Crónicas do Festival de Cinema de Gotemburgo

Transcrição

Crónicas do Festival de Cinema de Gotemburgo
Quinta-feira _3 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
ARTES_TENDÊNCIAS
47
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Pianista John Tilbury em
Fim-de-Semana Especial
Concerto. O músico inglês apresenta-se em Lisboa para tocar seis
peças deVítor Rua, num evento de dois dias no Teatro Maria Matos
ALEXANDRE ELIAS
Um dos grandes intérpretes de repertório contemporâneo ao piano, JohnTilbury–eminente intérprete daobrade Morton Feldman
e John Cage e antigo aluno e colaborador do compositor vanguardista inglês Cornelius Cardew –,
estará amanhã no Teatro Maria
Matos (Lisboa), às 22.00, para um
espectáculo inserido na rubrica
“Fim-de-SemanaEspecial”.
Naactuação,Tilburyinterpretaráseis peças do compositorportuguêsVítorRua(fundadordos GNR
e do grupo de improvisaçãoTelectu). Cinco destas peças, datadas de
entre 1996 e 2000, foram já gravadas (no CCB em Lisboa, precisamente) e editadas em 2003. Asextae última, intituladaTilbury’sPrivateJoke, terá aqui a sua primeira
apresentação formal.
Surpreendentemente populista, para um intérprete ligado desde sempre ao meio vanguardista,
Tilburydisse ao DN que considera
CRÓNICA DE GOTEMBURGO
Um dragão em
pleno Inverno
NUNO
GALOPIM
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
um dragão...Tal como
Berlim tem um Urso ou
Venezaum Leão.Desde
1989,no frio do Inverno sueco,
Gotemburgo entregaaos melhores um dragão...O Dragon
Award (assim se chama) distingue o melhorde um conjunto de filmes nórdicos aconcurso.Oito este ano,três suecos,dois noruegueses,
Finlândia,Dinamarcae Islândiarepresentadas cadaqual
com um título nestacategoria.
O vencedorde 2008 chegou
mesmo aterestreiaem Portugal.Foi Deixa-MeEntrar,do
suecoTomas Alfredson,uma
atípicahistóriacom vampiros
num magnífico filme mais interessado em falarde solidão e
de exclusão que de medo e
dentadas segundo o filão com
É
‘Tilbury’s Private Joke’ será o tema inédito a apresentar amanhã
existirnestas peças uma“excentricidade” aliciante. De facto, várias
delas contêm indicações cénicas
(o pianistapôr-se-áde pé durante
aactuação, porexemplo) e Whistle
Piano pontua as notas do piano
com assobios, como o nome aliás
indica.
dentes afiados que faz amoda.
Fosse necessário traduzirpor
números aedição de 2011 do
Festival de Cinemade Gotemburgo,poderíamos falarem volumes de espectadores naordem dos 200 mil e narepresentação no grande ecrãde
filmografias de 76 países,num
total de 442 filmes,onze dos
quais correspondendo atítulos
agoranomeados paraos Óscares.Mas apesardapresençade
alguns desses mesmos casos
que farão anotíciaquando chegarahorade entregaras estatuetas douradas,e dapresença
Logo a seguir a John Tilbury, o
compositore pianistaDustinHalloran apresentao álbumLumière,
a editar este ano. No sábado, último dia, estará no Maria Matos o
jazz improvisado de Alexander
von Schlippenbach e aaproximação àpop de AndrewPoppy.
de filmes dos mais diversos
cantos do mundo,é em voltado
cinemanórdico que se concentram as maiores atenções.
De resto,durante o Festival de
Gotemburgo,realiza-se o Nordic Film Market,mercado do cinemaque chamaapresençade
vários profissionais daindústriado cinemae do audiovisual,
das reuniões que ali decorrem
surgindo agendas de estreias e
distribuição de alguns destes
filmes pelos vários cantos do
mundo.
O JornalistaViajou aConvite
daEmbaixadadaSuécia
DIREITOS RESERVADOS
54
Sexta-feira _4 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
ARTES_TENDÊNCIAS
CRÓNICA DE GOTEMBURGO
Dar voz
aos ausentes
NUNO
GALOPIM
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
m festival de cinema
faz-se dos muitos filmes
que se mostram, de
oportunidades raras para os
espectadores conhecerem ao
vivo quem os faz e, ao fim do
dia, de verdadeiro ponto de
encontro para os mais variados protagonistas, sobretudo
os realizadores que assinam
os filmes, os seus produtores,
ocasionalmente os actores...
