Projecto nº 125/ 4221/ 2006 Coordenação de Manuel Araújo
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Projecto nº 125/ 4221/ 2006 Coordenação de Manuel Araújo
Projecto nº 125/ 4221/ 2006 Coordenação de Manuel Araújo Ficha Técnica Título Send in Force Too Entidade Responsável Mundos de Vida, Associação para a Educação e Solidariedade Equipa Técnica Manuel Araújo (Coordenador) Luísa Oliveira Manuela Coutinho Alice Matos Teresa Dieguez Luís Filipe Pinto Cecília Pinto Ana Luísa Carvalho Celina Claúdio Jonathan Almeida João Carujo Sofia Lima Morada Entidade Responsável Rua da Quinta da Serra,101 | 4760 - 683 Lousado Grafismo e Paginação Desincoop Local Edição Guimarães Impressão Gráfica Covense - Guimarães 1ª Edição Agosto 2008 Depósito Legal nº. ISBN 978-989-95986-0-7 Tiragem Índice Introdução Contextualização e Enquadramento da Temática Metodologia Análise dos Dados Contextualização Socioeconómica dos Países Parceiros A Economia Social nos Países Parceiros Apresentação dos Parceiros Transnacionais Experiências de Aprendizagem Transnacionais Conclusões 1 15 31 43 45 57 67 85 195 Lições Aprendidas pela Parceria Portuguesa Recomendações 197 Referências Bibliográficas 217 Referências Bibliográficas Consultadas Online Websites Consultados 241 Siglas 271 209 249 introdução Send in Force Too Introdução “No Século XXI, a Europa poderá ser líder mundial, mas não pela força dos seus exércitos nem pelo domínio da sua economia, senão pela vitalidade da sua democracia, pela criatividade da sua cultura, pela valorização do seu ambiente e, acima de tudo, pela solidariedade demonstrada e gerada pelos seus cidadãos, pelas suas organizações e pelas suas estruturas sociais.” Alberto de Melo A década de noventa, na Europa, foi marcada pela introdução da questão do emprego na agenda política europeia, verificando-se, na transição de século, um alargamento do âmbito de competências da União Europeia (UE), conferidas pelos diferentes Tratados entretanto celebrados. Estes, por sua vez, passaram a modelar as diferentes políticas nacionais, como nunca tinha acontecido, tendo estas ficado orientadas para horizontes temporais fixados a nível europeu. A crise do emprego não poderá ser unicamente atribuída ao processo crescente da globalização, ela tem um carácter multidimensional e reflecte, sobretudo, os modelos de organização do trabalho e as desigualdades que já se verificavam em termos da participação, remuneração e qualificações. Bihr e Pfeefferkorn, citados por Saraceno (2004) salientam que no decurso das décadas de oitenta e noventa a questão da igualdade entre os sexos foi largamente ocultada. Os direitos dos trabalhadores estavam já assegurados, na maioria dos países ocidentais, mas os direitos específicos das mulheres trabalhadoras, na sua capacidade para serem mães, continuaram ausentes no quadro jurídico de muitos países. Em alguns dos países membros verificava-se uma desigualdade de género, em termos de participação no mercado de trabalho, especialmente ao nível regional, com maior participação da mulher nas regiões urbanas mais industrializadas e uma completa desvalorização do trabalho da mulher no mundo rural. A inovação tecnológica no processo produtivo deu também maior visibilidade 3 Send in Force Too Introdução às desigualdades de alguns grupos específicos da população, relativamente ao mercado de trabalho, principalmente aos menos escolarizados ou portadores de alguma deficiência. Para Castells a “nova pobreza” está associada à ausência de competências para lidar com a “sociedade da informação” (Gomes, 2003: 1). A escolarização, em especial da população adulta, aparece como um novo desafio para as políticas públicas, como um instrumento para fazer face às exigências de competências básicas ao nível da leitura, escrita e cálculo. Outros estudos defendem (Madureira, 2000: 3) que, ainda durante os anos noventa, o potencial produtivo conferido pelas novas tecnologias (robotização e informatização em particular) poderia ter funcionado como elemento adjuvante principal na edificação de novas orientações no capítulo das qualificações profissionais. Ainda, segundo Castells (1999: 12) “… a massa de trabalhadores genéricos circula por vários empregos, cada vez mais por trabalhos eventuais, com muita descontinuidade. (…) frequentemente em actividades informais…”. Esta perda da relação estável com o emprego conduz a outras perdas pessoais (família, saúde, empregabilidade, bens e crédito) que se ligam entre si, provocando “a espiral descendente da exclusão social” rumo ao que o autor apelida de “os buracos negros do capitalismo informacional”, dos quais, Castells conclui “é difícil escapar.”. O autor sustenta esta afirmação com a evidência dos dados estatísticos. Bruto da Costa (1998) situa, por sua vez, a noção de exclusão social como: … pertencendo à perspectiva própria da tradição francesa na análise de pessoas e grupos desfavorecidos. Em termos simplificados, Robert Castel – sociólogo francês e uma das principais referências nesta matéria – define “exclusão social” como a fase extrema do processo de “marginalização”, entendido este como um percurso “descendente”, ao longo do qual se verificam sucessivas rupturas na relação do indivíduo com a sociedade. 4 Send in Force Too Introdução Um ponto relevante desse percurso corresponde à ruptura em relação ao mercado de trabalho, a qual se traduz em desemprego (sobretudo desemprego prolongado) ou mesmo num “desligamento” irreversível face a esse mercado. Bruto da Costa define a “exclusão social” como a fase extrema da exclusão, caracterizada não só pela ruptura com o mercado de trabalho, mas também por rupturas familiares, afectivas e de amizade, ou seja, rupturas relacionais. Os problemas estruturais e as dificuldades macroeconómicas dos anos noventa fizeram emergir a necessidade de uma resposta coordenada a este fenómeno a nível europeu mas que também o é a nível global. O chamado “Livro Branco Delors”, de 1993, sobre o crescimento, a competitividade e o emprego, lançou as bases para uma verdadeira cooperação no plano europeu. A partir deste documento, o Conselho Europeu de Essen identificou cinco objectivos fundamentais, que os Estados-Membros se comprometeram a prosseguir: •Desenvolvimento dos recursos humanos através da formação profissio- nal; • Apoio aos investimentos produtivos por meio de políticas salariais moderadas; •Melhoria da eficácia das instituições do mercado de trabalho; •Identificação de novas fontes de emprego por via das iniciativas locais; •Promoção do acesso ao mercado de trabalho de certos grupos, como os jovens, os desempregados de longa duração e as mulheres. Em 1994, segundo estimativas da então Comissão Europeia (CE), existiam nas diferentes tipologias de desemprego cerca de 3 milhões de activos em situação de desemprego cíclico, entre 6 a 7,5 milhões em desemprego clássico puro e igualmente entre 6 a 7,5 milhões em situação de desemprego estrutural. Teoricamente associa-se a situação de desemprego a exclusão, foi também 5 Send in Force Too Introdução essa consciência que esteve presente em todas as estratégias políticas de combate a este último fenómeno, quer as de carácter preventivo, quer as que procuravam retirar os que já se encontravam nessa situação. O Fundo Social Europeu (FSE) tem sido o instrumento mais importante na aplicação destas estratégias, definindo objectivos, metodologias e fornecendo os meios financeiros para lhes dar corpo. Foi ainda durante este período, que através do FSE, se financiaram mais de dez mil projectos, por intermédio da Iniciativa Comunitária ADAPT que teve por objectivo a transformação do modo como as empresas, as organizações de apoio às empresas e os próprios trabalhadores enfrentam as mutações económicas e tecnológicas. Por sua vez, a Iniciativa Comunitária EMPREGO, dirigiu-se a grupos de pessoas confrontadas com dificuldades mais específicas no acesso ao mercado de trabalho, sendo constituída por quatro vertentes: NOW para a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens, HORIZON para as pessoas com deficiência, INTEGRA para as pessoas vítimas de exclusão e YOUTHSTART para os jovens. A queda do Muro de Berlim e todas as mutações que caracterizaram a década seguinte exerceram uma forte influência sobre um conjunto de cientistas, das mais variadas formações, Baudrillard, Lipovetsky, Touraine, Diani, Drucker, Senge entre muitos outros, que encetaram uma conceptualização de todo um processo de contornos globais, multidimensional e complexo que, por sua vez, deu origem a visões, por vezes antagónicas e paradoxais mas simultaneamente complementares, dos contextos sociais, económicos e culturais vividos neste período. Foi a década do conceito de movimentos sociais. Nascidos em torno de crenças e orientações, informais na sua génese, por oposição a um conjunto de situações e conflitos, muitos deles acabaram por se estruturar em redes de organizações. 6 Send in Force Too Introdução A Europa política desperta para a importância que pode assumir a Economia Social e tenta criar um quadro jurídico que ajude a clarificar a diversidade de iniciativas deste sector. São lançadas, em 1992, pela CE, três propostas, cuja discussão se arrasta, de acordo com a capacidade organizativa de cada uma das formas jurídicas em causa (Associações, Fundações, Cooperativas), do aparecimento de líderes de algumas “famílias”, dos focos de intervenção do país que domina o sistema da presidência em alternância. A Estratégia Europeia para o Emprego (EEE), lançada na Cimeira do Luxemburgo, em 1997, tinha três objectivos principais: o pleno emprego, a qualidade e a produtividade do trabalho, bem como a coesão e a inclusão regional e social. Foi concebida como o principal instrumento para assegurar a coordenação das políticas de emprego dos Estados-Membros. Os Planos Nacionais para o Emprego (PNE) foram criados com o objectivo de coordenar as políticas nacionais e apontar as melhoras práticas como instrumento de disseminação a nível nacional e europeu. Nesse mesmo ano, embora de forma indirecta, a Economia Social aparece referida nos textos da Comissão (papel das Associações e Fundações na Europa), promoção do diálogo com a sociedade civil e como parceira para aplicação dos fundos estruturais. Na Cimeira de Nice foram estabelecidos os Planos Nacionais de Acção para a Inclusão (PNAI), como instrumentos de coordenação das acções de combate à pobreza e exclusão sociais, complementando desta forma os PNEs. Como refere Jeantet, A Economia Social surgiu assim, pouco a pouco, como um agente incontornável das acções públicas, das acções de luta contra as desigualdades, sem que lhe fossem propostas quaisquer contrapartidas claras em termos de reconhecimento durável, de orçamentos plurianuais, etc. (2002: 149). 7 Send in Force Too Introdução Apesar da importância que a Economia Social demonstrou, em praticamente todos os países da Europa, a implementação das medidas associadas ao crescimento, emprego e coesão social e ao seu quadro regulador evidenciam uma tendência, quer europeia, quer a nível dos Estados-Membros, de serem as autoridades públicas quem define o quadro de acção/ financiamento e o tipo de parcerias que as irão levar a cabo. Segundo Westphalen (2001), os motivos desta tendência dividem os analistas, sendo que uns apontam a incapacidade dos governos e outros consideram uma evolução natural do conceito de governação para governança. Este último, foi objecto de um Livro Branco (2001: 16), onde se valorizou o papel da sociedade civil e a sua participação na prossecução dos objectivos da União, ao mesmo tempo, alertou que essa participação deveria obedecer aos princípios da boa governança que incluem a responsabilização e a abertura. Laville (2002) contrapõe que a realidade histórica tem demonstrado que a cons-tituição de Associações, organizações da sociedade civil, foram uma forma de reacção da sociedade às falhas do mercado, assim como o aparecimento do Estado protector também o foi, e continua, afirmando, que o motivo desta novidade, de as instituições estimularem o associativismo, se encontra noutras esferas, e que este esforço, de constituição de parcerias público e privado, não significa que haja por este processo um progresso real na participação cidadã. Já em Março de 2000, na Agenda de Política Social e na estratégia definida no Conselho Europeu de Lisboa, era sublinhada a necessidade de avançar na perspectiva do pleno emprego com a criação, não só de mais, mas também de melhores empregos, ao mesmo tempo que se deveria consagrar o direito ao trabalho enquanto direito fundamental de homens e mulheres. O Conselho Europeu de Lisboa sublinhou a necessidade de progredir nas seguintes vertentes: 8 Send in Force Too Introdução •Características específicas do emprego: remuneração, horário, conteúdo, exigências; •Natureza do ambiente de trabalho, condições de trabalho, oportunidades de formação, perspectivas de carreira, padrões de higiene e segurança, realização pessoal e como os trabalhadores apreendem todos estes factores. Assim, a melhoria da qualidade no trabalho é parte integrante de um círculo de produtividade acrescida, elevados padrões de vida e crescimento económico sustentado, mas também de mais justiça social. O pleno emprego sempre foi um dos objectivos da Comunidade, já presente no Tratado de Roma, assim como o desenvolvimento da qualidade no trabalho é, desde 2001 (COM (2001), 313 final), uma presença constante nos documentos europeus. Anna Diamantopolou, Comissária Europeia responsável pelo Emprego e Assuntos Sociais, referiu que no mundo do trabalho as interacções são múltiplas, corroborando as conclusões do Conselho de Nice sobre os desafios da globalização, do alargamento e das rápidas mudanças no domínio tecnológico, social e demográfico. O Conselho de Nice considerou que: Para enfrentar estes novos desafios, a agenda (de Política Social) deve […] colocar a tónica em todos os sectores da política social de promoção da qualidade. A qualidade da formação, a qualidade do trabalho, a qualidade das relações laborais e a qualidade da política social no seu conjunto são factores essenciais para que a União Europeia atinja os objectivos que se fixou em matéria de competitividade e de pleno emprego. (COM (2001), 313 final: 3). Diamantopolou referiu ser ainda a qualidade o elemento de ligação da competitividade com coesão, da produtividade com elevados padrões de vida pelo que é, em seu entender, “a força motora do modelo social europeu”. 9 Send in Force Too Introdução Em 7 de Novembro de 2001, numa entrevista a propósito do aumento do desemprego na aviação, afirmou que as respostas não podem ser meramente legislativas e que deveriam as instâncias europeias assumir as suas responsabilidades, gerir as crises, propor e adoptar soluções salvaguardando um modelo europeu assente na solidariedade. A partir da década de noventa, como já referimos, a reflexão dos cientistas sociais faz-se em torno de novos conceitos, muitos deles relacionados com este conceito de coesão social. A coesão social é um conceito utilizado largamente no contexto europeu onde “competitividade e coesão social” emergem como objectivos convergentes da UE. Sem definição precisa, evoca a ideia de adesão dos cidadãos a valores comuns face a um bem-estar partilhado, o que inclui geralmente, pelo menos, três dimensões básicas: uma relacional (solidariedade estruturada, redes sociais e capital social), outra cultural (modelo comum de valores, identificação de grupo, direitos sociais garantidos) e, finalmente, outra económica, ligada à garantia das condições mínimas de vida e de acesso aos pilares básicos de inserção na estrutura social – habitação, educação, saúde, emprego. (CCDRLVT, 2002). A ruptura de qualquer destes elementos pode ser sinónimo de um processo de exclusão e pobreza “sem retorno” tal como já foi, por nós evidenciado. A Era da Informação aumenta as possibilidades de ruptura social, porque, segundo Castells (1999), a nova economia organizada em torno de redes globais de capital e informação, afectam não só as relações sociais e técnicas mas também a cultura e o exercício do poder. O ano de 2000 representará na história da UE um marco importante de transição para a Sociedade do Conhecimento, que se baseia fundamentalmente na elevada qualificação dos recursos humanos. A Estratégia de Lisboa assentava em três pilares: economia e crescimento, emprego e modelo social euro- 10 Send in Force Too Introdução peu, e preocupações sobre o ambiente. Portugal, nessa época, defrontava-se com problemas graves ao nível da qualificação e escolarização da população que se reflectia na baixa produtividade e consequente falta de sustentabilidade das empresas. Estes eram alguns dos motivos que dificultaram o processo de incorporação das exigências da inovação e da competitividade. Passados seis anos, Portugal continuava a ter um desempenho fraco em termos de inovação, 18º lugar entre os 25 Estados-Membros da Europa, embora se encontre entre o grupo de países em recuperação. Em 2000, arranca a primeira fase da Iniciativa Comunitária Equal (IC Equal) que se destinava a eliminar os factores que estão na origem das desigualdades e discriminações no acesso ao mercado de trabalho e na manutenção do trabalho por via da adopção de novos instrumentos de gestão e de formação específica em alguns domínios. Esta Iniciativa, inserida no âmbito da EEE, visava promover novas práticas de luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade relacionadas com o mercado de trabalho. Aprovada para o período 2000-2006, decorreu em duas fases e assentava em seis princípios: •Abordagem Temática; •Inovação; •Parcerias; •Responsabilização; •Generalização e integração ao nível das políticas (mainstreaming); •Transnacionalidade. A Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos/as trabalhadores/as, de 19 de Dezembro de 1989, da UE de 7 de Dezembro de 2000, estabelece 11 Send in Force Too Introdução que “… deve ser garantida a igualdade entre homens e mulheres em todos os domínios…” e “assegurada a protecção da família nos planos jurídico, económico e social”, e no sentido de promover a conciliação da vida familiar com a actividade profissional todos os cidadãos “… tenham direito a protecção contra o despedimento, por motivos ligados à maternidade, bem como a uma licença por maternidade paga e a uma licença parental por nascimento ou adopção de um filho.”. Estes dois instrumentos e a IC Equal deram origem a um novo ambiente relacional entre diferentes actores, que desenvolveram projectos orientados pelos objectivos definidos comunitariamente, com uma estrutura cada vez mais transdisciplinar e intersectorial, a maior parte das vezes em parcerias de base local ou regional. O conceito de parceria entra, deste modo, na linguagem da intervenção na comunidade. Se o conceito de comunidade mobilizou os actores sociais, através das organizações de Economia Social, primeiro no sentido de combater as bolsas de pobreza e isolamento de alguns territórios (década de oitenta), fruto da desertificação crescente e evolução das assimetrias regionais, agora, a evolução do conceito de parceria e articulação em rede, tende cada vez mais a criar condições para o desenvolvimento regional. O conceito de parceria, no âmbito da Equal, distingue-se pelo facto de corresponder a esse novo conceito, o de parceria estratégica, constituída para actuar num âmbito temático concreto, devendo ser constituída por agentes de diversa natureza e dimensão, nomeadamente instituições públicas, Organizações Não Governamentais (ONG), sector empresarial e parceiros sociais. Um dos requisitos que estas parcerias deveriam cumprir, e daí serem designadas Parcerias de Desenvolvimento (PD), era assegurar a coerência das actividades que se propunham desenvolver com as necessidades de desenvolvimento do território. 12 Send in Force Too Introdução Deste modo, a filosofia da Equal constituiu um poderoso instrumento para reafirmar a importância das Redes Colaborativas, sobretudo as de carácter local, como um … processo de captação, articulação e optimização de energias, recursos e competências, capaz de gerar um sistema de relacionamentos que organiza indivíduos e instituições de forma igualitária, em torno de um objectivo ou agenda comum de carácter público. (Ribas, 2007). Mário Murteira, relativamente ao crescimento das ONGs, diz que embora estas assumam diversas formas de associação e com diferentes objectivos em prol do desenvolvimento humano, “… parece possível e desejável desenvolver redes de comunicação e partilha entre tais organizações.” (Murteira, 2005). Um dos objectivos da IC Equal (2000) tem sido “… a promoção do intercâmbio transnacional de Boas Práticas desenvolvidas, ensaiadas e validadas a nível local ou nacional, através de novas estratégias de acção.”. Contudo, será utópico esperar que os seus resultados sejam imediatos. Convém recordar que a Equal se distingue pelo seu carácter preventivo, por tentar corrigir a montante dos problemas, de qualquer modo, o que é de valorizar nestes processos transnacionais é o esforço para destruir, de vez, as fronteiras entre os povos e os problemas que os atingem, criando laços e uma cultura de paz. Mesmo que subjacentes a estas políticas sociais existam outros motivos de carácter político e financeiro, a história provou já, que cabe aos homens a imposição de limites e de orientações éticas na sua acção, na dos Estados e das organizações em geral. É neste espaço que a Economia Social continua a ter cada vez mais a sua razão de ser e crescer. Assente em valores de solidariedade, lealdade e justiça, não se contenta com o papel que lhe tem vindo a ser atribuído de só servir para responder a necessidades que o Estado e a sociedade não conseguem satisfazer, como é frequentemente descrita. A Econo- 13 Send in Force Too Introdução mia Social é o espaço de liberdade onde os cidadãos despertam para novas necessidades imateriais. 14 contextualização e enquadramento da temática Send in Force Too Temática Contextualização e Enquadramento da O Acordo de Cooperação Transnacional (ACT), celebrado no âmbito da Segunda Fase da Iniciativa Comunitária Equal (IC Equal), e que deu origem a este Estudo, nasceu da identificação de algumas das preocupações das Parcerias de Desenvolvimento (PD), que o negociaram, relativamente ao tipo e dimensão dos problemas que assolam os seus países (Itália, Grécia e Polónia) e as suas regiões (Lazio, Abruzzo, Thessalia, Creta e Dolnoslaskie Voivodship), nomeadamente crescente desemprego, baixas qualificações da população activa, envelhecimento da população e o recente interesse do sector lucrativo pela área social. Estes problemas, como iremos demonstrar mais adiante, são transversais aos países que celebraram o ACT e que por via da candidatura à Medida 4.2.2.1 se tornou o nosso objecto de Estudo de Caso. Existe, ainda, a constatação de que, ao nível europeu e em concreto nos países que foram objecto deste Estudo, existem diferentes velocidades no desenvolvimento da Economia Social. Também se continua a constatar que neles é crescente a importância e a expectativa sobre estas organizações, pela sua reconhecida capacidade de satisfação das necessidades das populações. Por fim, também se admite, que nem sempre existe consciência do carácter inovador dessas experiências, nem um verdadeiro reconhecimento, público e político, de quanto elas significam na mobilização das populações, da sua inclusão e no desenvolvimento das comunidades e das regiões. Daí a importância que se atribuiu à existência de uma investigação que salientasse e agregasse outros estudos, já efectuados no âmbito de outros projectos, de outros financiamentos, independentemente da sua natureza académica ou não. Uma outra dimensão, prevista em candidatura, era envolver alguns dos actores, das experiências inovadoras e de sucesso, que fossem detectadas pela investigação, convidando-os para participarem activamente, testemunhando as suas experiências. Finalmente, pretendia-se fomentar e alicerçar a ideia de que a Europa se constrói pela edificação conjunta de soluções para 17 Send in Force Too Temática Contextualização e Enquadramento da os mesmos problemas, embora eles ocorram em diferentes contextos geográficos. Na sequência de tudo o que já foi exposto, podemos sintetizar dizendo, que o problema subjacente a todos os parceiros centrou-se nos fenómenos da exclusão social e profissional dos grupos de pessoas desfavorecidas, e da necessidade de melhorar a qualidade dos serviços que lhe são oferecidos, no sentido de promover a sua inclusão social. Para cumprir esse objectivo foram definidas actividades, no âmbito do ACT, cuja finalidade era reunir informação sobre instrumentos que permitissem proporcionar a estes grupos-alvo da população, após a conclusão desta fase da IC Equal, os apoios e instrumentos essenciais (motivação, formação e competências profissionais) e, ainda, criar estruturas institucionais de suporte, modernas e eficazes (informação, apoios de actores públicos e privados), para facilitar a sua integração no mercado de trabalho. Através da Medida 4.2.2.1 do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS) foi possível retomar uma relação iniciada no âmbito da IC Equal, com o objectivo de acompanhar o desenvolvimento de um ACT, e que passou, deste modo, a ser estudado por um Programa igualmente financiado pelo Fundo Social Europeu (FSE). Esta interligação entre diferentes financiamentos permitiu, em parte, uma avaliação on going do ACT, e por outro lado, deu a Portugal uma nova oportunidade, a de contribuir e partilhar a identificação de Boas Práticas nacionais que foram alvo de Visitas de Estudo. O carácter distintivo deste Estudo foi a sua transnacionalidade e a valorização de outras intervenções, ao nível nacional, cuja constância pode ser considerada um factor crítico de sucesso. Na fase de negociação do ACT previu-se destacar, em especial, aquelas que já tinham sido objecto de financiamentos europeus, o que a equipa portuguesa procurou cumprir, contudo, esta tarefa re- 18 Send in Force Too Temática Contextualização e Enquadramento da velou-se complicada para todos os parceiros e não foi concretizada na sua totalidade. A estratégia transnacional visava, ainda, enriquecer as experiências e práticas dos diferentes parceiros, no respeito pelos projectos nacionais, complementando e integrando os resultados das actividades, previstas no ACT. Deste modo, a transnacionalidade responderia a um dos objectivos da IC Equal, o de contribuir para melhorar os resultados dos projectos nacionais. Esta estratégia ficou, para alguns dos parceiros, como um dos contributos a integrar na Acção 3 dos seus respectivos projectos nacionais. A ideia genérica foi ligar todas as actividades num único processo alcançado através de três grandes meios: 1) Envolvimento de actores locais e investigadores numa investigação/ estudo conjunto, desenvolvendo tópicos específicos: estruturação de problemas e desafios a enfrentar, práticas e metodologias a adoptar; 2) Organização de algumas Experiências de Aprendizagem Transnacionais (EAT) envolvendo beneficiários intermédios, baseadas em análises de experiências e práticas concretas em contextos europeus; 3) Capitalização dos trajectos aprendidos produzindo e distribuindo Livros de Bolso sobre as tendências de evolução das Práticas. O elemento-chave da estratégia transnacional foi promover a participação e cooperação dos parceiros nacionais e dos beneficiários finais em cada etapa das actividades. Foram criados como órgãos de decisão, para desenvolver o plano de trabalho transnacional, uma Comissão Directiva, constituída pelos coordenadores de cada PD, cinco no total, e um representante da parceria portuguesa e, ainda, uma Comissão de Avaliação com a participação de uma avaliadora externa e um representante de cada PD. Foi, ainda, criado um Secretariado Técnico 19 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da Transnacional, para dar apoio à Comissão Directiva, na organização e na coordenação das actividades e na comunicação interna, que se previa fluente, via correio electrónico e telefone, como elemento-chave das actividades transnacionais. Um outro processo de partilha, previsto para a troca de “instrumentos virtuais”, foi a criação de um website do projecto e de uma newsletter de modo a melhor se tirar partido da facilidade na partilha e das experiências de cada participante. Foi usada uma única língua, o inglês, para facilitar a comunicação. Foram, conjuntamente, desenvolvidos procedimentos para se poder levar a cabo o projecto, ao nível de cada parceria nacional para facilitar o desenvolvimento dos trabalhos, optimizando as diferentes competências dos parceiros. A transparência nos processos foi a filosofia definida para este projecto transnacional. Para assegurar o desenvolvimento transversal, em temas comuns aos diferentes parceiros, foram organizados três Grupos de Trabalho Transnacionais (GTT) relacionados com a experimentação, no terreno, ao nível nacional. Por este motivo, se recorreu também, neste Pedido de Financiamento ao POEFDS, à figura da parceria, para aliar esta dimensão da experimentação no terreno com a experiência na investigação. Assim, houve pelo menos um representante de cada parceiro em cada GTT juntando competências diferentes para o aprofundamento de cada tema, nas suas diferentes perspectivas, contribuindo para o desenho das EATs. Foram também responsáveis pela delimitação do Estudo, pelo desenho dos instrumentos de pesquisa ao nível nacional, e, pela sua partilha e transferência ao nível nacional e transnacional. Na sequência da reflexão promovida pela Rede Europeia Émergence des En- treprises Sociales en Europe (EMES), na década 1996-2006, no âmbito dos pro- 20 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da jectos Emergence of Social Enterprise in Europe PERSE, ELEXIS, os objectivos da pesquisa transnacional conduziram a um afinamento do conceito de Empresa Social, conferindo-lhe um enfoque particular, em termos do seu papel no domínio da integração pelo trabalho de grupos sociais desfavorecidos. Partiu-se, assim, do conceito de Work Integration Social Enterprise (WISE) ou Empresa Social de Integração pelo Trabalho, conceito este que tem na sua base a consideração dos seguintes critérios: • O desenvolvimento de actividade económica, isto é, produção de bens e/ ou serviços que permitam a obtenção de recursos de mercado; • Um nível elevado de autonomia financeira; • Um nível razoável de risco em termos económicos (uma percentagem do trabalho realizado ser paga pelos recursos que a iniciativa mobiliza); • Ser uma iniciativa promovida por um grupo de cidadãos/ ãs; • Os processos de tomada de decisão não serem baseados na posse de capital; • A promoção do empowerment dos/ as beneficiários/ as; • A existência de um limite para distribuição dos lucros; • Objectivos que promovam e beneficiem as comunidades em que a actividade se desenvolve. Durante os anos noventa, o sector da Economia Social intensificou a dinamização e criação de Redes para que as suas iniciativas alcançassem uma maior visibilidade, sobretudo junto dos poderes públicos e das instituições europeias. Graças à acção de muitas dessas Redes nasceram novas iniciativas, ao nível europeu, que vieram a ser apoiadas, mais tarde, por Fundos Comunitários e muitas e novas temáticas ganharam uma importância e dimensão que antes não tinham. Contudo, as dinâmicas implementadas nem sempre conseguiram manter-se estáveis. O desenvolvimento de Redes é também um processo de aprendizagem cultural, que precisa de tempo e apoios continuados, o que nem sempre se verificou. 21 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da Algumas medidas específicas foram criadas para suportar as acções, sobretudo de dinamização e aprofundamento destas Redes, que se polarizaram em determinados países onde encontraram membros mais dinâmicos. A sua sobrevivência deveu-se muito ao seu capital social, que exploraram a favor das mesmas. Agregaram-lhes outros tipos de organismos e, frequentemente, investigadores especializados em temáticas de grande pertinência no sector. Este conjunto de factores exemplifica o valor do capital social enquanto conceito que realça o poder e a influência positiva das relações, num sentido muito próximo do enunciado por Bourdieu (1980), e que no caso concreto, contribuiu para a sobrevivência, credibilização da intervenção e reconhecimento, do ponto de vista institucional, das Redes ligadas à Economia Social. Este fenómeno das Redes exprime um discurso público, sustentado pela Comissão Europeia através da publicação do “Livro Branco da Política Social Europeia” (1994) e de todos os restantes documentos de justificação das dotações dos Fundos Comunitários, no combate ao fenómeno de exclusão social, nas suas mais variadas manifestações. Trata-se de uma intervenção que apela à solidariedade local, à negociação entre actores, à resolução integrada de problemas e à sua delimitação espacial. No entanto, os problemas que afectam hoje os cidadãos de um dado território, não estão imunes à influência de um fenómeno tão complexo como a globalização. As suas consequências escapam de forma descontrolada e imprevisível às teias construídas pela acção dos Governos. Por este motivo, é ilusório pensar que o combate à exclusão se pode fazer unicamente por via da intervenção de Redes Locais. O desencanto das principais Redes europeias ficou bem patente na Conferência realizada no dia 3 de Dezembro de 2007, em Bruxelas, “Social Economy: a Key Sector for Growth and Jobs”, onde os representantes das principais “famílias” da Economia Social apelaram a um esforço de mobilização para uma cidadania mais activa, numa União Europeia (UE) que também deveria contri- 22 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da buir e, ao mesmo tempo adaptar e renovar o seu “modelo de coesão social”. Este parece já não estar tão presente quando os responsáveis europeus são interpelados sobre este sector, pelo que os seus dirigentes invocam para que se assuma, abertamente, que se procuram novos modelos de coesão social na Europa. Alguns, mais críticos, referem que o modelo social europeu não passou de uma construção teórica. A experiência adquirida, durante os últimos anos, exige uma reflexão sobre as oportunidades que se abrem com o novo período de programação e exige uma mudança estratégica do posicionamento das grandes Redes. A intervenção em Rede pode oferecer oportunidades, sobretudo ao nível do acesso a informação privilegiada e a quem tem poder de decisão, mas também apresenta constrangimentos para os que ficam excluídos, sobretudo em Redes muito densas. Alguns teóricos como Nan Lin (1999), Wasserman e Faust (1999) analisaram o funcionamento das Redes e do capital social, pelo que hoje já se dispõe de modelos conceptuais de grande utilidade para levar a cabo um estudo sobre o funcionamento das grandes Redes existentes. No sentido de se proporcionar alguma eficácia a este tipo de funcionamento, que não é novo, antes vai tendo novas designações, é imprescindível para as grandes Redes europeias, encontrar aliados, sobretudo ao nível das parcerias locais. Estas devem-se assumir como portadoras de novas propostas e alternativas que respondam às reais necessidades sentidas pelos públicos-alvo, e diagnosticadas, no terreno, pelas organizações de Economia Social e seus parceiros locais. Trata-se no fundo de dar voz aos direitos sociais quando eles são ameaçados por uma ordem económica que rege as políticas sociais, desumanizando-as. Os dirigentes associativos de hoje não se podem isolar e esperar que o poder político tome a iniciativa, já Drucker (1997) tinha afirmado que os voluntários precisam de desafios. Eles continuam a existir, só falta motivação nos actuais 23 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da dirigentes e mobilização nas novas gerações de cidadãos. Para tornar possível este rejuvenescimento geracional é imprescindível, como referiu Drucker, que estes conheçam a missão das organizações e acreditem nelas. Os desafios que se vivem hoje, em pleno séc. XXI, são diferentes dos que levaram Touraine a definir a década de noventa, como a década dos que estão dentro do sistema económico e beneficiam dele e dos que estão fora e são afectados por ele. Hoje, os que estão dentro dele, também são afectados pelas mutações económicas e políticas, vislumbrando-se por esse motivo novos grupos de “excluídos”. Estes já não serão apenas os que abandonaram o sistema de ensino para precocemente entrar no mercado de trabalho, são todos os que engrossaram as filas do sistema de ensino obrigatório. São, ainda, os que prolongaram a sua entrada na vida activa, passando pelos bancos das Universidades, com a expectativa de uma progressão meteórica numa carreira marcada pelo individualismo e pela competição. A estes, juntam-se todos os outros (os desempregados de longa duração, os portadores de deficiência, os imigrantes). A incerteza, o medo e a ansiedade dominam hoje a vida de milhares de europeus enquanto o discurso político sobre a qualidade de vida, o bem-estar como objectivo das políticas, continua intocável e imperturbável face aos sentimentos dos cidadãos que delas dependem. Para Ramonet (2002) é neste contexto generalizado de decepções e incertezas que se estruturam dois novos paradigmas, um, é a comunicação, o outro, o mercado. E onde fica então a Economia Social, neste novo mundo onde as relações e os laços se estruturam nas auto-estradas da Sociedade da Informação? O paradoxo actual situa-se na indefinição do que é o território, o local. O aparecimento da Internet transformou os limites e o alcance dos nossos problemas. 24 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da Voltando a Ramonet, podemos acrescentar que a Internet também nos tiraniza, monopoliza e “exerce sobre os cidadãos uma verdadeira opressão” (2002: 262). A história da Economia Social, nas suas diferentes manifestações, demonstrou-nos que enquanto espaço de cidadania tem sempre encontrado uma fresta, um espaço próprio. Embora já não tão participada quanto antes, ainda tem lugar para conceitos como democracia e solidariedade. A Economia Social tem sido o espaço criativo dos que sabem observar as tendências e tirar partido delas. A Sociedade do Conhecimento não será, neste modelo de capitalismo que se estende hoje a países que antes foram moldados pelo comunismo, um modelo inclusivo. Muitos países ainda estão longe de a alcançar, entre eles Portugal, e também ainda não existe evidência científica que comprove que ser infoincluído signifique que se rompeu definitivamente com as malhas da exclusão. Segundo Drucker (1993), na prática, estamos mais perto da economia do que da Sociedade do Conhecimento. O processo de europeização tornou-se mais complexo após o alargamento, quando começaram a ser confrontados contextos muito diversos e se constatou, que entre os diferentes países, existe um grande desconhecimento de um conjunto de aspectos relativos ao percurso histórico, político, cultural e social de cada um deles. Este conhecimento é fundamental para se traçarem metas realistas, e nesse sentido, a Estratégia de Lisboa renovada corrigiu uma ambição, que traduzia mais um desejo do que uma verdadeira possibilidade para a UE. São múltiplas as variáveis que determinam fenómenos aparentemente idênticos. É evidente a ausência de informação sobre o enquadramento legal de algumas temáticas e das experiências anteriores dos países com os Fundos Comunitários, sobretudo dos ensinamentos que muitos projectos deixaram para 25 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da o futuro. As barreiras linguísticas e a escassa publicação multilingue prejudicam ainda mais esse conhecimento. É neste contexto que a Sociedade da Informação e do Conhecimento pode estar ao serviço da Economia Social, transmitindo valores, ideais e resistindo à indiferença política perante uma globalização sem limites. Os tempos mudaram, é necessário acompanhar e fazer adaptações ao modo como se participa. A participação cívica, hoje, pode ter contornos também eles globais e ser portadora da defesa dos direitos humanos. Já em 2004, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) alertava para a necessidade, dos países membros da UE e dos que por essa altura iriam aderir, dedicarem uma especial atenção à criação de Redes e clus- ters para responder aos desafios da mundialização e do alargamento. Focava, ainda, a premência da criação de instrumentos de financiamento e cooperação. Uma das suas conclusões foi a de que, tanto as organizações de Economia Social, como as Pequenas e Médias Empresas (PME), precisariam de um contexto que tivesse em conta as suas especificidades, bem como de apoios para desenvolverem todas as suas potencialidades. O Grupo de Trabalho ad hoc que foi constituído, em Julho de 2005, para retirar alguns ensinamentos decorrentes da cooperação transnacional, durante o período da IC Equal, demonstrou que a dimensão transnacional acrescenta valor aos resultados dos projectos e apontou alguns dos mais importantes benefícios ou investimentos da cooperação transnacional e inter-regional: 26 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da BenefÌcios Directos BenefÌcios Indirectos e Associados Fortalece a partilha informal de ideias entre os Estados-Membros. Directamente estimula e apoia a inovaÁ„ o encorajando a partilha da As organizaÁı es que fazem parte s„ o investigaÁ„ o e pr∙ ticas tÈ cnicas e encorajadas a reflectir mais no seu ainda experiÍ ncias. trabalho e est„ o mais bem informadas sobre alternativas e actividades compar∙ veis. Ajuda a aumentar as comunicaÁı es entre grupos nacionais, regionais e sectoriais e ajuda-os a valorizar as S„ o meios efectivos de economia, medidas econÛmicas desenvolvendo validar e transmitir conhecimentos e novas formas de cooperaÁ„ o e experiÍ ncia, evitando desnecess∙ rias duplicaÁı es de trabalho experimental benchmarking. Ajuda a promover os standards comuns e promover uma base de dando a possibilidade de produtos e benchmarking. ideias serem validados a um mais alto nÌvel. Ajuda a marcar a ideia europeia de cultura, ideias, ideais e polÌticas dando uma dimens„ o europeia ‡ Agenda de Lisboa. Contribui para o objectivo mais alargado de construir a Europa, providenciando um jogo de debates e de trocas. D∙ aqueles que participam, estÌmulo profissional e faz ligaÁ„ o com as Redes europeias e Internacionais. Ajuda a reduzir o risco na inovaÁ„ o social e polÌtica e o desenvolvimento Promove a capacidade de de Boas Pr∙ ticas atravÈs do contexto participaÁ„ o de organizaÁı es e do tempo real de troca de informaÁı es administraÁı es regionais e nacionais. sobre Í xitos e fracassos. Fonte: Ad hoc working group of Member States on Transnational and Interregional Cooperation (2006: 6). 27 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da Segundo ainda a Equal, A disseminação é um processo estruturado de actividades, protagonizado por um conjunto de entidades parceiras (parceria de disseminação), cujo objectivo essencial é a transferência – apropriação e incorporação – das soluções inovadoras, traduzidas em “novos” serviços, produtos ou procedimentos. (2005: 1). Assim, alguns dos desafios que se colocam à Economia Social e que têm sido referidos em múltiplos eventos científicos, para além da referida necessidade de uma maior articulação em Redes, de organizações que prosseguem os mesmos fins com outros actores sociais ou com o poder público, é a adopção de mecanismos de: • Comunicação interna (membros, trabalhadores, voluntários) e externa (utilizadores/ beneficiários, financiadores, fornecedores); •Controlo (auditoria e transparência); •Qualidade (melhoria contínua, identificação, adopção e/ou disseminação de Boas Práticas). Também não encontrámos unanimidade, ao nível transnacional, sobre o conceito de Boas Práticas. Mais uma vez a IC Equal deu um enorme contributo. Na primeira fase, em Portugal, foi divulgado um Manual, e desenvolvidas algumas acções que apoiaram os projectos na aplicação de critérios, para caracterizar as Práticas. Estes foram partilhados, ao nível transnacional, pela equipa portuguesa. O contacto e a possibilidade de interacção com os promotores das Práticas funcionou como indutor de capacidade analítica e consequentemente dotou os participantes de novas competências para intervir nas suas regiões. A diluição de disparidades sociais ou regionais e a equidade social foram o grande objecto de estudo e intervenção dos projectos financiados pela Equal e como já referia Mazzoli: 28 Send in Force Too Contextualização e Enquadramento da A Economia Social pode ter uma influência muito maior que a que tem com a condição de ser menos silenciosa, melhor coordenada e mais unida, e com a condição também de se dotar de instrumentos adequados, que ou já existem ou estão à espera de serem criados. (1999: 12). 