Química Fina - Editora Stilo
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Química Fina - Editora Stilo
Edição 66 / Set - Out 2011 / www.editorastilo.com.br Catálogo Oficial Abisa 2011 Química Fina Qualidade, Diversidade e Evolução Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 3 ABISA Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Zoé Morés Jornalista e Executiva da Abisa CAMPEONATO DE MALDADES... Todos os dias e na maioria dos veículos de comunicação, o que vemos e lemos é sobre crise na economia, problemas do nosso e dos demais países e crises e mais crises. Só que, de vez em quando, é bom sair desse foco e refletir no nosso dia a dia em particular e fazer uma análise das nossas atitudes diárias que, por diversos motivos, muitas vezes esquecemos o quão importantes elas são. Assim, não corremos tanto o risco de sermos pegos de surpresa, sem direito a defesa, quando da prestação de contas final. - Pára o mundo que eu quero descer! – dizia um amigo, horrorizado com o panorama desolador da atualidade, em que, aparentemente, gênios das trevas abriram uma caixa de maldades para torturar a nós outros, pobres mortais. Filhos que matam pais; pais que agridem filhos; homens que se vestem de bombas para dizimar inocentes; traficantes que viciam incautos para ampliar a freguesia; políticos que atuam como aves de rapina; seqüestradores que apavoram famílias para extorquirlhes dinheiro, assaltantes que não vacilam em matar, amigos que se dizem amigos mas que sabemos, são verdadeiros inimigos...e assim vai... até a próxima surpresa negra. Alguém dirá que ocorrências dessa natureza sempre existiram e que, com a população da terra chegando perto de sete bilhões de habitantes, tendem a ser muito mais numerosas. Sim, mas nunca nessa proporção. É como se pessoas estivessem disputando um campeonato de maldades, a ver quem pratica a atrocidade mais chocante. Poderíamos justificar essa situação, atribuindo-a à pessoas sem o senso moral, cujas maldades não podem ser atribuídas à incapacidade de distinguir o bem do mal. Fácil concluir que estamos cada vez mais ligados a um mundo de pessoas perturbadas, com mentes insanas somente a procura de bens materiais e estatus, esquecendo-se que têm família e filhos, onde os mesmos poderão sofrer as conseqüências. O problema é que nem todos estamos preparados para lidar com esse contato estreito, pois ainda nos situamos perto da animalidade. Procuremos vigiar nossos pensamentos, nossos desejos, nosso comportamento e buscar o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios da atualidade, sem nos deixar envolver pelas pressões inferiores, que constituem o clima que respiramos hoje. De qualquer forma, tudo passa! E sempre estaremos bem, animados, reconfortados e protegidos, mesmo ante as ardências do deserto humano, se formos capazes de construir um oásis de bons pensamentos sem a necessidade de prejudicar o próximo. Boa leitura! Zoé Capa ESPUMA 6 B.pdf 1 07/10/11 13:57 Edição 66 / Set - Out 2011 / www.editorastilo.com.br 2 C M Y CM MY CY CMY K Catálogo Oficial Abisa 2011 Química Fina Qualidade, Diversidade e Evolução Edição 66 / Setembro - Outubro de 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 expediente Editorial 4 Diretor Daniel Geraldes Editor Chefe Daniel Geraldes – MTB 41.523 [email protected] Jornalista Colaboradora Lia Freire - MTB 30222 [email protected] Prezado Leitor O que se convencionou chamar de química fina pode ser dividido em dois grandes segmentos: o primeiro é o das especialidades químicas, que são os produtos prontos para o consumo, como medicamentos, defensivos agrícolas, perfumes, cosméticos, catalisadores, aditivos alimentares etc. O segundo é o de intermediários de síntese e princípios ativos que são moléculas químicas puras utilizadas no preparo das especialidades. O Brasil tem um bom mercado e um parque industrial razoavelmente desenvolvido no campo das especialidades, mas há uma carência muito grande na área da produção de intermediários de síntese e de princípios ativos. Para onde a indústria da química fina está caminhando? Qual a tendência que vem predominando? Estes são alguns dos questionamentos feitos em nossa reportagem de capa desta edição da Revista Espuma. Bastante dinâmico, o setor absorve rapidamente as mudanças e necessidades do mercado, como por exemplo, a utilização da nanotecnologia. Para os especialistas, além do segmento apresentar uma forte expansão e com boas perspectivas de futuro, o apelo natural é uma importante demanda e o próximo passo seria a utilização de ativos naturais. No entanto, explorar a biodiversidade brasileira ainda é um grande desafio para as empresas devido a complexa e burocrática legislação em vigor, sendo urgente uma revisão na MP 2186-16/2001. Paulo Skaf, presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - é o nosso entrevistado do mês. O executivo faz uma análise do cenário atual da indústria brasileira, do governo, das conquistas à frente da Federação e comenta sobre as atuais prioridades na sua gestão. Boa Leitura! Daniel Geraldes Publicidade Luiz Carlos Nogueira Lubos [email protected] Direção de Arte e Produção Leonardo Piva [email protected] Conselho Editorial Álvaro Azambuja Daniel Geraldes João Francisco Neves José Luiz Araújo Tânia Picchi Zoé Mores Modelo: Ana Paula Ponciano Fotos Capa: Polemica Santa Studio Inn Impressão Intergraf Ind.Gráfica Ltda Distribuição ACF Alfonso Bovero Editora Stilo Rua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000 Fone: (11) 2384-0047 A Revista Espuma é um veiculo bimestral da ABISA publicada Editora Stilo que tem como público-alvo empresas dos seguintes mercados: Fabricantes da Indústria de Sabão, Higiene, Limpeza, Cosméticos, Perfumes e Fragrâncias, Fornecedores de Máquinas e Equipamentos, Insumos e Matérias Primas, Prestadores de Serviços, Frigoríficos e Graxarias, Atacadistas, Supermercados, Embalagens, Aromas, Indústria Química Fina, Equipamentos de Laboratórios e Análises, Corantes e Pigmentos, Entidades da Cadeia Produtiva, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas Técnicas, entre outros. A distribuição é gratuita para todo o Brasil. É enviada para presidentes, proprietários, diretores, gerentes, compras, engenheiros e técnicos de empresas. Tiragem de 5.000 exemplares. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. 5 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Sumário 6 08 Notícias 20 Entrevista Em Foco 1 26 Em Foco 2 Em Foco 3 34 Capa Caderno Técnico 1 30 38 44 Caderno Técnico 2 46 7 Notícias 8 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Beleza simples Univar adquire Arinos Os pernambucanos Antoniel e Joselma de Oliveira criaram uma empresa que fatura 6 milhões de reais ao ano vendendo um hidratante de cabelos feito com tutano de boi. Para uma fabricante de cosméticos, há pouco glamour nos negócios da Kétura, de Abreu e Lima, cidade que fica a 16 quilômetros de Recife. Seu principal produto não tem nada de inovador — trata-se de um hidratante para cabelos feito com tutano de boi, substância rica em colágeno que há décadas é usada em fórmulas caseiras. Também não há nenhum esforço para ligar a marca ao padrão de beleza quase irreal que outras empresas adotam para divulgar xampus, cremes e condicionadores. Em vez de mulheres produzidas com as madeixas esvoaçantes, os catálogos da Kétura são ilustrados com fotos da pernambucana Joselma Oliveira, de 35 anos, que em 2004 fundou a empresa com o marido, Antoniel, de 51 anos. Juntos, eles criaram um negócio que deve faturar 6 milhões de reais neste ano. Seus clientes são donos de salões de beleza que usam os produtos da Kétura para cuidar dos cabelos das clientes. A Kétura nasceu de uma experiência mal- sucedida de Oliveira e Joselma no setor de cosméticos. Até 2004, eles tinham uma pequena marca de perfumes vendidos de porta em porta, como Avon e Natura. “A concorrência era muito forte e o negócio não deslanchou”, diz Oliveira. “Por isso, decidimos recomeçar com algo que pudesse ser vendido no mercado profissional.” Na época, Joselma fazia um curso de cabeleireira, e percebeu que havia mercado para hidratantes à base de tutano. “Muitos cabeleireiros usavam fórmulas artesanais de cremes de tutano”, diz Joselma. Nos últimos anos, a Kétura cresceu com uma estrutura reduzida. Para chegar aos cabeleireiros, a empresa criou uma rede de distribuidores franqueados nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Cada um abrange uma área de aproximadamente 1 milhão de habitantes e é responsável por dez a 15 revendedores, que têm como alvo uma população de 100 000 habitantes. Remunerados pelo desempenho das vendas, os integrantes dessa rede também são responsáveis pela logística dos produtos. Cada um deles mantém um pequeno estoque para que os cosméticos da Kétura possam ser entregues imediatamente aos clientes. “Isso acaba sendo uma importante vantagem competitiva”, diz Oliveira. “Muitos de nossos concorrentes têm um prazo de entrega de até 15 dias.” A empresa mantém custos sob controle ao terceirizar a maior parte da produção. Etapas como a mistura dos ingredientes e o envase dos cosméticos são feitas por empresas contratadas. “Para ter uma fábrica própria, teria de investir em máquinas que chegam a custar 1 milhão de reais cada uma”, diz Oliveira. “Com menos necessidade de capital, fica mais fácil manter o controle sobre o endividamento da empresa.” Num mercado volúvel como o de beleza, agora os donos da Kétura enfrentam o desafio de manter a expansão sem depender tanto de um produto que pode eventualmente perder a classe. Hoje, com uma linha de mais de 250 produtos, Oliveira e Joselma têm investido no desenvolvimento de cosméticos que utilizam extrato de frutas nativas das matas brasileiras. “A tendência atual é o desenvolvimento de cosméticos ecologicamente corretos e que não usem substâncias de origem animal”, diz Mariangela Bordon, dona da EOS Cosméticos. Nos anos 90, Mariangela fundou a Ox, que usava o tutano em seus cosméticos. Depois de vender a marca para o frigorífico Bertin, em 2005, ela voltou ao mercado com a EOS Cosméticos. “Acho incrível que ainda existam empresas que ganhem dinheiro vendendo produtos feitos com esse tipo de ingrediente”, diz ela. A Univar Inc., uma distribuidora líder global de produtos químicos e a Arinos Química Ltda. (Arinos), uma distribuidora líder de produtos químicos especialidades e comodities no Brasil, anunciam hoje que a Univar adquiriu a Arinos. Os termos da aquisição não foram revelados. “Estamos extremamente contentes de anunciar a aquisição da Arinos”, disse John Zillmer, Presidente e CEO da Univar. “A Arinos tem um modelo de negócio altamente complementar para a Univar e fornece uma forte plataforma para futuro crescimento no amplo e rapidamente crescente mercado brasileiro de distribuição de produtos químicos”. A Arinos é uma distribuidora de produtos químicos líder no Brasil, fornecendo um modelo único de serviço baseado no conceito “one-stop-shop “ tanto para os produtos químicos especialidades como para as comodities, bem como serviços de alto valor. A empresa tem fortes relacionamentos com mais de 60 fabricantes de produtos químicos e entrega mais de 1.600 produtos a mais de 6.500 clientes em diversos mercados finais. A Arinos tem também desenvolvido mais de 20 produtos de marca próprias através de sua atividade de formulação exclusiva. A empresa está bem posicionada no mercado brasileiro, com uma rede de distribuição em âmbito nacional e profundo conhecimento em indústrias de alto crescimento. “A Arinos e a Univar têm abordagens muito similares com relação ao mercado”, disse Terry Hill, Vice-presidente executivo de Relações com a Indústria e Presidente de Mercados Emergentes para a Univar. “Cada uma das empresas tem fortes relações com os principais supridores das indústrias e foca suas ações no fornecimento de serviços de alto valor agregado através de profundo conhecimento da indústria estreitando ainda mais a relação com os clientes”. “A Univar é uma excelente parceira para a Arinos em todos os sentidos”, disse Mateos Dias, CEO da Arinos. “A combinação criará muitas sinergias fornecendo serviços ainda mais diferenciados para nossos clientes, acesso a uma base mais ampla de supridores e oportunidades para alavancar decisivamente a plataforma global de abastecimento da Univar” Dynatech® Química de Alta Performace Com posição consolidada há mais de 20 anos no mercado químico, a Dynatech® Indústrias Químicas, em sua unidade fabril de Itupeva/SP, elabora e fabrica produtos para os segmentos de Especialidades, Papel e Celulose, Pigmentos, Couro e Têxtil, fornecendo a clientes em todo o Brasil e América Latina. Empresa genuinamente brasileira, a Dynatech® oferece ao mercado produtos com síntese 100% nacional. É o caso da Linha de Branqueadores Ópticos e da Linha de Pigmentos Orgânicos. A divisão Especialidades além de oferecer branqueadores ópticos para detergentes com síntese local, atende com qualidade ao mercado, oferecendo produtos para os segmentos de: • DETERGENTES EM PÓ e LÍQUIDO • SABÕES • AGROQUÍMICOS, SEMENTES e FERTILIZANTES • MATERIAL DE ESCRITA • Tintas INK JET • Tinta WHITE BOARD • SINALIZADORES de fumaça • APLICAÇÕES ESPECIAIS em geral Para desenvolver novos produtos e assegurar o alto nível de qualidade, a Dynatech® conta com dois laboratórios próprios. As vendas estão a cargo de departamentos comerciais presentes nos escritórios de São Paulo e na Filial Sul, em Novo Hamburgo/RS. Dispõe ainda de equipe técnica e representantes comerciais em todo o território nacional. Sempre acreditando no crescimento sustentável, a Dynatech® desenvolve produtos rigorosamente de acordo com as legislações ambientais e de consumo vigentes no país. Firmando seu compromisso com o desenvolvimento do setor, em 2011, a Dynatech® estará presente na ABISA com a palestra “Cores e Soluções para Home Care e Personal Care”, em parceria com a empresa Coremal. 