O Cooperador Paulino – 109

Transcrição

O Cooperador Paulino – 109
Ano 78 – no 109 – maio-agosto 2015
Irmãs
Paulinas
100 anos
de história
sem fronteiras
23 cooperador paulino setembro/dezembro 2012
cooperador
paulino
setembro/dezembro
cooperador
paulino
maio/agosto
2012 35 2011 33
Oração
A caminho, Filhas de
São Paulo
Tiago Alberione, Roma, 1961
A
mulher está a caminho.
É algo admirável, verdadeiro dom
do Espírito Santo, que a religiosa
esteja associada ao zelo sacerdotal.
Inserida, dessa forma, na Igreja,
a Filha de São Paulo é, segundo a sua missão,
elevada a uma dignidade e atividade
bem mais altas do que se pode imaginar.
A caminho!
Segundo a motivação do nosso Pai São Paulo:
“Lanço-me para a frente”.
A caminho!
Vocês atingiram todos os continentes:
enquanto passam de uma nação à outra
ou sobrevoam montanhas, ou sulcam oceanos,
não falem daquilo que foi feito.
A caminho para a eternidade.
Avante!
A caminho, Filhas de São Paulo,
levem a verdade na caridade.
Penso-as centenas de milhares...
A caminho para a santidade.
Vocês vivem no mundo, mas não são do mundo.
Atuam no mundo, mas esperam a recompensa no céu.
Portadoras do Cristo...
Membros vivos e operantes da Igreja...
Avante! Levem a verdade na caridade!
janeiro/abril 2015 3
Sumário
8
Especial
Uma grande luz, na passagem do século...
O Cooperador Paulino
Publicação quadrimestral da Família Paulina
Ano 78 – Nº 109
Maio – Agosto de 2015
ISSN 1413-1595
O Cooperador Paulino é uma revista fundada
pelo bem-aventurado Tiago Alberione em 1918.
Sua missão é servir o Evangelho, a cultura humana e a catequese do povo de Deus na cultura
da comunicação, bem como informar sobre
a vida, espiritualidade e atividade missionária
da Família Paulina, que procura manter viva,
no mundo moderno, a obra evangelizadora do
apóstolo Paulo.
20
Espiritualidade
Recado de Paulo
Paulo e Paulinas,
a formação de lideranças
23
Editora: Pia Sociedade de São Paulo (Paulus)
Presidente: Pe. Valdir José de Castro, ssp
Jornalista responsável: Pe. José Dias Goulart,
ssp / MTB 20.698/SP
Editor: Pe. Sílvio Ribas, ssp
Co-editora desta edição: Ir. Luzia Sena, fsp
Revisores: Pe. Zolferino Tonon, ssp
Manoel Gomes da Silva Filho, postulante paulino
Projeto gráfico: Pia Sociedade Filhas de São
Paulo/Paulinas
Diagramação: Família Cristã/Paulinas
Capa e fotos: Arquivo Paulinas
Equipe de redação:
Ir. Cintia Giacinti Barbon, ap
Ir. Inês Creusa do Prado, sjbp
Ir. Luzia M. de Oliveira Sena, fsp
Ir. Terezinha Lubiana, pddm
30
Caminhar com a Igreja
Colaboraram:
Ir. Anna Maria Parenzan, fsp
Ir. Helena Corazza, fsp
Ir. Iris Pontim, fsp
Ir. Joana T. Puntel, fsp
Ir. Letícia Pilecco, fsp
Ir. Maria Antonieta Bruscato, fsp
Ir. Maria Goretti de Oliveira, fsp
Ir. Miriam Rotta, fsp
Ir. Vera Ivanise Bombonatto, fsp
Cleusa Thewes
Ismar de Oliveira Soares
Maria da Paz Alves da Cunha
Impressão:
Paulus Gráfica
Via Raposo Tavares, Km 18,5
São Paulo-SP
Tiragem:
14.000 exemplares
06 Centenário
14 Família Paulina
16 Perfil
28 Palavra e comunicação
34 Testemunho
Redação:
O Cooperador Paulino
Caixa Postal 700
01031-970 São Paulo – SP
Página na internet:
www.paulinos.org.br
Endereço eletrônico:
[email protected]
4 O cooperador paulino
ocooperador
Editorial
O
Irmãs Paulinas
100 anos de história sem fronteiras
tempo correu veloz. Os anos passaram rapidamente. Mas quem viveu, percorreu, passo a
passo, os caminhos da fé e do amor, da luta e da construção. Nem um minuto foi perdido
nessa longa jornada de 100 anos. Ela começou pequena, quase invisível, como uma semente
de mostarda. A pobreza era sua casa, e a confiança em Deus seu alimento. Depois cresceu, cresceu e a
semente se tornou árvore com ramos frondosos, folhas aveludadas e frutos saborosos.
Foi assim que a Congregação das Irmãs Paulinas foi gerada há 100 anos na pequena cidade de Alba,
no norte da Itália. Nasceu do coração de dois gigantes da fé e do amor: Pe. Tiago Alberione e Irmã
Tecla Merlo. Ambos admirados pela coragem e altruísmo e venerados como fiéis seguidores de Jesus
Cristo. Suas vidas são modelos e inspiração para quem deseja galgar os degraus da santidade e anunciar
o Evangelho com os modernos meios de comunicação.
A Pia Sociedade Filhas de São Paulo, nome oficial das Irmãs Paulinas, é uma Congregação religiosa,
presente em 50 países, nos cinco continentes. Seus mais de dois mil membros vivem no hoje o ideal
de vida e de missão de Alberione e de Tecla. Através das múltiplas formas de comunicação levam a
mensagem de Jesus ao coração das pessoas e da sociedade. No viver e no agir elas se inspiram no
grande apóstolo das gentes, São Paulo. A vida de Paulo, seu amor intenso por Jesus Cristo e seu zelo
incansável que o faziam dizer “meu viver é Cristo” e “fiz-me tudo para todos” são modelo, inspiração
e guia para a vida e a missão de cada irmã Paulina.
Parte da história dos 100 anos dessas mulheres corajosas e criativas, que vivem em comunidade,
organizam e administram Editoras de livros e de revistas, evangelizam com a música e a canção, conduzem livrarias e centros de estudos e de formação, levam a mensagem da verdade e do bem a todas
as pessoas... é narrada nas páginas desta edição de O Cooperador Paulino.
Aqui, leitor/a amigo/a, você vai encontrar um pouco do grande ideal que alimenta a vida e a missão
das Irmãs Paulinas. Fragmentos das realizações de Deus através da ação simples e constante de pessoas
que acreditaram que valia a pena consagrar sua existência ao serviço do Evangelho, para que outras
pessoas tivessem vida e vida abundante, como ensina Jesus.
Lendo estas páginas, faça você também uma oração para que as Irmãs Paulinas continuem a ser,
hoje e amanhã, os anéis de uma cadeia de graças que continue, nos séculos futuros, sem nunca ser
interrompida.
Irmã Maria Antonieta Bruscato
Superiora Provincial - Brasil
Irmã Anna Maria Parenzan
Superiora Geral das Filhas de São Paulo
Centenário
HÁ 100 ANOS... A CAMINHO
Nos passos de Paulo, Alberione e Tecla
1
915-2015: cem anos de vida tem a Congregação das Filhas de São Paulo, nascida
do coração de um grande profeta, o Bem-aventurado Tiago Alberione, com a colaboração
iluminada e sapiente de uma pequena-grande
mulher, Teresa Merlo, Tecla na Congregação.
Padre Alberione estava muito consciente da
contribuição insubstituível que ela daria à nascente família religiosa: algumas décadas depois, definirá “dia de bênção” aquele 27 de junho de 1915 em
que, na igreja de São Damião, encontrou a jovem
Teresa. Um encontro que fez soar a hora de Deus
e favoreceu a concretização daquela vocação totalmente nova (cf. AD, 109-110). Um encontro que
tornou mais explícito aquele “passo definitivo” da
intuição alberioniana: “Escritores, técnicos e propagandistas, mas religiosos e religiosas [homens e
mulheres…], para dar maior unidade, continuidade e maior sobrenaturalidade ao apostolado” (cf.
AD, 17, 24). Uma intuição que se desenvolvia em
sintonia com a reflexão sobre a potencialidade da
6 O cooperador paulino
mulher para a evangelização. Pe. Alberione dirá,
em janeiro de 1938: “Desde 1910… vós, Filhas de
São Paulo, fostes pensadas, desejadas, preparadas,
nascidas, crescidas, até hoje”.
As Irmãs Paulinas celebram 100 anos de fidelidade ao Evangelho vivido e comunicado ao mundo através das múltiplas formas e linguagens da
comunicação.
