
Jesus com os fariseus, Mateus
inseriu uma outra profecia de
Isaías, “Aqui esta meu servo, que
escolhi, o meu amado, e quem a
minha alma se compraz. Porei sobre
ele o meu Espírito, e anunciará
juízo aos gentios.” (Mt 12.18,
citando Is 42.1-4). Como não
podiam negar o poder de Jesus
de curar e expulsar demônios, os
fariseus alegavam que Seu poder
provinha de Belzebu, o príncipe
dos demônios. Em uma resposta
contundente, Jesus indicou o
Espírito de Deus como a fonte
de Seu poder (Mt 12.28).
Tão radical quanto o
batismo de João Batista,
a atividade de Jesus de
batizar no Espírito é para
ser ainda mais radical e
significativa.
Lucas indica em sua narrativa
sobre a volta dos 72 discípulos
que Jesus vivenciava intimidade
pessoal com o Espírito. Quando
ouviu seus relatos, “Senhor, pelo
teu nome até os demônios se nos submetem” (Lc 10.17), Jesus parece
quase triunfante. “Naquela mesma
hora alegrou-se Jesus no Espírito
Santo e disse: Graças te dou ó Pai,
Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas.
Assim é, ó Pai, porque assim te
aprouve.” (Lc 10.21).
Os Ensinamentos de Jesus
sobre o Espírito, nos Sinóticos
Os escritores sinóticos, depois de
dramaticamente colocarem sua
pneumatologia do batismo no
Espírito no início de seus Evangelhos, relatam muito pouco
sobre os ensinamentos de Jesus a
respeito do Espírito. Lucas registra que, enquanto ensinava sobre
como orar, Jesus disse que assim
como os humanos dão bons
presentes para seus filhos, o Pai
que está no céu dará o Espírito
Santo àqueles que a Ele pedirem
(Lc 11.13). Lucas então reiterou
isso com seu relato do exorcismo
onde as críticas dos judeus insistiam que Jesus expulsava demônios pelo poder de Belzebu. (vv.
14-25; compare Mt 12.22-37).
Jesus combatia dizendo que Ele
o fazia pelo “dedo de Deus” (v. 20;
“Espírito de Deus”, Mt 12.28) e
que, assim, o Reino de Deus
havia chegado (Lc 11.14-26). O
desenvolvimento de Lucas dessa
passagem em seu contexto parece indicar que o “bom presente”
do Espírito pode bem vir após a
conversão e com as obras de
poder carismático.
Há também outras duas passagens de Lucas onde Jesus promete sabedoria e discurso carismático. Em Lucas 12.12, Ele fala
aos discípulos que, sob ameaça
das cortes, que eles não devem
estar ansiosos pois “o Espírito
Santo irá vos ensinar na hora certa
o que deverão dizer.”. E, semelhantemente em Lucas 21.15,
Jesus promete mais uma vez que
quando os discípulos estiverem
diante dos magistrados: “Eu vos
darei boca e sabedoria (supostamente pelo Espírito, assim como
em 12.12) a que não poderão
resistir nem contradizer todos os que
se vos opuserem.”.
As narrativas de Lucas após a
ressurreição são particularmente
significativas. “Envio sobre vos a
promessa de meu Pai; mas ficai na
cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49). Qualquer dúvida sobre a natureza da
promessa do Pai é rapidamente
solucionada na introdução de
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 31
Batismo no Espírito Santo: A Vida e o Ministério de Jesus (Cont. da p. 31)
como regeneração
(conversãoiniciação) e
assim privá-lo
de poder carismático é quase
conforme o desenvolvimento das narrativas do Evangelho.
O Ensinamento de Jesus sobre
o Espírito no Evangelho de João
Lucas
a Atos, onde ele
novamente cita Jesus, “Não vos
ausenteis de Jerusalém, mas esperai
a promessa do Pai, a qual, disse ele,
de mim ouvistes. Pois João batizou
com água, mas vós sereis batizados
com o Espírito Santo.” (At 1.4,5).