9 Notícias 10 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 P&G amplia lentamente portfólio de marcas no Brasil Firjan fala sobre o novo aviso prévio Na segunda edição do PG Experience, evento em que a Procter Gamble apresenta seus lançamentos ao mercado brasileiro, a Downy, de amaciantes para roupas, é a única marca nova a estrelar. Muito menos do que os quatro destaques do ano passado - Head Shoulders, Olay, Naturella e Febreze. A PG vende no Brasil apenas 24 das mais de 250 marcas que oferece no mundo. A diretora de comunicação coorporativa da PG, Gabriela Onofre, defende que a introdução tem que ser gradual. “Temos muitas coisas ainda para trazer, mas nossos clientes têm que ser capazes de colocar na gôndola e nossos consumidores de entender a inovação”. Gabriela diz que outras novidades estão a caminho. “Ainda vamos ter marcas novas este ano, mas não posso dizer quais porque elas ainda não estão prontas para lançar”. A executiva afirma que a PG avança com o cuidado de continuar oxigenando as marcas que hoje são o coração do negócio no Brasil - Gillette, Pampers, Pantene e Oral-B. Fora a Downy, a companhia destacou no evento inovações dentro de marcas em que já atua no país, como coloração com proteção e em forma de espuma, em Wella, cremes dentais para gengivas e dentes sensíveis, em Oral-B, e fraldas para recém-nascidos, em Pampers. No ano passado as vendas da PG cresceram 23% no Brasil, sendo que, segundo Gabriela, um terço desse avanço pode ser atribuído aos lançamentos. Fonte: Luciana Seabra – Valor O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou no dia 21 de setembro, o PL 3941 de 1989, do então senador Carlos Chiarelli (PFL/RS) dispondo sobre o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. O projeto mantém o Aviso Prévio mínimo de 30 (trinta) dias para relações de emprego com até um ano de serviço na mesma empresa, acrescentando-se a este três dias por ano de serviço prestado, até o máximo de 90 (noventa) dias. Tendo obtido aprovação nas duas casas legislativas, o Projeto de Lei segue para sanção presidencial. Sua tramitação, em regime de urgência, deveu-se à notícia de que o Supremo Tribunal Federal pretendia apresentar proposta de ampliação do prazo legal, em virtude da inércia do legislador. Nova ecolimpeza Alimentos orgânicos, roupas feitas por meios de produção sustentáveis, a busca pelo menor uso de combustível. Há muita gente investindo pesado para desenvolver novos produtos e aproveitar o crescimento desse mercado. A paulista Mr. Green nasceu disso. Focada em produtos de limpeza orgânico, ela é uma “filha” da Krest, empresa especializada em produtos industriais para o setor de petróleo, como fluidos hidráulicos e removedores biodegradáveis e orgânicos, além de resina e plástico ecológico, entre outras coisas. Da limpeza de vazamento de petróleo para a limpeza de cozinhas residenciais ou de banheiros de empresas foi um pulinho. “É sim um modo de aproveitar a expertise já existente da empresa”, diz Miguel Santos Neto, diretor da Krest. Mais do que isso, eles pretendem aproveitar a expertise no atendimento ao setor corporativo. “Hoje, a maior parte de nossos clientes ainda é de empresas de limpeza que, por sua vez, se veem pressionadas por seus próprios clientes para usar produtos orgânicos e biodegradáveis - às vezes essa é uma exigência para manter o ISO 14000, por exemplo.” A Mr. Green está começando no mercado ainda bem pequenininha, produzindo 80 mil litros/mês, mas com a expectativa de decuplicar isso em três anos. “Nossa aposta na distribuição para os clientes de varejo passa pela internet. O público que vai comprar nossos produtos é de mais alto nível cultural, preocupado com o ambiente e disposto a pagar de 20% a 30% mais do que os produtos não ecologicamente corretos.” Além da venda direta, eles acham que lojas de produtos naturais que tanto se espalham hoje por aí também se tornarão grandes canais de venda. 1. A ATUAÇÃO DO SISTEMA FIRJAN O Sistema Firjan, cumprindo seu papel de entidade representativa da indústria fluminense, buscou de diversas maneiras o debate, apresentando, sobretudo, o impacto econômico das alterações no instituto do aviso prévio. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal receberam ofício do Presidente Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, apontando os mais diversos aspectos negativos da mudança proposta. Também junto ao Poder Legislativo o Sistema FIRJAN agiu, manifestando seu repudio às iniciativas legislativas nocivas ao empresariado. 2. OS IMPACTOS ECONÔMICOS O pagamento do aviso prévio por parte das empresas será encarecido em 21%, representando um gasto adicional da ordem de R$1,9 bilhões anuais, considerando as estatísticas de 2010. O aumento previsto causará um desestímulo adicional à geração de empregos formais no país, contrariando a tendência internacional de flexibilização das legislações trabalhistas e reduzindo ainda mais a competitividade do produto brasileiro. É importante frisar que tal elevação de custos para as empresas brasileiras é totalmente inoportuna, tendo em vista o momento econômico mundial de alta volatilidade marcado por uma crise internacional de dimensões e impactos incertos. 3. OS EFEITOS DA MEDIDA SOBRE AS RELAÇÕES DE EMPREGO. O Aviso Prévio é devido às partes na relação de emprego, por ocasião da comunicação da intenção de rescindir o contrato de trabalho. A partir daí, fica a parte obrigada a conceder o prévio aviso, de forma trabalhada ou indenizada. Caso seja sancionada pela Presidente, a nova lei apenas produzirá efeitos uma vez que publicada na imprensa oficial. Significa dizer que seus efeitos se estenderão apenas às relações de emprego cuja comunicação de rescisão se der após esta data. Para as relações de emprego terminadas até o momento da publicação desta nova lei, aplica-se o prazo mínimo de 30 (trinta) dias, previsto no art. 487 da Consolidação das Leis do Trabalho. Apenas as relações terminadas após aquela data deverão observar o regime da nova lei, caso efetivamente obtenha sanção presidencial e seja publicada. Por fim, vale ressalvar que as ações judiciais em curso observarão o regime da nova lei, caso esta já tenha sido publicada no momento em que for proferida a sentença. 4.PERSPECTIVAS. O Sistema FIRJAN considera ato de grave irresponsabilidade a aprovação de medida que importa em novo aumento do custo da relação de emprego, em um momento em que enfrentamos crise econômica mundial sem precedentes. O encarecimento do emprego formal, notoriamente oneroso ao empregador, constitui novo desestímulo ao setor produtivo. Cumpre, por ora, buscar o apoio do Poder Executivo. Solicitaremos à Presidente da República o veto à iniciativa, manifestamente nociva ao desenvolvimento da economia brasileira e aos interesses nacionais. Fonte: Diretoria do Sistema FIRJAN 11 Notícias 12 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Governos miram bolsos dos ricos As trombetas soaram e os cães começaram a latir. Por todos os países desenvolvidos, a busca de mais impostos sobre os mais ricos começou. Recentes medidas de austeridade na França e na Itália trouxeram um aumento de 3% nas cobranças àqueles com rendas superiores a € 300 mil. Os conservadores britânicos estão sendo atacados por considerar o abandono da taxa “temporária” de 50% sobre ganhos acima de £ 150 mil, dos trabalhistas. Agora Barack Obama elaborou um novo plano de redução dos déficits que aponta os aumentos de impostos para os ricos, incluindo uma “regra Buffett”, que garante que nenhuma família que ganhe mais de US$ 1 milhão por ano pague menos impostos que a “classe média” (Warren Buffett afirmou que, apesar de ser um bilionário, ele paga menos impostos que sua secretária). Atingir os ricos para reverter o déficit não é “guerra de classes”, disse Obama. “É matemática”. Na verdade, não se trata de pura matemática. O dilema de como taxar os milionários depende mais dos julgamentos políticos sobre o tamanho correto do Estado e papel apropriado da redistribuição. A matemática diz que os déficits poderiam ser controlados somente com os cortes de gastos – como defendem os oponentes republicanos de Obama. Guerra de classes pode ser um termo ultrapassado, mas ele captura um debate fundamental nas sociedades ocidentais: quem deve sofrer para que as finanças públicas sejam colocadas nos eixos? Existem três boas razões para que os mais ricos paguem mais impostos – embora nenhuma dela se enquadre nos modelos que os governos do mundo rico estão propondo atualmente. Em primeiro lugar, os déficits ocidentais não deveriam ser revertidos somente com cortes de gastos. Gatos públicos certamente deveriam ser afetados: há inúmeras maneiras de diminuir o tamanho do monstro governamental, e estudos de antigos programas de cortes de déficits sugerem que eles têm mais sucesso quando os cortes são predominantes. A proporção britânica de quatro pra um está correta. Mas como essa proporção sugere, a experiência também mostra que impostos mais altos fazem parte da receita. Nos Estados Unidos, os impostos estão mais baixos do que nunca, apo uma série de reduções. Lá, e no resto do mundo, impostos devem ser aumentados para reverter esse quadro. Em segundo lugar, há um argumento político para o aumento dessa nova receita oriundo dos bolsos dos ricos. Cortes de gastos caíram desproporcionalmente sobre os mais pobres, e mesmo antes da crise, as rendas médias já estavam estagnadas. Enquanto isso, a globalização vem premiando os vencedores de maneiras cada vez mais generosas. O apoio dos eleitores à austeridade atual depende de uma porção desproporcional de qualquer nova receita que venha dos mais ricos. Mas como? Até agora os governos se concentraram no aumento das taxas de impostos sobre a renda, algo a que a maioria dos ricos responde rapidamente. Capitalistas mudam sua renda para formatos menos suscetíveis a impostos, como ganhos de capital; eles se mudam; eles trabalham menos; eles assumem menos riscos empresariais. Ainda que seja difícil precisar o tamanho desses efeitos, o tamanho do maior nível também faz diferença, logo os 50% dos britânicos são mais perigosos que a proposta de Obama, de aumentar a maior taxa de renda fiscal federal de 35% para 39,6%. Alguém ganhando US$ 1 milhão paga mais impostos em Londres do que em qualquer outra capital financeira – uma loucura para um local com tamanha mobilidade de pessoas ricas. A desculpa de que os impostos eram piores nos anos 1970 também não inspira confiança alguma. Considerando a necessidade de um crescimento rápido no mundo rico, os governos devem estar atentos aos violentos aumentos de impostos – especialmente por que eles são desnecessários. De fato, o terceiro argumentos para coletar mais dinheiro dos ricos é que isso pode ser feito sem que as taxas marginais de impostos sejam aumentadas, mas sim, tornando o código fiscal mais eficiente. O espaço para realizar tudo isso é mais óbvio nos Estados Unidos, que dependem muito mais dos impostos sobre renda do que outros países, e tem uma enormidade de deduções que vão desde pagamentos de juros em hipotecas a benefícios de saúde oferecidos por empregadores, o que faz com que os impostos sejam impostos sobre bases muito estreitas. Se livrar das deduções simplificaria o código e aumentariam cerca de US$ 1 trilhão por ano. Como os principais beneficiados são milionários, pessoas mais ricas pagariam a maior parte. E como as taxas marginais permaneceriam intocadas, tal reforma os inibiria menos na criação de suas fortunas. Na Europa, onde os sistemas fiscais são mais eficientes, uma opção seria passar a maior parte do fardo da renda para a propriedade, que coletaria mais dos ricos e teria um impacto menor em sua disposição de correr riscos. O “imposto sobre mansões” proposto pelos Democratas Liberais teria impacto menor que a taxa de 50%. E em ambos os lados do Atlântico há espaço para diminuir a diferença entre as taxas de impostos sobre salários e bônus, e sobre dividendos e ganhos de capital. Essa diferença explica porque Buffett, cuja maior parte da renda vem de ganhos de capital e dividendos, paga menos impostos que sua secretária. Essa diferença também foi explorada por fundos de cobertura e pelo ramo de private equity, e pelos bilhões que eles coletam. Essa é a barganha básica a ser realizada. Imagine um sistema fiscal que aproxime as maiores taxas de salário e capital, e que eliminasse virtualmente todas as deduções. Para evitar que investimentos fossem duplamente taxados, esse sistema teria que se livrar dos impostos corporativos, e o que permitira um piso muito menos dos impostos sobre a renda. O resultado? Uma coleta fiscal maior sobre os ricos, sem que o dinamismo econômico fosse prejudicado. Esse seria um bom motivo para que as trombetas soassem. 