PAIC 2012/2013

Transcrição

PAIC 2012/2013
O
Núcleo de Pesquisa Acadêmica
2012/2013
14° paic
Caderno de Iniciação Científica
Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus
Frei Guido Moacir Scheidt, ofm
Presidente
Jorge Apóstolos Siarcos
Diretor-Geral
FAE Centro Universitário
Frei Nelson José Hillesheim, ofm
Reitor da FAE Centro Universitário
Diretor-Geral da Faculdade FAE São José dos Pinhais
André Luis Gontijo Resende
Pró-Reitor Acadêmico
Diretor Acadêmico
Diretor de Legislação e Normas Educacionais
Coordenador do Núcleo de Educação a Distância
Régis Ferreira Negrão
Pró-Reitor Administrativo
Elcio Douglas Joaquim
Diretor Acadêmico da Faculdade FAE São José dos Pinhais
Antoninho Caron
Coordenador dos Programas de Pós-Graduação Lato Sensu
Randy Rachwal
Comunicação Social: Publicidade e Propaganda
Rogério Tomaz
Letras
Silvia Iuan Lozza
Pedagogia
Valter Pereira Francisco Filho
Tecnologia em Logística; Tecnologia em Gestão Financeira;
Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos
Vera Fátima Dullius
Tecnologia em Gestão Comercial
Núcleos e Departamentos
Antonio Lázaro Conte
Coordenador do Núcleo de Admissão
Eros Pacheco Neto
Secretário-Geral
Areta Galat
Coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais
Sérgio Luiz da Rocha Pombo
Diretor do Instituto de Ciências Jurídicas
Carlos Roberto de Oliveira Almeida Santos
Coordenador do Núcleo de Extensão Universitária
Samar Merheb Jordão
Ouvidoria
Cleonice Bastos Pompermayer
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Acadêmica
Paulo Roberto Araújo Cruz
Diretor de Relações Corporativas
Edith Dias
Biblioteca – Campus Centro e Faculdade FAE São José dos Pinhais
Nelcy Terezinha Lubi Finck
Coordenadora do Núcleo de Carreira Docente
Coordenadores de Cursos
Andrea Regina H. C. Levek
Negócios Internacionais
Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos
Tecnologia em Sistemas para Internet
Cleonice Bastos Pompermayer
Ciências Econômicas
Daniele Cristine Nickel
Psicologia
Rita de Cássia Marques Kleinke
Coordenadora da Pastoral Universitária
Samir Bazzi
Coordenador do Núcleo de Empregabilidade
Soraia Helena F. Almondes
Biblioteca – Campus Centro
Gilson Paula Lopes de Souza
Engenharia Ambiental e Sanitária; Engenharia Mecânica;
Engenharia de Produção
Coordenação Editorial
Cleonice Bastos Pompermayer
Revisão
Liana Bisolo Warmling (Revisão de Linguagem)
Luiz Henrique Bezerra (Revisão de Linguagem)
Mariana Bordignon Strachulski de Souza (Revisão de Linguagem)
Priscilla Zimmermann Fernandes (Revisão de Linguagem)
Edith Dias (Normalização)
Editoração
Amália Patricia Valle Brasil
Ana Maria Oleniki
Braulio Maia Junior
Débora Cristina Gipiela Kochani
Eliel Fortes Barbosa
Maristela Ferreira de Andrade Gomes da Silva (Coordenação)
Lucina Reitenbach Viana
Tecnologia em Marketing; Tecnologia em Produção Multimídia
Capa
Editorial Design
Eduardo Saldanha
Direito
Érico Eleutério da Luz
Ciências Contábeis
Everton Drohomeretski
Administração
Frei Jairo Ferrandin, ofm
Filosofia
Marco Antônio Regnier Pedroso
Desenho Industrial
Caderno de iniciação científica, n 1, 2000Curitiba: FAE Centro Universitário. Núcleo de Pesquisa
Acadêmica. Programa de Apoio à Iniciação Científica, 2000 ISSN 1679-9828
1.Pesquisa. 2.Abordagem interdisciplinar do conhecimento.
I. FAE Centro universitário Franciscano. Núcleo de Pesquisa Acadêmica. Programa
de Apoio à Iniciação Científica
CDD - 001
001.4
AP RE S E N TA Ç Ã O
O décimo quarto caderno do Programa de Apoio à Iniciação Científica – PAIC 2012/2013
é o resultado de um esforço conjunto que conta com a participação do corpo docente e discente
da FAE Centro Universitário, com o objetivo de prestar e promover uma contribuição à sociedade
e à comunidade acadêmica por meio da pesquisa. Os resultados e considerações apresentados ao
final de cada estudo representam um passo a mais ou mesmo um novo olhar acerca do assunto
desenvolvido em cada projeto de pesquisa.
O projeto de pesquisa tem origem na reflexão, percepção ou mesmo indagação de
como é possível compreender melhor ou aprofundar uma realidade, seja ela prática ou teórica.
A partir desse movimento orquestrado por professores pesquisadores e alunos, aliado ao processo
de desenvolvimento do estudo, torna-se possível afirmar que as transformações e inovações
encontram na pesquisa sua principal matriz.
Neste exemplar, o leitor encontrará temas que se estendem desde a preocupação com
gestão de pessoas, ferramentas de gestão empresariais, percepção sobre a atuação de profissionais
da área econômica, planejamento familiar, sustentabilidade e responsabilidade social, inserção do
idoso no mercado de trabalho, até temas pertinentes à esfera do direito, gestão do conhecimento,
engenharia ambiental, engenharia mecânica, pedagogia, dramaturgia e letras.
Diante de tal diversidade e interdisciplinaridade, o Núcleo de Pesquisa Acadêmica –
NPA, gestor do programa, juntamente com os autores dos estudos, espera contemplar, sempre
que possível, uma resposta aos questionamentos elaborados por aqueles que venham consultar
esta publicação.
Uma boa leitura para todos.
Prof.ª Dr.ª Cleonice Bastos Pompermayer
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Acadêmica
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012 - 2013
3
SUMÁRIO
O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2 ____________________11
Dayane Gabrielle Alves
Ana Maria Coelho Pereira Mendes
PERCEPÇÃO DE SITUAÇÕES DE ESTRESSE E DESENCADEAMENTO DE
PSICOSSOMATIZAÇÕES EM ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO: UM CICLO VICIOSO_____ 21
Wellington Minoru Kihara
Daniele Cristine Nickel
RECONHECIMENTO NO TRABALHO: UMA FORMA DE CONTROLE ORGANIZACIONAL
MEDIADO PELA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE________________________________27
Allan Lazaro Santos Quintiliano
Rossana Cristine Floriano Jost
O perfil do novo profissional da geração Y – fase 2____________________33
Leticia Cavassin Ferreira dos Santos
Ana Maria Coelho Pereira Mendes
A CONCEPÇÃO DE HOMEM EM TRAGTENBERG: COMPREENSÃO NECESSÁRIA
PARA PROBLEMATIZAR A FELICIDADE NO TRABALHO___________________________39
Wagner Rafael Rodrigues
Rossana Cristini Floriano Jost
RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E SUAS ESTRATÉGIAS
DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL__________________________________45
Rafaela Alves Bandeira
Daniele Cristine Nickel
ATIVOS INTANGÍVEIS NA ÓTICA CONTÁBIL____________________________________49
Lilian Mocelin Biora
Admir Roque Teló
DIVERGÊNCIAS METODOLÓGICAS PARA CÁLCULO DAS DETERMINANTES DO
CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM)_______________________________________53
Djeice Queli Bertoto
Richer de Andrade Matos
O CONTEXTO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ECONOMISTA E A FORMAÇÃO EM
CIÊNCIAS ECONÔMICAS_____________________________________________________59
Rodrigo Marcial Ledra Ribeiro
Heloísa de Puppi e Silva
TERCEIRIZAÇÃO: IMPLICAÇÕES SOBRE OS SETORES ELÉTRICO E AUTOMOTIVO
BRASILEIROS________________________________________________________________67
Cristiano Vinícius Ferreira
Liana Maria da Frota Carleial
Lafaiete Santos Neves
ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO
BRASIL_____________________________________________________________________73
Gabriel Pietruza
Thiago André Guimarães
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR: UMA PROPOSTA
DE QUESTIONÁRIO__________________________________________________________77
João Bruno Mansor Soares
Evelin Lucht Lemos
Análise do valor entregue aos clientes de empresas paranaenses que
adotam estratégias únicas e valiosas____________________________________93
Gessika da Silva Avelar
Carlos Borges Machado
MODELO DE DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL RUMO À CONSULTORIA_______ 101
Giuliana Giovanna dos Santos Carvalho
Joslaine Chemim Duarte
SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UMA NOVA
PROPOSTA DE ECOFILOSOFIA EMPRESARIAL_________________________________ 113
Giovani Luiz Behnke Grando
Léo Peruzzo Júnior
A INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS PARANAENSES POR
MEIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UM ESTUDO DE CASO________________________ 119
Mariane Regina Grade
Joaquim de Almeida Brasileiro
O PROCESSO DE INSERÇÃO DO IDOSO NO MERCADO DE TRABALHO EM SÃO JOSÉ
DOS PINHAIS/PR__________________________________________________________ 125
Karen Munhoz Villar
Ricardo Lemes da Rosa
ESTUDO DOS LIMITES E IMPACTOS NO USO DAS TECNOLOGIAS DESTACANDO
INOVAÇÕES EM REDES DE COMPUTADORES E SUAS MISCELÂNEAS_____________ 131
Mauricio Daitschman
Euclides Peres Farias Junior
A SUPRESSÃO DOS EMBARGOS INFRINGENTES: UMA RESPOSTA (PALIATIVA) AO
CLAMOR PELA CELERIDADE PROCESSUAL____________________________________ 137
Wilsley Guebert Germano
Karlo Messa Vettorazzi
ASPECTOS INICIAIS DAS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA______________________________________________ 143
Jéssyka Stéfany Chinasso
Mayra de Souza Scremin
Caroline Arns Arruda
A BUSCA PELA CELERIDADE DA JUSTIÇA E O POSSÍVEL CERCEAMENTO DE DEFESA:
UM ESTUDO SOBRE A PEC Nº 15 DE 2011____________________________________ 149
Danilo Candido Portero
Karlo Messa Vettorazzi
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GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CHÃO DE FÁBRICA: ESTUDO DE CASO EM UMA
EMPRESA ALIMENTÍCIA_____________________________________________________ 155
Anderson Kenzo Sato
José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro
GESTÃO ENXUTA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM
ESTUDO BIBLIOMÉTRICO__________________________________________________ 163
Marcelo de Souza Gardiolo
Everton Drohomeretski
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE HIDROGÊNIO EM MOTORES A
COMBUSTÃO INTERNA____________________________________________________ 167
Thiago Renato Barretiri
Tiago Luis Haus
CÉLULA DE HIDROGÊNIO: ESTUDO E CONSTRUÇÃO DE UMA CÉLULA ELETROLÍTICA
PARA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO GASOSO________________________________ 173
Frederico Thomas Leludak
Tiago Luis Haus
Caracterização Microestrutural de Revestimentos Formados por
Aluminetos de Níquel desenvolvidos in situ por PTA__________________ 179
Giselle de Oliveira do Rosario Ribas
Marjorie Benegra
ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE CORANTE TÊXTIL UTILIZANDO UV/H2O2________ 187
Edinilson Andolhe Filho
Marco Antônio Benedetti Durigan
UM DIÁLOGO ENTRE A ÓTICA DOS DISCENTES E DOS DOCENTES NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES PARA UMA RELAÇÃO DE MAIOR RESPEITO E APRENDIZAGEM_____ 193
Eliane Botlender Severo Wassmansdorf
Silvia Iuan Lozza
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES HOSPITALARES: UM
ESTUDO DE CASO COM EDUCADORES DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO À REDE DE
ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR (SAREH) DO HOSPITAL DO TRABALHADOR______ 199
Michele de Oliveira dos Santos
Cinthya Vernizi Adachi de Menezes
Míticas, psicológicas e tragédias cariocas: um RECORTE da DRAMATURGIA
rodrigueana___________________________________________________________ 207
Luis Gabriel Venancio de Sousa
Charlott Eloize Leviski
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO
CONTEXTO COMUNICATIVO DA EAD_______________________________________ 213
Cristina Luciana Grudginski
Juliana Simões Bolfe
ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS NO BRASIL___________ 223
Sueder Santos de Souza
Valdir Fernandes
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O PERFIL DO NOVO PROFISSIONAL DA GERAÇÃO Y – FASE 2
Dayane Gabrielle Alves1
Ana Maria Coelho Pereira Mendes2
INTRODUÇÃO
A geração Y veio para modificar a maneira de trabalho de várias empresas. Porém,
em determinados casos, é possível notar que os gestores destas empresas não estão muito
satisfeitos com o desempenho desses profissionais. Os estudos de fases anteriores deste
projeto mostram tendências sobre o perfil da geração Y de acordo com seus projetos de
vida. A partir disso, a questão norteadora do trabalho aponta para a variável da relação do
jovem da geração Y com as primeiras impressões sobre o mercado de trabalho. Então, o
problema que se apresenta é: como a geração Y está chegando ao mercado profissional,
segundo a percepção dela mesma?
1OBJETIVOS
O trabalho teve como objetivo principal analisar o perfil de integração da geração
Y no mercado de trabalho, seguido pelas ramificações: 1. Identificar as demandas
pessoais e profissionais dos jovens da geração Y; 2. Identificar as situações vivenciadas
na integração dos jovens da geração Y nas empresas de Curitiba e Região Metropolitana
1
Aluna do 2º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutora em Serviço Social (PUC-SP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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em relação ao clima organizacional, às lideranças e às relações com as demais gerações
no ambiente de trabalho; 3. Identificar como são as visões pessoais dos profissionais da
geração Y e estudantes de graduação em relação ao mercado de trabalho.
2METODOLOGIA
A metodologia do estudo parte de uma pesquisa bibliográfica e documental
que fundamenta os procedimentos da pesquisa e levantamento junto ao público-alvo,
ampliando-se ao público que com ele interage diretamente. Com o objetivo de mensurar
dados estatísticos, realizou-se uma pesquisa de levantamento quantitativo por meio da
aplicação de um questionário on-line para diversos profissionais que se encaixam no perfil
traçado ou que atuam com estes profissionais.
Foram preenchidos 105 formulários. A estratégia de divulgação do formulário foi,
primeiramente, com os alunos da FAE Centro Universitário. Devido à pouca adesão, a
nova estratégia adotada foi ampliar a abordagem sobre o público-alvo. O questionário
foi disponibilizado na ferramenta Moodle e divulgado pelos professores da FAE Centro
Universitário. Outra abordagem ocorreu mediante uma parceria com um aluno da Pontifícia
Universidade Católica (PUC), do curso de Direito, que disponibilizou o formulário, via
e-mail, para seus colegas de classe, além de nas redes sociais. Estas ferramentas foram
escolhidas baseadas no perfil traçado por estudiosos sobre o tema geração Y, que
caracterizam estes profissionais como pessoas altamente conectadas e que utilizam redes
de relacionamento on-line.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os jovens da geração Y já nasceram acostumados com a diversidade, fato que, para
a geração anterior, não foi tão significativo. Tiveram uma educação muito diferente da que
tiveram seus pais, em que a autoestima foi valorizada e as crianças, tratadas com muita proteção.
A hipótese que pode ser levantada é a de que essas famílias são formadas mais tardiamente
e possuem menos filhos, com a atenção mais focada no pequeno núcleo familiar. A geração
Y chegou ao mercado de trabalho com vontade de aprender e impor suas ideias; mostrar
que, por mais jovens que sejam, são capazes de ter sucesso profissional, sem deixar de lado
sua originalidade. Os Y estão preocupados com a sua realização pessoal e profissional e, por
isso, não procuram por empregos nos quais fiquem apenas realizando atividades básicas,
caso visto em estágios. Procuram aprender com as pessoas que os cercam e se estimulam a
trabalhar mais quando encontram um ambiente em que haja essa troca de conhecimento,
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possibilitando um crescimento pessoal e profissional, além de mudar de área de estudo ou
trabalho para alcançar esta realização. Eles não se preocupam com as críticas que possam
surgir caso decidam trancar a faculdade, por exemplo. O que eles querem é encontrar a
felicidade, e seguem este rumo sem freios e sem a preocupação que a geração anterior
tinha. Os profissionais da geração Y estão acostumados a desenvolver diversas atividades
simultâneas, querem ter um status profissional rápido e procuram por empregos nos quais
a oportunidade de crescimento seja efetiva. Eles acreditam em um ambiente de troca entre
os gestores e seus funcionários, e uma hierarquia na qual os gestores estão em um patamar
muito distante não faz parte do cotidiano destes jovens. Para eles, os gestores devem ter
um olhar mais atento em relação às atividades que são passadas para seus colaboradores,
para que se mantenham estimulados durante as atividades que realizam. Eles possuem um
alto grau de entusiasmo pela vida e pelas oportunidades que possam encontrar, tanto em
suas relações pessoais quanto profissionais. Gostar da empresa em que trabalham não é
um fator determinante para que continuem trabalhando na mesma empresa durante todo
o seu processo profissional. Os jovens da geração Y podem mudar de empresa sem que
tenham uma base sólida de sucesso, apenas para que consigam maior reconhecimento ou
oportunidade de crescimento. O desenvolvimento profissional é um fato que representa
uma grande mudança no cenário empregatício, pois os jovens da geração Y estão mais
preocupados com seu crescimento e não possuem os medos que a geração anterior
possuía, de mudar de emprego e não conseguir superar os desafios propostos. Porém,
eles estão entrando no mercado de trabalho com pouco conhecimento em relação às
diferenças hierárquicas dentro de uma empresa e, devido ao seu comportamento informal
no seu cotidiano profissional, os jovens atrapalham-se ao lidar com a formalidade que
é exigida em muitas empresas. Uma tendência constatada aponta para as atividades
realizadas fora do ambiente de trabalho, visto que apenas 40% dos respondentes relataram
se importar com isso.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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CONCLUSÕES
Foi possível analisar o perfil de integração da geração Y no mercado de trabalho,
como foi proposto no objetivo geral, bem como verificar a visão dessa geração em relação
aos estudos realizados por pensadores sobre o assunto. Para tanto, realizou-se uma produção
científica que criou um material de consulta para ser facilitador nas relações na área de
gestão de empresas. Para responder às questões norteadoras sobre a inserção do novo
profissional no mercado de trabalho, pôde-se comprovar que os profissionais da geração
Y estão à procura de um ambiente de trabalho em que possam se desenvolver pessoal e
profissionalmente. Fica claro que não é viável para um profissional Y estar empregado em um
ambiente que não lhe permita um desenvolvimento constante. A respeito da sua liberdade
de expressão e seu tempo de lazer, os Y mostraram-se muito tranquilos em afirmar que se
trata de necessidades para que se sintam bem em seu ambiente de trabalho. Dificilmente
alguém desta geração irá se embrenhar em um trabalho que não lhe permita seus passeios
do final de semana ou que ele não receba um feedback constante sobre como está sendo
avaliado seu trabalho individual e em equipe. Esta geração assume ou irá assumir cargos
de chefia em breve e, para que haja uma ótima qualidade no trabalho desenvolvido, é
necessário que os gestores consigam conciliar um ambiente de trabalho mais descontraído
com a mesma responsabilidade e que os Y consigam compreender que muita informalidade
é algo que pode atrapalhar em determinadas situações. Como trabalho futuro, considera-se
a hipótese de aplicar a pesquisa em âmbito nacional, bem como aumentar a quantidade
de respondentes, tanto dos profissionais da geração Y quanto dos gestores ligados a estes
profissionais. Isso se deve à simples observação de que características regionais podem
ser determinantes no perfil do respondente e, por conseguinte, das próprias respostas.
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REFERÊNCIAS
AMARAL, Elizabeth. Competitividade Y. 2013. Disponível em: <http://www.unialgar.com.br/
upload/Images/CompetitividadeY-artigoElizabethAmaral2012.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
_____. Geração Y. 2008. Disponível em: <http://www.serhumanorh.com.br/eventos/
thbrasil2008/palestra/elizabethamaral.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
COSTA, Ana; KORN, Miriam; HONORATO, Carlos. Fundação Instituto de Administração (FIA/
USP). 2012. Disponível em: <www.fia.com.br>. Acesso em: 15 out. 2012.
DINIZ, Abilio. A geração Y no trabalho. 2012. Disponível em: <http://abiliodiniz.uol.com.br/
lideranca/a-geracao-y-no-trabalho.htm>. Acesso em: 14 set. 2012.
ERICKSON, Tamara. E agora geração X? Como se manter no auge profissional e exercer
liderança plena numa época de intensa transformação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
GUEDES, Marina. Geração Y: mitos, realidades e conselhos. Disponível em: <http://www.
megaportal.com.br/sites/academiay/2012/04/02/geracao-y-mitos-realidades-e-conselhos/>.
Acesso em: 14 set. 2012.
KULLOCK. Eline. Foco em gerações. 2012. Disponível em: <http://www.focoemgeracoes.com.
br/>. Acesso em: 19 fev. 2013
LOIOLA, Rita. Geração Y. 2012. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Galileu/0,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.
MALDONADO, Maria Tereza. A geração Y no mercado de trabalho: um desafio para os
gestores. 2006. Disponível em: <http://www.mtmaldonado.com.br/artigos/ageracao.php>.
Acesso em: 18 fev. 2013.
TULGAN, Bruce. Geração Y. 2012. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Galileu/0,,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.
UNIALGAR. Disponível em: <http://www.unialgar.com.br/noticias_artigos.aspx>. Acesso em: 18
fev. 2013.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SOBRE A GERAÇÃO Y
1. Com base na afirmação “A geração Y não utiliza um manual, é a geração da tentativa
e erro, planejar é muito difícil para essa geração, se utilizam do improviso, são
impacientes, estão familiarizados com a tecnologia, possuem maior liberdade e
parceria com os pais, não aceitam o autoritarismo e tem necessidade de ter voz ativa.”
(KULLOCK, 2012), responda:
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
2. Os colaboradores da geração Y desinteressam-se facilmente por tarefas operacionais
que não envolvem desafios.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
3. “Tudo é possível para esses jovens” […] “Eles querem dar sentido à vida, e rápido,
enquanto fazem outras dez coisas ao mesmo tempo” (SANT’ANNA; ANDERSON apud
LOIOLA; RITA, 2012).
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
4. Os colaboradores da geração Y são pessoas que procuram reconhecimento e status
profissionais, mas que não gostam de realizar horas extras e abrir mão do seu tempo de lazer.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
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5. A geração Y não se importa em levar trabalhos para desenvolver em casa ou fazer
horas extras quando necessário.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
6. A geração Y acredita no ritmo de trabalho mais moderado, não pensa em passar 15 ou
20 anos na mesma empresa e enxerga as mudanças de chefia como uma oportunidade
de crescimento.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
7. Os jovens da geração Y são confiantes, pois estão preparados para superar desafios,
vencedores, responsáveis, valorizam a empregabilidade, e não a fidelidade.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
8. A geração Y está orientada para metas e realizações, traça metas ousadas, possui foco
e trabalha com multitarefas, aprende rapidamente e está disposta a correr riscos.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
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9. Os jovens da geração Y possuem iniciativa, são resilientes, têm pressa de construir sua
carreira e lidam muito bem com as mudanças.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
10.Os Y são inclusivos, trabalham em equipe, possuem poder coletivo e procuram justiça
no ambiente de trabalho, para eles não existem protocolos de hierarquia.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
11.A geração Y nasceu na chamada “década da criança”, quando as crianças foram
superprotegidas e valorizou-se muito a autoestima.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
12.Por terem passado a infância realizando diversas atividades simultâneas, possuindo
agendas tão lotadas como a de seus pais, é natural que, ao se tornarem adultos,
continuem realizando multitarefas.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
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13.Por ter sido acostumada a captar os conhecimentos em tempo real, e a se conectar
com o mundo em uma enorme rede de pessoas variadas, possui maior facilidade para
desenvolver uma visão sistêmica e aceitar a diversidade, desta maneira, relaciona-se
mais naturalmente com as pessoas que a cercam.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
14.Diz-se que navegam pela vida, querem trabalham para viver, mas não vivem para
trabalhar.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
15.A informalidade da geração Y pode ser encarada como falta de respeito por seus
pares e superiores, os Y sabem como interagir muito bem com seus semelhantes,
mas, quando ingressam no mercado de trabalho, precisam aprender a conviver com
profissionais mais maduros.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
16.Os jovens da geração Y só se mantêm envolvidos em atividades que gostam e acreditam
que o objetivo do trabalho é a realização pessoal.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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17.Os profissionais da geração Y não são revoltados e têm valores éticos muito fortes,
priorizam o aprendizado e as relações humanas.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
18.A grande diferença em relação às juventudes de outras décadas é que, hoje, os Y não
abrem mão das rédeas da própria vida.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
19.A geração Y está customizando a própria existência, impondo seus valores e criando
uma sociedade mais voltada para o ser humano.
a) Concordo totalmente
b) Concordo parcialmente
c) Não concordo nem discordo
d) Discordo parcialmente
e) Discordo totalmente
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
PERCEPÇÃO DE SITUAÇÕES DE ESTRESSE E DESENCADEAMENTO
DE PSICOSSOMATIZAÇÕES EM ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO:
UM CICLO VICIOSO
Wellington Minoru Kihara1
Daniele Cristine Nickel2
INTRODUÇÃO
O presente estudo parte do pressuposto de que os atletas de alto rendimento
vivenciam situações de estresse e que estas podem desencadear psicossomatizações.
Portanto, procura-se identificar as situações de estresse vividas por atletas de alto
rendimento e a percepção com o desencadeamento das psicossomatizações. O estresse
e a psicossomatização em atletas de alto rendimento podem influenciar na produtividade
do atleta e consequentemente no resultado esperado. Realiza-se um estudo desses
fatores, pois são informações relevantes para a tomada de decisões da equipe técnica.
1OBJETIVOS
O foco do estudo é identificar as situações de estresse vividas por atletas de
alto rendimento do time Coritiba Futsal e a percepção com o desencadeamento
das psicossomatizações. Para tanto, será conceituado estresse, psicossomatização e
atleta de alto rendimento. Será realizada uma pesquisa para identificar os principais
fatores causadores de estresse em atletas de alto rendimento e apontar as possíveis
psicossomatizações que esses fatores podem gerar.
Aluno do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Psicologia e professora da
FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
21
2METODOLOGIA
O delineamento de pesquisa utilizado é o estudo de caso, que consiste num profundo
estudo de um ou poucos objetos, permitindo um amplo e detalhado conhecimento (GIL,
2009, p. 54). A escolha desse delineamento justifica-se porque esta pesquisa procurou
aprofundar o conhecimento sobre determinada realidade específica do clube em estudo,
procurando identificar situações de estresse e o desencadeamento de psicossomatizações
nos atletas de alto rendimento.
Num primeiro momento, utilizou-se a pesquisa exploratória. Conforme Gil (2009,
p. 41), esse tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Ainda, será empregada a pesquisa
bibliográfica. Trata-se, conforme Gil (2009, p. 44), de uma pesquisa desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Para este trabalho foram aplicados questionários com perguntas abertas e fechadas
para os atletas e um questionário com perguntas abertas para o técnico da equipe. No
total, foram 14 atletas e um técnico.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o técnico do Coritiba Futsal, identificar as situações de estresse vivenciadas
pelos atletas é importante, pois elas podem evitar ou minimizar a atuação do atleta no jogo.
3.1
FATORES DE ESTRESSE INDIVIDUAIS
GRÁFICO 1 – Fatores de estresse individuais
FONTE: Os autores (2012)
22
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Pela análise do GRÁF. 1, percebe-se que o fator mais estressante para os atletas
são contusões ao longo da carreira, com 22% das respostas. Segue-se a autocobrança
exagerada, ter que provar o valor a todo o momento e estar mal preparado fisicamente.
Para a maioria dos atletas, esses são os fatores que os preocupam e causam tensão.
Segundo o técnico, os problemas de ordem social e a pressão por resultados
positivos são outros fatores de estresse vivenciados pelos atletas. As brigas com parceiras
são exemplos de problemas de ordem social.
3.2
FATORES DE ESTRESSE SITUACIONAIS
GRÁFICO 2 – Fatores de estresse situacionais
FONTE: Os autores (2012)
De acordo com a análise do GRÁF. 2, o fator mais estressante para o atleta de alto
rendimento do Coritiba Futsal é a arbitragem, com 22% das respostas. A infraestrutura do
jogo vem logo em seguida, com 16%. Em terceiro lugar ficou a importância do jogo e o
patrocinador, ambos com 10% das respostas. A dificuldade do jogo e o estado físico dos
atletas ficaram com 6% cada.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
23
3.3
PSICOSSOMATIZAÇÕES VIVENCIADAS PELOS ATLETAS
GRÁFICO 3 – Psicossomatizações vivenciadas pelos atletas
FONTE: Os autores (2012)
De acordo com Howard e Lewis (1993, p. 3), “a maioria das doenças está na
dependência tanto de fatores emocionais quanto físicos. Você é uma unidade mentecorpo. Suas emoções fenômenos psíquicos e cada alteração fisiológica têm o seu
componente emocional”.
Interpretando o GRÁF. 3 nota-se que a ansiedade é a psicossomatização mais
frequente apontada por 15% dos atletas. A dor de cabeça e a tensão são psicossomatizações
apontadas por 10% dos atletas. Logo após, aparecem os demais itens com 5%, são eles:
o nervosismo, a dor na nuca, o frio na barriga, a falta de paciência, o cansaço excessivo,
a baixa imunidade, o corpo estressado, a falta de vontade, as lesões, as doenças, a falta
concentração e o foco desviado.
CONCLUSÕES
As contusões ao longo da carreira e a arbitragem são os fatores causadores de estresse
mais relevantes para os atletas de alto rendimento. Em relação à entrevista realizada com
o técnico, pode-se concluir que a pressão por resultados é um fator de estresse para os
atletas. As psicossomatizações apontadas pelos atletas são diversas, porém a ansiedade
foi a mais relevante.
24
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
25
RECONHECIMENTO NO TRABALHO: UMA FORMA DE CONTROLE
ORGANIZACIONAL MEDIADO PELA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
Allan Lazaro Santos Quintiliano1
Rossana Cristine Floriano Jost2
INTRODUÇÃO
A contribuição do trabalhador para a organização vem carregada de expectativas
de reconhecimento por meio da valorização de suas iniciativas. Segundo a perspectiva
da psicodinâmica do trabalho, o processo de reconhecimento profissional é central
para a construção da identidade (DEJOURS, 1987, 1999, 2008), configurando-se um
importante fator para vivências de prazer e de saúde. Quando o reconhecimento não
acontece, o sujeito se vê reconduzido somente ao seu sofrimento, num círculo vicioso e
desestruturante, que pode levá-lo ao adoecimento. Para Dejours (2008), é o “outro” que
media o reconhecimento, processo que pode ser encontrado no interior das organizações.
A organização, como o sistema social mais formalizado da sociedade, adere a
condutas institucionalizadas, bem como mecanismos de controle norteadores do elo entre
o sistema produtivo e a força de trabalho, assumindo uma centralidade na relação entre
as necessidades organizacionais e as necessidades individuais (FARIA; MATOS, 2007).
Aluno do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutoranda em Administração de Empresas (Universidade Positivo/PR). Professora da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
27
Desta forma, é objetivo do presente estudo analisar como as organizações utilizam
o reconhecimento como forma de controle organizacional, mediado pela dinâmica da
construção da identidade do sujeito. Especificamente, a pesquisa buscará identificar
como a organização em estudo, por meio de suas práticas e políticas, atua no controle
organizacional dos trabalhadores autônomos a ela vinculados.
Por fim, o trabalho vale-se dos conceitos de reconhecimento e identidade, a
partir da perspectiva da psicodinâmica do trabalho. As questões a respeito do controle
organizacional serão analisadas de acordo com o entendimento da Economia Política do
Poder (EPP), com alguns aportes da Psicossociologia.
1OBJETIVOS
O objetivo geral do presente estudo é analisar como as organizações utilizam
o reconhecimento como forma de controle organizacional, mediado pela dinâmica da
construção da identidade do sujeito. Os objetivos específicos são identificar na organização
em estudo:
a) Conceito de reconhecimento 3 e identidade, a partir da perspectiva da
Psicodinâmica do Trabalho4. As questões a respeito do controle organizacional serão
analisadas de acordo com o entendimento da Economia Política do Poder (EPP),5 com
alguns aportes da Psicossociologia;6
b) A relação entre os processos de reconhecimento e as práticas de controle
organizacional;
c) Como a organização em estudo, por meio de suas práticas e políticas, atua no
controle organizacional, na esfera das trabalhadoras autônomas a ela vinculadas; e
d) As formas de controle organizacional por meio da construção da identidade do sujeito.
Para efeitos deste trabalho, será abordada a questão dos processos de reconhecimento centrados em a)
resultados e b) existência do sujeito, detalhados ao longo do referencial teórico.
A Psicodinâmica do Trabalho é uma abordagem científica desenvolvida nos anos 1990 por Christophe
Dejours e tem como objeto de estudo a relação dinâmica entre a organização do trabalho e os processos
de subjetivação dos trabalhadores, manifestados “nas vivências de prazer-sofrimento, nas estratégias de
ação para mediar contradições, nas patologias sociais e na saúde” (MENDES, 2007, p. 24).
A Economia Política do Poder (EPP), proposta pelo Prof. Dr. José Henrique de Faria, apresenta-se como uma
nova forma de olhar as organizações. Trata-se de uma opção epistemológica com fundamentos teóricos
e metodológicos próprios, que busca investigar as contradições existentes nas organizações sob o sistema
do capital, propondo formar uma base analítica da produção, distribuição e utilização política do poder,
expressos em formas de controle nas organizações produtivas sob o sistema do capital (FARIA, 2010a).
A Psicossociologia contribui para a compreensão dos processos grupais das organizações e das instituições,
especialmente na análise da mudança social e natureza dos vínculos que os indivíduos estabelecem com
as organizações e que refletem na questão do trabalho (BENDASSOLLI; SOBOLL, 2011).
3
4
5
6
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
2METODOLOGIA
A natureza da presente pesquisa é qualitativa e exploratória, caracterizando-se
como um estudo de caso. O material empírico utilizado é formado por dados secundários,
ou seja, transcrições de entrevistas individuais, abertas e semiestruturadas, efetuadas ao
longo do ano de 2011. Tais entrevistas envolveram consultoras de beleza, vendedoras
de cosméticos em diversas escalas da carreira (participação por acessibilidade, adesão e
snowball),7 que atuam com venda direta para uma empresa multinacional, presente em
diversos países. As falas foram submetidas ao critério de exaustão/saturação dos dados e à
análise, segundo o modelo de “conteúdo categorial” proposto por Bardin (1977).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Pink Emotion Inc.,8 doravante referida como PE, é uma empresa americana
de venda direta de cosméticos, fundada em 1963. Hoje a companhia está presente em
mais de 35 países (chegou ao Brasil em 1998) e conta com um quadro de funcionários e
parceiros em torno de 4,5 mil pessoas, ultrapassando 2 milhões de vendedoras (mulheres)
“autônomas”, sem vínculos empregatícios, denominadas pela empresa de “consultoras de
vendas independentes”.
Observou-se que a empresa leva as consultoras a acreditar que há possibilidade
de autonomia e flexibilidade total. Porém, existem contradições sobre a realidade de
autonomia que a empresa apresenta no discurso, como no trecho: “eu faço meu horário,
o dia que não posso vender PE, eu troco as agendas ou desmarco algum compromisso,
sem problemas”. Mas isso não implica deixar de vender ou gerar lucro para empresa: “se
eu não vender hoje, amanhã vou ter que vender em dobro”.
