Cinema City Classic Alvalade (Sala
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Cinema City Classic Alvalade (Sala
Ásia CINEMA EMERGENTE Here Ho Tzu Nyen, Singapura, fic., 2009, 86’ Domingo, 25 de Abril, 15h15 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 1) Quinta, 29 de Abril, 18h00 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 1) O filme acompanha o percurso de um homem de meia-idade que, perante a morte súbita da mulher, perde a fala e é internado num hospital psiquiátrico em Singapura. Aí conhece uma cleptomaníaca estridente, com quem estabelece uma relação de amor inexplicável. Devido ao seu comportamento, é seleccionado para um tratamento experimental, que vai gerar nele um confronto interior e devastador, perante as verdades do seu passado, do presente e do futuro. O espectador acompanha o desenvolvimento da história conduzido através do olhar neutro da câmara, que percorre os meandros deste hospital, revelando as vivências dos doentes e do pessoal médico, e seguindo a terapia clínica com a ajuda do vídeo. HERE é a primeira longa-metragem de Ho Tzu Nyen, artista com provas dadas em diversas áreas criativas – cinema, vídeo, teatro, artes visuais e performativas. O filme é uma experiência sensorial, emotiva e dramática, realizada como se o hospital fosse uma espécie de purgatório mergulhado numa inércia abençoada, imóvel, pacífica, calorosa e até confortável. Symbol Hitoshi Matsumoto, Japão, fic., 2009, 93’ Sexta, 30 de Abril, 00,15 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 3) Sábado, 1 de Maio, 00h15 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 3) Domingo, 2 de Maio, 15h30 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 3) Um homem acorda sozinho num quarto branco muito iluminado, sem janelas nem portas. Quando carrega numa protuberância fálica misteriosa que aparece numa das paredes, uma escova de dentes cor-de-rosa materializa-se do nada, desencadeando uma série de acontecimentos bizarros. O homem aprisionado não tarda a estar envolvido em várias tentativas absurdas e hilariantes de se evadir deste quarto reluzente. Entretanto, numa cidade poeirenta, um lutador mexicano de wrestling prepara-se para um combate importante. A família junta-se à sua volta, preocupada com a impassibilidade dele antes do desafio. O que une estas duas histórias aparentemente sem ligação é a forma como apreendemos os símbolos e como o simbolismo é muitas vezes mal empregue pelos seus criadores humanos. Não conseguimos existir sem símbolos, mas quantas vezes é que temos oportunidade de reflectir sobre a sua génese e poder? Se quiser rever de forma divertida o seu entendimento sobre conceitos de representação, então este filme delirante é indicado para si. Independencia Raya Martin, Filipinas/França/Alemanha/Holanda, fic., 2009, 77’ Domingo, 25 de Abril, 18h00 – City Classic Alvalade (Sala 1) Quarta, 28 de Abril, 18h00 – City Classic Alvalade (Sala 1) INDEPENDENCIA trata o período do conflito militar entre os Estados Unidos da América e as Filipinas no princípio do século XX que resultou na invasão destas ilhas. Os sons da guerra assinalam a chegada das tropas americanas. Uma mãe foge com o seu filho para as montanhas esperando escapar ao massacre. Um dia, descobrem uma mulher ferida e abusada e levam-na para casa. Os anos passam, o filho já adulto vive com a mulher refugiada e a criança de ambos, isolados e escondidos do caos que arrasa o país. Subitamente, a chegada de um temporal vai afectar as suas existências, à medida que as tropas americanas se aproximam. Raya Martin, realizador que é hoje um dos nomes mais fortes do renovado cinema filipino, decidiu filmar a preto e branco, em estúdio, usando cenários antiquados. Segundo ele, “formalmente, recria a estética dos filmes de estúdio durante a ocupação americana, visto que a história se foca na resistência durante o mesmo período. A ideia era expor a essência de Hollywood e subvertê-la para redefinir o nosso combate”. OBSERVATÓRIO Accident Pou-Soi Cheang, Hong Kong, fic., 2009, 89’ Quinta, 22 de Abril, 21h45 