universidade federal da paraíba centro de ciências exatas e
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universidade federal da paraíba centro de ciências exatas e
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DANIEL DAL-BÓ COLEOPTEROFAUNA ASSOCIADA A CARCAÇAS DE SUÍNOS (Sus scrofa Linnaeus, 1758) EXPOSTAS EM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA EM JOÃO PESSOA, PARAÍBA. JOÃO PESSOA 2013 DANIEL DAL-BÓ COLEOPTEROFAUNA ASSOCIADA A CARCAÇAS DE SUÍNOS (Sus scrofa Linnaeus, 1758) EXPOSTAS EM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA EM JOÃO PESSOA, PARAÍBA. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba cumprindo as exigências para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientador: Antonio José Creão-Duarte JOÃO PESSOA 2013 Catalogação na publicação Universidade Federal da Paraíba Biblioteca Setorial do CCEN D136c Dal-Bó, Daniel. Coleopterofauna associada a carcaças de suínos (Sus scrofa Linnaeus, 1758) expostas em remanescente de Mata Atlântica em João Pessoa, Paraíba / Daniel Dal Bó. – João Pessoa, 2013. 55p. : il. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) Universidade Federal da Paraíba. Orientador: Prof. Dr. Antônio José Creão-Duarte. 1. Besouros. 2. Entomologia Forense. 3. Mata Atlântica. I. Título. UFPB/BS-CCEN CDU 595.763 (043.2) DANIEL DAL-BÓ COLEOPTEROFAUNA ASSOCIADA A CARCAÇAS DE SUÍNOS (Sus scrofa Linnaeus, 1758) EXPOSTAS EM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA EM JOÃO PESSOA, PARAÍBA. Aprovado em ___14___ de ________JULHO_________ de ____2011____ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Dr. Antonio José Creão-Duarte Orientador ______________________________________________ MSc. Rodrigo César Azevedo Pereira Farias Examinador _____________________________________________ Dra. Carla de Lima Bicho Examinadora AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Dimas e Salete, ao meu irmão Saulo e a minha avó Anita por todo o apoio, amor, incentivo, confiança e compreensão. Sem isto eu não teria me dedicado e realizado este sonho. A Irina, meu amor, pela paciência e compreensão. A Rodrigo e Well pelas coorientações, oportunidade e amizade. Uma ajuda de todas as horas na realização deste estudo. Ao professor Creão pela oportunidade de orientação, pela ajuda nos encontros de discussão. A todo o pessoal do “Laboratório de Entomologia Forense” pela companhia, pelas lutas e afeição por estes insetos maravilhosos. A todos da minha turma de biologia pela companhia e amizade durante esses anos de curso. A professora Carla Bicho por aceitar fazer parte da banda examinadora. Ao professor Ulisses dos Anjos pela realização das análises estatísticas. A todos os professores da UFPB os quais me deram sempre apoio e atenção para que eu continuasse firme na carreira. “Conhecimento não divulgado é como palco com cortina fechada; como rádio sem som; como um quadro num quarto escuro; como céu sem estrelas.” (Livis Dzelve) i SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ ii LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... iii LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... iv RESUMO .............................................................................................................................. v ABSTRACT ......................................................................................................................... vi Introdução .......................................................................................................................... 1 Fundamentação teórica ....................................................................................................... 3 Objetivo geral .................................................................................................................... 5 Objetivos específicos ...................................................................................................... 5 Metodologia ....................................................................................................................... 5 Área selecionada para o estudo ....................................................................................... 5 Plano de coleta ............................................................................................................... 6 Modelo experimental...................................................................................................... 6 Coleta dos insetos........................................................................................................... 8 Identificação e depósito dos espécimes ........................................................................... 9 Fases de decomposição................................................................................................... 9 Análises estatísticas ...................................................................................................... 10 Resultados e Discussão .................................................................................................... 11 Distribuição de abundância e riqueza ............................................................................ 11 Sucessão das espécies nas carcaças ............................................................................... 20 Período de Estiagem I (Tabela 05) ................................................................................ 21 Período Chuvoso I (Tabela 06) ..................................................................................... 24 Período de Estiagem II (Tabela 07) .............................................................................. 26 Período Chuvoso II (Tabela 08) .................................................................................... 28 Sazonalidade ................................................................................................................ 32 Considerações finais......................................................................................................... 38 Referências ...................................................................................................................... 39 Apêndices ........................................................................................................................ 45 ii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Aspecto geral da instalação do experimento, em João Pessoa (PB), 2009/2010. A. Armadilha tipo Shannon modificada. B. Gaiola usada para abrigar a carcaça e armadilhas pitfall........7 Figura 2: Coleta de adultos, em João Pessoa (PB) 2009/2010 A. Coleta com rede entomológica. B. Insetos sendo mortos em câmara mortífera. C. Retirada do material das pittfalls. D. Retirada de gravetos, folhas e outros artefatos em meio aos insetos capturados nas pittfalls..................................8 Figura 3: Buraco no solo semelhante aos que são feitos por Coprophanaeus ensifer próximo à carcaça durante o Período Chuvoso II, Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB.............................................16 iii LISTA DE TABELAS Tabela 01. Abundância e riqueza de espécies, por famílias de Coleoptera, coletadas em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB.................................................................................11 Tabela 02. Abundância de espécies de importância forense coletadas em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB....................................................................................................13 Tabela 03. Abundância de espécies incidentais coletadas em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB....................................................................................................18 Tabela 04: Número de indivíduos por famílias, coletados na tenda controle (Tenda 03) durante o período chuvoso II (15 a 24/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB...19 Tabela 05: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período de estiagem I (08/03 a 18/03/2009), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E).................................................................23 Tabela 06: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E).................................................................25 Tabela 07: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período de estiagem II (07/03 a 17/03/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E).................................................................27 Tabela 08a: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E).................................................................30 Tabela 08b: [Continuação] Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E)......................................31 iv LISTA DE QUADROS Quadro 01: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período de estiagem I (08/03 a 18/03/2009), João Pessoa, PB.................................................................................................................................33 Quadro 02: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009), João Pessoa, PB.................................................................................................................................33 Quadro 03: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período de estiagem II (07/03 a 17/03/2010), João Pessoa, PB.................................................................................................................................33 Quadro 04: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), João Pessoa, PB.................................................................................................................................33 v RESUMO Os insetos presentes em um cadáver podem fornecer informações importantes referentes à morte do indivíduo. Tais informações são âmbito de estudo da ciência denominada Entomologia Forense. Dentre os insetos que se destacam pela importância forense está a ordem Coleoptera cuja maioria de seus membros são predadores, porém com alguns necrófagos, que estão relacionados principalmente aos estágios finais da decomposição. Na Paraíba, estudos realizados no Agreste vem preenchendo a lacuna do conhecimento acerca da composição dos insetos associados a carcaças em decomposição. O presente estudo, realizado em um remanescente de Mata Atlântica, buscou listar o status de abundância, verificar o padrão de sucessão e a sazonalidade da entomofauna cadavérica no litoral do estado da Paraíba. Foram realizados estudos em quatro períodos: estiagem I (março de 2009), chuvoso I (setembro de 2009), estiagem II (março de 2010) e chuvoso II (agosto de 2010). Ao todo, 881 besouros pertencente a 16 famílias foram amostradas no estudo. Destas, oito famílias são consideradas de