O FLUXO DE CAIXA NA TOMADA DE DECISOES DAS EMPRESAS

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O FLUXO DE CAIXA NA TOMADA DE DECISOES DAS EMPRESAS
O FLUXO DE CAIXA NA TOMADA DE DECISOES DAS EMPRESAS
DISTRIBUIDORAS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS NO ESTADO DE
RORAIMA
Adson Luis Maciel1
Marcelo Bezerra de Alencar2
RESUMO
Sabendo do fluxo de informações constantes nas organizações, torna-se
indispensável que os administradores busquem junto ao setor contábil os relatórios que o
auxiliem nas tomaras de decisões. O presente artigo teve como alvo as distribuidoras de
produtos farmacêuticos do Estado de Roraima com objetivo de identificar o uso das
Demonstrações do Fluxo de Caixa (DFC) em sua tomada de decisões, visando também
avaliar o processo do fluxo de caixa sobre a perspectiva dos gestores, verificar a presença
das demonstrações do fluxo de caixa na tomada de decisões e compreender como ela é
empregada na tomada de decisões. Por meio de questionário enviado aos gestores de três
empresas do ramo, obteve-se o retorno de duas delas, atingindo 66,66%, com isso pôde-se
perceber o não uso da DFC como ferramenta na tomada de decisões da empresa, levando a
conclusão que a demonstração do fluxo de caixa embora seja de fundamental importância
para o planejamento e controle financeiro, ainda é pouco utilizada pelos gestores.
Identificou-se ainda a falta de divulgação da DFC por parte dos contadores, profissionais
responsáveis por levar ao conhecimento dos administradores as ferramentas a serem
utilizadas para o planejamento financeiro, essa falta de planejamento é uma das maiores
causas de quebra das empresas na atualidade.
Palavras chave: Fluxo de Caixa – Distribuidoras de Medicamentos – Roraima
ABSTRACT
CASH FLOW IN MAKING DECISIONS OF FIRMS DISTRIBUTORS OF
PHARMACEUTICAL PRODUCTS IN THE STATE OF RORAIMA
Knowing the constant flow of information in organizations, it is essential that
administrators seek with the accounting industry reports that assist in the taking of
1
2
Acadêmico do curso de ciências contábeis da Faculdade Cathedral. [email protected]
Professor Especialista MBA em Contabilidade Fiscal e Tributária. [email protected]
decisions. This article was aimed distributors of pharmaceuticals of the State of Roraima,
to identify the use of the Cash Flow Statement (DFC) in their decision-making, aiming also
to evaluate the process of cash flow on the managers' perspective, check that the statements
of cash flow in making decisions and understanding how it is used in making decisions.
Through a questionnaire sent to the managers of three branch companies, we obtained the
return of two of them, reaching 66.66%, thus we could not perceive the use of CFD as a
tool in making business decisions, leading to conclusion that the statement of cash flows
although it is of fundamental importance for financial planning and control, yet it is rarely
used by managers. Still identified the lack of disclosure of DFC by professional
accountants responsible for bringing to the attention of the administrators the tools to be
used for financial planning, this lack of planning is one of the major causes of breakdown
of the companies nowadays.
Introdução
É notório o crescimento e as grandes modificações no mercado brasileiro e
mundial, com isso exige-se muito mais das empresas e de quem as conduz. A contabilidade
sempre esteve ao lado dos gestores e administradores ao longo dessas grandes mudanças, e
ao longo do tempo a contabilidade foi se aprimorando e descobrindo novas ferramentas
para não só acompanhar as grandes mudanças, como também para aperfeiçoá-las de modo
a conduzir as empresas a darem passos cada vez mais sólidos rumo ao crescimento e
reconhecimento no mercado.
Em um mercado onde os negócios apresentam-se cada vez mais competitivos faz-se
necessário uma gestão bem preparada e qualificada para enfrentar as grandes viradas que o
mercado costuma dar, para isso é preciso entender como a empresa funciona e quais as
ferramentas necessárias para cada situação a ser enfrentada.