29 metodologia Send in Force Too Metodolo- A estratégia seguida pelo presente Estudo focalizou-se no desenvolvimento do projecto, Acordo de Cooperação Transnacional (ACT) “Social Economy Network Development” (SEND) celebrado entre cinco Parcerias de Desenvolvimento (PD), considerando-se este projecto como um Estudo de Caso. A escolha deste referencial metodológico deveu-se ao facto da equipa entender, que no contexto do Estudo e dada a sua especificidade e dos temas que lhe estavam associados, a vantagem proporcionada pelo conjunto de características e potencialidades desta abordagem, que é reconhecida como a que permite uma melhor compreensão de processos e mudanças, seria a opção metodológica mais adequada. Esta teve ainda em conta uma outra característica, que foi o facto do Estudo de Caso constituir a abordagem, geralmente utilizada, quando o foco do Estudo é uma organização, evento ou processo nosso contemporâneo. Pelos motivos expostos, a primeira tarefa da equipa de investigação foi definir as fronteiras do “caso”, definição do problema, de forma clara e precisa para controlar também algumas das desvantagens conhecidas desta abordagem. Assim, ficou determinado que o Estudo se desenrolaria em duas dimensões: o acompanhamento das actividades transnacionais e o desenvolvimento de um estudo ao nível nacional, cuja metodologia e temas objecto de estudo seriam determinados pelas decisões transnacionais. Os temas a estudar foram as parcerias entre o sector público, privado e Empresas Sociais; gestão das Empresas Sociais: instrumentos de gestão, metodologias e competências; apoio à criação de emprego por parte das Empresas Sociais (sobretudo grupos desfavorecidos). Deste modo, dentro destas três áreas foram escolhidos temas ainda mais concretos, a Responsabilidade Social, o Marketing Social e a Deficiência. De seguida, elaborou-se um plano de investigação cujo objectivo foi criar instrumentos de acompanhamento da evolução do projecto transnacional, em todas as suas fases. Como principal referencial utilizaram-se documentos produzidos no âmbito da Iniciativa Comunitária Equal (IC Equal), onde se refere explicitamente que é um objectivo essencial da cooperação transnacional as- 33 Send in Force Too Metodolo- segurar a promoção e transferência de Boas Práticas, através de estratégias e abordagens que fossem comuns aos subscritores do ACT. Em resumo, podemos dizer que, numa segunda etapa, o Estudo teve duas componentes fundamentais e complementares à primeira: uma recolha de dados de base documental sobre os temas, que mais tarde serviriam de indicação para as Boas Práticas a candidatar, e simultaneamente, uma abordagem baseada na observação participante, recolha de dados obtidos pela integração nos Grupos de Trabalho Transnacionais (GTT). Para esse efeito, foram ainda construídas grelhas de observação, onde se privilegiaram algumas das dimensões da transnacionalidade, segundo a filosofia da Equal (potencial das parcerias, envolvimento de stakeholders, empower- ment, mainstreaming), que passaram a constituir o referencial de análise. A pesquisa exigiu, então, uma procura de múltiplas fontes de informação, desde material teórico (teses académicas, livros, artigos publicados em revistas e encontros académicos, revistas especializadas, jornais e websites institucionais e de pesquisa) à identificação de outras fontes de documentação e informação privilegiada (institucionais e actores-chave). Numa primeira fase da recolha de dados reuniu-se a informação de base Bibliográfica referente às áreas de actividades principais das diferentes tipologias de organizações do sector (Cooperativas, Empresas de Inserção, Fundações, Associações, Misericórdias). Na pesquisa efectuada junto de algumas fontes institucionais e publicações procurámos alguns projectos que cumprissem critérios, já utilizados no contexto dos projectos Equal na sua Fase 1, descritos numa publicação do INOFOR: •Ter um histórico de sucesso; •Ter resultados quantificáveis por retornos positivos reconhecíveis; 34 Send in Force Too Metodolo- •Ser demonstrativa de inovação; •Ter possibilidade de se repetir; •Ter resultados surpreendentes que demonstrem importância no local onde é implantada e; •Poder ser adaptável a outros contextos. Numa segunda fase, dada a dificuldade sentida na primeira e o aprofundamento de critérios de pesquisa entretanto desenvolvidos nos GTT, procedeu-se à elaboração de bases de dados com informação pertinente para o Estudo, tendo como referência para a construção de campos os itens do Balanço Social e outros recolhidos através de guiões já testados em estudos sobre Responsabilidade Social. Assim, procurou-se reconhecer nessa base de dados, ao nível nacional, organizações que tivessem desenvolvido projectos, que preferencialmente tivessem sido financiadas pelo Fundo Social Europeu (FSE), e através da caracterização das Práticas, dos contextos e das dinâmicas relacionais, identificar o potencial de transferibilidade das inovações. Também foi efectuada essa pesquisa ao nível europeu através de uma base de dados construída para esse efeito. O objectivo foi tentar encontrar relações significativas entre diversos factos que nos permitissem contextualizar quais os factores que influenciaram o aparecimento da Prática e a sua continuidade (ou não). Na fase da identificação de iniciativas na área da Economia Social, reconhecemo-las como exemplo de Boas Práticas, pela forma como se impõem no mercado, como apostam em estratégias de desenvolvimento sustentado, isto é, como se estruturam e vocacionam para garantir aos indivíduos que as compõem o acesso a recursos fundamentais e a construção de vínculos sociais, para que se cumpram as várias dimensões de bem-estar humano. Em Portugal, estas iniciativas têm decorrido, na sua maioria, de acções de 35 Send in Force Too Metodolo- qualificação (melhoria de capacidades e de competências individuais) e consequente promoção de emprego, caracterizando-se, este último, pelo fornecimento de serviços, em áreas não abrangidas pelo mercado, pelo investimento em iniciativas que garantam a certos grupos de indivíduos a participação em espaços de vida activa e pela criação de canais de acesso ao mercado de emprego e ao trabalho. De forma sistemática diríamos que se distinguem, quer pelo papel social que assumem, a nível da formação, das actividades de apoio social e mesmo de ateliers de terapia ocupacional, ou, quer ainda pela natureza económica, de contratualização de serviços, de criação de empresas (essencialmente de cariz solidário), ou de espaços informais de emprego. Esta fase da intervenção levou também à revisão e análise da documentação, mediante os critérios que tinham sido seleccionados pela equipa portuguesa, num primeiro momento, mas que, como já dissemos, foram ajustados posteriormente aos definidos a nível transnacional. Numa terceira etapa estabeleceram-se contactos com actores-chave, de algumas organizações, no sentido de validar a selecção efectuada nos passos anteriores. Para proceder à caracterização específica destas experiências inovadoras, realizaram-se diversos contactos e visitas às organizações seleccionadas, reuniões de trabalho e entrevistas com actores-chave. Estas experiências foram seleccionadas segundo os critérios previamente definidos, mas também assentaram em duas ideias base, discutidas a nível transnacional, que fossem promotores de inclusão e de distribuição de recursos e ao mesmo tempo promotores de desenvolvimento territorial. Nessas reuniões de recolha de dados teve-se em conta outros aspectos significativos tais como, o tempo de desenvolvimento de algumas das linhas de 36 Send in Force Too Metodolo- intervenção testadas, que tipo de estrutura organizativa exclusiva (equipa, acordo, protocolo) e que mecanismos de coordenação e articulação especiais exigiam, finalmente, que tipo de apoios tinham recebido para iniciar esta Prática. O certo é que para obter resultados fiáveis esta abordagem metodológica exigiu a elaboração de guiões, que foram evoluindo ao longo da recolha dos dados, realização das entrevistas, levantamento dos elementos quantitativos e análise de conteúdo das entrevistas. O facto deste tipo de investigações serem muito intensivas e o tempo imposto pelo ACT muito limitado, obrigou também a um esforço permanente de vaivém entre teoria e prática, que envolveu técnicos e grupos de reflexão associados, sobretudo com o objectivo de uniformização dos conceitos e da linguagem do projecto, de contextualização das organizações e das problemáticas que lhes estavam associadas. Pela natureza da abordagem metodológica, circunscreveu-se o Estudo a um número limitado de iniciativas que se distinguiram nos objectivos de intervenção, no seu âmbito de acção, bem como na posição económica e social que ocupam. Esta abordagem permitiu-nos ter um conhecimento de base indutiva. Embora a investigação tenha decorrido no seu ambiente natural, quer ao nível nacional, quer ao nível transnacional, o desenvolvimento da pesquisa deu-se através de técnicas directas ou interactivas, nomeadamente observações directas (Grupos de Trabalho, trabalho à distância e contactos ao nível nacional) e indirectas ou não interactivas (análise de diversos documentos internos, relatórios, testemunhos escritos) o que foi facilitado pela opção, mais tarde tomada, de centrar o Estudo em organizações que desenvolvessem a sua actividade na região norte, embora pudessem ter um âmbito nacional (ex.: Cruz Vermelha, REAPN, Caritas, FENACERCI). 37 Send in Force Too Metodolo- A finalidade da pesquisa foi sempre holística visando preservar e compreender os casos no seu todo, na sua especificidade e unicidade. Com a participação activa da equipa nos GTT houve também uma forte componente de investigação-acção, que muitos autores consideram ser uma forma de investigação onde se estabelece uma relação directa entre os investigadores e os intervenientes e que traz enormes contributos para o estudo das redes. De acordo com Guerra (2000: 53) “… a investigação-acção não constitui tanto uma técnica de recolha de dados…” mas, tal como em todos os projectos, nos quais se incluem os de pesquisa, trata-se de um processo dinâmico, o que se veio a constatar neste Estudo onde, a dado momento, todo o seu planeamento inicial ficou alterado. A postura participante da equipa portuguesa e os resultados da sua pesquisa ao nível nacional influenciaram o percurso da pesquisa no seu todo. O ACT de objecto do nosso Estudo passou, aliás, os seus participantes, a sujeitos da investigação. De algum modo, podemos afirmar, que houve uma inversão em todo o processo. A transnacionalidade, para os parceiros do Acordo, foi uma actividade paralela ao desenvolvimento de um projecto mais amplo de intervenção nacional, na qual são investidos muito menos recursos a todos os níveis (tempo, humanos e financeiros). O resultado final era encontrar soluções que servissem para, em diferentes contextos, tratar problemas similares. Ora, este tipo de intervenção aproxima-se muito mais da abordagem da investigação-acção, uma vez que, parte dos problemas sentidos no terreno, para, através do conhecimento produzido no âmbito dos Estudos de Caso, como complemento desta abordagem metodológica, voltar ao terreno, agora com a finalidade de tentar aplicar e transferir o conhecimento. Em síntese, podemos dizer que a finalidade foi transformar o real. Após a selecção das três Práticas, como objecto da Visita dos Parceiros, recolheu-se e analisou-se informação de acordo com os critérios estabelecidos, embora adoptados a cada caso em particular, uma vez que cada caso seria 38 Send in Force Too Metodolo- tratado como um caso único. No Estudo de Caso, tal como a expressão sugere, examina-se o “caso” ou, nesta situação concreta os três “casos” em detalhe, em profundidade, no seu contexto natural, reconhecendo-se a sua complexidade. Recorreu-se para isso a todos os métodos que se revelaram, em cada momento, como os mais apropriados, contactaram-se as organizações e foram entrevistados, dirigentes, técnicos e beneficiários. A distinção entre as “tipologias”, permitiu-nos perceber que existem formas de expressão diversas, isto é, diferentes procedimentos organizacionais e estratégicos e diferentes formas de objectivar os resultados a atingir. Foi, por esse motivo, que nos propusemos efectuar uma análise mais aprofundada, que permitisse conhecer melhor as virtualidades e as fragilidades que potenciam, ou impedem que a eficiência económica possa estar ao serviço da eficácia social (reforçando, ou pondo em causa a sustentabilidade das iniciativas de Economia Social). Por outro lado, sendo as organizações de Economia Social instrumentos privilegiados de inserção económica de indivíduos em situação de exclusão social, importava perceber, avaliar e reflectir em torno das suas potencialidades e limitações, no que se refere à definição de percursos de inserção numa lógica de inclusão (de integração dos trabalhadores – num dos casos em estudo pessoas portadoras de deficiência mental – no mercado normal de emprego): que estratégias económicas são desenvolvidas, que mudanças têm ocorrido nos processos de inserção, que sinergias se criam na abordagem dos mercados? Que relação se estabelece com o Estado e outros agentes económicos? Pese embora a consciência de que nem sempre houve uma resposta à totalidade das nossas questões foi, no entanto, importante partilhar as particularidades de cada experiência, trabalho que nos obrigou a focalizar o olhar sobre o papel destas iniciativas e aquilo que realmente é possível esperar delas. Foi ainda uma forma de introduzir nesta temática, novos conceitos e categorias, que permitam uma melhor compreensão da Economia Social e da sua re- 39 Send in Force Too Metodolo- lação com os outros sectores público e privado. A descrição dos casos obedeceu às seguintes dimensões: • Contexto Local (estudo da comunidade; características sócio-demográficas da população; recursos no território, constrangimentos); • Contexto da Problemática (abordagem histórica, teórica e legal); • Histórico de Sucesso (evolução da organização; aparecimento da Prática, dados quantificáveis); • Demonstração da Inovação da Prática (perspectiva/ testemunho de quem nele participou; descrição de processos, eixos e actividades considerados fundamentais dentro da organização); • Contributos da Transnacionalidade – Lições Aprendidas. Este último foi um aspecto sobre o qual se geraram mais expectativas e que do ponto de vista dos objectivos do Estudo integra os resultados observados e analisados pela parceria portuguesa. Corresponde ainda a momentos muito singulares de reflexão e discussão sobre a aplicabilidade dos factores de inovação e busca de uma visão compartilhada ao nível transnacional. As iniciativas, em causa, não são simples espaços de negócio. São Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e Cooperativas que pretendem atingir eficácia social e que requerem, por isso, a definição de planos empresariais e de gestão sociais. Requerem, ainda, mecanismos de financiamento e de suporte que reflictam os seus valores. Articulam-se com outros sectores sem os quais não conseguiriam concretizar as suas estratégias. De uma forma muito sistemática, e com base nas preocupações expostas, diríamos que os objectivos do estudo destes casos foram: •Análise da evolução das iniciativas em estudo, desde a sua origem até à actualidade, caracterizando o seu desenvolvimento e resultados 40 Send in Force Too Metodolo- económicos e avaliando o seu grau de sustentabilidade; • Caracterização das estratégias de inserção dos públicos-alvo e identificação dos resultados ao nível da sua empregabilidade e inserção socioprofissional; • Identificação e caracterização dos resultados e mais-valias das iniciativas em causa na resposta a necessidades sociais não satisfeitas e no contributo para o desenvolvimento das comunidades locais onde se inserem; • Identificação de aspectos positivos e constrangimentos e elaboração de propostas de melhorias a introduzir neste domínio. Em síntese, podemos concluir que os estudos tiveram como base alguns dados quantitativos sobre a evolução destas iniciativas e alguns dados de natureza qualitativa. A equipa recorreu a múltiplas fontes de dados e a métodos de recolha muito diversificados: entrevistas, questionários, narrativas, relatórios, registos de áudio e vídeo das Visitas dos Parceiros, entre outros documentos. A credibilidade dos dados foi testada pelo contacto directo dos parceiros e seus convidados com os promotores e beneficiários das Práticas, a quem pediram novos esclarecimentos com base nas apresentações efectuadas pela equipa do Estudo e nas que tiveram a oportunidade de assistir no local, onde se inserem as Práticas, e no contacto informal com políticos e outros actores-chave durante todo o tempo que permaneceram em Portugal. Sublinhe-se o facto do estudo destas experiências de Economia Social se mostrar indissociável do conhecimento do potencial gerado pelo confronto com os problemas sociais que os transformam em oportunidades de acção. Os contactos permanentes com os actores-chave, que se iniciaram para identificar os Estudos de Caso, revelaram-se a todo o momento muito adequados, pois permitiram identificar aspectos da mudança social induzida pelas Práticas, em estudo, que de outro modo, seria impossível de concretizar. Apesar dos casos escolhidos terem em comum o objectivo e a preocupação 41 Send in Force Too Metodolo- do desenvolvimento dos indivíduos e da comunidade onde se inserem, não deixam de possuir características contrastantes, desde logo, porque surgiram em unidades sócio-espaciais diferentes e partiram de problemas/ preocupações/ oportunidades diferentes. A análise das experiências permitiu-nos assim estabelecer algumas conclusões sobre os objectivos sociais das organizações de Economia Social – o que as faz mover, a forma como se organizam, que funções cumprem na sociedade – assumindo a responsabilidade de resolver os seus próprios problemas de forma colectiva e voluntária. Colocam em marcha e dão consistência a novas formas privadas de acção pública (novas formas de ser empresa), nos campos da educação, da formação profissional, do desenvolvimento local e da solidariedade e cooperação e evidenciam um carácter inovador e promotor de novas Práticas, redefinindo a própria Economia Social, num processo de mudança sustentada e contextualizada (o que é inovador num local, pode não ser noutro). O objectivo deste Estudo não era extrapolar resultados, até porque as limitações de tempo e a associação ao projecto transnacional não nos permitiram concentrar nos potenciais elementos comuns dos casos. Contudo, esses aspectos, como acima referimos, foram identificados pelos parceiros transnacionais durante as Visitas que efectuaram às organizações promotoras das Práticas e no contacto com os agentes e beneficiários das mesmas. A sua análise merece um estudo mais aprofundado, bem como o impacto que os produtos do ACT tiveram nos seus respectivos projectos nacionais. 42 análise dos dados Send in Force Too Análise dos Contextualização Socioeconómica dos Países Parceiros Os países que constituíram a parceria do “Social Economy Network Develop- ment” (SEND) representam três fases bem distintas da história da Europa e reflectem, igualmente, as profundas transformações políticas que os mesmos sofreram e que, em certa medida, conduziram à sua adesão. A Itália foi um dos seis países que, em 1957, assinou o Tratado de Roma, dando origem à Comunidade Económica Europeia (CEE), a adesão da Grécia deu-se em 1981 e a da Polónia, em 1 de Maio de 2004, inseriu-se no maior alargamento que a União Europeia (UE) já sofreu. Unidos hoje por metas comuns evidenciam ainda diferentes velocidades no seu percurso, algumas delas determinadas pelo seu passado totalitário e pelos valores ideológicos e culturais que os marcaram. ITÁLIA A Itália tem 58.752 milhões de habitantes e uma densidade populacional média de 192 habitantes por Km². Nas últimas décadas, passou de um país essencialmente agrícola a um país fortemente industrializado, verificando-se, no entanto, disparidades visíveis entre o Norte e o Sul. Em 2005, o país apresentou um PIB de 103,4 per capita na UE dos 25 (UE-25) e o PIB por hora trabalhada foi de 90,5% (UE-15). Em 2006, a taxa de desemprego total foi de 6,8%, sendo que o valor referente ao sexo feminino foi de 8,8% e o desemprego de jovens, com menos de 25 anos, era de 21,6%. No período entre 2001 e 2005, a taxa de crescimento médio da população foi de 0,6%. A taxa de mortalidade, em 2004, tinha sido de 4,1 por mil e a taxa bruta de mortalidade de 9,4 por mil habitantes. Os gastos em educação por aluno, em 2002, foram de 5.938 euros, sendo que 93% desse valor foi financiado pelo Estado. Em 2005, a taxa de abandono escolar precoce foi de 21,9% e o nível de educação atingido correspondeu a 72,9%. No mesmo ano, 6,2% da população esteve inserida em projectos de 45 Send in Force Too Análise dos educação ao longo da vida. Em termos de gastos em protecção social a Itália despendeu per capita, em 2003, o equivalente a 6.024 euros e a população em risco de pobreza passou de 23% para 19%, em 2004. Em 2004, a taxa de actividade masculina foi de 75% e a feminina de 50%. A taxa de emprego total foi de 57,6%, sendo que 70,1% corresponde ao sexo masculino e 45,2% ao sexo feminino. No mesmo ano, a diferença de rendimento por género era de 7,5% e a desigualdade de distribuição de rendimento na ordem dos 5,6%. Em 2003, a força agrícola era de 1.476 mil, dos quais 492,7 mil correspondiam a trabalhadores regulares a tempo inteiro. O número dos proprietários agrícolas, com menos de 65 anos, ultrapassava mais de dez vezes o número dos que tinham menos de 35 anos. Em 2004, a produção agrícola ascendeu a 14.969 milhares de toneladas de vegetais e 11.565 milhares de toneladas de lacticínios. O desenvolvimento da agricultura orgânica atingiu, nesse ano, 7,5% da área agrícola utilizada e a produção de madeira redonda industrial cifrou-se nos 8.697 m3 e em 1.580 m3 a de lenha. Em 2005, a produção agrícola cerealífera atingiu 21.505 milhares de toneladas e a produção de gado ascendeu a 6.460 mil cabeças de gado e 9.200 mil de porcos. De 1995 a 2004, o sector das pescas registou uma diminuição na captura de peixe de 397 para 278 milhares de toneladas. Relativamente ao emprego, 6,4% estava, em 2004, concentrado no fabrico de alta tecnologia e 30,2% nos serviços de conhecimento intensivo. Os dados a que tivemos acesso, relativos ao uso de meios de transporte, dizem 46 Send in Force Too Análise dos respeito a 2002, ano em que o automóvel representou 83,2% do transporte de passageiros enquanto o autocarro se situou em 11,4% e o comboio em 5,4%. No transporte ferroviário, foram transportados 45.957 milhões de passageiros por Km sendo que a densidade de vias-férreas era de 5,4 Kms por 100 Km². A taxa de motorização de automóveis era de 590 por 1.000 habitantes. Um dos impactos associados a esta taxa de motorização é o número de mortos em acidentes rodoviários, que atingiu os 100 acidentes por milhão de habitantes. A densidade de auto-estradas, em 2002, era de 2,2 Km por 100 Km². Relativamente ao transporte de mercadorias, o transporte rodoviário representou 89,5% e o ferroviário 10,5%. Dados do mesmo ano indicam que por transporte marítimo foram transportados 485 milhões de toneladas de carga, o que correspondeu a um aumento de 6% em relação a 1997. A posição do país no mercado internacional, avaliada através do balanço de pagamentos, produtos e serviços, como proporção do PIB registou uma ligeira redução, entre 2000 e 2004, tendo passado de 21,9% para 20,6% e de 5,2% para 4,9% respectivamente. O balanço líquido do comércio externo de serviços, no mesmo período, evoluiu de 1,1 para 1,5 mil milhões de euros. Em termos de transacções houve muito mais importações do que exportações. No balanço de importações/ exportações para fora do espaço comunitário apresentou, em 2004, um saldo positivo de 0,6 biliões de euros. No que diz respeito às transacções dentro do espaço comunitário o país teve, no mesmo ano, um balanço negativo de 1,8 biliões de euros. Segundo o Eurostat, os gastos em Investigação e Desenvolvimento (I&D), em 2003, atingiram 1,1% do PIB, dos quais 0,6% corresponderam ao sector privado, 0,2% ao estatal e 0,4% ao universitário. O número de patentes europeias submetidas nesse ano foi de 2.691, o que dá 46,9 por milhão de habitantes. Nesse mesmo ano, o país teve um consumo interno bruto de 181,8 milhões de 47 Send in Force Too Análise dos toneladas de energia primária e 155,5 milhões de toneladas de importações líquidas, das quais 85 milhões de toneladas são de petróleo e 50,8 de gás natural. O consumo bruto de energias renováveis passou de 14,9, em 1995, para 13,7%, em 2003, e tem como meta atingir os 25%, em 2010. Em 2005, o custo da energia, antes de taxas, foi de 0,14 Eur/ Kwh para uso doméstico e 0,08 para uso industrial, enquanto o custo do gás natural foi de 9,74 e 5,38 Eur/ Gj para uso doméstico e industrial respectivamente. Por sua vez, os gastos relativos a 2004 em % do PIB, tinham sido 1,9% em Tecnologias de Informação e 3,4% em Telecomunicações. Nesse ano, a percentagem de empresas que realizaram pelo menos 1% das suas encomendas online foi de 4% enquanto as que receberam pelo menos 1% das suas encomendas online foi de 3%. Em 2005, o acesso à Internet em termos residenciais, foi de 13% com banda larga, 24% com banda estreita e 1% via telemóvel. Em relação à taxa de utilização, nos últimos 3 meses de 2005, 46% usaram computador e 34% a Internet. Em termos empresariais, 92% das empresas tinham acesso à Internet, sendo que 57% eram de banda larga e 54% tinham website. GRÉCIA A Grécia tem uma população de 11.125 milhões de habitantes e uma densidade populacional média de 84 habitantes por Km², é um país de emigração, o que explica o despovoamento dos campos. Em 2005, apresentou um PIB per capita de 83% da UE-25, enquanto o PIB por hora trabalhada foi de 69% (UE-15). Por sua vez, os dados que dispomos sobre a taxa de desemprego, em 2006, indicam-nos que a taxa total foi 8,9% sendo que 13,6% correspondeu à taxa de desemprego feminino e 25,2% dos jovens com menos de 25 anos. 48 Send in Force Too Análise dos A densidade populacional média é uma das maiores dos países mediterrânicos. Apesar disso ainda se estima que residam fora do país o equivalente a 40% da população actual da Grécia. Os principais destinos de emigração são os EUA, o Canadá, a Alemanha e a Austrália. No período entre 2001 e 2005, a taxa de crescimento médio da população foi de 0,3%. Tendo registado, em 2004, uma taxa de mortalidade infantil de 3,9 por mil e uma taxa bruta de mortalidade de 9,4‰. Em 2002, os gastos em educação equiparados por aluno, foram de 3.490 euros, sendo que 95% desse montante foi financiamento do Estado. Em 2005, apresentava uma taxa de saída precoce de 13,3% enquanto a percentagem dos que concluíram, pelo menos, o ensino secundário completo, foi de 84%, na faixa etária entre os 20 e os 24 anos. No que diz respeito à integração em programas de formação ao longo da vida, como forma de permitir melhorar a situação dos trabalhadores qualificando-os para o mercado de trabalho, a percentagem da população integrada foi somente de 1,8%, nesse mesmo ano. Os dados disponíveis relativamente aos gastos em protecção social referem-se a 2003 e o seu valor foi de 4.567 euros per capita. Em 2004, a diferença de rendimento por género foi de 10% e a desigualdade de distribuição de rendimento de 6% e a população em risco de pobreza situou-se nos 20%. No mesmo ano, as taxas de actividade masculina estavam nos 78% e a feminina nos 53%. Já as taxas de emprego total atingiram os 59,4%, a taxa de emprego para os homens situou-se nos 73,7% e nos 45,2% para as mulheres. Em 2003, a força agrícola era equivalente a 616 mil trabalhadores, enquanto os trabalhadores regulares a tempo inteiro, sem entrar em linha de conta com os trabalhadores sazonais, totalizavam 129,9 mil trabalhadores. Quanto a proprietários agrícolas, o número dos que tinham pelo menos 65 anos era cerca de 49 Send in Force Too Análise dos cinco vezes superior aos que tinham menos de 35 anos. Em 2004, a produção agrícola ascendeu a 4.027 milhares de toneladas de vegetais e a 1.896 milhares de toneladas de lacticínios. Em 2005, a produção de cereais atingiu 4.411 milhares de toneladas, já no que toca à produção de gado ascendeu a 707 mil cabeças e a 1.042 mil cabeças de porcos. As várias medidas de desenvolvimento rural e da agricultura ambiental, sendo uma das preocupações da Política Agrícola Comum (PAC), reflectiram-se na área de produção dedicada, que foi no ano de 2004, de 0,7% da área agrícola utilizada no país. No mesmo ano e no que diz respeito a produção florestal produziu 1.526 m3 de madeira redonda industrial e 191 m3 de lenha. Em 2003, este país registou 68 patentes, quando o indicador europeu era de 6,2 patentes por milhão de habitantes e no ano seguinte o emprego no fabrico de alta tecnologia correspondia a 2,1% e 24,9% a serviços de conhecimento intensivo. Em 2005, o índice de produção da indústria diminuiu 0,9% enquanto o preço de produção aumentou 5,9% e o volume de vendas no comércio aumentou 3,6%. O sector das pescas grego atingiu uma captura de 75 milhares de toneladas, em 2004, quando, em 1995, tinha capturado 152. Por esse motivo, em 2004, importou mais 18% do que o que exportou. Considerando bens e serviços, estes apresentaram uma quebra entre 2000 e 2004, em que passaram respectivamente de 17,9 para 15,2% e de 13,5 para 11,4% do PIB. Entre 2000 e 2004, o balanço líquido evoluiu de 8,7 para 15,5 mil milhões de euros. Em termos de balanço importações/ exportações para fora do espaço 50 Send in Force Too Análise dos comunitário apresentou, em 2004, um saldo negativo de 12,3 biliões de euros. No que diz respeito às transacções dentro do espaço comunitário teve, em 2004, um balanço negativo de 17,7 biliões de euros. O transporte rodoviário e marítimo registou um aumento acentuado, por um lado com o crescimento da proporção de carro próprio, por outro, com a abertura do mercado europeu que provocou um crescimento significativo das entregas just-in-time, não podendo ainda esquecer-se o facto deste país ser constituído por imensas ilhas e a área continental ser toda ela banhada por mar. A Grécia é um dos países onde a Política de Transportes Europeia se começa a reflectir, uma vez que cada meio de transporte desempenha um papel no desenvolvimento, com resultados em termos de eficiência, custos e sustentabilidade das soluções. Em 2002, o automóvel representou 78,2% do transporte de passageiros enquanto o autocarro 20,2% e o comboio uns escassos 1,6%. A motorização em termos de automóveis por 1.000 habitantes era, no mesmo ano, de 331 e a densidade de auto-estradas de 0,6 Km por 100 Km². Um dos aspectos negativos associados a esta motorização foi o número de mortos em acidentes que atingiu os 460 por milhão de habitantes. Em relação ao transporte ferroviário foram transportados 1.836 milhões de passageiros por Km, nesse ano, sendo que a densidade de linhas-férreas era de 1,8 Km por 100 Km². O transporte marítimo de passageiros para o exterior só é utilizado praticamente por gregos, e em muito menor escala, por italianos. Boa parte do transporte de bens, resultantes do comércio internacional, é feita através dos portos marítimos. Em 2004, foram transportados 158 milhões de toneladas de cargas, o que correspondeu a um aumento de 56% em relação a 1997. Em 2005, os custos da energia, antes de taxas, eram de 0,06 Eur/ Kwh para uso 51 Send in Force Too Análise dos doméstico e industrial. A dependência das importações de energia aumentou de 40% do consumo bruto dos anos 80 para 50% actualmente. Em 2003, teve um consumo interno bruto de 30,2 milhões de toneladas e de importações líquidas de 22,5 milhões de toneladas de energia primária, tendo sido 19,9 de petróleo e 2 de gás natural. Na Grécia, o consumo bruto de energias renováveis aumentou de 8,4, em 1995, para 9,7%, em 2003, e tem como meta atingir os 20,1%, em 2010. Os gastos em I&D, em 2004, atingiram os 0,6% do PIB, dos quais 0,2% dizem respeito ao sector privado, 0,1% aos gastos pelo Estado e 0,3% pelas Universidades e o gasto em Tecnologias de Informação e Telecomunicações, foi de 2,2% e 6,3% do PIB. Em 2005, 1% das habitações gregas tinham acesso à Internet com banda larga, 21% com banda estreita e 1% via telemóvel. Nos últimos 3 meses de 2005, houve uma utilização de computador na ordem dos 33% e 22% da Internet. Na área empresarial 92% tinha acesso à Internet, sendo 44% através de banda larga e 56% já tinham página de Internet, 14% realizaram compras online e 7% receberam encomendas online. POLÓNIA A Polónia tem 38.157 milhões de habitantes com uma densidade populacional média de 122 habitantes por Km², a população está relativamente bem distribuída por todo o território, sendo o Sul a parte menos povoada. Este país tem executado um ambicioso programa de reestruturação económica, que lhe tem proporcionado elevados sucessos económicos, sendo um país onde o investimento estrangeiro e a criação de empresas é muito facilitado. Em 2005, apresentou um PIB per capita de 49,6% (UE-25) e um PIB por hora trabalhada de 44,3% (UE-15). Em 2006, a taxa de desemprego total foi de 13,9% sendo que o desemprego da população feminina foi de 15% enquanto a dos jovens com menos de 25 anos foi de 30,1%. 52 Send in Force Too Análise dos No período entre 2001 e 2005, teve uma taxa de crescimento médio da população de -0,1%, e apresenta a distribuição etária mais jovem dos países parceiros. A taxa de mortalidade, em 2004, foi de 6,8 por mil habitantes e a taxa bruta de mortalidade de 9,5 por mil habitantes. Em 2002, o Estado financiou 92% do total dos gastos em educação, por aluno, que foram de 2.537 euros. Em 2005, a taxa de abandono escolar precoce foi de 5,5% enquanto o nível de escolaridade obrigatória atingido foi de 90%. A formação ao longo da vida apresentou uma taxa de 5% para o mesmo período. Os dados disponíveis referentes à taxa de actividade, em 2004, indicam que 70% corresponde ao sexo masculino e 57% ao sexo feminino. A taxa de emprego total foi de 51,7%, sendo a taxa dos homens de 57,2% e para as mulheres de 46,2%. A diferença de rendimento por género, em 2004, foi de 10%, a desigualdade de distribuição de rendimento de 5% e a população em risco de pobreza situava-se nos 18%. Em termos de despesas com a protecção social foram gastos, em 2003, o equivalente a 2.121 euros per capita. Entre 2000 e 2004, verificou-se um crescimento nos produtos tendo passado de 25,3 para 34,9% e uma ligeira redução nos serviços que passaram de 5,8% para 5,3%. O balanço líquido do comércio externo de serviços, no mesmo período, diminuiu de 1,5 para 0,8 mil milhões de euros. Em 2004, em termos de transacções registaram-se mais 17% nas importações comparativamente com o que se exportou (milhões de euros). Em termos de balanço importações/ exportações para fora do espaço comunitário, a Polónia apresentou, nesse ano, um saldo negativo de 5,6 biliões de euros, e nas transacções dentro do espaço comunitário teve um balanço negativo 53 Send in Force Too Análise dos de 6,2 biliões de euros. O custo da energia, antes de taxas era, em 2005, de 0,07 Eur/ Kwh para uso doméstico e 0,05 para uso industrial enquanto o gás natural era de 6,19 e 5,30 Eur/ Gj para uso doméstico e industrial, respectivamente. Em 2003, teve um consumo interno bruto de 93,2 milhões de toneladas e de importações líquidas de 13,3 milhões de toneladas de energia primária, 20 de petróleo e 7,5 de gás natural. O consumo bruto de energias renováveis era, em 1995 e em 2003, de igual valor (1,6%) sendo a meta para 2010, atingir os 7,5%. O número de patentes europeias submetidas, em 2003, foi de 72, o que dá 1,9 por milhão de habitantes. Em 2004, 4,4% do emprego situava-se no fabrico de alta tecnologia e 24,3% em serviços de conhecimento intensivo. No mesmo ano os gastos em I&D atingiram os 0,6% do PIB, dos quais 0,2% corresponde a gastos privados, 0,2% a gasto estatal e 0,2% a gasto universitário. Os gastos em Tecnologias de Informação e Telecomunicações, relativos a 2004, em % do PIB foram respectivamente 2% e 5,2%. A proporção de residências com acesso à Internet, em 2005, era de 16% com banda larga, 10% com banda estreita e 13% via telemóvel. No último trimestre, desse ano, 40% dos polacos usaram computador e 45% a Internet. Ao nível do sector empresarial 87% tinha acesso à Internet, 43% através de banda larga e 49% tinham página de Internet. No que concerne a compras das empresas online ficaram-se pelos 5%, e 9% receberam encomendas online. 54 Send in Force Too Análise dos Em 2005, o índice de produção polaco cresceu 4,6%, enquanto o preço da produção aumentou 2,1%. A construção aumentou 9,3% e o volume de vendas do comércio aumentou 1,3%, no mesmo ano. Na venda por grosso, o crescimento foi de 21,3%, em 2004, e 6,5%, em 2005. O sector automóvel que tinha crescido 17,4%, em 2004, apresentou uma redução de 7,1%, em 2005. Na hotelaria e restauração, o crescimento passou de 1,3% para 10,2% em igual período, enquanto que na área informática e serviços financeiros o crescimento passou de 6,7% para 21%. Em 2002, o automóvel representou 77% do transporte de passageiros, o autocarro 13,5% e o comboio 9,5%. Em relação ao transporte de mercadorias, o meio rodoviário representou 65,8%, o ferroviário 33,5% e o transporte marítimo 0,7%. No mesmo ano, o índice de motorização foi de 287 automóveis por 1.000 habitantes e a densidade de auto-estradas de 0,1 Km por 100 Km². O número de mortos em acidentes rodoviários atingiu 150 por milhão de habitantes. Já no que diz respeito à densidade de vias-férreas, esta era de 6,9 Kms por 100 Km², pelas quais foram transportados 20.749 milhões de passageiros por Km. Relativamente ao transporte marítimo de carga não se registou qualquer evolução entre 1997 e 2004, foram transportados 52 milhões de toneladas neste último ano, praticamente o mesmo que no primeiro. Em 2003, a força agrícola era equivalente a 2.190,9 mil trabalhadores, sendo que os trabalhadores regulares a tempo inteiro eram 1.048,1 mil trabalhadores. Já no que se refere a proprietários agrícolas, o número dos que tinham pelo menos 65 anos era inferior ao número dos que tinham menos de 35 anos. A produção agrícola, em 2004, atingiu em vegetais 4.785 milhares de toneladas, e produziu 32.733 m3 de madeira redonda industrial e 3.743 m3 de lenha e a produção de gado ascendeu a 5.385 mil cabeças de gado e 18.711 mil de porcos. 55 Send in Force Too Análise dos Em 2005, a produção de lacticínios ascendeu a 11.855 milhares de toneladas e a 26.928 milhares de toneladas de cereais. Nesse ano, a área agrícola utilizável correspondia a 52,3% do território. O sector das pescas teve, entre 1995 e 2004, uma quebra muito pronunciada confirmada pelos níveis de captura, 172 milhares de toneladas, em 2004, quando, em 1995, tinha capturado 429 milhares de toneladas de peixe. 56 Send in Force Too Análise dos A Economia Social nos Países Parceiros O conceito de Empresa Social começou a ser cada vez mais utilizado no contexto da Economia Social nos anos noventa, o que não é de estranhar dado todo o ambiente europeu, por nós já salientado neste Estudo, sobretudo na especial atenção que foi dada à intervenção junto de alguns grupos mais vulneráveis. Este novo dinamismo, enquadrado pelas Estratégias Nacionais de Erradicação da Pobreza e Exclusão Social e da Estratégia Europeia de Emprego (EEE), suscitou por sua vez, o aparecimento de novos apoios nacionais e comunitários de inserção socioprofissional desses públicos, por via do emprego. Entre 1996 e 1999 decorreu um projecto sobre o desenvolvimento das Empresas Sociais na Europa (Émergence des Entreprises Sociales en Europe), cujo acrónimo deu origem ao EMES, uma das mais importantes redes de investigadores sobre esta temática. Este estudo envolveu quinze países e representou um passo importante para uniformizar um conceito que ainda hoje continua a ser alvo de debate, como comprovam as diferentes iniciativas da última década. Em 1998, Ferraresi, Administrador Delegado do CECOP, The European Confe- deration of Workers’ Co-operatives, Social Cooperatives and Social and Participative Enterprises, defendia não existir uma definição que se pudesse considerar consensual. A Universidade Johns Hopkins realizou, em 2005, um estudo comparativo entre trinta e seis países ao qual associou, mais tarde, informação de outros três paí-ses que testemunha, de forma inequívoca, a importância e a existência de uma economia privada não lucrativa, em todos os países do mundo, sobretudo nos mais desenvolvidos. A Comissão Europeia (CE) apoiou a Conferência “Social Enterprises: equal work and business opportunities”, que se realizou em Helsínquia nos dias 5 e 6 de Fevereiro de 2007, enquadrada no ciclo de Conferências que se realizou, através 57 Send in Force Too Análise dos de toda a Europa, durante o período em que decorreu a Iniciativa Comunitária Equal (IC Equal). O principal objectivo desta Conferência foi avaliar o estado de desenvolvimento das Empresas Sociais. A Comissão Europeia encarregou o Austrian Institute for SME Research em cooperação com os TSE Entre, Turku School of Economics na Finlândia, para levar a cabo um “Estudo das Práticas e Políticas no Sector das Empresas Sociais da Europa”, que foi divulgado em Julho de 2007. O objectivo desta investigação foi, segundo os seus autores, descrever as principais características do sector das Empresas Sociais, identificar e descrever as suas principais medidas de suporte em 31 países europeus, seleccionar e descrever Boas Práticas na promoção das Empresas Sociais, discutindo as conclusões sobre a promoção do sector. O Centro Internacional de Pesquisa e Informação sobre Economia Pública, Social e Cooperativa (CIRIEC), a pedido do Comité Económico e Social Europeu (CESE), apresentou a 3 de Dezembro de 2007, em Bruxelas, o relatório de um estudo conceptual e comparativo sobre “A Situação da Economia Social na União Europeia”, em cada um dos seus 25 Estados-Membros. Este relatório ficou concluído em 2006, motivo pelo qual não foca nem a Bulgária, nem a Roménia, uma vez que estes países só aderiram à UE em 1 de Janeiro de 2007. Este último estudo, utilizando os dados disponíveis no período em que o mesmo decorreu, demonstrou que a Economia Social empregava na Europa cerca de 11 milhões de pessoas, o equivalente a 6,7 dos trabalhadores europeus. Só as Associações, em 2002, empregavam cerca de 7 milhões de pessoas e contavam com 4% para o PIB e, em 2005, havia na UE-25 mais de 240.000 Cooperativas economicamente activas, que davam trabalho directo a 3,7 milhões de pessoas e contavam mais de 143 milhões de cooperadores. Já no que toca às Mutualidades, estas prestavam assistência a mais de 120 milhões de pessoas no domínio da saúde e da segurança social e as Mútuas Seguradoras ocupavam uma quota de mercado de 23,7%. 58 Send in Force Too Análise dos Apesar da diversidade de estudos sobre a temática das Empresas Sociais, o conceito ainda hoje não reúne o desejável consenso. Parte da explicação deriva do facto do mesmo corresponder, conforme os países, a diferentes tipos de iniciativas, incluindo um variadíssimo conjunto de organizações que vão, segundo Kerlin (2005), desde empresas lucrativas envolvidas em actividades de emprego protegido, até às empresas sem fins lucrativos cuja missão é apoiar actividades com fins comerciais. Por esse motivo, foi acordado, no seio dos Grupos de Trabalho do “Social Eco- nomy Network Development” (SEND), que cada país participante tentaria definir o que significa este conceito no seu contexto nacional. Simultaneamente, recorrendo à produção teórica sobre o mesmo, procurou-se encontrar uma definição que englobasse estas diferentes realidades ao nível dos países parceiros. Esta tarefa não foi totalmente conseguida, tendo, pelo menos, resultado num maior conhecimento das diferentes designações adoptadas e do contexto onde se enquadram. O ponto de partida foi, como já referimos, o conceito de Work Integration Social Enterprise (WISE) ou Empresa Social de Integração pelo Trabalho que a Rede EMES tem promovido, sobretudo nos últimos anos, junto dos países da Europa Central e de Leste. Assim, constatamos que, em Itália, o conceito de Empresa Social se refere às Cooperativas Sociais que viram o seu número crescer a partir da Lei nº 381 de 8 de Novembro, produzida pelo Parlamento Nacional, em 1991, e que visava dar um enquadramento legal a um conjunto de iniciativas, levadas a cabo pelo movimento cooperativo, em áreas que eram insuficientemente cobertas pelas iniciativas do Estado, ou, que não eram mesmo cobertas por qualquer sector. Referimo-nos às iniciativas associadas ao movimento de desinstitucionalização com uma forte expressão, em Itália, particularmente no que dizia respeito a órfãos e jovens reclusos, e, ainda, aos movimentos de reestruturação dos sectores agrícola e industrial. A participação civil, neste país, foi crescendo, imbuída de comportamentos 59 Send in Force Too Análise dos altamente politizados, e encontrou no movimento corporativo o ambiente ideológico certo para dar corpo a um conjunto de apelos para a mobilização da sociedade civil na concretização dos direitos sociais e, de um modelo económico alternativo à sociedade mercantil. As Cooperativas Sociais estão divididas em dois tipos, de acordo com os seus objectivos. As de Tipo A operam na gestão social, cuidados de saúde e serviços educativos e empregam, quer os seus membros, quer voluntários e utilizadores de serviços. O objectivo que esteve subjacente à criação das Cooperativas Tipo B foi o da integração e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência que devem totalizar, pelo menos, 30% dos seus trabalhadores que podem ser igualmente membros da Cooperativa. Em 2003, as pessoas em situação de desfavorecimento que trabalhavam nas Cooperativas Tipo B eram 23.575, representando uma média de 46,5% do total dos empregos, muito mais elevada do que a quota obrigatória de 30% prevista na Lei 381/ 1991. Os voluntários destas Cooperativas gozam de algumas regalias mas não são pagos pelo seu trabalho. As áreas de actividade económica a que se dedicam são especialmente a agricultura, a indústria, os serviços ou a sua comercialização. Em 2003, os resultados do sector cooperativo atingiram os 4,5 biliões de euros. As Cooperativas para a integração no trabalho equivalem, neste momento, a 32,1% de todo o cooperativismo em Itália. As Cooperativas Tipo B comparadas com outras Cooperativas, registam um elevado número de contrato de empregos (76,5%) e uma taxa baixa de contratos atípicos. Em termos de proveitos das Cooperativas Sociais, 64,4% são financiamentos públicos enquanto 35,6% são de origem privada. As Cooperativas Tipo B beneficiam menos dos fundos públicos (50,4%) do que as Cooperativas Tipo A (71,9%). As Cooperativas Tipo A equivalem a 60,2% e apresentam um movimento de 64,4% enquanto as Cooperativas Tipo B equivalem a 32,1% e 60 Send in Force Too Análise dos têm um movimento menor do que a sua proporção, o equivalente a 21,1%. Neste país existem cerca de 240.000 organizações de Economia Social, das quais 66,37% são Associações não reconhecidas, 26,46% Associações reconhecidas, 2,41% Cooperativas Sociais, 1,31% Fundações e 3,45% outras Instituições Sem Fins Lucrativos. Estas organizações empregam 630.000 pessoas e possuem 3,3 milhões de voluntários. Na Grécia, o conceito é relativamente recente e diz respeito a vários tipos de empresas consideradas como sociais. Neste grupo incluem-se as empresas não lucrativas, empresas de responsabilidade limitada, Cooperativas Civis, entre outras modalidades. Não existe um enquadramento legal específico para este tipo de empreendedorismo social, que goza de muita simpatia ao nível das “autarquias locais” pelo potencial de emprego que representam para determinados grupos desfavorecidos, largamente incentivado pelo aparecimento da Iniciativa Equal e pelas experiências daí decorrentes. A sua característica comum reside no facto de serem formadas voluntariamente por pessoas que estão sujeitas a discriminação, muitas vezes com a colaboração de entidades públicas ou, com organizações com estatuto legal reconhecido. Segundo alguns autores, este sector continua associado à missão filantrópica e humanitária, sendo que a componente económica, no sentido de auto-sustentação, só muito recentemente se lhe reuniu, principalmente nas iniciativas das empresas privadas de responsabilidade limitada. Na Grécia a participação da Economia Social ao nível do emprego representa 1% a 2% do emprego total. Mais especificamente, 68.700 pessoas estão empregadas na Economia Social, o que representa 1,8% do emprego total e 3,3% do emprego remunerado. 