Fev 2011 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Transcrição

Fev 2011 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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fev-mar/11
ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 5 - Nº 20 – FEVEREIRO / MARÇO 2011
fev-mar/11
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O ARCO JORNAL é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO
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D
A pauta para 2011
SUPERVISOR ADMINISTRATIVO
Paulo Sérgio Soares
e alguns estados brasileiros
venho
recebendo informações e
convites para participar
de discussões sobre um
plano de desenvolvimento para a ovinocultura. Minha primeira
reação é de alegria,
pois parece que finalmente o setor começa a mobilizar as atenções dos governos que estão assumindo a condução das políticas
de desenvolvimento em suas regiões, neste momento. Creio que
parte deste movimento se deve ao boom de elevação de preços e de
investimentos, por parte de criadores, na ovinocultura. Com mais
pessoas envolvidas, a onda de reivindicações, de levantamento de
necessidades começa a se intensificar e, acredito, a chegar nas
mesas dos responsáveis por programas ou políticas para o setor.
Como resposta, felizmente, chegam estes convites.
No Rio Grande do Sul, desde o momento de elaboração do
programa de Governo, de um candidato que se tornou o vencedor
das eleições, a ARCO foi chamada a participar das discussões em
torno de propostas para o setor. Elencamos temas que achamos
que podem servir para a grande maioria dos estados brasileiros.
São temas recorrentes que sempre aparecem nos encontros entre
criadores, representantes de entidades e câmaras setoriais. Assuntos que temos colocado em nossos editoriais e que acredito, valem
a pena ser relembrados porque podem se tornar sugestões para
outros projetos governamentais.
Em nossas conversas com o atual governo gaúcho pontuamos
que era importante ter um programa de financiamento de retenção
matrizes, pois com os preços do quilo vivo em alta, muitos criadores estão enviando suas fêmeas para o abate. E para reconstituição do rebanho, linhas de créditos que permitam a aquisição de
reprodutores e ventres, mesmo pra rebanho geral, com juros compatíveis à atividade. Também listamos que é necessária uma ação
muito forte contra o abigeato e o abate sem fiscalização, fatos que
as vezes estão fortemente interligados e que significam a segurança no campo para o produtor trabalhar. Tenho ouvido estórias de
produtores que estão liquidando seus rebanhos porque foram roubados em 30% do seu plantel PO em uma única noite.
GERENTE ADMINISTRATIVO
Bismar Augusto Azevedo Soares
HUMOR
DIRETORIA EXECUTIVA
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1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos
2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira
Filho
1º Secretário: Carlos Ely Garcia Júnior
2º Secretário: Almir Lins Rocha Júnior
1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares
2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia
CONSELHO FISCAL
Titulares
Wilfrido Augusto Marques
Joel Rodrigues Bitar da Cunha
Thiago Beda Aquino Inojosa de Andrade
Suplentes
José Teodorico de Araújo Filho
Ricardo Altevio Lemos
Francisco André Nerbass
SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O.
Superintendente
Francisco José Perelló Medeiros
Superintendente Substituto
Edemundo Ferreira Gressler
CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO
Presidente: Fabrício Wollmann Willke
ARCO JORNAL
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Edição
Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda
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Foto de Capa: Robespierre Giuliani
Editorial
Pontuamos ainda o tema da sanidade e de melhoramento do
índice de desmama de cordeiros, algo que especificamente no Rio
Grande do Sul, é crítico. Para isto indicamos a necessidade de
recomposição dos quadros da Emater, responsável pela extensão
rural, para que seja possível levar conhecimentos, tecnologias e
ações práticas a todos os criadores de ovinos gaúchos. Pedimos
ainda a reativação da Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura,
para termos um fórum permanente de discussões e proposições a
toda a cadeia produtiva deste setor. E, neste sentido, um trabalho
forte do Governo, no sentido de sensibilizar os componentes deste
sistema produtivo, a participarem dos encontros para que realmente possamos criar os elos e a força produtiva neste setor.
E, por último, mas não derradeiro, olhar a ovinocultura em
todos os seus aspectos sociais e econômicos, ou seja, um ovino
não produz só carne e lã, no caso do Rio Grande do Sul. Abaixo
da lã tem a pele que pode ser processada para utensílios de couro.
Existem também raças especializadas na produção de leite, já em
atividade no estado gaúcho e existe ainda a necessidade de formação de mão de obra para atender a este renascer do setor. Olhando
tudo isto tenho consciência que a “lista de tarefas” é grande. Isto
se deve acredito, ao fato de que a ovinocultura esteve por um bom
tempo, de certa forma, adormecida e que ao retornar deste sono,
encontrou uma lista grande de coisas a serem feitas para recolocar o trem em movimento. São desafios que precisamos enfrentar e
vencer. É uma das nossas pautas de trabalho para 2011. Conseguir
sensibilizar os governos para estes itens, fazer projetos e levá-los a
serem concretizados. Pauta esta que deixo como sugestão aos nossos companheiros de labuta na ovinocultura, em outros estados.
Creio que de forma geral, os problemas são semelhantes e podem
ser encaminhados aos seus Governos em busca da elaboração de
um plano de trabalho. Penso, sinceramente, que devemos aproveitar este momento de alta nos valores do ovino, que nos trazem uma
boa alto estima, para levantarmos nossas bandeiras e sairmos
a luta em busca de melhorias e apoios. Em busca de posicionar
nossa atividade como importante no cenário do agronegócio. E
para isto, precisamos da união da nossa categoria, do apoio das
entidades representativas e dos Governos. Esta é a hora, esta é a
pauta que precisamos levar adiante e vê-la implantada em nível
nacional.
Paulo A. Schwab - Presidente da ARCO
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Reportagem
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Ovinocultura avança em todas as frentes
O Sul do Brasil há muito perdeu a exclusividade na produção de ovinos. Embora seja o berço da atividade, há alguns anos a criação tomou novos rumos e hoje é realidade
e por que não dizer, alvo de muitas iniciativas governamentais. No passado, era difícil imaginar que o reduto do
Nelore no Brasil um dia poderia se tornar também atrativo para a ovinocultura.
Fotos: Divulgação
Luciana Radicione
E
m 2003, o Mato Grosso do
Sul deu o primeiro passo para
povoar parte das propriedades. Segundo Rubens Flavio Mello
Corrêa, coordenador de Agronegócios da Pecuária da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da
Produção, da Indústria, do Comércio
e do Turismo (Seprotur), a ideia inicial era incentivar a produção de uma
carne diferenciada, e, ao mesmo tempo, ampliar noções de manejo para
os rebanhos “solitários” existentes
na região naquela época.
“Se via de tudo, rebanho junto com
o gado, desmamados, rústicos”, conta
o médico-veterinário. Parcerias com
universidades e a Embrapa mudaram
a realidade do Estado. A raça Pantaneira, rústica adaptada às condições
de clima e solo do Mato Grosso do
Sul ganhou muitos adeptos, e a atividade “ovinocultura” deixou de ser
amadora para se tornar uma fonte de
rendas para muitos.
O Estado ainda não possui estatísticas sobre o número de cabeças,
mas calcula o crescimento vertiginoso com base na ampliação do número de frigoríficos abertos após o
incentivo dado pelo governo. “Hoje
possuímos três plantas para o abate,
o que no passado era praticamente
impossível de se imaginar. Também
temos dez propriedades voltadas ao
confinamento”, afirma Corrêa. O Estado com a maior rebanho bovino do
Brasil quer continuar apostando na
ovinocultura. Nos planos está a continuidade de cursos de capacitação
que vêm contemplando diferentes regiões do MS, além da aplicação do
Programa de Avanço da Pecuária –
Programa Cordeiro, que prevê incentivo financeiro do Estado com rebate
de 50% no ICMS, além de um plano
de bonificação da indústria à carne
produzida dentro de padrões técnicos
e de qualidade. “Estamos transformando algo que não era tradição em
fonte de receita”, comemora o coordenador da Seprotur.
No Rio Grande do Sul, que já abrigou quase 14 milhões de cabeças – e
A criação do ovino Pantaneiro deixou de ser amadora
para virar fonte de renda para muitas famílias
hoje tem apenas 3,5 milhões – a luta
é fazer com que a atividade se torne
mais competitiva. “Apesar dos reveses que sofreu, a atividade no Estado tem um grande potencial. O que
falta são políticas de fomento à sua
retomada”, afirma o secretário da
Agricultura, Pecuária e Agronegócio
(Seapa) do Rio Grande do Sul, Luiz
Fernando Mainardi. A favor do Rio
Grande do Sul, afirma o secretário,
está fartura de material genético,
mão de obra de qualidade e excelentes condições de clima e solo. “Portanto, todas as condições de retomar
o setor e voltar a posições que antes
ocupávamos.”
O abate de matrizes é um dos gargalos que precisa ser contido entre os
produtores gaúchos. Muitos, em busca de capital de giro em curto prazo,
entregam as fêmeas aos frigoríficos,
reduzindo ainda mais o já comprometido plantel. De acordo com dados da
Seapa colhidos junto às estatísticas
oficiais, no ano passado o abate de
matrizes em frigoríficos sob inspeção
oficial foi 82% superior ao de machos: foram abatidos 399.562 ovinos,
sendo 182.456 matrizes e 100.456 e
machos. Houve, ainda, o abate de
28.462 cordeiros fêmea com menos
de seis meses e 88.188 cordeiros da
mesma categoria. “Isso nos impede
de ter competitividade no promissor
mercado da carne ovina. Também temos problemas como à desorganização da cadeia produtiva e a falta de
uma maior interação entre a pesquisa
e a extensão rural. Algo que teremos
que enfrentar, pois acreditamos na
possibilidade de a ovinocultura voltar a ser uma das principais atividades do setor primário, resgatando seu
valor social, econômico e cultural”,
salientou Mainardi.
Para reverter este cenário, o governo gaúcho lançou recentemente
o Programa de Desenvolvimento da
Ovinocultura “Mais Ovinos no Campo", com duas linhas de crédito que
somam R$ 102 milhões, voltadas à
retenção de matrizes e à aquisição de
reprodutores e matrizes. “O programa
ainda terá outras ações que estão em
construção. Estamos dialogando com
os setores representativos da cadeia,
com os técnicos de diversas áreas dos
governos e com todas as representações que têm interesse na retomada
da ovinocultura. “Queremos recolher
sugestões para montar um programa
que venha, realmente, contribuir para
a retomada da ovinocultura”, declarou o secretário.
Com o programa, o Estado pretende ampliar, no mínimo, em 20% o encarneiramento de matrizes a partir do
segundo ano da contratação da operação de retenção de matrizes. “Como
efeito direto do programa, teríamos a
partir de 2013 aproximadamente 80
mil matrizes a mais e 30 mil cordeiros. A partir disso, com o aumento
do número de encarneiramentos (480
mil), teremos um efeito progressivo
na oferta de cordeiros para o abate
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Foto: Divulgação/Seapa-RS
Luiz Fernando Mainardi
e no número de matrizes do rebanho
ovino gaúcho”, calcula Mainardi.
O programa “Mais Cordeiros no
Campo” vai beneficiar criadores de
todos os portes, com recursos do
Banrisul. Do montante, R$ 50 milhões serão para a aquisição de matrizes e reprodutores, com prazo e
pagamento de cinco anos e taxas entre 1% e 4% dentro do Pronaf, e de
6,75% para os demais criadores. Na
linha que soma R$ 52 milhões exclusivamente à retenção de matrizes, o
prazo será de três anos, com juros no
Fotos: Divulgação
Pronaf de 2%, e de 5,75% para os demais enquadramentos.