Uma rica herança
Desde os inícios a Congregação foi marcada
pela audácia e criatividade missionária que lhe
são características. As diversas fundações, na Itália
e no exterior (Brasil, Argentina, Estados Unidos),
praticamente obrigaram as primeiras Filhas de São
Paulo a inventar um novo modo de viver a vida
religiosa, baseado sobre forte senso de responsabilidade, sólida interioridade, intensa vida de oração
e profundo sentido de pertença.
A expansão ocorreu na humildade, sem convites
particulares das autoridades religiosas. As primeiras
residências eram todas pobres, de acordo com as
orientações do Fundador: “Começar do estábulo
de Belém para seguir o Mestre Divino até o Calvário…”. E não foi apenas uma expansão geográfica, mas também apostólica. Paulinos e Paulinas
acolheram com grande coragem os instrumentos
de comunicação em rápida evolução, e os adotaram para que a Palavra pudesse “correr com a velocidade da luz”.
Não podemos esquecer o quanto Irmã Tecla
Merlo apoiou o impulso apostólico do Fundador: a fundação de “Famiglia Cristiana”, em Alba,
no Natal de 1931, os inícios do apostolado do
cinema em 1948, o financiamento dos cinquenta Documentários Catequéticos em 1951, o desenvolvimento das bibliotecas e das livrarias, o
apostolado catequético, bíblico e ecumênico. As
Filhas de São Paulo acionavam máquinas tipográficas e dirigiam automóveis quando ainda quase
não se via nenhuma mulher ao volante. Muitíssimos foram, e continuam sendo, os movimentos,
as exposições, as semanas bíblicas, catequéticas e
marianas. Desde os inícios era viva em Padre Alberione a aspiração à unidade e universalidade,
concretizada nos anos 60, com uma expressão
original e ecumênica, o centro “Ut Unum Sint”
[Que todos sejam um].
Com a fantasia da caridade
Também hoje a “fantasia da caridade” permeia
toda a atividade, e seria impossível traçar os percursos apostólicos que as Filhas de São Paulo realizam nas 50 nações dos cinco continentes, onde
estão presentes.
É uma criatividade que leva a valorizar, mediante o Evangelho, canções, músicas, vídeos, desenhos,
programas radiofônicos e televisivos, sites na internet e social network…
As comunidades, muitas vezes multiculturais e
internacionais, são pequenas luzes, no ambiente
em que vivem e nas igrejas locais, que irradiam o
Evangelho com o testemunho da vida, a elaboração dos conteúdos, a abertura corajosa ao digital e
às novas tecnologias, o serviço nas livrarias, as diversas formas de difusão, de animação e educação,
especialmente no uso das mídias.
Elevai a vossa voz
Dizia o Bem-aventurado Tiago Alberione, no
cinquentenário de fundação: “Agora chegastes em
todos os continentes… A vossa palavra ressoa por
todos os lugares; continuai elevando sempre mais
a vossa voz. Ensinai!”.
Sentimo-nos impulsionadas, também, pelos contínuos convites do papa Francisco, a fazer ressoar a
Palavra, a ser uma Congregação “em saída” para levar aos homens e às mulheres de hoje a consolação
de Deus, para elaborar conteúdos que toquem o
coração, façam vibrar, aqueçam a vida das mulheres
e dos homens, “despertem” a sociedade.
E sentimo-nos interpeladas a ser comunidades
atraentes, que testemunham um modo diferente
de agir e de viver, que são sinais evangélicos entre
o povo.
Irmã Tecla gostava muito de repetir que, se tivesse mil vidas, dedicaria todas ao Evangelho. Nós
somos uma parte dessas “vidas”, e auguramos, de
todo o coração, que seu testemunho seja luz para
aquelas jovens que o Senhor ‒ temos certeza ‒
continuará a chamar, para que vivam e comuniquem o seu Filho com todos os instrumentos, as
formas e as linguagens da comunicação.
maio/agosto 2015 7
Especial
Irmã Iris Pontim, fsp, e
Irmã Maria Goretti de Oliveira, fsp
Uma grande luz,
na passagem do século...
As Filhas de São Paulo surgiram em uma noite de grande luz,
na passagem do século 19 para o século 20.
1915
15 de junho - Fundação das Filhas
de São Paulo em Alba, Itália
8 O cooperador paulino
1931
21 de outubro – Início de Paulinas
no Brasil com a chegada de Ir. Dolores
Baldi, em São Paulo (SP)
1934
8 de dezembro – Publicação
do N0 0 da Revista Família
Cristã no Brasil
Paulinas de Taipé (Taiwan)
T
iago Alberione, com apenas 16 anos, e
ainda estudante no seminário menor de
Alba, na noite de 31 de dezembro de
1900, que marcou a passagem do século 19 ao
século 20, atendendo ao pedido do papa Leão
XIII, para que se rezasse pelo novo século, permaneceu por longo tempo em oração diante do
Santíssimo, exposto na catedral de Alba (Itália).
Ele mesmo conta que nessa noite “uma luz especial veio-lhe da Hóstia; compreendeu melhor o
convite de Jesus:‘Vinde a mim todos...’ (Mt 11,28)”.
Sentiu ecoar em sua mente e em seu coração os
apelos do papa sobre os novos meios de comunicação usados para o mal, da necessidade de fazer o
Evangelho penetrar na cultura, na vida do povo...,
e intuiu que devia preparar-se para “fazer alguma
coisa por Deus e pelos homens do novo século”.
Alberione começou a sonhar com uma organização leiga de escritores, técnicos e livreiros
católicos. Mais tarde intuiu que, para dar mais
unidade, estabilidade, continuidade e espírito
sobrenatural ao apostolado, esses “operários do
Evangelho” deveriam ser religiosos e religiosas,
“pessoas que amassem a Deus com toda a mente,
com todas as forças e com todo o coração”.
Anos depois, já sacerdote, em 20 de agosto de
1914, deu início à Escola Tipográfica Pequeno
Operário, primeiro núcleo da Sociedade de São
Paulo (Congregação dos Padres e Irmãos Pauli-
1935
10 de maio - Início das
publicações Paulinas no
Brasil com o livro Mês
de Maio, de Pe. Afonso
Muzzarelli, sj
1936
13 de junho
Comunidade e Livraria
em Porto Alegre (RS)
nos). E, em 1915, em breve encontro com Teresa Merlo, falou-lhe de uma nova instituição de
jovens que viveriam como religiosas e trabalhariam na divulgação do Evangelho através da boa
imprensa. Inicialmente, fariam um trabalho de
costura para os soldados – era época da Primeira
Guerra Mundial. Então, convidou Teresa para dirigir o ateliê de costura que abrira em Alba, junto com outras jovens desejosas de consagrar-se a
Deus. Enquanto elas trabalhavam, Pe. Alberione
e seu diretor espiritual, cônego Francisco Chiesa, davam-lhes formação religiosa e as preparavam para o futuro. Era apenas o começo de uma
missão que se realizaria através de novos meios e
formas inéditas de evangelização.
Em dezembro de 1918, atendendo ao pedido
de Dom José Castelli, bispo de Susa (Turim), de
reativar o jornal semanal diocesano La Valsusa, interrompido durante a guerra, Pe. Alberione envia
a esta cidade algumas de suas jovens para assumir
a redação, impressão e distribuição do periódico
diocesano. Um grande quadro do Apóstolo Paulo,
presente no local de trabalho, motivou as pessoas do
lugar a chamar as jovens empreendedoras de Filhas
de São Paulo, nome que permanece até hoje.
Em 22 de julho de 1922, algumas dessas jovens
se consagram a Deus, professando os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência (na foto,
à esquerda). Entre elas está Teresa Merlo que, em
1946
28 de maio – Comunidade
e Livraria no Rio de Janeiro
(RJ)
1948
27 de março
Comunidade e Livraria
em Belo Horizonte (MG)
1949
4 de março
Comunidade e Livraria em
Curitiba (PR)
maio/agosto 2015 9
Especial
homenagem à primeira discípula de São Paulo,
recebe o nome de Tecla. Nessa mesma data, Pe.
Alberione a nomeia Superiora Geral da nascente
Congregação. Em homenagem ao Divino Mestre recebe o apelativo de Mestra e, por ser a primeira, será chamada também de Primeira Mestra.
Graças à fé e à obediência de Mestra Tecla, não
obstante as inúmeras dificuldades, a obra de Alberione seguia crescendo, estendendo-se pelos
cinco continentes. Atualmente as Filhas de São
Paulo estão presentes em 50 países.
Consciente do chamado de Deus e de sua promessa “estarei convosco todos os dias até o fim dos
séculos”, as Filhas de São Paulo de ontem e de hoje
alimentam sua vocação-missão na Eucaristia, pois
entendem que somente em Jesus-Hóstia recebem
luz, alimento, conforto e vitória sobre o mal.