As consultoras confirmam o perfil exigido pelo modelo de organização oriundo da
administração flexível, por meio da afetividade (FARIA, 2010). A ausência de metas ou horário
fixo não implica a ausência destes, mas uma forma de controle sutil, que interfere na identidade
das consultoras. A sedução chega a tal ponto que é possível observar o comprometimento
da subjetividade da vendedora: “a PE atende a todas as minhas expectativas”.
Constata-se também que as consultoras acabam assumindo os valores da
organização, pelo controle estabelecido: “a minha empolgação foi tanta pela empresa
que eu vesti a camisa”. Tal controle se configura como controle da subjetividade, levando
algumas consultoras a deixar suas profissões originais e dedicar-se cada vez mais à venda
dos produtos PE.
As participantes iniciais indicaram novas participantes.
A verdadeira identidade da empresa foi ocultada, por questões de resguardo de imagem.
7
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
29
Conforme Faria (2010), a identidade do indivíduo se mistura com a identidade
da organização, ele passa a se referenciar por meio da empresa, em pensamentos,
comportamentos e relacionamentos de acordo com os padrões por ela estabelecidos.
Isso é visível no trecho: “Eu sempre fui muito falante, mas eu aprendi a ser ‘cara de pau’.
Simplesmente, se eu não te conhecesse, se eu tivesse numa panificadora, eu daria um jeito
de conversar com você, eu falaria: [...] vamos marcar um momento para a gente, vamos
cuidar da sua pele? Não tem custo nenhum, você pode me dar seu telefone? Você daria
o teu telefone e eu agendaria”.
O último relato ilustra uma espécie de “crença ilusória” da vendedora: “até quando
eles fazem reajuste, eles não fazem pensando em lucro, é para valorizar o produto, que
está defasado em relação à qualidade”. A intensidade do controle da subjetividade leva
as consultoras a criar discursos recheados de certezas pessoais para então justificar as
ações organizacionais.
CONCLUSÕES
Considerando as articulações teóricas, os resultados e as discussões do presente
estudo, elencam-se algumas considerações finais, quais sejam:
a) Novas formas utilitárias de estabelecer as relações de trabalho: a administração
flexível, para o cumprimento dos objetivos econômicos da empresa, procede cada vez mais
à exploração do trabalhador, mediante inúmeros artifícios, entre eles, a reinvenção das
relações de trabalho no contexto de uma lógica utilitária. É neste cenário que a empresa
em questão se insere. O controle social exercido pela PE, por meio de processos sedutores,
demonstra que se trata de uma gestão pela subjetividade, de forma a possibilitar maior
adesão de suas integrantes aos objetivos organizacionais.
b) A cultura do sucesso: na PE, não há necessidade de vigilância para com as
vendedoras, pois a organização já mantém um domínio sobre o mundo interno de
cada uma, como salientam Faria e Matos (2007), o suficiente para fazê-las caminhar
deliberadamente e sempre dispostas, rumo aos objetivos de lucro da empresa. Mais que
um negócio, a PE propõe um “projeto de vida” que envolve sonhos e mudanças pessoais,
aos quais as vendedoras não só se submetem como vivenciam com alegria.
c) O papel da mulher: pertencer ao grupo de vendedoras PE configura uma
imagem da mulher elegante, arrumada, sorridente, que cuida da carreira e da família, tem
devoção a Deus e confia em suas conquistas. A proposta de “negócio” da PE visa suprir
esses anseios, oferecendo não só um evento social, mas uma oportunidade de investir na
imagem, melhorar sua aparência, por meio do uso dos produtos de beleza.
30
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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32
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
O perfil do novo profissional da geração Y – fase 2
Leticia Cavassin Ferreira dos Santos1
Ana Maria Coelho Pereira Mendes2
INTRODUÇÃO
O debate sobre a geração Y está apenas começando. Como objeto de estudo ainda
há muito que se identificar e analisar. A produção atual parte dos resultados trabalhados
em estudos anteriores, com foco na inserção desses personagens no mundo do trabalho.
A primeira fase do estudo visava promover aproximações sucessivas com o objeto de
estudo, como etapa preliminar de avaliação de cenário e público-alvo necessária para
o estudo de caso desencadeado na organização.
1OBJETIVOS
A segunda fase tem como público-alvo os alunos de uma instituição de educação
superior, particular e confessional, com grande presença na sociedade dos negócios.
Acrescentam-se às questões da fase 1 da pesquisa as questões norteadoras: (1) Qual análise
o jovem da geração Y faz da sua relação com o mundo do trabalho a partir dos processos
aí envolvidos? (2) Quais características de pessoas significantes que compõem seu universo
de formação profissional são determinantes para formar este perfil profissional, segundo a
Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutora em Serviço Social (PUC-SP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
33
leitura dos próprios jovens da geração Y? Supõe-se que as pessoas que compõem o universo
de formação profissional, desde a academia até os ambientes de trabalhos profissionalizantes
já conhecidos, de alguma forma deixam sua marca em aprendizados que o jovem vai
decodificar, redimensionar e incorporar no seu perfil profissional. Portanto, o objetivo
geral deste estudo é analisar a construção do perfil do novo profissional do século XXI da
geração Y, segundo os personagens significantes que compõem sua formação profissional.
A metodologia de pesquisa parte de uma revisão bibliográfica e documental em estudos
anteriores e pesquisa de levantamento com os alunos da IES unidade-caso. Os estudos
permitem identificar a influência e as características de pessoas para alcançar a meta de
promoção e desafios que a geração Y busca no mercado de trabalho.
2METODOLOGIA
Para a coleta de dados, foi realizada a aplicação de um questionário com quatro
questões, duas delas eram de múltipla escolha e duas eram abertas. Ressalta-se que tal
instrumento de coleta de dados considerou como repertório o conhecimento gerado na fase
1 do estudo da Geração Y, inclusive reproduzindo achados significativos do estudo. Para a
fase qualitativa, o estudo de caso trabalhou com abordagens diferentes, mas com entrevistas
focadas nas questões profissionais, pessoais e de cidadania para os novos ingressantes do
mundo do trabalho. Para a tabulação e análise dos dados desta fase utilizou-se a planilha
Excel, do Windows Office.
A opção de se trabalhar como unidade-caso a instituição acadêmica da qual o
programa de iniciação científica faz parte é devido à facilidade de acesso aos dados e
operacionalização do estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados a seguir foram tabulados a partir do questionário aplicado aos alunos
da FAE Centro Universitário, em amostra selecionada pelo critério da disponibilidade da
turma em participar do estudo.
Os itens possibilidade de efetivação ou promoção e desafios (oportunidade de
realizar projetos) aparecem com 88% das expectativas para o mercado de trabalho; em
seguida, o curso de língua estrangeira com 85%; reconhecimento do superior com 84%;
estágio (experiências temporárias) com 83%; experiência e especialização com 80%;
convivência com outras gerações com 77%; pós-graduação com 76%; rotina de trabalho
flexível com 75%; com 71%, a experiência no exterior; e o interesse em ingressar em
empresa multinacional e reuniões com 70%.
34
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Curiosamente, o uso de tecnologia (eletrônicos) apontou uma importância de apenas
64%; seguido de efetivação com 63%; formatura com 56%, visto como a festividade após
a colação de grau; trainee com 54%; segundo curso com 48%; montar o próprio negócio
com 46%; concurso público com 45%; e carreira docente com apenas 27%.
Enquadrando as respostas, que antes eram abertas em um padrão restrito a
facilidades e dificuldades, notou-se que as maiores dificuldades foram encontradas na
falta de experiência na área, de curso de língua estrangeira e do pacote Office. As maiores
facilidades ocorreram pela indicação, pela oportunidade de ser uma empresa familiar e
principalmente pela instituição de ensino.
Em relação à influência com a mudança de hábitos e a preservação ambiental,
os professores aparecem com 68%, seguidos de parentes com 60%, amigos com 52% e
colegas de trabalho com apenas 47%.
Relativamente aos incentivos para a conclusão do curso, aparecem os pais com
76%, os professores com 69%, os amigos com 68% e os colegas de trabalho com apenas
41%. São incentivadores para a realização profissional os pais com 84%, os colegas de
trabalho com 82%, os professores com 79% e os amigos com 63%.
No que diz respeito ao incentivo para realização pessoal, aparecem os pais com
82%, os amigos com 75%, os colegas de trabalho com 72% e os professores com 62%.
A maioria dos alunos pretende firmar carreira em uma empresa, pois 68 alunos
responderam que pretendem ficar mais de três anos na mesma empresa, seguidos de
58 alunos que pretendem permanecer dois anos na empresa, 44 alunos que ficarão
três anos e apenas 30 alunos que pretendem mudar de empresa a cada ano. Este fato
justifica-se porque uma parte da amostra é de períodos iniciais do curso e eles priorizam
nesse momento a experiência, e não a efetivação.
A área de atuação com maior incidência é a de administração, seguida das áreas
financeira e de recursos humanos, respectivamente.
Na tabulação das características que os respondentes incorporaram ou pretendem
incorporar, observaram-se 62 como características pessoais, com destaque para
comportamentos éticos; 7 como técnicas/operativas e são colocados o pai e o chefe como
exemplos a serem seguidos.
Correlacionando os resultados da fase 1 da edição passada do PAIC com a atual
fase 2 do estudo, são possíveis algumas constatações.
Os aspectos que continuam sendo priorizados são a experiência no exterior e
a língua estrangeira, devido à expectativa de ingressar em grandes empresas com altos
salários e com maior número de benefícios, aliado a estes foi observada a pretensão de
cursar uma pós-graduação.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
35
O interesse em participar de processos de trainee ainda não é alto, pois os alunos
almejam a entrada em uma empresa multinacional, a qual é bem vista por oportunizar o
plano de carreira e a valorização de seus colaboradores.
Ao contrário do analisado na fase 1 da pesquisa, os alunos não ambicionam
empreender, são 46% contra 54% que não objetivam abrir o próprio negócio.
CONCLUSÕES
O jovem da geração Y está ciente de que o mercado de trabalho está cada vez
mais concorrido, busca ficar atento às necessidades de curso de línguas, principalmente a
inglesa, de cursos que envolvam o pacote Office e cogitam a possibilidade da pós-graduação
como meio de garantir a sua permanência no mercado.
Segundo os próprios jovens, características como a boa comunicação, o
comprometimento, a determinação, a gestão do tempo e o gosto pela profissão são
fundamentais para o perfil profissional de um jovem da geração Y.
O perfil do jovem da escola de negócios FAE Centro Universitário é o de um jovem
preocupado com o seu futuro profissional, que busca se desenvolver profissionalmente,
almeja bons cargos em empresas renomadas e pretende permanecer nelas por um longo
período de tempo.
A relação dos personagens significantes dos alunos com a sua formação profissional
parte dos hábitos de preservação do meio ambiente, tema com grande importância nesse
contexto de mundo globalizado e consumista. De acordo com a pesquisa, os professores
são os que mais influenciam este cuidado com o meio ambiente.
Relativamente aos incentivos para a conclusão do curso, os pais são os que mais
apoiam esta grande realização profissional. Eles também são exemplos a serem seguidos
citados pelos alunos, devido à sua perseverança, liderança, boa comunicação, entre
outros. No que diz respeito ao incentivo para realização pessoal, os pais também são
os que mais influenciam.
Tendo como base os dados da pesquisa com os alunos, constata-se que a influência
de pais e professores são as mais representativas na formação do jovem da geração Y.
Como sugestão decorrente das observações ora consolidadas, reconhece-se a
necessidade de ampliar o tamanho da amostra para outras realidades, pois uma variável
a ser considerada é que pode existir a influência do clima institucional nas percepções
dos respondentes.
36
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
REFERÊNCIAS
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Iniciação Científica, n. 13, Curitiba: FAE. Núcleo de Pesquisa Acadêmica, p. 297-314,
2011/2012.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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A CONCEPÇÃO DE HOMEM EM TRAGTENBERG: COMPREENSÃO
NECESSÁRIA PARA PROBLEMATIZAR A FELICIDADE NO TRABALHO1
Wagner Rafael Rodrigues2
Rossana Cristini Floriano Jost3
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade, muito se estudou sobre o ser humano, e
diversas são as correntes e visões sobre o homem. Desde os gregos antigos até os dias
atuais, intelectuais de várias ciências tomam o homem como objeto de estudo. No
entanto, a questão “o que é o homem?” continua a ressoar nas entranhas da história. O
ser humano, ao ser estudado, não pode ser tomado como um mero objeto, assim como
uma mesa ou cadeira. Ele é um ser complexo e misterioso, não é possível determinar o
que ele é, mas o que ele pode vir a ser. Neste sentido, nossa pesquisa abordou o homem
como ser social, ou seja, inserido numa época, classe social e cultura.
Os autores que compuseram a pesquisa foram Karl Marx, István Mészaros e
Mauricio Tragtenberg. Marx desenvolveu um pensamento voltado ao homem alienado
pelo trabalho em uma sociedade em que vigora a exploração e a busca desenfreada pelo
lucro. Isto é retratado, principalmente, na obra Os manuscritos econômicos filosóficos,
texto em que Marx se dedica a demonstrar quanto o ser humano se tornou alienado.
Este texto faz parte do projeto Formas de gestão e a felicidade: um estudo sobre a concepção
dos trabalhadores de empreendimentos autogestionários e dos gestores de empresa de grande
porte, coordenado pela profa. Deise Luiza da Silva Ferraz, que foi coorientadora nesta pesquisa. Profa.
Deise é ex-professora PMOD-FAE e atualmente é docente vinculada ao departamento de Ciências
Administrativas na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Aluno do 2º ano de Filosofia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutoranda em Administração de Empresas (Universidade Positivo/PR). Professora da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
3
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
39
Mészaros traduziu muito bem as ideias de Marx para o século XX, na obra A teoria da
alienação em Marx, e por isso foi um suporte para a pesquisa, pois deslocou a essência
do pensamento de Marx sem desconsiderar os problemas e desafios do tempo presente.
Tragtenberg, na sua obra Burocracia e ideologia, postulou uma grande reflexão sobre as
formas de gestão do capitalismo e seu desenvolvimento histórico.
1OBJETIVOS
Desta maneira, o problema da pesquisa é: como a concepção ontológica marxiana
apresenta-se nas elaborações de Mauricio Tragtenberg e, consequentemente, nas críticas
que o autor faz às formas de gestão que embotam o trabalhador?
O objetivo da pesquisa foi analisar o modo como Mauricio Tragtenberg se apropria
da concepção ontológica marxiana para elaborar as críticas às formas de gestão que
enfraquecem o trabalhador no sociometabolismo do capital.
2METODOLOGIA
O caráter da pesquisa é de um ensaio teórico. Em vista da complexidade do
problema e da riqueza das reflexões dos autores supramencionados, foi difícil realizar uma
pesquisa exploratória. Entende-se ensaio teórico, assim como Tragtenberg definiu, “uma
interpretação e associação de novas idéias, fundadas em antigos textos” (TRAGTENBERG,
2006, p. 21). A leitura dos textos seguiu os seguintes passos: primeiramente, foi feita uma
leitura panorâmica das obras e destaque das principais ideias; num segundo momento,
realizou-se a hierarquização das ideias numa leitura mais minuciosa; e, por fim, fez-se
uma análise crítica comparativa entre os autores mencionados.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Marx, ao realizar o seu trabalho sob o modo de produção capitalista, o homem
aliena-se quanto ao produto do trabalho, pois o perde, o produto do seu trabalho lhe é
estranho e hostil, aliena-se no ato da produção, é atividade vital para sua existência e não
pertence ao seu ser próprio. Em relação ao seu ser genérico, também se aliena, pois o
homem alienado do produto e da atividade produtiva não se vê mais como ser humano,
mas como animal, o trabalho aliena seu corpo, sua natureza (essência), toda sua vida
humana, não propiciando um desenvolvimento integral. Finalmente, o homem é alienado
em relação aos outros homens com os quais não mais convive, pois trava uma constante
40
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luta. Ao contrário disso, para Marx, o homem deveria se realizar plenamente, pois carrega
em si todas as possibilidades para tal realização, transformando-se e a história, sendo a
própria história.
Mészaros acrescenta que, no século XX, este processo de alienação se desdobra
ainda mais, destituindo o homem da sua dignidade. Ressalta que o trabalho é visto apenas
como fato material, e não como agente humano de produção. A FIG. 1 e a FIG. 2 ilustram
o processo de alienação. Na primeira, não há alienação. Contudo, na segunda, a alienação
é evidente.
FIGURA 1 – Quadro conceitual da teoria da alienação em Marx
FONTE: Mészaros (2009)
H = homem, N = natureza, I = atividade produtiva ou indústria
Num segundo esquema, Mészaros (2009) demonstra como o processo de alienação
separa o primeiro esquema.
FIGURA 2 – Quadro conceitual da teoria da alienação em Marx
FONTE: Mészaros (2009)
H = homem, P = propriedade privada, T = trabalho e trabalhador, NA = natureza
alienada, IA = indústria alienada
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41
Na obra Burocracia e ideologia, Tragtenberg retrata o desenvolvimento da teoria
administrativa. No primeiro capítulo, reflete sobre as comunidades primitivas, enfocando o
modo de produção asiático, no qual preexistiam exploração e submissão do camponês ao
chefe. No segundo capítulo, são descritas as teorias administrativas de Saint-Simon a Elton
Mayo. Este capítulo foi nosso maior campo de pesquisa, pois Tragtenberg aborda temas
como a Revolução Industrial, e nisto ele discute o impacto que esta mudança trouxe, o
modo como o trabalhador era tratado e quanto era alienado. Dedica também uma análise
a Marx, mostrando uma compatibilidade com o pensamento marxiano. Tragtneberg aborda
as teorias microindustriais de Taylor,4 Fayol5 e Mayo6 para ressaltar que o conhecimento
administrativo trouxe a ciência para o trabalho não para dar condições melhores para os
trabalhadores, mas para organizar melhor o modo de fazer o trabalho e para maximizar
os lucros. Nisto reside que os burgueses não priorizam o trabalhador (homem), mas o
capital, pressuposto que Marx já enunciara. Em suma, todas as teorias administrativas
visam adaptar o homem ao trabalho, em vez de propiciar um desenvolvimento do humano
integral, consciente e livre.
Tragtenberg postula uma longa reflexão sobre a crise alemã na virada do século XIX
para o XX e sobre a obra de Weber.7 Para nossa pesquisa, esta análise de Tragtenberg sobre
Weber demonstrou um dado antropológico interessante, pois retrata a pessoa como um ser
parcial, ocultando sua totalidade, substituída por aptidões e capacidades valorizadas pelo
sistema, gerando uma coexistência da onipotência do Estado e impotência do indivíduo.
No último capítulo, é reforçado que a burocracia está compilada em diversas teorias
administrativas, e em todas elas a exploração permaneceu e estruturou-se, ditando a vida
dos homens.
A postura de Tragtenberg não é aquela que idolatra Marx, mas dialoga com os
desafios de seu tempo, tendo como base as ideias desse pensador, ressignificando-as e
reinterpretando-as de acordo com os desafios; no caso de Tragtenberg, o caótico contexto
da ditadura militar brasileira.
Frederick Winslow Taylor (1856-1915).
Jules Henri Fayol (1841-1925).
Georges Elton Mayo (1880-1949).
Karl Emil Maximilian Weber (1864-1920).
4
5
6
7
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CONCLUSÕES
O ser humano não é algo que pode ser reduzido simplesmente a mera ferramenta
de trabalho, a essência humana é muito mais do que isso. Neste ponto, tanto Marx quanto
Tragtenberg estão de comum acordo. Marx aponta que o homem deve resgatar o controle
de sua própria vida, libertar-se das masmorras das fábricas e encaminhar-se para ser sujeito
de um mundo novo. Tragtenberg, por viver num contexto diferente, e considerando que
toda releitura já é uma interpretação, difere um pouco de Marx, pois os problemas e
desafios já são outros.
Assim, as propostas de Marx e Tragtenberg discutidas, mesmo a grosso modo,
elucidam que o trabalho é importante para a vida humana. Porém não pode escravizar
o homem, fazendo dele objeto exclusivo de sua ação. O trabalho deve favorecer um
desenvolvimento integral e ser instrumento para a plena realização do humano.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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REFERÊNCIAS
MÉSZAROS, István. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2009.
LOGOS. Enciclopédia luso-brasileira de Filosofia. Lisboa: Verbo, 1989..
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RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E
SUAS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL
Rafaela Alves Bandeira1
Daniele Cristine Nickel2
INTRODUÇÃO
O início de um relacionamento gera muitas expectativas. O casal se depara
com a realidade do convívio, frustrações e desilusões, que podem levar a uma crise no
relacionamento, e a forma de o casal se relacionar pode acarretar consequências positivas
ou negativas em decorrência do estresse gerado. Diante das dificuldades de entendimento
da complexa experiência na relação conjugal, o estresse surge diante desse cenário para
que haja sobrevivência e adaptação do indivíduo à relação. A elaboração de estratégias
de enfrentamento adequadas em face das situações estressantes e a compreensão das
próprias vulnerabilidades podem servir como porta de entrada para a exploração e as
mudanças da dinâmica relacional conflituosa do casal.
1OBJETIVOS
Pretendeu-se, com este estudo, caracterizar os fatores que propiciam o
desencadeamento do estresse na relação conjugal, levantar hipóteses do ciclo de
vulnerabilidade dos casais e identificar as estratégias de sobrevivência na relação conjugal.
Aluna do 4º ano de Psicologia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Psicologia e professora da
FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
45
A pesquisa visa à obtenção de um comparativo dos dados coletados, para a contribuição
de um maior entendimento da relação do estresse com o ciclo de vulnerabilidade, bem
como suas estratégias de sobrevivência na relação conjugal.
2METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caso e a lógica do tratamento dos dados foi qualitativa. Foi
utilizada como fonte de coleta entrevista semiestruturada individual com perguntas abertas
e fechadas e questionário como material de apoio. Os dados foram coletados durante o mês
de maio de 2013, sob assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido com cada
participante. Foi aplicada em um casal com união estável há seis anos e frequentadores do
Curso de Casais, situado na cidade de Curitiba. A faixa etária de ambos é de 27 anos. Eles
serão referenciados como sujeito A, do sexo feminino, e sujeito B, do sexo masculino, para
preservar suas identidades. Ambos possuem formação superior completa e são atuantes
na área em que se formaram.
3
3.1
RESULTADOS E DISCUSSÃO
RELAÇÃO DO ESTRESSE COM O CICLO DE VULNERABILIDADE E
SUAS ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA NA RELAÇÃO CONJUGAL
Situações que exijam mudanças e adaptação na vida do indivíduo são consideradas
importantes estressores. Dessa forma, o início de um relacionamento pode ser percebido
como estressante. Seyle apud Braz (2010), com sua proposta trifásica dos estágios do
estresse, identifica que, no início do relacionamento, o casal encontra-se em estado de
alerta, pois o indivíduo tem de se adaptar à mudança. O modo como o casal irá se relacionar
pode ter consequências positivas ou negativas em decorrência desse estresse. B há um ano
e meio percebe que é preciso melhorar a qualidade do relacionamento, mas não sabe ao
certo o que mudou desde o início, apenas relata que as atitudes e a personalidade de A
mudaram. Partindo para o segundo estágio do estresse, o casal encontra-se em resistência,
quando o organismo já está mais adaptado à situação, e percebe-se a diminuição dos
sintomas iniciais, porém ocorrem sensações de desgaste sem causa específica.
No que se refere ao fator comunicação, é evidente o déficit na relação entre A
e B. A relata que B não se expressa como deveria, e B fica em silêncio, isolando-se para
evitar conflitos. B sente maior necessidade de expressar sua opinião e o que está sentindo.
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Quando B se sente irritado com algumas atitudes de A, ele identifica que deveria ser mais
direto e falar as coisas para ela, mas evita, por receio de magoá-la. Diante de situações
conflituosas, às vezes, fica quieto para evitar confusão, por não gostar de discussões, assim,
ele se identifica como flexível. Entende-se que o estresse do matrimônio é encarado de
modo diferente entre homens e mulheres, primeiramente pela diferença em relação a
gênero. Mulheres são mais analíticas, expressam facilmente seus sentimentos e sentem
necessidade de discutir as causas que provocam a crise no relacionamento, talvez pelo
fato de serem mais verbais, enquanto os homens tendem a isolar-se e usar da negação,
direcionando sua atenção para atividades que se distanciam dos conflitos e voltando-se
em grande parte para o aspecto profissional.
Na tentativa de identificar as estratégias de sobrevivência na relação do casal, A
cita que o que a deixa irritada com seu cônjuge é a falta de atenção, incapacidade de
dizer não e a falta de romantismo. Para B, incomoda a desorganização de A e a falta de
força de vontade para conseguir determinadas coisas. Das qualidades que admiram um
no outro, A considera B amoroso, determinado e ético, B considera A atenciosa, carinhosa
e companheira.
CONCLUSÕES
Este estudo constatou a possibilidade de relacionar o estresse com o ciclo de
vulnerabilidade e suas estratégias de sobrevivência na relação conjugal. Também pretendeu
levantar hipóteses das vulnerabilidades e estratégias de sobrevivência na relação entre
um casal a partir do levantamento de dados obtidos de um estudo de caso. Entretanto, o
estudo é limitado, é possível apenas identificar hipóteses para a interpretação do problema
de pesquisa. Assim, sugere-se um aprofundamento do estudo mediante intervenção
terapêutica, pois o terapeuta permite a mediação na comunicação e contribui para o
entendimento global da relação conjugal.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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REFERÊNCIAS
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48
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
ATIVOS INTANGÍVEIS NA ÓTICA CONTÁBIL
Lilian Mocelin Biora1
Admir Roque Teló2
INTRODUÇÃO
As mudanças relacionadas à revolução tecnológica e o crescimento contínuo
da sociedade do conhecimento trouxeram novos desafios para a contabilidade. A
contabilidade financeira continua a não evidenciar devidamente as condições para o
reconhecimento dos ativos intangíveis, tendo em vista que está baseada no princípio
de transação.
1OBJETIVOS
A contabilidade é uma ciência que, por meio de suas técnicas, permite a
manutenção e o controle das variações de patrimônio de determinada organização. Essa
ciência possui como finalidade a orientação das empresas no exercício de suas funções,
a exemplo do controle patrimonial de toda e qualquer entidade a fim de propiciar a
representação de bens, direitos e outros aspectos essenciais para matéria.
Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2009, p. 102), o estudo do ativo intangível
é um capítulo fundamental do estudo da contabilidade.
Aluna do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
1
Doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em
Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Contador. Professor da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected].
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
49
Objetiva-se analisar o tratamento dos intangíveis na esfera nacional e pesquisar
os mercados (ativos intangíveis nas normas internacionais) e os motivos que levam muitas
vezes as empresas a deixar esses ativos fora dos balanços, mesmo eles representando um
montante significativo do valor de mercado das organizações.
As contínuas mudanças no cenário mundial nos levam a reavaliar os ativos intangíveis no cenário empresarial e a importância deles, quando presentes nos balanços
empresariais.
Com os adventos de novas leis e o desenvolvimento da matéria referente aos ativos
incorpóreos, é necessário utilizar mecanismos de reconhecimento e contabilização de
intangíveis e suas inúmeras vertentes, tendo em vista a sua complexidade, talvez uma das
maiores da contabilidade (International Accounting Standards Committee (IASC)).
Na sequência, a pesquisa demonstra os mecanismos de reconhecimento e
contabilização de intangíveis amplamente utilizados e, finalmente, se estes podem ser
considerados riqueza patrimonial.
Está explícita a progressiva necessidade de mensuração e gerenciamento dos
bens imateriais, incluindo a riqueza do conhecimento, e, dessa evidente necessidade,
responderemos ao principal problema da pesquisa, que trata dos bens intangíveis e sua
propriedade como riqueza patrimonial.
2METODOLOGIA
A pesquisa trata-se de um trabalho descritivo, com o objetivo de conhecer uma
realidade sem intervenção. A pesquisa descritiva será baseada em características atuais,
coletas de dados.
Foi utilizada base bibliográfica nacional e internacional, referente a estudos
anteriores, documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Informações de base de
dados de outros pesquisadores serão utilizadas, assim como a efetivação de análises em
sites, anotações em fichas, gráficos, formulários etc.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Hendriksen e Breda (1999, p. 304), a “mensuração é o processo de atribuição
de valores monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa,
e obtidos de modo a permitir agregação (tal como na avaliação total de ativos) ou
desagregação, quando exigida em situação especifica”.
50
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Um dos principais objetivos da Lei, além de alterar os dispositivos da Lei nº
6.404/76, visando a atualizá-la ao novo mundo de negócios global, é providenciar maior
transparência às atividades empresariais brasileiras.
Os estudos confirmam que esses ativos humanos estão se tornando uma das
principais fontes de riqueza das empresas e que, por meio das metodologias, já se
pode pensar em mensurá-los e obter em termos quantitativos o valor que possuem nas
organizações.
CONCLUSÕES
A pesquisa pretende analisar a importância dos ativos intangíveis. Nesse sentido, a
ideia central tratou de evidenciar formas de mensuração por diversos teóricos. O objetivo
foi demonstrar que tais ativos podem ser considerados como riqueza patrimonial, assim
como o desenvolvimento da questão na legislação local, e as variáveis que influenciam o
não lançamento.
O capital intelectual demonstra o verdadeiro potencial existente, e este deve ser
reconhecido pela sociedade e considerado nos balanços patrimoniais. Um real valor de
mercado compatível com o valor expresso no balanço será, dessa forma, o reconhecimento
que deve ser atribuído ao capital intelectual, transformando-se, definitivamente, em um
diferencial competitivo pelas empresas inseridas nessa nova ordem econômica mundial.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
51
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52
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
DIVERGÊNCIAS METODOLÓGICAS PARA CÁLCULO DAS DETERMINANTES
DO CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM)
Djeice Queli Bertoto1
Richer de Andrade Matos2
introdução
A efetivação de um investimento acarreta, invariavelmente, a incidência de
determinado nível de risco ao investidor. Para investimentos com elevado nível de risco,
o retorno esperado pelo acionista é maior. Ou seja, quanto maior a percepção de risco
do negócio, maior tende a ser o retorno desejado pelo investidor. Entre os modelos
mais conhecido para tal finalidade está o Capital Asset Pricing Model (CAPM), o qual é
calculado a partir de uma taxa remuneratória de um ativo livre de risco, acrescida de
um prêmio por risco.
Um amplo debate sobre a real efetividade dos modelos de risco e retorno tem
sido realizado nas últimas décadas, conforme aponta Damodaran (2004); o mais adotado
é o CAPM. Segundo Brigham, Ehrhardt e Gapenski (2001), esse modelo foi desenvolvido
pelos professores Harry Markowitz e William F. Sharpe.
Aluna do 4º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Organizações e Desenvolvimento (FAE Centro Universitário). Professor da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
53
O modelo tradicional do CAPM é dado pela seguinte equação:
(01)
Kp: Retorno esperado (custo de capital próprio)
KRf: Taxa de um ativo livre de risco
Km: Retorno esperado do mercado acionário
ß: Coeficiente beta da variação dos preços de ações da empresa (ou setor) em
relação ao mercado
Ressalta-se também que é possível a adição de prêmios de risco para outras
determinantes que não constavam no modelo original. Damodaran (2004) relata a
possibilidade da inclusão de um prêmio de risco em que o investidor incorre ao sair de
uma economia madura para aquelas em desenvolvimento. Este é o denominado risco
soberano, ou seja, o risco ao qual um investidor está exposto em função do ambiente
macroeconômico do país no qual o empreendimento se situa. Assim, justifica-se a inclusão
de um prêmio extra pelo referido risco.
Com isso, a fórmula que contempla a inclusão do prêmio por risco soberano pode
ser escrita conforme a equação a seguir:
(02)
Rp: Prêmio de risco-país
Verifica-se, assim, que as determinantes do CAPM são originadas em fundamentos
estatísticos.
Segundo Assaf Neto (2009), o custo de capital próprio revela o retorno desejado
pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio, este
constitui o segmento mais complexo das finanças corporativas, assumindo diversas hipóteses
a abstrações teóricas em seus cálculos.
Entretanto, embora a conceituação seja relativamente simples, leituras preliminares
identificaram que não há consenso entre autores acerca dos prêmios a serem adotados
para aplicação do modelo, sendo esta a problemática do estudo.
54
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
1OBJETIVOS
O objetivo geral do artigo é verificar a existência de divergências na adoção da
metodologia do modelo CAPM quanto à forma de obtenção dos prêmios requeridos para
o cálculo.
Por objetivos específicos, ter-se-á:
a) Compreender o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) e suas
aplicações;
b) Apresentar o cálculo do custo de capital próprio via modelo CAPM;
c) Identificar as recomendações das literaturas acadêmicas e técnicas quanto à
obtenção dos prêmios a serem utilizados no cálculo do custo de capital próprio
pelo modelo CAPM.
2METODOLOGIA
Para efetivar o estudo, opta-se pela realização de revisão bibliográfica e pesquisa
documental. A pesquisa bibliográfica contempla uma amostra composta por autores
acadêmicos vinculados à área de finanças, cujas obras se encontram disponíveis na
biblioteca da FAE Centro Universitário, Campus Centro, Prédio I.
Adotam-se também investigações em notas técnicas emitidas por agências
reguladoras, empresas e instituições de ensino. A opção por pesquisar tais documentos
justifica-se pelo fato de as agências reguladoras mais tradicionais do país utilizarem o
modelo CAPM como fonte de obtenção do custo de capital próprio para então calcularem
o WACC, que, por sua vez, é utilizado como metodologia para obtenção da taxa de retorno
a ser auferida pelas concessionárias regidas pelas respectivas agências. Tais investigações
caracterizam a pesquisa documental.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A metodologia empregada permitiu constatar que, embora a fórmula de cálculo do
CPAM esteja definida, nem sempre há convergência entre autores no que tange à forma
de obtenção dos valores a serem utilizados para as determinantes do modelo.
A amostra pesquisada, composta por autores consagrados nas áreas de finanças
e análise de investimentos, bem como notas técnicas de agências reguladoras, empresas
e instituições de ensino, evidenciou a ocorrência de recomendações distintas para
praticamente todas as determinantes contempladas pelo cálculo, sendo estas motivadas
basicamente pelo tamanho da série histórica recomendada por cada autor.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
55
CONCLUSÕES
Dada a constatação de divergências entre os autores, a adoção do modelo CAPM
em análise de investimentos deve ser fundamentada sempre em determinado autor, o qual
deve ser referenciado na realização da atividade, haja vista a possibilidade de contestação
por parte de outros profissionais.
Por fim, propõe-se a realização de estudos futuros que, com o auxílio de
instrumentais estatísticos, permitam aferir quais as recomendações mais pertinentes.
56
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
REFERÊNCIAS
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
57
O CONTEXTO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ECONOMISTA
E A FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Rodrigo Marcial Ledra Ribeiro1
Heloísa de Puppi e Silva2
INTRODUÇÃO
Há uma tendência constante de declínio das matrículas no curso de Ciências
Econômicas no ensino superior brasileiro. Conforme o GRÁF. 1, o número de matrículas
no curso de ensino superior presencial de Ciências Econômicas tem diminuído desde
1999 (VALTL, 2012). Dados do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) mostram que, em 1999, o curso tinha 65.975 alunos e, em 2010,
50.440 alunos. Trata-se de uma queda de 24%. Em 1997, o curso de Ciências Econômicas
compunha 3,39% do corpo total de estudantes do Brasil e, em 2010, somente 0,93%
(VALTL, 2012).
