Elite Lisbon - PARQ magazine

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Elite Lisbon - PARQ magazine
PARQ Magazine
DIRECTOR
Francisco Vaz Fernandes
[email protected]
EDITOR
Francisco Vaz Fernandes
[email protected]
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Rui Lino Ramalho
[email protected]
COORDENAÇÃO DE MODA
Daniel Ribeiro
Sérgio Simões
DIRECÇÃO DE ARTE
Valdemar Lamego
[email protected]
www.k-u-n-g.com
PERIOCIDADE: Bimestral
DEPÓSITO LEGAL: 272758/08
REGISTO ERC: 125392
EDIÇÃO
Conforto Moderno Uni, Lda.
NIF: 508 399 289
PARQ
Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.
1000-251 Lisboa
T. 00351.218 473 379
IMPRESSÃO
EURODOIS
12.000 exemplares
DISTRIBUIÇÃO
Conforto Moderno Uni, Lda.
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expressamente proibida sem a permissão
da Parq.Todos os direitos reservados.
Copyright © 2008 — 2015 PARQ.
n.47
Ano VII
TEXTOS
Ana Rodrigues
Beatriz Teixeira
Carla Carbone
Carlos Alberto Oliveira
Francisco Vaz Fernandes
Joana Teixeira
João Churro
Marcelo Lisboa
Maria São Miguel
Mariana Viseu
Paula Melâneo
Pedro Lima
Roger Winstanley
Rui Lino Ramalho
Rui Miguel Abreu
Teresa Melo
FOTOS
Ana Luísa Silva
Andy Dyo
António Bernardo
Celso Colaço
Diogo Simão
João Paulo
Maria Rita
Matilde Travassos
Pedro Mineiro
Sal Nunkachov
Silvia Martinez
EDITORIAL
OS QUE FORAM E OS QUE VÊM
A PARQ abordou a questão da emigração dos jovens
portugueses muito antes de 2011, tendo até como exemplo a
nossa própria equipa criativa que muito antes da anunciada
crise já tinha feito as malas porque o mercado era pequeno,
não oferecia perspetivas de evolução e pagava mal. Por
isso, em 2010 quisemos contar a experiência de quem se
acomodava ao novo lar há menos de um ano. Desta vez,
quisemos fazer o inverso, porque Lisboa é cada vez mais uma
cidade atrativa para um grande número de criativos.
O mercado cresceu? Parece-nos que não. Mas, num
mundo globalizado, uma plataforma a partir de Lisboa,
com tudo que esta tem para oferecer, parece ser para
muitos uma boa aposta. Nesta edição, quisemos trazer
este tema às nossas páginas centrais. E já que nos estão
a valorizar tanto, é de não perder dois pesos pesados
da cultura nacional. TÓ TRIPS, dos DEAD COMBO,
na área da música, e MARCO SOUSA SANTOS, no
design, a produzirem o melhor que se faz no mundo.
Estamos no Outono, ainda assim, porque o tempo permite,
não te esqueças de ler a tua PARQ num espaço verde.
por Francisco Vaz Fernandes
ST YLING
Diogo Ribeiro
Joana Borger
Morgana Andrade
Sérgio Simões
Beatriz Marxen @Karacter
com vestido
BALMAIN x H&M
ASSINATUR A ANUAL
12 euros
PARQ Magazine
Out.Nov. 2015
Miguel Vital @Karacter
com casaco de cabedal
BALMAIN x H&M
fotografado por ANTÓNIO BERNARDO
styling de SERGIO SIMÕES ass. styling MORGANA ANDR ADE
make-up LUCIANO FIALHO
n.47
3
Ano VII
Out.Nov. 2015
You Must
Converse
Quase um século depois, a CONVERSE
lançou, no passado dia 28 de julho, a sequela
do emblemático sneaker Chuck Taylor All
Star. O Converse Chuck Taylor All Star II é
uma adaptação contemporânea da clássica
silhueta, apresentando, pela primeira vez, a
tecnologia Lunarlon e acabamentos premium.
sola nova e maior, e ilhoses monocromáticos
fosco. Ao criar este novo sneaker, a
CONVERSE exponenciou os espíritos
criativos de todo o mundo, juntando-​​se a eles
em tournée, em salas de concerto e estúdios
de arte, nas calçadas e nas festas à noite.
Fashion
You Must
O segundo
episódio de
um sneaker
com quase
100 anos
de história
Fashion
Em 1936, ano em que o
basquetebol se estreava enquanto
desporto medalhado, nos
Jogos Olímpicos de Berlim,
toda a seleção norte-americana
calçou Chucks e venceu o ouro.
MICHAEL JORDAN comprou
as suas primeiras Chuck aos sete
anos, por apenas quatro dólares.
A CONVERSE foi uma
das forças aliadas dos EUA,
durante a Segunda Guerra
Mundial, ao fornecer calçado
protetor, botas, parkas e
outro tipo de equipamentos
às tropas norte-americanas.
COISAS
QUE NÃO
SABIAS
ACERCA DA
CONVERSE
Catálogo da Converse Rubber
Show Company 1920
Antes de se chamar CONVERSE,
chamava‑se “Converse Rubber
Show Company”. A empresa foi
fundada em 1908, em Boston,
Massachusetts, pelo senhor
MARQUIS MILLS CONVERSE,
e era especializada no fabrico de
calçado com sola de borracha.
O lendário Chuck Taylor – 1925
Converse Chuck Taylor All Star II
Lançado, pela primeira vez, em 1917, e
considerado um dos sneakers mais icónicos
de sempre, o Chuck Taylor All Star é agora
adaptado aos tempos modernos. Apesar da
atualização, a nova versão preserva alguns
dos atributos da antecessora, como é o
caso da tradicional sola branca, da biqueira
em borracha e do logótipo All Star.
O novo Chuck Taylor All Star II é marcado pela
introdução da palmilha Lunarlon, da Nike –
que lhe confere maior amortecimento–, de
um forro perfurado em camurça –para maior
respirabilidade–, e de um colar acolchoado em
espuma e uma cómoda língua para um conforto
a 360º. Além disso, o Chuck II apresenta
uma variedade de detalhes premium, entre
os quais, o logótipo da marca bordado, uma
You Must
De acordo com RICHARD COPCUTT,
Vice‑Presidente e General Manager da
Converse All Star, este «é um sneaker que
surgiu de uma ideia simples: a obsessão.
Ouvimos as pessoas que amam os seus
Chucks e percebemos que queriam uns
sneakers que lhes permitissem fazer mais».
Disponíveis, em exclusivo, nas lojas TAFF, por
70€ (modelo low‑top) e 75€ (modelo hi-​​top).
Palmilha Lunarlon
Texto por Rui Lino Ramalho
4
Fashion
A partir de 1915, a marca passou
a dedicar‑se inteiramente ao
universo desportivo. Dois
anos depois, nasciam os
primeiros All Star, com um
design revolucionário, que
se tornariam um must para
os jogadores de basquetebol.
Na década de 20, CHARLES
CHUCK HOLLIS TAYLOR,
jogador de basquetebol da
Escola Secundária de Colombus,
tornou‑se no embaixador do
icónico Chuck Taylor All Star,
ao desenhar e assinar o modelo
que chegou até aos nossos dias.
You Must
Campanha publicitária da
Converse em 1962
Os Chuck Taylor All Star
apareceram pela primeira vez no
cinema em 1960, no filme “Tall
Story”, naquela que também seria
a estreia de JANE FONDA no
grande ecrã. Quem as calçou foi
ANTHONY PERKINS, o eterno
“Psycho” de HITCHCOCK.
Cartaz onde se evidência a
participação da Converse
nos esforços de guerra.
Capa de catálogo da converse
1994 com um dos seus modelos
icónicos, o Stars and Bars.
5
Fashion
You Must
Ar te
Rómulo
Celdrán
A definição comum de espaço
habitável, geralmente conectada
com o Ser Humano, pode
igualmente ser transposta para
um universo mais materialista:
o dos objetos. Evidenciando o
caráter extensivo no que toca
A hipérbole
do objeto
caracteriza-se a complexidade,
surge a atenção. No fundo,
ao redimensionar o objeto,
CÉLDRAN convida o visitante
a explorar cenários que passam
despercebidos numa realidade
que cresce cada vez mais rápido.
às suas funções, tal como no
Homem, o objeto está também
ele posicionado numa estrutura
espácio-temporal muito
própria e atua, oscilante, com
vista à conquista vagarosa do
território onde se apresenta.
Texto por Teresa Melo
Como tal, a alteração da escala
dimensional, que o olho humano
normalmente perceciona, quebra
a correspondência natural entre
o tamanho real de um objeto
e a distância entre estes dois
elementos. Vê-se uma tampa
de caneta mordiscada, um
par de luvas gasto, uma carica
entortada, até as gotas de água
numa cuvete de gelo derretido.
Assim, no trabalho do artista
plástico e escultor espanhol
RÓMULO CELDRÁN –Macro–
o objeto é o líder imprevisível,
capaz de quebrar os limites
físicos e mentais do espaço vivo.
Seja pelo seu cariz estético,
funcional, material ou emocional,
a série Macro explora, através de
esculturas gigantes de poliestireno
policromado, placas de espuma
policromada, alumínio e resina,
o poder dos objetos mais banais
do dia-a-dia, desde molas da
roupa a sacos de água quente,
passando por fósforos, esponjas...
Fascinado pela subtileza material,
CÉLDRAN acredita que “existe
algo mágico no mundo das
escalas, uma espécie de memória
emocional que nos convida a
sentir a relação com os objetos
macro como se fossem um jogo”.
Explodem os detalhes,
pronunciam-se os padrões,
You Must
8
Tal como em crianças, Macro
relembra-nos a sensação de que
o mundo é bem maior do que
nós, despertando a curiosidade, a
vontade de brincar, de redescobrir,
qual ironia da perceção.
Estes e outros trabalhos
podem ser observados no
site oficial do artista.
Authentic Store Lisboa
Rua do Ouro, 234
www.romuloceldran.com
Ar te
Authentic Store Porto
Arrábida Shopping, Lj 107
FREDPERRY.COM
You Must
Street Ar t
The street
book
Preencher
vazios
Texto por Rui Lino Ramalho
Texto por Joana Teixeira
A ZEST compilou num único
livro os melhores trabalhos de
street art em Portugal, durante o
ano de 2014. Trata-se do primeiro
volume de um ‘Best of ’ que, de
acordo com a editora, passará
a ser publicado anualmente.
o livro inclui ainda um diretório
com os contactos dos artistas.
Fez-se inicialmente uma
pré‑seleção de 900 obras, que
posteriormente viriam a ser
condensadas nas cerca de 200
Em Portugal, há muitos espaços
vazios por preencher, mas só
alguns podem ser preenchidos
com azulejos de madeiras –
os de edifícios antigos por
esse país fora, cujos azulejos
caem ou são roubados. Numa
You Must
Ar te
Jacques
Tati
Seis ilustradores
portugueses à
solta no universo
Tati
desenhos em quadrados de
madeira que depois encaixa
entre os outros azulejos.
Até ao momento, são já 14 os
edifícios no Porto com a sua
marca, que surpreendem quem
Tati
O Meu Tio por Catarina Sobral
Tati
Playtime por João Fazenda
Paulo Arraiano, Walk&Talk, São Miguel, Açores
Tati
Mr. Dheo, Porto
As Férias de Sr Hulot por Marta Monteiro
Tati
Parade por Madalena Matoso
Texto por Ana Rodrigues
O álbum inédito compreende
mais de 200 peças de arte urbana
realizadas no ano passado, por
quase uma centena de artistas,
embora nem todos sejam tugas.
De acordo com o editor da ZEST,
NUNO SEABRA LOPES, o
grande objetivo é «realçar que
a street art não existe só nas
grandes cidades, mas por todo o
país». Reconhecimento para os
já consolidados e montra para os
que ainda dão os primeiros passos,
You Must
que foram reunidas na coletânea.
Esta é a segunda incursão da
editora pelo cosmo da arte
urbana, depois da publicação de
Street Art Lisbon. No final de 2015,
a ZEST começa já selecionar as
obras para o próximo volume. O
livro pode ser encontrado nas
principais livrarias portuguesas,
a um custo de 12€. As compras
feitas online beneficiam de
um desconto de 10%.
tentativa criativa de restaurar
o património tradicional, à sua
maneira, a designer JOANA
ABREU deu asas à imaginação e
criou o projeto Preencher Vazios.
JOANA ABREU fotografa
azulejos de fachadas quase
despidas, modifica-os
esteticamente, alterando as
suas cores e acrescentando
frases inspiradoras de autores
portugueses, e cola os novos
10
por eles passa com mensagens
inesperadas como: "Faz com que
o dia de hoje seja diferente do de
ontem". Os transeuntes agradecem
e JOANA promete continuar
a sua missão de preencher os
vazios pela cidade tripeira. Já
reparaste na tua rua hoje?
