aveia-preta em solo sob doses de lodo de ete industrial
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aveia-preta em solo sob doses de lodo de ete industrial
XX CongresoLatinoamericano y XVI Congreso Peruano de laCienciadelSuelo “EDUCAR para PRESERVAR elsuelo y conservar la vida en La Tierra” Cusco – Perú, del 9 al 15 de Noviembredel 2014 Centro de Convenciones de laMunicipalidaddel Cusco PLANTILLA DEL RESUMEN EXTENDIDO AVEIA-PRETA EM SOLO SOB DOSES DE LODO DE ETE INDUSTRIAL Andrade, L.C.1*; SANTOS, B.L.1; Andreazza, R.2; Camargo, F.A.O.1 1Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil; 2Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Brasil; *Autor de contacto: [email protected]; 9154-000; +55 51 3316-6024. RESUMO A destinação dos resíduos sólidos é um dos maiores desafios a sociedade. A aplicação de lodos de estação de tratamento de efluentes (ETE) em solo possibilita melhorias na qualidade do solo e consequentemente benefícios às plantas. A aplicação de lodo de ETE em solo geraefeitos positivos para as plantas. Baseadonisto, o objetivo desteestudofoianalisar os efeitos da adição de doses de lodo de ETE em solo sob cultivo de aveia-preta (Avena strigosa).O ensaio foi conduzido em casa de vegetação, utilizando um Argissolo Vermelho Distrófico degradado. O lodo foi coletado em leitos de secagem da ETE de um aterro industrial. Observou-seo aumento docomprimento emassa da parte aérea eraízesda aveia com as doses de lodo, até um patamar limitante, sendo os maiores valores encontrados na dose de 20 Mg ha-1. O efeito negativo nas maiores doses possivelmente ocorreu devido aoalto teor de sódio presente no lodo. As doses de lodo afetaram positivamente o crescimento da Aveia-Preta em um solo degradado. Efeitos negativos foram verificados nas maiores doses do lodo. PALAVRAS CHAVE Destinação final; resíduo sólido; Avena strigosa. INTRODUÇÃO Um dos maioresdesafios à sociedadeencontra-se na geraçãoe disposição final ambientalmente segura dosresíduos sólidos (Jacobi eBesen, 2011). A destinação final ambientalmente adequada dos resíduosinclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação, o aproveitamento energético ououtrasdestinações admitidas pelos órgãos competentes, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (Brasil, 2010). A problemática dos resíduos sólidos estáintrinsecamente ligada a história da humanidade, sendo autilização de resíduos sólidos orgânicoshistoricamenteassociada a agricultura. Evidênciasindicam o início da agricultura há cerca de 9.000 anos, na Mesopotâmia, e há 8.500 anos no México (Meurer, 2010), havendorelatos de poetas gregos (300-900 A.C.), como Homero e Theopherastus, sobre a utilização de estercos e cinzas na adubação do solo (Coelho, 1973). Os lodos de ETE industriaisdiferenciam-se dos urbanosprincipalmente por seusparâmetros químicos, havendo apossibilidade da presença de metais pesados impossibilitarseu uso na agricultura.Dentrealguns dos principais elementos normalmente presentes em lodos de ETE da indústria do curtumeestão: N, P, K, S, Ca, Mg, Zn, Fe, Cu, Mn Cr, Na, As. Algunsdestes componentes são nutrientes para plantas e microorganismos, como: N, P, K, S, Ca e Mg (Selbachet al., 1991). Metais como Zn, Fe, Cu e Mnsãoessenciais para o crescimento de plantas e constituintes importantes de várias enzimas metabólicas, porémoutrosmetais como Pb, Cd, As, Se, Cr e Al sãobiologicamentenãoessenciais eaindapodem ser tóxicos acima de certosníveis (Panda e Choudhury, 2005). A aplicaçãode lodo de ETE em solo geraefeitospositivos para as plantas.Baseadonisto, o objetivo desteestudofoianalisar os efeitos da adiçãode doses de lodo de ETE em solo sob cultivo de Aveia-Preta (Avena strigosa). MATERIAIS E MÉTODOS O ensaiofoiconduzidoem casa de vegetação naFaculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), comdelineamentointeiramente casualizado, comcinco tratamentosemtrêsrepetições. As parcelas ocorreramemfrascos plásticos, comvolume de solo de 0,15 dm³, semdrenagem.O solo utilizado foiArgissoloVermelhoDistrófico (Pvd), degradado por extração de argila, predominando derivados dos horizontes A e C, compoucosresquícios de B. O solo apresentou os parâmetros: Argila - 13%; pH (H2O 1:1) - 6,9; SMP - 7,1;Matériaorgânica - 1,9%; Al+H1,2cmolcdm-³; CTC - 8,9 cmolcdm-³; P - 10 mg dm-³; K - 29 mg dm-³; Na - 8 mg dm-³. O lodo utilizadofoicoletadoemleito de secagem de uma ETE de aterro de resíduosindustriais da indústria de coureiro-calçadista, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, RS, Brasil (Tabela 1). O material foi seco em estufa a 65°C±4°C, moído e