Análise Setorial Setor de Bicicletas FIESP 2009
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Análise Setorial Setor de Bicicletas FIESP 2009
DECOMTEC Área de Competitividade Análise Setorial Setor de Bicicletas FIESP 2009 Equipe Técnica FIESP 13 de fevereiro de 2009 PRESIDENTE Paulo Skaf DECOMTEC DIRETOR TITULAR José Ricardo Roriz Coelho ÁREA DE COMPETITIVIDADE DIRETOR TITULAR ADJUNTO Pierangelo Rossetti GERENTE Renato Corona Fernandes DIRETORIA Airton Caetano Almir Daier Abdalla André Luis Romi Carlos William de Macedo Ferreira Cássio Jordão Motta Vecchiatti Christina Veronika Stein Cláudio Grineberg Cláudio José de Góes Cláudio Sidnei Moura Cristiano Veneri Freitas Miano (Representante do CJE) Denis Perez Martins Dimas de Melo Pimenta III Donizete Duarte da Silva Eduardo Berkovitz Ferreira Eduardo Camillo Pachikoski Elias Miguel Haddad Eustáquio de Freitas Guimarães Francisco Florindo Sanz Esteban Francisco Xavier Lopes Zapata João Luiz Fedricci Jorge Eduardo Suplicy Funaro Lino Goss Neto Luiz Carlos Tripodo Manoel Canosa Miguez Marcelo Gebara Stephano (Representante do CJE) Marco Aurélio de Almeida Rodrigues Mário William Esper Nelson Luis de Carvalho Freire Newton Cyrano Scartezini Octaviano Raymundo Camargo Silva Olívio Manuel de Souza Ávila Rafael Cervone Netto Robert William Velasquez Salvador (Representante do CJE) Roberto Musto Ronaldo da Rocha Stefano de Angelis Walter Bartels EQUIPE TÉCNICA Albino Fernando Colantuono André Kalup Vasconcelos Célia Regina Murad Egidio Zardo Junior Guilherme Riccioppo Magacho José Leandro de Resende Fernandes Juliana de Souza Paulo Henrique Rangel Teixeira Paulo Sergio Pereira da Rocha Pedro Guerra Duval Kobler Corrêa Silas Lozano Paz ESTAGIÁRIOS Franciny Dornas de Andrade Paula Pariz Lorenzoni de Oliveira Roberta Cristina Possamai APOIO Maria Cristina Bhering Monteiro Flores FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia i SUMÁRIO EXECUTIVO . A bicicleta é um produto fabricado, basicamente, da montagem de peças ao quadro (componente similar ao chassi nos automóveis). Por ser um processo de produção, tecnicamente, simples, as barreiras à entrada encontram-se, principalmente, na disponibilidade e nos preços dos componentes, uma vez que a mão-de-obra necessária para a confecção do produto final não demanda especialização técnica aprimorada. Todavia, para a produção em escala mais elevada, o acesso aos principais canais de distribuição é muito importante, além disso, as empresas devem dispor de recursos suficientes para os investimentos de instalação da unidade produtiva, aquisições de máquinas, equipamentos e para o capital de giro. . A bicicleta é um produto fabricado em diversos países, notadamente na Ásia, onde se encontram os principais produtores, como a China, a Índia e Taiwan. O Brasil é o terceiro maior produtor e o quinto maior consumidor, com seu mercado suprido, quase que integralmente, por empresas nacionais. . O consumo mundial de bicicletas tem sua distribuição diferente da produção, com grandes produtores, auto-suficientes e exportadores, além de países, como os EUA e o Japão, que são grandes consumidores, com seus mercados supridos, em sua grande maioria, por importações. . Apesar de o Brasil ser o terceiro maior consumidor de bicicletas, o consumo per capita encontra-se estagnado desde 1996. A estagnação do consumo per capita é explicada pela elevação da renda da população, que se deu após o Plano Real e; pela concorrência de bens substitutos, tanto entre o segmento do público que usa a bicicleta como meio de transporte, como pelo público infantojuvenil. Os primeiros dispõem de bens substitutos, como as motocicletas e os transportes coletivos, e os últimos lograram mudança nos gostos, ao preferirem aparelhos eletrônicos, games e celulares. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia i . A China lidera o setor de bicicletas no mundo, com aproximadamente 75% da produção, 23% do consumo e 80% das exportações. Embora a participação chinesa no comércio mundial de bicicletas, em volume, seja, indiscutivelmente, superior à de todos os demais exportadores, em termos de valores, as exportações chinesas equivalem a 49% do total transacionado internacionalmente. Alguns países europeus, como a Holanda, Alemanha, Bélgica, Itália e Franca, têm participação importante no comércio mundial de bicicletas em termos monetários, reflexo de uma inserção internacional com produtos diferenciados, tanto pela sofisticação, como pela identificação de uma marca forte. . A China também lidera o setor de bicicletas e de componentes analisados em conjunto, porém, com uma penetração menor de suas exportações em termos monetários, com 37% de participação no comércio internacional, o que demonstra que, apesar de já produzir produtos sofisticados, a inserção internacional da China está mais calcada em produtos que competem no mercado internacional por preço. Além disso, os produtos chineses são favorecidos pela permanência da taxa de câmbio desvalorizada da China. . Os cinco principais importadores de bicicletas montadas, EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França, respondem por 62% das transações mundiais, com destaque para os EUA e o Japão, que, conjuntamente, são responsáveis por 43% das compras internacionais. . No total das importações mundiais do setor (bicicletas e componentes), os cinco principais compradores são os EUA, a Alemanha, o Japão, a França e a Holanda, que respondem por 45% das transações internacionais. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia ii . Entre os grandes importadores mundiais de componentes destacam-se a Itália, a Alemanha e a França, que também são exportadores de bicicletas de maior valor agregado. Dessa forma, parte das importações de componentes deve complementar a produção interna de bicicletas desses países, o que configura a indústria de bicicleta como uma indústria cada vez mais integrada em uma cadeia global de valor, na qual a marca e os componentes de qualidade destacam-se como diferenciais. . A indústria de bicicletas já atingiu certa maturidade tecnológica, não obstante, ainda existem oportunidades não desprezíveis para inovações de processos e inovações incrementais de produto, tais como o desenvolvimento de peças com novos materiais, que incorporem resistência, leveza e design ao produto final. . No Brasil, de acordo com a ABRADIBI, o setor de bicicletas gera, aproximadamente, 20.000 empregos diretos, que estão distribuídos entre 124 produtores de bicicletas e mais de 220 fabricantes de bicipeças. Os grandes fabricantes respondem por 45% do mercado, enquanto os pequenos e médios produtores são responsáveis por 55% do mercado. . A produção de bicicletas distribui-se por diversas localidades brasileiras, com concentração no Piauí, em São Paulo e na Zona Franca de Manaus. Os estados de São Paulo e de Santa Catarina têm participação importante na produção de componentes. . O emprego está concentrado em São Paulo, que responde por 54,5% do total do pessoal ocupado do setor. Apesar disso, estados como Piauí, Santa Catarina e Amazonas também se destacam ao empregarem, respectivamente, 13,7%, 8,4% e 7,9% do pessoal ocupado do setor. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia iii . O segmento de bicipeças é mais heterogêneo do que o segmento de fabricação de bicicletas, pois agrega empresas oriundas de três outros setores: metal-mecânico, plástico e de borracha. Na metalurgia encontra-se a maioria das empresas de bicipeças, na qual o aço constitui-se no principal insumo. . A informalidade do setor de bicicletas foi estimada em 34% do consumo presumido da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE. Como as barreiras à entrada são baixas, o fabricante informal necessita de ferramental básico e funcionários com destreza suficiente para a montagem do produto, dispensando a utilização de equipamentos sofisticados. A elevação das importações de componentes de baixos preços pode ser uma das principais fontes de peças às empresas informais. . A importação de bicicletas e de bicipeças elevou-se a partir de 2004 e aprofundou o déficit comercial do setor. Além da sobrevalorização do câmbio, que torna os produtos importados mais baratos do que os nacionais, alguns produtos, como a pedivela e o pneu novo de borracha de bicicleta, sofreram dumping da China. . Apesar da aplicação de direitos antidumping aos pneumáticos novos oriundos da China, ocorreu o crescimento das importações, sobretudo, de pneus oriundos do Vietnã e da Índia. A elevação repentina das vendas do Vietnã deve ser investigada, pois podem ser re-exportações de produtos chineses. . O setor elevou os gastos na Formação Bruta de Capital Fixo, mesmo com o pequeno crescimento da receita líquida de vendas. Entre 1998 e 2006, o crescimento dos gastos na FBCF do setor de bicicletas foi de 87,1%, enquanto a Indústria de Transformação elevou os gastos na FBCF em 37,6%. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia iv . A elevação das importações de bicicletas e de bicipeças refletiu no desempenho de importantes indicadores do setor, como as vendas, o emprego e o número de fabricantes. Entre 1998 e 2006, o emprego e o número de empresas apresentaram crescimento inferior do que o apresentado pela Indústria de Transformação. . Entre 1998 e 2006, o emprego variou entre as regiões produtoras, com redução de postos de trabalho da Zona Franca de Manaus e elevação nas demais regiões. No Brasil como um todo, o emprego e o número de estabelecimentos encontram-se estagnados desde 2004, período coincidente com a elevação das importações de bicicletas e bicipeças. . Do mesmo modo que na indústria de transformação, o grau de escolaridade dos funcionários do setor de bicicletas elevou-se entre 1998 e 2006. A evolução no grau de escolaridade da mão-de-obra permite às empresas à elevação da produtividade, com a implantação de programas destinados à melhoria da gestão e de processos de produção com equipamentos modernos. No entanto, a redução do número de trabalhadores no setor de bicicletas com nível superior pode configurar-se em um gargalo à inovação de produtos. . Os indicadores econômico-financeiros FIESP/SERASA do setor de bicicletas mostraram pequena rentabilidade das empresas quando comparadas a outras opções de aplicações e à média da indústria de transformação, reflexo do recrudescimento das vendas, que reduziu também a capacidade de gerar caixa. Apesar disso, há condições satisfatórias ao pagamento das dívidas e uma tendência similar à da indústria de transformação de reduzir a participação de recursos onerosos de curto prazo no total do endividamento. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia v . Pelo lado dos investimentos, os indicadores FIESP-SERASA apresentam redução na obsolescência do imobilizado, esses investimentos podem ter elevado a relação entre o patrimônio líquido e o ativo permanente, refletindo na redução da liberdade financeira do setor. Os dados da PIA também apresentam crescimento na Formação Bruta de Capital Fixo do Setor, o qual foi, relativamente, maior que o apresentado pela Indústria de Transformação. . Diante do crescimento das importações de componentes, que ameaçam uma parte do setor, e do crescimento da informalidade, que emperram o desenvolvimento das empresas, este estudo propõe medidas para elevar a competitividade internacional e a consolidação da cadeia produtiva. 1) A utilização de instrumentos de Defesa Comercial que contemple os produtos do mais afetados pelas importações. Esses instrumentos deverão ser empregados após análise do DEREX/FIESP, a qual deverá avaliar as possíveis turbulências no comércio externo, advindas com a crise financeira internacional. 2) A redução da alíquota de IPI incidente sobre bicicletas e bicipeças, que objetiva elevar a competitividade das empresas nacionais frente aos similares importados, além de corrigir a distorção da taxação entre as bicipeças e as autopeças; 3) A formação de Projeto de Parceria entre os empresários, SIMEFRE e instituições de apoio às empresas (SEBRAE, IEL, SENAI), para a implantação de Programas para a adaptação produtiva e melhoria da gestão, demandada pelo Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto; FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia vi 4) A promoção de rodadas de negócios com empresas estrangeiras. As empresas, associações e sindicatos patronais, com o apoio da APEX (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil), deverão elaborar um plano para promover rodadas de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação de produtos brasileiros. 5) Participação do setor nos projetos de implantação de infraestrutura cicloviária e de campanhas de esclarecimento e estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia vii ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1.1 Descrição Genérica das Partes da Bicicleta .......................................... 4 Figura 5.1 Capacidade de Circulação de Pessoas/Hora por Faixa de Trânsito 61 GRÁFICOS Gráfico 2.1 Produção Mundial de Bicicletas e de Automóveis, 1950-2000 ......... 5 Gráfico 2.2 Evolução das Exportações – Países Selecionados, 1998-2006....... 9 Gráfico 2.3 Principais Destinos das Bicicletas Exportadas pela China, 2007 ... 10 Gráfico 2.4 Evolução das Exportações de Componentes - Países Selecionados, 1998-2006..................................................................................................................... 11 Gráfico 2.5 Distribuição das Exportações de Componentes de Bicicletas - Em Valores Monetários, 1998-2006 ............................................................................... 12 Gráfico 2.6 Bicicletas e Componentes - Principais Exportadores Mundiais, 2006 ........................................................................................................................................ 13 Gráfico 3.1 Principais Fabricantes de Bicicletas - 2006 ........................................ 19 Gráfico 3.2 Estrutura Simplificada de Custo - Fabricação de Bicicleta............... 20 Gráfico 3.3 Evolução do Consumo per capita de Bicicletas, 1991-2010............ 21 Gráfico 3.4 Elasticidade-Renda – Bicicleta ............................................................. 22 Gráfico 3.5 Evolução da População por Faixas de Renda, 2001-2012.............. 23 Gráfico 3.6 Consumo de Bicicletas no Brasil, 2006............................................... 24 Gráfico 3.7 Exportação de Bicicletas – Brasil, 2006 .............................................. 25 Gráfico 3.8 Importação de Bicicletas – Brasil, 2006 .............................................. 26 Gráfico 3.9 Origens das Importações de Bicicletas e Componentes – 2008* ... 27 Gráfico 3.10 Importações de Bicicletas e Componentes por Peso (Kg), 20022007 ............................................................................................................................... 28 Gráfico 3.11 Comércio Exterior do Setor de Bicicletas Brasileiro, 2000-2006 .. 29 Gráfico 3.12 Evolução do Preço Médio Unitário de Vendas – Países Selecionados ................................................................................................................ 30 Gráfico 4.1 Evolução dos Estabelecimentos de Fabricantes de Bicicleta.......... 32 Gráfico 4.2 Evolução do Número de Trabalhadores, 1998-2006 ........................ 34 Gráfico 4.3 Evolução do Valor da Transformação Industrial 1998-2006............ 38 Gráfico 4.4 Evolução do VTI Médio por Empresa, 1998-2006............................. 39 Gráfico 4.5 Evolução do VBPI, 1998-2006.............................................................. 40 Gráfico 4.6 Evolução da Receita Líquida de Vendas, 1998-2006 ....................... 41 Gráfico 4.7 Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo, 1998-2006............... 42 Gráfico 4.8 Composição dos Investimentos Realizados pelo Setor de Bicicletas, 1998-2006 ..................................................................................................................... 43 Gráfico 4.9 Evolução do Investimento por Empresa, 1998-2006. ....................... 44 Gráfico 4.10 Evolução do Gasto Médio com Pessoal, 1998-2006 ...................... 45 Gráfico 4.11 Evolução do Salário Médio Mensal, 1998-2006 .............................. 46 Gráfico 4.12 Evolução do Gasto Médio, Gasto Médio e PO do Setor de Bicicletas ....................................................................................................................... 47 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia i Gráfico 4.13 Evolução da Produtividade do Trabalho, 1998-2006...................... 48 Gráfico 4.14 Evolução do Custo das Operações Industriais, 1998-2006........... 49 Gráfico 4.15 Margem Bruta versus Gasto Médio com Pessoal ........................... 50 QUADROS Quadro 5-1 Fatores que Influenciam o Uso de Transportes Não-Motorizado... 60 Quadro 5-2 IPI Incidente na Fabricação de Bicicletas e Componentes ............. 64 TABELAS Tabela 2.1 Produção de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 .............. 6 Tabela 2.2 Consumo Mundial de Bicicletas, 2007 ................................................... 7 Tabela 2.3 Exportação de Bicicletas em Quantidade – Países Selecionados, 2000/07............................................................................................................................ 8 Tabela 2.4 Exportação de Bicicletas - Participação em Valores Monetários....... 9 Tabela 2.5 Importação de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 ......... 14 Tabela 4.1 Estabelecimentos - Indústria de Transformação, 1998-2006........... 32 Tabela 4.2 Estabelecimentos – Fabricantes de Bicicleta, 1998-2006 ................ 33 Tabela 4.3 Distribuição do Número de Trabalhadores por Regiões, 1998 e 2006 ........................................................................................................................................ 35 Tabela 4.4 Evolução do Grau de Escolaridade, 1998 e 2006.............................. 36 Tabela 4.5 Evolução do Pessoal Ocupado – PO ................................................... 44 Tabela 4.6 Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes. ........................................................................................................................................ 49 Tabela 4.7 Rentabilidade de Investimentos Alternativos ...................................... 51 Tabela 5.1 Simulação da Evolução das Vendas de Bicicletas com Redução do IPI ................................................................................................................................... 64 Tabela 5.2 Cronograma da Certificação de Componentes e da Bicicleta de Uso Adulto............................................................................................................................. 67 Tabela 5.3 Créditos de PIS/COFINS - Lei 11.774, de 17 de Setembro de 2008 ........................................................................................................................................ 72 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia ii SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................1 1. DESCRIÇÃO TÉCNICA E SEGMENTAÇÃO DE MERCADO...................................................................3 2. O SETOR DE BICICLETAS NO MUNDO .................................................................................................5 2.1. Produção ................................................................................................................................................... 5 2.2. Consumo ................................................................................................................................................... 6 2.3. Comércio Internacional............................................................................................................................. 7 2.3.1. Exportação ........................................................................................................................................... 7 2.3.2. Importação ......................................................................................................................................... 13 2.4. Dinâmica Tecnológica ............................................................................................................................ 14 3. ESTRUTURA DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL.......................................................................17 3.1. Produção ................................................................................................................................................. 17 3.1.1. Breve Histórico.................................................................................................................................. 17 3.1.2. Composição do Custo de Produção ................................................................................................... 19 3.2. Consumo ................................................................................................................................................. 20 3.2.1. Consumo Aparente e Informalidade .................................................................................................. 24 3.3. Comércio Exterior................................................................................................................................... 