interesse forense. Staphylinidae compôs 31,4%, seguida por Histeridae com 17,9% e Scarabaeidae com 10,7%. As famílias Scirtidae e Modellidae, não consideradas de interesse forense, apresentaram exemplares em grande número, tornando-as, entre todas, segunda (14,5%) e quarta (7,5%) famílias de maior abundância, respectivamente. Destacou-se Scirtes sp. (Scirtidae) como a espécie mais abundante do estudo, com 126 exemplares. O processo de decomposição teve duração de oito dias, sendo percebidas cinco fases distintas de decomposição: fresca, inchamento, coliquativa, decomposição avançada e esqueletização. Percebeu-se que a composição dos besouros difere de estudos realizados em outras regiões do país, reforçando a necessidade de estudos regionais. Espécies que apresentaram padrões de sucessão e/ou sazonais tornam-se ferramentas importantes para estudos forense. Neste estudo, destacaram-se as espécies: Euspilotus azureus, Philonthus figulus, Aleochara sp., Xenopygus analis, Scirtes sp. e Omorgus suberosus. Palavras-chave: Besouros, Entomologia Forense, Mata Atlântica. vi ABSTRACT Insects present in a corpse can provide important information regarding the death of the individual. This information make reference to science called forensic entomology. The insects characterized by forensic importance are the order Coleoptera whose majority of members are predators, but with some scavengers, which are mainly related to the final stages of decomposition. In Paraíba, studies in Agreste is filling the gap of knowledge about the composition of the insects associated with decaying carcasses. This study, conducted in a remnant of Atlantic Forest, sought to list the status of abundance, check the succession pattern and seasonality of insect fauna in coastal cadaverous state of Paraíba. This study was carried out in four periods: dry I ( March 2009), rainy I (September 2009), dry II (March 2010 ) and rainy II (August 2010). Altogether, about 881 beetles belonging to 16 families were sampled in this study. Of these, eight families are considered forensic interesting. Staphylinidae composed 31.4 %, followed by Histeridae with 17.9% and Scarabaeidae with 10.7%. The families Scirtidae and Modellidae, did not considered forensic interest, presented individuals in large numbers, making them among all, second (14.5 %) and fourth (7.5 %) families with high abundance, respectively. Scirtes sp. (Scirtidae) as the most abundant species in the study, with 126 individuals. The decomposition process lasted eight days, being perceived five stages of decomposition: fresh, bloated, decay, postdecay and skeletal/remains. It was noted that the composition of beetles differs from studies in other regions of the country, reinforcing the necessity for regional studies. Species that showed patterns of succession and/or seasonal become important tools for forensic studies. In this study, the species stood out: Euspilotus azureus, Philonthus figulus, Aleochara sp., Xenopygus analis, Scirtes sp. and Omorgus suberosus. Keywords: Beetles, Forensic Entomology, Atlantic forest. 1 Introdução Pertencentes ao filo Arthropoda, os insetos são organismos que se adaptaram a vários ambientes. Sua diversidade e abundância alcançaram níveis tão extremos que, atualmente, acredita-se existir 30 milhões de espécies (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2011). Por estarem presentes em quase todos os ambientes e se utilizem de diversos recursos como fonte de alimento os insetos podem ser atraídos a um cadáver em decomposição para alimentação e reprodução (OLIVEIRA-COSTA, 2008; MISE et al., 2010). Por ser um recurso efêmero, o cadáver é rapidamente colonizado por diversos tipos de insetos, auxiliando, assim, no rápido processo de decomposição (PAYNE, 1965). A atração pelo odor dos corpos, poucos minutos após a morte, faz com que os insetos sejam os primeiros organismos a encontrarem um cadáver, tornando-os ferramentas úteis para se obter informações sobre a morte (CATTS & GOFF, 1992). Em alguns casos o conhecimento sobre a utilização dos insetos torna-se o melhor meio para solucionar investigações criminais. Entomologia é a ciência que estuda os insetos e quando está associada a um processo de foro denomina-se Entomologia Forense. Existem três categorias que foram propostas por Lord & Stevesson (1986): A Entomologia Urbana utiliza os insetos para solucionar casos que envolvam a comercialização de imóveis danificados por eles. Esta categoria tem pouca aplicação no Brasil, mas é expandida em países de clima temperado onde as casas em sua maioria são construídas com madeira. A Entomologia Forense de Produtos Armazenados refere-se à utilização dos insetos na solução de casos envolvendo produtos mal condicionados. Nesta categoria pode-se citar o envolvimento de insetos da família Chrysomelidae e Curculionidae. A Entomologia Médico-Legal trata da solução de casos envolvendo crimes violentos ou de morte duvidosa. É a categoria mais difundida e às vezes mais associada ao nome ‘Entomologia Forense’. Nem sempre todos os insetos encontrados próximos a um cadáver estão se alimentando dele e, com base nisso, quatro categorias ecológicas dentro da comunidade de insetos cadavéricos são reconhecidas: 1) espécies necrófagas – aquelas que se alimentam e se 2 reproduzem na carcaça, de modo que os imaturos se desenvolvem sobre ela; 2) predadores e parasitas das espécies necrófagas; 3) espécies onívoras – aquelas que se alimentam tanto do cadáver quanto dos colonizadores; e 4) espécies incidentais ou oportunistas – aquelas que usam o cadáver como extensão do seu nicho ecológico, chegando ao corpo por acaso ou simplesmente para usá-lo como abrigo (NUORTEVA, 1977; CATTS & GOFF, 1992). De acordo com isso, os grupos de insetos de maior importância forense são das ordens Diptera (moscas), Coleoptera (besouros) e Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas), ordenados de forma decrescente por categorias de importância. A ordem Coleoptera, cujos representantes são chamados popularmente de besouros, compreende a mais diversa entre os insetos. Sua característica principal é a presença de élitros, primeiro par de asas que é modificado, espesso, de textura coriácea e brilhante, cuja função é proteger o segundo par de asas, esse utilizado para o voo. Os besouros são citados como sendo o grupo de segunda maior importância na Entomologia Forense, pois as moscas são os primeiros insetos a colonizar o cadáver, enquanto que os besouros aparecem posteriormente (KULSHRESTHA & SATPATHY, 2001; MISE et al., 2007). Grande parte de seus membros é predador e alguns são necrófagos, os primeiros facilmente encontrados em todas as fases da decomposição, enquanto que os últimos mais restritos às etapas finais da decomposição (OLIVEIRA-COSTA & QUINTINO, 2008). Uma das principais indagações que surgem quando um cadáver de alguém é encontrado é o intervalo cronológico que transcorreu do momento da morte até a descoberta do corpo, conhecido como intervalo pós-morte (IPM) (OLIVEIRA-COSTA, 2008). Os métodos frequentemente utilizados são os exames médico-legais que consistem de observações do estado morfofisiológico do cadáver. A utilização de conhecimento entomológico é uma alternativa quando não há condições de se estabelecer o IPM pelos métodos da Medicina Legal. O método mais utilizado para estimar o IPM a partir de dados entomológicos baseiase no conhecimento da biologia dos insetos necrófagos (em especial das moscas) (KEH, 1985; CATTS & GOFF, 1992). Mas, para isso, são necessárias algumas análises, como por exemplo a condição climática ou fatores abióticos (temperatura e umidade), a presença de vestimentas ou artefatos que dificultem o acesso dos insetos e a localização do corpo (exposto ou contido em edificações etc.) (EBERHARDT & ELLIOT, 2008; KEH, 1985; OLIVEIRA-COSTA, 2008). 3 O outro método que auxilia na determinação do IPM é o estudo da sucessão entomológica sobre o corpo (EBERHARDT & ELLIOT, 2007). Insetos de grupos variados utilizam a carcaça em fases diferentes da decomposição, sendo sobrepostos por outros à medida que a decomposição progride, formando uma sucessão de espécies (Freire, 1923). Os coleópteros enquadram-se melhor nesse método, pois a maioria dos estudos envolvendo esse grupo reporta a sua associação aos estágios mais avançados da decomposição. Kulshrestha & Satpathy (2001) relataram dois casos em que Necrobia rufipes (De Geer, 1775) (Cleridae) e Dermestes maculatus (De Geer, 1774) (Dermestidae) foram importantes na predição do IPM, particularmente pelos corpos estarem no estágio tardio da decomposição. Vários recursos tem sido utilizados para atrair insetos necrófagos, dentre os quais estão: fígado bovino, ratos, cachorros, gatos e porcos. O modelo proposto por Catts & Goff (1992) é o porco doméstico (Sus scrofa Linnaeus, 1758), pois apresenta padrões de decomposição semelhantes ao do homem, é de fácil obtenção, é de custo reduzido e não apresenta restrições judiciais quando utilizados em estudos. Nos estudos de Thyssen (2000) em Campinas-SP, com suínos de 1 Kg e 10 Kg, foi observado que o tamanho da carcaça influencia o tempo de decomposição e a duração de cada etapa. A autora concluiu que não houve alteração no padrão de sucessão e na composição das espécies e que a abundância de espécimes foi maior na carcaça de maior porte. Fundamentação teórica O primeiro registro de utilização dos insetos na solução de um crime é datado do século XIII em um livro de Medicina Legal na China. Nesse documento, escrito por um advogado e pelo perito criminal Sung Tzú, está relatada a observação de moscas sobrevoando uma das foices que foi utilizada para matar um homem. As moscas, provavelmente atraídas pelos resíduos de sangue da vítima, apontaram para uma das ferramentas e, assim, os peritos puderam pressionar o autor a confessar o assassinato (BENECKE, 2001). Posteriormente, em 1855, o médico francês Bergeret solucionou um caso de morte de um bebê utilizando o ciclo de vida dos insetos para estabelecer uma estimativa de IPM. Mas somente com a publicação do livro La faune de cadavres, em 1894, o papel dos insetos na decomposição dos corpos foi evidenciado e tratado de forma sistemática. Seu autor, o célebre Mégnin, trouxe relatos e estabeleceu um conjunto de seres, chamadas por ele de “ondas de insetos”, que apresentavam 4 períodos estabelecidos de colonização dos insetos (PUJOL-LUZ et al., 2008; BENECKE, 2001). No Brasil, os primeiros registros sobre a entomofauna cadavérica são os de Oscar Freire (1908), quando apresentou uma coleção de insetos necrófagos para a sociedade Médica da Bahia e Roquette-Pinto (1908) que publicou notas sobre insetos cadavéricos obtidos de corpos humanos, no Rio de Janeiro. Esses e outros relatos estão na revisão bibliográfica de Pujol-Luz et al. (2008), que traz