Entre os jantares e as noites
de conversa que se seguem
trocam-se palavras, fala-se
dos filmes vistos, das viagens
dos recém-chegados, conhecem-se aos poucos os anfitriões. Entre eles, Marit Kapla,
a comunicativa directora artística do festival, que no catálogo desta edição
U
do Festival de Cinema de
Gotemburgo assina um
notável texto de apresentação que sublinha o que deve
ser também um festival de cinema, ao mostrar a filmografia de uma voz forçada ao silêncio. No texto, a que dá o título “Para os ausentes”, e no
qual começa por evocar a cadeira vazia de Liu Xiaobo,
(galardoado com o Nobel da
Paz) na cerimónia de entrega
do prémio, lembra que o
cineasta iraniano Jafar
Panahi, proibido de estar
presente em Cannes, se vê
agora impedido de fazer filmes por 20 anos, de dar entrevistas e sair do país. E é assim, para assinalar a obra de
um “cineasta silenciado”, que
o festival apresenta este ano
Offside, a sua mais recente
longa-metragem, revertendo
a bilheteira da exibição do filme para a Amnistia Internacional. Offside é uma história
sobre discriminação de género no Irão dos nossos dias,
acompanhando uma rapariga que sai de um estádio onde
foi, contra as regras, ver um
desafio de futebol.
O jornalistaviajou aconvite
daEmbaixadadaSuécia
Maria Schneider morre
em Paris aos 58 anos
Cinema. Aintérprete de ‘O Último Tango em Paris’ (1972), filme que a
celebrizou e lhe comprometeu a carreira de actriz, sofria de cancro
A actriz e Marlon Brando numa cena de ‘O Último Tango em Paris’, de Bernardo Bertolucci
EURICO DE BARROS
DIREITOS RESERVADOS
Aactriz francesa Maria Schneider
morreu ontem em Paris, de cancro, aos 58 anos. Tinha 20 e vivia
emcasade Brigitte Bardotquando
foi descoberta por Bernardo Bertolucci, que a pôs a contracenar
com Marlon Brando em OÚltimo
Tango em Paris(1972), a história
da relação breve e em brasa entre
umaadolescente e umviúvo americano de passagem porParis.
O filme, só exibido em Portugal
logo depois do 25 de Abril (ficou
meses e meses emcartaz), tornou-se num referente cinéfilo-escandaloso dos anos 70, sobretudo por
causa de uma cena envolvendo
manteigae sodomia, transformou
Schneidernumícone sexuale destruiu-lhe a carreira. Nos anos seguintes, e salvo excepções como
Profissão:Repórter, de Michelan-
gelo Antonioni (1975), ouViolanta, de DanielSchmid(1977), só lhe
ofereceram papéis semelhantes
ao de OÚltimoTango.
Numaentrevistadadamais tarde, MariaSchneiderdisse ter“perdido sete anos” da sua vida, entre
drogas, overdoses, uma tentativa
de suicídio e um internamento
numa clínica psiquiátrica em Roma, sendo despedidade filmes como EsteObscuro Objecto do Desejo, de Luis Buñuel. Tornou-se mi-
litante feminista e continuou a
aparecerno cinemae naTV, quase
sempre em papéis secundários. O
seu último filme foi Cliente, de Josiane Balasko, em 2008.
Nascida Marie Christine Gélin
emParis, MariaSchneidererafilha
de uma modelo de origem romena e do actor Daniel Gélin, que
nunca a reconheceu, e fez pequenos papéis num punhado de filmes, antes de se revelaremOÚltimoTangoemParis.
ACUSAÇÕES
“Fui manipulada por Bertolucci e Brando”
› Maria Schneider nunca mais
falou com Bernardo
Bertolucci.“Eu tinha 20 anos.
Não queria ser uma estrela,
muito menos uma actriz escandalosa – só queria fazer ci-
nema. Mais tarde, percebi que
tinha sido manipulada por
Bertolucci e Brando”, declarou. Para ela, o realizador era
“um gangster”. Bertolucci
sempre estranhou tais críticas.
