Entrevista Roque Malizia

Transcrição

Entrevista Roque Malizia
Entrevista com o apresentador Roque Malizia
POUCAS E BOAS DA MARI - Roque, junto com a Tathy Rio, você apresenta o
programa Caçadores de Aventuras, aos domingos, pela RedeTV. Como que você “caiu” nessa
aventura?
ROQUE MALIZIA - Como começou o programa "Caçadores de Aventuras"...
PBM - Isso!
R.M. - Uau! Também já faz tempo, né? (rs)... O programa estreou dia 17 de junho de 2007, só
que o projeto vem desde o começo de 2006. Na verdade, nesse projeto, eram outras pessoas
que estavam envolvidas, outros apresentadores... nem eram dois apresentadores, era um só e
o cara que o faria saiu e eu entrei como uma possibilidade. O diretor gostou de mim e fiquei.
Durante as reuniões, sugeri para termos uma "caçadora" junto comigo. Tivemos algumas
opções e entrou a Sandrinha (Sandra Garcia), que fez com a gente quatro programas. A Tathy
Rio entrou em agosto. Assim surgiu o “Caçadores de Aventuras”.
PBM - O programa é independente. Foi muito difícil colocá-lo na TV aberta?
R.M. - Quem não faz televisão não sabe o trabalho que é para começar um programa.
Primeiro, a gente precisa fechar um formato. Para fazermos o piloto de 20 minutos
demoramos 12 dias, hoje a gente grava um programa de meia hora em dois dias. Tínhamos
milhões de dúvidas em relação a isso, então gravávamos de um jeito e falávamos: "será que é
isso? Vamos fazer de outro e na edição a gente vê o que é que vai". Uma situação gravada de
várias maneiras para poder descobrir qual o formato que ficaria mais legal no "Caçadores".
Depois vem o roteiro, vinhetas, a parte de artes. Desde que começou o "Caçadores", eu faço
fono voltado para esse tipo de programa, trabalho postura, voz... Antes de estrear demorou
para ficar pronto... Depois de tudo certo, teve o trabalho de correr atrás de patrocínio e
anunciantes para colocarmos o programa no “ar”.
PBM - A troca de apresentadores atrapalhou um pouco?
R.M. - Atrapalha um pouco, porque a gente se acostuma... Eu sou uma pessoa que não gosta
de ficar presa em uma coisa só, gosto de ficar mudando sempre. Adoro fazer esse programa
por isso, não tenho minha cadeira, minha bancada, posso sair correndo e falar, tenho essa
liberdade e o pessoal já me conhece. Quando me dá “a louca”: "Eu quero ir lá saltar, tchau".
De repente vou e eles têm que correr atrás. Gosto de coisas que mudam.
Entrevista realizada por Mari Valadares – MTB: 43.155/SP.
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Não é bom quando essa mudança acontece de sopetão, sabe? A Sandrinha fez um mês e saiu,
apresentei dois programas sozinhos e em um deles a gente estava fazendo um teste com uma
garota que poderia ser apresentadora. Todas as apresentadoras conheci um dia antes de
gravar, as três foram assim. No dia seguinte você fala: "Será que eu tenho liberdade para fazer
certas brincadeiras com essa pessoa? Será que não tenho? Até onde vai meu grau de
intimidade com ela para passarmos uma coisa bacana para o público?" Querendo ou não, se as
duas pessoas não estiverem em sintonia ali, esquece, porque o público não gosta. Eu e a Tathy
entramos numa sintonia muito rápido. Vejo que para telejornais ou para outros tipos de
programas que têm mais de um apresentador, se não existe sintonia entre eles, o público não
gosta e às vezes o público nem sabe o motivo. "Nossa esse programa não pega, que chato" e
isso é porque os apresentadores não têm sintonia.
PBM - Sua formação é teatral. De que maneira essa formação o ajuda na carreira de
apresentador?
R.M. - Do teatro o que me ajuda é principalmente a concentração. Toda equipe fala que sou
muito concentrado para gravar. Se vou conversar com alguém, preciso me concentrar, saber o
que vou falar, passo na minha cabeça os tópicos de tudo o que tem que acontecer na
gravação. Todas as peças que fiz, precisava um pouco antes de entrar em cena saber a
sequência de tudo, por mais que já tivesse feito a peça. Isso ajuda a você pegar a sua intenção.
