edição de 2014 do boletim

Transcrição

edição de 2014 do boletim
BOLETIM
2014
Conservação e
Esperança
2
Um pouco
de História
5 maneiras
de fazer
A ROCHA...
6
12
Parte do
mesmo
corpo
A ROCHA
onde vivo
15
19
1
ÍNDICE
Editorial
Conservação e Esperança ......................................................................................3
A ROCHA
Uma organização para servir ................................................................................ 4
A ROCHA
Uma palavra da Direção ..........................................................................................5
A ROCHA
Um pouco de História ............................................................................................. 6
Centro de Estudos
Voluntariado: uma oportunidade .......................................................................... 8
Conservação e Ciência
Estudar para conhecer .......................................................................................... 9
Educação Ambiental
Para pequenos e grandes .................................................................................... 10
Educação Ambiental
O sonho de crescer .............................................................................................. 11
Envolva-se
5 maneiras de fazer a ROCHA melhor ................................................................ 12
Comunidade
Uma história na primeira pessoa ........................................................................ 14
Comunidades Cristãs
Parte do mesmo corpo ........................................................................................ 15
Comunidades Cristãs
A ecologia na Bíblia ............................................................................................... 16
Dicas
Para um melhor ambiente ...................................................................................17
Projetos Locais
Guia para uma ação local .................................................................................... 18
Projetos Locais
A ROCHA onde vivo ............................................................................................... 19
Comunicação e Desenvolvimento
Mais do que cosmética ........................................................................................ 20
A Rocha Life
Observar aves para todos ................................................................................... 21
Intervenção
Pela Ria de Alvor .................................................................................................... 22
Relatório Financeiro 2013
Resultados positivos ............................................................................................ 23
A ROCHA Portugal
Cruzinha, Apartado 41
8501-903 Mexilhoeira Grande
Portugal
telefone (+351) 282 968 380
email [email protected]
web www.arocha.pt
donativos (nib)
0010 0000 49848750001 52
2
Direção
Tiago Branco
João Duarte
Patrícia Castro
Manuel Rainho
Ruben Heleno
Miguel Rodrigues
Conceição Santos
Mesa A.G.
Pedro Marques
Helena Rogério
Conselho Fiscal
Filipe Reinaldo
Jorge Mourato
Paulo Cardoso
EDITORIAL
CONSERVAÇÃO E ESPERANÇA
FAZER O TRABALHO de conservação da
natureza, acabando por perceber que não
conseguimos resolver todos os problemas
sozinhos pode proporciona-nos graus de
dispensável frustração mas também um
senso de necessária humildade.
Começa por ser uma perceção que nos
inquieta e nos move a fazer mais, mas
precisamos ter a perspetiva correta sobre
esse sentimento para nos permitirmos
fazer o nosso trabalho adequadamente.
A verdade é que, enquanto indivíduos,
não conseguimos fazer tudo o que é
necessário para contribuir para um planeta mais sustentável, em coexistência com
as outras pessoas e com as restantes espécies que partilham o planeta connosco. É
suposto que esse esforço seja concertado,
que seja feito em grupo, em família, em
comunidade, com os cidadãos do mesmo
país e, em última instância, com os outros
habitantes deste planeta.
Esta noção de cooperação já faz parte de
vários setores da nossa sociedade, mas o
que ainda é pouco entendido é que os
esforços humanos, combinados, ainda
podem ser limitados para fazer face a tanto que temos pela frente. Há já quem
anuncie o ponto de não retorno como uma
inevitabilidade ou até uma realidade.
Quem trabalha com A ROCHA por todo o
mundo conseguem sentir esta frustração
latente, presente na nossa sociedade, mas
ao mesmo tempo sente a humildade.
Começa por ser uma incapacidade em
resolver todos os problemas, mas que nos
ajuda a ver o potencial de outros nos ajudarem onde nós não conseguimos. Confiamos que Deus vai abrir os olhos dos que
ainda não entendem a necessidade de agir.
As nossas ações são demonstração das
convicções e cumprem a missão de cuidar do planeta, que foi entregue ao nosso
cuidado pelo Criador. Muitas vidas
dependem diretamente do que fazemos
com este planeta e da forma sábia como
usamos os seus recursos sem o destruir.
Mesmo enfrentando as profecias dos que
anunciam o fim do mundo como o
conhecemos, acreditamos que ainda
temos um contributo a dar, uma palavra
a dizer, uma ação para mudar que dê
esperança àqueles que estão a perdê-la.
Andorinha-da-serra
Gonçalo Elias
Temos, cada um, ao mesmo tempo, uma
dádiva e uma responsabilidade. A beleza
extraordinária à nossa volta é também a
fonte dos recursos que suportam a nossa
vida. Precisamos cuidar e gerir melhor a
natureza para que todos tenham o suficiente para uma vida digna, para que a
natureza mantenha os ciclos que renovam os recursos à nossa disposição, para
conseguirmos preservar a sua diversidade e beleza.
É altura de agirmos. E desta vez gostávamos de contar consigo também! Não é
possível fazermos tudo sozinhos!
João Duarte
Diretor Executivo
JOÃO D UARTE
Diretor Executivo
O João é o Diretor Executivo desde 2013. Antes, já fez parte da Direção e participou
com trabalho voluntário no Centro e na área da Comunicação. O seu primeiro contacto
com A ROCHA foi em 1990 ainda enquanto estudante de Engenharia Agrícola. O seu
compromisso com a conservação da natureza firmou-se quando trabalhou em ciências
dos solos como pedologista, na classificação e cartografia de solos. Encara o trabalho
com A ROCHA como uma oportunidade de articular a fé cristã de uma forma prática
no dia-a-dia e o cuidado da criação como um desafio a ser vivido todos os dias.
3
A ROCHA
UMA ORGANIZAÇÃO PARA SERVIR
A ROCHA CHEGA a 2014 depois de ter
passados por momentos históricos, mas
também por alguns mais difíceis que nos
levaram a cuidar melhor como a organização funciona. Depois de uma reestruturação, feita em 2009, temos A ROCHA adequada ao trabalho que fazemos e mais bem
preparada para enfrentar os desafios
seguintes.
Não paramos
de sonhar e
queremos
partilhar
este sonho
consigo.
O CENTRO
A maior parte do nosso trabalho científico, de educação ambiental continua a passar pelo nosso Centro de Estudos e de
Interpretação Ambiental, na Cruzinha,
onde temos uma comunidade formada por
membros da equipa e voluntários. É um
bom ponto de partida para entender o
trabalho que fazemos, mas também um
excelente lugar nos afastarmos da rotina
diária, descansar e apreciar a beleza à volta.
N O RESTO DO PAÍS
No entanto, nos últimos anos, temos
desenvolvido algum trabalho para além do
4
Centro, como forma de chegarmos à pessoas que não nos conhecem ou que não
têm oportunidade de nos visitar. Com a
ajuda de quem já nos acompanha voluntariamente, queremos crescer no coração
de comunidades, queremos ajudar cada
um a estar consciente dos desafios que
enfrentamos e a desempenhar o seu
papel na proteção do ambiente, como
cidadão responsável. Isso pode ser feito
independentemente da idade, do género,
da situação profissional ou de professar
uma fé. Também acreditamos que isso é
melhor feito quando é feito em conjunto
no seio de uma comunidade, que a
mudança é mais duradora quando a
comunidade se junta para a fazer acontecer.
SERVIR JUNTOS
Temos a consciência das nossas limitações mas também do caminho que pode
ser feito a começar já hoje. Não paramos
de sonhar e queremos partilhar este
sonho consigo. Queremos que faça parte
desta mudança. Vamos juntar-nos?
A ROCHA
UMA PALAVRA DA DIREÇÃO
O ANO DE 2014 MARCA o fim de um ciclo
para A ROCHA Portugal. Os últimos anos
foram marcados por um exercício muito
intencional de mudança e reorganização
de uma estrutura que se mantinha ainda
desde a criação da associação na década de
80. Foi criada uma nova estrutura organizacional munida de novos estatutos e de
um novo regulamento interno. A direção e
a estrutura executiva foram renovadas.