Street Ar t
Assinalando a primeira exibição
da obra completa em Portugal,
na sua versão digital restaurada,
seis ilustradores portugueses
foram convidados a celebrar o
imaginário de TATI, criando
novos cartazes exclusivos
para cada uma das longasmetragens do realizador.
CATARINA SOBRAL, ANDRÉ
LETRIA, JOÃO FAZENDA,
SARA‑A‑DIAS, MARTA
MONTEIRO e MADALENA
You Must
MATOSO aceitaram o desafio.
As suas criações estiveram
em exibição no Espaço Nimas
(Lisboa) e no Teatro Municipal
Campo Alegre (Porto), entre 20
de agosto e 16 de setembro.
A iniciativa foi uma homenagem
à reconhecida ligação entre o
imaginário de TATI e a ilustração,
perpetuada na silhueta de
Monsieur Hulot. A personagem,
desempenhada pelo próprio
TATI, foi “habitando” os filmes do
realizador (e não só), inspirando
os famosos cartazes em silhueta de
PIERRE ÉTAIX, amigo de TATI
e seu assistente de realização em
diversas ocasiões. A silhueta de
M. Hulot, canalizando a longa
figura caricatural e os gestos
toscos de um Charlot à moda
parisiense, foi uma das muitas
ocasiões em que a relação com a
ilustração se tornou evidente.
11
Por ocasião do lançamento das
cópias digitais restauradas dos
filmes de TATI pela Criterion
Collection, o ilustrador belga
DAVID MERVEILLE foi
convidado a desenhar toda a
caixa. MERVEILLE é autor
de vários livros para crianças
desenhados em torno da figura de
M. Hulot e reconhece a influência
do trabalho de ÉTAIX na
construção do universo de TATI.
Ar te
You Must
Cinema
Amy
Winehouse
AMY WINEHOUSE tinha
dois amores, que em nada eram
iguais, e não tinha a certeza de
qual gostava mais. Este texto não
é sobre ela. É sobre o pai e o
marido, que a ‘mataram’.
O primeiro apontamento a fazer
acerca do documentário Amy
é: ficámos mocados só de o
ver. Concretizemos: aquela voz
psicotrópica é viciante e, por mais
que a inalemos (auditivamente,
entenda-se), teremos sempre uma
underdose, porque o que é bom
nunca é demais.
Completaram-se, no passado dia
23 de julho, quatro anos desde a
morte de AMY WINEHOUSE.
É natural que nos questionemos
se tão pouco tempo de carreira
justificava a realização de um
documento biográfico tão
mediático. A dissipação das nossas
dúvidas decorre da visualização
You Must
do mesmo. ASIF KAPADIA teve a
hombridade de nos conduzir pela
catacumba profunda, escura e fria
que foi a vida de AMY, sem nunca
nos induzir no erro apetecível de
acreditar que ela não foi mais do
que isso mesmo. Só que foi.
Era uma heroína (nada de
leituras subversivas) improvável,
a começar pela sua terrível
articulação verbal e inglês
poluído, e a terminar na sua falta
de sexyness, que cada vez mais a
“música” incumbe. Patinho feio,
ovelha negra, chamem-lhe o que
quiserem. AMY WINEHOUSE
era, transcrevendo uma frase
do filme, «uma alma antiga num
corpo jovem». Proporia até “uma
alma jazz num corpo pop”. Uma
coisa que vocês não sabiam é que
a cantora britânica também era
bochechuda. Mas isso foi só até
descobrir a por si apelidada «dieta
ideal», vulgarmente conhecida por
bulimia. Coisas más aconteciam
Uma carreira
curta. Um legado
enorme.
quando levava os dedos à goela,
mas coisas espantosas se passavam
quando lá levava o coração –que
era quase sempre.
É óbvio que bulimia, álcool e
drogas são uma combinação
potencialmente letal. Mas não tanto
quanto MITCHELL WINEHOUSE
e BLAKE FIELDER-CIVIL, pai e
ex-marido de AMY. Comecemos
pelo primeiro. Ainda mal sabia
andar, já AMY sabia o que era não
ter um pai por perto. MITCHELL
foi a primeira grande carência a
pedir substitutos –nunca à altura–
como o álcool e as drogas. Mas a
verdade é que ela sempre venerou
o chão que ele pisava. Aliás,
basta recordarmos o momento da
sua primeira overdose. Eles (os
amigos) bem tentaram levá-la para a
reabilitação, mas ela disse não e não
e não. Coincidência ou não, o pai
era o único a defender que ela não
precisava daquilo para nada. Por
12
outro lado, isso valeu‑lhe Rehab,
o single dos singles. Engatatão
por natureza, BLAKE deu de
caras com AMY quando ainda era
comprometido. Não foram opostos
que se atraíram, foram passados que
se colaram. BLAKE tinha tido uma
infância igualmente desestruturada
e de más recordações. Os dois
tornaram-se psicólogos um do
outro. Os dois medicavam-se um
ao outro. Os dois destruíram-se
um ao outro: ele foi para trás das
grades, ela foi para debaixo da
terra. MITCHELL e BLAKE foram
sempre o fantasma das composições
de AMY. Ambos foram a sua razão
de existir e desistir.
«Será que vais ser famosa?»,
perguntava-lhe NICKY
SHIMANSKY, seu manager entre
1999 e 2006. «Acho que não
aguentaria, acho que enloquecia»,
respondia ela. Esta curta frase
diz muito da sua autenticidade.
AMY WINEHOUSE não foi feita
para os holofotes, para as grandes
audiências, para os apetites dos
paparazzi. AMY sempre se esteve a
cagar para nós todos, era um ‘I-don’tgive-a-shit’ mascarado de cantora
famosa. Não precisava de nós para
nada, mas teve o azar de gostarmos
tanto dela. AMY nasceu para o jazz
e era nele que sempre deveria ter
permanecido. Em 128 minutos de
documentário, o único momento em
que a sua felicidade foi verdadeira e
completa foi quando cantou ao lado
do ídolo TONY BENNETT. AMY
não era mais do que alma, e uma
alma não tem necessariamente de
habitar um corpo.
INDIVIDUAL STYLE
UNITED SPIRIT
TASHA VLOGGER
Vinte e sete é cedo, sim. Como o
foi para JIMI HENDRIX, KURT
COBAIN, JANIS JOPLIN, JIM
MORRISON e outros. Mas não
nos interessa o que “poderia ter
sido”. Guardamos o que foi.
Texto por Rui Lino Ramalho
Cinema
*Estilo Individual | Espírito unido
You Must
Cinema
Back to
the Future
Um filme feito no
passado, sobre o
futuro, e analisado
no presente
Texto por Ana Rodrigues
uma vez que no futuro nenhum
videojogo necessita de controlos
físicos. Não chegámos assim tão
longe, mas tecnologias como
o Microsoft Kinect ou a Wii
chegaram suficientemente perto.
Acessórios inteligentes
«Whoa. Wait a minute, Doc.
Are you trying to tell me that my
mother has got the hots for me?»
Era desta forma que a Universal
apresentava o filme Back to
the Future (BttF), em Julho
de 1985. Trinta anos depois,
parece que foi ontem.
A premissa é simples: o que
aconteceria se um jovem recuasse
no tempo e tivesse que lidar com
os seus próprios pais? Assim
ganharam vida o Marty McFly
(MICHAEL J. FOX) e Doc Brown
(CHRISTOPHER LLOYD), que
acompanhámos em aventuras,
enviesando o curso do tempo, à
boleia do carro com mais pinta
alguma vez criado: o DeLorean.
Um argumento inicialmente
rejeitado por ser “pouco sexual”
relativamente a outros êxitos da
década (quem não se recorda
das curvas de Jessica Rabbit?),
foi apontado como um filme para
crianças. Já a Disney achou pouco
adequada uma história em que
a mãe se apaixona pelo próprio
filho. Apenas em 1985 o projeto
avançou para produção e estreou,
ainda nesse ano, pela Universal.
O primeiro episódio de BttF
estreou com excelentes críticas
You Must
Que previsões
estavam certas?
e um extraordinário retorno
de bilheteira, que anteciparam
um lucrativo franchise. Além
da saga, existem também uma
série televisiva, inúmeras reedições, livros, jogos, uma
série de banda‑desenhada
e a sua própria atração nos
parques da Universal Studios.
BttF não foi, nem de longe
nem de perto, a primeira ficção
científica a colocar o público
do grande écran frente a frente
com a possibilidade de viajar
no tempo. Na sua larga maioria,
são filmes que estabelecem essa
possibilidade no domínio do
mágico, ou que se consomem na
sua complexidade científica, em
cenários mais ou menos distópicos.
BttF trouxe outra proposta: uma
ficção científica que é também uma
história de coming-of-age, e cujo
enredo foi cuidadosamente talhado
para abordar a cultura juvenil
norte-americana. Mais que mera
matemática, Marty recua até 1955
e descobre a cultura baby boomer
em que os pais cresceram. BttF
era assim um produto apetecível a
várias faixas etárias, sem abandonar
a nuance edipiana que lhe rompe
a inocência. Afinal –sim, Marty:
«your mom had the hots for you».
A efeméride não poderia,
portanto, passar sem um vislumbre
sobre o segundo filme da saga, que
nos leva justamente até ao dia 21
de outubro de 2015 –marquem nas
vossas agendas. Para esta sequela,
GALE e ZEMECKIS esboçaram
um hipotético cenário futuro, que
é, acima de tudo, uma caricatura
sem quaisquer pretensões
científicas sobre o Mundo e a
tecnologia de 2015. Mas, a verdade
é que, nos pequenos detalhes,
se podem encontrar algumas
previsões mais ou menos corretas:
Écrans planos
Assistimos à rápida expansão das
tecnologias plasma e LCD, que
erradicaram os antigos televisores
de cinescópio das nossas salas
de estar. No filme, também é
recorrente a ideia de “múltiplos
écrans”, apesar de esta se traduzir
num mero mosaico de écrans.
Video chat
Basicamente, o Skype.
Videojogos que não
necessitam de mãos
No Café 80’s, Marty percebe que
as máquinas de jogos dos anos
80 são verdadeiros monumentos,
14
Doc acede a informações através
dos seus óculos, em tempo
real e em interacção com o seu
ambiente, naquilo que podemos
considerar um esboço dos atuais
Google Glasses. Igualmente,
usa um relógio de pulso capaz
de prever a meteorologia com
extraordinária precisão. Apesar
do iWatch já ser uma realidade,
ainda não temos meios para prever
a meteorologia ao segundo.
Ténis que se atam sozinhos
Não deveríamos considerar esta
uma previsão bem-sucedida. Na
verdade a Nike, que desenhou os
ténis utilizados por Marty McFly
no filme, propôs-se a tornar
a ficção realidade e criou um
protótipo idêntico e funcional.
Nostalgia dos anos 80
Provavelmente, a previsão mais
sublime do filme. Chegado a 2015,
Marty visita o Café 80’s, onde
encontra uma panóplia de objetos
que fizeram furor naquela década,
e diante dos quais é obrigado a
encarar a sua juventude como
uma atração do passado. Apesar
de tudo, essa nostalgia parece
ser popular entre os jovens do
futuro, manifesta nas roupas que
vestem –caricaturas futuristas
desenhadas sobre a extravagância
da década. Um regresso cíclico
de tendências anteriores na moda
talvez não fosse difícil de prever;
contudo, não podemos deixar de
associar esta previsão ao interesse
estético de movimentos como o
cyberpunk, vaporwave, seapunk,
entre outros, profundamente
ligados à tecnologia e à cultura
de consumo que emergiram
nas décadas de 80 e 90.
Cinema
You Must
Cinema
Cinema
Todas as gerações têm os
seus ídolos cinematográficos.
De CHARLIE CHAPLIN a
HUMPHREY BOGART, de
DIANE KEATON a NICOLE
KIDMAN. E a nossa? Quais são
os nomes que daqui a 50 anos
todos os amantes da 7ª arte se vão
lembrar como sendo “muita bons”?
É para abrir a discussão que
lançamos este TOP 5 (sem ordem
específica) dos melhores atores da
nova geração. Seria pouco provável
escolher meninos e meninas que
não tenham estado envolvidos
em franchises, por isso fazêmo-lo
sem restrições. A única restrição
que colocamos é as escolhas
não serem baseadas em critérios
pseudo‑intelectualões.
So, shall we begin?
