neuropatia periférica secundária ao decúbito em ruminante

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neuropatia periférica secundária ao decúbito em ruminante
NEUROPATIA PERIFÉRICA SECUNDÁRIA AO DECÚBITO EM RUMINANTE.
PERIPHERAL NEUROPATHY SECONDARY TO DECUBITUS IN RUMINANTS.
Pereira, E.C., Toma, H.S., Delfiol, D.J.Z., Gonçalves, R.C., Chiacchio, S.B., Borges, A.S., Amorim,
R.M. Departamento de Clínica Veterinária, Clínica de Grandes Animais, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia - UNESP- Campus de Botucatu, SP
O nervo radial é um nervo misto (sensitivo e motor) e sua porção motora controla os músculos
extensores do membro torácico, como o tríceps, extensor radial do carpo, ulnar lateral e
extensores digitais lateral e comum. Este nervo se projeta sobre a face lateral da articulação do
cotovelo, sendo vulnerável a lesões compressivas, principalmente por decúbito lateral prolongado
ou por uma inadequada proteção do membro. Os sinais clínicos podem variar de acordo com o
tipo e local da lesão. A lesão pode ser de 3 tipos: neuropraxia, axoniotmese ou neurotmese. A
neuropraxia é uma redução na condução nervosa sem alteração estrutural do axônio e, com o
tratamento o prognóstico é bom. A axoniotmese é a perda de continuidade de alguns axônios
com degeneração ao longo do segmento distal e a recuperação depende da lenta regeneração
das fibras nervosas. A neurotmese é a secção total do nervo, incluindo os tecidos conjuntivos de
suporte. Uma lesão do nervo se caracteriza por cotovelo caído, incapacidade de protração do
membro com arrastamento da pinça, e flexão das articulações distais, e sua cronicidade resulta
na atrofia neurogênica dos músculos extensores acima citados. O diagnóstico é baseado nos
sinais clínicos e o diagnóstico diferencial principal é a fratura de úmero. O prognóstico é
reservado a ruim para animais com disfunções neurológicas que perdurem por mais de 2
semanas sem sinais de recuperação. Uma fêmea bovina, ½ Holandês ½ Jersey, de 3 anos e 6
meses, foi atendida na Clínica de Grandes Animais da FMVZ - UNESP de Botucatu com queixa
de decúbito esternal há 1 dia. Ao ser levantada no aparelho de sustentação, o animal ficou em
estação, mas o membro anterior esquerdo apresentava cotovelo caído com flexão das
articulações do carpo e metacarpo-falangeana, redução da sensibilidade e tônus e perda da
propriocepção. Foi diagnosticada paralisia de radial e instituído o tratamento com 20 minutos de
ducha fria duas vezes ao dia (BID), massagem com pomada analgésica e antiflogística e DMSO
BID, seguida por massagem eletromagnética, com o intuito de reduzir a dor e inflamação local, e
ativar a circulação. Além do tratamento local, utilizou-se vitamina B1 (Tiamina) 10 mg/kg/24hs
como auxiliar no metabolismo da glicose pelo sistema nervoso, vitamina E 5 mg/kg/24hs como
auxiliar na prevenção dos efeitos nocivos das espécimes reativas do oxigênio e da miopatia pelo
decúbito, Fenilbutazona 4 mg/kg/24hs/4d. para controle da dor e Fluidoterapia IV para tratar a
desidratação e aumentar a perfusão tecidual periférica. Foi feito uma imobilização com uma tala
na região da articulação metacarpo-falangeana para facilitar o apoio do membro no solo e
fisioterapia com andar forçado para estimular o retorno das funções motoras do membro. Após 7
dias de tratamento, o animal apresentou melhora da tonicidade e coordenação do membro,
levantando e andando sem o auxílio do aparelho de sustentação. Com 15 dias, já apresentava
uma recuperação de 90% das funções do membro, e após 1 mês, estava 100% recuperado. A
compressão de nervos periféricos são causas secundárias importantes de decúbito em
ruminantes, que muitas vezes determinam o sacrifício do animal.