Prevalência de doenças em gatos de abrigo

Transcrição

Prevalência de doenças em gatos de abrigo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA
LABORATÓRIO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA
PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM GATOS DE
ABRIGOS NA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE
DO SUL
PROJETO DE PESQUISA
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Doutorado
Área de concentração: Clínica e Cirurgia Veterinária
Doutoranda: Ana Paula da Silva
Orientador: Rafael Fighera
Santa Maria, RS, Brasil
2015
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1 IDENTIFICAÇÃO
1.1 Identificação do projeto
1.1.1 Título do projeto
Prevalência de doenças em gatos de abrigos da Região Central do Rio Grande do
Sul (GAP CCS 041794)
1.1.2 Executor
Ana Paula da Silva, Médica Veterinária, aluna de doutorado do Programa de Pósgraduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em Clínica e
Cirurgia Veterinária (matrícula 201460479). Hospital Veterinário Universitário (HVU),
Ramal: 8167; E-mail: [email protected]
1.1.3 Equipe de trabalho
1.1.3.1 Orientador
Rafael Fighera, Médico Veterinário, Doutor, Professor Adjunto III do Departamento
de Patologia Veterinária da UFSM – CCS (SIAPE 2583800). Laboratório de
Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
1.1.3.2 Colaboradores
Mariana Martins Flores, Médica Veterinária, aluna de doutorado do Programa de
Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em
Patologia e Patologia Clínica Veterinária (matrícula 201361233). Laboratório de
Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
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Monique Togni Martins, Médica Veterinária, aluna de doutorado do Programa de
Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em
Patologia e Patologia Clínica Veterinária (matrícula 201361114). Laboratório de
Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
Flávia Serena da Luz, Médica Veterinária, aluna de mestrado do Programa de Pósgraduação em Medicina Veterinária da UFSM, área de concentração em Patologia e
Patologia Clínica Veterinária (matrícula 201560619). Laboratório de Patologia
Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
Renata Dalcol Mazaro, aluna do curso de graduação de Medicina Veterinária da
UFSM (matrícula 201111873). Bolsista PIBIC junto ao Laboratório de Patologia
Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
Marcia Cristina da Silva, Médica Veterinária, Doutora, Professora Substituta do
Departamento de Patologia Veterinária da UFSM – CCS (2139058). Laboratório de
Patologia Veterinária (LPV), Ramal: 8168; E-mail: [email protected]
1.1.4 Local de Execução
Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), prédio 97 B, Ala 5, Hospital Veterinário
Universitário (HVU), Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM). Ramal: 8168
2 RESUMO
Gatos que vivem em abrigos tendem a apresentar uma alta prevalência de doenças
infecciosas devido a fatores de estresse como superlotação, inadequadas condições
sanitárias, má nutrição e ausência de programas de vacinação. Entretanto, ainda
não se tem dados sobre a prevalência das principais doenças em gatos de abrigos
na Região Central do Rio Grande do Sul. Diante disso, este estudo tem por objetivo
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determinar a prevalência de doenças em felinos provenientes de diferentes abrigos
para gatos da região. Para tanto, os gatos serão submetidos à avaliação clínica
completa e colheita de amostras de sangue para hemograma, bioquímica sérica e
testes rápidos para FIV e FeLV; pelos para cultivo fúngico; e cerúmen auricular para
análise parasitológica e citológica. Nos casos de óbito, os gatos serão submetidos à
necropsia. Os resultados dos exames físicos e laboratoriais serão agrupados de
acordo com o sistema orgânico acometido, a fim de estabelecer um diagnóstico
clínico
em
cada
caso.
Com
base
nos
dados
clínicos,
laboratoriais
e
anatomopatológicos obtidos de gatos de abrigos da nossa região, esperamos
fornecer subsídios diagnósticos aos Clínicos de Pequenos Animais, além de gerar
conhecimento acerca da apresentação clínica das doenças neste modelo de
população.
Palavras chave: Doenças de gatos. Abrigos. Felinos. Medicina de abrigos.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Abrigos de animais
Abrigos de animais são domicílios privados que alojam gatos abandonados,
os quais são mantidos no local por períodos indefinidos, mas, geralmente, de forma
permanente (PEDERSEN; WASTLHUBER, 1991). Esses locais são considerados
sistemas de criação intensiva, onde a exposição, a susceptibilidade e a transmissão
de doenças infecciosas acabam por serem amplificadas. Nos Estados Unidos,
estimou-se que oito a dez milhões de animais foram alojados em abrigos durante o
ano de 2014 (PESAVENTO; MURPHY, 2014).