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 3) Sexta, 23 de Abril, 18h15 - Cinema City Classic Alvalade (Sala 3) “O Cérebro” é um assassino profissional, frio e desconfiado, que mata as suas vítimas arquitectando a armadilha perfeita: um acidente que parece uma infeliz ocorrência, mas que não é mais do que um crime totalmente planeado. Depois de uma missão que não correu bem e que provocou a morte de um dos seus homens, “O Cérebro” acha que este acidente foi planeado por alguém que está determinado a assassiná-lo e a matar os membros da sua equipa. Por outro lado, dominado pelas memórias relacionadas com a morte da mulher, torna-se cada vez mais paranóico e alucinado. Quando é abordado pelo misterioso agente de seguros Fong, que também esteve no local do acidente, convencese que ele é o cabecilha de uma conspiração. Para recuperar a sanidade e salvar a sua própria vida, tem que fazer tudo para matar Fong. Pou-Soi Cheang foi assistente de realização de Johnnie To – que é produtor deste filme – e trabalha com uma destreza e um rigor que já lhe mereceram equiparações a Hitchcock. City of Life and Death Chuan Lu, China/Hong Kong, fic., 2009, 132’ Sábado, 24 de Abril, 18h15 – City Classic Alvalade (Sala 3) Sábado, 1 de Maio, 18h15 – City Classic Alvalade (Sala 3) Um grandioso épico que entra directamente para a lista dos melhores filmes de guerra dos últimos anos. A acção passa-se em 1937, no auge da Segunda Guerra SinoJaponesa. O Exército Imperial Japonês acaba de tomar Nanquim, que era então a capital da China. O que se seguiu foi “o Massacre de Nanquim”, nome por que ficou conhecido o período de várias semanas durante as quais um número massivo de prisioneiros de guerra chineses e civis foram mortos. O filme conta a história de várias figuras, algumas históricas, outras ficcionais, incluindo um soldado chinês, uma professora, um soldado japonês, um missionário estrangeiro, e John Rabe, um homem de negócios nazi, que em última instância acabaria por salvar milhares de civis chineses. O filme passou vários meses a ser analisado pelos censores chineses, até à sua aprovação. Tornou-se um sucesso de bilheteira na China, apesar de ter gerado alguma controvérsia interna por ter recusado uma visão simplista e maniqueísta dos militares japoneses. Mother Joon-ho Bong, Coreia do Sul, fic., 2009, 128’ Domingo, 25 de Abril, 18h30 – Londres (Sala 1) Um filme onde todas as forças convergem para o amor entre mãe e filho, “a base de todas as relações humanas”, de acordo com o realizador. O argumento foi escrito propositadamente para a célebre actriz coreana Kim Hye-Ja, que no filme dá o seu nome à personagem. Heye-Ja é viúva e vive com o seu filho Do-jun, um rapaz de 27 anos com um ligeiro atraso mental. É ingénuo e nem sempre se comporta normalmente. Um dia, uma jovem é encontrada morta num edifício abandonado. Do-jun é preso e acusado de a ter assassinado. Embora sem grandes provas incriminatórias, a sua condenação parece inevitável, com um advogado de defesa incompetente e uma polícia ineficiente disposta a fechar o caso. A mãe decide agir por conta própria para descobrir o assassino e provar a inocência do filho. À medida que se aproxima das verdadeiras pistas do crime, Hye-Ja descobre o lado obscuro de uma cidade. Vengeance Johnnie To, Hong Kong/França, fic., 2009, 108’ Sábado, 24 de Abril, 21h45 – Londres (Sala 1) François Costello, um chefe de cozinha francês, chega a Hong Kong aparentemente para trabalhar. Na verdade, procura vingar a morte da filha e da sua família, brutalmente assassinadas por uma tríade de Macau. Costello foi assassino profissional no passado e o seu objectivo vital agora é a vingança, pelo que decide contratar três outros profissionais para o ajudar. Circula num mundo desconhecido onde não domina a língua e tem perdas de memória terríveis devido a ferimentos antigos. É um herói solitário, perdido nos seus próprios fantasmas. Na escolha do cantor rock e actor Johnny Hallyday para encarnar o personagem de Costello, o realizador explorou a dureza do seu rosto, marcado pelas cirurgias plásticas, e a sonoridade da sua voz