61 Send in Force Too Análise dos Actualmente existem, aproximadamente, 4.000 Organizações Não Governamentais (ONG) em actividade, em sectores tão diversos tais como: educação e cultura, ambiente, defesa dos direitos humanos. O primeiro aspecto que ressalta é a falta de tradição de surgimento de iniciativas que possam ser consideradas de Economia Social. Estas actividades estão pouco desenvolvidas, em parte, pela inexistência de um enquadramento legal flexível, que regule os aspectos administrativos e financeiros necessários para o seu aparecimento. Por outro lado, a reduzida presença de Empresas Sociais foi limitada, não só pela já referida falta de estruturas institucionais e legais, bem como pelo insuficiente trabalho voluntário e voluntariado, o que, por seu lado, reflecte a fraca presença da sociedade civil. Esta caracterizou-se durante muito tempo pela forte influência da Igreja Ortodoxa e pelos valores familiares que esta promovia. Quer a Igreja, quer o Estado asseguravam os apoios sociais, e nunca, como já relatámos, deram apoio ao surgimento de iniciativas vindas por parte dos cidadãos gregos. Um outro aspecto, que lhe é frequentemente associado, refere-se à representação que os gregos têm deste sector, que confundem regularmente com o auxílio humanitário. Este distanciamento do carácter económico do sector é identicamente perceptível nos documentos e estatísticas oficiais, onde não há qualquer tipo de referência que lhe possa estar relacionada. A invisibilidade deste sector traduz-se, ainda, na inexistência de bibliografia internacional de referência traduzida em grego, ou mesmo disponível na língua original. Só a partir de 1998, após a publicação de uma revista intitulada “Sociedade Civil” houve um crescente interesse por este tema, já no que respeita a literatura em língua grega o número de publicações começou a aumentar. Apesar de tudo verificou-se, nos últimos anos, alguma evolução no sector social, sobretudo devido a iniciativas suportadas pela UE e pela movimentação de alguns cidadãos, no sentido de promover serviços sociais para pessoas des- 62 Send in Force Too Análise dos favorecidas, inserindo-as no mercado de trabalho, através do fornecimento de novos serviços, cujos rendimentos são posteriormente distribuídos equitativamente pelos seus membros. Os serviços sociais, segundo Panagiotidou (1999), são deste modo fornecidos por organizações voluntárias, estruturas de tipo ONG Sem Fins Lucrativos, que presta serviços gratuitos à população sobretudo nas áreas da saúde e cuidados. As actividades das Empresas Sociais gregas possuem algumas características comuns às dos outros países europeus. Elas inserem-se em comunidades ou subgrupos de comunidades com interesse directo na área social (stakeholders) e tentam dar resposta ao mercado, independentemente de nele encontrarem uma fonte de rendimento, actuando desta forma em benefício da sociedade. O seu foco de interesse está direccionado para o desenvolvimento económico e social da comunidade e são-lhes oferecidas experiências e oportunidades de emprego suportadas por entidades públicas. Na Polónia, onde após a queda do comunismo se deu um vertiginoso movimento de privatização, de redução do papel monopolista que o Estado tinha assumido durante décadas, o papel das Cooperativas foi ressuscitado, apesar das mesmas conterem uma conotação com o regime que se procurava abolir. Esta recuperação do conceito deu-se em sectores onde se esperava uma participação dos cidadãos, mas também se contava com o apoio dos fundos europeus para os revitalizar. Referimo-nos ao sector agrícola que, na Polónia, em muitas regiões, é um sector dominante e, ainda, na habitação e no consumo. O conceito de Empresa Social, para alguns autores polacos, abarca uma panóplia de organizações e iniciativas tais como: Associações, Fundações, Cooperativas, Associações de Seguros Mútuos, Centros de Activação de Trabalho para Deficientes, Iniciativas de Emprego Protegido para Deficientes, Centros de Integração Social, Clubes de Emprego. 63 Send in Force Too Análise dos Na Polónia, as Empresas Sociais actuam numa base comercial, produzem bens e serviços que vendem. O trabalho proporciona aos empregados o ambiente normal de trabalho e a organização motiva, treina, reintegra, promove o desenvolvimento local e prepara-os para regressarem a uma vida autónoma. O desenvolvimento das Empresas Sociais resulta da necessidade de se criarem postos de trabalho, quer para os desempregados de longa duração, quer para os portadores de deficiência. Este processo ainda está em fase inicial, o seu desenvolvimento depende do suporte financeiro disponibilizado pelo Fundo Social Europeu (FSE) e, especialmente, pela IC Equal. As Associações e Fundações funcionam de acordo com a legislação existente que lhes diz directamente respeito. A legislação das Cooperativas Sociais só foi aprovada em 2006 (The Act on Social Co-operatives) e foi reconhecida como um grande passo para o desenvolvimento da legislação base de suporte para o empreendedorismo social. A Cooperativa Social é uma associação de pessoas (em recuperação psiquiátrica, alcoólicos, toxicodependentes, desempregados, ex-reclusos, sem abrigo, refugiados e pessoas portadoras de deficiência) que desenvolvem a empresa através do seu trabalho individual integrando-se assim social e profissionalmente. Estas empresas podem ser criadas por pessoas que tenham capacidade para realizar transacções legais. De acordo com a legislação das Actividades de Benefício Público e Voluntariado, as Cooperativas podem desenvolver actividades educativas e culturais em benefício próprio e da comunidade, tornando-se socialmente úteis no campo de actividades públicas. As Cooperativas Sociais complementam a actividade dos Centros Sociais de Integração (CIS), vulgarmente chamados incubadoras sociais. Em Agosto de 2004 e em Setembro de 2006, o Ministério da Política Social lançou um conjunto de iniciativas de incentivo à consultoria, aconselhamento legal gratuito e 64 Send in Force Too Análise dos apoio financeiro para a criação de Cooperativas Sociais. As Cooperativas são organizações voluntárias, que são abertas a todas as pessoas que reúnam as condições especificadas na regulamentação, que sejam capazes de usar os seus serviços e queiram assumir a responsabilidade dos membros, sem qualquer discriminação de qualquer tipo, género, social, raça, política ou religiosa. São organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam activamente na definição da política e processo de decisão. As Fundações fazem parte da história e tradição polaca. Depois da 2ª Guerra Mundial, as autoridades comunistas não aceitaram as instituições de caridade e privatizaram os seus bens. A partir de 1984, com a gradual liberalização, foi adoptada uma legislação específica para as Fundações cujo número cresceu rapidamente e ultrapassa, na actualidade, as 5.000. Estas estão particularmente direccionadas para as áreas sociais e de protecção da saúde, educação, apoio ao desporto, recreação, cultura, património e ambiente. Os levantamentos, realizados regularmente pelos Bancos de Informação das ONGs, KLON/ JAWOR, demonstram que 25% das Fundações declara resultados anuais inferiores a 2.500 euros e apenas 8% admitem exceder 250.000 euros. As Fundações são independentes e realizam os seus objectivos estatutários baseados nos fundos granjeados para o efeito. Uma das principais características das Empresas Sociais polacas é a combinação de aspectos comerciais e sociais. As empresas geram receitas e empregam pessoas desfavorecidas. Em Jedlicze, perto de Lodz, está a ser criado o primeiro hotel baseado no modelo de organização social, empregando pessoas que tiveram problemas mentais. Será um modelo que servirá de e para mostrar que essas pessoas não estão condenadas ao desemprego. No entanto, as soluções para a integração social dos portadores de deficiência mental, adoptadas na Polónia são muito isoladas. Há uma falta nítida de mecanismos 65 Send in Force Too Análise dos de estimulação ao desenvolvimento de sistemas integrados e uma política social compreensiva que regulamente o desemprego deste tipo de deficiência. Os maiores obstáculos ao desenvolvimento das Empresas Sociais verificam-se na ausência de soluções legais, de regulamentos económicos e incentivos para o desenvolvimento deste tipo de empresas. As Empresas Sociais vão ao encontro das regulamentações dos sectores primário e secundário. As actividades em prol da elaboração da definição de Empresa Social, no sistema legal polaco, constituíram também uma importante fase do projecto. A introdução das alterações necessárias é vital para o estabelecimento e efectivo funcionamento destas organizações no futuro. 66 Send in Force Too Análise dos Apresentação dos Parceiros Transnacionais PD 1 Título do Projecto Sitis Net Contextualização Em 2004, a região de Lazio, em Itália apresentava uma taxa de emprego de 46,8% e uma taxa de desemprego de 7,9%, ou seja, detinha indicadores favoráveis em relação à média do país. No entanto, a taxa de desemprego dos jovens é superior a 30% e o desemprego de longa duração ultrapassa os 70%. O sector dos serviços continua a ser de longe o mais representativo com cerca de 80% da mão-de-obra (em parte devido à administração pública), seguido da indústria com menos de 18% e o restante no sector primário. Para salvaguardar o sistema de segurança social, que depende da criação de emprego, foram introduzidos sistemas mais flexíveis de trabalho, através da adopção do part-time e do contrato a termo fixo concentrados nos jovens e nas mulheres. Em termos de habilitações académicas, mais de metade dos jovens com menos de 30 anos inseridos no mercado de trabalho, têm pelo menos o ensino secundário completo e mais de 40%, o ensino obrigatório. Além do investimento no sistema escolar, têm sido muito desenvolvidos cursos vocacionais para empregados e sistemas de criação de emprego para jovens e mulheres. Um relatório publicado pelo CIVES – Centro Studi and Regione Lazio, citado 67 Send in Force Too Análise dos na candidatura do Sitis Net, indicou que: •A Economia Social regional tinha crescido 4% por ano no triénio de 2000-2003; •Existiam 17.300 organizações sociais; •O número de trabalhadores situava-se nos 110.000, 6% do número de trabalhadores ao nível da região; •O número de trabalhadores de grupos desfavorecidos na Economia Social rondava os 1.200. O mercado das Empresas Sociais está a evoluir, enquanto a incerteza económica é, nesta região, cada vez maior: •As finanças públicas estão a ser reduzidas; •Novos competidores estão a entrar no mercado. Do ponto de vista desta parceria, as Empresas Sociais concretizam um “modelo alternativo de negócio” com múltiplos objectivos (sociais, ambientais e financeiros) que não devem ser apenas traduzidos em termos monetários (ex.: melhorar o bem-estar social). Devem ainda ser reforçados os caracteres distintivos da Economia Social, tais como a elevada qualidade do trabalho, a missão partilhada entre trabalhadores e associados e a elevada qualidade de serviços. As Empresas Sociais lidam com uma evolução do mercado, que exige que elas operem orientadas para o “lucro”, enquanto mantêm a sua missão social, e é-lhes pedido que: •Atinjam mercados mais amplos e que ofereçam serviços mais diversificados; •Se tornem mais especializados para melhor combater as necessidades 68 Send in Force Too Análise dos individuais; •Operem conjuntamente, em Parceria e Rede, com as organizações privadas/ públicas de forma a manter/ aumentar a sua quota de mercado. O Sitis Net envolveu Empresas Sociais localizadas nos municípios de Albano, Ardea, Anzio, Cisterna e das vizinhas Pomezia, Nettuno, Velletri, Genzano, Ariccia (Itália). Objectivos O Sitis Net pretendeu aumentar a eficácia e eficiência das Cooperativas Sociais locais. O projecto sustentou as Cooperativas Sociais locais, assim como a taxa de empregabilidade dos grupos desfavorecidos integrados nestas empresas. Os grupos desfavorecidos raramente são integrados permanentemente no mercado de trabalho regular, por isso, é ainda um aspecto crítico pretender manter/ aumentar a competitividade nas Cooperativas onde eles trabalham. O Sitis Net focou a sua actividade, maioritariamente, ao nível da gestão das Cooperativas Sociais; a gestão cooperativa foi apoiada através de percursos individuais para aumentar as suas competências e aptidões ao nível de: •Planeamento e gestão de planos de negócios; •Estudos de orçamento e viabilidade; •Diversificação do mercado e do produto; •Inovação; •Qualidade dos serviços prestados; •Identificação e acesso a fundos (apoios) ao nível local, nacional e europeu; 69 Send in Force Too Análise dos •Acesso ao crédito. Parceria de Desenvolvimento e respectivos papéis SAIP – Empresa Privada > Gestão e pesquisa do projecto, transnacionalidade Agência Formativa Albafor – Agência Municipal de Formação de Albano > Criação e promoção da Rede local Cooperativa Spazio Lavoro – Cooperativa Social Sem Fins Lucrativos > Informação e difusão, pesquisa Banco de Crédito Cooperativo Giuseppe Toniolo – Banco Privado > Prestação de serviços para um melhor acesso a créditos ASQ – Empresa Privada > Prestação de serviços integrados para as Empresas Sociais Abaton – Empresa Privada > Monitorização e avaliação Coordenador SAIP Actividades 1. Pesquisa Elaboração de um questionário estruturado, entregue a mais ou menos trinta Cooperativas locais. 70 Send in Force Too Análise dos O principal objectivo da pesquisa foi delinear a situação das Cooperativas e identificar as suas necessidades em termos de formação, atitude face à inovação e Redes (networking). Entrevistas estruturadas e dois Focus Group, seguidas de um questionário, envolvendo actores-chave. 2. Informação Foi uma actividade transversal que pretendeu ter grupos-alvo, organizações públicas e privadas e associações cientes das actividades do projecto e dos resultados gradualmente atingidos através do website do Sitis Net. 3. Redes O Sitis Net identificou e envolveu operadores locais e organizações numa Rede de suporte do projecto. Os objectivos do projecto visavam estimular um novo processo de consultoria envolvendo o público local, a administração, as organizações privadas, os sindicatos e todos os stakeholders locais. 4. Serviços prestados às Cooperativas Sociais O Sitis Net procurou ir ao encontro das necessidades emergentes das Cooperativas Sociais locais, fornecendo-lhes actividades de formação e consultoria. Sitis Net forneceu actividades de tutoria e consultoria para apoiar as Cooperativas Sociais: •Introduzindo inovação nos produtos/ mercado; •Mantendo boas relações com diferentes stakeholders; 71 Send in Force Too Análise dos •Adoptando abordagens mais profissionais na área da gestão, relatório, monitorização e avaliação de objectivos quer sociais, quer económicos; •Desenvolvendo novas competências para a sua equipa, especialmente ao nível da gestão. 5. Promoção de Comunidades de Prática O Sitis Net promoveu o aparecimento de uma Comunidade de Prática, em que os membros se juntaram num processo peer to peer de aprendizagem e intercâmbio cooperativo. A Comunidade de Prática do Sitis Net está aberta a todas as organizações locais públicas ou privadas envolvidas nos temas do projecto. 6. Criação de um Sistema Local A Parceria e a Rede do projecto Sitis Net acabaram por criar um quadro de negociações multilaterais úteis para testar abordagens integradas de planeamento de políticas de desenvolvimento local. Website http://www.equalsitis.net/ PD 2 Título do Projecto Social Amphictyony Contextualização Em 2002, na região de Thessalia (região a que pertence Volos), 245.300 pessoas estavam empregadas, o que representava 86% da população em idade 72 Send in Force Too Análise dos activa. O auto-emprego representava mais de 60%, devido à natureza familiar das empresas agrícolas e ao crescimento rápido dos serviços e comércio. A estrutura do emprego tem vindo a mudar a favor do sector secundário, cerca de 20%, e do sector terciário com cerca de 50%. Consoante a região, o emprego concentra-se na produção agrícola, alimentar, têxtil e indústria. O desenvolvimento da indústria e serviços tem permitido um aumento de competências e um bom nível de formação. Assim, dos empregados, mais de 10% são licenciados ou tem educação superior, mais de 20% tem o ensino secundário e cerca de 60% o ensino primário. A instalação de instituições de formação contribui para o desenvolvimento da qualidade da força de trabalho. A taxa de emprego, em 2004, era de 48,6% e a de desemprego seguiu a média do país atingindo os 9,8%. No entanto, verifica-se que o desemprego jovem é muito elevado, ultrapassando os 25%, e a taxa de desemprego das mulheres mantém-se tradicionalmente muito superior à dos homens. O desemprego de longa duração, superior à média do país, representa mais de 50%. Objectivos Criar um modelo de Parceria entre agências públicas (autoridades locais, etc.), agências privadas e Empresas Sociais, que garanta o apoio das iniciativas locais e a promoção de temas políticos para os decisores políticos. Parceria de Desenvolvimento KEKANAM S. A. EKEPIS – Centro Nacional de Acreditação da Formação Vocacional Contínua Associação das Autoridades Locais de Thessaloniki DEOV – Organização Municipal de Formação Vocacional de Volos Universidade de Thessaly – Departamento de Planeamento Urbanístico e De- 73 Send in Force Too Análise dos senvolvimento Regional União das Indústrias de Thessaly e da Grécia Central KETHI – Centro de Pesquisa para a Igualdade de Género INKA – Federação Geral dos Consumidores da Grécia ARSIS – Organização Social de Apoio à Juventude Rede “ROM” Attiko Metro – Companhia de Operações S. A. EPSA S. A. Coordenador ΚΕΚΑΝΑΜ S. A. Actividades 1. Apoio a iniciativas de Empreendedorismo na Economia Social e desenvolvimento das Empresas Sociais existentes •Criação de um serviço para a certificação e desenvolvimento de empresas/ organizações de Economia Social; •Criação de um observatório nacional/ transregional de emprego e Empreendedorismo na Economia Social; •Franchising social de estruturas que apoiem as Empresas Sociais; •Desenvolvimento de aplicações de ICT “e-observatório” para a Economia Social, que suportem as acções referidas. 2. Desenvolvimento de competências das pessoas que trabalham nas Empresas Sociais e nas estruturas que apoiam a Economia Social •Criação da Escola de Empreendedorismo Social; •Desenho de uma metodologia educacional para aplicar na formação de executivos das Empresas Sociais; •Desenvolvimento de instrumentos de ensino à distância que possam 74 Send in Force Too Análise dos ser usados para a implementação da metodologia acima mencionada; • Serviços de Formação Consultiva para todos os que iniciam actividades empreendedoras; • Promoção de acções para novos empregos no sector da Economia Social. 3. Desenvolvimento de Parcerias entre empresas privadas (lucrativas) e sociais (Parceria Privado-Social) • Desenvolvimento e implementação de sistemas/ metodologias para identificar e medir o Social Return Of Investment (SROI); • Actividades de Benchmarking, tendo em vista a promoção do “empreendedorismo socialmente responsável”; • Criação de mecanismos e instrumentos de mediação entre as empresas privadas e as Empresas Sociais. 4. Desenvolvimento de Parcerias entre organismos do sector público e Empresas Sociais (Parceria Público-Social) • Redes de Empresas Sociais – cluster; • Actividades de Rede entre instituições dos sectores privado, público e Terceiro Sector; • Realização de uma acção de campanha de sensibilização e actividades informativas para grupos-alvo seleccionados; • Desenho de um sistema de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)/ portais e websites para a promoção/ difusão do projecto e dos seus resultados. 5. Motivação do “Capital Social” • Implementação de uma Rede nacional/ transregional de consultores (peritos) para apoio ao Empreendedorismo Social; 75 Send in Force Too Análise dos • Desenho e implementação de um instrumento de mobilidade virtual de trabalhadores da Economia Social. 6. Testagem do modelo Public Private Social Partnership (PPSP) • Metodologia das quatro acções no terreno (demos), através das quais, quatro novas Empresas Sociais serão criadas. Website www.kekanam.gr PD 3 Título do Projecto KRIKOS (Social & Economic Development Partnership of Crete) Incubator for the Development of Social Economy Contextualização A ilha de Creta com uma área de 8.335.832 Km² tem uma população de 601.131 habitantes, dos quais 244.259 representam a sua população activa. O sector agrícola representa cerca de 1/3 da população activa de Creta enquanto a indústria não chega aos 15%. Os serviços, por sua vez, representam mais de 50% do emprego. Cerca de 10% dos seus habitantes empregados tem habilitações equivalentes ao Ensino Superior. O abandono escolar após o ensino obrigatório continua a ser mais frequente nos jovens do sexo masculino. Em 2004, a taxa de emprego era de 52,6%, enquanto o desemprego, que se situava na ordem dos 7,7%, era inferior à média do país, e era mais acentuado 76 Send in Force Too Análise dos para as mulheres e para os jovens, e cerca de 1/3 do desemprego era de longa duração. Objectivos Organizar e ajudar a consolidar a Economia Social, em Creta, como um campo independente da actividade económica e de emprego para grupos vulneráveis, e como um espaço preferencial, onde os grupos locais e as organizações tenham a oportunidade de exprimir a sua solidariedade e proporcionar algum apoio material a esses grupos da população. O projecto estava direccionado para: a) Dar continuidade ao apoio das Empresas Sociais já existentes na região; b) Criar postos de trabalho para grupos mais vulneráveis da população, através do apoio à criação de novas Empresas Sociais. Parceria de Desenvolvimento Heraklion Development Agency S. A. Organisation for the Development of West Crete(OADYK) Development Centre of Mountainous Mylopotamos and Malevis (AKOMM) Sitia Development Agency (OAS) Lasithi Development Agency(ANLAS) Pancreatan Network of Social Organisations Cretan Social Network of Local Administrations (KOINOPOLITIA) Department of Long Life Education – Heraklion Prefecture Department of Long Life Education – Rethymnon Prefecture Department of Long Life Education – Chania Prefecture Heraklion Port Authority Municipal Cultural Centre of Agios Nikolaos Management Company of the Science and Technology Park of Crete 77 Send in Force Too Análise dos Vocational Training Centre “Anaptixi Kritis” Coordenador Heraklion Development Agency S. A. Actividades 1. Formação de um ambiente favorável ao negócio para facilitar, apoiar e iniciar actividades no campo da Economia Social •Criação de Estruturas de Suporte de apoio ao desenvolvimento da Economia Social, em Creta, encorajando os operadores locais a apoiar o Empreendedorismo Social; •Organização das Empresas Sociais em clusters baseados em estudos que determinaram as características especiais de cada Empresa Social; •Execução de acordos entre as autoridades locais, empresas privadas e Empresas Sociais. Promoção da noção de Responsabilidade Social. 2. Melhoria das competências dos membros das Empresas Sociais e promoção da ocupação no campo da Economia Social •Implementação de programas de formação inovadores com o objectivo de: a) Estimular continuamente a melhoria das competências dos mem bros das Empresas Sociais já existentes; b) Proporcionar formação aos membros dos grupos-alvo que queriam iniciar uma Empresa Social; c) Educar os trabalhadores dos parceiros sociais para a promoção do Empreendedorismo Social. 78 Send in Force Too Análise dos 3. Apoio ao emprego e Empreendedorismo no sector da Economia Social • Criação de novas modalidades de Empresas Sociais, em Creta, fornecendo apoio financeiro, técnico e aconselhamento aos grupos-alvo; • Aumento da competitividade das novas Empresas Sociais e das já existentes, ajudando-as a melhorar a qualidade dos seus produtos e a organizar as suas Redes de comercialização; • Criação de um “Showroom de Produtos das Empresas” num local central do Porto de Heraklion. 4. Informação e Publicidade Estas actividades foram da responsabilidade de um gabinete que teve como objectivo promover o projecto, bem como os seus resultados, e garantir a oportunidade e legalidade de todas as suas acções. 5. Cooperação Transnacional Espaço de partilha e aprendizagem, simultaneamente permitiu a complementaridade com as actividades do projecto nacional. 6. Coordenação 7. Avaliação Externa Website www.anher.gr PD 4 Título do Projecto Partnerstwo Muflon 79 Send in Force Too Análise dos Contextualização A Baixa Silesia abrange 6,4% da Polónia e é habitada por cerca de três milhões de habitantes (7,6% da população da Polónia). O número de empresas da Baixa Silesia tem vindo a aumentar devido ao investimento estrangeiro. Graças a este investimento, o nível de desemprego aponta uma tendência para a sua diminuição (dos actuais 14%). A região Dolnoslaskie Voivodship, a que pertence Wałbrzych, tem perto de um milhão de habitantes, dos quais mais de 30% se encontram empregados. O sector dos serviços tem vindo a apresentar uma tendência de crescimento, ao contrário da indústria e da agricultura. Uma vez que o sector dos serviços está concentrado em Wroclaw, o resto da região mantém um perfil predominantemente agrícola. Em 2001, as taxas de actividade (54,3%) e de emprego (41,4%) da região eram inferiores às do país e o desemprego do país (9,1%) ascendia na região a 23,7%. O desemprego de jovens com menos de 24 anos era de 47,3 e o desemprego de longa duração 46,1%. A cidade de Wałbrzych é uma cidade pós-industrial, onde desde sempre, a actividade principal se centrou no trabalho nas minas. Com o encerramento, nos anos 90, da sua quase totalidade e das empresas que lhe estavam associadas, o desemprego e os problemas sociais aumentaram vertiginosamente. Actualmente tem uma população residente de 185 mil habitantes e 22 mil desempregados. A aposta de multinacionais na região (e estratégias de captação de investimento por parte das autoridades locais) tem vindo a criar mais postos de trabalho, tendo-se estabelecido na cidade marcas como Toyota, Cersanit e outras. 80 Send in Force Too Análise dos Apesar de ter nove estabelecimentos de Ensino Superior (Universidades, Colégios, etc.), a população tem vindo a diminuir, já que os jovens tendem a sair da cidade para as grandes metrópoles como Wroclaw. Objectivos •Desenvolver um modelo de Empresa Social; •Desenvolver, explorar e testar instrumentos para ajudar a incubar e desenvolver Empresas Sociais; •Envolver os indivíduos pertencentes a grupos excluídos (p. ex.: desempregados, sem-abrigo, portadores de deficiência, doentes, toxicodependentes, baixas habilitações literárias (nova abordagem na Polónia). Parceria de Desenvolvimento Centro Político-Social da Baixa Silesia – Estrutura do Governo Regional Fundação Merkury – ONG Agência Local de Emprego de Wałbrzych – Estrutura do Governo Regional Centro de Apoio Social – Município de Wałbrzych Centro Regional de Apoio a Iniciativas Não Governamentais Associação dos Desempregados da Baixa Silesia – ONG Fundação para a Educação Europeia – ONG Escola Vocacional Estatal de Wałbrzych – Escola Pública Associação Nadzieja – ONG Heapmail – Companhia IT Coordenador Fundação Merkury 81 Send in Force Too Análise dos PD 5 Título do Projecto Pact for Innovating Social Economy Contextualização A região coberta pela parceria do projecto é uma parte do Pacto Territorial e está localizada na região de Abruzzo, na Itália Central. O Pacto cobre uma área de 1.870 kms² e inclui 59 povoações (sobretudo pequenas povoações com cerca de 1.000 habitantes), com uma população total de 132.000 habitantes. % NA REGIÃO REGIÃO População CONVÉNIO 133.000 10,6 1.273.675 Área Km2 1.870 17,3 10.794 Municípios 59 19,3 305 18.896 97,17 19.446 71 61,7 114.39 Income por ano (milhões liras) Densidade Km2 A taxa de actividade é superior a 50% e estava em redução afectando em particular os mais novos. A taxa de emprego era, no início do projecto, de cerca de 57%. Tem-se verificado uma deslocação da agricultura para os serviços, sendo que este último é o sector mais representativo, com mais de 60% dos empregados, seguindo-se a indústria com cerca de 30%. O desemprego é inferior a 7%, sendo mais acentuado para as mulheres. O desemprego de longa duração situa-se em cerca de 50%. Na região existem cerca de vinte e uma Empresas Sociais a trabalhar com 82 Send in Force Too Análise dos cerca de 1.280 trabalhadores. As condições de trabalho, dentro do sector da Economia Social, na região são negativamente influenciadas por uma série de áreas problemáticas. Objectivos • O objectivo geral na Acção 2 da Fase 2 mudou de qualificar para inovar conteúdos para ambos os serviços e sectores de actividade (adopção de práticas inovadoras na administração pública, introdução de inovações de gestão em empresas e em áreas estratégicas de serviços), incluindo novas formas de custos, novos serviços de empresas turísticas e de administradores locais; • O método de trabalho foi modificado de forma a optimizar a integração de diferentes actividades (introdução de Comunidades de Prática e ensino), aumento do uso do método da pesquisa-acção; • Dedicar mais espaço à comunicação, interna e externamente, no Pacto Social. Parceria de Desenvolvimento e respectivos papéis CCIAA de Chieti – Província de Chieti > Inovação para modelos locais para apoiar a criação de Empresas Sociais Consórcio Mário Negri Sud > Construção de Indicadores Territoriais sobre satisfação e avaliação dos clientes Associação das Administrações Locais das Administrações do Pacto Social > Desenvolvimento de funções inovadoras para a avaliação dos serviços sociais Agências formativas Dierreform, Enfap, Ial Cisl > Planeamento e integração de acções formativas inovadoras 83 Send in Force Too Análise dos Consórcios de Cooperativas – Città Solidale, Com. Sol, Enea > Implementação de laboratórios territoriais para o desenvolvimento de funções em Rede Coordenador Sangro-Aventino Actividades 1. Desenvolvimento de funções inovadoras para a avaliação e análise das necessidades dos Serviços Sociais no Sangro-Aventino. 2. Realização de um laboratório territorial sobre inovação de serviços de apoio ao domicílio integrados. 3. Realização de uma rede territorial para a gestão do secretariado social. 4. Modelos inovadores para apoio à criação de Empresas Sociais. 5. Realização de um laboratório territorial para experimentação de novos serviços/ produtos de turismo social. 6. Monitorização, avaliação e mainstreaming. 7. Gestão do projecto. 8. Transnacionalidade [“Social Economy Network Development” (SEND)]. Website www.sangroaventino.it/sezioni/send%20project/ 84 Send in Force Too Análise dos Experiências de Aprendizagem Transnacionais Todos os rios correm para o mar, porque este se encontra abaixo deles. É esta humildade que dá ao mar o enorme poder que ele tem. Se queres conduzir as pessoas, aprende a segui-las. Quando um verdadeiro Mestre governa, as pessoas nem reparam que ele (ou ela) existe. O Mestre não fala, age. E quando o trabalho está feito, as pessoas exclamam “é extraordinário, fizemos tudo isto sozinhos!” (Alberto de Melo in JORNAL DA SERRA nº 20, Dezembro 97, p. 2). No âmbito do Acordo de Cooperação Transnacional (ACT) elaborado pelas cinco Parcerias de Desenvolvimento (PD) ficou previsto que um dos seus produtos seria organizar três Experiências de Aprendizagem Transnacionais (EAT) cujo objectivo seria favorecer a aprendizagem no terreno, provocando comentários, trocas e debates sobre estratégias que pudessem vir a ser transferíveis em dife-rentes territórios. A metodologia prevista era de que os participantes pudessem aprofundar alguns aspectos, analisando experiências de terreno (Estudos de Caso). Cada Visita deveria incluir e combinar um conjunto de actividades: Visi-tas de terreno/ ou viagens guiadas, Workshops, seminários, sessões com especialistas. Em Fevereiro de 2007, em Heraklion, na Grécia ficou decidido que as três Visitas seriam realizadas em simultâneo em Portugal, uma vez que algumas das Boas Práticas, identificadas pela equipa portuguesa, se situavam numa região com características que evidenciavam as fraquezas e as oportunidades de um território em mudança. Com o objectivo de enquadrar essas Visitas foi feita uma apresentação sobre o Vale do Ave com a finalidade de, não só enquadrar as Práticas que iriam ser o foco da atenção, mas também organizar o Programa Social que deveria ilustrar algumas dimensões importantes ao nível do seu enquadramento geográfico, económico, cultural e social. 85 Send in Force Too Análise dos A capacidade de uma região atrair investimentos é hoje um dos factores para o sucesso e a afirmação de um desenvolvimento sustentado e homogéneo. Criar uma região competitiva obriga, necessariamente, a conhecer as suas potencialidades, para ser possível implementar uma estratégia coerente de Desenvolvimento Regional. Situada no Noroeste de Portugal Continental, a NUTS III Ave abrange oito Concelhos (Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Santo Tirso, Trofa, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela). A Região do Vale do Ave tem uma população residente de cerca de 509.969 habitantes, representando 5,1% da população de Portugal, e apresenta-se como uma das regiões de maior densidade populacional, a nível nacional (cerca de 411,3 habitantes por Km² em 2001), conservando ainda uma reserva de população jovem significativa, e um crescimento demográfico na ordem dos 10,94% (de 1991 a 2001). Guimarães e Vila Nova de Famalicão, com 161.876 e 131.690 habitantes respectivamente, são os Concelhos mais populosos. Mondim de Basto surge como o Concelho menos povoado com 8.740 habitantes. A população do Vale do Ave apresenta duas características específicas: não se concentra à volta dos centros urbanos, mas estende-se por toda a região (povoamento difuso) e representa a mais jovem população das regiões da Europa Ocidental sendo que do valor total da população residente, 92.790 habitantes têm menos de 15 anos de idade e cerca de 34% tem menos de 24 anos. O grupo etário dos 65 e mais anos é o menos representativo, sendo o grupo dos 25-64 anos, o mais representativo, com cerca de 55,5% da população. 86 Send in Force Too Análise dos O Vale do Ave durante o último século cresceu mais de 300%. Na última década, apresentou um elevado crescimento populacional, um baixo envelhecimento demográfico, um índice de dependência médio/ baixo e um elevado rejuvenescimento da população activa. Fruto de uma tradição industrial que envolve a região e que, segundo algumas fontes, remonta à primeira metade do século XIX, enquanto outras referem a segunda metade do mesmo século, ter-se-á consolidado plenamente nos Concelhos do Médio Ave ao longo do século XX. Durante mais de cem anos implantaram-se, nos campos retalhados da região, conjuntos diversificados de unidades industriais, umas marcadamente domésticas, outras claramente fabris. O Ave apresenta um modelo de território urbano-disperso, caracterizado por padrões de urbanização e industrialização difusos, com os quais a plurifuncionalidade do uso do solo se interconecta, sendo resultantes de vários factores, culturais e socioeconómicos, que fizeram do Vale do Ave um peculiar e alargado “centro industrial”. Entre alguns desses factores destacam-se: a antiga e sistemática utilização do rio Ave como força motriz; a tradição de algumas actividades, como por exemplo o cultivo, a fiação e tecelagem do linho, a olaria ou os curtumes; a grande densidade populacional associada a uma propriedade agrícola, muito retalhada, que está desde há muito na origem da procura de formas de rendimento complementares, fora das actividades agrícolas. Estes factores determinaram o sucesso da implantação massiva das grandes fábricas e da manutenção e crescimento das pequenas indústrias domésticas. A dinâmica recente da industrialização tem então profundas raízes na forma como a produção industrial se foi organizando. Apesar de períodos de expansão, estabilidade e recessão, o Vale do Ave tornou-se numa das zonas mais dinâmicas e industrializadas do país, através do espírito de iniciativa e de empreendedorismo, que desde há muito tempo caracteriza os habitantes desta região e que têm dado um precioso contributo para o desenvolvimento eco- 87 Send in Force Too Análise dos nómico nacional. O Vale do Ave é considerado, em termos de contributo para o emprego e volume de vendas gerado, o segundo principal Centro Económico do Norte de Portugal logo a seguir ao Porto. Esta posição tem sido o resultado do peso estrutural do núcleo têxtil-vestuário e calçado concentrados nos municípios de Guimarães, Santo Tirso e Famalicão, que reúnem 70% do emprego, no sector secundário dos 72,2% de todo o Vale do Ave. Ocupa ainda esse lugar por várias razões, sendo que, no que concerne ao número de empresas, estas rondam as 42.000 nos sectores secundário e terciário, que têm vindo a aumentar nos últimos anos e concentram cerca de 25% da população total, empregam cerca de 180.000 pessoas, com uma taxa de população activa na ordem dos 51,8%, um pouco mais alta que a da Região Norte (48,1%) e que a média nacional (48,2%). A Região do Vale do Ave está marcada por um elevado nível de industrialização, decorrente da sua referida tradição industrial no ramo do têxtil/ vestuário, no qual as micro e pequenas empresas evidenciam alguma capacidade para reter nichos importantes dos mercados. Trata-se ainda de um sector estratégico que concentra a sua actividade essencial nessas indústrias e ainda no calçado, que continua a assumir a lide-rança do peso da exportação nesta região. O sector têxtil vê-se desde há alguns anos confrontado com importantes dificuldades decorrentes da forte concorrência a que se encontra exposto, pelo que no estudo levado a cabo por várias organizações com interesses na região, se conclui que, para fazer face a esta situação surgem quatro ideias-chave: • Têxteis de Futuro: Aposta no desenvolvimento e comercialização de produtos de aplicação tradicional com base em novos materiais; 88 Send in Force Too Análise dos • Têxteis Técnicos: Reconversão de algumas unidades de produção de produtos tradicionais (vestuário e têxteis-lar) em unidades de produção e comercialização de produtos destinados a determinados nichos de mercado, como por exemplo, os sectores médico (vestuário, material cirúrgico, ...) e automóvel (revestimentos interiores); • Distribuição: Criação de redes de distribuição dos produtos e na criação de algumas marcas próprias, tornando-se necessária a associação de vários agentes instalados, bem como, eventualmente, a cooperação com players estrangeiros; • Tecelagem não Convencional: Reconversão de unidades existentes no sentido de serem capazes de actuar com novos materiais, processos e tecnologias. Em termos de exportação seguem-se a indústria de borracha e plásticos com 9,6%, o material electrónico que representa 9,4%, os restantes valores distribuem-se pelos sectores de produtos metálicos e máquinas, madeira e cortiça, e ainda material eléctrico. Segundo ainda o estudo, “Atlas do Investimento no Vale do Ave”, existem oportunidades de investimento nos sectores da metalurgia e da metalomecânica, designadamente: • Investimento em novos materiais, nomeadamente materiais compósitos, em substituição/ complemento das matérias-primas tradicionais; • Prestação de serviços às empresas instaladas em áreas como a electrónica, hidráulica, mecânica e maquinagem de ferramentas; • Redireccionamento de parte da produção ou instalação de novos operadores, aproveitando a vocação desta região para o sector, tendo em vista a produção de novos produtos, por exemplo, a produção de instrumentos médicos. 89 Send in Force Too Análise dos A produção de riqueza não se reduz unicamente ao sector industrial uma vez que o Sector Terciário tem vindo a manifestar, na última década, uma forte expansão. Esta região representa 11,5% de empresas, 9% de pessoal ao serviço e 8,4% do volume de vendas em relação à Região Norte. Hoje, o Vale do Ave é marcado por uma dualidade do tecido económico caracterizado pelas reminiscências do modelo tradicional do têxtil/ vestuário e, por outro lado, pela existência de unidades modernas e competitivas, não só no sector dos têxteis e vestuário mas também noutros sectores de actividade, como as metalúrgicas de base e outros produtos metálicos, fabricação de equipamentos electrónicos e de óptica, a pasta de papel e cartão, que já traduzem dinâmicas emergentes de diversificação industrial da região. A estratégia para a revitalização desta região passa sobretudo por um aproveitamento das capacidades endógenas, ou seja, por dar um novo impulso às iniciativas empresariais já existentes. O Vale do Ave apresenta um leque variado de entidades potenciadoras do desenvolvimento da região e um número elevado de estudantes (cerca de 15.000) no Ensino Superior (público e privado) e nas Escolas Profissionais que criam condições e potencialidades capazes de atrair investimento. O pólo universitário público, Universidade do Minho (UM) – Pólo de Guimarães, tem desempenhado o papel de agente dinamizador, tem trabalhado em estreita relação com as empresas, de forma a assegurar que os estudantes adquiram as competências necessárias ao seu futuro desempenho profissional. Uma das áreas que continua a ter uma enorme probabilidade de sucesso técnico e comercial é a criação de soluções informáticas adequadas aos vários ramos industriais. A UM, com sede em Braga, é uma organização que tem cerca de 1.200 docentes, 700 funcionários e aproximadamente 16.000 alunos dos quais perto de 90 Send in Force Too Análise dos 5.000 estão em Guimarães. Neste Campus de Azurém, 90% são alunos de Engenharia, sendo os restantes alunos de Arquitectura, de Geografia e Planeamento. No Campus Universitário, em Guimarães, funcionam também os Centros de Investigação de Engenharia Civil e o Centro Algoritmi. Estes reúnem investigadores dos Departamentos de Produção e Sistemas, de Electrónica Industrial e de Sistemas de Informação, de Ciência e Tecnologia Têxtil, de Polímeros e Compósitos, de Interfaces e Comportamento de Superfícies da Engenharia Mecânica. A Escola de Engenharia tem-se destacado por ser aquela que tem, a nível nacional, o maior número de Doutoramentos na indústria (35%) possuindo também o maior número de projectos na Agência de Inovação (cerca de 30%). Por alguns dos motivos que acabamos de apontar, capacidades instaladas a vários níveis, o sector automóvel tem sido referido como um dos sectores alvo de investimento, o que contribuiria para desenvolver nesta região um novo cluster: • Componentes de materiais plásticos e compósitos, aproveitando o recente desenvolvimento do sector dos polímeros na região; • Componentes de base têxtil, retomando a proposta avançada para o sector têxtil, sublinha-se de novo a oportunidade existente de fazer evoluir alguns produtores da produção de bens fazendo uso de materiais convencionais para novos materiais (nomeadamente, compósitos); • Prestação de serviços às empresas existentes, particularmente ao nível da manutenção de equipamentos, bem como ao nível do desenvolvimento de projectos na área da electrónica. Contudo, existe todo um campo de possibilidades para a Economia Social nes- 91 Send in Force Too Análise dos ta região, onde a tradição associativa se encontra fortemente implantada. Embora, em termos de emprego, não tenha a expressão dos sectores económicos já referidos, poderá, ainda assim, ser possível dinamizá-la através de uma forte parceria público-privada. No sector da Economia Social poderão vir a surgir novos investimentos em áreas que não sendo tradicionais representam nichos de oportunidade de negócio. Na área do Turismo e Termalismo, onde já existem três Cooperativas em funcionamento, será possível desenvolver toda uma gama de produtos de animação turística diferenciada, capaz de atrair o chamado “turismo de qualidade”. Devendo ainda vir a ser mais divulgadas as Rotas Turísticas (Património, Vinho Verde, Gastronómicas) e também aproveitadas as potencialidades dos equipamentos culturais da região. Na área social e outros serviços à comunidade, os Concelhos do Vale do Ave apresentam uma cobertura de mais de 20 equipamentos, tal como alguns dos Concelhos do Distrito do Porto. As sedes de Concelho são as que apresentam maior número de respostas. Estes dois Distritos, Braga e Porto, apresentaram um aumento de respostas relativamente a 2005, sobretudo o Porto que se destaca em relação aos restantes Distritos do Norte. Contudo, o Distrito de Braga apresenta uma maior percentagem de respostas sociais da rede solidária, enquanto o Porto tem 20,8% das respostas sociais com fins lucrativos. As respostas sociais para a população idosa têm uma menor cobertura relativa nos Distritos de Braga e Porto, sendo que estes dois Distritos têm um índice de envelhecimento inferior à média do continente (17,3%), Braga (12,6%) e Porto (13,5%). Apesar dos investimentos aprovados no Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) continuam a existir oportunidades para investir noutros serviços de apoio às famílias, sobretudo aos idosos, para quem hoje se pensa ser mais adequado permanecer no seio da sua família, no caso de 92 Send in Force Too Análise dos existirem condições, ou permanecer na sua residência. O aparecimento de idosos com melhores rendimentos pode ainda constituir um segmento de mercado potencial, pelo que, faz sentido o aparecimento de equipamentos e serviços de “gama superior” para apoio a idosos. Existe nesta região um conjunto de Cooperativas (66) que desenvolvem a sua actividade em variadíssimos sectores económicos (Acção Social, Agricultura, Artesanato, Consultoria, Crédito, Cultura e Recreio, Editoras e Jornais, Estações de Rádio, Electricidade, Engenharia, Ensino, Formação Profissional, Habitação e Construção, Jardinagem, Restauração, Saúde, Serviços Diversos, Táxis, Teatro, Termalismo, Turismo e Vinhos) cujo trabalho em rede urge dinamizar no sentido da inter-cooperação e do reforço deste sector. A noção de cluster também se aplica nesta vertente económica, só que não tem havido suficiente visibilidade e atenção para o potencial de emprego e riqueza que podem constituir. Nos sectores da valorização dos recursos, território e alargamento da competitividade, defende-se um maior investimento dos municípios na organização da oferta turística e na sua divulgação. Existe já um conjunto de infra-estruturas importantes na região, que devem ser complementadas com a transformação de recursos em produtos turísticos, respondendo a novas necessidades na área do lazer, bem como, promovendo o aparecimento de novas unidades de turismo rural. Prevê-se que no futuro, e fruto do investimento em algumas actividades de carácter científico e tecnológico, se consiga atrair para esta região um novo segmento de turistas científico que a procuram também para encontrar produtos turísticos na área do património industrial e ambiental. O mesmo se passa na área da Saúde onde podem ser desenvolvidos novos produtos e serviços, em cooperação com os estabelecimentos de Saúde da Região e com instituições superiores de educação privadas (Escola Superior de Saúde do Vale do Ave, Instituto Politécnico de Saúde do Norte, Instituto Superior de Saúde do Alto Ave) onde existe um conjunto de Licenciaturas em áreas 93 Send in Force Too Análise dos como Saúde, Arquitectura, Economia e Gestão, Engenharia Civil, Administração, Educação e Tecnologias de Informação. A inovação nesta área diz respeito a outras dimensões que extravasam a prestação de cuidados de saúde. Um grupo de investigação 3B’s, dedicado aos biomateriais, materiais biodegradáveis e biomiméticos, da UM, conseguiu garantir a sede do Centro Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa. A empresa Stemmatters, um spin-off da UM, que venceu o Prémio Nacional de Empreendedorismo START, surgiu a partir do Grupo 3B’s e foi seleccionada para este prémio de entre as 509 candidaturas recebidas, de Portugal e do estrangeiro. Esta empresa estima que o mercado potencial para a aplicação da investigação em Medicina Regenerativa de Tecidos atinja os 106 mil milhões de euros. Actualmente a investigação em Ciências da Vida faz-se entre o Porto e o Minho, o que terá contribuído para a instalação do futuro Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, no Distrito de Braga. Segundo afirmou, recentemente, o cientista Rui Reis (2007): A importância desta área de investigação prende-se com a escassez de estratégias de tratamento eficazes para inúmeras patologias, incluindo as de osso, cartilagem e pele, que têm vindo a aumentar na sequência do acréscimo significativo da esperança de vida da população europeia e do crescente nível de actividade física em idades mais avançadas. A abordagem tradicional para tratamento de muitas destas patologias assenta na substituição dos tecidos por implantes sintéticos, ou por transplantes de origem autóloga, animal ou cadavérica. No Ave Park, Parque de Ciência e Tecnologia de Guimarães, criado em Maio de 2004, ficaram instalados o Centro Europeu de Excelência em Engenharia de 94 Send in Force Too Análise dos Tecidos e Medicina Regenerativa, o Centro de Investigação em Nanotecnologias da UM, a empresa Stemmatters e o edifício da UM, de interface entre a Universidade e a indústria, e de incubação de empresas de base tecnológica. Juridicamente, o Ave Park é uma sociedade entre a Câmara Municipal de Guimarães, detentora de 51% do capital, a Associação do Parque C&T do Porto, a UM e a Associação Industrial do Minho, com 15% cada, e ainda a Associação Comercial de Guimarães com 4% do capital. A Incubadora arranca com 10 empresas na área da investigação e dos serviços, estando preparada para receber um total de 20, e para crescer com a junção de novos módulos, caso tal se justifique. Em simultâneo, serão construídos os primeiros pavilhões empresariais – abertos apenas a firmas de investigação ou de produtos tecnológicos – havendo já contratos nas áreas das biotecnologias, da saúde, da construção civil e da gestão de recursos humanos. O parque, que tem como “suporte natural” a UM, está instalado em 80 hectares de terrenos nos arredores da Vila das Caldas das Taipas, em pleno Vale do Ave, está projectado para acolher, no prazo de 10 anos, 200 empresas tecnológicas. A instalação das empresas, a concluir num prazo de 10 a 15 anos, vai permitir a criação de quatro mil empregos qualificados, entre cientistas e investigadores, que assim se fixarão na Região do Minho. O Ave Park recebeu um subsídio governamental de 3,2 milhões de euros. O investimento total em infra-estruturas e no chamado edifício central – já terminado – atinge os 10 milhões de euros, verba a que haverá que somar os 3.255 milhões de euros do valor dos terrenos doados pela Câmara. A construção civil é ainda um outro sector a desenvolver na região do Vale do Ave direccionando-se para a recuperação de habitações e património de valor cultural particularmente nos centros históricos das cidades. Algumas medidas do Mercado Social de Emprego (MSE) já demonstraram a sua aplicabili- 95 Send in Force Too Análise dos dade a este nicho de mercado, noutras regiões do país com idênticas características, através da criação de empresas de inserção. Durante o Workshop Transnacional, realizado na Polónia, apresentaram-se as conclusões do estudo realizado pela Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) sobre o sucesso desta medida de criação de emprego, que ficou igualmente demonstrado na comunicação proferida pela representante do MSE durante o Symposium, realizado em 30 de Maio de 2007, em Guimarães. O Vale do Ave apresenta uma marcada capacidade de atracção da população mais jovem, através das especializações oferecidas pelos pólos do ensino e formação e pelas licenciaturas ministradas nas instituições de Ensino Superior público e privado, que contam com uma já considerável oferta de Pós-Graduações e Mestrados, que procuram ir ao encontro das necessidades do mercado de trabalho. Na Região do Vale do Ave encontram-se também localizadas várias Escolas Profissionais (Agricultura, Turismo, Têxtil e Vestuário, Economia, Finanças, Administração e Electrónica) que procuram contribuir para que se registe desenvolvimento na região, promovendo a captação e fixação de recursos humanos qualificados. Os Centros Tecnológicos e de Formação Profissional visam o apoio ao desenvolvimento das capacidades técnicas e tecnológicas, disponibilizando mão-de-obra qualificada que contribua para a eficácia das políticas industriais. O sector ambiental aparece, igualmente, como uma área capaz de atrair novos investimentos. Numa região com forte implantação industrial, afigura-se necessária a execução de projectos de eficiência energética, contribuindo não só para a preservação do meio ambiente, mas também para o aumento da competitividade das empresas, na medida em que o factor energético é um elemento relevante na estrutura de custos das empresas industriais. 