Com mais de 3 milhões de cabeças, a Bahia se tornou referência em
ovinocultura – destaque para as raças
Santa Inês e Dorper -, especialmente a
partir da criação da Câmara de Carne
de Caprinos e Ovinos. “Foi quando o
setor ganhou uma importância maior.
Profissionais, técnicos, produtores e
interessados se uniram para discutir
sobre as dificuldades da cadeia e sugerir políticas públicas para atender
tanto os produtores como o mercado”, conta Eduardo Salles, titular da
Secretaria da Agricultura, Irrigação e
Reforma Agrária (Seagri).
A Bahia incentiva seus criadores
através de programas que prevêem
a distribuição de matrizes e reprodutores aos criadores (já está em sua
segunda etapa) e a entrega de kits
de inseminação artificial através do
Projeto de Melhoramento Genético,
iniciativas que propiciaram mudanças significativas na qualidade do
Fêmeas Morada Nova da Bahia
rebanho. O governo baiano também
vai dar continuidade às ações de assistência técnica direcionada e formação de convênios com Organizações Não-Governamentais visando à
capacitação dos produtores. Também
deve priorizar apoio às estruturas de
abate de ovinos existentes no Estado.
Ações voltadas a combater justamente os principais entraves da atividade: carência de informações técnicas
e o abate irregular. •
Informe Publicitário
Resistência Parasitária: ameaça à ovinocultura
rar um produto comercial (Kaminski et al.
2009). Tão logo seja aprovado pelos órgãos
competentes também entrará no mercado
nacional.
Seu mecanismo de ação difere de todas as
demais moléculas, permitindo eliminar parasitos internos mesmo com resistência às
drogas convencionais.
A rotação de medicamentos com diferentes modos de ação retarda o avanço de
populações resistentes. Deve ser adotado
com critérios e organização, permitindo o
efeito desejado e não uma mera variação
de marcas (erro comum) ou de moléculas
aleatoriamente.
Enfim, a melhor ferramenta de manejo
ainda é a INFORMAÇÃO. O assessoramento técnico permite elaborar estratégias de
manejo que favorecem a obtenção dos melhores resultados.
Octaviano Alves Pereira Neto
Gerente Técnico - Novartis Saúde Animal
A ovinocultura é uma atividade com diversos desafios e muitas possibilidades de sucesso, tanto no mercado interno como externo. Neste cenário promissor, produtores
e técnicos buscam aprimorar a alimentação,
a genética e o manejo dos animais, porém
muitas vezes esbarrando nas barreiras das
verminoses e da resistência parasitária para
crescer. As parasitoses gastrointestinais assumem papel importante no rol de ações
dos produtores para aumento na produção
de carne e lã de qualidade.
As perdas sanguíneas e as lesões provocadas pelos parasitos internos no trato digestivo dos ovinos causam sérios danos ao
desempenho animal, com perdas que vão
desde um menor ganho de peso até a morte dos animais. A hemoncose é o exemplo
mais grave.
Muito se fala sobre o tema, mas afinal o que
é mesmo resistência anti-helmíntica?
Uma definição prática para resistência anti-helmíntica (RA) é a habilidade que uma
população de parasitos internos (vermes)
apresenta de sobreviver após ser exposta
a um produto que normalmente age sobre
sua espécie, ou seja, aplicado na dose e na
maneira correta, não é capaz de eliminar
estes parasitos e eles irão se reproduzir e
gerar novos indivíduos, perpetuando o
problema (Bonino 2004).
Este conceito traz consigo várias informações. Primeiro, são os parasitos que se
tornam resistentes e não os produtos que
mudam de ação. Segundo, estes indivídu-
os que sobrevivem irão povoar o ambiente
com uma descendência igualmente resistente, portanto é um processo hereditário,
transmitido entre gerações. Para piorar a
situação, essa condição é permanente, ou
seja, a população de parasitos “diferentes”
(resistentes) nunca mais será afetada por
aquele princípio ativo, mesmo após anos
sem seu uso.
Diversos levantamentos observaram a presença de RA para todas as moléculas tradicionais, especialmente o albenzazol, levamisol, ivermectina, moxidectina e outras
drogas empregadas nos vermífugos para
ovinos. Este fato é mais grave, pois a descoberta de novos princípios ativos é mais
lenta que o aparecimento da RA nas populações de parasitos.
Qual o papel do produtor para retardar a
resistência parasitária?
Impedir a ocorrência da RA é praticamente
impossível, pois é um processo que ocorre
também naturalmente. O produtor poderá
reduzir a pressão de seleção geradora de
indivíduos resistentes na população, estendendo, dessa forma, a vida útil dos produtos.
A Novartis Saúde Animal descobriu um
novo grupo químico com ação contra vermes internos, chamado de Derivados do
Amino acetonitrilo, sendo o Monepantel
o primeiro princípio ativo do grupo a vi-
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desta publicação sem a autorização da
Novartis Saúde Animal.
Palestra na Feinco 2011
Local: FEINCO - Centro de
Exposições Imigrantes
Data: 24/03/11 - às14h
Parasitoses Ovinas e a ResistênciaAntihelmíntica - barreiras à
produtividade
Por: Dr. Jorge Bonino - Secretariado
Uruguayo de la Lana - Uruguay
Dr. Octaviano Alves Pereira Neto
- Novartis Saúde Animal - Brasil
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Reportagem
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Mão de obra no campo:
O analfabetismo e o despreparo
convivem hoje nos espaços delimitados pelas cercas de arame ou de
pedra. Depois da Revolução Verde,
do avanço das tecnologias de produção – que pontuam na clonagem de
animais e sementes, da informática
e dos equipamentos que alavancam
a produtividade, o campo continua
tentando revolver um problema crônico: a qualidade da sua mão de
obra. Há gente suficiente, há informação, há disposição e também capacidade de pagamento do produtor.
Falta, antes de tudo, educação. Mas,
como mostra esta reportagem, nem
tudo está perdido, porque já surgem
as primeiras idéias. Mais do que um
meta do setor rural, resolver isso é
uma missão para os próximos governos.
Foto: Robespierre Giuliani/Divulgação
Eduardo Fehn Teixeira
A
mão de obra no campo é um
problema que se agrava a cada
ano em todas as regiões brasileiras. E se for especializada, então, aí
é realmente rara, e quando encontrada,
muito, mas muito cara. Na maioria das
vezes incompatível com os níveis de
receita obtidos principalmente pelas atividades relativas à pecuária, e o aperto
cresce ainda mais em se tratando da ovinocultura.
Mas se para cuidar de gado a campo,
que é um trabalho bem mais tranquilo
e lento, a escassez de mão de obra já é
grande, para lidar com ovinos a coisa se
complica e muito, porque todos sabem
que a ovinocultura exige muito mais
tratamentos, muito mais manejo e com
maior frequência.
Mas não há quem ainda não viu filmes
norte-americanos onde, nas fazendas os
trabalhos diários, via de regra, são executados basicamente pelos pais (os donos da propriedade) e por seus filhos e
até filhas. E por certo isto não acontece
Foto: Nelson Moreira/Agropress
Arnaldo Vieira
por acaso. É que esta realidade, do custo
elevado e do despreparo dos trabalhadores rurais, no primeiro mundo é bem
mais antiga, e também grave.
Apesar de cara, a mão de obra rural,
em comparação com as áreas da indústria e dos serviços, é uma das mais
despreparadas e desqualificadas que se
conhece. É comum encontrar numa fazenda trabalhadores analfabetos e sem
treinamento algum para a atividade.
Mas apesar de soar como um contrassenso, por incrível que possa parecer o
meio rural tem assistido nos últimos
anos ao maior boom tecnológico, desde
o início da Revolução Verde, na década
de 70. O campo foi invadido por novos
softwares, fertilizantes de última geração, apuradas tecnologias de inseminação artificial em massa de transferên-
cia e sexagem de embriões, clonagem,
cultivares mais resistentes e produtivos
nas lavouras, máquinas computadorizadas e animais precoces ao extremo, em
síntese.
Mas também, ao mesmo tempo, se
toma conhecimento de verdadeiras histórias tragicômicas ocorridas no campo,
de tratores que foram parar dentro de
açudes por inabilidade do tratorista, de
touros e carneiros reprodutores de primeira linha que foram castrados porque
estavam no lote errado ou de motores
que fundem por simples falta de manutenção, da mais básica troca de óleo.
Fatos como esses ainda abundam no
campo e renderiam vários livros, cômicos, por certo, porém economicamente
dramáticos.
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despreparo que custa caro
Foto: Nelson Moreira/Agropress
O mercado da ovinocultura está atualmente aquecido e em suas várias áreas de
atividades, está em ebulição”, dispara o Coordenador de Formação Profissional Rural
do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), médico veterinário Giovane
Bolzoni. Segundo ele, a partir da identificação de áreas de interesse, o Senar trabalha
com treinamentos tanto de trabalhadores
como de produtores rurais. “E as solicitações
para a capacitação são constantes”, diz.
vés do Senar. Ele destaca ainda o Programa
Empreendedor Rural, que visa a elaboração
e a implantação de projetos capazes de impulsionar a atividade.
“A capacitação é um investimento feito
no funcionário, e deve ser avaliado por ele
como parte da remuneração, uma vez que ele
será o grande beneficiado, crescendo profissionalmente”, sugere Giovani Bolzoni.
Montagem de parcerias
Já o presidente do Sindicato Rural de
Osório, no Litoral Norte gaúcho, Clairton
Marques, acredita que o maior problema da
dificuldade da mão de obra no campo talvez seja a verdadeira sedução que as cidades
exercem sobre os trabalhadores.
“Está certo que na maior parte dos casos
falta preparo técnico, formação. Mas o que
está tirando o funcionário das fazendas são
as vantagens que ele e sua família passam a
ter quando se deslocam para as cidades. Vai
desde as maiores opções de emprego, até a
escola para os filhos, creches, bolsa isso e
bolsa aquilo, que o governo libera. Não é
a incapacidade de pagamento do produtor,
como muita gente possa pensar ...”, fuzila
o dirigente. “Por mais de uma vez já ofereci
salários acima da média para não perder funcionários, mas nem isso foi superior ao sonho, muitas vezes visto através da televisão,
de ir para a cidade, conta o selecionador.
Bolzoni esclarece que o Senar atua sempre através da montagem de parcerias, que
na maioria dos casos são estabelecidas com
Sindicatos patronais ou de trabalhadores rurais, entre outras entidades. “Havendo uma
demanda por determinado treinamento – ou
curso de capacitação – a partir de oito, 12
ou mais participantes, já temos condições
de identificar um local para o desenvolvimento do trabalho e de deslocar para este
local, para ministrar o curso/treinamento,
um instrutor credenciado. E dependendo das
condições e interesses, este trabalho pode
acontecer inclusive numa fazenda”, diz o
coordenador do Senar.
Atualmente o Senar opera com nove treinamentos voltados à ovinocultura, que vão desde
a tosquia e áreas de manejo, até a produção de
embutidos e defumados. Também existem formações na área de gestão, que vão desde informática até administração e custos.
Bolzoni sugere que os produtores identifiquem seus interesses e necessidades e procurem especialmente os Sindicatos Rurais
em suas cidades, que vão tomar as medidas
necessárias para viabilizar a operação de
implantação de cursos e treinamentos atra-
A cidade: uma sedução
Educação, eis a questão!