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62
ARTES_TENDÊNCIAS
CRÓNICA DE GOTEMBURGO
O sabor de
uma revelação
NUNO
GALOPIM
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
muitasvezesatravésdos
festivaisdecinemaquesaboreamosomaiscompensadorsentidodapalavra“revelação”.Eentreasrevelaçõesque
partemdestaediçãodoFestival
deGotemburgo(equepromete
tercontinuidadeemmaiscertamespelomundofora,quem
sabemesmoacabandoporchegaraocircuitodadistribuição)
estáaprimeiralonga-metragemdeficçãodarealizadoraLisaAschan(nascidaemAngelholm,naSuécia,em1978).
ComotítuloApflickorna(traduzidonaversãolegendadaem
inglêscomoSheMonkeys),é
umahistóriacontadanofeminino(asraraspersonagens
masculinassãopresençasse-
É
cundárias),quetomacomo
protagonistastrêsjovens.Duas
sãoadolescenteselutampor
umlugarnumaequipadeum
pequenoconcursoequestrelocal.Entredesafiosfísicoseemocionaisvivementreambaso
apelodacompetição,massentemaomesmotempoopoder
dadescobertadasexualidade
(queseasunetambémaspode
acabarporseparar).Sóuma
podecontrolar,aoutraacabandocontrolada...Otriocompleta-secomairmãdeumadelas,
maisnova,queviveencantada
peloprimoqueocasionalmentefazhorasdebaby-sitting.O
filmerepresentamaisumfruto
dofundoRookiefilm(doSweedishFilmInstitut),quepromovesobretudooapoioaobrasde
realizadoresestreantes.Eassim
“revela”,depoisdetrêscurtas
rodadasentre2004e2007,um
talentoemergentequeaqui
mostraumacapacidadeem
criarumnovopontodevista
numanarrativatambémelacapazdeentenderoutrossentidosdapalavra“revelação”...
Ojornalistaviajouaconvite
daEmbaixadadaSuécia
Sábado _5 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
Correntes d’Escritas
recebe 65 escritores
Póvoa de Varzim. De 23 a 26 de Fevereiro, vão ser lançados 30 livros.
Eduardo Lourenço é uma das presenças confirmadas
65 escritores, oriundos de 12 países, 22 dos quais estreantes no
Correntes d’Escritas, vão marcar
presença na Póvoa deVarzim, de
23 a26 de Fevereiro, na12.ª edição
do encontro de escritores de expressão ibérica, foi ontem revelado durante aapresentação do programa.
Luís Diamantino, vereador da
Cultura da autarquia, destacou a
presença de Eduardo Lourenço e
ainda a conferência de abertura,
no dia 23, às 15.30, no auditório
municipal, que seráproferidapelo
ex-ministro da Justiça Laborinho
Lúcio.Trintalivros serão lançados
ao longo dos quatro dias, na Casa
da Juventude, onde também irá
decorreraFeirado Livro, e no Axis
Vermar, palco aindade várias sessões de poesia.
Nasessão oficialde abertura, no
dia 23, no Casino da Póvoa, serão
anunciados os vencedores dos
quatro prémios Correntes d’Escritas: o Prémio Literário Casino da
Póvoa, no valor de 20 mil euros, o
Prémio Literário Correntes d’Escritas, que tem82 trabalhos aconcurso, o Prémio Conto Infantil
Ilustrado Correntes d’Escritas, que
contou com a participação de 56
escolas e, pela primeira vez este
ano, o Prémio Fundação Dr. Luís
Rainha, ao qualconcorreramdoze
Susana Saraiva, do Casino da Póvoa, e o vereador Luís Diamantino
trabalhos de poveiros ou dedicados àPóvoadeVarzim.
O 10.º número da revista Correntesd’Escritas, alançartambém
nasessão de abertura, vaiserdedicado àescritoraLuísaDacost, que,
apesarde ternascido emVilaReal,
“é uma poveira de coração”, salientouo vereador, lembrando que
a autora já recebeu a medalha de
mérito da Câmara Municipal da
PóvoadeVarzim.
Estaedição, que incluiactividades paralelas como o cinema e o
teatro, está orçada em 90 mil euros, 50 mil dos quais suportados
pela autarquia. Destaque ainda
paraahomenagem ao pintormoçambicano Malangatanae ao jornalistaCarlos Pinto Coelho, falecidos recentemente, no dia de encerramento. M.M.,com Lusa
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Jean-François
Chougnet deixa
Museu Berardo
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ANÚNCIO O director artístico do
Museu Colecção Berardo, Jean-François Chougnet, vaideixarem
meados de Abril o cargo que ocupava desde Janeiro de 2007. De
acordo com fonte do museu, esta
decisão “deve-se a motivos pessoais”. Assessor do ministro da
Cultura francês Jack Lang, nos
anos 1980 e 1990, Jean-François
Chougnet foi director adjunto do
MuseuNacionalde Arte Moderna,
no Centro Pompidou, e director
adjunto da Réunion des Musées
Nationauxe director-geraldo Parque de laVillette, em Paris.