Aluno do 3º ano de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutoranda em Tecnologia e Desenvolvimento pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
59
GRÁFICO 1 – Número de matrículas no curso superior presencial de Economia e
porcentagem do total de alunos matriculados em todos os cursos no
Brasil – 1997-2010
4.00%
70.000
3.50%
65.000
3.00%
2.50%
60.000
2.00%
55.000
1.50%
1.00%
50.000
0.50%
45.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
0.00%
Número de alunos matriculados no curso de Ciências Econômicas
Porcentagem do número total de alunos no Brasil
FONTE: Valtl (2012)
O GRÁF. 2 mostra que, ao contrário de Ciências Econômicas, os cursos de
Administração (com exceção em 2009), Engenharia, Ciências Contábeis e Negócios
Internacionais têm crescido nos últimos anos. O estudo de Valtl (2012, p. 38) apontou que
as instituições no resto do mundo passam pelo mesmo processo. O fato de que nenhum
economista pôde prever a crise financeira contribuiu para a discussão de que o curso de
Ciências Econômicas encaixa-se em um ramo muito teórico e que os modelos ensinados
não podem ser aplicados à realidade (EIMER, 2011 apud VALTL, 2012). Segundo o
autor alemão Eimer (2010 apud VALTL, 2012), o curso só ganhará popularidade quando
incorporar matérias interdisciplinares e o foco teórico for encadeado à realidade.
GRÁFICO 2 – Número de matrículas do curso de Ciências Econômicas em comparação com
outros cursos principais do Brasil – 2000-2010
Ciências Econômicas
Administração
Engenharia
Ciências Contábeis
Negócios Internacionais
FONTE: Valtl (2012)
60
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Como problema de pesquisa, adota-se: qual é o contexto da formação do
profissional economista?
1OBJETIVOS
Para responder a essa pergunta, firma-se o objetivo de levantar a problemática do
contexto da formação do profissional economista.
2METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa predominantemente exploratória, de método dedutivo e
cunho qualitativo. O estudo desdobra-se na breve abordagem da história da ciência e da
Filosofia da Ciência, mostrando os limites das especificidades das áreas do conhecimento
e a multidisciplinaridade; na breve descrição dos problemas e dos anseios da vida em
sociedade, diante da sustentabilidade, relacionando-os aos impasses mundiais da crise e aos
demais temas de interesse e discussão multidisciplinar; no levantamento das potencialidades
e das fragilidades do profissional economista, a partir de sua percepção, da dos órgãos
de classe, de estudantes de ensino médio e de organizações públicas e privadas; e na
apresentação dos elementos fundamentais de lógica do pensamento econômico. Por fim,
busca-se relacionar o contexto da atuação profissional, dado pela ciência e pelos anseios
da sociedade, e a formação do economista.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Edgar Morin (2005) caracteriza e critica o paradigma filosófico construído a
partir da lógica cartesiana. O paradigma da simplificação acarreta uma inteligência
cega e busca, portanto, uma ciência unida a partir da transdisciplinariedade, de uma
realidade multidimensional, e o pensamento complexo. Segundo Japiassú (1976, p. 73),
multidisciplinar é uma “gama de disciplinas que propomos simultaneamente, mas sem
fazer aparecer as relações que podem existir entre elas”. Sachs (2007), visando sanar essa
dificuldade das ciências econômicas (enquanto ferramenta limitada de compreensão da
realidade), apresenta uma nova perspectiva sobre os fins da Economia. O desenvolvimento
que, segundo o autor, era considerado somente em termos econômicos de crescimento
do PIB deve ser entendido como pluridimensional. Segundo Sachs (2007, p. 352), a
caracterização de desenvolvimento, hoje, além do sentido econômico, dá relevância a
aspectos sociais, culturais, de sua naturalidade política, de sua viabilidade (sustentabilidade)
e, por fim, de sua humanidade. O QUADRO 1 mostra, resumidamente, o conjunto
de instrumentos variados entre teorias, modelos e lógicas de formação para a atuação
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
61
profissional do economista. Destaca-se a impossibilidade de elaboração de uma lista
conclusiva, dada a versatilidade do campo de atuação profissional que exige a criatividade
do economista. Os instrumentos do economista são as leis, as teorias, e as ferramentas
para a operacionalização da base lógica com métodos quantitativos e análises qualitativas
em prol do objetivo de levar informação à tomada de decisão.
QUADRO 1 – Leis, teorias e lógicas pertinentes ao economista
LEIS
TEORIAS
OUTRAS LÓGICAS
Lei dos rendimentos decrescentes
Teoria da competitividade
Curto e longo prazo
Lei dos custos crescentes
Teoria da informação
Conjuntura e estrutura
Lei da utilidade marginal
decrescente
Teoria da decisão
Cenários
Fluxo circular da renda
Teoria das restrições
Otimização
Fronteira de possibilidade de
produção
Teoria da utilidade
Eficiência produtiva e eficácia
alocativa
Curva de aprendizagem
Teoria dos jogos
Distribuição e equidade
Custo de oportunidade
Teoria institucionalista
...
...
...
...
FONTE: Os autores (2012)
Com base nos estudos de Kraus (2012) e Valtl (2012), é possível afirmar que há
um desconhecimento da sociedade em relação ao papel do profissional economista, seja
em organizações públicas, privadas ou diante de alunos de ensino médio. “O profissional
economista é reduzido para determinados conhecimentos e qualificações que ele obtém
durante sua formação, isto significa que existe um forte ‘desaproveitamento cultural’ da
formação” (KRAUS, 2012, p. 44).
62
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
CONCLUSÕES
Este estudo procurou elucidar e sistematizar o que se fala sobre a atuação profissional
e a formação do profissional economista no cotidiano. As discussões encadeadas por este
estudo já tiveram similares em períodos anteriores. Por exemplo, Goldelier (196-), em
Racionalidade e irracionalidade na economia, faz uma discussão teórica e conceitual
aprofundada sobre o objeto de estudo do economista, os limites filosóficos e epistemológicos
da discussão sobre a ciência econômica e, de acordo com o contexto da época, discute
também a teoria econômica e sua capacidade de compreender e solucionar problemas
relativos aos sistemas econômicos. Resumidamente e de acordo com Alves (2013), o
economista é um profissional versátil, porque é formado para as múltiplas formas de atuação
na organização da produção e trabalho da sociedade, que deve considerar como fator
determinante de sua competitividade a multidisciplinaridade e o constante exercício de
experimentos em seus laboratórios (formação teórico-prático). Contudo, conclui-se que,
dada a complexidade dos fenômenos sociais, o economista não pode estar isolado das
contribuições das demais áreas do conhecimento. Deve ser capaz de recepcionar e aplicar
informações obtidas por modelos que escapam de sua ciência para encontrar análises as
mais próximas possíveis do atual anseio social: a sustentabilidade. Sem abandonar o stricto
sensu da ciência econômica, o economista precisa se relacionar com as demais áreas do
conhecimento e pensar como operacionalizará o volume de informações geradas por elas
para melhorar o processo de decisão da sociedade em prol da sustentabilidade.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
63
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
65
TERCEIRIZAÇÃO: IMPLICAÇÕES SOBRE OS SETORES ELÉTRICO E
AUTOMOTIVO BRASILEIROS
Cristiano Vinícius Ferreira1
Liana Maria da Frota Carleial2
Lafaiete Santos Neves3
INTRODUÇÃO
A terceirização da força de trabalho no Brasil vem se intensificando mesmo num
contexto econômico positivo de crescimento dos investimentos, do produto e dos empregos
formais. Essa prática ocorre nos setores privado e público e, do ponto de vista jurídico,
desvirtua a conceituação e a identificação do empregador, uma vez que promove a presença
de um intermediário entre o trabalhador e a firma que recebe a prestação do serviço.
Existem razões técnicas que favorecem o uso da terceirização, mas, em larga
medida, ela é utilizada como um recurso de redução de custos cujos impactos são sofridos
pelos trabalhadores, por receberem menores salários, cumprirem jornadas de trabalho
mais longas, suportarem práticas discriminatórias, comparativamente ao quadro efetivo
das empresas, e ficarem ainda submetidos a acidentes e maiores riscos no trabalho.
Esse é o caso dos setores elétrico e automotivo no Brasil e tais características,
apresentadas anteriormente, justificam a necessidade de um estudo mais aprofundado
sobre a terceirização nesses setores. Se existe este parâmetro negativo no mercado, nas
condições e na segurança do trabalho, devem-se buscar explicações para estas evidências,
valorizando a vida humana, e não tratando-a com insignificância.
Economista, graduado pela FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Doutora em Economia (USP). Professora titular da UFPR. Pesquisadora do CNPq. E-mail:
[email protected].
Doutor em Desenvolvimento Econômico (UFPR). Coordenador do Grupo de Estudos Ruy Mauro Marini
(GERMMARINI) CNPq/UTFPR. E-mail: [email protected].
1
2
3
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
67
O problema está entranhado nas lacunas deixadas pela lei que regula os setores
elétrico e automotivo e pela falta de uma legislação específica para a prática da terceirização.
Portanto, como reverter a tendência de precarização do trabalho no setor elétrico quando
o governo federal é conivente com a degradação das condições e com a informalidade
do mercado de trabalho?
A hipótese a ser trabalhada supõe que o atual modelo de regulação tende a piorar
a situação dos trabalhadores dos setores automotivo e elétrico. Essa hipótese se apoia
na contradição entre a realidade dos setores com relação à Súmula nº 311 do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), sobre a legalidade em contrato de prestação de serviços:
“I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o
vínculo diretamente com o tomador de serviços, salvo no caso de trabalho temporário”
(TST, Súmula nº 331, 2003).
Justifica-se a pesquisa a partir do entendimento de que, devido aos novos rumos
econômicos internacionais e à necessidade de o Brasil entrar em sinergia com esses
rumos, houve uma crescente demanda por produtividade, qualidade e menores custos
de produção. A terceirização corresponde a esta necessidade, entretanto, a prática está
sendo usada de forma inadequada e, assim, entrava o país no subdesenvolvimento, pois
é baseada na exploração do trabalhador.
1OBJETIVOS
O objetivo geral deste artigo é apresentar e discutir a prática da terceirização nos
setores elétrico e automotivo brasileiros. Os objetivos específicos necessários para criar a
sustentação do artigo são:
a)
Entender, a partir da teoria, a flexibilização dos fatores produtivos e separar
uma seção para sua apresentação. Procura-se introduzir os conceitos obtidos
segundo estudos bibliográficos, para explicar a precarização do trabalho que
ocorre nos setores elétrico e automotivo.
b)
Evidenciar detalhes da terceirização no setor elétrico, assim como aspectos
jurídicos e sobre a forma de regulação que incita a subcontratação.
c)
Apresentar o processo de terceirização no setor automotivo, esclarecendo
o modelo produtivo e a regulação que incentiva a terceirização; evidenciar
a precarização do trabalho no setor automotivo, segundo aspectos da
subjetividade do trabalhador.
Cada objetivo será transformado em uma seção, que contribuirá para a formação
das considerações finais.
68
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2METODOLOGIA
A metodologia usada contempla tanto o método exploratório como o bibliográfico.
Na análise, são observados dados secundários, modelo de regulação da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), teoria sobre sistemas de firmas-rede, precarização do trabalho,
terceirização e organização produtiva do setor automotivo. O modelo analítico usado é de
economia política, pois pressupõe análise da realidade numa perspectiva crítica, sempre
desconfiando da aparência dos fenômenos.
O modelo de análise consiste em adquirir conceitos sobre a flexibilização dos fatores
produtivos, verificar em que contexto acontece a terceirização do fator mão de obra nas
empresas dos setores elétrico e automotivo, apresentar as características de cada setor, assim
como o modelo de regulação de aspectos jurídicos, além das formas de precarização do
trabalho. Esse sistema ou fluxo de análise auxiliará na formação das considerações finais.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A flexibilização do processo produtivo, em especial a terceirização dos setores
tratados nesta pesquisa, mostrou-se comum apesar dos seus impactos negativos,
principalmente, no mercado de trabalho.
Isso causa uma série de transtornos morais para os trabalhadores terceirizados, pois
exercem funções equivalentes ou semelhantes, mas são postos de lado, não só em condições
precárias de renda e emprego, mas em questões psicológicas. Seria a engenharia capitalista
aumentando o grau de dominação sobre o trabalhador e obviamente aumentando a
exploração sobre ele.
O que se observou no setor elétrico foi uma ascensão da prática da terceirização
entre 2005 e 2006. Atualmente, existem 108.055 empregados efetivos nas empresas que
compõem geração, transmissão e distribuição do setor elétrico e 137.525 subcontratados
nestas atividades (FUNDAÇÃO COGE, 2011).
O aumento da terceirização acontece em meio à necessidade de redução dos
preços que compõem a tarifa de energia. É a forma mais viável de reduzi-la sem alterar
as margens de lucro do setor. O problema é que o incentivo por redução de custos, sem
fiscalização, é dado pela agência reguladora do setor, quando exige que a concessionária
se adéque ao valor reduzido da tarifa.
Em 2011, foram 79 acidentes fatais no setor elétrico, destes, 61 aconteceram nas
empresas terceirizadas. Detalhando este número de acidentes das empresas subcontratadas
por atividade, verifica-se que 53 aconteceram na atividade de distribuição de energia
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
69
elétrica. Ainda sob a mesma base de dados, se investigados os 309 acidentes fatais de
trabalho entre a população em 2011, verifica-se que 300 acidentes aconteceram na
atividade de distribuição de energia, quase uma morte por dia em 2011 entre trabalhadores
contratados e próprios (FUNDAÇÃO COGE, 2011).
O setor automotivo evidenciou que uma economia puxada pelo consumo,
organização produtiva com formato de firmas-rede, aliada à fragmentação produtiva das
montadoras, avanço da microeletrônica e, por fim, modelo de regulação baseado em normas
ISO, que formam um padrão internacional de qualidade, mas que não necessariamente
geram melhores condições de trabalho, são fatos que incitam a subcontratação nesse setor.
O fato de a regulação acontecer em meio a padrões internacionais de qualidade
irá obedecer às maiores regras do capitalismo atual: maior produtividade, menores custos,
resultando em empresa competitiva internacionalmente. É a transição dos modelos fordista
e taylorista para o toyotismo, assim, as empresas devem ter os custos mais flexíveis do
mercado, mesmo à custa do trabalhador.
Por ser setor privado, a subcontratação implicou maiores danos a elementos
subjetivos, envolvendo a essência do trabalhador como ser humano. Também é abalada a
autoestima, motivação, há a invasão das características individuais do trabalhador, falta de
reconhecimento como cidadão dentro dos seus deveres e suas obrigações, instabilidade
emocional, portanto, a dimensão da precarização do trabalho está além da situação econômica,
gera ausência de reconhecimento da sua importância na sociedade (ALVES, 2013).
CONCLUSÕES
A principal consideração a ser feita é quanto à atuação do Estado como agente
capaz de mudar essa trajetória do capitalismo, sem ir de encontro a ele. No setor elétrico,
o problema está na regulação da Aneel, na questão jurídica que envolve o trabalhador do
setor e na contradição entre tarifas de menores custos, mas com incentivos à terceirização.
Para o setor automotivo, a questão se torna um pouco mais delicada, pois se volta
para uma questão além de emprego e renda, mas sim de uma dominação implícita nas
atitudes dos empresários, que busca desestabilizar elementos psicológicos do trabalhador.
A questão de diferenciação é evidente e não foge muito dos problemas observados no
setor elétrico, mas cada um segue suas características.
A resposta desta pesquisa é pessimista quanto ao cenário observado, o qual não
dá indícios de que mude a perspectiva da terceirização e precarização do mercado de
trabalho. É confirmada a hipótese inicial, pois o modelo de regulação dos setores acaba
incitando a adoção da prática de subcontratação.
Definição de atividade-fim, regulação para terceirização e democracia participativa
surgem como alternativas de solução para o problema aqui estudado.
70
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS NO BRASIL
Gabriel Pietruza1
Thiago André Guimarães2
introdução
O uso de substâncias psicoativas de forma indevida é tema de proporções
internacionais, congregando a articulação de políticas públicas na maioria dos países do
mundo. Entre as externalidades negativas decorrentes do consumo dessas substâncias,
destacam-se a criminalidade, os acidentes de trânsito e de trabalho, gastos com
tratamentos e recuperação, mobilização e campanhas de prevenção, além da própria
violação de valores políticos, éticos e culturais.
Analisando o caso brasileiro, verifica-se que, em 2001, 9% da população era
dependente de tabaco, enquanto 11,2% eram dependentes de álcool (BRASIL, 2001).
No ano de 2005, o consumo de tabaco se elevou, atingindo 10,1% da população, e
o consumo de álcool atingiu 12,3% da população no mesmo ano. Nesse período, a
população que utilizava maconha variou de 1,0% para 1,2%, a parcela de brasileiros
que utilizava solventes para fins alucinógenos registrou queda de 0,8% para 0,2% e a
parcela que utilizava benzodiazepínicos caiu de 1,1% para 0,5% (BRASIL, 2010).
Aluno do 2º ano de Administração Integral – MEP da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de
Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail:
thiago.guimarã[email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
73
Paralelamente, o Brasil vem modificando sua condição econômica, registrando
crescimento e elevação do padrão de vida da população, especialmente das pessoas que
possuem renda mais baixa. Conforme apontado pelo Ipea (2011), a década compreendida
entre 2001 e 2011 apresentou uma redução de 8,7% no número de habitantes em situação
de pobreza extrema, enquanto o índice de Gini, que captura a distribuição de renda no
país, recuou de 0,594 para 0,527, representando melhoria de aproximadamente 12%
nos estratos distributivos de renda do país, explicada principalmente pelo incremento dos
rendimentos do trabalho. A análise destaca ainda que, no período em questão, a renda dos
10% mais pobres cresceu 550% mais que a dos 10% mais ricos. Além disso, há registros
de modificação no perfil cultural, social e político da população.
1OBJETIVOS
Neste contexto de mudanças, à medida que o nível de renda se eleva e sua
distribuição converge para maior equidade, o consumo de substâncias psicoativas também
apresenta crescimento. Por esse contraste, indaga-se de forma bastante pertinente: quais
são os determinantes do consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas? Em que medida o
crescimento do nível de renda se associa com a variação no consumo dessas substâncias?
Qual a influência das variáveis sociais e culturais neste consumo?
A resposta a esses questionamentos poderá contribuir para a formulação de políticas
mais direcionadas para atenuar as já citadas externalidades, pois propicia verificar em
termos quantitativos relações de dependência que determinam a demanda por álcool,
tabaco e outras substâncias psicoativas no Brasil.
2METODOLOGIA
Para o cumprimento dos objetivos propostos, o método de pesquisa envolve
levantamento bibliográfico, coleta de dados, construção de modelo e análise dos resultados.
Dessa forma, a pesquisa pode ser classificada como pesquisa quantitativa e aplicada.
O modelo econométrico foi construído com base em duas esferas de dados,
compreendendo o período entre 2001 e 2007. A primeira se refere a variáveis sociais e
contempla o número de divórcios e de separações no período para cada 1.000 pessoas
com mais de 20 anos de idade. Os dados foram extraídos da base do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
A segunda esfera contempla os dados econômicos e envolve uma variável sobre
renda, determinada pelos níveis médios de renda mensal, classificados em oito estratos
74
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
crescentes: sem renda (SR); menor que um salário mínimo (R1); entre um e dois salários
mínimos (1R2); entre dois e três salários mínimos (2R3); entre três e cinco salários mínimos
(3R5); entre cinco e dez salários mínimos (5R10); entre dez e vinte (10R20); por fim, mais
de vinte salários mínimos (R20). A segunda variável sobre a renda refere-se ao índice de
Gini, que capta a evolução da desigualdade da renda no período considerado. A base de
dados utilizada foi do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
Como proxy para a variável dependente que caracteriza o consumo das substâncias
psicoativas, utilizou-se a ponderação entre o número de internações por 100 mil habitantes
e o número de óbitos para cada 100 mil habitantes. Os dados foram obtidos do relatório
brasileiro sobre drogas, publicado pela Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas.
O modelo foi operado em separado, para cada um dos estratos de rendas
supracitados.
3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a operação do modelo econométrico, observou-se que as substâncias
psicoativas se comportam como bem normal para a maioria dos extratos, exceto para
os estratos 10R20 e 3R5, que contemplam famílias que ganham entre 10 e 20 salários
mínimos e famílias que recebem entre 3 e 5 salários mínimos. Esses são estratos de transição
entre a classe D e a classe C (3R5) e entre a classe C e a classe B (10R20), demonstrando,
portanto, que a transição econômica acaba direcionando o consumo para outros bens.
Ficou evidenciado também que a desigualdade de renda interfere diretamente no consumo,
da mesma forma que as variáveis sociais.
CONCLUSÕES
O presente estudo analisou em sincronia a evolução recente do nível de renda
da população brasileira juntamente às significantes mudanças sociais do país na primeira
década dos anos 2000. Tal fato tenderia a uma conclusão equivocada sobre a redução do
consumo de substâncias psicoativas no país para o mesmo período de análise. A análise
econômica e social sobre os determinantes do consumo dessas substâncias aponta para
um aumento da demanda, sustentado prioritariamente pela modificação nos padrões de
estrutura familiar e pelo agravamento da desigualdade de renda.
Pauta-se, portanto, a necessidade de formulação de políticas públicas que preservem
a estrutura familiar e atenuem a desigualdade de renda, a fim de obter resultados efetivos
na redução do consumo de substâncias psicoativas.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
75
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76
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR:
UMA PROPOSTA DE QUESTIONÁRIO
João Bruno Mansor Soares1
Evelin Lucht Lemos2
INTRODUÇÃO
Conforme a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE (POF) de 2008-2009,
realizada pelo IBGE com o objetivo de disponibilizar informações sobre a composição
orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, famílias com
rendimentos até R$ 2.490, que representam quase 70% da população, possuíam
despesas maiores que o orçamento familiar. Em complemento a esses dados, segundo
o Banco Central (BC) (apud VALENTE, 2013), o índice de endividamento subiu mais
0,2% percentuais, passando para 43,99% em março de 2013. De acordo com o BC, esse
índice passou a ser mensurado em 2005, ano em que o endividamento da família era de
18,39% da renda bruta anual. Em maio de 2013, a Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviço e Turismo (CNC) publicou a Pesquisa Nacional de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), a qual indica que 64,3% das famílias brasileiras se
encontram endividadas. Quando em 2011, a mesma CNC fez uma análise da trajetória
do endividamento familiar e percebeu que o produto financeiro responsável por maior
parte do endividamento foi o cartão de crédito.
Aluno do 4º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Administração (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
77
1OBJETIVOS
Assim, buscou-se como objetivo desta pesquisa consolidar os principais fatores e
indicadores que explicam o atual consumo familiar. Para tal, foi preparado um questionário,
a partir de pesquisa bibliográfica exploratória, além de outras pesquisas internacionais
semelhantes, sobretudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), que visa ser uma ferramenta para futuro auxílio a pesquisadores para melhor
compreensão do consumo familiar.
2METODOLOGIA
Para a efetiva realização dos objetivos propostos nesta pesquisa – a preparação
do questionário –, foram realizadas pesquisas exploratórias bibliográficas, tendo em vista
que tal preparação visou à busca pela obtenção de dados – “mediante contato direto e
interativo do pesquisador com o objeto de estudo” (NEVES, 1996). Pressupõe-se uma
futura aplicação com os funcionários da FAE, pois a aproximação seria facilitada, uma vez
que grande parte das pessoas com o perfil traçado se encaixa na amostra.
A posterior elaboração de um processo de pesquisa quantitativa buscará levantar
dados por meio de questionário fechado, para que se apurem ainda mais os questionamentos
e se elucide o comportamento dos cidadãos. A partir do momento em que é possível
confrontar as premissas teóricas, com a realidade empírica dos entrevistados, abre-se a
oportunidade de aprofundarem-se os estudos. Segue-se, então, por meio das entrevistas
de uma etapa qualitativa, um complemento, que refina os dados e fortalece a análise.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre as diversas fontes pesquisadas, observa-se principalmente a relação direta
entre o endividamento e o grau de conhecimento ou de educação financeira. Por mais
complexa que seja a análise, a relação acontece na constante dialética entre os temas:
Educação Financeira X Endividamento, que já nos livros extrapolam para o dia a dia das
pessoas. Tal relação não se mostrou determinante, mas uma condição sine qua non.
O cuidado do patrimônio ou, em outras palavras, o controle sobre seus ativos e
passivos, é permeado de inseguranças e exige maturidade. Para tal, deve-se enxergar a
educação financeira como um “instrumento e segurança para a tomada de decisões”.
Educação financeira não é sinônimo de ascensão social ou enriquecimento, mas sim a
78
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
base para o equilíbrio na chamada “vida financeira” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 21). De
acordo com a OCDE (2005 apud SAITO, 2007, p. 20):
A educação financeira é o processo em que os indivíduos melhoram a sua compreensão
sobre os produtos financeiros, seus conceitos e riscos, de maneira que, com informação,
e recomendações claras, possam desenvolver habilidades e a confiança necessárias para
tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o seu bem estar.
Por esses motivos, desde as fontes de pesquisa, o objetivo de criação do questionário
foi voltado para uma interação teórico-prática, seja do ponto de vista do pesquisador ou
do entrevistado.
Desse modo, após explanação e reflexão sobre a urgente necessidade da educação
financeira, “ainda incipiente no Brasil” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 12), buscou-se
relacionar tamanha urgência à expansão do crédito. Segundo o BC e a Susep (apud SAITO,
2007, p. 1125), no período entre 2002 e 2006, o total em crédito ofertado às pessoas
físicas cresceu 180%, sem mencionar a participação em fundos como o PGBL, o VGBL
ou a Previdência, cujo aumento foi de 656%. Uma vez que “o crescimento desorientado
do crédito produz a inadimplência” (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007, p. 1224), tal
descontrole também pode invadir também esferas profissionais, quando observadas as
crescentes iniciativas de empreendedorismo, típicas do brasileiro (TAMOTO, 2013).
Partindo de perspectivas pessoais até o âmbito macroeconômico, a educação
financeira influencia a capacidade de dimensionar o impacto sobre as decisões financeiras
tomadas (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007, p. 1127). O verdadeiro planejamento pessoal
inicia-se quando o “horizonte de planejamento” (Ibid., p. 1124) é estendido e deixa-se
de “priorizar o consumo”, preparando o nascimento de uma “cultura de poupança”.
Cultura que apenas se ratifica efetivamente quando a população tem acesso a serviços
bancários básicos, como a conta-corrente. A pesquisa Ibope (2009) revelou que apenas
51% dos brasileiros possuem conta-corrente (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 36). Enquanto
não se concretizar ou não houver uma formalização das estruturas de análise do chamado
orçamento pessoal ou familiar, ferramenta básica para a administração das finanças pessoais,
não teremos a base do “horizonte de planejamento”, e o consumo será a prioridade.
O orçamento familiar consiste basicamente na identificação de receita e despesas, ou
seja, construção de um fluxo de caixa familiar. Segundo Frankenberg (2002), quanto maior o
nível de detalhamento do orçamento, mais ele permitirá um controle acurado. Uma conta
bancária, independentemente da instituição financeira, é uma ferramenta de grande utilidade
parar a construção do orçamento, seja ele individual ou conjunto, familiar.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
79
Após breve argumentação, buscou-se desconstruir toda e qualquer relação
determinante entre planejamento financeiro e ascensão social. Uma analogia um tanto
comum, já que a simples clareza do orçamento gera segurança e é uma diferenciação
diante dos inúmeros chamados “analfabetos financeiros” (SOARES, 2012).
Por fim, considerando que a educação financeira deve compreender aspectos de
planejamento financeiro e, sobretudo, das modalidades de investimento, fez-se uma concisa
explanação das mais populares formas ofertadas no mercado, como caderneta de poupança,
ações, fundos de investimento, previdência privada, títulos públicos e títulos de capitalização.
“As pessoas precisam comportar-se como investidores” (ARAÚJO; SOUZA, 2012, p. 21).
Diversas são as modalidades de investimento, bem como os horizontes de resultados
projetados em cada um deles. Contudo, nota-se que alguns se destacam em popularidade e
aceitação, seja pelo baixo risco, pela simplicidade ou até mesmo – pode-se dizer – pelo perfil
do brasileiro. Mas a grande verdade está na pequena amostra de investidores se comparada
à população brasileira. Se apenas metade da população tem conta bancária (IBOPE, 2009),
quão menor não seria o percentual de investidores.
CONCLUSÕES
Os principais fatos aqui elucidados demonstram claramente que, antes de
aprofundarmos as causas de uma parcela endividada da população, é preciso compreender
quanto ela tem acesso e clareza dessa necessidade de alcançar tal cidadania.
Descobertas como a responsabilidade do Estado e dos agentes financeiros em formar
e educar os cidadãos financeiramente, por um princípio constitucional, é certamente uma
questão-chave para chegarmos aos pilares dessa situação. O contrassenso que se vive hoje
no estímulo ao consumo e aumento de crédito à nova classe C emergente, contra o ideal
de um crescimento e desenvolvimento financeiro responsável, saudável da população, é
imenso. Sem a educação financeira, devidamente estruturada e fortalecida, essas grandezas
tornam-se claramente inversas em proporção. Assim como os teóricos expõem a dialética
entre endividamento e educação financeira, a mesma relação aparece na expansão do
crédito e no desenvolvimento financeiro responsável dos cidadãos.
Alguns projetos de lei tramitam no Congresso Nacional para incluir oficialmente a
educação financeira no currículo escolar nos ensinos fundamental e médio. Desde 2009
eles aguardam para entrar em pauta. Muitas atividades já estão sendo desenvolvidas em
algumas realidades específicas de escolar públicas ou privadas.
Como exposto anteriormente, a educação financeira de um cidadão é tão
importante quanto a educação básica, ainda mais se considerada a expansão do crédito
e das oportunidades no Brasil. Educar financeiramente os cidadãos é transformar as mais
80
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básicas iniciativas de mercado. É capacitar o empreendedorismo; dividir a responsabilidade
estatal de controlar os agentes financeiros e quiçá melhor avaliar o próprio Estado em seus
atos; é fortalecer o “consumo sustentável” (CARMONA, 2013). É preciso “falar de educação
financeira e uso consciente do dinheiro interligando todo o processo de consumir, pois o
dinheiro ‘atravessa’ o ato de consumo” (CARMONA, 2013).
Savoia, Saito e Santana (2007, p. 1133), quando analisam os paradigmas da
educação financeira no Brasil, evidenciam: “Não foram encontrados trabalhos que
consolidam as informações sobre Educação Financeira. Isso torna este artigo extremamente
relevante, já que se trata de uma contribuição institucional para futuras discussões sobre
o tema no país”.
Justamente com esse pensamento, encerram-se as exposições, sendo certo que
“tais ações são insuficientes para atender a demanda por tais conhecimentos” e, ainda,
com esses dados, não se pretende “esgotar os assuntos, mas sim ilustrar uma evolução
no país” e, de igual forma, responder, por meio da pesquisa acadêmica, à iniciativa e o
esboço de “uma participação constante das instituições de ensino superior no processo
de educação financeira” (Ibid., 2007, p. 99).
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
81
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anexos
Questionário PAIC - 2013
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO FAMILIAR - UM ESTUDO DE CASO DOS FUNCIONÁRIOS FAE
SESSÃO 01 - INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO
DATA: _____/_____/_____
1.1 QUAL A SUA IDADE?
18-19
20-24
25-29
30-34
35-39
40-44
45-49
50-54
55-59
60-64
65-69
70+
1.2 SEXO:
MASC.
FEM.
1.3 ESCOLARIDADE:
ENSINO FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO
ENSINO SUPERIOR
PÓS-GRADUADO(A)
MESTRADO
DOUTORADO
1.4 VOCÊ ESTÁ EMPREGADO NO MOMENTO? EM QUAL MODALIDADE DE EMPREGO VOCÊ SE ENQUADRA?
JORNADA COMPLETA - 40 HORAS SEMANAIS OU MAIS
MEIO PERÍODO - MENOS DE 40 HORAS SEMANAIS
AUTÔNOMO(A)
INFORMAL
NÃO ESTOU TRABALHANDO NO MOMENTO
NDA
1.5 VOCÊ POSSUI EMPRESA OU É EMPREGADO?
SOU EMPREGADO(A) DE UMA EMPRESA
SOU AUTÔNOMO(A)POSSUO UMA EMPRESA
POSSUO UMA EMPRESA
NDA
1.6 QUAL DAS DESCRIÇÕES ABAIXO MELHOR DESCREVE SUA SITUAÇÃO ATUAL:
ESTOU EMPREGADO(A)
ESTOU DESEMPREGADO(A)
SOU ESTUDANTE
ESTOU APOSENTADO(A)
NÃO TRABALHO FORMALMENTE, REALIZO AS ATIVIDADES DOMÉSTICAS (DO LAR)
1.7 CONDIÇÃO DE MORADIA:
CASA PRÓPRIA
ALUGADA
CASA DE PARENTE (PAI, MÃE, SOGRA, SOGRO, AVÓS, OUTROS)
DIVIDINDO O ALUGUEL COM AMIGO(AS)
REPÚBLICA ESTUDANTIL
OUTROS
1.8 QUANTAS PESSOAS MORAM NA SUA CASA?
MORO SOZINHO(A)
2
3
4
5+
1.9 VOCÊ POSSUI CARRO PRÓPRIO? SE SIM, QUANTOS?
NÃO
1
2
3
4
5+
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
85
SESSÃO 02 - EDUCAÇÃO FINANCEIRA
CONHECIMENTO DOS PRODUTOS BANCÁRIOS
2.1 MARQUE QUAIS DOS PRODUTOS BANCÁRIOS ABAIXO VOCÊ TEM CONHECIMENTO (MÚLTIPLA ESCOLHA):
POUPANÇA
PREVIDÊNCIA PRIVADA / VGBL / PGBL
CONSÓRCIO
FUNDOS DE RENDA FIXA
FUNDO DE RENDA VARIÁVEL
AÇÕES
OPÇÕES
TÍTULOS DO GOVERNO
LCA / LCI
SEGUROS
CRÉDITO CONSIGNADO
DERIVATIVOS
DEBÊNTURES
TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO
CHEQUE
CHEQUE ESPECIAL
CRÉDITO PESSOAL
LEASING
CARTÃO DE CRÉDITO
CARTÃO DE DÉBITO
CONTA CORRENTE
INTERNET BANKING
BOLETO
TED / DOC / DÉBITO AUTOMÁTICO
OUTROS
2.2 VOCÊ POSSUI CONTA BANCÁRIA? EM QUANTOS BANCOS?
NÃO POSSUO
SIM, 1
SIM, 2
SIM, 3
SIM, MAIS DE 3
2.3 VOCÊ POSSUI CONTA EM CORRETORAS?
SIM
NÃO
2.4 VOCÊ CONHECE AS TAXAS E ENCARGOS DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS QUE VOCÊ NORMALMENTE UTILIZA?
SIM
NÃO
ALGUMAS
2.5 A TAXA BÁSICA DE JUROS DA ECONOMIA (SELIC) ESTÁ FIXADA ENTRE QUAIS VALORES ATUALMENTE?
ENTRE 3 E 5%
5,1 E 7%
7,1 E 8,5%
8,6 E 10%
NÃO SEI
2.6 COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ CONSULTA A SUA CONTA BANCÁRIA?
TODOS OS DIAS
3X SEMANA
1X SEMANA
2X MÊS
1X MÊS
APENAS SACO TUDO E NÃO FAÇO CONSULTAS
NÃO TENHO O HÁBITO DE CONSULTAR
2.7 COMO VOCÊ APRENDEU A LIDAR COM O BANCO E SEUS SERVIÇOS?
AINDA NÃO SEI
NA PRÁTICA
ESCOLA
FACULDADE
OUTROS
AUTODIDATA (LIVROS, SITES, MANUAIS...)
