a cozinha de mia couto em o fio das missangas.

Transcrição

a cozinha de mia couto em o fio das missangas.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
ALIMENTAÇÃO E LITERATURA.
A COZINHA DE MIA COUTO EM O FIO DAS MISSANGAS
NATAL-RN
MAIO/2012
JERÍCIA DO ROSÁRIO OLIVEIRA FORTES
ALIMENTAÇÃO E LITERATURA.
A COZINHA DE MIA COUTO EM O FIO DAS MISSANGAS
Trabalho
apresentado
a
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Nutricionista.
Orientadora: Profa. Ms. Michelle Medeiros
Co-orientadora: Profa. Ms. Célia Márcia Medeiros de Morais
NATAL-RN
MAIO/2012
JERÍCIA DO ROSÁRIO OLIVEIRA FORTES
ALIMENTAÇÃO E LITERATURA.
A COZINHA DE MIA COUTO EM O FIO DAS MISSANGAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do grau de Nutricionista.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Profa. Ms. Michelle Medeiros
DENUT/UFRN
(Orientadora)
__________________________________________________________
Profa. Ms. Célia Márcia Medeiros de Morais
DENUT/UFRN
(Co-orientadora)
____________________________________________________________
Prof. Dr. Alexsandro Galeno Araújo Dantas
PPGCS/UFRN
(3º Examinador)
Natal, 16 de novembro de 2012.
AGRADECIMENTOS
Queria agradecer primeiramente a Deus pelas oportunidades que me foram
dadas, pelos obstáculos ultrapassados e pelas vitórias alcançadas.
Queria agradecer à minha família, principalmente á minha mãe, pelo apoio
incondicional que me tem dado e por me ter ajudado a ser a pessoa que sou hoje.
A minha irmã Jésica por todas as conversas e pelos conselhos que
proporcionaram um enorme aprendizado.
A Tiago Ramos, um obrigado por toda a paciência, pela dedicação de ler o meu
trabalho, mesmo sem entender muito sobre assunto. Obrigada por toda compreensão,
ajuda e carinho.
Á minha orientadora Michelle Medeiros por toda a paciência e dedicação,
imprescindíveis para a realização deste trabalho.
Aos meus professores que exigiram de mim dedicação aos estudos e que me
mostraram o verdadeiro valor do conhecimento.
A minha turma, principalmente a Andreia, Mayara, por me acolherem da melhor
forma possível, possibilitando uma maior integração.
Aos meus amigos do PEC-G, principalmente Artemisa, Edmilson, Elisangela,
Irina, Janette, Leila, Netizia, Paulo, Rui, Samira e Suzana que se tornaram a minha
família e ajudaram a superar a distância de casa.
SUMÁRIO
1- APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 6
2- ARTIGO: ALIMENTAÇÃO E LITERATURA. A COZINHA DE MIA
COUTO EM FIO DAS MISSANGAS............................................................. 7
3- ANEXOS........................................................................................................... 24
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1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho nasce da leitura do livro de Mia Couto, O fio das
missangas. Depois de lê-lo e juntamente com o diálogo com disciplinas como Aspectos
sócio-antropológicos da alimentação humana (DENUT/UFRN) comecei a pensar sobre
outras formas de compreender a cozinha, abrindo novos horizontes para o estudo dela.
Surgiu daí a vontade de entendê-la por outras vias, utilizando-se, por exemplo, da
literatura.
Outros interesses e pertencimentos convergiram para que este trabalho
nascesse. Nasci e cresci em Cabo Verde, país pertencente ao continente africano. Da
ligação com esse continente e devido à inserção no seu cotidiano, surgiu em mim o
interesse de estudar a cozinha deste povo. Entendendo que para estudar qualquer
aspecto de uma sociedade, a literatura pode constituir-se em um instrumento para a
compreensão e identificação de suas características, decidi mais uma vez utilizar como
corpus para esta pesquisa a obra de Mia Couto. O fio das missangas constitui a base do
presente trabalho, apresentado na forma de artigo, sob a orientação da professora
Michelle Medeiros e co-orientação da professora Célia Márcia Medeiros de Morais.
O artigo encontra-se escrito de acordo com as normas (em anexo) da
revista Baleia na Rede, revista eletrônica anual do Grupo de Estudos e Pesquisa em
Cinema e Literatura da Universidade Estadual Paulista - UNESP e da Faculdade de
Filosofia e Ciências, Campus de Marília . Esta revista procura promover um debate
entre Artes e as Ciências Sociais, utilizando artigos de interesse em cinema, literatura,
música, pintura, fotografia, artes plásticas, artes visuais e virtuais, dança, teatro, que
apresentem relação à vida social, política, simbólica ou histórica.
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2. ARTIGO:
ALIMENTAÇÃO E LITERATURA.