Num primeiro momento até surpreende,
mas pensando bem a gente se dá conta de
que é isso mesmo. O problema maior está
na educação e na estrutura familiar. É o que
afirma, do alto de sua larga experiência como
Foto: Divulgação
Mão de obra da esquila exige treinamento e especialização
Suetônio Campos: estrutura familiar não educa sobre a importância do trabalho
criador de ovinos, em Taperoá, no estado da
Paraíba, o selecionador Suetônio Vilar Campos, que só na produção de reprodutores já
tem mais de 56 anos.
Segundo ele, é por isso que a problemática da mão de obra no campo – e especialmente para ovinos – é tão grave. “Não há
uma estrutura familiar capaz de educar as
crianças, de fazê-las perceber a importância
de estudar, de se ter um trabalho, um compromisso, de se conquistar a independência
e a dignidade. Isso é o mais importante na
formação de um cidadão e a falta desse prérequisito torna a questão da mão de obra
ainda mais preocupante”, ensina Suetônio.
“Se a criança teve desde cedo essa educa-
>>>
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Reportagem
Fotos: Nelson Moreira/Agropress
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ção em casa, aí quando adolescente é só dar
formação técnica que passaremos a ter uma
mão de obra comprometida e especializada.
E que por certo, será bem remunerada”, reflete o criador.
Para ele, é preciso criar cursos realmente
eficientes, que ensinem especialmente aos
jovens as tarefas que eles verdadeiramente
vão encontrar na lida com os ovinos. É urgente parar com essas discurseiras e teorizações, que nem de longe devem interessar
a quem está realmente voltado a aprender a
lidar com ovelhas. “E já está mais do que
na hora do nosso Ministério da Agricultura
parar de se preocupar com os sem terras e
outras questiúnculas e cuidar melhor da área
que realmente produz”, critica Suetônio,
que entre as funções que já teve na vida, é
atualmente vice-presidente da ARCO.
Sem vícios, o lado positivo
Embora o Estado de São Paulo ainda não
tenha a importância do Sul ou do Nordeste
brasileiros quando à criação de ovinos, os
problemas com a mão de obra também são
sentidos de forma preocupante pelos criadores. É o que revela o presidente da Associação Paulista de Criadores de Ovinos e vice
presidente da ARCO, Arnaldo Vieira, para
quem este é certamente o maior gargalo da
ovinocultura.
“Por mais motivado e eficiente que seja
o criador, ele não consegue fazer tudo sozinho, e na hora de buscar funcionários, de
montar equipe, se depara com a falta de fixação na atividade e com o despreparo dos
candidatos, que com raras exceções não tem
nenhum comprometimento com o trabalho”,
acusa o dirigente.
Segundo ele, em São Paulo os grandes
vilões que atraem a mão de obra das fazendas são basicamente a construção civil e os
canaviais. Mas Vieira faz uma ressalva. Alega que se por um lado há dificuldades para a
obtenção de colaboradores, por outro, esses
operários, quando gostam de trabalhar com
ovinos e são admitidos numa fazenda, passam a aprender tudo do zero, não tem vícios,
o que é bastante positivo.
Para Vieira, o caminho para a busca de
solução para a mão de obra rural é um maior
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Clairton Marques
Marconi Sales: drogas e interesse por bicos rápidos também contribuem para escassez de mão de obra qualificada
e mais direcionado investimento oficial na
área de extensão e a profissionalização do
trabalhador em campos de utilização imediata desta mão de obra. “Aquele que se
especializa na ovinocultura, por exemplo,
passa a ganhar mais, a ser mais valorizado”,
aponta o dirigente.
De João Pessoa, que é sua base de operações na Paraíba, o agrônomo e técnico da
ARCO Marconi José Dias Sales revela, com
tristeza e preocupação, o péssimo estágio
por que passa aquela parte do Brasil no que
se refere ao trabalho.
“O maior problema é que as pessoas,
principalmente os jovens, não querem trabalhar. Não foram preparados para ter este item
como algo importante para suas vidas. “Eles
preferem fazer bicos rápidos, nos quais não
tenha envolvimento algum. E outros vão
direto para a contravenção, tendo as drogas
como o alvo mais evidente”, aponta Sales.
Formação técnica
substitui assistencialismo
Longe ainda de formar mão de obra específica para a ovinocultura, em todos os
segmentos da sociedade já existem projetos
em andamento, apoiados por pessoas, instituições ou empresas. Mas nada havia ainda
na área rural, onde faltam perspectivas de
estudo, trabalho e renda para os jovens. Normalmente, para os meninos resta o serviço
militar e depois algum emprego na lavoura
ou pecuária da região. Para as meninas, o futuro será cuidar da própria casa, casar-se ou
trabalhar de doméstica.
No litoral gaúcho, município de Mostardas, um projeto pioneiro foi realizado na Fazenda Cavalhada, por iniciativa do criador
Edgardo Velho. O produtor buscou parceiros - o Projeto Pescar e o Senar - para colocar em prática seu projeto, que já está em
seu sétimo ano.
Lá, Marcos Vinícius de Matos, 20 anos,
desenvolve o aprendizado no projeto Pescar
Fazenda Ranchinho, que tem por objetivo
dar uma formação mínima de conhecimentos em atividades rurais aos jovens com
idade mínima de 16 anos e que estejam em
situação de risco social.
Selecionado entre jovens fora da escola,
Marcos cumpriu um roteiro diário de aulas
que tratavam de questões sociais, noções de
matemática, português, higiene, mecânica
de máquinas agrícolas, noções de pecuária, entre outros temas. Ele diz que participar deste curso fez toda a diferença para o
trabalho que realiza. “Mesmo não tendo a
prática muito desenvolvida, sabendo como
funciona a atividade na parte teórica já ajuda
muito. Eu acho que rendo mais do que se
viesse para cá e tivesse que aprender tudo
sozinho”, afirma, acrescentando que esta
oportunidade mudou sua vida.
Este projeto não assistencialista dá uma
nova perspectiva aos jovens, preparando-os
para trabalhar nas diversas funções das propriedades rurais”, afirma Edgardo Velho. O
Projeto Pescar, que quebra décadas de assistencialismo, nasceu da iniciativa de um empresário gaúcho, Geraldo Link, que queria
proporcionar aos jovens com idades entre 16
e 19 anos, uma perspectiva melhor de vida
através do ensino de uma profissão. Mas
para ele não bastava entregar tudo pronto
aos alunos. Era preciso ensiná-los o caminho
da conquista das vitórias. “Seu pensamento
estava ligado a um provérbio chinês que diz
que se quiseres matar a fome de alguém, dálhe um peixe. Mas se quiseres que ele nunca
mais passe fome, ensina-o a pescar”, relata
Silvia Ramirez, pedagoga e Gerente de Qualificação e Acompanhamento da Fundação,
uma entidade que já tem escolas em fábricas
no Brasil inteiro e também na Argentina e
no Paraguai. •
No semi-árido nordestino, mão de obra também é escassa
9
fev-mar/11
Reportagem
Homeopatia: vigor para o seu rebanho
Nicolau Balaszow
A
veterinária homeopática segue os
mesmos princípios da medicina: vê
o animal como um todo sustentado
pela força vital. E, ao contrário do que muitos pensam, a homeopatia aplicada na ovinocultura é uma realidade que tem apresentado excelentes resultados, trazendo vigor
para os rebanhos, desmistificando alguns
conceitos e apresentando vantagens sobre a
medicina oficial.
- É viável sim a homeopatia em ovinos!
Esta afirmativa é sustentada pela médica
veterinária homeopata, agrônoma e bióloga, Maria do Carmo Arenales que, em seus
mais de 20 anos de atuação, testemunha os
benefícios da homeopatia em ovinos, demonstrando suas vantagens sob os aspectos
de cura e financeiro. É sabida a existência
de uma falsa crença que sugere ser o medicamento homeopático de ação lenta. “Na
verdade, esse é um preconceito gerado por
uma desinformação popular, que muitos
contrários à homeopatia gostam de divulgar”, alerta a profissional, ao mesmo tempo
dizendo já estar demonstrado que o tempo
de reação do organismo é proporcional ao
tempo da afecção. Se estivermos diante de
um processo agudo, teremos a resposta em
poucas horas, porém, explica a médica, se a
afecção estiver instalada há meses, já crônica, teremos a resposta em algumas semanas
e a cura instalada em meses.
Viabilizando o uso dos remédios homeopáticos, o produtor aufere dividendos e
garante alimentos saudáveis para o consumidor, além do que os medicamentos homeopáticos custam menos que os alopáticos e
permitem que a recuperação do organismo
ocorra em curto período de tempo.
Mastite
Tecnicamente, a mastite é definida como
a inflamação da glândula mamária, caracterizada por alterações físicas, químicas e
bacteriológicas no leite e alterações no tecido glandular. Esta doença em ovinos é fator importante de perdas econômicas e está
presente em todo o mundo, com incidência
principalmente nas raças com aptidão leiteira, contudo, recentemente descreveu-se que
a mesma pode ter efeitos sobre o ganho de
peso dos cordeiros também em raças de carne. Fatores ambientais, alimentares e o manejo incorreto são os principais motivadores
do problema. “As bactérias são os agentes
isolados e identificados com maior frequência em casos de mastite ovina, entretanto, sabe-se que os fungos, leveduras e algas
também podem infectar a glândula mamária
das ovelhas”, orienta Maria do Carmo. Durante surtos de mastite podem ocorrer casos
Por volta de 2.500 a.C. a homeopatia teve enunciado alguns de seus princípios gerais por Hipócrates, o pai da medicina.
Mas foi só no século XVIII que o médico alemão, Samuel Hahnemann, organizou e definiu os preceitos básicos conhecidos
na atualidade. Apesar de toda contestação à aplicação da medicina homeopática, ela evoluiu em sua prática e está mais forte
do que nunca. Não só o ser humano tem descoberto os seus benefícios, como também o segmento do agronegócio começa a
reconhecer a sua eficácia no tratamento de todas as afecções que acometem aos ovinos, entre elas: a mastite e a diarréia.
Foto: Divulgação
Arenales: homeopatia oferece economia
de pneumonia em cordeiros, provocados
pelo mesmo microrganismo. A mastite é
mais comum em ovelhas amamentando cordeiros de 2 a 3 meses de idade.
Do ponto de vista clínico, a mastite pode
ser tratada com medicamentos homeopáticos com absoluta segurança e, por ser uma
doença bastante comum nos rebanhos brasileiros, os custos acabam sendo bem menores. Mas, para que as despesas não sejam
constantes, a médica veterinária diz que o
manejo é um dos principais responsáveis
pela ocorrência da mastite e recomenda uma
alteração nesses procedimentos.
Quando a finalidade da exploração é a
produção de leite deve-se praticar uma ordenha higiênica. Em situação oposta, quando o
cordeiro mama na ovelha durante 60 a 120
dias, o controle é dificultado pela possibilidade da transmissão de agentes patogênicos pela boca do cordeiro. Assim, devem-se
evitar lesões traumáticas no úbere para não
predispor à contaminação por patógeno presente na boca do cordeiro, bem como no
ambiente. Por outra parte, é preciso impedir a estase láctea ocasionada pela perda de
cordeiros ou por ovelhas com alta produção
de leite após o desmame, restringindo água
e alimento até cessar a produção de leite. A
palpação rotineira dos úberes e descarte de
ovelhas com evidência de alterações, permitem remover as menos produtivas e reduzir
a fonte de infecção.
