Rituais, memória e patrimônio_Carla Lyra e

Transcrição

Rituais, memória e patrimônio_Carla Lyra e
IV Reunião
Reuni Equatorial de Antropologia
XIII Reunião de Antropólogos
Antropólogos do Norte e Nordeste
04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza - CE
Grupo de Trabalho 27: Religiões de matriz Africana no Brasil:
memórias, narrativas e símbolos de religiosidade
Rituais, memória e patrimônio: De Terreiro Santa
Bárbara a Quilombo Ilê Axé Oyá Meguê – uma
construção imagética e musical
Carla Elizabeth Pereira e Lyra, [email protected],, UNIRIO
Lúcia
cia Helena Barbosa Guerra, [email protected],UFPE
[email protected]
1
Rituais, memória e patrimônio: De Terreiro Santa Bárbara a Quilombo Ilê
Axé Oyá Meguê – uma construção imagética e musical
A proposta deste artigo é debater de que forma as narrativas,
memórias e os símbolos são construídos e interpretados no “novo mundo” e,
em particular na sociedade brasileira, a partir de uma breve narrativa do
processo de construção da memória a partir da música e da fotografia no
Terreiro Santa Bárbara da Nação Xambá - localizado na cidade de Olinda/PE.
Descreveremos como o uso da memória foi utilizado no processo de afirmação
étnica e conquista territorial, analisando a dimensão das relações entre religião,
cultura, política e comunicação na preservação do patrimônio, tomando como
ponto de partida os caminhos de pesquisa trilhados durante a construção do
filme “Igbadu – Cabaça da Criação” de Carla Lyra em 2005 e da tese de
mestrado de Lúcia Helena Barbosa Guerra –“Xangô rezado baixo. Xambá
tocado alto – a reprodução da tradição religiosa través da música”
finalizada
em 2010.
A visibilidade dos grupos musicais é um componente fundamental para a
valorização do patrimônio material e imaterial dos terreiros em Pernambuco.
Foi a partir da pesquisa sobre a criação musical nos terreiros e as influências
africanas da música - a partir da vivência das novas gerações ligadas aos
tradicionais terreiros de Pernambuco - que tive o primeiro contato com o Grupo
Bongar e o Terreiro Xambá. Os jovens artistas seriam os “guardiões da
memória” com a (re) invenção da tradição a partir de sua produção artística. A
generosidade destes “guardiões da memória” dos terreiros permitiu a criação
artística audiovisual em suporte digital. Uma troca de saberes, cotidiano,
dança, música e poesia em 2005. O terreiro – patrimônio de “pedra e cal”- é
também o templo de um caminho de construção da memória baseado na
trajetória de seus fundadores cantada em versos pelo Grupo Bongar, formado
por jovens da comunidade Xambá.
Símbolos e narrativas: o mito da cabaça – Igbá-Odu
Descobrir o mito da criação iorubá simbolizado por uma cabaça (Foto 1).
Desvendar as origens africanas da criação musical pernambucana e explorar a
utilização da cabaça na criação musical. O projeto de pesquisa do filme Igbadu
2
buscava
pesquisar
as
influências
africanas
na
produção
musical
pernambucana, os caminhos que os artistas percorreram e “onde os sons da
cabaça conduziriam”. Uma foto de Pierre Verger e a leitura de Roger Bastide. A
descoberta da cabaça como símbolo da criação do mundo e da criação
artística: “como são construídos seus instrumentos e a sua música”? Como
estes mitos e conhecimentos são repassados para as novas gerações através
da música e dos ritos?” Foram estes questionamentos que conduziram a
imagens e narrativas que deram vida para um documentário de introdução ao
tema da memória social dos terreiros em Pernambuco.
A iniciativa do documentário “Igbadu – Cabaça da Criação” surgiu da
necessidade de traduzir através da linguagem audiovisual a vivência em
projetos de educação comunitária com o resgate de mitos africanos. A questão
cultural apoiada na identidade étnica é um dos princípios que se busca
aperfeiçoar no processo pedagógico. No seio do movimento popular de
educação, um dos aspectos relevantes sempre esteve relacionado à
quantidade de práticas de cultivo às raízes culturais, não como manifestação
folclórica, mas como expressão da identidade local. Observa-se que a
influência das origens africanas se destaca enquanto núcleo essencial dos
projetos pedagógicos emergentes em várias comunidades da Região
Metropolitana do Recife.