Muitas razões socioeconômicas e culturais contribuem para o aumento no
abandono de animais e, consequentemente, em um maior número de animais
abrigados. Quase sempre, o intuito inicial de um abrigo é o acolhimento, ou seja,
providenciar um lar provisório às vítimas de alguma forma de maus-tratos. Contudo,
com o excesso de animais errantes, os protetores obrigam-se a abrigar um número
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consideravelmente maior de animais do que a estrutura permite acomodar.
Interessantemente, em geral, protetores que abrigam animais em suas casas
apresentam um perfil semelhante: são mulheres adultas ou idosas, solteiras, que
com frequência dedicaram à vida em função de felinos abandonados (PEDERSEN;
WASTLHUBER, 1991). Em sua grande maioria dispõem de limitados recursos
financeiros para o manejo adequado do abrigo (FOLEY, 2012).
3.2 Medicina de abrigo
Historicamente, o papel do médico veterinário em abrigos de animais era
limitado à realização de cirurgias de esterilização e ao tratamento dos doentes. Além
disso, a elevada prevalência de doenças infecciosas e a dificuldade na socialização
de alguns indivíduos resultavam em um grande número de eutanásias, prática muito
utilizada nesses casos, tanto como solução para o controle de doenças como para a
superlotação (POLAK et al., 2014).
A medicina de abrigo é uma área recente na veterinária, que integra
conhecimentos
multidisciplinares
de
epidemiologia,
imunologia,
infectologia,
comportamento animal e humano, manejo populacional e saúde pública, e que tem
como objetivo manter a saúde e o bem estar de uma população de animais e de
pessoas (NOLEN, 2014; STEVENS; GRUEN, 2014). Surgiu como disciplina
curricular no ano de 1999, na Cornell University, nos Estados Unidos, e na mesma
década foi incorporada ao plano de estudos de outras universidades americanas.
Em 2001, Dra. Kate Hurley, pioneira no trabalho com animais de abrigo nos EUA,
fundou a primeira residência em Medicina Veterinária de Abrigo, que em abril de
2014 foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Americano de Clínicos
Veterinários (American Board of Veterinary Practioners). Atualmente, a Associação
de Veterinários de Abrigos (The Association of Shelter Veterinarians) norteamericana conta com 700 médicos veterinários e a especialidade faz parte do
currículo de 22 universidades (NOLEN, 2014).
No Brasil, a medicina do coletivo em animais de companhia ainda é pouco
difundida. A maioria das universidades sequer apresenta disciplinas que abordem o
tema e somente uma pequena parcela de médicos veterinários tem alguma
especialização ou experiência na área de medicina de abrigo. Consequentemente,
os animais de abrigos são abordados individualmente, e não como membro de uma
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população ou parte de um “rebanho”. O desenvolvimento desta especialidade como
componente da ciência veterinária reflete uma variedade de tendências, mas,
principalmente o desejo de buscar alternativas para a eutanásia de cães e gatos
abandonados.
3.3 Doenças em gatos de abrigos
3.3.1 Fatores predisponentes
Os principais fatores de risco para doenças infecciosas incluem os aspectos
ambientais e aqueles relacionados à imunidade do hospedeiro. Os dois fatores de
risco ambientais mais importantes em abrigos de gatos são o número total de
animais e a densidade populacional, ou seja, o número de gatos por espaço unitário.
Outras características intrínsecas ao ambiente compreendem alojamento, nutrição,
taxa de introdução de novos gatos, condições sanitárias, fluxo e qualidade do ar,
controle de parasitas, estação do ano e clima, fatores que alterados, isolados ou
somados, levam a estresse. Quanto às características do hospedeiro, a faixa etária,
o estado reprodutivo, a raça e a presença de doenças concomitantes são fatores
que predispõe o surgimento de certas infecções (FOLEY, 2012).
Durante milhões de anos, os felinos domésticos evoluíram a fim de adotar um
estilo de vida solitário, tornando-se predadores territoriais solitários (MÖSTL et al.,
2013). Dessa forma, a situação em um ambiente com muitos gatos (acima de cinco)
(FOLEY, 2012), não é propícia para o bem estar da espécie. O estresse gerado pela
aglomeração (ruídos, odores, temperatura, visão de outros gatos e potencial de
agressão) é considerado uma importante causa de imunossupressão, que pode
induzir recrudescência ou exacerbação de sinais clínicos de doenças específicas
(PEDERSEN; WASTLHUBER, 1991; MÖSTL et al., 2013), uma vez que o estado de
portador é comum em determinadas infecções nos felinos (HURLEY, 2005).