Em meio a tantas alternativas trazidas pela contabilidade o Fluxo de Caixa permite
a visualização das movimentações em um determinado período, possibilitando ao gestor
identificar o período que poderá investir ou buscar recursos de terceiros.
A sustentação de uma empresa está ligada diretamente ao controle e planejamento
financeiro, sua sobrevivência e desenvolvimento dependem de tomadas de decisões e
investimentos que devem ser feitos sob um olhar minucioso de seu gestor, o Fluxo de
Caixa será a ferramenta mais indicada para tais decisões, pois permite a visualização de
faltas e sobras de caixa antes mesmo que ocorram de fato.
Ainda que a empresa passe por um período estável perante o mercado é importante
buscar o equilíbrio financeiro e administrar com cautela seus recursos, pois as mudanças
são imprevisíveis e podem de uma hora para outra provocar retração no mercado e com
isso diminuir os recursos que outrora eram abundantes.
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa, DFC, visa auxiliar o gestor no sentido de
projeção de entradas e saídas de valores, possibilitando que o mesmo faça uma avaliação
financeira da empresa para visualizar se há ou não o equilíbrio financeiro, é por meio da
DFC que as entradas e saídas serão projetadas a curto, médio e longo prazo, por meio dela
também a empresa pode visualizar o montante disponível para investimento ou se será
capaz de cumprir com suas obrigações sem exceder os prazos de pagamento.
Para MARION (2009, p. 118), a DFC é um importante instrumento na tomada de
decisões e sem ela se torna impossível prever quanto à empresa terá de receitas e despesas
no período, impossibilitando que o gestor se programe para uma possível escassez ou que
invista possíveis lucros na própria empresa ou no mercado de ações. É importante frisar
que sem esse controle, no caso de escassez de caixa para honrar com seus compromissos, o
gestor fica a mercê de taxas de juros altíssimos, por falta de uma análise coerente na DFC a
empresa pode sair à procura de recursos que se tornarão inviáveis e que acarretarão em
possíveis perdas de caixa prejudiciais que podem levá-la ao insucesso.
O controle financeiro se torna fundamental independente do porte da empresa, seja
ela de pequeno, médio ou grande porte, faz-se necessário um rígido controle das finanças
para manter sempre o equilíbrio entre as entradas e saídas de caixa.
O presente artigo busca identificar, ou não, o uso do Fluxo de Caixa nas tomadas de
decisões nas empresas Distribuidoras de Produtos Farmacêuticos no Estado de Roraima,
pretende-se também enfatizar a importância desta ferramenta até então, pouco utilizada em
muitas entidades para as tomadas de decisões.
O método utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi por meio de
questionário enviado as empresas. Também foi feito um levantamento bibliográfico sobre
o assunto para debater a relevância do tema.
Justifica-se a escolha do tema desta pesquisa pela importância desta ferramenta na
tomada de decisões, o estudo também proporcionará a classe acadêmica um conhecimento
amplo a respeito desta ferramenta, para o desenvolvimento e equilíbrio de qualquer
organização.
Referencial teórico
A Importância das Demonstrações Financeiras
As demonstrações contábeis são instrumentos de grande valor para a gestão
financeira e administrativa, as informações nelas contidas são a base para uma tomada de
decisões eficiente e concisa.
É imprescindível que as organizações tomem posse dessas ferramentas, pois elas
trazem todas as informações necessárias para que o administrador tome a decisão correta
para sua organização, pois o mercado sendo tão competitivo não deixa margem para erros,
por isso é preciso cercar-se de recursos que o façam percorrer por caminhos sólidos e
seguros.
Segundo CAMPOS (2006, p. 19) com o acirramento da competitividade entre as
empresas para conquistar mais clientes, as decisões a serem tomadas pelos gestores
necessitam ser rápidas e eficazes, necessitando para tanto, que sejam subsidiadas por
ferramentas que forneçam as informações necessárias à análise.