De acordo com as diretrizes do Plano Nacional de Cultura1, a dimensão
simbólica da cultura fundamenta-se na ideia de que a capacidade de simbolizar
é própria dos seres humanos e se expressa por meio das línguas, crenças,
rituais, práticas, relações de parentesco, trabalho e poder. Toda ação humana
é socialmente construída por meio de símbolos que entrelaçados formam redes
de significados que variam conforme os contextos sociais e históricos. Nessa
perspectiva antropológica, a cultura humana é o conjunto de modos de viver,
que variam de tal forma que só é possível falar em culturas no plural. A
dimensão simbólica está claramente expressa na Constituição Federal de
1988, que inclui entre os bens de natureza material e imaterial que constituem
o patrimônio cultural brasileiro, todos os “modos de viver, fazer e criar” dos
“diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Artigo 216).
1
www.cultura.gov.br/pnc
3
“O chão do meu terreiro é o umbigo do mundo“. As descobertas da
Ciência são transmitidas por escrito. Os segredos da religião – a espiritualidade
- e os conhecimentos tradicionais possuem outros canais e formas de
transmissão através do corpo: a música e a dança. Hinos, toques, batuques –
olhos, ouvidos e pele. Os mestres, os caboclos, os guias espirituais – a voz dos
ancestrais. O resgate da memória exige assim uma “iniciação teórica e prática”
– utilizando o próprio corpo e registrando em imagens e poéticas sonoras e
visuais essa vivência e acesso à memória. A transmissão oral do conhecimento
é o veículo do poder e da força das palavras que permanecem sem efeito em
texto escrito.
O processo de produção do documentário sobre a música envolveu
pesquisa e utilização de fotografias como fontes de dados, depoimentos orais,
levantamento documental em acervos públicos e privados e de fontes
iconográficas da Nação Xambá. A pesquisa fotográfica partiu da memória
iconográfica dos terreiros, memoriais e arquivos públicos de Recife. O
documentário buscou contribuir para a tolerância e o respeito às diversas
manifestações religiosas e à diversidade cultural brasileira. Neste processo, as
narrativas sobre maracatu e afoxé resgataram a memória adormecida dos
terreiros Xambá, Sítio do Pai Adão e do Terreiro de Mãe Amara.
Além dos meios de comunicação, os pesquisadores da Universidade
também deram a sua contribuição no resgate da memória e do patrimônio dos
terreiros de Pernambuco. Lúcia Helena Barbosa Guerra (2010) é um exemplo
da nova geração de pesquisadores que - no seu trabalho “Xangô rezado baixo.
Xambá tocado alto”- também destaca na sua análise o papel das novas
lideranças e das ações empreendidas pelo grupo musical Bongar na conquista
do título de Quilombo Urbano em 2006. Uma etnografia de como é realizada a
reprodução da tradição religiosa através da música.
A metodologia utilizada ressalta a técnica do uso das fotografias como
forma de registrar os toques, o dia-dia das pessoas e da comunidade e a
pesquisa do acervo de fotografias existentes no Memorial Severina Paraíso,
que serviram para rememorar pessoas falecidas e fatos históricos importantes.
O levantamento dos documentos foi feito também no Arquivo Público Estadual
e no setor de Micro filmagem da FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco. Além
das entrevistas, outra ferramenta utilizada na coleta de dados foi a pesquisa a
4
partir das novas mídias -
uma vez que a internet faz parte do dia-dia da
maioria dos brasileiros sendo
possível ter acesso a informações sem
distinções (imagens, vídeos, músicas) sobre a Xambá. No Orkut, existem duas
comunidades dedicadas ao Grupo Bongar, com mais de 400 pessoas
cadastradas e recentemente foram criadas páginas sobre o Terreiro da Xambá
no Twitter e no Facebook.
A manifestação cultural da Nação Xambá está
sendo divulgada via internet para o resto do país e do mundo (ver fotos em
anexo), além de gerar alianças que vão além do sacrifício e passam por outras
estâncias, onde destacamos o Bongar como agente dessas mediações.
O Grupo Bongar
O Bongar foi fundado em 2001. Inicialmente era composto por seis
jovens, com o propósito de levar aos palcos um trabalho voltado para
preservação e divulgação da cultura pernambucana. A formação musical dos
integrantes tem origem na comunidade religiosa Xambá e mostra em suas
apresentações o Coco da Xambá, caboclinho, maracatu, bumba-meu-boi,
frevo, coco de roda, coco de umbigada, ciranda, samba de roda e candomblé,
entre outros ritmos da cultura de raízes. No show do Bongar, tem-se a
oportunidade de conhecer os toques, as loas, as poesias e as danças das
festas da Casa Xambá, que ressaltam a resistência da Nação Xambá, a cultura
afro-brasileira, a religiosidade, a festa do coco e o dia a dia do povo Xambá.