A elevada densidade populacional não apenas aumenta o risco de doenças,
mas também gera situações de estresse (SCARLETT, 2006). O estresse crônico em
populações de gatos pode originar graves problemas comportamentais como
agressividade, ansiedade, micção e defecação em locais impróprios (PEDERSEN;
WASTLHUBER, 1991). O Conselho Consultor Europeu em Doenças de Felinos
(ABCD: European Advisory Board on Cat Diseases), sugeriu a manutenção de no
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máximo três gatos por recinto, caso contrário, o risco de infecção cruzada
aumentaria dramaticamente (MÖSTL et al., 2013). Outra recomendação para o
alojamento de felinos é de um espaço mínimo de 1,67 m2 por gato, com no máximo
10 gatos por grupo (KESSLER; TURNER, 1997).
A dinâmica de entrada e saída de gatos aumenta o risco de transmissão de
doenças infecciosas e parasitárias, incluindo algumas zoonoses. Essa diversidade
de origens, somada geralmente a alta densidade populacional (aglomeração), faz
dos abrigos um local propício para ocorrência de doenças infecciosas. Além disso,
comumente alguns gatos resgatados já ingressam doentes ou, devido à
imunossupressão causada pelo estresse gerado pelo abandono, predispostos a uma
infecção (PESAVENTO; MURPHY, 2014).
De acordo com Möstl et al. (2013), as doenças infecciosas são de fácil
disseminação e de difícil prevenção em abrigos pelos seguintes motivos: presença
de gatos persistentemente ou latentemente infectados por agentes infecciosos; alta
rotatividade de animais e aceitação de novos indivíduos; escassez de recursos
financeiros; ausência de programas de vacinação e testes para doenças infecciosas;
politica de não realização de eutanásia e desconhecimento de medidas básicas de
manejo e higiene. Além disso, estudo realizado por Pesavento e Murphy (2014)
sugeriu que ambientes com superlotação, como os abrigos de animais, podem
contribuir para a evolução e o surgimento de novos patógenos ou alterações na
virulência daqueles já enzoóticos.
As principais infecções observadas em gatos de abrigos são as do trato
respiratório superior, as intestinais, as cutâneas e as retrovirais. (POLAK et al.,
2014). Segundo Pedersen e Wastlhuber (1991), certas doenças podem ser
consideradas “indicadoras de saúde em gatis” e incluem rinotraqueíte infecciosa
felina, clamidiose, peritonite infecciosa felina (PIF), otoacaríase, puliciose e
dermatofitose, sendo que a persistência ou a recorrência dessas afecções implica
em problemas de manejo, pois algumas apresentam caráter crônico e/ou difícil
tratamento (FOLEY, 2012).
3.3.2 Doença do trato respiratório superior
A doença do trato respiratório superior, também denominada complexo
respiratório felino, é a síndrome infecciosa de maior prevalência em gatos
agrupados. Os agentes etiológicos envolvidos, em ordem decrescente de
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importância, incluem o herpesvírus felino tipo I (HVF-1), o calicivírus felino (CVF),
Mycoplasma spp. e Bordetella bronchiseptica (FOLEY, 2012). Chlamydophila felis,
embora possa causar sinais respiratórios, é atualmente considerado um patógeno
predominantemente conjuntival (GASKELL et al., 2004). Alguns vírus, como o da
influenza aviária (H5N1), mesmo que apenas raramente possam induzir sinais
respiratórios superiores em felinos, também são descritos e, neste caso específico,
apresentam potencial zoonótico (THIRY et al., 2009).
A rinotraqueíte infecciosa felina (causada pelo HVF-1) e a calicivirose felina
(causada pelo CVF) são as doenças do complexo de maior morbidade, podendo
ocorrer de forma aguda ou crônica e recorrente (GASKELL et al., 2004;
BANNASCH; FOLEY, 2005). Em um estudo realizado em um abrigo na Bélgica, a
prevalência da infecção pelo CVF e HVF-1 foi de 20,1% e 33,1%, respectivamente, e
a co-infecção foi detectada em 10% dos casos (ZICOLA et al., 2009). Polak et al.
(2014) caracterizaram 27% (n=1.368) dos gatos examinados em quatro grandes
abrigos americanos com sinais clínicos de infecção do trato respiratório superior.