Lucas estruturou sua narrativa
cuidadosamente para mostrar
que Jesus encerrou Seu ministério terreno reiterando a promessa
de João sobre o batismo no
Espírito Santo.
Jesus, como batizador no
Espírito, estava agora preparado
para dramaticamente imergir
Seus seguidores no mesmo Espírito que o dera poder ao Seu próprio ministério. A natureza carismática da promessa do Pai é inequívoca. Quando a promessa for
cumprida, os discípulos serão “do
alto revestidos de poder [dynamis].”
Em Atos 1.8 Jesus disse, “Mas
recebereis poder [dynamis], ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas.”
Pode haver algum questionamento de que o batismo no Espírito profetizado por João no início
do Evangelho de Lucas pretenda
retratar uma poderosa visitação
do Espírito, que prepare os discípulos para um serviço dinâmico
como testemunha de Cristo. Para
interpretar o batismo no Espírito
32
• enrichment | JULHO 2010
De todos os Evangelhos, João
apresenta o ensinamento mais
abrangente acerca do Espírito.
Começando pelo testemunho de
João, este Evangelho reflete uma
pneumatologia um pouco mais
completa e lança luz sobre os
ensinamentos de Jesus com
relação à obra maior do Espírito.
Geralmente a ênfase de João
tende a ser mais soteriológica do
que carismática e revela nuanças
dos ensinamentos de Jesus que
os Sinóticos não apresentam. Os
destaques da pneumatologia de
João brevemente citados são:
• João testificou que, no batismo de Jesus, o Espírito desceu
do céu sobre Jesus – e permaneceu sobre Ele (1.32-33).
• Esse evento certifica que
Jesus é O que batiza com o
Espírito Santo (1.33)
• Em Seu diálogo com
Nicodemos, Jesus indicou que
Seus seguidores devem ser
nascidos do Espírito (3.6,8).
• Deus concede o Espírito a
Jesus sem limite (3.34).
• É o Espírito quem concede
vida (6.63).
• O Espírito não estaria universalmente à disposição dos discípulos e outros seguidores até
que Jesus fosse glorificado (7.39).
• Na glorificação de Jesus e
depois, os crentes receberão o
Espírito como “fonte de água” que
“jorrarão do interior” deles (7.38)
• João revela o Espírito como
o Paracleto que virá para os discípulos depois da partida de Jesus,
para estar com eles como Confortador, Amigo e Advogado para
sempre (14.16,26; 15.26; 16.7).
• João revela o Espírito como
Espírito da Verdade que ensinará
os discípulos e os lembrará de
tudo o que Jesus havia dito
(14.17,26; 15.26; 16.13).
• O Espírito provém de ambos, Pai e Filho (14.26; 15.26).
• O Espírito vem, não como
uma autoridade autônoma ou
independente, mas para tornar
conhecidas as coisas de Cristo
(16.15).
Conferindo grande importância à obra soteriológica do Espírito que segue à partida de Jesus, a
narrativa de João indica uma
culminação dramática. Diferente
dos demais Evangelhos, João
descreve a repentina aparição do
Senhor ressuscitado para dez
apóstolos ansiosos que ainda
estavam para vê-lO (20.19-22).
Jesus os acalmou com uma
saudação de paz e lhes assegurou
Sua identidade e a realidade de
Sua ressurreição. “Assim como o
Pai me enviou eu vos envio”, Ele
disse (v. 21). Mas particularmente impressionantes são as palavras a seguir, “E dizendo isso
soprou sobre eles e disse: Recebei o
Espírito Santo.” (v. 22). Com essa
declaração, João parece trazer os
ensinamentos de Jesus sobre o
Espírito para um dramático
cumprimento.
Os pentecostais primitivos
acreditavam que esse evento
fosse o ponto em que os primeiros discípulos haviam nascido de
novo pelo Espírito. Enquanto
isso permanece sendo ponto de
debate entre pentecostais e nãopentecostais, parece que nós
podemos justificar esta visão.