Michael Fassbender
Michael Fassbender
Michael Fassbender
Michael Fassbender
Michael Fassbender
Michael Fassbender
M ic h ae l F a s s b e nd e r
Michael Fassbender
Michael
Fassbender
Seguindo as pisadas de
LAURENCE OLIVIER
e (obviamente) de IAN
MCKELLEN, FASSBENDER
é já dos rostos britânicos mais
reconhecidos do grande ecrã.
Ainda não carregou (sozinho)
com um grande blockbuster às
costas e também não parece estar
inclinado para tal. Com uma
filmografia invejável, que dança
entre uma miríade de super-heróis
e aliens (X-Men: Days of Future
Past, Prometheus), adaptações
Shakespearianas (Macbeth), assim
como dramas e comédias soberbas
(12 Years a Slave, Inglourious
Basterds), Fassy é um nome que
certamente constará nas prateleiras
e corações de gerações vindouras.
You Must
You Must
Cinema
Os grandes atores
da nova geração
Michael Fassbender
Scarlett Johansson
Tom Hardy
Tom Hardy
Tom Hardy
Tom Hardy
Tom Hardy
Tom Hardy
To m H ard y
To m H a r d y
To m H a r d y
To m H a r d y
To m H a rd y
Tom H ard y
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Lé a S eyd ou x
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Léa Seydoux
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
S c ar le t t J o h a n s so n
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Scarlett Johansson
Tom Hardy
Scarlett
Léa Seydoux Johansson
Em 2008, quando o mundo
inteiro falava do Joker de HEATH
LEDGER, a única performance
que poderia ter eclipsado a do
australiano ficou escondida no
meio da Europa. Em Bronson,
TOM HARDY solidificou o seu
lugar enquanto um dos atores
mais intensos da nova geração de
Hollywood. Debaixo do cinto,
leva já êxitos de bilheteira como
Inception, The Dark Knight Rises,
Mad Max: Fury Road e sucessos
mais subtis como Warrior, Lawless
e Locke. Embora tenha sofrido de
algum typecast nos seus últimos
projetos, não há como negar que
apenas vimos a ponta do icebergue
dos talentos possuídos por este
extraordinário ator.
É possível que ainda não conheças
esta jovem francesa, mas isso não
faz dela uma desconhecida. As
suas participações em Inglorious
Basterds, Midnight in Paris,
Mistérios de Lisboa, Mission:
Impossible - Ghost Protocol, Grand
Budapest Hotel, The Lobster
(triplamente galardoado no festival
de Cannes 2015), assim como o
seu papel de Bond Girl no novo
filme da saga James Bond, Spectre,
mostram que o mundo está de olho
em SEYDOUX. Mas se qualidade
de interpretação é o que procuras,
experimenta espreitar o vencedor
da edição de 2013 do festival de
Cannes: La vie d’Adèle. Deve
dissipar quaisquer dúvidas em
relação aos dons desta beldade.
Há dois ou três anos, talvez
achássemos a inclusão da loirinha
de Home Alone 3 nesta lista uma
parvoíce. Mas a verdade é que
SCARLETT tem conseguido
equilibrar a sua constante presença
em filmes do Universo Marvel e
comédias românticas, com alguns
dos mais fabulosos filmes do novo
milénio. Filmes como Ghost World,
Lost in Translation, Match Point,
The Prestige e, mais recentemente,
Under the Skin e Her, comprovam
a versatilidade e arrojo da atriz
norte-americana. Embora a beleza
seja um factor-chave para o seu
reconhecimento, não achamos que
venha a ser esse motivo pelo qual
será lembrada mais tarde.
Texto por Diogo Simão
Tom Hardy
Léa Seydoux
16
Cinema
You Must
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
O sc ar I s a ac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
Oscar Isaac
O sc ar I s a ac
O s c a r I s a a c
O s c a r I s a a c
O s c a r I s a a c
O s c a r I s a a c
Oscar Isaac
Com um trabalho consistente, mas
sempre em segundo (ou terceiro)
plano, a mestria de ISAAC só
chegou às luzes da ribalta através
do clássico moderno dos irmãos
COHEN, Inside Llewyn Davis.
Com Drive, A Most Violent Year
e Ex Machina já no currículo, é
contudo o futuro que se avizinha
decisivo para fazer de OSCAR
um dos nomes mais sonantes desta
geração. A protagonização na
nova trilogia da saga Star Wars e
a interpretação de um dos vilões
mais temidos da história da Marvel
(Apocalypse), soa a épico e, quem
sabe, com um Oscar no horizonte.
Oscar Isaac
17
Cinema
You Must
Moda
You Must
Moda
Fotografia António Bernardo
Produção: Conforto Moderno
Modelos: Rita Costa @elite
Tomás Alves @Karacter Agency
Make-Up Cristina Cottinelli
Roupa, Hugo Costa FW15
www.notjustalabel.com/designer/hugo-costa
Texto por Rui Lino Ramalho
Hugo
Costa
Costa
Hugo
Hugo
Costa
Hugo
Hugo
Costa
Costa
Artigo completo em www.parqmag.com
You Must
18
Moda
A convite do Portugal Fashion,
acompanhámos HUGO COSTA
na sua ida a Berlim, no passado
dia 6 de julho, para apresentar
a coleção primavera/​verão
2016 Individual, na abertura da
Berlin Fashion Week. Após o
desfile, HUGO COSTA, ainda
extasiado, falou à PARQ.
A questão interventiva é uma
preocupação para o designer
português, de 32 anos, que diz
querer deixar um legado para as
pessoas. «A ideia é cada vez mais
You Must
passar a identidade do criador.
Quando compras uma peça
da minha marca, compras um
bocadinho de mim também. Tu
compras um objeto que queres
ter para sempre. E é isso que eu
quero tentar fazer, cada vez mais.»
É precisamente esse ‘bocadinho
de si’ que, segundo o próprio,
é o segredo para tornar cada
peça irrepetível. Em jeito de
provocação, perguntámos‑lhe
o que aconteceria quando
esse bocadinho se esgotasse.
A resposta foi esclarecedora:
«A inspiração vem de todo o
lado. Vem até do acordar e ter a
família ao lado. Pode ser a luz,
uma sombra. Se se esgotar, tem
de se fazer de outra maneira».
Esta linguagem sui generis que
HUGO COSTA constrói não
é direcionada a um ou mais
mercados em particular. O criador
afirma não pensar nisto «de um
ponto de vista comercial. Se
eu comprar um casaco que vai
custar 500 ou 600 euros numa
19
loja, eu não queria que fosse
mais um igual a outros». Esta
ideia é fortemente veiculada, por
exemplo, na coleção Individual,
que COSTA levou a desfile em
Berlim. Trata‑se de uma coleção
«caracterizada pelo estampado».
A unicidade de cada peça é
garantida, essencialmente, pela sua
«componente gráfica, componente
manual e craftwork». O próprio
garante que um dos estampados
–um print de uma mão– foi,
literalmente, feito pela sua mão.
Moda
You Must
Texto por Mariana Viseu
TIMERS
THE
Mercados,
para que
vos quero?
Se és daqueles que transpiram e
fervilham a cada edição de uma
feira de segunda mão, respira
fundo que este artigo é para
ti. Diretamente de Barcelona,
apresentamos-te os mais recentes
rumos dos mercados de rua e
o que poderás encontrar nos
próximos meses de compras.
requerido. Longe do óbvio ou
das convencionais rotas turísticas,
os mercados vintage estão a
ganhar cada vez mais destaque
nas agendas de fim-de-semana
da Catalunha. Se procuras algo
irreverente, original ou com
assinatura, ousa apanhar um avião
ou simplesmente toma nota.
cabeleireiros, lojas e designers.
Neste open space, dividido entre
interiores e exteriores de uma
antiga fábrica, não há restrições
no que toca à possibilidade de
aumentar este grupo criativo.
A garantia é de que no final
do dia os bolsos transbordarão
de cartões de contacto.
Quem chega aos Anjos, tende a
perder-se antes de descobrir o
famoso armazém da já popular
FEIRA DAS ALMAS. É
O PALO ALTO MARKET é
tudo menos central. Quem vai
é porque quer, quem lá chega é
porque sabe. Entrar no PALO
Mas se a família não é só
constituída por jovens hipsters com
gostos retro, há também workshops
e exposições para entreter os mais
SS16
9, 10, 11 DE OUTUBRO 2015
PÁTIO DA GALÉ
PRAÇA DO MUNICÍPIO
WWW.MODALISBOA.PT
#LISBOAFASHIONWEEK
novos e fascinar os pais. O objetivo
é que a visita dure a tarde inteira,
sem pressas ou desorganizações.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
praticamente um cliché fácil de
cumprir se não estamos habituados
a passear pela zona. Muitos,
provavelmente, já voltaram para
casa sem conseguirem descobrir
a entrada. Outros, tiveram a sorte
de chegar à escadaria, arriscar
com toda a curiosidade e passar
pelo pequeno portão de ferro.
E é precisamente esse elemento
de caça ao tesouro que aqui é
You Must
Por isso, esqueçam o mítico LES
ENCANTS e tenham em atenção
o ecológico LOST&FOUND
no bairro do Born, o VINTAGE
MARKET DA UNIVERSITAT,
para relíquias do século passado,
e o da ESTACIÓ DE FRANCIA,
para lojas que normalmente só
vendem online. Guarda uns
trocos para gastar e participa
nesta tendência reciclada. Talvez
este também seja o rumo certo
para aqueles que querem expor,
vender e dar-se a conhecer.
ALTO é como explorar um jardim
encantado, onde a decoração, com
um toque novo boémio, arrebata
o coração e estampa de imediato
um sorriso na cara daqueles que
por lá passam. São luzes que
caem por entre trepadeiras, são
dezenas de foodtrucks pintadas
ao estilo dos anos 50, são bandas
e DJ’s imparáveis durante
horas. São também artistas,
Agora que já tens (mais) um motivo
a chamar por ti em Barcelona
durante este outono, faz as malas
e rende-te de vez à magia da
“maneira antiga de comprar”.
20
Moda
©ModaLisboa · Paulo Furtado · Photo: Pedro Ferreira
Palo Alto
Market
Moda
UMA INICIATIVA CONJUNTA
PATROCÍNIOS
PARCEIROS E COLABORAÇÕES
HOTEL OFICIAL
TV OFICIAL
TV INTERNACIONAL
PARCEIRO DE MEDIA
You Must
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Oriundo de Quarteira e sediado
em Lisboa há aproximadamente
dez anos, MIGUEL CORREIA –
conhecido por MIKE GHOST–
é autêntico na procura da
beleza ideal da juventude
contemporânea. São os olhares,
You Must
Mike
Ghost
Moda
Mike
Ghost
Curso intensivo
de intimidade em
analógico para uma
geração digital
carregava as viagens com FOR
THE GLORY, MEN EATER,
RIDING PANICO, DEVIL IN
ME, SAM ALONE, MORE
THAN A THOUSAND e o seu
projeto a solo MIKE GHOST. Ao
pescoço, a máquina fotográfica.
No currículo, tem a experiência
inesquecível de um editorial para
a FRIGHTMARE CLOTHING.
E eis que In The Crossfire There’s
a Story chega finalmente no dia
5 de junho de 2015. Neste livro,
composto pelas suas melhores
fotografias dos últimos dois
anos, o artista apresenta uma
ideia muito direta: a de compilar
o seu trabalho como veículo
para entrar no mercado.
Bruto, cada retrato é aquilo
que efetivamente se sente,
evidência da escolha particular
do processo. Não descartando
totalmente o digital –«sou
fotógrafo, não sou um hipster
que pega em analógico só porque
agora é trendy»–, a preferência
incide na técnica clássica da
fotografia. «É a naturalidade
e o que isso representa, sem
efeitos e layers de edição.»
os espaços, as posturas captadas,
como se desejasse manter um
diário visual da vida comum.
As coisas aconteceram com
a espontaneidade evidente.
Conhece a fotografia por via
da música, «pelo facto de
andar em tour com as minhas
bandas e sentir a necessidade de
começar a registar os momentos
com receio que ninguém o
faria e consequentemente não
ter registos». No passaporte,
22
You Must
Moda
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Mike
Ghost
Sublinha a diversão enquanto
matéria-prima do seu trabalho
e, na sua honestidade, afirma:
«não sou melhor que o próximo,
simplesmente tenho a minha
maneira de o fazer. Hoje em dia,
já tenho alguns projetos para
livros em cima da mesa com
príncipio, meio e fim, mas para
já não passam de projetos».
Mike
Ghost
Texto por Teresa Melo
Mike
Mike
Ghost
mikeghost.tumblr.com
Moda
You Must
23
Moda
You Must
Fred
Perry
Moda
&
Marshall
Aumenta
o volume
Texto por Maria São Miguel
Neste outono/inverno 2015, a FRED
PERRY alia-se à MARSHALL, para lançar
uma coleção cápsula única, com um
design clássico e um estilo intemporal.