um conjunto de tarefas, metas e outras atribuições que a Entomologia Forense no Brasil deve alcançar para ser efetivamente implementada. Muitos estudos deverão ser elaborados para apreender todo o conhecimento acerca dos insetos de importância forense no Brasil. Algumas questões a serem solucionadas foram apresentadas por Freire (1914) ao criticar o estudo de Mégnin (1894) acerca das ondas de insetos. Ele observou que não existe exclusivismo de espécies para cada etapa de decomposição, ou seja, a ordenação das ondas de Mégnin não apresenta constância nem imutabilidade. Outras observações de Freire (1914) sobre o não isocronismo das fases de decomposição pela qual o corpo passa, a competição entre as espécies, a diferença na riqueza de espécies decorrente da distribuição geográfica e a impossibilidade de estabelecer uma cronologia precisa remetem a este autor um grande apreço, trazendo aos estudos de Entomologia Forense no Brasil uma contribuição enorme e significativa. Os diversos estudos executados após esses entomólogos pioneiros tiveram grande contribuição para a Entomologia Forense brasileira. O potencial dos insetos para solucionar um caso é, muitas vezes, ignorado pelos peritos criminais na hora da investigação (HASKELL & WILLIAMS, 1991 apud CATTS E GOFF, 1992). Essa atitude é criticada e, por isto, é necessária a difusão da importância dos insetos no momento da investigação. Sendo assim, uma grande contribuição para difundir a Entomologia Forense foi a elaboração do livro Entomologia Forense: quando os insetos são vestígios, de Oliveira-Costa (2008). Nesse livro são tratados diversos temas, dentre eles toxicologia, estimativas de IPM e análises moleculares. Pujol-Luz et al. (2008) destacaram que as aplicações da Entomologia Forense no Brasil são dependentes de alguns fatores, como por exemplo: (1) Identificação dos insetos de importância forense; (2) Estudo sobre a biologia e o ciclo de vida dos insetos de interesse forense; (3) Estudos sobre ecologia e padrões de sucessão na fauna cadavérica; (4) Estabelecer um banco de dados nacional; (5) Incentivos financeiros para pesquisas; (6) 5 Formação de recursos humanos; e (7) Publicações de estudos especializados na área. Autores como Andrade et al. (2005) e Cruz & Vasconcelos (2006) buscaram expandir o conhecimento da Entomologia Forense no Nordeste, já que a maioria dos estudos ocorrerem nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do país. Objetivo geral Este estudo teve por objetivos listar as espécies de Coleoptera associadas a carcaças de suínos (Sus scrofa L.). Objetivos específicos Verificar a distribuição de abundância e riqueza das espécies; Analisar o padrão de sucessão das espécies durante os estágios de decomposição das carcaças e entre as estações; Determinar a influência da sazonalidade sobre a composição dos besouros. Metodologia Área selecionada para o estudo Fundada em 5 de agosto de 1585, às margens do rio Sanhauá, a cidade de João Pessoa teve seu processo de urbanização em direção ao litoral, alcançando atualmente uma área territorial de 211 km². Segundo dados do IBGE (2007), João Pessoa possui uma população total de 674.762 habitantes, com distribuição de 3.198 distribuídos por km². Embora apresente um processo avançado de urbanização, parte de sua cobertura vegetal é nativa (IBGE 2006). A vegetação nativa é caracterizada, principalmente, por um complexo de fragmentos urbanos de Mata Atlântica, sendo que o maior desses, a Mata do Buraquinho, ocupa uma área de 515 ha, localizada na região central de João Pessoa (ANDRADE-LIMA & ROCHA, 1971). Parte da mata é cortada pelo Rio Jaquaribe e onde represado forma um açude, chamado 6 de açude do Buraquinho (BARBOSA, 1996). Por essa razão, a Mata do Buraquinho foi a área selecionada para a realização deste estudo. O setor da mata em que os experimentos foram instalados situa-se na porção administrada pelo Jardim Botânico Benjamim Maranhão (JBBM), criado em 2000 pelo Decreto Estadual nº 21.264. Plano de coleta As coletas foram realizadas diariamente, de 8 a 17 de março de 2009, de 31 de agosto a 11 de setembro de 2009, de 7 a 16 de março de 2010 e de 15 a 26 de agosto de 2010. Esses períodos serão referenciados aqui, respectivamente, por período de estiagem I, período chuvoso I, período de estiagem II e período chuvoso II. Devido à exigência da administração do JBBM de só permitir a entrada na mata com a escolta de guardas florestais, o horário inicial entre 09h e 10h variou, pois nem sempre havia disponibilidade de guardas no horário agendado. As atividades diárias duravam, em média, duas horas. As coletas cessavam quando as carcaças haviam sido inteiramente consumidas pelos insetos, restando apenas pele e ossos (o que corresponde ao estágio final da decomposição) e quando se detectava a ausência de atividade dos insetos sobre as carcaças. Foram obtidos, in situ, os dados de temperatura e umidade do ambiente por meio de um termo higrômetro digital modelo Temptec™ e, através do sítio do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (www.inmet.gov.br) , cujos dados climatológicos são registrados a cada hora. A descrição do material utilizado e dos procedimentos de coleta e pós-coleta detalhados a seguir conferem com o método utilizado e proposto por Oliveira-Costa & Dias (2008). Modelo experimental Duas carcaças de suínos foram utilizadas cada período climático. Cada carcaça possuía aproximadamente 11 kg. Os animais foram mortos mecanicamente, por meio de contusão na região craniana. Esse tipo de morte se faz necessária, pois o uso de qualquer substância anestesiante ou que cause a morte alterar a atração dos insetos ao corpo. 7 Foi montada uma estrutura em forma de tenda, que teve por objetivo funcionar como uma armadilha tipo Shannon, modificada, de tamanho aproximado de 2x2x2 metros (Figura 1A), para a observação do processo de decomposição do corpo e coleta de insetos no seu interior. Essa armadilha é constituída de pano branco (malha de algodão) nas laterais e de tecido voil na parte superior, que possibilita a entrada de luz. Entre o solo e as margens inferiores das laterais, há um espaço de cerca de 30 cm. Dessa forma, os insetos entram na armadilha pela abertura inferior atraídos pelos odores da decomposição e, ao subirem em direção à luz, ficam aprisionados no seu interior. Em uma das laterais, há uma abertura com zíper, de 1,80 m de comprimento a partir da margem inferior, para possibilitar a entrada do coletor (Figura 1A). Foram instaladas duas estações de coleta em cada período. No interior da tenda, cada carcaça foi posta numa gaiola para impedir que animais carniceiros a consumissem (Figura 1B). As gaiolas utilizadas medem, na base, 65x40 cm e 35 cm de altura. Cada gaiola continha, na parte inferior, uma bandeja (Figura 1B) em que foram colocados serragem e pó de serra para facilitar a coleta de imaturos ou até mesmo adultos que tenham caído da carcaça. Ao redor de cada gaiola, a cerca de 30 cm de distância daquela e entre si, foram enterradas oito armadilhas pitfall (Figura 1B) contendo água e detergente. Cada armadilha consistia de um pote plástico de um litro medindo 11,7 cm de diâmetro na base, 15 cm de diâmetro de abertura e 9,5 cm de altura. A F i g Figura 1: Aspecto geral da instalação do experimento, em João Pessoa (PB), 2009/2010. u A. Armadilha tipo Shannon modificada. B. Gaiola usada para abrigar a carcaçar e armadilhas pitfall. a 0 5 : idêntica No período chuvoso II, entretanto, foi instalada uma terceira tenda de coleta A às outras duas, porém sem a carcaça. O objetivo foi verificar se os insetos coletados nas s p e c t o d 8 estações com carcaças estavam lá atraídos à carcaça e/ou atividade dos insetos sobre ela ou estavam lá por acaso, de modo que poderiam estar presentes em qualquer local que não contivesse uma carcaça. Cada tenda foi montada a cerca de 10 m de distância uma da outra. Coleta dos insetos Os insetos aprisionados na Shannon foram coletados com uma rede entomológica (Figura 2A). Insetos adultos que estavam movimentando-se sobre a carcaça e a gaiola ou na bandeja abaixo foram coletados com o auxílio de pinças. Depois de capturados, os insetos foram mortos em câmara mortífera, contendo acetato de etila e depois transferidos para potes plásticos (Figura 2B). Os insetos coletados nas pitfalls, depois de peneirados, (Figura 2C e D) foram mortos e transferidos, também, para potes plásticos. Cada pote plástico recebeu uma etiqueta com o dia e a estação de coleta em que os espécimes foram coletados. Os potes contendo os espécimes foram armazenados em freezer para posterior triagem e identificação. A B C D Figura 2: Coleta de insetos, em João Pessoa (PB) 2009/2010 A. Com rede entomológica. B. Insetos sendo mortos em câmara mortífera. C. Retirada do material das pittfalls. D. Retirada dos insetos capturados nas pittfalls. 9 Identificação e depósito dos espécimes Após o término das coletas, os espécimes foram triados e identificados, alguns exemplares foram montados em alfinetes entomológicos, etiquetados e depositados na Coleção Entomológica do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba. Os demais espécimes, por questão de indisponibilidade de espaço foram mantidos em freezer ou em álcool 70%. Para a identificação dos espécimes, foram utilizadas as chaves de Borror & Delong (1988), Peck et al. (1998) Mazur (2001), Navarrete-Heredia (2002), Young (2002), Almeida & Mise (2009), Chani-Posse (2010) e Triplehorn & Johnson (2011), bem como o confronto com espécimes de coleções de referência do Laboratório de Entomologia e de outras instituições de pesquisa. Espécimes cuja identificação não foi possível além do nível de família serão posteriormente enviados para especialistas. Fases de decomposição Para a classificação e o reconhecimento dos estágios de decomposição, o material foi fotografado diariamente e tais dados foram comparados com as descrições já elaboradas em literatura (GOFF, 2000; FRANÇA, 2008). Para facilitar esse processo, cada dia de coleta foi identificado por um número cardinal, sendo ‘dia 0’ o dia em que as carcaças frescas foram expostas, o dia seguinte ‘dia 1’ e, assim, sucessivamente. As fases aqui identificadas no processo de domposição são em combinação das propostas de Goff (2000) e França (2008). Fase fresca: inicia-se com a morte do indivíduo até 24h depois, quando se observa o aparecimento de manchas na pele; Fase de inchamento: inicia-se com o aparecimento de manchas no abdômen, denominadas manchas verdes abdominais, e é caracterizada pelo notável aumento do volume corpóreo; Fase coliquativa: caracteriza-se pelo início do rompimento abdominal e liberação dos líquidos internos, com posterior diminuição do volume corporal; 10 Fase de decomposição avançada: caracteriza-se pela intensa decomposição observada pelo escurecimento do tecido epitelial, bem como a diminuição do volume corporal; Fase de esqueletização: caracteriza-se pelo endurecimento da pele, aparecimento dos ossos e observa-se a diminuição do número de insetos sobre o corpo. Análises estatísticas Foram realizadas análises estatísticas utilizando Teste-T, χ² (qui-quadrado), utilizando-se o programa estatístico R, versão 2.13. As análises foram utilizadas para tentar estabelecer correlações de temperatura com a abundância dos besouros nos diferentes períodos. 