Primeiro, como observado acima, o Evangelho de João cuidadosamente dispôs os ensinamentos de Jesus acerca do Espírito
para indicar um encontro definitivo, culminante e de doação de
vida com o Santo Espírito após a
Ressurreição e no final do Evangelho. Essa passagem parece ser
o clímax de tudo que o viera antes. Segundo, a linguagem utilizada é impressionante. O verbo
grego para sopro é emphysao, que
tem um significado teológico
poderoso na teologia bíblica. Na
tradução grega do AT (a Septuaginta) amplamente usada nos
dias de Jesus, este verbo é encontrado em Gênesis 2.7, onde
“Deus... soprou-lhe nas narinas (de
Adão) o fôlego da vida.”; em 1 Reis
17.21, onde Elias se “estendeu”
sobre o menino morto e esse
retornou a vida; e em Ezequiel
37.9, onde Deus ordenou, “Vem...
assopra [pneuma] sobre estes mortos para que vivam.”
reza da fé trinitariana demanda a
presença e a atividade do Espírito e muitos textos parecem respaldar.
A Morte e Ressurreição de
Jesus no Espírito
Nosso propósito nessa série de
artigos é mostrar que a doutrina
pentecostal clássica do batismo
no Espírito está profundamente
arraigada no circuito completo da
história redentora tanto no decorrer do AT quanto do NT. As narrativas do Evangelho contribuem
com um número de insights relevantes para o nosso entendimento sobre o batismo no Espírito.
• Jesus obviamente teve uma
experiência de habitação do
Espírito Santo desde o momento
de sua concepção.
• A descida do Espírito sobre
Jesus após Seu batismo em águas
Enquanto os Evangelhos não
dizem nada diretamente sobre a
obra do Espírito na morte e na
ressurreição de Jesus, o maior
testemunho no NT nos ajuda a
reconhecer que Jesus viveu,
morreu e ressuscitou, experimentando o poder do Espírito Santo.
De acordo com o escritor de
Hebreus, “Cristo... que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo
imaculado a Deus.” (Hb 9.14).
O NT nunca diz que Cristo se
levantou da morte. Normalmente, é o Pai (Deus) quem ressuscitou Jesus da morte. A natureza
precisa do papel do Espírito na
ressurreição é incerta e o significado exato em alguns textos é
questionável. Mas a própria natu-
O maior testemunho no
NT nos ajuda a
reconhecer que Jesus
viveu, morreu e
ressuscitou,
experimentando o poder
do Espírito Santo.
Em Romanos 1.4, Paulo escreveu, “(Jesus) foi declarado
Filho de Deus com poder, segundo o
Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos.” Em Romanos
8.11, o Santo Espírito é “o Espírito que dentre os mortos ressuscitou
Jesus” e o agente através do qual
nossos corpos mortais experimentam a ressurreição. Em 1Pe
3.18, Cristo “foi morto na carne,
mas vivificado pelo Espírito.”
As Implicações da Experiência e dos Ensinos de Jesus
sobre o Espírito Santo
propiciou uma nova experiência
do Espírito, uma dotação carismática, que conferiu-Lhe poder
para o Seu ministério.
• Foi o Espírito que capacitou
Jesus a cumprir Seu ministério
de pregação, ensino e obras milagrosas. O texto bíblico não respalda a crença de que Jesus operava Sua obra através do poder de
Sua divindade.
• Em Seus ensinamentos,
Jesus certamente associou o
Espírito Santo ao novo nascimento, embora nunca Se refira
ao novo nascimento como um
“batismo no Espírito Santo”.
• Nós podemos considerar de
extrema importância o fato de
que o sopro de Jesus sobre os
apóstolos após a ressurreição pode muito bem ser a experiência
deles de novo nascimento que
seria então anterior ou separada
de seu batismo no Espírito no dia
de Pentecostes (embora a doutrina pentecostal do batismo no
Espírito Santo não resida somente nesta conclusão).
• A única referência de Jesus
ao batismo no Espírito Santo a
identifica como batismo de poder
que irá capacitar os discípulos a
serem Suas testemunhas eficazes.