Diarréia
A incidência da diarréia no rebanho é
causa de muita preocupação para o pecuarista. O desequilíbrio orgânico fica visível ao
se perceber debilidade, depressão, cólicas e
fezes líquidas. A diarréia será fétida, os animais perdem o apetite, os pelos ficam arrepiados e pode haver desidratação. Também
a homeopatia pode intervir potencializando
vigor aos ovinos, mas não basta a medicação
e deixar de lado alguns procedimentos, tais
como: oferecer profilaxia por meio da alimentação controlada, limpeza e desinfecção
das instalações, evitar superlotação, isolar e
proteger os filhotes e separar os doentes.
Para o produtor rural, João Batista da
Silva, em sua propriedade no município de
Jacareí, interior de São Paulo, a homeopatia tem trazido excelentes resultados para o
rebanho de ovinos. “Estou a oito anos nesta atividade e tenho aprendido muito sobre
esses animais e, neste caminho descobri as
vantagens que a homeopatia oferece”, diz
Silva. Ele utiliza este recurso há três anos e
explica que não só os resultados são positivos como reconhece, especialmente, a facilidade em ministrar os remédios no rebanho.
“Tenho mil ovinos, imagine se eu tiver que
abrir a boca de todos para aplicar os medicamentos?”, questiona ao lembrar que a sua
maior dificuldade é erradicar a verminose
nos ovinos. Ele disse ainda que em certa
ocasião a diarréia atacou muitos de seus animais e quando procurou ajuda homeopática,
viu que a eficácia e a rapidez no tratamento
são verdadeiras.
Uma pergunta muito comum entre os
criadores é: como administrar os remédios?
A facilidade de administrar o medicamento
homeopático é outra vantagem que dever ser
considerada. “Os remédios são preparados
de acordo com a palatabilidade individual,
não havendo necessidade de ingerir grandes
doses, podendo ser adicionado ao sal mineral do animal sem alterar o seu sabor”, explica a médica. Com isso, é possível evitar o
estresse ocasionado pela administração forçada de medicação oral, pelo uso de seringas
e demais manobras dolorosas. •
fev-mar/11
10
Reportagem
Integração lavoura, pecuária e floresta: um passo à frente
A agricultura, a pecuária e a silvicultura no Brasil tradicionalmente executam as suas atividades produtivas isoladamente, quer dizer, não há a integração entre elas e o que
se percebe, no decorrer dos tempos, é o inevitável processo
de degradação das áreas de pastagens assim como das florestas e lavouras. Isso coloca o produtor rural diante de um
desafio: como produzir alimentos, incorporando o conceito
de sustentabilidade?
S
ustentabilidade
pode
ser definida como a garantia de produção de
alimentos para esta e para as
próximas gerações, através da
preservação contínua do meio
ambiente. Daí entender que
toda a ação que venha a unir
as três atividades de campo se
constitui em uma alternativa
racional. A Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF),
é conhecida como um sistema
misto de produção ou diversificação, rotação e sucessão de
procedimentos agrícolas, pecuárias e florestais na propriedade, de forma equilibrada e
que traga benefícios gerais. As
formas de integração que englobam a pecuária com a agricultura ou com a floresta predispõem à rotação de culturas
agrícolas com plantas forrageiras anuais, também em culturas
anuais combinadas com pastos
perenes, além da agricultura
destinada à suplementação e ao
confinamento de animais e os
sistemas agrossilvipastoris.
Uma visão geral
A Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária está
trabalhando com 18 projetos
de ILPF, dentro do Sistema
Embrapa de Gestão (SEG).
Desses projetos, atualmente, a
Embrapa Transferência de Tecnologia, coordena uma rede
que reúne profissionais de 26
centros de pesquisa Embrapa,
organizações do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, instituições de ensino e
agentes de assistência técnica
e extensão com objetivo de
organizar as ações aplicadas
à ILPF. Este projeto propõe a
transferência de tecnologias
e conhecimentos para a recuperação de pastagens em degradação e de lavouras com
problemas de produtividade e
sustentabilidade.
Dadas as características de
biodiversidade do território
nacional, o potencial desse sistema está sendo aprofundado
por bioma. São seis os biomas
(conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo
nível de homogeneidade): da
Amazônia, do Pampa, da Caatinga, do Cerrado, do Pantanal
e da Mata Atlântica. Para atender a essa demanda, a empresa já colocou em campo 130
empregados, entre técnicos e
pesquisadores, de 30 centros
de pesquisa que atuam em rede
tanto para ações de pesquisa
como de transferência de tecnologia. As equipes já montaram 128 campos de demonstra-
Fotos: Divulgação
Agregar a pecuária com a lavoua e a floresta traz benefícios ao produtor
ção, denominados Unidades de
Referência Tecnológica, que
contam com a participação de
produtores e num só tempo servem de observadores e vitrines
do sistema. Com isso, a expec-
Nilzemary: bioma caatinga
tativa é de que num futuro próximo a ILPF esteja presente em
um número cada vez maior de
propriedades rurais, viabilizando assim o aumento da produção aliado à conservação dos
recursos naturais.
O pesquisador da Embrapa
Clima Temperado, Jamir Luís
Silva da Silva destacou que os
sistemas produtivos visam otimizar o ciclo natural de crescimento de plantas e de animais,
conservando a atividade biológica do solo, melhorando a
ciclagem de nutrientes, preservando a quantidade e qualidade da água. “Pretendem ainda
minimizar a utilização de agroquímicos, aumentar a eficiência de uso de máquinas, equipamentos e mão de obra, gerar
empregos, renda e melhorar as
condições sociais no meio rural, além de reduzir impactos
ambientais”, destacou.
Bioma Caatinga
O Sistema de Produção
Agrossilvipastoril para o Bioma Caatinga foi implementado
pela Embrapa com o objetivo
de integrar a criação de ovinos
e caprinos com agricultura e na
floresta. A técnica consiste na
divisão da área em três partes:
“Um subsistema agropastoril
destinada à lavoura, a outra é
o subsistema silvipastoril com
base em caatinga manipulada
e, a terceira, outro subsistema
silvipastoril, com base em um
lote florestal”, informa a pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, Nilzemary Lima.
Ela diz ser muito importante
a conjunção entre os subsistemas, com os animais desempenhando importante papel na
redistribuição de nutrientes.
Mas reitera que a prática de
queimadas deve ser evitada,
mesmo sendo um expediente
ainda muito utilizado no desmatamento,
principalmente
na agricultura de subsistência.
Por outro lado, é preciso que o
agricultor também evite uma
grande população de animais
por área, o que colocará em
risco os resultados.
A importância ambiental da
ILPF é sustentada por vários
motivos e, um exemplo são
os efeitos positivos da matéria
orgânica do solo pela manutenção e/ou aumento dos estoques
de carbono, o que contribui
para a diminuição do aquecimento global. No sistema, com
a rotação lavoura/pasto, em
>>>
11
fev-mar/11
áreas onde se associem culturas proporcionadas aos sistemas de
agrícolas anuais com pastos e a produção agropecuários, refletipresença de animais em pastejo, das nas alterações benéficas soalém da preservação da floresta, bre o solo, na melhor utilização
e os conhecimentos científicos dos recursos naturais renováem fertilidade do solo e plantas veis com consequente aumento
invasoras, têm se tornado pos- de produção nos componentes
sível a semeadura de culturas vegetal e animal, na diversificasobre pastos sem preparo de ção da produção, no controle de
solo. O pasto
pragas, doencontribui com
ças e plantas
a palhada que,
daninhas, no
além de manter
aspecto
fio solo cobernanceiro
e
to, permite que
no alívio de
ocorra a adição
impactos ame aumento da
bientais. Um
matéria orgâbom exemplo
nica. “Também
do sistema se
a conservação
dá na Fazendos recursos hída Creoula,
dricos, do solo
em
Sobral
e da biodiver(CE),
pois
sidade animal e
num período
vegetal são be- Marília tem bons resultados
de nove anos,
neficiados”, ena produtividafatiza Nilzemary ao ressaltar que de agrícola da cultura do milho,
no sistema são utilizadas igual- por exemplo, saltou para 1.300
mente práticas agroflorestais que kg/ha, enquanto que a média do
preservam matas ciliares e as que estado cearense é de 500 kg/ha
evitam processos de erosão.
de grãos. Além disso, com o SisUma vez consolidada a prá- tema de Produção Agrossilvipastica da ILPF, as vantagens são toril é possível produzir 60 kg/
Fotos: Divulgação
A ILPF é uma alternativa dinâmica e confere lucros adicionais
ha de peso vivo de cordeiro desmamado, enquanto que o modo
convencional oferece 8 kg/ha de
peso vivo animal.
Para implantar o sistema, o
produtor pode começar fazendo
a arborização da sua propriedade. Para a área agrícola, recomenda-se a manutenção de cerca de 150 árvores por hectare e,
para a área pecuária, 300 a 350.
Nilzemary orienta os produtores
a implantarem o sistema por módulos, preparando um hectare a
cada ano.
Bioma Pampa
A produtora rural e médica veterinária, Marília Terra Lopes, com
fazenda no município de Barra do
Ribeiro, RS, informa que já faz a
prática de integração entre lavoura
e pecuária e tem obtido excelentes
resultados. “Brevemente, pretendo
também incrementar a plantação
de floresta em minha propriedade”, diz ao informar que participa
de trabalhos no município de São
Nicolau (RS), integrante do Bio-
ma Pampa e que neste ano começa a etapa de plantação de floresta
nesta mesma região. Ela destacou
ainda que com a criação recente
de uma Estação Experimental em
Guaramano, região de Guarani das
Missões, noroeste gaúcho, novas
pesquisas serão desenvolvidas
com o objetivo de implantar a sistemática da ILPF no Estado.
Vantagens do sistema
As vantagens desta tecnologia
em âmbito nacional são comprovadas pelas possibilidades de integrações: lavoura e pecuária, floresta e lavoura, pecuária e floresta,
conferindo grande versatilidade ao
sistema e possibilitando que componentes culturais, econômicos
e ambientais sejam considerados
para a sua perfeita adequação à realidade das regiões. Objetivamente, a prática da ILPF proporciona a
substituição da prática da agricultura itinerante do desmatamento e
das queimadas, redução da emissão
de gás carbônico para a atmosfera,
diminuição da exploração pastoril
do sobrepastejo e da extração predatória da madeira, diversificação
da produção de alimentos, estabilidade da renda familiar, entre outros benefícios. •
fev-mar/11
12
Sanidade
Para evitar a Coccidiose, limpeza e bom manejo
Os ovinos, especialmente os jovens, apresentam uma diarréia severa, ficam bastante abatidos, não se alimentam, perdem peso, definham e podem até morrer. A
maior parte tem condições de se recuperar, mas em termos econômicos, uma vez
acometidos pela doença, o mal já está feito, pois os animais vitimados não mais
voltam a ganhar peso, se atrasam e geram prejuízos aos produtores.
C
omo acontece com a ocorrência de
várias outras doenças, que acabam
por provocar enormes prejuízos aos
criadores, a falta de cuidados com a limpeza dos locais onde se localizam os ovinos
acaba por contribuir de forma eficaz para o
aparecimento da Eimeriose, ou Coccidiose.
Trata-se de uma doença causada por um
protozoário de ordem Coccidia, da família
Eimeriidae e gênero Eimeria. Mas palavreado técnico-científico à parte, este parasita
ataca o sistema (epitélio) digestivo dos ovinos, provocando insistente e grave diarréia,
que debilita os animais. Atinge principalmente os ruminantes (caso dos ovinos), mas
também ocorre em aves.