11 Resultados e Discussão Distribuição de abundância e riqueza Ao todo foram coletados 881 besouros pertencentes a 16 famílias, representadas por 70 espécies (Tabela 01). Durante os períodos de estiagem observou-se maior abundância, no entanto, a riqueza foi maior durante os períodos chuvosos. A família mais abundante foi Staphylinidae com 277 espécimes compondo 31,4% do total. Histeridae e Scirtidae, na ordem de abundância, foram compostas por 158 e 128 espécimes, respectivamente. Tabela 01. Abundância e riqueza de espécies, por famílias de Coleoptera, em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Número de indivíduos por período Coleoptera Total Estiagem I Estiagem II Chuvoso I Chuvoso II N (%) Riqueza Staphylinidae 85 48 29 115 277 31.4% 14 Histeridae 16 105 11 26 158 17.9% 5 Scirtidae 43 56 16 13 128 14.5% 2 Scarabaeidae 31 14 13 36 94 10.7% 6 Mordellidae 4 45 3 14 66 7.5% 6 Chrysomelidae 2 31 2 8 43 4.9% 6 Leiodidae 3 0 3 33 39 4.4% 1 Trogidae 3 2 11 8 24 2.7% 1 Carabidae 0 4 5 14 23 2.6% 6 Anthribidae 2 2 1 5 10 1.1% 2 Curculionidae 3 0 1 3 7 0.8% 6 Anobiidae 0 5 1 0 6 0.7% 2 Bostrichidae 0 1 1 1 3 0.3% 2 Dermestidae 0 1 0 0 1 0.1% 1 Cleridae 0 1 0 0 1 0.1% 1 Cerambycidae 0 0 1 0 1 0.1% 1 TOTAL 192 315 98 276 881 100% 62 Riqueza 25 31 26 45 12 A identificação da coleopterofauna cadavérica torna-se um grande problema para estudos da Entomologia Forense no Brasil. Grande parte dos registros nessa área é oriunda de regiões de clima temperado, onde a fauna característica, na sua maioria, não se assemelha à fauna Neotropical (PUJOL-LUZ et al., 2008). A falta de taxônomos dificulta a identificação correta das espécies, levando muitos autores a deixarem seus exemplares identificados como morfoespécie ou gênero. Esforços tem sido feitos para contribuir com a taxonomia, como, por exemplo, o estudo de Almeida & Mise (2009), que apresentou uma chave de identificação das principais famílias e espécies de besouros de importância forense, além de uma tabela de espécies ocorrentes na América do Sul com distribuição geográfica, autores dos estudos realizados e substrato utilizado para atração. As espécies das famílias classificadas como de interesse forense foram classificadas quanto aos seus hábitos alimentares em necrófagas, predadores/parasitas ou onívoras, de acordo com Catts & Goff (1992). As demais famílias foram classificadas como incidentais. Desta forma, as famílias consideradas de interesse forense foram Carabidae, Cleridae, Dermestidae, Histeridae, Leiodidae, Scarabaeidae, Staphylinidae e Trogidae (Tabela 02). Dentre as famílias de besouros incidentais estão: Anobiidae, Anthribidae, Bostruichidae, Cerambycidae, Chrysomelidae, Curculionidae, Mordellidae, Scirtidae e espécies não identificadas, aqui agrupadas como Coleoptera spp. (Tabela 03). 13 Tabela 02. Abundância de espécies de importância forense coletadas em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010) na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB Número de indivíduos por Período Espécie Família Total Estiagem Estiagem Chuvoso Chuvoso I II I II N (%) Histeridae Euspilotus azureus 1 96 0 3 100 16.2% Staphylinidae Aleochara sp. 7 27 13 40 87 14.1% Staphylinidae Philonthus figulus 32 6 3 44 85 13.8% Staphylinidae Xenopygus analis 43 7 1 4 55 8.9% Leiodidae Dissochaetus sp. 3 0 3 33 39 6.3% Histeridae Euspilotus sp. 12 0 7 14 33 5.3% Coprophanaeus ensifer Scarabaeidae 12 0 1 18 31 5.0% Staphylinidae Neohypnus sp. 1 7 11 11 30 4.9% Scarabaeidae Canthon staigi 6 7 5 7 25 4.1% Omorgus suberosus Trogidae 3 2 11 8 24 3.9% Scarabaeidae Dichotomius sericeus 1 3 5 10 19 3.1% Carabidae Carabidae sp. 4 0 0 5 7 12 1.9% Histeridae Hister sp. 2 8 0 2 12 1.9% Histeridae Hololepta sp. 0 1 3 4 8 1.3% Coprophanaeus jasius Scarabaeidae 7 0 1 0 8 1.3% Staphylinidae Atheta sp. 0 0 0 8 8 1.3% Scarabaeidae Canthidium sp. 4 2 0 0 6 1.0% Histeridae Omalodes sp. 1 0 1 3 5 0.8% Deltochilum irroratim Scarabaeidae 1 2 1 1 5 0.8% Carabidae Carabidae sp. 1 0 2 0 1 3 0.5% Carabidae Carabidae sp. 5 0 0 0 3 3 0.5% Carabidae Carabidae sp. 2 0 1 0 1 2 0.3% Carabidae Carabidae sp. 3 0 1 0 1 2 0.3% Staphylinidae Belonuchus sp. 1 0 1 1 0 2 0.3% Staphylinidae Belonuchus sp. 2 2 0 0 0 2 0.3% Staphylinidae Philonthus sp. 2 0 0 0 2 2 0.3% Cleridae Necrobia rufipes 0 1 0 0 1 0.2% Dermestes maculatus Dermestidae 0 1 0 0 1 0.2% Staphylinidae Oxytelinae sp. 0 0 0 1 1 0.2% Staphylinidae Staphylinidae sp. 0 0 0 1 1 0.2% Carabidae Carabidae sp. 6 0 0 0 1 1 0.2% Staphylinidae Philonthus sp. 1 0 0 0 1 1 0.2% Staphylinidae Philonthus sp. 3 0 0 0 1 1 0.2% Staphylinidae Pselaphine sp. 0 0 0 1 1 0.2% Staphylinidae Osoriinae sp. 0 0 0 1 1 0.2% TOTAL 138 175 72 232 617 100% 14 No presente estudo a família Staphylinidae foi a mais abundante, com 277 coletados, e, também, apresentou a maior riqueza, com 14 espécies (Tabela 01). Mise et al. (2010), em Manaus, encontraram 17 espécies. Entretanto, Wolff et al. (2001), em Medellín na Colômbia, e Souza & Linhares (1997), em Campinas-SP, obtiveram seis espécies cada, ambos utilizando porcos domésticos como isca. Não se percebeu padrão na abundância de espécies entre os períodos de coleta, sendo variável em todos os períodos. No presente estudo, Aleochara sp. representou 31,4%, resultado semelhante à Philonthus figulus Erichson, 1840, que alcançou 30,7% do total de espécimes da família. Mise et al. (2007) coletaram, em Curitiba-PR, 1.631 espécimes pertencentes a três espécies não identificadas do gênero Aleochara, ou seja, 66,5% dos Staphylinidae coletados. Sabe-se que espécies do gênero Aleochara criam-se na carcaça visto que suas larvas parasitam pupas de Diptera e a adultos alimentam-se tanto de larvas quanto ovos destas (MISE et al., 2007). A grande abundância dessa espécie, provavelmente, deve-se ao fato do recurso alimentar ser abundante, entretanto, não foi observado o aparecimento de larvas de Aleochara durante os experimentos. Philonthus foi representado por quatro espécies, sendo P. figulus a mais abundante, com 85 representantes (Tabela 02). Mise et al. (2007) encontraram seis espécies de Philonthus em seu estudo no Paraná, enquanto que no Amazonas, Mise et al. (2010) encontraram somente uma espécie deste gênero. Souza & Linhares (1997) registraram a presença de três espécies não identificadas de Philonthus em estudos realizados em Campinas-SP. Xenopygus analis (Erichson, 1840) compôs 19,8% de Staphylinidae. Seu pico (43 dos 55 insetos coletados) foi durante o Período de Estiagem I. A presença dessa espécie foi registrada na Paraíba por Santos (2008) em experimentos utilizando suíno realizados em São José da Mata, no Agreste do estado da Paraíba. Almeida & Mise (2009) apresentaram uma lista de coleópteros de importância forense, em que X. analis foi registrado por JiménezSánchez et al. (2000), em Tejupilco, México, utilizando lula como substrato. Neohypnus sp. foi composta por 30 espécimes, sendo mais representativa durante os dois períodos chuvosos (11 espécimes em cada). Espécie desse gênero foi amostrada por Mise et al. (2007) em Curitiba-PR e duas espécies (N. championi Sharp, 1885 e Neohypnus sp.) por Márquez-Luna (2001), em Tlayacapan, México, utilizando lula como substrato (Almeida & Mise, 2009). Em estudos realizados na Amazônia, Mise et al. (2010) apresentaram uma 15 espécie desse gênero amostradas em carcaça de suíno. González-Vainer & Morelli (2008) coletaram uma espécie não identificada de Neohypnus em armadilhas com fígado bovino no Uruguai em três regiões: bosque ribeirinho, pradarias e bosque pinhais. Atheta sp. foi representada por oito espécimes. Vannin et al. (2008) utilizaram a espécie Atheta (Dimetrota) marcida (Erichson, 1837), juntamente com outras espécies de moscas e besouros, para estabelecer o IPM em um caso de morte na Itália. Belonuchus sp.1 e Belonuchus sp.2 foram representados por dois espécimes cada. Mise et al. (2007) coletaram somente uma espécie de Belonuchus representada por 23 espécimes. Aqui, Pselaphinae sp., Oxytelinae sp., Osoriinae sp. e Staphylinidae sp. foram representadas por um indivíduo cada (Tabela 02). A família Histeridae corresponde a segunda maior em abundância, com 158 espécimes coletados, e apresentou riqueza de cinco espécies (Tabela 01). Não se percebeu um padrão na abundância entre os períodos estudados, no entanto, proporcionalmente houve maior coleta desses besouros durante os períodos de estiagem em relação ao período oposto do mesmo ano. Dentre as espécies de importância forense amostradas no presente estudo, a espécie Euspilotus azureus (Sahlberg, 1823) foi a mais abundante (100 espécimes) (Tabela 02). Representantes dessa espécie foram coletados desde o Paraná (MISE et al., 2007) até Manaus (MISE et al., 2010), demonstrando ser uma espécie muito comum e presente em diversos estados do Brasil. Espécies do gênero Euspilotus são predadores generalistas (MISE et al., 2010) e sua grande presença está relacionada à predação de larvas de mosca pelos diferentes estágios de decomposição. Carvalho et al. (2000) coletaram Euspilotus sp. em reserva florestal em Campinas utilizando porco doméstico como isca. A espécie Hister sp. foi representada por 12 espécimes, compondo 7,6% do total na família. Uma espécie do gênero Hister foi amostrada em Manaus-AM durante os períodos diurno e noturno por Mise et al. (2010). Espécies pertencentes à esse gênero também foram registradas por Wollf et al. (2001), na Colômbia, Centeno et al. (2002), na Argentina, e por Mise et al. (2007), em Curitiba-PR, todos utilizando porcos como isca. A espécie Hister punctiger LeConte, 1861 foi coletada por Jirón & Cartín (1981) na Costa Rica utilizando cadáver de cachorro. Uma espécie não identificada do gênero Hololepta foi amostrada neste estudo, representada por oito espécimes. O mesmo número de espécimes foi registrado por Santos 16 (2009) no Agreste paraibano, o que levou o autor a considerá-lo uma espécie acidental (lê-se incidental). No presente estudo não se adotou esta categorização, sendo esses representantes considerados, mesmo em quantidade baixa, de interesse forense. O registro de espécies desse gênero em estudos forenses é escasso, tornando essa espécie um indicador regional importante, pois tem sido apenas coletado na Paraíba. Omalodes sp., neste estudo, foi a menos amostrada dentre as espécies pertencentes à família Histeridae (N=5). No estudo de Mise et al. (2010) foi registrado o aparecimento de três espécies deste gênero. Souza & Linhares (1997) reportaram o aparecimento de uma espécie em estudos realizados no sudeste brasileiro. Carvalho et al. (2000) citaram Omalodes sp. como espécie indicadora forense de área, além de indicador forense de IPM. A família Scarabaeidae foi composta por 94 espécimes, dentre os quais Coprophanaeus ensifer (Germar, 1824) foi a espécie mais abundante, com 31 exemplares (33%). Seu registro em estudos de entomologia forense é pouco, apesar de seu hábito necrófago. Espécies foram amostradas em estudo realizado na Mata Atlântica paraibana em 2001 e 2002 por Endres et al. (2007), utilizando fezes humanas e fígado bovino como atrativos. Foram observados buracos no solo próximos a uma das carcaças durante o Período Chuvoso II (Figura 03), época em que se registrou um maior número de indivíduos (N=18). Figura 3: Buraco no solo semelhante aos que são feitos por Coprophanaeus ensifer próximo à carcaça durante o Período Chuvoso II, Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Canthon staigi (Pereira, 1953) foi composta por 25 espécimes, 26,6% do total, enquanto que Dichotomius sericeus (Harold, 1867) representou 20% do total (19 espécimes). 