Jesus nunca identificou o batismo no Espírito com o novo nascimento que advém do Espírito.
A experiência de Jesus com o
Espírito, assim como Seus ensinamentos sobre a pessoa e obra
do Espírito fornece dados cruciais que se somam às do AT e
de Atos, como também as Epístolas, à medida que formulamos
uma doutrina bíblica do batismo
no Espírito Santo.
EDGARD R. LEE, S.T.D
Deão Acadêmico Emérito e Professor Sênior de
Formação Espiritual e Teologia Pastoral do
Seminário Teológico das Assembleias de Deus – AGTS
Springfield, Missouri (EUA)
JULHO 2010 | Recursos Espirituais
• 33
Enriquecimento Teológico
Jesus, o Ungido:
Nosso Exemplo para um Ministério Sobrenatural
POR TIM ENLOE
E
u jamais vou esquecer aquele entardecer perfumado de
Agosto, quando encontrei
Jesus como meu batizador no Espírito Santo. Embora não estivesse completamente consciente do
por quê queria aquele apoderamento, eu tinha um desejo que me
impulsionava a experimentá-lo.
Assim que comecei a pronunciar
meu discurso em Sua direção, uma
nova era em minha jovem vida espiritual teve início. E os vários dias
que se seguiram revelaram as possibilidades agora disponíveis para
mim – assim como as novas responsabilidades que agora se esperavam de mim – uma vez que eu
levava alguém para o Senhor e
testemunhava a cura enquanto orava por outrem. A porta para o mi34
• enrichment | JULHO 2010
nistério sobrenatural estava aberta.
O ministério sobrenatural estimula a expansão do Reino no NT.
Eu não consigo imaginar um ministério que não deseje experimentar e realizar aspectos sobrenaturais deste chamado feito por
Deus. Talvez até mesmo pastores
radicais, de colarinho rijo, adorariam uma visitação de poder da parte do Santo Espírito – mesmo que
isso flexibilizasse sua estrutura teológica.
Como você pode ler os Evangelhos e o Livro de Atos sem sen-
tir a barriga roncar de fome de um
ministério sobrenatural? Andar
pelas estradas empoeiradas com os
ouvidos ao alcance dos ensinos e
os olhos ao alcance dos milagres de
Cristo arruinaria até mesmo o crente mais preguiçoso.
O conceito de Jesus como nosso Modelo para um ministério com
o poder do Espírito Santo precisa
ser reexaminado. Se Ele operou o
sobrenatural e nos disse para seguí-lO operando também, por que nós
não o estamos fazendo? Dentro
desta pergunta há outras perguntas.
TIM ENLOE
De Wichita, KS (EUA) é um evangelista itinerante que viaja
por todos os EUA e exterior, pregando e ensinando sobre o
Espírito Santo.
1. Como
podemos
seguir Jesus
como Modelo se Ele é
divino e nós não?
Jesus operou milagres puramente
fora de Sua divindade (como o Filho eterno) ou havia algum outro
fator em questão? A Escritura é
clara. Como o messiânico homem
de Deus, Ele nunca estaria destituído de Sua divindade (Cl 2.9),
mas operaria sob os auspícios da
unção do Espírito.
Lucas 4 registra o cumprimento da profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me
ungiu” (Lc 4.18ss; Is 61.1). O apóstolo Pedro revelava a pneumatologia cristológica de Jesus quando
ensinava os cesarianos que “Deus
ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito
Santo e poder, e em como ele fez o bem
e curou a todos aqueles que estavam
sobre o domínio maligno, porque Deus
estava com Ele.” (At 10.38).
Jesus operou sob os auspícios da
capacitação do Espírito – não porque Sua divindade fosse insuficiente, mas porque, como nosso
Exemplo, Ele precisaria nos conduzir por caminhos que conseguiríamos trilhar. Sua promessa de poder advindo com o batismo no Espírito Santo (At 1.8) nos permitiria operar em reinos não acessíveis
a um mero ser humano.