Você, como jornalista, quando vai entrevistar alguém sabe. "Ah, tô entrevistando um caçador
de aventuras, 20 e poucos anos...", você vem com uma intenção. Se você vai entrevistar a
Tônia Carreiro, você não pode chegar nela, como você chega em um caçador. E quando vou
gravar também penso nisso. Se vou fazer um esporte radical, me comporto de um jeito, se for
para entrevistar o prefeito de Cananéia, tenho que ir com uma postura diferente. Não que eu
seja duas pessoas, mas cada lugar exige de você uma postura diferente.
PBM - Teve algum programa que você estava inseguro?
R.M. - Teve uma história engraçada do programa piloto. Antes de gravar o programa, fizemos
algumas coisas para testar nossos limites. Imagina, a gente precisa ter fôlego, ter simpatia,
conseguir falar e ficar pendurado em uma corda. Eu e a Sandrinha íamos gravar só uma
tirolesa. aí vi um negócio super legal no vídeo, que era um pêndulo. Você amarrava uma corda
do outro lado da ponte, passava essa corda por baixo e ficava preso do outro lado da ponte e
se jogava de costas. Embaixo eram 50 metros, rio e pedra. Dava muito medo, mas falei para o
pessoal da produção que seria legal, que o público ia gostar. "Sandrinha, você grava?" "Não".
"Roque, você grava?". Dei a ideia, né? (rs) "Claro que gravo", corajoso para caramba. (rs)
Terminamos de gravar a tirolesa, o rappel da Sandrinha, aí acabou a luz e não deu tempo de
gravarmos no pêndulo, voltamos no outro dia. No caminho da volta, no carro, eu disse: "Que
idéia foi essa que tive de saltar dessa ponte? Quero ver eu saltar". Chegamos lá para gravar, tô
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prontinho para saltar, minha boca começa a ficar seca, começo a tremer (rs), desesperado
falando para a câmera que não ia conseguir saltar (rs). Travei (rs). Demorei quase duas horas
para saltar, mas fui lá e saltei.
PBM - Onde foi isso?
R.M. - Canela, próximo a Gramado.
PBM - Há dois quadros no programa que mostram uma preocupação ecológica: Árvore dos
Caçadores e Caça-Doadores. Você acha que uma das obrigações do artista é a
conscientização do seu público?
R.M. - Não sei se a obrigação de todos os artistas é conscientizar, cada artista tem sua função.
Primeiro, acho que artista é aquele que já nasce artista, você não se forma. Eu me formei ator,
já nasci artista. Como tem as pessoas que se formaram em jornalismo, em artes, dança. A
pessoa já vem com uma sensibilidade um pouco maior, sabe? Quando essa pessoa nasce com
essa sensibilidade, com criatividade, ela "já vem" artista, não é uma profissão. Há pessoas que
nasceram artistas, outras que não... Eu devo ter algum problema, porque você me perguntou
uma coisa e estou falando outra (rs)...
PBM - (rs) Fique à vontade. (rs)
R.M. - Todo mundo usa sua profissão para fazer o bem para alguém. Não creio que há alguma
profissão que faça mal para os outros. O artista tem que saber que ele mexe com muitas
pessoas, ainda mais os que trabalham em televisão. Eu sei e gosto de falar de alguns assuntos
e acho que posso tentar conquistar algumas pessoas para pensar de uma maneira mais bacana
sobre determinadas coisas do que outros atores. Tenho amigos que falam de política melhor
do que eu. Quando falam de política, eles conseguem movimentar você, coisa que não tenho.
Sou muito mais preocupado com as crianças, com a natureza, com os idosos do que com
política.
Então, eu uso o que sei fazer, o que gosto de fazer, que é apresentar um programa de
televisão e tento dentro dessa minha área fazer as coisas que acredito, que é fazer o bem para
criança, elas são o futuro. Se a gente colocar coisas boas na cabeça de uma criança enquanto é
tempo, quando ela se tornar um adulto, ela será um adulto bacana, com conteúdo bacana,
com vontade de fazer o bem. Todo mundo irá ficar velho um dia e acho que a juventude é tão
intensa, que ela tem um pouco de medo de perder a vida dela e esquecem que há pessoas que
não tem mais essa intensidade e que precisam de ajuda. Quero colocar isso no programa e
conscientização da natureza também. Nós vamos lá, todo o programa plantamos uma árvore,
mostramos o quanto é legal plantar uma árvore, o quanto é legal voltar e comer os frutos.
Porque a gente fala com criança... nosso maior público é acima dos 40 anos e abaixo dos 17.