25 4. DESEMPENHO DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL ...................................................................31 4.1. Evolução e Características dos Estabelecimentos e do Emprego (RAIS/MTE) ...................................... 31 4.1.1. Estabelecimentos ............................................................................................................................... 31 4.1.2. Emprego ............................................................................................................................................ 33 4.1.3. Grau de Escolaridade da Força de Trabalho ...................................................................................... 36 4.2. Indicadores do Setor de Bicicletas, PIA-IBGE ....................................................................................... 37 4.2.1. Valor da Transformação Industrial - VTI .......................................................................................... 37 4.2.2. Valor da Transformação Industrial por Empresa ............................................................................... 38 4.2.3. Valor Bruto da Produção Industrial - VBPI....................................................................................... 39 4.2.4. Receita Líquida de Vendas ................................................................................................................ 40 4.2.5. Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF ........................................................................................... 41 4.2.6. Pessoal Ocupado – PO....................................................................................................................... 44 4.2.7. Gastos com Pessoal............................................................................................................................ 45 4.2.8. Produtividade do Trabalho................................................................................................................. 47 4.2.9. Custo das Operações Industriais - COI .............................................................................................. 48 4.2.10. Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes................................................................ 49 4.2.11. Margem Bruta da Atividade ......................................................................................................... 50 4.3. Desempenho Econômico-Financeiro – FIESP/SERASA........................................................................ 50 4.3.1. Situação Econômica........................................................................................................................... 51 4.3.2. Situação Financeira............................................................................................................................ 52 5. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS ..............................................................................................................54 5.1. Instrumentos de Defesa Comercial ......................................................................................................... 56 5.1.1. Tarifa Externa Comum - TEC............................................................................................................ 57 5.1.2. Salvaguardas...................................................................................................................................... 57 5.1.3. Direitos Antidumpings ....................................................................................................................... 58 5.1.4. Valoração Aduaneira ......................................................................................................................... 59 5.2. Proposta de Redução do IPI .................................................................................................................... 60 5.2.1. IPI na Fabricação de Bicicletas e Componentes ................................................................................ 62 5.2.2. Formalização da Proposta de Redução do IPI.................................................................................... 65 5.3. Metrologia/Certificação .......................................................................................................................... 66 5.3.1. Programas para Adaptação à Certificação ......................................................................................... 67 5.3.1.1 Programa Bônus Metrologia – SEBRAE/REMESP ......................................................... 67 5.3.1.2 Programa Bônus Certificação – SEBRAE/INMETRO ..................................................... 68 5.3.1.3 Programa Ferramentas de Gestão Avançada - SEBRAE .............................................. 69 5.3.1.4 Programa Qualidade Total – SEBRAE-SP. ...................................................................... 70 5.3.1.5 Revitaliza (BNDES).............................................................................................................. 70 5.3.2. Fortalecimento da Cadeia de Suprimentos......................................................................................... 71 5.3.3. Inovação Tecnológica ........................................................................................................................ 74 5.4. Estímulo às Exportações ......................................................................................................................... 76 5.4.1. Proex.................................................................................................................................................. 76 5.4.2. Drawback Verde-Amarelo ................................................................................................................. 77 5.4.3. Exim .................................................................................................................................................. 77 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia iii 5.4.4. APEX................................................................................................................................................. 78 FONTES .....................................................................................................................................................79 ANEXOS .....................................................................................................................................................81 A.1 Indicadores Econômico-Financeiros - SERASA/FIESP .................................................................................. 81 Tabela A.1.1 Fabricação de Bicicletas e Triciclos Não-Motorizados, 2004-07................................................. 81 Tabela A.1.2 Brasil - Grandes Empresas, 2004-07............................................................................................ 82 Tabela A.1.4 Brasil - Pequenas Empresas, 2004-07 .......................................................................................... 84 A.2. Tabulação da Pesquisa – Tópicos Selecionados.............................................................................................. 85 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia iv APRESENTAÇÃO Este relatório analisa o setor de bicicletas e oferece propostas para a melhoria da competitividade do setor. O estudo baseia-se em informações provenientes de fontes oficiais, como a Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE), a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/ MTE), o sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (ALICE/ MDIC) e o Commodity Trade Statistics Database (COMTRADE/ONU). As atividades do setor de bicicletas são classificadas conforme a CNAE 3592, que não só reúne a fabricação de bicicletas e triciclos não-motorizados; de cadeiras de rodas e de outros veículos para deficientes, com ou sem motor, e de peças e acessórios para bicicletas, como exclui as atividades de reparação e manutenção de bicicletas e triciclos não-motorizados. Além das atividades classificadas na CNAE 3592, as câmaras e os pneus de bicicletas (CNAE 2511) também serão estudados neste relatório. Os fabricantes de bicipeças podem ser dedicados ao setor de bicicletas ou produzirem produtos para múltiplos setores. Quando a empresa fabrica produtos para vários setores, suas informações não se encontram classificadas, necessariamente, na CNAE 3592, o que dificulta a análise pormenorizada e o dimensionamento dos fabricantes de bicipeças, tanto na PIA como na RAIS. O relatório não tem a pretensão de esgotar o assunto, o intuito é o de apresentar o setor de bicicletas no Brasil e no mundo, ao traçar o panorama internacional para avaliar os efeitos da elevação das importações sobre a indústria nacional. O estudo compõe-se de cinco seções: a primeira apresenta tanto a descrição da bicicleta, e a segmentação do mercado brasileiro. A segunda situa o setor de bicicletas no mundo, ao caracterizar a oferta, a demanda, o comércio internacional e a dinâmica tecnológica. Na terceira, a estrutura do setor de bicicletas no Brasil é delineada, com análise da produção, do consumo e do comércio exterior. A quarta, além de traçar a evolução dos indicadores do setor de bicicletas entre 1998 e 2006, como a produtividade, o emprego e as vendas, avalia o desempenho econômico-financeiro. A última seção dedica-se ao FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 1 diagnóstico setorial e à sistematização dos instrumentos de política industrial para atendimento às demandas do setor. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 2 1. DESCRIÇÃO TÉCNICA E SEGMENTAÇÃO DE MERCADO A bicicleta é fabricada da montagem de peças, partes e componentes (bicipeças) ao quadro1. Dessa forma, duas importantes barreiras à entrada de novos fabricantes estão na disponibilidade e nos preços das bicipeças, uma vez que a mão-de-obra necessária para a montagem final do produto não demanda especialização técnica tão apurada. A Figura 1.1 descreve, genericamente, a bicicleta e suas peças. Destacam-se como importantes componentes da bicicleta: o conjunto de quadro e garfo; o conjunto de direção (guidão e suporte de guidão); o conjunto de freios e maçanetas de freio; o aro; o pneu de borracha; a câmara de ar; a cordoalha de fios de aço; o raio; o niple; o freio; o pedal e a pedivela. Cada um desses componentes pode ser produzido por uma ou mais unidades produtivas. Os fabricantes de componentes, juntamente com as montadoras, compõem a cadeia produtiva do setor de bicicletas. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO), a bicicleta tem seu mercado segmentado em produtos fabricados com câmbio e sem câmbio. O mercado brasileiro mantém certo equilíbrio entre esses dois segmentos, com ligeira vantagem para as bicicletas fabricadas sem câmbio, cuja participação nas vendas foi de, aproximadamente, 55% em 2007. No Brasil, o mercado de bicicletas também pode ser segmentado conforme o uso do produto, em: produtos destinados ao transporte, com 50% de participação; produtos direcionados ao público infantil, com 32% de participação; produtos destinados à recreação e ao lazer, com 17% de participação; e produtos destinados aos esportes (competições), com 1% de participação. 1 Armação tubular com função similar ao chassi nos automóveis, que pode variar em seu formato e no material utilizado para fabricação. Apesar do ingresso de novos materiais, o aço ainda predomina como principal matéria-prima. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 3 Figura 1.1 Descrição Genérica das Partes da Bicicleta Partes de uma Bicicleta 1. Quadro 2. Garfo dianteiro 3. Movimento de direção 4. Guidão 5. Suporte de guidão 6. Pedivela 7. Movimento central 8. Pedais 9. Freios (dianteiro/traseiro) 10. Pneus 11. Aros 12. Selim 13. Alavancas de câmbio 14. Descarrilhador dianteiro 15. Descarrilhador traseiro 16. Protetor de câmbio 17. Protetor de raios 18. Porca da abraçadeira do selim 19. Alavanca de freio 20. Canote do selim 21. Corrente 22. Rodas dentadas 23. Blocagem rápida da roda A ilustração acima possui caráter, exclusivamente, demonstrativo. Os componentes mencionados não são comuns a todos os modelos de bicicletas. Fonte: Extraído do site corporativo da Monark. A bicicleta também pode ser classificada em seis tipos básicos: (i) bicicleta urbana, voltada para o conforto e à estabilidade; (ii) mountain bike, que pode ser subdividida em rígida, hard tail, e full suspension; (iii) road bike ou estradeira, específicas para uso em asfalto; (iv) cross e afins: direcionadas ao público infanto-juvenil; (v) infantil: projetadas para as crianças, em que a qualidade e a segurança devem estar aliadas à facilidade de uso; (vi) profissionais, que são destinadas às competições esportivas. Além disso, há, ainda, outros tipos mais específicos de bicicleta. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 4 2. O SETOR DE BICICLETAS NO MUNDO Até o início da década de 1970, as produções mundiais de bicicletas e de automóveis cresceram a taxas muito similares (Gráfico 2.1). Todavia, a partir da década seguinte, a fabricação de bicicletas desenvolveu-se aceleradamente, momento em que a indústria chinesa desempenhou papel fundamental nessa nova dinâmica, ao elevar, substancialmente, a oferta. Gráfico 2.1 Produção Mundial de Bicicletas e de Automóveis, 1950-2000 Em Milhões de Unidades 120 100 Bicicletas 80 60 40 20 Automóveis 0 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Fonte: Earth Policy Institute. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 2.1. Produção Em 2008, a produção mundial de bicicletas foi estimada em mais de 120 milhões de unidades. Embora existam muitos países fabricantes de bicicletas, a maior parcela da produção mundial vem da Ásia, especialmente da China (Tabela 2.1). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 5 As bicicletas de maior valor unitário são elaboradas tanto nos países desenvolvidos (Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Itália), como também em países em desenvolvimento (China). Tabela 2.1 Produção de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 Em Milhões de Unidades Crescimento Médio anual China 52,2 51,2 63,0 73,0 73,0 80,7 84,9 87,0 7,6% Índia 11,0 11,9 11,9 n.d. n.d n.d 10,0 n.d. n.d. Brasil 4,3 4,6 4,5 4,3 4,5 4,3 5,0 5,5 3,6% Taiwan 8,0 5,0 4,4 4,3 4,4 4,7 4,3 4,9 -6,8% Itália 3,2 2,7 2,4 2,6 2,6 2,5 2,5 3,5 1,3% Alemanha 3,3 3,0 3,1 3,2 2,9 2,9 2,0 2,4 -4,4% Japão 4,7 4,2 3,1 2,5 2,5 1,9 1,4 1,1 -18,7% França 1,9 1,6 1,4 1,5 1,7 1,6 1,3 1,1 -7,5% Estados Unidos 0,9 0,9 0,4 0,3 0,3 0,2 0,3 0,3 -14,5% Fonte: ABRACICLO, Earth Policy Institute; NBDA. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 A China apresentou crescimento médio da produção de bicicletas, entre 2000 e 2007, de 7,6% a.a., consolidando sua posição de grande fabricante. Entre os principais produtores mundiais, apenas o Brasil, a China e a Itália apresentaram evolução positiva. O Japão e os Estados Unidos, que apresentaram redução da produção interna, são grandes consumidores de bicicletas e tiveram seus mercados supridos, principalmente, por importações. 2.2. Consumo Além de grande produtora, a China também figura como a principal consumidora de bicicleta, com 23% de participação em 2007. Nesse país, a difusão do uso de bicicleta ganhou força após a tomada do poder pelo Partido Comunista em 1949. Naquela época, os fabricantes locais eram pequenos e produziam cópias de modelos europeus. Devido aos incentivos governamentais, a bicicleta passou a ser um dos principais meios de transporte da China. Assim, o consumo elevou-se, de modo considerável, e proporcionou à indústria de bicicletas chinesa a escala de produção apropriada ao seu desenvolvimento. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 6 A Tabela 2.2 apresenta os principais consumidores mundiais de bicicletas. Os cinco principais países detêm cerca de 60% do consumo mundial. O Brasil aparece como o quinto maior consumidor de bicicleta, o que reforça a importância desse setor na indústria do país. Tabela 2.2 Consumo Mundial de Bicicletas, 2007 Localização Em Milhões de Unidades China Estados Unidos Índia Japão Brasil Alemanha Rússia França México Reino Unido Outros Total 27,6 18,6 11,6 9,9 5,5 4,1 3,8 3,8 3,0 2,8 31,8 122,5 Participação (%) 23% 15% 10% 8% 5% 3% 3% 3% 3% 2% 25% 100% Participação (%) Acumulada 23% 38% 48% 56% 61% 64% 67% 70% 73% 75% 100% - Fonte: ABRACICLO 2.3. Comércio Internacional 2.3.1. Exportação A análise das exportações será efetuada com a separação do setor de bicicletas em dois segmentos: (a) bicicletas montadas e (b) componentes. Dessa maneira, podem-se entender como cada país está inserido no comércio mundial, e verificar quais são as estratégias adotadas. Os dados das exportações foram obtidas no COMTRADE/ONU, que agrega as informações de comércio da maioria dos países, e é considerado uma das melhores referências disponíveis para a análise do comércio mundial. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 7 a) Segmento de Bicicletas Montadas Os principais países exportadores de bicicletas encontram-se na Ásia (Tabela 2.3). Em 2007, os cinco maiores exportadores responderam por 90% das bicicletas comercializadas internacionalmente. A China tem posição de primazia no comércio internacional de bicicletas, com cerca de 80% de participação na quantidade de bicicletas transacionadas mundialmente. Tabela 2.3 Exportação de Bicicletas em Quantidade – Países Selecionados, 2000/07 Em Milhões de Unidades 34,57 52,12 53,94 56,49 59,74 Participação % 2007 80,60% Tailândia 0,31 0,82 0,97 1,64 2,13 2,87% 83,47% Japão 0,56 1,01 1,22 1,34 2,10 2,83% 86,30% Itália 2,56 2,08 1,80 1,66 1,71 2,30% 88,60% Polônia n.d. 0,95 1,07 1,05 1,03 1,40% 90,00% Portugal n.d. n.d. 0,77 0,00 1,01 1,36% 91,36% Bélgica 0,35 0,85 1,30 0,87 0,96 1,30% 92,66% País 2000 China 2004 2005 2006 2007 Participação Acumulada 80,60% França 0,50 0,77 0,92 0,92 0,90 1,21% 93,87% Brasil 0,03 0,08 0,14 0,03 0,02 0,03% 93,90% Outros n.d. n.d. 10,26 10,95 4,52 6,10% 100,00% Total n.d. n.d. 72,39 74,95 74,12 100,00% - Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP O Gráfico 2.2 apresenta a evolução das exportações de bicicletas. A China ocupou mercados antes servidos por outros países, o que demonstra que sua estratégia é a de domínio do comércio internacional, evidenciada pelo crescimento rápido de seu market-share que saltou de 13% em 1998, para 74% em 2006. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 8 Gráfico 2.2 Evolução das Exportações – Países Selecionados, 1998-2006. Em unidades 100% 90% BRASIL 60% 50% 0,1% 0,3% 0,1% 10,0% MÉXICO 0,0% 0,1% 2,2% 0,1% 0,1% POLÔNIA 5,5% 40% 4,9% 30% 24,0% 74,3% ESPANHA ALEMANHA ITÁLIA 20% 10% 0,0% 2,2% 80% 70% 0,2% CHINA 13,3% 0% 1998 1999 2000 2001 Tailândia 2002 2003 2004 Japão Malásia 2005 2006 Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP Ao se analisar as exportações de bicicletas montadas em termos monetários, as exportações chinesas, em 2007, responderam por 49% do valor transacionado internacionalmente (Tabela 2.4). Apesar disso, diversos países europeus despontaram como grandes exportadores, mesmo que em volumes físicos, suas exportações sejam pequenas. Pressupõe-se que as economias européias estejam inseridas no comércio mundial de bicicletas com produtos de maior valor agregado. Tabela 2.4 Exportação de Bicicletas - Participação em Valores Monetários Em Milhões de US$ 1998 China Holanda Alemanha Bélgica Itália Portugal França Brasil Outros Total 615,03 161,51 67,92 86,91 215,24 20,79 60,56 1,49 664,79 1.894,23 2000 1.046,83 156,60 48,37 61,01 165,78 20,95 72,18 0,94 776,96 2.349,62 2004 1.649,34 281,11 121,34 149,30 182,27 61,48 111,68 1,61 1.070,05 3.628,18 2006 1.895,11 321,82 168,41 158,95 174,32 89,93 134,71 1,10 1.066,55 4.010,89 2007 2.176,82 349,97 231,65 190,14 187,05 157,40 150,44 0,70 997,05 4.441,22 Part.% 2007 49,01% 7,88% 5,22% 4,28% 4,21% 3,54% 3,39% 0,02% 22,45% 100,00% Partic. acumulada 49,01% 56,89% 62,11% 66,39% 70,60% 74,14% 77,53% 77,55% 100,00% - Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 9 Em 2007, os EUA, o Japão e a Rússia adquiriram cerca de 50% das bicicletas vendidas pela China (Gráfico 2.3). O Brasil, apesar de ser um grande consumidor de bicicletas, não é um grande comprador externo, pois tem seu mercado suprido, quase que integralmente, por fabricantes locais. Gráfico 2.3 Principais Destinos das Bicicletas Exportadas pela China, 2007 Participação em quantidades comercializadas Brasil 0,1% Canadá 1,5% Chile 1,6% Ucrânia 1,6% Irã 1,9% Hong Kong 1,9% Austrália 2,2% Em. Árabes 2,7% Malásia 2,8% Coréia do Sul Indonésia Rússia 4,1% 4,4% 5,8% 14,6% Japão EUA 0,0% 30,5% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP Entre os importadores de bicicletas chinesas, o Brasil ocupa a 62ª posição. No entanto, em 2009, caso se configure um quadro recessivo entre os principais compradores de bicicletas chinesas: EUA, Japão, Rússia, poderá ocorrer uma FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 10 pressão dos fabricantes chineses sobre o mercado de outros, para compensar a redução de suas vendas nos mercados mais tradicionais. b) Segmento de Componentes2 de Bicicletas A liderança chinesa também se manifesta no segmento de componentes. Do mesmo modo que no segmento de bicicletas montadas, a posição de liderança da China é mais pronunciada em termos físicos do que em valores monetários (Gráficos 2.4 e 2.5). A estratégia da China de domínio do comércio internacional de componentes é evidenciada no Gráfico 2.4. A participação da China nas exportações de componentes saltou de 14,1% em 1998, para 53,7% em 2006. O Brasil apresenta reduzida participação nas exportações de componentes, que diminuiu ainda mais no período analisado, ao passar de 0,5% em 1998, para 0,3% em 2006. Gráfico 2.4 Evolução das Exportações de Componentes - Países Selecionados, 1998-2006. Participação em Peso (kg) 100% 0,2% 90% 0,5% BRASIL 0,5% 0,4% 80% 0,2% 0,5% 0,5% 0,4% 0,3% 70% 60% 12,4% 50% 72,8% 40% 14,9% ÍNDIA 30% 53,7% 20% CHINA 34,1% 10% 0% 1998 11,7% 1999 Cingapura 2000 Indonésia 2001 Tailândia 2002 Alemanha 2003 Itália 2004 Japão 2005 2006 Estados Unidos Fonte: CONTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 2 Correspondentes aos seguintes produtos descritos no International Trade Statistics - HS 1996: 401150; 401320; 871491; 871492; 871493; 871494; 871495; 871496 e 871499. Nos quais, estão incluídas tanto as partes e peças de bicicletas: quadros; garfos; aros; raios; roda livro; pinhões; cubos de roda; reio e suas partes; selins; pedal, dentre outras, como os pneus e as câmaras de ar. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 11 O Gráfico 2.5 apresenta a evolução da participação, em termos monetários, dos países exportadores de componentes de bicicletas. A China possui a maior participação no comércio internacional, no entanto, a penetração de componentes chineses não é tão contundente, em termos monetários, como em quantum. Por exemplo, a Itália e o Japão estão inseridos nesse segmento com produtos de maior valor agregado, os quais são protegidos por marcas e patentes e dispõem de conteúdo tecnológico mais elevado, como: os câmbios de bicicleta da japonesa Shimano e da italiana Compagnolo. Gráfico 2.5 Distribuição das Exportações de Componentes de Bicicletas Em Valores Monetários, 1998-2006 Participação em US$ 80% 0,2% 70% 3,4% 3,3% 60% 4,8% 4,4% BRASIL 0,2% 0,2% 0,2% 0,1% 0,2% 0,2% 3,3% 3,9% 4,6% 4,7% 5,0% 5,4% 50% 40% 30% 0,1% 0,2% 7,7% 8,1% 9,2% 9,8% 10,2% 11,0% 20% 10% 25,3% 24,2% 0% 1998 China 1999 2000 Japão Itália 2001 Cingapura França 2002 Alemanha 2003 2004 Estados Unidos 2005 India 2006 Holanda Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP c) Setor de Bicicletas e de Componentes O Gráfico 2.6 apresenta o comércio do setor de bicicletas tomado como um todo (bicicletas e componentes). A participação da China também apresentou evolução positiva ao passar de 24% em 1998, para 35% em 2007. A inserção mais pronunciada no segmento de componentes de países, como Itália e Japão, atenua a participação da China, em termos monetários, no comércio do setor. Porém, o forte peso que a economia chinesa possui, asseguram a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 12 liderança. O Brasil, que tem uma pequena participação no comércio internacional do setor de bicicletas, teve, no mesmo período, a redução de sua inserção de 0,2% para 0,1%. Gráfico 2.6 Bicicletas e Componentes - Principais Exportadores Mundiais, 2006 Participação em Milhões de US$ 80% BRASIL 0,2% 70% 4,8% 60% 50% 0,2% 0,1% 0,2% 0,2% 4,8% 5,4% 3,5% 4,7% 2,8% 3,7% 8,1% 4,4% 3,4% 9,3% 40% 9,8% 0,2% 3,8% 3,5% 4,3% 5,2% 5,4% 7,3% 8,1% 5,8% 8,7% 8,8% 32,7% 31,3% 4,3% 4,3% 4,3% 3,6% 4,5% 7,0% 20% 10% 28,1% 24,2% 0% 1998 1999 China 2000 Itália Japão 2001 Holanda 0,1% 4,0% 4,0% 3,8% 3,7% 3,8% 9,2% 30% 11,0% 0,1% 0,1% 2002 Alemanha 2003 Cingapura 35,1% 2004 França 2005 2006 Estados Unidos Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração FIESP/DECOMTEC. Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 2.3.2. Importação Em 2007, os cinco principais importadores (Tabela 2.5) responderam 62% das transações mundiais. Os EUA compraram 18,2 milhões de bicicletas, das quais, 17,4 milhões vieram da China. O Brasil não se configurou como grande importador mundial de bicicletas, embora suas compras externas tenham se elevado a partir de 2004. Com os primeiros sinais da crise financeira mundial, a demanda internacional de bicicletas poderá reduzir-se, desse modo, conforme mencionado anteriormente, a China, principal exportadora mundial, poderá pressionar novos FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 13 mercado, uma vez que os principais importadores mundiais (EUA e Japão) são os mais importantes destinos das vendas externas chinesas. Os fabricantes de bicicletas de países em desenvolvimento, como o Brasil, poderão enfrentar o acirramento da concorrência com a entrada de produtos chineses. Apesar da desvalorização cambial, que dificulta a importação, os produtores brasileiros deverão organizar-se para não lograrem perdas importantes de mercado. Tabela 2.5 Importação de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 Em Milhões de Unidades Estados Unidos Japão Alemanha Reino Unido França Malásia Rússia Austrália Bélgica Brasil Outros TOTAL 2000 2004 2005 2006 2007 20,47 6,23 4,69 2,57 1,58 0,33 0,16 1,11 0,58 0,18 n.d. n.d. 18,49 9,14 4,71 4,02 2,58 0,77 1,86 1,44 1,11 0,02 n.d. n.d. 19,80 9,14 5,67 3,34 3,24 0,92 2,23 1,30 1,79 0,04 19,97 67,45 18,21 9,34 5,80 3,69 2,84 2,28 1,68 1,42 1,45 0,05 18,81 65,57 18,23 9,60 5,62 3,88 2,63 2,30 2,29 1,65 1,47 0,09 16,70 64,48 Participação % em 2007 28,28% 14,89% 8,72% 6,02% 4,08% 3,57% 3,55% 2,56% 2,29% 0,14% 25,91% 100,00% Participação Acumulada 28,28% 43,17% 51,89% 57,91% 61,99% 65,56% 69,11% 71,67% 73,96% 74,09% 100,00% - Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 2.4. Dinâmica Tecnológica O desenvolvimento da bicicleta foi gradual, com várias inovações que se incorporaram no final do século XIX e configuraram o produto com o aspecto conhecido atualmente (design padrão). Citam-se como inovações dessa época: a transmissão por corrente; o pneu com câmara de ar (patenteado por James Boyd Dunlop) e o pneu sem câmara (inventado por Edouard Michelin). Além disso, outros avanços tecnológicos apareceram no mesmo período, como o primeiro câmbio; o quadro trapezoidal, os tubos laminados e os pneus tubulares. Essas inovações facilitaram a condução, melhoraram a segurança e o conforto, além de difundirem e massificarem o produto. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 14 Os países europeus dominaram a produção de bicicletas até meados do século XX. O Japão, que iniciou sua produção de bicicletas no final do século XIX, só ganhou notoriedade mundial a partir dos anos 1980. Alguns fabricantes japoneses como Araya, Shimano, Suntour e Tange, despontaram como importantes fornecedores mundiais de peças de qualidade para bicicletas. O desenvolvimento de produtos para diferentes segmentos ganhou força a partir dos anos 1970. Em 1973, por exemplo, a Yamaha lançou um modelo de bicicleta com aro de 20’’ e suspensão dianteira e traseira. Desde então, surgiram melhorias e adaptações que fizeram com que o produto comercializado ficasse mais semelhante às bicicletas profissionais, cuja utilização se dá, primordialmente, em competições esportivas. A evolução do câmbio e a utilização de materiais mais leves e resistentes a torções e a impactos distanciaram os modelos mais simples dos mais elaborados, estes últimos, em virtude das novas exigências dos consumidores, configuraram-se num dos mais rentáveis segmentos da indústria de bicicletas. Na década de 1980, houve um grande crescimento das vendas de bicicletas nos EUA e na Europa. Os anos 2000, por sua vez, se diferenciaram das duas décadas anteriores, quanto aos modelos de bicicletas produzidas pela incorporação de novos materiais e de modelos com ergonomia específica à utilização. Uma das inovações de produto mais recente foi introduzida por fabricantes de bicicletas dos EUA em associação com a produtora de peças Shimano, as quais, por meio do projeto Coasting, elaboraram pesquisas com o intuito de elevar as vendas de bicicletas, sob a premissa de incluir novos ciclistas, para isso, empenharam-se em descobrir o quê os potenciais consumidores dos EUA desejavam. O projeto Coasting começou em 2003 e contou, inicialmente com a participação da Giant Bicycle; Raleigh Bicycles USA; Trek Bikes e da Shimano. Em 2008, sete novos produtores de bicicletas ingressaram no projeto: Electra Bicycle; Fuji Bikes; Jamis Bicycles; K2 Bike; Phat Cycles; Schwinn Bicycles e Sun Cycles. As pesquisas chegaram a um novo modelo de bicicleta de passeio, com características simples, confortáveis e, acima de tudo, fácil de usar. Essa bicicleta apresenta câmbio automático de três velocidades e freio acionado nos FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 15 pedais, além de não possuir cabos e acionadores aparentes. O produto visa ao atendimento das necessidades específicas de usuários inexperientes. Além do projeto Coasting, uma nova geometria nos quadros (Flat Foot Technology), cuja finalidade também é a de tornar os ciclistas menos experientes em consumidores de bicicletas, foi desenvolvida pela norteamericana Electra. Esse projeto alia ao desenho do quadro, o conforto em se pedalar com as pernas esticadas e a praticidade nas paradas, visto que o condutor pode apoiar-se com os dois pés ao chão. O conceito é simples, porém inovador, ao incluir uma parcela da população que não utiliza a bicicleta por ter receio de condução, especialmente, nas paradas. Essas inovações incluem uma parcela de consumidores no mercado de bicicletas, o que dissemina a utilização do produto nos mais diferentes segmentos. O projeto Coasting, em particular, tem o mérito de reunir empresas concorrentes na pesquisa e do desenvolvimento (P&D) do produto. A cooperação entre esses produtores não só diminuiu os custos de P&D, como tornou possível o aproveitamento conjunto dos resultados. O Projeto Coasting e o Flat Foot Technology foram desenvolvidos com foco no consumidor, efetuado por meio de pesquisas com ciclistas e potenciais ciclistas, os quais apresentaram suas exigências e, assim, facilitaram as pesquisas. Essa experiência pode ser replicada no Brasil, em que as empresas, além de pesquisar os gostos do público, poderão verificar potenciais nichos de mercados a serem explorados. Em pesquisa realizada com empresas do setor, constatou-se que 11% das empresas já desenvolvem programas conjuntos de P&D e 44% manifestaram interesse em desenvolvê-los. A aproximação entre os fabricantes de bicicletas e de componentes para a cooperação e a formação de programas conjuntos de P&D pode ser muito importante na promoção de novos produtos, os quais poderão tornar essas empresas mais competitivas, facilitando a entrada em novos mercados e bloqueando o acesso de fabricantes informais e de importações. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 16 3. ESTRUTURA DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes, Distribuidores, Exportadores e Importadores de Bicicletas, Peças e Acessórios (ABRADIBI), o setor de bicicletas gera em torno de 19.650 empregos, dispostos em 124 empresas de bicicletas e em mais de 220 fabricantes de bicipeças. Entre os fabricantes de bicicletas, quatro são de grande porte, 20 de médio porte e 100 de pequeno porte. Além destes fabricantes, a ABRADIBI calcula que existam cerca de 3.600 oficinas e pequenas montadoras responsáveis por mais 19.100 empregos. 3.1. Produção 3.1.1. Breve Histórico A produção de bicicletas, no Brasil, iniciou-se, efetivamente, na década de 1940. Nessa época, a indústria brasileira já contava com fabricantes como Monark (que operava com a montagem de bicicletas importadas da Suécia); Caloi e pequenos produtores, estes últimos montavam as bicicletas empregando partes importadas. Nos anos 1950, surgiram pequenos produtores, que, após os entraves cambiais da década, reduziram-se consideravelmente, pois, detinham dívidas em moeda estrangeira, que foram contraídas com a compra de insumos e equipamentos importados. Desse modo, os fabricantes de bicicleta, no Brasil, concentraram-se em praticamente duas empresas. Os anos 1990 marcam a abertura do mercado brasileiro ao comércio internacional. O setor de bicicletas começou a sofrer a concorrência de produtos importados, notadamente no comércio de bicipeças. Os produtores de alguns países possuíam algumas vantagens sobre os produtores nacionais, como a maior escala de produção, que barateia o produto; os incentivos de seus governos e a sobrevalorização da moeda brasileira, que impulsionou ainda mais as importações e afetou o desenvolvimento do setor no Brasil. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 17 Até 1990, segundo a consultoria Lafis3, a Monark e a Caloi detinham mais de 90% do mercado nacional de bicicletas, porém, com o crescimento do número de fabricantes de bicicletas,o market-share dessas montadoras reduziu-se para 51,4%, em 1995. Em 1998, a empresa Brasil & Movimento surgiu da fusão entre Sundown, Magna e CR. De acordo com o estudo da Lafis, a Brasil & Movimento, não só compartilhou o mercado nacional com as duas tradicionais produtoras, como atingiu a liderança do mercado a partir de 2005. Em 2001, no Piauí, a Bike do Nordeste estabeleceu-se e conquistou uma parcela do mercado brasileiro, sobretudo, na Região Nordeste. Em meados dos anos 2000 a produção de bicicletas ocorria em várias regiões, notadamente nos Estados do Piauí, de São Paulo e na Zona Franca de Manaus (ZFM). Nesses locais, concentram-se os grandes e médios produtores: Brasil & Movimento; Caloi; Monark; Houston (Bike do Nordeste) e Prince, dentre outros. Segundo a ABRADIBI, em 2006, os grandes fabricantes4 responderam por 45% do mercado brasileiro de bicicletas, restando aos pequenos e médios, 55% de participação. O Gráfico 3.1 apresenta Os pequenos produtores distribuem-se em diversos estados da federação, e suas principais vantagens estão na proximidade com o mercado consumidor, que propicia menores custos logísticos, além da flexibilidade da produção e da disponibilidade de componentes, inclusive os importados. a participação dos grandes fabricantes em função da Receita Líquida no ano de 2006. Além dos fabricantes de bicicletas, o setor agrega, também, os produtores de bicipeças, os quais provêm de três outros setores: metal-mecânico, plástico e borracha. Todavia, a maioria dos fabricantes de bicipeças pertence ao setor metal-mecânico. Os produtores de bicipeças podem ser dedicados ao setor de bicicletas, produzindo exclusivamente bicipeças, como podem fabricar produtos para o atendimento a multissetores. As bicipeças podem ter como matérias-primas: o aço (arames, fio-máquina, chapas e tubulares); o alumínio; o magnésio; o titânio e as fibras de carbono. O aço, devido às facilidades de uso, à 3 Relatório Setorial: Brasil – Autopeças e Veículos: Bicicletas e Motocicletas, Lafis, 24/04/2008. 4 Como grandes fabricantes subentendem-se as empresas com produção acima de 400 mil unidades anuais, enquanto as médias produzem entre 50 e 400 mil unidades anuais e os pequenos, entre 5 e 50 mil unidades anuais. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 18 resistência, à durabilidade e ao preço mais competitivo, ainda é a matériaprima mais utilizada. Gráfico 3.1 Principais Fabricantes de Bicicletas - 2006 Receita Líquida (2006) – R$ 586,8 milhões Houston; 10,3% Monark; 10,4% CBB**; 58,0% Caloi*; 21,3% * Receita Líquida da Caloi São Paulo e da Caloi Norte. ** Brasil & Movimento, com a marca Sundown. Fonte: Balanço Anual 2007 – Gazeta Mercantil in Lafis. 3.1.2. Composição do Custo de Produção O custo de produção da bicicleta compõe-se, basicamente, de: matériasprimas; embalagens; mão-de-obra e outros gastos (energia, transporte, etc.). Os componentes têm o maior peso na estrutura de custo (Gráfico 3.2). Assim, a disponibilidade e o acesso a componentes constituem-se em importantes barreiras à entrada de novos fabricantes à indústria de bicicletas. Como o acesso a bicipeças importadas disseminou-se nos anos 2000, além do crescimento de micro e pequenos produtores ocorreu o avanço da informalidade, visto que alguns fabricantes começaram a montar bicicletas, prontamente, deixando de contribuir para a arrecadação tributária e constituindo-se em uma concorrência desleal aos produtores formais. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 19 No Brasil, segundo o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), apesar de existir equipamentos disponíveis para a produção, os seguintes componentes não são mais fabricados: corrente de transmissão (NCM 7315.1100); roda livre (NCM 8714.9990) e câmbio (NCM 8714.9910). Isso ocorre devido ao baixo preço, que se agrava com a desvalorização cambial e pela baixa escala frente ao concorrente importado. Gráfico 3.2 Estrutura Simplificada de Custo - Fabricação de Bicicleta Outros Gastos 10% Emabalagens 4% Componentes 45% Mão-de-obra 20% Matéria-prima 21% Fonte: Lafis 3.2. Consumo O consumo de bicicletas distribui-se, geograficamente, da seguinte maneira: Região Sudeste (44%); Região Nordeste (26%); Região Sul (14%); Região Norte (8) e Região Centro-Oeste (8%). A comercialização, segundo a ABRADIBI, é efetuada pelos grandes magazines, com 60% de participação; pelas lojas especializadas, com 25% de participação e pelos pequenos comerciantes, com 15% de participação. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 20 Apesar de o Brasil, ser o quinto maior mercado de bicicletas, o consumo per capita5 encontra-se desde 1999. O Gráfico 3.3 apresenta o consumo por habitante de bicicletas, calculado tanto pelos dados das vendas da ABRACICLO, como pelos dados oficiais de consumo aparente6. Gráfico 3.3 Evolução do Consumo per capita de Bicicletas, 1991-2010 0,04 PROJEÇÃO ABRACICLO 0,037 0,04 ABRACICLO 0,034 0,03 0,03 0,020 0,024 0,018 0,02 0,02 PIA/ALICE 0,015 Estimativa 0,01 0,01 0,00 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 Fonte: IBGE; MDIC; ABRACICLO. Elaboração DECOMTEC/FIESP O consumo per capita, calculado com os dados da ABRACICLO, apresentou evolução entre 1991 e 1995, com pico em 1995. Após 1996, o consumo per capita retrocedeu até, em 1999, atingir o mesmo patamar observado sete anos antes. O pico do consumo, alcançado nos primeiro anos do Plano Real, deve-se a existência de uma demanda reprimida por anos de inflação, enquanto a estagnação do consumo por habitante, após 1999, pode ser explicada pela elasticidade-renda, visto que o consumo é afetado pela renda real da população, pelo crédito e pelo preço de produtos e serviços alternativos de transportes. 5 Consumo per capita dado pela relação entre o crescimento da produção e o da população. 6 O consumo aparente é obtido por meio da soma entre as vendas internas e a importação, subtraindo-se as exportações. Os dados das vendas de bicicletas estão disponíveis na PIAPRODUTO/IBGE e os dados de exportações e importações no sistema ALICE/MDIC. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 21 Pelo Gráfico 3.4 observa-se que a elasticidade-renda de bicicletas entre as famílias com renda mensal, entre R$ 600,00 e R$ 2.085,00, é de 0,45, ou seja, a elevação de 1% nos ganhos dessas famílias, aumenta a despesa anual com bicicleta em 0,45%. Já elasticidade-renda de bicicletas entre as famílias, com rendimentos mensais, entre R$ 2.085,00 a R$ 8.000,00, é de -0,06, ou seja, a elevação em 1% nos ganhos dessas famílias, reduz a despesa anual com bicicleta em 0,06%. Gráfico 3.4 Elasticidade-Renda – Bicicleta 30,00 Consumo Familiar Médio Anual ( R$) Elasticidade-Renda = - 0,06 25,00 20,00 15,00 10,00 Elasticidade-Renda = 0,45 5,00 600,00 1.400,00 2.200,00 3.000,00 3.800,00 4.600,00 5.400,00 6.200,00 7.000,00 7.800,00 Rendimento Familiar Médio Mensal (R$) Fonte: POF/IBGE (2002/03). Elaboração DECOMTEC/FIESP Logo, as despesas com bicicletas são crescentes entre as famílias com rendas mais baixas e, praticamente, estáveis nas famílias com rendas mais elevadas. A elasticidade-renda explica, em parte, a relativa estagnação do consumo per capita após 1999, período de crescimento da renda média familiar. A estagnação do consumo per capita também pode ser explicada pela mudança de hábitos do público infanto-juvenil, que passou a demandar produtos substitutos à bicicleta, como jogos eletrônicos e celulares. Ademais, as bicicletas usadas como meio de transporte enfrentam tanto a concorrência de bens substitutos (motocicletas e transportes coletivos), como sofrem pelo FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 22 fato de haver pouca infraestrutura viária para sua utilização nas cidades brasileiras. No Brasil, com os programas governamentais de distribuição de renda, como o Bolsa-Família, está ocorrendo o crescimento da renda entre as camadas sociais mais pobres (Gráfico 3.5). Assim, desde que se sejam adotadas estratégias adequadas, há oportunidades de elevação das vendas de bicicletas nessas faixas de renda. Porém, no longo prazo, o setor precisará oferecer produtos mais sofisticados, para isso, o fortalecimento da cadeia produtiva, com programas de qualificação de fornecedores, e a realização de P&D em conjunto, são ações importantes para a elevação da competitividade. Gráfico 3.5 Evolução da População por Faixas de Renda, 2001-2012 Em milhões de Habitantes 210 10,1 População - por Faixa de Renda 180 150 10,0 9,2 18,5 17,2 14,4 62,7 53,4 40,2 120 90 44,3 70,6 60 30 101,8 65,9 38,1 9,1 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008(p) 2009(p) 2010(p) 2011(p) 2012(p) Abaixo de R$ 296,00 De R$ 296,00 a R$ 593,00 De R$ 1.482 a R$ 2.965 Acima de R$ 2.965 De R$ 593 a R$ 1.482,00 Os dados de 2008 a 2012 foram projetados (p). Fonte: IBGE; QUADROS, W (2008). Elaboração DECOMTEC/FIESP. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 23 3.2.1. Consumo Aparente e Informalidade O número de fabricantes brasileiros de bicicletas elevou-se, em parte, devido à disponibilidade de peças e de componentes. Em 2006, o consumo aparente de bicicletas, obtido por meio da estimativa7 das vendas (PIA-Produto), somada às importações e excluídas as exportações, foi de 3,9 milhões de bicicletas. A diferença entre o valor encontrado nos dados da PIA e o consumo anual expandido da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF/IBGE) foi de cerca de 2 milhões de bicicletas (Gráfico 3.5), volume que, possivelmente, está atrelado à informalidade. Gráfico 3.6 Consumo de Bicicletas no Brasil, 2006. Em Milhões de Unidades 1.995.988 Infomalidade 3.893.424 Consumo Aparente 5.889.412 Consumo POF 0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 Fonte: PIA/IBGE; POF-2003/IBGE; ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP. Conduzida por micros e pequenos estabelecimentos que utilizam componentes importados e nacionais, a informalidade do setor de bicicletas foi estimada pela FIESP em 34%8 do consumo. A significativa participação da informalidade bloqueia o desenvolvimento dos produtores legalmente estabelecidos e prejudica a arrecadação tributária do país. 7 Em 2006, da quantidade de bicicletas produzidas apresentadas na PIA-Produto, foi efetuado um ajuste, com a inclusão dos micros estabelecimentos constantes na RAIS. Admitiu-se que a homogeneidade da produtividade e do produto. 8 Na edição de 16/04/2008, o jornal Valor Econômico divulgou que o mercado informal de montagem de bicicletas domina 35% das vendas. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 24 No que tange ao comércio internacional, a bicicleta, além de ter a Tarifa Externa Comum (TEC) inferior à de automóveis de passeio9, possui elasticidade-renda decrescente nas faixas mais elevadas de renda. Assim, há entraves ao desenvolvimento, que estão associados à importação e à mudança nos padrões de consumo. 3.3. Comércio Exterior O Gráfico 3.6 apresenta os principais destinos das exportações de bicicletas brasileiras. As vendas de 33.590 bicicletas10 geraram cerca de US$ 1,1 milhão de receita. As exportações direcionaram-se para países da América Latina (88%) e África (12%). O preço médio da bicicleta brasileira exportada foi de US$ 32,88, com preços que oscilaram entre US$ 12,23 e US$ 515,00. Gráfico 3.7 Exportação de Bicicletas – Brasil, 2006 Participação em Unidades. Total 33.590. México 4,8% Bolivia 1,0% Angola 11,9% Outros 0,3% Paraguai 25,6% Uruguai 16,1% Argentina 21,1% Chile 19,2% Fonte: ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 9 Os automóveis de passeio e as autopeças possuem TEC de 35% e 18%, respectivamente, enquanto as bicicletas e as bicipeças possuem TEC de 20% e 16%, respectivamente. 10 PRODLIST 3592.0030: 33.580 bicicletas (NCM 8712.0010) e 10 bicicletas (NCM 8712.0090). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 25 O Gráfico 3.7 apresenta as importações de bicicletas11 efetuadas pelo Brasil. Em 2006, foram compradas 50.615 bicicletas, das quais 35.972 vieram da China, a principal exportadora em volume para o país. Taiwan aparece como segundo maior exportador de bicicletas para o Brasil, porém, em termos monetários, Taiwan configura-se no principal fornecedor externo, com 54% dos valores transacionados, seguido pela China com 36%. A Ásia é a principal fornecedora externa de bicicletas ao Brasil, com 94% do total transacionado, já a importação de bicicletas da América Latina foi de, apenas, 4%. A bicicleta importada apresentou preço médio unitário de US$ 80,61, com preços que oscilaram entre US$ 15,46 e US$ 817,71. Gráfico 3.8 Importação de Bicicletas – Brasil, 2006 Participação em Unidades. Total 50.615. Uruguai 3,1% Paraguai Indonésia 0,9% 0,9% Outros Hong Kong 1,7% 1,1% Taiwan 21,2% China 71,1% Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP. No segmento de bicipeças, a China também figura como principal fornecedora externa (Gráfico 3.9). Somente na importação de pneumáticos de borracha que a China perde posição para o Vietnã e a Índia, devido à medida antidumping12 adotada em relação às importações chinesas desse produto. 11 Em 2006, o Brasil importou 50.615 bicicletas, das quais: 48.706 foram do NCM 8712.0010 e 1.909, do NCM 87120090. 12 Resolução CAMEX nº 48, de 10/10/2007. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 26 Gráfico 3.9 Origens das Importações de Bicicletas e Componentes – 2008* Em US$ de 2008 Bicicletas ou outros ciclos, sem motor, inclusive os triciclos Aros ou raios para bicicletas 43,7% 7,1% 8,6% 0,1% 86,5% 0,0% 0,0% 1,7% 3,2% 49,1% Freios, cubos de freios ou suas partes, para bicicletas Parte, peças ou acessórios para bicicletas ou outros ciclos, sem motor 5,7% 8,8% 0,0% 3,2% 0,2% 73,8% 3,4% 77,9% 13,1% 13,1% Pneumáticos novos de borracha Câmaras de ar de borracha 25,9% 41,1% 88,3% 4,6% 10,2% 0,0% 0,1% 1,4% 6,4% 22,0% Dados de Janeiro/2008 a Agosto/2008. Fonte: ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 27 A adoção de direitos antidumping sobre os pneumáticos novos de borracha originários da China provocou oscilações na importação do produto nos períodos correspondentes à suspensão e ao restabelecimento da medida, respectivamente. Mesmo com a aplicação de direitos antidumping, a importação de pneumáticos elevou-se, a partir de 2006, pois novos fornecedores internacionais elevaram suas participações, como Vietnã e Índia, e, praticamente, compensaram as importações da China. O Gráfico 3.10 apresenta a evolução das importações de bicicletas e de componentes. Entre 2002 e 2007, observa-se que o câmbio valorizado favoreceu as importações, de maneira especial, a partir de 2004. Gráfico 3.10 Importações de Bicicletas e Componentes por Peso (Kg), 2002-2007 Base: 2002 = 100 600 500 400 300 200 100 0 2002 2003 Quadros, Garfos, Pedais, Selins Bicicletas, Ciclos e Triciclos Câmbio Real 2004 Aros e Raios Pneumáticos 2005 2006 2007 Freios, Cubos e Partes Câmaras de Pneus Taxa de câmbio (R$/US$) – (comercial/compra/média - deflator: IPCA). Fonte: BCB Boletim/BP; DEPEC/BCB; ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP. O principal impacto da elevação das importações de componentes manifestouse no emprego, ao transferir para o exterior a produção desses produtos. Conforme será visto na seção 4.1.2, o emprego no setor de bicicletas estagnou-se nos anos de crescimento das importações. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 28 De acordo com o Gráfico 3.11, de 2000 a 2006, o déficit comercial no setor de bicicletas13 aprofundou-se a partir de 2003, quando o câmbio começou se valorizar. As exportações recuaram e, em 2006, eram inferiores às observadas no início da década. Gráfico 3.11 Comércio Exterior do Setor de Bicicletas Brasileiro, 20002006 80 60,5 60 40 Em US$ milhões 20 50,6 40,0 36,1 5,4 5,1 40,6 31,2 27,6 5,4 2,9 5,7 6,3 4,4 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 -20 -40 -34,9 -30,7 -28,3 -22,2 , -34,9 -44,4 -60 -56,1 -80 Exportação Importação Saldo Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP As exportações brasileiras de bicicletas são muito pequenas, e apesar dos preços médios dos produtos serem semelhantes aos praticados pela China (Gráfico 3.12), tanto a escala, como a pauta é diferente. A China, com uma exportação de cerca de 60 milhões de unidades, atende a um número expressivo de países e a vários segmentos, enquanto as exportações brasileiras dirigem-se a poucos países, com uma pauta não tão diversificada, constituída de bicicletas mais baratas, como as infantis e os triciclos. No Gráfico 3.12 observa-se também que a Alemanha, a França e a Itália, praticam preços médios mais elevados. As bicicletas desses países são mais sofisticadas e possuem como diferenciadores, além do design e da marca, a inclusão de componentes tecnologicamente mais avançados e protegidos por 13 Os dados são referentes às commodities códigos (COMTRADE - HS 1996): 871200, 871491, 871492, 871493, 871494, 871495. 871496 e 871499. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 29 patentes industriais. Frisa-se que esses países são importadores de componentes, que podem complementar a produção interna da bicicleta. Gráfico 3.12 Evolução do Preço Médio Unitário de Vendas – Países Selecionados Em US$ 180 160 155,50 145,78 143,33 140 142,09 134,50 120 145,79 101,42 100 64,66 65,67 101,42 99,09 80,01 80 138,57 104,90 101,42 87,47 65,72 60 30,28 40 20 28,23 30,61 0 2000 28,44 31,94 30,79 2001 Brasil 27,91 29,53 30,19 31,64 33,55 32,55 28,36 33,75 2002 China 14,13 19,65 2003 2004 Itália Alemanha 32,88 15,46 2005 2006 França Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 30 4. DESEMPENHO DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL Os tópicos anteriores apresentaram o setor de bicicletas no Brasil e no mundo. Por meio dessa exposição, foi possível conhecer o setor de modo abrangente: a evolução da produção; o contexto tecnológico; comércio internacional; os principais players e suas respectivas participações na indústria. Nos próximos tópicos, serão analisados os indicadores de emprego; o número de empresas e o grau de alfabetização da mão-de-obra. Além disso, serão analisados os principais indicados econômico-financeiros do setor no Brasil. Essas variáveis serão comparadas com as observadas na indústria de transformação. A inclusão da indústria de transformação no estudo obedece ao interesse de oferecer referências para a interpretação da evolução do setor de bicicletas. Desse modo, o enfoque comparativo será amplamente utilizado. 4.1. Evolução e Características dos Estabelecimentos e do Emprego (RAIS/MTE) Os próximos tópicos são analisados com base em dados extraídos na RAIS (Ministério do Trabalho e Emprego). Na análise diferenciam-se estabelecimentos de empresas, pois os primeiros representam distintas unidades produtivas, as quais podem estar integradas a uma única empresa, e os segundos representam as empresas, as quais podem possuir mais de um estabelecimento. 4.1.1. Estabelecimentos O número de estabelecimentos de fabricantes de bicicletas passou de 155 em 1998, para 173 em 2006, com concentração na Região Sudeste. O Gráfico 4.1 apresenta a configuração dos estabelecimentos. Observa-se que entre 1999 e 2003 ocorreu o crescimento do número de estabelecimentos, e, entre 2003 e 2006, ocorreu a queda no número de estabelecimentos. Em 2006, a quantidade de estabelecimentos era a mesma de 2001. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 31 Gráfico 4.1 Evolução dos Estabelecimentos de Fabricantes de Bicicleta 195 180 165 150 135 5 23 6 19 11 8 9 7 27 26 31 110 104 108 25 21 11 18 9 9 6 2003 2004 2005 9 10 18 11 21 23 109 118 110 116 17 8 21 18 8 2001 2002 26 120 105 90 75 104 95 14 9 19 10 19 6 1998 1999 2000 60 45 30 15 0 Norte Nordeste Sudeste Sul 2006 Centro-Oeste Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. Entre 1998 e 2006, o número de estabelecimentos da indústria de transformação cresceu 30%, enquanto o crescimento na quantidade de fabricantes de bicicletas foi de 12% (Tabelas 4.1 e 4.2). A configuração quanto ao porte14 apresenta-se semelhante, tanto na indústria de transformação, como no setor de bicicletas, nos quais se verificam um grande predomínio de microestabelecimentos. Tabela 4.1 Estabelecimentos - Indústria de Transformação, 1998-2006 ∆% 98/06 27% % 2006 82,9% Contrib.% à mudança 77% 40.734 49% 13,6% 19% 8.611 32% 2,9% 3% 1.449 1.571 56% 0,5% 1% 280.618 298.619 30% 100,0% 100% Porte 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Micro 195.032 199.426 203.660 209.459 216.035 220.091 225.168 232.769 247.703 27.404 28.775 31.074 32.190 33.326 34.095 36.971 38.412 Médio 6.548 6.636 6.982 6.962 7.186 7.287 7.894 7.988 Grande 1.004 1.011 1.082 1.120 1.181 1.233 1.404 229.988 235.848 242.798 249.731 257.728 262.706 271.437 Pequeno Total Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP Os microestabelecimentos foram responsáveis por 77% do crescimento do número de estabelecimentos na indústria de transformação. Apesar de os fabricantes de bicicletas terem experimentado um crescimento relativamente 14 Os estabelecimentos, quanto ao porte, classificam-se em: micros (até 19 trabalhadores); pequenos (de 20 a 99 trabalhadores); médios (de 100 a 499 trabalhadores) e grandes (acima de 500 trabalhadores). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 32 menor do que o da indústria de transformação, com uma variação de 12% no período, verificou-se um aumento de estabelecimentos de pequeno porte, e uma diminuição relativa de micros e médios estabelecimentos (Tabela 4.2). O crescimento da quantidade de pequenos estabelecimento relaciona-se às facilidades e à disponibilidade de componentes, os quais reduzem as barreiras à entrada no setor. Tabela 4.2 Estabelecimentos – Fabricantes de Bicicleta, 1998-2006 Porte Micro Pequena Média Grande Total 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 123 23 8 1 155 115 26 8 0 149 119 33 10 0 162 123 41 9 0 173 120 44 9 0 173 134 39 8 1 182 122 42 7 1 172 127 37 7 2 173 116 50 6 1 173 Participação % em 2006 67,1% 28,9% 3,5% 0,6% 100,0% ∆ % 98/06 Contribuição % à Mudança -6% 117% -25% 0% 12% -39% 150% -11% 0% 100% Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP 4.1.2. Emprego O emprego cresceu tanto na indústria de transformação como na fabricação de bicicleta, porém, de forma desigual (Gráfico 4.2). Segundo dados da RAIS, o número de trabalhadores nas fábricas de bicicletas passou de 3.783 em 1998, para 4.835 em 2006, enquanto na indústria de transformação, o número de trabalhadores passou de 4.476.993 em 1998, para 6.594.783 em 2006. No período, o aumento do emprego nas fábricas de bicicletas foi de 28%, contra 47% da indústria de transformação. No entanto, dentro do período analisado, o emprego variou bastante na fabricação de bicicletas, com queda em 1999, e posterior recuperação até 2001. O emprego, desde 2001, apresenta uma tendência de estagnação, com queda no total de pessoas ocupadas em 2006, comparativamente a 2001. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 33 Gráfico 4.2 Evolução do Número de Trabalhadores, 1998-2006 Indústria de Transformação e Fabricantes de Bicicletas Em milhares Indústria de Transformação Bicicletas 7.000 7 6.000 6 5.000 5 4.000 4 3.000 3 1998 1999 2000 2001 2002 Transformação 2003 2004 2005 2006 Bicicletas Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. A Tabela 4.3 exibe a distribuição do emprego da indústria de transformação e das empresas fabricantes de bicicletas. O setor é importante empregador em vários estados brasileiros, notadamente, no Amazonas, Piauí, Santa Catarina e em São Paulo. Nesses estados concentram-se os principais fabricantes de bicicletas e de componentes. O emprego nas fábricas de bicicletas cresceu em quase todas as regiões, a única exceção foi a região Norte, onde o número de trabalhadores, entre 1998 e 2006, reduziu de 690, para 390. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 34 Tabela 4.3 Distribuição do Número de Trabalhadores por Regiões, 1998 e 2006 1998 Localização Norte Norte s/ Amazonas Amazonas Nordeste Nordeste s/ Piauí Piauí Sudeste 2006 Bicicletas Part. % do Setor na Ind. Transf. 118.763 690 0,58% 71.253 0 0,00% Indústria de Transformação Bicicletas Part. % do Setor na Ind. Transf. Part. % na Fabricação de Bicicletas 231.960 390 0,17% 8,1% 129.468 2 0,00% 0,0% Indústria de Transformação 47.510 690 1,45% 102.492 382 0,37% 7,9% 527.368 201 0,04% 848.777 894 0,11% 18,5% 512.011 201 0,04% 826.217 232 0,03% 4,8% 15.357 0 0,00% 22.560 662 2,93% 13,7% 2.573.621 2.560 0,10% 3.509.633 2.714 0,08% 56,1% Sudeste s/ SP 829.996 695 0,08% 1.139.659 81 0,01% 1,7% São Paulo 1.743.625 1.865 0,11% 2.369.974 2.633 0,11% 54,5% 1.084.443 292 0,03% 1.686.547 729 0,04% 15,1% 771.313 287 0,04% 1.155.083 322 0,03% 6,7% Sul Sul s/ SC Santa Catariana Centro-Oeste Brasil 313.130 5 0,00% 531.464 407 0,08% 8,4% 172.772 40 0,02% 317.866 108 0,03% 2,2% 4.476.967 3.783 0,08% 6.594.783 4.835 0,07% 100,0% Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. Em 2006, na região Sudeste, as fábricas de bicicletas empregavam 0,08% da indústria de transformação, o que equivalia a 56% de todo o pessoal ocupado no setor. Ainda em 2006, o estado de São Paulo possuía 94 estabelecimentos, dos quais 55 eram micros; 36, pequenos e 3, médios, e concentrava 54,5% dos trabalhadores da atividade no Brasil. Na Região Norte, a produção de bicicleta empregava 0,17% da indústria de transformação local, na qual, o estado do Amazonas era o maior empregador, com 8% da mão-de-obra do setor no Brasil, distribuídos em seis estabelecimentos: 3 micros, 1 pequeno e 2 médios. No Nordeste, a participação do emprego do setor equivalia a 0,11% da indústria de transformação da região. O estado do Piauí concentrava 13,7% do emprego da produção de bicicleta no Brasil, em dois estabelecimentos: um micro e um grande, que respondiam por 3% do emprego da indústria de transformação do Piauí. A Região Sul registrou o crescimento do número de emprego, notadamente em São Catarina, onde o pessoal ocupado do setor passou de 5 em 1998, para FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 35 407 em 2006. Santa Catarina detinha, em 2006, 8,4% do pessoal ocupado no setor de bicicletas, participação superior ao do Amazonas. 4.1.3. Grau de Escolaridade da Força de Trabalho Além de verificar o total de pessoal ocupado no setor de bicicletas, é importante analisar o grau de escolaridade dessa mão-de-obra. O grau de escolaridade fornece informações à respeito das características da força de trabalho das empresas produtoras de bicicletas (Tabela 4.4), e pode indicar as possibilidades das empresas quanto à geração de novos processos ou produtos. Em tese, quanto maior a participação de trabalhadores com nível superior, maiores serão as chances de que ocorram inovações. Tabela 4.4 Evolução do Grau de Escolaridade, 1998 e 2006. Indústria de Transformação % em % em 1998 2006 1998 2006 Analfabeto 105.530 2,4% 65.845 1,0% Fundamental I 2.033.981 45,4% 1.721.631 26,1% Fundamental II 1.315.190 29,4% 1.964.498 29,8% Médio 795.708 17,8% 2.448.075 37,1% Superior 226.584 5,1% 394.734 6,0% Total 4.476.993 100,0% 6.594.783 100,0% Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP Fabricantes de Bicicletas % em % em 1998 2006 1998 2006 68 1,8% 17 0,4% 1.982 52,4% 1.073 22,2% 1.013 26,8% 1.823 37,7% 568 15,0% 1.795 37,1% 152 4,0% 127 2,6% 3.783 100,0% 4.835 100,0% Os trabalhadores com Fundamental I eram maioria, em 1998, tanto na indústria de transformação, como na fabricação de bicicletas. Em 2006, ocorreu à elevação da participação de trabalhadores com o ensino Médio e a redução de Analfabetos, o que indica uma melhoria no grau de alfabetização da força de trabalho. Na indústria de transformação, a participação de trabalhadores com o ensino Médio completo tornou-se predominante, enquanto nas fábricas de bicicletas, destacaram-se tanto os trabalhadores com o Fundamental II completo, como os com o ensino Médio. Observou-se também que, nas fábricas de bicicleta, ocorreu a redução da participação de trabalhadores com nível superior. Entre 1998 e 2006, o número de trabalhadores com superior passou de 152, para 127. Em 2006, na FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 36 fabricação de bicicletas, das 127 pessoas com nível superior, 83 estavam alocadas em São Paulo; 16, em Santa Catarina; 13, no Piauí; 12, no Amazonas; 2, no Paraná e 1, no Rio Grande do Sul. A redução do número de trabalhadores com nível superior pode relacionar-se tanto ao crescimento de pequenos estabelecimentos, que costumam empregar mão-de-obra menos especializada, como ao ajustamento do quadro por parte das grandes empresas. Porém, a menor participação de trabalhadores com curso superior pode configurar-se em um gargalo para a realização de inovações. Já, o crescimento de trabalhadores com o Fundamental II e Médio completo torna factível a aplicação de cursos técnicos e de aperfeiçoamento, que podem refletir, diretamente, na elevação da produtividade. 4.2. Indicadores do Setor de Bicicletas, PIA-IBGE Este tópico fundamenta-se nos dados da PIA/IBGE. Os dados foram atualizados monetariamente para o ano de 2006 e refletem a situação do setor de bicicletas e da indústria de transformação, a qual, novamente, foi tomada como referência para a análise. Os dados sobre pessoal ocupado do item 4.2.6 contemplam, tanto empresas produtoras de bicicletas, como fabricantes de bicipeças, por isso, divergem das informações do item 4.1.2, que apresenta o emprego na fabricação de bicicleta, além disso, os dados da RAIS são amplos, já os da PIA apresentam informações de empresas com mais de 30 funcionários. 4.2.1. Valor da Transformação Industrial - VTI O Valor da Transformação Industrial é um dos principais indicadores da indústria e, analogamente ao Produto Interno Bruto (PIB), exibe o desempenho da indústria ou de um setor em particular, e é obtido pela diferença entre o valor bruto da produção industrial (VBPI) e os custos das operações industriais (COI). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 37 A participação do setor de bicicletas na indústria de transformação reduziu-se de 0,13% em 1998, para 0,10% em 2006 (Gráfico 4.3). Em valores atualizados pelo IPCA-2006, o VTI da indústria de transformação passou de R$ 290,2 bilhões em 1998, para R$ 520,8 bilhões em 2006, o que representou um crescimento de 79,5%. No mesmo período, o VTI do setor de bicicletas cresceu 43,1%, ao passar de R$ 371,4 milhões, para R$ 531,4 milhões. Gráfico 4.3 Evolução do Valor da Transformação Industrial 1998-2006 Em Milhões R$ 2006 Bicicletas Indústria de Transformação 550 550.000 500 500.000 Indústria de Transformação 450 450.000 400 400.000 350 350.000 Bicicletas 300 300.000 250 250.000 200 200.000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.2. Valor da Transformação Industrial por Empresa O VTI Médio, calculado pela razão entre o VTI e o número de empresas, está exposto no Gráfico 4.4. Entre 1998 e 2006, o desempenho do setor de bicicletas esteve distante do alcançado pela indústria de transformação. Nesse período, o VTI Médio do setor de bicicletas cresceu 5,4%, enquanto na indústria de transformação, a evolução foi de 26,1%. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 38 Gráfico 4.4 Evolução do VTI Médio por Empresa, 1998-2006 Em Milhões R$ 2006 18.000 15.730 16.991 15.698 15.606 16.000 16.661 15.429 14.000 12.000 14.239 15.168 INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO 12.378 10.000 8.842 7.074 8.000 9.322 8.936 7.300 6.211 6.000 7.422 4.572 4.000 4.607 BICICLETA 2.000 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.3. Valor Bruto da Produção Industrial - VBPI Segundo o IBGE, o Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) é constituído pela da soma de vendas de produtos e serviços industriais (receita líquida industrial) com a variação dos estoques dos produtos acabados e em elaboração e produção própria realizada para incorporada ao ativo imobilizado. Logo, o VBPI é um importante indicador das operações das empresas. O VBPI do setor apresentou evolução relativamente menor do que o observado na indústria de transformação (Gráfico 4.5). Entre 1998 e 2006, o VBPI da indústria de transformação aumentou 89,3%, o que reflete um crescimento anual médio de 8,3%; enquanto no setor de bicicletas, o VBPI acumulou 18,9% de incremento, com crescimento anual médio de 2,2%. Assim, no período analisado, as vendas do setor de bicicletas não acompanharam o ritmo das vendas da indústria de transformação, o que será confirmado pelo desempenho da Receita Líquida de vendas no item 4.2.4. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 39 Gráfico 4.5 Evolução do VBPI, 1998-2006 Em R$ 2006 1.300.000 1.300.000.000 1.200.000 1.200.000.000 Indústria de Transformação 1.100.000 1.100.000.000 1.000.000 1.000.000.000 900.000 900.000.000 800.000 800.000.000 700.000 700.000.000 600.000 600.000.000 Bicicletas 500.000 500.000.000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.4. Receita Líquida de Vendas Conforme mencionado anteriormente, a vendas do setor de bicicletas apresentaram evolução abaixo da média da indústria de transformação. Esse baixo desempenho indica que o setor enfrentou dificuldades, como a expansão da importação de bicipeças que elevou a concorrência, tanto no setor de componentes como na produção de bicicletas. Além disso, existe a mudança nas preferências de uma parcela dos consumidores, especialmente entre o público infanto-juvenil, que associados aos parcos investimentos governamentais em ciclovias, dificultaram a difusão da bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades. Na indústria de transformação, a evolução da receita líquida de vendas, entre 1998 e 2006, foi de 88,3%, porcentagem bem mais elevada que os 10,5% obtidos pelo setor de bicicletas (Gráfico 4.6). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 40 Gráfico 4.6 Evolução da Receita Líquida de Vendas, 1998-2006 Base: 1998=100 200 188 INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 180 189 186 173 160 140 132 120 156 146 110 117 100 108 80 78 77 91 78 77 60 64 BICICLETA 40 20 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. O baixo crescimento das vendas do setor de bicicletas compromete os resultados das empresas, que, diante da elevação dos preços de alguns insumos, incorrem em dificuldades no repasse dos custos de produção aos consumidores finais. Ressalta-se que os preços das principais matérias-primas, como o aço15 e o alumínio, apresentaram sucessivos reajustes a partir de 2003, fenômeno associado à grande demanda internacional de commodities, impulsionada pelo crescimento de grandes países, como a China e a Índia. 4.2.5. Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF O setor de bicicletas apresentou elevação em seus investimentos, apesar de ter apresentado resultados das vendas não tão expressivos. Entre 1998 e 15 Nos últimos quatro anos, o minério de ferro acumulou aproximadamente 268,7% de elevação em seus preços: 65% em 2008, 9,5% em 2007, 19% em 2006 e 71,5% em 2005. O carvão mineral apresentava relativa estabilidade em seus preços, com média de US$ 40/t, porém, a partir de 2003 os preços do carvão aumentaram cerca de 90%. Com a elevação do preço desses insumos, a indústria siderúrgica repassou ao preço do aço o encarecimento de seus insumos, esse reajuste só foi possível devido à crescente demanda chinesa de produtos siderúrgicos. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 41 2006, a Formação Bruta de Capital Fixo16 do setor cresceu 87,1%, ao passar de R$ 17,2 milhões para R$ 32,2 milhões (Gráfico 4.7). Na indústria de transformação, a FBCF elevou-se em 37,6%, passando de R$ 56,7 bilhões para R$ 78,5 bilhões. O investimento efetuado pelo setor de bicicletas, provavelmente, exigiu um grande esforço de suas empresas, uma vez que estas não lograram crescimento tão favorável nas receitas. O dispêndio na FBCF elevou a relação FBCF/VTI do setor de 4,6% em 1998, para 6,1% em 2006. No mesmo período, a razão FBCF/VTI da indústria de transformação decresceu de 19,5% para 15,0%. 90 80 Bicicletas (em R$ Milhões) 90 85,1 78,0 Indústria de Transformação 70 60 70 37,6% 56,7 60 50 50 40 87,1% 32,2 30 40 30 Bicicletas 20 10 80 20 17,2 10 0 Indústria de Transformação (em R$ Bilhões) Gráfico 4.7 Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo, 1998-2006 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 EM R$ 2006 FONTE: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. No Gráfico 4.8 são exibidas as destinações dos investimentos realizados pelas empresas do setor entre 1998 e 2006. Mais de metade dos investimentos foram direcionadas à compra de máquinas e equipamentos, o que, por si só, explica à manutenção do quadro de funcionários em um patamar, 16 Total de investimentos na aquisição de terceiros, produção própria ou melhoria de terrenos e edificações, máquinas e equipamentos, meios de transporte e outras aquisições que se incorporem ao ativo imobilizado da empresa. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 42 relativamente, estável, contribuindo para elevação da produtividade do trabalho. Gráfico 4.8 Composição dos Investimentos Realizados pelo Setor de Bicicletas, 1998-2006 Em milhões de R$ Outras Aquisições 28% Melhorias 1% Terrenos e Edificações 15% Meios de Transporte 4% Máquinas e Equipamentos 52% Fonte PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. O investimento médio por empresa, obtido pela razão entre o total de aquisições e o número de empresas, no setor de bicicletas foi inferior à media da indústria de transformação no período entre 1998 e 2006. Em 1999, em decorrência dos gastos de instalação de um novo fabricante, os investimentos foram mais elevados, resultando em um investimento médio muito próximo à da indústria de transformação. O investimento por empresa no setor de bicicletas é, historicamente, menor do que em outros setores, isso ocorre devido à própria dinâmica industrial e características internas. No entanto, o investimento médio do setor elevou-se em 167%, enquanto na indústria de transformação essa variação foi de 78%. Esse aumento nos investimentos retrata uma situação de modernização das empresas, que, conforme visto no Gráfico 4.8, elevou a aquisição de máquinas e equipamentos. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 43 Gráfico 4.9 Evolução do Investimento por Empresa, 1998-2006. 2500 1.912 2000 1.997 2.165 1.846 1.593 1.579 1.334 1500 1.217 Indústria de Transformação 1.215 1.181 1000 Bicicletas 545 500 380 204 0 1998 1999 199 224 176 210 2000 2001 2002 2003 242 2004 2005 2006 Valores em R$ 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.6. Pessoal Ocupado – PO A Tabela 4.5 apresenta a evolução do pessoal ocupado17 no setor de bicicletas e na indústria de transformação. Entre 1998 e 2006, o pessoal ocupado da indústria de transformação cresceu 38,3%, enquanto no setor de bicicletas ocorreu aumento de apenas 3,2%. No período, o emprego no setor de bicicletas variou consideravelmente, o que refletiu nos resultados da produtividade do trabalho. Tabela 4.5 Evolução do Pessoal Ocupado – PO Bicicletas Transf. Pessoal Ocupado 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 6.192 4.650 5.105 4.775 4.759 5.220 5.892 4.829 6.392 3.819.409 3.868.572 4.064.179 4.187.836 4.283.254 4.660.422 4.956.074 5.051.814 5.283.670 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 17 As diferenças entre as informações da RAIS com as da PIA derivam da metodologia de cada um dos bancos de dados, enquanto na RAIS as informações são compulsoriamente transmitidas ao Governo, na PIA, por se tratar de uma pesquisa, a amostra varia de ano a ano. Todavia, para o cálculo da produtividade devem ser utilizados os dados de VTI e PO da PIA, mantendo as coerências do método e do s resultados. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 44 4.2.7. Gastos com Pessoal O Gasto de pessoal, segundo o IBGE, reflete: as despesas com: salários, retiradas e outras remunerações; contribuições por parte do empregador para a previdência social, previdência privada e FGTS; indenizações trabalhistas; dispensas incentivadas e benefícios concedidos aos empregados (auxíliorefeição, transportes, despesas médicas e hospitalares, creches, educação, dentre outros). O gasto médio com pessoal é obtido por meio da razão entre o gasto com pessoal e o pessoal ocupado, e indica o valor médio despendido com cada funcionário. O Gráfico 4.9 mostra a evolução do gasto médio com pessoal na indústria de transformação e no setor de bicicletas. . Gráfico 4.10 Evolução do Gasto Médio com Pessoal, 1998-2006 35 33,5 Em Milhares de R$ 2006 33 31 33,1 30,5 29 Indústria de Trasnformação 27 25 Bicicletas 23 23,2 21 19 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. No período examinado, ocorreu redução do gasto médio na indústria de transformação e no setor de bicicletas, com maior amplitude neste último. A redução do gasto médio com pessoal no setor pode ter ocorrido em decorrência da melhor gestão; da redução do salário real (Gráfico 4.11); da automação e mecanização; dentre outros. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 45 Gráfico 4.11 Evolução do Salário Médio Mensal, 1998-2006 1.800 1.700 1.673 1.600 1.621 1.633 1.608 1.581 1.570 1.554 1.532 1.547 1.555 1.500 Indústria de Transformação 1.400 1.325 1.300 1.257 1.200 1.288 1.144 Bicicletas 1.100 1.034 1.000 900 1998 1999 2000 2001 2002 1.056 1.029 1.005 2003 2004 2005 2006 Valores em R$ 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. No setor de bicicletas, conforme visto no item 4.2.5, os investimentos na Formação Bruta de Capital Fixo foram mais elevados que os da indústria de transformação, e podem ter elevado a produtividade da mão-de-obra, possibilitado a contratação de pessoas menos especializadas para atividades mais simples, como as de montagem. O Gráfico 4.12 apresenta o Gasto Médio, o Gasto Médio com Pessoal e o Pessoal Ocupado do setor de bicicletas no período entre 1998 e 2006. Há a redução de 27,6% nos gastos com pessoal, que explicam a queda no gasto médio, uma vez que o pessoal ocupado cresceu apenas 3,2% no período. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 46 Gráfico 4.12 Evolução do Gasto Médio, Gasto Médio e PO do Setor de Bicicletas 250.000 35,0 33,1 200.000 24,7 26,0 205.058 30,0 Gasto Médio com Pessoal 26,2 21,6 23,2 21,7 20,2 150.000 25,0 19,1 20,0 132.535 100.000 114.967 127.782 125.296 102.888 105.401 Gastos com Pessoal Pessoal Ocupado 50.000 6.192 4.650 5.105 4.775 4.759 5.220 148.422 92.199 15,0 10,0 5,0 5.892 4.829 6.392 0 0,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Valores em Milhares de R$ 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.8. Produtividade do Trabalho Entre 1998 e 2006, apesar da elevação da produtividade do trabalho18, o setor de bicicletas não atingiu os valores observados na indústria de transformação. A produtividade do setor de bicicletas acumulou 39% de crescimento, taxa superior aos 30% obtido pela indústria de transformação (Gráfico 4.13). O crescimento do VTI melhorou a produtividade, em que, possivelmente, os investimentos em automação influenciaram nessa melhor performance. 18 A produtividade do trabalho é obtida pela razão entre VTI e PO (pessoal ocupado). FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 47 Gráfico 4.13 Evolução da Produtividade do Trabalho, 1998-2006. Milhões R$ 2006 120 100 98,8 94,4 89,1 103,7 103,1 104,4 100,2 98,6 76,0 80 81,5 Indústria de Transformação 60 60,0 60,9 60,1 54,6 40 52,8 83,1 68,2 45,0 Bicicletas 20 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Em Milhares R$ 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.9. Custo das Operações Industriais - COI O custo das operações industriais19 do setor de bicicletas variou durante 1998 e 2006, com crescimento elevado no ano 2000, e uma posterior redução até 2006, quando foi inferior ao apresentado em 1998. Entre 1998 e 2006, a redução dos custos das operações industriais do setor de bicicletas foi de 2,8%, enquanto a indústria de transformação logrou crescimento em seus custos, no mesmo período, de 97,6%. Observa-se, no Gráfico 4.14, que os custos das operações industriais do setor caíram a partir de 2003, que pode estar relacionado à elevação das compras de componentes mais baratos da China, que foram favorecidas pelo câmbio valorizado. Conforme será visto no próximo tópico, o custo das matérias-primas, materiais auxiliares e componentes utilizados pelo setor reduziram-se no período, o que influenciou na redução do COI. 19 De acordo com o IBGE, o custo das operações industriais reflete os custos ligados diretamente à produção industrial: consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes; energia elétrica; combustíveis, peças e acessórios; serviços industriais de manutenção e reparos de máquinas e equipamentos ligados à produção prestados por terceiros. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 48 Gráfico 4.14 Evolução do Custo das Operações Industriais, 1998-2006 750 750 695 700 687 700 718 651 650 650 637 600 550 568 500 450 412 500 452 434 424 410 414 450 400 373 400 405 350 550 INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 525 468 600 400 BICICLETA 350 348 300 300 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO - VALORES EM BILHÕES DE R$ 2006 BICICLETA - VALORES EM MILHÕES DE REAIS DE R$ 2006 Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.2.10. Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes A Tabela 4.6 é apresentada a evolução dos dispêndios em matérias primas, materiais auxiliares e componentes. No período examinado ocorreu a queda dos valores gastos com esses materiais, resultado das importações de componentes chineses, que foram favorecidas pelo câmbio valorizado. Dessa maneira, as montadoras devem ter substituído fornecedores internos de alguns componentes, por outros de outros países. Esse cenário pode ter beneficiado as montadoras, porém prejudicou alguns fabricantes nacionais de componentes. Tabela 4.6 Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes. Em Milhões R$ 2006 1998 370.658 Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 379.305 570.445 376.510 389.388 415.917 384.303 346.509 2006 ∆% 98/06 352.525 -4,9% Fonte:PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 49 4.2.11. Margem Bruta da Atividade A margem bruta expressa, de modo sintético, a rentabilidade da atividade (Gráfico 4.15). A margem bruta do setor de bicicletas cresceu seis vezes mais do que a da indústria de transformação. A rentabilidade do setor elevou-se a partir de 2003, enquanto a margem bruta da indústria de transformação manteve-se estagnada. A boa rentabilidade do setor deve-se à redução de seus custos de operação e dos gastos com pessoal, associados aos investimentos em modernização. Gráfico 4.15 Margem Bruta versus Gasto Médio com Pessoal 35,0% 35,0 37,9% 33,5 33,0 35,7% 33,1 31,0 Margem Bruta 30,5 30,0% 27,7% 25,0% 33,0% 29,3% 23,9% 28,9% 28,4% 23,8% 28,7% 29,0 28,1% 27,0 25,0 27,8% 28,8% 23,2 21,0% 20,0% 23,0 21,0 Gasto Médio Anual (em milhares R$ 2006) 40,0% 19,0 18,2% 19,3% 17,6% 15,0% 1998 1999 2000 17,0 18,1% 15,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Bicicletas - Margem Bruta Ind. Transf. - Margem Bruta Bicicletas - Gasto Médio de Pessoal Ind. Transf. - Gasto Médio de Pessoal Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 4.3. Desempenho Econômico-Financeiro – FIESP/SERASA As informações deste tópico são resultado da análise dos dados FIESP/SERASA. É importante salientar que o período analisado difere-se do estudado no tópico 4.2, assim algumas informações que, em principio, podem parecer contraditórias, são na verdade dados mais pontuais, que expõe um cenário mais recente do setor. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 50 4.3.1. Situação Econômica Os indicadores econômico-financeiros FIESP/SERASA20 apontaram queda na rentabilidade do setor de bicicletas entre 2004 e 2007. Esse cenário foi evidenciado pela evolução nominal das vendas, que decresceu no período, pela redução da geração de lucro líquido, notadamente no biênio 2006-2007. Não há informações da rentabilidade patrimonial nos anos de 2004 e 2005. Em 2006, observou-se rentabilidade patrimonial nula que pode ter gerado perdas aos acionistas das empresas do setor. Conforme exposto na Tabela 4.7, em 2007, a rentabilidade patrimonial das empresas do setor de bicicletas configurou-se mais elevada do que a de algumas aplicações financeiras, e esteve acima da rentabilidade das pequenas e médias empresas da indústria de transformação. Apesar disso, o resultado do setor de bicicletas não se configurou totalmente satisfatório, pois em outros indicadores, como o que mede a evolução das vendas, da margem líquida e da rentabilidade do ativo, os resultados estiveram aquém dos alcançados pela indústria de transformação. Tabela 4.7 Rentabilidade de Investimentos Alternativos 2004 2005 15,6% 18,7% Renda Fixa 16,0% 19,1% Referencial DI 17,9% 19,3% Multimercados com RV n.d. n.d. Rent. Patrimonial - Setor de Bicicletas 4,0% 3,0% Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Grandes 14,0% 12,0% Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Médias Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Pequenas 19,0% 17,0% Fonte: ANBID; FIESP/SERASA. Elaboração DECOMTEC/FIESP 2006 15,4% 15,0% 21,6% 0,0% 18,0% 11,0% 9,0% 2007 12,3% 11,8% 13,6% 16,0% 18,0% 12,0% 13,0% Na categoria da gestão do capital de giro, apesar de o setor possuir recursos suficientes para arcar com seus compromissos, a capacidade de gerar caixa reduziu-se sensivelmente. A margem EBITDA apresentou certa estabilidade entre 2004 e 2007, em patamares similares aos apresentados pela indústria de transformação. O desempenho do setor sugere a existência de condições satisfatórias ao pagamento de dívidas. Ao mesmo tempo, as despesas 20 Os indicadores FIESP/SERASA utilizados na análise deste tópico encontram-se nos Anexos deste relatório. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 51 financeiras do setor reduziram-se comparativamente ao seu EBITDA, mas são superiores à relação despesa financeira/EBITDA das empresas da indústria de transformação. Esse ambiente pode estar relacionado a um afastamento das empresas dos recursos onerosos de curto prazo, ou até mesmo a obtenção de empréstimos e financiamentos em prazos mais longos. O setor precisa reduzir o prazo médio de recebimento de suas vendas, alongar os prazos médios de pagamentos de suas compras e melhorar a gestão de estoques, de modo que reduzam-se o prazo de renovação destes, pois, há uma necessidade de capital de giro de pelo menos 97 dias, superior às necessidades da indústria da transformação, tanto a das grandes empresas, como das médias e pequenas. 4.3.2. Situação Financeira A interpretação dos indicadores sugere que a situação financeira das empresas do setor de bicicletas modificou-se consideravelmente. Esses indicadores apontaram para uma provável redução da liberdade financeira, isto é, pode ter ocorrido uma diminuição do capital circulante para novos investimentos, devido à evolução da relação entre o patrimônio liquido e o ativo permanente. Do mesmo modo que apresentado no item 4.2.5, os indicadores FIESP/SERASA indicam que o parque industrial modernizou-se, pois, há a redução na obsolescência do imobilizado, que era de 61% em 2004, e passou para 30% em 2007. Os investimentos em novas unidades, equipamentos, máquinas e equipamentos utilizando empréstimos e financiamentos com prazos e condições de financiamentos mais favoráveis podem ter reduzido, relativamente, à dependência das empresas em recursos onerosos de curto prazo. Há a elevação do endividamento, da dependência financeira e do endividamento oneroso financiado por capital de terceiros. Notou-se que a utilização do desconto bancário de duplicatas oscilou de ano para ano, relacionado à procura desse recurso conforme as taxas de juros. As dívidas bancárias reduziram vis-à-vis às despesas financeiras, uma vez que os prazos FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 52 médios, em dias de faturamento, para arcar com esses compromissos reduziram-se de 278 dias em 2004, para 49 dias em 2007. Na categoria liquidez, os dados disponíveis sugerem que o setor de bicicletas dispõe de condições satisfatórias para o cumprimento de todas as obrigações, sejam estas de curto ou de longo prazo. Em outras palavras, existem recursos suficientes para arcar com os compromissos assumidos. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 53 5. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS Este estudo contextualizou o setor de bicicletas no Brasil e no mundo, explicitando o comércio externo, o desempenho dos principais indicadores de emprego, rentabilidade, custos e receitas, além de explorar quais os gargalos que emperram o desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, há um esforço de alguns produtores de componentes para se manterem no mercado, ocasionado pela elevação das importações e pelo aumento dos preços dos insumos, além do acirramento da concorrência com o crescimento da informalidade, que prejudica tanto os fabricantes de bicicletas, como produtores de bicipeças. O Brasil é um grande produtor mundial de bicicletas, mas mantém o foco de seus negócios no mercado interno, que é, por isso, auto-suficiente. Há uma cadeia produtiva constituída, que em parte já é exportadora, mas que sofre com a concorrência asiática, que se elevou a partir de 2003, impulsionada pela valorização do câmbio. A partir de 2003, a importação de componentes, especialmente da China, favoreceu parte dos produtores formais de bicicletas - com redução dos custos industriais – e pode ter promovido à entrada de novos fabricantes, inclusive os informais. Porém, as importações de componentes prejudicam algumas empresas nacionais dedicadas à fabricação desses produtos. O setor necessita de mecanismos de apoio para sua consolidação, que promovam a elevação da produtividade, a fim de se torná-lo competitivo internacionalmente; que agreguem valor ao produto e fortaleça a cadeia, para que haja maior interação entre os fabricantes de bicicletas e os produtores nacionais de componentes. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 54 Os principais gargalos que emperram o desenvolvimento do setor de bicicletas e de componentes são: 1) A elevação das importações de componentes da China, que tanto alimenta a informalidade na fabricação de bicicletas, como bloqueia o desenvolvimento da indústria nacional de componentes. 2) Estagnação do consumo per capita de bicicletas no mercado interno devido à mudança no padrão de consumo da população: a elevação da renda afeta tanto o segmento de bicicletas de transporte, pois, o consumidor, em tese, pode obter bens ou serviços substitutos à bicicleta, tais como motocicletas ou transportes coletivos. 3) Redução do número de trabalhadores com curso superior completo, que pode se configurar em um gargalo à inovação de produtos. Diante desses elementos são propostas as seguintes medidas de Política Industrial, factíveis e passíveis de consenso: 1) A utilização de instrumentos de Defesa Comercial que contemple os produtos do setor mais afetados pelas importações. Esses instrumentos deverão ser empregados após análise da área competente, DEREX/FIESP, e alguns deles serão especificados no tópico 5.1; 2) A redução da alíquota de IPI, que terá como principal efeito a elevação da competitividade das empresas nacionais frente aos similares importados. Além disso, a redução da alíquota do IPI objetiva corrigir a distorção de taxação do setor de bicicletas, comparativamente, ao setor automobilístico. No tópico 5.2 será apresentada a proposta de redução do IPI, a qual será fundamentada no critério da essencialidade da bicicleta como meio de transporte; 3) A formação de Projeto de Parceria entre os empresários, SIMEFRE e instituições de apoio às empresas (SEBRAE, IEL, SENAI), para a implantação de programas para a adaptação produtiva e a melhoria da gestão das empresas, que será demandado na certificação compulsória FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 55 dos componentes em virtude do Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto21. 4) Coordenação por associação ou sindicato patronal de um plano para a elevação das exportações, com promoção de rodadas de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação de produtos brasileiros22. As empresas exportadoras contam com incentivos e desonerações fiscais, como o drawback verde-amarelo; e o apoio da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex Brasil), que é responsável pela coordenação da política de promoção comercial do governo brasileiro, conjugando a promoção de exportações com a atração de investimentos. 5) Participação efetiva do setor nos projetos de implantação de infraestrutura urbana destinada à utilização de bicicletas como meio de transporte, evitando a sobreposição de ciclovias ao lado de meios de transportes concorrentes. Isto é, deve-se interligar bairros com ciclovias, com ligações entre ciclovias e estações de trens urbanos e de metrôs. Estudar a viabilidade da implantação de ciclovias ao lado de marginais de rios, aproveitando a topografia favorável. Além disso, deve-se elaborar uma campanha de esclarecimento à população, conjuntamente com as instituições governamentais, para estimular a utilização da bicicleta. 5.1. Instrumentos de Defesa Comercial Os principais instrumentos de defesa comercial disponíveis são: (i) a Tarifa Externa Comum (TEC); (ii) as Medidas de Salvaguarda; (iii) os Direitos Antidumping e; (iv) a Valoração Aduaneira (que deve ser adotada simultaneamente com a aplicação de cursos de treinamento aos agentes 21 A resolução do CONMETRO nº 7, de 16/09/2008 validou a continuidade do Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto. Assim, torna-se importante a adoção de programas que auxiliem as empresas à adaptação da certificação compulsória a instituída até 2011. 22 Na pesquisa realizada com o setor, 78% das empresas manifestaram interesse na participação de rodadas de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação de produtos brasileiros. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 56 alfandegários). O emprego desses instrumentos deverá ser recomendado após a realização de estudo técnico a ser elaborado pelo DEREX/FIESP. 5.1.1. Tarifa Externa Comum - TEC A TEC23 fundamenta-se na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) e segue diretrizes aprovadas pelo Conselho do Mercado Comum (CMC), e pode variar de 0% a 20%, em intervalos de dois pontos percentuais. Dentro desses limites, a competência para a edição de resoluções referentes às modificações da TEC é do Grupo do Mercado Comum (GMC), que admite, em alguns casos, a adoção de TEC superior a 20%. As alterações da TEC somente serão incorporadas ao acervo jurídico de cada país duas vezes por ano: 1° de janeiro ou 1° de julho. O trâmite dos pedidos de alteração permanente da TEC ocorre no âmbito de todos os países que compõe o MERCOSUL. A petição inicia-se no Comitê Técnico de Tarifas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias (CT.1) e prossegue para a Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM), sendo finalmente encaminhada ao Grupo do Mercado Comum (GMC), para que, em caso de aprovação, seja publicada uma resolução estabelecendo as datas de vigência das alterações. O exame dos pedidos de alteração de TEC é complexo e demanda certo espaço de tempo, pois necessita de análises técnicas e consultas públicas. Além disso, as alterações só podem ser efetuadas em uma das duas datas préestabelecidas. 5.1.2. Salvaguardas Na existência de prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave à indústria doméstica decorrente do aumento das importações constatada em processo na SECEX, poderá ser aplicada medida de salvaguarda, constituída de: 23 A alíquota da TEC das bicicletas é de 20%, tarifa inferior aos 35% de TEC dos veículos de passeio. No setor de bicipeças, a TEC é de 16%, também menor que os 18% praticados na importação de autopeças. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 57 • Elevação do imposto de importação, por meio de adicional à TEC; • Restrições quantitativas. A medida de salvaguarda terá, inicialmente, prazo de vigência de até quatro anos, e tem como objetivo a reorganização da indústria nacional no prazo de sua vigência. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, “a aplicação de medida de salvaguarda será precedida de investigação que tem por objetivo determinar a existência de prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave à indústria doméstica decorrente do aumento de importações e deverá ser conduzida de acordo com as regras estabelecidas pela OMC. Tais regras buscam garantir a oportunidade de ampla participação de todas as partes interessadas e a transparência na condução do processo”. Assim, em um pedido de salvaguardas todas as partes poderão manifestar-se, com apresentação de dados e argumentação, e terão acesso às informações e argumentações apresentadas por outras partes, desde que não revestidas de caráter confidencial. Segundo a SECEX, os pedidos de aplicação de medidas de salvaguarda deverão ser formulados por escrito e instruídos com elementos suficientes de prova, demonstrativos do aumento das importações, do prejuízo grave ou da ameaça de prejuízo grave à indústria doméstica e da relação causal entre ambas as circunstâncias. Em algumas circunstâncias pode-se aplicar uma medida de salvaguarda provisória, quando da existência de indícios suficientes de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave, em que a morosidade do processo possa causar danos irreversíveis à indústria nacional. 5.1.3. Direitos Antidumpings A imposição de direitos antidumpings à importação de algum produto tem a finalidade de eliminar o prejuízo causado pelo dumping à indústria doméstica. O acordo do GATT (1994) permite a imposição de direitos antidumpings a mercadorias objeto de dumping em cota igual à diferença entre seu preço de FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 58 exportação e seu valor normal, se o dumping causar prejuízo a produtores de países concorrentes no país importador. A aplicação do direito antidumping é fundamentada em relatório técnico elaborado com base em pesquisas de preços no país de origem e no de destino, além da inclusão de um terceiro país como parâmetro. Igualmente às solicitações de alteração na TEC ou de salvaguardas, a aplicação do direito antidumping demanda tempo para sua efetivação. O setor de componentes de bicicletas possui dois direitos antidumpings em vigor: • Pedivela fauber monobloco para bicicletas (NCM 8714.96.00); • Pneumáticos novos de borracha para bicicletas (NCM 4011.50.00). A aplicação de direitos antidumpings aos pneumáticos novos oriundos da China ocasionou a elevação repentina das importações desse produto do Vietnã, que deve ser investigada, pois, podem ser re-exportações de pneus chineses. 5.1.4. Valoração Aduaneira A valoração aduaneira24 serve de base para a aplicação de taxas aduaneiras, e está fundamentada em informações merceológicas prestadas pelos órgãos representativos do setor. Para uma melhor eficácia da Valoração Aduaneira é necessário a realização de cursos de treinamento dos agentes aduaneiros. A finalidade é a de ajudar na identificação dos possíveis subfaturamentos, falsificações e classificações tarifárias indevidas, que se caracterizam como práticas ilícitas para driblar as restrições à importação de determinado produto. A valoração aduaneira auxilia o Governo na fiscalização das importações e no recolhimento de tributos, como também propicia ao setor uma melhor seleção dos produtos importados. 24 Segundo o SIMEFRE, está em andamento a elaboração da planilha com as informações merceológicas para o setor de bicicletas. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 59 5.2. Proposta de Redução do IPI Na proposta de redução do IPI cabe citar a relevância e a essencialidade do produto como meio de transporte, destacando as vantagens que a bicicleta oferece à sociedade e ao meio ambiente. Essa exposição é pertinente, pois a legislação estabelece que o IPI deva ser um tributo seletivo, em função da essencialidade do produto. Dessa forma, o pedido de redução do IPI deve basear-se na Lei e observar o critério de essencialidade. A redução do IPI poderá permitir investimentos em inovação, Tecnologia Industrial Básica (TIB) e programas de gestão, qualidade e qualificação de fornecedores, que são essenciais ao fortalecimento da cadeia e a elevação da competitividade. A bicicleta é considerada um meio de transporte transparente e invisível devido às suas características físicas, que promovem baixo impacto ao ambiente, utilizando pouco espaço à circulação e ao estacionamento, além de não emitir ruídos e gases do efeito estufa. O Quadro 5.1 apresenta os fatores que, influenciam a opção da bicicleta como modo de transporte. Quadro 5-1 Fatores que Influenciam o Uso de Transportes NãoMotorizado Fatores subjetivos • Comprimento da viagem • Segurança no tráfego • Conveniência (conforto, confiabilidade, tempo de viagem e facilidade de acesso) Fatores Objetivos a) Fatores ambientais: • Clima; • Topografia. • Valor atribuído ao tempo • Custo da viagem • Existência de ciclovias; • Valorização dos exercícios físicos • Existência de calçadas; • Circunstâncias familiares • Acessibilidade e • Hábitos cotidianos das pessoas • Atitudes de valores individuais • Aceitabilidade social b) Infraestrutura: continuidade das rotas; • Disponibilidade de alternativas de transporte. Fonte: FHWA (1992) apud PEZZUTO, C. C. (2002) FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 60 A bicicleta desempenha papel importante nos deslocamentos de muitas pessoas em diversas cidades do Brasil25. Para disseminar sua utilização o Governo tem implantado políticas públicas, como o Programa Bicicleta Brasil26, que objetiva a integração da bicicleta aos sistemas de transportes. A bicicleta é importante para a construção de cidades sustentáveis, já que reduz o custo de mobilidade das pessoas e contribui para a conservação do meio ambiente. Para maior eficiência, nas grandes cidades, é importante a integração da bicicleta aos trens e metrôs. A Figura 5.1 mostra que a bicicleta é um meio de transporte eficiente na capacidade de transporte de pessoas. Figura 5.1 Capacidade de Circulação de Pessoas/Hora por Faixa de Trânsito Fonte: Extraído do Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades do Ministério das Cidades. 25 Para o Ministério das Cidades, o uso da bicicleta para ida ao trabalho é mais comum nas pequenas e médias cidades brasileiras, com destaque para as cidades com vocação industrial na parte meridional do país, mas também no interior da Nordeste. 26 A Resolução nº 07, de 16 de junho de 2004, do ConCidades, impulsionou a criação do Programa Nacional de Mobilidade por Bicicleta (Bicicleta Brasil), instituído pela Portaria nº 399, de 22 de setembro de 2004. A Resolução nº 34, do ConCidades, emitiu orientações e recomendações ao conteúdo mínimo do Plano Diretor, tendo por base o Estatuto da Cidade, e institui em seu artigo 8º o Plano Diretor de Transporte e da Mobilidade (PlanMob), o qual deve garantir a diversidade das modalidades de transporte, priorizando o transporte coletivo e os modos não motorizados e valorizando o pedestre. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 61 A Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SEMOB) tem o objetivo de promover investimentos e debates para integração da bicicleta nos demais sistemas de transportes coletivos. Para isso, existem três programas que dispõem de recursos para projetos e obras de desenvolvimento cicloviário: • Programa de Mobilidade Urbana, que atua com o apoio a projetos de sistemas de circulação não motorizados, com recursos do Orçamento Geral da União (OGU); • Programa de Infraestrutura para Mobilidade Urbana (Pró-Mob), com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); • Pró-Transporte para financiamento de infraestrutura para o transporte coletivo urbano com recursos do FGTS que atende, além dos órgãos gestores de Municípios e Estados, a empresas concessionárias. Nos programas acima são disponibilizados recursos para desenvolvimento de projetos e para a implantação de infraestrutura à circulação de bicicletas nos espaços urbanos, como ciclovias, bicicletários, ciclofaixas e sinalização, que sejam integrados, preferencialmente, ao sistema de transporte coletivo. Segundo o Caderno de Referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, do Ministério das Cidades, “as bicicletas são os veículos individuais mais utilizados no Brasil, constituindo na única alternativa ao alcance de todas as pessoas, não importando a renda, podendo ser usadas por aqueles que gozam de boa saúde, a partir da infância até a idade mais avançada”. 5.2.1. IPI na Fabricação de Bicicletas e Componentes O Artigo nº 153 da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece a competência da União na instituição de impostos sobre produtos industrializados, sendo facultado ao Poder Executivo, atendidas às condições e limites estabelecidos em lei27, alterar suas alíquotas. Além disso, a Lei preconiza que o imposto será seletivo, em função da essencialidade do 27 O Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002, no Artigo nº 64, estabelece que para atingir os objetivos da política econômica governamental, mantida a seletividade em função da essencialidade do produto, ou, ainda, para corrigir distorções, as alíquotas do IPI poderão ser reduzidas até zero ou majoradas até trinta unidades percentuais. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 62 produto, ou seja, o critério estabelecido à seletividade do IPI é a essencialidade do bem. Logo, o bem considerado essencial deve ter alíquota mais baixa do que a de outro bem considerado menos essencial. Além disso, o Governo pode alterar a alíquotas do IPI para corrigir distorções. A legislação tributária aponta que o critério da essencialidade dos produtos, para os fins da seletividade do IPI, é o da importância desses produtos para a sociedade. A bicicleta, além de ser um produto que não agride a natureza, possui, de acordo com o Ministério das Cidades, o atributo de ser um meio de transporte indispensável a muitas pessoas, as quais, em sua grande maioria, não possuem condições financeiras de acessar outras formas de locomoção. A redução da alíquota do IPI sobre a fabricação de bicicletas e de bicipeças, além de facilitar o alcance da bicicleta à população, pode alavancar o setor, gerando empregos ao permitir recursos para a inovação, investimentos em Tecnologia Industrial Básica (TIB) e programas de gestão, qualidade e qualificação de fornecedores. O Quadro 5.2 apresenta as atuais alíquotas de IPI incidentes sobre a fabricação de bicicletas e de bicipeças (componentes). Com exceção das câmaras e pneus, tanto a fabricação de bicicletas como a de bicipeças possuem alíquotas de IPI de 10%, enquanto a fabricação de autopeças possui alíquotas que variam entre 4% e 5%, e a fabricação de automóveis de até 1.000 cm3 (NCM 8703.21.00) possui alíquota de 7%. As bicicletas não devem ter tributação mais elevada que a dos automóveis de até 1.000 cm3, pois a maioria das pessoas que utiliza a bicicleta como meio de transporte, normalmente, não possui condições financeiras de comprar nem mesmo os automóveis populares. Do mesmo modo que a bicicleta, as bicipeças são produtos essenciais à segurança do usuário. A redução da alíquota de IPI, além de corrigir a distorção atual com relação às autopeças, permitirá aos usuários da bicicleta usufruir de melhores condições de manutenção, que elevarão a segurança. Além disso, a alteração da tributação do IPI, uma vez repassada aos preços, permitirá às empresas a melhoria em suas vendas, possibilitando o retorno e a escala necessária à superação dos entraves gerados pela concorrência dos produtos importados. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 63 Quadro 5-2 IPI Incidente na Fabricação de Bicicletas e Componentes NCM Descrição Alíquota de IPI 4011.50.00 Pneus novos para bicicletas 4013.20.00 Câmaras de ar de borracha 8712.00.10 Bicicletas sem motor 8712.00.90 Outros ciclos sem motor, inclusive triciclos 8714.92.00 Aros e raios para bicicletas e outros ciclos 8714.93.00 Outros cubos e pinhões de rodas livres para bicicletas, etc. 8714.93.10 Cubos, exceto freios (travões) para bicicletas e outros ciclos 8714.93.20 Pinhões de rodas livres para bicicletas e outros ciclos 8714.94.10 Cubos de freios p/bicicletas e outros ciclos 8714.94.90 Outros freios e suas partes p/bicicletas e outros ciclos 8714.91.00 Quadros, garfos e suas partes p/bicicletas e outros ciclos 8714.95.00 Selins de bicicletas e outros ciclos 8714.96.00 Pedais, pedaleiros e suas partes, para bicicletas, etc. 8714.99.10 Cambio de velocidades p/bicicletas e outros ciclos 8714.99.90 Outras partes e acessórios p/bicicletas e outras ciclos 8714.99.00 Outras partes e acessórios p/bicicletas e outras ciclos Fonte: TIPI/ Receita Federal. Elaboração DECOMTEC/FIESP. 