17 Essa última compôs 50% dos registros em tabuleiro e 47% em Mata Atlântica em um estudo realizado por Endres et al. (2007), na Reserva Ecológica Guaribas na Paraíba. No presente estudo, a única espécie da família Trogidae, Omorgus suberosus (Fabricius, 1775), foi representada por 24 espécimes. Em estudos utilizando suínos como isca, executados em uma fazenda no estado de Goiás por Marchiori et al. (2000) foram coletados 30 espécimes de O. suberosus. O representante da família Leiodidade, Dissochaetus sp., foi a 6ª espécie mais abundante (39 espécimes) (Tabela 02). Moura et al. (1997), no Paraná, coletaram a espécie Dissochaetus murray (Reitter, 1884) utilizando carcaça de rato. Velásquez (2008) coletou uma espécie de Leiodidae na Venezuela também utilizando carcaças de ratos. Foram amostradas seis espécies não identificadas de Carabidae (23 besouros), sendo Carabidae sp.4 a mais abundante, com 52% do total. A frequencia de espécies dessa família é baixa, assim como a quantidade de espécimes coletados, por esse motivo Cruz & Vasconcelos (2006) as consideram como abundância “rara” e “pouco frequente” em carcaças. As famílias Cleridae e Dermestidae foram representadas por somente um espécime cada [Necrobia rufipes (De Geer, 1775) e Dermestes maculatus (De Geer, 1774), respectivamente] (Tabela 01). Esses representantes são de grande importância forense por se desenvolverem no corpo em decomposição, em especial nos estágios mais avançados (KULSHERSTHA & SATPATHY, 2001). Carvalho et al. (2000) coletaram exemplares de N. rufipes somente no IML, enquanto que D. maculatus foi amostrada tanto na floresta quanto no IML, considerada uma espécie indicadora de área pelos autores. Essas espécies também foram coletados por Santos et al. (no prelo) em cadáver humano seco na cidade de Campina GrandePB, as quais auxiliaram na estimativa do IPM. O baixo número de dermestídeos coletados nesse experimento deve-se provavelmente ao fato do acelerado processo de decomposição e do ambiente úmido onde se deu o estudo. Goff (2000) observou que o termo “seco”, para o último estágio de decomposição, é indevidamente aplicado a ambientes úmidos, como uma floresta tropical. Além disso, a composição dos insetos amostrados em outros tipos de ambientes não se assemelha ao encontrado em lugares úmidos. Por exemplo, D. maculatus, em seu estudo, foi substancialmente ausente nos ambientes úmidos, pois requerem pele seca e cartilagem para completar sua alimentação, resultado observado no presente estudo, em que somente um indivíduo dessa espécie foi amostrado. 18 Das famílias não consideradas de interesse forense destaca-se Scirtidae com 128 espécimes coletados, compondo 14,5% do total de indivíduos, considerada a 3ª família mais abundante (Tabela 01). Scirtes sp. foi a espécie mais expressiva, representando 127 dos 128 besouros coletados. O único exemplar de Ora sp. foi coletado no Período Chuvoso II (Tabela 03). Tabela 03. Abundância de espécies incidentais coletados em carcaças de Sus scrofa no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010) na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB Número de indivíduos por Período Espécie Família Total Estiagem Estiagem Chuvoso Chuvoso I II I II N (%) Scirtidae Scirtes sp. 43 56 16 12 127 48.1% Chrysomelidae Bruchinae sp. 1 0 24 0 6 30 11.4% Mordellidae Mordellidae sp. 1 0 24 0 5 29 11.0% Mordellidae Mordellidae sp. 2 4 19 1 3 27 10.2% Anthribidae Anthribidae sp. 1 2 2 1 4 9 3.4% Chrysomelidae Chrysomelidae sp. 1 1 3 1 1 6 2.3% Anobiidae Anobiidae sp. 1 0 5 0 0 5 1.9% Chrysomelidae Bruchinae sp. 2 0 2 1 0 3 1.1% Mordellidae Mordellida sp. 4 0 1 2 0 3 1.1% Mordellidae Mordellida sp. 6 0 0 0 3 3 1.1% Chrysomelidae sp. 2 Chrysomelidae 1 1 0 0 2 0.8% Mordellidae Mordellidae sp. 3 0 1 0 1 2 0.8% Mordellidae Mordellidae sp. 5 0 0 0 2 2 0.8% Curculionidae Scolytinae sp. 2 0 0 0 2 0.8% Anobiidae Anobiidae sp. 2 0 0 1 0 1 0.4% Anthribidae Anthribidae sp. 2 0 0 0 1 1 0.4% Bostrichidae Bostrichidae sp. 1 0 1 0 0 1 0.4% Bostrichidae Bostrichidae sp. 2 0 0 0 1 1 0.4% Cerambycidae Cerambycidae sp. 0 0 1 0 1 0.4% Chrysomelidae sp. 3 Chrysomelidae 0 1 0 0 1 0.4% Chrysomelidae sp. 4 Chrysomelidae 0 0 0 1 1 0.4% Curculionidae sp. 1 Curculionidae 0 0 1 0 1 0.4% Curculionidae sp. 2 Curculionidae 1 0 0 0 1 0.4% Bostrichidae Bostrichidae sp. 3 0 0 1 0 1 0.4% Curculionidae sp. 3 Curculionidae 0 0 0 1 1 0.4% Curculionidae Curculionidae sp. 4 0 0 0 1 1 0.4% Curculionidae sp. 5 Curculionidae 0 0 0 1 1 0.4% Scirtidae Ora sp. 0 0 0 1 1 0.4% TOTAL 54 140 26 44 264 100% Larvas de espécies da família Scirtidae desenvolvem-se na água, sendo muito associadas a pântanos ou áreas alagadas (YOUNG, 2002). A região onde o experimento foi 19 montado apresenta influência do açude do Buraquinho, provável ambiente que serve de sítio de reprodução para os exemplares dessa família. Um estudo realizado na Finlândia em meados dos anos 90 descreveu membros de Scirtidae como predadores vivendo sob a vegetação (MUONA & RUTANEN, 1994). Sua associação a carcaças em decomposição é desconhecida, sendo esse um registro novo para a área e para a entomologia forense.O experimento controle com a tenda 03, realizada durante o Período Chuvoso II, pode ser utilizado para mostrar a relação de Scirtidae com a carcaça, pois em nenhum dos dias foi coletado ali algum exemplar da família. Apesar desse período ter apresentado o menor número de indivíduos, pode-se inferir que haja uma relação direta com a carcaça (Tabela 04). Tabela 04: Espécie de Coleoptera coletados na tenda controle (Tenda 03) durante o período chuvoso II (15 a 24/08/2010) na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB Total Espécie Família N Anthribidae sp. 1 1 Anthribidae Anthribidae sp. 3 1 Anthribidae Carabidae sp. 1 1 Carabidae Chrysomelidae sp. 4 1 Chrysomelidae Euspilotus sp. 11 Histeridae Mordellidae sp. 6 1 Mordellidae Ptiliidae sp. 1 Ptiliidae Atheta sp. 6 Staphylinidae Neohypnus sp. 4 Staphylinidae Tachyporinae sp. 1 Staphylinidae TOTAL 28 Outra família não considerada de interesse forense que, no entanto, foi amostrada de forma expressiva foi Mordellidae. Foram coletados 66 espécimes pertencentes a seis espécies não identificadas (Tabela 01). Mordellidae sp. 1 e Mordellidae sp. 2 foram as mais representativas das quatro espécies, com 29 e 27 besouros, respectivamente (Tabela 03). Sua associação a carcaça em decomposição não era conhecida, visto que adultos tem hábito alimentar fitófago (JACKMAN & LU, 2002). Foi descrito por Ping (1915) que o único sítio de oviposição conhecido para a família é troncos de árvores (PING, 1915 apud JACKMAN & LU, 2002). Desta forma, o desenvolvimento de imaturos na carcaça seja pouco provável. O 20 pico de ocorrência deu-se no Período de Estiagem II, com aproximadamente 70% dos besouros. Sucessão das espécies nas carcaças Segundo Goff (2000), alguns besouros chegam à carcaça e depositam seus ovos, os quais tem desenvolvimento dependente de outros insetos, em especial dos Diptera, pois suas larvas predam os imaturos dos dípteros durante os estágios iniciais. O autor afirmou que as larvas desses besouros tem o ciclo de vida acompanhando o das larvas de moscas, iniciando o processo de empupação quando as larvas das moscas começam a dispersão pós-alimentar. Assim, quando adultos, os besouros podem se alimentar dos tecidos secos do corpo não ocorrendo competição com suas larvas. Com o decorrer dos estágios da decomposição, insetos específicos são encontrados, seguindo um padrão esperado. Assim, o processo de sucessão torna-se uma ferramenta útil na determinação do IPM (OLIVEIRA-COSTA, 2008). Foram observadas nas carcaças as cinco fases da decomposição, seguindo as descrições de Goff (2000) e França (2008). O experimento foi acompanhado durante 10 dias quando, durante a fase de esqueletização, percebeu-se a ausência de atividade dos insetos. A fase fresca teve duração de aproximadamente dois dias (Figuras 04-05); a fase de inchamento também teve duração igual à fase anterior que durou até o rompimento abdominal, caracterizando a fase subsequente (Figuras 06-07); a fase coliquativa teve duração de um dia, percebido após este tempo o enegrecimento da pele, característico da próxima fase (Figura 08); a fase de decomposição avançada durou aproximadamente três dias, quando foram expostos os ossos e observada a diminuição da atividade dos insetos, característica da fase de esqueletização (Figuras 09-11); essa, por fim, foi acompanhada por mais três dias findando a duração de 10 dias do experimento (Figuras 12-14). A partir do 8º dia já não se via nenhum inseto sobre as carcaças. Apesar de todas as carcaças terem sofrido processos semelhantes de decomposição, nos períodos chuvosos observou-se um pequeno atraso, provavelmente devido à alta umidade (Quadros 02 e 04). Isso foi evidente durante os dias D4 e D5, quando as carcaças passavam pela fase coliquativa e início da decomposição avançada (Figuras 08 e 09). Em três das quatro carcaças, a pele permanecia ainda consistente, quando comparado ao que se observou nos períodos de estiagem. As figuras 04 a 14, no apêndice, ilustram o processo de decomposição nas carcaças ocorrente durante os estudos em 2009 e 2010. 