O que é que moda tem que ver com música?
Bom, neste caso, tudo. É importante frisar a
influência que o clássico pólo FRED PERRY
teve nas subculturas musicais nos últimos
60 anos. Também, nas últimas décadas, os
amplificadores MARSHALL têm-se mantido
de pedra e cal no mundo da música.
You Must
A coleção colaborativa celebra o espírito dos
representantes das duas marcas –FREDERICK
PERRY e JIM MARSHALL–, incluindo
quatro pólos de malha e dois modelos de
calçado. Peças intemporais, como o pólo JCM
em algodão piqué, tentam replicar a rede
da superfície do amplificador, apropriandose de detalhes base do seu design. Botões
MARSHALL AMPLIFICATION adornam
cada modelo, para além da tradicional
coroa de louros FRED PERRY.
24
No calçado, o clássico modelo Kingston,
disponível em preto JCM e branco
bluesbreaker com ilhó dourado, recebeu um
tratamento idêntico. Esta edição limitada de
calçado tem também a marca MARSHALL
AMPLIFICATION no calcanhar.
A coleção estará disponível em todas
as Fred Perry Authentic Shops.
Moda
You Must
H&M
H&M
H&M
H&M
Durante meses, seguimos o anúncio de uma
coleção da H&M desenvolvida por OLIVIER
ROUSTEING, diretor criativo da BALMAIN,
que vai estar disponível a partir de 7 de
novembro. Como se sabe, estas parcerias são
sempre envolvidas por uma dose de secretismo
e expetativas alimentadas por pequenas
revelações que vão aguçando a curiosidade dos
interessados. Primeiro, foram dois looks que
KENDALL JENNER e JOURDAN DUNN
usaram na noite da Billboard Music Awards,
quando o criador falou pela primeira vez da
parceria; depois, mais recentemente, GIGI
You Must
Moda
x
Texto por Maria São Miguel
HADID vestia outro look na noite da Harper’s
Bazaar, realizada na semana da moda em Nova
Iorque. A par de declarações esparsas de
OLIVIER ROUSTEING, ficávamos a saber
que o ADN e o espírito Haute Couture –que
é uma tradição da casa francesa– iriam estar
na íntegra no logo, H&M x BALMAIN.
Tal como aconteceu com todos os outros
grandes designers das parcerias anteriores,
OLIVIER ROUSTEING veio propor um mix das
suas peças mais emblemáticas desde que está a
frente da casa BALMAIN, só que agora com um
valor acessível ao comum dos mortais. O mesmo
25
Balmain
Balmain
Balmain
Balmain
quer dizer que nesta coleção para mulher e para
homem, vamos ter a mesma fantasia e profusão
de elementos decorativos e de detalhes que
alimentam em geral as suas conceções, onde
nunca falta um sentido jovem, sexy e chic.
É uma coleção muito vasta, abarcando várias
tendências, e conta com uma profusa gama
de acessórios, incluindo ainda um perfume.
Por isso, o problema poderá estar na hora de
optar, dado que é uma coleção limitada, que
vai estar apenas em algumas lojas, e com um
número de peças reduzido no online, pelo
que, não haverá tempo para hesitações.
Moda
You Must
Moda
New New
New New
OCR
OCR
OCR
OCR
OCR
OCR
OCR
OCR
OCR OCR
Texto por Maria São Miguel
You Must
Moda
Aventura
Casual
Polaroid
Snap
Texto por Maria São Miguel
Texto por Rui Lino Ramalho
Texto por Maria São Miguel
Quem nunca reparou nas ÓTICAS OCR é porque, com
certeza, está a precisar de óculos. Eles andam nisto há mais
de 40 anos, em lugares tão comuns quanto a Rua do Conde
de Redondo, a Rua Castilho, Campo de Ourique ou Praça
do Chile. Numa casa de tradição onde se chegaram a cortar
lentes à la mano, não é de estranhar que se continue a apostar
na produção e distribuição de marcas made in Portugal,
como a RETRO P e a NUNO BALTAZAR EYEWEAR.
Eventry Bluff Waterproof 139.90€
Nesta estação, a coleção casual da MERRELL inspira-se nos
modelos tradicionais de montanha, complementada com
avanços tecnológicos explorados na sua linha de performance.
Procuram no essencial oferecer um calçado que é uma mistura
de tradição e novas tecnologias, podendo ser usado tanto em
momentos de lazer, como num contexto de trabalho. Para
Homem, destacamos o modelo Epiction Mid, um exemplo
de versão estilizada da bota de montanha que segue alguns
aspetos das tendências de moda, como a sua sola transparente
e atacadores com cores que se saltam à vista. Para Mulher, as
tendências são canos mais altos e mistura de materiais como
a pele e a malha de lã. É assim que se apresentam os modelos
Eventry, robustos para suportar a rudeza do campo, mas
igualmente elegantes para serem usados num evento social.
Diz-se que quando se fecha uma porta, há sempre outra
que se abre. E se no 87 da Rua do Carmo lamentamos
o desaparecimento de um ícone da moda nacional, não
deixamos de saudar uma marca de origem americana que nos
tem feito olhar para o chão. A NEW BALANCE começou
modestamente a fazer palmilhas, mas depressa passou para
o calçado de desporto, sendo uma das grandes referências
nos anos 80. Hoje, continuam –­ tanto no retro running,
como no sapato de alta competição– a dar cartas, porque
tiveram a seu favor a qualidade de produção. Ou seja, é uma
marca que voltou à tona, por não se deixar seduzir pelos
apelos de uma produção de baixo custo e mantendo‑se
a produzir no Reino Unido com métodos e padrões de
qualidade tradicionais que lhe dão hoje valor reconhecido.
As prateleiras da ÓTICAS OCR contam sempre com uma
seleção das últimas tendências de 50 marcas internacionais,
entre as quais, ANDY WOLF, DITA, IC BERLIN, GARRETT
LEIGHT, ILLESTEVA, JOHNNY LOCO, JPLUS, MASSADA
EYEWEAR, MYKITA, OLIVER and CLAIRE GOLDSMITH,
SUPER, THIERRY LASRY e THOM BROWNE, a par de
marcas já reconhecidas como CÉLINE, CHANEL, DIOR,
FENDI, GIORGIO ARMANI, JIMMY CHOO, MARC
JACOBS, PRADA, RALPH LAUREN, RAY-BAN e PERSOL.
São 500 m2 dedicados aos amantes da marca, com
uma oferta de sneakers e roupa desportiva que
engloba uma coleção dedicada ao futebol.
A POLAROID acaba de lançar uma nova câmara digital
instantânea. Chama-​​se Polaroid Snap e tem uma particularidade:
não precisa de tinta para imprimir as fotografias.
Epiction Mid Waterproof 149.90€
Fraxion 99.90€
You Must
26
Moda
You Must
Para os amantes do ‘aqui e agora’, não há nada melhor que uma
POLAROID, seja ela qual for. É fotografar, imprimir, esperar
uns instantes até que a imagem esteja totalmente nítida, et voilà!
No caso da Polaroid Snap, o processo é ainda mais simples.
Em vez de tinta, a nova câmara recorre ao calor para ativar
os cristais de cor presentes no papel fotográfico. Além
dos seus dez megapixéis e da impressora de tecnologia
ZINK incorporada, para fotografias no formato 2×3, a
Snap inclui entrada para cartões microSD até 32GB.
Outra das novidades deste aparelho é o modo “Photobooth”,
que permite tirar seis fotografias em apenas dez segundos.
Os modos de captura de imagem são três: a cores, a preto e
branco e vintage. Um dos seus pontos menos positivos é o facto
de ter uma distância focal fixa, isto é, não dispõe de zoom.
A Polaroid Snap deverá chegar ao mercado
no fim de 2015, por 100 dólares.
27
Moda
You Must
Tune
Tune
Tune
Tune
Tune
Tune
Tecnologia
Tune
Tune
You Must
Beleza
Beleza Beleza Beleza Beleza
Beleza Beleza Beleza Beleza
Texto por Rui Lino Ramalho
Aplicações para corrida é coisa
que não falta. Mas, por enquanto,
só há uma tecnologia preocupada
com a evolução da técnica do
atleta. Chama-se Tune e está a
ser desenvolvida em Portugal.
Ao contrário de tantas outras,
a tecnologia Tune não se limita
a monitorizar variáveis como
distância, velocidade, tempo,
calorias queimadas, entre
outras. Criado no Porto pela
Cool
Friend
You Must
KINEMATIX, empresa dedicada
a estudar os movimentos do
corpo, este wearable analisa e
fornece informações acerca da
técnica de corrida, medindo
o tempo de contacto de cada
passada e do calcanhar com
o piso. O Tune não só ajuda a
melhor a performance de corrida,
como pode ser determinante
na prevenção de lesões.
Trata-se de um pequeno aparelho,
inserido nas sapatilhas, que é
ligado a uma palmilha e conetado
a uma aplicação para smartphone,
para a qual serão enviados todos
os dados recolhidos desde o
início da atividade física. Depois
de registado o desempenho
e analisados os resultados, o
Tune irá conceber planos de
treino personalizados para cada
utilizador, com base no seu
perfil de corrida, ajudando este
a traçar novas metas. O objetivo
é assentar corretamente o pé ao
correr, apoiando o calcanhar
o menor tempo possível e com
menos esforço, o que permitirá
aprimorar a técnica de corrida,
adaptando a sua duração e
intensidade à capacidade do atleta.
Ainda em fase de testes,
o Tune deverá começar
a ser comercializado em
dezembro deste ano.
Todos nós temos aquele amigo
que conhece a nossa cidade
como a palma da mão. É também
na palma da mão que vais ter
todas as informações relevantes
sobre a cidade de Lisboa, com a
aplicação CoolFriend em Lisboa.
Lançada no final de julho deste
ano, a app CoolFriend em Lisboa
não precisou sequer de uma
semana para ultrapassar apps de
referência na categoria “Viagens”,
como o TripAdvisor, Booking e
FourSquare. JÚLIA VILAÇA,
de 26 anos, recriou o conceito
para a capital portuguesa,
depois de uma estreia de
sucesso na cidade de Braga.
O CoolFriend em Lisboa apresenta
apenas o melhor de Lisboa, em
formato de roteiro, permitindo
organizar uma estadia de
acordo com os interesses do
utilizador. JÚLIA VILAÇA
revela que foi a sua própria
necessidade a criar o engenho:
a fundadora do BY COOL
WORLD sentia dificuldades
em planear uma viagem por
causa do excesso, variedade e
desagregação de informação.
A aplicação está disponível para
download gratuito para iOS e
Android. Para o futuro, JÚLIA
ambiciona ser a melhor amiga
nas 30 cidades mais cosmopolitas
do mundo, a começar por
Nova Iorque já em 2016.
28
Texto por Rui Lino Ramalho
Tecnologia
Louboutin
Lipsticks
Black
Opium Eau Eau de Cèdre #want
Depois de colorir as solas dos
nossos sapatos e as unhas das
nossas mãos, CHRISTIAN
LOUBOUTIN quer dar cor aos
nossos lábios. A aventura pelo
mundo da cosmética continua e o
designer lança agora uma coleção
de batons. Chama‑se Rouge
Louboutin Lipsticks e é composta por
três gamas e um total de 38 batons.
Quanto ao design, mantém-se a
imagem de marca com acabamento
pontiagudo. Este bem precioso
vem ainda com uma fita de seda
que pode ser colocada ao pescoço,
bem longe de mãos gananciosas.
À venda na loja online da maison.
Um êxito de bilheteira exige
sequela, certo? Depois do sucesso
do Eau de Parfum, a YVES SAINT
LAURENT lança Black Opium
Eau de Toilette. A diferença está
no toque floral, que, ainda assim,
não perde o efeito misterioso,
sensual e altamente feminino da
irmã mais velha. Para agarrar a
partir do mês de Outubro com
um preço a rondar os 100€.
Dizem que não há duas sem
três, mas quando o assunto é
GIORGIO ARMANI, um quarto
elemento não é demais. O nº4 da
linha Eaux pour Homme chamase Eau de Cèdre e a embalagem, tal
como as anteriores, foi inspirada
no casaco, desta vez de veludo.
Uma representação do estilo
informal e descontraído tão
característico do gentleman do
século XXI. A partir de 67€.
A mulher DSQUARED2 é muita
coisa: leal, divertida, impulsiva,
determinada, interessante,
autêntica e muito sexy. O desafio
de colocar tudo isto num frasco
deu origem a um objeto de desejo
cujo aroma tem notas de tangerina,
gengibre, pimenta e rosa. Do
you want? A partir de 49€.