A COZINHA DE MIA COUTO EM FIO DAS MISSANGAS
Jerícia Fortes
Michelle Medeiros
Célia Márcia Medeiros de Morais
Alexsandro Galeno Araújo Dantas
RESUMO
A cozinha revela a estrutura de um povo, podendo ser antropologicamente entendida
como um sistema cultural alimentar. A literatura apresenta-se como uma forma de
entender a cozinha nos seus diversos significados. O objetivo deste trabalho é
compreender a cozinha como um sistema cultural alimentar, um espaço de significados
sociais, afetivos e culturais, tendo como base o livro de Mia Couto, O fio das
missangas. A metodologia utilizada foi a análise temática, segundo proposta de Bauer e
Gaskell. Percebemos que, nesta obra, a cozinha trazida por Mia Couto pode ser
compreendida por meio dos seguintes eixos principais de análise: a cozinha como magia
e como erotismo. A discussão de tais categorias confirma (1) a importância de uma
compreensão ampliada da alimentação: as cozinhas são natureza, mas também são
cultura; como também (2) a possibilidade concreta de empreender tal abordagem ampla
a partir de um diálogo com a literatura.
Palavras-chave: Cozinha, literatura, magia, erotismo, Mia Couto.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Claude Lévi-Strauss (1968, p.448) a cozinha é uma
linguagem na qual traduz-se a estrutura de uma sociedade. Assim, a partir de tal
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analogia, podemos pensá-la como um sistema cultural que possibilita a compreensão de
um povo (MACIEL, 2004; CANESQUI; GARCIA, 2005).
Observa-se, portanto, a importância de compreendê-la no seu todo e não
apenas como ingredientes e modos de preparo, como muitas vezes acontece. Como
operar esta tarefa? Acreditamos que a literatura pode constituir-se num meio poderoso
para pensar sobre aquilo que é bom para comer e bom para pensar, como diria LéviStrauss (1986).
A literatura é uma das formas de arte - como a música, a fotografia, o
cinema entre outros – que nos mostra novas formas de representar o mundo e favorece
uma nova, e provavelmente mais original, forma de entender a sociedade (VIEIRA,
2007). Assim a literatura poderia permitir o nosso diálogo com as mais variadas
cozinhas, dando-nos a conhecer os seus mistérios e segredos, mesmo sem nunca
conhecê-los por completo (LABRIOLA, 2007).
Este trabalho tentará compreender a cozinha como um espaço dotado de
significados sociais, afetivos e sobretudo culturais, por buscar na obra de Mia Couto, O
fio das missangas (2009) aspectos que sirvam para pensá-la, caracterizando-a, definindo
seus traços e aproximando suas diversas significações. Com esta finalidade será
utilizada como metodologia a análise temática, segundo Bauer e Gaskell (2002, p. 1078).
Servirão de marco teórico referencial os conceitos de cozinha de LéviStrauss (1968, p.448) onde este apresenta-a como a tradução de uma sociedade e fala de
categorias universais - cru, cozido e podre - e o de Fischler (1995, p.34), que, ampliando
a ideia de Claude Levi-Strauss, mostra-nos a cozinha como um sistema cultural e
alimentar e fala, portanto, de cozinhas específicas quando diz:
Pode-se entender a cozinha em um sentido mais amplo e mais
específico: representações, crenças e práticas que estão associadas a
ela, partilhada por indivíduos dentro de uma cultura ou de um grupo
dentro desta cultura.
Desta citação poderemos entender que a cozinha trata-se de mais que um
espaço físico, mas de um espaço cultural dotado de significações onde cada técnica,
cada ingrediente corresponde a uma representação, a um costume e, também, a um
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condicionante material, que são compartilhados por uma sociedade ou mesmo por
grupos dentro desta. Observamos a cozinha como um lugar de ritual, dotada de grande
valor e de responsabilidade de a quem a assume.
Pensamos também como Mia Couto (2009, p.45), quando diz que a
ciência e a literatura são entidades que devem andar juntas possibilitando uma visão
ampliada das nossas questões, que inclui uma reflexão sobre a condição humana
(MORIN, 2008, p.45). A literatura como arte, como produção humana, apresenta-nos o
mundo e permite o entendimento e a ligação do todo, contribuindo assim para uma
capacidade compreensiva ampliada. Isso faz dela uma aliada no entendimento dos
desafios cotidianos e das grandes questões contemporâneas, como por exemplo, o
comer.
Todavia, principalmente nos últimos três séculos, a temática da
alimentação foi pensada de forma fragmentada. Os sistemas alimentares, principalmente
no âmbito das ciências médicas, foram pensados quase que exclusivamente em sua
vertente biológica. No campo da Nutrição, por exemplo, durante muitos anos, habitouse a pensar de modo fragmentário. As questões que diziam respeito à alimentação eram
pensadas apenas sob a ótica nutricional, o que não nos surpreende já que a formação de
nutricionistas brasileiros, primeiramente na década de 30, foi idealizada por uma
geração de médicos nutrólogos (CANESQUI; GARCIA, 2005, p. 255). Durante muitos
anos, portanto, a formação dos nutricionistas manteve este forte viés não apenas
biológico mas, poderíamos dizer, até biologicista. De lá para cá grandes passos foram
dados com o intuito de pensar a Nutrição para além do nutriente, para pensá-la como
uma ciência do homem que come e que come alimentos. Começamos a compreender,
como Fischler (1995, p.33), que nem tudo o que é biologicamente comestível, o é
culturalmente. Aí reside o grande desafio do nutricionista na contemporaneidade, época
em que uma infinidade de questões interpõe-se entre o comensal e a alimentação no
momento da escolha (POULAIN; PROENÇA, 2003).