Os sinais clínicos mais comuns do complexo respiratório felino incluem
depressão, inapetência, febre, espirros, corrimento nasal, conjuntivite, salivação
decorrente de gengivite, faucite, estomatite ou glossite, e linfadenomegalia
(GASKELL et al., 2004; FOLEY, 2012). Embora haja uma considerável sobreposição
entre os sinais clínicos induzidos por cada patógeno, e muitas vezes co-infecção, é
possível uma distinção entre os mesmos com bases clínicas. A maioria das cepas de
CVF induz ulcerações na cavidade oral (lesões consideradas típicas de calicivirose),
enquanto manifestações respiratórias e oculares tendem a ser mais leves. Espirros,
secreção nasal e ocular estão associados, com maior frequência, à infecção pelo
HVF-1, sinais também relatados em gatos infectados por Bordetella bronchiseptica
(GASKELL et al., 2004). A apresentação clínica de sinusite crônica, ocasionalmente
com destruição dos turbinados, pode ser decorrente de infecção pelo HVF-1 ou
CVF, seguida de infecção bacteriana secundária (FOLEY, 2012).
Do mesmo modo que ocorre com outras espécies de herpesvírus, quase a
totalidade dos gatos que se recupera da rinotraqueíte aguda torna-se portador, visto
que, o vírus permanece latente no gânglio trigêmeo. O estado de portador constitui a
sequela normal da rinotraqueíte infecciosa felina e se caracteriza por períodos de
latência, em que não há vírus detectável, alternados com episódios de disseminação
viral (reativação), a qual ocorre normalmente após períodos de estresse e,
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eventualmente, com manifestações clínicas leves (recrudescência) (GASKELL et al.,
2012). Em alguns casos, os sinais de infecção do trato respiratório iniciam cerca de
uma semana após a chegada do felino no abrigo, possivelmente como resultado da
recrudescência do HVF-1 em um indivíduo portador que sofreu estresse pela
introdução em um novo ambiente (SCARLETT, 2006).
Com relação ao CVF, o estado de portador é definido como o gato que
continua a disseminar o vírus por mais de 30 dias após a infecção e ocorre
principalmente em felinos de abrigos onde a doença é endêmica. Apesar de muitos
gatos tornarem-se portadores, apenas cerca de 10% apresenta a infecção
persistente, com o restante sofrendo ciclos de reinfecção dentro do abrigo, seja com
uma variante da mesma cepa ou diferentes cepas do vírus (GASKELL et al., 2012).
O complexo respiratório dos felinos é considerado um importante problema
em abrigos de gatos, que pode ter a incidência reduzida através da implementação
de algumas estratégias de manejo como: adoção de protocolos frequentes de
desinfecção; manutenção de ventilação adequada; redução do estresse; nutrição
balanceada; programas de vacinação e utilização de sistemas de isolamento e
quarentena de gatos recém-introduzidos (SCARLETT, 2006).
3.3.3 Doenças gastrintestinais
A
diarreia
constitui
a
principal
apresentação
clínica
das
doenças
gastrintestinais em ambientes com muitos gatos e pode ser causada por vírus, como
coronavírus felino (CoVF) e o vírus da panleucopenia felina (VPF); por bactérias,
incluindo
Salmonella
Campylobacter
jejuni,
spp.,
por
Campylobacter
protozoários
spp.,
dos
Clostridium
gêneros
perfringens
Isospora,
e
Giardia,
Cryptosporidium, Tritrichomonas; ou por parasitas intestinais, mais comumente
ascarídeos, ancilostomídeos e cestódeos (RUAUX et al., 2004; FOLEY, 2012;
POLAK et al., 2014).
A prevalência da infecção pelo CoVF é significativamente superior em
ambientes com mais de seis gatos em comparação a gatos mantidos em grupos
menores. Em abrigos com população superior a seis gatos, tal infecção é
considerada virtualmente sempre presente (MÖSTL et al., 2013). A principal
importância da infecção pelo CoVF é a relação entre este e as cepas causadoras da
peritonite infecciosa felina (PIF), doença fatal caracterizada por vasculite
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imunomediada multissistêmica, comum em ambientes com muitos gatos (RUAUX et
al., 2004; ADDIE et al., 2009). O vírus é mantido na população pelos portadores
crônicos e pela reinfecção de gatos infectados de forma transitória. O estresse
induzido pela introdução em um abrigo aumenta a carga viral em 101 a 106 vezes
(GREENE, 2012); assim, a redução do estresse em um ambiente de abrigo é
fundamental para minimizar o desenvolvimento de PIF (MÖSTL et al., 2013).
Gatos jovens, imunossuprimidos e aqueles que vivem em ambientes de
aglomeração são os que apresentam maior risco de desenvolver doença
gastrintestinal clínica, vista com frequência de forma enzoótica em abrigos. Em
muitos casos, os felinos podem ser portadores assintomáticos de espécies de
bactérias, protozoários ou parasitas entéricos, havendo maior probabilidade de
desenvolvimento de sinais clínicos mediante estresse, co-infecção com outros
patógenos intestinais ou presença de doença imunossupressora concomitante,
como as infecções retrovirais (GREENE, 2012).