Eles também receberam influências externas de manifestações culturais que
vinham visitar o terreiro no período carnavalesco, junino e natalino como
podemos ver através das fotografias em anexo e do texto sobre o Bongar no
site da Xambá: “O Bongar tem uma musicalidade muito forte de diversas
influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente da
linhagem Xambá. Os integrantes do grupo herdaram toda essa musicalidade
desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as
loas e as danças, durante as festas da Casa Xambá”.
O Grupo lançou seu primeiro CD em 2006, intitulado “29 de Junho”, uma
homenagem à tradicional festa do Coco da Xambá, que se realiza na
comunidade há mais de 40 anos nesta data. O Bongar também realiza oficinas
de percussão e dança popular, confecção de instrumentos, aulas-espetáculos e
palestras. Sobre o Bongar, Guerra (2010) coloca que “é possível identificar e
5
compreender as permanências e mudanças no fazer religioso e artístico das
pessoas envolvidas. Dentro desta questão profunda que é a busca de
identidade”.
A Nação Xambá
René Ribeiro (1952), em Cultos Afro-brasileiros do Recife2 afirma que o
povo Xambá ou Tchambá habitava a região ao norte dos Ashanti - conhecida
como Costa do Ouro – e na margem esquerda do Rio Benué, nos limites da
Nigéria com a República dos Camarões, portanto de origem Yorubana. Hildo
Leal3 buscou informações sobre este povo africano enviando cartas para os
Consulados da Nigéria e dos Camarões, apenas este último respondeu
confirmando que de fato existe um povo Chambá naquele país, mas que eles
não constituem necessariamente uma etnia e sim grupos familiares que
praticam a mesma religião.
O Terreiro Santa Bárbara - Ilê Axé Oyá Meguê, da Nação Xambá,
situado desde 1951 no bairro de São Benedito, em Olinda, na localidade do
Portão do Gelo. Assim, ao grupo cabe preservar a tradição do Xambá e, por
isso, lá foi instalado o Museu Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu) conhecido e
divulgado como Memorial do Xambá. No espaço urbano em que o terreiro
resistiu tanto tempo funcionou durante alguns anos uma fábrica de gelo que
encerrou suas atividades, provavelmente por falência em meados da década
de 40, ainda que os relatos sejam contraditórios e não haja registros
fidedignos. A CELPE, companhia de energia de Pernambuco, tornou-se
proprietária das instalações, mas as deixou abandonadas. Foi nesse espaço
que o Terreiro Santa Bárbara se instalou e, por isso, passou a ser conhecido
como Terreiro do Portão de Gelo.
Proteção patrimonial – o chão do meu terreiro...e a Unesco
Uma consulta aos documentos da ONU/Unesco descreve a seguinte
lista de direitos culturais: direito à identidade e à diversidade cultural, direito à
participação na vida cultural, direito autoral e direito/dever de cooperação
2
As religiões de origem afro em Pernambuco podem ser divididas em quatro variedades o
catimbó/Jurema, a Umbanda, o Xangô-umbandizado e o Xangô/Candomblé.
3
Pesquisador e filho de santo da Casa.
6
cultural internacional. O direito à identidade e à diversidade cultural, que nasce
durante o século XVIII no âmbito dos Estados nacionais, é elevado ao plano
internacional após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorreram saques ao
patrimônio cultural de países ocupados.
Em 1954, a Unesco proclama a Convenção sobre a Proteção dos Bens
Culturais em caso de Conflito Armado, documento em que os Estadosmembros se comprometem a respeitar os bens culturais situados nos territórios
dos países adversários, assim como a proteger seu próprio patrimônio em caso
de guerra. Na década de oitenta, cabe destacar a Recomendação sobre a
Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular (1989)
considerando que a
cultura popular deve ser protegida por e para o grupo cuja identidade expressa,
e reconhecendo que as tradições evoluem e se transformam. A Recomendação
foca na necessidade dos Estados-membros apoiarem a investigação e o
registro dessas manifestações.