E assim pensamos na literatura como forma de superar essa fragmentação
abrindo novos horizontes no estudo da temática da alimentação e possibilitando a
compreensão desta num sentido mais amplo.
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2. A LITERATURA COMO VIA PARA A COZINHA
A cozinha, como parte da cultura, é também um lugar de regras. Tudo o
que comemos ou como comemos obedece a um rígido sistema de representações,
símbolos e ideologias que se relacionam com aspectos psicológicos, sociais e biológicos
que caminham sempre juntos para falar sobre o que para nos é comestivel, como e
quando o é (POULAIN; PROENÇA, 2003). Podemos desta forma compreender a
cozinha como um sistema cultural alimentar ou simplesmente sistema alimentar.
São as regras culinárias interiorizadas e transmitidas – e também
ressignificadas – geração a geração, que formarão o sistema alimentar, que permitirá a
socialização e a integração cultural entre indivíduos, sendo esse um processo de grande
influência no campo de decisão alimentar (POULAIN; PROENÇA, 2003).
A fragmentação, segundo Edgar Morin, (2008, p.14) promove uma
atrofia na compreensão e reflexão. Ocorre, desta forma, a perda da capacidade da
contextualização e integração dos saberes. Esta incapacidade de pensar o complexo e o
contexto tornam o homem cego e a superespecialização torna-o ignorante. As formas
hegemônicas de pensar, de maneira geral, contribuem para que a cada dia o saber se
torne mais fragmentado, transmitindo para as gerações futuras esta herança
fragmentária: ao invés de despertar o desejo pela complexidade, pelo saber amplo e pelo
conhecimento pertinente (MORIN, 2008, p.15).
Surge, então, a questão: como realizar o exercício de pensar a
alimentação em sua complexidade? Pensamos que a literatura pode fornecer um dos
caminhos para esta trilha. Segundo Roland Barthes (1997, p. 8) o monumento literário
constitui-se de todas as ciências, fomentando, a literatura, uma visão do todo. Sendo
assim, poderia ser pensada como guia para uma forma de pensar que tenta transitar no
sentido oposto à fragmentação. Lançar mão da literatura no auxílio da compreensão da
cozinha como um sistema cultural alimentar, é o nosso intento. Acreditamos que desta
maneira poderemos somar forças junto àqueles que vêm tentando transformar a
Nutrição e o nutricionista: “um profissional criativo e inquiridor, com capacidade de
articular os aspectos biológicos e sociais” (CANESQUI; GARCIA, 2005, p. 257).
A cozinha se destaca em várias obras literárias. Nestas podemos conhecer
outras cozinhas, suas regras e suas formas de preparar os alimentos. Atualmente, é
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crescente o interesse mostrado pela literatura à cozinha, sendo possivel adquirir, não
apenas receitas de cozinhas diferentes - como nos antigos receituários - mas também,
obter informações sobre o seu surgimento, suas influências cultural, social e biológica,
tudo alcançado por meio da escrita. Diria Certeau que as letras em torno da cozinha
buscam explicar o vínculo básico que criamos com este espaço. Assim fica bastante
claro que a cozinha é um meio de unir a matéria passando pela memória, vida e ternura,
instante presente e passado, invenção e necessidade e principalmente imaginação e
tradição (CERTEAU; GIARD; MAYOL, 1996, p. 288-92, 296).
Inúmeras são as referências que vem se inspirando no prazer de comer,
tornando-se moda e dando origem ao chamado gastrorromance, denominação dada aos
romances nos quais os personagens se relacionam com a cozinha, tendo sido o termo
pensado pela professora Joanne Harris. Shakespeare, Dickens e Balzac possuem entre
suas obras muitos gastrorromances, poderíamos assim dizer. Escritores relatam não
imaginar sua literatura sem os pratos que um dia provaram (NASCIMENTO, 2007,
p.86). Isto pode ser observado nas obras de Eça de Queiroz, quando este fala dos bons
pratos e vinhos consumidos pelos personagens como, por exemplo, na obra O crime do
padre Amaro. Nessa mesma obra observamos os chás das beatas que se realizavam
constantemente ou, então, o almoço do abade Cortegaça. Cada pormenor é descrito de
cada prato, procurando passar ao leitor os sabores destes quitutes (BERRINI, 2000).