As ferramentas de gestão “ajudam a administração a criar os estados futuros, definir
os caminhos, conduzir as ações em direção a esse futuro, assegurar que o
desempenho está produzindo os resultados desejados”, tornando-se assim um
ferramental de suma importância para a administração. (DANIEL CAMPOS, apud
ARANTES, 1998, P.86)
Entendendo melhor o papel das informações contidas nas demonstrações contábeis
podemos destacar o Fluxo de Caixa, instrumento de pesquisa deste artigo, como uma
ferramenta de fundamental para a administração e gestão financeira.
As informações são a base para que as tomadas de decisões levem a organização a
dar passos longos e seguros, perpetuando-se cada vez mais no mercado brasileiro, visto
que por falta de um bom gerenciamento, muitas empresas põem em risco sua saúde
financeira e como conseqüência acabam falindo por falta de análise e acompanhamento das
demonstrações, dentre elas o Fluxo de Caixa. Faz-se necessário um melhor
acompanhamento por parte dos gestores, no sentido incluir a DFC como relatório base para
efetuar sua tomada de decisões.
Obrigatoriedade
É preciso entender que nem todas as empresas estão obrigadas a elaborar e divulgar
a DFC, porém não significa que uma empresa de pequeno ou médio porte, ou ainda a que
está acabando de abrir suas portas, não possa elaborar a DFC, pois como já foi dito
anteriormente é um instrumento de grande importância e que se usado de forma correta
trará muitos benefícios a empresa, seja ela de pequeno, médio ou grande porte.
“A elaboração da DFC é obrigatória para as companhias abertas e para as
companhias fechadas com patrimônio líquido, no exercício social anterior, superior a R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais)” (VICECONTI, NEVES, 2013, P. 274)
O fato de não ser obrigatório a elaboração da DFC para a maioria das empresas, não
significa que não seja importante tê-la em mãos, pois as empresas que se preocupam em
manter-se em um mercado cada vez mais competitivo devem se munir de todas as
ferramentas possíveis para se solidificarem em um mercado que exige rapidez nas
informações e mais ainda quando o assunto é tomar decisões.
Para MARION (2009, p. 118), entre as três principais razões de falências ou
insucessos de empresas, uma delas é a falta de planejamento financeiro ou a ausência total
de fluxo de caixa e a previsão de fluxo de caixa (projetar as receitas e as despesas da
empresa). Assim justifica-se o uso da DFC independente do porte da empresa.
Objetivos do Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa tem como seu principal objetivo, evidenciar as entradas e saídas
de valores em um determinado período, de posse das informações contidas na DFC, os
gestores devem fazer suas análises buscando dentre as muitas alternativas sempre as
melhores para sua empresa, visto que o fluxo de caixa traz com sigo as informações
necessárias para que suas decisões sejam de fato precisas, torna-se clara a importância da
DFC para tomada de decisões, já que evidencia a capacidade econômica e financeira da
empresa.
O objetivo primário da Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) é prover
informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma
empresa, ocorridos durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários
das demonstrações contábeis na analise da capacidade da entidade de gerar caixa e
equivalente de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de
caixa. (ARIOVALDO et. al., 2010. p. 567)
Para IUDÍCIBUS...[et.al.].(2010. p. 567), as informações da DFC, principalmente
quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações financeiras, podem permitir
que investidores, credores e outros usuários avaliem:
1. a capacidade da empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
2. a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e
retornar empréstimos obtidos;
3. a liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;
4. a taxa de conversão de lucro em caixa;
5. a performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos
de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
6. o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixas;
7. os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de
investimento e de financiamento etc.
Uma boa gestão administrativa deve prezar sempre pela qualidade das informações
geradas dentro sua empresa, com este objetivo o Fluxo de Caixa se torna indispensável, ele
apresenta a realidade financeira da empresa, seja ela passada ou até mesmo de períodos
futuros, possibilitando a gestão uma tomada de decisões coerente, muitos administradores
por falta de conhecimento não tomam posse desta ferramenta e acabam por tomar as
decisões incorretas para suas empresas.