Esta doença, segundo relata a veterinária Débora Carvalho Meldau - mestranda
em Ciência Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – é
responsável por grandes perdas econômicas
relacionadas aos ruminantes, devido à mortalidade e também pelo desempenho insa-
tisfatório dos animais, e sua ocorrência é
relatada por todas as regiões do Brasil. “É
conhecida também como “curso de sangue”
ou diarréia vermelha, em decorrência da
diarréia líquida e de coloração escura, de
odor forte e que contém muco e sangue”,
descreve Débora, lembrando que apesar de
na maioria das vezes atacar animais jovens,
pode também ocorrer em ovinos mais velhos, em casos de propriedades onde há um
manejo incorreto, ou onde os animais estão
submetidos a estresse.
Pois é justamente o que diz o médico veterinário Luiz Vieira, parasitoligista e pesquisador da Embrapa Caprinos e
Ovinos, em Sobral, no Ceará. Segundo
ele, a Coccidiose ocorre com mais frequência quando há um grupo de ovinos em
condições de confinamento. “Para evitar
esta doença, o criador precisa manter as
instalações limpas, inclusive cochos (comedouros) e também bebedouros sempre
com água nova e se possível corrente, e
arejadas e, na medida do possível, deixar
Fotos: Divulgação
A
Coccidiose
ocorre
quando
há
um
grupo
de
animais
submetidos
ao estresse
os animais longe da umidade.
O especialista também recomenda que o
criador sempre mantenha os animais jovens
separados dos mais velhos. “O bom mesmo
é separar os ovinos por categorias (faixa
etária) e evitar superlotações ou de campos ou de currais e que todos de diferentes
idades, fiquem juntos, pois agindo assim, o
contágio será mais difícil”, ensina Vieira.
Como surge a doença
A contaminação se dá pela ingestão de
água contaminada ou através de alimentos
onde exista a presença de fezes de animais
portadores do coccidio. “Quando entram
nas células intestinais, ocorre a reprodução
assexuada e sexuada, causando uma destruição destas células e, quando este parasitismo é muito intenso, pode ocorrer destruição de áreas muito extensas do intestino,
desprendimento de fragmentos de mucosa
e até hemorragia”, alerta Débora Meldau.
Isso, segundo explica a técnica, fará com
que haja um acúmulo de líquido na luz intestinal, que resultará em diarréia, podendo
evoluir para choque e morte, devido ao desequilíbrio eletrolítico.
Os sinais clínicos e comportamentais
apresentados pelos ruminantes são a forma
mais objetiva para o diagnóstico da doença, diz Débora, citando diarréia sanguinolenta, desidratação, anorexia, letargia, alta
mortalidade e redução do ganho de peso.
“Em casos de ovinos e também de bezerros infectados pela Coccidiose (parasitados
pela E. zuernii), os animais podem também
apresentar sintomas nervosos. Já nos ca-
Falta de
limpeza
no
ambiente
é fator
decisivo
para
o
surgimento
da doença
prinos os destaques são sede, sonolência e
pêlos arrepiados”, aponta a veterinária, alegando que o diagnóstico pode ser realizado através de uma boa anamnese (histórico
de informações dos animais colhidas pelo
veterinário que atende o rebanho), sendo
observados aspectos como manejo, sinais
clínicos, lesões observadas na necropsia de
animais mortos, e também através de exame de fezes, mesmo que estes não sejam
muito confiáveis.
Prevenção é o melhor caminho
O pesquisador da Embrapa Caprinos
e Ovinos alega que no caso da ocorrência
desta doença, a medicação tem efeito limitado, porque justamente na fase mais prejudicial para o animal, a medicação não tem a
eficácia que seria necessária. “A máxima é
a prevenção”, alerta Luiz Vieira. Para ele, o
ideal é que os animais passem a ser medicados (e assim protegidos) com um grupo de
antibióticos ionóforos, de forma preventiva,
a partir de dois meses após o nascimento,
inicialmente no leite e, após a desmama, diretamente na ração.
Tanto para Vieira quando para Meldau,
os cuidados sanitários juntamente com um
manejo eficiente é que vão manter esta doença longe dos rebanhos. E embora os índices de mortalidade dificilmente ultrapassem
a casa dos 10%, a ocorrência desta doença pode gerar grandes perdas econômicas
aos produtores, especialmente porque os
animais atingidos definham e não ganham
peso, que é o principal item gerador de receita ao criador. •
13
fev-mar/11
Genética
MV MSc. Edson Siqueira Filho
A
valorização da ovinocultura na última década despertou o interesse de muitos pecuaristas e investidores para
a atividade. Guiados pelos grandes
valores praticados na comercialização de animais em feiras e leilões,
muitos criadores fizeram grandes
investimentos em ovinos. O que
vimos durante esses anos foi uma
mudança dos animais chamados
de elite, com uma seleção baseada
em características visuais e raciais.
Enquanto os rebanhos comerciais
seguiram, de maneira geral, estagnados em seus padrões produtivos.
O aumento do mercado consumidor de carne ovina tem despertado cada vez mais o interesse dos
criadores para a criação de ovinos
destinados ao abate. A cadeia produtiva vem se organizando, os criadores investindo em sanidade e manejo. Mas de maneira geral os rebanhos comerciais brasileiros não são
selecionados para a produção em
pasto, isso retarda o ciclo produtivo, aumenta os custos e diminui a
eficiência econômica do rebanho.
Uma das formas de incrementar a
eficiência produtiva dos rebanhos
é com a aplicação de programas de
seleção e melhoramento genético
que busquem a melhoria e evolução das características produtivas
dos animais, baseados na expressão do mérito genético dos indivíduos, dos rebanhos e da população,
expressas em DEPs (Diferença Esperada na Progênie). Um dos principais objetivos de um programa de
avaliação e melhoramento genético
é o encurtamento do ciclo de produção e aumento da rentabilidade,
como ocorreu em outros setores da
pecuária como suinocultura, avicultura e vem sendo alcançada pela
bovinocultura.
Para o sucesso de um programa de seleção genética o produtor
deve ser bem assessorado por instituições, centros de pesquisa ou
Avaliação Genética:
ferramenta para o aumento de produção
técnicos capacitados a orientá-lo.
A realização da coleta dos dados
econômicos e zootécnicos dos
rebanhos que são repassados às
centrais de processamento de dados é o ponto fundamental para o
sucesso do programa. A veracidade das informações é que permite
identificar os pontos fortes e fracos
do rebanho. Em geral os dados coletados consistem em mensurações
de peso e medidas em datas predeterminadas, pelo programa. Os
resultados obtidos são repassados
ao produtor, na forma de DEPs, e
nelas estão comparadas as taxas de
produtividade do rebanho em relação à média dos demais rebanhos
avaliados. Com esses dados é possível detectar quais características
devem ser melhoradas no rebanho
para ampliar sua eficiência. O acasalamento entre indivíduos capazes
de transmitir melhores características produtivas, é uma das técnicas
de seleção utilizadas e é possível
a identificação destes indivíduos
pelo desempenho de seus filhos.
O descarte dos animais “menos
produtivos”, ou abaixo da média
do rebanho, também é proporcionado pela avaliação destes dados.
Nestes casos a orientação técnica
é imprescindível para que o produtor siga o caminho da evolução em
seu rebanho e tenha um programa
de melhoramento realmente. Nem
sempre os resultados acontecem
rapidamente, isso depende de diversos fatores tanto do próprio rebanho, quanto de toda a população
avaliada. Mas certamente a seleção
baseada em genética é um trabalho
de resultados garantidos, desde que
bem executada.
A avaliação visual, aliada às
mensurações realizadas, pode ser
usada na seleção genética a fim
de que os animais identificados
como os melhores ganhadores de
peso, tenham também a conformação mais desejada. Características
como a precocidade sexual e de
acabamento e a proporção na distribuição das massas musculares,
devem ser consideradas, pensando
sempre na qualidade do produto final, que é a carne de cordeiro, e na
relação custo/benefício da atividade. A avaliação por escores visuais
pode auxiliar a seleção e, consequentemente, a produção de animais com características desejadas
pela indústria frigorífica. Afinal um
animal não é só peso, a distribuição
de tecidos tem que ser harmônica
por seu corpo.
O desenvolvimento produtivo
e econômico dos indivíduos e sua
consolidação como produtores de
carne é um dos principais objetivos
do melhoramento genético. A identificação de reprodutores e matrizes mais produtivos também pode
ser um bom agregador de valor, na
comercialização de indivíduos ou
sêmen de reprodutores provados.
A velocidade de ganho de peso
e características de qualidade de
carcaça propiciará um produto final diferenciado podendo ser mais
valorizado pela indústria frigorífica
ou pelo consumidor final. O momento de mercado é propício para
o investimento em genética de alta
produtividade e eficiência tornando
os ciclos de produção mais curtos e
lucrativos.
Em países tradicionais em produção de ovinos, os programas de
seleção genética já são uma realidade há muitos anos e os produtores reconhecem a sua importância.
Um dos programas de seleção mais
consistente em ovinos é o Lamb
Plan, da Austrália, que engloba
uma grande base de dados de animais de diversas raças e de varias
regiões daquele país. Os produtores
que aderiram ao programa observam a cada ano a produtividade e a
lucratividade de seus rebanhos aumentarem. Na seqüencia citaremos
alguns testemunhos de sucessos, de
produtores participantes do programa australiano.
No criatório Peppertown Stud,
o proprietário o Sr. Roger Trewick acresceu, em 6 anos, 33% no
peso de carcaça de seus animais e
em um período relativamente curto passou a comercializar carcaças
tipo exportação. Também o mesmo
criador cita que passou de 80 para
200 reprodutores comercializados anualmente e pelo dobro do
preço. Com os resultados obtidos
Sr. Roger relata “No meu rebanho
houve um aumento significante dos
índices principalmente no desenvolvimento pós desmama (60%),
musculosidade (20%) e deposição
de gordura (-20%). Certamente os
ovinocultores progressistas devem
basear sua seleção em programas
de avaliação genética.”
Em outra região, o criador Sr.
Linton Arney, da fazenda Inverbrackie, aumentou, em 10 anos,
3kg na média do peso a desmama
e acrescentou em 5% o número de
cordeiros desmamados. “A ovinocultura na Austrália não teria futuro
sem o programa de avaliação genética. Os custos aumentaram muito e
certamente nós regrediríamos; essa
tecnologia nos permitiu permanecer competitivos”, relata o criador.
É importante citar que em ambos
os casos os rebanhos são criados
totalmente em pasto.
Outros países do mundo, como
Nova Zelândia, Inglaterra, Uruguai
e outros também já trabalham com
sucesso em programas semelhantes. No Uruguai, por exemplo, existe o programa “Corriedale fino” em
que produtores estão trabalhando
para afinar a espessura da lã desta
raça, e assim aumentar o valor comercial do produto e concomitantemente melhorar as características
de carcaça, e estão evoluindo a
cada geração.
O sucesso e as conquistas desses
países podem sem dúvida ser obti-
do no Brasil. Já existem programas
de avaliação genética brasileiros
disponíveis como o Programa de
Melhoramento Genético do Santa
Inês, desenvolvido pela parceria
ASCCO/USP; o programa Dorper
Brasil 2020, da ABCDorper e USP,
o Genecoc da Embrapa. A iniciativa privada, também apóia os programas de avaliação como é o caso
da Alta Genetics, que possui o programa OvinoPlus®, que consiste
na assessoria e fomento aos criadores participantes dos programas de
avaliação citados anteriormente.