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Minha faixa etária não assiste o programa. É de final de semana, 13:30, eles estão na rua
fazendo aventura e o público que assiste a gente é o que não tem condições nesse momento
de se aventurar. Então a gente tenta mostrar o quanto é legal fazer isso.
PBM - Quem deu a ideia de colocar essa preocupação no programa?
R.M. - Na verdade a equipe toda. Todos foram escolhidos a dedo, são pessoas que acreditam
que a gente precisa conservar a natureza, são pessoas que acreditam na criança, que se
preocupam com o idoso, que têm as mesmas preocupações que eu.
PBM - Na pergunta anterior você disse que o programa fazia sucesso com a criançada.
O Caçadores de Aventuras é voltado para o público adolescente, porém faz mais sucesso
com outra faixa etária. Isso acabou sendo uma surpresa?
R.M. - Foi uma mega surpresa. No começo do programa, nos primeiros quatro meses, a gente
não ficou sabendo da audiência. Não sabíamos quantas pessoas estavam assistindo e nem
quem eram essas pessoas. Soube que o primeiro programa deu menos de um ponto. Eu disse:
"Tudo bem, a gente nem teve chamada”. Ninguém sabia que a gente existia, nós não éramos
conhecidos, tínhamos colocado a cara na televisão pela primeira vez. Daí, ficamos um tempão
sem saber a audiência, depois peguei os números e vi que a gente deu quatro pontos e tinha
passado a Band, a Cultura, um monte de emissoras e que o público era a maioria criança. A
gente tem um estilo super jovem, apesar de tentar evitar um pouco a linguagem cheia de gíria.
Quando fiquei sabendo que o público era infantil, eu fiquei até mais feliz e agora que entrou o
novo diretor, o Peu (Peu Lima), a gente sentou para conversar e falei para ele que nosso
público era o infantil e ele veio me explicar que era uma questão de um público aspiracional,
uma audiência aspiracional. Vou explicar o que é.
PBM - Ainda bem que você vai explicar, porque eu já ia perguntar o que era público
aspiracional. (rs)
R.M. - (rs) Quem assiste um programa de esportes, não é quem os pratica. Quem faz esporte
de final de semana, está fazendo esporte, quem assiste o programa é quem gostaria de fazer o
esporte, entendeu? Então, não é uma audiência que faz aquilo, é quem gostaria de fazer.
Quem assiste os programas de culinária não são os chefes de cozinha, são as donas de casa
que gostariam de aprender a cozinhar. É um pouco lógico. Se eu sei fazer uma coisa e já faço
aquilo normalmente, não vou parar para assistir televisão naquele momento para ver o que já
sei fazer e que faço naquele horário. Quem assiste é geralmente aquela pessoa que fala:
"Nossa, que legal! Queria fazer aquilo, viajar, eles estão dando dicas." E a gente acaba dando
dicas para as pessoas. Sou muito molecão, entendeu? Eu acho que a simpatia com o público
infantil vem daí.
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PBM - No site 2 Jovem, o jornalista, conhecido por FabioTV, disse que a Tathy “não se
encaixa na proposta de ‘alta adrenalina’ do programa" e que você “topa qualquer parada e
demonstra que realmente gosta de se aventurar”. A crítica negativa foi feita para a Thaty,
porém o programa é feito por uma equipe. Esse tipo de crítica influência toda a produção?
Ou é um fato isolado?
R.M. - Estou gostando de ver! Garimpou mesmo... (rs) Desde que a Tathy entrou, ficou bem
claro até para ela, que a gente não estava forçando-a a ser uma aventureira. A Tathy entraria
no programa como a menina que tem medo de enfrentar algumas coisas e que eu a levo para
enfrentar essas aventuras e que algumas ela enfrenta e outras não. Tem muita gente que
gosta disso e a Tathy Rio assume que é loira, que tem medo, "cadê meu gloss". Quando dou
dicas de segurança, vem a Tathy e fala: “E se você quiser fazer, traga um gloss, porque depois
sua boca fica seca...” (rs)... Até você está rindo, está vendo? Ela vem com esse lado engraçado,
é um contraponto. Eu sou de um jeito e ela vem medrosa, com esse humor. Essa foi uma
característica que o diretor assumiu quando trouxe a Tathy para o programa.
PBM - Vocês não são obrigados a aceitar a aventura?