13 Notícias 14 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Carga tributária pode superar 36% do PIB neste ano A carga tributária deve ultrapassar o patamar de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. É o que apontam especialistas consultados pelo DCI. Este percentual, de qualquer forma, para eles, será bem acima do peso tributário registrado em 2010, cuja carga alcançou 33,56% do PIB, conforme divulgou a Receita Federal. O fisco admite que o peso dos tributos sobre os brasileiros segue tendência de alta em 2011. De acordo com os dados anunciados, no ano passado, a carga cresceu 0,42 ponto percentual ante o resultado observado em 2009 (3,14% do PIB). “Para 2011, é um crescimento constante de arrecadação em função das receitas extraordinárias que foram significativas”, explicou o coordenador-geral de estudos econômicos e tributários da Receita, Othoniel Lucas de Sousa. O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves, estima que o peso dos impostos federais, estaduais e municipais no País será de 36,8% do PIB. O cálculo dele está baseado na previsão de arrecadação de R$ 1,4 trilhão, do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), para este ano - a descontar o recolhimento do fundo de garantia, que não entra na conta da Receita -, e a projeção que a economia brasileira cresça 4%, para R$ 3,8 trilhões, também para 2011 (estimativa do governo). “O aumento da carga tributária neste ano com relação a 2010 está baseada no fato de que haverá um avanço econômico. Além de que há importantes fatores considerados sazonais que fazem com que esse peso seja de quase 37% do PIB, como a consolidação dos parcelamentos de Pessoa Física e Pessoa Jurídicas que entram na conta como tributos”, explica. Apesar de não ter um cálculo exato até o fechamento desta edição, o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, disse esperar que a carga tributária de fato ultrapasse os 36% do PIB. “Projetamos crescimento de 9% [real] na arrecadação tributária, para R$ 1,5 trilhão [com o cálculo do montante do fundo de garantia], que também representa um aumento nominal de 15%”, aponta. Já Allan Moraes, advogado tributarista do Salusse Marangoni Advogados e diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) e membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT), discorda dos demais especialistas. Na opinião dele, o peso dos impostos sobre os brasileiros deve ficar próximo dos 33% do PIB. Ou seja, não deve apontar crescimento expressivo comparado ao registrado em 2010. “Não acredito que haverá a criação de novos impostos neste ano. O aumento do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] incidente nas operações de crédito da pessoa física e operações de câmbio, pro exemplo, foi mais uma medida regulatória do que arrecadatória. Por isso não vejo alta expressiva”, entende. Em 2010 O professor da Santa Marcelina destaca, porém, que as projeções dependem de como ficará o câmbio e o crescimento econômico. “A expansão da economia interfere na arrecadação de impostos. Além de que a questão da oscilação do dólar impacta no recolhimento tributário realizado pelas importações e exportações, que entram [indiretamente] no montante utilizado para cálculo da carga”, diz Gonçalves. Othoniel Lucas de Sousa afirmou que, no ano passado, o crescimento da carga tributária foi puxada pelo avanço do PIB, de 7,5%, que aumenta a arrecadação. O recolhimento bruto de tributos em 2010 ficou em R$ 1,233 trilhão, R$ 178 bilhões superior ao valor do ano anterior. Assim, cerca de um terço de tudo o que o brasileiro ganhou naquele ano foi para os cofres públicos. Segundo o coordenador da Receita, a carga tributária cresceu, principalmente, devido ao aumento de alíquotas de tributos que incidem no mercado financeiro e fim de benefícios fiscais, como o IOF. O percentual de carga registrado em 2010, contudo, foi quase dois pontos percentuais menor do que o projetado pelo IBPT (35,13% do PIB). “Isso nos chamou atenção. É possível que tenham sido descontadas as multas pagas de juros, que entram como tributos, e o recolhimento pelo Refis da Crise”, comentou. De modo geral, os especialistas entrevistados pelo DCI consideram a carga atual no País muito alta. “O esforço do governo para tirar esse peso de cima dos brasileiros tem que ser muito maior. Não adianta desonerar com percentuais baixos os empresários, por exemplo, e aumentar a alíquota do IPI [Imposto sobre Produto Industrializado] em 30% sobre veículos importados”, critica o presidente do IBPT. Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 15 Notícias 16 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Consumidoras das classes D e E puxam vendas de tinturas Fabricantes reduzem variedades de produtos na europa Enquanto a venda de tinturas no varejo teve um crescimento total de 3% em volume em 2010, as consumidoras das classes D e E compraram 13% mais caixinhas do produto que em 2009. A parcela das famílias de baixa renda que colocou o item no carrinho pelo menos uma vez no ano também foi a que mais subiu, de 49% para 54%. “O crescimento da categoria tintura tem sido puxado pelas classes D e E”, afirma o analista da consultoria Nielsen, Arthur Oliveira. A expansão não se deu via redução de preços. O avanço das vendas em valor, de 28%, foi maior do que em volume nessas faixas de renda. No mesmo período, o faturamento do mercado como um todo cresceu 9,4%, para R$ 1,43 bilhão. É um sinal de que a consumidora de baixa renda tem dado preferência a itens de maior valor agregado. De olho nesse movimento, as fabricantes de tinturas reforçam as ações para conquistar as clientes menos endinheiradas. É o caso da Procter & Gamble, que leva às gôndolas em outubro o Pró-Vital. Essa deve ser a coloração permanente mais barata do mercado, ao preço sugerido de R$ 12,50, mas sua divulgação não prioriza o valor e sim a promessa de proteção aos fios. “O produto é voltado para aquela consumidora que judia mais do cabelo, com química e chapinha”, diz Juliana Azevedo, diretora de marketing de beleza da P&G, dona de Koleston, Wellaton e Soft Color. Segundo a executiva, a empresa já aprendeu que a mulher de baixa renda não pensa só em preço. “Ela pode até pagar R$ 2 ou R$ 3 a mais por um produto, mas é melhor que ele funcione, porque esse dinheiro para ela vale muito mais do que para uma consumidora de renda alta”. Em outra frente, no segmento profissional, a P&G traz para o Brasil neste mês a linha Clairol, com tinturas pelo menos 30% mais baratas do que as das marcas Wella e Sebastian Professional. “A Clairol vai para um salão de beleza pequeno, de bairro”, explica Gonzalo Turueno, diretor geral da linha profissional da P&G. A marca também vai prometer qualidade, com o slogan “luxo acessível”. A Embelleze - dona das marcas Maxton, Natucor e Fleury - que já tem uma estratégia voltada para os salões de pequeno porte, decidiu intensificá-la. A empresa tem 260 escolas que oferecem cursos de cabeleireiro com mensalidade próxima de R$ 200. “Vamos dobrar a rede nos próximos três anos”, afirma o vice-presidente da empresa, Jomar Beltrame. O plano agora é chegar às cidades de menos de 100 mil habitantes. A Embelleze também estuda lançar produtos direcionados para a população do Norte e do Nordeste, como tons diferentes e embalagens menores, que se encaixem no orçamento. Nos últimos dois anos, segundo a Nielsen, os nordestinos foram os que mais consumiram colorações, um total de 50 milhões de unidades, ou R$ 439 milhões. A necessidade de agregar valor ao produto foi a principal conclusão da Hypermarcas depois de fazer uma extensa pesquisa de mercado no ano passado. Foi por isso que a empresa relançou a marca Biocolor com um kit de coloração mais completo, com sachês de tratamento que duram quatro semanas e gel protetor que isola a pele do rosto. A Hypermarcas também mudou o material das luvas, para aumentar a sensibilidade no momento da aplicação. Isso porque a consumidora cobrou facilidade para tingir os cabelos em casa. “Esse mercado no Brasil é das classes C, D e E. As classes A e B vão ao salão colorir os cabelos”, diz Gabriela Garcia, diretora executiva da empresa. Até mesmo a francesa L’Oréal, que já tem uma marca de posicionamento mais popular, a Garnier, decidiu que também precisa ampliar o alcance de sua linha premium, L’Oréal Paris. A dona de Imédia Excellence e Casting, que por muito tempo foi divulgada por meio de anúncios dublados com atrizes estrangeiras na TV, já deu um passo em direção à população de menor renda. “Até o meio do ano passado nos posicionávamos como um produto para as classes A e B. Hoje acreditamos que é muito importante ampliar para a classe C”, afirma Bianca Pi, diretora de marketing da L’Oréal Paris. Foi de olho nesse público que a L’Oréal Paris passou a vender kits em que, na compra da tintura, a cliente ganha um shampoo que promete conservar a cor. Assim, sem perder o glamour que tanto atrai as consumidoras de baixa renda, quis agregar valor à caixinha que costuma custar R$ 10 a mais do que as concorrentes. Tendência de ‘complexidade menor’ diminui custos e é apoiada por parte do varejo, que quer liberar gôndolas para marca própria. Após anos dedicados a desenvolver variedades de cremes dentais, xampus e barras de chocolate, fabricantes estão começando a reduzir suas linhas e, consequentemente, a descongestionar as prateleiras dos mercados. Além de tornar a vida menos complicada para os consumidores, a redução permite às empresas baixar custos. A Unilever, por exemplo, está reduzindo em 40% suas unidades de estoque, ou SKUs -o jargão do setor para os produtos de uma mesma marca em seus diversos tamanhos, embalagens e variedades, na Europa. Remover complexidade desnecessária ou custo sem valor adicionado, diz Neil Humphrey, que comanda a cadeia de suprimentos do grupo na Europa, lhes permite atender às necessidades dos consumidores com custo menor e preços mais baixos. E as vendas podem subir: variedades menos procuradas não ficam mais nas prateleiras juntando poeira, e o consumidor têm mais facilidade de encontrar o que quer. Cerca de 100 mil novas SKUs são introduzidas no mercado norte-americano de bens de consumo a cada ano, de acordo com Mark Gottfredson, da consultoria Bain. “Quando uma SKU é lançada, é difícil retirá-la porque é provável que a empresa tenha vendido certo volume dessa variedade no ano anterior e é natural que imagine que, por causa dessas vendas, retirar o produto implicaria perda de faturamento.” A tendência a “reduzir complexidade” conta com apoio do varejo, ansioso por liberar mais espaço em suas prateleiras para os produtos de suas próprias marcas. Por isso surgiu uma cooperação entre varejo e fabricantes para oferecer ao consumidor algo que o ajude, em lugar de bombardeá-lo com um excesso de produtos. Como exemplo, Phil White, da consultoria de marcas G2, aponta a campanha da Kraft em parceria com as redes de supermercados Tesco, no Reino Unido, e Walmart, nos EUA, para oferecer aos compradores novas receitas, em lugar de novas variedades do requeijão Philadelphia. “Isso implica trocar o marketing centrado na marca por um trabalho em contato muito mais estreito com o varejo, a fim de oferecer aos consumidores soluções relevantes para seu estilos de vida, em vez de forçá-los a examinar centenas de produtos.” Ainda assim, as múltis americanas vêm se mostrando mais resistentes aos esforços de redução. A Procter & Gamble argumenta que o consumidor prefere ter escolha em categorias específicas. Um consumidor que aceitaria bem a presença de apenas três marcas de creme dental talvez deseje encontrar dez variedades de ração animal, diz Bob McDonald, presidente-executivo do grupo. 17 Notícias 18 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Marfrig pisa no freio e vende ativos Empresa começa a vender operações para reduzir dívidas, enquanto bancos e concorrentes discutem alternativas para o setor de frigoríficos no país. Depois de anos comprando empresas no Brasil e no exterior, a ponto de formar a quarta maior indústria de carnes do mundo, o frigorífico Marfrig inverteu o sinal. O grupo anunciou a venda da divisão de logística da americana Keystone para a Martin Brower, por US$ 400 milhões. No Brasil, o Marfrig também busca se desfazer de um terminal que tem no porto de Itajaí, em Santa Catarina. São os primeiros passos do Marfrig para reduzir uma dívida que incomoda o mercado. Mais do que isso, as operações podem fazer parte de um processo maior - está em curso uma negociação delicada, que corre no mais absoluto sigilo e, dependendo do rumo que tomar, pode provocar uma reviravolta no setor de frigoríficos no Brasil. A operação envolveria a venda e a troca de negócios entre Marfrig, Brasil Foods (BRF), Minerva e, numa hipótese neste momento mais remota, até o JBS. Essa reorganização pode se tornar necessária porque o setor enfrenta o pior momento dos últimos anos. Com a alta do preço do boi, JBS, Marfrig e Minerva tiveram forte aumento de despesas, que consumiram parte do capital de giro, deixando suas dívidas mais pesadas. A situação parece mais complicada para o JBS e Marfrig, que se endividaram fortemente para financiar uma agressiva política de aquisições. O JBS já foi muito questionado e começou a reduzir investimentos e reorganizar a companhia. O mercado, agora, voltou os olhos para o Marfrig. Castigado pelos investidores, a companhia vale hoje na bolsa R$ 2,7 bilhões, menos da metade do seu patrimônio líquido e quase quatro vezes menos que a sua dívida total. Diante do cenário preocupante, os principais credores começaram a conversar com a concorrência, sugerindo a venda ou a troca de ativos entre o Marfrig e as outras empresas. Segundo apurou o Estado, representantes