[edicao_a - 4] correio/turismo/material 09/02/14

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B4
CORREIO POPULAR
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Campinas, domingo, 9 de fevereiro de 2014
TURISMO
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CORREIO POPULAR
B5
Campinas, domingo, 9 de fevereiro de 2014
DICA DE VIAGEM
Turismo
eduardo
gregori
Editor: Eduardo Gregori [email protected]
Vale a pena
estudar fora?
/ ESCOLAS / com excelente
infraestrutura e ensino,
diploma reconhecido no Brasil,
além de uma interessante
experiência no Exterior, levam
cada vez mais estudantes para
o país norte-americano
Bruna Mozer
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
Aprender inglês em um verdadeiro mergulho no idioma, a
busca por uma experiência em
outro país, além da oferta de
boa estrutura educacional, têm
motivado brasileiros a procurarem cada vez mais programas
de intercâmbio no Canadá. A
Canadian International Student Services (CISS) é uma das
principais companhias que
mantém parceria com agências
em todo o Brasil e com escolas
em várias cidades do Canadá.
E, segundo seus representantes, o número de brasileiros
que participam do programa
High School — o mais procurado — já chega a 300 ao ano. A
quantia representa quase a metade dos intercambistas de todo o mundo que chegam ao território canadense. No Camp,
programa para o período de férias — de três a quatro semanas — o número de brasileiros
varia entre 50 e 70 brasileiros
por período.
Vancouver e Victoria
são as preferidas dos
estudantes brasileiros
E não é à toa que os laços entre o Brasil e Canadá se estreitam cada vez mais. Os programas deixam qualquer jovem entusiasmado, principalmente o
High School. Nele, o estudante
pode completar o Ensino Médio em escolas públicas ou privadas em mais de 50 cidades.
O adolescente permanece hospedado em uma casa de família que passa a ser guardiã do
aluno durante a sua estadia no
país, além da supervisão da
CISS.
A experiência é incrível. A estrutura das escolas públicas é
notável e equivalente — senão
mais — a das particulares do
Brasil. Além disso, o intercâmbio permite a vivência em uma
comunidade escolar típica dos
filmes norte-americanos: armários espalhados pelos corredores, construções de tijolos à vista e as tradicionais quadras de
esportes que são transformadas em palcos para apresentações estudantis.
Mas, aventuras à parte, tão
interessante quanto morar por
um tempo no estrangeiro, é a
experiência do sistema de ensino do Canadá. Lá, o aluno tem
de cursar matérias obrigatórias
e outras que ficam a seu critério. As disciplinas vão desde aulas de culinária, moda, francês,
carpintaria até esportes e artes.
As escolas possuem laboratórios equipados para cada curso
escolhido, professores especializados e uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento pessoal.
A consultora do CISS Kelly
Camponucci faz um alerta: responsável pelo acompanhamento dos brasileiros durante o intercâmbio, afirma que para ter
um melhor aproveitamento do
programa, o aconselhável é
que o sejam realizados dois períodos escolares. Isso porque, o
Ministério da Educação do Brasil exige que os brasileiros cumpram, obrigatoriamente, disciplinas de matemática, inglês,
sociais e ciências. “Como são
apenas quatro matérias por semestre, o intercambista acaba
perdendo a oportunidade de
frequentar aulas opcionais que
as escolas proporcionam", afirma a consultora. Dessa forma,
ao optar pelo programa de um
ano, o aluno poderá fazer duas
disciplinas obrigatórias por se-
É DA HORA!
mestre, além das opcionais, segundo ela.
No programa High School, o
intercambista pode completar
tanto o Ensino Médio em apenas um período, o equivalente
a um semestre e continuar
seus estudos no Brasil. De acordo com o CISS, o programa na
particular custa entre 50 mil e
60 mil dólares canadenses (cerca de R$ 115 mil) por ano. Na
pública, o valor varia entre 12 a
16 mil dólares canadenses (cerca de R$ 27 mil e 36 mil). Nas
duas opções, estão inclusos os
gastos com a estadia (refeições,
material escolar, documentação, entre outros custos básicos) e só não inclui gastos pessoais, como passeios e compras.
O destino
A gerente de marketing do
CISS, Janet Stvan, avalia a procura maior pelo Canadá em
comparação a outros países
mais tradicionais como os Estados Unidos, por exemplo, devese a boa estrutura social e urbana. “O Canadá é um país muito
seguro e somos muito amigáveis com os estrangeiros”, afirma.
Outro atrativo, segundo Janet, é pelo fato dos programas
permitirem que o intercambista escolha a cidade onde quer
estudar. “Tem aluno que gosta
de esquiar, por exemplo. Então
daremos a ele a opção de morar em uma cidade onde ele tenha essa oportunidade”, explica.