R.M. - Não! A gente não faz nada que a gente não quer em nenhum momento nem que esteja
no roteiro, nem que a produção fale. Quando comecei a fazer o “Caçadores” falei que tinha
três coisas que eu ficava com o pé atrás e uma delas era mergulhar com tubarão e avisei a
produção. Deu dois meses de programa, adivinha qual era a pauta? (rs) Contornaram, falaram
tudo que teria de legal no lugar e depois falaram: "Tem uma coisa muita bacana, que será um
máximo, tem toda segurança, você vai mergulhar com tubarão." Deixaram para eu escolher se
mergulharia ou não, entendeu? Aí falei: "A gente pode fazer as outras pautas e depois tentar
mergulhar com o tubarão?" Eles me deixaram muito à vontade, livre, fizeram até bolão entre a
equipe para ver quem ia mergulhar. (rs) Estava curtindo tanto gravar, que mergulhei numa
boa, passei a mão na barriga do tubarão, segurei o tubarão.
PBM - Em 2001, com o ator Walter Breda e com a atriz Elliana Guttman, você fez parte do
elenco da peça Estranho Amor, de Olair Coan (1959-2007). Parece que vocês querem
remontar Estranho Amor para homenagear o Olair. Como está esse projeto?
R.M. - Na verdade não está. Eu tinha visto o Breda na festa do “Caçadores”, a Elliana não pode
ir, porque estava em Manaus, então fazia muito tempo que não encontrava com ela. A gente
só se encontrou depois que o Olair faleceu. Todo mundo super emocionado, eu fiquei muito
abalado. O Olair foi para mim um paizão no teatro. Quando fiz "Estranho Amor" a primeira vez,
eram três atores em cena, eu fazia o protagonista. Foi minha primeira peça profissional. O
mais legal foi que ele acreditou em mim. Posso contar uma história? É muito legal!
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PBM - Claro que pode!
R.M. - Eu não fazia teatro ainda e fui assistir "Pobre Super-Homem", que o Olair fazia com o
Pâmio (Marco Antônio Pâmio), Gustavo Haddad, Rachel Ripani e com a Rosaly Papadopol,
quem dirigia era o Sérgio Ferrara. Assisti e fiquei encantado com a energia deles em cena, para
mim aquilo era teatro. O Pâmio sabe que fui apaixonado por aquela peça. Assisti uma vez, a
segunda vez que assisti era o último dia deles em cartaz naquele teatro e falei: "Preciso falar
com esse povo, preciso conhecer essas pessoas". Fui lá, conversei com o Pâmio, conversei com
todo mundo, disse que era apaixonado pela peça deles e que se tivesse uma oportunidade de
fazer algo com eles... Depois eles viajaram com a peça em alguma cidade do ABC e o Pâmio me
ligou:"A menina que faz a legenda e o áudio não vai poder ir, você quer fazer para gente?" Na
hora aceitei e comecei a trabalhar no "Pobre Super-Homem". Eu falava com a
Verônica (Gentilin): "Um dia vou trabalhar com eles no palco, um dia a gente vai ser dirigido
por ele, Vê." Isso foi logo no comecinho. Aí o Olair foi montar essa peça "Estranho Amor", de
autoria e direção dele. No elenco era a Elliana Guttman e o Gustavo Haddad. O papel do pai
não estava definido ainda. Aí o Gustavo Haddad foi para o Rio fazer a novela A Padroeira e ele
precisou deixar o elenco. Como eu tinha contato com o Olair, nessa época a gente estava
muito amigo, ele falou:"Roque, vamos fazer um teste, uma leitura, para ver se você segura o
papel do Gustavo?" Nossa! Na hora meu coração disparou. Quando fui fazer a leitura, já tinha
decidido que o papel do pai seria do Breda. Imagina: eu, Walter Breda e Elliana Guttman
fazendo uma leitura, quase chorei de emoção de estar ali. A leitura foi linda, todo mundo
acabou se emocionando, peguei o papel e acabei virando o protagonista da peça "Estranho
Amor".
PBM - O texto é autobiográfico?
R.M. - Tem um pouco... Outra coisa do Olair Coan que aconteceu durante os ensaios, além de
ter confiado em mim, de ter me colocado como protagonista da peça, a gente ensaiava por
exemplo três vezes por semana o espetáculo e nos outros três dias da semana, ele ficava só
comigo, me preparava como ator também. Ele não me dava só toques do texto da peça, ele
me dava toques como ator. Isso marcou muito para mim. A gente ficou muito amigo. Acho que
a pessoa que mais acreditou em mim no teatro foi ele.
PBM - Depois de Estranho Amor, você participou de A Traída, né?