do Itaú, Bradesco e Santander já sentaram para tratar do assunto com os donos dos frigoríficos. Executivos das empresas também trocam informações. Todos negam a existência de uma ação organizada, mas explicam que discutem alternativas caso a situação do setor fuja do controle. “De todos os bancos com que temos relacionamento, nunca houve um pedido para eu vender ativos”, disse Marcos Molina, fundador e presidente do Marfrig. Não é que Molina rejeite totalmente a ideia de vender ativos. Antes de fechar com a Martin Brower, já tinha negociado a entrada do fundo de investimentos gávea, do ex-presidente do BC, Armínio Fraga, na Keystone - as conversas, porém, não prosperaram. O dono do Marfrig diz que a venda do braço de logística da Keystone saiu porque se encaixa em sua estratégia de se desfazer apenas de negócios que estão fora do foco principal, que é a industrialização de carne. No entanto, as hipóteses aventadas pelos credores vão além disso. Oportunidade. A necessidade da BRF de vender um pacote de ativos para cumprir as ordens do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão abriu oportunidades. Com as fábricas, marcas e centros de distribuição da concorrente, o Marfrig poderia dobrar o tamanho da Seara - seu braço de venda de processados de frango e suínos no mercado interno. A Seara já passou pelas mãos de Cargill e Bunge, e sempre teve problemas de marca e distribuição. A empresa é estratégica para Molina, que tem planos de transformá-la em marca global. Desde que foi comprada, porém, não ultrapassa 8% de participação do mercado brasileiro, apesar de pesados investimentos. O problema é que o empresário não tem dinheiro sobrando no caixa ou capacidade de endividamento para comprar os ativos da BRF. Segundo fontes próximas à Brasil Foods, se não houver outra alternativa, a empresa poderia fazer uma troca. O Marfrig ficaria com o pacote da BRF e entregaria a Quickfood, na Argentina, e Moy Park, na Europa. A Keystone não está no radar da Brasil Foods. Molina não descarta o negócio, mas diz que precisa analisar com cuidado os ativos da concorrente. A negociação entre Marfrig e BRF não é simples e há discordâncias de valores. Pelas estimativas do mercado, Quickfood e Moy park valeriam juntas R$ 700 milhões. Nas contas da BRF, o pacote de seus ativos custaria mais de R$ 1 bilhão - número questionado por analistas. Outra alternativa, também tratada em conversas reservadas, seria a venda ou a fusão do abate de bois de Marfrig e JBS ou Marfrig e Minerva. Como as margens dessa atividade são apertadas, o ganho de escala e as sinergias melhorariam a rentabilidade. Sempre afável, Molina se irrita quando ouve a hipótese: “outro dia um amigo ligou e perguntou se já tinha fechado negócio com o Minerva. Não faz nenhum sentido”. A fusão entre o JBS e o Marfrig é complicada, porque provocaria forte concentração na compra de gado e dificilmente seria aprovada no CADE. Fontes ligadas ao JBS dizem que a empresa está consolidando suas aquisições e, a princípio, não teria interesse. Para juntar o abate de bois de Marfrig e Minerva, seria preciso equacionar as altas dívidas dos dois frigoríficos. Numa eventual venda, o Minerva assumiria parte do débito do Marfrig, desde que não fosse muito elevado. Fontes próximas ao Minerva dizem que a empresa está aberta a estudar o negócio, mas “não quer trazer problema para dentro de casa”. De qualquer forma, o abate de bois já não é mais o negócio central do Marfrig. A empresa hoje aposta suas fichas em produtos industrializados, segmento em que a carne de frango, mais barata, é dominante. Recentemente, fechou duas plantas no sul do país, equivalentes a 20% da capacidade de produção de bovinos. Molina descarta a venda do seu abate de bois e se mostra bastante seletivo em relação aos negócios que aceitaria vender. Os bancos sugerem várias alternativas porque inundaram os frigoríficos com dinheiro numa fase de forte crescimento do crédito no Brasil, antes da crise de 2008. Segundo fontes de mercado, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander têm, juntos, cerca de R$ 5 bilhões no Marfrig. O BNDES aplicou outros R$ 3,5 bilhões, entre financiamentos e compra de participação. Hoje, o cenário mudou. Temerosos, os bancos fecharam as torneiras de dinheiro novo e o BNDES está cada vez mais reticente em assumir o ônus político de investir mais nos frigoríficos. Bola preta. No mercado financeiro, aparecem avaliações mais severas sobre o Marfrig, especialmente por causa do alto endividamento - hoje, a dívida total da empresa supera R$ 10 bilhões. O grupo sustenta que este é um patamar administrável e que tem dinheiro para cumprir suas obrigações de curto prazo. Ainda assim, a Raymond James apontou suas ações como a “bola preta” do mercado - uma alusão ao jogo de sinuca em que não se pode encaçapar a bola preta. Traduzindo: para a consultoria americana, é o único papel da bolsa brasileira que os investidores devem evitar a qualquer custo. Desde o início do ano, as ações do Marfrig caíram 41% movimento magnificado pela crise internacional e pela quebra do fundo GWI, que investiu pesado na empresa. Hoje, os títulos da dívida do Marfrig pagam juro 11% acima dos títulos do tesouro dos Estados Unidos – o mais alto de uma empresa brasileira, segundo a Bloomberg. Nas contas dos analistas, o Marfrig consome por trimestre R$ 300 milhões a R$ 600 milhões de caixa, o que eleva a alavancagem. No último trimestre, esse indicador, que mede a relação de dívida líquida e lucro antes de impostos, juros e amortizações (ebitda), chegou a 3,9. Relatório do Goldman Sachs aponta que, desde a abertura de capital, o Marfrig nunca teve geração de caixa positiva excluídos os investimentos. Até companhias muito rentáveis têm períodos curtos em que o indicador é negativo, por causa de concentração de investimentos. Para os especialistas, o problema é que o Marfrig só crescia, sem dar retorno. A venda do braço de logística da Keystone pode ser um sinal de que as prioridades mudaram. 19 Entrevista 20 Revista Espuma / Fevereiro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 21 “A presidente Dilma vem mostrando Por: Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx que se preocupa com o setor produtivo do país, tomemos como exemplo as medidas do programa Brasil Maior.” Paulo Skaf Por Lia Freire I ntérprete do setor produtivo, a F iesp - F ederação das I ndústrias do E stado de São Paulo - é a voz que fala por 131 sindicatos patronais , os quais representam , aproximadamente , 150 mil indústrias de todos os portes e das mais diferentes cadeias produtivas . É a maior entidade de classe da indústria brasileira . E m entrevista à R evista E spuma , Paulo Sk af, presidente da F iesp, faz uma análise do cenário atual da indústria brasileira , do governo e destaca qual é a prioridade na sua gestão . Revista Espuma - Qual a análise da FIESP destes dez meses de governo Dilma Rousseff? Paulo Skaf - O Brasil possui uma agenda de antigos desafios na economia brasileira: a elevada taxa de juros, a carga tributária, o câmbio excessivamente valorizado e a burocracia. Dessa maneira, esperamos que o Governo amplie suas ações para resolver estes velhos problemas, propiciando assim isonomia ao setor produtivo nacional em relação aos estrangeiros. Além disso, acabe com os incentivos dados às importações. A presidente Dilma vem mostrando que se preocupa com o setor produtivo do país, tomemos como exemplo as medidas do programa “Brasil Maior”* (explicação detalhada na pg. 24) anunciadas em 02 de agosto de 2011. No entanto, nós queremos que as mudanças, principalmente a desoneração da folha de pagamento, se espalhem para todos os setores da indústria, não parando apenas nesses poucos setores beneficiados. Além disso, defendemos que a compensação da desoneração da folha sobre o faturamento seja inferior aos atuais 1,5%. Desejamos também que sejam realizados novos leilões para as concessões de energia que vencem a partir de 2015, reduzindo assim o custo da energia no país. Revista Espuma - Com relação ao plano “Brasil Maior”, qual o posicionamento da FIESP? Como analisa este programa e quais aspectos merecem atenção especial? Paulo Skaf - Como um processo inicial foi positivo, mas o plano precisa ser complementado, pois ainda é insuficiente. Espero que seja só o começo. Seguimos confiantes no anúncio de futuras medidas por parte da administração de Dilma Rousseff. A desoneração da folha de pagamento necessita ser ampliada a todos os setores e não apenas aos quatro já anunciados (confecções, calçados, móveis e softwares). Revista Espuma - Qual o cenário atual da indústria brasileira? Paulo Skaf - O cenário da indústria nacional é de estagnação. Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 21 Entrevista 22 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 “O cenário da indústria nacional é de Revista Espuma - Quais as principais conquistas obtidas pela FIESP desde quando o senhor assumiu a presidência? Hoje, qual é a prioridade e os esforços estão direcionados para quais questões? Paulo Skaf - Desde que assumi a Presidência da FIESP, a proposta sempre foi a criação de uma “autoridade produtiva” que defenda a articulação da indústria com outras esferas, como o setor público. Em sintonia com essa linha de atuação, já em 2007, lideramos um movimento nacional pelo fim da CPMF com assinatura de 1,5 milhão de pessoas e conseguimos nosso objetivo. Lutamos também pela reforma tributária, criação de condições para a redução dos juros, desoneração da folha de pagamentos e a redução do preço da energia no país. Recentemente lançamos o movimento “Energia a preço justo”, que visa a redução das tarifas de estagnação. A economia brasileira já vive um processo de desaquecimento, principalmente da atividade industrial. O crescimento do PIB esperado para 2011 é de 4,0% e para 2012 a nossa previsão é a mesma, 4,0%.” A economia brasileira já vive um processo de desaquecimento, principalmente da atividade industrial. O crescimento do PIB esperado para 2011 é de 4,0% e para 2012 a nossa previsão é a mesma, 4,0%. Ainda não podemos dimensionar com clareza os impactos da “nova” rodada da crise, mas poderá ampliar esse processo, justificando assim uma postura agressiva da autoridade monetária na redução dos juros da economia. Revista Espuma - Há alguma novidade ou fatos relevantes e recentes com relação à defesa comercial, adoção de medidas antidumping, compensatórias, de salvaguarda e subsídios? Paulo Skaf - A estrutura da área de defesa comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é pequena e insuficiente para as necessidades do país. Dessa maneira, vemos com bons olhos as iniciativas presentes no plano “Brasil Maior” de melhorias nessa área, além de outras medidas compensatórias e tarifárias. Também são benvindas medidas que ampliem as salvaguardas, licenciamento não automático e triangulação das importações. Porém, a grande questão do comércio internacional brasileiro hoje é cambial. Precisamos criar as condições necessárias para que o diferencial de juros entre o Brasil e outros países diminua, permitindo assim o fim do ciclo de valorização do Real. Revista Espuma - Sobre a reforma tributária, como o Brasil está posicionado? Houve avanços? Quais as providências emergenciais? Paulo Skaf - O Brasil tem feito muito pouco nessa questão. A carga tributária representa 35% do PIB, valor muito mais alto que das economias com que concorremos. Além disso, nosso sistema é complexo e burocrático. Estudo da Fiesp aponta que a burocracia brasileira custa R$ 20 bilhões/ano. Além disso, temos o problema dos créditos acumulados nas exportações de tributos federais e estaduais (valores estimados em mais de 17 e 34 bilhões de reais respectivamente), só para citar alguns pontos. Sendo assim, é praticamente impossível resolver todas essas questões em uma única etapa. A medida emergencial em relação à reforma tributária é a unificação do ICMS interestadual para algo em torno de 4% e a mudança de cobrança da origem para destino, o que resolveria a maior parcela da reforma tributária. Essa medida também acabaria com os incentivos aos importados, na chamada “Guerra dos Portos”. Não se pode mais admitir que o importado pague zero de ICMS enquanto o produto nacional paga 12%. Uniamerica 2.pdf 1 10/08/11 23 energia através da realização de novos leilões para as concessões que vencem a partir de 2015. Reduzir o preço da energia permitirá que as famílias economizem na conta de luz, que os produtos fiquem mais baratos, que as pessoas comprem mais. Isso movimenta toda a economia, gera empregos, enfim, todo mundo ganha. Concomitantemente, realizamos investimentos cada vez maiores em educação. Acreditamos que a qualificação das pessoas é uma forma eficiente de ascensão social e progresso do país. Através do SESI e do SENAI, fizemos uma verdadeira revolução na Educação com ações - como, por exemplo, a implantação do ensino em tempo integral no ensino fundamental. Hoje temos cerca de 200 mil alunos nas escolas do SESI e, no ano passado, registramos quase 1 milhão de matrículas nos cursos do SENAI. 