Texto por Beatriz Teixeira
Beleza Beleza Beleza Beleza
Beleza Beleza Beleza Beleza
You Must
29
Beleza
You Must
Shopping
S
h
You Must
o p p i n
Shoppin g
Shopping
Shopping
Adidas Originals
Shopping
g
Nike
Converse X Andy Warhol
Onitsuka Tiger
Le Coq Sportif
Adidas Originals
Fred Perry
Lacoste L!ve
Le Coq Sportif
You Must
Converse All Star II
30
Shopping
Onitsuka Tiger
You Must
31
Shopping
Soundstation
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Beach
House
Soundstation
Beach House
Cherry pop
Cherry pop
Cherry pop
Soundstation
Ao longo dos seus dez anos de
carreira, os BEACH HOUSE foram
cada vez mais fazendo jus ao seu
nome. BEACH HOUSE é um
lugar para visitar e permanecer,
enquanto o calor e o conforto das
canções nos encher a alma. É cada
vez mais sinónimo de um lugar
onde os momentos existem sem
tempo e pairam no ar, suspensos!
Depression Cherry, o quinto álbum
da banda, tinge ainda mais esse
lugar privilegiado, onde a memória
não tem horizonte à vista.
Assumidamente mais próximo dos
dois primeiros álbuns, com BEACH
HOUSE e DEVOTION, a banda
regressa à simplicidade do processo
criativo, privilegiando a melodia
e o uso de instrumentos mais
simples, afastando-se dos arranjos
sumptuosos dos seus últimos discos
–o que evidencia o desejo de se
centrarem na sua essência enquanto
banda. Efetivamente, a premissa
“menos é mais” volta a imperar.
Beach House
Não há caminhos fáceis, parece
sussurrar o primeiro single a ser
retirado do álbum, Sparks. Os
órgãos vintage são acompanhados
pela guitarra rude, causando
uma espécie de vertigem, como
claramente, a sua identidade muito
bem estruturada e consolidada.
Nunca um solilóquio foi tão
romanticamente retratado como
“Space Song”. A voz ternurenta da
cantora e os sintetizadores estão
de tal forma em harmonia que
facilmente somos transportados
para uma floresta encantada,
povoada por bolas de sabão
carregadas de melodia.
Subitamente, damos conta que
o álbum está a terminar com
a chegada do tema “Days of
candy”. Este arranca com um
maravilhoso coro, para depois
ser acompanhado pelo sussurro
celeste de LEGRAND. Só mais
sempre são boas, sendo que aqui
não se deixa que se transformem em
pesadelos. Nesse lugar, o abandono,
o desamor, a melancolia ou a
solidão podem permanecer. E com
a devida proximidade controlada
por cada um de nós, podemos
olhá-los e tentar percebê‑los.
Aqui, o tempo e o espaço são
moldados ao nosso sabor, assim
nós estejamos preparados para
os visitar. E poderemos fazê‑lo,
as vezes que quisermos.
que rompendo o lado etéreo da
canção. Revivalismo shoegaze no
seu expoente máximo, revisitando
claramente territórios das suas
bandas de referência como os
SLOWDIVE ou os COCTEAU
TWINS. Apesar de tudo, a Dream
Pop dos BEACH HOUSE tem já,
tarde se junta um belíssimo
instrumental, bastante depois da
canção ter respirado por entre
todos os possíveis lugares vazios.
Depression Cherry é como que uma
porta para um lugar onde podemos
visitar as nossas experiências, que
tal como os nossos sonhos, nem
vida, e se escutarmos com muita
atenção o que tem para nos dizer,
há sempre uma lição a ser retirada.
Há sobretudo um forte enfoque na
consciencialização de que o que
vivemos, para além de nos definir
como pessoas, torna-nos mais fortes.
O tema de abertura “Levitation”
declara de imediato que a
banda reduziu ao máximo a
estrutura da canção, moldando-a
com um monocórdico sintetizador,
órgãos barrocos e laivos de bateria
mecanizada. Contudo, a sua
familiaridade continua presente. A
voz de LEGRAND exala o conforto
e proximidade que tanto nos faz
sentir conectados à sua música.
De certa forma, usando a melodia
doce e terna, a banda vocaliza
que, por muito mau que tenha
sido um momento, faz parte da
A riqueza musical desta banda
de Baltimore assenta na incrível
e melodiosa voz de VICTORIA
LEGRAND e na espantosa
complementaridade instrumental
de ALEX SCALLY. O puzzle
perfeito para orquestrar a banda
sonora dos nossos sentimentos mais
íntimos. “Beyond Love” poderia
pautar um desses momentos,
numa viagem ao nosso interior.
Num universo extremamente
contemplativo, o tema “10:37”
resulta numa fascinante ode à
consciencialização. Apesar de
registar uma composição próxima
das canções de Bloom, certamente
evocada pelo ambiente sombrio
e pela percussão militante,
contrasta com a quase ausência
de letra, curiosamente um dos
elementos mais fortes da banda.
Texto por Carlos Alberto Oliveira
Poder-se-ia dizer que “PPP” e
“Bluebird” são temas tipicamente
BEACH HOUSE, uma espécie
de trademark, com que a banda
nos tem vindo a habituar.
Sobretudo pelos elementos
luxuriantes e letras com contornos
elípticos. Aliás, sente-se um
pouco por todo o álbum uma
certa familiaridade, embora não
tão identificável quanto isso.
www.punch.pt
32
Beach House
Soundstation
33
Beach House
Soundstation
Dr. Dre
Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre
Dr. Dre Dr. Dre
Dr. Dre
Soundstation
34
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
Soundstation
O regresso de DR. DRE aos discos é um dos
mais relevantes factos musicais de 2015.
Straight Outta Compton, o filme com que
Hollywood reconhece a relevância histórica
dos N.W.A. –NIGGAZ WIT' ATTITUDES–
retrata DR. DRE como um tipo duro, capaz
de enfrentar inimigos e de aguentar o peso do
mundo nos ombros, como acontece na cena
em que confronta o temível SUGE KNIGHT,
um dos papões com que certamente os pais da
geração hip hop assustam as criancinhas que não
querem comer a sopa. Previsivelmente, o filme
Dr. Dre
guy", vestindo na perfeição a pele do gangsta
rapper que tanta tinta fez correr nos anos 90.
E, no entanto, é como entertainer para a toda a
família que o rapper se tem afirmado nos últimos
anos, graças a uma série de bem sucedidas
comédias produzidas por Hollywood. Ou
seja: será que estes são "tough guys" que hoje
usam, respetivamente, a face de um respeitável
homem de negócios e de um bonacheirão
ator, ou será que essas são as suas verdadeiras
caras e o que eles fizeram para sobreviver nas
violetas ruas de Compton nos anos 80 é que se
pode considerar um artifício e uma máscara?
O que o filme de F. GARY GRAY deixa
claro é que a obra gravada dos N.W.A. foi
tanto retrato fiel de uma amarga realidade
social, quanto exercício livre de arte, de
expressão. O que lança uma nova luz sobre
praticamente todo o hip hop que a crítica quase
sempre leu como reflexo literal das ruas.
Daí que a capa de Compton: A Soundtrack, o
disco com que DRE finalmente colocou um
ponto final na que ameaçava ser uma interminável
espera por Detox, o álbum que deveria ter
sucedido aos históricos The Chronic e 2001,
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
O bom doutor
deixa de fora alguns casos polémicos, como o
espancamento da jornalista DEE BARNES, uma
das mulheres com que o famoso produtor terá
tido altercações que descambaram em agressões
físicas. Dada a notoriedade do filme, que
liderou o box office durante algumas semanas
contra todas as expetativas dos especialistas
de Hollywood, o caso regressou às páginas
dos jornais levando DRE a emitir um pedido
de desculpas através do New York Times,
imediatamente aplaudido pela corporação Apple,
de que o homem que inventou a marca Beats
é hoje uma das mais visíveis faces para a frente
de negócio representada pela Apple Music.
O bom doutor
Este caso leva a que se considerem algumas
coisas: ICE CUBE, seu companheiro nos
N.W.A. sempre se apresentou como um "tough
O bom doutor
O bom doutor
Dr. Dre
Soundstation
apresente o nome do famoso bairro de Los
Angeles como as letras de Hollywood que se
transformaram num ícone de uma indústria. Ou
a visão das ruas de uma América violenta como
uma construção, uma narrativa necessariamente
pessoal e subjetiva. E DR. DRE faz tudo
isso com um álbum incrivelmente relevante,
extremamente bem produzido, com veteranos
como SNOOP DOGG e ICE CUBE a dividirem
espaço com um expoente da nova geração como
KENDRICK LAMAR. Atores de um fantástico
filme sonoro que DRE dirige com mão de mestre
revelando ser, afinal, um Dr. por mérito próprio
na ciência de sobrevivência a uma América
que historicamente tem castigado os negros.
Texto por Rui Miguel Abreu
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Dr. Dre
Central Parq
Imigrantes
Central Parq
Imigrantes
Milana &
Mykola
Tkachenko
Quando
se fecha
uma porta,
Lisboa abre
uma janela
Milana &
Mykola Tkachenko
Texto por Rui Lino Ramalho
Fotografia por Andy Dyo
Começo por evocar ANTÓNIO VARIAÇÕES: “Muda
de vida, se tu não vives satisfeito, muda de vida, estás
sempre a tempo de mudar, muda de vida, não deves viver
contrafeito (...)”. Quando temos um primeiro-ministro que,
delicadamente, nos exporta como mercadoria para outras
paragens, torna-se (ainda) mais difícil olhar para dentro
com olhos esperançosos. Se isto cá está tão mau quanto
se diz, decorre que quem está de fora pode não rachar
lenha, mas quer é distância de nós. Errado. Das duas, uma:
Central Parq
28 anos
Ucrânia
ou eles são muito ingénuos, ou nós somos muito tapados.
Afinal, o que é que nós temos que eles querem? Afinal, o
badalado american dream também tem uma versão lisboeta
(embora beta). O saudoso Atlântico (que, copiando os
romanos, podemos chamar de “Mare Nostrum”) tem uma
quota‑parte importante neste fenómeno. Mas não é tudo.
Estas são apenas algumas estórias de quem mudou de vida,
ou porque não vivia satisfeito (mesmo vivendo bem), ou
porque sim. Este artigo é um verdadeiro PARQ das nações.
36
Imigrantes
De uma ponta da Europa à outra. A 11 de janeiro
de 2011, MILANA e MYKOLA aterraram em
Lisboa, deixando a Ucrânia para trás. Não se
pode dizer que tenham caído de paraquedas:
antes da mudança, visitaram Portugal por
duas vezes e ficaram rendidos às pessoas, ao
clima, à natureza e, claro, ao oceano –que
lá para aqueles lados é escasso (é escusado
falar no Mar Negro, até porque para negro
já basta o cenário daquele país nos últimos
anos). «Não é um país que nós queríamos
para os nossos filhos viverem», justificam. Ela
é fotógrafa. Ele é programador informático.
Para MILANA, tem sido difícil singrar num
mercado tão saturado como é o da fotografia
em Portugal: «o problema dos profissionais
começa quando é preciso baixar o preço para
obter clientes». Depois de se ter dedicado a
fotografar casamentos nestes últimos quatro
anos, MILANA começa a sentir necessidade
de procurar um novo registo. O fotojornalismo
de rua é uma forte possibilidade. Quanto a
MYKOLA, a história é bem diferente: «Esta
profissão tem muitas oportunidades porque
Central Parq
37
posso trabalhar em qualquer lugar. Em Portugal,
há várias startups com ideias interessantes,
mas também há grandes empresas nacionas
com necessidade de programadores». Além
disso, MYKOLA tem planos para investir em
projetos seus, como por exemplo, desenvolver
aplicações móveis. Para já, foi MILANA quem
durante nove meses andou a desenvolver uma
aplicação que os dois criaram. O primeiro
filho de ambos nasceu no ano passado. Pode
ter cabelos e olhos claros, mas é português.
Imigrantes
Central Parq
Imigrantes
Central Parq
Imigrantes
Hanqi Hanqi
Huang Huang
Lucy
Crook
Hanqi Hanqi
29 anos
Huang
Huang Hanqi
China
Huang
Hanqi Hanqi
29 anos
Huang
Huang Hanqi
China
Huang
Hanqi Hanqi
Huang Huang
Uma viajante nata. Da China para Espanha, de
lá para a Dinamarca, daqui para a Finlândia,
e desta para Portugal. Formou-se em gestão
na China, mas sempre quis conhecer
outras realidades. A 5 de outubro de 1910,
implantou‑se a República, e a 5 de outubro de
2012, foi HANQI quem se implantou cá, depois
de se inscrever no EDP Trainee Programme.