A utilização de ferramentas modernas de produção, como programas de melhoramento genético, é
fator preponderante para o crescimento do rebanho com a qualidade
e eficiência que o mercado exige.
A evolução genética trará animais
cada vez mais eficazes na reprodução, crescimento, conversão alimentar, musculosidade e outras características economicamente importantes. Os sistemas de produção
eficientes, programas de manejo
nutricional e sanitário adequados,
são imprescindíveis para colher os
melhores resultados com os programas de melhoramento e conseqüentemente para o desenvolvimento do
rebanho comercial e abastecimento
do mercado. O momento é o ideal
para ampliar o rebanho comercial,
aumentar a qualidade dos cordeiros
abatidos e a lucratividade do criatório, e os programas de avaliação
serão ponto chave para isso, afinal
o mercado quer cada dia mais carne
e com qualidade cada vez maior. •
Médico-veterinário, mestre em
reprodução animal, pela FMVZ
UNESP-Botucatu e especialista
em ovinocultura. Gerente de Produtos Caprinos e Ovinos da Alta
Genetics do Brasil e Diretor Técnico da Pecora Assessoria Pecuária
fev-mar/11
14
Especial
Em Roraima – um rebanho em construção
Com um rebanho ainda em formação, utilizando as raças Santa Inês,
Morada Nova e Barriga Negra, a ovinocultura de Roraima apresenta os
mesmos problemas da maioria dos estados: falta de assistência técnica, tecnologia rudimentar e falta do principal insumo para a produtividade: alimento de qualidade. Mesmo assim, programas de fomento distribuem lotes
de animais a pequenos produtores, que poderão se tornar o embrião dos
ovinos desta região de savanas ainda distante do conhecimento da maioria
dos brasileiros
Fotos: Divulgação/Embrapa Roraima
Horst Knak
E
mbora os dados oficiais não sejam
muito precisos, o rebanho de Roraima é estimado em 40 mil cabeças.
A Região Norte, de acordo com o último
Censo Agropecuário realizado pelo IBGE,
em 2010, possui apenas 3,26% do rebanho
nacional, com pouco mais de 500 mil cabeças. O rebanho é formado por animais mestiços, com tendência para o Santa Inês, que
vem sendo introduzida nos últimos 10 anos,
oriunda principalmente do Nordeste. O rebanho mestiço também indica a presença de
Morada Nova, Bergamácia e Barriga Negra,
um tipo que apresenta excelente adaptação
às savanas da região Norte do País.
Segundo o pesquisador da Embrapa de
Roraima, Ramayana Braga, o Barriga Negra
não representa mais do que 5% do rebanho,
“mas se mostra uma raça bastante rústica,
prolífera e bem adaptada para as condições
de Roraima. Os animais existentes estão
muito aquém do que se poderia esperar em
termos de qualidade racial, isso porque antigamente animais dessa raça entravam em
Roraima pelas fronteiras com a Venezuela
e a Guiana”, justifica. A Embrapa Roraima
possui um núcleo de conservação da Barriga
Negra no município de Boa Vista, num total
de 60 animais - 41 matrizes e 9 reprodutores
- realiza pesquisas com o lote.
A Embrapa desenvolve atualmente um
projeto em agricultores familiares voltados
Boas pastagens são importantes para um rebanho saudável e profífico
para o manejo alimentar por considerar que
hoje esse é um grande entrave na criação.
Para o pesquisador, “se fosse colocar em
ordem de prioridade como limitante à produção ovina no estado diria que a questão
alimentar estaria em primeiro lugar”. Afinal,
a despeito das altas temperaturas, as fêmeas procriam o ano todo e só não vão bem
devido à alimentação deficiente. “Os criadores ainda não têm plena consciência de
que boas pastagens,
bem manejadas e
a busca por alternativas para suplementação durante
o período de menor
precipitação (período seco) interferem
negativamente nos
índices técnicos e
na susceptibilidade
dos animais para
os problemas sa- Borrego Barriga Negra
nitários”, afirma.
Neste aspecto, os principais problemas sanitários do rebanho são a hemoncose, ectima
contagioso, mal-do-caroço, pododermatite,
mastite, bicheira e alguns casos de encefalomalacia.
O rebanho de Roraima é formado por
pequenos criadores, que possuem entre 50 e
200 cabeças, com cerca de 10 criadores com
rebanhos entre 300 e mil cabeças, que utilizam a ovinocultura como complemento de
renda e fonte de alimentação.
Uma tentativa de incremento do rebanho
foi iniciada em 2009, quando a Secretaria
Estadual de Agricultura do estado importou
do Nordeste cerca de sete mil cabeças Santa
Inês e distribuiu um reprodutor e seis matrizes para cerca de mil pequenos agricultores,
em projetos de assentamentos agrícolas e
comunidades indígenas.
A área de savanas de um ecossistema muito peculiar, chamada de
Amazônia setentrional, com chuvas de dezembro a
fevereiro, há necessidade de proteção
solar do rebanho.
Afinal, nesta região
de baixa altitude,
na linha do equador, as temperaturas variam
de 23 a 37 graus. As árvores propiciariam
maior conforto térmico aos animais e, por
certo, aumentariam a produtividade.
A raça Barriga Negra, descrita ainda
como ideal para as regiões de savanas do
>>>
15
fev-mar/11
sua capacidade de reprodução os
coloca como um rebanho de bom
desempenho econômico. “Essas
ovelhas têm mais partos duplos
que as outras raças”, explica. Em
sua última pesquisa, de 2009, registrou a ocorrência de partos duplos em 50% dos casos. “É uma
opção interessante para áreas que
apresentam um estresse climático muito grande e para o pequeno produtor que não tem ainda
uma boa infraestrutura”, afirma
Mattos.
Ramayana Braga
Brasil Central (Cerrado), possui
pêlo é marrom, em variadas matizes. Os membros e a barriga são
negros. Os animais da raça têm
tamanho médio, pescoço fino,
sem chifres, cauda baixa e costelas bem arqueadas. Mas as vantagens em relação as outras raças
devem-se a outras características
da Barriga Negra: rusticidade, resistência a doenças e prolificidade
(proporção de cordeiros nascidos
por matrizes).
Segundo o pesquisador Paulo
Sérgio Mattos, da Embrapa Roraima, os animais da raça já estão
bem adaptados à região Norte e
Fotos: Divulgação/Embrapa Roraima
Utilizando
tecnologias
simples, como os
apriscos elevados
e o cultivo de
pastagens,
produtividade
promete crescer
Carne – produto informal
Com uma base produtiva ainda desorganizada, o mercado de
carnes é totalmente informal, sem
qualquer frigorífico instalado. Segundo fontes locais, a prefeitura
de Boa Vista está construindo
uma unidade de abate de ovinos,
caprinos e suínos, com previsão
para início de funcionamento
em até dois anos. O comércio de
carne atende praticamente o mercado de Boa Vista onde as carcaças variando de 15 a 20 kg são
comercializadas em feiras livres,
açougues, casas de carne e supermercados, principalmente nos
bairros onde predomina a classe
média a alta. Somente uma casa
de carnes comercializa cortes embalados a vácuo. Entretanto, nem
10% do mercado potencial são
atingidos.
Segundo observa Ramayana
Braga, no comércio predomina
um sistema em que o cliente escolhe um pedaço de carcaça, sendolhe cobrado o mesmo preço, independentemente se for dianteiro,
traseiro, espinhaço, na faixa de
R$ 14,00/kg. Entretanto, há sinais
de que este quadro pode mudar:
Após a importação de animais
com boa genética pelo governo
estadual, da Embrapa e da iniciativa privada, o tempo de engorda
caiu de 12 para seis meses, para
carcaças de 15 kg. Nos últimos
dois anos, criadores que investem
em suplementação e tecnologia
de manejo estão reduzindo sensivelmente a mortalidade e também
a idade de abate, produzindo uma
carne de melhor qualidade.
Em um programa de fomento
– que utiliza recursos federais -,
o governo do Estado está distribuindo lotes de seis ovelhas e um
macho para famílias rurais. Além
dos animais, os agricultores vão
receber por um período de um
ano o sal mineral específico, vacinas e vermífugos. Os técnicos
da Secretaria de Agricultura
darão assistência aos produtores. O total de beneficiados nos
sete municípios contemplados
pelo programa será de 1.037 famílias, perfazendo um total de
7.259 animais. •
fev-mar/11
Notícias do brete
Feira Nacional do Ile de France
A Feira Nacional do Ile de France foi realizada nos dias 14 e 15
de janeiro, em Alegrete, RS, na sequência da feira de verão para
ovinos daquela cidade, reunindo a melhor genética dos diversos
criatórios do País. Entre os 78 animais inscritos (28 a galpão e 60
rústicos), o jurado Roberto Azambuja escolheu como Grande Campeão PO o carneiro Cordilheira LF 43, da Cabanha Cordilheira, de
Vilson e Lourdes Ferreto, Uruguaiana, RS. A Grande Campeã PO
foi a ovelha Macena 764, da Cabanha da Macena, de Marcelo Graziottin – Vacaria, RS. O melhor trio de machos rústicos foi da Cabanha da Macena e o melhor trio de fêmeas, da Cabanha Cordilheira.
Com destaque para a qualidade dos animais apresentados,
os negócios realizados no Parque de Exposições Lauro Dornelles correram bem, com a venda de 65% dos animais ofertados, informa o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ile de
France, Carlos
Ely Garcia Jr.
A média de valores foi de R$
1.431,00 para os
borregos PO, R$
558,00 para as
borregas PO e R$
350,00 para as
borregas SO. •
16
Sucesso comercial e político na Feovelha 2011
Ao ser encerrada, no dia 30 de janeiro, em Pinheiro
Machado, RS, a Feovelha comemorou dois resultados:
um na área comercial, outro no campo político. As vendas fecharam em R$ 1,1 milhão, com a comercialização
de 5.921 animais, num incremento de 70% sobre o ano
passado.
O remate de rebanho geral negociou 5.589 animais
por R$ 737.210,00, com média geral de R$ 131,90 por
exemplar. No Leilão de elite, realizado dia 29/01, foram
vendidos 78 exemplares Corriedale e outros 87 Ideal, que
registraram média geral de R$ 1.052,67 e faturamento
de R$ 173,7 mil. No domingo, foram arrematados outros
157 animais das raças Crioula, Hampshire Down, Ile de
France, Merino Australiano, Poll Dorset, Romney Marsh,
Suffolk e Texel por R$ 199.150,00, que registram média
geral de R$ 1.268,47.
O outro momento, político, configurou uma nova imagem para o setor: a união entre produtores e o Estado
para o fortalecimento da cadeia produtiva da ovinocultura. O projeto Mais Ovinos no Campo foi oficialmente pelo
Governo do Estado durante a abertura oficial da Feovelha 2011. Primeira de uma série de ações que integram o
Programa de Desenvolvimento da Ovinocultura Gaúcha,
o programa que colocará à disposição dos produtores R$
102 milhões através de linhas de crédito para a retenção
de matrizes, com taxas de juros subsidiadas. “Além do
prazo de três anos para quitar o financiamento, os ovino-
Fotos: Nelson Moreira/Agropress
cultores terão um ano de carência antes de iniciar o pagamento”, destacou o governador gaúcho, Tarso Genro,
presente ao evento.
O secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi,
lembrou que dois novos frigoríficos instalados no Estado
obtiveram habilitação para exportar carne ovina, porém
ainda não há produção nem para o mercado interno.
“Em quatro anos teremos um rebanho muito maior e estaremos produzindo ovinos com muito mais qualidade”,
projeta.