11:56 C M Y Tradição, Qualidade e Transparência que você conhece CM MY CY CMY K Seu parceiro global nos produtos: • Sebo Bovino • Proteínas Animais • Óleos Vegetais • Oleoquímicos • Biocombustíveis • Glicerinas Av. Angélica, 2.530- 13ºAndar – Higienópolis - 01228-200 São Paulo/SP – Brasil – Fone 55 (11) 2142-8100 - Fax: 55 (11) 2142-8133 www.uniamericabrasil.com.br Entrevista 24 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Plano “Brasil Maior” * O objetivo do Plano, idealizado para o período 2011-2014, é aumentar a competitividade da indústria nacional, a partir do incentivo à inovação tecnológica e à agregação de valor. Conheça as 10 metas e as medidas: METAS 1. Ampliar o investimento fixo em % do PIB Posição Base (2010): 18,4% Meta: 22,4% 2. Elevar dispêndio empresarial em P&D em % do PIB Posição Base (2010): 0,59% Meta: 0,90% (Meta conjunta com ENCTI) 3. Aumentar qualificação de RH: % dos trabalhadores da indústria com pelo menos nível médio Posição Base (2010): 53,7% Meta: 65% 4. Ampliar valor agregado nacional: aumentar Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) Posição Base (2009): 44,3% Meta: 45,3% 5. Elevar % da indústria intensiva em conhecimento: VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI total da indústria Posição Base (2009): 30,1% Meta: 31,5% 6. Fortalecer as MPMEs: aumentar em 50% o número de MPMEs inovadoras Posição Base (2008): 37,1 mil Meta: 58 mil 7. Produzir de forma mais limpa: diminuir consumo de energia por unidade de PIB industrial (consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo/tep por unidade de PIB industrial) Posição Base (2010): 150,7 tep/ R$ milhão Meta: 137,0 tep/ R$ milhão (estimativa a preços de 2010) 8. Diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio internacional Posição Base (2010): 1,36% do PIB Meta: 1,6% 9. Elevar participação nacional nos mercados de tecnologias, bens e serviços para energias: aumentar Valor da Transformação Industrial/ Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos setores ligados a energia Posição Base (2009): 64% Meta: 66% 10. Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de vida: ampliar o número de domicílios urbanos com acesso a banda larga (PNBL) Posição Base (2010): 13,8 milhões Meta: 40 milhões de domicílios (Meta PNBL) MEDIDAS ESTÍMULOS AO INVESTIMENTO E À INOVAÇÃO Desoneração tributária • Redução de IPI sobre bens de investimento: - Estender por mais 12 meses a redução imediata de IPI sobre bens de capital, materiais de construção, caminhões e veículos comerciais leves. • Redução gradual do prazo para devolução dos créditos do PISPasep/Cofins sobre bens de capital: - De 12 meses para apropriação imediata. Financiamento ao investimento • Extensão do PSI até dezembro de 2012 (BNDES): - Orçamento de R$ 75 bilhões - Taxa: de 4% a 8,7% - Mantidos focos em bens de capital, inovação, exportação, ProCaminhoneiro. - Novos setores/programas: componentes e serviços técnicos especializados; equipamentos TICs; ônibus híbridos; Proengenharia; Linha Inovação Produção. • Ampliação de capital de giro para MPMEs BNDES Progeren: Novas condições de crédito e prazo - Orçamento: de R$ 3,4 para R$ 10,4 bilhões - Taxa de juro: 10 a 13% a.a. - Prazo de financiamento: de 24 para 36 meses - Vigência prorrogada até dezembro de 2012 - Novos setores incluídos (para médias empresas): autopeças, móveis e artefatos • Relançamento do Programa BNDES Revitaliza: Novas condições de financiamento ao investimento - Orçamento: R$ 6,7 bilhões - Taxa fixa: 9% - Prazos flexíveis conforme projeto - Vigência até dezembro de 2012 - Novo setor incluído: autopeças • Criação do Programa BNDES Qualificação: - Orçamento de R$ 3,5 bilhões - Apoio à expansão da capacidade de instituições privadas de ensino técnico e profissionalizante reguladas pelo MEC - Taxa de juros máxima: 8,3% a.a. • Criação de Programa para Fundo do Clima (MMA)/BNDES: - Recursos para financiar projetos que reduzam emissões de gases de efeito estufa. Financiamento à inovação • Novos recursos para a Finep: - Aumento de crédito de R$ 2 bilhões do BNDES para ampliar carteira de inovação em 2011. Taxa de 4% a 5% a.a. • BNDES: crédito pré-aprovado planos de inovação empresas - Inclusão de planos plurianuais de inovação das empresas do BNDES Limite de Crédito Inovação. • BNDES: ampliação dos programas setoriais - Ampliação de orçamento e condições de acesso aos programas setoriais do BNDES (Pro-P&G, Profarma, Prosoft, Pro-Aeronáutica e Proplástico), quando da sua renovação. • BNDES: Financiamento para redução de emissões - Apoio ao desenvolvimento tecnológico e à comercialização de bens de capital com selo de eficiência energética do Inmetro e para linhas de equipamentos dedicados à redução de emissões de gases de efeito estufa (Fundo Clima – MMA). Marco legal da inovação • Encomendas tecnológicas: - Permitir contratos com cláusulas de risco tecnológico previstas na Lei de Inovação. • Financiamento a ICTs privadas sem fins lucrativos: - Permitir inclusão de projetos de entidades de ciência e tecnologia privadas sem fins lucrativos na utilização dos incentivos da Lei do Bem. • Ampliar o atendimento das fundações de apoio às ICT: - Permitir que as fundações de apoio atendam mais de uma ICT. • Modernização do Marco Legal do Inmetro: - Ampliação no controle e fiscalização de produtos importados. - Ampliação do escopo de certificação do Inmetro. - Implementação da “Rede de Laboratórios Associados para Inovação e Competitividade”. - Maior facilidade em parcerias e mobilização de especialistas externos. COMÉRCIO EXTERIOR Desoneração das exportações • Instituição do Reintegra: - Devolução ao exportador de bens industrializados de 3% sobre valor exportado. • Ampliar o ressarcimento de créditos aos exportadores: - Mais agilidade aos pedidos de ressarcimento no valor de R$ 19 bilhões - Processamento automático dos pedidos de ressarcimento e pagamento em 60 dias a empresas com escrituração fiscal digital, a partir de outubro de 2011. - Escrituração fiscal digital obrigatória, a partir de março de 2012. Defesa comercial • Intensificação da defesa comercial: antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias: - Redução de prazos: de 15 para 10 meses (investigação) e de 240 para 120 dias (aplicação de direito provisório). • Combate à circunvenção: - Extensão de direitos antidumping ou de medidas compensatórias a importações cujo objetivo seja reduzir a eficácia de medidas de defesa comercial em vigor. • Combate à falsa declaração de origem: - Indeferimento da licença de importação no caso de falsa declaração de origem, após investigação. • Combate a preços subfaturados: - Fortalecimento da fiscalização administrativa dos preços das importações, para identificação de casos de subfaturamento. • Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação com foco na Política: - Apoiar, no âmbito do Mercosul, a proposta de criação de mecanismo para permitir aumento do imposto de importação. • Aumento da exigência de certificação compulsória: - Instituição (ou ampliação) de tratamento administrativo para importações de produtos sujeitos à certificação compulsória e fortalecimento do controle aduaneiro desses produtos, mediante cooperação entre Inmetro, Secex e Receita Federal. - 150 novos servidores (Inmetro) • Fortalecimento do combate a importações ilegais: - Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória • Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados: - Revisão da Resolução CAMEX suspendendo a concessão de extarifário para bens usados. • Quadruplicar o número de investigadores de defesa comercial: - Ampliar de 30 para 120 o número de investigadores de defesa comercial. Financiamento e garantia para exportações • Criação de Fundo de Financiamento à Exportação de MPME – Proex Financiamento: - Fundo de natureza privada criado no BB para empresas com faturamento de até R$ 60 milhões. - A União é o principal cotista (aporte inicial), mas outras instituições poderão fazer parte do fundo. - Alimentado com os retornos futuros do Proex Financiamento. - Aprovação na alçada do BB. - Seguro de crédito à exportação/FGE: sistema informatizado para emissão de apólice on line BB ou BNDES. • Enquadramento automático Proex Equalização: - Definição de spreads de referência que terão aprovação automática nas exportações de bens e serviços. - Empresas com faturamento de R$ 60 a R$ 600 milhões continuarão com condições de financiamento equiparadas ao Proex Financiamento. • FGE limite rotativo instituições financeiras – países de maior risco: - Fundo de Garantia à Exportação com limite de US$ 50 milhões ao ano para exportação de bens manufaturados. - Pagamento do financiamento abre saldo para novas operações Promoção comercial • Entrada em vigor do Ata-Carnet: - Facilitação da circulação dos bens em regime de admissão temporária (sem a incidência de tributos). • Estratégia Nacional de Exportações: - Adoção de estratégia de promoção comercial por produtos/serviços prioritários em mercados selecionados e adoção dos Mapas de Comex por Estado. DEFESA DA INDÚSTRIA E DO MERCADO INTERNO Desoneração da folha de pagamento Projeto piloto até 2012, terá medidas acompanhadas por um comitê tripartite formado por governo, sindicatos e setor privado. Setores beneficiados: - Confecções, calçados, móveis e software - Pagamento será transferido para o faturamento - Impacto neutro sobre a Previdência Social Regime especial setorial Automotivo: criação de um novo regime - Incentivo tributário como contrapartida ao investimento, agregação de valor, emprego e inovação. - Assegurado os regimes regionais e acordo do Mercosul. Compras governamentais Regulamentação da Lei 12.349/2010: - Institui margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras. - Foco nos setores: complexo de saúde, defesa, têxtil e confecção, calçados e tecnologia da informação e comunicação. - As margens serão definidas levando em consideração: geração de emprego e renda e desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país. Acordo Bancos Públicos: harmonização de políticas de financiamento Harmonização das condições de financiamento dos bancos públicos com recursos da União (FAT, Fundos Constitucionais, recursos do Tesouro) 25 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Em Foco 1 26 aos efeitos da crise global de 2008, detonada pelos problemas de financiamento e liquidez bancária que se iniciaram nos EUA. Isso vem provocando nos últimos anos um rápido e significativo aumento do endividamento, em especial nos países integrantes da Zona do Euro e nos Estados Unidos. O Gráfico 1 ilustra a trajetória da relação dívida/PIB na zona do Euro, desde sua criação, em 2000. Contrastando com a relativa estabilidade Relação Dívida / PIB (%) Zona do Euro e Grécia 90 85 143% Zona do Euro 85% 80 110 105% 70 100 66% 90 60 80 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Elaboração FIRJAN com dados da Eurostat. Cenário Econômico Mundial justifica fim do aperto monetário H á 45 dias, após mais um aumento da taxa básica de juros, o Sistema FIRJAN alertava para uma decisão precipitada e incompatível com o cenário macroeconômico. Essa análise teve como elemento chave a perspectiva de um significativo - e inevitável - ajuste fiscal nos países desenvolvidos, confirmada nas semanas seguintes pelos anúncios de um amplo plano de ajuda financeira àEuropa e de corte de gastos por parte do governo norte-americano. Além disso,eram claros os sinais de desaceleração da atividade e da inflação domésticas. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é jogar luz sobre a real profundidade dessa crise fiscal e suas possíveis implicações para economia brasileira. Governos de todo o mundo se engajaram em políticas fiscais ativas, caracterizadas pelo aumento expressivo do déficit público, em resposta 130 120 75 65 150 140 Grécia 2010 dos anos anteriores, esta relação saltou de um patamar de 66% em 2007 para 85,3% em 2010. No caso da Grécia, a dívida chegou a 143% do PIB. Ainda que o caso grego seja o mais grave, não é o único. Boa parte dos países da zona do Euro está em grande dificuldade fiscal. Com dívidas elevadas e receitas comprimidas pela baixa atividade econômica, a única saída é o corte de gastos e/ou o aumento dos impostos. A grande questão é saber qual a magnitude desse ajuste fiscal. Em outras palavras, a pergunta a ser respondida é: qual deve ser o resultado primário para que a dívida pare de crescer, ou seja, para que fique estável? A Tabela 1 apresenta os cálculos para os países da Zona do Euro. A diferença entre o resultado primário observado e o necessário para estabilizar a dívida dimensiona o tamanho do ajuste fiscal necessário, representado nas colunas 4 e 5. 