Componentes do Fluxo de Caixa
Conhecer e saber interpretar as informações contidas na DFC é imprescindível, pois
com base nelas o administrador irá tomar suas decisões, por isso elas devem ser claras,
devem ser confiáveis e em hipótese alguma se deve omitir algum fato. As informações
contidas devem ser de fácil compreensão, para que a análise seja rápida, permitindo assim
ações imediatas da parte administrativa que as consultou.
Segundo CAMPOS (2006, p. 12), a gerência financeira deve conhecer os recursos
que fluem no caixa e classificá-los conforme a periodicidade que ocorrem.
CAMPOS (2006, p. 12) define:
Ingressos no caixa – vendas a vista, recebimentos de vendas a prazo, aumento de
capital social, vendas de itens do ativo imobilizado, receitas de alugueis,
empréstimos e resgate de aplicações no mercado financeiro;
Desembolso de caixa – para financiar o ciclo operacional da empresa, amortizar seus
empréstimos ou financiamentos captados e investir em itens do ativo permanente ou
aplicar no mercado financeiro. (CAMPOS apud ZDANOWICZ, 1998, p. 26)
CRLIN (2010, p. 82), define:
Caixa: compreende numerários em espécie e depósitos bancários disponíveis.
Equivalente de caixa: São aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que
são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão
sujeitos a um insignificante risco de mudança de valor.
Fluxos de caixa – São as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.
“Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a
compromissos de caixa de curto prazo e não para investimentos ou outros fins” (CARLIN,
2010, p. 83).
As definições dos autores quanto ao Ingresso de Caixa e ao Equivalente de Caixa e
Fluxo de Caixa, são bem simples, enquanto o ingresso de caixa é toda entrada de valores
advindos das vendas da empresa, seja ela a vista ou a prazo, sendo pagamento em espécie
ou via depósito bancário, os equivalentes de caixa são as aplicações financeira que em um
curto espaço de tempo possam se transformar em caixa e que não tenha riscos de mudanças
de valores, e quanto ao Fluxo de Caixa são todas as entradas e saídas de caixa e
equivalentes de caixa, que a empresa mantém para cumprir com seus compromissos
financeiros.
Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC)
O Fluxo de Caixa por ser uma demonstração que evidencia as entradas e saídas de
caixa em períodos diferentes é capaz de levar ao administrador as informações necessárias
para que este possa averiguar a situação de sua empresa, é preciso que este conheça as
finanças de sua empresa como a palma da sua mão, infelizmente nem todos fazem uso
desta ferramenta e põem em risco a saúde financeira de suas empresas, é preciso não só
levar ao conhecimento dos gestores, mas mostrar a eles como esta ferramenta pode ser útil
na tomada de decisões e o quanto ela pode auxiliá-los quanto o assunto é projeção
financeira.
“As demonstrações dos fluxos de caixa têm o objetivo de apresentar aos usuários
das demonstrações financeiras as modificações ocorridas no “Caixa” de uma empresa
durante um exercício social” (EUGÊNIO, 2012. Pg. 813).
EUGÊNIO (2012, p. 813) define que o demonstrativo de fluxo de caixa (DFC) é a
representação do fluxo financeiro da empresa em determinado período, por meio dele são
avaliados as entradas e saídas de caixa, tal como as aplicações feitas pela empresa. Por
meio da DFC o gestor financeiro pode identificar se há escassez ou se há saldo disponível
para aplicações ou para fazer investimentos na própria empresa.
Observa-se a DFC como uma poderosa ferramenta capaz de identificar faltas ou
excessos, o que possibilita ao gestor tomar as medidas prévias antes dos fatos ocorrerem,
isso impede que as empresas utilizem saídas extremas quando estão sem recursos e
possibilita que possam investir quando houver excessos, alem do que, sabendo que irá ficar
sem recursos suficientes para honrar com seus compromissos, a empresa pode se antecipar
e buscar as melhores condições de financiamento com juros menores e condições de
pagamentos que não afetem tão bruscamente seu caixa.