Até os confins do mundo
O Brasil foi o primeiro país, fora da Itália, a
receber os benefícios da obra de Alberione. Em
1931, Irmã Dolores Baldi (na foto, à direita), com
21 anos de idade, e Ir. Estefanina Cillario (na foto,
à esquerda), com apenas 19, chegam ao Brasil, sendo acolhidas pelas Irmãs Missionárias do Sagrado
Coração de Jesus, do Colégio Madre Cabrini,
na Vila Mariana, em São Paulo. Sem conhecer
o idioma local, sem recursos materiais, apoiadas
somente na fé e na confiança em Deus, essas corajosas pioneiras do Evangelho iniciam a missão
em terras brasileiras.
Paulinas no Brasil:
um chamado, uma missão
As Irmãs Paulinas no Brasil vivem, atualmente,
1954
27 de março
Comunidade e Livraria
em Salvador (BA)
1956
28 de novembro
Comunidade e Livraria
no Recife (PE)
10 O cooperador paulino
1958
em 23 comunidades religiosas e realizam a missão própria da Congregação: evangelizar com os
meios de comunicação. Sob a marca Paulinas publicam e difundem livros, revistas, cds, dvds, mantêm uma rede de livrarias, oferecem formação
na área da comunicação e da bíblia, promovem
cursos no âmbito religioso e humano, prestam
serviços à população carente.
A seguir, breve descrição dessa gama de obras,
atividades, iniciativas e serviços oferecidos por
Paulinas.
As 34 livrarias Paulinas, presentes nas principais
cidades do País, são a vitrine da Congregação. Fiéis à indicação do Fundador, Pe.Tiago Alberione,
10 de janeiro – Início do
Apostolado do Rádio (Rádio
Cambiju, Curitiba - PR)
11 de maio – Centro Catequético em São Paulo (SP)
12 de dezembro – Comunidade e Livraria em Maringá (PR)
1961
6 de abril
Comunidade e Livraria
em Fortaleza (CE)
1962
16 de fevereiro – Comunidade
e Livraria em Brasília (DF)
16 de junho – Comunidade na
Cidade Regina em São Paulo
1997
25 de janeiro – Lançamento do site Paulinas Online
20 de fevereiro – Abertura de Paulinas Multimídia
as livrarias Paulinas são centros de difusão da fé e da
cultura, espaço de encontro e de diálogo, lugar onde
se vive e se anuncia o Evangelho de Jesus, através do
testemunho e do serviço de irmãs dedicadas e de colaboradores comprometidos com o Reino.
Paulinas Editora, com um catálogo de mais de dois
mil títulos e um parque gráfico próprio, evangeliza
e promove a fé e a cultura, através da publicação de
obras de autores de renome nacional e internacional.
Família Cristã, FC online, Super+ e revista Diálogo
constituem o Grupo Revistas. A Família Cristã, na versão impressa e digital, acompanha as famílias, através
de uma publicação dinâmica, formativa e informativa.
A revista Super+, voltada para o público infantojuvenil, traz assuntos pautados pelo calendário escolar,
aborda temas que estimulam a leitura, o conhecimento e despertam a criatividade de seus leitores. A revista
Diálogo subsidia os educadores comprometidos com
uma educação que inclui o Ensino Religioso como
elemento integrante do sistema educacional brasileiro
e a religião como um elemento fundamental da cultura e da experiência humana.
Por meio da gravadora Paulinas COMEP, a Palavra
se torna som, poesia, música, canção e chega a milhões
de pessoas, levando mensagem de fé, esperança, luz,
verdade e paz.
Paulinas Multimídia, através da imagem e do som,
dedica-se à produção e distribuição de filmes religiosos, pastorais, educativos e musicais em dvd. Busca
valorizar a riqueza de nossa cultura e proporcionar
subsídios para a formação integral da pessoa humana.
Paulinas Rádio Produções atinge todos os estados
do Brasil e países da América e da África, com o programa “Bíblia, Deus com a gente” e outras produções
afins, entre as quais o programa “Nos Passos de Paulo”,
1965
6 de abril – Comunidade e
Livraria em Niterói (RJ)
1979
20 de agosto – Comunidade e
Livraria em São Luís (MA)
31 de agosto – Comunidade
São Paulo em São Paulo (SP)
25 de setembro – Comunidade
do Instituto Alberione, COMEP,
São Paulo (SP)
1982
14 de maio – Livraria em João Pessoa (PB)
1995
18 de junho – Comunidade e Livraria em Manaus (AM)
30 de junho – Livraria em Maceió (AL)
27 de setembro – Publicação do n0 0 da revista Diálogo
8 de dezembro – 10 programa da TV (Rede Vida)
1994
25 de março – Livraria em Natal (RN)
1992
14 de abril – Comunidade Teresa Merlo em São Paulo (SP)
26 de outubro – Centro Social Tecla Merlo, no Grajaú (SP)
1991
25 de março – Comunidade em Canoas (RS)
1990
6 de janeiro– Abertura do Serviço de Animação Bíblica –
SAB, Belo Horizonte (MG)
4 de abril – Comunidade e Livraria em Porto Velho (RO)
1987
31 de junho – Comunidade de e Livraria em Vitória (ES)
18 de outubro
Inauguração do SEPAC
(Serviço à Pastoral da
Comunicação) em São
Paulo (SP)
1986
22 de maio – Livraria em São Miguel Paulista (SP)
1985
14 de janeiro – Comunidade
e Livraria em Belém (PA)
23 de outubro – Comunidade
Rainha dos Apóstolos em São
Paulo (SP)
maio/agosto 2015 11
Especial
1999
2000
15 de junho – Comunidade
e Livraria em Goiânia (GO)
1 de novembro – Livraria
em Aracaju (SE)
0
2002
2003
15 de junho – Lançamento
da revista Família Cristã
On line
25 de abril – Livraria em Madureira (RJ)
27 de abril – Padre Tiago Alberione é
declarado Bem-Aventurado
11 de dezembro – Livraria em Teresina (PI)
transmitido diariamente, ao vivo, desde o Estúdio
do SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação),
pela Rádio 9 de Julho AM 1600. Paulinas atua também através da web rádio e web tv.
Os departamentos de Promoção, Divulgação e
Marketing Paulinas, com boas e múltiplas peças e
atividades promocionais, fazem chegar ao povo a
boa mensagem.
As Irmãs Paulinas oferecem ainda diversos serviços, entre eles o SEPAC, surgido em 1982. Seu
objetivo é o de refletir sobre os processos comunicacionais e formar agentes na área da pastoral da
comunicação.
O Serviço de Animação Bíblica (SAB), com sede
em Belo Horizonte (MG), visa o aprofundamento
da experiência e vivência da Palavra de Deus. Com
o Projeto Bíblia em Comunidade, curso presencial
e a distância, o SAB capacita as pessoas a se tornarem multiplicadoras da Palavra.
O Centro Administrativo dá suporte a todas as
unidades de Paulinas nas diferentes áreas: administrativas, legais, recursos humanos, informática...
O Centro Social Tecla Merlo é a expressão socioeducativa de Paulinas. Através de programas e atividades educativas, culturais, lúdicas e assistenciais,
o Centro atende crianças, adolescentes, jovens e
famílias em situação de risco, contribuindo para o
crescimento integral do ser humano.
Missão tão vasta e comprometedora só pode
subsistir se alicerçada em sólida formação humana,
espiritual e intelectual. Por isso as Irmãs Paulinas
cultivam profunda espiritualidade centrada em Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida, alimentam-se
diariamente da Palavra e da Eucaristia, vivem em
comunidades fraternas e estão abertas a aprender
sempre.
2005
15 de junho - Lançamento
do site Ciberteologia
2006
10 de janeiro – Livraria em Cuiabá (MT)
08 de dezembro – Lançamento da revista
infanto-juvenil Super+
2007
9 de junho – Início no Brasil da Associação dos
Cooperadores Paulinos ligados às Irmãs Paulinas
2009
26 de junho – Livraria em Macapá (AP)
29 de novembro – Inauguração da Central Paulinas em São Paulo
2012
15 de agosto – Livraria em Joinville (SC)
26 de novembro – Livraria em Guarulhos (SP)
26 de novembro – Início da Web Rádio Paulinas
20 de agosto – Lançamento do site Cibercatequese
2013
20 de fevereiro - Lançamento do novo Portal Paulinas
4 de abril – Lançamento da Web TV Paulinas
4 de abril - Início do Curso Bíblia em Comunidade (EAD)
2014
14 de abril – Reinauguração da livraria em Niterói (RJ)
12 O cooperador paulino
5 de fevereiro – Abertura Centenário de
Fundação das Irmãs Paulinas
15 de junho – Celebração do Centenário de
Fundação das Irmãs Paulinas
2015
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Entre em contato conosco:
Serviço de Animação Vocacional
Padres e Irmãos Paulinos
Caixa Postal 2.534
CEP: 01031-970 – São Paulo – SP
[email protected]
22 cooperador paulino setembro/dezembro 2012
Família Paulina
Pensou-nos família
Carinhosamente chamadas pelo povo de Irmãs Paulinas, a Pia Sociedade Filhas de São Paulo,
nome oficial da Congregação, pertence à Família Paulina, que é composta por cinco congregações
religiosas, quatro institutos seculares e uma associação de cooperadores leigos.