Esta demissão junta-se à já
anunciadaporRuiSilvestre, director-geral do Museu desde 2007,
que alegouigualmente razões pessoais paradeixaro cargo.
O coleccionadorJoe Berardo explicou à Lusa que, com a ajuda de
Rui Silvestre, estáaavaliar 15 candidaturas para o cargo de director
artístico, revelando aindaque gostaria de nomear um português,
algo que não conseguiu em 2007.
Domingo _6 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
ARTES_TENDÊNCIAS
Sony edita o rico ‘baú’
da Metropolitan Opera
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CRÓNICA DE GOTEMBURGO
Num lugar
distante
NUNO
GALOPIM
Música. Acordo da editora com o teatro lírico de Nova Iorque prevê
a edição de CD e DVD. Primeiros oito títulos serão lançados amanhã
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
BERNARDO MARIANO
ASonyClassical edita amanhã os
oito primeiros “frutos” do acordo
que estabeleceucomo Metde Nova Iorque, prevendo a edição em
CD de récitas históricas (inéditas
em suporte digital) provenientes
do arquivo do teatro (paraBogdan
Roscic, da Sony, “uma das supremas arcas do tesouro da música
gravada”), assim como de DVD de
produções muito recentes.
Os CD recuperam (pelo menos,
no quarteto inicial de títulos) récitas das célebres séries de sábado à
tarde (transmitidas em directo na
rádio) e cobremumarco temporal
que vai de 1947 a 1962. São os seguintes os títulos: OBarbeirodeSevilha(Dez/1950), com Lily Pons,
G. diStefano e S. Baccaloni, LaBohème(Fev/ 1958), com Schippers,
L. Albanese e Carlo Bergonzi,
ATosca(Abr/1962), comLeontyne
Price e Franco Corelli, e o Roméoet
Juliette(Fev/1947), comJussiBjörlinge o famoso soprano lírico brasileiro Bidù Sayão.
Já os DVD recorrem a produções mostradas nos últimos anos
nos EUAe emvários outros países,
no âmbito dasérie MetLiveinHD,
isto é, o programa de transmissão
directaemaltadefinição de óperas
ntre os vários programas
de apoio ao cinema local,
o Sweedish Film Institute criou recentemente o chamado projecto Rookiefilm.
A ideia partiu de programas
de apoio regional, mas depois
ganhou outro âmbito. E, como explicou ao DN o responsável pelo instituto, surgiu
da vontade de “criar um
exemplo” e da vontade de
“encontrar um esquema
para desenvolver talentos”.
Quem concorre são, na
verdade, as companhias
produtoras, dos cinco projectos já financiados tendo
resultado filmes como She
Monkeys’de Lisa Aschan
(já de 2011 e o mais recente
nascido neste “berço”) ou
MissKicki, a primeira“longa”
de Hakon Liu (este último,
garantidamente, um dos
melhores filmes de 2010).
MissKickifoi o terceiro dos
cinco filmes financiados. Realizado por Hakon Liu (que já
antes tinha dado provas de
visão cinematográfica na bri-
E
Plácido Domingo figura na colecção no ‘Simon Boccanegra’ (DVD)
do Metropolitan para um vasto
número de salas de cinema espalhadas pelo mundo – desde a presente temporada, tendo por“paragem” portuguesaaFundação Gulbenkian.
Aqui, o quarteto escolhido alinhao mediático DoctorAtomic, de
John Adams, encenado por Peter
Sellars (produção de 2008); de
2009, a encenação de Anthony
Minghella de MadamaButterfly,
de Puccini; de 2008, de novo, aSalome(Strauss), como soprano finlandês KaritaMattila; e, de Janeiro
de 2010, o Simon Boccanegra, de
Verdi, com Plácido Domingo, em
versão barítono, estreando-se no
papel titular(e também como barítono no Met), comencenação de
Giancarlo del Monaco e direcção
de James Levine.
lhante curta LuckyBlue), é
uma história essencialmente
vivida em Taiwan por uma
mãe que, ausente da vida do
filho durante anos, o leva em
viagem de turismo que, na
verdade, não é mais senão
uma tentativa de dar consumação real a um romance
virtual que mantém com um
homem de Taipei. O filme,
que soma ao par protagonista um terceiro elemento (um
jovem local), e a todos abre
novos horizontes, junta clara
sensibilidade narrativa a
uma fotografia notável, com
o valor acrescentado de contar com Pernilla August no
papel principal.Traça pontes
entre o Ocidente e o Oriente,
jogando com o que de estranho e familiar podemos encontrar num lugar distante
e diferente do que nos serve
de cenário habitual.