96 Send in Force Too Análise dos Em termos ambientais, nomeadamente no tratamento das águas, resíduos sólidos e saneamento, o Vale do Ave investiu consideravelmente nos últimos anos. Agora a prioridade dirige-se ao desenvolvimento de projectos relacionados com o Biodiesel e o Biogás, bem como com a recolha e valorização de resíduos industriais banais. A construção de redes de Gás Natural, nesta região, teve início em 1997. Presentemente, a maior parte da Região do Vale do Ave já conta com Gás Natural. É uma região com forte potencial energético, nomeadamente nas energias renováveis (Água e Vento), onde empresas nacionais e estrangeiras já desenvolveram várias infra-estruturas como a Barragem de Guilhofrei, a Central do Ermal e o Parque Eólico das Serras de Fafe. Na Região do Vale do Ave verifica-se um grande consumo de electricidade, tanto para fins domésticos, como para fins industriais. A região conta com algumas Cooperativas de produção, consumo e distribuição de electricidade, localizadas em zonas altamente industrializadas (Vila D’ Este – Famalicão, Moreira de Cónegos – Guimarães e Roriz – Santo Tirso). Os grandes objectivos do Plano de Acção 2007/ 2013 da Associação de Municípios do Vale do Ave (AMAVE) são o aumento do emprego e da contribuição para o PIB de outras indústrias para além do têxtil e vestuário. A estratégia defende a programação de fundos estruturais e políticas de coesão para o Ave, aumento da percentagem de activos empregados com 12º ano de escolaridade concluído e investimento directo estrangeiro estruturante no território. Aponta, ainda, para o crescimento do número de doutorados inseridos em empresas e do financiamento de capital de risco absorvido no AVE. No domínio da Educação, Formação, Empregabilidade e Desenvolvimento Social, o projecto defende o incremento do número de Centros de Reconheci- 97 Send in Force Too Análise dos mento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) e crescimento da percentagem de jovens em idade escolar abrangidos por cursos de educação/ formação. Sugere também maior percentagem de adultos em cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) e de activos em formação com envolvimento de empresas. Actualmente, o Vale do Ave dispõe dos mecanismos de conexão primordiais, por Terra, Mar e Ar, não só com a Península Ibérica mas com todo o Mundo. Em termos rodoviários, a região usufrui de 3 excelentes auto-estradas que atravessam a região, de Norte a Sul e do Litoral ao Interior. Em 2006, com a conclusão dos novos sublanços da A11, entre Guimarães, Vizela e Felgueiras, ficou garantida a interligação com a A7, a Sul da cidade berço, facilitando o acesso da região ao Litoral Norte, a Espanha e daqui à restante Europa. À margem da Rede de Vias Rápidas, o Vale do Ave forma uma rede densa de Estradas Regionais que ligam as principais sedes de Concelho do Ave, entre si e com o exterior. Destaque para a existência, relativamente recente, de Variantes ou Circulares às cidades de Fafe, Guimarães e Vila Nova de Famalicão, que vieram viabilizar uma melhor ligação da rede viária local à rede regional e nacional, bem como o desvio do trânsito de atravessamento dos centros urbanos mencionados, contribuindo assim para uma melhor fluidez do tráfego rodoviário naquelas cidades. Este foi um dos aspectos que permitiu provar que era exequível realizar as Visitas de Estudo às três Boas Práticas seleccionadas. Hoje, o Vale do Ave dispõe de uma Rede Ferroviária que garante a Comunicação entre os principais centros urbanos do Ave e na intermodalização no transporte de passageiros e de mercadorias. As intervenções recentemente realizadas nas referidas vias-férreas (nomeada- 98 Send in Force Too Análise dos mente a duplicação e electrificação das linhas) permitiram aumentar a competitividade dos serviços de transporte ferroviário, quer pela redução de tempos de viagem, quer pelo facto de terem sido introduzidas composições que conferem maior conforto no transporte de passageiros mas que são ainda bastante demoradas. Pelo facto de se tratar de um território contíguo ao Grande Porto, bem como por beneficiar de excelentes ligações rodoviárias de acesso ao litoral do país, o Vale do Ave surge naturalmente privilegiado em matéria de ligação aos portos de Leixões (Matosinhos) e, também, de Viana do Castelo (no Alto Minho), e ao Aeroporto Internacional Sá Carneiro (Maia), quer em termos de distância, quer em termos de tempo dispendido nas respectivas ligações. O Porto de Leixões assegura a ligação da região com vários portos da Europa e do Mundo. Representando 25% do Comércio Externo Português e movimentando 13,5 milhões de toneladas de mercadorias por ano, Leixões é um dos portos mais competitivos e polivalentes ao nível nacional, já que passam por ele cerca de 3.000 navios por ano e todo o tipo de cargas. Quanto ao Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, situado a cerca de 20 minutos da Região do Vale do Ave, é uma infra-estrutura fundamental, equipada de uma aerogare moderna e confortável, que passou a ser o principal aeroporto do Noroeste Peninsular: cerca de 43.000 movimentos de aviões/ ano; cerca de 3 milhões de passageiros/ ano e cerca de 27.000 toneladas de carga/ ano. No sector das Telecomunicações, o Vale do Ave segue o actual momento de Portugal, apresentando um mercado liberalizado e altamente competitivo, possuindo infra-estruturas modernas e produtos de vanguarda, disponíveis por todo o país (ADSL, MMS e redes de dados por cabo); os preços das telecomunicações em Portugal seguem de perto os da média europeia, sendo, todavia, negociáveis com os diferentes operadores de telecomunicações. 99 Send in Force Too Análise dos É de realçar que Portugal, e, particularmente a região, são grandes consumidores de telecomunicações celulares, cerca de 10 milhões de utilizadores a nível nacional, usufruem dos serviços de 3 empresas operadoras das comunicações. Na Região do Vale do Ave a cobertura é quase total. Com a chegada recente da Banda Larga e no futuro da fibra óptica, a região dará um passo importante em prol da Inovação e da Sociedade da Informação. Boa Prática 1 Contexto Local A primeira Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Ina-daptadas (CERCI) foi constituída em 1975, alguns meses após a data em que foi derrubada a ditadura em Portugal (25 de Abril de 1974 – Revolução dos Cravos). No início da sua actividade, a missão das CERCIs era fundamentalmente direccionada para o apoio de necessidades educativas especiais de crianças e jovens em idade escolar. Foram, desta forma, as pioneiras em Portugal na criação de Escolas de Educação Especial para crianças portadoras de deficiência, rompendo com uma tradição de atendimento meramente assistencial até então dominante no país. Estas Cooperativas nasceram por iniciativa de pais, técnicos e pessoas interessadas e inscrevem-se num movimento alargado de solidariedade social, dando testemunho do dinamismo da sociedade portuguesa na procura de resolução dos problemas na área da deficiência. Os princípios subjacentes à escolha da forma da organização Cooperativa são a expressão do equilíbrio entre a res-ponsabilidade individual e a contribuição colectiva, da ligação do desenvolvi mento económico às actividades de 100 Send in Force Too Análise dos solidariedade social e do envolvimento directo dos utilizadores no processo de decisão. Esta opção tinha sido precedida, já em 1973, pela criação no Ministério da Educação da Divisão de Educação Especial, que subsequentemente estruturou um conjunto de princípios norteadores sobre o que deveria ser a educação da pessoa portadora de deficiência. A estes sucedeu um quadro legal, contrário ao apoio até então em vigor, de carácter meramente assistencialista, que promoveu a criação das Escolas de Educação Especial. O paradigma que com esta medida se iniciava era o reconhecimento da existência de capacidades nestas pessoas para adquirirem conhecimentos e aptidões conducentes à sua autonomização. Com a crescente necessidade de adequação de equipamentos às diferentes etapas de desenvolvimento, as CERCIs criaram valências de atendimento para abrangerem diversas faixas etárias e diferentes graus de deficiência. Nesta linha, foram criados os Centros de Formação Profissional (CFP), Centros de Apoio Ocupacional (CAO), Unidades Residenciais (UR), Unidades de Intervenção Precoce (UIP), Centros de Emprego Protegido (CEP) e Unidades de Apoio à Família (UAF). Com a alteração do Código Cooperativo ocorrida em 1996, as CERCIs, que até então pertenciam ao ramo cooperativo do ensino, passaram a estar integradas no ramo da solidariedade social, correspondendo este ramo à pluralidade de intervenções asseguradas por estas organizações. Em virtude da experiência adquirida ao longo destes anos, emerge a importância e igualmente a necessidade de uma visão mais alargada sobre o apoio ao cidadão portador de deficiência, colocando o “Plano Global de Reabilitação” como referência de base. Dignificar, reabilitar e integrar as pessoas portadoras de deficiência e multi- 101 Send in Force Too Análise dos -deficiência, têm sido os grandes objectivos das CERCIs através de respostas adequadas e necessárias ao desenvolvimento das crianças, jovens e adultos, bem como no apoio e promoção da sua integração na sociedade em todas as dimensões. Em Portugal, as CERCIs surgem como um conceito inovador por basearem a sua actuação na confiança e na esperança de uma colaboração a desenvolver entre as pessoas portadoras de deficiência mental, as suas famílias e os técnicos especializados. Procuram, desde logo, promover as condições que privilegiam a liberdade de escolha no projecto de vida pessoal, por parte das pessoas portadoras de deficiência e das suas famílias, no pressuposto de que a sua integração na sociedade decorre da existência das referidas estruturas de suporte e de acompanhamento, bem como da presença de recursos técnicos diversificados e qualificados de âmbito local e nacional que tenham em conta os níveis socioculturais das famílias. Este movimento de solidariedade conta já com uma experiência acumulada e maturidade inegáveis. A composição do corpo social das Cooperativas (pais, trabalhadores e voluntários) é particularmente responsável pela sua vitalidade, para além da solidariedade que a comunidade em geral sempre manifestou a estas organizações. A postura de intercooperação com a partilha de saberes é assim a fórmula que tem contribuído para a consolidação global deste sub-ramo do sector cooperativo. O seu projecto de actuação tem em vista uma continuidade e uma globalização no atendimento, o que implica um processo contínuo de respostas, ao mesmo tempo sucessivas e simultâneas, que respeitem o processo de evolução destas pessoas. Assim, numa primeira fase, como já foi referido, as CERCIs foram essencial- 102 Send in Force Too Análise dos mente Escolas de Educação Especial. Numa segunda fase, a partir de 1979, apareceram os primeiros Programas de Pré-Profissionalização. A terceira fase dá-se pelo ano de 1986 quando surgiu a Formação Profissional. Actualmente, entramos numa quarta fase em que se procura a integração plena da pessoa com deficiência mental, intensificando-se a criação de novas estruturas que irão permitir, e já prevêem, um acompanhamento global destas pessoas, bem como o reforço no apoio das suas famílias. Até ao final da década de oitenta, o maior número de utentes das CERCIs encontrava-se na valência de Educação Especial. Esta valência procurou criar apoios para as crianças e jovens dos 6 aos 15 anos, que por várias razões foram excluídos do ensino regular; promove o desenvolvimento integral das crianças com necessidades educativas especiais, ao nível das aquisições escolares, da autonomia pessoal, procurando sempre que possível a sua integração no sistema regular de ensino. Os CFPs surgiram em 1988, em virtude dos apoios canalizados pelo FSE, permitindo aos jovens, desde os 16 anos, adquirirem competências, atitudes e destrezas profissionais, que lhes permitam uma integração socioprofissional em mercado aberto. Outra área de real importância diz respeito ao emprego da pessoa portadora de deficiência, onde se tem vindo a verificar a inserção de alguns jovens no mercado normal de trabalho. Na procura permanente de emprego para a população atendida, as CERCIs têm de igual modo investido na implementação de estruturas protegidas, como é o caso dos CEPs, destinadas a jovens cujo perfil não é compatível com as exigências de um posto de trabalho convencional. Para os jovens maiores de 18 anos, portadores de deficiência mental severa e profunda, cuja integração socioprofissional é muito difícil, foram criados como resposta alternativa os CAOs. Nestes centros, os utentes visando a optimização 103 Send in Force Too Análise dos das suas capacidades, realizam actividades socialmente úteis ou de carácter meramente ocupacional, sempre na perspectiva do respeito pela dignidade humana e pelas suas diferenças. Para os utentes cujo enquadramento sóciofamiliar se encontra desagregado, ou é praticamente inexistente, existem as URs para a prestação de cuidados adequados às suas necessidades, favorecendo o seu bem-estar, autonomia social e proporcionando tanto quanto possível uma vivência familiar. Nesta última década têm-se implementado também outras áreas de intervenção, que embora apareçam em menor número, desempenham um papel de acentuada relevância, como é o caso da Intervenção Precoce, a qual tem como objectivo prioritário a estimulação e a integração de crianças com atrasos globais de desenvolvimento. Actualmente, nem todas as CERCIs têm todos os tipos de valências, uma vez que estas foram sendo criadas consoante as necessidades da comunidade em que se encontram inseridas. Apesar do melhoramento qualitativo e quantitativo de respostas encontradas nos últimos anos, as CERCIs permanecem empenhadas na busca permanente de mais e melhores soluções como reacção aos novos desafios que vão surgindo. Foi neste contexto que a Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas de FAFE, CRL (CERCIFAF) desenvolveu a sua intervenção. Os dados de contextualização socioeconómica do Concelho de Fafe foram retirados do Diagnóstico Social elaborado no âmbito do Programa Rede Social e permitiram-nos, no âmbito da caracterização da CERCIFAF enquanto Boa Prática, perceber qual o enquadramento que, de algum modo, justifica o sucesso da intervenção desta organização ao longo da sua história. Este Concelho localiza-se no Distrito de Braga e é delimitado a Norte pelos Concelhos de Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho, a Leste pelos de Cabeceiras 104 Send in Force Too Análise dos de Basto e Celorico de Basto, a Sul pelo de Felgueiras e a Oeste pelo de Guimarães. O Concelho é composto por 36 freguesias, com uma área média por freguesia de 6,1 Km2, num total de 218,9 Km2. É caracterizado por uma zona de montanha de características rurais, semelhantes às dos Concelhos de Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso, e uma zona mais industrial com características semelhantes aos restantes Concelhos do Vale do Ave. Fafe é um território constituído por uma base industrial difusa de pequena e média dimensão, indústrias tradicionais (têxtil-vestuário). Insere-se numa área de povoamento disperso com uma envolvente de Centros Urbanos (Guimarães, Santo Tirso e Vila Nova de Famalicão). De acordo com o Recenseamento Geral da População de 2001, residiam no Concelho de Fafe 52.757 habitantes, mais 10,2% que em 1991, e 53.698 em 2005 a que correspondia uma densidade populacional de 245,1 hab/ Km2. Cerca de metade da população é população em idade activa, apresenta uma das taxas de analfabetismo mais elevada da NUT III Ave, com excepção dos Concelhos de Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho. A população em idade escolar é reduzida, particularmente em algumas freguesias a Norte do Concelho. É ainda caracterizado por elevadas taxas de insucesso escolar e de abandono precoce da escola. Os baixos níveis de escolaridade quebram as perspectivas futuras de qualificações mais elevadas, condenando os indivíduos à situação de trabalhadores indiferenciados. A inserção no mercado de trabalho torna-se, assim, mais difícil, sobretudo em situações de crise. Verifica-se escassez de infra-estruturas para o 1º ciclo e pré-escolar, em especial 105 Send in Force Too Análise dos na sede do Concelho, falta de ofertas educativas diversificadas na escolaridade obrigatória, carências nas áreas de formação tecnológica e profissional, dificuldade de transporte para os interessados no ensino recorrente básico, carência de um serviço de refeições e prolongamento de horário alargado a todo o pré-escolar e 1º ciclo, reduzida abrangência das Actividades de Tempos Livres (ATL) e Ocupação de Tempos Livres (OTL), problemas de sobrelotação, concretamente na Escola Secundária de Fafe e na EB 2,3 Prof. Carlos Teixeira. Para inverter esta situação surgiram vários apoios e programas dos quais destacamos os dirigidos às famílias através da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) e dos Planos de Inserção no âmbito do Rendimento Social de Inserção (RSI) e ainda da Formação Profissional, das medidas do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), dos Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), do Plano para Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PEETI), do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF), do Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar (PNAPAE) e do Programa para a Inclusão e Desenvolvimento (PROGRIDE). Já no que se refere aos indicadores de actividade económica verifica-se que o Concelho tem vindo a aumentar a taxa de actividade e aproxima-se da média nacional sendo, contudo, inferior ao total da do Vale do Ave. Segundo dados de Outubro de 2007, mais de 50% do desemprego é de longa duração e neste, 2/3 é de pessoas com 35 anos ou mais e 80% dos desempregados não tem o ensino secundário completo. Na área da acção social e ao nível do apoio solicitado por agregados familiares carenciados, o maior número de pedidos destina-se à ajuda de pagamento de medicação, e em menor número surge o apoio concedido aos toxicodependentes em tratamento e com HIV, e com menor expressão o apoio a outras situações. Em termos das Ajudas Técnicas verifica-se uma maior afluência de pedidos para aquisição de fraldas descartáveis, essencialmente para idosos e 106 Send in Force Too Análise dos acamados. Segue-se o pedido de apoio para próteses e em menor número surgem os pedidos para aquisição de cadeiras de rodas, bem como camas articuladas, dado que existem instituições que fornecem este tipo de equipamento. O Concelho está dotado de serviços públicos locais e/ ou regionais com serviços de acção social (Hospital, Município, Segurança Social, Centro de Emprego, etc.) e serviços privados. Localmente existem instituições e agentes com intervenções na área social. O diagnóstico – inquérito às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), 2004 – permitiu constatar que com 7.018 idosos distribuídos pelas 36 freguesias, somente 12 freguesias têm um centro que presta apoio domiciliário, abrangendo 295 idosos, ou seja, uma taxa de cobertura de 4,20%, sendo que a lista de espera é de 10%. Os Lares são uma resposta social para idosos, em situação de perda de independência e/ ou autonomia, existindo 8 no Concelho que albergam 318 idosos, o que representa uma taxa de cobertura de 4,53%, a lista de espera supera o número de idosos apoiados. Em relação à resposta Centro de Dia, que contribui para a manutenção dos idosos no seu meio sóciofamiliar, existem 7 Centros que abrangem 99 idosos, o que representa uma cobertura de 1,47%, sendo que a lista de espera é de 10%. Por sua vez os Centros de Convívio têm 1.550 utentes provenientes de todo o Concelho. Relativamente à CPCJ as situações mais frequentes são a negligência, maus-tratos, abandono escolar e, em menor escala, abuso sexual e outras situações (CPCJ Fafe 1º semestre 2004). No âmbito da saúde foram identificadas duas grandes fraquezas, nomeadamente o apoio à deficiência e às toxicodependências (drogas ilícitas e álcool), sendo que do total da população, 4,8% são pessoas com deficiência. 107 Send in Force Too Análise dos A população residente portadora de deficiência no Concelho de Fafe, em 2001, totalizava 2.542 pessoas o que representava 4,8% da população total sendo que 1.404 eram do sexo masculino e 1.138 do sexo feminino. Através de um inquérito levado a cabo pela Rede Social de Fafe aplicado a 36 freguesias das quais, à data da publicação do Diagnóstico Social do Concelho, ainda não existia o apuramento de quatro freguesias (Pedraído, Queimadela, Quinchães e Ribeiros), foram apuradas um total de 1.641 pessoas portadoras de deficiência, das quais 660 encontram-se integradas em Instituição e 205 não estão integradas. No caso específico da freguesia de Fafe os dados relativos à integração em Instituição não foram revelados, apenas foram apurados totais (776). Já no que diz respeito às toxicodependências, alcoolismo englobado, as respostas existentes no Concelho para esta população passam pelo Programa de Redução de Riscos e Danos (PRRD), Centro de Saúde, Centros de Atendimentos a Toxicodependentes (CAT) de Guimarães e Clínica de Desabituação de Drogas de Abuso (CLIDDA). De 298 pessoas com dependência, 78 estão integradas profissionalmente e 220 não têm actividade profissional. Do total de pessoas com dependência 105 encontram-se em tratamento. A maior percentagem dos alojamentos do Concelho é de tipo unifamiliar e pertencem a quem neles habita, seguido das habitações unifamiliares arrendadas. Os apartamentos representam cerca de 12% dos alojamentos do Concelho. As situações mais críticas, como as barracas, são cerca de 2% dos alojamentos do Concelho. Cerca de 90% das freguesias não possuem saneamento básico da rede pública. Só cerca de 15% usufruem deste serviço. Dentro destes 15% a freguesia de Fafe é a que mais usufrui deste serviço (79%), seguido de Antime (63%). A maioria das habitações tem electricidade, só cerca de 1% das habitações 108 Send in Force Too Análise dos do Concelho não tem electricidade. No que concerne à instalação de abastecimento de água nas habitações pode-se constatar que a maior parte é proveniente da rede pública, seguida de perto pelo abastecimento da rede particular. Cerca de 3,5% do Concelho ainda possui água canalizada fora do alojamento. E o dado mais alarmante é que perto de 4% não possui água no alojamento, com particular destaque para Várzea Cova com 33%. Contexto da Problemática A qualidade de vida e as oportunidades das pessoas portadoras de deficiência reflectem, não só as condições políticas e socioeconómicas de uma determinada época e sociedade, como também, as representações que vigoram sobre a deficiência. Embora ao longo da história da Humanidade a pessoa portadora de deficiência apareça representada (sobretudo sob a forma de pinturas) como aparentemente integrada nas actividades e no seio da sociedade, a verdade é que a deficiência foi durante muito tempo considerada como um castigo de Deus. As pessoas portadoras de deficiência foram muitas vezes segregadas, isoladas e consideradas inferiores. As pessoas portadoras de deficiência foram no passado, e continuam a ser em alguns casos no presente, encaradas, quer pela sociedade, quer pela própria família como erros da natureza ou como castigos divinos. A deficiência é geralmente associada a doença, anormalidade, desvio e dependência e representa uma clara oposição entre o “normal” e o “anormal”. Estas representações condicionam em todos os aspectos a qualidade de vida e as oportunidades que possam surgir na vida de pessoas portadoras de deficiência, pois são vistas como menos capazes em relação às pessoas que a sociedade considera “normais”. Os padrões de normalidade para a sociedade são aqueles que são ditados 109 Send in Force Too Análise dos pelos valores e interesses dominantes, as pessoas que, por qualquer motivo, se desviem das normas e regras pré-estabelecidas pelos padrões que a sociedade considera “normais”, são colocadas à margem e estigmatizadas (no sentido de que são desqualificadas como ser humano). São muitas vezes postas de parte, impedidas de participar em igualdade de direitos nas funções quotidianas fundamentais para a sua integração social e para a sua aceitação pelos outros membros da sociedade. O facto de serem preteridas, em detrimento das pessoas consideradas “normais”, nomeadamente no acesso ao emprego, faz com que vejam dificultado o acesso aos meios de subsistência, encontrando-se por isso em situação de desigualdade perante os restantes membros da sociedade, e sendo em parte, também por isso, considerados como um grupo socialmente desfavorecido. Desde os tempos mais remotos que as pessoas portadoras de deficiência são vítimas de exclusão social, chegando-se ao ponto de situações de abandono e infanticídio. Durante séculos, sobretudo a nível ocidental, as respostas sociais destinadas a pessoas portadoras de deficiência, foram marcadas por práticas de caridade cristã. Apesar da deficiência ter sido encarada pela religião cristã como um castigo pelos pecados cometidos ou como obra do demónio, considerava-se que ajudar as pessoas portadoras de deficiência era uma forma de salvação para os benfeitores. No entanto, a ajuda prestada às pessoas portadoras de deficiência baseava-se apenas numa prática assistencialista pois não existia a preocupação de melhorar as condições de vida destas pessoas. Foi sobretudo a partir do século XIX que começaram a surgir sistemas de protecção social dirigidos a pessoas portadoras de deficiência. Contudo, foi apenas no século XX que os movimentos sociais e iniciativas de organizações internacionais, que defendiam os direitos das pessoas portadoras de deficiência e lutavam contra a sua exclusão e marginalização, contribuíram para algumas das mudanças e avanços registados nas últimas décadas. O impacto dos soldados que se tornaram portadores de deficiência no decor- 110 Send in Force Too Análise dos rer das Guerras Mundiais teve um papel importante na visibilidade desta problemática. Começou-se a falar no quão importante seria incluir estas pessoas socialmente, o apoio, exclusivamente assistencialista, revelava-se insuficiente para responder a todas as necessidades apresentadas pelas pessoas portadoras de deficiência. A análise em torno da problemática da deficiência acentuou-se nos últimos 40 anos, estando o termo deficiência fortemente presente no discurso da classe política, dos técnicos, dos investigadores de diversas áreas e da população em geral. A declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, aprovada em 1975 pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), procurou proteger e assegurar os direitos e o bem-estar das pessoas portadoras de deficiência. Esta declaração defende que “… as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos civis e políticos que os outros seres humanos…” e também “… têm direito à segurança económica e social e a um nível de vida decente.” (ONU, 1975: 2). A década de oitenta revelou-se rica no âmbito das orientações internacionais dirigidas às pessoas portadoras de deficiência destacando-se a ONU que teve um papel decisivo no reconhecimento e defesa dos direitos destes cidadãos. Inspirado pelo princípio da participação e igualdade, o ano de 1981 foi proclamado o Ano Internacional do Deficiente. Este e o Programa Mundial de Acção, relativo às pessoas portadoras de deficiência, foram decisivos no surgimento de propostas de linhas e medidas de intervenção, particularmente, na área da reabilitação profissional. A Assembleia-Geral da ONU, aprovou, em 1993, as “Normas sobre Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência”, um documento que pretendia que os Estados assumissem o compromisso político de aplicar as normas contidas no documento, de forma a que fosse operacionalizada a igualdade 111 Send in Force Too Análise dos de oportunidades, sendo objectivo das Normas “… garantir às raparigas, aos rapazes, às mulheres e aos homens portadores de deficiência, enquanto membros de uma dada sociedade, o exercício dos mesmos direitos e obrigações que aos seus concidadãos.” (ONU, 1995: 10). Em 2001, foi aprovada uma Resolução sobre a Protecção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência visando a igualdade de tratamento no emprego e na actividade profissional. A Declaração de Madrid, aprovada em 23 de Março de 2002, no Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência, comemorando a proclamação de 2003 como o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência pretendeu proporcionar um quadro conceptual para a acção do Ano Europeu da Deficiência à escala comunitária, nacional, regional e local. Esta defendia uma nova visão relativamente a questões relacionadas com a deficiência e sugeria um conjunto de medidas de acção aos vários agentes, tais como às autoridades da UE, às autoridades locais, organizações de pessoas com deficiência, empregadores, sindicatos, meios de comunicação social e ao sistema escolar, sendo que a integração e a participação das pessoas portadoras de deficiência depende de todos estes agentes. Mais recentemente, em Dezembro de 2006, foi adoptado pela Assembleia-Geral da ONU o primeiro Tratado de Direitos Humanos do Século XXI, que marcou o culminar de quase duas décadas de trabalho no que respeita à protecção e promoção dos direitos das pessoas portadoras de deficiência em todo o mundo. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência representou assim um instrumento legal importante que proíbe a discriminação contra pessoas portadoras de deficiência, em todas as áreas da vida humana. Inclui ainda provisões específicas relacionadas com a reabilitação e habilitação, educação, saúde, acesso à informação e serviços públicos, entre outras, e vem ainda preencher uma lacuna nas normas internacionais de direitos humanos existentes. 112 Send in Force Too Análise dos O aparecimento destes documentos e a adopção de várias medidas tanto a nível internacional como nacional, revelam que a deficiência tem sido foco de atenção e de preocupação por parte de vários actores sociais. A Promoção da Igualdade, da Integração, da Cidadania e do Bem-Estar das populações com deficiência são os principais objectivos apresentados nos vários documentos elaborados e das medidas implementadas. Em Portugal, à semelhança do que aconteceu noutros países, verificou-se o aparecimento de diversa legislação e medidas dirigidas a pessoas portadoras de deficiência. Foi sobretudo após Abril de 1974 que começaram a surgir as preocupações com a formação e emprego das pessoas portadoras de deficiência. No âmbito do direito nacional, a tutela constitucional dos direitos das pessoas com deficiência encontra-se consagrada no artigo 71 da Constituição da República que define que “… os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.”. De acordo com o artigo 71, na efectivação deste direito constitui obrigação do Estado “… realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência.”. No que se refere à legislação relativa às pessoas portadoras de deficiência, a Lei nº 9/ 89 de 2 de Maio – Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência – teve como objectivo promover e garantir o exercício dos direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa. Nesta lei foram referenciados os princípios da política de reabilitação: universalidade, globalidade, integração, coordenação, igualdade de oportunidades, participação, informação e solidariedade. 113 Send in Force Too Análise dos A integração socioprofissional das pessoas portadoras de deficiência, como um dos principais objectivos da reabilitação, depende muito da existência de medidas e instrumentos que actuem nesse sentido. Em Portugal a legislação existente no domínio da formação profissional e do emprego é de facto numerosa e tem registado uma evolução considerável. No âmbito da política de reabilitação profissional foram igualmente adoptados vários programas e medidas que procuraram actuar, tanto ao nível do desenvolvimento pessoal e profissional, como ao nível da integração no mercado de trabalho. No domínio do desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas portadoras de deficiência foram criadas as seguintes medidas: preparação pré-profissional, avaliação e orientação profissional, formação profissional, readaptação ao trabalho e projectos experimentais de formação/ emprego. • A preparação pré-profissional e a aprendizagem de jovens portadores de deficiência têm o objectivo de proporcionar aos jovens que nunca exerceram nenhuma actividade profissional, uma iniciação em vários tipos de trabalho. • A avaliação e orientação profissional é uma medida que tem como finalidade proporcionar às pessoas com deficiência, com idade igual ou superior a 16 anos, a tomada de decisões vocacionais adequadas. • A formação profissional é uma medida que visa dotar as pessoas portadoras de deficiência, de idade não inferior a 16 anos, com os conhecimentos e capacidades necessários à obtenção de uma qualificação profissional que lhes permita alcançar e sustentar um emprego e progredir profissionalmente no mercado de trabalho. • A readaptação ao trabalho tem o objectivo de proporcionar às pessoas portadoras de deficiência condições e processos de adaptação e compensação das suas limitações de forma a facilitarem o desempenho das suas funções. 114 Send in Force Too Análise dos A consciência da dificuldade de obtenção e de manutenção de emprego, que afecta sobretudo as pessoas portadoras de deficiência, conduziu à institucionalização do regime de emprego protegido. De acordo com o Decreto-Lei nº 40/ 83: … entende-se por emprego protegido toda a actividade útil e remunerada, integrada no conjunto da actividade económica nacional e beneficiando de medidas especiais de apoio por parte do Estado, visa assegurar a valorização pessoal e profissional das pessoas portadoras de deficiência. A constatação de que as medidas e programas adoptados se revelaram insuficientes, e o reconhecimento de que as empresas devem assumir um papel fulcral no processo de integração profissional de pessoas portadoras de deficiência, levou à publicação de novas medidas por parte do Governo português. Em 1989, é publicado o Decreto-Lei nº 247/ 89 onde estão previstos apoios a vários programas e medidas no âmbito da reabilitação profissional das pessoas com deficiência, com o objectivo da sua integração no mercado de trabalho. Este Decreto concede ao Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) a tutela da concessão dos apoios técnicos e financeiros aos promotores dos programas relativos à reabilitação profissional de pessoas portadoras de deficiência. O Decreto-Lei nº 247/ 89 visa conceder diversos apoios no âmbito da integração em mercado normal de trabalho tais como: subsídios de compensação, eliminação das barreiras arquitectónicas, adaptação de postos de trabalho e de acolhimento personalizado. Os apoios têm o objectivo de compensar as entidades empregadoras pelo menor rendimento dos trabalhadores com deficiência e pelos custos da eliminação de barreiras arquitectónicas ou adaptações necessárias para o exercício da actividade profissional destes trabalhadores. O prémio de mérito visa premiar, não só as entidades que em cada ano se distinguem na celebração de contratos sem termo a pessoas com deficiência, 115 Send in Force Too Análise dos como também, premiar as pessoas portadoras de deficiência que se destacaram na criação do seu próprio emprego. O Decreto-Lei nº 247/ 89 assumiu, sem dúvida, um papel fundamental na política de reabilitação profissional, no entanto, é importante referir que este Decreto foi publicado numa altura em que tinham começado a surgir apoios financeiros, dirigidos para a formação profissional, pelo Estado português e co-financiados pela Comunidade Económica Europeia (CEE) no âmbito do FSE, tal como já foi referido neste Estudo, sendo a década de noventa, por esse motivo, considerada uma década dirigida sobretudo para a reabilitação profissional das pessoas portadoras de deficiência. Em 2001, foi publicado o Decreto-Lei 29/ 2001 que estabelece o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência na administração pública, sendo assim instituída uma quota obrigatória de 5% nos concursos externos de ingresso na função pública desde que o número de lugares levados a concurso seja igual ou superior a 10. Do ponto de vista legislativo, Portugal possui um vasto conjunto de leis e programas que promovem e defendem os direitos e a participação de pessoas portadoras de deficiência, nomeadamente, o direito à igualdade de oportunidades e ao trabalho. Contudo, os dados dos Censos 2001 revelam uma baixa incidência de pessoas portadoras de deficiência com uma actividade económica. De acordo com esses dados, num total de 581.103 pessoas portadoras de deficiência, 411.525 não desempenham nenhuma actividade. A elevada taxa de desemprego que afecta as pessoas com deficiência pode pôr em causa, não só a eficácia e os reais impactos das já referidas medidas e programas, como também, demonstrar que apesar das várias medidas, apoios e uma maior preocupação legislativa com a defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, estas continuam a ser excluídas da sociedade e do mercado de trabalho. 116 Send in Force Too Análise dos As situações de desigualdade e vulnerabilidade vividas pelas pessoas portadoras de deficiência ainda surgem muito devido a preconceitos e ideias erradas relativas às suas capacidades, com reflexos óbvios no percurso educativo e formativo, no acesso ao mercado de trabalho, na mobilidade e na sua participação na Sociedade da Informação e Comunicação. Alguns dos indicadores da vulnerabilidade destas pessoas, que ilustram o seu grau de exclusão, são o nível de instrução e a sua situação perante a actividade económica. À semelhança da generalidade da população portuguesa, as pessoas portadoras de deficiências ou incapacidades apresentam, em média, baixos níveis de escolaridade. O Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens (INIDD) revela que a proporção das pessoas portadoras de deficiência sem qualquer tipo de instrução varia entre os 32,8 e os 47,3%, conforme o tipo de deficiência. Relativamente à proporção das pessoas que completaram o ensino secundário, esta varia entre os 0,40 e os 3,45%, conforme o tipo de deficiência. A educação formal constitui a condição fundamental de partida para a inclusão social dos indivíduos, nomeadamente no que se refere à participação no mercado de trabalho. As pessoas portadoras de deficiência confrontam-se, de igual modo, com dificuldades de participação no mercado de trabalho. Os dados do INIDD relativos à taxa de emprego das pessoas portadoras de deficiência demonstram que, em 1996, a taxa de emprego se situou entre os 27,4 e os 58,8%. Estes valores revelam claramente que grande parte desta população naquela época não exercia nenhuma actividade profissional. Na sua maioria, ainda hoje são pessoas economicamente inactivas e apenas uma minoria destes cidadãos possui uma actividade económica. A exclusão das pessoas portadoras de deficiência do mercado de trabalho é um dos indicadores reveladores da discriminação e desigualdade de que são alvo, o que 117 Send in Force Too Análise dos é confirmado por Luís Capucha que os considera um grupo social desfavorecido. As razões que invoca prendem-se ao facto de … ocuparem os lugares mais baixos no espaço das posições sociais, são particularmente vulneráveis a situações de pobreza, tendem a ser alvo de processos de exclusão social e acumulam handicaps que tornam difícil o acesso de uma parte significativa dos indivíduos que os compõem à condição de cidadania plena e a sua integração no mercado de trabalho. (1998: 25). As pessoas portadoras de deficiência estão muitas vezes à margem das oportunidades que se abrem nos diversos campos da vida social, económica e cultural, permanecendo, frequentemente, numa condição continuada de ausência de acesso a direitos básicos ou a estilos de vida minimamente aceitáveis e dignos. A exclusão social é um fenómeno multidimensional, é um fenómeno social total (Mauss e Gurvitch), ou um conjunto de fenómenos sociais como o desemprego, a marginalidade, a discriminação, a pobreza, entre outros, que interligados contribuem para a produção do excluído. A utilização do conceito de exclusão social é relativamente recente, apresentando-se um pouco difuso devido à sua generalização por parte de discursos de políticos e intelectuais. Nestes há um aspecto que reúne algum consenso, é de que a exclusão social provém das desigualdades inerentes a cada estrutura social. Podemos definir desigualdades sociais como uma diferença socialmente condicionada no acesso a recursos. Assim, quanto maior for o grau de desigualdade entre os que possuem os recursos – não apenas recursos económicos, mas também os que resultam do capital social e cultural dos actores sociais – e aqueles que não tendo acesso aos mesmos se encontram à margem de uma participação social activa e plena, maior será o grau de exclusão. 