Foram também desenvolvidas novas ferramentas de gestão, capazes de assegurar
a transparência e o rigor indispensáveis à
participação em projetos financiados e à
prestação adequada de contas perante
doadores e parceiros. Paralelamente,
foram criadas as bases legais para a criação
de novas áreas de atividade que permitam
a geração de novas fontes de receitas.
uma missão como esta nem sempre é fácil
e exige uma grande humildade e constante reavaliação. Não se trata apenas de
subsistir em termos financeiros para
continuar a poder travar as mesmas lutas
de sempre contra a destruição – inexorável – do ambiente. Proclamar o amor de
Deus implica perceber e viver tudo, mesmo tudo, numa dimensão do Reino, conforme os ensinos de Jesus.
Na última fase deste exigente processo de
renovação, concentrámo-nos nas criação
de novas plataformas e ferramentas de
comunicação que, esperamos, nos deixarão muito mais próximos de todos vós.
É esta a razão da existência d’A ROCHA e
a nossa principal motivação para tudo o
que fazemos, seja o trabalho em conservação e investigação científica, a educação ambiental, a luta pela proteção de
habitats, os contributos para uma teologia do ambiente, ou simplesmente as
vidas envolvidas em comunidade no nosso centro.
Acreditamos que agora estão criadas as
condições para que possamos cumprir
ainda melhor a nossa missão de proclamar o amor de Deus por toda a Criação
através de projetos de estudo e conservação do ambiente, da educação e de
cooperar com as comunidades, promovendo uma visão integral, sustentável e
redimida da vida em sociedade.
Para uma associação ambiental, ser fiel a
A nossa missão desafia-nos a olhar e
compreender tanto os grandes desafios
atuais da humanidade, como os nossos
próprios desafios – sejam eles profissionais, institucionais, associativos, particulares ou pessoais – à luz do que a nossa
fé proclama - o amor ao Deus Criador e o
amor e cuidado ao próximo.
A nossa
missão
desafia-nos a
compreender
tanto os
grandes
desafios
atuais da
humanidade,
como os
nossos
próprios
desafios.
Se partilha dos nossos valores, se acredita
na nossa visão, então envolva-se e caminhe connosco! A ROCHA quer caminhar
consigo – palavra de Direção!
Tiago Branco
Presidente da Direção
5
A ROCHA
UM POUCO DE HISTÓRIA
A ROCHA começou conceptualmente na cabeça do Peter e Miranda Harris, quando ele era pároco
de uma igreja anglicana, no norte
de Inglaterra. Os primeiros passos
práticos já foram tomados em Portugal, mais propriamente no
Algarve, em 1983, com a chegada
dos Harris.
Os primeiros trabalhos concentraram-se em recolher dados de
campo em várias zonas do Algarve, para determinar quais as mais
ricas em termos de avifauna, como
indicadores de qualidade ambiental das mesmas. Os trabalhos de
campo começaram a revelar a
qualidade ambiental da Ria de
Alvor e foi aí que foi decidido
assentar o trabalho.
Simultaneamente fez-se prospeção no mercado imobiliário para
encontrar uma casa adequada a
tornar-se o Centro deste trabalho.
A casa também foi encontrada e
adquirida, apesar de algumas peripécias, de forma fantástica, bem
no coração da Ria de Alvor. Mas
ainda foram necessárias obras de
melhorias e adaptações para que
uma grande casa de férias se
pudesse transformar numa casa
preparada para receber cientistas e
grupos escolares. O Centro abriu
ao público na primavera de 1987,
numa casa conhecida localmente
como Cruzinha.
O Centro abriu
ao público na primavera
de 1987, numa casa
conhecida localmente
como Cruzinha.
Por essa altura Mark Bolton, um
recém-licenciado em zoologia da
Universidade de Cambridge, já se
tinha juntado à equipa e os traba-
6
lhos científicos tiveram um impulso. A formação em anilhagem
científica de aves e os trabalhos de
campo para o Atlas das Aves
Invernantes do Barlavento Algarvio, estavam a decorrer a bom ritmo.
Ao longo dos anos diferentes pessoas foram-se juntando à equipa.
Algumas por períodos
pequenos de semanas a
meses, outras por anos.
Assumindo que seremos
injustos ao não nomear
todas as pessoas envolvidas, não podemos deixar
de referir Colin Jackson,
um grande entusiasta e
impulsionador da anilhagem n’A ROCHA. Will
Simonson que alargou o
âmbito da investigação
para a botânica, com trabalhos muito relevantes
na altura e que anos mais
tarde se mostrariam cruciais para a proteção
ambiental da Ria de Alvor.
Adrian Gardiner, que
nunca fez parte da equipa
oficial mas em que as suas
muitas visitas e o seu
compromisso com o estudo das aves e dos insetos,
em particular das traças,
expandiu também a área
de trabalho científico que
fazemos. Por último não
podemos deixar de referir
Rosário Pereira, uma recémlicenciada em biologia marinha,
que foi a primeira portuguesa a
juntar-se à equipa oficial em 1990
e deu início às primeiras ações de
educação ambiental com os alunos
das escolas locais.
O desenvolvimento de contactos
com portugueses com vista a que
estes assumissem a liderança formal do trabalho d’A ROCHA,
começou muito antes mas só em
1993 foram dados passos muito
concretos. Em janeiro de 1993 é
registada A ROCHA – Associação
Cristã de Estudo e Defesa do
Ambiente.
Desde o início que o objetivo era
iniciar um trabalho e passá-lo a
uma liderança portuguesa, madura e capaz de dar continuidade ao
projeto e a família Harris regressa-
ria ao Reino Unido para continuar
o seu ministério pastoral.
Afinal Deus tinha outros planos…
O lançamento, no mercado britânico, em 1992 do livro Under the
Bright Wings por Peter Harris, que
contava a história dos primeiros
anos d’A ROCHA, da visão, dos
seus objetivos, da postura da igreja perante as questões ambientais
entre outros tópicos, fez com que
muitas pessoas, de vários pontos
do globo, entrassem em contacto
com o autor manifestando o seu
desejo de ver A ROCHA implantar
-se nos seus países.
Ainda em 1993, uma consulta
internacional que juntou vários
contactos a nível internacional,
decorreu no Reino Unido, para
decidir qual seria o futuro d’A
ROCHA. A consulta confirmou que
era o momento de A ROCHA se
internacionalizar. O casal Harris
não iria voltar ao Reino Unido e o
seu papel seria o de trabalhar na
implantação da organização noutros países, tendo para isso que
sair de Portugal.
Em 1995, depois da saída do casal
Harris, Mark Bolton, entretanto
casado com a Jane, substituíramnos na liderança do trabalho no
Centro. Os dois dirigiram o trabalho do Centro até finais de 1999,
tendo atingido níveis de excelência, tanto no trabalho científico
como educacional.
Durante os meses de janeiro a
agosto de 2000, George e Jan Reiss
assumiram a liderança interina da
Cruzinha, enquanto a Direção
Em setembro de 2000,
Marcial e Paula Felgueiras
foram os primeiros
portugueses a
assumir a liderança.
procurava novos diretores para o
Centro, que desta vez se pretendia
que fossem portugueses.
Em setembro de 2000, Marcial e
Paula Felgueiras foram os primeiros portugueses a assumir a liderança. Inicialmente sobre
todas as áreas de trabalho, e a partir de 2001,
sendo assistidos na área
científica e de relações
públicas pelo casal Will e
Rachel Simonson. O trabalho científico ganhou
estrutura e internacionalizou-se
ainda
mais
enquanto
a
educação
ambiental atingiu um
nível de profissionalismo e
maturidade,
fruto
de
vários anos de investimento e da dedicação das
várias pessoas envolvidas
no mesmo, nomeadamente o Filipe Jorge e posteriormente a Isabel Soares.
Os atentados ambientais
que aconteceram na Ria
de Alvor em 2006 e depois
a
crise
económicofinanceira que assolou o
mundo a partir de 2008
foram dois momentos
difíceis, mas aproveitámos
a oportunidade para reestruturar A ROCHA, equipando-a
de uma estrutura mais adequada
aos novos desafios.
Procurámos crescer também noutros pontos do país, a par do
desenvolvimento do trabalho no
Centro e no Algarve. Foi criado o
cargo de Diretor Nacional, assumido por Tiago Branco. A ROCHA
desenvolveu a sua capacidade de
intervenção e de colaboração com
outras organizações ambientalistas
nacionais. Fruto das constrições
orçamentais e da oportunidade
várias vezes confirmada junto de
visitantes nossos foi iniciado um
departamento dedicado ao ecoturismo, promovendo visitas guiadas de observação de aves.