Irmã Iris Pontim, fsp, e Irmã Maria Goretti de Oliveira, fsp
F
amília Paulina: “é o resultado de inúmeras
orações”, explica o Fundador. E se poderia comparar a um curso de água, o qual,
à medida que corre, se avoluma com as águas
que provêm da chuva, do degelo e de muitas pequenas fontes. Reunidas assim, as águas depois
se dividem e são canalizadas para a irrigação de
14 O cooperador paulino
férteis planícies, produção de energia, calor e luz
(cf. Abundantes Divitiae – AD, 5).
Esta imagem nos remete à grande abertura ao
mundo que as Irmãs Paulinas e demais congregações e institutos têm em muitos aspectos como:
no estudo, acompanhando os tempos e as novas
formas de pensar e as tecnologias; na espirituali-
“Todas as Congregações e Institutos juntos formam a Família Paulina; todos têm
a mesma origem, o mesmo espírito e possuem fins convergentes para a única
missão: comunicar Jesus Cristo ao mundo.”
Alberione
dade, profundamente evangélica, centrada em Jesus Mestre, Caminho,Verdade e Vida e encarnada
nas realidades atuais; na ação, que abarca todas as
situações vividas pelo povo. E tudo o que realizam, todas as questões que tratam são iluminadas
à luz do Evangelho (cf. AD, 65).
Como nasceu a Família Paulina – A noite que
separou o século 19 do século 20 foi decisiva para
a missão específica e o espírito particular em que
nasceria e viveria a Família Paulina. Houve adoração na Catedral (Alba), depois da missa solene
da meia-noite, diante de Jesus exposto. Os seminaristas do curso de Filosofia e Teologia estavam
livres para permanecer em oração o tempo que
quisessem. Alberione fazia parte desse grupo e assim conta: “Uma luz especial veio da Hóstia”, e
compreendeu melhor o convite de Jesus, escrito
na porta do sacrário: “Vinde a mim todos...”. Pareceu-lhe entender o coração do papa Leão XIII,
os convites da Igreja, a missão verdadeira do sacerdote. Pareceu-lhe evidente o que o professor José
Toniolo [1845-1918] dizia a respeito do dever de
ser apóstolos de hoje, usando os meios empregados pelos adversários da Igreja. Naquele momento, sentiu-se profundamente obrigado a preparar-se para fazer algo pelo Senhor e pelas pessoas do
novo século com as quais viveria. (cf. AD, 13-18).
Membros da Família Paulina – Congregações
religiosas: Sociedade de São Paulo (Paulinos); Pia
Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas); Pias
Discípulas do Divino Mestre (Discípulas); Irmãs
de Jesus Bom Pastor (Pastorinhas); Congregação
Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos (Apostolinas). Institutos seculares: Nossa Senhora da
Anunciação (Anunciatinas); São Gabriel Arcanjo
(Gabrielinos); Jesus Sacerdote; Santa Família. E a
Associação dos Cooperadores Paulinos.
Missão, unidade e finalidade – O Bem-aventurado Tiago Alberione explica a missão de
cada congregação: A Sociedade de São Paulo e
as Filhas de São Paulo têm a mesma finalidade:
o anúncio do Evangelho com os meios de comunicação. As Pias Discípulas do Divino Mestre
oferecem ao povo de Deus o fruto da própria
dedicação à missão Eucarística, Sacerdotal e Litúrgica. O carisma das Irmãs de Jesus Bom Pastor
é servir o povo de Deus no ministério pastoral,
nas paróquias e dioceses. As Irmãs da Rainha dos
Apóstolos, por meio de sua ação pastoral, despertam a consciência de que todos, pelo batismo,
são vocacionados e ajudam os batizados na descoberta e vivência da própria vocação e missão.
Os Gabrielinos e as Anunciatinas são leigos e
leigas consagrados(as) que exercem sua missão
no ambiente familiar e social em que vivem. O
Instituto Jesus Sacerdote destina-se a sacerdotes
e bispos diocesanos que aspiram viver a espiritualidade e missão paulina. O Instituto Santa Família tem como finalidade a santificação da vida
conjugal e familiar, e ajudar os casais a testemunharem o Evangelho no ambiente onde vivem
e atuam.
Alberione, além das congregações religiosas e
dos institutos, fundou uma associação de leigos e
leigas estreitamente ligados à missão e à espiritualidade de suas fundações: os Cooperadores Paulinos. Os membros dos Institutos seculares e da
Associação dos Cooperadores vivem a espiritualidade da Família Paulina e realizam a missão de
evangelizar, especialmente através do testemunho de fé no próprio ambiente familiar e social.
Segundo o Padre Alberione, todas as Congregações e Institutos juntos formam a Família
Paulina; todos têm a mesma origem, o mesmo
espírito e possuem fins convergentes para a única
missão: comunicar Jesus Cristo ao mundo.
maio/agosto 2015 15
Perfil
Irmã Miriam Rotta, irmã Letícia Pilecco e Maria da Paz Alves da Cunha
Uma vida missionária
Irmã Miriam Rotta
C
om o entusiasmo que sempre a caracterizou, Irmã Miriam Rotta, gaúcha de
Espumoso (RS), conta um pouco de
sua história de missionária paulina:
“Meu sonho e minha formação à vida missionária iniciaram aos 8 anos de idade. Nosso pároco era um missionário italiano e tinha um grande amigo, também padre, que era missionário em
Moçambique. Sempre que recebia notícias desse
16 O cooperador paulino
amigo, comunicava à comunidade e despertava
em todos nós o desejo de ser missionário.
Meus pais também foram os meus grandes educadores da vida missionária. Quase todos os dias
levavam seus filhos a fazer um gesto de ajuda, particularmente aos mais carentes da nossa terra. Assim,
posso dizer que a vida de oração, feita em família e
na comunidade, e os gestos concretos de caridade
foram os grandes despertadores para que eu sentisse
“Obrigada, irmã, porque deixaste a tua terra e a tua família para me dar
a Palavra de Deus, que eu tanto desejava”
e me dispusesse a viver a vida missionária.
Tambem marcou-me profundamente na adolescência a passagem de uma Irmã Paulina que
ficou hospedada em nossa casa. Ela dizia-nos que
estava ali para levar o Evangelho de casa em casa.
Desde aquela época comecei a querer levar o
Evangelho de casa em casa.
Naquele tempo a ideia que eu tinha a respeito
da vida missionária era que, para ser missionária,
deveria deixar o próprio país. Entrando na Congregação compreendi que todo lugar é espaço de
missão, e o importante é ter a convicção de que
somos enviadas(os) para comunicar Jesus Cristo
e o seu imenso amor pelas pessoas.
Força da convicção - Parti para as missões fora
do Brasil motivada por um apelo interior que
me estimulava a oferecer–me para colaborar nas
muitas necessidades apostólicas da Congregação.
Em 1970, quando me propuseram ir para Portugal, fiquei decepcionada, porque sempre desejei
ir anunciar Jesus a quem não o conhecia. Mas,
outra vez compreendi que também os povos
evangelizados precisam de nova evangelização.
Este passo dado nunca mais me fez parar: de
Portugal fui enviada a Macau, que pertence à
China. Nesse tempo estive visitando Timor Leste, Bali e Ilha das Flores, na Indonésia; depois vivi
na Rússia e, atualmente, coordeno a missão em
Angola, Moçambique e África do Sul. Todas estas terras nas quais trabalhei tornaram-se minha
pátria por adoção. Em cada país em que chego
sinto-me em casa, amo e sinto-me amada por
cada povo, apesar da minha pobreza e de todas as
minhas fragilidades.Tenho consciência de ser um
simples instrumento nas mãos do Pai.
Reconheço que, apesar dos muitos anos de
vida missionária, ainda tenho muito que aprender. Cada povo com a sua cultura, seus valores,
dificuldades, pobrezas e riquezas, ensina-me o
valor de cada pessoa e da cada país.