2.8 VOCÊ SE SENTE SEGURO COM AS INFORMAÇÕES QUE O BANCO OFERECE, AO MOVIMENTAR SEU DINHEIRO (TAXAS DE C. CRÉDITO,
MENSALIDADES, ANUIDADES, APLICAÇÕES, INVESTIMENTOS ETC.)?
1 - INSEGURO
2 - POUCO INSEGURO
3 - INDIFERENTE
4 - POUCO SEGURO
5 - MUITO SEGURO
86
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2.9 NOS ÚLTIMOS 5 ANOS, QUAIS FONTES DE INFORMAÇÃO VOCÊ UTILIZOU PARA APRIMORAR SEUS CONHECIMENTOS SOBRE FINANÇAS
PESSOAIS?
REVISTAS FINANCEIRAS
LIVROS E IMPRESSOS
SITES DE FINANÇAS NA INTRANET
SEMINÁRIOS
PUBLICAÇÕES DA INDÚSTRIA FINANCEIRA
PUBLICAÇÕES DO GOVERNO (BACEN, AGENDA 21, SEBRAE...)
PUBLICAÇÕES DE CORRETORAS
PUBLICAÇÕES DE CONSELHOS, SINDICATOS
AMIGOS
PARENTES
PROFESSORES
CURSOS ESPECÍFICOS
2.10 VOCÊ GOSTARIA DE RECEBER AUXÍLIO PARA FAZER / ORGANIZAR SEU ORÇAMENTO PESSOAL?
SIM
NÃO
2.11 SE UMA PESSOA GASTA R$ 13,00 DE ALMOÇO E R$ 8,00 NO DIA SEGUINTE, QUANTO ELA GASTOU NOS DOIS DIAS?
19,00
20,00
21,00
22,00
NÃO SEI
2.12 SE UMA PESSOA PAGA POR UM MICROONDAS R$ 165,00 COM 4 NOTAS DE R$ 50,00 QUANTO DE TROCO ELA VAI RECEBER?
30,00
35,00
40,00
45,00
NÃO SEI
2.13 SE VINTE JOGADORES GANHAM, CADA UM, UM PRÊMIO DE R$ 350,00, QUAL O MONTANTE TOTAL PAGO A ELES?
3.500,00
3.500,00
5.000,00
5.000,00
7.000,00
7.000,00
10.000,00
NÃO SEI
2.14 SE UM PRÊMIO DA LOTERIA, DE R$ 18.000,00, É DIVIDIDO IGUALMENTE ENTRE 6 PESSOAS, QUANTO CADA PESSOAS RECEBE?
2.500,00
3.000,00
4.000,00
6.000,00
NÃO SEI
2.15 AO INVESTIR R$ 300,00 EM UM FUNDO DE RENDA FIXA COM JUROS DE 5% ANO ANO, AO FINAL DE 5 ANOS, QUAL SERÁ O
MONTANTE INVESTIDO?
300,00
315,00
325,00
383,00
NÃO SEI
2.16 IMAGINE QUE VOCÊ TEM UMA DÍVIDA DE R$ 200,00, COM JUROS PRÉ-FIXADOS EM 2% AO MÊS, PORÉM, VOCÊ NÃO CONSEGUIU
QUITÁ-LA NOS DOIS OPRIMEIROS MESES. QUAL O VALOR ACUMULADO NO FINAL DO 3º MÊS?
200,00
205,00
208,00
MAIS QUE 210,00
NÃO SEI
2.17 O QUE VOCÊ PREFERE?
R$ 1.000,00 NA POUPANÇA
R$ 1.000,00 EM UM FUNDO DE RENDA FIXA, PRÉ-FIXADA EM 5% a.a.
2.18 VOCÊ GOSTARIA DE FAZER UM CURSO DE MATEMÁTICA FINANCEIRA E FINANÇAS PESSOAIS?
SIM
NÃO
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SESSÃO 03 - ENDIVIDAMENTO
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
QUAL A SUA RENDA PESSOAL MENSAL?
ATÉ R$ 830,00
DE 831,00 A 1.245,00
DE 1.246,00 A 2.490,00
DE 2.491,00 A 4.150,00
DE 4.151,00 A 6.225,00
DE 6.226,00 A 10.375,00
MAIS DE 10.375,00
QUAL A SUA RENDA FAMILIAR MENSAL?
ATÉ R$ 830,00
DE 831,00 A 1.245,00
DE 1.246,00 A 2.490,00
DE 2.491,00 A 4.150,00
DE 4.151,00 A 6.225,00
DE 6.226,00 A 10.375,00
MAIS DE 10.375,00
A SUA RENDA É A ÚNICA DE SUA FAMÍLIA?
SIM
NÃO
NÃO POSSUO DEPENDENTES, MORO SOZINHO
TODAS AS PESSOAS QUE MORAM EM SUA CASA, E QUE POSSUEM ALGUM RENDIMENTO, TÊM CONTA BANCÁRIA?
SIM
NÃO
MORO SOZINHO
ABAIXO, ESTÃO LISTADOS ALGUNS LUGARES EM QUE AS PESSOAS COSTUMAM FAZER EMPRÉSTIMOS. EM QUAIS DOS LUGARES ABAIXO
VOCÊ PEGOU EMPRÉSTIMO NOS ÚLTIMOS 12 MESES, PARA QUALQUER MOTIVO?
BANCO COMERCIAL
FAMÍLIA OU AMIGOS
CRÉDITO CONSIGNADO
FINANCEIRAS (LOSANGO, CREFISA...)
EMPRESA (FUNDAÇÃO, COOPERATIVAS...)
AGIOTA
OUTROS
NÃO PEGUEI EMPRÉSTIMOS
3.6 NOS ÚLTIMOS 12 MESES, EM ALGUM MOMENTO, VOCÊ NÃO CONSEGUIU QUITAR SUAS DÍVIDAS?
SIM
NÃO
3.7 SE SIM, QUAIS FORAM?
C. CRÉDITO
BOLETOS (ÁGUA / LUZ / TELEFONE / MENSALIDADES...)
CARTÃO DE LOJA
CREDIÁRIO
FINANC DE CARRO
FINANC DE CASA
ALUGUEL / CONDOMÍNIO
OUTROS
NENHUMA / QUITEI TODAS AS MINHAS DÍVIDAS
3.8 POR QUAL MOTIVO VOCÊ NÃO CONSEGUIU QUITAR SUAS DÍVIDAS?
EMPRESTEI MUITO DINHEIRO
GASTEI MAIS DO QUE PODIA NO CARTÃO DE CRÉDITO / DÉBITO / LOJA
ALIMENTO DAS TAXAS DE JUROS
NÃO ME PLANEJEI CORRETAMENTE
PERDI UMA FONTE DE RENDA
MEU PARCEIRO(A) OU EU PERDEMOS O EMPREGO
GASTO EMERGENCIAL INESPERADO
ALGUMA COBRANÇA ALÉM DO ESPERADO
DOENÇA NA FAMÍLIA
SEPARAÇÃO / DIVÓRCIO
CONSUMISMO
CONSEGUI QUITAR TODAS MINHAS DÍVIDAS
3.9 VOCÊ SE CONSIDERA UMA PESSOA CONSUMISTA?
SIM
NÃO
3.10 ATUALMENTE VOCÊ POSSUI ALGUMA DÍVIDA QUE COMPROMETA MAIS DE 50% DA RENDA FAMILIAR?
SIM
NÃO
88
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3.11 SE SIM, QUAIS?
CASA PRÓPRIA
ALUGUEL/MORADA (CONDOMÍNIO)
CARRO
EDUCAÇÃO
BENS DE CONSUMO (ROUPA, REFRIGERADOR...)
BELEZA
SAÚDE
3.12 QUAL PORCENTAGEM DA SUA RENDA QUE ESTÁ COMPROMETIDA NO MOMENTO?
0 A 20%
21 A 40%
41 A 60%
61 A 80%
81 A 100%
3.13 EM QUÊ? (MÚLTIPLA ESCOLHA)
C. CRÉDITO
BOLETO (ÁGUA / LUZ / TELEFONE / MENSALIDADES...)
CARTÃO DE LOJA
CREDIÁRIO
FINANCIAMENTO DE CARRO
FINANCIAMENTO DE CASA
ALUGUEL / CONDOMÍNIO
OUTROS
3.14 EM QUANTO TEMPO ESSA DÍVIDA SERÁ QUITADA?
MENOS DE 1 ANO
2 A 5 ANOS
6 A 9 ANOS
10 A 15 ANOS
16 OU MAIS
NÃO PENSEI NISSO AINDA
3.15 QUAIS AS MODALIDADES DE PAGAMENTO QUE VOCÊ MAIS UTILIZA?
DINHEIRO
CHEQUE
C. CRÉDITO
CARTÃO DE LOJAS
CARTÃO DE DÉBITO
CREDIÁRIO
INTERNET BANKING
BOLETO
TICKET
OUTROS
3.16 VOCÊ POSSUI CARTÃO DE CRÉDITO? QUANTAS BANDEIRAS?
NÃO.
SIM, 1
SIM, 2
SIM, 3
SIM, 4
SIM, MAIS DE 4
3.17 CASO POSSUA, COMO VOCÊ EFETUA O PAGAMENTO DAS SUAS FATURAS?
NO VENCIMENTO
APENAS O LIMITE
ANTES DO VENCIMENTO
QUANDO POSSO
DEPENDE DA MINHA SITUAÇÃO NO MOMENTO
3.18 EXISTE ALGUMA MODALIDADE DE PAGAMENTO QUE VOCÊ NÃO USARIA JAMAIS?
DINHEIRO
CHEQUE
C. CRÉDITO
CARTÃO DE LOJAS
CARTÃO DE DÉBITO
CREDIÁRIO
INTERNET BANKING
BOLETO
TICKET
OUTROS
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89
SESSÃO 04 - PLANEJAMENTO
4.1 QUEM ADMINISTRA A RENDA EM SUA CASA
EU MESMO(A)
MEU PARCEIRO(A)
EU E MEU PARCEIRO(A) JUNTOS
OUTRO MEMBRO DA FAMÍLIA
NÃO SEI
4.2 MARQUE ABAIXO O QUÃO CONFORTÁVEL VOCÊ SE SENTE COM A SUA RENDA ATUAL:
MUITO DESCONFORTÁVEL
POUCO DESCONFORTÁVEL
INDIFERENTE
POUCO CONFORTÁVEL
MUITO CONFORTÁVEL
4.3 QUAL DOS ITENS ABAIXO MELHOR DESCREVE COMO VOCÊ GERALMENTE SE SENTE SOBRE A SUA SITUAÇÃO FINANCEIRA ATUAL?
FORA DO CONTROLE O TEMPO INTEIRO
FORA DO CONTROLE NA MAIOR PARTE DO TEMPO
ALTERNANDO ENTRE FORA DO CONTROLE E COM CONTROLE
COM CONTROLE A MAIOR PARTE DO TEMPO
COM CONTROLE O TEMPO INTEIRO
4.4 VOCÊ POSSUI ALGUMA FERRAMENTA DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO?
CADERNETA
PLANILHA
CELULAR
PROGRAMA ESPECÍFICO
NÃO POSSUO
4.5 VOCÊ POUPA?
SIM
NÃO
4.6 COMO?
POUPANÇA
COFRE EM CASA
PREVIDÊNCIA PRIVADA
CONSÓRCIO
FUNDOS DE RENDA FIXA
FUNDOS DE RENDA VARIÁVEL
AÇÕES
OPÇÕES
TÍTULOS DO GOVERNO
LCA / LCI
OUTROS
ATIVOS REAIS (IMÓVEIS, CARROS, AGRONEGÓCIO, EMPREENDIMENTOS, LOJAS ETC.)
DERIVATIVOS
DEBÊNTURES
OPÇÕES
OUTROS
4.7 QUAL O OBJETIVO DESSA POUPANÇA?
CURTO PRAZO
MÉDIO PRAZO
LONGO PRAZO
DEIXAR PARA OS HERDEIROS
4.8 PENSANDO NAS FORMAS DE INVESTIMENTO MAIS RECENTES (NOS ÚLTIMOS 5 ANOS) QUE VOCÊ FEZ USO, QUAL FORMA VOCÊ USOU?
POUPANÇA
COFRE EM CASA
PREVIDÊNCIA PRIVADA
CONSÓRCIO
FUNDOS DE RENDA FIXA
FUNDO DE RENDA VARIÁVEL
AÇÕES
TÍTULOS DO GOVERNO
LCA / LCI
ATIVOS REAIS (IMÓVEIS, CARROS, AGRONEGÓCIO, EMPREENDIMENTOS, LOJAS ETC.)
DERIVATIVOS
OPÇÕES
DEBÊNTURES
OUTROS
NÃO INVESTI
90
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4.9 PARA OS SEUS INVESTIMENTOS, NOS ÚLTIMOS 5 ANOS, QUEM VOCÊ CONSULTOU?
REVISTAS FINANCEIRAS
LIVROS E IMPRESSOS
SITES DE FINANÇAS NA INTERNET
SEMINÁRIOS
PUBLICAÇÕES DA INDÚSTRIA FINANCEIRA
PUBLICAÇÕES DO GOVERNO (BACEN, AGENDA 21, SEBRAE...)
PUBLICAÇÕES DE CORRETORAS
PUBLICAÇÕES DE CONSELHOS, SINDICATOS
AMIGOS
PARENTES
PROFESSORES
NÃO CONSULTEI NINGUÉM
4.10 QUAL O OBJETIVO DESSE INVESTIMENTO (MÚLTIPLA ESCOLHA)?
FLEXIBILIDADE
GANHOS DE CAPITAL DE LONGO PRAZO
DIVERSIFCAÇÃO DE PORTFÓLIO
POUPANÇA PARA O FUTURO
GANHOS DE CAPITAL NO CURTO PRAZO
ABATIMENTO DE IMPOSTOS (IR)
FLUXO DE RENDA PARA USO ATUAL
FLUXO DE TENDA PARA USO FUTURO
SEGURNAÇA / BAIXO RISCO
RETORNO
NADA EM ESPECIAL
4.11 VOCÊ POSSUI PREVIDÊNCIA PRIVADA?
SIM
NÃO
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
91
Análise do valor entregue aos clientes de
empresas paranaenses que adotam estratégias únicas e valiosas
Gessika da Silva Avelar1
Carlos Borges Machado2
INTRODUÇÃO
O conceito de estratégia empresarial encontra-se um tanto obscuro em algumas
organizações atualmente. Em parte, isso ocorre devido ao surgimento de diversas técnicas
e métodos para implantação das chamadas “melhores práticas organizacionais”, o que
acaba não se constituindo na análise do ambiente da organização e na definição de
objetivos e meios para promover o sucesso da empresa.
Outra parte da confusão do que se refere à adoção de estratégias está relacionada
ao que algumas empresas fazem ao organizar reuniões com todo o staff, a fim de analisar
o ambiente – interno e externo. Isso também não significa que o diagnóstico dos desafios
da organização esteja sendo feito da maneira correta. Preencher formulários padronizados
ou fazer votações nas quais a maioria é “vencedora” corresponde mais ao cumprimento
de protocolos do que ao desenvolvimento de estratégias.
Essas características de elaboração de “planejamentos estratégicos” correspondem
ao que Rumelt (2011) chama de “estratégias ruins” ou estratégias do tipo “formulário”.
No dia a dia das organizações, é possível perceber que o processo todo é mais voltado
a “cumprir tabela” do que efetivamente pensar na vida corporativa, nos seus processos,
no seu ambiente e nas implicações decorrentes.
Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
1
Mestre em Organizações e Desenvolvimento (FAE Centro Universitário). Professor da FAE Centro
Universitário. E-mail: [email protected].
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
93
Neste trabalho, foram adotados os conceitos de estratégia empresarial do autor
Michael Porter. Dessa forma, para os propósitos do estudo, considera-se que estratégia é
o meio pelo qual a empresa se coloca em vantagem competitiva.
Porter (1996, p. 10) define estratégia como “a criação de uma posição ímpar e
valiosa”. De acordo com o autor, dentro de uma indústria, a briga pela mesma posição é uma
batalha destrutiva para a empresa e isso gera competição de preços entre os concorrentes,
limitando os retornos potenciais. É a vantagem competitiva adquirida por meio da entrega
de valor superior ao cliente que possibilitará maior lucratividade (PORTER, 1989). No
entanto, para que uma empresa obtenha a sua posição única e valiosa, é preciso fazer
análises dos ambientes interno e externo da companhia por meio de técnicas selecionadas.
A matriz SWOT é a técnica mais usual para a análise do ambiente. Com ela, é
possível analisar os aspectos internos da organização, correspondendo às suas forças e
fraquezas. O aspecto externo diz respeito às oportunidades e ameaças, mas não basta
somente o analisar, pois, como resultado da análise, cria-se o planejamento estratégico
da organização, que busca canalizar as forças da companhia de acordo com os recursos
existentes. Isso é feito para responder aos desafios do ambiente, aproveitando as
oportunidades em busca de maior desempenho.
Porter (1999) ressalta que uma estratégia serve para colocar a empresa em bons
resultados. Para isso, ela deve estar atenta ao ambiente da indústria e às cinco forças que
nela operam: entrantes potenciais, fornecedores, compradores, substitutos e concorrentes,
que determinam a intensidade da concorrência e rentabilidade.
As organizações devem buscar oportunidades para que obtenham um desempenho
acima da média, a longo prazo, e vantagem competitiva, condição a ser atingida por
meio de três estratégias genéricas estabelecidas por Porter (1999). São elas: baixo custo,
diferenciação e enfoque. Esta última consiste em atender a um segmento-alvo focando
suas necessidades mais específicas.
Para que a empresa obtenha uma posição única e valiosa em seu segmento, deve
entregar um valor superior ao cliente. Tal condição surge da oferta de preços menores
que os da concorrência, por benefícios similares ou pela diferenciação do produto que
fará com que os compradores estejam dispostos a pagar um preço mais alto. No entanto,
o valor criado pela empresa nem sempre é percebido pelo comprador. É necessário criar
“sinais de valores” para que os compradores percebam o benefício do produto e estejam
dispostos a pagar por ele (PORTER, 1989).
No que diz respeito à pequena empresa, constatou-se que suas estratégias mais
usuais geralmente assumem a forma de nicho, enquadrando-se na estratégia de enfoque
conceituada por Porter (1999). De acordo com Kathalian (2004), esse tipo de estratégia
94
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
apresenta a vocação de um empreendedor, que, por sua vez, possui a vantagem de conhecer
os gostos de seus clientes e oferecer a eles especialidades para satisfazê-los.
1OBJETIVOS
O objetivo do trabalho é verificar se as empresas paranaenses adotam estratégias
únicas e valiosas e, dessa forma, entregam aos seus clientes produtos e serviços com um
valor superior ao dos seus concorrentes. Para isso, foi realizado um estudo de caso em uma
empresa paranaense – o supermercado Mercanosso –, no qual foi avaliado se o contexto
observado da organização corresponde ao fenômeno pressuposto.
Para atender ao objetivo geral, foi identificada a estratégia da empresa estudada
e, a partir de então, foram observados itens específicos da sua atuação e das expectativas
dos seus clientes que poderiam evidenciar a existência da entrega de um valor superior
ao disponibilizado por seus concorrentes.
2METODOLOGIA
Para identificar a forma de atuação do Mercanosso, realizou-se uma entrevista com
a proprietária. Ela definiu a estratégia do supermercado como: oferecer mercadorias de
acordo com o perfil do cliente, que exige qualidade e paga um preço justo. Segundo
a entrevistada, o valor entregue ao cliente é a proximidade decorrente da qualidade
do atendimento.
Para analisar a estratégia do supermercado, no que diz respeito à avaliação sobre a
organização e se efetivamente se entrega um valor adicional aos seus clientes (nos aspectos
que eles julgam mais importantes), foi utilizada a Matriz Importância-Desempenho. Essa
metodologia foi concebida por Slack (2009, p. 450-451) e tem como objetivo julgar as
prioridades de melhoramentos nas operações, ou seja, nas atividades de realização dos
produtos da empresa, avaliando as necessidades e preferências dos clientes, o desempenho
e as atividades dos concorrentes.
A intenção, portanto, foi identificar se, ao confrontar essas influências para a
operação, uma organização poderá constatar claramente se os seus esforços estão sendo
direcionados para aquilo que mais importa aos seus clientes e, nesses mesmos aspectos,
se ela tem vantagens em relação ao desempenho de seus concorrentes.
Houve, então, a necessidade de adaptar o método de Slack ao objetivo geral
do trabalho, para determinar se as estratégias organizacionais efetivamente constituem
posições únicas e valiosas.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
95
Foram realizadas pesquisas para identificar os aspectos que os clientes consideram
mais importantes em um supermercado, de acordo com o que Slack (2009, p. 445) chama
de “objetivos de desempenho”: qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo.
Após a definição dos aspectos, foram realizadas entrevistas para que as pessoas atribuíssem
notas a cada um dos itens (QUADRO 1), segundo o grau de importância. As notas, de
acordo com a metodologia, variam de 1 a 9, sendo 1 o item de maior importância e 9 o
de menor importância. Em seguida, foram entrevistados os clientes do Mercanosso para
que atribuíssem uma nota, a fim de avaliar o desempenho do supermercado em relação
aos concorrentes. Novamente de acordo com a metodologia, as notas variaram de 1 a 9,
sendo 1 a equivalente ao melhor desempenho e 9 a relacionada ao pior desempenho. As
respostas, tanto da avaliação da importância para os clientes quanto para o desempenho
com relação aos concorrentes, estão apresentadas no QUADRO 1 a seguir.
QUADRO 1 – Notas para Importância para os Clientes (IC) x Desempenho com relação aos
Concorrentes (DC)
Objetivo de Desempenho
Qualidade
Velocidade
Confiabilidade
Flexibilidade
Custo
Item
A
Descrição do item
Notas
IC
DC
Qualidade dos produtos
2
1
B
Qualidade do atendimento
2
1
C
Rápido atendimento nos caixas
1
2
D
Estrutura/espaço físico
3
2
E
Limpeza
2
1
F
Higiene
1
1
G
Organização
2
2
H
Variedade de produtos
2
2
I
Estacionamento
3
2
J
Localização
3
1
K
Preço
2
2
L
Formas de pagamento
4
1
FONTE: Os autores (2013)
Para chegar ao resultado final de cada item, foi calculada a média das notas atribuídas
pelos entrevistados. Feitos os ajustes e considerando os resultados relativos à importância para
os clientes e ao desempenho do supermercado Mercanosso em relação aos seus concorrentes,
foi possível elaborar uma Matriz Importância-Desempenho (FIG. 1).
96
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Desempenho em Relação aos Concorrentes
Ruim
Bom
FIGURA 1 – Matriz Importância-Desempenho
L
1
Excesso
2
J
A,B,E F
D,I
G,H,K C
Adequado
3
4
5
6
Ação urgente
7
8
Melhoramento
9
9
8
7
6
5
4
Importância para os Consumidores
3
2
Baixa
1
Alta
FONTE: adaptada de Slack (2009), com dados obtidos na pesquisa (2013)
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A intenção do estudo, com a apresentação de uma Matriz Importância-Desempenho,
foi identificar a coerência entre a estratégia do supermercado Mercanosso e as percepções
dos seus clientes quanto aos itens considerados por eles como os mais importantes.
Com a utilização da Matriz Importância-Desempenho, no caso do supermercado
Mercanosso, evidenciou-se uma redundância das avaliações, de modo que os itens importantes
para os clientes tiveram apenas notas entre 1 e 4. O desempenho do supermercado em
relação aos concorrentes também apresentou tal característica, com notas variando entre
1 e 2. Dessa forma, os dados levantados na pesquisa apontam que o supermercado tem o
seu desempenho, em todos os itens avaliados e considerando exatamente aqueles que os
clientes consideram mais importantes, totalmente na área adequada.
Com os resultados obtidos, é possível identificar que o supermercado teve um
desempenho superior ao de seus concorrentes. No entanto, não é possível afirmar que esse
desempenho é recorrente apenas em função dos itens “qualidade dos produtos” e “qualidade
do atendimento”, pois os outros itens também apresentaram desempenho superior.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
97
CONCLUSÕES
Ao comparar o desempenho do Mercanosso em relação ao de seus concorrentes,
no que diz respeito aos aspectos “qualidade dos produtos” e “qualidade do atendimento”,
os clientes atribuíram nota 1, demonstrando que reconhecem o benefício oferecido pelo
supermercado e o avaliaram como melhor nesses dois itens. A estratégia do supermercado,
portanto, constitui-se na entrega de um valor adicional aos seus clientes.
O resultado da pesquisa foi satisfatório, pois possibilitou a realização da avaliação
da empresa pesquisada – o Supermercado Mercanosso – e validou a utilização da Matriz
Importância-Desempenho como instrumento de avaliação de estratégias organizacionais e
das percepções dos clientes. Sugere-se, contudo, que, no futuro, estudos semelhantes sejam
conduzidos como forma de verificar a pertinência, adequação e eficácia do método.
98
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
REFERÊNCIAS
CERTO, Samuel C.; PETER, Paul J. Administração estratégica: planejamento e implantação da
estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (FNQ). Estratégias e planos. São Paulo, 2007. (Cadernos
de Excelência, n. 2).
GIL, Antonio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 12. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
HAMEL, Garry; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o
controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
KAPLAN, R.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
KATHALIAN, Marcos. Estratégia de nicho para pequenas empresas. Revista FAE Business, Curitiba,
n. 08, p. 44-46, maio 2004.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia: um roteiro pela
selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
PORTER, Michael E. Competição: estratégias competitivas essenciais. 5. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1999.
______. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 35. reimpr. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1989.
______. What is strategy? Harvard Business Review, Boston, Mass., v. 74, n. 6, p. 61-78,
Nov./Dec. 1996.
RUMELT, Robert. Estratégia boa, estratégia ruim. Rio de Janeiro: Campus, 2011.
SLACK, Nigel et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2009.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
99
MODELO DE DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL RUMO À CONSULTORIA
Giuliana Giovanna dos Santos Carvalho1
Joslaine Chemim Duarte2
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios do administrador do século XXI consiste em fazer
com que as organizações se mantenham e também obtenham posição de destaque no
mercado global e competitivo. Muitos são os esforços empregados diante da grande
competitividade existente e ter um embasamento teórico para a tomada de decisão é
de extrema importância para a sobrevivência e o estabelecimento das organizações.
O diagnóstico organizacional refere-se à etapa inicial de um projeto de consultoria e
consiste em coletar dados, transformá-los em informações úteis sobre a organização de
maneira que possam contribuir nas decisões.
De acordo com Newman e Warren (1980), o diagnóstico organizacional é um
processo de verificação temporal e espacial que visa analisar a empresa ou determinado
processo como um todo; especificar desvios de desempenho; analisar condições internas
e externas, ou seja, diagnosticar sintomas de procedimentos não adequados ou que
poderiam estar mais delineados com as necessidades da organização.
Cavalcanti e Mello (1981, p. 14) observaram que:
[...] através do diagnóstico organizacional, o empresário tomará conhecimento
das dimensões essenciais mínimas de investimento, mercado, recursos humanos e
materiais, e de um conjunto de restrições que podemos denominar massa crítica
que assegurarão a sobrevivência de sua empresa, revendo o desempenho de áreas
de importância fundamental.
Aluna do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Engenharia da Produção (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail:
[email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
101
Tem-se o diagnóstico organizacional como forma de suporte para a verificação
de possíveis falhas, suas correções e utilização para a tomada de decisão que conduza à
eficiência e eficácia. Algumas organizações utilizam empresas de consultoria para o auxílio
na solução de problemas por não dispor de tempo ou por não possuir pessoas habilitadas
para fazer um diagnóstico.
Hesketh (1979, p. 13) afirma que “para compreender-se o significado do diagnóstico
organizacional, é necessário o conhecimento do esquema lógico dentro do qual se insere,
bem como do modelo teórico que lhe serve de sustentação”.
Verificar a organização de forma integral, aspectos internos e externos que impactem
no seu desempenho, e, a partir dessas informações, traçar planos estratégicos são objetivos
do diagnóstico organizacional.
Como existem vários tipos de consultorias, o presente estudo enfatiza a consultoria
total, que inclui produtos de mais de uma área do conhecimento, atuando em muitos
pontos, praticamente em todas as áreas e processos do cliente abrangendo aspectos
corporativos, mercadológicos, financeiros, produção, formas de reconhecimento,
promoção, recompensas entre outros.
O problema levantado por este projeto é: como estabelecer um diagnóstico
organizacional para ser utilizado em consultoria ou à própria organização?
Observa-se que existem poucas publicações sobre o assunto que sirvam de
embasamento para que as organizações verifiquem seus erros, corrijam as falhas e atinjam
seus objetivos. Muito se tem escrito e discutido sobre o diagnóstico estratégico, que está
inserido no diagnóstico organizacional, este mais amplo e abrangente.
A percepção das dificuldades encontradas pelas organizações em fazer o diagnóstico
organizacional e a contribuição para o aluno de Administração de empresas constituem
motivos importantes deste estudo. Também se considera importante a verificação da
necessidade de ter um modelo de diagnóstico baseado na contribuição de autores
renomados nas áreas abordadas, além da perspectiva da utilização na prática.
102
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
1OBJETIVOS
O objetivo geral deste projeto é estabelecer um modelo de diagnóstico geral da
organização para ser utilizado em consultoria total externa ou à própria organização.
Os objetivos específicos consistem em:
a) Conceituar diagnóstico organizacional, verificar a bibliografia existente sobre
o assunto e as limitações da sua aplicação prática;
b) Levantar dados que permitam a visualização de questões relevantes ao realizar
análise organizacional, a fim de obter um modelo de diagnóstico;
c) estimular os alunos do curso de Administração de empresas da FAE Centro
Universitário para a pesquisa sobre o assunto, que é de vital importância para
uma organização.
2METODOLOGIA
Este estudo classifica-se como exploratório. De acordo com Gil (2009), o estudo
de caráter exploratório tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o tema,
tornando-o mais explícito. Ou seja, para realizar a pesquisa, há o levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas que possuem experiências práticas com o problema pesquisado,
além de análises que tragam compreensão sobre o tema.
A pesquisa baseia-se no método indutivo, que, segundo Gil (1999), parte do
particular por meio da observação criteriosa dos fenômenos concretos da realidade e
coloca a generalização depois de efetivadas as etapas do estudo.
Para o levantamento de dados e a averiguação de questões relevantes ao realizar
uma análise empresarial, a fim de obter um diagnóstico, existe a condução de entrevista
com consultores e professores de diversas áreas de atuação. Essa técnica apresenta grande
flexibilidade e pode assumir diversas formas. A entrevista a ser apresentada neste estudo
é caracterizada como focalizada, que, embora seja livre, tem por enfoque tema bem
específico, e cabe ao entrevistador conduzi-la de maneira que o entrevistado retorne
ao assunto após alguma digressão. Também é considerada despadronizada ou não
estruturada; nesse tipo de entrevista, o pesquisador tem liberdade para adaptar-se aos
diferentes contextos que considere adequados. É uma maneira de oferecer possibilidades
de maior exploração do assunto em voga. Geralmente as perguntas são abertas e podem
ser respondidas dentro de uma conversa sem uma linha muito bem definida.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
103
A questão inicial da entrevista utilizada foi “quais as questões-chave que seriam
utilizadas para se avaliar a área [...] de uma empresa a fim de se obter um diagnóstico?”.
Uma entrevista, para fins de pesquisa, deve atender a três requisitos básicos: a)
o entrevistado pode expressar-se à sua maneira frente ao estímulo do entrevistador; b)
a ordem das perguntas não pode prejudicar essa expressão livre; e c) o entrevistador
pode inserir outras perguntas ou participação no diálogo objetivando sempre a meta da
entrevista – demonstrando uma predileção pelo roteiro não estruturado de entrevista de
Marconi e Lakatos (2007).
De acordo com Marconi e Lakatos (2007), obter respostas válidas e informações
significativas com a entrevista é uma verdadeira arte que se aprimora com tempo,
experiência e treino.
2.1
O MODELO
Ao contratar a consultoria, a empresa necessita fornecer dados que possam
contribuir na análise organizacional para a construção do diagnóstico empresarial.
O QUADRO 1 apresenta o modelo proposto pelo estudo, a fim de que o consultor
ou a própria empresa obtenha um diagnóstico geral da situação atual da organização.
Inicialmente, apresentam-se dados gerais para identificar a empresa, como o nome, o CNPJ,
a data em que os dados estão sendo colhidos, sua localização e contatos. Posteriormente,
são indicadas questões que identificam o propósito de procura da consultoria e possíveis
impactos que o problema tem trazido. E, enfim, as questões relevantes com breves
explicações, que fazem parte tanto da área externa quanto da área interna da empresa e
suas diversas áreas.