Benefícios do Fluxo de Caixa
Inúmeros são os benefícios proporcionados pela DFC, de posse das informações o
gestor deve observar se em determinado período a empresa irá precisar de recursos de
terceiros, ou se a empresa será capaz de gerar recursos suficientes para honrar com seus
compromissos. Diante disso, o administrador deve buscar os melhores recursos e
investimentos conforme a necessidade de sua empresa, zelando sempre pelo bem estar e
bom andamento de seus negócios visando à maximização de seus lucros.
“As informações sobre fluxo de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a
entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários desenvolver modelos
para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa de diferentes
entidades.” (IUDÍCIBUS, MARION, 2009, p.255).
Todas as informações contidas no Fluxo de Caixa devem ser utilizadas como
indicadores, que de uma forma positiva devem guiar os usuários das demonstrações quanto
à capacidade da empresa em gerar os recursos necessários para honrar com seus
compromissos, assim como servir de base para avaliação de fluxos de caixas de outras
entidades.
DFC Como Ferramenta na Tomada de Decisões
O mercado como um todo impõe muitas adversidades, e é preciso que os
administradores sejam amparados com as ferramentas que os possibilitem tomar as
melhores decisões, a contabilidade leva aos gestores uma vasta lista de relatórios contábeis
que podem auxiliá-los quando o assunto é a tomada de decisões, sabemos que é grande o
numero de empresas que fecham suas portas em nosso país, das muitas razões para a
mortandade das empresas está à falta de levantamento e acompanhamento das
demonstrações financeiras (DFC) essa sem duvida se mostra como uma importante
ferramenta na tomada de decisões de toda e qualquer empresa, seja ela nova ou antiga no
mercado.
MARION (2009, p. 118), defende o uso da DFC como importante instrumento na
tomada de decisões e enfatiza que sem tal ferramenta se torna impossível prever quando a
entidade precisará de financiamentos (isso fará com que ela procure recursos geralmente
inviáveis, que acarretarão juros altos que poderão causar perdas prejudiciais à entidade)
nem quando a mesma terá recursos em excedente para efetuar aplicações, o que poderá
gerar posteriormente insucesso em suas finanças.
Ainda o autor, a maioria dos escritórios de contabilidade que presta serviços às
micro e pequenas empresas (em torno de 90% das empresas brasileiras) não faz a DFC,
comprometendo o sucesso gerencial de seus clientes (MARION, 2009, p. 119).
Diante do exposto ratifica-se a importância da DFC como forte instrumento na
tomada de decisões, por meio desta tão importante ferramenta pode–se medir resultados de
um período e conseqüentemente fazer suas projeções e planejamentos, evitando resultados
negativos que possam eventualmente levar a entidade a ter prejuízos em suas operações.
Também se nota a grande necessidade de se inserir no campo contábil a elaboração
da DFC, conforme o exposto a cima cerca de 90% dos profissionais da área contábil não se
preocupa em elabora e apresentar aos gestores das empresas a qual prestam serviço tal
ferramenta, uma vez diante da DFC o administrador poderá analisar as informações e
tomar suas decisões de forma eficaz e eficiente.
Método de Elaboração
Quanto ao método de elaboração consiste em direto e indireto, o método direto
decorre das entradas e saídas de caixa e de equivalentes de caixa que provêm das
atividades operacionais da empresa, o método indireto trás a conciliação entre o lucro
líquido do exercício e demonstra como esse lucro se transformou em caixa e equivalente de
caixa.
Para VICECONTE, NEVES (2013, p. 274) Em relação aos fluxos de caixa
operacionais, a DFC pode ser elaborada através de dois métodos: o direto e o indireto:
 O método direto consiste em mensurar diretamente as entradas e saídas de
caixa ou equivalentes de caixa (Disponível) derivados das atividades
operacionais.