Outro aspecto a festejar foi o convênio assinado entre
o Grupo Marfrig e o Sicredi – Sistema de Crédito Cooperativo, que prevê financiamentos de R$ 20 mil para a
compra de matrizes e reprodutores, com prazo de dois
anos e juros de 6,75% ao ano. •
Registro de Ovinos Coloridos
No dia 03 de fevereiro, a
ARCO iniciou o controle dos
ovinos naturalmente coloridos.
Com participação do Superintendente de Serviço de Registro
Genealógico da ARCO, Francisco Perelló Medeiros e seu
substituto, Edemundo Gressler,
foram inspecionados animais
de duas propriedades em Dom
Pedrito. Foram selecionados
animais das raças Ideal e Corriedale, avaliados com bastante rigor na seleção de animais
de plantel, com características
muito definidas das duas raças.
A proposta dessas primeiras
seleções é testar os padrões raciais definidos para as raças em
conjunto pelo Conselho Técnico da ABCONC e SRGO da
ARCO e padronizar este serviço
para que em abril, técnicos da
ARCO de todo o Brasil possam
ser orientados em treinamento a
ser realizado em Bagé.
A ARCO confeccionar um
sinete com o símbolo NC, que
será utilizado na tatuagem dos
animais naturalmente coloridos
das diferentes raças. Os animais tatuados nessa 1ª etapa
serão considerados como base
para o início do registro dos
Naturalmente Coloridos quando o mesmo for aprovado pelo
MAPA. O objetivo da ARCO é
continuar este trabalho de seleção para esta e também iniciar
nas demais raças, de forma a
aumentar o número de animais
selecionados. •
17
fev-mar/11
Ranking Dorper e White Dorper 2010
A Associação Brasileira de Criadores de
Dorper (ABC Dorper) divulga o resultado do
Ranking Nacional 2010, para as raças Dorper
e White Dorper, grande termômetro que evidencia as conquistas dos principais criadores
e produtores brasileiros no aprimoramento
genético. O Ranking Nacional e as exposições oficiais proporcionam o intercâmbio de
ideias, a troca de experiências e informações
entre técnicos e criadores, além de ensejar a
adoção de métodos de manejo, criação e seleção.
Segundo o presidente da ABC Dorper,
criador e empresário Valdomiro Poliselli Junior, a programação do ranking e das exposições, consagram um programa sério e contínuo, além de promover e difundir as qualidades das raças Dorper e White Dorper em todo
o território nacional. "O Ranking demonstra
a garra do criador brasileiro em investir no
desenvolvimento genético e na abertura e
fidelização de mercado”, avaliou Valdomiro
Poliselli Junior.
Como criador Dorper, foi vencedor Mário A. de Castro, de São Paulo, seguido de
Valdomiro Poliselli Jr e João Carlos Pedreira
Andrade . No Ranking Criador White Dorper,
foi vencedor Mário A. de Castro, seguido por
Fotos: Divulgação
COMUNICADO
DA SUPERINTENDÊNCIA DO SRGO
Perelló, Valdomiro e Schwab durante
a Nacional de Dorper em Uberaba, MG
Valdomiro Poliselli Jr. e Jamer e Jaqueline
Marques. Já no Ranking de expositores, Mário A. de Castro venceu na Dorper, seguido
por Gabriel Jorge Neto e Pedro Nacib Jorge
Neto, ficando em terceiro Valdomiro Poliselli
Jr. No White Dorper, mais uma vez Mário A.
de Castro foi o primeiro colocado, seguido
por Valdomiro Poliselli Jr e Gabriel Jorge
Neto e Pedro Nacib Jorge Neto.
Confira o Ranking completo no site da
ABC Dorper: www.abcdorper.org.br •
Ranking final da Apacco 2010
A Associação Paraibana dos criadores de
Caprinos e ovinos divulgou o resultado final
do ranking Paraibano das exposições de 2010
- melhores criadores e expositores. Na Raça
Dorper, o vencedor foi Júlio Curvelo Pedrosa, seguido da Emepa PB e por Paulo Siqueira
Ivanildo Santana e Júlio Pedrosa
Notícias do SRGO
Souza. Na raça Santa Inês, José Monteiro Filho foi o grande vencedor, seguido de Ivanildo
Santana da Silva e Lavoisier Paixão/Maurício
Bezerra. Na raça Somalis, o primeiro colocado foi Roberval e Rosenês Lima dos Santos,
seguido de Thiago Cavalcanti de Almeida. Na
Morada Nova, Ricardo Madruga foi o campeão, seguido por Mosés Maia de Andrade.
No Ranking de Expositores, raça Dorper,
Júlio Curvelo Pedrosa foi o grande vencedor, secundado pela Emepa PB e Paulo Siqueira Souza. Na raça Santa Inês, o melhor
expositor foi José Monteiro Filho, seguido
por Ivanildo Santana da Silva e Thiago Cavalcanti de Almeida. No Somalis, Roberval
e Rosenês Lima dos Santos venceram, seguidos por Thiago Cavalcanti de Almeida.
No Morada Nova, o melhor expositor foi
Ricardo Madruga. •
Orientação sobre o uso e preenchimento de documentos
NOTIFICAÇÃO DE COBERTURA
A Notificação de Cobertura pode ser feita:
a) utilizando o formulário do talão de Notificação de Cobertura, que será enviado para o associado quando solicitado. Deve notificar a cobertura unicamente
por Monta Natural, e ser específica para PO ou para PC. Deve ser enviada pelo
correio.
b) utilizando o formulário disponível no site da ARCO, para informar unicamente Monta Natural, e ser específica para PO ou para PC. Deve ser enviada
pelo correio.
c) notificação on-line via “área de sócio” na opção Notificação de Cobertura.
OBSERVAÇÃO: para uso desta ferramenta o criador deve ser sócio da
ARCO e possuir login e senha. Nesta opção pode ser informado Monta Natural
ou IA com sêmen fresco ou congelado.
RELATÓRIO DE COLHEITA, CONGELAMENTO E TRANSPLANTE DE EMBRIÕES ou FIV, via página da ARCO na opção formulário, tem
que ser assinada pelo médico-veterinário que realiza o procedimento e enviada
pelo correio.
RELATÓRIO do IA
Via página da ARCO, específico com sêmen congelado pelo método de laparoscopia, assinada também pelo médico-veterinário e enviada pelo correio.
Ao preencher os citados formulários ou por via on-line, o criador deve informar: o nome do associado, raça, afixo, tatuagem, sexo, FBB (registro), período
de cobertura, ou data do IA, data do processamento dos embriões e transplante,
número de embriões - coletados, congelados, doadores, doadoras e receptoras.
As Notificações de Cobertura devem ser enviadas para a ARCO no máximo
até um mês após a data do fim do período de cobertura.
Os Relatórios de IA, Colheita, Congelamento, Transplante de Embriões e
FIV – Coleta e Congelamento de Sêmen - devem ser enviados para a ARCO no
máximo até um mês após a data do procedimento.
Quando o sêmen ou embriões forem adquiridos para constituírem banco de
sêmen ou de embriões, ou serem utilizados de imediato, devem ser acompanhados de Nota Fiscal.
fev-mar/11
Artigo
18
Ovino e Caprino no Semi-Árido
Até quando o abandono?
Tadeu Pontes
O
s fundamentos básicos para qualquer que seja uma atividade sustentável e lucrativa no campo da
criação dos animais domésticos são o manejo alimentar, o manejo sanitário e o manejo reprodutivo. Temos também a consciência de que só funcionarão a sanidade e a
reprodução se a nutrição estiver adequada,
ajustada, particularmente sem pendência
de forrageiras leguminosas e gramíneas de
qualidade para todo o período do ano.
No Nordeste, tanto no litoral como no
sertão (caatinga), o peso da criação está voltada para a produção de leite, seja bovino ou
caprino. Nesse sistema os criadores já têm
a consciência da importância da suplementação protéica e energética dos animais se
quiserem algum retorno de produção. Nestas regiões existem ainda algumas “ilhas”
de produção de bovinos e ovinos voltados
para a produção de carne que apresentam
certa viabilidade econômica, porém para os
caprinos não se pode dizer o mesmo.
Falando em relação ao rebanho caprino
e ovino que habita na caatinga semi-árida, o
que representa 80% do Nordeste brasileiro,
o sistema ainda é extensivo ou semi-extensivo e sem assistência técnica. Quando muito,
surge a Emater que infelizmente não possui
meios para o acompanhamento e acaba por
realizar uma simples visita técnica que muito deixa a desejar. Nessas condições, no período de inverno, por manejo inadequado e
falta de abrigos, morre percentual considerável de animais, particularmente as crias,
mas também animais adultos. De maneira
similar, no período de seca há a perda de
animais que escaparam do inverno pela falta de alimentação nos pastos, seja forragem
nativa ou ausência de reserva alimentar.
Precisamos de responsabilidade e seriedade nos trabalhos voltados para a caprinovinocultura, há 13 anos, em 1997, iniciou-se
uma onda que se tornou uma febre, a importação de animais, embriões e sêmen de raças exóticas com o sonho da redenção produtiva para os rebanhos regionais. Porém,
o trabalho foi realizado sem planejamento
e sem o devido acompanhamento técnico
em todas as regiões do Brasil, inclusive
Semi-árido. No lugar de direcionar as ações
para a produção de carne, enveredaram-se
por um caminho sem volta, a formação de
novas raças por cruza deteriorando o que
havia de mais precioso em termos de genética adaptada. Estas ações trouxeram para o
semi-árido um prejuízo sem precedentes no
que diz respeito aos rebanhos nativos, devido ao decréscimo da rusticidade, fertilidade e prolificidade dos descendentes frutos
dos cruzamentos, além do visível retardo
no crescimento dos rebanhos. Os trabalhos
de cruzamentos deveriam ter ficado a cargo
das instituições de pesquisa, com a finalidade de produção de raças ou tipos adaptados e só assim estes animais poderiam ser
introduzidos nos rebanhos do semi-árido, e
mesmo assim com o propósito de produção
exclusiva da primeira geração para o abate.
Recentemente, 2009 e 2010, podemos
constatar duas situações completamente extremas, no primeiro ano chuva demasiada,
e no segundo ano chuvas abaixo da média,
não sendo suficientes sequer para encher os
reservatórios quem dirá para garantir a manutenção de pastagem nos campos. Diante
dessas condições os rebanhos caprinos e
ovinos do semi-árido não evoluíram e nos
dois anos a mortalidade das crias ficou em
torno dos 60%, e dos animais adultos em
torno dos 30%. E pensar que esse quadro se
repete todos os anos na região, com maior
ou menor intensidade.
Ao abordar o assunto sanidade para caprinos e ovinos, vêm à tona as parasitoses,
fator limitante na produção de pequenos
ruminantes. No entanto, com o avanço da
ciência, o controle e convivência com as
parasitoses é possível, particularmente por
meio do controle integrado com utilização
do Método Famacha e utilização de ionóforos como a Salinomicina e Monensina
Sódica na profilaxia da eimeriose. Quanto
às outras doenças, principalmente as exóticas, que se alastraram em grandes proporções nos últimos dez anos, deve-se instituir
programas de defesa e sanidade a nível
estadual e federal. Na nossa concepção, já
existem nos estados em todo o Brasil, estrutura, condições e meios para a implantação
de um programa nacional de sanidade de
caprinos e ovinos, o que falta é vontade e
determinação política das autoridades nordestinas principais interessadas, já que 95%
dos caprinos e 58% dos ovinos do rebanho
nacional estão na região. Os responsáveis
pela execução das leis e responsabilidades
a cerca do assunto nos estados são as Secretarias Estaduais de Agricultura, através dos
Institutos de Defesa e Inspeção Agropecuária e o Ministério da Agricultura, através de
suas delegacias estaduais. Aqui é oportuno
fazer uma pergunta, porque essa discriminação em relação à defesa e sanidade dos
caprinos e ovinos? Será porque os rebanhos
estão concentrados quase que totalmente no
nordeste brasileiro?