Ironia do destino ou não, atualmente trabalha
na direção de marketing corporativo da EDP
(escreve-se assim ou EDC?). Já habituada
a choques culturais, HANQI HUANG diz
Central Parq
encontrar mais semelhanças entre portugueses
e chineses do que diferenças. Desde que
chegou a Lisboa, tornou-se numa pessoa mais
calma e de mente mais aberta. Tudo mudou
para melhor, mas claro que a comida da mamã
deixa sempre aquela saudade, até porque «não
tem nada a ver com a dos restaurantes chineses
cá». Quanto à menina e moça, HANQI não lhe
poupa elogios: «O tamanho de Lisboa é perfeito
para mim, é fácil de ir a todo o lado. É uma
cidade muito bonita, muito viva e sobretudo
internacional». Para breve, juntamente
38
com uma amiga, tenciona dar formação de
mandarim e da cultura chinesa focada no
ramo empresarial. À parte disso, HANQI é
apologista do tão latino ‘carpe diem’: «Acho
que a vida não é para planear. Eu nunca pensei
vir a morar num país chamado Portugal. Para
mim tudo é à base do ‘follow your heart’».
Imigrantes
Lucy
Crook
Lucy
Crook
Lucy
Crook
30 anos
Holanda
Há mais de 12 anos que Portugal era a segunda
casa de LUCY CROOK. Peniche, onde os
pais compraram casa, tem sido sempre o
seu destino de férias durante este período
(e que bela iniciação à costa portuguesa).
Em setembro deste ano, Lisboa passou a ser
a sua primeira casa, depois de ter vivido
até aos 18 anos na Holanda e dos 18 até esta
altura em Londres (pelo meio, ainda houve
uns períodos em Sidney e Nova Iorque).
Por agora, em bom inglês, é tempo de ‘settle
down’: «Espero ficar por muito tempo. Eu e
Central Parq
o meu namorado temos pensado num sítio
onde pudéssemos assentar. Nós adoramos
Portugal, ele gosta de surfar, eu gosto do
sol». Mas há outro motivo: chama‑se Hotpod
Yoga. LUCY foi introduzida ao Yoga durante
uma viagem à Índia. Inicialmente, achou-o
secante. Depois, percebeu que lhe limpava a
mente. Agora, quer dar aulas. O Hotpod Yoga
é um conceito criado no Reino Unido, em
2013, e que LUCY quer agora importar para
Lisboa. É praticado numa espécie de sala
insuflável, com capacidade para 20 pessoas,
39
que é artificialmente aquecida para tornar
os músculos mais flexíveis. Neste momento,
LUCY ainda está à procura de espaços e
confessa já ter provado a famosa burocracia
portuguesa. Está consciente dos riscos, mas
tem «um feeling que há mercado para este
yoga aqui». Mesmo tendo chegado há tão
pouco tempo, já diz que «Lisboa tem uma alma
histórica, mas ao mesmo tempo é moderna».
Imigrantes
Central Parq
Imigrantes
Francili Costa
Francili Costa
Francili Costa
34 anos
Brasil
27 anos
Brasil
Leo Almeida
Leo Almeida
Leo Almeida
Truta grelhada, com puré de batata-doce, feijão
com azeite de dendê e banana picante; seguido
de frango com caril de amendoim e arroz; para
fechar com bolo de frutas oleaginosas em calda
de tâmaras e mel. Foi com este ‘pequeno’ mimo
que FRANCILI e LEO nos brindaram enquanto
conversávamos com eles. Para além de um
casal, os dois são colegas de trabalho. Juntos,
criaram a Prato&Píxel, uma produtora de
audiovisuais, cujo local de trabalho é a cozinha.
Parece estranho mas faz sentido: quando o
vídeo está em rendering, eles aproveitam para
se dedicar ao cooking; ou quando precisam
de tratar de assuntos sérios com clientes,
recebem-nos à mesa e oferecem-lhes um
banquete. Dito de outra forma: conhaque é
trabalho e trabalho é conhaque. FRANCILI
e LEO encontram inúmeras analogias entre o
processo de edição de vídeo e o de confeção de
alimentos: «Picar a cebola parece a decoupage.
É um trabalho chato, mas tem de ser feito. É
preciso deixar tudo pronto para a montagem
do vídeo, como acontece com o mise en place
na culinária». Neste momento, estão a finalizar
Central Parq
40
o documentário Versos que Atravessam, que
pretende fazer uma ponte entre os vários
falantes da lusofonia, em especial através do
rap. Quando deixam o Rio de Janeiro para
rumar a Lisboa, alugam um escritório no Village
Underground para trabalhar. Por enquanto,
ainda não irão ficar por cá definitivamente,
mas isso faz parte dos planos. Aliás, Lisboa tem
tudo o que o Rio tem de bom, com a vantagem
de os fazer sentir completamente seguros.
Imigrantes
Central Parq
Imigrantes
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Chiara Ferro
Para Lisboa, com amor. Não é um filme de
Woody Allen, mas de CHIARA FERRO. Já
passaram dez anos desde que CHIARA trocou
Itália por Portugal. Não veio em busca de uma
vida melhor, até porque Turim lhe enchia
as medidas, tanto a nível profissional, como
pessoal. Trabalhou em vários restaurantes e
tinha um prato cheio de bons amigos. Mas o
amor tem razões que a razão desconhece. E
Lisboa tinha a razão das razões. A primeira vez
que CHIARA esteve por cá foi na Expo'98: foi
o suficiente para ficar encantada. «O que me
Central Parq
41 anos
Itália
fascina em Lisboa é que ainda é uma capital de
dimensão humana», confessa. A paixão pela
culinária e o desejo de abrir um restaurante já
eram antigos. Durante os primeiros anos em
Lisboa, CHIARA cozinhou no tacho de outros.
O sonho realizou-se mais tarde, muito por
culpa da sua atual sócia TÂNIA MARTINS.
Osteria - Cucina di Amici, situado no encantador
bairro da Madragoa, é especializado em
comida italiana, mas CHIARA não fecha
as portas a outras experiências: «O meu
talento é fazer comida que me traz conforto.
Sou uma curiosa, estudo todas as cozinhas
do mundo». O futuro é ainda um ponto de
interrogação na vida de CHIARA FERRO.
Por enquanto, Lisboa é a sua casa, exceto
das três vezes por ano que visita o berço.
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Imigrantes
Central Parq
Design
Marco
Sousa
Santos
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Design
Q
Qu
Qua
Quas
Quase
Marco
Sousa
Santos
Marco
Sousa
Santos
Marco
Sousa
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w w w. g a l e r i a b e s s a p e r e i r a . c o m
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Design
Central Parq
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Texto por Carla Carbone
Design
Central Parq
A exposição Quase, de MARCO SOUSA SANTOS, que decorreu em
julho, na Galeria Bessa Pereira, apresenta toda uma cartografia de objetos,
antes mesmo de serem objeto final. A história, por detrás dos objetos –
expressa em modelos, em protótipos– acrescenta valor e sentidos, e
abre-nos uma janela para os gestos, quase impercetíveis, que têm lugar
nesses objetos hibridizados, de coisas intermédias. Nos vários modelos
patentes na exposição de MARCO SOUSA SANTOS podem ver‑se
as nuances em cada linha, em cada contorno, fixado das formas.
Foi talvez no último quarto do século XX, que se começou a dar
importância, em contextos expositivos e museológicos, ao discorrer
histórico do processo até o objeto fixar os seus contornos definitivos.
Parece que, em 1980, os primeiros protótipos e modelos viram
a luz do dia em espaços expositivos, como no Departamento de
Design Industrial Holandês, ou mais tarde, em 1998, no Museu
Boijmans Van Beuningen de Roterdão. Este Museu permitiu que
peças em estado intermédio pudessem ser vistas pelo grande
público, nomeadamente na exposição The Origin of Things.
Os modelos enriquecem todo um trabalho expositivo, por meio de
uma intensão documental. THIMO TE DUITS, no seu livro The
Origin of Things, ilustrou de forma magistral o mapeamento destes
objetos, a sua cronologia formal e conceptual, com GEORGE
PEREC e o seu livro La Vie, Mode d’Emploie: Um apartamento
em Paris é descrito pelo escritor como evidenciando objetos que
parecem simular histórias dos seus habitantes e os relacionamentos
Central Parq
Design
estabelecidos entre eles. Como que em fragmentos, trata-se da
reconstrução dos objetos, tendo como mote a mudança.
Ora, os objetos de MARCO SOUSA SANTOS registam esta
mudança, levantam o véu das tensões que se estabelecem na
sua evolução desses mesmos objetos, até ao resultado final.
Vejamos o que o designer tem a dizer sobre a exposição.
CC: De Quase, fica a impressão de ter sido uma experiência
pioneira em Portugal – Uma exposição dedicada ao processo, ao percurso
da construção da peça até ela ser definitiva, até ela ser produto.
MS: Quase é uma exposição sobre o meu percurso recente de
experimentação em diferentes materiais. Entre vidro, madeira e metal,
a exposição apresenta alguns dos resultados da exploração de cada um
desses materias em ambiente workshop, ou seja, para cada material,
uma abordagem de projeto e respetiva experimentação tecnológica
que é apresentada sob forma de protótipos e modelos experimentais.
CC: As peças que resultaram das várias etapas do projeto
parecem conferir movimento, acrescentar uma narrativa, uma
história ao objeto final. Considera que, por vezes, o produto
final fecha, limita, a linguagem do processo, deixando para trás
muitas outras possibilidades, muitos outros caminhos?
MS: Em Design, o processo (materiais, tecnologia, desenho,
criatividade, ensaio) está condicionado pelo objetivo funcional e de
mercado a que o projeto se destina. Para que um projeto se transforme
em produto, é efetivamente necessário “fechá-lo” e isso pode implicar
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Design
Central Parq
Design
concessões de vária ordem. Em Quase, propus-me mostrar, entre
outras, peças que ficaram antes dessa “conclusão”, e nesse sentido sim,
as peças em exposição representam um “movimento” projetual, uma
dinâmica de ensaio e erro, e como tal uma narrativa significante.
CC: Como surgiu esta vontade de contar a
história dos objetos até eles serem produto final?
MS: É um desejo natural de quem faz design. A
necessidade de mostrar que os objetos não nascem por
acaso, e que a sua existência não é aleatória nem fugaz.
CC: O que acha que se escapa deste processo
autoritário do perfeito mecanizado?
MS: O futuro será feito da tensão entre esse
perfeito mecanizado e o perfeito natural.
CC: Quando pensou em Quase, dirigia a exposição para um
propósito pedagógico, como suporte para o ensino do design (sabendo
que é docente, poderia estar a pensar nos seus alunos), ou antes um
laboratório, em aberto, para daí surgirem outros caminhos (para o
design), para a discussão do papel do design e seus contornos?
MS: Na verdade, a exposição serviu para mostrar coisas que
estão guardadas (não produtos), longe das pessoas, colegas ou alunos, e
isso serve sempre para suscitar nas pessoas leituras diversas, sejam elas
de discussão ou de aprendizagem em torno do processo do design.
CC: Quando penso em Quase (e esta é uma interpretação
mais pessoal), vejo alguns objetos que se hibridizam, alguns
intermédios que reivindicam uma identidade. Como a linguagem
expositiva está associada quase sempre ao legado das artes, essas
CC: Tomando como exemplo uma tablete de chocolate:
Muitas vezes, a fábrica, deixa sair uma “barra de chocolate” com
defeito, uma peça com um risco ou fissura. Na verdade, o objeto
parece servir na sua função básica, mas ainda assim é rejeitado
pelo cliente, ou mesmo antes, não passa da linha de controlo de
qualidade. Quer a máquina dizer-nos algo? Estaremos perante a ideia
de que é preciso dar lugar aos acasos, aos imprevistos, para assim
desviar o design da normalização formal, estética e conceptual?
MS: O Design é uma metodologia indisciplinada, e os
bons “atores” dessa prática sabem como transformar o erro
em novidade, contrariando através da surpresa e da emoção,
a normalidade do mercado e da máquina de vender.
peças hibridas, em aberto, (à procura de forma e função), parecem
situar‑se na charneira da arte, do object trouvé, da escultura. Parecem
instalação artística pura, de linguagem conceptual. Quer comentar?
a) Que opinião tem da mestiçagem das disciplinas? b) Que diz dos
designers que operam entre a arte e o design? c) Que procurou
ao colocar esses objetos em diálogo com os outros todos?