 O método indireto procura reconciliar o lucro líquido do exercício como o
caixa gerado pelas atividades operacionais, mostrando quanto desse lucro se
converteu efetivamente em caixa ou equivalentes-caixa, evidenciando as
parcelas de lucro que foram aplicadas em outros grupos do Ativo ou Passivo
Circulante.
IUDÍCIBUS...[et.al.].(2010. p. 575) define o método direto como a representação
das entradas e saídas brutas de caixa e dos elementos principais no que se refere a atividade
operacional, como por exemplo, os valores recebidos pelas vendas de produtos ou pela
prestação de serviço e ainda os pagamentos a fornecedores e despesas com folha de
pagamento.
Afirma, ainda, o autor: o método indireto faz a conciliação entre o lucro liquido e o
caixa gerado pelas operações, por isso é também chamado de método da conciliação.
ERNEST, YOUNG (2010, p. 74), define:
Como comentado a demonstração de fluxo de caixa deve apresentar os fluxos de
caixa durante o período classificado por atividades operacionais, de investimento e
financiamento e pode ser divulgada pelos seguintes métodos:
a) Método direto, pelo qual são divulgadas as principais classes dos recebimentos
de caixa brutos e dos pagamentos de caixa brutos; ou
b) O método indireto, pelo qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos
de:
(i)
Transações de natureza que não afetaram caixa ou equivalentes de caixa;
(ii)
De quaisquer diferimentos ou acréscimos de recebimentos a pagamentos
de caixa operacionais passados ou futuros; e
(iii)
Todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa e equivalentes de caixa
sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento ou de
financiamento.
Tanto o direto quanto o indireto são formas de evidenciar as entradas e saídas de
caixa, a grande distinção entre ela é que enquanto na forma direta teremos as entradas e
saídas provenientes das atividades operacionais e na forma indireta vai mostrar a
transformação que o lucro líquido sofreu no exercício para então se transformar em caixa
ou equivalente de caixa.
Material e Métodos
O presente artigo propõe um estudo para identificar se as empresas alvo da pesquisa
fazem o uso de tal ferramenta em sua tomada de decisões.
A pesquisa é qualitativa, feita através de questionário enviado aos gestores das
empresas distribuidoras de produtos farmacêuticos do Estado de Roraima. Pretende-se com
o estudo concluir qual a visão dos gestores sobre a DFC, quantas empresas fazem uso,
quantas usam essa ferramenta em seu planejamento financeiro e como é empregada nas
tomadas de decisão.
Segundo Luiz (1996. P. 1), a expressão “pesquisa qualitativa” assume diferentes
significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes
técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um
sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos
fenômenos do mundo social: trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado,
entre teoria e dados, entre contexto e ação. (NEVES apud MAANEN, 1979ª, P. 520)
A primeira questão buscou identificar o nível de conhecimento dos gestores quanto
ao assunto abordado, ou seja, a demonstração do fluxo de caixa- DFC; na segunda e
terceira questão foi abordado quanto aos benefícios da DFC, e se o profissional contábil
havia proposto ao gestor o uso de tal ferramenta nas tomadas de decisões; já a questão de
numero quatro foi analisada se o gestor tem o conhecimento de algum cliente ou
fornecedor utiliza a demonstração do fluxo de caixa para melhor planejamento financeiro.
A quinta questão teve como objetivo verificar se para a aprovação de crédito ou
venda a prazo, o gerente faz a análise dos relatórios de seus clientes visando identificar se
seus clientes terão algum tipo de dificuldade para honrar suas dívidas; sabendo do grande
fluxo de informações e decisões que o mercado exige diariamente das empresas procurouse identificar em quais relatórios contábeis as empresas buscam informações consistentes
para tomarem suas decisões.
Análise de Dados e Apresentação dos Resultados
O alvo da pesquisa foram as Distribuidoras de Produtos Farmacêuticos no Estado
de Roraima, no Estado existem três empresas do ramo, dessas, apenas uma respondeu o
questionário o que representa 33,33% das empresas entrevistadas, as demais não
retornaram com os questionários, justificando verbalmente que não fazem uso do fluxo de
caixa para sua tomada de decisões.