21 Período de Estiagem I (Tabela 05) Foram coletados ao todo 192 besouros, dentre as quais Staphylinidae foi a família com maior número de espécimes (85) (Tabela 01). O dia D3, que corresponde ao último dia da fase de inchamento, apresentou o pico de coletas dos coleópteros nesse período, seguido dos dias D8 e D9 que correspondem as fases de esqueletização. De acordo com a abundância no período, pode-se destacar: Scirtes sp. foi abundante no dia D3, com 18 espécimes, e também correspondeu a espécie mais coletada durante o período (43 indivíduos. Seu aparecimento na carcaça se deu até o dia D9, no entanto, em menor quantidade. A espécie Xenopygus analis apresentou seu maior pico em D8, com 15 espécimes, e em D9, com nove espécimes, que correspondem aos primeiros dias da fase de esqueletização. No estudo de Santos (2009), realizado na Paraíba, essa espécie foi mais coletada na fase de fermentação (equivalente à fase de decomposição avançada no presente estudo). Esta espécie é pouco amostrada em estudos de Entomologia Forense no Brasil, sendo relatada por JimenésSánchez (2000), no México, utilizando lula como substrato de atração. Representantes de Histeridae, Scarabaeidae e Staphylinidae estiveram presentes no estágio fresco de decomposição (Dia D1), em destaque Euspilotus sp. com quatro espécimes. Na Amazônia, Mise et al. (2010) relataram E. azureus na fase fresca, assim como Aleochara sp., que também esteve presente na mesma fase no presente estudo. O período de estiagem I corresponde à estação do outono no Hemisfério Sul. Experimentos durante essa estação em 2006 realizados por Mise et al. (2007), em CuritibaPR, demonstraram que a maior abundância de espécies do gênero Euspilotus ocorreu nas fases inicias da decomposição e diminui no decorrer dos dias, resultado semelhante observado no presente estudo (Tabela 05). O oposto foi observado nos estudos de Souza & Linhares (1997), em que Euspilotus sp. ocorreu em menor abundância na fase de putrefação (equivalente a fase de inchamento) e aumentou nas fases de putrefação escura e fermentação butírica (equivalente às fases coliquativa e decomposição avançada, respectivamente). Os mesmos estudos anteriores demonstram a ocorrência de espécies do gênero Philonthus durante as fases de putrefação até a fase de fermentação, resultado semelhante ao do presente estudo em que a espécie Philonthus figulus ocorreu no fim da fase fresca até a fase de esqueletização. 22 A espécie Coprophanaeus ensifer, nesse período, foi mais abundante na fase de inchamento (D2 e D3). Carvalho et al. (2000) amostraram C. ensifer em florestas na cidade de Campinas-SP utilizando porcos como isca. Os autores descreveram essa espécie como indicadora de IPM e de área. Pessôa & Lane (1941) descreveram que, no estado de São Paulo, Phanaeus (=Coprophanaeus) ensifer são espécies comuns nas matas, bastando expor-se um animal morto que em pouco tempo será rodeado por esses grandes besouros. 23 Tabela 05: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período de estiagem I (08/03 a 18/03/2009), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E). Fases da decomposição F I C DA E 08/mar 09/mar 10/mar 11/mar 12/mar 13/mar 14/mar 15/mar 16/mar 17/mar 18/mar Total Família Espécie D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Anthribidae Anthribidae sp 2 2 Chrysomelidae Chrysomelidae sp. 1 1 1 Chrysomelidae sp. 2 1 1 Cleridae Necrobia rufipes 1 1 Curculionidae Scolytinae sp. 1 1 2 Curculionidae sp. 2 1 1 Histeridae Euspilotus azureus 1 1 Euspilotus sp. 4 1 5 1 1 12 Hister sp. 2 2 Omalodes sp. 1 1 Leiodidae Dissochaetus sp. 2 1 3 Mordellidae Mordellidae sp.2 4 4 Scarabaeidae Canthidium sp. 1 3 4 Canthon staigi 3 1 1 1 6 Coprophanaeus ensifer 6 3 2 1 12 Coprophanaeus jasius 1 1 3 2 7 Deltochilum irroratum 1 1 Dichotomius sericeus 1 1 Scirtidae Scirtes sp. 18 3 4 5 2 7 4 43 Staphylinidae Aleaochara sp. 1 2 3 1 7 Belonuchus sp. 2 1 1 2 Philonthus figulus 2 2 8 3 2 3 4 7 1 32 Neohypnus sp. 1 1 Xenopygus analis 4 4 2 3 6 15 9 43 Trogidae Omorgus suberosus 1 1 1 3 Total 0 12 11 46 15 18 17 16 35 23 0 198 24 Período Chuvoso I (Tabela 06) Foram coletados 98 besouros (aproximadamente metade do número coletado no período anterior). O dia que houve maior abundância também foi o dia D3. Novamente, Scirtes sp. foi a espécie mais abundante, com 16 espécimes ao todo. Seu aparecimento na carcaça se deu entre os dias D2 e D5, dias em que se observou abundância de larvas de Diptera. O aparecimento dos espécimes nesses dias deve-se, provavelmente, ao hábito predador, o que é corroborado pelas observações de Muona & Rutanen (1994), em estudos na Finlândia, que apontam espécies da família Scirtidae como predadores. O referente período corresponde à estação da primavera no Hemisfério Sul e, durante essa estação em Curitiba-PR nos experimentos de Mise et al. (2007), Aleochara sp. 1 foi intensamente coletada nas fases de putrefação até o final da fermentação butírica. Comparando-se o nome das fases do estudo anterior com o do presente estudo, a fase de putrefação tem características semelhantes às da fase de inchamento. Já a fase de fermentação assemelha-se à fase de decomposição avançada. No presente estudo, Aleochara sp. também esteve presente em todas as fases da decomposição, com abundância de indivíduos durante a fase de inchamento (D3), provavelmente devido ao hábito predador de larvas e ovos de moscas. A espécie Omorgus suberosus teve maior abundância nos estágios finais da decomposição, dos dias D6 a D9. Semelhante a isso, observou-se que as espécies de Histeridae estiveram concentradas durante a fase de decomposição avançada e início da fase de esqueletização. Já nos estudos de Souza & Linhares (1997) observou-se que espécies de Histeridae estiveram presentes nas fases de putrefação, putrefação escura e fermentação. O resultado não semelhou-se ao exposto no presente período. Neohypnus sp. foi coletada nos mesmos dias que a espécie Aleochara sp. e inclusive apresentou pico de coletas no dia D3. Mise et al. (2007) coletaram um exemplar deste gênero em Curitiba-PR. González-Vainer & Morelli (2008), no Uruguai, coletaram nove exemplares de Neohypnus utilizando fígado bovino, considerando-os predadores e distribuídos entre ambientes abertos, como as pradarias, e ambientes fechados, como os bosques ribeirinhos e pinhais. 25 Tabela 06: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E). Fases da decomposição F I C DA E 31/ago 01/set 02/set 03/set 04/set 05/set 06/set 07/set 08/set 09/set 10/set Total Família Espécie D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Anobiidae Anobiidae sp. 1 1 Anthribidae Anthribidae sp.1 1 1 Bostrichidae Bostrichidae sp.3 1 1 Carabidae Carabidae sp.4 1 3 1 5 Cerambycidae Cerambycidae sp. 1 1 Chrysomelidae Bruchinae sp.2 1 1 Chrysomelidae sp.1 1 1 Curculionidae Curculionidae sp.1 1 1 Histeridae Euspilotus sp. 1 2 3 1 7 Hololepta sp. 1 1 1 3 Omalodes sp. 1 1 Leiodidae Dissochaetus sp. 1 1 1 3 Mordellidae Mordellidae sp.2 1 1 Mordellidae sp.4 1 1 2 Scarabaeidae Canthon staigi 1 1 2 1 5 Coprophanaeus ensifer 1 1 Coprophanaeus jasius 1 1 Deltochilum irroratum 1 1 Dichotomius sericeus 2 1 2 5 Scirtidae Scirtes sp. 4 2 4 6 16 Staphylinidae Aleaochara sp. 1 6 1 1 1 2 1 13 Belonuchus sp.1 1 1 Philonthus figulus 1 2 3 Neohypnus sp. 1 4 1 1 2 2 11 Xenopygus analis 1 1 Trogidae Omorgus suberosus 2 6 2 1 11 Total 0 5 8 16 8 11 11 13 13 10 3 98 26 Período de Estiagem II (Tabela 07) Durante esse período foram coletados 315 besouros. O pico de coletas se deu entre os dias D4 e D5, com 117 e 72 besouros coletados, respectivamente. A família Histeridae foi a mais abundante nesse período (Tabela 01), porém a maior abundância foi da espécie Euspilotus azureus (N=96) que apresentou pico de coletas entre os dias D4 e D6. Scirtes sp. foi a segunda espécie mais abundante, com 56 espécimes distribuídos desde a fase de inchamento até a fase de esqueletização. Seu pico se deu no dia D4 com 16 espécimes coletados. Scirtes sp. teve padrão de sucessão semelhante a E. azureus, inclusive com o pico de coletas na fase coliquativa. Besouros histerídeos são comumente encontrados quando há aumento na população de larvas de moscas, predando-as ou alimentando-se de outros artrópodes (GOFF, 2000). O provável padrão de sucessão semelhante, observado para essas duas espécies, levanta a questão de que Scirtes sp. pode predar larvas durante essas fases da decomposição. Aleochara sp. teve comportamento semelhante ao das espécies anteriores, sendo mais representativa nos dias D4 e D5. Espécimes de Aleochara sp. estiveram presentes em diversos dias, resultado similar foi encontrado por Mise et al. (2007) em experimentos realizados no sul do Brasil. Exemplares da família Mordellidae e Chrysomellidae estiveram bem representados durante as fases de inchamento e coliquativa. Mordellidae sp. 1 e Bruchinae sp. 1 tiveram abundância equivalente, tendo sido coletados, ao todo, 24 espécimes cada. Essas famílias não são consideradas de interesse forense e sua maior abundância nesses dias pode ser considerada incidental. Foi no período de estiagem II que os únicos representantes de Necrobia rufipes e Dermestes maculatus apareceram e, como esperado, estiveram presentes no estágio final da decomposição. Resultado diferente desses foi observado por Santos (2009), no Agreste paraibano, em que Dermestes sp. foi mais amostrada na fase de putrefação escura, fase semelhante à fase coliquativa do presente estudo, enquanto que N. rufipes foi mais abundante nas fases de putrefação escura e fermentação. Essas duas espécies são conhecidas por se reproduzirem nos restos da carcaça, como observado por Souza & Linhares (1997), em experimento realizado no sudeste brasileiro. 