3.3.4 Retroviroses
O vírus da leucemia felina (FeLV, do inglês feline leukaemia virus) e o vírus
da imunodeficiência felina (FIV, do inglês feline immunodeficiency virus) são
retrovírus que causam infecções insidiosas, específicas de felinos domésticos e
selvagens e geralmente se disseminam em populações de gatos (LEVY et al., 2008;
HOSIE et al., 2009; LUTZ et al., 2009; FOLEY, 2012).
Um estudo realizado por Levy et al. (2006) determinou a soroprevalência das
infecções retrovirais em 18.038 gatos provenientes de 345 clínicas e 145 abrigos
norte-americanos. Os resultados sugeriram que determinadas características como
idade (adultos), sexo (machos), estado de saúde (doentes), estado reprodutivo
(inteiros) e modo de vida (livre) estão associadas a um maior risco de infecções
retrovirais, enquanto a esterilização e o modo de vida exclusivamente em ambiente
interno estão relacionados com menores taxas de infecção.
FIV é um retrovírus do gênero Lentivirus semelhante na estrutura, ciclo de
vida e patogênese ao vírus da imunodeficiência humana (HIV). Os gatos infectados
geralmente permanecem anos assintomáticos, sendo a maioria dos sinais clínicos
secundários à imunossupressão e a infecções oportunistas. Manifestações clínicas
típicas incluem estomatite crônica,
principalmente gengivite,
rinite crônica,
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linfadenopatia, emagrecimento e glomerulonefrite imunomediada. A prevalência da
infecção pelo FIV é particularmente alta em abrigos com gatos machos, inteiros e de
vida livre (HOSIE et al., 2009), uma vez que o vírus se encontra em elevadas
concentrações na saliva e a principal forma de transmissão é através da mordedura
(LEVY et al., 2006).
FeLV é um Gamaretrovírus que induz severa supressão do sistema imune em
felinos. Em ambientes com muitos gatos que não apresentam medidas de controle
da infecção pelo FeLV, 30-40% dos gatos tornam-se persistentemente virêmicos,
enquanto 30-40% apresentam viremia transitória, 20-30% soroconvertem sem
detecção de viremia e 5% exibem a forma atípica da infecção. O prognóstico dos
gatos persistentemente virêmicos é ruim, pois a maioria desenvolverá doença clínica
e, desses, 70-90% morrerá em 18 a 36 meses. Além da imunossupressão, o vírus
também induz anemia e neoplasmas hematopoiéticos, principalmente linfoma, mas
também leucemia, em gatos persistentemente virêmicos. Doenças menos comuns
associadas à infecção pelo FeLV incluem anemia hemolítica, glomerulonefrite,
poliartrite, enterite crônica, alterações reprodutivas e neuropatias periféricas (LUTZ
et al., 2009).
Nos últimos 30 anos, houve uma drástica redução na prevalência da infecção
pelo FeLV em diversos países da Europa, situação atribuída à utilização de
programas de testes diagnósticos e, principalmente, à introdução de vacinas efetivas
(LEVY et al., 2006; LUTZ et al., 2009). Em contraste, a prevalência da infecção pelo
FIV não mudou desde a descrição do vírus em 1986. A identificação e a segregação
de gatos infectados constitui o único método efetivo na prevenção de novas
infecções pelo FeLV e FIV (LEVY et al., 2008).
3.3.5 Doenças cutâneas
A dermatofitose é uma doença cutânea infecciosa, altamente contagiosa e
zoonótica, que acomete especialmente gatos alojados em ambientes de elevada
densidade populacional e rotatividade como os abrigos (CARLOTTI et al., 2009;
FRYMUS et al., 2013; POLAK et al., 2014). Aproximadamente 95% dos casos de
dermatofitose felina têm como agente etiológico fungos da espécie Microsporum
canis (M. canis). As infecções por Microsporum gypseum, Microsporum persicolor e
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Trichophyton spp. já foram relatadas, mas não representam desafios terapêuticos
em abrigos (MORIELLO; DeBOER, 2012).
O estresse representa um dos principais fatores de risco para a infecção.
Dentre outros fatores predisponentes estão: idade (filhotes e idosos), raça (Persa),
presença de lesão cutânea prévia, climas quentes e úmidos e doença
imunossupressora concomitante (PEDERSEN, 1991; MORIELLO; DeBOER, 2012).
Em pesquisas realizadas com gatos abandonados e de abrigos, a prevalência do
isolamento de M. canis foi maior nos abrigos localizados em regiões de climas
quentes (MORIELLO et al., 1994).