É também possível, constatar frequentemente na literatura, o uso de
vocabulários
gastronômicos
na
descrição
da
sensualidade
de
personagens
(NASCIMENTO, 2007, p.86-90). Nas obras de Jorge Amado observa-se a descrição de
personagens utilizando elementos gastronômicos como, por exemplo, Gabriela em
Gabriela, cravo e canela (1958, p.90), onde o autor utiliza a canela para falar da cor de
sua pele. Uma vez sendo os escritores influenciados pela comida, seus personagens
poderão também influenciar os leitores (NASCIMENTO, 2007, p. 87).
De maneira similar Mia Couto, ainda que não seja um escritor de
gastrorromances, é um autor que traz o tema da comida em suas obras: seja ao falar da
escassez de Orolando Mapanga, que “raspava o fundo das latas e auscultava o ventre
dos sacos” (COUTO, 1991, p.41); seja ao imaginar a doce avó de Marianinho, na
cozinha preparando a refeição a cantarolar sua lengalenga monotônica, quase uma reza:
“semente na terra, pão no forno, a gota no ventre, este mundo está grávido e nunca mais
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é pai” (COUTO, 2003, p. 95, 6); ou ao narrar Moçambique transvestida de Eldorado no
casamento do filho de Mohamed Pangi Patel (COUTO, 2012, p. 151):
A festa demorou trinta dias de tempo. Em cada um desses dias, a
praça se cobriu de mesas, recheada de refeições. De manhã à noite, se
exibiam comidas, de todas as espécies e quantidades. A ilha inteira
vinha e se servia a arrotadas abundâncias. Nenhum pobre sentiu,
nesses dias, o beliscão do estômago.
Decidimos por pensar um pouco na cozinha que é por ele apresentada
em uma de suas obras. Sobre que cozinha ele fala? Que reflexões podemos construir
acerca de uma cozinha que, mais que africana, poderia compartilhar questões
universais? Elegemos O fio das missangas como obra a ser analisada. Porque esta obra?
Esta obra é composta por histórias breves, mas densas em questões que dizem respeito á
análise do homem: desamores, incompreensões, vidas incompletas, sonhos não
realizados. Assim pensamos que ela possa nos oferecer uma margem para discutir a
questão da cozinha. A metodologia de análise elegida foi a análise temática, proposta
por Bauer e Gaskell (2002, p.107-8).
3. O AUTOR DA OBRA
Mia Couto, Antônio Emílio Leite Couto, nasceu na Beira em
Moçambique. É filho de uma família de emigrantes portugueses que chegou à Beira na
década de 50.
Mia Couto é escritor e biólogo. O trânsito entre ciência e literatura em
sua vida, talvez seja uma das formas de explicar a abordagem plural que faz dos temas
com que trabalha. São expressos de forma conjunta, nos seus escritos, a cultura, o
humano, o natural, as vivências, as preocupações e as particularidades. Ele evidencia
sentido estético, expondo ao leitor elementos da história bem como um processo lúdico
com vocábulos (COUTO, 2009; NUNES; COIMBRA, 200)
Ele, através de sua escrita e do seu conhecimento da língua portuguesa,
que o permite brincar com ela, provoca a curiosidade do leitor levando-o a conhecer um
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pouco mais a cultura de um determinado povo, do seu povo. Esse autor é conhecido
pelo uso de amálgamas, processo de criação de novos vocábulos e significados da
língua, que permitem a profunda expressão de estados e emoções (NUNES;
COIMBRA, 2007). Uma de suas maiores influências, na utilização destas amálgamas, é
o escritor brasileiro Guimarães Rosa.
Em seu livro Se Obama fosse africano (2009, p.55) Mia Couto fala-nos
de como outros autores contribuíram na sua formação. Jorge Amado teve grande
influência na sua vida de escritor. Também outros brasileiros - como Manuel Bandeira,
José Lins do Rego, Jorge de Lima, Érico Verissimo, Rachel de Queiroz, Carlos
Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, entre outros - fizeram parte da
formação do moçambicano. Além da literatura, a música brasileira também exerceu
forte marca na construção de Mia Couto, principalmente as de Chico Buarque e Caetano
Veloso.
Em casa o pai foi seu grande modelo: poeta e apreciador de poesia.
Amante da literatura brasileira, batizou dois de seus três filhos de Jorge e Amado, em
homenagem a Jorge Amado. Não por acaso Mia Couto fez-se escritor (COUTO, 2009,
p.55-57).
Iniciou, então, sua vida literária através da poesia no lançamento de seu
livro Raiz de Orvalho em 1983. Foi o primeiro africano a vencer o premio União das
Literaturas Românticas em 2007. Seu livro Terra Sonâmbula foi considerado um dos
dez melhores livros africanos do século XX. Entre suas obras podemos encontrar O
outro pé da sereia, O último voo do flamingo, A varanda do frangipini, Um rio
chamado tempo, uma casa chamada terra, Venenos de Deus remédios do Diabo, Antes
de nascer o mundo e o infantil O gato e o escuro, todos publicados pela Companhia das
Letras, no Brasil. Cabe ainda destacar a novela Mar me quer e Vinte e Zinco, o livro de
contos Na Berma de Nenhuma Estrada e Estórias abessonhadas (COUTO, 2009;
NUNES; COIMBRA, 2007).