As políticas públicas de preservação adotadas nas últimas décadas do
século XX no mundo pautaram-se pela ampliação do conceito de patrimônio,
atualmente compreendido como os bens de caráter natural, imaterial e material
(móvel ou imóvel). No Brasil, a definição ampliada de patrimônio legou ao
Estado a função de resguardar "[...] as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional", fixando também "[...] datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais nos Artigos 215 e
216 da Constituição Federal. Ao Estado cabe, com a participação da
sociedade, assumir plenamente seu papel no planejamento e fomento das
atividades culturais, na preservação e valorização do patrimônio cultural
material e imaterial do país e no estabelecimento de marcos regulatórios para a
economia da cultura, sempre considerando em primeiro plano o interesse
público e o respeito à diversidade cultural.
Numa perspectiva valorativa, o patrimônio cultural do país foi definido
como conjunto de bens de natureza material e imaterial (tomados
individualmente ou em sua totalidade) portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Entre tais bens se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e
viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
7
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais; sítios de valor histórico, urbanístico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Essa dinâmica acepção de patrimônio, inspirada numa percepção
antropológica de cultura, influenciou a elaboração do documento "Registro de
Bens Culturais de Natureza Imaterial" e concretizou-se a partir do Decreto no.
3551/2000. A cultura tradicional e popular passou a ser abordada como um
conjunto de criações fundadas na tradição de grupos ou indivíduos que
correspondiam a uma dada "identidade cultural e social", expressa por meio da
"língua",
"literatura",
"música",
"dança",
"jogos",
"mitologias",
"rituais",
"costumes", "artesanato", "arquitetura e outras artes", instituídas através de
valores transmitidos ancestralmente.
Em 20 de outubro de 2005, é adotada na Unesco a “Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade de Expressões Culturais”. Este
documento jurídico, de validade internacional, visa orientar e legitimar os
países na elaboração e na implementação de políticas culturais próprias,
necessárias à proteção e à promoção da diversidade cultural e instituir novos
padrões de cooperação e relação internacionais.
Os principais objetivos da Convenção são equacionar os desafios
trazidos pelo processo de globalização com a defesa das identidades culturais,
reafirmar o vínculo entre cultura e desenvolvimento através da formulação de
políticas culturais nacionais e fortalecer a criação, produção, distribuição e
acesso às atividades, bens e serviços culturais, sendo estes últimos
reconhecidos como portadores de valores e significados que “incorporam ou
transmitem expressões culturais, independente do valor comercial que possam
ter” (art. 4 da Convenção).
A Convenção ratificada pelo Brasil chama a atenção para a necessidade
de “integrar a cultura como elemento estratégico nas políticas nacionais e
internacionais de desenvolvimento”, na medida em que no contexto da
liberalização comercial podem ocorrer “desequilíbrios entre países ricos e
países pobres”. A Convenção reafirma o direito soberano dos Estados de
“implantar as políticas e medidas que eles julgarem apropriadas para a
proteção e a promoção da diversidade das expressões culturais em seu
território”. Não obstante, temendo que a cultura popular venha a perder seu
8
vigor sob a influência da indústria cultural, recomenda-se aos Estados que
incentivem a salvaguarda dessas tradições “não só dentro das coletividades
das quais procedem, mas também fora delas”.
De Terreiro Santa Bárbara a Quilombo Ilê Axé Oyá Meguê
Com a Constituição Federal de 1988, o direito dos remanescentes de
quilombos4 foi reconhecido pela primeira vez. Nos termos do art. 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida
a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir os títulos. Também o art. 216,
parágrafo 5º, da Constituição, estabelece o tombamento de todos os
documentos e sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos
quilombos.
Em 2006, o Terreiro recebeu da Fundação Cultural Palmares o título de
Quilombo Urbano, em reconhecimento pelo “trabalho de lutas e resistência
desse povo e persistência em manter vivos os ritos religiosos da Xambá,
preservando a mesma cultura, danças, vestimentas, gastronomia, vocabulário,
música, entre outras expressões de arte” (ALVES, 2007, p. 73). De acordo com
Fundação
Palmares5,
“Quilombolas
são
descendentes
de
africanos
escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao
longo dos séculos”. Uma das funções da Fundação Cultural Palmares é
formalizar a existência destas comunidades, assessorá-las juridicamente e
desenvolver projetos, programas e políticas públicas de acesso à cidadania.
Dentro deste processo de inclusão dos negros e de reparações por parte do
Governo Federal, a comunidade Xambá foi reconhecida como quilombo
urbano, transformando o Terreiro Santa Bárbara no terceiro quilombo urbano
do país e o primeiro da região nordeste.