15% 10% A Tabela 5.1 simula alguns cenários possíveis com a redução da alíquota de IPI, que poderá elevar as vendas, uma vez que a elasticidade-preço da demanda28 de bicicletas é superior à unidade, isto é, a demanda de bicicletas é elástica, ou seja, responde às variações de preços. Tabela 5.1 Simulação da Evolução das Vendas de Bicicletas com Redução do IPI Cenários Alíquota do IPI Crescimento das Vendas (%) Tributação Atual 10,0% Cenário 1 (redução de 3,0% do IPI) 7,0% Cenário 2 (redução de 5,0% do IPI) 5,0% Cenário 3 (redução de 7,0% do IPI) 3,0% Cenário 4 (redução de 8,0% do IPI) 2,0% Fonte: TIPI/SRF; PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP 4,44% 7,40% 10,36% 11,84% A redução do IPI, além de elevar a competitividade do setor, permitirá o acesso das micro e pequenas empresas a programas necessários para a certificação compulsória de componentes de bicicletas de uso adulto (aro ≥ 16’’). 28 A elasticidade-preço da demanda mede a resposta dos consumidores quando ocorre uma variação no preço de um determinado bem ou serviço Os fatores que influem no grau da elasticidade são a disponibilidade de bens substitutos, a essencialidade do produto e a importância do produto quanto ao seu gasto no orçamento do consumidor. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 64 5.2.2. Formalização da Proposta de Redução do IPI 1. Proposta da redução da alíquota do IPI incidente sobre a fabricação de bicicletas, conforme apresentado a seguir: i. de 10% para 5% para as bicicletas com marcha; ii. de 10% para 2% para as bicicletas sem marcha (atribuição de destaque “Ex.” 29); iii. promover a participação dos demais elos da cadeia produtiva, fornecedores de componentes (bicipeças), de modo a obter o seu comprometimento com os objetivos e metas da proposta; iv. manter o nível de emprego nas fábricas produtoras de bicicletas, em todo o território nacional, durante o período de vigência da redução da alíquota; v. direcionar parte dos investimentos na modernização e adaptação do setor ao Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto, com investimentos em máquinas e equipamentos e em Programas de Certificação, de Metrologia e de Gestão. 2. Proposta da redução da alíquota de IPI incidente sobre a fabricação de bicipeças conforme a seguir: i. para 3% nas NCMs especificados no Quadro 5.1; ii. manutenção do nível de emprego nas empresas produtoras de bicipeças contempladas com a redução do IPI em todo o território nacional durante o período de vigência da redução da alíquota; iii. os fabricantes de bicipeças que possuírem componentes incluídos no Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto, deverão destinar investimentos em Programas que contemplem Certificação, Metrologia, Gestão, dentre outros. O setor deverá sustentar o compromisso da manutenção do nível de emprego nas produtoras de bicicletas e de bicipeças, bem como nos demais segmentos empresariais que forem beneficiados, durante o prazo de vigência da redução do IPI. 29 O destaque “Ex.” cria desdobramentos na descrição dos códigos de classificação do produto. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 65 5.3. Metrologia/Certificação Segundo o INMETRO, a metrologia tem como objetivo principal proteger o consumidor ao tratar das unidades de medida, métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias. Na fabricação de bicicletas, conforme exposto neste relatório, existe a propensão de disseminação de fabricantes devido às barreiras à entrada serem facilmente superadas, não se necessitando de grandes investimentos para o ingresso na atividade. Assim, para garantir padrões técnicos no produto final, a certificação dos componentes, mediante o Programa de Avaliação de Conformidade para os Componentes de Bicicletas de Uso Adulto, torna-se um importante instrumento para melhorar a qualidade e a procedência dos componentes da bicicleta, principalmente aqueles essenciais à segurança do usuário30. A certificação não impede nem bloqueia as importações, apenas define tecnicamente qualidades, com o objetivo de proteger o consumidor. A Câmara aprovou o Projeto de Lei 717/03, que sujeita os produtos importados às mesmas normas de certificação impostas às mercadorias nacionais, com a proibição da importação ou o fornecimento de artigo em desacordo com a regulamentação técnica federal. O projeto será votado ainda pelo Senado. A Tabela 5.4 apresenta o cronograma do INMETRO para a certificação dos componentes da bicicleta de uso adulto e da certificação da bicicleta de uso adulto. 30 Os componentes contemplados pelo Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto no âmbito do Plano de Ação Quadrienal 2008-2011 são: (i) conjunto quadro e garfo; (ii) conjunto de direção (guidão e suporte de guidão); (iii) aro; (iv) pneu de borracha; (v) câmara de ar; (vi) cordoalha de fios de aço; (vii) raio; (viii) niple; (ix) freio; (x) pedal e; (xi) pedivela. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 66 Tabela 5.2 Cronograma da Certificação de Componentes e da Bicicleta de Uso Adulto Pneu de Bicicleta de Uso Adulto Componentes* Bicicleta de Uso Adulto Março de 2009 Julho de 2009 Fevereiro de 2010 Setembro de 2010 Setembro de 2010 Instrução Normativa Portaria 342 Set/2008 Fevereiro de 2009 OAC/LAB Janeiro de 2009 Junho de 2009 Procedimento de Fiscalização Agosto de 2009 Janeiro de 2010 Treinamento de Fiscais Dezembro de 2009 Julho de 2010 Entrada em Vigor Março de 2010 Julho de 2010 Comercialização por fabricantes e importadores dentro dos requisitos estabelecidos no regulamento Março de 2010 Julho de 2010 Setembro de 2010 Comercialização por atacadistas e varejistas dentro dos requisitos estabelecidos no regulamento Março de 2011 Julho de 2011 Agosto de 2011 * Aros; Câmaras; Cordoalhas; Freios; Guidão; Suporte de Guidão; Niple; Pedal e Pedivela; Quadro e Garfo e; Raio. Fonte: INMETRO: Elaboração DECOMTEC/FIESP. 5.3.1. Programas para Adaptação à Certificação Os Programas para as empresas, destinados à certificação compulsória dos componentes de bicicletas, são importantes instrumentos de apoio de gestão e de alavancagem tecnológica para as companhias do setor. A seguir são apresentados alguns Programas relevantes à certificação dos componentes e a melhoria da gestão e da qualidade das empresas. 5.3.1.1 Programa Bônus Metrologia – SEBRAE/REMESP O Bônus Metrologia é uma parceria entre o SEBRAE/SP e a REMESP (Rede Metrológica do Estado de São Paulo), com o objetivo de promover a melhoria da qualidade e da competitividade das Pequenas e Microempresas e o fortalecimento do Sistema Metrológico do Estado de São Paulo. As Pequenas e Microempresas que demandam serviços de metrologia são as beneficiadas do programa e poderão solicitar os serviços diretamente ao FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 67 laboratório participante do programa, ou procurar um Escritório Regional do SEBRAE ou diretamente com a REMESP. O SEBRAE subsidia 50% do valor do serviço executado pelo laboratório cadastrado ao programa, limitado a R$ 2.000,00 ao ano por empresa. 5.3.1.2 Programa Bônus Certificação – SEBRAE/INMETRO A pesquisa realizada com algumas empresas do setor constatou que 33% delas nunca tentaram certificar algum produto, e que 67% possuem produtos certificados e não apresentaram dificuldades na certificação. Para as empresas que nunca certificaram seus produtos, como às empresas que possuem conhecimentos dos procedimentos, o Programa Bônus Certificação do SEBRAE/INMETRO serve como importante instrumento. O Bônus é um instrumento criado pelo SEBRAE, em parceria com o INMETRO, para facilitar o acesso das empresas aos Programas de Avaliação da Conformidade de seus produtos, processos e serviços. Segundo o SEBRAE, “o Programa Bônus Certificação está estruturado para grupos de empresas que produzem o mesmo produto e que irão negociar, em conjunto, a contratação dos serviços do organismo certificador, porém assumindo individualmente os custos para certificação dos serviços de seus produtos. Serão emitidos certificados de conformidade dos produtos para cada empresa”. As empresas devem possuir os seguintes atributos: serem geradoras de emprego; terem viés exportador; integrar os Arranjos Produtivos Locais (APLs) ou estarem articuladas em ações coletivas, por exemplo, em um sindicato; demonstrarem viabilidade de auto-sustentabilidade do sistema produtivo; terem potencial econômico e; estarem contempladas no Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade (PBAC). As propostas para o Programa devem contemplar grupos de empresas, com um número mínimo de 10 participantes para cada grupo formado. O SEBRAE subsidia 50% dos custos do programa, limitado a R$ 15.000,00 ao ano por empresa. Para a formalização da proposta, o sindicato deverá constituir um grupo de empresas e relacionar os produtos a serem certificados e entrar em contato FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 68 com o SEBRAE – Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia – Programa Bônus Certificação ou com o Inmetro – Diretoria da Qualidade. 5.3.1.3 Programa Ferramentas de Gestão Avançada - SEBRAE De acordo com o SEBRAE, o Programa Ferramentas de Gestão Avançada estará embasado em dez pilares, como o diagnóstico do desempenho e da competitividade da empresa, o desenvolvimento de um plano empresarial, a definição de objetivos estratégicos, a implantação de um modelo de gestão baseado em indicadores e metas e o acompanhamento sistemático da execução e dos resultados. O Programa, previsto para o primeiro semestre de 2009, contará com 209 horas totais, das quais 136 horas serão de consultoria em cada empresa participante. As propostas do Programa são a de levar conhecimentos sobre gestão empresarial para os participantes por meio de estratégias como palestras, capacitações em áreas chave da gestão empresarial, consultorias individuais e encontros que estimulam o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre empresários. O Programa é composto de três fases. Na primeira, há o diagnóstico da empresa, efetuado com base nos Fundamentos da Excelência da gestão usados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), no Modelo Internacional de Avaliação de Gestão Empresarial, com referência no Prêmio Malcom Balridge, e na Avaliação dos Sete Critérios de Excelência de Gestão de Negócios. Os Critérios de Excelência são adotados por muitas organizações de Classe Mundial e construídos em conceitos essenciais à obtenção da excelência no desempenho. Entre os conceitos estão presença da cultura da inovação, visão de futuro, responsabilidade social, valorização das pessoas e conhecimento sobre o cliente e o mercado. Na segunda fase, o consultor visita as empresas para dialogar com os empresários sobre a situação atual e os planos para o futuro. As informações obtidas servem para elaborar um Projeto Empresarial para o participante do programa e de indicadores de resultado. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 69 Na terceira fase do Programa, ocorre o monitoramento mensal dos resultados e a implantação de projetos ou plano de ação específica, workshops sobre gestão empresarial nas áreas de Finanças, Clientes, Pessoas e Processos e consultoria individualizadas para implantação de projetos específicos com foco nos temas dos workshops e encontros empresariais. O Custo do Programa é aproximadamente R$ 1.300,00 por mês, por empresa. Segundo a SEBRAE-SP, em projetos com setores específicos, incluindo uma série de produtos, a questão da precificação pode ser discutida. 5.3.1.4 Programa Qualidade Total – SEBRAE-SP. O Programa Qualidade Total busca compreender os fundamentos da excelência e relacionar a gestão de qualidade como uma estratégia para alcançar um modelo de excelência de gestão; diagnosticar a situação da empresa em relação aos fundamentos da excelência; definir e implementar um conjunto de indicadores de desempenho empresarial; planejar, desenvolver, checar e agir e envolver-se na melhoria de gestão da empresa. O custo do programa é de R$ 1.900,00 por empresa. 5.3.1.5 Revitaliza (BNDES) Atualmente, o programa é voltado ao financiamento de alguns setores específicos da indústria como o segmento couro-calçadista, móveis de madeira, pedras ornamentais, têxtil e confecção, de software e serviços de TI, frutas e bens de capital e amplia a relação de itens financiáveis, incluindo investimentos para a melhoria da Gestão Empresarial. Os Itens financiáveis do programa são: as máquinas; os equipamentos; as obras civis e de infraestrutura; a gestão empresarial Industrial (permitindo às indústrias utilizar os investimentos para desenvolver programas de capacitação, treinamento, aperfeiçoamentos gerenciais e de apoio operacional, além de realizar pesquisas e desenvolvimento de novos produtos e processos, investimentos em marketing, estudos, consultorias, projetos e certificações). O Revitaliza também oferece benefícios diferenciados para a utilização da linha de financiamento na melhoria da Gestão Empresarial da indústria, com taxa de FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 70 juros fixa de 9,0% a.a. e limite de financiamento de R$ 100 milhões por grupos de empresas (sendo R$ 10 milhões por beneficiária), o nível de participação no financiamento de 100% e o prazo total de pagamento é de 96 meses (incluídos até 36 meses de carência). Os recursos disponíveis são da ordem de R$ 3 bilhões, e são acessíveis às empresas de todos os portes dos setores contemplados pelo programa. O Revitaliza reúne benefícios que podem ajudar às empresas do setor de bicicletas na certificação de seus produtos e, ainda, podem ajudar a elevar a competitividade. O setor poderá propor ao MDIC a inclusão da categoria na Política de Desenvolvimento Produtivo, pois isso é uma condição necessária para utilização do Revitaliza. 5.3.2. Fortalecimento da Cadeia de Suprimentos A redução do IPI e a certificação dos componentes e da bicicleta de uso adulto são importantes medidas para elevação da competitividade das empresas do setor, porém o setor deve fortalecer a cadeia de suprimento nacional para reduzir a dependência das importações e, sobretudo, para criar competências que possam ser exploradas no longo prazo. Para o fortalecimento da cadeia de suprimentos são sugeridos: a) Desenvolvimento Tecnológico em Conjunto; b) Incubadoras de empresas de componentes; c) inclusão do setor na PDP, para usufruir de benefícios como o Revitaliza e a desoneração de Investimentos em Máquinas e Equipamentos destinados à fabricação final do produto, na qual cada empresa deverá analisar a viabilidade de opção entre o regime tributário adotado (Lucro Real x Presumido), pois os benefícios fiscais são estendidos para as empresas que são tributadas pelo lucro real. A Tabela 5.3 apresenta uma simulação dos valores de créditos nos dispêndios de máquinas e equipamentos destinados à produção de bens e serviços para o período entre 2008 e 2010, para as empresas jurídicas que são tributadas com base no lucro real. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 71 Tabela 5.3 Créditos de PIS/COFINS - Lei 11.774, de 17 de Setembro de 2008 Valores em R$ 2008 FBCF 23.764.951,00 Aquisição de Máquinas e Equipamentos 14.496.620,11 (61% da FBCF) Créditos do PIS/PASEP-COFINS (9,25%) 1.340.937,36 Valor Presente - Créditos em 24 meses 946.229,21 Valor Presente - Créditos em 12 meses 1.112.307,99 Ganhos com a Lei 11.774/2008 166.078,78 Valor Presente ao Custo de Oportunidade de 3,0% a.m. Fonte: Elaboração DECOMTEC/FIESP 2009 24.596.724,00 2010 25.457.610,00 15.004.001,64 15.529.142,10 1.387.870,15 979.347,23 1.151.238,75 171.891,52 1.436.445,64 1.013.624,40 1.191.532,14 177.907,74 A aplicação da Lei 11.774 reduz o custo de final de aquisição do bem em 1,24%. Por exemplo, no investimento de R$ 14.496.620,11, efetuado na compra de máquinas e equipamentos destinados à fabricação final do produto, o setor tem direito a R$ 1.340.937,36 em créditos de PIS/PASEP e COFINS31. Em 24 meses o Valor Presente dos créditos é de R$ 946.229,21 e, em 12 meses, o Valor Presente é de R$ 1.112.307,99. Logo, o recebimento em 12 meses dos créditos de PIS/PASEP e de COFINS reduz o custo final dos investimentos de R$ 13.550.390,90 para R$ 13.384.312,12, ou seja, uma diminuição de 1,24% do valor total do investimento. Além disso, a prorrogação da depreciação acelerada e do crédito da depreciação na CSLL reduz o custo do Investimento em 9,26%. Recomendam-se os seguintes programas para o fortalecimento da cadeia de suprimentos são: o IEL Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores32. Programa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) para a qualificação das empresas fornecedoras com base em requisitos estabelecidos pelas empresas compradoras (âncoras). Mais informações: Av. Paulista, 1313 - sala 702 – Fone 3284 2955 - Fax: 3253 6478. 31 Empresas tributadas sobre o lucro real, não-cumulativo: PIS/PASEP (1,65%) e COFINS (7,6%). 32 Na pesquisa realizada com o setor foi constatado que 67% das empresas mantêm relacionamentos comerciais de longo prazo com seus fornecedores; 56% realizam compras com fornecedores certificados; 89%, com fornecedores cadastrados e, que 56% das empresas pretendem realizar programas de qualidade assegurada pelos fornecedores. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 72 o Programa SEBRAE-SP de Incubadoras de Empresas, que oferece assessorias e consultorias nas áreas de finanças, marketing e vendas; treinamento e dinâmicas diversas; cursos, palestras, fóruns e debates; contato com profissionais capacitados; apoio à elaboração de plano de negócios; aproximação de instituições de crédito; participação em feiras , rodadas de negócios, workshops, congressos e conferências; e integração com centros geradores de tecnologias. o Programa Alavancagem Tecnológica. Programa para atender as necessidades de redução de custos e tempo de produção, elevar a produtividade, melhorar a qualidade dos produtos e a competitividade no mercado, com processos e soluções de fácil implantação. o Programa de Consultoria Tecnológica – SEBRAE – SP. O programa proporciona o acesso ao conhecimento tecnológico a um custo baixo, com diagnostico, oficinas, suporte tecnológico, apoio tecnológico à exportação, atendimento tecnológico in loco, aperfeiçoamento tecnológico, inovação tecnológica e clínica tecnológica. o Programa de Design – SEBRAE – SP. Apenas 11% das empresas declararam que utilizaram consultoria no desenvolvimento do projeto básico. Assim, esse programa poderá ser uma ferramenta útil para empresas que necessitem elevar a competitividade de seus produtos, agregando valor a um custo reduzido e com uma qualidade melhor. o Centro São Paulo de Design, que objetiva promover a coleta, análise e difusão de informações relevantes para profissionais, entidades, empresas e estudantes de design visando melhoria contínua dos produtos, através da gestão, promoção e educação em design. Mais informações: IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A. Av. Prof. Almeida Prado, 532 – Prédio 36 - 1° andar Cidade Universitária. Fone: (11) 3719.1331. FAX: (11) 3710.1331. Email: [email protected]. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 73 5.3.3. Inovação Tecnológica A inovação é indispensável para agregar valor aos produtos, ampliar a competitividade das empresas no mercado doméstico e fortalecer a inserção externa. Além das pesquisas individuais ou conjuntas das empresas, o setor poderá instituir concurso para premiar jovens pesquisadores de universidades que desenvolvam projetos com novos materiais, componentes, peças, design dentre outros. Dentre os instrumentos disponíveis de incentivos à inovação tecnológica citamse: (1) Lei do Bem (Lei nº. 11.196, de 21 de novembro de 2005). Redução de 22% nos custos de pesquisa e desenvolvimento. A Lei fornece incentivos fiscais às empresas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica: o Redução, na apuração do Imposto de Renda devido, dos dispêndios com P&D, inclusive aqueles com instituições de pesquisa, universidades ou inventores independentes; o Redução de IPI na compra de equipamentos destinados a P&D; o Depreciação acelerada dos equipamentos comprados para P&D; o Amortização acelerada dos dispêndios para aquisição de bens intangíveis para P&D; o Crédito do imposto de renda retido na fonte incidente sobre as remessas ao exterior de valores para pagamento de royalties relativos a assistência técnica ou científica e de serviços especializados para P&D; o Redução a zero da alíquota do imposto de renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o exterior destinadas ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares. Além dos incentivos fiscais, existem subvenções econômicas concedidas em virtude de contratações de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, empregados em empresas para realizar atividades de pesquisa. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 74 (2) Linhas FINEP, que são recursos financeiros para a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em empresas públicas e privadas: (a) Linhas de apoio às inovações disponíveis para empresas; o PRÓ-INOVAÇÃO - Programa de Incentivo à Inovação nas Empresas Brasileiras. o APGEFOR - Financiamento com encargos reduzidos para a realização de estudos e projetos de pré-investimento (de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis). o JURO ZERO - Financiamento ágil, sem exigência de garantias reais para atividades inovadoras de produção e comercialização em pequenas empresas (setores prioritários da PDP). o INOVAR SEMENTE - Programa de Investimentos à Criação de Empresas de Base Tecnológica. o INOVAR - Incubadora de Fundos Inovar. o PAPPE - Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas. o INOVAR - Fórum Brasil Capital de Risco. o PNI - Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos. (b) Apoio à Cooperação entre empresas e ICTs: o COOPERA - Programa de Cooperação entre ICTs e Empresas: o PPI-APLs - Programa de Apoio à Pesquisa e à Inovação em Arranjos Produtivos Locais; o ASSISTEC - Programa de Apoio à Assistência Tecnológica; o PROGEX - Programa de Apoio Tecnológico à Exportação; o PRUMO - Programa Unidades Móveis (IPT); o RBT- Rede Brasil de Tecnologia (3) BNDES: o Linha Capital Inovador (Foco na Empresa): apoiar empresas no desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas em caráter sistemático. Isso compreende investimentos em capitais tangíveis, incluindo infra-estrutura física, e em capitais intangíveis. Tais investimentos deverão ser consistentes com as estratégias de negócios das empresas e ser apresentados conforme modelo de Plano de FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 75 Investimento em Inovação (PII). Modalidades de operação: financiamento de longo prazo e/ou subscrição de valores mobiliários. o Linha Inovação Tecnológica (Foco no Projeto): Objetivo: apoiar projetos de inovação de natureza tecnológica que busquem o desenvolvimento de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados (pelo menos para o mercado nacional) e que envolvam risco tecnológico e oportunidades de mercado. Modalidades de operação: financiamento de longo prazo e/ou subscrição de valores mobiliários. o Programa CRIATEC: Objetivo: capitalização de micro e pequenas empresas inovadoras de capital semente. (3) SEBRAEtec: Oferece consultorias adequadas para cada tipo de negócio, proporcionando, através de seus parceiros, o acesso ao conhecimento tecnológico com apoio de 80% a 100%. 5.4. Estímulo às Exportações 5.4.1. Proex O Programa de Financiamento às Exportações – PROEX foi instituído pelo Governo Federal para proporcionar às exportações brasileiras condições de financiamento equivalentes às do mercado internacional. O agente financeiro da União para operacionalização do Programa é o Banco do Brasil S.A. São duas as modalidades de assistência creditícia: • PROEX Financiamento: modalidade de crédito ao exportador ou ao importador, para pagamento à vista ao exportador. • PROEX Equalização: o PROEX assume parte dos encargos financeiros nos financiamentos concedidos por instituições financeiras, através do pagamento de equalização, tornando os encargos financeiros compatíveis com os praticados no mercado internacional. • Recursos: R$ 2,4 bilhões Os recursos, de R$ 2,4 bilhões, estão disponíveis para os setores: saúde/software/display e serviços de TI, automotivo, bens de capital, têxtil e FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 76 de confecções/couro, calçados e artefatos, madeira e móveis plásticos, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Portes: pequenas, médias e grandes empresas. 5.4.2. Drawback Verde-Amarelo As aquisições de mercadorias, no mercado interno, para incorporação em produto a ser exportado, por beneficiário do regime aduaneiro especial de drawback, na modalidade de suspensão, têm suspensão do pagamento do IPI, do PIS/PASEP e do COFINS. 5.4.3. Exim O Programa abriga todos os produtos exportáveis e os serviços a eles associados, exceto automóveis de passeio, commodities em geral (mercadorias negociadas em bolsas) e produtos de menor valor agregado, tais como celulose, açúcar e álcool, grãos, suco de laranja, minérios, animais vivos e também alguns bens intermediários. BNDES-EXIM compreende as seguintes modalidades, especificamente para produção e comercialização: • BNDES-EXIM Pré-Embarque: financia a produção de bens, principalmente de longo ciclo, a serem exportados em embarques específicos. Prazo de pagamento de até 18 meses, não podendo o último embarque ultrapassar o prazo de 12 meses e a liquidação da operação, 6 meses. A critério do BNDES, estes prazos poderão ser estendidos para 30 meses (para pagamento) e 24 meses (para embarque) mediante Consulta Prévia. • BNDES-Exim Pré-Embarque Ágil: financia a produção nacional de bens a serem exportados, associada a um Compromisso de Exportação, para um período de 6 (seis) a 12 (doze) meses. • BNDES-Exim Pré-Embarque Especial: financia a produção nacional de bens exportados, sem vinculação com embarques específicos, mas com período pré determinado para a sua efetivação. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 77 • BNDES-Exim Pré-Embarque Modalidade Empresa Âncora: financia a comercialização de bens produzidos por micro, pequenas e médias empresas por meio de empresa exportadora (empresa âncora). • BNDES-Exim Pós-Embarque: financia a comercialização de bens e serviços no exterior, por intermédio do refinanciamento ao exportador, ou por meio da modalidade buyer's credit (crédito ao comprador). • Todos os Portes e Setores: Pequenas, Médias e Grandes Empresas 5.4.4. APEX A APEX-Brasil trabalha com o objetivo de estimular as exportações brasileiras. Entre projetos e eventos, a APEX-Brasil trabalha com aproximadamente 60 setores da economia brasileira. • Alguns setores apoiados pela APEX-Brasil: • Agronegócio, Casa e Construção Civil, Entretenimento e Serviços, Máquinas e Equipamentos, Moda, Tecnologia e Saúde. • Recursos: R$ 1,2 bilhão (investimentos APEX e parceiros - 2007) • Setores: Todos • Portes: Pequenas, Médias e Grandes Empresas • Mais Informações: http://www.apexbrasil.com.br/ Se houver interesse em algum dos Programas citados, a FIESP auxiliará institucionalmente os empresários, colocando-os em contato com as instituições para a solicitação dos serviços. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 78 FONTES ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE MOTOCICLETAS, CICLOMOTORES, MOTONETAS, BICICLETAS E SIMILARES. Dados do Setor – Bicicletas. ABRACICLO: Disponível em: <http://www.abraciclo.com.br>. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES, DISTRIBUIDORES, EXPORTADORES E IMPORTADORES DE BICICLETAS, PEÇAS E ACESSÓRIOS. Mercado Brasileiro. ABRADIBI: Disponível em: <http://www.abradibi.com.br>. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Índice da taxa de câmbio real - dólar americano. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. BICICLETAS MONARK S.A. Partes de uma Bicicleta. Disponível em: <http://www.monark.com.br>. BUSTOS, V. F. História da Bicicleta. Museu da Bicicleta de Joinville. Disponível em: <http://www.museudabicicleta.com.br>. EARTH POLICY INSTITUTE. Bicycle Production by Top Countries, 1990-2007. Disponível em: <http://www.earthpolicy.org/Indicators/Bike/2008_data.htm#table3>. ELECTRA BIKE COMPANY. <http://www.electrabike.com>. Flat Foot Technology. Disponível em: FVG Consult. Estudo Comparativo dos Custos Totais de Fabricação de Bicicletas na Zona Franca de Manaus, Nordeste e São Paulo. São Paulo, FGV: 2006. HORI, J. Alteração nos PPBs de bicicletas: sugestões para equilibrar eventuais distorções. SIMEFRE, 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002-2003. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Industrial Anual, PIA/Empresa. Vários Anos. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Industrial Anual, PIA/Produto. Vários Anos. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de Contas Nacionais, SCN. Vários Anos. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 79 LAFIS. Brasil – Autopeças e Veículos: Bicicletas e Motocicletas. São Paulo, 2008. MACHADO, H. B. O ICMS no Fornecimento de Energia: questões da seletividade e da demanda contratada. Revista Dialética de Direito Tributário, nº. 155. Ago/2008 . MINISTÉRIO DAS CIDADES. Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta – Bicicleta Brasil. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades. Brasília: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, 2007. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, ALICE. Vários Anos. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br>. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Relação Anual de Informações Sociais, RAIS. Vários Anos. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. NBDA. Bicycle Retailer and Industry News. Vol. 16, nº. 5, April, 2007. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Commodity Trade Statistics Database, COMTRADE. Vários Anos. Disponível em: < http://comtrade.un.org>. PEZZUTO, C. C. Fatores que Influenciam o Uso de bicicleta. Dissertação de Mestrado em Engenharia Urbana. Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2002. QUADROS, W. A evolução recente da estrutura social brasileira. Texto para Discussão. IE/UNICAMP, nº 148. Campinas, UNICAMP: nov. de 2008. Disponível em: <http://www.eco.unicamp.br/docdownload/publicacoes/textosdiscussao/texto14 7.pdf.> Acesso em dezembro de 2008. SHIMANO COASTING. Disponível em: <http://www.coasting.com>. SIMEFRE - Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários. Estatísticas dos Setores. Disponível em: http://www.simefre.org.br FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 80 ANEXOS A.1 Indicadores Econômico-Financeiros - SERASA/FIESP Tabela A.1.1 Fabricação de Bicicletas e Triciclos NãoMotorizados, 2004-07 Indicadores Econômico-Financeiros - Brasil Estrutura de Capitais Nível de Endividamento 2004 2005 2006 2007 n.d n.d 271% 516% 54% 45% 55% 50% 64% 47% 45% 51% n.d. 140% n.d. 467% 127% 42% 265% 29% Nível de Desconto Duplicatas Imobilizado do PL 3% n.d. 24% n.d. 2% 100% 11% 230% Obsolescência do Imobilizado 61% 63% 44% 30% Capacidade de Pagamento de Dívidas Liquidez Geral Liquidez Corrente 0,32 0,59 0,11 0,18 0,99 1,47 0,74 1,48 Liquidez Seca Liquidez Imediata 0,43 0,01 0,12 0 1,21 0,19 0,96 0,05 Atividades (Prazos Médios) Prazo Médio Recebimento de Vendas 77 46 97 70 Prazo Médio Renovação Estoques Prazo Médio Pagamento Compras 69 49 46 69 93 114 86 72 Ciclo Financeiro (Atividade) Endividamento de Curto Prazo Endividamento Oneroso/endividamento Endividamento Oneroso/PL Endividamento Oneroso CP/AC 97 23 75 84 Rentabilidade Rentabilidade Patrimonial Rentabilidade do Ativo n.d. 12% n.d. 16% 0% 0% 16% 2% Giro do Ativo (Vezes) Margem Líquida 1,51 8% 1,6 10% 0,95 0% 1,55 1% Evolução Nominal Vendas 43% 49% 12% 15% Gestão do Capital de Giro Gir/Faturamento Líquido Margem EBITDA 1% 9% 7% 6% 3% 5% 0% 9% 212 131% 538 293% 185 138% 92% 87% Dívida Bancária em dias faturamento Prazo Médio de Recebimentos 278 162 500 104 130 198 49 153 Prazo Médio de Pagamentos Ciclo Financeiro (Capital de Giro) 47 115 60 43 60 137 55 97 Cobertura de Dívidas (meses) Despesa Financeira/EBITDA FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 81 Tabela A.1.2 Brasil - Grandes Empresas, 2004-07 Indicadores Econômico-Financeiros 2004 2005 2006 2007 Estrutura de Capitais Nível de Endividamento Endividamento de Curto Prazo Endividamento Oneroso/endividamento Endividamento Oneroso/PL Endividamento Oneroso CP/AC Nível de Desconto Duplicatas 321% 420% 109% 106% 61% 59% 53% 54% 33% 30% 33% 34% 106% 126% 36% 36% 30% 32% 16% 19% 10% 7% 2% 3% 137% 195% 106% 107% 33% 34% 43% 39% Liquidez Geral 0,88 0,77 0,94 0,92 Liquidez Corrente 1,21 1,09 1,23 1,12 Liquidez Seca 0,81 0,74 0,93 0,82 Liquidez Imediata 0,05 0,04 0,12 0,14 Prazo Médio Recebimento de Vendas 49 59 44 42 Prazo Médio Renovação Estoques 65 78 60 65 Imobilizado do PL Obsolescência do Imobilizado Capacidade de Pagamentos de Dívidas Atividades (Prazos Médios) Prazo Médio Pagamento Compras 67 75 108 118 Ciclo Financeiro (Atividade) 47 62 4 11 Rentabilidade Patrimonial 4% 3% 18% 18% Rentabilidade do Ativo 1% 0% 8% 8% Giro do Ativo (Vezes) 1,52 1,24 0,8 0,77 0% 0% 11% 11% 26% 10% 7% 13% Rentabilidade Margem Líquida Evolução Nominal Vendas Gestão do Capital de Giro Gir/Faturamento Líquido 1% 2% 19% 23% Margem EBITDA 4% 5% 19% 18% Cobertura de Dívidas (meses) 139 167 42 45 Despesa Financeira/EBITDA 104% 116% 26% 32% 45 56 28 31 Dívida Bancária em dias faturamento Prazo Médio de Recebimentos 113 140 101 101 Prazo Médio de Pagamentos 62 75 72 77 Ciclo Financeiro (Capital de Giro) 50 65 29 23 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 82 Tabela A.1.3 Brasil - Médias Empresas, 2004-07 Indicadores Econômico-Financeiros Estrutura de Capitais Nível de Endividamento 2004 2005 2006 2007 178% 158% 119% 129% Endividamento de Curto Prazo Endividamento Oneroso/endividamento 65% 29% 63% 27% 60% 32% 61% 36% Endividamento Oneroso/PL Endividamento Oneroso CP/AC 52% 24% 44% 19% 38% 21% 47% 23% Nível de Desconto Duplicatas Imobilizado do PL 10% 106% 9% 97% 6% 85% 6% 91% Obsolescência do Imobilizado 34% 34% 37% 35% Capacidade de Pagamento de Dívidas Liquidez Geral Liquidez Corrente 0,96 1,34 1,01 1,45 1,12 1,56 1,06 1,48 Liquidez Seca Liquidez Imediata 0,86 0,09 0,96 0,12 1,11 0,14 1,05 0,16 Atividades (Prazos Médios) Prazo Médio Recebimento de Vendas 54 53 57 52 Prazo Médio Renovação Estoques Prazo Médio Pagamento Compras 75 72 74 74 70 73 74 69 Ciclo Financeiro (Atividade) 58 53 54 58 Rentabilidade Rentabilidade Patrimonial Rentabilidade do Ativo 14% 5% 12% 4% 11% 5% 12% 5% Giro do Ativo (Vezes) Margem Líquida 1,51 3% 1,5 3% 1,19 4% 1,21 4% Evolução Nominal Vendas 25% 11% 7% 19% Gestão do Capital de Giro Gir/Faturamento Líquido Margem EBITDA 6% 9% 6% 8% 8% 9% 10% 9% 63 52% 68 54% 66 45% 67 41% 36 129 31 130 37 133 40 129 64 65 65 64 58 75 58 70 Cobertura de Dívidas (meses) Despesa Financeira/EBITDA Dívida Bancária em dias faturamento Prazo Médio de Recebimentos Prazo Médio de Pagamentos Ciclo Financeiro (Capital de Giro) FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 83 Tabela A.1.4 Brasil - Pequenas Empresas, 2004-07 Indicadores Econômico-Financeiros Estrutura de Capitais Nível de Endividamento 2004 2005 2006 2007 175% 184% 141% 120% Endividamento de Curto Prazo Endividamento Oneroso/endividamento 66% 26% 68% 30% 60% 32% 59% 34% Endividamento Oneroso/PL Endividamento Oneroso CP/AC 46% 19% 55% 24% 45% 21% 42% 19% Nível de Desconto Duplicatas Imobilizado do PL 9% 97% 9% 100% 6% 90% 5% 92% Obsolescência do Imobilizado 30% 29% 33% 31% Capacidade de Pagamento de Dívidas Liquidez Geral Liquidez Corrente 1,01 1,38 0,99 1,31 1,06 1,37 1,06 1,47 Liquidez Seca Liquidez Imediata 0,88 0,13 0,86 0,14 0,95 0,11 1,02 0,12 Atividades (Prazos Médios) Prazo Médio Recebimento de Vendas 52 52 61 50 Prazo Médio Renovação Estoques Prazo Médio Pagamento Compras 77 78 75 79 72 85 78 79 Ciclo Financeiro (Atividade) 51 48 48 49 Rentabilidade Rentabilidade Patrimonial Rentabilidade do Ativo 19% 7% 17% 6% 9% 3% 13% 6% Giro do Ativo (Vezes) Margem Líquida 1,54 4% 1,52 3% 1,12 3% 1,08 5% Evolução Nominal Vendas 26% 12% 14% 23% Gestão do Capital de Giro Gir/Faturamento Líquido Margem EBITDA 7% 9% 6% 8% 8% 9% 11% 11% 59 42% 65 50% 73 42% 61 37% 29 128 38 127 38 140 34 128 70 58 67 60 65 74 60 68 Cobertura de Dívidas (meses) Despesa Financeira/EBITDA Dívida Bancária em dias faturamento Prazo Médio de Recebimentos Prazo Médio de Pagamentos Ciclo Financeiro (Capital de Giro) FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 84 A.2. Tabulação da Pesquisa – Tópicos Selecionados A média de tempo de treinamento por funcionários da amostra é de 122 horas por ano; 67% das empresas têm interesse em participar de treinamento de capacitação técnica; 56% das empresas possuem algum acordo com empresas estrangeiras para a incorporação de novas tecnologias ou design aos produtos lançados no mercado. 100% utilizam normas técnicas internacionais no desenvolvimento dos seus produtos e 78% utilizam normas nacionais. 56% das empresas possuem algum produto certificado e declararam que não enfrentaram problemas para certificar os produtos. 33% nunca tentaram certificar algum produto. 67% das empresas exportam ou já exportaram nos últimos cinco anos e relataram que enfrentaram problemas nas exportações: 56% citaram o câmbio, a carga tributária, a falta de incentivos governamentais, o preço, o frete, a concorrência da China, a falta de agentes locais câmbio, a carga tributária e 33% apontaram a burocracia excessiva; 22% enfrentam dificuldades de divulgação e, 11% tiveram dificuldades em encontrar importadores. Das empresas que exportam: 67% efetuam exportações diretas e indiretas e 33% apenas exportações diretas. 78% dos entrevistados manifestaram interesse em participar de rodadas de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação de produtos brasileiros. 56% representam ou comercializam produtos acabados importados e 67% representam ou comercializam componentes importados. 11% declararam que desenvolvem programas conjuntos de P&D e 44% manifestaram interesse em desenvolver projetos conjuntos de P%D. 56% estabelecem cooperação para o desenvolvimento de produtos e processos e 22% pretendem implantar nos próximos anos. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 85 67% trocam, sistematicamente, informações sobre qualidade e desempenho. 67% mantêm relacionamentos comerciais de longo prazo com seus fornecedores. 56% realizam compras com fornecedores certificados pela empresa. 89% realizam compras com fornecedores cadastrados pela empresa. 56% pretendem realizar programas de qualidade assegurada pelos fornecedores. 78% participam em eventos. 89% realizaram investimentos em máquinas e equipamentos nos últimos dois anos e 78% irão realizar investimentos nos próximos dois anos em máquinas e equipamentos. 67% expandiram a planta industrial nos últimos dois anos e 56% farão investimentos nessa área nos próximos dois anos. 56% aumentaram o quadro funcional nos últimos dois anos e 44% pretende contratar nos próximos dois anos. 78% realizaram cursos e treinamentos para a capacitação dos funcionários nos últimos dois anos e 100% declaram que pretendem realizá-los nos próximos dois anos. 11% pretendem realizar programas de excelência e produtividade nos próximos dois anos. As principais fontes de financiamentos nos últimos dois anos foram os recursos próprios (89%); os créditos públicos (78%) e créditos em instituições bancárias (56%). 33% contrataram consultoria no desenvolvimento de tecnologia e 44% pretendem contratar. 11% contrataram consultoria no desenvolvimento do projeto básico/desenho técnico. 11% contrataram consultoria no desenvolvimento do projeto detalhado. 11% contrataram consultoria em estudos de viabilidade. 56% contrataram consultoria em estudos e testes e ensaios. 44% contrataram consultoria em Metrologia e normalização e 33% pretendem contratar. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 86 56% contrataram consultoria em certificação e conformidade e 56% pretendem contratar. 44% contrataram consultoria em qualidade e 44% pretendem contratar. 33% contrataram consultoria em marketing e 44% pretendem contratar. 33% contrataram consultoria gerencial e 33% pretendem contratar. 56% possuem ISO 9000, 22% ISO 14000 e 22% outras certificações. 11% têm processos de certificação de ISO 9000 e 14000 em andamento e 22% estaram certificadas nos próximos dois anos. O equipamento mais importante de 56% das empresas tem idade entre 6 e 10 anos. O equipamento mais importante de 33% das empresas tem idade acima de 10 anos. A importação de produtos foi para 78% das empresas que mais impactou as estratégias nos últimos dois anos. Tanto a dificuldade de acesso a mercados internacionais como a elevação das tarifas de matérias primas impactaram as estratégias de 44% das empresas nos últimos dois anos. O surgimento de novos concorrentes foi para 56% o elemento que impactou as estratégias nos últimos dois anos. Para 100% das empresas, a principal fonte de informação do setor para norteamento de estratégias são as feiras realizadas no país. Para 89% das empresas, tanto as revistas especializadas como as feiras e congressos nos exterior também se configuram em importantes fontes de informações para tomada de decisões estratégicas. 78% das empresas monitoram a ação da concorrência para definir suas estratégias. A mídia e as visitas a outras empresas no Brasil e no Exterior também são fontes de informações para tomada de decisões de 67% das empresas. Para 56% das empresas, a participação em atividade promovida por associações de classe e a pesquisa própria são fontes de informações para definição ou norteamento de estratégias. 56% das empresas têm planejamento estratégico desenvolvido e disseminado periodicamente com o envolvimento de diversos setores da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 87 empresa, 22% possuem esse tipo de planejamento disseminado informalmente e 11% não possuem estratégia desenvolvida formal ou informalmente. A forte identificação com a marca foi apontada por 89% das empresas como a principal estratégia ligada aos produtos. 67% das empresas assinalam a conformidade e as especificações técnicas como estratégias ligadas aos produtos. 56% das empresas admitem que diminuição do tempo para o desenvolvimento do produto, sua durabilidade e o atendimento às especificações dos clientes são estratégias ligadas aos produtos. Nos próximos dois anos, 78% das empresas pretendem reduzir custos com estoques e elevar os rendimentos das matérias-primas. 56% das empresas pretendem tanto reduzir as necessidades de mão de obra, como remover gargalos produtivos. FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia 88