Nas suas obras Mia Couto fala-nos do cotidiano de um país que foi
colonizado pelos portugueses, da história de sua terra, de seu continente e da cultura
(BATALHA, 2011). Todavia, antes de pensar o Moçambique como o exótico e o
particular, Mia Couto trata em suas obras de questões que são universais ao ser humano,
como, por exemplo, a constante oscilação entre os valores da modernidade e da
tradição, tão frequentes na sociedade contemporânea. Faz de seus romances e escritos
um pretexto para a reivindicação da condição humana.
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4. A COZINHA DE MIA COUTO
Que cozinha Mia Couto nos desvenda em O fio das missangas? Essa foi
a pergunta que nos guiou neste ensaio. O trabalho analítico nos apresentou algumas
carateristicas de tal cozinha. A forma de perceber, preparar, apresentar, consumir
alimentos encontrou forte correlação com as seguintes categorias: magia e erotismo1. É
sobre esses aspectos da cozinha de O fio das missangas que discorremos a seguir.
4.1. A magia: a cozinha como possibilidade de afetar o outro
Podemos ver a magia presente na cozinha de O fio das missangas, mais
propriamente no capitulo A avó, a cidade e o semáforo. O seguinte fragmento
possibilita essa reflexão (COUTO, 2009, p. 126):
Ri, sem palavras. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar
é o mais arriscado ato. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na
panela se verte tempero ou veneno. Quando assegurava a pureza da
peneira ou do pilão? Como eu podia deixar essa tarefa tão íntima em
mão anónima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um
cozinhador de que nem o rosto se conhece.- Cozinhar não é serviço,
meu neto – disse ela.- Cozinhar é um modo de amar os outros.
Neste parágrafo o autor traz as crenças que envolvem muitas vezes o
ritual de cozinhar. Mostra-nos que através dele sentimentos podem ser comunicados,
demostrando o quanto é singular o ato de preparar alimentos. Este processo pode ser
comparado, e o é por várias vezes na história, ao da magia ou feitiçaria. Acredita-se
muito no enfeitiçamento a partir de alimentos.
A cozinha é tomada como um espaço de magia e de tradução de símbolos
pela figura do cozinheiro. Para pensar a cozinha como espaço da magia, podemos fazer
um paralelo com a elaboração de Lévi-Strauss sobre o complexo xamanístico, quando
esteve no Brasil entre os indígenas Nambikwara. Temos, para que um sistema seja
válido: o cozinheiro (feiticeiro) que crê na eficácia de suas técnicas; o comensal (ou
doente) que crê na eficácia/poder do cozinheiro; e o grupo, que participa do processo ao
referendar a eficácia do cozinheiro, ou feiticeiro, através da opinião pública. Estes três
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Não desconhecemos que, de acordo com o referencial teórico que utilizamos, erotismo constitui-se num
tipo de magia. Todavia, optamos por tratá-lo como uma categoria distinta para dar-lhe maior relevo.
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fatores constituem o complexo xamanístico e são indissociáveis (LÉVI-STRAUSS,
1958, p.182-94). Tal noção amplia a concepção do que é mágico. Mostra-nos que a
magia pode estar presente mesmo no nosso cotidiano e em situações que em nada são
exóticas.
Observamos no trecho de Mia Couto que a avó pretende alertar o neto
sobre esta questão. Ela crê no poder de um suposto feiticeiro e não sabe de suas
intenções. Nadzima enxerga a possibilidade de enfeitiçamento através da cozinha, para
o bem ou para o mal. Ela trazendo suas benesses para o neto e um tal cozinheiro
desconhecido, que poderia lançar nele suas mazelas. O neto de Nadzima, professor que
acabara de ganhar um prêmio do Ministério, por sua vez, não acredita que isso seja
possível. Para ele, mal algum há em se comer algo feito pela mão de estranhos. Não há a
crença no poder do pretenso feiticeiro. Neste caso, o complexo xamanístico não seria
verdadeiro já que não verificamos a crença por parte do comensal.
Para entender melhor o conceito de magia em sua relação com a cozinha,
é importante analisar um de seus elementos centrais: cozinheiro/feiticeiro. O cozinheiro
é aquele que faz transformações. Em Quase de Verdade, Clarice Lispector fala de
Oníria, uma cozinheira que é a pessoa mágica de sua casa: com farinha e ovos ela faz
explodir um bolo que é bom para rei e rainha (LISPECTOR, 1999, grifo nosso).