27 Em Foco 1 28 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Tabela 1 – Panorama Fiscal na Zona do Euro Matéria Estoque Resultado Prima da dívida Prim. (PIB%) %PIB Irlanda 96% Grécia 143% Superávit Tamanho Tamanho Sustentável do Ajuste do Ajuste %PIB %PIB (Milhões EUR) -29,2% -1,3% 30,8% 46.903 -4,9% -4,6% 9,6% 28.075 Portugal 93% -6,1% -1,6% 7,7% 8.763 Espanha 60% -7,3% -0,4% 6,9% 73.719 França 82% -4,5% -1,2% 3,4% 65.006 Zona do Euro 85% -3,2% -1,2% 2,0% 181.184 Malta 68% -0,6% -1,6% 1,0% (63) Belgica 97% -0,7% -1,5% 0,8% (2.854) Estonia 7% -0,3% -0,2% 0,5% (68) Finlandia 48% -1,4% -1,4% 0,0% (10) Austria 72% -2,0% -1,6% -0,4% 1.043 Italia 119% -0,1% -0,8% -0,7% (10.869) Luxemburgo 18% -1,3% -0,5% -0,8% 328 Alemanha 83% -0,9% -1,9% -1,0% (25497) Holanda 63% -3,4% -0,8% -2,6% 15.298 Elaboração FIRJAN com dados da Eurostat. De fato, chama atenção a magnitude do ajuste para os chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Tendo em vista o tamanho do ajuste para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha não há alternativas senão a adoção de medidas que mudem profundamente o quadro fiscal desses países. Na Itália, um orçamento relativamente equilibrado (déficit de 1% do PIB) reduz o esforço de estabilização. No entanto, o tamanho da dívida e a fragilidade política italiana sustentam elevada incerteza quanto à sua trajetória fiscal. A situação francesa também chama a atenção. Os dados mostram que o socorro que a França pode oferecer aos demais países da zona do Euro é limitado, uma vez que a economia francesa também precisará passar por uma forte política de corte de gastos, estimada em torno de 3% do PIB. Nessa matemática, a Alemanha parece ser a única com solidez fiscal para financiar o ajuste preconizado. Contudo, a margem que a economia alemã possui é estreita e insuficiente para socorrer as demais economias da Zona do Euro. Para se ter uma ideia, o ajuste fiscal estimado para a zona do Euro como um todo deverá ser da ordem de €181 bilhões, o que implicará em um fraco desempenho econômico da região nos próximos anos. A situação fiscal norte-americana é bastante similar à europeia. Entre 2007 e 2010, a relação dívida/PIB dos EUA saltou de 64% para 92%, intensificando a trajetória ascendente observada durante toda década passada – Gráfico 2. Essa forte expansão fiscal culminou na recente elevação do teto da dívida norteamericana, sem a qual um calote seria provável. Dívida Americana Relação Dívida/ PIB (%) NOTA METODOLÓGICA Existem basicamente duas abordagens conceituais para a questão da sustentabilidade da política fiscal, a abordagem contábil e a abordagem do valor presente, conforme Rocha (2005). Ambas têm como ponto de partida a restrição orçamentária do governo: 57% 56% 58% 61% 62% 63% 63% 64% 69% 84% 92% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Nessas condições, foi feito para a economia americana o mesmo exercício descrito anteriormente para os países europeus. Para os EUA, os cálculos mostram que o ajuste necessário é da ordem de 6,1% do PIB, ou US$ 898,3 bilhões - Tabela 2. Tabela 2 – Panorama Fiscal - EUA Em % do PIB Dívida Déficit Déficit sustentável Ajuste necessário Ajuste em US$ bi 92% 8,90% 2,70% 6,10% 898,3 Os dados aqui expostos não deixam dúvidas quanto ao significativo - e inevitável - ajuste fiscal que as economias europeia e norte-americana têm pela frente. Assim, a recuperação da economia mundial que, embora lenta, parecia provável, abriu espaço para a possibilidade de uma dupla recessão. Na verdade, a crise financeira de 2008 deu lugar à crise da dívida de 2011. Ainda que a magnitude dos efeitos dessa crise fiscal sobre a atividade econômica mundial não seja conhecida, estes certamente terão impactos deflacionários para o Brasil, movimento já precificado pela curva doméstica de juros. Ademais, todos os indicadores disponíveis ratificaram a desaceleração da atividade econômica e o arrefecimento da inflação diante do aperto monetário em curso. Neste sentido, o Sistema FIRJAN reforça a pertinência e a importância da flexibilização da política monetária. Bt = (1 + rt) Bt-1 - SUPt Onde, B é dívida real do setor público, rt é a taxa real doméstica de juros e SUPt é o superávit primário do governo. Essa equação descreve a dinâmica da dívida. Se o Governo não gera superávit, o estoque da dívida cresce a uma taxa igual à taxa de juros Por outro lado, se o governo (B t – B t-1 = r tB t-1). apresenta um déficit primário (SUP t<0) o estoque da dívida crescerá a uma taxa que excede a taxa de juros, ocorrendo o contrário se o governo apresenta superávit primário. Reescrevendo a restrição orçamentária em razão do produto (Yt ), tem-se: Bt = (1 + rt) Bt-1 – SUPt Yt (1 + gt) Yt-1 Yt Ou bt = 1 + rt bt-1 – supt Onde gt é a taxa de crescimento do produto entre t – 1 e t. Este trabalho teve como base a abordagem contábil, na qual um déficit (superávit) primário é considerável sustentável se ele gera uma razão dívida/produto constante. Assim, o superávit primário sustentável é determinado fazendo-se bt igual a bt–1 na equação cima, o que resulta em: Superávit sustentável = supt = rt – gt b 1+gt Onde rt é a taxa real doméstica de juros; gt é a taxa de crescimento do produto entre t – 1 e t e b é a razão dívida/produto. 29 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Em Foco 2 30 Indústria e Comércio José Miguel Ltda A Indústria e Comércio José Miguel Ltda teve início em 1954, quando José Miguel de Araújo em busca de novos caminhos, implantou sua empresa, ainda modesta, na cidade de Arcoverde-PE, produzindo sabão em caixotes, basicamente artesanal. No ano de 1979, José Miguel ofereceu uma oportunidade de emprego ao seu neto, Wellington José Pereira de Araújo, onde passou por diferentes áreas com a finalidade de entender a filosofia empresarial, atuando desde auxiliar de produção até as mais específicas funções estratégicas para o desenvolvimento empresarial. Apostando na linha de sucessão familiar em 2005, vislumbrou um executivo que tivesse fielmente a capacidade de conduzir e garantir o modelo filosófico dos negócios com total confiança, promovendo Wellington Araújo a sócio e Diretor superintendente da empresa. Além de ser empresário atuante, participa ativamente do desenvolvimento da cidade de Arcoverde-PE, desempenhando o cargo de Secretário de Desenvolvimento Econômico; Diretor de núcleos setoriais da Associação Comercial de Arcoverde (ACA); Diretor da Câmara de Dirigentes Lojista de Arcoverde (CDL); Presidente do Conselho Deliberativo do Democrático Esporte Clube, bem como, Vice Presidente do Sinfacope – FIEPE; Diretor do Sindilimpe – FIEPE e Diretor da ABISA – Associação Brasileira dos Fabricantes de Sabão e Afins. Na área social, contribui como Membro do Rotary Club e Presidente do Instituto José Miguel de Araújo, que é uma entidade civil sem fins lucrativos, fundada em 2005, e tem por missão desenvolver ações gratuitas de apoio à saúde, junto aos segmentos que lidam com a Síndrome de Down. Visa trabalhar ferramentas onde o portador de Down, freqüente a escola e depois seja inserido no mercado de trabalho, pois acreditamos que o potencial humano não pode ser valorado e medido pelos meios fáceis e cômodos da competição. Para realização desse projeto contamos com o apoio das parcerias públicas e privadas. Dando continuidade aos negócios de seu avô, e tendo experiência neste mercado, buscou novos desafios, incrementando a fabricação da linha de produtos líquidos. Atento na busca permanente pela qualidade e na evolução dos negócios, investiu em inovações tecnológicas, desenvolvimentos de novos produtos, aperfeiçoando laboratório, estoque, logística e demais áreas. A empresa ocupa uma área de 4.205,70m², atualmente constituída por uma equipe interna de 60 colaboradores, além da equipe comercial composta por 12 representantes e distribuídos nos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia e Sergipe, conta ainda com a parceria de 12 promotores que atuam diretamente no ponto de venda com material de merchadgner e relacionamento direto com os clientes. O marketing recebe uma atenção especial da empresa, com importantes informações relacionadas à tendência de mercado e capacitação para a área comercial, acreditamos que tão ou mais importante do que produzir com qualidade é oferecer aos clientes o que ele deseja atendendo as suas necessidades. Superar as expectativas dos clientes faz parte da nossa política de sucesso. O lançamento de um produto no mercado envolve internamente todo um estudo de pesquisas para melhor atender as necessidades do consumidor. O nosso objetivo é oferecer produtos com qualidade, melhor custo x benefício, respeito ao meio ambiente e que garanta ao consumidor praticidade na execução das suas atividades. Tendo em vista, que o cliente é ponto fundamental no desenvolvimento do produto. Visando cuidar da limpeza de sua casa, desenvolveu produtos para os diversos tipos de ambientes, como: sabão em barra; lava louças, detergente em pó; cera líquida; limpador perfumado; multiuso; amaciante de roupas; limpa alumínio, limpa vidros, pastilha sanitária e naftalina. Em breve, apresentará novos rótulos, e o lançamento dos produtos Lava Roupas líquido e Desinfetante. 31 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Em Foco 2 32 Inovação O Amaciante Riso Floral está muito mais bonito com cores vivas e conta com uma embalagem prática: possui formato anatômico e frascos PET reciclável que não agride o planeta, nas versões de 500 ml e 2000 ml. Sua fórmula concentrada proporciona o dobro do rendimento dos produtos regulares. Você terá roupas naturalmente macias e perfumadas com um cheirinho que você só vai sentir com o Amaciante Riso, nenhum outro produto do mercado pode propiciar esse cheirinho. As mudanças das embalagens dos lava louças de 500 ml e 2000 ml faz parte da nova evolução dos produtos Riso. Além dos produtos e embalagens reformulados, a Riso marca presença agora na web. www. indjosemiguel.com.br, você pode tirar dúvidas sobre todos os produtos, deixar um depoimento e fazer sua reclamação para contribuir com o constante aperfeiçoamento dos produtos. Mas esse é apenas um primeiro passo para uma nova era, você poderá encontrar sempre uma dica nova e diferente de limpeza que a Riso passa para seus clientes. Há 58 anos no mercado a Indústria José Miguel é fundamentada no desenvolvimento social, proteção ambiental, crescimento econômico, vem orientando seus produtos, serviços e processos a atuarem dentro dos parâmetros legais e ecologicamente corretos, sempre buscando atender completamente as necessidades do consumidor, continuamente ciente de sua atuação para com a sociedade. 33 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Em Foco 3 34 29º Congresso & Exposição para Empresas de Produtos e Limpeza será realizado em Natal (RN) A lém de abrigar o 29º Congresso & Exposição para empresas de produtos de limpeza, de 23 a 25 de outubro, o Pirâmide Natal Resort & Conventions, em Natal, sediará simultaneamente o 2° Seminário ABC de Tecnologia em Cosméticos, co-organizado pela Associação Brasileira de Cosmetologia e a Freedom Comunicações. Este evento contará com a participação de empresas fornecedoras para o segmento saboeiro e de higiene e limpeza & cosméticos. Paralelamente, Planta Atualizada até dia 07/10/2011 PROGRAMAÇÃO DO EVENTO * Dia 23/10 - domingo 14h - Início da secretaria / entrega de material / venda de convites para o jantar 16h - Entrega dos estandes pela montadora para os expositores 17h - Início da exposição 20h30 - Abertura do Evento 21h - Jantar com musica (a confirmar) * Dias 24 e 25/10 - segunda e terça-feira será realizado o congresso com palestras técnicas e de mercado. Se você deseja vender matérias-primas, fragrâncias, equipamentos e serviços na região Norte e Nordeste para os segmentos de higiene e limpeza & cosméticos este é o evento certo! Local Rua Senador Dinarte Mariz, nº 1.717 – Via Costeira Natal (RN) - Brasil 8h30 às 13h30 - Programa de palestras. 9h às 18h - Exposição. EXPOSITORES ABIPLA Brenntag Morais de Castro ABISA Coremal Nordesquim Aboissa Ecadil Phyto ACMA Ekato Systems PIC Química American Chemical JD Royale Química Anastácio Bandeirante Brazmo Maksiwa Quimisa BASF Master Pumps Pegmatech Sasil 35 36 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 PROGRAMA OFICIAL * Dia 24/10 - segunda-feira 07h15 - Inscrições 08h15 - Abertura / Opening 08h30 - BPF e Qualidade: Ferramentas para redução de custos operacionais, proteção da marca e diferenciação no mercado – Paulo Ferreira – Konduk 09h30 - Aditivos de performance para sabão em barra - Deise Gonçalves - BASF 10h15 - Pausa / Coffee Break 10h45 - Lei dos resíduos sólidos - Logística Reversa 11h45 - Atualização sobre o uso de enzimas no segmento doméstico, hospitalar e institucional Luiz Felipe Gagliano – Quimisa 12h30 - Tendências no mercado global e reflexos na realidade brasileira - Jefferson Santos Innovative Linkage 13h30 - Cores, efeitos e soluções em home e personal care - Leni Rabello – Dynatec 14h15 - Sorteio de brindes – MP4 e assinaturas da H&C 14h30 - Almoço / Lanche 15h30 - Espaço para visita aos estandes 16h00 - Mini-curso sobre auto-maquiagem para as participantes e esposas. 