As lesões típicas de dermatofitose consistem de áreas circulares e regulares de
alopecia, descamação e formação de crostas, podendo ser únicas ou múltiplas,
localizadas principalmente na cabeça ou em qualquer local do corpo, incluindo
extremidade distal dos membros e cauda (FRYMUS et al., 2013), havendo
frequentemente comprometimento da região ungueal (PEDERSEN, 1991). Gatos
com lesões evidentes representam uma pequena percentagem em uma colônia
endêmica, pois muitos animais apresentam a infecção subclínica e outros são
portadores assintomáticos de esporos do fungo nos pelos (MORIELLO; DeBOER,
2012), o que, associado ao fato dos esporos permanecerem infectantes no ambiente
por meses, torna a erradicação da doença difícil em abrigos (FRYMUS et al., 2013).
Na Itália, foram obtidas amostras de 173 felinos abandonados sem doença
dermatológica e 47% tiveram cultura positiva para M. canis, indicando infecção
subclínica ou estado de portador desta zoonose (ROMANO et al., 1997).
Outras manifestações dermatológicas em gatos de abrigos são as infestações
por ectoparasitas como pulgas (Ctenocephalides felis) e piolhos (Felicola
subrostratus) que podem ocasionar intenso prurido e, consequentes lesões por
autotraumatismo. Já o ácaro de ouvido, Otodectes cynotis, representa a principal
causa de otite externa contagiosa em populações de felinos (PEDERSEN, 1991).
Infestações por parasitas reduzem a habilidade do animal em sua resposta imune
quando desafiados por algum agente infeccioso (HURLEY, 2005). As pulgas, além
de causarem desconforto pelo prurido, podem facilitar a transmissão de agentes
zoonóticos, como Bartonella spp. (FOLEY et al., 1998) e causar anemia, até mesmo
fatal, principalmente em casos de infestações massivas em filhotes ou animais
debilitados (PEDERSEN, 1991).
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4 JUSTIFICATIVA
Nenhum estudo sobre medicina felina de abrigos foi conduzido em nosso meio
e ainda carecemos de informações epidemiológicas sobre as principais doenças de
gatos que vivem em populações na Região Central do Rio Grande do Sul. Os
estudos existentes demonstram a realidade de abrigos em países desenvolvidos, os
quais são padronizados, com frequência seguem normas sanitárias e inclusive são
monitorados por médicos veterinários especialistas em medicina do coletivo.
Entretanto, a realidade dos nossos abrigos difere completamente desses locais, não
havendo estrutura e manejo necessários. Há uma escassez de pesquisas
relacionadas a doenças infecciosas em gatos de abrigos, principalmente pela falta
de apoio financeiro e dificuldade para investigações diagnósticas ou testes em
propriedades privadas de populações alojadas nestes sistemas de confinamento.
Com base nisso entendemos que um amplo estudo que aborde as principais
doenças em gatos de abrigos possa trazer resultados relevantes do ponto de vista
epidemiológico e auxiliar na elucidação da real importância de cada uma das
diferentes doenças que ocorrem nestes locais, a fim de auxiliar clínicos no
diagnóstico das doenças de gatos de abrigos em nossa região.
5 METAS
Em consequência do grande número de animais abandonados e do aparente
aumento no número de abrigos existentes em nossa região, a meta desse projeto é
gerar conhecimento acerca do tema (doenças de gatos que vivem em abrigos) a
ponto de auxiliar clínicos de pequenos animais no diagnóstico das doenças que
afetam essa parcela de população felina.
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6 HIPÓTESE CIENTÍFICA
Com base em nossa rotina diagnóstica atual e em estudos prévios realizados
em outros países, acreditamos que na Região Central do RS as principais categorias
de doenças em gatos de abrigos também incluam distúrbios do trato respiratório,
doenças do sistema digestório, retroviroses e dermatopatias.
7 OBJETIVOS
7.1 Objetivo geral
Estudar a prevalência de doenças específicas que acometem gatos que vivem
em abrigos na Região Central do RS.
7.2 Objetivos específicos
Determinar a prevalência das principais doenças infecciosas que ocorrem em
gatos de abrigos na Região Central do RS.
Determinar os principais achados de exame físico em gatos considerados
clinicamente saudáveis e naqueles sintomáticos.
Correlacionar resultados de exames laboratoriais com as principais síndromes
clínicas e doenças.
8 METODOLOGIA
Serão selecionados abrigos de gatos localizados na Região Central do RS para
coleta de dados no período de março de 2016 a dezembro de 2017. Inicialmente
será realizado contato telefônico com o representante de cada abrigo, a fim de
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determinar o interesse e a disponibilidade para visita, bem como fornecer
esclarecimentos quanto ao objetivo da pesquisa e procedimentos a serem
realizados.