MS: O Design é uma disciplina transversal a todas as formas
de representação plastic, estética, e técnica, e nesse sentido ele
apropria-se delas e usa-as em seu proveito. Mas mais do que na
Arte, ou na cultura material funcional, é na natureza e na sua
inigualável riqueza plástica, estética e técnica, que o design melhor
se reinventa. É importante não confundir Arte e Design, a não ser
que coloquemos um urinol na parede de uma galeria de arte.
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Design
Central Parq
Tó
Trips
Entrevista
Texto por João Churro
Fotografia por António Bernardo
À descoberta
Tó
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Trips
Tó
Trips
Tó Trips
Central Parq
Numa manhã, fomos até ao café Biarritz, em Alvalade, falar com
TÓ TRIPS. Um pouco constipado, falou-nos do novo disco, do
amor pela guitarra, da história do rock em Portugal e dos seus
ideais. Foi uma hora de conversa, em que o membro dos DEAD
COMBO nos contou a sua experiência no mundo da música e
como foi aprendendo com a vida ao longo dos anos. Foram anos
de aventuras pelo universo do Rock’n’Roll: ninguém fica ileso.
JC: Ouvimos o novo álbum Guitarra Makaka e gostámos
bastante. Achamos que conseguiste criar uma personalidade muito
tua e começa a ser fácil reconhecer a tua guitarra. Concordas?
TT: O que eu procuro fazer sempre na guitarra, isto é uma
coisa muito básica, se gostas de tocar um instrumento. Eu gosto
muito de guitarra e se eu gosto de tocar aquele instrumento, a
única coisa que eu posso fazer é conhecer novas formas de o tocar.
A cena que mais me fascina na música é procurar e descobrir.
Tenho um projeto com a ADRIANA SÁ e o JOHN KLIMA
que se chama TIMESPINE, e a ADRIANA toca um zither. Eu
cheguei lá com a afinação standard de guitarra e aquilo não colava
com aquele instrumento. Afinei pelo instrumento dela e tive em
casa a estudar aquela afinação, que acabou por originar este disco.
A afinação tanto pode dar para ser uma cena portuguesa, uma
cena africana como uma cena árabe. É fácil misturar isso.
JC: Quais foram os concertos que mais te marcaram?
TT: Gosto de tocar, mas também gosto muito de ver tocar.
Concertos que me marcaram bué, porque eu nunca tinha visto esse
tipo de gente, foram os THE GUN CLUB no Cinema Império, com o
guitarrista dos CRAMPS, uma banda dos anos 80, vieram cá em 88 ou
89, levei um enxerto de porrada no concerto, mas isso não interessa.
Uma japonesa no baixo, o gajo era um agarrado do caraças, um gajo
todo de fatinho, nunca tinha visto pessoal daquele. Outro concerto foi
no Reading em 1990, fui lá para ver os SONIC YOUTH, eles ainda não
tinham vindo cá. Depois vi uma banda que já tinha ouvido falar, que
eram os CRAMPS, vi aquilo ao vivo, fiquei mesmo surpreendido, um
gajo de cuecas em salto alto a cantar com duas gajas todas tipo pin‑ups.
Outro concerto importante foi o dos XUTOS, no Rock Rendez Vous,
no 1º de agosto, que aquilo estava à pinha, foi muito importante para
mim e para a malta nova na altura. Era uma banda fora do resto das
bandas, mais rebelde. Conhecer essa malta toda fez parte da minha
formação de vida, ir aos sítios, estar nos acontecimentos, isso faz
parte das experiência de vida das pessoas, se querem ser músicos.
JC: Aprende-se muito a ver concertos?
TT: Sim, aprendes muito, lembras-te de coisas que nunca tinhas
pensado fazer e quando as tentas fazer não as fazes igual mas sim à tua
maneira, uma coisa que tu nunca te lembrarias de fazer. Como a afinação
deste disco, eu nunca me lembraria desta afinação nem pela net. Como
tocar com outras pessoas, sempre aprendi muito com os outros.
Uma vez, o CARLOS BICA, que é contrabaixista (um músico
do caraças), disse-me uma coisa que nunca me esqueci. Eu disse-lhe:
“tu tocas para caraças” e ele respondeu: “oh pá isto ainda há muito
que descobrir”. Um gajo que toca aquele instrumento há bué anos.
Devemos sempre ser curiosos e isso vai acabar por nos dar a nossa
personalidade no instrumento, não nos podemos limitar aos standards.
JC: Quais foram os primeiros guitarristas que
te fizeram pensar “Quero ser aquele gajo”?
TT: Pá, quando tinha a tua idade, não gostava muito de
guitarristas, sempre gostei mais de bandas do que guitarristas,
desatinava com guitarristas que cantavam. Sempre gostei mais
de bandas. Hoje em dia, já sei apreciar guitarristas.
Mas nunca fui muito o gajo do guitar hero. Quando gravei as
primeiras malhas para os DEAD COMBO, até pensei “agora estou
armado em guitarrista”. Sempre gostei mais de bandas e da imagem da
música, lembro-me de passar pela Rua do Carmo antes até do incêndio
Tó Trips
Tó
Central Parq
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Entrevista
Central Parq
Entrevista
no Chiado, onde havia umas lojas de discos. Tinha saído o disco dos
Ramones e eu pensei “curtia bué ser como eles, todos rasgados e o
caraças”. E depois também sempre me interessei por esse lado da estética,
dos bilhetes, dos cartazes. Tive a sorte de andar na escola Antonio
Arroio, mas antes andei no Dom Pedro V e abriu o Rock Rendez Vous
lá ao pé. Foi uma lufada de ar fresco, na altura não havia nenhuma sala
que passasse aquele tipo de som, havia o 2000 em Cascais, passava
WHITESNAKE, AC/DC, LED ZEPPELIN, era boa música mas não era
tão indie na altura (risos) como CURE, BAUHAUS ou JOY DIVISION.
JC: Nomes como o ANTÓNIO SÉRGIO
foram importantes para esse acontecimento?
TT: Sim, o ANTONIO SÉRGIO, como o gajo que abriu o Rock
Randez Vous, uma geração de malta da idade do ZÉ PEDRO dos XUTOS,
essa geração que são dez anos mais velhos que eu, que se juntaram e
começaram a fazer coisas. Desde o MANUEL REIS do Frágil, no Bairro
Alto, desde uma data de malta do cinema, da dança, foi a primeira
geração de pessoal pós 25 de Abril que tentou fazer qualquer coisa à
maneira portuguesa. A geração zero, que fez aparecer outras coisas. Já
sou da segunda leva, da geração que viu os XUTOS, os HERÓIS DO
MAR e os MINAS E ARMADILHAS. Eu sou da geração dos POP
DEL ART e dos MÃO MORTA... segunda metade dos anos 80.
Depois fui para a António Arroio onde parava bué pessoal
das artes como o MANUEL JOÃO VIEIRA e havia imensos
concertos, que acho que foi uma coisa que se perdeu um bocado
hoje em dia. Quer dizer, também não ando no liceu. (risos)
JC: Quando começaste a tocar, tiveste uma série de bandas: os
AMEN SACRISTI, LULU BLIND e SANTA MARIA, GASOLINA EM
TEU VENTRE. Como era a tua vida na altura, os ensaios, os concertos?
TT: Acho que é o que os miúdos querem fazer. Como qualquer
miúdo que gosta de música, sonhávamos sempre em ter concertos.
Tivemos a sorte de nos anos 90 os XUTOS nos convidarem para fazer
as primeiras partes. Para uma banda pequena, as primeiras partes dos
XUTOS era uma coisa importante. Abrimos para SONIC YOUTH no
Campo Pequeno. Ainda hoje gosto de ensaiar, conhecer bandas, estar
com as pessoas. Gosto muito das pessoas que estão no ramo da música.
JC: Achas importante haver uma conexão
forte com as pessoas com quem tocas?
TT: Sim, de amizade, de gang. As pessoas estarem juntas,
serem amigos, viverem juntos, em que a banda faz parte da vida dessas
pessoas. Nos anos 90, com os LULU BLIND, acontecia bué, um gajo
passava bué tempo juntos, saíamos juntos, só não vivíamos juntos,
mas passei muito tempo da minha vida com a banda, mesmo fora de
tocar e ir beber copos, um gajo passava quase 24 horas a falar sobre
música. São ansiedades que depois um gajo acaba por perder.
JC: Como é que começou a tua relação
com o PEDRO GONÇALVES?
TT: Eu já o conhecia do Dom Pedro V, e os LULU BLIND
ensaiavam em Almada numa sala do SÉRGIO GODINHO. O PEDRO
tocava com o SÉRGIO e, de vez em quando, via-o. Um dia fui vê-lo e
depois do concerto fui-lhe pedir boleia: “Hey tudo bem? Olha lá, tens
boleia?”, “Epá eu não tenho carro”. Então fomos os dois a pé. Eu, nessa
altura, tinha tido um convite do HENRIQUE AMARO para gravar uma
malha em homenagem ao CARLOS PAREDES e convidei o PEDRO.
JC: A comunicação musical que deu origem aos
DEAD COMBO é uma comunicação perfeita?
TT: Sim (risos), somos amigos, e ao nível da música acho que
resulta fixe. Foi a primeira vez que tive uma banda em que tanto eu
como o PEDRO partimos para aquilo sem expectativas. Nos anos
90, nos LULU BLIND, um gajo estava sempre a dizer “vamos fazer
aquilo”, sempre cheios de ansiedade, depois a montanha paria um
rato, gastavas imensa energia. Com os DEAD COMBO foi diferente,
já estava cansado de ter bandas, gosto muito de bandas, mas já estava
farto que as pessoas trouxessem os problemas pessoais para os ensaios
47
Entrevista
Central Parq
Entrevista
Central Parq
Entrevista
e para o trabalho das bandas. Então decidi: “vou fazer uma merda
sozinho e convido pessoal para tocar”. Não queria que os outros
me estragassem uma coisa que eu gosto que é a música. Às vezes, os
problemas das bandas não é a cena da música, estragam-se as bandas
por coisas que não têm nada a ver com a música, com tretas. E eu queria
continuar a ter o meu sonho ou o meu recreio, que é quase uma parte
terapêutica, em que eu preciso da música para isso. É o meu escape.
TT: Nós somos os mesmos gajos. Em 2011, lançámos o Lisboa
Mulata, e só a partir daí é que um gajo começou a ganhar dinheiro para
viver da música. Agora tenho a sorte de conseguir viver da música, mas
também tenho a noção que é uma coisa muito efémera, hoje consigo
amanhã já não sei. Mas também não penso no amanhã, quer dizer, penso
porque tenho filhos, mas em relação à música, trabalho para ter as coisas
que quero, por isso é que eu digo que se as pessoas quiserem, conseguem.
A ZDB foi muito importante para mim e para a minha vida, no
sentido de me abrir a cabeça, de fazer ver outras coisas, usarem outras
linguagens, diferente do que estás habituado. É muito importante para
não teres preconceitos em relação às coisas. A tendência quando um
gajo é mais novo é de ser mais quadrado, só curtia cenas pesadas, nos
anos 90 só ouvia rock mais pesado, Grungelhada Hardcore ou Metal.
Mas há outras coisas, e agora não é que não oiça isso, mas oiço muito
mais coisas. Cenas africanas, cenas que às vezes até podem ser foleiras
mas com as quais aprendes alguma coisa. É fixe um gajo ser eclético.
JC: Tens uma guitarra que seja importante para ti?
TT: A Epiphone que eu uso nos DEAD COMBO é toda oca, tem
um som muito fixe. Tenho uma antiga, que é uma Telecaster, que usava nos
LULU BLIND, às vezes toco com ela nos LADRÕES DO TEMPO. Curto
bué das Telecasters, têm um som limpo maravilhoso, mesmo cristalino.
JC: És um guitarrista de pedais?
TT: Não sou muito um gajo de pedais, curto bué de reverb,
que é um efeito que me acompanhou desde sempre, desde o tempo
do Rock Rendez Vouz, sempre curti dos echos e dos reverbs,
mas não gosto muito de pedais, não é por aí. Gosto muito do meu
amplificador, que é um pequenino, verde, de 15 watts a válvulas, e
dos twin reverb. Depende do que for para tocar: se for rockalhada
gosto dos Marshall, mas a essência não está na tecnologia.
JC: Vimos o teu videoclip para a múscia First God e
lemos o excerto que tens na parte de dentro da capa Danças
A Um Deus Desconhecido. Parece haver uma certa relação
com a natureza e com o regresso às nossas origens.
TT: Estávamos a falar de pedais e tecnologia... quando eu gravei
este disco, o EDUARDO VINHAS produziu o disco e deu-me dois, um
com efeitos e outro sem efeitos. Depois, ele mostrou-me os dois e eu
já foram, mas lá no fundo a génese é a mesma, temos de continuar a
trabalhar esse lado. Eu tento sempre procurar isso no meu imaginário.