Não é preciso que falemos muito de Jesus, basta mostrarmos como ele está presente em cada
cultura, que ele é o Salvador de todos. O nosso
Deus, que se fez humano, é aquele que nos salva,
nos dá dignidade e nos torna seus filhos.
A minha realização pessoal é de ser uma missionária Paulina. Grande é a minha alegria quando, na publicação da Bíblia, de um livro, um dvd,
cd, ou numa exposição de livros, numa paróquia
ou na livraria, posso oferecer a Palavra de Deus. E
mais comovedor ainda é ouvir dizer: “Há muito
tempo que eu procurava a Bíblia, só agora, que
tenho 73 anos, posso comprá-la e lê-la. Obrigada,
irmã, porque deixaste a tua terra e a tua família
para me dar a Palavra de Deus, que eu tanto desejava”.
Tenho 78 anos de idade, mas ainda sinto o vigor
da juventude que Deus me concede todos os dias.
Eu também digo como a Irmã Tecla, cofundadora
da Congregação das Irmãs Paulinas: ‘Desejaria ter
mil vidas para comunicar o Evangelho’”.
maio/agosto 2015 17
Perfil
Alegria de
ser Paulina
Irmã Letícia Pilecco
“Era como a visita de Maria: entregar a Palavra de Deus a todas as pessoas”
I
rmã Letícia Pilecco faz parte da congregação das Filhas de São Paulo desde 1953, data
em que ingressou na comunidade de Porto
Alegre (RS). Oriunda de uma família numerosa,
quatro mulheres e sete homens, da cidade de São
João de Polêsine (RS), Irmã Letícia conta que sua
família era muito religiosa. Rezava o terço e outras orações todas as noites. Ela gosta de lembrar
seu primeiro encontro com as Irmãs Paulinas:
“A primeira paulina que eu conheci foi Irmã
Jandira Del Bem, acompanhada por uma jovem
aspirante; ela foi à minha cidade para renovar as
assinaturas da revista Família Cristã, e também
apresentava muitos livros.
Era jovem ainda, mas fiquei encantada com a alegria da irmã e da aspirante e, mesmo sem entender
muito, gostei da forma como elas explicaram a missão de levar a Palavra de Deus a todas as famílias. E
me convidaram a fazer parte desta Congregação. O
convite da aspirante – ‘vamos, que vale a pena!’ –
me deixou muito entusiasmada”.
A missão paulina - Atualmente, Irmã Letícia continua agradecendo a Deus o chamado a
exercer a missão paulina. Conta com alegria a
18 O cooperador paulino
experiência de sua primeira viagem apostólica,
em Santa Cruz do Sul (RS):
“Viajamos seis horas para chegar; sentíamo-nos
como Jesus que ia de cidade em cidade.Visitamos
todas as famílias de Santa Cruz, sem excluir nenhuma. Renovamos as assinaturas da revista Família Cristã, e à família que ainda não a assinava,
nós a apresentávamos. Tínhamos clara a importância de que a revista deveria chegar a cada lar.
Também apresentávamos livros, especialmente a
Bíblia. Era como a visita de Maria: entregar a Palavra de Deus a todas as pessoas.
Participei da realização de semanas bíblicas em
muitas cidades do país. Realizávamos cursos bíblicos, palestras; fazíamos exposições de livros e
concluíamos sempre com um desfile de carros
alegóricos, com encenações bíblicas. Por isso, me
alegrei muito quando o papa Francisco começou
a insistir que ‘a Igreja deve sair das sacristias e ir
ao povo’.”
Hoje tudo mudou, mas Irmã Letícia faz seu
trabalho de evangelização, com o mesmo entusiasmo, na livraria de Porto Velho (RO). Ela recorda a expressão do Fundador, Tiago Alberione,
que “é preciso acompanhar os tempos”.
“Minha casa, a primeira igreja”
Maria da Paz Alves da Cunha
“Os conteúdos da revista Família Cristã, além de orientar, me davam forças
na árdua caminhada da educação dos filhos”
M
aria da Paz Alves da Cunha (foto à
esquerda), nascida em Caruaru (PE),
em 1945, conheceu muito cedo a
responsabilidade de educar uma família sozinha.
Aos 27 anos ficou viúva com 6 filhos. Selma (foto
à direita), a mais velha, com 9 anos, e Evilmário, o
mais novo, com 9 meses.
Desde 1968, Maria da Paz assina a revista Familia Cristã. Recorda que os temas sobre família e
espiritualidade foram a primeira escola para seu
lar, que ela considera “a primeira igreja”. Sempre
buscou para sua família a melhor formação, tanto
cristã quanto em outros âmbitos.
A partir de 1972, quando ficou viúva, sentiu
mais fortemente a necessidade de transmitir uma
boa orientação aos seus filhos. “O peso da responsabilidade pelo duplo papel de ser mãe e pai,
me causava grande angústia. Mas os conteúdos
da revista Família Cristã, além de orientar, me da-
vam forças na árdua caminhada da educação dos
filhos.Tinha muito medo de que algum deles trilhasse caminhos errados.”
Maria da Paz nunca voltou a se casar. Dedicou
sua vida à educação dos filhos.
Selma, a filha mais velha, gosta de lembrar que
“ainda muito pequena, acho que nem lia, mas já
folheava a revista Família Cristã e sentia um grande prazer naquele folheá-la. Não sei expressar ao
certo o sentimento, mas algo me prendia àquela
revista e me dava muito prazer”. E confirma a
preocupação da mãe em sua formação. “Aos 12
anos, ganhei meu primeiro livro: O problema é a
amizade, do Padre Zezinho, e aos 14 anos ganhei
o segundo livro: Tenho pressa de crescer, também do
Padre Zezinho.”
Selma atualmente é Cooperadora Paulina para
o Evangelho, vive a espiritualidade e atua na missão paulina.
maio/agosto 2015 19
Espiritualidade
Jesus Mestre,
Caminho, Verdade e Vida
Tudo nasce de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e
Vida, e para ele tudo converge.
Irmã Vera Ivanise Bombonatto, fsp
P
arte integrante da Família Paulina, o carisma das Irmãs Paulinas, concebido pelo
Bem-aventurado Tiago Alberione com
a colaboração da venerável Irmã Tecla Merlo,
constitui uma unidade inseparável, em que os diversos aspectos que compõem a vida e a missão
estão, todos eles, fundamentados e centrados em
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, formando um único projeto: viver e comunicar integralmente o mistério de Cristo, no espírito do
apóstolo Paulo e sob o olhar de Maria, Rainha
dos Apóstolos.
Os verbos viver e comunicar expressam o
compromisso de seguir Jesus e de anunciá-lo
a todos na cultura da comunicação. Nosso discipulado inspira-se no apóstolo Paulo. Por isso,
definimos nossa espiritualidade como “paulina”,
mas, o seu verdadeiro centro é Jesus Cristo, como
foi para Paulo.
Maria é invocada por nós como Rainha dos
apóstolos. Ela é presença materna que nos guia
na missão de comunicar Jesus ao mundo. Ela nos
ensina a “gerar e formar” Cristo nas pessoas, às
quais somos enviadas.
Espiritualidade que unifica a vida e a missão
Nossa comunicação com Deus Trindade não
está desligada das outras atividades da vida, mas é
um modo de ser que envolve toda a pessoa: “inteligência, vontade e coração, forças físicas, tudo
para um total amor a Deus e ao próximo, em
vista da missão”
20 O cooperador paulino
O trinômio inteligência, vontade, coração é
característico da antropologia do Pe. Alberione.
Ele considera a pessoa em todas as dimensões
(cognitiva, volitiva e afetiva), relacionando-a com
a totalidade do mistério de Jesus Cristo, Caminho,Verdade e Vida.
A expressão forças físicas engloba a dimensão
material da pessoa: corpo, sentidos, dons, aptidões particulares, identidade sexual. Tudo o que
faz parte da pessoa é energia vital que deve ser
santificada e posta a serviço da missão.
Natureza e graça são duas expressões que devem estar em harmonia. Natureza é o conjunto
de realidades que fazem parte da criação: nutrir-se, respirar, movimentar-se, descansar, crescer,
reagir aos estímulos, comunicar-se. Graça é o
conjunto de realidades salvíficas que Deus nos
oferece gratuitamente: sua Palavra, a Eucaristia,
os sacramentos e sacramentais.
Vocação é a resposta ao chamado do Pai, em
Jesus Cristo, na força do seu Espírito. É a consciência de ser escolhida e enviada com uma missão
específica, na Igreja e na sociedade.