118 Send in Force Too Análise dos A problemática da exclusão foi abordada pelos sociólogos clássicos, entre eles Marx (1818-1883), Durkheim (1858-1917) e Weber (1864-1920), que se centraram, sobretudo, nos mecanismos da exclusão social embora, conforme a tradição sociológica, apresentem interpretações diferentes. Marx definiu a exclusão social como o resultado da desapropriação dos meios de produção e demais recursos políticos e simbólicos, incluindo a não participação nos processos de decisão política. Na visão marxista são excluídos todos os que não detêm nenhum controlo sobre os meios de produção e não só certos grupos sociais desfavorecidos ou vulneráveis. A exclusão social, para Durkheim é vista como a perda do laço sóciomoral, como fenómeno disfuncional, como uma forma patológica duma sociedade doente e desprovida de valores e referências morais para alguns dos seus membros. Já Weber caracterizou a exclusão social como o fechamento social ou usurpação de recursos por parte de determinado grupo face aos demais. A exclusão social, resulta, para este autor, quer das formas de concorrência e competição nos diversos mercados de trabalho, quer das relações fechadas próprias de certos círculos e actores sociais ou colectivos, que monopolizam e/ ou restringem o acesso a determinados bens, saberes e funções. O Interaccionismo Simbólico representou um avanço na medida em que as interpretações estruturo-funcionalistas atribuíam as razões do comportamento desviante, ora às disfunções da estrutura social, com uma certa carga psicologizante, ora às características do indivíduo. O Interaccionismo Simbólico mantém sobre o comportamento desviante um duplo olhar: o da sociedade, ou dos “normais” e o dos estigmatizados. Actualmente entende-se por exclusão social a situação de não inclusão, de não inserção e/ ou de não integração de determinados indivíduos ou grupos 119 Send in Force Too Análise dos sociais no acesso ou gozo de determinados direitos, desde os cívicopolíticos, passando pelos sociais, até aos direitos económicos. Para Luís Capucha, “Produzem-se situações de exclusão porque a sociedade não oferece a todos os seus membros a possibilidade de beneficiar de todos esses direitos nem de cumprir alguns direitos que lhes estão associados.” (1998: 20). O excluído encontra-se fora dos universos materiais e simbólicos, verifica-se uma acentuada privação dos recursos materiais, sociais e culturais. O conceito de exclusão não reflecte apenas a marginalização do mercado de trabalho, refere-se também à marginalização face ao consumo (baixos rendimentos), face às redes sociais (de trabalho, comunitárias familiares, de vizinhança) e face aos direitos cívicos e políticos. O conceito de exclusão está associado, por oposição, ao conceito de integração social. A integração social consiste na passagem das pessoas, ou grupos em situação de exclusão para uma situação de participação e cidadania. A integração social para Veiga “… exprime o reconhecimento do indivíduo, i.e., o reconhecimento do lugar que ele ocupa no sistema social e na utilidade que ele desempenha no sistema.” (2006: 224). As CERCIs assumem-se como entidades prestadoras de serviços e iniciaram a sua intervenção numa área da competência e obrigação do Estado. Histórico de Sucesso A CERCIFAF foi fundada oficialmente em Maio de 1979, tendo iniciado provisoriamente a sua actividade nesse mês. A criação da CERCIFAF, tal como as outras CERCIs, resultou da iniciativa de um grupo de pais de crianças portadoras de deficiência pois consideravam que nas escolas regulares não tinham lugar, nem condições, para acolher os seus filhos. 120 Send in Force Too Análise dos Aquando da abertura oficial, a CERCIFAF tinha 42 alunos inscritos que recebiam apoio na escolaridade com programas adaptados às necessidades de cada aluno. Ao longo do tempo a Instituição foi crescendo ao nível pedagógico, em termos de número de alunos e desenvolvimento administrativo. Em 1982, é celebrado um Acordo de Cooperação com o IEFP que previa a edificação das actuais instalações e o arranque das acções de formação pré-profissional. A CERCIFAF foi considerada Instituição de Utilidade Pública em 1987, numa clara demonstração de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela Instituição. Este Estatuto é conferido pelo Decreto-Lei nº 460/ 77 de 7 de Novembro e é abrangido pelas regalias e isenções fiscais enunciadas na Lei nº 151/ 99 de 14 de Setembro destinadas às Associações e Fundações privadas que prossigam fins de interesse geral em cooperação com a Administração Pública, bem como às Cooperativas que não prossigam fins económicos lucrativos, todas elas, no caso de não beneficiarem do regime de utilidade pública por virtude de legislação especial. A partir de 1988, na sequência da adesão de Portugal à CEE, a CERCIFAF candidatou-se às acções de Formação Profissional para pessoas com deficiência, co-financiadas pelo FSE. Iniciou-se, deste modo, um novo ciclo na vida da Instituição. Com o objectivo de melhorar as respostas e satisfazer as necessidades, a CERCIFAF criou novas estruturas e alargou os seus serviços, passando a possuir um CAO, um Centro de Educação Especial, um Centro de Competências, Enclaves de Emprego Protegido, Serviços de Intervenção Precoce, Projectos Inovadores, Actividades de Formação Profissional em diversas áreas e Actividades de Integração Socioprofissional. Fazendo uma breve análise dos dados referentes à eficácia da Formação 121 Send in Force Too Análise dos Profissional realizada pela CERCIFAF, no período compreendido entre Janeiro de 1988 e Dezembro de 1996, verifica-se que dos 71 formandos que durante este período concluíram a sua formação, 66 concluíram todo o processo de formação nos 4 anos. Desses 66 formandos, 53 conseguiram emprego, o que corresponde a uma taxa de integração profissional de 80%. A CERCIFAF, entre 1990 e 2004, empregou 167 pessoas portadoras de deficiência, importa no entanto salientar que 80% dos trabalhadores integrados pela CERCIFAF, no mercado de trabalho, são contratos sem termo, ou seja, a tempo indeterminado. Estes valores são indicadores do bom desempenho que a CERCIFAF tem tido. Os dados apresentados em 1994, pelo Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD), no âmbito do projecto QUANTI, relativo a pessoas portadoras de deficiência empregadas, na faixa etária dos 16 aos 64 anos, revelavam uma taxa que variava entre os 40 e os 70% para os cidadãos portadores de deficiência que se encontravam fora do mercado de trabalho. Estes dados demonstravam a existência de elevadas taxas de desemprego entre estes cidadãos, sendo que os casos de deficiências psíquicas e mistas eram os mais afectados. Este indicador demonstrava claramente o contexto de exclusão das pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho. Os dados acima transcritos e o testemunho de alguns organismos públicos permitem-nos, por isso, afirmar que a CERCIFAF tem sido a Instituição que atingiu a mais elevada taxa de integração profissional e social de pessoas portadoras de deficiência mental a nível nacional. Sendo a Formação Profissional e o Emprego de pessoas portadoras de deficiência uma vertente desenvolvida por outras instituições similares à CERCIFAF, podemos dizer que um dos possíveis factores diferenciadores resulta do Modelo de Intervenção desenvolvido e testado pela CERCIFAF. 122 Send in Force Too Análise dos A grande estabilidade e coesão da equipa técnica constituíram um dos elementos fundamentais para o sucesso desta Prática e resulta de uma intervenção continuamente reflectida e avaliada. Um dos outros elementos está relacionado com o seu conhecimento profundo da comunidade, da qualidade do seu capital social, que se reflecte no número e tipo de parcerias que estabelecem, e, ainda, da especificidade do tecido económico da região das Pequenas e Médias Empresas (PME) e das capacidades e qualidades, quer pessoais quer profissionais destes trabalhadores. Inovação da Prática Considerando que a especificidade do Modelo de Intervenção desenvolvido pela CERCIFAF é um dos grandes responsáveis pela elevada taxa de integração profissional de pessoas portadoras de deficiência, torna-se pertinente a realização de uma explicação, ainda que sucinta, do mesmo. O modelo procura sobretudo os efeitos estruturantes de médio e longo prazo (preocupa-se com a manutenção das pessoas no mercado de trabalho, mais do que com o simples acesso ao emprego) e assenta numa transacção, i.e., a sua aplicação é um processo que postula ajustamentos recíprocos entre todos os actores intervenientes. (Costa, 2005: 116). O Modelo de Intervenção desenvolvido pela CERCIFAF, com vista à formação e ao emprego de pessoas portadoras de deficiência, caracteriza-se por uma actuação em áreas distintas e em diferentes momentos e envolve uma grande diversidade de actores, sobretudo da comunidade envolvente. É desenvolvido um trabalho preparatório que consiste no reconhecimento das características do tecido empresarial envolvente, procurando desta forma saber qual o nível de exigência requerido para os postos de trabalho disponíveis e, assim, adaptar a formação dos seus formandos às necessidades das empresas locais. 123 Send in Force Too Análise dos A Formação em Contexto de Trabalho é uma das Metodologias do Modelo de Intervenção da CERCIFAF, trata-se de um aspecto fundamental do processo formativo como meio de formação complementar e facilitador de acesso ao emprego. Com a Formação em Contexto de Trabalho, os formandos são integrados em empresas de forma a terem contacto directo e adaptarem-se às exigências do trabalho, às tarefas e aos ritmos. Durante este processo o formando tem a possibilidade de demonstrar o seu valor e provar que é capaz de desempenhar as tarefas como qualquer outro trabalhador. A preocupação em colocar “o sujeito certo no lugar certo” é uma das estratégias utilizadas, consistindo esta, na selecção do melhor perfil pessoal para ocupar um lugar bem contextualizado e preencher determinada necessidade de trabalho. O acompanhamento pós-colocação assume também um papel fundamental, permite detectar e solucionar problemas, tentando diminuir o risco da perda de emprego e garantir a satisfação de ambas as partes. Este acompanhamento permanente da CERCIFAF, durante o estágio e após a contratação, transmite um maior grau de confiança às empresas e aos ex-formandos. A “Mediação” constitui uma actividade fulcral nas estratégias para a empregabilidade desenvolvidas pela CERCIFAF. De acordo com o livro “MOLIS – Ensaio sobre um Modelo de Intervenção Social para a Integração Socioprofissional de Pessoas com Deficiência”, … as actividades de Acompanhamento e Mediação são aquelas que melhor exprimem (ou pode exprimir) a capacidade organizacional para implementar e desenvolver estratégias de empregabilidade. (Costa, 2005: 177). A “Mediação” é uma actividade que deve ser desenvolvida em diversos domínios e requer o trabalho de uma equipa. Cabe aos mediadores representar a 124 Send in Force Too Análise dos Instituição e estabelecer pontes entre a Instituição e o exterior. Por sua vez, o conhecimento do perfil pessoal e profissional dos formandos é uma componente do trabalho de Mediação, sendo assim possível ao Mediador ter conhecimento sobre questões relacionadas com o comportamento, higiene, apresentação, aferir regras e comportamentos e confrontar as competências do formando com as exigências das tarefas do futuro emprego. No momento da transição do formando para a formação na empresa (estágio), o trabalho de Mediação reveste-se da maior importância. A preocupação inicial, neste processo, consiste em encontrar a solução mais adequada para cada formando. Uma vez encontrado o local para a realização de estágio, o Mediador deve, por um lado, fornecer à entidade empregadora as informações e condições do estágio e, por outro lado, observar as rotinas da organização recolhendo o máximo de dados para encontrar o lugar que melhor se adeqúe às características do formando. De seguida, é negociado com a empresa como deve agir para que a motivação e desempenho do formando melhorem, quais as condições de participação e integração na empresa, como por exemplo, as condições de transporte e de alimentação que são também tidas em consideração nesta fase. É ainda garantido o acompanhamento dos técnicos da Instituição sendo que este é estabelecido formalmente através de um protocolo a celebrar entre a empresa e a Instituição. O papel da Mediação torna-se indispensável no momento da contratação. Em suma, nesta fase a Mediação deve atender a um conjunto de factores sobretudo ao tipo de contrato a realizar, o horário de trabalho a estabelecer, a remuneração a acordar, a alimentação e transporte a assegurar e a garantia de Acompanhamento da Instituição para solucionar eventuais problemas. 125 Send in Force Too Análise dos A partilha de informação com as famílias dos formandos é outra das vertentes da estratégia de Mediação. As famílias são informadas relativamente às condições de realização de estágio e quanto à importância do seu apoio para o sucesso da integração, ressalvando-se que estas devem estar atentas a um conjunto de aspectos, desde o cumprimento das regras de higiene à apresentação de eventuais mudanças de comportamento. O desenvolvimento de Redes Locais, no sentido dado por Ribas (2007), conforme foi por nós já referido neste Estudo, tem como objectivo o envolvimento local de novos protagonistas, pretende mobilizar os vários agentes públicos e privados apelando, desta forma, a uma intervenção de todos estes actores. Com o desenvolvimento de Redes é possível envolver e implicar no processo de integração socioprofissional os vários actores da comunidade local, tais como os empresários locais, outras instituições, vizinhos, colegas de trabalho, familiares e amigos das pessoas portadoras de deficiência. A realização dos Encontros de Empresários é um dos aspectos da Metodologia que visa a troca e a partilha de mensagens significativas entre a Instituição e os empresários. Pretende-se com estes Encontros sensibilizar os empresários para facilitarem a demonstração das capacidades e competências das pessoas portadoras de deficiência e promoverem a criação de novas oportunidades de emprego. Nestes Encontros, um deles testemunhado pela equipa deste projecto, estiveram presentes empresários da zona de influência da CERCIFAF (Fafe, Cabeceiras, Mondim de Basto, Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso), representantes de entidades públicas locais (Câmara, IEFP, Escolas), formandos, técnicos e familiares. Nesta Sessão foi feita a entrega dos certificados (simbólicos) aos formandos pelos empresários que os acolheram e foram ouvidos testemunhos, quer de empresários, quer de formandos. Estes Encontros revestem-se, no seu global, de um certo grau de informalidade, dado que pretendem o estreitamento das relações entre a Instituição, as famílias e as empresas. No final do Encontro todos os presentes são convidados a des- 126 Send in Force Too Análise dos frutar de um lanche oferecido pela Instituição. Estes eventos caracterizam-se também pela sua brevidade, a marcação do dia e a hora da sua realização têm em conta a disponibilidade e a cultura dos empresários locais. Os empresários são convidados a participar num acto que lhes é especialmente dirigido, pelo que só esta fase se reveste de alguma formalidade, sobretudo no início do evento, com o discurso dos responsáveis da Instituição e da autarquia e, por bastante informalidade durante o convívio “… os Encontros de Empresários devem ser rodeados de momentos de descontracção, de diálogo aberto, de inter-conhecimento e troca de emoções.” (Costa, 2005: 107). Os Encontros de Famílias visam implicar as famílias no processo formativo das pessoas portadoras de deficiência e para que a acção de todos os intervenientes, neste processo, vá no mesmo sentido. É exigido a todos os presentes um comportamento mais formal. No programa do Encontro devem estar definidos os objectivos, algumas regras e as formas de avaliação. Atendendo ao elevado número de factores que podem condicionar uma família, é importante obter informações de carácter quantitativo e qualitativo da interacção pais/ filhos, antes de iniciar o programa. Contributos da Transnacionalidade – Lições Aprendidas A análise que cada grupo de parceiros fez das Visitas foi muito condicionada pelos respectivos interesses dos grupos e experiência e composição dos mesmos. Este aspecto ficou patente em todas as Visitas pelo tipo e número de questões que foram levantadas ao longo da apresentação feita pelos promotores e beneficiários das Práticas. A primeira Visita que a CERCIFAF recebeu foi da delegação italiana maioritariamente composta por pessoas envolvidas com a problemática da deficiência mental e o desenvolvimento local. A avaliação que fizeram teve ainda em conta diferentes visões, as dos técnicos e dirigentes das organizações de Economia Social, dos formadores e dos responsáveis da administração pública. 127 Send in Force Too Análise dos O debate foi um momento particularmente rico de intervenções sobre aspectos diversos, tais como, a relação e o papel da administração pública central no modelo desenvolvido pela CERCIFAF, qual o papel do Centro de Emprego local a questões mais relacionadas com o modelo português de resposta social, bem como do modelo formativo e de inserção deste tipo de público-alvo. A longa experiência da entidade acolhedora permitiu esclarecer todas estas dúvidas que os italianos consideraram ter permitido fazer um paralelo com o sistema italiano. Segundo este grupo, o modelo de apoio ao cidadão portador de deficiência mental, desenvolvido em Itália, foi fortemente regulado pelo Estado, o que não permitiu a sua adequação às necessidades dos públicos-alvo e às suas especificidades locais. Consideraram ainda que a experiência portuguesa, nesta temática, resultou de uma forte intervenção das organizações portuguesas na sua relação com os sucessivos governos e foi fruto, sobretudo, do ambiente gerado pela Revolução de Abril que, no caso concreto, contou com uma participação cidadã ímpar neste domínio da deficiência, onde o Estado não tinha respostas. O interesse que despertou esta questão motivou um amplo debate na Visita que tiveram a propósito da Prática de Marketing Social onde foram acolhidos por um representante da FENACERCI. Na opinião dos parceiros italianos, o grau de maturação do modelo desenvolvido pela CERCIFAF ilustra bem a experiência acumulada e reflectida pela equipa e dirigentes durante o acompanhamento deste público-alvo, nas suas múltiplas respostas dirigidas a faixas etárias diferentes, o que, em seu entender, lhes permitiu um planeamento mais rigoroso da sua estratégia de inserção em mercado de trabalho normal. Aqui, reside uma outra diferença relativamente a Itália onde a preocupação se centrou na criação de empresas que empregam maioritariamente pessoas portadoras de deficiência com o objectivo de lhes proporcionar um rendimento. Por outro lado, existem, como referiram, diferentes tipologias e enquadramentos legais das organizações pertencentes ao sector da Economia Social nos dois países, que também explicam as dife- 128 Send in Force Too Análise dos renças de abordagens que encontraram na comparação que estabeleceram entre eles. Uma intervenção muito apreciada foi a protagonizada pela empresária que testemunhou a sua experiência na contratação de pessoas portadoras de deficiência mental, onde ficaram bem patentes as qualidades destes trabalhadores que os leva a serem preferidos para algumas tarefas que exigem um grau de precisão e atenção muito elevado. Baseando-nos na exposição apresentada na Sessão Plenária, podemos concluir que a Visita à CERCIFAF demonstrou a este grupo uma realidade em que se conseguem conciliar as políticas de formação e de trabalho com a inclusão social. O grupo referiu que a CERCIFAF demonstrou uma capacidade notá-vel de resposta de integração de pessoas portadoras de deficiência mental, desde a infância até à idade adulta, passando por uma integração social, quer em contexto de trabalho, quer fora dele. Os parceiros italianos, perante o contexto que lhes foi dado a conhecer comentaram que, do seu ponto de vista, em Portugal, são delegadas na sociedade civil algumas funções que deveriam ser da responsabilidade do Estado. Este deveria garantir a todos os cidadãos as mesmas oportunidades independentemente da sua área de residência ser caracterizada pela presença de Empresas Sociais. As principais diferenças entre a realidade portuguesa e a realidade italiana consistem assim na fragmentação das intervenções na área social. Em Itália, apesar da existência de um quadro jurídico bastante avançado no sector social, consideram existir um sistema de gestão caracterizado por burocracias e regras inaplicáveis, o que os leva a pensar em “boas teorias e más práticas” sem desprimor por algumas excelentes práticas. No contacto com a CERCIFAF ficaram convencidos que este tipo de organiza- 129 Send in Force Too Análise dos ções efectuou um bom trabalho de comunicação junto da comunidade onde estão inseridos, de tal modo, que as empresas estão dispostas a colaborar e fazem-no, o que só muito pontualmente se consegue encontrar no seu país. Ao contrário do que acontece com as Empresas Sociais italianas, que apenas criam rede e organizam processo de entrada, as Empresas Sociais portuguesas lidam directamente com a inclusão social, proporcionando emprego estável, perspectivas e talvez mesmo, em algumas situações, pequenas qualificações. Uma outra diferença é que as organizações em Portugal intervêm simultaneamente ao nível da formação e da colocação em posto de trabalho, o que não acontece em Itália. Há empenhamento por parte das Empresas Sociais portuguesas, existem mecanismos de acompanhamento e controlo pós-formação que leva à verificação dos resultados conseguidos. O aspecto que mereceu destaque foi exactamente o Modelo de Mediação desenvolvido pela CERCIFAF e que permite um apoio e acompanhamento, não só da pessoa portadora de deficiência, como também da empresa que a acolhe. Referiram, ao longo de toda a sua estadia, a mais-valia que poderia constituir a tradução do livro “MOLIS” como obra de referência a nível europeu. A questão mais complexa e que tomou uma boa parte do tempo do debate foi o regime de financiamento de todas estas acções. A segunda Visita (do primeiro dia) que a CERCIFAF acolheu foi da delegação grega que era a maior em número (42 pessoas) e diversidade de participantes. Tal como as outras era composta por pessoas envolvidas com a problemática da deficiência mental com larga experiência, professores universitários, representantes de organismos governamentais ligados à formação e ao RVCC, organizações privadas de formação, organizações cívicas ligadas a públicos desfavorecidos, representantes de grandes empresas privadas e de pequenas 130 Send in Force Too Análise dos empresas surgidas em iniciativas de desenvolvimento local, bem como associações de apoio a municípios. Esta Visita caracterizou-se sobretudo por uma forte interacção entre todos os participantes que, tendo estado durante toda a manhã com um representante da FENACERCI, já dominavam muitas questões relacionadas com o apoio das CERCIs e com a sua experiência de quase três décadas. A delegação grega concluiu que os objectivos traçados para as Visitas foram amplamente conseguidos e que … no amplo debate que tiveram, uma coisa ficou clara: qualquer singular participante, independentemente do seu papel, experimentou determinadas situações que necessitaram comentar. Considerando a multiplicidade de participantes gregos foi extremamente difícil direccionar as temáticas para os interesses pessoais de cada um. No seu testemunho referiram ser a CERCIFAF um impressionante exemplo para os seus formadores locais. “O seu método para promover e incluir os seus alunos (pessoas portadoras de deficiência) em contexto de trabalho é definitivamente um protótipo encorajador.”. Concluíram que é necessário traduzir o livro “MOLIS” para grego, no sentido de analisar o seu potencial. Um dos aspectos que mais impressionou os participantes foi quando um deles colocou a questão sobre qual era a especialidade do intermediário/ mediador e lhes foi respondido que um dos membros da equipa tinha aprendido no País de Gales, onde, há alguns anos, tinha feito a mesma pergunta “... que formação é que as pessoas têm?” e lhe responderam aquilo que lhes iria dizer de seguida “... mais do que a formação que as pessoas têm, interessa o que é que as pessoas são capazes e o que é que as pessoas querem.”. E continuou, afirmando que não negam a técnica, a técnica é fundamental e importante, mas preferem “... uma pessoa que não tenha formação mas tenha alma, do que 131 Send in Force Too Análise dos uma pessoa que tenha formação e não tenha alma.”. O debate centrou-se muito sobre os regimes de financiamento das intervenções na formação e na integração em empresas. Os participantes gregos questio-naram sobre quem é a entidade que paga os salários dos funcionários da CERCIFAF, quem paga os salários dos alunos que são integrados nas empresas e quais as entidades estatais que suportam os salários dos formadores. Estas questões foram respondidas quer pelos técnicos da CERCIFAF, quer pela empresária presente que explicou todo o mecanismo de apoio que os Centros de Emprego, ligados ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), dão às empresas que integram pessoas portadoras de deficiência, esclarecendo que não é esse o motivo que os move pois esses valores são irrisórios no orçamento global da empresa. Continuou explicando que na formação de preços dos seus produtos entram os encargos com pessoal e para eles estes trabalhadores são trabalhadores como todos os outros e não tomam em consideração o que recebem pois eles compensam com o seu excelente trabalho todo o apoio que o Estado julga ser um factor importante para a integração. A entidade acolhedora a respeito destas questões salientou que: … a maioria das instituições em Portugal, na Grécia, em Itália, na Polónia, na França, na Inglaterra, são instituições perfeitamente assistencialistas. Isso é aquilo que nós não queremos. Integrar não é um problema de decreto, é um problema de atitude. Quando dizem que as empresas não estão preparadas para integrar pessoas com deficiência, nós dizemos “também eu não estou preparado para ouvir ópera!”. As empresas não foram feitas para fazer segurança social, as empresas foram feitas para ganhar dinheiro. Por isso, nós temos que nos decidir, se acreditamos que uma pessoa com deficiência pode integrar-se numa empresa, numa perspectiva de lucro, e se acreditamos nisso, avançamos com a formação profissional, se não acreditarmos nisso, vamo-nos dedicar a outra coisa. 132 Send in Force Too Análise dos A Visita que decorreu na manhã do segundo dia foi da delegação polaca, constituída por pessoas muito jovens com pouco conhecimento do sector da Economia Social e da integração de pessoas portadoras de deficiência, só uma das participantes estava directamente relacionada com esta problemática. Foi uma plateia atenta que registou tudo o que ouvia mas com pouca capacidade para questionar as intervenções. Os aspectos que mais lhes chamaram a atenção foram todos os que dizem respeito à diversidade de respostas que a CERCIFAF integra na sua estrutura. A este respeito foi-lhes dito pelos representantes da entidade acolhedora: “Este é o símbolo da CERCIFAF. A nossa instituição tem esta marca. O fundamental para nós é a nossa missão, tem a ver com apoiar as pessoas do ponto de vista social e profissional.”. ... a CERCI é constituída por algumas estruturas que vão desde a intervenção precoce dos 0 até aos 5 anos. Depois, dos 5 anos até aos 17, é a parte escolar, a partir dos 17, ou têm a hipótese de ir para o mercado de trabalho, e vamos falar da formação profissional, ou os que não vão para a formação profissional vão para o Centro de Actividade Ocupacional. Continuaram explicando-lhes que a perspectiva organizacional que seguem “… é desenvolver com as pessoas conjuntos de acções integradas, de qualidade, no sentido de fazer com que as pessoas vão o mais longe possível nas questões da cidadania.”. Na CERCIFAF estão representados um conjunto de serviços que funcionam, desde a intervenção precoce até às questões culturais e ocupacionais (jardinagem, cestaria, actividades ligadas aos contextos de proveniência dos jovens, aldeias, meios rurais), de lazer, bem-estar e educação (canoagem, caminhadas para conhecer a natureza, uso das tecnologias para desenvolvimento de potenciais, acesso à Internet em todos os pontos), serviços de e com as pessoas (psicologia, cuidados básicos de saúde, apoio social), 133 Send in Force Too Análise dos … o desporto que esta casa tem, é utilizado numa perspectiva de saúde, e desenvolvimento físico, mas também (…) em termos de prática desportiva e competição desportiva tem dado bons atletas à selecção nacional, em alta competição, com vários prémios (...) muito importante referenciar que a actividade desportiva tem sido (...) para nós, um aspecto importante na consolidação, na imagem das pessoas socialmente, e na projecção de um estatuto que até aí não tinham. Do ponto de vista dos formadores polacos, que integraram a delegação deste país, o processo de integração está muito concentrado no desenvolvimento das competências profissionais (estágios nas empresas, empregabilidade, apoio continuado do Mediador). Os representantes da Administração Pública polaca referiram ter ficado impressionados com o modo como as organizações conjugam muito eficazmente o financiamento proveniente de várias fontes. O que mais sensibilizou os gestores das Empresas Sociais foi a imagem social das empresas que empregam pessoas portadoras de deficiência para quem estas não são conotadas como mão-de-obra barata. Os técnicos da CERCIFAF concluíram a Sessão afirmando que: A nossa perspectiva de futuro é transformar, ou, pelo menos, fazer com que esta instituição seja uma referência nacional no sistema de reabilitação, de maneira a proporcionar o melhor possível e o mais possível, educação, formação, emprego e integração social. 134 Send in Force Too Análise dos Boa Prática 2 Contexto Local As Empresas Sociais, num mundo que gerou grandes desequilíbrios económicos, sociais e ambientais, vêem-se confrontadas com a necessidade de gerir os seus recursos com o mesmo tipo de preocupações das empresas do sector lucrativo: eficiência, qualidade, resultados, satisfação dos seus públicos e reforço contínuo da sua missão. Inseridos na IC Equal, Área de Intervenção 2.2.1. – Qualificação das Organizações e dos Profissionais da Economia Social, foram desenvolvidos alguns projectos, em que se procurou dotar os dirigentes e os quadros destas organizações de alguns recursos e competências no sentido da promoção da sua sustentabilidade e competitividade. Na apresentação feita no 1º Workshop em Volos, a parceria portuguesa expôs algumas dessas experiências, que decorreram em Portugal, durante a Acção 2 da Fase 1, sobretudo a cooperação que existiu entre o projecto Economia Social – Solidária, Qualificada e Inovadora, onde foi elaborado um Modelo de Gestão (Mgest), e o projecto C3 que desenvolveu uma Metodologia de Consultoria e de Intervenção. A experiência portuguesa foi assim um dos pontos de partida para o levantamento de outros possíveis instrumentos de gestão que poderão ser apropriados, por este sector, e que deveriam constar do Livro de Bolso a compilar. Assim, o Mgest definido e validado no âmbito do projecto Economia Social – Solidária, Qualificada e Inovadora assentava em quatro processos fundamentais: •Primeiro, a auscultação do mercado e da comunidade, o que lhe permitirá adequar a oferta à sua comunidade local, percebendo a existência de segmentos ou nichos de maior valor acrescentado e, em 135 Send in Force Too Análise dos paralelo, percepcionar onde se encontram os públicos onde perigam os direitos sociais; • Segundo, um processo de desenvolvimento de novos produtos/ serviços, que internalize a auscultação de mercado mas que também saiba fazer uso da sua memória organizacional (que deve partilhar no seio da Rede Social, e das próprias redes formais de base local ou das que possam emergir). Esta memória é, a par com a elevada proximidade e notoriedade destas organizações junto das populações, um dos seus maiores patrimónios; • Terceiro, a negociação e contratação na Rede Social (formal e informal), procurando mobilizar os stakeholders (os recursos humanos, as autarquias, o Estado Central, as demais organizações da Economia Social, entre outros) para a partilha de recursos (capacidades e competências), induzindo eficácia social e eficiência aos processos de negócio (conducentes à prestação de serviços); • E, finalmente, um quarto processo, o de promover a orientação da organização para os processos, alterando muitas das estruturas hierárquico-funcionais, que fazem com que frequentemente, a eficácia social seja menor, por incapacidade própria de aumentar a produtividade (a eficiência). Contexto da Problemática Os grandes constrangimentos para a sustentabilidade das organizações de Economia Social residem na sua incapacidade de incorporar nos seus modelos de gestão uma formação de preço, que inclua a remuneração das actividades que induzem inovação e adequação contínua dos seus produtos/ serviços às necessidades dos consumidores (dos seus clientes). Este aspecto ganha especial criticidade quando ao mesmo se soma: a dificuldade em diferenciar produtos/ serviços; em procurar novos públicos-alvo que remunerem os investimentos, ou seja, que tenham capacidade de perceber 136 Send in Force Too Análise dos valor e de pagar essa percepção; em criar condições para que possa emergir a inovação, o que, em grande medida, só pode acontecer por uma forte orientação estratégica destas organizações para os processos de identificação das necessidades do mercado, permitindo que um dos seus maiores patrimónios (a proximidade, quantas vezes secular às populações) seja convertido numa vantagem competitiva. A orientação estratégica é uma ferramenta poderosa para lidar com as rápidas e potenciais mudanças que surgem nos nossos dias. Estas mudanças podem transformar um plano bem concebido em estratégias ineficazes, destacando-se assim a emergência de dois tipos de estratégia, a estratégia pretendida, que originalmente foi planeada com a intenção de ser implementada, e a estratégia realizada que corresponde ao que realmente foi implementado, ou seja, corresponde ao ajustamento da estratégia pretendida que face a factores ambientais ou organizacionais, não previstos, teve que ser reformulada (Wright et al., 2000: 34-38). As decisões estratégicas envolvem toda a organização, precisam de recursos e de acções dos indivíduos da organização para atingir os objectivos definidos, compreendem um longo período de tempo e são orientadas para o futuro com ramificações a longo prazo. No entanto, as pessoas por si só não implementam estratégias, para tal devem recorrer às ferramentas de gestão já testadas com sucesso noutros contextos, das quais destacamos as seguintes: Activity-Based Management (ABM) – Gestão Baseada na Actividade: esta ferramenta usa análises económicas detalhadas de actividades comerciais importantes para melhorar as decisões estratégicas e operacionais. A Gestão Baseada na Actividade aumenta o rigor do custo de informação através de custos adicionais e indirectos de produtos ou segmentos. Os tradicionais sistemas contabilísticos distribuem os custos indirectos usando bases, tais como, horas directas de trabalho, maquinaria ou materiais. Esta ferramenta pesquisa os outros custos indirectos por actividades levando-os aos produtos ou clientes. 137 Send in Force Too Análise dos Balance Scorecard (BSC) – Saldos de Balanços: Um saldo de balanço define o que a gestão entende por “desempenho” e avalia se a gestão obteve os resultados pretendidos. Traduz declarações de Missão e Visão num compreensivo jogo de objectivos e formas de actuar que podem ser quantificadas e avaliadas. Estas medidas incluem as seguintes categorias: • Desempenho financeiro (receitas, ganhos, amortização de capital, caixa); • Desempenho do valor cliente (quota de mercado, medidas de satisfação do cliente, lealdade do cliente); • Desempenho do processo interno (índices de produtividade, medidas de qualidade, prazos); • Inovação (percentagem de receitas de novos produtos, sugestões, índice de melhoria); • Desempenho dos empregados (moral, conhecimento, resultados, uso das melhores práticas). Benchmarking: O Benchmarking melhora o desempenho pela identificação e aplicação das melhores práticas em operações e vendas. Os directores comparam o desempenho dos seus produtos ou processos externamente com os dos seus concorrentes e melhores empresas e internamente com outras operações nas suas empresas em actividades semelhantes. O objectivo do Bench- marking é encontrar exemplos de desempenho superior e compreender os processos e práticas. As empresas melhoram então a sua actuação pela adopção destas melhores práticas nas suas operações – não imitando, mas inovando. Business Process Reengineering – Reengenharia de Processos: A reformulação de Processos envolve uma mudança radical para se obterem melhorias acentuadas na produtividade, prazos e qualidade. Neste processo começam com uma folha branca de papel e repensam os processos existentes para a valorização do cliente. Tipicamente adoptam um novo sistema de valores dando mais importância às necessidades do cliente. As empresas reduzem os entraves or- 138 Send in Force Too Análise dos ganizacionais e eliminam as actividades não produtivas em duas áreas chave. Primeiro, transformam organizações funcionais em equipas polivalentes. Segundo, usam a tecnologia para melhorar a disseminação e poder de decisão. Change Management Programs – Programas de Mudança de Gestão: A mudança é necessária para a maioria das empresas que precisam de crescer e prosperar. Porém, um estudo recente apurou que 70% dos programas de mudança falham. Os Programas de Mudança de Gestão são um processo especial em que os executivos se esforçam por introduzir alterações na organização. Estes programas envolvem a descoberta de iniciativas alternativas adaptando--as da melhor forma possível às suas necessidades. Mesmo possuindo as maiores ideias de mudança, os Directores encontram dificuldades em convencer os outros das novas formas de pensar e operar. Os executivos precisam de apoio para as suas iniciativas e para criar um ambiente em que os colaboradores possam concretizar as novas ideias. Core Competencies: As Core Competencies permitem à empresa valorizar os clientes. Requer um conhecimento organizacional colectivo, particularmente na coordenação das capacidades de produção e integração das múltiplas tecnologias. Desta forma, as Core Competencies criam uma vantagem competitiva para uma empresa e ajudam a ligação com grande variedade de mercados. As Core Competencies também contribuem para melhorar os produtos oferecidos aos clientes. A prova maior é a impossibilidade dos concorrentes copiarem as Core Competencies. Customer Relationship Management (CRM) – Gestão da Relação-Cliente: É um processo adoptado pelas empresas para entender os seus clientes e responder rapidamente – e por vezes no momento – às mudanças dos desejos do cliente. A tecnologia CRM permite à empresa recolher e gerir um grande número de dados e executar estratégias baseadas nessas informações. Os elementos 139 Send in Force Too Análise dos obtidos através de iniciativas da CRM ajudam as empresas a resolver problemas específicos. Customer Segmentation – Segmentação da Clientela: A Segmentação da Clientela é a subdivisão de um mercado em discretos grupos de clientes que partilham características semelhantes. A Segmentação da Clientela pode ser um meio poderoso para identificar as suas necessidades. As empresas que identificam segmentos desnecessários podem então superar a concorrência desenvolvendo produtos e serviços diferentes. A Segmentação é muito efectiva quando uma empresa oferece segmentos mais proveitosos e mais competitivos. Esta priorização pode ajudar as empresas a desenvolverem campanhas de marketing, estratégias de preços para se obter o máximo valor dos grandes (lucrativos) e pequenos (pouco lucrativos) clientes. Economic Value-Added Analysis – Análise do Valor Económico Acrescentado: A Análise do Valor Económico Acrescentado mede o valor que a empresa proporcionou aos seus accionistas. Determina o lucro depois de cobertos os custos do seu capital. Enquanto que os métodos contabilísticos tradicionais deduzem os pagamentos no débito, a Análise Económica de Valor Acrescentado também deduz o custo da equidade – o que os accionistas teriam ganho numa apreciação de preço e dividendos investindo numa carteira de empresas com factor de risco semelhante. Ao mostrar o custo do capital pode-se identificar se se deve actuar mais eficientemente. Growth Strategies – Estratégias de Crescimento: As Estratégias de Crescimento procuram oportunidades de lucro. O lucro aumentado através de receitas pode crescer de 15 a 100%. As Estratégias de Crescimento podem ser activamente atingidas e geridas. As Estratégias alteram o processo de negócio que desafia convenções, tendências e cria novas e lucrativas transacções. É preciso aumentar os investimentos em I&D, reconduzir fontes, maior exigência na admissão e retenção de empregados, incentivos adicionais para inovação e maior tolerância de risco. 140 Send in Force Too Análise dos Knowledge Management – Gestão de Conhecimento: A Gestão de Conhecimento desenvolve sistemas e processos para adquirir e partilhar temas intelectuais. Aumenta o caudal de informação útil, operacional e significativa. Pode maximizar o valor de uma base intelectual através de diversas funções e lugares. Permite que os negócios com êxito sejam uma colecção, não só de produtos, mas também de distintas bases de conhecimento. Este capital intelectual é a chave que dará à empresa uma vantagem competitiva junto dos clientes (ou objectivos) a atingir. Loyalty Management – Fidelização da Gestão: A lealdade faz crescer as receitas e lucros pela Fidelização dos clientes, colaboradores e investidores. Os programas de Fidelização avaliam e descobrem a lealdade destes grupos, diagnosticam a raiz das causas de deserção entre eles e desenvolvem formas, não só para promover a sua confiança, como fazer deles advogados da empresa. A Fidelização une os resultados financeiros às alterações nas retenções, afirmando que mesmo pequenas mudanças na retenção podem representar alterações significativas nos lucros e crescimento. Mass Customization – Produção em Massa: Trata-se de produção em grande escala de mercadorias e serviços personalizados. Para isso precisam de tecnologias para aumentar a sua velocidade, flexibilidade e eficiência com o mínimo de despesas. Em combinação com encargos organizacionais orientadas para as necessidades de pequenos grupos de clientes, estas tecnologias ajudam as empresas a poder entregar versões das suas ofertas a mercados ricos. Uma vez considerada uma linha de fabrico e fornecimento, a Produção em Massa proporciona à empresa capacidades para distinguir se um produto ou serviços podem passar de exclusivo a entrega única. Há quatro princípios base de Produção em Massa: abordagem de colaboração, pela qual as empresas ajudam os clientes a escolher os produtos que precisam; abordagem de adopção na qual as empresas assumem um produto standard mas adaptável; abordagem cosmética, na qual só a apresentação do produto, tal como a embalagem, é redesenhada; abordagem transparente que proporciona aos 141 Send in Force Too Análise dos clientes ofertas personalizadas sem o seu conhecimento. Mission and Vision Statements – Declarações de Missão e Visão: A Missão define o negócio da empresa, seus objectivos e forma de os atingir. A Visão descreve a posição futura desejada. Os factores de Missão e Visão estão muitas vezes combinados para atingir os objectivos da empresa. Porém, por vezes são usados aleatoriamente. Open-Market Innovation – Inovação de Mercado Aberto: A Inovação de Mercado Aberto adopta os princípios da venda livre para novas ideias, permitindo as leis de vantagem comparativa na localização dos recursos I&D. Colaborando com estrangeiros – incluindo clientes, vendedores e até concorrentes – a empresa pode importar a baixos custos, ideias das melhores fontes do país. Esta disciplina permite repensar o negócio com vantagens concorrenciais. A empresa também pode exportar ideias para investimentos adicionais. Outsourcing – Parcerias: Quando uma empresa usa terceiros para actividades comerciais. Contratar terceiros permite à empresa concentrar os seus esforços nas suas competências mais importantes. Muitas empresas acham que as Parcerias reduzem os custos e melhoram o desempenho da actividade. Os terceiros que se especializam são mais baratos e mais efectivos. Assim pode atingir um estado de arte, de todas as actividades, sem ter que dominar cada uma delas internamente. Price Optimization Models – Optimização de Modelos de Preço: A Optimização de Preços são programas matemáticos que calculam as elasticidades ou a oscilação da procura de acordo com os diferentes níveis de preço, então combina essa informação sobre níveis de custos e inventários para recomendar preços que aumentem os lucros. A Optimização de Modelos de Preço simula a resposta do cliente às alterações, suplementando os instintos dos directores com cenários específicos. É uma ajuda para prever a procura, promover estratégias, controlar inventários e aumentar a satisfação dos clientes. 