comportamento da maturação de frutos da laranjeira `monte parnaso`
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comportamento da maturação de frutos da laranjeira `monte parnaso`
COMPORTAMENTO DA MATURAÇÃO DE FRUTOS DA LARANJEIRA ‘MONTE PARNASO’ SOB CULTIVO AGROFLORESTAL 1 2,3 1 3 Alisson Pacheco Kovaleski , Mateus Pereira Gonzatto , Bruno Casamali , Flávia Comiran , 3 1 4 Bruna Maria Machado Heckler , Cristiane Salete Andreazza , Renar João Bender , Sergio 4,5 Francisco Schwarz 2 1 Aluno do curso de Agronomia FA/UFRGS, Bolsista Iniciação Científica; Eng. Agrônomo, Estação 3 Experimental Agrônomica/UFRGS, BR 290, Km 146; Mestrando do PPG em Fitotecnia/UFRGS; 4 Eng. Agr., Dr. Professor do Departamento de Horticultura e Silvicultura, PPG em Fitotecnia/UFRGS; 5 Autor para correspondência: [email protected]. 1. RESUMO As plantas cítricas cultivadas em condições de sombreamento leve são beneficiadas fisiologicamente. Da mesma forma, o incremento de biodiversidade no sistema orgânico de produção, desde que bem manejado, pode trazer consideráveis ganhos ao sistema. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o processo de maturação dos frutos de laranjeiras ‘Monte Parnaso’, cultivadas sob sistema agroflorestal (SAF) em relação ao cultivo a pleno sol (PS), ambos sob cultivo orgânico, quanto a características internas (percentagem de suco, sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e índice de maturação (IM)) e a características externas dos frutos (cor da casca). O teor de SST não foi afetado pelos tratamentos. As diferenças em percentagem de suco, ATT e IM foram evidenciadas no fim do período avaliado. O SAF propiciou um processo de maturação mais tardio, contudo a coloração da casca dos frutos provenientes deste sistema de cultivo ficou levemente mais alaranjada, diferentemente do esperado. Palavras-chave: Citrus sinensis (L.) Osb., sombreamento, maturação de frutos, sistema agroflorestal. 2. INTRODUÇÃO O gênero Citrus sp. é originário de áreas tropicais e subtropicais do sudeste asiático e arredores (Spiegel-Roy e Goldschimidt, 1996), provavelmente no sub-bosque de florestas tropicais chuvosas (Kriedemann e Barrs, 1981). Devido a isso, a produção de plantas cítricas em sistemas agroflorestais (SAFs) pode ser uma alternativa interessante principalmente pelos benefícios de níveis moderados de sombreamento a vários aspectos fisiológicos da planta cítrica, como o incremento da condutância estomática, da fotossíntese líquida, da eficiência do uso da água (Cohen et al., 1997; Jifon e Syvertsen, 2001) e a redução da fotoinibição (Jifon e Syvertsen, 2003). Além disso, o incremento de diversidade biológica nos sistemas de produção, quando bem manejado, pode trazer inúmeros ganhos em sistemas de produção orgânica. No entanto, há uma grande carência de trabalhos científicos que avaliem o comportamento de árvores frutíferas em sistemas agroflorestais. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi determinar o efeito do cultivo sob sistema agroflorestal em relação à produção em pleno sol (PS), sobre a evolução da maturação de frutos de laranjeira ‘Monte Parnaso’. 3. METODOLOGIA O experimento foi conduzido no município de Tupandi, no Vale do Rio Caí, região tradicional da citricultura no RS. Foram utilizadas plantas de laranjeira ‘Monte Parnaso’ (Citrus sinensis (L.) Osb.), enxertadas sobre Poncirus trifoliata (L.) Raf., cultivadas em sistema agroflorestal (SAF) e em pleno sol (PS). No SAF, as laranjeiras encontravam-se em sub-bosque, sombreadas por árvores nativas, principalmente Angico-vermelho (Parapiptadenia rígida (Benth.) Brenan), sendo que a atenuação da radiação fotossinteticamente ativa incidente no topo das plantas cítricas variou entre 15 e 30%. Ambos os tratamentos encontram-se em cultivo orgânico. Foram realizadas coletas de 10 frutos por unidade experimental em quatro épocas abrangendo os meses de agosto e setembro de 2007. As amostras foram avaliadas quanto ao teor de sólidos solúveis totais (SST) determinado por refratometria; de acidez total titulável (ATT), determinado por titulação com NaOH 0,1M; índice de maturação (IM), calculado através da razão SST:ATT; percentagem de suco, determinado pela razão massa de suco:massa de frutos; e o índice de cor da casca (ICC), sendo este último calculado segundo expressão ICC = 1000.a/(L.b), descrita em Jimenez-Cuesta et al. (1981), sendo L, a e b parâmetros do sistema de cores de Hunter, mensurados com colorímetro CR-400, marca Minolta®. Utilizou-se o delineamento completamente casualizado, constando de dois tratamentos (SAF e PS) e quatro repetições, com três plantas por unidade experimental. Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05) dentro de cada data de avaliação. 