Durante os anos de 2006 a 2013 A
ROCHA esteve pela primeira vez
envolvida em processos judiciais,
relacionados com os atentados
ambientais. Em particular, liderou
uma plataforma de organizações
ambientais que lutou pelo restabelecimento de habitats protegidos e
das áreas de espécies protegidas,
destruídos na Ria de Alvor. O processo judicial administrativo veio a
determinar a reposição dos habitats destruídos e das espécies
removidas, uma decisão inédita no
direito ambiental em Portugal.
Atualmente A ROCHA está a participar numa outra plataforma de
organizações ambientalistas pela
preservação da Lagoa dos Salgados
e áreas vizinhas, com uma participação na ação legal que ainda
decorre.
A ROCHA no mundo
A nível internacional A
ROCHA está presente formalmente em 20 países dos cinco
continentes, todas as organizações nacionais com o mesmo nome, numa homenagem
às origens portuguesas da
organização e à cultura de
relacionamentos e cuidado
uns com os outros.
Aconselhamos a consulta do
site A ROCHA Internacional
(arocha.org) para saber mais
informação sobre o trabalho
desenvolvido no resto do
mundo.
Foto: Benjo Cowburn
7
CENTRO DE ESTUDOS
VOLUNTARIADO: UMA OPORTUNIDADE
A nossa identidade está indelevelmente
marcada pelo que outros contribuíram
para a nossa vida. Somos o que somos
porque muitas pessoas voluntária e sacrificialmente deram de si mesmas para nos
ajudar a chegar mais longe, sem receberem nada em troca, muitas vezes nem um
simples obrigado. Seriamos muito menos
sem a sua dádiva.
A ROCHA recebe voluntários desde o seu
início. Não há qualquer dúvida que devemos muito da nossa capacidade produtiva, desde ciência, artes, educação e serviço, aos contributos dessas pessoas.
Muitos voluntários veem nessa oportunidade um enriquecimento curricular e
profissional e recebemos regularmente
candidaturas, principalmente de fora de
Portugal. Vêm por um período mínimo de
duas semanas até um ano, e quando vêm
de longe, ficam alojados no nosso Centro.
Um voluntário trás consigo uma cultura,
um país, uma perspetiva sobre a vida, as
suas experiências e capacidade de trabalho e uma história pessoal que a todos
enriquece. Quando um voluntário entra
na nossa equipa acrescenta-nos diversidade e recebe o mesmo de volta.
A experiência de voluntariado é acima de
tudo uma oportunidade de aprender:
conhecer os outros e a si próprio, aprender ou ensinar novas técnicas e acrescentar à sua experiência de trabalho. É também uma oportunidade de serviço à
sociedade e o que não falta são oportunidades. Os voluntários d’A ROCHA ajudam nos trabalhos de campo, registam
dados de trabalhos de investigação no
computador, ajudam no cuidado do jardim, na preparação de materiais para a
educação ambiental, pintam paredes,
reparam coisas que se partem, cozinham,
lavam a loiça e entre outras tarefas.
Divertem-se enquanto aprendem, ajudam, partilham, conhecem, crescem e
ajudam a crescer.
O que
A ROCHA
cresceu
deve-o muito
às centenas
de voluntários que teve
ao longo dos
anos.
A ROCHA tem dado esta oportunidade a
muitos jovens que cresceram como
ambientalistas
ou
investigadores
ambientais, mas não nos esquecemos que
o que A ROCHA cresceu, produziu e o
conhecimento ambiental que acumulou
nestes anos, deve-o muito às centenas de
voluntários que teve ao longo dos anos. A
todos muito obrigado!
Marcial Felgueiras
Diretor de Operações
M ARCIAL FELGUEIRAS
Diretor de Operações
O Marcial coordena todas as operações de conservação da natureza, que A ROCHA
desenvolve, e ainda as atividades do Centro de Estudos, na Cruzinha, desde setembro
de 2000. O seu primeiro contacto foi numa visita ao Centro em 1987 e cuidar do
ambiente e das pessoas que dele fazem uso tornou-se uma missão de vida. Começou a
trabalhar oficialmente para A ROCHA em 1992, sob a liderança dos fundadores, Peter e
Miranda Harris, logo que concluiu o curso em Engenharia Agrícola. Tem o mestrado
em Engenharia Agronómica e está a fazer Doutoramento em Gestão Interdisciplinar da
Paisagem.
8
CONSERVAÇÃO E CIÊNCIA
ESTUDAR PARA CONHECER
A investigação científica e a monitorização
foram desde sempre os grandes pilares do
trabalho de conservação que A ROCHA
faz. Ao longo dos anos desenvolvemos um
conjunto de procedimentos científicos
que conduziram a um vasto registo biológico. A informação compilada deu-nos
um conhecimento único dos locais estudados.
Envolver e
encorajar as
comunidades
locais a
participarem
no esforço de
conservação.
Aliamos a investigação científica à educação ambiental, criando uma interface
entre as duas que nos permite tornar a
ciência mais acessível a todos. Desta forma o nosso trabalho científico assenta
numa visão mais alargada e inclusiva ao
envolver e encorajar as comunidades
locais a participarem no esforço de conservação.
A existência de um Centro de Estudos – a
Cruzinha – aberto durante todo o ano e
uma equipa residente que pode oferecer
hospitalidade, supervisão e formação é
um outro ponto forte no trabalho desenvolvido.
Além disso, contamos ainda com o
conhecimento científico disponível na
comunidade mais alargada de pessoas
que acompanham e apoiam o trabalho
que fazemos, seja o apoio de cientistas
em Portugal ou noutros países, como o
Reino Unido, onde A ROCHA tem firmado estas ligações com a comunidade
científica.
Alma-de-mestre
Para nós este trabalho está na base do que
fazemos porque é essencial para conhecer, gerir e preservar as espécies e habitats das zonas onde fazemos trabalho,
mas é impossível separar isso da esperança que o nosso contributo junto com
os contributos de outros nos permita cuidar da criação e honrar a responsabilidade que nos foi conferida pelo Criador.
Paula Banza
Diretora do Departamento
Conservação e Ciência
P AULA B ANZA
Diretora da Ciência e Conservação
A Paula coordena o trabalho de Conservação e Ciência desde 2011, mas tem estado
muito envolvida como Educadora Ambiental e na gestão partilhada do Centro de Estudos – Cruzinha – no Algarve, desde 2000. A sua ligação com A ROCHA recua ao estabelecimento da Cruzinha como Centro de Estudos. Ela gosta da conjugação entre a
ciência, a conservação e a educação ambiental no seu trabalho e de fazê-lo numa
comunidade. É professora de Biologia e Geologia, com Mestrado em Biologia da Conservação e tem em curso um Doutoramento em Biologia.
9
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA PEQUENOS E GRANDES
A ROCHA tem desenvolvido o seu programa de Educação Ambiental, para chegar
todas as pessoas independentemente da sua
idade, nacionalidade. Desde 1991 que procuramos promover uma consciência
ambiental que imprima mudanças nas atitudes e comportamentos e se reflita em
novos hábitos de vida mais sustentáveis e
amigos do ambiente.
identificação de espécies animais e vegetais, os ecossistemas, as energias alternativas, a agricultura biológica, a reciclagem e
a compostagem.
O foco principal do nosso trabalho são a
comunidade educativa regional e as muitas
pessoas de outras nacionalidades que visitam ou vivem no Algarve. Todos os anos
recebemos a visita de cerca de 1000 estudantes e professores e de outros 1500 visitantes adultos, maioritariamente estrangeiros.
Em parceria ou individualmente, nós temos
levado a cabo atividades planeadas de acordo com os conteúdos programáticos de cada
grau de escolaridade. Temos sempre o objetivo de complementar o que é aprendido na
sala de aula, proporcionando experiências
onde os alunos adquiram conhecimentos e
técnicas novas. Também queremos aproximar os professores e educadores da comunidade científica, ajudando-os nas abordagens, metodologias e divulgação dos seus
projetos científicos, despertando-os para as
possíveis aplicações científicas com os seus
alunos e sensibilizando-os para a importância das saídas de campo na sua componente
lúdica, relacional e educacional.