104
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
QUADRO 1 – Modelo proposto pelo estudo
Empresa
CNPJ
Data
Endereço
Contato
Fone (
Fone
e-mail
)
1. ENTREVISTA
1.1 Qual o momento atual que a empresa vivencia?
1.2 Qual a situação que levou à necessidade de uma consultoria?
1.3 Quais problemas têm representado maior gasto de energia sem solução?
1.4 Qual o impacto que têm trazido esses problemas?
2. SITUAÇÃO ATUAL
2.1 Participação no mercado (%) (A fatia de mercado detida por essa organização)
2.2 Posicionamento (A posição no mercado)
2.3 Vantagem competitiva (Vantagem que a empresa tem em relação aos concorrentes)
2.4 Missão (O propósito de existência da organização)
2.5 Visão (Ambições futuras da organização)
2.6 Valores (Princípios e crenças que guiam a organização)
2.7 Estratégias (Procedimento formalizado e articulador de resultados)
2.8 Modelo de gestão (Normas e princípios que devem orientar os gestores na escolha das melhores
alternativas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia)
2.9 Estrutura organizacional (Forma pela qual as atividades desenvolvidas pela organização são
divididas, organizadas e coordenadas)
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105
3. AMBIENTES
3.1 Externo (Conjunto de indivíduos, grupos e organizações que se encontra no meio exterior da
organização e que a influencia de alguma maneira)
3.1.1 Geral (Conjunto de condições genéricas e externas à organização que contribuem de um modo
geral para tudo aquilo que ocorre dentro dela)
3.1.1.1 Econômico (Fatores que afetam o poder de compra e os hábitos de gasto do consumidor)
3.1.1.2 Social (Conjunto de forças ou condições nas relações e contato com os seres humanos)
3.1.1.3 Político (Leis, agências governamentais e grupos de pressão que influenciam e podem limitar a
organização)
3.1.1.4 Tecnológico (Conhecimento e informações sobre processos e produtos e seu ramo de
negócios)
3.1.1.5 Outros
3.1.2 Operacional
3.1.2.1 Concorrentes existentes (Empresas que concorrem no segmento de mercado com a
organização)
3.1.2.2 Participação dos concorrentes (Quanto os concorrentes detêm do mercado em que a
organização atua)
3.1.2.3 Possibilidade de novos entrantes (Possibilidade e viabilidade da entrada de novos
competidores no mercado em que a empresa atua)
3.1.2.4 Produtos substitutos (A possibilidade de os clientes terem suas necessidades atendidas por
produtos ou serviços similares)
3.1.2.5 Fornecedores (Os atuais fornecedores da empresa)
3.1.2.6 Poder de barganha de fornecedores (O poder exercido pela variabilidade de preços e prazos
por parte do fornecedor)
3.1.2.7 Clientes (Os atuais clientes da empresa)
3.1.2.8 Poder de barganha de clientes (O poder exercido pela exigibilidade de preços menores,
qualidade maior)
3.1.2.9 Distribuidores (Os atuais distribuidores da empresa)
3.1.2.10 Outros
3.2 Interno (Aquilo que está dentro da organização e tem aplicação imediata e específica na
administração da organização)
106
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3.2.1 Marketing
3.2.1.1 Produtos/serviços (Análise de quais são os produtos e/ou serviços entregues pela empresa)
3.2.1.2 Preço (Preço do produto/serviço, descontos, concessões, prazos de pagamento e condições de
financiamento)
3.2.1.3 Praça (Canais, cobertura, variedade, locais, estoque e transporte)
3.2.1.4 Promoção (Promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas e marketing)
3.2.1.5 Pesquisa de mercado (Estudo de potencial de mercado e posicionamento para estratégias)
3.2.2 Recursos humanos
3.2.2.1 Índice de rotatividade de pessoal (Relação entre admissões e demissões da organização)
3.2.2.2 Índice de absenteísmo (Mensuração de empregados que estão ausentes do processo de
trabalho)
3.2.2.3 Índice de retenção de pessoas (Mensuração de empregados que permanecem na empresa
por certo período de tempo)
3.2.2.4 Grau de terceirização da empresa (Mensuração de quantidade de empregados terceirizados)
3.2.2.5 Índice de treinamento (Mensuração de quantidade de horas de treinamento de empregadas)
3.2.2.6 Uso de salário variável (Ligado ao desempenho profissional individual do empregado)
3.2.2.7 Volume de horas extras (Mensuração da quantidade de horas que os empregados trabalham a
mais do que deveriam)
3.2.2.8 Índice de acidentes de trabalho (Mensuração da quantidade de acidentes ocorridos
envolvendo a organização)
3.2.2.9 Índice de doenças ocupacionais (Mensuração da quantidade de empregados com doenças
relacionadas à ocupação exercida)
3.2.3 Finanças
3.2.3.1 Margem de lucro (Percentual da receita total em valor líquido que a empresa recebe depois
que os custos são descontados)
3.2.3.2 Retorno sobre o investimento (Relação entre o dinheiro ganho ou perdido em um
investimento e o montante de dinheiro investido)
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
107
3.2.3.3 Liquidez imediata (Mede a capacidade de pagamento da empresa)
3.2.3.4 Liquidez seca (Mede a capacidade de pagamento empresarial desconsiderando os seus
estoques)
3.2.3.5 Ponto de equilíbrio (Faturamento mensal mínimo necessário para cobrir os custos (fixos e
variáveis))
3.2.3.6 Rentabilidade (Retorno esperado de um investimento descontando custos, tarifas e inflação)
3.2.3.7 Risco (Variação da rentabilidade de um investimento)
3.2.4 Produção
3.2.4.1 Tipo de produção (Caracteriza o tipo de produção que a empresa utiliza)
3.2.4.2 Análise de fornecedores (Como os fornecedores estão desempenhando seu papel)
3.2.4.3 Identificação de demanda (Identifica a demanda pelo produto/serviço fornecido pela
empresa)
3.2.4.4 Dimensionamento de estoques (Identifica quanto a empresa possui em seu estoque)
3.2.4.5 Gargalos na produção (Pontos de atraso da produção)
3.2.5 Logística
3.2.5.1 Estoque mínimo (Quantidade de materiais que necessitam estar no estoque para que a
produção aconteça)
3.2.5.2 Estoque de segurança (Quantidade de materiais com margem de segurança caso um
fornecedor venha a falhar)
3.2.5.3 Avaliar o desempenho dos fornecedores (Identifica se os fornecedores estão desempenhando
seu papel dentro da empresa com qualidade)
3.2.5.4 Leadtime (Tempo do procedimento de um pedido desde o momento em que é colocado para
a empresa até o momento de entrega ao cliente)
3.3 Estrutura do setor e oportunidades
3.4 Pontos fortes (Identificação de pontos que a empresa tem como vantagem sobre os concorrentes)
3.5 Pontos fracos (Identificação de pontos a serem melhorados dentro da empresa em comparação
com os concorrentes)
FONTE: Os autores (2012)
108
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo, foram consideradas bibliografias relevantes ao tema e para o
levantamento de dados e averiguação de questões importantes ao fazer uma análise
empresarial. A fim de obter um diagnóstico, existiu a condução de entrevista com
cinco consultores e professores de diversas áreas de atuação. Desta forma, o modelo de
diagnóstico elaborado refere-se à proposta inicial de uma consultoria que busca levantar
dados para obter um diagnóstico da empresa, podendo ser adaptada de acordo com a
necessidade do consultor ou do próprio empresário. Os resultados obtidos apontam para
a necessidade de estudos mais específicos sobre cada área dentro da empresa, a fim de
se obter um modelo mais representativo de cada área.
CONCLUSÕES
O propósito do estudo em fazer um modelo ou instrumento para ser utilizado em
consultoria pode ser complementado com maior detalhamento principalmente das áreas
funcionais. Refere-se a um início para a constituição de instrumentos de coleta de dados
que podem ser aprimorados. A pesquisa entre autores renomados, professores e consultores
das áreas específicas foi essencial para a elaboração do artigo.
De acordo com as mais variadas organizações, tipos, segmento de mercado,
tamanho e outras características, é desafiadora a elaboração de um modelo único e a
adaptação para cada empresa de acordo com as suas especificidades pode ser necessária.
A elaboração do modelo refere-se a uma proposta inicial, que pode ser aperfeiçoada
de acordo com a necessidade.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
109
REFERÊNCIAS
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estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993.
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Petrópolis: Vozes, 1979.
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vencer. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
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www.recantodasletras.com.br/artigos/1715198>. Acesso em: 21 abr. 2013.
110
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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Rio de Janeiro: Intercultural, 1980. v. 1
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Paulo: Makron Books, 2001.
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WOILER, Samsão; MATHIAS, Washington F. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São
Paulo: Atlas, 1986.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
111
SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL:
UMA NOVA PROPOSTA DE ECOFILOSOFIA EMPRESARIAL
Giovani Luiz Behnke Grando1
Léo Peruzzo Júnior2
INTRODUÇÃO
O crescimento econômico que o mundo vivenciou nos últimos 25 anos foi
impressionante: mais de quatro vezes o PIB mundial cresceu nesse tempo. Mas qual
foi o preço desse crescimento impressionante? Cerca de 60% dos ecossistemas, hoje,
estão comprometidos no que tange à sua capacidade de manutenção (PNUMA, 2011).
O desenvolvimento sustentável adquire, então, um caráter quase emergencial
em função da situação apresentada acima. Como integrar tal responsabilidade social
ao modelo de desenvolvimento econômico atual? É muito, também, das empresas
esse desafio, de conciliar crescimento econômico com a sustentabilidade ambiental (cf.
BARBIERI, 2007).
Diante desse quadro, torna-se necessário repensar o modelo de gestão das
atividades empresariais para que não haja, em um futuro próximo, um colapso
econômico-humano pela escassez de serviços ambientais decentes.
Aluno do 3º ano de Administração da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Doutorando em Ética e Filosofia Política (USFC). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail:
[email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
113
1OBJETIVOS
Elucidar o significado que a sustentabilidade e a responsabilidade social assumem
no debate acerca da necessidade de as empresas adotarem uma ecofilosofia empresarial
em suas atividades organizacionais.
Apresentar os resultados de uma pesquisa exploratória que servirá como base para
a tese defendida no estudo, expondo o nível de ecofilosofia que empresas de Curitiba e
Região Metropolitana apresentam em suas atividades organizacionais.
2METODOLOGIA
A pesquisa objetiva conceituar a ecofilosofia empresarial, baseando-se nos estudos sobre
responsabilidade social e sustentabilidade. Para o referencial teórico, analisaram-se diferentes
perspectivas acerca dos temas na literatura especializada. Apresentar-se-ão os resultados do
questionário estruturado enviado a empresas de Curitiba e Região Metropolitana. Além disso,
o trabalho visa fornecer informações que corroborem a necessidade de institucionalizar atingir
um nível de desenvolvimento sustentável nas organizações. Revela-se, também, que o estudo
tem em perspectiva uma abordagem qualitativa.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A discussão acerca da sustentabilidade e da responsabilidade social é de importância
ímpar, pois a necessidade de implantar uma cultura organizacional que zele por uma gestão
socialmente responsável e preocupada com o ambiente é urgente.
A principal diferença entre a gestão tradicional e a ecofilosofia empresarial é que
a segunda prima, acima de tudo, pelo uso, cada vez mais, eficiente dos recursos naturais,
garantindo a integração de todas as partes interessadas no negócio na atividade econômica.
Tudo isso sempre tendo por objetivo o retorno a longo prazo, pois o melhor aproveitamento
no uso de recursos produtivos reduz custos e a chance de danos ambientais graves, que
causarão perdas financeiras.
As empresas que responderam ao questionário do estudo demonstraram que a
sustentabilidade e a responsabilidade social ainda estão em fase de consolidação nas
organizações. Há projetos sendo institucionalizados, mas, com isso, percebe-se que elas
estão começando a se engajar nessa luta, que é de todos, pois a qualidade dos serviços
ambientais afeta todos (ALMEIDA, 2007).
Há uma clara evidência de que os projetos que estão sendo desenvolvidos incialmente
são os de áreas que têm maior relevância no modelo de negócio das empresas, isto é,
sistemas de gestão que impactam mais no resultado das organizações. E, contextualizando
114
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
essas constatações do estudo, são projetos que estão sendo institucionalizados em áreas em
função de uma pressão de mercado, principalmente. Não se trata tanto de uma decisão
voluntária das empresas, mas sim de uma exigência de mercado.
Todas as mudanças vão exigir das organizações alterações nas suas estratégias de
mercado. O escopo do que a responsabilidade social representa para as empresas mudou,
deixou de estar apenas no âmbito financeiro para aderir a outras constituições que, muitas
vezes, pode desvirtuar a verdadeira importância de a empresa ser socialmente responsável.
GRÁFICO 1 – Nível geral de sustentabilidade e responsabilidade social
FONTE: Os autores (2012)
O GRÁF. 1 expõe a realidade geral do nível de ecofilosofia empresarial das
empresas pesquisadas. Constatou-se no estudo que todas as empresas grandes (mais de
500 empregados) obtiveram um nível de 5,0 (o sugerido pelo estudo como ideal). Porém,
há empresas médias e pequenas que também atingiram ou ficaram acima do mínimo
recomendado.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
115
CONCLUSÕES
Os resultados e análises obtidos neste trabalho visam evidenciar a necessidade da
busca pela ecofilosofia empresarial. Nesse desafio, as grandes empresas demonstraram
estar mais bem preparadas. Esse fato é corroborado quando se vê que 55% das empresas
pesquisadas são companhias grandes e que todas obtiveram notas dentro ou acima do
recomendável pelo estudo. Há empresas médias e pequenas (18%) que obtiveram nota
acima desse valor mínimo, mas a tendência parece ser que, realmente, as organizações
menores apresentam um desempenho inferior às grandes do mercado. Pode-se afirmar
isso devido a essas companhias não terem, talvez, a mesma quantidade e qualidade de
recursos necessários para vencer nessa tarefa e desenvolver uma ecofilosofia empresarial
em suas atividades.
116
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
REFERÊNCIAS
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www.aecic.org.br/>. Acesso em: 10 set. 2013.
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AMATO NETO, J. Sustentabilidade & produção. São Paulo: Atlas, 2011.
ANÁLISE gestão ambiental: especial RIO+20, São Paulo, n. 34, 2012.
ASHLEY, P. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. São
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DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.
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GOMES, A.; MORETTI, S. A responsabilidade e o social: uma discussão sobre o papel das
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GUIA SUSTENTABILIDADE: Companhias que fazem bem às suas comunidades. Florianópolis:
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ecodesenvolvimento.org/>. Acesso em: 05 abr. 2013.
KREITLON, M. P. McMoral, iPolítica, Cidadania Wireless: reflexões para o ensino e a pesquisa
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para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza: síntese para tomadores de
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WERBACH, A. Estratégia para sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
117
A INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
PARANAENSES POR MEIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UM ESTUDO DE CASO
Mariane Regina Grade1
Joaquim de Almeida Brasileiro2
INTRODUÇÃO
A primeira década do século XXI iniciou com uma intensa influência nas questões
ambientais e no combate ao terrorismo, fatos que passaram a fazer parte dos aspectos
mundiais, uma vez que influenciavam a economia. A globalização se fortaleceu e,
junto a ela, o comércio mundial continuou a permitir o surgimento de novos agentes
no ambiente internacional.
A partir do ano 2000, o comércio exterior brasileiro obtém recordes de vendas para
o exterior. Isso é ocasionado por uma série de razões, entre elas, o aumento do número
de parceiros comerciais e a diversificação da relação de exportação. Além disso, o Brasil
também conquista uma participação mais ativa nas demandas da OMC e assume uma
posição de liderança na defesa dos interesses comerciais dos países em desenvolvimento.
Visando a esse contexto, percebe-se que, atualmente, o Brasil está em uma boa
posição econômica no mercado internacional. Novas empresas com produtos em potencial
estão surgindo e as oportunidades, aumentando. Para tanto, as micro, pequenas e médias
empresas devem receber incentivos governamentais para iniciar seu desenvolvimento com
uma perspectiva voltada para as vendas de seus produtos ao exterior.
Aluna do 3º ano de Negócios Internacionais da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de
Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Administração (FGV). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
119
A adesão à ideia da falta de incentivo por parte do governo em auxiliar tecnicamente
as pequenas e médias empresas que trabalham para conquistar uma boa posição no
mercado, a fim de contribuir em maior escala com o país e tornarem-se mais competitivas,
leva à questão da existência, muitas vezes desconhecida, de programas e projetos federais
e estaduais de incentivo e incremento à competitividade das indústrias nacionais por meio
de políticas públicas para internacionalização.
O governo federal vem desenvolvendo projetos e programas que visam apoiar
empresários que possuem interesse em iniciar a atividade exportadora, visto que tal
atividade beneficia a balança comercial e o equilíbrio na economia. Os incentivos ofertados
são vários, especialmente a não incidência de impostos nas exportações, o que possibilita
a chegada dos produtos brasileiros ao mercado internacional com preços competitivos.
1OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é descrever e analisar as ações do projeto Primeira
Exportação, buscando informar sua real eficácia para as pequenas e médias organizações
de Curitiba e Região Metropolitana e apresentando suas ações governamentais voltadas
para o incentivo da internacionalização das médias e pequenas empresas da região citada.
Para alcançar a finalidade da apresentação, descrição e análise das políticas públicas
voltadas para o incentivo à inserção das pequenas e médias empresas, como sua credibilidade,
os objetivos específicos desta pesquisa serão definidos nos seguintes argumentos:
a) Abordar a atual situação de atuação no comércio internacional das pequenas
e médias empresas de Curitiba e Região Metropolitana que participam do
projeto Primeira Exportação;
b) Apresentar e descrever as políticas públicas atuais que buscam incentivar a
competitividade das pequenas e médias empresas da região em questão por
meio da internacionalização;
c) Realizar estudo de caso do projeto Primeira Exportação, bem como identificar
as ações que contribuem para o incentivo e o alcance da internacionalização
dos pequenos e médios empreendimentos da região em estudo.
2METODOLOGIA
O presente estudo científico possui primeiramente uma focalização empírica,
reproduzida no desenvolvimento do referencial teórico. Para o objetivo do aprofundamento
das ações e dos resultados obtidos pelo objeto de estudo desta pesquisa – o projeto Primeira
120
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Exportação –, foi realizado estudo de caso para que ocorresse o melhor aprofundamento
sobre o tema. Para a coleta de dados, foi utilizado como instrumento um questionário
com perguntas relacionadas aos objetivos do trabalho.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados foram coletados por meio de questionários semiestruturados, encaminhados
eletronicamente para os seis agentes do projeto e para os cinco empresários participantes
ativamente. Foram obtidas três respostas dos agentes e uma resposta do empresário. Os
dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo com o auxílio da
tabulação de respostas e estatística gerada pelo Google Docs Survey. De modo geral, foi
observado que o projeto Primeira Exportação tem bons resultados em suas ações e todas
as partes envolvidas estão satisfeitas com o processo de incentivo à internacionalização das
empresas. Pode-se concluir que o projeto Primeira Exportação atua como uma importante
ferramenta de conhecimento para ações voltadas à internacionalização. A metodologia
seguida gera um aprendizado para os empresários, que desejam internacionalizar suas
empresas, e aos agentes, que possuem a vantagem de unir o aprendizado acadêmico à
prática do processo de internacionalização.
CONCLUSÕES
As pequenas e médias empresas estão buscando mais recursos para tomar
conhecimento das alternativas subsidiadas pelo governo que objetivem incentivar a
internacionalização de seus produtos. O projeto Primeira Exportação é um forte aliado
dos empresários, pois possui as informações corretas sobre como ocorre o procedimento
da exportação, bem como realiza a consultoria gratuita, direcionando as melhores opções
para que o negócio seja internacionalizado.
Por meio da pesquisa, foi possível concluir que o projeto possui um papel muito
importante para a internacionalização das pequenas e médias empresas participantes que
desejam internacionalizar-se, bem como para a parceria existente entre SECEX/MDIC
e as universidades (neste caso, FAE Centro Universitário), pois tem contribuído para o
aumento do número de empresas preparadas para iniciar no mercado internacional. A
eficácia do projeto Primeira Exportação foi comprovada, e observou-se que, para o sucesso
da primeira exportação das empresas participantes, é necessário o interesse por parte
destas que querem contribuir para o próprio crescimento, por meio das ações e sugestões
realizadas pelo projeto.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
121
REFERÊNCIAS
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VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Gestão de negócios internacionais. São Paulo: Saraiva,
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VASQUEZ, José Lopes. Comércio exterior brasileiro. São Paulo: Atlas, 1995.
122
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
APÊNDICE 1
Questionário 1 – Agentes. 7 Quantitativas, respostas fechadas; 5 Qualitativas,
respostas abertas. 3 questionários preenchidos.
1.
Qual ano de Negócios Internacionais você está cursando?
2.
Qual o ciclo atual das empresas que estão participando?
2.1 Quantas empresas iniciaram no Projeto Primeira Exportação neste ciclo atual?
3.
Quantas empresas estão participando atualmente?
4.
Quantas empresas você está coordenando nas fases da metodologia do Projeto?
5.
Em que fase do Projeto sua(s) empresa(s) se encontra(m) atualmente?
6. Quais as ações desenvolvidas pelo Projeto Primeira Exportação para incentivar a
internacionalização das empresas participantes?
7.
Em uma escala de 0 a 10, qual o nível de comprometimento do(s) empresário(s) para
o(os) qual(is) você realiza a consultoria, com relação às atividades e ações propostas
por você?
7.1 Comente o nível de comprometimento da questão anterior.
8.
Das empresas participantes, quantas já estão realmente preparadas para realizar a
primeira exportação?
9.
Como está sendo para você, pessoal e profissionalmente, a experiência como um
Agente?
10. De que forma o Projeto Primeira Exportação está contribuindo para sua formação
acadêmica?
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
123
APÊNDICE 2
Questionário 2 – Empresários. 5 Quantitativas, respostas fechadas; 6
Qualitativas, respostas abertas. 1 questionário preenchido.
Modelo:
1.
Sua empresa já teve experiência com exportação?
2.
Caso sua resposta à pergunta anterior tenha sido sim, conte como foi a sua experiência.
3. Sua empresa já teve contato com algum outro projeto ou órgão do Governo que
visasse incentivar a internacionalização das empresas?
4.
Se a resposta anterior foi sim, cite o órgão ou projeto e relate brevemente como esta
ação contribuiu de alguma forma com sua empresa.
5.
Visando a todas as fases da metodologia do Projeto, bem como sua participação em
todas elas, o senhor acredita que sua empresa poderá realizar a primeira exportação
no prazo pretendido?
6.
Referente à questão anterior, justifique sua resposta.
7.
O senhor tem tido facilidade para cumprir com os prazos de entrega das atividades
propostas pela metodologia do Projeto Primeira Exportação?
8.
Se a resposta à questão anterior foi negativa, quais os fatores que interferem nessa
situação?
9.
Possuindo experiência de participação no Projeto Primeira Exportação e visando à
fase atual da metodologia, na sua opinião, quais alterações poderiam ser realizadas
para que o Projeto como um todo ficasse melhor?
10. Em sua opinião, o Projeto Primeira Exportação possui ações e diretrizes realmente
eficazes para a internacionalização da sua empresa?
11. Justifique sua opinião sobre a questão anterior.
124
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
O PROCESSO DE INSERÇÃO DO IDOSO NO MERCADO DE TRABALHO EM
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR
Karen Munhoz Villar1
Ricardo Lemes da Rosa2
INTRODUÇÃO
A participação dos idosos no mercado de trabalho está aumentando, e o
envelhecimento populacional é um tema cada vez mais presente nas discussões e nos
debates da sociedade em geral. A permanência ou reinserção do idoso aposentado
na atividade econômica, segundo Queiroz e Ramalho (2009), está relacionada à
complementação de renda familiar e/ou aumento do bem-estar dos idosos, que poderão
vir a ser autônomos caso permaneçam em atividade por mais anos. Questiona-se,
então, como vêm sendo desenvolvidos a política e o processo de reinserção do idoso
no mercado de trabalho em São José dos Pinhais/PR.
1OBJETIVOS
O objetivo geral do estudo é analisar como vêm sendo desenvolvidos a política
e o processo de reinserção do idoso no mercado de trabalho em São José dos Pinhais/
PR. E, para atingir tal proposta, os seguintes objetivos específicos foram propostos:
(a) analisar as características e perfil do idoso inserido neste processo; (b) apontar as
principais barreiras e facilitadores no processo de reinserção; (c) analisar este processo
na perspectiva do idoso e dos representantes das empresas.
Aluna do 4º ano de Administração da FAE São José dos Pinhais. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Políticas Públicas para o Esporte e Lazer (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário.
E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
125
2METODOLOGIA
O percurso metodológico para investigação possui duas fases, tomando como
procedimento a pesquisa de natureza qualitativa. A primeira fase do trabalho foi a pesquisa
bibliográfica e documental em artigos especializados para análise do perfil do idoso inserido
neste contexto. A fase seguinte foi a pesquisa de levantamento de dados com idosos e
representantes da empresa participante para analisar este processo na perspectiva dos
personagens da pesquisa. O instrumento de pesquisa utilizado foi a entrevista semiestruturada.
A amostra escolhida foi, por conveniência, dos pesquisadores e, como critério de eleição da
amostra, a empresa selecionada deveria apresentar um histórico de contratação de idosos há
pelo menos doze meses e os idosos selecionados deveriam ter idade completa de 60 anos
e estar há pelo menos três meses atuando na empresa.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A falta de impedimento legal para os aposentados continuarem trabalhando facilita
a reinserção do idoso no mercado de trabalho formal. Um facilitador encontrado foi a
baixa disponibilidade de mão de obra para o ramo de supermercados, pois a necessidade
de contratação reduziu a exigência do processo de seleção da empresa.
A probabilidade maior de encontrar idosos não aposentados no mercado formal
confirmou a pesquisa de Queiroz e Ramalho (2009), pois aproximadamente 71%
dos entrevistados não eram aposentados. A relação entre o grau de escolaridade e a
ocupação do idoso no mercado de trabalho confirmou que, quanto mais anos de estudo,
melhor a ocupação do idoso. Nos dados coletados na pesquisa, quanto maior o nível de
responsabilidade do cargo, maior o grau de escolaridade do funcionário e maior o valor
do salário encontrado.
Do ponto de vista dos empregadores entrevistados, o diferencial do funcionário
idoso é a qualidade na execução das tarefas e a visão holística do seu trabalho em
relação às atividades de toda empresa e, ainda, que as produtividades do idoso e do
jovem são equivalentes.
A principal barreira encontrada pelo idoso no mercado de trabalho foi o
relacionamento interpessoal com os mais jovens, confirmando o problema social exposto
por Mendes et al. (2005) e Queiroz e Ramalho (2009). O idoso tem receio do jovem porque
o vê como concorrência desleal, comparando sua capacidade produtiva, e o jovem tem
preconceito com o idoso porque o vê como limitado na sua condição física e intelectual.
126
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
A representação social do idoso como incapaz e dependente, segundo Moscovi
(2009 apud FERREIRA et al., 2010), é consequência da valorização da produção pela
própria sociedade, que é traduzida na busca por juventude e dinamismo. Portanto, uma
barreira também encontrada no processo de reinserção dos idosos é a concepção dos
gestores de que o idoso não será tão eficiente economicamente para a empresa quanto
o mais jovem. Com isso, a estratégia de gestão de pessoas das empresas é contaminada
por esta visão equivocada.
Destaca-se nos resultados a dificuldade de relacionamento dos idosos com os mais
jovens e o desconhecimento dos empregadores sobre os benefícios da contratação dos
mais velhos em ganho de qualidade, responsabilidade, baixa rotatividade e absenteísmo
com produtividade, equivalente aos mais jovens.
CONCLUSÕES
Conclui-se que a falta de uma política municipal de empregabilidade para idosos
aposentados, ou não aposentados, representa um prejuízo à sociedade, pois esta política
social estimularia o reconhecimento e aproveitamento das experiências e habilidades
dos idosos e contribuiria para uma transferência harmônica entre as gerações. Devem-se
educar os jovens sobre o envelhecimento e zelar pela manutenção dos direitos dos mais
velhos para eliminar a discriminação, abuso e maus tratos. A qualidade de vida que os
idosos desfrutarão no futuro não dependerá apenas das consequências dos caminhos
trilhados durante a vida, mas também de como a próxima geração poderá oferecer apoio
quando necessário.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
127
REFERÊNCIAS
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
129
ESTUDO DOS LIMITES E IMPACTOS NO USO DAS TECNOLOGIAS
DESTACANDO INOVAÇÕES EM REDES DE COMPUTADORES E SUAS
MISCELÂNEAS
Mauricio Daitschman1
Euclides Peres Farias Junior2
INTRODUÇÃO
A necessidade de compartilhar informações e recursos remotamente, sem ter o
custo de deslocamento presencial, trouxe as redes de comunicação entre computadores.
A partir de uma infraestrutura física e um padrão de protocolo de comunicação, é possível
obter um meio de comunicação eficiente garantindo o transporte de informações entre
seus ativos constituintes.
A princípio, as redes de computadores foram projetadas para permitir o
compartilhamento de recursos de alto custo, a exemplo de scanners, impressoras e
internet, inicialmente dentro de ambientes acadêmicos, governamentais, militares e
grandes empresas. Com o tempo, a evolução da tecnologia em redes e a aparição de
novos fornecedores, reduzindo o custo, popularizaram o produto e o tornaram acessível
a todos os níveis sociais.
Tecnólogo em Redes de Computadores pela FAE São José dos Pinhais. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Ciências da Computação (PUC/PR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail:
[email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
131
1OBJETIVOS
O foco principal do trabalho é analisar a utilização dos recursos tecnológicos
em redes de computadores pelas empresas entrevistadas. Pretende-se analisar se estão
utilizando de maneira produtiva e correta os recursos, se estão preocupadas com a
estabilidade e segurança do tráfego de suas informações e se estão preparadas para as novas
tendências e evoluções. Outro ponto importante é saber se comportam a nova arquitetura
IPV6, tendo em vista que a arquitetura IPV4 está se esgotando, segundo a NICBR (2013).
Não menos importante, será analisado se as empresas estão se preocupando com o setor
de TI, contratando ou alocando profissionais suficientes para o seu tamanho, a fim de
obter um gerenciamento e controle eficaz e coerente, se estão tratando o setor de TI como
alicerce para todos os outros setores, e não somente um setor de suporte.
2METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos esperados, a metodologia teve como parâmetro a
elaboração de etapas, que pode proporcionar o caminho a percorrer com a pesquisa de
forma ordenada e organizada. As etapas são: 1ª) definição das ideias; 2ª) análise e estatística
dos resultados e, por fim, 3ª) conclusão.
O desenvolvimento do questionário foi direcionado para que seus resultados
pudessem orientar e trazer informações de forma útil à pesquisa, ele foi explorado por
meio de uma ferramenta disponível na internet, o surveymonkey.
Com a pesquisa, obteve-se um universo de 18 empresas distintas, a maioria de
grande porte, comportando acima de 500 funcionários. Com perguntas direcionadas à
infraestrutura, foram levantadas informações necessárias para propor um modelo dentro
das normas de ITIL.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base no QUADRO 1, é possível demonstrar por percentuais a evolução do
cenário das empresas de acordo com suas qualificações, usabilidade de sistemas, quantidade
de funcionários e demais informações pertinentes à sugestão de infraestrutura de TI.
132
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
QUADRO 1 – Resultado compilado do questionário
CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde. CÓDIGO Percentual Qtde.
110
22,20%
4
171
5,60%
1
232
55,60%
10
293
61,10%
11
112
22,20%
4
172
50,00%
9
241
50,00%
9
294
11,10%
2
113
22,20%
4
173
44,40%
8
242
22,20%
4
2101
5,60%
1
114
33,30%
6
181
44,40%
8
243
27,80%
5
2102
22,20%
4
121
27,80%
5
182
33,30%
6
251
38,90%
7
2103
55,60%
10
122
33,30%
6
183
11,10%
2
252
5,60%
1
2104
16,70%
3
123
27,80%
5
184
11,10%
2
253
22,20%
4
2105
0,00%
0
124
11,10%
2
191
22,20%
4
254
33,30%
6
311
55,60%
10
131
22,20%
4
192
55,60%
10
261
33,30%
6
312
22,20%
4
132
16,70%
3
193
22,20%
4
262
16,70%
3
313
16,70%
3
133
5,60%
1
1101
38,90%
7
263
16,70%
3
314
5,60%
1
134
55,60%
10
1102
27,80%
5
264
33,30%
6
321
55,60%
10
141
38,90%
7
1103
0,00%
0
271
27,80%
5
322
11,10%
2
142
11,10%
2
1104
33,30%
6
272
11,10%
2
323
22,20%
4
143
11,10%
2
211
94,40%
17
273
16,70%
3
324
5,60%
1
144
38,90%
7
212
5,60%
1
274
44,40%
8
325
5,60%
1
151
50,00%
9
221
38,90%
7
281
16,70%
3
331
44,40%
8
152
22,20%
4
222
5,60%
1
282
33,30%
6
332
0,00%
0
153
27,80%
5
223
5,60%
1
283
44,40%
8
333
33,30%
6
161
50,00%
9
224
22,20%
4
284
5,60%
1
334
22,20%
4
162
33,30%
6
225
27,80%
5
291
5,60%
1
341
44,40%
8
163
16,70%
3
231
44,40%
8
292
22,20%
4
342
44,40%
8
343
11,10%
2
FONTE: Os autores (2012)
Analisando o QUADRO 1, obtêm-se informações importantes, principalmente
sobre o público das empresas de grande porte vinculadas ao código 114, em que, das 18
empresas que responderam, seis possuem mais de 500 funcionários, representando 33,30%.
Aplicando o algoritmo inteligente Apriori na matriz de 24 questões, por 18 empresas,
gerou-se um universo de dois bilhões de combinações. Foram analisados apenas 2% das
principais combinações, o que gerou algumas conclusões importantes, são elas:
114 123 141 151 161 181 231 241 251 261 283 293 311 321 331 341 1102 => 211
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
133
Isso indica que, se uma empresa respondeu os códigos 114 123 141 151 161 181
231 241 251 261 283 293 311 321 331 341 1102, então certamente com 100% dos
casos obterá o código 211. Isto é, se ela respondeu mais de 500 usuários de TI, acima de
3 colaboradores na TI, existe na empresa divisão na área de infraestrutura de TI, como
área de redes, áreas de sistemas etc., existe contrato de terceiros, a empresa investe em
infraestrutura de TI regularmente, mantém o parque de hardware atualizado somente em
caso de emergência, possui gerenciamento de mudanças, possui gestão de acesso, existe
um gerente dedicado para TI, monitoramento com software especializado é constante e
possui identificação de riscos em TI, então a empresa enquadra-se no código 211, indicando
que possui um setor de TI organizado e gerenciado.
CONCLUSÕES
A pesquisa resultou em um desenvolvimento de técnicas distintas para coleta de
dados, uma proposta de modelo de infraestrutura de TI e uma criação de questionário
direcionado a questões fundamentais para o funcionamento perfeito de um departamento
organizado de infraestrutura de TI.
A análise do questionário se limitou à quantidade superior de respostas por parte
de grandes empresas, as quais comportam 500 ou mais funcionários. Porém, proporcionou
conhecimento em diferentes técnicas, ferramentas de pesquisa, algoritmos inteligentes,
boas práticas no gerenciamento de infraestrutura de TI, no caso o ITIL, e governança em
TI, no caso o Cobit.
Pelo número pequeno de entrevistas, a pesquisa tem potencial de continuidade,
pois, com um universo maior de entrevistas, é possível alcançar resultados que englobam
não somente as empresas de grande porte, mas também as de pequeno e médio portes,
criando assim modelos dentro das boas práticas, a fim de melhorar e estabilizar a
infraestrutura de TI.
134
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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136
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
A SUPRESSÃO DOS EMBARGOS INFRINGENTES: UMA RESPOSTA
(PALIATIVA) AO CLAMOR PELA CELERIDADE PROCESSUAL
Wilsley Guebert Germano1
Karlo Messa Vettorazzi2
INTRODUÇÃO
O anteprojeto do novo Código de Processo Civil (Projeto de Lei nº 8.046/2010)
prevê a supressão dos recursos de agravo e dos embargos infringentes. A justificativa
seria “simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas,
como, por exemplo, o recursal” (BRASIL, 2010, p. 14).
Quanto aos embargos infringentes, a comissão de juristas encarregados pelo
anteprojeto do novo Código de Processo Civil opta por sua supressão, sustentando que
não se justifica a existência de um recurso e suas consequências (como o considerável lapso
temporal para seu fim) a partir de um voto vencido (BUZAID, 1972 apud BRASIL, 2010).
A comunidade jurídica e os cidadãos enfrentarão uma mudança teórica e prática,
visto que as mudanças propostas atingirão suas futuras práticas forenses e poderão tolher
direitos deles – como o de discutir o voto vencido por meio de embargos infringentes
–, mesmo que não façam usos práticos daquele recurso.
Aluno do 5º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica
(PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Direito (PUC-PR). Professor Titular FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
137
1OBJETIVOS
O objetivo geral do artigo científico é demostrar como a supressão dos embargos
infringentes poderá atender à celeridade processual almejada pelo legislador, sem, no
entanto, resultar no detrimento de um importante instrumento de dialeticidade.
Para tanto, buscar-se-á atingir os seguintes objetivos específicos: compreender os
embargos infringentes, analisando a segurança jurídica contida numa decisão proveniente
da câmara de embargos; identificar o viés da supressão do recurso na prática forense;
analisar o conhecimento atual da comunidade jurídica sobre as mudanças propostas pelo
anteprojeto do novo Código de Processo Civil.