142 Send in Force Too Análise dos Scenario and Contingency Planning – Cenários e Planos de Contingência: O Cenário permite aos executivos explorar e preparar várias futuras alternativas. Examina os resultados esperados por uma empresa através de uma variedade de estratégias e condições económicas. O Plano de Contingência avalia as repentinas variações de mercado que as empresas podem ter e como saber lidar com elas. Os Planos de Cenário e Contingência evitam os perigos de um raciocínio simplista, unidimensional ou linear. Testando vários panoramas pode-se raciocinar em conjunto e enfrentar as hipóteses antes de se decidir a acção a tomar. SIX SIGMA: Sigma é uma variável estatística. SIX SIGMA chega quase à perfeição e é uma metodologia rigorosa para garantir ao cliente uma completa satisfação através da cultura, da resposta e registo. Especificamente é exigida a entrega de produtos ou serviços sem defeito 99.9997% das vezes, isto é, num milhão de produtos ou serviços só três é que podem falhar a expectativa do cliente (a média das empresas é THREE SIGMA ou seja 66,800 erros por milhão). Para elevar as operações e produtos ao seu mais elevado nível os programas SIX SIGMA medem e analisam os dados sobre as varáveis de qualquer processo, usando então técnicas estatísticas para entender o que as melhorias fi-zeram para reduzir os defeitos. Algumas empresas estimam que a metodologia SIX SIGMA as ajudou a poupar mais de um bilião de dólares. Strategic Alliances – Alianças Estratégicas: São acordos entre firmas pelos quais cada uma aplica recursos para um objectivo comum. As empresas podem formar Alianças Estratégicas com uma grande variedade de elementos: clientes, fornecedores, concorrentes, universidades ou instituições governamentais. Através das Alianças Estratégicas, as empresas podem melhorar a sua competitividade, entrar em novos mercados, suplementar capacidades críticas e partilhar o risco ou custos dos projectos. Strategic Planning – Planeamento Estratégico: É um processo que determina o que e como deve ser o negócio. Apreciar o completo potencial de negócio 143 Send in Force Too Análise dos e determinar objectivos para as acções e recursos exigidos para o conseguir. O Planeamento Estratégico oferece um processo sistemático para perguntar ou responder às questões mais críticas – especialmente grandes e irrevogáveis decisões. Supply Chain Management – Gestão de Fornecimento em Cadeia: Sincroniza os esforços de todas as partes – fornecedores, fabricantes, distribuidores, negociantes, clientes, etc. – interessadas em satisfazer o cliente. Muitas vezes é preciso tecnologia para proporcionar troca de informações, mercadorias e serviços através dos limites organizacionais. Isto promove uma relação mais chegada entre todas as partes. O objectivo é estabelecer um elo de comunicação e confiança entre todas as partes. Total Quality Management (TQM) – Gestão de Qualidade Total: É a melhoria de qualidade que une as especificações de produto e serviço, ou seja, a TQM tem como objectivos produzir estas especificações com defeitos. Isto cria um ciclo virtuoso de melhoria contínua que aumenta a produção, satisfação do cliente e lucros. A gestão é uma disciplina complexa e com múltiplas dimensões passíveis de serem abordadas, mas não no contexto de um projecto transnacional, onde parte do trabalho desenvolvido se deu à distância e com limitações de tempo e ainda de competências específicas dos participantes nesta área, pelo que foi identificada uma área também difícil de definir, mas mais fácil de ilustrar para melhor ser percebida, o Marketing Social. “O Marketing Social realmente legítimo não é aquele que se pratica unicamente com o dinheiro, mas com a consciência e o coração.” (Desconhecido). O termo Marketing Social foi usado pela primeira vez por Kotler e Zaltman em 1971, nos EUA, tendo sido descrito, por estes autores, como um processo de 144 Send in Force Too Análise dos criação, implementação e controlo de programas que influenciam a aceitabilidade de ideias sociais. Poder-se-á afirmar que o Marketing Social consiste num conjunto de actividades, técnicas e estratégias que são utilizadas com o objectivo de estimular e promover mudanças sociais, como por exemplo, alterações práticas, atitudes e comportamentos tanto a nível individual como a nível colectivo, no sentido de promover a aceitação de uma causa ou ideia. Inicialmente utilizado como um processo estratégico de mudança social destinado a segmentos populacionais específicos com a finalidade de melhorar a sua qualidade de vida, tem sido objecto de muita reflexão pela sua relação com o Marketing Comercial e os princípios de criação de lucro que lhe estão subjacentes. O objectivo de qualquer tipo de Marketing é influenciar o comportamento das pessoas, pelo que, faz assim todo o sentido a utilização de ferramentas de Mar- keting Comercial nas causas sociais, uma vez que estas são para benefício de todos, sendo deste modo expectável que resulte positivamente. Apesar de evidentes os seus resultados nas empresas lucrativas é, no entanto, importante assinalar a diferença existente entre as empresas lucrativas e as do Terceiro Sector para se perceber que, embora seja plausível a utilização de instrumentos de gestão, neste último não pode ser descurada a diferença de objectivos na obtenção de mais-valias atingidas através destes processos. O Marketing no sector lucrativo surge para mediar uma relação com o cliente com o objectivo de satisfazer uma necessidade percebida pela empresa e que procura resolver dando visibilidade ao seu produto, no sentido de orientar a escolha do cliente. O objectivo da empresa é assegurar o lucro e remunerar os seus accionistas. Recorre a conceitos de segmentação do mercado, pesquisa de consumidores, desenvolvimento e testes de conceitos de produtos, comunicação directa, facilitação, incentivos e teoria de troca, para maximizar a resposta dos grupos alvo. 145 Send in Force Too Análise dos A organização promotora do Marketing Social está direccionada para os objectivos de mudança social, no entendimento de que eles contribuem para o interesse público. Assim, quando a iniciativa é do Estado, o Marketing Social encerra uma componente pedagógica, em causas que precisam ser bastante divulgadas, como por exemplo, campanhas para explicar o valor nutritivo de diferentes alimentos, campanhas para explicar o trabalho de órgãos governamentais voltados para a saúde pública, campanhas para chamar a atenção de determinados problemas sociais, tais como a pobreza, a intolerância ou a poluição. Quando a iniciativa é de organizações de Economia Social tem normalmente duas dimensões sempre presentes na estratégia de Marketing a implementar, uma é a divulgação de uma causa que está relacionada com a missão dessa organização ou conjunto de organizações, uma outra é a sustentabilidade das organizações na prossecução da sua missão. Ora, isto não invalida que as empresas privadas lucrativas não levem a cabo estratégias de Marketing Social e muitas das vezes fazem-no em parceria com organizações de Economia Social. Neste caso, a adesão a uma causa por parte de uma empresa lucrativa coloca-a no papel de financiador, mas também como organização que busca mais visibilidade para os seus produtos e serviços através dessa participação. Neste caso define-se como ferramenta de Marketing e de posicionamento, que associa uma organização a uma questão ou causa social relevante, beneficiando a comunidade e proporcionando retorno para a empresa. É uma forma efectiva de melhorar a imagem corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a fidelidade dos clientes. Actualmente e como consequência de um rápido desenvolvimento, cada vez mais, os cidadãos desejam a mudança social no sentido de acompanhar essas 146 Send in Force Too Análise dos mudanças e as expectativas ou incertezas que são criadas: mudanças no tipo de vida, na economia e nos seus sistemas sociais, nos seus estilos de vida e nas suas crenças e valores. O Marketing Social deve ser entendido, desde que seja devidamente controlado e avaliadas as suas consequências, como um instrumento colocado à disposição de todos os agentes preocupados com as alterações necessárias ao tecido social, para que, numa sociedade democrática, as intenções do Marketing Social sejam aceitáveis em termos éticos e sociais. Com a adopção de uma causa, a organização, qualquer que ela seja, torna-se mais ética, uma das chaves para o fazer com sucesso é assegurar que a organização e a causa partilham os mesmos valores. Se as organizações se alinharem na defesa de grandes causas, provavelmente poderão preencher em parte a necessidade das pessoas. Nessa iniciativa conjunta, é vital que as partes envolvidas se responsabilizem por uma agenda partilhada e por metas passíveis de serem alcançadas. Por vezes o Marketing Social é confundido com a Responsabilidade Social, no entanto, são práticas distintas mas que se complementam, pois a Responsabilidade Social não utiliza ferramentas de Marketing Comercial mas sim a coerência de valores e atitudes. As campanhas de mudança social podem alcançar os objectivos de influenciar, determinar e mudar as ideias e as práticas em qualquer área de âmbito social, tanto a nível local como nacional. As empresas e organizações começam a ter mais consciência da necessidade de se comprometerem definitivamente com a comunidade, em contrapartida do apoio que esta lhes presta. É neste sentido que o Marketing Social se inicia como uma verdadeira forma de exercício de Responsabilidade Social e pode chegar a construir, a longo prazo, um valor diferencial para a marca e uma vantagem competitiva para as empresas. Além de trazer resultados positivos para a organização, as acções de Marketing Social podem ajudar a desenvolver 147 Send in Force Too Análise dos ainda mais as comunidades onde a sua empresa actua, tendo uma grande influência nas outras acções de Responsabilidade Social desenvolvidas. A mudança de valor implica esforços para alterar as ideias que as pessoas têm sobre determinada problemática e outros factores que lidam com os aspectos práticos da intolerância e da baixa qualidade de participação do cidadão na comunidade, compreendendo as causas mais difíceis de serem levadas a efeito e é aqui que o sector da solidariedade actua, na promoção da mudança social. As campanhas sociais surgem entre pessoas que estão decididas a dirigir, confirmar e controlar a mudança. Nas sociedades democráticas, a mudança social planificada realiza-se pela acção interessada dos governos e cidadãos. O Marketing Social é entendido como o instrumento da gestão da mudança social, associada a um projecto, à implantação e ao controlo de programas voltados para o aumento da disposição de aceitação de uma ideia ou prática social num ou mais grupos de escolhidos como alvo. Este conceito fornece um sentido operacional: a comunicação directa do Mar- keting Social direcciona a organização; a distribuição proporciona os meios para a implementação de uma ideia; os incentivos substituem alguma forma de contrapartida para a mudança de determinado comportamento. O objectivo do Marketing Social é influenciar os comportamentos das pessoas e o seu sucesso deverá ser avaliado através da utilização de indicadores que permitam medir a efectiva mudança. Histórico de Sucesso A ideia para a Campanha do Pirilampo Mágico surgiu na noite de 2 para 3 de Setembro de 1986, durante um programa da Rádio Difusão Portuguesa-Antena1 sobre a CERCI Lisboa onde foi levantada a hipótese de se organizar uma 148 Send in Force Too Análise dos Campanha a favor das CERCIs. Esta sugestão deu origem a uma reunião com a Direcção da FENACERCI, recém-criada, celebrando-se, nesse momento, uma parceria que dura há mais de vinte anos. A primeira Campanha Pirilampo Mágico teve início a 10 de Maio de 1987 e destinava-se, exclusivamente, a apoiar financeiramente as CERCIs que, na altura, se debatiam com grandes dificuldades. A FENACERCI em colaboração com a RDP-Antena1, passam a realizar todos os anos, a Campanha Pirilampo Mágico já com o duplo objectivo de: • Informar e sensibilizar a Comunidade sobre as questões relacionadas com a área da deficiência, sobretudo sobre a realidade concreta destas pessoas, quer do ponto de vista das suas competências pessoais e sociais, quer dos seus direitos inalienáveis, tendo como finalidade aumentar a consciência social sobre os problemas, promover a mudança de crenças e comportamentos da sociedade, permitindo assim a integração bem sucedida das pessoas portadoras de deficiência à medida que estas fazem valer os seus direitos como membros da comunidade; • Angariar fundos a fim de minimizar as persistentes dificuldades financeiras enfrentadas pelas organizações que procuram a melhor resolução dos problemas que afectam as pessoas portadoras de deficiência. A receptividade que a iniciativa mereceu, por parte da opinião pública, possibilitou o progressivo crescimento da mesma e, consequentemente, a abertura a outras organizações que prosseguem fins similares aos das CERCIs. O Pirilampo Mágico é hoje uma ampla Campanha cujos participantes incluem mais de cem Organizações Sem Fins Lucrativos com os seus milhares de familiares e cuidadores profissionais. Um dos grandes sucessos desta Campanha assenta no enorme conjunto de parcerias, formais e informais, estabelecidas com 149 Send in Force Too Análise dos empresas, escolas, autarquias e milhares de cidadãos anónimos e voluntários que participam nas diversas iniciativas. Neste aspecto, merece um particular realce a colaboração e o interesse dos órgãos de Comunicação Social, Televisão, Rádios, Jornais, Revistas e outros, bem como de algumas empresas, das quais destacamos os Correios e Telefones de Portugal, e, mais recentemente, a TMN e a PT que criam anualmente um serviço de SMS, através do qual todos os portugueses podem participar activamente na Gala do Pirilampo, enviando um donativo que reverte integralmente para a Campanha. Este acontecimento mobiliza figuras públicas de todos os quadrantes tais como: artes e letras, espectáculo, política e vida social em geral. Graças à capacidade negocial que a FENACERCI tem revelado ao longo da sua existência, enquanto organismo que representa os interesses dos seus associados, dando visibilidade e impacto público à causa das pessoas com deficiência mental, conseguiu trazer para esta Campanha o apoio de vários organismos públicos, bem como altos representantes do Estado que, de algum modo, apadrinham as diferentes manifestações desta Campanha. Em grande parte, o seu sucesso deve-se assim à colaboração de todas essas pessoas e entidades que, desde a primeira hora, com a sua disponibilidade ajudaram a construir a credibilidade e dimensão desta, que é, muito provavelmente, a maior iniciativa do género a nível europeu. Esta iniciativa única desempenha um papel fundamental no aumento da consciência social, destacando o facto da integração das pessoas portadoras de deficiência ser um valor a defender, a sua diferença de qualidade dever ser respeitada e o seu potencial um recurso a ser cultivado. O Pirilampo Mágico é efectivamente um movimento de solidariedade, uma 150 Send in Force Too Análise dos vez que é voluntariamente e conscientemente partilhado por pessoas cuja única diferença é a amplitude dos obstáculos com que se deparam no exercício dos seus direitos enquanto cidadãos. Os fundos angariados a partir desta iniciativa têm permitido a aquisição de recursos tecnológicos e educacionais, bem como a reparação e reconversão das instalações das CERCIs. Além disso, foram desenvolvidos projectos inovadores de auto-valorização para as pessoas portadoras de deficiência, algo que de outra forma seria difícil de alcançar. As estratégias de promoção utilizadas pela Antena1 e FENACERCI baseiam-se num Regulamento da Campanha que funciona como um “compromisso” de todos os que participam na sua execução e que, segundo os seus promotores, tem sido a garantia da sua durabilidade e sucesso. São nomeados Coordenadores Regionais que têm entre outras funções a responsabilidade da avaliação ao nível regional e a elaboração do Relatório Final. A nível nacional esta Campanha tem um símbolo próprio o “Pirilampo Mágico” ao qual associou uma canção. Estes símbolos são amplamente divulgados pela Comunicação Social e ilustrados por Videoclip’s com depoimentos. As metodologias usadas passam pela definição de uma estratégia de Marke- ting com acções de sensibilização/ divulgação com as seguintes componentes: • Para anunciar o início da Campanha Pirilampo Mágico, a FENACERCI promove todos os anos, dois dias antes do início da Campanha, uma Sessão de Abertura, em Lisboa, onde são apresentados os objectivos e acções da Campanha desse ano. Esta iniciativa revela-se de extrema importância na sua divulgação, uma vez que conta com a presença de várias personalidades (figuras públicas e membros do Governo) que desde o início se mostraram solidárias com a causa a que a mesma se destina, dando, desse modo, maior visibilidade e impacto junto 151 Send in Force Too Análise dos da opinião pública; • A Campanha tem início no mesmo dia em todo o território nacional; • É feita uma divulgação do preço de custo dos materiais da Campanha e respectivas zonas de venda ao nível nacional; • Durante todo o período existe um Programa de animação e divulgação ao nível nacional e local que culmina com a realização da Gala Pirilampo Mágico que encerra a Campanha (no mesmo dia). Números e Factos • Número Total de dias de Campanha – 418 • Número de Pirilampos vendidos – 14.885.010 • Número de Pin’s vendidos – 1.450.572 • Número de Organizações Beneficiárias: – 38 em 1987; – 83 em 2003; – 82 em 2004; – 83 em 2005; – 84 em 2006; – 86 em 2007. As Organizações beneficiárias da Campanha são Instituições Privadas Sem Fins Lucrativos, que prestam atendimento a pessoas com deficiência mental em diversos domínios, designadamente ao nível de estruturas Educativas, Centros de Formação e Apoio ao Emprego, Unidades de Emprego Protegido, Centros de Actividades Ocupacionais, Residências, Apoio Domiciliário e Intervenção Precoce. Inovação da Prática O Pirilampo Mágico é um acontecimento especial e único que encoraja o debate acerca de temas relacionados com a educação, a formação, e a 152 Send in Force Too Análise dos igualdade de oportunidades na vida quotidiana e no trabalho que as pessoas portadoras de deficiência, apesar dos avanços registados, ainda enfrentam. Representa um papel de liderança no destaque do valor da “diferença” enquanto preocupação da sociedade, que a mesma deve respeitar e defender como recurso a ser tido em conta. É uma Campanha com mais de vinte anos de iniciativa de organizações de Economia Social que desde a sua fundação promoveram, em Portugal, o apoio às pessoas portadoras de deficiência. Começou como uma iniciativa para apoiar uma CERCI, a CERCI Lisboa, mas desde aí passou a apoiar todas as CERCIs portuguesas promovendo a sua participação e partilha de experiências e troca de actividades. A FENACERCI mantém um processo constante de auscultação das necessidades das CERCIs, e através desta Campanha procura os meios de financiamento que lhes permitam implementar programas de formação inovadores, desenvolver softwares específicos para as pessoas portadoras de deficiência mental, promovendo ainda para todas elas encontros científicos e estudos e o financiamento e divulgação das suas publicações específicas, uma vez que uma parte dos proveitos da Campanha se destina a financiar as actividades da FENACERCI. A Campanha anual transformou o Pirilampo numa “marca social”, acontecimento único em Portugal, que hoje é seguido por organizações que pretendem ter impacto em termos de Responsabilidade Social. É uma Campanha com um impacto tão forte que ao fim de todos estes anos ainda regista crescimento. Todas as famílias portuguesas associam o mês de Maio a esta Campanha e à deficiência. Participar na Campanha Pirilampo é o modo que as famílias escolhem para 153 Send in Force Too Análise dos junto das novas gerações transmitirem e valorizarem a sua Responsabilidade Social, naquela que é hoje a mais forte e conhecida expressão de cidadania. É um instrumento da sociedade civil que consegue demonstrar ao(s) Governo(s) que é possível, através da responsabilidade individual e colectiva, da parceria Economia Social, empresas privadas e sector público, encontrar meios de financiamento que dêem respostas às necessidades das pessoas portadoras de deficiência. Na cerimónia da Gala do Pirilampo Mágico algumas pessoas portadoras de deficiência, cujo desempenho se destacou, são agraciadas com prémios de mérito ou com materiais que lhes irão permitir melhorar a sua qualidade de vida. Nesta cerimónia são sempre divulgadas obras da autoria de pessoas com deficiência cujas histórias demonstram bem como vale a pena assumir a diferença e apostar na integração. Este momento é particularmente importante para reforçar a auto-estima destes cidadãos e das suas famílias. É uma metodologia activa de combate à exclusão. Graças ao Pirilampo os cidadãos estão mais e melhor informados pelos problemas vividos individualmente pelas pessoas portadoras de deficiência e pelas lacunas que ainda persistem. Contributos da Transnacionalidade – Lições Aprendidas A apresentação da segunda Prática decorreu nas excelentes instalações da Associação dos Viajantes e Técnicos de Vendas de Guimarães (AVTVG), que são um exemplo do dinamismo dos profissionais desta região e que acolheram os representantes dos três países participantes no SEND, durante os dois dias em que contactaram directamente com os promotores das Boas Práticas. Esta organização tem uma relação especial com a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Guimarães (CERCIGUI), 154 Send in Force Too Análise dos a entidade beneficiária convidada para testemunhar a importância da Campanha Pirilampo Mágico, pois, graças à permuta que fizeram, no passado, entre um imóvel pertença da CERCIGUI e um terreno propriedade da AVTVG, hoje é possível que ambas as organizações disponham de boas condições materiais para o desenvolvimento das suas actividades. É no Auditório desta Associação que a CERCIGUI apresenta espectáculos destinados à comunidade. A apresentação da Campanha do Pirilampo Mágico esteve a cargo do Vice-Presidente da Assembleia-Geral e Delegado Regional da Zona Norte da FENACERCI, que fez uma apresentação da História desta Campanha e da importância que ao longo da sua existência foi consolidando. A primeira sessão decorreu com o grupo grego que promoveu um debate onde foi possível distinguir aspectos metodológicos que identificam esta Campanha com um conceito de Marketing Social, que todos concordaram ser muito difícil de definir porque é facilmente confundido com os objectivos comerciais que lhe estão associados nas empresas lucrativas. A presença de muitos professores universitários especialistas em Gestão e Desenvolvimento Regional e Local avivou um debate que foi um momento de aprendizagem mútua, segundo testemunharam todos os participantes. Segundo estes, na Campanha Pirilampo Mágico existe uma grande virtude, muitas vezes realçada nos Grupos de Trabalho, nasceu espontaneamente e consolidou-se. Nisso reside a sua diferença e o seu carácter genuíno. Na opinião dos participantes só foi possível por estar realmente associado a uma causa. Por outro lado, foi amplamente realçada a congregação de duas dimensões importantes: a presença da causa e angariação de fundos, materializada num produto carregado de simbolismo e imaginário infantil. Um animal que é descrito nas palavras de uma escritora “eu conheço um pirilampo que brilha nos olhos de todas as pessoas” e cujo olhar se move em todas as direcções como sinal de esperança e integração total. 155 Send in Force Too Análise dos Para os parceiros gregos a Campanha do Pirilampo demonstrou, que através do cooperativismo é possível promover o Marketing Social no seu verdadeiro sentido, ou seja, o Marketing Social não só é associado ao mercado, mas também o é no sentido de fazer emergir a consciência social. O testemunho do representante da CERCIGUI foi fundamental sobretudo quando realçou o número já atingido na Campanha de 2007, ao nível do Concelho de Guimarães, onde a média de Pirilampos vendidos se aproxima de 1 por habitante. Esta consciência social é, do ponto de vista da delegação grega, o que enforma a Responsabilidade Social, num sentido bem mais amplo do que é transmitido ou pode ser descrito em qualquer diploma legal. É também uma expressão do Empowerment e da cidadania activa. Pelas razões apontadas foi também identificado com todos os princípios que a Equal procurou promover ao nível europeu. O Pirilampo, no entender deste grupo, é o “produto” que mais se presta a ser disseminado em qualquer contexto de Economia Social. É inovador, apesar dos mais de vinte anos que já tem, respeita a cultura, tem um valor social, pode ser divulgado pelos mais diversos canais de comunicação, é susceptível de ser utilizado noutros contextos e favorece a coesão social. E como prova do afecto que despertou, todos quiseram levar consigo Pirilampos de todas as cores. A sessão terminou com a canção que lhe foi associada e que muitos trautearam. A Delegação Polaca que contactou com os dois dirigentes (FENACERCI e CERCIGUI) foi sobretudo sensível: aos números atingidos por esta Campanha ao longo da sua existência, ao seu âmbito nacional e ao trabalho em rede que promove. A longevidade da Campanha, o seu carácter inédito e o impacto que tem demonstrado ao nível da imagem que promove do cidadão portador de de- 156 Send in Force Too Análise dos ficiência como pessoa válida, capaz, transforma esta Prática num excelente exemplo de mudança de paradigma. Não só mudou um modelo de atendimento assistencialista, eliminando toda uma filosofia de caridade que caracteriza sociedades marcadamente católicas como a sua, como respeita as diferenças culturais e valoriza a diferença. A mudança de cor anual do Pirilampo é uma Boa Prática, consolidada, de respeito pela diversidade e multiculturalidade, característica de uma Europa cada vez mais alargada. Um outro aspecto que realçaram diz respeito à relação, que por esta via, é aprofundada entre diferentes sectores (público, privado e Empresas Sociais). O grupo italiano foi de todos o que mais tempo dedicou ao aprofundamento desta Prática, que lhes foi especialmente cara pelo facto de ter como objectivo sensibilizar para a área onde intervêm a maior parte destes participantes. Valorizaram a capacidade empreendedora das Empresas Sociais portuguesas em torno da sua autonomia financeira, como factor determinante para inovar ao nível das respostas e dos recursos, dos quais resulta o esforço que anualmente é feito para concretizar a Campanha Pirilampo Mágico. Esta mesma capacidade é a que explica o sucesso da CERCIFAF, e de outras CERCIs, no sentido da inserção laboral no mercado de trabalho em igualdade de circunstâncias com os ditos “normais”, o que na opinião deste grupo, ainda é impensável em muitos países europeus. Esta ocasião foi igualmente aproveitada para aprofundar o poder de contratualização das Empresas Sociais portuguesas (CERCIs) com o Estado e da sua capacidade para negociar quadros legislativos de extrema importância para a inserção social e profissional das pessoas portadoras de deficiência. As questões do financiamento das iniciativas dirigidas a estes cidadãos foram um tema que suscitou muitas perguntas, às quais o representante da FENACERCI 157 Send in Force Too Análise dos respondeu, explicando com casos concretos, os procedimentos de auscultação que normalmente são adoptados pelos representantes do Governo, mas partilhou com os colegas italianos a apreensão que os dirigentes portugueses têm em relação ao futuro desta cooperação. Outro aspecto que mereceu alguma preocupação, aos dirigentes dos dois países, foi a falta de mobilização que se nota nas sociedades europeias atingidas hoje, mais do que nunca, pelo flagelo do desemprego e que em alguns meios pode prejudicar a inserção laboral destes trabalhadores, cujas incapacidades os limitam para o exercício de algumas actividades. Por esse motivo, Campanhas como as do Pirilampo encontram maior razão para existir. Os problemas que os afectam não se esgotam mas complexificam-se e adquirem maior transversalidade. Boa Prática 3 Contexto Local A freguesia de Lousado faz fronteira com dois Concelhos do Vale do Ave (NUT III), Famalicão e Santo Tirso. Os dados apresentados foram recolhidos através do Diagnóstico Social das respectivas Câmaras Municipais. O Concelho de Famalicão localiza-se no Distrito de Braga, é composto por 49 freguesias, com uma área média por freguesia de 41,2 Km2, num total de 201,8 Km2. O Concelho de Santo Tirso localiza-se no Distrito do Porto, é composto por 24 freguesias, com uma área média por freguesia de 5,65 Km2, num total de 135,6 Km2. O Concelho de Famalicão é caracterizado por cerca de 64% de área predominantemente urbana e 36% medianamente urbana. Santo Tirso é um território urbano disperso, com 2 pólos urbanos principais, Santo Tirso e Vila das Aves, com a parte sul medianamente urbana por oposição à parte norte predomi- 158 Send in Force Too Análise dos nantemente urbana. Famalicão é um território da conurbação Industrial Difusa da Região Metropolitana do Porto, modelo que enquadra todo o Ave, caracterizado por uma base industrial difusa fortemente especializado em PMEs do sector têxtil (63%) que representam 22,4% em termos nacionais, insere-se numa área de povoamento disperso com uma rede densa de centros urbanos (Guimarães, Santo Tirso, Trofa). A base industrial do Concelho de Santo Tirso é difusa fortemente especializada em PMEs do sector têxtil, perto de 30%. De acordo com o Recenseamento Geral da População, de 2001, residiam no Concelho de Famalicão 127.567 habitantes, mais 10,6% que em 1991, e 132.757 em 2005 a que correspondia uma densidade populacional de 658,2 hab/ Km2. No mesmo Recenseamento Geral da População, de 2001, residiam no Concelho de Santo Tirso 72.396 habitantes, mais 3,8% que em 1991, e 71.331 em 2005 a que correspondia uma densidade populacional de 522,6 hab/ Km2 com grandes diferenças na sua distribuição. Famalicão é um Concelho onde a população em idade activa é cerca de 70% da população, contudo com tendência para envelhecimento da população dada a diminuição das taxas de natalidade e de mortalidade. Santo Tirso é um Concelho onde a população em idade activa representa cerca de 65% da população, também com tendência para o envelhecimento explicada pelos mesmos fenómenos de diminuição das taxas de natalidade e de mortalidade. Sendo o rendimento per capita e poder de compra do Concelho de Famalicão inferiores à média nacional e ao da Região Norte, no entanto superiores ao do Vale do Ave em que se insere, apresenta uma balança de transacções positivas dado o volume de exportações essencialmente para a UE, resultantes do sector secundário, têxtil de baixo nível tecnológico, em que mais de 96% são PMEs. 159 Send in Force Too Análise dos Com uma taxa de actividade de 71% em 2005 e uma taxa de desemprego de 9,3% em Setembro de 2006, o Concelho de Famalicão apresenta uma ligeira redução deste, sendo que, em Outubro de 2007, mais de 50% do desemprego é de longa duração e 72% é de pessoas com 35 anos ou mais e cerca de 80% não tem o ensino secundário completo. Santo Tirso apresenta uma taxa de actividade de cerca de 50%, sendo que mais de 60% do desemprego é de longa duração e 73% do desemprego é de pessoas com 35 anos ou mais e mais de 80% não tem o ensino secundário completo. Ambos os Concelhos são caracterizados por elevadas taxas de insucesso escolar e de abandono precoce da escola. Os baixos níveis de escolaridade quebram perspectivas futuras de qualificações mais elevadas, condenando os indivíduos à situação de trabalhadores indiferenciados. A inserção no mercado de trabalho torna-se, assim, mais difícil, sobretudo em situações de crise. No que diz respeito ao ensino a taxa de escolarização, no Concelho de Famalicão, no ensino básico (84%) é superior à média nacional, enquanto a do secundário (45,8%) é significativamente inferior. De registar as elevadas taxas de abandono escolar por saída antecipada e saída precoce, superiores à média nacional, já no que toca à taxa de retenção é inferior à nacional. No Concelho de Santo Tirso a taxa de escolarização no ensino básico é de 40%, enquanto a proporção dos que não completaram a escolaridade obrigatória é superior a 70%. De registar também que as taxas mais elevadas de abandono escolar são nos pólos urbanos de Santo Tirso e Vila das Aves. Têm sido utilizados todos os programas em vigor no sentido de colmatar e prevenir as situações identificadas como problemáticas, alguns dos quais foram amplamente divulgados através da Rede Social. A maior percentagem de alojamentos pertence a quem neles habita, seguido das habitações arrendadas. No entanto estes valores não revelam as situações de pobreza que se verificam em bairros de barracas e outras bolsas de pobre- 160 Send in Force Too Análise dos za. No Concelho de Santo Tirso existem mais alojamentos do que os necessários. Praticamente 100% da população do Concelho de Famalicão é servida por água canalizada, rede eléctrica e esgotos. No entanto a drenagem e tratamento das mesmas reduziu para cerca de 40% até 2005. O sistema de abastecimento de água no Concelho de Santo Tirso servia 33% da população em 2005, enquanto que a recolha de águas residuais servia 42%. O Concelho de Famalicão está dotado de serviços públicos locais e/ ou regionais com serviços de acção social (Hospital, Município, Segurança Social, Centro de Emprego, etc.) e serviços privados. O Concelho de Santo Tirso também está dotado do mesmo tipo de serviços públicos e privados. Na área da acção social no Concelho de Famalicão cerca de 20% da população é pensionista e no Concelho de Santo Tirso mais de 30% da população é igualmente pensionista pelo que neste Concelho outro tipo de necessidades exige resposta. Até Outubro de 2006 foram contratualizados no Concelho de Famalicão cerca de 280 Acordos de Inserção no âmbito do RSI envolvendo cerca de 600 pessoas. Em termos de subsídios eventuais existiam 167 agregados em situação de precariedade económica, cerca de 28 por toxicodependência e 12 por HIV. Já em termos de ajuda alimentar constavam 1.206 pessoas de 357 famílias. Na área da acção social, as situações mais críticas, em Santo Tirso, são as situações de negligência, comportamentos desviantes e maus tratos, para além do abandono escolar, o mesmo se passa no Concelho de Famalicão onde também se verificam em menor escala maus tratos e abuso sexual. Em 2006, a taxa de cobertura à infância, entre Creches e Amas, é de cerca de 30%, enquanto a taxa da rede do Pré-escolar é de 84%. No que diz respeito a 161 Send in Force Too Análise dos Lares para Crianças e Jovens existiam 3 para 34 utentes e 3 Centros de Acolhimento Temporário para 32 utentes. Sendo no Concelho a proporção de idosos e de dependentes inferior à do país a cobertura tem vindo a aumentar, e, em termos de Lares Residência para Idosos era em 2006 de 297 pessoas, o que corresponde a uma taxa de 2,1%, enquanto o Apoio Domiciliário abrangia 721 utentes ou seja 5,2%. Nos 15 Centros de Dia estão 344 utentes protocolados, o que corresponde a 2,5% de cobertura, enquanto os Centros de Convívio, com 99 utentes representam 0,7%. Já no Concelho de Santo Tirso a proporção de idosos tem vindo a aumentar, verificando-se insuficiência de respostas para as necessidades já evidenciadas, em particular em termos de Lares de Terceira Idade e Apoio Domiciliário. Na área da deficiência e na intervenção precoce no Concelho de Famalicão a capacidade é de 19 utentes, enquanto o Lar Residencial para jovens/ adultos portadores de deficiência tem a capacidade de 10 utentes. Já os CAOs têm capacidade para 83 utentes. De salientar que, em 2001, a população com deficiência residente neste Concelho era de 6.917 pessoas. A deficiência, no Concelho de Santo Tirso, representa cerca de 6,1% da população sendo que destes, 23% são dependentes. Na área da deficiência estão a ser acompanhadas 44 pessoas enquanto 22 estão em formação profissional e 8 em actividades ocupacionais estando à espera respectivamente 14 mais 40. Em relação aos serviços e equipamentos para a Família e Comunidade existiam 3 protocolos para atendimento e acompanhamento social abrangendo 160 famílias quer no Concelho de Famalicão, quer no Concelho de Santo Tirso e 1 Centro de Acolhimento Temporário para 6 mulheres em Famalicão e 1 Centro de Acolhimento Temporário para 10 mulheres em Santo Tirso. Em ambos os Concelhos existe também um apartamento para apoio à reinserção social na área dos Serviços e Equipamentos de Apoio à População Toxicodependente. 162 Send in Force Too Análise dos Nos dois Concelhos foram ainda identificadas como fraquezas a prostituição e no âmbito da saúde, a deficiência e as toxicodependências (drogas ilícitas e álcool). As respostas existentes para estas populações passam pelo PRRD, Centro de Saúde e CAT de Guimarães e Braga. Os indicadores de assistência na saúde, médicos, enfermeiros, farmácias são inferiores à média nacional nos dois Concelhos enquanto a taxa de mortalidade é inferior em Famalicão e igual à média nacional em Santo Tirso. Contexto da Problemática Foi na década de sessenta que Bowen questionou pela primeira vez quais seriam as responsabilidades perante a sociedade que deveriam ser tidas em conta pelos “homens de negócios”. Na sua definição inicial, refere-se “… a obrigações dos homens de negócios para seguir políticas, decisões ou ainda as linhas de acção desejáveis em termos de objectivos e de valores da nossa sociedade.” (Bowen in Borguer, 2001: 38). Bowen apresenta aqui o conceito de “Responsabilidade Social Empresarial”, pois para o autor as empresas devem ter a noção do seu impacto social e isso deve ser tido em consideração na gestão dos seus negócios. Ou seja, para além da maximização dos lucros, as empresas têm obrigações para com aqueles que estão relacionados com a sua actividade. Para Drucker, a Responsabilidade Social não pode excluir a maximização do lucro, considera que estes dois conceitos são complementares. Drucker afirma que as responsabilidades sociais podem ser convertidas em oportunidades de negócios, um problema social pode ser uma oportunidade para criar riqueza, por exemplo, os trabalhadores bem remunerados e melhor formados serão também mais produtivos, por isso trazem mais benefícios para as empresas. Para o autor as empresas têm um importante papel a nível social, considera que não cabe apenas ao Estado a responsabilidade de tratar dos problemas 163 Send in Force Too Análise dos da comunidade, nem tão pouco só às empresas. O que defende é uma parceria conjunta com as organizações do Terceiro Sector, da sociedade civil, em que as empresas fornecem alguns recursos e o trabalho voluntário dos seus colaboradores, para que os problemas da comunidade possam ser resolvidos. Drucker defende ainda que o problema de muitas empresas é a sua visão a curto prazo, o que muitas vezes as impossibilita de ver os retornos positivos que a sua actuação ao nível da Responsabilidade Social pode trazer. A este nível o seu pensamento pode ser revisto na seguinte ideia: Na verdade a primeira Responsabilidade Social de uma empresa é a de produzir um lucro adequado para cobrir os custos de capital e, com isso, os custos mínimos de permanecer em actividade. Só uma lucratividade adequada pode prover para os riscos, necessidades de crescimento e empregos de amanhã. Essas necessidades, porém, são de longo prazo. (Drucker in Borguer, 2001: 22). Uma das teorias da Responsabilidade Social, que tem assumido grande importância, é a Stakeholder Theory defendida por Freeman. Esta teoria incorpora a noção de que as empresas têm obrigações para com os grupos existentes na sociedade para além dos seus accionistas e trabalhadores (shareholders). Assim, o que a teoria preconiza é que a Responsabilidade Social de uma empresa deve ter em atenção as suas relações e práticas para com todas as partes interessadas da organização – stakeholders. Os stakeholders são os accionistas, os funcionários, os fornecedores, os clientes, a comunidade, o governo, o meio ambiente, os media e até mesmo a concorrência porque se parte do pressuposto que a empresa não se relaciona apenas com o mercado, mas que em toda a sua actividade estabelece relações com um conjunto de pessoas e entidades muito diferentes, todas elas também com interesses. “A empresa é uma organização na qual e pela qual muitos indivíduos e grupos empreendem esforços para atingir os seus fins.” (Freeman in Borguer, 2001: 55). 164 Send in Force Too Análise dos Freeman classifica as partes interessadas, ou grupos de interesse, em primários e secundários de acordo com a relação de maior ou menor proximidade. Os que afectam e são directamente afectados pelas actividades da empresa são os grupos de interesse primário – accionistas, funcionários, fornecedores, clientes, ambiente e comunidade. Aqueles que influenciam indirectamente a empresa são os grupos de interesse secundário, media e grupos de pressão, que não são essenciais para a sua sobrevivência embora tenham um papel importante junto da opinião pública, na medida em que podem afectar a reputação da empresa. O autor defende assim que a empresa deve definir a sua Responsabilidade Social de acordo com estes grupos de interesse, que se relacionam mais directa ou indirectamente com a empresa. Desta forma, a Responsabilidade Social diz respeito à actuação da empresa em todos os níveis da sua actividade e envolve as suas relações com todos os que a rodeiam. Neste sentido, a Responsabilidade Social da empresa pode ser materializada em duas vertentes ou dimensões, a interna e a externa. Na sua dimensão interna, as práticas socialmente responsáveis relacionam-se com a gestão dos recursos humanos, a saúde e segurança no trabalho, a adaptação à mudança e a gestão do impacto ambiental e dos recursos naturais. Na sua dimensão externa a Responsabilidade Social das empresas materializa-se na rede de relações com as comunidades locais, com os clientes e fornecedores, com os accionistas e investidores, com as ONGs, na garantia dos direitos humanos consagrados universalmente, bem como, na gestão global do meio ambiente. A Responsabilidade Social Interna relativamente aos recursos humanos pode traduzir-se: na existência de práticas de recrutamento não discriminatórias; na prática da igualdade de oportunidades; na implementação de planos de for- 165 Send in Force Too Análise dos mação e aprendizagem ao longo da vida; na promoção de condições de segurança no local de trabalho e ainda, na criação de medidas que permitam uma melhor conciliação entre a vida profissional e o trabalho. Ainda no que respeita à saúde e segurança no trabalho, as empresas têm cada vez mais em atenção que, para além de garantir a segurança dentro da própria empresa, é igualmente sua obrigação exigir aos seus parceiros comerciais procedimentos a este nível, que passam por impor normas de segurança e qualidade nos produtos, serviços e nos equipamentos utilizados. Relativamente às questões da mudança, estas prendem-se principalmente com o facto de as empresas se reestruturarem de forma responsável quando têm que passar por processos de expansão. Sobretudo quando as opções se situam entre encerramento ou redução da mão-de-obra e embora ambos tenham impactos muito significativos nos seus trabalhadores e nas comunidades que as rodeiam, devem ser tidos em consideração os interesses de todas as partes envolvidas tentando reduzir ao mínimo o impacto dessas mudanças. Cedo as empresas perceberam a necessidade e a vantagem de tomarem medidas no que concerne à gestão do impacto ambiental e dos recursos naturais, o que lhes permite, por um lado diminuir as despesas com a energia e simultaneamente proceder à eliminação de resíduos. Desta forma, os investimentos no domínio ambiental obedecem a uma lógica win-win, úteis para a empresa e para o ambiente. No que concerne à Responsabilidade Social Externa, estabelecer uma boa relação com a comunidade envolvente é fundamental, pois é nela que encontram um importante contributo ao nível do emprego, em muitos casos, é aí que recrutam uma boa parte dos seus colaboradores e principalmente as PMEs também têm nela muitos dos seus clientes. O facto da empresa se preocupar com os problemas locais, de contribuir para a sua resolução, de ter cuidados com o ambiente, de desenvolver parcerias 166 Send in Force Too Análise dos com as organizações locais, no fundo, estabelecer relações positivas com a comunidade, são factores que contribuem para o aumento da sua competitividade. Como já acima referimos, na sua relação com clientes e fornecedores as empresas não devem só ter em atenção a apresentação de propostas mais vantajosas a nível económico, mas também preocupar-se em estabelecer relações duradouras, procurando responder da melhor forma às suas necessidades, garantindo-lhes a qualidade dos produtos e que estes respeitam o meio ambiente, assegurando ainda, que é esta a exigência que mantêm com os seus respectivos fornecedores. A este nível convém salientar a importância que as grandes empresas podem ter no desenvolvimento e sustentabilidade das pequenas empresas, apoiando novas iniciativas e tendo ainda em consideração que as suas tomadas de decisão, para o bem ou para o mal, têm repercussões enormes ao nível das PMEs que com elas se relacionam. O respeito pelos direitos humanos é também fundamental, sobretudo para as empresas multinacionais que actuam em vários países com realidades muito diferentes e com exigências, a este nível, também muito distintas. Em algumas situações, especialmente em certos países, as empresas acabam por ter dificuldades em perceber quais são as suas responsabilidades e as dos Governos. Por este motivo, e muitas vezes por pressões das ONGs, as empresas adoptam códigos de conduta onde materializam as regras que todos que com ela se relacionam têm que cumprir. Como se verifica são muitas as práticas que as empresas podem adoptar ao nível da Responsabilidade Social. No actual contexto político, social e económico as exigências são muitas para qualquer empresa, daí que se coloque alguma reserva relativamente à implementação de todas estas práticas nas PMEs, uma vez que para estas se tornaria incomportável do ponto de vista financeiro. 167 Send in Force Too Análise dos Pelos motivos apontados existe hoje a discussão sobre a importância de se adaptarem as exigências da Certificação em Responsabilidade Social à realidade das PMEs, uma vez que estas constituem uma grande parte do tecido empresarial mundial e delas dependem muitos indivíduos. Por outro lado, em muitas comunidades só existe esta tipologia de empresa, e a representação que os empresários têm de que Responsabilidade Social só se aplica a grandes empresas e funciona como elemento dissuasor para a observância de práticas de Responsabilidade Social. Se com os actuais critérios é difícil certificar uma qualquer grande empresa, mais difícil é fazê-lo numa PME. Aliás, este é o grande desafio da Responsabilidade Social e é esse o sentido dos trabalhos que estão a decorrer em várias instâncias, nomeadamente a revisão da Norma Internacional SA 8000 da Responsabilidade Social. A abordagem contingencial das organizações parte do princípio da relação funcional entre o meio ambiente e a organização. Autores como Woodward, Perrow ou Thompson destacam-se nesta teoria, sobretudo ao nível da influência das tecnologias na organização, mas como esse não é o aspecto central da nossa análise, optamos por apresentar uma visão geral da teoria. A organização é vista como um sistema aberto, que sofre muitas influências do meio exterior. Estas influências podem ser de dois níveis, aquelas que afectam todo o tipo de organizações e as que afectam especificamente a organização. As primeiras traduzem-se nas condições políticas, nas questões legais, no mercado tecnológico, nas condições financeiras, nas condições ambientais e nas condições demográficas e culturais. Os aspectos que influenciam particularmente cada organização traduzem-se em quatro elementos: fornecedores de recursos (humanos, financeiros e materiais), os clientes/ consumidores, os concorrentes e as entidades reguladoras (Estado, tribunais, associações de classe e de consumidores). 168 Send in Force Too Análise dos Quanto melhor a empresa conhecer o seu ambiente externo, menor será a incerteza acerca deste, ou seja, maior será a capacidade para identificar as oportunidades e ameaças desse ambiente e de como utilizá-las ou evitá-las. Segundo esta perspectiva, a organização “… como sistema aberto, é um produto do seu ambiente externo, na medida em que é nele que encontra a energia, a informação e a matéria que são vitais para o seu funcionamento.” (Ferreira, 2001: 100). Esta teoria explica a importância que o ambiente externo tem para a organização. Assim sendo, é importante que a organização tenha em conta o meio em que está inserida e que tenha especiais atenções para com ele, que é, no fundo, o que preconiza a Responsabilidade Social na sua dimensão externa. E também está relacionada com a teoria dos stakeholders, uma vez que demonstra a importância de ter em consideração todas as partes interessadas, não tanto na perspectiva de Responsabilidade Social que enfatiza a necessidade de ter em conta os interesses de todos os stakeholders, mas realçando a importância que estes têm no desenrolar de toda a actividade organizacional. Ao nível europeu, foi só no ano 2000, no Conselho Europeu de Lisboa, que se impulsionou a Responsabilidade Social das organizações como parte de uma estratégia para conseguir uma Europa mais competitiva e promotora do Desenvolvimento Sustentável. Preconizando a necessidade de maior inclusão social, de igualdade de oportunidades, de promoção do conhecimento ao longo da vida, a UE realça o importante papel que as organizações, na sua generalidade e, particularmente as empresas, podem ter no cumprimento destes objectivos. Assim, a UE lança, em 2001, o “Livro Verde – Promover um Quadro Europeu” para a Responsabilidade Social das Empresas, que pretende ser um elemento legitimador das diversas iniciativas que várias empresas foram tendo nesta matéria, mas também um incentivo para que outras empresas adoptem comportamentos socialmente responsáveis. 