A ROCHA tem o seu Centro de Interpretação aberto todo o ano, disponibilizando atividades que estão direcionadas desde o jardim de infância à universidade e que nos
auxiliam a compreender coisas como: a
importância das migrações, da preservação
e conservação dos habitats utilizados pelas
aves migratórias e o papel da Ria de Alvor
neste processo, as relações entre espécies, a
Nestes anos já criámos muitas parcerias,
algumas das quais ainda ativas, como as
que temos com os Agrupamentos de Escolas de Lagos e Portimão, os municípios
locais, a Administração da Rede Hidrográfica do Algarve, o Centro de Formação Rui
Grácio e a Agência Nacional para a Cultura
Científica e Tecnológica, entre outros.
Estas parcerias são essenciais, criando uma
rede de cooperação, onde a educação
ambiental chega a um público mais alargado.
Sonhamos continuar a despertar o interesse nas pessoas, para que ao conhecerem o
que os rodeia, aprendam a respeitar, estimar e cuidar de um património natural
único, precioso e necessário.
Temos
sempre o
objetivo de
complementar o que é
aprendido na
sala de aula.
Isabel Soares
Diretora do Departamento
Educação Ambiental
ISABEL SOARES
Diretora de Educação Ambiental
A Isabel coordena o programa de educação ambiental desde 2001, tendo antes começado por trabalhar como assistente de diretor em 1998. A sua ligação com A ROCHA
começou em 1987 depois de uma visita ao nosso centro, na Cruzinha. Ela gosta particularmente de viver e trabalhar em comunidade, do contacto com os outros e com
novas culturas. Estudou Engenharia Agrícola na Universidade de Évora e lecionou
durante dois anos matemática e ciências no 2º e 3º ciclos.
10
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O SONHO DE CRESCER
Melhorar a Educação Ambiental que fazemos é um processo contínuo no nosso trabalho, mas em algumas ocasiões os saltos
de qualidade podem ser grandes! É isso
que esperamos quando conseguirmos ter o
nosso novo Centro de Interpretação
Ambiental. Estamos a dar passos concretos para que esse dia com que sonhamos
chegue.
O nosso sonho é podermos disponibilizar
um Centro de Interpretação de qualidade
para a região de Portimão e Lagos, onde a
educação ambiental prestada às comunidades da região e às pessoas que nos visitam seja ainda melhor.
O nosso sonho é
podermos disponibilizar um
Centro de Interpretação
de qualidade para a região
de Portimão e Lagos.
lupas óticas, microscópios e kits de análise
para alargar o seu conhecimento sobre o
que os rodeia, tomando contacto com
exemplos concretos do que procuramos
conhecer e proteger. Queremos ter uma
sala de conferência e de projeção onde
possamos organizar conferências, seminários e ações de formação para professores,
monitores e alunos. Queremos ter uma
biblioteca, videoteca, computadores ligados à internet, disponibilizando um bom
acervo para consulta e preparação de projetos escolares. Será um espaço multiusos
ao serviço da região.
flickr.com/photos/schepers/
Queremos que cheguem à sala de exposições e fiquem impressionadas com a biodiversidade da Ria de Alvor ou com o efeito que o nosso estilo de vida tem no planeta, por meio de exposições permanentes,
sazonais ou temáticas. Queremos receber
as pessoas para fazerem oficinas de fabrico
de sabão caseiro, de reciclagem, de fornos
solares ou compotas e doces regionais.
Queremos organizar sessões de laboratório para turmas inteiras onde possam usar
Sempre procuraremos dar uma experiência fora de portas, complementando
a sala de aula, em contacto com a Ria de
Alvor, observando no local as espécies e
ecossistemas que valorizam ambientalmente esta região, mas o Centro de
Interpretação será uma melhoria para
recebermos bem as pessoas que nos visitam, ajudando-nos na divulgação e no
ensino das ciência do ambiente. Será uma
alternativa viável para as vezes em que a
meteorologia não permita a saída de
campo e um bom complemento para
muitas escolas que não dispõem de equipamentos semelhantes.
O novo Centro será uma grande a ajuda
para disponibilizar a cada visitante várias
formas de descobrir e aprender sobre o
ambiente, os valores naturais na região e
sobre como pode participar na sua proteção. Estamos a trabalhar para realizar
este projeto e para com ele servirmos
melhor quem visite a Ria de Alvor e A
ROCHA.
11
ENVOLVA-SE
5 MANEIRAS DE FAZER A ROCHA MELHOR
1. Ser membro
A ROCHA tem crescido muito
pelos contributos de pessoas que
procuram entender as implicações
da sua fé na vida das pessoas e do
planeta que nos suporta. Essas são
oportunidades de ouvir a experiência e o conselho, de aprendermos juntos e de servir, procurando
um caminho de uso sustentável
para um planeta com recursos
limitados e com uma população
crescente e cada vez mais ávida.
Como associação, queremos que
este caminho seja feito lado a lado,
com pessoas diferentes na sua
experiência, formação, cultura,
ideias mas unidos no entendimento de que Deus nos deu esta responsabilidade do cuidado pela
criação. Temos mantido laços
informais com pessoas que se
identificam com o trabalho que
fazemos, mas neste momento queremos convidar cada um a reconhecer o valor do seu contributo e
a considerar ser membro d’A
ROCHA. Queremos procurar quem
se interessa pelo nosso trabalho
com o desafio de ser membro, de
participar nas perguntas que fazemos, no desafios que abraçamos e
no que decidimos e construímos. É
de pessoas assim que somos feitos.
Q UEM PODE SER MEMBRO?
Os nossos estatutos indicam que
“são membros da associação as
pessoas, singulares ou coletivas,
que partilhem da sua visão, e que
estejam de acordo e subscrevam a
sua missão, os seus valores, os
seus fins e objetivos, e cujo
ingresso seja aprovado pela Direção.”
O QUE ESPERAMOS DE SI?
Como membro da nossa associação, gostaríamos de ter a sua participação ativa nas atividades que
lhe são abertas pelos estatutos.
Para se tornar membro pedimos
que faça a sua inscrição e o pagamento de uma quota anual de 30€.
Com a concretização desse compromisso está também a participar
no nosso programa dos Amigos
d’A ROCHA, com alguns benefícios associados.
O QUE PRECISA FAZER?
Só precisa entrar em contacto
connosco para podermos formalizar esta ligação consigo.
2. Ser amigo
T ODOS PRECISAMOS DE AMIGOS
Cruzinha
12
A ROCHA tem construído muitas
amizades… Temos visto pessoas, às
vezes famílias, a chegar e a partir,
deixando memórias do companheirismo e da partilha. Para além
do descanso e convivência que
encontram na Cruzinha, é o cuidado pela natureza que as move a
estar connosco, ajudando voluntariamente nas diversas atividades
realizadas.
Quanto à Terra sabemos, agora
mais do que nunca, que precisa de
bons e fiéis amigos. Vivemos
atualmente uma crise ambiental
profunda: destruição sem paralelo
da sua biodiversidade e uso insustentável dos seus recursos limitados.
E os amigos? Esses precisam da
Terra e de organizações como A
ROCHA, para que o nosso habitar
seja sustentável nesta “rocha” da
qual todos dependemos.
A MIGOS D’A ROCHA
Esta é uma amizade que cuida, que
guarda e que se quer também
como parte importante da resposta de uma geração aos maiores
desafios que se lhe colocam, de
modo a garantir a todos um mundo melhor.
A sua participação como Amigo
d’A ROCHA inicia um compromisso de parte a parte. Contribui para
um fortalecimento dos laços que
nos unem em torno da cuidado do
ambiente e o seu donativo ajudará
a conseguirmos fazer melhor o
nosso trabalho.
Mais detalhes de como podemos
desenvolver a nossa relação em
www.arocha.pt/pt/envolva-se/ser-amigo/
Alguns projetos necessitam particularmente de voluntários que
vivam perto, noutros recebemos
voluntários de outros países.
Vários dos nossos voluntários
aproveitam as experiências de
maior duração, normalmente
associadas a programas de intercâmbio como o Serviço de Voluntariado Europeu e outras oportunidades que permitem alguma
compensação financeira.