2METODOLOGIA
A pesquisa será traçada por um estudo empírico do tipo exploratório, permeado
de uma investigação de pesquisa bibliográfica e pesquisa de levantamento de dados.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na exposição de motivos do anteprojeto do novo Código de Processo Civil, a
bancada de notórios juristas destaca a alteração do sistema recursal atual, sobressaindo-se
a supressão do recurso de embargos infringentes, fundamentando esses argumentos em
Buzaid (1972, p. 111), que acredita que apenas um voto vencido não deveria dar azo a
um recurso, sob pena de o processo arrastar-se pelo tempo, podendo não atender à justiça
invocada no caso concreto.
No entanto, durante toda a exposição de motivos do texto do anteprojeto do novo
Código de Processo Civil, inexiste dado estatístico obtido por meio de coleta de dados a
respeito da ineficácia ou impertinência do recurso dos embargos infringentes.
Na Emenda nº 804/2011 ao Projeto de Lei nº 8.046/2010 (novo CPC), de autoria do
deputado Miro Teixeira, apresenta-se um dado relevante de que no estado do Rio Grande
do Sul apenas 2% dos recursos apresentados são de embargos infringentes; e destes, 50%
são providos, o que certamente demonstra um percentual exitoso do recurso.
Assim, seria prudente pensar que nem mesmo a mais profunda pesquisa bibliográfica
serviria como justificativa para a abolição de um sistema recursal de nosso ordenamento
jurídico, uma vez que estudos superficiais demonstram a pequena quantidade desse recurso
e alto nível de provimento.
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Quanto à supressão do recurso de embargos infringentes, Menezes (2011) cita
entrevista de Ada Pellegrini Grinover ao blog Processo em Debate, cujo tema principal
foi o novo CPC. Não há certeza sobre a diminuição recursal com a abolição dos embargos
infringentes, e propôs-se que fossem incidentes do julgamento da apelação ou da rescisória,
em que deveriam ser convocados mais integrantes do colegiado, a fim de que se obtivesse
número suficiente de julgadores para dirimir a divergência.
No mesmo sentido, Miranda (2001) assevera que “os melhores julgamentos, os
mais completamente instruídos e os mais proficientemente discutidos são os julgamentos
das Câmaras de embargos”. E quem poderia dizer diferente? Ora, considerando que esse
recurso permitirá uma nova apreciação por uma câmara de julgadores, que se debruçará
exclusivamente na divergência existente entre os votos, a fim de sedimentar – ou não – a
questão suscitada; certamente nessa decisão haverá uma segurança jurídica ímpar, que
não se vê facilmente em qualquer outra decisão.
Ademais, Klippel (2008, p. 80-81) assevera:
a taxa média de 14,97 % (quatorze inteiros e noventa e sete centésimos percentuais)
engloba os recursos de embargos infringentes, agravos internos e regimentais,
demonstrando que os recursos não devem ser considerados, e em especial os embargos
infringentes, como causa única da morosidade da justiça.
Em recente entrevista, o professor Luiz Rodrigues Wambier revelou que sempre foi
contra a supressão de recursos, incluindo o de embargos infringentes. Ainda, ele sustenta
que “a sobrecarga da atividade recursal das partes, nos Tribunais, tem causas mais complexas
do que simplesmente essa, costumeiramente apontada, qual seja, a de que há recursos
demais, e que tais recursos são muito utilizados” (WAMBIER, 2013).
Felizmente, no mesmo período da entrevista, foi possível conversar com Teresa
Arruda Alvim Wambier, uma das integrantes da comissão de juristas encarregados do
desenvolvimento do novo Código de Processo Civil, que declarou:
Sim, sou a favor da supressão. Razão principal, muitas dúvidas, em casos concretos,
sobre caberem ou não os embargos infringentes. Esse recurso, hoje, mais causa
problemas do que resolve. Isso depois da mudança da hipótese de cabimento. Acho
que a declaração obrigatória do voto vencido, como parte integrante do acórdão,
para fins de prequestionamento, resolveria.
Além disso, a comissão de juristas, para propor a supressão do recurso de embargos
infringentes, afirmou que foram considerados sim dados estatísticos sobre a eficácia daquele
instrumento recursal, mas ressaltou que foram apenas estatísticas locais, e não nacionais. No
entanto, a jurista não revelou a fonte dessas pesquisas (WAMBIER, 2013).
Uma vez discorrido sobre a polêmica da supressão (ou não) do recurso de embargos
infringentes no novo CPC, e a fim de enriquecer o presente artigo com a opinião da
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139
comunidade acadêmica, foi aplicado um questionário com nove enunciados, com o objetivo
de auferir o conhecimento da sociedade acadêmica sobre a problemática ora proposta.
Os entrevistados foram questionados ainda sobre sua posição a respeito da reforma
do atual Código de Processo Civil, a fim de que indicassem se eram favoráveis ou não.
Nesse ponto, temos o seguinte panorama: 76% dos entrevistados são favoráveis à reforma
proposta; os que são contrários representam 24% dos entrevistados.
Além disso, foi proposto algo diferente aos entrevistados: que indicassem, dentro
dos recursos cíveis existentes no atual ordenamento jurídico, qual entendiam ser o mais
dispensável. Nesse enunciado, era permitido indicar mais de um recurso. O resultado foi
o seguinte: o recurso indicado mais dispensável foi o agravo retido, citado por 42% dos
entrevistados. O recurso de embargos infringentes recebeu 38% dos votos, figurando como
o segundo recurso mais dispensável na opinião dos entrevistados.
Esse último dado corrobora as afirmações da comissão de juristas encarregada da
elaboração do anteprojeto, presentes na exposição de motivos deste, de que a comunidade
jurídica e a doutrina de melhor qualidade há tempos pugnam pela extinção desse recurso.
Conclui-se que, como demonstrado neste artigo, o recurso de embargos infringentes
permite melhor dialética sobre a lide levada ao Judiciário. Excluí-lo apenas fará com que
haja menos um óbice – aos mais pessimistas – para que se recorra diretamente ao Superior
Tribunal de Justiça ou à Suprema Corte.
Portanto, perde-se um instrumento de dialeticidade em favor de uma “paz de espírito”
advinda de menor quantidade de instrumento recursais, depositando nisso a esperança pela
solução do congestionamento de recursos nos tribunais estaduais e superiores.
CONCLUSÕES
A mudança de um diploma legal é matéria de ordem pública, pois afetará não
somente os operadores do Direito em geral, mas toda a sociedade, uma vez que é o
homem a finalidade do Direito. Em razão disso, é necessário um estudo aprofundado da
realidade do Judiciário brasileiro posto em números.
O relatório Justiça em Números, de responsabilidade do Conselho Nacional de
Justiça, é um instrumento para isso. Por meio dele, é possível que qualquer cidadão entenda
o problema que tem causado a morosidade do Judiciário: a sua deficiência estrutural.
A alteração de um diploma legal propondo-se no lugar um novo que seria capaz
de trazer maior celeridade ao Judiciário parece uma medida paliativa. Isso porque não é
razoável imaginar que apenas uma mudança legislativa seria capaz de diminuir a taxa de
congestionamento de processos. Não adianta reformar apenas a fachada de um edifício
antigo, pois seu interior continuará precisando de reparos.
140
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REFERÊNCIAS
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______. Entrevista sobre a supressão dos Embargos Infringentes no novo CPC. Curitiba, 2013.
Entrevista concedida a Wilsley G. Germano por meio de chat, em rede social.
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ASPECTOS INICIAIS DAS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA
Jéssyka Stéfany Chinasso1
Mayra de Souza Scremin2
Caroline Arns Arruda3
INTRODUÇÃO
Anterior à promulgação da lei que institui a empresa individual de responsabilidade
limitada (Lei nº 12.441/2011), quem desejasse exercer a atividade empresarial tinha
somente dois caminhos a seguir: atuar isoladamente, sendo um empresário individual,
sem qualquer proteção ao seu patrimônio pessoal ou, então, constituir uma sociedade,
com um ou mais sócios, tendo seus bens pessoais resguardados.
Assim, a maioria das sociedades era fictícia, haja vista que os empresários, a
fim de limitar sua responsabilidade diante dos riscos inerentes à atividade econômica,
tinham um sócio com um percentual mísero do capital social, visando apenas cumprir
um requisito formal, isto é, a pluralidade de sócios.
1OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo geral a análise do novo tipo empresarial
criado pela Lei nº 12.441/11 e, como objetivos específicos, a descrição de alguns tipos
empresariais (relacionados à Eireli) anteriores ao advento da referida lei. Além disso,
Aluna do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Direito (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
Mestre em Engenharia da Produção (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail:
[email protected].
1
2
3
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
143
haverá uma breve retratação do cenário brasileiro perante o Direito Empresarial, uma
descrição e apreciação das principais mudanças e inclusões trazidas pelo novo instituto,
bem com a apresentação da empresa individual de responsabilidade diante da nova
realidade sobrevinda.
2METODOLOGIA
Para o presente estudo, foram utilizados dados obtidos por meio de bibliografias,
doutrinas, legislação, artigos, entre outros.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A situação econômica atual reclama por grandes alterações na legislação então
vigente. Antes da Lei nº 12.441/11, para ter a responsabilidade limitada, era necessário
que se optasse pela constituição de uma sociedade limitada ou uma sociedade por ações
(S.A.). Com o aumento crescente de empreendedores no cenário brasileiro, muitos deles
na informalidade ou então atuando de maneira fictícia por meio dos chamados “laranjas”,
fazia-se necessário criar um instituto jurídico capaz de unir dois requisitos: ser empresário
individual e ter sua responsabilidade limitada, isto é, ter seu patrimônio pessoal resguardado.
Quando se é empresário individual, uma pessoa isoladamente organiza uma
atividade empresarial na sua pessoa natural/física (MAMEDE, 2004, p. 69). No entanto,
o principal problema é quanto à responsabilidade, uma vez que se responde com os
bens pessoais pelas possíveis dívidas contraídas na empresa. O patrimônio do titular fica
comprometido e, a qualquer momento, pode ser objeto de penhora para a satisfação de
créditos dos possíveis credores.
Quando não se permite ao empreendedor que seu patrimônio seja resguardado,
abrem-se brechas para irregularidades. Segundo Cardoso (2012, p. 44), “cerca de 90% das
empresas constituídas no Brasil contratam sob a forma de sociedade limitada, e acreditase que metade delas com a finalidade de proteção patrimonial de apenas um sócio com
capacidade financeira para empreender”.
Fazia-se necessário criar uma figura jurídica capaz de estender a limitação de
responsabilidade àquele que opta por se aventurar isoladamente no mercado.
Verificando esse problema, o Direito Empresarial criou uma nova opção: a Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada, a chamada “Eireli”, visando dar mais segurança
aos pequenos empreendedores e fortalecer a economia como um todo.
De acordo com o Projeto de Lei nº 4.605/2009 (apresentado pelo deputado Marcos
Montes, DEM-MG), a Eireli tinha como finalidade atender à necessidade existente no
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Direito Empresarial, que era regulamentar a chamada “sociedade unipessoal”. A princípio,
o Projeto de Lei previa a inserção do artigo 985-A no Código Civil brasileiro, isto é, dentro
da regulamentação jurídica de sociedade (MONTES, 2012).
Entretanto, no decorrer dos debates acerca do Projeto de Lei, a EIRELI deixou de ser
uma sociedade unipessoal para se tornar uma disposição empresarial composta por uma
única pessoa considerada jurídica. Trata-se da figura distinta daquela adotada no direito
comparado, pois possui natureza de uma pessoa jurídica unipessoal (XAVIER, 2013, p. 51).
O Projeto foi alterado, pois o nosso Direito não admite a chamada sociedade
unipessoal. Em outras palavras, para que exista uma sociedade, é necessário que existam
pelo menos dois sócios, como bem ensina Coelho (2010, p. 174).
O que se observa agora, com a promulgação da Lei nº 12.441/2011, é o advento
de uma nova espécie de pessoa jurídica no ordenamento brasileiro. Trata-se de ente
com natureza jurídica própria (natureza sui generis), que se posiciona entre o empresário
individual e a sociedade empresária, mas sem se confundir com estes.
Quanto à constituição, são exigidos alguns requisitos formais. Tais requisitos estão
explicitamente demonstrados na Lei nº 12.441/204. O mais importante deles diz respeito
ao registro empresarial perante a Junta Comercial do respectivo estado. A personalidade
jurídica da empresa individual só se forma com a inscrição, no registro próprio, no modo
da lei de seus atos constitutivos. Assim dispõe o Enunciado nº 471 da V Jornada de
Direito Civil do CJF/STJ, “Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro
competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou
de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente”.
O capital social da Eireli tem um patrimônio mínimo, que é cem vezes o maior
salário mínimo vigente no país, conforme prenuncia o art. 980-A do CC: “A empresa
individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da
totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem)
vezes o maior salário-mínimo vigente no País”.
Não há qualquer restrição a que pessoas jurídicas constituam uma Eireli. Apenas, em
uma interpretação sistemática, entende-se que, por conta de sua unicidade e localização
no Código Civil, a Eireli está elencada após a regulamentação do empresário individual
e antes das sociedades empresárias (esta é cabível apenas para pessoas físicas). Ademais,
considerando a vontade do legislador, isto é, sua intenção ao inserir determinada norma
no sistema jurídico, percebe-se que ele quis criar uma nova figura jurídica para acolher
exclusivamente a pessoa física.
Por fim, o legislador optou por seguir regras da sociedade limitada no que couber.
Não existe necessidade de previsão contratual, haja vista que o legislador já previu
anteriormente. As regras da sociedade limitada estão arroladas a partir do art. 1.052 da
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
145
Lei no 10.406/2002 (CC). Na prática, poucas regras da sociedade limitada seriam aplicadas
supletivamente. Não se usariam, por exemplo, seus dispositivos referentes à dissolução
parcial, conflitos entre sócios, nem como sua redução de capital seria possível, pois, caso
ocorresse, simplesmente a desenquadraria como uma Eireli.
CONCLUSÕES
A introdução da empresa individual de responsabilidade limitada veio com o
propósito de cumprir princípios constitucionalmente previstos no ordenamento jurídico
brasileiro, como os da livre iniciativa, da livre concorrência e da isonomia. Trouxe grande
avanço ao meio empresarial, progresso que há muito tempo era almejado pela comunidade
empresarial e pelos juristas.
Entre esses avanços, pode-se citar a possibilidade da constituição de um
empreendimento sem a necessidade de sócio e com a responsabilidade limitada, a exemplo
de países desenvolvidos como França, Portugal, Holanda, Alemanha e outros.
No entanto, como aqui demonstrado, ainda existem muitas barreiras a serem
vencidas para que a lei cumpra, de fato, a sua finalidade. A predominância de um
entendimento jurisprudencial e doutrinário favorecerá, sem dúvida, a sua melhor aplicação
e anuência pelos empresários.
146
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A BUSCA PELA CELERIDADE DA JUSTIÇA E O POSSÍVEL CERCEAMENTO DE
DEFESA: UM ESTUDO SOBRE A PEC Nº 15 DE 2011
Danilo Candido Portero1
Karlo Messa Vettorazzi2
INTRODUÇÃO
Quando o assunto é o aperfeiçoamento do Poder Judiciário, um dos principais
clamores invocados pela sociedade brasileira refere-se à busca pela celeridade da Justiça.
A Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011, também conhecida como “PEC
dos Recursos”, surge a partir deste enfoque, sob a ideologia do ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal Cezar Peluso.
O presente artigo trabalha a alteração pretendida no texto constitucional quanto
à antecipação do trânsito em julgado das decisões judiciais e, em segundo plano, trata
sobre a concessão de efeito suspensivo aos recursos extraordinário e especial somente
por decisão colegiada.
1OBJETIVOS
Os objetivos principais consistem, fundamentalmente, em analisar a PEC
nº 15 de 2011 à luz da Constituição Federal de 1988 e da sistemática processual
civil, pautados pela observância da relevante função dos recursos excepcionais ao
ordenamento jurídico pátrio.
Aluno do 4º ano de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Direito (PUC-PR). Professor Titular FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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Busca-se desmistificar a existência de quatro graus de jurisdição no processo
brasileiro e, ainda, analisar se o combate à morosidade da Justiça deve se sobrepor ao
próprio ordenamento jurídico e aos direitos e garantias fundamentais. Isto é, se a aprovação
da PEC juridicamente pode ser considerada cabível e, em caso afirmativo, se violaria o
instituto constitucional da coisa julgada, resultando em possível cerceamento de defesa
aos jurisdicionados.
2METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos propostos, a metodologia restringiu-se à pesquisa
bibliográfica, refletida pela análise de doutrina jurídica nacional e internacional, legislação
aplicada, bem como pela leitura de artigos científicos de temas correlatos.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A “PEC dos Recursos” tenta determinar o trânsito em julgado das decisões judiciais
em momento antecedente à interposição dos recursos excepcionais, além de prever que
a concessão de efeito suspensivo desses recursos ocorra somente por decisão colegiada.
Desse modo, questiona-se: como pode ser definitiva a execução dos julgados em
caso de procedência do recurso extraordinário ou especial?
A definitividade das execuções judiciais, nesses casos, evidentemente não existirá,
devendo ser declarado nulo o argumento de que a interposição dos recursos excepcionais
não obstará o trânsito em julgado das decisões judiciais que os comporte.
Sustenta-se, ainda, existirem quatro graus de jurisdição no processo brasileiro.
Insta salientar, porém, que tal argumento não encontra suporte na doutrina pelo simples
fato da impossibilidade de ser discutida qualquer matéria nos recursos extraordinário e
especial – por isso, chamados de recursos excepcionais ou extremos.
Ver, por todos, Wambier (2011, p. 731):
A primeira observação que se há de fazer para que se bem compreenda o que são os
recursos extraordinários em sentido lato, recursos excepcionais ou anormais, é que
não se trata de um terceiro grau de jurisdição.
Não se está diante de recursos que propiciem um mero reexame da matéria já
decidida, tal como a apelação faz em relação à sentença ou o agravo em relação
à decisão interlocutória. Por isso são chamados de extraordinários em sentido lato
– diferenciando-se dos demais, ditos ordinários, que garantem o mero reexame da
matéria decidida.
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Liebman (1984, p. 54) define a coisa julgada como “uma qualidade, mais intensa
e mais profunda, que reveste o ato também em seu conteúdo e torna assim imutáveis,
além do ato em sua existência formal, os efeitos, quaisquer que sejam, do próprio ato”.
A autoridade da coisa julgada, isto é, a coisa julgada propriamente dita como
qualidade da sentença transitada em julgado, só se verifica quando a causa não mais se
sujeita a nenhum tipo de recurso.
Neste passo, corrobora-se o entendimento da impossibilidade de atribuir efeitos
da execução definitiva na pendência dos recursos excepcionais (PEC nº 15 de 2011), sob
pena de se desconsiderar3 o instituto da coisa julgada, o que é vedado pelo ordenamento
pátrio, nas lições de Nery Junior (2004, p. 511):
O Estado Democrático de Direito (CF 1º caput) e um de seus elementos de existência
(e, simultaneamente, garantia fundamental – CF 5º XXXVI), que é a coisa julgada, são
cláusulas pétreas em nosso sistema constitucional, cláusulas essas que não podem ser
modificadas ou abolidas nem por emenda constitucional (CF 60 §4º I e IV), porquanto
bases fundamentais da República Federativa do Brasil.
Assim sendo, padece de inconstitucionalidade a “PEC dos Recursos”, por tentar
justamente desconsiderar a coisa julgada, instituto garantido constitucionalmente como
cláusula pétrea. Ademais, a impossibilidade de desconsiderar a coisa julgada se justifica
em preservação ao próprio Estado Democrático de Direito.
CONCLUSÕES
O estudo analisou um dos principais temas comumente abordados no
neoprocessualismo,4 que é a busca pela celeridade da justiça. Ressalta-se que a referida
PEC, por óbvio ausente de qualquer prognose,5 desconsidera, ademais, as implicâncias
teórico-práticas decorrentes da sua possível aprovação.
De início, nota-se a nulidade teórica da proposta no sentido de determinar que o
trânsito em julgado não seja obstado pela interposição dos recursos excepcionais, pois é
sabido que o trânsito em julgado das decisões judiciais só se forma quando não mais for
admitido recurso algum, isto é, com a formação da coisa julgada.
A coisa julgada, no sistema processual brasileiro, só se forma quando da decisão judicial não mais couber
recurso algum. Portanto, com a aprovação da PEC, entende-se que haverá a “desconsideração” da coisa
julgada em vez de sua “relativização”, em razão da pretendida antecipação do “trânsito em julgado”.
Não se pretende adentrar na discussão semântica porventura existente acerca do termo correto a ser
utilizado, se neoprocessualismo ou processualismo contemporâneo.
Aqui vale lembrar o sentido da palavra adotado por Lenio Streck, relativo às “razões e motivos para a
aprovação da PEC” (STRECK, 2013).
3
4
5
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
151
A decorrência prática, em uma de suas possíveis ocorrências estudadas no caso
da aprovação da PEC, refere-se ao cerceamento de defesa que será ocasionado aos
jurisdicionados. É evidente que, com o “trânsito em julgado” pretendido, a parte vencedora
poderá “executar definitivamente” a decisão, enquanto nada poderá fazer a parte
sucumbente, senão esperar forçosamente (portanto, cerceada) que de fato seja possível,
em caso de procedência de recurso excepcional, ser restituída dos eventuais prejuízos
sofridos com a execução.
A PEC opta por celeridade em vez de efetividade. Pretende agilizar o processo
garantindo a “execução definitiva antecipada”, mas sem nenhuma garantia, de fato, em
caso de reversibilidade da decisão executada. Desconsidera, ainda, o instituto da coisa
julgada, garantia constitucionalmente prevista como cláusula pétrea, violando a segurança
jurídica e o próprio Estado Democrático de Direito. Parece, portanto, irrefutável a
inconstitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011.
Por outro lado, com o fito de atender ao clamor da sociedade brasileira, acredita-se que
existem outras formas de combater a morosidade da Justiça. Empregam-se como exemplos as
formulações de Cappelletti (1988, p. 71), ao dispor que o “enfoque do acesso à Justiça” deve
observar “mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas
leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, modificações no direito
substantivo destinadas a evitar litígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
privados ou informais de solução de litígios”.
O que impressiona, finalmente, é esta dificuldade contínua em pensar sobre meios
para buscar uma Justiça célere, sem que isto implique violação de direitos e garantias
fundamentais.
Basta observar a Proposta de Emenda à Constituição nº 15 de 2011, que, ao
tentar combater a morosidade do Poder Judiciário, resvala em garantias constitucionais
impossíveis de modificação.
152
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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154
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CHÃO DE FÁBRICA: ESTUDO DE CASO
EM UMA EMPRESA ALIMENTÍCIA
Anderson Kenzo Sato1
José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro2
INTRODUÇÃO
A contínua evolução dos sistemas produtivos, além de mais eficiência e qualidade
para os produtos, também trouxe novas maneiras de se produzir e de se organizar.
Nesse sentido, a produção enxuta conseguiu superar desafios que antes não haviam
sido superados pela produção artesanal ou pela produção em massa (WOMACK, 2004).
A produção enxuta chamou a atenção de todo o mundo, e gradualmente as
empresas começaram a adotar essa metodologia, porém sem considerar uma série de
mudanças organizacionais e culturais que se figuram necessárias para que sua adoção
resulte em sucesso, a exemplo do resgate do cérebro do operador (LIKER, 2005).
Essa mudança na ênfase de recursos tangíveis para os ativos intelectuais
desencadeou a necessidade de uma abordagem muito além do que uma gestão
do conhecimento desestruturada para que se atingisse sucesso em sua adoção
(DAVENPORT; PRUSSAK, 2003 apud LIMA et al., 2005). Nesse sentido, define-se por
gestão do conhecimento o processo de capturar, preservar, compartilhar e (re)utilizar
o conhecimento tácito e explícito que envolve as pessoas e as organizações, gerando
resultados mensuráveis para elas (MUNIZ JUNIOR et al., 2011).
Aluno do 5º ano de Engenharia de Produção da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de
apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected]
Doutor em Engenharia de Produção (UFSC). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: jvbmc@
terra.com.br
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
155
Dessa forma, é importante ressaltar que o poder das novas organizações reside nas
relações que as constituem, e não necessariamente em suas estruturas (HANDY, 1997 apud
SACOMANO; ESCRIVÃO FILHO, 2000). Nesse âmbito, o trabalho em equipe se apresenta
fundamental tanto para a gestão do conhecimento quanto para a produção enxuta.
A relação entre esses três aspectos resultou no problema desta pesquisa. Busca-se
identificar os fatores críticos de sucesso para programas de produção enxuta ou melhoria
contínua do ponto de vista da gestão do conhecimento e do trabalho em equipe.
1OBJETIVOS
O objetivo geral deste projeto é identificar os fatores críticos de sucesso para programas
de produção enxuta do ponto de vista da gestão do conhecimento, consolidando-os em um
modelo de análise, para posterior avaliação do chão de fábrica de uma empresa da Região
Metropolitana de Curitiba.
Para que isso seja possível, os seguintes objetivos específicos devem ser atingidos:
• Revisão do estado da arte da literatura pertinente à produção enxuta e gestão
do conhecimento, desenvolvendo um referencial teórico para o projeto em
questão;
• Identificação dos fatores críticos de sucesso relacionados à gestão do
conhecimento para os programas de produção enxuta, com base no referencial
bibliográfico;
• Proposição e teste (em um estudo de caso) de um modelo de análise, com base
nos fatores críticos de sucesso identificados previamente.
2METODOLOGIA
No que tange à sua classificação, este trabalho de pesquisa científica é caracterizado
como predominantemente exploratório-descritivo. A revisão bibliográfica realizada servirá
como base para um estudo de caso devido à busca por se detalhar o objeto em um exemplo
prático (GIL, 2009).
Nesse sentido, um novo modelo conceitual de gestão do conhecimento deverá ser
testado e analisado em uma área industrial alimentícia de uma empresa localizada na Região
Metropolitana de Curitiba. Portanto, com base na revisão bibliográfica, foram identificados
os principais aspectos da produção enxuta, da gestão do conhecimento e do trabalho em
equipe, os quais foram consolidados em um modelo de análise objetivando incentivar as
conversões do conhecimento, a fim de resultar em uma gestão do conhecimento eficaz.
156
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Entende-se por modelo a representação da ordem, em outras palavras, uma referência de
como as coisas deveriam ser, baseadas na crença (MIGUEL et al., 2012).
Os dados foram obtidos para a análise do modelo por meio de entrevistas
semiestruturadas, predominantemente qualitativas, buscando realizar a explicação dos
fenômenos estudados, captando também suas percepções e interpretações. Portanto, a
abordagem qualitativa foi escolhida devido à ênfase na perspectiva do indivíduo que está
sendo estudado (MIGUEL et al., 2012).
O questionário aplicado foi constituído por 19 questões, das quais sete eram
referentes aos aspectos da gestão do conhecimento, oito eram relacionadas aos aspectos
da produção enxuta e quatro eram referentes ao trabalho em equipe.
2.1
MODELO PROPOSTO
O modelo proposto procura relacionar três aspectos fundamentais para que a gestão
do conhecimento ocorra de maneira efetiva:
• Produção enxuta: busca evidenciar as características essenciais que devem ser
consideradas para uma implementação efetiva da abordagem;
• Trabalho em equipe: denota a influência do “clima” organizacional para que
as conversões de conhecimento ocorram de fato; e
• Gestão do conhecimento: basicamente são condições que a organização, como
um todo, deve procurar cultivar para criar o contexto favorável.
A dinâmica desses três aspectos resultaria em um contexto favorável para a gestão
do conhecimento, ou seja, favorecendo as conversões do conhecimento (FIG. 1).
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
157
FIGURA 1 – Modelo de gestão do conhecimento proposto
FONTE: Os autores (2012)
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158
É importante ressaltar que, se, segundo o modelo, a organização apenas promover
dois aspectos e deixar um de lado, focos diferentes em relação à gestão do conhecimento podem
ocorrer. No caso do trabalho em equipe com a gestão do conhecimento, obtém-se um foco
voltado para o conhecimento tácito, já para a produção enxuta e a gestão do conhecimento,
o conhecimento explícito é evidenciado. Por fim, se os aspectos de trabalho em equipe e
produção enxuta forem inter-relacionados, a gestão do conhecimento não ocorre.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação do modelo de análise ocorreu em uma empresa do setor alimentício e
de bebidas da Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo foi constatar se a abordagem
adotada pela empresa estava coerente com o modelo proposto.
Foram entrevistados 33,33% da população total do setor pesquisado. Observou-se
que a empresa estudada demonstrou grande concordância com os aspectos mencionados,
porém com algumas oportunidades. Os resultados obtidos podem ser observados na TAB. 1:
TABELA 1 – Resultados obtidos
Intervalos
Gestão do Conhecimento
Trabalho em Equipe
Produção Enxuta
70% - 100%
2
5
3
50% - 69%
2
0
2
00% - 49%
0
0
0
FONTE: Os autores (2012)
Observa-se que dentro do intervalo de 70% a 100% de concordância (que afirma
quanto os aspectos do modelo estão presentes na prática) concentram-se 71% dos aspectos,
demonstrando que a organização está em grande concordância com o modelo proposto.
Em outras palavras, ela está criando o ambiente organizacional ideal para a gestão do
conhecimento, fazendo com que a adoção dos programas de melhoria contínua seja
sustentável e assertiva.
É importante ressaltar que os pontos que demonstraram oportunidades foram o
sistema de armazenamento de conhecimento, o qual muitos não conheciam, algumas
condições organizacionais, como a redundância e a variedade de requisitos, e o método
de resolução de problemas, que para muitos não pareceu muito claro.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
159
CONCLUSÕES
Não levar em consideração fatores culturais da organização, intenção ou qualquer
um dos outros 13 fatores para que a gestão do conhecimento realmente ocorra pode ser um
grande impeditivo para que a implementação de programas de produção enxuta se traduzam
em resultados para a organização, o que a colocaria em uma imagem de descrédito.
Nesse sentido, a gestão do conhecimento pode ser considerada a base para
implementação de programas de produção enxuta; é afetada e depende exclusivamente
pelos indivíduos que constituem a organização como um todo. Dessa forma, todos são
responsáveis e afetados pelo sucesso ou não dessa abordagem, evidenciando que a cultura
está por trás do sucesso da metodologia.
O estudo de caso demonstrou claramente a preocupação da organização em
promover o contexto organizacional adequado para o sucesso da implementação de
programas de melhoria contínua com base na gestão do conhecimento. Embora ainda não
possua um sistema integrado abrangendo 100% dos aspectos mencionados no modelo
proposto, a busca por entender e atender a esses aspectos é constante e realizada por meio
de reuniões semanais específicas sobre a educação e treinamento do público operacional.
Por fim, o escopo deste trabalho buscou caracterizar os aspectos cruciais da
produção enxuta e da gestão do conhecimento, consolidando-os em um modelo de
análise. Indica-se para futuras pesquisas abordar a influência da estrutura organizacional
na dinâmica da espiral do conhecimento aplicada ao chão de fábrica.
160
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
REFERÊNCIAS
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
161
GESTÃO ENXUTA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM
ESTUDO BIBLIOMÉTRICO
Marcelo de Souza Gardiolo1
Everton Drohomeretski2
INTRODUÇÃO
O aumento da concorrência entre as empresas tem gerado maior disputa por
custo, sem impactar nos requisitos de qualidade estabelecidos pelos clientes. Com isso,
é necessária a integração entre os vários elos da cadeia de suprimentos para que a rede
seja competitiva. No processo de redução de custos na cadeia de suprimentos, a adoção
de práticas de manufatura enxuta possibilita que os desperdícios sejam eliminados, e os
processos também passam a ser mais confiáveis. Estas características formam a Gestão
Enxuta da Cadeia de Suprimentos (GECS). Ao longo dos últimos anos, o tema tem
apresentado grande crescimento, principalmente relativo a métodos de implantação
e seus respectivos resultados. No entanto, como evidenciado em vários estudos, os
resultados gerados pela implementação isolada da produção enxuta não são suficientes
para garantir vantagem competitiva. Ou seja, a cadeia de suprimentos necessita estar
alinhada à aplicação da produção enxuta nos seus dois sentidos (montante e jusante),
justificando a necessidade da GECS.
Aluno do 2º de Engenharia de Produção da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas (PUCPR). Coordenador do curso de Administração
e professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
163
1OBJETIVOS
O presente artigo tem por objetivo identificar as principais características da
produção científica ligada à GECS e mapear a categoria central dos estudos da GECS.
2METODOLOGIA
Para atingir o objetivo proposto, foi realizado um levantamento bibliográfico em
93 artigos com base em periódicos relacionados às áreas do estudo no período de 1996
a 2012. A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa e qualitativa, e o foco
principal da análise foi fundamentado na análise do conteúdo, em que os critérios de
qualidade dos estudos de caso foram analisados. Essa análise será baseada em dois pontos
fundamentais: a) estudo quantitativo das publicações ligadas à GECS, assim como origem,
fonte e procedimentos de pesquisa utilizados nos trabalhos; e b) estudo qualitativo das
principais categorias ligadas à GECS.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o estudo, identificou-se o considerável crescimento da produção científica
ligada à GECS (mais de 40% nos últimos anos), em relação ao mapeamento dos autores,
universidades e países. Assim, foi possível identificar que não há uma centralização na
produção científica, pois não foi identificado um grande número de publicações de um
só autor. No entanto, Towill merece destaque com 4 publicações. Os países com maiores
publicações foram o Reino Unido (29 artigos) e os Estados Unidos (23 artigos). Os periódicos
que apresentaram maior publicação foram Supply Chain Management: An International
Review e International Production Research. Os principais métodos de pesquisa das
publicações foram survey, estudo de caso e modelagem/simulação. Trinta e quatro artigos
utilizaram o survey; 22, estudo de caso; e 15, modelagem. Os principais setores da economia
estudados foram o automotivo (9 estudos) e o eletrônico (8 estudos). As três principais
categorias dos estudos foram práticas (31,18%), desempenho (26,88%) e modelos de
implantação (16,13%).
164
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CONCLUSÕES
Embora tenha sido possível identificar nesta pesquisa o crescimento dos estudos
ligados à GECS, ainda existe um grande espaço para pesquisas futuras. É fato que a
GECS gera inúmeros resultados positivos – para diversos segmentos de mercado –,
mas é necessário explorar com mais detalhes como implantar as práticas da GECS e
estabelecer medidas que possibilitem avaliar e melhorar continuamente o sistema de
gestão da cadeia se suprimentos.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
165
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
ANÁLISE DA VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE
HIDROGÊNIO EM MOTORES A COMBUSTÃO INTERNA
Thiago Renato Barretiri1
Tiago Luis Haus2
INTRODUÇÃO
O efeito estufa é uma das grandes preocupações atuais da humanidade, pois ao
longo do tempo causa problemas irreparáveis ao planeta.
Um dos principais causadores deste fenômeno é a queima de combustíveis fósseis.
Estes, após seu processo de combustão, não durarão para sempre, por se tratar de fontes
de energias não renováveis. Um dos elementos renováveis com grande potencial para
substituição dos combustíveis fósseis, encontrado em abundância em nosso planeta e
que já está sendo considerado o combustível do futuro, é o hidrogênio.
O hidrogênio é um gás inflamável, inodoro, insípido e incolor. É o elemento mais
simples com relação à estruturação atômica, com apenas um próton e um elétron. Pode
ser encontrado em elementos como a água e o ar. Seu poder calorífico é ainda maior
que o de outros combustíveis utilizados atualmente, a exemplo da gasolina e do metanol
(PADILHA, 2006).
É possível obter hidrogênio por um equipamento conhecido como célula
eletrolítica, que tem como princípio o processo de eletrólise da água, separando suas
moléculas em seus elementos estruturais e formando uma mistura gasosa de hidrogênio
e oxigênio conhecida popularmente como gás HHO (YILMAZ, 2010) (FIG. 1).