4
Sobre a questão dos quilombos, tomamos como referência os trabalhos dos seguintes
autores: ISOLDI, Isabel Araújo. Territorialidades negras no território nacional: processos
sócio-espaciais e normalização da identidade quilombola. Campinas, SP.: [s.n.], 2010;
LIFSCHITZ, Javier Alejandro. Comunidades tradicionais e neocomunidades. Rio de Janeiro:
Contra Capa, 2011. 160 p.; 23 cm; LITTLE, Paul E. Territórios Sociais e Povos Tradicionais
no Brasil: Por uma antropologia da territorialidade.Série Antropologia (Brasília. Online), v.
322, pp. 2-36. nB/ICS/DAN.2002.Disponível em:http://vsites.unb.br/ics/dan/Serie322empdf.pdf.
5
http://www.palmares.gov.br/quilombola/
9
De acordo com Guerra (2010), a relação da Comunidade Xambá com a
Fundação Palmares vai além da sua regularização como remanescente de
quilombo, mas também permite o acesso da comunidade a iniciativas nas
esferas da educação, saúde, infra-estrutura, habitação, emprego e geração de
renda para a população. Até a concessão do título de Quilombo, os recursos
econômicos do Terreiro Santa Bárbara eram gerados exclusivamente pela
própria dinâmica da prática afro-religiosa. Atualmente, a partir das políticas de
reparação do Governo Federal, o título também confere acesso às políticas
públicas e investimentos. No ano de 2008, o Terreiro Santa Bárbara recebeu
R$ 450 mil para reforma da sua sede e do seu Museu, recursos estes que
vieram do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e do Governo do
Estado de Pernambuco.
Em novembro de 2007, um ano após conquistar o Título de Quilombo
Urbano, foi assinado um Decreto pela Prefeitura de Olinda através do Conselho
de Preservação dos Sítios Históricos, tombando a Comunidade do Portão do
Gelo como patrimônio histórico e cultural. Foi decretada a demarcação do
Quilombo Urbano do Portão do Gelo - reconhecido pelo Ministério da Cultura e
a Fundação Cultural Palmares em conjunto com o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como o primeiro quilombo urbano de
Pernambuco. Com uma tradição há mais de setenta anos, ocupa hoje nacional
a posição de terceiro quilombo urbano em nível.
No caso da Nação Xambá, ao longo do processo de autoreconhecimento quilombola, foram surgindo valorizações de questões como
etnicidade, identidade e raça, permitindo um diálogo entre os atores “laicos” do
governo, em suas várias esferas, e os atores religiosos da comunidade Xambá.
A memória vem sendo utilizada como uma representação coletiva, retendo do
passado o que convém ao grupo no presente de forma a manter o grupo mais
coerente e unido. Os processos que muitas vezes se apresentam como
naturais, precisam ser pensados em termos de estratégias e encenações que
os sujeitos sociais criam para buscar, numa sociedade extremamente
excludente, visibilidade e legitimidade.
Um dos reflexos do reconhecimento do Terreiro e do Grupo Bongar foi a
recuperação da tradição carnavalesca e a criação do Polo Afro Nação Xambá.
A programação de comemoração 60 Anos da Casa Xambá reflete a
10
recuperação do patrimônio imaterial e os rituais e um espaço de resgate da
memória cultural da cidade de Olinda. Um ritual iniciado com um Baile
Defumado” com o Afoxé Ilê Xambá, defumando toda a passarela do evento,
pedindo aos Orixás permissão para as festividades carnavalescas e Pólo Afro
Quilombo do Portão do Gelo, com toques de clarinetes e a presença de
autoridades religiosas reconstruindo a tradição da visita dos Blocos
carnavalescos e maracatus ao Terreiro (Foto 4).
Guerra (2010) investigou a relação entre religião e festa, que por sua vez
conecta dois universos dialéticos: o sagrado e o profano no Xambá. Para
pensar estes laços, elegeu festejos que fazem parte do calendário do terreiro,
objetivando identificar elementos do sagrado interagindo com elementos do
profano, além de observar as funções sociais das festas dentro do âmbito da
Nação Xambá.
A memória da influência dos terreiros na produção musical foi exaltada
terça-feira de carnaval com o “Encontro Xambá Convoca os Tambores”, com a
presença de maracatus e afoxés que foram recebidos pelo percussionista Naná
Vasconcelos. O músico foi Ogã da casa e gravou seu primeiro disco
homenageando Mãe Biu abordando o tema África Deus com a música concerto
para Mãe Biu.