A ROCHA conta internacionalmente com um número cada vez
maior de centros de estudos, e
todos recebem visitas. Algumas
pessoas usam o centro como base
para o seu próprio trabalho de
campo, enquanto outros vêm para
conhecer melhor o nosso trabalho.
Procura emprego? A maioria dos
membros das equipas A ROCHA
foram inicialmente voluntários –
uma boa forma de conhecer A
ROCHA e de entendermos onde
melhor consegue trabalhar.
Pôr-de-sol na Ria de Alvor
© Dan Tay
Se pensa que as suas aptidões
podem ser úteis para o trabalho
que fazemos, por favor, contactenos!
3. Ser voluntário
4. Dar
Fazer trabalho voluntário é uma
oportunidade de contribuir de
forma desinteressada, mas mesmo
assim permite ganhar experiência
profissional que pode ser útil
aquando da candidatura a um
emprego.
O seu donativo será aplicado no
desenvolvimento do trabalho d'A
ROCHA Portugal!
Aqui acolhemos vários tipos de
voluntários, normalmente de curto ou médio prazo, desde alguns
dias a algumas semanas ou meses.
Recebemos voluntários com formação e capacidades variadas, mas
com disponibilidade para nos ajudar na execução de tarefas, desde
as mais científicas ou técnicas,
como preparar amostras, anilhar
aves, fazer a monitorização de
espécies ou a introdução de dados,
até às mais simples e recorrentes,
como manutenção de equipamentos e instalações ou cozinha.
• Cheque
emitido a favor de A ROCHA
• Numerário
no nosso escritório
Comunique-nos o donativo que
pretende fazer em
www.arocha.pt/pt/envolva-se/dar/
B ENEFÍCIOS FISCAIS
Para podermos emitir o documento comprovativo do seu donativo
para juntar à sua declaração de
rendimentos, agradecemos que
nos indique os seus dados de identificação (nome completo e NIF).
Os donativos são deduzidos ao
abrigo do mecenato ambiental
(EBF art.º. 62º e 63º).
5. Receber
Subscreva a nossa newsletter para
receber as últimas notícias sobre o
trabalho que A ROCHA está a
fazer, comodamente no seu email.
Escolhemos algumas notícias do
que mais interessantes aconteceu
ao longo do mês para se manter
atualizado.
Também pode acompanhar-nos
através dos perfis que temos nas
redes sociais.
Siga a nossa atividade para acompanhar mais regularmente as nossas novidades. Assine em
www.arocha.pt/pt/envolva-se/receber/
Com o seu apoio será possível
desenvolver atividades que nos
vão ajudar a conhecer melhor
espécies e habitats que ainda precisam do nosso cuidado e mas
também a passar este conhecimento e valor a pessoas que querem aprender como cuidar melhor
do planeta em que vivem, para
nele fazerem uma diferença. O seu
contributo conta muito!
COMO?
Para nos ajudar a ir mais longe no
que fazemos pode fazer o seu
donativo por
• Transferência bancária
para o NIB (BPI)
001000004984875000152
Melro-azul
© P. Ham
13
COMUNIDADE
UMA HISTÓRIA NA PRIMEIRA PESSOA
avistar uma borboleta noturna de cor
creme e com padrões prateados nas asas.
Uns caranguejos tão engraçados quanto
esquisitos correm na areia húmida do
estuário. Até na realidade cruel da morte
de uma pega-azul juvenil a história pode
ser encontrada.
Mas a maior parte do tempo, histórias
extraordinárias estão a ser contadas
durante atividades normais do dia-a-dia:
enquanto se cortam as cenouras para o
jantar, quando duas pessoas ficam na
cozinha a lavar a loiça, durante uma
daquelas refeições longas e tipicamente
portuguesa, sentados à volta da mesa
para comer, brincar e rir. Nestes
momentos, coisas banais tornam-se
realmente interessantes. Sentimos bem
as diferenças, mas também encontramos
com que nos identificar.
Numa comunidade como esta, cada pessoa é uma coleção de histórias. Construídas pela sua experiência pessoal e formaEu gosto mesmo de histórias. Para mim
não há nada melhor do que uma história
bem contada. E a Cruzinha é uma excelente fonte para novo material. Com uma
coleção de pessoas de todo o mundo, as
histórias estão por todo o lado. Às vezes
em sítios de cortar a respiração, durante o
trabalho de campo, enquanto apanhamos
almas-de-mestre numa falésia durante a
noite, com a luz brilhante da Lua a refletir
no mar escuro e o som das ondas revoltas
a embaterem nas rochas. Outras vezes
encontramo-las durante uma das celebrações, quando a casa está cheia de gente
desconhecida e me reconheço subitamente nas experiências partilhadas por um
completo estranho.
Muitas vezes as histórias que encontro
estão relacionadas com a natureza. Algo
que parece inevitável quando estamos
num centro de estudos ambientais… Se
vives com pessoas que fazem observação
de aves é impossível não ser afetado pelo
seu entusiasmo sobre a Felosa-listada que
acabaram de ver no jardim atrás de casa.
Já para não falar que a beleza natural está
por todo o lado. Na velha oliveira consigo
14
Numa comunidade
como esta, cada pessoa é
uma coleção de histórias.
das pelos outros com quem se cruzam.
Algumas destas histórias podem parecer
insignificantes demais para serem contadas, por serem vulgares, simples demais
para chamar a atenção de alguém. Mas
numa comunidade diversa como esta, o
normal pode tornar-se revelador e inspirador. Quando ditas na altura ou lugar
certo, estas histórias tornam-se preciosas
e cheias de significado para mim, tal
como a pessoas que as partilhou comigo.
Esther Brouwer
Voluntária
COMUNIDADES CRISTÃS
PARTE DO MESMO CORPO
TODOS NÓS vivemos em comunidades. A saúde de
cada comunidade vai depender da coesão do grupo
enquanto vive, trabalha, se diverte e participa na vida
em comunidade. As igrejas são o corpo de Cristo em
cada comunidade local. Acreditamos que as comunidades cristãs desempenham um papel fundamental
na transformação das nossas comunidades mais alargadas, quer espiritualmente quer em questões práticas.
A ROCHA Portugal tem uma visão de ver a igreja portuguesa a viver o evangelho e a ser ativa na missão
divina que incluí a partilha da nossa fé com outros e
estar envolvido no cuidado da criação. Sonhamos
com comunidades que compreendem a importância
da investigação científica, da educação ambiental e
projetos de conservação baseados na comunidade.
Desejamos apoiar a igreja local com recursos para a
educação ambiental e teológica, num trabalho desenvolvido em parceria.
O desafio que recebemos de Deus para cuidarmos da
Terra (na Bíblia, livro de Genesis 1:28) ainda é o nosso
desafio para hoje. Comunidades cristãs são o local
perfeito para continuar este desafio e procurar caminhos para levar a cabo esta tarefa juntos. Imaginamos
que cada igreja tome a sua comunidade local como o
local para começar a mudar a forma como olhamos
para a Terra e como a tratamos e o que nos motiva a
fazê-lo. Como vamos conseguir fazer tudo isto? Conseguimos mesmo influenciar a nossa comunidade
local? Conseguimos fazer uma diferença? E em nossas
casas? De que maneiras podemos envolver as nossas
famílias? Queremos trabalhar de mãos dadas com
comunidades cristãs para que as respostas às perguntas difíceis que estamos a enfrentar hoje relacionadas
com o ambiente sejam perguntadas e trabalhadas em
conjunto. Ninguém deve ter de fazer a sua caminhada
de fé sozinho, nem a resposta para o cuidado da criação será encontrada individualmente. A igreja funciona melhor quando funciona em unidade, como o
Corpo de Jesus Cristo.
© John Busby
Estamos a criar uma série materiais de estudos bíblicos para pequenos grupos (de todas as idades), seminários, mas também pacotes de recursos que deem às
comunidades ideias práticas de como viver de forma
amiga do ambiente. Temos algumas pessoas disponíveis para falar com comunidades cristãs sobre como
cuidar da criação de Deus, apoiados na teologia e na
ciência.
Juntos conseguimos construir comunidades que
sejam mais fortes, mais saudáveis e mais sustentáveis.
Connie Main Duarte
Diretora de Comunidades Cristãs
CONNIE M AIN D UARTE
Diretora de Comunidades Cristãs
A Connie procura envolver as igrejas no diálogo sobre o cuidado da criação.