A promessa de “operar coisas
maiores” (Jo 14.12, VKJ) manteve
muitos ministros até tarde da noite em introspecção. Jesus falou-nos
sobre “coisas maiores”, mas como
podem principiantes terrenos esperar que isso aconteça? Falemos
sobre ser subqualificado. No con-
texto das palavras de
Cristo, Ele falou sobre o eminente envio do Espírito Santo – o
mesmo Espírito que descera sobre
ele em Seu batismo no Rio Jordão
– para conceder poder aos crentes.
Mais que uma oportunidade
para foto trinitariana, o batismo de
Jesus e a subsequente descida do
Espírito Santo – juntamente com
a expressão audível da aprovação
do Pai – deveria falar muito sobre
o processo de nossa busca pessoal
pelo ministério sobrenatural.
2. De que
maneiras podemos seguir
Jesus, o Ungido, como nosso
maior Exemplo?
No comissionamento do ministério messiânico de Jesus em Lucas
4, encontramos duas áreas generalizadas de expectativa sobrenatural: o poder do Espírito nos discursos e nas ações. O ministério de
pregação/ensino/profecia de Jesus
exemplifica para nós o discurso
sobrenatural e com poder do Espírito. Os sinóticos revelam a ad-
O ministério de pregação/ensino/profecia de Jesus
exemplifica para nós o discurso sobrenatural e
com poder do Espírito.
Jesus não precisava de perdão
para pecados pessoais nem do poder do Espírito Santo para capacitar à fraqueza pessoal, mas sim para
nos servir de exemplo. Ele atendeu à vontade do Pai passo a passo, preparando o caminho que nós
– que desesperadamente precisamos de perdão e poder – poderíamos trilhar.
A descida do Espírito Santo sobre Jesus em Seu batismo estabeleceu uma outra faceta do padrão
que devemos seguir, pois, imediatamente depois, Lucas registra
que Jesus estava “cheio” do Espírito (Lc 4.1).
A confiança de Cristo no poder
do Espírito Santo fala sobre nossa
desesperada necessidade de sermos batizados no Espírito e “cheios” de poder sobrenatural que
advém com ele.
Nós podemos seguir o exemplo
de Cristo como nosso Modelo de
ministério porque, como Ele, nós
podemos experimentar e confiar
no poder do Espírito Santo.
miração da multidão à medida que
se maravilhava com a autoridade e
o poder das palavras faladas de
Cristo (Mt 7.29; Mc 1.22; Lc 4.32).
Do mesmo modo, o Espírito Santo mostrou Seu poder nas ações sobrenaturais de cura, exorcismo e
milagres (Mt 9.8; 15.31; Mc 1.27;
Lc 4.36). Esses atos chamavam a
atenção para a pessoa e para a mensagem de Jesus.
A continuidade desse padrão se
estende a nós. Embora Jesus, o
Modelo divino, tenha o Espírito
“sem medida” (Jo 3.34), vemos o
trabalhar do nosso batismo no Espírito abrindo as mesmas portas
para nós. Atos 1.8 delineia o procedimento: primeiro, recebendo
poder, e, segundo, sendo testemunhas; uma experiência profeticamente de comissionamento e poder trilhada por um ministério profético e com poder.
Observemos que imediatamente depois do derramamento inicial
no Pentecostes, Pedro declara que
Jesus é o Cristo com tamanho poJULHO 2010 | Recursos Espirituais
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Jesus, o Ungido: nosso Exemplo para um Ministério Sobrenatural (Cont. da pág. 35)
Ungido, enche-nos de segurança. Muitos
der que
têm, presunçosamente, tentado
as pessoas são
trilhar no sobrenatural sem um
“compungidas pelo cocompromisso forte com a Palavra,
ração” (At 2.37). Compacom a oração e com a presença de
re com a reação anterior das
Deus; e, como os 7 filhos de Ceva,
pessoas às palavras de Cristo. Enseus ministérios estão sendo destão o capítulo 3 mostra Pedro e
viados pela busca de ataduras e
João demonstrando não um discurfolhas de figo. Certamente dor e
so com poder do Espírito, mas tamhumilhação são produtos garantibém atos cheios de poder, como o
dos da presunção dissociada.