Durante anos a figura do cozinheiro, principalmente a da cozinheira,
esteve ligada à magia. Feiticeiras, bruxas e cozinheiras para além do caldeirão - posse
compartilhada – assemelham-se desde a Idade Média - como em Malleus Maleficarum,
de Heirinch Kramer (MACKAY, 2012) - nos processos de misturar, raspar, derreter,
macerar, aromatizar, de preparar poções mágicas e de enfeitiçar de alguma maneira seus
comensais.
O cozinheiro pode ser um feiticeiro, se pensarmos no complexo
xamanístico de Lévi-Strauss que apresentamos acima. Ele produz um trabalho onde a
natureza profunda é intelectual, no sentido que responde aos anseios simbólicos do
comensal (caso responda). Há ali uma reflexão sobre a sociedade ou grupo na qual ele
se insere, seus anseios, perturbações, gozos e deslumbres. Há uma comunhão de práticas
e de ideias que se materializam no prato daquele cozinheiro, que fornece ao homem um
novo sistema de referências ao articular estados e emoções sob a forma de totalidade, ali
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no prato (MEDEIROS, 2012, p.107). Tais requisitos sendo satisfeitos temos a
possibilidade de afetar o outro. E é aí que reside a magia, na possibilidade de afetar.
Este fato pode ser observado em Como água para chocolate, escrito por
Laura Esquivel, que conta a história de uma jovem cozinheira chamada Tita. Além das
técnicas que utilizava na preparação de seus pratos, que desvendam a natureza
intelectual do seu trabalho, Tita, inserida naquele grupo familiar, tinha a capacidade de
afetar os outros através de suas preparações, já que em seus pratos materializavam-se os
anseios simbólicos de seus comensais: seus desgostos e seus gozos (ESQUIVEL, 1993).
Observamos o caso da avó que percebe esta possibilidade de afetação
mágica que há na cozinha. Ela apresenta ao neto sua preocupação: na cozinha há
aqueles que transmitem bons sentimentos aos alimentos e, consequentemente ao
comensal, e aqueles que através da cozinha transmitem o ódio, a tristeza, ou seja, o mal.
E assim a avó tenta mostrar ao neto a importância de se conhecer aquele que prepara o
alimento que se vai consumir e de não entregar sua alimentação a pessoas
desconhecidas.
Pode-se assim entender o cozinheiro como um feiticeiro que se utiliza da
comida, a mistura de ingredientes, para provocar determinado efeito a quem consome.
A magia que carrega a cozinha com seu poder de bem e de mal não limita-se à obra de
Mia Couto. Na passagem do Cru ao Cozido, qual trata Lévi-Strauss em Mitológicas, o
mágico aparece como uma constante. E o que dizer da cozinha da atualidade? O que
pensamos em relação à cozinha praticada pelos grandes cozinheiros profissionais?
Como explicar o encantamento e a mobilização universal em torno das cozinhas de
Ferran Adrià, Alex Atala, os irmãos Roca e outros? A cozinha continua sendo um
espaço de magia e de tradução de símbolos pela figura do cozinheiro, por mais racional
que seja. Lidar com o comer e com as estruturas míticas entranhadas neste ato, que nos
transporta às reminiscências de uma origem perdida os aproxima da figura do feiticeiro
(MEDEIROS, 2012, p.107).
Edgar Morin (1987, p.144) nos apresenta o duplo pensamento o
pensamento empirico/lógico/racional e o pensamento simbólico/mitológico/mágico.
Este pensamentos coexistem, interagem e estabelecem uma relação de quase
dependência levando, muitas vezes, a confundi-los. E podemos entender a cozinha
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como um espaço de encontro entre mágico/lógico/racional, por ser um sistema cultural e
alimentar.
Temos, portanto, que o componente mágico associado à cozinha de O fio
das Missangas, em nada caracteriza esta cozinha como um espaço exótico, diferente ou
estranho. A ideia de a cozinha ser tomada como um espaço mágico é uma concepção
que ultrapassa tempos e espaços.
É também possível observar uma dimensão ética nesta cozinha. Quando a
avó Nadzima diz para seu neto que cozinhar é um modo de amar os outros, ela dá um
sentido ético a essa, caracterizando um lugar em que há a necessidade de incluir o outro
em tudo o que se faz. Isto nos leva a entender que a cozinha é um espaço coletivo onde
as produções e tudo o que se faz envolve o coletivo, não apenas o indivíduo. E ainda o
que é ou não comestível respeita a uma ordem que envolve as dimensões ética, estética
e dietética (DUTRA, 2005). Como também nos mostra Vera Pinto (2000) em A última
ceia: por uma diet(ética) polifônica.
4.1.2 O erotismo: a cozinha como espaço da sedução e da devoração.
A categoria do erotismo é visível no seguinte trecho do capitulo As três
irmãs, da obra.
Água, pente, perfume: vinganças contra o tudo que não viveram.
Gilda rimou “vida” com “nudez”, Flornela condimentou
afrodisiacamente, Evelina transparentou o vestido. […] (COUTO,
2009, p. 12).