A música, a mídia e os pesquisadores da academia foram também
articuladores importantes neste processo de visibilidade do Terreiro de Mãe Biu
em Pernambuco. Guerra (2010) destaca a década de 50, que significou um
período relevante na produção sobre a religiosidade afro-brasileira com os
estudos para a Unesco. As pesquisas foram realizadas no sudeste e no
nordeste do país, contando com a participação de diversos cientistas sociais
inclusive estrangeiros, como Donald Pierson (Brancos e Pretos na Bahia –
1945) e Charles Wagley (Race et classe dans le Brésil rural – 1952). Deste
período, o Acervo do Memorial Severina Paraíso da Silva guarda os registros
da visita de Gilberto Freyre e René Ribeiro ao terreiro de Mãe Biu
e a
passagem de Pierre Verger como podemos ver através do registro fotográfico
em anexo (Foto 2: Fotografia de Pierre Verger mostra a entrada dos Ingomes
no Terreiro da Xambá em 1948).
Guerra (2010) conseguiu durante a pesquisa no acervo da Fundação
Pierre Verger duas fotos que foram tiradas durante a passagem do fotógrafo
11
francês pelo Recife em 1948 e mostram a preparação para o toque de Bêji no
terreiro da Xambá (Ver foto 2). Tanto pelo relato de René Ribeiro, como pelas
fotos de Verger podemos perceber as semelhanças na forma de realizar a
festa. Para Ricardo Souza as festas são justificadas por um passado mítico e
remoto, sendo uma cultura baseada na memória e não na inovação cotidiana
(Souza, 2005). Evidenciamos que as festas religiosas da Xambá são
estruturadas na tradição, no apego e respeito ao passado.
Se, na década de cinqüenta, tivemos um terreno fértil para a produção
da memória da Nação Xambá, depois da conquista do título de Quilombo,
assistimos à retomada da produção jornalística e acadêmica sobre o Terreiro e
seus rituais. Em 2007, a jornalista Marileide Alves, produtora do grupo musical
Bongar publicou o primeiro livro sobre a Nação Xambá, a obra foi intitulada
Nação Xambá: do terreiro aos palcos. Além deste livro, existem dois trabalhos
acadêmicos realizados na Xambá, o primeiro foi a dissertação de Laila Andresa
Cavalcante Rosa com o título Epahei Iansã! Música e Resistência na nação
Xambá: uma história de mulheres, onde a musicista estudou o repertório
musical do orixá Oyá/Iansã relacionando ao empoderamento das suas filhas de
santo deste terreiro, defendida em 2005 na UFBA - Universidade Federal da
Bahia.
O segundo trabalho é fruto da Dissertação de Mestrado da historiadora
Valéria Gomes Costa defendida no ano de 2006 na UFRPE - Universidade
Federal Rural de Pernambuco, intitulada Nos arrabaldes da cidade: práticas de
apropriação e estruturação dos espaços no subúrbio do Recife pelo Terreiro
Santa Bárbara - Nação Xambá (1950-1992). Um terreiro - lugar de memória onde pesquisadores, fotógrafos, músicos pisaram e cuja interação com (e
como) filhos e filhas de santo gerou uma produção de etnografias, narrativas e
imagens para visibilidade deste patrimônio imaterial.
A Nação Xambá e as políticas culturais de preservação
As transformações ocorridas no terreiro ao longo da última década são
o resultado de um ciclo de políticas públicas de ações afirmativas e culturais
vivenciadas no país nos últimos dez anos que culminou com a conquista do
título de “Quilombo Urbano” em 2006. Uma das primeiras ações de
preservação da memória da Nação Xambá foi a abertura do Memorial Severina
12
Paraíso da Silva (Foto 7), inaugurado em 12 de maio de 2002, se tornando o
primeiro museu afro de Pernambuco. O Memorial conta hoje com um vasto
acervo de mais de mil fotografias, além de documentos (atas, registros de
filiados, de obrigações religiosas) e publicações em jornais e revistas que
tratam das religiões afro no estado. O Memorial tem 50 metros quadrados e
funciona dentro do Terreiro da Nação Xambá, recebendo além da visita de
pesquisadores, a de crianças e adolescentes numa parceira feita com as
escolas públicas, uma vez que a proposta do memorial é conscientizar os
jovens sobre a importância de preservar a Nação Xambá.