19h00 - Encerramento - 1º dia * Dia 25/10 - - terça-feira 08h30 - As tendências de consumo da classe C, as categorias que mais se destacam na nova classe média e quais os anseios das classes C e D - Thaís Lordelo Castro – Nielsen 09h30 - SUPERAÇÃO: Você no topo da excelência - Carla Galo - Especialista em desenvolvimento de Talentos Humanos e Gestão de Negócios. Patrocínio: Phytoessence Fragrâncias 10h30 - Pausa / Coffee Break 10h45 - O Nordeste cresce acima da média nacional: o seu negócio está preparado para essa oportunidade? – Cláudio Marinho – Patrocínio: ABISA 11h45 - Novas perspectivas na regulação de saneantes – Dra. Fernanda Almeida – ANVISA 12h30 - ECOSURF: nova geração de surfactantes de baixa toxicidade e alta eficiência - Patricia Augusto - Dow Brasil / Bandeirantes Brazmo 13h15 - Uma análise dos mercados de soda cáustica, óleos láuricos e sebo bovino – Rodrigo Quartim, Heitor Augusto e Dayane Teles – Aboissa 14h00 - Sorteio de brindes – MP4 e assinaturas da H&C 14h15 - Almoço / Lanche 15h15 - Espaço para visita aos estandes 19h00 - Encerramento - 2º dia 37 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 A CAPA 38 s substâncias químicas produzidas industrialmente se dividem em três categorias, de acordo com a complexidade das operações e o grau de sofisticação necessário para as respectivas produções. Há as commodities, substâncias básicas para indústria em geral, produzidas em grande quantidade e vendidas a baixo preço; especialidades químicas, que são compostos fabricados em pequenas quantidades para finalidades bem específicas, vendidos geralmente a preços elevados; e por fim, os produtos de química fina, que se caracterizam por preços mais elevados, uma vez que exigem várias etapas para a sua produção. Segundo explicação de Peter Martin Andersen, conselheiro da ABIFINA – Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades - o que se convencionou chamar de química fina pode ser dividido em dois grandes segmentos: o primeiro é o das especialidades químicas, que são os produtos prontos para o consumo, como medicamentos, defensivos agrícolas, perfumes, cosméticos, catalisadores, aditivos alimentares etc. O segundo é o de intermediários de síntese e princípios ativos que são moléculas químicas puras utilizadas no preparo das especialidades. “O Brasil tem um bom mercado e um parque industrial razoavelmente desenvolvido no campo das especialidades, mas há uma carência muito grande na área da produção de intermediários de síntese e de princípios ativos.” Extratos naturais e a nanotecnologia O retrato da indústria de Química Fina Por Lia Freire Insumos químicos transformados em produtos de alto valor agregado Para onde a indústria da química fina está caminhando? Qual a tendência que vem predominando? Para os especialistas neste mercado, além do setor passar por uma forte expansão e com boas perspectivas de futuro, o apelo natural é uma forte tendência e o próximo passo seria a utilização de ativos naturais. “Atualmente ainda se faz bastante uso de ativos “label claim”, orientado ao apelo natural e não para a atividade que estes extratos podem trazer aos produtos”, observa o conselheiro da ABIFINA, Peter, destacando que em termos de diversidade de componentes químicos para os setores Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 de cosméticos e household, no Brasil ainda há uma forte presença de conceitos naturais não brasileiros, tais como, camomila, menta, maça, lavanda etc. “Para mudar esta situação teríamos dois caminhos a percorrer: o primeiro é explorarmos a biodiversidade brasileira e o segundo, desenvolvermos ativos que tragam benefícios tangíveis aos produtos.” Explorar a biodiversidade brasileira ainda é um grande desafio para as empresas brasileiras devido a complexa e burocrática legislação em vigor, sendo urgente uma revisão na polêmica legislação de acesso (MP 2186-16/2001). “É urgente a revisão deste marco legal, tornando-o alinhado à agilidade da inovação e às necessidades do país em valorizarmos “O mercado passa por uma forte expansão e com boas perspectivas de futuro no que tange o uso de extratos naturais na formulação de cosméticos e household.” nossa biodiversidade e promover seu uso de forma sustentável”, pontua Peter. O diretor da divisão química da M.Cassab, Paulo Amorim, também acredita que os temas ambientais e de sustentabilidade orientarão os negócios no mercado de química fina, além de parcerias com fornecedores de atuação global. A divisão química fina da empresa apresenta a linha de tensoativos e oleoquímicos, ativos para transformação capilar, antitranspirantes, ésteres funcionais especiais, filtros solares, conservantes naturais e tecnologia em nanosferas. “Acreditamos que os principais avanços até hoje obtidos pelo mercado brasileiro de química fina estão relacionados à nanotecnologia e ao emprego do conceito de produtos “verdes”/ ecológicos. 39 40 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 “O Brasil tem um bom mercado e um parque industrial razoavelmente desenvolvido no campo das especialidades, mas há uma carência muito grande na área da produção de intermediários de síntese e de princípios ativos.” Um pouco de história Pesquisas e estudos apontam que a química fina teve início em 1856, quando o químico britânico William Henry Perkin preparou acidentalmente um corante púrpura (a malvaína), da mesma cor que o corante natural, extraído de moluscos, que era vendido na época a um preço mais elevado que seu peso em ouro, motivo pelo qual apenas a nobreza e o clero usavam vestimentas dessa cor. Perkin ao “descobrir” a síntese da malvaína, estava tentando sintetizar a quinina, cuja fórmula não era conhecida! O empirismo ainda dominava a química. A matéria-prima usada por Perkin na síntese da malvaína foi a anilina, obtida a partir do alcatrão da hulha, uma mistura de subprodutos indesejada da indústria siderúrgica que usava a hulha, abundante na Inglaterra e na Alemanha, como fonte de aquecimento dos altos fornos. A procura de uma utilidade para esse subproduto levou, na época, a estudos intensos sobre a estrutura e a reatividade de seus compostos, conhecidos como compostos aromáticos, estruturalmente relacionados ao benzeno, cuja estrutura foi proposta pelo químico alemão, Friedrich A. Kekulé, em 1865. Na segunda metade do século XIX, os químicos, principalmente os alemães, já dominavam a química dos compostos aromáticos de forma racional, o que permitiu a eles realizar a síntese industrial de um grande número de produtos de grande utilidade, como corantes e medicamentos, a um preço acessível à população. Vem dessa época a fundação de gigantes da indústria de química fina em funcionamento até hoje, como Bayer (1863), Hoechst (1863), Basf (1865) e Agfa (1867). Na década posterior, entre 1870 e 1880, a Alemanha se tornou líder mundial no ramo dos corantes sintéticos e logo depois na indústria química em geral. Recentemente, a Herga investiu na compra de equipamentos, fez up grade em outros; reformulou a equipe técnica; criou o setor QSMS - Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança – e implantou a ISO 9001 e 14001. Em particular, na M.Cassab destacamos a linha de tecnologia em nanosferas, ésteres especiais de origem natural e blends terpênicos. Ser uma empresa de sucesso neste ramo não consiste apenas em ter uma boa infraestrutura e exceder a satisfação dos clientes. A responsabilidade com o meio ambiente é um atributo que uma grande empresa deve possuir. Somos uma companhia responsável socialmente, que vê na cidadania uma importante ferramenta para a construção de um mundo melhor. As ações de responsabilidade social e de respeito ao meio ambiente são consideradas partes integrantes do nosso negócio, alinhando nossa empresa com as mais modernas práticas de gestão empresarial”, reafirma Amorim. De acordo com Alessandro Duarte, gerente geral da Herga Indústrias Químicas, o setor de química fina por ser altamente dinâmico consegue absorver rapidamente as evoluções que se fazem necessárias, especialmente com relação aos processos produtivos. “A exigência está em produzir de acordo com os princípios da sustentabilidade e responsabilidade social. E não para por aí! Surgem novas tecnologias como a nanotecnologia, o que nos leva cada vez mais a investir em pesquisa e desenvolvimento, se adequando às novas tendências.” Duarte ainda destaca que hoje, com a implantação de novas fábricas e marcas de cosméticos no Brasil, a demanda por quaternários para shampoos e condicionadores tem aumentado significativamente, assim como acontece no setor de household. Neste caso, especialmente devido o aumento do poder aquisitivo da população brasileira e a elevada demanda por quaternários de amônio, que são usados como bactericidas e amaciantes de roupas. Fundada em 1957, a Herga foi pioneira na fabricação de sais quaternários de amônio (Quats) no Brasil, tendo iniciado em 1970 a primeira produção de cloreto de cetrimônio. “Procuramos fazer corretamente os “deveres de casa”, buscando melhorias contínuas dos processos de fabricação, investindo em treinamentos dos funcionários e garantindo a qualidade de nossos produtos, utilizando matérias-primas asseguradas e importadas de antigos parceiros dos USA e da Alemanha”, declara o químico da Herga, Rodrigo Westphal. 41 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 O CAPA 42 poder das cores Por Maia Inês Regatto, diretora técnica da CCI – Química As cores exercem uma grande influência psicológica nos seres humanos. E no que se refere a sua utilização nos produtos de higiene pessoal e limpeza, a demanda no Brasil é cada vez maior. A CCI Química atenta a isto vem desenvolvendo em seu laboratório, novas cores com mais brilho e apelo visual. Estamos constantemente testando a estabilidade destas novas tonalidades em diferentes meios, visando o desempenho dos corantes e pigmentos a novos ativos e diferentes fragrâncias. É preciso ficar atento a possíveis reações das cores. Por isso, os testes de estabilidade são necessários para que os produtos mantenham não só sua eficácia como também a aparência. Devemos sempre lembrar que os consumidores compram primeiro a aparência, então, os cuidados com possíveis mudanças de cor, decantação etc, são fundamentais. Nós da CCI trabalhamos com corantes e pigmentos que dão ao produto final a sua real necessidade. Além das cores, temos em nosso portfólio o BRY 10 DÓR F, que é um alvejante ótico que confere aos sabões em pó e detergentes lava roupa líquido o “Branco mais Branco”. Ele tem a função de deixar as roupas brancas a cada lavagem devido o seu efeito cumulativo, ou seja, quanto mais lavagens, mais branco fica. Equipe Herga (da esq. para dir.): o químico Rodrigo Westphal; Marcelo Correia, do departamento comercial e Alessandro Duarte, gerente administrativo e financeiro. Nos últimos anos, a empresa recebeu importantes investimentos em diferentes áreas, que incluem desde a compra de equipamentos e up grade de outros existentes; reformulou a equipe técnica; criou o setor QSMS - Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança – e implantou o Sistema de Gestão Integrada (ISO 9001 e 14001). Aumentar a área de atuação no território nacional e voltar a exportar os seus produtos para toda a América Latina e Europa são as próximas metas da Herga. “Também iremos focar em parcerias nas áreas petroquímica e agrícola, desenvolvendo especialidades e serviços diferenciados com grande estrutura em logística”, pontua Marcelo Correia, responsável pela área comercial da empresa. Aspectos que merecem atenção Sobre os desafios do mercado de química fina, o conselheiro da ABIFINA, Peter, destaca que os principais deles estão relacionados à legislação de acesso ao uso da biodiversidade brasileira, que tem trazido insegurança, bem como altíssima carga de impostos para setor. “A solução da lei de acesso passa pela indignação e pressão da sociedade para que a legislação seja alterada para estimular as pesquisas e o uso de produtos oriundos da biodiversidade brasileira. No caso dos insumos, outro obstáculo é a importação descontrolada de ativos devido o fortalecimento do real, aliado a falta de isonomia regulatória, pois as empresas brasileiras sofrem forte fiscalização das autoridades, o que não ocorre com as estrangeiras. O nosso foco é apoiar o governo a criar e implementar mecanismos regulatórios mais isonômicos no que tange a importação de insumos. Não necessariamente proteger, mas sim criar regras mais igualitárias.” Peter ainda observa a carência de profissionais qualificados e com perfil adequado para atuarem no setor. “Caso o Brasil enfrente as questões de logística, tributárias, regulatórias, entre outras, não há dúvidas de que teremos um mercado com grande potencial, especialmente considerando a riqueza da nossa biodiversidade”, finaliza Peter. Em um universo tão grande de produtos de higiene e limpeza, podemos criar uma infinidade de cores que dão ao produto final o toque que abre um leque de possibilidades comunicativas. 