O autor apresenta, neste trecho, uma cozinha na qual o comer encontra-se
associado não apenas à saciedade e ao bem-estar, mas também à sedução.
Flornela e suas irmãs utilizam-se de artifícios para conquista: perfumes,
transparências, condimentos. Em uma cozinha podem ser utilizadas diferentes formas
para obter pratos ou mesmo refeições capazes de despertar a pulsão erótica dos
indivíduos. O erotismo nada mais é que a busca pela superação do isolamento do ser e
da descontinuidade do ser humano na procura de uma continuidade profunda
(BATAILLE, 1987, p. 16). O desejo de romper com a descontinuidade fez com que nós
criássemos artifícios para conquistar, como fazem Flornela e suas irmãs. Preparar uma
comida ou um convite para um jantar traduzem-se em rituais estratégicos do erotismo.
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Uma classe de alimentos relaciona-se frontalmente com a questão do
erotismo. São os chamados alimentos afrodisíacos. Acredita-se que tais alimentos sejam
compostos por substâncias que proporcione o despertar a pulsão amorosa. Assim
Flornela, acreditando no poder dos alimentos em despertar desejos eróticos nas pessoas,
utiliza-se de ingredientes considerados afrodisíacos visando conquistar a pessoa amada.
Esta personagem consegue visualizar a cozinha como um templo em que os rituais vão
desde os de saciedade aos de prazer, os rituais eróticos. A busca de Flornela baseia-se
neste princípio, ela procura a continuidade da sua descontinuidade (BATAILLE, 1987,
p. 16), sente-se só e necessita de alguém que a complemente e apague nela o sentimento
de vazio.
A busca da continuidade que caracteriza o erotismo também se mostra
latente na ideia de devorar o outro. Ser um, apenas um. Desde o mito do Andrógino,
descrito no Banquete de Platão por Aristófanes, que o desejo é ser um todo, inteiro e
pleno: “esse amor tende a recompor a antiga natureza, procurando de dois fazer um só”
(PLATAO, 2011, p.40). O evangelho de Marcos capítulo 10, versículo 8 também versa:
“e serão os dois uma só carne”. O contato sexual é, em parte, a tradução deste desejo de
devoração: comer.
Pensando nisso, ainda na mesma obra, no conto O cesto, temos o
seguinte fragmento:
Hoje será como todos os dias: lhe falarei, junto ao leito, mas ele não
me escutará. Não será essa a diferença. Ele nunca me escutou.
Diferença está na marmita que adormecerá, sem préstimo, na sua
cabeceira. Antes ele devorava meus preparados. A comida era onde eu
não me via recusada. (COUTO, 2009, p 21)
Devorar os preparados da esposa era uma maneira de devorá-la. Naquela
marmita a esposa entregava seu corpo ao marido. Apesar de recusá-la de outras formas,
ao provar de seus quitutes, ele a aceitava. Uma espécie de antropofagia erótica.
A comida neste caso era a única forma de contato entre o casal. Quando
nem mais na marmita podia tocar, nada mais restava a ela daquela relação de outrora. E
a única coisa que deseja é que ao aparecer com o cesto de farnel ele o receba com
apetite devorador.
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É, também, possível observar o excesso no erotismo que ao invés de
proporcionar o gozo provoca a morte. O excesso é uma forma de violência. Como forma
de controlar o excesso e assim controlar a violência o ser humano passa por processo
racional. No entanto, a própria violência influencia o homem no intuito de exceder em
experiências como, por exemplo, o erotismo. O excesso nos mostra/lembra
constantemente que a morte é uma proposta verdadeira e mais eminente que a própria
vida. O erotismo além de causar felicidade, também provoca a confusão e desordem.
Assim o gozo extremo se assemelha ao sofrimento. Quando se fala da posse do ser
amado, observamos que este não caracteriza a morte, no entanto, a sua busca implica-a
(BATAILLE, 1987,p.15).
O erotismo, portanto, aparece na cozinha de O fio das Missangas como
mediador das relações tanto (1) no que diz respeito ao preparo dos alimentos de forma a
seduzir com preparações afrodisíacas, (2) como ao oferecer o próprio corpo a ser
devorado pelo outro através de uma espécie de culinária amorosa.