O jornalistaviajou aconvite
daEmbaixadadaSuécia
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Ralph Fiennes
no próximo
filme ‘Bond’
CINEMA O cineasta Sam Mendes,
que vairealizaro próximo filme da
saga 007, encontra-se em conversações como actorRalphFiennes,
para que este participe no filme,
segundo o TheGuardian.
Além do actor britânico, Sam
Mendes tambémesperaque Javier
Bardem participe no próximo James Bond, tendo em vista o papel
de vilão parao actor espanhol, segundo noticia o LATimes. O próprio actorrevelou que estavainteressado em juntar-se ao projecto:
“Sou um grande fã da saga James
Bond. Quem diria que um dia poderia participar num destes filmes”, referiu ao jornal norte-americano. No entanto, nenhumadestas participações foi oficialmente
confirmada.
O 23.º filme em torno do agente
secreto James Bond esteve em risco de não ver a luz do dia devido à
crise que atingiu a MGM. No entanto, está previsto que o filme
chegue às salas norte-americanas
a9 de Novembro de 2012.
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Segunda-feira _7 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
ARTES_TENDÊNCIAS
CRÓNICA DE GOTEMBURGO
Entre o terror
e a comédia
NUNO
GALOPIM
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
omo em qualquer grande festival de cinema, os
filmes que esta semana
invadiram Gotemburgo espalharam-se por espaços em vários pontos da cidade, alguns
com mais de uma sala de projecção, uns normalmente dedicados à exibição dos filmes
em cartaz nas restantes semanas do ano, outros sendo
auditórios mais habituados a
outras funções (entre os quais
um de uma universidade).
Projectam-se assim os trajectos entre salas e filmes, ora a
pé, ora com a ajuda do ‘tram’
(eléctrico), as sessões começando pelas nove ou dez da
manhã, as mais tardias (poucas, e apenas no central, requintado e clássico Draken)
pelas 23.00...
Entre os filmes mais aplau-
C
SUSANA PAIVA
‘1974’: espectáculo será apresentado no próximo fim-de-semana
Teatro Meridional inicia
residência em Coimbra
Cenas. Dois espectáculos, um recital, um‘workshop’, um documentá-
didos dasemananumadessas
sessões mais“tardias”conta-se o hilariante The Troll Hunter,filme norueguês,de André
Ovredal,naverdade umaaplicação do modelo usado em filmes como Cloverfield ou The
Blair Witch Project,somando
imagens supostamente captadas parao documentário de
um trio de estudantes universitários,entretanto desaparecidos,que seguem umafigura
de modos reservados que,afinal,não é senão um caçador
de trolls.
Ninguém acredita que estes monstros existem além de
lendas e narrativas de ficção.
Mas ao caçador cabe a tarefa
de os abater (impedindo que
ameacem a população), seguindo-o uma equipa que
apaga depois os vestígios, fazendo do caso um assunto secreto... O trunfo maior deste
The Troll Hunter mora contudo no humor que rasga os
momentos de tensão com
tempero comic relief que faz
do filme um lugar raro algures entre o cinema de terror
e a comédia.
O jornalistaviajou aconvite
daEmbaixadadaSuécia
rio, uma conferência e uma exposição preenchem residência artística
A partir de hoje, a companhia do
Teatro MeridionaliniciaumaresidênciaartísticanoTeatro daCerca
de São Bernardo, em Coimbra,
que alémde dois espectáculos teatrais, contempla ainda um workshop, umaconferência, aexibição
de um documentário, um recital
de poesia e uma exposição fotográfica, que estará patente até ao
dia13.
Amanhã e quarta-feira será
apresentado, às 21.30, noTeatro da
Cerca de São Bernardo o espectáculo ContosemViagem, que reúne
textos de mais de uma dezena de
autores cabo-verdianos. Bilhetes
de seis adez euros.