Conheceu A ROCHA, por meio de amigos que começaram a trabalhar no Centro. A sua
paixão pela criação de Deus amadureceu, até fazer parte da sua vida e sentir a necessidade de a partilhar com outros. Em 2010 integrou a Direção até assumir as funções
atuais em 2013. A melhor parte de trabalhar com A ROCHA é a de ajudar outros a compreender como integrar a sua fé em todas as áreas da sua vida… incluindo o cuidado
pelo ambiente. A Connie tem um bacharelato em Estudos Interculturais, licenciatura
em Gestão de Empresas e um mestrado em Liderança e Gestão.
15
COMUNIDADES CRISTÃS
A ECOLOGIA NA BÍBLIA
EKKLESIA, LOGOS E ECOLOGIA (igreja,
palavra e ecologia) combinam-se num
projeto inovador e necessário que visa a
sensibilização dos cidadãos em geral e a
mobilização das comunidades cristãs para
a problemática da crise ambiental a partir
de uma revisitação dos valores fundadores
da nossa identidade comum.
Este roadshow tem estado presente em
várias cidades portuguesas, tendo no centro uma exposição multimédia e interativa
combinando a sabedoria revelado em textos bíblicos com a ecologia.
Devem os cristãos preocuparem-se com
questões ecológicas? Será que a nossa fé
cristã nos deve levar ao cuidado do nosso
planeta? Há esperança? Que pensam
outras organizações ambientais sobre o
envolvimento dos cristãos e das igrejas
nestes assuntos? Estas são algumas das
perguntas que podemos levantar e cujas
respostas se vão encontrando ao longo da
exposição.
O mote “Planeta azul, Palavra viva,
Igreja verde” é complementado por uma
série de iniciativas de animação bíblica,
cultural e de educação ambiental para
visitantes, grupos, famílias e comunidades cristãs.
Eklogia é o resultado de uma
parceria entre A ROCHA e a
Sociedade Bíblica.
Estas iniciativas promovem o debate e a
reflexão sobre o tema, assim como um
olhar renovado e uma nova atitude para
com a natureza.
V ERA RAINHO
Coordenadora da exposição Eklogia
A Vera é responsável pela Coordenação Executiva do Eklogia desde 2010, mas iniciou o
seu trabalho voluntário em 2009. A conexão entre o cuidado ambiental e a sua fé passou a ser entendida e assumida de forma mais convicta e intencional nos últimos anos,
resultado da experiência vivida n'A ROCHA e no Eklogia. A possibilidade de desenvolver relacionamentos com pessoas comprometidas com o próximo e, consequentemente, com o meio ambiente, tem sido para ela inspirador e desafiante.
16
DICAS
PARA UM MELHOR AMBIENTE
COZINHA
P ASSEIO EM FAMÍLIA
Tape os tachos e panelas quando está a
cozinhar, sem tampa o gasto de energia é
quatro vezes maior. Baixe o lume depois
de atingir a fervura pois esta mantém-se
mesmo com o lume no mínimo.
Leve a sua família para passeios ao ar
livre. Aprenda a apreciar a natureza, as
aves, os insetos, as plantas. Leve um guia
de campo e registe o que vê. Ensine os
seus filhos a respeitar a natureza.
T RABALHO
Sempre que possível utilize transportes
públicos para ir para o trabalho ou partilhe o carro com colegas. Leve uma caneca
para o trabalho e não utilize os copos de
plásticos para beber café ou chá. Reutilize
o papel sempre que possível.
IGREJA
flickr.com/photos/diliana/
COMPRAS
Faça uma lista das compras que quer com
antecedência. Assim evita comprar aquilo
que não planeou e não precisa. Habitue-se
a ler as etiquetas para saber onde os produtos foram produzidos. Estará a estimular a produção de alimentos que tiveram
menos consumo de energia para o seu
transporte.
JARDIM OU VARANDA
Evite o uso de copos e pratos descartáveis
para poupar tempo de lavagem. Se não os
usar estará a consumir menos plástico e
produzir menos resíduos. Aproveite a
lavagem da louça para uma conversa.
E M VIAGEM
Verifique regularmente se os pneus do
seu carro estão devidamente cheios e se o
carro está bem afinado. Um carro em
boas condições gasta muito menos combustível.
Informe-se sobre as plantas que está a
plantar para evitar espécies exóticas,
especialmente se forem invasoras. Estas
plantas propagam-se com facilidade e
competem com plantas típicas da nossa
região ou país (autóctones).
flickr.com/photos/diliana/
Regue as plantas do seu jardim ao fim do
dia ou início da manhã, quando a temperatura é mais baixa, pois evita perda de
água por evaporação.
Sempre que possível compense a sua
produção de dióxido de carbono. A
ROCHA
tem
um
parceiro
em
www.climatestewards.co.uk para o efeito. Consiste numa quantia especifica que
permitirá a aplicação de medidas de
compensação do dióxido de carbono
emitido para a atmosfera, por exemplo,
através da plantação de árvores.
flickr.com/photos/52421717@N00/
A trepadeira “bons-dias” é invasora
17
PROJETOS LOCAIS
GUIA PARA UMA AÇÃO LOCAL
PENSAR COMO A ROCHA pode contribuir
numa comunidade para um melhor
ambiente, pode começar por uma reavaliação simples do que estou eu a fazer para
essa diferença. Estas são algumas ideias
que pode usar onde vive.
1. COMEÇAR EM CASA
Um caminho
novo se foi
abrindo, na
sociedade e
na academia,
na igreja e
na vida de
muitos.
Parece óbvio, mas quando temos falta de
tempo, podemos fazer ajustes dentro de
casa que dão um bom contributo para
reduzirmos o nosso impacto no ambiente
e passarmos a apreciar mais a natureza
que temos à nossa volta. Podemos separar
o lixo, reduzir o consumo de água, eletricidade e gás, podemos passar menos tempo em frente a um ecrã e mais tempo a
passear ao ar livre, a apreciar as plantas e
animais que partilham o planeta connosco, quem sabe até aprender mais sobre
eles. Podemos dar mais algumas dicas se
quiserem.
2. M ELHORAR LOCALMENTE
É fácil encontrar muitas oportunidades
para nos envolvermos, à nossa família,
vizinhos e amigos no cuidado ambiental.
Viu uma fuga de água na rua? Um terreno
público está cheio de lixo? Uma árvore
grande e antiga está em perigo? Uma zona
verde está constantemente suja por cães?
Existem formas de poder dar o seu contributo nestas e noutras situações e tornar
mais agradável a zona onde mora ou trabalha.
3. JUNTAR COM OUTROS
Na sociedade em que vivemos, cada um
cuida de si e é pouco comum envolvermos
outros na nossa vida. Mas abrir um pouco
a porta pode ajudar-nos a encontrar
novos amigos com quem podemos partilhar interesses comuns, como a proteção
do ambiente. Podemos dar um passeio
num parque junto com vizinhos, organi-
zar a limpeza de uma mata com amigos e
acabar a fazer um piquenique ou partilhar com outros as formas de alertar as
autoridades para atentados ambientais.
Não são só formas de aproveitar a natureza e contribuir para a sua conservação,
são oportunidades de as fazermos juntos
e começarmos a desenvolver a comunidade a que pertencemos.
4. V IRAR PARA A COMUNIDADE
Uma boa parte do trabalho já está a ser
feito quando fazemos muitas das atividades informalmente com a nossa família
ou amigos. Mas conseguimos conceber
que à nossa volta, todos os dias, nos cruzamos com outras pessoas que têm interesses semelhantes mas não conseguem
ainda integrar isso no seu modo de vida?
Com um pouco de ousadia podemos abrir
a outros as atividades que fazemos,
podemos convidá-los a juntarem-se a
nós em passeios agradáveis na natureza,
ou numa tarefa que ajude a tornar a vizinhança mais limpa e agradável de usufruir. Porque não divulgar uma iniciativa
com amigos e pedir a eles que a divulguem também? Se correr mal, acaba por
ser uma atividade em família ou entre
amigos, mas se correr bem está a incluir
outros e, quem sabe, começar um grupo
local com A ROCHA!