Aluno do 5º ano de Engenharia Mecânica. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica da
Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Engenharia Ambiental (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: tiago.haus@
fae.edu.
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
167
FIGURA 1 – Vista da célula eletrolitica
FONTE: Os autores (2013)
É possível encontrar frequentemente novas pesquisas e aplicações para o elemento
hidrogênio. Uma das aplicações que está se tornando cada dia mais comum é em motores
a combustão interna. Fábricas do setor automobilístico investem bastante em pesquisas para
lançar no mercado, de forma competitiva, seus exemplares de veículos ecologicamente corretos.
Problemas ambientais decorrentes da queima de combustíveis fósseis estão cada
vez mais comuns em nosso planeta, e grande parte desta queima é causada por motores
a combustão interna. Para que estes problemas não tendam a aumentar no decorrer dos
anos, uma alternativa é diminuir, ou até mesmo extinguir, a utilização destes combustíveis.
Pode-se fazer isso utilizando o hidrogênio produzido por uma célula de hidrogênio como
combustível substituto no processo de combustão (SMUTZER, 2006).
Stanley Meyer, um inventor do estado de Ohio, apresentou ao mundo nos anos
1990 um carro que se dizia mover somente com a água como combustível. Utilizando
os conceitos da eletrólise da água, Meyer projetou um sistema no qual a mistura de gases
gerados por uma célula eletrolítica, ou Water Fuel Cell, como chamada pelo próprio inventor,
era injetada e consumida diretamente pelo sistema de carburação do motor (MEYER, 1992).
Outro problema diretamente ligado ao consumo excessivo de combustível em motores
a combustão interna ocorre em altas altitudes, onde a pressão atmosférica é menor, ou
seja, com uma menor concentração de oxigênio, tornando a mistura entre combustível
e comburente mais rica. Esta mistura rica, causada pela falta de material comburente
(oxigênio), ou pelo excesso do material combustível, causa uma queda no rendimento
dos motores e um aumento na emissão de gases tóxicos na atmosfera, caso o combustível
168
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
utilizado na combustão seja de fontes fósseis (MARTINELLY JUNIOR, 2008). Sabendo
que o processo de eletrólise gera, além do hidrogênio, uma quantidade de oxigênio, o
uso de células de hidrogênio nesta situação pode colaborar tanto com o fornecimento de
um elemento combustível quanto com o oxigênio como material comburente, tornando
a mistura mais próxima das condições ideais.
Motores ciclo Otto são motores a combustão interna nos quais a mistura entre
comburente e combustível se inflama por uma centelha elétrica, causando a queima da
mistura dentro da câmara de combustão e consequentemente a expansão dos gases. Os
motores ciclo Otto possuem seu processo de combustão dividido em quatro tempos:
admissão; compressão; combustão; e exaustão (WICKERRT, 2011). Para que estes processos
ocorram de forma eficiente, é necessário utilizar carburador.
Carburador é um dispositivo que, a partir de um combustível e do ar atmosférico,
prepara e fornece para todos os regimes de trabalho do motor uma mistura de fácil queima.
Porém, para fornecer esta mistura de fácil queima para a combustão, é necessário que o
carburador esteja bem regulado e que a quantidade de material comburente (oxigênio)
seja suficiente para a carburação do combustível.
A carburação é um processo na mistura ar e combustível que tem início no
carburador e termina no interior da câmara de combustão do motor. Este processo pode
sofrer influências de diversos fatores, entre eles a pressão atmosférica, o combustível, o
comando de válvulas, a regulagem do carburador, entre outros (MAHLE, 2012).
1OBJETIVOS
Esta pesquisa teve como objetivo verificar a viabilidade da aplicação do hidrogênio
produzido pela eletrólise diretamente ao sistema de carburação original de um motor a
combustão interna de pequeno porte.
2METODOLOGIA
O método utilizado para levantamento de dados foram testes práticos utilizando
protótipo constituído de um motor a combustão interna de pequeno porte, uma célula
eletrolítica, uma bateria automotiva para fornecimento de corrente elétrica para a célula e
outros materiais necessários para fazer a alimentação de HHO ao sistema de carburação
do motor (FIG. 2).
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
169
Figura 2 – Protótipo montado: principais componentes
VÁLVULA
CONTROLE 2
VÁLVULA
40 Ah
12 V
FONTE: Os autores (2013)
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o longo processo de levantamento bibliográfico, construção dos protótipos,
realização de testes práticos e levantamento de dados, foi possível verificar resultados
favoráveis sobre a aplicação das células eletrolíticas em motores a combustão interna,
identificando uma queda no consumo do combustível fóssil e um aumento na rotação do
motor após o fornecimento do gás HHO.
CONCLUSÕES
Ao analisar os dados, conclui-se que, após a aplicação do gás HHO a uma produção
média de 3,46 litros por minuto, obtida por um carregador de bateria regulado para atingir
esta produção, houve um aumento médio de 190 rpm em relação à rotação inicial de 1.600
rpm. Empregando uma bateria de 12 volts e 40 ampères como fonte de energia para célula
de combustível, chegando a uma produção média de 6,92 litros de HHO por hora, tornouse possível notar um aumento médio de 260 rpm na rotação do motor.
Com relação ao consumo de combustível fóssil, foi possível notar que, com a célula de
hidrogênio a uma produção média, alcançou-se uma queda no consumo de cerca de 10%. A
uma produção máxima, foi possível chegar a 26% de economia. Estes resultados demonstraram
que realmente o hidrogênio pode ser usado como um combustível ecologicamente correto
na substituição dos combustíveis fósseis, ou pelo menos na diminuição de seu consumo.
Conclui-se também que, devido à queda no consumo de combustíveis fosseis
após a utilização do HHO como combustível substituto, obtém-se também uma queda
na eliminação de gases tóxicos provenientes da combustão.
170
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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172
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
CÉLULA DE HIDROGÊNIO: ESTUDO E CONSTRUÇÃO DE UMA CÉLULA
ELETROLÍTICA PARA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO GASOSO
Frederico Thomas Leludak1
Tiago Luis Haus2
INTRODUÇÃO
No meio científico, é constante a busca por soluções para os problemas
enfrentados pela humanidade e, na atualidade, encontrar fontes de energias alternativas
aos combustíveis fósseis vem motivando estudos e pesquisas por parte dos cientistas.
Entre as soluções propostas, destaca-se o uso do hidrogênio como energia abundante
e limpa. O hidrogênio é o nono elemento mais abundante no planeta, porém não é
encontrado em sua forma pura, apenas ligado a outros elementos. Uma das formas em
que ele é encontrado é como molécula de água (H2O). Para obtermos o hidrogênio na
forma gasosa, como nos é útil, faremos uma célula de combustível, especificamente
uma célula de hidrogênio.
Aluno do 5º ano de Engenharia Mecânica da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Engenharia Ambiental (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: tiago.haus@
onda.com.br.
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
173
1OBJETIVOS
O objetivo geral é gerar gás HHO a partir de eletrólise da água.
Os objetivos específicos são:
a) dimensionar a célula eletrolítica para a aplicação.
b) testar e avaliar o funcionamento da célula eletrolítica.
c) propor aplicações para o uso da célula eletrolítica.
2METODOLOGIA
O primeiro protótipo foi confeccionado com quatro hastes de arame zincado e
uma mistura de bicarbonato de sódio com água. Duas das hastes foram conectadas ao
polo de uma bateria automotiva, enquanto as duas demais hastes foram conectadas ao
polo negativo da bateria. Neste experimento, a corrente elétrica contínua proveniente
da bateria é conduzida das hastes positivas para as negativas, isto porque a mistura de
água com bicarbonato de sódio possui elétrons livres e, portanto, é condutora de energia.
Com isso, os elétrons, quando se movem das hastes positivas para as negativas, carregam
também minúsculas porções do arame zincado. E assim se explica o fato de haver uma
redução e uma oxidação, que não deixa de ser uma deposição de material (FIG. 1).
FIGURA 1 – Primeiro protótipo
FONTE: Os autores (2013)
174
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Em seguida, com o uso do software de computador Solid Works, foi projetado
em 3D o modelo final da célula eletrolítica deste trabalho científico. O modelo final é
uma célula eletrolítica denominada dry cell, que significa célula seca. Este nome é dado
por tratar-se de um tipo de célula eletrolítica na qual as placas de aço inox não ficam
totalmente submersas em solução aquosa, e sim separadas umas das outras por anéis
que permitem o fluxo da água apenas no interior das placas.
A fim de determinar a produção de gás pela célula, foi elaborado um pequeno
e simples dispositivo, pelo qual foi conectada a mangueira de saída de gás da célula em
um reservatório cheio de água, e este reservatório foi submerso em água dentro de um
reservatório maior. O dispositivo funciona da seguinte forma: o volume do reservatório
menor é de 500 mililitros, inicialmente de água. Ao ligar a célula, o gás produzido por
ela começa a vencer a pressão atmosférica e consequentemente expulsa a água contida
no reservatório menor para o reservatório maior. Quando o gás expulsa toda a água
do reservatório menor e expele a primeira bolha (gás), pode-se afirmar que a célula
produziu 500 mililitros de gás HHO. Medindo-se o tempo que a célula leva para isso,
podemos determinar a produção da célula por unidade de tempo.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Montagem do modelo da célula eletrolítica em software 3D e montagem do
modelo real.
FIGURA 2 – Célula em 3D
FONTE: Os autores (2013)
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
175
FIGURA 3 – Conjunto célula + bateria + reservatório
FONTE: Os autores (2013)
Realização de testes para determinar a quantidade correta de KOH na solução.
QUADRO 1 – Dados do teste de quantidade ideal de KOH
LEVANTAMENTO DE DADOS - CÉLULA DE HIDROGÊNIO
1 - Quantidade ideal da mistura
RESULTADO
QTD. KOH (g)
RPM
TEMPO
TESTE 1
10
420
00:00:28
TESTE 2
15
420
00:00:26
TESTE 3
20
420
00:00:27
TESTE 4
25
420
00:00:29
TESTE 5
30
420
00:00:28
MENOR
Portanto, a mistura ideal é:
15,00
00:00:26
g/L
FONTE: Os autores (2013)
Realização de testes para determinar a produção média de gás HHO da célula.
QUADRO 2 – Dados do teste de produção horária
2 - Média de consumo utilizando a mistura ideal
RESULTADO
QTD. KOH (g)
RPM
TEMPO
Para:
TESTE 1
15
420
00:00:25
Para:
TESTE 2
15
420
00:00:26
TESTE 3
15
420
00:00:27
TESTE 4
15
420
00:00:26
TESTE 5
15
420
00:00:26
MÉDIA
00:00:26
Tempo:
00:00:26
6,9230769 Tempo:
0,05
01:00:00
Portanto, a média de produção da
célula é de:
6,92
L/H
FONTE: Os autores (2013)
176
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Aplicar o conjunto em um motor de combustão interna.
FIGURA 4 – Conjunto célula aplicado
FONTE: Os autores (2013)
CONCLUSÕES
A resultante deste processo é uma célula eletrolítica capaz de gerar hidrogênio
gasoso a partir da água, ou seja, uma fonte de energia limpa. A célula final reúne materiais
capazes de realizar seus objetivos sem sofrer degradação precipitada, funcionamento
comprovado e dimensionamento suficientemente capaz de abastecer a aplicação
proposta, que; por sinal, gerou um novo trabalho científico. O trabalho científico citado,
considerado mais um dos resultados deste trabalho, consiste na aplicação da célula
eletrolítica no abastecimento de um motor à combustão interna de 6,5 cv (cavalos a
vapor) de potência.
O resultado foi muito satisfatório, o valor encontrado para a produção horária de
gás HHO pela célula foi dentro do esperado e suficiente para a aplicação encontrada.
O valor de um trabalho como este é muito grande para o desenvolvimento de um
aluno de Engenharia Mecânica. A possibilidade de gerar um bom negócio comercial e
o grande ganho ambiental são resultados expressivos que justificam o estudo e motivam
o prosseguimento e/ou novos estudos.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
177
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178
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Caracterização Microestrutural de Revestimentos
Formados por Aluminetos de Níquel desenvolvidos
in situ por PTA
Giselle de Oliveira do Rosario Ribas1
Marjorie Benegra2
introdução
O processo corrosivo de oxidação é um dos grandes problemas enfrentados pelos
equipamentos de conversão de energia em sistemas avançados. Esses equipamentos
apresentam como característica o trabalho em altas temperaturas; essa temperatura
acelera o processo de oxidação. Para minimizar os problemas quanto à oxidação,
novas ligas e composições vêm sendo desenvolvidas, entre elas, as superligas de níquel,
incluindo o uso de compostos intermetálicos.
Os compostos intermetálicos apresentam propriedades relevantes no que se
refere a elevadas temperaturas, como resistência mecânica, rigidez, resistência à corrosão
(ESPINOZA, 2002), além de apresentar um elevado ponto de fusão. Este composto
resulta em uma solução sólida de níquel ordenada à longa distância, denominada fase
γ’ também conhecida como fase intermetálica tipo A3B (BENEGRA, 2010).
As superligas de níquel são complexas, sendo constituídas por muitas fases,
como carbetos, boretos, nitretos, γ’, nódulos eutéticos γ” e, talvez, algumas fases do
tipo topologicamente compactas na matriz austenítica. As ligas de NiCrAl possuem
maior resistência mecânica endurecidas pela formação de precipitados e da fase γ’
(INFOMET © 2013).
Aluna do 3º ano de Engenharia Mecânica. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC
2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutora em Materiais (USP). Professora de Engenharia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná.
E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
179
Benegra (2010) desenvolveu revestimentos de NiCrAlC, composto por níquel,
cromo, alumínio, carbono e pequenas adições de boro, depositadas por plasma com arco
transferido (PTA). A deposição por plasma por arco transferido (PTA) tem sido reconhecida
pelo processamento de depósitos homogêneos e densos, utilizando material de adição na
forma de pó (BOND; BECKER; D’OLIVEIRA, 2006). A intensidade de corrente é a principal
variável quando se considera o aporte de calor ao substrato (SANTOS, 2003). A mistura do
material depositado com o substrato, comumente denominada de diluição em soldagem,
é fortemente influenciada pela variação na intensidade de corrente (BENEGRA, 2010).
1OBJETIVOS
Este trabalho objetiva avaliar a estabilidade estrutural de revestimentos aluminetos
de níquel (NiCrAlC) obtidos in situ por PTA, submetendo-os a temperaturas de 600 °C a
1200 °C por tempos variáveis 1 h até 72 h.
2METODOLOGIA
A caracterização microestrutural foi feita por microscopia eletrônica de varredura
(MEV), análise química por espectroscopia (EDS) e por difração de raios-X, juntamente
com análise dos resultados do ensaio de microdureza.
Para o presente estudo, foram selecionadas 28 amostras de NiCriAlC, as quais
pertencem à composição D, desenvolvidas por Benegra (2010), com 10% Cr, 20% Al, 8% de
carboneto de cromo, 0,1% de ferro boro e balanço de níquel. Há variação de temperatura
(600, 800, 1000 e 1200 °C), por tempos distintos (1, 6, 24 e 72 horas), com variação de
corrente de 100 A e 130 A. O substrato utilizado foi de inox AISI 316L.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas amostras analisadas, o alumínio apresentou pequenas variações. Segundo
Benegra (2010), a pouca variação é esperada, uma vez que o substrato não apresenta
um elevado teor de alumínio. As porcentagens de ferro e de cromo sofreram maiores
variações, pois são elementos presentes no substrato e, com a diluição, se incorporam
nos revestimentos.
Analisando as microestruturas da liga de níquel, nota-se a região dendrítica, cuja
morfologia é apresentada em forma de ilhas. Essa região é caracterizada pelo maior teor de
alumínio. De acordo com Benegra (2010), elevados níveis de alumínio caracterizam a fase
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intermetálica NiAl (fase β). A região interdendrítica foi totalmente corroída pelo reagente,
conforme mostrado na FIG. 1. O elevado teor de ferro é uma característica dessa região
que se solidifica depois da região dendrítica. Com isso, podem formar os intermetálicos
Ni3Al e a fase γ e γ’. A deposição com 130 A mostrou uma microestrutura, com um teor
maior de ferro, FIG. 1. Para Benegra (2010), a variação do teor de ferro ocorre devido
ao aumento na intensidade de corrente, pois maior é a energia empregada no processo,
aumentando a interação com o substrato.
FIGURA 1 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC, obtidas por MEV
100 A - 600 °C - 1 h
130 A - 800 °C - 1 h
FONTE: Os autores (2013)
O aparecimento de fases como: δ, µ e Laves pode ser indesejado. Contudo, no
revestimento estudado, foi descartada a presença dessas fases devido à composição química
do revestimento, que não apresentou elevados níveis de silício responsável pela fase δ.
Já a fase η foi descartada também pelo baixo teor de silício e pela ausência do boro: em
ambas as fases a presença de alumínio prejudica sua formação. A presença de elementos
com tamanho de átomos semelhantes suprime a presença da fase µ e fase Laves (DAVIS,
1997; INFOMET © 2013; BENEGRA, 2010). Na fase sigma ocorre uma predominância
de elementos como cromo, ferro e níquel; esses elementos também são predominantes
na liga NiCrAlC, (DAVIS, 1997; INFOMET ©2013; BENEGRA, 2010). A presença desta
fase foi confirmada por difração de raios-X.
As análises microestruturais revelaram carbonetos para deposição de 100 A. A
maior incidência ocorreu com temperatura 600 °C e tempo de 24 h. Segundo a literatura,
esses carbonetos podem ser o tipo M23C6 (FIG. 2). Para deposição com 130 A, ocorreu a
presença de carbonetos na região interdendrítica nos contornos das dendritas, sendo mais
evidenciados ao longo do tempo de exposição, conforme mostrado na FIG. 2.
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181
FIGURA 2 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC, obtidas por MEV
A
A
100 A - 600 °C - 24 h
130 A - 1200 °C - 24 h
FONTE: Os autores (2013)
Para ambas correntes, a precipitação globular foi verificada. Para deposição de
100 A, teve início a uma temperatura de 800 °C e tempo de 72 horas (FIG. 3). Já para
130 A, essa precipitação ocorreu a partir do tempo de exposição de 6 horas, para uma
temperatura de 800 °C. Para deposição com 130 A, a morfologia “H” foi evidenciada para
a temperatura de 1000 °C e tempo exposição de 24 horas (FIG. 3) e, para deposição com
100 A, ocorreu com 800 °C e tempo de 72 horas.
FIGURA 3 – Microestruturas dos revestimentos NiCrAlC composição, obtidas por MEV
A
A
A
100 A - 800 °C - 72 h
130 A - 1000 °C - 1 h
FONTE: Os autores (2013)
Na variação da dureza das amostras depositadas, tanto com 100 A quanto para 130
A, a intensidade menor de corrente apresentou valores mais elevados de dureza devido à
diferença microestrutural entre as duas intensidades de corrente. Segundo Benegra (2010),
a fase topologicamente compacta σ é frágil, gerando um aumento na dureza.
182
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Benegra (2010) diz que o material fundido possui dureza de 480 HV para
deposição com 100 A e 328 HV para deposição de 130 A. No revestimento analisado, as
durezas ficaram próximas ou até acima desse valor devido à matriz predominantemente
intermetálica e à presença de carbonetos.
CONCLUSÕES
Com base nos resultados apresentados e discutidos, verificou-se que, para
intensidade de corrente de 100 A, ocorre a presença de fase sigma, já para 130 A,
apresentou a predominância de carbonetos. Analisando as variações microestruturais
e a oscilação nos valores de dureza, com a exposição à temperatura, conclui-se que os
revestimentos aluminetos de níquel não possuem uma estabilidade estrutural, apesar de
manterem boa resistência à temperatura, apresentando valores de dureza até maiores do
que as amostras como depositadas.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
183
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
185
ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE CORANTE TÊXTIL
UTILIZANDO UV/H2O2
Edinilson Andolhe Filho1
Marco Antonio Benedetti Durigan2
INTRODUÇÃO
A atividade industrial possui um papel importante no processo de contaminação
ambiental global, devido à geração de grande quantidade de resíduos, que, se não
tratados e dispostos de maneira inadequada, apresentam um elevado potencial poluente
(Forgiarini, 2006).
Podem-se destacar negativamente as indústrias têxteis, pois seus efluentes, além
de amplamente volumosos, contêm sólidos suspensos, elevada quantidade de sólidos
dissolvidos, corantes não reagidos e outros produtos utilizados no processo de fabricação,
devendo toda esta carga poluente ser removida antes de os efluentes serem lançados em
um corpo hídrico (RAJKUMAR; SONG; KIM, 2007).
O corante utilizado neste trabalho é o Azul QR 19, um azocorante, que constitui
espécie química com efeito carcinogênico e mutagênico. Essa classe de corantes constitui
60% dos corantes atualmente utilizados no mundo (PERALTA-ZAMORA; SOUZA, 2004).
Os tratamentos convencionais de efluentes de maneira geral permitem somente
uma remoção parcial ou mudança de matriz dos poluentes presentes neste tipo de resíduo
(Braile; CavalcantI, 1993), ficando evidente a necessidade de novos sistemas de
tratamento mais eficientes.
Aluno do 5º ano de Engenharia Ambiental e Sanitária na FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa
de Apoio à Iniciação Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Química (UFPR). Professor da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
187
O sistema a ser utilizado neste trabalho (UV/H2O2) consiste na associação de radiação
ultravioleta e peróxido de hidrogênio. Segundo Araújo (2002), neste processo, chamado de
Processos Oxidativos Avançados, ou somente POA, são gerados radicais hidroxila (•OH),
espécie capaz de reagir de maneira rápida e pouco seletiva com inúmeros poluentes
de relevância ambiental, entre eles os corantes têxteis, promovendo a sua completa
mineralização, pois os produtos finais são principalmente gás carbônico e água, com
pequenas quantidades de íons cloreto, nitrato ou sulfato, dependendo dos contaminantes,
não gerando lodos (Melo et al., 2009; TEIXEIRA, 2002).
1OBJETIVOS
O presente trabalho apresenta como principal objetivo avaliar a potencialidade do
processo oxidativo avançado UV/H2O2, em relação à degradação do corante têxtil Azul
QR-19. Os objetivos específicos são:
a) Construir uma câmara de fotodegradação para o sistema UV/H2O2.
b) Estudar a influência de parâmetros experimentais de relevância na capacidade
de degradação do corante QR 19 pelo processo UV/H2O2.
c) Estudar a eficiência de degradação do corante QR 19 utilizando luz ambiente,
UV e H2O2 individualmente.
d) Selecionar os parâmetros de melhor desempenho na capacidade de degradação
do corante QR 19 pelo do processo UV/H2O2.
2METODOLOGIA
Em uma primeira etapa, foram realizados experimentos chamados de “ambiente”,
utilizando uma solução de 250 mL de corante QR 19 de concentração 20 ppm, verificando
a existência da decomposição pela ação do tempo. Os experimentos foram sempre
realizados utilizando o tempo total de 120 minutos.
Os experimentos que utilizaram somente H2O2 foram realizados em uma solução
de 250 mL de corante QR 19, de concentração 20 ppm, e adicionou-se uma solução de
H2O2 na concentração de 200 ppm. Os experimentos foram sempre realizados utilizando
o tempo total de 120 minutos.
Os demais experimentos UV e UV/H2O2 foram realizados em um reator fotoquímico
de bancada de 250 mL de capacidade, equipado com agitação magnética e refrigeração
por água. A radiação foi fornecida por uma lâmpada a vapor de mercúrio de 125 W,
inserida na solução com a proteção de um bulbo de quartzo.
188
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
O acompanhamento do perfil espectrofotométrico das amostras foi realizado
em espectrofotômetro, monitorando a região de maior absorbância do corante Azul
QR 19 em 585 nm. Todas as medidas foram realizadas em cubetas de quartzo de 1 cm
de caminho óptico.
3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Não houve diminuição da coloração do efluente, em um tempo de 120 minutos,
concluindo-se que apenas o tempo e o peróxido de hidrogênio não são suficientes para
degradar o corante Azul QR-19, quando utilizados separadamente.
A não degradação do corante Azul QR 19 pelo H2O2 observado neste experimento
está de acordo com a bibliografia pesquisada. Segundo Araújo (2002), Yassumoto, Monezi e
Takashima (2009), Arslan et al. (2000) e Balanosky et al. (2000) para H2O2, separadamente,
não foram observadas degradações nas diversas dosagens de corante utilizadas.
Foi construído um planejamento fatorial 22 (com ponto central em triplicata) para
avaliar o efeito da concentração de H2O2 e pH na degradação do corante modelo (Azul
QR-19) por processo UV/H2O2 (corante: 20 mg L-1, volume: 200 mL, tempo de reação:
30 min), foram obtidos resultados bastante satisfatórios.
Empregando-se como resposta o percentual de descoloração em um tempo de
reação de 30 minutos, e calculando os efeitos com um nível de 95% de confiança (BARROS
NETO, SCARMINIO, BRUNS, 1995), foi possível observar um efeito positivo de ambas as
variáveis estudadas, o que implica favorecimento do processo de degradação nas condições
representadas pelo experimento 1 (menor concentração de H2O2 e menor pH). Ao mesmo
tempo, é possível verificar um significativo efeito de interação entre variáveis (H2O2 x pH
-7,6 +/- 0,5), o que implica efeitos com diferentes tendências no intervalo estudado. Esta
observação fica mais bem ilustrada na representação geométrica da FIG. 1, que mostra um
aumento de aproximadamente 25 pontos percentuais na taxa de descoloração quando o
teor de peróxido passa de 300 para 100 mg L-1, utilizando pH 3, enquanto para o menor
pH esta modificação induz a um aumento de aproximadamente 17 pontos percentuais.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
189
Figura 1 – Resultados do planejamento fatorial 22 com ponto central em triplicata
100ppm
200ppm
300ppm
FONTE: Os autores (2013)
CONCLUSÕES
O principal motivo para que os agentes “ambiente” e H2O2, separadamente,
não tenham degradado o efluente é a complexidade da cadeia do corante QR-19 e a
dificuldade de oxidá-lo.
Após a construção da câmara de degradação, foram realizados experimentos
utilizando o sistema UV/H2O2 em diferentes concentrações de peróxido e faixas de pH,
com o objetivo de analisar, via planejamento fatorial, quais características otimizariam a
eficiência do processo oxidativo avançado.
Pelos experimentos, podemos observar que a solução de corante QR-19 é mais bem
degradada em pH 3 utilizando 100 mg/L de H2O2, ou seja, a variável pH e o peróxido são
variáveis importantes, e a maior eficiência foi encontrada nesta faixa de pH, descolorindo
aproximadamente 71% o efluente em apenas 30 minutos de reação.
Outra característica observada foi a tendência na diminuição da eficiência do
processo com o aumento da concentração do peróxido de hidrogênio, que pode ser
explicado, segundo Pacheco (2004), pelo caráter sequestrante de radicais hidroxila
apresentado pelo peróxido e ainda pelo processo de recombinação de radicais, quando
gerados em excesso.
190
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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192
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
UM DIÁLOGO ENTRE A ÓTICA DOS DISCENTES E DOS DOCENTES
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA UMA RELAÇÃO DE MAIOR
RESPEITO E APRENDIZAGEM
Eliane Botlender Severo Wassmansdorf1
Silvia Iuan Lozza2
INTRODUÇÃO
Neste estudo, buscou-se um diálogo entre a relação professor, aluno e
aprendizagem, que tem apresentado muitos problemas em sala de aula. É preciso rever
as dificuldades e buscar estratégias para a solução do problema. Zagury (2007) apontou
que a indisciplina por parte dos alunos e a falta de motivação por parte dos professores
têm contribuído para a crise na educação e o consequente desgaste da relação entre eles.
Indisciplina é o produto de uma série de valores que se perderam ao longo do tempo. É
urgente rever a questão dos limites na família e na escola para buscar uma educação de
qualidade. O cuidado, o repasse de valores e o amor dos pais são essenciais para que,
em sala de aula, os alunos e professores convivam em paz. A quebra de regras morais
e convencionais, a falta de respeito e a indisciplina ocorrem quando não há controle
da turma. Gerir uma turma não é fácil e, por isso, os professores andam desanimados
e frustrados. Apolinário (2012) alerta para a desunião e o pessimismo da classe dos
professores em suas escolas, bem como dos movimentos reivindicatórios que beneficiam
a classe. Segundo Demo (2000), “esta crise apresenta, agora com mais evidência, outro
Aluna do 4º ano de Pedagogia da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica da Fundação Araucária. E-mail: [email protected].
Mestre em Engenharia de Produção (UFSC). Coordenadora do curso de Pedagogia e professora da
FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
193
fator essencial, que, embora consequência desta mesma crise, causa impacto devastador:
a incompetência dos profissionais em termos propedêuticos”. O autor continua: “nada
tem atrapalhado mais o aproveitamento escolar do que o despreparo dos profissionais,
aliado ao corporativismo, que, por sinal, se nega a enfrentar este despreparo”.
1OBJETIVOS
A educação é prioritária para o desenvolvimento do país, e o professor é o elemento-chave nesse processo. Sua formação é decisiva para a construção do conhecimento e
desenvolvimento humano. Precisa-se resgatar a profissionalidade da docência, e a escola,
que é a responsável pela formação do cidadão, deve colaborar com a eficiência de seus
professores, bem como apoiar sua formação continuada. Com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, altera-se a visão do ser humano como responsável
pela construção do conhecimento. O professor passa a interagir com o ambiente e a lidar
com o conhecimento em construção, analisando a educação como um compromisso
político. Perrenoud et al. (apud TARDIF, 1992) afirmam que “constitui a especificidade do
ensino é que ele se trata de um ‘trabalho interativo’”, e Imbernón (2010) complementa
que “a aquisição de conhecimentos por parte do professor é um processo complexo,
adaptativo e experiencial”. Por isso a importância da formação continuada do docente.
É preciso mudar os paradigmas e tornar a docência uma experiência coletiva para que
se tenha reconhecimento. A especificidade da profissão docente está no conhecimento
pedagógico e na sua prática. E o professor iniciante aprende muito ao estagiar antes de
começar a lecionar. Ele aprende a trabalhar com interdisciplinaridade, resultando em muitos
ganhos aos alunos e à escola como um todo, usando estratégias para estimular um resultado
favorável à aprendizagem do aluno. Paulo Freire, em seu poema “A escola” (CRUZ, 2009),
retrata bem esse sentido de comunidade: “Escola é: o lugar que se faz amigos. Não se trata
só de prédios, salas, quadros. Programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente.
Gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima...”.
2METODOLOGIA
Metodologicamente, a abordagem com pesquisa documental nos dados anteriores,
com apoio de pesquisa bibliográfica para ampliação do marco conceitual, foi necessária
para realizar um diálogo entre os resultados citados acima.
194
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao dialogar com os resultados dos estudos anteriores – PAIC 2010/2011 –,
definiu-se a indisciplina dos alunos como o desafio docente mais sério em sala de aula,
e – PAIC 2011/2012 – demonstrou-se a falta de motivação dos docentes como um item
de desagrado aos discentes, entendendo como verdadeira a conclusão dos trabalhos
anteriores. A educação é renovável, e com o mundo globalizado, com as tecnologias
modernas, o docente precisa acompanhar o crescente intercâmbio dos alunos com o mundo
virtual. Deve ser capaz de evoluir, de aprender a aprender, para conseguir atingir o pleno
desenvolvimento do seu discente. Atualizar-se em seu conteúdo curricular traz benefícios
importantes ao professor, pois ele dará aulas que motivarão seus alunos a interagir com o
proposto, evitando assim aborrecimentos e contratempos. A disputa de atenção entre as
partes sofrerá um desgaste considerável se houver um entendimento do que o professor
realmente quer que seu aluno aprenda. Tornar-se pesquisador e levar seu aluno a ser
pesquisador é tarefa certa para um amplo conhecimento e desenvolvimento intelectual.
Docência é vocação, é um estado de espírito. Doar-se a alguém que necessita de uma mão
que o guie, que o leve a crescer como indivíduo social. Demo (2000) entende que “saber
pensar, aprender a aprender para melhor intervir e inovar condensam o desafio educativo
mais profundo, base da competência necessária para motivarmos a formação do sujeito
inovador e capaz, dotado de qualidade formal e política”. Para a maioria dos autores citados
nesta pesquisa, a especificidade da profissão docente está no conhecimento pedagógico.
Ele é construído e reconstruído muitas vezes na vivência da docência do professor entre a
teoria e a prática. Ideal seria que se estabelecesse a interação entre os próprios professores
na prática de sua profissão. Isso poderia melhorar a prática profissional, pois os professores
necessitam de melhores e novos sistemas de trabalho e de novas aprendizagens.
CONCLUSÕES
Constata-se que a boa convivência entre discentes e docentes terá ganhos
significativos quando houver atenção entre eles. O uso do diálogo como forma de
entendimento para a superação das dificuldades em sala de aula, aprender a conviver
com os medos e incertezas, mudando atitudes para o ganho da aprendizagem tanto do
professor quanto do aluno são atitudes que contribuirão para uma escola de qualidade
que todos almejam.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
195
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Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
197
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES
HOSPITALARES: UM ESTUDO DE CASO COM EDUCADORES DO SERVIÇO
DE ATENDIMENTO À REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR (SAREH) DO
HOSPITAL DO TRABALHADOR
Michele de Oliveira dos Santos1
Cinthya Vernizi Adachi de Menezes2
INTRODUÇÃO
Educação e saúde são direitos de todos os cidadãos, garantidos por meio de
políticas públicas que promovam a redução da doença e a igualdade de oportunidades
para acesso e permanência na escola.
Nessa perspectiva, foi implantado, em 2007, o Serviço de Atendimento à Rede
de Escolarização Hospitalar (Sareh), que se fundamenta nas pesquisas de Menezes
(2004), estabelecendo o direito ao atendimento pedagógico hospi­talar proposto pela
Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed). O objetivo é atender educandos
que se encontram impossibilitados de frequentar a escola em virtude de internamento
hospitalar, ou sob outras formas de tratamento de saúde, permitindo-lhes a continuidade
do processo de escolarização, contribuindo para seu retorno e reintegração na escola
de origem e, até mesmo, a inserção daqueles não matri­culados no sistema educacional.
Aluna do 4º ano de Pedagogia na FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação
Científica (PAIC 2012/2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Mídia e Conhecimento (UFSC). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: cinthyavam@
gmail.com.
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
199
Partindo do pressuposto de que o educando em situação de internamento se vê
inserido em um espaço diferente da sua rotina diária, torna-se necessária a ressignificação
deste espaço, oportunizando a esse aluno experimentar novas relações sociais, emocionais,
culturais e educacionais que possibilitem a criação de vínculos durante o período em que
se encontra afastado das suas atividades regulares. Assim, o objetivo geral deste projeto de
iniciação científica é analisar a prática pedagógica dos educadores que atuam no Sareh, no
Hospital do Trabalhador, em Curitiba, com vistas a sistematizar a organização do trabalho
pedagógico em ambiente hospitalar.
1OBJETIVOS
O objetivo geral é analisar a prática pedagógica dos educadores que atuam no
Sareh, no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, com vistas a sistematizar a organização
do trabalho pedagógico em ambiente hospitalar.