43 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Caderno Técnico 1 44 Recursos Renováveis C Por Anna Carolyne Guedes Ribeiro Aboissa Óleos Vegetais om o avanço da tecnologia, podemos dispor atualmente de inúmeras soluções para a fabricação de um produto cuja matéria – prima está tornando-se escassa. Um exemplo atual dessa afirmação é o uso de produtos a base de cera sebo ( o mesmo utilizado na fabricação de sabão e sabonetes), para a fabricação da parafina – que tinha em sua composição o uso do petróleo, matéria não renovável, que se torna cada vez mais cara e escassa. O desafio desse novo tipo de uso dessas matérias é entrar em um mercado totalmente inconstante. A pouca disponibilidade do petróleo, tem reduzido e até mesmo interrompido a fabricação de lubrificantes a base de óleo. A fabricação dos produtos dependentes dessa matéria-prima tem diminuído sua produção em toneladas desde pesquisadores de mercado garantem que esse segmento tem potencial de aumentar o dobro do que o esse número estipulado. A maior responsável pela aceleração do crescimento desse mercado está na fabricação de velas. Muitos dos consumidores têm a preferência por produtos naturais, o que aumenta a procura por velas a base de cera vegetal – Ulrich Huntenburg, chefe executivo da Kahllwax diz: “Uma global e estável tendência verde”. Para favorecer ainda mais esse segmento natural, as regulamentações e autorizações para produtos a base de petróleo e derivados, devem ser registradas por dossies seguros, alguns com um valor muito alto o que faz os produtores saírem de mercado. Já do outro lado, produtos naturais não precisam ser registrados, desde que eles não sejam quimicamente modificados. Todavia, as tendências de mercado e suas influências nos hábitos e consumo da população abrem uma enorme porta para os produtos oriundos de base natural, aumentando suas vendas. A pergunta que todos fazem agora é se haverá produtores suficientes para suprir essa nova demanda de mercado que está surgindo. O Potencial 2006, além disso o preço da parafina aumentou de 5-10% na Europa e nos Estados Unidos. Em contrapartida a necessidade da parafina é visível, só nos Estados Unidos, no último ano, a importação de parafina foi 16% maior que no ano anterior e, a China é responsável por 2/3 da fabricação do produto no mundo todo. Na Europa a oferta x demanda da parafina está apertada, o motivo é que os produtores passaram a exportar seus produtos para as regiões que possuem as maiores altas dos valores. A procura pelo sebo tem crescido muito desde então, além de todos os benefícios, a parafina a base de sebo tem o valor muito inferior ao produto produzido com petróleo. Segundo especialistas da empresa Kline & Co, a demanda dessa matériaprima, cresce em torno de 2% ao ano, mas outros de mercado O potencial para ceras de produtos renováveis, parecem enormes. Kline estima que a participação global do mercado de sebo é somente de 2%. O fato é que, o petróleo é responsável por uma fatia de 85% desse mercado, mas, há pouco tempo atrás essa fatia era de 90%. As verdadeiras ceras são consideradas esteres após um longo processo de ácidos gordurosos. Mas, além desse processo, tem-se incluído substâncias com propriedades parecidas, como a cera de parafina com hidrocarboneto e cera de abelha como uma mistura de hidrocarboneto e esteres. As principais ceras de vegetais provém da soja, óleo de palma, carnaúba, candelilla, jojoba e mamona, enquanto a principal cera animal é a produzida por abelhas, espermacete e sebo. As principais aplicações da cera são para velas, embalagens - como revestimento para caixa de papelão ondulado - cosméticos, higiene e setor de saúde. As ceras vegetais são vendidas diretamente para alguns consumidores finais, como empresas de embalagens, que possuem aproximadamente a quarta parte do mercado global. As ceras animais tem desvantagem por serem evitadas por certo número da população, devido a crenças culturais e religiosas. Reciclagem A reciclagem tem ganho uma maior visibilidade em nosso cotidiano, devido as preocupações com a escassez de matéria-prima, que alavancam o preço dos commodities. O modo como se vê a reciclagem deixou de ser somente uma forma de conseguir renovar as matérias-primas, mas um meio de eliminar resíduos sem danificar o meio ambiente. Quando falamos da reciclagem de biomateriais, estamos tendo um enorme valor, pois no processo de reciclagem, economiza-se energia e regenera o solo através de sua conversão em adubo. O esquema de berço para berço – cradle to cradle schemes (C2C)- existe há aproximadamente 10 anos e tem o intuito de diminuir o desperdício de materiais. Esse esquema funciona da seguinte forma: os materiais para reciclagem são divididos em 2 caminhos, um deles é biológico, então eles podem ser regenerados e transformados em biocombustível e bioquímicos através de processos com sínteses químicas ou fermentação. O segundo, envolve uma reciclagem técnica, onde passam por várias cascatas de reutilização de produtos de níveis cada vez menores de performance. O principal desafio da reciclagem desse material não é a tecnologia para a reutilização dos resíduos e sim, uma infra estrutura de coleta para recolher todo o material utilizado. Fonte de pesquisa: Revista Oils & Fats International (OFI) 45 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Caderno Técnico 2 46 O Mercado do Sebo D Palestrante: Dayane Teles – Aboissa Óleos Vegetais urante o ano de 2011, a oferta do sebo não foi abundante, o que criou a expectativa de recuo foi a demanda fraca e a pressão dos compradores. As vendas foram fracas no setor de higiene e limpeza e, houve pressão por parte dos compradores, quanto ao biodiesel, a reação também não foi muito diferente, o desafio do último leilão colaborou para a pressão sobre as cotações. O que ainda motiva esse mercado é a oferta curta. Mas, a indústria do sebo vem a longo tempo registrando alta no mercado. O sebo passou a ser disputado pelo setor de higiene e limpeza e de biodiesel, o resultado, é alta de preço para o consumidor. Em menos de 1 ano o valor subiu cerca de 30% . De acordo com Moacir Sanini, (JBS) : “Não dá para arcar com essa alta toda. E não vamos abrir mão de margem por conta disso, então estamos fazendo aumentos escalonados. O sabonete que custava R$ 0,60 está indo para R$ 0,75. Não é tanto, mas são os 25% de aumento que precisamos fazer para proteger nossa rentabilidade” - disse. O que gerou esse aumento significativo não é somente a grande demanda e a oferta restrita, mas principalmente, porque os abates bovinos não cresceram de forma significativa pelo país. Desde que o sebo passou a ser usado como matériaprima para o biodiesel, tornou-se mais valorizado, sofrendo influência dos preços do óleo de soja. Quando o óleo de soja eleva o preço, a venda do sebo aumenta o que agrega mais valor ao produto. O valor da arroba do boi e o abate O preço da arroba do boi no Brasil manterá seu valor em alta esse ano, o que causa baixa na oferta de animais, registrando um menor número de abate comparado ao ano anterior. A arroba esteve acima de R$ 100,00 de janeiro a maio, e somente ao fim deste quinto mês os valores começaram a recuar. Essa alta está presente desde o final do ano de 2010 quando, o valor da arroba estava em R$ 115,00. Isso se deve ao fato de que houve baixa na oferta de animais, ocasionada pelo grande número de abates registrado anteriormente, que atrapalhou o ciclo dos rebanhos. Para compreender o motivo dessa alta, é necessário entender dois fatores principais que aconteceram nesse período. Primeiro, houve uma seca antecipada no país, o que fez com que os criadores fizessem a engorda e entrega dos animais antes do período previsto. O outro fator, foi a baixa demanda interna do produto. Mas, de forma progressiva, podemos estimar que o volume adequado de abates acontecerá no próximo ano, até que o volume do rebanho esteja equiparado a demanda de mercado. Hoje, o país apresenta um poder de abate 5% menor que no ano passado. Esse crescimento do confinamento mais lento do que o esperado, acontece porque houve alta no preço do milho, o que acarretou no valor da produção. A influência do clima O inverno é responsável pelo interrompimento da engorda do boi e, uma parte desses animais é destinado ao abatimento. Isso acontece porque durante estações frias, a pastagem começa a perder a sua qualidade, o animal não consegue mais retirar do capim os subsídios necessários para sua nutrição adequada, passa então a decair no padrão e, para evitar maiores prejuízos, um determinado número de animais é separado para abate. O aumento do número do abatimento de fêmeas está intensificada devido a crise que o setor pecuário vem enfrentando esse ano. O descarte de fêmeas é normal quando esse animal não está produzindo mais como de costume ou, quando encerram seu ciclo de vida fértil. Mas, o que vem acontecendo é o aumento do número de descarte, segundo dados do IMEA (Instituto Mato – grossense de Economia Agropecuária), nos quatro primeiros meses do ano, o crescimento de abate de fêmeas foi de 48,81% , uma diferença de 14,71% a mais que o mesmo período do ano passado. O Mato Grosso esse ano, teve uma perda de aproximadamente 3 milhões de hectares de pastagens devido as secas e pragas na região, o que dificulta a manter o gado. Além desses problemas, muitos dos frigoríficos presentes, não estão em atividade e, dos poucos que restam, não estão em pleno funcionamento. Frigoríficos pelo Brasil Segundo o SIF – Sistema Federal de Inspeção – dos 86 frigoríficos habilitados para exportação, 40 se concentram no Mato Grosso, dessas 40 plantas, somente 24 estão funcionando, as outras 16 unidades estão respondendo por processos judiciais desde 2008. Esse número de frigoríficos que estão em atividade, são responsáveis por 40% dos abates do país, o que explica em parte a falta de oferta de produto. Devido a crise em que os países se encontram desde 2008, muitas dessas empresas suspenderam suas atividades ou foram adquiridos por grandes grupos. Três grandes empresas dominam esse setor, no oeste e centro sul do Mato Grosso, por exemplo, das 5 unidades frigoríficas existentes, apenas 3 estão em operação sendo 2 do mesmo grupo. Os três maiores frigoríficos desse segmento, são: Marfrig, Minerva e JBS, elas juntas, são responsáveis por 35,64% dos abates no Brasil. A JBS é a maior empresa de carne bovina do mundo, no ano passado, registrou um abate de 6,48 milhões de cabeça de gado, seguida pela Marfrig, responsável por 2,65 milhões de abates e pela Minerva, que abateu no último ano 1,17 milhões de cabeças. • Mas por que tantos frigoríficos fechando? Mesmo com a demanda crescendo cada dia mais e, novas oportunidades aparecendo para produtos derivados dos animais, diversas empresas estão fechando ou diminuindo sua operação. O que parece sem sentido, na verdade tem uma lógica. 47 48 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Esse tipo de atuação no país foi sempre conhecido na maioria como ilegal, há algum tempo esse mercado vem se transformando e novas regras para se estabelecer e posicionar diante aos consumidores estão surgindo, o que requer uma nova postura dos pecuaristas e investidores. Devido a falta de boa administração fez com que a maioria das empresas presentes nesse setor “quebrassem” quando se depararam com problemas que não eram esperados nem previstos, como a crise econômica global. Isso não quer dizer que os responsáveis por frigoríficos não sabem cuidar do seu mercado e, sim, que faltou planejamento de como contornar situações que eventualmente podem acontecer. De se munir de possibilidades, que podem ser boas ou ruins, que poderiam contribuir para alavancamento de seu negócio ou, que poderiam destruí-los. A participação do sebo no biodiesel Um projeto que era para ser lançado somente em 2013, já está ativo: a cada 1 litro de diesel, deve conter 5% de seu composto de biodiesel. E o que isso muda no cenário de nosso país? Brasil se tornou o maior consumidor e fabricante de biodiesel do mundo. Mas, essa produção só é rentável porque o governo “preparou” o mercado. O custo de produção do biodiesel é de bovinos no 60% maior do que o diesel de petróleo. A gordura animal está sendo cada vez mais usada na fabricação do biodiesel, mas infelizmente esse crescimento ainda não supri o ritmo da produção do combustível. O produto mais vendido para a fabricação do biodiesel é a soja, o sebo encontra-se em segundo lugar. No último ano, houve uma queda de 3% na utilização dessa matéria-prima, mas mesmo assim, o crescimento do uso desse material é considerada por especialistas como de grande potencial. Dos 2,35 bilhões de litros fabricados em 2010, o sebo bovino é responsável por 325 milhões de litros, seguidos de gordura suína com 18,1 milhões. Cada gado rende em média 18 quilos de sebo, o Brasil possui um rebanho de 205 milhões de cabeça, sendo que 41,2 milhões foram abatidas em 2010, isso rende ao país 714,6 toneladas de sebo. Cada 1,05 quilo de sebo, corresponde a 1 litro de biodiesel, isso resulta em um consumo de 341,2 mil toneladas de sebo pelas empresas de biodiesel, o que equivale a quase 46% dos animais que foram abatidos no país. Só não temos um maior crescimento no uso desse material, devido ao volume de matéria-prima disponível no mercado. Fontes de pesquisa : Biodiesel BR, A Gazeta, Beef Point, Vnew, Acrimat e DCI . 49 50 Serviços Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 Revista Espuma - Setembro/Outubro 2011 ASSINATURA DA REVISTA ESPUMA Você pode solicitar o recebimento da Revista Espuma. Após preenchimento do formulário a seguir, envie-o para: Rua Sampaio Viana, 167, Conj. 61/ São Paulo (SP) - Cep: 04004-000 ou por e-mail: [email protected] Nome: Empresa: Endereço: Nº: Complemento: Cidade: Cep: UF: Fone: ( ) Fax: ( ) E-mail: Cargo: Tipo de Empresa: ( ) Fabricantes da Indústria de Sabão ( ) Higiene e Limpeza ( ) Cosméticos ( ) Perfumes e Fragrâncias ( ) Fornecedores de Máquinas e Equipamentos ( ) Insumos e Matérias Primas ( ) Prestadores de Serviços ( ) Frigoríficos e Graxarias ( ) Atacadistas 3ª capa Aboissa (11) 3353-3000 [email protected] www.aboissa.com.br 4ª capa e 00 Akzo Nobel (11) 4591-8935 www.akzonobel.com 43 Anima Consultores (11) 3677-1177 www.animaconsult.com.br [email protected] 33 Capuani (15) 3285-8000 www.capuani.com.br [email protected] 29 CCI Química (11) 5642-0102 [email protected] www.cciquimica.com.br ( ) Supermercados ( ) Embalagens ( ) Aromas ( ) Indústria Química Fina ( ) Equipamentos de Laboratórios e Análises ( ) Corantes e Pigmentos ( ) Entidades da Cadeia Produtiva ( ) Centros de Pesquisas e Universidades ( ) Escolas Técnicas ( ) Outros 21 5 Citratus (19) 3826-8100 www.citratus.com.br Liberty Fragrâncias (11) 4146-8888 [email protected] www.libertyfragrancias.com.br 2ª capa 43 Maksiwa (41) 3621-3218 [email protected] www.maksiwa.com.br Consolid (11) 5531-0244 [email protected] www.consolid.com.br 37 Morais de Castro (71) 2108-8686 www.moraisdecastro.com.br 7 Dynatech (11) 3849-4000 www.dynatechbr.com 15 27 Grande Rio Reciclagem (21) 2765-9550 [email protected] www.grgrupo.com.br 13 Herga (21) 3314-0511 www.herga.com.br Phytoessence (11) 4195-5267 Site: www.phytoessencefragrancias.com.br 23 Uniamérica (11) 2142-8100 www.uniamericabrasil.com.br 49 Ype 0800-130054 www.ype.ind.br www.florestasype.com.br 51