A empresa “A” que respondeu o questionário enviado possui várias filiais pela
região Norte e atua no mercado de Roraima a mais de dez (10) anos fazendo a distribuição
de produtos farmacêuticos em todo o Estado. Situada a Avenida General Ataide Teive a
empresa possui uma ampla instalação que abastece tanto as drogarias da Capital, quanto as
do Interior. A referida empresa recebeu e respondeu o questionário por meio de seu gestor,
que gentilmente respondeu as questões de forma clara e objetiva, buscando esclarecer ao
máximo as questões, para que de forma simples, fossem esplanadas no decorrer deste
trabalho.
O questionário foi enviado aos gestores em 09/10/2014 contendo perguntas que
abordam o tema do presente artigo, embora tenha sido enviado a 3 (três) das empresas do
Estado, apenas uma respondeu o questionário. Em visita as empresas o autor pode ter
contato com os gestores e alguns já justificaram o não uso de tal relatório contábil para
suas tomadas de decisões.
Quanto ao questionamento sobre o conhecimento da DFC, como ferramenta para
tomada de decisão: o gestor da empresa “A” relatou que tem um conhecimento superficial
sobre o assunto, mas que sempre busca informações junto ao setor contábil e financeiro da
empresa antes de tomar qualquer decisão; assim 66,67% dos administradores relataram ter
conhecimento sobre a DFC, mas não faz uso da mesma em sua tomada de decisões; outros
33,33% tiveram acesso ao questionário, mas não quiseram responder.
Buscando averiguar se o profissional contábil apresenta o fluxo de caixa aos
gestores questionou-se se o mesmo já havia apresentado o modelo para que os
administradores tivessem acesso a esta ferramenta. O gestor da empresa “A” relatou que
seu contador não havia proposto o fluxo de caixa para análise e tomada de decisão. Esta
situação se reflete no mercado do Estado de Roraima e retrata uma realidade exposta
segundo MARION (2009), onde a grande parte dos escritórios de contabilidade que
prestam serviços as micro e pequenas empresas não fazem a DFC, o que acaba
comprometendo o sucesso gerencial das empresas.
É importante orientar o administrador para que o mesmo conheça e utilize todas as
ferramentas disponíveis pela contabilidade e cobre do profissional contábil orientações e
esclarecimentos para sua análise e que conseqüentemente o leve a decidir qual o caminho
mais seguro a ser percorrido pela empresa.
Por outro lado é preciso que o profissional contábil mude sua visão, pois diante do
exposto pelo autor e o que foi constatado pela pesquisa, há uma lacuna muito grande a ser
preenchida, visto que, grande parte dos profissionais de contabilidade não faz a DFC, e não
leva ao conhecimento de seus clientes os benefícios, isso pode comprometer o desempenho
da empresa, já que a DFC pode projetar prognósticos para períodos futuros. O gestor
precisa ampliar seus conhecimentos para que possam fazer de forma segura um
planejamento financeiro que o leve a tomar as decisões mais coerentes diante de um
mercado tão competitivo.
Quanto ao conhecimento do gestor quando questionado se o mesmo tem ciência de
outra empresa ou fornecedor faça uso da DFC, a resposta foi que não havia este
conhecimento por parte dele.
Para a empresa efetuar uma venda saudável é preciso ter em mãos, demonstrativos
que mostrem que a outra parte de fato cumprirá com suas obrigações, para isso é preciso
analisar com cuidado essas informações para que no final do processo não haja resultado
negativo que comprometam a estabilidade de ambas as partes. Pensando nisso foi feito o
questionamento a empresa alvo da pesquisa, se de fato esta análise é feita. Em resposta ao
questionário a empresa informou que de fato é imprescindível esta análise para que haja
uma venda solida sem imprevistos ou resultados negativos.
Sabendo do grande fluxo de informações e de decisões a ser tomada diariamente
pelas empresas, isso nos trás o seguinte questionamento, em qual relatório as empresas
buscam as informações necessárias para então tomarem suas decisões? O gestor da
empresa “A” informou que se baseia no Balancete o na Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE).