coxo publicamente restaurado próSe nós estivermos verdadeiraximo à Porta Formosa. Lucas quer
mente focados em nosso Exemplo
que seus leitores vejam que os sedivino, Jesus, o Ungido, e estiverguidores de Cristo cummos comprometidos
priram o padrão do mi- Não existe nenhum curso, centro ministerial em cumprir Sua missão
nistério de Cristo: disdelegada, as ferramenou doação para uma casa de oração que
curso cheio do espírito
tas do poder sobrenatupossa garantir um crescimento verdadeiro ral do discurso e dos fae fatos cheios do Espírito após o batismo no
da nossa fé e do nível de unção.
tos com poder do EspíEspírito. Receber e dar
rito irão da mesma forsão os selos da experiência de ba- conceito do que a vida sobrenatu- ma mexer com a nossa vida. Esse
tismo no Espírito.
ral normal de fato se parece. Não foco sobre Jesus e a linha da vida
existe nenhum curso, centro mi- de oração, a presença de Deus e a
3. Como os ministros podem ter a nisterial ou doação para uma casa Palavra nos protegerão da impetusegurança de que o sobrenatural de oração que possa garantir um osidade natural, da presunção e do
irá acontecer através de nós?
crescimento verdadeiro da nossa fé orgulho.
Podemos ter recebido o batismo no e do nível de unção; no entanto,
Minha experiência do batismo
Espírito anos atrás e resultado em uma simples imersão na Palavra e no Espírito Santo seguido de ação
um evento ministerial sobrenatu- a presença de Deus podem reno- – receber e ser – mudou minha traral ocasional ao longo do caminho. var nossas expectativas. As Escri- jetória espiritual, alinhando minha
Mas como podemos seguramente turas testificam que “a fé vem pela vida de forma mais próxima ao
subir ao nível de uma experiência, pregação, e a pregação, pela palavra exemplo de Cristo. Mas, talvez
dependência e obediência maiores de Cristo.” (Rm 10.17, ARA) . Nós você, assim como eu, tenha notahoje? Nós geralmente baseamos as podemos construir nossa fé através do que nossas experiências histórespostas para essa pergunta em do “orando no Espírito Santo.” (Jd ricas podem gerar memórias manossos medos e na consciência de v. 20).
ravilhosas que causem menos imnossas fraquezas. Simplesmente,
Quando nós amenizamos este pacto à medida que o relógio gira.
em geral conseguimos testificar medo com as Escrituras, oração e
Por que não se juntar a mim em
que a Pomba desceu sobre nós no presença de Deus, um constrangi- uma nova busca por Jesus, o Ungibatismo do Espírito, mas o medo mento santo pode nos consumir ao do, em oração, estudo da Palavra,
ainda espreita em algum lugar den- ponto da obediência – não impor- e tempo na presença do Espírito?
tro de nós. Podemos facilmente ser ta que resultados possam parecer
As Escrituras são claras. O moparalisados pelos nossos medos.
tivo
de o Espírito Santo descer soque sejam. Eu não estou defenEntão quais os maiores medos dendo uma abordagem impruden- bre nós é nos ungir para o ministéque minam nossa segurança? Pro- te ou cavalheiresca, mas viver nas rio sobrenatural, recebendo poder
vavelmente os dois mais consisten- palavras e na presença de Jesus, o e sendo testemunhas (At 1.8).
tes que enfrentamos no ministério sobrenatural são o medo de
que nada irá acontecer e o medo de
que iremos, de algum modo, estragar
o processo devido à nossa inexperiência ou inaptidão.
Devemos superar esses medos
pelo Espírito, pela Palavra e pela
oração. Nenhum tipo de torcida ou
agito pode nos fazer despertar dessa prisão de medo. Somente despendendo um tempo extra mergulhado na voz (particularmente de
Evangelhos e Atos) e a presença
de Deus podem restabelecer o
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