As associações também devem mudar
seus rumos de atuação, já é mais do que
tempo de sair do “cartório”, ou seja, concentrar as responsabilidades da associação
apenas no registro de animais e regulamentação de exposições. É tempo das entidades
atuarem na linha de produção, incentivando
movimentos de aproximação entre as representações estaduais e nacionais, particularmente promovendo a articulação entre as
associações de criadores do nordeste. Dessa
forma, passaríamos à elaboração de documento que cobre ações efetivas voltadas à
produção sustentável economicamente de
carne caprina e ovina. A meu ver, isso só
acontecerá quando se resolver dois pontos
principais: Alimentação compatível com os
rebanhos durante todo o ano e instituição
do programa nacional de defesa e sanidade
com mudanças na metodologia de atuação
no controle às parasitoses, que como já foi
dito, fator de grande limitação para a produção. Outro assunto que deve estar presente
nas escritas do documento diz respeito às
raças nativas, às consideradas nativas e às
exóticas. Para as nativas, deverá ser desenvolvido trabalho planejado e acompanhado
exclusivamente de seleção. A execução estaria a cargo de qualquer criador, sem discriminar, e para as raças exóticas os cruzamentos teriam que ser autorizados e acompanhados e a distribuição aos criadores do
produto final pelo Governo Federal, através
do MAPA. Com o documento em mãos as
associações juntamente com os políticos
podem transformar a região do Semi-árido nordestino em referência na produção
de carne orgânica, que somando às outras
qualidades da carne como o baixo teor de
gordura e os elevados níveis de minerais,
podem fazer do produto um alimento
funcional diferenciado capaz de competir internacionalmente a preços também
diferenciados para o produtor, representando mudança sustentável e econômica
para as famílias do campo no Semi-árido
do Nordeste brasileiro. •
Médico Veterinário e Diretor Técnico
- Associação Brasileira dos Criadores de
Ovinos Soinga do Brasil - ACOSB
19
fev-mar/11
Artigo
Por que consumir carne vermelha faz bem?
Julcemar Dias Kessler 1,
Profª. Drª. Maria Teresa
Moreira Osório 2
Dr. José Carlos da Silveira
Osório 3
A
tualmente os estudos têm
avançado para detectar os
efeitos que a gordura provoca na saúde dos consumidores.
Grandes são os paradigmas a respeito, entretanto, o maior detalhamento
dos constituintes da gordura tornase fundamental para desmistificar o
conceito que há tantos anos se tem
sobre a carne vermelha.
Trabalhos relacionandos à carne de cordeiro têm demonstrado
que a gordura dessa espécie é rica
em ácidos graxos monoinsaturados, sendo o ácido graxo oléico
predominante, conforme observado
por Kessler (Dissertação, 2009), o
qual encontrou teores de 32 % de
oléico na gordura de cordeiros. Segundo o mesmo, No que se refere
aos ácidos graxos poliinsaturados,
estes também são encontrados em
grande quantidades, sendo os ácidos graxos C20:4 (Araquidônico),
C20:5 (EPA), C22:5 (DPA) e C22:6
(DHA), fundamentais para o desenvolvimento cerebral de crianças e
adolescentes. Sendo o alfa linolênico (C18:3) juntamente com o linoléico (C18:2) substratos para a ação
das enzimas (elongases) responsáveis pela síntese de ácidos graxos
de cadeia longa e como precursor
de hormônios, desta forma, são considerados ácidos graxos essenciais
para o funcionamento orgânico.
Grande parte dos trabalhos dão
enorme importância na relação
omega (Ω) 6:3, salientando que uma
relação baixa de Ω 6:3 seria o ideal,
segundo Enser et al. (1998), o valor
recomendado da relação Ω 6:3 na
dieta seria menor ou inferior a 4. Já
uma relação alta de Ω 6:3 é de grande importância para crianças em
fase de crescimento até a puberdade
(Harbige, 2003). Evidenciando que
nossas exigências são variáveis no
decorrer da vida, ora necessitamos
relação menor ou maior dependen-
do da fase fisiológica que estamos.
Desta forma, salienta-se que o
consumo de carne vermelha além
de suprir as necessidades de aminoácidos essenciais, também contribui
com minerais (zinco e ferro, por
exemplo), vitaminas (complexo B)
e gorduras essenciais a manutenção
funcional do organismo, principalmente por ser a carne um alimento
completo e de alta digestibilidade,
ou seja, grande aproveitamento orgânico para as funções vitais dos
seres humanos em diferente faixa
etária.
McAfee et al. (2010), ao revisarem a literatura encontraram
grandes problemas metodológicos
na inferência de que a carne vermelha faz mal a saúde. Relataram que
grande parte dos males são devidos
ao tabagismo associados ao alcoolismo e o sedentarismo, agravados
pelo estresse e pela predisposição
genética.
Muitas vezes a idéia erronia de
que comer carne vermelha é maléfico a saúde é fomentada por trabalhos
que relacionam como carne vermelha os hamburguês e demais carnes
processadas mecanicamente, como
as utilizadas nos “fast food” que na
sua elaboração há grande reutilização de gordura vegetal (óleos) que
ao ser excessivamente manipulado
em altas temperaturas torna-se maléfico a saúde das pessoas.
Enquanto o consumo de carne
vermelha magra, em estudos com
pessoas, não foi encontrado qualquer efeito negativo sobre a concentração de colesterol sanguíneo, fatores trombóticos, marcadores do estresse oxidativo ou pressão arterial
em indivíduos sadios e indivíduos
hipertensos (O’Dea et al., 1990; Li
et al., 1999 ; Hodgson et al., 2006;
Hodgson et al., 2007).
Enser et al. (1998) ao retirarem
o excesso de gordura da carne, essa
advinda da gordura de cobertura ou
mesmo intermuscular, o percentual
encontrado foi menos de 5 % de
gordura total. Kessler (Dissertação,
2009) relatou quantidade de gordura
na carne do músculo Longissimus
dorsi de cordeiros, teores inferiores
Foto: Divulgação
A
ideia
de que
a gordura
animal
faz mal
à saúde
começa
a ser
quebrada
a 1 % de gordura. Segundo Chan et
al. (1996), o teor de gordura saturada na carne vermelha muitas vezes é
igual ou inferior as carne brancas.
Kessler (Dissertação, 2009) observou que fêmeas apresentam mais
monoinsaturações na carne que os
machos, sendo 33 % corresponde
ao ácido graxo oléico (C18:1), segundo Bonanome et al. (1992), este
ácido graxo tem ação hipocolesterolêmica. Já os machos apresentaram
maior teor de ácido graxo esteárico (C18:0) em relação as fêmeas,
segundo Woollett et al. (1992),
relataram que o ácido graxo esteárico não diminui a captação do LDL
(colesterol ruim), em contra partida,
também não aumenta a taxa de sua
produção, sendo assim, considerado
como um ácido graxo neutro.
Torres Netto e Torres (texto publicado no site da APROCCIMA)
comentam sobre o paradoxo Gaúcho que, “apesar do maior consumo
de carne, não há maior incidência no
RS de doenças cardiovasculares, em
relação aos demais Estados”. Vários
estudos não encontraram benefícios
ao consumir carne de aves e peixe
em vez de carne vermelha, em relação aos efeitos sobre a concentração
de lipoproteínas no sangue (Watts et
al., 1988; Wolmarans et al., 1999;
Beauchesne-Rondeau et al., 2003).
Outro ácido graxo que vem sendo muito estudado é o ácido linoléico conjugado (CLA) que constitui
um grupo de isômeros geométrico e
posicional do ácido linoléico (C18:2
cis-9, cis-12). Os ácidos graxos predominantes na biohidrogenação são
o C18:2 cis-9, trans-11 e o C18:2
trans-10, cis-12, que perfazem entorno de 80% do CLA formado (Cook
e Pariza, 1998). Estes isômeros encontram-se naturalmente na gordura
animal, com maior concentração
nos ruminantes (bovinos, caprinos
e ovinos), conforme Szynczyk et al.
(2000) e Chin et al. (2001). Além da
carne, o leite e seus derivados são
ricos em CLA.
Os isômeros foram identificados
na biohidrogenação da gordura pela
flora microbiana ruminal. Também
nos monogástricos foi encontrado,
entretanto, sua concentração é muito inferior aos ruminantes.
Como um antioxidante, o CLA
pode prevenir o estresse oxidativo que leva a aterosclerose. Sendo
possível tratamento contra doença
cardiovascular (DCV) (Whigham
et al., 1994 e Macdonald, 2000).
Estudos em ratos, camundongos e
coelhos tem mostrado o benefício
do CLA sobre a prevenção e tratamento da aterosclerose (Lee et al.,
1994 e Nicolosi et al., 1997). Além
do beneficio anticarcinogênico (Macdonald, 2000 e Pariza et al. 2000).
O teor de ácido linoléico conjugado, encontrados por Kessler (Dissertação, 2009) foram em torno de
0,60 g/100g de carne. Ao contrastar
com carnes de outras espécies, notase sua maior concentração que nos
monogástricos, corroborando com
Chin et al. (1992), com média de
0,56; 0,43; 0,09 e 0,06 g/100g, para
carne de cordeiros, bovinos, suínos
e aves, respectivamente. Aurousseau
et al. (2004), notaram que o conteúdo
de CLA no músculo não depende somente da dieta, mas também da taxa
de crescimento. Várias pesquisas
mostram que a maior concentração
de CLA é devido à dieta exclusivamente a pasto. Knight et al. (2004)
relataram teores em carne de cordeiros alimentados com pastagem de
azevém (1,90 g/100g de carne).
Portanto, a gordura animal tem
sido nominada como vilã a saúde
dos seres humanos, entretanto, esse
conceito na atualidade vêm sendo
sobreposto pelos avanços das pesquisas que identificaram propriedades nutracêuticas da gordura animal,
principalmente dos ruminantes.
Várias linhas de pesquisas estão
mostrando os benefícios dos lipídios na saúde animal e identificando
os ácidos graxos responsáveis por
estas funções no organismo.
Logo, os paradigmas de que a
gordura animal faz mal a saúde começa a ser quebrado e uma nova
concepção tem tomado corpo nos
estudos bioquímico e metabólico.
Grande responsável pelas mudanças
ocorridas sobre a carne (e sua gordura) é que atualmente consome-se
carne de animais jovens (cordeiros),
cuja gordura tem um perfil mais
mono e poliinsaturada, sendo benéfica a saúde em relação aos animais
mais velhos (capões e ovelhas).
Podemos salientar também a
maior capacidade dos ovinos em
incorporar o CLA na gordura intramuscular que as demais espécies,
principalmente se esses animais forem terminados em pastagens temperadas, principalmente.
As pesquisas evoluem em torno
desta temática no sentido de elucidar a população sobre os benefícios da carne vermelha em nossa
dieta. •
Doutorando em Produção Animal – UFPel, Bolsista CAPES. 2
UFPel, Bolsista de Produtividade do
CNPq, 3 Bolsista de Produtividade
do CNPq.
1
fev-mar/11
20

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