4. RESULTADOS E REFLEXÃO De todas as variáveis analisadas a única que não foi afetada pelos tratamentos foi SST. A percentagem de suco dos frutos foi satisfatória (superior ou igual a 50%) até a primeira quinzena de setembro, sendo que a partir daí já houve comprometimento na qualidade comercial de frutos. No início do monitoramento os frutos já se encontravam em condição de colheita (IM>6), segundo critério proposto por Sartori et al. (2002) para as condições do RS. Durante todo o período avaliado a ATT (Figura 1) obteve valores médios maiores, e o IM (Figura 2) menores, no SAF em relação ao PS. Contudo, estatisticamente só ocorreram diferenças na segunda semana de setembro. Nesse momento os frutos cítricos de ambos os tratamentos estão fora do período ótimo de colheita devido à reduzida percentagem de suco (tratamentos SAF e PS) e devido ao IM exageradamente alto, maior que 16 (tratamento PS). Por meio disso pode-se perceber que as plantas em SAF têm a maturação de seus frutos prolongada, da mesma forma que foi observado para laranjeiras ‘Valência’ por Gonzatto et al. (2008), nas mesmas condições edafoclimáticas do presente experimento. Já a maturação externa (mudança de cor da casca) mostrou comportamento diferente do observado por Gonzatto et al. (2008) para a laranjeira ‘Valência’, conforme a figura 3. As plantas cultivadas sob SAF obtiveram frutos levemente mais alaranjados que os frutos das plantas cultivadas em PS durante o mês de setembro. 5. CONCLUSÕES O processo de maturação de frutos da laranjeira ‘Monte Parnaso’ foi afetado pelo sistema de cultivo, sendo que as plantas cultivadas sob SAF apresentam maturação interna mais tardia. Contudo a maturação externa dos frutos dessas plantas foi levemente acelerada em relação aos provenientes do sistema a pleno sol (PS). 6. RELAÇÃO DO TRABALHO COM A SUSTENTABILIDADE O conhecimento do comportamento da maturação de frutos de plantas cítricas cultivadas em sistemas agroflorestais como o sistema em questão, que demanda um aporte de insumos sintéticos praticamente nulo e permite a convivência da mata nativa com um sistema de produção tradicional do Vale do Rio Caí, contribui para o aperfeiçoamento do desenho e planejamento do manejo em sistemas similares. 7. AGRADECIMENTOS Ao PPG Fitotecnia, ao CNPq e a PROPESQ/UFRGS pelo auxílio financeiro e suporte estrutural. À Cooperativa Ecocitrus e, em especial, ao Sr. Inácio Rohr e família. 8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cohen, S.; Moreshet, S.; Le Guiollou, L.; Simon, J-C.; Cohen, M. Response of citrus tree to modified radiation regime in semi-arid conditions. Journal of Experimental Botany, v.48, n. 306, p. 35-44, 1997. Cohen, S.; Raveh, E.; LI, Y.; Grava, A.; Goldschmidt, E. E. Physiological responses of leaves, tree growth and fruit yield of grapefruit trees under reflective shade screens. Scientia Horticulturae, v.107, p. 25-35, 2005. Gonzatto, M. P. ; Schwarz, S. F. ; Kovaleski, A. P. ; Heckler, B. M. M. ; Comiran, F. ; Bender, R.J. . Comportamento da maturação de frutos de laranjeira ‘Valencia’ cultivada sob sistema agroflorestal. In: XX Congresso Brasileiro de Fruticultura, 2008, Vitória, ES. Anais do XX Congresso Brasileiro de Fruticultura. Vitoria, ES : DCM/Incaper, 2008 Jifon, J. L.; Syvertsen, J.P. Effects of moderate shade on citrus leaf gas exchange, fruit yield, and quality. Proceedings of the Florida State Horticultural Society., v.114, p. 177-181, 2001. Jifon, J. L.; Syvertsen, J.P. Moderate shade can increase net gas exchange and reduce photoinhibition in citrus leaves. Tree Physiology, v.23, p. 119-127, 2003. Jimenez-Cuesta, M.; Cuquerella, J.; Martinez-Jávaga, J.M. Determination of color index for citrus fruit degreening. Proceedings of the International Society of Citriculture. v.2, p. 750-753, 1981. Kriedemann, P.E.; Barrs, H.D. Citrus Orchards. In: Kozlowski, T. T. (ed.) Water Deficits and Plant Growth. Volume VI: Woody Plant Communities. New York: Academic Press, p. 325-417. 1981. Sartori, I.A.;Koller, O.C; Schwarz, S.F.; Bender, R.J.; Schäfer, G. Maturação de seis cultivares de laranjas-doces na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Fruticultura. v.24, n.2, p. 364-369, 2002. Spiegel-Roy, P.; Goldschmidt, E. E. Biology of Horticultural Crops: Biology of Citrus. Cambridge University Press, 1996. 230 p. Figura 1. Evolução da acidez total titulável (ATT) durante a maturação dos frutos da laranjeira ‘Monte Parnaso’, ano 2007, Tupandi, RS. (ns, não significativo; *, P<0,05). Figura 2. Evolução do Índice de maturação (IM) de frutos da laranjeira ‘Monte Parnaso’, durante os meses de agosto e setembro de 2007, Tupandi, RS. (ns, não significativo; *, P<0,05). Figura 3. Evolução do Índice de Cor da Casca (ICC) de frutos da laranjeira ‘Monte Parnaso’, durante os meses de agosto e setembro de 2007, Tupandi, RS. (ns, não significativo; *, P<0,05; **, P<0,01).
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