Já no sábado e domingo, o Teatro Meridional apresentao espectáculo 1974, uma interpelação
poética aos espectadores sobre o
País em que vivem, apartirde três
períodos marcantes do passado
recente (aditadura, o 25 de Abril e
o pós-revolução e a entrada de
Portugal na Comunidade Europeia). O espectáculo conta com
encenação de MiguelSeabra, dramaturgiade Francisco Luís Parreira e música original de José Mário
Branco. CarlaGalvão, CláudiaAndrade e David Pereira Bastos são
alguns dos actores que participam
na peça. Começa nos dois dias às
21.30 e o preço das entradas varia
entre os seis e os dez euros.
O espectáculo deuorigemaum
documentário realizado porPatríciaPoção, que seráexibido nasexta-feira às 21.30, e também a uma
exposição fotográfica de Susana
Paiva. Estas duas iniciativas são de
entradalivre.
Naquinta-feira, aactriz e encenadora Natália Luíza apresentará
tambémàs 21.30 o recitalPortugal
dos Poetas, que procura reflectir
sobre a identidade de Portugal
através de textos de Eça de Queirós, Jorge de Sena, AlmadaNegreiros ouFernando Pessoa. Aentrada
para este recital é gratuita, tal como paraaconferênciasobre o percurso criativo da companhia, que
se realizanaquarta-feiraàs 18.00.
No âmbito desta residência, o
directorartístico MiguelSeabravai
dirigir um workshop para jovens
actores e estudantes de ensino artístico, que se realiza entre quarta
e sexta-feira, das 10.00 às 14.00 na
sala-estúdio Bonifrates. J.M.
DIREITOS RESERVADOS
Ciclo Gubaidulina começou
como Sol que abrasa e afaga
CRÍTICA O Pequeno Auditório do
LCD Soundsystem anunciam
oficialmente o fim da carreira
MÚSICA No ano passado o líderdos
LCD Soundsystem, James Murphy, já tinha referido que o disco
ThisIsHappening, lançado no ano
passado, seria o último do grupo.
Agora a banda anuncia oficialmente no seu site – www.lcd
soundsystem.com – que termina
as suas funções com um concerto
no dia 2 de Abril no Madison
Square Garden, em Nova Iorque,
com a seguinte mensagem: “Boa
gente daTerra, os LCD Soundsystem vão dar o último concerto de
sempre no Madison Square Gar-
den a 2 de Abril.Vamos reformar-nos disto.Vamos embora. Andar
paraafrente.”
Na primeira parte deste espectáculo vão actuaros LiquidLiquid,
um dos grupos que mais influenciaram os LCD Soundsystem.
A banda afirmou-se como um
marco maior na cultura popular
da última década, principalmente na forma como criam pontes
entre a música do presente e as
heranças do passado, tendo uma
atenção especial sobre os métodos damúsicade dança. J.M.
James Murphy, o líder
Centro Culturalde Belémrecebeu
o primeiro concerto do ciclo dedicado a Sofia Gubaidulina, protagonizado pelo Coro da Rádio da
Letónia (CRL) e pelo excelente
violoncelista David Geringas. A
dominaro programa, o Cânticodo
Sol de S. Francisco de Assis
(1997/98), paravioloncelo (aobra
foi estreada por Rostropovitch),
coro de câmara, multipercussão e
celesta. Misto de cantatae concerto, aobraassume igualmente uma
dimensão visual-teatral que a
aproxima do ritual. Apluralidade
de referências (material, universos
musicais, etc.) convocadas por
Gubaidulina funde-se numa plenitude de sentido e articula-se
idealmente, quer pela mestria da
escritae de exploração do timbre,
quer pelo sentido dramático que
imprime ao curso do cântico.
Antes, Hommage à Marina
Tsvetayeva, para coro acappella,
tornarajáclaro o quanto amúsica
de Gubaidulinase constituicomo
um‘meta-significado’, pelo modo
como não só alcança e capta o
âmago, mas como transcende o
conteúdo e ambiente das palavras.
A abrir, no motete a 8 vozes
Komm,Jesu,komm!’, de J.S. Bach,
já o CRL dera plena indicação da
qualidade (vocal e interpretativa)
que iria demonstrar ao longo de
todo o concerto. No final, a própria compositora subiu ao palco
paraagradecer.