Após a chegada ao abrigo, será solicitada uma breve inspeção no ambiente
seguida de coleta de informações com o proprietário, referentes ao número de gatos
abrigados, alimentação fornecida, estado reprodutivo, de saúde e de vacinação,
histórico de doenças prévias ou sinais clínicos observados, uso de medicamentos
terapêuticos ou profiláticos, modo de vida e rotina dos gatos e pessoas que residem
no domicílio. Mediante a concordância do responsável todos os gatos e
acomodações do abrigo serão fotografados.
Os felinos serão identificados através de resenha conforme formulário
elaborado para registro de dados (APÊNDICE A), que constará de nome do tutor,
cidade de localização do abrigo, data, nome do gato, gênero, idade ou faixa etária,
estado reprodutivo e coloração da pelagem, além dos achados obtidos na avaliação
clínica.
Exame físico completo será realizado de forma sistemática, avaliando-se
inicialmente estado nutricional, estado de hidratação, coloração das mucosas e
temperatura corporal. Na sequência, serão examinados cavidade oral, cavidade
nasal, olhos, orelhas, pele e anexos, seguidos de auscultação cardiopulmonar e
aferição dos parâmetros de frequência cardíaca e frequência respiratória, além de
detalhada palpação abdominal e nodal. Nos casos em que se fizer necessária a
contenção do gato para a execução do exame físico, será realizada anestesia com
associação de cloridrato de quetamina1 10% (8 mg/Kg)-1 e cloridrato de xilazina2 2%
(1 mg/Kg)-1, ambos administrados por via intramuscular profunda.
Serão coletadas amostras de sangue para hemograma completo, bioquímica
sérica, testes rápidos3 para detecção de anticorpos anti-FIV e antígenos do FeLV, e
reação da polimerase em cadeia (PCR) para Mycoplasma haemofelis e M.
haemominutum. Coleta de pelos para cultura fúngica e de cerúmen do conduto
auditivo para exames citológico e parasitológico também serão realizadas. Nos
casos de gatos que apresentarem lesões cutâneas visíveis, também serão
realizados exame parasitológico e/ou citológico de pele. Dos gatos com lesões na
1
Cetamin injetável. Syntec. Santana de Parnaíba. SP.
Dorcipec injetável. Valée Produtos Veterinários. Montes Claros. MG.
3
SNAP FIV/FeLV Combo. IDEXX Laboratories. Westbrook, Maine. EUA
2
16
cavidade oral, amostras obtidas através de suabe estéril serão utilizadas para
citologia e encaminhadas para isolamento viral. Ao término da avaliação os felinos
serão mantidos em caixas de transporte individuais, acolchoadas e monitorados até
a completa recuperação anestésica.
Amostras de fezes serão obtidas a partir das caixas de areia. Essas amostras
serão encaminhadas para realização de exame parasitológico de fezes pelos
seguintes métodos: exame direto, flutuação (em salina, com sulfato de zinco a 33%
e com açúcar de Sheather), sedimentação (simples e centrifugado) e método de
Baermann.
Imediatamente após o retorno do abrigo, as amostras de sangue coletadas
serão processadas no LPV-UFSM. O restante das amostras de soro e sangue será
armazenado sob congelação em freezer a - 20º C.
Os resultados obtidos nos exames físicos e laboratoriais serão analisados e
agrupados de acordo com o sistema orgânico acometido, a fim de estabelecer
diagnósticos com base em sinais clínicos e/ou achados de exames complementares.
Será solicitado aos proprietários dos abrigos que os gatos que venham a
morrer nos meses seguintes a realização das visitas sejam encaminhados ao LPVUFSM para realização de necropsia e exame histopatológico, obtendo-se assim,
maiores subsídios para fins diagnósticos e, consequentemente, melhoramento do
manejo do abrigo.
Este projeto será submetido à aprovação do Comitê de Ética no Uso de
Animais (CEUA) da Universidade Federal de Santa Maria de acordo com Conselho
Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA, 2008).
9 POSSÍVEIS RESTRIÇÕES E SOLUÇÕES
O número de abrigos e o número de gatos examinados por abrigo pode ser um
fator limitante e interferir nos resultados encontrados. A fim de minimizar um possível
baixo número de casos, o estudo tentará abranger o maior número de abrigos no
período de trabalho proposto.
17
Espera-se
encontrar
restrições
em
relação
à
obtenção
de
dados
epidemiológicos junto aos proprietários, especialmente naqueles abrigos com
grande número de gatos. Apesar da intenção de obter informações detalhadas de
cada indivíduo, isto nem sempre será possível, principalmente quanto à idade exata
dos felinos e doenças anteriores à introdução no abrigo. Assim, poderá ser realizada
uma estimativa da faixa etária, com base em dados como data de chegada e
período de permanência no local e realização dos testes rápidos como forma de
triagem.