O terreiro foi reconhecido a partir do ano de 2004 pelo MinC como Ponto
de Cultura Mãe Biu. No ano seguinte a Casa Xambá firmou um convênio com o
Ministério da Cultura para articular e impulsionar ações já existentes na
comunidade, adotando estratégias para o seu desenvolvimento tanto no âmbito
local como estadual, através de ações educativas que geram renda para a
comunidade. Quando firmado o convênio com o MinC, o Ponto de Cultura Mãe
Biu recebeu a quantia de R$ 185.000,00 (cento e oitenta e cinco mil reais),
divididos em cinco parcelas semestrais, para investir no Projeto de
identificação, preservação e digitalização de acervo etnológico e capacitação
de jovens para manutenção de patrimônio material e imaterial do Memorial Mãe
Biu.
Considerações finais
Em sua obra clássica “As formas elementares da vida religiosa” Émile
Durkheim (1989) sinaliza os laços entre religião e festa. Para ele os rituais
produzem um estado de efervescência coletiva, o cotidiano passa a ser visto
como banal, a festa representaria um momento de arrebatamento. Em sua
análise Durkheim coloca as categorias sagrado e profano como antagônicas,
ao mesmo tempo, admite a linha tênue que as separa. Guerra (2010) conclui
que no caso do Terreiro Santa Bárbara e mais especificamente do Bongar,
além
do
caráter festivo
e
lúdico,
os
shows
exercem
uma função
conscientizadora, que vivifica toda a história da Nação Xambá, ao passo que
torna o grupo e seus integrantes parte viva desta história. No geral os estudos
sobre as festas nas religiões afro não se preocupam com suas funções e
significados e quando o fazem reduzem sua analise ao estético ou ao lúdico,
13
deixando de fora as funções sociais e políticas, que só passaram a ser
abordados em trabalhos recentes.
De acordo com o pesquisador Roberto Benjamim, a marca da cultura
africana está na música e na dança, como também na organização social dos
grupos e na sua ligação com os cultos afro-brasileiros. A narrativa musical
pode ser compreendida como um a partitura para se compor os caminhos da
memória da Nação Xambá onde a participação da juventude foi um fator de
transformação e mudança. A comunicação dos grupos musicais com seu
público reformula também a “abertura” dos pais e mães de santo para o
registro de imagens, difusão na internet assim com outras formas de
visibilidade dos terreiros como as redes sociais e para a preservação do
patrimônio material e imaterial da Nação Xambá.
O reconhecimento como Ponto de Cultura contribui com o fortalecimento
de novas produções imagético-musicais e formas de registro e divulgação do
patrimônio imaterial tais como o filme documentário “Um dia de Bêji” (Foto 8), o
Cine Bongar e
o Festival Tem Preto na Tela em 2009 pela própria
comunidade. Um caminho de preservação que foi sendo construído com apoio
de
ações
de
pesquisadores,
legislações
de
proteção
ao patrimônio
internacionais e nacionais e, principalmente, da voz dos ancestrais reanimadas
através do Grupo Bongar:
“No dia de São Pedro
Te convido para uma festa
Para você vir dançar o coco no Portão do Gelo
Um coco bom, tocado o dia inteiro,
um coco bom, o coco da Xambá”.
14
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Os Quilombos e as Novas Etnias, In:
O’DWYER,
Eliane
Cantarino.
Quilombos:
identidade
étnica
e
territorialidade. Rio de Janeiro: Ed. FGV/ABA, 2002.
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17
Cronologia do Terreiro Santa Bárbara6
Início de década de 1920 - O babalorixá Artur Rozendo Pereira migra de
Maceió para o Recife, fugindo à perseguição aos terreiros
1925 - Maria Oyá começa a freqüentar a casa de Artur Rozendo
1927 - Perseguição policial no Recife fecha o terreiro de Artur Rozendo, que
volta para Maceió
1928 - No mês de fevereiro, Maria Oyá começa a cultuar os Orixás, no Sítio do
Baçá em Campo Grande. Iniciação de Maria Oyá, em 20 de novembro, com
saída de Yaô, sem toque e “cantando baixinho”, por Artur Rozendo, que em
seguida retorna a Maceió. “Oyá ficou ensinando Maria das Dores, as coisas
que ela deveria fazer”
1930 - Maria Oyá inaugura seu terreiro, na rua da Mangueira, em Campo
Grande, do dia 7 de junho Silva, de Orixalá e Áurea de Iemanjá, em 26 de
junho
1932 - Últimos “serviços” de Maria Oyá, com recebimento de folhas, faca e
espada. Coroação de Oyá, no trono, ao meio-dia de 13 de dezembro
1938 - Repressão policial, nos tempos do Estado Novo, fecha o terreiro de
Maria Oyá em maio
1950 - Reabertura do terreiro por Mãe Biu, na Estrada do Cumbe, 1012 – Santa
Clara – Recife / PE, em 16 de junho, tendo como Babalorixá Manoel Mariano
da Silva
1951 - Inauguração do terreiro, em sua sede atual, na Rua Albino Neves de
Andrade – Portão do Gelo – Olinda / PE, em 07 de abril
6
LEAL, Hildo; MONTEIRO, João; OLIVEIRA, M.Carmo. 2005. Cartilha da Nação Xambá,
Olinda. P. 09-40. Homepage. http://www.xamba.com.br/index.htm
18
1993 - Falecimento de Mãe Biu , em 27 de janeiro.