27 Tabela 07: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período de estiagem II (07/03 a 17/03/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E). Fases da decomposição Família Anobiidae Anthribidae Bostrichidae Carabidae Cleridae Chrysomelidae Dermestidae Histeridae Mordellidae Scarabaeidae Scirtidae Staphylinidae Trogidae Total F Espécie 07/mar D0 Anobiidae sp. Anthribidae sp. 1 Bostrichidae sp. 1 Carabidae sp. 1 Carabidae sp. 2 Carabidae sp. 3 Necrobia rufipes Bruchinae sp. 1 Bruchinae sp. 2 Chrysomelidae sp. 1 Chrysomelidae sp. 2 Chrysomelidae sp. 3 Dermestes maculatus Euspilotus azureus Hister sp. Hololepta sp. Mordellidae sp. 1 Mordellidae sp. 2 Mordellidae sp. 3 Mordellidae sp. 4 Canthidium sp. Canthon staigi Deltochilum irroratum Dichotomius sericeus Scirtes sp. Aleaochara sp. Belonuchus sp. 1 Philonthus figulus Neohypnus sp. Xenopygus analis Omorgus suberosus I 08/mar D1 09/mar D2 10/mar D3 C 11/mar D4 3 12/mar D5 2 DA 13/mar D6 14/mar D7 15/mar D8 E 16/mar D9 17/mar D10 2 1 1 1 1 1 3 1 6 1 9 1 1 1 1 5 1 1 1 1 3 1 1 2 2 5 2 3 1 1 9 8 2 1 1 0 1 26 30 44 2 1 7 6 1 1 16 12 1 5 2 2 1 117 26 3 15 1 3 1 5 4 5 1 1 7 1 1 1 1 1 1 11 8 1 4 1 3 72 2 1 1 37 1 1 4 1 3 1 1 1 12 14 1 1 1 1 2 4 Total 5 2 1 2 1 1 1 24 2 3 1 1 1 96 8 1 24 19 1 1 2 7 2 3 56 27 1 6 7 7 2 315 28 Período Chuvoso II (Tabela 08) Foram coletados ao todo 276 besouros. Houve abundância dos besouros entre os dias D2 a D8, porém, o dia em que houve maior abundância foi o dia D5, com 61 besouros coletados. A família Staphylinidae compôs a maior riqueza nesse período, com 12 espécies coletadas. Nos estudos de Mise et al. (2007), em Curitiba-PR, durante o verão de 2005-2006, espécies do gênero Philonthus foram amostradas, em grande quantidade, entre as fases fresca, putrefação e início da putrefação escura, enquanto que durante as outras estações, no mesmo estudo, houve menor quantidade desses besouros. Resultado oposto a esse foi observado nos estudos de Santos (2009), no Agreste paraibano, durante a estação chuvosa. No seu estudo, Philonthus sp. 3 ocorreu em grande quantidade nas fases de putrefação, putrefação escura e também no final da fase de fermentação e início da fase seca. Comportamento semelhante a esse foi observado com P. figulus no presente estudo, sendo abundante na fase de inchamento, decomposição avançada e no início da fase de esqueletização. Aleochara sp., segunda espécie de maior abundância, foi a mais representativa na fase de decomposição avançada, sendo o pico no dia D5 (18 espécimes). Dissochaetus sp. esteve presente desde a fase de inchamento até a fase de esqueletização (Tabela 08a). Espécies dessa família são conhecidas por se alimentarem de carcaças em decomposição e de fungos, daí seu nome em inglês round fungus beetle (Almeida & Mise, 2009), o que pode ter levado o seu aparecimento durante vários dias na decomposição. Em geral, as quatro espécies de Scarabaeidae estiveram presentes, em pequenas quantidades, desde o estágio fresco até o início da fase de esqueletização (Tabela 08b). Nesse período foram observados buracos de Coprophanaeus ensifer próximos à carcaça no dia D5 (Figura 03). O pico de coletas dessa espécie se deu no dia D4, com oito indivíduos. UrurahyRodrigues et al. (2008) realizaram estudos na Amazônia e descreveram a atividade de outro Scarabaeidae, a espécie C. lancifer (Linnaeus, 1767). Os autores constataram que indivíduos dessa espécie puderam deslocar porcos grandes (60 kg) com dimensões de humanos aproximadamente 180º do local exato da morte em apenas 72 horas. No presente estudo isso não pôde ser evidenciado com C. ensifer, devido ao modelo da armadilha não permitir o acesso desses besouros à carcaça, pois debaixo da carcaça havia uma bandeja de metal que bloqueava o contato do corpo com o solo. 29 Membros de Histeridae estiveram presentes nas fases de inchamento, decomposição avançada e esqueletização (Tabela 08a), resultado diferente do observado por Santos (2009), em São José da Mata, no estado da Paraíba. Suas observações apontaram espécies de Euspilotus sendo mais abundantes na fase de putrefação escura, o que corresponderia a fase coliquativa no estudo atual. Souza & Linhares (1997) obtiveram três espécies pertencentes a Histeridae, Saprinus azureus (Sahlberg, 1823) (=Euspitotus azureus), Euspilotus sp. e Omalodes sp. Todas as espécies apresentaram o padrão de sucessão semelhante, sendo que na fase de putrefação foi registrada a menor quantidade de espécimes. Das três espécies assinaladas pelos autores, somente S. azureus não foi coletada no presente estudo. Omalodes sp., aqui amostrado, assim como Hister e Hololepta, foram pouco representativas, ocorrendo na fase coliquativa, decomposição avançada e esqueletização (Tabela 08a). 30 Tabela 08a: Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E). [Continua] Fases da decomposição Família Anthribidae Bostrichidae Carabidae Chrysomelidae Curculionidae Histeridae Leiodidae Mordellidae F Espécie Anthribidae sp. 1 Anthribidae sp. 2 Bostrichidae sp. 2 Carabidae sp. 1 Carabidae sp. 2 Carabidae sp. 3 Carabidae sp. 4 Carabidae sp. 5 Carabidae sp. 6 Bruchinae sp. 1 Chrysomelidae sp. 1 Chrysomelidae sp. 4 Curculionidae sp. 3 Curculionidae sp. 4 Curculionidae sp. 5 Euspilotus azureus Euspilotus sp. Hister sp. Hololepta sp. Omalodes sp. Dissochaetus sp. Mordellidae sp. 1 Mordellidae sp. 2 Mordellidae sp. 3 Mordellidae sp. 5 Mordellidae sp. 6 15/ago D0 I 16/ago D1 17/ago D2 1 18/ago D3 C 19/ago D4 1 20/ago D5 DA 21/ago D6 22/ago D7 23/ago D8 E 24/ago D9 2 25/ago D10 1 1 1 1 1 3 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 5 3 3 1 3 6 1 1 5 2 3 1 3 2 2 2 1 7 2 2 1 1 1 1 1 6 3 2 1 1 Total 4 1 1 1 1 1 7 3 1 6 1 1 1 1 1 3 14 2 4 3 33 5 3 1 2 3 31 Tabela 08b: [Continuação] Sucessão de espécies de Coleoptera coletadas em suínos (Sus scrofa L.), por dia de coleta e fases de decomposição, durante o período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB. Fresco (F); Inchamento (I); Coliquativa (C); Decomposição avançada (DA); Esqueletização (E). C Período chuvoso II F I DA E 15/ago 16/ago 17/ago 18/ago 19/ago 20/ago 21/ago 22/ago 23/ago 24/ago 25/ago Total Família Espécie D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Scarabaeidae Canthon staigi 2 1 1 2 1 7 Coprophanaeus ensifer 2 8 2 1 4 1 18 Deltochilum irroratum 1 1 Dichotomius sericeus 1 1 1 1 2 1 3 10 Scirtidae Ora sp. 1 1 Scirtes sp. 1 1 3 5 1 1 12 Staphylinidae Aleaochara sp. 1 9 18 7 4 1 40 Atheta sp. 1 1 1 2 2 1 8 Neohypnus sp. 1 1 2 2 2 1 2 11 Osoriinae sp. 1 1 Oxytelinae sp. 1 1 Philonthus figulus 10 1 2 13 6 4 6 1 1 44 Philonthus sp.1 1 1 Philonthus sp.2 1 1 2 Philonthus sp.3 1 1 Pselaphinae sp. 1 1 Xenopygus analis 1 1 1 1 4 Staphylinidae sp. 1 1 Trogidae Omorgus suberosus 3 3 1 1 8 Total 0 9 29 29 44 61 43 22 24 6 9 276 32 Sazonalidade A região nordeste do Brasil não apresenta estações climáticas bem definidas como nas regiões mais ao sul do país. São definidas duas estações perceptíveis, a estação de estiagem e estação chuvosa, cuja intensidade de chuvas é influenciada por Zonas de Convergência Intertropical (ZCIT), procedentes do equador, e Sistemas Frontais ou Frentes Frias (ZCAS), oriundas do sul do continente (MOLION & BERNARDO, 2000). O período de estiagem corresponde aos meses de novembro a março, já o período chuvoso corresponde aos meses de abril a setembro. Os dados meteorológicos do INMET foram computados a cada hora durante os dias de realização dos experimentos. No entanto, no período chuvoso II foram computadas poucas horas por dia, não podendo ser feitas análises confiáveis em comparação aos períodos anteriores. Mesmo assim, foram utilizados os dados desse período para análise descritiva sobre a influência dos fatores abióticos nos resultados obtidos. Os quadros 01 a 04 representam os valores médios de temperatura, umidade relativa e precipitação durante os períodos de coleta. Foram comparados os dados meteorológicos do INMET com os dados mensurados utilizando o termo-higrômetro. Observou-se que a umidade no interior da Mata do Buraquinho tem valor médio mais alto, comparada aos valores disponibilizados pelo INMET. A estação meteorológica estimou valores para toda a cidade, enquanto que o termohigrômetro realizou medições in situ. Apesar de os dados mensurados in situ refletirem as condições do momento exato da coleta, recomenda-se adotar dados meteorológicos de estações próximas, pois as médias refletem melhor todas as variações que os organismos enfrentam em um determinado dia (Goff, 2000). Mesmo assim, quando possível, com o auxílio de um data-logger, no local do evento, deve-se manter registros ambientais por alguns dias a fim de compará-los aos da estação e, assim, estabelecer um padrão das variáveis ambientais (OLIVEIRA-COSTA & DIAS, 2008). 33 Quadro 01: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período de estiagem I (08/03 a 18/03/2009), João Pessoa, PB. Precipitação Data Temperatura (°C) Umidade (%) (mm) 08/03/2009 26,6 74 0,00 09/03/2009 24,7 69 0,00 10/03/2009 27,2 67 0,00 11/03/2009 26,8 68 0,00 12/03/2009 26,8 69 0,00 13/03/2009 27,1 69 0,00 14/03/2009 27,3 70 0,00 15/03/2009 27,7 70 0,00 16/03/2009 27,6 74 0,23 17/03/2009 26,4 78 0,37 18/03/2009 26,2 77 0,78 Média 26,8 71 0,13 Quadro 03: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período de estiagem II (07/03 a 17/03/2010), João Pessoa, PB. Precipitação Data Temperatura °C) Umidade (%) (mm) 07/03/2010 28,1 69 0,00 08/03/2010 28,4 69 0,00 09/03/2010 28,6 70 0,00 10/03/2010 27,9 66 0,00 11/03/2010 27,3 69 0,00 12/03/2010 27,7 70 0,00 13/03/2010 28,4 67 0,00 14/03/2010 28,4 65 0,00 15/03/2010 27,9 69 0,10 16/03/2010 28,6 63 0,00 17/03/2010 28,0 64 0,00 Média 28,1 67 0,01 Quadro 02: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009), João Pessoa, PB. Precipitação Data Temperatura °C) Umidade (%) (mm) 31/08/2009 24,8 67 0,00 01/09/2009 24,7 69 0,00 02/09/2009 24,8 72 0,02 03/09/2009 25,4 74 0,03 04/09/2009 25,7 73 0,00 05/09/2009 25,5 71 0,00 06/09/2009 25,6 71 0,00 07/09/2009 26,1 70 0,00 08/09/2009 26,1 71 0,01 09/09/2009 26,2 68 0,00 10/09/2009 26,0 66 0,00 Média 25,5 70 0,01 Quadro 04: Valores médios de temperatura (ºC), umidade (%) e precipitação (mm), obtidos do INMET, por dia de coleta, referentes ao período chuvoso II (15/08 a 25/08/2010), João Pessoa, PB. Temperatura Precipitação Data Umidade (%) (°C) (mm) 15/08/2010 26,8 57 0,00 16/08/2010 26,6 60 0,00 17/08/2010 26,9 60 0,70 18/08/2010 24,5 65 0,08 19/08/2010 25,8 58 0,00 20/08/2010 25,6 61 0,00 21/08/2010 25,0 73 0,30 22/08/2010 24,6 75 0,10 23/08/2010 26,5 61 0,00 24/08/2010 26,4 65 0,00 25/08/2010 25,0 71 0,04 Média 25,8 64 0,11 34 Através do Teste-T, foram analisadas as temperaturas médias em cada período de 2009. Mesmo que sejam visualmente percebidas as diferenças de temperatura nos quadros 01 e 02, se faz necessário analisar estatisticamente para corroborar, ou não, com as interpretações sobre a abundância entre os besouros nas duas estações, utilizando o teste do χ² (quiquadrado). Como hipótese Ho: Tmar = Tset obteve-se que o p-valor foi baixo (p = 0,0025), ou seja, as temperaturas do mês de março foram estatisticamente diferentes das temperaturas do mês de setembro. Com a hipótese alternativa, H1: Tmar > Tset, o p-valor foi muito menor (p = 0,0013). Através dessas análises pôde-se concluir que realmente a temperatura dos dias de coleta foram diferentes durante os períodos de 2009, sendo maior em março do que setembro. Em decorrência da falta de dados com as medições de temperatura do período chuvoso II (agosto de 2010), não foram realizadas as análises desse ano. Através do teste χ² (qui-quadrado), comparou-se as proporções dos besouros coletados entre os dois períodos de 2009. Percebeu-se que as proporções de março foram maiores que as de setembro (p < 0,0001). Já as análises de proporção, entre os períodos de 2010, mostraram resultado diferente, concluindo que a abundância de besouros de março não foi diferente de agosto do mesmo ano (p = 0,3312). Através desse resultado, e da análise do Test-T, para o ano de 2009, pôde-se correlacionar a alta temperatura do mês de março com o aumento na abundância de insetos. O mesmo não pôde ser feito entre os períodos de 2010 pela falta de dados do Test-T para o ano. Por não se poder