Entre os destinos mais escolhidos pelos brasileiros está a
região de British Columbia, onde está localizada Vancouver e
Victoria — cidades montanhosas e de belas paisagens. Mas
Janet alerta que há um cuidado
especial para evitar que as escolas recebam número grande de
brasileiros, justamente para estimular que eles interajam com
a cultura local e, principalmente, treinem o inglês.
Montreal, na província de
Quebec, é o destino mais procurado daqueles que querem
aprimorar o francês, já que é
uma cidade bilíngue e a segunda do mundo que mais usa o
idioma, depois de Paris. Encantadoramente, Montreal oferece
um mergulho nos dois idiomas. Basta andar pela cidade
para, naturalmente, deparar-se
com placas em inglês e cardápios em francês.
Mateus Thiago Santos (à esq.) estuda em Montreal com os amigos brasileiros Luiza Monteiro e Joao Henrique Macarini
Ian Castello, Fernanda Peronti e João Neto estudam Vancouver e cuidam de alguns dos afazeres da casa onde vivem
Fotos: Bruna Mozer/AAN e divulgação
O campineiro Yuri Mello
acaba de chegar de
Ottawa, onde passou seis
meses em intercâmbio.
Com o inglês afiado e
experiência de viver longe
da família no Exterior, o
estudante segue rumo ao
último ano do Ensino
Médio e para o vestibular.
Ele pretende cursar
faculdade de Economia
SAIBAMAIS
Mariana Frioli mora com a mesma família que recebeu sua irmã, em Oshawa
Intercambista durante aula de arte, uma das matérias que pode optar entre as disponíves, além das exigidas pelo Brasil
Famílias ou Homestay
Afinidades e gostos pessoais
dos alunos também são levados em conta na hora de escolher a casa onde ficarão hospedados. Segundo Kelly Camponucci, são cruzadas informações sobre a família interessada e o estudante para que ambos possam ter maior número
de afinidades entre si. “Se um
aluno gosta de futebol, por
exemplo, podemos escolher
uma família onde o pai é treinador”, afirma a consultora. Em
outros casos, boa parte dos intercambistas se hospedam na
casa de chineses, argentinos ou
mexicanos. “Minha família é
chilena, mas mantém muito as
tradições canadenses, falamos
em inglês o tempo todo”, conta
Tullia Sebastiani, de 16 anos,
que estuda em Ottawa.
Há situações em que o estudante escolhe a casa em que
quer ficar. Isso acontece com
frequência em casos parecidos
como o de Mariana Frioli, de
16 anos, de Sorocaba, que optou pela mesma casa onde a irmã dela permaneceu anos antes. “A família disse que eu poderia ficar também. Como já
A cidade de Vancouver, na província de British Columbia, é um dos principais destinos dos estudantes brasileiros
nos conhecíamos e sabíamos
que eram superlegais, decidi
que sim”, disse. Mariana estuda em uma escola de Oshawa,
a 50 quilômetros de Toronto.
Os trabalhos domésticos
também são divididos. Diferente do Brasil, a maior parte das
famílias canadenses não têm
empregadas
domésticas.
“Quando cheguei aqui, achei
estranho, mas me acostumei.
Sou responsável por deixar
meu quarto e banheiro limpos”, conta Fernanda Peronti,
de 16 anos, que faz intercâmbio em Vancouver. Ela, assim
como seus colegas brasileiros,
enfrenta a experiência de cuidar da casa e dividir os trabalhos com os filhos dos anfitriões. “Em casa, no Brasil, era
totalmente diferente. Mas a
gente acaba se acostumando e
é bom”, conta o estudante que
vive em Vancouver Ian Castello, de Recife.
"Sensação de liberdade"
O campineiro Yuri Mello, de 18
anos, acaba de desembarcar do
Canadá. Os quase seis meses fora de casa garantiram mais maturidade ao jovem, que estu-
dou e ficou hospedado na Capital, Ottawa. “As escolas canadenses passam uma sensação
de liberdade maior. Não usamos uniforme e podemos escolher aulas práticas que tenham
mais a ver com nossa afinidade
e o que pretendemos fazer na
faculdade”, disse o rapaz que
estudou em uma escola pública, a Brookfield High School.
Yuri ficou hospedado em
uma casa de família canadense
e compartilhou com ela o dia a
dia e a cultura do país — os
pais o levaram a um jogo de hockey. “Eu fiz muitas amizades,
● Voando para o Canadá
A Air Canada, empresa que está
entre as 20 maiores aéreas do
mundo, e em 2013, serviu cerca de
35 milhões de passageiros, opera
voos diários e non-stop entre o
Canadá e o Brasil, seu principal
destino na América do Sul. Os
voos partem do Rio e São Paulo. A
companhia oferece serviços
diretos para 60 cidades
canadenses, 49 destinos nos
Estados Unidos e 67 cidades na
Europa, Oriente Médio, Ásia,
Austrália, Caribe, México e
América do Sul.