tamisado (2 mm) para homogeneização. As doses utilizadas no estudoforam: 0; 5; 10; 20; 30 Mg ha-1, equivalentes. Tabela 1: Caracterização do lodo de ETE de aterro industrial utilizado no experimento. Parâmetro Unidade Resultado Carbono orgânico % (m/m) 7,3 Nitrogênio (TKN) % (m/m) 3,9 Fósforo total % (m/m) 0,19 Cálcio total % (m/m) 20 Enxofre total % (m/m) 1,2 Ferro total % (m/m) 4,7 Sódio total % (m/m) 2,6 Zinco total mg/kg 32 Manganês total mg/kg 658 Cromo trivalente mg/kg 602 Níquel total mg/kg 38 Arsênio total mg/kg 12 Poder de neutralização % (m/m) Condutividade elétrica dS/m 49 12,8 Foi utilizada nestaavaliação a Aveia-Preta (Avena strigosa), sendo plantadas cinco sementes por unidade. Os resultados foramavaliados 25 diasapós a germinação.Os dados obtidosforam comparados por Análise de Variância (ANOVA), aplicando-se o Teste t aonível de 5% de probabilidade, utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.7 beta. RESULTADOS E DISCUSSÃO O efeito das doses de lodo sobre o comprimento e massa da parte aérea e raízes da Aveia-Preta sãoapresentados na Tabela 2. Tabela 2: Comprimento e massa da parte aérea e raízes da Aveia-Preta em solo sob doses de lodo de ETE de um aterro industrial. Comprimento Massa aérea Massa da raiz Doses aérea raiz úmida seca úmida seca -1 Mgha ...............cm ............... .............................g ............................. 0 17,3 a 15,0 c 0,65 b 0,07 b 1,12 c 0,07 bc 5 17,3 a 30,7 ab 0,80 b 0,06 b 1,58 bc 0,05 c 10 22,2 a 33,0 ab 1,18 a 0,11 ab 1,41 bc 0,08 bc 20 22,7 a 28,0 ab 1,38 a 0,14 a 2,72 a 0,17 a 30 18,7 a 25,0 b 0,77 b 0,11 ab 1,89 b 0,13 ab As médias seguidas pela mesma letra nãodiferemestatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste t aonível de 5% de probabilidade. As doses nãoafetaram o comprimento da parte aérea da Aveia-Preta, porémafetaram as raízes, aumentando o comprimentocom a adição de lodo (Figura 1). Figura 1: Efeito das doses de lodo sobre o comprimento das raízes da Aveia-Preta. Foi observado aumento da massa aérea (úmida e seca) com as doses de lodo, tendo os maiores valores em torno da dose de 20 Mgha-1 (Figura 2), ocorrendo o mesmoocorrendocom a massa das raízes (Figura 3). Figura 2: Efeito das doses de lodo sobre a massa aérea - seca e úmida. Efeitos positivos e negativos da aplicação de lodo compresença de cromo podem ser observados, dependendo das doses (Castilhos et al., 2000). Diversos autores atestam resultados benéficos da adição de lodo em solo (Selbachet al., 1991; Castilhos et al., 2000; Ferreira et al., 2003; Cavallete Selbach, 2008; Gianelloet al., 2011). Figura 3: Efeito das doses de lodo sobre a massa das raízes - seca e úmida. Os aumentos no crescimento da parte aérea e raízes devem-se as concentrações de macro e micro-nutrientes, como: nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e enxofre (Coelho, 1973; Selbachet al., 1991; Bissaniet al., 2008). Porém os efeitos da salinidade são notados nas doses acima de 20 Mgha-1. Efeitos negativos também podem ser causados pelas concentrações de metais, como o cromo. Porém, em estudos de Castilhos et al. (2002) e Gianello et al. (2011), não foram verificadas diferenças entre os rendimentos de matéria seca total (raízes e parte aérea) nos diferentes tratamentos com adição de lodo com presença de cromo. Demais metais tóxicos presentes no lodo encontram-se em baixas concentrações. Segundo Shannon e Grieve (1999), os efeitos da salinidade podem ser observados pelas reduções da taxa de crescimento, estatura e comprimento e massa das raízes. Sendo assim, o efeito negativo (nas doses acima de 20 Mgha-1) possivelmente deveu-se ao sódio presente no lodo (2,6 %), que pode causar redução do desenvolvimento das plantas por toxicidade, pressão osmótica e desordem nutricional, causando modificações morfológicas, redução na disponibilidade hídrica (seca fisiológica) e evapotranspiração (Viana et al., 2004; Bissaniet al., 2008),efeitos estes visualizados nas plantas. CONCLUSÕES A adição de lodo em um solo degradado afetou positivamente o crescimento da AveiaPreta até a dose de 20 Mg ha-1. AGRADECIMENTOS AoConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Brasil; ao Programa de PósGraduaçãoemCiências do Solo (PPGCS), UFRGS; e à Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), UFRGS. BIBLIOGRAFÍA Bissani, C.A.; Gianello, C.; Camargo, F.A.O.; Tedesco, M.J. Fertilidade dos solos e manejo da adubação de culturas. 2. ed. Porto Alegre :Gênesis, 2008. 344 p. Brasil. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. 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