5. R ECEBER APOIO
A ROCHA, por todo o mundo, tem tido
muitas iniciativas que começaram num
bairro, entre amigos e vizinhos, e nós
queremos muito ajudar pessoas a terem
impacto local, a fazerem uma diferença
onde vivem e trabalham. Se acha que
precisa de alguma orientação sobre como
pode contribuir e ajudar os outros a interessarem-se, nós podemos apoiar. Entre
em contacto connosco!
JÚLIO R EIS
Coordenador do grupo local em Alcobaça
O Júlio é pioneiro de um grupo local d’A ROCHA Portugal, onde procura envolver a
sua comunidade num estilo de vida mais consciente e cuidadoso com o ambiente.
Tomou contacto com A ROCHA em 1992, quando conheceu os seus fundadores,
Miranda e Peter Harris. Em 1993 visitou o centro da Cruzinha e acabou por lá passar a
lua-de-mel! Desde então A ROCHA tem sido uma paixão. É o webmaster para A
ROCHA Internacional desde 2000 (voluntário até 2002). Motiva-o a redescoberta da fé
cristã em combinação com o cuidado com a natureza.
18
PROJETOS LOCAIS
A ROCHA ONDE VIVO
No grupo local em Alcobaça temos feito
trabalho bastante variado. A nossa região
tem várias paisagens bem distintas, desde
o mar à serra dos Candeeiros, com algumas zonas de grande valor ecológico que
deviam ser preservadas. Quem sabe, um
dia?
Entretanto, procuramos desenvolver
algumas atividades para quem nesta zona
tenha gosto pela natureza e queira fazer
alguma coisa pelos espaços de que gostamos.
Já fizemos recolhas de lixo. É uma atividade muito fácil de implementar convidando alguns amigos, até porque as Juntas de Freguesia ou a Câmara sempre
colaboram, fornecendo sacos. Toda a
gente se diverte, passamos uma manhã
diferente, e deixamos uma praia ou uma
mata mais limpa, bonita e agradável de
usar.
As plantas da nossa terra devem ser mais
valorizadas! Por isso, o ano passado
começámos um viveiro de plantas para
fomentar a utilização de plantas autócto-
nes. Basta algum espaço, alguma terra e
vasos feitos com garrafões de plástico.
Apanhar as sementes é fácil, basta ir a
uma mata, mas é importante fazer uma
identificação correta das espécies para
escolher as que são típicas da nossa
região. Agora que as plantas já cresceram, vamos plantá-las em locais públicos, para todos as poderem apreciar.
Mas Alcobaça também tem algumas
árvores antigas e bonitas, mas que não
são valorizadas nem se encontram protegidas. Então, escrevemos para o ICNF
propondo que fossem consideradas
Arvoredo de Interesse Público. Já conseguimos a proteção de uma árvore, e
temos mais de uma dúzia em apreciação.
É fácil, basta enviar email com a descrição da árvore e a localização, mas nós
geralmente dizemos também porque
achamos que devem ser protegidas: pela
idade, pelo tamanho ou outra razão.
Entretanto também pedimos também à
Câmara Municipal que crie um estatuto
de Arvoredo de Interesse Municipal.
Uma coisa que sempre faz falta na conservação da natureza são dados de base
que nos ajudem a estudar o queremos
proteger. Por isso, colaboramos com o
Censo de Aves Comuns da SPEA e com o
projeto INVADER de mapeamento de
plantas invasoras da Universidade de
Coimbra. Recomendamos este vivamente: é fácil colaborar, seja pelo computador ou com um smartphone Android.
As plantas da
nossa terra
devem
ser mais
valorizadas!
Como dinamizador do grupo tento
desenvolver atividades ambientais que
me deem gosto fazer. O que me motiva
pessoalmente neste trabalho é gostar da
natureza, achar que tem tudo se integra
com a minha fé cristã, o lado social do
trabalho em grupo e a minha família, que
alinha sempre nestas atividades!
O nosso grupo tem dado passos pequenos, mas seguros… e vamos continuar!
Júlio Reis
Coordenador do Grupo Local em Alcobaça
19
COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
MAIS DO QUE COSMÉTICA
Lançámos recentemente o nosso novo site e
renovámos a nossa
newsletter. O momento em que se carrega
num botão, e o trabalho
de toda a equipa passa a
estar à disposição de
todos, envolve sentimentos de alegria, gratificação, alívio e de
responsabilidade. Não
queremos que seja uma
simples operação de
cosmética, antes queremos que estas ferramentas nos ajudem a comunicar melhor.
Temos razões para o fazer e nem sempre
as aproveitamos.
De fato, mais do que terminar um projeto, esse momento é o começo de um
caminho de interação e diálogo com
quem nos apoia, com quem segue o nosso
trabalho ou com quem nos está a contactar pela primeira vez. É a nossa oportunidade de explicarmos o trabalho que fazemos e o que nos motiva a fazê-lo. É a nossa oportunidade de convidar outros a
juntarem-se na defesa da natureza
enquanto procuramos garantir um futuro
sustentável para as pessoas e para o planeta.
Gostamos do trabalho que fazemos mas
isso tem mais impacto quando outros
sabem, conhecem o valor do que está a
ser feito, se juntam, com as suas ideias e
capacidades, e reforçam o número dos
alimentam as mesmas motivações.
Enfrentamos muitos desafios, onde habitats e espécies valiosas e raras correm o
risco de desaparecerem se não conseguimos juntar as forças a amigos e parceiros.
Precisamos dar a saber dessas situações e
das oportunidades para unirmos em
defesa de um planeta que não é nosso mas
está ao nosso cuidado.
Novo site
Mas também pensamos no futuro e nas
possibilidades de um trabalho frutífero.
São sonhos que não podem ser abafados.
Têm de ser partilhados. Estes sonhos são
alimentados da esperança, de que se
fizermos o nosso melhor no que está ao
nosso alcance, confiamos que Deus nos
ajudará a encontrar as oportunidades
para que outros se juntem a nós, e também eles participem no cumprimento
desses sonhos. Não será surpresa olharmos para trás e verificarmos que os resultados são muito mais do que a soma do
que conseguiríamos fazer sozinhos.
Podemos ter boas ferramentas, mas é o
que fazemos com elas que conta.
João Duarte
Diretor Executivo
N UNO A LEXANDRE
Webmaster
O Nuno é o nosso webmaster desde o início de 2012. Juntou-se à nossa equipa com o
objetivo de renovar as nossas interfaces de comunicação e de assegurar todo o suporte
de serviços tecnológicos.
Estuda Engenharia Informática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e
conjuga os estudos com o trabalho com A ROCHA. Sentiu-se identificado com o cuidado com a natureza e com o uso ponderado dos recursos naturais, e considera um
verdadeiro privilégio poder contribuir profissionalmente no trabalho cheio de significado d’A ROCHA.
20
A ROCHA LIFE
OBSERVAR AVES PARA TODOS
A OBSERVAÇÃO DE AVES é um negócio
em crescimento em Portugal e A ROCHA
está a acompanhar a procura com uma
oferta variada e de qualidade.
Há uns anos atrás, tínhamos alguns amigos e conhecidos a pedirem para os guiarmos em passeios, especialmente para
fazer observação de aves. Vimos na prestação desses serviços uma boa forma de
complementar e diversificar as fontes de
receitas, uma vez que a crise económica
refletia-se numa redução dos donativos
que recebíamos. Começámos por criar o
departamento de EcoServices que desenvolveu os primeiros serviços de ecoturismo. O sucesso destes programas, levounos a avançar com a criação de uma
empresa – A Rocha Life – que nos permite
ter uma ação mais adequada ao mercado e
considerar outras oportunidade de negócio.
Dunas de Alvor
© Guillaume Réthoré
Esperamos em breve fortalecermo-nos no
setor da animação turística e poder dar
passos concretos nas áreas de investigação e desenvolvimento, formação e consultoria. Até lá estamos a procurar fazer o
nosso caminho de forma sólida, oferecen-
Cotovia-de-poupa
© Charlie Sargent
do uma boa qualidade do serviço e promovendo a preservação do ambiente,
valores alinhados com A ROCHA.
O BSERVAÇÃO DE AVES
Neste momento, para observação de aves,
temos três programas: Aves! Aves! Aves!