Esta culinária amorosa poderia servir como instrumento no ato de
formação na medida em que o amor constitui-se do mito e do imaginário que expressam
a profunda realidade humana e são moduladas pela cultura e sociedade. Assim
entendemos o amor como um tipo de linguagem. E como linguagem o amor nos revela
suas características física, biológica e antropológica, sagrada e profana, mitológica e
sexual (MORIN, 2005, p. 15-21). A partir desta visão ampla do amor pode-se utilizá-la
na compreensão das questões humanas, através de uma perspectiva complexa e
ampliada. Desta forma tudo aquilo que se liga ao amor poderia servir de instrumento no
ato de formação, como por exemplo, a culinária amorosa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cozinha apresentada por Mia Couto na obra de contos O fio das
Missangas desvela um sistema cultural alimentar no qual o erotismo e a magia ganham
relevo. O erotismo aparece como mediador das relações culinárias tanto (1) no que diz
respeito ao preparo dos alimentos de forma a seduzir com preparações afrodisíacas, (2)
como ao oferecer o próprio corpo a ser devorado pelo outro através de uma espécie de
culinária amorosa. O componente mágico associado à cozinha, por sua vez, em nada
caracteriza esta cozinha de um espaço exótico, diferente ou estranho. Pela possibilidade
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de afetar o outro por meio de suas preparações, o cozinheiro – seja na Idade Média, seja
na contemporaneidade – confunde-se com a figura do feiticeiro.
A alimentação é definida no Glossário temático Alimentação e Nutrição
(BRASIL, 2008, p. 15) como “processo biológico e cultural que se traduz na escolha,
preparação e consumo de um ou vários alimentos”. A alimentação é o objeto de trabalho
do nutricionista. Vimos neste artigo que questões como o erotismo e a magia,
perpassam este campo e podem incidir nas representações que os sujeitos constroem
sobre aquilo que comem, bem como nas suas escolhas. Trazer tais temas para discussão
em sala de aula no momento da formação de nutricionistas pode ser um forma de fazêlos refletir sobre o que é a alimentação e com que tipos de conflitos lidarão na sua
prática profissional. Tomar a literatura como ponto de partida para tais reflexões, como
pudemos observar, pode-se demonstrar, como exemplificamos com este pequeno
exercício, em uma estratégia metodológica pertinente e inovadora.
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3. ANEXOS
1. Baleia na Rede é uma publicação semestral do Grupo de Pesquisa em Cinema e
Literatura da Universidade Estadual Paulista - UNESP e da Faculdade de Filosofia
e Ciências, Campus de Marília e se dedica a divulgar artigos e ensaios acadêmicocientíficos resultantes das pesquisas sobre as interfaces entre arte e sociedade, com
ênfase nas abordagens das Ciências Sociais.
2. Os artigos devem ser enviados eletronicamente pelo endereço:
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3. A publicação dos trabalhos está condicionada a pareceres de membros do Conselho
Editorial e colaboradores convidados, garantido o anonimato de autores e pareceristas
no processo de avaliação. Eventuais sugestões de modificação de estrutura ou conteúdo,
por parte da Editoria, serão previamente acordados com os autores. Não serão admitidos
acréscimos ou modificações depois que os textos forem entregues para diagramação
final.
4. Os artigos serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: qualidade e rigor dos
argumentos apresentados, validade dos dados apresentados, oportunidade e relevância
do artigo para o debate sobre arte e sociedade e adequação das referências contidas no
trabalho.
Normas técnicas e preparação dos originais
5. Os trabalhos deverão ser redigidos em português, espanhol ou italiano. O título, o
resumo (de 100 a 150 palavras) e as palavras - chave (até cinco) que precedem o texto
devem ser escritos no idioma do artigo. O resumo deverá ser traduzido em inglês assim
como as palavras-chave. (Abstract/Keywords).
6. O trabalho não deve conter o nome do autor(a). O(a) autor(a) deverá enviar em outro
arquivo informações sobre: nome completo, filiação institucional, qualificação
acadêmica, endereço completo (cidade, estado e país), CEP, telefone e endereço
eletrônico. Os artigos serão remetidos para pareceristas da área de especialidade do
artigo. Após sua avaliação, será encaminhada ao autor(a) uma resposta de aceitação,
possíveis sugestões de modificações ou recusa do artigo.
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7. Os textos deverão ser escritos em fonte Times New Roman, corpo 12, recuo de início
de parágrafo, justificado, espaço 1,5. Fonte Times New Roman, tamanho 11 para as
citações diretas longas (acima de três linhas) com destaque e Times New Roman 10
para as notas de rodapé, legendas das ilustrações, tabelas e gráficos.
8. Os artigos deverão ter no mínimo 13 laudas e no máximo 20 laudas (incluindo
ilustrações e bibliografia), as resenhas e comentários de livros, no máximo 8 laudas.
9. Para citações bibliográficas de literatura no texto usar o sistema autor-data. As
citações literais curtas (menos de três linhas) serão integradas no parágrafo, com aspas e
seguidas pelo sobrenome do autor referido no texto, em letras maiúsculas, ano de
publicação e página (s) do texto citado, tudo entre parênteses e separado por vírgulas.
Ex. (CANDIDO, 2001, p. 122).
As palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico e sem aspas.
10. As notas devem ser reduzidas ao mínimo necessário e serão numeradas
consecutivamente dentro do texto e colocadas ao pé da página.
11. Desenhos, gráficos, mapas, tabelas, quadros e fotografias, devem conter título e
fonte, e estar numerados.
12. Os textos deverão ser enviados à Revista, após passarem por rigorosa revisão
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