169 Send in Force Too Análise dos Este documento define Responsabilidade Social das Empresas como “… a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes interessadas.” (Livro Verde, 2001: 7). Nesta definição destacam-se os termos “voluntária” e “partes interessadas”, o primeiro, porque é suposto que a actuação das empresas nesta área seja levada a cabo de uma forma espontânea, não estando sujeita a nenhum tipo de legislação, uma vez que a Responsabilidade Social pressupõe uma actuação para lá do que está descrito na lei. O segundo refere-se à tradução do termo inglês stakeholders, que são todos aqueles que estão relacionados com a empresa, como os clientes, os fornecedores, os trabalhadores, a comunidade, os organismos públicos e a própria concorrência. No fundo, são todos aqueles que, de alguma forma, são afectados pela actividade da empresa. No Livro Verde fica também expressa a ideia de que a actuação socialmente responsável não deve ser vista como um custo, mas deve ser parte integrante de todo um processo de gestão que cumpre os objectivos da empresa a todos os níveis: financeiro, comercial e social. Por outro lado, a Responsabilidade Social não pode ser dissociada do conceito de Desenvolvimento Sustentável, uma vez que as organizações devem actuar ao nível económico, social e ambiental. Desta forma, o que se preconiza é que a Responsabilidade Social … pressupõe acções contínuas no contexto da estratégia de longo prazo definida pela empresa, capazes de gerar benefícios económicos, possibilitando dessa forma a prossecução de criação de valor e consequente desenvolvimento social sustentado. (Monteiro, s. d.: 67). Um dos desafios já lançado pelo Livro Verde é a necessidade de que as práticas de Responsabilidade Social sejam alargadas também às pequenas e médias empresas, embora algumas delas já as pratiquem. “A sua aplicação ge- 170 Send in Force Too Análise dos neralizada pelas PMEs, incluindo as micro empresas, é de importância capital, uma vez que elas são os maiores contribuintes para a economia e o emprego.” (Livro Verde, 2001: 7). No que diz respeito ainda às PMEs, o Livro Verde também reforça, que as grandes empresas podem ter um papel fundamental na promoção da Responsabilidade Social junto destas empresas, quer divulgando as suas práticas junto dos seus parceiros comerciais, que são muitas vezes PMEs, quer mesmo exigindo que se cumpram certas práticas socialmente responsáveis sob pena de não continuarem a colaborar. A divulgação dos relatórios de Responsabilidade Social é também considerada fundamental, uma vez que podem servir de exemplo para implementação de práticas socialmente responsáveis. O Livro Verde esteve sujeito a um processo de consulta no qual os países e parceiros sociais deram os seus contributos e opiniões acerca da importância da Responsabilidade Social. A Comissão Europeia recebeu mais de 250 respostas ao Livro Verde provenientes de associações patronais, empresariais, sindicatos e organizações da sociedade civil, bem como das instituições europeias que também se pronunciaram. De um modo geral, todos foram unânimes em afirmar a importância do debate em torno deste conceito e alguns deles defenderam ainda a necessidade de intervenção comunitária neste domínio. O mesmo não aconteceu com a maioria das empresas participantes que sublinharam a natureza voluntária da Responsabilidade Social e o facto de não existirem soluções iguais para todos. Por esse motivo, consideraram que uma intervenção comunitária podia até tornar-se contraproducente. Os sindicatos e as organizações da sociedade civil, apesar de serem a favor do carácter voluntário da Responsabilidade Social, defenderam a necessidade de se estabelecerem padrões mínimos a este nível, e que as práticas devem 171 Send in Force Too Análise dos ser aplicadas em conjunto com todas as partes interessadas. O Parecer português da responsabilidade do Conselho Económico e Social (CES) considerou que a Responsabilidade Social das empresas é um importante instrumento para promover o modelo social europeu. Destacou a importância de desenvolver e reforçar os mecanismos de estímulo e avaliação das práticas de Responsabilidade Social. Realçou também a relação positiva existente entre o sucesso empresarial e a Responsabilidade Social. Chamou ainda a atenção para a necessidade das empresas públicas e da própria administração se tornarem um exemplo relativamente a estas questões. O CES considerou que o grande desafio em Portugal, neste domínio, diz respeito ao envolvimento das PMEs na Responsabilidade Social. Não podendo afirmar-se em todas as dimensões, o que é certo é que, ao seu nível, estas empresas têm apostado em diversas iniciativas, sobretudo ao nível local e na relação com os trabalhadores, contudo, muitas vezes, não lhes é dada a visibilidade merecida. O CES defendeu então, que dadas as especificidades destas empresas, não deverá existir uma metodologia única e que os seus programas de Responsabilidade Social não têm necessariamente que percorrer toda a extensão do conceito. Ajustava-se assim à situação portuguesa uma campanha de informação e de apoio técnico que permitisse a cada empresa evoluir no domínio em que considera poder ou necessitar mais de avançar. O conceito não deverá tomar a forma de um pacote completo, mas sim de uma construção modular e de geometria variável e progressiva. (Parecer do CES, 2003: 24). Em Portugal, a problemática da Responsabilidade Social também tem sido cada vez mais objecto de interesse, principalmente por parte das grandes empresas que têm desenvolvido diversas iniciativas nesta área, quer ao nível ambiental, quer relativamente ao envolvimento com a comunidade local. São disso exemplo, empresas como: a BP, a GALP, a PT, a UNICER e a Novadelta, que foi a primeira empresa, em Portugal, a ser certificada em Responsabilidade 172 Send in Force Too Análise dos Social pela Norma Internacional SA 8000. Existem já em Portugal, fruto essencialmente do lançamento do Livro Verde, uma multiplicidade de iniciativas e grupos que incidem a sua acção sobre a Responsabilidade Social ao nível da difusão do conceito e ao nível das práticas socialmente responsáveis. Damos a título de exemplo, o Grupo de Reflexão e Apoio para a Cidadania Empresarial (GRACE) e o Conselho Português para o Desenvolvimento Sustentável, ambos têm promovido debates, seminários e acções de formação nesta temática e ainda a realização de alguns estudos que retratam a realidade portuguesa no que concerne à Responsabilidade Social. Num estudo do Corporate Social Responsability Europe, de 2000, verifica-se que apesar da maioria das pessoas conhecer pouco o conceito, reconhece que as empresas deveriam dar mais importância à Responsabilidade Social. Do lado das empresas, num estudo do Grupo Inforpress, de 2004, que inquiriu 64 empresas portuguesas cotadas em bolsa, apenas 12% dos inquiridos considerou a Responsabilidade Social muito importante, embora exista uma percentagem de inquiridos, cerca de 40%, que conferem uma importância relativa ao tema. Relativamente às iniciativas que devem fazer parte da Responsabilidade Social, as medidas mais referidas estão relacionadas com a protecção do meio ambiente e com políticas de Responsabilidade Social Internas. Quando questionadas acerca da existência de um plano estruturado de Responsabilidade Social, a maioria das empresas responde afirmativamente, a razão mais apontada para que este plano seja cumprido é que cria cultura interna e orgulho próprio nos colaboradores. Estes são apenas alguns dados relativos às grandes empresas, muitos outros poderiam ser referenciados, como, por exemplo, o facto de ser ainda reduzido o número de empresas que publicam relatórios de Responsabilidade Social. Se é verdade que a Responsabilidade Social é uma prática presente em muitas 173 Send in Force Too Análise dos destas empresas, há ainda um caminho longo a percorrer para que as que têm condições para o fazer sejam em toda a sua amplitude socialmente responsáveis. A realidade das PMEs em Portugal é um pouco diferente da das grandes empresas. Estas não têm os mesmos recursos nem conhecimentos que lhes permitam implementar a Responsabilidade Social em todas as suas vertentes. Na generalidade as PMEs entendem o conceito de Responsabilidade Social apenas de uma forma parcial e imprecisa, geralmente, associado às responsabilidades de nível interno relacionadas com os trabalhadores. Consideram que a Responsabilidade Social é potenciadora de reconhecimento e notoriedade na sociedade, e que em geral é uma vantagem para a empresa, no entanto, os custos associados à implementação de uma estratégia de Responsabilidade Social, são apontados como a principal dificuldade. Estas são, em traços gerais, as conclusões de um estudo no âmbito da IC Equal, o projecto “Ser PME Responsável”, que foi realizado em 2005 e questionou cerca de 143 PMEs. Deste estudo interessa ainda realçar que muitas das PMEs são já certificadas na área da qualidade, da higiene e segurança e do ambiente, aliás, a preocupação com o ambiente é das mais reconhecidas como fazendo parte da Responsabilidade Social. Por outro lado, a maioria das empresas considera ter um bom relacionamento com a comunidade local, embora isso se traduza mais em apoios do que na participação activa no seu desenvolvimento. Apesar das dificuldades, o estudo realça que muitas das PMEs que têm implementadas algumas práticas de Responsabilidade Social, estão abertas à inovação e à mudança, precisam apenas de incentivos e de um maior e melhor conhecimento das potencialidades destas práticas. Na generalidade, a opinião recorrente, em Portugal, acerca da Responsabilidade Social, passa por ser necessário ter em conta as especificidades do tecido empresarial do país, mas também as particularidades de cada empresa. Na generalidade, as empresas estão dispostas a adoptar estratégias socialmente 174 Send in Force Too Análise dos responsáveis pois consideram que: Ao adicionar às suas competências básicas um comportamento ético e socialmente responsável, as empresas obtêm o respeito dos seus colaboradores e das comunidades nas quais as suas actividades têm impacto, sendo recompensadas com o reconhecimento e envolvimento dos seus colaboradores e preferência dos consumidores. (Neves e Rodrigues, s. d.: 4). A Responsabilidade Social vai ganhando cada vez mais apoiantes em Portugal e no Mundo, como comprova o interesse que este tema suscitou no contexto do projecto transnacional Equal que motivou a visita à empresa Continental em Lousado, Portugal, durante o mês de Maio de 2007. Histórico de Sucesso A Continental Mabor faz parte da Continental AG, que foi fundada em Han- nover (Alemanha) em Outubro de 1871. Na sua origem a Continental AG fabricava artefactos de borracha flexível e pneus maciços para carruagens e bicicletas. Em 1898, iniciou a produção de pneus lisos (sem desenho de piso) para automóveis. A partir de então, acompanha a evolução operada na indústria automóvel com o estudo e aplicação de técnicas, produtos e equipamento para a melhoria de pneumáticos. O seu prestígio ultrapassa as fronteiras da Alemanha e os pneus Continental passaram a equipar os carros vencedores das diversas competições automóveis. Com uma produção muito diversificada, o Grupo Continental tem grande parte do seu volume de vendas globais centrado em pneus de várias marcas para veículos comerciais, pesados, agrícolas, industriais, de duas rodas e ligeiros, entre as quais se podem encontrar Range Rover, Toyota, Mercedes, BMW e Porsche, integrados na Divisão de Pneus. 175 Send in Force Too Análise dos Desenvolve pneus especiais, de séries muito reduzidas para concept cars em estreita colaboração com os departamentos correspondentes da indústria automóvel. O Grupo é também composto pela Divisão de Sistemas para a Indústria Automóvel da qual fazem parte a Continental Teves (dedicada ao fabrico de Sistemas de Travagem) e a Continental Temic (fabricante de componentes electrónicos e sistemas para veículos ligeiros e pesados). Esta Divisão é responsável pelo desenvolvimento de Sistemas Automotivos como o ABS, ESP, TCS, Sistemas Electrónicos de Suspensão, entre outros. A ContiTech é outra das divisões do Grupo e fabrica produtos industriais à base de borracha destinados à indústria mineira, gráfica, de mobiliário e de manufactura de maquinaria. Apostando há muito no desenvolvimento de produtos e processos, a Continental através dos sistemas híbridos, dos pneus de baixa resistência ao rolamento, sistemas de monitorização de pressão de ar e dos processos de fabrico tem contribuído para a redução das emissões de CO2. O Grupo Continental é um fornecedor líder da indústria automóvel de sistemas de travagem, componentes de chassis, electrónica de veículos, pneus e elastómeros técnicos. Em 2005, o grupo realizou vendas de 13,8 biliões de euros. A Continental AG tem mais de vinte fábricas de pneus, bem como centros tecnológicos de desenvolvimento e pistas de ensaios espalhadas pelos vários continentes (Europeu, Americano, Asiático e Africano), e é constituída por uma força de trabalho de mais de 81.000 colaboradores, em todo o mundo. O Grupo Continental em Portugal é constituído por seis Empresas: Continental Mabor, Continental Pneus, Indústria Têxtil do Ave, todas elas localizadas em Lousado, Concelho de Famalicão e a Continental Lemmerz, a Continental 176 Send in Force Too Análise dos Teves e a Benoac localizadas no Concelho de Palmela. Juntas, representam uma força de trabalho que ronda os dois mil colaboradores. A Mabor – Manufactura Nacional de Borracha, S.A., foi a primeira fábrica de pneumáticos de Portugal. Iniciou a sua laboração em 1946, com assistência técnica prestada pela General Tire, Cº, de Ohio (E.U.A.). A Continental Mabor nasceu em Dezembro de 1989, como empresa ligada à Indústria de pneus. O seu nome provém da união de duas empresas de renome na manufactura da borracha, a Mabor, a nível nacional, e a Continental AG, de dimensão mundial. A Continental Mabor tem uma superfície total de 204.140 m2 e uma superfície coberta total de 86. 499,2 m2. Em Julho de 1990, iniciou-se o grande programa de reestruturação que transformou as antigas instalações da Mabor na mais moderna das então vinte e uma unidades da Continental. Através da Resolução de Conselho de Ministros nº 14/ 99 foi aprovado o contrato de investimento que foi celebrado entre o Estado Português, a Continental Aktiengesellshaft e a Continental Mabor – Indústria de Pneus, S.A. para a expansão da unidade industrial de Lousado, pertencente à sociedade constituída por estas duas últimas empresas. Este contrato teve como objectivo dar condições para aumentar a capacidade produtiva e a qualidade dos pneus a produzir por esta unidade fabril. Em Dezembro de 2006 foram aprovadas, por Resolução de Conselho de Ministros, as minutas do Contrato de Investimento a celebrar pelo Estado Português, a Continental AG e a Continental Mabor – Indústria de Pneus, S.A. que visava, igualmente, apoiar o processo de modernização da empresa que ascendia a um montante total de cerca de 18,8 milhões de euros, a realizar até 31 de Outubro de 2007, na unidade de Lousado. 177 Send in Force Too Análise dos Partindo de uma produção média diária de 5.000 pneus/ dia em 1990, foram atingidos os 21.000 pneus/ dia em 1996, ou seja, a produção quadruplicou. Actualmente, a Continental tem uma capacidade de produção média de 44.400 pneus/ dia, apresentando-se, assim, como uma das duas fábricas do grupo Continental com melhores índices de produtividade. Produzindo, inicialmente, apenas pneus da marca Mabor, a gama da Empresa é, actualmente, muito variada quer em medidas, quer em tipos, quer em marcas. A Continental Mabor inclui no seu portfólio, pneus destinados a Sport Utility Vehicles (SUVs) e a veículos de tracção total e iniciou a produção de pneus de jante de 19 polegadas, gamas de maior valor acrescentado. O último investimento realizado com o apoio do Governo Português teve como grande aposta melhorar a eficiência para o fabrico deste tipo de pneus e foi responsável pela criação de 23 novos postos de trabalho permanentes, bem como, pela manutenção de 1.455. Este contrato prevê que, “… em 2014 o valor de vendas acumulado seja cerca de 4.261 milhões de euros e estimava que no mesmo ano, o valor acrescentado acumulado atinja 1.676 milhões de euros.”. Mais de 98% da produção destina-se à exportação. O designado “Mercado de Substituição” (MS) absorve mais de metade da produção anual da Continental Mabor. A parte restante é distribuída pelas linhas de montagem, dos mais prestigiados construtores da indústria automóvel. Em termos de resultados da actividade da empresa será importante apreciar a evolução entre 1996 e 2006 para se comprovar a importância desta empresa tanto ao nível local como nacional: • As vendas líquidas subiram continuamente de 100.289 até 443.236 milhares de euros; • Os resultados líquidos subiram de 12.870 até 92.928 milhares de euros 178 Send in Force Too Análise dos com uma ligeira quebra em 1999; • O activo líquido total, com oscilações, passou de 153.820 para 501.585 milhares de euros; • O capital próprio apesar das variações evoluiu de 39.778 para 371.071 milhares de euros; • O Cash flow apresentou uma ligeira quebra em 2005, mas mesmo assim evoluiu de 24.947 para 121.071 milhares de euros; • O Valor Acrescentado Bruto (VAB) subiu, com uma ligeira quebra em 2005, de 46.542 até 180.408 milhares de euros; •A autonomia financeira evoluiu de 0,26 até 0,74, a solvabilidade de 0,41 até 2,85 e a liquidez geral de 1,47 até 4,95. A sua forma de actuar é o reflexo do que designam por The Basics que descrevem a visão, os valores e a cultura da Continental. Representam a cultura do Grupo, a forma como se relacionam com os clientes, os colaboradores e accionistas, bem como os objectivos no que se refere à qualidade e espírito de cidadania do Grupo Continental. Também fornecem o suporte para o crescimento conjunto do Grupo Continental e são um critério essencial para o trabalho diário, logo, crucial para o sucesso da Continental. The Basics assenta em cinco pontos: a Visão, a Criação de Valor, os Stakeholders, os Produtos e Serviços e o Espírito de Grupo. •Em relação ao primeiro ponto, a Visão, apresenta em destaque o aumento de segurança, a satisfação dos clientes, a qualidade e ser líder de mercado; •A Criação de Valor como meio que permite recompensar os accionistas, os colaboradores e assegurar os meios para o contínuo desenvolvimento da empresa; •A relação com os Stakeholders uma vez que é com estes e para estes 179 Send in Force Too Análise dos que se consegue o sucesso e a excelência; •Os Produtos e Serviços como forma de satisfazer os clientes, evoluindo-os e adaptando-os às novas necessidades; •E o Espírito de Grupo como forma de realizar objectivos desafiantes e permitir o desenvolvimento individual e colectivo. O desenvolvimento destes princípios evoluiu na última década, principalmente no ano de 2006, em que foi conseguida uma melhor gestão dos recursos, o que resultou em termos de volume de produção, produtividade e qualidade, indicadores de desempenho e de custo, nomeadamente no indicador “pneus – padrão por homem x hora” que passou de 6,9 em 2005 para 7,3 em 2006. Os investimentos que têm estado a ser feitos tiveram como objectivos, tal como já referimos acima, reforçar a capacidade nos segmentos definidos na estratégia da empresa e investir em software de gestão, tendo contado com o apoio do Programa Operacional da Economia (POE) e ainda com outros incentivos financeiros através da Agência Portuguesa para o Investimento (API), e fiscais, nomeadamente ao nível de isenção total ou parcial do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), concedidos sob proposta do Executivo da Câmara e aprovados pela Assembleia Municipal de Famalicão, com a justificação da importância da fixação de projectos de investimento, de especial interesse, para o desenvolvimento económico e social do Concelho. Ao nível de qualidade foi atingida uma maior satisfação dos clientes comprovada pela redução do número de reclamações, apesar de internamente não ter sido atingido o objectivo de custos de não qualidade interna. Dentro das suas responsabilidades assumidas esta empresa mantém, para além dos sistemas de gestão de qualidade, os sistemas de gestão do ambiente, higiene e segurança e a saúde ocupacional, aprovados, de acordo com as normas respectivas e certificados, por entidades competentes para esse efeito. Também têm merecido a aprovação nas auditorias efectuadas por clientes. 180 Send in Force Too Análise dos Nas questões ambientais foram reduzidos em 800 toneladas o volume de resíduos, tendo sido igualmente reduzidos os consumos de água e energia. Destacamos igualmente a sua preocupação com os trabalhadores ao nível da preparação antecipada da reforma, que levou esta empresa a celebrar um protocolo com o MTSS, no âmbito do projecto “ReCriar o Futuro”, tendo desenvolvido acções de sensibilização e formação dirigidas a todos os colaboradores da empresa. Em termos de outras componentes de Responsabilidade Social interna a empresa está dedicada fundamentalmente para a garantia das condições de trabalho e preservação da saúde dos seus colaboradores. Ainda assim, alguns resultados foram negativos devido a alguns comportamentos individuais inseguros. Foi realizada a nova edição do “Programa de Saúde e Segurança no Trabalho” (PSST II), o programa Anti-Tabágico, melhorado o sistema de protecção contra incêndios e formação prática de simulações de emergência em colaboração com os Bombeiros e a Cruz Vermelha. Regularmente é efectuado nesta empresa um estudo de satisfação dos colaboradores que obteve, em 2006, um resultado de 3,6 em cinco pontos possíveis, tendo sido obtida uma participação de 91% dos colaboradores. Por outro lado, o sistema de sugestões atingiu o valor mais elevado de sempre em número. Ainda relativamente às parcerias que desenvolve e que promovem o desenvolvimento da qualificação do emprego na região, salientamos o facto da Continental Mabor ser uma das entidades, tal como a Mundos de Vida, associada da Forave, localizada em Lousado, com a qual colabora na execução de protótipos de Automação Industrial, de onde se destacam o “Sistema de Carregamento das Bobinas do Creel” e o “Sistema de Recolha de Amostras de Borracha”. Estes modelos foram concebidos e desenvolvidos mecanica- 181 Send in Force Too Análise dos mente pelos técnicos da empresa, tendo os alunos do curso de Automação Industrial realizado todo o comando, controlo e visualização, desde o projecto, passando pela electrificação e programação, até à colocação em serviço, segundo refere o portal deste Centro de Formação, no qual também é salientado o entusiasmo de alunos e professores que participaram nesta parceria onde a empresa teve a oportunidade de ver os seus modelos testados em condições muito próximas do real. A Continental Mabor para além de proporcionar esta troca de experiências colabora ainda no fornecimento de transporte e refeições a alunos. Um dos papéis em que tem tido algum destaque público é o de Mecenas, pelo apoio prestado à Casa das Artes de Famalicão que, em 2007, acolheu 400 eventos e recebeu a visita de 70.000 pessoas. O seu apoio ao desporto tem-se concretizado através da organização de torneios com clientes e no apoio a eventos desportivos de interesse, que ultrapassam as fronteiras do país, tais como: o Campeonato da Europa de Sub21 em Portugal, o FIFA World Cup de 2006 e o UEFA EURO 2008. Demonstração da Inovação da Prática Em relação à comunidade envolvente, a empresa tem apoiado de forma continuada algumas IPSSs, entre as quais se destacam as parcerias existentes com a Mundos de Vida, de Lousado, e a Asas de Santo Tirso. Para além destas, apoia pontualmente outras associações de cariz social e desportivo da região. A Mundos de Vida é, segundo os seus dirigentes, uma ONG com 23 anos, de carácter social privado, sem fins lucrativos, que adoptou o slogan “Unidos por um Sorriso”. É uma Associação cuja missão é, fundamentalmente, responder às necessidades das crianças, das pessoas idosas, das famílias, em particular daquelas que têm uma situação de maior dificuldade ou que precisam de apoios por razões decorrentes da organização da sua vida profissional ou pessoal. 182 Send in Force Too Análise dos Esta ONG tem uma abrangência correspondente à freguesia de Lousado, uma localidade com quatro mil habitantes, onde se situam alguns dos edifícios desta organização. Tem actividades de carácter local e concelhio. Actualmente tem mil sócios, um volume de actividades de 1,7 milhões de euros, 450 utentes diários – entre crianças, idosos e famílias – e 70 trabalhadores, dos quais 25 a 30 são técnicos superiores com licenciaturas em psicologia, educação de infância e serviço social. A sua existência e o seu crescimento estão intimamente relacionados com a localização e as políticas de Responsabilidade Social externa da Continental Mabor. Uma outra vertente em que a Mundos de Vida também colabora é ao nível da implementação da Responsabilidade Social interna promovendo, em parceria com os quadros da empresa, um conjunto de iniciativas que vão desde o apoio social mais tradicional à intervenção em Programas de Iniciativa Governamental. O espírito do grupo Continental AG manifesta-se na aposta na qualificação do seu capital humano. Seguindo este princípio, a empresa Continental Mabor apostou na formação, na unidade de Lousado e na nova fábrica, no Brasil, dando formação a diversos níveis hierárquicos de colaboradores destas unidades, de tal forma que esta iniciativa foi reconhecida pela casa-mãe. A Continental contava, em 2006, com um número médio de mil quatrocentos e trinta e cinco colaboradores, com uma idade média de 33 anos, dos quais 73,8% têm o 9º ano ou o ensino secundário completo. A formação e qualificação dos seus colaboradores é um importante pilar da sua estratégia de gestão, tendo, em 2006, atingido a média de 31 horas de formação, por colaborador. Estes números estão bastante acima dos que são preconizados na lei portuguesa. 183 Send in Force Too Análise dos Desenvolve ainda parcerias e protocolos de cooperação com instituições de educação e formação profissional, nomeadamente estágios de alunos de Universidades e Institutos Politécnicos, Escolas Profissionais da região, Escola Profissional e Tecnológica do Vale do Ave, e Estágios Profissionais do IEFP, e promove a valorização dos seus profissionais através do Programa de RVCC. Este último motivou a visita do Primeiro-Ministro José Sócrates, no dia 30 de Março de 2007, no mesmo dia em que a parceria, que realizou este estudo, recebeu a delegação dos parceiros polacos que vieram comprovar a existência de condições para se realizarem as Visitas às três Boas Práticas seleccionadas, entre elas a Empresa Continental Mabor. Na visita, o Primeiro-Ministro do Governo Português, entregou certificados a vinte e sete trabalhadores que concluíram o Programa de RVCC do 9º ano de escolaridade e realçou que “Com este programa queremos que todos os portugueses que estão a trabalhar e saíram da escola cedo demais tenham uma segunda oportunidade para concluir o 12º ano” e salientou “Não percam esta oportunidade, é o melhor que podem fazer por vocês, pela vossa empresa e pelo vosso país.”. No seu discurso, o Primeiro-Ministro José Sócrates, apresentou a Continental Mabor como um “exemplo para o país” pela aposta que tem tido na formação dos seus colaboradores. Na mesma Sessão foi divulgado que a empresa pretende ter, em três anos, todos os seus colaboradores com o 12º ano, patamar mínimo que o governo pretende estabelecer, demonstrando desta forma a conjugação de interesses consubstanciados na parceria entre a empresa e o Estado. Para esse efeito a Mabor e o IEFP assinaram, na presença do governante, um protocolo tendo em vista permitir que 762 trabalhadores (52 por cento dos trabalhadores da empresa) possam concluir o 12º ano nos próximos três anos. 184 Send in Force Too Análise dos Durante esta visita, o Presidente do Conselho de Administração da Continental Mabor, António Lopes Seabra, afirmou que o sucesso da empresa tem residido na aposta na formação dos seus trabalhadores, tendo comprovado este sucesso através do volume de negócios de 440 milhões de euros, obtido em 2006, com uma produção de 14 milhões de pneus, dos quais mais de 90% se destinavam à exportação. Contributos da Transnacionalidade – Lições Aprendidas O primeiro grupo que contactou com a Mundos de Vida e a Continental foi o grupo originário da Polónia. Apesar de terem feito um levantamento sobre as diferentes manifestações da Economia Social na Europa, tiveram alguma dificuldade em perceber a relação destas organizações, em Portugal, com o Estado, principalmente pelo facto de uma grande parte delas terem um estatuto jurídico próprio, serem consideradas IPSSs. Esta reacção pode ter sido motivada pela circunstância de alguns dos visitantes serem convidados da PD polaca e não terem participado activamente nos Grupos de Trabalho, onde estes temas foram tratados. A possibilidade de uma só organização ter uma ampla oferta de serviços e prosseguir uma diversidade de fins, como é o caso da Mundos de Vida, causou-lhes uma enorme surpresa. Em reacção à exposição que foi feita pelo seu Presidente, questionaram se, do ponto de vista da gestão, esta situação não poderá colocar em perigo a qualidade dos serviços. Para este grupo faria mais sentido que pequenas organizações gerissem cada uma das valências e se especializassem. Apesar desta visão, ficaram ainda mais surpreendidos com as instalações da Mundos de Vida que consideraram estarem ao nível de equipamentos turísticos de gama alta. Os representantes da Administração Pública polaca, perante o bom exemplo da relação da Mundos de Vida com a Continental, ficaram convencidos que, em Portugal, este tipo de organizações era sempre co-financiado por empre- 185 Send in Force Too Análise dos sas privadas, assim como os gestores polacos das Empresas Sociais também entenderam que a Lei do Mecenato era largamente utilizada em Portugal e daí resultava que as IPSSs tivessem tão boa qualidade. Após a Visita, e ter sido detectada esta interpretação, foi-lhes explicado, que em Lousado se conjugaram alguns aspectos que favoreceram esta relação positiva entre organizações de diferente natureza. Um, prende-se com o facto, já salientado e desenvolvido durante a Visita, pelo Presidente da Mundos de Vida, que está intimamente relacionado com as necessidades sentidas pelas multinacionais, ou grandes empresas, quando se instalam ou pretendem crescer num dado território. Esse desenvolvimento implica naturalmente a existência de um conjunto de recursos ao nível das acessibilidades a vias de comunicação (rodoviárias, ferroviárias, aéreas e marítimas) – e Lousado é uma freguesia com boa situação a este nível –, mas também acessibilidades a outro tipo de equipamentos, sobretudo de apoio à família (Creches, Jardins de Infância, equipamentos para Idosos) e, ainda, a outros de natureza mais imaterial (infra-estruturas de carácter cultural, educativo e social). Estes aspectos são fundamentais, do ponto de vista da estratégia de uma empresa, porque facilitam a fixação de colaboradores, em particular dos quadros superiores e dos técnicos. O outro aspecto está directamente ligado à cultura organizacional da Mundos de Vida, onde se privilegia a aposta nos seus Recursos Humanos e na sua capacidade empreendedora, na promoção e resposta às necessidades das famílias da comunidade, especialmente dos grupos mais desfavorecidos. Este aspecto favoreceu a ligação, é o elo de ligação, entre a cultura desta IPSS e da Continental AG. Em termos operacionais, as técnicas da Mundos de Vida estão integradas na equipa de Recursos Humanos da Continental, através da qual contactam directamente com as famílias, participando ainda activamente nas acções que lhe são dirigidas. Um terceiro aspecto prende-se com o interesse manifestado pelas autarquias, 186 Send in Force Too Análise dos pelo poder local, em reter e atrair investimentos para os seus territórios, o que resulta em apoio financeiro e na criação de infra-estruturas que complementem as proporcionadas por Empresas Sociais, como é o caso da ForAve. Trata-se de uma escola profissional, localizada em Lousado, mesmo ao lado da Mundos de Vida, da qual também é associada a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e com a qual a Continental tem uma colaboração estreita (um dos administradores faz parte do Conselho Executivo da escola, há colaboradores da empresa que dão lá aulas, financia laboratórios e estágios e proporciona ainda apoio financeiro para o seu funcionamento). Contudo, esta parceria público-privada não é uma situação que esteja generalizada no país. Em muitos territórios, com idênticas condições, há muitas empresas privadas, quer lucrativas ou sem fins lucrativos, que ainda não têm este tipo de iniciativas, nem esta cultura de Responsabilidade Social. Um dos temas que suscitou questões e muitas dúvidas, da parte do grupo polaco, foi a vertente formação na empresa Continental. Enquanto para os portugueses e para o grupo italiano os números atingidos pela empresa, em horas de formação por trabalhador, constituem uma Boa Prática (cerca de 30 horas por trabalhador), o grupo polaco considerou normal numa empresa que está certificada pelas três ISO. Em contrapartida estranhou o envolvimento da empresa no Programa “Novas Oportunidades”, e levantou algumas questões relativamente à equivalência académica que o mesmo confere. Do ponto de vista deste grupo, este Programa é uma obrigação do Estado que não criou condições no passado para que estes trabalhadores cumprissem a escolaridade obrigatória. Questionaram igualmente a sua dupla função de reconhecimento e certificação. Em seu entender, este modelo, influenciado por uma corrente francesa, pode estar a prestar um “mau serviço” ao sistema de ensino, quer para os que não o cumpriram e ficam com a ideia que não teria sido difícil tê-lo feito, quer para os que ainda estão no sistema de ensino e não estão motivados. Realçaram o facto 187 Send in Force Too Análise dos de Portugal ser um dos países da Europa com mais abandono escolar e, nessa medida, os que hoje abandonam podem convencer-se que amanhã, este, ou um outro Programa, irá conferir-lhes a escolaridade que para os que se mantiveram no sistema significou esforço e uma entrada mais tardia no mercado de trabalho. Embora a responsável pela Continental tenha explicado que estes critérios (ter frequentado o nível secundário, há mais de três anos, sem o concluir) são válidos só até 2010, continuaram, ainda assim, a questionar se a qualificação não estaria a ser massificada, e não deveria antes ser feita em função das necessidades da região ou em termos de inovação das empresas existentes. Sobre a relação da Mundos de Vida com a Continental, o grupo originário da Itália procurou perceber o tipo de fontes de financiamento de uma ONG, como foi apresentada, a primeira, pelo seu Presidente. Tratando-se de uma Associação, uma das fontes de financiamento provém das quotizações, neste caso dos seus 1.000 associados que pagam 5 euros. O estatuto de IPSS permite-lhe uma negociação anual, na base das necessidades demonstradas à Segurança Social distrital, através das listas de espera de cada um dos serviços, e que resulta em contratos por tipo de atendimento (crianças, jovens, idosos) cujo valor, por utente, é fixado ao nível nacional pelo Estado (cerca de 60% dos custos). Trata-se de um valor fixo mas que varia em função da frequência mensal de cada uma das valências. Isto significa que pode não cobrir as despesas fixas da organização, que são em parte asseguradas pela comparticipação das famílias, valor que atinge 30% desses custos. É nesta dimensão que a Continental, segundo o Presidente da Mundos de Vida, assume um papel muito importante na Comunidade, pois tratando-se de uma empresa sólida permite que os seus trabalhadores aufiram bons vencimentos e, por essa via, as comparticipações, dos que usufruem dos serviços da Mundos de Vida, sejam mais elevadas. 188 Send in Force Too Análise dos O protocolo que a Mundos de Vida tem com a Continental é uma relação win- -win, há uma troca efectiva, a Mundos de Vida dá apoio em serviços e projectos concretos, a Continental financia uma parte desses projectos. Este grupo questionou a responsável do departamento de Recursos Humanos da Continental sobre qual é a base de cálculo do montante, ou percentagem alocada ao sector social, se está previsto no Balanço Social, se é uma percentagem específica do volume de negócios ou se está directamente relacionada com o planeamento anual de actividades. Foi explicado pela representante da Continental que as actividades são programadas anualmente, são orçamentadas dentro de alguns limites, mas sem qualquer ligação ao volume de facturação. São parte integrante da actividade geral da empresa, por esse motivo, se aparece uma actividade que não estava no Plano, e tem interesse, poderá ser apoiada por uma fatia do orçamento, que já é deixada expressamente com essa finalidade. Uma outra questão colocada foi se o peso da Continental na comunidade e nas diferentes organizações não será limitativo para as mesmas, ao que o Presidente da Mundos de Vida respondeu que “… uma empresa que gera bons resultados e que tem bons lucros e que paga bem aos seus trabalhadores é muitíssimo importante para a comunidade.”. Deu, como exemplo, o projecto de investimento que a Mundos de Vida vai fazer em dois novos projectos, de cerca de três mi-lhões e meio de euros, para os quais concorreram a verbas estatais, no âmbito do PARES, que é um Programa de Apoio ao Investimento, onde o máximo de comparticipação do Governo Central é de 70%. Como a Mundos de Vida concorreu a 50% terá que encontrar na comunidade, ou seja, nas empresas e na autarquia, o restante montante. Esta última está interessada em conseguir, com o apoio das Empresas Sociais, uma boa cobertura de serviços ao nível do seu território. Questionados sobre como são atribuídos os fundos do Estado, o Presidente da Mundos de Vida explicou que há indicadores para esse efeito, sobretudo in- 189 Send in Force Too Análise dos demonstração, por parte da organização concorrente, da sua capacidade para captar os fundos que não são comparticipados. Relativamente à participação do grupo grego, a diversidade de questões que esta Prática lhe suscitou foi muito grande, desde como é feita a escolha das Empresas Sociais para apoios do Estado, ao papel dos apoios do FSE, participação dos trabalhadores nas políticas da empresa e a origem destas. Em relação aos apoios do Estado, tal como aos outros grupos, foi explicado o mecanismo de financiamento das IPSSs e apoios à criação de empregos, que são outro tipo de instrumentos do Estado Português que tem políticas próprias sobre estes domínios. O FSE, como nos restantes países da União, não apoia o investimento mas sim a formação. Contudo, os projectos de formação da Continental assentam nos meios da própria empresa ou em casos especiais do Governo. Foi ainda demonstrado pela Continental que, em 1990, sessenta por cento dos trabalhadores tinha menos de 4 anos de escolaridade. Entre 1998 e 2002, quase duplicou o número de colaboradores, o que originou uma redução da idade média dos mesmos e um aumento do nível de escolaridade. Questionada sobre se na fase de crescimento da empresa tinham dado formação aos colaboradores, foi-lhes dito que essa fase correspondeu ao momento de aposentação de muitos dos trabalhadores, uma vez que a empresa, nessa altura, já tinha cinquenta anos de laboração. Apesar do esforço de recrutamento de colaboradores mais jovens e qualificados, tanto esta região, como o país, caracterizam-se por baixa escolaridade e abandono precoce da Escola, o que se repercute no nível de escolaridade que persiste. Actualmente, a empresa está envolvida num programa nacional, lançado pelo IEFP e apoiado pelo Governo, que é o RVCC. Este Programa pretende reconhecer e validar a experiência das pessoas ao longo da vida, concedendo-lhes, 190 Send in Force Too Análise dos no final de um processo de formação, a certificação ao nível do 9º ano, é o que ainda existe no momento, embora já esteja previsto um novo projecto para reconhecimento até ao 12º ano. Sobre o tipo de participação da Continental Mabor, neste processo, foi referido que é fundamentalmente ao nível da motivação dos colaboradores, dos protocolos com algumas instituições de formação certificadas e disponibilização de instalações para a formação. Questionados sobre o impacto destas acções, salientaram a existência de 27 colaboradores que iniciaram e terminaram o processo, outros 13 colaboradores que ainda estão em processo de reconhecimento de competências, e 767 colaboradores potenciais formandos que poderão iniciar o processo ao nível da aquisição do 12º ano. A responsável pelos Recursos Humanos explicou que: … a Continental Mabor rege-se por várias regras. Inicialmente, pelas regras globais da Continental, o grupo Continental AG, pela Lei portuguesa, pelas ISO, somos certificados pelas três ISO e, também por algumas políticas locais da Continental Lousado. Todas essas regras, mais algumas políticas a nível local, geram a nossa Responsabilidade Social. Dentro da Responsabilidade Social temos quatro focos principais: situação de envolvimento, actividades externas, formação e educação, e reconhecimento dos nossos colaboradores. Este é o logótipo que utilizamos em todas as actividades de Responsabilidade Social. Continental Solidária. Sobre o envolvimento dos trabalhadores na dinâmica da empresa, foi dado como exemplo o sistema de sugestões “Ponto Inova”, onde os colaboradores deixam sugestões de melhorias para a empresa. O grupo questionou o reconhecimento dessas sugestões e foram de seguida elucidados: São analisadas, vê-se a pertinência, e se tiverem pertinência são implementadas. Para o trabalhador que faz essa sugestão há um benefício, é compensado financeiramente. Esse prémio é calculado a partir daquilo que a empresa ganha com essa melhoria. 191 Send in Force Too Análise dos Na Visita foi possível verificar esta medida através dos grandes painéis espalhados pela fábrica, com gráficos de sugestões, e através da ilustração do “antes e depois” realizada com fotografias. Ainda em relação à participação dos trabalhadores, os representantes da Mundos de Vida e da Continental foram questionados sobre a origem desta colaboração, e se este modelo tinha vindo da casa-mãe na Alemanha. O Presidente da Mundos de Vida explicou que a aproximação tinha sido da iniciativa da sua organização que “disse que tinha uma ideia e que gostava de pôr em prática essa ideia. Mas a ideia nasce da comunidade que vai à procura de um financiador, de alguém que ajude a concretizar essa ideia.”. A responsável da Continental afirmou que esta política de Responsabilidade Social é originária da fábrica de Lousado e dos seus parceiros locais e deu como exemplo: Temos também uma actividade que é o “ReCriar o Futuro”, é um projecto do Governo que nós estamos a iniciar, o objectivo deste projecto é apoiar e dar informação aos colaboradores, que vão entrar na idade da reforma, numa nova etapa de vida, e ajudá-los a entrar nessa nova vida. Para colaboradores entre os 50/55 anos, que estão perto da idade da reforma, ajudá-los a entrar nessa nova fase. O Presidente da Mundos de Vida concluiu: … nós damos aqui algum apoio na área da assistência social e na própria empresa e temos o serviço de apoio ao emprego(…) nós temos vários serviços… três grandes áreas de serviços… os serviços para a infância (creche, espaço infantil, actividades para os pais, massagens para bebés) serviços residenciais para aquelas crianças (crianças de risco) que deixaram de viver com os seus pais e têm que viver temporariamente numa residência e temos depois os 192 Send in Force Too Análise dos serviços para a família, que são prestados em casa da família. Mais dedicado à Terceira Idade temos Centro de Dia, Club Sénior, Residência de Idosos é um conjunto… são muito interessantes porque estão interligados e por último o apoio às famílias “Centro de Serviços para a Família (atendimento social local), sobretudo àquelas que têm mais dificuldades. O grupo grego questionou finalmente a responsável pela Continental sobre o retorno do investimento social, perguntando se têm alguma ideia de qual é o retorno social desse investimento. A resposta foi: “Colaboradores mais satisfeitos, mais qualificados e com mais vontade de trabalhar.”. 193 conclusões Send in Force Too Con- Lições Aprendidas pela Parceria Portuguesa O Relatório da Auto-avaliação dos Projectos Equal da Fase 1 (2005) refere que a transnacionalidade “constituiu uma mais-valia efectiva” sobretudo ao nível da capacidade de inovação e na elaboração de produtos. Da análise dos projectos nacionais dos parceiros, que constituíram o “Social Economy Network Development” (SEND) e das reflexões que foram feitas ao longo das sessões de trabalho, concluímos que uma das aprendizagens que fica da Iniciativa Comunitária Equal (IC Equal), prende-se com a exploração do potencial das parcerias como forte instrumento de apoio à criação de empregos de base local. Este foi, aliás, um tema sempre presente na transnacionalidade e percebia-se que, independentemente dos objectivos específicos de cada Parceria de Desenvolvimento (PD), todas elas fizeram um forte investimento de reforço das parcerias nos seus respectivos projectos nacionais. A equipa portuguesa pode ainda comprovar esta aposta pela presença nos Workshops de representantes de novos parceiros e pelo tipo de convidados que participaram nas três Visitas de Estudo, efectuadas em Maio de 2007, e ainda no Seminário, realizado em Bruxelas, a 3 de Dezembro de 2007. A grande expectativa que transparecia assentava na necessidade de encontrar, ao nível transnacional, exemplos que comprovassem como o arranque de novas iniciativas é um processo mais eficaz quando resulta de um esforço coordenado entre diferentes entidades. Assim, foi fundamental para os parceiros seleccionar cuidadosamente os novos participantes/ convidados para que os produtos da transnacionalidade, no caso concreto, a possibilidade de contactar directamente com Boas Práticas, resultasse numa Lição Aprendida com impacto nas políticas e nas práticas de cada país e nas respectivas regiões de intervenção das PDs. Por este motivo, os grupos foram constituídos por políticos, formadores, dirigentes e beneficiários directos das acções que cada um estava a desenvolver ao nível nacional. 