10 CRONOGRAMA
Atividades para 2014
Atividade
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Mar
x
Abr
x
Mai
x
Mês
Jun
Jul
1
Ago
x
Set
x
Out
x
Nov
x
Dez
x
Ago
Set
Out
Nov
Dez
x
x
x
x
x
x
x
Atividades para 2015
Atividade
1
2
3
4
Jan
x
Fev
x
Mês
Jun
Jul
x
x
Atividades para 2016
Atividade
Jan
Fev
5
Mar
x
Abr
x
Mai
x
Mar
x
x
Abr
x
x
Mai
x
x
Mês
Jun
Jul
x
x
Ago
x
Set
x
Out
x
Nov
x
Dez
x
Mês
Jun
Jul
x
x
x
x
x
Ago
x
x
x
Set
x
x
x
Out
x
x
x
Nov
x
Dez
x
x
X
Atividades para 2017
Atividade
5
6
7
Jan
x
x
Fev
x
x
18
Atividades para 2018
Atividade
7
8
Jan
x
x
Fev
Mar
Abr
Mai
Mês
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
x
1. Realização do projeto piloto
2. Confecção do projeto
3. Organização dos resultados parciais para exame de qualificação
4. Período de qualificação
5. Adequações do projeto, coleta de dados e padronização dos resultados obtidos conforme
estabelecido na qualificação
6. Elaboração dos artigos científicos
7. Elaboração da tese
8. Preparação para a defesa de tese
11 ORÇAMENTO
Quantidade
Unidade
Discriminação
Valor
unitário
(R$)
Total (R$)
10
04
04
10
05
02
01
100
10
30
01
10
05
04
01
05
05
05
05
Total
Caixa 100 unid.
Frasco 1L
Pacote 500 g
Caixa 1 unid.
Frasco 10 ml
Frasco 20 ml
Frasco 500 ml
Frasco 80 ml
Caixa 75 unid.
Caixa 15 unid.
Caixa 01 unid.
Caixa 50 unid.
Caixa 100 unid
Caixa 100 unid.
Caixa 01 unid.
Caixa150 unid.
Caixa150 unid.
Caixa 100 unid.
Caixa 100 unid.
Agulha hipodérmica 25x7
Álcool etílico 98%
Algodão hidrofílico
Caixa transporte n.1
Cloridrato quetamina 10%
Cloridrato de xilazina 2%
Corante panótico rápido
Frasco coletor plástico
Hastes flexíveis algodão
Teste FIV/FeLV (IDEXX)
Lâmina máquina tosa 40
Lâmina para microscopia
Lamínula 24x50
Luva de procedimento
Máquina tricotomia
Seringa BD 3ml
Seringa BD 5ml
Tubo hemograma 4 ml
Tubo bioquímico 5 ml
16,00
6,99
22,00
69,00
150,00
32,00
42,00
1,28
2,60
630,00
130,00
4,90
6,20
22,50
889,00
68,00
80,00
45,00
68,00
160,00
27,96
88,00
690,00
750,00
64,00
42,00
128,00
26,00
18.900,00
130,00
49,00
31,00
90,00
889,00
340,00
400,00
225,00
340,00
R$23,369,96
19
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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13 RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS
Com este projeto espera-se obter um levantamento completo das principais
doenças que acometem de gatos que vivem em abrigos na região de abrangência
22
do LPV-UFSM e, com isso, auxiliar os Clínicos de Pequenos Animais no
estabelecimento de suspeita clínicas nas populações de gatos e fornecer
informações a respeito de medicina felina de abrigos.
23
APÊNDICE A - Ficha de identificação e avaliação clínica
IDENTIFICAÇÃO:
Proprietário: ___________________________________ Cidade:_____________
Data: ___/___/___ Gato (número): ____ Nome: ________________ Sexo:_____
Castrado: ________ Idade: _______ Padrão da pelagem: ___________
EXAME FÍSICO:
Estado nutricional: _____________ Estado de Hidratação: Normal: ___ /Desidratação
(%): ____ Coloração das mucosas: ________ Temperatura: ___ ºC
Cavidade oral:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Cavidade nasal:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Olhos:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Linfonodos:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Pele: ________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Orelhas:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Auscultação torácica: FC: ____bpm FR: ____ mov/min
_____________________________________________________________________
Palpação abdominal:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Outras observações:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
24
ANATOMIA DENTÁRIA DO GATO
TOPOGRAFIA DAS LESÕES CUTÂNEAS

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