correlacionar os dados meteorológicos e de abundância entre os dois anos, não se soube, exatamente, qual fenômeno interferiu na abundância dos insetos entre os quatro períodos. A estação climática com maior número de exemplares coletados foi o Período de Estiagem II com 315 espécimes (Tabela 01). Seguido dessa, o Período Chuvoso II apresentou 276 espécimes coletados, o Período de Estiagem I (192 espécimes) e o Período Chuvoso I (98). Pôde-se observar que os períodos de estiagem, juntos, apresentaram maior abundância comparados com os chuvosos, provavelmente devido às altas temperaturas (Quadros 01 a 03). A riqueza de espécies foi maior durante os períodos de coleta do ano de 2010 (31 espécies no período de estiagem II e 45 no chuvoso II) (Tabela 01). Já nas coletas realizadas no ano de 2009 as riquezas de espécies foram semelhantes, 25 espécies na estiagem I e 26 no chuvoso I. 35 Oliveira-Costa (2008) descreveu um conjunto de fatores que influenciam o processo de decomposição e a colonização no cadáver. Um desses fatores é o climático, principalmente a temperatura e umidade do local. A temperatura afeta o desenvolvimento dos insetos, pois com o aumento no grau numérico o metabolismos desses organismos acelera, enquanto que na diminuição do grau ocorre a redução do metabolismo (EDWARDS et al., 1987 apud OLIVEIRA-COSTA, 2008). Com o metabolismo sendo interferido pela temperatura, os insetos tenderão a modificar seu comportamento na carcaça de acordo com as condições climáticas locais. Dentre as espécies de interesse forense mais abundantes, Euspilotus azureus teve 96 de 100 espécimes coletados no Período de Estiagem II. Embora tenha sido coletado apenas 1 indivíduo no período de estiagem I e nenhum no período chuvoso I, essa espécie aparenta estar relacionada com períodos secos do ano. No entanto, outra espécie do mesmo gênero, Euspilotus sp., foi coletada em períodos opostos ao da espécie anterior, com pico de abundância no período chuvoso II e de estiagem I, e nenhuma espécie coletada no período de estiagem II, em que E. azureus foi mais abundante (Tabela 02). Souza & Linhares (1997), em seu estudo, discutiram que Euspilotus sp. foi considerada sazonal, aparecendo durante os períodos de coleta realizados em mata aberta em Campinas-SP. Santos (2009), em estudos no município de São José da Mata-PB, dissertou que os fatores abióticos influenciaram o processo de decomposição juntamente com a composição dos insetos na carcaça. O autor observou que espécies da família Histeridae predominaram durante o período seco, quando as temperaturas eram altas e a umidade relativa era baixa. Aleochara sp. esteve presente em todos os períodos estudados, sendo mais abundante em 2010, com o pico durante o período chuvoso II (Tabela 02). Quando comparadas as proporções nos períodos de 2009 e 2010, percebe-se que essa espécie foi mais amostrada nos períodos chuvosos, perfazendo 61% do total coletado. Mise et al. (2007) destacaram que as espécies do gênero Aleochara foram coletadas durante todos os períodos do ano, no estudo realizado em Curitiba-PR, a qual os autores denominam como “multivoltinas”. No Agreste paraibano, Santos (2009) percebeu que espécies da família Staphylinidae predominaram no período chuvoso, quando as temperaturas foram mais baixas (23ºC ±13,9), resultado semelhante no presente estudo. Philontus figulus não demonstrou padrão de sazonalidade durante os dois anos de estudo. Os dois períodos em que houve maior coleta foram chuvoso II (N=44) e estiagem I 36 (N=32) (Tabela 02). Souza & Linhares (1997) descreveram que espécimes de três espécies não identificadas de Philonthus foram coletados, na forma adulta, durante todas as quatro estações do ano em Campinas-SP. No presente estudo a espécie Xenopygus analis apresentou padrão sazonal durante os períodos de estiagem (Figura 02). Santos (2009) coletou maior quantidade de exemplares dessa espécie durante o período chuvoso, em São José da Mata-PB. Aqui, essa espécie esteve relacionada principalmente ao estágio de esqueletização, por apresentar maior abundância, apesar de ter sido frequente desde a fase de inchamento (Tabelas 05 e 07). X. analis é pouco amostrada em estudos de entomologia forense no Brasil, desta forma, pode-se associá-la aos estágios finais da decomposição e em períodos secos. As espécies Omorgus suberosus e Neohypnus sp. estiveram presentes em maior abundância durante os períodos chuvosos (Tabela 02). A primeira esteve relacionada principalmente ao estágio de decomposição avançada, enquanto que a segunda esteve presente desde a fase seca até a fase de esqueletização (Tabelas 06 e 08b). As duas espécies podem ser utilizadas como indicadoras de período climático, porém, a primeira pode também ser indicadora de intervalo pór-morte. Esperava-se que houvesse maior abundância de Dermestes maculatus e Necrobia rufipes, espécies consideradas de grande importância em estudos da entomologia forense. Santos (2009) realizou estudos no Agreste da Paraíba e obteve 352 exemplares de Dermestes sp. e 184 exemplares de N. rufipes. Carvalho et al. (2000), em estudos na reserva florestal de Santa Genebra, em um remanescente de Mata Atlântica em Campinas-SP, obtiveram 71 exemplares de D. maculatus e nenhum de N. rufipes. Dentre as espécies não consideradas de interesse forense, Scirtes sp. foi mais abundante durante os períodos de estiagem, tendo sido coletados 43 indivíduos na estiagem I e 56 na estiagem II, contrapondo-se a 16 no chuvoso I e 12 no chuvoso II. Dessa forma, essa espécie aparenta estar relacionada a períodos mais quentes do ano (Tabela 04). Nos períodos de estiagem, o pico de Scirtes sp. foi nos dias D3 e D4 (Tabelas 05 e 07), enquanto que nos períodos chuvosos o pico foi em D5 (Tabelas 06 e 08b). A presença dessa espécie concentrase nas fases de inchamento e fase coliquativa, mas prolonga-se até a fase de esqueletização, porém, em menor quantidade. Vale ressaltar que, dentre as cinco fases da decomposição, as três primeiras fases são aceleradas e há o predomínio das larvas de moscas, as quais compõem o topo dentre as 37 designações de importância forense (CATTS & GOFF, 1992). Dessa forma, o predomínio de espécies de coleópteros nas fases iniciais podem estar relacionado à predação de larvas de mosca. 38 Considerações finais Os resultados apresentados apontam abundâncias, riquezas e padrões diferentes de resultados observados em outras regiões no país. O aparecimento das famílias Scirtidae e Mordellidae, não consideradas de interesse forense, foi significativo, pois estiveram dentre as cinco famílias mais abundantes no estudo, com destaque para a espécie Scirtes sp. (Scirtidae), a mais amostrada. Propõem-se estudos posteriores para elucidar a relação dessa espécie com carcaças em decomposição. Espécies que apresentam padrões de sucessão e/ou sazonalidade bem definidos tornam-se ferramentas úteis como indicadores forenses. A exemplo destas estão: Euspilotus azureus (Histeridae), Aleochara sp. (Staphylinidae), Philonthus figulus (Staphylinidae), Xenopygus analis (Staphylinidae), Scirtes sp. (Scirtidae) e Omorgus suberosus (Trogidae). O aparecimento de espécies não citadas em outros estudos de entomologia forense reforça a necessidade dos estudos regionais acerca da composição dos insetos associados a esse tipo de recurso. 39 Referências ALMEIDA, L. M. & MISE, K. M. Diagnosis and key of the main families and species of South American Coleoptera of forensic importance. Revista Brasileira de Entomologia, v. 53, n. 2, p. 227-244. jun. 2009. ANDRADE, H. T. A.; VARELA-FREIRE, A. A.; BATISTA, M. A. & MEDEIROS, J. F. Calliphoridae (Diptera) Coletados em Cadáveres Humanos no Rio Grande do Norte. Neotropical Entomology, v. 34, n. 5, p. 855-856, 2005. ANDRADE-LIMA, D. & ROCHA, M. G. Observações preliminares sobre a Mata do Buraquinho, João Pessoa, Paraíba. 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Florida, EUA: CRC Press, 2002. cap. 37, p. 87-89. 45 Apêndices DIA 0 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 04: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 0 (dia da morte) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 46 DIA 1 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 05: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 1 (um dia de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 47 DIA 2 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 06: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 2 (dois dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 48 DIA 3 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 1 B A Arquivo perdido Período de estiagem II Carcaça 2 C D Arquivo perdido Período chuvoso II Período chuvoso I Carcaça 2 Carcaça 1 E Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 07: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 3 (três dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 49 DIA 4 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 08: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 4 (quatro dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 50 DIA 5 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 09: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 5 (cinco dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 51 DIA 6 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 10: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 6 (seis dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 52 DIA 7 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Carcaça 2 E D Período chuvoso II Período chuvoso I Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 11: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 7 (sete dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 53 DIA 8 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 A Período de estiagem II Carcaça 1 B C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 12: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 8 (oito dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 54 DIA 9 Período de estiagem I Carcaça 1 Carcaça 2 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I Carcaça 1 D Período chuvoso II Carcaça 2 E Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Figura 13: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 9 (nove dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010). 55 DIA 10 Período de estiagem I Carcaça 2 Carcaça 1 Período de estiagem II Carcaça 1 B A C Período chuvoso I E D Período chuvoso II Carcaça 2 Carcaça 1 Carcaça 2 Carcaça 1 F Carcaça 2 G H Imagem não obtida Figura 14: Aspecto das carcaças de Sus scrofa no dia 10 (dez dias de IPM) expostas na Mata do Buraquinho, João Pessoa, PB, no período de estiagem I (8 a 17/03/2009), período de estiagem II (7 a 16/03/2010), período chuvoso I (31/08 a 10/09/2009) e período chuvoso II (15 a 24/08/2010).