Até o mês que vem, a rota
Brasil-Canadá será operada pelo
Boeing 777-300 ER, equipado com
a International Business Class, que
tem, entre outros ítens de
conforto, poltronas que reclinam
180˚ e têm entrada USB e luz
individual para leitura, menu a la
carte, exclusiva carta de vinhos e
atendimento personalizado. Além
disso, o moderno sistema de
entretenimento oferece 150
opções de filmes.
Este ano, a Air Canada foi eleita a
melhor companhia aérea de longo
alcance das américas em pesquisa
realizada com passageiros pelo
site de segurança aérea e produto,
o AirlineRatings.com. Informação
em: www.aircanada.com.br
Toronto atrai pela modernidade e também pelo alto nível de segurança
tanto com brasileiros quanto
com estrangeiros. Senti que os
brasileiros são bem tratados e
recebidos no Canadá”, disse.
Além de um filho de 24 anos
do casal que recebeu Yuri, ele
dividiu a casa com um intercambista chinês e outro espanhol. Recém-chegado, o estudante segue rumo ao último
ano do Ensino Médio e para o
vestibular.
chegou à escola como um intercambista, mas não sabia falar nada do idioma. Um ano depois,
conversa tranquilamente e apresenta evolução, segundo os próprios professores. “A escola tem
desenvolvido aulas especiais para auxiliar os intercambistas para que tenham base e possam
acompanhar as aulas normais”,
explica.
se seu conhecimento, tanto cultural quanto pessoal. Mike quer
prestar jornalismo na Universidade de São Paulo (USP). O intercambista estuda na Brookfield High School junto com outros dois brasileiros: Francisco
Galindo, de 15 anos, de Recife, e
Tullia Sebastiani, de 16 anos, de
São Paulo.
"Não sabia falar inglês"
"Escolhi o Canadá pela
receptividade"
Matheus Thiago Santos, de 15
anos, chegou a Montreal em
2012. O adolescente de Brasília
Mike Campos, de 16 anos, estuda em Ottawa, e afirma que a experiência permitiu que amplias-
A jornalista Bruna Mozer viajou
ao Canadá a convite da Canadian International Student Services e da Canadian Tourism Commission (CTC)
● Visto de residente
temporário
O governo canadense anunciou no
fim da semana passada que, quem
tirar o visto de residente
temporário poderá visitar o país
quantas vezes quiser, ou seja, com
múltiplas entradas, dentro do
período máximo de até cinco anos.
O oficial da imigração poderá
designar uma validade do visto
inferior, conforme o perfil do
requerente. O limite de
permanência máxima no país
continua sendo de 6 meses. O
objetivo é acelerar a economia
local, e de simplificar o trâmite
para emissão de vistos consulares,
já que, desta forma, os turistas
poderão visitar o país mais vezes,
sem ter que tirar visto cada vez
que for viajar.
A mudança é válida para quem
ainda vai tirar o visto canadense.
Quem já tirou o visto
anteriormente não precisará
solicitar o documento de novo,
pois já terá um visto ainda válido.
O visto de residente temporário é
indicado para quem vai viajar a
turismo, negócios, trânsito, ou
para quem vai estudar até 24
semanas, e permite a
permanência no país por, no
máximo, seis meses, a cada
entrada.
Estudar sempre vale a
pena, independente se
aqui ou no Exterior. Porém, quem vai para o estrangeiro, tem sempre um
plus no currículo, principalmente se voltar falando e
escrevendo fluentemente
outro idioma e também pela experiência que morar fora proporciona.
Muita gente acha caro,
mas fazendo a conta na
ponta do lápis, investir em
estudo fora do Brasil, muitas vezes acaba ficando
mais barato. Encontrar um
curso com tamanha qualidade ainda é difícil e muito
caro em nosso País, infelizmente. No Canadá, como
observou a repórter Bruna
Mozer, a infraestrutura das
escolas públicas, é tão boa
ou melhor do que as particulares por aqui.
Não deixa de ser uma
forma também de estimular o aluno. Estar fora do
País, fazer com que ele tenha contato com outra cultura, aprender responsabilidades, tudo isso deve ser levado em conta. Além, claro, da tranquilidade de deixar o adolescente com
uma família que passou
por criteriosa seleção e que
vai cuidar do estudante praticamente como um filho.
Já faz tempo que essa
história de filho estudar no
Exterior era coisa de quem
tinha muito dinheiro. Em
um mundo globalizado e
com o custo Brasil mais elevado que países superdesenvolvidos, o intercâmbio
não é assim impossível. Pelo contrário, está bem próximo do bolso, além de ser
uma ferramenta e tanto para o crescimento profissional e pessoal dos nossos filhos.
I I Eduardo Gregori é editor de Turismo.
[email protected]