BERNARDO MARIANO
Terça-feira _8 de Fevereiro de 2011. Diário de Notícias
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‘The Hobbit’ começa
a ser filmado em Março
Cinema. Filme arranca no dia 21, após o realizador Peter Jackson sair
da convalescença de uma operação de urgência a uma úlcera
Depois de uma série de vicissitudes de produção e de mudanças
de realizador, relacionadas com a
difícil situação financeira dos estúdios MGM, bem como de adiamentos vários, o mais recente causado pela operação de urgência a
uma úlcera perfurada a que foi
submetido o realizador Peter
Jackson, TheHobbitcomeça a ser
rodado no próximo dia21 de Março, naNovaZelândia.
O anúncio foifeito pelo próprio
Jackson, através da produtora
3Foot7. O filme é co-produzido
pela MGM e pelaWarner Bros e a
rodagem terá lugar nos estúdios
Stone Streete em exteriores.
Estava previsto que as filmagens começassemeste mês, mas a
operação de Jackson e a subsequente convalescença, atrasaramnas mais um mês e meio.
A adaptação do livro de J.R.R.
Tolkien que antecede O Senhor
dos Anéis tem duas partes e vai
custar365 milhões de euros. Aprimeira parte tem estreia marcada
para o Natal de 2012, e a segunda
paraum ano mais tarde.
O actor britânico Martin Freeman (O Escritório, Shaun ofthe
Dead) vaiinterpretaro papeldo jovem Bilbo Baggins, que foi de Ian
Holm na trilogia O Senhor dos
Anéis. AndySerkis, Ian McKellen,
Cate Blanchett, Elijah Wood e
Christopher Lee retomam as suas
DIREITOS RESERVADOS
Projecto de cartaz para ‘The Hobbit’, que terá duas partes
personagens, enquanto que actores como Leonard Nimoye Brian
Blessed poderão aindafazerparte
do elenco. Também Orlando
Bloom deverá regressar no papel
do elfo Legolas.
Entre os recém-chegados ao
universo daTerraMédiaestão ajovemSaoirse Ronan(Expiação, VistodoCéu), RichardArmitage ouJames Nesbitt.
O argumento de The Hobbit
está assinado por Peter Jackson,
PhillipaBoyens, FranWalshe Guillermo delToro.
DelToro esteve para ser o realizador do filme, que Jackson apenas co-assinariae produziria, mas
acabou por abandonar o projecto
porcausados sucessivos atrasos e
problemas que o afligiram. E.B.,
com agências eVariety.
CRÓNICA DE GOTEMBURGO
Vidas em
alto mar
NUNO
GALOPIM
Enviado
ao Festival
de Cinema de
Gotemburgo
ãocincoospaísesque
concorremparaoDragon
Awardmaisdisputadode
cadaediçãodoFestivaldeCinemadeGotemburgo.Suécia,Noruega,Finlândia,Dinamarcae
Islândiavêemassim,todosos
anos,pelomenosumalonga-metragemdeproduçãolocala
competirentreosoitonomeadosparaoprémioprincipalentreosváriosatribuídosdurante
ofestival.“Sempreassimfoi”,
explicaMaritKapla,adirectora
artísticadofestivaldesde2008,
S
quejustificanesterelativamentepequenonúmerodecandidatosumalógicaquepermite
tambémumaestreiadiáriano
Draken,amaiorsaladecinema
dacidade,aofimdeoitodiasfazendo-se,alimesmoaolado,a
entregadeprémiosque,este
ano,distinguiucomestetroféu
principalofilmeSheMonkeys,
deLisaAschan.
Única representação islandesa
entre os oito nomeados, Brim
era outro filme a quem, como
sucedeu (e muito bem, assinale-se) com o filme de estreia de
Lisa Aschan, o prémio não
teria cabido mal. Primeira
obra de Árni Olafur
Asgeirsson, Brim toma um
barco de pesca como cenário e
a sua tripulação como o motor
de todos os acontecimentos.
Entre rotinas de exigentes longos turnos em alto mar e toda
uma série de questões pessoais
de resolução sistematicamente adiada graças a uma agenda
que vê os pescadores mais no
mar que em terra, Brim é um
impressionante retrato do
quotidiano frio e molhado da
vida a bordo, dividindo entre a
tripulação pequenos grandes
nadas que passam pelo vício
no jogo de um dos tripulantes
a sonhos de velocidade na piscina que domina as preocupações dos outros.
O jornalistaviajou aconvite
daEmbaixadadaSuécia

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