arrastada num inglês com forte sotaque. A solidão do protagonista, bem como a violência estilizada e os confrontos sangrentos, fazem parte da assinatura de Johnnie To, neste regresso ao IndieLisboa depois da homenagem no festival em 2008. Visage Tsai Ming Liang, França/Taiwan, fic., 2009, 138’ Domingo, 2 de Maio, 19h00 – Cinema S. Jorge (Sala 1) Um filme sobre a melancolia e a memória, um território familiar na obra do realizador. Tendo sido desafiado a criar uma ficção no Museu do Louvre, Tsai Ming Liang idealizou a personagem de um realizador de cinema de Taiwan que viaja para França para filmar naquele museu. A história baseia-se no mito de Salomé (Laetitia Casta), a enteada de Herodes que exigiu a cabeça de João Baptista. Quem veste a pele do protagonista é Lee Kang Sheng, presença obrigatória em todos os filmes do realizador. Profundamente influenciado por François Truffaut, Tsai também foi buscar os seus actores fetiche: Jean- Pierre Leaud (João Baptista), Fanny Ardant (a produtora do filme) e Jeanne Moreau (uma musa que aparece nos sonhos do realizador). Eles personificam “os rostos da memória” e da passagem do tempo. Na ficção, o realizador prepara a rodagem mas entra em crise quando recebe a notícia da morte da mãe. Como numa viagem onírica, há uma sequência de acontecimentos irreais, inexplicáveis e de efeitos visuais que alimentam a paixão do realizador (e da sua persona) pelos tesouros do Louvre. HERÓI INDEPENDENTE – FÓRUM BERLIM Dust in the Wind Hou Hsiao Hsien, Taiwan, fic., 1986, 109’ Sábado, 24 de Abril, 18h30 – Culturgest (Pequeno Auditório) Um dos primeiros sucessos, em termos comerciais e de crítica, do realizador Hou Hsiao Hsien, representante cimeiro da chamada Nova Vaga de Taiwan. É a história de Wan e Huen, um jovem casal de uma pequena cidade da China. Cansados das exigências do liceu e descontentes com as limitações da vida na província, abandonam a escola contra a vontade dos pais e mudam-se para Taipei. Aí juntam-se a outros amigos que também se mudaram para a grande cidade e passam as suas noites a beber e a ver filmes de borla numa sala de cinema. Mas numa cidade sobrepovoada, onde o número de pessoas excede os empregos disponíveis, Wan e Huen rapidamente descobrem que a vida urbana pode ser desanimadora para jovens sem estudos e sem experiência como eles. A monotonia das suas vidas é interrompida quando Wan é chamado para o serviço militar e, na sua ausência, Huen casa com outro rapaz. O filme fala-nos dos altos e baixos da vida, com sensibilidade, num tom casual e lacónico, com graça, beleza, um humor agridoce e grandes desempenhos de actores não profissionais. É uma envolvente exploração do amor, da inocência e das duras realidades da vida moderna. A escolha de outro grande nome do cinema asiático, o japonês Sabu. PULSAR DO MUNDO Once Upon a Time Proletarian: 12 Tales of a Country Xiaolu Guo, China/Reino Unido, doc., 2009, 76’ Sábado, 24 de Abril, 15h00 – Londres (Sala 2) Terça, 27 de Abril, 17h45 – Londres (Sala 2) Um conjunto de 12 ensaios visuais líricos que revelam a paisagem social e política da China contemporânea, uma sociedade vasta e complexa cujos cidadãos buscam novas crenças e identidades. Tal como acontece com os ideogramas chineses, os 12 capítulos que formam este documentário transcendem a narrativa convencional e flutuam num mundo poético de imagens que se sucedem, traçando um retrato acutilante da China pósmaoista. Embora a realizadora entreviste pessoas de classes diferentes, o que subsiste é a ganância, a indiferença e a mesquinhez. Há um velho camponês que critica a indecência dos negócios; na bolsa de valores, há milionários à conversa sobre a chegada de novas prostitutas russas; e há o operário de uma fábrica de armamento saudoso dos tempos de Mao, que conta a sua história em paralelo com miúdos que sonham em tornarse artistas ocidentais famosos. A tristeza, a irritação e o desencanto do presente vão-se infiltrando nas imagens destes desorientados filhos da economia liberal chinesa, enquanto na banda-sonora canções recordam os ideais revolucionários do passado.