Os objetivos específicos podem ser elencados da seguinte maneira:
a) Realizar um levantamento legal e histórico sobre o atendimento educacional
hospitalar.
b) Situar o processo de humanização nos hospitais e a inserção do pedagogo em
ambiente hospitalar.
c) Identificar as atribuições do pedagogo do Sareh no Hospital do Trabalhador,
em Curitiba.
d) Verificar os procedimentos didático-metodológicos utilizados pelos profissionais
da educação para a efetivação do processo de escolarização dos educandos hospitalizados.
e) Analisar os elementos que compõem a proposta político-pedagógica hospitalar
e as relações estabelecidas na organização do trabalho pedagógico e a prática docente.
f) Propor uma sistematização da organização do trabalho pedagógico no Hospital
do Trabalhador.
2METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório. Por meio de uma revisão
bibliográfica da temática relacionada à pedagogia hospitalar, buscou-se apresentar seu
estado da arte. Além disso, foi realizada uma análise documental, com vistas a identificar
a fundamentação teórica e política que embasa o trabalho do Sareh no Paraná.
200
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Com o objetivo de explorar as percepções subjetivas do trabalho pedagógico
desenvolvido no Sareh pelo Hospital do Trabalhador, foi realizada uma entrevista
semiestruturada com a pedagoga responsável. Além disso, foi desenvolvido e aplicado um
questionário junto aos professores que atuam com o atendimento pedagógico no Hospital
do Trabalhador.
Diante destes dados, foi elaborada uma proposta de sistematização do trabalho
pedagógico a ser desenvolvida em ambientes escolares hospitalares.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos resultados obtidos em entrevista com a pedagoga e com os professores
permitiu constatar que não há um registro oficial explicando a sistematização do trabalho
pedagógico realizado. Tal constatação pode ser confirmada a partir das respostas atribuídas
às questões realizadas na entrevista e no questionário.
Embora a Proposta Político-Pedagógica Hospitalar (PPPH) e o Plano de Ação
Pedagógica determinem as diretrizes e conduzam o trabalho educacional hospitalar, tais
documentos não apresentam uma sistematização detalhada da organização do trabalho
pedagógico realizado em ambiente hospitalar, conforme resposta dada pela pedagoga do
Hospital do Trabalhador: “Não, o que ele faz é direcionar, apresentar as diretrizes do dia
a dia do cotidiano do trabalho hospitalar”.
Assim, o trabalho pedagógico realizado no hospital atende ao disposto na PPPH e nas
instruções normativas, porém, não está oficialmente sistematizado. Apesar de a pedagoga estar
habituada à prática cotidiana do trabalho e aos procedimentos didático-pedagógicos, desde
a entrada até a saída dos alunos do hospital, não foram identificados registros explicativos
deste trabalho nos documentos analisados nesta pesquisa.
A partir dos dados analisados e da pesquisa bibliográfica e documental realizada,
alcançamos o objetivo geral e os objetivos específicos desta pesquisa, pois foram propostas
as etapas da organização do trabalho pedagógico, que poderão ser realizadas pelos
pedagogos em ambientes hospitalares, conforme segue:
a) Pesquisa do censo do Hospital;
b) Preenchimento da ficha individual do aluno;
c) Realização da anamnese;
d) Contato com a escola de origem;
e) Orientação aos professores da área;
f) Contato dos professores com os alunos;
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
201
g) Acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem;
h) Troca de informações;
i)Avaliação;
j) Orientação aos familiares após a alta médica;
k) Retorno à escola de origem;
CONCLUSÕES
A prática pedagógica do Sareh, voltada para a perspectiva da educação universal
inclusiva e pelo atendimento à diversidade, aponta um quantitativo expressivo no período
de 2007 a 2012. Apesar de não haver uma sistematização sobre as análises qualitativas do
atendimento pedagógico realizado, é possível, pela presente pesquisa, esboçar a dimensão
do impacto social que o serviço apresenta, atendendo ao princípio básico de cidadania,
ao considerar a busca por oportunidades iguais e o respeito à dignidade.
Este trabalho buscou abordar processos históricos do atendimento escolar hospitalar,
seus aspectos legais, a humanização necessária para este contexto, a atuação e as atribuições do
pedagogo nesse ambiente, para, finalmente, analisar os dados obtidos por meio dos instrumentos
aplicados. Dessa forma, foi possível gerar uma proposta de sistematização da organização
do trabalho pedagógico, a qual busca contribuir para o estabelecimento de um processo
educacional específico a um espaço diferenciado, respeitando a diferença entre o tempo de
ensinar e o tempo de aprender e demonstrando as especificidades didático-metodológicas
adotadas para garantir o processo de ensino-aprendizagem de qualidade.
202
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
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206
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
Míticas, psicológicas e tragédias cariocas: um RECORTE
da DRAMATURGIA rodrigueana
Luis Gabriel Venancio de Sousa1
Charlott Eloize Leviski2
INTRODUÇÃO
O presente artigo pretendeu comprovar a importância literária de cada fase de
Nelson Rodrigues, perfazendo e estabelecendo uma trajetória de sua dramaturgia. A
crítica teatral relativa à época em que as peças foram publicadas esteve mais voltada
para a fase psicológica e mítica do dramaturgo, em contraponto às tragédias cariocas,
que eram consideradas literariamente inferiores devido ao seu caráter popular. Para
tanto, foram selecionadas quatro peças, a partir da classificação feita por Sábato Magaldi:
Vestido de noiva (peças psicológicas), Anjo negro (peças míticas), A serpente e O beijo
no asfalto (tragédias cariocas I e II).
Verificou-se uma recorrência temática que corresponde a: morte, amor, traição,
sexo, cômico, grotesco e relações familiares. Ainda vale ressaltar a falácia da crítica
negativa atribuída às tragédias cariocas: a de que a linguagem é inferior, pois retrata
pessoas da camada popular. Comprovou-se que a inovação literária começou desde
Vestido de noiva mediante a inserção da linguagem do cotidiano por meio de marcas
linguísticas da oralidade.
Aluno do 3º ano de Letras Português/Inglês da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Estudos Literários (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: charlott.leviski@
bomjesus.br.
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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1OBJETIVOS
O objetivo geral deste estudo é a possibilidade de análise com uma visão panorâmica
da obra teatral rodrigueana. Os objetivos específicos centram-se em investigar a inserção
das peças nos contextos sócio-histórico, cultural e literário brasileiro; estabelecer uma
relação temática entre as peças; e traçar a trajetória da dramaturgia de Nelson Rodrigues
a partir das obras selecionadas.
2METODOLOGIA
A metodologia adotada partiu de uma pesquisa bibliográfica. A coleta de dados foi
realizada por meio de fichamento e leitura de pressupostos críticos, filosóficos e teóricos,
encontrados em periódicos, livros e meio digital. A análise de tais dados ocorreu de maneira
seletiva, reflexiva e crítica.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas peças analisadas, são retratadas diversas possiblidades de formação familiar.
A serpente retrata uma família constituída apenas por casais: duas irmãs que dividem o
mesmo teto, uma delas tem um casamento infeliz ao passo que a outra tem o casamento
perfeito, incluindo-se a vida sexual. Na peça Anjo negro o casal ao mesmo tempo se
detesta e não podem viver um sem o outro; não há possiblidade de filhos ou qualquer
agregado. Já em O beijo no asfalto tem-se uma formação peculiar do subúrbio carioca:
recém-casados que ainda não pretendem ter filhos, porém a cunhada divide a casa e há
grande interferência do sogro. Em Vestido de noiva o cenário também é ambientado no
Rio de Janeiro. Observa-se o retrato da típica família burguesa: o pai industrial, a mãe
dona de casa e duas filhas que esperam por um bom casamento. Uma delas se casa com
o ex-namorado da irmã.
Os conflitos e o impasse entre as relações humanas que surgem dentro de cada uma
dessas famílias começam, primeiramente, com um conflito interno de cada personagem,
suas falhas, seus excessos. Depois se expandem nas relações com o outro, “direcionadas
em grande parte pela maneira com que cada um percebe a si mesmo e o modo como
entende que o mundo o enxerga” (SOUTO, 2007, p. 88).
A morte é observada como desfecho e enlaçamento das narrativas, entretanto
ela adquire diversos significados conforme a trama da qual faz parte. Em Anjo negro, a
morte dos bebês negros, bem como o assassinato de Elias e o de Ana Maria, não resolve
208
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
as dificuldades de convivência entre Ismael e Virgínia. Ela nunca amou o marido e tem
nojo por ele ser negro, já Ismael nunca perdoou a esposa por ela gerar filhos negros e
consequentemente matá-los. Logo, a vingança e o ódio entre eles serão carregados ao
longo de suas vidas. Não há arrependimento de Virgínia nem de Ismael, uma vez que não
se sentem culpados. Para Virgínia a morte dos filhos negros era algo necessário, nunca
poderiam sobreviver no seio daquela família.
Paulo, em A serpente, sentindo-se sufocado por Guida, decide matá-la para viver
com a cunhada, atirando-a do 10° andar. Não existe sentimento de culpa, a esposa era
apenas um empecilho para a realização do seu amor.
Nada de remorsos, apenas a sensação de dever cumprido. O que deixa o homem
cheio de embaraços é o efeito colateral da consciência moral. É a possibilidade de
alguém viver ou não em paz consigo mesmo quando chegar a hora de pensar sobre
seus atos e palavras, é a antecipação do sujeito que aguarda quando a pessoas voltar
para casa. (SOUTO, 2007, p. 96.)
Não existe o efeito da consciência moral, uma vez que os personagens assassinos
não se arrependem, porque não têm sentimento de culpa. Os assassinatos cometidos
eram necessários, pois, ao ver de Paulo e Virgínia, eram pessoas inconvenientes à sua
felicidade, que precisavam ser retiradas do caminho. O mesmo ocorre em Vestido de noiva,
a personagem Alaíde era inconveniente para que Pedro e a cunhada, Lucia, pudessem
concretizar seu desejo amoroso. Desse modo, planejam a morte da irmã e da esposa. Além
disso, Alaíde recebeu uma espécie de punição, pois havia roubado o namorado de Lucia.
Em O beijo no asfalto a morte assume uma conotação bem diferente em
relação às peças anteriores. A visão negativista do dramaturgo em relação ao ser
humano torna-se atenuada com a personagem de Arandir. Ele realizou o último desejo
de um moribundo atropelado e em troca é massacrado não só pela sociedade, mas
também pela família. Ao beijo foi atribuída uma conotação homossexual, fazendo
com que ficasse ameaçada a repressão homossexual nos demais personagens da peça,
principalmente no sogro. No instante do seu gesto, Arandir chegou “à sua existência
autêntica” (PELLEGRINO, 2004, p. 270), tornou-se um sujeito como nunca fora
antes: não pensou o que ganharia em troca, foi um ato de extrema bondade. Um ato
insuportável para a sociedade hipócrita e moralista, que o degradou, condenando-o
de homossexual. Assim, o beijo tornou-se uma metáfora de morte: Arandir ao beijar o
agonizante beijou sua própria morte, entregou-se em prol do outro, mas foi crucificado
pela sociedade, sendo esse um fardo muito pesado para carregar.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
209
CONCLUSÕES
O objetivo inicial deste artigo foi o de comprovar que todas as fases literárias de
Nelson Rodrigues tiveram sua devida relevância. A fase das peças psicológicas foi a mais
aclamada pelos críticos da época, na qual Vestido de noiva marcou o teatro brasileiro
devido ao fato de a ação se desenrolar em três planos, além de a narrativa explorar o
nível de consciência da protagonista, o cenário e a iluminação inovadores. A fase das
peças míticas ficou conhecida por abordar temas desagradáveis e por fazer uma releitura
da tragédia clássica. Por sua vez, a fase das tragédias cariocas teve como cenário o Rio
de Janeiro, seus personagens eram representantes da classe média e suburbana carioca.
A grande inovação em suas peças, desde Vestido de noiva, foi o dinamismo da
linguagem incorporado ao da informalidade, do dia a dia, da linguagem do povo. Ao
retratar personagens tipicamente brasileiros, em especial resgatar traços da sociedade
carioca, o dramaturgo criou uma tragédia brasileira que trazia elementos míticos da tragédia
clássica acrescidos de elementos do subúrbio carioca. A partir da ambientação do local, sua
literatura se desdobra para o aspecto do universal, pois retrata seres humanos reprimidos.
Observa-se a leitura de uma sociedade burguesa, expondo-se todos seus os podres. Além
disso, exploram-se conflitos inerentes ao homem, temas desagradáveis que são camuflados
por convenções sociais, como a traição tanto por parte de homens quanto de mulheres,
desejo pelo marido/esposa do outro, homossexualismo, assassinato, perversões sexuais e
assim por diante. Ao mesmo tempo em que expõe seus personagens, em seus mínimos
detalhes, o dramaturgo ironiza situações que seriam trágicas, utilizando-se do grotesco e
da comicidade.
Após análise comparativa das peças, convém questionar se a dramaturgia de Nelson
Rodrigues ainda causa o mesmo impacto de quando suas peças foram publicadas. Em
2007, o dramaturgo foi homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip),
contrapondo-se, justamente, à recepção feroz da época em que suas peças foram escritas:
‘Protesto, em nome da família brasileira!’ O grito solitário, mas representativo de
muitas indignações dos conservadores na época, saiu da plateia de Beijo no Asfalto, de
1961. Era contra Nelson Rodrigues, considerado maldito e pornográfico por muitos.
Agora, 46 anos depois, ele é o homenageado desta edição da FLIP. Será uma excelente
oportunidade para que todos conheçam melhor o grande cronista do comportamento
humano e sua obra, que continua atual e influenciando dramaturgos, escritores,
músicos e artistas. (MACHADO, 2007.)
210
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
As críticas sociais encontradas nas obras de Nelson Rodrigues são muito vivas e
presentes. Temas como traição, incesto, sexo, morte, homossexualidade, entre outros,
transformam-se em notícias diárias. A banalização gerada pela mídia faz com que tais
assuntos não se tornem mais surpreendentes e/ou chocantes. Desse modo, as narrativas
ficcionais de Nelson Rodrigues tornaram-se bem parecidas com as histórias estampadas
diariamente nos tabloides. O distanciamento ficcional proporcionado pela literatura deveria
permitir que se fizesse uma leitura crítica/reflexiva, e não moralista, da obra rodrigueana.
Está fora de contexto, além de ser uma grande hipocrisia, rotular Nelson Rodrigues como
um escritor imoral, uma vez que ele foi o primeiro dramaturgo brasileiro que soube resgatar
o universal a partir do cotidiano banal.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
211
REFERÊNCIAS
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sobre a vida e obra do autor. Disponível em: <http://www.jung-rj.com.br /artigos/ nelson_
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MACHADO, Cassiano Elek. Homenagem. 2007. Disponível em: <http://www. flip.org.br/
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recepção crítica comentada dos escritos do Anjo Pornográfico. 2006. 237 f. Tese (Doutorado em
Literatura Comparada) – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, 2006.
212
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DOS GÊNEROS
TEXTUAIS NO CONTEXTO COMUNICATIVO DA EAD
Cristina Luciana Grudginski1
Juliana Simões Bolfe2
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é um estudo de caso, com base na realidade do curso de
pós-graduação em Docência Universitária, ofertado na modalidade a distância, pela FAE
Centro Universitário. Com a pesquisa desenvolvida, buscou-se destacar a relevância dos
gêneros textuais e sua compreensão dentro da educação a distância, pois analisar quais
metodologias são utilizadas nas práticas educativas, nesse cenário do EAD, é essencial
para o aprimoramento delas.
Com base em estudos teóricos e a partir da observação da realidade, a pesquisa foi
realizada com o objetivo de compreender como são percebidos os gêneros textuais por
professores e alunos de um mesmo curso, na modalidade de ensino a distância. Para isso,
além das pesquisas teóricas sobre o tema, foram analisadas as atividades propostas pelos
professores do curso objeto da pesquisa e, na sequência, foram levantados dados junto
aos professores e alunos do respectivo curso, por meio da aplicação de questionários.
Os resultados obtidos demonstram, entre outros aspectos, que, apesar dos diversos
enunciados propostos nas atividades, professores e alunos estiveram em sintonia no
decorrer das avaliações. Além disso, os integrantes de ambos os grupos acreditam ser
Aluna do 4º ano de Letras Português/Inglês da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio
à Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Mestre em Educação (UTP). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected].
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
213
o conteúdo o fator mais relevante nas produções textuais Ainda que os resultados não
possam ser considerados definitivos, devido à baixa participação dos alunos do curso em
responder aos questionários, a presente pesquisa serve de base inicial para estudos futuros
sobre o tema e abre a discussão sobre a importância da seleção e compreensão dos gêneros
textuais e sua relevância na produção textual no processo de ensino-aprendizagem.
1OBJETIVOS
O principal objetivo da pesquisa foi verificar, a partir da análise da realidade do
curso de pós-graduação em Docência Universitária, ofertado na modalidade a distância
pela FAE Centro Universitário, como os gêneros textuais foram cobrados pelos professores
no momento das avaliações e a percepção dos alunos sobre os gêneros textuais presentes
nas atividades propostas, destacando a importância dos estudos sobre gêneros textuais
para o ensino a distância.
2METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do trabalho, foram realizadas pesquisas teóricas sobre o
tema proposto. Em seguida, partiu-se para a análise da realidade do curso de pós-graduação
em Docência Universitária, da FAE Centro Universitário, na modalidade a distância, por
meio da plataforma Moodle, na qual foi possível identificar e destacar os gêneros textuais
trabalhados por professores e alunos nas atividades avaliativas do curso.
Tomando por base os levantamentos anteriores, foram desenvolvidos questionários,
um para os professores e outro para os alunos, com o objetivo de obter respostas sobre a
percepção de ambos os grupos sobre os gêneros textuais desenvolvidos e trabalhados no
decorrer do curso. Os dados obtidos foram tabulados e apresentados na pesquisa.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na análise das atividades propostas pelos professores aos alunos do curso
em questão, disponíveis na plataforma Moodle da FAE Centro Universitário, foi possível
destacar 26 atividades que, de alguma maneira, envolviam a produção textual, sendo
descartadas as solicitações de livre discussão nos fóruns do curso, porém considerando
aquelas que determinavam a produção de comentários, uma vez que eles sugerem a
produção textual.
214
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
A classificação dessas avaliações em gêneros textuais foi uma tarefa bastante
complicada, tendo em vista que não foi encontrado um padrão de denominação para as
produções solicitadas pelos professores. Entretanto, considerando o estipulado no Guia do
Aluno, é possível destacar que grande parte das avaliações pode ser enquadrada no item
“Outros” do referido guia, no qual está definido que a avaliação poderá ser de “trabalhos
específicos a alguma disciplina, com instruções e itens desenvolvidos pelo professor” (FAE,
2010, p. 15).
Na etapa seguinte da pesquisa, foram aplicados questionários para os nove professores
e os 38 alunos do curso, dos quais se obtiveram seis e 11 respostas respectivamente. O
número de alunos que retornaram a pesquisa foi inferior a 50%, porém, mesmo assim, foi
possível destacar algumas tendências e fazer um levantamento satisfatório das questões
propostas, como será visto no decorrer da análise dos resultados.
O questionário aplicado aos professores foi composto de um total de seis questões
e o dos alunos possuía cinco questões, todas com o mesmo enfoque para que fosse
possível traçar um parâmetro de relação entre o assunto tratado. No entanto, a questão
número 2, de ambos os questionários, não foi aproveitada para a pesquisa, devido a
divergências constantes nos arquivos enviados, que foram percebidas somente após o
recebimento das respostas.
Com base nas cinco questões respondidas pelos professores, já desconsiderando
a questão número 2, que não foi tabulada, foi possível chegar aos seguintes dados,
apresentados a seguir.
Pode-se afirmar que as orientações disponíveis nos enunciados das atividades a
serem desenvolvidas pelos alunos foram suficientes para a conclusão das tarefas, uma vez
que 50% dos professores responderam que nunca tiveram solicitações extras, oriundas dos
alunos, sobre como deveriam desenvolver o trabalho solicitado, e os outros 50% disseram
que poucas vezes receberam o pedido de informações adicionais.
A questão número 3, que trazia em sua introdução a definição de alguns gêneros
textuais, segundo a conceituação apresentada no livro Produção de texto: interlocução
e gêneros, da Maria Luiza Abaurre, foi seguida da pergunta “Qual destes gêneros você
considera ter solicitado com mais frequência?”. Com base nas respostas, é possível perceber
que todos os gêneros apresentados no texto introdutório à questão foram solicitados em
algum momento do curso, por algum professor. No entanto, houve uma tendência à
solicitação do gênero textual resenha (33%) e de outros gêneros não classificados entre
os três apresentados na introdução da pergunta (33%). O texto dissertativo e o artigo de
opinião ficaram com o percentual de 17% cada, segundo os professores entrevistados.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
215
Sobre a percepção dos professores quanto à qualidade dos textos avaliativos
solicitados e produzidos pelos alunos, 50% dos que retornaram a pesquisa responderam
que os textos atingiram as expectativas sobre a atividade proposta. Enquanto somente 17%
responderam que isso ocorreu na minoria das vezes.
Na classificação dos itens de correção, conforme prioridade, atribuindo numeração
de 1 a 7, em que 1 seria para maior importância e 7 para menor importância no momento
da correção, apesar de não haver unanimidade, o requisito “conteúdo” foi considerado o
mais relevante para três dos seis professores entrevistados (apenas um não respondeu a essa
pergunta). Em seguida, na escala de relevância, temos a articulação das ideias e a utilização
adequada do referencial teórico solicitado. Os itens, entretanto, de menor importância são
os que dizem respeito à formatação e ao número de linha e laudas do texto.
Na última questão, 67% dos professores entrevistados declararam que consideram
importante, na elaboração das atividades, solicitar algo que tenha relação com os
gêneros textuais trabalhados anteriormente. Já 33% levam em consideração tal aspecto
na maioria das vezes.
Do questionário aplicado aos alunos, foi possível inferir que, na questão número 1,
82% dos alunos afirmaram que poucas vezes precisaram de informações adicionais sobre
as atividades, enquanto 18% sentiram necessidade de mais explicações. Como a questão
2 não foi considerada, partimos para os resultados obtidos na questão 3.
Na questão 3, foi possível observar que os alunos perceberam a incidência maior do
gênero textual resenha nas produções textuais solicitadas; 46% afirmou que a resenha foi
o gênero textual mais solicitado pelos professores, seguido dos demais gêneros destacados,
com 18% das respostas.
A questão 4 solicitava aos alunos a classificação de 1 a 6, conforme relevância, dos
critérios considerados mais ou menos importantes nas suas produções textuais avaliativas.
Os itens que se destacaram em primeiro lugar em relevância foram o conteúdo e o respeito
ao gênero textual. Como itens de menor importância na produção textual foram destacados
a formatação e o respeito ao número de linhas/laudas do texto.
Na última questão foi possível perceber a sintonia entre os professores do curso
e os alunos. Dos questionários respondidos somente 9% dos entrevistados disseram ter
percebido, na minoria das vezes, relação entre o gênero trabalhado no decorrer do curso
e o solicitado nas produções textuais, e 18% afirmaram não ter notado tal relação. No
entanto, a maioria dos alunos afirmou perceber essa relação.
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
CONCLUSÕES
Por meio dos estudos realizados, foi possível perceber que as normas
regulamentadoras dos cursos de pós-graduação, em nível de especialização, são bastante
novas. Os estudos sobre as novas tecnologias e a educação nos mostram que não é mais
possível pensar em educação nos moldes antigos.
Com a observação das atividades propostas pelos professores do curso objeto da
pesquisa, foi possível verificar que a classificação das solicitações de produções textuais em
gêneros não seguiu um padrão fixo. No entanto, a partir da tabulação dos dados obtidos
com os questionários aplicados aos professores e alunos do curso, algumas conclusões
puderam ser retiradas.
A primeira é que, apesar da diversidade dos enunciados, os alunos encontraram
poucas dificuldades para a realização das tarefas. O segundo aspecto analisado também
demonstra a sintonia entre alunos e professores do curso, pois os dois grupos identificaram
a resenha como o gênero mais desenvolvido nas avaliações do curso. Quanto aos critérios
de avaliações, a maioria dos professores, bem como dos alunos, considera que o item mais
relevante na correção e na produção das atividades é o conteúdo, sendo considerados menos
relevantes os itens como formatação e respeito ao número de linhas e laudas do texto.
Por fim, com base nas respostas aos questionários, percebeu-se que os professores
se preocuparam com a existência de relação entre o gênero textual estudado e o solicitado,
e os alunos conseguiram perceber essa mesma relação no decorrer do curso.
Levando em conta a complexidade e a importância do assunto, futuros trabalhos
poderiam ser desenvolvidos sobre o tema, considerando um leque maior de cursos e de
diferentes instituições, tendo em vista a hipótese de que diferentes áreas atribuem diferentes
valores e importância às produções textuais e seleção de gêneros textuais.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
217
REFERÊNCIAS
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SABATOVSKI, Emílio; MILEK, Emanuelle; FONTOURA, Iara Purcote (Org.). LDB: Lei 9.394/96:
Lei de diretrizes e bases da educação nacional. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012.
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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA
APÊNDICE I
PESQUISA PROFESSORES
IDADE:________________________________________________________________
FORMAÇÃO:___________________________________________________________
1.
Considerando o fato de que parte das avaliações solicitadas, no decorrer do curso
de Pós-graduação em Docência Universitária, foi de produção de texto cujo arquivo
deveria ser enviado/postado na plataforma, responda: Com que frequência você
recebeu, dos alunos ou da secretaria, pedidos de informações adicionais sobre
como os estudantes deveriam desenvolver o texto/atividade solicitado(a)?
()nunca
( ) poucas vezes
( ) na maioria das vezes
( ) todas as vezes
2.
Observado o disposto no item 3.5. Atividades Avaliativas do Guia do Aluno,
disponível para acesso e leitura na plataforma do curso, responda à seguinte
questão sobre o desenvolvimento das avaliações: Você considera que as atividades
propostas estavam de acordo com o que estipula o referido guia?
()sim
()não
( ) na maioria das vezes
( ) na minoria das vezes
( ) não conheço o Guia do Aluno
3. Considere as seguintes afirmações:
a)A dissertação é um texto que se caracteriza por analisar, explicitar, interpretar e avaliar os vários aspectos
associados a uma determinada questão. A finalidade da dissertação, portanto, é explicitar um ponto
de vista claro e articulado sobre um tema específico. Em alguns casos, além da análise cuidadosa e
detalhada de um tema, espera-se que o texto também apresente os argumentos para a defesa de um
ponto de vista. Quando isso ocorre, tem-se a dissertação-argumentativa.
b)A resenha é um gênero discursivo que combina a apresentação das características essenciais de uma
dada obra (filme, livro, peça de teatro etc.) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade.
c)O artigo de opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo que tem por objetivo expressar
o ponto de vista do autor que o assina sobre alguma questão relevante em termos sociais, políticos,
culturais etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas justificativas de posições
arroladas pelo autor para convencer os leitores da validade da análise que faz.
Fonte: ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007.
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Qual destes gêneros você considera ter solicitado com mais frequência?
( ) texto dissertativo
()resenha
( ) artigo de opinião
()outro
4.
Considerando a qualidade dos textos avaliativos solicitados, você considera que o
desenvolvimento deles foi satisfatório, ou seja, atingiu as expectativas propostas
pelos enunciados?
()sim
()não
( ) na maioria das vezes
( ) na minoria das vezes
5. Com relação aos critérios de correção, como você classificaria a utilização dos
itens abaixo, numerando de 1 a 7, em que 1represente o mais frequente e 7 o
menos frequente?
( ) número de linhas/laudas
()formatação
()conteúdo
( ) articulação de ideias
( ) utilização adequada de referencial teórico solicitado
( ) utilização adequada de argumentos
( ) respeito ao gênero textual solicitado (resenha, relatório, estudo de caso, análises
comparativas, debates etc.)
6. No ato da elaboração das atividades avaliativas, você considera importante solicitar
uma atividade que tenha relação com um gênero textual trabalhado anteriormente?
(Ex.: no decorrer da unidade, as leituras sugeridas eram do gênero resenha, então
a avaliação solicitada será a elaboração de uma resenha.)
()sim
()não
( ) na maioria das vezes
( ) na minoria das vezes
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APÊNDICE II
PESQUISA ALUNOS
IDADE: ________________________________________________________________
FORMAÇÃO: ___________________________________________________________
1. Considerando o fato de que parte das avaliações solicitadas, no decorrer do curso
de Pós-graduação em Docência Universitária, foi de produção de texto cujo arquivo
deveria ser enviado/postado na plataforma, responda: Com que frequência você
sentiu necessidade de solicitar, ao tutor, professor ou aos demais alunos do curso,
informações adicionais sobre como desenvolver o texto solicitado?
()nunca
()poucas vezes
( ) na maioria das vezes
( ) todas as vezes
2. Observado o disposto no item 3.5. Atividades Avaliativas do Guia do Aluno,
disponível para acesso e leitura na plataforma do curso, responda à seguinte questão
sobre o desenvolvimento das avaliações. Você considera que as atividades propostas
pelos professores estavam de acordo com o que estipula o referido guia?
()sim
()não
( ) na maioria das vezes
( ) na minoria das vezes
( ) não conheço o Guia do Aluno
3. Considere as seguintes afirmações:
a)A dissertação é um texto que se caracteriza por analisar, explicitar, interpretar e avaliar os vários aspectos
associados a uma determinada questão. A finalidade da dissertação, portanto, é explicitar um ponto
de vista claro e articulado sobre um tema específico. Em alguns casos, além da análise cuidadosa e
detalhada de um tema, espera-se que o texto também apresente os argumentos para a defesa de um
ponto de vista. Quando isso ocorre, tem-se a dissertação-argumentativa.
b)A resenha é um gênero discursivo que combina a apresentação das características essenciais de uma
dada obra (filme, livro, peça de teatro etc.) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade.
c)O artigo de opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo que tem por objetivo expressar
o ponto de vista do autor que o assina sobre alguma questão relevante em termos sociais, políticos,
culturais etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas justificativas de posições
arroladas pelo autor para convencer os leitores da validade da análise que faz.
Fonte: ABAURRE, Maria Luiza. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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Qual destes gêneros você considera ter sido o mais solicitado pelos professores?
()texto dissertativo
()resenha
( ) artigo de opinião
()outro
4. Com relação ao desenvolvimento das atividades avaliativas, como você classificaria
a importância dos itens abaixo, numerando de 1 a 6, em que 1 represente o mais
relevante e 6 o menos relevante para o cumprimento da tarefa?
( ) número de linhas/laudas
()formatação
()conteúdo
( ) utilização adequada de referencial teórico apresentado
( ) utilização de argumentos
( ) respeito ao gênero textual solicitado (resenha, relatório, estudo de caso, análises
comparativas, debates etc.)
5. No ato da elaboração das atividades avaliativas você percebe relação entre a
atividade solicitada e os textos anteriormente trabalhados? (Ex.: no decorrer da
unidade, as leituras sugeridas eram do gênero resenha, então a avaliação solicitada
será a elaboração de uma resenha.)
()sim
()não
( ) na maioria das vezes
( ) na minoria das vezes
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ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS
AMBIENTAIS NO BRASIL
Sueder Santos de Souza1
Valdir Fernandes2
INTRODUÇÃO
As questões ambientais que surgiram na década de 1970, como realidade social,
política e institucional, não demoraram a virar campo de pesquisa específico de várias
áreas do conhecimento. Surgiram pesquisas sobre as questões ambientais nas áreas de
ecologia, ciências biológicas, geografia, ciências sociais e engenharias.
Recentemente, as ciências ambientais aparecem como naturalmente interdisciplinares, como uma aglutinação de temas antigos já abordados amplamente pelas disciplinas
especializadas, entre temas relacionados a problemas econômicos e sociais mediados
pela ciência e tecnologia (FERNANDES; SAMPAIO, 2012). Gradativamente, houve um
processo de institucionalização das questões ambientais com notório crescimento de
cursos e disciplinas em todos os níveis, do ensino fundamental à pós-graduação. Dentre
os fatos relevantes desta institucionalização, em nível de pós-graduação stricto sensu,
destaca-se o surgimento das Ciências Ambientais no contexto da Capes, que em 2011
criou esta área com 84 cursos, que constituem 54 programas entre mestrado, mestrado
profissional e doutorado.
Aluno de Letras da Universidade TecnológicaFederal do Paraná. Bolsista do Programa de Apoio à
Iniciação Científica (PAIC 2012-2013). E-mail: [email protected].
Doutor em Engenharia Ambiental (UFSC). Professor da Universidade Positivo. E-mail: valdir.fernandes@
icloud.com.
1
2
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
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1OBJETIVOS
Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar a pesquisa que buscou mapear
e caracterizar a área nascente de Ciências Ambientais no Brasil, trazendo à tona suas
especificidades e peculiaridades enquanto criar ciência.
2METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e pioneira na medida em que inaugura, ou
sistematiza, uma abordagem, um campo ou uma perspectiva ainda não abordados. Para
a produção da pesquisa, foi necessária a revisão bibliográfica de produções científicas
relacionadas à área das Ciências Ambientais entre o ano de 2011 até início de 2013, coleta
de dados sobre os programas de pós-graduação que ofertam programas na área e coleta
de dados em documentos oficiais sobre a questão ambiental no Brasil.
Entre análise de periódicos, teses, livros e artigos científicos, das mais variadas
áreas, foram extraídos e tabelados aqueles que apresentam um maior aprofundamento e
semelhança com o tema, proporcionando embasamento teórico e o balanço das pesquisas
já realizadas sobre a temática. A coleta de dados sobre as características dos programas
de pós-graduação se deu por meio do site de cada programa e da Plataforma Lattes, por
meio da qual se acessou informações sobre as características do corpo docente e discente,
sua formação principal e formação final, bem como áreas de atuação.
A análise das áreas de atuação dos programas deu-se por meio da quantidade
de áreas de concentrações, que variam entre uma e três diferentes áreas, das respectivas
linhas de pesquisas que compõem a área de concentração (em maior número), existindo
a variação de uma a sete linhas diferentes dentro do mesmo programa, dos projetos
associados às linhas, que variam de um a trinta e sete projetos dentro da temática e que
possibilita a ampliação de pesquisa do discente junto ao programa.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dão conta de que as “Ciências Ambientais” abrangem diversas áreas
do conhecimento, tais como a Gestão Ambiental, Recursos Naturais, Tecnologia, Ambiente
e Sociedade, oriundas de diversas formações, tais como Geografia, Agronomia, História,
Biologia, Química, Ciências Sociais, Ecologia entre outras, provenientes tanto das ciências
Humanas como das Naturais e Exatas. Até dezembro de 2012, a Capes contava com 5.333
programas de pós-graduações credenciados e divididos em: 499 em nível de mestrado
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profissional; 3.014 em nível de mestrado acadêmico e 1.820 em nível de doutorado. Na
área de Ciências Ambientais, eram 17 programas em nível mestrado profissional; 54 em
nível de mestrado acadêmico e 25 em nível de doutorado. A criação da área de Ciências
Ambientais deu-se a partir da migração de 67 programas, contendo 84 cursos. 54 programas
provenientes da área Interdisciplinar, 51 originados da área do Meio Ambiente e Agrárias, 2
da área de Engenharia, Tecnologia e Gestão e 1 da área Social Aplicada e Humana. Além da
migração de programas de outras áreas do conhecimento, foram implantados 8 novos cursos
aprovados em 2011. Até o início de 2013, a área contava com 77 programas e 96 cursos.
CONCLUSÕES
Estes resultados levam a concluir que a multidisciplinaridade é evidente dentro da
área enquanto campo de conhecimento, o que condiz com a natureza do próprio campo
e a necessidade de abordagem sempre interdisciplinar. Pela natureza dos problemas
ambientais, a área de ciências ambientais não se constitui de uma disciplina, mas da
convergência de diversas disciplinas.
Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2012-2013
225
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