– uma semana intensa de observação de
aves onde conseguimos observar cerca de
120 espécies – Aves e descontração! – um
semana um pouco menos intensa onde há
espaço para aproveitar um pouco do
Algarve – e os dias, ou meio-dia, de
observação, com um destino diferente
para cada dia da semana.
A única coisa que podemos prometer é
que em qualquer um dos programas as
pessoas têm desfrutado cada viagem, visto aves belíssimas, muitas delas pela primeira vez nas suas vidas e saem clientes, e
amigos, sempre satisfeitos com a experiência.
Marcial Felgueiras
Diretor de Operações
G UILLAUME R ÉTHORÉ
A ROCHA Life
O Gui visitou A ROCHA pela primeira vez como voluntário do Serviço Voluntário
Europeu em 2007. Em seis meses revelou qualidades extraordinárias na observação de
aves, que o levaram a envolver-se em diversos trabalhos de monitorização e a obter a
credencial para anilhagem científica de aves. Depois de uma passagem pelos Estados
Unidos e França, regressou a Portugal para participar no desenvolvimento do departamento “EcoServices”, dedicado à organização de eventos de Turismo de Natureza.
Tem licenciatura em Biologia e Mestrado em Recuperação de Ecossistemas, com especialidade em zonas húmidas. É um excelente guia de natureza, de acordo com a grande
maioria dos clientes.
21
INTERVENÇÃO
PELA RIA DE ALVOR
A nossa motivação o trabalho de
"intervenção", como normalmente é
designado, não tem apenas a ver com os
valores naturais ameaçados ou com a
importância ecológica dos habitats ou
espécies em questão. Outros valores estão
envolvidos, não menos importantes.
Quando uma zona protegida se torna alvo
da cobiça dos construtores e de promotores imobiliários, valores como a sustentabilidade, o planeamento territorial a longo prazo, o serviço às populações, a
transparência, a verdade e, muitas vezes,
a legalidade são também sacrificados nestes processos.
Por isso, quando defendemos e lutamos
pela manutenção do estado de conservação de algum local, na verdade, estamos a
lutar por muito mais do que a biodiversidade, lutamos por valores de verdade e
de justiça.
A Ria de Alvor, pela sua grande beleza
natural e pelo facto de ser uma das poucas
zonas ainda não urbanizadas na costa do
barlavento algarvio é desde há muitos
anos alvo de grande especulação.
Nos últimos anos, temos empenhado uma
enorme quantidade de trabalho e esforço
para que a Ria de Alvor seja um exemplo
de como é possível desenvolver um local,
respeitando o ordenamento do território
nas zonas protegidas e preservando a
enorme riqueza ambiental, que serve não
só as populações, mas também todos os
22
serviços que ali se instalem.
Tem sido uma batalha extremamente
árdua e desgastante, mas temos conseguido vitórias muito importantes não só
para a Ria de Alvor, mas também para o
direito ambiental em Portugal. Sabemos
bem que esta luta – pela Ria de Alvor e
por muitos outros sítios – na verdade,
nunca acabará, mas o nosso papel é apenas sermos fiéis aos valores da nossa missão: uma visão integral, sustentável e
redimida da vida em sociedade. .
Tiago Branco
Coordenador da Campanha da Ria de Alvor
© Guillaume Réthoré
Desde que A ROCHA começou e estabelecemos o nosso centro de estudos e comunidade na Ria de Alvor, que o cuidado e a
proteção de locais importantes em termos de biodiversidade é uma das nossas
prioridades.
SALGADOS
Ao longo do último ano, A ROCHA foi convidada a associarse a outras ONGA, nossas parceiras, na luta pela preservação da Lagoa dos Salgados e das áreas naturais adjacentes.
Este é mais um exemplo de uma zona onde procuram sacrificar a sua enorme beleza e importância ecológica para os
promotores obterem dividendos rápidos e fáceis. Também
nesta nova frente somos motivados pelo desejo de contribuir para o alargamento de horizontes no planeamento territorial, junto do poder local e regional, e de ajudar na descoberta de um novo paradigma de desenvolvimento que
não repita os erros que, no passado e recentemente, destruíram o litoral algarvio.
RELATÓRIO FINANCEIRO 2013
RESULTADOS POSITIVOS
Terminar o ano com resultado positivo, nos dias que
correm é motivo para celebrar, mas sabemos que não
podemos descurar o cuidado com que fazemos a gestão dos fundos que temos se queremos levar a cabo os
nossos objetivos.
Custos
Amortizações
1%
Outros
8%
Financiamento
0%
Mercadorias
11%
CONTAS
O ano de 2013 encerrou com um resultado líquido de
6 845,98 €. É um resultado obtido em circunstâncias
especiais, depois de termos assegurado o financiamento completo das obras que tínhamos planeadas
para o Centro. Isso permitiu fazer a renovação das
partes mais necessitadas do edifício sem sacrificar as
áreas mais importantes da nossa atividade.
Pessoal
34%
Serviços
externos
46%
No ano de 2013, gerimos cerca de 150 000 €. A maior
fatia deste orçamento foi consumida pela contratação
de serviços externos (46%) – onde se inclui as obras
de renovação do Centro – e pelos custos com pessoal
(34%).
No que respeita às receitas, a prestação de serviços
(29%), que inclui as receitas de alojamento, e os subsídios e donativos (29%) foram ultrapassados por
outras fontes (41%) pela atribuição do valor para
investimento nas obras de renovação.
Receitas
Juros
0%
Outros
41%
No entanto, o desafio de manter de forma sustentável
a atividade que A ROCHA desenvolve, e a própria
organização, continua a ser tão premente como era.
Estes resultados positivos são trabalhados continuamente, preparados com bastante tempo de antecedência, para darem frutos nos anos seguintes.
A GRADECIMENTO
É com gratidão profunda que reconhecemos o investimento que muitos têm feito, até sacrificialmente,
para garantir que A ROCHA continua a ter os meios
necessários para fazer o seu trabalho. Também não
podemos ignorar que muito do apoio que nos chega é
provisão de Deus, que orienta muitos corações a
serem generosos connosco.
Vendas
1%
Serviços
29%
Subsídios
29%
cebendo que fazemos muito com recursos que não
são nossos, que estes simplesmente são colocados à
nossa disposição para os usarmos com sabedoria.
Se quiser saber mais sobre as necessidades que temos
e sobre formas como pode ajudar-nos financeiramente teremos todo o gosto em lhe fazer chegar mais
informação e falar consigo.
Procuramos honrar quem nos apoia com uma gestão
cuidadosa desses recursos e perseguindo a excelência
no que fazemos. Procuramos cultivar humildade per-
Faça parte do que fazemos!
Sem o seu apoio muitas dos nossos projetos e atividades não seriam possíveis.
O seu donativo ajuda-nos a fazer melhor o nosso trabalho!
A ROCHA NIB 0010 0000 49848750001 52
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A NOSSA MISSÃO
Somos uma organização de âmbito nacional, dedicada à proclamação do amor de Deus por toda a Criação através de projetos de
estudo e conservação do ambiente, da educação e cooperação
com as comunidades, e da promoção de uma visão integral, sustentável e redimida da vida em sociedade.
A NOSSA VISÃO
Ecossistemas restaurados e comunidades por todo o mundo reconhecendo a relevância da fé cristã para a ação ambiental.
OS NOSSOS VALORES
C RISTÃO
Somos uma organização de inspiração cristã, cuja motivação
fundamental da sua existência e atividade deriva da sua fé
num Deus vivo, que criou o mundo e o confiou ao cuidado do
Homem.
© L. Harland
C ONSERVAÇÃO
Somos uma organização dedicada ao estudo e à conservação
da natureza, contribuindo para a restauração do mundo
natural e para a educação das comunidades.
C OMUNIDADE
Somos uma organização que reconhece a centralidade das
relações humanas redimidas por Cristo em todos os aspetos
da sua atividade. Como resultado desta compreensão, a organização procura estabelecer compromissos de longo prazo
para com as comunidades locais, privilegiando em todas as
suas atividades a experiência e perspetiva comunitárias.
T RANSCULTURAL
Somos uma organização que tem um carácter intercultural,
procurando mobilizar experiências provenientes de diferentes contextos culturais.
C OOPERAÇÃO
Somos uma organização que, numa afirmação de interdependência, procura a cooperação com outras pessoas e
organizações que partilham os mesmos objetivos, indepen-
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© Dave Bookless