A espiritualidade vivida pelas Irmãs Paulinas
abrange toda a pessoa; não apenas o espírito,
também o corpo, as relações sociais e públicas, a
condição de mulheres consagradas, membros da
Igreja e cidadãs do mundo. Supera-se assim toda
a sorte de dualismo entre alma e corpo, espírito
e matéria, ser e fazer. A espiritualidade unifica os
diversos elementos da nossa resposta ao chamado
de Deus. Neste sentido é um princípio unificador da vida e da missão.
Espiritualidade que se torna
anúncio de Jesus Cristo
De Jesus Cristo, centro da vida, da história e do
universo, tudo tem início, e para ele tudo converge, na continuidade e na força da sua promes-
sa: “não temais, eu estou convosco, daqui quero
iluminar”.
Respondendo ao seu chamado de amor, nos
colocamos na escola do Mestre, meditamos seus
ensinamentos, alimentamo-nos da Palavra e da
Eucaristia. Na celebração eucarística e na hora
de adoração cotidiana, fortalecemos nossa fé e
discernimos os caminhos da história. Tudo nasce
da experiência profunda de Deus Trindade e do
conhecimento da realidade social e eclesial, contemplada e discernida na oração, na vivência da
espiritualidade que se torna testemunho e anúncio de Jesus Mestre, Caminho,Verdade e Vida.
A meta do nosso caminho de discipulado é a
mesma do apóstolo Paulo: “Não sou mais eu que
vivo; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Somos chamadas a caminhar, cada dia, rumo a essa
meta, evitando os perigos de parar, desviar ou estagnar, cedendo à tentação da mediocridade, do
conformismo e da acomodação.
Na celebração do centenário de fundação da
nossa Congregação, olhamos com gratidão para
nossa história e com esperança para o futuro.
Agradecemos a Deus pelas pessoas que nos precederam e lembramos, particularmente, da venerável Tecla Merlo, mulher forte, que percorreu,
com fé audaz e profética, um caminho novo de
síntese vital e de santidade, vividas no anúncio do
Evangelho na cultura da comunicação.
maio/agosto 2015 21
Irmãs Discípulas do Divino Mestre
chamadas
a viver no seguimento de
Jesus Mestre Caminho,
Verdade e Vida
Somos
e enviadas a servir às comunidades
pela oração e a animação
litúrgica.
www.piasdiscipulas.org.br
[email protected]
24 cooperador paulino setembro/dezembro 2012
Recado de Paulo
Paulo e Paulinas,
a formação de lideranças
No seguimento de Jesus Cristo, as Paulinas trilham os passos do Apóstolo
Paulo procurando ter e formar uma nova mentalidade na sociedade.
Irmã Helena Corazza, fsp
A
o olharmos a prática apostólica de Paulo
Apóstolo, podemos identificar algumas
marcas do formador de lideranças que
vai ao encontro das pessoas onde elas se encontram. Este homem apaixonado por Jesus Cristo
deixou-se tocar pelo Espírito e pela realidade. Ele
entendeu que o apelo do Evangelho é para todos
– “judeus e gregos, escravos e livres” (Gl, 3,28)
–, e que ninguém realiza a missão sozinho, por
isso, dedicou-se a formar comunidades e lideran-
ças. Paulo organizou comunidades, visitou-as pessoalmente e enviou cartas e mensageiros, ou seja,
missionários continuadores da missão.
As Irmãs Paulinas, inspiradas pela vida e missão
do Apóstolo Paulo, atuam na formação de lideranças na sociedade contemporânea. Agem com a
paixão de quem faz a experiência do Ressuscitado
e partem em missão, formando líderes e comunidades missionárias, pois no coração do carisma
paulino está o anúncio do “Cristo todo para o homaio/agosto 2015 23
Recado de Paulo
mem todo”, conforme Alberione. O testemunho
das Irmãs revela seu amor apaixonado na formação de lideranças nas áreas da Bíblia e da Comunicação. Essa missão se realiza nas livrarias Paulinas
e nos dois centros de animação e pastoral: Serviço
de Animação Bíblica (SAB), localizado em Belo
Horizonte (MG), e o Serviço à Pastoral da Comunicação (SEPAC), sediado em São Paulo (SP).
A seguir, os testemunhos de Irmã Romi Auth e
Irmã Rosana Pulga, que atuam na área bíblica, e
de Irmã Joana Puntel, comprometida na pastoral
da comunicação.
Comunicação por cartas e mensageiros
Irmã Romi Auth encontra na experiência de
Paulo inspiração e sentido para sua missão no
campo bíblico. Ela afirma: “Vejo que a minha experiência tem muito a ver com a de Paulo, é claro,
salvando as devidas proporções: o encontro pessoal
de Paulo com Jesus no caminho de Damasco. Foram 14 anos de oração, estudo, aprofundamento da
experiência e ensinamentos de Jesus; ao longo de
anos de evangelização, Paulo despertou e formou
discípulos e discípulas de Jesus, alguns o seguiram
mais de perto, integrou-os em sua equipe interna.
Transformou em centros de irradiação missionária cidades importantes como Antioquia, Éfeso,
Corinto e Roma, nas quais permaneceu por mais
tempo para dar assistência às comunidades. Deu
continuidade ao trabalho iniciado escrevendo cartas e enviando seus companheiros de missão.
É nessa obra maravilhosa do Apóstolo Paulo
que eu me espelho: a minha experiência pessoal de encontro com o Deus da Palavra; a oração
e o discernimento; a elaboração do projeto ‘Bíblia
em Comunidade’; a formação de uma equipe interna: Irmãs e colaboradores-funcionários; equipe
externa: assessores que colaboram nos conteúdos,
Celebração do centenário de Paulinas. Irmãs, colaboradores e cooperadores paulinos
24 O cooperador paulino
Participantes do curso Bíblia em Comunidade,Visão Global da Bíblia, Belo Horizonte (MG)
maio/agosto 2015 25
Recado de Paulo
voluntários: cooperadores paulinos para o Evangelho; integrar no processo da caminhada cada turma
de cursistas com a confiança que animou Paulo: ‘...
aquele que começou em vós a boa obra, há de levá-la à perfeição até o dia de Jesus Cristo’ (Fl 1,6), e
termino com ele: ‘Por tudo dai graças’ (1Ts 5,18)”.
Paulo, formador de comunidades missionárias
Como missionário, o Apóstolo Paulo mantém
seu olhar interior sempre atento ao Espírito. Ele
e Timóteo estavam em Trôade, preparando-se para
irem à Bitínia, quando teve uma visão: à sua frente estava de pé um macedônio que lhe suplicava:
“vem para a Macedônia e ajuda-nos!” Depois dessa visão, Paulo e seus companheiros partiram imediatamente para a Macedônia, pois estavam convencidos de que Deus acabava de chamá-los para
o anúncio do Evangelho (cf. At 16, 9-10).
Da mesma forma, o Bem-aventurado Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, sempre advertia os seguidores do seu carisma comunicacional:
“sede São Paulo hoje!”, afirma Ir. Rosana Pulga,
grande missionária da Palavra de Deus, e pergunta:
“por que sua insistência nesse tema?” Ela mesma
responde: “por ter compreendido que São Paulo
foi um grande missionário e formador de comunidades missionárias”. E testemunha: “Os meus 56
anos de vida consagrada, dedicados a evangelizar
por meio da comunicação da Palavra, quase todos
foram vividos na promoção do Mês da Bíblia, das
Semanas Bíblicas, dos cursos de formação bíblica e
da Lectio Divina, e a escrever livros para as comunidades. Hoje posso afirmar que me sinto verdadeira
formadora de comunidades missionárias”.
A comunicação, “eixo” articulador
da formação e das pastorais
São Paulo, como homem do seu tempo e inserido na cultura greco-romana, tinha uma percepção
atenta, e em suas pregações e cartas incorporava as
realidades do cotidiano e da cultura de seu tempo.
Ele sabia criar empatia e estabelecer um universo
comum para que as pessoas pudessem compreender a mensagem do Evangelho na própria cultura.
Servia-se de metáforas e de imagens conhecidas,
uma vez que a linguagem é fundamental para a
26 O cooperador paulino
comunicação e para ajudar as pessoas a crescerem.
Em suas cartas Paulo confessa que a realidade de
todas as Igrejas constituía uma de suas preocupações cotidianas: “Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu também me sinta com febre?” (2Cor 11,28).
A exemplo do Apóstolo Paulo e inspirada por
ele, Ir. Joana Puntel (foto acima), comprometida na
evangelização e formação de lideranças na área da
comunicação, especialmente através do SEPAC,
testemunha: “Vivo, apaixonadamente, a experiência carismática de formar lideranças no mundo
da comunicação. Como Paulo, alicerçada em Jesus
Mestre e comunicador, sigo os passos de Alberione que, já em 1958, dizia para as Filhas de São
Paulo: ‘O vosso apostolado visa formar uma mentalidade nova na sociedade, o que significa dar-lhe
uma orientação nova’. Considerando que a comunicação é o ‘eixo’ articulador de todas as pastorais, sinto que desenvolvo o carisma e a pertença à
Igreja, contribuindo para a formação de lideranças
que levem ao diálogo entre fé e cultura. Para isto
é necessário abrir-se continuamente aos sinais dos
tempos que exigem mudança de mentalidade, especialmente na área da comunicação”.