197 Send in Force Too Con- Já para o Seminário que decorreu em Bruxelas, no dia 3 de Dezembro de 2007, foram convidados, pelos nossos parceiros, especialmente políticos regionais (autarcas, responsáveis de estruturas de emprego, entre outros). Relativamente à dimensão da comunicação interna no seio da parceria transnacional, o surgimento de novos elementos nos grupos pode ter assumido um efeito algo perverso, pois dificultou o diálogo que foi por este motivo prejudicado, por não estarem suficientemente documentados sobre o trabalho já desenvolvido ao nível de cada grupo temático e ainda pelo insuficiente e, ou nenhum domínio da língua escolhida, o inglês. O mesmo já não se passou com os elementos que se mantiveram sempre fixos, que participaram em todos os encontros e que dominavam minimamente outras línguas para além da sua língua materna. Entre estes o diálogo foi aberto, criou-se um clima de confiança, manifesto nos frequentes debates sobre todos os aspectos do desenrolar dos trabalhos. Esta relação foi também muito positiva no sentido em que criou o hábito da partilha de informação relevante entre todos os elementos dos parceiros destacados para esses Grupos de Trabalho.O domínio de uma língua é fundamental na cooperação transnacional e a IC Equal veio reforçar o que iniciativas anteriores já tinham detectado. Hoje faz todo o sentido que na Europa, onde a diversidade linguística é uma das suas riquezas, haja um forte investimento na aprendizagem das línguas. A mobilidade e o diálogo social só serão possíveis se as barreiras culturais forem transformadas em oportunidades. As já referidas falhas de comunicação, o tempo que se perdeu para dar condições aos intérpretes para fazerem as traduções e a consequente falta de cumprimento dos objectivos nos grupos, foram alguns dos aspectos, como temos vindo a descrever, que sobressaíram como aspectos a melhorar em novos projectos de carácter transnacional. Já relativamente à comunicação externa poderia ter sido ainda mais poten- 198 Send in Force Too Con- ciada pelo website do projecto e pela difusão de newsletters que permitissem a todas as PDs acompanhar os projectos nacionais e outros eventos com importância para o desenvolvimento do sector. Do nosso ponto de vista, a rigidez de deixar as actividades de mainstreaming para o fim dos projectos prejudica a sua eficácia e impede o diálogo e um melhor conhecimento dos diferentes contextos presentes. As novas tecnologias, a este nível, podem ser um excelente auxílio e valerá a pena o investimento na tradução de algum dos seus conteúdos para que ao nível de cada país outras pessoas e organizações possam usufruir destas experiências. Pelos diferentes motivos já apontados, do ponto de vista da equipa portuguesa, a coordenação do Acordo de Cooperação Transnacional (ACT) foi a dimensão que mais fragilidades demonstrou. Embora o coordenador tenha referido, que os aspectos que salientámos não faziam muito sentido por haver uma prévia e clara atribuição de tarefas – cada PD era responsável por uma actividade concreta do Acordo – consideramos que, ainda assim, fazia parte das atribuições da coordenação estabelecer e lembrar as directrizes acordadas e manter regularidade na comunicação entre as diferentes PDs. Embora as funções estivessem de facto atribuídas, não houve, atempadamente, suficiente análise e avaliação das responsabilidades quanto ao cumprimento dos objectivos de cada actividade. Existiam alguns instrumentos criados para esse efeito, tais como, a presença de uma entidade avaliadora externa e as Reuniões de Coordenação, mas não foram suficientes e não funcionaram no sentido de corrigir estas situações. O instrumento preferencialmente utilizado, e que foi em termos de cronograma cumprido, foram as Reuniões de Coordenação no final de cada encontro. Nestas nem sempre foram muito claras as regras de funcionamento. Tanto eram tomadas decisões entre os responsáveis por cada PD, como, conforme tivemos oportunidade de observar, os Coordenadores dos Grupos 199 Send in Force Too Con- no processo de tomada de decisão tinham muito mais influência. Estes dois tipos de responsabilidade, a dos Coordenadores da PD e dos Coordenadores dos Grupos, acabaram por, em termos práticos, conduzir a uma sobreposição e desresponsabilização. O processo democrático de decisão na escolha das Boas Práticas é um exemplo, em nosso entender, da ausência dos princípios em que deveriam assentar as decisões. Se, por um lado, se decidiu que cada grupo escolheria autonomamente a Prática relativa ao seu tema, os critérios discutidos “democraticamente” nos Grupos de Trabalho foram rapidamente ultrapassados na Reunião de Coordenadores. Estes, pela função que desempenhavam nos seus respectivos projectos, deveriam ter um maior domínio de uma competência fundamental no trabalho em parceria, acompanhar a dinâmica dos grupos e com diplomacia alertarem os restantes parceiros para o cumprimento dos objectivos. Os Coordenadores dos Grupos deveriam ter unicamente operacionalizado o desenvolvimento dos processos. A gestão de reuniões e encontros apresentou algumas lacunas no seu desenvolvimento, não do ponto de vista da logística, mas fundamentalmente na organização dos conteúdos e dos tempos que deveriam estar previamente definidos. A agenda foi quase sempre distribuída sem que houvesse discussão sobre o seu alinhamento. Uma outra competência a ser melhorada, por quem coordena, é na área da gestão de reuniões e encontros. O perfil do coordenador de um grupo de trabalho é fundamental para os bons resultados do grupo, isso não invalida que os Coordenadores das PDs não tenham que deter as mesmas competências ao nível de outro tipo de decisões. Alguns conseguiam apresentar as suas conclusões bem sistematizadas, enquanto que outros grupos tinham grandes reflexões, mas uma grande dificuldade em atingir alguns consensos ou pontos de convergência. O mesmo se passou no interior dos Grupos de Trabalho, em que não eram valorizados alguns dos contributos de elementos que procuraram cumprir com os objectivos definidos para cada grupo, e, ou eram ultrapassados pela rigidez do 200 Send in Force Too Con- trabalho prévio dos coordenadores ou ignorados pela desorganização com que decorriam os trabalhos, decorrente da referida falta de preparação destas sessões entre Coordenadores das PDs e Coordenadores dos Grupos de Trabalho. A lição retirada desta experiência e que vem de novo ao encontro das avaliações de outros projectos europeus é de que, apesar de serem normalmente recomendados alguns procedimentos, a IC Equal a este nível produziu um conjunto interessante de documentos. Seria importante neste tipo de projectos transnacionais que o desenvolvimento dos mesmos fosse antecedido por processos formativos para os membros das equipas. O planeamento e a calendarização das acções, a atribuição das tarefas e a marcação das reuniões foram processos pouco flexíveis, onde não houve a necessária capacidade para os renegociar. O facto de ser necessário justificar as alterações a muitas autoridades de gestão e o processo ser demasiado burocrático e dar algum incómodo, provavelmente nem foi equacionado para não consumir mais tempo. A título de exemplo julgamos que a fase final do ACT foi pouco partilhada. Os prazos de entrega de Relatórios e a necessidade de terminar os projectos impediram que se terminasse o ACT com uma Auto-avaliação participada por todas as PDS. Apesar dos seis meses da Acção 1 para a constituição das parcerias transnacionais, ficou comprovado que uma parceria resulta melhor quando os participantes já se conhecem de outras iniciativas, o que aconteceu com alguns dos elementos de algumas PDs. Não é fácil trabalhar com parceiros com perfis muito variados, oriundos de contextos distintos e com abordagens diferentes. Trabalhar em parceria é um espaço de aprendizagem, mas requer condições ao nível da disponibilidade e da motivação. No decorrer dos trabalhos, cedo se constatou que alguns dos objectivos definidos pelas PDs, no ACT eram demasiado ambiciosos e difíceis de atingir. Não houve 201 Send in Force Too Con- suficiente capacidade de persuasão para demonstrar que, neste contexto, há limites para aquilo que uma parceria pode alcançar. Teria sido importante compreender estas limitações e redefinir os objectivos tornando-os mais realistas e exequíveis. Foi particularmente evidente esta falta de eficácia na produção dos Livros de Bolso, com os quais não houve o cuidado que se esperava para a sua produção. Muitos parceiros não deram os seus contributos, alguns, porque não tinham competências nos temas propostos, outros por não terem acompanhado o processo desde o seu início. Na reunião que tivemos, em Março, com a delegação que veio a Portugal procurámos convencer os parceiros de que uma abordagem comum, na preparação das Visitas, poderia ser mais eficaz. Se todos contribuíssem, sobretudo trabalhando as questões logísticas, seria mais fácil, para a parceria que iria acolher, preparar os conteúdos com as entidades a visitar. Assim, ser um só parceiro a tratar do acolhimento de um grupo desta dimensão, transformou-se numa tarefa demasiado pesada. Do nosso ponto de vista, esta falta de acompanhamento da preparação das Visitas, especialmente pelos Coordenadores das PDs e dos Grupos de Trabalho, desresponsabilizou-os e prejudicou o enquadramento dos seus convidados. Retirámos essa conclusão durante todos os dias em que estiveram em Portugal onde a equipa acolhedora teve que se desdobrar para esclarecer os visitantes acerca de todos os aspectos que lhes atraíam a atenção. Mais tarde, no final das Visitas, em que esperávamos um trabalho mais intenso na sistematização das Lições Aprendidas, não houve suficiente liderança para se elaborar uma síntese final, como era esperado. Cada país limitou-se a fazer a sua sistematização e a apresentá-la. O Programa Social permitiu-lhes o contacto com outros espaços e experiências de desenvolvimento económico, social e cultural, mas embora tenha sido rico em termos da aprendizagem da envolvente externa das Experiências a visitar, o tempo passado no nosso país foi desgastante, se atendermos a que para alguns 202 Send in Force Too Con- grupos a viagem tinha consumido dois dias. Este desafio, em termos de trabalho em equipa, poderia ter tido uma nova oportunidade na preparação do Seminário final, que decorreu em Dezembro, em Bruxelas, onde mais uma vez a rigidez do Acordo não permitiu que se lançasse um conjunto de iniciativas para medir o impacto dessas lições. Mais uma vez a limitação do tempo de duração das acções e dos projectos impediu uma Avaliação das acções que, aliás, ainda está em curso apesar de já ter terminado o ACT. De algum modo, o nosso Estudo foi prejudicado pois não foi possível um acompanhamento que nos tivesse permitido analisar o empenhamento, o progresso da elaboração dos produtos, avaliar correctamente a qualidade dos mesmos e o cumprimento do objectivo final. As metas não foram, do nosso ponto de vista, realistas e comprometeram o seu impacto efectivo. Uma avaliação do impacto social do ACT nas comunidades e regiões envolvidas afigura-se-nos um aspecto que deveria ter sido previsto no Acordo, sobretudo quando a Equal previa que os projectos deveriam ter continuidade para além do período de financiamento. Foi esta, como no início do Estudo se refere, uma das dimensões que pretendíamos analisar, até que ponto um projecto transnacional com uma duração tão limitada contribui para identificar Boas Práticas que correspondam a expectativas tão diversas. Relativamente a este ponto julgamos que um planeamento realista, associado a uma escolha criteriosa dos membros das equipas, são dois dos aspectos que merecem uma especial atenção neste tipo de projectos. Diríamos que são duas condições para garantir a eficácia do projecto. Se a Equal contribuiu para realçar as virtudes do trabalho em parceria na resolução de problemas das comunidades e das organizações, também ajudou a identificar alguns dos seus constrangimentos. De entre outros que pode- 203 Send in Force Too Con- ríamos listar, salientamos dois: a duração das fases dos projectos e a sua relação directa com a constituição da equipa. Se os participantes já acumulam um capital de conhecimento mútuo em contextos de trabalho anterior, as acções poderão eventualmente ter uma duração mais curta ou ser mais ambiciosas nos objectivos. Se não se conhecem de todo, precisam de um tempo mais longo para melhor se conhecerem, se adaptarem aos diferentes perfis e ritmos de trabalho e terem alguma contenção na elaboração de objectivos e metas a atingir. O processo de inovação que estas regiões pretendem, é um processo de “transformação de conhecimentos” onde será desejável que vários tipos de actores à escala regional participem. O papel da partilha de Boas Práticas com outras regiões de outros países, como foi o caso deste ACT, é sobretudo de facilitador dessa transformação, incorporando conhecimentos intangíveis relevantes, já experimentados no funcionamento do sistema económico e social local resultando em novos e melhores produtos com origem na região. A Iniciativa Equal foi uma experiência notável pois rompeu com abordagens, sobretudo na área social, muito centradas em respostas de carácter assistencialista. Este ACT continha um potencial muito grande, em termos das experiências que cada PD estava a desenvolver, de uma nova abordagem da inclusão social e do empreendedorismo. Relativamente aos três casos identificados e estudados pela parceria portuguesa depois de efectuadas as Visitas e reflectindo sobre esses olhares retirámos algumas lições. Em qualquer um a questão da transparência dos processos é um aspecto a reter. No caso da CERCIFAF, o modelo de Mediação resulta porque toda a equipa 204 Send in Force Too Con- sofreu um processo de maturação e de auto-conhecimento gerador de confiança. Esta organização desenvolveu parcerias onde os papéis de cada interveniente ficaram definidos e existiu igualmente uma relação de confiança e respeito. Estes mesmos aspectos ressaltaram da parceria Continental/ Mundos de Vida e entre estes e os seus parceiros locais. A durabilidade da Campanha Pirilampo Mágico é o exemplo, quanto a nós e também para os parceiros, dessa relação de transparência e confiança que resulta do facto da Campanha ter um Regulamento que não a limita, mas é suficientemente flexível, o que permite que a Causa se actualize e novas parcerias sejam mobilizadas. Por último, o aspecto comum é a inevitabilidade das Empresas Sociais estabelecerem parcerias público-privadas, uma vez que a composição do tecido económico de cada local pode condicionar a inclusão e o desenvolvimento de respostas e práticas inovadoras. As práticas de Responsabilidade Social são possíveis em qualquer tipo de intervenção como ficou demonstrado no contacto com estas três Experiências. Uma outra dimensão que esteve presente foi a do financiamento das iniciativas que promovem a inclusão. A nossa reflexão ao longo deste Estudo permitenos avançar que este é um campo a explorar em termos de alternativas. A luta contra a exclusão é em primeiro lugar da responsabilidade dos Estados, a sociedade civil organizada é um mero parceiro nesse combate. Apesar de se estar a verificar, em toda a Europa, uma tendência para os Governos se retraírem como financiador, não é suficiente para estas organizações adoptarem instrumentos de gestão para garantirem a sua sustentabilidade. Os resultados das acções das organizações/ Empresas Sociais não se verificam no curto prazo, bem pelo contrário, muitas vezes só são visíveis no médio e longo 205 Send in Force Too Con- prazo. Pelas razões apontadas será sempre necessário existir uma intervenção pública no arranque das iniciativas, e este financiamento deverá ser ajustável aos contextos específicos em causa. Esse processo exige um acompanhamento e monitorização constantes, tendo sempre presente que os processos de exclusão são multifacetados e complexos. Um outro aspecto a ser tido em conta, quando se desenvolvem este tipo de iniciativas, será o de aprofundar o grau de desenvolvimento da Estratégia Europeia para o Emprego (EEE) em países com contextos socioeconómicos diferentes, mas como problema comum, o afastamento do mercado de determinados grupos da população, o que poderá, em última análise, conduzir a processos de exclusão social. Uma das constatações iniciais deste ACT é de que para estas regiões seria crucial desenvolver um aproveitamento eficiente das capacidades dos recursos humanos disponíveis, ao mesmo tempo que, através de estruturas modernas, se deveria promover um aperfeiçoamento e renovação contínuos destes recursos. Um passo importante, para o qual a Equal deu um excelente contributo com a introdução da Acção 1 nos projectos, foi o de promover a identificação das necessidades que permitirão, às regiões, ultrapassarem a simples detenção de “factores básicos” de sucesso e alcançarem “factores avançados” de competitividade, que lhes confiram vantagens distintivas no posicionamento em relação aos restantes espaços regionais. Relacionado com esta questão verificamos que o conceito que os parceiros tinham de Responsabilidade Social continua a ser um conceito muito redutor. Alguns dos participantes não tinham conhecimentos suficientes sobre esta temática, o que levava a que se tivessem gerado confusões nas discussões dos grupos e que foram demasiado evidentes nas Visitas. A sua visão restringia-se à Responsabilidade Social das Empresas Sociais que, do ponto de vista da equipa 206 Send in Force Too Con- portuguesa, é inerente à sua missão. Um dos aspectos que para a equipa portuguesa foi evidente é de que a vantagem competitiva de uma região também passa pela partilha e utilização comum de infra-estruturas e pela exploração de complementaridades. Qualquer um dos casos visitados comprova a dimensão de que o potencial de crescimento de um território se encontra fortemente interligado com a capacidade competitiva das empresas que o compõem, e, ainda, como o seu papel é crucial na dinamização da região. Só com empresas sólidas se consegue a inclusão por via do emprego, se encontram apoios ao arranque de novas iniciativas e formas alternativas de financiamento que, como apontámos, podem passar pela partilha de infra-estruturas e de conhecimento. Trata-se no fundo, da exploração de sinergias para melhorar a capacidade de inovar, melhorar a competitividade das organizações, independentemente da sua natureza, de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e da criação de novas oportunidades a partir da mobilização dos recursos de cada território. Neste sentido, foi extremamente importante a integração de outros parceiros com maior potencial para integrarem as Lições Aprendidas, ao nível das suas regiões e com capacidade para influenciarem outros decisores, a níveis hierárquicos mais elevados, quer do sector privado lucrativo, quer de organismos públicos que apoiam a execução de políticas de emprego, formação e certificação de competências. Apesar da incerteza quanto à continuidade das experiências levadas a cabo com o apoio da IC Equal, e dada a excessiva especialização de alguns dos ac-tuais Fundos Comunitários, parece possível, a esta equipa, que os parceiros deste ACT continuem a colaborar promovendo, para esse efeito, uma comunicação frequente, possível através das novas tecnologias e visitas com uma duração mais longa centrada na aprendizagem de processos. 207 recomendações Send in Force Too Recomenda- Subjacente a este Estudo esteve sempre presente a ideia de que um estudo só é útil, na medida em que o conhecimento possa ser incorporado pelos seus beneficiários. As recomendações que fazemos dirigem-se primeiro a todos os que participam activamente nas organizações de Economia Social, quer como associados das diversas organizações, quer como dirigentes ou trabalhadores das mesmas. A experiência transnacional, de alguns dos participantes, apontava para a existência de uma ideia generalizada de que os fundos não são bem aproveitados, e os produtos das intervenções não são incorporados pelos que os protagonizaram. No entender desta equipa, isso tem acontecido porque este sector não goza da visibilidade doutros sectores ou domínios. A falta de coesão entre as diferentes “famílias” da Economia Social (sector não lucrativo), retira-lhes capacidade negocial, inclusive ao nível de captação de fundos que permita aos projectos sobreviverem para além do período de financiamento. Quando estes acabam, muitos dos que participaram não conseguem manter-se nas organizações, e com eles parte uma experiência amadurecida, mas que não teve tempo para ser incorporada de forma duradoura. Por outro lado, as organizações vivem muito centradas em si próprias, na gestão do seu quotidiano e não gastam muito tempo a preparar o seu futuro. Uma das estratégias que é urgente desenvolverem será melhorar o conhecimento do tecido económico do seu território e darem-se a conhecer para que possam emergir relações no âmbito da Responsabilidade Social. Neste domínio é de realçar o importante papel que as Pequenas e Médias Empresas (PME) assumem ao nível local, no entanto, para que o conceito seja amplamente aplicado é fundamental que exista uma maior sensibilização relativamente ao conceito e que se apoie a divulgação de Boas Práticas. 211 Send in Force Too Recomendações No nosso país, como na Europa, as maiores dificuldades, nesta temática, encontram-se nas PMEs onde o desconhecimento é grande e, quando existe, não é percepcionado em todas as suas dimensões. Umas vezes a Responsabilidade Social é entendida apenas como preocupação ambiental, outras vezes a generalidade das empresas não entende que algumas das suas iniciativas, tais como donativos a instituições sociais, são iniciativas de Responsabilidade Social. Neste sentido, torna-se vital a implementação de campanhas de informação nesta área, assim como, promover acções de formação destinadas tanto a empresários e dirigentes, como aos organismos públicos e à Economia Social. Um dos aspectos que julgamos ser importante ter em conta, em acções futuras, é a preparação deste tipo de Visitas. Referimo-nos especialmente a uma abordagem prévia das temáticas objecto de Visita e do contexto em que se desenvolvem. Para esse efeito será necessário preparar antecipadamente algum material informativo, o que teria sido possível no caso do “Social Economy Network Development” (SEND), com algum material dos Livros de Bolso. Outro aspecto diz respeito ao envolvimento e ao papel que os outros sectores, privado-lucrativo e público, poderão assumir como reforço das estratégias e dos objectivos a atingir. A sua integração deverá ser, preferencialmente, feita logo no início do processo e não durante, porque se perde a partilha da reflexão. Como foi descrito ao longo deste Estudo, o conceito de participação é já antigo, só que o tipo de participação a que nos referimos vai de encontro ao sentido que a Equal elegeu como um dos seus princípios, o empowerment. Alguns autores reduzem a participação dos actores a procedimentos que estão descritos, em alguns modelos, e que colocam a tónica na forma de fazer. O conceito de empowerment só tem sentido aliado a outros conceitos, tais como democracia participada e governança que implicam a conjugação das várias 212 Send in Force Too Recomendações dimensões dos problemas e apelam a um esforço de aprendizagem contínua na tomada de decisões. Os modelos participativos são complexos, demoram tempo a implementar, são exigentes ao nível da motivação e da energia que consomem. Apesar destas dificuldades é o melhor caminho para que a comunidade reconheça a importância e a urgência em resolver alguns problemas estruturais e se co-responsabilize nesse processo. No sentido de se rentabilizarem recursos, cada vez mais escassos, será importante que as Redes já existentes desenvolvam um trabalho de levantamento de experiências que, a exemplo das que constam deste Estudo, sirvam para reflectir e ajustar a diferentes contextos. Esse repositório de conhecimento po-derá funcionar como um centro de recursos, inclusivamente, para organizações de outros territórios, quer nacionais, quer de outros países, encetarem projectos de cooperação procurando os parceiros certos. Uma outra recomendação será, então, acerca das expectativas que normalmente se colocam quando se inicia um processo de cooperação transnacional. Utopicamente depositam-se muitas esperanças e, embora não se assuma, procuram-se receitas que poupem tempo em experimentação. Contudo, esta é uma barreira que limita e mina a aprendizagem, pois mesmo o que aparenta ser uma prática de sucesso, resulta de um histórico de erros, decepções, de novos ensaios e tentativas que nem sempre são relatadas e muitas vezes são minimizadas quando se atinge um patamar de algum êxito. Uma outra barreira ao desenvolvimento das Redes é, como já apontámos no capítulo anterior, a indefinição de funções e um calendário apertado. Para de algum modo colmatar estes constrangimentos, é importante procurar as parcerias certas, usar para isso o máximo de referências e informações e promover vários encontros para se aprofundar todo esse histórico em detalhe. 213 Send in Force Too Recomendações As acções inovadoras, que constituirão a razão de ser dessa cooperação, deverão centrar-se num conjunto restrito de questões ou domínios temáticos, que por sua vez deverão dar corpo a projectos de intervenção-acção mais territorializados. É importante que se antecipem algumas acções para remover outros eventuais obstáculos, uma será de definição de conceitos e enquadramentos jurídicos e fiscais que podem impedir o desenvolvimento de acções concertadas. Numa fase seguinte deverão, finalmente, ser enquadrados em projectos de âmbito mais alargado, com carácter nacional e transnacional, mas sempre tendo como referência os mesmos temas e a sua actualidade. Trata-se de produzir mecanismos que promovam uma maior participação que parte da base até aos centros de decisão das políticas. Esta estratégia acompanhada pelo uso sistemático das Tecnologias de Informação, para melhorar a comunicação intraorganizacional e entre organizações, poderá funcionar como veículo, não só de informação, mas principalmente de produção de conhecimento, através da partilha de Boas Práticas, entre um conjunto mais vasto de agentes locais que, de outro modo, nunca conseguiriam aceder. O que este Estudo nos lega é a confirmação de que a construção de uma Rede é importante, mas deve obedecer a uma intervenção concertada a vários níveis. As Redes são espaços de partilha quando todos estão disponíveis para relações de reciprocidade. A transnacionalidade é um excelente instrumento para a disseminação de Boas Práticas e o investimento que foi feito ao longo dos anos deverá ser continuamente alimentado, através das Redes já existentes e de outras que resultam destes projectos. Esta abordagem poderá, por conseguinte, permitir à Economia Social continuar a dar o seu valioso contributo no âmbito do diálogo social. 214 Send in Force Too Recomendações A par das alterações que o recurso às novas tecnologias pode trazer à intervenção da Economia Social, não podem ser descuradas as oportunidades que a globalização e as profundas alterações demográficas e dos estilos de vida dos cidadãos europeus fazem emergir, nomeadamente ao nível de criação de serviços de proximidade e de produtos locais com incorporação de mais-valias. A internacionalização dos produtos e dos serviços também tem lugar neste sector, é necessário, sobretudo, romper com atitudes conservadoras que fecham o sector nos seus frágeis limites. O que se preconiza a partir do projecto em estudo, não é alterar o caminho que a Economia Social já percorreu em matéria de resolução de necessidades ao nível dos territórios, do emprego que gerou e das experiências de sucesso que alcançou, principalmente através da experimentação do conceito de parceria. O desafio para o local, para a Economia Social e para a Europa, é tirar o máximo partido dessas abordagens, promovendo a troca de informações e de Boas Práticas entre diferentes territórios, introduzindo novas áreas de interesse, defendendo a especificidade deste sector e das suas iniciativas. No fundo a abordagem a que nos referimos aproxima-se da defendida por Wenger (1991) sobre Comunidades de Prática, que este autor considera como “grupos de pessoas que partilham a paixão de alguma coisa que sabem fazer e interactuam regularmente para aprender a fazer melhor”, mas também é a gestão de troca e inovação de modelos e tecnologia para encontrar a solução para o desafio estratégico. Este processo permite uma gestão simples e transparente, bem como a concentração de esforços em temas e abordagens específicas. Drucker afirmava, em 1998, que a missão das organizações de Economia Social é de longo alcance embora requeira “esforços a curto prazo e, muitas vezes, resultados a curto prazo, mas parte de um objectivo a longo prazo… A palavra crítica é fazer.”. 215 referências bibliográficas Send in Force Too Referências Bibliográ- AMARO, R. R. (2000). A inserção económica das populações desfavorecidas, factor de cidadania. Sociedade e Trabalho. 8/9: 33-40. AMAVE. (s. d.). “O Território em números.” de http://www.amave.pt/Amave/ OTerrit%C3%B3rio/OTerrit%C3%B3rioemN%C3%BAmeros/tabid/71/Default.aspx. ARAÚJO, S. (2002). As empresas de inserção em Portugal: directório 2001. Porto, Rede Europeia Anti-Pobreza/ Portugal (REAPN). ARAÚJO, S. (2005). As empresas de inserção em Portugal: directório 2005. Porto, Rede Europeia Anti-Pobreza/ Portugal (REAPN). BENTO, L. (2003). 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Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural www.acime.gov.pt ACME – Association of European Cooperative and Mutual Insurers www.acme-eu.org Agenda 21 www.agenda21local.info/index.php AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal www.icep.pt AIDS Portugal www.aidsportugal.com AIM – Association Internationale de la Mutualité www.aim-mutual.org AMAVE – Associação de Municípios do Vale do Ave ww.amave.pt Anafre – Associação Nacional de Freguesias www.anafre.pt 251 Send in Force Too Websites Consul- ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local www.animar-dl.pt ANIP – Associação Nacional de Intervenção Precoce www.anip.net ANPE www.anpe.fr ANQ – Agência Nacional para a Qualificação www.anq.gov.pt/ ANTROP – Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Pesados e Passageiros www.antrop.pt APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial www.apee.pt Apifarma – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica www.apifarma.pt APOFEN – Associação Portuguesa de Fenilcetonúria e Outras Doenças Metabólicas www.apofen.org.pt APPACDM Aveiro – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental http://portal.ua.pt/projectos/resea/default.asp?op=0 252 Send in Force Too Websites Consul- APPACDM Braga – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental www.appacdm-braga.com APPACDM Porto – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental http://efacec.pt/appacdm APPACDM Viana do Castelo – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental www.appacdm-viana.pt APSS – Associação Portuguesa de Segurança Social www.apss.pt Arnova – Association for Research on Nonprofit Organizations and Voluntary Action www.arnova.org Associação Nacional de Municípios Portugueses www.anmp.pt Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da SIDA www.apecs.pt Associações de Pais e Amigos de Crianças Inadaptadas www.apaci.maisbarcelos.pt Association Nationale pour la Formation Professionnelle des Adultes www.afpa.fr Association of Chief Executives of Voluntary Organisations www.acevo.org.uk 253 Send in Force Too Websites Consul- Banco Espírito Santo www.bes.pt Base Nacional de Dados Bibliográficos www.porbase.org BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável www.bcsdportugal.org Câmara Municipal de Fafe www.cm-fafe.pt Câmara Municipal de Guimarães www.cm-guimaraes.pt Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão www.cm-vnfamalicao.pt Câmara Municipal do Porto www.cm-porto.pt Catecismo Doutrina da Igreja www.paroquias.org CCDR-N – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte www.ccdr-n.pt CCRN – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Norte www.ccr-n.pt CDR – Comité das Regiões http://cor.europa.eu/pt/index.htm 254 Send in Force Too Websites Consul- CECODHAS – Comité Européen de Coordination de L´Habitation Social www.cecodhas.org CEDAG – European Council for Nonprofit Organisations www.cedag-eu.org Centre de Recherche et d’ Information sur la Démocratie et l’ Autonomie www.crida-fr.org CEP-CMAF – European Standing Conference of Co-operatives, Mutual Societies, Associations and Foundations www.cepcmaf.org Cercifaf – Coop. Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas – Fafe www.cercifaf.pt Cercigaia – Coop. Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas – Gaia www.cercigaia.org.pt Cercigui – Coop. Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas – Guimarães www.cercigui.pt CES – Conselho Económico e Social - Portugal www.ces.pt CESE – Comité Económico e Social Europeu http://eesc.europa.eu/index_en.asp CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego www.cite.gov.pt 255 Send in Force Too Websites Consul- CIVEC – Centro de Formação Profissional da Indústria de Vestuário e Confecção www.civec.pt Clarke, Mode & Cº www.clarkemodet.com CMSE – Comissão do Mercado Social de Emprego www.cmse.gov.pt CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade www.cnis.pt CNPCJR – Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco www.cnpcjr.pt Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres www.cidm.pt CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, CCRL www.confagri.pt Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses www.cgtp.pt Conselho da Europa http://assembly.coe.int Consultoria para o 3º Sector http://www.c3.com.pt/ 256 Send in Force Too Websites Consul- Coopérer pour Entreprendre www.cooperer.coop Coordenação Nacional da Estratégia de Lisboa www.cnel.gov.pt Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA www.sida.pt Corporate Social Responsibility www.csr.gov.uk COTEC – Associação Empresarial para a Inovação www.cotec.pt CP – Comboios de Portugal www.cp.pt CSR Europe – Corporate Social Responsability Europe www.csreurope.org Daniel J. Evans School of Public Affairs http://evans.washington.edu Deficiproduct – Artesanato, Produção e Comércio por Deficientes Lda www.deficiprodut.com DGEEP – Direcção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento www.dgeep.mtss.gov.pt Diagnóstico Integração Sócioprofissional da Deficiência do Norte www.celula2000.pt 257 Send in Force Too Diagnóstico Precoce www.diagnosticoprecoce.org Dianova www.dianova.pt Diário da República Electrónico www.digesto.gov.pt Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho www.dgert.msst.gov.pt DQA www.dqa.pt EAPN – European Anti Poverty Network www.eapn.org Edições Licel www.cliturgica.org EEE – Estratégia Europeia de Emprego http://europa.eu/scadplus/leg/pt/cha/c11318.htm EFA – Educação e Formação de Adultos www.infoefa.com EFC – European Foundation Centre www.efc.be FNGIS – Fórum da Inclusão http://foruminclusao.no.sapo.pt 258 Websites Consul- Send in Force Too Websites Consul- Enterprise and Industry http://ec.europa.eu/enterprise/entrepreneurship/coop/social-cmaf_agenda/ social-cmaf-cooperatives.htm Equal www.equal.pt Equalidade http://www.vilanovadefamalicao.org/equalidade/ Ericsson Telecomunicações www.ericsson.com/pt ESAN – European Social Action Network www.socialplatform.org EUKN – European Urban Knowledge Network www.eukn.org/eukn/ Eurochild AISBL www.eurochild.org Europa – The European Union Online http://europa.eu/ European Court of Human Rights www.echr.coe.int/echr Family Health Internacional www.fhi.org 259 Send in Force Too Websites Consul- Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes www.fpdd.org FIADC – Federação de Instituições de Apoio a Doentes Crónicos http://fiadc.no.sapo.pt Food and Agriculture of the Organization of The United Nations www.fao.org Formation Continue des adultes www.greta-picardie.com Freguesia de Barcelos www.barcelos.maisbarcelos.pt/?vpat FSE – Fundo Social Europeu www.igfse.pt Fundação do Gil www.fundacaodogil.pt Fundació Un Sol Món http://obrasocial.caixacatalunya.es/osocial/redirect.html?link=http://obrasocial.caixacatalunya.es/CDA/ObraSocial/Home/0,3423,1x3y,00.html Fundación Luis Vives www.fundacionluisvives.org G8 sommet evians www.g8.fr 260 Send in Force Too GADS – Grupo de Apoio e Desafio à SIDA www.gadsida.org GAM – Grupo para a Acessibilidade nos Museus http://gam.org.pt/ GEP – Gabinete de Estratégia e Planeamento www.dgeep.mtss.gov.pt Gesbanha www.gesbanha.pt Gilead Sciences www.gilead.com Global Compact www.unglobalcompact.org Governo Civil de Braga www.gov-civil-braga.pt Governo Francês www.sgae.gouv.fr Governo Português www.portugal.gov.pt GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial www.grace.pt GRI – Global Reporting Initiative www.globalreporting.org 261 Websites Consul- Send in Force Too Websites Consul- Grupo Efacec www.efacec.pt Grupo para a acessibilidade nos museus http://gam.org.pt HSBC www.hsbc.com.br Human Rights www.un.org/rights/index IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento www.iapmei.pt IBM www-5.ibm.com/pt Inspecção Geral do Trabalho www.igt.gov.pt Instituto de Genética Médica Jacinto Magalhães www.igm.min-saude.pt Instituto Ethos – Empresas e Responsabilidade Social www.ethos.org.br Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho www.ishst.pt IQF – Instituto para a Qualidade na Formação www.inofor.pt 262 Send in Force Too Websites Consul- ISTR – The International Society for Third-Sector Research www.istr.org Junta de Freguesia de Lordelo www.jf-lordelo.pt Liga Portuguesa Contra a SIDA www.lpcs.pt Mensário da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade www.solidariedade.pt/sartigo/index.php?x Mercado Social de Emprego www.mse.ump.pt Millennium BCP www.millenniumbcp.pt Minha Terra www.minhaterra.pt Ministério da Saúde www.portaldasaude.pt Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional http://www.maotdr.gov.pt/ Ministério dos Negócios Estrangeiros www.min-nestrangeiros.pt 263 Send in Force Too Websites Consul- Movimento de Intervenção e Cidadania www.mic-santarem.org MTSS – Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social www.mtss.gov.pt National Council of Nonprofit Associations www.ncna.org NonProfict Sector Research Fund www.nonprofitresearch.org OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development www.oecd.org OEFP – Observatório do Emprego e Formação Profissional http://oefp.iefp.pt ONG Com Calidad www.ongconcalidad.org ONU – Organização das Nações Unidas www.un.org/english ORSE – Observatoire sur la Responsabilité Sociétale des Enterprises www.orse.org PCM – Presidência do Conselho de Ministros www.mp.gov.pt PIEF – Programa Integrado de Educação e Formação http://www.peti.gov.pt/peeti_menu.asp?menuID=7 264 Send in Force Too Websites Consul- Plano Tecnológico – Portugal a Inovar www.planotecnologico.pt Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para Desenvolvimento www.plataformaongd.pt PME – Pequenas e Médias Empresas www.pme.online.pt Pobreza Zero www.pobrezazero.org POEFDS – Programa Operacional Emprego Formação e Desenvolvimento Social www.poefds.pt Portail de L’Artisanat www.artisanat.fr Portal da Família www.portaldafamilia.org Portal da Juventude http://juventude.gov.pt Portal do Cidadão com Deficiência www.pcd.pt Portal do Governo www.portugal.gov.pt 265 Send in Force Too Websites Consul- Portal Do Mutualismo http://www.p3msolutions.com/portal/portal.htm Presidência do Governo Espanhol www.la-moncloa.es Projecto IES http://ies.multivector.pt/frames/main/0_projecto.php?SID REAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza www.reapn.org Rede de Instituições http://portal.ua.pt/instituicoes/default.asp?BD=1300&associacao=2276&contex tov=8&BDM1=5&BDV1=8 Rede de Mobilidade www.rededemobilidade.org Rede SIDA www.redesida.org Rede Social de Guimarães http://rs.guimaraesturismo.com/home/rede_social/ Rede Solidária http://redesolidaria.org.pt/noticias RES Portugal www.rseportugal.org 266 Send in Force Too Websites Consul- Responsabilidade Social www.responsabilidadesocial.com Sangro Aventino www.sangroaventino.it Santa Casa da Misericórdia do Porto www.scmp.pt Segurança Social www.seg-social.pt SGAE – Secrétariat Général des Affaires Européennes www.sgae.gouv.fr Sistema Integrado de Informação do Fundo Social Europeu https://siifse.igfse.pt/ SNRIPD – Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas www.snripd.pt Socialgest – Produtos e Serviços www.socialgest.pt SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla www.spem.org Sociedade Portuguesa de Medicina Interna www.spmi.pt Solidariedade www.solidariedade.pt 267 Send in Force Too Turismo Penha www.turipenha.pt UCP – Universidade Católica Portuguesa www.ucp.pt UM – Universidade do Minho www.uminho.pt UMP – União das Misericórdias Portuguesas www.ump.pt UMP – União das Mutualidades Portuguesas www.uniaomutualidadesportuguesas.pt Vida económica www.vidaeconomica.pt Visit Portugal www.visitportugal.com Voluntariado www.voluntariado.pt Women Watch www.un.org/womenwatch World Health Organization www.who.int/en World Strategies – International Consulting www.worldstrategies.org 268 Websites Consul- Send in Force Too Websites Consul- Total www.total.org European Research Network www.emes.net Eurofound – European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions www.eurofound.eu.int Inderscience – Publishers of Distinguished Academic, Scientific and Professional Journals www.inderscience.com Principia Editora www.principia.pt NORTE 2015 www.ccr-norte.pt/norte2015/index.htm Editora Mandruvá www.hottopos.com Distance Consulting www.nickols.us Centre International de Recherches et d’Information sur l’Economie Publique, Sociale et Coopérative – aisbl www.ulg.ac.be/ciriec/ FDUC – Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra www.uc.pt/fduc 269 Send in Force Too Websites Consul- EU Caimpaign “For Diversity, Against Discrimination” www.stop-discrimination.info ILO – International Labour Organization www.ilo.org/global/lang--en/index.htm Ler Para Ver www.lerparaver.pt INESC-ID – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Investigação e Desenvolvimento em Lisboa www.inesc-id.pt Atlas do Investimento no Vale do Ave www.investinave.com 270 siglas Send in Force Too ATL – Actividades de Tempos Livres ABM – Activity-Based Management ABS – Anti Blocking System ACIME – Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas ACT – Acordo de Cooperação Transnacional ADAPT – Adaptação da Mão-de-Obra às Mutações Industriais ADSL – Assymetric Digital Subscriber Line AMUCIP – Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas API – Agência Portuguesa para o Investimento APD – Acordo de Parceria de Desenvolvimento APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental AVTVG – Associação dos Viajantes e Técnicos de Vendas de Guimarães BSC – Balance Scorecard CAE – Código de Actividade Económica CAO – Centro de Apoio Ocupacional 273 Send in Force Too CAPI – Centro de Protecção Aberta para Idosos CAT – Centro de Apoio a Toxicodependentes CCDRLVT – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região de Lisboa e Vale do Tejo CEE – Comunidade Económica Europeia CEP – Centro de Emprego Protegido CEPAA – Council on Economic Priorities Accreditation Agency CERCI – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas CERCIFAF – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas de FAFE, CRL CERCIGUI – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Guimarães CES – Conselho Económico e Social CFP – Centro de Formação Profissional CIS – Centro de Investigação e Intervenção Social CLAS – Conselho Local de Acção Social CLIDDA – Clínica de Desabituação de Drogas de Abuso 274 Send in Force Too CNAI – Centro Nacional de Apoio ao Imigrante COP – Comunidade de Prática CPCJ – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens CRM – Customer Relationship Management CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Vila Nova de Gaia CSR Europe – Corporate Social Responsability Europe CTG – Center for Technology in Government ECDB – European Comun Data Base EES – Estratégia Europeia para o Emprego EFA – Educação e Formação de Adultos ETCIM – Módulo Internet para a Cooperação Transnacional ETI – Equivalente a Tempo Integral EUA – Estados Unidos da América EUR – Euro FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional FENACERCI – Federação Nacional das Cooperativas de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas 275 Send in Force Too FIFA – Federação Internacional de Futebol Amador FSE – Fundo Social Europeu GTT – Grupo de Trabalho Transnacional GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio para a Cidadania Empresarial GRI – Global Reporting Initiative HIV – Human Imunodeficiency Virus IC EQUAL – Iniciativa Comunitária Equal IEBA – Centro de Iniciativas Empresariais da Beira-Aguieira I&D – Investigação e Desenvolvimento IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis INIDD – Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens INOFOR – Instituto para a Inovação na Formação IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social IQF, I.P. – Instituto para a Qualidade na Formação, Instituto Público ISO – Organization for Standardization 276 Send in Force Too KOISPE – Cooperativas Sociais de Responsabilidade Limitada LEP – Pactos de Emprego Local Mgest – Modelo de Gestão (validado no âmbito do projecto Economia Social – Solidária, Qualificada e Inovadora) MMS – Multimedia Messaging Service MS – Mercado de Substituição MSE – Mercado Social de Emprego NTIC – Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação OMS – Organização Mundial de Saúde ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas OTL – Ocupação de Tempos Livres PAC – Política Agrícola Comum PAN – Plano de Acção Nacional PANE – Plano de Acção Nacional para o Emprego PANCO – Pan-Hellenic Association of Organisation of Co-operative Economy 277 Send in Force Too PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais PCT – Parcerias de Cooperação Transnacional PD – Parceria de Desenvolvimento PDS – Plano de Desenvolvimento Social PEETI – Plano para Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil PIB – Produto Interno Bruto PIC – Programa de Iniciativa Comunitária PIEF – Programa Integrado de Educação e Formação PME – Pequenas e Médias Empresas PNAI – Plano Nacional de Acção para a Inclusão PNAPAE – Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar PNE – Plano Nacional de Emprego PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento POE – Programa Operacional da Economia POEFDS – Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social PPSP – Public Private Social Patnership 278 Send in Force Too PROGRIDE – Programa para a Inclusão e Desenvolvimento PRRD – Programa de Redução de Riscos e Danos PSST – Programa de Saúde e Segurança no Trabalho RDP – Rádio Difusão Portuguesa REAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza RFID – Radio Frequency Identification RSI – Rendimento Social de Inserção RVCC – Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências SEND – Social Economy Network Development SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida SNRIPD – Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência SROI – Social Return Of Investment SUV – Sport Utility Vehicles TQM – Total Quality Management UAF – Unidade de Apoio à Família UDE – Unidade de Dimensão Europeia 279 Send in Force Too UE – União Europeia UEFA – Union of European Football Associations UIP – Unidade de Intervenção Precoce UM – Universidade do Minho UMP – União das Misericórdias Portuguesas UR – Unidade Residencial VAB – Valor Acrescentado Bruto 280