JC: Tens medo do futuro da música?
TT: A partir do momento em que há jovens, há futuro, seja da
música seja do que for. As coisas mudaram bastante e vão mudar mais.
As pessoas já não compram discos, ouvem nas plataformas. Uma coisa
que melhorou bastante foi a ligação com o lá fora. Os DEAD COMBO
já foram tocar lá fora à conta de cenas da net. Outra coisa que mudou é
que as bandas agora já não têm de ser uma cópia chapada do que havia
lá fora como nos anos 90. São gajos que querem ser quem são, já não
estão preocupados em ser os NIRVANA. Querem ser os PAUS ou os
DEAD COMBO, e já não é só para tocar cá, é para tocar lá fora também.
São tão válidos como os gajos lá de fora. O que não falta é pessoal a
fazer coisas fixes na música. As coisas estão a mudar, mas ainda bem.
JC: O que é que te imaginas a fazer o no futuro?
TT: Gosto de fazer gravuras e tocar, acho que sou um
gajo sortudo, tanto toco com o ZÉ PEDRO, como toco com
o ZÉ MIGUEL, são completamente opostos. Um gajo tem que
ser aberto para isso, e tirar coisas positivas do que se faz.
A minha vida não é assim tão estável, não tenho um emprego e é a
incerteza que me faz andar. Sou um gajo que não curte nada estar parado,
gosto de estar a fazer coisas, tenho medo de envelhecer, não quero parar.
Parar só se for para fazer outra coisa. Nunca deixei de aprender com as
experiências. Acho que a música me tornou um gajo mais porreiro, não
me rejo pelo ordenado, mas sim por estar bem com a vida, temos de estar
bem connosco para estar bem com os outros. A velhice é uma ganda
merda (ups estamos numa zona de velhos), mas tem uma coisa fixe: tornaste mais tolerante em relação às outras coisas e a coisas diferentes, se fores
um gajo aberto e se quiseres continuar a ver as coisas e a descobrir.
JC: A tua forma de tocar mudou desde
que entraste para os DEAD COMBO?
TT: Sim, mas a minha forma de tocar mudou muito desde que
eu deixei o emprego para me dedicar à música, desde que dediquei
mais tempo a tocar, e aí evoluí bué. Sempre tive bandas e tinha um
emprego, trabalhava em publicidade e depois resolvi aos 35 anos dar
uma oportunidade a mim próprio, e investir naquilo que achava que
devia investir. Para quando chegar aos 60 não dizer “eish, quando era
novo é que sabia o que tinha feito, agora não, agora já foste” (risos. )
JC: Quando os DEAD COMBO ganharam
mais notoriedade, as coisas mudaram?
JC: Quais é que foram as pessoas que te ajudaram mais na tua vida?
TT: Muita gente, posso dizer algumas.... O JORGE FERRAZ,
que me mostrou outras coisas que na altura não ouvia, como SONIC
YOUTH, ensinou-me a gostar de BEATLES. O ZÉ PEDRO dos
XUTOS, que ajudou bastante os LULU BLIND. O HENRIQUE
AMARO, que apostou no principio dos DEAD COMBO. A MARTA
FERREIRA, que era manager dos XUTOS. O PEDRO GONÇALVES
dos DEAD COMBO. Bué pessoas, como JOÃO RIBAS, pessoas
muito variadas e diferentes entre si, mas que estiveram lá no momento
certo como o ANTONIO SÉRGIO e a ANA CRISTINA FERRÃO,
EDGAR PÊRA, BRUNO ALMEIDA, o pessoal da ZDB...
disse-lhe “pá, isso tem tantos efeitos, tem coisas fixes” e algumas coisas
acabaram por ficar, mas eu gramava que às vezes as coisas fossem mais
primitivas, tem um reverb natural mas não tem que ser cheio de efeitos.
Hoje em dia, vivemos numa sociedade onde se perdeu muito isso, as
pessoas ligam muito ao consumismo e a ter tecnologia, aplicações, às
vezes é fixe voltarmos às origens. Por exemplo, dos sítios onde estou
mais calmo é na praia em frente ao mar ou numa montanha. Uma vez,
fui com o EDGAR PÊRA aos Alpes, ficámos lá meia hora em silêncio
a olhar para as montanhas, foi uma cena poderosa. Pegar nas nossas
origens e reformular essas origens, estás a perceber? Essas origens
JC: Uma mensagem que queiras deixar?
TT: As pessoas não devem deixar de acreditar, porque vão
conseguir, pode não ser hoje nem amanhã, nem para o ano, mas
acredita que conseguem. Conheço muitos músicos que já não ouvem
música, ou deixaram de descobrir música. Acho que é uma coisa
importante não parar de ouvir coisas novas, que é essa curiosidade
que nos faz andar. Se estamos aqui os dois sentados em 2015, o que
é que se passa aí hoje? É isso que faz um gajo estar vivo, gostar de
ouvir músicas dos outros e trabalhar bué naquilo que gostamos.
Central Parq
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Entrevista
Central Parq
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Entrevista
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fotograf ia: A na Luísa Silva
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st yling: Sérgio Simões assistido por M organa A ndrade
make - up: Cr istina C ot tinelli
modelos: J oseph @ Elite Li sbon & M ar yana T. @ J u s t Mod el s
Ag ra d ec ime ntos ao Ve r tigo Climbing Ce nte r
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Joseph, pullover FRED PERRY, jeans
CHEAP MONDAY, botas CAT
Maryana, casaco BILLABONG, t-shirt
VOLCOM, aneis MAGNÓLIA, saia
FLY GIRL, botas DR. MARTENS
51
Joseph, chapéu NEW ERA,
camisola CHEAP MONDAY
Maryana, t-shirt PEPE JEANS,
camisola BILLABONG, camisa e
calças CHEAP MONDAY, botas CAT
52
53
Joseph, cap NEW ERA, casaco
FRED PERRY, t-shirt PEPE JEANS
Maryana, casaco e jeans LEVI’S,
sweater PEPE JEANS, camisola
ERICEIRA SURF SHOP, ténis MERRELL
54
Maryana, chocker H&M, anéis
MAGNÓLIA, camisa CHEAP
MONDAY, t-shirt PEPE JEANS
55
Joseph, gorro NEW ERA, óculos
EMPORIO ARMANI, t-shirt PEPE JEANS,
camisa PEPE JEANS, jeans LEVI’S,
meias H&M, ténis CONVERSE
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Maryana, chocker H&M, camisa
RVCA, top BILLABONG
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Joseph, casaco ELEMENT, camisa
RVCA, jeans LEVI’S, ténis CONVERSE
Maryana, t-shirt VOLCOM,
camisola RVCA, calças
SUPERTRASH, ténis PALLADIUM
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Kiss
the past
Kiss
the
past
Kiss
the past
fotograf ia: João Paulo
st yling: Daniel Baptist a Ribeiro & Rit a C erqueira
assistido por J oana Borges
make - up & hair : Tom Perdigão
modelo: Franc isc o Soares @ Elite Li sbon
set design: Car los C or reia de Car valho
Ag ra d ec ime ntos L e il oe ira Bid ding
Kiss the past
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casaco H&M, fato LUÍS
CARVALHO, colete em pêlo
CARLOS GIL, sapatos COS
camisola COS, fato H&M, cinto
COS, luvas LUÍS CARVALHO,
casaco NAÍR XAVIER
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camisola de gola alta H&M,
casaco LE COQ SPORTIF, camisola
COS, saia PEDRO PEDRO, sapatos
COS, casaco NAÍR XAVIER
camisa CARHARTT, blusão
DIESEL, calças GANT, sapatos
COS, mochila COS
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camisa GANT DIAMOND G, colete
GANT, camisola H&M, calças LE
COQ SPORTIF, casaco ERMENEZILGO
ZEGNA, sapatos TOMMY HILFIGER
chapéu produção, camisa CARHARTT,
casaco DIESEL, calças COS, sapatos
MIGUEL VIEIRA, blusão DIESEL
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Parq Here
Cacilhas
Cacilhas
Espaços
À saída do cacilheiro, embalado
pelas ondas do lado Norte da
margem, está à beira Tejo calcetada
a irmã mais nova de Lisboa.
Cacilhas do jardim deitado ao rio,
da antiga Lisnave, do Cristo Rei
abraçando a ponte. E em Cacilhas,
de uma estrada desabrochou
calçada, e da calçada desabrochou
uma rua animada – a Rua Cândido
dos Reis nunca mais foi a mesma
e, por isso, está na moda.
Onde comer
Cacilhas
Cacilhas
Cacilhas
A nova
cara de
Cacilhas
Estaminé 1955
À porta lê-se "ESTAMINÉ 1955"
e não é preciso procurar muito –o
cheiro a hambúrgueres gourmet
vai buscar-nos ao barco. Gourmet,
mas portugueses acima de tudo!
Os criadores procuravam um
espaço histórico para abrir o
seu cantinho de "hambúrgueres
típicos", o seu estaminé
contemporâneo de comida
portuguesa, e encontraram‑no
em Cacilhas, numa rua com
tantos restaurantes, mas sem
concorrência. Restauraram a
antiga leitaria do Sr. Brito e
homenagearam, através do nome,
a data de abertura do espaço.
O ESTAMINÉ 1955 envolve a
gastronomia tradicional em duas
redondas fatias de pão e serve-a
temperada com ingredientes como
couve, presunto e alheira –não há
hambúrguer mais Lusitano! Tentam
agradar a gregos e troianos com
nacos de novilho guarniçados
à moda de Portugal de Norte
a Sul. Ora temos o Tripeiro,
o Funchalense ou o Galo de
Barcelos; ora comemos banana
66
Espaços
numa cama de agrião ou ovo
escalfado em cebolada de tomate.
Uma hamburgueria à
portuguesa, com certeza!
Onde beber
Apetece-te uma birra? Há uma casa
de cervejas pronta para te matar a
sede! "Birraria" é um bar-galeria
criado por alguém com um apelido
apropriado –JOÃO BIRRA–, que
criou a nova paragem obrigatória
de fim-de-semana. Neste espaço,
convive-se, bebe-se com gosto e
variedade, e aprecia-se arte. O
criador embebeda os clientes com
arte, enquanto lhes serve copos
de cerveja artesanal ou, para os
amantes de bebidas espirituosas,
um gin português tinto, distinto
pela sua apresentação, ou um
Jinzu –bebida híbrida entre gin e
sake. Com um design moderno e
clean, focado nas paredes forradas
com trabalhos de artistas em
ascenção, as mesas enchem-se de
copos vazios entre comentários
sobre a arte que JOÃO BIRRA
promove na sua galeria embebida
em cevada. Já tens planos para
o próximo fim-de-semana?
Onde comprar
Toda a gente tem uma memória da
casa dos avós: a mobília antiga, os
bibelôs em cima da televisão ainda
com botões, as toalhas de renda
e os panos de croché... Entrar na
CASA DA AVÓ BERTA é reviver
essa decoração característica de
uma forma nostálgica. Entramos
numa sala de família e somos
Estaminé 1955
Parq Here
Parq Here
Casa da Avó Berta
convidados a sentir-nos em casa,
rodeados de produtos artesanais
100% portugueses. A neta e
bisneta da Avó Berta honram
a memória do seu tempo com
cerâmicas de Bordallo Pinheiro,
sabonetes Castelbel Porto, lápis
de Viarco, livros de receitas com
sardinha e bacalhau, chocolates
Regina, licores caseiros, conservas
Graciete e tantas coisas mais,
que só encontraríamos na casa
dos nossos avós. A família da
Avó Berta abre-nos a porta para
uma experiência revivalista, e
se quiseres saborear um lanche
com tradição também há bolachas
caseiras e uma groselha fresquinha
à tua espera na esplanada.
De Cacilhas para o barco a
pedalar! A moda das bicicletas
FIXIE customizadas chegou à
margem sul do Tejo pelas rodas da
MUNDO FIXIE –um espaço onde
Casa da Avó Berta
cada bicicleta tem uma identidade
própria e é materializada à medida
do cliente. Os criadores, dois
amigos de longa data, promovem
a fuga à produção em massa
ao construírem bicicletas com
personalidade –"tornando cada
bicicleta numa extensão do seu
utilizador". Dentro do espaço,
encontramos uma decoração
ao estilo retro, com peças de
bicicletas espalhadas pelas paredes,
e um sofá antigo que convida a
sentar e beber um copo de vinho
nesta oficina, que também põe a
fome a andar de rodas com um
menu amigo dos vegetarianos.
Texto por Joana Teixeira
Fotografias por Silvia Martinez
Birraria
Mundo Fixie
Espaços
Parq Here
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