O carisma da comunicação requer pessoas apaixonadas pelo Reino e, ao mesmo tempo, com os
pés no chão da vida dos irmãos para compreender
sua mentalidade e valores, e tê-los em conta no
momento do anúncio. Dessa forma, no seguimento de Jesus Cristo, as Paulinas trilham os passos
do Apóstolo procurando ter e formar uma nova
mentalidade na sociedade.
26 cooperador paulino setembro/dezembro 2012
Palavra e comunicação
Irmã Helena Corazza, fsp, e
Irmã Joana T. Puntel, fsp
Tecla,
a mulher
no espaço
público
Nos inícios do século 20, uma jovem mulher foi chamada a levar adiante um grupo de mulheres
consagradas para evangelizar, servindo-se dos meios de comunicação. Seu nome? Tecla Merlo.
P
ensar em Tecla Merlo, a mãe da congregação, é pensar numa mulher que acreditou e antecipou os tempos da emancipação da mulher, sobretudo, na Igreja. Todos os
escritos e testemunhos demonstram a grande fé
que animou e sustentou a vida de Teresa Merlo,
escolhida pelo Bem-aventurado Tiago Alberione
para ser a “Primeira Mestra” das Paulinas e a mãe
da congregação, conforme ele mesmo afirma.
Tecla acreditou sem ter visto. Fez a experiência de tantos apóstolos e profetas. Escolhida por
Alberione para guiar a congregação das Filhas de
São Paulo e ser a primeira superiora geral, iniciou
sua missão acreditando na palavra do Fundador,
que a convidou para ajudá-lo a concretizar o carisma da evangelização com a comunicação, tendo
a mulher como protagonista. E a palavra “protagonista”, ocupar o primeiro lugar, é aqui empregada
no sentido positivo, de alguém que sabe tomar a
iniciativa, sendo sujeito de processos.
28 O cooperador paulino
Se olharmos o contexto social, em relação à
mulher no final do século 19 e início do século 20, perceberemos que sua função está praticamente reduzida ao espaço privado da casa,
como esposa e mãe. (E aqui não vai nenhum
juízo de valor, sobre a importância dessa missão
da mulher, mas quer sinalizar um lugar novo na
sociedade.) Na época, as próprias religiosas atuavam nos conventos, hospitais, escolas e obras
assistenciais.
Com a Revolução Industrial, mudanças culturais acontecem e passa-se a discutir o papel
da mulher na sociedade, o emprego em diversos
ambientes, paridade salarial, acesso à cultura. Os
movimentos emancipatórios femininos avançam
na Europa, Estados Unidos e também na Itália. A
própria Igreja entra nessa discussão sociológica
e cria a “Organização católica feminina”, que se
difunde através das paróquias, com grande resultado e adesões.
Irmãs Paulinas – gravadora COMEP
Alberione está nesse meio, participando de
congressos, e vai amadurecendo sua visão sobre
a mulher, carregando-a de espírito profético que
caracterizará suas fundações femininas. Marcando esse novo lugar, no campo da cultura, ele diz:
“A mulher de hoje deve formar o homem de
hoje; ir em auxílio das necessidades de hoje, deve
servir-se dos meios de hoje”; e escreve o livro “A
mulher associada ao zelo sacerdotal”.
É neste contexto histórico (1915) que começa
uma congregação onde a mulher se torna protagonista de um novo modo de servir à Igreja e ao
povo. A jovem Tecla, que, como catequista, tinha
por missão educar na fé, e em sua vida profissional, seu ateliê de costura, muda o rumo de sua
vida. Chamada a levar adiante um grupo de mulheres consagradas a Deus, na vida religiosa, para
evangelizar servindo-se dos meios atuais, muda
radicalmente seu modo de atuar e inaugura uma
nova forma de vida religiosa, não mais dedicada
ao espaço privado, lançando-se no espaço público. O fato de as irmãs assumirem a redação do
jornal La Valsusa, escrevendo, compondo, imprimindo e difundindo o jornal, até escandalizava as
pessoas da época, acostumadas a ver as irmãs nos
conventos educando, cuidando da saúde, rezando.
Essa mudança do lugar da mulher consagrada no exercício de uma missão voltada ao espaço público, o da comunicação, representou, sem
dúvida alguma, uma grande mudança cultural
também na vida religiosa, que as Irmãs Paulinas foram assumindo gradualmente, inseridas no
contexto das grandes mudanças do mundo.
Para Tecla, coube a missão de formar as Filhas
de São Paulo no campo espiritual, intelectual e
apostólico. “Para iniciá-las no apostolado específico: algo inusitado para aquele tempo e, sob o
ponto de vista puramente humano, difícil; no entanto, sob a sua direção, formaram-se as escritoras, as conferencistas, as técnicas, as propagandistas, as especializadas em cinema e rádio”, palavras
de Alberione no livro Abundantes Divitiae, n. 236.
A celebração de 100 anos de Paulinas marca
uma presença expandida em 50 países, incluindo todos os continentes e culturas. Ao lado dessa
presença significativa, o desafio de afirmar a presença pública no mundo das comunicações.
Maio/agosto 2015 29
Caminhar com a Igreja
Irmãs Paulinas
Compromisso com uma renovada postura comunicativa, nos espaços da Igreja e da sociedade civil
Ismar de Oliveira Soares
P
rivilégio e agradecimento: ser amigo
e ser reconhecido pela amizade que se
consolidou na ventura da participação
conjunta em sucessivos projetos comunicativos,
ao longo dos últimos 35 anos. Esta é a razão deste
texto-homenagem às Irmãs Paulinas, por ocasião
da celebração dos 100 anos da sua fundação.
Participação das Paulinas:
da UCBC à SIGNIS
Pontuando a trilha que tive o privilégio de
percorrer, nas últimas quatro décadas, contando
sempre, no mesmo cenário, com a presença das
Irmãs Paulinas, recordo-me, em primeiro lugar,
do entusiasmo de um grupo de jovens Filhas de
São Paulo, na busca de caminhos para consolidar a UCBC – União Cristã Brasileira de Comunicação Social –, especialmente entre os anos
de 1970 e inícios de 1990. Todas demonstravam
reconhecer que a UCBC – nascida em 1969,
30 O cooperador paulino
por decisão de um grupo de jornalistas católicos – necessitava ser fortalecida, em benefício de
um novo olhar sobre a prática comunicativa, no
Brasil.
Para a consecução dos objetivos da UCBC,
foi de vital importância a presença das Irmãs na
própria diretoria da entidade, na promoção anual
dos Congressos Brasileiros de Comunicação Social e na publicação dos livros resultantes dos debates ali promovidos, assim como no desenvolvimento, por duas décadas, dos cursos de Leitura
Crítica da Comunicação.
Igualmente, de forma intensa e decisiva, as
Paulinas fizeram-se presentes na articulação da
rede que passou a reunir as emissoras radiofônicas católicas (RCR) e, mais recentemente, na
criação de SIGNIS, herdeira dos organismos representados pelas siglas OCIC (voltada para a
área do cinema) e UNDA (voltada para o rádio e
a televisão), no Brasil.
Em âmbito latino-americano, convivemos
com as Irmãs Paulinas na implementação das
atividades da UCLAP – Unión Católica Latinoamericana de Prensa –, ao longo da década de
1990, contribuindo com a Igreja numa reflexão
destinada a repensar a comunicação como teoria e como prática social. Tudo isso, certamente,
colaborou para o êxito de sua mais significativa
experiência no campo da formação para a comunicação: o SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação).
Criação e o desenvolvimento do SEPAC
Falar do SEPAC é colocar sob os holofotes a
genuína vocação das Irmãs Paulinas para a área da
educomunicação. Trata-se, sem dúvida, de uma
das experiências latino-americanas mais longevas
e exitosas no campo da formação para o entendimento e a prática de processos comunicativos numa linha de superação do funcionalismo
midiático, em favor de uma proposta dialógica,
solidária e participativa.
O SEPAC resultou ou representou a confluência
de sonhos internos e externos ao Instituto, unindo
as expectativas dos que imaginavam ser necessária a
criação de um organismo que desse conta de formar agentes culturais para a área da educação para
a comunicação e que estivesse, igualmente, a serviço do recém-concebido campo da pastoral
da comunicação. Com alegria, coloquei-me
a serviço desta ideia, oferecendo minha contribuição à Província e ao Editorial, ao lado de um
grupo muito dedicado de irmãs.