Segundo MARION (2009, p. 98), a demonstração do resultado do exercício é um
resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período,
normalmente 12 meses, é apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas
subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).
Como visto a cima o conceito de DRE é muito limitado e não possibilita ao gestor
prever possíveis entradas e de saídas de um determinado período, as informações contidas
na DRE são de um período passado, e de modo algum essas informações possibilitam que
o gestor possa fazer suas projeções futuras e verifique se a empresa será mesmo capaz de
honrar com seus compromissos, ou ainda se terá sobra ou escassez de caixa.
Para MARION (2009, p. 168), com o balancete de verificação pode-se fazer o
levantamento em períodos mais curtos tornando-se um poderoso instrumento de base para
a tomada de decisões.
Através de balancetes mensais o administrador terá em suas mãos um resumo das
operações e os saldos existentes no final do período, assim conhecendo o resultado
financeiro e econômico da empresa sem precisar estruturar um balanço, o balancete se
torna um aliado capaz de fornecer as informações necessárias para a tomada de decisões.
Porem é preciso enfatizar que com o balancete não se pode ter uma projeção de entradas e
saídas de um determinado período, sendo necessário o auxilio do fluxo de caixa para tal
análise.
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa traz com sigo a possibilidade de fazer
projeções futuras, com planejamento e controle financeiro solido. Através dele o gestor
tem a possibilidade antecipar-se antes mesmo da situação acontecer.
O que ocorre é a falta de conhecimento por parte dos administradores e a falta de
elaboração do fluxo de caixa por parte do profissional contábil. Esse desencontro de
informações acaba fazendo com que as empresas não conheçam os benefícios trazidos pela
DFC, e continuem utilizando as ferramentas que usa de praxe.
Considerações Finais
A presente pesquisa tem o intuito de averiguar se o fluxo de caixa é usado nas
empresas Distribuidoras De Produtos Farmacêuticos para tomada de decisões, visando
identificar se as empresas elaboram suas demonstrações de fluxo de caixa de acordo com
os requisitos e apresenta a gestão como instrumento na tomada de decisão.
As demonstrações de fluxo de caixa devem ser apresentadas em conjunto com as
demais demonstrações contábeis para proporcionar aos usuários as informações
necessárias para avaliar as mudanças a serem tomadas na empresa. Com a pretensão de
avaliar o processo do fluxo de caixa sobre a perspectiva dos gestores, verifica a presença
das demonstrações do fluxo de caixa para com o planejamento financeiro e compreender
como a mesma é empregada nas empresas estudadas para tomada de decisões, deu-se
inicio a um levantamento bibliográfico para mostrar o grande valor desta ferramenta na
tomada de decisões.
Fica clara a importância da DFC na tomada de decisões e é imprescindível que o
gestor tenha em suas mãos essa ferramenta tão indispensável, se faz necessário também
que o profissional contábil leve ao conhecimento do administrador que sem controle e
planejamento financeiro tem-se um elevado risco a saúde da empresa. Esse risco em
muitos casos se eleva fazendo com que muitas empresas fechem suas portas .
Constatou-se com a pesquisa que em sua totalidade as empresas do ramo de
distribuição farmacêutica não utilizam a DFC como instrumento na tomada de decisões.
Porem é preciso levar ao conhecimento dos administradores as vantagens de ter esta
ferramenta em seu planejamento.
Cabe ao profissional contábil mostrar os benefícios e incentivar o uso da DFC por
parte de seus clientes, visto os benefícios destacados no presente estudo fica evidente que a
análise empresarial é deficiente no que se refere a pratica do uso da DFC em sua tomada de
decisões.
O presente estudo, em que pese o esforço e dedicação do autor, não tem o condão
de esgotar o assunto. Sugerem-se novos e mais aprofundados estudos, enriquecendo assim,
o conhecimento humano sobre o tema.
REFERÊNCIAS
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