Fortalecimento da comunicação e visibilidade da Nação Xambá :
pesquisa, documentação e políticas culturais
2000 - Comemorações dos 70 anos de fundação do Terreiro, com uma grande
obrigação, um boi para AguânguaBaraim e 12 carneiros para Xangô, no mês
de junho, e o Toque festivo no dia 18
2001 - Lançamento da Cartilha da Nação Xambá, no toque de Oxum, no dia 18
de janeiro. De 16 a 24 de novembro foi realizado o primeiro Ciclo de Cultura
Negra da Xambá. Neste mesmo ano foi criado o Grupo Musical de Coco
Bongar.
2002 - Aniversário de 90 anos de Mãe Tila e 70 anos de sua iniciação, em 27
de julho. Abertura do Memorial de Mãe Biu
2003 - Falecimento de Mãe Tila, em 24 de março
2004 - Criação do Ponto de Cultura Mãe Biu. A partir deste ano o terreiro
passou a ser reconhecido como um Ponto de Cultura.
2006 - Em 24 de setembro a comunidade Xambá foi reconhecida pelo Governo
Federal, através da Fundação Palmares como sendo o primeiro quilombo
urbano de Pernambuco.
2007 - O terreiro foi tombado pela Prefeitura de Olinda através do Conselho de
Preservação dos Sítios Históricos como patrimônio histórico e cultural. Neste
mesmo ano foi lançado o primeiro CD do Grupo Bongar, batizado com o nome
29 de junho, data em que acontece a festa do Coco da Xambá. Projeto Tem
Preto na Tela
2009 - Lançamento no segundo CD do Bongar, nomeado de Chão batido, Coco
pisado.
19
FOTOGRAFIAS
Nação Xambá - 1950 - 2010
Foto 1: Cabaça por Pierre Verger.
Foto 2: Fotografia de Pierre Verger mostra a entrada dos Ingomes no Terreiro
da Xambá em 1948.
Foto 3: Mãe Biu e seus filhos de santo – Acervo memorial Mãe Biu.
Foto 4: Carnaval na Nação Xambá – Marcelo Soares – 2007.
Foto 5: Grupo Bongar - Da esquerda para direita: Iran, Beto, Guitinho, Móises,
Nino e Mamão. Foto de divulgação do segundo CD do Grupo Bongar – Chão
batido, Coco pisado. Fotógrafo Beto Figueiroa.
Foto 6: Terreiro Nação Xambá no Facebook.
Foto 7: www.xamba.com.br – Memorial Mãe Biu na internet - 2013
Foto 8: Making of da gravação do documentário “Um dia de Bêji” produzido
pelos jovens da comunidade Xambá em 2009
Foto 1: Cabaça por Pierre Verger – Igbadu – Cabaça da Criação
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Foto 2: Fotografia de Pierre Verger mostra a entrada dos Ingomes no Terreiro
da Xambá em 1948
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Foto 3: Mãe Biu e seus filhos de santo – Acervo memorial Mãe Biu
Foto 4: Carnaval na Nação Xambá – Marcelo Soares - 2007
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Foto 5: Grupo Bongar - Da esquerda para direita: Iran, Beto, Guitinho, Móises,
Nino e Mamão. Foto de divulgação do segundo CD do Grupo Bongar – Chão
batido, Coco pisado. Fotógrafo Beto Figueiroa.
Foto 6: Terreiro Nação Xambá no Facebook
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Foto 7: www.xamba.com.br – Memorial Mãe Biu na internet - 2013
Foto 8: Making of da gravação do documentário “Um dia de Bêji” produzido
pelos jovens da comunidade Xambá em 2009
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