É importante lembrar que a instalação do
SEPAC, em sua primeira sede, na Rua XV de novembro, no coração da cidade de São Paulo, em
1982, foi precedida por um noviciado, na Rua
Piassanguaba, sede do centro editorial Paulinas,
em São Paulo (SP), local em que foram pensadas
as primeiras ações do novo organismo. Nesse espaço e nesse momento foi desenhado um curso a
distância para as próprias irmãs, sobre a comunicação e seus contextos, enquanto se elaborava o
primeiro curso de difusão, para o público externo, sobre Comunicação e Poder, oferecido numa
Ismar de
Oliveira Soares
maio/agosto 2015 31
Caminhar com a Igreja
Curso de Pós-graduação – SEPAC
das salas da Paróquia São Judas e que teve, entre
seus palestrantes, o bispo Dom Cândido Padin
e os jornalistas Regina Festa e Carlos Eduardo
Lins da Silva.
Recordo-me que na linha do que hoje denominamos de educomunicação, o SEPAC ofereceu, em seus primeiros anos de atividade, entre
1982 e 1984, com o patrocínio da AEC – Associação de Educação Católica –, uma assessoria
aos colégios interessados em introduzir a comu-
32 O cooperador paulino
nicação em suas práticas. Um total de dez escolas
tomaram parte. Foram implementadas as ações
intercolegiais, numa perspectiva crítica e fazendo
uso de procedimentos comunicativos dialógicos
(como as “feiras de comunicação”, substituindo
as “feiras de ciências”).
Sem dúvida, a ação mais incisiva do SEPAC,
com repercussão na vida de toda a Igreja, no
Brasil, tem sido o Curso Teórico Prático de Especialização em Comunicação, realizado a partir
de convênios, inicialmente com a Universidade
São Francisco (de Bragança Paulista) e, na sequência, com a PUC/SP. A iniciativa mantém,
desde seu início, a mesma estrutura pedagógica
modular, agregando à teoria o exercício prático
do fazer comunicativo, reunindo interessados
em comunicação das mais diferentes partes do
Brasil. Estatísticas recentemente levantadas para
pesquisa acadêmica indicam que, de 1990 a 2014,
foram apresentadas e aprovadas 462 monografias.
Somando os alunos da especialização com os
que participaram de cursos livres de curta duração (nível de extensão cultural), nos 30 anos de
sua existência, o SEPAC manteve contato com
um total aproximado de 52 mil cursistas, em sua
maioria educadores ou agentes pastorais.
Outros tantos mantiveram contato com o
SEPAC a partir de suas publicações, com destaque, em seus inícios, para os livros sobre leitura
crítica da comunicação e, mais recentemente,
para os manuais sobre como usar os recursos da
informação para produzir comunicação a partir
de uma perspectiva dialógica e solidária.
Profissionalismo da produção midiática:
Família Cristã
O profissionalismo na prática comunicativa tem
distinguido a presença das Irmãs Paulinas na área
da produção midiática. Não falam de si ou de suas
obras. Falam das coisas do povo, à luz do pensamento cristão. É o que se pode verificar analisando a política editorial Família Cristã. Sem proselitismo, usando uma linguagem jornalística acessível
ao grande público, a revista tem sabido manter-se
O profissionalismo na prática comunicativa tem distinguido a presença das Irmãs
Paulinas na área da produção midiática. Não falam de si ou de suas obras. Falam
das coisas do povo, à luz do pensamento cristão
coerente com as visões mais atualizadas da Igreja
sobre os temas da contemporaneidade.
O mesmo compromisso e profissionalismo estão presentes nas práticas midiáticas voltadas para
o rádio, o audiovisual e a indústria fonográfica.
Contribuição com a CNBB
Outro importante setor que conta com a efetiva presença das Irmãs Paulinas tem sido o da
assessoria aos serviços de comunicação, em âmbito diocesano, regional e nacional. Em Brasília,
por anos seguidos, a Igreja vem testemunhando
a presença das Irmãs Paulinas em funções de
coordenação, quer na área da assessoria de imprensa quer no próprio Setor de Comunicação
Social da CNBB. Coube a uma Irmã Paulina, por
exemplo, a iniciativa de criar e implementar, a
partir de 1980, a Equipe de Reflexão do Setor
de Comunicação, acompanhando e liderando
um grupo de especialistas de renome nacional,
em importantes momentos para as políticas de
comunicação do país e para a pastoral da comunicação, no espaço da Igreja. Boa parte das reuniões da Equipe de Reflexão ocorreu na sede do
SEPAC, em São Paulo.
Tem sido também significativa a colaboração
das Paulinas com o episcopado em períodos em
que os bispos promovem ações de impacto para
a vida pastoral, como ocorreu no caso da Campanha da Fraternidade sobre a Comunicação
para a Justiça e a Paz, com a elaboração de um
texto-base que já apontava para a necessidade de
mudanças profundas no pensamento da instituição (1989) e, ainda, na preparação cuidadosa de
textos que subsidiaram a formulação de documentos vitais para a história da pastoral da comunicação, como o documento sobre Igreja e
Comunicação (1996) e o próprio Diretório de
Comunicação da Igreja no Brasil (2014). No caso
do Diretório, três Irmãs Paulinas compuseram a
equipe de redação do documento.
Educomunicação: Protagonismo
e colaboração interinstitucional
Finalizo meu testemunho/homenagem à Congregação das Filhas de São Paulo, na certeza de
que padre Alberione e Irmã Tecla Merlo devem
sentir-se orgulhosos de suas discípulas em terras brasileiras, especialmente por permanecerem
permanentemente atentas e sintonizadas com os
momentos de transformação pelos quais passam
as próprias teorias e práticas da comunicação. É o
caso do recém-identificado campo da educomunicação. Nesse sentido, as Paulinas foram além, ao
abrigar o novo conceito, colocando-se a serviço
de sua difusão e de seu debate, em nível nacional.
Foi o que ocorreu com o apoio dado, durante
aproximadamente uma década, à publicação da
revista Comunicação & Educação, da ECA/USP
e, mais recentemente, com a criação de uma
coleção de livros sobre o tema da Educomunicação. Em setembro de 2013, o SEPAC acolheu
o IV Encontro Brasileiro de Educomunicação,
recebendo com simpatia e profissionalismo os
gestores e pesquisadores da área, vindos de todos
os rincões do país.
Este é meu testemunho, minha homenagem e
minha gratidão.
maio/agosto 2015 33
Testemunho
A presença de Paulinas na
formação da família brasileira
Bem- aventuradas as andarilhas de Deus (Alberione)
Cleusa Thewes
É
de significativa relevância, abrangência e
cuidado, a presença de Paulinas no que se
refere à formação humana e religiosa da
família brasileira. Impulsionadas pelo convite do
Mestre: “Ide e evangelizai”, as Irmãs Paulinas deixaram o berço italiano, cruzaram o oceano e vieram
cumprir sua missão evangelizadora no Brasil.
Iniciaram sua vida no Brasil como verdadeiras
andarilhas de Deus, de casa em casa. As famílias as
receberam, tal qual um anjo enviado. Nas visitas domiciliares, elas ouviram dores e ofertaram conforto.
E como não podia deixar de ser, adotaram a família
brasileira com amorosidade e intenção evangelizadora.
As publicações de Paulinas, abertas e sensíveis às
necessidades dos pais e dos filhos, em sua missão
evangelizadora, contribuem, e muito, para a formação familiar, para a saúde dos afetos e dos valores
morais e espirituais de todos.
As Paulinas identificam as necessidades da socie34 cooperador paulino
dade e suas fragilidades com visão apostólica. Indo
ao encontro das famílias com os recursos da atualidade, introduzem novos meios de formação familiar
na sociedade brasileira. Fazem uso de recursos tecnológicos atuais para chegar aos lares: falam, cantam,
criam multimídias, inventam revistas, editam livros,
ocupam espaços na mídia e ampliam as redes de
comunicação e formação com o mundo familiar.
Entram nas redes sociais e expandem a mensagem
de Jesus na comunidade e no ambiente doméstico.
Deste modo, levam orientação cristã e saúde aos
lares através de livros, revistas, cds, dvds, multimídias,
com visão psicossocial e dimensão espiritual. Impossível dimensionar a cura e a ressonância destes
veículos nas mentes, nos corações e na vida da sociedade brasileira.
As Paulinas, eternas andarilhas de Deus, levam
sempre, em suas malas peregrinas, os segredos do
amor de Jesus.
A família brasileira agradece seu cuidado!
25 cooperador paulino setembro/dezembro 2012

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