R.M. - Ele me chamou para fazer "A Traída" depois de "Estranho Amor"... Você me perguntou
se o texto era autobiográfico, né? Ele me contou que colocou muito da vida dele ali, não é a
história da vida dele, mas muita coisa que ele acreditava, ele colocou no Vilhem, que era o
personagem que eu fazia.
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PBM - Você sentiu um peso maior em fazer um personagem que levava coisas que ele
acreditava?
R.M. - O peso foi tão grande já de cara, que não sei se podia ser maior do que já era. Tudo
acontecendo: ser minha primeira peça profissional, ser texto e direção do Olair e já com a
expectativa de querer ser dirigido por ele, contracenar com a Elliana e com o Breda, eu não sei
o que podia ser mais pesado na minha vida. (rs) A gente ensaiou durante dois ou três meses,
um mês e meio mais ou menos depois, o Fauzi Arap foi assistir à peça e escreceu no nosso
programa: "Apoiado no talento e na maturidade plena dos atores Walter Breda e Eliana
Guttman, e na juventude e entrega de Roque Malizia, Olair avança". Foi ótimo e era para isso
mesmo que estava ali. Eu não tinha os anos de experiência do Breda, não tinha a intensidade
dramática da Elliana, mas tinha muita vontade. A peça recebeu críticas boas, o que me deixa
muito feliz e depois o Olair me chamou para fazer "A Traída", totalmente diferente.
PBM - Tem uma história da peça "A Traída" que era para ser um drama e acabou virando
comédia, né?
R.M. - Que loucura isso! A leitura de “Traída” aconteceu muito antes dele pensar em montá-la.
Acho que nenhum dos atores que participaram do elenco estavam presentes. Estava o
Marcelo Médici na leitura, ele fazia o papel que o Daniel Warren acabou fazendo. Na leitura, o
Olair contou para a gente: "Isso aqui foi um drama que um amigo me enviou para eu montar".
A gente ficou pasmo! Porque ele disse que era um drama, ainda não tinha feito alteração
nenhuma e que tinha falado com os atores para jogar para comédia. E funcionou muito bem,
né? Na leitura todo mundo rolou de rir. Depois de um tempão, ele resolveu montar e me
chamou. Confiou em mim para fazer drama, depois confou em mim para fazer comédia...
Como eu gostava desse cara. Quero muito montar o "Estranho Amor". Tomara que a peça saia.
PBM - Mas vocês pelo menos já conversaram sobre a remontagem?
R.M. - Então, a gente se encontrou, eu, o Breda, a Elliana e a Marcela Guttman, filha da Elliana,
que fez a produção executiva da peça e todo mundo quis. E acho que a gente vai voltar muito
melhor, sabia? Vamos começar a entender tanta coisa que o Olair queria dizer. Eu vou fazer
um Vilhen muito mais como ele queria agora do que naquela época. Passaram 7 anos, eu tinha
22, 23 anos, já amadureci bastante. Eu sei que muita coisa que o Olair quis passar para mim
sobre a vida, ele não me ensinou apenas no texto.
PBM - O que o público pode esperar do programa Caçadores de Aventuras para 2008?
R.M. - Surpresa!
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PBM - Não pode adiantar para a gente?
R.M. - Algumas coisas (rs)... Que vão acontecer muitas e muitas mudanças é fato. Elas já estão
todas no papel, ainda não começamos a gravá-las. Uma mudança de cara é na direção. Depois
que acabar o especial "Maranhão", quem começa a dirigir é o Peu Lima, que foi diretor do
Serginho Groisman e traz algumas pessoas novas para somar a nossa equipe. Existirá a
possibilidade do telespectador viajar com os caçadores. Muita gente diz que vai, vamos
descobrir na prática se a galera encara ou não. (rs) O formato do programa vai mudar, terá
coisas mais de making of, mostrando o trabalho da produção, a dificuldade de produzir o
programa. Será meio que "Colocando o Roque numa furada", saca? Eles vão armar tudo e me
jogar lá. A gente vai mostrar eles produzindo e armando tudo isso.
PBM - Isso é para trazer mais realidade ao programa?
R.M. - Eu acho que é. Quando a gente conversou, fiquei apaixonado com essa ideia Acho que
vai ficar até com mais cara de um reality show do que uma apresentação. Vamos ver o que
acontece.
PBM - Uma mensagem para os frequentadores do site Poucas e Boas da Mari.
R.M. - Levem a vida com bom humor e façam o bem para o próximo, acho que resolve todos
os problemas de uma pessoa. E gostei muito da entrevista, perguntas legais e com um trabalho
de pesquisa bacana! Parabéns, Mari!
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